Santana do Acaraú, Ceará | Junho de 2017
Bem viver no semiárido A experiência de Dona Tereza e Sr João Bosco
Quando as oportunidades brotam no semiárido a vida das pessoas é transformada. A comunidade de Camará, 19 quilômetros da sede do município de Santana do Acaraú é um lugar de gente simples e feliz. Tereza de Jesus do Nascimento dos Santos, mais conhecida como Terezinha, e seu esposo João Bosco dos Santos vivem na comunidade há 32 anos, o casal tem 8 filhos. Terezinha e Sr. João vivem desde 1999 em uma terra doada pelo antigo patrão, o espaço escolhido pelo casal fica numa área rochosa, mais rica em água, as cacimbas quando cheias servem para o plantio e outras necessidades. A agricultora participa do grupo de mulheres que trabalha com a criação de galinha caipira e o artesanato de palha, pinturas e entre outros. “Minha primeira participação em um coletivo, foi uma fase muito difícil para mim, pois estava cansada de tanto lutar nos afazeres de casa e na lida da roça, até que um dia minha grande amiga e irmã Maria Arlete, me forçou a sair de casa e ir para uma formação de criação de galinha caipira, essa foi à primeira vez sem querer e depois em diante eu não quis mais parar de participar”, conta a agricultora. Em 2003 a família é contemplada com a tecnologia social cisterna de primeira água através do P1MC/ASA. “Quando a cisterna chegou, facilitou muito as minhas atividades, a água ficou mais próxima e mais potável”, explica Terezinha.
O acesso a essa política abriu novos horizontes nas vidas das famílias, logo depois o casal recebeu a barraginha através do P1+2, essa tecnologia de produção estimulou as práticas agroecológicas no quintal, iniciando a transição das práticas convencionais para as práticas sustentáveis. A agricultora participou do intercâmbio em Ouricuri em Pernambuco, conheceu novas experiências de agricultores/as agroecológicos/as, voltando com todo o gás. A partir daí ela começa a experimentar no seu quintal e recebe todo apoio da família. Sr. João se deu conta de que sua esposa estava certa e assim a família partiu para prática. Eles enfrentaram resistências da comunidade, Sr João era chamado de doido por trabalhar no roçado sem desmatar e queimar. Hoje, no quintal a família tem a criação de galinha e suínos que divide espaço com o sistema agroflorestal.
O casal vive em harmonia com as escolhas que fizeram, se orgulham que os filhos tenham permanecido na zona rural exercendo diversas atividades produtivas e sociais. A comunidade Camará é uma referência no processo de organização comunitária, se destacam o protagonismo das mulheres através do trabalho com o artesanato, a casa de farinha, a casa de sementes e a mini fábrica de cajuína. Essa experiência expressa que o acesso as políticas públicas possibilita mudanças na qualidade de vida das agricultoras e agricultores. Revelando novas histórias de bem viver no semiárido.
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