EDIÇÃO
ANO 2 | Nº7 | JANEIRO/FEVEREIRO 2014 | BIMESTRAL | 3€
CONGRESSO APU 2013 ASSINALA 90 ANOS DE EXISTÊNCIA DA ASSOCIAÇÃO
IX CONGRESSO NACIONAL DE PSIQUIATRIA O RESSURGIR DA PSICOPATOLOGIA NO CENTENÁRIO DA PUBLICAÇÃO DA OBRA DE KARL JASPER
14 DE MARÇO, DIA MUNDIAL DO SONO EM ENTREVISTA, A PROF.ª DOUTORA TERESA PAIVA ALERTA PARA CONSEQUÊNCIAS DAS “NOITES EM BRANCO”
9.as JORNADAS
DE ATUALIZAÇÃO EM INFECIOLOGIA
DO HOSPITAL DE CURRY CABRAL DAS PNEUMONIAS À CO-INFEÇÃO VIH/VHC
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Edição
Médico News é um projeto da News Farma, de periodicidade bimestral e dirigido a profissionais de saúde. News Farma é uma marca da Coloquialform, Lda.
PATROCINADORES DESTA EDIÇÃO
SUMÁRIO
06 MAIS DE 300
CONGRESSISTAS E DE 100 PALESTRANTES DR. HELDER PEREIRA
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74
08 EXPETATIVAS EXCEDIDAS
PROF. DOUTOR DAVIDE CARVALHO
12 7.º FÓRUM
NACIONAL DA DIABETES: BALANÇO
08
24
54
75
DR. JORGE DORES
14 ANTEVISÃO DO XI
CONGRESSO PORTUGUÊS DE DIABETES DR. RUI DUARTE
12
28
60
81
16 RASTREIO
NEONATAL DA FIBROSE QUÍSTICA EM PORTUGAL DR.ª CELESTE BARRETO
18 ATUALMENTE, O 14
32
62
84
SONO É CONSIDERADO DESCARTÁVEL PROF.ª DOUTORA TERESA PAIVA
22 CONGRESSO DA APU 2013 BALANÇO DR. TOMÉ LOPES
16
36
66
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24 REFLEXÕES SOBRE O CARCINOMA DA PRÓSTATA
PROF. ALBERTO MATOS FERREIRA
28 CARCINOMA DA 18
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PRÓSTATA NOVOS BIOMARCADORES DR. RUI HENRIQUE
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32 ATITUDE FACE A
70 DÉFICE DE IODO NA
PROF. DOUTOR ARNALDO FIGUEIREDO
DR. JOÃO JÁCOME DE
36 MÉDIA DO ATRASO
74 BALANÇO DO
PEQUENAS MASSAS RENAIS
DO DIAGNÓSTICO PODE ULTRAPASSAR OS QUATRO ANOS DR.ª TERESA COELHO
43 56.º CONGRESSO NACIONAL DA SPO
PROF. DOUTOR PAULO TORRES
52 14.º CONGRESSO DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA DOENÇA VASCULAR CEREBRAL DA SPMI
DR.ª M TERESA CARDOSO
54 BALANÇO DAS
XXI JORNADAS INTERNACIONAIS DO INSTITUTO PORTUGUÊS DE REUMATOLOGIA DR.ª EUGÉNIA SIMÕES
60 BALANÇO DO IX
CONGRESSO NACIONAL DE PSIQUIATRIA PROF. DOUTORA MARIA LUÍSA FIGUEIRA
62DIFERENCIAÇÃO
DE CUIDADOS EM PSIQUIATRIA PARA OS ADULTOS MAIS VELHOS PROF. DOUTOR ANTÓNIO LEUSCHNER
66 TERAPIAS
BIOLÓGICAS. QUE FUTURO? AS TERAPIAS DE ESTIMULAÇÃO CEREBRAL PROF. DOUTOR JOÃO RELVAS
GRAVIDEZ PODE AFETAR FORMAÇÃO DO BEBÉ CASTRO
CONGRESSO DA SPN PROF. DOUTOR VITOR OLIVEIRA
75 AS ENTIDADES
REGULADORAS EXIGEM QUE O BIOSSIMILAR SEJA CONSTANTEMENTE COMPARADO COM O BIOLÓGICO INOVADOR, PORTANTO, NÃO HÁ MOTIVO PARA NÃO CONFIAR PROF. DOUTOR KNUT LUNDIN
81 HIPERTENSÃO ARTERIAL E INSUFICIÊNCIA CARDÍACA EM DISCUSSÃO
PROF. DOUTOR LUIZ
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MENEZES FALCÃO
Nome*
84 PREVENÇÃO,
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DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
DR. ANTÓNIO DINIZ
94 4
LISBON VASCULAR FORUM SOB O SIGNO DA INOVAÇÃO TH
PROF. DOUTOR JOSÉ
Localidade*
Código postal*
E-mail* Telemóvel*
Telefone
Profissão* Contribuinte*
Data de nascimento
FERNANDES E FERNANDES
98 O CICLO DE
CONFERÊNCIAS EM INFECCIOLOGIA SURGIU DA CONVICÇÃO DE QUE ESTE PROJETO VALIA A PENA DR. GERMANO DO CARMO
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4.ª REUNIÃO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE INTERVENÇÃO CARDIOVASCULAR (APIC)
MAIS DE 300 CONGRESSISTAS E DE 100 PALESTRANTES
DR. HELDER PEREIRA Presidente da APIC
PORTUGAL É UM DOS PAÍSES EUROPEUS COM UMA DAS MAIS BAIXAS TAXAS DE IMPLANTE DE VALVULAR AÓRTICAS: POUCO MAIS DE UMA DEZENA POR MILHÃO POR ANO, CONTRA AS CERCA DE CINCO DEZENAS DA MÉDIA EUROPEIA MÉDICO NEWS
Nos passados dias 23 e 24 de novembro teve lugar, em Coimbra, a 4.ª Reunião Anual da Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC). A reunião foi coordenada pelo secretario-geral, Dr. Marco Costa, e teve mais de 300 congressistas e de 100 palestrantes. O programa da reunião, que contou com o apoios dos grupos de trabalho da APIC, sofreu inovações quer do ponto de vista da forma quer do conteúdo. A título de exemplo, salienta-se uma sessão de novidades em cardiologia de intervenção e as sessões premiadas de casos clínicos e complicações. Também foi novidade, a inclusão de um simpósio paralelo, destinado a médicos referenciadores não cardiologistas de intervenção. Neste simpósio, estiveram presentes especialistas em MGF, internistas, neurologistas e cardiologistas clínicos, com o intuito de melhorar a referenciação de doentes com fibrilhação auricular, não-valvular, com indicação para anticoagulação oral, mas que não o possam fazer, por exemplo, devido a alguma complicação hemorrágica. A técnica de encerramento do apêndice auricular apresenta-se como uma alternativa para a redução dos fenómenos tromboembólicos nestes doentes. O evento foi também um sucesso no que respeita ao número de trabalhos científicos submetidos — cerca de meia centena - para apresentação em formato de cartazes eletrónicos moderados. Um aspeto muito importante, na nossa profissão, é a proteção das radiações ionizantes. O Prof. Paulo Graciano, da ESTES Coimbra e presidente da European Federation of Radiographers Societies, que tem colaborado connosco na organização de cursos nesta área, coordenou, na reunião de Coimbra, um rastreio oftalmológico aos congressistas que aí desejaram participar. Os resultados deste estudo serão brevemente publicados e são uma importante contribuição para sensibilizar os profissionais de saúde para os riscos da excessiva exposição às radiações ionizantes, assim como na necessidade de manter uma proteção adequada. A reunião do presente ano terá lugar em Viseu nos dias 22 e 34 de novembro, estando a coor-
denação igualmente a cargo do Dr. Marco Costa. O programa irá contar com as sugestões dos sócios assim como com a colaboração dos grupos de trabalho. Tal como no ano anterior, será solicitado ao grupo de trabalho dos jovens cardiologistas de intervenção, para participar ativamente e ajudar, mais uma vez, a inovar no modelo de reunião. Não obstante a participação de colegas estrangeiros, de associações similares que nos são próximas, tais como EAPCI, Espanha e Brasil, a reunião da APIC é uma reunião que pretende refletir a cardiologia de intervenção portuguesa vista pelos portugueses. Por isso, consideramos muito importante que colegas nossos, em particular aqueles que estão a trabalhar em países de língua portuguesa ou aos quais Portugal se encontra intimamente ligado, tenham este ano também uma presença ativa na nossa reunião. A par da realização da reunião anual, a APIC patrocina ou apoia outras reuniões seletivas dos vários grupos de trabalho. No dia 21 de fevereiro teve lugar, em Lisboa, a terceira reunião do grupo de trabalho das válvulas percutâneas aórticas. Se em relação à intervenção coronária nos situamos ao nível dos países europeus, o mesmo, não é verdade relativamente à intervenção estrutural. Portugal é um dos países europeus com uma das mais baixas taxas de implante de valvular aórticas: pouco mais de uma dezena por milhão por ano, contra as cerca de cinco dezenas da média europeia. Este é um problema que deverá ser amplamente debatido, pois os resultados clínicos são muito encorajadores, as indicações têm tendência a alargar-se e a população está a envelhecer com as necessidades a aumentar. Dentro de uma estratégia de incentivar a realização de trabalhos científicos e a melhoria da nossa cardiologia de intervenção, estamos também a programar uma reunião na área dos stents bioabsorvíveis, onde será atribuído um prémio à melhor proposta de investigação nesta área. Brevemente, também, serão apresentados os regulamentos do referido prémio, assim como os de uma bolsa de estudo que a APIC também pretende implementar.
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EXPETATIVAS EXCEDIDAS
PROF. DOUTOR DAVIDE CARVALHO Presidente da Direção da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade
A APRESENTAÇÃO SOBRE ESTADIAMENTO VEIO LANÇAR UMA NOVA PERSPETIVA SOBRE A OBESIDADE. COM EFEITO, O ESTADIAMENTO, PERMITE A DETERMINAÇÃO DA GRAVIDADE DA DOENÇA MÉDICO NEWS
O 17.º Congresso Português de Obesidade realizou-se no Porto de 22 a 24 de novembro com a participação de cerca de quatro centenas de profissionais que trabalham na área da obesidade — profissionais da educação física, nutricionistas, dietistas, farmacêuticos, psicólogos, enfermeiros e médicos. O Porto voltou a ser o
tutos de refeições permite maior de peso; food addiction: fact or fiction?, foram alguns dos temas objeto de apresentações fundamentadas e motivo de discussão. A Sociedade irmã para colaborar foi a Sociedade Portuguesa de Cardiologia, que nos trouxe 3 tópicos de grande atualidade: obesidade como
ponto de encontro tão esperado. Indiscutivelmente, a obesidade continua a constituir um desafio: para a sociedade pelos custos que acarreta, para os serviços de saúde pelos recursos que consome, para os profissionais que lidam com ela, pelas dificuldades de tratamento que suscita. Quando começamos a preparar um congresso colocamo-nos sempre na perspetiva do futuro consumidor: que informação gostaria de receber, que lacunas tem nos seus conhecimentos, o que há de novo na patogénese, na prevenção e no tratamento. Apesar do aprofundamento dos conhecimentos da fisiopatologia da doença, continuamos com mais dúvidas do que certezas sobre a melhor forma de a tratar e como melhorar os nossos resultados. Continuamos a conviver com mitos e realidades. Quando as certezas não são absolutas abre-se caminho ao charlatanismo, à improvisação, à mitologia, e também à inércia. No vasto programa do Congresso, que contou com 18 simpósios, foram particularmente participados aqueles que debateram mitos e factos na obesidade. Pequenas mudanças na ingestão e dispêndio energéticos produzem grandes alterações a longo prazo; definição de objetivos realistas são importantes senão os doentes ficam frustrados; a amamentação é protetora contra a obesidade; um episódio de atividade sexual queima 100 a 300 calorias; a ingestão regular do pequeno almoço é protetora contra a obesidade; Os bons hábitos na infância e adolescência, influenciarão ao longo de toda a vida?; a síndrome do Yo-Yo associa-se a aumento da mortalidade; o tratamento farmacológico permite perder e manter perda de peso a longo prazo; a cirurgia bariátrica resulta na perda de peso a longo prazo e na redução das co-morbilidades; o fornecimento de refeições e o uso de substi-
fator de risco cardiovascular; obesidade/diabetes e insuficiência cardíaca; e o paradoxo da obesidade na doença cardiovascular. O Congresso contou com três cursos que decorreram diariamente durante o congresso: “Curso de Nutrição Clínica”, “Curso de Atividade Física” e “Curso de Modificação Comportamental”. Três conferências, uma realizada pelo Prof. José Alberto Duarte, da FADEUP, sobre Fisiologia do Sedentarismo e duas pelo Prof. Nick Finer — Estadiamento da Obesidade e Novas opções terapêuticas foram excelentes contributos. A apresentação sobre estadiamento veio lançar uma nova perspetiva sobre a obesidade. Com efeito, o estadiamento, permite a determinação da gravidade da doença e é necessário para: avaliar a eficiência diagnóstica dos profissionais de saúde; avaliar a qualidade dos cuidados; compreender a utilização dos serviços de saúde; desenhar ensaios clínicos; reembolso dos hospitais de acordo com os resultados. Tal como em outras patologias, como as oncológicas, este estadiamento contribuirá para uma mais correta caracterização da situação clinica, para além da fornecida pela determinação do IMC e ou do perímetro abdominal. 80 Cartazes com discussão orientada por conhecidos especialistas e 18 comunicações orais completaram o programa. A Direção da Sociedade manifesta o seu agradecimento aos associados Paula Freitas, Carla Rêgo, Cláudia Freitas, Maria Lopes Pereira, Mariana Martinho, Fernando Pichel, Susana Silva, John Preto e Rute Santos pelo enorme contributo dado para este sucesso. O 18.º Congresso será em Aveiro, de 24 a 26 de outubro, com o lema “Velhos Mitos, Novos Aliados”, sendo presidente da Comissão Organizadora local a Dr.ª Joana Guimarães. Esperamos por todos em Aveiro!
Zomarist® 50 mg/850 mg Zomarist® 50 mg/1000 mg Apresentação: vildagliptina/cloridrato de metformina em associação fixa: 50 mg/850 mg e 50 mg/1000 mg comprimidos revestidos por película. Indicações: Zomarist® é indicado no tratamento da diabetes mellitus tipo 2: ♦ em doentes adultos que não conseguem atingir controlo da glicemia com a dose máxima tolerada de metformina em monoterapia, por via oral, ou que já estejam a ser tratados com a associação de vildagliptina e metformina separadamente; ♦ em terapêutica de associação tripla com uma sulfonilureia, associado a dieta e exercício físico em doentes não controlados com metformina e sulfonilureia; ♦ e em terapêutica de associação tripla com insulina associado a dieta e exercício físico para melhorar o controlo glicémico em doentes quando a insulina numa dose estável e a metformina isoladamente não proporcionam controlo glicémico adequado. Posologia: A dose da terapêutica deve ser individualizada com base no regime terapêutico atual do doente, eficácia e tolerabilidade, não excedendo a dose diária máxima recomendada de 100 mg de vildagliptina. Pode ser iniciado com a dosagem de 50 mg/850 mg ou de 50 mg/1000 mg duas vezes por dia, um comprimido de manhã e outro à noite. ♦ Para doentes inadequadamente controlados na sua dose máxima tolerada de metformina em monoterapia a dose inicial deve ser 50 mg de vildagliptina duas vezes por dia mais a dose de metformina já em utilização. ♦ Para doentes que mudaram da administração concomitante de vildagliptina e metformina em comprimidos separados deve ser iniciado com a dose de vildagliptina e metformina já em utilização. ♦ Para doentes inadequadamente controlados com associação dupla de metformina e uma sulfonilureia a dose deve fornecer 50 mg de vildagliptina duas vezes por dia e uma dose de metformina semelhante à dose já em utilização. Quando utilizado em associação com uma sulfonilureia, pode considerar-se uma dose mais baixa da sulfonilureia para reduzir o risco de hipoglicemia. ♦ Para doentes inadequadamente controlados com terapêutica de associação dupla com insulina e a dose máxima tolerada de metformina a dose deve fornecer 50 mg de vildagliptina duas vezes por dia e uma dose de metformina semelhante à dose já em utilização. Contraindicações: ♦ Hipersensibilidade às substâncias ativas ou a qualquer um dos excipientes. ♦ Cetoacidose diabética ou pré-coma diabético. ♦ Insuficiência renal ou compromisso renal definida como depuração de creatinina < 60ml/min. ♦ Condições agudas com potencial para alterar a função renal, tais como desidratação, infeção grave, choque, administração endovenosa de agentes iodados de contraste. ♦ Doença crónica ou aguda que possa provocar hipóxia dos tecidos, tais como: insuficiência respiratória ou cardíaca, enfarte do miocárdio recente, choque. ♦ Compromisso hepático. ♦ Intoxicação alcoólica aguda, alcoolismo. ♦ Amamentação. Precauções/Advertências: ♦ Risco de acidose láctica. ♦ Monitorização da função renal. ♦ Precaução com utilização concomitante de medicamentos que possam afetar a função renal ou a eliminação de cloridrato de metformina. ♦ Deve ser interrompido temporariamente em doentes sujeitos a intervenção cirúrgica. ♦ Evitar o consumo excessivo de álcool. ♦ Não recomendado em doentes com insuficiência hepática incluindo doentes com ALT ou AST >3 x o limite superior normal antes do tratamento. ♦ Devem ser efetuadas análises à função hepática (AFHs) antes de se iniciar o tratamento, e em intervalos trimestrais durante o primeiro ano e depois periodicamente. A terapêutica com Zomarist® deve ser interrompida se se mantiver um aumento na ALT ou AST > 3x o LSN. Após interrupção do tratamento com Zomarist® e da normalização da AFHs, a terapêutica com Zomarist® não deve ser reiniciada. ♦ Risco de redução dos níveis séricos de vitamina B12. ♦ Não deve ser utilizado em doentes com diabetes tipo 1 ou no tratamento da cetoacidose diabética. ♦ Risco de hipoglicemia. ♦ Deve apenas ser utilizado em idosos com função renal normal. ♦ Não recomendado em doentes pediátricos. ♦ Os doentes tratados com vildagliptina em associação com uma sulfonilureia podem estar em risco para hipoglicemia. Por conseguinte, pode considerar-se uma dose mais baixa de sulfonilureia para reduzir o risco de hipoglicemia. ♦ Gravidez: não deve ser utilizado durante a gravidez. ♦ Lactação: não deve ser utilizado durante a amamentação. Interações: Interações com vildagliptina: fraco potencial de interação com outros medicamentos. Não se observaram interações clinicamente relevantes com outros antidiabéticos orais (glibenclamida, pioglitazona, metformina), amlodipina, digoxina, ramipril, sinvastatina, valsartan ou varfarina após coadministração com vildagliptina. Interações com cloridrato de metformina: fármacos catiónicos (p. ex. cimetidina), glicocorticóides, agonistas beta 2, diuréticos, IECA, administração endovenosa de meios de contraste iodados, álcool. Efeitos indesejáveis: Vildagliptina associada a metformina - Casos raros de angioedema. Casos raros de disfunção hepática (incluindo hepatite). Vildagliptina monoterapia - Frequentes: tonturas. Pouco frequentes: cefaleias, obstipação, edema periférico, hipoglicemia. Muito raros: Infeção do trato respiratório superior, nasofaringite. Metformina monoterapia - Muito frequentes: náuseas, vómitos, diarreia, dores abdominais, anorexia. Frequentes: sabor metálico. Muito raros: redução da absorção da vitamina B12, acidose láctica, anomalias nas análises da função hepática, hepatite, reações cutâneas como eritema, prurido e urticária. Vildagliptina associada a metformina e uma sulfonilureia Frequentes: hipoglicemia, tonturas, tremores, hiperhidrose, astenia. Vildagliptina em associação com insulina - Frequentes: glicose baixa no sangue, cefaleias, arrepios, náuseas, refluxo gastro-esofágico. Pouco frequentes: diarreia, flatulência. Outros efeitos com a associação de vildagliptina e metformina - Frequentes: cefaleias, tremor, tonturas, hipoglicemia. Pouco frequentes: fadiga. Experiência pós-comercialização - Têm sido comunicados casos de alterações nos testes da função hepática e casos de hepatite, reversíveis após interrupção da administração do medicamento. Frequência desconhecida: urticária, pancreatite, lesões cutâneas bolhosas e esfoliativas. Regime de comparticipação: Escalão A. Sob licença Novartis. Para mais informações deverá contactar o representante local do titular da AIM: Bialport - Produtos Farmacêuticos, S.A.- À Av. da Siderurgia Nacional - 4745-457 S. Mamede do Coronado Portugal. Capital Social €50.000 - Sociedade Anónima - Matrícula Nº 504 404 512 - Conservatória do Registo Comercial da Trofa - NIPC 504 404 512 - www.bial.com - info@bial.com. Medicamento sujeito a receita médica. (ZOM_RCM_201210_IEC_V9) DID SAM20130909
ZM/OUT13/028
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PRESERVAR O
FUTURO A G I N D O
N O
PRESENTE
O impacto dos antibióticos na prática clínica moderna é inquestionável. No entanto, este recurso vital está atualmente a ser ameaçado — a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou recentemente para o facto de estarmos em risco de voltar à era pré-antibiótica, deitando a perder os ganhos alcançados nos últimos 100 anos, a menos que sejam tomadas medidas globais para prevenir a resistência aos antibióticos(1,2). Cerca de 25 000 europeus morrem por ano devido a infeções resistentes (3), enquanto na América as infeções hospitalares resultam em cerca de 99 000 mortes anuais(4). Apesar da resistência aos antibióticos ser mais proeminente no contexto hospitalar, dados
recentes revelam que a questão se está a estender para além deste sector, afetando toda a comunidade(5). Cerca de 80 a 90% dos antibióticos são prescritos em Cuidados Primários para infeções comuns, que incluem infeções do trato respiratório(6). Ape-
sar da maioria das infeções ser autolimitada(7, 8) e de etiologia viral(9), muitos doentes procuram, ainda assim, alívio dos sintomas, tais como dor de garganta aguda(10). O alívio sintomático efetivo está no centro do tratamento das infeções respiratórias superiores.
INFORMAÇÕES ESSENCIAIS COMPATÍVEIS COM O RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DO MEDICAMENTO STREPFEN 8,75 mg pastilhas, flurbiprofeno. Indicações terapêuticas: Alívio sintomático a curto prazo da dor de garganta. Posologia e modo de administração: Via oral. Tratamentos de curta duração (até 3 dias). Maiores de 12 anos: 1 pastilha cada 3-6 horas, num máximo de 5 por dia. Menores de 12 anos: Não indicado. Idosos: Se for necessária terapêutica com um AINE, administrar a menor dose eficaz no menor período de tempo. IR e IH ligeiras a moderadas: não é necessária redução da dose. Contra-indicações: Hipersensibilidade ao flurbiprofeno ou a qualquer dos excipientes; hipersensibilidade em resposta ao AAS ou outros AINEs; úlcera/hemorragia péptica activa recorrente ou antecedentes e ulceração intestinal; antecedentes de hemorragia ou perfuração GI, colite grave, perturbações hemorrágicas ou hematopoiéticas relacionadas com terapêuticas anteriores com AINEs; utilização concomitante de AINEs, incluindo inibidores específicos da ciclooxigenase 2; último trimestre da gravidez; IC, IR ou IH graves. Efeitos indesejáveis: Com flurbiprofeno em doses não sujeitas a receita médica para tratamentos de curta duração: Sangue e sistema linfático: anemia rara; distúrbios hematopoiéticos (anemia hemolítica, anemia aplásica, neutropenia, trombocitopenia, agranulocitose) muito raros. Sistema Nervoso: cefaleia e tonturas pouco frequentes; insónia rara. Aparelho Respiratório: dispneia, exacerbação da asma e broncospasmo raros. Doenças GI: desconforto oral muito frequente; distúrbios GI frequentes; dispepsia, flatulência e vómitos pouco frequentes; perfuração e ulceração raros. Doenças renais e urinárias: nefrite intersticial, síndrome nefrítico e IR raros. Tecidos cutâneos e subcutâneos: erupções cutâneas diversas pouco frequentes; reacções cutâneas graves, como síndrome de Stevens-Johnson e de Lyell, muito raras. Perturbações gerais: febre rara. Sistema imunitário: aumento do tempo de hemorragia raro; Choque anafiláctico muito raro. Afecções hepatobiliares: Hepatite e icterícia colestática muito raras. Perturbações psiquiátricas: Sonolência rara. Com doses superiores de flurbiprofeno em comprimidos: Cardiopatias: edema, HTA e IC muito raras. Sangue e sistema linfático: reacções hematológicas raras; trombocitopénia, neutropenia, agranulocitose, anemia aplásica e anemia hemolítica muito raras. Aparelho respiratório: broncospasmo e dispneia raros. Doenças GI: hemorragia, ulceração e perfuração GI e estomatite ulcerativa raras. Doenças renais e urinárias: disfunção renal rara. Tecidos cutâneos e subcutâneos: reacções cutâneas (como síndrome de Stevens-Johnson e de Lyell) muito raras. Perturbações gerais: febre rara. Sistema imunitário: Choque anafilático muito raro. Afecções hepatobiliares: problemas hepáticos (incluindo hepatite e icterícia colestática) muito raros. Data da revisão do texto: 08/2010| Medicamento não sujeito a receita médica. Para mais informações deverá contactar o titular de AIM: Reckitt Benckiser Healthcare, Lda. - Rua D. Cristóvão da Gama, 1 - 1ºC/D 1400-113 Lisboa
MÉDICO NEWS | INFORMAÇÃO
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GRIP: ABORDAGEM DA DOR DE GARGANTA EM TRÊS PASSOS Um grupo internacional de profissionais de saúde — o Global Respiratory Infection Partnership (GRIP) — reforçou a necessidade de criar um quadro de avaliação e tratamento das infeções respiratórias, em particular da dor de garganta, que permita que os médicos vão de encontro às expectativas dos doentes(11).
1. ABORDAR AS PREOCUPAÇÕES DOS DOENTES Compreender o motivo da consulta e o que pode representar uma abordagem bem sucedida na perspetiva do doente. Na dor de garganta, a dor é uma das principais causas da consulta(10). Os sintomas mais frequentemente reportados pelos doentes são dor de garganta (41%), garganta inchada (33%) e a dificuldade em engolir (31%) (12). Os doentes vão à consulta para determinar a causa e a gravidade da dor de garganta, para obterem alívio sintomático e compreenderem a evolução da doença(10). É importante realçar que a dor de garganta pode representar uma preocupação para os doentes.
2. ESTAR VIGILANTE — AVALIAR A GRAVIDADE É preciso realçar junto do doente que 90% das dores de garganta são de origem viral e que os antibióticos não vão melhorar os sintomas(13). As infeções bacterianas (e.g. Group A β-haemolytic Streptococci - GABHS)
são menos comuns, contudo os doentes têm um risco aumentado de complicações(14). A maioria das dores de garganta não são graves e resolvem-se, sem antibióticos, em uma semana(8). Os doentes de grupos de maior risco devem procurar aconselhamento médico em caso de tosse, dor de garganta ou dor de ouvidos, no entanto continua a ser fundamental avaliar a relevância limitada de sinais de inflamação (por exemplo, febre e excreções esverdeadas) para a prescrição de antibióticos(15).
3. ACONSELHAMENTO SOBRE AUTOMEDICAÇÃO Relembrar aos doentes que as dores de garganta são extremamente comuns e que a maioria tem resolução em uma semana(8), sublinhando o baixo risco de complicações e a disponibilidade de produtos que permitem um alívio sintomático(15, 16). Explicar que os antibióticos não ajudam a melhorar os sintomas associados à inflamação de causa viral(18), podendo, inclusivamente, originar efeitos adversos tais como diarreia, erupções cutâneas e outros efeitos adversos(17). Explicar os problemas relacionados com a resistência aos antibióticos e as futuras opções terapêuticas também é importante(19). Os doentes devem ainda ser informados sobre os sintomas que requerem mais investigação.
ALÍVIO SINTOMÁTICO: O EXEMPLO DE UMA DOR DE GARGANTA O alívio eficaz da dor de garganta também pode ser conseguido recorrendo a medicamentos não sujeitos a receita médica. Alguns medicamentos, como os que contêm uma baixa dosagem de anti-inflamatório, como o flurbiprofeno (Strepfen®), apresentam benefícios claros para o doente, ajudando a: - reduzir a inflamação da garganta - reduzir a dificuldade de deglutição (20) - proporcionar um alívio rápido e mensurável da dor(21) - proporcionar alívio da dor que pode persistir durante 2 a 3 horas.
Referências: 1. World Health Organization. Factsheet No 194. Accessed 1 June 2013. http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs194/en/ 2. Baron S. Medical Microbiology 4th edition. Chapter 93. Infections of the Respiratory System. 1996. 3. ECDC/EMEA. The bacterial challenge. 2009. EMEA/576176/2009. http://www.ecdc.europa.eu//en/publications/Publications/0909_TER_The_Bacterial_Challenge_Time_to_React.pdf 4. Infectious Diseases Society of America. Facts about Antibiotic Resistance. 2011. http://www.idsociety.org/IDSA/Site_Map/Topics_of_Interest/Antimicrobial_Resistance/ /Public_Policy/Facts_about_Antibiotic_Resistance.aspx 5. National Collaborating Centre for Infectious Diseases. Community-acquired antimicrobial resistance. 2010. http://www.nccid.ca/files/caAMR_ ConsultationNotes_final.pdf 6. World Health Organization, Antibiotic resistance - Information for Health professionals 2011. http://www.euro.who.int/en/health-topics/disease-prevention/antimicrobial-resistance/antibiotic-resistance/factsheets/information-for-health-professionals 7. NICE Clinical Guideline 69. July 2008. Accessed April 2013. http://guidance.nice.org.uk/CG69/NICEGuidance. 8. NPS. NPS News 63: Managing expectations for antibiotics in respiratory tract infections. 2009. Accessed 1 June 2013. http://www.nps.org.au/__data/assets/pdf_file/0009/71478/news_63.pdf 9. WHO. Antibiotic Resistance. 2012. Accessed April 2013. http://www.euro.who.int/en/what-we-do/health-topics/disease-prevention/sections/news/2012/11/antibiotic-resistance-a-growing-threat/antibioticresistance 10. van Driel ML, et al. Ann Fam Med. 2006;4(6):494–499.11. van der Velden A, et al. Antibiotics. 2013;2(2): 316–327. 12. Schachtel B, et al. The Journal of Pain. 2012;13(4):S6. 13. CDC. Adult Appropriate Antibiotic Use Summary. Accessed July 2013. Available at: http://www.cdc.gov/getsmart/campaign-materials/info-sheets/adult-approp-summary.html. 14. Worrall GJ. Can Fam Physician. 2007;53(11):1961–1962. 15. van Duijn HJ, et al. Br J Gen Pract. 2007;57(540):561–568. 16. Thomas M, et al. Br J Gen Pract. 2000;50(459):817–820.17. Spinks A GP, et al. Cochrane Database Syst Rev. 2006, Issue 4. 18. Hildreth CJ, et al. JAMA. 2009;302:816. 19. Costelloe C, et al. BMJ. 2010;340:c2096. 20. Blagden M, et al. Int J Clin Pract. Mar 2002;56(2):95-100. 21. Benrimoj SI, et al. Clin Drug Invest. 2001;21:183–193 | 22/2014
MÉDICO NEWS | INFORMAÇÃO
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7.º FÓRUM NACIONAL DA DIABETES BALANÇO
DR. JORGE DORES Presidente do 7.º Fórum Nacional da Diabetes Endocrinologista do Centro Hospitalar do Porto Professor Convidado do Instituto de Ciência Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto
O PROGRAMA CIENTÍFICO TOCOU VÁRIOS PONTOS MUITO PERTINENTES NAS ÁREAS DA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA DIABETES, PASSANDO POR ASPETOS RELACIONADOS COM OS DIREITOS DAS PESSOAS
Decorreu no passado dia 16 de novembro de 2013, no Centro de Congressos do FreePort de Alcochete, o 7.º Fórum Nacional da Diabetes, inserido no âmbito das comemorações do Dia Mundial da Diabetes, que se celebra a 14 de novembro. De modo a conseguir uma adesão mais MÉDICO NEWS
abrangente e participada, este Fórum foi marcado para o primeiro sábado após o Dia mundial da Diabetes. Este evento, presidido este ano pelo Dr. Jorge Dores, médico do Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo do Centro Hospitalar do Porto, tem caraterísticas únicas no país e é tradicionalmente suportado por uma plataforma alargada de sociedades científicas constituídas pela Sociedade Portuguesa de Diabetologia, Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal, Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar e Programa Nacional da Diabetes da Direção Geral de Saúde. Como é já tradição, as expetativas foram novamente superadas, tendo-se batido mais uma vez o recorde de inscrições. O magnífico espaço deste Centro de Congressos, propício para este tipo de eventos, albergou mais de 2300 pessoas inscritas com todos os tipos de Diabetes, como brilhantemente as caraterizou o Diretor do Programa Nacional da Diabetes: Pessoas com diabetes tipo 1. Aquelas cujo pâncreas sofreu uma destruição das células beta, necessitando exclusivamente de insulina para o seu tratamento. Pessoas com diabetes tipo 2. Pessoas em que associadas a uma ineficiência da ação da insulina por obesidade e sedentarismo, têm uma perda progressiva da capacidade do pâncreas produzir insulina. Pessoas com diabetes tipo 3. Familiares das pessoas com diabetes Pessoas com diabetes tipo 4. Profissionais de saúde que acompanham e tratam as pessoas com diabetes. Foi fascinante para a organização constatar tão grande interesse neste evento, havendo a mobilização de 39 autocarros com a participação de 22 Associações Regionais de pessoas com diabetes e 10 USF/CSP provenientes de Agrupamentos de Centros de Saúde de Norte a Sul do país. O programa científico tocou vários pontos muito pertinentes nas áreas da prevenção e tratamen-
to da diabetes, passando por aspetos relacionados com os direitos das pessoas com esta doença e o relato de vivências de familiares e pessoas com diabetes. Como a diabetes é uma doença que se pode prevenir e controlar, as estratégias necessárias para a implementação de programas de prevenção, tratamento e gestão das complicações, intersetam um leque extenso de instituições da sociedade civil desde escolas, autarquias, centros de apoio a idosos, empresas, entre outros. Neste sentido merece relevo a oportunidade que o Fórum proporcionou ao debate com os autarcas de Cascais e Matosinhos para encontrar soluções para uma maior mobilidade sem automóveis e as atividades de lazer ao ar livre, em segurança. Tratando-se de um dia festivo, não puderam faltar os momentos lúdicos, com intervenções estratégicas ao longo do dia, que divertiram e ensinaram todos os participantes presentes. Uma vez mais, esta iniciativa recolheu um retorno gratificante quer da parte dos profissionais de saúde, quer dos doentes e familiares ou cuidadores, uma vez que foi um evento que reuniu todos os atores envolvidos nos cuidados às pessoas com diabetes. Esta reunião proporcionou ganhos importantes em conhecimentos, advindos do intercâmbio das diferentes experiências e da partilha de sentimentos entre os distintos grupos intervenientes envolvidos. Apesar das dificuldades amplamente conhecidas em erguer um projeto desta natureza em virtude do constrangimento económico generalizado, é sempre de enaltecer e agradecer a participação de 17 empresas que patrocinaram financeiramente este Fórum, bem como seis empresas que contribuíram para o seu sucesso com o fornecimento de géneros alimentícios e material desportivo. Em suma, o sucesso alcançado por mais este Fórum entusiasma os seus organizadores, a Eurocongressos, representada pela inexcedível Karine e as Sociedades Científicas que a suportam, a prosseguir este projeto, único e abrangente, em relação à diabetes, para o próximo ano, em local ainda a definir. Até ao 8.º Forum da Diabetes.
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ANTEVISÃO DO XI CONGRESSO PORTUGUÊS DE DIABETES
DR. RUI DUARTE Presidente do XI Congresso Português de Diabetes A Diabetes tem tido um crescimento “epidémico” em todo o mundo e Portugal sofre de uma grande prevalência da doença e das suas nefastas consequências para a saúde dos atingidos e para a economia do país, como tem sido amplamente demonstrado nos relatórios anuais do Observatório Nacional da Diabetes da SPD. A Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD) é a sociedade científica de referência nacional na área da Diabetologia e tem como uma das suas principais preocupações, manter atualizados os clínicos interessados nesta problemática. É, portanto, sempre de grande atualidade e interesse generalizado a realização do Congresso bienal da Diabetes da SPD, que este ano decorrerá entre 6-9 de março, em Vilamoura. Atualmente, a SPD conta com mais de 1000 sócios entre médicos de diferentes especialidades (sendo as mais prevalentes: a Endocrinologia, a Medicina Interna e a Medicina Geral e Familiar) e outros profissionais de saúde: enfermeiros; nutricionistas; psicólogos e cientistas/investigadores dos vários ramos das Ciências Bio-Médicas. Num tempo de crise como é o nosso, são grandes as dificuldades sentidas no dia-a-dia pelo profissional de saúde no acompanhamento da doença crónica, na decisão clínica mais adequada e na disponibilidade para a necessária formação pós-graduada, MÉDICO NEWS
devido à chamada “austeridade”. As medidas tendencialmente limitadoras e cujo enquadramento é o da poupança pouco seletiva nos custos diretos, são muitas vezes desmotivadoras. Por isso, é de louvar a elevada participação, já confirmada, por parte dos profissionais de saúde neste nosso XI Congresso. O Congresso deste ano procurará abordar os aspetos mais relevantes da Diabetologia, tendo sido grande parte do seu programa científico delineado pelos respetivos grupos de estudo da SPD. Assim teremos simpósios dedicados aos seguintes temas: Indicadores de qualidade na diabetes tipo 2 em cuidados de saúde primários”; “Diabetes e Rim”; “Diabetes nas crianças e adolescentes”; “Pé diabético”; “Novas terapêuticas na diabetes”; “Enfermagem na diabetes – Ser Jovem com Diabetes”; “Recomendações na terapêutica da diabetes”; “Investigação fundamental e translacional na diabetes”; “Estudos Nacionais da SPD em colaboração”; “Neuropatia diabética”; “Terapêuticas avançadas na diabetes”; “Diabetes e gravidez”. Além destes simpósios existirão os “Encontros com o especialista” que versarão os seguintes temas: Diabetes e doença ocular; Diabetes e acidente vascular cerebral; Alimentação na pessoa com diabetes; Diabetes e enfarte agudo do miocárdio; Patologia urológica na Diabetes; Diabetes e doença hepática. No primeiro dia do congresso ocorrerão, em simultâneo, 2 cursos com número de inscrições limitadas: Curso de educação terapêutica da pessoa com diabetes e Curso de Insulinoterapia Funcional. Foi possível, ainda, ter um leque de conferencistas de prestígio que enriquecerão o Congresso: Prof. José Manuel Silva que proferirá a conferência inaugural com o título: “O Estado atual da Medicina”; Prof. Miguel Castelo Branco com “Neurociências na diabetes”; Prof. Alberto Leiva "Tratamiento individualizado de la diabetes tipo 2; evolución a lo largo de 45 años en mi práctica clínica (1969-2014)" ("Individualized Management of Type 2 Diabetes; 45 years of experience and intelectual evolution (19692014)"); Prof. Michael Bergman, ”Atualização em terapêuticas incretínicas”; Prof. Ramon Gomis, - “Prevenção da diabetes na Europa”; Prof. Serrano Rios, “Diabetes no paciente sénior”. Este Congresso constituirá, também, uma oportu-
nidade para que todos os profissionais de saúde interessados na abordagem e gestão da diabetes, possam participar ativamente na apresentação de trabalhos realizados no âmbito da sua prática clínica ou investigação quer através de comunicações orais, quer através da apresentação de posters científicos. Será também o local apropriado para se inscreverem novos sócios na SPD. Todos não seremos de mais nesta luta contra uma doença muito prevalente na nossa Sociedade e que pretendemos seja tratada com as melhores e mais corretas medidas terapêuticas farmacológicas e não-farmacológicas disponíveis. A comunidade clínica e científica que estará presente no Congresso deverá fazer-se ouvir e transmitir o seu saber, uma vez mais, a bem da melhoria dos cuidados de saúde dos portugueses com diabetes e sem abdicar de uma postura ética e deontológica que a dignifica.
PERSONALIDADES DRA. CATARINA AGUIAR BRANCO, enquanto presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e Reabilitação (SPMFR), encabeça o seu XV Congresso Nacional, que tem lugar de 6 a 8 de Março, no Cascais Miragem. Apostando na inovação, o tema do encontro — Urgência em Reabilitação — é desde já uma abordagem pouco comum à especialidade. PROF.ª MARTA DRUMMOND preside ao Congresso de Pneumologia do Norte. A investigadora e pneumologista do Hospital de São João, do Porto, é também a moderadora do painel dedicado à Obesidade e Hipoventilação. O encontro decorre de 13 a 15 de Março, na Fundação Cupertino Miranda. DR. SÉRGIO BARROSO está, mais vez, à frente dos Encontros da Primavera Oncologia, para os quais defende “uma abordagem que integre os temas atuais, partindo do ‘standard’, para as áreas de incerteza e de desenvolvimento futuro”. Organizado pelo Serviço de Oncologia Hospital do Espírito Santo, Évora — EPE, de 27 a 30 de março, o evento mantém a sua perspetiva multidisciplinar.
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DIA EUROPEU DA FIBROSE QUÍSTICA
RASTREIO NEONATAL DA FIBROSE QUÍSTICA EM PORTUGAL
DR.ª CELESTE BARRETO Diretora do Serviço de Pediatria Médica do Hospital Santa Maria - CHLN
A ASSOCIAÇÃO NACIONAL DA TUBERCULOSE E DOENÇAS RESPIRATÓRIAS (ANTDR), CANDIDATOU-SE COMO IPSS A APOIO A PROJECTOS FINANCIADOS PELO ALTO COMISSARIADO PARA A SAÚDE, PARA O ESTABELECIMENTO DUM PROGRAMA PILOTO DE RASTREIO NEONATAL DA FQ EM PORTUGAL MÉDICO NEWS
No dia Europeu da Fibrose Quística, a 21 de novembro de 2013 foi feita, divulgação através de entrevistas na RTP, SIC e difusão à imprensa escrita pela agência de notícias LUSA, da importância do início do Projeto de Rastreio Neonatal de Fibrose Quística em Portugal. Porquê da importância do início do Rastreio Neonatal da Fibrose Quística em Portugal ? A Fibrose Quística é uma doença com atingimento multissistémico, cuja apresentação clínica clássica se caracteriza por doença sinopulmonar, insuficiência pancreática e níveis elevados de cloreto no suor. A sintomatologia da doença é precoce e grave pelo que o diagnóstico é, por regra, feito nos primeiros anos de vida. Há, no entanto formas de apresentação clínica menos graves ou mais atípicas que podem ser pouco valorizadas e nestes casos o diagnóstico ser tardio e por vezes já em estádios avançados da doença. Inúmeros estudos demonstram que a intervenção clínica precoce na FQ tem influência muito positiva no curso da doença. O diagnóstico precoce leva a intervenção preventiva em fase pré-sintomática, a uma atempada referenciação para um centro especializado, a prevenção da má-nutrição e a melhor controlo da doença pulmonar. A possibilidade de rastrear a Fibrose Quística no período de recém-nascido, data a 1979, quando se descobriu que os níveis séricos da Tripsina Imunorreativa (TIR) estavam aumentados em doentes com FQ, entre o 3ª e 5º dia de vida. A Nova Zelândia, país pioneiro, introduziu o rastreio da FQ em 1981. Atualmente está em curso na grande maioria dos países da União Europeia, nos Estados Unidos, no Canadá, na Austrália, Africa do Sul e no Brasil. A universalidade do rastreio é um objetivo das sociedades científicas ligadas à doença, nomeadamente da European Cystic Fibrosis Society que tem desenvolvido esforços a nível do Parlamento Europeu, para ser possível o alargamento do rastreio a todos os países da CE. Por a FQ ainda não estar incluída no Programa Nacional de Diagnóstico Precoce e tendo
como suporte as evidências científicas, justificava-se que o rastreio neonatal da FQ fosse iniciado em Portugal. Com este objetivo a Associação Nacional da Tuberculose e Doenças Respiratórias (ANTDR), candidatou-se como IPSS a apoio a projectos financiados pelo Alto Comissariado para a Saúde, para o estabelecimento dum programa piloto de rastreio neonatal da FQ em Portugal. Em dezembro de 2012, a ANTDR recebeu da Direção Geral de Saúde (DGS) informação de despacho favorável para o financiamento de 80% do valor total do orçamento para execução do projeto e a ANTDR, como entidade promotora, é a responsável pelo pagamento dos outros 20%. Para suporte destes custos a ANTDR obteve apoio, no âmbito do mecenato, de parceiros com papel importante na Fibrose Quística. São objetivos deste projeto: (i) levar a uma intervenção clínica mais precoce nos doentes FQ rastreados, em termos de terapêutica profilática e cuidados de saúde, com benefícios demonstrados para o prognóstico da doença: (ii) demonstração dos resultados clínicos em termos duma melhor razão custo-benefício; (iii) permitir que Portugal possa acompanhar todas as recomendações internacionais na vigilância desta doença. Em julho de 2013 foi assinado o contrato de financiamento pela ANTDR e as entidades oficiais e em 21 de outubro 2013 iniciou-se o projeto-piloto de rastreio. Todos os recém-nascidos durante um ano vão ser rastreados, nos Centros de Saúde, Maternidades públicas e privadas de todo o País, através de teste bioquímico realizado no sangue colhido no chamado “teste do pezinho”. Prevê-se a identificação de cerca de 15 casos de FQ num ano, que serão encaminhados para os centros hospitalares de tratamento especializado da Fibrose Quística (Lisboa-2; Porto-2; Coimbra-1) para intervenção clínica precoce nos doentes. No final da execução do projeto pensamos ser possível incluir o rastreio da FQ no Programa Nacional de Diagnóstico Precoce.
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| Médico News - Qual o impacto do sono no bom funcionamento do organismo? Teresa Paiva - O sono é o nosso garante de uma sobrevivência feliz e saudável. É importante ter a noção de que o sono foi desenvolvido nas várias espécies animais ao longo de milhões de anos de evolução, pelo que, temos hoje um sistema altamente perfeito para dormir. Só não podemos estragá-lo. É de facto um sistema perfeito e adaptativo que nos permite ajustar às circunstâncias diversas. Contudo, essa adaptação tem limites e, portanto, não podemos fazer coisas absolutamente disparatadas como as pessoas fazem hoje em dia. O sono serve para fazer um equilíbrio metabólico e hormonal. Quando não dormimos bem ou o suficiente, corremos o risco de desenvolver doença cardiovascular, hipertensão, obesidade, diabetes. Está também aumentado o risco de desenvolvimento de doença neoplásica (cancro da próstata, do útero e do endométrio), uma vez que é durante o sono que é controlada a divisão celular. Se dormimos pouco, temos um risco acrescido de desenvolver diabetes tipo 2, de desenvolver atrasos no crescimento (sobretudo nas crianças). Além disso, há um envelhecimento e uma mortalidade mais precoces. Há também um risco acrescido de acidentes, de depressão e de insónia. Face a todos estes problemas, é de facto uma barbaridade tratarmos mal o sono.
PROF.ª DOUTORA TERESA PAIVA ALERTA PARA AS CONSEQUÊNCIAS DA PRIVAÇÃO DO SONO
“ATUALMENTE, O SONO É CONSIDERADO DESCARTÁVEL” Resultado do ritmo de vida e da cultura atual, bem como da convicção de que não existem limites, o sono tem sido alvo de “maus tratos” por parte da espécie humana, sobretudo desde a descoberta da eletricidade. Estudos nacionais apontam taxas alarmantes de privação do sono, nomeadamente nos adolescentes, assim como de insónia. Em vésperas do Dia Mundial do Sono, que este ano se assinala a 14 de março, a Prof.ª Doutora Teresa Paiva, reconhecida especialista na área, chama a atenção para as consequências das “noites em claro” e sugere um conjunto de medidas para dormir bem.
MÉDICO NEWS
MN - E quanto ao impacto sobre a saúde mental? TP - Em termos do funcionamento cerebral, o sono estabelece um equilíbrio emocional. Reduz a irritabilidade. Por outro lado, os sonhos são essenciais enquanto fontes de aprendizagem sobre as coisas da vida. O sono é também fundamental para a memória, para a concentração e para a aprendizagem de uma forma geral. Por exemplo, se aprendemos uma coisa e depois dormimos, essa aprendizagem e as memórias são consolidadas durante o sono. Outro aspeto muito influenciado pelo sono é a criatividade. Isso está claramente descrito em termos científicos. Neste contexto, as alterações do sono podem aumentar o risco de compromisso cognitivo mais precoce, nomeadamente de demência. Nas crianças, o sono é essencial no que diz respeito à aprendizagem de conhecimentos abstratos. Uma criança que dorme mal tem maior dificuldade em aprender, logo, tem menor rendimento escolar. MN - Apesar da importância que o sono tem para a saúde geral do corpo e da mente, acaba por ser desvalorizado face, por exemplo, à alimentação ou à prática de exercício? TP - Atualmente, o sono é considerado descar-
| 19 “É NORMAL AS PESSOAS PERDEREM O SONO QUANDO TÊM ALGUMA PREOCUPAÇÃO”
tável. Aliás, a maior parte das pessoas até gostaria de nem ter de dormir. A cultura atual leva a que o sono seja desvalorizado. O grande problema é que o sono é “malandro” porque quando não o tratamos bem ele faz-se notar das piores formas. As pessoas ficam sonolentas, ficam doentes, têm acidentes ou ganham mesmo um distúrbio do sono. No fundo, vai-se desencadeando uma cascata de consequências. As pessoas começam a engordar, ficam com apneia do sono, com diabetes, doença cardiovascular. É quase um processo de autodestruição. MN - Quais os principais problemas atuais relacionados com o sono? TP - Por um lado, as pessoas fazem privação do sono. Ou seja, voluntariamente vão encurtando o período de sono. Mães e pais de família que trabalham demasiadas horas e que chegam a casa e ainda têm um conjunto de tarefas pela frente. Jovens que ficam acordados até tarde em frente ao computador, ao telemóvel, aos jogos, etc. Por outro lado, há as pessoas que não conseguem dormir porque já têm uma doença do sono. MN - Idealmente, por dia, quantas horas um adulto deve dormir? TP – Antes de mais, há pessoas que têm, por natureza, um sono fraco. Há uma grande variabilidade das características do sono, mas não das necessidades. Está provado que em todas as culturas, em todos os continentes, apesar de haver umas certas variações entre as diversas populações, um adulto deve dormir sete a oito horas por noite. As crianças precisam de dormir bastante mais. Uma criança de dez anos, por exemplo, deve dormir dez horas. Uma criança mais jovem precisa de dormir ainda mais. MN - O sono da noite tem um poder restaurador mais valioso do que o sono do dia? TP - Estamos preparados para dormir de noite e não de dia. Quando dormimos de dia temos o chamado sono “fora de fase”. Isso não quer dizer que a sesta não seja boa, mas enquanto complemento ao sono da noite. Acabámos de saber que o Cristiano Ronaldo dorme a sesta o que decerto contribui para a sua capacidade
desportiva. Da mesma forma que, para se ter boas notas da Universidade é preciso dormir, de preferência durante a noite pois é desse sono que vem a capacidade de consolidar as memórias e as aprendizagens. O sono é tão importante que não se deve dormir de mais nem de menos. Porém, uma pessoa que dorme pouco durante a semana, pode e deve compensar no fim-de-semana, por exemplo. MN - Quais são as regras básicas para uma boa “higiene” do sono? TP - Em primeiro lugar, temos de usar a cabeça. Se não a usarmos não vamos sentir necessidade de lhe dar descanso. As pessoas que, durante o dia, não têm atividade mental, não sentem necessidade de dormir. Além disso, uma vida emocional adequada também ajuda a dormir bem. É normal as pessoas perderem o sono quando têm alguma preocupação e, nesses casos, a solução passa por resolver a causa dessa preocupação para recuperar as noites bem dormidas. A atividade física também é muito importante. O desgaste físico do dia exige o descanso do corpo à noite. A Organização Mundial de Saúde recomenda que cada indivíduo pratique, no mínimo, três horas de exercício físico por semana mas, na verdade, cerca de 70% dos portugueses não fazem isso. No entanto, a atividade física não deve ser feita à noite. É ridículo que os ginásios se mantenham abertos até tão tarde. A alimentação variada e equilibrada é também um aspeto fundamental para a boa “higiene” do sono. O pequeno-almoço deve ser a principal refeição, sendo que a quantidade de alimentos ingeridos deve ir diminuindo ao longo do dia. O jantar deve ser leve e deve ter lugar duas horas antes do deitar. Igualmente importante é a regularidade do sono. Deve haver regras, deve haver uma rotina. Não se deve dormir três horas numa noite, seis noutra e dez na seguinte. Isto é o que acontece aos adolescentes e às pessoas que trabalham por turnos que, uma vez por outra, têm de trabalhar 24 horas seguidas. As pessoas que estão desempregadas e que perdem a noção da rotina têm, também, muitas vezes, um sono desregulado. MN - Qual é a causa mais frequente da insónia? TP - Normalmente, as insónias têm várias causas que nem sempre são fáceis de identificar. Daí que a avaliação tenha de ser muito bem feita, para que nada nos escape. A insónia é sempre multicausal. As pessoas podem ter um sistema de sono-vigília que não funciona muito bem, podem ter uma doença do sono, podem ter
uma doença médica, uma doença psiquiátrica. Cada doente tem a sua combinação de causas. Não há duas insónias iguais. MN - A identificação e gestão dessas causas leva, necessariamente, à resolução da insónia? TP - A taxa de sucesso do tratamento da insónia é muito elevada. Em alguns casos, a gestão das causas da insónia traz, por si só, a resolução do distúrbio do sono. Mas nem todas as insónias são tratáveis. MN - Quando um doente procura o médico para tratar a sua insónia vai, por norma, à procura de um remédio que lhe devolva a capacidade de dormir bem? TP - Sempre. Todos os doentes querem um medicamento milagroso para dormir melhor. No entanto isso não existe e, portanto, nunca dou medicamentos, logo à partida até porque uma das causas da insónia é o excesso de medicação. Nas pessoas idosas, por exemplo, está provado que, a administração crónica de medicamentos para dormir, nomeadamente hipnóticos, reduz a esperança de vida e aumenta a probabilidade de desenvolvimento de cancro. Além disso, quando os doentes são sedados cronicamente acabam também por desenvolver problemas de memória. Neste contexto, temos sempre de ponderar entre o benefício de um fármaco e os riscos a ele inerentes. Obviamente que muitas pessoas têm de receber tratamento farmacológico. Contudo, este deve ser bem ponderado pois facilmente os doentes entram numa escalada farmacológica que pode acabar mal. É caso conhecido do Michael Jackson, que na sua morte tem subjacente uma tentativa de voltar a dormir bem. MN - E qual é, na sua opinião, a abordagem mais adequada das insónias? TP - Antes de mais, tem de haver sempre uma intervenção cognitivo-comportamental. Alguns doentes ficam bem só com este tipo de abordagem. Mas a maior parte precisa de terapêutica farmacológica adjuvante. Todavia, essa terapêutica deve ser moderada. Isto é, as doses devem ser bem ponderadas, assim como a duração do tratamento. Por vezes, chegam-nos doentes extremamente medicados, com doses assustadoras.
TERAPÊUTICA FARMACOLÓGICA DEVE SER “MODERADA” MÉDICO NEWS
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MN - Esses medicamentos são prescritos por quem? TP - Penso que, atualmente, os médicos de família estão bastante mais cuidadosos do que no passado. Antigamente o médico de família era o primeiro a receitar comprimidos para dormir, mas entretanto sentiu-se uma mudança muito significativa. Hoje em dia há muito mais preocupações na prescrição destes medicamentos e os próprios doentes estão mais cuidadosos pois têm receio dos efeitos secundários da medicação. MN - Que efeitos são esses? TP - Alguns medicamentos, nomeadamente algumas benzodiazepinas, induzem dependência. Não é raro ouvirmos os doentes queixarem-se por não conseguirem dormir sem o comprimido. Além disso, podem causar alterações da memória e da arquitetura do sono. Relativamente a esta questão, verificamos, nos registos que fazemos dos doentes, que há um aumento do sono de ritmos rápidos, o que significa que há uma perda da qualidade do sono. Na verdade, não chega a haver a capacidade restauradora do sono e a pessoa acorda com a sensação de nem sequer ter dormido. Às vezes é assustador ver como é que as pessoas dormem porque a arquitetura do sono está tão alterada que o sono deixa de ser restaurador. Não estou a dizer que não devemos de utilizar medicamentos, até porque na maior parte dos casos é necessário recorrer a farmacoterapia. Só que devemos ter alguma racionalidade na gestão da terapêutica farmacológica. Até porque a medicação, só por si não resolve o problema. A pessoa tem de mudar os seus hábitos
de vida de forma a favorecer um sono regular. No fundo, é como um doente diabético. Pode tomar vários medicamentos para controlar a glicemia, mas se continuar a comer pastéis de nata, vai manter-se hiperglicémico. MN - Qual a relação entre a insónia, a ansiedade e a depressão? Qual das condições surge primeiro? TP - A insónia surge muitas vezes como comorbilidade da ansiedade e da depressão. No entanto, muitas vezes estes doentes recebem tratamento para a depressão, mas mantêm a insónia. Isto significa que o tratamento de uma não implica necessariamente o tratamento da outra. São doenças que andam de braço dado, que resultam uma da outra, mas que implicam abordagens terapêuticas distintas. Mas também se sabe que, se uma pessoa que tem uma doença psiquiátrica continua com insónia, a probabilidade de recidiva é muito mais elevada. MN - Qual é a prevalência de insónia na população portuguesa? TP - Há vários dados epidemiológicos sobre a insónia em Portugal. Num estudo meu sobre distúrbios do sono, realizado há já alguns anos, verificou-se que mais de 40% dos portugueses não estão satisfeitos com o sono. Recentemente, foi desenvolvido um estudo, pelo grupo de investigação do Prof. Sakellarides, segundo o qual a insónia afeta 9% dos adolescentes. Um outro estudo feito pela Dr.ª Marta Gonçalves sugere que a prevalência de insónia no adulto é de cerca de 19%. A Prof.ª Margarida Gaspar de Matos fez também um estudo, no qual colaborei, que
aponta uma prevalência de privação do sono nos adolescentes portugueses de 38%. MN - Que causas estão na origem da privação do sono, sobretudo na população adolescente? TP - Antes de mais, aquilo a que chamamos de “ladrões do sono”, ou seja, a televisão, os telemóveis, os videojogos, os computadores. Depois há os comportamentos de risco que estão também na origem da privação do sono, nomeadamente as noitadas, as diretas, o álcool, as drogas, o tabaco, o sexo, a violência, o sedentarismo. Efetivamente, o que ficou demonstrado neste estudo conduzido pela Prof.ª Margarida Gaspar de Matos é que os adolescentes que têm privação de sono (nomeadamente por utilização dos ladrões do sono) têm maior propensão para a adoção de comportamentos de risco (bebem e fumam mais, consomem mais drogas e são mais violentos). Nos diversos estudos que existem, uma supervisão parental é sempre muito importante no controlo destes comportamentos. MN - O sono é um dos aspetos que menos alterações tem sofrido ao longo da história da evolução das espécies. Exceto agora. O que está na origem destas alterações? TP - Essa grande alteração deu-se com a descoberta da eletricidade e o convencimento de que não há limites. Aliás, esta convicção de que podemos tudo é uma das causas da crise global em que vivemos. Crise económica, crise de valores, crise social, política. Em nome dessa convicção colocamos em risco o nosso sono, a nossa saúde e a nossa sobrevivência.
PROJETO SONO ESCOLAS MN - COMO TEM CORRIDO O PROJETO QUE ESTÁ EM CURSO JUNTO DAS POPULAÇÕES MAIS JOVENS, NAS ESCOLAS? TP - Os últimos estudos que temos feito estão relacionados com o projeto Sono Escolas. Essa iniciativa, constituída por mim, pela Prof.ª Helena Rebelo Pinto, pela Dr.ª Teresa Rebelo Pinto e pela Dr.ª Joana Carneiro Pinto, foi desenvolvida em colaboração com o programa Ler Mais do Plano Nacional de Leitura e começou há cerca de cinco ou seis anos, sem qualquer apoio institucional. O projeto consiste em visitas às escolas, onde são definidos programas com
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professores e com alunos. Levamos materiais didáticos para as crianças e, neste momento, temos em fase de impressão um livro dedicado aos mais pequenos que será lançado no Dia Mundial do Sono, a 14 de março. Estão também em curso, em vários agrupamentos de escolas, cerca de 50 projetos de intervenção que têm como objetivo educar as crianças para os bons hábitos de sono e recolher dados epidemiológicos para investigação futura. Aquilo que temos verificado é que as crianças sabem mais sobre o sono do que poderíamos imaginar.
P R O F. D O U T O R
ARNALDO FIGUEIREDO ASSUME A PRESIDÊNCIA
DA APU
O Congresso da Associação Portuguesa de Urologia (APU), um evento que decorreu entre os dias 10 a 13 de outubro de 2013, no Centro de Congressos do Algarve, em Vilamoura, ficou marcado pela tomada de posse do Prof. Doutor Arnaldo Figueiredo. Este especialista sucedeu ao Dr. Tomé Lopes na presidência da APU, durante este
Congresso, no qual também foram assinalados os 90 anos da Associação. Com um vasto programa científico, esta edição recebeu uma vasta participação dos associados, através da apresentação de comunicações orais, vídeos e cartazes, com um número que superou as expetativas.
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CONGRESSO DA APU 2013
BALANÇO
DR. TOMÉ LOPES Presidente da Associação Portuguesa de Urologia
Na qualidade de Presidente da Associação Portuguesa de Urologia, orgulho-me do notável progresso da nossa Associação ao longo dos anos, fruto do trabalho e da união entre Associados. O Congresso da Associação Portuguesa de Urologia foi mais uma vez a face visível desse progresso e desse trabalho, conseguindo, na minha opinião, exceder as expectativas, já de si elevadas na sequência das excelentes reuniões com que temos sido brindados anualmente. Devo destacar o elevado nível científico do Congresso, patente não só na forma de painéis e mesas-redondas, mas também na grande oferta de cursos pré-congresso que tanto contribuíram para enriquecer a formação dos internos e a atualização dos Urologistas que participaram, como se pode depreender da grande procura verificada. Aliás, no empenho constante na Formação em Urologia no nosso país mereceu, inclusive, uma sessão dedicada ao tema. Abordaram-se temas nas diversas áreas que a nossa especialidade abrange, como a Oncologia Urológica ou as complicações da cirurgia do pavimento pélvico, do tratamento da litíase e da cirurgia laparoscópica, tendo sido focados aspetos de extrema relevância para o contínuo incremento da qualidade dos serviços prestados aos nossos doentes. Foram vastas as contribuições científicas dos nossos associados sob a forma de comunicações orais, vídeos e cartazes, cujo número
ALIÁS, NO EMPENHO CONSTANTE NA FORMAÇÃO EM UROLOGIA NO NOSSO PAÍS MERECEU, INCLUSIVE, UMA SESSÃO DEDICADA AO TEMA
superou o dos congressos anteriores e cuja qualidade permitiu que as respetivas sessões fossem palco de interessantes exposições e discussões. Para o balanço altamente positivo que faço do nosso Congresso contribuiu também o excelente programa social e a forma positiva como decorreram as eleições para os Corpos Gerentes da Associação. Estou convicto de que o futuro da Associação Portuguesa de Urologia continuará a ser pautado pela mesma excelência e que tal refletir-se-á na qualidade dos nossos Congressos, peças fundamentais da nossa atividade.
EM REVISTA TRATAMENTO INOVADOR DO MELANOMA DA BRISTOL-MYERS SQUIBB RECEBE A MAIS ALTA DISTINÇÃO DA INDÚSTRIA O galardão Prix Galien Canada 2013 Innovative Product Award foi atribuído ao YERVOY® (ipilimumab), da Bristol-Myers Squibb por ser o primeiro tratamento a de-
"Estamos muito orgulhosos da diferença Yervoy tem feito e continuará a fazer, na
monstrar benefícios de sobrevida em pacientes com a forma mais letal de cancro da
Farajallah, vice-presidente da Bristol-Myers Squibb Canadá. "Yervoy representa
pele. Yervoy, uma terapia imuno-oncológica para melanoma metastático, já foi apro-
os importantes progressos que temos feito na imuno-oncologia, uma área em rá-
vado em mais de 40 países, recebeu aval positivo da Health Canada, em fevereiro de
pida evolução de pesquisa e tratamento do cancro focada em aproveitar o poder
2012, como o primeiro e único tratamento para melanoma avançado que comprovou
do sistema imunológico do corpo para combater o cancro." O Prix Galien é a mais
prolongar a sobrevivência em ensaio clínico fase III. Yervoy está indicado para o trata-
importante distinção na área pesquisa e inovação farmacêutica canadiana. Consi-
mento do melanoma metastático não operável, ou em pacientes que não responde-
derado como o prémio Nobel da investigação farmacêutica, este prémio distingue
ram ou não toleram outra terapia sistémica para doença avançada.
os esforços e resultados no desenvolvimento na indústria.
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vida dos canadianos com melanoma metastático e de suas famílias ", disse Awny
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REFLEXÕES SOBRE O CARCINOMA DA PRÓSTATA
EXCERTO DE CONFERÊNCIA PROFERIDA NO CONGRESSO DA APU PROBLEMÁTICA As opiniões e os dados expressos no texto têm origem no conhecimento teórico/científico e na experiência pessoal. A experiência pessoal nem sempre cumpre as regras exigidas nos textos científicos, em número de casos, análise estatística e outros requisitos mas foi testada e comprovada pelos resultados obtidos. DEVEMOS CONSIDERAR O GLEASON 6 COMO CARCINOMA DA PRÓSTATA?
PROF. DOUTOR ALBERTO MATOS FERREIRA Presidente do Instituto de Educação Médica Ex-Diretor de Serviço dos Hospitais Civis de Lisboa Professor Catedrático de Urologia da Faculdade de Ciências Médicas Professor Catedrático da Universidade Lusófona Ex-Presidente da Associação e do Colégio de Urologia Portugueses Ex-Presidente, Membro Honorário e Fellow do European Board of Urology
O tumor Gleason 6 com pequeno volume e um PSA sérico baixo não é um carcinoma letal. Mas pode: 1. Coexistir com um carcinoma potencialmente letal, Gleason 7 ou superior. 2. Ser precursor de carcinomas potencialmente letais. 3. Os tumores Gleason 6 de grande volume devem ser vigiados de perto. É principalmente sobre este tipo de tumor que incidirão as minhas reflexões. J. Curtis Nickel e Mark Speakman. BJUI Comment. 22 DEC 2011 DESDE QUANDO E PORQUÊ OS HOMENS SE PREOCUPAM TANTO COM O CARCINOMA DA PRÓSTATA? São responsáveis por isso: 1. A transformação da Urologia 2. A Comunicação Social e Científica 3. A Publicidade 4. A complexidade do problema dificulta a sua compreensão 1. A progressiva transformação da Urologia A urologia perdeu várias valências para outras especialidades, e novos medicamentos, máquinas e instrumentos substituiram as intervenções cirúrgicas clássicas deixando tempo e disponibilidade para novo polo de atenção - o carcinoma da próstata.
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2. A era do PSA O aparecimento do PSA iniciou uma escalada diagnóstica acrescida da aplicação crescente de tecnologias cada vez mais sofisticadas e variadas que detectam tumores com graus de importância variáveis. O tratamento progrediu, paralelamente, com a proliferação de aparelhos, máquinas e medicamentos come ficácia variável. 3. A responsabilidade da comunicação ao público A comunicação social e até a científica e a publicidade da indústria transmitem, repetidamente, notícias sobre a doença duma forma difícil de compreender pelos ouvintes que tendem a considerar a gravidade da situação maior do que a verdadeira. Estas notícias, com frequência sem fundamento científico, alarmam a sociedade e criam uma verdadeira psicose social. A informação incorreta e por vezes enganadora, inexata, alarmista, converteu o carcinoma da próstata no centro da atenção obsessiva e da preocupação dos homens. As consequências disso têm sido trágicas! Aumento do número de casos diagnosticados por meios cada vez mais sofisticados que detetam carcinomas insignificantes que são tratados sem indicação, deixando sequelas, e envolvendo custos astronómicos . 4. Tema muito complexo difícil de ser compreendido A complexidade do problema torna difícil transmiti-lo aos homens duma forma compreensível. Compete ao urologista esclarecer os doentes sobre a situação e sobre aquilo que o diagnóstico e terapêutica envolvem. O DIAGNÓSTICO E OS SEUS EFEITOS SECUNDÁRIOS A idade e o carcinoma da próstata Encontrar um carcinoma na próstata num homem com idade superior a 40 anos é bastante frequente! Encontrar um carcinoma na próstata num homem com idade superior aos 70 anos é muito frequente!
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Preocupações desencadeadas pelo diagnóstico: Tenho medo da morte. Porquê eu? Não posso crer que isto esteja realmente a acontecer? Será que eu vou poder voltar a ter relações sexuais? Será que a minha mulher me deixará se eu não conseguir uma ereção? Estou com tanta raiva que não sei o que fazer! Sinto-me sozinho. É um pesadelo. Eu penso sobre carcinoma o tempo todo. Não consigo articular o que quero dizer sobre como me sinto agora. Será que a minha vida nunca mais será "normal"? Estou muito preocupado por a minha família ter que passar por isto. Efeitos secundários do diagnóstico 1. O diagnóstico e o tratamento do carcinoma da próstata afetam o homem doente, a mulher e a família. A mulher preocupa-se com o seu homem e com o seu próprio futuro sem ele. O médico deve estabelecer um diálogo regular com o doente e a família 2. O diagnóstico de carcinoma da próstata pode provocar emoções intensas, entre as quais a sensação de perda de masculinidade. Os medos da doença, da morte e do próprio tratamento dominam a situação após o diagnóstico. 3. A deteção do carcinoma da próstata, pode causar um tremendo transtorno emocional. Os doentes sentem tristeza, raiva, amargura e medo que, se persistirem, podem indiciar uma depressão. Com o apoio da família, ou de amigos, muitos doentes adaptam-se às perturbações emocionais que sentiram no início.
mens em todo o mundo, a cada ano e não deve ser subestimado ou tratado de ânimo leve. Mas muito mais homens sobrevivem à doença do que sucumbem a ela. "Quanto tempo tenho? Vou morrer cedo?" Estas perguntas são impossíveis de responder.
3. Procure uma "segunda opinião" sobre se precisa de tratamento Não se apresse nas decisões! A taxa de morte por carcinoma de próstata permanece em cerca de um em cada oito, independentemente do estádio e grau.
TRATAMENTO ASPETOS PARTICULARES
TRANSMISSÃO DO SABER
Efeitos colaterais do tratamento Muito variáveis com o tipo de tratamento. A impotência e a incontinência são as grandes preocupações dos homens com o tratamento do carcinoma da próstata. O tratamento agressivo da doença de baixo e médio risco em homens idosos tem vantagens discutíveis.
O PROBLEMA DOS GUIDELINES A média de tempo de vida desde o diagnóstico até à morte por carcinoma da próstata, nos homens com doença não-palpável é de, aproximadamente, 17 anos. A terapêutica agressiva dificilmente aumentará a expetativa de vida de homens mais velhos com carcinoma dapróstata não-palpável. Opções em casos selecionados de carcinomas da próstata de baixo risco: Vigilância Ativa (Active Surveillance) nos doentes com um PSA inferior a 10 e um Gleason de 6. Espera Vigilante (Watchful Waiting) em doentes idosos ou com problemas médicos importantes. Os homens devem decidir se preferem viver com o carcinoma ou com os efeitos colaterais do tratamento: 1. Homens que optem por tratamento devem contar com os seus efeitos colaterais 2. Homens que optem por Vigilância Ativa devem contar com a eventual progressão da doença
PROGNÓSTICO Muitos homens, ao saber que têm um carcinoma da próstata, acham que é uma questão de dias ou semanas até morrer. Estão enganados! Menos de 5% dos homens com carcinoma da próstata morrerão da doença nos dez anos após o diagnóstico. A esperança de vida da maioria dos homens não é alterada pelo carcinoma da próstata de baixo risco. Nos países desenvolvidos, cerca de 95 por cento dos homens a quem hoje diagnostiquem um carcinoma de próstata, não vão morrer dessa doença. Podem morrer com a doença... mas não da doença. O diagnóstico de carcinoma da próstata não é uma sentença de morte para a maioria dos casos recém-diagnosticados nos países desenvolvidos. O carcinoma da próstata mata milhares de hoMÉDICO NEWS
Transmitir o conhecimento e a experiência pessoal. A transmissão direta do saber e da experiência a discípulos, como acontecia noutros tempos, e que criou uma escola que formou gerações de médicos considerados dos melhores da Europa. A transmissão direta é a forma mais eficaz de ensinar.
O tumor Gleason 6 com pequeno volume e um PSA sérico baixo não é um carcinoma letal! Quando se trata de carcinoma da próstata de baixo risco, ignorá-lo é uma benção. Se o carcinoma da próstata de baixo risco não necessita de qualquer tratamento, então também não precisa de ser diagnosticado. Não se apresse para uma operação à próstata... poderá ser a pior coisa que faz. Chris Parker Mail Online 23 June 2012 Conselhos aos pacientes 1. Leve o tempo que for necessário para tomar uma decisão certa. 2. Procure uma "segunda opinião" sobre o seu tratamento
Guidelines I A experiência adquirida em mais de 50 anos de prática tem, com frequência, mostrado a validade da medicina baseada na minha própria evidência, que nem sempre coincide com a opinião vigente ditada pelos Guidelines, elaborados pela European Association of Urology, que regem atualmente a prática da Urologia. Guidelines II Não se pode voltar a esses tempos e a essa metodologia mas considerar os Guidelines como a bíblia da Urologia,a base da especialidade, sendo esquecidas as revistas, os livros, a Internet e outros meios de estudo que permitiam que o urologista, aprendesse a analisar os textos, a tirar conclusões, e a construir ele próprio a verdade é redutor e errado. Guidelines III Restringir o estudo a uma fonte já digerida do conhecimento, faz perder a capacidade individual de analisar e de tirar conclusões do estudo de várias fontes, atributo imprescindível dos verdadeiros profissionais. Com saber só de experiências feito "… quando a frota do Gama se prepara para partir, de entre a população que comparece na praia para chorar a partida dos navegadores … Mas um velho, de aspeito venerando, Que ficava nas praias, entre a gente, Postos em nós os olhos, meneando Três vezes a cabeça, descontente, A voz pesada um pouco alevantando, Que nós no mar ouvimos claramente, Cum saber só de experiências feito" O Velho do Restelo, Os Lusíadas
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CARCINOMA DA PRÓSTATA
NOVOS BIOMARCADORES
DR. RUI HENRIQUE Serviço de Anatomia Patológica e Grupo de Epigenética do Cancro — Centro de Investigação, Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil, E.P.E. & Departamento de Patologia e Imunologia Molecular, Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade do Porto
O carcinoma da próstata (CaP) constitui uma das neoplasias malignas mais prevalentes, associada a elevada morbilidade e mortalidade. O facto de o CaP ser curável se diagnosticado precocemente, estando confinado ao órgão, mas ser clinicamente silencioso nesta fase do seu desenvolvimento, propiciou a pesquisa de biomarcadores capazes de identificar CaP em indivíduos assimtomáticos. Contudo, as crescentes preocupações com o sobretratamento de CaP, identificado através do rastreio do PSA sérico, vieram colocar a ênfase na avaliação da agressividade tumoral, requerendo a utilização de biomarcadores com valor prognóstico. Entre os novos biomarcadores disponíveis para utilização clínica, destaca-se o PCA3 (DD3). Este gene codifica um mRNA cujos níveis estão significativamente aumentados em CaP, sendo detetáveis na urina. Embora o papel do teste do PCA3 não esteja completamente definido, poderá ser útil na triagem de pacientes que beneficiarão de re-biopsia prostática. A descoberta de genes de fusão envolvendo tipicamente os genes TMPRSS2 e ERG veio revolucionar a compreensão do perfil genético do CaP. Embora tenha sido apontado como biomarcador de diagnóstico, a sua frequência (aproximadamente 50%) não é compatível com os níveis de sensibilidade requeridos. Contudo, poderá ser útil na estratificação da agressividade tumoral. Esta poderá também relacionar-se com o índice de proliferação celular, determinado por imunoex-
A DESCOBERTA DE GENES DE FUSÃO ENVOLVENDO TIPICAMENTE OS GENES TMPRSS2 E ERG VEIO REVOLUCIONAR A COMPREENSÃO DO PERFIL GENÉTICO DO CAP
pressão de Ki67. No entanto, a elevada variabilidade dos estudos publicados não permitiu a sua transição para a prática clínica. Por último, biomarcadores epigenéticos baseados na quantificação de níveis de metilação dos genes APC, GSTP1 e RARB2, mostraram ser superiores aos parâmetros existentes para identificação de CaP em urina, particularmente neoplasias com maior potencial de agressividade clínica. A futura investigação nesta área permitirá o desenvolvimento de novos biomarcadores melhor adaptados às exigências da Clínica.
EM REVISTA ALFA WASSERMANN APRESENTA DISPOSITIVO MÉDICO PARA O TRATAMENTO DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO Alfa Wassermann lançou, em fevereiro, junto da Gastrenterologia, um dispositivo
proteção contra a ação do ácido clorídrico produzido no estômago. A asso-
médico com uma ação mecânica, que promove o rápido alívio dos sintomas da
ciação destes três elementos garante uma ação de proteção e potenciadora
doença do refluxo gastroesofágico (DRGE).
da cicatrização de proteção ao nível da mucosa esofágica, no tratamento do
O dispositivo médico de classe III é a associação de ácido hialurónico, sulfato
refluxo gastroesofágico.
de condroitina, que resulta numa barreira de defesa da mucosa gastroesofági-
O dispositivo médico de classe III da Alfa Wassermann representa, assim, uma
ca original e inovadora. A presença do Poloxâmero 407, um componente com
nova abordagem no tratamento dos doentes com DRGE refratária aos IBP, garan-
elevada bioadesividade, aumenta a estabilidade da adesão do ácido hialuró-
tindo um efeito de barreira único e original e garantindo, em associação com os
nico/sulfato de condroitina à superfície da parede esofágica, contribui para a
IBP, uma melhoria significativa da qualidade de vida destes doentes
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O PODER DOS TRÊS “ S ” DA SILODOSINA: SELETIVIDADE, SEGURANÇA E SUSTENTADA EFICÁCIA No âmbito do Congresso da Associação Portuguesa de Urologia 2013 realizou-se o “Simpósio Jaba Recordati/Tecnimede”. A reunião, moderada pelo Dr. Tomé Lopes, contou com as preleções do Prof. Doutor Michael Marberger e do Dr. Miguel Ramos, que apresentaram as potencialidades do uso do Urorec® (silodosina), um bloqueador do recetor α1A, no tratamento da hiperplasia benigna da próstata (HBP). “Benign prostatic hyperplasia: patient characteristics and therapeutic approaches” foi o tema apresentado pelo Prof. Doutor Michael Marberger, professor de Urologia na Universidade de Medicina de Viena, Áustria. “Mais do que falar da HBP, o que está em causa é a prevalência dos sintomas do trato urinário inferior (LUTS) nos homens” evidenciou desde logo o especialista, salientando que com a idade “há uma tendência para todos os sintomas individuais piorarem, especialmente a noctúria, a frequência e, como resultado, o aumento do IPSS (International Prostatic symptom score”)." Há cerca de 15 anos atrás era comummente aceite que os LUTS estavam associados a patologia prostática. Mas, hoje, afirmou o urologista, refutando essa ideia, “sabemos que o processo é muito mais complexo” e que “há múltiplas possíveis razões para o aparecimento dos LUTS”. Na opinião do Prof. Doutor Michael Marberger, as principais causas de LUTS são a obstrução infravesical por hiperplasia benigna da próstata, a hiperatividade do detrusor e a poliúria noturna, em conjunto são responsáveis por 90% dos casos de todos os homens com LUTS”. Atualmente, os bloqueadores α1 são a primeira linha de tratamento para os homens com MÉDICO NEWS | INFORMAÇÃO
LUTS moderados a graves, com uma próstata inferior a 40 ml e o grupo farmacológico que os urologistas mais prescrevem na Europa. Mas, “a silodosina veio acrescentar uma mais-valia ao tratamento dos doentes com HBP, como demonstram as suas três características diferenciadoras resumidas no poder dos três “S”: Seletividade, segurança e sustentada eficácia”, evidenciou o especialista. A SILODOSINA É ALTAMENTE SELETIVA PARA OS RECETORES ADRENÉRGICOS α1A De facto, “a silodosina é altamente seletiva para os recetores adrenérgicos α1A – localizados principalmente na próstata humana, base e colo da bexiga, cápsula e uretra prostática – e o bloqueio destes recetores provoca o relaxamento do músculo liso dos tecidos, diminuindo assim a resistência a nível do trato de saída da bexiga sem afetar a contratilidade do músculo liso do detrusor, produzindo uma melhoria dos LUTS de armazenamento e esvaziamento associados à HBP”, salientou o Prof. Doutor Michael Marberger. Além disso, “como a silodosina tem uma afinidade substancialmente menor para os recetores adrenérgicos α1B, que estão localizados no sistema cardiovascular, os efeitos indesejados de hipotensão (que aconteciam nos bloqueadores α antigos por se ligarem indiferenciadamente a todos os recetores) são diminutos, o que constitui uma enorme vantagem, se tivermos em conta que a maioria dos doentes com HBP são idosos”, explicou o urologista. Em suma, “a seletividade da silodosina para os adrenoreceptores α1A é superior quando comparada com os outros α-bloqueantes, tendo sido demonstrado que a razão de ligação α1A/α1B da silodosina (162:1) é extremamente elevada”, concluiu. Em relação à sua eficácia, esta “está também claramente sustentada e demonstrada”. Em dois ensaios de Fase III, nos Estados Unidos da América, “a silodosina demonstrou eficácia passadas
2-6 horas e um melhoramento do IPSS num tratamento de 12 semanas (8 mg) versus placebo”, informou o preletor. Também um grande ensaio europeu aleatorizado, controlado, conduzido em dupla ocultação, em 995 homens com HBP, e que comparou a silodosina versus placebo, mostrou exatamente o mesmo: “Num curto espaço de tempo os sintomas melhoraram e a silodosina foi significativamente superior ao placebo em pacientes com pelo menos dois episódios de noctúria, facto que não foi conseguido no braço da tansulosina”, evidenciou. Acresce ainda que em várias análises post-hoc, “a silodosina obteve uma melhoria estatisticamente significativa em vários sintomas considerados em simultâneo em relação à tansulosina: no melhoramento simultâneo da frequência, da noctúria e do esvaziamento incompleto da bexiga, o que é muito impactante” acentuou o Prof. Doutor Michael Marberger. Em conclusão, considerou o especialista, podemos afirmar que “a silodosina é um antagonista do adrenorecetor α1A,- altamente seletivo, significativamente mais eficaz do que o placebo, muito rápido, e pelo menos tão eficaz quanto a tansulosina na melhoria da pontuação IPSS” e, além disso, que é um fármaco “extremamente seguro, com um mínimo de efeitos cardiovasculares, sendo a reação mais comum a disfunção ejaculatória”. AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE AS NOC NACIONAIS E AS DA AEU “A silodosina na primeira linha do tratamento da HBP — guidelines AEU versus NOC” foi o título da comunicação do Dr. Miguel Ramos, urologista no Hospital de S. António, no Porto, que comparou as guidelines da Associação Europeia de Urologia (AEU) com as Normas de Orientação Clínica (NOC) portuguesas. Uma das principais diferenças é, desde logo, o seu âmbito. “Enquanto as nossas falam essen-
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POST-HOC, “A SILODOSINA OBTEVE UMA MELHORIA ESTATISTICAMENTE SIGNIFICATIVA EM VÁRIOS SINTOMAS EM SIMULTÂNEO EM RELAÇÃO À TANSULOSINA: NO MELHORAMENTO SIMULTÂNEO DA FREQUÊNCIA, DA NOCTÚRIA E DO ESVAZIAMENTO INCOMPLETO DA BEXIGA, O QUE É MUITO IMPACTANTE” ACENTUOU O PROF. DOUTOR MICHAEL MARBERGER cialmente em HBP, a AEU, ao longo do tempo tem dissociado a atenção da próstata para os sintomas do aparelho urinário baixo, salientou o urologista, tal como já o havia feito o Prof. Michael Marberger. Outra desconformidade apontada é o facto de as NOC nacionais recomendarem apenas vigilância sem necessidade de intervenção farmacológica no caso dos doentes com sintomas ligeiros (IPSS<8), sem complicações, enquanto as guidelines europeias salientam o impacto dos sintomas na qualidade de vida. “E esse aspeto é de uma enorme importância na nossa necessidade de prescrever ou não”, considerou o Dr. Miguel Ramos. Além disso, “ embora haja uma grande parte de homens com sintomas urinários baixos ligeiros que não tem impacto na qualidade de vida. A verdade é que há um número significativo deles que têm sintomas ligeiros segundo o score IPSS mas descrevem um impacto significativo na qualidade de vida, nestes justifica-se o tratamento farmacológico” sustentou. Outra divergência nas normas, como realçou o especialista, é que “para além dos bloqueadores α e dos inibidores da 5α-redutase, da fitoterapia e dos anticolinérgicos, que estão consagrados nas normas nacionais, a AEU integra também os inibidores da PDE5 e a vasopressina”. Particularizando o caso dos bloqueadores α-adrenérgicos, o preletor chamou a atenção para o facto de “as guidelines europeias consagrarem os bloqueadores α-adrenérgicos como
PROF. DOUTOR MICHAEL MARBERGER Professor de Urologia na Universidade de Medicina de Viena, Áustria
DR. MIGUEL RAMOS Urologista no Hospital de Sto. António, Porto
tratamento de primeira linha nos sintomas da HBP e as NOC nacionais sugerirem que as principais diferenças que existem nos bloqueadores α são mais ao nível dos efeitos secundários do que propriamente da eficácia clínica”. Relativamente aos inibidores da 5α-redutase, estes são indicados, segundo as NOC, nos LUTS moderados a graves, para volume próstata maior que 40 ml e/ou com PSA maior que 1,5 ng/ml. E, como é sabido, evidenciou o Dr. Miguel Ramos, “a terapêutica com inibidores da 5α-redutase reduz o risco de progressão e a necessidade de cirurgia, devendo, obviamente ser usada como tratamento de longa duração”. De acordo com o Estudo MTOPS é necessário tratar 15 doentes para previr um episódio de progressão de doença. Contudo, “se tivermos em atenção o volume da próstata, e se tratarmos apenas doentes com próstatas superiores a 40ml, bastam tratar sete doentes para prevenir um episódio de progressão”, explicou o urologista.
tudo MTOPS, o especialista mostrou que “com esta combinação (se não tivermos em atenção o volume da próstata) são necessários tratar 8,4 pacientes para um ter benefício. Mas, se tratarmos próstatas maiores que 40 ml, bastam apenas 4,7 doentes para um ter benefício”. Quanto à combinação de anticolinérgicos com bloqueadores α, dados de um estudo recente revelam que “na realidade, esta associação não parece diminuir significativamente o IPSS total, melhorando no entanto o score de sintomas de armazenamento, bem como a qualidade de vida”. Por isso, segundo o Dr. Miguel Ramos, “esta associação tem lógica somente quando os sintomas de armazenamento são os dominantes”. Além disso, “a associação parece não aumentar o risco de retenção urinária, mas há claramente um RPM (resíduo pós-miccional), que é maior nos doentes que fazem anticolinérgicos isoladamente do que com a associação” e, como tal, concluiu o urologista, “o uso do α-bloqueante diminuiu o RPM”. Nestes doentes em que predominam os sintomas de armazenamento, podemos prescrever em primeiro lugar o bloqueador α e, se não houver melhoria clínica, adicionar o anticolinérgico”, considerou o especialista. Em relação aos doentes com um IPSS>8 e com qualidade de vida alterada as normas são iguais: “Se predominarem os sintomas de esvaziamento, se o doente tiver um RPM maior que 30 ml e um Qmax<10 ml,, poderemos pensar numa modificação de hábitos e prescrever um bloqueador α.” Finalmente, “devemos ter em atenção o volume da próstata e o PSA e, sobretudo para as próstatas >40 ml e/ou PSA>1,5 ng/ml, associando, nestes casos, um inibidor da 5α-redutase”, concluiu o Dr. Miguel Ramos.
COMBINAÇÃO DO BLOQUEADOR α-ADRENÉRGICO COM UM INIBIDOR DA 5α-REDUTASE MELHORA A MAIORIA DOS SINTOMAS Já “a combinação de um bloqueador α-adrenérgico com um inibidor da 5α-redutase parece, de facto, melhorar a maioria dos sintomas e do Qmax (fluxo máximo) e ainda possibilitar uma melhor prevenção da progressão da doença”. A recomendação, afirmou o preletor, é usar a combinação em doentes com LUTS moderados/graves, próstatas maiores do que 40 ml, Qmax<10 ml/ e em terapêuticas superiores a um ano. E, mais uma vez recorrendo aos resultados do Es-
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ATITUDE FACE A PEQUENAS MASSAS RENAIS
PROF. DOUTOR ARNALDO FIGUEIREDO Presidente eleito da Associação Portuguesa de Urologia (APU)
O carcinoma do rim é a neoplasia urológica mais letal e a sua incidência tem aumentado nas últimas décadas. A circunstância de a maioria destes tumores ser hoje detetado de modo incidental e ser de pequenas dimensões não se associou a uma diminuição da mortalidade por esta neoplasia, assistindo-se, pelo contrário, a um aumento do número de mortes por tumor do rim. Isto apesar dos avanços terapêuticos quer na fase de doença local, quer metastática. De qualquer modo, existe a noção clara de que nem todas as pequenas massas renais correspondem a tumores malignos e mesmo que nem MÉDICO NEWS
todos os pequenos tumores malignos têm potencial de crescimento e metastização de modo a torná-los mortais. Assim, sendo certo que não se justificará tratar todas as pequenas massas renais, o problema reside na atual impossibilidade de distinguir com certeza as lesões agressivas das indolentes. Fazendo com que o risco de sobretratamento deva ser ponderado face ao não menor risco de se deixar evoluir uma lesão potencialmente curável para uma fase em que a cura não existe. A eficácia curativa da exérese cirúrgica das pequenas lesões, não sendo absoluta, está validada na literatura científica, sendo a nefrectomia parcial equivalente à nefrectomia radical em termos oncológicos. Apesar de ser consensual que o objetivo da cirurgia é a excisão integral da lesão tumoral, o impacto das margens positivas parece ser discreto no que respeita ao risco de recidiva, seja local ou à distância. Quando exequível, a simples enucleação tumoral parece oferecer a mesma taxa de cura, salvaguardando-se apenas os casos de lesões de alto grau. O que parece ser claro é que a uma maior preservação de rim funcionante se associa um menor risco cardiovascular e de insuficiência renal, havendo diversos estudos apontando para um benefício da nefrectomia parcial face à excisão total do rim em termos de custos e de “QALYs”. Apesar das vantagens em termos de recuperação da abordagem renal laparoscópica face à aberta, nunca uma nefrectomia total se poderá constituir como uma boa opção face a uma massa tumoral passível de ser tratada por nefrectomia parcial (aberta ou laparoscópica). A preservação da massa renal após a nefrectomia parcial pressupõe função, naturalmente. Assim, a isquémia renal deverá ser evitada tanto quanto possível, bem como a quantidade de tecido saudável extraído. Para esse efeito, o recurso a novas técnicas de imagem que permitem uma reconstituição tridimensional da anatomia revelam-se de extrema utilidade no planeamento e execução da cirurgia. As técnicas de ablação tumoral, como a crioterapia ou o HIFU constituem-se como alternati-
vas em casos selecionados, especialmente em doentes com comorbilidades significativas. As taxas de cura reportadas na literatura atingem valores elevados, de modo mais consistente na crioterapia quando comparada com o HIFU. Contudo, a informação referente às complicações é algo deficitária, bem como a definição do modo de seguimento ideal. De facto, as técnicas de imagem mais fiáveis recorrem necessariamente a contrastes, contra-indicados em doentes com diminuição da função renal. Se a postura face à realização de biópsias de massas renais não é já tão negativa quanto há duas décadas, o certo é que a sua prática por rotina apenas está indicada antes de qualquer terapêutica ablativa. Sabe-se que cerca de 80% das massas renais de pequena dimensão são malignas e que quatro em cada cinco das biópsias inconclusivas se referem a lesões malignas. Assim, também a sua utilização em protocolos de vigilância é controversa. A história natural das pequenas massas renais não se encontra bem esclarecida, sabendo-se apenas que, em média, o seu crescimento é de cerca de 0,3 a 0,4cm por ano. Contudo, a taxa de crescimento não permite uma distinção fiel entre lesões malignas e benignas. Por outro lado, não está ainda clarificado o real risco associado ao atraso no tratamento de pequenas lesões malignas, isto numa época em que a única forma de curar os tumores do rim se mantém a sua excisão ou destruição por agentes físicos. Assim, podemos concluir que, face a uma pequena massa renal sólida suspeita de neoplasia, a nefrectomia parcial se constitui como a melhor opção para a maioria dos casos. As técnicas de ablação, sendo menos eficazes e de resultados menos reprodutíveis, poderão constituir-se uma boa opção para os mais velhos e com mais comorbilidades. A realização de biópsia poderia ser útil, não fora a sua baixa consistência de resultados, tornando-se assim raramente indicada. As estratégias de vigilância serão a melhor opção para os doentes com comorbilidades significativas ou com reduzida esperança de vida, sendo uma questão de bom senso.
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BETMIGA™ N O V A
ERA
DR. STEVE FOLLEY Consultor de Urologia, Royal Berkshire Hospital, Reino Unido
PROF. DOUTOR FRANCISCO CRUZ Diretor do Serviço de Urologia, Hospital de S. João
A Astellas realizou, no âmbito do Congresso da Associação Portuguesa de Urologia 2013, o simpósio “Desafios terapêuticos na Bexiga Hiperativa”. A reunião, moderada pelo Dr. Francisco Rolo, contou com as preleções do Dr. Steve Foley e do Prof. Doutor Francisco Cruz e mostrou as vantagens do Betmiga™ (Mirabegrom), medicamento de uma nova classe terapêutica para o tratamento da Bexiga Hiperativa (BH). Segundo o Prof. Doutor Francisco Cruz, diretor do Serviço de Urologia do Hospital de S. João e investigador principal na área das bexigas neurogénicas e da disfunção miccional, este ano, no que se refere ao aparecimento de fármacos mais eficazes “foi de uma colheira particularmente boa”: “Será um ano vintage, pois passámos a ter hipóteses adicionais” no tratamento da BH, salientou. Apesar de hoje possuirmos “inúmeros antimuscarínicos”, o especialista lembrou que “a maior parte dos doentes interrompe a medicação por
Com estes bons resultados, fica agora a “necessidade de fazer a fenotipagem dos doentes, alertou o Prof. Doutor Francisco Cruz, salientando, porém, que “deixámos de poder dizer que o tratamento de primeira linha são os antimuscarínicos”. E, na sua opinião, é precisamente essa a questão que se segue: “Discutir qual vai ser a primeira linha”.
OS ESTUDOS EFETUADOS
E foi precisamente isso que fez o Dr. Steve Foley, consultor de Urologia do Royal Berkshire Hospital, no Reino Unido, e que explicou na sua preleção intitulada “Betmiga™ (Mirabegron): A New Era”. De acordo com o especialista, a sua prática clínica entrou mesmo “numa nova era”, pois, “a maior parte dos médicos no Reino Unidos estão satisfeitos por poder usar o Mirabegrom”, afirmou. Segundo o urologista do Reino Unido, os re-
demonstram outra mais-valia: a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. O estudo Europeu-Australiano, de 12 semanas2, que compara placebo, antimuscarínicos e Miragebrom, mostrou uma diferença significativa deste último na redução dos efeitos secundários: hipertensão, xerostomia, obstipação. Outras das conclusões deste estudo é que “o Mirabegrom demonstrou uma eficácia superior,
falta de eficácia” (uma vez que “com a idade a transmissão colinérgica perde eficiência”) ou ainda devido “aos efeitos secundários” que provoca. Por isso, é com agrado que regista o aparecimento da toxina botulínica (botox) - que “impede a libertação da acetilcolina dos neurónios parassimpáticos e que atua no lado motor e sensitivo” -, destacando, no entanto, o Mirabegrom, “o primeiro β3 agonista a entrar no mercado que, em termos experimentais, diminui fortemente as contrações involuntárias do detrusor, quando comparado com a oxibutinina, e diminui também a atividade sensitiva com a administração de doses progressivas”. “O estudo a longo prazo do Miragebrom1 “demonstrou menos efeitos colaterais, com menos xerostomia”, um dos problemas que levam ao abandono do tratamento com antimuscarínicos, evidenciou o especialista.
sultados da prática clínica já são notórios porque “quando mudamos a terapêutica para Mirabegrom, estes pacientes voltam mais felizes e a dizer que sentiram uma grande diferença. E eu nunca tive isso com os antimuscarínicos”. Como tal, salientou, “estou em condições para dizer que este medicamento é muito melhor do que os medicamentos anteriores”. Tal como o Prof. Doutor Francisco Cruz, o Dr. Steve Foley considera que o desafio que se segue é “saber quais serão as combinações possíveis, qual o medicamento a usar em primeira linha”. “O NICE (National Institute for Health and Care Excellence) diz para usar primeiro o antimuscarínico, mas, pessoalmente, eu não o vou fazer porque estou a obter melhores resultados clínicos com o Mirabegrom”, testemunhou. Até porque, os estudos efetuados suportam e
comparado com placebo, para os sintomas chave da BH” e ainda, em todos os endpoints demonstrou ser “um tratamento eficaz, quer nos doentes naïve, quer nos doentes previamente tratados com antimuscarínicos, quer nos que descontinuaram a terapia devido a falta de eficácia”. Em resumo, nos estudos feitos em todo o mundo, “temos mais de 10 mil pacientes incluídos”, acentuou o Dr. Steve Foley. “O programa de ensaios clínicos globais fornece dados robustos para suportar a eficácia e segurança do Mirabegrom no tratamento da BH” e os múltiplos estudos demonstraram “eficácia nos endpoints subjectivos e objectivos” e “segurança e tolerabilidade, de curto ou de longo prazo”, concluiu o especialista.
N A
B E X I G A
HIPERATIVA
MÉDICO NEWS | INFORMAÇÃO
PACIENTES ESTÃO MAIS FELIZES COM O MIRABEGROM
SUPORTAM E DEMONSTRAM OUTRA MAIS-VALIA: A MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA DOS PACIENTES Dr. Steve Folley
1 Chapple CR at al, Eur Urol 2013; 63 (2): 296-305. 2 Khullar V et al, Eur Urol 2013; 63 (2): 283-95.
P. 090.111.3310
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| Medico News - Quando foi identificado o primeiro caso de polineuropatia amiloidótica familiar (PAF)? Dr.ª Teresa Coelho - A primeira doente que esteve na origem da identificação da paramiloidose foi observada aqui, no Hospital de Santo António, em 1939 pelo Dr. Corino de Andrade. Essa senhora vivia em Vila do Conde e apresentava um quadro clínico nunca antes visto nem estudado pelo Dr. Corino de Andrade. No entanto, a senhora disse-lhe que os sintomas que apresentava eram comuns a várias pessoas que habitavam próximo de si. Disse-lhe inclusivamente que na Póvoa do Varzim e em Vila do Conde havia a chamada doença dos pezinhos que circulava entre algumas famílias. Portanto, apesar de ser uma doença nova para Corino de Andrade, não era uma situação estranha para a doente que tinha crescido vendo vários familiares seus e vizinhos padecerem do mesmo. O Dr. Corino começou a ir com frequência à Póvoa do Varzim para estudar alguns destes doentes e começou a trabalhar em conjunto com o Dr. Graça, que fazia lá consulta e iniciou um longo trabalho de identificação e registo das famílias e dos doentes.
POLINEUROPATIA AMILOIDÓTICA FAMILIAR
MÉDIA DO ATRASO DO DIAGNÓSTICO PODE ULTRAPASSAR OS QUATRO ANOS Ainda no rescaldo da III edição do Advances and Research in TTR Amyloidosis, que teve lugar no início do mês de fevereiro, na Póvoa do Varzim, a Dr.ª Teresa Coelho partilhou com a revista Médico News, algumas das atuais preocupações em torno da abordagem dos doentes com Polineuropatia Amiloidótica Familiar (PAF). Se em tempos a ausência de terapêutica dirigida especificamente à paramiloidose era a principal limitação, atualmente, o atraso no diagnóstico dos doentes representa o principal entrave ao tratamento efetivo da “doença dos pezinhos”. Segundo a neurologista do Hospital de Santo António e presidente da comissão organizadora desta reunião internacional, “a grande prioridade passa agora pela identificação de novos focos da doença, assim como pela otimização do diagnóstico dos doentes sem história familiar”.
MÉDICO NEWS
MN - E o que é que descobriu na altura? TC - Antes de mais percebeu que os doentes perdiam a sensibilidade, perdiam a força, mas também apresentavam uma série de sintomas pouco comuns nas doenças neurológicas, nomeadamente sintomas digestivos, cardiovasculares, urinários, perda de peso. Portanto, era preciso perceber até que ponto todos esses sintomas também tinham uma origem neurológica. MN - Como foi descoberto o papel da amiloide na doença? TC - O Dr. Corino de Andrade também tinha uma formação muito específica sobre neuropatologia, pelo que começou a trabalhar com biópsias. Alguns doentes que faleceram aqui no Hospital de Santo António foram autopsiados e estudados a fundo pelo Dr. Corino de Andrade. Nesse tempo não havia Anatomia Patológica pelo que, todos os sábados ele ia para Lisboa trabalhar tudo o que recolhia de tecidos com o Prof. Jorge Horta na Faculdade de Medicina de Lisboa. Desta investigação surge a primeira descrição oficial da doença, em 1952, publicada na revista Brain. Essa descrição foi feita com base no estudo de 64 doentes maioritariamente da Póvoa do Varzim e de Vila do Conde, embora houvesse um ou outro doente de locais diferentes. Já nessa altura o Dr. Corino, com os escassos meios da época, percebeu que se tratava de uma amiloidose atípica, e por isso lhe chamou paramiloidose, e que todas as manifestações
| 37 apresentadas eram fruto da lesão dos nervos periféricos, sensitivos e motores mas também autonómicos ou vegetativos, que regulam os vários órgãos. Percebeu ainda que se tratava de uma doença familiar. O quadro geral que ele traçou permanece válido e intocável até hoje. MN - Como evoluiu o conhecimento em torno da doença? TC - Em primeiro lugar começou a perceber-se melhor o que é a substância amiloide. Depois descobriu-se que a doença não estava restrita a um foco isolado e que havia outros pontos do mundo em que tinham sido identificadas outras concentrações de doença, às vezes semelhantes, outras vezes com algumas variações. Foram identificados casos no Brasil, provavelmente com origem em famílias que teriam imigrado aqui da zona da Póvoa do Varzim. Foi também descrito um foco no Japão (nunca se chegou a confirmar se o gene teria sido levado também pelos portugueses). Posteriormente foi descrito o foco sueco, já muito perto da Lapónia, que tem a característica de ter um início mais tardio das manifestações da doença. Tudo isto foi descoberto sem testes genéticos e sem diagnósticos moleculares.
A MUTAÇÃO PORTUGUESA CONTINUA A SER A MAIS FREQUENTE NO MUNDO INTEIRO E É AQUELA QUE ESTÁ ASSOCIADA AOS FOCOS MAIS IMPORTANTES. SOMOS O PAÍS DO MUNDO COM MAIOR PREVALÊNCIA Com o tempo, foi estabelecida uma equipa de investigação. O Dr. Pinho e Costa isolou a proteína presente na substância amiloide nos tecidos (transtirretina), e já no final dos anos 80 a Prof.ª Maria João Saraiva identificou o erro genético que está na origem da doença. MN - A partir de que momento surge o teste molecular? TC - A partir do diagnóstico molecular, fruto da enorme expansão das técnicas, em 1984, rapidamente se percebeu que os doentes suecos tinham a mesma mutação que os doentes portugueses, assim como os brasileiros, os japoneses e os maiorquinos. A par disso começou a perceber-se que havia outras mutações e mesmo outras
proteínas envolvidas (que correspondiam à classificação inicial em PAF tipo 2, tipo 3 e tipo 4). Já no início deste século descobrimos que esta questão das proteínas que fazem amiloide não é um assunto exclusivo das amiloidoses. Na verdade, a maior parte das doenças degenerativas neurológicas, está associada às alterações de conformação de proteínas e o impacto que essas formações anormais têm sobre as células neuronais, provocando a sua morte. MN - A doença ganhou novos contornos a partir de então? TC - Sim. Percebemos que não se trata de uma doença tão rara quanto se julgava e que os focos não são assim tão isolados. É na realidade, uma doença que existe em todo o mundo, que assume diversas formas, induzidas por mutações distintas. A mutação portuguesa continua a ser a mais frequente no mundo inteiro e é aquela que está associada aos focos mais importantes. Também entendemos que, em Portugal, a PAF tem uma dimensão muito grande. Somos, claramente, o país do mundo com maior prevalência. MN - Quantas famílias estão identificadas? TC - Neste momento, temos mais de 650 famílias identificadas. Todos os anos identificamos novas famílias, mas também fundimos outras, daí que este número não cresça muito atualmente. TRATAMENTO DA PAF MN - Quais as principais evoluções terapêuticas que marcam a história da PAF? TC - No tempo do Dr. Corino de Andrade, o tratamento estava limitado à abordagem das complicações. Tratavam-se as múltiplas infeções, tentava prevenir-se a perda de peso. Enfim, tudo tratamento sintomático. O transplante hepático foi, realmente, a primeira alternativa terapêutica. Em Portugal, o primeiro transplante hepático num doente com PAF foi feito em 1992. Mas o transplante é sempre uma cirurgia de risco, portanto, nos doentes que estavam em fase inicial de progressão da PAF havia uma certa resistência à cirurgia. Era sempre mais fácil convencer um doente em estádio mais avançado, já com alguma incapacidade, a fazer o transplante. Além disso, estávamos convencidos de que, esses doentes deviam ser prioritários, na esperança de o transplante reverter algumas das lesões já instaladas. Mas muito rapidamente percebemos que os doentes mais avançados já estavam tão degradados do ponto de vista da sua resistência física que os resultados do transplante eram geralmente maus e a mortalidade era muito elevada.
MN - Foi então que ocorreu a mudança de paradigma relativamente ao transplante hepático nos doentes com PAF? TC - Foi aí que percebemos que os melhores resultados poderiam ser obtidos nos doentes que estavam ainda em fase precoce da PAF. Também aí os doentes tinham perceção de que, mesmo estando bem naquele momento, o curso natural da doença ia acabar por empurrá-los para uma cadeira de rodas. E, nesse contexto, aceitavam bem o transplante, assim como todos os riscos inerentes ao procedimento. Os doentes conhecem bem demais a evolução da doença. Olham à volta e confirmam o que, geração após geração, acontece aos seus familiares. Os doentes não querem para si o caminho de sofrimento que viram nos seus familiares. Tal como esperado, a partir do momento em que começámos a transplantar doentes com uma história de PAF mais curta, os resultados melhoraram muito significativamente. MN - O transplante interrompe de forma definitiva o curso natural da doença? TC - Não. Essa foi outra aprendizagem que fizemos ao longo do tempo e à medida que foi crescendo a experiência no contexto do transplante hepático. Continuamos sem perceber por que motivo, em alguns doentes, o transplante abranda significativamente a progressão da PAF e noutros não. No entanto, compreendemos, hoje que, de facto, não há uma interrupção total da evolução da doença. Daquilo que depende da produção da transtirretina no fígado, o transplante corrige, no entanto, a doença cardiovascular continua a progredir. Habitualmente surgem problemas do ritmo cardíaco, resolvidos com a colocação de pace maker. Ao fim de 20 anos, já começamos a ver alguns doentes que apresentam insuficiência cardíaca. MÉDICO NEWS
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| ao Tafamidis, mas outros têm apenas alguns benefícios ou simplesmente não respondem. Daí que os doentes queiram “experimentar” para perceberem a que grupo pertencem.
Outro problema que verificamos nos doentes transplantados é que continua a haver produção extra-hepática de transtirretina, nomeadamente ao nível dos olhos e do sistema nervoso central. Não estávamos habituados a ver complicações a esse nível porque os doentes morriam antes de os desenvolverem. Neste momento, os nossos doentes transplantados começam a ter muitos problemas nos olhos e no sistema nervoso central. O que significa que há deposição de substância amiloide superficial no cérebro e que isso vai gerando sintomas. MN - Em termos de sobrevivência, quais foram os ganhos obtidos com o transplante hepático? TC - Não conseguimos calcular com exatidão os ganhos de sobrevivência obtidos com o transplante, porque ainda só temos 23 anos de experiência, mas sabemos que há doentes que foram transplantados há mais de 20 anos que continuam vivos e com a doença estável. MN - Após o aparecimento da primeira terapêutica farmacológica, o transplante hepático passou a ser uma solução para que subgrupo de doentes? TC - O transplante continua a ser uma solução válida para doentes que estão em fase inicial ou intermédia da PAF. MN - No entanto, os doentes elegíveis para transplante são também aqueles que mais beneficiam da terapêutica farmacológica. Como é feita a seleção para uma ou outra opção? TC - Quando diagnosticamos um doente em estádio 1, temos as duas opções. Por norma, os doentes preferem experimentar o medicamento. Alguns doentes têm uma boa resposta MÉDICO NEWS
MN - Nos doentes não respondedores há ainda a oportunidade de transplante hepático? TC - Sim, na maior parte deles, o transplante de fígado é a segunda linha de tratamento, em caso de ausência ou insuficiência de resposta ao Tafamidis. Neste momento, temos um ano e meio de experiência com Tafamidis e o que tem acontecido é quase uma triagem natural dos doentes candidatos a transplante. Os resultados terapêuticos com este medicamento têm sido muito bons, ainda assim, na presença de resposta insuficiente os doentes podem ser inseridos nas listas de espera para transplante hepático ou ser incluídos em ensaios com medicamentos experimentais com mecanismos de ação diferentes do Tafamidis. “NEGAÇÃO” ATRASA DIAGNÓSTICO MN - Como é feita a confirmação do diagnóstico? TC - Os doentes que pertencem a famílias que estão identificadas podem, ou não, antes dos sintomas, fazer o teste genético. Essa é uma decisão que cabe a cada um. Há um número relativamente elevado de indivíduos em risco que fez o teste e sabe que é portador. Muitos deles são seguidos regularmente (uma vez por ano). Teoricamente, não deveria haver problemas de diagnóstico nestes casos pertencentes a famílias�������������������������� já ���������������������� identificadas. O problema é que, muitas vezes, há uma fase de negação, em que os doentes se recusam a associar os sintomas à PAF. Preferem enganar-se assumindo que os sintomas são fruto do cansaço ou do stresse. Continuamos a ver doentes que chegam com um ou dois anos de evolução porque durante esse tempo se negaram a assumir a doença, apesar de saberem de antemão que eram portadores de PAF. MN - E quais podem ser as consequências dessa “negação”? TC - A principal consequência é a perda de oportunidade de um tratamento adequado e que permita travar a progressão da doença. Daí também a nossa preocupação com o diagnóstico precoce e com a identificação dos doentes nas fases mais iniciais da PAF. Mesmo que os doentes ainda tenham acesso aos tratamentos disponíveis, vão sempre ficar com mais sequelas.
MN - Nos doentes que não têm história familiar, o diagnóstico precoce está dificultado? TC - Esse é um problema que não ocorre apenas nos países em que a doença não é tão conhecida. Infelizmente também acontece em Portugal. Quando surge um doente que não tem história familiar ou que tem história familiar pouco clara (pai ou mãe portadores, mas sem sintomas) há uma tendência, mesmo por parte dos médicos, para não associar os sintomas à PAF. Em ��������������������������� Portugal temos algum conhecimento sobre a paramiloidose, mas com esse conhecimento há a convicção de que a doença está sempre associada a uma herança familiar, de que os sintomas surgem em jovens e na zona da Póvoa do Varzim. Quando surge um doente isolado, com 50 ou mais anos, com pai e mãe saudáveis, que não seja da Póvoa ou de Vila do Conde, raramente é levantada a suspeita de paramiloidose. Acaba por haver um conhecimento muito estereotipado da doença que potencia também um atraso no diagnóstico, em média de 4,8 anos. Também nestes casos podemos perder a oportunidade de implementar tratamento com Tafamidis ou de referenciar o doente para transplante hepático. DIFERENÇAS ENTRE DIVERSOS FOCOS MN - Relativamente à idade de início dos sintomas, há algumas diferenças entre os vários focos da PAF, até mesmo a nível nacional. Como se explicam essas diferenças? TC - De facto há algumas diferenças. Sabemos que, nos homens, os sintomas tendem a surgir mais cedo do que nas mulheres. Sabemos também que na Suécia, o início é mais tardio do que em Portugal (50 anos e 30 anos, respetivamente). Aquilo que se tem verificado é que o início mais precoce está associado a uma progressão mais agressiva. Porém, os doentes que têm os primeiros sintomas em idades mais avançadas têm uma esperança de vida mais curta. Ou seja, estes doentes adaptam-se e reagem pior às complicações da PAF. Os doentes mais velhos têm mais doença cardíaca, mais doença renal e menos capacidade de tolerar todos os problemas relacionados com a paramiloidose. Em Portugal, temos também algumas diferenças entre os doentes da Póvoa do Varzim e os da Covilhã, por exemplo. De uma forma global, os doentes da Serra da Estrela têm um início dos sintomas mais tardio (com uma diferença de dez anos). Não sabemos por que motivo isto acontece. Decerto a doença não é condicionada apenas pela mutação, mas também por outros factores, genéticos ou ambientais que têm impacto na expressão da doença e que determinam essas variações entre as populações.
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ADVANCES AND RESEARCH IN TTR AMYLOIDOSIS III ANTECIPAR O DIAGNÓSTICO PARA MELHORAR OS RESULTADOS MN - NO QUE RESPEITA A ESTA TERCEIRA EDIÇÃO DO ADVANCES AND RESEARCH IN TTR AMYLOIDOSIS, QUAIS FORAM OS PRINCIPAIS TEMAS DE DEBATE? TC - Para esta reunião que teve lugar na Póvoa do Varzim, participaram cerca de 200 especialistas. O Simpósio teve o apoio dos laboratórios Pfizer e destinou-se a especialistas europeus, embora tenham vindo alguns colegas da América do Sul. Em termos de conteúdos, foram revistos alguns aspetos relacionados com a investigação atual, mas foi também debatida uma vertente muito clínica, no sentido de alertar para o diagnóstico precoce, para a identificação atempada dos doentes para que tenham um acompanhamento especializado e adequado. Temos noção de que existem muitos casos e focos espalhados pelo mundo que ainda não estão identificados. Recentemente, foi descoberto um foco na Bulgária, com cerca de 60 doentes, o que nos leva a pensar que a PAF não é uma doença tão isolada quanto pensávamos. Mesmo em Portugal,
acredito que há muitos doentes que não estão identificados. É nesse campo que temos de trabalhar. MN - TRATOU-SE DE UMA REUNIÃO ESPECIFICAMENTE DIRIGIDA A NEUROLOGISTAS? TC - Não. A paramiloidose é um problema sistémico e os doentes têm também de ser acompanhados por outras especialidades. Curiosamente, os centros de amiloidose mais importantes da Europa têm abordagens diferentes. No fundo, cada centro tem a sua história. A especialidade predominante em Portugal é claramente a Neurologia, mas em Itália, por exemplo, são a Hematologia e a Medicina Interna que estão mais ligadas ao seguimento dos doentes com PAF. Na Suécia, os gastrenterologistas têm um papel mais central. Ou seja, há alguma variedade nesse sentido. Portanto, entre estes 200 participantes estiveram presentes médicos de várias especialidades envolvidas na abordagem dos doentes com PAF.
CORINO DE ANDRADE O Dr. Corino de Andrade era um neurologista natural de Moura, no Alentejo, formado na Faculdade de Medicina de Lisboa que teve uma vasta experiência clínica em dois centros europeus (Berlim e Estrasburgo) que eram de nos anos 30, referências em relação à Neurologia. Acabou por regressar a Portugal em 1938 como resultado de alguns problemas familiares e das crises políticas que se faziam sentir pela Europa fora. Quando regressou, encontrou colocação no Porto. Era o primeiro e único Neurologista do Hospital de Santo António, na altura designado de Hospital da Misericórdia.
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| EM REVISTA INFARMED AUTORIZA YERVOY® PARA UTILIZAÇÃO EM MEIO HOSPITALAR NO TRATAMENTO DO MELANOMA AVANÇADO Foi concluída favoravelmente a avaliação prévia do medicamento YERVOY® (ipilimumab) estando autorizada pelo INFARMED, a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, a sua utilização em meio hospitalar no tratamento do melanoma avançado em doentes adultos previamente tratados. Esta decisão permite que, em Portugal, os doentes com melanoma avançado (irressecável ou metastático) previamente tratados podem agora ter acesso a um dos avanços no tratamento desta doença mais significativos nas últimas três décadas. O medicamento YERVOY® (ipilimumab) é uma imunoterapia inovadora que vem preencher uma lacuna existente nesta área terapêutica. A decisão foi saudada pela Bristol-Myers Squibb e médicos envolvidos no tratamento e na assistência de doentes que lidam com esta doença devastadora, onde a esperança média de vida através da quimioterapia convencional é de apenas seis a nove meses.1,2 A terapêutica inovadora da Imuno-Oncologia, Ipilimumab, é a primeira e única aprovada que demonstra, no ensaio de Fase III, aleatorizado, prolongar a sobrevivência a longo prazo em alguns dos doentes com tratamento prévio para o melanoma avançado. Por isso, a autorização dada pelo Infarmed simboliza um importante marco no tratamento da patologia. Os resultados que se tem vindo a alcançar para o tratamento do melanoma avançado através de tratamentos standard como a quimioterapia e a radioterapia têm sido extremamente fracos. O Ipilimumab, que potencia a resposta do sistema imunitário para procurar e destruir as células do melanoma, é a primeira e única terapia a demonstrar a sobrevivência a longo prazo, em alguns doente. Aprovado na Europa em Julho de 2011, o ipilimumab representa um dos avanços mais significativos no tratamento de melanoma avançado nos últimos 30 anos.3 É o primeiro e único tratamento aprovado que demonstra o benefício de prolongar a vida dos doentes previamente tratados para o melanoma avançado, num ensaio de fase III aleatorizado.3, 4 As taxas de sobrevivência estimadas nos ensaios para um e dois anos de tratamento com Ipilimumab foram de 46% e 24% respectivamente, o que representa quase o dobro do controle, com alguns doentes vivos após 3, 4 anos de tratamento.4 No estudo, a mediana da sobrevivência global foi de 10 meses (IC 95%: 8,0 13,8) para o YERVOY e de 6 meses (IC 95%:
5,5 - 8,7) para o braço de controlo gp100. No Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica, em Outubro de 2012, para além da apresentação do crescente número de dados de sobrevivência a longo prazo para o Ipilimumab no tratamento de melanoma metastático, também foram apresentados os resultados de cinco anos de acompanhamento de três estudos de fase 2.5 Os tipos de acontecimentos adversos atribuídos ao YERVOY relacionam-se geralmente com o seu mecanismo de acção (imunitário). YERVOY pode resultar em reacções adversas graves e fatais relacionadas com o mecanismo de acção imunitário devido à activação e proliferação de células-T. Os acontecimentos adversos associados ao YERVOY são geridos utilizando as normas orientadoras específicas, que incluem a administração de corticosteróides sistémicos, interrupção/ descontinuação da dose e/ou outros agentes imussupressores. Orientações de tratamento descritas no resumo de características do medicamento (RCM) , que incluem a interrupção/descontinuação (novo RCM prevê atraso de dose para gestão das reações adversas imunitárias), administração de corticosteróides sistémicos, e/ou outros imunossupressores. Historicamente, a cirurgia, a radiação e a terapia dirigida por citotóxicos têm sido o pilar do tratamento na maioria dos cancros avançados6. Contudo, a sobrevivência a 5 anos, continua baixa para muitos doentes com tumores sólidos avançados7. A Imuno-Oncologia, que utiliza a capacidade natural do sistema imunitário do doente para combater o cancro8, tem sido reconhecida como uma nova modalidade terapêutica, com potencial de prolongar a sobrevivência a longo prazo.
(ENDNOTES) 1 Chin L et al. Malignant melanoma: Genetics and therapeutics in the genomic era. Genes Dev 2006;20:2149-82.| 2 Korn E et al. Meta-analysis of phase 2 cooperative group trials in metastatic stage IV melanoma to determine progression-free and overall survival benchmarks for future phase 2 trials. J Clin Oncol 2008;26:527-534. | 3 Eggermont A and Robert C. New drugs in melanoma: it’s a whole new world. European J Cancer 2011; 47:2150-57. | 4 Hodi FS et al. Improved survival with ipilimumab in patients with metastatic melanoma. N Engl J Med 2010; 363:711-23. | 5 Lebbe C, Weber JS, Maio M, et al. Five-year survival rates for patients (pts) with metastatic melanoma (mm) treated with ipilimumab (ipi) in phase II trials. Presented at: 37th European Society of Medical Oncology 2012 Congress; September 28–October 2, 2012; Vienna, Austria. Abstract 1116. Available at: http://abstracts.webges. com/viewing/view.php?congress=esmo2012&congress_id=370&publication_id=607 Last accessed May 2013 | 6 DeVita VT, Rosenberg SA. N Engl J Med. 2012:366:2207-2214. | 7 Surveillance, Epidemiology and End Results (SEER) Program. Available at: http://seer.cancer.gov Last accessed May 2013 | 8 Borghaei H, Smith MR, Campbell KS. Eur J Pharmacol 2009;625:41-54.
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56.º CONGRESSO NACIONAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE OFTALMOLOGIA O 56.º Congresso Nacional da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) decorreu nos dias 5, 6 e 7 de dezembro de 2013 em Vilamoura. Foi um enorme sucesso científico! 730 oftalmologistas inscritos, 25 convidados nacionais e internacionais, 11 conferências, seis palestras de abertura, duas sessões major relacionadas com os temas principais do congresso deste ano (glaucoma e inflamação ocular), uma sessão de filmes de casos complicados, 10 cursos temáticos, 195 comunicações orais, 200 posters e 36 vídeos: estes são os números impressionantes do congresso nacional da SPO. De salientar a conferência “Cunha Vaz”, a conferência magistral do nosso congresso que este ano foi proferida pelo Prof. Doutor Manuel Sobrinho Simões — “Medicine in the XXI Century: Challenges, Opportunities and Risks”. Ao abrigo de uma parceria entre a SPO e o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, estiveram presentes, mais uma vez, oftalmologistas brasileiros que contribuíram para o Simpósio Luso-Brasileiro. Esta estreita colaboração deu os seus primeiros passos com a realização do 1.º Congresso de Oftalmologia de Língua Portuguesa que decorreu em Lisboa, 2012, estando já o segundo congresso agendado para setembro deste ano no Recife, Brasil. Durante o congresso decorreu a Assembleia Geral, muito participada, onde, para além da discussão das mais variadas matérias referentes aos oftalmologistas associados da SPO e à oftalmologia portuguesa, foi a votação uma proposta da direção para a revisão aos atuais Estatutos. É a segunda vez na história da SPO que tal acontece. A exposição técnica é sempre um marco importante nos nossos congressos. Aqui são sempre apresentadas as últimas novidades médicas e cirúrgicas, com a possibilidade de contactar diretamente com os mais variados instrumentos e aparelhos. A parceria com a indústria farmacêutica foi inestimável, pois, apesar dos tempos de maior contenção, estiveram presentes e, ultrapassando as dificuldades, souberam apoiar a nossa sociedade e contribuir decisi-
vamente para a construção do 56.º congresso. O programa social, bem diferente do habitual, foi também um êxito. Assistimos a um magnifico concerto de canto e piano interpretado pelos Medici Ensemble, um conjunto constituído por quatro colegas médicos do Porto, que nos presentearam e nos deliciaram com um reportório americano do século XX (Broadway). Durante o habitual jantar de encerramento do congresso, houve uma passagem de moda, com modelos profissionais e com alguns internos de oftalmologia que, com um talento notável, aventuraram-se pela primeira vez nestas façanhas. A distribuição dos 12 prémios da SPO, alguns deles em conjunto com a indústria farmacêutica, também teve lugar durante o concorrido jantar. Por último, quero agradecer à minha equipa e a todos aqueles que connosco colaboraram na realização deste 56º Congresso Nacional. Para a consecução deste esforço enorme foram cruciais a excelência, a abnegação, a dedicação e o espírito de sacrifício de todos. Já estamos a preparar o 57.º Congresso Nacional da SPO que vai decorrer nos dias 4, 5 e 6 de dezembro em Vilamoura. Vai ser um congresso de celebração, pois a SPO faz este ano 75 anos de existência.
PROF. DOUTOR PAULO TORRES Presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO)
AO ABRIGO DE UMA PARCERIA ENTRE A SPO E O CONSELHO BRASILEIRO DE OFTALMOLOGIA, ESTIVERAM PRESENTES, MAIS UMA VEZ, OFTALMOLOGISTAS BRASILEIROS QUE CONTRIBUÍRAM PARA O SIMPÓSIO LUSO-BRASILEIRO MÉDICO NEWS
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PREVENIR AS COMPLICAÇÕES COMUNS DA CIRURGIA DAS
CATARATAS
O moderador Dr. Jorge Palmares acompanhado pelo Prof. Doutor Piergiorgio Neri e a Prof. Doutora Conceição Lobo
Por ocasião do 56.º Congresso Português de Oftalmologia, realizado no Algarve, no início do mês de dezembro, a Bausch & Lomb promoveu um simpósio no qual foram debatidas as estratégias de prevenção e tratamento das complicações oculares decorrentes da cirurgia das cataratas, entre as quais o edema macular cistoide. Sob a moderação do Dr. Jorge Palmares, oftalmologista do Porto, participaram nesta sessão a Prof.ª Doutora Conceição Lobo e o Prof. Doutor Piergiorgio Neri. “A cirurgia da catarata é um procedimento muito comum e cada vez mais frequente, tendo em conta as alterações demográficas e o envelhecimento da população. Hoje em dia, trata-se de um procedimento muito seguro, eficaz e com resultados muito previsíveis, devido aos modernos avanços das técnicas cirúrgicas e da instrumentação”, explicou a Prof.ª Doutora Conceição Lobo. No entanto, “não podem ser descuradas as potenciais complicações”, alertou a oftalmologista do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC). Entre essas complicações, destacam-se a endoftalmite, “que continua a ser a mais temida”, e o edema macular pseudofáquico, “que está frequentemente associado ao declínio visual e não é mais do que uma acumulação de fluidos no polo posterior que vai causar um aumento da espessura da retina”. “Aquilo que recomendamos, com base nos estudos que existem até agora, é que, na profilaxia pós-operatória, os esteroides tópicos devem ser aplicados cinco vezes ao dia, durante a primeira semana e três vezes ao dia nas segunda e terceira semanas. Os AINE tópicos devem ser aplicados 2, 3 ou 4 vezes ao dia durante a primeira MÉDICO NEWS | INFORMAÇÃO
semana e duas a três vezes ao dia na segunda e terceira semanas até à quarta e sexta semanas. A duração do tratamento deve ser definida em função do grau de risco de cada doente”. Perante o edema macular, há que implementar estratégias terapêuticas quando as profiláticas falharam. Neste contexto, está demonstrado é que há interesse em associar AINE com não esteroides com vista a uma melhoria da acuidade visual e a um efeito sinergético. Assim, sugere-se a seguinte abordagem: “A associação de esteroides com não-AINE durante um mês. Na ausência de resposta em termos de melhoria da visão da OCT, o tratamento deve ser prolongado por mais dois meses. Se ainda assim, continuar a não haver uma resposta, deve ser adicionada a acetazolamida 500 mg/dia, durante quatro semanas e uma injeção sub-tenoniana de triancinolona 40 mg.” TRATAMENTO DA INFLAMAÇÃO OCULAR NA CIRURGIA DAS CATARATAS No contexto da cirurgia das cataratas, o Prof. Doutor Piergiorgio Neri, da Polytechnic University of Marche, recomenda a proteção do microambiente da ferida, a prevenção das complicações infeciosas com antibióticos e as inflamatórias com anti-inflamatórios esteroides ou não esteroides tópicos. “Para obtermos bons resultados, temos de conseguir uma boa compliance por parte dos doentes”, sublinhou o imunologista ocular. Segundo o especialista, os AINE têm a capacidade de inibir a síntese de prostaglandina através da COX1 e da COX2. “Estes fármacos são utiliza-
dos no tratamento da inflamação pós-operatória e têm como efeitos a redução da dor e desconforto após a cirurgia das cataratas, a prevenção da miose intraoperatória durante a cirurgia das cataratas, a neutralização da IOP induzida pela PGE, a estabilização dos fluidos da barreira aquosa e a prevenção e tratamento do edema macular cistoide após a cirurgia das cataratas”. Em alguns casos, com vista à obtenção de resultados melhores e mais rápidos, “há benefícios em associar os esteroides aos não-esteroides, uma vez que os dois atuam em vias distintas da cascata de inflamação”. Portanto, “os esteroides e os AINE podem ter um efeito sinérgico na minimização da inflamação pós-operatória. Segundo o Prof. Doutor Piergiorgio Neri, os AINE têm um conjunto de limitações, que, na perspetiva o imunologista ocular, podem ser corrigidas no desenvolvimento de AINE mais recentes. Nesse sentido, “o bromofenac surge como uma alternativa muito promissora”. Este agente pertence à classe dos ácidos fenilacéticos e, ao introduzirem a bromina na estrutura dos AINE, permitem um aumento da lipofilicidade, levando a uma melhoria da penetração ocular. “Com menos acidez, o bromofenac não causa sensação de ardor ou picada”, salientou o orador. “Tem ainda um efeito mais duradouro da atividade analgésica e anti-inflamatória. É seletivo da COX-2 e, por isso, contribui para uma maior potência”, acrescentou. Após uma única dose tópica de bromofenac há um aumento da concentração do tecido ocular e níveis mesuráveis em todos os tecidos, nas duas primeiras horas, mantendo-se durante as 24 horas.
DOLUTEGRAVIR
J Á E S T Á APROVADO N A EUROPA
No âmbito das 9.as Jornadas de Atualização em Infeciologia do Hospital Curry Cabral, a ViiV Healthcare organizou um simpósio satélite cuja presidência esteve a cargo do Prof. Dr. Fernando Maltez e moderação sob a responsabilidade do Prof. Doutor Kamal Mansinho. Nesta sessão, o Prof. Doutor Jan Van Lunzen, do University Medical Centre, HamburghEppendorf, na Alemanha, e investigador do programa de
ensaios clínicos desenvolvido para o dolutegravir, reviu os principais resultados dos estudos de fase III que estiveram na origem da aprovação deste medicamento pela EMA (European Medicines Agency). O novo inibidor da integrase tem agora a aprovação da Comissão Europeia para o tratamento, em associação com outros antirretrovirais, de adultos e adolescentes com mais de 12 anos infetados com VIH.
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BAIXA TOXICIDADE “FAVORECE BOA ADESÃO”
PROF. DR. FERNANDO MALTEZ Infeciologista, Hospital Curry Cabral
O dolutegravir parece ser um fármaco mais eficaz do que os restantes medicamentos da mesma classe já existentes. Não desencadeia tantas resistências quando há falência virológica e tem um bom perfil de tolerabilidade. Os resultados dos ensaios que estiveram na origem da aprovação do medicamento mostram que, em comparação com fármacos atualmente utilizados em primeira linha, o dolutegravir é, no mínimo igual e, em certos casos, superior no que respeita à eficácia em termos de supressão virológica. A co-formulação do dolutegravir, em comprimido único, com ou-
tro medicamento frequentemente utilizado na prática clínica é também um aspeto que pode viabilizar a sua utilização mais alargada. Do ponto de vista da segurança, os ensaios demonstraram um bom perfil de tolerabilidade, o que se refletiu na baixa taxa de abandono do tratamento devido a efeitos secundários. Ao longo do tratamento, os doentes mantiveram um bom perfil lipídico o que, no contexto cardiovascular é muito positivo. Para os doentes isto significa a possibilidade de manterem, durante mais tempo, o mesmo regime terapêutico, sem interferências na sua qualidade de vida.
“DOLUTEGRAVIR RESPONDE A TODOS OS DESAFIOS” Com a vasto conjunto de tratamentos de que dispomos para o tratamento de doentes com VIH, e com o elevado grau de eficácia que já alcançámos, é sempre um desafio lançar um novo fármaco antirretroviral, na medida em que há um conjunto de desafios a superar. No entanto, o dolutegravir responde a todos esses desafios.Tem eficácia rápida e sustentada; tem uma elevada barreira genética, logo, está associado a um baixo risco de desenvolvimento de
mutações de resistência; é bem tolerado, tem baixa toxicidade e baixa taxa de descontinuação terapêutica. Para o doente, é um tratamento cómodo. O comprimido tem um tamanho pequeno e fácil de administrar, pode ser tomado com ou sem alimentos, sem qualquer restrição relativamente à hora do dia em que deve ser administrado e com baixo risco de interações farmacológicas com a medicação frequentemente usada pelos doentes.
PROF. DOUTOR JAN VAN LUNZEN University Medical Centre, Hamburgh-Eppendorf, Alemanha
“DOLUTEGRAVIR TRAZ ROBUSTEZ À CLASSE DOS INIBIDORES DA INTEGRASE” Em termos de eficácia, o dolutegravir demonstrou dos melhores resultados até hoje alcançados com tratamentos antirretrovirais. Ao mesmo tempo, tem outras duas particularidades que são a baixa incidência de efeitos adversos e uma elevada barreira genética, que é muito importante sobretudo num medicamento desta classe, tipicamente caracterizada por ter uma baixa barreira genética. Neste contexto, o dolutegravir vem trazer uma robustez
DR. JOSÉ VERA Internista, Centro Hospitalar de Cascais MÉDICO NEWS | ESPECIAL
que a classe dos inibidores da integrase não tinha antes. Graças a esta robustez conseguiremos manter os doentes sob o mesmo regime terapêutico durante mais tempo. Por outro lado, considerando a baixa toxicidade do dolutegravir, penso que os doentes terão mais condições para manter uma boa qualidade de vida, com menos comorbilidades e, por conseguinte, com menos problemas de adesão ao tratamento a longo prazo.
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DOLUTEGRAVIR
EFICÁCIA EM DOENTES NAÏVE E PREVIAMENTE TRATADOS
O abrangente programa de desenvolvimento clínico de dolutegravir incluiu pessoas infetadas pelo VIH sem tratamento prévio (naive), bem como indivíduos que já tinham sido tratados com outros medicamentos para o VIH (experientes) e ainda indivíduos com resistências a inibidores da integrase. O processo de submissão que suportou a aprovação incluiu dados de quatro ensaios clínicos de fase III, que envolveram 2 557 adultos tratados com dolutegravir ou com um comparador. Incluiu,
igualmente, dados de um quinto estudo, realizado em crianças com mais de 12 anos de idade. A eficácia de dolutegravir — como “terceiro agente” — foi estatisticamente superior à do seu comparador, em dois estudos de fase III e não inferior num estudo com um terceiro comparador. Em ensaios clínicos, as taxas de descontinuação motivadas pela ocorrência de efeitos adversos, observadas com dolutegravir, foram baixas (1-3%), tanto em doentes sem tratamento prévio (naïve) como em doentes com experiência de tratamento. O perfil de segurança baseia-se no conjunto de dados dos estudos clínicos de fase IIb e de fase III, realizados em 980 doentes sem tratamento prévio, 357 doentes tratados previamente, mas não expostos aos inibidores da integrase, e 234 doentes com falência do tratamento prévio, que incluía um inibidor da integrase. As reações adversas emergentes do tratamento mais frequentemente observadas foram náuseas (15%), diarreia (16%) e cefaleias (14%). A reação adversa mais grave, observada num doente, foi uma reação de hipersensibilidade, que envolvia erupção cutânea e efeitos hepáticos graves. A dose recomendada de dolutegravir para a maioria dos doentes é de 1 comprimido de 50 mg, uma vez ao dia. Para doentes com resistência documentada ou clinicamente suspeita à classe dos inibidores da integrase, ou quando dolutegravir é administrado concomitantemente com determinados medicamentos, a dose recomendada é de 50 mg, duas vezes ao dia.
“NO QUE RESPEITA À EFICÁCIA VIROLÓGICA, O DOLUTEGRAVIR É UM EXCELENTE FÁRMACO”
DR.ª PATRÍCIA PACHECO Infeciologista, Hospital de Fernado Fonseca
A perspetiva do médico é sempre, em primeiro lugar, a eficácia. E no que respeita à eficácia virológica, o dolutegravir é um excelente fármaco, tendo demonstrado superioridade em relação àquilo que é hoje considerado como o gold standard. O problema é que isto não basta pois se o doente não tiver uma boa adesão à terapêutica, a eficácia fica comprometida. Contudo, o dolutegravir tem a vantagem acrescida de ter demonstrado também um excelente perfil de tolerabilidade e, para o doente, isso é o que mais importa. O doente quer viver a sua vida sem o constrangimento dos efeitos secundários, sem compromisso da qualidade de vida. Adicionalmente, o dolutegravir apresenta um número muito reduzido de interações medicamentosas, o que facilita a gestão global da medicação que
o doente toma. Por outro lado, estamos perante um inibidor da integrase de segunda geração que tem uma barreira genética superior aos dois de primeira geração. Isto significa que necessita que o vírus adquira um maior número de mutações para se tornar resistente.
ESTAMOS PERANTE UM INIBIDOR DA INTEGRASE DE SEGUNDA GERAÇÃO QUE TEM UMA BARREIRA GENÉTICA SUPERIOR AOS DOIS DE PRIMEIRA GERAÇÃO MÉDICO NEWS | ESPECIAL
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DOLUTEGRAVIR VAI “MUDAR A FORMA COMO VEMOS A TERAPÊUTICA ANTIRRETROVIRAL” O dolutegravir apresenta características muito interessantes que o distinguem dos outros agentes da sua classe por isso, vai, provavelmente, mudar a forma como vemos a terapêutica antirretroviral. A confiar nos dados da investigação clínica, é um fármaco extremamente potente, que compara muito favoravelmente com os fármacos já existentes, chegando mesmo a revelar-se superior em relação a alguns deles. Adicionalmente, é um fármaco extrema-
mente bem tolerado, com uma taxa de efeitos adversos muito reduzida, o que é também garantia de que os doentes vão aderir à terapêutica; tem muito poucas interações medicamentosas e tem a particularidade de, praticamente, não permitir a indução de resistências, onde se compara com os inibidores da protéase potenciados. Face a todas estas características, será seguramente um fármaco que vai marcar a terapêutica antirretroviral do futuro.
PROF. DOUTOR SARAIVA DA CUNHA Infeciologista, CHUC
EVIDÊNCIAS
COM DOLUTEGRAVIR SINGLE Estudo que avaliou dolutegravir, uma vez ao dia, em associação com abacavir/lamivudina comparado com o regime de comprimido único de Atripla®, efetuado em 833 doentes naïve. A supressão virológica no grupo de doentes tratados com dolutegravir foi de 88% versus 81% no grupo de doentes tratados com Atripla®. A taxa de descontinuação da terapêutica devido a efeitos adversos foi de 2% nos doentes do braço dolutegravir versus 10% dos doentes do braço Atripla®. Às 48 semanas de tratamento não se verificou qualquer resitência genotípica emergente do tratamento que tenha resultado numa menor suscetibilidade ao dolutegravir ou ao regime de base. SAILING Estudo que avaliou dolutegravir, uma vez ao dia, em comparação com raltegravir, duas vezes ao dia, cada um em associação com um regime de base selecionado pelo investigador, constituído por até dois fármacos, incluindo, pelo menos um deles completamente ativo. No estudo foram incluídos 179 doentes que não respondiam à terapêutica atual, da qual não fazia parte um inibidor da integrase. Às 48 semanas, a supressão virológica foi de 71%, nos doentes tratados com um regime terapêutico contendo dolutegravir e de 64%
MÉDICO NEWS | ESPECIAL
nos doentes incluídos no braço terapêutico contendo raltegravir. Não se verificaram diferenças significativas em termos de tolerabilidade. A taxa de abandono do tratamento foi de 3% no grupo dolutegravir versus 4% no grupo raltegravir. SPRING-2 Estudo que comparou dolutegravir, uma vez ao dia, com raltegravir, administrado duas vezes ao dia, cada um deles em associação com dois NRTIs de dose fixa. Foram incluídos 822 doentes naïve. Às 48 semanas, a taxa de supressão virológica foi de 88% nos doentes tratados com dolutegravir e de 85% nos doentes tratados com raltegravir. Mais uma vez, não se verificaram diferenças de tolerabilidade entre os dois agentes, assim como não foram observadas resistências genotípicas decorrentes do tratamento com dolutegravir ou ao regime de base. VIKING-3 Estudo que avaliou dolutegravir, administrado duas vezes ao dia, realizado em 183 doentes adultos em tratamento e com história de resistência a várias classes de antirretroviais, inibidores da integrase (raltegravir e/ou elvitegravir). Após sete dias de tratamento com dolutegravir associado ao regime de base verificou-se uma diminuição dos níveis mé-
dios de ARN do VIH de 1,4 log10 c/ml. Às 24 semanas 63% dos doentes alcançaram a supressão virológica. Porém, observou-se uma má resposta ao dolutegravir nos doentes que tinham desenvolvido mutação associada à resistência ao inibidor da integrase, designada por Q148 com duas ou mais mutações de resistência secundárias adicionais aos inibidores da integrase. FLAMINGO Estudo de fase IIIb realizado em 484 doentes naïve, cujo objetivo é demonstrar a não-inferioridade de dolutegravir em relação ao darunavir/ritonavir em associação com outros agentes selecionados pelo investigador (tenofovir/emtricitabina ou abacavir/lamivudina). Às 48 semanas 90% dos doentes tratados com dolutegravir e 83% dos doentes aleatorizados para o braço darunavir/ritonavir apresentavam uma carga viral inferior a 50 cópias. Quanto à indicação em crianças com mais de 12 anos baseia-se numa avaliação de segurança, farmacocinética e de eficácia, com a duração de 24 semanas, no âmbito de um ensaio clínico multicêntrico e em regime aberto, envolvendo doentes pediátricos com idades entre os 12 e os 18 anos, que não tinham sido previamente tratados com inibidores da integrase (Hazra R. et al, 19th International AIDS Conference, 2013. Abstract TUABO203).
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“O DOLUTEGRAVIR É UM FÁRMACO MUITO BEM-VINDO, TENDO EM CONTA OS RESULTADOS DOS ENSAIOS”
PROF. DOUTOR KAMAL MANSINHO Infeciologista, CHLO/HEM
É UM FÁRMACO QUE, EM ALGUMAS CIRCUNSTÂNCIAS, PODE SER ADMINISTRADO UMA VEZ AO DIA, O QUE REPRESENTA UM VALOR ACRESCIDO EM TERMOS DE SIMPLIFICAÇÃO TERAPÊUTICA
O dolutegravir é o terceiro fármaco da família dos inibidores da integrase e os resultados dos ensaios clínicos que hoje discutimos apresentam algumas nuances que são particularmente relevantes para o tratamento dos doentes. É um fármaco que, em algumas circunstâncias, pode ser administrado uma vez ao dia, o que representa um valor acrescido em termos de simplificação terapêutica. Mas, mais do que isso, alguns dos resultados revelam características diferentes daquelas que conhecíamos até agora em agentes da mesma classe, nomeadamente no que se refere à facilidade com que este inibidor da integrase protege o próprio medicamento. Ou seja, ao contrário dos outros inibidores da integrase em que, face a uma falência terapêutica, rapidamente se desenvolvem outras mutações caso o doente continue a tomar o mesmo medicamento, com o dolutegravir verificou-se que, nos doentes em que havia critérios de falência terapêutica, essas mutações não ocorreram e a resistência não aparece tão depressa. Isto é muito interessante porque reabre novamente algumas perspetivas de discussão sobre o papel que o medicamento pode vir a desempenhar, quer relativamente à definição de estratégias de prevenção, quer no que respeita à perspetiva de tratamentos que contribuam para a cura. Os inibidores da integrase, como fármacos, em geral, sempre estiveram presentes nesta linha de discussão e, neste sentido, as características do dolutegravir colocam este fármaco numa po-
sição de vantagem em relação a alguns outros medicamentos. Isto não quer dizer que se trata de um medicamento para todos os doentes, na medida em que o princípio da individualização terapêutica deve manter-se sempre. Obviamente que estamos centrados nos aspetos que este medicamento acrescenta ao tratamento dos doentes com VIH e, nessa perspetiva, o dolutegravir é um fármaco muito bem-vindo, tendo em conta os resultados dos ensaios. Como qualquer medicamento, não está isento de efeitos adversos, apesar de, no âmbito da investigação, estar associado a uma baixa taxa de abandono do tratamento. De qualquer forma, como sempre, teremos oportunidade de confirmar esta boa tolerabilidade na nossa prática clínica. Ou seja, nos doentes do mundo real. Por outro lado, o dolutegravir traz um valor acrescentado relativamente aos restantes fármacos da sua classe porque os doentes que apresentam falência terapêutica aos outros dois inibidores da integrase mantêm a resposta ao dolutegravir.
Conteúdos da responsabilidade da News Farma
“A NOSSA PREOCUPAÇÃO É MELHORAR A ADESÃO À TERAPÊUTICA” Em termos de eficácia somos sempre muito ambiciosos e o que pretendemos é, sem dúvida, a eficácia total. Ainda não a alcançámos, mas temos conseguido ganhos muito significativos neste contexto. A nossa preocupação tem-se centrado essencialmente na adesão dos doentes à terapêutica. Para tal, precisamos de fármacos com melhor perfil de tolerabilidade, com baixo risco de interações medicamentosas e
com administrações simples, de preferência uma única toma diária, como é o caso do dolutegravir. Por todos estes motivos este medicamento será uma mais-valia, sobretudo quando estiver co-formulado em associação fixa com outros agentes. A estas vantagens do dolutegravir podemos juntar o baixo risco de resistências.
PROF. DOUTOR FRANCISCO ANTUNES Infeciologista, Hospital de Santa Maria MÉDICO NEWS | ESPECIAL
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14.º CONGRESSO DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA DOENÇA VASCULAR CEREBRAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE MEDICINA INTERNA
MAIS DE 500 PARTICIPANTES PRESENTES
DR.ª MARIA TERESA CARDOSO Coordenadora do Núcleo de Estudos da Doença Vascular Cerebral da SPMI
O Núcleo de Estudos da Doença Vascular Cerebral da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna organizou no passado dia 29 e 30 de novembro o seu 14.º Congresso que teve lugar no Porto e reuniu 515 médicos contando com uma presença diária de cerca de 400 especialistas, excedendo frequentemente a lotação da sala. A participação foi na sua maioria de Internistas mas também teve a forte participação de Neurologistas, Cardiologistas, Fisiatras, e médicos internos em formação. A elevada qualidade dos palestrantes, o perfil interativo do programa com apoio de televoto, a informalidade do debate e o tratamento de temas atuais e controversos foi responsável por esta enorme adesão contribuindo para o objetivo primordial deste Congresso que é a mobilização e motivação em torno desta patologia com o objetivo ultimo de melhorar o tratamento do doente com doença vascular cerebral. De realçar os cerca de 100 trabalhos científicos de elevada qualidade (duplicaram em relação MÉDICO NEWS
aos anos anteriores) propostos e aceites para apresentação sob a forma de Comunicações Orais e Posters, provenientes de vários pontos do País e refletindo um grande dinamismo e melhoria na qualidade do tratamento do doente com AVC em Portugal. Face à grande participação de vários centros Portugueses com inúmeros trabalhos científicos de qualidade o Núcleo viu a necessidade de premiar o dinamismo na investigação da Doença Vascular cerebral criando pela 1.ª vez em 2013 um Prémio de Mérito “ AVC Inovação e Dinamismo” para o Centro Português que se destaque pela produtividade científica relevante. Atribuiu também os Prémios “AVC e Investigação clínica” e “AVC e Investigação Básica” pelo 6º e 2º ano consecutivos respetivamente e três Menções Honrosas aos melhores trabalhos apresentados. Dois Cursos de Formação de forte pendor prático, um sobre Trombólise e outro sobre Neuroimagem no AVC obtiveram mais uma vez grande afluência e tem contribuído ao longo dos anos para a formação dos internistas na área da doença vascular cerebral. A doença vascular cerebral como uma prioridade em Saúde tem sido a tónica do Núcleo. A mortalidade por AVC tem vindo a diminuir de forma acentuada nos últimos anos. Segundo dados da DGS 2013 a redução da taxa de mortalidade por DVC nos últimos 5 anos traduz-se numa redução de mais de 1600 óbitos anuais em Portugal. Apesar destes resultados positivos continuamos a ter a maior taxa de mortalidade por AVC entre os países Europeus do Grupo A. Segundo a mesma fonte a percentagem de doentes internados em Unidades de AVC nos últimos 3 anos duplicou. Também se verificou um aumento do numero de doentes admitidos nas Unidades de AVC através da via verde ao longo dos últimos anos, no entanto esta percentagem ainda está aquém do desejado e verificam-se grandes assimetrias regionais. A importância do acesso pela via verde é evidenciada pela estreita janela de oportunidade para administrar o tratamento trombolítico nas 1.as 3 horas. Na sequência destes resultados a percentagem de doentes a fazer fibrinólise também tem aumentado ao longo dos últimos 6 anos. Estes dados
animam-nos no prosseguimento dos nossos objetivos. Consolidar e melhorar estes resultados é uma prioridade. A heterogeneidade no tratamento do AVC foi um ponto que mereceu reflexão neste congresso e que constitui um enorme desafio para a criação de novas unidades de AVC e para a consolidação e implementação de todas as medidas organizativas até agora tomadas. O tratamento trombolítico foi também discutido nas suas aplicações fora do protocolo, nos muito idosos e no AVC ao acordar e foram apresentados resultados prometedores ainda não consensuais. O tratamento hipocoagulante na prevenção primária do AVC em doentes com Fibrilação Auricular não valvular foi mais uma vez tema de debate face ao aparecimento dos novos anticoagulantes orais e à necessidade de debater particularidades destes novos fármacos na sua aplicação prática. A reabilitação no AVC, as novas formas com aplicação de robótica e a genética foram dois temas fortes de Conferências apresentadas. Foi com muita satisfação que o NEDVC constatou o grande interesse e dinamismo em torno do AVC e do nosso objetivo comum, tratar o doente segundo o estado de arte.
A REDUÇÃO DA TAXA DE MORTALIDADE POR DVC NOS ÚLTIMOS 5 ANOS TRADUZ-SE NUMA REDUÇÃO DE MAIS DE 1600 ÓBITOS ANUAIS EM PORTUGAL. APESAR DESTES RESULTADOS POSITIVOS CONTINUAMOS A TER A MAIOR TAXA DE MORTALIDADE POR AVC ENTRE OS PAÍSES EUROPEUS DO GRUPO A
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BALANÇO DAS XXI JORNADAS INTERNACIONAIS DO INSTITUTO PORTUGUÊS DE REUMATOLOGIA
DR.ª EUGÉNIA SIMÕES Presidente do IPR
Nos dias 28 e 29 de dezembro de 2013, no Centro de Congressos do Hotel Sana Epic, às Amoreiras, em Lisboa, decorreram as XXI Jornadas Internacionais do Instituto Português de Reumatologia. Estas Jornadas continuam a ser o evento científico na área da Reumatologia, em Portugal, a contar com o maior número de participantes. Nesta edição, houve mais de 800 inscritos, sendo a maioria especialistas em MGF e Reumatologistas. Na maior parte das sessões, houve cerca de 500 pessoas em sala. Os temas tratados tiveram interesse teórico e/ /ou de revisão. Assim, os Cursos práticos tivemos ”Tratamento da dor: fronteiras e limites” e “Osteoporose: Tratar bem”. Os biotecnológicos e biossimilares foram também temas de debate, bem como as doenças raras. Houve a presença de dois convidados de renome internacional: O Prof. Hasan Yazici autoridade mundial em Doença de Behcet e o Prof Juan Esplugues Mota que nos veio falar de biotecnológicos. Por último realçar a presença e o apoio da Indústria farmacêutica: estiveram presentes na Exposição técnica cerca 20 Laboratórios Farmacêuticos, tendo havido ainda lugar para 2 Simpódios Satélites: o primeiro no final da manhã do 1.º dia das Jornadas, patrocinada pela Lilly Farma sobre o tratamento de osteoporose com o título “Partilhar dá fortes resultados”; este Simpósio foi precedido de um concurso de casos clínicos de
ESTAS JORNADAS CONTINUAM A SER O EVENTO CIENTÍFICO NA ÁREA DA REUMATOLOGIA, EM PORTUGAL, A CONTAR COM O MAIOR NÚMERO DE PARTICIPANTES. NESTA EDIÇÃO, HOUVE MAIS DE 800 INSCRITOS, SENDO A MAIORIA ESPECIALISTAS EM MGF E REUMATOLOGISTAS. osteoporose; os vencedores do concurso apresentaram os casos durante o Simpósio; o 2.º, no final da manhã do 2.º dia, sobre a terapêutica injetável com colagéneo, na patologia osteo-musculo-tendinosa. Este Simpósio foi patrocinado pelos laboratórios Raul Vieira. Houve ainda lugar à apresentação de posters e comunicações livres, num valor total de mais de 70 trabalhos apresentados; bem como o já clássico concurso de imagem científica. O novo local escolhido foi também muito elogiado entre os participantes, pois demonstrou possuir as condições ideais para este tipo de evento.
EM REVISTA STENT FOR LIFE PRETENDE FORMAR FORMADORES "Estão a ser desenvolvidas ações dirigidas aos médicos das urgências hos-
a várias unidades de saúde. "Penso que os profissionais de saúde têm aco-
pitalares e dos centros de saúde, para adotarem uma atitude de ensino junto
lhido muito bem a ideia de divulgar à população mais conhecimentos sobre
dos utentes", referiu o Dr. Hélder Pereira, cardiologista de intervenção, no dia
o enfarte".
13 de fevereiro, quando apresentou os dados de um estudo sobre o grau de
No inquérito coordenado por Sofia Portela, diretora do mestrado em Gestão de
conhecimento do enfarte, realizado no âmbito da campanha "Não perca tem-
Serviços de Saúde do ISCTE, apenas 24% dos inquiridos responderam correta-
po. Salve uma vida", do Stent for Life.
mente sobre a sintomatologia do enfarte. Neste estudo, apesar de uma grande
Segundo o cardiologista, esta formação de formadores deverá demorar um
percentagem (77%) saber que o enfarte é diferente do acidente vascular cere-
semestre, à qual se seguirá um projeto piloto e posteriormente o alargamento
bral (AVC), 16% indicaram não haver diferenças entre ambos.
MÉDICO NEWS
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ESPECIALIZAÇÃO EM DOENÇAS INFECIOSAS A procura tem aumentado e possui um programa científico que inclui as doenças infeciosas mais prevalentes, mas também aquelas que são mais importantes conhecer ao nível do diagnóstico e do tratamento. Na oitava edição do Curso de Pós-Graduação em Doenças Infeciosas, foi distinguida uma aluna formada em Ciências Farmacêuticas e no verão começam os preparativos para a próxima edição agendada para outubro deste ano.
Prof. Doutor. Fernando Maltez, Dr.ª Inês Roxo e Professor Doutor Francisco Antunes
“Consultei o programa, que considerei muito interessante e pensei que poderia ser útil no meu serviço profissional, disse à SIDA Dina Mendes, referindo-se ao 8.º Curso de Pós-Graduação em Doenças Infeciosas, ao mencionar a sua motivação para integrar nesta formação anual, MÉDICO NEWS
que nesta edição contou com a participação de 65 profissionais de saúde. Formada em Ciências Farmacêuticas, tem 24 anos, exerce no Hospital de Dona Estefânia e foi com enorme surpresa que no dia da cerimónia de entrega de diplomas foi a última a
receber o seu. Significou, pois, ter sido a aluna com melhor nota nesta edição — 17,4 valores. Não esperava, porque tinha a ideia que um médico estaria em vantagem em relação a um farmacêutico. Nós somos especializados em medicamentos e não tanto em diagnósticos,
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FORMADA EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS, TEM 24 ANOS, EXERCE NO HOSPITAL DE DONA ESTEFÂNIA E FOI COM ENORME SURPRESA QUE NO DIA DA CERIMÓNIA DE ENTREGA DE DIPLOMAS FOI A ÚLTIMA A RECEBER O SEU conta Dina Mendes, confessando que estudou bastante mas sem nunca pensar que fosse suficiente para ser distinguida. Diz ter gostado de todas as aulas, desde as infeções respiratórias às co-infeções VIH/hepatites, doenças tropicais, gripe ou sépsis, assim como das sessões clínicas, e não hesita em recomendar o curso a colegas interessados no tema. O Prof. Doutor Francisco Antunes, professor da Faculdade de Medicina de Lisboa, disse que o Curso de Pós-Graduação é pautado pelo sucesso por várias razões. O número de inscritos tem vindo a aumentar de edição para edição, tratando-se de um curso que integra o programa de formação de pós-graduação em doenças infeciosas, patologia esta, que por sua vez é transversal a quase todas as áreas do conhecimento médico e que requer uma atualização permanente”, referiu o professor da FMUL, mencionando a importância dos preletores como chave do sucesso. “A escolha dos preletores é feita de acordo com o perfil como conhecedor de referência nesta área do conhecimento médico, interesse que manifesta na formação médica e qualidades na comunicação. Temos a garantia que participam os melhores no corpo docente deste Curso, explicou o Prof. Doutor Francisco Antunes. Quanto aos profissionais de saúde que assistem às aulas, beneficiam da abrangência e variedade de temas. Na opinião do Dr. Fernando Maltez, esta formação tem dado um forte contributo na área da infeciologia para os participantes que são já mais de 400, no total das oito edições. “Não existe nenhum outro curso organizado nestes moldes a nível nacional. Foi o primeiro curso de pós-graduação na área em doenças infeciosas a ser implementado, sendo vocacionado para abranger as diferentes
Dina Mendes é formada em Ciências Farmacêuticas e teve a melhor classificação no curso
doenças infeciosas. Penso que sendo exclusivamente dirigido para as doenças infeciosas e por abranger quase todas as patologias, sobretudo aquelas de maior prevalência, parece-me importante para a formação dos médicos, em especial dos mais jovens, mencionou o diretor do Serviço de Doenças Infeciosas do Hospital
“NA ADMISSÃO DE CANDIDATOS, HABITUALMENTE PRIVILEGIAMOS AS ÁREAS PROFISSIONAIS DISTINTAS”, REFERE O DR. FERNANDO MALTEZ de Curry Cabral. O curso está vocacionado essencialmente internos das especialidades não apenas de Infeciologia, mas também de Medicina Interna, Pneumologia, entre outras. Todavia, também é dirigido a profissionais de outras áreas, tais como farmacêuticos e enfermeiros.
Mas, face às crescentes candidaturas, a seleção deve obedecer a alguns critérios. Na admissão de candidatos, habitualmente privilegiamos as áreas profissionais distintas, bem como as pessoas mais jovens, que ainda estão em formação. Também procuramos contemplar diferentes hospitais, explicou o Dr. Fernando Maltez, frisando que o limite de inscrições é necessário, pois ultrapassado um certo limite de alunos, deixa de ser produtivo. Tanto o Prof. Doutor Francisco Antunes como o Dr. Fernando Maltez sublinham a mais-valia do curso ser organizado pelos dois serviços mais relevantes no âmbito das doenças infeciosas em Portugal: Hospital Curry Cabral e Hospital de Santa Maria. Conforme sublinhou o Prof. Doutor Francisco Antunes, este realce também é apelativo para os próprios alunos. Por fim, o facto do curso de pós-graduação ter avaliação final algo que a maioria dos cursos não tem motiva os participantes e confere um grau de qualidade a este Curso.
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O RESSURGIR DA PSICOPATOLOGIA
NO CONGRESSO
DA SPPMS
O IX Congresso Nacional de Psiquiatria, que decorreu entre os dias 31 de outubro e 2 de novembro no Estoril, foi subordinado ao tema da Psicopatologia como homenagem ao centenário da obra fundadora de Karl Jaspers.
O sucesso deste evento científico está patente na variedade de simpósios, sessões plenárias, mesas de comunicações livres, simpósios da indústria farmacêutica, workshops e apresentação de posters.
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BALANÇO DO IX CONGRESSO NACIONAL DE PSIQUIATRIA
PROF. DOUTORA MARIA LUÍSA FIGUEIRA Presidente da Comissão Organizadora do Congresso e Presidente da SPPSM
Na continuidade das suas múltiplas atividades, a Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental organizou, entre 31 de outubro e 2 de novembro, o IX Congresso Nacional de Psiquiatria, que decorreu no Centro de Congressos do Estoril. No ano em que se comemorou o centenário da obra considerada constitutiva da especialidade de psiquiatria — “Psicopatologia Geral”, de Karl MÉDICO NEWS
Jaspers – o congresso anual da SPPSM procurou recuperar esta temática, elegendo-a como o tópico central do programa científico. Apesar dos avanços no conhecimento neurocientífico, os diagnósticos psiquiátricos estão estritamente ligados às suas descrições psicopatológicas originais. A validação das categorias diagnósticas é ainda feita a partir de estudos meramente clínicos e não existem na Psiquiatria indicadores biológicos ou marcadores de doença como se verifica em muitas áreas da Medicina. Por um lado, a contribuição da investigação psicofarmacológica para uma maior eficácia dos tratamentos, embora tenha sido um progresso considerável em relação à era pré-farmacológica, pouco tem contribuído para o conhecimento dos mecanismos etiopatogénicos das doenças, por outro na psiquiatria biológica, a contribuição dos novos métodos de imagem que se aplicam na investigação tem sido claramente sobrevalorizada e tem conduzido a novas formas de reducionismo. Os modelos e as intervenções psicológicos têm evoluído consideravelmente. No entanto, as escolas de Psicologia mais prevalentes na psicoterapia (dinâmicas, comportamentais e cognitivas) têm uma visão fragmentária e parcelar do ser psicológico e as suas indicações, métodos e resultados refletem essa parcialização da condição humana. Finalmente, a deriva nosológica da DSM e da ICD que procurou mais uma consensualização diagnóstica do que uma verdadeira e genuína validação das entidades que classificam, produziu e está a produzir uma ilusão científica que tem vindo a prejudicar a credibilidade da psiquiatria na sua essência. Neste contexto, revela-se uma necessidade o retorno à investigação psicopatológica, ao estudo clínico de novas manifestações subjetivas da perturbação mental e à formulação crítica de novas conceptualizações que englobem os avanços do conhecimento empiricamente validados. Este Congresso nasce num momento em que, na Psiquiatria, se reflete sobre os seus limites (por exemplo com a neurologia), e em que foram repostas as questões da subjetividade e da contribuição das ci-
ências humanas, em particular da Filosofia, para as conceptualizações psiquiátricas. Por estes motivos, o centenário do Livro de Karl Jaspers tornou-se uma ocasião excelente de retomar o tema da Psicopatologia e de o trazer de novo para o seio da comunidade científica. O programa do Congresso abrangeu uma panóplia de temas que recuperam a psicopatologia enquanto disciplina básica e fundamento da clínica, através de comunicações de oradores que se dedicam à investigação na área da psicopatologia descritiva. Ano após ano, trabalhamos para melhorar a dimensão e a expressão do Congresso. Nesta 9ª edição contámos com 27 simpósios sobre variados temas de investigação, 5 sessões plenárias, 6 sessões de comunicações livres, 4 simpósios da indústria farmacêutica, 4 workshops e 278 posters. Tivemos um número muito elevado de participantes inscritos: 1278 e o número de participantes máximo simultaneamente no Congresso foi de 984. De salientar ainda o lançamento de dois livros — “Modelo de Personalidade e Psiquiatria”, da autoria de Barahona Fernandes, e “Psycopathology: Theory, perspectives and future approaches” editado pelo psicopatologista e Professor de Psiquiatria Drossi Stoyanov (Bulgária) e que conta com participação portuguesa num dos capítulos, e o pré-lançamento do livro “Suicídio e Comportamentos auto-lesivos” da Sociedade Portuguesa de Suicidiologia. Além disso, o congresso acolheu ainda um curso sobre “Medicina Sexual para psiquiatras” e um debate em torno do tema “The process of current psychiatry — nosological controversies”. Tivemos a presença de reputados investigadores internacionais no domínio da Psicopatologia que fizeram conferências com o maior interesse. Destacamos o Prof. German Berrios com a palestra com o título — "Can Psychopathological Objects change with time?" — salientando a influência da cultura na linguagem psiquiátrica e a sue evolução histórica. A avaliar pelo encontro de 2013, antevê-se com expetativa o próximo congresso da SPPSM, a acontecer entre os dias 13 e 15 de novembro.
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DIFERENCIAÇÃO DE CUIDADOS EM PSIQUIATRIA PARA OS ADULTOS MAIS VELHOS
PROF. DOUTOR ANTÓNIO LEUSCHNER Psiquiatra Hospital Magalhães de Lemos, E.P.E., Porto
MÉDICO NEWS
O envelhecimento é o principal desafio que se coloca neste século às sociedades em geral e aos serviços de saúde em particular, por se tratar de um problema crescente e pelas suas implicações sociais e económico-financeiras. A OMS prevê que o número de pessoas com 60 ou mais anos mais do que triplique em 2100. Esta mudança demográfica terá implicações sobre os sistemas sociais e de saúde pública, o mercado de trabalho e as finanças públicas. As doenças neuropsiquiátricas entre os mais velhos são responsáveis por 6.6% da incapacidade total (DALYs), sofrendo de uma qualquer perturbação mental cerca de 15% dos indivíduos, sendo que nesta população os problemas de saúde mental são subidentificados pelos profissionais de saúde e pelas próprias pessoas, em parte devido ao estigma associado às doenças mentais, o que as faz resistir a procurar ajuda. Numa área em que o problema do estigma se coloca com muita acuidade, falar em diferenciação de serviços pode parecer algo contraditório. É frequente constatar que ao estigma associado às doenças mentais se associa um outro associado à idade, conduzindo a que as pessoas mais velhas sejam negligenciadas entre as que têm problemas mentais e estas sejam menosprezadas entre as de mais idade com problemas físicos. A especialização não deverá impedir o acesso a modelos de intervenção comunitária, privilegiando as intervenções institucionais. Múltiplos fatores sociais, psicológicos e biológicos determinam o nível da saúde mental do indivíduo em qualquer momento da sua vida, sendo o efeito cumulativo ao longo do tempo particularmente sentido na idade avançada. Muitas pessoas de mais idade perdem a capacidade de viver independentemente, necessitando de alguma forma de cuidados de longa duração, podendo o luto, a queda no status socioeconómico por reforma ou aposentação, ou a incapacidade, conduzir ao isolamento, à perda de independência, solidão e sofrimento psicológico. Por outro lado, a saúde mental tem impacto na saúde física e vice-versa, sendo, por exemplo a prevalência da depressão maior nos adultos de
AS DOENÇAS NEUROPSIQUIÁTRICAS ENTRE OS MAIS VELHOS SÃO RESPONSÁVEIS POR 6.6% DA INCAPACIDADE TOTAL (DALYS), SOFRENDO DE UMA QUALQUER PERTURBAÇÃO MENTAL CERCA DE 15% DOS INDIVÍDUOS
mais idade com problemas cardíacos do que nos fisicamente saudáveis e, inversamente, a depressão não tratada agravar o prognóstico da doença cardíaca nos mais velhos. Acresce uma maior vulnerabilidade à negligência física e aos maus tratos, podendo conduzir a graves e duradouras consequências. O envelhecimento, visto como uma etapa do desenvolvimento, acarreta diferentes necessidades no decurso da vida do indivíduo, a que deverão ajustar-se respostas diferentes, evitando que pessoas com necessidades diversas sejam tratadas da mesma forma ou que com necessidades idênticas tenham tratamento diverso. Com o envelhecer, certas necessidades tornam-se mais comuns, devendo estas constituir a base dos critérios de admissão nos serviços para pessoas mais velhas. Como o número destas pessoas está a crescer, sendo aliás o único grupo em crescimento, também aumentam os problemas de saúde mental. É necessário que cada vez mais pessoas envelheçam com boa saúde mental e bem-estar, prevenindo possíveis problemas e permitindo o acesso a tratamento e cuidados de qualidade àqueles que sofrem de um transtorno mental e o apoio que lhes permita viver em segurança
70.942,011 aprovado a 26/09/2013
AstraZeneca Produtos Farmacêuticos, Lda R. Humberto Madeira n.º 7 · Queluz Baixo · 2730-097 Barcarena · Contribuinte Nº PT 502 942 240 Capital Social: 1.500.000 € · Mat. Cons. Reg. Com. Cascais sob o N.º 502942240 AstraZeneca Produtos Farmacêuticos, Lda R. Humberto Madeira n.º 7 · Queluz Baixo · 2730-097 Barcarena · Contribuinte Nº PT 502 942 240 Capital Social: 1.500.000 € · Mat. Cons. Reg. Com. Cascais sob o N.º 502942240
70.942,011 aprovado a 26/09/2013
EPISÓDIOS DEPRESSIVOS NA PERTURBAÇÃO BIPOLAR - Advertências EPISÓDIOScom DEPRESSIVOS - Advertências SR PERTURBAÇÃO foi associado aBIPOLAR sonolência e sintomas relacionados (tais como sedação). Em ensaios clínicos, o início destes sintomas ocorreu normalmente nos primeiros três dias de tratamento, com intensidade ligeira a moderada. Doentes com O tratamento Seroquel® NA foi associado a sonolênciagrave e sintomas comomais sedação). Em ensaios clínicos, início destes sintomas após ocorreu normalmente nos primeiros de tratamento, intensidade ligeira a moderada. com O tratamento Seroquel® SRsonolência depressão bipolar com que apresentam de intensidade podem relacionados necessitar de(tais contacto frequente e por um períodoo mínimo de 2 semanas o início deste quadro, ou até quetrês os dias sintomas melhorem,com podendo ser necessário considerar Doentes a descontinuação depressão bipolar que apresentam sonolênciacom de intensidade podem mais frequente e porde umsintomas período mínimo de 2 semanas após o início deste quadro,em ou até que ostratados sintomas melhorem, ser necessário a descontinuação SRcontacto um aumento de incidência extrapiramidais comparativamente ao placebo, doentes para episódiospodendo depressivos major na considerar perturbação bipolar. Se surgirem do tratamento. Em ensaios clínicos controlados placebo, foi grave associada aonecessitar Seroquel®de ® ® SR um aumento de incidência de sintomas doou tratamento. ensaios clínicos com placebo,a foi associada ao Seroquel SR.extrapiramidais comparativamente ao placebo, em doentes tratados para episódios depressivos major na perturbação bipolar. Se surgirem sinais sintomas Em de discinésia tardia,controlados deve ser considerada redução da dose ou a interrupção do tratamento com Seroquel ® SR. sintomas de discinésia tardia,da deve ser considerada a redução dose ouou a interrupção do tratamento com Seroquel Parasinais mais ou informações consultar o titular Autoriza ção de Introdução noda Mercado o Resumo das Características do Medicamento. Para mais informações consultar o titular da Autoriza ção de Introdução no Mercado ou o Resumo das Características do Medicamento. compatíveiscom comooResumo Resumodas dasCaracterísticas Característicasdo doMedicamento Medicamento Informações essenciais compatíveis ® ® Informações essenciais compatíveis com o Resumocontendo dascontendo Características do 150 mg, Medicamento SR comprimidos delibertação libertação prolongada 50 mg, 200 mg, 300 mg ou 400 mg de quetiapina. Indicações terapêuticas: SR está para tratamento da esquizofrenia, incluindo na prevenção de Seroquel de prolongada 50 mg, 150 mg, 200 mg, 300 mg ou 400 mg de quetiapina. Indicações terapêuticas: Seroquel SRSeroquel está indicado paraindicado tratamento da esquizofrenia, incluindo: prevenção de recorrências em doentes Seroquel® em SR comprimidos deesquizofrenia libertação prolongada contendo 50 mg,continuada 150 mg, 200 mg, 300 mg ou 400 mg de quetiapina. Indicações terapêuticas: Seroquel SR está indicado para tratamento daaesquizofrenia, incluindo na prevenção de e recorrências doentes com estáveis terapêutica com Seroquel SR; tratamento da perturbação bipolar, para o tratamento de episódios maníacos moderados graves no contexto da perturbação bipolar com esquizofrenia estáveis em terapêutica continuada comem Seroquel SR; tratamento da perturbação bipolar, para o tratamento de episódios maníacos moderados a graves na perturbação bipolar, para o tratamento deno episódios depressivos major na perturbação em doentes comdepressivos esquizofrenia estáveis em terapêutica continuada Seroquel SR; tratamento da perturbação bipolar, para o bipolar, tratamento de episódios moderados aou graves contexto da perturbação bipolar ecom pararecorrências o tratamento de episódios major na perturbação bipolar eem para acom prevenção das recorrências em doentes com perturbação emcom doentes cujosmaníacos episódios maníacos depressivos responderam ao tratamento bipolar e para a prevenção das recorrências em doentes com perturbação bipolar, doentes cujos episódios maníacos ou depressivos responderam ao tratamento quetiapina; e na terapêutica de associação para episódios depressivos major em doentes para o tratamento de episódios depressivos major na perturbação bipolar e para adoentes prevenção das recorrênciasDepressiva em doentesMajor com perturbação bipolar, resposta em doentes cujos episódios maníacosantidepressiva. ou depressivosPosologia responderam ao tratamento com quetiapina; e naDepressiva terapêutica de (PDM) associação para episódios depressivos major emantidepressiva. com Perturbação (PDM) que tiveram sub-ótima aemonoterapia e modo de bipolar: administração: com Perturbação Major que tiveram resposta subótima a monoterapia Posologia e modo de administração: Adultos: Para o tratamento dasub-ótima esquizofrenia episódios deantidepressiva. mania moderados a gravesenamodo perturbação Seroquel quetiapina; na terapêutica de associação episódios depressivos majora em doentes com Perturbação Depressiva Major (PDM) que tiveram resposta a monoterapia de administração: Adultos: Para o etratamento esquizofrenia e para episódios de mania moderados graves na perturbação bipolar: Seroquel SR deve ser administrado pelo menos uma hora antesse das refeições. justificado A dosePosologia diária no pode inícioser daaumentada terapêutica é 300 mg SR deve ser administrado peloda menos uma hora antes das refeições. A dose diária no início da terapêutica é 300 mg no DiaSeroquel 1 e 600 mg Diaser 2. Aadministrado dose diária recomendada 600 mg, clinicamente dose para 800 mg Adultos: Para o tratamento da esquizofrenia e episódios de mania moderados a graves na perturbação bipolar: SRno deve pelo menos éuma horaembora antes das refeições. A dose diáriaano início da terapêutica é 300 mg no Dia 1 e 600 mg no Dia 2. A dose diária recomendada é 600 mg, embora se clinicamente justificado a dose pode ser aumentada até 800 mg diariamente. A dose deve ser ajustada no intervalo de dose eficaz de 400 mg a 800 mg por dia, diariamente. deve ajustada no diária intervalo de dose eficaz de 400 mg a 800 mg por dia, em função da resposta e daaumentada tolerabilidade doente. Não é necessário qualquer ajuste de dose na terapêutica de manutenção na esquizofrenia. Para o tratano Dia 1 Ae dose 600 mg noser Dia 2. A dose recomendada é 600 mg, embora se clinicamente justificado a doseclínica pode ser atédo 800 mg diariamente. A dose deve ser ajustada no intervalo de dose eficaz de 400 mg a 800 mg por dia, em função da resposta clínica e da tolerabilidade do doente. Não é necessário qualquer ajuste de dose na terapêutica de manutenção na esquizofrenia. Para o tratamento de episódios de depressão na perturbação bipolar: Seroquel emde função da resposta clínica eperturbação da tolerabilidade do doente.SR Não é necessário qualquer ajusteA de dose natotal terapêutica de manutenção na esquizofrenia. Para o tratamento de episódios de depressão na perturbação bipolar: Seroquel SR SRé mento episódios de depressão na bipolar: Seroquel deve ser administrado ao deitar. dose diária nos primeiros quatro dias de terapêutica é de 50 mg (Dia 1), 100 mg (Dia 2), 200 mg (Dia 3) e 300 mg (Dia 4). A dose diária recomendada devedeve ser administrado ao deitar. A dose diária total nos primeiros quatro dias de terapêutica ééde 50 mg (Dia 1), 100 mg mg (Dia (Dia2), 2),200 200mg mg(Dia (Dia3)3)ee300 300mg mg(Dia (Dia4).4). A dose diária recomendada é de 300 mg. Para a prevenção das recorrências ser administrado ao deitar. A dose diária total nos primeiros quatro dias de terapêutica de 50 mg (Dia 1), 100 A dose diária recomendada é de 300 mg. Para a prevenção das recorrências de mg. Para abipolar: prevenção dasa recorrências na perturbação bipolar: Para a prevenção dasmistos recorrências de episódios maníacos, mistos ou depressivos na perturbação bipolar,ao os tratamento doentes que com responderam ao tratamento com Seroquel SR para o tratamento na 300 perturbação Para prevenção das recorrências de episódios maníacos, ou na bipolar, osdoentes doentes queresponderam responderam Seroquel para o tratamento agudo da perturbação na da perturbação bipolar: Para a prevenção recorrências episódios maníacos, oudepressivos depressivos na perturbação perturbação bipolar, os que ao com Seroquel SR SR para tratamento agudo dano perturbação agudo perturbação bipolar devem continuar aadas terapêutica comdeade mesma dose de Seroquelmistos SR administrado deitar. A dose de SR Seroquel SR ser ajustada, dependendo da tratamento resposta clínica e da tolerabilidade deocada cada doente específico, intervalo de 300 bipolar devem continuar a terapêutica com mesma dose Seroquel SRSR administrado ao AA ao dose de podeser serpode ajustada, dependendo daresposta resposta clínica e da tolerabilidade doente específico, no intervalo bipolar devem continuar aque terapêutica com a mesma dose Seroquel administrado aodeitar. deitar.Para dose de Seroquel Seroquel pode ajustada, dependendo da clínica e da tolerabilidade de de cada doente específico, no intervalo de de mg 800 mg/dia. É importante sejaser utilizada a dose maisde baixa como terapêutica de manutenção. o tratamento emSR associação dos episódios depressivos major na PDM: Seroquel SR deveSeroquel ser administrado antes de deitar. A dose diáriadenodeitar. início da 300a300 mg a 800 mg/dia. É importante utilizada naeficaz terapêutica dede manutenção aadose eficaz mais baixa. Para o tratamento tratamento emassociação associação dos episódiosdepressivos depressivos major na PDM: SR deve ser administrado antes mg a 800 mg/dia. É importante ser utilizada na terapêutica manutenção dose eficaz mais baixa. Para o em dos episódios major na PDM: Seroquel SR deve ser administrado antes de deitar. A AA terapêutica é 50 mg nos Dias 1 e 2, e 150 mg nos Dias 3 e 4. Existe um risco aumentado de acontecimentos adversos com doses superiores. Os médicos deverão assim assegurar que a dose eficaz mais baixa, iniciada com 50 mg/dia, é utilizada no tratamento. dosedose diária no início da terapêutica é 50 mg nos Dias 1 e 2, e 150 mg nos Dias 3 e 4. Existe um risco aumentado de acontecimentos adversos com doses elevadas. Os médicos deverão assim assegurar que a dose eficaz mais baixa, iniciada diária no início da terapêutica é 50 mg nos Dias 1 e 2, e 150 mg nos Dias 3 e 4. Existe um risco aumentado de acontecimentos adversos com doses elevadas. Os médicos deverão assim assegurar que a dose eficaz mais baixa, iniciada necessidade de se aumentar a dose de 150 para 300 mg/dia deverá ser baseada na avaliação individual do doente. Doentes previamente tratados com Seroquel comprimidos de libertação imediata: Os doentes que estejam atualmente a ser tratados com Seroquel comcom 50 mg/dia, é utilizada no no tratamento. A necessidade dedeseseaumentar ser baseada baseadana naavaliação avaliaçãoindividual individualdododoente. doente. Doentes previamente tratados com Seroquel comprimidos de libertação 50 mg/dia, é utilizada tratamento. A necessidade aumentaraadose dosede de150 150para para300 300 mg/dia mg/dia deverá deverá ser Doentes previamente tratados com Seroquel comprimidos de libertação comprimidos imediata, em doses divididas, podem fazer a substituição para a dose diária total equivalente de Seroquel SR, administrada umaser vez ao dia. Podem necessários ajustes posológicos individuais. Idosos: Deve ser uma utilizado precauimediata: Os de doentes queque estejam atualmente a ser tratados com Seroquel de imediata, em doses doses divididas, podem ser mudados paraaser a dose diária total equivalente Seroquel SR, administrada uma vezdia. ao dia. imediata: Oslibertação doentes estejam atualmente a ser tratados com Seroquelcomprimidos comprimidos delibertação libertação imediata, em divididas, podem mudados para dose diária total equivalente de de Seroquel SR, administrada vez com ao ção nos idosos, durante o período inicial de tratamento. Poderá ser necessário efetuar uma titulação mais especialmente lenta de Seroquel SR e utilizar uma dose terapêutica diária inferior àser utilizada em doentes mais jovens. Os doentes idosos iniciar tePodem ser necessários ajustes individuais dede dosagem. Idosos: utilizado com precaução nos durante período inicial tratamento. Poderá ser necessário efetuar uma titulação lenta de Seroquel Podem serespecialmente necessários ajustes individuais dosagem. Idosos:Deve Deveser ser utilizado com precaução nos idosos, idosos, especialmente durante ooperíodo inicial dedetratamento. Poderá necessário efetuar uma titulação maismais lenta de devem Seroquel SR aSR e uma dose terapêutica diária inferior utilizada em doentes mais jovens. Os idosos devem iniciar terapêutica com50 mg/dia. dosepode podeser seraumentada aumentada em incrementos de 50 mg/dia até à dose eficaz, da resposta rapêutica com 50 mg/dia. A dose pode serà aumentada em incrementos de 50 mg/dia até à dose eficaz, dependendo resposta clínica e50 mg/dia. da tolerabilidade individual do doente. Em doentes idososde com episódios depressivos major nadependendo PDM, a posologia deve ser e uma dose terapêutica diária inferior à utilizada em doentes mais jovens. Osdoentes doentes idosos devem iniciar ada terapêutica com AAdose em incrementos 50 mg/dia até à dose eficaz, dependendo da resposta clínica ecom daetolerabilidade individual dodo doente. EmEm doentes idosos episódios depressivos PDM, posologia devemais iniciar com 50 mg/dia nosDias Dias1-3, 1-3, aumentando para 100 mg/dia no 150 mg/dia no Dia 8. Deverá ser iniciada 50 mg/dia nos Dias 1-3, aumentando para 100 mg/dia no Diacom 4com e para 150 mg/dia no Dia 8.major Deverána utilizada a dose eficaz baixa, iniciada comnos 50 mg/dia. Com base na avaliação individual do seefor necessário um8. aumento de dose clínica da tolerabilidade individual doente. doentes idosos episódios depressivos major naser a posologia deve iniciar com 50 mg/dia aumentando para 100 mg/dia no doente, DiaDia 4 e 4150 mg/dia no Dia Deverá ser utilizada a dose mais baixa, iniciada com 50 mg/dia. base doente, se a doseem aumentar paraidade 300mg/dia, mg/dia, necessário que não seja antes Dia Abipolar. eficácia e segurança foram utilizada a dose eficaz mais baixa, iniciada com 50 mg/dia. Com basenanaavaliação avaliação do doente, aumentar 300 que oo não seja antes dodo Diacontexto 22 22 dodo tratamento. A eficácia eCrianças segurança não não foram para 300 mg/dia, oeficaz mesmo não deve ser efetuado antes do Dia 22Com do tratamento. A eficáciaindividual eindividual segurançado não foram avaliadas doentespara com superiorééanecessário 65 anos com episódios depressivos no datratamento. perturbação e adolescentes: Não avaliadas em em com idade superior a 65 anos com episódios contexto da Crianças adolescentes: Nãose serecomenda recomenda a utilização Seroquel em crianças e adolescentes com idade inferior avaliadas doentes idade superior a 65 anos com episódios depressivos contexto daperturbação perturbação Crianças eeadolescentes: Não a utilização dede Seroquel SR SR em crianças eajuste adolescentes com idade inferior a a se recomenda adoentes utilização decom Seroquel SR em crianças e adolescentes comdepressivos idade inferiorno ano18 anos, devido à inexistênciabipolar. de dados para suportar a sua utilização neste grupo etário. Compromisso renal: Não é necessário posológico. Compromisso hepático: 18 anos, devido à inexistência de dados para suportar a sua utilizaçãoneste nestegrupo grupo etário.Compromisso Compromisso é necessário ajuste posológico. Afeção hepática: Seroquel SRSR deve serser utilizado precaução doentes afeções 18 anos, devido à inexistência deprecaução dados para suportar a sua utilização etário. necessário ajuste posológico. Afeção hepática: Seroquel deve utilizado com precaução doentes com afeções Seroquel SR deve ser utilizado com em doentes com compromisso hepático conhecido, especialmente renal: duranteNão o período inicial de tratamento. Os doentes com compromisso hepático devem iniciar ocom tratamento comem 50 em mg/dia. Acom dose pode ser auhepáticas conhecidas, durante o período inicialdede tratamento. Osdoentes doentes comafeções afeções conhecidas devem ootratamento 5050 mg/dia. A dose serser aumentada emem incrementos de 50 até àaté à hepáticas conhecidas, especialmente durante período inicial tratamento. Os com hepáticas conhecidas deveminiciar iniciar tratamentocom com mg/dia. Aou dose pode incrementos demg/dia 50 Administração mg/dia mentada em incrementos deespecialmente 50 mg/dia até à doseoeficaz, dependendo da resposta clínica e da tolerabilidade individual do doente. Contrandicações: Hipersensibilidade à substância ativa apode qualquer umaumentada dos excipientes deste medicamento. eficaz, dependendo da resposta clínica e da tolerabilidadeindividual individualdo dodoente. doente.Contrandicações: Hipersensibilidade àà substância ativa ou um excipientes deste medicamento. Administração concomitante dosedose eficaz, dependendo dacitocromo resposta clínica e da Hipersensibilidade substância ativa oua aqualquer qualquer umdos dos deste medicamento. Administração concomitante de concomitante de do P450 3A4, taistolerabilidade como inibidores da protease-VIH, agentesContrandicações: antifúngicos do grupo azol, eritromicina, claritromicina e nefazodona. Advertências eexcipientes precauções especiais utilização: médicosdevem devem considerardeoo risco inibidores doinibidores citocromo P450 3A4, tais como inibidores da protease-VIH, agentesanti-fúngicos anti-fúngicos do grupo grupo claritromicina eenefazodona. Advertências e precauções especiais dede utilização: OsOsmédicos considerar inibidores do citocromo P450 3A4, tais como inibidores da protease-VIH, agentes do azol,deeritromicina, eritromicina, claritromicina nefazodona. Advertências e precauções especiais de utilização: Os médicos devem considerar o potencial de eventos relacionados com suicídio após cessação abrupta do tratamento com quetiapina, devido a fatores risco conhecidos para a doença que está a ser tratada. A terapêutica medicamentosa deve ser acompanhada de uma supervisão cuidada potencial de eventos relacionados com suicídio após cessaçãoabrupta abruptado dotratamento tratamentocom comquetiapina, quetiapina, devido aa fatores que está a ser tratada. A terapêutica medicamentosa deve ser acompanhada riscorisco potencial de eventos relacionados com suicídio após cessação fatoresde derisco riscoconhecidos conhecidospara paraa adoença doença que está a ser tratada. A terapêutica medicamentosa deve ser acompanhada dos doentes, em particular, aqueles emdoentes, elevado risco, especialmente naem fase inicial de tratamento e após alterações posológicas. A utilização de quetiapina tem sido associada ao desenvolvimento de tem acatísia, caracterizada irrequietudedesubjetivamente de uma supervisão cuidada particular, aqueles emelevado elevado risco, especialmente na fase fase inicial de tratamento eeapós alterações posológicas. AA utilização dede quetiapina sido associada aopor desenvolvimento acatísia, de uma supervisão cuidada dosdos doentes, emem particular, aqueles risco, especialmente na tratamento após alterações posológicas. utilização quetiapina tem sido associada aouma desenvolvimento de acatísia, desagradável oupor angustiante e pela necessidade de movimento frequenteou acompanhado pela incapacidade de sede sentar ou ficar quieto. É maisacompanhado frequente acontecer nas primeiras semanas de tratamento. Oquieto. tratamento comfrequente quetiapina foi associado a primeiras sonolência caracterizada por uma irrequietude subjetivamente desagradável ouangustiante angustiante pela necessidade de movimento frequente pela dede sese sentar ouou ficar quieto. É mais frequente acontecer nas nas primeiras caracterizada uma irrequietude subjetivamente desagradável eepela necessidade movimento frequente acompanhado pelaincapacidade incapacidade sentar ficar É mais acontecer esemanas sintomas relacionados, taisOcomo sedação.com A com quetiapina devefoi ser utilizada com precaução doentes com doença cardiovascular conhecida, doença cerebrovascular ou outras situações de em predisposição para hipotensão. Deverá ser considerado um esquema semanas de tratamento. O tratamento quetiapina foiassociado associado sonolênciaem sintomas relacionados, tais como Quetiapina deve com precaução doentes com doença cardiovascular conhecida, doença de tratamento. tratamento quetiapina a asonolência eesintomas relacionados, tais como sedação. sedação. Quetiapina deveser serutilizada utilizada com precaução em doentes com doença cardiovascular conhecida, doença cerebrovascular ou outras situações de predisposição para hipotensão. Deveráser serconsiderado considerado umesquema esquema de titulação lento em com dede doença cardiovascular. Recomenda-se precaução no tratamento de doentes de titulação mais lento em doentes comde história de doençapara cardiovascular. Recomenda-se precaução noum tratamento dede doentes commais história clínica de convulsões. Se surgirem sinais ou sintomas de discinésia tardia, deve ser considerada a redução da dose ou a cerebrovascular ou outras situações predisposição hipotensão. Deverá titulação mais lento emdoentes doentes comhistória história doença cardiovascular. Recomenda-se precaução no tratamento de doentes história clínica decom convulsões. surgirem sinais sintomas discinésia tardia, deveser serconsiderada considerada redução da ou do tratamento com quetiapina. SeSe surgirem manifestações clínicas de síndroma maligna dos dos interrupção doclínica tratamento quetiapina. Se surgirem manifestações clínicas de síndrome maligna dos neurolépticosaaoredução tratamento com quetiapina deve ser interrompido e instituído tratamento adequado. É aconselhável uma monitorização clínica adequada comcom história de convulsões. Se Se surgirem sinais ouou sintomas dedediscinésia tardia, deve dadose dose ouaainterrupção interrupção do tratamento com quetiapina. surgirem manifestações clínicas de síndroma maligna neurolépticos o tratamento com quetiapina interrompido instituída terapêutica adequada. aconselhável uma monitorização em diabéticos e em doentes fatores risco de desenvolvimento em doentes diabéticos e em doentes com fatoresdeve dedeve risco de desenvolvimento de diabetes mellitus. adequada. Os doentes (incluindo aqueles com valores basaisclínica normais) podem experienciar um possível agravamento docom seu perfil dederisco o qual deverá ser neurolépticos o tratamento com quetiapina serser interrompido e einstituída terapêutica ÉÉ aconselhável uma monitorização clínicaadequada adequada emdoentes doentes diabéticos e em doentes com fatores de metabólico, risco de desenvolvimento de de diabetes mellitus. Os doentes (incluindo com valores basaisnormais) normais) podemexperienciar experienciar um possível possível agravamento do de metabólico, oo qual deverá sertromboembolismo gerido de de acordo comcom a(TEV) prática clínica apropriada. gerido acordo com aOs prática clínica(incluindo apropriada. Aaqueles quetiapina não está basais aprovada para o tratamento da psicose associada a demência. Tromboembolismo venoso (TEV): Foram notificados casos de venoso com medicamentos antipside diabetes mellitus. doentes aqueles com valores podem um agravamento doseu seuperfil perfil derisco risco metabólico, qual deverá ser gerido acordo a prática clínica apropriada. Quetiapina aprovada para ocom tratamento doentes compsicose psicose associadafatores demência. Tromboembolismo venoso (TEV): Foram notificados casos dede tromboembolismo venoso (TEV) com medicamentos UmaUma vez Quetiapina não estáestá aprovada para o tratamento dede doentes com associada aademência. Tromboembolismo venoso (TEV): Foram notificados casos tromboembolismo venoso (TEV) com medicamentos antipsicóticos. vez cóticos. Uma veznão que os doentes tratados antipsicóticos apresentam, frequentemente, depara risco para oquaisquer TEV, quaisquer fatores de risco possíveis devem ser identificados antesee durante durante oo tratamento com quetiapina eantipsicóticos. devem serser adotadas medidas os doentes tratados com antipsicóticos apresentam,frequentemente, frequentemente,fatores fatoresde derisco riscopara TEV, quaisquer fatores de possíveis ser identificados antes tratamento com quetiapina e devem adotadas queque os doentes tratados com antipsicóticos apresentam, oo TEV, fatores de risco riscodeficiência possíveisdevem devem ser identificados antes ededurante o tratamento com quetiapina e devem ser adotadas preventivas adequadas. Os comprimidos de Seroquel SR contêm lactose. Doentes com problemas hereditários raros de intolerância à galactose, de lactase de Lapp ou má absorção glucose-galactose, não devem tomar este medicamento. Interações medidas preventivas adequadas. Os comprimidos de Seroquel SR contêm lactose. Doentes com problemas hereditários raros de intolerância à galactose, deficiência de lactase de Lapp ou má absorção de glucose-galactose, não devem medidas adequadas. Os comprimidos de deve Seroquel SRformas contêm lactose. Doentes problemas hereditários raros de intolerância àogalactose, deficiência de lactase deo Lapp ou má de glucose-galactose, nãocom devem medicamentosas e outras formasInterações de interação: Quetiapina administrada precaução emcom associação comadministrada outros fármacos deprecaução ação central álcool.com Também não é recomendado consumo de sumo de toranja durante terapêutica tomarpreventivas este medicamento. medicamentosas e ser outras decom interação: Quetiapina deve ser com eme com associação outros fármacos de ação central e com oabsorção álcool. Também não éarecomendado o quetomar este medicamento. Interações medicamentosas esistema outras formas de interação: Quetiapina deve ser administrada precaução em associação com outros fármacos dediminuída. ação central ePouco com frequentes: o álcool. Também não de é recomendado o tiapina. Efeitos indesejáveis: Doenças sangue e docom linfático: Muito frequentes: Hemoglobina diminuída. Leucopenia, número de neutrófilos diminuído, eosinofilos aumentados. Trombocitopenia, anemia, númeconsumo de sumo de Adultos: toranja durante ado terapêutica quetiapina. Efeitos indesejáveis: Adultos: Doenças do Frequentes: sangue com e do sistema linfático: Muito frequentes: Hemoglobina Frequentes: Leucopenia, número neutrófilos consumo de sumo de toranja durante a terapêutica com quetiapina. Efeitos indesejáveis: Adultos: do sangue e doRaros: sistema linfático: Muito frequentes: Hemoglobina Frequentes: Leucopenia, número de neutrófilos ro dediminuído, plaquetas diminuído. Raros: Agranulocitose. Desconhecido: Neutropenia. Doenças do sistema imunitário: Pouco frequentes: Hipersensibilidade (incluindo reações alérgicas cutâneas). Muitodiminuída. raros: Reação anafilática. endócrinas: Frequentes: Hipereosinofilos aumentados. Pouco frequentes: Trombocitopenia, anemia, número deDoenças plaquetas diminuído. Agranulocitose. Desconhecidos: Neutropenia. Doenças do sistema Doenças imunitário: Pouco frequentes: diminuído, eosinofilos aumentados. Pouco Trombocitopenia, anemia, número plaquetas diminuído. Agranulocitose. Neutropenia. Doenças do sistema imunitário: Pouco prolactinemia, diminuição da T4 total, diminuição dafrequentes: T4cutâneas). livre, diminuição T3 total, aumento da TSH. Poucode frequentes: Diminuição daHiperprolactinemia, T3 Raros: livre, hipotiroidismo. MuitoDesconhecidos: raros: deT4 hormona antidiurética. do metabolismo da nutrição. Hipersensibilidade (incluindo reações alérgicas Muito da raros: Reação anafilática. Doenças endócrinas: Frequentes: diminuição daSecreção T4 total,inapropriada diminuição da livre, diminuição daDoenças T3 livre, aumento da TSH.efrequentes: Pouco Hipersensibilidade (incluindo reações alérgicas cutâneas). Muito raros: Reaçãototal anafilática. Doenças endócrinas: Frequentes: Hiperprolactinemia, T4 total, diminuição da T4 daglicemia T3 livre, aumento da TSH.do Pouco aumento frequentes: daníveis T4 livre, hipertiroidismo. Muito raros: Secreção inapropriada de hormona antidiurética. Doenças dodometabolismo ediminuição da nutrição. Muito frequentes: Aumento dosdiminuição níveis séricos de trigliceridos, Muito frequentes:Diminuição Aumento dos séricos de trigliceridos, aumento do colesterol (predominantemente o LDL-colesterol), diminuição HDL-colesterol, aumento dedapeso. Frequentes: Aumento dolivre, apetite, aumento da para níveis hiperglicemicos. aumento do frequentes: Diminuição da T4 Diabetes livre, hipertiroidismo. raros: Secreção inapropriada de antidiurética. Doenças dodo metabolismo e Ideação da nutrição. Muito frequentes: Aumento dos níveis séricosede trigliceridos, colesterol total (predominantemente o LDL-colesterol), diminuição do HDL-colesterol, aumento de peso. Frequentes: Aumento apetite, aumento da glicemia níveis hiperglicemicos. Pouco frequentes: Hiponatremia, Diabetes Pouco frequentes: Hiponatremia, Mellitus. Raros: Muito Sindrome metabólico. Perturbações do forohormona psiquiátrico: Frequentes: Sonhos anormais e pesadelos. suicida e para comportamento suicida. Raros: Sonambulismo reações relacionadas tais como colesterol total (predominantemente o LDL-colesterol), diminuição do HDL-colesterol, aumento de peso.eFrequentes: Aumento do apetite, aumento dasuicida. glicemia paraSonambulismo níveis hiperglicemicos. Pouco frequentes: Hiponatremia, Diabetes Mellitus. Raros: Sindroma metabólico. Perturbações do foro psiquiátrico: Frequentes: Sonhos anormais pesadelos. Ideação suicida e comportamento Raros: e reações relacionadas tais como somnilóquio e somnilóquio e perturbações alimentares ligadas ao sono. Doenças do sistema nervoso: Muito frequentes: Tonturas, sonolência, cefaleia, sintomas extrapiramidais. Frequentes: Disartria. Pouco frequentes: Convulsões, Síndrome das pernas irrequietas, discinésia Mellitus. Raros: Sindroma metabólico. Perturbações dodoforo psiquiátrico: Frequentes: Sonhos anormais e pesadelos. Ideação suicida eSíncope, comportamento suicida. Raros: Sonambulismo efrequentes: reações relacionadas tais como somnilóquio e perturbações alimentares ligadas ao sono. Doenças sistema nervoso: Muito frequentes: Tonturas, sonolência, cefaleia. Frequentes: sintomas extrapiramidais, disartria. Pouco Convulsões, Síndroma das pernas tardia, síncope. Cardiopatias: Frequentes: Taquicardia, palpitações. Pouco frequentes: Prolongamento do intervalo QT, bradicardia. Afeções oculares: Frequentes: Visão turva. Vasculopatias: Frequentes: Hipotensão ortostática. Raros: Tromboembolismo venoso. perturbações ligadas ao sono. Doenças do sistema nervoso: Muito frequentes: Tonturas, sonolência, cefaleia. Frequentes: Síncope, sintomas extrapiramidais, disartria. Pouco frequentes: Síndroma das pernas irrequietas,alimentares discinésia tardia. Cardiopatias: Frequentes: Taquicardia, palpitações. Pouco frequentes: Prolongamento do intervalo QT. Afecções oculares: Frequentes: Visão turva. Vasculopatias: Frequentes:Convulsões, Hipotensão ortostática. Raros: Doenças respiratórias, torácicas eCardiopatias: do mediastino: Frequentes: Dispneia. Pouco frequentes: Rinite. Doenças gastrointestinais: Muitogastrointestinais: frequentes: Frequentes: Obstipação, Pouco frequentes: Disfagia. Raros: Pancreatite. Afeções hepatobiirrequietas, discinésia tardia. Frequentes: Taquicardia, palpitações. Pouco frequentes: Prolongamento do intervaloBoca QT. seca. Afecções oculares: Frequentes: Visãovómito. turva. Vasculopatias: Frequentes: Hipotensão ortostática. Raros: Tromboembolismo venoso. Doenças respiratórias, torácicas e do mediastino: Frequentes: Rinite, Dispneia. Doenças Muito frequentes: Boca seca.dispepsia, Frequentes: Obstipação, dispepsia, vómito. Pouco frequentes: Disfagia. liares: Frequentes: Elevação da alanina aminotransferase sérica (ALT), aumento dos níveis de gama-GT. Pouco frequentes: Elevação das aspartato aminotransferase séricas (AST). Raros: Icterícia, hepatite. Afeções tecidos cutâneos e raros: subcutâneos: Muito raros: Tromboembolismo venoso. Doenças respiratórias, torácicas e do mediastino: Frequentes: Rinite, Dispneia. Doenças Muito Boca seca. Frequentes: Obstipação, dispepsia, vómito. Pouco frequentes: Disfagia. Raros: Pancreatite. Afecções hepatobiliares: Frequentes: Elevação das transaminases séricas (ALT, AST), aumento dosgastrointestinais: níveis de gama-GT. Raros:frequentes: Icterícia, hepatite. Afecções dos tecidos cutâneos edos subcutâneos: Muito Angioedema, Angioedema, Síndrome de Stevens-Johnson. Desconhecido: Necrólise epidérmica tóxica, eritema multiforme. Afeções musculoesqueléticas e dos tecidos conjuntivos: Muito raros:Afecções Rabdomiólise. Situações na gravidez, no puerpério e perinatais; Desconhecido: Raros: Pancreatite. Afecções hepatobiliares: Frequentes: Elevação das transaminases séricas (ALT, AST), aumento dos níveis de gama-GT. Raros: Icterícia, hepatite. dos tecidos cutâneos e subcutâneos: Muito raros: Angioedema, Síndrome de Stevens-Johnson. Desconhecidos: Necrólise epidérmica crónica, eritema multiforme. Afecções musculoesqueléticas e dos tecidos conjuntivos: Muito raros: Rabdomiólise. Situações na gravidez, no puerpério e perinatais; Síndrome neonatal deSíndrome privação de fármacos. dos genitais e dacrónica, mama: Pouco frequentes: sexual. Raros: Priapismo, galactorreia, inchaço mamário, distúrbios menstruais. Perturbações gerais ena alterações no local de administração: Síndrome de Stevens-Johnson. Desconhecidos: Necrólise epidérmica eritema multiforme. Afecções musculoesqueléticas e sexual. dos tecidos Muito raros: Rabdomiólise. Situações gravidez, no puerpério egerais perinatais; Desconhecidos: neonatal deDoenças privação deórgãos fármacos. Doenças dos órgãos genitais e daDisfunção mama: Pouco frequentes: Disfunção Raros:conjuntivos: Priapismo, galactorreia, inchaço mamário, distúrbios menstruais. Perturbações eMuito frequentes: Sintomas de privação de terapêutica. Frequentes: Astenia ligeira, periférico, irritabilidade, pirexia. Raros:frequentes: Síndrome dos neurolépticos, complementares de diagnóstico: Aumento da creatinafosfoquinase Desconhecidos: neonatal de privação de fármacos. Doenças dos órgãos genitais e da mama: Pouco Disfunção sexual. Raros:hipotermia. Priapismo,Exames galactorreia, inchaço mamário, distúrbios menstruais. Perturbações geraisno e alterações noSíndrome local de administração: Muito frequentes: Sintomas deedema descontinuação de terapêutica. Frequentes: Asteniamaligna ligeira, edema periférico, irritabilidade, pirexia. Raros: Síndroma maligno dosRaros: neurolépticos, hipotermia. Exames complementares deadministração: diagnóstico: Aumento da creatinafosfoquinase nodevem sangue. Crianças e adolescentes aAstenia 17 anos de idade): Parapara crianças e adolescentes, ser consideradas asmaligno mesmas reacções adversas do descritas os do alterações no local de Muito frequentes: Sintomas de descontinuação de terapêutica. ligeira, edema periférico, irritabilidade, pirexia. Raros: dos neurolépticos, hipotermia. Exames sangue. Crianças e adolescentes (10 a 17Raros: anos de idade): Para crianças e adolescentes, ser consideradas asFrequentes: mesmas(10 reacções adversas descritas os adultos. Doenças dodevem metabolismo eSíndroma da nutrição: Muito frequentes: Aumento apetite.para Doenças adultos. Doenças do metabolismo e daAumento nutrição: Muito frequentes: apetite. Exames diagnóstico: Muito Para frequentes: Aumento da gerais prolactina, aumento pressão arterial. Doenças do sistema nervoso: Muito complementares de diagnóstico: da creatinafosfoquinase no do sangue. Crianças ecomplementares adolescentes (10de a 17 anos de idade): crianças e adolescentes, devem ser consideradas as mesmas reacções adversas descritas para os sistema nervoso: Frequentes: Síncope.Raros: Doenças respiratórias, torácicas e doAumento mediastino: Frequentes: Rinite. Doenças gastrointestinais: Muito frequentes: Vómito. Perturbações e alterações no da local de administração: Frequentes: Irritabilidade. Exames comfrequentes: Sintomas extrapiramidais. Perturbações e alterações no local de arterial. administração: Titular da autorização de introdução no mercado: AstraZeneca Produtos Farmacêuticos, Lda., Rua Humberto adultos. Doenças do metabolismo e da nutrição: Muito frequentes: Aumento apetite. Exames complementares diagnóstico: Muito frequentes: Aumento da prolactina, aumento pressão arterial. doBaixo, sistema nervoso: Muito plementares de diagnóstico: Muito frequentes: Aumento dagerais prolactina, aumento dado pressão Titular daFrequentes: autorizaçãoIrritabilidade. dedeintrodução no mercado: AstraZeneca Produtos Farmacêuticos, Lda., Rua da Humberto Madeira, 7,Doenças Queluz de 2730-097 Barcarena. Madeira,revistas 7, Queluz de Baixo, 2730-097 Barcarena. Informações revistas emlocal junho deadministração: 2012. Para maisde informações deverá contactar o titular da autorização de introdução no mercado. Medicamento sujeito a receita médica. Medicamento frequentes: Sintomas Perturbações gerais e alterações no de Frequentes: Titular da autorização de introdução no mercado: AstraZeneca Produtos Farmacêuticos, Rua Humberto Informações emextrapiramidais. novembro de 2013. Para mais informações deverá contactar o titular da autorização introduçãoIrritabilidade. no mercado. Medicamento sujeito a receita médica. Medicamento comparticipado (90% de comparticipação no Lda., regime geral e 95% de comparticipado (90% de comparticipação no regime geral e 95% de comparticipação no regime especial). Versãodeverá 8.1 (julho de 2013). Madeira, 7, Queluz de Baixo, 2730-097 Barcarena. Informações revistas em junho de 2012. Para mais informações contactar o titular da autorização de introdução no mercado. Medicamento sujeito a receita médica. Medicamento comparticipação no regime especial). Versão 9 (novembro de 2013). As suspeitas de reacções adversas devem notificadas ao INFARMED ou à AstraZeneca atravésespecial). dos seguintes contactos: Tel. +351 21 434 57 43, Fax +351 21 434 61 77. comparticipado (90% de comparticipação noser regime e 95% deàcomparticipação nodos regime Versão 8.1 (julhoPatientSafety.Portugal@astrazeneca.com, de 2013). As suspeitas de reacções adversas devem ser notificadas aogeral INFARMED ou AstraZeneca através seguintes contactos: PatientSafety.Portugal@astrazeneca.com, Tel. +351 21 434 57 43, Fax +351 21 434 61 77 As suspeitas de reacções adversas devem ser notificadas ao INFARMED ou à AstraZeneca através dos seguintes contactos: PatientSafety.Portugal@astrazeneca.com, Tel. +351 21 434 57 43, Fax +351 21 434 61 77. 1 - Análise comparativa dos Resumos das Características do Medicamento dos antipsicóticos não medicamentos genéricos ou similares aprovados pelo INFARMED (consulta em www.infarmed.pt a 01/08/2013). 2 - Cutler A et al. Effectiveness of extended release formulation of quetiapine as monotherapy for the treatment of acute bipolardos mania (Trial D144CC00004). Int. J. Neuropsycopharmacol 2008;aprovados 11(S1):185. 3 -INFARMED Suppes T et al. Effectiveness of extended release formulation2 of quetiapine treatment 1 - Análise comparativa dos Resumos das Características do Medicamento antipsicóticos não medicamentos genéricos ou similares pelo (consulta em www.infarmed.pt a 01/08/2013). - Cutler A et as al.monotherapy Effectivenessforofthe extended release of acuteofbipolar depression (Trial D144CC00002). Int. J.ofNeuropsycopharmacol 2008; 11(S1):184-185. Young A et al. Placebo-controlled study with acute and phaseofofextended quetiapine in adults with bipolar depression (EMBOLDEN II). formulation quetiapine as monotherapy for the treatment acute bipolar mania (Trial D144CC00004). Int.4J.-Neuropsycopharmacol 2008; 11(S1):185. 3 - Suppes T etcontinuation al. Effectiveness release formulation of quetiapine as monotherapy for European the treatment Neuropsychopharmacology 2008; Volume 18, Supplement 4: S371-S372, P.2.e.023 Papers of the 21st ECNP of acute bipolar depression (Trial D144CC00002). Int. J. Neuropsycopharmacol 2008; 11(S1):184-185. 4 -Congress. Young A et al. Placebo-controlled study with acute and continuation phase of quetiapine in adults with bipolar depression (EMBOLDEN II). European Neuropsychopharmacology 2008; Volume 18, Supplement 4: S371-S372, P.2.e.023 Papers of the 21st ECNP Congress.
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e com independência nas suas próprias casas, sempre que possível, apoio que deve alargar-se aos seus cuidadores, aliviando-lhes a sobrecarga e a depressão e melhorando o seu bem-estar subjetivo, para o que é essencial o reconhecimento do seu papel. A prestação de cuidados efetivos a esta população requer um modelo integrado, que garanta intervenções específicas para as diferentes patologias e uma variedade de serviços que respondam às diferentes necessidades, incluindo a comunidade, os hospitais e as unidades residenciais de longa duração, dotados de equipas multidisciplinares, que garantam um diagnóstico atempado, tratamento e apoio efetivos, para elas e os seus cuidadores, sendo fundamental o estabelecimento de parcerias entre todos os atores no terreno: cuidados primários, hospitalares e continuados, serviços sociais, departamentos governamentais e ONGs. Os serviços especializados em saúde mental das pessoas mais velhas devem incluir um leque variado de profissionais, como médicos, enfermeiros, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, assistentes sociais, de secretariado e auxiliar, que deverão reunir regularmente para coordenar e discutir as admissões e a carteira de utentes a cargo, devendo ter um líder claramente identificado. O serviço deve poder oferecer um leque variado de respostas, acessíveis e disponíveis, como unidade de internamento para situações agudas, cuidados de dia e reabilitação, alívio e respostas residenciais para as pessoas que deixem de ter capacidade de viver nas suas casas, devendo ser garantida uma ligação recíproca entre os serviços de saúde mental e a medicina geral e familiar, bem como uma articulação com estruturas da comunidade (centros de dia e grupos de apoio a doentes e cuidadores).
DEVE GARANTIR-SE EM TODOS OS HOSPITAIS GERAIS CONSCIÊNCIA POR PARTE DOS PROFISSIONAIS NÃO ESPECIALIZADOS DA PREVALÊNCIA, IMPACTO E POTENCIAL DE TRATAMENTO DAS PERTURBAÇÕES MENTAIS E QUE HÁ DISPONIBILIDADE EFETIVA PARA A FORMAÇÃO NECESSÁRIA
O serviço deve ser centrado no doente e assegurar uma coordenação adequada entre os seus elementos para assegurar a continuidade dos cuidados e ser integrado nos sistemas de saúde e segurança social num quadro político, legal e económico apropriado. A avaliação inicial deve ocorrer sempre que possível no domicílio do doente, com envolvimento dos familiares e da equipa dos cuidados primários responsável pela referência, devendo resultar na formulação de um plano de cuidados e de soluções de follow-up, com objetivos claros, definição de responsabilidades para os membros das equipas, com a identificação dos técnicos de referência de um e outro lado como interlocutores, e incluindo o apoio, informação e aconselhamento aos cuidadores.
Os bons serviços devem apoiar-se em boa investigação, educação e treino permanentes. A investigação na população mais velha tem sido negligenciada, sendo fundamental aumentar os recursos em investigação e desenvolvimento na determinação dos impactos das doenças mentais e na definição de modelos económicos para a melhoria da custo-efetividade das intervenções de saúde e sociais. É crucial, na organização de respostas de qualidade às necessidades em saúde desta população, que todos os profissionais envolvidos tenham treino na área da saúde mental de pessoas de idade e competências comunicacionais e de avaliação de capacidades, em todos os níveis de cuidados. Deve garantir-se em todos os hospitais gerais consciência por parte dos profissionais não especializados da prevalência, impacto e potencial de tratamento das perturbações mentais e que há disponibilidade efetiva para a formação necessária, bem como uma atenção especial ao desenvolvimento de lideranças das equipas e serviços. Em países em que a atenção às pessoas mais velhas, nomeadamente às suas condições de vida, de saúde e sociais é pouco desenvolvida, urge definir uma estratégia que vise minimizar as consequências do ‘mau envelhecimento’, que tem custos acrescidos, para os próprios e suas famílias, para o equilíbrio social e a economia. Em época em que a otimização do uso dos escassos recursos disponíveis assume a importância que conhecemos, a definição de estratégias de abordagem dos problemas da saúde mental no envelhecimento é prioritária, sendo certo que a sua falta acarreta custos financeiros, económicos, políticos, sociais e psicológicos de consequências imprevisíveis.
EM REVISTA GRUPO DE VÁLVULAS AÓRTICAS PERCUTÂNEAS DA APIC CRIA SITE SOBRE ESTENOSE AÓRTICA O Grupo de Válvulas Aórticas Percutâneas da APIC (Associação Portuguesa de
com esta patologia. "Com este website pretendemos ajudar as pessoas que tenham
Intervenção Cardiovascular da Sociedade Portuguesa de Cardiologia) lançou
EA a compreender a sua doença e a procurar tratamento adequado à sua condição.
uma plataforma online de apoio a doentes com estenose aórtica (EA). Em www.
Queremos ainda ajudar no diagnóstico desta doença ao disponibilizar informação
estenoseaortica.com é possível encontrar informação sobre um distúrbio que afeta
sobre os especialistas referenciados e com experiência nesta área", referiu em comu-
30 mil portugueses.
nicado Dr. Rui Campante Teles, cardiologista de intervenção.
O site disponibiliza informação validada por médicos sobre a doença, sintomas, for-
Uma das novidades do website é uma área específica de "Registo Voluntário do Por-
mas de tratamento, os principais centros de referência com experiência em diagnós-
tador de Estenose Aórtica" para as pessoas que sofram deste problema poderem
tico e tratamento de pessoas com EA, bem como recomendações sobre como viver
receber informação regularmente.
MÉDICO NEWS
Na esquizofrenia, Como se sai daqui...
... para aqui?
Xeplion®, novo antipsicótico atípico mensal1, que reduz significativamente as recaídas2, com eficácia ao 8º dia3,4,* e um bom perfil de tolerabilidade1-4
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XEPLION® pode ser utilizado sem prévia estabilização com tratamento oral, em determinados doentes adultos com esquizofrenia e que tenham desenvolvido resposta anterior à paliperidona ou risperidona oral, se os sintomas psicóticos forem ligeiros a moderados e caso seja necessário um tratamento com um injetável de longa duração. Posologia e modo de administração: A dose inicial recomendada de XEPLION® é de 150 mg no 1º dia de tratamento e de 100 mg uma semana depois (8º dia), ambas administradas no músculo deltoide para atingir rapidamente as concentrações terapêuticas. A dose de manutenção mensal recomendada é de 75 mg; alguns doentes podem beneficiar de doses inferiores ou superiores dentro do intervalo recomendado de 25 a 150 mg, com base na tolerabilidade e/ou eficácia individual do doente ao tratamento. Após a segunda dose, as doses de manutenção mensais podem ser administradas no músculo deltoide ou no músculo glúteo. O ajuste da dose de manutenção pode ser feito mensalmente. O início do tratamento com XEPLION® deverá cumprir determinadas especificações consoante ocorra: Mudança a partir de paliperidona oral ou risperidona oral; Mudança a partir de risperidona injetável de longa duração. No caso de doses omitidas deverão ser seguidas instruções específicas consoante se verifique: Omissão da segunda dose de iniciação (< 4 semanas desde a primeira injeção); Omissão da segunda dose de iniciação (4-7 semanas desde a primeira injeção); Omissão da segunda dose de iniciação (> 7 semanas desde a primeira injeção); Omissão da dose de manutenção mensal (1 mês a 6 semanas); Omissão da dose de manutenção mensal (> 6 semanas a 6 meses). Recomenda-se, assim, a leitura da versão completa deste RCM a fim de poder aferir o modo correto de início de tratamento e de atuação em caso de doses omitidas de XEPLION®. Populações especiais: População idosa: A eficácia e segurança em idosos > 65 anos não foram estabelecidas; Compromisso renal: XEPLION® não foi estudado sistematicamente em doentes com compromisso renal; Afeção hepática: Com base na experiência com paliperidona oral, não é necessário qualquer ajuste posológico em doentes com afeção hepática ligeira ou moderada. Uma vez que a paliperidona não foi estudada em doentes com afeção hepática grave, recomenda-se precaução no tratamento destes doentes; Outras populações especiais: Não é recomendado qualquer ajuste posológico para XEPLION® com base no sexo, raça ou hábitos tabágicos; População pediátrica: A segurança e eficácia de XEPLION® em crianças com idade < 18 anos não foram estabelecidas; não existem dados disponíveis. XEPLION® destina-se apenas a utilização intramuscular. Deve ser injetado profunda e lentamente no músculo por um profissional de saúde. Para informações detalhadas relativas à administração de XEPLION® recomenda-se a consulta da secção 4.2 do RCM. Contraindicações: Hipersensibilidade à substância ativa, à risperidona ou a qualquer um dos excipientes. Efeitos indesejáveis: RAMs reportadas em ensaios clínicos: Muito frequentes: insónia, cefaleia; Frequentes: infeção das vias respiratórias superiores, virus influenza, hiperprolactinemia, hiperglicemia, aumento de peso, perda de peso, aumento dos triglicéridos no sangue, agitação, depressão, ansiedade, parkinsonismo, acatisia, sedação/sonolência, distonia, tonturas, discinesia, tremor, bradicardia, taquicardia, hipertensão, tosse, congestão nasal, dor abdominal, vómitos, náusea, obstipação, diarreia, dispepsia, dor de dentes, aumento das transaminases, erupção cutânea, dor musculoesquelética, dor nas costas, pirexia, astenia, fadiga, reação no local de injeção; Pouco frequentes: pneumonia, bronquite, infeção das vias respiratórias, sinusite, cistite, infeção do ouvido, infeção ocular, amigdalite, celulite, acarodermatite abcesso subcutâneo, redução da contagem de globulos brancos, anemia, redução do hematócrito, redução da contagem de eosinófilos, hipersensibilidade, diabetes mellitus, hiperinsulinemia, aumento do apetite, anorexia, diminuição do apetite, aumento do colesterol no sangue, distúrbios do sono, mania, estado confusional, diminuição da líbido, nervosismo pesadelos, discinésia tardia, convulsão, síncope, hiperatividade psicomotora, tonturas posturais, distúrbio de atenção, disartria, disgeusia, hipoestesia, parestesia, visão turva, conjuntivite, olho seco, vertigens, zumbido, dor de ouvido, fibrilhação auricular, bloqueio auriculoventricular, QT prolongado no eletrocardiograma, síndrome de taquicardia postural ortostática, eletrocardiograma anormal, palpitações, hipotensão, hipotensão ortostática, dispneia, congestão pulmonar, sibilos, dor faringolaringea, epistaxis, desconforto abdominal, gastroenterite, boca seca, flatulência, aumento da gama-glutamiltransferase, aumento de enzimas hepáticas, urticária, prurido, alopécia, eczema, pele seca, eritema, acne, espasmos musculares, rigidez articular, dor no pescoço, artralgia, incontinência urinária, polaquiúria, disúria, disfunção eréctil, alterações da ejaculação, amenorreia, atraso da menstruação, alterações menstruais, ginecomastia, galactorreia, disfunção sexual, corrimento vaginal, edema da face, edema, alteração do modo de andar, dor no peito, desconforto no peito, desconforto generalizado, induração, queda; Raros: glaucoma, distúrbios do movimento ocular, crises oculogiras, fotofobia, diminuição do lacrimejo, hiperemia ocular, arritmia sinusal, embolismo pulmonar, trombose venosa, isquemia, rubor, síndrome da apneia do sono, hiperventilação, pneumonia por aspiração, congestão das vias respiratórias, disfonia, pancreatite, obstrução intestinal, íleo, língua inchada, incontinência fecal, fecaloma, disfagia, queilite, icterícia, angioedema, erupção medicamentosa, hiperqueratose, descoloração da pele, dermatite seborreica, caspa, rabdomiólise, aumento da creatina fosfoquinase sanguínea, postura anormal, inchaço das articulações, fraqueza muscular, retenção urinária, síndrome neonatal de privação de fármacos, priapismo, mastalgia, desconforto mamário, ingurgitamento mamário, aumento mamário, corrimento mamário, hipotermia, diminuição da temperatura corporal, arrepios, aumento da temperatura corporal, sede, síndrome de privação de fármacos, abcesso no local de injeção, celulite no local de injeção, quisto no local da injeção, hematoma no local de injeção; Desconhecido: presença de glucose na urina. A paliperidona é um metabolito ativo da risperidona, assim, os perfis de reações advervas destes compostos (incluindo as formulações oral e injetável) são relevantes um para o outro. As seguintes reações adversas têm sido observadas com o uso de medicamentos com risperidona e são expectáveis que ocorram com XEPLION®: doença cerebrovascular, Síndrome de Íris Flácida (intraoperatória), crepitações, necrose no local de injeção, úlcera no local de injeção. Titular da Autorização de Introdução no Mercado: Janssen-Cilag International NV,Turnhoutseweg 30,B-2340 Beerse, Bélgica. Para mais informações deverá contactar o Representante Local: Janssen-Cilag Farmacêutica, Lda. Estrada Consiglieri Pedroso 69A – Queluz de Baixo – 2734-503 Barcarena. Medicamento sujeito a receita médica. Escalão A (90% de comparticipação). Antes de prescrever consulte o RCM completo. RCM resumido de XEPLION®, Versão 2. Referências: 1. Resumo das Características do Medicamento: Xeplion. 2. Hough et al. Paliperidone palmitate maintenance treatment in delaying the time-to-relapse in patients with schizophrenia: A randomized, double-blind, placebo-controlled study Schiz Res 2010; 116:107-117. 3. Pandina GI, et al. A Randomized, Placebo-Controlled Study to Assess the Efficacy and Safety of 3 Doses of Paliperidone Palmitate in Adults With Acutely Exacerbated Schizophrenia. J Clin Psychopharmacology 2010; 30(3): 235-244 4. Kramer M et al. Paliperidone palmitate, a potential long-acting treatment for patients with schizophrenia.Results of a randomized, double-blind, placebo-controlled efficacy and safety study. Int J Neuropsychopharmacol. 2010; 13: 635-647.
Janssen-Cilag Farmacêutica, Lda. Estrada Consiglieri Pedroso, 69 A - Queluz de Baixo 2734-503 Barcarena | www.janssen.pt Sociedade por quotas | Matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Oeiras, sob n.º 10576 | Capital Social E2.693.508,64 | N.º Contribuinte 500 189 412
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PHPT/XEP/0114/0010
* Estatisticamente significativa para os grupos de tratamento de 25 e 150 mg.
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TERAPIAS BIOLÓGICAS. QUE FUTURO?
AS TERAPIAS DE ESTIMULAÇÃO CEREBRAL NO NOSSO SERVIÇO DE PSIQUIATRIA NO CHUC TEMOS ALGUMA EXPERIÊNCIA NA ELECTROCONVULSIVOTERAPIA, NA ESTIMULAÇÃO CEREBRAL PROFUNDA E MAIS RECENTEMENTE, NA ESTIMULAÇÃO MAGNÉTICA TRANSCRANIANA, TENDO CONSTITUÍDO UM GRUPO DE TRABALHO INTERESSADO NA ÁREA E ALGUNS PROJETOS DE INVESTIGAÇÃO EM CURSO
PROF. DOUTOR JOÃO RELVAS Professor de Psicologia Médica e Psiquiatria. Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Chefe de Serviço do CHUC
As chamadas terapias de estimulação cerebral desenvolvidas recentemente em psiquiatria devem antes ser designadas por terapias de neuromodulação por modificarem o funcionamento de estruturas cerebrais, áreas e circuitos, envolvidos em várias patologias para as quais não há terapêuticas suficientemente eficazes, quer psicofarmacológicas quer psicoterapêuticas. O desenvolvimento destas terapêuticas deve-se em grande parte aos avanços relativamente recentes das técnicas imagiológicas MÉDICO NEWS
funcionais que permitem observar as estruturas cerebrais durante o desempenho de tarefas e as suas modificações resultantes dos diferentes tipos de estimulação. Através deste tipo de estudos funcionais é possível observar uma “normalização” do funcionamento dos circuitos envolvidos em várias patologias, aproximando-os do funcionamento normal. Isto pode ser observado nos doentes que respondem ou que apresentam remissão das respetivas patologias, quer esta melhoria seja obtida pelas psicoterapias, pela psicofarmacologia ou pelas técnicas de estimulação/ modulação. As técnicas de estimulação têm uma história relativamente longa, mas desenvolvimentos e aplicações terapêuticas relativamente recentes, havendo ainda uma grande necessidade de estudos para encontrar os parâmetros de estimulação mais eficazes, comparar resultados, entender o funcionamento cerebral e os mecanismos subjacentes às diferentes patologias e identificar os riscos e possíveis efeitos adversos a curto, e sobretudo, a longo prazo. Embora sendo técnicas não invasivas ou minimamente invasivas, as questões éticas nesta área, como em todas as áreas novas e aparentemente promissoras, devem estar sempre presentes e tem havido um grande esforço dos investigadores neste campo. As aplicações clínicas em psiquiatria têm ainda um caráter largamente experimental e só a depressão major e a perturbação obsessivo-compulsiva têm aprovação pelas entidades reguladoras para utilização em ca-
sos bem selecionados. Há estudos em curso em vários centros em diferentes patologias psiquiátricas, por exemplo, na POC refratária, síndrome de Gilles de la Tourette, depressão major resistente, dor crónica, toxicodependência, etc... As técnicas desenvolvidas mais recentemente e que se apresentam mais promissoras em psiquiatria são a estimulação magnética transcraniana, a estimulação por corrente direta transcraniana, a estimulação vagal e a estimulação cerebral profunda. A eletroconvulsivoterapia, mais antiga, tem sido objeto de pesquisa e de reavaliação depois da fase de “bad press” dos anos 60 e 70 com os novos equipamentos, novos parâmetros de estimulação e novos processos de anestesia. Provavelmente virá a ser ultrapassada no futuro por técnicas derivadas da estimulação magnética transcraniana como a terapêutica convulsiva focal elétrica ou a terapêutica convulsiva magnética. No nosso serviço de psiquiatria no CHUC temos alguma experiência na electroconvulsivoterapia, na estimulação cerebral profunda e mais recentemente, na estimulação magnética transcraniana, tendo constituído um grupo de trabalho interessado na área e alguns projetos de investigação em curso. No simpósio da APPB faz-se uma breve apresentação e descrição destas técnicas, do racional científico/clínico subjacente á sua aplicação, as patologias que têm sido mais estudadas e os possíveis desenvolvimentos e aplicações futuras.
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ATINGIR UMA EFICÁCIA
TERAPÊUTICA NA
PERTURBAÇÃO BIPOLAR E
DEPRESSÃO MAJOR Até agora, apenas cinco fármacos obtiveram aprovação pela Agência Europeia do Medicamento (EMA) na prevenção das fases maníaca e/ou depressiva da perturbação bipolar. “Para a prevenção das fases maníacas, está indicada a utilização do aripiprazole e olanzapina e quetiapina, excluindo-se o valproato, um fármaco que não está reconhecido como arma terapêutica na prevenção destas fases”, comentou a Prof.ª Ana González Pinto, docente de Psiquiatria da Universidade do País Basco e oradora neste simpósio, promovido pela Astrazeneca, durante o IX Congresso Nacional de Psiquiatria. As recomendações da Canadian Network for Mood and Anxiety Treatments (CANMAT) elegem o aripiprazol, olanzapina, quetiapina, risperidona e ziprasidona como fármacos de primeira linha no tratamento da fase maníaca. Mas todos os indícios parecem apontar a quetiapina “como uma arma eficaz na prevenção de recaídas afetivas, tanto depressivas como maníacas, em doentes previamente estabilizados com a quetiapina, associada a lítio ou a valproato”. O algoritmo de tratamento farmacológico de manutenção do distúrbio bipolar, da Associação Espanhola de Neuropsiquiatria, determina a escolha da estratégia terapêutica em função da polaridade predominante, uma abordagem que está a ser igualmente seguida pelas guidelines britânicas (BAP). A quetiapina, aprovada como fármaco preventivo nas fases maníacas e depressivas, comprovou a sua eficácia em diversos ensaios clínicos. No estudo 002, da autoria de Datto et al., 2009, ficou demonstrado que a quetiapina, no contexto da depressão bipolar, “é eficaz logo na primeira semana de tratamento”. Em comentário a
Integrado no IX Congresso Nacional de Psiquiatria, o simpósio promovido pela Astrazeneca, no dia 31 de outubro de 2013, contou com a preleção da Prof.ª Doutora Ana González Pinto, que proferiu uma comunicação subordinada ao tema «Atingir uma eficácia terapêutica na perturbação bipolar e depressão major. este estudo, a oradora espanhola adiantou que “esta é uma das principais vantagens terapêuticas que se consegue atingir com este fármaco”, algo que, no estudo em causa, demonstrou uma “diferença altamente significativa” ab initio, em comparação ao grupo do placebo. “A quetiapina de libertação prolongada incide diretamente nos sintomas nucleares da depressão (tristeza aparente, mas também a informada e subjetiva e objetiva), melhorando, ainda, alguns sintomas cognitivos, como a dificuldade de concentração e atenção interna, o sono, e sintomas tão depressivos e nucleares, como a incapacidade de sentir ou os pensamentos pessimistas.” Há uma revisão sistemática do uso da quetiapina de libertação prolongada (XR) na depressão unipolar, publicada na revista Expert Opinion, com doses variáveis de 150 e 300 mg, tanto em monoterapia como em terapêutica de associação. “Ambas as doses conseguem demonstrar a eficácia, desde a primeira semana de tratamento, com um efeito que se manteve durante todo o período de follow-up dos estudos 6 e 7 (os dois estudos têm um desenho semelhante). A ação é sobreponível à da depressão bipolar, com uma melhoria sintomática de ambas as doses, nomeadamente, na melhoria do estado anímico (tristeza objetiva e subjetiva, tensão interna, ansiedade, redução do sono e do apetite, problemas de concentração, dificuldade de sentir, pensamentos pessimistas). Em doses mais elevadas conseguiu promover uma melhoria dos pensamentos e ideação suicida, “algo que não se observa nos doentes bipolares”. O estudo 2 (Cutler et al., 2009) mostrou a superioridade da quetiapina em relação ao placebo e
da duloxetina. “A duloxetina para ser eficaz necessita de ser administrada ao longo de duas semanas, ao passo que a quetiapina é eficaz desde a primeira semana. Esta é, portanto, a principal vantagem que podemos encontrar com este fármaco. Após uma avaliação da resposta e da remissão, verificamos que ambas as doses são úteis e eficazes, com uma superioridade face ao placebo, afastando-se inclusivamente da resposta da duloxetina. No caso da remissão, a dose de 300 mg é superior à dose de 150 mg.”
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SOCIEDADE PORTUGUESA DE SUICIDOLOGIA APOSTA NA DINAMIZAÇÃO DOS MEMBROS
Da esq. para a drt. Dr. Carlos Braz Saraiva, Prof. Doutor Daniel Sampaio e Dr. Alberto Bessa Peixoto
Por ocasião do IX Congresso Nacional de Psiquiatria, a Sociedade Portuguesa de Suicidologia (SPS) promoveu um simpósio subordinado ao tema “Uma abordagem epistemiológica do suicídio”, que decorreu no dia 2 de novembro. Nesta sessão, moderada pelo Prof. Doutor Daniel Sampaio e pelo Dr. Carlos Braz Saraiva, participaram três preletores, que, respetivamente, abordaram o impacto dos comportamentos suicidários nos terapeutas (Dr.ª Inês Rothes), as manifestações dos comportamentos autolesivos e o papel do temperamento (Dr. Diogo Guerreiro) e os aspetos neurobiológicos do suicídio, de acordo com o estado da arte (Dr. Nuno Madeira). Segundo o Dr. Carlos Braz Saraiva, presidente do Conselho Científico da SPS, esta sessão permitiu uma revisão do estado da arte, com um elenco das novidades na área do suicídio. À luz dos estudos conduzidos por várias escolas mundiais, além da genética e dos “chamados circuitos neuronais do suicídio”, hoje em dia, já se avançou “imenso nesta matéria”, graças a diversos trabalhos, inclusivamente do Instituto Karolinska, que avaliou indivíduos que tentaram o
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suicídio por métodos violentos. “A partir das novas tecnologias, nomeadamente, a ressonância magnética e a tomografia por emissão de positrões (PET), é possível ter uma compreensão mais abrangente neste domínio, a qual ultrapassa os achados clássicos sobre o suicídio, que ligam este comportamento a modelos serotoninérgicos. Aliás, muitos outros neurotransmissores, apontados na literatura, têm sido envolvidos na questão da suicidalidade”, acrescentou o psiquiatra. Em Portugal, também de acordo com os números avançados por este especialista, “não existem grandes oscilações da taxa global do suicídio”, valores que, em 2012, se fixaram em 10,2/100.000 habitantes. “Comparativamente à década de 1990, há um contraste significativo com o primeiro decénio do século XXI, com as taxas de suicídio a atingirem os dois dígitos. Embora os números de 2013 ainda não sejam conhecidos, há uma tendência para que a taxa de suicídio se fixe nos dois dígitos.”
CERIMÓNIA PRÉ-LANÇAMENTO DE LIVRO Após a intervenção dos três oradores, decorreu uma sessão de pré-lançamento do livro “Suicídio e comportamentos autolesivos”, uma obra com cerca de 600 páginas, 48 autores e 50 capítulos que estará brevemente no circuito livreiro. Com a chancela da editora Lidel e o patrocínio dos laboratórios Bial, o pré-lançamento deste livro contou com a participação do Prof. Doutor Daniel Sampaio, dos Drs. Carlos Braz Saraiva e Alberto Bessa Peixoto (ambos membros da Comissão científica da SPS e co-autores deste livro), da Dr.ª Vera Galhardo, gestora de produto dos laboratórios Bial, e da engenheira Manuela Annes, em representação da Lidel. Para o Dr. Carlos Braz Saraiva, a SPS mobilizou, em exclusivo, 15% dos associados para a redação dos conteúdos deste livro, que o especialista classifica como “notável” nesta área. “Esta será uma obra de referência em Portugal e que, certamente, ficará na história da SPS”, reforçou. Além dos temas clássicos sobre o estudo do suicídio, este livro, que teve um período de gestação de 14 meses, recupera algumas matérias “menos trabalhadas na literatura”.
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DÉFICE DE IODO NA GRAVIDEZ PODE AFETAR FORMAÇÃO DO BEBÉ
DR. JOÃO JÁCOME DE CASTRO Secretário-Geral da SPEDM e Presidente da Comissão Organizadora do XV Congresso Português de Endocrinologia
O iodo é um elemento indispensável para o funcionamento correto da tiroide, uma glândula que se encontra na parte anterior do pescoço e que tem a função de produzir hormonas que regulam várias atividades do organismo. Este micronutriente é essencial e insubstituível na estrutura molecular das hormonas tiroideias, necessárias ao normal funcionamento de praticamente todos os órgãos. Os oceanos são os principais repositórios de iodo, já que os solos, pela erosão das chuvas, são habitualmente pobres neste elemento. As principais fontes alimentares de iodo são o peixe e marisco, as algas marinhas, o leite e alguns legumes e vegetais. As mulheres grávidas constituem um grupo de elevado risco para a carência de iodo. Nesta fase da vida da mulher, uma adequada ingestão deste elemento torna-se necessária para completar as necessidades da grávida e para assegurar um adequado desenvolvimento do cérebro do feto. O défice de iodo durante a gravidez pode causar bócio, hipotiroidismo, aumento da mortalidade neonatal, atraso no desenvolvimento na criança e défices intelectuais, que na sua forma extrema levam ao cretinismo. Estudos recentes, realizados pelo Grupo de Estudos da Tiroide, da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, concluíram que as grávidas portuguesas apresentam um aporte insuficiente de iodo. De acordo com os critérios da Organização Mundial de Saúde, apenas 17 por das mulheres
O DÉFICE DE IODO DURANTE A GRAVIDEZ PODE CAUSAR BÓCIO, HIPOTIROIDISMO, AUMENTO DA MORTALIDADE NEONATAL, ATRASO NO DESENVOLVIMENTO NA CRIANÇA E DÉFICES INTELECTUAIS, QUE NA SUA FORMA EXTREMA LEVAM AO CRETINISMO
Portuguesas ingeriam uma quantidade de iodo suficiente. Na Madeira, 92 por cento das grávidas apresentavam níveis de iodo baixos e nos Açores a percentagem de grávidas com défice iodo chegou aos 99 por cento. Em consequência dos estudos desenvolvidos no nosso país, e indo ao encontro das recomendações internacionais, a Direção Geral da Saúde passou a recomendar, desde o final do ano passado a todas as mulheres grávidas, que estão a pensar engravidar ou que se encontram em período de amamentação, o consumo de um suplemento diário de iodo sob a forma de iodeto de potássio.
EM REVISTA JABA RECORDATI ELEITA EMPRESA DE EXCELÊNCIA PARA TRABALHAR EM PORTUGAL Jaba Recordati, subsidiária portuguesa da farmacêutica Recordati Internacional, foi
práticas de recursos humanos e um melhor clima organizacional e que se desta-
eleita Empresa de Excelência para Trabalhar em Portugal, tendo alcançado o pri-
cam como entidades de excelência no desenvolvimento do seu capital humano.
meiro lugar no setor "Saúde e Farmacêuticas". O Prémio "Excelência no Trabalho"
Em comunicado, Nélson Pires, diretor-geral da Jaba Recordati, refere que "este
organizado pela Heidrick & Struggles, o Diário Económico e o ISCTE/ INDEG é um
prémio traduz o reconhecimento do trabalho desenvolvido na Jaba Recordati e
estudo de satisfação de colaboradores realizado em Portugal. O Prémio "Excelência
acima de tudo reflete a forma como os nossos colaboradores percecionam a em-
no Trabalho" pretende apurar e premiar as empresas que apresentam as melhores
presa, o grupo ao qual pertence e o projeto de excelência que desenvolve".
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DOS CRIMES SEM MOTIVO
À PROVA PERICIAL
PSIQUIÁTRICA
Dentro do Ciclo de Conferências "Mind Link", a Astrazeneca, a sessão que decorreu no dia 13 de novembro, em Coimbra, contou com a participação de dois preletores, que exploraram os pontos de interseção entre a área do Direito e a Saúde Mental. Durante uma revisão da terminologia, o Prof. Doutor Jorge Costa Santos lembrou que o conceito de inimputabilidade é "nuclear" na especialidade de Psiquiatria, embora "não diretamente relacionado com a prática médica". "A luz da legislação portuguesa, o psiquiatra tem responsabilidades nesta área, sendo chamado a intervir e a realizar exames psiquiátricos forenses", esclareceu o Prof. Doutor Jorge Costa Santos. A noção de "inimputabilidade" surgida na Grécia, com Aristóteles, define-se pela incapacidade de executar um "ato com discernimento e com juízo crítico". Curiosamente, na Roma Antiga, "os doentes mentais eram considerados penalmente irresponsáveis". Por outras palavras, este orador referiu que "estes doentes não eram passíveis de responsabilidade criminal". Mais tarde, já na Idade Média, os doentes mentais eram "encarados como possessões do demónio". Esta mentalidade só se alterou no século XVI, uma altura em que "os doentes eram entendidos como necessitados de tratamento e como sendo penalmente irresponsáveis". Em Portugal, o conceito de inimputabilidade remonta ao ano de 1446, no Tomo III das Ordenações Afonsinas. Na atualidade, este é um conceito "normativo" que, em termos latos, "significa que, perante certas circunstâncias a fixar pela lei, o facto praticado não pode ser atribuível ao seu autor". Embora MÉDICO NEWS | INFORMAÇÃO
PROF. DOUTOR. JORGE COSTA SANTOS Professor de Medicina Legal, Instituto Nacional
PROF. DOUTOR. FERNANDO ALMEIDA Presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Psícologia da Justiça
o "facto se mantenha nocivo e reprovável", não pode ser conectado ao seu autor "porque este é incapaz de culpa". Na terminologia jurídica, o conceito de "culpa" está "completamente desligado" do sentido de "culpa", na perspetiva "psicopatológica", enquanto "sintoma ou expressão de um sentimento ou vivência". "O indivíduo, por força de uma qualquer situação patológica grave, pode sentir-se incapaz de avaliar a sua conduta num determinado momento. Esta ausência de liberdade de opção é o que confere ao indivíduo esta falta de atribuição de responsabilidades que o direito reconhece à generalidade dos cidadãos. Ainda assim, a decisão de inimputabilidade não está na dependência do médico, mas antes do tribunal e do juiz."
anomalia psíquica" resulta da incapacidade, no momento da prática do facto, de avaliar a ilicitude deste ou de se determinar de acordo com essa avaliação. "Os psiquiatras têm uma missão de aconselhamento em algumas circunstâncias. Quando nos solicitam um parecer, esta opinião poderá ser transmitida a um advogado no sentido de planear uma defesa mais adequada para aquele caso", referiu este especialista. "Durante a avaliação de um comportamento delinquente, é necessário ter a noção da precocidade destes atos, o baixo limiar à frustração, a menor reatividade ao medo, a vulnerabilidade à influência de outrem, os valores e conceitos que estão internalizados (um indivíduo com
DELINQUÊNCIA E PSIQUIATRIA FORENSE No parecer do Prof. Doutor Fernando Almeida, Presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Psícologia da Justiça"o tribunal pretende que o psiquiatra contribua para refinar a prática pericial forense". "A compreensão que temos em relação a um determinado facto vai proporcionar ao tribunal um maior conhecimento do caso." Numa viagem no tempo, este orador não deixou de referir o nome de Júlio de Matos, uma figura "incontornável" na área da Psiquiatria. "Este homem, na altura em que fazia as suas perícias, estava imbuído de determinados princípios doutrinários que estão consubstanciados na teoria de Ferri." À luz da moldura penal atual, o artigo 20.º declara que "a inimputabilidade em razão de
uma moral prática tem muito pior prognóstico do que outro com uma moral atitudinal). Dentro desta avaliação inclui-se a determinação das características da personalidade e o estilo de vida." A psicopatia pode ser conceptualizada "como uma perturbação que resulta da combinação entre genes e ambiente", originando défices "cerebrais e cognitivos", localizados em áreas específicas, nomeadamente, na amígdala e no córtex frontal. "A investigação atual debruça-se na descoberta de fatores etiológicos e défices neurobiológicos. Sabemos que os fatores genéticos podem justificar uma grande parte da variância das mensurações da psicopatia, mas também existe uma componente ambiental e epigenética para que se desenvolva a psicopatia", fundamentou o especialista.
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BALANÇO DO CONGRESSO DA SPN
PROF. DOUTOR VITOR OLIVEIRA Presidente da Sociedade Portuguesa de Neurologia
ANTEVÊ-SE, ASSIM, COM EXPETATIVA O PRÓXIMO CONGRESSO DA SPN QUE DECORRERÁ IGUALMENTE EM LISBOA, EM NOVEMBRO, O QUAL SERÁ SUBORDINADO AO TEMA “AVANÇOS EM NEUROLOGIA” MÉDICO NEWS
O congresso da Sociedade Portuguesa de Neurologia (SPN) é uma realização anual da sociedade científica que congrega os neurologistas portugueses bem com como outros profissionais de saúde e investigadores na área das neurociências. Este ano decorreu em Lisboa de 6 a 9 de novembro tendo-se sido subordinado ao tema geral “Repercussões Neurológicas das Doença Sistémicas”. A escolha de tal tema prende-se com as correlações entre o sistema nervoso e as diversas patologias que poderão ter implicações neste. O tema é vasto e da maior importância para os neurologistas e, assim, não é de estranhar o grande interesse que o congresso despertou. Foram abordadas em mesas redondas patologias infeciosas como o HIV/Sida, Malária e Dengue, presidido pelo Prof. Kamal Mansinho. Doenças autoimunes, complicações neurológicas da gravidez, doenças de armazenamento, miosites, além de vários simpósios temáticos relacionados com epilepsia e doenças desmielinizantes. De salientar ainda a conferência inaugural proferida por José Ferro, professor catedrático de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa cuja alocução teve o título do tema do congresso. De salientar ainda, no programa, a conferência cultural “António Flores: Um ilustre Desconhecido” proferida pelo Prof. Vitor Oliveira, presidente da SPN, na qual se deu a conhecer a figura da maior relevância na neurologia portuguesa que, devido à sua personalidade discreta, caiu num injusto esquecimento. Salientamos ainda a mesa-redonda que reuniu a SPN e a SEN (Sociedade Espanhola de Neurologia) a qual, para além da temática relacionada com o custo dos medicamentos em neurologia, foi uma iniciativa que visou estreitar ainda mais as relações entre as duas sociedades ibéricas. Uma referência especial é devida à participação de quatro neurologistas portuguesas a trabalhar no estrangeiro e que se deslocaram propositadamente, abordando os temas em que desenvolvem a sua investigação.
É de referir que no primeiro dia decorreram, como habitualmente, reuniões de grupo e secções temáticas: neurologia do comportamento, doença de Huntington, cirurgia da epilepsia e de AVC. De particular relevo foi a realização do simpósio de Enfermagem em Neurologia que teve este ano o seu segundo encontro e que teve uma grande participação de profissionais de enfermagem, ultrapassando as 100 presenças. Decorreu ainda a eleição dos corpos sociais da SPN para o próximo triénio tendo sido reeleita a equipa anterior, a única que se apresentou ao escrutínio. Mesmo sendo lista única, a participação de votos sancionou o bom trabalho realizado e a confiança no futuro da SPN. Antevê-se, assim, com expetativa o próximo congresso da SPN que decorrerá igualmente em Lisboa, em novembro, o qual será subordinado ao tema “Avanços em Neurologia”. A par do congresso anual, a SPN realiza o Fórum de Neurologia que tem lugar em maio de cada ano e apresenta uma caráter marcadamente didático dirigido aos médicos internos. As realizações da SPN têm sido coroadas de sucesso a avaliar pela grande adesão e pelas opiniões expressas, quer pelos participantes quer pela colaboração da indústria farmacêutica, a qual, não obstante os constrangimentos atuais, tem apoiado as iniciativas da SPN por verificarem que é nestas reuniões que se chega ao maior número de neurologistas.
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PROF. DOUTOR KNUT LUNDIN
“AS ENTIDADES REGULADORAS EXIGEM QUE O BIOSSIMILAR SEJA CONSTANTEMENTE COMPARADO COM O BIOLÓGICO INOVADOR, PORTANTO, NÃO HÁ MOTIVO PARA NÃO CONFIAR.” Recentemente aprovado pela EMA para o tratamento da doença inflamatória do intestino (DII), o primeiro biossimilar (Inflectra™) do biológico infliximab tem a particularidade de ter sido produzido com base “numa engenharia fantástica” que lhe confere a mesma qualidade, eficácia e segurança do seu originador. Segundo o Prof. Doutor Knut Lundin, “os dois são muito semelhantes e qualquer diferença que possa haver entre ambos não terá relevância clínica”. À margem da reunião do GEDII, no passado mês de janeiro, para a qual foi convidado a abordar este tema, o gastroenterologista norueguês afirmou, em declarações à revista Medico News, que “a entrada de um biossimilar no mercado europeu vai aliviar as contas dos sistemas de saúde e facilitar o acesso dos doentes às terapêuticas biológicas.
MÉDICO NEWS
Médico News - Qual a importância das terapêuticas biológicas no tratamento da doença inflamatória do intestino? Prof. Knut Lundin - Penso que as terapêuticas biológicas revolucionaram todo o tratamento da DII, sobretudo no grupo de doentes graves, em que a doença era causa de grande transtorno, sofrimento e redução da qualidade de vida. Na realidade, dispomos agora de um conjunto de armas terapêuticas que podem ser utilizadas a longo prazo, com um elevado grau de eficácia. No entanto, apesar de alguns médicos e doentes pensarem que estes fármacos são perfeitos, eles não são. Por um motivo muito simples, não são a solução para todos os doentes. MN - Refere-se aos doentes não respondedores às terapêuticas biológicas? KL - Precisamente. Nos doentes que têm uma boa resposta, os agentes biológicos representam o regresso a uma vida normal. Muitos doentes chegam a dizer que quase esquecem que têm DII e que o único aspeto que os faz sentirem-se doentes é a necessidade de fazer medicação. Efetivamente, não estão curados, mas sentem-se livres de doença, de sintomas e conseguem fazer uma vida absolutamente normal. Daí que seja tão frustrante quando um doente
| 77 A PARTIR DO MOMENTO EM QUE É DEMONSTRADA A BIOSSIMILARIDADE DO INFLECTRA™, ASSIM COMO DOS OUTROS BIOSSIMILARES, A PRÓPRIA EMA CONSIDERA QUE OS DADOS PODEM SER EXTRAPOLADOS não responde a estes tratamentos. Portanto, a terapêutica biológica é fantástica quando funciona. O problema é que há uma percentagem significativa de doentes que simplesmente não respondem. MN - Para esses, as soluções continuam a ser os tratamentos mais antigos? KL - Temos sempre a possibilidade de recorrer a outras alternativas, a outras classes de fármacos mais convencionais. Ainda assim, há uma proporção de doentes para os quais não temos muito para oferecer. MN - No futuro, acredita que vai haver uma terapêutica biológica para cada um desses subgrupos de doentes? KL - Penso que o futuro passa muito pelo desenvolvimento de novas classes de fármacos biológicos dirigidos a alvos terapêuticos específicos. Dessa forma, podemos dar resposta a um grupo mais vasto de doentes. Porém, penso que haverá sempre lugar para os tratamentos tradicionais pois haverá sempre uma pequena proporção de doentes não respondedores à terapêutica biológica. Por outro lado, há outros que nem sequer vão precisar dela. Isto é, na população de doentes menos graves, ou seja, aqueles que têm DII, mas que apresentam doença estável, com baixo risco de progressão, não há grandes evidências dos benefícios dos tratamentos biológicos. Esses doentes conseguem manter uma vida normal, sem grande compromisso da qualidade de vida e sem necessidade de recurso a estes medicamentos. A questão que temos vindo a discutir passa exatamente pela seleção do tratamento adequado para o doente certo. MN - Relativamente ao desenvolvimento de novos agentes biológicos dirigidos a novos alvos terapêuticos, na DII tem sido difícil superar a eficácia dos anti-TNF?
KL - De facto, para os doentes com DII grave, tem havido um grande esforço em desenvolver novas moléculas, com mecanismos de ação dirigidos a alvos biológicos específicos desta patologia. Neste momento estão em curso vários ensaios clínicos, no entanto, os resultados parecem não superar aqueles que foram obtidos com os anti-TNF. Nas doenças reumáticas inflamatórias e na psoríase, por exemplo, os resultados têm sido mais promissores e alguns dos novos biológicos demonstraram ser, pelo menos, tão eficazes como os anti-TNF. Contudo, isso não se tem verificado na DII. Isto deixa-nos um pouco desiludidos pois, apesar de aguardarmos com expectativa a chegada de novas alternativas terapêuticas ao mercado, sentimos que ainda existem muitas necessidades por atender e para as quais ainda não temos respostas. MN - Inflectra™ é o primeiro biossimilar aprovado na Europa para o tratamento da DII. O que há de especial em relação a este novo agente? KL - Na qualidade de imunologista penso que o que há de especial com este biossimilar é a engenharia fantástica que tornou possível o seu desenvolvimento. Trata-se de um agente muito semelhante ao infliximab original e, na minha opinião, as pequenas diferenças que possam existir entre o Inflectra™ e o infliximab original não têm qualquer relevância do ponto de vista clínico. Temos de aumentar o nosso conhecimento sobre este biossimilar para ganharmos mais confiança na sua utilização. Para tal, são essenciais os registos que envolvam populações significativas de doentes para confirmarmos se, em termos de eficácia e segurança, há ou não diferenças. No entanto, até agora, não
há qualquer sinal de que os biossimilares não sejam melhores do que os biológicos originais. As entidades reguladoras exigem que as empresas produtoras de biossimilares avaliem com grande rigor todos os pequenos detalhes de produção dos medicamentos e exigem também que o biossimilar seja constantemente comparado com o biológico inovador, portanto, não há motivo para não confiar. MN - O Inflectra™ obteve a aprovação para a DII por extrapolação, pode partilhar connosco os princípios científicos desta extrapolação? KL - O que acontece é que a EMA, Agência Europeia Reguladora do Medicamento, aprovou este biossimilar para a DII com base na extrapolação dos resultados obtidos nos estudos desenvolvidos em doentes com artrite reumatóide. E este tem sido o grande motivo de incertezas e inseguranças por parte dos clínicos. Mais uma vez, volta a questão das eventuais diferenças de eficácia, tendo em conta que a DII não é a artrite reumatoide. Sabemos que a atividade do Inflectra™ é igual em ambas as doenças, contudo, trata-se de patologias diferentes, com mecanismos fisiopatológicos distintos. No entanto, não podemos esquecer que a partir do momento em que é demonstrada a biossimilaridade do Inflectra™, assim como dos outros biossimilares, a própria EMA considera que os dados podem ser extrapolados. Por outro lado, é exigido aos produtores de biossimilares que, ao longo do tempo, sejam desenvolvidos estudos contínuos com vista a re-confirmar a biossimilaridade em relação ao biológico original.
TRATAR MAIS DOENTES SIGNIFICA MELHORAR A NOSSA PRÁTICA MN - Qual pode ser o impacto da introdução dos biossimilares no acesso dos doentes às terapêuticas biológicas? KL - Todos os sistemas de saúde atravessam tempos muito difíceis. Na verdade, sempre soubemos que os recursos são finitos, mas, mais do que nunca, médicos, reguladores, farmacêuticos, a indústria farmacêutica têm de pensar em definir prioridades, em cortar des-pesas sem pôr em causa a qualidade dos cuidados prestados aos doentes. Não podemos fechar os olhos e pensar que esse não é um problema nosso, que caberá a alguém resolvê-lo, mas
não a nós. Todos os doentes merecem o melhor e, na qualidade de clínicos, temos de garantir que cada um dos nossos doentes terá acesso aos tratamentos de que necessita. Penso que a poupança de custos é o aspeto que está na origem do desenvolvimento dos biossimilares que, como sabemos, são mais baratos do que os biológicos inovadores. No entanto, a poupança dá-nos a oportunidade de repensar as nossas atitudes e de melhorar as nossas práticas. E, na minha opinião, tratar mais doentes significa melhorar a nossa prática.
MÉDICO NEWS
iniciarem a terapêutica com Palexia retard. Ajuste e Manutenção: após o início da terapêutica a dose deve ser ajustada individualmente a um nível que permita o controlo analgésico e que minimize os efeitos indesejáveis, sob a adequada supervisão do médico prescritor. A experiência proveniente dos estudos clínicos demonstrou que um esquema de ajuste com aumentos de 50mg de tapentadol, em comprimidos de libertação prolongada, 2 vezes por dia a cada 3 dias, foi apropriado para alcançar um controlo adequado da dor na maioria dos doentes. Para satisfazer as necessidades individuais dos doentes, os comprimidos de libertação prolongada a 25 mg também podem ser utilizados para ajustes posológicos. Doses diárias totais de Palexia retard superiores a 500mg de tapentadol ainda não foram estudadas e não são portanto recomendadas. Suspensão do tratamento: podem ocorrer sintomas de privação após suspensão abrupta do tratamento com tapentadol. Quando um doente já não necessita da terapêutica com tapentadol é aconselhável uma redução gradual da dose para prevenir sintomas de privação. Compromisso Renal: nos doentes com compromisso renal ligeiro a moderado não é necessário um ajuste da dose. Palexia retard não foi estudado em estudos controlados de eficácia em doentes com compromisso renal grave, pelo que não se recomenda o uso nesta população. Compromisso Hepático: nos doentes com compromisso hepático ligeiro não é necessário um ajuste da dose. Palexia retard deve ser administrado com precaução nos doentes com compromisso hepático moderado. Nestes doentes, a terapêutica deve ser iniciada com a dosagem mais baixa disponível i.e. 25 mg ou 50 mg de tapentadol em comprimidos de libertação prolongada e não deve ser administrada com maior frequência do que 1 vez em cada 24 horas. Como terapêutica inicial não se recomenda uma dose diária superior a 50 mg de tapentadol em comprimidos de libertação prolongada. A continuação do tratamento deve refletir a manutenção da analgesia com tolerabilidade aceitável. Palexia retard não foi estudado em doentes com compromisso hepático grave, pelo que não se recomenda a sua administração nesta população. População idosa (pessoas com idade igual ou superior a 65 anos): geralmente, não é necessário um ajuste da dose na população idosa. Contudo, como é mais provável a existência de compromisso renal ou hepático nos idosos, é necessária precaução na seleção da dose, conforme recomendado. Doentes pediátricos: ainda não foi estabelecida a segurança e a eficácia de Palexia retard em crianças e adolescentes com idade inferior a 18 anos. Deste modo, não se recomenda a administração de Palexia retard nesta população. Modo de Administração: Palexia retard deve ser tomado inteiro, sem dividir ou mastigar, para garantir a manutenção do mecanismo de libertação prolongada. Palexia retard deve ser tomado com uma quantidade suficiente de líquido. Palexia retard pode ser tomado com ou sem alimentos. CONTRAINDICAÇÕES: Hipersensibilidade ao tapentadol ou a qualquer um dos excipientes. Situações em que os fármacos com atividade agonista dos recetores opióides μ estão contraindicados, por exemplo: doentes com depressão respiratória significativa (em ambientes sem monitorização clínica ou na ausência de equipamento de ressuscitação) e doentes com asma brônquica aguda ou grave ou com hipercapnia. Qualquer doente que tenha ou em que haja suspeita de íleo paralítico. Doentes com intoxicação aguda por álcool, hipnóticos, analgésicos de ação central ou psicotrópicos. ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES ESPECIAIS DE UTILIZAÇÃO: Potencial de Abuso e Dependência / Síndrome de dependência: Palexia retard tem um potencial de abuso e dependência. Este facto deve ser tido em consideração ao prescrever ou dispensar Palexia retard, em situações em que existe preocupação relativamente a um maior risco de uso indevido, abuso, dependência ou diversão. Todos os doentes a receber tratamento com fármacos com ação agonista sobre os recetores opióides μ devem ser cuidadosamente monitorizados quanto a sinais de abuso e dependência. Depressão respiratória: em doses elevadas ou em doentes sensíveis aos agonistas dos recetores opióides μ, Palexia retard pode causar depressão respiratória dependente da dose. Palexia retard deve ser administrado com precaução nos doentes com compromisso da função respiratória. Em alternativa devem ser considerados analgésicos não agonistas dos recetores opióides μ e Palexia retard só deverá ser administrado sob cuidadosa supervisão médica na dose eficaz mais baixa. Em caso de depressão respiratória esta deve ser tratada como qualquer depressão respiratória induzida por agonistas dos recetores opióides μ. Lesões cerebrais e hipertensão intracraniana: Palexia retard não deve ser administrado em doentes que possam ser especialmente sensíveis aos efeitos intracranianos da retenção de dióxido de carbono, tais como os doentes que apresentam sinais de hipertensão intracraniana, diminuição da consciência, ou coma. Os analgésicos com ação agonista sobre os recetores opióides μ podem mascarar a evolução clínica dos doentes com lesões cerebrais. Palexia retard deve ser administrado com precaução nos doentes com lesões cerebrais e com tumores cerebrais. Convulsões: Palexia retard não foi sistematicamente avaliado nos doentes com antecedentes de convulsões. Este grupo de doentes foi excluído dos ensaios clínicos realizados. No entanto, como outros analgésicos com ação agonista sobre o recetor opióide μ, Palexia retard deve ser prescrito com precaução em doentes com antecedentes de convulsões ou com qualquer situação que os coloque em risco de convulsões. Compromisso Renal: Palexia retard não foi avaliado em estudos controlados de eficácia em doentes com compromisso renal grave, pelo que não se recomenda a sua administração nesta população. Compromisso Hepático: indivíduos com compromisso hepático ligeiro a moderado revelaram um aumento da exposição sistémica de 2 e 4,5 vezes, respetivamente, quando comparados com indivíduos com função hepática normal. Palexia retard deve ser utilizado com precaução nos doentes com compromisso hepático moderado, especialmente no início do tratamento. Palexia retard não foi estudado em doentes com compromisso hepático grave, pelo que a sua administração nesta população não é recomendada. Utilização na Doença Pancreática / do Trato Biliar: os fármacos com ação agonista sobre os recetores opióides μ podem causar espasmo do esfíncter de Oddi. Palexia retard deve ser utilizado com precaução nos doentes com patologias do trato biliar, incluindo pancreatite aguda. Agonistas / antagonistas opióides mistos:Deve ter-se precaução quando se combina Palexia retard com agonistas/antagonistas opióides mistos µ (como a pentazocina, nalbufina) ou com agonistas µ parciais (como a buprenorfina). Nos doentes que tomam buprenorfina para o tratamento da dependência de opióides, se a administração de agonistas totais µ (como o tapentadol) se torna necessário, em situações de dor aguda, devem ser consideradas opções de tratamento alternativas (como por exemplo, interrupção temporária de buprenorfina). Sobre o uso combinado com buprenorfina, foram reportadas necessidades de doses mais elevadas de agonistas totais dos recetores µ e nestas circunstâncias é necessária monitorização rigorosa de acontecimentos adversos, tais como depressão respiratória. Os comprimidos de libertação prolongada de Palexia retard contêm lactose. Os doentes com problemas hereditários raros de intolerância à galactose, deficiência de lactase de Lapp ou mal-absorção de glucose-galactose não devem tomar este medicamento. (Continua na página seguinte). INTERAÇÕES: Medicamentos como benzodiazepinas, barbitúricos e opióides (analgésicos, antitússicos ou tratamentos de substituição) podem aumentar o risco de depressão respiratória se forem tomados em combinação com Palexia retard. Substâncias depressoras do SNC (como benzodiazepinas, antipsicóticos, anti-histamínicos H1, opióides, álcool) podem potenciar o efeito sedativo do tapentadol e reduzir a vigilância. Deste modo, quando está contemplada uma terapia combinada de Palexia com uma substância depressora do Sistema Nervoso Central (SNC) ou da respiração, deve ser considerada a redução da dose de uma ou de ambas as substâncias. Agonistas/ antagonistas opióides mistos: deve ter-se precaução quando se combina Palexia retard com agonistas/ antagonistas opióides µ mistos (como a pentazocina e a nalbufina) ou agonistas µ parciais (como a buprenorfina). Em casos isolados existiram relatos de síndrome serotoninérgico numa relação temporal com a utilização terapêutica de tapentadol em combinação com medicamentos serotoninérgicos como inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS). Sinais do síndrome serotoninérgico são por exemplo confusão, agitação, febre, sudação, ataxia, hiperreflexia, mioclonia e diarreia. A eliminação dos medicamentos serotoninérgicos traduz-se geralmente numa rápida melhoria. O tratamento depende da natureza e gravidade dos sintomas. O principal mecanismo de eliminação do tapentadol faz-se pela conjugação com o ácido glucurónico através da uridina difosfato glucuronil transferase (UGT) principalmente via as isoformas UGT1A6, UGT1A9 e UGT2B7. Assim, a administração concomitante de inibidores potentes destas isoenzimas (como por exemplo, cetoconazol, fluconazol, ácido meclofenâmico) pode levar ao aumento da exposição sistémica de tapentadol. Nos doentes em tratamento com tapentadol recomenda-se precaução quando, concomitantemente, se inicia ou suspende a administração de potentes indutores enzimáticos (como rifampicina, fenobarbital, hipericão (Hypericum perforatum)), uma vez que podem originar uma diminuição da eficácia ou um risco de efeitos adversos, respetivamente. O tratamento com Palexia retard deve ser evitado em doentes que estão a receber inibidores da monoamina oxidase (IMAO), ou que os tenham tomado nos últimos 14 dias, devido a efeitos aditivos potenciais nas concentrações sinápticas de noradrenalina, que podem resultar em acontecimentos adversos cardiovasculares, tais como crise hipertensiva. EFEITOS INDESEJÁVEIS: Muito frequentes: Tonturas, Sonolência, Cefaleias, Náuseas, Obstipação. Frequentes: Diminuição do apetite, Ansiedade, Humor depressivo, Perturbações do sono, Nervosismo, Inquietação, Perturbações na atenção, Tremor, Contrações musculares involuntárias, Rubor, Dispneia, Vómitos, Diarreia, Dispepsia, Prurido, Hiperhidrose, Erupção cutânea, Astenia, Fadiga, Sensação de alteração da temperatura do corpo, Secura das mucosas, Edema. Pouco frequentes: Hipersensibilidade ao medicamento, Diminuição do peso, Desorientação, Confusão, Agitação, Perturbações da perceção, Sonhos estranhos, Humor eufórico, Nível de consciência diminuído, Perturbações na memória, Perturbações mentais, Síncope, Sedação, Perturbações do equilibrio, Disartria, Hipoestesia, Parestesia, Perturbações visuais, Aumento da frequência cardíaca, Diminuição da frequência cardíaca, Palpitações, Diminuição da tensão arterial, Desconforto abdominal, Urticária, Hesitação urinária, Poliaquiúria, Disfunção sexual, Síndrome de privação do fármaco, Perturbações da sensação, Irritabilidade. Raros: Dependência, Perturbações do raciocínio, Convulsões, Pré-síncope, Perturbações da coordenação, Depressão respiratória, Esvaziamento gástrico deficiente, Sensação de embriaguez, Sensação de relaxamento. Após a comercialização foram notificados acontecimentos raros de angioedema, anafilaxia e choque anafilático. O risco de ideação suicida e suicídios cometidos é superior em doentes que sofrem de dor crónica. Adicionalmente, substâncias com uma influência pronunciada no sistema monoaminérgico têm sido associadas a um aumento do risco de suicídios em doentes que sofrem de depressão, especialmente no início do tratamento. Os dados do tapentadol provenientes dos ensaios clínicos e dos relatórios de pós-comercialização não evidenciam um aumento do risco. DATA DA REVISÃO DO TEXTO: setembro de 2013. Medicamento Sujeito a Receita Médica Especial. *Medicamento comparticipado pelo escalão C. Ao abrigo do despacho 10279/2008 de 8 de Abril (dor oncológica) ou do despacho 10280/2008 de 8 de Abril (dor crónica não oncológica), comparticipação regime geral 90%, regime especial 95%*. Grünenthal, S.A. - R. Alfredo da Silva, 16 - 2610-016 Amadora. Para mais informações deverá contactar o titular da autorização de introdução no mercado. Referências: 1. Blasco A, Berzosa M, Iranzo V, Camps C. Update in cancer pain. Cancer Chemother Rev 2009; 4 (2): 95-109. 2. Kress HG. Tapentadol and its two mechanisms of action: Is there a new pharmacological class of centrally acting analgesics on the horizon? Eur J Pain 2010; 14(8):781-783. 3. Tzschentke T, Jahnel U, Kogel B, Christoph T, Englberger W, De Vry J, et al. Tapentadol hydrochloride: A next generation, centrally acting analgesic with two mechanisms of action in a single molecule. Drugs Today 2009; 45 (7): 483-496. 4. Schröder W, Tzschentke TM, Terlinden R, De Vry J, Jahnel U, Christoph T, et al. Synergistic interaction between the two mechanisms of action of tapentadol in analgesia. J Pharmacol Exp Ther 2011; 337 (1): 312-320. 5. Buynak R, Shapiro DY, Okamoto A, Van Hove I, Rauschkolb C, Steup A, et al. Efficacy and safety of tapentadol extended release for the management of chronic low back pain: Results of a prospective, randomized, double-blind, placebo-and active-controlled Phase 3 study. Expert Opin Pharmacother 2010; 11(11): 1787-1804.
Grünenthal S.A. Rua Alfredo da Silva, 16, 2610-016 Amadora Telefone: 00351 214 72 63 00 · Fax: 00351 214 71 09 10 NC 500 101 965 · Soc. Anónima, Cap. Social 1.685.000€
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HIPERTENSÃO ARTERIAL E INSUFICIÊNCIA CARDÍACA EM DISCUSSÃO
PROF. DOUTOR LUIZ MENEZES FALCÃO Coordenador do Simpósio Cardiologista Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, Hospital Universitário de Santa Maria
Vai realizar-se na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, no próximo dia 11 de abril, um Simpósio subordinado ao tema “Hipertensão arterial e insuficiência cardíaca - Estado da arte em 2014”. A reunião tem por público-alvo internos e especialistas de Cardiologia, Medicina Interna e Pneumologia, mas está aberta a todos os médicos de qualquer formação, outros profissionais de saúde e alunos de Medicina. As doenças cardiovasculares são a principal causa de mortalidade em Portugal e a hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco. A insuficiência cardíaca representa hoje um grave problema de saúde pública com importância epidemiológica crescente. É indispensável que haja uma atualização permanente dos profissionais aos diversos níveis e que se reflita sobre a melhor forma de prestar assistência aos doentes com insuficiência cardíaca. As unidades de insuficiência cardíaca, vocacionadas para a assistência especializada a este tipo de doentes numa perspetiva de cobrir o espetro que vai do apoio domiciliário, às consultas em regime ambulatório, com suporte de hospital de dia e à insuficiência cardíaca avançada, têm
como propósito oferecer a estes doentes uma atenção muito personalizada e altamente especializada. A experiência já disponível possibilita uma abordagem com boa relação custo-eficácia e com aumento da qualidade de vida dos doentes abrangidos. O programa que a seguir se apresenta tem como preocupação abordar temas fundamentais que irão ao encontro das necessidades de muitos dos profissionais desta área.
A REUNIÃO TEM POR PÚBLICO-ALVO INTERNOS E ESPECIALISTAS DE CARDIOLOGIA, MEDICINA INTERNA E PNEUMOLOGIA, MAS ESTÁ ABERTA A TODOS OS MÉDICOS DE QUALQUER FORMAÇÃO, OUTROS PROFISSIONAIS DE SAÚDE E ALUNOS DE MEDICINA
EM REVISTA MANUAL DE ANESTESIOLOGIA A Lidel acaba de lançar o Manual de Anestesiologia,
cação de risco clínico que, com base numa forte
elaborado por um conjunto de autores amplamente
componente de saberes decorrente das ciências
credenciados nas suas respetivas especialidades,
básicas, permite que a grande maioria dos doentes
sob a coordenação do Dr. Humberto Machado, Di-
consiga ultrapassar estas fases mais complexas
retor do Serviço de Anestesiologia do Centro Hos-
do tratamento das suas doenças.
pitalar do Porto.
Face a esta realidade, este manual inclui um con-
A crescente gravidade dos doentes propostos para
junto de capítulos especialmente construídos com
cirurgia ou para intervenções médicas de cará-
vista a abordar conceitos fundamentais da Ana-
ter invasivo, a sua idade cada vez mais avançada
tomia e da Fisiologia, assim como dos aspetos
e a maior complexidade das técnicas cirúrgicas
clínicos da utilização de fármacos, passando pela
exigem um conjunto de competências ao médico
avaliação do doente com determinada patologia e
anestesiologista, nomeadamente a clara estratifi-
pelas propostas anestésicas mais consensuais.
MÉDICO NEWS
O PRIMEIRO INIBIDOR DA INTEGRASE APROVADO
NÃO POTENCIADO
Models
Nome do medicamento: ISENTRESS. Forma farmacêutica e composição: comprimidos com 25 mg ou 100 mg (mastigáveis) ou 400 mg de raltegravir, um inibidor da transferência da cadeia da integrase, ativo contra o vírus da imunodeficiência humana (VIH-1). Indicações terapêuticas: ISENTRESS é indicado em associação com outros medicamentos antirretrovíricos para o tratamento da infecção pelo VIH-1 em doentes adultos, adolescentes e crianças a partir dos 2 anos de idade. Posologia e modo de administração: 400 mg, via oral, 2 vezes dia, com ou sem alimentos. Dose máxima recomendada para crianças com idade entre os 2-11 anos de 300 mg, 2 vezes dia. Contraindicações, Advertências e precauções especiais de utilização: hipersensibilidade à substância ativa ou a qualquer um dos excipientes. ISENTRESS contém lactose. Sempre que possível, ISENTRESS deve ser administrado com duas outras terapêuticas antivíricas (TAR) ativas para minimizar o potencial para uma falência virológica e o desenvolvimento de resistência. Recomenda-se precaução em doentes com história de depressão pré-existente ou doença psiquiátrica, com risco acrescido ou história prévia de miopatia ou rabdomiólise e com doença hepática grave. Não é recomendada a coadministração com antiácidos que contenham alumínio e/ou magnésio. Efeitos indesejáveis: As reacções adversas frequentemente notificadas (≥1%) incluíram apetite diminuído; sonhos anormais, insónia, pesadelos, comportamento anormal, depressão; tonturas, cefaleias, hiperactividade psicomotora, vertigens; distensão abdominal, dor abdominal, diarreia, flatulência, náuseas, vómitos, dispepsia; erupção cutânea; astenia, fadiga, pirexia; aumento da ALT e da AST, linfócitos atípicos, aumento dos triglicéridos séricos, da lipase e da amilase pancreática no sangue. Foram notificados cancros em doentes sujeitos a tratamento prévio e em doentes sem tratamento prévio que iniciaram a terapêutica com ISENTRESS em combinação com outros medicamentos antirretrovíricos. Os tipos e taxas de cancros específicos foram os esperados numa população com elevada imunodeficiência. Foram observadas anomalias laboratoriais de Grau 2-4 na creatinaquinase em indivíduos tratados com ISENTRESS. Foram notificados casos de osteonecrose, particularmente em doentes com fatores de risco reconhecidos, doença avançada por VIH ou exposição a longo prazo a terapêutica antirretrovírica combinada (TARC). Foi notificada depressão, incluindo ideação e comportamentos suicidas, particularmente em doentes com história de depressão pré-existente ou doença psiquiátrica. O perfil de segurança do ISENTRESS em doentes com coinfecção com vírus de hepatite B e/ou hepatite C foi semelhante ao dos doentes sem coinfecção com vírus de hepatite B e/ou hepatite C, embora as taxas de anomalias do AST e ALT tenham sido ligeiramente superiores no subgrupo com coinfecção com vírus de hepatite B e/ou hepatite C para ambos os grupos de tratamento. Interações medicamentosas e outras formas de interação: Os estudos in vitro indicam que o raltegravir não é um substrato das enzimas do citocromo P450 (CYP), não inibe o CYP1A2, CYP2B6, CYP2C8, CYP2C9, CYP2C19, CYP2D6 ou CYP3A, não induz o CYP3A4 e não inibe o transporte mediado pela glicoproteína-P. Com base em estudos in vitro e in vivo, o raltegravir é eliminado principalmente pela metabolização através da via de glucuronidação mediada pela UGT1A1. Embora os estudos in vitro indiquem que o raltegravir não é um inibidor das UDP-glucuronosiltransferases (UGTs) 1A1 e 2B7, um estudo clínico sugeriu que pode ocorrer alguma inibição da UGT1A1 in vivo, com base nos efeitos observados na glucuronidação da bilirrubina. Todavia, a magnitude do efeito sugere ser pouco provável que resulte numa interação medicamentosa clinicamente importante. A rifampicina reduz os níveis plasmáticos de raltegravir; desconhece-se o impacto na eficácia do raltegravir. No entanto, se a coadministração com rifampicina não puder ser evitada, pode considerar-se uma duplicação da dose de ISENTRESS. IECRCM 2013.07.25 Medicamento de receita médica restrita, de utilização reservada a certos meios especializados. Para mais informações, consulte o titular da AIM.
Merck Sharp & Dohme, Lda. NIPC 500 191 360 www.msd.pt www.univadis.pt Tlf: 21 446 57 00 Quinta da Fonte, 19 - Edifício Vasco da Gama, 2770-192 Paço de Arcos Copyright © 2013 Merck Sharp & Dohme Corp., a subsidiary of Merck & Co., Inc., Whitehouse Station, NJ, U.S.A. Todos os direitos reservados. INFC-1076172-0000
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| MÉDICO NEWS - Quando foi criado este programa nacional para a infeção VIH/SIDA e em que consiste? António Diniz - Este programa foi criado em 2012 e estará em vigor até 2016. As metas definidas são a redução, entre 2012 e 2016, do número de novos casos de infeção por VIH em 25 por cento, a diminuição de novos casos de SIDA em 50 por cento, a descida do número de mortes associadas à SIDA em 50 por cento, a eliminação da infeção por VIH de mãe para filho (recém-nascido), o aumento da taxa de utilização do preservativo em relações ocasionais para 94 por cento e a descida de 65 para 35 por cento do diagnóstico por vírus de infeção por VIH. Para além da definição das metas, o programa contempla todo um conjunto de passos necessários à obtenção dos objetivos, sendo um dos aspetos centrais o combate à discriminação dos doentes infetados por VIH. Paralelamente, pretende-se diminuir a infeção e a vulnerabilidade à mesma, minimizando o impacto da epidemia. Neste âmbito, priorizaram-se algumas áreas de intervenção que têm como pontos comuns a prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento. Ao nível da prevenção, por exemplo, é necessário dar enfoque às populações particularmente vulneráveis à doença. São os casos de homens que mantêm sexo com homens, trabalhadores do sexo, reclusos, imigrantes e utilizadores de drogas intravenosas, entre outros. É também importante, ainda que numa escala diferente, a inserção quer no movimento internacional de combate ao VIH, quer na área de investigação.
ENTREVISTA AO DR. ANTÓNIO DINIZ
PREVENÇÃO, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO O programa para a infeção VIH/SIDA criado em 2012, encontra-se em vigor até 2016, e, para além do enquadramento da infeção por VIH em Portugal, define um conjunto de objetivos e de ações necessários para alcançar metas, afirma o diretor do programa nacional para a infeção VIH/SIDA, Dr. António Diniz.
MÉDICO NEWS | ESPECIAL
MN - Qual o caminho já percorrido no que se refere a esta doença? AD - No que respeita à área do conhecimento, encontramo-nos numa fase muito adiantada de implementação do programa informático que permite gerir a contratualização entre os hospitais e o Ministério da Saúde, mas também efetuar o seguimento dos doentes infetados e a respetiva monitorização do ponto de vista epidemiológico e clínico. Ao nível da prevenção, destaca-se o reforço do programa de distribuição gratuita de preservativos, sendo que outra das medidas adotadas consiste na reformulação do modelo do programa de troca de seringas. No que respeita ao diagnóstico precoce, atualmente os centros de saúde do país já começaram a utilizar testes rápidos de diagnóstico.
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A redefinir o tratamento do VIH2
Janssen-Cilag Farmacêutica, Lda. Estrada Consiglieri Pedroso, 69A, Queluz de Baixo 2734-503 Barcarena | Portugal Sociedade por quotas | Matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Oeiras, sob o n.º 10576 | Capital Social 2.693.508.64 euros | N.º Contribuinte 500 189 412 | PHPT/PRE/0413/0001
RCM RESUMIDO PREZISTA® 400 mg comprimidos revestidos por película. Composição: Cada comprimido contém 400 mg de darunavir. Excipiente: Cada comprimido contém 0,834 mg do corante amarelo sunset FCF (E110). Forma Farmacêutica: Comprimido revestido por película. Comprimido de forma oval, cor de laranja claro, com inscrição “400 MG” numa das faces e “TMC” na face oposta. Indicações terapêuticas: PREZISTA® 400 mg coadministrado com uma dose baixa de ritonavir é indicado, em associação com outros medicamentos antirretrovirais, no tratamento de doentes com infeção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH-1). Pode ser usado para obter regimes de dose adequados nas seguintes situações: tratamento da infeção pelo VIH-1 em doentes adultos sem terapêutica antirretroviral (TAR) prévia; tratamento da infeção pelo VIH1 em doentes adultos previamente submetidos a TAR, que não tenham desenvolvido mutações associadas à resistência ao darunavir (DRV-MARs) e que apresentem valores plasmáticos de ARN do VIH-1 < 100.000 cópias/ml e número de células CD4+ ≥ 100 células x 106/l. Quando se decide iniciar o tratamento com PREZISTA® nos adultos previamente submetidos a TAR, o teste de genotipagem deve orientar a utilização de PREZISTA®. Posologia: Doentes adultos sem TAR prévia: A dose recomendada de PREZISTA® é de 800 mg, uma vez por dia, administrados com ritonavir 100 mg uma vez por dia, tomado com alimentos. PREZISTA® 400 mg comprimidos pode ser utilizado para obter um regime de 800 mg, uma vez por dia. Doentes adultos previamente submetidos a TAR: Os regimes de dose recomendados são os seguintes: nos doentes previamente submetidos a TAR, que não tenham desenvolvido mutações associadas à resistência ao darunavir (DRV-MARs) e que apresentem valores plasmáticos de ARN do VIH 1 < 100.000 cópias/ml e número de células CD4+ ≥ 100 células x 106/l, pode ser utilizado um regime de dose de 800 mg, uma vez por dia, administrado com ritonavir 100 mg, uma vez por dia e com alimentos; em todos os outros doentes previamente submetidos a TAR ou no caso do teste de genotipagem do VIH-1 não estar disponível, o regime de dose recomendado é 600 mg, duas vezes por dia, tomado com ritonavir 100 mg, duas vezes por dia e com alimentos. Consultar o RCM completo. Aconselhamento relativo à omissão de doses: Se uma dose diária de 800/100 mg de PREZISTA®/ritonavir é omitida durante 12 horas após a hora em que habitualmente é tomado, deve recomendar-se ao doente que tome a dose prescrita de PREZISTA® e ritonavir, com alimentos, assim que for possível. Se é verificado que o doente não tomou a dose habitual passadas mais do que 12 horas sobre a hora recomendada da toma, o doente não deve tomar a dose omissa, e deve prosseguir com o esquema posológico inicial. Esta recomendação baseia-se na semivida de 15 horas de darunavir na presença de ritonavir e no intervalo de administração recomendado de aproximadamente 24 horas. Populações especiais: Idosos: A informação disponível é limitada e portanto deve ser utilizado com precaução. Compromisso hepático: Não é necessário efetuar ajuste na posologia em doentes com compromisso hepático ligeiro ou moderado, no entanto deve ser utilizado com precaução nestes doentes. Não deve ser utilizado em doentes com compromisso hepático grave. Compromisso renal: Não é necessário ajuste posológico. População pediátrica: Para recomendações de dosagem em crianças e adolescentes sem experiência prévia de TAR consultar o RCM completo. A segurança e a eficácia de PREZISTA® com uma dose baixa de ritonavir em crianças sem TAR prévia não foram estabelecidas. PREZISTA® 600 mg comprimidos revestidos por película. Composição: Cada comprimido contém 600 mg de darunavir. Excipiente: Cada comprimido contém 2,750 mg do corante amarelo sunset FCF (E110). Forma Farmacêutica: Comprimido revestido por película. Comprimido de forma oval, cor de laranja, com inscrição “600 MG” numa das faces e “TMC” na face oposta. Indicações terapêuticas: PREZISTA® 600 mg coadministrado com dose baixa de ritonavir é indicado, em associação com outros medicamentos antirretrovirais, no tratamento de doentes com infeção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH1). PREZISTA® 600 mg comprimidos pode ser usado para obter regimes de dose adequados nas seguintes situações: tratamento da infeção pelo VIH-1 em doentes adultos previamente submetidos a terapêutica antirretroviral (TAR), incluindo aqueles com experiência terapêutica extensa; tratamento da infeção pelo VIH1 em doentes pediátricos a partir dos 3 anos de idade e com, pelo menos, 15 kg de peso corporal previamente submetidos a TAR. Posologia: Doentes adultos previamente submetidos a TAR: a dose recomendada de PREZISTA® é de 600 mg, duas vezes por dia, administrada com ritonavir 100 mg, duas vezes por dia, com alimentos. Para adultos previamente submetidos a TAR, que não tenham desenvolvido mutações associadas a resistência ao darunavir (DRV-MARs) e que apresentem valores plasmáticos de ARN do VIH-1 < 100.000 cópias/ml e número de células CD4+ ≥ 100 células x 106/l, pode ser utilizado um regime de dose de 800 mg, uma vez por dia, administrado com ritonavir 100 mg, uma vez por dia, tomado com alimentos (consultar o RCM completo). Doentes adultos sem TAR prévia: Para recomendação de doses em doentes sem TAR prévia consultar o RCM completo. Doentes pediátricos submetidos previamente a TAR (idade dos 3 aos 17 anos e com pelo menos 40 kg de peso corporal): A dose recomendada de PREZISTA® com uma dose baixa de ritonavir para doentes pediátricos é baseado no peso corporal e não deverá ser superior à dose recomendada no adulto (600/100 mg, duas vezes por dia). A dose de adulto de PREZISTA®/ritonavir (600 mg/100 mg, duas vezes por dia) pode ser utilizada em doentes pediátricos com peso corporal igual ou superior a 40 kg. Aconselhamento relativo à omissão de doses: No caso de uma dose de PREZISTA® e/ou ritonavir ter sido omitida durante 6 horas após a hora em que habitualmente é tomada, deve recomendar-se ao doente que tome a dose prescrita de PREZISTA® e ritonavir, com alimentos, assim que for possível. Se foi verificado que o doente não tomou a dose habitual após 6 horas sobre a hora recomendada da toma, o doente não deve tomar a dose omissa, e deve prosseguir com o esquema posológico inicial. Esta recomendação baseia-se na semivida de 15 horas de darunavir na presença de ritonavir e no intervalo de administração recomendado de aproximadamente 12 horas. Populações especiais: Idosos: A informação disponível é limitada e portanto deve ser utilizado com precaução. Compromisso hepático: Não é necessário efetuar ajuste na posologia em doentes com compromisso hepático ligeiro ou moderado, no entanto deve ser utilizado com precaução nestes doentes. Não deve ser utilizado em doentes com compromisso hepático grave. Compromisso renal: Não é necessário ajuste posológico. Crianças submetidas previamente a TAR com menos de 3 anos de idade ou com menos de 15 kg e peso corporal e doentes pediátricos sem TAR prévia: A segurança e a eficácia de PREZISTA® com uma dose baixa de ritonavir em crianças sem TAR prévia não foram estabelecidas. PREZISTA®/rtv não deve ser utilizado em doentes pediátricos com idade inferior a 3 anos ou com peso corporal inferior a 15 kg. PREZISTA® 800 mg comprimidos revestidos por película. Composição: Cada comprimido revestido por película contém 800 mg de darunavir (sob a forma de etanolato). Forma Farmacêutica: Comprimido revestido por película. Comprimido de forma oval, vermelho escuro, com 20,0 mm, com a inscrição “800” numa das faces e “T” na face oposta. Indicações terapêuticas: PREZISTA® 800 mg coadministrado com uma dose baixa de ritonavir é indicado, em associação com outros medicamentos antirretrovirais, no tratamento de doentes com infeção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH-1). Pode ser usado para obter regimes de dose adequados nas seguintes situações: tratamento da infeção pelo VIH-1 em doentes adultos sem terapêutica antirretroviral (TAR) prévia; tratamento da infeção pelo VIH-1 em doentes adultos previamente submetidos a TAR, que não tenham desenvolvido mutações associadas à resistência ao darunavir (DRV-MARs) e que apresentem valores plasmáticos de ARN do VIH-1 < 100.000 cópias/ml e número de células CD4+ ≥ 100 células x 106/l. Quando se decide iniciar o tratamento com PREZISTA® nos adultos previamente submetidos a TAR, o teste de genotipagem deve orientar a utilização de PREZISTA®. Posologia: Doentes adultos sem TAR prévia: A dose recomendada de PREZISTA® é de 800 mg, uma vez por dia, administrados com ritonavir 100 mg uma
A redefinir o tratamento do VIH2
vez por dia, tomado com alimentos. PREZISTA® 800 mg comprimidos pode ser utilizado para obter um regime de 800 mg, uma vez por dia. Doentes adultos previamente submetidos a TAR: Os regimes de dose recomendados são os seguintes: nos doentes previamente submetidos a TAR, que não tenham desenvolvido mutações associadas à resistência ao darunavir (DRV-MARs) e que apresentem valores plasmáticos de ARN do VIH-1 < 100.000 cópias/ml e número de células CD4+ ≥ 100 células x 106/l, pode ser utilizado um regime de dose de 800 mg, uma vez por dia, administrado com ritonavir 100 mg, uma vez por dia e com alimentos; PREZISTA® 800 mg comprimidos pode ser utilizado para obter um regime de 800 mg, uma vez por dia; em todos os outros doentes previamente submetidos a TAR ou no caso do teste de genotipagem do VIH-1 não estar disponível, o regime de dose recomendado é 600 mg, duas vezes por dia, tomado com ritonavir 100 mg, duas vezes por dia e com alimentos. Consultar o RCM completo. Aconselhamento relativo à omissão de doses: Se uma dose diária de 800/100 mg de PREZISTA®/ritonavir é omitida durante 12 horas após a hora em que habitualmente é tomado, deve recomendar-se ao doente que tome a dose prescrita de PREZISTA® e ritonavir, com alimentos, assim que for possível. Se é verificado que o doente não tomou a dose habitual passadas mais do que 12 horas sobre a hora recomendada da toma, o doente não deve tomar a dose omissa, e deve prosseguir com o esquema posológico inicial. Esta recomendação baseia-se na semivida de 15 horas de darunavir na presença de ritonavir e no intervalo de administração recomendado de aproximadamente 24 horas. Populações especiais: Idosos: A informação disponível é limitada e portanto deve ser utilizado com precaução. Compromisso hepático: Não é necessário efetuar ajuste na posologia em doentes com compromisso hepático ligeiro ou moderado, no entanto deve ser utilizado com precaução nestes doentes. Não deve ser utilizado em doentes com compromisso hepático grave. Compromisso renal: Não é necessário ajuste posológico. População pediátrica: Para recomendações de dosagem em crianças e adolescentes sem experiência prévia de TAR consultar o RCM completo. A segurança e a eficácia de PREZISTA® com uma dose baixa de ritonavir em crianças sem TAR prévia não foram estabelecidas. Modo de administração: Os doentes devem ser instruídos a tomar PREZISTA® com uma dose baixa de ritonavir até 30 minutos após terem terminado a refeição. O tipo de alimentos não afeta a exposição a darunavir. Contraindicações: Hipersensibilidade à substância ativa ou a qualquer um dos excipientes. Compromisso hepático grave. Administração concomitante da associação terapêutica rifampicina e PREZISTA® com uma dose baixa de ritonavir, com o medicamento de associação lopinavir/ritonavir, com produtos contendo hipericão e com substâncias ativas cuja depuração está altamente dependente do CYP3A, tais como: antiarrítmicos (amiodarona, bepridilo, quinidina, lidocaína sistémica), alfuzosina, antihistamínicos (astemizol, terfenadina), alcaloides da ergotamina (nomeadamente, di-hidroergotamina, ergonovina, ergotamina, metilergonovina), agentes da motilidade gastroentestinal (cisaprida), neurolépticos (pimozida, sertindol), sedativos/hipnóticos [triazolam, midazolam administrado por via oral, sildenafil (quando utilizado no tratamento da hipertensão arterial pulmonar) e inibidores da reductase 3hidroxi3-metilglutaril-CoA (HMGCoA) (sinvastatina e lovastatina). Efeitos indesejáveis: Muito frequentes (≥ 1/10): diarreia. Frequentes (≥ 1/100 a < 1/10): lipodistrofia (incluindo lipohipertrofia, lipodistrofia, lipoatrofia), hipertrigliceridemia, hipercolesterolemia, hiperlipidemia, insónias, cefaleias, neuropatia periférica, tonturas, vómitos, náuseas, dor abdominal, aumento da amilase sanguínea, dispepsia, distensão abdominal, flatulência, aumento da alanina aminotransferase, aumento da aspartato aminotransferase, erupção cutânea (incluindo erupção cutânea macular, maculopapular, papular, eritematosa e pruriginosa), prurido, astenia, fadiga. Pouco frequentes (≥ 1/1.000 a < 1/100): herpes simplex, trombocitopenia, neutropenia, anemia, aumento do número de eosinófilos, leucopenia, síndrome de reativação imunológica, hipersensibilidade (ao fármaco), hipotiroidismo, aumento dos níveis sanguíneos da hormona estimuladora da tiroide, diabetes mellitus, gota, anorexia, diminuição do apetite, perda de peso, aumento de peso, hiperglicemia, resistência à insulina, diminuição da lipoproteína de densidade elevada, aumento do apetite, polidipsia, aumento dos níveis sanguíneos da desidrogenase láctica, depressão, estado confusional, desorientação, ansiedade, alteração do humor, alterações do sono, sonhos anormais, pesadelos, diminuição da líbido, agitação, síncope, convulsões, letargia, parestesia, hipoestesia, ageusia, disgeusia, perturbação da atenção, falta de memória, sonolência, perturbação do ritmo de sono, perturbação visual, hiperemia conjuntival, olho seco, vertigens, enfarte agudo do miocárdio, enfarte do mioárdio, angina de peito, prolongamento do intervalo QT, bradicardia sinusal, taquicardia, palpitações, hipertensão, rubor, dispneia, tosse, epistaxis, rinorreia, irritação na garganta, pancreatite, gastrite, doença do refluxo gastroesofágico, estomatite aftosa, estomatite, ânsia de vomitar, hematémese, boca seca, desconforto abdominal, obstipação, aumento da lipase, eructação, disestesia oral, queilite, lábio seco, língua saburrosa, hepatite, hepatite citolítica, esteatose hepática, hepatomegalia, aumento das transaminases, aumento dos níveis sanguíneos da bilirrubina, aumento dos niveis sanguineos da fosfatase alcalina, aumento da gama-glutamiltransferase, angioedema, erupção cutânea generalizada, dermatite alérgica, urticária, dermatite, eczema, eritema, hiperhidrose, sudorese noturna, alopécia, acne, dermatite seborreica, lesão da pele, xeroderma, pele seca, pigmentação ungueal, mialgia, osteonecrose, espasmos musculares, fraqueza muscular, rigidez musculosquelética, artrite, artralgia, rigidez nas articulações, dor nas extremidades, osteoporose, aumento da creatinafosfoquinase sanguínea, insuficiência renal aguda, insuficiência renal, nefrolitíase, aumento da creatinina sanguínea, diminuição da depuração renal da creatinina, proteinúria, bilirrubinúria, disúria, noctúria, polaquiúria, disfunção eréctil, ginecomastia, pirexia, dor no peito, edema periférico, mal-estar, arrepios, sensação anormal, sentir-se quente, irritabilidade, dor, xerose. Raros (≥ 1/10.000 a < 1/1.000): eritema multiforme, síndrome de Steven-Johnson. Desconhecidos (frequência não pode ser determinada a partir dos dados disponíveis): necrólise epidérmica tóxica, pustulose exantematosa aguda generalizada. Descrição de reações adversas selecionadas: Erupção cutânea: Em ensaios clínicos, os casos de erupção cutânea foram maioritariamente ligeiros a moderados, ocorrendo frequentemente ao longo das primeiras quatro semanas de tratamento e resolvendo-se com a continuação do tratamento. Lipodistrofia: A terapêutica antirretroviral combinada tem sido associada a redistribuição da gordura corporal (lipodistrofia) em doentes infetados pelo VIH e a alterações metabólicas, nomeadamente hipertrigliceridemia, hipercolesterolemia, resistência à insulina, hiperglicemia e hiperlactatemia. Alterações musculoesqueléticas: Têm sido referidos casos de aumento dos níveis de creatinina-fosfoquinase (CPK), mialgia, miosite e raramente rabdomiólise. Sangramento em doentes hemofílicos: Têm sido notificados casos de aumento espontâneo de hemorragias, em doentes hemofílicos, que tomam antirretrovirais. Doentes coinfectados pelo vírus da hepatite B e/ou hepatite C: Doentes coinfectados têm maior probabilidade de ter elevação das transaminases hepáticas, quer no início, quer durante o tratamento, do que os doentes sem hepatite viral crónica. Titular da autorização de introdução no mercado JANSSEN-CILAG INTERNATIONAL NV, Turnhoutseweg, 30, B-2340 Beerse, Bélgica. Para mais informações deverá contactar o representante local: Janssen-Cilag Farmacêutica, Lda., Estrada Consiglieri Pedroso 69A – Queluz de Baixo - 2734-503 Barcarena. Medicamento Sujeito a Receita Médica Restrita de utilização reservada a certos meios especializados. Deverá consultar o RCM completo antes de iniciar o tratamento. As informações apresentadas não dispensam a consulta do RCM completo. RCM resumido de PREZISTA®, Versão 12. Referências: 1. Disponível em: www.infarmed.pt 2. RCM PREZISTA®. [Online].; 04/2013 [Disponível em: www.ema.europa.eu/.].
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IDEIAS A TER EM CONTA • Entre 1983 e 2013 foram notificadas oficialmente como portadoras da infeção VIH/FN em Portugal cerca de 43 mil pessoas. • O diagnóstico tardio atinge entre 60 e 65 por cento dos casos e deve-se, em boa parte, ao estigma e discriminação. • A forma mais prática e mais barata de impedir a transmissão da doença, nomeadamente por via sexual, é através da utilização do preservativo.
MENSAGEM CHAVE • Sendo uma doença crónica, é preferível não estar infetado (prevenção). • Se se está infetado, o pior é não saber • Hoje é possível controlar a doença, mesmo não havendo cura. • Os doentes têm uma qualidade e uma esperança de vida superiores. Isto implica, no entanto, terapêutica permanente. • Maior esforço na prevenção e no diagnóstico precoce. • As pessoas que estão sob tratamento eficaz, transmitem a doença muito menos do que outras que não estão controladas.
DECRÉSCIMO DE CASOS E DE MORTES Questionado sobre o que tem sido feito nos últimos 30 anos em termos de infeção VIH/SIDA, António Diniz reconhece uma evolução positiva. “A infeção por VIH teve o pico no início deste século e, nos últimos anos, tem havido menos casos diagnosticados e menos mortes, assim como casos de SIDA”, afirma. No entanto, prossegue, o decréscimo é lento quando comparado com os países da União Europeia, pelo que há que acelerar esse mesmo decréscimo. A maior lentidão, disse, deve-se, em parte, ao facto de não se ter conseguido ainda implementar de forma cabal as medidas que estavam programadas.
Paralelamente, encontra-se em fase de elaboração uma proposta de modelo de rede de referenciação hospitalar, a que se somam várias orientações técnicas sob a forma de normas de orientação clínicas, ou de recomendações para seguimento dos doentes infetados por VIH. FN - E o que falta ainda percorrer? AD - Falta, antes de mais, consolidar e alargar as atividades que foram iniciadas em 2013. O programa de troca de seringas deve desenvolver-se e seguir o seu percurso normal. O diagnóstico precoce deverá ser integrado nos cuidados de saúde primários e estes têm que ser reforçados. Para além disto, falta implementar a rede de referenciação hospitalar, que está a dar os primeiros passos. Resumindo, o que falta é reforçar, desenvolver e monitorizar. FN - Estamos ou não perto da cura? AD - Estamos, seguramente, mais perto da cura. Contudo, é impossível apontar o número de anos que falta até lá chegarmos. Para já, o mais importante é focar a nossa atenção na prevenção primária, no diagnóstico precoce e no acesso e adesão a um tratamento de qualidade. MÉDICO NEWS | ESPECIAL
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E DAQUI A 30 ANOS? No âmbito do 30.º aniversário da identificação do peimeiro doente com sida em portugal, perguntámos a alguns dos maiores especialistas portugueses na
matéria o que perspetivam para os próximos 30 anos e se a cura será um cenário provável. eis as suas opiniões:
DR. JOSÉ VERA Medicina Interna e Coordenação da Unidade VIH/SIDA do Hospital de Cascais
PROF.ª DOUTORA EMÍLIA VALADAS Regente da Disciplina de Doenças Infeciosas e Infeciologista no Serviço de Doenças Infeciosas, HSM/CHLN
DR.ª TERESA BRANCO Internista do Serviço de Infeciologia do Hospital Professor Fernando Fonseca
UMA GUERRA PARA GANHAR, BATALHA A BATALHA
PERSISTÊNCIA DE VIH E NECESSIDADE DE CURA
UNIÃO DE RECURSOS PARA PROMOVER RESULTADOS
Comemoramos agora os 30 anos de luta contra uma infeção que abalou profundamente algumas ideias e hábitos estabelecidos, que tínhamos por certos. Falar de cura, qualquer que ela seja, significaria ganhar esta guerra. Não sei se a conseguiremos atingir tão cedo quanto gostaríamos. Mas gosto de pensar que talvez esteja ali, no fim da rua, ao virar da esquina. Ganhámos já algumas batalhas importantes, como a da eficácia do tratamento. Outras batalhas estão em curso, como as do diagnóstico das infeções ainda desconhecidas, da redução do número de novas infeções ou da luta contra a discriminação. São batalhas fundamentais para que possamos chegar ali, ao fim da rua e virar a esquina.
Em muitas regiões do Mundo, o sucesso da terapêutica antirretroviral (TAR) fez com que a infeção por VIH passasse a ser uma doença crónica. No entanto, a TAR é incapaz de eliminar o vírus que persiste em reservatórios. Uma abordagem seria a reativação de linfócitos T que albergam vírus dormentes e que seriam destruídos pela TAR eficaz. As vacinas testadas não têm sido suficientemente eficazes e, outras estratégias, baseiam-se no uso de TAR no início da infeção para impedir a constituição de reservatórios de vírus (criança do Mississippi). O “doente de Berlim” também veio demonstrar que a cura da infeção por VIH é possível. Os avanços nos últimos anos permitiram compreender melhor a infeção por VIH, a dimensão e a importância do reservatório de vírus e os mecanismos de latência. É provável que, durante os próximos anos, se consiga mudar radicalmente a epidemia VIH.
A cura da infeção pelo VIH parece, agora, uma possibilidade mais próxima, refletida em múltiplas sessões de conferências médicas e notícias na imprensa generalista. Este movimento, que se segue a vários casos de cura funcional que sugerem abordagens diferentes ao processo de cura, serviu também para promover a união de recursos e linhas de investigação que podem levar mais rapidamente a resultados. Igualmente importante é, no entanto, não descurar os esforços dirigidos à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento eficaz de todas as pessoas infetadas.
MÉDICO NEWS | ESPECIAL
Kivexa®: Confiança desde o início Uma base de confiança: Perfis de eficácia e tolerabilidade bem conhecidos Simplicidade: Um único teste HLA-B*5701 e escassa monitorização adicional relacionada com o fármaco Flexibilidade: toma uma vez por dia, com ou sem alimentos, com poucas interações medicamentosas
VIIVHIV HEALTHCARE Unipessoal Lda. R. Dr. António Loureiro Borges nº 3 Arquiparque-Miraflores 1499-013 Algés Portugal Telef. 210940801 Fax: 210940901 NIF: 509117961
INFORMAÇÕES ESSENCIAIS COMPATÍVEIS COM O RCM NOME DO MEDICAMENTO Kivexa COMPOSIÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA, FORMA FARMACÊUTICA Cada comprimido revestido por película contém 600 mg de abacavir e 300 mg de lamivudina INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS Associação de dose fixa de dois análogos dos nucleósidos (abacavir e lamivudina) indicada na terapia antirretroviral de associação para o tratamento da infeção pelo VIH em adultos e adolescentes a partir dos 12 anos. Antes do início da terapêutica com abacavir, deve ser realizado o teste para deteção da presença do alelo HLA-B*5701 sendo também recomendado antes do reinício de abacavir em doentes que desconheçam se são portadores do alelo ainda que previamente tenham tolerado o abacavir. O abacavir não deve ser utilizado em doentes que se saiba possuírem o alelo HLA-B*5701, a não ser que não esteja disponível qualquer outra opção terapêutica para estes doentes, com base na história do tratamento prévio e nos testes de resistência. POSOLOGIA E MODO DE ADMINISTRAÇÃO A terapêutica deve ser prescrita por um médico experiente no controlo da infeção VIH. Adultos e adolescentes > 40 kg: um comprimido, uma vez por dia. Adultos ou adolescentes < 40 kg: não deve ser administrado porque a dose do comprimido é fixa e não pode ser reduzida. Pode ser tomado com ou sem alimentos. Estão disponíveis formulações separadas de abacavir ou lamivudina para os casos em que está indicada a interrupção ou ajuste de dose de uma das substâncias ativas. Compromisso renal: Não se recomenda em doentes com depuração da creatinina < 50 ml/min. Compromisso hepático: Não existe informação disponível em doentes com compromisso hepático moderado, por isso não se recomenda a utilização a menos que necessário. Monitorizar cuidadosamente os doentes com compromisso hepático ligeiro e moderado. Está contraindicado em doentes com compromisso hepático grave. Idosos: Não estão disponíveis dados farmacocinéticos em doentes de idade superior a 65 anos. Recomenda-se precaução especial neste grupo etário. Crianças < 12 anos: não está recomendado uma vez que o necessário ajuste da dose não pode ser feito. CONTRAINDICAÇÕES Hipersensibilidade. Compromisso hepático grave. ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES ESPECIAIS DE UTILIZAÇÃO Reação de hipersensibilidade: Num ensaio clínico, 3,4% dos indivíduos com resultados negativos para a presença do alelo HLA-B*5701 a receber abacavir desenvolveram uma reação de hipersensibilidade. A presença do alelo HLA-B*5701 está associada a um aumento significativo do risco de reação de hipersensibilidade ao abacavir. Estima-se que 48% a 61% dos doentes com o alelo HLA-B*5701 venham a desenvolver uma reação de hipersensibilidade durante o tratamento comparado com 0% a 4% dos doentes que não possuem o alelo HLA-B*5701. Mesmo na ausência do alelo HLA-B*5701, descontinuar de modo permanente o abacavir e não reiniciar se a reação de hipersensibilidade não puder ser excluída por razões clínicas, devido ao potencial de uma reação grave ou mesmo fatal. Em quase todas as reações de hipersensibilidade ocorrerá febre e/ou erupção cutânea como parte do síndrome. Outros sinais e sintomas poderão incluir sinais e sintomas respiratórios (dispneia, odinofagia, tosse e observação de imagens torácicas anormais obtidas por raios-x), sintomas gastrintestinais (náuseas, vómitos, diarreia ou dor abdominal), letargia ou mal-estar e sintomas músculosqueléticos (mialgia, raramente miólise, artralgia). Os sintomas são agravados com a continuação da terapêutica e podem pôr a vida em risco. Os sintomas ocorrem geralmente nas primeiras 6 semanas de tratamento (média do tempo para início de 11 dias), embora estas reações possam ocorrer em qualquer altura durante a terapêutica. Os doentes devem ser cuidadosamente monitorizados, especialmente durante os 2 primeiros meses de tratamento, com consulta de duas em duas semanas. Independentemente de terem ou não o alelo HLA-B*5701, os doentes em que seja diagnosticada reação de hipersensibilidade durante a terapêutica TÊM que interromper Kivexa imediatamente. Kivexa, ou qualquer outro medicamento contendo abacavir, NUNCA MAIS PODE ser reintroduzido em doentes que tenham interrompido a terapêutica devido a reação de hipersensibilidade. A reintrodução de abacavir após reação de hipersensibilidade resulta no retorno imediato dos sintomas, em algumas horas. Esta recorrência é geralmente mais grave do que a forma inicial e poderá incluir hipotensão potencialmente fatal e morte. Independentemente dos doentes terem ou não o alelo HLA-B*5701, caso se tenha interrompido a terapêutica com Kivexa por qualquer razão e se considere a sua reiniciação, a razão para interrupção deve ser estabelecida de forma a avaliar se o doente teve qualquer dos sintomas de reação de hipersensibilidade. Caso não seja possível excluir a possibilidade de reação de hipersensibilidade, não se pode reiniciar o tratamento com Kivexa ou com qualquer outro medicamento contendo abacavir. Ocorreram reações de hipersensibilidade de início rápido, incluindo reações com risco de vida, após reiniciar abacavir em doentes que tiveram apenas um dos sintomas chave de hipersensibilidade previamente à interrupção de abacavir. O sintoma isolado mais frequente de reação de hipersensibilidade foi erupção cutânea. Além disso, muito raramente, foram notificadas reações de hipersensibilidade em doentes que reiniciaram a terapêutica e que não tinham apresentado sintomas precedentes de reação de hipersensibilidade. O teste para deteção da presença do alelo HLA-B*5701 é recomendado antes do reinício de abacavir em doentes que desconheçam se são portadores do alelo HLA-B*5701 ainda que previamente tenham tolerado o abacavir. Reiniciar abacavir em doentes cujo teste seja positivo para a presença do alelo HLA-B*5701 não é recomendado e deve ser considerado apenas em circunstâncias excecionais em que os potenciais benefícios ultrapassem os riscos e com supervisão médica apertada. Os doentes hipersensíveis ao abacavir devem ser alertados para nunca mais tomarem Kivexa ou qualquer outro medicamento contendo abacavir, independentemente de terem ou não o alelo HLA-B*5701. É provável que a terapêutica intermitente possa aumentar o risco de desenvolvimento de sensibilização e, portanto, de ocorrência de reações de hipersensibilidade clinicamente significativas. Assim, o doente também deve ser advertido sobre a importância de tomar Kivexa regularmente. Os doentes devem ser alertados para a importância de remover o Cartão de Alerta incluído na embalagem e de o conservar sempre consigo. Acidose láctica: foi notificada geralmente associada a hepatomegalia e esteatose hepática, com a utilização de análogos de nucleósidos e ocorreu, geralmente, poucos a vários meses após início do tratamento. Os sintomas precoces incluem sintomas digestivos benignos (náuseas, vómitos e dor abdominal), mal-estar não específico, perdas de peso e apetite, sintomas respiratórios (respiração rápida e/ou profunda) ou sintomas neurológicos (incluindo fraqueza motora). A acidose láctica conduz a uma elevada taxa de mortalidade e pode estar associada a pancreatite, falência hepática ou falência renal. O tratamento com análogos de nucleósidos deve ser interrompido caso se estabeleça hiperlactatemia sintomática e acidose láctica/metabólica, hepatomegalia progressiva ou um aumento rápido dos níveis das transaminases. Devem ser tomadas precauções na administração de análogos de nucleósidos a qualquer doente com hepatomegalia, hepatite ou outros fatores de risco conhecidos de doença e esteatose hepática. Os doentes com coinfecção por VHC e tratados com interferão alfa e RBV podem constituir um grupo especial de risco. Lipodistrofia: a terapêutica de associação antirretrovírica foi associada a lipodistrofia em doentes infetados pelo VIH. As consequências a longo prazo são desconhecidas e o conhecimento sobre o mecanismo é incompleto. Um risco acrescido de lipodistrofia foi associado com fatores
individuais (idade avançada) e com fatores relacionados com o fármaco (longa duração da terapia antirretroviral e as alterações metabólicas associadas). O exame clínico deve incluir a avaliação dos sinais físicos da redistribuição do tecido adiposo. Deverá considerar-se a medição dos níveis de lípidos séricos e da glicémia em jejum. As alterações lipídicas devem ser tratadas de modo clinicamente apropriado. Pancreatite: Notificada pancreatite, mas a relação causal não é clara. Risco de falência virológica: Tem havido notificações de uma elevada taxa de falência virológica e de aparecimento de resistência, num estadio inicial, quando o abacavir foi associado a tenofovir disoproxil fumarato e lamivudina num regime uma vez dia. O risco de falência virológica com Kivexa pode ser mais elevado do que com outras opções terapêuticas. Doença hepática: Está contraindicado em doentes com compromisso hepático grave. Doentes com disfunção hepática pré-existente, incluindo hepatite crónica ativa, têm um aumento da frequência de anomalias da função hepática durante a TARC e devem ser monitorizados. Se nestes doentes se verificar agravamento da doença hepática, considerar a interrupção ou descontinuação do tratamento. Doentes com hepatite B ou C crónica: risco acrescido de reações adversas hepáticas graves e potencialmente fatais. Caso Kivexa seja interrompido em doentes coinfetados pelo VHB, recomenda-se a monitorização periódica dos testes da função hepática e dos marcadores de replicação do VHB, uma vez que a interrupção da lamivudina pode resultar em exacerbação aguda da hepatite. Possibilidade de reduzida resposta virológica sustentada para a hepatite C em doentes coinfetados com VHC e tratados com peguinterferão mais RBV. Alguns dados sugerem que doentes coinfetados com VIH/VHC e a receber abacavir-contendo ART podem estar em risco de uma taxa de resposta inferior à terapêutica com peguinterferão/RBV. Recomenda-se precaução quando estes dois medicamentos são administrados concomitantemente. Disfunção mitocondrial: os análogos dos nucleósidos e nucleótidos demonstraram causar lesões mitrocondriais de grau variável. Qualquer criança exposta in utero a análogos dos nucleósidos e nucleótidos, mesmo se VIH negativa, deverá ter seguimento clínico e laboratorial e, em caso de sinais ou sintomas relevantes, deve ser investigada quanto à possibilidade de disfunção mitocondrial. Estes resultados não alteram as recomendações nacionais atuais quanto à utilização de terapia antirretroviral em mulheres grávidas, para prevenir a transmissão vertical do VIH. Síndrome de Reativação Imunológica: Em doentes infetados pelo VIH com deficiência imunitária grave à data da instituição da TARC, pode ocorrer uma reação inflamatória a infeções oportunistas assintomáticas ou residuais e causar várias situações clínicas graves, ou o agravamento dos sintomas. Tipicamente, estas reações foram observadas durante as primeiras semanas ou meses após início da TARC. Tem sido relatada a ocorrência de doenças autoimunes na configuração de reativação imunológica; contudo, o tempo relatado para o início é mais variável e estas situações podem ocorrer vários meses após o início do tratamento. Osteonecrose: Notificados casos de osteonecrose, particularmente em doentes com doença por VIH avançada e/ou exposição prolongada a TARC, apesar da etiologia ser considerada multifatorial. Infeções oportunistas: Kivexa não é uma cura para a infeção VIH, pelo que os doentes podem continuar a desenvolver infeções oportunistas e outras complicações da infeção VIH. Transmissão do VIH: Kivexa não demonstrou prevenir o risco de transmissão do VIH a outros indivíduos por contacto sexual ou transmissão sanguínea. Devem continuar a ser tomadas as precauções adequadas. Enfarte do miocárdio: Estudos observacionais mostraram uma associação entre enfarte do miocárdio e o uso de abacavir. No conjunto, os dados disponíveis dos estudos coorte observacionais e de ensaios aleatorizados mostram alguma inconsistência pelo que não podem confirmar ou refutar a relação de causalidade entre o tratamento com abacavir e o risco de enfarte do miocárdio. Não foi encontrado nenhum mecanismo biológico para explicar um potencial aumento do risco. Quando prescrever Kivexa devem ser tomadas ações para tentar minimizar todos os fatores de risco modificáveis (ex: fumar, hipertensão e hiperlipidémia). Kivexa não deve ser tomado com quaisquer outros medicamentos que contenham lamivudina ou emtricitabina. Não é recomendada a combinação de lamivudina com cladribina. EFEITOS INDESEJÁVEIS Hipersensibilidade ao abacavir Ver acima. Doenças do sangue e do sistema linfático Lamivudina: Pouco frequentes: neutropenia e anemia (ocasionalmente graves), trombocitopenia Muito raros: aplasia pura dos glóbulos vermelhos Doenças do sistema imunitário Abacavir: Frequentes: hipersensibilidade Doenças do metabolismo e da nutrição Abacavir: Frequentes: anorexia Doenças do sistema nervoso Abacavir: Frequentes: cefaleias Lamivudina: Frequentes: cefaleias, insónia Muito raros: notificados casos de neuropatia periférica (ou parestesia) Doenças respiratórias, torácicas e do mediastino Lamivudina: Frequentes: tosse, sintomas nasais Doenças gastrointestinais Abacavir: Frequentes: náuseas, vómitos, diarreia Raros: notificada pancreatite mas a sua relação causal não está determinada. Lamivudina: Frequentes: Náuseas, vómitos, dor abdominal ou cólicas, diarreia Raros: aumento da amilase sérica. Notificados casos de pancreatite Afeções hepntobiliares Lamivudina: Pouco frequentes: aumento transitório de AST e ALT Raros: hepatite Afeções dos tecidos cutâneos e subcutâneos Abacavir: Frequentes: erupção cutânea (sem sintomas sistémicos) Muito raros: eritema multiforme, síndrome de Stevens-Johnson e necrólise epidérmica tóxica Lamivudina: Frequentes: erupção cutânea, alopecia Afeções musculosqueléticas e dos tecidos conjuntivos Lamivudina: Frequentes: artralgia, alterações musculares Raros: rabdomiólise Perturbações gerais e alterações no local de administração Abacavir: Frequentes: febre, letargia, fadiga Lamivudina: Frequentes: fadiga, mal-estar geral, febre. Foram notificados casos de acidose láctica, por vezes fatal, usualmente associada a hepatomegalia grave e esteatose hepática. A terapêutica de associação antirretrovírica foi associada à redistribuição do tecido adiposo corporal (lipodistrofia) em doentes infetados pelo VIH, incluindo a perda da camada adiposa subcutânea periférica e facial, aumento de tecido adiposo intra-abdominal e visceral, hipertrofia mamária e acumulação de gordura dorsocervical (nuca de búfalo) e a alterações metabólicas, tais como hipertrigliceridemia, hipercolesterolemia, resistência à insulina, hiperglicemia e hiperlactacidemia. Em doentes infetados pelo VIH com deficiência imunológica grave à data de início da TARC, pode ocorrer uma reação inflamatória a infeções oportunistas assintomáticas ou residuais. Tem sido relatada a ocorrência de doenças autoimunes (tais como Doença de Graves) na configuração de reativação imunológica; contudo, o tempo relatado para o início é mais variável e estas situações podem ocorrer vários meses após o início do tratamento.Foram notificados casos de osteonecrose, particularmente em doentes com fatores de risco identificados, doença por VIH avançada ou exposição prolongada a terapêutica antirretroviral combinada. A sua frequência é desconhecida. TITULAR DA AIM ViiV Healthcare UK Limited, 980 Great West Road, Brentford, Middlesex, TW8 9GS, Reino Unido. DATA DA REVISÃO DO TEXTO abril 2013. Medicamento sujeito a receita médica restrita. Informação pormenorizada sobre este medicamento está disponível na Internet no site da Agência Europeia de Medicamentos http://www.ema.europa.eu/ Para mais informações ou em caso de suspeita de acontecimento adverso contactar o Departamento Médico da ViiV Healthcare – Telf: +351 21 094 08 01. PRT/ABC3TC/0021/13 Data de preparação: novembro 2013
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DR.ª CRISTINA VALENTE Assistente Hospitalar Graduada em Infeciologia, Serviço Doenças Infeciosas do CHUC-Coimbra
DR. JOSÉ VERA Medicina Interna e Coordenação da Unidade VIH/SIDA do Hospital de Cascais
ENF.ª ANA CAMPOS REIS Diretora da Unidade na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa
CURA FUNCIONAL E VACINA
ESPERANÇA NA TERAPÊUTICA
A ESPERANÇA É A ÚLTIMA A PERDER-SE
Se, nos últimos 30 anos, foi possível transformar uma infeção potencialmente fatal numa infeção considerada crónica, não tenho dúvida que, dentro de 30 anos, a cura para este flagelo será uma realidade. Inicialmente, a principal preocupação relativa a esta epidemia era a sobrevivência dos doentes. Posteriormente, o enfoque passou a ser mantê-los com uma boa qualidade vida e, atualmente, a preocupação é conseguir a cura funcional da infeção e criar uma vacina. As atitudes vão desde aperfeiçoar moléculas que ativem as células latentes dos reservatórios que contêm os vírus e as coloquem em alvo acessível à terapêutica antirretroviral (ART), passando por fármacos que atuem no vírus antes da sua entrada nas células, em combinação com outros alvos terapêuticos, até terapêuticas genéticas que reforcem a latência, evitando o rebound virológico, sem necessidade de ART e/ ou terapêuticas imunomoduladoras, capazes de controlar o vírus imunologicamente, sem recorrer a fármacos. Todos estes passos estão em fase precoce de desenvolvimento e, apesar de alguns dados recentes sugerirem que os reservatórios virais tenham uma dimensão muito maior à estimada, estas estratégias combinadas ou a vacina preventiva serão, certamente, motivo de empenho nos próximos anos e tornarão esta patologia num problema menor nas próximas três décadas.
30 anos passados desde o reconhecimento da infeção VIH/SIDA e do agente causador, esta pergunta tem sido feita de forma recorrente. Muitos autores e investigadores previam já que seriam necessários cerca de 20 anos para a descoberta de uma cura. Após o isolamento do vírus e o conhecimento do seu genoma, cedo se percebeu que a instabilidade do mesmo, com uma marcada variabilidade antigénica não iria facilitar a obtenção de uma vacina eficaz. As tentativas de obtenção de vacinas preventivas ou terapêuticas revelaram-se ineficazes. Apesar de tudo, os avanços são notáveis, tendo os fármacos transformado a doença numa doença crónica, facultando aos doentes uma sobrevida notável, com qualidade de vida. Prever quando teremos uma terapêutica curativa é um exercício complexo. Se o conhecimento científico sempre crescente vai mudar este paradigma, não o podemos afirmar. Assim, neste aspeto, estamos como há 30 anos, esperançados que, mais tarde ou mais cedo, será encontrada uma solução. Se nos lembrarmos que a terapêutica da sífilis demorou quase 500 anos, não se pode, de forma nenhuma, baixar os braços.
Há 25 anos, quando assumi a residência Santa Rita de Cássia, recebemos os primeiros indivíduos infetados em isolamento total, sem recursos materiais e afetivos. Acreditei desde o primeiro momento que iríamos, em conjunto, criar condições físicas e psicossociais que favorecessem o bem-estar e a longevidade da maioria, assim eles acreditassem na vida com outra qualidade. Efetivamente, alguns estão aí com um nível de saúde muito aceitável. Acredito, igualmente, que as dificuldades não impedem o progresso e o conhecimento. Tenho esperança no avanço da investigação científica, que acabará por descobrir um medicamento que reforce a imunidade e que, em conjunto com os retrovíricos, leve à cura. 30 anos são muitos anos e todos esperamos e vamos contribuir para reforçar as outras condições de ordem social para facilitar a vivência desta patologia como doença crónica até chegar a cura. A esperança é a última a perder-se.
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O PAPEL DAS ASSOCIAÇÕES O sucesso de qualquer campanha que vise combater uma ameaça tão poderosa como a sida depende da capacidade multidisciplinar das equipas de intervenção. neste contexto,
pedimos a algumas entidades de renome no panorama nacional uma opinião sobre a importância das associações no apoio a doentes infetados por vih e aos seus familiares.
DR.ª FILOMENA FRAZÃO DE AGUIAR Psicóloga Clínica e Presidente do Conselho de Administração de FPCCSIDA
LUÍS MENDÃO Presidente do GAT — Grupo Português de Activistas sobre Tratamentos de VIH/SIDA
DR.ª ANDREIA PINTO Coordenadora da Associação Ser+
IMPORTANTE PAPEL DAS ONG
GAT: EM DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS
ASSOCIAÇÕES DE DOENTES TÊM PAPEL CRUCIAL
Trinta anos de SIDA, 20 anos de LUTA PELA VIDA da Fundação Portuguesa “A Comunidade Contra a SIDA”, uma Instituição de Solidariedade Social sem fins lucrativos, com estatuto de utilidade pública. Em virtude do enorme impacto multissetorial da SIDA, como afeção global planetária e problema de desenvolvimento, a responsabilidade de responder à expansão da epidemia não deve jazer só na agenda dos ministros da Saúde nem só a nível governamental. Nenhum tipo de organização se mostrou tão rápida nas respostas como as ONG e essa particularidade tem que ser aproveitada numa epidemia como a SIDA, de dinâmica e problemática tão mutáveis. As ONG adaptam-se com mais elasticidade que as estruturas oficiais dependentes do Governo e políticas loco-regionais à diversidade de problemas que a epidemia levanta, não só na área da Saúde, mas também nas áreas Social, Económica e Política. Conclui-se que as ONG não podem ser relegadas para um estatuto de segunda classe na Luta Contra a SIDA, e as suas vozes deverão ser ouvidas na implementação dos programas nacionais de cada País.
Em relação ao GAT, organização que eu ajudei a fundar em 2001, penso que a principal diferença em relação às organizações de apoio ou de prevenção do VIH/SIDA, foi a ideia de que as pessoas com VIH se deviam organizar, trabalhar, serem membros ativos da sociedade. Somos uma organização de pessoas que vivem com VIH ou que se sentem social e politicamente solidárias com este grupo. Recentemente decidimos, com alguma dissensão interna, que poderíamos prestar serviços em áreas onde eles não existiam, tais como centros de rastreio comunitários e o centro anti-discriminação, entre outros. A missão do GAT permanece, sobretudo, ligada à defesa intransigente dos direitos das pessoas que vivem com VIH, ou em risco de o contrair.
O papel das associações de doentes é crucial para encontrar uma resposta eficaz à epidemia do VIH, assegurando a participação das pessoas que vivem com o VIH, e das que com elas convivem, nas tomadas de decisão que as envolvem direta e indiretamente, aproximando, deste modo, os decisores políticos das realidades locais. Mais que uma atitude de assistencialismo, promover, reconhecer e defender a não discriminação, é um dever de qualquer uma das organizações não-governamentais, a nível mundial. “16 Years Learning and Growing” com humildade e seriedade assumimos o compromisso com e para as pessoas que vivem com o VIH.
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4TH LISBON VASCULAR FORUM SOB O SIGNO DA INOVAÇÃO
PROF. DOUTOR JOSÉ FERNANDES E FERNANDES* Diretor da Clínica Universitária de Cirurgia Vascular do HSM-CHLN, EPE Professor Catedrático de Cirurgia da FMUL Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa
VIVEMOS UMA MUDANÇA SOCIOLÓGICA MUITO SIGNIFICATIVA, EXPRESSA PELO INCREMENTO DA ESPERANÇA DE VIDA E CONSEQUENTE ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO, MAIOR PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS DEGENERATIVAS ENTRE AS QUAIS A ATEROSCLEROSE MÉDICO NEWS
Realizou-se nos dias 13 e 14 de dezembro de 2013 o 4th Lisbon Vascular Forum, organizado pela Clínica Universitária de Cirurgia Vascular e pelo Instituto Cardiovascular de Lisboa. Trata-se de uma organização científica periódica, que sucede aos Encontros Internacionais de Angiologia e Cirurgia Vascular iniciados em 1987 e tem sido marcante no contexto da Cirurgia vascular portuguesa. Trata-se de uma iniciativa que reúne especialistas portugueses e estrangeiros no âmbito das doenças vasculares e procura contribuir para uma reflexão científica e
permite navegar no sistema arterial e tratar muitas das suas afe������������������������������������ çõ���������������������������������� es, alargou o âmbito da nossa atuação, reduziu o seu risco e exige dos profissionais e das instituições uma nova atitude e uma adaptação. É um progresso notável, que se impôs como uma alternativa terapêutica procurada pelos doentes, sancionada pela comunidade científica porque os seus resultados suscitam progressiva aceitação, mas a sua adoção e generalização irá impor mudanças na própria estrutura da aprendizagem da especialidade, da organização dos seus serviços
informada sobre diversos aspetos da patologia vascular e da sua relevância pessoal, social e económica. Teve o alto patrocínio do Ministério da Saúde e a sessão de abertura foi presidida pelo Senhor Diretor Geral da Saúde Dr. Francisco George, em representação do Ministro da Saúde e com a presença do magnífico Reitor da Universidade de Lisboa. Nessa sessão, na qual participaram a Diretora Clínica do HSM-CHLN e a Presidente da Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular (SPACV) foi homenageado com a Medalha de Honra da Faculdade de Medicina o Prof. Frank Veith, personalidade ímpar e de grande destaque da cirurgia vascular norte-americana, professor em Nova Iorque e cuja contribuição para o desenvolvimento da especialidade é mundialmente reconhecida. O objetivo do Lisbon Vascular Forum foi claramente enunciado e constitui uma tradição. Proporcionar o contacto direto com personalidades de renome internacional na Especialidade, e assim contribuir para o desenvolvimento académico e profissional dos nossos especialistas e internos e de toda a equipa de saúde que nos acompanha na nossa atividade. E, em segundo lugar, proporcionar à nossa comunidade vascular a apresentação pública e perante os seus pares, nacionais e convidados internacionais, da sua atividade, num exercício de responsabilidade científica e profissional e de accountability pública. Vivemos uma época nova na Cirurgia Vascular, que nos obriga a uma reflexão atenta e a um exercício objetivo de avaliação crítica da nossa atuação e da nossa responsabilidade para com os doentes e a Sociedade. O desenvolvimento tecnológico mudou a nossa especialidade e o LVF é um palco privilegiado para a discussão informada e crítica do impacto da inovação e das novas tecnologias na avaliação e tratamento das doenças vasculares. A introdução de novos métodos de diagnóstico, mais fiáveis, mas também mais caros, a nova tecnologia endovascular, que através dum simples acesso percutâneo nos
e da atuação dos seus profissionais. Vivemos uma mudança sociológica muito significativa, expressa pelo incremento da esperança de vida e consequente envelhecimento da população, maior prevalência das doenças degenerativas entre as quais a Aterosclerose com a sua expressão cardíaca e vascular, o incremento com dimensão epidémica da diabetes e também de outras doenças, como a disfunção renal, com consequências nefastas no sistema arterial, a que se juntam a persistência de hábitos nocivos como o tabagismo e o sedentarismo, não obstante os esforços conjugados dos médicos, das suas associações científicas e do Poder público, para a mudança comportamental indispensável. É esta realidade, que confere às doenças vasculares um significado clínico inquestionável, uma dimensão social relevante e uma prioridade de Saúde Pública que será ainda prevalente nas próximas décadas. Temos um conhecimento insuficiente da realidade portuguesa, mas estudos populacionais realizados sob a égide da nossa Sociedade científica, em 2007 sobre doença arterial periférica e, mais recentemente, sobre o aneurisma da aorta, parecem sugerir que constituem, também entre nós, um problema importante com impacto relevante nos serviços de ação médica e na definição das prioridades de uma boa Política de Saúde. Neste 4th Lisbon Vascular Forum dedicámos atenção especial a dois problemas. Primeiro, à doença isquémica dos membros inferiores e à diabetes, que constitui a principal causa de amputação de membros inferiores, com o seu cortejo de sofrimento pessoal, familiar e repercussão social e económica, ao impacto da diabetes e também da insuficiência renal na sua prevalência e evolução e cuja dimensão na nossa realidade é muito preocupante. Tivemos uma participação ativa da Associação Portuguesa de Diabéticos (APDP), tendo sido evidenciada a obra desta instituição pioneira na compreensão
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Nome: Xarelto 2,5 mg, 10 mg, 15 mg, 20 mg. Composição: Cada comprimido revestido por película contém 2,5 mg, 10 mg, 15 mg ou 20 mg de rivaroxabano. Forma Farmacêutica: Comprimido revestido por película. Indicações terapêuticas: Xarelto 2,5 mg: Xarelto, coadministrado com ácido acetilsalicílico (AAS) isoladamente ou com AAS mais clopidogrel ou ticlopidina, é indicado para a prevenção de acontecimentos aterotrombóticos em doentes adultos após uma síndrome coronária aguda (SCA) com biomarcadores cardíacos elevados. Xarelto 10 mg: Prevenção do tromboembolismo venoso (TEV) em doentes adultos submetidos a artroplastia eletiva da anca ou joelho. Xarelto 15 mg e 20 mg: Prevenção do acidente vascular cerebral e do embolismo sistémico em doentes adultos com fibrilhação auricular não-valvular com um ou mais fatores de risco, tais como insuficiência cardíaca congestiva, hipertensão, idade ≥ 75 anos, diabetes mellitus, antecedentes de acidente vascular cerebral ou acidente isquémico transitório. Tratamento da trombose venosa profunda (TVP) e embolismo pulmonar (EP) e prevenção da TVP recorrente e EP em adultos. Posologia e modo de administração: Xarelto 2,5 mg:A dose recomendada é de 2,5 mg duas vezes ao dia. Os doentes também devem tomar uma dose diária de 75 - 100 mg de AAS ou uma dose diária de 75 - 100 mg de AAS em adição quer a uma dose diária de 75 mg de clopidogrel quer a uma dose diária padrão de ticlopidina. A extensão do tratamento para além dos 12 meses deve ser feita individualmente em cada doente, uma vez que a experiência até aos 24 meses é limitada. Xarelto 10 mg: 10 mg de rivaroxabano, administrados, por via oral, uma vez ao dia. A posologia inicial deve ser administrada 6 a 10 horas após a cirurgia, desde que a hemostase tenha sido estabelecida. A duração do tratamento depende do risco individual do doente para tromboembolismo venoso, a qual é determinada pelo tipo de cirurgia ortopédica. Grande cirurgia da anca: tratamento de 5 semanas. Grande cirurgia do joelho: 2 semanas. Se for esquecida uma dose, o doente deverá tomar Xarelto imediatamente e depois continuar no dia seguinte com a toma uma vez ao dia, tal como anteriormente. Xarelto 15 mg e 20 mg: Prevenção do acidente vascular cerebral e do embolismo sistémico: A dose recomendada, que também é a dose máxima recomendada, é de 20 mg uma vez por dia. No caso de esquecimento de uma dose, o doente deve tomar imediatamente Xarelto e continuar no dia seguinte com a toma uma vez ao dia, conforme recomendado. Não deve ser tomada uma dose a dobrar no mesmo dia para compensar uma dose esquecida. Tratamento da TVP, tratamento do EP e prevenção da TVP recorrente e EP: A dose recomendada para o tratamento inicial da TVP aguda ou EP é de 15 mg duas vezes por dia durante as primeiras três semanas, seguida de 20 mg uma vez por dia para continuação do tratamento e prevenção da TVP recorrente e EP. No caso de esquecimento de uma dose durante a fase de tratamento de 15 mg duas vezes por dia (dia 1 - 21), o doente deve tomar imediatamente Xarelto para assegurar a toma de 30 mg de Xarelto por dia. Neste caso podem tomar-se dois comprimidos de 15 mg ao mesmo tempo. O doente deve continuar no dia seguinte a toma diária e regular de 15 mg duas vezes por dia, conforme recomendado. No caso de esquecimento de uma dose durante a fase de tratamento de uma toma diária (dia 22 e seguintes), o doente deve tomar imediatamente Xarelto e continuar no dia seguinte com a toma diária, conforme recomendado. Não deve ser tomada uma dose a dobrar no mesmo dia para compensar uma dose esquecida. Xarelto 15 mg e 20 mg: Passagem de Antagonistas da Vitamina K (AVK) para Xarelto: Em doentes tratados para prevenção do acidente vascular cerebral e embolismo sistémico, o tratamento com AVK deve ser interrompido e a terapêutica com Xarelto deve ser iniciada quando o INR for ≤ 3,0. Em doentes tratados para TVP, EP e na prevenção da recorrência, o tratamento com AVK deve ser interrompido e a terapêutica com Xarelto deve ser iniciada assim que o INR for ≤ 2,5. Xarelto 2,5 mg, 10 mg, 15 mg e 20 mg: Durante a passagem de doentes de AVK para Xarelto, os valores do INR estarão falsamente elevados após a toma de Xarelto. O INR não é uma medida válida para determinar a atividade anticoagulante de Xarelto, e portanto não deve ser utilizado. Passagem de Xarelto para os Antagonistas da Vitamina K (AVK): Em doentes que passam de Xarelto para um AVK, o AVK deve ser administrado simultaneamente até o INR ser ≥ 2,0. Durante os dois primeiros dias do período de passagem, deve utilizar-se a dose inicial padrão do AVK, seguida de uma dose do AVK com base nas determinações do INR. Enquanto os doentes estiverem a tomar simultaneamente Xarelto e o AVK, o INR não deve ser determinado antes das 24 horas após a dose precedente de Xarelto e antes da dose seguinte. Passagem de anticoagulantes parentéricos para Xarelto: Em doentes atualmente a serem tratados com um anticoagulante parentérico, Xarelto deve ser iniciado 0 a 2 horas antes da hora prevista para a administração seguinte do medicamento parentérico (ex.: HBPM) ou na altura da interrupção de um medicamento parentérico em administração contínua (ex.: heparina não fracionada intravenosa). Passagem de Xarelto para anticoagulantes parentéricos: Administrar a primeira dose do anticoagulante parentérico na altura em que deve ser tomada a dose seguinte de Xarelto. Não é necessário ajuste posológico: compromisso renal ligeiro, população idosa, sexo, peso corporal. Não é recomendada a utilização em doentes com taxa de depuração da creatinina < 15 ml/min. Xarelto 15 mg e 20 mg: Compromisso renal moderado ou grave: Na prevenção do acidente vascular cerebral e do embolismo sistémico em doentes com fibrilhação auricular não-valvular, a dose recomendada é de 15 mg uma vez por dia; No tratamento da TVP, tratamento do EP e prevenção da TVP recorrente e EP: os doentes devem ser tratados com 15 mg duas vezes por dia durante as primeiras 3 semanas. Após isto, a dose recomendada é 20 mg uma vez por dia. A redução da dose de 20 mg uma vez por dia para 15 mg uma vez por dia deve ser considerada se o risco avaliado de hemorragia do doente se sobrepõe ao risco de TVP recorrente e EP. A recomendação para utilização de 15 mg tem por base modelos farmacocinéticos, não tendo sido estudada neste contexto clínico. Xarelto 2,5 mg e 10 mg: Os comprimidos podem ser tomados com ou sem alimentos. Xarelto 15 mg e 20 mg: Os comprimidos devem ser tomados com alimentos. Xarelto 2,5 mg, 10 mg, 15 mg e 20 mg: População pediátrica: não é recomendada a sua utilização em crianças com idade inferior a 18 anos. Contraindicações: Xarelto 2,5 mg, 10 mg, 15 mg e 20 mg: Hipersensibilidade à substância ativa ou a qualquer um dos excipientes. Hemorragia ativa clinicamente significativa. Gravidez e amamentação. Doença hepática associada a coagulopatia e risco de hemorragia clinicamente relevante incluindo doentes com cirrose com Child Pugh B e C. Lesões ou condições se consideradas como apresentando um risco significativo de grande hemorragia. Estas podem incluir úlceras gastrointestinais atuais ou recentes, presença de neoplasias malignas com elevado risco de hemorragia, lesão recente no cérebro ou na espinal medula, cirurgia cerebral, espinal ou oftálmica recente, hemorragia intracraniana recente, suspeita ou conhecimento de varizes esofágicas, malformações arteriovenosas, aneurismas vasculares ou grandes anomalias vasculares intraespinais ou intracerebrais. O tratamento concomitante com quaisquer outros agentes anticoagulantes, ex.: heparina não fracionada (HNF), heparinas de baixo peso molecular (enoxaparina, dalteparina, etc.), derivados da heparina (fondaparinux, etc.), anticoagulantes orais (varfarina, dabigatrano etexilato, apixabano,etc.), exceto nas circunstâncias de mudança de terapêutica para ou de rivaroxabano ou quando são administradas doses de HNF necessárias para manter aberto um acesso venoso central ou um cateter arterial. Xarelto 2,5 mg: O tratamento concomitante da SCA com terapêutica antiplaquetária em doentes com acidente vascular cerebral ou acidente isquémico transitório (AIT) anterior. Advertências e precauções especiais de utilização: Xarelto 2,5 mg, 10 mg, 15 mg e 20 mg: Risco hemorrágico; Compromisso renal; Os doentes com problemas hereditários raros de intolerância à galactose, deficiência de lactase Lapp ou malabsorção de glucose-galactose não devem tomar este medicamento. Xarelto 2,5 mg: Doentes com SCA; Doentes com antecedentes de acidente vascular cerebral ou AIT. Xarelto 10 mg: Cirurgia por fratura da anca; Punção ou anestesia espinal/epidural. Xarelto 15 mg e 20 mg: Doentes com válvulas protésicas; Doentes com EP hemodinamicamente instáveis ou doentes que necessitam de trombólise ou embolectomia pulmonar; Xarelto 2,5 mg, 15 mg e 20 mg: Procedimentos invasivos e intervenções cirúrgicas. Interações medicamentosas: Inibidores do CYP3A4 e da gp-P: não é recomendada em doentes submetidos a tratamento sistémico concomitante com antimicóticos azólicos tais como cetoconazol, itraconazol, voriconazol, posaconazol ou inibidores da protease do VIH; Anticoagulantes: deve ter-se precaução se os doentes são tratados concomitantemente com quaisquer outros anticoagulantes; AINEs/ inibidores da agregação plaquetária: deve ter-se precaução nos doentes tratados concomitantemente com AINEs (incluindo ácido acetilsalicílico) e inibidores da agregação plaquetária; Varfarina; Indutores do CYP3A4; Os parâmetros de coagulação (ex.: TP, aPTT, HepTest) são afetados. Efeitos indesejáveis: Anemia (incl. parâmetros laboratoriais respetivos), tonturas, cefaleias, hemorragia ocular (incl. hemorragia conjuntival), hipotensão, hematoma, epistaxe, hemoptise, hemorragia gengival, hemorragia do trato gastrointestinal (incl. hemorragia retal), dores gastrointestinais e abdominais, dispepsia, náuseas, obstipação, diarreia, vómitos, prurido (incl. casos raros de prurido generalizado), exantema cutâneo, equimose, hemorragia cutânea e subcutânea, dor nas extremidades, hemorragia do trato urogenital (incluindo hematúria e menorragia), compromisso renal (incl.aumento da creatinina no sangue, aumento de ureia no sangue), febre, edema periférico, diminuição da força e energia de um modo geral (incl. fadiga, astenia), aumento das transaminases, hemorragia pós-procedimento (incluindo anemia pós-operatória e hemorragia da ferida), contusão, secreção da ferida, trombocitemia (incl. aumento da contagem de plaquetas), reação alérgica, dermatite alérgica, hemorragia cerebral e intracraniana, síncope, taquicardia, xerostomia, anomalia da função hepática, urticária, hemartrose, sensação de mal-estar, aumento da bilirrubina, aumento da fosfatase alcalina no sangue, aumento da HDL, aumento da lipase, aumento da amilase, aumento da GGT, icterícia, hemorragia muscular, edema localizado, aumento da bilirrubina conjugada (com ou sem aumento concomitante da ALT), pseudoaneurisma vascular, síndrome compartimental secundária a hemorragia, insuficiência renal/insuficiência renal aguda secundária a hemorragia suficiente para causar hipoperfusão. Número da A.I.M.: 5565858, 5565866, 5565874, 5132956, 5132964, 5132972, 5423918, 5423926, 5423934, 5424379, 5424403. Data de revisão do texto: junho 2013. Para mais informações deverá contactar o titular de AIM. MSRM. Regime de comparticipação: Xarelto 10mg, (Comparticipado no Regime Geral 69%; Regime Especial 84%), 2,5mg, 15mg e 20mg (não Comparticipado). Para mais informações deverá contactar o titular da autorização de introdução no mercado. Bayer Portugal, S.A., Rua Quinta do Pinheiro, nº 5, 2794-003 Carnaxide · NIF 500 043 256. TVP=Trombose Venosa Profunda EP=Embolismo Pulmonar. Ref.: 1. Prins et al., Oral rivaroxaban versus standard therapy for the treatment of symptomatic venous thromboembolism: a pooled analysis of the EINSTEIN-DVT and PE randomized studies,Thrombosis Journal 2013, 11:21. MÉDICO NEWS | INFORMAÇÃO
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da realidade nacional e no tratamento integrado da Diabetes e das suas complicações. Discutimos o impacto da cirurgia endovascular e o papel ainda imprescindível da revascularização convencional, apresentámos casos clínicos paradigmáticos que foram discutidos e sugerimos mudanças estruturais na organização dos cuidados vasculares que possibilitem a redução do flagelo da Amputação Major e, desse modo, possamos melhorar a qualidade de vida dos nossos doentes. O segundo tópico principal, que ocupou quase todo o sábado, foram as doenças da aorta, causa de morte súbita e tantas vezes não diagnosticadas em tempo útil, e as possibilidades terapêuticas abertas pela nova tecnologia endovascular. Houve uma atenção especial para a dissecção da aorta e para o seu tratamento em fase aguda e das suas complicações tendo sido apresentados casos exemplares tratados em colaboração com serviço de Cirurgia Cardiotorácica do HSM-CHLN, que materializam o Lisbon Aortic Centre dedicado à patologia da aorta e com a colaboração científica e técnica do Prof. Michael Jacobs de Maastricht e o Prof. Eric Verhoeven de Nuremberga. Este projeto no HSM-CHLN congrega um esforço multidisciplinar centrado sobre a patologia da aorta, comporta investigação cientí-
fica e permitiu uma cooperação estruturada entre os serviços de Cirurgia Vascular e Cardíaca, tendo sido apresentados casos tratados na Instituição de patologia toraco-abdominal e de dissecção muito graves e com sucesso. Evidenciámos também a nossa experiência endovascular com a apresentação dos nossos resultados, que pudemos submeter à discussão dos nossos colegas nacionais e internacionais. Nas outras sessões foram analisadas as problemáticas da doença isquémica cerebrovascular e visceral e também alguns aspetos controversos da estratégia terapêutica na Doença Venosa Crónica, nas novas perspetivas para o tratamento da trombose venosa aguda e uma área habitualmente menos discutida que foi a das malformações cardiovasculares, com a colaboração do grupo do Dr. Rui Anjos e colaboradores. Com os nossos convidados, personalidades ilustres da Cirurgia Vascular europeia e norte-americana, procedemos a uma apreciação objetiva dos benefícios, vantagens e custos destas novas opções terapêuticas, e discutimos a necessidade de reorganizar os nossos serviços para podermos melhorar a eficácia da nossa atuação, potenciando os recursos disponíveis e
inventariando as carências. Esta dimensão social e económica do exercício da profissão médica é também componente indispensável da nossa educação profissional, da nossa responsabilidade individual e coletiva e é um imperativo ético. Rutherford, um dos pioneiros da Física e Química modernas e Prémio Nobel, escreveu uma frase que tenho citado com alguma frequência: “because we are poor, we have to be inteligent”. Por isso, precisamos de modernizar a nossa capacidade de intervenção clínica para oferecer aos nossos doentes o melhor tratamento e o mais eficaz, mas precisamos de re-estruturar a organização clínica da Cirurgia Vascular no nosso País. Temos que agir com inteligência, maximizar a capacidade disponibilizada, utilizá-la de forma racional, equitativa e económica, e esta preocupação é bem expressa no programa que elaborámos, com um enfoque particular na apreciação dos custos e da eficácia da nossa intervenção. O 4th Lisbon Vascular Forum foi um sucesso, estou certo que os seus participantes concordarão comigo. Viva o 5th Lisbon Vascular Forum que ocorrerá em 19 e 20 de dezembro de 2014!
EM REVISTA ESTUDO CLÍNICO PARA TRATAMENTO DO EDEMA MACULAR DIABÉTICO COM RESULTADOS POSITIVOS Bayer HealthCare e a Regeneron Pharmaceuticals anun-
tação têm três braços de tratamento, em que os doen-
no corpo humano. O seu papel fisiológico num
ciaram os resultados positivos de dois anos do estudo
tes são selecionados aleatoriamente para receber VEGF
organismo saudável é desencadear a forma-
clínico de fase III VISTA-DME com VEGF Trap-Eye (afli-
Trap-Eye 2 mg mensal, VEGF Trap-Eye 2 mg de dois em
ção de novos vasos sanguíneos (angiogénese).
bercept solução injetável) para o tratamento do edema
dois meses (após 5 injeções mensais iniciais) ou o trata-
Contudo, em algumas patologias, como a De-
macular diabético (EMD). Os resultados demonstraram
mento comparador com fotocoagulação laser. Com base
generescência Macular da Idade, está também
uma melhoria sustentada na melhor acuidade visual
nos critérios definidos no protocolo, os doentes seriam
associado ao crescimento anormal de vasos
corrigida (MAVC) com VEGF Trap-Eye, em dois regimes
elegíveis para receber terapêutica de resgate a partir da
sanguíneos no olho, os quais apresentam maior
terapêuticos diferentes, em comparação com a foto-
semana 24. A terapêutica de resgate nos grupos em tra-
permeabilidade, que conduz ao edema. A cica-
coagulação laser. "Os dados de dois anos confirmam a
tamento com VEGF Trap-Eye foi o tratamento adjuvante
trização e perda de visão central surgem geral-
segurança e a eficácia de aflibercept no tratamento do
com laser, e no grupo em tratamento com laser o trata-
mente como resultado deste processo. O VEGF
EMD e esperamos poder disponibilizar esta nova opção
mento de resgate foi o tratamento com VEGF Trap-Eye
Trap-Eye (aflibercept, solução para injeção) é
terapêutica aos doentes com EMD em breve", referiu em
2 mg. O endpoint primário destes três estudos é a varia-
uma proteína de fusão recombinante, que con-
comunicado Jörg Möller, membro do Comité Executivo
ção média da Melhor Acuidade Visual Corrigida (MAVC)
siste em frações dos domínios extracelulares
da Bayer HealthCare e responsável pelo Departamento
desde a avaliação inicial, avaliada pela escala ETDRS
dos recetores 1 e 2 do VEGF humano combina-
de Desenvolvimento e Investigação Global.
(Early Treatment Diabetic Retinopathy Scale). Os estudos
das com a fração Fc da IgG1 humana e formula-
VIVID-DME, VISTA-DME e VIVID-EAST-DME estão ainda
da como uma solução isosmótica para adminis-
a decorrer.
tração por via intravítrea. VEGF Trap-Eyeactua
SOBRE PROGRAMA CLÍNICO DE FASE III DO EMD O programa de fase III do EMD consiste em três ensaios
como um recetor decoy solúvel que se liga ao
clínicos em dupla ocultação: VIVID-DME, VISTA-DME e
SOBRE O VEGF E O EYLEA (AFLIBERCEPT, SOLUÇÃO
VEGF-A e ao fator de crescimento placentário
VIVID EAST-DME, e um estudo de segurança sem ocul-
PARA INJECÇÃO)
(Placental Growth Factor – PlGF), inibindo a ati-
tação, com um único braço de tratamento, em doentes
O fator de crescimento do endotélio vascular
vação e a ligação destes aos recetores endóge-
japoneses (VIVID Japan). Os três estudos em dupla ocul-
(VEGF) é uma proteína que existe naturalmente
nos do VEGF.
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| Médico News (MN) - Costuma afirmar que esta é a mais antiga reunião médica regular no nosso país. A que se deve esta longevidade? Dr. Germano do Carmo (GC) - O Ciclo de Conferências surgiu em 1977, mas, na transição do sétimo para o oitavo ano, houve um período de interrupção parcelar, um lapso de tempo em que não se realizaram quaisquer sessões. Ainda assim, e com uma ponta de orgulho, afirmo que esta é a mais antiga reunião médica regular em Portugal, contabilizando, até ao momento, 34 anos de existência ininterrupta. Não consigo precisar, mas arrisco dizer que, ao longo destas três décadas, já tivemos cerca de 700 sessões, em que participaram mais de uma centena de figuras de proa da medicina contemporânea, não só nacionais, como inclusivamente internacionais e não exclusivamente ligadas à área da Infecciologia. MN - E como é que tudo começou? GC - O Prof. Doutor Carvalho de Araújo, na altura diretor do Serviço de Doenças Infecciosas, já tinha em mente avançar com um projeto desta natureza. Mas, mais tarde, depois de ter visto um modelo parecido em Inglaterra, decidi apresentar esta ideia ao Prof. Doutor Carvalho de Araújo, um homem de entusiasmos, que, à época, me escolheu como braço direito para as atividades de campo, de terreno e para os contactos com os palestrantes.
DR. GERMANO DO CARMO
"O CICLO DE CONFERÊNCIAS EM INFECCIOLOGIA SURGIU DA CONVICÇÃO DE QUE ESTE PROJETO VALIA A PENA" Em vias de completar 35 anos de existência, no próximo mês de outubro, o Ciclo de Conferências de Infecciologia do Centro Hospitalar de Lisboa Norte/ Hospital de Santa Maria, surgiu, em 1977, quase por "mero acidente". Em entrevista ao Médico News, o responsável deste Ciclo de Conferências, o Dr. Germano do Carmo, faz um balanço desta que é considerada a mais antiga reunião médica regular em Portugal.
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MN - Desde então tem sido o chairman desta sessão… GC - Sim. Mas, nos últimos 20 anos, tive a preocupação de contar com um grupo de colaboradores que, embora com algumas variações ao longo do tempo (alguns transitórios), manteve um núcleo duro. Nos últimos 15 anos, os Drs. Luís Caldeira e José Neves compõem a comissão organizadora e têm ajudado nesta tarefa. MN - Estas sessões nasceram com que propósito? GC - O Ciclo de Conferências de Infecciologia procurou estimular a formação pós-graduada permanente, destinando-se a profissionais de saúde médicos e de áreas afins à Medicina, nomeadamente, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, entre outras. MN - Ao longo de quase 35 anos, muito se evoluiu na Medicina, especialmente, na área da Infecciologia que atravessou vários períodos. Como é que se encaixam estas sessões, enquadrando o princípio da atualização de conhecimentos?
| 99 GC - Nos primórdios, havia a preocupação de, ao longo de um trimestre, conciliar várias sessões, subordinadas à mesma unidade temática. Este Ciclo de Conferências em Infecciologia tencionava acompanhar a evolução da ciência médica, nas suas múltiplas vertentes. Um dos méritos deste Ciclo de Conferência é permitir a atualização constante de conhecimentos, o que tem permitido modificar a praxis na área da Infecciologia. Durante 30 anos, um longo período de tempo, aconteceram grandes mudanças no universo da Infecciologia, nomeadamente, o aparecimento da infeção pelo vírus da imunodeficiência humana. Estes avanços também aconteceram na área das infeções hepáticas. Por isso, quando começamos, estávamos longe de imaginar que, volvidas três décadas, este Ciclo de Conferências de Infecciologia acompanharia toda esta dinâmica. MN - Não há uma tentação de repescar patologias clássicas, dentro do conteúdo programático deste Ciclo de Conferências em Infecciologia? GC - De vez em quando, há uma necessidade de regressar ao passado, recuperando algumas das patologias clássicas, nomeadamente, a febre tifoide, a brucelose, a tuberculose, entre outras doenças que, embora menos comuns, não foram de todo erradicadas. Mas, de tempos a tempos, sentimos a necessidade de reabordar algumas destas patologias, focando as novas abordagens e avanços, seja no âmbito do diagnóstico ou da terapêutica. MN - Qual a periodicidade destas reuniões? Há uma cadência regular? GC - Este Ciclo de Conferências realiza-se ao longo de todo o período letivo anual, ou seja, de outubro a junho de cada ano. Não há um rigor absoluto na sua regularidade, porque temos de adaptar os nossos horários às circunstâncias do calendário civil. Até ao 10.º Ciclo de Conferências, havia uma periodicidade semanal, mas, a partir de determinada altura, devido à maior oferta de organizações deste tipo, começou a ser difícil ter palestrantes e assistência que justificasse a realização destas reuniões tão frequentes. Por isso, decidimos realizar as reuniões quinzenalmente, com casos excecionais em que há uma periodicidade mensal. MN - Em que medida se pode diferenciar esta reunião de outras congéneres? GC - A resposta não é fácil. Apenas posso afirmar que esta reunião tem tido um padrão estável ao longo do tempo. As nossas reuniões têm
a particularidade de primarem pela absoluta isenção das apresentações. Estas sessões não procuram promover produtos. Também todos os palestrantes, devem assumir que além da comunicação do tema reservam um tempo para perguntas e respostas. MN - A partir do momento em que surgiu a ideia até à prática, como é que tudo evoluiu? GC - Hoje, olhando para trás, espanto-me com a longevidade deste Ciclo de Conferências. De facto, fico mesmo surpreendido. Mas esta ideia surgiu da convicção de que o projeto valia a pena. É claro que as primeiras abordagens foram inevitavelmente muito tímidas, até porque não havia grande experiência e arrancamos um pouco titubeantes. MN - E quando chegou a sua vez, sentiu algum receio em encarar uma plateia de especialistas? GC - Na altura, fui desafiado a falar de vírus lentos. E confesso, sem qualquer receio, de que não fazia ideia do que me foi proposto. Ainda assim, não quis dar parte fraca. Contudo, levou uns meses a preparar-me. Fiz consultas e pesquisei vários livros, inclusivamente uma obra do cientista que inaugurou o conceito "vírus lentos". Andei a ler e à medida que me ia inteirando ia-me fascinando. No final, tudo correu sobre rodas. MN - Num universo tão vasto de temas e de palestrantes houve, com certeza, algumas curiosidades que fizeram história? GC - Numa sessão com sala cheia e deslumbrada, o Prof. Doutor João David Morais, uma figura de relevo da Medicina portuguesa contemporânea, cujas apresentações, entre outros aspetos de grande relevância, eram caracterizadas pela riqueza iconográfica, teve de interromper a sua palestra, porque o projetor de slides, já antigo, estoirou e deixou o auditório às escuras. No meio de alguma fumarada, tivemos de interromper a sessão, por força das circunstâncias, ainda por cima porque nenhum dos funcionários eletricistas dos serviços técnicos estava disponível para intervir. MN - Aos poucos, foram surgindo as participações de palestrantes estrangeiros. Nos primórdios, as apresentações ficavam a cargo da «prata da casa»? GC - As primeiras sessões deste Ciclo de Conferências de Infecciologia ficavam a cargo dos médicos do Serviço, alguns seniores, mas especialmente internos. Esta era, aliás, a proposta do Prof. Doutor Carvalho de Araújo, que defendia a mobilização dos internos. Paulati-
"QUANDO COMEÇAMOS, ESTÁVAMOS LONGE DE IMAGINAR QUE, VOLVIDAS TRÊS DÉCADAS, ESTE CICLO DE CONFERÊNCIAS DE INFECCIOLOGIA ACOMPANHARIA TODA ESTA DINÂMICA."
namente, fomos alargando o universo de participantes, não só a especialistas nacionais, mas também estrangeiros. MN - As sessões eram exclusivamente reservadas aos especialistas do hospital ou qualquer profissional de saúde tinha a porta aberta para assistir a estas palestras? GC - As sessões são livres e, curiosamente, nos primeiros anos tínhamos os chamados "habitués". Era curioso vermos colegas de outras regiões do país que faziam quilómetros, numa altura em que não havia tantas facilidades de mobilidade, a assistirem às nossas sessões com uma regularidade impressionante. Recordo-me de um médico de Portalegre, um outro de Santarém e alguns de Setúbal que marcavam presença regular nestas sessões. Progressivamente, este hábito e esta tradição, compreensivelmente, foi-se perdendo e hoje é apenas residual. MÉDICO NEWS
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ATUALIZAÇÃO EM DOENÇAS INFECIOSAS DO HOSPITAL DE CURRY CABRAL Foram mais de 1.000 os participantes nas 9.as Jornadas de Atualização em Doenças Infeciosas do Hospital de Curry Cabral – CHLC, organizadas pelo Dr. Fernando Maltez. As novas infeções por influenza a (h7n9) e por coronavírus foram duas das doenças infeciosas que, nos dias 30 e 31 de janeiro, estiveram em análise na Culturgest.
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XXV JORNADAS DE ATUALIZAÇÃO CARDIOLÓGICA DO NORTE PARA A MEDICINA GERAL E FAMILIAR As Jornadas de Cardiologia para Medicina Geral e Familiar celebraram nesta edição as “bodas de prata”. São 25 anos a atualizar os profissionais no que diz respeito às novidades de diagnóstico e terapêutica, assim como na revisão dos temas do dia a dia. Uma missão à qual a comissão organizadora das jornadas, constituída pelo Prof. Doutor Carlos Ramalhão e pela Prof.ª Doutora Maria Júlia Maciel, deu continuidade no encontro que se realizou de 22 a 24 de janeiro, no Sheraton Porto Hotel.
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CONCLUÍDA A PRIMEIRA FASE DO EPIREUMAPT 10.666 entrevistas realizadas e 3.886 consultas efetuadas em 254 centros de saúde nacionais foram o resultado de 27 meses de trabalho no terreno por parte de uma equipa constituída por 194 entrevistadores, 95 reumatologistas, sete enfermeiros, oito investigadores, três técnicos de Radiologia e cinco motoristas que, com o apoio de uma unidade móvel, percorreu milhares de quilómetros de norte a sul do país, incluindo as Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores. Mas os números não ficam por aqui. Concluída a primeira parte do estudo, cuja missão é traçar o retrato epidemiológico das doenças reumáticas em Portugal, está agora em curso o tratamento estatístico dos dados recolhidos. Como refere o investigador principal e coordenador do projeto, “o EpiReumaPT acabou….de começar!”. O Prof. Doutor Jaime Branco afirma, na edição de dezembro da Newsletter informativa sobre o estudo, que o êxito da conclusão desta primeira fase se deve “à colaboração, dedicação e empenho de mais de três centenas de pessoas” e que “muito trabalho é ainda necessário para extrair os resultados tão desejados”.
O reumatologista do Hospital de Egas Moniz acredita que “a enorme quantidade de dados e a sua representatividade populacional constituem já um acervo único no panorama científico nacional, que será constantemente ampliado com a continuada construção e seguimento das coortes”. O especialista não tem dúvidas de que o património científico e social “utilizado de acordo com as regras de ética recomendadas”, estará na origem de muitos trabalhos de grande qualidade. O EpiReumaPT surge na sequência da publicação do Programa Nacional contra as Doenças Reumáticas, em 2004, contudo, “só após sete anos de aturadas tarefas de construção processual, de programação de procedimentos e de busca de meios financeiros e estruturais”, foram reunidos todos os instrumentos para o arranque dos trabalhos no terreno. Assim, a recolha de dados teve início em setembro de 2011 e foi concluída, como previsto, em dezembro de 2014. Aguardam-se agora os resultados finais que darão conta do número de portugueses portadores de doenças reumáticas.
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1 SIMPÓSIO ARIA III “Improving diagnosis, improving outcomes” foi o mote da III edição do Advances and Research in TTR Amyloidosis (ARiA), organizado pela Pfizer, na Póvoa do Varzim. Nesta reunião internacional, de 17 a18 de fevereiro, tiveram lugar uma série de plenários e de workshops interativos dedicados aos recentes avanços no tratamento da doença. A comissão científica do simpósio foi formada pela Dra. Teresa Coelho, Dra Isabel Conceição, David Adams MD, Ana Barreiros MD e Giampaolo Merlini MD.
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1 I CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM UROLOGIA Esta ação, promovida pela GSK, decorreu ao longo de cinco sábados, entre os dias 29 de junho e 30 de novembro do ano passado. Com uma participação de 25 formandos, no total, o I Curso de pós-graduação em Urologia, com cinco módulos, contou com o patrocínio científico da EULIS e da Associação Portuguesa de Urologia (APU), representada pelo Dr. Luís Abranches Monteiro (na foto de cima, o primeiro da esquerda para a direita).
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GALA 40 ANOS DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE PNEUMOLOGIA Personalidades e instituições que se destacaram na área da saúde respiratória foram homenageadas na gala dos 40 anos da SPP. A RESPIRA, a Associação para Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas foram algumas das entidades a marcar presença neste evento que se realizou no dia 17 de janeiro, na Estufa Fria, em Lisboa.
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1 XXIX JORNADAS DE CARDIOLOGIA, HTA E DIABETES DE ALMADA Organizada pelo Instituto de Cardiologia Preventiva de Almada e sob a presidência do Prof. Doutor Manuel Carrageta, a 29.ª edição das Jornadas de Cardiologia, HTA e Diabetes de Almada traduziu-se num espaço de partilha dos avanços ocorridos nestas áreas. O encontro teve lugar no Hotel do Mar, em Sesimbra, de 16 a 18 de janeiro.
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2 HEPATITE C – INOVAÇÃO FARMACOLÓGICA E TRANSPLANTAÇÃO Na reunião monotemática “Hepatite C: Inovação farmacológica e transplantação” foi traçado o presente e o futuro da terapêutica da Hepatite C, nos dias 17 e 18 de janeiro, no Hotel Sana Malhoa em Lisboa. A comissão organizadora, composta pelo Prof. Doutor Eduardo Barroso, Dr.ª Ana Morbey e Dr. Filipe Calinas, apresentou um programa que cobriu a dimensão nacional das doenças hepáticas, tratamento e transplantação. A cerimónia de abertura ficou marcada pela homenagem à Prof.ª Doutora Estela Monteiro pelo trabalho desenvolvido na área da hepatologia.
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O HÁBITO Repensar a terapêutica de primeira linha Eficácia rápida e mantida no tempo1-5 Elevada barreira genética 1-5 Bem tolerado, com número baixo de descontinuações 1-5 Uma vez dia, com poucas interações medicamentosas ou restrições posológicas6*
*Para doentes com resistência à classe dos inibidores da integrase (documentada ou clinicamente suspeita), a dose recomendada de Tivicay é de um comprimido de 50 mg duas vezes por dia.6
Referências: 1. Walmsley S et al. N Engl J Med. 2013;369(19):1807-1818. 2. Raffi F et al. Lancet. 2013;381(9868):735-743. 3. Raffi F et al. Lancet Infect Dis. 2013;13(11):927-935. 4. Feinberg J et al. ICAAC. September 10-13, 2013. Denver, Colorado. 5. Cahn P et al. Lancet. 2013;382(9893):700-708. 6. RCM de TIVICAY (01/2014) INFORMAÇÕES ESSENCIAIS COMPATÍVEIS COM O RCM Este medicamento está sujeito a monitorização adicional. Isto irá permitir a rápida identificação de nova informação de segurança. Pede-se aos profissionais de saúde que notifiquem quaisquer suspeitas de reações adversas. Para saber como notificar reações adversas, ver sítio da internet do INFARMED: http://extranet.infarmed.pt/page.seram.frontoffice.seramhomepage; E-mail: farmacovigilancia@infarmed.pt. NOME DO MEDICAMENTO Tivicay COMPOSIÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA Cada comprimido contém 50 mg de dolutegravir. FORMA FARMACÊUTICA Comprimido revestido por película INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS Indicado, em combinação com outros medicamentos antirretrovirais, para o tratamento de adultos e adolescentes com mais de 12 anos de idade infetados com o VIH. POSOLOGIA E MODO DE ADMINISTRAÇÃO Deve ser prescrito por médicos experientes no controlo da infeção pelo VIH. Adultos infetados pelo VIH-1 sem resistência documentada ou clinicamente suspeita, à classe das integrases: 50 mg, 1x/dia. Deve ser administrado 2x/dia quando administrado concomitantemente com alguns medicamentos (ex: efavirenz, nevirapina, tipranavir/ritonavir ou rifampicina). Adultos infetados pelo VIH-1 com resistência à classe das integrases (documentada ou clinicamente suspeita): 50 mg, 2x/dia. A decisão de utilização nestes doentes deve ser baseada no padrão de resistência à integrase. A administração concomitante com alguns medicamentos deve ser evitada (ex: efavirenz, nevirapina, tipranavir/ritonavir ou rifampicina). Doses esquecidas Caso o doente se esqueça de tomar uma dose, deve tomar Tivicay o mais rapidamente possível, desde que a próxima dose não esteja prevista no prazo de 4h. Se a dose seguinte estiver prevista num prazo de 4h, o doente não deve tomar a dose esquecida e deve retomar o esquema posológico habitual. Adolescentes com 12 ou mais anos de idade (peso ≥40 kg) sem resistência à classe das integrases: 50 mg, 1x/dia. Idosos A quantidade de dados disponíveis em doentes de idade ≥65 anos é limitada. Compromisso renal Não é necessário ajuste da dose em doentes com compromisso renal ligeiro, moderado ou grave (CrCl <30 ml/min, que não estão a fazer diálise). Compromisso hepático Não é necessário ajuste da dose em doentes com compromisso hepático ligeiro ou moderado. Não existem dados disponíveis em doentes com compromisso hepático grave. População pediátrica A segurança e eficácia em crianças com <12 anos de idade ou com peso <40 kg não foram ainda estabelecidas. Não pode ser feita qualquer recomendação posológica. Modo de administração Via oral. Pode ser tomado com ou sem alimentos. Na presença de resistência à classe das integrases, para aumentar a exposição, deve ser tomado preferencialmente com alimentos (particularmente em doentes com mutações Q148). CONTRAINDICAÇÕES Hipersensibilidade à substância ativa ou a qualquer um dos excipientes. Administração concomitante com dofetilida. ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES ESPECIAIS DE UTILIZAÇÃO Embora uma supressão vírica eficaz com terapêutica antirretroviral tenha provado reduzir substancialmente o risco de transmissão sexual, não pode ser excluída a existência de um risco residual. Resistência à classe das integrases A atividade de dolutegravir é consideravelmente comprometida para estirpes víricas que incluam a mutação Q148+>2 mutações secundárias de G140A/C/S, E138A/K/T, L74I. Reações de hipersensibilidade Caracterizadas por erupção cutânea, alterações constitucionais e disfunção orgânica, incluindo reações hepáticas graves. Caso se desenvolvam sinais ou sintomas de reações de hipersensibilidade, dolutegravir e outros fármacos suspeitos devem ser imediatamente suspensos. A demora em suspender o tratamento com dolutegravir ou outras substâncias ativas suspeitas pode resultar numa reação alérgica com risco de vida. Deve ser monitorizado o estado clínico incluindo aminotransferases hepáticas e bilirrubina. Síndrome de Reativação Imunológica Em doentes infetados pelo VIH com deficiência imunológica grave à data da instituição da TARC, pode ocorrer uma reação inflamatória a patogénios oportunistas assintomáticos ou residuais e causar situações clínicas graves, ou agravamento dos sintomas (tipicamente durante as primeiras semanas ou meses após início da TARC). Doenças autoimunes, tal como a Doença de Graves, também têm sido descritas como tendo ocorrido no contexto de reconstituição imunológica; o tempo de início descrito é mais variável e estes acontecimentos podem ocorrer muitos meses após o início do tratamento. No início da terapêutica com dolutegravir, em alguns doentes coinfetados com hepatite B e/ou C, foram observados aumentos na bioquímica hepática consistentes com síndrome de reconstituição imunológica. Recomenda-se a monitorização dos parâmetros bioquímicos hepáticos em doentes com coinfeção por hepatite B e/ou C. Iniciar ou manter terapêutica efetiva para a hepatite B quando se inicia dolutegravir em doentes coinfetados com hepatite B. Infeções oportunistas Os doentes devem ser alertados de que dolutegravir não é uma cura para a infeção pelo VIH e que podem continuar a desenvolver infeções oportunistas e outras complicações da infeção pelo VIH. Interações medicamentosas Na presença de resistência à classe das integrases devem ser evitados fatores que reduzam a exposição ao dolutegravir, incluindo a administração concomitante com medicamentos que reduzam a exposição ao dolutegravir (ex: antiácidos com alumínio/magnésio, suplementos de ferro e cálcio, multivitaminas e agentes indutores, tripanavir/ritonavir, rifampicina e certos fármacos antiepiléticos). As concentrações de metformina podem ser aumentadas pelo dolutegravir. Os doentes devem ser monitorizados durante a terapêutica e pode ser necessário um ajuste da dose de metformina. Osteonecrose Foram notificados casos de osteonecrose em doentes com doença por VIH avançada e/ou exposição prolongada a TARC. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS E OUTRAS FORMAS DE INTERAÇÃO Dolutegravir é eliminado maioritariamente através de metabolização pela UGT1A1. Dolutegravir é também um substrato das UGT1A3, UGT1A9, CYP3A4, Pgp e BCRP. Medicamentos que induzam estas enzimas podem reduzir a concentração plasmática de dolutegravir e reduzir o seu efeito terapêutico. A administração concomitante de dolutegravir e outros medicamentos que inibam estas enzimas pode aumentar a concentração plasmática de dolutegravir. A absorção de dolutegravir é reduzida por certos agentes antiácidos. Não se espera que dolutegravir afete a farmacocinética de medicamentos que sejam substratos das enzimas do citocromo P450 (CYP)1A2, CYP2A6, CYP2B6, CYP2C8, CYP2C9, CYP2C19, CYP2D6 CYP3A, uridina difosfato glucuronosiltransferase (UGT)1A1 ou UGT2B7, ou dos transportadores Pgp, BCRP, BSEP, OATP1B1, OATP1B3, OCT1,MATE2-K, MRP2 ou MRP4. Dolutegravir pode aumentar as concentrações plasmáticas de medicamentos cuja excreção é dependente do OCT2 ou MATE-1 (ex: dofetilida, metformina). Deve evitar-se a administração concomitante com indutores enzimáticos incluindo anticonvulsivantes e Erva de S. João. Antiácidos com alumínio/magnésio, suplementos de cálcio, suplementos de ferro ou multivitaminas devem ser tomados bem separados no tempo da administração de dolutegravir (mínimo 2 horas após ou 6 horas antes). A dose recomendada de Tivicay é de 50 mg, 2x/dia quando administrado concomitantemente com efavirenz, nevirapina, tipranavir/ritonavir e rifampicina. Na presença de resistência à classe das integrases devem ser consideradas combinações alternativas que não incluam estes fármacos nem fosamprenavir/ritonavir. Tivicay não deve ser utilizado com etravirina sem administração concomitante de atazanavir/ritonavir, darunavir/ritonavir ou lopinavir/ritonavir. EFEITOS INDESEJÁVEIS Doenças do sistema imunitário Pouco frequente Hipersensibilidade, síndrome de reconstituição imunológica Perturbações do foro psiquiátrico Frequente Insónia, sonhos anormais Doenças do sistema nervoso Muito frequente Cefaleia Frequente Tonturas Doenças gastrointestinais Muito frequente Náuseas, diarreia Frequente Vómitos, flatulência, dor abdominal alta, dor e desconforto abdominal Afeções hepatobiliares Pouco frequente Hepatite Afeções dos tecidos cutâneos e subcutâneos Frequente Erupção cutânea, prurido Perturbações gerais e alterações no local de administração Frequente Fadiga Exames complementares de diagnóstico Frequente Aumentos da ALT e/ou AST e CPK. Alterações nos parâmetros bioquímicos laboratoriais Durante a primeira semana de tratamento ocorreram aumentos da creatinina sérica que se mantiveram estáveis ao longo de 48 semanas (alteração média de 9,96 mol/l desde a linha de base). Os aumentos da creatinina foram comparáveis entre vários regimes de base. Estas alterações não refletem uma alteração na taxa de filtração glomerular. TITULAR DA AIM ViiV Healthcare UK Limited, 980 Great West Road, Brentford, Middlesex,TW8 9GS, Reino Unido DATA DA REVISÃO DO TEXTO janeiro 2014. Está disponível informação pormenorizada sobre este medicamento no sítio da internet da Agência Europeia de Medicamentos: http://www.ema.europa.eu. Para mais informações deverá contactar o representante local do titular da AIM. VIIVHIV, Unipessoal Lda., R. Dr. António Loureiro Borges, nº3, Arquiparque-Miraflores, 1495-131 Algés, NIPC-509117961. Medicamento sujeito a receita médica restrita, de utilização reservada a certos meios especializados. Sujeito ao regime de avaliação prévia. Para mais informações ou em caso de suspeita de acontecimento adverso contactar o Departamento Médico da ViiV Healthcare – Telf: +351 21 094 08 01.
VIIVHIV HEALTHCARE Unipessoal Lda. R. Dr. António Loureiro Borges nº 3 Arquiparque-Miraflores · 1499-013 Algés Portugal · Telef. 210940801 Fax: 210940901 NIF: 509117961
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