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Marketing digital em tempos de pandemia

A crise causada pela pandemia Covid-19 é sem dúvida uma das maiores crises globais dos últimos 50 anos. O SARS-CoV-2 criou confusão em todos os continentes, paralisando as atividades sociais e económicas. Indivíduos e organizações privadas e públicas tiveram que responder com medidas sem precedentes.

Ninguém estava à espera de uma pandemia e quando se começou a falar dela na China, muitos de nós achámos que era tão longe que não chegava cá, mas chegou! Veio mudar completamente a nossa vida. Mudou a vida dos trabalhadores e empresários e mudou o comportamento de clientes/consumidores. À conta disso, as empresas viram os seus negócios afetados e muitas fecharam as portas. Ninguém sabe por quanto tempo continuam fechadas ou se conseguem recuperar o negócio e isto resulta em perturbações económicas e sociais, com mudanças permanentes para as pequenas empresas.

Todos nós nos temos de reinventar para a que pandemia não tenha efeitos devastadores. Numa “economia Covid-19”, repensam-se as relações laborais, as relações comerciais aparecem novos produtos e serviços, satisfazendo necessidades de nichos. Os gestores admitem que haja necessidade de repensar a estratégia da empresa e o seu posicionamento no mercado, havendo ainda quem considere a necessidade de rever o modelo de negócio.

A conveniência facilitada pela internet, há muito reclamada por clientes/consumidores, ganhou um sentido de prioridade e urgência com a pandemia. Verificou-se a dinamização das comunicações online e a proliferação de websites de e-commerce que viram o crescimento da sua atividade acelerado com a pandemia de Covid-19.

As empresas que competem no mercado B2B, de que são exemplo as empresas de moldes, viram a sua forma de fazer negócio alterada pela pandemia. Antes fazia-se negócio seguindo a abordagem clássica, isto é, de pessoa para pessoa, fosse em reuniões, fosse em feiras/mostras. No entanto, a pandemia Covid-19 moveu quase todos os contactos e vendas para plataformas digitais. No início estranhou-se, mas agora constata-se que há vantagens, é mais cómodo, rápido e barato, daí que os intervenientes nestes processos parecem estar a gostar destas novas formas de fazer negócio, preferindo as interações digitais. Videoconferências e chats estão a ajudar as empresas a fechar negócios, as ligações tradicionais são agora o último recurso. As reuniões por videoconferência cresceram exponencialmente e os aplicativos como o Zoom e o Teams são agora amplamente usados.

O movimento acelerado da digitalização dos negócios e do marketing desencadeado pela Covid-19 não pode ser parado e cabe às empresas tirar proveito deste movimento, formulando uma estratégia de marketing digital que passa por:

- Melhorar o branding na internet, melhorando a identidade visual e definindo uma estratégia para a marca/insígnia. O valor da marca e a confiabilidade de uma empresa são fundamentais para fidelizar clientes em tempos de crise e num cenário de eCommerce;

-Melhorar a comunicação. Este é o momento de rever as estratégias de comunicação e determinar a melhor mensagem de marca de modo a gerar confiança nos clientes. É tambem a altura de rever os meios usados para comunicar com os clientes. A tecnologia digital permite maior segurança sanitária, para além de permitrir estreitar e personalizar a comunicação. Em tempos de incerteza a comunicação com o cliente deve ser regular sem ser intrusiva. O email marketing e o marketing nas redes sociais são agora ferramentas para estreitar o relacionamento com os clientes;

- Melhorar a presença da marca/insígnias nas redes sociais. Naquelas onde os clientes-alvo das empresas de moldes têm presença. No caso das empresas que competem no B2B as redes sociais mais adequadas talvez sejam o Linkedin, YouTube e o Twitter. As redes sociais são usadas para pesquisa, relacionamento/engajamento, geração de tráfego no website da marca/insígnia, geração de leads e de conversão;

- Melhorar conteúdos é condição fundamental para valorizar a marca/ insígnia, melhorar a comunicação e melhorar os resultados orgânicos nos motores de busca (SEO). São exemplos ferramentas de SEO as disponíveis nos seguintes websites: https:/trends.google.pt, https:/ pt.majestic.com, https:/pt.semrush.com, http:/seositecheckup.com/ e https:/www.woorank.com/pt. Outra forma de ver o seu website na primeira página do mecanismo de pesquisa resultados é comprar de anúncios pay-per-click (PPC) no Google Ads (https:/ads.google.com ) (SEA – Search Engine Advertising);

-Melhorar o relacionamento com o cliente com base em ações de email marketing para manter o negócio nas mentes dos clientes. Há ferramentas gratuitas ou baratas que podem ser usadas fazer marketing por email, como Mailchimp e o e-goi. O relacionamento com clientes também pode ter como suporte o mobile marketing e alguns aplicativos como o WhatsApp. Estes recursos fornecem aos clientes uma linha de comunicação aberta, representando uma conexão instantânea e económica. Todavia, convém diferenciar os clientes e comunicar de forma individualizada cultivando uma compreensão das suas necessidades de modo a garantir relacionamentos mais duradouros;

- Melhorar a qualidade do website depois de o analisar, usando, entre outras, as seguintes ferramentas: https:/analytics.google.com; https:/ www.similarweb.com e https:/www.appannie.com para conhecer as apps mais instaladas pelos utilizadores nos seus smartphones. E, em http:/tools.seobook.com/analytics-tools/ encontram uma lista de ferramentas gratuitas e pagas que podem ser usadas para medir o tráfego dentro de um website;

- Pensar – definitivamente – mobile first: a maioria do tráfego é feita em dispositivos móveis. Faz sentido secundarizar o telemóvel nas estratégias de comunicação? Já não. Estamos num mundo “mobile first” em todos os ângulos. Do design às funcionalidades, passando pela velocidade do website e outras potencialidades da mobilidade faz todo o sentido e é urgente. Começar por ter um website que funciona (muito) bem num smartphone é o primeiro passo. https:/www.statista. com/statistics/277125/share-of-website-traffic-coming-from-mobiledevices/

- Implementar uma cultura empresarial orientada para o cliente, colaborativa e orientada para resultados. Isto implica uma organização ágil, horizontal em vez de vertical, orientada por projetos e processos, cujo objetivo último é superar as expectativas dos clientes. Convém pensar em metodologias como Agile/scrum: http:/www. scrumportugal.pt/scrum/ Para promover a colaboração podemos usar as plataformas https:/trello.com/home ou https:/www. atlassian.com/software/jira e o Confluence https:/www.atlassian. com/software/confluence/pricing (que tem uma versão gratuita). Por último, interessa monitorar o negócio, quer offline, quer online e, neste caso, o Google Analytics e Google Search Central (antigo Google Search Console) permitem acompanhar as métricas SEO, de modo a tomar decisões mais adequadas à realidade e eliminar erros que o website possa apresentar, impedido a sua visibilidade nos motores de pesquisa.

Concluindo, com ou sem Covid-19, uma coisa é certa: vivemos na era do always on (sempre ligados), dos multi (multiconectados, multicanais e multitarefas) e a digitalização é uma realidade em movimento, que não vamos conseguir travar, portanto o melhor que temos que fazer é rendermo-nos à evidência, tirar proveito desse movimento e fazer as coisas bem feitas, usando as plataformas colaborativas, redes sociais e as ferramentas disponíveis para estreitar relacionamentos e dinamizar negócios, no contexto da implementação de estratégias de negócio e de marketing.

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Alzira Marques |CARME, ESTG do Politécnico de Leiria - Coordenadora da pós-graduação de Marketing Digital

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