Market Report 26 - julho 2019

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Ano 7 ı Número 26 ı Trimestral ı Julho 2019

México: Mercado de Oportunidades Entrevistas: - Embaixador do México em Portugal - Secretário de Desenvolvimento Económico de San Luis Potosí Evolução Trimestral de Mercados



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MARKET REPORT

N OTÍCIAS EMPRESAS NACIONAIS CONSIDERAM POSITIVA A PRESENÇA NA MOULDING EXPO

Saldou-se pela positiva a participação coletiva organizada pela CEFAMOL na terceira edição da feira Moulding Expo, que decorreu de 21 a 24 de maio, em Estugarda (Alemanha) e onde a Associação se fez acompanhar por 19 empresas – AES Moldes, ASG Moldes, Bormat, Ecotool, Fozmoldes Itecmo, Moldata, Moldit, Planfuro, PMM, Proaz, Ribermold, Socem, Srfam, Steelplus, Tecnimoplas, TJ Moldes, Uepro e VSV. De acordo com Manuel Oliveira, secretário-geral da CEFAMOL, “a participação portuguesa foi, nesta edição da feira, a maior participação internacional e a segunda, em número de empresas, logo a seguir à Alemanha”. Para além da participação coletiva, houve ainda outras empresas nacionais que integraram o evento em nome individual, explicou o responsável. Manuel Oliveira conta que, no final da feira, “o que ouvimos dos participantes é que foi um certame com nota positiva num momento que ainda é de alguma incerteza no que diz respeito à indústria automóvel e do que se perspetiva para o futuro”. “Houve algumas empresas que deram indícios de projetos que estão atualmente em stand-by poderiam começar a arrancar nos próximos tempos”, destacou. A Moulding Expo tem a particularidade de ser uma feira muito orientada para a indústria de moldes e sua cadeia de valor. Por isso, apesar da afluência de visitantes não ser tão elevada como noutros certames dedicados à indústria de plástico, os que marcam presença constituem “contactos muito direcionados, muito concretos e objetivos naquilo que pretendem”, explica.

Na feira, a participação portuguesa recebeu a visita do Secretário de Estado da Economia, João Neves, e do Presidente do Compete, Jaime Andrez. Tratou-se de uma visita que Manuel Oliveira considera ter sido “muito importante”, uma vez que, por um lado, revela “o reconhecimento da importância do sector” e, por outro, permitiu a estes responsáveis “ouvir as expectativas das empresas, as suas preocupações, mas também os seus planos de desenvolvimento para o futuro”. Manuel Oliveira conclui que “as empresas vieram desta feira mais otimistas, com a noção de que a conjuntura tem tendência a dar um salto e evoluir de forma positiva”.

Balanço Positivo A organização da Moulding Expo faz, também, um balanço positivo do certame, considerando que, nesta terceira edição, “confirma a sua posição no mercado como uma peça central da indústria alemã e europeia de moldes”. A feira, considera Ulrich Kromer von Baerle, CEO da Messe Stuttgart, é local de encontro privilegiado no qual “os expositores podem trocar informações e experiências com clientes e fornecedores, mas também com seus colegas do sector”. Destaca ainda que, entre os visitantes, 79% são altamente especializados e responsáveis pela tomada de decisões nas empresas, nomeadamente as compras. No total, a Moulding Expo teve cerca de 13 mil visitantes de 59 países, tendo contado com 705 expositores. O responsável pelo certame considera ainda que “os expositores estrangeiros usam a feira, por exemplo, para iniciar e coordenar projetos de cooperação”, considerando este um aspeto muito relevante. A próxima edição está já agendada para 8 a 11 de junho de 2021.


MOLDES PORTUGUESES EM DESTAQUE EM MADRID As três empresas de moldes - Duomold, Moldit e Prifer que acompanharam a CEFAMOL na Chemplast Expo, que se realizou entre os dias 7 e 9 de maio, na cidade de Madrid (Espanha), foram as únicas deste sector a marcar presença no evento. Aliás, os moldes portugueses estiveram em destaque nesta que foi a segunda edição daquele certame dedicado a toda a cadeia de valor da indústria do plástico, contemplando fornecedores de matéria-prima, maquinaria e outros serviços associados. Durante a feira, foram realizadas algumas conferências, uma das quais teve a indústria de moldes portuguesa em foco, contando com uma apresentação do sector, realizada pelo secretário-geral da CEFAMOL, Manuel Oliveira. A Associação marcou ainda presença no painel de debate sobre os desafios para a indústria do plástico. Patrício Tavares, da CEFAMOL, explica que esta participação se saldou pela positiva. “Apesar de ser apenas a segunda edição do certame, a organização aposta fortemente no crescimento da feira nos anos em que não se realiza a feira concorrente do mercado, a Equiplast, tentando-se também diferenciar na tipologia de partici-

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pantes e de visitantes”, explicou, frisando que “tendo em conta que se trata de uma feira recente, e que ainda está a crescer em notoriedade, podemos afirmar que foram atingidos os objetivos definidos para a ação”. Adiantou que o número de visitantes “não foi elevado, mas o interesse na área levou potenciais clientes ao certame”. E o facto de as empresas portuguesas serem as únicas do sector a marcar presença no evento “fez com que fossem o centro das atenções no que respeita a fornecimento de moldes”. Sublinhando que o mercado espanhol “é um dos principais clientes para os moldes nacionais, não só pela proximidade, mas também pela quantidade de potenciais clientes presentes no mercado”, aliado ao facto da indústria espanhola de moldes “ter reduzido significativamente a sua atividade, na crise financeira pós 2008”, levou a que “a sua importância para as nossas empresas tivesse aumentado em termos totais e percentuais, tendo chegado a ser o principal mercado de exportação dois anos consecutivos, acima da Alemanha, o tradicional número um dos nossos clientes”.

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EMPRESAS NACIONAIS FAZEM BALANÇO POSITIVO DA PLASTPOL Saldou-se pela positiva a participação nacional na feira Plastpol, que teve lugar entre os dias 28 e 31 de maio, em Kielce (Polónia). Trata-se do principal certame dedicado à indústria do plástico, não só do mercado polaco, mas de toda a Europa de Leste. À semelhança das suas congéneres da Alemanha (K e Fakuma), agrega em si toda a cadeia de valor da indústria, numa dimensão adaptada aos mercados desta região. Acompanhada por cinco empresas do sector (AES Moldes, Socem, Steelplus, UEpro e VSV Moldes), a CEFAMOL faz um balanço positivo do certame: “Esta feira é, cada vez mais, uma presença habitual nos calendários de feiras das empresas de moldes nacionais, o que faz com os objetivos das empresas tenham evoluído do interesse em explorar o mercado, para uma fase de maturação dos contatos com atuais e potenciais clientes já identificados”, explica Patrício Tavares, da CEFAMOL, sublinhando que, apesar disso, “não fica de parte a prospeção de clientes não identificados que venham a visitar a feira”. Tendo estes pontos por base, adianta, “podemos afirmar que os objetivos foram atingidos por parte de todas as empresas”. No decorrer do evento, a presença nacional recebeu a visita do delegado da AICEP na Polónia, Pedro Macedo

Leão, que aproveitou a deslocação para perceber o “footprint” que a indústria já tem naquele mercado e em que iniciativas pode a Agência ser útil para ajudar o sector a incrementar a sua posição. Patrício Tavares considera, ainda, que “a indefinição que se verifica na indústria automóvel acaba por ser sentida em toda a União Europeia e a Polónia não é exceção”. Adianta que “o facto de se tratar de um mercado da Europa Central possibilita às grandes marcas outro tipo estratégia, pois os custos são menores e os seus fornecedores de moldes beneficiam com isso. No entanto, os investimentos promovidos nos últimos anos também foram enormes, sendo necessário capitalizar esse investimento”. Deixa uma chamada de atenção: “notam-se, nesta fase, duas situações que devem ser bem estudadas. Por um lado, ainda há uma forte concorrência de fornecedores de moldes de mercados asiáticos, e por outro, há cada vez mais empresas de moldes a abrir unidades na Polónia, provenientes principalmente de Itália”. “A Polónia não deixa, por estes motivos, de ser um dos principais mercados estratégicos para o sector, mas obriga a uma presença assídua por parte das empresas junto dos seus parceiros de negócio”, adverte.


PLASTIMAGEN: DINÂMICA EMPRESARIAL DO MÉXICO ANIMA EMPRESAS NACIONAIS A CEFAMOL participou, entre os dias 2 e 5 de abril, em mais uma edição da feira Plastimagen, que decorreu no Centro CitiBanamex, na Cidade do México. A exemplo de anteriores participações, a representação nacional juntou-se num único espaço, o Pavilhão de Portugal, onde a Associação se fez acompanhar por sete empresas, nomeadamente a Batista Moldes, Duomold, Frumolde, SET, Socem, Tecnimoplas, e ainda a join venture Mexportools (composta pelas empresas ASG Moldes, Moldit, Moldworld, Ribermold e TJ Moldes). Patrício Tavares, da CEFAMOL, explica que, no que diz respeito ao feedback sobre esta feira, há, para as empresas nacionais, dois pontos essenciais a reter: “por um lado, um menor número de visitantes, mas, por outro, a maior qualidade e concentração de contatos com potencial futuro”. Este último ponto constitui, no seu entender, “um bom indicador do desempenho do certame”, ao que se soma o quadro de confirmações de espaço para a próxima edição da feira que terá lugar em novembro de 2020. Com efeito, conta, o certame “já se encontra preenchido em mais de 80%, revelando o agrado dos expositores com a participação nessa edição”. Sublinha ainda que “as novas inscrições neste evento poderão ter algumas dificuldades na aquisição de espaço com a configuração ou localização desejada, motivo pelo qual a CEFAMOL pretende manter o espaço que ocupa no certame há 7 edições consecutivas”. Na edição deste ano, a participação nacional recebeu, entre outras, a visita do Embaixador de Portugal no México, Jorge Oliveira, assim como do delegado da AICEP, Álvaro

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Cunha, que estiveram presentes no Pavilhão Nacional, e onde tiveram oportunidade de conhecer e apoiar as empresas de moldes nacionais, disponibilizando-se inteiramente para auxiliar em todos os esforços necessários para reforço da sua posição no mercado. Foi, portanto, uma participação que se saldou pela positiva naquela que é considerada a maior e mais completa feira dedicada à indústria do plástico da América Latina, considerou ainda Patrício Tavares, frisando que o certame “é um ponto de encontro único para gestores e técnicos nas áreas de equipamentos, matérias primas, transformação de plástico e serviços de apoio de empresas locais”. Mercado de oportunidades O mercado mexicano mantém-se como de grande interesse para os produtores de moldes nacionais. Em 2018, representou mais de 2% das exportações da indústria de moldes, com mais de 14 milhões de euros vendidos. Patrício Tavares ressalva que, apesar de se tratar de um decréscimo face ao ano anterior, “os indicadores são favoráveis num mercado onde a economia cresceu cerca de 2% em 2018”. Este abrandamento do desempenho nas exportações, recorda, está relacionado, em muito, com constrangimentos semelhantes aos que se verificam na Europa, nomeadamente na indústria automóvel, o principal cliente do sector. “Verifica-se, por outro lado, a existência de vários projetos pendentes, que poderão ser lançados nos próximos tempos, e que irão com certeza apresentar novas oportunidades para os moldes nacionais”, defende.

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MÉXICO: Mercado de Oportunidades


Entrevista a Alfredo Pérez Bravo - Embaixador do México em Portugal “O México tem consciência que Portugal está posicionado entre os principais fabricantes de moldes a nível mundial”

xico, a Agência de Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), a Associação Nacional da Indústria de Moldes (CEFAMOL), entre outros. Da mesma forma, não devem perder de vista o Centro de Moldes, Troqueles y Herramentales que está para iniciar a sua operação em San Luis Potosí, com participação do consórcio luso Mexportools. A visão das autoridades potosinas é de converter este centro num ponto nevrálgico da indústria no país e oferecer adicionalmente serviços de formação a outros estados da República Mexicana.

Que oportunidades apresenta o México para as empresas portuguesas produtoras de moldes? O potencial que o mercado do México oferece às empresas portuguesas produtoras de moldes é enorme. O nosso país goza de uma localização geográfica estratégica, com uma população de 130 milhões de habitantes e uma grande estabilidade económica. O México é uma das 15 maiores economias do mundo, de mais de 1150 mil milhões de dólares, com uma projeção de crescimento para 2019 de cerca de 2,0%. Da mesma forma, conta com uma rede de 12 tratados de Livre Comércio subscritos com as principais economias do mundo, que lhes permite, de forma automática, imediato acesso privilegiado a mercados como os E.U.A., Canadá, países da América Latina, Ásia, entre outros. Os sectores automóvel e aerospacial são estratégicos para o nosso país. Somente no sector automóvel as oportunidades para a indústria de moldes são enormes. O México alcançou um nível de produção de 3,9 Milhões de veículos em 2017. Calcula-se que, para 2020, a produção seja de 4,1 milhões de unidades. A Nissan de Aguascalientes, por exemplo, posicionou-se como uma das produtoras líderes na América do Norte. Desde há dois anos que o México se posicionou como 3º maior exportador de veículos ligeiros do mundo. O Investimento direto estrangeiro no sector automóvel e de componentes alcançou 6,8 mil milhões de dólares em 2017. Os principais fabricantes de automóveis do mundo estão presentes no nosso país. Nesse mesmo ano, a indústria de componentes para o sector automóvel manteve o seu dinamismo e alcançou um valor de 87 mil milhões de dólares. Os Estados Unidos foram o principal destino das peças produzidas no México, com cerca de 90% das exportações. Quais os passos que devem dar e qual a melhor forma destas empresas portuguesas, que assim o desejem, começarem a trabalhar para o México? Apesar de ser possível que uma empresa possa realizar a 100% um investimento no nosso país, é aconselhável que o realize com um parceiro local. Foi o modelo seguido pela maioria das empresas lusas estabelecidas no México; desde os grandes grupos empresariais até às pequenas e médias empresas que, com êxito, têm ganho espaço no mercado mexicano e consolidado a sua presença. No mesmo sentido é importante que os empresários tenham em conta os diversos serviços públicos e privados existentes, como os que oferecem a Embaixada do Mé-

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Que tipo de apoios/vantagens a nível estatal e/ou comercial existem no México para as empresas portuguesas que desejem trabalhar com esse mercado? O esquema de incentivos varia de Estado para Estado da República Mexicana. Cada Estado conta com uma Secretaria de Desenvolvimento Económico, entidade responsável por avaliar os projetos de investimento e determinar que tipo de incentivos pode oferecer. Por outro lado, Portugal conta com uma série de programas de apoio ao abrigo do Portugal 2020 e que serão estendidos a 2030. É aconselhável conhecer os incentivos disponíveis para a internacionalização das empresas Portuguesas. Acrescento que existem diversas instâncias que, ao abrigo desses programas, organizam iniciativas de caráter empresarial, como por exemplo a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Mexicana. Nos últimos anos levou a cabo um número significativo de missões empresariais ao nosso país, dirigidas a diversos sectores de atividade. Como vê o México as empresas portuguesas produtoras de moldes? No México, tem-se consciência que Portugal está posicionado entre os principais fabricantes de moldes a nível mundial. No México, encontra-se entre os 10 principais fornecedores de moldes para plásticos por injeção ou compressão. Neste sentido, a Embaixada do México em Portugal mantém uma estreita relação com as diversas instâncias públicas e privadas desta grande nação e particularmente com a CEFAMOL (desde 2016), que permitiu o desenvolvimento de atividades de alto impacto para a indústria de plásticos do México. Graças a esta aproximação, as sinergias que se geraram, nos âmbitos da formação a técnicos de moldes, transferência de tecnologia, etc. são chave para as cadeias de valor da indústria do nosso país. O investimento português no México ocupa um lugar muito especial em diversos sectores de relevância como são os Moldes e Ferramentas, Automóvel, Aerospacial, Infraestruturas, Ambiente, TICS, entre outros. As relações diplomáticas entre o México e Portugal vivem um momento muito bom. As condições estão criadas para receber todas as empresas de moldes que queiram internacionalizar a sua atividade no México, que é um grande mercado de oportunidades.

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Comitiva Mexicana Visitou Indústria Portuguesa de Moldes e Apresentou Oportunidades em San Luis Potosí O Secretario de Desarrollo Económico del Gobierno de San Luis Potosí, Gustavo Puente Orozco e Alfredo Pérez Bravo, Embaixador do México em Portugal, visitaram a Indústria de Moldes, nos passados dias 25 e 26 de fevereiro, tendo oportunidade de conhecer algumas unidades de produção e contactado empresários do sector, bem como instituições como o CENTIMFE ou o Centro para o Desenvolvimento Rápido e Sustentável do Produto (CDRSP). Foi realizada ainda uma visita à exposição ‘Esculpir o Aço’.

nesse mercado”, contou, explicando que o Estado de San Luis Potosí, localizado na zona central do México, “é muito importante pois reúne um conjunto de fábricas automóvel, mas também de fornecedores dessas unidades”. Chamou ainda a atenção para a importância do mercado mexicano, pela sua dimensão e potencial de crescimento. “É um mercado que está a crescer, para o qual temos de olhar muito atentamente porque tem tido níveis de desenvolvimento muito grandes. A presença da nossa indústria em visitas e exposições no México tem sido muito alargada e temos constatado que tem tido uma evolução constante, uma expectativa crescente da realização de negócios, seja lá ou nos países envolventes”, destacou. O Presidente da CEFAMOL lembrou, ainda que algumas empresas portuguesas já têm uma forte presença no mercado, havendo algumas com acordos e parceiros locais, outras que têm capacidade instalada para dar assistência aos fabricantes de peças produzidas em Portugal e várias que “estão a dar passos no sentido de aumentar as vendas para aquele mercado”.

O programa da visita desta comitiva culminou no dia 27 de fevereiro com a realização em Leiria de um seminário sobre as oportunidades e negócios neste Estado mexicano. A ação inseriu-se no âmbito do projeto do consórcio ‘Mexportools’, uma parceria inovadora para o mercado do México, que envolve cinco empresas de moldes nacionais e diversas entidades mexicanas, e que será materializada com a construção de uma unidade, ainda este ano, no Estado de San Luis Potosí. A deslocação foi apoiada pela CEFAMOL e o seu Presidente, João Faustino, explicou que se tratou de uma importante ação para o fortalecimento de relações entre os dois países. “Nós já vendemos muitos moldes para o México, mas queremos aumentar ainda mais a nossa penetração

Enquanto membro do consórcio ‘Mexportools’, João Faustino explicou ainda que o projeto tem como “base principal dar uma assistência pós-venda aquilo que fabricamos”. Nesse sentido, contou, “temos vindo a dar formação técnica a quadros mexicanos para que desenvolvam competências e para que, num prazo mais alargado, possamos vir a produzir moldes lá”. Contudo, salientou, “o principal objetivo é haver uma complementaridade entre o que fazemos aqui e lá”. Conclui dizendo que se trata de “um mercado promissor para a nossa indústria”.


Entrevista a Gustavo Puente Orozco (Secretario de Desarrollo Económico del Gobierno de San Luis Potosí) “As empresas que desejem instalar-se no México encontram aí um grande mercado e uma boa oportunidade em diferentes indústrias e sectores

esta oportunidade de vir e visitar as empresas e as instituições portuguesas, de forma a estabelecer uma relação de proximidade. - Que conselho daria às empresas que tenham interesse em investir no México? Precisamos de empresas com experiência em trabalhar com o ramo automóvel, sobretudo no que diz respeito ao fabrico de moldes.

- Qual a razão da vossa visita a Portugal e a esta indústria em particular? O México, em particular o Estado de San Luís Potosi, no centro do país, tem, juntamente com os estados vizinhos e numa extensão de cerca de 300 quilómetros, dez produtoras de automóveis, para além de outras empresas fabricantes de diversas peças do ramo automóvel. Isto faz com que sejamos uma região muito forte neste sec. E ao olhar para o mundo, constatamos que Portugal é um líder mundial no fabrico de moldes. Por isso, o Estado de San Luís Potosi e o governo federal estão a apostar, já, no consórcio na área dos moldes ‘Mexportools’, que conta com a participação de cinco empresas portuguesas. Esta associação permite-nos, juntamente com um centro de investigação, o governo, o estado, e vários centros científicos e de saber, conseguir, a partir de San Luís Potosi, preparar pessoas, ter um capital humano especializado na área dos moldes, trabalhar este sector, gerar conhecimento e conseguir avançar na investigação e desenvolvimento. Tudo isto para conseguir produzir moldes e serviços dos quais necessitam as empresas instaladas em redor. Por isso, damos tanta importância a esta visita a Portugal.

- A indústria de moldes é, portanto, uma prioridade? No México, há cerca de 200 empresas relacionadas com os moldes. No entanto, apenas cerca de duas dezenas são importantes e capacitadas. É, pois, muito importante

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Expressamos um convite para que visitem San Luís Potosi e, se estiverem interessadas, podemos acompanhá-las, ajudá-las, aconselhá-las ou promover encontros de negócios com empresas fornecedoras de primeira linha do ramo automóvel, seja no ramo dos plásticos, alumínio, vidro… Todos os que utilizem moldes. Sublinho que San Luís Potosi tem vindo a crescer economicamente cerca de 4 a 5% por ano, um valor que é bastante mais elevado do que o resto do México. A nossa aposta centra-se atualmente em duas áreas que consideramos fundamentais: na parte de moldes e na robótica. São áreas que, no essencial, são transversais e utilizadas por todas as indústrias. Por isso apostamos nelas para dar resposta ao resto do país e não depender apenas de uma, como é o caso do ramo automóvel e que está em crescimento. Nesse sector, temos capacidade instalada para poder vir a produzir, por ano, cerca de 3 a 5 milhões de veículos.

- É, então, uma aposta com possibilidade de crescimento? Sim, é um lugar ótimo para atrair empresas como as de Portugal, sobretudo da área dos moldes e muito em especial, aproveitando as potencialidades deste projeto que é o ‘Mexportools’. É uma oportunidade para todos nos fortalecermos e sermos mais competitivos. E temos de sê-lo perante países como os Estados Unidos ou o Canadá. Lembro que o novo tratado comercial entre os nossos países, que se designava por NAFTA, mas que mudou de nome e é agora USMCA (United States-México-Canada), em inglês, ou T-MEC (Tratado entre México, Estados Unidos y Canadá), tem algumas alterações e obriga a que mais empresas tenham de instalar-se em algum destes

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três países. Isto significa que não só o México, mas os outros dois países vão estar recetivos a mais serviços e quase todos precisarão de uma parte de moldes.

- Há incentivos no México às empresas portuguesas que pretendam aí instalar-se? Sim. Depende da empresa e das necessidades que tenha. Mas estamos disponíveis para acompanhar e tentar perceber essas necessidades. Temos apoios específicos para a fase de instalação em tudo o que isso implica, desde o terreno aos trabalhadores. Temos, depois, esta grande ligação com as universidades, com os institutos tecnológicos para que, caso decidam avançar, tenham mão de obra preparada para as suas empresas e que possam ser competitivas. E temos este exemplo facilitador que é a ‘Mexportools’, que está já em San Luís Potosi.

- Falou em formação específica para o sector. San Luís Potosi tem, atualmente, mão de obra qualificada? No estado, temos 114 instituições de formação superior e a cada ano formam-se mais de 40 mil jovens, dos quais mais de três mil em diversas engenharias. Estamos a tentar agora, e através do consórcio ‘Mexportools’, estabelecer uma relação mais estreita com alguns politécnicos e instituições portugueses, no sentido de aprofundar algumas matérias e especialidades, especificamente no sec-

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tor dos moldes. Com um trabalho muito assente neste consórcio, esperamos ir formando estes jovens técnicos nestas especialidades para que exista mão de obra suficiente para apoiar as empresas.

- Sendo o México um país que fica distante de Portugal, diria às empresas portuguesas que vale a pena ultrapassar essa barreira? Uma das grandes vantagens é que, lá, as empresas têm um mercado enorme. San Luís Potosi e todo o mercado em redor, numa extensão de cerca de 300 quilómetros, tem localizado o principal do que se produz no México, tudo o que é a força motora do país. Depois, somos um país que tem 46 acordos comerciais e tratados de livre comércio. Por tudo isto, as empresas que desejem instalar-se no México encontram aí um grande mercado e uma boa oportunidade em diferentes indústrias e sectores. Quanto a nós, no México, com a vinda destas empresas, ganhamos o know-how, a especialização destas empresas. Se nos associarmos, podemos ser todos muito mais competitivos.


Comitiva Mexicana Visitou Indústria Nacional de Moldes Uma comitiva do Cluster mexicano de Moldes e Ferramentas de Monterrey (capital e a maior cidade do estado de Nuevo León), visitou a Indústria Portuguesa de Moldes, entre os dias 14 e 16 de maio. Esta deslocação surgiu na sequência de um protocolo, assinado em setembro do ano passado, entre este Cluster mexicano e a Pool-Net, responsável pelo cluster nacional ‘Engineering & Tooling’, constituindo-se como uma oportunidade para a partilha de conhecimento e experiências. Para além de empresas na Marinha Grande e Oliveira de Azeméis, a comitiva mexicana teve oportunidade de conhecer vários espaços museológicos, para além da incubadora de empresas e o CDRSP - centro de investigação do Instituto Politécnico de Leiria. O grupo foi recebido pelos Presidentes de Câmara da Marinha Grande e Oliveira de Azeméis, os quais destacaram a importância destes intercâmbios empresariais que ajudam a desenvolver a economia das regiões e a consolidar a sua presença no mercado internacional. Já Rui Tocha, responsável da Pool-Net, referiu que esta relação institucional entre os clusters nasceu no decorrer de um primeiro contacto realizado no Porto, onde ambas as organizações tiveram oportunidade de se apresentar e identificar oportunidades de colaboração. Seguiu-se a presença e intervenção numa conferência automóvel realizada em Monterrey, em setembro do ano passado, onde foi assinado um protocolo de colaboração entre os clusters. “Desde aí, temos mantido o contacto regular. Fizemos

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uma reunião lá e desenvolvemos encontros bilaterais”, conta o responsável, sublinhando que foi, então, delineada a visita a Portugal. “Preparámos um programa que permite ter uma ideia aprofundada do que são hoje as valências das nossas empresas, dos pilares do nosso cluster, enquanto centro de investigação e desenvolvimento. Em função disto, esperamos começar a ter outro tipo de atividades”, explica, adiantando que “temos trocado alguma informação, mas vamos fazer isto de forma mais regular, mais estruturada, ajudando ou criando o espaço para as nossas empresas explorarem melhor as oportunidades que existem em Monterrey, tendo como âncora este cluster”. Por outro lado, o objetivo é que as empresas mexicanas “possam contar com os nossos parceiros, seja a nível de formação, seja a nível de outras atividades”, destacou. “O México tem de ser visto como um país de grandes oportunidades. Nós temos de ter algumas âncoras em zonas estratégicas pois o país é muito grande. Os clusters podem funcionar como essas âncoras”, considera. Para além de Monterrey, sublinhou que há outras zonas do México, como San Luis Potosi, onde estão já a decorrer interações interessantes entre empresas portuguesas e locais. “A indústria de moldes no México não está assim tão desenvolvida e eles próprios precisam de reforçar parcerias internacionais”, afirma.

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Entrevista Alfonso Peña Morales

- Que expectativas têm em relação a esta visita a Portugal?

Diretor do Cluster de Herramentales, Monterrey, México

O ano passado, estabelecemos um acordo de colaboração com a POOL-NET. Mas falta-nos um ecossistema da área de moldes como o que têm aqui. Por exemplo, para além das empresas, aqui têm instituições, quer educativas, quer incubadoras, centros de investigação especializados nesta área das ferramentas. Nós temos um parque de inovação, centros de engenharia, mas servem uma indústria tão diversa que não temos especialização nesta área das ferramentas.

“Este é o início do estreitar da confiança para criar uma maior colaboração” - Qual é o papel deste Cluster de Ferramentas no contexto da indústria, em Monterrey? O cluster foi criado há cerca de um ano e surgiu como uma necessidade das empresas, principalmente do sector automóvel. Iniciámos com 15 membros fundadores, entre a parte académica, Governo e empresas. Desses, dez eram empresas. Mas hoje em dia, já somos 35 membros, dos quais 27 são empresas e os restantes oito são instituições de ensino e investigação e governamentais. Entre as empresas, temos diversos sectores, onde se destacam quatro: moldes para plástico, moldes de fundição, toda a parte de ferramentas para estampagem e um último de assemblagem e controlo.

- Qual a importância do sector automóvel em Monterrey? Monterrey é uma cidade industrial, no México. Contextualizando: somos 5,4 milhões de habitantes. O sector automóvel ali instalado é dez por cento do total do que se produz no México. No que toca a montadoras de veículos temos a Kia, na parte dos ligeiros. E temos a maior do mundo, de camiões, mas também de autocarros, da Mercedes Daimler. Temos alguns dos principais ‘tier one’ do ramo automóvel mexicanos na área dos metais, que estão no nosso cluster, responsáveis pela parte de chassis para automóveis e camiões. Por tradição, temos as principais empresas automóveis mexicanas.

- Esta é, portanto, uma visita de conhecimento das potencialidades que existem em Portugal nesta área…? Exatamente. Um dos motivos é conhecer Portugal e a Marinha Grande em particular. Assim como nós temos tradição industrial, a Marinha Grande é reconhecida pela sua tradição específica nos moldes, a nível internacional. Creio que este é o início do estreitar da confiança para criar uma maior colaboração e definir algumas iniciativas em que possamos trabalhar em conjunto.

- Tiveram oportunidade de conhecer algumas empresas do sector. Com que opinião ficaram? São bastante interessantes. Impressionou-nos, sobretudo, o seu sistema de trabalho, o controlo da produção, tudo o que diz respeito ao planeamento, e também as infraestruturas. Esse conhecimento, essa especialização… é muito interessante.

- Que oportunidades considera que podem existir para as empresas portuguesas em Monterrey? Penso que, na parte comercial, no mercado mexicano, em 2017, importaram-se cerca de 1.700 milhões de dólares de moldes para plástico. Definitivamente, creio que há um bom potencial. Não apenas em Monterrey mas em todo o país. Para mim, o que seria interessante e oxalá as empresas portuguesas também o vejam dessa forma, é poder vir a estabelecer alianças estratégicas entre empresas mexicanas e empresas portuguesas. As empresas mexicanas têm a infraestrutura, a maquinaria, mas falta-lhes o ‘know-how’ de como atacar o molde. E destaco que há vantagens para as empresas portuguesas se fizerem alianças com as mexicanas. Não têm necessidade de investir tanto. Há todo um conhecimento que a empresa local tem, seja da forma de funcionamento das instituições, seja da parte legal.

- Que conselho daria às empresas portuguesas que tenham curiosidade ou pretendam trabalhar em Monterrey? Creio que um bom primeiro passo seria contactar a POOL-NET. Temos já firmada uma relação institucional e penso que esta é a melhor forma de avançar.


EVOLUÇÃO TRIMESTRAL DE MERCADOS

Análise Comparativa Segundo Trimestre 2019

MERCADOS TRADICIONAIS

PESO DOS MERCADOS TRADICIONAIS NAS EXPORTAÇÕES NACIONAIS

MERCADOS DA EUROPA CENTRAL E DE LESTE

MERCADOS DA EUROPA OCIDENTAL

MERCADOS AMERICANOS

OUTROS MERCADOS ESTRATÉGICOS

Fonte: AICEP Portugal Valores de exportações em unidades de milhar

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