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Os aços e a qualidade do molde
Helena Silva *
* Revista MOLDE
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O aço é a mais importante matéria-prima que constitui o molde. Por isso, as empresas fornecedoras não se poupam a esforços, seja na investigação, seja na criação de melhores soluções que permitam introduzir características inovadoras e incrementar a qualidade. Os ‘aços modificados’ são uma das apostas dos fabricantes de moldes que, com a sua utilização, conseguem melhorar resultados, seja na dureza, na textura ou no polimento.
Há uma certa homogeneidade no que diz respeito à escolha de aços pelos fabricantes de moldes. Ângela Martins, da Ramada, explica que esta indústria centraliza a sua escolha, sobretudo, “em aços prétratados (P20 e as suas variantes) e os aços de têmpera (desde H11, H13, entre outros)”.
Esta responsável adianta que a indústria dos plásticos “tem-se desenvolvido no sentido de melhorar as características da peça polimérica, o que se reflete na performance do aço”. E exemplifica: “os aumentos da percentagem de aditivos, fibra de vidro assim como as exigências ao nível do acabamento superficial requerem do aço melhorias ao nível das suas composições químicas e propriedades físicas e mecânicas”. Por isso, salienta, “vemos a indústria a evoluir no sentido do uso de aços modificados que permitem homogeneidade de durezas em toda a secção do bloco e melhores capacidades de textura e polimento”. Por outro lado, “o aumento do uso de aços ESR e aços inoxidáveis na indústria permitem aceitar projetos que exigem polimentos de alto brilho para produção de peças óticas e injeção de plásticos com agentes corrosivos (p.e. retardadores de chamada), respetivamente”.
No caso da Ramada, “a parceria com produtores de aços ferramenta de renome”, permite dotar os fabricantes das melhores soluções. “Nesta indústria altamente competitiva, é cada vez mais fulcral a promoção de soluções técnicas. Desta forma, ao longo do ano, vamos promovendo as nossas gamas de produtos e serviços através das
/ / Ângela Martins - Ramada
nossas newsletters mensais, site e redes sociais. Para além disso, promovemos sessões de formação junto dos nossos clientes, tais como o Academia Ramada e os Seminários Técnicos”, adianta.
A exemplo de outros sectores, a pandemia de Covid-19 teve impacto nesta atividade. Contudo, Ângela Martins considera que “a indústria portuguesa tem uma capacidade de ajuste às novas condições, muitas vezes adaptando a sua atividade àquilo que é necessário no mercado”. Assim, defende, “após uma fase de recuperação, resta-nos o crescimento da indústria e a exportação”.
UNIVERSAL AFIR: QUALIDADE E INOVAÇÃO
Um otimismo muito moderado caracteriza o olhar de Dinis Miranda, da Universal Afir, em relação ao futuro do sector dos aços, sobretudo neste ano de 2021. “Não temos expectativa de alterações, relativamente ao ano de 2020”, explica, adiantando temer, até, “que se a situação de pandemia se mantiver, o nível de atividade do sector se venha a deteriorar e isso se venha a refletir na situação financeira das empresas”.
/ / Dinis Miranda - Universal Afir
Mas a Universal Afir continua a centrar a sua prioridade numa resposta de qualidade e inovação ao mercado. É através de ações de formação direcionadas para clientes e realizadas de forma contínua, muitas delas em colaboração com a CEFAMOL, que a empresa dá a conhecer as suas melhores soluções, apoiando os seus clientes a usálas de forma a retirarem o máximo benefício.
“De uma forma geral, poderemos afirmar que nos últimos três anos não observamos alterações significativas nos consumos de matérias-primas para moldes, sendo os aços de estrutura, prétratados e os aços de têmpera aqueles que representam a maior fatia de mercado”, explica Dinis Miranda.
Deixa, contudo, uma ressalva em relação a dois importantes desenvolvimentos recentes: por um lado, “a procura de matérias-primas para fabricação aditiva” e, por outro lado, “com o acentuar da duração da pandemia de Covid-19, notamos que algumas empresas estão a abordar novos nichos de mercado no segmento alimentar e médico”. Em qualquer um dos casos, a empresa, através da sua representada Bohler, dispõe de uma variedade de materiais que lhe permite uma cobertura de soluções técnicas muito ampla na indústria de moldes. Fernando Moniz, da voestalpine, começa por salientar que as soluções que a empresa tem e que são mais procuradas pela indústria de moldes são aquelas que se destacam pela sua qualidade e versatilidade. Com elas, a indústria de moldes procura dar resposta, por exemplo, aos “requisitos estéticos cada vez mais exigentes em peças interiores e exteriores da indústria automóvel”.
/ / Fernando Moniz - voestalpine
No seu entender, “a indústria de moldes portuguesa tem procurado diferenciar-se pela qualidade, tendo realizado investimentos significativos em equipamentos, tecnologia e recursos humanos. Este caminho de diferenciação, com a produção de produtos cada vez mais complexos, tem que ser acompanhado em muitos casos por materiais com performance melhorada”.
E é a este desígnio que a voestalpine tem procurado corresponder, através da melhoria e inovação dos seus aços, disponibilizando produtos “com excelentes propriedades mecânicas especialmente desenvolvidos para aplicações que requerem exigência nos acabamentos de superfície, como polimentos ‘espelho’ ou texturas extremamente finas”.
“O Thruhard Diamond é um aço na classe dos pré-tratados que pretende ser uma alternativa aos aços que necessitam do processo intermédio de têmpera”, uma vez que “ao eliminar a necessidade de tratamentos térmicos, reduzimos os riscos associados a deformações bem como o tempo e custos associados a este processo”. Como resultado final, esta inovação traduz-se numa redução de custos para as empresas produtoras de moldes.
É, sobretudo, através do ‘know-how’ das equipas de técnicos comerciais que a empresa faz chegar, de forma atempada e esclarecedora, as informações sobre as suas mais recentes soluções. Trata-se de uma abordagem centrada na proximidade estreita com os clientes, que permite “escutar as necessidades e, em conjunto com a fábrica, oferecerlhes o melhor aço e as melhores soluções para as suas ferramentas”. Por isso, salienta, “apesar da situação Covid, mantemo-nos diariamente em contacto com os nossos clientes, apoiando-os para serem mais competitivos nos mercados em que a qualidade é relevante”.
Em relação a 2021, Fernando Moniz afirma que “todos desejamos que seja um ano de franca recuperação”. No seu entender, “teremos seguramente um segundo trimestre com muitas incertezas, apesar de alguns analistas falarem em retoma dos mercados”.
No caso da voestalpine High Performance Metals Portugal, sublinha, está em curso um processo de ‘rebranding’, iniciado no final do ano passado, e que passa pela reestruturação de produtos e serviços, bem como por um reforço da equipa, com a integração de novos elementos. “Estamos apreensivos, mas também confiantes de que o tecido empresarial do sector dos moldes conseguirá, uma vez mais, encontrar as soluções para ultrapassar este momento”.