Jornal Mundus XVI

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ERASMUS

Pro g rama ERAS MUS: 25 an o s a “ U n i r na Diversidade”

Desafios para o futuro Ana Catarina Silva Ex aluna de Rel a çõ es I n terAlém da dimensão identitária e de cidadan aci o n ai s nia, é igualmente relevante a ideia de que as instituições europeias de ensino supeA “Geração Erasmus” rior são cruciais para a estabilidade e crescimento futuros na Europa, sendo a É provavelmente um dos vocábulos mais conheci- cooperação entre elas condição essencial dos e utilizados entre os jovens dentro do vasto para o sucesso. universo de terminologia associada à União Europeia, embora muitos não conheçam a figura que Neste contexto, o Erasmus – que envolve dá o nome a este programa de intercâmbio univer- nove em cada dez universidades eusitário. O “Erasmus” – EuRopean Community Ac- ropeias – é actualmente considerado um tion Scheme for the Mobility of University Students dos programas de maior sucesso da – celebra 25 anos sobre a data em que se iniciou, União, o qual terá contribuído para as alem 1987, na sequência de um processo de nego- terações introduzidas com a Declaração de Bolonha de 1999 e outros processos ciações nem sempre harmonioso. O programa, desenvolvidos com vista a uma tendencial que se insere no âmbito das políticas estruturais e e crescente harmonização dos sistemas de coesão da União Europeia, especificamente de ensino superior nos vários Estadosdentro da área de Cultura e Educação, é por isso membros. objecto de várias iniciativas comemorativas lançadas pela Comissão Europeia, entre as quais No entanto, e apesar do sucesso verifium concurso no Facebook para estudantes Eras- cado, permanece a existência de desafios mus, que demonstra que as instituições sabem e obstáculos, realidade que os números e adaptar-se à comunicação praticada pela “geração dados recolhidos através de vários estuErasmus”. dos não permitem ignorar. Anualmente,

cerca de 180.000 estudantes efectuam Ao logo destes 25 anos, mais de dois milhões de um período de mobilidade no âmbito do europeus tiveram a oportunidade de estudar e programa Erasmus, e o número de particviver num outro país ao abrigo deste programa, ipantes tem vindo a aumentar a um conadquirindo uma perspectiva diferente sobre a stante, mas, com o em toda s as ou t ras Europa. A importância do Erasmus é recon- á r e a s d e p o l í t i c a e u r o p e i a , a s d e hecida por personalidades como Umberto s ig ualdades ent r e E st a d o s - m e m b r o s Eco, que declarou recentemente, em entre-

são notórias, com alguns deles a apresentarem taxas de participação no programa inferiores a 4%, resultado, em parte, de diferenças entre os países ao nível do financiamento ou do reconhecimento de créditos (ECTS) na universidade de origem, entre outros aspectos . A necessidade de avaliar e melhorar o programa é naturalmente reconhecida pela Comissão Europeia, que recentemente avançou com uma proposta intitulada “Erasmus para todos” com o objectivo de agrupar os vários programas de mobilidade actualmente existentes num único pacote, tornando-o mais eficiente, abrangente e inclusivo. A opinião é unânime entre os jovens abordados – quem parte para Erasmus considera a experiência enriquecedora, inesquecível e recomenda vivamente. Os jovens alargam os seus horizontes em relação ao futuro, sendo o aspecto cultural, mais do que o académico, o que maior ênfase recebe geralmente no discurso destes cidadãos europeus. Resta analisar, numa perspectiva política

e estratégica, até que ponto uma experiência de “europeização” como o Erasmus pode ter influência na formação de uma consciência Europeia que se julga

indispensável para o futuro da União.

vista ao jornal inglês The Guardian: “o pro- “Recomendaria a qualquer jovem investir numa experiência internacional, grama Erasmus de intercâmbio universitário é nomeadamente fazer Erasmus. É provavelmente uma das mais fortes experiênraramente mencionado nas secções de negó- cias de independência e, por isso, de conhecimento pessoal. Para além disso, percios dos jornais, e, no entanto, o Erasmus criou mite-nos conhecer outras culturas e novas maneiras de trabalhar. (I) Ter a oportunidade de conhecer pessoas de outros países com outras maneiras de estar a primeira geração de jovens europeus”.

e de pensar ensina-nos a ser mais flexíveis e open-minded num mundo cada vez Eco associa o Erasmus a uma “revolução sexual”, mais global.” Ana Carvalho, Estudante de Gestão, Erasmus em Cardiff, 2011

enfatizando as relações pessoais que se desenvolvem entre os jovens que ultrapassam as

fronteiras do seu país para ir estudar num “A minha experiência Erasmus pode ser descrita como um período extraordinário,

durante o qual pude fazer novas amizades, conhecer uma nova cidade, universidade e culturaI Foi também uma oportunidade única para enriquecer o meu curgrama Erasmus deveria ser obrigatória, não só rículo académico com elementos que a minha universidade de origem não para estudantes mas para profissionais dos vários oferecia.” Florian Gegier, ex-estudante de RI na FEUC, Erasmus em Freiburg, 2009 sectores, para que conheçam a realidade europeia país diferente, e afirma que a ideia do pro-

e se integrem verdadeiramente.


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