Quixeramobim, Ceará | Junho de 2017
Agroecologia no Sertão Central do Ceará A experiência de Dona Liduina e Sr. Aureliano Sr. Aureliano Soares e Dona Liduina Leal vivem na comunidade de Aroeiras, há 18 km de Quixeramobim. Assim como juazeiro, o jucá e o mandacaru eles também tiveram que resistir para permanecer no sertão, conta o agricultor. O casal sempre trabalhou na área deixada pela família cultivando culturas anuais especialmente para a alimentação da família. Em 1985 o Sr. Aureliano deu início a uma nova fase na sua forma de produzir a partir do Projeto Alternativo desenvolvido pelo Centro de Pesquisa e Assessoria (ESPLAR) em parceria como o Sindicato dos Trabalhadores/as Rurais de Quixeramobim, naquele momento as ações estimulavam os/as agricultores/as a experimentarem a produção de defensivos naturais nos roçados. Dona Liduina sempre esteve envolvida com ações comunitárias, seja na igreja, no sindicato e no movimento de mulheres. Ela lembra que no ano de 1999 o grupo de mulheres de Aroeiras conseguiu um projeto de horta comunitária junto a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), através dessa experiência as famílias passaram a produzir uma variedade de hortaliças e tubérculos para o consumo familiar. O prazer de trabalhar com hortaliças foi aumentado na mesma medida em que as práticas agroecológicas foram se ampliando. Com a ampliação da produção do quintal, a família passou a comercializar, no ano de 2007, na Feira da Agricultura Familiar de Quixeramobim, atualmente Sr, Aureliano exerce a função de presidente da Associação dos Feirantes e conta “comercializar com o consumidor é a melhor coisa que tem, é a melhor divulgação do seu produto é você, a divulgação ao pé do ouvido” Sr Aureliano. No ano 2010 a família é beneficiada pelo Projeto Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS) implantado pelo SEBRAE. Essa iniciativa possibilita o casal fortalecer as suas experiências agroecológicas, as práticas
convencionais foram substituídas por práticas que adotam, por exemplo, o uso de compostos orgânicos vindos de materiais vegetais encontrados em sua propriedade. Em 2012 o trabalho da família passou a despertar o interesse da comunidade especialmente com a chegada de dois projetos desenvolvidos pelo CETRA com apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário — Projeto Caminhos da sustentabilidade: agroecologia e segurança alimentar no semiárido Cearense — ATER Semiárido. Para Sr. Aureliano as tecnologias de convivência com o semiárido mudaram a vida dos sertanejos e sertanejas. Entre as diversas tecnologias sociais ele destaca a cisterna de enxurrada, de reuso de águas cinzas e a construção da Casa de Sementes, iniciativas desenvolvidas pela ASA através do Instituto Antônio Conselheiro e CETRA. O casal participa do movimento de agricultores e agricultoras envolvidos com as experiências agroecológicas que foi se construindo no território, principalmente através dos intercâmbios de experiências. Para garantir e fortalecer esse movimento em maio de 2014 foi criada a Rede de Agricultores e Agricultoras Agroecológicos do Sertão Central. Essa Rede mobiliza e articula agricultores/as em processo de transição agroecológica, além de ser um espaço de formação. A rede também apoia as experiências de agricultores/as nos desafios da produção e da comercialização agroecológica e solidária, através do Fundo Rotativo Agroecológico e Solidário (FRAS), e pelos Projetos Sertão Agroecológico e Redes Agroecológica, assessorado pelo CETRA e financiado pela Secretária Especial da Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário- Governo Federal e Manos Unidas, respectivamente. Experiências como a Sr. Aureliano e Dona Liduina estão contribuindo para construindo uma nova realidade no Sertão Central do Ceará e Sr. Aureliano revela “Temos que ser como a planta da Caatinga, resistente e ter muita coragem para produzir”. Realização
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