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EDIÇÃO
A N O
E N F E R M A G E M ,
C O M P E T Ê N C I A
Entrevista ao Bastonário da Ordem dos Enfermeiros, Enf. Germano Couto “ Os cidadãos sabem que podem contar com a OE como um fator de garantia e proteção”
P A R A
C U I D A R
A influência da Enfermagem
Opinião do Prof. Doutor Paulo Moreira
Casos Clínicos
A intervenção do enfermeiro
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E N F E R M A G E M ,
C O M P E T Ê N C I A
P A R A
C U I D A R
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We Care, a plataforma da Enfermagem Por estarem na linha da frente da Saúde, quer na prática assistencial quer na promoção da saúde e prevenção da doença, os enfermeiros são a classe profissional próxima de quem necessita de cuidados de saúde. Vigilantes e cuidadores, por excelência, têm agora uma nova publicação a eles dedicada, a revista We Care. Este novo título lançado pela News Farma visa servir de plataforma de comunicação e diálogo das necessidades e interesses dos enfermeiros e enfermeiras de todo o país. A primeira edição abre com a entrevista ao Bastonário da Ordem dos Enfermeiros, Enf.º Germano Couto, que aborda algumas das mais recentes conquistas da classe, entre outros temas.
E V E N T O S
04 E N F .º G E R M AN O C O U TO 06 E N F .ª AL B E R T I N A S AN TO S
We Care é um projeto da News Farma, dirigido a profissionais de saúde. News Farma é uma marca da Coloquialform, Lda. Entidade parceira
07 E N F .º N U N O F E R R A Z 08 E N F .ª AN A R I TO 09 P R O F . D O U TO R P AU LO M O R E I R A
DE ENFERMAGEM
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ENF.º GERMANO COUTO
Atividade da OE é preenchida com pequenos e grandes contributos We Care (WC) – Que evolução na profissão e no papel da OE na sociedade portuguesa gostaria de salientar? Enf.º Germano Couto (GC) - A criação da Ordem dos Enfermeiros (OE) marcou um momento histórico no desenvolvimento do sistema de saúde português. A
sua contínua evolução, na continuidade do trabalho dos que me antecederam, foi um contributo crucial para a prossecução dos grandes objetivos do Serviço Nacional de Saúde (SNS). A função de regulação das profissões no setor da saúde é um dos pilares das garantias fundamentais da
A atividade da Ordem dos Enfermeiros (OE) é, no entender do seu Bastonário, em grande medida, preenchida de pequenos e grandes contributos para um elevado número de processos de regulação e influência da decisão no sistema de saúde e no Serviço Nacional de Saúde. Em entrevista, o Enf.º Germano Couto aborda esta e muitas outras questões ligadas à Enfermagem.
sociedade portuguesa, como nos direitos dos cidadãos à Saúde. Os cidadãos, em Portugal, sabem hoje que podem contar com a OE como um fator de garantia e proteção dos níveis de qualidade e segurança de que necessitam para manterem a confiança nos serviços de saúde. Essa é uma missão pública que a OE assume
A CRIAÇÃO DA ORDEM DOS ENFERMEIROS (OE) MARCOU UM MOMENTO HISTÓRICO
5 na sua ação, nomeadamente na contínua atitude proativa pela implementação das dotações seguras que arrogámos como um dos grandes temas para o futuro do sistema de saúde português. WC – O que destacaria como algumas das principais ações do seu mandato desde 2012? GC – O início do processo de implementação da metodologia de trabalho por Enfermeiro de Família, a implementação de um sistema de melhoria contínua da qualidade dos cuidados que são prestados nos serviços de saúde, no âmbito do Modelo de Desenvolvimento Profissional e a pesquisa de novas formas de medição da qualidade dos cuidados prestados estabeleceram sementes para um aprofundamento da capacidade da profissão em responder às necessidades da população. Estão sustentadas em competências existentes, mas careciam de um reconhecimento formal no sistema de saúde. A ação da OE é, em grande medida, preenchida de pequenos e grandes contributos para um elevado número de processos de regulação e influência da decisão no sistema de saúde e no SNS. Para além do esforço diário de todos os colaboradores da OE na resolução das inúmeras solicitações dos nossos membros que, de uma forma crescentemente profissional têm correspondido às expectativas, considero que reforçámos em quantidade e qualidade os contributos que apresentamos para a política de saúde e social estamos agora preparados para uma nova fase de intervenção nos processos de decisão nomeadamente no novo ciclo político que se avizinha. Temos também investido, de forma bem-sucedida, na expansão da nossa influência internacional sob as dinâmicas de regulação da profissão nas nossas relações com a União Europeia, com o Conselho Internacional de Enfermeiros e com os países de língua portuguesa.
WC – Poderia apontar dois dos principais desafios que os enfermeiros continuam a enfrentar? GC – A ausência de dotações seguras nas unidades de saúde e a falta de reconhecimento e desperdício das competências dos enfermeiros especialistas. A OE deve assumir uma perspetiva construtiva na relação com o poder político procurando ser um parceiro na construção de soluções. Apesar disso, devemos criticamente clarificar o nosso desapontamento com uma visão curta do investimento na saúde dos portugueses, que tem causado situações de insegurança nos cuidados por falta de enfermeiros e de enfermeiros especialistas. Os cortes orçamentais não explicam a contínua incerteza na integração de mais enfermeiros nas unidades de saúde e nos cuidados de saúde primários na medida dos contributos inequívocos da ação da Enfermagem para a sustentabilidade e poupanças equilibradas no SNS. De forma inequívoca e demonstrada internacionalmente, a adoção das dotações seguras em todas as unidades do SNS confere um enorme potencial de contributos para a melhoria da qualidade e da eficiência do SNS gerando, ao mesmo tempo, novas oportunidades de integração da prática especializada pelos enfermeiros, atualmente desperdiçada em muitos contextos. O poder político ainda não compreendeu que mais enfermeiros, ao nível das dotações seguras, gera mais eficiência e melhor utilização racional dos recursos, assim como menor mortalidade e morbilidade associada. Manteremos o nosso enfoque nestes elementos de regulação profissional e na nossa pressão política estratégica. WC – De que forma a OE pode contribuir para a resolução desses desafios? GC – A OE apresentou, desde 2012, um conjunto de propostas estratégicas para
políticas de qualidade, na melhoria da gestão energética nas unidades de saúde e no melhor planeamento dos recursos humanos do SNS. Outra das medidas propostas e agora aceites pelo Ministério da Saúde foi a isenção das crianças e jovens até aos 18 anos.
“O PODER POLÍTICO AINDA NÃO COMPREENDEU QUE MAIS ENFERMEIROS, AO NÍVEL DAS DOTAÇÕES SEGURAS, GERA MAIS EFICIÊNCIA E MELHOR UTILIZAÇÃO RACIONAL DOS RECURSOS”
a melhoria do SNS e para a relação de colaboração com outras profissões da saúde no melhor interesse do cidadão. A nossa proposta de 15 medidas para o futuro do SNS, com um enfoque na melhoria da sua eficiência, foi bem acolhida pelos decisores políticos. Porém, continuamos a verificar lentidão na implementação de muitas dessas propostas que incluem a melhoria na intervenção na comunidade no apoio ao doente crónico, na saúde mental, na saúde materna, na reabilitação precoce, nomeadamente no AVC, no investimento nas
WC – Na sua opinião, qual o papel do contínuo investimento no desenvolvimento de competências científicas na Enfermagem? GC – É um investimento fundamental e sendo da responsabilidade das instituições de ensino superior, terá vários impactos estratégicos para o SNS e para a profissão, nomeadamente na melhoria da qualidade da investigação nas várias abordagens incluindo a aplicada à prática clinica sem descurar a investigação em colaboração com outras profissões. Por outro lado, impõe-se investir em mais publicações de estudos em revistas científicas internacionais também em revistas que não sejam apenas de Enfermagem. Esse é, aliás, um novo desígnio nacional. A função de regulação que é da responsabilidade da OE beneficiará continuamente com a elevação dos parâmetros da investigação em que a profissão participe. WC – Que papel têm as atividades de eventos da profissão como o IV Congresso da OE? GC – Um evento como o IV Congresso da OE é uma oportunidade fundamental para a participação de todos os nossos membros na discussão das temáticas mais atuais e na contribuição para definirmos as grandes prioridades da Enfermagem para os próximos anos. É uma oportunidade de reflexão e de reencontro. Uma dinâmica de renovação e modernização do nosso discurso perante a sociedade portuguesa. Apelo à ampla participação no melhor interesse da profissão e dos cidadãos que servimos.
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1 ENFERMEIRA NA USF PIRÂMIDES, ACES M AI A - VALO N G O , ESPECIALIZADA EM S AÚ D E C O M U N I TÁ R I A
Recuperar a integridade da pele
ENF.ª ALBERTINA SANTOS
PERFIL DO DOENTE
António (nome fictício), 69 anos, raça caucasiana, divorciado, reformado (ex-operário fabril têxtil). Natural de Santo Tirso, reside na Maia, tendo sido emigrante em França, onde residem os seus dois filhos. Atualmente vive sozinho, parcialmente dependente para atividades da vida diária, tem apoio de empregada para alimentação e tarefas domésticas.
QUEIXAS
A pele do corpo, com especial incidência nos membros inferiores, estava desidratada, descamativa, com prurido, e com a integridade cutânea comprometida.
AVALIAÇÃO
Foi realizada uma avaliação da integridade da pele. O doente apresentava a pele seca, com zonas de fissuras superficiais nos membros inferiores.
PRIMEIRA CONSULTA
Foi feito um levantamento das necessidades deste utente, tendo em conta os conhecimentos demonstrados. Durante a primeira consulta, foram feitos ensinos de prevenção e promoção de complicações. Para além de ter sido feito o tratamento de úlcera infetada no segundo dedo do pé direito, foi dada ênfase à necessidade de cuidados de higiene e hidratação, assim
como de hábitos alimentares saudáveis, tendo em conta os fatores de risco associados às patologias existente (HTAre rDM). Foi recomendada a toma do pequeno-almoço todos os dias e fazer três refeições principais e três intermédias (não saltar refeições), assim como duas a três peças de fruta e duas vezes sopa ou legumes. Por fim, foi aconselhado a manter a pele hidratada e a beber água diariamente.
de 9 anos. Efetuou fisioterapia, tendo mantido hemiparesia direita ligeira e disartria. Devido à litiase renal, foi submetido a cirurgia, sem recidiva. Foi, ainda, submetido a apendicectomia.
PROGNÓSTICO
Recuperar a integridade da pele em quatro semanas, diminuindo de forma eficaz e duradoura o desconforto cutâneo.
HISTÓRIA CLÍNICA E FAMILIAR
Ex-fumador há 20 anos, nega alergias. É diabético e está sob insulinoterapia com LOA. Afetado com doença arterial periférica, doença renal crónica, dislipidémia, obesidade, doença arterial periférica e isquémia crónica dos membros inferiores grau IIB, sem indicação para revascularização, segundo especialista em Cirurgia Vascular (2012). Tem também doença cerebrovascular causada por um AVC há cerca
DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO E RESULTADOS
Tendo em consideração o diagnóstico de descamação cutânea com fissuras superficiais, foi recomendado o uso de creme gordo. Depois da aplicação deste produto, a pele não apresentava fissuras, manteve a integridade, assim como a hidratação.
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E N F E R M E I R O N A C O N S U L TA E X T E R N A D E O R TO P E D I A D O H O S P I TA L D E S A N TA M A R I A ( C H L N ) E S P E C I A L I S TA E M E N F E R M A G E M D E R EA B I L I TA Ç Ã O
Cicatrização rápida e com sucesso PERFIL DO DOENTE
Maria, 64 anos, reformada e divorciada. Desempenhou uma atividade profissional relacionada com limpezas.
QUEIXAS
Surgiu uma massa numa vertente lateral do joelho esquerdo. No período de um ano, essa massa foi crescendo lentamente, acabando por ocupar um espaço significativo. Dirigiu-se ao hospital e foi encaminhada para ser seguida na consulta externa de ortopedia, na especialidade do joelho.
AVALIAÇÃO
Na primeira consulta foram pedidos exames complementares de diagnóstico, incluindo uma ressonância magnética que revelou um liposarcoma.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
Dado o diagnóstico, com prognóstico reservado, a doente foi encaminhada para a Ortopedia Oncológica, onde foi confirmada a neoplasia maligna que envolvia
tecido conjuntivo e partes moles do membro inferior esquerdo. Foi proposta uma cirurgia, pois preenchia todos os critérios para ser submetida a uma intervenção cirúrgica. No mesmo momento cirúrgico foi realizada uma resseção alargada dessa massa tumoral, assim como um retalho muscular que envolveu o gémeo interno, destinado a preencher o espaço anteriormente ocupado pela massa tumoral e um enxerto de pele. No fundo, a intervenção a esta doente originou uma ferida cirúrgica cujo centro era o local onde estava a massa tumoral que foi removida, preenchida e fechada com enxerto cutâneo (pele extraída de outra zona limítrofe). Passou a ter três entidades: zona dadora, ferida cirúrgica e retalho do enxerto. Todavia, cerca de 15 dias depois do ato cirúrgico, na substituição do penso, verificou-se que o retalho estava necrosado e como tal, sem viabilidade, pelo que foi parcialmente desbridado. Posteriormente, foi programada uma limpeza cirúrgica no bloco operatório. A ferida passou a ser caracterizada como ferida crónica, dada a sua evolução mais lenta do que seria de esperar enquanto ferida cirúrgica, em processo de cicatrização por segunda intenção. Na zona dadora ocorreu a epitelização, mas esse epitélio novo era muito fino e, por isso, necessitava de hidratação intensa. Entretanto, a abordagem do tratamento da ferida crónica, por segunda intenção, foi evoluindo favoravelmente ao longo de 3 meses em que houve uma redução
ENF.º NUNO FERRAZ
RESULTADOS
dos bordos em cerca de 75%. Nesta fase, dada a existência de um leito de ferida viável, optou-se por voltar a enxertar essa pequena área de ferida, através de um procedimento cirúrgico no bloco operatório, com nova zona dadora. Desta cirurgia, resultou uma cicatrização de acordo com as previsões. Utilizámos creme gordo para fazer uma hidratação profunda dos tecidos novos, para uma maturação saudável desses tecidos.
Os resultados finais foram excelentes, na medida em que obtivemos uma cicatrização relativamente rápida, quer da zona dadora, quer da zona enxertada, sendo que ambas careciam de hidratação na fase de maturação. Depois de conseguirmos uma pele integralmente epitelizada, fizemos uma hidratação em profundidade e rica em nutrientes, especificamente para a fase de maturação. Atualmente, esta utente faz a sua vida normal e tem a pele íntegra, embora com algumas marcas de todo o procedimento, mas muito ténues.
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3 ENFERMEIRA NA USF MONTE DA LUZ, MONTE ABRAÃO, ACES SINTRA
Proximidade na consulta domiciliária zonas de pressão provocadas pelas posições adotadas e pelo estado geral do doente. Iniciou antibioterapia e analgesia e foram feitos ensinos à família e ao utente em relação ao esquema alimentar, hidratação, posicionamentos, prevenção das quedas e sinais de alerta (sinais de hipoglicemia, febre, observação dos pés, coloração da pele e queixas mais acentuadas do doente).
ENF.ª ANA RITO
PERFIL DO DOENTE
António, 79 anos, caucasiano, viúvo, reformado. Vive com a filha, que trabalha cerca de 6 horas por dia, período em que fica sozinho em casa. Apresenta alguma dificuldade na marcha, ficando grande parte do tempo sentado no cadeirão. Lúcido, orientado, de fácil comunicação com os profissionais de saúde. Utente cuidado em contexto de visita domiciliária, a pedido da filha, pela dificuldade na deslocação aos serviços de saúde.
QUEIXAS
Dor no membro inferior esquerdo e mão direita, onde apresentava feridas tipo abrasão, após queda, já com uma semana de evolução. Refere ainda desconforto nos calcanhares, acentuado ao toque e à mobilização: “As dores nos pés não me deixam andar”. No exame objetivo observou-se pele seca, com pequenas lesões descamativas. Em ambos os membros inferiores,
encontravam-se os calcâneos com rubor, a pele seca e com pequenas fissuras, mais acentuado à esquerda. Tensão arterial 125/76mmHg, frequência cardíaca 89pmn, apirético, ligeiramente desidratado e emagrecido. Como antecedentes pessoais, salienta-se diabetes mellitus tipo II, medicado com antidiabéticos orais, com registo de glicémias controladas. Nega outros episódios de quedas recentes, sendo que o motivo não se tratou de qualquer mal-estar, mas ocorreu acidentalmente quando tentou levantar-se sozinho.
PRIMEIRA CONSULTA
Na primeira visita domiciliária foram observadas todas as zonas problemáticas, verificando-se sinais inflamatórios na ferida do terço médio da perna esquerda, com exsudado moderado, ferida da palma da mão direita, com pequena solução de continuidade da pele, sem sinais inflamatórios. Verificou-se que as lesões nos calcâneos correspondiam a
TRATAMENTO
Lavagem dos membros inferiores com sabão neutro e soro fisiológico, observação minuciosa dos pés (calcâneos, dedos e zonas interdigitais). Aplicação de creme gordo, massajando especialmente as zonas mais secas e descamativas, bem como em todas as zonas de pressão susceptíveis de ulcerar. Foi dada indicação à família para aplicar à noite uma camada de creme nos pés, especialmente nos calcâneos e colocar umas meias, para um tratamento mais eficaz. Penso da mão direita, inicialmente realizado com matérias adequados a feridas limpas, com aplicação de creme gordo à volta da ferida e posteriormente, apenas com aplicação de creme gordo. Na ferida da perna esquerda, após realização de penso com material adequado ao estádio da ferida, verificou-se que o excesso de exsudado era prejudicial, macerando a pele em volta da ferida. Para que ocorra a cicatrização, é necessário o equilíbrio da humidade da ferida e a estimulação da migração das células epiteliais para evitar essa
maceração. Foi neste contexto que foi aplicado creme gordo, em toda a zona circundante à ferida, ajudando na regeneração da pele, reduzindo o excesso de fluidos.
RESULTADOS
Cerca de um mês e meio depois o doente apresentava pele íntegra dos calcâneos, pele hidratada dos membros inferiores, não descamativa. A ferida da mão direita apresenta pele regenerada, embora ainda friável, continuando com aplicação de creme gordo, em método exposto. Ferida da perna esquerda, com boa evolução, tendo reduzido de tamanho e profundidade, sem sinais inflamatórios, sem maceração da pele circundante. O doente refere uma melhoria na marcha, com diminuição das dores à mobilização. A proximidade do enfermeiro com a família, deve ser baseada numa relação de confiança, com uma comunicação eficaz, valorizando sempre as competências dos cuidadores, encorajando-os assim para uma boa colaboração no tratamento do utente. Como enfermeira especialista, orientadora de futuros enfermeiros, acredito que cada vez mais devemos ser inovadores e criativos, procurando novas formas de tratamento com o objetivo de proporcionar um estado do melhor bem-estar possível ao utente/família, sempre na perspetiva de melhorar as nossas competências relacionais, técnicas e científicas, procurando a qualidade e a excelência dos cuidados de Enfermagem.
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O P I N I Ã O
PROF. DOUTOR PAULO MOREIRA
EDITOR-IN-CHIEF D O I N T E R N AT I O N A L JOURNAL OF H EAL T H CA R E MANAGEMENT, L O N D O N, R U
Promover evidências dos contributos da Enfermagem NO NORTE DA EUROPA O IMPACTO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM TENDE A SER BASTANTE TRANSPARENTE E POSITIVO
No contexto internacional, a Enfermagem é percecionada de formas muito diversas em diferentes países em relação ao seu contributo para os grandes objetivos dos sistemas de saúde. De uma forma geral, no norte da Europa o impacto dos profissionais de Enfermagem tende a ser bastante transparente e positivo nomeadamente no reconhecimento de que a sua contribuição é fundamental para a humanização e qualidade dos cuidados de saúde prestados nas unidades hospitalares. Em outros níveis da prestação
de cuidados de saúde, o reconhecimento vai para além destes parâmetros dado que tem sido demonstrado que sem as estruturas de competências de Enfermagem não é possível garantir respostas nos cuidados de saúde primários (CSP) nem naquilo que em Portugal é designado como os cuidados continuados (CCI), sobretudo nas suas dimensões pós-agudas e de longa duração. Ou seja, nestes dois níveis de prestação de cuidados de saúde, a liderança da Enfermagem é a principal força motriz no desenvolvimento de serviços
para a intervenção intersetorial nas comunidades locais. Em contraste com esta visão sistémica dos cuidados de saúde, observamos, infelizmente, outros sistemas de saúde que, na sua realidade de ênfase excessiva na oferta hospitalar, não têm tido capacidade de elevar o reconhecimento e influência da profissão de Enfermagem aos níveis necessários para a geração de uma cadeia de valor na saúde que não dependa de um único nível de prestação de cuidados de saúde. A lenta evolução política da integração da Enfermagem em processos de liderança verificada nas regiões da América do Sul, Médio-Oriente e Ásia é também observada em algumas regiões e países do sul e leste da Europa. Nestas regiões, os líderes políticos não parecem ainda ter contacto com as demonstrações do valor dessa opção para as políticas de saúde.
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Um desafio estratégico, colocado à profissão nas regiões europeias do sul, é a necessidade de disseminação de evidências sobre os impactos positivos do investimento em cuidados de saúde liderados por profissionais de Enfermagem, preferencialmente em revistas científicas com visibilidade para além das revistas de Enfermagem. Já ninguém coloca em causa a validade científica da prestação de cuidados de Enfermagem. No entanto, a demonstração dos contributos da Enfermagem para os grandes objetivos de gestão em saúde nos seus sistemas de saúde, continua a necessitar de mais visibilidade para além da própria profissão da Enfermagem. Recomenda-se, por isso, mais pró-atividade em publicar em revistas internacionais de políticas e gestão em saúde, assim como mais projetos de investigação desenvolvidos em parceria com outras profissões da saúde a publicar em revistas científicas mais gerais e multiprofissionais. Estas duas opções implicam o reforço da abertura de espírito na cooperação e complementaridade dos saberes, em eventual confronto com noções mais fechadas, para a geração de conhecimento de Enfermagem e que promova a visibilidade das evidências fora dos circuitos da profissão. Outras profissões da saúde, desenvolveram, precisamente,
essa capacidade e aparecem de forma sustentada como coautores de evidências com especialistas das várias profissões e vertentes da gestão em saúde, retirando desse processo uma acrescida influência nos processos de decisão. Que ninguém duvide que o conhecimento é a “moeda” mais forte no processo de influência sob os sistemas de saúde. Quando conjugado com a capacidade de transferir conhecimento das revistas científicas para o grande público, através dos media populares, este é o processo mais eficiente para gerar abertura para a mudança necessária ou pretendida. Pelo contrário, o favor político obtido na dinâmica do contacto informal, gera apenas alguns “cêntimos” de retorno de influência na medida em que os ganhos ficam circunscritos a um número reduzido de indivíduos. O International Journal of Healthcare Management,
QUE NINGUÉM DUVIDE QUE O CONHECIMENTO É A “MOEDA” MAIS FORTE NO PROCESSO DE INFLUÊNCIA SOB OS SISTEMAS DE SAÚDE publicado a partir de Londres pela prestigiada editora científica Maney Publishing, tem editado alguns exemplos dessa abordagem. Entre outros, destaco desde um estudo, em 2012, que desenvolveu e testou um modelo de medir a performance da Enfermagem na perspetiva de impactos sistémicos, passando por outro estudo que, em 2013, analisava a importância de promover incentivos para a retenção da Enfermagem nas zonas rurais, e um outro estudo, também de 2013, que explorou o papel
da Enfermagem no turismo de saúde, a estudos mais recentes como um de 2014 que identifica os principais fatores de motivação da Enfermagem e outro que, em 2015, estudou o papel da Enfermagem na adoção de inovação nos modelos de dispensa de medicamentos a doentes internados. Da diversidade de necessidades de conhecimento à influência sob os sistemas de saúde há um passo fundamental: promover investigação com esse propósito estratégico. Fica aqui o tema para discussão em Portugal. NOTA BIOGRÁFICA Paulo Moreira é Doutor em Health Management pela University of Manchester. Atualmente, além de diretor da revista científica internacional The International Journal of Healthcare Management é scientific editor para o Imperial College London University Press do Reino Unido e investigador da Universidade da Extremadura. Em Portugal, colabora com várias universidades e com a Ordem dos Enfermeiros desde 2012.
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E V E N T O S
17
abril
VIII Jornadas Nacionais sobre Tecnologia e Saúde I N S T I T U T O POLITÉCNICO DA GUARDA
O Instituto Politécnico da Guarda (IPG) promove, no dia 17 de abril, as VIII Jornadas Nacionais sobre Tecnologia e Saúde. A edição deste ano é subordinada ao tema “Saúde Pública, Cooperação e Inovação”.
DE ENFERMAGEM
10 12
maio
IV Congresso da Ordem dos Enfermeiros
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portuguesa, organizada pela Ordem dos Enfermeiros, pretende ser um evento dinâmico e arrojado que irá trazer uma nova visão à profissão. O IV Congresso da Ordem dos Enfermeiros tem como mote “Liderar em Saúde, Construir Alternativas”.
ESCOLA SUPERIOR D E E N F E R M A G E M DE COIMBRA
Destinado a profissionais de Saúde, Educação, Ciências Sociais e população em geral, o I Congresso Internacional de Enfermagem de Saúde Familiar e Comunitária visa proporcionar uma plataforma privilegiada de intercâmbio de conhecimentos e de boas práticas entre os que partilham um idêntico interesse por estas áreas.
04 III Congresso Internacional de Enfermagem Médico-Cirúrgica 06
maio
I Congresso Internacional de Enfermagem de Saúde Familiar e Comunitária
C E N T R O D E CONGRESSOS DE LISBOA A reunião major da Enfermagem
22 24
Junho
ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DE COIMBRA
A Associação de Enfermeiros Especialistas em Enfermagem Médico-Cirúrgica e a Unidade Científico Pedagógica de Enfermagem Médico-Cirúrgica da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra vão realizar, de 4 a 6 de junho de 2015, o III Congresso Internacional de Enfermagem Médico-Cirúrgica. O Congresso terá lugar na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra e terá espaço para a apresentação de comunicações livres. Inscrições abertas até 14 de maio.
abril
II Congresso Insular de Enfermagem da Ordem dos Enfermeiros Açores-Madeira 2015 H O T E L M E L I Ã M A D E I R A M A R E - FUNCHAL
Numa iniciativa conjunta das Secções Regionais da Região Autónoma dos Açores e da Região Autónoma da Madeira da Ordem dos Enfermeiros, irá realizar-se nos dias 22, 23 e 24 de abril, o II Congresso Insular de Enfermagem da Ordem dos Enfermeiros. «Os Desafios para a Enfermagem no Seculo XXI» é o tema deste evento. As inscrições são gratuitas para estudantes e profissionais de Enfermagem (mediante apresentação de cartão de estudante / cédula válida para o ano de 2015, respetivamente) e limitadas à lotação do auditório do Hotel Meliã Madeira Mare.
22 23
maio
8.ª Reunião Nacional da Associação de Enfermagem Oncológica Portuguesa
HOTEL PALACE M O NT E R EAL
A Associação de Enfermagem Oncológica Portuguesa (AEOP) irá realizar, nos dias 22 e 23 de maio, a sua 8.ª Reunião Nacional. Submissão de trabalhos até 24 de abril. Inscrições online abertas até 20 de maio de 2015.