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Como estamos e para onde vamos?

O mundo está do avesso em muitos e variados temas que obrigam a uma análise geral e profunda dos mesmos. Para isso, é necessário que sejam feitas reflexões no âmbito pessoal, empresarial, económico, técnico, sanitário, entre muitos outros.

Todos os dias, somos confrontados com notícias que nos deixam alarmados sobre o estado das coisas e as incertezas que as mesmas provocam. Por mais otimistas que sejamos, o desenvolvimento dos aspetos negativos provocado pela terrível pandemia com que vivemos leva a que tudo seja uma incógnita de futuro a nível mundial, nas pessoas, nas empresas e nos países.

Não temos a possibilidade de usufruir da convivência, de algumas liberdades de movimentação quando falamos de viagens de negócios, da interação presencial para a análise de soluções ou discussão de problemas, da participação de eventos porque foram cancelados etc. etc. As empresas por todo o mundo, estão a sofrer com a falta de atividade, fazendo com que as leis da oferta e da procura tenham contornos abusivos, que direcionam para o abismo e a desacreditação dos valores morais e éticos de quem trabalha e tem no trabalho o seu meio de sustentabilidade.

A Europa, ou muitas empresas desta região, teimam em continuar a direcionar as suas compras para fora do continente. As instâncias governativas falam de reindustrialização para agregar desenvolvimento, tecnologia, emprego, disseminação de conhecimento, gerando valor acrescentado. No entanto, e por muito que se fale da reindustrialização estamos cada vez mais dependentes da agressão económica da China com todas as ameaças que isto representa. A continuar a situação vigente, o impacto económico nas famílias, nas empresas e nos países será brutal, sem alternativas credíveis para o marasmo a que todos estamos sujeitos.

A não ser feito nada, em termos de obrigatoriedade por parte das empresas europeias, vamos assistir a que uma grande maioria dos novos fundos europeus venham a ser direta ou indiretamente direcionados para compras naquele que é o maior fornecedor concorrente da indústria, em geral, e da Indústria Portuguesa de Moldes, em particular.

A inação é e será um ponto fraco, face a um adversário maior que tem a favor um país que procura interferir e interagir em todos os sectores de atividade sem exceção (financeiro, industrial, mobiliário, comunicações, saúde) colocando-nos, assim, numa dependência sem precedentes.

As empresas de moldes têm vindo a modernizar-se para se tornarem mais competitivas, mais transparentes e mais dinâmicas. Não obstante, os ganhos já conseguidos são apenas o início de muitas transformações necessárias, a todos os níveis, com objetivos claros na otimização, standardização e automatização, sendo que a redução de custos e aumento da eficiência são fundamentais agora e no futuro.

Temos contra nós a difícil situação do nosso principal cliente estar a atravessar uma crise de identidade, colocando-nos sérios problemas da sustentabilidade por via da falta de encomendas. Este problema, comum e geral a todas as empresas do sector, conduznos a uma apreensão económica refletida diariamente nos clientes e fornecedores.

O alinhamento estratégico das (e nas) empresas, em conjunto com todos os stakeholders são uma necessidade fundamental para se poderem enfrentar os desafios constantes com que somos confrontados diariamente. Paradoxalmente nós somos apenas um sector de atividade, entre muitos outros, que têm também problemas diários de sustentabilidade face às condicionantes dos tempos atuais e à apatia dos mercados. A crise com que nos deparamos tem efeitos nefastos nas contas pessoais, empresariais e públicas. O facto das exportações do país continuarem em queda faz com que o nível de confiança dos consumidores dos produtos de longa duração tenha um efeito retrógrado e transversal a muitos sectores de atividade, causando incertezas de retoma a curto, médio e longo prazo.

O nosso sector nunca foi conotado com o desânimo, em primeira instância. Perante esta virtude, continuamos empenhados em aprender mais, a aprofundar conhecimentos, a mudar conceitos, a transformar ideias, a pensar de forma diferente para que tudo não passe de mais uma pedra encontrada no caminho, igual a muitas outras de menor ou maior dimensão. O problema atual não é bom para ninguém, não sendo possível perspetivar, planificar e executar com a expressão normal que nos é habitual. Só a nossa confiança e persistência poderão ser o apoio que necessitamos, para ultrapassar os tempos adversos que enfrentamos e definir os caminhos onde estamos, como estamos e para onde vamos.

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João Faustino | Presidente da CEFAMOL

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