Coluna Muito Prazer

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E STA D O D E M I N A S

D O M I N G O ,

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MUITO

prazer EDUARDO AVELAR

D E

degusta

Acorda Minas!

Partimos de Belo Horizonte em mais uma aventura pelo interior para garimpar novos Sabores de Minas e desfrutar de mais um delicioso roteiro gastronômico. O balançar suave e ritmado do trem, combinado com a paisagem que passava em velocidade moderada nos deu fome, e fomos para o vagão restaurante. Escolhemos uma mesa bem na janela para continuarmos a ver o filme que passava, mas agora em preto e branco, pois, a noite havia chegado de repente. Logo uma simpática garçonete que atendia a um grande e ruidoso grupo de estrangeiros ao lado, veio nos atender. Ao nos oferecer sanduíches típicos da região para onde iríamos à preparada profissional nos deu uma

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verdadeira aula de queijos finos. “Os queijos brie e cammenbert produzidos em Cruzília em São Vicente de Minas são de qualidade inquestionável, pois, são os únicos servidos em vôos da Air France que não são produzidos na Normandia”. Conversa vai e vem, suquinhos de frutas vermelhas das montanhas de Barbacena, na verdade alguns acompanhados de gelo e cachacinha da roça, curva pra cá, balança pra lá, canapés de cogumelos da Mantiqueira com chá de rosas pra chamar o sono e logo...zzzzzz. Depois de embalados no sono chegamos ao destino. Descemos naquela linda estação de Minduri e fomos logo para a pousada, numa fila de charretes coloridas que levava todos nós, inclusive os

S E T E M B R O

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gringos que, ainda ressaqueados, faziamamaioralgazarrana caravana. Deixamos a turma com as atrações da pousada e fomos ao restaurante da Célia fazer a filmagem. A Nathalia, filha da Célia atendia outro grupo de turistas em sua lojinha de artesanato e de queijos finos da região. Ficamos algum tempo por ali admirando sua desenvoltura ao contar as histórias das primeiras famílias de dinamarqueses que chegaram a estas montanhas. Um passeio pela horta do restaurante, atração à parte, e logo após a colheita, Célia foi nos preparar um delicioso creme de abóbora com carne seca num maravilhoso fogão à lenha. Mais algumas imagens e ...moda deviolanavarandadapousada, cachacinha aqui, cantoriaacolá e entre conversas em vários idiomas e diferentes graus etílicos amadrugadachegou. Dia lindo, café da manhã que

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nem dá pra descrever aqui todas as quitandas fumegantes saindo do forno a lenha, e aquele aroma de café indescritível. E assim passamos mais um dia especial entre cachoeiras, degustações de queijo e bistrôs deliciosos. Deu aindaprafazermaisalgumas cenas registrando fogões e seus artistas em ação. Fim do dia, bagagem cheia de lembranças, novas amizades e balanço do trem de volta a BH. De repente um solavanco e acordei assustado. Desolado percebi que ainda estava dentro do carro no caminho de ida e bem na BR 040, aquela maltratadaestradaqueligaa antiga à atual capital do Brasil. E a tristeza bateu. Se não temos transportes ou estradas, e se uma de nossas maiores vocações é o turismo gastronômico pelo interior, sem infra-estrutura, como ficaremos? Sobram atrações levantadas em quase uma década pelo projeto Sabores

de Minas, mas faltam atitudes mais assertivas. Certamente sonhos como este que vivi intensamente não se realizarão agora, mas se a semente da Conspiração Gastronômica for irrigada pelos interesses mais elevados de todos os envolvidos na cadeia produtiva e desenvolvimentista de Minas, os nossos roteiros gastronômicos florescerão juntamente com a valorização de nossos produtores e seus tesouros artesanais, os quais parece importante lembrar, representam 80% do agronegócio no Brasil. Portanto, a despeito do merecido romantismo das montanhas mineiras, e sendo Minas um estado vocacionado para o turismo gastronômico, aliar essa perspectiva à valorização do produtor artesanal, estabelecerá nossas Minas Gerais no patamar internacional da Provence ou Toscana brasileiras.

Verde

LEANDRO CURYEMD. APRESS

RAFAEL MOTTA/TV ALTEROSA

em flor

Antecipando a chegada da primavera, hortaliça floral com superpoderes nutricionais colore os pratos com elegância e muito sabor PATRÍCIA CRESPO A nova estação desponta seus brotos pelos jardins, mas a safra de flores comestíveis, como os brócolis, já está na mesa, garantindo preparos de aparência exuberante, excelente qualidade, gosto bem fresco e preçinhos especiais. Os brócolis, assim com suas primas, as couves-flor, são as inflorescências mais consumidas no planeta. Dos seus caules brotam simpáticos floretes que encantam adultos e crianças em receitas prá lá de saborosas. Broccoli é o plural de broccolo em italiano, mas na língua portuguesa os brócolis não existem no singular. O plural é constante, não somente no uso falado e escrito do vocábulo, mas na versatilidade dos preparos, no valor nutricional e no total aproveitamento das florezinhas, dos caules e das folhas. Olerácea originária do litoral da Europa banhada pelo Oceano Atlântico e de sua costa sul marageada pelo Mar Mediterrâneo, chegou ao Brasil junto com a emigração italiana no começo do século 20. Conhecedores dos poderes do vegetal, os estrangeiros espalharam além de receitas tradicionais, sua fama comprovada de superalimento, capaz de proporcionar uma infinidade de benefícios para saúde, incluindo a diminuição do risco de doenças cardíacas, prevenção de vários tipos de câncer e controle do diabetes devida a sua extensa lista de vitaminas e sais minerais. Estudiosos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), afirmam que o 100g do vegetal apresenta um teor de cálcio cinco vezes maior que a dose existente num copo de leite, sendo portanto um poderoso construtor e formador dos ossos e dos dentes. De baixas calorias e muito rico em fibras, é ótimo ingrediente para quem quer manter a forma e o intestino em dia. Dois tipos de brócolis circulam pelas feiras, mercados e sacolões: o ramoso, tradicional e campeão de vendas, é aquele que se compra com os talos, flores e folhas em maços bem graúdos e amarradinhos; o de cabeça única, conhecido como ninja, mais difícil de encontrar, apresenta os botões com coloração superior arroxeada e é vendido em unidades, como a couve-flor. Um novo tipo híbrido de brócolis, que ainda não aportou por aqui, tem aparecido em sofisticadas receitas americanas e europeias, causando suspiros entre os apreciadores da planta. Conhecido como brócolis bebê ou broccolini, a verdura lembra um aspargo verde com uma mínúscula florzinha

na ponta. Com a globalização das técnicas agrícolas atrelada a um mercado gastronômico sempre à procura de novidades pode-se concluir que, em muito pouco tempo, os brocolinos também serão figurinhas habituais dos cardápios do país. Curinga em qualquer cozinha, o legume pode ser ingrediente para compor pratos como sopas, cremes, recheios de omeletes, suflês, tortas e quiches. Refogado com defumados e outras verduras, é ótima opção para dar sabor a qualquer massa. Um arroz chegadinho no alho e cozido com brócolis é comida que conforta o estômago e o paladar. Nas estantes das praticidades culinárias, a hortaliça pode ser comprada congelada e utilizada da mesma forma em todas preparações. Mas o sabor e a textura do vegetal fresco são insuperáveis. Há mais de 50 anos trabalhando com a venda de hortaliças verdes em feiras de rua, Lúcia Teixeira já montou sua barraquinha em quase todos os bairros da capital mineira. A feirante compra sua mercadoria de pequenos produtores como Sarzedo, Mário Campos e Caeté e garante o frescor e a qualidade de seus produtos. Hoje em dia, Lúcia monta sua barraquinha às terças e sextas-feiras, logo bem cedo, no bairro Belvedere e avisa que essa é a boa hora de consumir todo o tipo de vegetais verdes com os brócolis, pois, assim que chegarem as chuvas, eles perderão a viçosidade e o preço irá às alturas. Os Brócolis podem e devem ser consumidos crus. Os crudités, legumes crus e cortados verticalmente, sempre servidos com vários molhinhos, podem ser uma boa pedida para se aproveitarem os talos da hortaliça. Mas se a receita pedir cozimento, ele deve ser feito preferencialmente em vapor ou em panela tampada com pouca água, pelo menor tempo possível, para que não haja perda dos nutrientes e da crocância. Há quem acrescente uma pitada de bicarbonato de sódio na água do cozimento para lhe fixar as tonalidades de seu intenso verde-escuro. Entretanto, tal prática é desnecessária se a verdura for comprada e consumida no mesmo dia, bem fresca, firme e sem manchas amareladas. Como os preparos rápidos sempre fazem sucesso elegemos para essa edição uma deliciosa fritada de brócolis, na medida certa para aqueles que não têm prática e habilidades culinárias. Vale a pena tentar! ● Formada em jornalismo pela PUC-Minas e em Gastronomia pela Estácio de Sá

Fritada de brócolis com parmesão INGREDIENTES 3 xícaras de brócolis cortados em tamanhos pequenos, 2 ovos, 1/2 xícara(200 ml) de farinha de trigo,1/3 de xícara de parmesão ralado,1 dente de alho picado, 1/2 xícara de bacon picadinho, frito e aparado do excesso de gordura,sal e pimenta-do-reino moída na hora a gosto. Azeite para grelhar MODO DE FAZER Lavar os brócolis em água corrente. Cozinhar no vapor por aproximadamente 8 minutos. Cortar o vegetal em tamanhos pequenos. Deixe esfriar. Em uma tigela grande, bater os ovos como para omelete. Em seguida, acrescentar os seguintes ingredientes: farinha, parmesão, alho, bacon, sal e pimenta. Não estranhe se ficar uma massa seca e grossa… é assim mesmo. Acrescente o brócolis e misture bem. Aqueça o azeite em frigideira antiaderente. Fazer quadradinhos da mistura e grelhar até dourar dos dois lados. Use uma espátula para pressionar o quadradinho. Sirva com molho de iogurte ou chantili salgado.


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