Travessia nº75 - Novembro de 2024 - Notícias do São Francisco

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CBHSF entrega projeto inédito no Distrito Federal

Começam as aulas no novo campus do Opará, em Jeremoabo (BA)

Leia a entrevista com Rúbia

Mansur, diretora-geral da Agência Peixe Vivo

EDITORIAL

Bem-vindos à 75ª edição do nosso informativo Travessia! Neste número, celebramos as realizações e os avanços que 2024 trouxe para o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e seus parceiros. Em cada página, vocês encontrarão iniciativas que reafirmam nosso compromisso com a preservação ambiental, a valorização cultural e o apoio às comunidades da bacia do São Francisco.

Abrimos com o Circuito Penedo de Cinema, que, com apoio do CBHSF, traz em destaque o Festival Velho Chico de Cinema Ambiental. Esta iniciativa reforça nosso envolvimento com a cultura e o meio ambiente, levando a temática socioambiental ao público e valorizando a sétima arte em uma cidade histórica às margens do São Francisco.

Destacamos também a recente entrega das obras na Bacia do Rio Preto, em Planaltina (DF), que representa um marco na otimização dos canais de irrigação e no fortalecimento da segurança hídrica para as comunidades da região. Em parceria com a Agência Peixe Vivo e entidades locais, o CBHSF contribui com uma infraestrutura que traz melhorias práticas e sustentáveis à vida dos agricultores familiares.

Outro ponto de celebração é o início das aulas do programa voltado às comunidades quilombolas na Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Este marco destaca a educação como um pilar essencial para o desenvolvimento inclusivo e sustentável, proporcionando acesso ao conhecimento para comunidades tradicionais e fortalecendo o protagonismo quilombola na Bahia.

O Travessia aborda também a 50ª edição da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) na Bahia, que este ano é finalista do Prêmio Innovare. Esse reconhecimento reafirma o sucesso das ações de fiscalização ambiental coordenadas e o compromisso com a proteção dos recursos naturais.

Também nesta edição, informamos sobre o novo Chamamento Público de Manifestação de Interesse (PMI), que está em aberto e pode envolver a participação de instituições da sociedade civil e do setor privado para projetos de grande relevância ambiental e social.

Por fim, em nossa entrevista especial, a nova diretora-geral da Agência Peixe Vivo, Rúbia Mansur, compartilha sua visão para o futuro da gestão de recursos hídricos e os desafios que nos aguardam. Rúbia traz uma perspectiva renovada, com foco na inovação e no fortalecimento de parcerias para garantir a preservação da bacia do São Francisco e a qualidade de vida de suas comunidades.

Convidamos todos a mergulharem nestas páginas, que refletem o compromisso e as conquistas do CBHSF ao longo de um ano de intensas atividades.

José Maciel Nunes de Oliveira Presidente do CBHSF

MOSTRA VELHO CHICO DE CINEMA AMBIENTAL É DESTAQUE NA 14 a EDIÇÃO

DO CIRCUITO PENEDO DE CINEMA

De 25 de novembro a 1º de dezembro, a histórica cidade de Penedo, às margens do Rio São Francisco, será palco de um dos mais importantes eventos de cinema e cultura ambiental do país: o 14º Circuito Penedo de Cinema, com destaque especial para a Mostra Velho Chico de Cinema Ambiental. Com apoio do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), o festival trará uma seleção de filmes voltados à conscientização ambiental e à valorização da sétima arte no contexto socioambiental.

Este ano, o Circuito homenageia o cinema argentino, conhecido por sua forte trajetória na América Latina. Com abertura marcada para o dia 25 de novembro no Centro de Convenções Zeca Peixoto, a programação conta com o longametragem argentino “A Outra Pele” como filme de estreia. Durante três dias, o Cine Penedo exibirá uma série de curtas e longas argentinos,

celebrando a cinematografia do país vizinho como um gesto de solidariedade ao setor cultural argentino, atualmente impactado por desafios financeiros e políticas restritivas.

A Mostra Velho Chico de Cinema Ambiental, que chega à sua 11ª edição, é um dos pilares do evento. Além disso, o Circuito inclui o 17º Festival do Cinema Brasileiro de Penedo, o 14º Festival de Cinema Universitário de Alagoas e a 14ª Mostra de Cinema Infantil, compondo uma programação que abrange diversas faixas etárias e interesses.

Sérgio Onofre, coordenador do Circuito, destaca a importância do CBHSF para a realização do evento. “O apoio do Comitê tem sido essencial para manter viva a narrativa ambientalista no nosso festival. Neste ano, além da tradicional Mostra Internacional de Curtas Socioambientais

do Festival Velho Chico, incluímos também uma mostra de longas ambientais, oferecendo ao público uma experiência ainda mais diversificada e rica”, afirmou.

Mantendo o formato híbrido, a edição de 2024 do Circuito Penedo de Cinema vai mesclar sessões presenciais e transmissões online, ampliando o acesso e promovendo a cultura para além das fronteiras de Alagoas. Realizado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) em parceria com o Instituto de Estudos Culturais, Políticos e Sociais do Homem Contemporâneo (IECPS) e a Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa de Alagoas (Secult-AL), o evento conta com o patrocínio do CBHSF, da Prefeitura de Penedo e do Sebrae Alagoas, além de outras instituições que apoiam essa celebração do cinema e da preservação ambiental.

Texto: Deisy Nascimento / Foto: Edson Oliveira
No Circuito Penedo de Cinema, cultura e meio ambiente se encontram para fortalecer a consciência ambiental. Na foto, a abertura do evento no ano passado

PROJETO INÉDITO NA BACIA DO RIO PRETO, AFLUENTE DO VELHO CHICO, É ENTREGUE À COMUNIDADE

NO DISTRITO FEDERAL

Em outubro, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) entregou um projeto inovador para a Bacia do Rio Preto, em Planaltina (DF), que inclui a revitalização dos canais rudimentares de irrigação e a construção de reservatórios lonados. Com investimento de R$ 5,4 milhões, a iniciativa beneficia diretamente oito comunidades rurais: Lagoinha, Curral Queimado, Veredinha, Vereda, Rio Preto, Taquara, Capão Seco e Capão Rico. O projeto, que é o primeiro do CBHSF na região, visa otimizar a agricultura irrigada e garantir segurança hídrica para os agricultores familiares, especialmente em períodos de seca, além de reduzir as perdas de água por infiltração e evaporação em até 50%.

Para o presidente do CBHSF, Maciel Oliveira, essa é uma ação estratégica para o Distrito Federal e para a Bacia do Rio São Francisco, fortalecendo o papel do Comitê no apoio ao desenvolvimento sustentável. “Precisamos garantir que as águas do Rio Preto (afluente do São Francisco) cheguem ao Velho Chico. Para isso, estamos investindo na otimização da agricultura irrigada, na revitalização dos canais de irrigação e na criação de reservatórios lonados para o armazenamento de água. Este é um exemplo de como a cobrança pela água pode beneficiar os usuários, melhorando a qualidade de vida da população e a qualidade ambiental da bacia do Rio São Francisco. É um esforço que combina trabalho social e envolvimento comunitário, sempre pensando no nosso Velho Chico e no nosso povo”, afirmou.

Já o coordenador Altino Rodrigues, da Câmara Consultiva Regional do Alto São Francisco, destacou a importância da parceria com instituições como ADASA, Emater e Seagri, que contribuem para o sucesso do projeto e para garantir a qualidade e quantidade de água na região: “Todos se uniram para garantir água em quantidade e qualidade. A revitalização dos canais foi fundamental para avançarmos nessa direção, assim como a criação dos diversos reservatórios”.

Além de construir mais de 247 reservatórios lonados para captação e armazenamento de água, o projeto também tubulará sete canais na região, somando mais de 15,7 km de extensão. Essa iniciativa beneficiará mais de 75 famílias, proporcionando a otimização dos recursos hídricos para a irrigação e agricultura familiar.

Além dos membros do CBHSF, a cerimônia de entrega contou com a presença de representantes da Agência Peixe Vivo, ANA, ADASA, e do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, reforçando o compromisso com a preservação do Velho Chico e o desenvolvimento da agricultura familiar.

Texto e fotos: João Alves
Membros da Direc e da Agência Peixe Vivo estiveram presentes na cerimônia de entrega
Assista

COMEÇAM AS AULAS NO CAMPUS

INTERCULTURAL DO CENTRO DE PESQUISAS

EM ETNICIDADES, MOVIMENTOS SOCIAIS E EDUCAÇÃO (OPARÁ)

As obras de reforma e ampliação, financiadas pelo CBHSF, devem iniciar em 2025

Texto: Juciana Cavalcante / Foto: Ascom Opará

As turmas de três cursos do novo Campus Intercultural do Centro de Pesquisas em Etnicidades, Movimentos Sociais e Educação (Opará) – Departamento dos Povos Indígenas, Comunidades Tradicionais e Camponesas, no município de Jeremoabo, já estão de casa nova. Os estudantes estão, desde o início deste mês, tendo aulas em parte das estruturas do antigo Centro Territorial de Educação Profissional – CETEP Semiárido Nordeste II. A previsão é de que toda a estrutura tenha a reforma e ampliação iniciada em 2025. As obras serão financiadas pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco em parceria com a Universidade do Estado da Bahia.

Neste mês, as turmas da Licenciatura Intercultural de Educação Escolar Indígena, Pedagogia Intercultural de Educação Escolar Indígena e Pedagogia Quilombola, que foram iniciadas neste segundo semestre, passaram a ter as aulas ministradas em Jeremoabo (BA), onde os estudantes e professores vão dispor de alojamento, já que o curso funciona em regime de alternância, ou seja, parte do mês ficam imersos nas atividades acadêmicas e na outra parte ficam em suas comunidades de origem. “Abrimos 90 vagas para as licenciaturas indígenas e 46 vagas para pedagogia quilombola, perfazendo um total geral de 320 estudantes atualmente matriculados. Nossos cursos sempre foram em regime de alternância, a diferença é que agora, com a implantação em Jeremoabo, teremos espaços para alojamentos para professores e estudantes, refeitórios, laboratórios de pesquisas e projetos de extensão. Os alojamentos ainda estão improvisados em duas salas grandes, pois estamos aguardando a consolidação dos trâmites burocráticos na parceria com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco para iniciar a reforma do espaço”, explicou a professora e coordenadora do Opará, Floriza Sena.

De acordo com o coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, Cláudio Ademar, o CBHSF, junto com a Agência Peixe Vivo, está em fase de tratativas com o grupo de engenheiros da UNEB. “Em breve, essa etapa deve ser finalizada para que em 2025 as obras sejam iniciadas, garantindo esse espaço que já é um marco na história da bacia do São Francisco com o início das aulas. O Comitê reforça essa parceria em benefício dos povos e comunidades originários, comunidades tradicionais, agricultores familiares, extrativistas. Enfim, esse espaço tem a cara do sertanejo, do caatingueiro, tanto aquele que mora às margens do São Francisco, como aqueles que moram em áreas áridas e semiáridas distante do leito do rio”, afirmou.

Atualmente são 32 professores atuando nos cursos e, em 2025, entre as novidades, há a perspectiva, de acordo com a professora Floriza, de abrir mais dois cursos: Educação do Campo e Engenharia Agronômica. “No próximo ano também serão instalados no espaço o Observatório Sócio Ambiental, onde serão desenvolvidos pesquisas e projetos para contribuir com a segurança, a resiliência e o empoderamento socioambiental e climático, especialmente para convivência dos povos indígenas, comunidades tradicionais e agricultores familiares com as zonas sub-úmida seca e semiárida do nordeste brasileiro. Também teremos o laboratório de etnobiologia, zoologia e botânica visando a excelência do ensino e produção do conhecimento científico, além do mapeamento e preservação da fauna e flora da Caatinga, cursos de pós-graduação lato e stricto sensu, tendo a possibilidade de pensarmos na abertura do ProfÁgua, caso haja parcerias

interessadas em investir neste programa de Gestão e Regulação de Recursos Hídricos, pensando na qualificação de pessoas dos povos e comunidades tradicionais, concluiu Floriza.

O coordenador da CCR ressaltou a expectativa quanto à abertura das vagas em novos cursos que podem garantir aos povos tradicionais qualificação na área de engenharia agronômica. “O curso de engenharia agronômica deve ser diferente dos demais, tendo um olhar voltado para a região do Submédio São Francisco, para a região da Caatinga. O regime de alternância, dá oportunidade aos que mais precisam, àqueles que têm dificuldade para frequentar a escola, seja do ponto de vista financeiro ou por falta de tempo. O novo campus terá alojamento, área de alimentação e convivência social. Trata-se de uma educação inovadora e, mais importante ainda, tudo alinhado com a defesa do São Francisco, a política de recursos hídricos e a convivência com o Semiárido. É um momento de celebração e a gente espera que, com isso, se consiga formar pessoas com uma consciência mais firme em defesa do nosso Velho Chico”.

Membro da Câmara Técnica de Comunidades Tradicionais do CBHSF e agora estudante do Campus Intercultural, Wilson Simonal lembra o empenho do Comitê ao abraçar o projeto em defesa dos povos tradicionais da Bacia do São Francisco. “Não é possível dimensionar nossa felicidade diante da possibilidade de estudar em um campus intercultural, onde as mães podem levar seus filhos e ter um espaço digno para receber povos da bacia do São Francisco. No primeiro dia de aula, citei o empenho do Comitê para que essa ação fosse realizada e hoje, a felicidade é saber que nosso povo vai estudar nossas origens, de nós para nós. Quer dizer, teremos um espaço com alimentação, dormitório e o Comitê está trabalhando para investir fortemente para que esse ambiente conte com toda a infraestrutura necessária. Além disso, também estamos dialogando com os municípios para que abracem essa causa. Nossa gratidão ao Comitê que tem se empenhado para tornar o sonho em realidade”.

Alunos das primeiras turmas do novo campus comemoram a conquista

FPI REALIZA A SUA 50 a ETAPA NA BAHIA

Texto: Juciana Cavalcante / Foto: Ascom/FPI-BA

Com um resgate de mais de 600 animais silvestres e ampla atuação ambiental em 13 municípios do sudoeste baiano, a 50ª etapa da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) do São Francisco finalizou suas atividades no dia 25 de outubro, com a apresentação dos resultados de 11 dias de atuação.

A ação coordenada pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA), com o apoio do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), mobilizou mais de 260 profissionais de diversos órgãos estaduais, federais e municipais. Ao todo, cerca de 42 órgãos públicos e entidades do meio ambiente participaram das atividades, divididas em 27 equipes temáticas.

O secretário do CBHSF, Almacks Luiz Carneiro da Silva, é um dos coordenadores da equipe de barragens e acompanhou as visitas e inspeções que acontecem com o apoio também da Superintendência de Proteção e Defesa Civil (SUDEC), a Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da Bahia (CERB), a Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento da Bahia (SIHS), o Conselho Regional dos Técnicos Industriais da Bahia (CRT-BA) e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia Bahia (CREA-BA). A equipe visitou as regiões de Caetité, Guanambi, Igaporã, Palmas do Monte Alto, Sebastião Laranjeiras e Urandi, com o

objetivo de realizar a fiscalização e diagnosticar a situação em barragens de água, além de fiscalizar empreendimentos de energias renováveis como usinas fotovoltaicas e eólicas.

Agrotóxicos

A equipe de Agrotóxicos II, que fiscaliza o comércio de agroquímicos, voltou a identificar problemas antigos. A última vez que a região recebeu a ação foi há 10 anos. De acordo com a coordenadora da equipe, a fiscal do Crea-BA Rita Beatriz Trinchão, foram encontrados agrotóxicos expostos em prateleiras, vendedores manuseando produtos sem Equipamento de Proteção Individual (EPI), depósitos de armazenamento com ração animal, loja sem local de armazenamento e até mesmo uma copa com produtos alimentícios instalada dentro do depósito. “Nossa expectativa é orientar as pessoas a trabalharem de forma mais segura, afinal, agrotóxicos matam”, afirmou a fiscal Rita Trinchão.

Entre as principais ações realizadas pelos órgãos ambientais, destacam-se fiscalização e atendimento de denúncias, resultando em 15 autuações ambientais, 10 apreensões de animais silvestres, e emissão de 11 Termos Circunstanciais de Ocorrência (TCOs), além de iniciativas de conscientização e orientações sobre regularização ambiental. Os municípios

percorridos pelas equipes da FPI incluem: Guanambi, Mortugaba, Jacaraci, Urandi, Pindaí, Sebastião Laranjeiras, Candiba, Palmas de Monte Alto, Caetité, Igaporã, Iuiu, Malhada e Carinhanha.

Durante a audiência pública de encerramento, a coordenadora-geral da FPI, a promotora de Justiça e Meio Ambiente, Luciana Khoury, conduziu a apresentação e destacou a relevância do programa para a região e ressaltou a importância do engajamento da sociedade civil. Segundo a promotora, os trabalhos desenvolvidos durante a FPI e apresentados na audiência resultarão em relatórios técnicos, a serem encaminhados aos órgãos competentes para as devidas providências e soluções.

PRÊMIO INNOVARE

O Programa de Fiscalização Preventiva Integrada (FPI São Francisco) é um dos grandes finalistas do Prêmio Innovare, promovido pelo Instituto Innovare e apoiado por importantes entidades jurídicas e o Grupo Globo. O resultado da premiação será divulgado no dia 11 de dezembro, em cerimônia no Supremo Tribunal Federal (STF).

O secretário do CBHSf, Almacks Carneiro (de chapéu), coordena a equipe de barragens da FPI

NOVO EDITAL DE PROCEDIMENTO

DE MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE

VISA A REVITALIZAÇÃO E REQUALIFICAÇÃO

HIDROAMBIENTAL

DA

DO SÃO FRANCISCO

Juciana Cavalcante / Foto: Edson Oliveira

Segue aberto o edital do Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) para seleção de propostas a serem financiadas com recursos arrecadados a partir da cobrança pelo uso de recursos hídricos na bacia hidrográfica do rio São Francisco. As propostas podem ser enviadas até o dia 06 de dezembro.

O edital visa atender instituições e entidades inseridas e atuantes na bacia hidrográfica do rio São Francisco como forma de apoio à implementação do Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (PRHSF). As propostas devem estar de acordo com os eixos temáticos: Governança e Mobilização Social, Quantidade de Água e Usos Múltiplos, Qualidade da Água e Saneamento, Sustentabilidade Hídrica no Semiárido, Biodiversidade e Requalificação Ambiental e Uso da Terra e Segurança de Barragens.

Estarão aptas propostas de atualização de planos diretores de bacias de rios afluentes, desenvolvimento de planos municipais de saneamento básico, implantação de sistemas de abastecimento de água, implantação de sistemas de esgoto, resíduos sólidos e drenagem urbana, incremento da oferta de água, execução de projetos para redução do consumo de água, implantação de estruturas para captação e armazenamento de água

BACIA

de chuva, elaboração de projetos demonstrativos para usos de energias alternativas, elaboração de projetos demonstrativos para promoção da recarga subterrânea, dentre outros.

Podem participar comitês de bacia afluentes (por meio de representantes legais), órgãos gestores estaduais ou federal, prefeituras municipais, consórcios municipais, companhias públicas e autarquias de saneamento, operadores descentralizados, organismos públicos com alguma atuação em recursos hídricos, organizações não governamentais e entidades privadas sem fins lucrativos com alguma atuação em recursos hídricos.

O presidente do CBHSF, Maciel Oliveira, destacou que o edital é uma forma de contribuição do CBHSF para a bacia hidrográfica do Rio São Francisco em busca da revitalização e requalificação hidroambiental. “O lançamento de mais um chamamento público é uma boa oportunidade para que pessoas, instituições, comunidades possam se inscrever e receber projetos e ações do Comitê. O PMI está contemplado em todos os eixos do plano de bacia e deve atender projetos de sustentabilidade hídrica do semiárido, projetos hidroambientais, entre outros, ou seja, são diversas ações que podem ser contempladas”, afirmou,

lembrando sobre a importância da leitura do edital. “É importante que a leitura do edital seja feita com cautela, observando que as ações serão realizadas nos próximos anos. Então, essa é mais uma chance de as comunidades fazerem suas inscrições e poderem participar, mas também é, principalmente, uma forma de o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco fazer a sua parte, uma pequena parte da revitalização e requalificação hidroambiental na bacia hidrográfica do Rio São Francisco”, concluiu.

Cada proposta passará por uma triagem e serão agrupadas por atividade e região fisiográfica. Além das propostas selecionadas, as demais integrarão o banco de projetos para subsidiar a construção do Plano de Aplicação Plurianual (PAP 2026-2030), onde a execução dependerá de viabilidade técnica, financeira e operacional por parte da entidade delegatária do CBHSF.

As propostas deverão ser submetidas através do preenchimento do formulário de inscrição, conforme Anexo III do edital, e enviado exclusivamente para o e-mail: pmicbhsf@agenciapeixevivo.org.br

Acesse todas as informações sobre o edital aqui: bit.ly/EditalPMICBHSF

Texto:

DOIS DEDOS DE PROSA

Rúbia Mansur

A nova diretora-geral da Agência Peixe Vivo, Rúbia Mansur, destaca a importância de consolidar a agência como referência em gestão hídrica no Brasil, enfatizando a necessidade de fortalecer as relações com os parceiros para expandir as suas capacidades de direção. Rúbia possui mais de 14 anos de atuação na Agência, onde iniciou sua carreira como estagiária em 2010. É graduada em Ecologia, com MBA em Gestão de Projetos (FUMEC-MG), pós-graduada em Recursos Hídricos e Meio Ambiente (UFMG) e mestra em Recursos Hídricos (ProfÁgua – UFBA). Sua dissertação foi intitulada “Identificação e Classificação de Riscos de Contratos de Gestão de Recursos Hídricos”.

Escute a entrevista na íntegra no episódio 185 do podcast ‘Travessia’: bit.ly/Podcast185

Presidente: José Maciel Nunes Oliveira

Vice-presidente: Marcus Vinícius Polignano

Secretário: Almacks Luiz Carneiro Silva

Entrevista: João Alves / Foto: Bianca Aun

Quais são as principais metas e prioridades que você pretende estabelecer para a Agência Peixe Vivo?

Minha principal meta como diretora-geral da Agência Peixe Vivo é consolidá-la como referência em gestão de recursos hídricos no Brasil. Para isso, é fundamental fortalecer internamente a instituição. A Agência tem passado por um período de crescimento, e precisamos investir no aprimoramento de sua estrutura, tanto em processos operacionais quanto no desenvolvimento de nossos colaboradores. Além disso, quero garantir uma gestão eficiente e transparente. Com uma equipe qualificada e uma instituição bem estruturada, podemos avançar na implementação de ações e projetos, alcançando resultados positivos para as bacias hidrográficas que atendemos.

Considerando a atuação do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), qual será o papel específico da Agência Peixe Vivo nas ações de gestão e preservação do Rio São Francisco? Como você vê a colaboração entre a Agência e os diversos parceiros envolvidos nesse processo?

A Agência desempenha um papel fundamental no apoio técnico e operacional às decisões do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e dos demais comitês que atendemos. Nossa responsabilidade é implementar as ações definidas pelos comitês, as quais remetem ao plano de bacia, garantindo assim a gestão e execução de projetos e programas voltados para a recuperação hidroambiental. Ninguém trabalha sozinho, especialmente na gestão de uma bacia hidrográfica que atravessa diversos estados brasileiros e possui múltiplos usos da água. Precisamos atuar juntos, de forma coordenada e estratégica, com cada ator exercendo um papel essencial dentro de sua responsabilidade e competência. A missão de melhorar a qualidade e quantidade das águas do Velho Chico, assegurando seu uso múltiplo e de forma sustentável, só evolui com diálogo, parceria e relacionamentos sólidos.

Você poderia compartilhar alguns projetos que a Agência Peixe Vivo está desenvolvendo ou pretende lançar para acelerar a recuperação e preservação do Rio São Francisco, e quais resultados específicos espera alcançar com essas iniciativas?

A Agência Peixe Vivo sempre trabalhou em diversas linhas de projetos e programas, como saneamento, recuperação hidroambiental, estudos de gestão de águas e instrumentos de gestão, educação ambiental, mobilização social, comunicação, capacitação, entre outros. Um projeto importante em andamento, por exemplo, é o estudo de enquadramento das águas, iniciado na região do Alto São Francisco, atendendo a uma demanda do Comitê do São Francisco. A intenção é avançar progressivamente até a região do Baixo São Francisco. Esse estudo é um instrumento fundamental de gestão e conta com a participação de diversos atores da sociedade, órgãos gestores e usuários.

A Agência Peixe Vivo está em uma fase de crescimento e assumirá a gestão das bacias afluentes da porção mineira do Rio São Francisco. O conceito de “Agência Única” é essencial nesse contexto, pois nos proporciona uma visão sistêmica da bacia, o que é crucial para a priorização de investimentos, alocação dos recursos de cobrança e desenvolvimento de programas integrados.

Gostaria de deixar uma mensagem para os nossos leitores?

Sim, quero sim. Muitas pessoas já conhecem minha trajetória na Agência Peixe Vivo, da qual tenho muito orgulho. Cheguei à entidade como estagiária em 2010 e, nesse período, aprendi muito. Tive excelentes mentores nessa caminhada – referências de peso na gestão de recursos hídricos no Brasil. E continuo aprendendo todos os dias na Agência Peixe Vivo.

Gosto muito da teoria da cognição estendida, que afirma que as capacidades mentais humanas são ampliadas por meio das interações com pessoas e instituições com as quais nos relacionamos. Com base nisso, a inteligência e a expertise da própria instituição tornam-se mais robustas com essas conexões.

Sempre reforço a importância do trabalho em equipe, não apenas dentro da Agência Peixe Vivo, mas também na relação ampliada da entidade com seus parceiros. O CBHSF, por exemplo, foi e continua sendo uma verdadeira escola para mim. Aproveito para agradecer ao Conselho de Administração da Peixe Vivo, aos comitês de bacia que atendemos, aos órgãos gestores – como a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e, ao Instituto Mineiro das Águas (IGAM) – e, especialmente, à equipe da Agência Peixe Vivo, pela confiança em minha liderança

Assumo esse compromisso com seriedade, dedicação e responsabilidade, mantendo a Peixe Vivo nessa rota de crescimento, sempre visando o reconhecimento como referência na gestão de recursos hídricos no Brasil. Estou à disposição para trabalhar com todos, ouvindo e aprendendo continuamente, em busca das melhores soluções para nossa entidade.

Secretaria do Comitê: Rua Carijós, 166, 5º andar, Centro - Belo Horizonte - MG - CEP: 30120-060 (31) 3207-8500 - secretaria@cbhsaofrancisco.org.br - www.cbhsaofrancisco.org.br Atendimento aos usuários de recursos hídricos na bacia do Rio São Francisco: 0800-031-1607

Notícias do São Francisco

Produzido pela Assessoria de Comunicação do CBHSF – Tanto Expresso comunicacao@cbhsaofrancisco.org.br

Coordenação Geral: Paulo Vilela, Pedro Vilela, Rodrigo de Angelis

Edição e Assessoria de Comunicação: Mariana Martins

Textos: Deisy Nascimento, João Alves e Juciana Cavalcante

Fotos: Almacks Carneiro, Bianca Aun, Edson Oliveira, João Alves, Juciana Cavalcante e Ascom Opará

Diagramação: Rafael Bergo

Impressão: ARW Gráfica e Editora

Tiragem: 4.000 exemplares

Direitos Reservados. Permitido o uso das informações desde que citada a fonte.

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

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