Market Report 34 - julho 2021

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ANO 9 NÚMERO 34

34 MARKET REPORT DESTAQUES

Barómetro | A Economia Circular para o Cluster Engineering & Tooling Evolução dos Mercados de Exportação - Análise Comparativa Segundo Trimestre 2021

TRIMESTRAL JULHO 2021



CONTEÚDOS 4

Notícias

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Barómetro | A Economia Circular para o Cluster Engineering & Tooling

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Evolução dos Mercados de Exportação - Análise Comparativa Segundo Trimestre 2021

FICHA TÉCNICA PROPRIEDADE: CEFAMOL - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA DE MOLDES REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO: AV. D. DINIS, 17 2430-263 MARINHA GRANDE - PORTUGAL TELEFONE: 244 575 150

WWW.CEFAMOL.PT


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MARKET REPORT

“PORTUGAL MEETS GERMANY”: FABRICANTES DE MOLDES PORTUGUESES E ALEMÃES DEFENDEM MAIOR COOPERAÇÃO PARA FORTALECER O SECTOR Sintetizando o que foi defendido pelos produtores dos dois países, Bob Williamson colocou à disposição, inclusivamente, a intervenção da ISTMA, de forma a chamar a atenção das entidades europeias sobre a importância estratégica do sector: “se nada for feito, a manufatura corre o risco de desaparecer na Europa. Estamos a falar da proteção da manufatura e não apenas da indústria de tooling”.

Estão unidos pelas mesmas preocupações e veem na cooperação uma das soluções para tornar o sector mais forte. Os fabricantes de moldes da Alemanha e de Portugal juntaram-se, no dia 16 de junho, num webinar que procurou ser um fórum de partilha de ideias e opiniões sobre a atualidade e o futuro da indústria. Com o patrocínio da ISTMA, e tendo como moderador o seu presidente, Bob Williamson, esta sessão foi organizada pela CEFAMOL, juntamente com as associações alemãs VDWF e VDMA, contando com uma plateia virtual composta por mais de seis dezenas de pessoas, a maioria representando empresas do sector, oriundas de vários pontos do globo. ‘Portugal meets Germany’ foi o tema do webinar que concluiu que, afinal, os moldes portugueses e os alemães têm muito mais a uni-los do que aquilo que os separa. A “apreensão” face à estagnação por que passa a indústria é uma preocupação comum. Mas é partilhada também a convicção de que, desde que se consiga manter a confiança, os fabricantes – apesar de concorrentes – poderão unir-se na construção de uma indústria mais coesa, ganhando escala e competitividade.

Do lado português, participaram no evento Joaquim Menezes (Iberomoldes), Nuno Silva (Moldit), e José Carlos Gomes (GLN). Do lado alemão, foram oradores André Osterhues (Mueller-Tecnik), Jens Lüdtke (Tebis Consulting), Hartmut Frerichs (WDoose), Thorsten Hickmann (Eisenhuth). Ao longo da sessão vários foram os temas analisados e debatidos, os desafios e as oportunidades da indústria automóvel, as novas motorizações e modelos, o desenvolvimento da cadeia de valor, as novas tecnologias, entre muitos outros. Foi salientada a importância dos fabricantes de moldes europeus terem uma “estratégia alinhada”, que possa garantir a competitividade e sustentabilidade do sector, de forma a enfrentar a concorrência de outras regiões do globo. Em relação ao futuro, foi salientada a importância do alargamento da cadeia de valor, demonstrando o que é possível realizar, não apenas na produção, mas também no design e na criação. Conforme foi referido pelos participantes “temos de nos afirmar, não pelo preço, mas pela diferenciação”. A moderação da ISTMA teve a contribuição dos representantes das assciações: Manuel Oliveira (CEFAMOL), Alfred Zedtwitz (VDMA) e Ralf Duerrwaechter (VDWF).

ESTUDO REVELA EVOLUÇÃO DOS MOLDES PORTUGUESES NOS ÚLTIMOS ANOS ‘Posicionamento Competitivo da Indústria de Moldes’ foi o primeiro de um conjunto de três estudos produzidos pela CEFAMOL no âmbito do projeto “Tech-i9” que serão apresentados no mês de junho e que irão analisar o contexto atual do sector, apresentando temas para uma reflexão estratégica no seio da indústria que promovam o reforço da sua competitividade. Na primeira sessão, que teve lugar no dia 8 de junho, Luís Pinto, da consultora Vitis apresentou um exausti-

vo documento que dá a conhecer a evolução da indústria de moldes em Portugal na última década. O autor explicou que foram realizados “cálculos e conceitos próprios tendo como objetivo a obtenção de informação o mais próxima possível da realidade da indústria” na atualidade. Essa análise permitiu perceber, por exemplo, a forte dependência que o sector tem da indústria automóvel, algo para o qual o orador alertou como sendo “uma fra-


gilidade estratégica”, uma vez que em situações de dificuldade desse principal cliente, os moldes portugueses se ressentem de imediato e com quebras significativas. Um dos exemplos disso é a situação que se atravessa atualmente. “Temos de tentar encontrar medidas que nos façam depender menos desta indústria”, advertiu, lembrando que, ciclicamente se passa por situações de quebras e, nesses momentos, “todos concordam que se deve fazer alguma coisa, investem na promoção noutros mercados e áreas e dão passos nesse sentido. Contudo, assim que a indústria automóvel recupera, as empresas de moldes ficam absorvidas pelo trabalho do dia-a-dia e esquecem estes passos que deram, até ao próximo momento de quebra”. O ramo automóvel, disse ainda, tem vindo a reforçar a sua posição, chegando a representar 82% da produção em 2018. Para além de se concentrar predominantemente nessa indústria, o sector tem, também, um conjunto de 10 mercados predominantes, advertiu Luís Pinto, sublinhando que os três primeiros (Espanha, Alemanha e França) representam 55% do total e uma diferença abismal em relação aos que se seguem na tabela, com valores entre 2 e 7%. Em termos mais micro, alertou que o mercado francês tem vindo a perder valor nos dois últimos anos e, no mesmo período, revela maiores dificuldades de penetração dos moldes portugueses. O mesmo aconteceu com a Alemanha que, em 2019, baixou mais de 9% no consumo dos moldes nacionais. Luís Pinto enfatizou que, como as importações desse país não baixaram, isso significa que Portugal perdeu o lugar que ocupava para outros fornecedores.

Sublinhou ainda que o peso das vendas nacionais no total das importações desses dois países é já significativo, o que, no seu entender, “retira capacidade de maior penetração nesses mercados”. Destacou ainda o crescimento da República Checa e Polónia que, nos últimos anos, lhe permitiu ocupar a quarta e quinta posição na exportação dos moldes portugueses.

ESTATUTO INOVADORA COTEC DISTINGUE EMPRESAS DO SECTOR AES Moldes, Carfi, DRT Rapid, Edilásio, Erofio, Famolde, Intermolde, Mold World, Moldit, Neutroplast, Prifer, Ribermold, Tecnisata, Vidrimolde, Yudo, CHETO foram empresas que viram a sua gestão distinguida com o Estatuto Inovadora COTEC, graças aos seus elevados padrões de solidez financeira, competências de inovação e desempenho económico, tornando-se exemplos de criação de valor para o país. Anunciada no início deste ano, a iniciativa Estatuto Inovadora COTEC consiste num rating que avalia a robustez da tesouraria e a capacidade de gestão das empresas, ao nível de volume de negócios, inovação, I&D e propriedade intelectual.

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Esta distinção, que resulta de uma parceria abrangente com o sector financeiro, apresenta novas vantagens para as empresas reconhecidas, funcionando como um selo de reputação e prestígio, permitindo obter condições vantajosas junto do sector financeiro, além de melhorar a eficiência na gestão do risco de crédito da banca. A renovação do Estatuto é realizada anualmente, mediante submissão de candidatura e cumprimento dos requisitos apresentados no respetivo regulamento.

ENGINEERING & TOOLING


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MARKET REPORT

Barómetro | A Economia Circular para o Cluster Engineering & Tooling Estará a indústria preparada para enfrentar os desafios da Economia Circular? Ana Pires, Dulcínia Santos Centimfe – Centro Tecnológico da Indústria dos Moldes, das Ferramentas Especiais e dos Plásticos

O tema da emergência da transição climática está na ordem do dia, em particular decorrente do impacto que as alterações climáticas protagonizam em todo o planeta Terra, quer decorrente do impacto da escassez de recursos que nos últimos anos se tem agravado e refletido em todos os sectores económicos, industriais e sociais. A Economia Circular constitui um dos pilares para o combate às alterações climáticas e para um desenvolvimento mais sustentável do planeta. O cluster Engineering & Tooling tem sentido de forma relevante o acentuar desta emergência climática. Por um lado, verifica-se um abrandamento da procura, em particular no sector automóvel, em grande parte resultante da indefinição no que se refere à motorização dos automóveis (ex.: híbrida ou elétrica), aos novos modelos de uso e partilha do automóvel. Acrescem as dificuldades devidas à escassez de matérias-primas, e consequentemente aumento dos custos, que foi agravada em 2020 pela situação pandémica decorrente da Covid-19 que conduziu à quebra de algumas cadeias de fornecimento. Os aspetos referidos são meras constatações do que as empresas têm sentido de uma forma geral e procurado atenuar, através da procura de novos mercados e da adequação da sua produção à procura e oferta de matérias-primas, elevando igualmente os níveis de eficiência dos seus processos.

e, nesta fase, pretendem ter um papel fundamental no apoio ao cluster Engineering & Tooling ao nível da adoção de princípios da economia circular. Neste âmbito, foi lançado um inquérito para obter informações úteis para traçar um perfil do sector e identificar ações futuras junto deste cluster. Este estudo decorreu durante o mês de março de 2021. As empresas que responderam ao inquérito (48 empresas) têm atividades económicas baseadas na moldação por injeção (42%), fabricação de moldes ou ferramentas (35%) e outras atividades (engenharia, consultoria, I&D,…) (23%). Estas empresas têm como mercados principais os sectores automóvel, embalagem, eletrónica e utilidades domésticas, respetivamente. Os gráficos seguintes mostram o posicionamento das empresas face a algumas questões, sendo de destacar que praticamente todas as empresas (98%) consideram a economia circular como uma oportunidade para os próximos anos. Quanto à oportunidade que a empresa identifica na Economia Circular (fig. 2), verifica-se que cerca de 70% das empresas consideram que a adoção dos princípios da

O CENTIMFE e a POOL.NET, enquanto Centro de Interface Tecnológico e Associação representante do cluster Engineering & Tooling, respetivamente, são duas entidades cuja missão é apoiar a indústria, nomeadamente pela promoção de atividades de investigação e desenvolvimento, de demonstração, formação, de vigilância tecnológica, de consultoria técnica especializada, de representação associativa e promoção junto de outros sectores e mercados / / Fig. 1. Nível de conhecimento sobre Economia Circular.


ração de resíduos. Entre os materiais identificados pelas empresas, destacam-se aço, limalhas, óleos, vidro, cartão, alumínio, plásticos, ferramentas e papel, que estão diretamente relacionados com as atividades das empresas que responderam ao inquérito.

/ / Fig. 2. Oportunidades inerentes à Economia Circular.

economia circular será benéfica por levar à redução do consumo de recursos, o que se repercutirá também ao nível da redução dos custos de produção. Apenas 40% das empresas identificam oportunidades ligadas à diversificação da oferta de produtos/ serviços. Face às respostas obtidas sobre a tipologia de medidas implementadas de Economia Circular, conclui-se que até ao momento as empresas têm direcionado os seus esforços para minimizar o impacto ambiental, atuando fundamentalmente ao nível da reciclagem de resíduos (75%), redução do consumo de energia (65%) e redução de resíduos (60%). Cerca de 35% das empresas inquiridas afirmaram que já atuaram ao nível do redesenho do produto para minimizar o impacto ambiental, e 33% têm preocupações ambientais na aquisição dos fatores de produção ao selecionar recursos sustentáveis, máquinas ecologicamente mais eficientes, mas essencialmente no sentido de reduzir o consumo energético. Na amostra considerada, ainda não se verificam com expressão relevante medidas como a alteração de modelos de negócio ou configuração de novas atividades.

/ / Fig. 4. Benefícios obtidos com implementação de medidas

Contudo, quando se questiona quanto à quantificação da redução do consumo de recursos, cerca de 49% não consegue quantificar o valor, o que pode explicar a falta de interesse dos gestores nesta temática, sendo que as restantes apontam para uma franja entre os 0% e 30%. Quanto à dificuldade de implementação das medidas de Economia Circular, verifica-se que as empresas apontam como maiores entraves, fatores relacionados com os custos de implementação, mas também aspetos culturais, evidenciando uma necessidade de sensibilização dos recursos humanos em torno desta questão. Um aspeto que convém realçar é a dificuldade que as empresas têm em avaliar o retorno de tais medidas, agravado com o prazo para obter esse mesmo retorno.

/ / Fig. 5. Dificuldades na implementação de medidas de economia circular

Para perceber melhor quais as lacunas que podem ser supridas pela atuação de entidades externas, questionou-se se as empresas sabem onde encontrar metodologias de suporte à implementação de economia circular, que tipo de apoio consideram necessário, onde encontrar financiamento e em que áreas acham importante ter apoio.

/ / Fig. 3. Medidas de Economia Circular Implementadas

Face às medidas já implementadas pelas empresas, os benefícios obtidos acabam por ser óbvios e prendem-se fundamentalmente com a redução no consumo de recursos, como a água, energia e até matérias-primas e ge-

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ENGINEERING & TOOLING


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MARKET REPORT

fáceis de reutilizar, reparar e reciclar e contenham materiais reciclados. • Capacitar os consumidores. Os consumidores terão acesso a informações fiáveis sobre questões como a reparabilidade e a durabilidade dos produtos, a fim de os ajudar a fazer escolhas sustentáveis do ponto de vista ambiental.

/ / Fig. 6. Apoio para implementação de medidas ambientais

Verifica-se a necessidade de auxiliar as empresas a encontrar metodologia de apoio à implementação da circularidade nos seus processos/produtos/serviços, bem como de apoio na implementação das mesmas, quer em termos de consultoria técnica ou formação, quer para encontrar recursos financeiros. Mais de 70% das empresas, consideram que o cluster Engineering & Tooling deve apoiar a transição para a economia circular, apoiando na promoção de instrumentos e medidas para o financiamento de projetos circulares. Para as empresas, e no sentido de acelerar a transição para a economia circular, o CENTIMFE deverá atuar fundamentalmente na implementação de uma abordagem de Economia Circular, quer via apoio técnico especializado, estudos, formação, desenvolvimento de produtos e ferramentas, quer via identificação de oportunidades de financiamento e elaboração de candidaturas para obtenção de financiamento. Em face das respostas das empresas e da análise dos resultados do inquérito, verifica-se que existe um trabalho relevante a fazer no sentido de informar, sensibilizar e formar as empresas para se prepararem para enfrentar os desafios da Economia Circular e da Sustentabilidade. Em março de 2020 foi adotado um novo Plano de Ação para a Economia Circular pela Comissão Europeia (baseado no Pacto Ecológico Europeu), que compila um conjunto de medidas que visam apoiar o desenvolvimento da economia europeia mantendo a proteção do ambiente e garantir a sustentabilidade dos recursos através da adoção de uma economia circular, materializada através dos seguintes objetivos: • Fazer com que os produtos sustentáveis passem a ser a norma na UE. Será elaborada legislação em matéria de sustentabilidade dos produtos: durar mais tempo, mais

• Concentrar a ação nos sectores que utilizam a maior parte dos recursos e em que o potencial para a circularidade é elevado, eletrónica e TIC, baterias e veículos, embalagens (novos requisitos obrigatórios que definam os tipos de embalagem que serão colocadas no mercado da UE), plásticos (novos requisitos obrigatórios no que respeita ao teor de materiais reciclados, materiais de base biológica e biodegradáveis), têxteis, construção e edifícios, alimentos. • Garantir a diminuição dos resíduos. Será dada prioridade à prevenção da produção de qualquer tipo de resíduos e à sua transformação em recursos secundários de elevada qualidade. O cluster Engineering & Tooling terá de se preparar para responder às novas exigências, sendo que a nossa indústria é o embrião de um conjunto de produtos que estão no mercado e que são visados no contexto deste plano. Urge trabalhar na capacitação para o ecodesign (com impacto na redução do consumo de recursos, geração de resíduos, extensão do ciclo de vida, recondicionamento, reutilização e desmantelamento), produção limpa/ ecoeficiência e em novos modelos de negócio inerentes à desmaterialização de produtos/ serviços. O CENTIMFE, consciente do seu papel junto da indústria, investiu na contratação de recursos humanos especializados e altamente qualificados e na formação de recursos internos para dar resposta aos desafios e necessidades das empresas do cluster.


MERCADOS 2022

Alemanha

EUA

México

República Checa

Espanha

França

Polónia

Roménia


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MARKET REPORT

EVOLUÇÃO DOS MERCADOS DE EXPORTAÇÃO Análise Comparativa Segundo Trimestre 2021 MERCADOS TRADICIONAIS

PESO DOS MERCADOS TRADICIONAIS NAS EXPORTAÇÕES NACIONAIS

MERCADOS EUROPEUS


MERCADOS DA EUROPA CENTRAL

MERCADOS AMERICANOS

OUTROS MERCADOS

Fonte: AICEP Portugal Valores de exportações em unidades de milhar

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ENGINEERING & TOOLING



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