SUL RS
Notícias e Negócios
Novamente desativada a ligação com Santa Isabel PÁGINA 6
LINHA RIO GRANDE/PELOTAS :
Ônibus pegam e largam passageiros Circulação: Rio Grande e São José do Norte também na área central ANO I - Nº 12
FEVEREIRO DE 2018
CIRCULAÇÃO DIRIGIDA
PÁGINA 8
Menos de mil trabalhadores
Em 17 anos de Polo Naval, quando foram construídas as plataformas P-55, P-58, P-53, P-63, P-66, P-68 e a P-74, mais os módulos da P-74 e P-75, nos estaleiros do Rio Grande e São José do Norte, e empregados até 24 mil trabalhadores no auge da produção, em 2013, eis que os três estaleiros existentes na região hoje não empregam, juntos, mil trabalhadores. Bastava uma “canetada” do Governo Federal para que as encomendas da Petrobras fossem novamente feitas em estaleiros brasileiros mas, por enquanto, plataformas estão sendo feitas no exterior, ao invés de gerar empregos e impostos aqui. Enquanto veem esse grande projeto naufragar, as comunidades rio-grandina e nortense ainda tem esperança de que surja uma luz no fim do túnel, mas que essa luz não seja um trem em sentido contrário. O vice-presidente do Sindicato
dos Trabalhadores Metalúrgicos do Rio Grande (STIMMMERG), Sadi Machado, indagado sobre a situação do Polo Naval, não hesita: “Está à beira da extinção”. O sindicalista faz um balanço ao SUL RS sobre a situação dos três estaleiros: - A P-74 vai ser entregue neste mês de fevereiro pelo EBR, de São José do Norte, e já foram desmobilizados mais de 2.200 trabalhadores. É mais um ciclo que se fecha. Exagerando, vão ficar cerca de 60 trabalhadores para manutenção. Cabe salientar que foi um trabalho de excelência, de primeira linha. A QGI está em fase de desmobilização. O efetivo que tem lá é o menor possível, a princípio para manutenção. Os módulos da P-74 e P-75 estão praticamente prontos, em fase final de reparos. A entrega, em princípio, será em março e lá trabalham entre 200 e 250 trabalhadores. A Ecovix continua cortando os blocos das
FPSO e procurando investidor para a retomada. O estaleiro está parado, com cerca de 200 funcionários hoje, e acredito que será difícil uma retomada neste ano. Depois acho que sim, porque alguém vai pegar aqui. Acontece que enquanto não for feita a recuperação judicial da Ecovix não se sabe de nada. NADA SERÁ COMO ANTES Sadi Machado acredita que o Polo Naval será retomado, “mas não como antes. Vai mudar muito o conceito do Polo Naval para o futuro. E vai depender, também, muito do encaminhamento eleitoral este ano”. O vice-presidente do STIMMMERG informa que os estaleiros em Pernambuco e Rio de Janeiro “também estão parados esperando as licitações que acontecerão este ano. Por causa das eleições, essas licitações só poderão ser feitas até
junho e sabemos que o EBR irá participar. De repente a QGI também, mas não tenho como afirmar. Já a Ecovix vai depender muito da recuperação judicial”.
A que você atribui essa desmobilização do Polo Naval? O Polo Naval do Rio Grande fechou por uma determinação política que extinguiu 24 milhões de empregos. Os estaleiros foram praticamente fechados por iniciativa do Governo Federal para atender interesses particulares deles, não do povo. Estão entregando a Petrobras para o capital estrangeiro, a única no mundo que tinha capacidade para explorar o pré-sal. Não faltou maior mobilização para defender o Polo Naval? O sindicato e os trabalhadores fizeram a sua parte mas, de fato, não houve vontade das lideranças do
Sadi Machado município e sim vaidades. O Governo do Estado, que é do mesmo partido do Temer, não se impôs, e isso que nessa época de crise ganharam milhões em impostos. Quem acabou sendo prejudicada foi a população, o comércio, a área de serviços e, principalmente, os trabalhadores.
STIMMMERG:
apenas dois funcionários O Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos em poucos anos se transformou num dos mais respeitados do país por sua capacidade de mobilização. No auge do Polo Naval chegou a liderar uma massa superior a 20 mil trabalhadores e teve três mil associados, além da sede no Rio Grande e São José do Norte. Sindicato liderou milhares de trabalhadores
A grande transformação aconteceu nas gestões de João Carlos Pereira Jr. e Benito Gonçalves. Várias mobilizações foram feitas, que resultaram em conquistas salariais e melhoria das condições de trabalho. Para defender o Polo Naval, o STIMMMERG parou a cidade e chamou atenção de todo o Brasil, inclusive sendo notícia no Jornal Nacional da Rede Globo. Depois, uma caravana de metalúrgicos foi até a sede da Petrobras, no Rio de Janei-
ro, quando garantiu a construção das plataformas P-74 e P-75. A sede do STIMMMERG, que antes era muito concorrida, hoje está vazia. Em função da crise atual, o quadro funcional foi reduzido. Hoje, são apenas dois funcionários, mas o sindicato não irá parar. “Vamos continuar brigando pelo direito dos trabalhadores, mesmo com as dificuldades que enfrentamos hoje”, afirma Sadi Machado.