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AÇO: SOLUÇÃO PARA GALPÕES

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padrão global

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AA – O uso do aço nas estruturas, fechamentos e coberturas de galpões tem sido uma solução adotada com frequência para a construção de centros logísticos. Por que a preferência dos profissionais por esse tipo de estrutura?

Alcindo Dell’Agnese Filho – A preferência se deve à leveza do material, o que permite utilizar estruturas de menores dimensões, que ocupam menos espaço na edificação e promovem um melhor aproveitamento de áreas úteis.

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Em geral, os galpões para armazenagem têm grandes dimensões e demandam estruturas capazes de superar grandes vãos. Nesses casos, o aço é a solução que se sai melhor e proporciona ganho de espaço e flexibilidade à configuração. O espaço construído é muito valorizado nesse tipo de empreendimento: cada metro quadrado bem aproveitado gera lucro certo para o usuário e para o incorporador, pois o mesmo costuma se multiplicar ao longo de toda a modulação do galpão.

Titular do AD Arquitetos Associados, Alcindo Dell’Agnese Filho tem um histórico com mais de 40 anos de experiência na área. É conhecido não apenas pela elaboração de projetos comerciais, como shopping centers, hospitais e faculdades, mas, principalmente, por sua atuação no segmento industrial e de logística. Ele assina o projeto de diversos centros de distribuição, como o da Drogaria Pacheco e Drogaria São Paulo (DPSP), o da Natura e o complexo GLP Guarulhos (veja matéria na página 25 desta edição), e muitos outros.

AA – Há alguma outra vantagem?

ADF – Um outro fator, muito importante, é a velocidade construtiva que se obtém com o uso do aço. Os projetos de centros de logística sempre trazem uma forte pressão por prazos de construção mais curtos para que possam entrar logo em operação e gerar receitas. As estruturas e fechamentos em aço dispensam a execução em canteiros de obra, chegam prontas para a montagem, agilizando toda a execução. É importante ressaltar que as estruturas de menores dimensões também racionalizam o uso de material e trazem economia à obra. O aço é um material nobre, que traz valor à construção.

AA – O uso do aço em centros de distribuição é ideal para qualquer tipo de projeto, independente do segmento industrial?

ADF – Sim. Do ponto de vista da redução da superfície ocupada pelos elementos estruturais, da facilidade de manutenção e, principalmente, por sua capacidade de agilizar qualquer obra de ampliação, o aço acaba sendo a solução mais versátil para qualquer tipo de projeto logístico.

AA – No Brasil, vemos muitos projetos de centros de distribuição com estruturas híbridas. Neste casos, é comum encontrarmos o aço apenas nos fechamentos e coberturas de galpões. Como a associação entre os dois materiais pode ser interessante? Quais vantagens as estruturas híbridas podem trazer à obra?

ADF – Os elementos estruturais dos pilares em concreto trabalham com a compressão e têm vantagem sobre o aço nesta característica; já as vigas, tanto do telhado quanto dos fechamentos, trabalham melhor com a tração, e por isso se saem melhor quando projetadas em aço; afinal, a leveza do material é um fator determinante para a redução da carga estrutural do edifício. Assim, a opção pelas estruturas híbridas acaba sendo interessante nesse tipo de obra, pois podem significar economia no custo dos pilares e, também, atendem às solicitações de esforço da cobertura.

AA – Os centros de distribuição do Brasil, independente da empresa à qual pertençam, se parecem muito entre si, em termos de design. Qual a razão para esta uniformização?

O senhor acredita que os projetos poderiam ser mais criativos e diversificados?

ADF – Sim, acredito que podemos evoluir nesse sentido. Mas temos esbarrado em preocupações com o custo e até mesmo na cultura e filosofia dos clientes, que, em geral, priorizam projetos eficientes e racionais acima de tudo. Existe um padrão de dimensões, carga e espaço destinados a abrigar as mercadorias que deve ser observado no projeto de um centro de distribuição. Assim, na maioria dos projetos, é preciso segui-lo, tanto quando tratamos de clientes específicos como ao falar de galpões para a locação. O mercado, de certa forma, acaba restringindo o uso de estruturas não convencionais, pois tudo aquilo que foge do padrão implica em algum custo adicional, principalmente após o ano de 2013, quando os custos da construção civil tiveram uma forte elevação.

Solução em aço nos fechamentos laterais e na cobertura trouxe mais agilidade também à obra do centro de distribuição da Natura, em São Paulo, que ficou pronta em apenas um ano

AA – Quando falamos em centro de distribuição, qual o peso da opinião do arquiteto na definição do sistema estrutural, frente ao engenheiro estrutural, construtora e empreendedor?

ADF – Tem um peso muito grande, pois é ele que está trabalhando para chegar à melhor forma de configurar e construir o espaço almejado. Mas o arquiteto precisar ter conhecimento da tecnologia do aço para justificar as suas escolhas e baseá-las não somente na estética da construção, mas, principalmente, nos aspectos já citados anteriormente.

AA – Alguns centros de distribuição adotam um tipo de estrutura autoportante, na qual o fechamento lateral e a cobertura são fixados nas próprias estantes de aço. Esta tecnologia está sendo muito empregada pelas empresas?

ADF – Ela está sendo difundida em empresas que trabalham com um tipo de armazenagem em que a movimentação da carga é automatizada, com equipamentos que permitem vencer alturas superiores ao convencional. Essa tecnologia tem como vantagem o fato de trazer economia em termos estruturais, especialmente quando nos referimos aos fechamentos e coberturas, que são apoiados diretamente nas prateleiras. São ideais para projetos de menores dimensões e que precisam de um melhor aproveitamento interno, já que restringem a ocupação do prédio e demandam fechamentos perimetrais mais resistentes e autoportantes. O futuro pode caminhar para a automação ser cada vez mais presente em projetos de logística desse tipo, porém, nos dias de hoje, a tecnologia ainda é cara.

AA – Quais outras tecnologias em aço estão em alta nos centros de distribuição neste momento no Brasil? O que ainda está por vir? ADF – As estruturas de coberturas, que possibilitam uma menor inclinação dos telhados e também conferem maior estanqueidade, a partir do uso de membranas poliméricas, são algumas das novidades no país. Para o futuro, temos o uso de coberturas que incorporam células fotovoltaicas e que não contribuem para o aumento da carga sobre o telhado; e dos centros de armazenagem verticais que, em outros países, já existem em maior escala. (E.Q.) M

À esquerda, galpão do centro de distribuição DPSP – Drogaria Pacheco/Drogaria São Paulo, em Osasco (SP) ganhou velocidade construtiva graças às estruturas em aço adotadas nos fechamentos laterais e na cobertura do empreendimento. Abaixo, cobertura em aço curvada é destaque na portaria da AGV Logística, em Vinhedo (SP)

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