Anuário Santa Casa da Misericórdia 13.05.13

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CAU SA MAI OR r e l at贸 r i o d e at i v i da d es


ADMINISTRAÇAO SCML PROVEDOR Pedro Miguel Santana Lopes VICE-PROVEDOR Fernando Eduardo Cabral Paes de Sousa Afonso VOGAIS DA MESA Maria Helena Passos Rosa Lopes da Costa Rita Isabel Morais Tomaz Valadas Pereira Marques Paulo Sérgio Rosa Mateus Calado


514 anos Por Boas Causas Desafio 2012: Renovar a Esperança Comunicação e Imagem Ação Social Idosos Proteção à Infância Inclusão social

Educação, Formação e Investigação Saúde

6 8 10 12 14 18 24

28 30

Cuidados Continuados e Paliativos

32 36

Cultura

38

Saúde Mais Próxima

Promoção da música e cultura nacional Restauro

40 42

Património e Benemerências

44

Histórias de Solidariedade 8,2 milhões para Reabilitar

Empreendedorismo Sustentabilidade Recursos Humanos Voluntariado Jogos Santa Casa Apoios UM ANO DE RESULTADOS

46 48

52 54 58 62 66 72 74


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uma causa maior que nos une A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa conta mais de 500 anos de História e de Obra em prol de toda a população, sobretudo dos mais desfavorecidos e desprotegidos. Um compromisso que tem sido apanágio da instituição e das pessoas que a fazem, desde a fundação pela rainha D. Leonor, em 1498. Nos tempos particularmente difíceis que atravessamos, cresce a responsabilidade e cresce também a determinação da equipa Santa Casa.


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O ano de 2012, em particular, significou para a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa o início de um novo ciclo, que permitiu consolidar a estratégia iniciada por esta equipa dirigente. Foi um ano pautado pelo desafio constante de responder ao aumento e agravamento das solicitações, compatibilizando a necessária qualidade dos serviços prestados com maiores níveis de eficiência e eficácia. Neste contexto de elevada exigência, desenvolveu-se um conjunto de ações com vista a garantir a eficácia organizacional, a agilidade operacional e a execução da modernização tecnológica e administrativa da SCML, propósito que se considera absolutamente prioritário. Graças a uma política de gestão mais rigorosa e a apostas estrutruradas para conter despesas e criar receitas próprias, a Santa Casa conseguiu encerrar o exercício económico com um resultado líquido positivo de 15,5 milhões de euros, que traduz uma efetiva melhoria em relação ao ano anterior. Também no Departamento de Jogos são assinaláveis os bons resultados alcançados. Apesar de os gastos com publicidade terem diminuído 34,5% face a 2011, e apesar do enquadramento socioeconómico adverso, os Jogos Sociais do Estado atingiram um máximo histórico de 1.729 milhões de euros, em 2012, representando um crescimento de cerca de 5,3% relativamente ao ano anterior. Com práticas mais sustentáveis e maior exigência, na atual Administração estamos, assim, muito empenhados em colocar a Misericórdia de Lisboa na vanguarda do apoio social para o século XXI. Em levar mais longe a missão que torna esta casa uma instituição de referência, sempre pioneira, em Portugal, como lá fora. Sinal visível dos tempos e de uma procura crescente de apoio por parte da população, o total dos subsídios e apoios financeiros atribuídos pela Santa Casa a pessoas e entidades em situação de carência registou um crescimento de 1,9 milhões de euros, ou seja, uma variação de 11% face ao ano anterior. Mas se os tempos e as necessidades mudam, as respostas sociais não se podem limitar a acomodar a mudança, devem evoluir em consonância: do combate à pobreza escondida, à promoção de um envelhecimento digno, de melhores cuidados de saúde e da cultura nacional, passando pela reabilitação urbana em Lisboa e pela aposta no empreendedorismo para criar emprego. São muitos os desafios atuais a que procuramos responder com uma ação mais ambiciosa, concertando esforços das várias entidades públicas e privadas que desenvolvem já um trabalho de grande mérito nestas áreas. É deste repto que nascem o Programa Inter-Gerações, o Saúde Mais Próxima, o Reabilitar – para valorizar o património da Santa Casa e honrar devidamente o legado dos nossos beneméritos –, bem como o investimento na preservação do património cultural nacional, entre outros projetos que o convidamos a conhecer nestas páginas. Na Santa Casa assumimos o dever, que é igualmente um enorme privilégio, de servir as Boas Causas. É esta a CAUSA MAIOR que nos move, e que esperamos possa servir de inspiração a todos, para juntos construirmos um mundo mais justo e solidário. O PROVEDOR DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA de lisboa,

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514

anos

por BOAS CAUSAS

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Desde a sua fundação, em 1498, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa assume como desafios melhorar a qualidade de vida da população e contribuir para o bem-estar da pessoa no seu todo, sobretudo dos mais desprotegidos. Na Santa Casa, são as boas causas que nos movem, a cada dia. A instituição prossegue a sua missão original, mas ao longo dos séculos alargou os seus modelos de intervenção, sempre em busca de novas respostas sociais, pioneiras e inovadoras. Apesar de ser conhecida sobretudo pela vertente social, a Misericórdia de Lisboa desenvolve também um importante trabalho nas áreas da saúde, educação, ensino e investigação, cultura, empreendedorismo e economia social. As receitas provenientes dos Jogos Sociais, que a Santa Casa explora em nome do Estado, bem como a valorização e administração do seu extenso património, grande parte do qual resultante de benemerências, revertem para as Boas Causas que apoia. A Misericórdia de Lisboa – a primeira misericórdia portuguesa – surgiu na regência da rainha D. Leonor, viúva de D. João II. Com o total apoio do rei D. Manuel I, a rainha instituiu uma Irmandade de Invocação a Nossa Senhora da Misericórdia. Esta Irmandade de “cem homens de boa fama e sã consciência e honesta vida” assumia então o compromisso de apoiar os mais desfavorecidos, levando a cabo 14 obras de Misericórdia, sete delas espirituais e as restantes sete “materiais”. Durante vários séculos muito dependente das benemerências e doações, a Santa Casa atravessou períodos de grande dificuldade

financeira. Para dar continuidade à realização das boas obras, em 1783 a rainha D. Maria I concedeu à instituição a exploração de uma lotaria anual, que passa a ser uma das suas principais fontes de rendimento. Já no século XX, em 1961, surgia um novo jogo social , o Totobola, que passou a ser organizado pelo Departamento de Apostas Mútuas Desportivas. As receitas líquidas eram repartidas, em partes iguais, pela assistência de reabilitação e pelo fomento da educação física e desporto. Tais receitas permitiram à Misericórdia de Lisboa criar o Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão, inaugurado em 1966 e o primeiro em Portugal inteiramente vocacionado para a área da Reabilitação. Ao longo do século XX, para captar novas receitas e de forma a dar respostas cada vez mais abrangentes às necessidades da população, instituíram-se novos jogos sociais, que a Santa Casa hoje gere e cujas receitas distribui por diversas entidades beneficiárias em todo o território nacional, sempre por Boas Causas: o Totoloto, o Joker, a Lotaria Instantânea ou Raspadinha, a Lotaria Popular e o Euromilhões. Com uma obra e experiência ímpares adquiridas ao longo de séculos, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa é hoje uma instituição de referência na sociedade portuguesa. Atenta à realidade e aos novos desafios que a cada momento se colocam, a instituição tem sabido manter-se na vanguarda da intervenção, encontrando sempre as respostas mais adequadas para cada situação concreta.


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5 SÉCULOS DE UMA OBRA E EXPERIÊNCIA ÍMPARES


DESAFIO

2012

renovar a eSperança

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o

O ano de 2012, vivido numa conjuntura económico-financeira difícil, trouxe novos desafios à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Atenta à realidade e mantendo sempre a sua missão original, a instituição responde às necessidades crescentes da população, de forma cada vez mais célere, contribuindo assim para o maior desafio no atual contexto: o de renovar a esperança, a cada dia. Ao longo dos seus cinco séculos de existência, que se cruzam com a própria história do País, a Santa Casa tem respondido, de forma pioneira, aos novos reptos sociais: desde o apoio à infância desprotegida até à promoção da saúde, passando também pela aposta no desenvolvimento integral do Homem através do investimento na educação e na cultura, de que é exemplo o Museu de São Roque, criado no início do século XX. É este o legado que inspira à ação, a cada dia. Em 2012, a Santa Casa quis dar um novo passo, posicionando-se como uma instituição do século XXI, para o século XXI: uma instituição que considera as necessidades da pessoa no seu todo, intervindo junto de quem mais precisa, no momento adequado. O crescente isolamento da população idosa e o aumento de bolsas de pobreza escondida preocupam, de forma muito particular, a atual Administração. Para responder a essa nova realidade foi lançado, em 2012, o “Programa Inter-Gerações”, com o objetivo de sinalizar idosos da cidade de Lisboa que possam precisar de cuidados e acompanhamento. Tendo também em vista a promoção de um envelhecimento digno, foi inaugurada a primeira Unidade de Cuidados Continuados e Paliativos, em julho, na Aldeia de Juso, em Cascais. A nova unidade recebeu o nome de Maria José Nogueira Pinto, exProvedora da instituição e grande mentora do projeto. Numa altura em que as pessoas pouco investem na sua própria saúde, a Santa Casa quis também levar mais e melhores cuidados à população de Lisboa, capitalizando a sua ampla experiência nesta área. Trouxe, por isso, para as ruas da capital, o programa

“Saúde Mais Próxima”, que está a percorrer bairros da cidade sensibilizando a população para a adoção de hábitos saudáveis e promovendo os rastreios de saúde gratuitos. Ao aumento da taxa de desemprego a instituição responde com o desenvolvimento de um programa de Empreendedorismo e Economia Social capaz de gerar emprego e de constituir-se como motor para a criação de valor social, que conhecerá novo impulso em 2013. Empenhada em estimular a economia nacional através da valorização do seu património, grande parte do qual resultante de benemerências, em 2012 a Administração da Santa Casa deu início a um novo programa de reabilitação urbana – o “Programa Reabilitar”. Além desta aposta, que vem igualmente promover o mercado do arrendamento, a Misericórdia de Lisboa investiu ainda no seu valioso património artístico. Concluiu, em 2012, o restauro da Capela de São João Batista (expoente máximo do Barroco italiano), capela instalada na Igreja de São Roque, propriedade da instituição. Com uma intervenção abrangente que não ficou circunscrita à preocupação com os seus próprios bens culturais, a Misericórdia de Lisboa apoiou o restauro do Painel da Ribeira Negra (no Porto), obra ímpar do pintor Júlio Resende que recuperou toda a sua beleza original. No conjunto, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa desenvolve uma ampla obra, apenas possível graças ao empenho dos colaboradores da instituição e de voluntários que oferecem o seu tempo para ajudar quem mais precisa, nas diversas áreas de atuação. Estas páginas dão testemunho destes e de outros projetos, por área, que marcaram o ano de 2012, ao encontro daquela que é a “Causa Maior” da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa: a melhoria do bem-estar das pessoas, em especial dos mais desprotegidos.


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10.000 9.100 CRIANÇAS E JOVENS

IDOSOS

3.500

UTENTES EM CENTROS DE EXCELÊNCIA NA SAÚDE


COMUNICAÇAO E IMAGEM 10

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A SANTA CASA DO SÉCULO XXI Entendendo a comunicação como uma forma de “tornar comum” todo o trabalho desenvolvido pela instituição, em 2012 a Santa Casa apostou na modernização da sua mensagem, valorizando desse modo as novas apostas da ação social ou da saúde, da educação, da cultura ou do empreendedorismo, passando pelo voluntariado ou pela gestão do seu extenso património. Com este novo posicionamento, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa pretende mostrar, de forma transparente, as Boas

Causas em que são aplicadas a parte das receitas dos jogos sociais que lhe são entregues. Ao mesmo tempo, assume o seu relevo ímpar na sociedade, posicionando-se como uma instituição-modelo de boas práticas, profundamente conhecedora da realidade social, numa conjuntura em que este trabalho ainda é mais crucial. No século XXI, assume o repto de estar mais próxima daqueles que mais precisam, de chegar a novos públicos, assumindo também a modernidade do seu posicionamento.


MAIS MODERNA 11

No 514º aniversário da Santa Casa, a modernidade foi também afirmada com o lançamento de um novo site institucional. Organizado a pensar no utilizador final, o site Santa Casa tem agora um design mais apelativo e moderno, bem como uma estrutura de conteúdos mais intuitiva, facilitando o acesso à informação mais relevante logo na homepage.

MAIS PRÓXIMA Com o lema “Por tua Causa”, em vista a promover uma maior proximidade com o público mais jovem, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa associou-se ao Rock in Rio Lisboa 2012 / “Por um Mundo Melhor”. Tendo a música como meio privilegiado para captar novos públicos, promoveu a cultura nacional através do apoio ao Palco Sunset, divulgando ainda a sua ação nas diferentes áreas de intervenção. Idêntica lógica de comunicação esteve também associada à presença da instituição no Optimus Primavera Sound, no Porto, e no Festival Marés Vivas, em Gaia.

Em linha com o objetivo de definir um novo posicionamento de comunicação para a Santa Casa, assente em valores de modernidade, proximidade e inovação, capaz de corresponder às exigências e expectativas de todos os seus públicos, em 2012 a Direção de Comunicação e Marketing levou a cabo o “Diagnóstico de Imagem” da instituição. Na primeira fase do estudo, foram identificados os vetores em que assenta a imagem da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, permitindo agora definir e implementar estrategicamente toda a comunicação, por forma a aproximar a instituição do seu público-alvo.

TODOS OS DIAS APOSTAMOS NUM FUTURO MELHOR, POR SUA CAUSA.


açao social 12

a

A Ação Social é o coração da atividade da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. A instituição assume como compromisso contribuir para melhorar a qualidade de vida da população, em particular dos mais desprotegidos e desfavorecidos, um trabalho que tem particular relevância no atual contexto nacional. Por isso, a cada dia, procuram-se as melhores respostas sociais para prevenir situações de desigualdade e carência socioeconómica, de vulnerabilidade e exclusão social, fomentando a reintegração de todos, por igual. Crianças e jovens de famílias fragilizadas, idosos, pessoas em risco de exclusão ou em situações de carência grave, toxicodependentes, comunidades étnicas, pessoas portadoras de deficiência

e pessoas portadoras de VIH/SIDA, todos merecem a maior atenção e cuidado no dia-a-dia da instituição. A Misericórdia de Lisboa desenvolve um trabalho de grande valor no Atendimento Social, assegurado por quatro Direções de Ação Social Local e um Serviço de Emergência Social, que acompanha pessoas sem-abrigo e/ou com domicílio instável. Presta também apoio a situações de emergência social no concelho de Lisboa. Para cumprir a sua missão, a Santa Casa gere um vasto conjunto de serviços e estabelecimentos de Ação Social e de Saúde, de forma integrada e coordenada com outras entidades públicas e privadas.


IDOSOS

PROTEÇÃO À INFÂNCIA

INCLUSÃO SOCIAL

9.100

62

+ de 1000

idosos acompanhados (8.554 ação social + 500 programa Inter-Gerações)

crianças em pré-adoção

13

pessoas portadoras de deficiência apoiadas

600

crianças e jovens acolhidos

PESSOAS EM SITUAÇÃO DE FRAGILIDADE SOCIAL

65.234 atendimentos sociais

3.886

pessoas em projetos de intervenção local (número médio)

705

portadores de VIH/SIDA e suas famílias acompanhados

2.084

pessoas sem-abrigo e com domicílio instável

1.174 nacionais

910

estrangeiras

622

pessoas vulneráveis com necessidade de acompanhamento terapêutico


aÇAO SOCIAL

idosos

Por um envelhecimento digno 14

Atenta à realidade social e no âmbito da sua missão, a Santa Casa desenvolve um trabalho essencial no auxílio à terceira idade. Além de assegurar a gestão de 15 lares, presta apoio domiciliário a cerca de 3.444 utentes, residência assistida e temporária a centenas de pessoas e dinamiza centros de dia e centros de convívio.

Novo lar para 60 idosos Em Julho de 2012, a Santa Casa inaugurou um novo lar, em Alvalade, com capacidade para acolher 60 idosos. Fruto de uma parceria entre a paróquia local e a instituição, o Lar Santa Joana Princesa veio contribuir para ampliar a oferta no acolhimento de qualidade para idosos na cidade de Lisboa. Neste projeto, a Santa Casa investiu cerca de 3,7 milhões de euros, assumindo a sua gestão.

914 idosos com teleassistência A Santa Casa disponibiliza ainda um serviço de teleassistência a funcionar 24h, que, em final de 2012, chegava já a quase mil idosos – sete dias por semana, nos 365 dias do ano, numa situação de risco para a saúde ou para a sua integridade, o idoso pode pressionar o botão do sistema Carephone (aparelho, colar ou pulseira) e ativar um alarme no Centro de Contato.


8.554 idosos acompanhados em 2012, em vários tipos de respostas, entre outros:

1 RESIDÊNCIA TEMPORÁRIA 45 utentes (número médio)

7 RESIDÊNCIAS ASSISTIDAS 130 utentes (número médio)

27 CENTROS DE DIA 2.525 utentes

28 SERVIÇOS DE APOIO DOMICILIÁRIO 3.444 utentes diferentes

15 LARES DE IDOSOS

602 utentes (número médio)

22.827 idosos inquiridos

542 casos de intervenção urgente 500 em grupo de risco 4.256 a precisar de vigilância

Em 2012, Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações, a Santa Casa lançou o “Programa Inter-Gerações”, para fazer um diagnóstico amplo da população mais idosa da cidade de Lisboa. Porta a porta, por toda a cidade, foram referenciadas quase 23 mil pessoas. A Santa Casa está agora empenhada em encontrar as respostas mais adequadas para os idosos a precisarem de diversos tipos de apoio, em articulação com os parceiros locais.

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As Boas Causas nao têm idade SÃO, NA MAIORIA, MULHERES DE IDADE IGUAL OU SUPERIOR A 85 ANOS. VIÚVAS OU SOLTEIRAS. COM BAIXOS NÍVEIS DE INSTRUÇÃO, COM POUCOS OU NENHUNS FILHOS E RESIDENTES NO SUL DA CIDADE DE LISBOA. ESTE É O PERFIL DOS MAIS ISOLADOS DOS 23 MIL IDOSOS SINALIZADOS PELA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA, NO ÂMBITO DO “PROGRAMA INTER-GERAÇÕES”, LANÇADO EM 2012. “Só em janeiro de 2012, mais de uma dezena de idosos morreram sós em suas casas, sem qualquer assistência ou auxílio. Não podíamos ficar indiferentes a este flagelo da nossa sociedade. Por isso, avançámos com um programa ambicioso para encontrar os idosos a precisarem de apoio, rua a rua, fazendo um diagnóstico aprofundado de toda a cidade de Lisboa. Acreditámos que era possível. E foi possível”, diz o Provedor da Santa Casa, Pedro Santana Lopes. “Quantos são os idosos que vivem isolados e em solidão? Em que condições vivem? Quais as suas redes de apoio? Que atividades

realizam? Quais as suas principais dificuldades?”. À procura destas respostas, 56 jovens recém-licenciados percorreram os bairros da capital, durante três meses. Organizados em oito equipas, bateram a todas as portas, para fazer um levantamento exaustivo da grave situação em que vive grande parte da população idosa. Este trabalho de campo teve o contributo essencial das juntas de freguesia, da Polícia de Segurança Pública, das instituições de solidariedade social, de associações, clubes e coletividades e do comércio local.

542 idosos em risco Através das 33.774 entrevistas realizadas e dos 22.827 questionários validados, a Santa Casa identificou, numa primeira fase, 542 idosos em risco, devido a problemas de saúde, de dependência e de isolamento social. Condições de habitação, de segurança e de higiene precárias, dificuldade de acesso aos cuidados de saúde, casos de violência e deficientes condições socioeconómicas são situações frequentes relatadas no relatório final do “Programa Inter-Gerações”.

A estes casos urgentes a Santa Casa procurou dar resposta pronta, encaminhando-os, sobretudo, para o seu Serviço de Apoio Domiciliário (22%), serviços de Atendimento Social (8%), centros de dia da instituição (6%), serviços da Câmara Municipal, juntas de freguesia ou Serviço de Proteção Civil (5%). Foram ainda identificados 500 idosos em grupo de risco e 4.256 a precisar de vigilância.


PARCERIAS LOCAIS PARA respostas globais Para a continuidade desta tarefa “exigente e inadiável”, João Marrana, sociólogo e coordenador do “Inter-Gerações”, defende a ideia de “ativar uma rede informal formada pela cabeleireira, pelo dono do café dos pequenos bairros que bem conhecem os ritmos destas pessoas, para que informem a Misericórdia de Lisboa de qualquer suspeita de situação de risco”.

É também agora preciso “estruturar as respostas”. Por isso, até 2014, “a Santa Casa está empenhada em criar uma plataforma com os idosos referenciados e pôr os parceiros a trabalhar, uniformizando a rede de trabalho”, explica o responsável. Uma intenção, de resto, manifestada pelo próprio Provedor, que assume o compromisso de “levar por diante a georreferenciação dos idosos de toda a cidade”.

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Histórias de abandono e de solidaão Idosos que não saem de casa há sete anos, isolados e acamados. Muitos a passar fome, com vergonha em pedir apoio. Vidas de pobreza escondida e envergonhada, que as equipas do “Inter-Gerações” encontraram na capital, dentro de portas demasiadas vezes encerradas. João Marrana conta o caso da idosa que, depois do inquérito, pediu à entrevistadora para não arrumar a cadeira onde se sentara, de modo a lembrar-se de que estivera ali alguém a conversar

com ela. Ou do homem com uma doença mental que, sem dinheiro para os medicamentos, andava a furar os canos do gás para pegar fogo à casa. Mas também se relatam episódios divertidos, como o da mulher, de 70 anos, que fez questão em relatar no inquérito que sofria de “dor asiática”. As histórias recolhidas pelos jovens foram, entretanto, reunidas em livro, a ser publicado em 2013.


aÇAO SOCIAL

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proteçao à infância

Por um futuro melhor para crianças e jovens Desde a sua fundação pela rainha D. Leonor, em 1498, o bem-estar e a felicidade das crianças e jovens tem estado sempre no centro das preocupações da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. A par da competência para promover a adoção no município de Lisboa, a instituição apoia e acolhe, sempre que necessário, crianças e jovens em situação de perigo ou mais desfavorecidos, perante situações

de vulnerabilidade das suas famílias. Através da Direção de Acolhimento e Desenvolvimento de Infância e Juventude, procura, assim, garantir a salvaguarda do interesse dos mais novos, com um acolhimento institucional de qualidade, que crie condições para garantir o seu desenvolvimento pessoal integral e a inserção social e familiar.

adoçao

Apoio à Infância e Juventude

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa promove a adoção no município de Lisboa, assegurando a integração e o acompanhamento necessário até à decisão judicial final de entregar uma criança a uma família.

A Direção de Acolhimento e Desenvolvimento de Infância e Juventude integra 34 estabelecimentos, com capacidade para acolher crianças e jovens a quem foi aplicada medida de promoção e proteção de acolhimento institucional.

62 CRIANÇAS em pré-adoção

600 CRIANÇAS E JOVENS

MAIS DE ACOLHIDOS

246 em equipamentos da Segurança Social 388, em média, nos 34 equipamentos Santa Casa


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ADOÇAO 20

Em 2012, as equipas do Serviço de Adoção da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa seguiram 62 crianças em pré-adoção, sobretudo com idades até aos 5 anos. Destas, 60 foram integradas em famílias selecionadas pela Misericórdia de Lisboa e pelos serviços dos centros distritais da Segurança Social e duas saíram para uma família residente em Itália. Desde os tempos da Roda, as histórias da Santa Casa e da adoção em Portugal entrecruzam-se de maneira indissociável. É no seio da instituição que a adoção desponta, matura e se legitima como filosofia e prática na proteção à infância. Assim o comprova a ampla investigação da autora Dora Santos Rosa, na obra “Adoção, o Berço da Adoção / Histórias de Amor”, integrada nos “Cadernos Solidários SCML”:

Desde a sua fundação, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa assume a dianteira nos cuidados à infância. Cedo foi pioneira com a criação da Roda e, ao tomar a seu cargo as crianças expostas, aí começa o seu longo percurso de proteção. (…) Ao longo dos diferentes momentos da História, a instituição sabe renovar-se. Ainda no século XIX fecha a Roda e organiza novas formas de acolhimento, a par de inovadores métodos de apoio à família. Em meados do século XX, uma ação que volta a mostrarse à frente do seu tempo obriga a repensar os modelos de constituição da família. Era o início da adoção, antes ainda de uma lei que juridicamente a legitima. Quando, no princípio da década de 60, a discussão sobre a adoção começa a agitar a sociedade, é já a prática da Santa Casa que vem confirmar que esse é o caminho. É a mesma prática que vai, também, inspirar o legislador e assim marcar a evolução do instituto, desde logo com a abertura do primeiro Serviço de Adoção do país, imediatamente após a consagração da adoção no Código Civil de 1966. Hoje, como no passado, muitas são as famílias que na Misericórdia continuam a nascer. Aqui, num lugar onde se acolhe a vontade que nasce no coração. Mais do que tudo, neste lugar onde uma criança se faz filha, por amor”.


TESTEMUNHO

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O sonho de uma família que nasce Antes da primeira visita, Leonor (nome fictício), então com três anos e meio, recebeu um álbum de fotografias da sua nova família no lar onde morava desde bebé. Três dias depois, quando viu uma cara nova à porta, deu um passo atrás, para surpresa de todos aqueles que a descreviam como extrovertida. “Pela primeira vez viu uma figura de um livro tornar-se realidade”, explica Inês Gaspar, hoje mãe de Leonor por via da adoção. O sonho de menina de Inês Gaspar concretizava-se naquele momento, em fevereiro de 2012. Quando em finais de 2007 apresentou a sua candidatura individual ao Serviço de Adoção da Santa Casa, referiu que estava disponível para ser mãe de um rapaz ou de uma rapariga, entre os dois e os cinco anos. Recebeu o primeiro contacto dois meses e meio depois. Seguiuse um período de avaliação, com entrevistas regulares, definição de critérios e realização de testes psicotécnicos. “Numa segunda fase, os técnicos da Santa Casa vieram conhecer a minha casa, a minha envolvente familiar, a minha história de vida. Mais tarde saiu

o relatório: fiquei apta para ser mãe adotante”, conta. No total decorreram cerca de quatro anos, menos do que esperava. “Nunca pensei voltar atrás. O processo foi tão rigoroso e atento que me deu uma confiança acrescida”, revela. No início de 2012 recebeu o esperado telefonema, com a apresentação de uma criança. Inês Gaspar não hesitou: aceitou imediatamente a ideia daquela criança como sua filha, preparou o quarto e tratou dos papéis da licença de maternidade. Passado um mês deu-se o encontro e, a partir desse momento, juntaram-se novas imagens ao álbum de Inês e de Leonor. “No quarto dia, quando cheguei ao lar, a Leonor tinha a mala pronta e o casaco vestido desde manhã cedo para ir com a mãe para casa. Hoje vejo que somos muito parecidas de feitio, gostamos de música, de dançar e de petiscos. Somos agitadas e muito meiguinhas. De manhã, quando a Leonor acorda, vem sempre para a minha cama e cantamos a canção dos bons dias”, conta Inês Gaspar, sem esconder a felicidade que lhe enche o coração.


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r que e b a s e z i l e f r e s “Q uero o ã ç a c u d e a o b a h to da a min ue q s e l e u q à a d i t i será transm mais necessitam.”

crescer na santa casa A Misericórdia de Lisboa, através da Direção de Acolhimento e Desenvolvimento de Infância e Juventude, procura encontrar as melhores respostas para salvaguardar o interesse das crianças e dos jovens que acolhe. São disto exemplo as residências de autonomização e de préautonomização. Espaços que se abrem a jovens vindos de lares da instituição, que, pela sua idade e perfil, podem beneficiar de um enquadramento diferente, que promova a sua realização pessoal e profissional. Aí, é-lhes dada maior autonomia, mais responsabilidades.

A Santa Casa garante também a sua formação educativa, sócioprofissional, procurando ajudá-los a crescer como homens e mulheres, e como cidadãos. Entre estes jovens é, de resto, significativa a taxa de sucesso escolar, tanto no ensino regular – superior a 80% –, como nos percursos escolares alternativos, de 70%. Em 2012, a Santa Casa acolheu, em média, 29 jovens em 11 residências de autonomização e 9 em duas residências de préautonomização.


TESTEMUNHO

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a olhar para o futuro “Tinha três anos quando cheguei à Santa Casa. O motivo é-me desconhecido. Das boas memórias da minha infância, levo comigo os rostos das pessoas que me acompanharam e me educaram. Sou a pessoa que sou hoje graças a elas. Considero a Santa Casa como uma segunda família, apesar de ainda ter o meu pai, que me ajudou a ultrapassar as dificuldades no período mais difícil da minha vida. A minha “formação escolar” começou aos quatro anos de idade, quando uma pessoa na Santa Casa me ensinou a ler. Depois fui para o Jardim de Infância e desde então tenho tido sucesso. Entrei na Escola Profissional de Artes, Tecnologias e Desporto (EPAD), onde tirei um curso profissional de Técnico de Apoio à Infância. Neste momento estou a frequentar o ensino superior no Instituto Superior de Educação e Ciências (ISEC) na licenciatura em Educação Básica. Foi nesta casa que realizei o sonho de entrar na faculdade, e penso que não teria esta oportunidade se realmente não tivesse chegado à Misericórdia de Lisboa.

Neste momento encontro-me a viver numa Residência de Autonomização chamada “Casa de Alvalade”. É uma oportunidade para mim estar aqui, pois estas residências são uma excelende forma de preparar um/a jovem para o futuro a todos os níveis. O meu dia-a-dia é muito parecido com o de uma família (à exceção de que sou só eu), isto é, todos os dias acordo e vou para “o meu emprego”. Chego a casa e cozinho o almoço. Estudo e faço todos os meus deveres. Os meus objetivos para o futuro são simples. Quero conseguir um emprego na área do ensino, pois gosto imenso de poder transmitir às crianças todos os valores que me transmitiram a mim. Pretendo também constituir família mas, mais importante, quero ser feliz e saber que toda a minha boa educação será transmitida àqueles que mais necessitam. A nível de valores levo vários para o futuro, mas para mim os mais importantes são a lealdade, o respeito e a educação.” CÁTIA GOMES, 21 ANOS


aÇAO SOCIAL

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INCLUSAO SOCIAL

Por uma sociedade inclusiva A igualdade de oportunidades, respeitando a diferença, constitui a pedra angular para cumprir a cidadania plena do ser humano. É com base neste princípo que a Santa Casa procura as melhores respostas sociais para promover a reintegração de todos aqueles que as contrariedades da vida e os preconceitos tendem a colocar à margem. É inspirando-se nele que incentiva o desenvolvimento e o potencial das pessoas portadoras de deficiência. Em centros especializados, a instituição apoia crianças, jovens e adultos com deficiência e as suas famílias, fomentando a reabilitação para melhoria da qualidade de vida e ganhos de autonomia, no quotidiano. Promove, igualmente, a aquisição de novas competências educativas, de formação e emprego. Para esta missão maior, contribuíram, em 2012, a Obra Social do Pousal, o Centro de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian (paralisia cerebral e outras situações neuromotoras), o Instituto Médico-Pedagógico da Condessa de Rilvas (multideficiência), o Centro Residencial Arco-Íris (deficiência cognitiva), o Lar Branco Rodrigues e o Centro de Reabilitação de Nossa Senhora dos Anjos (ambos para deficiência visual), pertencentes à Santa Casa.

144 utentes em 4 lares residenciais de reabilitação (número médio)

688 pessoas em REABILITAÇaO

(ambulatório e residencial)

144 utentes

em 2 centros de atividades ocupacionais

254 utentes

em 2 centros para intervenção precoce


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P e l a s m e l h o r es c a u s a s : u m d es e n v o lv i m e nto p es s o a l i nt e g r a d o , u m a s o c i e d a d e c o es a .


CENTRO DE REABILITAÇaO NOSSA SENHORA DOS ANJOS

26

Reaprender a viver quando a luz se apaga Reaprender a cozinhar, a tratar da roupa, a reconhecer o dinheiro, entre outras rotinas antes simples do quotidiano. Ou estudar Braille, saber como estar à mesa e tratar da sua imagem. No Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos (CRNSA), da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, uma equipa multidisciplinar ajuda pessoas que perderam parte ou totalidade da visão a “reaprender a viver”. Em maio de 2012, o CRNSA cumpriu meio século de apoio à reabilitação e integração social de pessoas que cegaram recentemente ou cuja visão diminuiu devido a acidentes vários, a AVC ou à evolução de doenças. De segunda a sexta-feira, pode acolher até 24 pessoas, em regime de residência, maiores de 16 anos e vindas de todo o país, que procuram aqui reconquistar autonomia e reassumir um papel ativo na família e na sociedade. Para cada pessoa, é criado um programa de reabilitação à medida, em períodos que podem ir dos 6 aos 12 meses, com o objetivo de melhorar a sua qualidade de vida: incluem, normalmente, atividades físicas, práticas quotidianas e lúdicas; o desenvolvimento da orientação, coordenação motora e mobilidade, através de aulas de ginástica e de natação; terapia ocupacional e aulas de artesanato.

No CRNSA, cada utente procura adaptar-se também à deslocação nas cidades, ao uso de transportes públicos e à utilização correta da bengala. Além do Braille, o centro oferece aulas de método de comunicação e novas tecnologias, com programas específicos. Para residentes em níveis mais avançados nestas áreas, ou que regressem ao centro mais tarde para desenvolver novas competências, há um Programa de Apoio e Autonomia nas Tecnologias de Comunicação e Informação – dá, nomeadamente, assistência na resolução de problemas que surjam na pesquisa de informação online, no uso do correio eletrónico e comunicação instantânea, por voz ou por escrito, em programas como o Skype. O CRNSA articula-se com outras respostas sociais dentro da sua área de intervenção. São, por exemplo, os casos do Lar Branco Rodrigues (da Santa Casa), da Associação Promotora de Emprego de Deficientes Visuais e da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal. Para uma melhor integração dos utentes, trabalha também em parceria com instituições das áreas da saúde, formação profissional e ensino regular.


TESTEMUNHO

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ganhar asas A agenda de Judite Martins, de 63 anos, tem as quartas-feiras marcadas com letras em relevo. É o dia de ir ao Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos rever os amigos que já deixou há sete anos atrás e que faz questão de encontrar semanalmente nas actividades promovidas na aula de Manutenção de Competências. “Adoro este dia. Sou uma filha da casa”, afirma convicta. Aos 56 anos, um descolamento total da retina levou-a a perder completamente a visão. Quando saiu do hospital sabia que a situação era definitiva e que não poderia regressar ao trabalho. “Pensei que a minha vida tinha acabado. Entrei numa grande depressão”, lembra. Um dia uma amiga falou-lhe da existência de um centro para invisuais. Pouco tempo depois entrava no CRNSA para iniciar uma formação que teria a duração de um ano. “Funciona como se

fosse um colégio, com um programa de reabilitação, composto por várias disciplinas, distribuídas por um calendário de terça a sexta-feira”, conta. Nos primeiros dias Judite Martins não aceitava a ideia de ter de reaprender o que já sabia. Ainda recorda o momento em que atirou a bengala para cima do telhado, na aula de mobilidade. O tempo ajudou e os técnicos também. Durante o estágio reaprendeu a cozinhar e a limpar a casa, aprendeu Braille, informática e artesanato, e fez parapente, canoagem e equitação. “Foi o começo de uma nova vida. Ensinaram-me tudo e hoje sei fazer coisas que não fazia quando via. Vim ganhar asas e aprender que valia a pena viver”, conta. Passados sete anos, Judite Martins faz uma vida normal. Reconhece que tem saudades de ver a paisagem e o rosto dos familiares, mas afirma com convicção “sou uma cega feliz”.


EDUCAÇAO, FORMAÇAO E INVESTIGAÇAO 28

A

A Educação é um dos pilares da atuação da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, num trabalho que se tem alargado a novos públicos e contextos. A instituição procura, logo desde muito cedo, promover os primeiros investimentos na infância ou fazer uma aposta na formação profissional ao longo da vida, contribuindo para a promoção da qualidade de vida da população. Em Lisboa, a Santa Casa gere vários estabelecimentos de educação pré-escolar, onde disponibiliza atividades educativas

e de apoio à família, que garantem o acompanhamento de crianças desde os 3 anos de idade até ao ingresso no ensino básico. A Misericórdia de Lisboa é também proprietária da Escola Superior de Saúde de Alcoitão (ESSA). A ESSA conta com meio século de experiência na formação de fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e terapeutas da fala. Foi, aliás, a primeira escola em Portugal a formar estes profissionais.


MAIS EDUCAÇAO 32 CRECHES 2.581 crianças

9 CRECHES FAMILIARES 621 crianças

19 JARDINS DE INFÂNCIA 1.723 crianças

94 AÇÕES DE ANIMAÇÃO SOCIOEDUCATIVA 813 crianças e jovens

ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE DE ALCOITÃO

29

485 alunos

OS PRIMEIROS FISIOTERAPEUTAS DE MOÇAMBIQUE

NOVO MESTRADO EM FISIOTERAPIA

Os primeiros 24 fisioterapeutas de Moçambique formaram-se em 2012, em resultado de um protocolo de colaboração assinado em 2007 pela Santa Casa, através da ESSA, e pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde de Maputo, tutelado pelos ministérios moçambicanos da Saúde e Educação. Em 2011, tinham já concluído estudos os primeiros 28 terapeutas ocupacionais, colocados entretanto em zonas do território moçambicano particularmente carentes de profissionais especializados nestas áreas. Além de aulas dadas por professores da ESSA em Moçambique, alguns destes alunos puderam ter formação complementar em Portugal.

Em 2012, a ESSA abriu um novo mestrado, no ramo de especialização em Músculo-Esquelética, com duração de dois anos e um corpo de docentes de renome internacional. O mestrado está concebido para desenvolver competências profissionais e académicas, de forma transversal. A prescrição do exercício, a melhor compreensão da dor e seus mecanismos incluem-se entre os conhecimentos a aprofundar.

MAIS FORMAÇAO

MAIS investigaçao

208

2.539

CERTIFICAÇÕES

FORMANDOS

UM NOVO CENTRO DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA E APLICADA

A SCML desenvolve, em três centros de formação, programas específicos de combate à pobreza e exclusão social dirigidos a jovens e adultos que se encontram em risco ou afastados do mercado de trabalho. Através destes programas, pretende reforçar as competências pessoais e sociais, bem como os níveis de qualificação escolares e profissionais dos seus formandos, prevenindo o abandono escolar precoce, promovendo a formação ao longo da vida e a respetiva inserção profissional.

Criado em 2012, o Centro de Investigação Científica e Aplicada (CICA) surge para aglutinar e potenciar os recursos humanos, científicos, documentais, educativos e logísticos da Santa Casa, que possam, em conjunto, contribuir para o cumprimento da sua missão. Reúne várias disciplinas e especialistas e está vocacionado para a investigação científica, fundamental e aplicada, com um objetivo: promover o desenvolvimento social, cultural e humano, numa relação direta com as principais áreas de atuação da Santa Casa.


SAÚDE 30

A

A cada dia, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa promove um trabalho fundamental na área da Saúde Comunitária, na vertente preventiva e curativa, sobretudo junto da população mais desprotegida e carenciada da capital. E oferece também, a nível nacional, serviços de excelência em Ortopedia, Reabilitação e Cuidados Continuados e Paliativos. A Santa Casa tem sete unidades de saúde e duas extensões

dispersas pela cidade, duas unidades móveis afetas ao programa “Saúde Mais Próxima”, um programa vocacionado para os jovens, dois hospitais - o Hospital Ortopédico de Sant’Ana e o Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão - e uma Escola Superior de Saúde. Em 2012, abriu ainda a Unidade de Saúde Maria José Nogueira Pinto, vocacionada para os Cuidados Continuados e Paliativos.


7 UNIDADES + 2 EXTENSÕES DE SAÚDE

HOSPITAL ORTOPÉDICO DE SANT’ANA

CENTRO DE MEDICINA DE REABILITAÇÃO DE ALCOITÃO

19.492

53

150

90.613

2.604

771

2.468

9.355

cirurgias

consultas externas

45.859

33.738

670.846

domicílios de enfermagem

consultas externas

atos terapêuticos

utentes inscritos

consultas médicas

camas

camas

doentes tratados

doentes

(82.342 em ambulatório; 8.271 no domicílio)

166.137

intervenções de enfermagem

NOVA DIREÇAO DE SAÚDE A Administração da Santa Casa criou uma Direção de Saúde, em finais de 2012, para encontrar respostas mais eficazes e inovadoras. A nova equipa pretende responder às presentes necessidades em matéria de cuidados de saúde e à vontade de modernização da instituição, naquela que é uma aposta num futuro melhor.

A nova direção gere as unidades de Saúde dispersas pela cidade, as quais disponibilizam consultas nas mais diversas especialidades e em complementaridade com outras estruturas existentes na comunidade, nomeadamente as do Serviço Nacional de Saúde.

31


SAÚDE

32

SAÚDE mais próximA

TRÊS EQUIPAS DE ENFERMEIROS DA SANTA CASA PERCORREM, A CADA DIA, OS BAIRROS HISTÓRICOS E MUNICIPAIS DE LISBOA, EM DUAS UNIDADES MÓVEIS, AVALIANDO O ESTADO DE SAÚDE DA POPULAÇÃO E SENSIBILIZANDO PARA A ADOÇÃO DE HÁBITOS DE VIDA MAIS SAUDÁVEIS. O PROGRAMA ITINERANTE “SAÚDE MAIS PRÓXIMA” SAIU PARA AS RUAS DE LISBOA EM MAIO DE 2012, NUM MOMENTO DE MAIORES DIFICULDADES NO ACESSO À SAÚDE. Diariamente, as equipas realizam rastreios de saúde e promovem ações de sensibilização e prevenção de algumas das doenças que mais afetam os portugueses. Sempre que é diagnosticado um problema, a situação é devidamente encaminhada para um centro de saúde ou para um médico especialista. Por vezes, ao fim de semana, uma tenda insuflável marca também presença em eventos e espaços emblemáticos da capital, com o objetivo de promover a saúde. Quem visita as unidades móveis pode ainda fazer rastreios ao índice de massa corporal (IMC), tensão arterial, diabetes e colesterol. A cada dois meses, o programa aborda uma patologia que tenha particular impacto na saúde dos portugueses. No primeiro ano de ativida-

de desenvolveram-se ações de sensibilização específica para doenças respiratórias, doenças cardiovasculares, obesidade e diabetes. Segundo explica a coordenadora Noémia Silveiro, “queremos detetar a doença, encaminhar, sensibilizar para hábitos mais saudáveis e prevenir”. O programa “Saúde Mais Próxima” cumpre, assim, a missão maior da Santa Casa: a promoção do bem-estar das pessoas. Para chegar mais próximo das populações, a instituição desenvolveu parcerias com a Câmara Municipal de Lisboa, com associações médicas, juntas de freguesia, associações locais, paróquias e coletividades, entre outras entidades.

4 9 % d o s l i s b o e ta s e m r i s c o d e d es e n v o lv e r d o e n ç a s r es p i r ató r i a s c r ó n i c a s Do primeiro estudo realizado pelo programa “Saúde Mais Próxima”, numa parceria com a Sociedade Portuguesa de Pneumologia, resultou um alerta importante: quase metade (49%) dos lisboetas corre risco elevado de sofrer de doenças respiratórias. Durante os meses de maio e de junho de 2012, as enfermeiras do “Saúde Mais Próxima” fizeram rastreios às pessoas que recorreram às unidades móveis para avaliar o seu estado clínico a nível respiratório.

Os resultados foram preocupantes: das 2.653 espirometrias realizadas, quase metade apresentou sinais de patologia obstrutiva. Todos estes casos foram encaminhados para os médicos de família. As doenças respiratórias como a asma, alergias, doença pulmonar obstrutiva crónica, tabagismo e tuberculose, entre outras, são a quarta causa de mortalidade em todo o mundo, afetando mais de 10% da população portuguesa.


9.476 PESSOAS ASSISTIDAS

6.825 CONSULTAS TEMÁTICAS/ ESPECIALIZADAS

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Comer bem, viver mais e melhor O que costuma comer ao pequenoalmoço? Uma bolacha, uma sandes... Quantas refeições faz por dia? Umas três...

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Planeia as refeições ou come o que há? Como o que há. E costuma beber água? Meio litro, talvez menos... “Ai tanta asneira”, protesta a enfermeira Maria Luis, enquanto regista os dados. E exercício físico, faz? Não tenho tempo, a vida de emigrante é sempre a correr, justifica-se Raúl. É uma questão de vontade... nota a enfermeira, que prossegue com um conjunto de conselhos.

Raúl Félix, de 37 anos, tem 1,73 m de altura e 90,6 kg de peso, 98 cm de cintura e 113 de anca. São valores acima dos normais e que já o colocam no grupo dos obesos. Imigrante, natural de Angola, Raúl foi um dos utentes recebidos numa das unidades móveis de saúde que percorreram a cidade de Lisboa, realizando rastreios da obesidade à população, entre setembro e outubro.

A obesidade está indicada como um dos principais problemas de saúde pública deste século, em Portugal e no mundo dito desenvolvido. Segundo o último inquérito – que abrangeu cerca de 200 mil jovens – Portugal faz parte do grupo de países com maior percentagem de excesso de peso ou obesidade entre a população mais nova.


P e lo s e u c o r a ç a o De novembro e até ao final do ano, a equipa da “Saúde Mais Próxima” contou com o apoio científico da Sociedade Portuguesa de Cardiologia para ações de sensibilização e de prevenção, em 24 bairros lisboetas.

Num exemplar trabalho de parceria, foram avaliados níveis de glicemia, tensão arterial e IMC, através dos quais é possível calcular o risco das doenças cardiovasculares como a aterosclerose, a angina de peito, o acidente vascular cerebral, o enfarte agudo do miocárdio e a insuficiência cardíaca.

35

3.792

r a st r e i o s e m e v e nto s es p e c í f i c o s (como o Rock in Rio)

Rastreios de alcoolemia junto dos mais jovens Em festivais de verão, eventos como a final da Taça de Portugal ou mesmo durante a época natalícia, o Programa “Saúde Mais Próxima” sensibilizou os jovens para a adoção de comportamentos responsáveis, fazendo rastreios de alcoolemia e promovendo consumos moderados. “O nosso principal objetivo é alertar as pessoas, sobretudo os mais jovens, para os problemas de saúde que podem advir do consumo excessivo de álcool”, explica Helena Lopes da Costa, administradora executiva da Santa Casa com o pelouro da Saúde. Profunda conhecedora da realidade, a responsável por esta área chama ainda a atenção para o facto de “muitos dos doentes com mobilidade condicionada que procuram o Centro de Medicina e Reabilitação do Alcoitão terem sido vítimas de acidentes de viação associados ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas”.


SAÚDE

cuidados CONTINUADOS E palIAtivos

Unidade de Saúde Maria José Nogueira Pinto 36

Ir mais longe nos cuidados continuados e paliativos Maria José Nogueira Pinto, ex-Provedora da Santa Casa, dá nome à primeira unidade com vocação para cuidados continuados e paliativos da instituição. Foi dela o sonho que se concretizou com a inauguração da nova unidade, no dia 10 de julho, na aldeia de Juso, em Cascais, um ano após a sua morte. Com um investimento de 9 milhões de euros, o novo equipamento assume uma abordagem inovadora ao integrar as componentes clínica e terapêutica nos cuidados continuados e paliativos. O nome de Maria José Nogueira Pinto foi proposto pelo Provedor,

Pedro Santana Lopes, e aceite por unanimidade pela Mesa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, numa homenagem a esta figura de relevo na obra social desenvolvida nos anos mais recentes, no país. Os cuidados continuados e paliativos são um novo território de atuação para a Santa Casa que pretende, daqui em diante, contribuir para a melhoria da oferta nesta especialidade, respondendo às necessidades crescentes que se registam em todo o país.


A r e a b i l i t a ç a o c o m o m a i s- v a l i a A nova unidade reúne um corpo clínico residente constituído por especialistas de Medicina Interna e de Fisiatria, enfermeiros especializados, além de terapeutas e outros profissionais de saúde. O novo equipamento de saúde adapta-se às necessidades de cada doente através de um plano de intervenção multidisciplinar. Pode acolher até 73 utentes em regime de internamento: sejam doentes em cuidados de curta ou média duração, com um quadro clínico pós-agudo e com elevados graus de dependência (casos diversos como recuperações pós-AVC, politraumatizados, doença de Parkinson, esclerose múltipla e outras patologias neurológicas degenerativas); ou pessoas com situações complexas associadas.

Também o edifício foi integralmente reabilitado para integrar as respostas mais modernas em cuidados de saúde continuados e paliativos. Esta equipa conta com a experiência ímpar e com os recursos humanos e técnicos do Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão (também ele propriedade da Misericórdia de Lisboa), de modo a garantir aos utentes com perda de autonomia temporária ou permanente uma maior qualidade de vida, bem-estar e conforto. A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa transporta ainda uma experiência fundamental na área da saúde, nas vertentes preventiva e curativa.

9de milhoes de euros investimento

Até utentes em regime de internamento

73

37


CULTURA 38

a

A promoção do Homem através do acesso à cultura tem vindo a ocupar um papel de crescente relevo na história da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, de acordo com o que determinam os Estatutos da instituição. Desde a sua fundação, em 1498, a Santa Casa reuniu um vasto património histórico, artístico e documental, do qual se destacam os acervos do Museu e Igreja de São Roque (classificada como Monumento Nacional em 1910), o Arquivo Histórico, a Biblioteca, o Convento de São Pedro de Alcântara e um conjunto de imóveis com particular interesse histórico e arquitetónico. Este património resulta, em grande parte, da generosidade de beneméritos que, ao longo dos séculos, confiaram à Misericórdia de Lisboa os seus bens.

Uma nova Direçao da Cultura Para consolidar a valorização deste importante património, foi criada, em 2012, a Direção da Cultura, sob dependência direta do Provedor, Pedro Santana Lopes. Trata-se de uma nova estrutura, que tem como missão dinamizar polos culturais em torno do complexo de São Roque, envolvendo a sua Igreja e o seu Museu, o Arquivo Histórico, a Biblioteca, o Centro Editorial e o Serviço de Públicos e Desenvolvimento Cultural. “Aproximar a cultura do cidadão” é um dos principais objetivos de Maria Margarida Montenegro, que lidera a atual direção.


MUSEU DE SAO ROQUE

ARQUIVO E BIBLIOTECA

1.569

2.868

31.467

5.666

visitas guiadas, workshops e ateliês visitantes ao Museu de São Roque e Arquivo

19.898

participantes em 31 projetos educativos e culturais

utilizadores da biblioteca documentos catalogados

38.269

8

acessos a bases online publicações editadas

24 anos de Música em Sao Roque Em 2012, concertos corais sinfónicos e de música de câmara, reunindo o clássico e o contemporâneo, integraram a 24.ª Edição da Temporada “Música em São Roque”, com assessoria musical do mestre Filipe Carvalheiro. No total, a Igreja e o Museu de São Roque acolheram 11 concertos com obras de coro e orquestra, de Bach a Haydn e Mozart, integrando também cantos místicos da igreja ortodoxa russa e cantos medievais da

2.965 ESPECTADORES

autoria de compositores brasileiros e portugueses. A Temporada de “Música em São Roque”, organizada pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa desde 1989, é um dos mais antigos festivais da capital portuguesa. Já ultrapassou as 1.200 obras clássicas e contemporâneas, algumas apresentadas em estreia mundial. A receita total dos concertos (donativos e bilhetes cobrados) reverteu para a Irmandade da Misericórdia e de São Roque.

1.200 OBRA S CLÁSSICA S E CONTEMPORÂNEA S, EM 24 ANOS DE MÚSICA EM S. ROQUE

11 CONCERTOS

39


CULTURA

PROMOÇAO DA MÚSICA E CULTURA NACIONAL

“ missa brevis ” de joao gil 40

Em 2012, a Santa Casa apostou no apoio à música e à cultura nacional. A associação ao novo projeto de João Gil, “Missa Brevis”, é disso exemplo. O álbum foi apresentado pelo grupo “Cantate”, na Igreja de São Roque, onde foram gravados, com o apoio da Misericórdia de Lisboa, os vídeos de apresentação de algumas músicas deste novo trabalho.

201 2- “ te deum ” em sao roque A celebração de um “Te Deum” no dia de São Silvestre integra o costume setecentista estabelecido em Lisboa, no reinado de D. João V, de dar graças pelo ano findo. Neste sentido, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa faz reviver a tradição, apresentando na Igreja de São Roque, à imagem do século XVII, um “Te Deum” com a participação do Coro e Orquestra Gulbenkian. A edição deste ano contou ainda com a participação do grupo “Il Divino Sospiro”, dirigidos pelo maestro Jorge Matta.

Com a presença de 420 espectadores, o espetáculo esgotou, tendo sido transmitido em direto pela RTP 2. Cumprindo ainda a sua missão de promover o acesso de todos à cultura, a Santa Casa proporcionou pela primeira vez aos seus colaboradores a possibilidade de assistirem ao ensaio geral. Esta iniciativa resultou de um protocolo entre a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, a RTP e a Fundação Calouste Gulbenkian.


Mural da Ribeira Negra recupera beleza 41

A SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA, NO ÂMBITO DO SEU OBJETIVO ESTRATÉGICO DE APOIO À CULTURA NACIONAL, SUPORTOU INTEGRALMENTE O RESTAURO DA OBRA MAIOR DE JÚLIO RESENDE, “PAINEL RIBEIRA NEGRA”. A “Ribeira Negra”, obra-prima de Júlio Resende (1917-2011), pode agora ser vista em toda a sua beleza depois de um rigoroso processo de restauro patrocinado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que terminou em setembro de 2012. Obra ímpar da cerâmica contemporânea, com uma dimensão monumental de arte pública, encontra-se no início do tabuleiro inferior da Ponte D. Luís, no Porto. Inaugurado em 1987, o painel sofreu danos graves ao longo dos

anos. Apostando na cultura nacional, a Santa Casa quis assegurar a preservação da estrutura da obra, prestando também homenagem a Júlio Resende e concretizando a sua missão de responsabilidade social com a devolução, ao Porto e ao país, de uma peça única. O mural da Ribeira Negra é uma obra grandiosa, com 41 metros de comprimento e 5 metros de altura. Foi inicialmente criado para exposição no Mercado Ferreira Borges, tendo o autor decidido oferecer à cidade um painel idêntico em azulejo, em 1987. À semelhança do cuidado demonstrado na preservação do conjunto dos seus bens, a SCML tem-se associado à reabilitação do património artístico e cultural um pouco por todo o território nacional, ao encontro do seu lema “Cuidamos do nosso Património”.

Oferta, à cidade do Porto e ao país, do restauro integral do painel monumental de Júlio Resende,Ribeira Negra”


CULTURA

RESTAURO

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Capela de SAo JoAo Batista revela o seu esplendor QUASE 260 ANOS DEPOIS TER SIDO EXPOSTA AO PÚBLICO PELA PRIMEIRA VEZ, A CAPELA DE SÃO JOÃO BATISTA, DA IGREJA DE SÃO ROQUE, DA SANTA CASA, VOLTA A SER VISTA EM TODO O SEU ESPLENDOR, GRAÇAS À INTERVENÇÃO DE CONSERVAÇÃO E RESTAURO PROMOVIDA PELA SCML. A capela recuperou o seu brilho original depois do extraordinário e moroso trabalho de conservação e restauro, desenvolvido em colaboração com o Instituto dos Museus e da Conservação (IMC) e com o Instituto Centrale per il Restauro di Roma. “Com esta intervenção, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa recuperou e ofereceu à fruição de todos um património que tem um lugar central no panorama da cultura nacional e internacional”, sublinha a diretora do Museu, Teresa Morna. Considerada por muitos a obra de arte total do Barroco, a capela, “joia” da Igreja e do Museu de São Roque, foi mandada construir em Roma por D. João V e nela trabalharam mais de uma centena de artífices, incluindo os melhores arquitetos, ourives, escultores e bordadores da época. É, aliás, a verdadeira “obra de ourivesaria em escala de arquitetura”, segundo explica Teresa Morna. O “Tesouro da Capela” é composto por alfaias litúrgicas e peças ornamentais, paramentaria e uma coleção de ourivesaria definida como o expoente máximo da arte barroca em ouro e prata. Este tesouro,

de grande beleza e raridade, pode hoje ser visitado como núcleo autónomo do Museu de São Roque, estando na própria origem do museu, criado em 1905 para o expôr. Vinda de Itália em três naus, a Capela de São João Batista foi construída em Roma, entre 1742 e 1750. O projeto obedeceu a um rigoroso programa arquitetónico e estético que incluía, além da capela desenhada por Luigi Vanvitelli e Nicola Salvi, as peças que se encontram hoje expostas no Museu de São Roque. Como importante encomenda régia que era, a Corte portuguesa quis seguir de perto o projeto, através de João Frederico Ludovice, ourives e arquiteto régio, de origem germânica. Num primeiro momento, o altar foi montado na Igreja de Santo António dos Portugueses, na capital italiana, e sagrado pelo Papa Bento XIV. Seguiu depois para Lisboa em três naus, para ser finalmente assente, peça a peça, na Igreja de São Roque, no local da antiga Capela do Espírito Santo. Em 1752, depois da morte de D. João V e já no reinado D. José I, a obra foi inaugurada, causando grande admiração.

Obra-prima da arte europeia do séc.XVIII O reconhecimento internacional da importância da Capela de São João Batista tem sido testemunhado por estudos de reputados especialistas, nacionais e internacionais. Também é dele reflexo o interesse demonstrado pelos mais relevantes museus do mundo e traduzido nos muitos pedidos de empréstimo de obras, com o

objetivo de ilustrar o que de melhor se fez no domínio da Arte Sacra, no período barroco. A Capela de São João Batista assume uma importância singular, a nível internacional, sobretudo graças às suas coleções de paramentaria e ourivesaria, e aos seus notáveis mosaicos.


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1740

D. João V encomenda a construção da Capela a Roma

1744

Sagração da Capela pelo Papa Bento XIV, em Roma, na Igreja de Santo António dos Portugueses

1747

Transportada de Roma para Lisboa em três naus, foi montada, peça a peça, na Igreja de São Roque

1905

Inauguração do Museu de São Roque, criado para albergar o “Tesouro da Capela”


PATRIMÓNIO E BENEMERÊNCIAS 44

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa é detentora de um vasto e diversificado património imobiliário, que também se estende por todo o território nacional e resulta da confiança dos seus beneméritos, homens e mulheres que entregam os seus bens à instituição na certeza de que serão colocados ao serviço de quem mais precisa. Além dos edifícios onde estão instalados os lares, creches, unidades de saúde e demais serviços, outra parte do seu património imobiliário destina-se ao arrendamento para habitação e serviços (comércio e escritórios). É ao Departamento de Gestão Imobiliária e Património (DGIP) que cabe gerir estes imóveis, em vista da criação de receitas que possam ser reinvestidas nas Boas Causas apoiadas pela instituição. Em 2012, a gestão deste património rendeu 6.041.841,46 euros traduzindo-se num crescimento de 27% em relação a 2011. Constitui, atualmente, uma das principais fontes de rendimento da Santa Casa.

a

9 IMÓVEIS

em 2012 provenientes de heranças, legados ou doações

6.041.841,46

euros rendimentos globais do património

27% de crescimento nos rendimentos gerados PRÉDIOS URBANOS

409

EDIFÍCIOS FRAÇÕES AUTÓNOMAS TERRENOS PRÉDIOS RÚSTICOS PRÉDIOS MISTOS TOTAL IMÓVEIS:

265 138 6 122 25 556


Pela primeira vez no SiL Em 2012 e sob o lema “Cuidamos do nosso património”, a Santa Casa marcou presença pela primeira vez no SIL - Salão Imobiliário de Portugal, na FIL, em Lisboa. Promover os imóveis disponíveis para arrendamento, divulgar o lançamento do programa de reabilitação urbana - “Programa Reabilitar” – e reforçar o âmbito da atuação na área do Património foram os principais objetivos que associaram a instituição a este evento. Através do Programa Reabilitar, a Santa Casa está a cuidar e a valorizar o seu património imobiliário, 93% do qual resulta de benemerências. Em simultâneo, contribui para o rejuvenescimento do centro de Lisboa, criando também receitas próprias para a atividade e causas que apoia, da ação social à saúde e cultura. Alguns dos fogos reabilitados integraram a Bolsa de Arrendamentos que a SCML divulgou e promoveu no SIL. No site da SCML consta informação atualizada sobre os imóveis disponíveis para arrendamento, em: http://www.scml.pt/areas_de_intervencao/patrimonio/arrendamentos/.

Edifício da Hemeroteca passa para a Santa Casa Em 2012, a SCML celebrou um protocolo com a Câmara Municipal de Lisboa (CML), cujo acordo incluiu, para além da permuta de vários imóveis – entre eles o edifício da Hemeroteca, a constituição de um grupo de trabalho, formado por elementos da CML e da SCML, com vista a apresentar propostas para a resolução definitiva do plano de permutas, previsto no Decreto-Lei nº 46.107, de 26 de dezembro de 1964. Ainda em 2012, a Misericórdia de Lisboa procedeu à prorrogação do Fundo de Investimento Imobiliário Fechado “Santa Casa 2004” por mais cinco anos, mas com várias alterações ao Regulamento de Gestão do Fundo, trazendo mais garantias e conforto à posição, interesses e direitos da SCML.

Aqui ao lado, no dia a dia Em 2012, para evidenciar a proximidade da SCML e os avanços da reabilitação urbana em curso na capital, foi desenvolvido um extenso programa de sinalização do património imobiliário da instituição. No total, colocaram-se 14 lonas nos edifícios reabilitados, em reabilitação ou prestes a iniciar obra, com a assinatura “Cuidamos do nosso Património”. Em simultâneo, foi criado um microsite sobre o Programa Reabilitar.

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PATRIMÓNIO E BENEMERÊNCIAS

BENEMÉRITOS Histórias de Solidariedade 46

A 14 de outubro de 2007 faleceu, em Tomar, aos 82 anos, Delmira Maria Filomena Benito Maçãs. Em testamento, fez da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa sua herdeira universal, deixando-lhe dinheiro, joias, uma coleção de moedas de ouro e 40 propriedades que se estendem por 800 hectares no distrito de Portalegre. Ao longo do tempo e à semelhança do que aconteceu com Delmira Maçãs, foi por via das benemerências que a Santa Casa adquiriu a esmagadora maioria do seu património (93%). No presente, dezenas de benfeitores continuam a confiar os seus bens à instituição, para depois serem colocados ao serviço dos mais carenciados. Em 2012 havia 84 processos de benemerências em curso, tendo a Santa Casa recebido ativos financeiros no valor de cerca de 648 amil euros.

648 mil euros de heranças, legados, d o a ç O es

+

9N U MIMÓVEIS, V A LO R TOT A L D E 61 8 M I L E U R O S

Dar às Boas Causas A ligação de Rita Almeida Gonçalves à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa começou cedo. Nasceu numa casa pertença da Misericórdia de Lisboa, na Rua dos Açores, da qual os pais eram arrendatários. Cresceu a ouvir as histórias da mãe sobre a rainha D. Leonor e, da janela, escutava as vozes dos cauteleiros a apregoar a lotaria. Já jovem, ia todos os meses à Santa Casa, no Largo Trindade Coelho, pagar a renda da casa dos pais. Mais tarde, já no papel de mãe, voltou a cruzar-se com a instituição: a filha ficou doente e, num momento particularmente difícil, pôde contar com o apoio daquelas a quem hoje chama “curadoras”, as técnicas da SCML que, todos os dias, lhe batiam à porta para a ajudar nos cuidados. Uns anos depois, Rita Gonçalves pensou que teria de retribuir tudo o que a Santa Casa lhe havia dado, desde o primeiro dia. “Fiz o meu testamento à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, como minha

herdeira universal. Tenho família, mas foi esta instituição que sempre esteve ao meu lado”, conta. Um gesto de gratidão e reconhecimento que a levou a tornar-se benemérita da Misericórdia de Lisboa, entrando para sempre na história da instituição. Hoje, com 64 anos, sonha ganhar o Euromilhões para que os bens que venha a deixar na sua herança possam chegar a mais pessoas.

“ Esta é uma entidade merecedora. Pelo que tenho

acompanhado em visitas a algumas das suas respostas sociais, vejo tudo muito bem empregue. Espero que a Santa Casa continue a espalhar o Bem”, afirma.


93 % DO PATRIMÓNIO

RESULTA DE BENEMERÊNCIAS

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Cinco séculos de generosidade reunidos em livro

DA DÁDIVA “d a CRÓNICA ” a u to r i a d e A n a G o m es A obra “Benemerências”, da jornalista Ana Gomes, segue o rasto de cinco séculos de histórias de generosidade de pessoas que confiaram à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa os seus bens, a favor das Boas Causas. O sexto livro da coleção “Cadernos Solidários” apresenta testemunhos de vida intimamente ligados à instituição, refletindo ainda a evolução das políticas sociais em Portugal. As benemerências têm sido o motor do bem-fazer que norteia a atuação da Santa Casa, mas também essenciais na expansão e inovação das respostas sociais disponibilizadas, em cada época, salienta Ana Gomes. Entre muitos outros, são exemplos de benemerências a Residência Faria Mantero, que apoia “pessoas idosas, cultas, de mérito e necessitadas”, projeto desenhado pelo benemérito Enrique Mantero Belard nos anos 70 e concretizado pela SCML; ou a herança de D. Claudina Chamiço, que deixou à Santa Casa a administração do atual Hospital Ortopédico de Sant’Ana. A instituição guarda alguns factos extravagantes, mas também comoventes, conta a autora, Ana Gomes: “Desde o caso de uma benemérita que, em 1948, deixou os seus bens em testamento à SCML na condição de esta pagar um conjunto de pensões mensais vitalícias às famílias de baixos rendimentos que tomassem conta dos seus seis gatos. Ou do músico de rua que se dirigiu um dia à SCML com um alguidar cheio de moedas - receita do seu trabalho -, dizendo ser sua intenção doar aquela verba aos pobres.”

Ana Gomes

BENEMERÊNCIAS Crónica da dádiva | Com o papel por testemunha

06


PATRIMÓNIO E BENEMERÊNCIAS

reabilitar

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8,2 milhOes de euros para Reabilitar ATÉ 2013, A SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA VAI INVESTIR 8,2 MILHÕES DE EUROS NA RECUPERAÇÃO DO SEU PATRIMÓNIO IMOBILIÁRIO, EM 15 PRÉDIOS POR TODA A CIDADE. GERAR MAIS RECEITAS PARA AS CAUSAS SOCIAIS APOIADAS ATRAVÉS DO ARRENDAMENTO E REJUVENESCER A CIDADE SÃO OS PRINCIPAIS OBJETIVOS DO “PROGRAMA REABILITAR”. A atual Administração da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa lançou, em 2012, o “Programa Reabilitar”, entendendo a reabilitação urbana como uma aposta prioritária. “É prioritária”, antes de mais, - na medida em que se reflete muito diretamente na melhoria da qualidade de vida da população, mas também porque rejuvenesce o edificado

singular das nossas cidades, que é urgente recuperar”, explica o Provedor, Pedro Santana Lopes, pessoalmente empenhado neste projeto. No total, vão ser recuperados 80 apartamentos, três ateliês e dez lojas, a maior parte dos quais ficará disponível para arrendamento de habitação, comercial ou serviços.

Respeitar a memória,valorizar o legado O património que a SCML foi reunindo ao longo dos séculos é fruto, sobretudo, de doações de beneméritos que deixaram à instituição os seus bens. “Esta confiança comporta grande responsabilidade”, afirma Ricardo Amantes, diretor do Departamento de Gestão Imobiliária e Património da Santa Casa: “O Programa Reabilitar é, neste sentido,

uma ferramenta para honrar esse compromisso, respeitando o valor das benemerências e gerando receitas que possam reverter para as causas apoiadas e para a atividade desenvolvida”, conclui o responsável.


80 apartamentos 3 ateliĂŞs 10 lojas restaurados

49


Arrendar Por Boas Causas 50

No âmbito do Reabilitar foram concluídas seis obras em 2012. Graças a este amplo programa de empreitadas, o “Reabilitar” vem igualmente contribuir para reanimar a economia nacional, “nomeadamente o sector da construção civil, muito fustigado neste contexto difícil que atravessamos”, realça o diretor do Departamento de Gestão Imobiliária e Património da Santa Casa.

LICENÇAS PARA PRÉDIOS

22

Novas licenças A pensar numa segunda fase de intervenção, a Administração da Santa Casa renovou licenças para a reabilitação de um novo conjunto de 22 prédios, 14 das quais emitidas desde 2007 e que estavam em vias de caducar.

2,3 milhoes de euros para

reabilitar o Palácio

Palácio Vallada e Azambuja recuperado O Fundo de Investimento Imobiliário Santa Casa 2004, cem por cento detido pela SCML, concluiu também em abril de 2012 a reabilitação do histórico Palácio Vallada e Azambuja, no Largo do Calhariz, em Lisboa, com um investimento de 2,3 milhões de euros. Este imóvel destina-se a arrendamentos de curta duração.


CUIDAMOS DO NOSSO 51

PATRIMÓNIO


empreendEDOrismo

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Empreender para gerar valor social

a

Apoiar a criatividade e a inovação de modo a fomentar o desenvolvimento de novos projetos que acrescentem valor social é o principal objetivo do Departamento de Empreendedorismo e Economia Social (DEES), da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. No atual contexto, a Administração da Santa Casa entende que este é um tema central na procura de respostas pioneiras, capazes de estimular a economia nacional. Um novo Programa de Empreendedorismo Social estará operacional em 2013, para apoiar projetos inovadores e com um impacto social relevante. O reforço da capacidade empreendedora das comunidades

locais, a promoção do autoemprego e do empreendedorismo social são os três vetores deste novo programa. “Ao apoiarmos o espírito empreendedor estamos a ajudar as pessoas a darem sentido e forma aos seus sonhos e a contribuir para a sua realização pessoal e profissional”, considera Maria do Carmo Marques Pinto, a nova diretora do DEES que, em 2012, assumiu o desafio de levar mais longe o trabalho da instituição nesta área. Em 2012, foi já implementada uma linha de microcrédito para promotores com necessidades de financiamento, encaminhados no âmbito de um protocolo com o ISCTE/AUDAX.


P r o j e to s v e n c e d o r es A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa estabeleceu um protocolo com o Montepio Geral para ajudar à concretização de projetos de jovens empreendedores, estimulando a capacidade de inovação e contribuindo para eliminar diversas formas de exclusão social. Além do apoio de técnicos da Santa Casa e do acesso ao microcrédito, os projetos selecionados são seguidos por um tutor de

proximidade, voluntário do Montepio, que acompanha a definição do modelo de negócio e o seu desenvolvimento, ao longo de dois anos. O Provedor da Santa Casa, Pedro Santana Lopes, o ministro da Solidariedade e da Segurança Social, Pedro Mota Soares, e um grupo de empresários conheceram, em novembro de 2012, alguns dos casos de sucesso deste programa.

Uma gruta de sal terapêutica Mário José Pereira, de 45 anos, desempregado há mais de um ano, conseguiu concretizar o sonho de abrir o primeiro Centro de Haloterapia em Lisboa, graças ao apoio da Santa Casa e do Montepio. No “Halonense”, numa sala de paredes forradas com sal vindo de uma mina estónia, é simulada uma atmosfera salina com indicação terapêutica para problemas respiratórios e de pele. O crédito de 15 mil euros possibilitou a abertura do Centro e deu origem a dois postos de trabalho, o de Mário e o da sua mulher. A funcionar desde maio de 2012, “a procura tem vindo a crescer”, garante o empreendedor, que aposta no desenvolvimento de iniciativas para promover as vantagens da haloterapia, estabelecendo, em simultâneo, protocolos com várias entidades.

À b o a m es a p o rt u g u es a Rita Omar é outro bom exemplo do espírito empreendedor que levou à criação do próprio emprego, tendo para isso contado com o apoio da Santa Casa e do Montepio. Licenciada em Dança, Rita estava numa situação precária quando se candidatou ao Programa de Apoio ao Empreendedor. A ideia era tornar real o sonho de abrir um espaço na zona do Castelo, com refeições feitas com ingredientes nacionais. Contratou um crédito de 12 mil euros, em maio de 2012, e inaugurou o restaurante “Marcelino - Pão e Vinho”, na Rua do Salvador, em junho, por altura dos Santos Populares. Em 2013, o seu espaço é já uma alternativa económica com excelente acolhimento por parte dos turistas, residentes e profissionais daquela zona, que elogiam a qualidade dos bons produtos nacionais.

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sustentabilidade 54

Boas práticas para o setor social

a

A sustentabilidade faz parte da genética da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Uma instituição que, desde 1498, aposta na inovação social como motor para o desenvolvimento e promoção do bem-estar das pessoas, acompanhando a evolução da sociedade e respeitando o meio envolvente. Tendo presente esta filosofia, em 2012 a Santa Casa lançou o projeto de Sustentabilidade, dando o seu exemplo de

compromisso com a vida, com as gerações futuras e com o uso racional dos recursos, além da proteção à saúde, ao meio ambiente e aos direitos humanos. Pretende, assim, incentivar a mudança de comportamentos para que se obtenham benefícios ambientais, económicos e sociais a médio e longo prazo, produzindo referenciais de boas práticas na área da Sustentabilidade para instituições do setor social, também designado terceiro setor.


+ DE71% PAPEL

E CARTAO RECICLADO (146.280 KG)

- RESMAS 7.222DE

PAPEL = MENOS 476 ÁRVORES ABATIDAS

-NO CONSUMO 14% DE GÁS NO COMPLEXO DE S. ROQUE

Edifícios mais eficientes A SCML é hoje um grande consumidor de energia, em resultado dos serviços que presta à sociedade e pela quantidade dos equipamentos que gere em Lisboa: aproximadamente 170 edifícios, entre estabelecimentos de ação social, saúde, serviços centrais e instrumentais. A Estratégia de Sustentabilidade veio enquadrar um conjunto ambicioso de objetivos na vertente ambiental, destacando-se as ações desenvolvidas em matéria de redução de consumos e de promoção da eficiência energética, com a concretização de uma série de inicia-

tivas que permitiram à SCML conhecer melhor o seu perfil de consumo energético e hídrico. Em 2012, procedeu-se a um primeiro diagnóstico da sustentabilidade do Complexo de São Roque, iniciou-se a monitorização de consumos energéticos e estabeleceu-se uma parceria, de dois anos, com a ADENE – Agência para a Energia. Esta Agência irá apoiar tecnicamente a SCML, quer na preparação de um conjunto de auditorias energéticas a realizar tendo em vista a posterior certificação dos seus edifícios, quer na determinação do seu potencial de redução de CO2.

Melhores práticas COMPRAS na Gestao de Resíduos MAIS sustentáveis No ano de 2012, a Gestão de Resíduos constituiu uma das prioridades em matéria de sustentabilidade ambiental. Deu-se início à elaboração do Plano de Gestão de Resíduos da SCML, realizaram-se 21 auditorias ambientais a estabelecimentos de ação social da SCML onde existe produção de resíduos hospitalares, nomeadamente lares, centros de acolhimento e/ou de apoio social e concluíram-se sete Planos de Gestão de Resíduos Hospitalares, a aplicar em Unidades de Saúde da Santa Casa. No âmbito do encaminhamento e valorização de resíduos, foram ainda estabelecidas duas parcerias estratégicas com o objetivo de recolha de pilhas e acumuladores (com o operador Ecopilhas) e rolhas de cortiça e óleos alimentares usados (com o operador Biological). Iniciaram-se, de igual modo, os trabalhos para a implementação do Plano de Separação Seletiva de Resíduos da SCML.

Em parceria com o Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) até 2015, a Santa Casa será a primeira instituição do setor social a desenvolver uma Estratégia de Compras Sustentáveis, procurando estabelecer critérios para a aquisição de bens, serviços e obras que se distingam pela qualidade, por um preço justo e que sejam ecologicamente e socialmente corretos. A utilização de materiais biodegradáveis para limpeza ou a reabilitação de edifícios com materiais mais amigos do ambiente são exemplos de preocupações de sustentabilidade ambiental, social e económica, que a SCML passará a incluir nos seus cadernos de encargos.

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O ambiente é uma Boa Causa Em 2012 e pela primeira vez, a Santa Casa participou no Greenfest, o maior festival de sustentabilidade do país. A esta edição dedicada ao “Empreendedorismo como atitude”, a instituição levou o lema “Fazer do insustentável, sustentável. Todos os dias, desde sempre”.

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Prom over a responsabilidade social empresarial No contexto do desenvolvimento do terceiro pilar da sustentabilidade – o pilar social – e da promoção da responsabilidade social empresarial, a Santa Casa apoiou diversas iniciativas em equipamentos de ação social da SCML, com o propósito de beneficiar a qualidade de vida dos seus utentes. As ações de

voluntariado empresarial realizadas em 2012 envolveram 169 voluntários, de empresas como o Grupo Brodheim, DHL Supply Chain Portugal e o Banco Barclays. Este banco e a Fundação Mapfre apoiaram ainda dois projetos de equipamentos da SCML, num montante próximo dos 80 mil euros.


2.250 sobreiros plantados em açao de voluntariado A 5 de junho de 2012, Dia Mundial do Ambiente, meia centena de colaboradores da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa plantaram 2.250 sobreiros na Herdade do Monte de Cima, em Estremoz, património da instituição por benemerência de José Maria Coelho Falcão. Esta foi a primeira ação de voluntariado de florestação inserida no

âmbito do Projeto de Sustentabilidade que a SCML está a desenvolver. Além de contribuir para compensar a pegada carbónica, a ação pretendeu ainda promover a responsabilidade social e ambiental dentro da instituição, criar valor social e fomentar o voluntariado, a coesão e a mobilização interna.

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RECURSOS HUMANOS 58

As pessoas como prioridade Assistentes sociais, professores, amas, enfermeiros, técnicos de restauro, arquivistas, administrativos, são milhares os colaboradores que formam a equipa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Mulheres e homens, de diferentes idades e com competências muito distintas, tornam possível a extensa obra realizada, da Ação Social à Saúde, passando pela Educação e Ensino, Cultura, Jogos Sociais, Empreendedorismo e Património Imobiliário, entre tantos outros. A 31 de dezembro de 2012, da Santa Casa faziam parte 4.831 colaboradores e 649 prestadores de serviço. A cada dia, esta grande equipa assume o desafio de cumprir as “Boas Causas” que são o desígnio da instituição. Numa conjuntura na qual este trabalho assume particular importância, a Direção de Recursos Humanos está empenhada em promover a integração, motivação e o bem-estar dos seus colaboradores, com exigência e grande profissionalismo, tendo

a

em vista o desenvolvimento organizacional e estratégico da instituição. Por isso, está a desenvolver um conjunto de medidas, tais como a revisão do catálogo de competências e a reformulação do sistema de avaliação de desempenho. Procura também, em continuidade, responder às necessidades e oportunidades de qualificação e de desenvolvimento profissional de todos os colaboradores: em 2012, foram formados 3.243, em 919 ações e 559 cursos. Acrescem ainda um conjunto de benefícios sociais transversais a toda a equipa, consoante o nível de rendimento: apoio à infância, educação, inserção de pessoas com deficiência e à saúde. Podem candidatar-se a vagas em creches ou jardins de infância da instituição tendo, em alternativa, comparticipação na frequência de outros estabelecimentos, e ainda a subsídios para educação e formação dos próprios e/ou dos filhos.


5.480

COLABORADORES (incluindo prestadores de serviรงos)

559

CURSOS DE FORMAร AO 59


Gabinete de Apoio Social coloca Boas Causas ao serviço dos Colaboradores 328 situaçoes apoiadas em 2012 60

A Santa Casa criou, em 2012, um Gabinete de Apoio Social para acompanhar os seus trabalhadores e reformados em situações de vulnerabilidade económica, profissional ou familiar. Foram acompanhados 328 casos no primeiro ano de atividade do gabinete. Diariamente, cinco especialistas em diversas áreas, como Serviço Social, Psicopedagogia e Psicologia Clínica, acolhem quem precisa de ajuda, analisam a situação e definem as respostas mais adequadas a cada caso concreto. O Gabinete de Apoio Social é um projeto diretamente dependente do vogal com o pelouro dos Recursos Humanos, no âmbito da Direção de Recursos Humanos, que visa contribuir para a promoção do bem-estar biopsicossocial dos colaboradores. Criado em janeiro de 2012, o gabinete tem sido procurado, sobre-

tudo, devido a situações de carência económica, designadamente para regularização de dívidas e ajuda nos encargos com a habitação, saúde ou educação. Além do aconselhamento prestado na gestão do orçamento e redução ou resolução de fragilidades financeiras, a Santa Casa deu apoio psicológico e mediou conflitos entre trabalhadores e outras entidades ou pessoas. Atribuiu também subsídios, a maior parte dos quais reembolsáveis através de um plano de pagamento definido com os trabalhadores. O Gabinete de Apoio Social surgiu não só com o objetivo de apoiar situações de vulnerabilidade mas, também, de promover o desenvolvimento de eventos – como a celebração da páscoa, entre outros –, assim como parcerias e protocolos que se traduzam em benefícios para os colaboradores e que são extensíveis aos seus familiares.

Histórias com final feliz O Gabinete é feito sobretudo de histórias felizes, de pessoas que viram as suas situações resolvidas ou melhoradas, com pequenos apoios que, nos momentos mais difíceis, fazem toda a diferença. São de destacar histórias como a de M. que, com uma filha a estudar no ensino superior e outra a pagar jardim de infância, desesperou ao ver dois terços do salário penhorado. Uma penhora que a deixou sem dinheiro para assegurar os bens mais básicos e que a levou a pedir auxílio. Graças à intervenção do Gabinete, a dívida foi regularizada, a filha mais velha passou a usufruir de descontos nas propinas e, com o jardim de infância foi acordado um plano de pagamento das mensalidades em atraso, tendo voltado a criança a frequentar o equipamento.

Ou a de A. que, na sequência de um problema familiar grave, ficou isolado com todas as contas por pagar e se viu obrigado a pedir um adiantamento dos subsídios de férias e de Natal. A resposta surgiu do Gabinete e, além do adiantamento, a sua situação foi acompanhada e solucionada a longo prazo. Também a reformada que, com 70 anos de idade e viúva, já a receber o complemento de pensão (o Gabinete atribui um complemento de reforma a todos os reformados da Santa Casa que recebam menos que o ordenado mínimo nacional), solicitou apoio para a compra de uma lente progressiva, depois de ser sujeita, por quatro vezes, a intervenções cirúrgicas aos olhos. Com o auxílio do Gabinete de Apoio Social estas, como tantas outras histórias de vida, seguem um caminho mais feliz.


61


voluntariado 62

“ DAo

com a mAo o que têm no coraçAo ”

a

A história da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa é construída com o contributo e dedicação de muitos voluntários que colocam ao serviço dos outros o seu tempo, a sua competência, a sua experiência e os seus afetos. A instituição goza de um reconhecimento que tem contribuído para o desenvolvimento, promoção e prática do voluntariado. E são cada vez mais aqueles que se associam às “Boas Causas” da Misericórdia de Lisboa: em finais de 2012 havia 566 voluntários ativos, mais 45 que no ano anterior (521).

Ao longo dos doze meses, a ação voluntária contou com 773 pessoas. A Santa Casa reconhece e valoriza o trabalho desenvolvido pelos seus voluntários e, por isso, em novembro de 2012 promoveu uma homenagem a todos aqueles que completaram cinco anos de atividade na instituição. Com o lema “Obrigado por dar com a mão o que tem no coração”, quis louvar o empenho de todos, na missão conjunta de construir um mundo mais solidário.


Quem sao? O perfil do voluntário está a mudar e “o voluntariado é, cada vez mais, interpretado como expressão de uma cidadania ativa”, explica Ana Bandeira, diretora da Unidade de Cidadania e Promoção do Voluntariado (UCPV). Embora as mulheres continuem a predominar, o número de voluntários homens tem vindo a crescer, representando já 26%. Verifica-se, igualmente, uma tendência de aumento do número de jovens nesta atividade. A maior parte dos voluntários está, aliás, em idade ativa: em 2012, 80% tinham entre 18 e 65 anos e mais de metade eram licenciados.

O que fazem? A maior parte dos voluntários dão apoio nas áreas da Ação Social: 426. Cerca de 50% deste universo participa em atividades lúdicas e culturais com crianças e jovens, em lares, creches e jardins de infância, dando também apoio escolar. Em 2012, 166 voluntários dedicaram uma parte do seu tempo a uma população cada vez mais envelhecida e em situação de isolamento. Os idosos são apoiados no seu domicílio por 85 voluntários que, entre outras atividades, partilham histórias, leituras, conversas, passeios, viabilizam compras e consultas, vontades e sonhos. No âmbito da Saúde, existe um número significativo de voluntários que dão o seu contributo no Hospital Ortopédico de Sant’Ana, no Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão e nos centros de saúde da SCML. As áreas da Cultura da Santa Casa, nomeadamente o Arquivo Histórico, Centro de Documentação e a Igreja de São Roque beneficiam também do apoio dos voluntários. Além da Ação Social, Saúde e Cultura, os voluntários prestam apoio jurídico a utentes encaminhados pela Ação Social e dedicam uma parte do seu tempo a idosos cujo principal problema é a solidão – Programa “Mais Voluntariado Menos Solidão”.

566 v o lu ntá r i o s (+45 do que em 2011)

63

c ada vez mais ho m e n s e mais jovens

21com4

crianças e jovens

426

na Açao Social


Os voluntários são parte indissociável da história e da obra da Santa Casa, pessoas que entregam parte de si, do seu tempo, conhecimento e energia para ajudar o outro, no dia a dia da instituição.

Experiências tAo gratificantes para quem recebe, como para quem dá. 64


TESTEMUNHO

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Tudo o que recebo Aprender para vem do coraçAo dar mais e melhor Fredy tem 48 anos e vive há 20 anos na Obra Social do Pousal. Uma doença degenerativa levou-a a mudar-se para a instituição ainda nova. “Esta é a minha casa”, afirma sem hesitar. “Tenho tudo o que preciso para a minha saúde e bem-estar. E há também os voluntários, que são meus amigos”. Fredy recorda-se facilmente do dia em que o voluntário Álvaro Marques a ajudou na formatação dos poemas que selecionara para publicar no seu segundo livro. A instalação de um programa de correção de erros ortográficos foi o ponto de partida para o início de uma amizade. Desde então, Fredy pede a Álvaro para ler os seus poemas e aceita com um grande sorriso os álbuns de fotografias que este lhe oferece. “É uma pessoa a quem se pode dizer que é mesmo voluntário. Ele não escolhe uma ou duas pessoas: para ele são todos diferentes e todos iguais. Tudo o que faz é do coração”, afirma.

Álvaro Marques tem 62 anos e desde que se reformou, há 5 anos, inclui na sua agenda duas visitas, semanais e inadiáveis, à Obra Social do Pousal. Fazer voluntariado é, para o antigo diretor de vendas, “algo que nasce com as pessoas”. Um sentimento que, assim que recebeu a notícia da reforma, o levou a preencher a ficha de inscrição do voluntariado, no site da Santa Casa, ou a entrar, já em 2012, para uma licenciatura em “Intervenção Comunitária”. Dar mais e melhor é o objetivo de Álvaro Marques que, na sua prática de voluntariado, apoia homens e mulheres, de idade igual ou superior a 18 anos, com deficiências profundas, doenças degenerativas ou raras. “No início foi difícil adaptar-me. Depois um escolheu-me, o outro aceitou-me e fui fazendo amigos. Agora, se por qualquer razão não posso ir, tenho de avisar, porque eles estão à minha espera”, conta. Como um bom amigo, Álvaro faz questão de estar presente em todos os momentos. Para além das visitas regulares, não falta às atividades comemorativas, que regista para a posteridade. “Depois imprimo as fotografias, faço um álbum e ofereço-lhes”, lembra. Em muitas fotografias está Fredy, que encontrou logo nos primeiros dias como voluntário da Santa Casa. “Ela estava a começar a escrever um livro de contos e eu dei-lhe uma ajuda na configuração do texto”, lembra. Hoje Fredy é uma das pessoas que tem de avisar quando não vai ao Pousal. É também uma das pessoas a quem telefona quando tem saudades.


jogos santa casa 66

o

O Departamento de Jogos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) tem por objeto a exploração dos Jogos Sociais do Estado Português, de forma eficiente, no âmbito dos estatutos da instituição, aprovados pelo Decreto-Lei n.º 235/2008, de 3 de dezembro.

No quadro da sua missão, compete-lhe garantir o cumprimento da política nacional de jogos definida, contribuindo para a satisfação dos jogadores e a criação de valor a devolver à sociedade, através do financiamento público das despesas de natureza social.


Os melhores resultados de sempre A par de um contexto macroeconómico muito adverso, as vendas brutas dos Jogos Santa Casa em 2012 atingiram um máximo histórico de 1.729 milhões de euros, representando um crescimento de cerca de 5,3% relativamente a 2011. De acordo com os dados disponíveis, a despesa total das famílias em jogo a dinheiro terá, de facto, reduzido de maneira

significativa, como seria de esperar, sobretudo nos jogos disponibilizados pelos Bingos e Casinos e em alguns tipos de jogo ilegal. Contudo, e em simultâneo, também se verificou um processo de substituição dessa despesa em favor dos Jogos Sociais do Estado e em especial da Lotaria Instantânea ou Raspadinha.

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1.729 MILHÕES DE EUROS DE VENDAS BRUTAS MAIS 5,3% DO QUE EM 2011

REPARTIÇAO DAS VENDAS BRUTAS DOS JOGOS SOCIAIS LOTARIA INSTANTÂNEA LOTARIA POPULAR

22%

2% LOTARIA CLÁSSICA TOTOBOLA

1%

3% JOKER

3% EUROMILHÕES

60%

TOTOLOTO

9%


ATUALIZAR A OFERTA PERANTE A TENDÊNCIA DE CRESCIMENTO NO MERCADO ILEGAL DE JOGO A DINHEIRO VERIFICADA EM ANOS ANTERIORES, CABE AO DEPARTAMENTO DE JOGOS PRIVILEGIAR A CAPTAÇÃO DESSA PROCURA PARA A SUA OFERTA LEGAL, NO ESTRITO CUMPRIMENTO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DEFINIDAS E A PAR DAS MEDIDAS DE REPRESSÃO DAQUELA ATIVIDADE. Para assegurar a proteção da ordem pública, a preservação do património das famílias e a prevenção do jogo excessivo, o Departamento de Jogos da Santa Casa procurou, ao longo de 2012, aprofundar a estratégia de atualização da oferta legal dos Jogos Sociais, no quadro das orientações definidas pelo Estado. Nesse âmbito, apostou numa estratégia de diversificação da oferta de jogos da Lotaria Instantânea, com vista à captação de no-

vos segmentos de mercado e também por ser um jogo que reúne características importantes para combater o jogo ilegal. A Lotaria Instantânea, popularmente conhecida por “Raspadinha”, registou um recorde de vendas, revelando um ritmo de crescimento assinalável (+ 81,7% em relação a 2011). No total, em 2012 a Santa Casa vendeu mais de 240 milhões de bilhetes deste jogo, o que equivale a uma média anual de cerca de 24 bilhetes por cada português.

68

2007

2008

2009

1.387

1.377

1.290

1.362

1.643

(EM MILHOES DE EUROS)

1.729

EVOLUÇAO DAS VENDAS BRUTAS DOS LOGOS SOCIAIS

2010

2011

2012


240

MILHOES DE RASPADINHAS VENDIDAS

24 BILHETES

POR CADA PORTUGUÊS

81,7% DE CRESCIMENTO NAS VENDAS

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Promover os valores do Jogo Social O resultado líquido da exploração dos Jogos Santa Casa – cerca de 535 milhões de euros – em 2012 foi entregue aos diversos beneficiários dos Jogos Sociais de norte a sul do País. Este resultado traduz um crescimento de apenas 1,6% relativamente a 2011, face à elevada distribuição de prémios nos jogos da Lotaria Instantânea. Conhecimento, Criatividade, Credibilidade, Eficiência, Inovação

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e Segurança são os valores agregadores dos Jogos Sociais e que os distinguem da demais “concorrência”, designadamente da oferta do mercado ilegal de jogo a dinheiro. Para consolidar a promoção destes valores e alargar a oferta de exploração dos Jogos Sociais, foram desenvolvidos projetos estruturantes para o suporte e crescimento da atividade, bem como a otimização de infraestruturas físicas e tecnológicas.

Quando aposta nos Jogos Santa Casa, “Há mais em Jogo” Na linha da responsabilidade social inerente à exploração dos Jogos Santa Casa, foi intensificada a comunicação com os seus principais stakeholders, dirigida especialmente aos apostadores, mediadores, órgãos de comunicação social e o público em geral. AFs_JSC_HamaisemjogoNE_PubIm420x297.ai

“Há mais em Jogo” foi a mensagem chave de comunicação que esteve associada ao lançamento da nova Campanha de Marca Jogos Santa Casa, evidenciando como todo o dinheiro apostado pela sociedade no jogo social lhe é devolvido, quer através dos prémios, quer através do financiamento de Boas Causas. Esta lógica de comunicação esteve também associada à Lotaria Clássica do Natal, que privilegia a esperança como motor para ultrapassar as dificuldades das famílias e do País. Esta estratégia permitiu manter bons níveis de notoriedade e gerar forte envolvimento com os Jogos Santa Casa, indo além do âmbito estrito da marca Lotaria Clássica e do produto Lotaria Clássica de Natal. A Lotaria Clássica é, de resto, o produto mais tradicional e fortemente emblemático, ao agregar, pela sua história e tradição, um maior valor na perceção da missão dos Jogos Sociais do Estado e da própria SCML.

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12/05/18

12:01

“NÃO É A PRIMEIRA VEZ QUE VENÇO UMA LESÃO E NÃO SERÁ A ÚLTIMA QUE GANHO UMA MEDALHA” Estamos em 2007 na cidade de Birmingham, no Campeonato Europeu de Atletismo em Pista Coberta. Para o atleta Nelson Évora, esta é a sua grande oportunidade de conquistar um lugar no pódio. Focado no seu objetivo, o português toma balanço e galga os metros de tartan encarnado que o separam de um grande salto. E consegue-o. Infelizmente, não o suficiente para lhe dar uma medalha, mas o bastante para lhe causar uma lesão grave. Ao levantar-se, apercebe-se de que já não consegue fazer os dois ensaios que lhe restam e desiste. Talvez tenha sido da aproximação dos mundiais de Osaka, ou o simples fato de se querer vingar da desistência, a verdade é que o Nelson se entregou ao trabalho e fez da sua recuperação uma questão crucial. Com a viagem para o Japão praticamente marcada, não restava qualquer solução senão confiar nos médicos, seguir rigorosamente o tratamento e logo que possível voltar às pistas. Força de vontade foi coisa que nunca faltou a este rapaz crescido em Odivelas, que jogava à mosca nos intervalos escolares. Sempre

foi bom no desporto, não se importava de ter sido um tenista famoso, mas foi a jogar à mosca que representou Portugal em Osaka, ainda em 2007. Talvez se tenha recordado dos tempos da escola antes de voar sobre os 17,74 metros de areia que lhe dariam a vitória, mas a verdade é que ninguém em 2007 teria apostado que um atleta que vinha de uma lesão seria Campeão do Mundo. Ninguém, exceto os seus antigos colegas que o conheciam do recreio. E com razão, como a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim viria a comprovar. Esta é a história do Nelson Évora, por enquanto, o mais famoso entre milhares de portugueses que o Hospital de Sant’Ana, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa trata todos os anos. Mais de 100 milhões de euros, vindos diretamente das suas apostas, são aplicados na Saúde.

Agora já sabe. Sempre que aposta nos jogos da Santa Casa, há mais em jogo.

USE U US E O CÓ C CÓDIGO DIIGO P D PARA A A AR A AC OMPA OM PA AN NH HAR RE STA ST A HISTÓRIA H ST HI STÓR ÓRIA ÓR IA ACOMPANHAR ESTA

www.hamaisemjogo.com

Idêntica estratégia foi prosseguida na política de patrocínios do Departamento de Jogos da SCML, através do apoio a iniciativas da Sociedade Civil que se inscrevam naqueles objetivos e que contribuam para manter a esperança na capacidade de superação das dificuldades que a vida coloca a todos. Por isso, privilegiou-se a presença dos Jogos Santa Casa no Desporto, em eventos de Atletismo, Rugby, Futebol, entre outras modalidades, na Cultura, apoiando a música, o design, o artesanato, entre outras áreas, de norte a sul de Portugal.

Prosseguiu-se, assim, a divulgação dos benefícios dos Jogos Sociais para o Estado e sobretudo para a sociedade - por um lado, no que respeita à proteção da ordem pública, do património das famílias e da prevenção do crime; e, por outro, do financiamento das políticas sociais, desde a Segurança Social, à promoção da Saúde e da Educação e ao apoio ao Desporto.


Maior eficiência na gestao dos Jogos Durante o ano de 2012, foram ainda preparadas e submetidas à Tutela propostas necessárias a uma exploração mais eficiente dos Jogos Sociais, nomeadamente as alterações ao Regulamento dos Mediadores dos Jogos Sociais do Estado. Este documento estabeleceu as condições de autorização e regras para o exercício da atividade de mediação com recurso ao sítio da Internet

www.jogossantacasa.pt, ao permitir aos apostadores realizarem as suas apostas nos jogos sociais num ambiente controlado e assistido, mantendo uma política de jogo socialmente responsável. Foram igualmente preparadas propostas para a revisão dos regulamentos dos Jogos Sociais do Estado, procurando-se uniformizar algumas regras.

Mais colaboraçAo internacional No contexto europeu, o Departamento de Jogos da SCML acompanhou atentamente os processos de decisão no âmbito da regulação do jogo a dinheiro. A reflexão surge, entre outros, na sequência da publicação das conclusões do Livro Verde da Comissão Europeia, bem como de diversos procedimentos do Parlamento Europeu, no sentido de garantir que é mantida nos diferentes Estados Membros a competência exclusiva de regular esta área reconhecidamente especial. A esse nível, foi não só assegurado o contencioso comunitário relativo à defesa do monopólio do Estado em matéria de jogos a dinheiro, mas também apoiados os trabalhos preparatórios do Estado Português no quadro da revisão da Diretiva “Branqueamento de Capitais” e da Diretiva “Concessões”. Na esfera comunitária, destaca-se ainda a “Comunicação da Comissão Europeia sobre o jogo em linha” e as iniciativas associa-

das, que o Departamento de Jogos tem acompanhado de perto. Participou, designadamente, no grupo de peritos constituídos pela Comissão Europeia e interveio nas reuniões de um grupo de reguladores europeus de jogo. O Departamento de Jogos manteve, igualmente, uma participação muito ativa nas organizações internacionais de que é membro: a WLA – World Lottery Association, EL – European Lotteries e CIBELAE – Corporación Iberoamericana de Loterías y Apuestas de Estado. Um representante dos Jogos Santa Casa foi, aliás, eleito para a Comissão Executiva da EL e para a Junta Diretiva da CIBELAE. A evolução legislativa e restantes instrumentos regulatórios a nível nacional foram também seguidos com atenção, em particular os trabalhos da Comissão Interministerial para o estudo do jogo online.

71


APOIOS 72

As cordas de um sonho A descoberta do violoncelo

t

“Todos os jovens têm sonhos, mas por vezes pensamos que não temos asas para voar. A Santa Casa deu-me as asas”, refere Adriana Ceia, de 26 anos, que em 2012 iniciou o mestrado em Música (Violoncelo), na Park University, nos Estados Unidos da América, uma instituição credenciada pela North Central Association of Colleges and Schools, e que goza de elevada reputação no ensino superior na área da música. A atribuição de uma bolsa a Adriana Ceia, no valor de 8.140 euros, foi definida a título excecional face ao mérito do seu percurso artístico e às dificuldades financeiras da família, tornando possível a aspiração da jovem violoncelista. Uma aposta na formação dos jovens talentos e na promoção da cultura nacional em que a instituição está empenhada. Atualmente, Adriana é a única portuguesa a estudar nesta universidade e foi também a primeira a erguer a bandeira nacional na “International Education Week”, que decorreu em novembro de 2012.

Foi só aos 16 anos que Adriana Ceia teve contacto com o violoncelo, quando acompanhou o pai, cantor, a um concerto na Guarda. “Quando ouvi o solo do violoncelo fiquei maravilhada, ganhei um novo estado de alma. No dia seguinte pedi aos meus pais para estudar música”, recorda. Iniciou a formação em 2002, na Escola Profissional de Artes da Beira Interior, passou pelo Conservatório Nacional de Lisboa e licenciou-se pela Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco. Em 2009, começou a dar aulas para ajudar os pais a assegurar os custos desta formação. Em Portugal, atuou com o “Quinteto Amália” e venceu o 2º e 3º prémios no “Concurso J. Haydn”, realizado no Conservatório Nacional de Lisboa. Foi também membro fundador do trio “Compassionatto Ensemble” (piano, flauta e violoncelo), com o qual realizou vários concertos dentro e fora do país. Bach, Brahms e Dvorak, entre muitos outros, ocupam agora as pautas da jovem nas horas de estudo na residência universitária onde vive e estuda, na Park University. Para o futuro, Adriana não esquecerá o compromisso assumido com a Santa Casa e irá promover ações de sensibilização e formação para a música, particularmente o violoncelo, em lares de crianças e jovens.


Patrocínio ao concerto de Fim de Ano da Orquestra Sinfónica Juvenil Com o apoio da SCML realizou-se, na Aula Magna, o tradicional Concerto de Fim de Ano da Orquestra Sinfónica Juvenil. Um patrocínio que tem como objetivo apoiar iniciativas culturais, apostando no talento musical dos jovens. A Orquestra Sinfónica Juvenil integra 80 jovens músicos, entre os 12 e os 23 anos, selecionados em audições anuais. Christopher Bochmann é o maestro titular da Orquestra que, nos últimos 11 anos, tem produzido os tradicionais “Concertos de Fim de Ano” dedicados à Ópera, aos quais a SCML tem estado associada.

Casa do Gaiato de Com “Salvador” pela Moçambique em excelência situaçAo de emergência em reabilitaçAão Em dezembro de 2012 a Santa Casa transferiu, com caráter de urgência, 50 mil euros para apoio à Casa do Gaiato de Moçambique, em Maputo, por forma a dar resposta imediata às dificuldades que a instituição atravessava e evitar o seu encerramento, com grave prejuízo para as centenas de crianças e jovens acompanhados. Desde 2009, a Casa do Gaiato perdeu a sua principal fonte de subsistência em face da escassez de água. Teve, por isso, de condicionar a atividade de aproveitamento da terra e da pequena indústria agropecuária, reduzindo as culturas de regadio de 150 para 5 hectares. A Casa do Gaiato de Moçambique teve origem na obra do Padre Américo, em 1967, e atua na área da educação e formação de crianças abandonadas ou em situação difícil. Dá apoio direto a 152 rapazes internos e a 54 externos (formação profissional) e apoio indireto a 653 crianças das comunidades estudantes, do pré-escolar ao 10º ano. Além dos dormitórios e das 13 salas de aula, dispõe de uma enfermaria e de oficinas de carpintaria, serralharia, sapataria, entre outras atividades.

A terceira série do programa “Salvador”, que esteve no ar de setembro a dezembro de 2012, na RTP1, contou com o apoio da Santa Casa. Na série, Salvador Mendes de Almeida desafia pessoas com deficiência motora para aventuras radicais, mostrando como é possível viver a vida a 100%, mesmo com mobilidade reduzida. Com este apoio, a Santa Casa procurou aprofundar a relação de partilha que tem vindo a desenvolver com a Associação Salvador, fomentando a integração de pessoas com deficiência motora e melhorando a sua qualidade de vida. Através do seu Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão, a Misericórdia de Lisboa promove um trabalho de vanguarda ao serviço da “Excelência em Reabilitação”. Entre muitas outras histórias de vida inspiradoras, no 14º e último programa “Salvador”, três utentes deste centro puderam concretizar os seus sonhos.

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1 ano DE RESULTADOS 74 Para continuar a dar resposta às necessidades crescentes da população e chegar a um número cada vez maior de pessoas, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) iniciou, em 2012, um novo ciclo, com a consolidação de uma estratégia de maior sustentabilidade, de maior exigência e rigor na execução financeira da instituição. Numa conjuntura socioeconómica difícil, a SCML encerrou o exercício económico com um resultado líquido positivo de 15,5 milhões de euros. Este resultado traduz uma efetiva melhoria de 19,7 milhões de euros em relação ao ano anterior, em que se registara um valor negativo (- 4,25 milhões de euros).

15,5 MILHOES DE EUROS de RESULTADO LÍQUIDO 15,5 ME

20 15 10 5

-4,25 ME

MILHÕES DE EUROS

RESULTA DO LÍQUIDO C ON SOL ID AD O

0 -5

2011

2012


receitas consolidadas Apesar do aumento nos resultados líquidos consolidados, houve redução dos juros e rendimentos similares provenientes da rentabilização das aplicações financeiras, na ordem dos 30% (de 19,8 milhões de euros para 13,8 milhões de euros). Uma diminuição que decorre dos limites máximos de remuneração dos depósitos a prazo fixados pelo Banco de Portugal. Os rendimentos provenientes dos Jogos Sociais representaram, no ano 2012, 75,2% da receita total da SCML, no valor de 160,6 milhões de euros. Entre os restantes elementos que compõem a receita, destaca-se o crescimento na área da Saúde e nas rendas de imóveis, para 20,6 milhões de euros e 3,2 milhões de euros. Representam aumentos de 3% e 12%, respetivamente.

SEM RENDIMENTOS PROVENIENTES DOS JOGOS MILHÕES DE EUROS

COMPOSIÇÃO DOS RENDIMENTOS

ANO 2011

AÇÃO SOCIAL

rendas de imóveis

ANO 2012

5,556

5,532

20,001

20,618

SERVIÇOS ESCOLARES

2,841

2,626

FINANCIAM. EXTERNO E PROTOCOLOS

2,358

2,016

RENDAS DE IMÓVEIS

2,855

3,210

JUROS, DIVIDENDOS E OUT. REND. SIMILARES

19,800

13,868

RESTANTES RENDIMENTOS

11,669

5,090

65,083

52,963

158,329

160,692

223,412

213,656

SAÚDE

3,2 20,6 MILHOES DE EUROS de MILHOES DE EUROS nas receitas na Saúde

COMPOSIÇÃO DOS RENDIMENTOS EM 2011 E 2012

SUBTOTAL OUTROS RENDIMENTOS

RENDIMENTOS PROVENIENTES DOS JOGOS

TOTAL

75 RENDIMENTO GLOBAL - 2012

DISTRIBUIÇÃO DOS “OUTROS” RENDIMENTOS (EXCLUINDO JOGOS SOCIAIS) RESTANTES RENDIMENTOS

10,4%

AÇÃO SOCIAL

24,8%

SAÚDE

9,6% OUTROS

75,2%

38,9%

26,2% JUROS, DIVIDENDOS E OUT. REND. SIMILARES

6,1%

SERVIÇOS ESCOLARES

5% 3,8%

JOGOS SANTA CA SA

RENDA S DE IMÓVEIS

FINANC. EXT. E REEMB. DE PROTOCOLOS

Investimentos estratégicos Em 2012, fez-se um conjunto de investimentos na melhoria das instalações associadas à atividade, na aquisição de equipamento informático e em tecnologias de informação. Salienta-se, em particular, a aquisição, obra e permuta de património de rendimento, na ordem dos 8,1 milhões de euros. Este valor inclui já o investimento de 2,4 milhões de euros na reabilitação urbana.

8,OBRA1 MILHOES DE EUROS PARA AQUISIÇAO, E PERMUTA DE PATRIMÓNIO

5,5 MILHÕES EQUIPAMENTOS E OUTROS ATIVOS

69% 31%

2,5 MILHÕES AQUISIÇÃO E OBRAS EM PROPRIEDADES DE INVESTIMENTO E EDIFÍCIOS AFETOS À ATIVIDADE


Jogos Santa Casa com resultados históricos Apesar do enquadramento socioeconómico adverso, as vendas brutas dos Jogos Sociais do Estado atingiram um máximo histórico de 1.729 milhões de euros, num crescimento de cerca de 5,3% relativamente a 2011.

1.729 ME

VENDA S BRUTA S / DE PA RTA ME NTO D E JOG OS 1.740

1.680 1.660

1.642 ME

1.700

1.729 MILHOES DE EUROS DE RECEITAS BRUTAS

1.640 1.600 1.580

+ 5,3% face a 2011 2011

2012

É uma melhoria assinalável, apesar de se terem reduzido os gastos com publicidade e propaganda em 34,5% em relação a 2011 (menos 8 milhões euros). Os resultados obtidos são reflexo das medidas de reorganização adotadas para este exercício.

15,5 ME

23,6 ME

GASTOS COM PUBLICIDADE / DEPARTAMENTOS DE JOGOS

MILHÕES DE EUROS

76

MILHÕES DE EUROS

1.720

25 20 15 10 5

-34,5% EM PUBLICIDADE

0

2011

2012


despesa contida Em 2012, foi feito um esforço de contenção na despesa, designadamente na rubrica de fornecimentos e serviços externos. Apesar do grande aumento das solicitações dirigidas à SCML e da abertura de novos equipamentos, registou-se um acréscimo de apenas 0,4% relativamente a 2011. Sinal visível dos tempos, o total dos subsídios e apoios financeiros atribuídos a pessoas e entidades em situação de carência cresceu 1,9 milhões de euros, com uma variação de 11% face ao ano anterior.

De notar que o exercício de 2011 foi negativamente afetado pelo reconhecimento de 15,5 milhões de euros de imparidades relativas a propriedades de investimento, nomeadamente o imóvel sito na avenida José Malhoa, adquirido em 2008, não se tendo verificado este impacto em 2012.

GA STOS POR N ATURE Z A 2011

95,865

48,4%

120 100

SUBSÍDIOS E APOIOS FINANCEIROS

17,561

7,7%

19,517

9,8%

GASTOS DEPREC. E AMORTIZAÇÃO

11,054

4,9%

11,406

5,8%

PERDAS POR IMPARIDADE

19,250

8,5%

549

0,3%

1,944

0,9%

3,430

1,7%

12,765

5,6%

11,889

6%

227,667

100%

198,194

100%

PROVISÕES DO PERÍODO OUTROS GASTOS E PERDAS

TOTAL GASTOS CONSOLIDADOS

80

77

60 40 20

OUTROS GASTOS E PERDAS

48,2%

PROVISÕES DO PERÍODO

109,755

28%

PERDAS POR IMPARIDADE

GASTOS COM PESSOAL

55,538

GASTOS DEPREC. E AMORTIZAÇÃO

24,3%

SUBSÍDIOS E APOIOS FINANCEIROS

55,339

PESO

GASTOS COM PESSOAL

FORN. E SERV. EXTERNOS

VALOR

FORN. E SERV. EXTERNOS

PESO

MILHÕES DE EUROS

MILHÕES DE EUROS

VALOR

2012

0

Globalmente, verifica-se um decréscimo na despesa, sobretudo na área da Ação Social, que representa 56,4% (111,7 milhões de euros) dos custos da SCML, e nos Hospitais que são propriedade da Santa Casa. À área da Saúde (que inclui 7 unidades de saúde e 2 hospitais) correspondem 23,5% dos gastos (46,6 milhões de euros).

G A STOS POR Á RE A FUN C ION A L 2011

120

2012

100

3,115

DEP. GESTÃO IMOBILIÁRIA E PATR.

24,185

9,338

OUTROS DEP., SERVIÇOS

37,525

27,425

227,667

198,194

TOTAL GASTOS POR ÁREA

MILHÕES DE EUROS

60 40 20

OUTROS DEP., SERV. E GASTOS COMUNS

3,353

ESSA

80

DGIP

46,599

ESSA

50,214

SAÚDE

SAÚDE

111,718

AÇÃO SOCIAL

112,389

MILHÕES DE EUROS

AÇÃO SOCIAL

0

GESTAO DE RECURSOS HUMANOS MAIS EFICAZ No final de 2012, a Santa Casa contava com 4.831 trabalhadores ao seu serviço. O acréscimo de 23 colaboradores (0,5%) relativamente ao ano anterior justifica-se pela abertura da nova Unidade de Saúde Maria José Nogueira Pinto. Neste universo, 3.094 trabalhadores (64,1%) estão afetos aquela que é a Missão desta casa: a Ação Social e a Saúde. A redução de 12,7% nos gastos com pessoal reflete o impacto das medidas constantes no Orçamento do Estado para 2012 – o corte de subsídios de férias e de Natal a funcionários públicos – e o impacto favorável de ganhos actuariais e financeiros referentes ao Fundo de Pensões.


ficha técnica Direção de Comunicação e Marketing (Coordenação) IMAGENS DE ARQUIVO SCML Agradecimentos especiais a todos os utentes que aceitaram dar o seu testemunho. edição E DESIGN LPM COMUNICAÇÃO 10.000 exemplares


CAU SA MAI OR r e l at贸 r i o d e at i v i da d es

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