VIII Seminário Nacional do Centro de Memória (2016)

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VIII Seminário Nacional do Centro de Memória – Unicamp

MEMÓRIA E ACERVOS DOCUMENTAIS O ARQUIVO COMO ESPAÇO PRODUTOR DE CONHECIMENTO

Programa & Resumos

De 26 a 28 de julho de 2016 – Unicamp, Campinas – SP

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO CMU - UNICAMP

Seminário Nacional do Centro de Memória (8.: 2016: Campinas, SP) Memória e acervos documentais, o arquivo como espaço produtor de conhecimento de 26 a 28 de julho de 2016 / Organizadoras: Maria Elena Bernardes, Maria Silvia Hadler e Ana Carolina Maciel - Campinas, SP : UNICAMP/CMU, 2016.

Conteúdo: Programa & resumos. ISSN: 2175-8468 1. Memória. 2. Arquivos – Brasil - Congressos. I. Bernardes, Maria Elena, org. II. Hadler, Maria Silvia, (org.). III. Maciel, Ana Carolina. IV. Universidade Estadual de Campinas. Centro de Memória. V. Título.

Revisão Autores dos resumos Projeto Gráfico e Produção Gráfica Carlos Lamari


COMISSÃO ORGANIZADORA Ana Carolina de Moura Delfim Maciel (CMU – UNICAMP) Josianne Francia Cerasoli (IFCH – UNICAMP) Maria Elena Bernardes (CMU – UNICAMP) Maria Silvia Duarte Hadler (CMU – UNICAMP) COMISSÃO CIENTÍFICA Adriana Carvalho Koyama (FE – UNICAMP) Aline Carvalho (NEPAM – UNICAMP) Ana Carolina de Moura Delfim Maciel (CMU – UNICAMP) André Luiz Paulilo (CME/FE – UNICAMP) Arnaldo Pinto Júnior (FE – UNICAMP) Cláudia Prado Fortuna (UEL) Guilherme do Val Toledo Prado (FE – UNICAMP) Josianne Francia Cerasoli (IFCH – UNICAMP) Márcia Eckert Miranda (UNIFESP) Maísa Faleiros da Cunha (NEPO – UNICAMP) Maria Alice Rosa Ribeiro (UNESP; CMU – UNICAMP) Maria Aparecida Borrego (USP) Maria Elena Bernardes (CMU- UNICAMP) Maria de Fátima Guimarães (CEDAPH – USF) Maria Sílvia Duarte Hadler (CMU – UNICAMP) Odair da Cruz Paiva (UNIFESP) Olga Von Simson (CMU – UNICAMP) Regina Andrade Tirello (AU/FEC – UNICAMP) Ricardo Santhiago (FCM – UNICAMP) Sonia Troitiño (UNESP) Valéria Barbosa de Magalhães (CEACH – USP)


PROGRAMAÇÃO GERAL 26/7/2016 - 8h00 às 9h30 – Oficinas 8h30 – Abertura do credenciamento (O credenciamento terá continuidade nos dias 27 e 28/7 das 8h30 às 12h30) 10h00 – Abertura oficial 10h30 – Café 11h00 – Conferência de abertura História, Memória e Pesquisa - O papel do Arquivo Conferencista: Ana Maria de Almeida Camargo (USP) Mediadora: Maria Elena Bernardes (CMU-Unicamp) Local: Auditório do Centro de Convenções – UNICAMP 14h00 às 18h00 – Grupos de Trabalho 27/7/2016 – 8h00 às 9h30 – Oficinas 9h30 – Café 10h00 – Mesa 1 – Arquivo e gestão Expositores: Elisabete Marin Ribas (IEB-USP) Neire do Rossio Martins (Sistema de Arquivos- Unicamp) Maria Elena Bernardes (CMU-Unicamp) Mediadora: Josianne Francia Cerasoli (IFCH-Unicamp) Local: Auditório do Centro de Convenções – UNICAMP 14h00 às 18h00 – Grupos de Trabalho 18h00 às 20h00 – Exposição de pôsteres de iniciação científica 18h30 às 19h30 – Lançamento de livros Local: saguão do Centro de Convenções – UNICAMP 19h30 – Conferência 2 Políticas do esquecimento: novos desafios para a historiografia Conferencista: Jacy Alves Seixas (UFU) Mediadora: Josianne Francia Cerasoli (IFCH-Unicamp) Local: Auditório do Centro de Convenções – UNICAMP Dia 28/7/2016 – 8h00 às 9h30 – Oficinas 9h30 – Café 10h00 – Mesa 2 – Arquivo e Produção de Conhecimento Expositores: Ana Gonçalves Magalhães (MAC - USP) Luciana Heymann (FGV-CPDOC) Ana Carolina de Moura Delfim Maciel (CMU-UNICAMP) Mediadora: Olga von Simson (FE-CMU-UNICAMP) Local: Auditório do Centro de Convenções – UNICAMP 14h00 às 18h00 – Grupos de Trabalho


APRESENTAÇÃO O VIII Seminário Nacional do Centro de Memória – Unicamp “Memória e acervos documentais. O Arquivo como espaço produtor de conhecimento” pretende acolher debates voltados às múltiplas dimensões da memória em suas relações com a cultura, a política, as instituições, os indivíduos, os modos de produção do conhecimento e de sensibilidades, dimensões tradicionalmente abordadas desde o primeiro Seminário do CMU. Nessa multiplicidade, propõe aproximar a memória de aspectos usualmente a ela associados, como o patrimônio, o espaço urbano em seus múltiplos aspectos, mas também busca relacioná-la a outras questões, como imagem, cultura material, formação de professores, instituições escolares, história pública, a temática das migrações, da história econômica e demográfica. A despeito de diferenças expressivas entre autores no modo de abordagem da memória, ressalta-se, nessas relações, o entendimento de que “a memória possui um primeiro e bem definido patamar espaço-temporal: a memória é desencadeada de um lugar, e este situa-se no presente. A memória do passado revela, assim, de imediato, sua incontornável inscrição original: o tempo presente.”1 Especificamente nesta edição privilegiaremos uma significativa aproximação, que acolhe de modo singular esses patamares espaço-temporais. Nas relações entre memória e arquivo, busca-se abordar discussões relativas ao entendimento das suas funções, usos e potencialidades. Pretende-se extrapolar a concepção de arquivo como depósito de provas do passado, lançando prerrogativas para refletir esse legado como parte integrante de um processo mais amplo e que consiste numa construção, e legitimação, de determinados corpus documentais e como estes atingem a condição de “provas” históricas. Sendo assim, o Seminário abrigará reflexões que lancem luz à produção de conhecimento dentro dos arquivos abrangendo eixos temáticos que perpassem procedimentos de curadoria, práticas de conservação, produção de conhecimento e políticas de digitalização. Em suma, trata-se de redimensionar o potencial de pesquisa dos arquivos 1 SEIXAS, J. Tempo e espaço eu confundo…tropeços de memórias e histórias. In: SEIXAS, J.; CERASOLI, J. (org). UFU, ano 30 – tropeçando universos (artes, humanidades, ciências). Uberlândia: UDUFU, 2008, p. 20.

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documentais, trazendo à luz a perspectiva histórica de seus fundos e coleções. Pretendemos que o VIII Seminário Nacional do CMU dê continuidade às edições anteriores, contribuindo, decisivamente, para um aprofundamento do conceito de memória, eixo catalizador do debate em curso desde a primeira edição do nosso seminário. Convidamos, portanto, a comunidade acadêmica a participar ativamente, seja por meio das conferências e mesas redondas, seja nos grupos de trabalho ora propostos. Que o VIII Seminário Nacional do CMU promova um debate profícuo! Sejam todos muito bem vindos à Unicamp! Comissão Organizadora.

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Grupos de trabalho



GT1 Memória e Arquivos Coordenação: GT1A. Dra. Sonia Troitiño (UNESP-Marília) GT1B. Dra. Elisabeth Azevedo (ECA-USP) GT1a – Sessão 1 GT1b – Sessão 2 Local: CB 02 26/07 – terça-feira – (14:00 às 18:00) Coord: Dra. Sonia Troitiño A coleção audiovisual da Faculdade de Ciências e Letras de Assis (UNESP-FCL): memória, acesso e direitos autorais. Renato Crivelli Duarte (UNESP)

O presente trabalho propõe apresentar o projeto de digitalização e promoção do acesso à Coleção audiovisual da Faculdade de Ciências e Letras de Assis (FCL), da UNESP, desenvolvido pelo Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa (CEDAP). Esta coleção é composta por um conjunto de quase 1000 fitas VHS onde se encontram registrados grande parte dos eventos acadêmico-científicos promovidos pelos departamentos de ensino da FCL entre as décadas de 1980 e 2000, incluindo palestras e conferências de renomados intelectuais brasileiros e estrangeiros. O objetivo final do projeto consiste na disponibilização parcial das gravações para acesso via internet. Este objetivo tem por base a ideia de devolução dos trabalhos desenvolvidos pela Universidade Pública à sociedade. Uma questão de responsabilidade, prevista nos estatutos das universidades. No entanto, este objetivo se vê impedido por questões que permeiam a disponibilização de obras autorais. Vemo-nos diante de uma barreira no trabalho de centros de documentação e informação e no atendimento a uma das responsabilidades da Universidade Pública. Questões práticas não pensadas no momento da produção das gravações, como licenças e cessões de direitos, implicam em tais impedimentos décadas depois.

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O diagnóstico do acervo do Centro de Memória-Unicamp (CMU): primeiros passos para uma política de gestão integrada Ana Cláudia Cermaria Berto (Centro de Memória-Unicamp)

Cássia Denise Gonçalves

(Centro de Memória-Unicamp)

O trabalho expõe a metodologia e os resultados do diagnóstico realizado junto ao acervo do CMU, em 2015, em decorrência da reestruturação pela qual passou o órgão no mesmo período. Em seus 30 anos, o CMU reuniu significativo acervo, sobretudo de Campinas e região, formado por arquivos e coleções institucionais e pessoais, datados entre o final do século XVIII e o século XXI. Antes da reformulação, o centro de documentação do CMU era composto por áreas segundo o gênero documental: Arquivos Históricos (documentação textual), Arquivo Fotográfico e Laboratório de História Oral. Com a nova estrutura, as áreas foram divididas por atividade: Atendimento, Processamento Técnico, Conservação e Digitalização. Para otimizar tal unificação, realizou-se um diagnóstico, a fim de mapear a realidade do acervo do ponto de vista da composição dos conjuntos documentais e de seu processamento técnico. Tendo por base a metodologia de instituições congêneres, elaborou-se uma planilha que contemplasse as informações necessárias à realização do diagnóstico e também à elaboração de um Guia do acervo. A partir deste trabalho será possível traçar metas e planos de atividades, elencando prioridades, permitindo um planejamento de recursos humanos, físicos, materiais e tecnológicos a serem empregados. Arquivos Institucionais de uma Universidade Pública: o caso da conservação e tratamento de documentos manuscritos do Conselho de Curadores da UFSCar Rita de Cássia Lana

(Depto. de Geografia, Turismo e Humanidades/UFSCar)

Apresenta-se o desenvolvimento de ações no sentido de adotar práticas de conservação e tratamento de fontes manuscritas em conformidade com padrões preconizados pela arquivologia e paleografia quanto à guarda, tratamento e acesso das informações contidas nos documentos emanados pelo Conselho de Curadores da Universidade Federal de São Carlos/UFSCar. A

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relevância deste acervo compreende-se pela própria natureza das políticas públicas para o ensino superior brasileiro e a memória das instituições e da administração do Estado, área ainda carente de estudos municiados por fontes documentais que reflitam as contradições e os processos dialéticos imanentes à permanência da informação arquivística e às possibilidades de acesso por repositórios digitais que hodiernamente se apresentam. A formação de um espaço de recordação: o Fundo Sérgio Buarque de Holanda na Unicamp Rafael Pereira da Silva (Universidade de Brasília)

Hoje grande parte das pesquisas sobre Sérgio Buarque se valem de seu papelório. Todavia, são estudos constituídos dentro de uma concepção na qual esses papéis acumulados seriam uma espécie de “repositório de provas”, possibilitando aos investigadores tecerem narrativas e análises sobre ele e sobre sua obra. Vistos nessa chave, os arquivos pessoais como objetos tendem a ocupar um lugar periférico nas análises interessadas na construção social dos arquivos, já que existe uma tendência em associá-los à “memória individual”, a interpretá-los unicamente como acúmulos que documentam as atividades do titular ou revelam dimensões de sua personalidade. Esse tipo de abordagem obscurece o caráter de múltiplas interferências, que de outro ponto de vista, nos indicam a ideia de que esses arquivos são constituídos a “várias mãos”. Com base nessas discussões, o objetivo principal dessa comunicação é descrever como se deu a montagem do “Fundo Sérgio Buarque de Holanda” e a partir desse processo levantar indícios dessa montagem a várias mãos no intuito de demonstrar como, do ponto de vista institucional, a memória histórica do titular foi sustentada. Reunindo os documentos de Edgard Leuenroth: a importância do contexto de produção Tainá Guimarães Paschoal (UNICAMP)

Lívia Cristina Corrêa (UNICAMP)

Maria Dutra de Lima (UNICAMP)

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O AEL teve origem em 1974 com a compra do acervo de Edgard Leuenroth, um dos mais notáveis anarquistas da Primeira República brasileira. Com a retomada da organização dos documentos para a comemoração dos 40 anos do Arquivo, foi feito um novo contato com a família que resultou na doação de outros documentos de Edgard e Germinal, seu filho e guardião do material. A partir da análise da documentação sentiu-se a necessidade de retomar os debates teóricos a respeito da função do documento e de seu contexto de produção, uma vez que alguns documentos produzidos por Edgard estavam colados em álbuns feitos posteriormente por Germinal. A ideia foi repensar o documento por meio da recuperação do momento de sua produção: entender quem o produziu e por quais motivos o fez. Os documentos do Edgard que estão nos álbuns do Germinal possuem uma função memorialística e, portanto, já perderam a função pela qual foram produzidos. Para seu filho, os documentos trazem as memórias de seu pai e são importantes enquanto objetos que possibilitam a recordação, independente de seus conteúdos. A solução proposta é reunir esses documentos do Edgard vindos nesse segundo momento aos outros que já estavam no AEL desde a sua fundação, com o objetivo de manter a função e o significado primeiro desse material. Entre fundos e coleções: Os arquivos pessoais do Centro de Memória e Arquivo da FCM Rafaela Basso (Unicamp)

O Centro de Memória e Arquivo da Faculdade de Ciências Médicas (CMA) é um espaço dedicado a preservação da memória institucional. Seu acervo congrega fundos institucionais e pessoais. Os primeiros oferecem possibilidades de estudo da trajetória da instituição, seja no âmbito do ensino e pesquisa, seja no âmbito administrativo. Já os segundos, consistem em conjuntos documentais pertencentes aos profissionais ligados à produção científica dessa Instituição. Tais fundos permitem estudar a contribuição de tais indivíduos no campo das Ciências da Saúde, sua trajetória além das relações estabelecidas com outros cientistas e instituições. A organização de tais conjuntos documentais representa um grande desafio. Isto porque é muito comum a dificuldade em separar os arquivos pessoais das coleções presentes nos arquivos de laboratórios e departamentos, onde os profissionais exerceram suas funções na FCM. Podemos encontrar em alguns fundos pessoais documentos institucionais provenientes dos

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locais de trabalho dos docentes, sendo o inverso também frequente. A presente comunicação pretende, portanto, apresentar o trabalho que está sendo realizado na organização dos diferentes arquivos pessoais que estão sob a guarda do CMA, tendo em vista discutir algumas metodologias possíveis. Memória Organizacional e Memória Institucional: conceitos e aplicações no âmbito da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Paulo Sérgio Teles (UNESP)

Juan Bernardo Montoya Mogollón (UNESP)

As organizações são fontes de conhecimento, a partir da produção e circulação de informações administrativas, técnicas, operacionais e históricas, com forte influência das relações humanas. Neste contexto, a Memória Organizacional e a Memória Institucional surgem como ferramentas de retenção e acesso deste conhecimento, tendo os acervos documentais das organizações como fonte. Este trabalho busca realizar um estudo sobre memória das organizações, conceitos de Memória Organizacional e Memória Institucional, suas diferenças e especificidades num ambiente organizacional definido. A metodologia de pesquisa utiliza-se de uma abordagem qualitativa, descritivo-exploratória e como procedimentos a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental. O universo de pesquisa contempla aplicações no âmbito da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP, compreendendo a atuação do Centro de Documentação e Memória da UNESP (CEDEM) e a operacionalização de sistemas de informação administrativa no Campus de Marília. Como resultado, conclui-se que a abordagem da Memória Institucional possui áreas potenciais para seu desenvolvimento e a Memória Organizacional desenvolve-se a partir de necessidades operacionais e administrativas, não apresentando uma área específica para sua gestão. Preservação da Memória em Ciência e Tecnologia Espacial: Os arquivos do Dr. Fernando de Mendonça Marciana Leite Ribeiro

(Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)

O INPE tem realizado grandes feitos científicos, sendo referência em pesqui-

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sas na área espacial. Seus pesquisadores tem, durante suas vidas funcionais, uma longa trajetória de dedicação à ciência, além de exercerem cargos de gestão, entendido como a união da experiência que a comunidade possui. No entanto, o que ocorre com o acervo documental de cada um desses profissionais quando se aposentam, ou após sua morte? É precisamente aí que se encontram informações sobre a obra e as atividades do Dr. Fernando de Mendonça, renomado cientista brasileiro e primeiro diretor do INPE. A preservação desse conjunto documental, que constitui uma fonte de informação de interesse público, é parte de uma ação inserida no Programa de Gestão de Documentos do INPE, aprovado em 2015 pela SubSIGA/MCTI. Este trabalho tem por objetivo apresentar como está sendo conduzida a atividade de organização do acervo arquivístico do Dr. Mendonça, cuja metodologia é baseada nas adotadas pela USP e FIOCRUZ. A execução bem sucedida dessa atividade permitirá ao INPE projetar ações para ajudar os pesquisadores a preservarem seus documentos de valor histórico. Preservar os documentos e registros da ciência é uma prova de que o trabalho de todo pesquisador se constitui em estabelecer um elo entre o passado e o futuro. Local: sala CB04 26/07– quarta-feira – (14:00 às 18:00) Sessão 2 Coord.: Dra. Elizabeth Azevedo Sobre arquivistas e historiadores: um diálogo pertinente Rodrigo Martins dos Santos Irponi (USP)

A apresentação tem como objetivo propor um debate epistemológico acerca dos paralelos possíveis entre a Arquivologia e a Heurística da pesquisa histórica. Tomando a Arquivologia como ciência dos contextos e das relações, pretende-se apresentar como seus fundamentos teóricos podem ser aplicados de maneira prática, por meio de um estudo de caso, para então estabelecer uma relação conceitual entre as possibilidades de pesquisa histórica a partir de uma abordagem contextual dos documentos/fontes. Pretende-se, portanto, evidenciar que a ciência arquivística pode oferecer subsídios bastante pertinentes à análise historiográfica, garantindo à última oportunidades analíticas ímpares do ponto de vista metodológico. A partir desta premissa, é possível vislumbrar um panorama mais complexo, para além do conteúdo textual e

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explícito dos documentos. Compreender a lógica de produção e acumulação dos documentos é fundamental para a construção do saber histórico, na medida em que a organização arquivística revela também um discurso implícito ao órgão produtor dos documentos. Para tanto, apresentar-se-á um estudo de caso a partir de um fundo de arquivo, no qual será possível desnudar possibilidades de análise documental a partir da abordagem contextual. Testemunhos históricos do intelectual Euclides da Cunha Varlei da Silva

(Universidade Estadual de Campinas)

Os Sertões (1902), além de ser considerada obra literária monumental por historiadores e literatos, por outro lado, tem se configurado como importante testemunho histórico do escritor Euclides da Cunha. Na medida em que tomamos conhecimento da Guerra de Massacre em Canudos (1896-1897) através de Os Sertões (1902) que se tornou obra fundamental referente à memória identitária do Brasil, nota-se, o trabalho com o conjunto de fontes documentais utilizadas em nossas investigações no que converge sobre o estudo acerca da influência de outros testemunhos históricos, do mesmo autor, na elaboração da obra supracitada. Pois isso tem nos norteado a vasculhar a história conforme nos sugere Walter Benjamin, “reler a história a contrapelo”. Dessa maneira, além de situarmos esta temática nos estudos sobre passados traumáticos e passados em conflito conseguimos assinalar de certa maneira a importância dos acervos, bibliotecas e outros espaços que guardam informações sobre o autor e seus escritos. Com isso, novas produções emergem em consonância com a memória, a qual desenvolve seu perfil em aspecto de recordação e esquecimento, ou seja, conforme Aleida Asmann, diante da temática passados traumáticos, devemos: “lembrar para não repetir”. O Arquivo Público Municipal como lugar de história e memória Thais Jeronimo Svicero

(Fundação Pró-Memória de Indaiatuba)

Este trabalho pretende discutir a importância dos arquivos públicos municipais como entidades custodiadoras do patrimônio documental, cultural e histórico de uma cidade, mas também como lugares de memória. Assim, por meio da análise do seu caráter documental, do seu papel administrativo e histórico e da

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representação destes espaços perante a comunidade, estes além de guardiões da memória podem ser vistos também como lugares de memória para a sociedade, por meio do desenvolvimento de algumas práticas arquivísticas e politicas culturais corroborando com outras formas da escrita da história. Arquivo, construção, transmissão do conhecimento e preservação da memória: uma relação indissociável na casa do Pinhal Maria Fernanda Alves Rangel (Casa do Pinhal)

A Casa do Pinhal, alocada na Fazenda Pinhal, movida pela necessidade de contribuir para a preservação da memória da história da cidade de São Carlos e da família Arruda Botelho, passou a desenvolver ativamente o tratamento de seus bens materiais. O arquivo do Centro de Estudos da Casa do Pinhal passa a ser o lócus de referência para a pesquisa histórica que dá vida aos documentos por meio da análise do discurso daquilo que está explícito e o que está oculto. Entendido como lugar de memória, o arquivo possibilita a interação entre o pesquisador e o objeto. O trabalho pretende apresentar a integração de uma rede de (re)construção de memória(s) seja pela documentação, seja pelo seu patrimônio arquitetônico e pelos seus objetos tridimensionais que passam a ganhar uma nova significação, proporcionando um diálogo entre o arquivo, a pesquisa e a educação patrimonial. De cunho qualitativo, descritivo recolhe, analisa e interpreta as contribuições teóricas existentes e observatório por meio de um estudo de caso sobre o objeto em questão, a Casa do Pinhal. Como resultado, entendemos que a partir do momento em que a informação passa a ser comunicada, ela também passa a ser preservada, o conhecimento disseminado é uma forma de preservação da memória. Cadê o arquivo que estava aqui? A ausência do arquivo físico no Arquivo e Museu da Resistência Timorenses e relações com a produção de memória na exposição permanente Gabriela Lopes Batista

(Universidade do Estado de Santa Catarina)

O presente trabalho apresenta reflexões acerca da ausência do arquivo físico do Arquivo e Museu da Resistência Timorense, instituição localizada em Timor-Leste, na capital Dili. O arquivo composto por documentos escritos,

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registros orais, fotografias, entre outros, fora transportado logo da inauguração do projeto, no ano de 2005, para a Fundação Mário Soares, instituição parceira do projeto do museu localizada em Lisboa. A partir dos catálogos do museu e da análise da exposição permanente estabelecem-se relações e problematizações na produção de memória na instituição, considerando que arquivo fora transportado com o pretexto de receber todo o tratamento necessário de higienização e catalogação, porém até o presente momento não retornou para Dili. Somado a isso, o arquivo fora digitalizado e encontra-se “disponível” em formato digital, anunciando estar completo no sentido de que todos os documentos estariam disponíveis, o que é questionável uma vez que o acesso aos originais na capital portuguesa está impedido para o público em geral. Preservação arquivística e constituição da memória da luta camponesa na Amazônia Oriental: a experiência da implantação do Centro de Documentação e Memória da Unifesspa, em Xinguara-PA Laécio Rocha de Sena (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará)

Eduardo de Melo Salgueiro

(Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará)

O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre a atuação do Acervo “Frei Henri des Rosiers” e sua importância no papel de guarda de um considerável corpo documental que tem contribuído enormemente para a constituição da memória da luta camponesa na região sul e sudeste do Pará. Além disso, pretendemos apresentar o projeto de cooperação fixado entre a Comissão Pastoral da Terra/CPT e a Universidade do Sul e Sudeste do Pará que, por meio da implantação do Centro de Documentação e Memória do curso de História do Instituto de Estudos do Trópico Úmido, tem como meta principal garantir a preservação, o acesso e a divulgação do patrimônio arquivístico em tela. Análise da implantação da Lei de Acesso à Informação no município de Macaé Juliana Loureiro Alvim Carvalho (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro)

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Nos últimos anos o Governo Federal, baseado em iniciativas internacionais, adotou diversas ações voltadas para a transparência informacional das instituições públicas. Entre elas, destaca-se a Lei 12.527 de 18 de novembro de 2011, a Lei de Acesso à Informação, que surge com o intuito de oferecer publicidade às informações, princípio que surge como regra, sendo o sigilo a exceção. O presente artigo tem por objetivo abordar a implementação da referida lei no município de Macaé, interior fluminense, conhecido como a Capital do Petróleo . A partir do final da década de 70, a população de Macaé cresceu e ocorreu, consequentemente, o aumento dos documentos produzidos pelos órgãos públicos. A ausência de gestão documental, no entanto, é hoje nitidamente perceptível. Desta forma, a finalidade do texto é analisar determinadas ações do município, a saber: a) a aplicação da Lei de Acesso; b) a maneira como os munícipes reagiram a essa implementação; c) os agentes responsáveis pela execução da lei e d) as implicações em adotar procedimentos que visam transparência sem que isso se reflita em políticas públicas arquivísticas no âmbito do executivo municipal. Local: sala CB02 27/07– quarta-feira – (14:00 às 18:00) Sessão 1 Coord.: Profa. Dra.Sonia Troitiño Os desafios do Preservar: O acervo documental da Fazenda Nacional de Santa Cruz-RJ e a organização do arquivo da Superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA-RJ) Henrique Dias Sobral Silva (UFRRJ)

A presente comunicação pretende discutir o projeto de organização dos documentos fundiários da Fazenda de Santa Cruz. A fazenda existe atualmente, possui 80.600 hectares geridos pelo INCRA-RJ, abrange as áreas de nove municípios fluminenses, e envolve uma população de 800 mil pessoas. Da colônia até nossos dias, suas terras foram concedidas de várias formas e geridas por diversas instituições, abarcando uma larga história de

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políticas fundiárias. A garantia e transmissão de direitos de propriedade continuam motivando conflitos entre distintos atores sociais e o governo federal, proprietário legal da maior parte desta área. Assim, este acervo guardado pelo INCRA-RJ contém processos fundiários, títulos de posse entre outros, sendo de interesse social e acadêmico. Em 2014, após grandes debates interinstitucionais, o fundo passou a receber tratamento. Isto posto, partimos da premissa de que os arquivos tratam-se de organizadores de memórias que se articulam com a sociedade, preservando e criando diálogos com a subjetividade atual e pretérita, colaborando com apropriações de reminiscências do passado. No caso em tela, pretendemos problematizar o papel e os desafios de um acervo relacionado à posse da terra no Rio de Janeiro e na política de acesso a essa documentação. Movimentos sociais e a organização das informações. A organização do Acervo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra Jean Marcel Caum Camoleze (UNESP/ Marília)

Este artigo tem por finalidade realizar um debate sobre a importância, as problemáticas e possibilidades de organização e identificação documental dos movimentos sociais, a partir do Fundo do Movimento dos trabalhadores Rurais Sem Terras – MST – depositado no acervo do Centro de Documentação e Memória (CEDEM). A trajetória com mais de 30 anos do MST permitiu uma grande produção documental fundamental para a compreensão da história atual do país. Porém as organizações dos acervos documentais de movimentos sociais são pouco estudadas e é necessário debater e discutir os campos teóricos/metodológicos. Os documentos produzidos pelo MST são registros de suas atividades e do funcionamento ideológico e social do movimento. Porém, a produção documental do MST também tem um importante significado na constituição social e compõe elementos representativos da história do país. Estes documentos mostram uma abrangência do movimento, que muitas vezes expressam outra visão, diversa das institucionais ou midiáticas, proporcionando mais elementos para a compreensão das próprias experiências do movimento e das conjunturas nas quais está inserido. Assim estudar o Fundo do MST é contribuir para a pesquisa de elementos para a identificação documental de movimentos sociais.

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O resgate do arquivo da Venerável Ordem Terceira de São Francisco de Assis de Mariana Natalia Casagrande Salvador (Unicamp)

A Ordem Terceira de São Francisco de Assis de Mariana produziu diversos documentos preciosos para o estudo da sua história. Esse acervo, armazenado num despretencioso armário da sacristia de sua Capela guardava informações acerca do funcionamento da Ordem no âmbito econômico, social, cultural, artístico e devocional, registrados nos diversos documentos que produziu desde sua criação em 1758 até meados do século XX. Esse material, deixado nas mãos do tempo sofria a infestação de insetos xilófagos e foi se degradando com o tempo. Até que, em 2012, foi realizada a sua transferência completa para o Arquivo da Casa Setecentista de Mariana, aonde o material passou por um processo de desinfestação e higienização. Todo esse procedimento durou alguns meses, depois do que, a documentação pode ser disponibilizada ao público para consulta e pesquisa no local (Casa Setecentista). Iremos narrar as etapas desse processo e o desenrolar do resgate desse importante acervo para a história da Ordem Terceira de São Francisco de Assis de Mariana, Minas Gerais. Arquivos e Direitos Humanos: os acervos religiosos sobre o período ditatorial civil-militar João Marcus Figueiredo Assis (UNIRIO)

Bruno Ferreira Leite (UNIRIO)

Ao vincularmos a temática dos Arquivos e dos processos de memória sobre o regime ditatorial no Brasil podemos relacioná-los, entre outras questões, aos Direitos Humanos, especialmente pelo que pode ser observado pela produção documental civil ou estatal sobre violações de direitos fundamentais. Entre outras produções materiais da memória, os Arquivos podem ser entendidos a partir de suas constituições discursivas, sedimentando-se como representação do poder burocrático do Estado ou como seu capital informacional. Eles representam ainda processos comunicativos baseados na inserção social das memórias. Os arquivos nos permitem observar dispositivos e configurações significantes disseminadas socialmente. Nosso interesse centra-se em acervos

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produzidos ou organizados em torno de agentes ou ações religiosas e seus vínculos com o regime ditatorial situados no Estado do Rio de Janeiro. Destacamos acervos como o Arquivo da Cúria Diocesana de Nova Iguaçu-RJ, o acervo da então Ação Católica Operária e o Núcleo de Pesquisa Documentação e Referencia sobre Movimentos sociais e Politicas Publicas no Campo (UFRRJ). Buscamos estudar as possibilidades de produção de memórias e de sentidos sociais, assim como apontar redes de relações simbólicas. Reflexões sobre os processos judiciais: arranjo e descrição como forma de preservação da memória do TRT da 1ª Região Isabelle da Rocha Brandão Castellini

(Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO)

Os documentos de arquivo, ao demostrar sua característica probatória, são fontes de informação de direitos e deveres. Por trás do rito processual do Poder Judiciário, os processos judiciais trabalhistas demonstram como os documentos de arquivo podem ser representações da memória individual e coletiva, pois refletem histórias de lutas sociais e de classes. O processo de organização de arquivos permanentes sempre foi objeto de pesquisa e debate no meio acadêmico, entretanto a organização de arquivos judiciais é tema recente. Neste estudo são apresentados o arranjo e a descrição do arquivo permanente do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, e como essas atividades podem contribuir para a preservação da memória da Justiça do Trabalho. Arquivo da Justiça do Trabalho: preservação e acesso aos acervos judiciais trabalhistas Letícia Gorri Molina

(FUNCIONÁRIO PÚBLICO)

Este trabalho analisa o acesso, a disponibilização e a preservação do acervo judicial e administrativo no arquivo da Justiça do Trabalho de Londrina. Apresenta uma revisão de literatura sobre arquivo público, preservação documental, acesso à informação e memória da Justiça do Trabalho. Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo, aplicada e com finalidade exploratória e explicativa, utilizando-se do Estudo de Caso como metodologia de pesquisa. Considera que o direito de procurar, receber e disseminar informação impõe uma obrigação positiva aos Estados de assegurar o acesso à informação, particularmente

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em relação às informações retidas pelos governos em todas as formas de armazenamento e sistemas de recuperação. Demonstra que a preservação dos documentos judiciais garante o acesso e a disponibilização dos acervos da Justiça do Trabalho para a pesquisa histórica e de memória, devido ao fato desses arquivos representarem uma parte importante do patrimônio histórico cultural das conquistas dos trabalhadores brasileiros no âmbito do direito trabalhista. Os documentos da Justiça do Trabalho são patrimônio público, tanto no sentido administrativo quanto do ponto de vista cultural. O arquivo, a varíola e a memória da saúde pública no Brasil Jonatan Jackson Sacramento (Unicamp)

O paper pretende discutir as potencialidades do trabalho etnográfico em arquivos, tomando tais espaços como foco privilegiado da compreensão de processos sociais envolvidos na ação estatal. Para tanto, lança-se mão da análise de documentos, oficiais ou não, do Centro de Memória do Museu de Saúde Pública Emílio Ribas, em especial, do acervo sobre a Campanha da Erradicação da Varíola. Doença erradicada na década de 1970, o processo de erradicação foi a primeira política de saúde pública de caráter nacional, tendo mobilizado inúmeros indivíduos e instituições. Nesse contexto, apresento alguns questionamentos acerca da relação entre antropologia e história, enfocando a questão de como o trabalho em/com arquivos foi tratado por alguns/mas autores/as da antropologia, inclusive as críticas que, quando aplicadas a um contexto como o brasileiro, devem ser problematizada à luz das tramas sociais e institucionais nas quais nossos arquivos estão envolvidos. Local: sala CB04 27/07– quarta-feira – (14:00 às 18:00) Sessão 2 Coord.: Dra. Elizabeth Azevedo Estudo de caso do Acervo de Escritores Mineiros: o museu literário da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais Antônio Afonso Pereira Júnior (UFMG)

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O Acervo de Escritores Mineiros - AEM cumpre com a tarefa de preservar e difundir o patrimônio cultural da literatura mineira. A narrativa das coleções das bibliotecas, dos arquivos e dos espaços museográficos tenta estabelecer uma representação da memória dos escritores nos seus arquivos, bibliotecas e espaços museográficos. O AEM abriga coleções de livros, documentos e objetos de escritores que se destacaram na história literária e cultural de Minas Gerais. O Acervo contem aproximadamente 35.000 volumes de material bibliográfico, além de acervo documental, acervo fotográfico e obras de arte. O AEM é gerido pela Faculdade de Letras, contudo ele está localizado no 3º andar da Biblioteca Central (BC), no campus Pampulha. O AEM conta atualmente com 23 escritores, que preservam a história e a memória do escritor. O trabalho de pesquisa do Acervo de Escritores Mineiros tem resultado em diversas publicações como livros e artigos dos pesquisadores, assim como trabalhos apresentados pelos servidores e bolsistas nas Semanas de Iniciação Científica. O acervo é composto por uma grande diversidade de suportes informacionais: fotografias, livros, revistas, quadros, estátuas, recortes de jornais, cartas, objetos pessoais, filmes, placas entre outros. Coleção privada Brício de Abreu: tratamento técnico e preservação do patrimônio Tatiane Paiva Cova

(Fundação Biblioteca Nacional)

O acervo Brício de Abreu consiste em um fundo arquivístico privado, cuja massa documental é composta aproximadamente de 7.000 itens. De acordo com a tipologia documental, trata-se de um acervo heterogêneo, tendo em vista a variedade de documentos tais como: livros, jornais, revistas, cartões-postais, fotografias, manuscritos, impressos e desenhos. A natureza desse material e sua organicidade representam o acúmulo de funções desempenhadas por seu proprietário ao longo da vida. Jornalista, escritor e crítico teatral, membro de notável rede de intelectuais e articulistas de seu tempo, atuou como empresário, agenciando artistas do teatro de revista, permitindo assim avaliar o papel do colecionador como importante figura de conservação da cultura nacional, e sobretudo carioca. O trabalho proposto tem como objetivo apresentar a trajetória do tratamento técnico, desenvolvido ao longo de cinco anos, cuja metodologia cumpriu as etapas de inventário, higienização, classificação, pesquisa e catalogação, além da definição dos objetivos gerais e específicos, visando, sobretudo, respeitar a organização empreendida pelo autor, estabelecendo cri-

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térios de pesquisa que favoreçam as informações já descritas em seu conteúdo de forma a potencializar sua vasta documentação. Claudio Santoro: estratégias, percursos e escolhas na narrativa dos diários de viagem de Carlota Santoro. Cesar Maia Buscacio

(Universidade Federal de Ouro Preto)

Esta pesquisa visa proceder a uma investigação acerca da trajetória do compositor brasileiro Claudio Santoro entre as décadas de 1940 e 1950, formuladas no acervo documental, sob a guarda da filha do compositor Sônia Santoro na cidade do Rio de Janeiro. Dentre os documentos pesquisados, destacam-se os diários de viagem de sua primeira esposa, Carlota Santoro na década de 1950, a correspondência entre mantida entre Claudio Santoro e o casal de pianistas Heitor e Jeanette Alimonda, além de uma série de entrevistas realizadas com o próprio compositor e outros músicos de destaque no cenário musical brasileiro. Sob um viés teórico, esta pesquisa articula análises historiográficas e estudos musicológicos que tematizam as opções estéticas priorizadas por Claudio Santoro no recorte temporal proposto por esta pesquisa. O estudo das matrizes documentais para a composição do Centro de Memória Joaquim Calmon Adrianne Machado Calmon

(CLARETIANO CENTRO UNIVERSITÁRIO)

O presente trabalho visa contribuir com a divulgação do estudo da identificação das matrizes que irão compor o acervo orgânico do Centro de Memória Joaquim Calmon, para o entendimento dos elementos que simbolizam a memória institucional. Primeiramente, será realizada uma análise preliminar dos documentos produzidos e/ou acumulados, no decorrer da trajetória da vida de Joaquim Calmon, em especial, nos anos de atuação político-partidária, quando exerceu o cargo de prefeito do município de Linhares - ES. A seguir, será realizado um levantamento, sobre as informações de caráter técnico, jurídico e científico que possam apoiar as atividades da Instituição. Por último, será rastreado os elementos externos que se encontram dispersos e que dizem respeito direta ou indiretamente ao titular. Acreditamos que o processamento

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da memória possa acorrer através do armazenamento das lembranças e das evocações, pelas das experiências do passado que equivale a recordar. Nessa perspectiva, os centros de memória são percebidos como lugares de memória – local de intrínseca relação entre arquivo, informação e memória. Arquivos pessoais, disponibilização e acesso na web: o caso do CPDOC Martina Spohr

(Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Carolina Gonçalves Alves (CPDOC / FGV)

Daniele Chaves Amado de Oliveira

(Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro)

Renan Marinho de Castro (IBICTUFRJ)

O avanço da tecnologia da informação nos últimos anos pautou amplamente os debates acerca da disponibilização e abertura de dados na web, possibilitando a ampliação do acesso aos dados aos acervos. A proposta desse paper é a de relatar a experiência do CPDOC a partir dos debates internos que resultaram na abertura de nossos dados, tornando-os buscáveis na web, via Google por exemplo. Foram desenvolvidas urls amigáveis para facilitar o compartilhamento e acesso dos nossos dados disponíveis na web, ampliando as possibilidades de intercâmbio de dados entre repositórios digitais e infraestruturas nacionais e internacionais. Reunindo os documentos de Francisco Glicério: limites e possibilidades de um instrumento de pesquisa Ricardo Godoi Oliveira

(Universidade de São Paulo)

Esta comunicação pretende examinar como os instrumentos de pesquisa vem sendo definidos pela literatura arquivística, assim como discutir uma proposta para a elaboração de um instrumento no âmbito dos arquivos pessoais. No Brasil, a preocupação com a fixação da terminologia empregada na denominação dos instrumentos de pesquisa e suas definições surgiu através da Associação dos Arquivistas Brasileiros (1973). Nas últimas décadas, as trans-

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formações ocorridas nos procedimentos de tratamento documental, que refletem principalmente o emprego de ferramentas tecnológicas mais avançadas, introduziram novos desafios e possibilidades nas formas de disponibilização e acesso das informações contidas nos documentos. A partir deste contexto será discutida uma proposta para a elaboração de um instrumento de pesquisa que visa reunir os documentos do político e advogado campineiro Francisco Glicério de Cerqueira Leite (1846-1916) existentes no acervo do Centro de Memória-Unicamp, através de abordagem analítica e funcional, que respeita os princípios arquivísticos e as particularidades de cada conjunto. O arquivo digital do projeto Old Bailey Online Victoria Carvalho Junqueira (Universidade de Brasília)

O projeto Old Bailey online contém periódicos relacionados à Corte Central Criminal de Londres para o período entre 1674 e 1913. Estão disponíveis tanto as imagens originais das publicações digitalizadas, quanto as transcrições delas. Lançada em 2003, essa base de dados virtual assumiu o trabalho de digitalizar o que antes eram 38 microfilmes de fontes, contendo quase duzentos mil julgamentos, e disponibilizou ferramentas de busca online para elas (HITCHCOCK; SHOEMAKER, 2006). Registradas nesses periódicos, as ofensas julgadas na corte Old Bailey eram ofensas criminais consideradas mais graves: assassinatos, roubos, roubos violentos, danos à propriedade, ofensas sexuais, ofensas reais e fraude. O projeto possibilitou o acesso às fontes para vários pesquisadores ao redor do mundo e fomentou inúmeras pesquisas. A apresentação pretende tratar dos benefícios da digitalização desse tipo de arquivo, considerando o teor documental dessas fontes: o de possibilitar o estudo dos estratos inferiores da população da Idade Moderna, que deixavam menos registros. Transitoriedades e permanências: considerações acerca dos arquivos pessoais nascidos digitais Jorge Phelipe Lira de Abreu

(Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro)

O hibridismo semiótico que permeia os arquivos pessoais nas mais diversas gêneses de produção do titular passa, na atualidade, a conjugar-se com o hibridismo tecnológico proporcionado pela rápida disseminação da tecnologia digital no

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espaço doméstico. A formação de arquivos em ambiente digital apresenta uma série de vantagens na produção, transmissão e acesso, mas, por outro lado, implica em documentos altamente sensíveis e manipuláveis, além de sujeitos à rápida obsolescência tecnológica e à fragilidade do suporte. Nesse contexto, princípios e conceitos arquivísticos como proveniência, ordem original, organicidade, confiabilidade e autenticidade ganham contornos que provocam algumas reflexões nesta análise a partir da experiência de tratamento do arquivo pessoal nascido digital do escritor, músico e artista plástico Rodrigo de Souza Leão, recebido pelo Arquivo-Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa. Local: sala CB02 28/07 – quinta-feira – (14:00 às 18:00) Sessão 1 Coord. Dra. Sonia Troitiño Avaliação documental de documentos fotográficos de arquivo: do discurso à práxis Bruno Henrique Machado

(Universidade Estadual Paulista - Campus Marília)

Telma Campanha de Carvalho Madio

(UNESP - Departamento de Ciência da Informação)

Os documentos arquivísticos produzidos, recebidos e acumulados pelos órgãos e instituições da administração pública no exercício das atividades administrativas e jurídicas são preservados nos Arquivos Públicos, atestando que foram fundamentais para as tomadas de decisão e que são conservados em razão de seu valor testemunhal e de prova, valores primordiais para as pesquisas. Assim, considerando os documentos fotográficos de arquivo como produto gerado por uma atividade administrativa dentro da instituição, compreende-se que são passíveis de aplicação de todos os princípios e metodologias arquivísticas tais como: princípio da proveniência, organicidade, classificação documental e avaliação documental. Em vista disso o artigo tem por objetivo apresentar reflexões teóricas sobre a avaliação documental arquivística em torno dos documentos fotográficos e apresentar os problemas pertinentes a ausência dessa aplicação metodológica nesses documentos arquivísticos no qual promovem por consequência a “patrimonialização documental” sem a validação da Arquivologia.

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Representações do Poder: as fotografias da Assessoria de Imprensa da Prefeitura do Município de São Paulo Ivany Sevarolli

(Arquivo Histórico de São Paulo)

Em dezembro de 2012, o Arquivo Histórico de São Paulo recebeu o acervo analógico produzido pela Assessoria de Imprensa do Gabinete do Prefeito da cidade, composto por cerca de 400.000 fotografias. Transferido do Museu da Cidade de São Paulo, esse conjunto impôs novas perspectivas para arranjo e descrição do Acervo Fotográfico já existente, num diálogo constante entre discurso visual, objeto/suporte e fonte de pesquisa. Este trabalho traz as reflexões e escolhas que construíram o tratamento dado a essas fotografias de modo a integrarem o Acervo Permanente do AHSP e comporem a memória da cidade. Fundo Institucional: guardião da trajetória e da memória do Museu da República Gleise Andrade Cruz

(Instituto Brasileiro de Museus)

Até o ano de 2010, quando completou 50 anos de história, o Museu da República não dispunha de espaço de guarda nem de quaisquer instrumentos destinados à preservação de sua própria trajetória. Propomos discorrer sobre a implantação do Programa de Memória Institucional neste museu, criado no fim daquele ano, dentro do Arquivo Histórico da instituição. O eixo central do programa foi a criação do Arquivo Institucional, que buscou localizar, recolher, tratar e classificar os documentos de caráter permanente produzidos e acumulados pelo MR ao longo de sua história. Arquivo ou coleção? os documentos do arquivo histórico do Museu Aeroespacial Fabiana Costa Dias

(Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro)

Esta comunicação apresenta o percurso inicial do projeto de pesquisa de mesmo título, Arquivo ou Coleção? Os documentos do arquivo histórico do Museu Aeroespacial, selecionado pelo programa de pós-graduação em Gestão de

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Documentos e Arquivo, oferecido pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO. Este trabalho tem como finalidade estudar o Museu Aeroespacial enquanto entidade custodiadora de acervos arquivísticos. Para isso serão apresentados, brevemente, a instituição Museu Aeroespacial, suas subordinações e organização interna, mais especificamente o Arquivo Histórico, e as primeiras análises da constituição do acervo. O objetivo da pesquisa é compreender o que os documentos custodiados no arquivo histórico formam: coleções de museu, coleções de arquivo e fundos de arquivo. A princípio essas formas de organização não são excludentes e podem se apresentar juntas no arquivo histórico. Como se trata de uma pesquisa em andamento, os dados que apresentaremos ainda são parciais. Arquivos Científicos: o que a ciência quer deixar para o futuro sobre si? Maria Leandra Bizello

(UNESP - campus Marília)

Este trabalho objetiva refletir sobre os arquivos científicos em sua definição, um debate aí se instaura. Afinal, a que chamamos um arquivo científico: os arquivos de universidades, os arquivos de agências de fomento científico, os arquivos de institutos e fundações de pesquisa de diferentes áreas do conhecimento, os centros de documentação e memória, os acervos pessoais de cientistas, políticos, professores, escritores, intelectuais e artistas? Refletiremos sobre o estatuto consolidado do arquivo como “guardador de memória” para pensarmos o lugar do documento histórico e as necessidades documentais do presente das instituições científicas grandes produtoras de documentos. Consideramos o processo de avaliação de documentos o cerne dessa discussão nos arquivos científicos uma vez que esse processo é decisório para a permanência definitiva de documentos no arquivo ou a sua eliminação. A memória é, por sua vez, outro conceito a ser discutido na perspectiva do arquivo, não apenas para sairmos da limitação do que se tornou um consenso, ou um discurso, já citado acima, mas para refletirmos sobre a memória nos arquivos e, sobretudo nos científicos, no século XXI. Histórias do Diário de Navegação de Teotônio José Juzarte - a codificação do sofrimento colonial Renata Ferreira Munhoz (FFLCH / USP)

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Apresenta-se o valor às ciências humanas dos “documentos de arquivo”, com destaque ao gênero “Diário de viagem”. Adota-se como corpus o “Diário da Navegação” (1768), de Teotônio José Juzarte, do Regimento de Dragões Auxiliares da capitania de São Paulo. Seu diário teve diversas edições dado o mapeamento dos rios Tietê, Paraná e Iguatemi, desde Porto Feliz (SP) até Praça de Iguatemi (MS). Além da contribuição geográfica, a obra guarda a memória colonial do Brasil pela narração pormenorizada de ocorrências cotidianas, considerada “pitoresca” por representar ideologias coevas. Por exemplo, a fé católica fez levou os desbravadores a abandonarem cadáveres que enterrariam, por crerem que isso lhes trouxesse mal agouro. Os estudos da linguagem encontram vasto repertório, dados os termos indígenas explicados pelo autor a seu superior, o Morgado de Mateus, Governador e Capitão-General. Detalhes históricos, como a rígida imposição militar, são depreendidos. São ainda elucidados aspectos de cunho sociológico, que emergem das inúmeras dificuldades de sobrevivência no inóspito “sertão”, onde se aventuravam tantos nas expedições oficiais. Pretende-se realçar, portanto, a riqueza de cunho histórico, linguístico sociológico e artístico contida em documentos de arquivo. Local: sala CB04 28/07 – quinta-feira – (14:00 às 18:00) Sessão 2 Coord.: Dra. Elizabeth Azevedo Cela Surda: O Outro Pecado Capital (1970) de Almir de Amorim e seus cenários e cenas de torturas Loraine Resende de Souza

(Universidade Federal de Goiás)

A proposta de apresentação de trabalho tem a peça teatral O outro Pecado Capital escrita em 1974 pelo dramaturgo Almir de Amorim como objeto de análise. Essa obra versa sobre as torturas psicológicas e físicas sofridas pela personagem Koló, considerada suspeita de atividades ilícitas com tráfico de drogas e de envolvimento com atividades políticas criminosas. O outro Pecado Capital será analisada à luz da História da Loucura de Michel Foulcalt com a questão do internamento e o domínio exercido pelas concepções médicas nos tratamentos. Quanto à historicidade de sua escrita mune-se da História Cultural que considera as relações entre arquivo sobre teatro, conflitos psicológicos, dramaturgia de resistência, dramaturgia da resistência, memó-

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ria. O outro Pecado Capital atua como um documento histórico por tratar de um registro de um tempo sombrio e assistido por certas inteligências no sentido de anular as pessoas e suas capacidades para manter uma ordem política e social no momento da ditadura civil-militar no Brasil. Cabe ressaltar a importância de pensar sobre a preservação dessas peças teatrais que em sua maioria estão em arquivos familiares , bem como fotografias , jornais, etc. e que, portanto faz parte de uma memória histórica. A Funarte e a memória das artes cênicas no Brasil Caroline Cantanhede Lopes (FUNARTE)

A presente comunicação pretende abordar um projeto denominado “Memória das Artes Cênicas”. Foi empreendido pelo extinto Serviço Nacional do Teatro (SNT) entre 1978 até o início de 1990, já sob a chancela da Fundação Nacional de Artes Cênicas (Fundacen). Tal projeto representou a principal via de aquisição de acervo por parte da Divisão de Documentação do órgão, pois implementou uma duradoura Campanha de Doação. O intuito dessa ação consistia em formar um acervo documental sobre o teatro brasileiro do passado e do presente. Somente em 1990, após as reformas administrativas do governo Collor, a Fundacen foi extinta e suas atividades interrompidas. Hoje, este patrimônio documental se encontra sob a custódia do Cedoc/Funarte (Centro de Documentação e Informação em Arte da Fundação Nacional de Artes). Dessa forma, salientamos, a partir do nosso estudo de caso, que os processos de constituição de acervos também possuem historicidade, pois os lugares da memória são construções culturais, sociais, políticas, afirmando-se e redefinindo-se ao longo da história. Arquivo e Teatro – considerações gerais sobre a preservação do patrimônio documental das artes cênicas nacionais Fabiana Siqueira Fontana (UFSJ)

A presente comunicação visa discutir questões acerca da preservação da memória do teatro brasileiro, tendo como cerne a constituição e o tratamento técnico de arquivos de artistas, empresários, grupos e companhias considerados de valor histórico e cultural para o país. O foco deste trabalho recai, portanto, na investigação dos processos pelos quais os acervos especificados

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como “teatrais” vem se formando pelo Brasil, e nos desafios que a organização e difusão de tal material guardam dada as suas particularidades em termos de conjunto documental. Como base para o desenvolvimento do debate, utilizaremos os exemplos coletados na experiência de trabalho no Cedoc/Funarte, enquanto documentalista e pesquisadora, em diversas oportunidades entre os anos 2005-2012, no setor Arquivos Privados. O objetivo principal da comunicação é mostrar como que boas práticas de preservação do patrimônio documental do teatro podem significar o alargamento das perspectivas de análise no ramo da historiografia das artes cênicas nacionais, consequência da ampliação das possibilidades do que se elege como fonte para a escrita da narrativa histórica do nosso teatro. Criação e Consolidação do Centro de Memória das Artes (CMA/ FFCLRP/USP) Maria Beatriz Ribeiro Prandi (USP)

Gisele Laura Haddad (USP)

Rubens Russomanno Ricciardi (FFCLRP-USP)

Este artigo trata da criação e consolidação do Centro de Memória das Artes (CMA) do Departamento de Música da FFCLRP/USP, que se originou a partir da documentação de arquivos pessoais e musicais recolhidos e disponibilizados à pesquisa. Objetivamos refletir e apresentar os procedimentos que o CMA cumpriu desde quando, como projeto, foi submetido aos Programas Especiais & Editais 2012 da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP e contemplado para a compra de equipamentos específicos para seu acervo, até as etapas a serem cumpridas para sua adequada manutenção. Além disso, abordamos sobre a digitalização e a elaboração de instrumentos de pesquisa e sistemas de gerenciamento em base de dados eletrônica, para oferecer condições de consulta imediata e pronta localização dos documentos e outros procedimentos de assessoria e apoio aos pesquisadores. O CMA é também um dos projetos do Núcleo de Pesquisa em Ciências da Performance em Música (NAP-CIPEM) da FFCLRP/USP, ao lado do Serviço de Edição de Partituras (SEDP). Sob coordenação e orientação do Prof. Dr. Rubens Russomano Ricciardi (Professor Titular), planeja alcançar status de órgão referenciador em estudos histórico-musicológicos da música brasileira, através de suas relevantes fontes primárias.

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Memória da Arquitetura Brasileira: portal de desenhos arquitetônicos da Biblioteca da FAUUSP Gisele Ferreira de Brito

(Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - USP)

Dina Elisabete Uliana

(Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - USP)

Tatiana Sakurai

(Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - USP)]

O Portal Memória da Arquitetura da Brasileira (MAB) tem por objetivo tornar acessível aos estudantes e pesquisadores o acervo de desenhos originais de arquitetura pertencentes à Biblioteca da FAUUSP. Esses desenhos arquitetônicos encontram-se na Seção Técnica de Materiais Iconográficos da Biblioteca. Esse acervo, com cerca de 8.000 projetos e 400 mil desenhos é formado pelas coleções de mais de 40 escritórios de arquitetura cujas obras abrangem do século XIX até nossos dias. Ele foi constituído por sucessivas doações feitas pelos próprios arquitetos ou seus familiares, que reconhecem a importância de deixar sua produção intelectual como legado para o ensino e a pesquisa da arquitetura brasileira. A primeira coleção foi doada em 1965 e pertencia ao escritório de Carlos Millan. Com a criação do Setor de Projetos de Arquitetura em meados de 1970 a Biblioteca passa a receber e organizar a documentação para torná-la disponível para a pesquisa. Hoje o acervo é composto por projetos dos mais importantes arquitetos que atuaram no Brasil. Com a criação do Portal MAB busca-se aprimorar as formas de pesquisa, garantindo a preservação dessas coleções ao mesmo tempo em que se amplia o acesso a esse rico patrimônio cultural, por meio da Web. Escolas de Arquitetura em Universidades Privadas / criação de Centros de Documentação visando a preservação de sua memória e a constituição de acervos específicos necessários às atividades do curso Maria Helena de Moraes Barros Flynn (UNIVERSIDADE CATOLICA DE SANTOS)

Ao longo de 40 anos de docência em escolas de arquitetura e urbanismo, mantidas por universidades privadas no estado de SP, lecionando disciplinas de história de arquitetura moderna, de imediato percebi o vazio que existia nesta área e a

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absoluta necessidade de pesquisas para estabelecer uma memória da experiência brasileira. Em 1975 os textos clássicos de Bruand e Segawa ainda não tinham sido publicados. Tinhamos de responder às mais variadas perguntas sobre: as nossas instituições profissionais, as nossas escolas e os mais destacados profissionais, questões estas que se ampliavam quando se considerava que o âmbito de projeto abrangia as escalas de superfície, objeto, edifício cidade, território e natureza. Tudo a ser pesquisado, escrito e publicado. Foram então criados centros de documentação nas melhores escolas. Nos anos 70 conheci o CEDIARTE da UNB e o CEAU da UFBA. E utilizo de todos os acervos específicos da Biblioteca Fauusp, instituição modelo até o presente momento. Nos anos 80, criei o CEDOC da Escola de Belas Artes de SP. Duas pesquisas redundaram em exposições que foram exibidas no I EREA na Puccamp, na X CLEFA na Fauusp e no CCSP. Objetivo ao participar deste encontro é recuperar estas experiências, criticar as atuais condições oferecidas e encaminhar sugestões. Gestão do acervo do arquiteto Eduardo Kneese de Mello: Relato do tratamento organizacional da coleção iconográfica Izadora Araujo Amaral (Centro Universitário Belas Artes de São Paulo)

Elisa Horta da Silva (Centro Universitário Belas Artes de São Paulo)

O presente trabalho pauta-se no relato do processo de organização da seção iconográfica que compõe o acervo pessoal do arquiteto Eduardo Kneese de Mello (1906 – 1994). Após a elucidação acerca da trajetória institucional deste material, situa-se as fotografias em slides na tessitura do acervo, alicerçando-se na compreensão das intenções voluntárias e involuntárias que estimularam a produção das imagens. Demonstra-se, a seguir a estruturação de um inventário e a elaboração de estratégias que permitam correlacionar a coleção de slides com os demais documentos que compõe o acervo, explorando sua organicidade. Com o auxílio destas ferramentas objetiva-se constituir um panorama visual da coleção a partir de diferentes análises. Este trabalho, ainda em processo, permitirá também, auxiliar a consolidação do contexto biográfico do arquiteto e assim, fundamentar uma abordagem organizacional que contemple o acervo em sua integralidade.

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Arquivos Bardi e as exposições de design no MASP Débora Gigli Buonano (Centro Universitário Belas Artes de São Paulo)

O design em São Paulo, nasceu do esforço e do olhar visionário de Pietro Maria Bardi, diretor do MASP, juntamente com a arquiteta Lina Bo Bardi. Percorrendo os arquivos da biblioteca e Centro de Documentação do MASP, formada pelo assim chamado Professor Bardi, dos jornais on line e catálogos de exposições, encontramos uma centena de valiosos textos que certamente contribuem de alguma maneira para engrossar nosso conhecimento sobre o design e do olhar curatorial de P.M.Bardi. Assim, ressuscitamos alguns textos produzidos por Bardi referentes às exposições de design no MASP nos variados arquivos de revistas, jornais e catálogos, constituindo assim arquivos de informação. Na medida em que os arquivos dos textos de Bardi se aproximarem dos designers ou mesmo estudantes de design, será possível a formação de uma história do design mais ampla e com considerações acerca do início da formação desta história no Brasil delineando a identidade cultural do design brasileiro, a partir de um perscrutar dos arquivos.

GT2 Memória, História Oral e Imagem Coordenação: Profa. Dra. Ana Carolina de M.D. Maciel (pesquisadora do Centro de Memória – Unicamp) Local: sala CB06 26/07 – terça-feira – (14:00 às 18:00) A disciplina Desenho e a formação prática das normalistas do Instituto Samuel Graham (1953-1956) da cidade de Jataí - Goiás Kamila Gusatti Dias (UEMS)

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Ademilson Batista Paes (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul)

Esta comunicação apresenta contribuições para o conjunto de estudos historiográficos sobre a educação protestante em Goiás, na cidade de Jataí, tendo como foco o Instituto Samuel Graham, uma instituição fundada por presbiterianos norte-americanos. Para tanto, nossa pesquisa tem o objetivo investigar a funcionalidade da disciplina “Desenho” inserida no currículo dessa instituição no curso Normal Regional e a sua relação com a formação prática das normalistas. O marco temporal aqui elencado compreende o período da primeira turma de normalistas do Curso Normal Regional. Dessa maneira, procedeu-se como campo metodológico o mapeamento de documentos, fontes orais, cadernos de ex-alunas e aportes teóricos específicos. Esse curso tinha como propósito formar professores Regentes do Ensino Primário e ao examinarmos a funcionalidade dessa disciplina na formação dessas alunas, confere-nos um panorama sobre a utilização pedagógica em seu cotidiano, por meio da atuação das normalistas em suas aulas práticas de estágio. A história oral e a análise de narrativas sobre a “Festa de São Cosme e Damião da Dona Nilda Benzedeira” em Matinhos/PR (1992-2015): uma discussão teórico-metodológica Aline Suzana Camargo da Silva Cruz (UFPR)

Propomos a apresentação de um texto que resulta de reflexões acerca de nosso objeto de estudo da pesquisa de mestrado, a qual, a partir da análise de narrativas orais sobre a “Festa de São Cosme e Damião da Dona Nilda Benzedeira”- experiência de religiosidade que acontece anualmente no município de Matinhos/PR desde 1992- pretende discutir o lugar dos sentimentos na constituição desse evento que é parte da história da cidade, realizando assim, uma discussão acerca da influência dos sentimentos na história. O referido texto divide-se em três itens. No primeiro, realizamos uma explanação acerca da crença em Dona Nilda Benzedeira bem como da “Festa a São Cosme e Damião” por ela organizada. No segundo item, discorremos acerca da emergência da história oral no meio acadêmico atendo-nos também ao conceito de história oral e aos seus principais pressupostos. No terceiro e último item, discutirmos questões concernentes à memória e ao trabalho com narrativas

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orais, debruçando-nos sobre situações cotidianas, dilemas e armadilhas a que o historiador está sujeito ao trabalhar com a metodologia de história oral. As discussões desenvolvidas no texto mantiveram estreito diálogo com o produto de entrevistas por nós realizadas com moradores da cidade de Matinhos/PR. As festas de 16 de julho na cidade de Borda da Mata - MG Cleyton Antônio da Costa

(Universidade do Vale do Sapucaí)

A presente pesquisa visa analisar as festas realizadas no dia 16 de Julho na cidade de Borda da Mata, localizada no Sul do Estado de Minas Gerais. Festas que são a de Nossa Senhora do Carmo, padroeira da cidade, e do Aniversário Político Administrativo do Município. Metodologicamente trabalhamos com a prática da História Oral, que possibilita investigar as memórias dos sujeitos sociais, que participam das festas em seus diferentes âmbitos. Tensões são estabelecidas entre o sagrado e o profano. As falas dos narradores possibilitaram visualizar tal contexto conflituoso, onde (re)significações são evidenciadas ao longo dos anos. De um evento pautado no sagrado com ritos repetitivos e fixos para o contraponto de uma festividade conduzida pelo divertimento, lazer, consumo e improviso. Eventos paralelos, definidos que agenciam a data de 16 de julho na pequena cidade do Sul de Minas. Comida: uma contadora de histórias Regiane Caldeira da Silva (UFSCAR)

Bruna Mendes de Fava

(UNEMAT- Universidade Estadual de Mato Grosso)

Este estudo busca discutir o papel da memória na construção de nossas histórias de vida, tendo na comida a contadora destas páginas escritas por meio de experiências que englobam todos os nossos sentidos. A pesquisa foi realizada para dar suporte à atividade de extensão intitulada “Comida de mãe, comida de avó: Comfort food e produções culinárias por meio de memórias” desenvolvida em comemoração ao dia das mães (2016). Adotou-se uma abordagem qualitativa, com fins exploratórios por meio de pesquisa bibliográfica e história oral. Os participantes (estudantes da disciplina de Gastronomia II do Curso de Turismo da UNEMAT, suas mães e avós) foram convidados a rememorar as relações es-

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tabelecidas com as comidas e bebidas que remetem às suas vivências no contexto familiar. Os resultados enfatizam a importância da memória ao sentimento de pertença e construção de nossas histórias de vida, tendo na comida um dos protagonistas, como também sua relevância frente ao mundo dinâmico que muitas vezes não permite a constante reexperimentarão destas produções culinárias marcantes em nossas vidas e que são relegadas em alguns casos ao esquecimento, chamando atenção à necessidade de registro e valorização. Cultura popular e documentário seriado construindo narrativas multiplas análise da coleção Folclore em Imagens Vitoria Azevedo da Fonseca

(Secretaria Estado da Educação)

O Projeto Folclore em Imagens , idealizado pelo Núcleo Audiovisual da Comissão Espiritosantense de Folclore para documentar e difundir, através de uma série audiovisual, as manifestações culturais do Espírito Santo, configura-se, tanto em função do produto final editado quanto das imagens brutas produzidas, em um rico acervo documental. A produção contou com variados diretores, fotógrafos e roteiristas, compondo também uma variedade de olhares, sempre seguindo a linha geral do projeto. Existem numerosas manifestações culturais que fazem parte do cotidiano de grupos sociais que são recriadas anualmente compondo uma dinâmica entre a rememoração e a vivência presente que, na maior parte das vezes, se tornam desconhecidas de um público externo à comunidade por não terem sido “tipicizadas” e midiatizadas. A série Folclore em Imagens, propõe uma abordagem audiovisual que cria uma visibilidade para as diversas manifestações culturais do Estado, trazendo análises sociológicas e históricas que ultrapassam a simplificação costumeira. Nesse sentido, o formato audiovisual adotado, uma série de curtas, cada qual realizado por uma equipe diferente, ao mesmo tempo que estrutura narrativas individuais, compõe, no seu conjunto, narrativas múltiplas. História oral e fotografia registram e evidenciam histórias de vida de idosos do Lar dos Velhinhos de Campinas Vanessa Paola Rojas Fernandez (Unicamp)

Mônica Fernanda Bonomi

(Secretaria Municipal de Educação de Campinas)

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Nesta comunicação relataremos como a história oral e a fotografia estão sendo utilizadas para registrar e evidenciar histórias de vida de idosos do Lar dos Velhinhos de Campinas. A história oral é utilizada como método na constituição de um banco de histórias para um projeto de memória institucional e no desenvolvimento de uma pesquisa em gerontologia sobre a experiência da velhice institucionalizada do local. A fotografia é utilizada como recurso complementar, uma criação sensível para ilustrar algum aspecto essencial da narrativa. Nesta relação, história oral e fotografia apresentam especificidades segundo os seus objetivos e dialogam na busca de um resultado que apresenta a subjetividade como matéria essencial da memória. Nas memórias da Bahia, a presença de José Joaquim da Rocha no decoro sacro da história religiosa de Salvador Mônica Farias Menezes Vicente

(Universidade Estadual de Campinas)

Século XVIII. Ordens Religiosas. Mestres e artífices. Decoro sacro. O que guardam, dizem e transmitem a decoração pictórica em um ambiente religioso? Questionamento respondido quando múltiplos métodos de pesquisa científico-pedagógica estão unidos. Fontes primárias, abrigadas em arquivos que lutam por sua permanência; história oral, resguardada pelos contos e recontos das gerações; a sobrevivência de um patrimônio que ecoa sob palestras, escritos e confrarias; eis a multiplicidade. É nesse, e por esse, contexto que se buscou entender e propagar a história da pintura colonial baiana, sobretudo porque ela reverbera dos caminhos construídos desde a colonização portuguesa. Os artistas que aqui aportaram, uma regra religiosa a ser seguida, o conhecimento científico pedagógico implantado, a presença de talentos locais, eram condições essenciais para nascer a cidade de Salvador/Bahia, hoje o maior acervo decorativo de produção iconográfica sacra com padrões europeus. Esta comunicação trata dos espaços sagrados baianos que emitem mais que misticismo e comunhão. Para o olhar do leigo é decorativo e espiritualizado, para os olhos da historiografia é a Memória de uma sociedade contada através da imagem, pelas mãos de uma Escola Artística que tinha a frente um Mestre: José Joaquim da Rocha. Projeto Memória Viva Carina da Silva Bentlin

(Secretaria de Cultura de Cosmópolis)

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O Projeto Memória Viva foi realizado em Cosmópolis (www. projetomemoriaviva.com.nr), também disponível em DVD, reúne dez curtas-metragens de história oral. Benzedeiras, que relatam esse ofício ancestral de práticas de curas não tradicionais e que possuem como base a oralidade na transmissão de saber; imigrantes e migrantes e seus relatos; narrativas sobre diferentes ofícios, como a cortadora-de-cana e suas memórias da lida sob o sol. O alfaiate e seu alinhavar de causos, o fotógrafo que através de sua lente registrou a vida na cidade, o casal e suas histórias sobre um modo de viver rural. Todos juntos, tecendo uma história plural. Local: sala CB06 27/07 – quarta-feira – (14:00 às 18:00) Álbuns da Modéstia: aproximação aos arquivos pessoais de uma artista Ana Cristina Barral Mariani Passos (Universidade Presbiteriana Mackenzie)

Cadernos de anotações, “álbuns da modéstia” com recortes de jornais e revistas, 1800 slides, um espaço repleto de objetos, memórias e o sentido de urgência em registrá-las. A convite da artista plástica joalheira Reny Golcman, entre janeiro e outubro de 2015, foram realizadas entrevistas, pesquisas em arquivos pessoais e extenso registro fotográfico de sua produção artística e seu ateliê. Tal projeto combina afetos e expectativas. O olhar do outro é desafiador. A delicadeza precisa estar aliada ao rigor para que a ficção que é a vida seja cuidadosamente inventada. Deve haver respeito para elaborar sua escritura. É importante reconhecer o papel do esquecimento. É necessário ler objetos, espaços, gestos e imagens. É fundamental atender às necessidades do presente enquanto evocamos o passado. Este trabalho fala da escrita de si e do outro, do exercício curatorial envolvido, do papel de coleções, arquivos e registros pessoais na construção da memória, da importância da fotografia para o registro da arte. Coube ao projeto dar ordem e sentido aos arquivos pessoais da artista, porém seu resultado – o livro As joias de Reny Golcman – é um exemplo de significação compartilhada, de como fazer este mergulho e voltar com histórias e imagens para revelar todo um universo. Barry Charles Silva: vida e obra em um grande picadeiro Daniel de Carvalho Lopes

(Universidade de São Paulo - USP)

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A pesquisa se caracteriza na realização de um vídeo documentário sobre a trajetória de vida e obra do artista e empresário circense Barry Charles Silva (1931 – 2012), 3ª geração de duas importantes famílias circenses no Brasil: Wassilnovich (atual Silva) e Riego, duas famílias, que como a maioria dos circenses que chegaram nos últimos três séculos, muito contribuíram para a produção cultural e a consolidação do circo como patrimônio cultural. Por meio do cruzamento de dezenas de fotografias, documentos cartoriais e variadas fontes (cerimônias de homenagem filmadas, rodas de conversa filmadas, periódicos, peças de teatro etc.) com entrevistas com Barry, familiares e artistas circenses, pretendemos compor uma cartografia da “multidão” que foi Barry Charles (acrobata, trapezista, cantor, ator, dançarino, domador, aprendiz, mestre, empresário, aviador, chefe de clã, pai, avó, maçom etc.) e, consequentemente, além de apresentar suas variadas facetas, oferecer visibilidade à própria história do circo e dos circenses brasileiros. Fluxos de imagens em redes sociais: da dispersão à construção identitária Gabriel Carlos de Souza Santos

(Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (Unicamp))

Inaugurada em 1926, a Usina de Cubatão teve importante papel na eletrificação de São Paulo. Afastada da capital pela Serra do Mar e distante do núcleo urbano de Cubatão, requereu a alocação de mão-de-obra em suas imediações, construindo na década 1930 a Vila Light, conjunto de acampamentos localizado no sopé da serra com alta rotatividade de moradores. No entanto, apesar da rotatividade, as memórias orais dos ex-moradores colhidas até o momento indicam um forte vínculo identitário para com o local, com destaque para a recusa do pertencimento a Cubatão. A partir da análise das reproduções de fotografias sobre o espaço urbano, industrial e natural cubatense e sobre a Vila Light por seus ex-moradores na rede social Facebook, bem como da comparação desse fenômeno às entrevistas até então realizadas, esta comunicação objetiva refletir sobre os modos como se estabelecem sentidos de comunidade entre esses indivíduos. A comunicação se direciona para a análise do estatuto adquirido por essas imagens nos seus fluxos contemporâneos que, por um lado, desempenham um importante papel na reafirmação dos laços comunitários entre os ex-moradores e de memórias canônicas sobre Cubatão, e por outro, acarretam a formação

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de acervos pessoais efêmeros e, quiçá, a perda do potencial reflexivo da imagem Fotografia e pesquisa Iara Cecília Pimentel Rolim (Faculdade de Artes de Limeira)

De modo geral, a fotografia dos anos 20 e 30 na França, voltou-se para o questionamento de sua ligação com o referente e com o real e se transformou em um vasto campo de experiências onde o importante era a desconstrução da imagem. A fotografia tornou-se moderna neste período por meio do realismo e da abstração. A Nova Objetividade (Neue Sachlichkeit), a Nova Visão (Neue Optik), a “fotografia direta” (Straight Photography), as propostas da vanguarda russa, o Dadaísmo e o Surrealismo foram algumas das possibilidades postas como forma de fotografar naquele momento. Além destas, surgiu também o que anos mais tarde se denominou de Fotografia Humanista a qual muitas vezes caracterizava o trabalho do fotojornalista. Neste contexto algumas fotografias apareciam em variados meios de comunicação e exposições em galerias e museus, sozinhas ou em séries, permitindo diferentes interpretações sobre a mesma imagem: arte, documento, etnografia, testemunho. Desta forma, esta apresentação está baseada em uma discussão sobre a fotografia como fonte de pesquisa e as possibilidades para a sua utilização. Na fronteira entre realidade e representação: a problemática dos lugares Juliana Oshima Franco

(Centro de Memória - UNICAMP)

Este trabalho tem como objetivo discutir o videodocumentário de caráter comunitário – aquele que resulta da ação de grupos sociais e coletivos diversos, que o elegem enquanto estratégia de autorrepresentação, expressão, organização e/ou registro – enquanto lugar de memória, nos termos propostos por Pierre Nora (1993). Entendendo a centralidade da discussão sobre a representação da realidade no campo do documentário, e partindo do pressuposto que a singularidade do audiovisual está relacionada ao seu caráter híbrido de tanto registrar realidades, quanto

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projetar representações sobre elas, defendo a relevância das discussões em torno dos lugares de memória na compreensão das especificidades que fazem do audiovisual, em especial do documentário, ferramenta de democratização da comunicação e da memória social e, por conseguinte, de transformação social. No fio da navalha: Modernização e resistência da profissão de barbeiros Denise Dantas de Alcântara

(FACULDADE DE AMERICANA)

Este trabalho pretende investigar os fatores históricos que definiram as transformações da profissão de barbeiros. Com a proposta de fazer uma análise sobre a atual situação da profissão de barbeiros, este trabalho pretende investigar os fatores que levam esta profissão a uma possível extinção, no que diz respeito à característica que deu origem a sua denominação: a função de cortar e aparar barbas e bigodes. O trabalho discute sobre as relações sociais e de trabalho do profissional barbeiro, qual seu campo de atuação e seu papel na sociedade que compõe. Também são abordadas a forma que a profissão é passada de geração para geração e como os novos profissionais lidam com as contradições entre tradição e tecnologia profissional. As relações, muitas vezes fogem o profissional e estabelecem relações de amizade duradouras que resistem ao tempo. A história oral é importante fonte de recuperação, através das falas dos profissionais, o tempo passado sob a ótica da memória e as perspectivas sobre o futuro da profissão. O corpo falado: a transmissão oral do tango no cinema documentário argentino Natacha Muriel López Gallucci (Conservatório Carlos Gomes)

Havendo organizado recentemente um corpus fílmico periodizado que apresenta a história imagética do tango dança no cinema argentino [mudo, clássico, moderno e contemporâneo], o presente trabalho visa mapear e analisar diversas filosofias imbuídas na transmissão oral das técnicas corporais do tango. Tomando como eixo as experiências fílmicas de documen-

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taristas argentinos a partir dos anos 60, como Simon Felman, Mauricio Berú, Jorge Zanada, Mercedes García Guevara, Alejandro Saderman, entre outros, buscamos deslindar o papel performativo da autorreflexão e da crítica social e cultural propiciada, tanto pelo cineasta quanto pelos bailarinos, em busca de um espaço criativo e transformador da realidade. O trabalho examina diversas formas de entender o corpo criativo através dos depoimentos e das performances de tango dança à luz de questões próprias da situação sócio-política desse pais. Uma Máquina de Memória Marcelo Ribeiro dos Santos (Unicamp)

As “artes menores”, feitas para serem funcionais além de belas, receberam uma atenção especial de AbyWarburg em seus estudos sobre a história da arte e a proposta de uma “fórmula emotiva” (Pathosformeln) desconhece fronteiras temporais ou preconceitos sobre o que é arte. Propomos neste trabalho o estudo de um objeto que pode ser enquadrado entre as “artes menores”; o Tarot de Marselha, um tradicional baralho medieval do sul da França. Utilizando uma metodologia baseada nos conceitos de Warburg, seguimos a “fórmula emotiva” predominante no Tarot de Marselha através de suas ressonâncias arquitetônicas mais antigas, detectando uma estrutura no baralho totalmente condizente com os preceitos da Arte da Memória, conforme os estudos de Frances Yates. Discutimos as implicações do Tarot como Arte da Memória, propondo uma maquete da estrutura arquitetônica imaginária que a própria consistência matemática do Tarot de Marselha sugere. Abordamos também as possíveis razões pelas quais uma estrutura de memória seria divulgada como jogo, encontrando ressonâncias possíveis nos “Role Playing Games”(RPG) contemporâneos. Local: sala CB 06 28/07 – quinta-feira – (14:00 às 18:00) As portas da memória e da subjetividade: o uso das fontes orais em uma pesquisa sobre drogas e contracultura Júlio Delmanto (FFLCH - USP)

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Este trabalho apresentará alguns dos estudos metodológicos e dos dilemas da pesquisa de doutorado do autor, ainda em curso, sobre drogas e contracultura no Brasil nos anos 1960 e 1970. Além das fontes de arquivo, documentais, o tema exigiu uma proposta metodológica que incorporasse também as fontes orais e as reflexões a respeito de seu uso, análise e apresentação pertinentes ao campo da História Oral, tanto pelo aspecto de complementar as fontes documentais quanto pela possibilidade de constituírem recurso para o acesso a uma camada mais subjetiva do (olhar presente para o) passado. De quebra, a introdução das fontes orais no processo de pesquisa, desde a formulação metodológica anterior à utilização dos dados coletados nas entrevistas, fornece alguns elementos interessantes para a reflexão historiográfica, sobretudo no que diz respeito à temática da memória e de sua constituição. O trabalho cita também algumas dificuldades práticas do processo de entrevistas e como elas podem desestabilizar as premissas metodológicas anteriormente estabelecidas e almejadas. Cinejornal e as plataformas digitais Rafael Fermino Beverari (CAPES)

O Noticiarios y Documentales - No-Do - foi um cinejornal espanhol que teve a sua primeira exibição em janeiro de 1943 e a última em maio de 1981. Sob forte centralismo do governo de Francisco Franco, seu primeiro grande obstáculo foi a cobertura dos conflitos da 2ª Guerra Mundial, perpassando por diversos conflitos mundiais no decorrer de sua existência. Em dezembro de 2012, a Corporación de Radio y Televisión Española (RTVE) lançou, em seu site, 4.012 edições digitalizadas deste cinejornal que marcou o cotidiano dos cinemas espanhóis durante mais de três décadas. Devidamente mediada pelos gestores de Franco, o conteúdo audiovisual transborda de conhecimentos que não se limitam aos acontecimentos daquele país. Antes, tomadas de decisões mundiais são meticulosamente articuladas, através da edição, e exibidas ao público. O presente trabalho pretende investigar como a possibilidade do acesso à essa fonte documental, disponibilizada de maneira online, possibilitou a realização de uma pesquisa envolvendo as particularidades deste cinejornal no decorrer da Segunda Guerra Mundial - momento decisivo para sua consolidação. Deste modo, as barreiras entre tempo e espaço são continuamente alteradas diante das transformações ocorridas na história.

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Cinema e educação e memória: uma articulação entre os conceitos de dupla captura, dispositivo, regime estético e individuação para pensar o cinema na educação da memória Carlos Eduardo Albuquerque Miranda (Faculdade de Educação da Unicamp)

Consideramos o que problema da imagem cinematográfica (entendida aqui como imagem da câmera) enquanto forma de apreensão do real, para o campo da educação, é um falso problema. A câmera não apreende o real, nem tampouco deixa de fazer parte dele. O trabalho com cinema na educação, que opera ao mesmo tempo com a memória no sentido de evocação de experiências passadas e com a memória no sentido funcional de aprendizagem, tem nos ensinado que o cinema é trabalho com o real (Pasolini). A imagem cinematográfica ao mesmo tempo em que sofre real ela também inventa este mesmo real. Nesta perspectiva, analisamos as experimentações com dispositivos (Migliorin) de cinema, realizadas no curso de extensão “Estudos em educação visual – Imagem e educação” (2015), como procedimento de duplas capturas (Deleuze): a câmera captura e é capturada pelo real. Com este registro estético (Rancière) da imagem nos desviamos do misto de subjetividade e objetividade da imagem em direção sua individuação (Simondon). A questão que propomos compartilhar é: como o conceito de individuação pode nos ajudar a pensar o cinema com arte da memória (Almeida) – uma fábrica de memória do presente e de lembrança do passado. Construindo a memória da Escola Profissional Washington Luis: Relato da experiência escolar do Sr. Pimentel Sâmela Cristinne F. de Carvalho Ignácio (Unirio)

Esta comunicação ocorrerá a partir dos fragmentos do passado existentes na Escola Profissional Washington Luis, localizada em Niterói (RJ), hoje Escola Técnica Estadual Henrique Lage, na qual traçaremos a relação da memória com a historiografia desta escola, sendo ela de cunho profissional e voltada para o sexo masculino. Como um dos itens metodológicos e fonte desta pesquisa, encontramos a necessidade de utilizar a única experiência escolar vivida, até pouco tempo depois da realização da entrevista, o Sr. Pimentel,

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aluno e professor desta escola em questão, a fim de utilizar suas memórias escolares, do tempo passado e construindo-as a partir de nosso tempo presente. Esta memória, oral, única que temos a priori do período desta instituição, que é essa memória individual e ao mesmo tempo coletiva segundo Halbwachs, nos deixa marcas de um passado escolar vivido, cheio de marcas da industrialização, do processo do movimento escolanovista, da modernização e civilização da sociedade, sendo ela uma das nossas mais valiosas fontes para solidificação historiografia da escola. Elas - um estudo sobre as meninas da FUNABEM Patricia Amaral Siqueira

(UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO/UERJ)

A Fundação Nacional do Bem- Estar do Menor (FUNABEM) é conhecida ainda hoje pelo imaginário social como o lugar onde viviam os menores infratores. Espaço de delinquentes, registro de maltrato de crianças e jovens, fábrica de bandidos entre tantos outros estigmas. Muitos foram os trabalhos produzidos, mas pouco se escreveu sobre as meninas. No presente artigo relato as primeiras descobertas realizadas na busca pelo perfil e pelo contexto em que viviam as meninas da FUNABEM. Primeiramente, a investigação da presença na revista publicada pela Fundação, a BRASIL JOVEM, estudando as cartas dos leitores e algumas das capas. Procuro traçar o perfil da publicação para compreender o contexto no qual elas aparecem ou são silenciadas. Em seguida, apresento o relato e a contextualização metodológica das entrevistas já realizadas com as meninas da instituição, hoje mulheres que se dispuseram a contar suas trajetórias de vida. A metodologia utilizada é a História Oral. Entre postes e fios: O audiovisual e as experiências de rua na Praça da Sé (São Paulo) Livia Agostini Gaddi

(Instituto Federal de São Paulo)

Este artigo visa problematizar o papel dos recursos audiovisuais em nossa investigação das experiências das populações columbinas em situação de rua da região da Sé, na capital paulista. Tais populações migrantes têm sido alvo de

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políticas higienistas patrocinadas pelo poder público e encampadas pelas classes médias, acarretando um trauma que explica ao menos em parte o porquê delas terem frequentemente abdicado de seus direitos de expressão. O recrudescimento de políticas afirmativas calcadas no reconhecimento do outro e na revalorização do sentimento de pertença tem contribuído para a emergência de um novo olhar sobre esses sujeitos, que não deve resvalar para a crença ingênua de que é possível dar-lhes voz. A utilização do audiovisual tem se provado indispensável para romper a incomunicabilidade dessas experiências: atenta não apenas para as palavras mas também para as performatividades que traduzem as vivências dessa população. Privilegiaremos as narrativas audiovisuais que demonstram as estratégias de enfrentamento com instituições do poder público, tais como a Prefeitura de São Paulo, a Guarda Civil Metropolitana, e em situações-limite a Defesa Civil, o Corpo de Bombeiros e o Centro de Controle de Zoonoses, reforçando a progressiva desumanização causada por essas políticas. Reflexões em torno do Programa de História Oral do Museu da República Silvia Oliveira Campos de Pinho (Museu da República/IBRAM)

Em 2010, ao completar 50 anos, o Museu da República, embora se identificasse como uma instituição de memória, não disponha de espaço de guarda nem de quaisquer instrumentos destinados à recuperação e à preservação de sua própria trajetória. No fim daquele ano foi criado então, dentro do setor de Arquivo Histórico, o Programa de Memória Institucional. Seu ponto de partida foi a criação do Arquivo Institucional, que buscou localizar, recolher, tratar, classificar e preservar os documentos de caráter permanente produzidos e acumulados pelo Museu ao longo de sua história. Em seguida, foi criado um programa de História Oral, buscando produzir um acervo audiovisual que, ao mesmo tempo que complementasse as lacunas da documentação escrita, trouxesse um outro tipo de olhar/ registro acerca da história da instituição. As entrevistas, iniciadas em 2014 e ainda em andamento, têm conduzido a múltiplos desafios e percepções. Torna-se patente, sobretudo, o processo ativo e permanente de construção da memória, capitaneado por atores diversos, entre os quais sobressaem entrevistados e entrevistadores. É sobre esse programa, e as reflexões em torno dele, que pretendemos discorrer.

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Um homem e seu projeto de memória: o Fundo José Roberto do Amaral Lapa no CMU Ana Carolina de Moura Delfim Maciel (UNICAMP)

A presente comunicação aborda o Fundo José Roberto do Amaral Lapa, conjunto depositado no Centro de Memória - Unicamp (CMU) e que reúne acervo pessoal e institucional do titular - docente do departamento de História da Unicamp e fundador do Centro -, compreendendo correspondência ativa e passiva, diários, artigos, textos de pesquisa, artigos de jornais, fotografias etc. Além dos aspectos eminentemente profissionais, tais fontes trazem subjacentes fragmentos da história de vida do Prof. Lapa, extrapolando fronteiras institucionais. Refletir sobre as motivações que o levaram a armazenar suas próprias fontes, remete à sistematização de uma prática e permite repensar o projeto memorialístico em torno do qual o CMU se consolidou.

GT3 Memória, Formação de Professores e Educação das Sensibilidades Coordenação: Cláudia Prado Fortuna

(Departamento de História Universidade Estadual de Londrina- UEL)

Guilherme do Val Toledo Prado

(Departamento de Ensino e Práticas Culturais Universidade Estadual de Campinas -Unicamp) Local: sala CB08 26/07 – terça-feira- (14:00 às 18:00) A contribuição dos pressupostos da História Oral para uma pesquisa sobre formação inicial de professores

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Giovana Azzi de Camargo

(Prefeitura Municipal de Bragança Paulista - SME)

Nesta apresentação pretendemos problematizar a contribuição dos pressupostos da História Oral (HO) para a geração dos dados de uma pesquisa sobre a formação de professores, no contexto de uma experiência do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) em um curso de Pedagogia. A HO foi escolhida para orientar a elaboração das entrevistas com os estudantes bolsistas do referido programa e o diálogo com outras fontes documentais. O estudo buscou investigar como o contato do estudante de Pedagogia com o cotidiano da escola pode (ou não) colaborar para sua formação para atuar na docência. As entrevistas e os documentos analisados evidenciaram algumas implicações desta vivência na formação docente. Ao atentar-se para a subjetividade dos envolvidos, foi possível encontrar outras dimensões desse processo formativo. A escrita autobiográfica na constituição do professor iniciante Raul Sardinha Netto

(Universidade Estadual Paulista - UNESP - Campus Rio Claro)

O presente texto apresenta resultados de minha pesquisa de mestrado, a qual problematiza a escrita autobiográfica na constituição do professor iniciante. Trago minha vivência no Curso Específico de Formação aos ingressantes nas classes docentes (2º sem. 2015/ 1º e 2º sem. 2016), oferecido a distância pela Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Professores “Paulo Renato Costa Souza”, como etapa obrigatória do estagio probatório docente da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo. A prática docente no cotidiano, em contraponto as proposições do curso, levaram-me a escrever narrativas autobiográficas, como método de reflexão, planejamento e avaliação de minha prática. Diante desse contexto, a pesquisa objetiva compreender como a narrativa de si constitui um dispositivo de pesquisa-formação do professor, no desenvolvimento da identidade profissional docente. A metodologia de escrita biográfica tem como referencial Josso (1988, 2005) e Souza (2004), e as escritas analisadas estão registradas nos diários de classe oficiais, em anotações realizadas durante o curso, e um caderno de registros. Esses registros serão interpretados a partir dos indícios e da memória, tecendo relações entre a vivência no cotidiano escolar, as politicas e concepções formativas da rede estadual de ensino.

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Ensino, discurso e memória: o sujeito educador na Educação de Jovens e Adultos na cidade de Pouso Alegre-MG Marilda de Castro Laraia (UNIVAS)

O estudo apresentado tem como proposta entender o discurso do sujeito educador na Educação de Jovens e Adultos, na cidade de Pouso Alegre-MG, problematizando os sentidos que esta prática possui na vida desses sujeitos e como interpelam na formação dos alunos no processo de ensino-aprendizagem. Para realizar o objetivo proposto neste estudo, metodologicamente estamos analisando entrevistas orais com educadores, documentos oficias e material pedagógico. A análise do discurso é um dos métodos de pesquisa, no qual, oportuniza perceber um conjunto de narrativas diferenciadas em torno de nosso objeto de estudo que permitem perceber as diferentes frases embutidas no discurso dominante na sociedade em que esses sujeitos estão inseridos. Para tal análise, devemos pensar na relação do sujeito professor, com o material didático, o qual ele tem acesso e que se faz único material disponível gratuitamente para esses sujeitos alunos. Além disso buscamos compreender como eles professores e alunos se interagem, como o aluno vê o conteúdo existente nos livros por eles usados e qual o olhar do professor sobre esse material disponível ao aluno, qual o sentido que o livro didático faz para esses sujeitos alunos capaz de fazer sua história, seu dizer. Jornais Diário Popular e Correio Paulistano: espaço de atuação do professorado público paulista no final do século XIX Lidiany Cristina de Oliveira

(Universidade do Estado de Minas Gerais)

Logo após a Proclamação da República no Brasil (1889), o professorado paulista, representado pelo Grêmio de professores da Escola Normal, colocava em pauta a necessidade de uma ampla reforma da instrução pública, fruto de discussões que vinham ocorrendo desde a última quadra do Império. Nesse contexto, obtiveram um amplo espaço nos jornais Diário Popular e Correio Paulistano. Este texto tem como objetivo uma análise destas fontes documentais para compreender as propostas dos professores para a reforma do ensino, bem como os conflitos, disputas com outros grupos e suas visões de mundo e de educação, num momento em que

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compreendiam seu papel como fundamental para a consolidação do novo regime político. Memória e formação docente: a construção e desconstrução do saber e fazer docente Sandro José Ferreira dos Passos

(UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAI)

No universo contemporâneo, as solicitações para o Ensino Superior têm sido orquestradas pelo Estado, agências de fomento e pelo próprio mercado. Tendo-se como pano de fundo esse quadro de inter-relações, a IES torna-se o espaço em que se dá a mobilização de diversos saberes e a interlocução entre diferentes sujeitos. Para os professores, o desafio que se coloca é contribuir com um ensino de qualidade, atendendo à diversidade presente nos cursos e salas de aula, ao mesmo tempo que precisa responder às solicitações curriculares e institucionais. O estudo foi desenvolvido segundo a abordagem quali-quantitativa de pesquisa - Minayo e Sanches (1993), que na primeira atua em níveis de realidade e a segunda trabalha com valores, crenças, representações, hábitos, atitudes e opiniões. Constatou-se que os professores pesquisados buscam continuamente a ressignificação das práticas de ensinar visando atender à demanda discente e institucional. Foram também levantados, aspectos considerados significativos para as mudanças que se fazem necessárias ao seu trabalho, a própria formação inicial e continuada. Outro aspecto refere-se à relação com os alunos e demais profissionais, sendo que para alguns dos docentes é tida como constitutiva do seu trabalho e propiciadora de reflexões. Memórias e formação de professores Cyntia Simioni França

(Governo do Estado do Paraná)

Nara Rúbia de Carvalho Cunha

(Faculdade de Educação da Unicamp)

O presente texto apresenta duas pesquisas em nível de doutoramento que se desdobraram em pesquisas-ação (ELLIOT; GERALDI; FIORENTINI E PEREIRA, 1998) de formação docente, compostas por professores de Educação Básica de escolas públicas de Londrina-PR e Ouro Preto-MG,

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nas quais foi tematizada a relação entre produção de conhecimentos histórico-educacionais, tendo em vista a formação docente, e experiências vividas, trazendo literatura e cidade como meios de reflexão. O referencial teórico-metodológico pautou-se no filósofo Walter Benjamin, no historiador Edward Palmer Thompson e Peter Gay, bem como a análise dos dados foram desenvolvidos no interior dos grupos GEPEC - Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Continuada e Kairós: educação das sensibilidades, história e memórias, sediados respectivamente na Faculdade de Educação e no Centro de Memória, ambos da Universidade Estadual de Campinas, em Campinas-SP. Articulando pesquisa narrativa e rememorações coletivas, os dois projetos trazem para o debate a temática formação de professores, a partir de uma visão ampliada de docente, tomando-o em suas dimensões racionais e sensíveis e com singularidades atravessadas por experiências tecidas coletivamente. Narrativas de professoras no coletivo: a experiência e o educativo para o Ensino de História Magda Madalena Tuma

(Departamento de Educação - Universidade Estadual de Londrina)

Os sentidos constituídos sobre a História e o Ensino de História em sua relação com os artefatos tecnológicos, é o objetivo de projeto que dialoga com professoras e alunos do Ensino Fundamental - Anos Iniciais. Apresentamos parte da análise de narrativas de 15 professoras de três escolas públicas da rede municipal de Londrina, elaboradas no coletivo e com base na metodologia de Delory-Momberger (2008), que ao propiciar reflexões sobre si permeadas pelo presente, passado e o futuro evocado também pelo ‘outro’, contribui para a pesquisa qualitativa no que se refere a procedimentos. Duas reuniões do grande grupo e três com cada uma das cinco tríades aconteceram norteadas por temas relacionados à História aprendida e ensinada. As professoras em suas narrativas indicaram o passado como fonte de lições dissociadas do presente e do futuro e a memória como fonte histórica em dimensão crítica, assim como a necessidade de reelaboração do projeto de formação teórica para ampliação dos limites da interpretação e redimensionamento da orientação do agir. São referenciais teóricos Rüsen (2012); Habermas (2012); Kocka (2002); Kosseleck (2001); Pollack (1992); Abud (2014) dentre outros.

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Uma trajetória de produção em conjunto: buscando os rastros da constituição da noção de Educação Política das Sensibilidades Márcia Regina Poli Bichara (FE- Unicamp)

Como parte de meu doutoramento, venho me debruçando sobre as orientações que a Professora Doutora Maria Carolina Bovério Galzerani ( in memoriam ) realizou junto às alunas do curso de Pedagogia da Faculdade de Educação da Unicamp, entre os anos de 1998 e 2013. A leitura destes trabalhos possibilitou acompanhar como, ao longo destes anos, a ideia de Educação Política das Sensibilidades foi sendo construída pela professora Carolina. Surgindo inicialmente dos estudos sobre a História Nova, em oposição ao historicismo, a orientadora, junto às suas alunas, buscava uma compreensão de sociedade que trouxesse uma visão mais ampla de cultura e não apenas explicações a partir do viés econômico. Com o avanço de suas reflexões, sempre partilhadas entre os orientandos dos vários níveis, passou a questionar o que chamava de “educação que visa à constituição de sujeitos economicamente ativos e politicamente dóceis”, própria do aprofundamento da sociedade capitalista. Porém, ao mesmo tempo, visualizava, estimulava e praticava uma educação capaz de libertar, de estimular nos sujeitos a autonomia na produção de conhecimentos. Local: sala CB08 27/07 – quarta-feira – (14:00 às 18:00) Deixar-se afetar pelas memórias daqueles que vivem o lugar? diálogos “travados” na licenciatura em história da UFOP Virgínia Albuquerque de Castro Buarque (Universidade Federal de Ouro Preto)

Esta comunicação visa refletir sobre desafios e potencialidades na promoção de um saber histórico em interface com as memórias sociais, elencando como fonte investigativa as experiências teórico-pedagógicas promovidas por licenciandos e pela professora do Estágio Supervisionado do Curso de História da UFOP durante o primeiro semestre de 2106. Tal proposta disciplinar pauta-se no esforço de reconfiguração do saber histórico produzido tanto por licenciandos como por professores e estudantes do ensino básico acerca de distritos da cidade de Ouro Preto e do centro urbano de Mariana, a partir das interlo-

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cuções mantidas com memórias dos sujeitos que vivenciam tais espacialidades no seu cotidiano. Sugere-se como hipótese que essa releitura mostra-se extremamente incitadora de uma ressignificação histórica não apenas dos espaços vividos, mas sobretudo das intersubjetividades daqueles que a promovem; simultaneamente, contudo, ela traz importantes questionamentos sobre as limitações acadêmicas que obstaculizam a legitimação de tal saber (e das mudanças por ele viabilizadas), sugerindo-se também alternativas para a superação desses entraves. Em termos teóricos, esta interpretação fundamenta-se nas contribuições de Michel de Certeau , Jacy Alves de Freitas e Maria Carolina Galzerani. Diálogos de leituras: lendo as histórias dos e nos livros para crianças pequenas Thais Otani Cipolini Zerbinatti (Unicamp)

Essa apresentação é um diálogo entre minha dissertação “Tramas Tramadas de um tapete: fios históricos nas produções literárias de Ruth Rocha” e a pesquisa de doutorado, cujo título provisório é: “Literatura para crianças na escola: sensibilização para leitura e educação política dos sentidos”. Tal diálogo entrelaça as ideias do filósofo Walter Benjamin, dos historiadores Edward Palmer Thompson e Peter Gay para análise de livros para crianças, tomados como documentos históricos: portadores de significados e registros de mentalidades e sensibilidades de seus autores e de suas épocas. Em uma leitura a contrapelo dos livros para crianças chamados de “pop up”, busco perceber a visão de mundo de autores e editores, sua percepção sobre a criança pequena e o livro para crianças (é livro, é brinquedo, ou é livro-brinquedo?), bem como os rastros da sociedade que são apresentados nesses documentos. Busco, ainda, relacionar tais teorias de produção de conhecimento histórico e de educação das sensibilidades com as práticas de leituras observadas na escola, como esses livros são apresentados às crianças pelos adultos e como as crianças deles se apropriam e os manuseiam. História, memória e educação museal na formação inicial de professores para os anos inicias Regina Celi Frechiani Bitte

(Universidade Federal do Espírito Santo)

Este trabalho é referente à pesquisa de doutorado desenvolvida no Programa de

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Pós-Graduação em Educação do Centro de Educação da Universidade Federal do Espírito Santo. Nosso objetivo foi o de investigar como o professor formado no curso de Pedagogia mobiliza em sua prática, saberes referente à disciplina História, em relação à educação museal. Nesse sentido, analisamos a Resolução CNE/CP nº 01, de 15 de maio de 2006, o Parecer CNE/CP nº 03, de 21 de fevereiro de 2006, os PPPs dos Cursos de Pedagogia das IESs da Região da Grande Vitória e os PCNs de História para os anos iniciais do ensino fundamental; ouvimos os professores sobre suas experiências profissionais e museal, observamos à visita de 10 professores a Escola de Ciências Biologia História e prática de duas professora após à visita com o objetivo de identificar os saberes mobilizados. Para tanto, desenvolvemos um diálogo fundamentado conceitualmente com Chartier (2009), Tardif (2000), Monteiro (2001), Gauthier (1998), Pollack (1992), Ramos (2004), Chagas (2006) e Pereira (2011). Os dados analisados atribuem relevância e pertinência de incluir mais profundamente as temáticas da educação museal na formação dos professores para os anos iniciais. Informafricativos: diálogos sobre uma prática de ensinoaprendizagem em africanidades Wilson Queiroz

(Secretaria Municipal de Educação)

Trata este trabalho de uma continuidade dos estudos sobre História e Cultura Africana e Afro Brasileira, que foi sistematizado, em parte, na dissertação de mestrado: De docência e militância a formação de educadores étnicos num programa da Secretaria Municipal de Educação de Campinas – 2003 a 2007, sob orientação da profª Corinta Maria Grisolia Geraldi, defendida no GEPEC – Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Continuada, no ano de 2012. Neste processo amplio as narrativas de uma trajetória de estudo, pesquisa, elaboração e sistematização de modos de fazer sobre africanidades, no cotidiano escolar, em diálogos com materiais diversos e autores, com destaque para estudos sobre História africana, militância e Movimento Negro, relações raciais, currículo, pedagogia, formação de professores e práticas de ensino, numa perspectiva de constituir possibilidades para o enfrentamento ao preconceito, ao racismo, bem como a percepção da importância do ensino de História e Cultura Africana e Afro Brasileiras e suas contribuições para a valorização e respeito à vida. Lugares de guardar: pensando o conceito e o sentido da transmissão cultural na escola e no museu

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Rita Márcia Magalhães Furtado (Universidade Federal de Goiás)

O propósito desse trabalho, fruto de uma pesquisa teórica, é o de analisar o conceito de transmissão cultural, a partir dos seguintes questionamentos: qual a função da escola e do museu na formação cultural do contexto atual? Há uma influência recíproca dos dispositivos pedagógicos utilizados em ambos os espaços no sentido de favorecer o processo de transmissão? Apesar de serem espaços bastante distintos, escolas e museus são, ambos, dedicados à transmissão de saberes e têm, sob o ponto de vista social, a função de guardar saberes e fazeres historicamente produzidos em áreas bastante distintas. No entanto, as escolas transformam as práticas pedagógicas e culturais e com estas os processos de transmissão que ocorrem também nos museus. Como campo dialético de permanência e mudança, a transmissão não supõe a reprodução de um conteúdo em seu valor idêntico, pelo contrário, oferece os saberes instituídos para que as pessoas o reelaborem, inventando novos caminhos para a humanidade. Assim, escolas e museus transmitem porque garantem o acesso à palavra, ao gesto e ao objeto e os vinculam a ideias e teorias, vivificando saberes que a cada geração instituem novos significados a esses lugares de guardar saberes. Local: sala CB08 28/07 – quinta-feira – (14:00 às 18:00) Educação Política da Memória e das Sensibilidades Cláudia Prado Fortuna

(Universidade Estadual de Londrina)

As maneiras como vemos, escutamos e sentimos estão inseridas em um processo histórico de constituição de comportamentos, valores e visões de mundo. Na nossa realidade altamente conectada, vivemos cercados por uma multiplicidade de sons, de imagens e de estímulos. Neste contexto, nosso olhar é de sobrevoo, nosso escutar é distraído e nosso falar é o da tagarelice. Há práticas que promovem o embotamento das sensibilidades, inclusive na escola, principalmente a partir de 1990, quando ganham status as palavras eficiência, produtividade, excelência, definidas por si sós, indiferentes as pessoas e valores éticos. Frente a estas questões, consideramos a importância de se pensar as práticas escolares sob a forma de experiências estéticas pelas quais a memória possa ser reinterpretada a partir do tempo presente. Acreditamos que a memória não

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se enquadra nos pressupostos teóricos e metodológicos de nenhuma disciplina em particular, mas, ao expressar um mundo possível, se vincula com especial força ao campo teórico da arte contemporânea. Assim, os procedimentos de abordagem das fotografias, das imagens, do simbólico, entre outros, oferecidos pela dimensão estética podem nos ajudar a pensar o ensino da história não apenas como disciplina, mas como percepção racional e sensível sobre o mundo. Museus de São Paulo e a formação de futuros professores Aglay S. F. Martins (UNICAMP/FE)

Essa pesquisa realizou uma análise longitudinal sobre a percepção educativocultural de estudantes do curso de Pedagogia no que tange ao contato com espaços museais de arte, ciências e histórico-cultural. Os espaços museais visitados, com ênfase em suas respectivas exposições foram: Museu da Língua Portuguesa (2014), Museu Catavento (2014), Pinacoteca do Estado de São Paulo (2015) e Memorial da Resistência (2015), todos eles situados na cidade de São Paulo. O objetivo das visitas a esses museus e espaços museais foi observar a percepção inicial desses estudantes e futuros educadores e, posteriormente, na última visita, realizar uma ação direcionada para a construção de um olhar sensível, utilizando, dessa maneira, a abordagem metodológica da pesquisa-ação sob as perspectivas teóricas da educação não formal e da educação patrimonial. Tais perspectivas ajudaram a organizar o papel dos atores envolvidos nessa pesquisa, bem como a atuação privilegiada e ativa dos mesmos em seus respectivos processos educativos. Percebeu-se um acentuado caráter emancipatório, proveniente das participações nas visitas decorrentes da ação educativa e museal. Documentos sobre escola em arquivos não escolares Márcia Guedes Soares (Faculdade de Educação)

Entendendo documento escolar como algo que vai além do acervo da escola, o artigo apresenta resultados parciais de pesquisa sobre educação em instituições não escolares, como o Serviço Sanitário de São Paulo. Implantado em 1891, somente a partir de 1911 esse serviço criou o serviço de inspeção médico sanitária das escolas, que tinha por atribuição

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exercer a inspeção médica dos alunos, docentes e empregados das escolas. Algumas das atribuições dessa inspetoria eram feitas em parceria com a Diretoria de Instrução Pública, como a escolha do mobiliário escolar, dos métodos e processos de ensino, das posições e atitudes escolares, bem como a distribuição das matérias de estudos, das horas de aulas em classe, dos recreios e dos exercícios físicos. Em 1916, a inspeção médico-escolar passou a ser responsabilidade da Diretoria de Instrução Pública, voltando a ser incorporada ao Serviço Sanitário apenas na reforma de 1931, quando foi criada a Inspetoria de Higiene Escolar e Educação Sanitária. A partir da memória da educadora sanitária Maria Antonietta de Castro, serão analisadas as políticas de educação desenvolvidas na Inspetoria de Higiene Escolar e Educação Sanitária. Olhar caleidoscópio a experiência do cinema como prática pedagógica Kelcilene Gisela Persegueiro (Unesp /Rio Claro)

Karoline Gessiane Persegueiro (Unesp /Rio Claro)

O presente trabalho consiste em uma pesquisa de campo de mestrado, que irá promover oficinas de cinema (em desenhos) infantis inspirado no Sítio do Pica Pau Amarelo, de Monteiro Lobato, com objetivo de candear diálogos e a produção do conhecimento em uma classe de alfabetização com crianças de 6 a 7 anos. Os vídeos infantis transmitem uma moral, são representados com sonhos, fantasias, desejos, valores, pensamentos, sensações, medos, entre outros. Os personagens dos desenhos fazem parte do sítio do Pica Pau Amarelo. Promover o diálogo é o que dá corpo/materialidade para o objeto de estudo. Esta pesquisa será realizada em uma Escola Municipal de Piracicaba-SP. A metodologia usada é pesquisa-ação ou interventiva, sendo desenvolvidas sessões de curta metragem (oficinas) com alunos do ciclo I. A partir das impressões adquiridas após assistirem o curta, será aberta a roda de conversa, de forma livre, sem necessidade de roteiro, possibilitando a abertura ao diálogo e reflexão. Desta forma a pesquisa irá discutir, refletir e investigar os caminhos e as possibilidades para a “produção de conhecimento” por meio do cinema aliado a literatura como pensamento, educação, como experiência, prática pedagógica, emoção que nascem como ato criativo.

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GT4 Memória e Cidade Coordenação: Josianne Cerasoli (IFCH-Unicamp)

Local: sala CB10 26/07 – terça feira – (14:00 às 18:00) Imagens de São Paulo traçadas pelos caminhos fluídos da memória: um percurso pelas obras de Claude Lévi-Strauss Thainã Teixeira Cardinalli (Unicamp)

A partir dos fundamentos da memória, sua capacidade de reatualizar e reinterpretar as lembranças e experiências vividas, almejo acompanhar as narrativas de Claude Lévi-Strauss, que se referem a cidade de São Paulo. O antropólogo morou na capital paulista entre 1935 e 1938, onde lecionou na recém fundada Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP e realizou expedições à campo, primeiramente, nos arredores do estado e depois junto a tribos indígenas do centro-oeste brasileiro. Registrou essas vivências e percursos exploratórios, particularmente, em três obras, Tristes Trópicos (1955), Saudades do Brasil (1994) e Saudades de São Paulo (1996), elaboradas, assim, décadas após as experiências nos trópicos. São produções que além de se apoiarem nas lembranças do antropólogo sobre os fatos ocorridos, carregam suas reflexões inscritas no período da redação. Me proponho, portanto, a investigar o diálogo entre memória e cidade, ao acompanhar de que maneira Lévi-Strauss sobrepõe seus questionamentos, preocupações e críticas nas construções imagéticas de São Paulo. Memórias da praça: análise de relatos e descrições do antigo Jardim Público/ Praça da Matriz da cidade de Piracicaba Douglas Pinheiro Graciano (Secretaria da Educação - SP)

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Essa proposta visa analisar relatos de memória que se remetem ao antigo Jardim Público/ Praça da Matriz da cidade de Piracicaba. O local passou por constantes transformações estéticas que muitas vezes atenderam às demandas dos grupos mais influentes da vida pública da cidade. Os relatos foram originalmente publicados pela imprensa local e se dedicam à primeira metade do século XX. As fontes descrevem o aspecto do local, os usos e a interação dos habitantes, naquele que foi por muito tempo considerado o principal espaço social da cidade. Tenciona-se demonstrar como fontes escritas, disponíveis nos acervos históricos, em especial relatos de memória e descrições de lugares, podem contribuir na abordagem historiográfica que toma a cidade e seus espaços como objeto de estudo. Aqui, Cidade é entendida como construção de diversas épocas, coexistindo num mesmo espaço por meio de processos como a substituição, sobreposição ou composição em diferentes níveis (PESAVENTO, 2008). Além de estabelecer uma imagem e reconhecer as transformações ocorridas na praça tendo por base os relatos, buscar-se-á refletir sobre os elementos constituintes da memória, entendendo-se que o ato de rememorar e a própria memória em si compõe-se de partículas pessoais e sociais, individuais e coletivas. Rizkallah Jorge Tahan e a construção de sua representação no espaço urbano da cidade de São Paulo (1895-1949) Renata Geraissati Castro de Almeida (Universidade Federal de São Paulo)

Rizkallah Jorge Tahan foi um imigrante sírio-libanês com ascendência armênia que migrou para o Brasil em 1895, e deixou uma série de marcas no espaço urbano, entre elas a Casa da Boia, comércio que foi pioneiro na venda de objetos sanitários e três palacetes residenciais para aluguel na rua Carlos de Souza Nazareth. Portanto o objetivo desta, comunicação é analisar como esses edifícios bem como uma série de outros elementos criados ele, contribuíram para a gênese de uma imagem cristalizada. Percebe-se que o mesmo, ainda no período em que estava vivo, possuía como objetivo forjar uma memória de si, um destes indícios é um filme encomendado por ele em 1928, que mostra os edifícios que estavam sendo construídos sob sua demanda, bem como sua casa na Avenida Paulista, com carros e ônibus transitando pelas ruas pavimentadas e seus funcionários trabalhando na Casa da Boia.

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Rua Conde de Sarzedas: ocupação urbana e loteamento nas obras particulares de São Paulo (1897-1922) Monique Félix Borin (UNICAMP)

Esta comunicação propõe a investigação do loteamento e ocupação da rua Conde de Sarzedas, localizada no bairro da Liberdade, em São Paulo, entre os anos de 1897 a 1922. Pretende-se, assim, esmiuçar a ocupação da rua tida como a pioneira da presença japonesa nesse bairro, e a partir disso, discutir a hegemonização da perspectiva de bairro oriental na historiografia sobre a Liberdade. A primeira presença registrada de japoneses habitando a Liberdade é de 1912, quando famílias começaram a fixar residência em moradias coletivas na rua Conde de Sarzedas. Esse não foi o começo do adensamento urbano do bairro, que teve importantes funções públicas para a São Paulo colonial e imperial. Abrigou o primeiro cemitério da cidade, e também a forca, ambos datados de 1775; a forca foi retirada em 1858, sendo a região rebatizada de Largo da Liberdade. Propõe-se a análise dos pedidos sobre a rua na série Obras Particulares, do Arquivo Histórico de São Paulo, para investigar a sua ocupação e suas relações com a perpetuação de um imaginário originário oriental do bairro. A data inicial refere-se à inclusão da rua nos mapas da cidade, no levantamento de Gomes Cardim; já a data fim está há uma década do primeiro registro de ocupação japonesa, permitindo mapear a parte inicial desse movimento. Se toda cidade é histórica: como avaliar a historicidade de cidades não centenárias? Daniela Andrade Coelho da Fonseca (Universidade do Oeste Paulista)

Esta pesquisa basear-se-á na ideia de que toda cidade é histórica na memória daqueles que percebem nos espaços que ocupam, a vida de seus antepassados. Acredita-se que os espaços façam parte das próprias histórias, principalmente dos habitantes que ali nasceram e permaneceram. Fernando Carrión defende que o todo da cidade e todas as cidades são históricas e essa afirmação baseia-se na questão de que os espaços revelam diversos tempos, como também múltiplas manifestações culturais construídas por seus habitantes durante décadas,

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séculos ou milênios. Para lucidar essa questão, este trabalho pretende levantar dados da cidade de Presidente Venceslau, Estado de São Paulo, que provem sua historicidade, embora conte com apenas 89 anos. Para isto, far-se-ão levantamentos dos espaços considerados parte da memória da cidade, a fim de visualizar a valorização atual do passado e conceituar essa memória. Discutir os conflitos entre atores sociais que defendem a inovação a qualquer preço e os que lutam pela conservação, constitui-se na parte final deste estudo. Sinfonia na cidade: sons e memória no cotidiano urbano Marcela Alvares Maciel (UFFS)

Os estudos contemporâneos do ambiente sonoro vêm buscando a transcendência da abordagem tradicional da busca incessante pelo silêncio para o paradigma emergente da qualidade sonora, com destaque para o valor estético da paisagem sonora. A paisagem sonora é formada dentro de um contexto, marcado por todos os estímulos sensoriais e pelo conhecimento acumulado pelas pessoas acerca do espaço e seu uso, incluindo ainda seu significado cultural. Neste contexto, o presente trabalho propõe a compreensão da paisagem sonora enquanto patrimônio imaterial das cidades contribuindo para o fortalecimento da noção de pertencimento de indivíduos a um lugar. Para tanto, buscou-se desenvolver atividades culturais para identificação, registro e salvaguarda de paisagens sonoras em espaços que se concentram e reproduzem práticas culturais coletivas, como em mercados, feiras, praças e santuários. Como principal resultado, apresenta-se a instalação artística itinerante “Memórias Sonoras”, disponibilizada em espaços públicos de Erechim, como uma estratégia de escuta do ambiente urbano, despertando a atenção e consciência dos cidadãos para as questões, virtudes e valores estéticos das paisagens sonoras do cotidiano. Uma raça alegre para um povo triste? Considerações sobre a caracterização do imigrante italiano em Paulo Prado e António de Alcântara Machado (1924-1928) Allan Cavalcanti de Moura (Universidade Estadual de Campinas)

Aventa-se a hipótese da obra Brás, Bexiga e Barrra Funda (1927), de António de Alcântara Machado, propagar um discurso sobre como a permanên-

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cia dos italianos em solo brasileiro teria o potencial de superar as limitações legadas por uma “raça paulista” pouco altiva e alegre. A obra enuncia em seu prefácio a pretensão de ser o “órgão dos ítalo-brasileiros de São Paulo” e registrar o conturbado e inexorável do processo de integração desses imigrantes e seus descendentes ao solo da nova cidade em que se radicavam. Pretende-se, nessa comunicação, explorar os paralelos que podem ser observados entre esse discurso e os ensaios históricos do industrial paulista Paulo Prado, Paulística (1925) e Retrato do Brasil (1928). Vila Mariana, a formação de um bairro dos Setores Médios na virada do século XIX para o XX Clara Cristina Valentin Anaya de Carvalho (Universidade Federal de São Paulo)

Uma cidade é constituída pelas ações de camadas sociais diversas, que produzem elementos materiais discursivos sobre processos históricos. Desta maneira, estamos interessados em historiar os empreendedores da urbanização dos setores médios e nos propomos em circunscrever temporalidades e territorialidades nas quais estes agentes históricos reconfiguraram espaços urbanos próprios. No caso de São Paulo, na Vila Mariana, os urbanizadores dos setores médios na virada do século XIX para o XX configuram o bairro a sua feição. Os setores médios, em sua complexidade e heterogeneidade, foram moradores e promotores de construções, aproveitando as oportunidades incrementadas pelos anos republicados. Elaboraram alternativas de sobrevivência, construindo imóveis para residência própria, negócios e para o mercado rentista, tornando-se, inegavelmente, ativos na dinâmica de ocupação e adensamento do bairro. O processo de urbanização na região de Vila Mariana ocorreu de maneira heterogênea e em ritmos diferentes, condicionado pelos modais de transporte, pelos espaços simbólicos, pelas vias de circulação, além da geomorfologia do lugar. E, primordialmente, foi fruto das ações das camadas intermediárias em toda sua diversidade, deixando marcas indeléveis na feição da Pauliceia. Local: sala CB10 27/07 – quarta feira – (14:00 às 18:00) (Des)cobrir a cidade: ressignificações do espaço urbano de Buenos Aires em Medianeras (2011)

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Suelen Caldas de Sousa Simião

(Universidade Federal de Uberlândia)

As narrativas cinematográficas compõem um importante objeto cultural, a partir do qual a cidade é lida e apreendida em diversas e inúmeras tramas. Nesse sentido, as análises fílmicas podem ser utilizadas objetivando compreender de que maneiras as pessoas assimilam e registram as mudanças na urbe. Assim, o presente trabalho busca problematizar, a partir do filme argentino Medianeras, de Gustavo Taretto (2011), as diferentes percepções do espaço da cidade esboçadas pelos personagens Martín e Mariana, que veem na cidade e, sobretudo, na arquitetura de Buenos Aires, a perfeita metáfora do caos. Ao longo da película pode ser assinalado um sintoma de inadaptação ao espaço urbano contemporâneo e é a partir dele que os personagens ressignificam o espaço, como no caso da abertura de janelas nas medianeras, atitude considerada uma rota de fuga ilegal à escuridão dos apartamentos. Portanto, o objetivo do trabalho é identificar os usos e representações do espaço urbano portenho, bem como suas ressignificações, a partir da necessidade de interpreta-lo e (re)descobri-lo, na contemporaneidade. A memória na formação e transformação do patrimônio cultural edificado: o caso do convento de San Jerónimo Fernanda Cristina Pereira Drumond (UNICAMP)

A cidade é entendida como um espaço de conflitos e circulação de ideias; criadora e criatura de um sistema de memórias coletivas e individuais, sempre seletivas e parciais. Na complementaridade entre memória e esquecimento, os espaços edificados surgem como uma representação concreta dos anseios da sociedade contemporânea, bem como dos grupos sociais do passado. Essa ideia de que na cidade coexistem elementos de temporalidades diversas é trazida por Christine Boyer, que argumenta que existem camadas temporais que devem ser compreendidas no interior da ordem material do espaço, sendo esta constantemente alterada pelas demandas e pressões sociais. O antigo convento de San Jerónimo, edificado em 1585 na Cidade do México, personifica a sobrevida de elementos de sociedades temporalmente distintas em um mesmo espaço físico, bem como gera questionamentos sobre as escolhas políticas que culminaram em sua elei-

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ção como patrimônio cultural da nação mexicana. Em 1980, o governo federal criou estratégias visando “revitalizar” o centro histórico tido, então, como em declínio. Neste projeto, tal edificação, que teve variados usos a partir do século XIX, foi novamente associada com uma memória conventual. Pergunta-se, então, quais memórias foram priorizadas na construção desse projeto político. Banquetes, festa, espetáculo e representações: luz elétrica e as novas sensibilidades/sociabilidades em Aroeiras-PB (1930-1960) Iordan Queiroz Gomes (UFBA),

Liélia Barbosa Oliveira (UEPB)

Este trabalho tem por objetivo analisar a recepção aos sistemas de iluminação elétrica instalados na cidade de Aroeiras entre as décadas de 1930 e 1960, momento em que vivenciou um considerável número de mudanças sentidas e experimentadas por muitos de seus antigos habitantes. Para tanto, procuramos perceber como seus antigos moradores sentiram, recepcionaram, representaram tal momento, ou seja, atentando à possíveis mudanças de comportamentos, hábitos e práticas experimentadas após a introdução desses equipamentos modernos. Neste sentido, este trabalho contempla a cidade de Aroeiras, no período estudado, na possibilidade de ser lida, sob diversos ângulos, visualizada, sobretudo, não apenas sob a óptica dos poderes legalmente instituídos, mas também através das leituras feitas por seus antigos moradores, através da memória, acessada por meio das lembranças, representações agenciadas “pelos relatos de espaço” e possibilitadas pelo manuseio da história oral. Sendo notória, a partir deste exercício, a presença de múltiplas leituras, apropriações, consumos, sensibilidades e representações inscritas sobre as transformações ocorridas no espaço urbano aroeirense nos idos de nossa (re)visitação. Memória, Cidade e Segregação: brancos e negros na praça Carlos Gomes:1923/1925 José Roberto Gonçalves (PUC-SP)

O objetivo deste trabalho é dialogar sobre o espaço público das cidades,

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tendo como pano de fundo as disputas entorno da praça Carlos Gomes Campinas-SP, interpretada pelos editores do jornal negro Getulino – 19231925. Trabalharemos dentro da perspectiva da História Social, apoiados na Análise de Discurso -AD, de forma a compor um quadro reflexivo sobre as memórias construídas entorno da ocupação deste espaço urbano, pelos diferentes grupos sociais, brancos e negros, que elegem este lugar como campo de disputa. Partimos do princípio que não há espaço social sem sujeito, e que os espaços urbanos são construídos ao mesmo tempo que os sujeitos se constituem no espaço social. Nas cidades não há espaços vazios, destituídos do sentimento de posse - mesmo as praças e as ruas, símbolos máximos do espaço público, têm ‘donos’. São lugares controlados, pelos quais lutas silenciosas e veladas se travam entre as diversas populações que por ali circulam, impondo formas de convivência, de ‘ver e ser visto’, de quem pode circular e, a quem é vedado. A oposição entre “brancos” e “negros” é posta em evidência nas matérias publicadas pelo jornal negro campineiro, destoando do discurso oficial do Estado brasileiro que não existia segregação social na República que se firmava no momento. Memórias negras às margens da Guanabara: o Circuito Histórico e Arqueológico de Celebração da Herança Africana na cidade do Rio de Janeiro Sandro Vimer Valentini Junior

(Universidade Estadual de Campinas)

A Operação Urbana Consorciada Porto Maravilha, empreendimento que visa a recuperação da frente marítima e região portuária do Rio de Janeiro, desde 2009 transforma a cidade. A reorganização do espaço urbano colocou em evidência vestígios do passado da região atrelado às memórias de africanos escravizados que desembarcavam pelo Valongo, antigo porto da cidade. Conciliando as premissas do projeto Porto Maravilha, que propõe por lei a criação de circuito histórico e a valorização do patrimônio, a administração pública por meio do Grupo de Trabalho Curatorial elaborou o Circuito Histórico e Arqueológico de Celebração da Herança Africana, composto por seis lugares localizados na região portuária conectados à memória africana na cidade. Assim, a nova cidade que surge pelas transformações estruturais deve ser capaz de conciliar memórias diversas na construção da identidade carioca. Pela análise dos bens e lugares celebrados, desvendam-se as relações entre a cidade, as memórias e os grupos identitários, bem como os processos de

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divulgação de memórias e como são retomados lugares antes compreendidos como destituídos de valor. Busca-se problematizar a memória construída, como se apropria dos lugares e como o modelo contemporâneo de cidade pressupõe a criação de amálgamas identitários. Museu de rua: o espaço urbano como espaço expositivo e a construção da memória coletiva Ingrid Hotte Ambrogi

(Universidade Presbiteriana Mackenzie)

Elaine Aparecida Jardim (Universidade de São Paulo)

Ralf José Castanheira Flôres (Centro Universitário Senac)

O presente trabalho resgata o Projeto Museu de Rua, realizado nas ruas do centro da capital paulista, entre 1977-78, constituído por exposição de painéis fotográficos representativos de uma leitura visual comparativa entre as imagens urbanas do final do século XIX em contraponto à paisagem do lugar na época da exposição. Os painéis fotográficos foram compostos a partir do acervo fotográfico do Departamento do Patrimônio Histórico da Prefeitura Municipal de São Paulo (DPH). Experiência que teve como arcabouço teórico a Sociomuseologia, especialmente ao promover a inclusão do sujeito na construção da memória urbana, no contexto de metropolização da cidade, por meio de uma experiência capaz de integrar o objeto e a memória à vida cotidiana comunitária. A metodologia do Projeto Museu de Rua, inicialmente realizado em três pontos distintos da região central, teve desdobramentos para outros bairros da capital e para outras cidades paulistas, contando aproximadamente 80 experiências. Trazer esse projeto para a contemporaneidade possibilita a leitura das várias camadas de registros das transformações urbanas de São Paulo como recurso histórico para a problematização e compreensão da realidade urbana atual. O lazer na cidade de São Paulo: a experiência do Parque Shanghai (1937-1968) Hennan Gessi (UNIFESP)

Esta pesquisa buscará evidenciar o processo de difusão de espaços de lazer em

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São Paulo por meio da análise da trajetória de uma experiência: do Parque de Diversões Shanghai, empreendimento privado surgido na capital paulista em meados década de 1930 no contexto de sua vertiginosa expansão. Destarte, para a construção dessa pesquisa, serão examinadas, com especial cuidado, fontes textuais, iconográficas orais com a intenção de compreender o modo de inserção deste equipamento na cidade em uma época em que a questão do lazer estava sendo introduzida, tendo em vista as graduais conquistas no campo do trabalho, a ampliação das demandas por novos espaços de lazer e os debates em torno da regulamentação do direito ao lazer. Rituais e práticas memorialísticas no espaço da cidade: A Plaza de Mayo e a celebração da independência argentina Ana Carolina Oliveira Alves

(Universidade Estadual de Campinas)

A Plaza de Mayo é um espaço histórico de poder. É uma praça central na vida de Buenos Aires e da Argentina, sendo centro físico e simbólico da cidade por ter ao seu redor importantes instâncias de poder. Analisaremos a reinterpretação dos sentidos do passado a partir do espaço da cidade que atualiza memórias, gerando comemorações/memoriais que monumentalizam determinados eventos, lugares ou personagens. Buenos Aires foi alvo de transformações no início do século XX e as comemorações do centenário da Independência emergiram como celebrações cívicas na capital tendo a Plaza de Mayo um papel central. A Independência foi celebrada ano após ano como forma de ritualizar esse momento. As celebrações são exibições de poder e funcionam como artifícios que variam da pedagogia à propaganda, intentando evocar sentimentos patrióticos. Seu caráter político é evidente pois são parte de um ritual que busca representar de forma pública a sociedade expressando práticas simbólicas e ritos de recordação que tangenciam os usos feitos do passado. O caso da Plaza de Mayo e a ritualização da independência foi escolhido para pensar essa relação e questionar estas práticas que trazem à tona relações de poder que, a partir dos ritos, definem interpretações feitas do passado a partir do presente. local: sala

CB10

28/07 – quinta feira – (14:00 às 18:00) A I Escola Normal da “Athenas do Sul de Minas” nos documentos de Campanha arquivados no Arquivo Público Mineiro

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Vera Lúcia do Lago Souza

(USP- Universidade de São Paulo)

Este trabalho integra o Capítulo II da Dissertação de Mestrado “Athenas do Sul de Minas: Entre a Memória e a História da Educação-Práticas e Representações das Elites de Campanha-1870/1930”, em que propôs-se a compreender a metáfora “Athenas do Sul de Minas” criada para a cidade sulmineira de Campanha. A metáfora foi entendida aqui como representação através da interpretação da obra dos memorialistas do lugar à luz da História da Educação e da História Cultural e suas categorias. A análise das práticas culturais da elite campanhense, já sem os recursos do ouro, revelou que na gênese da representação Athenas do Sul de Minas para Campanha estavam as estratégias de manutenção do statusquo desta camada social através da busca de distinção com os títulos oriundos da sua formação nos cursos superiores do país. Estes títulos lhes possibilitaram a inserção na política e nos quadros burocráticos do Estado tanto imperial como republicano no período de 1870/1930. A I Escola Normal de Campanha foi entendida como o lócus em que as estratégias de distinção e relações políticas desta elite se iniciavam. Chegou-se a essa escola através da obra dos memorialistas do lugar e pelos documentos como relatórios, livros de matrícula e atas de exames da corporação localizadas no Arquivo Público Mineiro. As ações sanitárias e seus dilemas: fiscalização, denúncias, reclamações e toda sorte de imprevistos que a São Paulo couber Karla Maestrini

(Arquivo Histórico de São Paulo)

O presente artigo tem como mote explicitar feixes do cotidiano das ações de fiscalização na cidade de São Paulo durante os primeiros anos de funcionamento da prefeitura municipal , buscando entrever os problemas e reveses contidos nas intervenções ocorridas no espaço urbano e concomitantemente na vida dos habitantes da urbe. Ao adentrarmos às diversas áreas e setores que constituíam o serviço de fiscalização e vigilância à saúde e higiene na capital paulistana, objetivamos apreender um pouco sobre o alcance e os efeitos surtidos pelas ações sanitárias dentro do ambiente citadino. Nesse sentido, os serviços oferecidos e executados pela administração municipal nem sempre saiam de acordo com o esperado, gerando com isso, manifestações por parte dos munícipes, da imprensa local e alguns setores próprio poder público. Os serviços mal prestados ou não realizados, os resultados adversos das intervenções urbanas e os gastos

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mal empregados pela prefeitura eram alvo da crítica implícita e explícita de alguns grupos da população paulistana. Construindo o cotidiano: reflexões sobre memória urbana, escrita da história e construção civil no Brasil (1920-1930) Leonardo Faggion Novo (UNICAMP)

O trabalho objetiva debater as dinâmicas de escrita da história da arquitetura no Brasil, evidenciando os profissionais não diplomados atuantes no campo da construção civil durante as primeiras décadas do século XX na cidade de São Paulo, comumente esquecidos nas narrativas sobre a cidade no período. Com a regulamentação da profissão de arquiteto, através do Decreto Federal nº 23.567 de 1933, a abrangente categoria dos construtores foi, definitivamente, dividida entre os diplomados por escolas de engenharia e arquitetura (sobretudo a Escola Politécnica de São Paulo e o Mackenzie College), e os que atuavam sem possuírem um diploma, conhecidos como “práticos”. A campanha pela regulamentação profissional pode ser lida, nesse sentido, como um movimento pela desqualificação de tais profissionais não diplomados, restringindo e limitando o mercado de trabalho de maneira a diminuir essa “concorrência desleal”. A esse aspecto político, ainda somam-se debates internos ao campo da arquitetura, como a desvalorização do ecletismo frente a ideologias nacionalistas e modernistas. A investigação, portanto, intenta questionar o parcial e lacunoso conhecimento histórico acerca da formulação e consolidação de um saber técnico sobre a cidade, bem como da memória sobre aqueles que a transformaram. Construtores anônimos em Campinas (1892-1933): fortuna crítica de suas obras na historiografia e nas políticas de preservação da cidade Rita de Cássia Francisco

(Arquivo Municipal de Campinas)

Esta comunicação aborda o panorama da construção civil em Campinas entre as décadas de 1890 e 1930, trazendo à tona a produção de construtores não diplomados, então enquadrados pela legislação como arquitetos licenciados. Apesar de sua intensa atividade, da permanência material de suas obras e da existência

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de referências documentais do conjunto edificado, tais obras chegaram aos dias de hoje sem autoria conhecida, atribuídas, assim, a construtores anônimos. Uma das vias propostas para discussão baseia-se na análise da vasta documentação reunida no Arquivo Municipal de Campinas, visto que os processos tramitados para obtenção de licenças para construir ou reformar, com respectivos desenhos técnicos, revelam-se exemplares não só da grande atuação que os licenciados tiveram no período mas também da qualidade técnica e formal de suas obras. Por fim, partindo da cidade real, expressa tanto materialmente quanto na documentação arquivística e aproximando a discussão a problemas contemporâneos, propõe-se mapear o movimento das ideias e a atuação das personagens envolvidas com a questão da história, da arquitetura e do patrimônio cultural e verificar a repercussão do esquecimento desses construtores na historiografia, nas pesquisas acadêmicas e práticas preservacionistas do município. Instrução, Imprensa e Modernidade no Século XIX – Lugares distintos, ideias convergentes Adriana Aparecida Pinto (Professor Adjunto)

Sandra Chedid Racy (INPG)

A proposta evidencia a articulação de pesquisas em história da educação brasileira, utilizando como fonte a imprensa periódica de circulação geral, com abordagem teórico-metodológica assentada na Nova História, na vertente da história cultural. Buscou-se identificar e analisar a circulação e permanência de discursos comuns acerca da “modernidade”, entre os anos de 1870-1890, presentes nos jornais em circulação no período, relativos à instrução/educação nas localidades indicadas, a saber: Campinas, em São Paulo, e Cuiabá, em Mato Grosso. A análise dos textos publicados indicou a legitimação dos jornais impressos como porta-vozes de uma pretensa e almejada sociedade, que buscava a adesão ao que se considerava moderno, conforme o padrão europeu, tendo a instrução como mola propulsora. A seleção das localidades justifica-se nas percepção comum acerca do discurso sobre a modernidade que circulavam nas as páginas dos impressos. Consideramos que o discurso que permeia a ideia de modernidade nas cidades examinadas, ao final do século XIX, possibilita aproximações, sobretudo no entendimento do que é representativo do moderno no campo educacional, não sendo a distancia geográfica impedimento para que ideias educacionais semelhantes estivessem em circulação em diferentes localidades.

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O acervo do IV Centenário da Cidade de São Paulo: da organização à exposição dos 60 anos do Parque do Ibirapuera Fernanda Correia Silva

(Centro Universitário Claretiano)

Cintia Stela Negrão Berlini

(Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo)

O acervo da Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo, que está sob a guarda permanente no Arquivo Histórico de São Paulo, é o objeto da apresentação deste trabalho. O processo de organização arquivística e de conservação que passou por diversas fases influenciaram e influenciam seu estado de conservação atual, garantindo o acesso aos documentos a todo cidadão que queira acessá-los. Os bens culturais materiais e as demais ações implantadas pela Comissão em 1954 foram considerados à época um presente para os paulistanos. A riqueza da documentação e os referenciais teóricos compreende-se a importância deste acervo para a história da cidade de São Paulo, constituindo lugares de memória. O trabalho também se justifica pela importância deste patrimônio documental na organização expositiva dos 60 anos de criação do Parque do Ibirapuera em 2015 que, diante da notoriedade - principalmente - do acervo cartográfico, 40 plantas originais foram expostas. Deste modo, a partir do momento que estes documentos deixam o espaço de arquivo para serem expostos se transformam em objetos museais e produzem valores que os tornam instrumentos de reflexão sobre as representações culturais, usos e percepções do espaço urbano. Os desenhos técnicos de Oscar Niemeyer no Arquivo do Distrito Federal de Brasília Wilson Florio

(Universidade Presbiteriana Mackenzie)

A pesquisa realizada sobre doze obras de Oscar Niemeyer tem como objetivo interpretar características das definições geométricas de seus projetos a partir da observação e análise de seus desenhos técnicos. Para tanto foram consultados os desenhos digitalizados e arquivados no Arquivo do Distrito Federal de Brasília. Os projetos originais foram analisados pormenorizadamente, de modo a interpretar a definição de formas e espaços. Foram realizados redesenhos desses projetos, assim como modelos geométricos 3D e maquetes físicas. Foram identificados diferentes procedimentos adotados pelo arquiteto na definição das

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formas curvilíneas dos projetos analisados. A contribuição original do artigo é apontar essas características a partir de recursos de modelagem paramétrica. Uma metodologia de pesquisa em projeto de arquitetura a partir de arquivos digitalizados da Biblioteca da FAUUSP Ana Tagliari (Unicamp)

Entre os anos de 2009 e 2012 foi realizada a pesquisa “Os projetos residenciais não construídos de Vilanova Artigas em São Paulo” na FAUUSP, a partir do Acervo Digital da Biblioteca da FAUUSP. Este acervo foi fundamental para o desenvolvimento desta pesquisa. Neste texto são apresentados os critérios de seleção dos projetos analisados, assim como os procedimentos para organização do material. Inicialmente houve a necessidade de se realizar um levantamento de toda a obra residencial de Artigas presente no Acervo Digital da Biblioteca da FAUUSP. Lá foi identificado um total de 262 projetos residenciais, desde residências unifamiliares até edifícios de habitação coletiva. A partir deste universo, houve uma seleção criteriosa, que excluiu os projetos construídos, os demolidos, e os projetos de edifícios de habitação coletiva, restando assim um conjunto de 50 projetos de residências unifamiliares não construídas. O material foi organizado de modo cronológico sendo o primeiro projeto disponível no acervo digital datado de 1941 e o último projeto é de 1981. Houve a realização do re-desenho e maquetes físicas para que a análise dos projetos fossem desenvolvidas de modo adequado.

GT5 Memória, Práticas Culturais Modernas e Sensibilidades Coordenação: Arnaldo Pinto Júnior

(Faculdade de Educação FE - Unicamp)

Maria Sílvia Duarte Hadler

(pesquisadora do Centro de Memória - Unicamp)

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Local: sala CB11 26/07 – terça feira – (14:00 às 18:00) Novas Interfaces para a Memória e o Patrimônio Priscila Chagas Oliveira

(Universidade Federal de Pelotas)

Neste artigo, a partir do paradigma tecnológico da cultura digital, analisaremos o aparecimento de novas interfaces culturais (MANOVICH, 1997) para a memória e o patrimônio. Compreendendo o museu enquanto fenômeno e processo (SCHEINER, 2010), recorre-se ao Movimento Internacional da Nova Museologia para explicitar as bases que circundam o pensamento museológico e patrimonial contemporâneo. Em um contexto marcado pelo surgimento das redes computacionais e de novos modelos de gestão informacional e comunicacional, o Acervo Digital Bar Ocidente e a sua fanpage no Facebook são apresentados como interfaces das memórias dos grupos sociais, como espaços de construção e compartilhamento coletivo dos indicadores de memória (BRUNO, 2006). Considera-se assim que a interface humanomáquina leva a criação de museus virtuais, expressão mais contemporânea do fenômeno Museu, que se impõe perante às problemáticas colocadas ao campo museológico atual, de comunicação intermuseal (ROQUE, 2010) que se opera, neste sentido, aberta, colaborativa e desterritorializada. A narrativa fantástica e a construção de um imaginário sobre o espaço urbano: uma análise de Markheim de Robert Louis Stevenson Ana Carolina Silva (UNICAMP)

A cidade na obra de Stevenson, na maioria das vezes, é apresentada de maneira cifrada e indireta. A priori, essa tendência de Stevenson de representar a vivência em uma metrópole através de alguns símbolos oriundos e característicos da modernidade, pode sugerir que a cidade em suas histórias possui a mera função de ambientação e a de dar plausibilidade às situações relatadas. Contudo, a partir da análise da estruturação da trama e do conteúdo narrativo, fica perceptível o quanto essa representação fragmentada e sutil foi um dos mecanismos utilizado pelo escritor escocês para delinear, circunscrever e

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abordar a nova sensibilidade e os novos modos do ser humano interagir e se relacionar consigo mesmo, seus pares e com o espaço. Desse modo, através da investigação conjunta de alguns escritos literários do autor, sobretudo de seu conto Markheim (1885), buscaremos compreender como a narrativa fantástica e a descrição tênue do espaço urbano nos possibilita perscrutar o imaginário e alguns dos anseios manifestos pela sociedade britânica no fim de século e o quanto as temáticas abordadas ajudaram, conjuntamente com outras referências, a moldar e a consolidar o imaginário e as visões correntes acerca dos vícios e das inquietudes presentes nas grandes cidades do período vitoriano. Educação das sensibilidades na urbe moderna: produções didáticas e práticas culturais em Campinas (1890) Arnaldo Pinto Junior (FE/UNICAMP)

Pesquisadores que focalizam cidades na contemporaneidade ocidental analisam a complexidade de sua história, espacialidade, cultura, dentre outras possíveis abordagens. Considerando as contribuições de diversas investigações, compreende-se que o processo de expansão das urbes, sobretudo a partir de meados do século XIX, está associado ao gradativo avanço das concepções da modernidade capitalista, com seus avanços e retrocessos, permeados por dialéticas relações de forças sociais e de produção de conhecimentos. Neste trabalho recortamos o espaço de Campinas na década de 1890, com o intuito de problematizar o processo de educação das sensibilidades efetivado por determinados grupos locais. Ao elegermos como fontes as produções didáticas destinadas aos anos da escolarização primária, observamos concepções da modernidade em sua materialidade, desde a visão comercial do produto cultural até os valores difundidos nas sociedades denominadas desenvolvidas, ou seja, a importância da cultura letrada, a hierarquização de saberes e as funções sociais dos sujeitos. Nesse sentido, propomos a reflexão acerca dessas visões, as quais concorreram para a constituição de práticas culturais com indeléveis signos de civilidade, racionalidade, prosperidade e produtividade. Experiências da transformação urbana: usos dos sentidos vinculados a dinâmica histórica da cidade de Fortaleza-CE (1893-1932) José Maria Almeida Neto

(PREFEITURA DE MARACANAÚ-CE)

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O simples evocar da palavra cidade suscita uma série de imbricações com as sensibilidades e estas por sua vez com o corpo. Não pensamos a noção de cidade sem a presença dos corpos. A cidade se tornou, principalmente na modernidade, o espaço do ajuntamento dos corpos, da aglomeração humana, da multidão. Ocorre que, tais sensibilidades não se eternizam em imagens cristalizadas ou enquadradas em um modelo específico ao longo do tempo. Pelo contrário, as nossas habilidades sensoriais são educadas pelo meio social em que vivemos. Demonstrando que, a cada época, mecanismos sociais são criados e significados emocionais e sensoriais também. O objetivo deste trabalho é o de analisar as estruturas sociais e culturais dos usos dos sentidos e sua dinâmica histórica, vinculando-os ao universo do espaço urbano, inserindo-os no conflito das transformações urbanas entre 1893 e 1932 na cidade de Fortaleza-CE. Interpela-se então: Quais foram as sensações, literalmente, de viver em uma cidade durante um período de rápida modernização? Como as sensibilidades podem ser compreendidas como parte das alterações de comportamentos dos corpos na cidade? De que maneira a reforma social e moral, concomitante às transformações urbanas, interviu na concepção das sensibilidades e nos sentidos do corpo? História, memória e educação das sensibilidades: o processo de patrimonialização da Casa Lambert de Santa Teresa-ES Márcia Regina Rodrigues Ferreira

(Prefeitura Municipal de Santa Teresa- ES)

Este trabalho analisa o processo de patrimonialização da Casa Lambert na relação com a história, a memória e as experiências educacionais socialmente construídas pelos sujeitos. Considerada simbolicamente a construção mais antiga da cidade, a Casa foi tombada como patrimônio histórico e cultural em 1985 e hoje funciona como um museu que procura contar a história da família Lambert e da imigração italiana em Santa Teresa e no Espírito Santo. No âmbito da História Cultural, as reflexões acerca do patrimônio afiguram-se como possibilidade de novas leituras e novos olhares relativos aos espaços da urbe, constituídos por múltiplas temporalidades e constantemente reinventados por sujeitos multifacetados, dotados simultaneamente de racionalidade e sensibilidade. Compreendendo o patrimônio como um espaço que educa por meio do contínuo, difuso e incisivo processo de educação das sensibilidades que envolve os sujeitos em circulação pelos diferentes espaços urbanos, no cenário sociocultural

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de Santa Teresa, a trajetória histórica da Casa Lambert, produção material e simbólica, fornece subsídios para pensar a cultura como um espaço de tensões, conflitos e negociações. José de Castro Mendes e visões sobre a Campinas Moderna Fátima Faleiros Lopes

(Escola Comunitária de Campinas)

José de Castro Mendes (1901-1970) produziu uma série de registros – literários e iconográficos – sobre o universo social campineiro. A análise de tais narrativas nos revela as visões pelas quais o autor aborda, assim como produz, uma História de Campinas: concepções de História, de cidade, de relações sociais. Em específico, a série Campinas de Ontem e Hoje: visão em dois tempos, período: 1960-1965, publicada no jornal Correio Popular, possibilitou-me acercar de tais visões, de forma a contextualizá-las, ou seja, na relação com a imagem de Campinas, “cidade moderna e metrópole”, fortemente divulgada na década de 1960, principalmente pela imprensa local. A difusão de tais imagens sobre a cidade, pela imprensa, por sua vez, se relaciona a uma dada forma de educação das sensibilidades. Memória do Município de Uruaçu- Goiás: Reminiscências de um Patriarca às Margens de uma Nova São José do Tocantins Layanna Sthefanny Freitas do Carmo (Universidade Estadual de Goiás)

O presente estudo pretende desenvolver uma análise sobre o processo de fundação do município de Uruaçu- Goiás, no contexto do final do século XIX e início do século XX. Dessa forma, a construção da cidade é produto da trajetória de desavenças políticas partidárias entre a família Fernandes de Carvalho e os liberais históricos na antiga Niquelândia (São José do Tocantins). O intercâmbio de contradições em nível político partidário durante o contexto de elaboração da primeira carta constitucional de 1891 em Goiás, provocou o deslocamento da família com aspirações incisivas pela ruptura de um legado de risco e ameaças até a projeção e elaboração do arraial de Sant´Anna, sendo elevado à categoria de município em 1930. Desse modo, a memória do chefe patriarca se mescla a monumentalidade do sujeito invencível no esquecimento da sua derrota eleitoral e na preservação da memória

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de uma elite aristocrática. Nesse sentido, o presente artigo irá apontar as generalizações dos relatos descritos pelos memorialistas locais ao divulgarem um passado glorioso que levam ao ocultamento da relatividade dos fatos. Outras formas de sensibilidade urbana na Campinas dos anos 1960 Maria Sílvia Duarte Hadler (Centro de Memória-Unicamp)

A cidade de Campinas, SP, vivenciou um processo de rápidas modificações da paisagem urbana, principalmente entre os anos finais da década de 1950 e década de 1960. O Plano de Melhoramentos Urbanos, idealizado na década de 1930, será concretizado de forma mais incisiva a partir da segunda metade da década de 1950, com a definição de ruas a serem alargadas, construções a serem demolidas, com abertura de avenidas centrais e perimetrais. Em meio a uma intensificação do processo de demolições, construções e verticalização das áreas centrais, observa-se a instalação progressiva de outra temporalidade numa paisagem urbana que passa a ser mais intensamente marcada pelos ritmos mais acelerados dos automóveis. É emblemático deste período a construção e inauguração em 1963 do Viaduto Miguel Vicente Cury. Uma outra estética urbana está sendo construída. Imagens fotográficas produzidas por um fotógrafo amador em suas caminhadas pelas ruas, bem como diversas visões e imagens veiculadas pela imprensa local do período a respeito do “progresso vertiginoso” da cidade, nos permitem captar traços de percepções e de formas de sensibilidade urbana que estão se constituindo neste momento de avanço da modernidade no espaço urbano. local: sala

CB11 27/07 – quarta feira – (14:00 às 18:00) Brincadeiras infantis no Município de São Paulo: transmissão do passado ao presente Daniela Signorini Marcilio (Associação Ipa Brasil)

Madalena Pedroso Aulicino

(Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo – EACH/USP)

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A criança é entendida como “um agente ativo de transmissão, elaboração e recriação de cultura desde os primeiros anos de vida” (CARVALHO & PONTES, 2003, p. 17), e transmite sua cultura lúdica brincando, pela participação em jogos com os companheiros e pela observação de outras crianças (WINNICOTT, 1979; BROUGÈRE, 2008). O grupo infantil seria uma sociedade bem organizada importante para a socialização das crianças (FERNANDES, 1961). Nesse sentido, como era a transmissão de cultura lúdica no passado? E como é hoje? Essa investigação se interessou em identificar de que maneira brincadeiras eram transmitidas no passado para compreender como esse processo se configura na atualidade, além de levantar fatores que podem ter influenciado nessa transmissão. Utilizando as metodologias de história oral e observação participante, tem-se 13 idosos entrevistados e 340 crianças observadas. Constatou-se que transformações no uso do espaço urbano, unidas às mudanças de modos de vida, foram fatores que influenciaram transmissões de brincadeiras no espaço público, pois crianças da atualidade têm menos oportunidades de interagir pelo brincar com outras crianças na rua. A cidade e a cidadania: relações entre público e privado no ensino de história Victor Teixeira Wisnivesky Rysovas (Escola Comunitária de Campinas)

Diante do declínio da dimensão pública do sujeito, característica da modernidade, o objetivo da dissertação é pensar como o ensino de história fundamentado em determinadas imagens e práticas pedagógicas pode promover a formação de estudantes de Ensino Fundamental II e Médio na promoção da cidadania no ambiente urbano moderno. São analisados dados produzidos por alunos de alto poder aquisitivo e moradores de condomínios fechados, revelando algumas de suas sensibilidades e noções de cidadania. O trabalho também se dedica a analisar intersecções entre habilidades, competências e cidadania, apontando brechas para professores de história atuarem. Os dados são produzidos a partir de narrativas de experiências de estudo do meio, bem como questionários e discussões em sala de aula. Walter Benjamin, E.P. Thompson, Phillippe Meirieu e Sônia Kramer são referenciais importantes para este debate.

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Estranhamento e Motivação – A Cidade como forma de Interação, Conhecimento e Pertencimento Tereza Cristina Bertoncini Gonçalez (Escola Comunitária de Campinas)

A formação de um olhar múltiplo para a arte perpassa pela construção da sensibilidade em perceber e interagir com o mundo em que se vive. Um dos caminhos é aproximar esse olhar com o espaço circundante, com o local onde a construção da identidade social é formada, a cidade. A cidade é um grande arquivo vivo de memórias em constante transformação, onde o velho e o novo convivem em harmonia ou desarmonia. Como um microcosmo, a cidade funciona como um palco de ações em que o passado e o presente estão juntos na construção do futuro e, consequentemente, onde é desenvolvida a concepção de cidadania que possibilita a inscrição de um sujeito participante na busca do entendimento e da transformação global. A exemplificação dessa abordagem será feita através do relato de um trabalho realizado por alunos do 3º ano do Ensino Fundamental 1, na Escola Comunitária de Campinas. A área de Artes encontrou um pródigo campo, com muitas exclamações e estranhamentos que promoveram diversas reflexões que se enquadram em uma das vertentes da arte contemporânea – a interferência urbana como forma de expressão. Fragmentos de uma História – Identidade, práticas culturais e experiências de um cotidiano escolar Maria Elena Bernardes (Unicamp)

Esta comunicação visa apresentar uma experiência de aproximação do Centro de Memória-Unicamp e a EMEF Professora Dulce Bento Nascimento, carinhosamente chamada de Escola do Guará, fundada em 1978, localizada no distrito de Barão Geraldo-Campinas. Tal experiência pautou-se no desenvolvimento de ações conjuntas entre professores da Escola, pesquisadores e técnicos do CMU com o intuito de explorar as possibilidades de pesquisa a partir do acervo documental do Centro e de sensibilizar a comunidade escolar sobre a importância da preservação da memória, visando a implementação de um Centro de Memória na Escola. Por meio desta experiência, objetiva-se discutir as práticas culturais dos diferentes sujeitos que compõem a comunidade escolar, como microcosmo da cidade, atravessados por sensi-

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bilidades na produção de conhecimentos, nas quais são reveladas as tensões de múltiplas visões de mundo. Impressões de estudantes sobre o vestibular Mateus Leme de Sousa

(Faculdade de Educação - Unicamp)

Este trabalho tem como objetivo investigar diferentes visões e experiências de sujeitos sobre os vestibulares do Estado de São Paulo e suas impressões sobre o momento de preparação para os processos seletivos. Com base na bibliografia referente à pesquisa narrativa, como Connelly e Clandinin, e apropriando-se das potencialidades do conceito de mônadas de Walter Benjamin, foram realizadas entrevistas orais com alunos vestibulandos uma escola privada de Campinas, fazendo-os refletir a respeito de suas percepções sobre seu universo escolar e de suas experiências com os processos de seleção para o ensino superior. Partindo de referenciais teórico-metodológicos tais como Benjamin e Peter Gay, a análise das impressões dos estudantes aponta para um evidente incômodo gerado pela pressão das provas, junto da caracterização do período de preparação para o vestibular como um momento de sacrifício e trauma. Nesse sentido, ao possibilitar a produção de discursos e conhecimentos acerca deste tema por indivíduos geralmente silenciados, intenciona-se romper com o vazio de subjetividades e com a corrente naturalização das angústias geradas na competição pelo ingresso no ensino superior. O GRUPO ESCOLAR DE ITAÚNA: Entrelaçando memórias e histórias da educação primária (1908-1924) Vânia de Araújo Silva

(Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais)

Este trabalho apresenta aspectos da História da Educação em Itaúna-MG entre os anos de 1908 e 1924. O objetivo da pesquisa foi ampliar o conhecimento acerca da constituição do Grupo Escolar de Itaúna, verificar como a educação escolar era veiculada pela imprensa local e entrelaçar histórias da educação primária itaunense e as memórias de um ex-aluno da citada instituição. O cruzamento das fontes nos possibilitou apreender como se davam as interações entre algumas pessoas que fizeram a história da instituição pesquisada. As contribuições de Benjamin, De Certeau, Le Goff, Thompson, dentre outros, sub-

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sidiaram nosso trabalho. Os resultados obtidos pela pesquisa têm contribuído para o conhecimento da história da educação local, hoje marcada pela linearidade. Registros e memórias de alguns sujeitos diretamente envolvidos com a educação itaunense, especialmente com o Grupo Escolar de Itaúna foram dados a conhecer. A pesquisa poderá suscitar futuras temáticas sobre a educação primária itaunense e para o cotejamento com outras pesquisas que têm como objeto os grupos escolares, a educação primária no Brasil, especialmente em Minas Gerais e entre memórias e educação das sensibilidades. Entre rastros do professor francês anarco-sindicalista Joseph Jubert as avessas dos professores do primeiro Grupo Escolar de Bragança Dr. Jorge Tibiriçá (1890-1920) Sandra Aparecida de Souza (Universidade São Francisco)

Esta comunicação analisa ações do professor anarco-sindicalista francês Joseph Jubert na relação com os professores do primeiro Grupo Escolar denominado Dr. Jorge Tibiriçá, ambos na cidade de Bragança, interior de São Paulo. Tem como objetivo rastrear, analisar e problematizar a concepção de educação e percepção do que significava ser professor no início do século XX, período posterior à proclamação da república (1889), marcado por conflitos e greves operárias até 1920. Para concretizar esse objetivo parti de um processo crime de 1911 contra Joseph Jubert, cuja origem foi: uma queixa em decorrência da distribuição de um boletim da Liga Operária local, denunciando as precárias condições de vida dos colonos nas fazendas de café da região no contraponto com imagens de professores do grupo escolar mobilizadas em fontes periódicas do período. Esta pesquisa se justifica pelo fato de que, dentre as propostas de Joseph Jubert identifiquei o objetivo de organizar uma escola em Bragança para os operários e seus filhos, fato praticamente desconhecido até o momento, para além de Jubert estar às avessas da imagem do professor idealizado pelo projeto republicano da época. O referencial teórico assenta-se, sobretudo, nas contribuições teóricas de Walter Benjamin e E. P. Thompson e C. Ginzburg. Cor e ensino superior no Mato Grosso: recordando caminhos trilhados Maria Inês Rauter Mancuso (UFSCar)

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Jacqueline da Silva Costa (UFSCAr)

Este texto apresenta aspectos de história de vida narradas por pessoas que se formaram na UNEMAT – Universidade Estadual do Mato Grosso e nela ingressaram via ação afirmativa, programa criado em dezembro de 2004. Em 2012/2013, quando foi realizada a pesquisa de campo que deu origem a este estudo, já havia a possibilidade de alguns formados. A pesquisa, realizada em Cáceres e Sinop, trabalhou com dados documentais, pesquisa quantitativa para caracterizar os alunos ativos e entrevistas de profundidade para conhecer a trajetória de alunos formados, ativos e desistentes. Os dois municípios foram escolhidos dadas as características socioeconômicas distintas que justificavam a comparação. Este texto trabalha narrativas dos alunos formados, que vão desde as experiências que antecederam o ingresso à universidade até a vida que sucedeu à formatura. A recordação do passado é marcada pelas experiências do presente, como se este já fosse uma promessa do passado ou nele estivesse contido. Do ponto de vista da memória, essa articulação é discutida, entre outros, por Halbwachs. Ganha destaque também como a vivência da cor marcou as escolhas feitas e as experiências vividas sobre as quais não se tinha controle, o que é significativamente compreendido a partir de Stuart Hall e Franz Fanon. local: sala

CB11 28/07 – quinta feira – (14:00 às 18:00) Os Arquivos no contexto pós-cutodial: ressignificando a produção do conhecimento arquivístico no século XXI Luiz Eduardo F. da Silva

(UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA)

Este ensaio discute o novo lugar dos arquivos no cenário denominado “pós-custodial”. Assim, os arquivos foram se reformulando ao longo do tempo, sobretudo pelo avanço da arquivística e de seus princípios em diferentes países. Por intermédio, de uma pesquisa teórica e bilibliográfica buscamos compreender como a produção do conhecimento em Arquivologia está sendo projetada no século XIX, principalmente diante das novas tecnologias, uma vez que nessa “tempo” pós-custodial os arquivos aparecem com uma nova roupagem e dinamicidade. Sendo assim, apontamos que os

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arquivos nesse cenário não são “meros depósitos custodiados”, mas atuam como ação participativa nas tomadas de decisões das instituições. Por fim, acreditamos que com a influência do pós-custodial os arquivos também desempenham a função de produzir saberes através da dinamicidade da gestão da informação e sua agilidade no âmbito dessas tecnologias. Discurso, memória e nação: a construção do discurso de gênero na Revista Veja (2010 e 2014) Andrea Silva Domingues (UNIVAS)

Marciene da Silva Vieira (UNIVAS)

A pesquisa apresentada tem como proposta analisar a construção do discurso feminino, realizado pela Revista Veja nas eleições presidenciais do ano 2010 e de 2014 e perceber como os textos produzidos pela e na revista interferem na constituição das ideias em torno da questão de gênero. Compreendemos o discurso da imprensa como espaço sócio-histórico, de luta e de memória e que os discursos produzidos por este periódico são reproduzidos na sociedade e constroem paradigmas, estereótipos e preconceitos. Metodologicamente o trabalho está sendo desenvolvido na interlocução da Análise de Discurso Francesa e da História Social, possibilitando uma melhor compreensão de como a construção de mentalidades, a ação no imaginário, auxilia na propagação de ideologias, memórias através da imprensa. Entendemos que os papeis sociais definidos para a mulher vem sendo questionados a cada instante e que é fundamental entender os significados atribuídos às mulheres quando da sua inserção em um espaço historicamente masculino. Assim é necessário discutir a inserção das mulheres na política e sua representação nos discursos midiáticos. As batidas do funk e os ruídos do punk: sentimentos, sonoridades e interpretações indigestas das cidades de São Paulo/SP e Rio de Janeiro/RJ no final do século XX João Augusto Neves

(Universidade Federal de Uberlândia)

Se considerarmos que em concomitância ao crescimento das grandes cidades

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houve o desenvolvimento tanto dos meios de produção das músicas quanto das sonoridades do universo musical, é razoável pensar que por via desse artefato cultural podemos interpretar os sentimentos e subjetividades dos homens e mulheres que produziram e/ou ouviram os sons de seu tempo. Partindo dessa premissa, voltar-me-ei à década de 1990 no Brasil e problematizarei as cidades de São Paulo/SP e do Rio de Janeiro/RJ a partir das batidas do funk e dos ruídos do punk. Para isso, lançarei luz sobre duas produções que, em conjunto, trazem à tona aspectos importantes para pensarmos o desenvolvimento dessas “mega cidades”, os sentimentos e as conexões promovidas pela “sociedade em rede”. O LP “Rap das Armas”(1995), da dupla de MC’s, Júnior e Leonardo, e o CD “Ruas” (1996), da banda de punk rock Inocentes, serão a porta de entrada para compreender os contornos sensíveis e sonoros que formaram essas cidades no final do século XX. Afinal, os BPM’s desenvolvidos pelo funk carioca e os secos acordes do punk nos dizem muito sobre “ser mais um em 1 milhão a ter a mesma dúvida” (Inocentes), como também provoca reflexões sobre as angústias dos que sofrem “violência em todo canto da cidade” (MC’s Júnior e Leonardo). A produção audiovisual sobre a ditadura militar e o direito à memória e à verdade Cleonice Elias da Silva

(Pontifícia Universidade Católica de São Paulo)

Muitos estudos vêm alisando as relações entre cinema e história, mais especificamente, como o meio audiovisual constrói representações do período da ditadura civil-militar (1964-1985) em nosso país. Nessa relação entre cinema e história, não devemos negligenciar a importância que a memória cumpre em tal dinâmica. Considerando-se que a memória é um fenômeno individual e, sobretudo, coletivo, submetida “a flutuações, transformações, mudanças constantes” (POLLAK, 1992: 201). Parto da premissa que essas obras corroboram para o direito à memória e à verdade, prerrogativas importantes da justiça de transição, que foram estabelecidas a partir do Terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos, lançado em 2009. Diversos são os filmes que por meio de recortes diversificados lidam com a temática do período autoritário no Brasil. A minha reflexão sobre a função que essas obras audiovisuais cumprem nesse contexto de direito à memória e à verdade está centrada nos filmes da cineasta Lúcia Murat. Referências Bibliográficas POLLAK, Michael. Memória e identidade social. Estudos Históricos. vol. 5, n.10, 1992, p. 200-212.

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Mapas culturais: novas dinâmicas dos lugares de memórias Anahi Rocha Silva (Unesp)

O patrimônio físico dos lugares tradicionais de memória passou a ser replicados, produzidos e disponibilizados em meio digital, num contexto informacional e tecnológico, emergindo o paradigma pós-custodial. Ao lado das novas abordagens dos museus, arquivos e bibliotecas em ambientes informacionais digitais, estão as plataformas eletrônicas governamentais no campo cultural, fazendo com que esse encontro entre memória e tecnologia se dê nas formas, nos lugares e através das ferramentas utilizadas na contemporaneidade de maneira jamais vista. Esta iniciativa de mapeamento colaborativo, feito a partir das narrativas subjetivas da população de determinada localidade, compreende um processo de registro e documentação dos comportamentos e manifestações culturais brasileiras, aptos inclusive a incrementar pesquisas históricas como fontes alternativas, subsidiárias ou como conotação enfática de uma informação contida em algum documento público. Observa-se que a proposta de materialização das memórias individual, coletiva e marginal em suporte digital formam um patrimônio documental importante para a memória do futuro. São apresentadas as possibilidades, sob a perspectiva da Arquivologia, que este ambiente digital contempla, com o fim de contribuir com o fortalecimento da área. O movimento Slow Food e o sujeito contemporâneo: formas de sensibilidades articuladas por uma cultura de consumo Raquel Duarte Hadler

(Escola Superior de Propaganda e Marketing -ESPM)

A proposta deste artigo é apresentar uma das discussões originárias da dissertação “Ética, Comunicação e Consumo: o Slow Food como forma de comunicar uma vida boa nas culturas de consumo”. A proposta desta dissertação foi abordar uma discussão, a partir de uma reflexão sobre o conceito de vida boa desenvolvido por Aristóteles, sobre as possibilidades de comunicação deste conceito nas culturas de consumo, o que foi realizado através da análise de narrativas do movimento Slow Food. Assim, ao avançarmos no desenvolvimento da pesquisa sobre o movimento, observamos o seu forte entrelaçamento com o contexto sociocultural contemporâneo

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na luta por seus ideais. Este percurso de investigação nos revelou que o movimento não é fruto apenas de reivindicações éticas e políticas, como também espelha uma forma de sociabilidade do sujeito contemporâneo, fruto de uma sensibilidade que se desenvolveu nas brechas da modernidade. Percursos de vida: História de jovens urbanos dos meios populares no enfrentamento dos constrangimentos e potencialidades nos processos de construção de si Moisés Ferreira Geraldo

(Secretária Estadual de Educação - SEEMG)

A proposta é discutir sobre os percursos de vida de jovens moradores do Conjunto Habitacional Palmital, da cidade de Santa Luzia, Minas Gerais, participantes de dois coletivos culturais. Compreender, por meio dos percursos de vida desses jovens os elementos que contribuíram para sua construção identitária. A identidade de jovens pobres do Palmital é o eixo central do debate, partindo da experiência pessoal numa perspectiva em que o sujeito que narra se vê como sujeito que constrói. A história do Palmital e de suas famílias são elementos importantes para entendermos o contexto em que esses jovens se formaram. Jovens urbanos dos meios populares que trazem elementos do próprio bairro para o enfrentamento dos seus problemas, em seus múltiplos significados elaborados em torno de um contexto de grande desigualdade. De que maneiras jovens urbanos dos meios populares constroem sua(s) identidade(s) através da própria trajetória de vida e dos significados construídos de ser jovem através das suas inserções no bairro Palmital? As sessões de cineclubes como metodologias participativas: a educação popular sobre o tráfico humano Glauber Eduardo Ribeiro Cruz

(Rede de Ensino do Estado de Minas Gerais)

O texto tem objetivo apresentar os resultados do projeto Metodologias participativas na abordagem do tema tráfico humano: sessões comunitárias de cineclubes, desenvolvido pelo Instituto de Promoção e Desenvolvimento Social Tucum e financiado pela Cáritas Brasileira. Os cineclubes se tornaram os meios encontrados pelo Instituto Tucum para construir uma

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proposta de educação popular que englobasse novos olhares pelos sujeitos e suas realidades. O referencial teórico está baseado nas fontes governamentais e de instituições que têm o tráfico humano como tema de pesquisa e preocupação social. A metodologia utilizada no projeto foi baseada nos processos: ver, julgar e agir com foco no tema tráfico de pessoas. O projeto foi construído coletivamente com a participação dos cursistas – que foram moradores/as, agentes pastorais, jovens, educadores/as locais e atores comunitários – como legítimos atores do processo de atuação no território. Enfim, pretende-se analisar como foi realizado o percurso e a realização das metodologias participativas do tráfico de pessoas por meio de sessões comunitárias de cineclubes como uma proposta de educação popular.

GT6 Memória e Cultura Material Coordenação: Maria Aparecida Borrego (USP)

Odair da Cruz Paiva (UNIFESP)

Local: sala CB12 26/07 – terça feira – (14:00 às 18:00) Artefatos do ‘Quebra’: gênese da Coleção Perseverança a partir do Jornal DE Alagoas – 1912 Anderson Diego da Silva Almeida (Universidade Federal de Alagoas)

Este artigo descreve o contexto histórico em que se formou a Coleção Perseverança, através da identificação dos artefatos que a formam no Jornal de Alagoas, especificamente na série “Bruxaria”, publicada no ano de 1912, quando culminou o “Quebra do Xangô”. A metodologia contou com análise bibliográfica em livros, jornais, revista e, principalmente, nos artigos do referido jornal. A narrativa que constrói a história da Perseverança começa

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imbricada de um contexto político e social inserido na sociedade alagoana da época. A Coleção torna-se a memória e a representação do quebra-quebra ocorrido em todo estado, especificamente em Maceió, com a justificativa de que o governador, Euclides Malta, era frequentador assíduo dos terreiros de xangô da capital, principalmente o de Tia Marcelina, negra africana, responsável por fundar a religião em terras caetés. Portanto, este artigo, discute, através da análise de fragmentos descritos por um jornalista não identificado, os artefatos que formam a coleção, atentando-se para a estética, nos símbolos e códigos inseridos, e a função que as peças possuem para os rituais. Colecionar livros: um modo de re-apropriar o passa Admeire da Silva Santos (UNISEP)

Apresenta sob a perspectiva da cultura material o diálogo entre uma coleção de livros e a possibilidade de se compreender o passado por meio da representatividade desta. Os livros serão entendidos sob o ponto de vista da coleção, no qual um item só faz sentido em conjunto. O objetivo é entender como uma coleção de livros pode re-apropriar o passado, coletivo ou individual. A pesquisa é de caráter teórico. Os resultados consistem em delineamento das relações conceituais e exposição das etapas do colecionismo. Finaliza direcionando a concepção de coleção como um modo de criar possibilidade para o surgimento da memória coletiva. Das gavetas ao virtual: matéria, arquivamento e coleções na contemporaneidade Silvana Seabra Hooper

(Universidade Presbiteriana Mackenzie)

A preocupação com as coleções de objetos em sua materialidade tem ganhado, nos últimos anos, grande importância. Por um lado, em função das discussões promovidas pelos estudiosos da “cultura material”, tema tanto da antropologia, como da História. Por outro lado, as novas tecnologias da informação têm imposto uma nova agenda não apenas na conformação dos recursos de pesquisa, mas também nas novas formas de arquivar e catalogar. Assim uma nova forma de coleção tem surgido: online. Esse trabalho pretende apresentar alguns resultados,

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ainda parciais de pesquisa em andamento, que confronta três coleções e suas formas de catalogação, arquivamento, bem como em suas formas de publicização, discutindo sua materialidade. Trata-se de três coleções bem diferentes em sua origem: uma coleção de livros de culinária, analógica e sem publicização; uma coleção de cartões-postais/presépios, com algum tratamento digital e com algum trabalho de publicização; e uma coleção de fotos do Rio de Janeiro, retirada da Internet/Instagram. Pretende-se discutir, não apenas a distância na natureza dos objetos que separa essas coleções, mas também apontar as questões próprias que se colocam para as novas configurações contemporâneas, como preservação, a propriedade, compartilhamento, e materialidade. Do arquivo à cidade: descaminhos de um cientista na Belle Époque do Rio de Janeir Ana Luce Girão Soares de Lima (Servidora)

O objetivo deste trabalho é revelar novos pontos de vista sobre as relações entre o cientista e a cidade, para além do episódio mais conhecido: as campanhas sanitárias do início do século XX. A crescente urbanização, a modernização dos transportes, a ampliação de portos e ferrovias, a imigração europeia e o desenvolvimento industrial e eram processos já delineados na capital desde o fim do Império. Segundo Arias Neto, entre 1872 e 1920 a população carioca pulou de 274 mil almas para 1,2 milhões. O Rio de Janeiro aportou na República enfrentando problemas de um projeto modernizador excludente, no qual a população sofria com o grande déficit habitacional e sucessivos surtos epidêmicos de febre amarela, cólera e varíola. Sua tese de doutoramento, “A Veiculação microbiana pelas águas”, surgiu quando Oswaldo Cruz analisou água que abastecia a cidade, constatando a contaminação com um bacilo de águas putrefatas. Em seu artigo sobre os esgotos da Gávea, postulava que a crise sanitária que atingia o Rio devia-se ao aumento da população sem acesso aos recursos higiênicos. A produção intelectual de Oswaldo Cruz é uma das fontes de seu acervo elucidativas da articulação original entre produção de novos saberes e ações voltadas para a saúde pública. Memória e Cultura Material: O Baú do Pastor Frederico Weber Spies Janaina Silva Xavier (Unicamp)

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Esta comunicação apresenta uma reflexão sobre as origens e o desenvolvimento da cultura material, sua importância como documento histórico e as relações dos objetos com o homem e a sociedade que os produz e utiliza. Analisa também a representação dos artefatos nos museus como instrumentos na criação da memória coletiva e individual por meio do caráter simbólico dos objetos materiais. Como estudo de caso tomou-se um baú que se encontra musealizado na coleção do Centro Nacional da Memória Adventista (CNMA) e a biografia de seu proprietário, o pastor e missionário adventista Frederico Weber Spies. A partir das relações estabelecidas entre o objeto e seu dono buscou-se fazer um exercício de compreensão do desenvolvimento do adventismo no Brasil. Para fazer essa análise foram empregados referenciais teóricos sobre cultura material e sobre a história do adventismo no Brasil e nas fontes primárias fez-se um levantamento bibliográfico da vida do Pr. Spies. Marta Rossetti Batista: reconstrução de trajetórias femininas na arte Marina Mazze Cerchiaro

(Instituto de Estudos Brasileiros - Universidade de São Paulo)

Roberta Paredes Valin

(Centro Educação Adalberto Valle)

Nossa proposta de comunicação é analisar as relações entre formas de história e constituição de memória por meio da investigação do arquivo da historiadora da arte Marta Rossetti Batista, pertencente ao Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo – IEB/USP, que vem sendo processado pela nossa equipe desde 2013. Especificamente, tomaremos como recorte para o estudo de caso a documentação recolhida pela pesquisadora sobre a pintora Anita Malfatti e a escultora Adriana Janacópulos. Por meio da análise dos documentos, pretendemos refletir sobre: 1) as formas de constituição da memória – realizadas pelas próprias artistas e seus familiares, em um primeiro momento, e pela historiadora Marta Rossetti Batista, em uma segunda etapa; 2) o fazer historiográfico de Batista; e 3) os modos pelos quais o arquivo permite reconstruir a trajetória de vida dessas três mulheres. Por fim, buscaremos pontuar a especificidade e a importância de arquivos pessoais de mulheres como fonte para pesquisas históricas, uma vez que auxiliam a recuperar as trajetórias de mulheres artistas e pesquisadoras, frequentemente relegadas ao esquecimento.

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O trabalho interdisciplinar entre o Museu Paulista e o Instituto de Física da Universidade de São Paulo no processo de Documentação e Restauro Ina Hergert

(Universidade de São Paulo)

Em 2009, o Museu Paulista da Universidade de São Paulo adquiriu dois documentos da família Taunay que despertaram especial interesse por parte dos pesquisadores internos e externos ao museu: a caderneta de notas de Adrien Taunay, artista de origem francesa conhecido principalmente por participar na expedição Langsdorf, e o álbum de desenhos “Viagem Pitoresca ao Mato Grosso” de Alfredo d’Escragnolle Taunay, o Visconde de Taunay, que durante sua vida exerceu importantes atividades políticas, militares e literárias. Após os processos de documentação e restauro, os documentos foram submetidos a análises por meio de refletografia de infravermelho, técnica óptica não destrutiva. As imagens mostraram camadas subjacentes em grafite, que permitiram uma nova visão dos documentos, revelando manuscritos e desenhos invisíveis a olho nú, permitindo nova leitura do material. Este trabalho foi realizado em parceria com o Instituto de Física da Universidade de São Paulo e patrocinado pelo Instituto Hercule Florence. A pesquisa aqui apresentada é resultado da convergência de metodologias de análises da Física Aplicada com metodologias da conservação e restauração de bens históricos a serviço da pesquisa nos campos da História e da Cultura Material. Samuel Augusto das Neves: engenharia, urbanismo e periodismo Ana Paula Nascimento (FAUUSP)

Samuel Augusto das Neves (1863− 1937) foi um profissional com atuação destacada e diversa por mais de 50 anos em diversos estados do Brasil, especialmente São Paulo e Rio de Janeiro. Engenheiro agrônomo, atuou em obras de infra-estrutura urbana, construções particulares e públicas, com especial destaque para o projeto vencedor do concurso da Penitenciária do estado de São Paulo (1910) e do plano de Melhoramentos de São Paulo (década de 1910). Ao lado do exercício projetual e de construção, participou ativamente de sociedades e empresas, eventos sociais e científicos. Manteve

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ainda por mais de 20 anos uma coluna diária no jornal Correio Paulistano e foi cônsul do Panamá (1909-1937). Apesar das atividades multifacetadas e de ter seu nome no período reiteradas vezes divulgado, atualmente o engenheiro é praticamente ignorado até em publicações especializadas sobre o período. A pesquisa em andamento busca, a partir do Fundo Samuel das Neves (FAUUSP) e da consulta a periódicos de São Paulo e do Rio de Janeiro, restabelecer minimamente sua trajetória de vida, tendo neste estudo de caso a ampliação do conhecimento de como engenharia, poder e sociabilidade estavam configurados em São Paulo nas três primeiras décadas do século XX. Local: sala CB12 27/07 – quarta feira – (14:00 às 18:00) A Pesquisa Documental na reconstrução da História Urbana: a Vila de Itu Anicleide Zequini

(Universidade de São Paulo)

A Vila de Itu foi considerada, em finais do século 18, como a mais importante produtora de açúcar da província de São Paulo. Era também, uma das mais populosas e importantes Vilas na rota da expansão da cultura da cana de açúcar, onde estavam concentrados um grande número de Engenhos e proprietários agrícolas, os Senhores e Senhoras de Engenho. A riqueza gerada por aquela economia refletiu diretamente na urbanização da localidade. Além das construções de importantes igrejas e a instalação de ordens religiosas, a sua área central, notadamente, o Largo da Matriz, destacou-se pela concentração de edifícios destinados a moradias da elite econômica e dos poderes político e religioso. Destacam-se a construção de sobrados em taipa de pilão e a instalação da Câmara e Cadeia. É da reconstrução desta Historia e da dinâmica da ocupação urbana, que propõem este trabalho. Não restando mais os documentos produzidos pela Câmara local, valeu-se para esta pesquisa, da aplicação de uma metodologia baseados em informações dos registros de escrituras de compra e venda de imóveis, como também, de inventários post-mortem, ambos depositados no Arquivo Histórico do Museu Republicano Convenção de Itu. A preservação de Bens Culturais Sacros: os Museus de Arte Sacra e suas especificidades

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João Paulo Berto

(Instituto de Filosofia e Ciências Humanas/Unicamp)

O trabalho apresenta um panorama da preservação dos bens culturais de natureza sacra e suas particularidades no campo do patrimônio cultural, a partir da visão da Igreja Católica, tomando por base o espaço ocupado pelos Museus de Arte Sacra geridos por instituições eclesiásticas. Desde o início do século XX, o debate que envolve a salvaguarda destes conjuntos tem chamado cada vez mais a atenção de pesquisadores, da comunidade acadêmica e de seus próprios detentores. No Brasil, apesar de algumas iniciativas, na prática, ainda faltam normativas da hierarquia eclesiástica capazes de valorizar, democratizar e disseminar estes acervos, além de conscientizar seus detentores acerca de seus papéis na promulgação de práticas de registro e proteção. Tomando por base as diretrizes propostas pela Pontifícia Comissão para os Bens Culturais da Igreja, procura-se pensar de que modo a Igreja vem lidando com esta questão, destacando-se o contexto brasileiro. Particularmente, procura-se entender as especificidades assumidas pelos Museus de Arte Sacra criados por iniciativa eclesiástica nos debates sobre a preservação destes acervos, especialmente nas políticas de gestão e exposição. Aparências tecidas com a linha do tempo: vestimentas, memória e cultura material Ligia Souza Guido

(EMEF Profa. Vilma Fernandes Antonio)

O presente trabalho propõe uma discussão das relações entre cultura material e memória, que perpassam o âmbito das aparências, visando especialmente as roupas - objetos de uso pessoal que protegem, ocultam, mas também revelam classe e status social. Consideramos essencial abordar as questões de construção dos discursos envolvidas nos processos de patrimonialização de artefatos têxteis em museus, das relações afetivas, políticas e culturais, construídas entre sujeitos e objetos de uso pessoal, empregados na aparência. Casa Guilherme de Almeida: processos de musealização Guilherme Lopes Vieira

(Universidade Federal de São Paulo)

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Este estudo analisa os principais aspectos que o processo de musealização inferiu ao imóvel e a coleção do museu-casa que homenageia a trajetória profissional e intelectual do escritor Guilherme de Almeida (1890-1969). A musealização pode ser entendida, entre outras possibilidades, como o fenômeno de ressignificação que atribui valor aos artefatos da cultura material, tornando-os objeto de museu. No que diz respeito aos museus-casas, a musealização é ascendida em complexidade, na medida em que o imóvel e os itens colecionados, arraigados ao patrono do museu, devem compor a narrativa biográfica que norteara a museografia desse espaço de memória. Portanto, este estudo indicará as potencialidades da musealização de um museu-casa, preocupando-se em evidenciar que os museus não devem ser observados pela aura de detentores de verdades absolutas, mas como um espaço institucionalizado de intermediação entre artefatos que antes inseridos na sociedade possuíam uma utilidade funcional, e que agora em um museu, estão propensos a agenciamentos institucionais promovidos por sujeitos e suas demandas do presente sobre o passado. CONDEPHAAT: Revisão do tombamento do Hospital Umberto I Elisabete Mitiko Watanabe

(Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico)

O Hospital Umberto I – ou antigo Hospital Matarazzo – situado na Al. Rio Claro nº 190, Bairro Bela Vista, na Cidade de São Paulo é bem tombado pelo CONDEPHAAT por meio da Resolução SC-29, de 30/07/1986. O reconhecimento como patrimônio cultural deste bem se deu pelo seu valor histórico enquanto instituição ligada à imigração italiana e de assistência à saúde que funcionou em um harmonioso conjunto arquitetônico construído para este fim. Decorridos quase 30 anos de seu tombamento, em 2014, o ato foi objeto de revisão pelo CONDEPHAAT, levando à edição da Resolução SC- 13, DE 18/02/2014. O presente artigo discorre sobre a tramitação deste processo no referido órgão, percorrendo as reflexões e os resultados do período de vigência da Resolução de tombamento. Neste processo, para além da constatação da situação física do bem tombado ao longo dos anos, é de se salientar a utilização de processos arquivados no protocolo do órgão, demonstrando a importância deste acervo documental como fonte de informação. O caso é também emblemático pela realização de uma audiência pública, ação inédita na atuação do CONDEPHAAT, que passa a considerar participação da sociedade em suas decisões.

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Os “Trastes Velhos” e a Vida Material Paulista, séculos XVIII e XIX Rogério Ricciluca Matiello Félix (FFLCH)

Procuraremos analisar a posse e o uso de artefatos domésticos antigos que compunham a cultura material brasileira - no geral - e paulista - em especifico - durante os séculos XVIII e XIX buscando compreender as suas articulações em diversas esferas da vida social. Sendo os objetos de cultura material tanto portadores de sentidos quanto conformadores de práticas sociais, utilizaremos um variado manancial de fontes, como peças musealizadas e inventários post-mortem para observar a maneira como o mobiliário serve como ativador de memórias e vetor para a produção de tradições, seja nas ocasiões de seu consumo seja nas de seu uso, preservação e legado. Utilizaremos como referencial teórico para nossa análise a “Teoria da Pátina” de Grant McCracken, buscando refletir sobre as suas vantagens e limitações de aplicação para a realidade específica de que abordamos. Trabalho e cultura material: oficiais mecânicos na Vila Real do Sabará (1750-1800) Ludmila Machado Pereira de Oliveira Torres (UFMG)

A cultura material e o trabalho estão intimamente relacionados. O trabalho modifica a natureza para produzir uma materialidade a qual nós historiadores denominamos cultura material. O “saber fazer” conceitualmente faz parte da denominada cultura imaterial, dissociados na teoria, mas juntos no cotidiano de trabalho. A dinâmica de trabalho de diversos oficiais mecânicos, produtores de objetos necessários ao cotidiano, é o tema desta comunicação. Na segunda metade do século XVIII, a Vila Real do Sabará apresentava uma diversidade em sua atividade econômica, pois havia um grande número de bens e serviços. Nos inventários os objetos se multiplicam, cadeiras, mesas, ferramentas, vestuário. O trabalho mecânico também se diversifica, não somente sapateiros, alfaiates, carpinteiros, ferreiros e ferradores há também latoeiros, caldeireiros, relojoeiros. Propomos compreender a relação entre o oficial, o “saber fazer”, a materialidade e o seu consumidor. Com enfoque nas relações de créditos dos oficiais e sua sobrevivência a partir da produção de objetos e serviços banais. Através de

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uma pesquisa documental realizada no arquivo cartorário de Sabará nos inventários, testamentos e processos cíveis. Yuyanapaq e El Ojo que Llora: para não esquecer Flávia Eugênia Gimenez de Fávari (USP)

Este trabalho é parte de uma pesquisa de mestrado (em andamento) e tem como objetivo apresentar as disputas (simbólicas e políticas) em torno de dois espaços da memória do Peru: a exposição fotográfica “Yuyanapaq: Para recordar”, criada pela Comissão da Verdade e Reconciliação (CVR) como espécie de relatório visual do período de violência política, e o monumento “El Ojo que Llora”, que está localizado em um parque movimentado no centro da cidade de Lima. Como resultado de uma recente viagem de campo ao país, a exposição e o memorial são analisados tendo em vista o seu conteúdo e o contexto de sua existência. Depois de mais de vinte e cinco anos do fim do conflito armado (1980-2000) desencadeado pela organização maoísta Sendero Luminoso que deixou cerca de 70 mil vítimas - segundo a CVR - o tema ainda é muito polêmico e espinhoso para os(as) peruanos(as) e especialmente controverso no que diz respeito à resistência de alguns atores em reconhecer as suas responsabilidades nos acontecimentos do período Local: sala CB12 28/07 – quinta feira – (14:00 às 18:00) O Aeroclube do Brasil e o Museu Aeroespacial: vestígios de uma memória quase esquecida na história da aviação brasileira Rejane de Souza Fontes (PUCRS),

Claudia Musa Fay (PUCRS)

A história não é apenas um evento no passado, mas está viva no presente e oferece indícios ao futuro. O presente trabalho, pautado num estudo de caso longitudinal que nos permitiu desenhar diversas conectividades temporais e contextuais, buscou reconstruir, através de fotografias, depoimentos e publicações da época a memória da aviação civil brasileira a partir do primeiro aeroclube aqui fundado

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em 1911: o Aeroclube do Brasil. A participação do Aeroclube na Campanha Nacional de Aviação (CNA), lançada pelo Ministério da Aeronáutica na década de 40, foi determinante para a expansão da aviação no Brasil e lançou as sementes de uma cultura aeronáutica no país. Entre as várias crises financeiras e mudanças de endereço pelas quais passou, o Aeroclube do Brasil reflete as transformações econômicas do cenário nacional do período pós-guerra e os interesses estratégicos do país em diferentes épocas. A história do Aeroclube tem muito a revelar sobre o ensino da aviação civil no Brasil e o papel da aviação nos desígnios da política nacional. Assim como, desvela, ao lado do Museu Aeroespacial, a cultura da aviação civil no Brasil e a fragilidade dos arquivos relacionados ao tema, demonstrando a ausência de políticas culturais de valorização da memória e do patrimônio histórico nacional. Discursos de um fragmento Marli Marcondes

(Centro de Memória-Unicamp)

O presente trabalho visa discutir os inúmeros discursos que permeiam a trajetória do fragmento de afresco (50 x 60 cm) que compunha a imaginária da Igreja N. Sra. Do Rosário, de Campinas, demolida em 1956. Trata-se da pintura de um anjo, executada no estilo Beuron, pelo monge alemão Thomaz Scheuchl. O estilo surgiu na Escola Alemã de Arte Sacra (1870-1940) e apresenta elementos artísticos diversos, desde a arte cristã antiga como a bizantina, entre outras. O estudo do fragmento prevê a intersecção dos discursos embutidos na iconografia sacra representada no afresco, sua feitura artística e a função social desempenhada no contexto religioso local. A viabilização do trabalho se dará a partir do estudo da iconografia religiosa, da história da Igreja N. S. do Rosário e da materialidade da obra, a partir de exames organolépticos, fotográficos (ultravioleta e infravermelho), além de exame espectrométrico de fluorescência de raios-x (FTR), que poderão detectar os elementos químicos utilizados na composição das tintas aplicadas sobre a obra. O resultado desse conjunto de análises fornecerá subsídios para a caracterização da obra, sua catalogação no arquivo e, principalmente, fornecerá elementos sobre a constituição física do objeto, norteando as práticas de conservação e restauro. O corpo em desaparição: nota sobre os retratos de prisioneiros expostos nos corredores do Memorial e Museu Auschwitz-Birkenau

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Carolina Junqueira dos Santos

(Departamento de Antropologia / USP)

O trabalho a ser apresentado parte das centenas de retratos de prisioneiros expostos nos corredores de um edifício pertencente ao campo de concentração de Auschwitz. Situados em um lugar de passagem – o corredor –, esses fantasmas fazem resistir à ideia de um corpo, de um rosto, de uma humanidade que a máquina nazista desejou eliminar, tendo ela se empenhado, sobretudo, em não deixar rastros. Essas fotografias, produzidas em caráter oficial de registro dos prisioneiros, revelam a face triste e desamparada dos corpos destinados ao desaparecimento imediato. Para além da imagem do rosto, vê-se o nome, seguido pelo número de registro, além das datas de nascimento, deportação e morte. Todos esses elementos ajudam a constituir uma memória do sujeito, mas, para além do impacto dos rostos exibidos no museu-ruína, há uma estranha concepção museográfica que optou por colocar os retratos em um corredor, local secundário que tem como função primordial ligar os cômodos principais de um determinado espaço. Aqueles corpos-fantasmas parecem agora assombrar a memória do edifício e do campo inteiro, fazendo-se presentes nas suas margens, em um lugar teoricamente invisível, o que indica que mesmo a mera disposição espacial do arquivo pode ter a potência de produzir um sentido obtuso e devastador. Intervenções Urbanas em Áreas Centrais Históricas Privatização e segregação. Os destinos da memória nascida da apropriação do espaço urbano Paula Marques Braga

(Universidade São Francisco)

Pautado na temática relativa à investigação de aspectos de intervenções urbanas em Áreas Centrais Históricas, através do estudo dos processos de intervenção aplicados ao Centro Histórico de Salvador e ao Bairro do Recife, este trabalho vincula suas análises ao estabelecimento de marcos conceituais específicos Urbanalização e Processo de Containerização do Espaço Urbano - que buscam entender estas áreas como parte das dinâmicas urbanas da cidade contemporânea e considera as questões relativas à preservação do Patrimônio Cultural, patrimônio arquitetônico e imaterial. Considerando-se o contexto investigativo voltado à Produção do Espaço Urbano e, dentro deste campo de análise, aspectos da segregação socioespacial, busca-se contribuir com este debate visto

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que as ações de renovação de áreas centrais fazem parte de um conjunto mais amplo de grandes projetos urbanos definidos pelas políticas urbanas de intervenção. Nestes percursos, em que a contemporaneidade exige novos usos aos espaços construídos, também memórias estabelecidas com o tempo podem ser alteradas. O desafio da dinâmica urbana consiste, deste modo, em conciliar a nova produção da cidade com as memórias, identidades, formas de morar e usos cotidianos que caracterizam determinadas áreas em nossas cidades. Unidos pela fé: os irmãos carmelitas em Sabará a partir de seu Estatuto Leandro Gonçalves de Rezende (UFMG)

Contrariando a proibição do estabelecimento de clérigos regulares nas Minas, os ideais das Ordens Mendicantes fizeram-se presentes nessa região, desde meados do século XVIII, quando alvoreceram as Ordens Terceiras, reunindo fiéis leigos em comunhão espiritual, fraterna e social. Em Sabará, Ordem Terceira do Carmo surgiu em 1761, momento de consolidação social e urbana. A historiografia destaca que tais associações foram instrumentos políticos e sociais de conformação da sociedade, todavia não podemos olvidar que este fenômeno é concomitante à reforma tridentina, com a valorização do leigo e a disseminação ao culto santoral. Nesta oportunidade, destacaremos os terceiros enquanto atuantes no meio urbano, realizando cerimonias devocionais, fazendo-se sentir na vila, numa visão de mundo hierárquica, de profunda afeição à pompa barroca e aos sinais visíveis da fé. A nossa principal fonte será o Estatuto, além da preciosa documentação conservada no Arquivo da Ordem. Também ressaltaremos que a Capela da Ordem Terceira do Carmo de Sabará e seu entorno são espaços de sociabilidade e de encontro, produzindo sentidos e significados, numa dimensão identitária, para aqueles que se utilizam deles, tanto como recinto de devoção quanto lugar de fascínio diante de sua elegante decoração rococó. Museus da Imigração Italiana em São Paulo: diferentes perspectivas na preservação da memória Odair da Cruz Paiva

(Departamento de História da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP)

Este artigo discute as representações sobre o patrimônio da imigração italia-

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na em museus situados nas cidades de Taubaté, Vinhedo e Louveira. Cada uma destas instituições apresenta perspectivas particulares sobre a história, memória e inserção de imigrantes italianos no contexto econômico e cultural paulista. O objetivo deste estudo é analisar o discurso presente nestes espaços museais de maneira a compreender a relação entre a cultura material exposta e a memória que se pretende fixar sobre esta corrente imigratória no presente. Neste sentido, elementos como: preservação das raízes camponesas; hierarquias sociais e elogio à história e cultura italianas são algumas das intencionalidades que informam a escolha e a utilização da cultura material presente nestes espaços. A análise destes museus faz parte de uma pesquisa mais abrangente que tem como foco central a compreensão sobre a musealização do patrimônio da imigração no Estado de São Paulo. Patrimônio cultural: modos de ver e conhecer Maria Helena Versiani (Museu da República)

O presente trabalho propõe o exame de certos sentidos e práticas em torno do que se convencionou chamar de patrimônio cultural, tendo em vista privilegiadamente duas de suas dimensões. A primeira, relacionada a sua efetividade como elemento de construção de memórias e de valores sociais. A segunda, relacionada as suas especificidades enquanto fonte de pesquisa e variável forte da produção de conhecimento. No campo do patrimônio cultural, a análise aqui pretendida privilegiará especificamente o conjunto dos bens culturais preservados em museus de história. Estes, por sua vez, sendo referidos como espaços de educação e de produção de conhecimento sobre o mundo social, que têm o patrimônio cultural que preservam como fonte primordial de pesquisa, constituindo múltiplas interações, que abarcam desde o puro entretenimento, o prazer de ver e estar, a ativação de memórias, sentimentos e identidades, entre outras tantas interações possíveis. Desafios e experiências de curadoria em museus históricos Maria Aparecida de Menezes Borrego

(Museu Paulista e Museu Republicano “Convenção de Itu”)

A comunicação visa apresentar os trabalhos de curadoria realizados no Museu Republicano “Convenção de Itu”, extensão do Museu Paulista da

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Universidade de São Paulo, para a montagem da exposição Cardápios e banquetes na Primeira República, inaugurada em novembro de 2015. Para tanto, busca discutir o papel da pesquisa e do acervo como eixos norteadores para consecução das atividades solidárias à sua realização: elaboração de problemáticas, investigação e seleção de documentação institucional, mobilização de coleções, estratégias de expografia, concepção de atividades educativas e de difusão cultural.

GT7 Memória e Educação Patrimmonial Coordenação: Aline Carvalho (Pesquisadora – Nepam-Unicamp) Maria de Fátima Guimarães (PPG em Educação-CDAPH-USF) Local: sala CB13 26/07 – terça feira – (14:00 às 18:00) A memória mora ao lado: desenhando um projeto de educação patrimonial e mediação cultural com a vizinhança do Arquivo Público do Paraná Maria da Graça Simão

(Departamento Estadual de Arquivo Público do Paraná)

Uma sociedade em permanente mudança exige que a atuação dos arquivos se firme nessa própria mudança, sempre procurando manter um papel socialmente interveniente. Uma unidade informacional governamental como o Arquivo Público do Paraná possui um vasto potencial educativo e cultural que pode e deve ser explorado em diferentes práticas, enredadas nas interfaces entre memória, patrimônio e acervos documentais. Conhecido na comunidade acadêmica, mas desconhecido na vizinhança de seu próprio entorno, o Arquivo buscou formas de se aproximar deste público diversificado. A abertura do Arquivo ao meio que o circunda, e a sua re-

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lação orgânica com o contexto social que lhe dá vida, provocou a necessidade de elaborar e estabelecer relações e conceitos para dar conta deste processo. Numa perspectiva transformadora, “se sentir em um lugar” é um modo de pertença ao mundo e uma condição para a existência e resistência neste mundo. O Arquivo, antes um espaço indiferenciado, transformase em “lugar” na medida em que o conhecemos melhor e o dotamos de valor. Este trabalho busca, pela educação patrimonial e mediação cultural centrada no patrimônio documental, desencadear um processo ativo de produção de novos conhecimentos, exercício da cidadania e apropriação da cultura, na qual ele se insere. Conhecimento e Afeto, o Museu Hoje: Programas Educativos do Museu Republicano Aline Antunes Zanatta

(Universidade de São Paulo)

O Museu Republicano foi inaugurado pelo Presidente do Estado de São Paulo, Washington Luis Pereira de Sousa, a 18 de abril de 1923 e desde então, subordinou-se administrativamente ao Museu Paulista (Museu do Ipiranga) que, em 1934 tornou-se Instituto complementar da recém-criada Universidade de São Paulo e a ela se integrou em 1963. Desde sua inauguração o acervo do Museu Republicano “Convenção de Itu” é constituído por objetos, documentação textual e iconográfica relacionados à Primeira República e História Regional. O processo de curadoria desses acervos é realizado por docentes, especialistas e técnicos, cuja finalidade é cuidar do acervo, disponibilizar instrumentos para pesquisa e desenvolvimento de projetos, além de subsidiar as ações, atividade e programas educativos. Ao reconhecer o potencial do Museu enquanto “laboratório da história”, apresentarei os resultados obtidos nestes 10 anos de trabalho junto ao educativo do Museu Republicano e a comunidade de Itu, articulando uma reflexão entre a produção de conhecimento e diversas formas possíveis de apropriação do espaço museal. Educação patrimonial e cidadania: discutindo multiculturalismo em espaços museais Alyne Mendes Fabro Selano

(UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO)

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Pretendemos discutir a dialogia entre Multiculturalismo e Educação Patrimonial, na tentativa de compreender as tessituras dessas esferas diante das demandas sociais que apresentam questões latentes a respeito de identidade e diferença na formação cidadã. Pretendemos analisar como o Museu Histórico Nacional, localizado no Centro do RJ trata a questão multi/ intercultural e destacar a relevância dessa discussão quando se pretende utilizar espaços não-formais para educar para a cidadania. Propomos, portanto, a reflexão sobre o que esse patrimônio representa? Quais são os discursos imbricados em seu espaço? A que tipo de cultura se refere? E num panorama de experiência educacional, nos perguntamos: será que todos os alunos são capazes de se sentirem representados nesse espaço? Para analisar esse cenário e criar condições para que os alunos, enquanto cidadãos em formação, identifiquem esse tipo de dominação e pressionem pela valorização de sua própria cultura, é primordial que se estude e coloque em prática o multiculturalismo crítico, para que se garanta o reconhecimento das várias culturas imbricadas num mesmo contexto social e provoque no aluno, através de ações pedagógicas a sensibilização necessária para que ele se reconheça como ser histórico e se torne atuante na sociedade. Entretecendo Memórias e Histórias da/na Ilha de Santa Catarina Elison Antonio Paim (UFSC)

O projeto de pesquisa “Escola e patrimônio cultural: entretecendo memórias e histórias da/na ilha de Santa Catarina” financiado pela Fundação de Amparo a Pesquisa de Santa Catarina (FAPESC) entrecruza cidade, memória, patrimônio, educação patrimonial e ensino de História. Investigamos os diferentes saberes, fazeres e experiências amalgamadas na produção do conhecimento histórico escolar; bem como buscamos identificar como a cidade, as memórias e os patrimônios são agenciados na produção dos saberes escolares a partir da investigação do trabalho docente em instituições públicas de educação básica. Pretendemos ampliar o campo de pesquisa sobre o ensino de História, procurando identificar o conjunto de saberes que formam a cultura escolar e em que medida as políticas oficiais, os projetos dos professores, os livros didáticos, as práticas docentes e as políticas públicas da educação se aproximam ou se distanciam da cidade, das memórias e dos patrimônios. Trabalhamos concomitantemente em múltiplas frentes para a coleta das informações documentos e entrevistas. Os documentos e

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Políticas Públicas de Educação que expressam orientações para o trabalho com as temáticas da pesquisa. Entrevistas com os professores e as professoras das escolas. Análise de materiais didáticos. Identidade histórica: alfabetização, memória e patrimônio imaterial Valter Andre Jonathan Osvaldo Abbeg (Unifesp)

O presente trabalho analisa experiências realizadas com educação histórica na perspectiva da construção de uma consciência histórica (Rüsen), nos anos iniciais do ensino fundamental. Enfocando a questão da genealogia e a construção de uma percepção de identidade histórica a partir de suas matrizes familiares. Foi empregada a metodologia de investigação, argumentando, aguçando e ampliando os saberes já constituídos pelos educandos, quanto ao universo escrito; baseado na dimensão do inquérito, no qual os educandos seriam os investigadores familiares, agrupando não apenas nomes, resultado pragmático de uma genealogia vulgar, mas procurando informações, relatos, documentos, fotografias, utensílios, que foram utilizados pelos próprios alunos como fontes para constituição do seu saber histórico. Mais que reconstruir o conhecimento histórico familiar, abriu-se a possibilidade de interpretação de sua própria identidade histórica, uma análise do patrimônio imaterial, sua composição e interposições no decorrer de sua história de vida. Como resultados, observouse uma ressignificação da concepção pessoal de história, e como se produz história, uma vez que o educando pode realizar e modificar seu discurso sobre a família a partir do estudo das fontes coletadas significadas e ressignificadas. Patrimônio arquitetônico e a Educação Patrimonial Samantha Ávila Pinto (FURG)

A presente investigação faz parte da caminhada desta docente como parte da pesquisa de mestrado desenvolvida no Programa de Pós-graduação em História da FURG, no Mestrado Profissional em História, Pesquisa e vivências de ensino-aprendizagem, sob a orientação da Profa. Dra. Vivian da S. Paulitsch. Têm-se por sujeitos desta pesquisa a Igreja Nossa Senhora do Carmo em Rio Grande, envolvendo uma investigação histórica e arquitetônica da

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mesma atrelada ao ensino de história; de igual modo, aproximadamente 30 alunos do ensino fundamental II da Escola Adventista de Rio Grande. A pesquisa busca através das práticas docentes despertar nos educandos o interesse pelo patrimônio edificado local, pelas pluralidades culturais que compõem nossa sociedade e por fim o (re) conhecimento da história da cidade e de sua própria a partir dos esclarecimentos acerca da história local a que usufruem e do ensino-aprendizagem com bases na arquitetura da cidade. Apresenta-se também como objetivo disponibilizar material de pesquisa, turístico e de fazer pedagógico interdisciplinar para educadores de história e áreas afins, a fim de que possam também proporcionar a seus educandos as discussões acerca do patrimônio local e das pluralidades culturais. Produção da História Viva: experiências de uso do Patrimônio e da Memória Marcia Cristina Pinto Bandeira de Mello (Colegio Pedro II)

O presente trabalho tem como objetivo central, expor algumas das possibilidades do uso da História para a Educação Patrimonial, na escola. Professora do Colégio Pedro II, há mais de vinte anos, pude experimentar junto ao Laboratório de Ensino de História, do Campus São Cristóvão III, no Rio de janeiro, projetos, muitos desses realizados e construídos por alunos do Ensino médio, na área de Patrimônio. Na verdade optei por expor apenas dois desses projetos, que foram pensados e colocados em prática visando dar a História vida dentro e fora da escola. Portanto falo da cidade do Rio de Janeiro e discuto o uso da paisagem como documento histórico. Rastros da cidade, do espaço, do tempo: diálogos ao caminhar pelos trilhos da Estrada de Ferro Santos a Jundiaí Tamires Freire Silva

(Universidade São Francisco)

O caminho pela cidade de Jundiaí traz as marcas da ferrovia. A Estrada de Ferro Santos a Jundiaí, cujas atividades iniciaram-se em 1867, foi o primeiro trecho ferroviário a entrar em funcionamento no estado de São Paulo. Um marco crucial no desenvolvimento da cidade e da região. A história da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí e toda a documentação e registros escritos a

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seu respeito são parte essencial para a compreensão da história jundiaiense. Voltamos nosso olhar a um ponto de Jundiaí: o Complexo FEPASA. Espaço que abriga o Museu Ferroviário e a Biblioteca Ferroviária. O caminhar por entre o Complexo FEPASA é guiado por um olhar presente que busca nas marcas do passado referências e instaura possibilidades significativas para a análise da história local e a construção de conhecimento histórico educacional. Tomamos “a cidade, a memória e o patrimônio cultural, em escalas mais amplas, na modernidade” (BENJAMIN) e interessamo-nos pelas questões das sensibilidades urbanas contemporâneas. Problematizamos neste artigo as potencialidades de diálogos entre as percepções de memória e patrimônio cultural e a (não) educação a partir das fontes documentais da história da ferrovia, a partir do acervo encontrado no Complexo FEPASA. Local: sala CB13 27/07 – quarta feira – (14:00 às 18:00) A educação das sensibilidades: do patrimônio arquitetônico ao fluxo dos corpos Wesley Baptista

(Universidade São Francisco)

Toda cidade pode ser estudada por suas características físicas e formais, mas também pelo processo de significação, ocupação e destinação do espaço, que não é neutro, é plural, polifônico e polissêmico. O traçado das ruas, a localização dos lugares de lazer, moradia e trabalho, bem como dos imóveis considerados patrimônio cultural indicam que tal espaço acolhe a conformação de territórios e fronteiras em conexão com o fluxo de corpos e interesses distintos, atravessados por tensões, disputas e conflitos, matizados por símbolos, percepções e sensibilidades. Logo, o viver urbano propicia e mobiliza diferentes experiências que trazem indícios de uma educação dos sentidos. Nesta pesquisa focalizaremos as Praças José Bonifácio e Raul de Aguiar Leme, ambas ladeadas por imóveis tombados e situadas em Bragança Paulista, buscando identificar e compreender as experiências e sensibilidades urbanas acerca dos jovens que transitam por tais praças, na relação com o patrimônio arquitetônico, no período de 2000 a 2015. Para tanto, estamos pesquisando os autos de tombamento dos imóveis que ladeiam estas praças, os periódicos locais e o arquivo da Câmara Municipal, em franco diálogo com as contribuições de Benjamin, Bresciani, Gay, Galzerani, Guimarães, Pesavento, Taborda e Thompson.

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A Educação Patrimonial em empreendimentos de grande impacto: uma reflexão sobre memória Isabella de Faria Bretas (Fundação Aroeira)

O conceito e entendimento a respeito de patrimônio devem estar associados à educação, à cidadania e à memória. É com base nessa afirmação que a Fundação Aroeira realiza suas atividades de Educação Patrimonial em grandes empreendimentos, confeccionando material pedagógico e realizando minicursos que promovem a reflexão sobre a memória da comunidade impactada. Como pesquisadores da instituição e responsáveis pelo desenvolvimento de atividades ligadas a Educação Patrimonial de variados projetos, a equipe de autores do presente resumo tenciona demonstrar a metodologia aplicada em campo com o intuito de valorizar a memória como meio de instituir patrimônios materiais e imateriais de determinada localidade. Rememorações: a sensibilidade do olhar narrativas e experiências dos esquecidos escolares como formadoras de conhecimentos históricos na modernidade em Chapecó de 1970 a 1980 Marina Luz Rotava Paim (Universidade São Francisco)

Este trabalho pretende rememorar o período de 1970 a 1980 da modernidade de Chapecó, cidade do oeste de Santa Catarina, pelas narrativas e experiências de sujeitos esquecidos do meio escolar. A singularidade desta pesquisa apresenta-se na sensibilidade do olhar para esses sujeitos esquecidos e silenciados, os zeladores como parte desse meio, valorizando suas experiências como formadoras de conhecimentos históricos. Fundamenta-se esse trabalho a partir do pensamento de Walter Benjamin e de Thompson sobre a modernidade, devido os matizes do período escolhido sobre a industrialização e modernização da referida cidade. Buscando uma outra história, a partir daquilo que foi silenciado, esquecido ressaltando a importância do sujeito como formador e parte desta. Para isso, desenvolveremos entrevistas semiestruturadas com os zeladores das escolas desse período, tomando como aporte a História oral em diálogos com Portelli. Nos possibilitando (re) conhecer sobre essa modernização e industrialização da cidade de Chapecó, os quais nos sãos (des) conhecidos, desvelando experiências e memórias dos zeladores.

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Educação Patrimonial e Memória: uma discussão conceitual e prática Ana Paula Moreira Pinto (Universidade de Brasília)

Por meio da Portaria nº. 230, de dezembro de 2002 do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), estabelece-se a obrigatoriedade de Programas de Educação Patrimonial. No município de São Pedro do Ivaí está sendo construída uma Subestação de Energia Elétrica de 138 kV pela Companhia Paranaense de Energia (Copel). No município em questão foram realizadas atividades de Educação Patrimonial pela Fundação Aroeira, com o objetivo de sensibilizar a comunidade em preservar seus patrimônios culturais. Para que ocorra uma educação que permita ao indivíduo compreender a formação e origens de seus bens culturais é necessário abordar a memória individual e coletiva, pois é a partir dela que se constituem e dão significados aos patrimônios. Almeja-se, dessa forma, abordar as memórias dos moradores de São Pedro do Ivaí como fator fundamental para a realização da Educação Patrimonial. Local: sala CB13 28/07 – quinta feira – (14:00 às 18:00) Sem atividade

GT8 Memória, História Pública e Migrações Coordenação: Ricardo Santhiago (FCM-Unicamp)

Olga Von Simson

(CMU-Unicamp)

Valéria Barbosa de Magalhães Local: sala CB14 28/07 – quinta feira – (14:00 às 18:00)

(EACH-USP)

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Alimentação e memória árabe na área central da cidade de São Paulo: uma reflexão contemporânea Alfredo Ricardo Abdalla (Hotec)

Maria Luiza Bullentini Facury (Hotec)

Este estudo da hospitalidade e comensalidade árabes na cidade de São Paulo centra-se em aspectos que, hoje, talvez nem sejam notados pelo brasileiro contemporâneo, que absorveu e mesclou a cultura árabe a seus costumes. Procura verificar a percepção do paulistano comum ao passar pelo centro velho de São Paulo, que se alimenta de acepipes árabes da mesma forma e com as mesmas intenções de quem se alimenta de fast food, sem perceber ou se dar conta dos movimentos históricos e culturais vividos neste centro velho em relação à afirmação da imigração árabe nesta cidade e neste país. Demarcou-se tal local por ser o epicentro de toda a imigração árabe na cidade. Truzzi (1991; 2009) relata a formação deste espaço como ícone de manifestação da etnia árabe. Para fundamentar as várias etnias e seus movimentos migratórios, que hoje ocupam o centro velho, descaracterizando-o, usou-se PAIVA (2011) e NORA (1993) para se identificar e estudar os lugares de memória e sua dinâmica para com o paulistano. A educação dos trabalhadores e trabalhadoras do PCB de 1920 a 1950 Lilian Zanvettor Ferreira

(Faculdade de Educação - Unicamp)

A presente pesquisa buscou, através da inserção em fontes documentais de natureza variada, compreender os espaços de educação da classe trabalhadora paulistana entre 1920 e 1950, mais precisamente entre os trabalhadores e trabalhadoras militantes do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Foram consultados os números dos jornais colaborativos “A Classe Operária”, cartas, fotografias, memórias escritas de velhos militantes, assim como as memórias orais de seus filhos e netos. A inserção nos dados sugeriu que os espaços de participação política foram também compreendidos como espaços de educação e de resistência formativa. Para a classe operária da cidade de São Paulo do inicio do século, prioritariamente imigrante, sujeitas a precárias condições de vida e trabalho, o ensino formal não era uma realidade. A educação

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oficial começa a dar os primeiros passos no ideário de universalização, porém ainda é restrita e não atinge a todos. Como forma de resistência popular, no entanto, a educação surge por outros vieses: o partido, o sindicato, os jornais colaborativos, o ensino mutuo, as agremiações populares. A Divisa Internacional Brasil-Bolívia, no Sudoeste de Mato Grosso: um estudo sobre a territorialidade na fronteira Jucineth Glória Espírito Santo Vital de Carvalho (UFSCAR)

O presente texto resulta de um processo de pesquisa ainda em curso, que objetiva identificar e estudar as principais questões de cunho socioeconômico, político e geopolítico presentes num trecho da fronteira física Brasil-Bolívia, na porção sudoeste do estado de Mato Grosso. A região de estudo denomina-se Ponta do Aterro, bem como, parte de suas cercanias, localiza-se no município de Vila Bela da Santíssima Trindade, entre os municípios de Pontes e Lacerda e Porto Espiridião, dentro da Amazônia legal. O recorte temporal do estudo abrange o período de 1940-2012. A investigação se propõe a tecer uma análise sociológica e discutir a questão da territorialidade social construída pelos sujeitos fronteiriços na região delimitada, composta por: trabalhadores rurais, pequenos produtores, fazendeiros e os povos tradicionais, mestiços, denominados “Chiquitano”. Os resultados preliminares da investigação apontam que a região configura-se num espaço de confrontos e disputas, de enfrentamentos nos dilemas cotidianos, que se fazem presentes nas relações sociais e nos modos de ser e viver daqueles sujeitos. A heterogeneidade Brasileira no Sul da Flórida Valeria Barbosa de Magalhães (Universidade de São Paulo)

A imigração brasileira para o Sul da Flórida apresenta algumas características específicas em relação a outras partes dos Estados Unidos. Partindo da premissa de que a imigração de brasileiros para o exterior é um fenômeno heterogêneo, o caso do Sul da Flórida desorganiza tudo o que se sabe sobre brasileiros na América e põe em cheque reflexões generalizantes sobre a possibilidade de existir um único “ser brasileiro” nos Estados Unidos. Esta apresentação visa apresentar algumas características gerais da imigração brasileira para essa região dos Estados Unidos, descrevendo sua heterogeneidade. Os dados são parte do

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projeto “O Brasil no Sul da Flórida: diversidade e memória”, financiado pelo CNPq e coordenado por Valéria B. Magalhães, no GEPHOM/USP. A pesquisa é baseada em fontes diversas, tendo por método principal a história oral, com ênfase nos aspectos da memória coletiva da imigração. Arquivos, Memória e o Ensino Superior no Campo de Públicas José Renato de Campos Araújo

(Escola de Artes, Ciências e Humanidades - EACH-USP)

Agnaldo Valentin

(Escola de Artes, Ciências e Humanidades - EACH-USP)

O Brasil durante a última década viu emergir um número grande cursos de graduação com denominações das mais variadas – Gestão Pública, Gestão de Políticas Públicas, Políticas Públicas entre outras, além da denominação mais tradicional – Administração Pública. Em comum, estes cursos buscam qualificar quadros técnicos para o Estado brasileiro. Com isso, este artigo tem por objetivo fazer uma reflexão sobre como o papel dos Arquivos Públicos e a questão da Memória do Estado inserem-se (ou não) nestas novas formatações de cursos de graduação, que vêm formando Gestores Públicos que com certeza terão contato direto com questões relativas à Gestão Documental, Arquivos Públicos, Memória do Estado entre outras. Nosso objetivo último é fazer uma reflexão sobre como as questões relativas a Arquivos e Memória não são percebidos como parte do conhecimento necessário para a formação de Gestores e/ou Administradores Públicos no Brasil, demonstrando como a Gestão de documentos e arquivos nunca foram pensadas como centrais para a Gestão Pública brasileira, o que sem dúvida tem reflexos diretos na construção destes cursos de graduação. Por fim, pretendemos apontar como os Arquivos e a Memória do Estado precisam se deslocar para o centro da formação dos alunos de graduação do Campo de Públicas. Os Refugiados da Segunda Guerra e a perspectiva dos Ritos de Passagem: “Você era um Estranho e o Brasil o Acolheu?” Guilherme dos Santos Cavotti Marques (UERJ - FFP)

Este trabalho tem por objetivo analisar o processo imigratório dos refugiados da Segunda Guerra Mundial que optaram pelo Brasil enquanto país de destino e passaram pela Hospedaria de Imigrantes da Ilha das Flores. Nossa análise

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estará em estreito diálogo com a teoria proposta por Arnold Van Gennep, qual seja, “os ritos de passagem”, procurando compreender o processo imigratório como uma longa e complexa marcha de transitoriedades, que indubitavelmente, refletirá na identidade do “ser transicional”, do ser imigrante. Sem perder de vista o contexto mais amplo no qual tais deslocamentos se processaram, enfatizamos em nosso estudo o elemento particular, ou seja, as contribuições trazidas por aqueles que vivenciaram tal processo, que através da história oral, demarcam as singularidades que permeiam a ação de imigrar. Pés de obra na Europa: experiências e memórias de futebolistas brasileiros negros Marcel Diego Tonini

(Universidade de São Paulo)

Esta pesquisa propõe um estudo sobre o fenômeno do racismo e da xenofobia na sociedade europeia por meio das histórias de vida de alguns futebolistas brasileiros negros que atuaram no continente europeu a partir da década de 1960. Procurei entrevistar aqueles atletas que tiveram enorme sucesso na carreira, que jogaram pelos grandes clubes do futebol brasileiro, que disputaram as maiores competições europeias e que vestiram a camisa da Seleção Brasileira, inclusive em Copas do Mundo. São profissionais que atuaram em distintas épocas (da década de 1960 até hoje) e países (Inglaterra, Espanha, Alemanha, Itália, França, entre outros). Através da constituição de documentos inéditos, em cujos textos estão expressas as experiências e as memórias desta comunidade de destino, almejo relacionar o problema da negritude no futebol em vista de um contexto social mais amplo, o qual tem como pano de fundo a globalização e as migrações internacionais. Selecionarei, nesse sentido, alguns temas recorrentes nas narrativas, os quais dizem respeito à própria trajetória de vida e profissional, ao movimento migratório e evidentemente ao racismo e à xenofobia. A dimensão virtual do conjunto: explorando o uso de plataformas de jogos para o registro e popularização do patrimônio edificado Guilherme Rodrigues Bruno

(Universidade Federal da Fronteira Sul)

Karolyne Viebrantz

(Universidade Federal da Fronteira Sul)

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O presente artigo relata o desenvolvimento da pesquisa “Processo inventarial do patrimônio edificado rural do Alto Uruguai gaúcho: inventários de patrimônio contra as invenções de memórias”, desenvolvido com apoio do Programa Institucional de Bolsas de IC da UFFS, Campus Erechim (RS). Nele, trabalha-se com objeto de estudos composto por edificações religiosas e estruturas industriais obsoletas, localizadas na zona rural das cidades da Região do Alto Uruguai, norte do Rio Grande do Sul, utilizando como método de registro a modelagem computacional interativa, por meio do software para desenvolvimento de jogos, recentemente tornado de livre acesso, “Unreal Engine”. O objeto complementa o patrimônio urbano, por serem lugares de memória chave na compreensão de todo o processo de ocupação humana, no choque entre diferentes fases, sucedidas num curto recorte de tempo. O método dá conta da necessidade de registrar, visualizar e tornar atraente a apropriação desse conjunto patrimonial e sua história. Avaliou-se que um livro, pelo mais bem ilustrado e inteligentemente diagramado que fosse, pela sua linearidade e fixação, não conseguiria transmitir a noção de conjunto dessas construções, que evoluíram no tempo, esparsas por um território rural amplo e de difícil acesso.

GT9 Memória e Instituições Escolares Coordenação: André Luiz Paulilo (CME/FE/Unicamp)

Local: sala CB15 26/07 – terça feira – (14:00 às 18:00) A construção da memória da educação da profissional do estudante surdo a partir da construção do léxico terminológico Vera Lúcia de Souza e Lima (CEFET-MG)

A questão da diversidade e da responsabilidade social ganha destaque no

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âmbito escolar do século XXI. Este trabalho apresenta aspectos da educação profissional ainda pouco discutidos no País: a educação profissional do estudante surdo. A construção da memória da educação da profissional do estudante surdo é complexa, pois precisa partir da construção do léxico. Apresenta a importância do léxico terminológico, bilíngue e bimodal - Língua Portuguesa e a Libras - objetivando a profissionalização do estudante surdo. O CEFET-MG vem desenvolvendo, desde 2008, projetos de pesquisa, tendo como bolsistas de iniciação científica estudantes surdos de nível médio. Uma história de apenas oito anos. A escassez do léxico especializado em Libras constitui-se como importante barreira ao progresso do estudante surdo que almeja alcançar níveis acadêmicos superiores. A falta de proficiência em Língua Portuguesa ou em Libras bloqueia em grande parte a possibilidade de comunicação dos surdos. O dicionário de língua geral, em Libras, possui menos de 10.000 verbetes, enquanto o de Língua Portuguesa ultrapassam os 230.000. A legislação que rege a oficialização da Libras é de 2002, portanto, recente no Brasil, nesta medida, a educação do surdo carece de registro institucional na memória escolar. Acervos da educação e da escola em Centros de Memória e Documentação André Luiz Paulilo

(Faculdade de Educação da UNICAMP)

O propósito de compreender os modos de dar registro histórico para as práticas de formação e ensino anima as reflexões que se seguem. Trata-se de um estudo das maneiras como os centros de memória e documentação da educação organizaram seus acervos sobre a escola e os processos de escolarização. Portanto, não se pretende mais que comparar arranjos documentais, tanto do ponto de vista da sua tipologia quanto da lógica de preservação. Nesse sentido, foi especialmente útil, por um lado, inventariar experiências de arquivamento da escrituração escolar, dos materiais usados pela escola e das pesquisas sobre a escola e a educação. Por outro, distinguir os perfis de organização dos acervos acerca da história e da memória da escola e da educação serviu para relacionar modelos arquetípicos daquilo que tem sido possível realizar. Como resultado, penso ter delineado uma amostragem oportuna para explicitar, problematizar e discutir as diferenças referentes àquilo que os centros de memória e documentação da educação fazem ou à maneira como estão estruturados.

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Arquivo pessoal de professores: o caso de Júlio César de Mello e Sousa Claudiana dos Reis de Sousa Morais (Universidade Estadual de Campinas)

A proposta deste trabalho é apresentar uma pesquisa realizada no arquivo pessoal de Júlio César de Mello e Sousa, o acervo “Malba Tahan”, que se encontra no Centro de Memória da Educação da Unicamp (CME/UNICAMP). Este acervo compreende cerca de 15.000 documentos, distribuídos em treze unidades de arquivamento. Para este trabalho usaremos a primeira unidade que corresponde 56 cadernos de arquivo, com 4010 documentos. Tendo em vista que este trabalho parte de uma pesquisa com o objetivo de entender como os arquivos pessoais ajudam a pensar a carreira do professor, acreditamos que o acervo “Malba Tahan”, que abrange uma grande variedade de documentos, livros e objetos, representa uma fonte de pesquisa com valiosas informações. Para isto, a problemática é distinguir a documentação proveniente do exercício da docência, com a ideia de compreender como estes arquivos pessoais ajudam a pensar sua prática docente e ainda como poderá repercutir na forma como Mello e Souza ensinou. Este trabalho está fundamentado nas perspectivas de análise de Carvalho e Nunes e de Camargo acerca dos arquivos, além das perspectivas de análise da memória trazidas por Le Goff, Nora, Artières e Ribeiro. Educação e cultura no Brasil: Humberto Mauro e o Instituto Nacional de Cinema Educativo Anderson Ricardo Trevisan (UNESP)

Os anos de 1930 marcam um período fértil nas discussões sobre a questão da educação no Brasil, uma vez que seria essa uma das chaves de construção da nação. Um dos caminhos trilhados nesse projeto seria associar a educação à cultura, no sentido de propagar a ideia de um caráter nacional. O cinema educativo foi um dos meios utilizados nesse projeto, a partir da criação do Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE), em 1937. Tendo o antropólogo Roquette-Pinto como diretor, o Instituto tinha como tarefa construir uma imagem oficial da nação. Essa “missão” coube especialmente a Humberto Mauro, um dos primeiros cineastas bra-

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sileiros, que dentro do INCE criou centenas de filmes. Aqui discutirei as suas Brasilianas, série composta de sete curtas-metragens dedicados à cultura popular, com temas que tratavam do folclore à poesia romântica nacional. A partir dessa institucionalização da memória nacional-popular, que apresentava um caráter essencialmente rural, Humberto Mauro torna-se um dos propagadores de uma visão de nação, criando imagens destinadas especialmente a um público em idade escolar. Nesse sentido, problematizar esses discursos fílmicos é fundamental para que o cinema de Humberto Mauro torne-se uma ferramenta de compreensão das questões educacionais no Estado Novo. Memória política dos movimentos de renovação educacional em instituições primárias de Santa Catarina, 1911-1945: o aspecto híbrido na prática educativa entre o tradicional e o escolanovista Ana Paula da Silva Freire (UFSC)

Elison Antonio Paim (UFSC)

Este estudo se dedica à memória das instituições primárias, considerando elementos históricos influentes na sua organização política, social e cultural. O objetivo é desvelar a memória dos movimentos de renovação educacional e a presença histórica e natureza dos modelos didático-pedagógicos de educação tradicional e a transposição para aqueles vinculados à Escola Nova. O âmbito cronológico é delimitado pelo conjunto de reformas que teve início em 1911 e pelo fim do Estado Novo, 1945, que podem ter contribuído para uma determinada memória política dos movimentos de renovação em instituições primárias de Santa Catarina. A metodologia é embasada em documentos de acervos escolares, do Museu da Escola Catarinense e do Arquivo Público do Estado de Santa Catarina. Os resultados sinalizam a constituição de um processo histórico de produção e legitimação de uma memória escolar peculiar que se expressa no tensionamento entre as práticas educativas historicamente instaladas e as prescrições reformistas do período. Embasam a afirmação de que foi sendo gradativamente instituída uma prática educativa híbrida. E tal hibridismo foi matizado pela simultânea presença do que se classifica como tradicional e do que foi oriundo das propostas escolanovistas.

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Os Equipamentos dos Cursos Técnicos da Escola Rosa Perrone Scavone – Itatiba – SP, das Décadas de 70 e 80 Anderson Wilker Sanfins

(ETEC Rosa Perrone Scavone)

Esse trabalho busca analisar a história dos equipamentos utilizados nas aulas práticas pelos alunos e professores da Escola Técnica Estadual Rosa Perrone Scavone, localizada em Itatiba, SP, pertencente ao Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza. A Escola Técnica entrou em funcionamento em março de 1950, com os cursos práticos profissionais de mecânica, marcenaria e corte e costura, que funcionaram até a década de 70, quando foram criados os cursos Técnicos Industriais. Segundo Granato e Lourenço (2011), o Patrimônio Cultural da Ciência e Tecnologia, do ponto de vista da tutela, encontra-se em situação vulnerável, de abandono, sujeito a arbitrariedade e em risco de danos irreversíveis ou mesmo perda irremediável. A escola conseguiu preservar muitos equipamentos das décadas de 70 e 80, ainda em funcionamento, principalmente dos cursos de Eletrônica e Mecânica, o que nos permite uma visão diferenciada e a possibilidade de enriquecimento das práticas escolares e pedagógicas do ensino profissional, além de contribuir com a memória institucional. Pesquisando uma escola, encontrando uma professora: D. Maria Amélia Jacobina, primeira professora da Escola das Officinas Adriana Valentim Beaklini

(Universidade do Estado do Rio de Janeiro)

Analisar o processo de pesquisa que permitiu conhecer a história de vida da professora D. Maria Amélia Jacobina. Durante a elaboração do doutorado, ainda em andamento, sobre o processo de escolarização nas oficinas, localizadas no bairro do Engenho de Dentro/RJ, da Estrada de Ferro D. Pedro II, deparei-me com a primeira professora da escola de primeiras letras deste local. Dois dados chamaram a atenção: primeiro, por ela ser durante vários anos uma das duas mulheres que integravam o quadro de funcionários da Estrada de Ferro. Como a inserção em um meio masculino refletirá em suas ações? E segundo, seu sobrenome, Jacobina. Existia uma relação de proximidade entre a família Jacobina e a família de Rui Barbosa, importante intelectual brasileiro que pensou e teceu propostas sobre a educação brasileira, e depois se uniram aos Lacombe através do casamento. Ambas as famílias eram influentes e tradi-

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cionais na política e na educação. As fontes privilegiadas são 36 cartas localizadas na Fundação Casa de Rui Barbosa, escritas por Maria Amélia para seus familiares onde é possível fazer considerações sobre o processo de admissão na escola, a profissão docente e a vida da mulher no século XIX. Reformas de Instrução Pública (Santa Catarina, 1911 – 1942) – balanço de produção e memórias de movimentos de renovação educacional Carolina Cechella Philippi

(Universidade Estadual de Campinas)

Esta proposta responde à pesquisa de doutorado desenvolvida na Faculdade de Educação da UNICAMP, orientada pelo prof. André Paulilo. Seu objetivo é recuperar o estado da arte sobre a memória dos movimentos de renovação educacional em Santa Catarina entre 1911 e 1942. Para tanto, lista os diferentes entendimentos, mapeia as problemáticas e discute os resultados das compreensões acerca da matéria. Toma como fontes: teses, dissertações e livros, além da documentação obtida no arquivo Público de Santa Catarina (requerimentos, comunicados e minutas); na Biblioteca Pública do Estado (boletins e periódicos educacionais); e no Setor de Obras Raras da Biblioteca da Universidade Federal de Santa Catarina (periódicos e outras publicações). Busca contribuir com os estudos sobre a memória historiográfica de movimentos de renovação educacional e situa a produção bibliográfica acerca das Reformas de Instrução Pública – trabalho útil ao doutorado em curso. Trata-se, pois, de uma revisão bibliográfica retomada para a escrita deste artigo, objetivando a proposição de uma reflexão acerca da memória historiográfica de movimentos de renovação educacional no estado ao longo deste recorte temporal. Local: sala CB15 27/07 – quarta feira – (14:00 às 18:00) Biblioteca Central PUC-Rio: 50 anos de memória e patrimônio na comunidade Tatiana dos Santos Rodrigues Laurindo

(PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DO RIO DE JANEIRO)

No ano de 2015, a Biblioteca Central (BC) da Pontifícia Universidade Cató-

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lica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) completa 50 anos de existência. O presente trabalho endossa a trajetória desta instituição que tanto contribui para formação acadêmica em várias instâncias. Sua permanência corrobora para produção de conhecimento científico dentro e fora do contexto nacional. Os diversos tipos de suportes informacionais existentes relatam e representam a memória e o patrimônio deste laboratório de produção de conhecimento. Baseando-se na excelência da PUC-Rio, a BC é uma peça primordial neste cenário educacional, o que torna válido e digno descrever sua história apresentando propostas para um futuro eminente. As práticas biblioteconômicas têm sofrido inovações e adaptações mediante as novidades tecnológicas do século XXI, o que aponta a necessidade de realizar diagnósticos das práticas ligadas à preservação dos diversos tipos de suportes informacionais. Para transcrição histórica da BC foram pesquisados dados documentais: bibliográficos, fotográficos e também relatos orais em parceria com o Núcleo de Memória da PUC-Rio. Diante do exposto, o objetivo do presente trabalho é resgatar valores históricos e a identidade da BC PUC-Rio, no período de 1965 a 2015. Centros de Memória: Um estudo de multicasos na UFMG Clausi Maria do Porto Gomes (UFMG - Escola de Engenharia)

O presente artigo, desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica, documental, consulta a sites, folders, documentos diversos e visitas aos onze centros de memória da UFMG, apresenta um apanhado teórico sobre a evolução do conceito de informação para a Ciência da Informação, bem como a análise de como os centros de memória da UFMG tratam este conceito e se estão levando em conta aspectos como função social da informação e impactos culturais em seu trabalho no dia a dia. Questiona-se, também, se os centros de memória da UFMG são realmente centros de memória em sua concepção e aplicação e conclui-se que: (i) há uma particularização das experiências dos centros de memória e essa particularização pode ser resultado de uma ausência de política institucional para os referidos centros; e (ii) poucos centros de memória da UFMG estão levando em conta os impactos culturais e a função social da informação em seu trabalho cotidiano de divulgação. Estudo histórico-social da gestão dos diretores da FCM/ Unicamp, 1963 – 2014: análise dos fundamentos teóricos e metodológicos da pesquisa.

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Ivan Luiz Martins Franco do Amaral (FCM/Unicamp)

A proposta deste trabalho é apresentar a metodologia da pesquisa iniciada neste ano, que se refere ao estudo histórico-social da trajetória das gestões dos diretores da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desde 1963 a 2014. A pesquisa remete ao campo da sociologia das organizações e da gestão das instituições, e o estudo busca conhecer as ações administrativas dos gestores da instituição. Busca-se cotejar a gestão com as questões referentes ao ensino superior das ciências da saúde, com dados biográficos dos diretores, e o momento histórico da instituição, no período em que desenvolveram suas atividades. A FCM foi criada em 1963 e nestes 50 anos apresentou diferentes aspectos em relação a sua estrutura administrativa e curricular, tendo passado por ela 14 gestões. Trata-se de um estudo sócio histórico a partir da sua administração. O material a ser analisado ao longo desta pesquisa compreende: revisão bibliográfica sobre as políticas de ensino superior e médico no Brasil entre 1963-2014; documentos sobre a vida funcional e memorial dos diretores, relatórios de gestão, planos e atos dos diretores. A análise toma como referência a “análise do discurso” de Michel Foucault. Histórias e Memórias do Instituto de Ciência e Tecnologia de São José dos Campos: Protagonismo e Desafios Zuleika Stefânia Sabino Roque

(Instituto de Ciência e Tecnologia UNIFESP)

Sabe-se que a opção pela instalação do Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT) no município de São José dos Campos deveu-se ao fato de que esta ao longo do século XX esforçou-se em cunhar uma tradição e vocação na área de tecnologia. Nesta cidade estão localizados renomados institutos de pesquisa em ciência e tecnologia, como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA); além de empresas como a Embraer, General Motors, Petrobras e um dos Parques Tecnológicos mais ativos do Estado de São Paulo. No entanto, o momento histórico no qual emergiu o ICT e sua Proposta Pedagógica ainda são assuntos pouco conhecidos pela comunidade e merecem atenção. O presente trabalho pretende socializar a trajetória de pesquisa que resultará na constituição de um Centro de Documentação Histórica, não só organizando

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sistematicamente suas fontes como valorizando documentos humanos, a partir da história oral, convidando vários sujeitos históricos a fazerem parte desta empreitada, justificando-se assim o emprego do plural no título. Memória e Educação no Brasil Oitocentista: O caso do Liceu Literário Português Alexandro Henrique Paixão

(Faculdade de Educação/Unicamp)

Em 1868 foi fundado, por uma fração da comunidade de emigrantes portugueses do Rio de Janeiro, o Liceu Literário Português. Idealizado quatro anos antes por membros do Conselho do Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro, a escola deveria oferecer educação à comunidade e preparar os estudantes para o mercado de trabalho em desenvolvimento. O Liceu educou crianças, jovens e adultos durante 100 anos, quando foi fechado no período da ditadura militar. O objetivo desta pesquisa é apresentar os anos de formação do Liceu, os agentes envolvidos nesse processo, a construção do prédio da escola, a preparação do currículo escolar, a relação dos docentes, a matrícula dos estudantes etc., algo que ocorreu entre os anos 1868 e 1884. Trata-se de um trabalho que busca resgatar parte da memória educacional brasileira, com a intenção de retrabalhar alguns caminhos da formação das camadas populares do Brasil Oitocentista. Memórias de leitores na biblioteca do Instituto de Educação “Carlos Gomes” Cássia Aparecida Sales Magalhães Kirchner (FE/Unicamp)

O estudo aqui desenvolvido busca apreender os traços e contornos das memórias de leituras na biblioteca do Instituto de Educação “Carlos Gomes” a partir dos relatos de ex-alunos, estudantes entre as décadas de 1950 e 1970. O trabalho enfoca as relações entre história da educação, memória e práticas de leitura abordando as três dimensões presentes nos considerados lugares de memória. A partir da dimensão material foram considerados os propósitos presentes na constituição das bibliotecas dos Institutos de Educação; os relatos trouxeram as experiências vivenciadas por leitores possibilitando tratar seu caráter simbólico e a dimensão funcional foi abordada a partir das relações estabelecidas com o lugar, suas imagens e objetos. Pautadas nos trabalhos de Maurice Halbwachs,

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Pierre Nora e Paul Ricoeur as observações desenvolvidas possibilitaram identificar o deslizamento ocorrido entre a noção de lugar de memória e o processo de patrimonialização da biblioteca desta instituição escolar. Os Vícios do ofício: considerações sobre escrita autobiográfica em memoriais acadêmicos de historiadores (UNICAMP, 2000-2013) Wilton C. L. Silva (UNESP)

Buscamos elencar alguns marcadores discursivos que se fazem presentes e/ ou ausentes de forma recorrente entre alguns memoriais acadêmicos dos concursos de livre-docência e titularidade no Departamento de História da UNICAMP, entre 2000 e 2013. Tais documentos são produzidos para satisfazer exigências institucionais nos concursos públicos de progressão na carreira docente, com o autor descrevendo sua trajetória, com ênfase em suas atividades de pesquisa, publicações em periódicos indexados, atividades em cursos de pós-graduação, palestras e material didático qualificado produzido, cursos de extensão e demais atividades pertinentes à sua área de atuação. Além de instrumento de avaliação do mérito acadêmico do candidato também se apresenta como um dos raros momentos no qual é legítima a fala do intelectual sobre si mesmo, abordando opções, práticas, vivências e memórias, enquanto “experiência”. Assim, entendemos o memorial acadêmico como uma forma de escrita autobiográfica que é condicionada por uma tradição intelectual e institucional, na qual diferentes níveis de subjetivação afirmam uma persona, delimitada, entre outros aspectos, pela proeminência de modelos narrativos que enfatizam a formalidade (cartesianos) ou que adotam maior subjetividade (hermenêuticos). Uma análise prosopográfica do perfil dos diretores da escola Politécnica de São Paulo (1893 a 1943) Juliana Fernandes Lança (Universidade de São Paulo)

Esta comunicação é parte de uma pesquisa que investigou as trajetórias dos primeiros diretores da escola Politécnica de São Paulo, do período de 1893 a 1943, e evidenciou qual foi o papel que estes engenheiros desempenharam na sociedade da época. O objetivo foi identificar qual capital econômico e cultural

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foram necessários para que assumissem tal posição. O objetivo específico foi apresentar uma análise prosopográfica do perfil dos onze primeiros diretores da Poli e seu fundador, os quais representam a autoimagem criada da instituição e do engenheiro ideal, além da função que deveriam assumir perante a sociedade. Durante a primeira metade do século XX as faculdades de medicina, de direito e as escolas politécnicas se tornaram as principais instituições de formação da elite. Na engenharia, foi possível perceber que, o capital intelectual adquirido por esses egressos proporcionou-lhes oportunidades no campo profissional e político. Metodologicamente pautou-se em análises documentais de diferentes publicações e históricos de funcionários, obtidos no arquivo da Escola Politécnica. Como resultados, a partir do quadro prosopográfico, percebeu-se que as trajetórias são muito semelhantes, estando ligadas principalmente à origem familiar, formação acadêmica e envolvimento político. Local: sala CB15 28/07 – quinta feira – (14:00 às 18:00) A constituição material da escola primária paulista: um estudo a partir dos Inventários de Bens Escolares (1889-1914) reunidos no Arquivo Público do Estado de São Paulo Flávia Rezende (FE - Unicamp)

Este trabalho tem como objetivo apresentar a pesquisa realizada no Arquivo Público do Estado de São Paulo, que tomou como fonte documental os inventários de bens escolares paulistas lá reunidos. Os inventários totalizam 156 documentos correspondentes ao período de 1889 a 1914. Por meio desta pesquisa foi possível examinar como a escola primária paulista estava se constituindo, do ponto de vista da sua materialidade, entre os anos de 1889 a 1914. A pesquisa possibilitou perceber como tais documentos podem ser vistos como fonte para a História da Educação, uma vez que, possibilitam uma aproximação dos investimentos estatais com vistas à dotação material dessas escolas naquele período. Vale destacar aqui o fato desse trabalho ser um desdobramento da pesquisa de iniciação científica, realizada com o apoio do CNPq, intitulada “Manuais escolares de Higiene para a infância paulista”, na qual seu objetivo era encontrar indícios sobre manuais escolares de higiene destinados à infância paulista, no final do século XIX e início do século XX, tendo como uma de suas fontes documentais os inventários de bens escolares.

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A interiorização da assistência institucionalizada à infância no estado de São Paulo: relações entre a obra de Anália Franco e o Asylo de Orphans Anália Franco de Ribeirão Preto Carla Cristina Johansen

(Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto)

A Primeira República no Brasil foi marcada por mudanças econômicas e sociais. Nesse contexto, o município de Ribeirão Preto, no interior paulista, tornou-se um centro de referência para a cultura cafeeira em ascensão, com repentino aumento demográfico. Surgiram, nesse período, ações no campo da assistência à infância desvalida movidas por Anália Franco e pela Associação Feminina Beneficente e Instrutiva, por ela fundada e presidida. Embora suas práticas estivessem concentradas na capital paulista, existiram instituições no interior do estado com formas de organização correspondentes às paulistanas. Assim, a presente pesquisa objetiva analisar a construção de ações de assistência à infância pobre e abandonada no interior paulista, no início do século XX, por meio do estudo de caso do “Asylo de Orphans Anália Franco”, de Ribeirão Preto, criado em 1917. Pela análise de fontes documentais do asilo e da AFBI, busca-se compreender o real papel de Anália Franco e de sua possível atuação precursora - se não influenciadora - na interiorização de determinadas formas de assistência à infância no estado de São Paulo. Dados já coletados apontam a participação direta de Anália e da AFBI na criação e atuação da referida instituição, assim como em outras localidades do interior paulista. Desafios e caminhos da memória: o acervo e a extinção da Escola Estadual Professor Antônio Fernandes Gonçalves Campinas/SP Rayane Jéssica Aranha da Silva

(Prefeitura Municipal de Campinas)

O presente trabalho tem como foco a discussão dos desafios do percurso de analise da história da Escola Estadual Antônio Fernandes Gonçalves -Campinas/SP e sua arquitetura. A instituição cuja pesquisa desenvolve-se foi planejada e construída no final da década de 1960 e teve sua extinção promulgada por meio de um processo de municipalização. A pesquisa no acervo da escola analisou os documentos da instituição, os usos e modificações do espaço escolar relacionando-os com as reformas de ensino e suas respectivas políticas curriculares. De acordo com Viñao (2001) os lugares

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e espacialidades da escola são elementos significativos na história das instituições. A análise das diferentes diagramações do interior da instituição revelou a importância do cruzamento de dados na composição das fontes que possibilitaram a analise da trajetória da escola. Dessa forma o estudo evidenciou a importância da integração de fontes de diferentes arquivos no subsídio da pesquisa histórica da instituição escolar e sua arquitetura. Ensino de Matemática no Liceu maranhense através dos arquivos ludovicenses Waléria de Jesus Barbosa Soares

(Universidade Estadual de Campinas)

As histórias que envolvem o ensino de uma disciplina podem contribuir para o resgate da memória de uma instituição escolar. Através desta concepção, pretende-se com este artigo, apresentar como foi constituído o ensino de matemática no Liceu Maranhense no período oitocentista. A metodologia qualitativa de abordagem histórica toma como fontes primárias as leis e regulamentos educacionais da província do Maranhão, além de provas escolares e livros para o ensino de matemática, utilizados nesta instituição escolar, no período investigado. Todos esses documentos foram encontrados na Biblioteca Pública Benedito Leite, no Arquivo Público do Estado do Maranhão e no Arquivo do Liceu Maranhense. Constatamos que, mesmo com toda sua organização e disciplina, observadas por meio dos documentos, o ensino de matemática no Liceu Maranhense abarcou uma população mínima durante o século XIX, destinada aos pouco letrados e endinheirados que dispunham de tempo livre para os estudos, o que acabava por afastar os menos favorecidos. Grupo Escolar Rural de Butantan: Arquivos sobre o ensino rural na cidade de São Paulo (1930 - 1940) Ariadne Lopes Ecar

(Universidade de São Paulo)

Este trabalho faz parte da pesquisa de doutorado em andamento, a qual procura problematizar a implementação de políticas públicas para o ensino rural no Estado de São Paulo, iniciando a experiência com o Grupo Escolar Rural de Butantan - GERB, criado em 1933. A ideia de se fazer uma escola rural na cidade de São Paulo levava em consideração alguns aspectos. O primeiro se

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deve ao fato de já existir um grupo escolar funcionando dentro do Instituto Butantan, que havia sido escola isolada criada em 1908. O segundo, pelo Butantan ser um distrito afastado do Centro da Capital que estava em progressiva urbanização, e por ser considerado zona rural ainda na década de 1930. O terceiro aspecto, que condensa os anteriores relaciona-se com a experiência de uma professora pioneira chamada Noêmia Saraiva de Matos Cruz, que implementou sua proposta de ensino rural, como uma espécie de modelo para outras escolas no Estado de São Paulo. O arquivo utilizado para a pesquisa pertenceu a esta professora e hoje integra o acervo do Núcleo de Documentação do Instituto Butantan, e tem sido um referencial para a compreensão de como ocorreu o ensino rural em São Paulo e a relação do GERB com o bairro e a cidade. Memória de escolas em núcleos estrangeiros no Estado de São Paulo Silvia Vallezi (UNICAMP)

Este estudo analisa a construção da memória da escola e de seus docentes a partir das publicações de notícias acerca da nacionalização e assimilação dos estrangeiros no Estado de São Paulo nos anos de 1936 de 1937. Essas notícias decorreram das visitas de Almeida Júnior, então diretor do ensino do Estado, nas escolas de núcleos estrangeiros. O diretor entendia as inspeções às escolas e delegacias do ensino como parte intrínseca de seu trabalho. As maneiras pelas quais a imprensa noticiou essas visitas, além dos comentários e matérias referentes ao assunto da nacionalização, possibilitam ver as controvérsias, as preocupações e a compreensão de Almeida Júnior acerca da questão da assimilação do estrangeiro, principalmente dos japoneses no interior e no litoral do Estado. As minúcias e detalhes do cotidiano expostos no jornal, permitem apreender vestígios do passado e podem fornecer elementos preciosos para uma outra forma de reconstituir a memória da escola. O Curso Prático Profissional de Orlândia, de 1948 a 1953 Maria Teresa Garbin Machado

(Centro Estadual Paula Souza- CEETPS)

Este trabalho apresenta interfaces do Curso Prático Profissional, embrião da atual Escola Técnica Estadual Professor Alcídio de Souza Prado, da cida-

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de de Orlândia, localizada no interior paulista. Instalado em 1949, ofereceu cursos de iniciação profissional ordinários e extraordinários para meninos e meninas após o curso primário, que proporcionavam rápida inserção no mercado de trabalho, porém sem possibilidade de continuidade de estudos. Os cursos, principalmente de Ajustadores Mecânicos e de Serviços Domésticos, permaneceram na escola até 1964, mesmo com as mudanças de denominações para Escola Artesanal (1954) e Escola Industrial (1963). As fontes primárias visitadas foram documentos escolares como livros de admissão, matrículas e de resultados finais, entre outros, que permitiram a construção do perfil da clientela escolar, e de aspectos rotineiros, como os voltados às exposições de trabalhos e formaturas dos alunos, nos finais de ano. Diante do universo investigado, e tendo como arcabouço teórico a História Cultural, a expectativa foi voltada à compreensão da memória escolar, objetivando desta forma uma reflexão a respeito da memória e do patrimônio histórico educativo orlandino. Vitrais das escolas e dos trabalhadores da educação em Ouro Preto do Oeste/RO Ivone Goulart Lopes (UNEOURO-RO)

Este artigo versa sobre uma pesquisa iniciante que tem como objeto a institucionalização da escola primária em Ouro Preto do Oeste/RO, seus sujeitos e procedimentos pedagógicos. Em três períodos: 1º) de 1970-1980, início dos projetos implantados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), vários contingentes populacionais provenientes das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil deslocaram-se para a região, contribuindo para sua prosperidade. O segundo período equivale a fundação do município: 16/06/1981 até 1996 com a publicação da LDB 9.394/96 e a terceira etapa de 1997-2013, momentos fortes do processo de institucionalização do ensino municipal. O projeto se propõe também a estudar a construção da identidade profissional dos professores da educação básica, na sua articulação com o processo de institucionalização desse nível de ensino no Brasil com o foco na cultura escolar. Construção de uma Linha Histórica e um Vídeo. O referencial teórico e metodológico é a História e a Memória das Instituições Educativas, a Formação de Professores.

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GT10 Memória, Arquivo e Educação Coordenação: Adriana Carvalho Koyama

(Pesquisadora Colaboradora da Faculdade de Educação-Unicamp)

Marcia Eckert Miranda

(Profa do Dep de História da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) 26/07 – terça feira – (14:00 às 18:00) Local: sala: CB 16 A Cinemateca Brasileira e o Patrimônio Audiovisual: uma análise sobre o programa Cine-educação Thaís Vanessa Lara (UNICAMP)

Nos últimos anos presenciamos uma valorização da imagem de arquivo, seu uso que normalmente estava restrito aos pesquisadores, cineastas e principalmente aos jornalistas se abriu para um novo público de não especialistas. Nesta perspectiva, cinematecas, filmotecas e museus de cinema criam políticas para a valorização do patrimônio audiovisual e para a educação cinematográfica, tais como programas de exibição, sites, visitas monitoradas e mostras com filmes raros que dão visibilidade aos seus acervos. A partir deste contexto, esta comunicação faz uma análise das políticas de difusão da Cinemateca Brasileira direcionadas à valorização do acervo audiovisual. Discutindo o conceito de patrimonialização elaborado por Jean Davallon (2006), busca-se identificar e descrever os processos de valorização das obras por meio do programa Cine-Educação. Arquivos digitais no sítio eletrônico Palavras-chave: Arte, Tecnologia, Natureza como manutenção da memória dos estudantes do Ensino Médio da Escola Estadual Pedro Fernandes de Camargo Fellipe Eloy Teixeira Albuquerque (UNIFESP)

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O sítio eletrônico Palavras-chave: Arte, Tecnologia, Natureza é uma plataforma desenvolvida pelo professor responsável por ministrar as aulas de Arte na Escola Estadual Pedro Fernandes de Camargo, na cidade de Porto Feliz-SP. Uma das estratégias adotadas é a criação de uma página onde vídeos e fotografias dos trabalhos feitos pelos estudantes são expostos e mantidos como forma de registro das atividades docentes e discentes desta disciplina. Nosso trabalho, portanto, será o de analisar como a função social do ensino de Arte pode corresponder com uma concepção de valor que se atribui a convivência na escola capaz de cumprir outras funções educacionais, tais como o reconhecimento do produto final das tarefas dos estudantes, da possibilidade de acompanhamento destas tarefas pelos seus pais no ambiente virtual e de servir como arquivo digital para as experiências individuais e coletivas vivenciadas pelo estudante nesta fase da sua formação como cidadão. Introdução à Política e ao Tratamento dos Arquivos: balanço e perspectivas de um curso de extensão cultural para organização de arquivos e formação de profissionais para área de Documentação e Memória Ana Célia Navarro de Andrade

(UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO)

O presente trabalho tem por objetivos resgatar a memória do curso de extensão cultural “Introdução à Política e ao Tratamento dos Arquivos”, promovido pelo Centro de Documentação e Informação Científica – CEDIC, pelo Departamento de História e pelo Programa de Estudos Pósgraduados em História da PUC-SP, realizar um balanço de seus 24 anos de experiência na formação de profissionais que atuam em Arquivos, Centros de Documentação e de Memória, não apenas na cidade de São Paulo, como também em outras cidades brasileiras, e traçar algumas perspectivas para seu futuro na Universidade, seja permanecendo na categoria extensão cultural, ou alçando novos voos. Nesse período, o curso evoluiu de acordo com a demanda do mercado, oferecendo visitas técnicas a diversas instituições de custódia de acervos no decorrer de seus dois módulos; incluindo novas disciplinas; aumentando a carga horária total; e realizando, no segundo módulo, atividade aberta ao público interessado: mesa redonda sobre Gestão de Projetos Culturais, para que instituições de custódia do patrimônio documental, tanto arquivístico, quanto bibliográfico e mu-

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seológico, pudessem apresentar experiências bem sucedidas de difusão do acervo e seu contato com a comunidade. Nós que aqui estamos por vós esperamos: a metáfora dos Arquivos Científicos nas universidades Jacilene Alves Brejo (UNIRIO)

Junia G. C. Guimarães e Silva (UNIRIO)

O presente projeto de pesquisa tem como objeto os arquivos científicos nas universidades como fontes primárias de pesquisa e informação, na perspectiva de ampliar a sua utilização e consulta no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ou seja, reconhecer essas fontes como instrumento de conhecimento para a pesquisa científica e na formação acadêmica. Portanto, se considerarmos que nas universidades é necessário ampliar o conhecimento, preservar e difundir a cultura, concluímos que seja o momento da universidade refletir sobre a realidade da produção documental cientifica, o reconhecimento do valor desta produção, sua preservação e o papel do arquivo dentro da universidade. Este trabalho tem como propósito buscar elementos constitutivos para o desenvolvimento e a criação de uma metodologia participativa que favoreça a elaboração de uma proposta de política aqui denominada de “política reflexiva”, voltada para a produção e o uso de arquivos científicos e culturais no âmbito do CFCH/URFJ. Desta forma, pretende-se não apenas divulgar os arquivos na universidade, mas “incitar o produtor a zelar, o mais cedo possível, por seu legado documental. ” (Welfelé, 2004, p.69) Repositório da História da Educação Matemática: um arquivo digital Claudia Regina Boen Frizzarini (UNIFESP)

Bruna Lima Ramos (UNIFESP)

Deoclecia de Andrade Trindade (UNIFESP)

A presente comunicação tem como objetivo apresentar e discutir as possibilidades de divulgação e uso dos diversos documentos disponibilizados no Repositó-

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rio da História da Educação Matemática sediado institucionalmente no domínio da UFSC e atualmente alimentado pelos membros do GHEMAT – Grupo de Pesquisa de História da Educação Matemática no Brasil. O Repositório conta com mais de 2300 documentos datados desde o período imperial até os dias atuais, compostos por materiais legislativos, revistas pedagógicas, livros e manuais didáticos, e documentos escolares de 19 estados brasileiros e o Distrito Federal acerca do ensino dos saberes elementares matemáticos. Com a finalidade de minimizar as fronteiras das documentações do ensino de matemática no Brasil, o repositório tem seu espaço visitado por brasileiros e estrangeiros, seus arquivos também são referência para outras bibliotecas digitais como Vérsila Biblioteca Digital e Portal Brasileiro de Acesso Aberto à Informação Científica – oasisbr. O uso das documentações disponibilizadas no repositório em artigos, dissertações e teses também podem ser destacados como indícios do consumo de tal acervo digital, não somente por membros do GHEMAT, mas por toda a comunidade acadêmica da história da educação matemática no Brasil. Um grande laboratório da área de ciências humanas: o Arquivo Edgard Leuenroth (AEL) e a produção do conhecimento a partir da prática de estágio Silvia Rosana Modena Martini

(Instituto de Filosofia e Ciências Humanas/AEL)

O AEL recebe estagiários do curso de História/Unicamp para realização de estágio obrigatório. Fundamentado na Lei n. 11.788, de 25/09/2008 e na Resolução 39/UNICAMP, de 24/11/2008, visa completar o ensino e a aprendizagem do estudante de graduação da Universidade. Sem vínculo empregatício, sob supervisão dos técnicos das seções de processamento técnico e preservação, desenvolve no AEL atividades relacionadas ao trajeto que o documento faz dentro da instituição: recebimento de acervo, diagnóstico da condição física do documento, ações de conservação, digitalização, preparação para a catalogação, produção de instrumentos de pesquisa e outros produtos. A avaliação, tanto dos bolsistas como da instituição, demonstra que o estágio em instituições arquivísticas representa um ganho social, uma vez que permite ao futuro profissional aliar prática e teoria, vivenciar peculiaridades da profissão, desenvolver capacidades e habilidades que lhe permitam uma atuação mais responsável na sociedade. A instituição arquivística concedente de estágio beneficia-se na medida em que coloca documentos ainda não processados pela equipe técnica acessível ao próprio corpo de funcionários e

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aos pesquisadores, bem como aprimora uma nova metodologia de trabalho para com estes estagiários. Local: sala CB16 27/07 – quarta feira – (14:00 às 18:00) Centro de Memória Etec Cônego José Bento: experiências pedagógicas e de pesquisas com história e memória escolar Julia Naomi Kanazawa (Etec Cônego José Bento)

Este artigo tem como objetivo relatar as experiências pedagógicas e de pesquisas relacionadas à história e memória institucional, desenvolvidas pelos alunos do Ensino Médio e pela docente da disciplina de História, com base nas diversas fontes que compõe o acervo do Centro de Memória Etec Cônego José Bento, localizado no município de Jacareí, São Paulo e parte integrante do complexo de edificações da Etec Cônego José Bento, instituição de ensino pertencente ao CEETEPS. A proposta da Nova História em considerar novos objetos ou novas fontes, ou ainda, buscar nas velhas fontes novas leituras, abriram um leque de alternativas de trabalho. Metodologicamente, com a investigação, coleta de dados e análise nos/dos documentos, foi possível reconstruir parte do percurso histórico da Etec, do ensino técnico e das práticas escolares de uma determinada época. Assim, estudos, como A Etec Cônego José Bento nas décadas de1930, 1940 e 1950 nos jornais Folha do Povo e O Combate, Reminiscências e significados de uma época e Objetos escolares: um encontro de múltiplas possibilidades, proporcionaram, especialmente aos educandos, vivências para desenvolverem competências, habilidades e posturas de respeito ao patrimônio histórico e cultural, e valorizarem a pesquisa investigativa. Colégio Paes de Carvalho – Belém- PA: Arquivos, método e fontes da História da Educação da Amazônia Maria José Aviz do Rosário (Servidora Pública)

Iza Helena Travassos Ferraz (Universidade Federal do Pará)

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O trabalho trata da análise inicial de fontes históricas do arquivo do Colégio Paes de Carvalho, de Belém – PA. A metodologia constituiu-se do levantamento, análise de fontes históricas documentais e iconográficas e do arquivo do CEPC. Na análise procurou - se discutir conceito e o método com fontes históricas, articulando ao conhecimento sobre a importância dos arquivos educacionais para história e memória da educação A primeira tratou do conhecimento, ambientação e organização do arquivo. A segunda etapa, ao levantamento e digitalização das fontes escritas. Ao todo foram levantadas e digitalizadas mais de 2.000 fontes que reforçam a ideia do colégio como um dos principais instrumentos de articulação da proposta(s) de educação do povo paraense. Entretanto seu arquivo encontra-se abandonado, com suas fontes sendo corroídas pelo tempo. A análise inicial permite afirmar, o arquivo com suas fontes, apontam no Colégio, vestígios de uma educação que acompanhou as mudanças ocorridas na sociedade brasileira e paraense e, que o necessitam de urgente trabalho de recuperação e análise, caso contrário, perde – se - á parte da história e memória de uma das instituições escolares mais importantes do Brasil. e por conseguinte, da Amazônia. Educação na imprensa paraense e o arquivo como lugar de memória Clarice Nascimento de Melo (Universidade Federal do Pará)

Neste texto intencionamos problematizar e socializar o processo da pesquisa documental realizada no projeto “Educação e desenvolvimentismo no Pará: notas da imprensa local (1950-1963)” que está sendo realizada no arquivo de jornais impressos microfilmados e não microfilmados da Biblioteca Pública “Arthur Vianna” Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves - CENTUR. O fito da pesquisa em localizar todas as notícias publicadas referentes à educação nos dois principais jornais paraenses do período estudado nos colocou diante dos limites e possibilidades da política de preservação e divulgação da memória por uma instituição que se apresenta como uma das “responsáveis pela memória de uma sociedade na preservação do patrimônio de pensamento humano e das conquistas culturais”. Trataremos dessa questão seguindo dois caminhos. Inicialmente faremos uma análise sobre o acervo de jornais, indagando sobre as razões da existência deste e daquele jornal, bem como seu volume numérico. Em seguida, indicaremos os sentidos, intenções e interesses subliminares e explícitos nas notas relativas à educação publicadas naqueles jornais e manti-

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das como patrimônio memorialístico, a partir do diálogo que fazemos com o conceito “documento-monumento” de Jacques Le Goff. Educação Popular e Educação de Jovens e Adultos: memória e história Elisa Motta (Puc-Rio)

Osmar Favero

(Programa de Pós-Graduação em Educação da UFF)

Relato de pesquisa sobre a historiografia e digitalização da documentação relativa à memória da educação popular, oriunda dos movimentos do final dos anos de 1950 e início dos anos de 1960, assim como a produção relativa aos trabalhos de assessoria das agências e centros de educação popular, atuantes de meados dos anos de 1970 até os dias atuais. Esse conjunto representa parte significativa das duas mil fontes documentais contidas no acervo organizado pelo Núcleo de Documentação e Estudos em Educação de Jovens e Adultos, da Universidade Federal Fluminense. Compreendem projetos, programas e propostas, documentos instituidores de campanhas e movimentos, relatórios de experiências, depoimentos, entrevistas, livros, artigos, teses e dissertações e especialmente material didático, entendido em sentido amplo: cartilhas, conjuntos para professores e alunos, folhetos de cordel, vídeos, filmes, fotos, diapositivos etc. Muitos desses materiais são exemplares raros, originais ou únicos, recolhidos em arquivos particulares, documentos salvos do pouco apreço à preservação de nossa memória ou que sobreviveram à desestruturação dos movimentos populares ocorrida no país após o golpe de 1964, guardados em situações adversas: embaixo de caixas d’água, no teto de igrejas ou mesmo enterrados. Patrimônio documental, arquivos escolares e memórias Janete Leiko Tanno

(Universidade Estadual do Norte do Paraná - UENP)

Vanessa Campos Mariano Ruckstadter

(Universidade Estadual do Norte do Paraná - UENP)

O objetivo desta comunicação é refletir sobre a relação entre guarda e preservação de bens culturais regionais, a partir da interlocução entre patrimô-

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nio documental e História da Educação, especialmente nos trabalhos com arquivos escolares. Salientamos as disputas entre as diversas memórias existentes na região denominada de Norte Pioneiro do Paraná e que incidem no projeto de constituição do Centro de Documentação e Pesquisa Histórica (CEDHIS) da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), campus Jacarezinho. Nesse sentido, mais do que guardar papéis, o centro de documentação preserva memórias múltiplas que podem servir para diferentes propósitos e a intenção aqui é indicar alguns caminhos para a democratização do acesso aos bens culturais, às memórias diversas, em especial, por meio de um trabalho com os arquivos escolares. Destaca-se a necessidade de preservação do patrimônio documental de uma forma geral e da instituição escolar em particular, bem como a importância da organização, conservação e divulgação dos documentos presentes nos arquivos escolares como parte constituinte da preservação do patrimônio documental nacional. Colégio São Benedito: Da realização à Utopia da igualdade Racial na Campinas do início do século XX Carlos Roberto Pereira de Souza (GEPEJA - UNICAMP)

Trata-se da reconstrução histórica do extinto Colégio São Benedito (19021908) fundado pelo professor afrodescendente Francisco José de Oliveira, cuja proposta era criar uma instituição de ensino pautada na igualdade racial. Sabemos que a cidade de Campinas foi marcada, a partir de meados século XIX, por forte experiência escravocrata e racista, onde toda qualquer manifestação cultural de origem negra era repelida pelos grupos dominantes da sociedade local, daí a justificativa da proposto do professor. Após levantamento bibliográfico minucioso, apontaremos quais as estratégias utilizadas pelo Prof. José de Oliveira para a concretização do Colégio São Benedito. Local: sala CB16 28/07 – quinta feira – (14:00 às 18:00) A constituição da Ilha das Flores como Centro de Memória da Imigração. Julianna Carolina Oliveira Costa

(Faculdade de Formação de Professores)

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Em 1883, o governo imperial criou na Ilha das Flores uma Hospedaria de Imigrantes para abrigar os estrangeiros recém-chegados ao país. A Hospedaria fazia parte das ações governamentais implementadas no processo de povoamento do território brasileiro e de substituição da mão de obra escrava para a livre. Durante sua existência, a Hospedaria atendeu não só imigrantes, mas migrantes internos e presos políticos. Em 1966, com a transferência da Ilha das Flores para o Ministério da Marinha, as atividades da Hospedaria foram definitivamente encerradas. Apesar da Hospedaria ser amplamente conhecida pela produção acadêmica sobre imigração, sua história foi pouco estudada. Para reverter esse quadro, em 2011, através de um convênio firmado entre o Ministério da Marinha e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro, foi criado o Centro de Memória da Imigração da Ilha das Flores, com o objetivo de registrar e divulgar as experiências migratórias vivenciadas naquele espaço. Este trabalho visa demonstrar como o Centro de Memória tem sensibilizado a população acerca do tema da (i)migração ao estabelecer uma interface entre pesquisa, ensino e extensão, estimulando assim o exercício da memória e despertando a curiosidade acerca do passado. Entre os acervos de memória: múltiplas faces de um sujeito na correspondência pessoal de Coelho Netto Shayenne Schneider Silva

(Universidade do Estado do Rio de Janeiro)

Examinar as escritas “ordinárias” na correspondência pessoal de Coelho Netto é o objetivo do presente trabalho. Localizadas em duas Instituições de guarda do Rio de Janeiro: na Academia Brasileira de Letras, entre diversos documentos presentes no arquivo pessoal do acadêmico, e na Biblioteca Nacional, na seção de manuscritos, estas missivas se tornam fontes riquíssimas na preservação da memória na História da Educação brasileira. Aparentemente banais, debruçar-me na análise desses documentos, permite a interpretação de um sujeito e suas múltiplas faces, pois neles guardam ofícios diários enquanto diretor da Escola Dramática, acadêmico, jornalista, escritor como também pai e amigo. Tomando como referência os estudos de Mignot (2005) sobre cartas, Viñao Frago (1996) sobre cultura escrita, Artières (1998), Mignot e Cunha (2006) e Mignot (2000) sobre arquivos pessoais, e Silva (2012) que estudou sobre a legitimação intelectual de um sujeito através de seu relatório de viagem, a análise dessas fontes, me permitirá entender as decisões cotidianas tomadas por um intelectual que viveu na passagem da

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Monarquia para a República e no qual participou ativamente da vida política, social e educacional do país. Guardadas no lado esquerdo do peito... Ana Maria de Campos (UNICAMP)

Guardadas no lado esquerdo do peito, dentro do coração, estão cuidadosamente embaladas as memórias mais significativas de nossa vida íntima. Em algumas oportunidades também podem estar materializadas em formato de álbuns de fotografias e de cadernos escondidos em fundos de gavetas ou em prateleiras de estantes. Outras vezes se manifestam na forma de brinquedos recolhidos do abandono, salvos em virtude de alguma sensibilidade tatuada no inconsciente. São “recuerdos” sentimentais e sensíveis aos gestos de aproximação. Quando somos chamadas a desmanchar a embalagem e tocar outra vez nessas memórias, novos sentidos são criados para experiências antigas, adormecidas e quase esquecidas. Neste trabalho apresentamos reflexões elaboradas no entrecruzamento de memórias e de achados e guardados pessoais de professoras, convidadas a revisitar as vivências infantis a partir de estudos realizados em uma disciplina de curso de pós-graduação em educação. Memória, monumento, documento: reflexões sobre as experiências educativas em arquivos Adriana Carvalho Koyama (Unicamp)

Nas experiências com educação patrimonial em arquivos que envolvem a leitura de documentos, sejam eles pessoais ou institucionais, em sua origem, sejam textuais, midiáticos, iconográficos, em seus formatos, como o contato com tais documentos tem colaborado com a produção de conhecimento? Em que medida essas experiências estimulam a produção e/ou o deslocamento de memórias, tanto no sentido da percepção do passado pelos sujeitos envolvidos, como em sua ressignificação, na relação com questões do presente e com a construção de imagens de futuro? Essa apresentação propõe um olhar sobre a educação em arquivos, buscando refletir sobre algumas experiências singulares, a partir das questões aqui levantadas.

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Os Anos de Aprendizagem de Antonio Candido (1930-1940) Camila Almeida Vaz Antunes (UNICAMP)

Os anos de aprendizagem de um intelectual como Antonio Candido de Mello e Souza configuram um assunto que ainda carece de reflexão no âmbito da sociologia e da educação, áreas interessadas no tema da formação e das formas de sociabilidade que dela resultam. Baseado nisso, o presente estudo procura discutir os anos de aprendizagem de Antonio Candido, que coincidem com seus anos de formação escolar e engajamento político na juventude, em meados da década de 1930, ainda na cidade Poços de Caldas. Esses momentos de formação são considerados decisivos, porque dão o lastro àquilo que vai resultar no amadurecimento de um posicionamento político declaradamente socialista na vida adulta. Nessa pesquisa são tomados como ponto de partida o primeiro artigo escrito por Antonio Candido para um periódico ginasial, o Jornal Ariel, e os inúmeros encontros e eventos de que ele participou ao longo das décadas de 1930 e 1940. Entrevistas, publicações e toda a fortuna crítica do intelectual são também cautelosamente consideradas no processo de reconstrução de seus anos de aprendizagem e desenvolvimento. Essa perspectiva biográfica é oferecida pela sociologia alemã de Georg Simmel e Norbert Elias, fonte de inspiração e orientação dos métodos escolhidos. Impasses da cultura: tensões no acesso e nas concepções de pessoa, cultura e duração em acervos públicos Luísa Valentini (FFLCH/USP)

A garantia de direitos dos povos indígenas, hoje violentamente disputada, se fundamenta na noção de cultura, atestada pela construção e circulação de documentos. Do ponto de vista das instituições culturais e universitárias de guarda documental, a que dedico minha atenção, a mesma noção de cultura acarreta expectativas institucionais de amplo acesso que vêm sendo contestadas pelos próprios grupos documentados – como já examinado nos casos de direitos de propriedade intelectual, principalmente, por Manuela Carneiro da Cunha. Nos casos de guarda e gestão de documentos, estão em jogo não apenas questões relativas à própria noção de documento, mas especialmente à duração da pessoa e de sua memória na

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comunidade, e ao estatuto ontológico da imagem e de artefatos cujas agências exigem moderação, muitas vezes pelo recurso ao esquecimento. Proponho que o exame comparativo de tensões nas gestões de acervos pessoais de intelectuais e da documentação relativa a povos indígenas pode contribuir para uma melhor compreensão destes impasses e para se criar um campo de tradução e de envolvimento destes grupos na gestão de suas memórias.

GT11 Memória, História Econômica e Demografia Coordenação: Maísa Faleiros da Cunha

(Pesquisadora do NEPO-Unicamp)

Maria Alice Rosa Ribeiro

UNESP/Pesquisadora Colaboradora CMU-Unicamp) Local: sala: CB 17 26/07 – terça feira – (14:00 às 18:00) Cemitério e Memória: Os Pretos Novos e a Revitalização do Porto do Rio de Janeiro Júlio César Medeiros da Silva Pereira (Universidade Federal Fluminense)

Este trabalho examina a redescoberta do cemitério de escravos recémchegados, que ocorreram no Rio de Janeiro, dos séculos XVIII ao XIX, no Cemitério dos Pretos Novos que se situava na região do Valongo, parte noroeste da Corte do Rio de Janeiro. A pesquisa histórica demonstrou que, sem nenhum cuidado religioso, nem preocupação social os escravos que faleciam no Valongo ou na Lazareto, eram lançados à flor da terra para apodrecerem e cheirarem mal. Após a sua redescoberta, discute-se o papel do achado arqueológico enquanto peça fundamental para o entendimento do nosso passado e reduto da memória escrava na Cidade do Rio de Janeiro.

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Escravidão na Campinas do Século XIX: O casamento em foco Paulo Eduardo Teixeira (UNESP)

O século XIX se abre com a recém criada vila de São Carlos, posteriormente transformada em cidade de Campinas, que abrigou uma população cativa oriunda da África e de diversas localidades brasileiras, que em grande parte contribuíram para o desenvolvimento da economia açucareira e cafeeira. Nesse sentido, o casamento religioso entre escravos contribuiu para a formação de vínculos afetivos por meio das relações de compadrio que se formaram, bem como a formação de núcleos familiares. Portanto, o foco desse trabalho é discutir alguns aspectos relativos a origem dos escravos que aportaram em Campinas e as formas de reprodução vegetativa por meio dos matrimônios realizados ao longo do século XIX. Estratégias familiares na fronteira do Paraná (Palmas, século XIX) Daniele Weigert (USP)

No início dos anos de 1840, estancieiros do Planalto Paranaense fundaram fazendas ligadas a criação de gado nos Campos de Palmas, até então habitado por indígenas. Ao longo do século XIX, estes fazendeiros tiveram de mobilizar estratégias para enfrentar as dificuldades relacionadas a fronteira, a crise da atividade criatória e o fim da escravidão. Tendo em vista este contexto, o presente trabalho perseguiu um destes fazendeiros e sua família em fontes paroquiais, inventários de bens, registros cartoriais, cíveis. Por meio destas fontes pretendemos traçar as estratégias que ele e sua família mobilizaram ao longo do século XIX. Os inventários e os testamentos (post-mortem) e o “preço da morte” Lélio Luiz de Oliveira

(USP - FEARP - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto - Departamento de Economia)

Determinados documentos podem ser analisados pelo historiador visando diversas abordagens. É o caso dos testamentos e dos inventários post-mortem. Cabe, então, conhecer as preocupações dos indivíduos, dotados de al-

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gum patrimônio, relativas às suas vontades após à morte. Contudo, rituais como os funerais e as missas ou concessões a ordens religiosas, por exemplo, impunham custos e oneravam parte do patrimônio. Nosso intuito, nesta pesquisa, é conhecer a parte empenhada do patrimônio e seu peso relativo (de indivíduos de posses) que tiveram a precaução de registrar as vontades e conduzir seus recursos para a “boa morte”. Isso, dentro de um contexto específico, ou seja, o nordeste paulista entre 1810 e 1840, cujo patrimônio era acumulado em uma economia de abastecimento interno. A pesquisa só é possível em decorrência da preservação e do acesso aos documentos concedido pelo Arquivo Histórico Municipal de Franca Capital Hipólito Antônio Pinheiro, que favorece a produção do conhecimento da história regional. Reprodução natural de escravos e manutenção das escravarias. Vila de Piranga, Minas Gerais, 1850-1888 Guilherme Augusto do Nascimento e Silva (UFMG)

Nesta comunicação, pretendemos apresentar os resultados de parte de nossa pesquisa relativa ao estudo de famílias escravas da região da Vila de Piranga, província de Minas Gerais, na segunda metade do século XIX. Temos como base de nosso estudo a análise de 218 inventários post-mortem, até então inexplorados, arquivados no Fórum de Piranga. Apresentaremos a análise da demografia escrava da região entre os anos de 1850 e 1888, com foco na reprodução natural de escravos. Analisamos variáveis como a diversidade etária dos escravos através das décadas, a razão criança/mulher e discutimos a questão do crescimento endógeno versus crescimento exógeno na manutenção das escravarias, aventando a possibilidade de crescimento vegetativo da população escrava piranguense. Acreditamos que Piranga tinha uma população escrava com condições, se não de se reproduzir positivamente como a população livre, pelo menos de se manter estável ao longo do tempo através dos inúmeros nascimentos e capaz de manter o sistema escravista em plena atividade anos após o fim do tráfico transatlântico. Local: sala CB17 27/07 – quarta feira – (14:00 às 18:00) Acervo do CMU & Produção de Conhecimento. História Econômica em pauta. Considerações

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Ema Elisabete Rodrigues Camillo (CMU - UNICAMP)

Em 1985, nascia o CMU como um espaço interdisciplinar, não apenas para preservação da memória, mas para pesquisa e produção de conhecimento. Concebido para captar, guardar, conservar o patrimônio histórico documental de Campinas e região, de grande importância econômica por ter sido centro irradiador da expansão cafeeira e ferroviária rumo ao oeste e ao norte do estado, hoje conta com um rico acervo distribuído em aproximadamente 150 conjuntos documentais, datados entre o final do século XVIII e início do século XXI, que possibilitam retraçar as transformações ocorridas na região de Campinas desde os ciclos da cana-de-açúcar e do café, até a industrialização. Tenciona-se elencar e comentar os principais fundos e coleções de interesse histórico-econômico existentes. Também avaliar a produção de conhecimento derivada desse acervo, nos seus 30 anos, tangenciando a questão da História Econômica em face às novas tendências historiográficas. Visando problematizar como o CMU poderia atuar no sentido da melhoria das condições de acesso, de divulgação tendo por base as potencialidades do acervo. As Atas das Câmaras Municipais e os Inventários como fontes para a História Econômica Natânia Silva Ferreira (USP)

Paulo Roberto de Oliveira (FFLCH/USP)

Um dos grandes dilemas que norteiam boa parte dos trabalhos em História Econômica se encontra na possibilidade de mediação entre diferentes níveis da análise e da narrativa histórica. Em linguagem braudeliana, em como articular o nível estrutural com o cotidiano, as questões estruturais com as conjunturais. Neste sentido, alguns arquivos do interior do Brasil fornecem documentação que tornam possível a articulação entre alguns destes níveis: tratam-se das Atas das Câmaras Municipais e dos Inventários post-mortem. Para explorar as possibilidades destes grupos de documentos nos focaremos em duas cidades mineiras: Uberaba e Varginha, objetos de nossas últimas pesquisas. Em nossas pesquisas foi possível perceber que o diálogo entre os dois grupos documentais esclarece nuances mais profundas sobre o crescimento urbano e o comércio em ambas as regiões. Por meio das Atas é possível entender os planos mais amplos ligados à abertura de

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estradas para a manutenção e expansão do comércio, sobre os serviços urbanos, como a iluminação, o calçamento de ruas, etc; enquanto por meio dos Inventários é possível acompanhar os agentes que aparecem como prestadores de serviço ou administradores que participaram destes processos, compreendendo os seus interesses e os grupos dos quais faziam parte. Famílias capitalistas: relações de poder em Pouso Alegre e Varginha nas décadas finais do século XIX Rafaela Carvalho Pinheiro (FFLCH/USP)

O Sul de Minas Gerais passou por um processo de transição para o século XX muito peculiar, com profundas transformações econômicas e sociais, como a modernização de suas cidades, a reorganização da estrutura produtiva agora com o trabalho livre, a ascensão do café como importante item de produção e o grande aumento das linhas ferroviárias. Porém, um aspecto da economia regional ainda era pouco desenvolvido: a rede bancária sul mineira, que se expandiria apenas a partir da década de 1910. Assim o fornecimento de crédito era realizado por meio de comissários, que atuavam como intermediários principalmente na compra e venda do café, e de capitalistas, que financiavam as atividades nessas cidades. A falta de um sistema bancário desenvolvido implicava numa remuneração muito significativa desses capitalistas, de modo a causar por um lado a centralização da riqueza e dos destinos econômicos dessas localidades, e por outro a dependência dos que demandavam o crédito. Nesse sentido, este trabalho pretende analisar a relação de poder entre as famílias ditas capitalistas e a sociedade, avaliando, para tanto a composição da sua riqueza por meio de inventários post-mortem de duas cidades sul-mineiras, Pouso Alegre e Varginha, nas duas décadas finais do século XIX. O estudo dos pequenos e médios cafeicultores em Ribeirão Preto/SP: Possibilidades de análise a partir de fontes primárias (1889 – 1914) Ulysses de Paiva Faleiros Neto

(Centro Universitário Barão de Mauá)

Neste estudo, pretendemos analisar e compreender as possibilidades interpretativas oferecidas pelas fontes documentais primárias a compreensão do universo econômico dos pequenos e médios cafeicultores, estas, disponí-

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veis no município de Ribeirão Preto. Ainda pouco exploradas, por si só, já oferecem novas perspectivas sobre o cotidiano econômico desta parcela de sujeitos ainda pouco observados pela historiografia. Entretanto, ao cruzarmos os dados de diversas fontes conseguimos constituir com maior riqueza o complexo universo econômico que esses indivíduos atuavam. Nossa problemática foi gerada através da revisão dos estudos clássicos que trabalham com a temática da econômica cafeeira. O ponto em comum entre elas gira em torno do estudo dos grandes proprietários e suas grandes propriedades, estes, demonstram dinâmicas econômicas próprias do grande capital, dentre os autores que estudaram o grande complexo cafeeiro, podemos apontar os clássicos como Celso Furtado (2007), Caio Prado Júnior (1969) e Boris Fausto (1995). De tal modo, é mister que trabalhos explorando novas fontes primárias e novos sujeitos históricos comecem a ser produzidos em maior volume, trazendo à luz essa parcela significativa da história econômica, ainda pouco abordada na historiografia. Rede de negócios e crédito por meio da análise de um livro caixa da loja do Coronel Joaquim da Cunha Diniz Junqueira Carlo Guimarães Monti

(Centro Universitário Barão de Mauá)

Neste trabalho estudamos a loja que o Coronel Joaquim da Cunha Diniz Junqueira teve em Ribeirão Preto, seu estabelecimento comercial vendia produtos industrializados que eram importados e outros que eram produzidos localmente. Isto nos possibilita verificar o curso do comércio em uma esfera local e regional. O estudo teve por base a análise do livro caixa da loja existente no Arquivo Pessoal - Documentação da Fazenda Boa Vista, para os anos de 1891 e 1892, o qual possibilitou a construção de um método que auxiliou na demonstração do perfil dos clientes e das empresas fornecedoras de produtos para a loja. Ao desvendarmos a forma de relação econômica que se dava entre a loja, clientes e fornecedores, pudemos identificar a função deste comércio na cadeia de negócios desenvolvidos por Joaquim da Cunha. É por meio da loja passamos a selecionar e apontar as estratégias de negócios, dentro do processo de comercialização do café, que servia de moeda para muitas das combinações realizadas nela. O café comercializado na loja também foi a alavanca para a concessão de crédito, de tal modo que a loja não fornecia somente produtos industrializados ou agrícolas, além disso, ela fornecia crédito.

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GT12 Memória e Patrimônio Coordenação: Regina Andrade Tirello (AU/FEC – Unicamp)

Local: sala: CB 18 26/07 – terça feira – (14:00 às 18:00) Instituições escolares e comunidade 1890 -1910 Alline Cristina Basso (EE Delcio Baccaro)

Partindo da concepção de que as instituições escolares produzem e são produzidas a partir das relações com seu meio social o objetivo específico deste trabalho é resgatar o cenário educacional entre 1890 e 1910 na cidade de Piracicaba - SP percebendo suas interelações entre poder estadual municipal e comunidade local na constituição e manutenção das Instituições de ensino. Este trabalho procura articular Relatórios da Camara Municipal com jornais (Jornal de Piracicaba e Gazeta) com o intuito de perceber as formas em que as presenças das escolas eram percebidas neste contexto determinado, bem como as práticas e representações sociais dos sujeitos escolares envolvidos neste processo de constituição e manutenção das instituições de ensino. A arquitetura dos bairros-jardins paulistanos escondida atrás dos muros e nas gavetas dos arquivos públicos. Maria Ester de Araújo Lopes (UNICAMP)

Regina Andrade Tirello (UNICAMP)

Os bairros-jardins paulistanos configuram importante paisagem urbana de São Paulo constituindo-se em relevante patrimônio ambiental preservado. São bair-

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ros cuja especificidade da legislação patrimonial não contemplou as edificações lá erigidas entre os anos de 1910 e 1950, exemplares arquitetônicos que vem sendo paulatinamente modificados ou suprimidos. O trabalho integra pesquisa de mestrado realizada no Programa de Pós Graduação “Arquitetura, Tecnologia e Cidade” da FEC/Unicamp e trata de estudos sobre a arquitetura produzida nos Jardins na primeira metade do século XX. Interessou-nos conhecer as características distintivas da arquitetura produzida na área por meio da pesquisa em arquivos públicos e privados tais como os acervos da Companhia City e do Arquivo do Piqueri. Devido à vastidão do acervo arquitetônico, para o desenvolvimento da pesquisa, selecionaram-se projetos de quatro arquitetos atuantes ali no período em causa: Francisco Beck, Olavo Franco Caiuby, Eduardo Kneese de Mello e Alfredo Ernesto Becker. Do entrelaçamento das informações até então dispersas pode-se esboçar um sistema de banco de dados buscando-se colaborar com a publicização de documentos inéditos relevantes para a História da Arquitetura e para a preservação do patrimônio arquitetônico paulistano. A musealização da arquitetura histórica no Circuito Cultural Praça da Liberdade em Belo Horizonte Juliana Prestes Ribeiro de Faria (UNIFIL)

As instituições museológicas insurgem no século XIX imbuídas de uma vocação pedagógica e chegam a contemporaneidade reconceituadas a fim de atender os anseios da sociedade do espetáculo. A intensificação do processo de museificação, os distintos modos de exposição e comunicação, que oferecem maior proximidade e diálogo com o público, e a subordinação da arquitetura ao espaço museológico – são alguns destes efeitos contemporâneos. Em suma, todas as transformações ocorridas e em processo, relacionam as dimensões museográficas, arquitetônicas e urbanas dos museus com público, com a cidade e com o edifício que o abriga. Diante disso, o objetivo deste artigo é avaliar de que maneira a arquitetura influi na experiência dos visitantes nos museus. E ainda, se a instalação de cenários expositivos em edifícios históricos podem alterar a apreensão da sua própria historicidade, da sua arte e daquilo que simbolizam para a sociedade. O objeto de pesquisa é o “Circuito Cultural”, em Belo Horizonte, que se institui atualmente na Praça de Liberdade, um espaço urbano de forte apelo memorial, que foram dispensados de suas funções originárias para dar

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lugar a uma superestrutura turística-midiática; o que terminou por atribuir valores imponderáveis à arquitetura histórica da cidade. Ações de preservação e suas relações com os usuários: o caso do centro histórico de Itu\SP Barbara Gonçalves Guazzelli (UNASP)

Fundada há 406 anos, Itu\SP tem a paisagem de seu centro histórico tombada desde 2003. Dentre as atividades econômicas da cidade, encontra-se o turismo, que explora não apenas a visitação das antigas edificações do centro como também seu roteiro religioso e o chamado “turismo dos exageros”. Encontra-se presente nesse espaço lojas de comércio popular e de comércio especializado, além de serviços que se voltam aos turistas. A prefeitura frequentemente sugere mudanças a favor da principal atividade econômica da cidade, o turismo, o que muitas vezes desagrada moradores e comerciantes, como a remoção dos elementos relacionados à “cidade dos exageros” e a construção de um centro comercial distante do centro histórico. Soma-se à insatisfação dessa população as tentativas por parte do poder público de conferir unicidade ao conjunto com a imposição de uma lei que restringe a identidade visual das edificações comerciais. Partindo dessa conjectura, esse artigo se propõe a analisar o tombamento do centro histórico de Itu, seus usos contemporâneos e relações com usuários, exemplificando a necessidade de ações de preservação que não se limitem à normatização do patrimônio histórico-cultural das cidades. Memória, passado e presente: o dilema da preservação e reinserção de conjuntos históricos nas cidades contemporâneas Júlia Farah Ribeiro (AU/FEC - Unicamp)

O tema da memória tem ganhado cada vez mais expressividade nas principais discussões atuais, em especial nos movimentos de preservação do patrimônio cultural. Hoje ao se tratar da memória fala-se também de memória da cidade, memória do bairro... o termo transita entre espaços e escalas. Assim, as políticas de gestão do patrimônio tem reafirmado a necessária valorização dos mais diversos conjuntos arquitetônicos. Contudo, no campo prático ainda há muitas dificuldades a serem superadas. Este artigo busca apresentar o caso da

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antiga estação ferroviária da cidade paulista de Espírito Santo do Pinhal e da Vila Monte Negro, bairro no qual o edifício se insere, com o objetivo de levantar questionamentos sobre as práticas preservacionistas atuais, destacando a importância do reconhecimento e legitimação deste espaço como instrumento para a manutenção da memória pinhalense, preservação do patrimônio arquitetônico local e reinserção do conjunto histórico na dinâmica da cidade contemporânea. O levantamento arquitetônico em perspectiva crítica: experiências didáticas no canteiro de restauração da Vila Itororó, São Paulo Pedro Murilo Gonçalves de Freitas (UNICAMP)

A importância social e a diversidade dos bens culturais determinou a aplicação de novos instrumentos e metodologias de projeto pelos arquitetos brasileiros. A disciplina da Restauração orienta que ações de requalificação dos monumentos devem ser acompanhadas por operações para ampliar o conhecimento sobre a arquitetura edificada, de intrincada (e desconhecida) história construtiva. Requerem-se o estudo progressivo e crítico dos edifícios em canteiro, tradicional laboratório continuado que orienta experiências de reconhecimento, qualifica o uso pretendido e subsidia as intervenções, mas, como tal, é escasso no cotidiano profissional brasileiro. Equipes habituadas (e formadas para) a elaboração da arquitetura ex novo dificilmente compreendem a relevância destas ações pois devem articular ao projeto o contato direto, repetitivo e preciso com o edifício histórico. Este artigo apresenta reflexões e relata as experiências didáticas no “Projeto Canteiro Aberto”, na Vila Itororó em São Paulo, coordenado pelo Instituto Pedra com a cooperação científica do GCOR-Arquitetura/ Unicamp. Descrevem-se os resultados das oficinas de formação em fotogrametria à equipe no local buscando-se ponderar sobre as dificuldades da inserção de metodologias preservacionistas no cotidiano profissional. Registros em revista da arquitetura em São Paulo (1900-1920) Mirandulina Maria Moreira Azevedo (Universidade Metodista de Piracicaba)

O projeto de pesquisa “Registros em revista da arquitetura em São Paulo (1900-1920): reflexões sobre sua preservação” considera revistas de engenha-

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ria e construção atuantes à época. Foram examinadas a Revista da Politécnica Revista de Engenharia, o Boletim do Instituto de Engenharia e a Revista de Engenharia do Mackenzie. As revistas que em seu tempo referenciavam o incipiente debate profissional constituem-se, hoje, observatório privilegiado para indagações contemporâneas acerca do que G.Teyssot classificou de práticas discursivas da arquitetura. Tais práticas abrangem tanto o discurso ‘sobre’ arquitetura como um discurso arquitetônico próprio, isto é, o ‘logos’ constituído pelo espaço ordenado e construído. O material das revistas permite privilegiar a memória construtiva como suporte para indagações e divisar a formação de grupos com interesses próprios e afinidades discursivas, bem como observar a existência de perfis identificados por determinados aspectos das obras vislumbrando tendências e identificando filiações. O acervo redescoberto neste recorte comporta a sua própria problemática e neste aspecto suscita da parte de quem foi levada a conhecê-lo melhor condições de contribuir na discussão de seus valores e refletir sobre questões relacionadas à sua preservação. Usos e intervenções no edifício-sede do Museu Histórico do Amapá Ana Cynthia Sampaio da Costa (Unicamp)

Este trabalho aborda sobre as sucessivas intervenções para sediar diferentes instituições no edifício onde, atualmente, funciona o Museu Histórico do Amapá, localizado na cidade de Macapá-AP. Erguido em 1895, o edifício é um dos poucos exemplares arquitetônicos da época de criação da cidade e representante do estilo neoclássico. O objetivo da pesquisa consiste em diagnosticar a situação do uso atual desta edificação para a preservação de seus valores e os contributos para afirmação da identidade cultural da população que o vivencia e para a memória urbana da cidade. Para esta pesquisa, foi utilizado um método qualitativo-descritivo por meio do qual buscouse analisar as intervenções realizadas sobre a edificação e em seu entorno e levantar aspectos que relacionam o bem arquitetônico em estudo e seu uso atual. Posteriormente a fase em que se encontra a pesquisa, buscar-se-á uma interação com os indivíduos que utilizam o edifício histórico e seu entorno a fim de compreender aspectos referentes à memória, ao seu uso e à sua representatividade para estas pessoas. Especula-se que o uso como museu histórico contribuiu para a revitalização do edifício, porém não há de fato uma valorização de sua função para o qual foi construído e sim de sua representatividade arquitetônica.

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Local: sala CB18 27/07 – quarta feira – (14:00 às 18:00) Os jornais e a memória na construção da estrada de ferro Jundiaí-Campinas Tamires Sacardo Lico (UNICAMP)

Este artigo tem como objetivo analisar a construção do traçado da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, que ligava as cidades de Jundiaí a Campinas, sob a ótica dos jornais de circulação do período. A Companhia Paulista foi a primeira ferrovia do país onde empreiteiros brasileiros se encarregaram da construção de uma estrada de ferro. A empreitada foi iniciada no ano de 1870 e finalizada em agosto de 1872. Durante o recorte temporal em questão, os jornais locais e da cidade de São Paulo noticiaram o desenrolar da empreitada, e são fontes importantes para compreender diversos setores da construção como, organização e divisão das seções de construção, contratação de trabalhadores, compras de materiais, nomeações de engenheiros e supervisores, acidentes e desmoronamentos, e inauguração da linha férrea da Companhia Paulista. Em especial, serão analisados O Correio Paulistano e a Gazeta de Campinas, juntamente com o cruzamento de documentações da Companhia Paulista. Centro de Memória Institucional da Justiça Federal da 2a Região: proposta e desafios Lenora de Beaurepaire da Silva Schwaitzer (CPDOC-FGV)

Maria da Conceição Cardoso Panait (UFRJ)

Relata a trajetória do Centro de Memória Institucional da Justiça Federal da 2a Região, que se propõe a tratar e disponibilizar os processos judiciais da Justiça Federal do Rio de Janeiro, desde sua criação em 1890 até os dias de hoje. Através da descrição de casos específicos, enfatiza a importância do acervo para a História brasileira, principalmente no que pertine à garantia dos direitos individuais e de cidadania, e a particularidade do acervo, que trata da relação conflituosa entre o Governo Federal, sediado naquela cidade até 1960, e a sociedade. Esclarece a proposta daquele espaço de memória e discorre sobre os

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desafios enfrentados para a manutenção do espaço e na preservação do acervo, que se encontra em vias de ser indisponibilizado para a sociedade e pesquisadores. Entre a história e a memória: o que preservar dos processos judiciais? Alessandra Belo Assis Silva

(Universidade Estadual de Campinas)

Apresento uma discussão acerca da relação entre memória, história e a luta enfrentada para a preservação do acervo da Justiça do Trabalho. Tal documentação inclui, em suma, os processos trabalhistas individuais ou negociações coletivas impetrados pelos trabalhadores de todo país, que foram sistematicamente incinerados ao longo do tempo, ao lado de dispositivos legais que justificavam tal eliminação. Contudo, existe desde pelo menos a década de 1990 um crescente movimento de conscientização e de militância em torno de sua preservação por parte de políticos, juristas e historiadores, sobre o qual falarei aqui. Procurarei demonstrar que esta movimentação pela preservação dos processos judiciais contra outras ações voltadas para a sua não manutenção estão dentro de um contexto em que a valorização da memória cresceu significativamente e ganhou uma dimensão pública. Na medida em que isto favorece a preservação dos acervos do judiciário, outras questões emergem, como por exemplo, o que, ou qual parte deve ser preservada de um processo judicial como se ele pudesse ser desmembrado. Dentro deste contexto, problematizo a relação entre uma memória supervalorizada, as condições para a produção do conhecimento histórico e a luta pela preservação dos processos judiciais. Documentação e Preservação: a estação de Pederneiras Ana Lúcia Arantes da Silva (Prefeitura Municipal de Guarulhos)

Diana Oliveira dos Santos (Prefeitura de Guarulhos)

Visando colaborar com a documentação e preservação da arquitetura ferroviária paulista, este trabalho apresenta uma análise da estação de Pederneiras, pertencente ao Tronco Oeste da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, com um inventário desta edificação que, assim como a grande maioria das constru-

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ções remanescentes do significativo patrimônio ferroviário de São Paulo, vem sendo paulatinamente descaracterizada em nome de reformas sem supervisão ou projeto adequado. Além de apresentar dados de pesquisa histórica dos arquivos e do objeto - que inclui levantamentos métrico e fotográfico, identificação e análise das técnicas construtivas, diagnóstico do estado de conservação - como modelo de inventário e identificação, a importância deste trabalho para a conservação e restauração do patrimônio ferroviário, pretende ser ilustrada, por comparação, através do registro e da análise da reforma que foi executada pela municipalidade nesta estação em 2007, adaptando o edifício, que encontrava-se em situação precária após anos relegado ao abandono, à secretaria de cultura, museu da memória ferroviária e sede de alguns projetos sociais. Esta reforma se deu sem qualquer documentação ou orientação, acarretando a descaracterização deste edifício representativo da memória ferroviária paulista. A Cidade e o Cinema Cleber Fernando Gomes

(Universidade Federal de São Paulo/UNIFESP)

A pesquisa é parte de um projeto que estuda a relação do cinema no espaço urbano. O objetivo principal é analisar por meio de levantamentos de dados a existência do Pólo Cinematográfico de Paulínia, localizado no interior do Estado de São Paulo. Podemos considerar o objeto da pesquisa, como um Patrimônio produtor de imagens e de bens culturais para o Brasil, pois durante a sua breve história já produziu vários filmes que conseguiram atingir projeção nacional e internacional. A partir de pesquisas qualitativas e quantitativas, com a população da cidade e com outros atores sociais envolvidos no campo do cinema, assim como, a contextualização teórica, pretendemos analisar quais são os principais pontos críticos necessários para contribuir com a legitimação desse patrimônio cultural existente na cidade, ou a sua possível desconstrução. Dessa forma, a cidade e o cinema, interagem de forma complexa em um campo político de disputas, que vão além da mera exibição de filmes, transitando entre todo o processo que envolve a produção de imagens, e o produto final – o filme – que comporta memória e história. A Revolta dos Marinheiros de 1910: memórias centenárias, e depois? Jorge Dias

(CPDOC/FGV)

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A presente comunicação tem por objetivo discutir principalmente o desenrolar dos acontecimentos referentes ao impacto da memória da Revolta dos Marinheiros de 1910, que no ano de 2010 foi alvo de diferentes manifestações envolvendo representantes do movimento negro brasileiro e de pesquisadores acadêmicos envolvidos com o tema. Após as rememorações do centenário da revolta ocorrido em 1910, nenhuma outra atividade de rememoração foi percebida. Adotamos nesse trabalho uma perspectiva crítica tendo em vista o silêncio que vem sendo adotado pelas instituições, movimentos sociais e a própria academia após a efemérides histórica de 2010.

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Oficinas


Oficina 1 Arquivos online: práticas de memória, de ensino de História e de educação das sensibilidades Coordenação: Dra. Adriana Carvalho Koyama

(pesquisadora colaboradora do GEPEC – FE/Unicamp)

Sala: CB2

Oficina 2 Arte Sacra: princípios de iconografia e documentação de acervos Coordenação: João Paulo Berto

(Centro de Memória-Unicamp (CMU) doutorando em História da Arte

-IFCH-UNICAMP)

Paula Elizabeth de Maria Barrantes

(Museu Arquidiocesano de Arte Sacra de Campinas - doutoranda em

História da Arte - IFCH-Unicamp)

Sala: CB4

Oficina 3 Introdução à Conservação e Preservação de Acervos Fotográficos Coordenação: Castorina Camargo

(Arquivo Edgard Leuenroth (AEL)/UNICAMP)

Marli Marcondes

(Centro de Memória-Unicamp (CMU))

Sala de conservação e restauro do IEL

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Oficina 4 Introdução à Conservação e Preservação de Acervos Bibliográficos Coordenação: Mirdza Cristine Sichmann

(Centro de Memória -Unicamp (CMU)

Maria Valéria Barbosa

(Centro de Documentação Cultural Alexandre Eulálio (CEDAE)-

UNICAMP)

Sala: CB8

Oficina 5: Digitalizar para preservar Coordenação: Humberto Celeste Innarelli

(Arquivo Edgard Leuenroth (AEL) – IFCH-UNICAMP)

Sala: CB10

Oficina 6: Documentos setecentistas grafados por mãos hábeis e inábeis Coordenação: Elizangela Nivardo Dias (doutoranda/USP)

Renata Ferreira Munhoz

(USP)

Sala: CB 11

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PĂ´steres


A Festa de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito: O Processo de construção da identidade dos negros e negras na cidade de Bom Repouso- MG Mairon Teotônio Brandão (UNIVAS) A presente pesquisa tem como tema: “A Festa de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito: O processo de construção da identidade dos negros da cidade de Bom repouso Minas Gerais, tem como objetivo estudar as diferentes formas de fazer significar a cultura afro-brasileira no Festejo de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Por meio da análise das memórias dos habitantes de Bom Repouso Minas Gerais acerca da Festa de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito é possível percebermos como constroem sujeitos sociais, atuando em diferentes contextos da festa e de seus diferentes significados da festa para os agentes sociais que participam do festejo. A Imagem como Fonte de Saber Histórico e de Construção de Memória Vanessa Mendonça Leite (UERJ-FFP) A proposta deste trabalho é pensar o documento iconográfico como agente na construção do saber histórico e de memória. Para tal, será levada em consideração a posição crítica e reflexiva que o historiador deve realizar frente a sua fonte de pesquisa. Através da análise de imagens de periódicos do século XX que tratam sobre a Hospedaria de Imigrantes da Ilha das Flores (Rio de Janeiro), me proponho a compreender as fotografias como importante componente na construção da memória do espaço, onde hoje funciona o Centro de Memória da Imigração da Ilha das Flores. A relevância histórica e a preservação das fotografias carte de visite Rafael Russo De Jorio (CMU-Unicamp) O objeto de estudo desta pesquisa é o formato fotográfico carte de visite, muito popular a partir da década de 1860 e que deve ser preservado, considerado e investigado com profundidade. Sua influência histórica é considerável, pois o consumo profuso dessas imagens concretizou um período singular na história da fotografia. Portanto, o objetivo da pesquisa é propor

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um estudo da relevância histórica de seu surgimento e difusão a partir da observação das obras do acervo fotográfico do Centro de Memória da Unicamp e proporcionar ao leitor um estudo aprofundado do processo de classificação deste modo de fabricação fotográfica (seus métodos, materiais e estrutura), além dos processos de conservação preventiva, que visam manter a integridade física destas imagens. A retomada das políticas migratórias brasileiras e o papel da Hospedaria da Ilha das Flores como memória Carolline de Medeiros Sanches (UERJ-FFP) Tem-se por objetivo principal neste trabalho a compreensão da retomada das políticas migratórias por parte do governo federal no recorte de 1907 – 1914, dentro do processo macro da Grande Migração, e suas influências nos contextos particulares e primordiais para ação desses sujeitos históricos em deslocamento. Inserido na perspectiva das políticas migratórias, de igual modo objetiva-se entender o papel e funcionamento da Hospedaria de Imigrantes da Ilha das Flores como única desta categoria de jurisdição federal a receber imigrantes, e como dispositivo auxiliador das novas políticas de subsídios à imigração. Atualmente, no local da antiga hospedaria funciona um centro de memória da imigração e museu a céu aberto de mesmo nome. Centro de São Paulo: identidade e cotidiano a partir da produção de imagens fotográficas Fiona Susan Platt (Senac) Este projeto busca estudar a(s) memória(s) e a(s) identidade(s) da cidade de São Paulo a partir da produção de representações visuais de sua paisagem urbana – fotografias – e sua difusão por compartilhamento em redes sociais, mais especificamente o Instagram, aplicativo para smartphones. As imagens analisadas foram selecionadas a partir da hashtag (indexador) “centro de São Paulo” ou, na linguagem do aplicativo, #centrodesaopaulo, e estão em um recorte temporal estabelecido entre os meses de agosto a dezembro de 2014. Produzidas por pessoas comuns, estas imagens constituem um acervo documental digital espontâneo e coletivo, em constante crescimento e, através delas, acredita-se poder identificar elementos para a construção de uma identidade para a cidade.

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Cidade e Memórias: “Morro da Rua Nova em Santa Rita do Sapucaí - MG” Ana Claudia Almeida Cavalcanti (Univas) A pesquisa intitulada como “Cidade e Memórias: Morro da Rua Nova em Santa Rita do Sapucaí ¬ MG” tem como objetivo específico analisar os olhares e sentidos da comunidade santa¬ritense em relação aos moradores do Morro da Rua Nova na década de 1970 até os dias atuais, para assim analisarmos o cotidiano do Morro e dos sujeitos sociais inseridos no mesmo. Para tal observação a principal metodologia da pesquisa será a História Oral, podendo assim conhecer diferentes memórias para a escrita de novas histórias. Festa da Padroeira Sant’ Ana de Silvianópolis/MG: Cidade, Tradição e Experiência” Luis Fernando Nogueira dos Santos (Univas) A pesquisa “Festa da Padroeira Sant’ Ana de Silvianópolis/MG: Cidade, Tradição e Experiência” tem por objetivo buscar entender os diferentes significados e sentidos da festa religiosa organizada a Igreja Católica na cidade de Silvianópolis, sul de Minas Gerais com a finalidade de buscarmos as diferentes memórias e experiências vivenciadas por diferentes atores sociais que organizam e participam do evento. A principal metodologia que será utilizada é a História Oral, que por meio das narrativas orais possibilitará compreender como os agentes sociais vivenciam o período festivo com seus desdobramentos que elencam fé, práticas culturais, tradição, religiosidade, diversos olhares diferentes. História e Imagem: As representações femininas nos livros didáticos de História Rafaela de Matos Reis (Univas) O ensino de História contém conhecimentos específicos, contendo habilidades e competências próprias para que possa adquirir. É proporcionado a este aluno a capacidade de compreender sua história e as história do mundo onde vive, como um conjunto de múltiplas memórias e de experiências humanas. Ao compreender o Ensino de História enquanto área de conhecimento, que essa se volta para as questões da memória em sala de aula, refletiremos acerca do livro didático de História focando nas imagens da

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mulher. As possibilidades de análises das fontes imagéticas proporcionam várias problemáticas no que tange as constituições de valores, esteriótipos presentes no material didático usado pelo professor e aluno. História, Natureza e Cultura: o Ribeirão das Antas na cidade de Cambuí - MG Alisson Augusto de Oliveira (Univas) A pesquisa apresentada tem como proposta analisar a relação entre história e natureza a partir da problemática urbana instalada na contemporaneidade no que tange os usos, abusos e alterações dos rios. Neste estudo especificamente tratamos do Ribeirão das Antas, que corta a cidade de Cambuí – Minas Gerais. Metodologicamente trabalharemos com questões que envolvam a história, memória e análise de discurso, através da reflexão sobre os modos pelos quais os sujeitos sociais, especificamente os moradores das margens do Ribeirão das Antas constroem seu discurso sobre os usos e abusos deste rio. O corpus de análise será composto de depoimentos orais, leis municipais e fotografias; fontes estas que irão oportunizar compreender parte da história do presente. Individual e coletiva: a memória na construção da narrativa do Museu a Céu Aberto da Ilha das Flores Victor da Costa Santos (UERJ) Em 2010, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e a Marinha do Brasil firmaram um convênio para a criação do Centro de Memória da Imigração da Ilha das Flores. Dois anos depois, foi inaugurado o Museu a Céu Aberto. O Museu conta a história da antiga Hospedaria de Imigrantes da Ilha das Flores que funcionou entre os anos de 1883 e 1966. Ao entrar em contato com o conjunto arquitetônico e paisagístico da Ilha que permanece, em parte, similar àquele vivenciado pelos imigrantes, o visitante é apresentado à narrativa histórica construída a partir da pesquisa em jornais e livros de registros, e de depoimentos orais de imigrantes e ex-funcionários. Buscou-se fazer deste espaço um “lugar de memória”, capaz de sensibilizar os visitantes para a complexa experiência da (i)migração. Material para reflexão didático-pedagógica a partir de fontes acadêmicas sobre escravidão na região de Ribeirão Preto Tatiana Adas Gallo (Centro Universitário Barão de Mauá)

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A escravidão em Ribeirão Preto ainda não foi exaustivamente estudada. Considerando a corriqueira referência ao escravo pautada em uma historiografia clássica, caracterizada por ser paternalista e considerar o escravo como elemento do processo de produção, contraposta à uma nova tendência de viés cultural, bem como a inexistência de manuais didáticos da área de história que tenham incorporado essa mudança, além da atual exigência do Município de Ribeirão Preto para a inserção de conteúdos relativos à história local e dos afrodescendentes, o presente estudo tem como objetivo a análise da produção acadêmica sobre o tema para organização de material didático voltado para o Ensino Fundamental 2, tendo em vista essa produção historiográfica de vertente culturalista. Memórias e vivências do bairro Córrego dos Mulatos, Município de Estiva - MG Bárbara Pascoal Oliveira (Univas) A presente pesquisa “Memórias e vivências do Bairro Córrego dos Mulatos, Município de Estiva – MG” visa problematizar as memórias e as vivências do bairro Córrego dos Mulatos do Município de Estiva, Sul de Minas Gerais. Metodologicamente trabalhamos com a prática da História Oral, que nos possibilita dialogar com muitas memórias e outras histórias de diferentes gerações e, assim, evidenciar os múltiplos olhares e práticas presentes no bairro. O Arquivo Marta Rossetti Batista: Reconstrução de trajetórias femininas na Arte Morgana Souza Viana (IEB) A descrição e catalogação do arquivo da historiadora da arte Marta Rossetti Batista, pertencente ao Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo – IEB/USP, teve iniciou no ano de 2013. Desde então, esse processo permitiu que três pesquisas fossem realizadas em torno da documentação recolhida pela pesquisadora sobre a pintora Anita Malfatti e a escultora Adriana Janacópulos. Através de duas pesquisas de mestrado e uma de iniciação científica, realizadas em torno do Acervo, procurou-se pontuar a especificidade e a importância de arquivos pessoais de mulheres como fonte para pesquisas históricas, uma vez que auxiliam na recuperação das trajetórias de mulheres artistas e de suas pesquisadoras, frequentemente relegadas ao esquecimento.

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Oralidade e visualidade na reconstrução sócio histórica de um espaço educacional da Unicamp: a trajetória do PRODECAD Mariana de Sousa Lima (FE-Unicamp – PIBIC-CNPq ) Esta pesquisa tem por objetivo dar continuidade à reconstrução sócio histórica do chamado Programa de Integração e Desenvolvimento da Criança e do Adolescente (PRODECAD), espaço de educação não formal que integra a Divisão de Educação Infantil e Complementar (DEDIC), situado na Universidade Estadual de Campinas, a partir da construção de narrativas orais sobre a história do espaço estudado apoiadas na utilização de imagens fotográficas que compõem um acervo da instituição referente às atividades educacionais desenvolvidas em seu interior e registradas ao longo dos anos de funcionamento, com o intuito de traçar o caminho percorrido pelas concepções pedagógicas ao longo da sua existência, subsidiados pela busca documental, pelo levantamento bibliográfico e a observação participante. Práticas contemporâneas de comunicação Museal: O caso do Museu das Coisas Banais Rafael Teixeira Chaves (UF Pelotas) André Luiz da Silva Paulo (UFOP) A pesquisa apresentada utiliza como estudo de caso a mídia de interação social, Instagram que se configura como uma ferramenta de compartilhamento de informações multimídias, principalmente no formato de fotos e vídeos. O trabalho encontra-se em andamento, utilizando o APP, coleta de dados. A sua incorporação aos processos museais vem permitindo um novo panorama comunicacional aplicado ao museu das coisas banais, assim servindo de arcabouço para outras instituições de preservação da memória. O Museu das Coisas Banais (MCB) é um museu virtual, com a missão de preservar e compartilhar memórias de objetos banais, através da rede. Território e Lugar: um aporte teórico para a preservação do patrimônio cultural Thiago Henrique Nascimento Ramos (UFOP) Gabriela de Lima Gomes (UFOP) Este projeto de pesquisa pretende estudar as conexões entre diferentes territórios através de experiências compartilhadas entre seus moradores. Eventos relacionados às transformações de paisagens como dos distritos

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de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, em Mariana/MG, atingidos pelo rompimento da barragem da mineradora Samarco, estabeleceu um vínculo com os moradores do Aglomerado Santa Lúcia, em Belo Horizonte/MG. Assim como os moradores destes distritos em Mariana, as comunidades de duas vilas tiveram suas paisagens modificadas em função da desapropriação e demolição de suas casas, para dar lugar a um projeto de reurbanização do espaço. Em ambas situações, os moradores tentam, de alguma forma, preservar a memória ‘destes’ lugares e da trajetória da vida de cada um ‘nesses’ lugares. Trajetória biográfica e poder episcopal através de fotografias: o acervo dom Luciano Mendes de Almeida (1976-2006) Isaias Gabriel Franco (UFOP) Marcone de Souza Guedes (UFOP) Esta comunicação apresenta como seu objeto privilegiado de investigação os registros fotográficos referentes a dom Luciano Mendes de Almeida, bispo-auxiliar de São Paulo entre 1976-1988 e arcebispo de Mariana no período 1988-2006. Visa-se interpretar os sentidos histórico-religiosos e políticos da trajetória biográfico-pastoral de dom Luciano através das fotografias. Em particular, ele busca verificar se a concepção de autoridade episcopal delineada por dom Luciano em seu percurso eclesiástico foi acompanhada por representações iconográficas que com ela dialogassem, ou se tais imagéticas destoavam de tais postulados ético-políticos. Tal análise, portanto, debruça-se sobre a promoção de configurações de sentidos e a eclosão de disputas simbólicas de poder no plano do simbólico-cultural.

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