Molde N.º 128 - janeiro 2021

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N 128 JANEIRO 2021

/ RFLEXÕES

COMO ESTAMOS E PARA ONDE VAMOS? 94

João Faustino * * Presidente da CEFAMOL

O mundo está do avesso em muitos e variados temas que obrigam

atividade sem exceção (financeiro, industrial, mobiliário, comunicações,

a uma análise geral e profunda dos mesmos. Para isso, é necessário

saúde) colocando-nos, assim, numa dependência sem precedentes.

que sejam feitas reflexões no âmbito pessoal, empresarial, económico, técnico, sanitário, entre muitos outros.

As empresas de moldes têm vindo a modernizar-se para se tornarem mais competitivas, mais transparentes e mais dinâmicas. Não

Todos os dias, somos confrontados com notícias que nos deixam

obstante, os ganhos já conseguidos são apenas o início de muitas

alarmados sobre o estado das coisas e as incertezas que as mesmas

transformações necessárias, a todos os níveis, com objetivos claros

provocam. Por mais otimistas que sejamos, o desenvolvimento dos

na otimização, standardização e automatização, sendo que a

aspetos negativos provocado pela terrível pandemia com que vivemos

redução de custos e aumento da eficiência são fundamentais agora

leva a que tudo seja uma incógnita de futuro a nível mundial, nas

e no futuro.

pessoas, nas empresas e nos países. Temos contra nós a difícil situação do nosso principal cliente Não temos a possibilidade de usufruir da convivência, de algumas

estar a atravessar uma crise de identidade, colocando-nos sérios

liberdades de movimentação quando falamos de viagens de negócios,

problemas da sustentabilidade por via da falta de encomendas. Este

da interação presencial para a análise de soluções ou discussão de

problema, comum e geral a todas as empresas do sector, conduz-

problemas, da participação de eventos porque foram cancelados

nos a uma apreensão económica refletida diariamente nos clientes e

etc. etc. As empresas por todo o mundo, estão a sofrer com a falta

fornecedores.

de atividade, fazendo com que as leis da oferta e da procura tenham contornos abusivos, que direcionam para o abismo e a desacreditação

O alinhamento estratégico das (e nas) empresas, em conjunto com

dos valores morais e éticos de quem trabalha e tem no trabalho o seu

todos os stakeholders são uma necessidade fundamental para

meio de sustentabilidade.

se poderem enfrentar os desafios constantes com que somos confrontados diariamente. Paradoxalmente nós somos apenas um

A Europa, ou muitas empresas desta região, teimam em continuar

sector de atividade, entre muitos outros, que têm também problemas

a direcionar as suas compras para fora do continente. As instâncias

diários de sustentabilidade face às condicionantes dos tempos atuais

governativas falam de reindustrialização para agregar desenvolvimento,

e à apatia dos mercados. A crise com que nos deparamos tem efeitos

tecnologia, emprego, disseminação de conhecimento, gerando valor

nefastos nas contas pessoais, empresariais e públicas. O facto das

acrescentado. No entanto, e por muito que se fale da reindustrialização

exportações do país continuarem em queda faz com que o nível de

estamos cada vez mais dependentes da agressão económica da China

confiança dos consumidores dos produtos de longa duração tenha

com todas as ameaças que isto representa. A continuar a situação

um efeito retrógrado e transversal a muitos sectores de atividade,

vigente, o impacto económico nas famílias, nas empresas e nos países

causando incertezas de retoma a curto, médio e longo prazo.

será brutal, sem alternativas credíveis para o marasmo a que todos estamos sujeitos.

O nosso sector nunca foi conotado com o desânimo, em primeira instância. Perante esta virtude, continuamos empenhados em

A não ser feito nada, em termos de obrigatoriedade por parte das

aprender mais, a aprofundar conhecimentos, a mudar conceitos, a

empresas europeias, vamos assistir a que uma grande maioria

transformar ideias, a pensar de forma diferente para que tudo não

dos novos fundos europeus venham a ser direta ou indiretamente

passe de mais uma pedra encontrada no caminho, igual a muitas

direcionados para compras naquele que é o maior fornecedor

outras de menor ou maior dimensão. O problema atual não é bom

concorrente da indústria, em geral, e da Indústria Portuguesa de

para ninguém, não sendo possível perspetivar, planificar e executar

Moldes, em particular.

com a expressão normal que nos é habitual. Só a nossa confiança e persistência poderão ser o apoio que necessitamos, para ultrapassar

A inação é e será um ponto fraco, face a um adversário maior que tem a

os tempos adversos que enfrentamos e definir os caminhos onde

favor um país que procura interferir e interagir em todos os sectores de

estamos, como estamos e para onde vamos.


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