I Simpósio da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco – 6 de junho de 2016
ASPECTOS QUANTITATIVOS NA GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA DO SÃO FRANCISCO
José Almir Cirilo Prof. Titular da UFPE – Centro Acadêmico do Agreste Secretário Executivo de Recursos Hídricos de Pernambuco
DISPONIBILIDADE HÍDRICA NA BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO
? Vazões máximas de cada ano 1949
1979 1992
médias em Sobradinho
ano vazão (m³/s) 1929/ 2014 2528 1992 2750 até 1993/ 2014 1882
SITUAÇÃO CLIMÁTICA - Perspectivas do El Niño e La Niña ANOMALIA DA TEMPERATURA DA SUPERFÍCIE DO MAR (ºC)
OUTUBRO/2015
Oceano Pacífico Equatorial com anomalias positivas +3°C Oceano Atlântico Sul com anomalias negativas / 1°C
MAIO/2016
Vazão afluente aos reservatórios Três Marias e Sobradinho nos meses de outubro, entre 1929 e 2014
Sobradin Três ho Marias Média dos meses de outubro (1929- 2014) em m³/s 2011 2012 2013 2014
1199
275
1168 941 843 272
270 162 178 41,9
CENÁRIOS POSSÍVEIS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS: ALTERAÇÕES NO REGIME DOS RIOS
A vazão média dos rios aumentará nas altas latitudes e nos trópicos úmidos e será reduzida em médias altitudes e em parte dos trópicos secos. Aumento na frequência de dias secos consecutivos até 2100
IPCC WGII, 2007
Variação percentual esperada para a média anual das vazões dos rios, comparando duas épocas (1981 to 2000) and 2100 (Nohara et al., 2006).
Aumento na frequência e amplitude das enchentes
Média anual das temperaturas máxima e mínima para as regiões do Alto, Médio, Submédio e Baixo São Francisco, para os anos de 1961 a 2014. Fonte: INMET, 2015, Plano SF.
A disponibilidade hídrica superficial foi estimada no Plano SF, para o período 1931-2013, traduzindo-se em uma vazão média de 2.769 m³/s, em uma vazão de permanência Q95 de 800 m³/s.
Formação das vazões médias na bacia. Fonte: Hidroweb (2015), com cálculos do Plano.
Águas subterrâneas: vazão explotável avaliada em 366m³/s (20% das reservas renováveis, sendo 41% no Urucuia)
Aquíferos, com destaque para as ba cias sedimentares (fonte: CPRM)
Aquíferos, com destaque para as ba cias sedimentares (fonte: CPRM)
AVALIAÇÃO DA DEMANDA POR ÁGUA
A demanda total (água que se estima ser necessária para atender os principais setores de usuários) na bacia do rio São Francisco (2010 é o ano de referência, exceto para o setor irrigação, atualizado a 2013, com base na área irrigada) é de 309,4 m /s. Este valor representa um crescimento de 87% face à demanda total em 2000, estimada pelo PRH-SF 2004-2013 em 165,8 m /s. 3
3
TRANSPOSIÇÕES Projeto São Francisco (87,7% das obras do Eixo Norte e 84,4% do Eixo Leste concluídas; previsão de conclusão dos trechos de canais em Pernambuco entre 2º. Semestre de 2016 e 1º. Semestre de 2017) ESTADOS PB CE RN Total Transferido PE TOTAL
Eixo N 10 m³/s 40 m³/s 39 m³/s 89 m³/s 10 m³/s 99 m³/s
Eixo L 10 m³/s 10 m³/s 18 ³/s(*) 28 m³/s
TOTAL 20 m³/s 40 m³/s 39 m³/s 99 m³/s 28 m³/s 127 m³/s
“vazão firme disponível para bombeamento, nos dois eixos, a qualquer tempo, de 26,4 m³/s, correspondente à demanda projetada para o ano de 2025 para consumo humano e dessedentação animal na região”, de acordo com a Resolução n.º 411, de 2005, da ANA; “excepcionalmente, dependendo do nível de água do Reservatório de Sobradinho, será permitida a captação da vazão máxima diária de 114,3 m³/s e instantânea de 127 m³/s”. Transposição para Aracaju: 2,8m³/s.
BALANÇO DEMANDA/ OFERTA DE ÁGUA
comparação da disponibilidade de água superficial em cada sub-bacia com as estimativas da demanda, para avaliar a capacidade de cada uma em satisfazer as demandas existentes com os recursos hídricos locais. Razão abaixo dos 10% – Excelente; Razão entre 10% e 40% – Confortável, podendo ocorrer necessidade de gerenciamento para solução de problemas locais de abastecimento; Razão entre 40% e 60% – Preocupante, exigindo atividade de gerenciamento; Razão entre 60% e 100% – Crítica, exigindo intensa atividade de gerenciamento; Razão> 100% – Muito crítica.
Os usos consuntivos da bacia hidrográfica do rio São Francisco apresentam atualmente uma vazão de retirada da ordem dos 309 m³/s, que poderá vir a aumentar para valores entre 458 m³/s e 786 m³/s, em 2025, e valores entre 539 m³/s e 1073 m³/s, em 2035.
Este forte crescimento da demanda ocorre, sobretudo, como resultado do crescimento do uso da água no Médio e Submédio São Francisco.
Demanda total a médio e longo prazo (2025 e 2035), em três cenários Fonte: SF. mais Cenário APlano (consumo moderado, associado a uma trajetória de menor desenvolvimento econômico e social da bacia do rio São Francisco). Cenário B, cenário central ou tendencial: projeção a partir das dinâmicas instaladas nas diversas sub/ bacias e setores usuários: agropecuária, indústria, abastecimento humano – urbano e rural e usos externos – (transposição). Cenário C: projeta maior desenvolvimento e alta demanda em termos de consumo de água.
Balanço hídrico superficial (relação demanda/Q95), em 2025, nos Cenários A B C
Balanço hídrico de uso das águas subterrâneas (vazão de retirada/vazão explotável), em 2025, nos cenários A B C
Resultados discutíveis pelo baixo número de poços cadastrados nos grandes aquíferos. Nos aquíferos fraturados (rochas cristalinas), o balanço dito “confortável” decorre da baixa explotação, por conta da salinidade da água
O QUE FAZER?
Desafios da Gestão Os recursos hídricos superficiais disponíveis não serão suficientes para satisfazer as projeções de demanda apresentadas nos vários cenários, com níveis de garantia de abastecimento adequados, sendo evidente a necessidade de encontrar consensos sobre a partilha dos recursos hídricos disponíveis. Isso passa pela negociação das vazões de entrega para cada estado.
X
CONFLITOS DE USO: IRRIGAÇÃO, DENTRO E FORA DA BACIA; GERAÇÃO DE ENERGIA; NAVEGAÇÃO; CONTROLE DO USO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS; AGRAVAMENTO DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DO TERRITÓRIO DA BACIA E DA CALHA FLUVIAL
GESTÃO DA DEMANDA Aumento da eficiência dos sistemas de distribuição; prática do reuso. A agricultura é responsável por 2/3 da água utilizada
O desperdício de água junto com a perda de faturamento nos sistemas de abastecimento muitas vezes passa de 50%
Cerca de 1/3 dos alimentos produzidos no mundo é desperdiçado
Visão de futuro: água no longo prazo deve ser destinada ao consumo, à conservação da biodiversidade e à produção de alimentos. É essencial avançar na apropriação e eficientização de outras fontes de energia. De imediato, devem ser estabelecidas regras de operação de Três Marias e Sobradinho que considerem os múltiplos usos. .
É PRECISO REALIZAR UM AMPLO PROGRAMA DE DRAGAGEM, NÃO APENAS PARA MANTER CANAIS DE NAVEGAÇÃO, POR SINAL MUITO PREJUDICADOS NO PRESENTE. .
Mapeamento a laser agiliza.
HIDROGRAMA AMBIENTAL PARA O BAIXO SÃO FRANCISCO Ano Normal (médio) Ano Normal (proposição) Ano Normal + pico (proposição) Ano Normal - pré UHE Sobradinho Ano Normal - pós UHE Sobradinho
7000 6000 5000 4000 3000 Vazões (m3/s) 2000 1000 0 Out
Nov
Dez
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Set
Ago
Ano Seco (proposição)
Ano Seco Ano Seco + pico (proposição)
Ano Seco - pré UHE Sobradinho Ano Seco - pós UHE Sobradinho
4000 3500 3000 2500 2000 1500 Vazões 1000 (m3/s)
Foi estabelecida como regra a liberação mínima para a foz da vazão de 1300m³/s: não melhora as condições ambientais e ultimamente tem sido sistematicamente reduzida, ao longo de 2016 inteiro provavelmente em 800m³/s.
500 0 Out
Nov
Dez
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
COMO ATENDER EM ANOS SECOS O HIDROGRAMA AMBIENTAL?
É PRECISO ESTUDAR INTERVENÇÕES QUE POSSAM AUMENTAR O CONTROLE DO VOLUME DE ÁGUA NOS RESERVATÓRIOS E NA CALHA FLUVIAL: Soleira vertedora próxima à foz, para controlar a salinidade, e outras em lugares estratégicos do rio, para elevar a lâmina d’água, visto que: - A navegação padece por falta de profundidade; o rio muito raso perde a vida aquática; - As captações de água exigem liberações mais elevadas nos reservatórios para atingir as cotas. Caso de Três Marias, que precisa garantir 315m³/s no ponto de captação do Projeto Jaíba para retirada de somente 20m³/s.
Obrigado pela atenção.
almir.cirilo@gmail.com 81 3182 1801