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Condições Edafoclimáticas

Dr. Edson Shigueaki Nomura

Pesquisador científico – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) Polo Regional Vale do Ribeira – edson.nomura@sp.gov.br

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Luiz Antônio de Campos Penteado

Engenheiro agrônomo, assistente agropecuário VI (aposentado) CDRS Regional Registro lc.penteado@hotmail.com

A bananeira é uma espécie tipicamente tropical e exige calor constante, umidade relativa do ar elevada e adequada distribuição de chuvas ao longo do ano para o bom desenvolvimento e produção. A faixa ideal de temperatura varia entre 15oC e 35oC para as bananeiras crescerem e produzirem adequadamente. A bananeira apresenta melhor desenvolvimento em locais com médias anuais de umidade relativa do ar acima de 80%, pois acelera a emissão das folhas, prolonga sua longevidade, torna a sua casca e a polpa mais túrgida, favorece o lançamento da inflorescência e uniformiza a coloração da fruta quando madura, porém propicia boas condições para o desenvolvimento da sigatoka amarela e da negra também, além de outras doenças que exigem elevado número de pulverizações para seu controle.

As precipitações pluviométricas devem estar acima de 1.200mm/ano e bem distribuídas, em torno de 100-180mm por mês são satisfatórias, para não haver períodos de déficit hídrico, principalmente no período de formação da inflorescência ou no início da frutificação, fases em que a bananeira exige maiores quantidades de água. Essas condições são registradas entre os paralelos de 30º de latitude norte e sul.

No entanto, desde que a temperatura e o regime de precipitação pluvial sejam adequados, é possível o cultivo de bananeiras em latitudes superiores a 30º no Brasil, como por exemplo nos Estados de São Paulo, do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, onde se utilizam cultivares com maior tolerância ao frio, como a Prata-anã ou enxerto. Porém, nas regiões produtoras de banana localizadas em clima subtropical, pode ocorrer o chilling ou friagem nas frutas (Figura 2), que consiste em um dano fisiológico causado por baixas temperaturas (faixa de 10oC a 4oC), provocando o fechamento dos estômatos, paralização parcial ou total da respiração e a 11

coagulação dos cloroplastos da epiderme da casca. Isto dificulta a circulação da seiva, ocasionando escurecimento e coloração da casca da banana pouco amarelada quando maduras.

Figura 2 – Sintomas característicos de banana com chilling ou friagem. Foto: Edson Shigueaki Nomura

Temperaturas abaixo de 4oC podem ocasionar a “queima” das folhas das bananeiras ou dos frutos em crescimento, os quais são impedidos de atingir o seu máximo tamanho, tornando-se pequenos e de maturação incompleta; portanto, plantios em locais sujeitos às geadas e aos ventos frios devem ser evitados. Normalmente, o período de baixa temperatura no Estado de São Paulo ocorre concomitantemente com o menor índice pluviométrico, o que agrava os prejuízos. Os dois fatores são capazes de causar a compactação da roseta foliar, dificultando o lançamento da inflorescência, principalmente na cultivar nanica, chegando a provocar um “engasgamento” da inflorescência (Figura 3), tornando o cacho e os frutos deformados, impossibilitando sua comercialização.

Em temperaturas acima de 35oC, há inibições no desenvolvimento das bananeiras devido, principalmente, à desidratação dos tecidos das folhas. Isto faz com que elas se tornem rígidas e mais facilmente sujeitas ao fendilhamento. 12

Figura 3 – Sintomas de engasgamento da inflorescência na bananeira tipo Nanica. Foto: Edson Shigueaki Nomura

Convém notar que a incidência e o desenvolvimento de pragas e doenças, como, por exemplo, a sigatoka negra, também é favorecida por alta umidade e temperatura, devendo-se, portanto, levar em conta esse aspecto na escolha do local de instalação de um bananal.

Outros fatores de influência são a altitude e a latitude, pois afetam diretamente na temperatura, na quantidade de chuvas, na umidade relativa e na luminosidade. Quanto maiores, influenciam no desenvolvimento e na produção das bananeiras, aumentando o ciclo de produção, principalmente para as cultivares Nanica e Nanicão. Em comparações feitas entre plantações conduzidas em condições iguais de cultivo, se constatou aumento de 30 a 45 dias no ciclo de produção, a cada 100m de acréscimo na altitude, em uma mesma latitude.

A luminosidade é importante para o desenvolvimento da bananeira, sendo desejável que as plantas recebam entre mil a duas mil horas de luz/ ano. Ela afeta o ciclo, o tamanho do cacho, a qualidade e a conservação dos frutos. Valores abaixo destes são insuficientes para que as bananeiras tenham desenvolvimento normal, mantendo-se apenas em fase vegetativa, podendo até mesmo não entrarem no processo de diferenciação floral. Valores acima da faixa ideal podem ocasionar queima das folhas, principalmente da folha vela e recém-aberta, pois nelas o tecido é muito tenro, ficando vulnerável aos raios solares intensos.

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O vento é uma das maiores preocupações dos produtores de banana, pois este pode causar chilling (se for frio), desidratação da planta devido à maior transpiração, ao fendilhamento (Figura 4A) e à quebra das folhas (redução da área foliar), ao rompimento das raízes e, em casos mais graves, à quebra do pseudocaule e tombamento das plantas (Figura 4B). Para minimizar seu efeito, é importante a implantação de quebra-ventos no bananal, associada ao plantio de cultivares de bananeiras de porte mais baixo. Geralmente, os quebra-ventos são árvores plantadas em renques, em direção perpendicular aos ventos predominantes, cuja função é diminuir seus efeitos danosos. Eles atuam elevando a altura da corrente de vento e diminuindo a velocidade no patamar logo acima das bananeiras.

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Figura 4 – Danos causados pelo vento: fendilhamento das folhas (A) e plantas tombadas ou quebradas devido ao vento forte (B). Fotos: Edson Shigueaki Nomura 14

Para a escolha da espécie de planta para a formação do quebra-vento deve-se ter a copa em forma cilíndrica, bem enfolhada, porte bem alto e sistema radicular pivotante, com reduzido número de raízes laterais. Para reduzir o efeito da concorrência entre as plantas do quebra-vento por água devem-se construir valas laterais paralelas à linha de plantio do quebra-vento, evitando-se que as raízes laterais invadam o bananal e obriga-se a planta a ter maior desenvolvimento do seu sistema radicular pivotante. As espécies mais utilizadas como quebra-vento em plantios de bananeiras são: eucalipto (Figura 5A), Pinnus ellioti, Grevillia robusta (Figura 5B) e, em alguns casos, o bambu (Bambusa oldhami) (Figura 5C).

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Figura 5 – Bananal protegido com fileiras de quebra-vento: eucalipto (A); Grevillia robusta (B); bambu – Bambusa oldhami (C). Fotos: Edson Shigueaki Nomura

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Nas bananeiras, a maior porcentagem das raízes se encontra nos primeiros 30cm do solo, no entanto as raízes devem penetrar no solo, no mínimo entre 60 e 80cm de profundidade. Assim, os solos preferidos são os ricos em matéria orgânica, bem drenados, argilosos ou mistos, que possuam boa disponibilidade de água e topografia favorável. Os solos arenosos, além da baixa fertilidade e da baixa retenção de umidade, favorecem a disseminação de nematoides e doenças de solo, devendo receber maiores cuidados. Devem-se evitar, também, solos encharcados e sujeitos a inundações.

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