CMUemFOCO Publicação mensal do Centro de Memória-Unicamp - Campinas, agosto de 2011 - Ano I - No. 4
Doação
Fragmentos da História Painel pintado pelo artista e monje Thomaz Scheuchl foi doado ao CMU. Peça pertencia à Igreja N.S. do Rosário, demolida em 1956
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m significativo fragmento da história de Campinas acaba de ser doado ao Centro de MemóriaUnicamp (CMU). Trata-se de uma pintura mural com a imagem de São Rafael (foto), que pertenceu à Igreja N.S. do Rosário, situada no centro da cidade e demolida em 1956. A demolição fez parte do Plano de Melhoramentos Urbanos, ou Plano Prestes Maia, na gestão do prefeito Rui Novaes. A obra foi pintada no estilo Beuron pelo artista e monge austríaco, Thomaz Scheuchl, o mesmo pintor da Abadia do Mosteiro de São Bento (em São Paulo). A peça foi doada ao CMU pela família do professor Lenine Righetto, falecido em 2007. Pouco resta dos mosteiros decorados com o estilo Beuron na Europa, uma vez que estes foram descaracterizados ou destruídos antes e durante a Segunda Guerra Mundial. No Brasil, restam pinturas deste estilo apenas na Capela São Gerardo, no Alto da Boa Vista no Rio de Janeiro, na Igreja Abacial do Mosteiro de São Bento em São Paulo e na Sala Capitular do Mosteiro de São Bento em Olinda. Pouco resta, igualmente, na cidade de Campinas das grandes obras arquitetônicas do seu passado. O imponente Teatro Municipal ficou na memória e nas fotografias mantidas em coleções pessoais e em acervos públicos, como o Arquivo do CMU. Assim é, também, o caso da antiga edificação da Igreja N.S. do Rosário, posteriormente erigida no Bairro Castelo. A perda deste espaço arquitetônico só não foi total porque, após a demolição desta antiga edificação, várias das suas pinturas murais foram resgatadas pelo
médico José de Angelis. Dentre essas peças está o fragmento ora doado ao Centro de Memória. O trabalho foi oferecido por José de Angelis ao amigo Lenine Righetto, que manifestou sua vontade de ver essa pintura mantida por uma instituição preocupada com a preservação de obras históricas. O CMU foi a escolha da família. A doação foi realizada por Edinéia Loiola, viúva de Lenine. Com aproximadamente 50 cm x 60 cm, a peça de arte se apresenta em tons terra e ocre e possui filamentos dourados. O estilo Beuron mescla elementos do cristianismo primitivo, ornamentos bizantinos e cânones geométricos, bastante utilizados na Escola Alemã de Arte Sacra - anexa à Abadia beneditina de Beuron - entre 1870 e 1940. “Esta peça pode ser encarada como um fragmento de obra importante para podermos entender melhor o processo de construção da modernidade em Campinas, no final do século XIX e início do XX”, afirma a diretora do CMU, Maria Carolina Bovério Galzerani. Para ela, o estilo da pintura da peça convida à oração, ao recolhimento, ou, ainda, a uma leitura da arte sacral mais intimista, mais introspectiva. “Dentre outras dimensões ambivalentes, na relação com práticas do cristianismo primitivo, a peça traz à tona a concepção de que a obra é produto de um esforço coletivo, elaborado não para a glória do artista, mas de Deus”. Neste sentido, a aquisição desta peça, segundo ela, potencializa pesquisas relativas aos processos de educação das sensibilidades, existentes em Campinas no final do século XIX e início do XX.
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Mestrado
Historiador do CMU obtém título de mestre Ex-patrulheiro da Unicamp apresenta dissertação na Faculdade de Educação
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historiador e responsável pelo Laboratório de História Oral do Centro de Memória-Unicamp (CMU), Carlos Roberto Pereira de Souza, é o mais recente mestre do corpo de funcionários do CMU. Sob a orientação da professora Sonia Giubilei, da Faculdade de Educação da Unicamp (FE), Carlos apresentou o trabalho “As vozes dos educandos do Projeto Educativo de Integração Social (PEIS)” no dia 29 de julho. As professoras Silmara de Campos (Secretaria Municipal de Educação de São Paulo) e Olga Rodrigues de Moraes von Simson (FE-Unicamp) integraram a banca examinadora. A pesquisa teve como objetivo reconstruir a trajetória educacional dos educandos do Projeto Educativo de Integração Social (PEIS). A pesquisa investigou os educandos que freqüentam um curso superior e que, ao mesmo tempo, continuavam a freqüentar o PEIS, projeto que funciona aos sábados no Colégio Técnico da Unicamp. Em seu trabalho, o autor buscou elementos de um passado recente para compreender a razão da longevidade do projeto e seu papel sócio-político e pedagógico. Também buscou dados sobre as origens regionais, sociais, educacionais dos educandos do PEIS, bem como a trajetó-
Sonia Giubilei (orientadora), Silmara de Campos e Olga von Simson (Integrantes da banca julgadora) e Carlos Souza: mestrado sobre projeto de educação de jovens e adultos
ria educacional e as contribuições das práticas pedagógicas do projeto em suas vidas e atividades profissionais. A pesquisa revela a razão de alguns educandos, mesmo cursando o ensino superior, permanecerem ainda vinculados ao PEIS. Segundo Carlos, a busca por um trabalho de reforço escolar, a afetividade e o diálogo com colegas e professores justificam essa ligação, mesmo em uma fase educacional mais avançada. O historiador Carlos é responsável pelo LAHO desde 2005, quando transferiu-se da Reitoria para o Centro de Memória. Sua trajetória na Unicamp começou em 1982, quando, aos aos 17 anos, foi contratado como patrulheiro (office-boy) no Gabinete do Reitor. “Na época, eu estava concluindo o ensino fundamental na Escola Estadual Carlos Lencastre, no Jardim Garcia”. Iniciou o curso superior em História na PUC-Campinas, em 87. Em 91, com o diploma em mãos, seu
objetivo era deixar de lado ofícios e processos administrativos e atuar, de vez, no campo de sua formação. Vislumbrou no Centro de Memória o espaço para esse trabalho. Em 2008 ingressou no Programa de Pósgraduação na Faculdade de Educação (FE-Unicamp), onde conseguiu aprofundar seus estudos. “Nunca imaginei que um patrulheiro, de origem bastante humilde, pudesse tornar-se mestre em uma universidade do porte da Unicamp. Meu projeto agora é fazer doutorado”, afirma orgulhoso. Com a obtenção do título de mestre, Carlos torna-se o sétimo funcionário do CMU com pós-graduação stricto sensu. São três mestres, três doutorandos e um doutor, números que revelam a preocupação do CMU com a formação de um corpo técnico qualificado e capacitado para o auxílio à produção científica, em diferentes áreas do conhecimento.
Expediente Centro de Memória - Unicamp Diretora Maria Carolina Bovério Galzerani Diretora-associada Maria Elena Bernardes Assessor de Pesquisa Marcos Tognon Chefias de setores técnicos: Amarildo Carnicel (Publicações) Fernando A. Abrahão (Arquivos Históricos) Carlos R. Pereira de Souza (Lab. História Oral) Cássia Denise Gonçalves (Arquivo Fotográfico) Mirdza Sichmann (Lab. de Conservação e Restauração) Rosaelena Scarpeline (Biblioteca)
CMUemFOCO Elaborado pela Área de Publicações do Centro de Memória-Unicamp. Editoração, Projeto Gráfico e Diagramação Amarildo Carnicel (MTb 11.519) Periodicidade mensal Contatos e sugestões cmufoco@ unicamp.br
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Periódico
Revista traz reflexão sobre o
CAMPO Artigos, ensaios, resenhas e exposição de fotos podem ser acessados em www.centrodememoria.unicamp.br/resgate
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Centro de MemóriaUnicamp lançou em julho mais uma edição de Resgate – Revista Interdisciplinar de Cultura (www. centrodememoria.unicamp. br/resgate). A edição, intitulada “Memória e Patrimônio Rural” e organizada pelo professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, Marcos Tognon, oferece ao leitor um panorama das recentes pesquisas sobre o Patrimônio Cultural existente nos contextos rurais paulistas. Artigos, ensaios, resenha, apresentação de documentá-
rio e mostra fotográfica integram o volume. Segundo o organizador, que também é assessor de Pesquisa do CMU-Unicamp, o material ora apresentado é
fruto do projeto de políticas públicas “Patrimônio Cultural Rural Paulista”, financiado pela Fapesp, que reúne pesquisadores de diferentes
universidades e várias áreas do conhecimento. “Boa parte do tempo passamos em campo, no diagnóstico, na compreensão, no estabelecimento de áreas de estudo como a história das técnicas, dos costumes, dos bens, das práticas, dos assentamentos, das experiências atuais que visam valorizar o patrimônio cultural rural junto ao turismo. É sobre esse complexo território de nossas pesquisas e contatos com especialistas da área que oferecemos uma pequena parte de resultados expressos na edição”, afirma Marcos Tognon.
Mostra fotográfica
Mostra apresenta 48 fotos de 16 fazendas do interior do Estado de São Paulo: projeto tem apoio da Fapesp e reúne pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento
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Encontros
Pesquisadores do Centro de Memória apresentam trabalhos na USP Mesa redonda e Grupos de Trabalho sobre história oral dão visibilidade à pesquisas desenvolidas no CMU
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Associação Brasileira de História Oral – Regional Sudeste promove nos dias 16, 17 e 18 de agosto, na Universidade de São Paulo (USP), o IX Encontro Regional Sudeste de História Oral. O evento, realizado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e na Escola de Artes, Ciências e Humanidades, conta com trabalhos de pesquisadores vinculados a grupos de pesquisa sediados no Centro de Memória-Unicamp (CMU). Neste ano, o encontro, com o tema “Diversidade e Diálogo” focaliza a discussão dos desafios contemporâneos da história oral, em seus aspectos teóricos, metodológicos e temáticos. A socióloga e ex-diretora do CMU, Olga Rodrigues de Moraes von Simson, participa no dia 17 de agosto, das 11h00 às 12h30, no Anfiteatro de História, da Mesa Redonda “Da história oral no Brasil à história oral do Brasil”. A discussão, mediada pela professora Tânia Regina de Luca (Unesp/
Franca) tem como debatedoras as professoras Ligia Maria Leite Pereira (UFMG) e Marieta de Moraes Ferreira (FGV e UFRJ). Em parceria com a mestre em Gerontologia, Lívia Morais Garcia Lima, Olga apresenta o trabalho “Memória familiar e fazendas históricas paulistas: relações entre história oral e turismo cultural”. A comunicação ocorre no dia 17 de agosto, no GT¨ “Os bairros têm histórias e memórias da cidade”. A pesquisa analisa as formas pelas quais propriedades rurais históricas paulistas se preocupam em proporcionar atividades para o lazer de idosos, focalizando o turismo cultural com uma preocupação voltada à educação patrimonial nãoformal. As autoras do trabalho atuam como pesquisadoras no Projeto Fazendas e no Grupo de Pesquisa Memória e Fotografia (GPMeF). No espaço destinados aos pôsteres, também no dia 17 de agosto, Olga assina a orientação do trabalho
“Impactos do adensamento populacional na saúde e meio ambiente na região dos Amarais em Campinas (SP)”, realizado pela aluna Adriana do Amaral (FE-Unicamp). No mesmo dia, o historiador e mestre em Educação, Carlos Pereira de Souza, apresenta o trabalho “Persistência, identidade e tradição: a trajetória da corporação musical campineira dos homens de cor”. A comunicação apresentada no GT “Diversidade étnica e fontes orais em construção de diálogos: afrodescendentes e indígenas”. Neste trabalho, Carlos focaliza a Banda dos Homens de Cor, organização musical fundada em Campinas em 1933, que inclusive, através do ensino musical, atuou nos movimentos de resistência cultural, produzidos pela população afrodescendente da cidade. O historiador lembra que a sede da Corporação Musical é um dos últimos imóveis que representaram os antigos territórios da população negra em Campinas.
Resgate
Revista Interdisciplinar de Cultura www.centrodememoria.unicamp.br/resgate Artigos, ensaios, exposições, críticas, resenhas e entrevistas nas áreas de história (história oral), patrimônio, memória, educação (formal, não-formal e informal), comunicação e artes (fotografia, música etc.)
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Seminários CMU
Pesquisadora portuguesa ministra palestra no CMU
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o próximo dia 25 de agosto, às 14h00, o Centro de MemóriaUnicamp (CMU) dá prosseguimento ao projeto “Seminários CMU” com o tema “O programa de pesquisas do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra e as perspectivas de intercâmbio com o CMU”. A palestra será proferida pela professora Alda Mourão, da Escola Superior Educação de Leiria (Portugal) e pesquisadora
do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (CEIS 20) da Universidade de Coimbra. O evento será realizado no Ciclo Básico da Universidade. No dia do evento haverá venda de livros e revistas editados pelo CMU. Na palestra a professora fará um balanço das pesquisas desenvolvidas no CEIS 20 e discorrerá sobre as possibilidades de intercâmbio entre a instituição portuguesa e o CMU. Como resultado da
discussão do seminário espera-se obter um primeiro esboço de convênio de cooperação entre as duas instituições. Os Seminários do CMU têm por objetivo promover, a cada bimestre, a discussão de temas relacionados às áreas de antropologia, sociologia, história (históriaoral), geografia, arquitetura, educação, (formal, não-formal e informal), comunicação e artes. O evento é aberto a todos os interessados.
Mestrado e Doutorado
Diretora do CMU integra bancas na FE
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diretora do Centro de Memória-Unicamp (CMU), Maria Carolina Bovério Galzerani, orientou dois trabalhos de pósgraduação defendidos no mês de julho, na Faculdade de Educação da Unicamp (FE). A tese de doutorado “Imagens visuais nos livros didáticos: permanências e rupturas nas propostas de leitura (Brasil, décadas de 1970 a 2000)” foi apresentada por João Batista Gonçalves Bueno, dia 15 de julho, na FE. Participaram da banca julgadora os professores Décio Gatti Junior
(UFU), Ana Heloisa Molina (UEL), Maria Inês de Freitas Petrucci dos Santos Rosa (FE-Unicamp) e Ernesta Zamboni (FE-Unicamp). Também sob a orientação de Maria Carolina, foi apresentada dia 28 de julho a dissertação de mestrado de Bruno Felippe Vieira, intitulada “A agonia do patrimônio: imagens ambivalentes na cidade de Amparo (década de 1980)”. Participaram da banca de avaliação os professores Pedro Paulo Abreu Funari (IFCH-Unicamp) e Cláudia Engler Cury (UFPB).
Ainda na FE, a diretora do CMU integrou a banca de doutorado de Juraci Conceição de Faria, que apresentou no dia 29 de julho o trabalho “Diários de viagens de Malba Tahan: história e memória da formação de professores de matemática na CADES”. A aluna foi orientada pela professora Maria Angela Miorim (FE-Unicamp). Também participaram dessa banca os professores Antonio Sérgio Cobianchi (USP), Arlete de Jesus Brito (Unesp) e Sérgio Apparecido Lorenzato (FE-Unicamp).
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Encontro Encontro
Memória televisiva Trabalho de pesquisadora do CMU é apresentado na Universidade de Viena
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esquisadores de 12 universidades brasileiras compra de televisores para a Copa do México. distribuídas em nove países participaram do “Para essa época, a grande novidade é ser apresenInternational Summer School on Communication tado a uma nova tecnologia generalizada que cria and Media (ISCM), realizado no período de 1 a 7 de um sentimento ou uma marca de pertença geraciojulho na Universidade de Viena, na Áustria. Den- nal”, afirma Margareth. tre os 60 trabalhos apresentados, estava o paper Os desenhos animados mais lembrados são os “Os desenhos animados e seriados nas memórias seguintes: Barbapapa, Batfino, Banzé, Bobi Pai e televisivas femininas e masculinas em 4 gerações: Bobi Filho. Frajola, Piu-piu, Papa-léguas, Pepeanos 50, 60, 70 e 80”, elaborado pela pesquisa- legal e Pernalonga também estão entre os personadora-colaboradora do CMU, Margareth Brandi- gens citados pelos entrevistados. ni Park em parceria Segundo Renata, com a pesquisadora é possível perceber da Unisal, Renata as influências televiSieiro Fernandes. O sivas nos repertórios evento deste ano teve de brincadeiras e como tema “Mídia, devaneios e embora conhecimento e soo aparelho de tevê ciedade”. fosse uma constanNesse trabalho, te, especialmente na são apresentados vida doméstica das resultados parciais gerações dos anos 70 de pesquisa baseae 80, ela sempre foi da nas memórias de preterida em razão quatro gerações de de momentos lúdicos homens e mulheres de brincadeira com que nasceram nos sujeitos de mesma anos 50, 60, 70 e 80 Personagens como Frajola, Pernalonga, Patolino e Piu-Piu idade e também de e que cresceram em estão entre os personagens lembrados pelos entrevistados outras faixas etárias. ambientes urbanos e Margareth, além rurais. Foram enviados questionários com pergun- de pesquisadora-colaboradora do CMU é escritotas abertas, por e-mail, para uma rede de sujeitos ra, pedagoga e doutora em Educação pela Faculconhecidos e indicados. Os dados extraídos das dade de Educação (Unicamp). Renata é pedagoga, memórias narradas permitem discutir sobre o con- mestre e doutora em Educação pela Faculdade de sumo de desenhos animados e seriados televisivos Educação (Unicamp) e docente do Centro Univerlevando-se em conta o papel de telespectadores sitário Salesiano de São Paulo (Unisal – campus ativos e de produtores de cultura. de Americana). O trabalho foi apresentado por Os entrevistados nascidos nos anos 70 são os Renata em Viena com auxílio da Coordenação de que mais se lembram de desenhos e seriados e, Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior isso, possivelmente, tem a ver com o boom de (Capes).
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Doação
Pesquisadores pedem tombamento de muro da
Ponte Preta N
a semana em que a Associação Atlética Ponte Preta completou 111 anos, um grupo de pesquisadores do Centro de Memória-Unicamp (CMU) e do Arquivo Municipal de Campinas protocolou o pedido de tombamento de muro remanescente do primeiro centro poliesportivo da Ponte Preta, localizado no bairro Cambuí, em Campinas. O evento ocorreu dia 12 de agosto, quando pesquisadores reuniram-se no local da edificação (rua Guilherme da Silva, esquina com a rua Pedro Magalhães), e de lá seguiram para a Prefeitura Municipal de Campinas, onde formalizaram o pedido. Trata-se de muro de alvenaria, com medidas aproximadas de 65 metros de comprimento e altura variável de 0,90 metros na sua parte mais baixa e cinco metros em sua parte mais elevada. O muro pertenceu ao antigo estádio da Associação Atlética de Campinas de 1921 até 1927, quando passa para a propriedade da Associação Atlética Ponte Preta (AAPP). Essa praça esportiva foi demolida em 1933, depois de a Ponte Preta ter realizado 75 partidas naquele campo. No espaço da sede administrativa e esportiva da AAPP – que se estendia pela avenida Júlio de Mesquita, rua Guilherme da Silva, travessa Irmãos Bierrenbach e praça 15 de Novembro – existia, naquele período, piscina para a prática de pólo aquático e natação, rinque de patinação, pista e tanque de areia para saltos, campo de basquete, campo de futebol e uma pista circular para atletismo. Em 1933, em decorrência da crise da cafeicultura, o estádio, de propriedade do médico José Penido Burnier, foi demolido e em
O muro localizado no Cambuí: indício do passado que deve ser preservado
seu lugar foi criado o empreendimento imobiliário “Vila Júlio de Mesquita”, com 47 lotes e duas ruas projetadas, que receberam, posteriormente, as denominações de rua Pedro de Magalhães e rua Alferes Domingos. Segundo a diretora do CMU, Maria Carolina Bovério Galzerani, “este pedido de tombamento constitui uma oportunidade singular de problematização da crescente atrofia da experiência temporal, vivida, também, na cidade de Campinas, que a cada dia se aproxima culturalmente das grandes metrópoles do mundo globalizado. Oportunidade de sinalizar a existência deste indício do passado, como capaz de detonar memórias, narrativas e pesquisas acadêmicas, relativas à história da Associação Atlética Ponte Preta, na relação com a história sociocultural da cidade e com a macro-história”. Segundo ela, ainda, “esta iniciativa de preservação do que restou dos muros, existentes entre os anos de 1920 e de 1930, no estádio da então elitista Associação Atlética – hoje associada às classes populares –, pode potencializar a derrubada simbólica dos muros ainda persistentes nesta cidade, não só nas práticas esportistas, mas nas culturais, em geral”. Além da diretora do CMU, os historiadores Maria Elena Bernardes, diretora associada do CMU, Fernando Antonio Abrahão, responsável pelos Arquivos Históricos do CMU, Antonio Carlos Galdino, diretor do Arquivo Municipal de Campinas, e o jornalista Gilberto Gatti, integram o grupo de pesquisadores que solicitaram o tombamento.
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Doação
Alunos da Escola de Educação Física da USP com a Rhonrad (Roda Alemã). Pedro Stucchi Sobrinho é o primeiro à direita. São Paulo, 1943.
Páginas do esporte Acervo de 3.608 fotografias do professor de educação física Pedro Stucchi Sobrinho é doado por familiares ao Centro de Memória
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os anos 80, Campinas, Santo André e São a 1980. Fotografias referentes aos jogos oficiais Caetano do Sul eram cidades favoritas à da cidade e aos jogos colegiais em diferentes moconquista dos Jogos Abertos do Interior. Nos dalidades integram o acervo. Há, também, fotos Jogos Regionais, Campinas era a cidade relativas às primeiras equipes de ginástica mais respeitada pelos adversários. A quade solo, atualmente rebatizada de ginástilidade técnica dos atletas campineiros ca artística, modalidade treinada por Pedro não era definida por acaso. As escolas Stucchi Sobrinho, que, antes de se tornar públicas da cidade eram usinas de atledocente na Faculdade de Educação Física tas que eram lapidados pelos clubes para da Unicamp (FEF), lecionou durante quase representar a cidade nessas competições. 30 anos no Colégio Culto à Ciência (1950 Parte significativa dessa história ocorrida a 1979), em Campinas. nas quadras e ginásios de escolas da cidaPara a diretora do CMU, Maria CaroliProf. Pedro de pode ser contada em 3.608 fotografias na Bovério Galzerani, essa coleção consStucchi da coleção pessoal do professor de edutitui-se importante fonte de pesquisa para Sobrinho cação física, Pedro Stucchi Sobrinho, faa reflexão e produção de trabalhos sobre lecido em 2009, e que agora pertence ao Arqui- a história dos esportes da cidade. “Não basta vo Fotográfico do Centro de Memória-Unicamp preservar esse material. É preciso disponibilizar (CMU). A doação foi feita pelo filho e também aos pesquisadores essa página do esporte camprofessor de Educação Física da Unicamp, Sér- pineiro”. Segundo a responsável pelo Arquivo gio Stucchi. Fotográfico do CMU, Cássia Denise Gonçalves, O acervo fotográfico doado pela família retra- após o trabalho de higienização, catalogação e ta parte da história do esporte olímpico na cida- digitalização das fotos, o material será disponide e no Estado, registrado nas décadas de 1940 bilizado para pesquisa.
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Encontros
CMU tem presença em evento comemorativo dos 50 anos da ANPUH Historiadores rememoraram o percurso da associação, suas lutas, conquistas e derrotas, e debruçaram sobre suas memórias, sempre de modo questionador
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esquisadores do Centro de Memória-Unicamp (CMU) participaram do XXVI Simpósio Nacional de História, promovido pela Associação Nacional de História (ANPUH), em julho, na Universidade de São Paulo (USP). Nesse encontro, em que a ANPUH comemorou 50 anos de fundação da entidade, historiadores de todo o país produziram reflexões sobre os modos de produção de conhecimentos históricos. Tiveram, também, a oportunidade de rememorar o percurso da associação, suas lutas, conquistas e derrotas, e debruçar sobre suas memórias, sempre de modo questionador. A diretora do CMU, Maria Carolina Bovério Galzerani e a professora Helenice Ciampi (PUC-SP) coordenaram o GT “História, memórias e ensino de história: diálogo entre diferentes saberes”. Maria Carolina apresentou o trabalho “Ensino de História, educação dos sentidos, produção de saberes educacionais: em foco um projeto de educação patrimonial”. Neste trabalho focalizou resultados analíticos de uma pesquisa relativa a um projeto de educação patrimonial desenvolvido na cidade de Campinas, SP, entre os anos de 2003 e 2004, em atendimento às demandas da Secretaria da Segurança Pública, da Prefeitura Municipal desta ci-
dade. O mote fundamental deste projeto foi potencializar aos guardas municipais (em número de 594), aos seus parentes de 8 a 12 anos (em número de 30, numa segunda etapa) e aos alunos de 8 a 12 anos (60) de duas escolas municipais do Bairro Jardim São Marcos (num terceiro movimento) a aproximação dialogal com a história da cidade de Campinas. Nesta apresentação Maria Carolina analisou imagens dos saberes históricos educacionais, produzidas por professores e alunos, ao longo deste trajeto de educação dos sentidos, sobretudo no diálogo com as contribuições do filósofo Walter Benjamin. Helenice Ciampi, por sua vez, apresentou a comunicação intitulada “Em nome da ordem: As escolas municipais de ensino de 1º Grau da cidade de São Paulo, no período da ditadura militar (1964-1985)”. Nesta pesquisa investigou o processo de institucionalização e consolidação do sistema municipal de ensino da cidade de São Paulo, no contexto da ditadura militar, (1964-1985) por meio da história de oito escolas de primeiro grau (atual ensino fundamental II – 6ª a 9ª séries), que foram renomeadas, neste período, com nomes de militares brasileiros. No mesmo GT, a pesquisadora e diretora associada do CMU, Maria Elena Bernardes,
apresentou o trabalho “Sensibilidades urbanas: educação dos sentidos e a democratização dos espaços públicos”. Esta comunicação teve por objetivo discutir o lugar cultural ocupado na cidade de São Paulo pelo Teatro Municipal; ou, mais explicitamente, analisar as propostas de Mario de Andrade, voltadas à democratização do acesso ao equipamento público mais suntuoso da cidade, bem como os programas de música erudita como estratégias de educação. O GT reuniu ao todo 32 trabalhos, produzidos por pesquisadores – em nível de mestrado e de doutorado – situados em diferentes universidades públicas e particulares brasileiras, dentre as quais, Unicamp, PUC-SP, USP, Unifesp, UEL, UFES, UFRB, UFRB, Unochapecó, UFMS, USF, UCS, UFPB, dentre outras. Segundo Maria Carolina, “tratou-se de um momento privilegiado de expressão de pesquisas situadas no campo da memória, que vêm sendo desenvolvidas em nosso país nos últimos anos, as quais potencializam a abertura e o desenvolvimento investigativo de temáticas como memória, cidade e educação das sensibilidades; memória, patrimônio e educação; memória, livros (didáticos ou não) e práticas de leitura; memória e produção de saberes docentes, escolares”.
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Cursos
Projeto oferece oficinas de capacitação em fazendas históricas do interior paulista Arquivos fotográficos, história oral e conservação de edifícios rurais são temas de trabalhos de pesquisadores do CMU
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projeto de políticas públicas “Patrimô- líticas de preservação, o estabelecimento de nio Cultural Rural Paulista”, sediado no prioridades e, por último, a capacitação pesCentro de Memória-Unicamp, promove em soal”, afirma. agosto três cursos de capacitação. A cientista No curso “Memória, história oral e emsocial e especialista em Conservação de Ar- poderamento”, Olga von Simson apresenta quivos do CMU, Marli Marcondes, ministra e discute as principais técnicas utilizadas nos dias 22 e 23 na Fazenda Santa Maria do na história oral em consonância com a anáMonjolinho, em São Carlos, o curso “Con- lise de fotografias históricas. “A proposta servação e preservação de arquivos foto- é alertar os participantes sobre o valor das gráficos”. A socióloga Olga Rodrigues de informações contidas em fotografias, muitas Moraes von Simson coordena o curso “Me- vezes esquecidas em gavetas. São imagens mória, história oral e empoderamento”, dia que contêm informações importantes sobre 29, na Fazenda Nossa Senhora da Concei- o histórico familiar e sobre o lugar onde vição, em Lorena. O assessor de Pesquisa do vem essas pessoas”, afirma Olga. Outro obCMU e professor do Instituto de Filosofia jetivo do curso é formar pesquisadores para e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, coletar a memória das propriedades agrícolas Marcos Tognon, e a arquiteta e mestranda e assim contribuir para somar aspectos histópela Unicamp, Wania Bertinato, ministram ricos ao espaço dos visitantes das fazendas. no dia 30 de agosto, na FazenA oficina proposta por da Quilombo, em Limeira, o Marcos Tognon e Wania M curso “Conservação de edifíBertinato oferece orientação B cios na área rural – estruturas técnica para intervenções té de tijolos”. preliminares de conservação pr Segundo Marli Marcondes, e manutenção nas alvenarias responsável pelo curso de prede tijolos. Além de um breve histórico sobre o uso de alveservação de arquivos fotográfihi A especialista em naria de tijolos nas fazendas cos, essa prática envolve ativina conservação de arquivos, Marli paulistas, serão abordados, dades que buscam prolongar a pa Marcondes, durante permanência dos documentos em caráter preliminar, os trabalho no CMU principais fatores de degradae podem ser agrupadas em três pr ção, as principais patologias e eixos temáticos: a reprodução çã os métodos dos documentos originais, a estabilização bili ã é d dde tratamento e proteção. Todos os cursos são gratuitos e estão dos processos de deterioração e a conservação (reparos e acondicionamento). “Também com inscrições abertas. Não serão permifaz parte do processo de tratamento a criação tidas inscrições no momento dos cursos. de ambientes apropriados para manuseio e Mais informações pelo e-mail fazendas@ guarda dos documentos, a definição de po- unicamp.br