REGINA CLARO ilustrações
ANITA EKMAN
ENCONTROS DE HISTÓRIAS:
DO ARCO-ÍRIS À LUA, DO BRASIL À ÁFRICA
São Paulo, 2ª edição, 2018
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© Regina Claro, 2018 © Anita Ekman, das ilustrações, 2018 © Joaninha Edições, 2018
Responsabilidade editorial: Ana Mortara Capa e projeto gráfico: Anita Ekman Revisão: Equipe Cereja Material digital impresso: Sergio Alves
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação — CIP L583
Claro, Regina. Encontros de histórias: do arco-íris à lua, do Brasil à África. / Regina Claro. Ilustração de Anita Ekman. — 2. ed. — São Paulo: Joaninha Edições, 2018. 24 p.; il. ISBN 978-85-5521-005-1 (aluno) ISBN 978-85-5521-007-5 (professor) 1. Literatura Infantojuvenil. 2. Conto Brasileiro. 3. História. I. Título. II. Encontros de História. III. Do arco-íris à lua. IV. Do Brasil à África. V. Ekman, Anita, Ilustradora. CDU 82-93
CDD 028.5 Catalogação elaborada por Ruth Simão Paulino
Joaninha Edições Ltda. Rua Fradique Coutinho, 1139 Vila Madalena – São Paulo – SP CEP 05416-011 www.joaninhaedicoes.com.br
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DE ENCONTROS E ENCANTAMENTOS O que é um encontro? Encontro é quando a gente olha bem para o outro e também é visto, reconhecido, compreendido. O encontro torna-se mais encantador quando percebemos coisas em comum, semelhanças e identificações. Encontro feliz ocorre quando a cobra Boitatá, das histórias dos povos Guarani, aqui do Brasil, olha e se descobre na cobra Umamlambo, das histórias dos povos Xhosa, lá da África. Encontro encantado, quando as histórias cantadas e contadas pelos povos indígenas de diferentes partes do Brasil se reconhecem nas histórias contadas e cantadas pelos povos de diferentes partes da África. Assim são as histórias desse livro. Histórias de encontros e encantamentos. Estrelas, arco-íris, sol, lua, fogo, água, universo, animais fabulosos, monstros aterrorizantes e, especialmente, toda a humanidade, se encontram e se entrelaçam em deliciosas histórias daqui e d’acolá. Histórias que atravessaram gerações e foram contadas e cantadas de pai para filho, de mestre para aluno. Histórias cantadas e recontadas embaixo de uma árvore, em volta do calor do fogo ou sob a luz da Lua. Histórias e saberes dos nossos ancestrais daqui e d’acolá e que hoje compõem o grande tecido da nossa cultura brasileira. Na África os anciãos são os guardiões das histórias da comunidade. Em diferentes partes do continente, especialmente na África Ocidental, eles são conhecidos como Djelis ou Griots. São os contadores, os intérpretes, os poetas, os músicos e os cantores das histórias e responsáveis pelas memórias dos muitos povos africanos. Na África é costume dizer que, quando morre um ancião, uma biblioteca inteira desaparece. Quando um contador de histórias morre, seu corpo é colocado dentro do Baobá, árvore nativa do continente africano, para que suas histórias e canções possam continuar brotando e alegrando a todos. Aqui no Brasil, em grande parte dos povos indígenas, a figura do ancião também é valorizada como um arquivo vivo. Como conhecedores de muitas histórias, os mais velhos têm a função de ensinar para os mais novos o conhecimento dos antepassados. O pajé também é considerado o guardião e protetor dos saberes e das histórias. Ele é o responsável por passar adiante a cultura, história e tradições da comunidade. Brasil e África. Duas terras separadas por um gigante, o oceano Atlântico. Dois lugares distantes, mas com tanta coisa em comum. África e Brasil têm ligações profundas e muito antigas. Desde o tempo em que todas as terras estavam unidas numa só. Você já notou que, se recortarmos os mapas, África e Brasil se encaixam perfeitamente, como se fossem irmãos separados pelo tempo? Qualquer semelhança não é mera coincidência.
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COMO SURGIU O AMOR DE IAÇÁ E TUPÁ (KAXINAWÁ) Iacá era filha do cacique de uma aldeia do povo Kaxinawá. Um dia, ao olhar para o céu azul, avistou o belo Tupá, filho de Tupã, deus supremo. Os dois jovens se apaixonaram perdidamente. Ingange, o diabo, que morava no fundo da terra, ao observar o amor dos jovens ficou invejoso e resolveu tomar a noiva do filho de Tupã. Ingange prometeu ao cacique todas as riquezas da Terra, desde que sua filha se casasse com ele. O chefe aceitou a proposta e trancou sua filha. No dia do casamento, Iacá pediu que Ingange a deixasse visitar Tupá no céu pela última vez. Ingange aceitou o pedido, mas com uma condição: Iacá faria um corte no braço para que as gotas de sangue formassem um arco. Assim ele poderia vigiar sua noiva durante a viagem para o céu. Tupã enviou o Céu, o Sol e o Mar para acompanhar a jovem e ordenou que eles formassem também três arcos coloridos para confundir o diabo. O Sol se transformou em arco amarelo, o Céu em arco azulclaro e o Mar em arco da cor anil. Porém, a subida era longa e Iacá perdeu muito sangue na viagem. Sem forças, a cunhatã, foi caindo bem devagar em direção à Terra. Na queda, o arco vermelho misturou-se com o arco amarelo formando um novo arco laranja. Depois, com o arco azul formando um novo arco violeta. Iacá morreu numa praia e seu corpo foi banhado pelo mar e iluminado pelo sol. Nesse momento, nasceu um arco verde, formado pelo azul e amarelo. O sétimo arco foi tomar seu lugar no céu com os outros formando um lindo arco colorido. Tupã chamou-o de arco-celeste (ou arco-íris) como o sinal do amor entre Tupá e Iacá.
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O ARCO-ÍRIS OXUMARÉ E AS CORES DO MUNDO (YORUBA) Oxumaré era o filho mais bonito de Obatalá e Nanã, os orixás mais antigos da Terra. Certo dia Oxumaré recebeu de Olorun, deus supremo, uma missão muito especial: carregar, de volta para o céu, toda a água da Terra dentro de sua cabaça. Era uma tarefa sem fim, logo que Oxumaré acabava de encher as nuvens, imediatamente, a água que lá estava começava a escorrer molhando a Terra novamente. Um trabalho cansativo que não dava tempo a Oxumaré fazer mais nada. Porém, numa de suas viagens, Oxumaré parou para olhar a Terra de cima e viu que faltava alguma coisa. Mesmo Olorum tendo criado tudo aquilo que havia, faltava alguma coisa para alegrar a Terra. Então, Oxumaré pediu ao grande Olorun que o ajudasse a encontrar uma maneira de trazer alegria à Terra. Olorun ficou comovido e concedeu a ele a realização do desejo. Quando Oxumaré estava carregando água, sem querer, deixou cair de sua cabaça algumas gotas pelo caminho. Olorun então, transformou as gotas em um lindo arco colorido. Aquele arco mostrava todas as cores do universo, e, através dele e de suas infinitas combinações Oxumaré poderia colorir toda a Terra. A partir de então formou-se uma aliança entre Olorun e todos os seres criados e que poderia ser visto sempre que as águas de Oxumaré encontrassem a luz do Sol.
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ANIMAIS B O I TAT Á : A C O B R A D E F O G O (GUARANI) Houve um tempo em que a terra dos TupiGuarani cobriu-se de escuridão. No céu não havia lua nem estrelas, e da terra não brotava nada. Não muito longe, numa gruta escura, vivia uma cobra grande chamada Guaçu-boi, que passava quase todo o tempo a dormir. De tanto viver no escuro, seus olhos cresceram e ficaram como duas bolas de fogo. Ela era o único bicho que podia sair e caçar naquela escuridão. Nessa época, a terra também foi castigada por um grande dilúvio. As águas invadiram a gruta e a grande cobra foi obrigada a se instalar no galho mais alto da mais alta árvore. Quando a chuva parou e as águas baixaram, os corpos de muitos animais apareceram nas margens dos rios. A cobra faminta saiu para caçar. Ela comia os olhos dos animais mortos que brilhavam na escuridão, pois sabia que todo ser vivo, quando morre, guarda nos olhos a última luz do sol que viram. Tantos olhos comeu que foi ficando luminosa. Os índios, assustados, não reconheceram a Guaçu-boi e pensaram que fosse uma criatura encantada. Diziam, cheios de medo: "Mboi-tatá!", que na língua tupi quer dizer cobra de fogo. Diziam que ela hipnotizava quem a olhasse diretamente nos olhos. O tempo foi passando e a Boitatá tantos olhos comeu que arrebentou. Foi tanta luz que expulsou a escuridão e o dia despertou outra vez. Foi uma alegria enorme. O grande deus, Tupã, fez da Boitatá a guardiã das matas. Durante o dia vive no fundo dos rios dentro de uma gruta. A noite ela sai cintilando, deslizando nas campinas e na beira dos rios, para queimar aqueles que pretendem colocar fogo nas matas.
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FABULOSOS U M A M L A M B O : A C O B R A I L U M I N A DA (XHOSA) Desde o início dos tempos, nas terras habitadas pelos povos Xhosa, no sul África, existia uma grande cobra encantada chamada Umamlambo. Ela vivia na escuridão de uma cabana de barro, no fundo do rio Mzintlava. Umamlambo passava todo o tempo a dormir, mas despertava na época das grandes chuvas. Ou quando o rio se agitava com a movimentação da população ribeirinha. O monstro tinha o corpo de cobra e cabeça de cavalo. Para atrair suas vítimas, a pele de Umamlambo se iluminava. Seus grandes olhos de fogo tinham o poder de hipnotizar qualquer infeliz — bicho ou gente — que se atrevesse a confrontá-la. Ela arrastava sua caça para sua cabana no fundo do rio e devorava somente a cabeça. Para enganar o monstro e conseguir retirar a água do rio era preciso, primeiro, atirar uma pedra. O movimento da água fazia o olho da cobra piscar e permitia que a água pudessse ser retirada em segurança. Conta o velho Imbongi, sábio conhecedor de todas as histórias do povo Xhosa, que Umamlambo era feroz assim porque ela era a protetora de um imenso tesouro guardado no fundo do rio Mzintlava. O guerreiro que lutasse com o monstro e sobrevivesse receberia todas as riquezas. Conta-se também que, se alguém conseguisse cortar um pedacinho do corpo de Umamlambo e guardasse junto ao coração, teria boa sorte para toda vida.
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OS MONSTROS M A P I N G U A R I , O F E D O R E N TO ( M A N C H I N E R I ) Desde o início dos tempos, os povos da Floresta Amazônica, são aterrorizados por um monstro fedorento, comedor de cabeças, conhecido como Mapinguari. Uma criatura gigante que tem pele de jacaré e coberta por longos pelos vermelhos. Tem um olho no meio da testa, uma boca, na vertical, que desce até o umbigo. Seus pé são virados para trás e garras duras como aço. Também pode aparecer vestindo uma armadura feita de casco de tartaruga. E o pior é que ele tem um cheiro tão ruim que aquele que se atrever a chegar perto pode ficar tonto e se tornar uma presa fácil. Dizem os mais velhos, que ele é o monstro mais fedorento que se tem notícia. O Mapinguari emite gritos semelhantes ao grito dado pelos caçadores. Se alguém responder, ele logo vai ao encontro do desavisado, que acaba perdendo a vida. O danado só come a cabeça de suas vítimas. O Mapinguari só anda pelas florestas durante o dia, a noite ele gosta de dormir. Quando anda pelas matas, vai gritando, derrubando árvores e deixando um rastro de destruição. Dizem que o Mapinguari só foge quando vê um bicho-preguiça.
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DE NOSSOS MUNDOS K I B U N G O , O M O N S T R O A PAV O R A D O ( M B U N D U ) No interior das florestas do Congo e Angola vive um monstro muito temido pelas crianças pequenas, conhecido como Kinbungo. O Kinbungo é um gigante peludo, meio homem, meio lobo. Tem uma enorme cabeça, olhos cor de fogo e pés em formato de pilão. Tem também um grande buraco nas costas, que abre e fecha conforme ele abaixa e levanta a cabeça. Ele gosta muito de comer crianças. Dizem os velhos contadores de histórias, que ele faz assim: chega perto de um menino ou de uma menina e abaixa a cabeça, então o buraco nas costas abre, ele pega a criança, joga lá dentro e… pronto! Ela some e nunca mais se ouve falar dela. Extremamente feio, o Kinbungo não é um monstro muito estúpido e pateta e por isso pode ser facilmente ferido. Quando o Kinbungo se depara com um guerreiro valente sai correndo apavorado e soltando gritos.
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A CRIAÇÃO O SOPRO DE TUPÃ (GUARANI) No princípio o deus Tupã morava no vazio, numa escuridão sem fim. Primeiro, Tupã criou o céu e as estrelas, onde fez sua morada e abaixo criou as águas. Depois, Tupã desceu lá de cima, em um grande redemoinho. Logo que Tupã tocou as águas, o sol surgiu no arco do céu. Quando o sol chegou ao ponto mais alto, seu calor rachou a pele de Tupã. E finalmente, quando o sol desapareceu do outro lado do céu, a pele de Tupã caiu do corpo dele, se estendeu sobre as águas e formou as terras. No dia seguinte, o sol apareceu no céu e percebeu a mudança. O sol chegou novamente ao ponto mais alto e Tupã pegou um pouco de barro, amassou e moldou o primeiro Homem. Soprou-lhe no nariz e lhe deu vida. O Homem cresceu e ficou grande como Tupã, mas não falava. O grande deus soprou em sua boca e o Homem começou a falar. Então, Tupã soprou na orelha esquerda a inteligência e na orelha direita a sabedoria. Na cabeça do Homem, Tupã desenhou os raios e trovões sagrados que são os de pensamentos. No corpo do Homem, Tupã colocou as águas das emoções e dos desejos que se movimentam para criar ou para destruir. Por fim, Tupã deu ao Homem o poder de escolher entre criar ou destruir. Terminada a criação, Tupã voltou para o céu montado em seu redemoinho.
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DA HUMANIDADE A PA L AV R A S A G R A DA ( B A M B A R A ) No princípio, o grande deus Maa Ngala morava no tempo infinito. Mas, Maa Ngala sentia-se muito solitário. Foi quando criou Fan, um ovo maravilhoso. Quando o ovo chocou, dele nasceram vinte seres fabulosos que representavam tudo o que havia no Universo. Mas nenhuma dessas criaturas tinha capacidade de conversar com Maa Ngala, que continuava solitário. Assim, Maa Ngala pegou uma parte de cada uma dessas vinte criaturas, misturou-as e soprou. A esse novo ser deu parte de seu próprio nome: Maa (Homem). O Homem tinha um pouco de tudo do que existia no Universo, e havia recebido de herança uma parte do poder divino: o dom da palavra. O criador também colocou no Homem três potências: poder, querer e saber. No entanto essas forças ficariam em repouso até o momento em que a palavra as colocasse em movimento. Com a palavra, elas adquiriam vida e começariam a vibrar. Primeiro seriam pensamentos, que depois se tornariam som e, por último, fala. A partir daí o grande deus passou a conversar com o Homem. Então Maa Ngala ensinou as leis segundo as quais todos os elementos foram formados e o consagrou guardião do Universo e responsável pela harmonia universal. Por isso é tão difícil ser Maa. Assim o Homem transmitiu aos seus descendentes, pela fala, todos os conhecimentos que havia aprendido e deu início à grande cadeia da transmissão oral.
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A CRIAÇÃO A CANTIGA DO UNIVERSO (GUARANI) No princípio não existia nada. No meio desse vazio o grande deus criador, Ñande Ru Tenondé, desabrochou como uma flor luminosa. De sua mão surgiu o popygua, o bastão do poder, e de sua cabeça, uma coroa de plumas em leque e da coroa saiu o primeiro pássaro, o colibri. De seu peito saíram sete notas musicais, incluindo o silêncio. As notas vibrantes transformaram-se em melodia. Ele criou tudo o que existe com seu canto. Depois, fincou seu bastão no meio do céu, criou quatro casais de deuses e os colocou nos quatro cantos do Universo. No norte, Jakaira Ru Eté e sua esposa, senhores da neblina, do orvalho e dos bons ventos. No leste, Karai Ru Eté e sua esposa, guardiães do fogo sagrado e senhores das chamas. No oeste, Tupã Ru Eté e sua esposa, senhores das sete águas, das chuvas, dos relâmpagos e trovões. No sul, Ñamandu e sua esposa, senhores da palavra e do tempo. Eles foram chamados de pais primeiros, pois ajudaram o grande deus na criação do Universo, da Terra e dos seres humanos. Terminado o Universo Ñande Ru Tenondé fez sua morada no meio-do-céu. E no centro fez brotar o Pindoju, a palmeira sagrada, para orientar os governantes das quatro direções.
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DO UNIVERSO MBUMBA E A DOR DE BARRIGA (BUSHONGO) No início havia apenas escuridão. Não havia nada além de água. O grande deus, Mbumba vivia sozinho. Um dia Mbumba teve uma terrível dor de barriga. Ele se esticou e esticou e vomitou o sol. A luz se espalhou sobre tudo e o calor do sol secou as águas e as bordas do mundo começaram a aparecer. Bancos de areia e recifes podiam ser vistos. Mbumba vomitou a lua e as estrelas, assim a noite teria sua luz também. Mas, Mbumba ainda sentia dor. Ele se esforçou novamente e nove criaturas saíram. O leopardo, a águia, o crocodilo e um pequeno peixe. Depois vomitou a tartaruga, o relâmpago, a garça branca, o besouro, e a cabra. Por último, saíram todos os homens. Cada criatura criou todas as outras. A garça criou todas as aves do céu. O crocodilo criou as serpentes e a iguana. A cabra criou todos os animais com chifres. O peixe pequeno criou todos os peixes de todos os mares e rios. O besouro criou todos os insetos. Em seguida, as serpentes criam todos os gafanhotos, e a iguana todas as criaturas sem chifres. Um dos filhos de Bumba trouxe uma planta maravilhosa a partir do qual todas as árvores e gramíneas, flores e plantas em todo o mundo surgiram. Quando a obra da criação foi concluída, Mbumba andou pelas aldeias pacíficas e disse ao povo: “Olhem todas essas maravilhas. Elas pertencem a vocês”. E desapareceu.
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A ORIGEM A ÁGUA: O COMEÇO DO MUNDO (WAJURU) No começo do mundo não havia água, só havia terra. O povo bebia água que saía da folha de imbaúba. Água existia no mundo. Mas ela tinha um dono, Wawãpod. A água que Wawãpod escondia, saía da cobra-muçu como se fosse uma torneira. A cobra vivia amarrada na árvore e tinha um prato de barro embaixo. Um dia, dois irmãos saíram da aldeia decididos a caçar a água. Se transformaram em pássaros, voaram e chegaram no esconderijo de Wawãpod. Em silêncio, desataram a cobra e a água saiu e caiu no prato. Os irmãos beberam a água, tomaram banho, e foram embora. Todo dia a mesma coisa: bebiam água, tomavam banho e partiam. Só que o irmão mais novo era muito sapeca, ficava todo sujo de propósito só pra ir tomar banho com água fresca. Um dia o irmão mais velho se recusou a acompanhar o mais novo. Decidido, o curumim foi sozinho. Desamarrou a cobra e a água espalhou com muita força carregando o indiozinho e cobrindo a terra. Ele levantava o braço em sinal de socorro. Por onde o braço passava virava igarapé que levava a água para todos os cantos. E foi assim que apareceu a água para os homens
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DA ÁGUA A ÁGUA: O COMEÇO DO MUNDO (IGBO) Desde o princípio dos tempos o Sol, a Lua e a Água eram grandes amigos e viviam juntos na Terra. O Sol e a Lua sempre visitavam a Água em sua casa, mas ela nunca retribuía a visita. Um dia, o Sol quis saber qual o motivo e Água respondeu que a casa de seus amigos era muito pequena para abrigar todos aqueles que a acompanhariam. O Sol e a Lua resolveram construir uma grande casa para abrigar a amiga e seus acompanhantes. Quando terminaram a construção, convidaram a amiga para uma visita. A Água, muito amável, perguntou se tinham certeza de que todos poderiam entrar e os amigos, orgulhosos, disseram que sim, claro, poderiam todos entrar. A Água foi entrando acompanhada de todos os peixes e uma quantidade incalculável de seres aquáticos. Em segundos, a Água já estava pelos joelhos. A Água, muito humildemente, perguntou se os amigos tinham certeza de que todos poderiam entrar. Os amigos, mais uma vez, insistiram que sim. A Água continuou a entrar, entrar e entrar. O Sol e Lua começaram a ficar preocupados quando a água atingiu o teto. Mas os amigos estavam tão felizes com a visita que continuaram a insistir. E a Água foi entrando, entrando e entrando se espalhando por todos os cantos e direções. O Sol e a Lua foram obrigados a subir para o telhado. A água foi entrando e inundando e se espalhando e, por fim, obrigou que o Sol e Lua encontrassem abrigo lá no céu. E lá instalaram sua morada, mas felizes e orgulhosos da visita de sua grande amiga.
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A ORIGEM B A H I R A E A C O N Q U I S TA D O F O G O ( C A B A H Y B A - PA R I N T I N T I N ) Antigamente, a terra era de todos, mas o fogo não. O fogo tinha dono. Urubu era dono do fogo. Para ele não esfriar, o carregava escondido embaixo das asas. Bahira, o grande chefe Kawahiwa, falou: — O fogo deve ser de todos! A água tem dono? Não. O sol tem dono? Não. A terra tem dono? Não. As plantas têm dono? Não. Então por que o fogo tem dono? Não pode! Então decidiu que roubaria o fogo do Urubu. Entrou na floresta, cobriu-se de folhas e de cupins e deitou-se no chão, fingindo-se de morto. Veio a mosca varejeira, viu o morto e foi avisar o urubu. Naquele tempo, o dono do fogo morava no céu. Urubu não perdeu tempo. Veio logo, trazendo o fogo embaixo da asa. Veio acompanhado de toda a família: mulher, filhos e outros urubus, seus amigos. O urubu preparou o moquém, que é a grelha alta feita com varas verdes. Tirou o fogo da asa, colocou debaixo da grelha e pediu para os filhos vigiarem. Bahira não se mexia, mas abria um olho e espiava para aprender a lidar com o fogo. De repente, sem querer, Bahira se mexeu. Os filhos perceberam, disseram ao Urubu, mas ele não acreditou. Quando o fogo estava bem aceso e vermelho, Bahira se levantou de repente, roubou o fogo e saiu em disparada em direção ao rio. Lá chamou a cobra-surradeira, uma cobra que corre muito. Colocou o fogo em suas costas e mandou-a levá-lo para a sua gente que estava do outro lado. Mas, no meio do rio, a cobra morreu queimada. Bahira, com uma vara, puxou o fogo de volta. Colocou o fogo nas costas do camarão, que não aguentou o calor e ficou vermelho e cozido. Bahira não desanimou. Dessa vez chamou a saracura. Mal a ave levantou, começou a gritar com o calor. Bahira então chamou o sapo Cururu. O sapo foi aos pulos, atravessou o rio e entregou o fogo aos Kawahiwa que esperavam na outra margem. Desde aquele dia os kawahiwa passaram a assar peixes no móquem. E o sapo cururu, por ter levado o fogo, virou pajé.
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DO FOGO O L O U VA - A - D E U S R O U B O U O F O G O D O AV E S T R U Z ( K H O I - S A N ) No tempo que a Terra ainda era nova e os animais falavam, os povos Khoi-San tinham que secar a carne da caça ao sol para comer, porque o avestruz era dono do fogo. O louva-a-deus, que era o animal encantado, resolveu ajudar a descobrir onde o avestruz escondia o fogo. Quando o avestruz estava preparando seu almoço, ele rastejou silenciosamente e se escondeu atrás de um arbusto. Assim que terminou, o avestruz pegou o fogo, escondeu debaixo de sua asa e foi embora. O louva-a-deus, num de seus passeios matinais, avistou uma árvore carregada de uma fruta que ele sabia ser a favorita do avestruz. Daí que o louva-a-deus teve uma ideia. Foi até o avestruz e disse: — Encontrei uma árvore maravilhosa com frutos deliciosos. Siga-me e eu lhe mostrarei. Quando eles chegaram, o avestruz começou a bicar as frutas nos galhos mais baixos. Interesseiro, o louva-a-deus disse que os melhores frutos estavam no alto. Assim, o avestruz teve que esticar-se um pouco, abrindo suas asas um pouco para manter o equilíbrio. O louva-a-deus percebeu que o fogo brilhava debaixo da asa do avestruz, mas o danado fechou-a antes que ele pudesse agarrá-lo. O louva-a-deus tentou novamente, dizendo que se ele esticasse mais provaria os melhores. O avestruz esticou-se ainda mais, ficando na ponta dos pés. E abriu suas asas novamente para manter o equilíbrio. Desta vez o louva-a-deus pegou o fogo e saiu em disparada enquanto avestruz ainda comia. O louva-a-deus entregou o fogo para os Khoi-San, que ficaram muito felizes. Fizeram um grande banquete, dançaram e cantaram. Ao final se reuniram em volta do calor do fogo e o louva-a-deus contou muitas de suas aventuras.
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AS MULHERES A S M U L H E R E S DA L U A ( T U A R E PA N G ) Kapei, o deus-Lua, tem duas mulheres, ambas chamadas Kaiuanog, uma em cada extremo do mundo. Uma no leste, onde o sol nasce e a outra no oeste, onde o sol se põe. Sempre está com uma delas. No período em que vive com a esposa do leste, Kapei vai minguando, minguando até desaparecer e o céu ficar escuro. Pois, Kaiuanog não lhe dá comida. No período em que vive com a esposa do oeste, Kaipei se recupera cresce, cresce, até ficar cheio e aparecer brilhante no céu. Pois, Kaiuanog lhe dá muita comida. Quando está totalmente cheio, Kapei, volta para os braços da esposa do leste e mingua. Depois se encontra novamente com a outra, que o faz engordar, e assim por diante. A mulher do leste briga com a lua, por ciúme. Ela lhe diz: — Vá para junto da outra. Então ficas outra vez gordo. Comigo não podes engordar. E ele vai para junto da outra. Por isso as duas mulheres são inimigas e ficam sempre separadas uma da outra.
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DO DEUS-LUA A D I S P U TA DA S E S T R E L A S P E L O A M O R DA L U A ( A N YA N J A ) Contam os povos Anyanja que o deus-Lua tem duas esposas. A deusa Puikani vive no lado leste do céu, na direção e m que o Sol nascerá. Durante metade do tempo, o deusLua vive com Puikani. Mas ela só consegue avistar o esposo chegando somente após a meia-noite. Irritada e enciumada ela não o alimenta deixando-o cada vez mais magro até desaparecer no céu. A deusa Chekechani mora do outro lado do céu, no lado oeste, onde o Sol desaparece. Na outra metade do tempo o deus-Lua vive com Chekechani. Ela o espera paciente até avistá-lo no horizonte do céu antes da meia-noite. Esposa dedicada e amorosa, ela cuida de seu esposo até que ele engorde e fique totalmente redondo. Mas o deus, assim que fica rechonchudo, volta para os braços de Puikani. Cada mulher é visível no céu, acompanhada do deus-Lua, por cerca de 132 noites. Com Puikani nas manhãs. Por isso ela também é conhecida como estrela da manhã. O deus-Lua é visto com Chekechani no entardecer, por isso ela é também conhecida como estrela vespertina. O deus está sempre acompanhado de uma delas e nunca com as duas juntas. Quando uma brilha no céu, a outra se esconde.
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A ORIGEM O C U R U M I M C U R I O S O E A C A B A Ç A S A G R A DA ( S U R U Í ) Há muito tempo, no meio da floresta, quando o mundo era mais frio e mais escuro e ainda não existiam Kwarahy (Sol), Sahy (Lua), Sahy-Tatawai e o Vento. Na época em que os povos Suruí eram conhecedores de muitos segredos do Universo, vivia um curumim muito curioso. Por mais que seus pais o alertassem sobre os perigos da vida, ele teimava em não obedecer os ensinamentos dos mais velhos. O curumim vivia perguntando sobre tudo. Um dia, ele viu uma cabaça fechada e quis saber o que havia lá dentro. Os mais antigos lhe disseram que o índio que mexesse naquela cabaça sagrada seria duramente castigado. Parece que essas palavras aumentaram ainda mais o desejo do jovenzinho. Alguns dias se passaram e ele não tirava da cabeça o desejo de abrir a cabaça. Até que um dia quando todos estavam ocupados, o pequeno ficou sozinho diante da cabaça. Ele logo sentiu um frio na barriga e uma voz de dentro de sua cabeça lhe dizia: “será duramente castigado…”. Apesar disso, o curumim abriu a cabaça. De dentro saíram o Fogo e o Vento com tanta violência, que mataram o indiozinho. O Vento se soltou e se espalhou pelo Universo. O Fogo, quando saiu, se dividiu em dois: Kwarahy (Sol) e Sahy (Lua). Durante o dia aquece a Terra. À noite ele ilumina a noite escura. Mas Sahy se sentia muito sozinho na noite escura. Então, Tupã resolveu dar-lhe um filho e criou Sahy-Tatawai. Ele não fica o tempo todo do lado do pai, mas podemos vê-los juntos no início da noite e no final da madrugada, brilhando no céu.
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DA LUA A S E PA R A Ç Ã O DA L U A E D O S O L ( F O N ) Nana-Buluku, o deus supremo, e a grande serpente arco-íris AidoHwedo criaram o Universo. Quando Nana foi criar a Terra já estava tão cansado que resolveu criar um outro deus para terminar o que havia começado. Gerou Mawu-Lissa, um deus que tinha dois lados: um feminino e outro masculino. Os dois juntos formavam o ritmo da vida. Depois Nana ordenou que a grande serpente ajudasse na tarefa de criação da vida na Terra. Assim, Mawu-Lissa instalou-se na boca da serpente e juntos saíram criando tudo o que há na Terra, homens, animais, plantas. Aido-Hwedo era o único ser capaz de viajar entre o Céu e a Terra num instante. A serpente era tão grande que podia envolver o mundo todo. Mas a Terra ficou tão pesada com tudo que o haviam criado que a serpente teve que se enrolar em volta da Terra para segurá-la. Mordeu seu próprio rabo, envolveu a Terra, e assim manteve o equilíbrio da vida. Mas, ao menor movimento da grande cobra arco-íris a Terra sofre um terremoto. Com o trabalho terminado, Mawu começou a brigar com Lissa pelo poder de governar. Nana percebeu as intrigas e resolveu separá-los. Enviou Mawu para o oeste e a transformou na Lua. Ela seria a luz que iluminaria a Terra e governaria noite. Enviou Lissa para o leste e o transformou no Sol. Ele seria o fogo que aqueceria a Terra e governaria o dia. Como castigo Mawu e Lissa só poderiam se encontrar quando houvesse um eclipse. Os povos Fon dizem que é quando eles se abraçam e fazem as pazes.
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AS ETNIAS YORUBA Constituem o segundo maior grupo étnico na Nigéria, com aproximadamente 21% da sua população total. A maioria dos Yoruba falam a yoruba. Estão, principalmente, no sudoeste da Nigéria; mas também há comunidades significativas no Benim, Togo, Serra Leoa, Cuba, Republica Dominicana, Brasil e Cuba.
XHOSA Grupo étnico que pertence a grande família étnica Nguni. Esses povos falam a língua de mesmo nome. Estão predominantemente na África do Sul, principalmente nas províncias do Cabo e sul do KwaZulu-Natal, mas também nos países vizinhos, Botswana e Lesoto.
M B U N D U ( O U A M B U N D U O U A I N DA AMBUNDO) São um grupo étnico pertencente a grande família etnico-linguistica Bantu. A sua língua é o kimbundu. Os Mbundu são o segundo maior grupo étnico angolano, representando cerca da quarta parte da população do país. Apesar de os portugueses terem travado relações comerciais com os Mbundu, houve revoltas constantes contra a ocupação dos colonos europeus na região, sendo a mais conhecida a liderada pela rainha N’Ginga
B A M B A R A ( O U B A M A N A O U A I N DA BANMANA) Vivem no oeste de África, principalmente no Mali mas também na Guiné, Burkina Faso e Senegal. Esses povos falam a língua de mesmo nome. Entre as tradições artísticas Bambara estão a cerâmica, escultura, tecelagem, figuras de ferro e máscaras.
BUSHONGO (OU BAKUBA) Habitam a região central e sudeste da República Democrática do Congo. Sua expressão ar-
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tística reflete seus valores culturais: instituição monárquica, estratificação social, altivez da classe guerreira e sacerdotal, bem como o pertencimento a grupos iniciáticos e associações podem ser distinguidos a partir do vestuário, da tapeçaria e nos demais usos práticos da tecelagem. São conhecidos por suas máscaras de cabeça monumentais, com padrões requintados geométricos.
IGBO Habitam do leste, sul e do sudeste da Nigéria, além de Camarões e Guiné Equatorial. A maioria da população está concentrada na Nigéria, dominando parte do sul e do oeste. As sociedades Igbo eram organizadas em aldeias autossuficientes, ou federações de comunidades de aldeias, com uma sociedade de anciões e associações de grupos da mesma faixa etária que desempenhavam várias funções governamentais.
KHOI-SAN Ou Khoi-San, designação utilizada para dois grupos étnicos do sudoeste de África, que partilham algumas características físicas e linguísticas. São os San, também conhecidos por bosquímanos (caçadores-coletores) e os Khoikhoi (pastores). Esses povos já ocuparam grande parte da África meridional. Atualmente estão reduzidos a pequenas populações, localizadas no deserto do Kalahari, na Namíbia, na África do Sul, além de Botsuana e Angola. Os Khoisan possuem o mais elevado grau de diversidade do ADN mitocondrial de todas as populações humanas, o que indica que eles são uma das mais antigas comunidades humanas.
A N YA N J A ( O U C H E W A ) Povo Bantu da África central e do sul e do maior grupo étnico no Malawi. Eles são historicamente relacionados com os Bemba,
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DAS HISTÓRIAS com quem compartilham uma origem semelhante na República Democrática do Congo. Sua língua é a Chichewa. Internacionalmente, os Anyanja são conhecidos por suas máscaras e suas sociedades secretas, chamadas Nyau, bem como as suas técnicas agrícolas. A sociedade Anyanja é matrilinear.
FON População do sul do Benin e sul do Togo. Esses povos podem ser encontrados também a sudoeste da Nigéria. Falam a língua de mesmo nome. As cidades antigas construídas pelo Fon incluem Abomey, a capital histórica do Daomé, e Ouidah na Costa dos Escravos. Essas cidades foram grandes centros comerciais para o comércio de escravos.
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resta, inclusive na Reserva Extrativista Chico Mendes. Compartilham com os Piro, grupo indígena peruano, o tronco linguístico aruak.
WAJURU Este pequeno grupo indígena é atualmente formado por 240 pessoas. A maioria delas vive na Terra Indígena Rio Guaporé, localizada no estado de Rondônia. Outro agrupamento importante, fica próximo à Porto Rolim, também em Rondônia.
C A B A H Y B A - PA R I N T I N T I N Os Parintintin fazem parte do grupo Cabahyba, mas que atualmente, por conta de disputas com grupos inimigos, receberam outros nomes, no caso, o Parintintin. Habitam o norte do estado do Amazonas e partencem ao grande grupo linguístico tupi-guarani.
KAXINAWÁ (OU HUNI KUIN)
C A B A H Y B A - PA R I N T I N T I N
São um grupo indígena da fronteira do Peru com o Brasil. No Brasil, ocupam principalmente regiões da Floresta Amazônica no estado do Acre. Pertencem ao grupo linguístico pano. Sua organização é baseada em famílias numerosas, no entanto, sempre com a liderança de um pajé.
Os Parintintin fazem parte do grupo Cabahyba, mas que atualmente, por conta de disputas com grupos inimigos, receberam outros nomes, no caso, o Parintintin. Habitam o norte do estado do Amazonas e partencem ao grande grupo linguístico tupi-guarani.
GUARANI
T U A R E PA N G
São uma das maiores etnias da América do Sul. No Brasil, ocupam territórios no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, mas também já ocuparam regiões do Norte e Nordeste. São um dos povos que mais representam a cultura indígena em nosso dia a dia, por conta disso, suas histórias aparecem três vezes por aqui. Pertencem ao grupo linguístico tupi-guarani. Há grupos Guarani nômades e sedentários.
A maior parte dos Tuarepang habita regiões da Venezuela e Guiana Inglesa. No Brasil, estão localizados nas regiões de fronteira em Rondônia. Parte dos Tuarepang estão na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, habitada por outros grupos indígenas.
MANCHINERI (OU YINI) Vivem na Amazônia brasileira, sendo que muitas famílias habitam os seringais da flo-
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S U R U Í ( O U PA I T E R ) Este povo indígena entrou em contato com a população não indígena em 1969. Ocupam uma região que vai de Rondônia ao Mato Grosso.
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S O B R E A A U TO R A Regina Claro é historiadora, mestre em História Social pela Universidade de São Paulo. Sua principal linha de pesquisa é o ensino de História da África no Brasil e a aplicação da lei 10639. Faz capacitações sobre o tema com professores da rede pública de ensino. É também autora de livros didáticos e paradidáticos de História. Mas, a Regina, assim como esse livro, tem outros encontros encantados: com a cozinha, com a dança e a contação de histórias.
SOBRE A ILUSTRADORA Anita Ekman, antes de começar a ilustrar livros para crianças, estudou e se especializou em arte latino-americana, indígena e popular. Por conta destes estudos, virou nômade: morou no México, na Argentina, com os Guarani no Sudeste do Brasil, e na Amazônia. Agora, está entre São Paulo e Rio de Janeiro, trabalhando para o Museu do Índio no Rio e ilustrando livros para crianças em São Paulo. Este último, sua mais recente descoberta na vida profissional.
SOBRE ESTE LIVRO Encontros de histórias: do arco-íris à lua. Do Brasil à África apresenta algumas narrativas dos povos indígenas e africanos, com uma linguagem apropriada para a formação de leitores e incentivo à prática da leitura, especialmente aos alunos do 6º ou 7º anos do ensino fundamental. Por se tratar de uma sequência de contos alternados entre os de origem indígena e africana, tem seu ritmo de narrativa envolvente para conquistar leitores dessa faixa de aprendizado. Este livro é uma ótima ferramenta para possibilitar discussões sobre as relações de convívio social por meio do respeito à cultura e à sapiência do outro. Categoria: para alunos entre o 6º e 7º anos do ensino fundamental Gênero: textos de tradição popular Tema: Encontros com a diferença
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