EDIÇÃO ESPECIAL 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA // DIREÇÃO DE ARTE // PAGINAÇÃO

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SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA 1974-2014



Há 40 anos a promover a saúde respiratória dos portugueses A Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) assinala este ano o seu 40.º aniversário. A 17 de janeiro de 1974, a SPP foi fundada para promover e proteger a saúde respiratória dos portugueses, fomentando a educação e formação profissional através do estudo e divulgação de todos os assuntos relacionados com a patologia respiratória. Quatro décadas de existência dedicada a esta causa merecem ser celebradas.

Há 40 anos a SPP assumiu

produção hospitalar revelou

de conhecimentos entre a

um compromisso na defesa

que as doenças respiratórias

comunidade médica.

da saúde respiratória dos

constituem a quinta

Atualmente, a SPP conta

portugueses. A recente

principal causa médica de

com cerca de 1000 sócios

tendência para o aumento

internamento hospitalar.

inscritos, um pouco por todo

da prevalência das doenças

No que diz respeito à

o mundo, e tem tido uma

respiratórias em Portugal

mortalidade hospitalar, as

participação ativa nos mais

fundamenta a sua existência

doenças respiratórias ocupam

variados fóruns de debate a

e sublinha a sua importância

o primeiro lugar, à frente

nível nacional e internacional,

como entidade empenhada na

das doenças do aparelho

estando representada

luta contra estas patologias.

circulatório e das neoplasias.

em organizações como a

A seguir às doenças

Estes dados preocupantes

European Respiratory Society

cardiovasculares, as doenças

exigem uma nova forma de

(ERS) e a European Lung

respiratórias são já a segunda

encarar as políticas de saúde

Foundation (ELF).

causa de morte em Portugal,

e o funcionamento do próprio

Para assinalar o 40.º

colocando o nosso País em

sistema de diagnóstico e

aniversário da SPP, foi

terceiro lugar no ranking dos

apoio a doentes, impondo

organizada uma gala no dia 17

países com a maior taxa de

ao sistema de saúde uma

de janeiro, na Estufa Fria, em

mortalidade respiratória.

necessidade crescente de

homenagem a personalidades

As doenças respiratórias

cuidados respiratórios.

e instituições que se

crónicas atingem cerca

Ao longo destes 40 anos, a

destacaram na área da saúde.

de 40% da população

SPP tem tido como prioridade

Esta ação comemorativa

portuguesa, calculando-se

dar resposta às necessidades

constitui igualmente uma

uma prevalência de 10% para

dos doentes que sofrem de

oportunidade para dedicar

a asma, 25% para a rinite e

doenças respiratórias, quer

um justo tributo à RESPIRA,

14,2% para a doença pulmonar

através de ações de prevenção

a Associação Portuguesa

obstrutiva crónica (DPOC) em

e combate a estas doenças

para Pessoas com DPOC e

pessoas com mais de 40 anos.

junto da população, quer por

outras Doenças Respiratórias

Uma análise geral da

via da divulgação e partilha

Crónicas.


4 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

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Edição

40 Anos DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA é uma edição especial da News Farma. News Farma é uma marca da Coloquialform, Lda.

Estas empresas associam-se às comemorações do 40.º aniversário da Sociedade Portuguesa de Pneumologia


5 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Dr.DVSDVSDVSCV }


6 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

Sumário 07

Prof. Doutor Carlos Robalo Cordeiro

10 12

Prof.ª Doutora Cristina Bárbara

13 14

Prof.ª Doutora Maria João Marques Gomes

16 18

Dr. José Redondo

20

Dr.Eduardo Pinto Leite

21

Dr. Fernando Barata

22

Dr.ª Cecília Nunes, Dr.ª Adelina Amorim

“Profissionalizamos a Sociedade Portuguesa de Pneumologia” PNDR vai decorrer até 2016

Prof. Doutor J. Agostinho Marques

A SPP na sua fase de consolidação e crescimento

Memórias dos triénios 1998-2000 e 2001-2003 PROF. DOUTOR António Segorbe Luís

Uma sociedade dinâmica e eticamente responsável

40 anos a servir a saúde respiratória Prof. Doutor Venceslau Pinto Hespanhol

Iniciativas para fomentar o desenvolvimento científico

Um papel ativo na defesa da saúde respiratória dos portugueses

33 34 35 36 36 38 38 40

24

Dr.ª Bebiana Conde

24 26

Dr. Angel Orteu

44

Dr. Nelson Ambrogio, Dr.ª Isabel Fonseca Santos

46

30 32

eng.ª Sandra Marques

32

Dr.ª Maria Alcide Marques, Dr. Paulo Lopes

52

33

Dr.ª Sofia Neves, Dr.ª Susana Clemente

54

Grupo de Estudos de Bronquiectasias Não Fibrose Quística Grupo de interesse em Suporte Ventilatório a doentes neuromusculares Parabéns e votos de sucesso para o futuro

SPP, uma instituição com grande fôlego Quatro décadas de sucesso DR. FERNANDO PALMA MARTELO

Cirurgia Torácica Geral Uma especialidade em emancipação

47 48

Deficiência de AlfA-1 Antitripsina

Doenças do Interstício e Doenças Ocupacionais

Dr. João Cardoso DR.ª INÊS GONÇALVES

Fisiopatologia Respiratória e DPOC Dr. Filipe Froes

Infecciologia Respiratória Dr.ª Cristina Campos

SPP e Novartis Uma parceria com valor Dr.ª Paula Jesus

Pela promoção e proteção da saúde respiratória Dr. Richard Staats

Patologia Respiratória do Sono Dr. José Maria Benet

Parabéns SPP!

Dr.ª Cidália Rodri gues, DR.ª Vitória Martins, DR. João Munhá

novos conceitos, velhos desafios Reabilitação Respiratória

41 42 43

Escola de Pneumologia da Sociedade Portuguesa de Pneumologia

Dr.ª Paula Alves

Pneumologia Oncológica

Dr.ª Lígia Pires

Alergologia Respiratória Dr.ª Ana Figueiredo

formação, prevenção, legislação: Tabagismo Dr.ª Ana Oliveira, Dr.ª Gabriela Fernandes

Técnicas Endoscópicas

Eng.º João Almeida Lopes

SPP - há 40 anos a promover a saúde respiratória dos portugueses Dr.ª Aurora Carvalho DR.ª ANA ANTUNES

Tuberculose

Dr. José Manuel dos Reis Ferreira

Boletim Oxigénio

Dr. António Morais

Revista Portuguesa de Pneumologia Na encruzilhada de um longo caminho Prof. Doutor José Silva Cardoso

RSPC e SPP Parceria e cooperação na abordagem cardio-pulmonar A Direção da Respira

RESPIRA e SPP Sinergia e vontade de rabalhar em conjunto


7 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Prof. Doutor Carlos Robalo Cordeiro }

“Profissionalizámos a Sociedade Portuguesa de Pneumologia” en tre vis ta

Prof. Doutor Carlos Robalo Cordeiro presidente da SPP Licenciado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, em 1983, o Prof. Doutor Carlos Robalo Cordeiro é presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia desde 2010. O segundo mandato termina em 2015. Distinguido como Personalidade do Ano pela Fundação

Portuguesa do Pulmão, em 2011, é, entre outras funções, professor associado com agregação de Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, desde 2004 e pneumologista nos Hospitais Universitários de Coimbra.

“Melhorámos e desenvolvemos o que já estava implementado por outras direções, mas também criámos novas iniciativas e sobretudo profissionálizamos a Sociedade Portuguesa de Pneumologia”, afirmou em entrevista o Prof. Doutor Carlos Robalo Cordeiro. Antes de terminar o segundo mandato como presidente da SPP, vai continuar a acompanhar as atividades regulares baseadas na formação, na componente editorial e na internacionalização, entre as quais o 30.º Congresso Nacional, agendado para os dias 6, 7 e 8 de novembro, no Algarve.

News Farma – Quatro décadas de vida de uma instituição são assinaláveis. Qual o seu comentário acerca dos 40 anos da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) na qualidade de presidente? Prof. Doutor Carlos Robalo Cordeiro - É uma data importante, que assinalamos como sendo histórica. Completamos os 40 anos no mesmo ano em que o País também comemorou os 40 anos da democracia, pelo que fomos acompanhando a evolução democrática com o reforço da

democracia interna, contribuindo para a afirmação da Pneumologia portuguesa, tanto na sociedade científica, como na sociedade civil. Assinalámos oficialmente os 40 anos da SPP no dia exato do seu aniversário com o jantar comemorativo, no dia 17 de janeiro de 2014. Convidámos as pessoas que foram nucleares ao longo dos anos para o desenvolvimento da SPP e homenageámos todos os presidentes anteriores, bem como a associação de doentes que mais se têm distinguido na luta e defesa dos doentes respiratórios, a Respira.

“Assinalámos oficialmente os 40 anos da SPP no dia exato do seu aniversário com o jantar comemorativo”

NF - Estão previstas atividades especiais para assinalar este aniversário? CRC – Continuamos a organizar as nossas atividades regulares. Todos os projetos que desenvolvemos baseiam-se em três pilares: formação, componente editorial e internacionalização. NF – Poderia especificar o que está programado na área da formação? CRC – Pretendemos realizar todas as atividades formativas habituais e que a SPP vem desenvolvendo nos


8 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Prof. Doutor Carlos Robalo Cordeiro }

últimos anos. Este ano, a Escola de Pneumologia já organizou dois cursos, em janeiro sobre pneumonia e em maio sobre transplante do pulmão e já foi realizada uma ação dirigida aos internos de Pneumologia, no sentido de apoiar a sua preparação na avaliação final do internato. Estamos também a dar continuidade ao programa Rising Stars, destinado a promover a formação especializada para recémespecialistas ou jovens internos de Pneumologia com um certo perfil para investigação científica e com histórico de publicação em revistas internacionais indexadas. Vamos organizar o 30.º Congresso Nacional, que está agendado para os dias 6, 7 e 8 de novembro, no Algarve, sendo um dos dias dedicado a três cursos - ventiloterapia; doenças obstrutivas; investigação clínica. Queremos que seja um grande evento científico, também comemorativo dos 40 anos da Sociedade. E, aproveitando ser um congresso luso-brasileiro, vamos ter uma participação internacional muito forte, para além dos especialistas nacionais e de toda a comunidade respiratória portuguesa. Participamos igualmente nos congressos de outras sociedades com as quais temos protocolos, como a Sociedade Portuguesa de Cardiologia e a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar. NF - Estão previstos acordos com outras sociedades científicas? CRC – Temos também programado um protocolo com a Sociedade Portuguesa de Pediatria. Como existem muitas áreas transversais à Pneumologia e à Pediatria, faz sentido uma maior proximidade. Este acordo, tal como aconteceu com as outras sociedades, vai incidir sobretudo na área da formação dirigida aos profissionais de ambas as especialidades. NF - Qual a importância da multidisciplinariedade? CRC – É fundamental, porque o doente deve ser entendido como um todo e não apenas como um doente do foro respiratório ou do foro cardiológico, por exemplo. De facto, um indivíduo pode ter diversas doenças associadas e, como tal, há a necessidade de troca

de conhecimentos clínicos e científicos entre os diferentes profissionais, para aumentar a eficácia da abordagem, do acompanhamento e do tratamento dos nossos doentes. NF – Para além de editar a Revista Portuguesa de Pneumologia, o que é que a SPP está a preparar relativamente à componente editorial? CRC – Assinámos um protocolo com a Sociedade Espanhola de Pneumologia e com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, para que os sócios das três sociedades recebam por via eletrónica os sumários da Revista Portuguesa de Pneumologia, do órgão editorial da sociedade espanhola (Archivos de Bronconeumología) e do órgão da sociedade brasileira (Jornal Brasileiro de Pneumologia). Desta forma, será criada uma rede de proximidade científica entre profissionais de saúde com afinidades linguísticas e culturais. Por outro lado, vamos editar duas publicações extraordinárias, para serem distribuídas durante o Congresso, em novembro. A primeira consiste num pocket guide sobre cuidados respiratórios domiciliários, área fundamental à qual damos muita atenção crítica a diversos níveis, porque os doentes necessitam das melhores práticas e porque representa um volume económico importante. Será também uma forma diferente de abordar esta realidade, com informações sobre prescrição, indicações ou tipos de dispositivos existentes, destinado principalmente para os médicos de Medicina Geral e Familiar. Quanto à outra publicação, é uma monografia sobre terapêutica inalatória, que é também essencial, porque atualmente existem muitos tipos de inaladores para as doenças obstrutivas das vias aéreas, sendo importante que os médicos tenham o conhecimento exato da eficácia de cada um, relacionada com a indicação em determinado tipo de doentes, bem como da forma como se manipulam e qual o aconselhamento em relação a uma terapêutica inalatória. Estas serão duas edições impressas com interesse não apenas para a comunidade pneumológica, mas também, nomeadamente, para os médicos de Medicina Geral e Familiar,

“Vamos organizar o 30.º Congresso Nacional, que está agendado para os dias 6, 7 e 8 de novembro, no Algarve. Queremos que seja um grande evento científico, também comemorativo dos 40 anos da Sociedade”

Medicina Interna e Imunoalergologia, assim como para as associações de doentes e pessoas que sofram destas doenças. Por fim, vamos continuar a promover a edição regular bimensal da nossa newsletter eletrónica - Boletim Oxigénio - que vem dando corpo às novidades, divulgando e atualizando o conhecimento na nossa área, ao longo de todo o ano. Em relação à Revista Portuguesa de Pneumologia, em breve será apenas editada em língua inglesa, mantendo-se unicamente o título em português. NF - E o terceiro pilar de que falou diz respeito à internacionalização... CRC – Este ano, estão delineados dois projetos que saem um pouco do habitual. Em conjunto com a Sociedade Espanhola de Pneumologia e com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, assinámos um acordo com a Sociedade Europeia de Pneumologia (ERS), durante o congresso da congénere espanhola,


9 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Prof. Doutor Carlos Robalo Cordeiro }

Deixar um legado para o futuro com o GARE NF - Como se apresenta o Gabinete de Monitorização das Doenças Respiratórias (GARE)? CRC – O Gabinete de Monitorização da Doença Respiratória (GARE) tem a coordenação científica do Dr. Filipe Froes e a coordenação técnica do Dr. Wim Roosens. Apresenta-se como uma plataforma de dados pneumológicos, criada com o intuito de contribuir para o aumento do conhecimento da doença respiratória e deixar um legado para o futuro. É muito importante não apenas para a SPP, mas para toda a comunidade respiratória, para o Programa Nacional para as Doenças Respiratórias e em especial para os doentes. O GARE foi criado o ano passado e este ano já apresentámos alguns projetos.

que se realizou em junho. Este acordo trará benefícios para a comunidade pneumológica nacional: desde logo, os nossos sócios passarão a ser automaticamente sócios da ERS sem encargos adicionais, poderá iniciar-se a promoção de cursos em Língua Portuguesa no congresso da Sociedade Europeia, e passará a haver, obrigatoriamente, representação oficial e institucional desta entidade no nosso congresso e vice-versa. O acordo entra em vigor em 2015, sendo um passo muito importante para a nossa internacionalização, que sempre foi um dos nossos objetivos. NF – Qual a vantagem da internacionalização? CRC – Na realidade, permite à Pneumologia portuguesa se possa apresentar mais forte e participar mais ativamente em iniciativas científicas, fora de portas. Este acordo, por exemplo, possibilita a estimulação da participação nacional nas atividades científicas da ERS. Além disso, estas

iniciativas estimulam também a participação de pneumologistas portugueses e de sócios da SPP de outras especialidades nos diversos fóruns e grupos científicos da Sociedade Europeia, bem como nos congressos e seminários. NF - Como é que perspetiva o futuro da SPP de uma maneira geral? CRC – Julgo que com a SPP mais profissionalizada (secretariado mais eficaz e alargado, apoio de assessoria de imagem, imprensa e comunicação, contabilidade profissionalizada, assessoria jurídica fixa, Gabinete de Monitorização da Doença Respiratória-GARE), estão criadas as condições necessárias para um funcionamento mais eficaz. Com esta nova realidade, há condições para enfrentar os desafios do futuro, que são muitos, até porque a doença respiratória continua a aumentar, especialmente a DPOC, as pneumonias, o cancro do pulmão e a fibrose pulmonar.

NF - Poderia especificar os projetos em curso do GARE? CRC – Recentemente, apresentámos dois projetos muito importantes para desenvolver a curto prazo. Um deles começa no próximo mês de outubro e diz respeito à epidemiologia da DPOC, tentando perceber através

de uma metodologia validada internacionalmente qual o impacto e o peso real desta doença em Portugal. O outro projeto pretende acompanhar o panorama internacional, nomeadamente o que a Sociedade Europeia denominou COPD Audit, que pretende avaliar as boas práticas e a capacidade existente nos diversos países para tratar os doentes com DPOC, desde as capacidades hospitalares aos recursos humanos, à forma como os doentes são diagnosticados e acompanhados. Vai ser desenvolvido em 20 hospitais nacionais com uma recolha de dados entre 15 de janeiro e 15 de março de 2015, para que possam ser apresentados no congresso desse ano. NF - Estão perspetivados outros projetos? CRC – Temos alguns projetos em fase final de estruturação, direcionados para doenças como asma, sono, pneumonias e cancro do pulmão.

“Em conjunto com a Sociedade Espanhola de Pneumologia e com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, assinámos um acordo com a Sociedade Europeia de Pneumologia (ERS). Este acordo trará benefícios para a comunidade pneumológica nacional”


10 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Prof.ª Doutora Cristina Bárbara }

PNDR vai decorrer até 2016

O Prof.ª Doutora Cristina Bárbara Diretora do Programa Nacional para as Doenças Respiratórias, Diretora do Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar Lisboa Norte

Programa Nacional para as Doenças Respiratórias (PNDR), tal como todos os programas prioritários de saúde, arrancou no ano de 2012 com o horizonte temporal até 2016. É um programa prioritário porque as doenças respiratórias crónicas são consideradas um problema de saúde pública, constituindo a terceira principal causa de morte em todo o mundo e, em Portugal, a primeira causa de internamento hospitalar, sobrecarregando o Sistema Nacional de Saúde. A asma, a doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) e a síndrome de apneia do sono são as três principais patologias respiratórias crónicas sobre as quais o Programa incide. Com a implementação do PNDR, espera-se que os doentes respiratórios crónicos venham a ter um melhor tratamento, em conformidade com as Normas de Orientação Clínica (NOC) do Ministério da Saúde, maior acessibilidade aos cuidados de saúde e decorrente destas duas situações, que venham a atingir mais ganhos em saúde que se refletirão em menos perda laboral, menos internamentos, e mais qualidade de vida. Assim, além do maior conhecimento acerca da sua doença, as pessoas terão uma maior acessibilidade ao diagnóstico precoce e obviamente a um melhor tratamento. Com o PNDR vão ser realçados os fatores de risco relacionados com as doenças respiratórias crónicas, que não estão apenas associadas ao tabagismo, mas também à

qualidade do ar interior e exterior. A identificação desses fatores de risco irá permitir a diminuição da exposição aos mesmos, através da aplicação de determinadas medidas, com base num maior conhecimento. Em conjunto com outros programas, o PNDR vai igualmente promover os estilos de vida saudável, particularmente no que diz respeito à não exposição ao fumo do tabaco e ao exercício físico. As estratégias de implementação do programa ocorrerão, portanto, a três níveis, ou seja, o da prevenção primária, para evitar que a doença ocorra; o da prevenção secundária, relacionada com o diagnóstico; e, por último, o da prevenção terciária, correspondendo a uma maior acessibilidade a programas de reabilitação respiratória. Relativamente aos programas de reabilitação respiratória, trata-se de uma área com lacunas no que respeita à atual capacidade instalada, que é muito deficitária. A criação de locais onde os doentes possam fazer em segurança a reabilitação respiratória será, portanto, uma necessidade a ter em conta no futuro próximo. Outra área de abrangência do PNDR será a dos cuidados respiratórios domiciliários. Estes destinam-se a doentes que estão numa fase avançada de doença com necessidade de recurso a oxigenoterapia ou ventiloterapia domiciliárias. Também nesta área se pretende um melhor cumprimento das NOC, de modo a melhorar a sua efetividade, com os respetivos ganhos em saúde.

Com a implementação do PNDR, espera-se que os doentes respiratórios crónicos venham a ter um melhor tratamento, em conformidade com as Normas de Orientação Clínica do Ministério da Saúde


Seebri Breezhaler 44 microgramas pó para inalação, cápsulas (glicopirrónio) Este medicamento está sujeito a monitorização adicional. Isto irá permitir a rápida identificação de nova informação de segurança. Pede-se aos profissionais de saúde que notifiquem quaisquer suspeitas de reações adversas. Nota Importante: Antes de prescrever consulte o Resumo das Características do Medicamento APRESENTAÇÃO: Pó para inalação, cápsulas contendo brometo de glicopirrónio equivalente a 50 microgramas de glicopirrónio. INDICAÇÕES: Seebri Breezhaler é indicado como tratamento broncodilatador de manutenção, para alívio dos sintomas em doentes adultos com doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC). POSOLOGIA E MODO DE ADMINISTRAÇÃO Adultos: A dose recomendada é a inalação do conteúdo de uma cápsula de 50 microgramas uma vez por dia, usando o inalador Seebri Breezhaler. Crianças (< 18 anos): não deve ser usado em doentes com menos de 18 anos. Populações especiais de doentes: não é necessário ajuste de dose em doentes idosos ou em doentes com compromisso ligeiro a moderado da função renal. Modo de administração: As cápsulas de Seebri Breezhaler apenas devem ser administradas por via inalatória e apenas usando o inalador Seebri Breezhaler. As cápsulas não devem ser engolidas. Os doentes devem ser instruídos sobre como administrar o medicamento corretamente. CONTRAINDICAÇÕES: Hipersensibilidade à substância ativa ou a qualquer um dos outros excipientes. ADVERTÊNCIAS/PRECAUÇÕES: ♦ utilização aguda: não deve ser usado como terapêutica de recurso ♦ broncospasmo paradoxal: tal como outras terapêuticas inalatórias, a administração pode resultar em broncospasmo paradoxal que pode por em risco a vida. Se ocorrer broncospasmo paradoxal, Seebri Breezhaler deve ser descontinuado imediatamente e substituído por terapêutica alternativa♦ efeito anticolinérgico: deve ser usado com precaução em doentes com glaucoma de ângulo estreito ou com retenção urinária ♦ compromisso renal: deve apenas ser utilizado se o benefício esperado superar o risco potencial em doentes com compromisso renal grave incluindo os com doença renal terminal necessitando de diálise ♦ doença cardiovascular: deve ser usado com precaução em doentes com doença cardíaca isquémica instável, falência ventricular esquerda, história

de enfarte do miocárdio, arritmia (excluindo fibrilhação auricular estável crónica), história de síndrome de prolongamento do intervalo QT ou cujo QTc foi prolongado. GRAVIDEZ: apenas deve ser usado durante a gravidez se os benefícios esperados para o doente compensarem os potenciais riscos para o feto. ALEITAMENTO: apenas deve ser considerado se os benefícios esperados para a mulher compensarem qualquer potencial risco para a criança. FERTILIDADE: os estudos de reprodução e outros dados em animais não levantam preocupações no que respeita a fertilidade quer em machos quer em fêmeas INTERAÇÕES: ♦ a administração concomitante com outros medicamentos contendo anticolinérgicos não foi estudada e como tal não é recomendada. REAÇÕES ADVERSAS: ♦ Frequentes (≥1 a <10%): xerostomia, insónia, gastroenterite ♦ Pouco frequentes (≥0,1 a <1%): dispepsia, cáries dentárias, dor nas extremidades, dor torácica musculoesquelética, erupção cutânea, fadiga, astenia, sinusite, tosse produtiva, irritação da garganta, epistaxis, rinite, cistite, hiperglicemia, disúria, retenção urinária, fibrilhação auricular, palpitações, hipoestesia. ♦ Outras reações adversas: nasofaringite, dor musculoesquelética. ♦ Apenas em doentes idosos: cefaleias, infeção do trato urinário. TITULAR DA AUTORIZAÇÃO DE INTRODUÇÃO NO MERCADO Novartis Europharm Limited Wimblehurst Road Horsham West Sussex, RH12 5AB Reino Unido REPRESENTANTE LOCAL Novartis Farma – Produtos Farmacêuticos, S.A., Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, n.º 10E, Taguspark, 2740-255 Porto Salvo Escalão de comparticipação: B (69%; 84%) Medicamento sujeito a receita médica. Para mais informações deverá contactar o titular da AIM/representante local do titular da AIM. SEE_RCM201312_IEC_V05


12 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Prof. Doutor J. Agostinho Marques }

A SPP na sua fase de consolidação e crescimento

E Prof. Doutor J. Agostinho Marques Presidente da SPP, 1995-1997

m 1995, o mundo e sobretudo o País eram muito diferentes. A SPP vivia a sua fase de consolidação e crescimento, assim como a própria especialidade. Globalmente o País passou de uma atividade científica que se cifrava em 600--700 publicações internacionais por ano para valores que são de mais de dez vezes mais, ainda que a investigação clínica acompanhe atrasada esta evolução. Precedeu-me como presidente o Dr. Teles de Araújo no triénio 199395, mantendo-se com a direção na qualidade de presidente cessante. O Dr. Teles de Araújo era o construtor real da Sociedade desde a sua fundação e, em verdade, continuou nesse período a desempenhar o mesmo papel, discreto, contido e competente que se reconhece. Os mais novos veem-no hoje como era na Fundação Portuguesa do Pulmão. Em 1995 ainda estavam ativos quase todos os fundadores e primeiros presidentes (o Prof. Doutor Thomé Villar morrera precocemente). As atividades da direção tinham o escrutínio e o apoio dessas figuras, incontornáveis em todas as atividades. Nessa altura os pneumologistas conheciam-se entre si. Como os contratos tinham base pessoal, o trabalho científico permitiu criar fortes laços afetivos que perduraram toda a vida e terão contribuído para criar na Pneumologia o clima de bonomia que ainda hoje a marca. Esta atitude estendia-se a todo o País e à Galiza. Não estou certo do papel que possam ter tido as direções desse tempo mas agrada-me muito acreditar que tiveram algum porque acredito que a afabilidade de trato entre pneumologistas é uma marca da

especialidade que contribui para o seu sucesso geral. É muito difícil retratar um período da vida de uma organização coletiva do ponto de vista de quem a liderou. Facilmente escreveria o meu autoelogio alicerçado em iniciativas de significado incerto que o ato eleitoral seguinte desmentiria. Retenho na memória pessoas espantosas que se destacaram pela elegância de atitudes e pela elevação cultural. Terá havido outras, eventualmente, que não deixaram recordação. Como em todas as épocas, sucedemos a uma geração de notáveis e vimos aparecer depois uma geração melhor. Havia preocupações que marcaram o nosso trabalho: 1. A procura de financiamento para prémios e bolsas com vista à publicação científica no exterior. Tivemos dissabores com direções de indústria que não entendiam essa focagem. 2. Marcámos ativamente a agenda científica com temas à volta da asma, como forma de combater um certo desinteresse que se instalava, devido ao aparecimento de técnicas mais apelativas. A asma tinha sucedido às pneumonites de hipersensibilidade, então conhecidas como alveolites alérgicas extrínsecas no centro das atenções da Pneumologia. Na altura a asma já tinha sido objeto de teses de doutoramento e agregação no mundo académico da Pneumologia e precisava, como hoje, de investimento institucional ativo. 3. A intervenção política e mediática mais intensa era na tuberculose. Nesse período os números eram muito elevados, com incidências médias entre os 40 e 50 casos novos por 100.000 habitantes, muito acima de padrões europeus. A

Em 1995 ainda estavam ativos quase todos os fundadores e primeiros presidentes. As atividades da direção tinham o escrutínio e o apoio dessas figuras

organização de luta era burocrática, conduzida por gente muito bem-intencionada, mas alheada da comunidade científica. As sucessivas intervenções públicas da SPP produziam muito mal-estar no Ministério da Saúde, que gostava mais que se falasse dos casos de sucesso.

Factos desse tempo: > Aquisição da 1.ª sede da Sociedade; > Lançamento do programa Pneumobil; > Adoção do nome atual (antes Sociedade Portuguesa de Patologia Respiratória - SPPR).


13 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Prof.ª Doutora Maria João Marques Gomes }

Memórias dos triénios 1998-2000 e 2001-2003

R

elembrar a minha atividade como presidente da SPP é relembrar um período particularmente estimulante da minha vida profissional, pela intensa atividade desenvolvida, assim como pela oportunidade e o privilégio de trabalhar em prol da Pneumologia, com profissionais de grande qualidade e dedicação. Elegemos como objetivos estimular a atividade científica e de divulgação na área respiratória, incrementar as relações com sociedades científicas nacionais e internacionais e com as associações de doentes, colaborar com as entidades nacionais da área da saúde, atividades em que estimulámos a participação ativa das Comissões de Trabalho e restantes associados. Houve uma melhoria dos órgãos de divulgação da sociedade, nomeadamente da Revista Portuguesa de Pneumologia, que permitiu a sua indexação na PubMed (2002). Dinamizámos o Boletim da SPP e a homepage para divulgação de informações dirigidas aos sócios e informações gerais para o público. Lembramos a realização de textos de divulgação relacionados com a especialidade, tendo envolvido profissionais de todo o País, tais como a série 25 perguntas em Pneumologia, os cadernos Pneumologia. Casos Clínicos, as monografias Especialistas falam-lhe sobre Asma, e Fotografia endoscópica em Pneumologia, o Livro Branco da Pneumologia em Portugal, o Tratado de Pneumologia, entre outros. Aqui uma referência muito especial ao Dr. Renato Sotto-

Mayor, cujo empenho e dedicação à atividade editorial da SPP é por todos nós reconhecida. Colaborámos com a Direção-Geral da Saúde (DGS) na elaboração do Plano Nacional de Controlo da Asma e lançámos as bases para a criação do Programa Nacional na área da DPOC. Saliento a colaboração com outras sociedades científicas nacionais (SPCCV, SPAIC, SPC), e internacionais, com especial relevo para as Sociedades Europeias (ERS), Espanholas (SEPAR, NEUMOSUR e SOGAPAR), Brasileiras (SBPT e SOPTERJ), Francesa (SPLF) e a Union Méditerranéènne de Pathologie Thoracique (UMPT). Relembro o acordo estabelecido com a SBPT para incrementar atividades científicas conjuntas, nomeadamente na realização de reuniões científicas conjuntas e colaboração das Revista Portuguesa de Pneumologia e do Jornal Brasileiro de Pneumologia, a organização do I Congresso Luso-Brasileiro que se realizou em Gramado, Rio Grande do Sul em 2000, e se realiza deste então cada dois anos alternadamente nos dois países e a colaboração na organização das I e II Jornadas Luso-Brasileiras do Rio de Janeiro. Criámos bolsas de estudo e de investigação e prémios para além dos já existentes. Promovemos a educação da população no que diz respeito às doenças do aparelho respiratório, mediante ações junto dos meios de comunicação e da população. Apoiámos e patrocinámos as associações de doentes respiratórios, nomeadamente a Associação Nacional de Tuberculose e Doenças Respiratórias (ANTDR), a Associação

dos Asmáticos Portugueses (APA), a Associação dos Insuficientes Respiratórios Crónicos (AIRC), etc.. Nesse âmbito, fui nomeada para o grupo de trabalho conjunto com a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica para participar no Programa Global Initiative for Asthma. Este programa é da iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do National Institute for Blood, Heart and Lung Diseases. Porque a vida de uma sociedade deve ser também um local de convívio e cultura, realizámos um almoço comemorativo dos 25 anos da SPP que reuniu sócios de todas as gerações e permitiu um agradável momento de convívio. E porque muitos sócios desenvolvem paralelamente atividades literárias e artísticas publicámos o livro Respirartes que reuniu alguns dos seus trabalhos, revelando facetas em regra desconhecidas de diversos sócios. Não quero deixar de recordar a constituição dos Órgãos Sociais da SPP. Constituíam esta direção os Profs. Doutores Teresa Magalhães Godinho e Segorbe Luís e o Dr. Ramalho de Almeida (vicepresidentes), Professor Doutor J. Agostinho Marques (presidente passado), Dr. Renato Sotto-Mayor (secretário-geral), Dr.ª Elena Raymundo (secretária-adjunta) e Dr. João Roque Dias (tesoureiro). Os Drs. Jorge Pires, Maria João Valente e Mariano Machado constituíam a Assembleia-Geral e do Conselho Fiscal faziam parte os Professores Doutores Carlos Robalo Cordeiro e José Alves e o Dr. Abel Afonso. Durante estes dois triénios foram indispensáveis ao trabalho desenvolvido e todos fazem parte da minha memória.

Prof.ª Doutora Maria João Marques Gomes Presidente da SPP, 1998-2000 e 2001-2003

Criámos bolsas de estudo e de investigação e prémios para além dos já existentes


14 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Prof. doutor antónio Segorbe Luís }

Uma Sociedade dinâmica e eticamente responsável

T Prof. doutor António Segorbe Luís Presidente da SPP, 2004-2006 e 2007-2009

omei posse, como presidente da SPP, em 17 de janeiro de 2004, com a legitimidade conferida por votação na Assembleia-Geral do XIX Congresso da SPP, no Funchal. Sucedi no cargo à Prof.ª Doutora Maria João Marques Gomes, depois ter sido seu vice-presidente durante dois mandatos, e ter pertencido antes, com as mesmas funções, ao elenco diretivo presidido pelo Prof. Doutor Agostinho Marques. Candidatei-me, em 2003, com uma equipa que, como era habitual, reunia elementos de várias regiões do País. A saber: Prof.ª Doutora Lina de Carvalho (vice-presidente), Dr. Renato Sotto Mayor (vice-presidente), Prof. Doutor Henrique Queiroga (vice-presidente); Dr. José Rosal Gonçalves (secretário-geral), Dr. José Miguel Carvalho (secretário-adjunto) e Dr. Jorge Roldão Vieira (tesoureiro). A Assembleia-Geral era presidida pelo Prof. Doutor A.A. Bugalho de Almeida, assessorado pelo Dr. Dias Pereira e pela Prof.ª Doutora Cristina Bárbara; o Conselho Fiscal era integrado pelo Dr. Jorge Pires, que presidia, e pelos Drs. Júlio Pereira Gomes e Ulisses Brito. Conhecedor do que era a SPP, tinha pela frente uma responsabilidade acrescida: a de, por um lado, suceder a uma muito boa presidência; por outro, a de dar resposta, em espírito agregador e organização, a um universo de sócios inevitavelmente dividido, consideradas as três listas que, à data, foram candidatas na eleição para os Órgãos Sociais da SPP. Considero que foram iniciativas major da direção a que presidi

nos mandatos de 2004-2006 e 2007-2009: - a conceção e dinamização da Escola de Pneumologia, a qual veio a ter um desenvolvimento modelar, com cerca de onze cursos realizados até 2009; - a criação da biblioteca digital na homepage da SPP, com a possibilidade de consulta direta de um vasto leque de revistas médicas, de Medicina Interna e da especialidade, e a de solicitação de pesquisas bibliográficas e de artigos via web. A Dr.ª Helena Donato foi, desde o início, gestora da biblioteca da SPP, aliás, com um desempenho notável, reconhecido pelos sócios; - a aquisição e conceção da nova sede da SPP, com auditório, numa zona prime de Lisboa; - a atividade editorial, em que pontuava o Dr. Renato Sotto-Mayor, com as edições bilingues da Revista Portuguesa de Pneumologia e a desejada atribuição de Fator de Impacto. Refira-se a publicação de diversas monografias e a edição dos três volumes do Atlas de Pneumologia (patrocínio GSK). Sublinhe-se que o Atlas de Pneumologia foi uma iniciativa que gerou uma obra notável, fruto da colaboração e esforço de muitos autores. É certo que na sua forma impressa foi uma edição onerosa e que veio apenas a ser apresentada na véspera da tomada de posse da nova direção. Infelizmente veio a ter divulgação limitada, apesar do reconhecimento do seu valor, até internacionalmente. Voltando às iniciativas da direção da SPP e que tiveram relevância, apontem-se ainda: - a participação da SPP no Forum of European Respiratory Societies, da ERS;

Nesses anos, a SPP assegurou uma participação ativa nos Dias Mundiais da Tuberculose, da Asma, da DPOC e do Não Fumador

- o Fórum do Interno, concebido para ser palco de reflexão sobre temas de âmbito profissional, relevantes para a formação dos que escolheram a Pneumologia como carreira; - os Cursos de Pós-Graduação, précongresso, ministrados por experts do American College of Chest Physicians (ACCP); - o aprofundamento das relações com a SEPAR, incluindo a de permuta de apresentação de comunicações orais/posters por bolseiros portugueses e espanhóis, em congressos anuais, ao abrigo de um protocolo assinado entre as duas sociedades ibéricas e patrocinado pelos Laboratórios Vitória/Faes. Desenvolveram-se paralelamente as relações da SPP com sociedades espanholas com proximidade geográfica, caso da Neumosur,


15 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Prof. doutor antónio Segorbe Luís }

SOGAPAR e Sociedade Extremeña, sem prejuízo das relações antes existentes com núcleos regionais de Serviços portugueses (caso das Jornadas Galaico-Durienses); - a co-organização de três Congressos Luso-Brasileiros, intercâmbio iniciado pela direção da Prof.ª Doutora Maria João Marques Gomes, e que nos seis anos subsequentes foi regularmente realizado; - a integração da SPP na ALAT. Destaque-se, por fim, a colaboração com a DGS, quer em programas de formação junto da Medicina Familiar, quer na coordenação de programas de prevenção e controlo da DPOC e asma, quer ainda em relação a cuidados respiratórios domiciliários e a programas de âmbito nacional, como o da tuberculose. Nesses anos, a SPP assegurou uma participação ativa nos Dias Mundiais da Tuberculose, da Asma, da DPOC e do Não Fumador. Iniciou-se, com a coordenação da Comissão de Trabalho de Oncologia Pneumológica, o processo de registo online de patologia tumoral. Sublinhe-se que as Comissões de Trabalho da SPP tiveram naqueles seis anos alguns coordenadores notáveis, os quais contribuíram em muito para a boa imagem com que a nossa Sociedade se firmava no meio médico português. Quando passámos o testemunho à atual direção, a SPP aproximavase dos 1000 sócios e vivia uma confortável situação financeira. Só o esforço conjunto dos elementos da direção e o de muitos colegas que connosco estiveram é que se tornaram possíveis o servir e o dever cumprido, e o legado de uma Sociedade dinâmica e eticamente responsável.

1

Elementos dos corpos sociais da SPP (2007, sede da SPP, após tomada de posse para o 2.º mandato) Sentados: Segorbe Luís, A.A. Bugalho Almeida, Cristina Bárabara. Em pé: J.M. Carvalho, J. Rosal Gonçalves, H. Queiroga, R. Sotto Mayor, L. Carvalho e J. Gomes. Dos órgãos sociais, não estavam presentes os Drs. Roldão Vieira, Jorge Pires, Ulisses Brito e Dias Pereira

2

Mesa da Sessão de Abertura do XXIV Congresso da SPP - Porto, 2008 Além da Comissão Organizadora do Congresso (Segorbe Luís, Henrique Queiroga e Rosal Gonçalves), figuram os presidentes da ERS, SEPAR, SBTP, SPAIC, e o past-president do ACCP


16 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Dr. José Redondo }

40 anos a servir a saúde respiratória

Dr. José Redondo Diretor-Geral BIAL Portugal

U

m aniversário é um bom motivo de celebração e de felicitações. Não podemos, por isso, deixar de nos associar ao 40.º aniversário da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) e, nesta data, evidenciar todo o trabalho que tem desenvolvido ao nível da promoção, informação e proteção da saúde respiratória. Junto dos doentes, dos profissionais, dos decisores e das instituições de saúde, a SPP tem assumido um papel extremamente ativo, ao nível da formação, investigação e sensibilização. Tem sido também de grande relevância a sua ação de intervenção social e política com o objetivo de promover uma melhor saúde respiratória. De acordo com o Observatório Nacional das Doenças Respiratórias (ONDR), em Portugal, a mortalidade associada à asma, DPOC e ao cancro do pulmão aumentou 16% em 2012 relativamente ao ano de 2011. As

doenças crónicas das vias aéreas são responsáveis por 2,9% da totalidade de óbitos no nosso País, sendo superior aos 2,7% da média europeia. Estes são dados muito preocupantes e que traduzem a urgência do trabalho que temos desenvolvido em prol dos doentes respiratórios. Procuramos estar presentes em todas as iniciativas e ações que visam beneficiar a saúde respiratória. Realçamos, naturalmente, a nossa presença na generalidade dos eventos da SPP, nomeadamente no congresso anual que promove e nas organizações dos serviços de Pneumologia das diversas instituições de saúde. Salientamos também o apoio em exclusividade, desde 2008, à Escola de Pneumologia. Um outro exemplo, é o nosso site www.paraquenaolhefalteoar.com, um espaço online de aconselhamento, esclarecimento e partilha de informação sobre asma e DPOC para profissionais de saúde e público em geral, do qual a SPP é também parceira. Para além dos projetos em que apoiamos a SPP de uma forma continuada, estamos neste momento a avaliar uma nova iniciativa conjunta, concretamente um estudo epidemiológico sobre DPOC. Acreditamos que é crucial um maior conhecimento dos números reais e indicadores da prevalência da DPOC para que possamos em conjunto – sociedades, indústria farmacêutica, instituições de saúde, decisores, associações de doentes, etc… – combater esta patologia e melhor ajudar os doentes. No nosso portfolio de produtos, comercializamos já há largos anos vários medicamentos da área respiratória, nomeadamente uma associação de um broncodilatador

Tanto BIAL, como a SPP, têm trilhado esse caminho com o objetivo de podermos melhorar os números ainda dramáticos das doenças respiratórias

e um corticoide com indicações na asma e DPOC. Comercializamos também um anti-histamínico, outros medicamentos para infeções respiratórias (antibióticos) e uma linha de vacinas antialérgicas. Conjuntamente com a asma, a doença do foro alérgico constitui a doença crónica de maior prevalência a nível mundial. Estima-se que 150 milhões de pessoas na Europa sofram de doenças alérgicas, perspetivando-se que a prevalência destas patologias continue a aumentar. O nosso compromisso com a área respiratória traduz-se também no reforço das nossas operações na imunoterapia alérgica, centralizadas nas nossas instalações em Espanha. A unidade de produção e de I&D que temos em Bilbau tem como base processos de biotecnologia e possibilita a investigação e produção de vacinas antialérgicas personalizadas, autovacinas e diagnósticos in vivo e in vitro para alergias. No âmbito da nossa estratégia de I&D concentrámos a nossa atividade nos últimos anos na área do sistema nervoso central (epilepsia e Parkinson), mas estamos com novos projetos na área da inflamação, incluindo na inflamação respiratória. Este é um projeto que está ainda em fase pré-clínica, mas está previsto desenvolver os ensaios clínicos nos próximos anos. Servir a saúde das pessoas é um caminho contínuo. Tanto BIAL, como a SPP, têm trilhado esse caminho com o objetivo de melhorar os números ainda dramáticos das doenças respiratórias. À SPP os nossos parabéns por estes 40 anos e votos de muitos mais anos a promover a saúde respiratória dos portugueses.



18 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Prof. Doutor Venceslau Pinto Hespanhol }

Iniciativas para fomentar o desenvolvimento científico

Prof. Doutor Venceslau Pinto Hespanhol Professor Associado com Agregação, Convidado da Faculdade de Medicina do Porto, Chefe de Serviço Hospitalar Pneumologia

D

esde a sua fundação a 17 de janeiro de 1974, a SPP (então Sociedade Portuguesa de Patologia Respiratória), sempre baseou as suas atividades no sentido de fomentar o desenvolvimento científico. Múltiplas iniciativas foram promovidas com essa finalidade, nomeadamente encontros científicos regulares de forma a criar fóruns de discussão e estimular os conhecimentos científicos dirigidos às doenças respiratórias. O primeiro prémio a ser criado foi o Prémio Boehringer Ingelheim, logo em

1977, e tinha como finalidade distinguir os melhores trabalhos científicos em cada ano. Posteriormente, em 1980, este prémio adquiriu o nome Prémio Thomé Villar/ Boehringer Ingelheim que posteriormente se dividiu em duas secções – a secção A premiando o melhor trabalho publicado em cada ano e a secção B premiando a melhor comunicação oral. Progressivamente foram criados mais prémios e bolsas à medida que as iniciativas da SPP foram consideradas relevantes e tiveram o acolhimento dos seus sócios e patrocinadores. Atualmente, a SPP atribui, todos os anos, dois Prémios Thomé Villar/ /Boehringer Ingelheim (BI) patrocinado pela BI. O valor dos Prémios pode ser alterado segundo acordo entre a SPP e a Boehringer Ingelheim. O Prémio A é atribuído a um trabalho original e inédito de Investigação Pneumológica entregue na sede da Sociedade e o Prémio B é atribuído à melhor comunicação ou poster na área da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, apresentado no Congresso da SPP realizado no ano a que o prémio diz respeito. Para além destes prémios, a SPP e os Laboratórios Vitória, com a finalidade de reconhecer o valor de trabalhos, comunicação oral ou poster, apresentados por internos de Pneumologia em reuniões internacionais, acordaram atribuir um prémio ao melhor trabalho aceite e apresentado no Congresso Anual da European Respiratory Society. O Prémio SPP/Pfizer tem como finalidade financiar trabalhos de investigação na área das doenças respiratórias que sejam publicadas no ano anterior ao da atribuição do Prémio em revistas internacionais indexadas.

Os projetos distinguidos estão em curso e por certo constituirão marcos importantes nas áreas do saber onde essas investigações se desenvolvem

O Prémio SPP SPP/SEPAR/Vitória Faes Pharma é atribuído às sete melhores comunicações ou posters apresentados nos congressos da SPP e da SEPAR. O Prémio Robalo Cordeiro SPP/GSK está exclusivamente reservado a membros da SPP ou de outros países de língua oficial portuguesa, médicos e/ou investigadores, individualmente ou em grupo, que se dediquem à investigação no âmbito do tema “Pulmão Profundo – do Ambiente à Genética”. Pela primeira vez este ano, o 1.º Prémio Praxair-SPP 2014 tem o objetivo de

contribuir para a dinamização da investigação e de projetos na área dos Cuidados Respiratórios Domiciliários em Portugal. Quanto às bolsas de investigação, a Bolsa Novartis 2013 tem como finalidade financiar estágios em instituições portuguesas ou estrangeiras com vista à aquisição ou aperfeiçoamento de conhecimentos na área das doenças respiratórias e/ /ou projetos de investigação na mesma área. Para além disso, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia, com o apoio da AstraZeneca, instituiu uma Bolsa destinada a galardoar a melhor descrição de um caso clínico na área das Doenças Obstrutivas Respiratórias (nas quais se incluem a Asma e a DPOC), com a designação de Bolsa Jovens Especialistas de Pneumologia SPP-AstraZeneca. Por fim, a direção da SPP constituiu um Fundo de apoio à Formação, Inovação e Investigação em Pneumologia. Este fundo destinase a financiar, nomeadamente, estágios de formação no país ou no estrangeiro, projetos de investigação científica, programas para instalação e desenvolvimento de técnicas inovadoras, entre outros projetos, da iniciativa de pneumologistas em formação ou especialistas, que sejam sócios da SPP. As bolsas à investigação foram lançadas ainda há poucos anos. Os projetos distinguidos estão em curso e por certo constituirão marcos importantes nas áreas do saber onde essas investigações se desenvolvem. Todas as áreas da Pneumologia têm sido consideradas pois, fundamentalmente, o que se procura com estas iniciativas é estimular a criação e execução de projetos de excelência.



20 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Dr. Eduardo Pinto Leite }

Dr. Eduardo Pinto Leite Diretor-Geral da GlaxoSmithKline (GSK) Portugal

Curiosamente, estas quatro décadas de intenso trabalho da SPP coincidem com o percurso da GSK na área das patologias respiratórias

qualidade de vida dos doentes. Dentro da área respiratória, temos neste momento, em pipeline, algumas das soluções mais promissoras para o tratamento da asma ou da DPOC (doença pulmonar obstrutiva crónica), duas áreas que, no fundo, correspondem ao core business da companhia. É incontestável a pedagogia e a formação que a SPP fomentou na área respiratória, bem como a representação informada e contributiva no âmbito da discussão científica, nacional e internacional. Os portugueses, e sobretudo aqueles que padecem de alguma doença respiratória, devem muito à SPP, uma Sociedade Científica que manteve, desde a sua fundação, um papel ativo na defesa e promoção da saúde respiratória. Futuramente, continuaremos a esperar que a SPP mantenha o mesmo nível de rigor e uma fasquia elevada na divulgação, recomendação e promoção de atividades na área respiratória, também nos próximos 40 anos. Devido a este trabalho de excelência, não podemos deixar de reforçar o enorme prazer que temos tido no acompanhamento do percurso da SPP, algo que exortamos e que muito nos congratula. Em nome pessoal e institucional reitero os votos de muitos anos em prol da saúde respiratória dos portugueses, felicitando todos os membros que, ao longo destes 40 anos, fizeram e ainda fazem a história da SPP.

PRT/RESP/0008/14

C

omo responsável da GSK Portugal, é com enorme prazer que felicito a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) pelos seus 40 anos de existência. Fundada em janeiro de 1974, com o objetivo de promover e zelar pela saúde respiratória dos portugueses, esta Sociedade Científica, que conta com cerca de 1000 inscritos, procurou, desde os primórdios, estimular a educação e formação profissional dos especialistas que se dedicam a esta área terapêutica. Curiosamente, estas quatro décadas de intenso trabalho da SPP coincidem com o percurso da GSK na área das patologias respiratórias. Desde 1969, estamos na linha da frente da ciência aplicada às doenças respiratórias. Aliás, há 45 anos, lançamos um produto nesta área que, rapidamente, se transformou numa referência no tratamento da asma. Desde essa altura, temos sido pioneiros no lançamento de outros produtos para a asma e para a DPOC. A GSK é uma companhia focada na procura de soluções terapêuticas centradas no doente e na melhoria da sua qualidade de vida. Por esta razão, a companhia tem orientado a sua estratégia no desenvolvimento de novas moléculas que, em primeira instância, procuram melhorar a

. Validade: 25/07/2015

Um papel ativo na defesa da saúde respiratória dos portugueses


21 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Dr. Fernando Barata }

Escola de Pneumologia da Sociedade Portuguesa de Pneumologia

E

nquadrado nos 40 anos da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), uma especial referência à Escola de Pneumologia (EP). No sítio da SPP podemos encontrar os objetivos da EP - a formação continuada e o aperfeiçoamento profissional. A EP como estrutura orgânica vai procurar desenvolver iniciativas de formação e atualização pós-graduada na natural área da saúde respiratória. A EP da SPP procurará dinamizar a aprendizagem em áreas cognitivas e promover a aquisição de capacidades e competências técnicas, com a finalidade de melhorar o exercício profissional e a qualidade de prestação de cuidados na área respiratória. A EP da SPP procurará fomentar a troca de informações com profissionais de outras áreas de conhecimento, na perspetiva de uma prática multidisciplinar, como parte essencial do desenvolvimento pessoal e coletivo. A EP da SPP não deixará de colocar especial atenção na educação continuada relativamente ao estado da arte de novas tecnologias no meio científico nacional e internacional. A EP da SPP procurará promover o intercâmbio de conhecimentos com profissionais e associações de outros países, privilegiando os de língua oficial portuguesa. De 2005 a 2014, a EP foi e é um evento de sucesso. Habitualmente

Realizaram-se durante estes dez anos dezanove cursos versando todas as áreas da Pneumologia

realizadas na primavera e outono, nela participaram ao longo destes anos praticamente todos os pneumologistas nacionais, quer como formandos ou formadores. Realizaram-se durante estes dez anos dezanove cursos versando todas as áreas da Pneumologia. Patologias de elevada prevalência a patologias com menor expressão, cursos de forte componente teórica a cursos de elevada componente prática, áreas afins à especialidade mas fundamental para o seu bom

desempenho, tudo foi abordado em sucessivas EP. Na sua programação, a EP da SPP esteve atenta às necessidades formativas expressas por sócios. Procurámos responder às múltiplas necessidades educacionais expressas pelas várias Comissões de Trabalho existentes no seio da SPP. A EP da SPP percorreu todo o País, do norte ao sul e ilhas, do litoral ao interior. Na EP foram englobados cursos, conferências, seminários e workshops; apresentação e discussão de documentos científicos selecionados; divulgação do mais recente saber sobre as várias áreas do conhecimento respiratório. Mas a EP não vai parar. Renovar e atualizar saber em fortes temas da Pneumologia como DPOC, asma ou cancro do pulmão. Inovar e divulgar novas temáticas como transplante, terapêuticas biológicas ou patologias raras. Enriquecer e partilhar conhecimento em Imagiologia, reabilitação ou novas formas de intervenção estão entre os temas a abordar em próximas EP. Uma mais forte componente prática e a divulgação do saber pelos novos instrumentos de intercomunicação. Temas em áreas como estatística, investigação básica, ensaios clínicos, elaboração e divulgação de dados são outros objetivos para as EP dos próximos anos. Queremos que os próximos dez anos continuem a ser anos com Escola de Pneumologia rumo ao 50.º aniversário da SPP.

Dr. Fernando Barata Vice-Presidente da SPP


22 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Dr.ª Cecília Nunes // Dr.ª Adelina Amorim }

Grupo de Estudos de Bronquiectasias Não Fibrose Quística

O Dr.ª Cecília Nunes Dr.ª Adelina Amorim Coordenadoras do Grupo de Estudos de Bronquiectasias Não Fibrose Quística

Núcleo de Estudos de Bronquiectasias Não Fibrose Quística (NEB) foi oficializado como grupo adstrito à Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), em Setembro de 2010, embora o projeto tenha sido iniciado em junho de 2007. A necessidade da criação deste grupo prende-se com o facto de até há poucos anos não existirem dados recentes na literatura sobre esta patologia, tanto no que respeita a etiologia, bacteriologia, evolução da doença e, sobretudo, terapêutica. A abordagem baseava-se nas normas seguidas nos doentes com fibrose quística. Neste contexto, reuniu-se um grupo de pessoas interessadas nesta patologia - pneumologistas, imunologistas, radiologistas entre outros - que trabalham com doentes com Bronquiectasias Não Fibrose Quística (BQNFQ) e que pertencem a vários hospitais de todo o País. Um dos principais objetivos do Núcleo foi criar um Registo Nacional de BQNFQ, ou seja, uma base de dados nacional, onde todos os doentes com este diagnóstico são incluídos. Espera-se que este registo possa contribuir para um maior conhecimento da importância da doença no nosso País, as etiologias e sua evolução, oferecendo suporte, tanto técnico como informativo, a todas as pessoas que trabalham nesta área.

Um dos principais objetivos do Núcleo foi criar um Registo Nacional de BQNFQ, ou seja, uma base de dados nacional, onde todos os doentes com este diagnóstico são incluídos

É evidente que este foi um processo moroso, mas conseguimos avançar com o registo, que foi apresentado na última reunião anual do Núcleo (maio de 2014). Para além disso, este grupo de estudos tem ainda como objetivos, uniformizar todos os métodos de diagnóstico, seguimento e

tratamento destes doentes com a criação de normas suportadas na evidência, isto é, guidelines para a abordagem da doença a nível nacional; desenvolver estudos em colaboração com vários grupos de interesse, no sentido de uma efetiva atualização de conhecimentos em relação às BQNFQ. Em termos de atividades, organizamos anualmente uma Reunião dedicada ao tema, na qual são apresentadas as atualizações na área, resultados de investigações, e onde são discutidas casos clínicos de difícil resolução. Estas reuniões têm registado uma afluência crescente de ano para ano, contando com a presença de vários especialistas, inclusive estrangeiros. Temos também tido o cuidado na atualização das informações sobre a patologia no site da SPP, bem como na publicação e divulgação dos artigos científicos sobre BQNFQ, de acesso livre a todos os associados. Em termos de estudos, estão em curso vários contactos com grupos de estudo para a realização de ensaios clínicos. Em relação a estudos atuais do nosso grupo, aguardamos a implementação do registo de dados para podermos avançar com estudos sobre o panorama nacional na área das BQNFQ. Após estes quatro anos de existência oficial do grupo de estudos, fazemos um balanço positivo, estando a conseguir cumprir os objetivos a que nos tínhamos proposto.


Este é o

Esta é a

Olivia

Jorge Diagnosticado com DPOC há 6 meses FEV1 54% do previsto Uma exacerbação e um tratamento com corticoterapia oral Agora está em tratamento com SABA e a tentar deixar de fumar Outras patologias: dislipidemia e refluxo gastroesofágico (DRGE)

Doente não controlada, apesar do tratamento com ICS em monoterapia e SABA ‘conforme necessário’ Mãe muito ocupada, com emprego estável e que admite que a adesão à terapêutica falha

Preciso de ser capaz de continuar a fazer as minhas tarefas Para mim é importante que o tratamento seja fácil de cumprir

Porque simplesmente não tenho espaço para a Asma Eu gostava de ter um tratamento fácil, que se adeque ao meu estilo de vida

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24 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Dr.ª Bebiana Conde // DR. ANGEL ORTEU }

Grupo de Interesse em Suporte Ventilatório a Doentes Neuromusculares

O Dr.ª Bebiana Conde Assistente Hospitalar de Pneumologia do CHTMAD, EPE, Coordenadora e membro fundador do grupo de interesse em suporte ventilatório a doentes neuromusculares

Grupo de Interesse em Suporte Ventilatório a Doentes Neuromusculares, foi criado em dezembro de 2011, com o objetivo de reunir clínicos com interesse nessa área. Com o importante incentivo do seu membro fundador, o Prof. Doutor J. Carlos Winck, foi possível reunir um grupo de profissionais de saúde que dedicam o seu tempo ao tratamento dos doentes neuromusculares, procurando uniformizar atitudes e procedimentos. Tínhamos ainda como objetivos a realização de estudos multicêntricos, nomeadamente um survey sobre a VNI em Portugal, para além da elaboração de guidelines ou documentos de consensos. Desde a sua criação, e após a organização inicial e divulgação no site da Sociedade Portuguesa

de Pneumologia (SPP), realizámos reuniões temáticas, uma das quais conjunta com a Sociedade Portuguesa de Estudos de Doenças Neuromusculares (SPEDNM), através da organização temática da Reunião da Primavera, em abril de 2013. Participámos ainda em cursos e congressos com trabalhos originais, revisões temáticas e mesas redondas, e elaborámos artigos de revisão. O estudo prospetivo, multicêntrico, DIPPEr, recentemente terminado o recrutamento de doentes, cuja investigadora principal é a Dr.ª Maria José Guimarães, também elemento fundador do Grupo e desde essa altura pertencente à coordenação, permitiu que os dois projetos se pudessem desenvolver em conjunto. É um projeto do grupo, desde a sua criação, a realização de um survey nacional sobre ventilação mecânica domiciliária. Após um survey inicial

que teve pouca participação e por isso não representativo da realidade, preparamo-nos para a realização de um novo este ano, pelo que apelamos a todos os membros a resposta atempada ao survey. Em 2013 decorreu um survey internacional, da European Respiratory Society (ERS), sobre ventilação mecânica domiciliária, no qual muitos de nós participámos. Aguardamos os resultados em publicação, esperando que esses dados sejam representativos da nossa atividade e que nos mostrem o que se passa a nível europeu na área da ventilação mecânica domiciliária, tal como aconteceu com o Eurovent Survey realizado em 2001/2002, cujos resultados foram publicados em 2005. Estamos neste momento em fase de elaboração do programa e organização de um curso de cuidados respiratórios a doentes neuromusculares.

Parabéns e votos de sucesso para o futuro

Dr. Angel Orteu Diretor Ibérico ResMed

A

ResMed queria felicitar a Sociedade Portuguesa de Pneumologia pelos seus 40 anos. Agradecemos todo o trabalho desenvolvido ao longo deste tempo para promover e melhorar a saúde respiratória em

Agradecemos todo o trabalho desenvolvido ao longo deste tempo

Portugal, em especial na área do sono e da ventilação. Sabendo que sempre haverá muitos desafios tanto na área de prevenção, diagnóstico como no tratamento das doenças respiratórias, quero deixar aqui, em nome de todos os colaboradores da ResMed, os desejos dos maiores sucessos futuros.


Está na hora de repensar os cuidados respiratórios O Astral abriu caminho para uma nova etapa em ventilação de suporte de vida. Desde a configuração inicial até à utilização diária, proporciona a liberdade e o cuidado necessários para enriquecer a sua vida e a dos seus doentes. Tudo sobre o Astral foi concebido com qualidade e eficiência em mente. Oferece uma vasta gama de modos terapêuticos para doentes adultos e pediátricos, enquanto proporciona excelência em ventilação com válvula e fuga para utilização invasiva e não invasiva. Isto significa que um só dispositivo pode agora apresentar um melhor desempenho. Está na hora de repensar os cuidados respiratórios. Está na hora de pensar a ResMed.

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A escolha certa para si


26 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Dr. Nelson Ambrogio // Dr.ª Isabel Fonseca Santos }

SPP, uma instituição com grande fôlego

A

DR. Nelson Ambrogio Diretor-Geral Bayer Portugal

DR.ª Isabel Fonseca Santos Pneumologista Diretora Médica Bayer Portugal

Bayer identifica--se com a nobre missão da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, a de promover a saúde respiratória dos portugueses. Há muito que esta companhia centenária tem estado associada ao desenvolvimento de fármacos dirigidos às doenças respiratórias. Mas mesmo sem recuar muito, no final dos anos 80, o lançamento da ciprofloxacina foi um marco nos antibióticos para as infeções respiratórias. Alguns anos mais tarde, a Bayer voltou a inovar, lançando uma quinolona respiratória, a moxifloxacina, com indicação para pneumonia, exacerbações da bronquite e sinusite. Foi depois inaugurada uma nova categoria no portfolio Bayer para a Pneumologia com o surgimento do iloprost inalado, vocacionado para a hipertensão pulmonar. É precisamente na área da hipertensão pulmonar que está hoje o foco da Bayer face à saúde respiratória. Trata-se de uma doença rara e de difícil diagnóstico, mas que é grave, progressiva e fatal. O riociguat, estimulador da guanilato ciclase solúvel, é o primeiro de uma nova classe de fármacos e obteve recentemente aprovação europeia para o tratamento de doentes com hipertensão pulmonar tromboembólica crónica (HPTEC) e hipertensão arterial pulmonar (HAP), além de que é o primeiro e único fármaco aprovado para o tratamento de doentes com HPTEC. Portugal participou nos estudos PATENT e CHEST, que estão na base das aprovações, e ainda num Early Access Study. Outra patologia em que a Bayer sente que faz a diferença é no embolismo pulmonar, precisamente uma das causas da hipertensão

É com empenho e reconhecimento que a Bayer se junta às comemorações do quadragésimo aniversário da Sociedade Portuguesa de Pneumologia

tromboembólica crónica, já que o rivaroxabano tem indicação, e recente comparticipação, para esta patologia. E se o passado e o presente marcam uma ligação próxima da Bayer à Pneumologia e à SPP, a investigação em curso auspicia um futuro de também forte ligação. O riociguat tem boas perspetivas de obter indicações para outros subtipos de hipertensão pulmonar, nomeadamente a associada a pneumonias intersticiais idiopáticas. Deverá também ser iniciado em breve um ensaio clínico com riociguat inalado na fibrose quística. Por outro lado, estão em curso em Portugal ensaios clínicos com antibióticos inalados associados a nebulizadores específicos: a ciprofloxacina inalada para doentes com bronquiectasias não fibrose quística e a amicacina inalada para doentes ventilados com pneumonia

a Gram-negativos, ambos em fase III. Estes estudos decorrem através de parcerias da Bayer com o IPO do Porto, Centro Hospitalar do Porto, Hospital de Santo António, Hospital de Santa Maria, Hospital de Braga, Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/ Espinho, Hospital Espírito Santo e Hospital de Faro. A Bayer tem ainda em fase III o tedizolid para micro-organismos Gram-positivos multirresistentes, uma das áreas da Infecciologia em que há maior necessidade de alternativas terapêuticas. No pipeline de Oncologia temos diversas moléculas e compostos (ADC) em fase pré-clínica e fase I para o carcinoma do pulmão de pequenas células e não pequenas células. Embora a Bayer tenha já uma presença de relevo na Oncologia, estes são passos iniciais para inovação na neoplasia do pulmão. Por isso estamos confiantes de que os pneumologistas portugueses continuarão a olhar para os nossos produtos como ferramentas terapêuticas poderosas e para o nosso trabalho permanente de investigação e desenvolvimento como uma esperança para os seus doentes. E, para terminar, uma mensagem do Diretor-Geral da Bayer Portugal, Nelson Ambrogio: É com empenho e reconhecimento que a Bayer se junta às comemorações do quadragésimo aniversário da Sociedade Portuguesa de Pneumologia. Temos com esta instituição uma excelente relação e somos testemunhas do seu amplo fôlego na promoção da saúde pública, na formação profissional e na construção de melhores práticas clínicas relacionadas com a patologia respiratória. É um orgulho sermos membros e parceiros desta Sociedade na promoção da ciência para uma vida melhor.



28 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

SPP 40 anos

em imagens

I Congresso de Pneumologia

I Congresso em parceria com a Sociedade Espanhola de Pneumologia

Sessão de Entrega do 1.º Prémio Thomé Villar

Lançamento do Tratado de Pneumologia editado pela SPP

XXII Congresso de Pneumologia


29 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

fotogaleria

XXIII Congresso de Pneumologia

XXV Congresso de Pneumologia

XXVIII Congresso de Pneumologia

XXIV Congresso de Pneumologia

XXVI Congresso de Pneumologia

XXIX Congresso de Pneumologia


30 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ eng.ª Sandra Marques }

Quatro décadas de sucesso

eng.ª Sandra Marques Diretora-Geral Boehringer Ingelheim Portugal

G

ostaria de dar os parabéns à SPP, não só pelo seu quadragésimo aniversário, mas acima de tudo pelo excelente trabalho que tem vindo a desenvolver em benefício da saúde respiratória dos portugueses e desejar pelo menos mais 40 anos de sucesso. As sociedades científicas têm um papel crucial na divulgação das patologias, bem como na adequação e aprovação das orientações de tratamento a nível local. Adicionalmente, constituem um importante ponto de contacto com as suas congéneres internacionais. Na Boehringer Ingelheim

investigamos e desenvolvemos medicamentos inovadores em áreas de profunda necessidade médica e procuramos assegurar que as inovações médicas chegam aos doentes que delas necessitam. Uma das principais áreas de desenvolvimento da Boehringer Ingelheim é a área respiratória, tanto a nível de medicamentos não sujeitos a receita médica (particularmente na área dos mucolíticos e antitússicos), como a nível dos medicamentos de prescrição, onde se destaca o tiotrópio, o medicamento mais prescrito para o tratamento da doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC). Neste sentido, ao longo dos anos, temos vindo a trabalhar em parceria com a SPP, de cujas direções tivemos a maior abertura e apoio no desenvolvimento de projetos comuns. No âmbito destas parcerias desenvolvemos campanhas de disease awareness, nomeadamente na área da DPOC, rastreios ao público, o Projeto Pneumobil, e diversos estudos de prevalência sobre a DPOC. O apoio da SPP tem sido indispensável no desenvolvimento de diversos projetos que temos implementado em conjunto, nomeadamente ao nível da divulgação da DPOC. Um exemplo disso é o Prémio Thomé Villar que premeia trabalhos de investigação científica no âmbito da Pneumologia e incentiva a qualidade dos trabalhos originais apresentados no Congresso da SPP. Podemos ainda destacar vários estudos de prevalência com enfoque na DPOC em Portugal: Estudo Pneumobil de 1995 e 2002, Pneumobil II 2008 e BOLD (Burden of Obstructive

Ao longo dos anos, temos vindo a trabalhar em parceria com a SPP, de cujas direções tivemos a maior abertura e apoio no desenvolvimento de projetos comuns

Lung Disease) 2010. Estes estudos permitiram a Portugal saber, com exatidão, dados de prevalência sobre a DPOC. Atualmente, o projeto PIONEER (Pharmacoeconomic study to evaluate impact of earlier intervention versus later intervention in COPD) é uma parceria entre a Boehringer Ingelheim, a SPP, o Programa Nacional para as Doenças Respiratórias da DGS e a AIDFM (Faculdade de Medicina de Lisboa). Trata-se de um estudo que permitirá avaliar o impacto clínico e económico da terapêutica farmacológica na história natural da DPOC e avaliar as vantagens económicas do tratamento precoce comparativamente com o tratamento numa fase mais

avançada da doença. Tratando-se a DPOC de uma doença crónica e incapacitante, poderemos avaliar e conhecer melhor, numa perspetiva nacional, o impacto económico (custos diretos e indiretos) da morbilidade, mortalidade e qualidade de vida associada à doença. Congratulamo-nos por poder colaborar num estudo que fornecerá evidência potencialmente capaz de suportar estratégias de intervenção e decisão associadas ao tratamento da DPOC. A DPOC tem sido um dos principais focos de investigação, onde a inovação trazida pela Boehringer Ingelheim com o inalador Respimat®, cuja tecnologia avançada permite a difusão de uma nuvem aerossolizada, única, a qual proporciona uma inalação fácil e suave, tem vindo a ser um sucesso nomeadamente em termos de dados de preferência junto dos doentes. Adicionalmente, temos investigado a área do cancro do pulmão, onde temos medicamentos em diferentes fases de aprovação. Por fim, a Boehringer Ingelheim tem ainda investigado a área da fibrose pulmonar idiopática, com um medicamento, o nintedanib, que recentemente recebeu da FDA (Food and Drug Administration) a designação de breakthrough therapy, tratamento inovador. Este anúncio da FDA confirma o reconhecimento da enorme necessidade médica existente por parte dos doentes com esta patologia. A importância para a BI da área respiratória irá manter-se pois, para além da DPOC, novas patologias como a asma, fibrose pulmonar idiopática e ainda o cancro do pulmão irão ser alvo de novas soluções terapêuticas.



32 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ DR. FERNANDO PALMA MARTELO // Dr.ª Maria Alcide Marques // Dr. Paulo Lopes }

Uma especialidade em emancipação

Cirurgia Torácica Geral DR. Fernando Palma Martelo, MD, FETCS, Chefe de Serviço de Cirurgia Torácica

D

esde sempre a Cirurgia Torácica foi uma especialidade fundamental em qualquer hospital central. Em meados do século passado o desenvolvimento tecnológico que possibilitou a realização da circulação extracorporal e assim efetuar cirurgia de coração aberto, possibilitou um desenvolvimento exponencial da Cirurgia Cardíaca. Tal crescimento retirou espaço e quase fagocitou a

atividade da Cirurgia Pulmonar na maioria dos serviços portugueses, salvo raras exceções. A Cirurgia Cardíaca tornou-se assim atrativa para os internos da especialidade, pela capacidade tecnológica envolvida e algum glamour de quem efetuava a cirurgia de um órgão nobre. Com o evoluir dos tempos, a tecnologia avançou também noutras especialidades, com o desenvolvimento dos procedimentos minimamente invasivos. Assim a Cirurgia Toracoscópica aliada à tecnologia de vídeo, apareceu no final dos anos oitenta, com crescimento exponencial a partir dos anos noventa. A Cirurgia Minimamente Invasiva avançada, como a lobectomia pulmonar por vídeotoracoscopia,

permitiu alargar esta técnica a grandes resseções pulmonares, com benefícios evidentes para os doentes. Também na Cardiologia os avanços foram enormes com o desenvolvimento das técnicas de cateterismo cardíaco, de tal maneira que esta especialidade tem resolvido um número significativo de situações anteriormente enviadas para Cirurgia Cardíaca. A nossa aliada natural foi sempre a especialidade da Pneumologia, tendo estabelecido naturalmente com ela todas as sinergias possíveis. Para além disso, qualidade e a disponibilidade dos meios de diagnóstico radiológico, nomeadamente a TAC, levaram nos últimos anos a um conhecimento mais preciso das patologias, e ao aporte de um maior número de doentes para a

Cirurgia Torácica. Os progressos obtidos na área da Oncologia, da Radioterapia e da Medicina Nuclear deram à cirurgia torácica um papel mais relevante na abordagem multidisciplinar da patologia torácica oncológica. Encontramo-nos assim num virar de página. Com a separação, desde há três anos, do internato da especialidade e o crescimento notório, “em contraciclo”, da Cirurgia Torácica Geral em todo o País e com o aumento perigoso das listas de espera, torna-se urgente que a Ordem dos Médicos e as Autoridades de Saúde de Portugal emancipem esta especialidade e a dotem de serviços autónomos nas áreas do Porto, Coimbra e Lisboa, tendo em conta, acima de tudo, o interesse dos doentes.

Deficiência de

AlfA-1 Antitripsina Dr.ª Maria Alcide Marques Coordenadora do Grupo de Estudos de Défice de AlfA-1 Antitripsina da SPP Dr. Paulo Lopes Assistente Graduado de Pneumologia do CHUC-HUC

A deficiência de AlfA-1 Antitripsina é uma das doenças genéticas que mais frequentemente é responsável por doença pulmonar e hepática. A AlfA-1 Antitripsina (AlfA-1AT) também conhecida como Alfa1-Pi, é uma proteína da fase

aguda da inflamação produzida fundamentalmente pelo fígado. A redução dos níveis séricos desta proteína tem como consequência o desenvolvimento do enfisema panacinar. Numa perspetiva histórica, Laurell e Eriksson publicaram em 1963 um artigo na Acta. Med. Scand que estabeleceu, pela primeira vez, a relação entre a deficiência e o enfisema. Nos anos 70 definiramse os fenótipos, com base na velocidade de migração da proteína (Pi) F, M, S e Z, associando-os às determinações quantitativas no soro. Só 25 anos mais tarde seria aprovada a terapêutica substitutiva com AlfA-1 AT humana. O serviço de Pneumologia dos HUC conta-se entre os primeiros centros a iniciarem este tipo de terapêutica desde 1987.

A necessidade de identificação e diagnóstico precoce dos portadores desta deficiência levaram-nos a criar uma base de dados da qual veio a resultar o Registo Nacional de deficitários em AlfA-1-AT (Projeto NAR) ativo desde 2011 no sítio www.naregisto.org que compreende um nível de informação geral à população, e o nível de registo propriamente dito de acesso reservado aos médicos pneumologistas. Este Registo, sediado inicialmente na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, encontra-se disponível desde 2012 na Sociedade Portuguesa de Pneumologia. Só a colaboração efetiva de toda a comunidade médica e em particular dos pneumologistas nos permitirá conhecer o impacto real desta deficiência no nosso País.


33 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Dr.ª Sofia Neves // Dr.ª Susana Clemente // Dr.ª Paula Alves }

Doenças do Interstício e Doenças Ocupacionais

A

Comissão de Trabalho das Doenças do Interstício e Doenças Ocupacionais foi fundada em 2007, permitindo envidar os esforços das Comissões que lhe deram origem: a Comissão de Doenças Ocupacionais e Sarcoidose (criada em 1986) e a Comissão de Doenças do Interstício Pulmonar (em 1995). Esta Comissão de Trabalho converge no objetivo geral de melhorar a prestação de cuidados aos doentes respiratórios, objetivo este que é transversal às diversas comissões de trabalho da Sociedade Portuguesa de Pneumologia. Todavia, a forma como procuram atingir o mesmo diverge, em função das particularidades de cada patologia. Reconhecendo as especificidades das doenças do interstício pulmonar e as vantagens da sua deteção precoce, do conhecimento da sua epidemiologia e fisiopatologia, do estabelecimento do

diagnóstico e instituição do tratamento adequado, a atual Comissão tem desenhado o seu percurso no esteio de uma estratégia estruturada em dois pilares. Por um lado, pretende reativar o Registo Nacional das Doenças Difusas (criado pela Comissão de 2007/2009), reconhecendo que esta ferramenta poderá permitir conhecer a incidência e prevalência das doenças do interstício pulmonar na população portuguesa, facilitando, eventualmente, a introdução de fármacos, a criação de grupos de trabalho de investigação e a oportunidade para selecionar doentes para ensaios clínicos. Poderá permitir ainda melhorar o conhecimento sobre as doenças, não apenas pelos clínicos, como também pelos doentes e seus familiares. Por outro lado, reconhecendo a complexidade do diagnóstico e tratamento destas patologias, da exigência da multidisciplinaridade que lhes é reconhecida, esta Comissão continuará a envolver as várias

especialidades na discussão destas patologias, propondo reuniões nacionais regulares de discussão e partilha de casos clínicos do dia a dia. Estes objetivos são de particular importância em doenças raras, como a fibrose pulmonar idiopática, entidade com uma incidência anual estimada nos EUA de 6.8-8.8 casos/100.000 habitantes e uma sobrevida mediana de 2-3 anos, não se conhecendo, em Portugal, o impacto real desta doença. Com a recente aprovação da pirfenidona no tratamento da FPI ligeira a moderada, o diagnóstico precoce desta patologia é um pré-requisito para um tratamento eficaz e uma eventual melhoria do prognóstico desta doença habitualmente progressiva e fatal. Assim, esta Comissão, através do Registo Nacional de Doenças Difusas, promoção de reuniões de discussão destas patologias e divulgação nos cuidados de saúde primários, pretende melhorar o conhecimento, rastreio e tratamento precoce destas doenças.

Dr.ª Sofia Neves Dr.ª Susana Clemente Coordenadoras da Comissão de Trabalho das Doenças do Interstício e Doenças Ocupacionais

Pneumologia Oncológica

A

Comissão de Pneumologia Oncológica (CPO) foi criada em 1986 e tem como objetivo principal atualizar e uniformizar as normas de atuação relativas ao cancro do pulmão. Com a evolução científica e o número crescente de casos de cancro do pulmão torna-se cada vez mais exigente e desafiante a abordagem destes doentes, com necessidade de atualização permanente. O fácil acesso a informação científica internacional é valioso, mas a divulgação, discussão e sistematização dessa informação é essencial e só se consegue com a

colaboração de todos. A participação em projetos de investigação científica torna-se obrigatória. A CPO colabora na organização e realização de reuniões científicas da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) e fomenta a interação com outras especialidades, comissões de trabalho e sociedades científicas com interesses comuns. Promove reuniões multidisciplinares bianuais que têm a colaboração de um elevado número de colegas que com a sua dedicação e empenho promovem a partilha de conhecimentos e têm feito o sucesso de cada reunião. A inclusão dos internos das várias especialidades afins à Pneumologia

Oncológica nas atividades da CPO é de extrema importância e deve ser incrementada com um objetivo, não só didático, mas também de dinamização e renovação. Tem sido privilegiada a elaboração de protocolos de atuação e o seu fácil acesso (online). A atualização dos dados epidemiológicos relativos aos tumores torácicos em Portugal tem sido uma preocupação constante. A criação de folhetos de informação sobre a doença e a sua divulgação eletrónica tem-se revelado de grande importância para os doentes e seus familiares. A correta abordagem do doente com cancro do pulmão em Portugal

Dr.ª Paula Alves Coordenadora da Comissão de Trabalho de Pneumologia Oncológica em muito se deve a todo o trabalho conjunto desenvolvido pela CPO desde a sua criação e é sempre um grande desafio promover o bom nível científico e social das atividades da CPO, com o objetivo mantido de tratar de forma digna o doente com cancro do pulmão.


34 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Dr. JOÃO CARDOSo// Dr.ª inês gonçalves }

Fisiopatologia Respiratória e DPOC

A

Dr. João Cardoso Coordenador da Comissão de Trabalho de Fisiopatologia Respiratória e DPOC Co-autora: Dr.ª Inês Gonçalves Secretário da Comissão

Comissão de Trabalho (CT) de Fisiopatologia Respiratória é uma das mais antigas Comissões da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), tendo sido fundada e iniciado as suas atividades em 1986 e realizado a sua primeira reunião em 1987. Nas suas atividades ao longo de quase três décadas tem congregado os pneumologistas com maior interesse e diferenciação na área da Fisiopatologia Respiratória. Esta área de investigação diagnóstica, fundamental em Pneumologia, tem evoluído da mais simples espirometria, à pletismografia, difusão, trocas gasosas, provas de broncodilatação e hiperreatividade brônquica, ao estudo dos músculos respiratórios e drive respiratório, monitorização de gases expirados (CO e NO), prova de exercício cardiopulmonar, prova de marcha de 6 minutos, oscilometria de impulso, etc... A maior parte destas técnicas surgiram na prática clínica durante a existência desta Comissão da SPP, sendo a sua introdução, definição das suas indicações e aspetos práticos da sua realização discutida num sempre alargado fórum de colegas pneumologistas com esta especial “paixão” pela Fisiopatologia. Inúmeras reuniões foram realizadas com a presença dos mais distintos e de elevada craveira científica, nacionais e internacionais, mestres de Fisiopatologia, que não é possível enumerar nestas breves linhas, e que graças a eles a Fisiopatologia Respiratória portuguesa tem tido

A atual coordenação da Comissão tem como primeira missão finalizar e publicar as recomendações para a prática e realização de exames da função pulmonar, designado Manual de Boas Práticas em Função Pulmonar, que recebeu da anterior Comissão

um lugar internacional. A atual coordenação da Comissão tem como primeira missão finalizar e publicar as recomendações para a prática e realização de exames da função pulmonar, designado Manual de Boas Práticas em Função Pulmonar, que recebeu da anterior Comissão. Dadas as muito estreitas relações entre a Fisiopatologia Respiratória e as doenças pulmonares obstrutivas e em especial com a doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) tem também sido esta Comissão da SPP a “casa” onde os temas relacionados com a DPOC têm sido mais discutidos. Quando esta coordenação da Comissão tomou posse recentemente, a direção da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, e em especial o Prof. Doutor Carlos Robalo Cordeiro, lançou o repto de “oficializar” esta presença habitual nas atividades desta Comissão, propondo que se passasse a designar de Fisiopatologia Respiratória e DPOC, por forma a que a DPOC tivesse um fórum de discussão científica regular e importante para a formação dos internos e dos pneumologistas, e produzindo documentos científicos essenciais à participação da SPP na sociedade em geral e nas relações com as autoridades de saúde. Não obstante estar ciente das dificuldades inerentes à tarefa de juntar as duas áreas e desenvolver as respetivas atividades, esta coordenação da Comissão não pode deixar de receber a proposta em causa de braços abertos, considerando-a aliciante, motivadora e estruturante para a Pneumologia em Portugal.


35 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Dr.FILIPE FROES }

Infecciologia Respiratória

A

1

Reunião do Consenso das Recomendações da Pneumonia Adquirida na Comunidade Realizada no Grande Hotel da Curia a 1 de junho de 2002

2

Reunião do Documento de Consenso sobre Pneumonia Nosocomial Realizada no Hotel Vila Galé na Ericeira, a 6 de novembro de 2005 (da esquerda para a direita: Conceição Sousa Dias, Eduardo Silva, Helena Estrada, Paula Duarte, Luís Telo, Germano do Carmo, Piedade Amaro, José Artur Paiva, Gabriela Brum, Carlos Glória, João Gonçalves Pereira, Henrique Bento, Filipe Froes, João Pedro Baptista)

3

Michael e Ronna Niederman Sede SPP, 28 de fevereiro de 2011

CIR foi formada no triénio 1998-2000 e os seus primeiros coordenadores foram o Dr. António Diniz (coordenador) e a Dr.ª Gabriela Brum (secretário). Os objetivos mantêm-se os mesmos desde o seu início: colaborar na área específica das infeções respiratórias com a direção da SPP e as outras comissões de trabalho e, a um nível mais oficial, com a Direção-Geral da Saúde; fomentar e apoiar estudos que permitam conhecer e caracterizar o impacto das infeções respiratórias na população adulta residente em Portugal; e, com base na realidade nacional, fundamentar e desenvolver documentos de consenso para o diagnóstico, terapêutica e prevenção das infeções respiratórias. Na minha perspetiva, o momento mais marcante foi a elaboração, entre 2001 e 2003, das Recomendações de Abordagem Diagnóstica e Terapêutica da Pneumonia da Comunidade em Adultos Imunocompetentes. Este documento pioneiro contou com a participação de dois peritos internacionais, os Drs. John T. Macfarlane (da British Thoracic Society) e Lionel Mandell (da IDSA - Infectious Diseases Society of America), que tiveram um papel muito ativo e fundamental durante a reunião de apresentação e discussão das propostas, realizada no Grande Hotel da Curia a 1 de junho de 2002 (fotografia 1). Um outro momento marcante foi elaboração, em parceria com a Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos, do Documento de Consenso sobre Pneumonia

Dr. Filipe Froes Coordenador da Comissão de trabalho de infecciologia respiratória

Nosocomial, publicado em 2007 (fotografia 2). Mais recentemente, a CIR elaborou um Documento de Consenso para a Prevenção das Infeções Respiratórias no Adulto, publicado em 2014 na Revista Portuguesa de Pneumologia e acompanhado por um Editorial do Prof. Dr. Francesco Blasi (presidente da European Respiratory Society). Finalmente, a CIR organizou a vinda a Portugal de um dos maiores peritos da Infecciologia Respiratória a nível mundial, o Prof. Doutor Michael S. Niederman, que foi galardoado com o prémio AIR da SPP (fotografia 3). Os dois grandes projectos para o presente futuro são: a atualização das recomendações da Pneumonia Adquirida na Comunidade e a realização de um estudo sobre a incidência da PAC no ambulatório.


36 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Dr.ª CRISTINA CAMPOS // DR.ª PAULA JESUS }

SPP e Novartis Uma parceria com valor Dr.ª Cristina Campos Diretora-Geral Novartis Portugal

A

cima de tudo, a Novartis gostaria de dar os parabéns à SPP pelo trabalho até aqui desenvolvido, fazendo votos para que mantenha a jovialidade, a energia e a capacidade estratégica de ver mais além o futuro da área respiratória e além das suas fronteiras. Esperamos que SPP continue a mudar o panorama das doenças respiratórias em Portugal,

pois a experiência dos 40 anos já vividos permitem agora a maturidade necessária para assegurar um futuro de melhoria contínua e sábia dos cuidados de saúde, da investigação clínica e da necessária intervenção em Portugal. A cada ano, a Novartis tem renovado e reforçado a sua importante parceria com a SPP. Uma parceria sólida e vasta que abrange o apoio ao GARE (Gabinete de Monitorização da Doença Respiratória), fundamental para a monitorização da doença respiratória em Portugal, contribuindo com dados de enorme valor para a comunidade médica e para os doentes. Damos continuidade ao apoio diferenciado ao maior evento da Pneumologia em Portugal, o Congresso da SPP, onde se alia a mais elevada discussão científica com o encontro e partilha entre especialistas.

Com o seu portefólio abrangente e pipeline promissor na área respiratória, a Novartis tem acompanhado o contínuo crescimento da intervenção da SPP em Portugal, tendo uma base sólida assente no desenvolvimento de parcerias que acrescentem valor à comunidade médica e científica, aos doentes e à sociedade em geral. Esta parceria tem-se destacado sobretudo em quatro áreas: investigação com vista à inovação, conhecimento e partilha de informação, networking e integração de cuidados, e educação e sensibilização. Do lado da investigação/inovação, a Novartis apoia projetos de investigação e aposta no reconhecimento de jovens especialistas através do patrocínio de diversas bolsas e prémios, além dos ensaios clínicos que promove nos principais centros de Pneumologia nacionais. Quanto à parceria no

campo do conhecimento/partilha de informação, a Novartis partilha os mais recentes avanços terapêuticos em áreas como a DPOC, e promove a participação de especialistas internacionais nos congressos anuais da Sociedade. Também a este nível, a Novartis é parceira dos grupos de trabalho da Alergologia Respiratória e das Bronquiectasias. No que diz respeito ao networking e integração de cuidados, contribui ativamente para a para a edificação de novas pontes entre cuidados primários e especializados. A parceria na área da educação e sensibilização tem enfoque no doente e na população em geral, apoiando as campanhas de informação e sensibilização para a DPOC, essenciais para aumentar o conhecimento sobre a patologia, ainda reduzido na população portuguesa.

Pela promoção e proteção da saúde respiratória Dr.ª Paula Jesus Diretora Médica Novartis Portugal

O

s apoios referidos e o trabalho conjunto entre a Novartis e a SPP têm como objetivo o mesmo que a própria SPP estabelece como sendo o seu objetivo social, ou seja, a promoção e proteção da saúde respiratória dos portugueses, a educação e formação profissional e a divulgação dos assuntos relacionados com a patologia respiratória, intervindo e baseando a sua atuação na cooperação com as autoridades competentes, na intervenção

junto da comunidade médica e da sociedade em geral. Tendo a Novartis como missão cuidar e curar, os apoios e o trabalho conjunto com a SPP cumprem aquilo que ambas preconizam em termos de atuação nos cuidados de saúde na área respiratória. Este compromisso da Novartis na área respiratória teve início em 1996 com o lançamento de formoterol. Desde então, um vasto portefólio de medicamentos inovadores nas áreas da asma, da DPOC e da fibrose quística tem vindo a ser desenvolvido. A missão da companhia é descobrir e disponibilizar com sucesso, medicamentos inovadores que previnam e curem doenças, de forma a aliviar o sofrimento e a aumentar a qualidade de vida dos doentes, em parceria com a comunidade médica e científica. A DPOC tem sido uma área prioritária com grande desenvolvimento do seu portfólio. Hoje, 2014, a Novartis oferece ao

médico soluções terapêuticas para todos os doentes com DPOC, com o lançamento nacional de Seebri® (glicopirrónio), o anticolinérgico de nova geração indicado para o tratamento de doentes com DPOC. Ainda este ano, lançaremos a 1.ª associação fixa LABA/LAMA, oferecendo a maior eficácia broncodilatadora aos doentes e que acreditamos corresponder a um virar de página no tratamento da DPOC e na vida de tantos doentes. Na área da asma, a Novartis tem o único medicamento biológico aprovado para o tratamento da asma alérgica grave, omalizumab, sendo este uma inovação lançada em 2007 e que alterou até hoje o panorama do tratamento desta patologia, fazendo todos os dias a diferença na vida de inúmeros doentes que até aí tinham diariamente inúmeras limitações na sua vida quotidiana. A asma continuará a ser uma prioridade para a Novartis, não só com a possibilidade de novos

medicamentos biológicos para a vertente mais grave da doença como também com outras soluções para a asma ligeira a moderada. A fibrose quística é uma área à qual historicamente a Novartis tem também dirigido a sua atenção. Em 2011 trouxe uma liberdade adicional a estes doentes com um novo inalador Podhaler que permitiu uma maior facilidade de utilização e uma mobilidade até aqui não possível a estes doentes. A área respiratória continuará a ser uma prioridade no futuro próximo para a Novartis, temos diversos medicamentos em pipeline, tanto no caso da DPOC como no caso da asma, dando igualmente continuidade à investigação e aperfeiçoamento dos dispositivos inaladores, pois estes são também determinantes para melhorar a qualidade de vida dos doentes e para a disponibilização do melhor tratamento para os mesmos.


É com todo o fôlego que a Área Respiratória da Novartis dá os parabéns à SPP pelo seu 40º aniversário.

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38 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Dr. Richard Staats // Dr. JOSÉ MARIA BENET }

Patologia Respiratória do Sono

N Dr. Richard Staats Coordenador da Comissão de Trabalho de Patologia Respiratória do Sono

a última década a patologia do sono, incluindo os distúrbios respiratórios do sono, mudaram de um campo exótico dentro da Medicina, que era reservado principalmente para os cientistas, para um grupo bem conhecido de doenças já integrados em protocolos de Medicina Geral e Familiar. No entanto, existem ainda várias questões em aberto sobre o efeito dos distúrbios respiratórios do sono em funções humanas básicas, como a memória, humor e sonolência diurna, bem como o risco potencial para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares agudas e crónicas. A Comissão de Trabalho de Patologia Respiratória do Sono (CT-PRS) foi criada em 2004. O primeiro coordenador foi o Dr. José Moutinho dos Santos com o Secretário Prof. Doutor João Carlos Winck. De 2007 até 2009, a Prof.ª Doutora

Marta Drummond (coordenadora) juntamente com a Prof.ª Doutora Paula Pinto (secretária) coordenaram a CT-PRS, tendo vindo esta equipa a ser substituída, mais tarde, pela Prof.ª Doutora Paula Pinto (coordenadora) e do Dr. Richard Staats (secretário), até à atual composição. A CT-PRS pretende reforçar, nas sociedades científicas e na população em geral, a consciência da relevância de distúrbios respiratórios do sono na saúde geral. Além disso, a CT-PRS tem como objetivo padronizar e homogeneizar o diagnóstico e terapia dos distúrbios respiratórios do sono em Portugal. Para tal, é intenção dos membros da CT-PRS preparar orientações baseadas na realidade nacional para otimizar a avaliação e terapia dos principais distúrbios respiratórios do sono. A nova competência em medicina do sono em Portugal é considerada importante pela CT-PRS. As autoridades responsáveis pelo

processo de competência, a Prof.ª Teresa Paiva, a Dr.ª Marta Gonçalves e o Dr. José Moutinho dos Santos, disponibilizaram-se gentilmente para apresentar e discutir o projeto durante as reuniões da CT-PRS. A CT-PRS tem também como objetivo desenvolver um intercâmbio de conhecimento mais intenso com outros centros europeus de sono. Existe um grande interesse em proliferar os contactos com a European Respiratory Society (ERS). Durante as reuniões do grupo de trabalho, os palestrantes convidados de vários países de Europa apresentaram informações sobre a situação de medicina do sono no ambiente da saúde pública e novos resultados científicos. Uma potencial meta, a longo prazo, para a CT-PRS é a criação de uma base de dados de alcance nacional para pacientes com distúrbios respiratórios do sono. Este projeto está atualmente ainda num estado muito incipiente.

Parabéns SPP!

Q Dr. José Maria Benet Diretor Divisão de Pneumologia Grifols Iberia

uando uma Sociedade Científica festeja o 40.º aniversário, para trás ficou muito esforço, empenho e dedicação de todos aqueles que participaram no desenvolvimento da Sociedade. Ao longo destes anos, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) contribuiu, sem dúvida alguma, para melhorar a qualidade dos serviços na área respiratória, tanto a nível nacional como internacional. Para além de diversas campanhas de sensibilização ao público para as várias doenças respiratórias, a SPP tem incentivado a prática de uma vida saudável e tem promovido o conhecimento, a investigação e a

divulgação das doenças respiratórias. Neste sentido, a Grifols, como empresa farmacêutica que também se comprometeu com a saúde, com os profissionais e com os doentes, os quais contam com a qualidade, segurança e eficácia dos nossos produtos e serviços, contribuímos, na medida do possível, durante estes anos, apoiando e colaborando com a SPP para cumprir os objetivos que datam da sua fundação. É um grande prazer e uma honra para a Grifols poder contribuir e ajudar, no dia a dia, a melhorar a qualidade do atendimento e conhecimento das patologias respiratórias que esta Sociedade promove continuamente. Parabéns por este aniversário e esperamos continuar a acompanhar a SPP neste magnífico caminho traçado ao longo destes 40 anos!

Contribuímos, na medida do possível, durante estes anos, apoiando e colaborando com a SPP para cumprir os objetivos que datam da sua fundação


Pneumologia Apostamos na inovação e no compromisso com o Pneumologista

“Do diagnóstico ao tratamento da deficiência de Alfa-1 Antitripsina” A nossa aposta na inovação demonstra -se com uma nova divisão comercial especializada exclusivamente em pneumologia e empenhada na divulgação de conhecimento, diagnóstico e tratamento da deficiência em AAT. O nosso objetivo é ajudar a melhorar o sub -diagnóstico e os projetos de investigação dirigidos à compreensão da doença, promovendo a colaboração entre investigadores e clínicos da área e facilitando as ferramentas de diagnóstico.

Prolastin 1000 mg. Substância activa: inibidor humano da alfa1-proteinase, pó e solvente para solução para perfusão. Composição: 1000 mg de inibidor (humano) da alfa1-proteinase; 1 ml de solução reconstituída contém 25 mg de inibidor humano da alfa1-proteinase. Outros componentes: Cloreto de sódio, Di-hidrogenofosfato de sódio e água para preparações injectáveis. O pó para solução para perfusão contém 4,8 mmol (ou 110,35 mg) de sódio. Indicações: Prolastin está indicada para terapêutica crónica de aumento em doentes com deficiência em inibidor da alfa1- proteinase (fenótipos PiZZ, PiZ (nulo), Pi (nulo, nulo) e PiSZ), dentro dos limites de obstrução moderada do fluxo respiratório (FEV1 35-60%) e da avaliação da condição clínica (incapacidade). Posologia: Adultos, incluindo doentes idosos: Salvo prescrição médica em contrário, é geralmente suficiente administrar uma dose semanal de 60 mg de substância activa/ Kg de peso corporal (equivalente a 180 ml de solução para perfusão reconstituída contendo 25 mg/ml de inibidor (humano) da alfa1-proteinase no caso de um doente com um peso corporal de 75 Kg), sob a forma de perfusão rápida, para manter continuamente o nível sérico do inibidor da alfa1-proteinase acima de 80 mg/dl o qual está correlacionado com níveis pulmonares de 1,3 mM Teoricamente, estes níveis séricos e de fluído de revestimento epitelial são estimados como níveis protectores contra o agravamento adicional do enfisema pulmonar. Crianças e adolescentes: Não existe experiência do uso de Prolastin em crianças e adolescentes com idade inferior a 18 anos. Modo de administração: Adicionar o solvente ao liofilizado e fazer a sua dissolução. A solução reconstituída deve ser administrada por via intravenosa sob perfusão lenta com um sistema de perfusão apropriado. A velocidade de perfusão não deverá exceder 0,08 ml/ Kg de peso corporal por minuto (equivalente a 6 ml por minuto num doente com um peso corporal de 75 kg). Depois de preparada a solução deve ser usada no prazo de 3 horas. O tratamento de doentes com deficiência em inibidor da alfa1-proteinase deve ser realizado ou supervisionado por médicos com experiência em doença pulmonar obstrutiva crónica. Contra-indicações: Prolastin não deve ser utilizada em doentes com: deficiência selectiva em IgA que se sabe possuírem anticorpos contra IgA, pois nestes casos podem ocorrer reacções alérgicas que podem chegar a choque anafiláctico; hipersensibilidade conhecida a inibidores da alfa1-proteinase ou a qualquer um dos excipientes. Efeitos indesejáveis: O tratamento com Prolastin pode originar reacções conhecidas tais como febre, sintomas do tipo gripal, dispneia, urticária, náuseas, arrepios, dores no torax, tonturas, cefaleias, erupção cutânea, taquicardia, reacções de hipersensibilidade, hipotensão, hipertensão e dores lombares. No entanto, tal como em qualquer outro tratamento com proteínas, podem ocorrer reacções imunológicas pouco frequentes ou raras. Estas incluem reacções alérgicas tais como urticária ou dispneia, artralgias e muito raramente anafilaxia. Devem-se avaliar as reacções de possível origem imunológica antes de continuar a terapêutica. Medicamento de receita médica restrita a certos meios especializados. Data da informação: Dez 2011. Grifols Deutschland GmbH, 60528, Frankfurt, Alemanha. Esta informação não dispensa a leitura do Resumo das Características do Medicamento, disponível a pedido.


40 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Dr.ª Cidália Rodrigues // DR.ª Vitória Martins // DR. João Munhá }

novos conceitos, velhos desafios

Reabilitação Respiratória

A

Dr.ª Cidália Rodrigues, DR.ª Vitória Martins, DR. João Munhá Comissão de Trabalho de Reabilitação Respiratória da SPP

Reabilitação Respiratória é atualmente considerada uma intervenção essencial no doente com patologia respiratória crónica, com evidências científicas claras e em constante evolução. Prova disso são as novas guidelines, publicadas em 2013, consensualizadas entre a American Thoracic Society e European Respiratory Society, introduzindo novos conceitos e reforçando a eficácia desta intervenção não apenas na DPOC mas em outras patologias respiratórias crónicas. A Comissão de Reabilitação Respiratória da SPP tem feito um esforço constante para divulgar e promover a Reabilitação Respiratória junto dos pneumologistas e dos colegas de outras especialidades, nomeadamente da Medicina Geral e Familiar, e para sensibilizar também os doentes e familiares para os benefícios obtidos com esta intervenção. Tem ainda colaborado na formação médica nesta área através da participação em reuniões científicas e cursos de formação. A tarefa não tem sido fácil, uma vez que, apesar das evidências científicas, a área da Reabilitação Respiratória não tem sido uma prioridade nos investimentos na área da saúde respiratória em Portugal. Os progressos conseguidos até ao momento em Portugal na implementação de programas de Reabilitação Respiratória têm sido muito à custa do empenho de alguns médicos de Pneumologia e de

A Comissão de Reabilitação Respiratória da SPP tem feito um esforço constante para divulgar e promover a Reabilitação Respiratória junto dos pneumologistas e dos colegas de outras especialidades, nomeadamente da Medicina Geral e Familiar

Medicina Física e Reabilitação motivados e particularmente interessados nesta área. De facto, a noção geral é que o acesso a programas de Reabilitação Respiratória em Portugal é muito insuficiente para o número de doentes respiratórios crónicos que beneficiariam desta intervenção. A comissão atualmente eleita para o triénio 2013-2015 estabeleceu como prioridade reavaliar o estado atual da Reabilitação Respiratória em Portugal e sua evolução e fomentar a criação de novos centros de Reabilitação Respiratória no País, melhorando a acessibilidade dos doentes. Tal é pertinente dado existir forte evidência dos resultados e uma excelente relação custo-benefício. As orientações em saúde vão muito no sentido de repensar a oferta de cuidados nas várias doenças crónicas com o objetivo de promoção da saúde e prevenção das doenças e incapacidades. Ora, a Reabilitação Respiratória constitui uma área que cumpre estes critérios; representa a oportunidade ideal de o doente respiratório crónico melhorar não só a condição física e emocional, mas também de obter informação e capacidade de autogestão da doença, conduzindo a modificação de comportamentos e ao aumento da autoeficácia em saúde. O desafio permanece: adequar a oferta e o acesso dos doentes a um pilar fundamental do tratamento das doenças respiratórias crónicas, a Reabilitação Respiratória.


41 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Dr.ª LÍGIA PIRES }

Alergologia Respiratória

A

Comissão de Alergologia Respiratória tem desenvolvido ao longo dos anos atividades que se destinam a desenvolver os conhecimentos nesta área, com maior foco na asma. Neste âmbito tem sido dada grande importância à formação com a organização de reuniões, cursos e participações no Congresso Nacional de Pneumologia. Neste artigo é dada uma ideia através da descrição das atividades nos últimos dois anos. Em 2012, ainda sob a coordenação do Prof. Doutor Jorge Ferreira, salienta-se a organização do primeiro encontro entre a SPP e a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, subordinado ao tema “Asma”. Esta reunião foi fundamental para a aproximação das duas especialidades, tendo sido abordados temas fulcrais como: asma no serviço de urgência, comorbilidades na asma, asma na gravidez e educação para a realização de terapêutica inalatória. No 29.º Congresso Nacional de Pneumologia em 2013, a Comissão da Alergologia Respiratória da SPP teve duas apostas: o painel de discussão sobre “Asma no Programa Nacional das Doenças Respiratórias” e o curso pré-congresso de Imunoterapia específica na asma. O tema “Asma no Programa Nacional das Doenças Respiratórias” não foi escolhido inocentemente. O Programa Nacional para as Doenças Respiratórias (PNDR) foi criado na Direção-Geral da Saúde em janeiro de 2012. Tem como objetivo desenvolver atividades que minimizem o sofrimento dos doentes com doenças respiratórias crónicas. A asma é uma das doenças englobadas pelo PNDR, uma vez

Este ano foram atualizadas as linhas de orientação para a asma (GINA), pelo que pretendemos promover a sua divulgação e discussão

que atinge 10% da população portuguesa, afetando adultos e crianças. A nossa Comissão escolheu este tema com o intuito de colaborar na realização deste programa na asma. Pretendemos promover a discussão apoiada no conhecimento científico e na experiência no terreno dos pneumologistas, que podem também funcionar como agentes promotores de ativismo e mobilização social. O curso de imunoterapia teve como objetivo formar e incentivar a dedicação dos pneumologistas a esta área, muitas vezes ignorada por falta de informação. As vacinas

antialérgicas para aeroalergéneos estão em desenvolvimento exponencial, existindo mais estudos que demonstram a sua eficácia quando utilizadas criteriosamente nos doentes asmáticos. Pretendemos alargar o curso de Imunoterapia à Escola de Pneumologia, dando continuidade ao curso de asma realizado em 2012. É uma oportunidade para os internos desenvolverem conhecimentos nesta área, complementando a formação realizada pelos serviços. Temos como objetivo publicar as linhas de orientação de imunoterapia específica na asma da SPP e a realização de manuais de estudo nesta área. Em 2013 foi organizada pela Comissão a reunião de asma grave, que teve uma grande aderência dos pneumologistas, com ampla participação. Este ano foi realizada uma segunda reunião sobre este tema, com a participação de colegas de outras especialidades (Anestesia, Alergologia Pediátrica e Otorrinolaringologia) para fomentar a discussão e abordagem desta doença sobre outras perspetivas, com a apresentação de temas como: avaliação pré-operatória e anestesia dos doentes asmáticos, polipose nasal como fator de agravamento e particularidades da asma na criança. Este ano também foram atualizadas as linhas de orientação para a asma (GINA), pelo que pretendemos promover a sua divulgação e discussão. Muito tem sido feito, com a vontade e espírito de missão dos seus elementos ao longo de todos estes anos, para não deixar morrer para a Pneumologia uma área que desde sempre foi por nós abraçada.

Dr.ª Lígia Pires Coordenadora da Comissão de Trabalho de Alergologia Respiratória


42 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Dr.ª ana figueiredo }

formação, prevenção, legislação

Tabagismo

A

Dr.ª Ana Figueiredo Coordenadora da Comissão de Tabagismo da SPP

24 de março de 1989, vinte e quatro membros da Sociedade Portuguesa de Patologia Respiratória (SPPR) elaboraram um abaixo-assinado segundo o qual era obrigação da SPPR ter uma atitude ativa na luta antitabágica, pelo que solicitaram a criação de uma comissão de trabalho dedicada a esta área. No entanto só três anos depois, em 1992, foi possível eleger a 1.ª coordenação (Dr. José Reis Ferreira e Dr.ª Eduarda Pestana) e a Comissão iniciou a sua atividade com a denominação de Comissão de Trabalho de

A Comissão de Tabagismo, além de múltiplas ações de Prevenção na Comunidade, é vice-presidente da Confederação Portuguesa de Prevenção do Tabagismo

Luta Antitabágica. Seguiram-se as coordenações da Dr.ª Camila Canteiro e Dr. José Alves, e da Dr.ª Camila Canteiro e Dr. José Reis Ferreira. Em reunião desta última coordenação, efetuada em novembro de 1999, foi aprovada por unanimidade a alteração da denominação para Comissão de Trabalho de Tabagismo. As Comissões seguintes tiveram como coordenadores a Dr.ª Berta Mendes e Dr.ª Dina Matias, o Dr. Salvador Coelho e Dr.ª Margarida Raposo, a Dr.ª Cecília Pardal e Dr.ª Margarida Raposo, a Dr.ª Ivone Pascoal e Dr.ª Sofia Ravara, a Dr.ª Lurdes Barradas e Dr.ª Cristina Matos, e a Dr.ª Ana Figueiredo e Dr. José Pedro Boléo-Tomé. Cerca de 90% das consultas hospitalares de cessação tabágica são efetuadas por pneumologistas, tendo a Pneumologia, desde sempre, um papel muito ativo na intervenção

e na formação nesta área: realização de reuniões anuais, organização e participação em congressos, conferências, painéis e mesas redondas, elaboração de normas de atuação no tabagismo adaptadas à realidade nacional, realização de ações de formação para pessoal de saúde, incluindo cursos pós-graduados nos congressos anuais da SPP, vários cursos no âmbito da Escola de Pneumologia, cursos de formação em cessação tabágica para médicos de Medicina Geral e Familiar, apoio na criação de consultas especializadas de desabituação tabágica. Pretendemos, como passo seguinte, que a intervenção breve faça parte do saber obrigatório de todos os pneumologistas, e se possível de todos os médicos/ /profissionais de saúde. Mas este pendor interventivo não

nos faz esquecer a importância da prevenção, que teve um novo e importante destaque e alento com a criação pela OMS da Convenção Quadro para o Controlo do Tabagismo, que viria a ser adotada, por unanimidade, na 56.ª Assembleia Mundial da Saúde, em 2003. Esta Convenção transformou-se rapidamente num dos tratados mais aceites e ratificados da história das Nações Unidas, tendo sido assinado por mais de 170 países, cobrindo 88% da população mundial, e veio cimentar a consciencialização de que não só o tabagismo é a primeira causa de morte evitável no mundo, mas também de que o fumador passivo pode, devido a esta exposição, desenvolver doenças, pelo que os não fumadores devem ser protegidos. A Comissão de Tabagismo, além de múltiplas ações de Prevenção na Comunidade, é vice presidente da Confederação Portuguesa de Prevenção do Tabagismo, representada na European Network for Smoking and Tobacco Prevention (ENSP), e tem colaborado com a ARS e com Organizações Não Governamentais. Atualmente, através de movimentos europeus de advocacy, um esforço muito grande tem sido feito no sentido de fazer aprovar as leis necessárias à implementação e cumprimento das medidas previstas na Convenção Quadro da OMS. A Comissão de Tabagismo tem também tido uma palavra a dizer: colaboramos e estamos atentos!


43 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Dr.ª Ana Oliveira // Dr.ª Gabriela Fernandes }

Técnicas Endoscópicas

A

Comissão de Trabalho de Técnicas Endoscópicas da SPP foi criada em 1986 e teve como primeiro coordenador o Prof. Doutor Agostinho Marques e como secretário o Dr. José Miguel Ferraz. À data da fundação da Comissão, a broncofibroscopia, apesar de ter sido desenvolvida nos anos 60, era uma técnica introduzida recentemente em Portugal e significava um avanço gigantesco no que respeitava à broncologia, permitindo a generalização da sua prática a todos os pneumologistas. A broncoscopia rígida deixava assim de ser a técnica standard de avaliação da árvore brônquica, ficando reservada para exames de intervenção terapêutica ou diagnóstica. Recentemente, o advento da ecoendoscopia brônquica veio novamente revolucionar, não só a broncologia, mas a Pneumologia em geral e a Pneumologia Oncológica em particular, vindo alterar paradigmas prévios de metodologias diagnosticas e de estadiamento, através do acesso da broncoscopia “para além dos brônquios” com a observação em tempo real de estruturas mediastinicas e peribrônquicas às quais não se tinha acesso previamente. O facto de nos últimos anos se terem verificado grandes avanços com a introdução de técnicas inovadoras, não só da ecoendoscopia brônquica

mas também da toracoscopia semiflexível e outras, que requerem por vezes treino específico em centros com experiência, veio contribuir para o crescente interesse dos mais jovens nesta área. Os objetivos principais da Comissão de Técnicas Endoscópicas prendem-se com a divulgação e discussão de temas relacionados, não só com a broncoscopia mas também com todo o tipo de técnicas interventivas da via aérea inferior, pulmão e pleura. Neste sentido, organiza anualmente uma reunião na qual são usualmente discutidos casos clínicos e apresentados temas sempre num ambiente informal e de acesa discussão que sempre pautaram estas reuniões. Todos os anos são ainda apresentados e discutidos temas na reunião da Comissão no Congresso Anual da SPP. A Comissão tem ainda colaborado em cursos da Escola de Pneumologia relacionados com as técnicas endoscópicas. A área das técnicas endoscópicas, e quem a ela se dedique, enfrenta o desafio adicional da saída recente ou próxima, por aposentação, de vários broncologistas de referência que foram fundamentais para a criação e o desenvolvimento das várias unidades de endoscopia respiratória nacionais. Cabe à nova geração continuar o trabalho por eles iniciado bem como fazer a adaptação às novas técnicas de diagnóstico e intervenção que necessariamente vão sendo implementadas nas unidades.

Os objetivos principais da Comissão de Técnicas Endoscópicas prendem-se com a divulgação e discussão de temas relacionados, não só com a broncoscopia mas também com todo o tipo de técnicas interventivas da via aérea inferior, pulmão e pleura

Dr.ª Ana Oliveira Pneumologista do CHVNG/E, Coordenadora da Comissão de Trabalho de Técnicas Endoscópicas da SPP

Dr.ª Gabriela Fernandes Pneumologista do CHSJ, Secretária da Comissão de Trabalho de Técnicas Endoscópicas da SPP


44 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Eng.º João Almeida Lopes }

SPP: há 40 anos a promover a saúde respiratória dos portugueses

E Eng.º João Almeida Lopes Diretor-Geral da Medinfar

m nome do Grupo Medinfar, gostaria de endereçar os mais sinceros parabéns à Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) pelo seu quadragésimo aniversário. É inquestionável o trabalho meritório que a SPP tem desenvolvido ao longo destas quatro décadas de existência, tendo tido um papel fundamental na divulgação de informação na área da saúde respiratória, tanto para o público em geral, como para a própria comunidade médica do nosso País. Neste percurso marcante de 40 anos, a SPP tem apostado no desenvolvimento de um trabalho de excelência focado na educação e formação profissional e de estímulo na divulgação de todos os assuntos relacionados com a patologia respiratória e, quando possível, na prevenção dessas mesmas patologias. Graças ao empenho das sucessivas direções e dos membros da SPP, as doenças respiratórias figuraram em lugar de destaque na preocupação dos responsáveis na área da saúde. A prevalência das doenças respiratórias tem vindo progressivamente a aumentar ao longo dos últimos anos, havendo uma preocupação expressa por parte da Organização Mundial de Saúde (OMS) em relação a este assunto. Em Portugal, contamos com a SPP para a divulgação desta preocupação e para medidas que contribuam para a sua diminuição. A SPP tem mantido um esforço para trabalhar em proximidade

O Grupo Medinfar tem alargado significativamente a sua oferta terapêutica na área das doenças respiratórias com a população em geral, através da disponibilização de informação relevante ou por intermédio da organização de rastreios públicos para o diagnóstico de patologias respiratórias importantes. Na atualidade, a doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) é, provavelmente, uma das patologias que mais se enquadra nesse espírito. Com efeito, há hoje uma preocupação crescente na divulgação de informação sobre uma patologia que, segundo o último Relatório das Doenças Respiratórias em Portugal, tem uma prevalência de 14,2%. No entanto, o número de doentes que tem o diagnóstico após uma espirometria, única forma de efetuar um diagnóstico correto, é muito menor. Obviamente que temos de louvar o empenho dos médicos que não têm poupado esforços na sensibilização dos doentes para esta matéria. No entanto, é também muito importante o papel que

sociedades como a SPP têm tido na divulgação pública desta patologia, possibilitando que doentes potenciais exponham mais frequentemente as suas preocupações junto do seu médico. Enquanto Grupo, a Medinfar, laboratório português fundado em 1970, procurou sempre seguir uma política de responsabilidade social. Temos estado, sempre que possível, presentes para colaborar com a SPP em diversas ações, seja através da divulgação do conhecimento científico, seja por intermédio de iniciativas dirigidas à população em geral. O Grupo Medinfar tem alargado significativamente a sua oferta terapêutica na área das doenças respiratórias. Por esta razão, e de acordo com o planeamento estratégico da companhia, queremos manter uma parceria já existente com a SPP, estreitando ainda mais os laços de proximidade. Neste momento, o nosso portefólio na área respiratória conta já com quatro produtos específicos para esta área. Os últimos lançamentos focaram-se especificamente na disponibilização de soluções na área da DPOC, uma patologia que, até 2025, se estima que represente a terceira causa de mortalidade a nível mundial. No fundo, e quando falamos em batalhas contra patologias como a DPOC, precisamos de unir esforços entre todos os stakeholders – médicos, público em geral e indústria farmacêutica – para que o resultado seja o mais satisfatório possível.


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O ANTICOLINÉRGICO DE ALTA AFINIDADE1 Tovanor Breezhaler 44 microgramas pó para inalação, cápsulas (glicopirrónio) ▼Este medicamento está sujeito a monitorização adicional. Isto irá permitir a rápida identificação de nova informação de segurança. Pede-se aos profissionais de saúde que notifiquem quaisquer suspeitas de reações adversas. Nota Importante: Antes de prescrever consulte o Resumo das Características do Medicamento. APRESENTAÇÃO: Pó para inalação, cápsulas contendo brometo de glicopirrónio equivalentea 50 microgramas de glicopirrónio. INDICAÇÕES: Tovanor Breezhaler é indicado como tratamento broncodilatador de manutenção, para alívio dos sintomas em doentes adultos com doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC). POSOLOGIA E MODO DE ADMINISTRAÇÃO: Adultos: A dose recomendada é a inalação do conteúdo de uma cápsula de 50 microgramas uma vez por dia, usando o inalador Tovanor Breezhaler. Crianças (< 18 anos): não deve ser usado em doentes com menos de 18 anos. Populações especiais de doentes: não é necessário ajuste de dose em doentes idosos ou em doentes com compromisso ligeiro a moderado da função renal. Modo de administração: As cápsulas de Tovanor Breezhaler apenas devem ser administradas por via inalatória e apenas usando o inalador Tovanor Breezhaler. As cápsulas não devem ser engolidas. Os doentes devem ser instruídos sobre como administrar o medicamento corretamente. Os doentes que não sentiram melhorias na respiração devem ser questionados se estão a engolir o medicamento em vez de o inalar. CONTRAINDICAÇÕES: Hipersensibilidade à substância ativa ou a qualquer um dos outros excipientes. ADVERTÊNCIAS/PRECAUÇÕES: ♦utilização aguda: não deve ser usado como terapêutica de recurso ♦hipersensibilidade: se ocorrerem sinais sugestivos de reações alérgicas, em particular, angioedema, Tovanor Breezhaler deve ser imediatamente descontinuado e instituída terapêutica alternativa ♦broncospasmo paradoxal: tal como outras terapêuticas inalatórias, a administração pode resultar em broncospasmo paradoxal que pode por em risco a vida. Se ocorrer broncospasmo paradoxal, Tovanor Breezhaler deve ser descontinuado imediatamente e substituído por terapêutica alternativa ♦efeito anticolinérgico: deve ser usado com pre-

Número verde: 800 204 661 LABORATÓRIO MEDINFAR - PRODUTOS FARMACÊUTICOS, S.A. | Rua Manuel Ribeiro de Pavia, n.º1 - 1.º, Venda Nova 2700-547 Amadora Tel. 21 499 74 00 | Fax. 21 499 74 97 | email: medinfar@medinfar.pt | www.medinfar.pt | Capital Social: €7.000.000,00 - Contribuinte n.º 500 384 045 Sob licença Novartis - Medicamento sujeito a receita médica. Para mais informações deverá contactar o titular da AIM/representante local do titular da AIM. Tovanor-2014-09-FL-32 elaborado em julho de 2014

caução em doentes com glaucoma de ângulo estreito ou com retenção urinária ♦compromisso renal: deve apenas ser utilizado se o benefício esperado superar o risco potencial e doentes com compromisso renal grave incluindo os com doença renal terminal necessitando de diálise ♦doença cardiovascular: deve ser usado com precaução em doentes com doença cardíaca isquémica instável, falência ventricular esquerda, história de enfarte do miocárdio, arritmia (excluindo fibrilhação auricular estável crónica), história de síndrome de prolongamento do intervalo QT ou cujo QTc foi prolongado. GRAVIDEZ: apenas deve ser usado durante a gravidez se os benefícios esperados para o doente compensarem os potenciais riscos para o feto. ALEITAMENTO: apenas deve ser considerado se os benefícios esperados para a mulher compensarem qualquer potencial risco para a criança. FERTILIDADE: os estudos de reprodução e outros dados em animais não levantam preocupações no que respeita a fertilidade quer em machos quer em fêmeas. INTERAÇÕES: ♦a administração concomitante com outros medicamentos contendo anticolinérgicos não foi estudada e como tal não é recomendada. REAÇÕES ADVERSAS: ♦Frequentes (≥1 a <10%): xerostomia, insónia, gastroenterite ♦Pouco frequentes (≥0,1 a <1%): hipersensibilidade, angioedema, dispepsia, cáries dentárias, dor nas extremidades, dor torácica musculoesquelética, erupção cutânea, fadiga, astenia, sinusite, tosse produtiva, irritação da garganta, epistaxis, rinite, cistite, hiperglicemia, disúria, retenção urinária, fibrilhação auricular, palpitações, hipoestesia ♦Outras reações adversas: nasofaringite, dor musculoesquelética ♦Apenas em doentes idosos: cefaleias, infeção do trato urinário. TITULAR DA AUTORIZAÇÃO DE INTRODUÇÃO NO MERCADO: Novartis Europharm Limited Wimblehurst Road Horsham West Sussex, RH12 5AB Reino Unido REPRESENTANTE LOCAL: Laboratório Medinfar-Produtos Farmacêuticos, S.A. Rua Manuel Ribeiro de Pavia, 1, 1º Venda Nova 2700-547 Amadora. Escalão de comparticipação: B (69%; 84%). Medicamento sujeito a receita médica. Para mais informações deverá contactar o titular da AIM/ representante local do titular da AIM. TOV_RCM201406_IEC_V05


46 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Dr.ª AURORA CARVALHO// Dr. ª Ana Antunes }

HISTÓRIA, ATUALIZAÇÃO, DISCUSSÃO

Tuberculose

A

Dr.ª Aurora Carvalho Coordenadora da Comissão de Trabalho de Tuberculose

Co-autora: DR.ª Ana Antunes Secretária da Comissão de Trabalho de Tuberculose

tuberculose continua a ser um grave problema de saúde pública a nível mundial. Em 2012 foram notificados 8,6 milhões de novos casos de tuberculose em todo o mundo, correspondendo a uma incidência de 122/100 000 habitantes e tendo uma distribuição geográfica extremamente heterogénea. A Organização Mundial de Saúde (OMS) calcula que cerca de um terço da população mundial está infetada pelo Mycobacterium tuberculosis (Mt) correspondendo a mais de 2 milhões de pessoas, em risco de desenvolver doença ativa. Em Portugal, a incidência da tuberculose tem vindo a diminuir progressivamente e de modo consistente nas últimas décadas. Em 2013 foram registados 2292 casos de tuberculose, dos quais 2142 são novos casos, correspondendo a uma taxa de incidência de 20,4 por 100 000 habitantes. Esta taxa continua a colocar Portugal como o país da Europa Ocidental com incidência mais elevada, sendo ainda considerado um país de média incidência. Apesar da elevada incidência de tuberculose a nível mundial, o baixo investimento verificado na sua investigação pode-se associar, por um lado, à relativamente baixa incidência em países mais desenvolvidos, e ao facto de ser relativamente fácil a confirmação do diagnóstico, particularmente em tuberculose pulmonar, e de estar disponível tratamento eficaz para a maior parte dos casos. No entanto, a associação da tuberculose à infeção VIH, o

aumento dos casos de tuberculose multirresistente e os alertas da Organização Mundial da Saúde (OMS) relativamente à situação epidemiológica mundial da tuberculose, contribuíram para um novo interesse da comunidade científica nas diversas áreas de investigação da doença. Como resultado, assistimos a uma melhoria significativa nas áreas do diagnóstico da doença, com melhores testes de diagnóstico e maior rapidez na confirmação; ao aparecimento de novos testes e de normas de orientação para diagnóstico e tratamento de infeção por Mt; à investigação de novos fármacos e novas opções de tratamento, sobretudo no sentido de reduzir o tempo de tratamento; ao aparecimento de recomendações para orientação de tuberculose multirresistente. A investigação da doença continua a produzir resultados, quer no desenvolvimento de novas orientações de tratamento, quer de novos fármacos e na procura de novas vacinas. Em 1998, altura em que foi lançada, pela direção da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, a ideia da criação das comissões de trabalho, surgiu a Comissão de Trabalho de Tuberculose. O Dr. Leal Gonçalves foi eleito coordenador e a Prof.ª Doutora Maria João Marques Gomes foi eleita secretária. A atividade da Comissão tem sido desenvolvida em diferentes vertentes: realização de uma reunião anual que tem como principal objetivo a atualização e discussão de temas de tuberculose, é seguida de uma reunião de caráter organizativo; participação na reunião anual da SPP, habitualmente na forma de mesa redonda, havendo preocupação

Em Portugal, a incidência da tuberculose tem vindo a diminuir progressivamente

de tratar temas mais abrangentes; é habitual a participação nas comemorações do dia mundial da tuberculose, sendo que não existe um padrão desta participação e tem variado ao longo dos anos (reunião temática, workshop, colaboração com outras organizações). A Comissão tem mantido ao longo dos anos uma atividade importante na criação de diferentes documentos escritos e publicados, que vão desde textos com atualizações temáticas até à criação de recomendações. Na criação de recomendações tem sido fundamental o trabalho realizado em colaboração com outras sociedades científicas - Reumatologia, Dermatologia, Gastroenterologia, Infecciologia, Medicina Interna, Pediatria e Imunoalergologia. A Comissão foi responsável pela organização da Escola de Pneumologia dedicada à tuberculose. Atualmente estão em preparação dois documentos de consenso: um que diz respeito à orientação de rastreio de contactos em crianças e um documento de recomendações para diagnóstico e orientação de reações de hipersensibilidade a fármacos usados no tratamento da tuberculose.


47 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Dr. José Manuel dos Reis Ferreira }

Boletim Oxigénio

H

erdeiro da tradição de informação aos sócios da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), baseada nas atividades promovidas pela Sociedade e suas Comissões de Trabalho Científico (CT), exercida até ao final do século XX pelo Boletim da SPP, em versão impressa em suporte de papel, o Oxigénio surge como um novo conceito de informação, no programa da direção da SPP, em 2009. Por motivos das prioridades organizativas e de eventos da SPP, só aparece materializado em 2012, tendo, desde então, uma edição trimestral regular, que atingiu em março passado a sua 9.ª edição. Para além de veicular a informação sobre o pulsar da SPP, nas suas múltiplas frentes de ação, para além de divulgar bibliografia respiratória atual, o Oxigénio pretende ser um veículo de dinamização e sensibilização dos sócios para o seu papel nas instituições e na sociedade, fazendo ainda a ponte para a comunicação (media) generalista. O seu suporte é agora informático, domiciliado na página oficial da SPP na Internet, tendo com isso ganho novo grafismo, cor e acessibilidade. Os meios materiais para a sua realização regular são modestos. Uma equipa voluntária editorial que, para além do signatário, inclui a Prof.ª Doutora Marta Drummond e o Dr. António Jorge Ferreira e a equipa da produção, chefiada na firma Multicom pela coordenadora, a Sónia Matos. Sem o apoio de

O Oxigénio pretende ser um veículo de dinamização e sensibilização dos sócios para o seu papel nas Instituições e na Sociedade

muitos outros colaboradores dedicados, que a cada novo número surgem, não seria possível a nossa sobrevivência e o interesse e atualidade da nossa informação.

O que temos feito? Como primeira preocupação, temos tentado envolver as CT, veicular as suas iniciativas, salientando os seus muitos sucessos. Lá incluímos umas fotos de grupos de trabalho, de rastreios da população, de palestrantes e de eventos destacados, com curtos textos alusivos. Segue-se a regularidade dos destaques bibliográficos trimestrais, da responsabilidade da nossa preciosa colaboradora, Dr.ª Helena Donato, remetendo sempre para a disponibilidade dos textos originais na biblioteca virtual da SPP. Depois

vêm os eventos oficiais da SPP, os destaques dos prémios atribuídos, a apresentação de serviços ou sócios em destaque (secção “Quem é Quem”) ou de artigos de opinião.

Para onde queremos avançar? As malhas da crise que o País e a Europa atravessam têm sido obstáculo para muitas iniciativas e para a carreira profissional na medicina respiratória. Também têm condicionado a vida académica e clínica e das sociedades profissionais. Mas a crise constitui também um mundo de oportunidades de mudança, e o Oxigénio quer ser um instrumento de divulgação destas oportunidades. Qualquer texto de interesse que não tenha lugar na revista científica da SPP, a Revista Portuguesa de Pneumologia, poderá ter o seu lugar no Boletim e também a divulgação aos sócios de oportunidades profissionais serão sempre bem-vindas às suas páginas eletrónicas. Por outro lado, comentários que exprimam perspetivas interessantes, sejam elas próprias à experiência e à longa prática clínica, sejam as perspetivas de quem chega a um novo meio profissional (as perspetivas e inseguranças dos internos ou dos recém especialistas), as do investigador básico ou as de áreas de interesse especial, deveriam ser partilhadas no fórum que o Oxigénio pode vir a constituir. De certo modo, sonhamos para o Oxigénio a razão de ser que deveria ser também a base da SPP. Uma instituição científica dos sócios e para os sócios, facilitadora de oportunidades e garante da qualidade na prática clínica, mas não corporativa nem sindical.

Dr. José Manuel dos Reis Ferreira Assistente Hospitalar Graduado de Pneumologia, editor do Boletim Oxigénio da Sociedade Portuguesa de Pneumologia


48 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Dr. ANTÓNIO MORAIS }

Revista Portuguesa de Pneumologia

Na encruzilhada de um longo caminho

N Dr. António Morais Editor-Chefe da Revista Portuguesa de Pneumologia

este ano em que se comemoram os 40 anos da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), a Revista Portuguesa de Pneumologia receberá em finais do mês de julho pela quarta vez consecutiva um valor de fator de impacto (FI) pela Thomson Reuters-ISI Web of Knowledge, sendo expectável uma continuação de um crescimento lento mas seguro e sustentado. Efetivamente, a atribuição no ano passado de um valor de FI de 0,562 adicionado ao registo de 168 citações de artigos da Revista em todo o ano de 2012, representa uma evolução significativa, colocando a RPP num lugar central e destacado no panorama de edição científica médica nacional. A história das publicações científicas da Pneumologia Portuguesa iniciou-se em 1969 com a publicação da Pneumologia-Revista Portuguesa de Patologia Respiratória edição e propriedade da Clínica de Doenças Pulmonares da Faculdade de Medicina de Lisboa, cerca de cinco anos antes da institucionalização da Sociedade Portuguesa de Patologia Respiratória, primeira designação da SPP. Tratava-se de uma revista trimestral, bilingue (português-inglês) cujo diretor era o insigne Prof. Doutor Thomé George Villar. Fruto da carreira e da reputação internacional do seu diretor, a Revista adotava um modelo inspirado nas revistas internacionais mais conceituadas, englobando nomeadamente a língua inglesa, a par do português como

Neste trajeto foram determinantes algumas etapas como a indexação à PubMed em 2003 língua oficial da revista, o que traduz a noção que tal seria essencial para a visibilidade e impacto das publicações nacionais. Em 1978, esta revista foi substituída pela Medicina Torácica, também com periodicidade trimestral e sob a mesma direção. Nessa época, o seu conselho editorial assumia como objetivo, apesar das limitações nos recursos técnicos e financeiros, fazer “trabalho que não nos deixe muito mal colocados quando em confronto com o que se faz lá fora”. Em 1980, era publicado o primeiro número do órgão oficial da Sociedade Portuguesa de Patologia Respiratória (SPPR). Nesse número dos chamados Arquivos da SPPR, no primeiro editorial, o saudoso Prof. Doutor Robalo Cordeiro explicava: “A SPPR, apoiada nos seus arquivos, encetará agora, uma nova jornada na sua necessária cruzada em prol da Pneumologia nacional”. Após 30 anos, por onde passaram um redator-chefe (1980-89: Prof. Doutor Fontes Baganha), dois coordenadores do corpo redatorial (1989-92: Prof. Doutor Manuel

Coelho, e de 1992-98: Dr. Renato Sotto-Mayor) e dois editores (de 1998-2009 Dr. Renato Sotto-Mayor e de 2010-2013 Prof. Doutor João Carlos Winck), podemos concluir que os objetivos foram plenamente cumpridos dada a dinâmica e a perspetiva de evolução editorial da revista. Neste trajeto foram absolutamente determinantes algumas etapas como a indexação à PubMed em 2003, a primeira edição com tradução em inglês ocorrida em 2005, a adesão à plataforma Elsevier em 2010 e a obtenção do primeiro FI em 2011 desencadeada alguns anos antes. É justo aqui destacar todo o trabalho e esforço desempenhado neste percurso, efetuado pelos conselhos editoriais e direções da SPP em funções durante período, levando assim à transformação radical da RPP de um orgão nacional para uma revista internacional de patologia respiratória, que se encontra neste momento entre o grupo exigente e competitivo das revistas com FI. Esta transformação levou-nos e levar-nos-á a alterar profundamente a forma de investigar, de publicar, analisar e rever artigos científicos, tornando-nos necessariamente mais competitivos dentro do panorama da edição científica respiratória. Neste momento, encontramo-nos na RPP numa encruzilhada, de saber se estamos satisfeitos com o que já conseguimos ou se queremos continuar a ser arrojados e ambicionar sempre mais, o que só será conseguido se usarmos as mesmas ferramentas de edição e o mesmo grau de exigência utilizados por aqueles que mais sucesso tem neste mundo da edição científica.



50 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Dr.HJSGGVCGVSD }

DA DOS

sociedade portuguesa de Pneumologia

Bases de dados

À semelhança de outras sociedades científicas, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), está, desde a sua fundação, empenhada na construção e manutenção de uma base de dados que conta, atualmente, com quatro registos associados a diferentes patologias respiratórias. doenças difusas

tumores torácicos

Défice de AlfA-1 Antitripsina

Contemplados nos objetivos gerais das comissões de trabalho e grupos de estudo correspondentes, contam-se o Registo de Doenças Difusas, o Registo de Tumores Torácicos, o Registo de Bronquiectasias e o Registo de Défice de AlfA-1 Antitripsina. Estes registos são uma mais-valia para o conhecimento das patologias respiratórias no panorama nacional, permitindo a realização

de estudos, nomeadamente estudos comparativos em relação a outros países, bem como para uma ação médica mais adequada às necessidades específicas do território nacional. As bases de dados da SPP, alojadas online, funcionam de forma independente, sendo o registo de dados anónimo e confidencial, de acesso condicionado aos profissionais de saúde autorizados.

Bronquiectasias não fibrose quística

Dr.ª Sofia Neves

O Registo de Doenças Difusas foi criado pela Comissão de Trabalho das Doenças do Interstício e Doenças Ocupacionais do triénio de 2007-2009, com o objetivo de conhecer a realidade destas doenças no panorama nacional, nomeadamente a sua epidemiologia, etiopatogenia e evolução. A Dr.ª Sofia Neves, que em conjunto com

Registo de Doenças Difusas a Dr.ª Susana Clemente coordena a comissão de trabalho, explicou que este registo “vai permitir conhecer a incidência e prevalência das doenças do interstício pulmonar na população portuguesa, facilitando, eventualmente, a introdução de fármacos, a criação de grupos de trabalho de investigação e poderá ainda possibilitar a seleção de

doentes para ensaios clínicos”. A plataforma, para já com 50 doentes registados, atravessa um processo de revisão com o intuito de melhorar a sua acessibilidade. “Temos lutado para concluir o processo com a maior brevidade”, disse a Dr.ª Sofia Neves, referindo que poderá ser criada uma nova base de dados.

Este registo “vai permitir conhecer a incidência e prevalência das doenças do interstício pulmonar”


51 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Dr.DVSDVSDVSCV }

Dr.ª ANA FIGUEIREDO

Registo de Tumores Torácicos

O Registo de Tumores Torácicos, um dos objetivos da Comissão de Trabalho de Pneumologia Oncológica, foi criado no triénio de 2007-2009. Nessa altura, havia já alguns dados fruto do levantamento manual feito pelas comissões anteriores, mas era clara a necessidade de um registo nacional de fácil preenchimento e rápido acesso, que contemplasse mais dados epidemiológicos e clínicos. A Dr.ª Ana Figueiredo, coordenadora da comissão à data de criação do registo, explicou que a base de dados nasceu com o objetivo major de “uniformizar os dados que são levantados, a nível nacional”, lembrando que se trata de um

Dr.ª cecília nunes

processo “demorado e que exige a participação e um esforço suplementar dos profissionais envolvidos no tratamento da patologia para ser conseguido em pleno”. Por outro lado, o registo tem também um “intuito didático, ao permitir aos colegas mais novos aprender no ato de preenchimento”, quer através da descrição do estadiamento do doente no processo de registo, quer através da classificação que é automaticamente gerada quando finalizado. A base de dados de tumores torácicos tem, até ao momento, um total de 1238 registos em sistema. É esperado que daqui para a frente tenha um crescimento exponencial.

A base de dados de tumores torácicos tem, até ao momento, um total de 1238 registos em sistema

Registo de Défice de AlfA-1 Antitripsina

Registo de Bronquiectasias

O Registo Nacional de Bronquiectasias foi recentemente apresentado pelo Núcleo de Estudos de Bronquiectasias Não Fibrose Quística (BNFQ) na sua reunião anual, que decorreu no mês de maio. A base de dados foi construída à semelhança do registo de bronquiectasias de Espanha, tendo em conta as relações de proximidade entre as comissões portuguesa e espanhola que se dedicam ao estudo desta patologia. “Em breve o registo estará disponível para iniciar a inserção de dados.

Agora as pessoas vão receber formação para utilizar devidamente a plataforma”, avançou a Dr.ª Cecília Nunes, uma das coordenadoras do Núcleo. A assistente hospitalar de Pneumologia explicou que “o objetivo deste registo é podermos acumular um número importante de doentes com bronquiectasias não fibrose quística para conhecermos a incidência da doença no nosso país, quais as suas etiologias e evolução, na tentativa de uniformizar todos os métodos de diagnóstico, seguimento e tratamento destes doentes”.

Dr.ª Maria Alcide Narques

O objetivo deste registo é podermos acumular um número importante de doentes com BNFQ

Embora ativo desde 2011 com sede na Faculdade de Medicina de Coimbra, o Registo Nacional de Deficitários em AlfA-1 Antitripsina passou a estar disponível na Sociedade Portuguesa de Pneumologia em 2012, associado ao Grupo de Estudos de Défice de AlfA-1 Antitripsina. Segundo a coordenadora do grupo de estudos, a Dr.ª Maria Alcide Marques, este registo surgiu como resposta à “necessidade de identificação e diagnóstico precoce dos portadores desta deficiência”, com o propósito de “conhecer o impacto real desta deficiência no nosso País, de modo a possibilitar medidas de intervenção, tanto de caráter preventivo como terapêutico, neste último caso através da terapêutica de reposição com a enzima em falta”. Alojado no site www.naregisto.org, o registo de acesso reservado aos médicos pneumologistas é complementado com um nível de informação pública dirigida a todos os interessados em aprofundar os conhecimentos sobre o défice de AlfA-1 Antitripsina.


52 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ Prof. Doutor José Silva Cardoso }

SPC e SPP

Parceria e cooperação na abordagem cardio-pulmonar

D Prof. Doutor José Silva Cardoso Presidente da SPC

esde a data da sua fundação, em 1949, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) está empenhada no estreitamento das relações com outras sociedades científicas, no intuito de cooperar para aquela que é a finalidade última de toda a comunidade médica: o benefício do doente. A cooperação continua a ser um dos princípios orientadores da ação da Sociedade, não fosse o lema da direção da SPC do triénio 2013-15 baseado no triângulo Cooperação, Investigação e Intervenção. A cooperação estabelece-se com diferentes atores, quer internamente, com os sócios e funcionários da SPC, quer com o exterior, com a sociedade civil (e os doentes em particular) e com sociedades nacionais e internacionais. Desde logo, a cooperação com a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) revelou-se necessária e vantajosa, tendo em conta os pontos de contacto da atividade de ambas as especialidades, que em muito se complementam, fazendo todo o sentido, portanto, um trabalho conjunto para a realização de ações de caráter científico, pedagógico, e assistencial na área da patologia cardio-pulmonar. São várias as situações clínicas

que exigem uma abordagem cardio-pulmonar, como o enfarte do miocárdio, a insuficiência respiratória, a embolia pulmonar, e a insuficiência cardíaca. Assim, é necessariamente positivo o trabalho conjunto entre os especialistas de Cardiologia e Pneumologia e, do ponto de vista mais abrangente, uma parceria sólida e ativa entre as sociedades que os abrangem, pois contribui certamente para um conhecimento mais alargado e uma abordagem mais eficaz destas patologias. No momento em que a SPP comemora 40 anos de existência, não poderia deixar de ser assinalada a estreita cooperação entre a SPC e a SPP, a qual resultou num Protocolo de Cooperação assinado a 8 de abril de 2011. Neste protocolo foram definidas áreas de interesse comum, tais como a promoção do ensino e da formação, a promoção da investigação científica, o desenvolvimento e divulgação de estudos, e a promoção do debate e do conhecimento sobre temas relacionados com a patologia cardio-pulmonar. A partir da data da assinatura do protocolo, as duas sociedades passaram a organizar uma reunião nacional conjunta de caráter anual, bem como um simpósio conjunto englobado no programa dos congressos anuais de cada uma das sociedades. Enquanto presidente da SPC, não

A estreita cooperação entre a SPC e a SPP resultou num Protocolo de Cooperação assinado a 8 de abril de 2011

poderia deixar de congratular a SPP pelo seu 40.º aniversário e, em nome da SPC, expressar o orgulho e satisfação por todas as ações de cooperação que têm sido fomentadas ao longo destas quatro décadas.



54 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA

{ RESPIRA }

RESPIRA e SPP

Sinergia e vontade de trabalhar em conjunto

A Direção da Respira

A Respira - Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas nasceu de uma cooperação entre pessoas com doenças respiratórias de diferentes patologias que se conheceram numa reunião realizada em 18 de outubro de 2006, na Sede da Sociedade Portuguesa de Pneumologia/SPP, agendada através de contactos dos seus pneumologistas. Este grupo inicial, com doentes de vários pontos do País, criou uma sinergia e uma vontade de trabalhar em conjunto tal que em 16 de novembro desse mesmo ano, no Dia Mundial da DPOC, no espetáculo “O Assobio da Cobra”, organizado pela SPP para angariação de fundos, anunciou a denominação e a fundação da nossa Instituição que foi, legalmente, constituída em 9 de fevereiro de 2007. Desde então os Corpos Sociais da Respira são formados, exclusivamente, por pessoas com doenças respiratórias e seus familiares, integrando a Comissão Científica desta Instituição vários pneumologistas de diferentes hospitais do País. A parceria com a Sociedade Portuguesa de Pneumologia/SPP data desde então, tendo sempre o cuidado de manter a independência de cada uma das entidades, embora haja objetivos semelhantes nos planos de ação de cada uma, nomeadamente: • a divulgação da existência das doenças respiratórias crónicas nomeadamente a doença pulmonar obstrutiva crónica/DPOC junto da comunidade; • a prevenção desta patologia através da implementação de programas de sensibilização para as consequências do tabagismo; • o despiste precoce da doença

A SPP tem reconhecido o trabalho desenvolvido pela Respira, tendo-a distinguido com o Prémio AIR e convidado a estar em várias reuniões científicas pulmonar obstrutiva crónica/DPOC através de uma rede de espirometrias que cubra todo o território nacional; • a equidade no acesso aos tratamentos farmacológicos ou não para todos os doentes com patologias respiratórias crónicas; • a importância da Reabilitação Respiratória para a qualidade de vida das pessoas com doenças respiratórias crónicas; • o empowerment dos doentes e seus familiares para que conhecendo a doença, os seus sintomas e o seu estado físico e emocional possam tornar realidade a parceria médico/ /doente fundamental para o processo terapêutico. Assim, as duas entidades têm colaborado em diversas iniciativas quer sejam do foro científico, através da participação em congressos e

workshops, quer em campanhas desenvolvidas, especificamente, para assinalar os dias mundiais da DPOC, Sem Tabaco e da Espirometria junto do público em geral, sendo disso exemplo o roadshow do Dia Mundial da Espirometria, O Dia Mundial da Pneumonia etc., quer na publicação de manuais e brochuras, por exemplo Aprenda a Viver com a DPOC e Reabilitação - Respiratória para as pessoas com doenças respiratórias crónicas e seus cuidadores. A Respira tem trabalhado de acordo com a sua missão, objetivos e valores, quer a nível nacional quer a nível internacional, estando representada neste momento na direção da European Federation of Allergy and Airways Diseases Patients Associations - EFA e, também, e como perita, representante dos doentes, na European Medicines Agency - EMA. A Sociedade Portuguesa de Pneumologia tem reconhecido o trabalho desenvolvido pela Respira tendo-a distinguido com o Prémio AIR e convidado a estar em várias reuniões científicas que promove porque acredita que a perspetiva do doente é muito importante e que este deve estar no centro do sistema. A Respira - Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas - tem estado presente nas comemorações do 40.º Aniversário da Sociedade Portuguesa de Pneumologia e deseja que este testemunho/depoimento seja um contributo para todos os seus elementos continuem a lutar pela saúde respiratória do País, em geral, e dos seus pacientes em particular de acordo com a missão da Sociedade Portuguesa de Pneumologia/SPP. Bem hajam por muitos e longos anos!




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