GUIA DE "A A Z" DOENÇAS PULMONARES :: DIREÇÃO DE ARTE :: PAGINAÇÃO

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dpoc doença pulmonar o b s t r u t i va c r ó n i c a

Sintomas e sinais de alarme

Diagnóstico de DPOC E agora?

Saiba quando deve consultar o seu médico

Tem DPOC? Leia os conselhos dos profissionais para melhor gerir a sua doença

O essencial sobre DPOC na voz dos especialistas

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aaz

dpoc doença pulmonar o b s t r u t i va c r ó n i c a

Coordenadora do Projeto Patrícia Rebelo patriciarebelo@newsfarma.pt

Coordenadora Editorial Catarina Jerónimo

catarinajeronimo@newsfarma.pt

Equipa Editorial Andreia Pereira

andreiapereira@newsfarma.pt

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DEFINIÇÃO

Prof. Carlos Robalo Cordeiro

Dr. A Paula Simão

Uma doença crónica e progressiva

Espirometria: 15 minutos podem mudar o rumo da DPOC

Cátia Jorge

catiajorge@newsfarma.pt

Nuno Coimbra

(Fotógrafo)

nuno coimbra@newsfarma.pt

Maria Gomes

mariagomes@newsfarma.pt

Ricardo Gaudêncio (Fotógrafo)

ricardogaudencio@newsfarma.pt

Sofia Filipe

sofiafilipe@newsfarma.pt

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Diretora de Publicidade Conceição Pires

conceicaopires@newsfarma.pt

Assessora Comercial Sandra Morais

sandramorais@newsfarma.pt

Joana Lopes Cátia Tomé

catiatome@newsengage.pt

Diretora de Marketing Ana Branquinho

anabranquinho@newsfarma.pt

Redação e Publicidade Av. Infante D. Henrique, 333 H, 37 1800-282 Lisboa T. 218 504 065 Fax 210 435 935

Prof. A Marta Drummond

Dr. A Ana Figueiredo

Fenótipos: úteis no tratamento e prognóstico

Parar de fumar é a prevenção-chave

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FATORES DE RISCO

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Exacerbações

Dr. A Luísa Soares Branco

Tabagismo: a principal causa de DPOC

Exacerbações: o quê, como e porquê?

Eu e a DPOC

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SINTOMAS

DPOC - Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, é uma edição especial da News Farma, dirigida a profissionais de saúde. News Farma é uma marca da Coloquialform, Lda.

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Comorbilidades

Dr. João Cardoso

Dr. Miguel Guimarães

Valorizar os sintomas, consultar o médico

Comorbolidades: Para além da DPOC

apoio científico

A reprodução total ou parcial de textos ou fotografias é possível, desde que indicada a sua origem (News Farma) e com autorização da Direção. Os artigos de opinião são da inteira responsabilidade dos seus autores.

Edição

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respira

Prof. A Paula Pinto

www.newsfarma.pt

Publicação isenta de registo na ERC, ao abrigo do Decreto Regulamentar 8/99, de 9/06, artigo 12º, número 1A.

Prevenção

Dr. A Susana Sousa

newsfarma@newsfarma.pt,

Pré-press e impressão RPO

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Números que preocupam

Produção & Design joanalopes@newsengage.pt

Dr. Joaquim Moita

Inovação, eficácia e segurança

FENÓTIPOS

Agenda Diretor Comercial Miguel Ingenerf Afonso

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TRATAMENTO

NÚMEROS

agenda@newsfarma.pt

miguelafonso@newsfarma.pt

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DIAGNÓSTICO

Patrocínio exclusivo


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DEFINIÇÃO

Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica

Uma doença crónica e progressiva A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é uma doença crónica das vias aéreas com base inflamatória, que integra um conjunto de doenças pulmonares que se manifestam por uma obstrução do fluxo aéreo, tornando a respiração difícil. Conforme explica o Prof. Carlos Robalo Cordeiro, presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia e pneumologista do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, esta doença caracteriza-se pela “obstrução expiratória e frequentemente pela retenção aérea significativa”. A DPOC insere-se, assim, no grupo de “doenças obstrutivas e inflamatórias crónicas das vias aéreas, onde igualmente se poderão situar a asma brônquica, o enfisema pulmonar, a bronquite crónica e as bronquiectasias”. Para além de irreversível, é também uma patologia de tendência evolutiva, ou seja, tende a agravar-se sem o tratamento adequado, comprometendo significativamente a qualidade de vida. “Trata-se de uma doença provocada pela inalação de diversas substâncias, de que o tabaco é de longe o principal elemento, mas que pode estar associada também à poluição doméstica (combustão de biomassas em lareiras e

aquecimentos a céu aberto), ocupacional ou atmosférica”, acrescenta o especialista. Relativamente à incidência etária desta doença, o pneumologista refere que “a DPOC declara-se principalmente após os 40 anos, sendo muito mais prevalente e de maior gravidade após os 60/65 anos”, mas lembra que “começará a instalar-se bem mais cedo, dependendo do início e intensidade dos hábitos tabágicos, principal fator de risco para o seu desenvolvimento”.

Prof. Carlos Robalo Cordeiro

Presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia

Mas afinal, o que acontece quando um doente tem DPOC? No funcionamento normal dos pulmões, quando inspiramos, o ar entra nos pulmões através dos brônquios, que têm múltiplas ramificações, as quais terminam em pequenos “sacos de ar” responsáveis pelas trocas gasosas – os alvéolos – cujas extremidades são constituídas por vasos sanguíneos (capilares). É por esta via que o oxigénio inalado entra na corrente sanguínea, ao mesmo tempo que o dióxido de carbono (produzido durante esse processo) é exalado. No entanto, num indivíduo com DPOC, esta capacidade está condicionada pela inflamação das vias aéreas e destruição do tecido pulmonar, pelo que o ar tende a ficar retido nos pulmões na expiração, podendo progredir para insuficiência respiratória.

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A DPOC integra um conjunto de doenças pulmonares que se manifestam por obstrução do fluxo aéreo, tornando a respiração difícil


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Números

Números que preocupam Estima-se que a DPOC represente, em PortugaL:

37,7%

8799

Apenas pessoas viram a sua doença confirmada por espirometria, evidenciando uma fraca acessibilidade à espirometria nos Cuidados de Saúde Primários Fonte: Doenças Respiratórias em números 2014 – Relatório do Programa Nacional para as Doenças Respiratórias da Direção-Geral da Saúde

dos óbitos por doenças respiratórias crónicas

no mundo

210

Cerca de milhões de pessoas têm DPOC A DPOC é a 4.ª causa de morte.

13,5% dos internamentos de causa respiratória

Fonte: Organização Mundial de Saúde

Agir para além das estatísticas Os dados relativos à DPOC não deixam espaço para dúvidas: é preciso mais atenção, investimento e iniciativa para melhorar o panorama da DPOC, quer por parte das pessoas, doentes e cuidadores; quer dos decisores e influenciadores políticos.

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FATORES DE RISCO

Tabagismo

a principal causa de DPOC “Falar de fatores de risco para o desenvolvimento da DPOC implica descrever a relação do fator mais bem estudado como principal causa da doença: o tabagismo”, refere a Dr.ª Susana Sousa, pneumologista do Centro Hospitalar de Setúbal. E esclarece: “Quando falamos de hábitos tabágicos incluímos os cigarros mas também os charutos e cachimbos e ainda a exposição passiva ao fumo de tabaco. A doença pulmonar surge como uma resposta do pulmão à inalação desses agentes agressores, que se torna crónica e de agravamento progressivo”.

Para além do tabaco

No entanto, nem todos os doentes com DPOC são fumadores. Conforme explica a especialista, um estudo recente realizado em Portugal demonstrou que 9% dos doentes não apresentava hábitos tabágicos. Há, portanto, outros fatores de risco a considerar. “No fundo, a DPOC resulta da interação entre fatores genéticos e ambientais. A exposição a poeiras e produtos químicos, que se verifica em algumas profissões de risco como atividades de produção de plástico, têxteis, borracha, couro ou reparação mecânica e soldadura, também pode ser causa de doença”, acrescenta. No lado dos fatores genéticos, podemos falar na deficiência hereditária de uma enzima

(Re)conhecer é o primeiro passo para prevenir “Reconhecer os fatores de risco é fundamental para tornar possível a prevenção e o tratamento da doença”, alerta a especialista. Porque a tomada de consciência é o primeiro passo, tome nota dos reptos lançados pela pneumologista: > Não podemos controlar a poluição atmosférica ou os fatores hereditários mas depende de cada um a decisão de iniciar ou manter os hábitos tabágicos. > São necessárias estratégias restritivas para diminuir a prevalência do tabagismo, mas estas medidas devem também ser implementadas na casa de cada um de nós, recordando que as crianças imitam as ações dos adultos e aprendem por observação direta. > A utilização de meios de proteção adequados em profissionais com atividades de risco inalatório e estratégias de higiene e segurança no trabalho devem ser implementadas e cumpridas pelos trabalhadores. > A perceção dos primeiros sintomas, como tosse e expetoração, é também importante para tratar precocemente a doença e evitar que se torne mais grave.

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Dr.ª Susana Sousa

Pneumologista do Centro Hospitalar de Setúbal

“Depende de cada um de nós iniciar ou manter hábitos tabágicos” (alfa 1 anti-tripsina), a qual está relacionada com o aparecimento da doença em idades mais jovens. Por outro lado, conforme realça a pneumologista, “a poluição proveniente de fumo de lareiras e fogões a lenha ou carvão em cozinhas (combustão de biomassas) ou gás de aquecimento em locais pouco ventilados continuam a ser um fator de risco importante, sobretudo em Portugal”.


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SINTOMAS

Valorizar os sintomas, consultar o médico Dr. João Cardoso

Pneumologista do Hospital de Santa Marta

Porque a maioria das pessoas atribui estes sintomas à “bronquite” do tabaco, acabam por não ser interpretados como um problema respiratório, atrasando o diagnóstico

Conforme explica o Dr. João Cardoso, pneumologista no Hospital de Santa Marta, “a DPOC desenvolve-se pela exposição a partículas e gases nocivos, o que habitualmente significa exposição presente ou prévia ao fumo de tabaco”. Se é verdade que “os primeiros sintomas que um fumador (ou ex-fumador) sente são a tosse, principalmente matinal, e a expetoração”, o principal sintoma é a dispneia, ou seja, a falta de ar. “Este sintoma condiciona a capacidade para realizar as atividades do dia-a-dia, por mínimos que sejam os esforços, levando ao sedentarismo”, aponta o especialista. E lembra que “a desvalorização deste sintoma, atribuindo o cansaço respiratório à idade ou a outro factor físico, é profundamente prejudicial, pois atrasa o diagnóstico e tratamento da DPOC”. Porque a maioria das pessoas atribui estes sintomas à “bronquite” do tabaco, acabam por não ser interpretados como um problema respiratório, atrasando o diagnóstico. A título de exemplo, o Dr. João Cardoso explica que “como a dispneia leva a menor atividade física, as pessoas tendem a atribuir o cansaço respiratório mais fácil à falta de

Sintomas da DPOC > Dispneia (falta de ar) > Tosse (principalmente matinal) > Expetoração

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Quando deve consultar o seu médico? > Presença de tosse e expetoração durante vários dias, semanas ou meses. > Perda de capacidade para fazer esforços físicos, acompanhada pela sensação de sufoco, respiração ofegante ou falta de ar.

atividade física, e entramos num círculo vicioso de cada vez menor capacidade e menor atividade”. “Outro aspecto muito importante está no desconhecimento da existência e do papel fundamental que o exame da função respiratória – a espirometria – tem no diagnóstico e no tratamento”, refere o pneumologista, “comparável à medição da tensão arterial na hipertensão ou da glicémia na diabetes”.


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diagnóstico

Espirometria

15 minutos podem mudar o rumo da DPOC “Em face de um indivíduo com sintomatologia e fatores de risco já descritos, a realização de uma espirometria confirmará a presença de uma obstrução crónica das vias aéreas, em estabilidade, isto, é fora de um período de agudização”, explica a Dr.ª Paula Simão, pneumologista na Unidade Local de Saúde de Matosinhos. Este exame simples, rápido e barato é fundamental para um diagnóstico precoce de DPOC, sabendo-se que, “quando diagnosticada em fases iniciais, a doença tem uma evolução melhor, com tratamento mais fácil e menos oneroso e, seguramente, com sobrevidas mais longas”, avança a especialista. E sublinha que, com uma aposta no diagnóstico, é possível (e fundamental) “mudar o paradigma do doente com DPOC grave, que é diagnosticado apenas na primeira exacerbação quando vai ao serviço de urgência”.

Uma doença subdiagnosticada

“Tudo indica que a DPOC esteja subdiagnosticada”, afirma a Dr.ª Paula Simão. “Os estudos de prevalência apontam sempre para números superiores àqueles registados no âmbito dos Cuidados de Saúde Primários”, continua. Na opinião da especialista, “o problema só poderá ser contornado com uma ampla informação e modificação comportamental das populações”.

Principais exames de diagnóstico > Espirometria: teste simples, indolor, consiste em soprar através de um tubo, mantendo-se o nariz fechado com uma mola, efetuando manobras de sopro semelhantes ao “apagar de velas”, as quais permitem perceber se existe ou não obstrução brônquica. Demora entre 15 a 30 minutos, dependendo da colaboração do doente. > Pletismografia: em algumas situações, existe a necessidade de efetuar um exame um pouco mais complexo, dentro de uma cabine de vidro, para medir os volumes de ar que existem nos pulmões através das mesmas manobras. Após o diagnóstico e para melhor esclarecimento da situação clínica pode haver necessidade de outros exames: > Colheita de sangue para doseamento da alfa-1-antitripsina (AAT): este exame é sobretudo importante quando a doença ocorre em idades mais jovens e há história familiar, pois deteta um fator de risco genético para a doença. > TAC: cada vez mais um exame a realizar nos doentes diagnosticados, na fase inicial, no sentido de um melhor esclarecimento da situação (presença de enfisema, bronquiectasias, sequelas de tuberculose, entre outros).

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Dr.ª Paula Simão

Pneumologista da ULS Matosinhos

ESTE EXAME SIMPLES, RÁPIDO E BARATO É FUNDAMENTAL PARA UM DIAGNÓSTICO PRECOCE DA dpoc


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FENÓTIPOS

Fenótipos

úteis no tratamento e prognóstico Prof.ª Marta Drummond

Pneumologista do Centro Hospitalar de São João

Fenótipos designam um conjunto de características clínicas apresentadas por grupos de doentes com DPOC, que permitem a sua categorização. “Ao contrário do genótipo, determinado pela constituição genética do indivíduo, o fenótipo resulta da interação entre a predisposição genética para determinada patologia e o meio ambiente”, explica a Prof.ª Marta Drummond, pneumologista do Centro Hospitalar de São João. Concretamente, falamos de aspetos/ /manifestações físicas observáveis, exteriorizadas pelos doentes com DPOC, enquanto marcas específicas da sua doença. Tendo em conta a heterogeneidade da DPOC, a definição de fenótipos, ao agrupar doentes que partilham características clínicas, é útil em dois sentidos. Por um lado, “vai condicionar a resposta terapêutica, uma vez que permite a homogeneização de abordagens terapêuticas de acordo com os subgrupos de doentes, oferecendo normas de orientação clínica que respeitam aquilo que é a evidência científica até ao momento”, esclarece a especialista. Este aspeto contribui certamente para melhores resultados do ponto de vista do tratamento, ao facilitar uma abordagem personalizada da doença. Por outro lado, a definição de fenótipos terá necessariamente uma implicação no prognóstico. “Podemos prever a evolução

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“O fenótipo resulta da interação entre a predisposição genética para determinada patologia e o meio ambiente”

expectável da doença e, para além disso, o doente fica com uma noção clara da sua doença, daquilo que são as suas características específicas e fundamentais”. Este esclarecimento contribui para uma melhor adesão ao plano terapêutico proposto e para um maior controlo da sua doença. Em última análise, um doente bem informado será um doente mais cumpridor e melhor controlado.


Depois de determinada a história clínica, “o recurso a meios complementares de diagnóstico permitirá clarificar o fenótipo do doente”

história clínica – o primeiro passo

O fenótipo é determinado através de uma história clínica rigorosa, ou seja, um conhecimento profundo e factual do quadro clínico do doente e respetivos sintomas. Depois de determinada a história

clínica, “o recurso a meios complementares de diagnóstico permitirá clarificar o fenótipo do doente”, explica a professora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. “Aliás, a ideia subjacente à criação de fenótipos está na capacidade

que temos de os diagnosticar, de forma rápida e não invasiva”, acrescenta. Quando o perfil do doente encaixa num dos fenótipos definidos, o esquema de tratamento é determinado pelas normas de orientação clínicas disponibilizadas.

ALGUNS FENÓTIPOS MAIS COMUNS NA DPOC DPOC com enfiSema

Este doente apresenta destruição da parede alveolar, com oxigenação insuficiente. A especialista explica que um doente com este fenótipo “tende a ser um indivíduo emagrecido, com muito mais taquipneia (frequência respiratória elevada).

DPOC com bronquite crónica Neste caso, a inflamação crónica dos brônquios com hiperprodução de muco é a marca fisiopatológica. “O doente regista maior

produção de muco e de expetoração, tem mais vezes tosse e tenderá mais frequentemente para a retenção de CO2 e para a obesidade do que o doente com enfisema”, refere a Prof.ª Marta Drummond.

ACOS - ASMA E DPOC

Este fenótipo designa a sobreposição de asma com DPOC. Ou seja, “estamos perante um grupo de doentes que sofre de asma desde a infância ou juventude e, devido a hábitos tabágicos adquiridos ou

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subtratamento da doença, vem a desenvolver uma obstrução fixa das vias aéreas, apresentando alterações espirométricas compatíveis com DPOC”, avança a especialista. Assim, este fenótipo está subjacente a uma inflamação de tipo misto – eosinofílica e neutrofílica – devido à asma e DPOC, respetivamente.

Classificação segundo a Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease (GOLD)


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EXACERBAÇÕES

O quê, como e porquê? Impacto das exacerbações

Prof.ª Paula Pinto

Pneumologista do Centro Hospitalar de Lisboa Norte

“As exacerbações têm um impacto muito negativo na evolução de um doente com DPOC, uma vez que levam a que os sintomas se prolonguem por um período de várias semanas, podendo o doente nunca mais voltar à condição que tinha anteriormente”, esclarece a pneumologista. Isto porque as exacerbações conduzem a uma maior deterioração da função pulmonar, comprometendo a qualidade de vida. Neste cenário, “assistimos a um aumento das hospitalizações, da mortalidade e dos custos relacionados com a saúde”, frisa a Prof.ª Paula Pinto, lembrando que, “após três anos de um internamento por exacerbação de DPOC, a mortalidade é de cerca de 50%”.

Quando procurar ajuda médica Exacerbação designa “uma situação que surge na evolução da DPOC e que se caracteriza por uma mudança súbita dos sintomas habituais do doente para além das variações que podem existir no dia-a-dia, e que pode justificar uma alteração na sua medicação usual”, explica a Prof.ª Paula Pinto, pneumologista do Centro Hospitalar de Lisboa Norte. Embora 1/3 das exacerbações não seja atribuível a uma causa etiológica em concreto, a especialista esclarece que “a maioria das exacerbações é causada por infeções virais ou bacterianas das vias aéreas”. Além disso, “o aumento da poluição atmosférica pode também precipitar uma exacerbação de DPOC”.

A Prof.ª Paula Pinto alerta para os sinais que exigem ajuda médica de imediato. “Devem procurar ajuda médica imediata os doentes que tenham uma DPOC grave ou muito grave, em idade avançada, outras doenças para além da DPOC, nomeadamente doenças cardíacas, que tenham história de muitas exacerbações, com toma frequente de vários antibióticos, e que apresentem: > cansaço e/ou falta de ar muito intensa (mesmo para esforços mínimos ou em repouso); > coloração arroxeada dos lábios e das extremidades; > inchaço das pernas”

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Classificação das exacerbações Segundo a professora da Faculdade de Medicina de Lisboa, “as exacerbações podem ser classificadas quanto à sua gravidade, de acordo com a utilização dos recursos de saúde por parte do doente”. Podemos considerar: > Exacerbações ligeiras: podem ser tratadas no domicílio do doente, necessitando apenas de ajustes no tratamento habitual, nomeadamente através do aumento da dose e da frequência dos broncodilatadores. > Exacerbações moderadas: podem ser tratadas no domicílio do doente, necessitando de terapêutica com antibióticos e/ou corticosteróides orais. > Exacerbações graves: podem levar ao internamento hospitalar do doente, se necessário

Em jeito de alerta para os doentes, a pneumologista sublinha que “o não cumprimento do tratamento e/ou a utilização incorreta dos inaladores constituem uma causa frequente de exacerbações da DPOC”, pelo que “as exacerbações podem ser prevenidas se o doente efetuar um tratamento correto da sua doença e adotar um estilo de vida saudável”. Numa nota final dirigida aos cuidadores do doente com DPOC, a especialista lembra que devem estar também informados relativamente às medidas a adotar para o tratamento correto da DPOC e para a prevenção das suas exacerbações.


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COMORBILIDADES

Comorbilidades

para além da DPOC A DPOC está muitas vezes associada a outras doenças, que se designam por comorbilidades. Conforme explica o Dr. Miguel Guimarães, pneumologista do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho, “a elevada prevalência de comorbilidades em doentes com DPOC parece ser multifatorial, considerando aspetos como a idade, efeitos sistémicos do tabaco e efeitos adversos de alguns fármacos”. E esclarece que “faz parte da avaliação de um doente recém-diagnosticado com DPOC a pesquisa de possíveis comorbilidades, uma vez que estas influenciam o prognóstico da doença e podem inclusive interferir com os tratamentos. Além do mais, diferentes comorbilidades partilham, muitas vezes, sintomas que se confundem com os da própia DPOC, daí a necessidade de serem ativamente investigadas e tratadas”. As comorbilidades são fatores determinantes e da maior importância em dois aspetos. Por um lado, na qualidade de vida e, por outro, no prognóstico. É de realçar que “as comorbilidades estão associadas a um risco acrescido de exacerbações frequentes, que têm um impacto muito negativo no prognóstico. Sabemos ainda que quanto mais comorbilidades tem o doente, maior é o risco de mortalidade. Na verdade, a maioria dos doentes com DPOC morre por causas relacionadas com as suas comorbilidades”, acrescenta o pneumologista.

O que fazer?

Uma vez que as comorbilidades da DPOC são muitas vezes

subdiagnosticadas e subtratadas, é fundamental conhecermos as mais frequentes e estarmos alerta para as manifestações associadas a cada uma delas. “Desta forma, estaremos mais aptos para o seu tratamento”, refere o Dr. Miguel Guimarães. Por outro lado, continua, “a adoção de estilos de vida saudáveis, como uma alimentação equilibrada e prática de exercício físico regular, são benéficos para a DPOC e para as suas comorbilidades”.

Dr. Miguel Guimarães

Comorbilidades mais frequentes

Pneumologista do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho

O Dr. Miguel Guimarães indica as comorbilidades mais frequentes na DPOC, de acordo com estudos internacionais. Podemos considerar: Doenças cardiovasculares > Hipertensão Arterial > Cardiopatia isquémica > Insuficiência cardíaca > Arritmias > Doenças cerebrovasculares > Doenças vasculares periféricas Alterações metabólicas > Diabetes > Disfunção muscular > Osteoporose Depressão e ansiedade Cancro do pulmão

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“Quanto mais comorbilidades tem o doente, maior é o risco de mortalidade”


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TRATAMENTO

Inovação, eficácia e segurança

Dr. Joaquim Moita

Pneumologista do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra

“Uma simples caminhada de duas horas por semana pode ter impacto na redução das exacerbações”

Enquanto doença crónica, o objetivo prioritário do tratamento da DPOC é o alívio da dispneia (falta de ar) e a prevenção das exacerbações. “Vivemos uma época de ouro no tratamento farmacológico da DPOC, tal a avalanche de novos medicamentos e a perspetiva a curto prazo do aparecimento de novas classes farmacológicas”, comenta o Dr. Joaquim Moita, pneumologista do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. O especialista explica que, em termos de seleção terapêutica, “consolida-se o conceito, ou paradigma, de que a terapêutica dupla (anticolinérgico – LAMA, e simpáticomiméticos – LABA) de longa duração constitui a base do tratamento do doente sintomático”. E acrescenta que “esta associação também se tem mostrado a forma mais eficaz de prevenir exacerbações”. O pneumologista refere ainda que “os LAMA isolados deverão ser usados nas formas iniciais da doença, enquanto os os corticoides associados aos LABAS deverão ser usados nos doentes com o síndrome de sobreposição de DPOC com asma (ACOS)”.

Para além dos fármacos

O tratamento da DPOC vai muito para além de uma abordagem medicamentosa. O Dr. Joaquim Moita deixa algumas considerações prioritárias que funcionam, por um lado, como medidas de prevenção, mas também para tratamento da

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“Vivemos uma época de ouro no tratamento farmacológico da DPOC, tal a avalanche de novos medicamentos e a perspetiva a curto prazo do aparecimento de novas classes farmacológicas”


DPOC, de forma a abrandar a sua progressão. “Antes de mais, há que escolher a cessação tabágica e, se possível, habitar em ambientes não poluídos”, refere. Depois, importa incentivar a vacinação antigripal e antipneumocócica. “A primeira está felizmente difundida; a segunda não. A pneumonia constitui, em Portugal, uma das principais causas de internamento e os doentes com DPOC têm maior probabilidade de contrair pneumonia pneumocócica”, alerta o especialista. Para além disso, a reabilitação respiratória é crucial. “A reabilitação melhora os sintomas e a tolerância ao exercício e diminui as exacerbações, bem como o recurso ao sistema de saúde”, avança o Dr. Joaquim Moita. Aprofundando o assunto, o especialista explica que “o principal componente é o treino de exercício mas, na recente definição de 2013, é dado grande destaque às técnicas de modificação comportamental, no sentido de assegurar benefícios a longo termo”. Os programas devem incluir duas a três sessões por semana num mínimo de dois meses. Transversal a estas medidas, o pneumologista considera fundamental promover a atividade física, particularmente nos doentes que não têm acesso a programas de reabilitação. O Dr. Joaquim Moita explica que “na base da inatividade está a dispneia no exercício, que por sua vez aumenta com o sedentarismo, e está também a predisposição para doenças cardiovasculares, diabetes, incapacidade motora, depressão, entre outras comorbilidades”. Para além disso, “a diminuição da atividade física está diretamente relacionada com a maior ocorrência de exacerbações e com a mortalidade precoce. Neste contexto, o especialista relembra

os doentes que “uma simples caminhada de duas horas por semana pode ter impacto na redução das exacerbações”.

Uma mensagem de esperança

Na opinião do Dr. Joaquim Moita, o doente pode contribuir para a eficácia do tratamento da DPOC através da adesão ao esquema terapêutico, aos programas de reabilitação e ao exercício físico.

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A finalizar, o especialista deixa uma mensagem de esperança para os doentes com DPOC. “Com os atuais medicamentos, vivendo um estilo de vida saudável aliado à prática atividade física regular, e dispondo ainda de programas de reabilitação respiratória é possível, já hoje, controlar sintomas, prevenir exacerbações, atenuar a evolução da doença e, seguramente, viver mais e melhores anos”.


P

PREVENÇÃO

Parar de fumar é a prevenção-chave prevenção”, avança a especialista, “mas é muito importante alertar também que, depois da doença instalada, parar de fumar é a única medida que contraria, efetivamente, a evolução da DPOC”, sublinha.

Tabagismo em Portugal

Dr.ª Ana Figueiredo

Pneumologista do Centro Hospitalar de Coimbra

Como referido anteriormente, o principal fator de risco conhecido para a DPOC é o tabagismo, seja na sua forma ativa (cigarro, cachimbo, charuto ou outro) ou passiva (exposição ao fumo ambiental de tabaco - FAT).“É, por isso, fácil de entender que a diminuição do número de fumadores e a protecção dos não-fumadores do FAT são as medidas fundamentais para a prevenção da DPOC”, afirma a Dr.ª Ana Figueiredo, pneumologista do Centro Hospitalar de Coimbra, também conhecido como Hospital dos Covões. É verdade que, nos últimos anos, “tem sido feito um grande esforço no sentido de alertar a população para a existência da DPOC e para a necessidade de um diagnóstico precoce, bem como para a sua

Conforme explica a especialista, “em Portugal, de acordo com os dados do Eurobarómetro de Tabaco de 2015, a prevalência do tabagismo está a aumentar, muito à custa de um aumento do número de mulheres e jovens fumadores”. Esta curva ascendente contraria a tendência observada na União Europeia, e a exposição da população ao fumo de tabaco nos locais de restauração e diversão (e até nos locais de trabalho), está também acima da média europeia. “Acresce que Portugal é o país da UE onde menos fumadores querem deixar de fumar e abandonam efetivamente os hábitos tabágicos, e um dos países onde os jovens começam a fumar mais cedo”, explica a pneumologista. “Esta situação é preocupante e demonstra a falência das políticas públicas vigentes”, acrescenta, argumentando que “a nova lei do tabagismo, que entra em vigor a 1 de janeiro de 2016, deveria colmatar as deficiências da lei de 2007, mas a verdade é que mantém inúmeras exceções, as quais vão permitir que fumar em Portugal continue a ser a norma social”. Tendo em conta este panorama, a Dr.ª Ana Figueiredo sublinha que “sem uma legislação correta, as restantes medidas que se possam tomar não terão o impacto

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desejado. Há, assim, que pugnar por uma alteração da lei, a par da implementação de mais medidas de prevenção e de um aumento do apoio aos fumadores que queiram cessar os seus hábitos”, aponta. E deixa um alerta final: “Sabendose que o aumento do tabagismo só se reflete na morbilidade e na mortalidade algumas décadas depois, se nada for feito, vamos continuar a assistir a um aumento das doenças do foro respiratório, nomeadamente da DPOC”.

“Depois da doença instalada, parar de fumar É a única medida que contraria, efetivamente, a evolução da DPOC”


r

respira

Eu e a DPOC A Dr.ª Luísa Soares Branco, presidente da Respira – Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas – dá a voz por todos os seus associados, alertando para o lugar e papel do doente no processo de gestão da doença. “Nós somos os principais elementos na gestão e controlo da doença apoiados pela família/ /cuidadores, pneumologista, médico de família e outros profissionais de saúde”, afirma. “Para nos podermos manter bem, física, psíquica e emocionalmente, necessitamos, em primeiro lugar, do apoio da família e, não menos importante, de apoio para a adesão à terapêutica farmacológica, oxigenoterapia (se necessário), exercício físico (reabilitação respiratória) dos vários profissionais de saúde que intervêm na área da DPOC”, refere. Mas acrescenta que a iniciativa deve partir da pessoa com DPOC, para “procurar obter as melhores respostas para a sua condição”. Neste contexto, a Dr.ª Luísa Soares Branco lembra que “hoje é possível aceder a informação fidedigna sobre a DPOC e procurar partilhar experiências com outros doentes, nomeadamente através das associações como a Respira”, no sentido de erguer “uma voz mais forte junto da sociedade e dos decisores na saúde”.

Respira: uma associação de todos Reconhecendo o baixo grau de literacia das pessoas com DPOC,

“um doente informado sensibilizado e motivado faz toda a diferença na eficácia do tratamento” Dr.ª Luísa Soares Branco

Presidente da Respira “a Respira tem tentado intervir para que o doente tenha um papel cada vez mais ativo na gestão da sua doença”, refere a Dr.ª Luísa Soares Branco. A presidente da Respira explica que “um doente informado, sensibilizado e motivado faz toda a diferença na eficácia do tratamento. Por um lado, conhece-se melhor, percebe a evolução da doença, adere à terapêutica e é capaz de estabelecer os seus limites. Por outro lado, é também um doente mais exigente, que luta ativamente para melhorar a sua qualidade de vida e mantém resiliência perante a DPOC”, Neste âmbito, é fundamental incentivar a comunicação entre médico e doente, para que a abordagem e tratamento da DPOC seja uma decisão conjunta e perfeitamente adaptada ao doente, “tendo em conta todas as suas envolventes familiar, social e profissional”.

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Conselhos para os doentes > Confie no seu médico: não tenha problemas em colocar as suas dúvidas à equipa que o segue. > Seja responsável pela sua saúde: é o seu futuro que está em jogo, dado que é o primeiro responsável pela gestão da sua DPOC. > Não se isole procure o apoio da família, amigos e da Associação “para que não se sinta sozinho a respirar”.


apoio científico

Patrocínio exclusivo

facebook.com/DPOCAgarrarAVida


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