A biodiversidade da Estância Santa Maria & Isabella e do Banhado do Maçarico no Pampa Gaúcho

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A biodiversidade da

Estância Santa Maria & Isabella e do Banhado do Maçarico no Pampa Gaúcho


Projetos voltados para o meio ambiente estão sendo implantados para promover o desenvolvimento sustentável na região

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Secretaria do Meio Ambiente da Cidade do Rio Grande apoia os projetos da Estância Santa Maria & Isabella, a qual está inserida no Banhado do Maçarico. A Estância aguarda o status de reconhecimento de Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Unesco. A Santa Maria & Isabella fica próxima a Reserva Ecológica do Taim. Em nota, ao proprietário da Estância, jornalista e ambientalista Eduardo Peixoto, o secretario Pedro Friedrich Fruet destaca que o apoio da SMMA ocorre devido à visão do potencial dos ganhos socioambientais que poderão resultar dos projetos desenvolvidos na área, como a reintrodução e polinização de abelhas sem ferrão no pampa e o projeto de melhoramento do campo nativo do pampa. “Uma parceria entre a SMMA e a Estância está em fase de elaboração com o objetivo de proporcionar visitas guiadas ao local para que alunos de escolas municipais das comunidades do entorno do banhado do maçarico possam conhecer as atividades dos projetos, fomentando a educação ambiental e promovendo o desenvolvimento sustentável da região”, destacou Fruet. Segundo Eduardo Peixoto, a Estância Santa Maria & Isabella está sendo adequada


junto a Reserva da Biosfera, em fase de aprovação pelo Conselho Nacional da Reserva da Biosfera, para implantar o programa “O Homem e a Biosfera” (The Man And the Biosphere – MaB) criado na década de 70 pela UNESCO, Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, atribui a determinadas áreas do globo, consideradas de relevante valor ambiental e humano, o título de Reserva da Biosfera. “Existem hoje no mundo cerca de 360 Reservas da Biosfera, formando uma grande Rede Internacional. As Reservas da Biosfera objetivam uma correta gestão de seus ambientes naturais e modificados e a busca do Desenvolvimento Sustentável, através da pesquisa científica, da conservação da biodiversidade, da promoção social e da integração dos diversos agentes atuando em seu espaço”, destacou Peixoto. Dois projetos já estão em desenvolvimento: abelhas sem ferrão (polinização do bioma pampa), e melhoramento de campos nativos. Em 2017, a estância foi certificada com a aplicação de Boas Práticas Agropecuárias (BPA), e foi capacitada pelo Senar RS em parceria com a Embrapa. Para Eduardo Peixoto, o estímulo econômico, com conhecimento, pode ser um importante vetor para levar a sustentabilidade para o campo. Em sua opinião não há outro caminho para a produção se não unirmos preservação com o desenvolvimento. “Para isso, é preciso promover uma mudança de filosofia na região, e muitas pessoas resistem um pouco a essa mudança. Precisamos aumentar a capacidade técnica para aumentar a produtividade com sustentabilidade”, frisou Peixoto, que destaca também a produção de mudas nativas e reciclagem do lixo orgânico para produção de muda e respectiva floração para alimentação das abelhas. A lida no campo conta com a participação da família. As filhas Isabella Momo Peixoto de 9 anos e Maria Peixoto, que estuda no Canadá, da esposa Michelle Momo Peixoto, psicóloga, e do capataz Gilmar de Andrade Ramos, o Maranhão, desde 2013 no Rio Grande do Sul. Mas o que faz uma família trocar as belas praias de Santa Catarina


pelo Pampa Gaúcho? Com uma infinidade de possibilidades nas mãos, a família Peixoto poderia escolher qualquer lugar do Planeta. Onde viver?, foi a pergunta chave que estimulou a pensar no futuro e imaginar a vida que gostariam de ter. “A não utilização de agrotóxicos também é uma prática utilizada na propriedade. Optamos pelo Pampa e por um modo de vida mais saudável e equilibrado”, disse Eduardo Peixoto.

Um manto verde para a conservação das aves Com uma área de 6.253 hectares, o Banhado do Maçarico preserva uma área de reconhecida importância internacional para a conservação das aves. Cinco espécies de aves são as principais motivadoras para proteger o ecossistema. Uma delas é o macuquinhoda-várzea (Scytalopus iraiensis), além de ser uma região importante para a reprodução do pássaro migratório caboclinho-de-papo-branco (Sporophila palustris). A região abriga ainda grande parte das populações locais das aves gavião-cinza (Circus cinereus), noivinhade-rabo-preto (Xolmis dominicana) e caminheiro-grande (Anthus nattereri). Em 2008, a ONG inglesa Birdlife International identificou o local como uma Important Bird Area (área importante para aves). É um conceito baseado na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza. A partir de critérios científicos, a ONG analisa regiões que contam com populações de espécies ameaçadas, para identificar locais que deveriam receber investimentos em preservação.


O passado e o futuro Há cinco mil anos se formaram durante a última transgressão oceânica vários cordões litorâneos na região. Resumindo: o Oceano Atlântico inundou o continente e ao regredir, deixou várias áreas alagadas. A paisagem dessa região costeira no Pampa Gaúcho é caracterizada por banhados e terreno seco, o que tornou o Maçarico um banhado tipo turfeira, com pouquíssima água exposta e muita matéria orgânica. Campos e dunas ficam junto ao banhado. As dunas marcavam o limite do continente com o oceano há milhares de anos. É uma fronteira que o mar não ultrapassou na última transgressão oceânica. A região é um sítio Ramsar, está na lista de Zonas Úmidas de importância internacional, chamada também de Lista de Ramsar. É um instrumento adotado pela Convenção Ramsar, tratado internacional aprovado em encontro realizado na cidade iraniana de Ramsar, para atingir o objetivo de promover a cooperação entre países na conservação e no uso racional das zonas úmidas e aves silvestres. O Brasil é signatário da Convenção. O Banhado do Maçarico mostra bem o antes e o depois. O passado, e para onde aponta o futuro. No caminho está a Estância Santa Maria & Isabella. “A polinização e recuperação do pampa, com certeza, será precedida por ações ambientais do homem no campo. A natureza, a biodiversidade de flora e fauna, o por do sol e o céu estrelado a noite compõe um cenário único, uma paisagem cinematográfica que me faz lembrar meus melhores momentos na direção de filmes e documentários de natureza. Este é o legado que pretendo deixar para a minha família e futuras gerações. A conservação dos banhados e dos campos nativos”, finalizou Eduardo Peixoto.

Habitantes do Banhado do Maçarico

MAÇARICO DO BANHADO Tapicuru-de-cara-pelada,Phimosus infuscatus, da família Threskiornithidae, também conhecido por maçarico-preto e maçarico-do-banhado


CAMINHEIRO-GRANDE (Anthus nattereri)

MACUQUINHO-DA-VÁRZEA (Scytalopus iraiensis)

NOIVINHA- DE- RABO-PRETO (Xolmis dominicana)

CABOCLINHO-DE-PAPO-BRANCO (Sporophila palustres)

GAVIAO-CINZA (Circus cinreus)


Projetos desenvolvidos na Estância Santa Maria & Isabella

Boas Práticas Animais (BPA-Embrapa): manejo racional a pé, sem cães ou agressividade com os animais

Boas práticas animais (BPA-Embrapa)

Projeto da Alianza del Pastizal conserva o campo nativo

Abelhas sem ferrão e Apis: polinização do Bioma Pampa


Os polinizadores são vitais para a manutenção dos ecossistemas, pois cumprem um importante serviço ambiental de transporte do pólen, garantindo o fluxo gênico entre as populações da flora nativa, permitindo, com isso, a propagação e a evolução das espécies nos ambientes naturais. Quando manejados, tornam-se uma excelente alternativa de exploração econômica, fornecendo mel, pólen e ninhos numa produção compatível com a conservação dos recursos naturais.”

Diego Melo Pereira

Diretor do Departamento de Biodiversidade da SEMA

O ambientalista Eduardo Peixoto diz que as mudanças climáticas provocadas pelo efeito estufa são o maior desafio ambiental da humanidade e que tanto a Amazônia como o Pampa já começam a sentir os impactos. Água é fundamental para o equilíbrio da humanidade. O Brasil necessita voltar a discutir urgente a agenda ambiental, sob pena de isolar-se no mundo e criar obstáculos para o crescimento econômico, social e com sérias consequências ao meio ambiente. Gilmar de Andrade Ramos, o Maranhão, é o capataz da Estância Santa Maria & Isabella desde 2013. É ele que coordena toda a lida no campo, entre elas o manejo do gado. “É um manejo racional a pé, sem cães ou agressividade com os animais. Os animais ficaram mais mansos aos comandos humanos”, diz Maranhão com a sua fala mansa e um sorriso no rosto. Esse conceito nasceu na Europa, ainda no século XVI. A primeira legislação sobre o tema vingou em 1822, na Grã- Bretanha. Os benefícios são imediatos. São iniciativas simples que reduzem o estresse dos animais, evitam acidentes e aumenta a produtividade do rebanho.


Limites e Zoneamento da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica

Rio Grande Taim Estância Santa Maria & Isabella


Galeria de Imagens


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