Curto Circuito #1

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Jair Naves

Inspirações de um músico que veio para fazer história

O Inimigo

Turnê internacional e material novo

Roller Derby

Gray City Rebels e o esporte no Brasil Dez‘12 / Jan‘13 | Distribuição Gratuita | www.curtocircuito.art.br




Expediente #1, 2012 Direção: Antonio Augusto Editora: Camila Grillo camila@ curtocircuito.art.br Design e Projeto: Hearts Bleed Blue Foto de Capa: Patrícia Caggegi Redatores: Camila Grillo, Antonio Augusto e Celito Gomes Colaboradores: Fabio Seidl e Xilip Assessoria Jurídica: R4A Distribuição: distro@heartsbleedblue.com Publicidade: Antonio Augusto hello@heartsbleedblue.com (11) 96565 6786 Agradecimentos: Mariana Perin e Boozi por acompanharem as longas jornadas de trabalho, aos amigos Shamil, Vinny, Luciana Inhan, Denise Machado, Luiz Cecílio, Cebola e Lu, Dudu, Felipe e Maria, Francesco e o Good Fellas que ajudaram a revista cair nas ruas. Em especial para você que está lendo agora! Curto Circuito é uma revista voltada para o mercado independente, com produção bimestral e distribuição gratuita. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução sem autorização prévia e escrita. O conteúdo dos anúncios é de responsábilidade dos respectivos anunciantes.


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(editorial: Novos horizontes) Texto: Antonio Augusto | Fotografia: Denise Machado

O ano termina e começa com novos horizontes.

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Para nós agora é 4x4, a mesma força e impressão quatro cores em nossas páginas. ; ) Foi um longo ano divulgando shows no nosso zine preto e branco e tudo rolou tão bem que daqui para frente teremos duas plataformas trabalhando em conjunto: esta revista de bolso - com matérias, entrevistas e conteúdo -, e o site www. curtocircuito.art.br com o nosso guia de eventos, agora separado pelas categorias: música, teatro e artes visuais. Para os artistas que batemos um papo e observamos ao longo do ano, 2013 também será produtivo, repleto de lançamentos, turnês e produções promissoras. Vida longa aos sonhadores!



(tibiriçá na trilha da augusta)

Texto: Camila Grillo | Foto: Reinaldo Meneguim | Ilustração: Antonio Augusto

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O nome do moço é José Tibiriçá Martins, mais conhecido como “Tibira”. Além de ser protagonista da minissérie homônima transmitida no History Channel Brasil, é sócio do bar e loja de antiguidades Caos e bar Z Carniceria. Trabalha ainda esporadicamente em parceria com eventos como O Mercado, galerias de arte paulistanas e projetos diversos como o bar temporário Absolut Inn na rua Oscar Freire. Sua veia empreendedora já passou por lugares como Sixties, Vegas, Lions e Volt. Confira agora o que Tibira anda fazendo por SP! Curto Circuito São Paulo para você é? Tibira Comida italiana e rock’n’roll. CC Qual o melhor programa para se fazer aos finais de semana em SP? Tibira Ir à feiras de antiguidades, de carros e à shows. CC Algum roteiro específico de uma noite perfeita na cidade? Tibira Tomar um drink no Z, comer as coxinhas da Dadá, descer a rua e acabar no Caos. CC Onde você se perde em SP? Tibira Na rua Augusta. CC Onde você se acha em SP? Tibira Na rua Augusta.


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(soundcheck: o inimigo) TurnĂŞ internacional e material novo Texto: Camila Grillo | Foto: Mateus Mondini | Info: oinimigo.net


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Formada em 2001, O Inimigo fecha o ano de 2012 com muitas novidades. Contando com 14 show distribuídos entre as cidades de Los Angeles, Califórnia, Oregon, Portland e Seattle, a banda lança neste mês de dezembro um material que foi gravado nos estúdios da Trama, saindo em fita cassete nos Estados Unidos e contendo músicas de todos os discos, além de uma canção inédita. “Foi um pouco difícil marcar a turnê e como pouquíssimas bandas de amigos fizeram isso, nós estamos praticamente começando a desbastar o terreno e a descobrir como as coisas funcionam”, explica Juninho, guitarrista da banda.

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Inicialmente O Inimigo começou como Death From Above, mudando posteriormente o nome para português. Atualmente a banda conta com cinco integrantes que também tocam com outros grupos. “Todos nós temos trabalhos fora da banda, muitos deles nos finais de semana, o que acaba complicando um pouco nossa agenda. Mesmo assim conseguimos fazer bastante shows”, ressalta o guitarrista. O time de peso é formado por Juninho (guitarra), que toca com diversas bandas como Ratos de Porão, Eu Serei a Hiena e Discarga, anteriormente também teve passagem pelo Point of no Return, Self Conviction, Rethink, entre outras; Kalota (vocal), passou pelo Futuro, BUSH, Point of no Return, Self Conviction, I Shot Cyrus e No Conformity. Gian (bateria), tocou no Kangaroos in Tilt, Paura e Frila; Ale (baixo), tocava baixo no RHD e fez uns shows com o Presto?; e Fernando (guitarra), que passou pelo CPM22, Hateen, Small Talk e Againe. Apesar da agenda cheia até o final de 2012 O Inimigo ainda realizará em torno de 40 shows. “Nosso público vem acompanhando a banda desde o início de tudo, é uma cena de muitos amigos. Então, tocar por aqui é sempre uma festa! Uma coisa que nos impressiona muito é sair de São Paulo e ver a galera cantando as músicas. Isso tem rolado faz um tempo. Daí, nos motiva mais ainda tocar em outros lugares e estar sempre viajando”, afirma Juninho. A união dos feras cativa cada vez mais as pessoas e vem solidificando o trabalho da banda. “Acho que conseguimos alcançar um nome e respeito dentro do hardcore que nos traz muita satisfação. É poder fazer shows de qualidade e sermos recebidos tão bem por onde vamos”, finaliza o guitarrista.



(roller derby: gray city rebels) Prática tem crescido cada vez mais no Brasil Texto: Camila Grillo | Foto: Divulgação | Info: graycityrebels.com.br

Contando com muita agilidade, força, velocidade, controle, visão periférica, comunicação e trabalho de equipe, o Roller Derby é uma prática nova nas terras brasileiras, mas já tem diversas equipes por aqui.

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“Temos cerca de 30 membros, entre patinadoras veteranas, novas, juízes e equipe de apoio.”

Sendo um esporte de contato realizado sobre patins quad spreed skates (aqueles de rodas paralelas), é formado por ligas e quando os grupos ficam muito grandes, acabam sendo divididos em diversos times. “Cada cidade tem sua (ou suas) ligas, sendo que pode haver mais de uma por cidade”, explica Peryl Streep, atleta que faz parte da Gray City Rebels, liga coordenada pelas próprias jogadoras. “Temos cerca de 30 membros, entre patinadoras veteranas, novas, juízes e equipe de apoio. Nós treinamos 3 vezes por semana, às quartas e sextas-feiras, nas quadras do parque Ibirapuera e aos domingos em uma quadra fechada”, ressalta Peryl.


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liga “na nossa entre s a há menin .” s o 19 e 34 an No Roller Derby, cada time é composto por cinco patinadoras e apenas uma que marca os pontos, chamada de Jammer. O objetivo é ultrapassar o maior número de vezes as patinadoras do time adversário. “As outras quatro patinadoras não marcam pontos, trabalham na ofensiva e defensiva, bloqueando a Jammer do time adversário e abrindo espaço para o seu próprio time”, diz Kaia Pilsen, também jogadora do Gray City Rebels. Fazendo parte dos continentes europeu, asiático e americano, o Roller Derby é atualmente o esporte feminino que mais cresce no mundo. Em países como Estados Unidos e Canadá é permitida a participação de homens na modalidade. Para as meninas que desejam ingressar no esporte é necessário ter a idade mínima de 18 anos, não havendo idade “máxima”. “Na nossa liga há meninas entre 19 e 34 anos”, evidencia Pilsen. Quando se trata de jogos em outras ligas, a preocupação com a segurança é fundamental. “A participante tem que ser veterana, ou seja, já ter pelo menos seis meses de treinamento. Para treinar com a gente é necessário que a patinadora tenha patins quad, capacete, protetor bucal, munhequeira, cotoveleira e joelheira”, finaliza Pilsen.

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(algumas tralhas que você pode gostar) .16

Nós colecionamos brinquedos, discos, CDs, revistas, camisetas e mais um monte de tranqueiras que ficam divididas entre a mesa do escritório, da sala e o armário do quarto. Separamos aqui algumas das tralhas que gostamos e que você pode curtir também.


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Hotel Tee’s: Rua Matias Aires 78, SP. Tel (11) 3081 4426 Loja Hole: Avenida São João 439, Loja 275/277, SP. Tel (11) 3337 1261 Locomotiva Discos: Rua Barão de Itapetininga 37, Loja 51, SP. Tel (11) 3257 5938 IdealShop: www.idealshop.com.br.


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(jair naves) Inspirações de um músico que veio para fazer história

Texto: Camila Grillo | Fotos: Patrícia Caggegi | Info: jairnaves.com.br

Por trás de uma música densa, profunda e melodias intensas, encontramos Jair Naves, um homem apaixonado pelo que faz: “Eu sempre achei música a coisa mais mágica, contagiante e poderosa do mundo. Sempre foi algo que me fascinou”, afirma Jair. O mineiro que passou por bandas como Ludovic e atualmente faz carreira solo, julgou-se durante muito tempo inapto para se arriscar nesta área, mas para ele, se não fosse a libertadora fi losofia do punk rock, como a velha história do “faça você mesmo”, provavelmente não teria criado coragem para se aventurar nesse ramo.


Onde tudo começou

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Ainda no colegial, Jair sempre era elogiado pelas suas ótimas redações. Devido a uma sugestão de um professor, ele começou a escrever letras de música: “Muito por influência dele, antes mesmo de saber tocar um instrumento eu já tinha composições - meio que imaginárias e irreais - mas para mim, elas já existiam”, explica Jair. Outro acontecimento considerado importante pelo artista que ocorreu durante sua adolescência, foi quando André Fonseca, professor de guitarra, o chamou para tocar baixo em seu grupo, mesmo ele sendo ainda inexperiente e sem quase nenhum conhecimento técnico: Assim eu acabei entrando para o Okotô, minha primeira banda ‘de verdade’, aos 17 anos de idade - o que para mim foi um voto de confiança enorme, ver alguém que eu admirava imensamente apostando num talento que eu mesmo não tinha certeza de possuir. Aquilo foi determinante para o rumo que a minha vida tomaria a partir de então”, ressalta o músico. Sendo um cara muito ligado à família, Jair encontrou oposição no início de sua carreira por conta de sua relação com a música, já que todos são advogados ou professores e ele foi o primeiro a optar por uma carreira artística: “Ainda assim, não demorou muito para que eles enxergassem o quão séria era a minha escolha. Quando eles começaram a ver retorno de todo o tempo que eu dediquei a isso, ficaram mais tranquilos. Hoje em dia eles são os maiores entusiastas do que eu faço”, diz Jair. Assim começou sua relação íntima do artista com a música, que se tornou seu maior meio de expressão.


Um pouco além da canção

Fora dos palcos, Jair leva uma vida comum: faz viagens com pessoas de quem gosta, vai ao cinema, curte ficar em casa sem fazer absolutamente nada e entre suas definições para um dia perfeito, estão declarações de amor e ver um amigo realizando seus objetivos. Para quem lembra do músico e suas performances durante sua atuação na banda Ludovic, encontra hoje um artista em busca de transformação. “Além do óbvio amadurecimento, me sinto mais confiante, mais capaz, mais convicto dentro das minhas escolhas. Ainda assim, creio que eu não sou a pessoa ideal para julgar essa mudança porque realmente é difícil analisar a mim mesmo com algum distanciamento. Acho que as pessoas que acompanham o que eu faço poderiam responder essa questão”, evidencia Jair. Considerando o processo de transição como algo natural, para o músico isso já era até previsível. “Definitivamente não gosto da ideia de passar a minha vida inteira preso a uma fórmula musical, a um tipo definido de sonoridade. Creio que ainda ocorrerão outras mudanças no decorrer da minha trajetória, e acho isso extremamente saudável”, explica. Do ponto de vista do artista, a reação das pessoas com relação a essa mudança foi positiva: “Percebo que muita gente que não gostava dos meus projetos anteriores passou a me ver com bons olhos depois dos lançamentos solo”, diz Jair. Como o processo não para, o músico segue com a expansão de seu trabalho sempre em busca de renovação.

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Repertório de definições No momento de criação de Jair, o que vem primeiro são as bases instrumentais e melódicas. Os versos quase sempre chegam por último. “Na minha visão, é como se eu precisasse ter antes a parte musical, uma coisa mais abstrata para determinar o curso das palavras, o estado de espírito que eu vou retratar na letra. E as fontes de inspiração são diversas, mas eu costumo dar mais atenção a sentimentos que eu não consigo expressar rotineiramente”, reforça o artista que teve entre suas influências Black Flag, Guilherme de Almeira, Dolores Duran, Jonathan Caouette, Walter Franco, Vzyadoq Moe, Marina Tsvetaeva, Mundo Livre S/A, Patti Smith, Gregory Corso, Roberto Piva, Velvet Underground, Jorge Amado, Wislawa Szymborska, Walkmen e Nick Drake. “Sobre obras específicas, é muito arriscado tentar listar isso, já que eu me sentiria meio ingrato se esquecesse alguma. Ainda assim, houveram alguns marcos na minha formação cultural; ‘São Paulo S/A’, do Person, foi um deles; ‘Vida e Época de Michael K’, do J.M. Coetzee; ‘O Estrangeiro’, do Albert Camus; e ‘Na Praia’, do Ian McEwan, foram outros. O clipe de ‘Teenage Riot’, do Sonic Youth, que eu vi pela primeira vez aos 15 anos numa madrugada insone, também foi algo transformador, assim como o contato com os primeiros discos do Bob Dylan (de ‘Freewheelin’’ a ‘Another Side of Bob Dylan’) e com o cenário independente brasileiro do fim dos anos 90 (especialmente o hardcore e as chamadas ‘guitar bands’). Tudo isso me transformou na pessoa que eu sou hoje”, define Jair.


Passado, presente e futuro Entre os momentos marcantes na vida do músico. está o contato com o seu primeiro disco ainda na banda Ludovic: “Mais do que a realização de um sonho, foi a validação do caminho que eu havia escolhido. Não sei, até hoje é difícil explicar o que eu senti naquele momento. Foi um dos acontecimentos mais mágicos da minha vida”. Houve também um episódio que influenciou de maneira contundente todo o seu trabalho: “Talvez o fato de ter perdido meu pai quando era muito novo me levou a fazer um disco sobre a cidade onde ele nasceu e cresceu como uma espécie de homenagem”, conta o artista. Falando de seu momento atual, ele lançou há pouco mais de um mês o novo disco “E você se sente numa cela escura, planejando a sua fuga, cavando o chão com as próprias unhas”, passando o último ano elaborando as composições desse álbum. “Agora que finalmente está pronto, minha prioridade é agendar uma turnê de divulgação para esse trabalho. Algo que me possibilite divulgar esse repertório no maior número possível de lugares”, justifica Jair.

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A estrada alternativa

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Sendo hoje uma referência dentro do cenário alternativo, Jair fala que ser um artista dentro desse setor é difícil, mas é como qualquer outro trabalho “requer muito empenho, investimento, dedicação, persistência, busca por aperfeiçoamento, enfim... As dificuldades são inúmeras, tudo leva tempo demais para acontecer e você precisa ter muita paciência, mas até por isso é extremamente recompensador quando as coisas finalmente começam a dar resultado”, ressalta o músico, que durante mais de 10 anos cuidou sozinho da parte burocrática e, hoje possui pessoas o ajudando nesta jornada - o que ainda assim o mantém sempre envolvido com o que acontece. Quando olha para frente, ele se considera otimista diante do futuro da produção independente no Brasil: “ É um pouco difícil fazer previsões nesse sentido, já que tudo depende de uma série de fatores econômicos, políticos e tudo mais. Sem entrar nessas questões, acho que o quadro geral está muito melhor do que era há cinco anos, por exemplo. Torço para que o cenário como um todo continue evoluindo, com mais lugares para tocar, mais artistas de qualidade e mais público”, explica o músico. Para a moçada que está co-

meçando no mundo da música, Jair deixa o seu recado: “Antes de qualquer coisa, priorize a qualidade da música que você faz. Percebo que as bandas novas gastam muito tempo e energia promovendo incessantemente nas redes sociais um trabalho que poderia estar mais amadurecido e bem resolvido. Tenha sempre a certeza de que você fez o seu melhor, de que você atingiu o máximo da sua capacidade em um registro ou em um show. E busque sempre se aprimorar, tentar se tornar um compositor, cantor ou instrumentista melhor. Fora isso, tente se distanciar o máximo possível das suas influências e criar uma identidade própria. Sei que é um processo demorado, mas creio que seja algo fundamental. Por fim, não desanime com críticas negativas e comentários maldosos. Você é a pessoa que mais precisa acreditar na sua música. Se a sua autoestima e a fé no seu trabalho forem se abalar com esse tipo de coisa, é melhor escolher uma profissão na qual você possa ser competente e ainda assim passar despercebido. De resto, tendo um material verdadeiramente bom em mãos e trabalhando seriamente, acredito que você estará num bom caminho”, finaliza.


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(wallpaper: bene) Texto: Camila Grillo | Ilustração: Bene | Info: callmebene.com


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Moldurando com o seu traço essa primeira edição de Curto Circuito, o artista Bene, foca em suas criações marcadores de tinta acrílica, canetas de ponta fina e finíssima, além do uso de photoshop. Formado em Comunicação Social pela PUC-SP, sempre trabalhou com direção de arte em agências de propaganda, usando seus desenhos para vender ideias e ilustrar campanhas. Atualmente, vive em São Francisco, Califórnia, usando seu tempo livre para desenhar coisas que gosta de rabiscar, sem briefings e nem chefe. Sua dedicação tem como foco começar uma carreira de ilustrador e, quem sabe um dia, a de um artista.


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(tecnologia, preguiça e rock n’ roll) Texto: Fabio Seidl | Ilustração: Xilip

Anos 90. Provavelmente o momento mais criativo e inflamável do rock independente nacional. Centenas de bandas pipocando como espinhas na cara de um adolescente que acaba de descobrir a pornografia. Depois da abertura das garagens vieram os fanzines, programas de rádio, revistas especializadas, grandes jornais interessados. E a MTV, que naquela época queria dizer “music television”.


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Lojas, gravadoras e casas se multiplicaram. Midsummer Madness, Monstro, Thirteen. Hangar, o Garage no Rio, Matriz em BH, 92 em Curitiba. Várias. Vieram as coletâneas, os discos e festivais: JuntaTribo, SuperDemo, Abril Pro Rock. A década que nosso rock explodiu. É bem verdade que poucas bandas sobreviveram à predatória indústria do entretenimento. Mas era um universo próprio e que funcionava, movida pelo suor e criatividade de um marketing autodidata. A divulgação com cartazes era de loja em loja, os flyers, de mão em mão. O escambo de fanzines e discos em shows movimentava a pequena economia informal desse mundinho conectado por correio e fedorentas viagens de ônibus. E o que mudou de lá para cá? Tudo. A tecnologia chegou para revolucionar, mas também enferrujou este movimento. Deixou tudo mais preguiçoso.

Hoje em dia, shows e festivais de rock são divulgados em listas malfeitas no Facebook entulhando nossas caixas postais com 450 convites por semana. As bandas acham que o YouTube vai resolver o problema de distribuição delas. Parece fácil colocar conteúdo na internet e esperar que o público venha até você. Não é. Este é um meio disperso que exige esforço para ser notado e “curtido” de verdade. Ou a galera vai continuar confirmando na rede social que vai no show, mas não vai aparecer. É preciso estudar e inovar para ser eficiente. E literatura sobre isso não falta na rede. Mas, principalmente, falta originalidade, relevância e atitude. E, depois, levantar da frente do computador e tocar, ralar, divulgar ao vivo. Há 20 anos não aparece uma banda independente que presta. Mas acredito que onde houver um hormônio explodindo, haverá um pedal de distorção e uma esperança. Bora lá, rapaziada. Nossos ouvidos precisam de vocês.

Fabio Seidl é publicitário, baixista e vocalista do Ack

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GOODFELLAS BAR

Nome inspirado no filme Goodfellas (Os Bons Companheiros) de 1990, dirigido por Martin Scorcese, o bar está há seis anos no centro de São Caetano do Sul, têm cinco ambientes distribuídos em três andares e conta com cerca de trezentas opções de cervejas, sendo assim a maior carta de cervejas do ABC, grande variedade de destilados, coquetéis tradicionais e temáticos, hambúrgueres artesanais e uma boa variedade de porções. Tudo isso embalado pelo bom e velho rock’roll!

Rua Goitacazes 77, Centro São Caetano do Sul, SP +55 11 4226-3788


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(Miscelânea) Encontrei o Betterman por acaso ao reparar no post que alguém compartilhou sobre a banda que apareceu na minha timeline. Desde então, sempre coloco os sons para trabalhar. Rock de garagem, melódico, firme e conciso. Deixo para repetir todas as faixas do EP quando encaro longas horas de trabalho. Também li em algum outro post que a capa deste EP seria adaptada para um cartaz. Um belo desenho que combinaria em qualquer parede, ao lado de um pilha de disco. betterman.bandcamp.com Antonio Augusto, Hearts Bleed Blue


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Durante uma carona com um amigo até um dos metrôs de sampa city, estava rolando no carro algumas músicas do Gotan Project, que é uma mistura de tango mixado com dance. E para quem ainda não conhece, aqui vai minha indicação. Vale conferir! www.gotanproject.com Camila Grillo, Agência Voler

Você já ouviu falar na expressão Sunable? É uma gíria usada para dizer que está tudo bem, tudo na paz, tudo suave. Além disso, é o nome de uma banda de São Caetano do Sul, formada em 2010 por cinco amigos que misturam do rock ao blues, do samba ao jazz. Eles são a minha aposta de banda revelação para o ano que vem. Se você ficou curioso para conhecer o som dos caras é só acessar o site: www.sunable.com.br. Celito Gomes, Hearts Bleed Blue



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