Coluna Muito Prazer

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E STA D O D E M I N A S

D O M I N G O ,

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MUITO

prazer gastronomia EDUARDO AVELAR

D E

degusta

A face política da

Estamos prestes a iniciar um novo ciclo político, quando 853 prefeitos eleitos tomarão posse representando as cidades do nosso estado. O principal desafio de cada um, mais uma vez, será deparar com a situação injusta que os leva à humilhação quase que diariamente ao utilizar como principal instrumento de trabalho um pires. Personagens que representam os anseios de milhões de mineiros têm de enfrentar perigosas maratonas por estradas assassinas, especialmente as federais, e horas de antessalas de deputados, secretários e outras autoridades. Falta de recursos e muitas exigências engessam parte de suas pretensões em

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administrar condignamente seus municípios e proporcionar uma vida melhor aos conterrâneos. Essa introdução foi apenas para mais uma vez dizer a você, amigo da cozinha, que já está passando da hora de aproveitarmos exemplos da história para redirecionar o nosso futuro. A Europa paga um alto preço pela imigração desenfreada causada pelo tratamento antropofágico dado às suas ex-colônias no passado, que hoje cobram a fatura. Novamente, repito as palavras de um amigo: “Daqui a pouco, seremos 25 Piauís em torno de São Paulo”. Estado que comanda os partidos que ditam os rumos

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políticos do país, sejam aliados ou não. E nos tornamos dependentes dessa turma que nunca nos deu o devido valor. Basta ver o veto da “mineira” Dilma aos royalties. E continuamos a transformar a rivalidade esportiva Atlético x Cruzeiro e as democráticas disputas eleitorais em brigas insanas, quando poderíamos, após os saudáveis embates, brigar juntos para defender os interesses de Minas. Mas a nossa falta de unidade se transforma em arma para o inimigo nos enfraquecer, e, enquanto isso, ficamos de pires na mão, com nossas estradas, que além de matadouros, servem para o escoamento das economias de São Paulo e Rio. Não conseguimos nada além de promessas eleitoreiras. Apenas choramos nossas vítimas e nos colocamos passivamente no topo das estatísticas negativas.

Esta semana, deputados mineiros, em bloco, barraram a pauta da Câmara Federal em protesto ao veto da presidente. Mas se a história seguir o seu curso, bastará à promessa de liberação de emendas para que os “aliados” rompam o elo que poderia nos fortalecer. Nosso governador já anunciou a gastronomia como política de governo e agora, ao encaminhar projeto de lei de incentivo fiscal para o esporte, bem que poderia dar o mesmo tratamento ao nosso segmento, que movimenta significativa parcela da economia, além de ser uma importante referência de Minas. Senhores prefeitos, vamos criar ambiente favorável, em cada município, para desenvolver a nossa verdadeira vocação, que hoje é o agronegócio e que, num futuro bem próximo, será o turismo gastronômico. Cobrem infraestrutura, busquem

alternativas, incentivem o cooperativismo, pois as riquezas gastronômicas estão bem ao seu lado e com boas parcerias poderemos reforçar os roteiros turísticos regionais e atrair investimentos em hospitalidade e formação profissional. Vamos conspirar juntos e transformar a gastronomia e suas potencialidades numa onda, para reverter essa estagnação, trocar a humilhação pela valorização de cada cidadão produtor e obter a alforria dos municípios. Vamos mostrar ao mundo que o Brasil não começa na Avenida Brasil e termina na Avenida Paulista, assim como fizeram as regiões da Provence (França), Pais Basco (Espanha) e Toscana, na Itália. A despeito de Paris e Lion, Madrid e Barcelona, Roma e Milão, elas descobriram que existe vida além do pires.

rinha com Freud, aquele que tudo explica. E dele recebeu a seguinte resposta: “Olhe bem, caro amigo, nem eu te respondo esta. Mas de qualquer forma, para você não perder sua viagem até aqui, vai aí uma receitinha minha. Porém, confessando que não sou nada grato aos que dizem que respondo a todas as questões, não me pergunte por que vou para a cozinha, pois também não saberei te responder.” Essa divertida experiência, ele conta na obra e com direito a uma receita verdadeira e libidinosa do mestre.

que o autor embarca nessa e aconselha as mulheres a experimentar, oferecendo até mesmo uma dica do mestre: “ No instante de servir, apresente o prato desmunhecadamente, se é que o advérbio existe em seu idioma”. Foram muitas divas também analisadas e o autor teve que optar pela popularidade delas, selecionando as receitas mais interessantes e cujos ingredientes pudessem ser encontrados no Brasil. Foram, ao todo, mais de 50 divas, da música, do teatro e do cinema . Para montar os relatos sobre a intimidade delas com a cozinha, colheu dados em memórias e biografias em outros idiomas. As receitas foram selecionadas em revistas antigas ou cookbooks (livro de receitas) que elas forneciam por volta dos anos de 1930 e 1960.

De todas as receitas do livro que experimentou, o pão de tâmaras e Nozes (da atriz Angela Lansbury) é a sua preferida (ver receita) . “Faço sempre e coitado de mim se não fizer, os amigos cobram”, revela Evânio, ao dizer que, entre todas, Sophia Loren é a diva que trouxe de família a tradição de cozinhar.

RAFAEL MOTTA/TV ALTEROSA

Elas também

vão para cozinha damelhor.VeioparaBeloHorizonte só com a passagem de ida. Depoisdevencermuitasdificuldades, se formou cabeleireiro, trabalhando no salão de beleza do Ouro Minas Palace Hotel. Hoje, mora em Ipanema, no Rio de Janeiro, e saboreia o sucesso do segundo livro (em 2010, ele escreveu As divas no Brasil, no qual relata a visita de mais de 80 estrelas estrangeiras ao Brasil). As pesquisas para elaborar a obra duraram dois anos e levantaram outra questão: por que mulheres tão ricas, tão famosas e que viviam rodeadas de empregado para lhes servir iam para a cozinha? Acabou descobrindo

motivos variados. “Algumas iam por tradição, pois foram instruídas pelas mães desde cedo a aprender a cozinhar e depois de famosas fizeram questão de dar continuidade. Outras, de certa forma, foram obrigadas a cozinhar quando chegavam sem dinheiro a Hollywood à procura do sucesso”, conta. Indo um pouco mais a fundo na questão, viu que algumas divas se metiam na cozinha para aliviar tensões emocionais, como nos casos de Marilyn Monroe e Dorothy Dandridge. Não satisfeito, Evânio retrocedeu no tempo e marcou uma ho-

FETTUCCINE ANALISADO Freud, dizEvânionolivro, com sua ampla experiência em sexualidade, acreditava que a receita deveria ser preparada somente por homens, ou quase homens, “para ser mais claro, homossexuais”. É que ele acreditava que apenas os homossexuais ostentavam a combinação perfeita da simples libido masculina com a complexíssima libido feminina. Fato é

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Ninguém acredita que estrela tem vida normal longe dos holofotes. Mas tem. A confirmação está no livro do cabeleireiro Evânio Alves, mineiro do Vale do jequintinhonha. Em As divas na cozinha Histórias e receitas das estrelas da música e do cinema editado pelo próprio autor e que, em apenas um mês de lançamento, vendeu mil exemplares pelo site (www.espacodivas.com), Evânio revela a intimidade com a cozinha de algumas delas. EvânionasceunoValedoJequitinhonha, em Araçuaí. De família grande e pobre, conta que saiu de láaos16anosembuscadeumavi-

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