R E V I S T A ISSN 1517-6959
9912287428 - DR/BSB CFMV
ANO 18 – EDIÇÃO N° 57 | SET / OUT / NOV / DEZ - 2012
PESQUISA COM PROFISSIONAIS DEFINE FUTURAS AÇÕES DO CFMV O papel do CFMV na visão dos profissionais da Medicina Veterinária e da Zootecnia O que o profissional quer ler, como avalia a revista, boletim e site O Sistema CFMV/CRMVs e os novos projetos
A Revista CFMV é editada quadrimestralmente pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária e destina-se à divulgação de trabalhos técnico-científicos (revisões, artigos de educação continuada, artigos originais) e matérias de interesse da Medicina Veterinária e da zootecnia. A distribuição é gratuita aos inscritos no sistema CFMV/CRMVs e aos órgãos públicos. Correspondência e solicitações de números avulsos bem como solicitação de assinaturas devem ser enviadas ao Conselho Federal de Medicina Veterinária no seguinte endereço:
sIA – trecho 6 – lotes 130 e 140 Brasília–DF – CeP: 71205-060 Fone: (61) 2106-0400 – Fax: (61) 2106-0444 Site: www.cfmv.gov.br – E-mail: cfmv@cfmv.gov.br
A Revista CFMV é indexada na base de dados Agrobase. Revista CFMV. – v.18, n.57 (2012) Brasília: Conselho Federal de Medicina Veterinária, 2012 Quadrimestral Issn 1517 – 6959 1. Medicina Veterinária – Brasil – Periódicos. I. Conselho Federal de Medicina Veterinária. AgRIs l70 CDu619(81)(05)
Sumário 4
editorial
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entrevista
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diagnóstico cFMv
20
preservação ambiental
22
Medicina de animais selvagens
25
destaques
29
suplemento científico
55
Meio ambiente
62
primatologia
66
pesquisa científica em Medicina veterinária
71
consumo e bem-estar animal
76
publicações
77
opinião
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benedito Fortes de arruda
Carlos Alberto Müller
eDItORIAl
UM FUTURO BEM FUNDAMENTADO Quando a Diretoria do CFMV decide realizar um diagnóstico amplo das ações e opiniões sobre o Conselho e Profissões deixa evidente sua intenção de conhecer o estado atual e os obstáculos que impedem obter os resultados desejados, estabelecendo um importante processo para o aperfeiçoamento. É com o diagnóstico que se identificam os pontos prioritários a serem revisados para melhorar o desempenho. na administração, diagnóstico significa“conhecimento”. Observa-se, na entrevista do Presidente do CFMV, a intenção de promover as devidas mudanças/ajustes a partir da identificação das ações que precisam ser revisadas/implementadas, bem como sua disposição em fornecer os meios e métodos a serem aplicados, estando disposto a validar e revisar na forma de um processo contínuo os resultados alcançados. Conhecer profundamente é focar os esforços em
busca de medidas mais efetivas e evitar o desperdício de energias. O mundo muda constantemente, e as Instituições devem mudar também para se manterem atualizadas e em sintonia com os momentos socioeconômicos em que estão inseridos e, nada mais salutar que ouvir a opinião dos profissionais representados e do meio envolvido. O conceito de mudar nada mais é do que ajustar-se às necessidades do momento. A implantação e o desenvolvimento do atual modelo de gestão no CFMV estabelecem uma forma nova de administração por meio da elaboração de programas, planos e ações, com cronogramas, metas e ações bem estabelecidas, avaliações e seguimento do desenvolvimento constantes, associado à medição de impactos e resultados. O futuro está bem alicerçado. Confiemos!!!
eXPeDIente CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA sia – trecho 6 – lotes 130 e 140 brasília–dF – cep: 71205-060 Fone: (61) 2106-0400 Fax: (61) 2106-0444 www.cfmv.gov.br cfmv@cfmv.gov.br tiragem: 95.000 exemplares DIRETORIA EXECUTIVA presidente
Benedito Fortes de Arruda
CONSELHEIROS EFETIVOS Adeilton Ricardo da silva crMv-ro nº 002/Z
José saraiva neves crMv-pb nº 0237
Marcello Rodrigues da Roza crMv-dF nº 0594
nordman Wall Barbosa de Carvalho Filho crMv-Ma nº 0454
Raul José silva girio crMv-sp nº 2236
CONSELHO EDITORIAL presidente
eduardo luiz silva Costa crMv-se nº 0037
Antônio Felipe Paulino de Figueiredo Wouk crMv-pr nº 0850
Amilson Pereira said crMv-es nº 0093
EDITOR Ricardo Junqueira Del Carlo
crMv-Mg nº 1759
crMv-go nº 0272
afastado em função de sua eleição à prefeitura de Jaboticabal/sp
vice-presidente
Fred Júlio Costa Monteiro
Mtb nº 039263/sp
CONSELHEIROS SUPLENTES Francisco Pereira Ramos
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO CFMV Márcia leite
eduardo luiz silva Costa crMv-se nº 0037 secretÁrio-geral
Antônio Felipe Paulino de Figueiredo Wouk crMv-pr nº 0850 tesoureiro
Amilson Pereira said crMv-es nº 0093
crMv-ap nº 0073
crMv-to nº 0019
João esteves neto crMv-ac nº 0007
José Helton Martins de sousa crMv-rn nº 0154
Heitor David Medeiros crMv-Mt nº 0951
nivaldo de Azevedo Costa
JORNALISTA RESPONSÁVEL Flávia tonin
Mat. cFMv nº 0505
Flávia lobo Mtb nº 4.821/dF
PROJETO E DIAGRAMAÇÃO duo design comunicação IMPRESSÃO novo horizonte comunicação
crMv-pe nº 1051
É PeRMItIDA A RePRODuÇÃO De ARtIgOs DA ReVIstA, DesDe Que seJA CItADA A FOnte. Os ARtIgOs AssInADOs sÃO De InteIRA ResPOnsABIlIDADe DOs AutORes, nÃO RePResentAnDO, neCessARIAMente, A OPInIÃO DO CFMV.
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Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
entReVIstA
BENEDITO FORTES DE ARRUDA Atual presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), é formado em Medicina Veterinária (1973) e em Direito (1983), ambos pela Universidade Federal de Goiás. Atuou em diversas chefias da Secretaria de Agricultura do Estado de Goiás e foi Presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Goiás e do CFMV em outras gestões. Juntamente com outros membros da Diretoria como Eduardo Luiz Silva Costa (vice-presidente), Antônio Felipe Paulino de Figueiredo Wouk (secretário-geral) e Amilson Pereira Said (tesoureiro) investem em novo plano de gestão cuja construção está baseada na opinião dos profissionais.
1. Com qual objetivo o CFMV identificou a necessidade de fazer uma pesquisa de opinião? A pesquisa faz parte de um projeto muito maior que está sendo realizado pelo CFMV. trata-se de um diagnóstico com diversos públicos sobre imagem e atuação do CFMV e que norteará, principalmente, os projetos de comunicação do Conselho, beneficiando todo o sistema CFMV/CRMVs. A pesquisa com os profissionais foi um dos principais pontos, pois permitiu que eles participassem da construção desse novo caminho que o CFMV está percorrendo e quer alcançar até o final dessa gestão (2012/2014). também permitiu que conhecêssemos com mais profundidade as demandas dos profissionais a partir de um canal direto, além de subsidiar nossas ações com muitas Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
ideias. trata-se de um trabalho inédito que começa a ser implantado. 2. Que metodologias foram utilizadas para coleta de dados e interpretação dos resultados? todo o trabalho de coleta de dados e entrevistas foi realizado por uma consultoria terceirizada especializada em comunicação, que utilizou metodologia exclusiva de gestão Integrada à Comunicação (gIC). Para a montagem do Diagnóstico CFMV foram realizadas entrevistas com cinco públicos diferenciados: corpo diretivo e conselheiros, presidentes de Conselhos Regionais de Medicina Veterinária, imprensa, agentes externos e profissionais. Com exceção dos profissionais, as demais pesquisas foram realizadas
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Fotos: arquivo cFMv
entReVIstA
Workshop Única Voz: definição de metas para o cumprimento das diretrizes do plano estratégico
por amostragem aleatória e limitadas. Para cada público foram usadas formas particulares de entrevista de acordo com a orientação da consultoria. especificamente, para os Médicos Veterinários e zootecnistas foi disponibilizado, de 4 de junho a 5 de julho de 2012, um questionário eletrônico no Portal CFMV, com ampla divulgação. 3. Como foi a participação dos profissionais na pesquisa? Houve adesão de profissionais de todos os estados brasileiros, o que foi muito importante para a análise de resultados e para as estratégias que serão adotadas. Vamos poder identificar particularidades regionais para nossa atuação. Atingimos 4.469 questionários válidos, sendo 4.068 Médicos Veterinários participantes e 401 zootecnistas. estatisticamente, a amostra foi satisfatória. na divisão entre regiões, por concentrar a maioria dos profissionais, 39% dos Médicos Veterinários foram do sudeste e 27% do sul. na zootecnia, a maioria também foi do sudeste, com 33%, porém, houve maior equilíbrio de profissionais participantes do Centro-Oeste (19%) e sudeste (18%).
4. O que mais o surpreendeu nesses resultados? surpreenderam-nos a penetração e o interesse dos profissionais pela Revista CFMV. são 90% dos Médicos Veterinários e 85% dos zootecnistas que leem a revista imediatamente, assim que ela chega, ou afirmaram que a leem periodicamente. É uma aceitação muito grande para o veículo e mostra sua importância dentro das classes. A pesquisa também nos mostrou que precisamos ajustar alguns pontos como a atualização de cadastro, por exemplo. Por outro lado, constatou-se pouco interesse em acessar o Portal CFMV. Como forma de atrair esse público, está em andamento um processo de reformulação e atualização da página na internet. 5. Além dos profissionais, o CFMV também ouviu a imprensa. Qual foi o objetivo e que análise pode ser feita das respostas obtidas? temos muito interesse que a mídia entenda cada vez mais qual a identidade dos Médicos Veterinários e a importância da zootecnia. Inclusive, essas duas colocações são diretrizes de nosso planejamento estratégico.
Seminário sobre controle de produtos de origem animal na Câmara dos Deputados-DF
vamos poder identificar particularidades regionais para nossa atuação
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Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
foi interessante saber que 80% dos entrevistados da imprensa consideram o médico veterinário um importante agente de saúde pública e para a proteção da sociedade
Para saber como devemos falar com eles, precisávamos entender qual o conhecimento que tinham das profissões. Foram eleitos dez principais veículos de comunicação do País, entre revista, jornal impresso, tV e agência de notícias, principalmente, da mídia especializada. tivemos um retorno extremamente importante dos editores das publicações e chefes de redação. Foi interessante saber que 80% dos entrevistados da imprensa consideram o Médico Veterinário importante agente da saúde pública e para a proteção da sociedade. eles não restringem a atuação desse profissional apenas para a clínica de cães e gatos. Além disso, 90% dos jornalistas informaram que têm mais interesse em receber informações sobre o trabalho do sistema CFMV/CRMVs. sobre a zootecnia ainda existe desconhecimento sobre as áreas de atuação. trabalharemos com a mídia para evidenciar a diversidade e a importância das profissões para que a sociedade conheça com profundidade os profissionais da Medicina Veterinária e da zootecnia.
7. De que forma os dados serão utilizados? Algumas ações foram iniciadas, como as novas estratégias usadas na campanha publicitária em homenagem ao Médico Veterinário deste ano e em nossa participação na Rio +20. A mudança também pode ser vista no reposicionamento de marca do CFMV, com uma nova logo institucional lançada no mês de setembro. estamos agora na fase de elaboração de um plano de comunicação completo para os anos de 2013 e 2014. serão eleitos projetos principais, entre eles ações para a comemoração dos 45 anos do sistema CFMV/CRMVs, que será em 2013, além de participação na organização de um congresso internacional no Brasil promovido pela Organização Internacional de saúde Animal (OIe). 8. O Conselho está preparado para se adequar às mudanças esperadas? Acreditamos que sim. Porém, nada se faz sozinho. Precisamos da adesão e parceria principalmente dos Médicos Veterinários e zootecnistas para todas as ações que colocaremos em prática. estamos otimistas.
6. E quem são os agentes externos também pesquisados? Como foi feito e quais os principais resultados? nos mesmos moldes da entrevista feita com a imprensa, também foram ouvidos representantes de órgãos com os quais o CFMV tem relacionamento direto, como os Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; educação; Ciência, tecnologia e Inovação, além do Instituto de Meio Ambiente e dos Recursos naturais Renováveis (Ibama), Agência nacional de Vigilância sanitária (Anvisa), empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (embrapa), Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados e sindicato nacional da Indústria de Alimentação Animal (sindirações). Percebemos que existe uma ampla visão sobre a atuação da Medicina Veterinária e que há temas de interesse mútuo que aparecem espontaneamente no discurso dos entrevistados. A partir dos resultados, esperamos estreitar o relacionamento e trabalhar de forma articulada com esses e outros órgãos do governo federal. Congraçamento dos Servidores do CFMV favorecem a harmonia e união Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
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DIAgnÓstICO CFMV
O PAPEL DO CFMV NA VISÃO DOS
MÉDICOS VETERINÁRIOS E DOS ZOOTECNISTAS uma das etapas do Diagnóstico de Comunicação do Conselho Federal de Medicina Veterinária – Diagnóstico CFMV – foi realizada por meio da pesquisa online com Médicos Veterinários e zootecnistas de todo o País. especificamente, para essa etapa do diagnóstico, as questões elaboradas buscaram identificar a imagem do CFMV e a compreensão do papel do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais por parte dos profissionais registrados. Os formulários foram disponibilizados
no portal do CFMV, nos meses de junho e julho de 2012. Durante esse período, cerca de cinco mil profissionais responderam à pesquisa. O Diagnóstico CFMV revelou que, apesar de Conselho ter a sua criação determinada pela lei nº 5.517/1968, a atuação do CFMV ainda não é profundamente conhecida na visão dos Médicos Veterinários e zootecnistas. Perguntados sobre o papel do CFMV, 96% dos Médicos Veterinários e 94% dos zootecnistas entrevistados responderam que o Conselho
CONHEÇA O PERFIL DOS PROFISSIONAIS QUE entre os Médicos Veterinários, a maior parte (41%) atua em clínica e/ou cirurgia de pequenos animais. em seguida, 29% são responsáveis técnicos e outros 29% estão na área de saúde pública. Praticamente a metade dos Médicos Veterinários respondentes está no grupo que se formou há mais de dois anos e menos de 10 anos, o que o caracteriza como um público relativamente jovem. A maioria dos Médicos Veterinários são autônomos (45%), seguidos por funcionários públicos (34%) e empregados da iniciativa privada (22%). no grupo de zootecnistas, mais da metade atua na nutrição animal (56%) e, em seguida, extensão rural (36%), produção de alimentos e criação de animais domésticos, ambas com 32%. Os zootecnistas participantes também formam um público jovem, já que 54% concluiu o curso de graduação há mais de dois anos e menos de dez anos. A maioria dos zootecnistas respondentes são funcionários públicos (36%), seguidos por funcionários da iniciativa privada (30%) e autônomos (25%). na divisão por região, somados todos os participantes, a maioria é da região sudeste (39%), seguida pelo sul (26%), nordeste (16%), Centro-Oeste (13%) e norte (6%). Por concentrar o maior número de profissionais, os paulistas foram responsáveis por 27% da participação na pesquisa. em seguida, aparecem Paraná (10%), Rio grande do sul (8%), santa Catarina (8%), Minas gerais (5%) e Bahia (5%).
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shutterstocK
PARTICIPARAM DA PESQUISA
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Federal é responsável por normatizar, orientar, regular e fiscalizar o exercício da profissão. A definição está correta, não fossem os percentuais de 62% e 55% de Médicos Veterinários e zootecnistas, respectivamente, que também acreditam que é papel da entidade reivindicar melhores salários para a classe. De acordo com a legislação vigente, somente as entidades sindicais têm legitimidade para representar as categorias para fins trabalhistas e econômicos. O Conselho Federal de Medicina Veterinária foi criado em 1968, com a missão de promover o bem-estar da sociedade e disciplinar o exercício das profissões de Médico Veterinário e zootecnista, por meio da normatização, fiscalização e orientação das classes. O CFMV atua junto aos 27 Conselhos Regionais, distribuídos nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal, orientando os profissionais sobre assuntos técnicos, normas e legislação; trabalhando para ampliar as fronteiras de trabalho das categorias e garantir que a população e os animais sejam atendidos por profissionais com responsabilidade e excelência. Outro dado apontado pelo diagnóstico é de que 50% dos Médicos Veterinários, ou seja, metade dos entrevistados, não avalia que é papel do CFMV promover o bem-estar da sociedade. Do total de respondentes, 39% dos Médicos Veterinários e 25% dos zootecnistas também não avaliam o CFMV como um tribunal de Honra, quando essa é uma das atribuições mais importantes da instituição.
eXeMplos de ações para o beM-estar da sociedade A inserção do Médico Veterinário no núcleo de Apoio à saúde da Família (nasf ) é um dos exemplos
de articulação do CFMV junto ao governo federal para reconhecimento da categoria como um profissional da área da saúde. A Portaria gM/Ms n° 2.488, de 21 de outubro de 2011 incluiu a Medicina Veterinária no nasf de forma a contribuir para a integralidade dos cuidados à população por meio do sistema Único de saúde (sus), considerando os riscos epidemiológicos e as necessidades locais das áreas atendidas. A Resolução normativa n° 6, de 10 de julho de 2012, também é uma importante conquista para toda a categoria. Publicada pelo Conselho nacional de Controle de experimentação Animal (Concea), do Ministério da Ciência, tecnologia e Inovação (MCtI), a norma – que contou com o apoio e a articulação do CFMV – instituiu exclusivamente aos profissionais Médicos Veterinários a responsabilidade técnica pelos laboratórios de pesquisa e experimentação animal. em maio de 2012, o CFMV desenvolveu uma campanha nacional em homenagem aos profissionais da zootecnia. Com o conceito “Quem consegue o melhor dos animais, merece a nossa homenagem”, a campanha foi baseada na produção e qualidade dos alimentos e teve como objetivo valorizar e difundir a importância do zootecnista para a sociedade. esses são alguns dos recentes avanços do CFMV para a profissionalização e ampliação do mercado de trabalho de Médicos Veterinários e zootecnistas e pelo reconhecimento desses profissionais na assistência aos animais, no bem-estar à sociedade e nos cuidados com o meio ambiente.
COMISSÕES ASSESSORAS DO CFMV O Diagnóstico do CFMV revelou que apenas 18% dos Médicos Veterinários e 16% dos zootecnistas conhecem e acompanham as ações desenvolvidas pelas Comissões que integram o Conselho Federal. As Comissões do CFMV contribuem diretamente no assessoramento de assuntos de interesse das categorias e do sistema CFMV/CRMVs para cada área de atuação. Atualmente, o CFMV conta com a atuação de oito comissões assessoras: Comissão de Ética, Bioética Bem-estar Animal (Cebea), Comissão nacional de Animais selvagens (CnAs), Comissão nacional de ensino da Medicina Veterinária (CneMV), Comissão nacional de ensino da zootecnica (Cnez), Comissão nacional de Meio Ambiente (CnMA), Comissão nacional de Residência em Medicina Veterinária (CnRMV), Comissão nacional de saúde Pública Veterinária (CnsPV) e Comissão nacional de Assuntos Políticos (Conap).
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DIAgnÓstICO CFMV
FALTA ESCLARECIMENTO
SOBRE O PAPEL DAS PROFISSÕES Durante a pesquisa, os Médicos Veterinários foram convidados a escolher a melhor alternativa para definir como a profissão é vista atualmente pela sociedade. Dentre as quatro opções analisadas, 67% dos entrevistados respondeu que “O Médico Veterinário é um dos agentes responsáveis pelo equilíbrio das relações da tríade saúde animal, meio ambiente e saúde humana”. Apesar de a maioria apontar a opção mais completa como a definição atual entre as atribuições do Médico Veterinário, 24% dos respondentes acreditam que, ainda hoje, esse profissional é reconhecido somente como o médico dos animais. Deve-se destacar, porém, que entre as áreas de atuação dos entrevistados, 60% atuam em clínica/ cirurgia de pequenos e grandes animais. Os entrevistados também responderam a outra pergunta, selecionando a definição ideal da atuação dos Médicos Veterinários, onde 91% afirmaram acreditar que essa definição deve ser baseada nas
relações da tríade. Foi possível concluir que os profissionais concordam que a definição ideal coincide com aquela que o CFMV considera mais completa. Por outro lado, comparando as duas questões, cerca de 30% entende que a definição ideal ainda não está internalizada pela sociedade. especificamente nesse item da pesquisa, os entrevistados tiverem um campo livre para sugerir o conceito de definição ideal, dentre eles: “O Médico Veterinário é o profissional com ampla área da atuação, sendo responsável pela produção animal, inspeção dos alimentos de origem animal, pela interface da tríade saúde animal, meio ambiente e saúde humana, administração e extensão rural, pesquisa agropecuária, sendo imprescindível ao País e ao mundo”. “O Médico Veterinário, além de ser o médico dos animais, também é o responsável pela produção de
deFinição atual da atuaçao do Mv O Médico Veterinário é um dos agentes responsáveis pelo equilíbrio das relações da triade saúde animal, meio ambiente e saúde humana. 67%
deFinição ideal da atuação do Mv
O Médico Veterinário é o responsável pelo tratamento de animais para que as doenças não atinjam o homem e vice-versa. O Médico Veterinário é responsável pela qualidade da produção de alimentos de origem animal. O Médico Veterinário é o médico de animais. Outra
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alimentos de origem animal, cuidando desta produção desde a fazenda até a mesa do consumidor. Produzir alimentos é a vocação do veterinário, que tem que fazer isto integrando a produção ao meio ambiente, preservando-o. Ao mesmo tempo em que cuida da saúde dos animais, preserva também a saúde humana”.
“O Médico Veterinário é responsável pela qualidade da saúde dos animais, assim como pela qualidade dos alimentos e produtos de origem animal, preservando a saúde humana e, dessa forma, garantindo o equilíbrio da tríade saúde animal, meio ambiente e saúde humana”.
A IDENTIDADE DO ZOOTECNISTA
TAMBÉM PRECISA SER FORTALECIDA Quando perguntados sobre o conceito ideal para definir a profissão, 65% dos zootecnistas optaram pela resposta mais completa ”Profissional responsável pelo aprimoramento das espécies de animais, da conservação dos recursos naturais, da segurança alimentar, da sustentabilidade, da produção animal, do bem-estar da humanidade e dos animais”.
Os dados da pesquisa apontaram que mais de um terço dos zootecnistas ainda não têm uma visão ampla das áreas e novos mercados nos quais podem atuar, já que 34% optaram pela definição que não considera a sustentabilidade e o bem-estar humano e animal como áreas de atuação.
deFinição de Zootecnista 34%
Profissional responsável pelo aprimoramento das espécies de animais, da conservação dos recursos naturais, da segurança alimentar, da sustentabilidade, da produção animal, do bem-estar da humanidade e dos animais. Profissional responsável pela produção de alimentos, produção animal, nutrição animal, melhoramenteo genético de animais e sanidade animal. Profissional responsável pela produção de alimentos de qualidade.
MEIO AMBIENTE
É PREOCUPAÇÃO DOS PROFISSIONAIS O trabalho que começa a ser desenvolvido a partir do planejamento estratégico e das novas diretrizes de Comunicação está fundamentado em fortalecer e valorizar a identidade do Médico Veterinário e a importância do zootecnista para as próprias categorias e perante a sociedade, ampliando o conhecimento sobre as várias áreas de atuação. em junho deste ano, o CFMV assumiu um compromisso público com o meio ambiente, a partir da asRevista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
sinatura de uma Declaração de Comprometimento com o Desenvolvimento sustentável. A iniciativa demonstra à sociedade que Médicos Veterinários e zootecnistas também firmaram o compromisso de continuar atuando em observância à legislação e às normas que regem o tema, ajudando a preservar o meio ambiente, e sendo um agente no desenvolvimento de pesquisas, na conscientização e na fiscalização de forma sustentável.
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DIAgnÓstICO CFMV
ÁREAS EMERGENTES:
PROFISSIONAIS DEMANDAM MAIS INFORMAÇÃO As áreas de atuação da Medicina Veterinária são inúmeras e superam uma centena de especializações, porém, o Diagnóstico CFMV elencou dez principais áreas de interesse da profissão e que estão em emergência para que os profissionais avaliassem o grau de conhecimento e interesse que têm sobre elas. são estas: núcleo de Apoio à saúde da Família (nasf ), Bioterrorismo, Bem-estar Animal, Bioética, segurança Alimentar, Meio Ambiente, Vigilância sanitária, Animais silvestres, Bioterismo e Animais selvagens. Dentre as áreas elencadas, os Médicos Veterinários disseram que têm “conhecimento profundo” em Vigilância sanitária (63%), segurança Alimentar (59%) e Bem-estar Animal (56%). Por outro lado, Bioterrorismo (9%), Bioterismo (11%) e nasf (13%) são as áreas que apresentam menor número de entrevistados com “conhecimento profundo”. A análise por estado sobre o tema nasf mostra que o desconhecimento é grande em todo o País, mas os estados onde a resposta “não conheço” aparece com maior intensidade são Acre, espírito santo, Roraima e são Paulo, além do Distrito Federal. Os estados onde o conhecimento mais aprofundado sobre o tema tem destaque, com maior percentual são Maranhão, Ceará e Paraíba. Após avaliarem os conhecimentos prévios em áreas-chave de atuação, os Médicos Veteri-
nários informaram em quais das citadas áreas gostariam de aprofundar os seus conhecimentos. Bem-estar animal (64%), nasf (62%), Vigilância sanitária (59%), segurança Alimentar (56%) e Meio Ambiente (54%) representam o maior interesse dos Médicos Veterinários superando 50% dos participantes. na análise por estado, verifica-se que as unidades da Federação que demonstram maior interesse no tema Bem-estar Animal, com resultados acima de média nacional, são tocantins, Pará, Minas gerais, Rio grande do sul, Rondônia e Piauí. Com relação ao nasf, os estados que demonstram interesse também acima de média nacional são Alagoas, Amazonas, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, sergipe, Pará e Bahia. Para o tema Meio Ambiente, os estados que se destacam são Piauí, Maranhão, sergipe, Minas gerais e Pará. Saúde Pública e Meio Ambiente - Você se considera um importante agente da saúde pública? sim, dizem 93% dos pesquisados. na sequência, os Médicos Veterinários foram perguntados sobre o nasf, um importante e novo mercado para a atuação dos Médicos Veterinários na saúde pública: 33% afirmaram não conhecer o programa do sistema Único de saúde (sus). É importante ressaltar que no gráfico que avalia o grau de conhecimento de
Áreas de atuação X grau de conheciMentos dos Mvs Animais selvagens Bioterismo Animais silvestres Vigilância sanitária Meio ambiente Segurança alimentar Bioética Bem-estar animal Bioterrorismo Nasf 0
20 Profundo
12
40
60 superficial
80
100 não conheço
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gostaria de aproFundar seus conheciMentos eM quais Áreas? 100 80 64 60
62
59
56
54 41
40
36
35
30
20
Nenhum
Bioterismo
Animais selvagens
Bioterrorismo
Animais silvestres
renato santos
leonardo MeneZes
a pena ressaltar que a Revista CFMV, em diversas edições, inclusive com matéria de capa apresentou aos colegas orientações sobre o assunto. A maioria dos pesquisados, 65%, dizem não se sentir aptos a trabalhar na área de meio ambiente, mas este é também um foco de interesse dos Médicos Veterinários: 54% se dizem interessados em aprofundar os conhecimentos na área.
gediendson de arauJo
áreas específicas, o nasf aparece na oitava posição entre as dez áreas avaliadas. Já no gráfico sobre as áreas de conhecimento que os profissionais querem se aprofundar, o nasf aparece na segunda colocação. É possível concluir, também, que muitos profissionais não sabem o que é o nasf, mas aqueles que têm um conhecimento superficial sobre o assunto gostariam de aprofundá-lo. Vale
Bioética
Meio ambiente
Segurança alimentar
Vigilância sanitária
Nasf
4 Bem-estar animal
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Animais Silvestres/Selvagens, Bioterismo e Vigilância Sanitária/Segurança Alimentar são exemplos de áreas de interesse
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DIAgnÓstICO CFMV
ENTENDA MELHOR CADA ÁREA •
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Animais selvagens: animais não domesticados, cuja origem não é o ambiente silvestre. exemplo: a baleia. Animais silvestres: habitantes das selvas, silvícula, selvícula. O animal silvestre também é um animal selvagem, não domesticado. exemplo: a onça. bem-estar Animal: é o estado do organismo durante suas tentativas de se ajustar ao seu ambiente. em termos de qualidade de vida envolveria todas as situações, desde as que colocam a vida do animal em risco até aquelas situações em harmonia com o ambiente. bioética: estudo transdisciplinar entre Ciências Biológicas, da saúde, Filosofia e Direito. Considera questões onde não existe consenso moral, bem como as condições necessárias para uma administração responsável da vida humana, animal e do meio ambiente. bioterismo: cuida para que sejam atendidas às exigências comportamentais, fisiológicas, sanitárias e de bem-estar dos animais de laboratório para que possam proporcionar resultados experimentais confiáveis. exclusivamente o Médico Veterinário pode ser responsável técnico de um biotério.
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bioterrorismo: é o terrorismo praticado por meio da liberação ou disseminação intencional de agentes biológicos, vírus ou toxinas; estes podem ser utilizados in natura ou numa forma modificada pelo homem. Meio Ambiente: um conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Nasf – Núcleo de Apoio à saúde da Família: é constituído por equipes multiprofissionais da área da saúde que atuam de maneira integrada. A partir do ano passado, os Médicos Veterinários passaram a atuar no nasf dos municípios quando solicitados pelos gestores locais. segurança Alimentar: cuidados desde a produção, transporte, armazenamento e garantia do consumo de alimentos, incluindo os de origem animal, visando garantir a qualidade físico-químicas, microbiológicas e sensoriais dos alimentos para o consumo. Vigilância sanitária: um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde.
O ENSINO PRECISA ESTAR ATENTO ÀS NOVAS DEMANDAS
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disciplinas cursadas na graduação 100
86 % de respondentes
Para confirmar o que dizem os Médicos Veterinários sobre o conhecimento nas áreas citadas, o gráfico ao lado mostra o percentual de profissionais que tiveram, durante a graduação, o ensino de disciplinas específicas sobre Meio Ambiente, Bem-estar Animal, saúde Pública, Doenças e Manejo de Abelhas e Ictiopatologia. Os dados são críticos. entre as opções apontadas, apenas a disciplina de saúde Pública é estudada pela maioria dos Médicos Veterinários durante a graduação. O restante das disciplinas foi visto por menos de 40% dos profissionais entrevistados. A disciplina com o menor percentual é a ictiopatologia.
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8 Saúde Pública
Bem-estar animal
Meio ambiente
Doenças e Ictiopatologia manejo de abelha
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CANAIS DE COMUNICAÇÃO: OS PROFISSIONAIS REVELAM O QUE QUEREM LER uivo cFM v
Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
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Para comunicação com os profissionais, o CFMV tem, atualmente, três canais principais consolidados e com periodicidade fixa. Com perfis diferenciados, a Revista CFMV, o boletim eletrônico “CFMV Informa” e o Portal CFMV levam notícias especializadas aos profissionais sobre assuntos técnicos e ações que são realizadas pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária. no Diagnóstico CFMV, os profissionais fizeram uma minuciosa avaliação sobre cada um dos veí culos, o que contribuirá para a reestruturação de cada um deles dentro do novo plano de comunicação do Conselho. O diagnóstico mostrou que os profissionais conhecem os canais de comunicação. entre os Médicos Veterinários, 93% conhecem a Revista CFMV, seguidos de 73% que leem o boletim eletrônico e 49% o Portal CFMV. entre os zootecnistas, o percentual foi de 90%, 64% e 45%, respectivamente. A Revista CFMV é publicada desde 1995 e está em sua 57ª edição. Muitos foram os temas que se destacaram na publicação ao longo dos últimos anos, abordando a divulgação de trabalhos técnico-científicos e matérias de interesse da Medicina Veterinária e zootecnia. Atualmente, a Revista tem periodicidade quadrimestral num formato gráfico compatível com as mais modernas do mundo e sua tiragem é de 95 mil exemplares. O objetivo das seções é promover a educação continuada e levar temas técnicos de foma atualizada aos profissionais. A maioria dos profissionais se interessa e lê a Revista CFMV periodicamente. entre os Médicos Veterinários, 59% lê a revista imediatamente ao recebêla e outros 31% são leitores de menor frequência; 7% afirmaram não receber, e 3% não costuma ler a publicação. O hábito de leitura dos zootecnistas é semelhante, com 47% de profissionais que leem a
Primeira edição da Revista CFMV
revista assim que ela chega e 38% disseram que às vezes leem; 10% disseram não receber e 5% receber os exemplares, mas não ler. sobre o conteúdo, 44% dos Médicos Veterinários dizem gostar de todo o material, 37% disseram apreciar apenas o conteúdo científico e 6% dão preferência às notícias institucionais. Para os zootecnistas, o resultado foi similar: 30% gostam de todo o conteúdo, 25% preferem o conteúdo científico e 9% preferem as notícias institucionais. Os demais percentuais, de ambas as categorias, dividem-se entre pessoas que não leem ou não se interessam. Os profissionais preferem a publicação impressa: 77% dos Médicos Veterinários e 74% dos zootecnistas. Porém, existe o interesse pela leitura eletrônica. Os profissionais também afirmaram que gostariam de ler a publicação com maior frequência, pois consideram a periodicidade muito longa (59% entre os Médicos Veterinários e 49% dos zootecnistas).
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DIAgnÓstICO CFMV
COMUNICAÇÃO ELETRÔNICA DO CFMV
todas as sextas-feiras, é enviado o boletim eletrônico “CFMV Informa” com as últimas atuações do CFMV e, também, notícias publicadas na mídia que são de interesse para as classes, além de informações sobre eventos do setor. A publicação
eletrônica teve início em 2009, porém, foi a partir do ano seguinte que o boletim recebeu um novo formato e teve periodicidade definida. Para receber o boletim, o profissional precisa estar com os dados de e-mail atualizados no Conselho Regional
avaliação do conteÚdo do “cFMv inForMa” pelos Médicos veterinÁrios
avaliação do conteÚdo do “cFMv inForMa” pelos Zootecnistas
1%
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15% 34% 19%
23%
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O conteúdo é totalmente relevante
O conteúdo é totalmente relevante
O conteúdo é mais relevante do que irrelevante
O conteúdo é mais relevante do que irrelevante
O conteúdo é mais irrelevante do que relevante O conteúdo é totalmente irrelevante
O conteúdo é mais irrelevante do que relevante
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O conteúdo é totalmente irrelevante
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Artigos científicos
Legislação
Notícias sobre as ações do CFMV
Informações acadêmicas
Notícias sobre o sistema CFMV-CRMV
Prestação de contas dos Conselhos
Notícias sobre as comissões assessoras
Legislação
Notícias sobre as ações do CFMV
Informações acadêmicas
Notícias sobre o sistema CFMV-CRMV
Prestação de contas dos Conselhos
Notícias sobre as comissões assessoras
% de respondentes
Artigos científicos
% de respondentes
de sua jurisdição ou pode inscreverse no Portal CFMV. assuntos de interesse dos Zootecnistas Oitenta por cento dos Médicos 100 Veterinários e 73% dos zootecnistas 78 80 69 leem o boletim eletrônico sempre 64 56 que o recebem ou ao menos de vez 60 51 em quando, o que demonstra ele40 40 31 vado grau de interesse. A maioria dos profissionais também aprova o 20 material apresentado. entre os Médi0 cos Veterinários, 23% acreditam que o conteúdo é totalmente relevante e 39% acreditam que é mais relevante do que irrelevante. no grupo de zootecnistas, 15% consideram o conteúdo totalmente relevante e 34% julgam como mais relevante do assuntos de interesse dos Médicos veterinÁrios que irrelevante. O Conselho Federal de Medicina 100 84 Veterinária também atualiza dia78 80 70 riamente seu portal de informações 56 56 60 na internet. em www.cfmv.gov.br os 45 profissionais podem encontrar as 36 40 principais notícias do dia relaciona20 das à profissão, ações do CFMV, legislação, eventos, notícias do sistema, 0 além das informações institucionais de todo o sistema CFMV/CRMVs. De acordo com a pesquisa, o principal assunto procurado pelos Médicos Veterinários são leis, normas e resoluções (59%). em segundo lugar, há o interesse pelas notícias sobre a sua área de atuação (52%). na terceira posição, quase empatam as opções proFissionais revelaM seus artigos científicos (45%) e notícias sobre as ações do assuntos de interesse Sistema CFMV-CRMVs (43%). entre os zootecnistas, Para nortear ações futuras, os profissioanis há o mesmo interesse, porém, com alteração no foram questionados sobre o tipo de informação grau de importância: 61% preferem notícias da área que gostariam de receber do CFMV. Com grau de atuação; 47%, legislação; 37%, artigos científicos, de interesse muito próximo, citados por mais de e 35% notícias sobre as ações do Sistema CFMV-CR70% dos entrevistados, estão informações sobre MVs. nesse quesito, ao responder à pergunta, os enartigos científicos (84% dos Médicos Veterinários trevistados poderiam assinalar mais de uma opção. e 78% dos zootecnistas), legislação (78% dos sobre o acesso ao Portal CFMV, na análise dos Médicos Veterinários e 69% dos zootecnistas) e estados da pesquisa, comparativamente à média notícias sobre as ações do CFMV (70% dos Médinacional, os Médicos Veterinários que acessam cos Veterinários e 64% dos zootecnistas). Outros o site com mais frequência estão nos estados de temas listados foram Informações acadêmicas, sergipe e tocantins, Piauí, santa Catarina, Alagoas notícias sobre o sistema CFMV/CRMVs, prestae Rio grande do sul. Os zootecnistas que mais acesção de contas dos Conselhos e notícias sobre as sam o portal estão em Mato grosso, Mato grosso do comissões assessoras. sul, Pernambuco e Rio grande do sul.
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DIAgnÓstICO CFMV
NOVO PLANO DE COMUNICAÇÃO TEM FOCO
EM AÇÕES INTEGRADAS
O Conselho Federal ouviu cada um dos seus públicos de interesse para definir uma série de ações para uma comunicação eficiente, tendo como foco a comunicação de forma integrada: Assessoria de Imprensa, Publicidade e Propaganda, Relações Públicas, Public Affairs (relacionamento com governo), Comunicação Interna e Mídias sociais. A proposta da gestão 2012-2014 é atuar de forma estratégica, sendo o plano de comunicação construído com base no Diagnóstico CFMV. A Comunicação Integrada pensa a comunicação de forma global e tem o objetivo de agregar valor à marca, consolidando a imagem da instituição junto aos públicos específicos e à sociedade, garantindo, assim, uma imagem única com transparência e credibilidade.
Foram trabalhados assuntos junto à imprensa mostrando principalmente a importância do Médico Veterinário para a saúde da população e para o meio ambiente que resultaram em publicações espontâneas em agências de notícias, jornais, rádios, televisão, revista e portais na internet. O CFMV também realizou, em parceria com o Deputado Federal e Médico Veterinário César Hallum, uma sessão solene em homenagem aos profissionais de todo o País no Congresso nacional. Além dos presidentes dos Conselhos Regionais, a solenidade contou com a presença de importantes autoridades e representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (embrapa), Agência nacional de Vigilância sanitária (Anvisa), sucaMpanha 2012 perintendência Federal de Agricultura, entre outros. Com base na análise prévia de alguns dados O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia, do diagnóstico foi identificado que as estratégias escreveu um discurso especial em homenagem à anteriores feitas em publicidade não atingiram o recategoria, reconhecendo a importância dos Médicos sultado esperado, já que apenas 15% dos Médicos Veterinários para a saúde da população. Veterinários viram as propagandas comemorativas no dia 9 de setembro, foi ao ar o vídeo em homenos últimos três anos; 38% disseram ter visto em nagem aos profissionais, veiculado em rede nacioapenas um ou dois anos. nal, no intervalo do programa Fantástico. As cinco neste ano, o CFMV optou por ações integradas regiões do País foram representadas por sete profisde comunicação para atingir o maior número de sionais das mais diversas áreas de atuação, mostranpessoas. Com o conceito “Médico Veterinário – do a multiplicidade da profissão e a relação entre o uma profissão de estimação”, a campanha teve homem e o animal. O vídeo também foi disponibilicomo objetivos conscientizar a população sobre zado no Youtube, tendo mais de 16 mil acessos. a amplitude da atuação dos Médicos Veterinários; nas redes sociais foram publicados dois vídeos homenagear e valorizar a profissão e os profissioreleases (vídeos informativos ou VNews) descrenais e aumentar a autoestima do profissional. vendo as principais áreas de atuação do Médico Veterinário e como esse profissional está presente no dia a dia da família brasileira. O material também foi enviado às redações de veículos on line. no total, somaram cerca de quatro mil visualizações. O CFMV também lançou um aplicativo inédito para as redes sociais, com acesso via Facebook e Twitter para que os profissionais, por meio de um quiz interativo, soubessem seu perfil profissional e divulgassem a profissão. em dez dias, o aplicativo foi compartilhado por quase 15 mil usuários. O efeito viral, que significa poder de visualização e propagação do aplicativo, atingiu o percentual de 71% Sessão solene na Câmara dos Deputados-DF, em homenagem ao Dia do Médico Veterinário - 2012
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CFMV está presente no facebook, inclusive com aplicativo especifico para os Médicos Veterinários
de repercussão, com mais de 700 mil visualizações entre amigos dos que utilizaram o aplicativo. A divulgação da campanha também foi articulada com os Conselhos Regionais, que receberam a arte de todas as peças para o trabalho em conjunto. Foram produzidos 20 mil folderes, com informações sobre as várias áreas de atuação e 100 mil adesivos em homenagem aos Médicos Veterinários de todo o País (distribuídos nesta edição). A ação contou, ainda, com um trabalho de comunicação interna junto aos colaboradores.
HÁ INTERESSE POR EXAME DE CERTIFICAÇÃO DE CURSOS E SELO PARA INSTITUIÇÕES DE ENSINO Perguntados sobre a importância da implementação de um exame de Certificação nacional, 78% dos Médicos Veterinários apoiam a iniciativa e 52% dos zootecnistas também consideram importante. A Resolução CFMV nº 691/2001 instituiu o exame nacional de Cursos (enCP) para avaliação dos egressos das instituições de ensino. Porém, a exigência de realização de exame para registro, contida na resolução, foi suspensa, em 2006, por decisão da Justiça Federal de são Paulo. A criação de um selo de Reconhecimento para as instituições de ensino é ainda mais bem aceita. exatamente 85% dos Médicos Veterinários e 72% dos zootecnistas dizem que dariam preferência a um profissional que tenha estudado em uma instituição que possua o selo de reconhecimento de qualidade emitido pelo CFMV na hora de uma contratação. Os Médicos Veterinários também apoiam a realização de um Congresso Anual, promovido pelo Conselho. no diagnóstico, 73% disseram que participariam de um evento nesse formato. entre os zootecnistas, o interesse em participar de um evento nacional foi de 77%. A pesquisa evidenciou ainda o interesse pela educação continuada com cursos presenciais e à distância.
Dados dos Autores o diagnóstico de comunicação foi realizado pela in press oficina, consultoria estratégica em comunicação, a partir da metodologia gic – gestão integrada à comunicação. redação de texto: Assessoria de Comunicação do CFMV
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shutterstocK
PReseRVAÇÃO AMBIentAl
OS NOVOS HORIZONTES
PARA UM BRASIL SUSTENTÁVEL Visando assegurar sua contribuição estratégica no âmbito da política ambiental e no fortalecimento do exercício da Medicina Veterinária e zootecnia, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), por meio da Portaria no 35, de 31 de maio de 2010, criou a Comissão nacional de saúde Ambiental (CnsA/CFMV) com a missão de difundir e consolidar, dentro e fora da categoria, a atuação do Médico Veterinário e zootecnista na saúde Ambiental. Diante da necessidade de se estabelecer um conceito de saúde Ambiental, a CnsA/CFMV construiu a seguinte definição: “saúde Ambiental é a manutenção do equilíbrio dinâmico de ecossistemas necessário à conservação de condições essenciais para a sustentação da vida no planeta”. no período de 3 de setembro de 2010 a 22 de setembro de 2011, a CnsA realizou o Ciclo de Palestras intitulado “O Médico Veterinário e seu papel na saúde Ambiental”. O convite encaminhado pelo CFMV aos Conselhos Regionais de Medicina Veterinária (CRMVs) contou com a adesão voluntária dos seguintes estados: Centro-Oeste: Mato grosso (Mt) e Mato grosso do sul (Ms); Norte: Amazonas (AM), Amapá (AP), Pará (PA), Rondônia (RO), Roraima (RR) e tocantins (tO); Nordeste: Alagoas (Al), Bahia (BA), Ceará (Ce), Maranhão (MA), Paraíba (PB), Pernambuco (Pe), Piauí (PI), Rio grande do norte (Rn) e sergipe (se); Sul: Paraná (PR) e Rio grande do sul (Rs); Sudeste: espírito santo (es), Rio de Janeiro (RJ) e são Paulo (sP).
Dessa forma, é possível verificar uma significativa paticipação dos CRMVs, como se observa ao lado:
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As apresentações foram nas capitais, exceto no estado do Rio grande do norte, onde foram realizadas em natal e Mossoró; e em Pernambuco, em Recife e Petrolina, a pedido dos seus respectivos CRMVs. O evento teve o intuito de colher informações sobre: experiências acumuladas, conhecimento sobre o tema, demandas, necessidades e profissionais atuando diretamente na área Ambiental para nortear as ações futuras da CnsA/CFMV no sentido do progresso da Medicina Veterinária na área de Meio Ambiente. no ano de 2012, a fim de proporcionar melhor entendimento da sociedade quanto ao trabalho da comissão, o CFMV mudou o nome da CnsA para Comissão nacional de Meio Ambiente (CnMA). Contudo, tal alteração não trouxe nenhuma mudança nos objetivos, pelo contrário, ajudou a solidificar e a aumentar a inserção da CnMA no contexto agroambiental. Atualmente vive-se um momento em que existe a relevância cada vez maior de uma Agenda Ambiental e sua integração com as políticas de governo que apontem para a necessidade de interação de todas as entidades de classe, dentre elas, o sistema CFMV/CRMVs que, com certeza, é parte importante
porcentual de adesão voluntÁria por região geogrÁFica Centro-Oeste norte nordeste sul sudeste
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Dados dos Autores
índices de produção e exportação de carne bovina e de frango. O que dizer então da produção de proteína animal, proveniente do campo, que nutre milhões de brasileiros e sacia a fome de outros tantos, mundo afora? e os animais de companhia nas cidades, bem como os impactos desses ao meio ambiente? O que têm esses profissionais com isso? tuDO!!! Os Médicos Veterinários e zootecnistas possuem responsabilidade, se não para com os próprios animais, para com a sociedade brasileira, e, quiçá, mundial, ao direcionar a produção animal rumo à sustentabilidade. Dessa forma, o trabalho da Comissão nacional de Meio Ambiente (CnMA/CFMV) objetiva o fortalecimento da atuação da Medicina Veterinária e zootecnia na área ambiental e maior conscientização da classe quanto ao seu importante papel no exercício de atividades de conservação e preservação do meio ambiente. shutterstocK
da história da Medicina Veterinária e zootecnia de nosso país. Médicos Veterinários e zootecnistas não apenas podem, mas devem contribuir para a defesa e preservação do meio ambiente, sob a ótica intergeracional da sustentabilidade. são esses os profissionais que possuem o mister de conciliar a produção animal com a conservação ambiental, demonstrando não apenas a possibilidade dessa conciliação, mas a necessidade de produzir animais conservando os recursos naturais, sob pena da extinção desses. Contudo, para muitos, ainda é estranho associar a Medicina Veterinária e zootecnia à conservação ambiental e sustentabilidade. nessa míope visão, as questões avessas ao meio ambiente não possuem relação alguma com as fantásticas contribuições da Medicina Veterinária e zootecnia, como os altos
coMissão nacional de Meio aMbiente (cnMa) do cFMv claudia scholten (Presidente)
Médica Veterinária, CRMV-sP nº 20045 e-mail: claudiascholten.cnsa@cfmv.gov.br
João paulo rocha de Miranda
zootecnista, CRMV-Mt nº 0168/z
Maria auxiliadora gorga luna Médica Veterinária, CRMV-DF nº 0370
Maria do rosário lira castro Médica Veterinária, CRMV-RJ nº 2092
Maria izabel Merino de Medeiros Médica Veterinária, CRMV-sP nº 13293
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Fotos: arquivo cFMv
MeDICInA De AnIMAIs selVAgens
REGULAMENTAÇÃO LEGAL NA
MEDICINA DE ANIMAIS SELVAGENS O conhecimento das regras, normas e limites legais quanto ao trato com os animais selvagens é importante para todos os cidadãos, entretanto é fundamental para o Médico Veterinário e imprescindível para os que militam na especialidade da medicina de animais selvagens. O Brasil é um país com boa regulamentação legal quanto à proteção da sua fauna; no entanto, é um dos campeões mundiais no tráfico de animais selvagens. Isto parece um contrassenso! e, de fato, é. existem ótimos instrumentos legais que simplesmente são negligenciados, são desconsiderados na prática. É sabido que em qualquer quadra de qualquer cidade de qualquer estado do Brasil há pelo menos um papagaio capturado na natureza e mantido como animal de estimação. essa é uma prática ilegal, mas vista de maneira condescendente pela sociedade, pelo poder público e, frequentemente, perdoada. este hábito cultural remonta à colonização, quando os portugueses levavam a título de suvenires animais nativos do Brasil para a europa. Aprende-se a se comportar como se a natureza fosse um grande almoxarifado, cujas prateleiras guardassem estoques intermináveis de animais que estarão sempre à disposição, bastando apanhá-los. Mas esta é uma falácia! Vive-se em tempos de extinção, e a história recente da ararinha-azul-de-spix (Cyanopsitta
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spixii) que há poucos anos ainda habitava as matas de galeria da Bahia, dominadas pelas caraibeiras (Tabebuia caraiba), ao sul do são Francisco, atualmente está extinta na natureza. É preciso impedir que casos como esse tornem a se repetir e evitar que a lembrança dessa espécie restrinja-se às microesculturas confeccionadas pelos moradores do município de Curaçá, na Bahia, e oferecidas aos turistas nostálgicos que lá aportam em busca de contato com o local emblemático onde um dia viveu a ararinha-azul, que foi caçada à exaustão, para o tráfico internacional de colecionadores, até desaparecer totalmente. Precisa-se ordenar o uso de recursos faunísticos para que essa riqueza, ainda não mensurada e conhecida, seja um bem permanente para todos e não um valor temporário para poucos. Precisa-se: conhecer, divulgar, cumprir e fazer cumprir as leis que regulam o uso de animais selvagens no Brasil, e este é um importante papel do Médico Veterinário junto a nossa sociedade. A título de esclarecimento, nas próximas páginas, há uma pequena revisão cronológica da regulamentação legal de maior relevância na prática da MedicinaVeterinária de animais selvagens. A primeira preocupação legal com o direito e o bem-estar animal surgiu com a edição do Decreto nº 24.645, de 10/7/1934, assinado pelo chefe do goRevista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
AssuntOs POlÍtICOs
verno Provisório da República dos estados unidos do Brasil, getúlio Vargas. esse documento estabeleceu medidas de proteção a todos os animais existentes no País, sejam domésticos ou selvagens, e também que todos fossem tutelados pelo estado e assistidos em juízo pelo Ministério Público e pelas sociedades Protetoras, e relacionou e descreveu detalhadamente o que se consideram maus-tratos e incluiu entre eles deixar de ministrar assistência veterinária. Por mais de trinta anos esse, foi o único instrumento legal que beneficiava os animais no Brasil, mas foi fortalecido e expandido pela chamada lei de Proteção à Fauna. A lei nº 5.197, de 3/1/1967, que veio para estabelecer que os animais selvagens não fossem mais apenas tutelados pelo estado, passando a ser propriedade do estado. A lei de Proteção à Fauna foi implantada no período da ditadura militar, no governo Castello Branco. A lei que normaliza e normatiza zoológicos no Brasil foi editada apenas no ano de 1983, embora, à época, zoológicos já existissem há quase cem anos. O reconhecimento legal só foi instituído pela lei nº 7.173, de 14 de dezembro. A partir dessa lei tornou-se obrigatória a assistência permanente de, no mínimo, um Médico Veterinário e um Biólogo nessas instituições. Curiosa e surpreendentemente, até essa data, os zoológicos podiam existir sem a assistência desses profissionais. Vivíamos ainda o período da ditadura militar – esta lei foi sancionada pelo general João Baptista Figueiredo – porém ficou sem aplicabilidade pela falta de regulamentação, ainda por seis anos. em 22 de fevereiro de 1989,
Exame clínico em onça pintada Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
foi promulgada a lei nº 7.735, que criou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos naturais Renováveis, Ibama, que passou a estabelecer o detalhamento do trato e dos cuidados com a fauna por meio de instrumentos legais como a Instrução normativa no 1, de 19/10/1989. essa In regulamentou a lei nº 7.173 e estabeleceu recomendações técnicas para recintos de animais em Jardins zoológicos, e foi redigida com a assessoria da sociedade de zoológicos do Brasil. essa instrução normativa foi, posteriormente, substituída pela Instrução normativa no 4, de 4/3/2002, que detalha as normas de funcionamento dos zoológicos, os tamanhos e as características mínimas dos recintos para animais e ainda estabelece padrões de segurança para o manejo de animais perigosos e peçonhentos. O Conselho Federal de Medicina Veterinária, depois de ampla discussão com o Ibama e da interpretação de todos os dispositivos legais vigentes, editou a Resolução nº 829, de 25/3/2006, que disciplina o atendimento médico-veterinário a animais selvagens. Por meio dessa resolução ficou estabelecido que, independentemente, de sua origem, os animais selvagens devem receber assistência médica veterinária. Reforça o que já estava previsto no Código de Ética (à época, Resolução CFMV nº 322, de 15/1/1981, substituída em 16/8/2002 pela Resolução CFMV nº 722), onde foi determinado que o Médico Veterinário tem a obrigação de elaborar prontuário contendo as informações indispensáveis à identificação do animal e de seu detentor; estabelece que os clientes sejam informados da ilegalidade da posse do animal selvagem sem documentação de origem; proíbe a manutenção em cativeiro das espécies relacionadas na lista Oficial Brasileira da Fauna silvestre Ameaçada de extinção (livro Vermelho IuCn), ou na lista da Convenção sobre o Comércio Internacional das espécies da Flora e Fauna selvagens em Perigo de extinção (Cites), nos seus Anexos I e II; esclarece ainda que o atendimento a animais selvagens somente pode ser praticado em estabelecimentos Médicos Veterinários ou em instituições legalizadas como criadouros
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MeDICInA De AnIMAIs selVAgens
formalmente constituídos (Resolução CFMV n o 670, de 10/8/2000), deixando claro que é ilegal, por exemplo, o atendimento a um papagaio não legalizado em domicílio; entretanto, ele pode e deve ser atendido em um hospital veterinário, clínica ou ambulatório veterinário, legalmente instituído. no ano de 2008, o Ibama editou a Instrução normativa nº 169, de 20 de fevereiro, que relaciona as categorias de uso e manejo da fauna silvestre em cativeiro. são elas os Jardins zoológicos, os Centros de triagem, os Centros de Reabilitação, os Mantenedores, os Criadouros Científicos para Pesquisa, os Criadouros Científicos Papagaio preparado para procedimento cirúrgico para Conservação, os Criadouros Comerciais, os estabelecimentos Comerciais e os Abatedounativos que poderão ser criados em cativeiro, em ros e Frigoríficos. criadouros instituídos e utilizados como animais Recentemente, no último dia 8/12/2011, entrou de estimação legais, e também a lista de animais em vigor a lei Complementar nº 140, que transferiu considerados domésticos. É certamente uma temea competência da gestão da fauna para os estados, ridade que, com o nível de desconhecimento que visando descentralizar o controle acerca do uso e da infelizmente ainda há sobre a megadiversa fauna proteção da fauna. significa que os estados (incluinbrasileira, seja possível relacionar adequadamente do o Distrito Federal) e os Municípios passam a ter quais animais selvagens prestam-se e quais não se autonomia quanto à maioria das licenças ambientais. prestam a essa exploração. essa iniciativa cria as Há, ainda, uma série de instruções normativas oportunidades de que muitas espécies com poteneditadas pelo Ibama que determinam cuidados cial ainda totalmente desconhecido sejam utilizacom animais selvagens. O Médico Veterinário nedas em criadouros comerciais. cessita manter-se atualizado quanto à regulamenAfinal de contas, entre tantas carências de infortação legal vigente e comportar-se na lisura da lei, mações e dados científicos que ainda há sobre a fausendo um modelo formador de opinião. na selvagem brasileira, o que se sabe, sem dúvidas, O Ibama está prestes a editar uma nova norma é que o animal selvagem de sucesso na criação em polêmica, que relacionará os animais selvagens cativeiro está condenado à conservação.
Dados dos Autores coMissão nacional de aniMais selvagens (cnas) do cFMv rogério ribas lange (Presidente) Médico Veterinário, CRMV-PR nº 0955 E-mail: rogeriolange.cnas@cfmv.gov.br
Médico Veterinário, CRMV-Al nº 0479
albert lang
João luiz rossi Junior
Mariângela da costa allgayer
laerzio chiesorin neto
Médico Veterinário, CRMV-sC nº 1617
Médica Veterinária, CRMV-Rs nº 6352
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isaac Manoel barros albuquerque
Médico Veterinário, CRMV-sP nº 11607
Médico Veterinário, CRMV-AM nº 0284
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DestAQues XX seneMev destaca a iMportância das coMpetências huManísticas para a Medicina veterinÁria arquivo cFMv
O XX seminário nacional de ensino da Medicina Veterinária, realizado em Brasília, de 8 a 10 de outubro, apresentou importantes temas e foi marcado pela inovação. Pela primeira vez, coordenadores, professores e estudantes estiveram reunidos para avaliar a importância das competências humanísticas para a prática profissional da Medicina Veterinária. De acordo com o presidente da Comissão nacional de ensino da Medicina Veterinária do CFMV, Rafael Mondadori, todo o trabalho do XX senemev teve como foco o desenvolvimento Cerimônia de abertura do XX Seminário Nacional de Ensino da Medicina Veterinária de estratégias de ensino-aprendizagem elaboradas pelos próprios participantes. “Foi o modelo postas terão como resultado um documento únique buscamos para que, na prática, os cursos co, contendo ações e metodologias que deverão possam levar aos alunos o conhecimento sobre ser implementadas às Diretrizes Curriculares das doenças e tratamentos, aliados a habilidades Instituições de ensino superior (Ies). “A principal humanísticas como a visão sistêmica da atenção à diferença deste evento em comparação aos sesaúde, tomada de decisão, comunicação, lideranminários anteriores é que o relatório final poderá ça, administração e gerenciamento”, explica. ser utilizado por todas as Instituições de ensino A partir da metodologia “World Café”, codo País. serão propostas válidas e informações nhecida internacionalmente pela capacidade importantes que poderão ser utilizadas como de incentivar diálogos construtivos, cerca de subsídio para os projetos pedagógicos dos cur100 participantes tiveram a missão de elaborar sos de Médico Veterinária”, afirma O documento estratégias e ações, apresentadas ao final dos será finalizado pelo CFMV e deverá ser apresentatrabalhos. Modadori explicou, ainda, que as prodo nos primeiros meses de 2013.
palestrantes internacionais ressaltaM Áreas eMergentes da Medicina veterinÁria durante o XX seneMev A 20ª edição do senemev também contou com a participação de representantes internacionais da Medicina Veterinária. Dr. Jean-François Chary, da França, falou sobre O ensino da Medicina Veterinária: uma aposta mundial no século XXI. Chary abriu o tema fazendo um histórico sobre a profissão e fez um alerta de que, nos próximos anos, importantes pesquisas apontarão a segurança alimentar e o bem-estar animal entre os temas de maior preocupação para a população mundial. O palestrante americano Dr. William Ron DeHaven discorreu sobre as recomendações da OIe (Organização Mundial da saúde) à Medicina Veterinária Mundial e enfatizou a importância de despertar os graduandos para
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tantas outras áreas de atuação que a profissão pode oferecer. “É preciso mostrar a carreira promissora que existe, devemos ser mais eficientes para buscar, também, os alunos que se interessam por outras áreas como saúde pública, por exemplo”, afirmou. O XX seneMeV contou, ainda, com momentos importantes e muito positivos durante a premiação e entrega do Prêmio Paulo Dacorso ao Médico Veterinário silvio Arruda Vasconcellos, em homenagem ao seu trabalho acadêmico e dedicação à Medicina Veterinária Brasileira. toda a programação do evento foi transmitida ao vivo, em tempo real com participação interativa de aproximadamente 1.500 internautas.
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DestAQues conselho Federal proíbe consultas e serviços Médico-veterinÁrios eM sites de coMpras coletivas shutterstocK
O CFMV declarou ilegal a venda de serviços e consultas médico-veterinários em sites de compras coletivas. O assunto teve uma ampla repercussão na imprensa, com reportagens publicadas nos jornais Folha de s. Paulo, Folha Online, Agência Brasil, Diário de Pernambuco, entre outros veículos. Para o Conselho Federal, esse tipo de oferta configura infração ética e pode resultar em sanções que vão de advertência à cassação profissional. Benedito Fortes de Arruda, presidente do CFMV, afirma que a venda de consultas veterinárias e os baixos preços oferecidos nos sites de compras coletivas provocam uma concorrência desleal. segundo ele, a prática também é antiética e o serviço médico-veterinário não pode ser banalizado. “não se pode oferecer serviços médicos como se fosse comércio. É como vender uma prescrição médica-veterinária. não se pode avaliar virtualmente um paciente, sem saber o histórico de saúde do animal e com que tipos de animais ele convive”, alerta o presidente.
O presidente do CFMV, Benedito Fortes de Arruda, esteve reunido com o senador Pedro taques (PDt/Mt), no Congresso nacional, para discutir alternativas que possam coibir, de forma eficaz, o exercício ilegal das profissões de Médico Veterinário e zootecnista. A proposta do CFMV é de que a prática ilegal da profissão seja incluída no Art. 197 do Anteprojeto do Código Penal. “É preciso que casos como esses passem a ser considerados e julgados como crime, com processo judicial e pena determinados com base na legislação”, defende Arruda. se a proposta for incluída entre os crimes contra a Organização do trabalho, a pena poderá variar de um a três anos de prisão e pagamento de multa. “essa é uma questão que temos que
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eXercício ilegal da proFissão pode ser considerado criMe
perseguir, para que as pessoas que se passam por profissionais formados e registrados sejam punidas. essa medida terá um resultado extremamente positivo para todos os profissionais da Medicina Veterinária e da zootecnia”, finaliza.
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arquivo cFMv
sisteMa cFMv/crMvs debate responsabilidade técnica
Representantes dos Conselhos Regionais de Medicina Veterinária e zootecnia estiveram reunidos em Brasília, dias 4 e 5 de outubro, para participar da Câmara nacional de Presidentes. A edição anual do encontro teve como tema principal a Responsabilidade técnica (Rt) e suas várias áreas de atuação na Medicina Veterinária. O evento, organizado pelo CFMV, reúne todos os anos a diretoria do Conselho Federal, presidentes e conselheiros dos 27 Regionais.
Benedito Fortes de Arruda, presidente do CFMV, abriu o evento com destaque para a importância da responsabilidade técnica na amplitude do mercado de trabalho. “sabemos que os profissionais que atuam como Rts, atualmente, representam 60% dos 90 mil Médicos Veterinários em todo o País. esse é um fator considerável para o desenvolvimento das nossas profissões. Precisamos nos organizar para dar a cobertura necessária a esse tema, garantindo sua evolução e solução dos entraves existentes”, afirmou.
A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados (CADAPR), em parceria com o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), realizou, no último mês de outubro, o primeiro seminário nacional para debater o Controle de Produtos de Origem Animal e a Saúde Pública. Amilson Pereira said, diretor do CFMV, abriu os debates defendendo o papel fundamental do Médico Veterinário em todo o processo de produção de alimentos. “O controle sanitário dos alimentos de origem animal é de extrema importância para preservar a saúde da população brasileira e alavancar o agronegócio de nosso país, em especial à geração de divisas decorrentes da exportação de carnes e derivados”, afirmou. O presidente do CFMV, Benedito Fortes de Arruda, destacou que o Médico Veterinário está presente em toda a cadeia produtiva,
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câMara dos deputados proMove seMinÁrio inédito eM parceria coM o cFMv
desde o trabalho de sanidade animal, passando pela qualidade e higiene de produção e conservação, até a comercialização. “somos quem fiscaliza frigoríficos, indústrias, fábricas de produtos e subprodutos de origem animal. É preciso que tenhamos esse espaço cada vez mais reconhecido”.
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DestAQues oie conFirMa realiZação da conFerência Mundial de ensino no brasil O Brasil, em dezembro de 2013, será sede de um dos mais importantes eventos do calendário mundial: a Conferência Mundial de ensino. O anúncio foi feito pela representante internacional da Organização Mundial de saúde Animal (OIe), sara Kanh, durante reunião na sede do CFMV, em Brasília. O encontro contou com a participação do presidente do CFMV, Benedito Fortes de Arruda, do secretáriogeral Felipe Wouk e do presidente da Comissão nacional de ensino do CFMV, Rafael gianella Mondadori. sara Kanh esteve acompanhada, também, pelo diretor do Departamento de saúde Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), guilherme Marques, e pela chefe da Assessoria de eventos do ministério, Rosane Henn. Para a representante da OIe, um congresso internacional desse porte terá um impacto extre-
mamente importante. “Queremos que esse evento seja palco de um grande debate sobre o modo de atuação dos Médicos Veterinários, para que a sociedade conheça o papel desses profissionais de uma maneira mais ampla. A população precisa saber que eles também são responsáveis pela inspeção de alimentos, produtos, pela saúde pública e tem, ainda, uma importância fundamental no combate a zoonoses e na proteção da saúde dos seres humanos”, detalhou sara. O presidente do CFMV destacou que “os Conselhos Federal e Regionais de Medicina Veterinária de todo o País estão trabalhando de forma contínua para que se tenha um evento completo, com a presença de representantes da África, europa, América latina e Ásia”, adiantou. O local e data exatos serão divulgados oportunamente.
v encontro de ética, bioética e beM-estar aniMal do cFMv – região sul Após quatro edições em outras regiões brasileiras, o V encontro de Ética, Bioética e Bem-estar Animal, do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), foi realizado na cidade de Florianópolis/sC. O evento reuniu cerca de 100 participantes, entre professores, pesquisadores e estudantes dos cursos de Medicina Veterinária e zootecnia da Região sul do País. Dentro da amplitude dos temas sobre o bemestar animal, foi dada maior ênfase a aplicação do bem-estar em sistemas produtivos, principalmente de suínos, aves e pecuária leiteira. “A partir de encontros regionais, conseguimos nos aprofundar em temas específicos dos estados, de forma segmentada” avalia o presidente do CFMV, Benedito Fortes de Arruda. Dentre as apresentações, a mesa redonda sobre a relação entre o bem-estar animal e as certificações teve destaque especial. “A certificação é um merca-
do de trabalho que se abre para os Médicos Veterinários e zootecnistas, motivado pela preocupação do consumidor”, destacou o presidente da Comissão de Ética Bioética e Bem-estar Animal do CFMV, Alberto neves Costa. A 5ª edição do evento encera um ciclo de palestras sobre o tema promovido pelo CFMV em todo o País.
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Suplementocientífico hipersensibilidade alimentar em cães Monisa Corraini
pelvimetria radiográfica em fêmeas caprinas (capra hircus linnaeus) das raças saanen, parda alpina e toggenburg (estudo comparativo) Jacinta Eufrásia Brito Leite / Francisco Feliciano da Silva / Rosilda Maria Barreto Santos / Lúcio Esmeraldo Honório de Melo Júlio César Simões de Souza / José Faustino da Silva Neto
Monitoração hemodinâmica e tratamento da hipotensão trans-operatória em cães e gatos Eliane Alves dos Santos / Cinthya Dessaune Neves / Carina Meirelles Garschagen
Mionecrose em bezerros da região de guarapuava - pr. relato de caso Alessandra F. C. Nassar / Simone Miyashiro / Gabriela Terezinha Daniel
ReVIstA DO CFMV - Brasília - DF - Ano XVIII - edição n° 57 - 2012 CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA sia – trecho 6 – lotes 130 e 140 brasília-dF – cep: 71205-060 Fone: (61) 2106-0400 Fax: (61) 2106-0444 www.cfmv.gov.br cfmv@cfmv.gov.br DIRETORIA EXECUTIVA presidente
Benedito Fortes de Arruda vice-presidente
eduardo luiz silva Costa secretÁrio-geral
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tesoureiro
Amilson Pereira said editor da revista cFMv
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COMITÊ CIENTÍFICO DA REVISTA CFMV
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CONSELHO EDITORIAL DA REVISTA CFMV
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eduardo luiz silva Costa
gilson Helio toniollo
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crMv-Mg nº1755
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luiz Fernando teixeira Albino
crMv-es nº 0093
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crMv-Mg nº 0018/Z
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suPleMentO CIentÍFICO
HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR EM CÃES food HipeRsensitivity in dogs Resumo A alergia alimentar (hipersensibilidade alimentar) é uma reação adversa a um aditivo, com base comprovadamente imunológica, podendo levar à anafilaxia alimentar, com doença sistêmica como a angústia respiratória e o colapso vascular. Caracteriza-se por prurido não sazonal e que não responde aos tratamentos. O prurido pode ser localizado ou generalizado, e normalmente, atinge orelhas, membros, região inguinal ou axilar, face, pescoço e períneo. Palavras-chave: alimentação, alergia, pequenos animais
Abstract Resumo the food allergy (Food Hypersensitivity) is an adverse reaction to an additive basis of proven immune and can lead to food anaphylaxis, with systemic disease such as respiratory distress and the vascular collapse. this disease is characterized by seasonal rash and does not respond to treatment. the rash may be localized or generalized, and usually reaches the ears, limbs, axillary or inguinal region, face, neck and perineum. Keywords: food, allergy, small animals
introdução A hipersensibilidade alimentar pode contribuir para o prurido em até 62% dos cães que apresentam dermatite alérgica não sazonal. Além dos sintomas dermatológicos, parece estar envolvida em algumas doenças gastrintestinais crônicas em cães. O manejo nutricional adequado e eficiente da hipersensibilidade alimentar exige uma compreensão dos mecanismos pelos quais o alimento interage com os sistemas fisiológicos responsáveis pelos sintomas. As consultas de dermatologia em pequenos animais representam aproximadamente 30% do total das consultas veterinárias, merecendo destaque na parte clínica diária, sendo objeto de estudo constante devido, não só a sua incidência, mas também a relação de proximidade crescente entre animais e humanos (MACHICOte, 2005; yOttI, 2005; BRAzIs, 2007). Apesar de existirem muitos fatores imunológicos que contribuem para as reações de hipersensibilidade cutânea (OlIVRy et al., 2001), alguns autores defen-
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dem a existência, simultânea, de uma relação direta com as reações de hipersensibilidade retardada, associadas à Imunoglobulina e (Ige), em resposta à exposição direta (inalação, ingestão) a alergenos ambientais, como o fundamento para o aparecimento desse tipo de reação (DeBOeR, 2004; HIllIeR et al., 2001). A incidência de doenças alérgicas tem aumentado tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento. A alergia alimentar é uma reação de hipersensibilidade imediata, mediada por Ige, que ocorre após a ingestão de determinados alimentos por indivíduos previamente sensibilizados. essa pode ser definida como uma reação adversa a um antígeno alimentar mediada por mecanismos fundamentalmente imunológicos. As alergias são caracterizadas por aumento na capacidade dos linfócitos B sintetizarem a imunoglobulina do isotipo Ige contra antígenos que acessam o organismo via inalação, ingestão ou penetração pela pele (PeReIRA, 2008). Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
Fotos: arquivo do autor
Figura 1. Lesão assimétrica, localizada, eritematosa e crostosa em região cervical
A Hipersensibilidade Alimentar (HA) é a terceira reação de hipersensibilidade cutânea mais comum e tem como principal etiologia a ingestão de proteínas, principalmente a ingestão de carne bovina, que se encontra presente na maior parte das rações comercializadas, podendo estar na origem do aparecimento desse tipo de reação de hipersensibilidade (Jeffers et al., 1996; Wills et al.,1996; Day, 1999; Medleau e Kinilica, 2006).
Mecanismo de Ação e Sintomas A hipersensibilidade é caracterizada por um aumento na capacidade de linfócitos B sintetizarem imunoglobulinas do isotipo IgE contra antígenos que entram no organismo por inalação, ingestão ou penetração pela pele (Piccinni et al., 2000), conduzindo à hiperatividade imunológica e à inflamação alérgica (Bufe, 1998). Esses antígenos são considerados inócuos, mas capazes de induzir quadros patológicos em indivíduos sensibilizados. Os antígenos que provocam as reações alérgicas, também chamados de alergenos são, em geral, substâncias químicas e proteínas ambientais comuns. A maioria dos indivíduos em contato com esses antígenos não produz IgE específica, nem desenvolve reações potencialmente lesivas, mas essas reações desenvolvem-se em seres geneticamente susceptíveis (Abbas, 2005). Para que a hipersensibilidade a um alimento ocorra, proteínas ou outros antígenos devem ser absorvidos pelo trato gastrintestinal, interagir com o sistema imunológico e produzir uma resposta. Em condições normais, a reação alérgica a alimentos é evitada, pois o trato gastrintestinal e o sistema imunológico fornecem barreiras que impedem a absorção da maioria dos antígenos. O intestino é a principal via de entrada de antígenos no corpo e os Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
linfócitos presentes na mucosa, submucosa, placas de Peyer ou linfonodos mesentéricos são responsáveis pela montagem da resposta imune adequada contra esses antígenos (Springer, 1994). O lúmen gastrintestinal contém uma variedade de substâncias nocivas, incluindo antígenos e agentes químicos ingeridos com os alimentos, bem como microrganismos e seus produtos tóxicos. No entanto, em condições fisiológicas, o sistema gastrintestinal apresenta muitas barreiras para evitar constantes reaç ões a esses patógenos, entre elas podemos citar o muco que cobre continuamente e de forma aderente a mucosa digestiva; as enzimas gástricas (pepsinas), pancreáticas (tripsina, quimitripsina carboxipeptidases) e intestinais (aminopeptidases e dipeptidases) (Lamont, 1992) e a produção de IgA que se liga a moléculas antigênicas e dificulta sua penetração no organismo (Mestecky et al., 1986). A mucosa de todo trato gastrintestinal contém numerosas células imunocompetentes, como os mastócitos, neutrófilos e eosinófilos. Os mastócitos são células especializadas, presentes nos tecidos mucosos e epiteliais. São ativados quando os antígenos fazem ligações com a IgE ligada em seus receptores específicos de membrana. A degranulação ocorre em segundos, e libera uma série de mediadores inflamatórios pré-formados, como a histamina. Uma amina vasoativa de vida curta que produz aumento do fluxo sanguíneo local e permeabilidade vascular, e as enzimas quinase, triptase e esterases de serina. Essas podem ativar as metaloproteinases de matriz, causando a destruição tecidual. Durante a ativação, os mastócitos liberam quimiocinas, que são mediadores lipídicos como o fator ativador das plaquetas (PAF), além de outras citocinas. Esses mediadores contribuem para as respostas inflamatórias crônicas e agudas. Os mediadores lipídicos atuam causando contração da
Figura 2. Lesão assimétrica, localizada, eritematosa e crostosa em região sub-mandibular
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Figura 3. Lesão assimétrica, disseminada, eritematosa, úmida e puntiforme em região abdominal
musculatura lisa, aumento da permeabilidade vascular e secreção de muco, induz também a ativação e o influxo de leucócitos que contribuem para a resposta tardia (JAneWAy, 2002). essas células representam importantes papéis na imunorregulação, remodelamento dos tecidos e defesa do hospedeiro (gAllI e WeRsHIl, 1996; lORentz e BIsCHOFF, 2001) e na fisiopatologia (yu e PeRDue, 2001). Mesmo com várias barreiras existentes, os antígenos da dieta podem entrar na mucosa intestinal pelas células M situadas nas placas de Peyer. Macrófagos nessa placa fagocitam, processam e apresentam peptídeos unidos a moléculas de histocompatibilidade com a síntese de IgA. As células t e B migram, das placas de Peyer para os linfonodos mesentéricos; desses trafegam, para o ducto torácico chegando à circulação sanguínea. Da circulação, os linfócitos ativados retornam à mucosa digestiva e passam a residir na lâmina própria onde irão secretar mais IgA (HelM e BuRKs, 2000). em algumas situações, a interação do antígeno com as células imunológicas conduzirá a uma resposta do tipo Helper th2 com produção de Ige. O mecanismo responsável pelo desenvolvimento da resposta tipo th2, não tem sido completamente esclarecido. Atenção tem sido dada aos possíveis papéis das células apresentadoras de antígenos, células t e citocinas presentes no microambiente durante a apresentação do antígeno (PICCInnI et al., 2000). As células B sintetizam IgM específica ao antígeno na primeira exposição ao alérgeno. O peptídeo é apresentado à célula t CD4+ específica ao antígeno via MHC de classe II. A mudança de IgM para Ige requer interações entre antígeno, células B específicas e células t. As células t ativadas secretam interleucina 4 (Il-4) e expressam o ligante CD 40, que age sobre as células B,
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tornando-as plasmócitos secretores de Ige e produzindo células B de memória. Quando ocorrer uma nova exposição ao antígeno, Ige específica será secretada pelos plasmócitos e se ligarão aos mastócitos. A reação imediata inicia-se pelo crossilinking de Ige com o antígeno, seguido pela ativação e degranulação dos mastócitos. Mediadores pré-formados como histamina, enzimas e fatores quimiotáticos são liberados, e outros mediadores (prostaglandinas e leucotrienos) são formados. esses mediadores são responsáveis pelos sintomas das reações alérgicas (AnDeRsOn, 1997; FuleIHAn, 1998). Além disso, esses sintomas refletem a quantidade de anticorpos IgA e Igg capazes de neutralizar o antígeno antes que ele possa se ligar nas moléculas de Ige na superfície dos mastócitos (FInKelMAn et al., 2005). As primeiras modificações referem-se a eventos vasculares, com início após 15 a 30 minutos. tais eventos incluem a vasodilatação gerada pela histamina, prostaglandina D2 e pelo PAF, e o aumento da permeabilidade vascular, desencadeada pela ação da histamina, leucotrieno C 4 e PAF em receptores das células endoteliais. A vasodilatação e o aumento da permeabilidade vascular geram o eritema na pele e o edema no subcutâneo, trato respiratório ou digestivo. tanto no trato respiratório como no digestivo, mediadores como a histamina e PgD2 podem estimular a produção de muco. no trato respiratório, o PAF, a histamina e a PgD2 induzem a broncoconstrição e, no trato gastro intestinal, a histamina, as prostaglandinas e o PAF geram desequilíbrio eletrolítico com perda de íons e água, levando a um estado de diarréia e aumento da permeabilidade a macromoléculas (WAsseRMAn, 1983; PlAut, 1997). A Il-5, seletivamente, induz à inflamação na mucosa intestinal durante a reação alérgica (BAe et al., 1999). Os
Figura 4. Lesão assimétrica, localizada, eritematosae crostosa em lábios Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
tes atópicas. O trato gastrintestinal apresenta edema dos lábios, língua ou mucosa oral, náuseas, paralisia abdominal ou cólica, vômito ou refluxo, e diarréia. No trato respiratório ocorre a congestão nasal, edema laringeal, disfonia e espirros. Dependendo da gravidade do quadro, também podem ocorrer hipotensão, choque, desmaios e vertigens (Sampson, 1999).
Características Clínicas
Figura 5. Lesão assimétrica, disseminada e eritematosa em dorso do animal
eosinófilos são derivados da medula óssea, assim chamados por se corarem pelo corante eosina. Somente um pequeno número dessas células é encontrado normalmente na circulação; a maioria dos eosinófilos é encontrada nos tecidos, especialmente no tecido conjuntivo imediatamente abaixo do epitélio respiratório, intestinal e urogenital, implicando um papel dessas células na defesa contra organismos invasores. Os eosinófilos liberam proteínas altamente tóxicas e radicais livres dos grânulos, que podem matar microrganismos e parasitas, mas também produzir lesão tecidual significativa nas reações alérgicas. Eles também produzem moléculas como prostaglandinas, leucotrienos e citocinas, que amplificam a resposta inflamatória recrutando e ativando mais eosinófilos. A ativação e a degranulação dos eosinófilos é rigorosamente regulada. O primeiro nível de controle regula a produção de eosinófilos pela medula óssea, que é baixo na ausência de infecções ou outro estímulo imune, mas quando as células Th2 são ativadas, citocinas como a IL-5 são liberadas, aumentando a produção de eosinófilos na medula óssea e promovendo sua liberação na circulação. Um segundo nível de controle regula a migração dos eosinófilos, da circulação para os tecidos. As moléculas-chave nessa resposta são as quimiocinas CC (Janeway, 2002). No local da lesão, os eosinófilos liberam grande quantidade de mediadores, altamente citotóxicos e pró-citotóxicos, como a proteína básica principal, proteína catiônica eosinofílica e peroxidase, contribuindo para a fase tardia da reação que ocorre três a doze horas depois da degranulação dos mastócitos (Tepper et al., 1989; Bischof e Meeusen, 2002). Sendo assim, podem-se listar sintomas frequentemente provocados em vários órgãos-alvo durante as reações alérgicas induzidas por alimentos. A pele pode apresentar urticária, rubor, erupções e dermatiRevista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
Alguns pesquisadores sugerem que o Cocker e o Springer Spaniels, os Retrievers Labrador, Collies, Miniatura Schnauzers, Shar Pei chineses, West Highland White Terriers, Wheaton Terriers, Boxer, Dachshunds, Dálmatas, Lhasa Apsos, Pastores Alemães e Golden Retrivers estão sob risco aumentado. A hipersensibilidade alimentar pode provocar uma ampla variedade de lesões e pode ser considerada em qualquer cão com prurido. O prurido, com ou sem erupção primária, é o único achado consistente. Não há conjunto clássico de sinais cutâneos patognomônicos de hipersensibilidade alimentar no cão. Uma variedade de lesões de pele primárias e secundárias é observada, que incluem pápulas, placas, pústulas, erupções, angioedema, eritema, úlceras, escoriações, liquenificação, modificações pigmentares, alopecia, caspa, crostas e erosões úmidas que aparecem nas áreas de dermatite piotraumática. Em geral, a queixa principal é o prurido e este é não sazonal e responde mal aos glicocorticoides. Se o alimento agressor for um petisco ou comida caseira, os sinais podem ser episódicos, dependendo de quão frequente o animal o coma. Toda a distribuição do envolvimento cutâneo pode ser verificada, mas as orelhas, as axilas e a virilha parecem comumente acometidos. Em alguns cães, a doença fica limitada às orelhas ou a áreas de alergia a pulgas (Scott.W. et al., 1996).
Figura 6. Lesão assimétrica, localizada e eritematosa localizada no dorso do animal
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raros os casos de múltiplos agentes implicados na doença (HOsKIns, 1997). na maioria das vezes, o diagnóstico baseia-se apenas na análise da anamnese e das lesões cutâneas elementares, evidenciadas no exame físico dos animais acometidos. Para o diagnóstico final, o clínico, habitualmente, vale-se de vários recursos, incluindo: exames parasitológicos de raspado cutâneo e micológico de pelame e de escamas, histológico de pele submetida à biopsia, e testes intradérmicos e de dieta de eliminação seguida pela exposição provocativa. Com o advento de provas sorológicas para a detecção de Ige alimentoespecífica, iniciou-se uma verdadeira revolução nos procedimentos diagnósticos (JACKsOn, 2004). Figura 7. Lesão assimétrica, generalizada e eritematosa, exsudativa em dorso e lateral esquerda do animal
Otite externa pruriginosa e bilateral (frequentemente com infecção secundária bacteriana ou por Malassezia), junto com doença seborreica secundária da pele, piodermite bacteriana ou ambas, são comumente verificadas junto com a hipersensibilidade alimentar. As piodermites secundárias mais comumente se apresentam como foliculites superficiais, ainda que a foliculite e a furunculose, bem como as piodermatites bacterianas, possam ocorrer. Alguns cães apresentam-se apenas com piodermatite bacteriana recidivante, com ou sem prurido, em que todos os sinais clínicos resolvem-se com antibioticoterapia. Distúrbios gastrintestinais concomitantes (vômitos, diarréia, cólica), foram relatados (sCOtt et al., 1996). Ocasionalmente se descrevem sinais neurológicos (ataques convulsivos epileptiformes e mal-estar) e angústia respiratória (síndromes semelhantes à asma) (BIRCHARD e sHeRDIng, 1998).
1. excluir outros diferenciais. 2. Histopatologia da pele (sem valor diagnóstico) – graus variáveis de dermatite perivascular superficial. Pode haver predomínio de células mononucleares ou neutrófilos. 3. testes de alergia alimentar (intradérmico, sorológico) – não se recomenda, pois os resultados desses testes não são confiáveis. 4. Resposta à terapia de dieta hipoalergênica – os sintomas melhoram dentro de dez a doze semanas após o início de uma dieta caseira ou comercial rígida (uma fonte de carboidrato e uma de proteína). A dieta não deve conter nutrientes anteriores fornecidos ao cão. 5. teste de desafio – recorrência dos sintomas dentro de sete a dez dias após a reintrodução do alérgeno suspeito na dieta (MeDleAu e HnIlICA, 2003). uma vez que os sintomas desapareçam e o animal possa ser mantido sem medicação anti-
diagnóstico diFerencial O diagnóstico diferencial da hipersensibilidade alimentar canina consiste em atopia, reação a drogas, hipersensibilidade à picada de pulgas, pediculose, hipersensibilidade parasitária intestinal, escabiose, dermatite por Malassezia, doença seborreica de pele e foliculite bacteriana (BIRCHARD e sHeRDIng, 1998).
diagnóstico O diagnóstico de dermatite por hipersensibilidade alimentar é um desafio para o veterinário e o proprietário do animal. A maioria dos animais é alérgica a uma única substância presente na dieta, sendo
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Figura 8. Lesão assimétrica, disseminada e eritematosa em região coxal de membro posterior direito Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
inflamatória por duas semanas, a dieta anterior deve ser readministrada para confirmar o diagnóstico. Na maioria dos casos, a exacerbação dos sintomas ocorre dentro de cinco a sete dias, podendo demorar até duas semanas. Após a recidiva dos sinais, o paciente deve voltar a alimentar-se com a dieta de eliminação até tornar-se novamente assintomático. Após a confirmação, deve-se adicionar um alimento de cada vez à dieta, ou introduzir rações comerciais baseadas em apenas uma fonte de proteína, a cada duas semanas, até que se obtenha uma dieta razoavelmente balanceada (Hoskins, 1997).
Achados Laboratoriais Não existem achados laboratoriais consistentes nos pequenos animais com hipersensibilidade alimentar. Pode ou não se encontrar presente eosinofilia periférica. Os achados histopatológicos não são diagnósticos, e geralmente se caracterizam por dermatite perivascular, com predomínio de neutrófilos ou células mononucleares e alterações supurativas secundárias variáveis. A eosinofilia tecidual é incomum, mas foi descrita (Birchard e Sherding, 1998).
Teste Cutâneo Intradérmico O teste cutâneo intradérmico com extratos alimentares geralmente não é recompensador no homem e nos pequenos animais, possivelmente devido a alterações na composição do alérgeno com a digestão ou a diluição apropriada do alérgeno-teste (Birchard, e Sherding, 1998).
Testes Diagnósticos Sorológicos Tem-se utilizado o diagnóstico sorológico, que utiliza o teste radioalergoabsorvente (TRAA) ou o ensaio imunoabsorvente ligado à enzima (Elisa) para anticorpos reagínicos nos seres humanos, e esses se correlacionam à história e aos testes de exposição provocativos em mais de 50% dos casos descritos. No entanto, os dados oriundos de dois estudos recentes demonstraram que esses testes não têm valor nos pequenos animais (Birchard e Sherding, 1998).
Histopatológico Ao microscópio, pode-se verificar que nos casos de alergia alimentar canina a derme contém infiltrados perivasculares superficiais e profundos Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
compostos de linfócitos, plasmócitos, eosinófilos, e mastócitos, que podem tornar-se difusos e se estendem até as estruturas anexiais. Pode haver quantidades variáveis de edema dérmico. Se a epiderme estiver gravemente traumatizada, podem estar presentes neutrófilos em decorrência da infecção bacteriana secundária. O envolvimento da derme profunda e a presença de eosinófilos são achados úteis, que diferenciam a alergia alimentar da atopia (Jones, et al., 2000).
Tratamento e Prognóstico Tratar piodermite secundária, otite externa e otite por Malassezia com medicamentos apropriados. O controle da infecção secundária é um componente essencial no manejo de cães alérgicos a alimentos. Estabeleça um programa de controle de pulga para prevenir que suas picadas agravem o prurido. Evite alergeno(s) dietético(s). Forneça dieta caseira balanceada ou dieta comercial hipoalergênica. Para identificar substâncias alérgicas que devem ser evitadas, introduza um novo alimento à dieta hipoalergênica a cada duas a quatro semanas. Se a substância for um alérgeno, os sintomas reaparecem dentro de sete a dez dias. Como alternativa pode-se tentar o tratamento sistêmico com glicocorticoides, anti-histamínicos, ácidos graxos ou medicação tópica. Entretanto, a resposta é frequentemente ineficaz. Para alguns cães, cujo único sintoma é piodermite superficial recorrente, o controle pode ser alcançado apenas com tratamento antimicrobiano com baixa dose e longa duração. Administra-se 20 mg/kg/8h VO ou 30 mg/kg/12h de Cefalexina (durante, no mínimo, quatro semanas), mantendo a medicação durante, no mínimo, uma semana após a cura clínica. A partir daí mantém-se o tratamento de manutenção, na dose de 20 mg/kg VO, em intervalos de 24 horas. O prognóstico é bom. Em cães de difícil controle excluir a possibilidade de hipersensibilidade a um ingrediente da dieta hipoalergênica, infecções secundárias (bactérias, Malassezia, dermatófitos), escabiose, demodicose, atopia, dermatite alérgica a pulga e dermatite de contato (Medleau, et al., 2003). É essencial que o alimento nocivo seja evitado. Habitualmente, as dietas preparadas domesticamente e dietas hipoalergênicas comercializadas são adequadas para a manutenção do animal pelo restante de sua vida (Willemse, 1998).
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Dados da Autora Monisa corraini
Médica Veterinária, CRMV-sP nº 12.518 e-mail: monicr.vet@gmail.com
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Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
PELVIMETRIA RADIOGRÁFICA EM FÊMEAS CAPRINAS (Capra hircus linnaeus) DAS RAÇAS SAANEN, PARDA ALPINA E TOGGENBURG (ESTUDO COMPARATIVO) Radiografic pelvimetry in Females goats of Saanen, Brow Alpine and Toggenburg Breeds - Comparative study Resumo Foram selecionadas e radiografadas 45 fêmeas caprinas, multíparas, aparentemente sadias, das raças Sannen, Parda Alpina e Toggenburg. Pelvimetria radiográfica foi realizada nas radiografias obtidas. Desse estudo concluiu-se que a raça Parda Alpina apresenta os Diâmetros Conjugado Verdadeiro (DCV), Transverso (DT) e Acetabular (DA) maiores que as demais analisadas, o que sugere maior amplitude da pelve durante o parto e, consequentemente, maior aptidão reprodutiva. Palavras-chave: reprodução, pelvimetria, radiologia, caprinos
Abstract Resumo Were selected 45 multiparous females goats of Saanen, Brown Alpine and toggenburg breed and radiographies were made to proceed the radiographic pelvimetry analyses. We conclude in this paper, that Brow Alpine breed show the DCV, DT and DA diameters larger than others breeds in this study, and is more qualify to reproducer. Keywords:: reproduction, pelvimetry, radiology, caprines
INTRODUÇÃO O estudo pelvimétrico de fêmeas caprinas tornou-se especialmente relevante a partir do momento em que novas raças passaram a ser importadas e trazidas para interagir com os rebanhos nativos do Brasil. Em muitos casos tem sido realizada a transferência de embrião, e a proporção entre tamanho fetal e espaço pélvico tem sido esquecida, relação essencial para o sucesso do parto. De acordo com Benesch (1965), a pelve óssea, no sentido obstétrico, revela-se semelhante a um cinturão ósseo formado pelo ílio, ísquio e púbis unidos entre si, cujo teto é constituído pelo sacro e primeiras vértebras coccígeas. A pelve caprina está classificada como dolicopélvica, ou seja, caracteriza-se por apresentar a face cranial em forma oval, achatada lateralmente; o ísquio é sensivelmente escavado e arqueado ventralmente em sua extremidade caudal (TONIOLLO et al., 1993). Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
Segundo Ferreira (1991), a pelvimetria consiste basicamente na determinação métrica das dimensões da pelve. A mensuração e comparação da pelve de fêmeas multíparas das raças Toggenburg, Parda Alpina e Saanen, por meio da pelvimetria radiográfica, motivaram a realização deste trabalho, para que parâmetros possam ser elaborados como sugestão de modelo quanto às medidas normais dos diâmetros delimitados nas espécies estudadas.
REVISÃO De LITERATURA A pelve caprina é classificada como dolicopélvica, ou seja, caracteriza-se por apresentar a face cranial em forma oval, achatada lateralmente; o ísquio é sensivelmente escavado e arqueado ventralmente em sua
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O’brient et al. (1982), publicaram um estudo retrospectivo sobre a utilização da pelvimetria radiográfica em mulheres e concluíram suas vantagens relacionadas com a dificuldade do parto em mulheres de pelve estreita.
Material e Métodos Foram estudadas aleatoriamente 45 fêmeas caprinas multíparas, aparentemente sadias, com idades acima de vinte meses. As 45 fêmeas foram distribuídas em três grupos distintos: Parda Alpina (g1), toggenburg (g2) e saanen (g3), constituídos de 15 fêmeas cada grupo. De cada animal foram obtidas duas radiografias da pelve, sendo uma na projeção lateral, com deslocamento caudal dos membros pélvicos, e outra na projeção ventrodorsal (com auxílio de uma calha de madeira), com a fêmea em decúbito dorsal, com os membros pélvicos distendidos caudalmente. A distância foco filme foi mantida em 120 cm e a técnica utilizada para cada exposição sofreu variação de acordo com a espessura da região a ser radiografada, variando entre 75 a 95 kW por 8,0 a 12,0 mAs. Considerou-se um tempo de exposição de 0,06 s. Após obtenção das radiografias realizou-se a pelvimetria em negatoscópio, com utilização de régua, sendo a unidade considerada o milímetro (mm), seguindo o modelo utilizado por eneroth (1999), abordando os seguintes aspectos: na projeção lateral (Figura 1), temos o Diâmetro Conjugado Verdadeiro (DCV) referente a distância entre o promontório e Fotos: arquivo do autor
extremidade caudal, ainda que o diâmetro verdadeiro seja maior que o bi-ilíaco (tOnIOllO et al., 1993). segundo eneroth et al. (1999), a pelvimetria radiográfica pode ser usada como indicativo na distocia individual em cadela, servindo, inclusive, como base de seleção para animais de criação. esses autores observaram que nas fêmeas com distocia obstrutiva, as medidas radiográficas apresentaram significativa diminuição do tamanho pélvico, comparando-se com fêmeas que tiveram parto normal. A desproporção feto/pelve pode estar associada ao achatamento dorso-ventral do canal pélvico ou resultar da combinação desse achatamento com fetos grandes e de crânios largos. Haughey et al. (1982), avaliando e comparando métodos distintos de pelvimetria radiográfica, em ovelhas, puderam concluir que todos foram eficientes e poderiam ser utilizados adequadamente na obtenção das dimensões do diâmetro transverso e diâmetro conjugado, além da área da entrada da pelve. Ainda neste trabalho os autores apontaram como procedimento ou método mais adequado aquele em que o animal é posicionado em decúbitos lateral e ventral, para as projeções lateral e ventro-dorsal do coxal, respectivamente, ressaltando o valor da verificação da espessura local, à altura do trocanter maior, para adequada exposição de radiação X. nas suas considerações, determinaram valores médios para o diâmetro transverso 9,3 cm, na raça Merino. esses autores ainda observaram que a pelvimetria radiográfica tem sido usada em vários rebanhos, com o objetivo de determinar a maturidade da pelve materna e a desproporção pelve/feto. Cloete (1998) estudou a relação da conformação da pelve de reprodutoras ovinas da raça Mutton Merino (M. Merino) e Dormers, correlacionando-a com a dimensão da pelve e o peso das crias. Observou que o diâmetro transverso da pelve das ovelhas M. Merino era mais curto e o diâmetro conjugado verdadeiro mais longo do que os das ovelhas Dormers. Verificou que outros fatores estiveram envolvidos com o parto, tais como sua duração, gestação com um ou mais fetos, inércia uterina e apresentação posterior do feto, concluindo que as variáveis conformação e dimensão da pelve com peso das crias foram de limitado valor como predicado para tranquilidade do parto. Mais uma vez, Cloete (1994) realizou estudo com parto em ovelhas, relacionando peso dos neonatos com dimensão da pelve, de onde concluiu que o conhecimento do diâmetro conjugado e a área da entrada da pelve são positivos para a melhora posterior da performance reprodutiva do rebanho.
Figura 1. Projeção lateral demonstrando em ‘a’: Diâmetro Conjugado Verdadeiro (DCV) e em ‘b’: Diâmetro Vertical (DV). Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
pecten do púbis; e o Diâmetro Vertical (DV) referente a distância vertical entre o pecten do púbis e o sacro (altura); na projeção ventro-dorsal (Figura 2), temos o Diâmetro Transverso (DT) referente a distância horizontal entre os corpos dos ílios no seu terço distal; o Diâmetro Acetabular (DA) referente a distância horizontal entre a face interna das duas cavidades acetabulares (sob a linha arciforme, na altura da face semilunar); e o Diâmetro Isquiático Lateral (DIL), que marca a distância horizontal entre as duas tuberosidades laterais do ísquio.
DELINEAMENTO ESTATÍSTICO A análise estatística dos dados obtidos realizouse utilizando o Teste T de Student e a análise de variância; a comparação entre as médias das variáveis contínuas estudadas foi realizada pela Diferença Mínima Significativa (DMS).
RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir das análises radiográficas realizadas, foram obtidos os resultados encontrados na Tabela 1, onde se pode verificar que dentre as três raças analisadas o DCV é maior na raça Parda Alpina e menor na raça Sannen; em contrapartida, o DV apresenta-se maior exatamente nessa raça, enquanto é menor na Toggenburg. Já o DT e o DA apresentam-se maior na raça Parda Apina e menor na raça Toggenburg. Esses achados permitem-nos concordar com Toniollo (1993), quando afirma que o DCV é maior que o bi-ilíaco inferior, neste trabalho denominado DT, já que esse achado também foi observado nas men-
Figura 2. Projeção ventro-dorsal demonstrando em ‘c’: Diâmetro Transverso (DT); em ‘d’: Diâmetro Acetabular (DA); e em ‘e’: Diâmetro Isquiático Lateral (DIL).
surações aqui realizadas. Permitem-nos também concordar com Haughey et al., (1982) quando nas suas avaliações em ovelhas, afirmaram que as delimitações do DT e Diâmetro Conjugado são suficientes para determinar a entrada da pelve. Contudo, gostaríamos de sugerir o DA, pois observamos ser sempre menor do que o transverso e acreditamos que está tão relacionado com a amplitude da pelve durante o parto, quanto o DT.
Tabela 1. Média, Desvio-Padrão, Quadrado Médio e Coeficiente de Variação dos diâmetros obtidos da pelvimetria radiográfica de fêmeas multíparas das raças Parda Alpina (G1), Toggenburg (G2) e Saanen (G3). Diâmetros
Grupos (Média e D. Padrão)
Média Geral
Quadrado Médio
Coeficiente de variação
I
II
III
Diâmetro Conjugado Verdadeiro
151,5 + 16,0
145,8 + 11,8
143,7 + 8,2
147,0 + 12,6
240,47**
2,30
Diâmetro Vertical
79,3 + 7,8
75,1 + 5,2
83,1 + 10,8
79,2 + 8,7
144,16*
10,78
Diâmetro Transverso
114,1 + 15,4
107,1 + 9,8
114,1 + 9,5
111,8 + 12,1
242,69ns
10,62
Diâmetro Acetabular
109,1 + 15,6
100,3 + 10,7
107,27 + 8,2
105,6 + 12,3
327ns
11,28
Diâmetro Isquiático Lateral
147,1 + 18,9
135,2 + 16,5
134,7 + 10,2
139,3 + 16,5
707,26ns
11,36
* Significativo a 0,05% ** Significativo a 0,001%
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em relação ao posicionamento da paciente, divergimos dos autores supracitados, pois com o auxílio de uma calha de madeira obtivemos excelentes radiografias na projeção ventro-dorsal, com o animal em decúbito dorsal. em relação à projeção lateral, estamos de acordo que é o decúbito mais adequado. De acordo com Cloete (1998), quando realizou pelvimetria radiográfica em ovelhas, o Dt sempre se apresentou mais curto do que o DCV, o que foi possível constatar também em cabras, nas três raças analisadas nesse experimento. Assim como eneroth et al. (1999), acreditamos que a pelvimetria radiográfica colabore positivamente na seleção de animais com fins reprodutivos. no presente estudo, foi possível visualizar sem sofisma e com facilidade a pelve caprina, possibilitando a mensuração da pelve de cada raça radiografada e compará-las entre si. endossamos o otimismo de Cloete et al. (1990), que emitiram parecer favorável à utilização da pelvimetria radiográfica como método eficiente de avaliação da dimensão da pelve. embora esse parecer
tenha sido direcionado a ovinos, entendemos que há grande semelhança entre as duas espécies, e a pelvimetria radiográfica em caprinos possibilitou ótima avaliação da pelve nas três raças estudadas. O’brient et al. (1982), concluíram que a utilização da pelvimetria radiográfica em mulheres foi vantajosa quando relacionada com a dificuldade do parto em mulheres de pelve estreita. Avaliando a utilização da pelvimetria em cabras, acreditamos tratar-se de um método ainda mais significativo, pois será utilizado não só como método profilático, mas, também, seletivo, considerando que as reprodutoras classificadas como não aptas ao parto, provavelmente serão descartadas, o que pode contribuir com o melhoramento dos rebanhos. De acordo com as condições de realização deste trabalho, pode-se concluir que: a raça Parda Alpina apresentou os diâmetros Conjugado Verdadeiro, transverso e Acetabular, maiores que as demais raças analisadas, o que sugere maior amplitude da pelve durante o parto e, consequentemente, maior aptidão reprodutiva.
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Dados dos Autores Jacinta eufrásia brito leite Médica Veterinária, CRMV-Pe nº 3291 E-mail: jcssvet@ig.com.br
Médico Veterinário, CRMV-Pe nº 1539
Francisco Feliciano da silva
Júlio césar simões de souza
rosilda Maria barreto santos
José Faustino da silva neto
Médico Veterinário, CRMV-Pe nº 0291
Médica Veterinária, CRMV-Pe nº 1351
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lúcio esmeraldo honório de Melo
Médico Veterinário, CRMV-Pe nº 3316
técnico em Radiologia
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MONITORAÇÃO HEMODINÂMICA E TRATAMENTO DA HIPOTENSÃO TRANS-OPERATÓRIA EM CÃES E GATOS HEMODYNAMIC MONITORATION AND TREATMENT OF DOGS AND CATS INTRAOPERATIVE HYPOTENSION Resumo A hipotensão em pequenos animais é definida como a pressão arterial média abaixo de 60 mmHg e resulta em diminuição na taxa de perfusão dos órgãos, reduzindo, consequentemente, a concentração de oxigênio e nutrição. A ocorrência de hipotensão arterial pode causar alterações metabólicas significativas, sendo importante seu monitoramento e a rapidez na restauração hemodinâmica do paciente. O acompanhamento do ritmo, pulso e frequência cardíaca, assim como dos métodos não invasivos e invasivos de aferição das pressões arterial e venosas central e periférica, auxiliam na detecção precisa das alterações hemodinâmicas, assim como direcionam o tratamento, com fluidos, inotrópicos e vasopressores. Palavras-chave: hipotensão, trans-operatório, pequenos animais
Abstract Resumo Hypotension in small animals is defined as the mean arterial pressure below 60 mmHg, resulting in a decrease in the rate of organ perfusion thereby reducing the concentration of oxygen and nutrition. The occurrence of hypotension may cause significant metabolic changes, is of great importance to its monitoring and speed in restoring the patient’s hemodynamics. The monitoring of rhythm, pulse and heart rate as well as from non-invasive and invasive measurement of blood pressure and central venous and peripheral needs help in the detection of hemodynamic changes, as well as direct treatment with fluids, inotropes and vasopressors. Keywords:: hypotension, transoperative, small animals
INTRODUÇÃO A hipotensão é uma complicação comumente observada nos animais durante a anestesia (Sinclair et al., 2007). É definida como uma pressão arterial média abaixo de 60 mmHg para cães e gatos, quando órgãos vitais podem perder a sua habilidade de regulação levando à hipoxemia, insuficiência renal, diminuição da biotransformação hepática de fármacos, complicações neuromusculares e retardo na recuperação anestésica (Rabelo, 2003). O efeito dos anestésicos durante o procedimento cirúrgico, bem como os eventuais processos Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
fisiopatológicos de cada paciente, podem comprometer na homeostase cardiovascular, tornando importantes a monitoração e manutenção adequadas da pressão arterial durante o procedimento anestésico (Radaelli, 2008). Portanto, devido à possibilidade de ocorrência de hipotensão no período trans-operatório em cães e gatos, objetiva-se com esta revisão descrever o quadro hipotensivo, facilitando a sua identificação, apresentar a importância e os métodos de monitoramento adequado e possíveis tratamentos para restabelecimento da pressão arterial do paciente assistido.
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revisão de literatura hipotensão A oxigenação dos tecidos é uma função primordial do sistema cardiovascular. Alterações poderão comprometer o metabolismo celular e levar alguns órgãos a falência (FAntOnI e CORtOPAssI, 2010). Perfusão cerebral e coronariana adequada em animais anestesiados requer pressão arterial sistólica de aproximadamente 80 mmHg e pressão arterial média mínima de 60 mmHg (FAntOnI e CORtOPAssI, 2010), logo, pressão arterial sistólica ou média inferior aos valores citados, é considerada inaceitável para a manutenção do fluxo sanguíneo tecidual fisiológico, pois os mecanismos autorreguladores, em órgãos específicos, podem ser prejudicados ou inativados (tRIM, 2001). A ocorrência de hipotensão sistêmica causa, por conseguinte, hipotensão arterial pulmonar, que reduz a taxa de perfusão e, consequentemente, a eficiência da ventilação alveolar encontra-se comprometida (tRAnQuIllI, 2007). Dentre as causas de hipotensão citam-se fármacos anestésicos, agentes estimulantes do sistema nervoso parassimpático, anti-hipertensivos, diuréticos, venenos (serpentes), desidratação, anemia, choque hipovolêmico (lI et al., 2011), reações anafiláticas, diarréia severa, distúrbios endócrinos, sepse,
calor (vasodilatação periférica), aumento da pressão intra-abdominal, pneumotórax e cardiomiopatias (FAntOnI e CORtOPAssI, 2010). Doenças no coração, pulmões e demais órgãos podem tornar as informações sobre a pressão, a frequência cardíaca e o fluxo sanguíneo alteradas, e devem ser tratadas com cautela, pois apenas um meio de mensuração pode não ser fidedigno, devendo haver corroboração de outro método auxiliar (RABelO, 2003). O paciente hipotenso pode ser reconhecido por apresentar extremidades frias (vasoconstrição periférica), taquicardia reflexa (stICKeR et al., 2012), dificuldade de assumir posicionamento normal, pulso fraco, respiração ofegante e mucosas pálidas. Contudo, apenas com a monitoração adequada do sistema cardiovascular possibilitará a certeza do quadro hipotensivo e, após determinada a causa, a instauração do tratamento (tRIM, 2001).
Monitoração heModinâMica cardiovascular A monitoração de funções vitais é importante e essencial em pacientes sob anestesia geral, pois permite detectar e analisar vários sinais fisiológicos por meio de técnicas invasivas e não invasivas. O objetivo de monitorar a função circulatória é manter a perfusão adequada para os tecidos. A oxigenação tecidual eliane alves
Figura 1. Método oscilométrico de mensuração de pressão arterial
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é essencial e distúrbios poderão acarretar redução do débito cardíaco, da resistência vascular sistêmica e hipóxia tecidual (Rabelo, 2003). A frequência cardíaca pode ser mensurada por meio auscultatório, não invasivo, contandose os batimentos em um minuto. O oxímetro de pulso estima a frequência cardíaca, por meio da detecção de pulso periférico e a porcentagem de oxiemoglobina, por meio de um sensor instalado na comissura labial, língua, orelha, prega inguinal, interdigital, vulva ou prepúcio. Esse método é prático e pode auxiliar a detecção de modificações no ritmo cardíaco e refluxos valvulares (Nunes, 2002). A eletrocardiografia é um método não invasivo valioso, permite avaliar a ritmicidade cardíaca, a origem do ritmo e a frequência de despolarização do coração, fornecendo informações do estado clínico do miocárdio, uma vez que as ondas do traçado podem ser alteradas por afecção ou fator fisiológico (Tranquilli et al., 2007).
A ecocardiografia 2D registra a anatomia cardíaca. Sua contribuição para o entendimento da função cardíaca foi ampliada com a integração da análise de fluxo pela técnica doppler. Quantificação de gradiente transvalvar, débito cardíaco e avaliação de regurgitações valvares atrioventriculares expandiram a extensão da ultrassonografia cardíaca (Nunes, 2002). Para avaliação da pressão arterial, apesar das vantagens apresentadas pelos métodos de mensuração invasivos, é crescente a opção pelos métodos não invasivos, dentre estes, o oscilométrico (Figura 1) (Nunes, 2002), que envolve a colocação de um manguito pneumático de tamanho apropriado á circunferência do membro do paciente, posicionado sobre uma artéria periférica. O equipamento afere a oscilação nas pressões arteriais sistólica, diastólica e média. É impreciso quando há hipotensão sanguínea ou em animais leves, com peso inferior a 4 kg (Tranquilli et al., 2007). Medidas de pressão são decisivas na detecção da hipotensão trans-operatória. O sistema doppler ultrassônico vascular é um método não invasivo, Cinthya D. Neves.
Figura 2. Método doppler ultrassônico de mensuração de pressão arterial periférica.
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que pode ser utilizado em vasos periféricos (Figura A medida da pressão venosa periférica é um mé2), para animais de pequeno porte e é considerado todo simples, que pode ser feito pela punção de uma eficaz, consistindo de um monitor (dotado de crisveia periférica, geralmente a veia cefálica, com catais transdutores) que é posicionado sobre uma téter de longa permanência ligado a uma coluna de artéria, geralmente a metacarpiana, sendo imporágua ou mercúrio, que auxilia a detecção de descomtante a tricotomia para facilitar a identificação do pensação hemodinâmica, como hipovolemia, ativapulso, que pode ser observado pela mudança do ção do sistema nervoso parassimpático causada por padrão sonoro (nunes, 2002). É utilizado um manfármacos (lORenA et al., 2008) e, principalmente, em guito pneumático que deve ser sempre proporciosituações na qual o paciente não esteja sob monitonal à circunferência do membro, e apenas a pressão ração intensiva (RABelO, 2003). arterial sistólica é mensurada, sendo um método A pressão venosa central (PVC) é a medida da preciso e de fácil manuseio em estados hipotensipressão sanguínea nas grandes veias de retorno ao vos (sAKABe, 2004). átrio direito (AguIAR et al., 2004), ou da pressão de O método auscultatório para mensuração de enchimento do ventrículo direito. É regulada pelo pressão foi descrito em cães, mas não é eliane alves praticado na Medicina Veterinária, e tem como critério a aferição das pressões sistólica e diastólica. utiliza-se um estetoscópio posicionado sobre uma artéria periférica, geralmente a metacarpiana, logo abaixo de um manguito pneumático acoplado a um esfigmomanômetro. Deve-se inflar o manguito até que não se percebam batimentos cardíacos, aos poucos se elimina o fluxo retido no aparelho e notam-se os sons cardíacos, ao valor aferido nesse momento denomina-se pressão arterial sistólica e o último som auscultado pressão arterial diastólica (RADAellI, 2008). O método invasivo de aferição de pressão média é realizado pela punção Figura 3. Catéter Swan Ganz de uma artéria periférica, sendo usado catéter de tamanho18 a 24 gauges. nos cães, a artéretorno venoso, tônus vascular venoso e pelo déria mais comumente utilizada é a artéria metatársica bito cardíaco. Fornece informações sobre a função dorsal, podendo ser utilizadas as artérias auricular, do ventrículo direito e da capacidade venosa. O méfemoral, lingual ou coccígea (AguIAR et al., 2004). todo é realizado pela introdução de um cateter veObtém-se a mensuração da pressão arterial após a noso central (swan-ganz) (Figura 3) na veia jugular. conexão do cateter ao transdutor, nivelado ao coraem sua extremidade encontra-se um balonete que ção, conectado a um osciloscópio. Pode-se obter a atingirá a veia cava cranial torácica, acoplado a um mensuração das pressões sistólica, diastólica e artemanômetro de água ou transdutor (nunes, 2002). rial média e ainda analisar a onda arterial (RADAellI, A PVC é uma estimativa do retorno venoso ao cora2008). um método que permite a observação contíção, varia de 0 a 5 cmH2O (gAIgA, 2004). É utilizada como guia para a reposição volêmica, no entanto nua da pressão arterial é a utilização do esfigmomanão deve ser utilizada como parâmetro isolado de nômetro, após a punção arterial, quando observa-se volemia, pois é influenciada por doenças pulmonaa oscilação do ponteiro do aparelho, identificando res, alteração na complacência do ventrículo direito apenas a pressão arterial média (nunes, 2002). e valvulopatia tricúspide (RABelO, 2003). em pacientes com hipotensão grave, a mensuraAlterações no fluxo urinário sistêmico podem ção da pressão arterial de forma invasiva é mais congerar modificações na pressão arterial e, por confiável que a não invasiva, mas não é isenta de riscos, seguinte, ocorrerá alteração na quantidade de sansendo necessária a avaliação criteriosa dos riscos e gue filtrado pelos rins (gAIgA, 2004). benefícios do procedimento (RABelO, 2003).
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Além da capacidade de controlar a pressão arterial pelas alterações no volume de líquido extracelular, os rins também coordenam o sistema renina-angiotensina. Quando a pressão cai para nível excessivamente baixo ocorre liberação de renina para a circulação sistêmica e ela converte o angiotensinogênio, uma glicoproteína produzida no fígado, em angiotensina I, que dentro de poucos segundos é convertida em angiotensina II. Essa é catalisada pela enzima conversora de angiotensina, encontrada no endotélio dos vasos pulmonares (Tranquilli et al., 2007). A angiotensina II promove vasoconstrição arteriolar, via estimulação dos barorreceptores corporais, e estimula a produção de aldosterona no córtex adrenal e essa, por sua vez, promove a reabsorção de sódio e água, aumentando o volume de líquido extracelular (Gaiga, 2004), além de estimular o hipotálamo a promover a liberação de hormônio antidiurético pela neuro-hipófise, que aumenta a absorção de água pelos ductos coletores renais, causando aumento da pressão arterial (Silverthorn, 2003). A mensuração do fluxo urinário também é útil na avaliação da função renal, do grau de perfusão dos rins e, inclusive, na eficácia da terapia instituída. A monitoração pode ser feita por sondagem do animal, avaliando-se a quantidade de urina, cuja produção normal em cães e gatos é de 0,5 a 1,0 mL/ kg/h (Gaiga, 2004).
Influência dos pré-Anestésicos e anestésicos na Pressão Sanguínea Os fenotiazínicos são pré-anestésicos de uso frequente, cujo principal efeito hemodinâmico é a hipotensão dose-dependente, resultante do bloqueio alfa adrenérgico (Nunes, 2002). Os opióides apresentam poucos efeitos sobre a pressão sanguínea, reduzem o tônus simpático basal, e assim, determinam efeitos indiretos sobre a resistência periférica e pressão arterial. A hipotensão é desencadeada pela estimulação da liberação de histamina, que causa vasodilatação periférica (Tranquilli et al., 2007). Os anestésicos locais, após absorção sistêmica, têm como local primário de ação o miocárdio, determinando redução na excitabilidade elétrica, da frequência de condução e na força de contração; além disso, a maioria dos anestésicos locais causa vasodilatação arteriolar na região anestesiada (Tranquilli et al., 2007). Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
O propofol é um agente hipnótico utilizado, em anestesias intravenosas que gera hipotensão sistêmica, resultante da diminuição da resistência vascular periférica que está intimamente relacionada a efeitos diretos sobre o miocárdio e a vasodilatação arterial e venosa. Os efeitos são proporcionais ao aumento da concentração plasmática do agente (Rabelo, 2003). O etomidato é utilizado em situações especiais, principalmente em pacientes cardiopatas, com instabilidade cardiovascular, lesões intracranianas, traumatizados e em cesarianas, pois mantém a estabilidade cardiorrespiratória e não promove liberação de histamina, mantendo a pressão em níveis próximos ao fisiológico (Rabelo, 2003). Os barbitúricos produzem depressão cardiovascular significativa podendo levar à hipotensão, colapso circulatório e parada cardíaca ( Tranquilli et al., 2007). Os efeitos cardiovasculares dos agentes dissociativos são caracterizados por estimulação indireta cardiovascular. Incluem ação simpatomimética, liberação de catecolaminas, vasodilatação direta da musculatura vascular e inotropismo positivo. A frequência cardíaca e a pressão aumentam como resultado da atividade simpática (Tranquilli et al., 2007). Os agentes inalatórios halogenados tendem a diminuir a pressão arterial, de maneira dose dependente, devido à vasodilatação produzida, gerando redução do débito cardíaco e do tônus do sistema nervoso autônomo simpático (Sinclair et al., 2007; Lorena et al., 2008; Sticker et al., 2012).
Tratamento de Hipotensão Trans-operatória A terapêutica a ser instituída depende da etiologia da hipotensão: hemorragia, insuficiência cardíaca, vasodilatação periférica, descompressões de grandes vasos e plano anestésico inadequado, dentre outros. (Chen et al., 2007). A reposição volêmica vascular tem como obje tivo manter a perfusão adequada. Têm-se à escolha soluções cristalóides e colóides, que podem ser utilizadas para aumentar e manter o volume plasmático circulante, reduzidos durante quadros hemorrágicos, e vasodilatação periférica (Sakabe et al., 2004, Sticker et al., 2012). A solução cristalóide permanece dentro do espaço intravascular devido às suas características osmolares, que determinam a sua distribuição para o espaço intersticial e intravascular (Tango, 2007).
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Classificam-se em soluções isotônica e hipertônica, em relação ao plasma sanguíneo. O ringer lactato, ringer simples e a solução fisiológica são consideradas soluções isotônicas semelhantes à osmolaridade do plasma, enquanto a solução de naCl a 7,5% é considerada hipertônica (2.400 mOsm/l da solução versus 300 mOsm/l do plasma). A solução de glicose 5% possui osmolaridade próxima à do plasma, sendo considerada isotônica (gAIgA, 2004). As soluções salinas hipertônicas caracterizamse por promoverem inotropismo positivo e aumentar a volemia pelo deslocamento do líquido intracelular para o compartimento vascular. A solução salina hipertônica a 7,5% pode ser utilizada para tratar o choque hipovolêmico ou endotóxico grave, em cesarianas pela descompressão abrupta de grandes vasos abdominais, em pacientes com insuficiência miocárdica, e deve ser administrada por até dez minutos (tAngO, 2007). A posologia recomendada é 4 ml/kg, pela via intravenosa, e após pode-se continuar com soluções isotônicas em quantidade reduzida (CORRÊA, 2008). Os colóides sintéticos são substâncias de alto peso molecular, que permanecem no compartimento vascular. Propiciam a expansão de volume e pressão oncótica, além de atrair sódio e água do meio intersticial. A albumina pode ser considerada o colóide ideal, por distribuir-se por todo o espaço extracelular (BellI et al., 2008). no período trans-operatório, o uso de colóides e hipertônica muitas vezes é preferível em relação aos cristalóides isotônicos pela rapidez de expansão, contudo esta é fugaz (RADAellI, 2008). Ao realizar a expansão volêmica no paciente é necessário saber o volume sanguíneo total, para o cálculo do volume de fluido a ser infundido (CORRÊA, 2008). uma reposição volêmica adequada é muitas vezes suficiente para restabelecer a pressão arterial (tAngO, 2007). em pacientes anestesiados apresentando uma função cardíaca e/ou renal normal a velocidade de administração do fluido cristalóide é 10 a 20 ml/ kg/hora permitindo o preenchimento de maior volume vascular devido à vasodilatação causada, por exemplo, por agentes inalantes. em casos hipotensivos pode-se aumentar a velocidade do cristalóide para 50 a 70 ml/kg/hora para gatos, e para cães entre 70 a 90 ml/kg/hora, durante quinze minutos (CORReA, 2008). em cardiopatas e idosos, o uso de vasoativos no trans-operatório ajuda a aumentar a pré-carga
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resultando em venoconstrição e redistribuição do volume sanguíneo de veias de menor calibre para a circulação central (MOnteIRO, 2008). no entanto, é importante o conhecimento das características farmacodinâmica e farmacocinética de cada agente. Pacientes em que foram administrados fenotiazínicos, e encontram-se em manutenção da anestesia com o isoflurano, podem beneficiar-se de fármacos com atividade inotrópica e alguma atividade vasopressora, como a dopamina, em doses de 5-10 µg/kg/min, e a efedrina (lIu et al., 2010). A dopamina estimula, principalmente, o receptor β-adrenérgico, causando inotropismo positivo, ajudando na contratilidade cardíaca e aumentando a resistência vascular sistêmica. em doses elevadas o seu efeito vasocontritor torna-se predominante. na dose de 0,5-3 μg/kg/min atua nos receptores dopaminérgicos que estão localizados na musculatura lisa muscular, causando vasodilatação e diminuição na resistência vascular sistêmica, aumentando o fluxo sanguíneo renal e promovendo a diurese, que apresenta efeito cronotrópico, diferentemente da dobutamina. A primeira não deve ser utilizada em pacientes com arritmias (sAKABe et al., 2004). A efedrina estimula os receptores alfa e beta adrenérgicos causando liberação endógena de noradrenalina, melhorando o débito cardíaco e aumentando a resistência vascular sistêmica, contudo predispõe a arritmias, devendo ser evitada em presença de halotano ou pacientes arrítmicos (lIu et al., 2010).
considerações Finais A ocorrência de hipotensão no transoperatório, está relacionada aos fármacos envolvidos no procedimento anestésico, bem como ao estado geral do paciente, sua volemia e funções cardiocirculatórias. Qualquer alteração hemodinâmica que reduza a resistência vascular sistêmica, a frequência cardía ca ou o volume sanguíneo pode contribuir para a hipotensão. A identificação do estado hipotensivo deve ser rápida, uma vez que as terapias com drogas ou fluidos devem ser instauradas imediamente. A monitoração da frequência cardíaca, das pressões venosa e arterial pode ser considerada boa indicadora da profundidade anestésica e auxiliar na prevenção da hipotensão durante o trans-operatório. Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
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Dados dos Autores Eliane Alves dos Santos
Médica Veterinária, CRMV-ES nº1318. E-mail: elianesw1@hotmail.com
Cinthya Dessaune Neves
Médica veterinária, CRMV-ES nº 1403. MSc. Professora do Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Castelo (Facastelo)
Carina Meirelles Garschagen
Graduanda em Medicina Veterinária da Faculdade de Castelo (FACASTELO).
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MIONECROSE EM BEZERROS DA REGIÃO DE GUARAPUAVA - PR. RELATO DE CASO
myonecRosis in calves of guaRapuava-pR. case Relate Resumo O diagnóstico presuntivo tanto de carbúnculo sintomático quanto de edema maligno pode ser feito pelos achados clínicos e patológicos, mas a confirmação é realizada pela identificação do microrganismo, pelo isolamento microbiológico e identificação bioquímica, porém há grande dificuldade de diferenciação do C. chauvoei e C. septicum devido à similaridade fenotípica de 99,3%. no presente trabalho optou-se por utilizar o diagnóstico molecular por meio da PCR baseado na detecção do gene da flagelina. em um lote de 20 bezerros, foram encontrados três animais mortos que ao exame necroscópico apresentavam lesões de mionecrose. Fragmentos de músculos de dois animais foram encaminhados refrigerados ao laboratório de Bacteriologia geral do Instituto Biológico para realizar o diagnóstico molecular pela PCR. Os resultados mostraram que os sinais clínicos a presença de lesão, e a confirmação laboratorial pela utilização da PCR foi eficiente para diagnóstico da mionecrose e elucidação do caso. Dessa forma, após diagnosticar os clostrídios envolvidos foi estabelecido ao controle por meio de vacinação e correção do manejo. Palavras-chave: C.chauvoei, C. septicum, mionecrose, bezerros, PCR
Abstract Resumo the presumptive diagnosis of blackleg and gas gangrene can be suspected by clinical and pathological findings, but confirmation of these diseases is routinely performed by the identification of microrganisms by means of microbiological isolation and biochemical identification, however this methodology is hard due to similarity of 99.3% between C. chauvoei and C. septicum species, so in the present work we performed molecular diagnosis using PCR the detection of the flagelin gene. In a herd of 20 calves, 3 animals were found dead and at post mortem examination it was observed myonecrosis, and refrigerated affected muscle fragments from two animals were sent to Instituto Biológico. the results showed that clinical signs, lesions, and laboratory confirmation achieved by PCR was sufficient for the diagnosis of myonecrosis and elucidation. the correct and specific identification of the involved species could establish the disease control in the herd by using a vaccine protocol combined with proper handling. Keywords: C.chauvoei, C. septicum, blackleg, calves, PCR
introdução Clostridium spp. é um gênero que envolve um o grupo de bactérias anaeróbias de considerável importância médica e econômica. Mais de 100 espécies descritas compõem esse gênero, mas cerca de 20 espécies podem provocar doença em
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animais e homens (QuInn et al., 2005). Carbúnculo sintomático, causado por Clostridium chauvoei, e gangrena gasosa causada por C. septicum, são doenças de grande importância econômica, caracterizadas pela presença de gás na musculatura, septicemia e alta mortalidade (sAsAKI et Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
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Fotos: arquivo do autor
al., 2000). Ambas acometem bovinos, ovinos, caprinos e outras espécies animais (Riet-Correa et al., 2006). Carbúnculo sintomático é uma infecção endógena não traumática, podendo uma proporção considerável de bovinos carrear C. chauvoei em latência no fígado. O mecanismo de ação dessa bactéria é ainda desconhecido. Supõe-se que após algum trauma muscular ocorre a formação de ambiente com potencial de óxido-redução, propiciando a germinação dos esporos, multiplicação e produção de toxinas no local da lesão (Gyles, 1993). Em contraste, o edema maligno é uma doença exógena, relacionada com presença de soluções de continuidade que podem ser decorrentes de feridas cirúrgicas, ou acidentais, como castração, parto, punção venosa, vacinação ou no cordão umbilical, podendo ser causada pelo C. chauvoei, C. septicum, C. novyi, C. perfringens tipo A, C. novyi tipo A e C. Sordellii (Gyles, 1993; Quinn et al., 2005). Os animais afetados por carbúnculo sintomático tornam-se anoréxicos, deprimidos, febris e, na maioria das vezes, com severa claudicação. A evolução para a morte ocorre em 12-36 horas, e, na maioria das vezes, encontram-se os animais mortos (Riet-Correa et al., 2006). O agente parece ter preferência por grandes músculos (músculo peitoral, músculo grande dorsal, diafragma e coração), que, à necropsia apresentam-se edemaciados, com presença de hemorragia e necrose miofibrilar, exalando acentuado odor rançoso. Em relação ao edema maligno nos bovinos, os sintomas incluem febre, anorexia, taquicardia e depressão, ocorrendo toxemia com progressão para a morte em até 72 horas (Hateway et al., 1990). Dessa forma, o diagnóstico presuntivo tanto de carbúnculo sintomático quanto de edema maligno pode ser feito pelos achados clínicos e patológicos, mas a confirmação é realizada pela identificação do microrganismo, pelo isolamento microbiológico e identificação bioquímica, produção de toxinas e métodos imunológicos (Sasaki et al., 2000; Vanelli e Uzal, 1996). A identificação de C. chauvoei e C. septicum baseada no isolamento e bioquimismo é difícil devido à similariedade fenotípica de 99,3% entre os dois agentes na região 16SrRNA (Hamaoka et al., 1994; Kuhnert et al., 1996). Todavia, por se tratar de doenças com evolução rápida (morte súbita) e alta taxa de mortalidade, recomenda-se a utilização de métodos diagnósticos rápidos e precisos; dessa forma, no presente trabalho, optou-se por
Figura 1. Presença de hemorragia na musculatura de bezerro portador de mionecrose
utilizar o diagnóstico molecular por meio da PCR, baseado na detecção do gene da flagelina.
Material e Métodos Em um lote de vinte bezerros, criados a pasto em sistema extensivo, com boa condição corporal, três animais, com aproximadamente oito meses de idade, foram encontrados mortos (C. chauvoei, C. septicum, C. perfringens B, C e D, C. novyi, C. sordelli e C. tetani). Todos os animais foram vacinados após três meses com reforço aos 40 dias. À necropsia, os animais apresentaram sintomas semelhantes como, edema uniforme no membro pélvico direito (MPD), hemorragias na musculatura (Figura 1), presença de gás (Figura 2) e odor rançoso. Fragmentos de músculos foram encaminhados, refrigerados, ao Laboratório de Bacteriologia Geral do Instituto Biológico para confirmação de diagnóstico de mionecrose. Os macerados de músculo, suspensos em solução salina estéril 0,85%, foram primeiramente inoculados em meio de enriquecimento Tarozzi e incubados a 37ºC, por 48 horas (Baldassi, 2005). Após esse perío do, aproximadamente 1 mL do sobrenadante dos tubos de Tarozzi foram transferidos para um novo tubo, com o mesmo meio, que sofreu choque térmico (100ºC por dez minutos e imediatamente resfriado
Figura 2. Hemorragia com presença de gás na musculatura de bezerro portador de mionecrose
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em água corrente), e foi incubado a 37ºC por 48 horas. A partir dessa cultura, foi semeado 0,1 ml em meio ágar sangue de carneiro a 5% e incubado em condições anaeróbias em jarra de McIntosh à 37ºC, por 72 horas. Para a extração de DnA, a partir do sobrenadante dos tubos de tarozzi, foi utilizado um protocolo com isotiocianato de guanidina adaptado de Boom et al. (1990). Centrifugou-se 1 ml de cada tubo a 13.000 x g por 20 minutos, e o “pellet” foi ressuspenFigura 3. Eletroforese em gel de agarose a 1,2%. Linha 1: marcador molecular dido em 200 μl de tampão tris-eDtA, ante100bp; linha 2: amostra de músculo 1 positiva para C. chauvoei (535 pb) e C. sepriormente à aplicação da técnica de extração ticum (294 pb); linha 3: amostra de músculo 2 positiva para C. septicum (294 pb); de DnA. Para a amplificação de fragmentos linha 4: controle positivo C. septicum; linha 5: controle positivo C. chauvoei; linha 6: controle negativo. de DnA foram utilizados primers baseados no gene da flagelina (fliC), descritos por sasaki et al. (2002), específicos para C. chauvoei e C. na PCR aplicada diretamente das suspensões septicum, que amplificam fragmentos de 535 pares dos tecidos (dois músculos), todas as amostras foram de base (pb) e 294 pb, respectivamente. Foram utilinegativas. Porém, na reação a partir do sobrenadanzados 200 μM de cada dntP, 5 μl de tampão 1X 2,5 te do cultivo em meio de enriquecimento tarozzi, das mM de MgCl2, 30 pmol de cada primer (FlaF, FlachR mesmas amostras, o músculo 1 foi positivo para C. e Flase R), 1,25 u de taq polimerase e 10 μl de DnA chauvoei e C. septicum e a amostra 2 foi positiva para extraído. Após desnaturação inicial a 94ºC por cinco C. septicum (Figura 3). minutos, foram realizados 30 ciclos de desnaturação a 94ºC por um minuto, hibridização a 56ºC por resultados e discussão um minuto, extensão a 72ºC por um minuto, seguiOs resultados mostraram que a presença de dos de extensão final a 72ºC por dez minutos. Como lesão e a confirmação laboratorial por meio da controles positivos da reação foram utilizados C. utilização da PCR foi eficiente para diagnóstico da septicum e C. chauvoei do Instituto Biológico, e água mionecrose e elucidação do agente. sterne e Batty deionizada estéril como controle negativo. (1975) reportaram que além desses testes, o exame A amplificação foi realizada em termociclador histológico, a imunofluorescência direta (IFA) obPtC-100 (MJ Research), e a análise do produto tida diretamente de espécimes clínicos suspeitos, amplificado foi realizada por eletroforese em gel são suficientes para o diagnóstico. de agarose a 1,2 % com tampão de corrida tBe 0,5 Kuhnert et al. (1997) distinguiram C. chauvoei X (0,045 M tRIs-Borato e 1 mM de eDtA ph 8,0) e o do C. septicum, entretanto, essa distinção foi gel submetido à voltagem constante de 6-7 V/ cm. feita por RFlP (restriction fragment length polyO gel foi corado com brometo de etídeo a 0,5 μg/ morphism), etapa não necessária no protocolo ml e posteriormente fotografado sob luz ultravioaplicado no presente estudo. Assis et al. (2005) leta (300-320 nm) pelo sistema de fotodocumenreportaram o diagnóstico de carbúnculo sintotação (Câmera Kodak Digital DC/120 zoom) e anamático por diferentes técnicas laboratoriais (IFA, lisado com o software 1 D Image Analysis (Kodak PCR e isolamento e identificação bioquímica) Digial science). obtida de amostra de músculo esquelético. em A coloração por gram, do sobrenadante dos contrapartida, Miyashiro et al. (2007) reportaram tubos com meio tarozzi, evidenciou pequenos o diagnóstico de carbúnculo sintomático na bacilos granpositivos com presença de esporos região de Pindamonhangaba e Mato grosso do subterminais, porém não foi possível a obtenção de sul utilizando a mesma metodologia aplicada colônias em ágar sangue de carneiro a 5%, incubanesse estudo (PCR), com positividade para o C. do em condições de anaerobiose, durante 48 horas, chauvoei em cinco amostras (músculo, fígado e com morfologia de C. chauvoei ou C. septicum. Os medula do osso metatarsiano) das sete amostras mesmos materiais foram incubados em aerobiose, colhidas, em seis bezerros com sintomatologia com presença de crescimento de enterobactérias, clínica de manqueira. em ambas as amostras.
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Gregory et al. (2006) relataram o tratamento e recuperação de um bovino acometido de manqueira com altas doses de penicilina. O diagnóstico de carbúnculo sintomático foi realizado a partir do isolamento de C. chauvoei em swab estéril da região com mionecrose, tendo sido necessária a inoculação intraperitoneal em cobaia que, após 72 horas veio a óbito apresentando mionecrose subcutânea, crepitação muscular, odor rançoso, edema gelatinoso e sanguinolento. A PCR a partir dos materiais clínicos sem o préenriquecimento em meio de Tarozzi foi negativa, provavelmente devido à existência de baixa quan-
tidade de clostrídios nas amostras de músculo, porém com o pré-enriquecimento em Tarozzi, foi possível a detecção devido ao aumento bacteriano anaeróbio no caldo de enriquecimento.
Conclusão O pré-enriquecimento em Tarozzi das amostras naturalmente infectadas aliado à PCR foi eficiente na detecção de C. chauvoei com C. septicum na amostra do músculo 1 e na amostra do músculo 2 C. septicum. Dessa forma, após diagnóstico, foi estabelecido programa de vacinação e corrigido o manejo.
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Dados dos Autores Alessandra Figuereido de Castro Nassar
Médica Veterinária, Instituto Biológico CRMV-SP nº 13913 Email: nassar@biologico.sp.gov.br
Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
Simone Miyashiro
MédicaVeterinária, Instituto Biológico CRMV-SP nº 13675
Gabriela Terezinha Daniel
MédicaVeterinária, Instituto Biológico CRMV-SP nº 28493
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RelAÇÃO De COnsultORes DA REVISTA CFMV DuRAnte O AnO De 2012 Méd. vet. Ana liz garcia Alves – CRMV-sP nº 5776 Méd. vet. Andrigo Barbosa de nardi – CRMV-sP nº 17553 Méd. vet. Betânia souza Monteiro – CRMV-es nº 1452 Méd. vet. Brunna Patricia Almeida da Fonseca – CRMV-sP nº 13807 Méd. vet. Carlos Alberto Müller – CRMV-RJ nº 1044 Méd. vet. Celso Bittencourt dos Anjos – CRMV-Rs nº 1664 Méd. vet. Cláudio lisias Mafra de siqueira – CRMV-Mg nº 5707 Méd. vet. evandro silva Favarato – CRMV-es nº 0554 Méd. vet. gilson Hélio toniollo – CRMV-sP nº 2113 Méd. vet. João Carlos Pereira da silva – CRMV-Mg nº 1239 Méd. vet. José Antônio Viana – CRMV-sP nº 5864 Méd. vet. luis Cláudio lopes Correia da silva – CRMV-sP nº 5993 Méd. vet. lukiya silva Campos Favarato – CRMV-Mg nº 8981 Méd. vet. lissandro gonçalves Conceição – CRMV- sP nº 5422 Méd. vet. Marcus Alexandre Vaillant Beltrame – CRMV-es nº 0563 Méd. vet. Maria Clorinda s. Fioravanti – CRMV-gO nº 1321 Méd. vet. Maria das Dores Correia Palha - CRMV-Al nº 0133 Méd. vet. nivaldo de Azevedo Costa – CRMV-Pe nº 1051 Méd. vet. Paulo Renato dos santos Costa – CRMV-sP nº 7973 Méd. vet. Roberto Baracat de Araújo – CRMV-Mg nº 1755 52
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Normas para apresentação de Artigos Informações Gerais O Suplemento Científico da Revista do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) tem como objetivo principal a publicação de artigos de investigação científica, de revisão e de educação continuada, básica, e profissionalizante, que contribuam para o desenvolvimento da ciência nas áreas de Medicina Veterinária e de Zootecnia. Os artigos, cujos conteúdos serão de inteira responsabilidade dos autores, devem ser originais e serão submetidos à apreciação do editor e/ou do Conselho Editorial da Revista CFMV, bem como de assessores ad hoc de reconhecido saber na especialidade. A publicação do artigo dependerá da sua apresentação dentro das Normas Editoriais e de pareceres favoráveis. Os pareceres terão caráter sigiloso e imparcial. A periodicidade da publicação será quadrimestral. Os artigos devem ser encaminhados para:
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Normas Editoriais Os textos de revisão, de educação continuada e científicos devem ser de primeira submissão, escritos segundo as normas ortográficas oficiais da língua portuguesa e com abreviaturas consagradas, exceto o Abstract e Keywords, que serão apresentados em inglês. Assim como uma versão do título.
Artigos de Revisão e de Educação Continuada Os artigos de revisão e de educação continuada devem ser estruturados para conter Resumo, Abstract, Palavras-chave, Keywords, Referências Bibliográficas e Agradecimentos (quando houver). A divisão e subtítulos do texto principal ficarão a cargo do(s) autor(es).
Artigos Científicos Os artigos científicos deverão conter dados conclusivos de uma pesquisa e conter Resumo, Abstract, Palavras-chave, Keywords, Introdução, Material e Métodos, Resultados, Discussão, Conclusão(ões), Referências Bibliográficas e, quando houver, Agradecimentos, Tabela(s), Quadro(s) e Figura(s). A critéRevista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
rio do(s) autor(es), os itens Resultados e Discussão poderão ser apresentados como uma única seção. Quando a pesquisa envolver a utilização de animais, os princípios éticos de experimentação animal preconizados pelo Conselho Brasileiro de Experimentação Animal (Cobea) e aqueles contidos no Decreto nº 24.645, de 10 de julho de 1934, e na Lei nº 6.638, de 8 de maio de 1979, devem ser observados. Também deve ser observado o disposto na Resolução CFMV nº 879, de fevereiro de 2008, ou naquela que a substituir.
Apresentação Os manuscritos encaminhados deverão estar digitados com o uso do editor de textos Microsoft Word for Windows (versão 6.0 ou superior), no formato A4 (21,0 x 29,7), com espaço simples, em uma só face do papel, com margens laterais de 3,0cm e margens superior e inferior de 2,5cm, na fonte Times New Roman de 16 cpi para o título, 12 cpi para o texto e 9 cpi para rodapé e informações de tabelas, quadros e figuras. As páginas e as linhas de cada página devem ser numeradas. O artigo completo deverá ter no máximo 12 páginas.
Título O título do artigo, com 15 palavras no máximo, deverá ser escrito em negrito e centralizado na página, sem utilizar abreviaturas. A versão na língua inglesa deverá anteceder o Abstract.
Autores Citar respectivos registros em conselhos de classe à excessão de alunos de graduação.
Resumo e Abstract O Resumo e sua tradução para o inglês, o Abstract, não podem ultrapassar 250 palavras, com informações que permitam a adequada caracterização do artigo como um todo. No caso de artigos científicos, o Resumo deve informar o objetivo, a metodologia aplicada, os resultados principais e as conclusões.
Palavras-chave e Keywords No máximo cinco palavras serão representadas em seguida ao Resumo e Abstract. As palavras serão escolhidas do texto e não necessariamente do título.
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suPleMentO CIentÍFICO
TEXTO PRINCIPAL Deverá ser apresentado em espaço simples, fonte times new Roman 12. Poderão ser utilizadas abreviaturas consagradas pelo sistema Métrico Internacional, por exemplo, kg, g, cm, ml, eM etc. Quando for o caso, abreviaturas não usuais serão apresentadas como nota de rodapé. exemplo, gH = hormônio do crescimento. As citações bibliográficas do texto devem ser pelo sobrenome do(s) autor(es) seguido do ano. Quando houver mais de dois autores, somente o sobrenome do primeiro será citado, seguido da expressão et al. exemplos: Rodrigues (1999), (RODRIgues, 1999), silva e santos (2000), (sIlVA e sAntOs, 2000), gonçalves et al. (1998), (gOnÇAlVes et al., 1998).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A lista de referências bibliográficas será apresentada em ordem alfabética por sobrenome de autores, de acordo com a norma ABnt/nBR-6023 da Associação Brasileira de normas técnicas. Inicia-se a referência com o último sobrenome do(s) autor(es) seguido da(s) letra(s) inicial(is) do(s) prenome(s), exceto nos nomes de origem espanhola ou de dupla entrada, os quais devem ser registrados pelos dois últimos sobrenomes. todos os autores devem ser citados. Obras anônimas têm sua entrada pelo título do artigo ou pela entidade responsável por sua publicação. A referência deve ser alinhada pela esquerda e a segunda linha iniciada abaixo do primeiro caractere da primeira linha. Os títulos de periódicos da referência podem ser abreviados, segundo a notação do BIOses *BIOsIs. serial sources for the BIOsIs previews database. Philadelphia, 1996, 486p. Abaixo são apresentados alguns exemplos de referências bibliográficas.
ARTIGO DE PERIÓDICO euClIDes FIlHO, K.; V.P.B.; FIgueIReDO, M.P. Avaliação de animais nelore e seus mestiços com charolês, fleckvieh e chianina, em três dietas 1. ganho de peso e conversão alimentar. Revista Brasileira de Zootecnia, v.26, n.1, p.66-72, 1997.
LIVROS MACARI, M.; FuRlAn, R.l.; gOnzAles, e. Fisiologia aviária aplicada a frangos de corte. Jaboticabal: Funep, 1994. 296p.
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CAPíTULOS DE LIVRO WeeKes, t.e.C Insulin and growyh. In: ButteRy, P.J.; lInDsAy, D.B.; HAynes, n.B. (ed). Control and manipulation of animal growth. londres: Butterworths, 1986. p.187-206.
TESES (DOUTORADO) OU DISSERTAÇÕES (MESTRADO) MARtInez, F. Ação de desinfetantes sobre salmonella na presença de matéria orgânica. Jaboticabal, 1998. 53p. Dissertação (mestrado) – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias. universidade estadual Paulista.
ARTIGOS APRESENTADOS EM CONGRESSOS, REUNIÕES E SEMINÁRIOS RAHAl, s.s.; W.H.; teIXeIRA, e.M.s. uso de fluoresceina na identificação dos vasos linfáticos superficiais das glândulas mamárias em cadelas. In. COngRessO BRAsIleIRO De MeDICInA VeteRInÁRIA, 23 Recife, 1994. Anais... Recife, sPeMVe, 1994. p.19.
TABELAS, QUADROS E ILUSTRAÇÕES As tabelas, quadros e ilustrações (gráficos, fotografias, desenhos etc.) podem ser apresentados no corpo do artigo. uma em cada página. serão numerados consecutivamente com números arábicos. A tabela deve ter sua estrutura construída segundo as normas de Apresentação tabular do Conselho nacional de estatística (Rev. Bras. est. v. 24, p.42-60, 1963).
FOTOGRAFIAS As fotografias deverão estar em boa resolução (nítida, colorido sem saturação, sem estouro de luz ou sombras excessivas), com resolução mínima de 300 dpi, com a foto em tamanho grande (centímetros), formato tIF e as cores em CMyK. se possível, também devem ser enviadas em arquivos separados (JPeg).
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MeIO AMBIente
DE ESTOCOLMO À RIO+20 OPORTUNIDADES PARA MÉDICOS VETERINÁRIOS E ZOOTECNISTAS no ano de 1972, ocorreu em estocolmo a Conferência das nações unidas sobre o Meio Ambiente Humano. Foi a primeira reunião da Organização das nações unidas (Onu) para discutir as alterações ambientais do planeta, sendo declarados 26 princípios que buscavam a conciliação entre preservação e conservação ambientais com o desenvolvimento, onde cidadãos, governos e empresas deveriam fazer um esforço comum para proteção do meio ambiente, com repartição de tecnologia, cooperação internacional e respeito à soberania dos estados, com
cumentos importantes como a Agenda 21, a Convenção de Combate a Desertificações, a Convenção sobre Diversidade Biológica, e a Convenção sobre Mudanças Climáticas. em 1994 ocorreu a Convenção para Combate à Desertificação e nesta, por meio do diagnóstico de que fatores físicos, biológicos, políticos, sociais, culturais e econômicos poderiam levar à formação de áreas de desertificação, criou-se uma estratégia mundial, que foi implementada em 2007, com a finalidade de reverter e combater a desertificação e a degradação no planeta, principalmente
shutterstocK
um olhar antropocêntrico sobre estes princípios. em 1987, no Relatório Brundland ou nosso Futuro Comum constaram os primeiros esforços para composição de uma agenda global com mudança de paradigma no modelo de desenvolvimento humano, uma vez que foi constatada a incompatibilidade entre padrões de consumo e produção vigentes com o desenvolvimento, constituindo-se este relatório os primeiros passos rumo ao desenvolvimento sustentável. em 1992, a Conferência das nações unidas sobre Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida como Cúpula da terra ou eCO 92 ou RIO 92 foi um marco mundial na discussão ambiental, sendo considerada a Conferência da Onu mais importante sobre Meio Ambiente. nela, foram produzidos doRevista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
no continente africano. em 1997 ocorreu a RIO+5 ou Programa para Futura Implementação da Agenda 21, que objetivou acelerar os acordos assinados na RIO 92, onde os países se comprometeram a apresentar melhores resultados no combate ao aquecimento global, dentro de cinco anos. em 1999, com o Protocolo de Kyoto foi criado um acordo internacional sobre Mudanças Climáticas, que constatou que os países desenvolvidos eram os principais responsáveis pelo aquecimento global, determinando que os mesmos, signatários deste acordo, reduzissem suas emissões de gases de efeito estufa (gee) em 5,2% em média, relativas ao ano de 1990, entre 2008 e 2012. Países em desenvolvimento, como Brasil, China e Índia ficaram fora das metas a serem alcançadas por
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MeIO AMBIente
este acordo. no ano 2000, na virada do milênio foi criado pelos presidentes dos euA (Bill Clinton) e da Rússia (Wladimir Putin) o Plano global para Alcançar os Objetivos e Desenvolvimento do Milênio contendo oito metas de desenvolvimento para os próximos mil anos, como a erradicação da pobreza, combate à AIDs, universalização da educação primária e aumento do acesso à saúde infantil e materna. em 2002 foi realizada a RIO+10 ou Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento sustentável, sendo esta Conferência considerada menos significativa, uma vez que a presença de poucos chefes de estado impediu que decisões tomadas nas Conferências anteriores saíssem do papel. temas como saneamento básico, energia, água, saúde, meio ambiente e agricultura não avançaram. em 2009, a Conferência de Copenhague sobre Mudanças Climáticas ou COP-15 teve como resultado o Acordo de Copenhague, no qual países ricos comprometeram-se a financiar ações de redução de gases de efeito estufa nos países em desenvolvimento. no ano de 2011, a Conferência das Partes das nações unidas sobre Mudanças Climáticas ou COP-17 estabeleceu prazo-limite até 2015 para que todas as nações apresentem seus compromissos formais de redução das emissões de gases de efeito estufa, para implementação a partir de 2020. em 2012, a Conferência das nações unidas sobre Desenvolvimento sustentável ou RIO+20 foi considerada a grande oportunidade para firmar metas relativas ao desenvolvimento sustentável em nível mundial, uma vez que a presença de estados-Membros das nações unidas superou a RIO 92. “O FutuRO Que nÓs QueReMOs”, documento gerado nesta Conferência destaca, entre outros, a criação de um Fórum Político de alto nível para o Desenvolvimento sustentável dentro da Onu, que definirá os Objetivos do Desenvolvimento sustentável (ODs) até 2014, monitorando a implementação desses a partir de 2015, ano de encerramento do prazo para execução
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dos oito Objetivos do Milênio. entre eles destaca-se o reconhecimento de que a pobreza é o maior desafio para o bem-estar econômico, social e ambiental do planeta, sendo necessário garantir a segurança alimentar e conservação da agrobiodiversidade, bem como a importância da proteção dos oceanos em águas internacionais, com preservação da biodiversidade marinha. esse documento também reafirma um dos Princípios do Rio criado em 1992, sobre ”responsabilidades comuns, porém diferenciadas”. O “Diálogo para a sustentabilidade” utilizado na Rio+20 foi reconhecido pela Onu e demais participantes como uma metodologia inovadora e democrática na construção de convenções internacionais. Isso porque possibilitou que qualquer cidadão do planeta tivesse acesso para contribuir no relatório do texto final, o qual foi votado por delegados dos estadosMembros. nesse âmbito, a delegação brasileira contou com a participação de membros da CnMA/CFMV na Rio+20 como será abordado a seguir.
participação da coMissão nacional de Meio aMbiente na rio+20 A Medicina Veterinária e a zootecnia são profissões de intensa relação com o desenvolvimento sustentado brasileiro e na garantia principalmente, à população humana, de alimentos com qualidade e em quantidade suficientes. A Conferência das nações unidas sobre o Desenvolvimento sustentável (Rio + 20) apresentou-se como uma oportunidade de discussão do potencial desses profissionais em contribuir para um meio ambiente ecologicamente equilibrado, com desenvolvimento econômico e justiça social. nessa Conferência foram abordados quatro temas de maior interesse para a Medicina Veterinária e zootecnia, que são Florestas, Água, Oceanos e segurança Alimentar e nutricional no âmbito conservação e preservação de meio ambiente. um tema amplamente abordado foi o desenvolvimento socioeconômico na América do sul, quando foi discutida a necessidade de modernização da tecnologia na produção da pecuária bovina. Foi salientado que, no Brasil, 75% a 80% da área agrícola é ocupada com a criação do gado bovino; no entanto, o Produto Interno Bruto (PIB) oriundo dessa produção não passa de 20%, sendo, então, crucial melhorar a produtividade da bovinocultura no País. Apesar de certo atraso na certificação ambiental de produtos oriundos da pecuária, já existem no Brasil, fazendas de criação de gado certificadas e Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
dando sequência na cadeia produtiva, já existem redes atacadistas de alimentos comprometidas com a comercialização da carne certificada, o que também acontece no mercado varejista. esses fatos demonstram que, inequivocadamente o caminho da produção de alimentos de origem animal dar-se-á no sentido da sustentabilidade. Reconhecendo a grandeza da Conferência das nações unidas sobre o Desenvolvimento sustentável (Rio + 20) e considerando que, mais do que discutir os rumos do desenvolvimento sustentável para os próximos 20 anos, a Conferência deixa um legado para o Brasil na área social e ambiental, fazendo com que questões levantadas tornem-se parte do dia a dia da população. Assim, a participação da Comissão nacional de Meio Ambiente (CnMA) na Rio + 20 proporcionou a representação da Medicina Veterinária e zootecnia nas discussões das questões ambientais, assim como o posicionamento do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV).
resultados da rio+20: piZZa ou oportunidades? não obstante a grande mídia tenha alegado o fracasso da Rio+20, com alusões a uma grande “pizza”, não foi isto que ocorreu de fato. A insatisfação deriva de concepções românticas e ingênuas de uma Conferência Internacional que tem em jogo o interesse de quase 200 países, que necessitam chegar a um consenso. Daí a dificuldade de produzir acordos mirabolantes e ousados, como talvez merecesse o tema do desenvolvimento sustentável. Contudo, essa dificuldade não justifica a rasa análise que buscou desconstruir os avanços da Rio+20, concluindo que tudo acabou em “pizza”. Pizza, só se for de resultados, conforme o gráfico, pois a Rio+20 produziu um texto assinado por todos, apontando novas condições de inovação, tecnologia e economia verde, o que muito interessa para os Médicos
Veterinários e zootecnistas, pois produzirá uma série de oportunidades verdes no campo de atuação desses profissionais. Destarte, não há como ignorar 692 acordos assinados, mobilizando 1.500 empresas privadas e 513 bilhões de dólares para ações de sustentabilidade. Além disso, não é possível adjetivar de fracassada uma convenção que possibilitou um acordo para redução dos gases do efeito estufa (gees) das 40 maiores megacidades do mundo, numa quantidade comparável a toda a emissão anual do México. Dessa maneira, o grande legado da Rio+20 está na mobilização e nos 692 acordos firmados, não enquanto documentos impressos no papel, mas enquanto ações, decorrentes dos compromissos gerados na Rio+20, que ocorrerão nos próximos anos. tal fato constitui uma grande oportunidade para o setor primário da economia, bem como para os profissionais nele envolvidos, tais como Médicos Veterinários e zootecnistas.
oportunidades verdes para a Medicina veterinÁria e Zootecnia O texto final da Rio+20 aponta uma série de oportunidades para os Médicos Veterinários e zootecnistas, uma vez que uma das grandes preocupações dos países diz respeito à segurança alimentar e energética do planeta. Isso ocorre porque, conforme dados da Onu, a produção global de alimentos deve ser elevada em, pelo menos, 40% nas próximas duas décadas, sendo o Brasil responsável por 20% desse incremento na produção, o que significa 8% do total. Além disso, a produção de energia deve ser incrementada em 50%, em igual período. Para tanto, o setor primário terá papel fundamental, tanto no crescimento da produção de alimentos, quanto no de energia, por meio dos biocombustíveis. Contudo, ficou patente na Rio+20 que, não obstante o aumento da produção da agropecuária seja vital, esse deve ocorrer com responsabilidade
resultados da rio +20 350 692
150 40 513
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Acordos assinados na Rio +20 Bilhões de us$ direcionados para a sustentabilidade Megacidades acordaram a redução de gees empresas participantes (X10) números de pessoas na cúpula dos povos (X100)
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socioambiental, e, possivelmente, com a proibição de novos desmatamentos, chamado no texto da Conferência de “desmatamento zero” com prazo para ocorrer até 2020. Para isso, se faz necessário o uso dos instrumentos econômicos ambientais, como crédito de carbono, serviços ambientais, ReeD, entre outros. Diante disso, a Confederação nacional da Agricultura (CnA) prevê que é possível triplicar a produção de grãos e duplicar a de pecuária bovina, apenas recuperando as áreas degradadas. Dessa maneira, esse desafio perpassa pela atuação dos Médicos Veterinários e zootecnistas, que serão os profissionais responsáveis por aumentar a produção de alimentos e de biocombustíveis de origem animal, sem abrir novas áreas de florestas, mudando o paradigma de produção, em um novo contexto, chamado de economia verde. Destarte, uma “cortina” de oportunidades se abre para os Médicos Veterinários e zootecnistas. entre tantas, serão abordadas a seguir o crédito de carbono originado da suinocultura, a agricultura de baixo carbono e o importante nicho de mercado da produção animal orgânica.
pos de produção e, consequentemente, obtendo ótimos lucros com a comercialização de seus créditos excedentes. Portanto, o tema está na pauta econômica, ambiental e, agora, agropecuária do mundo todo. Assim, a produção animal ganha grande importância nesse assunto, uma vez que ocupa, direta e indiretamente, 63% das terras do planeta, além de ser responsável pela a alimentação de 1,3 bilhões de pessoas, mas, também, pela emissão de 18% dos gees, conforme a tabela.
crédito de carbono
(FAO, 2006)
não obstante haja divergências quanto à tese do aquecimento global, o fato é que, desde a Revolução Industrial, houve um aumento significativo das emissões de gases do efeito estufa (gees), provocando o aumento da temperatura no planeta. Diante disso, o Protocolo de Kyoto, do qual o Brasil é signatário, estabeleceu metas de redução das emissões de gees para os países desenvolvidos, elencados no Anexo 1 do referido acordo internacional. Contudo, também criou os Mecanismos de Desenvolvimento limpo (MDl), para que os países do Anexo 1 pudessem compensar as metas não atingidas de redução global de emissão gees com o investimento em projetos de MDl e/ou compra de créditos de carbono dos países em desenvolvimento, listados no Anexo 2 do Protocolo de Kyoto. Dessa forma, os créditos de carbono consubstanciam-se em um mecanismo simples, que consiste em um país ou empresa que não está conseguindo reduzir os seus níveis de emissão de poluentes, poder comprar os créditos de outra nação ou empresa de um país em desenvolvimento que está obtendo êxito na redução. Com isso, incentiva que diversas localidades do mundo busquem investir em mecanismos lim-
Assim, não se trata de “demonizar” a produção animal, mas muito pelo contrário, de exaltar a produção animal brasileira, que é uma das mais sustentáveis do mundo e com maior potencial de crescer com baixa emissão de carbono, como será visto no tópico que trata da agricultura de baixo carbono. Contudo, é preciso enxergar as questões ambientais que envolvem a produção animal como oportunidades de negócio e contribuição desse setor para a sadia qualidade de vida da humanidade. Isso porque o mercado de carbono está em franca expansão, tendo movimentado us$ 3 bilhões em 2005 e us$ 138 bilhões em 2009, sendo o Brasil um dos três países que mais negociam os créditos de carbono. entretanto, ainda faltam profissionais capacitados para a elaboração e execução de projetos nesta área. Dessa maneira, uma granja de suínos que trata os dejetos em biodigestores, queimando gás metano e transformando-o em CO2, gera créditos de carbono a serem negociados; além disso, produz energia a ser utilizada na propriedade e/ou comercializada. um exemplo é o projeto desenvolvido pelo Instituto sadia de sustentabilidade, que prevê a negociação de 6 a 10 milhões de toneladas em créditos de carbono em dez anos, de acordo com a diretora executiva do instituto em questão.
NÚMEROS DA PRODUÇÃO ANIMAL MUNDIAL número de pessoas que alimenta
1,3 bilhões
Percentual da agricultura ocupada com a produção animal
40%
terras do planeta utilizadas para produção animal
30%
terras do planeta cultiváveis para ração animal
33%
emissão de gases do efeito estufa provenientes da produção animal
18%
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EFEITO ESTUFA B – Alguma radiação solar é refletida pela terra e atmosfera, de volta ao espaço
C – Parte da radiação infravermelha (calor) é refletida pela superfície da terra, mas não regressa no espaço, pois é refletida de novo e absorvida pela camada de gases de estufa que envolve o planeta. O efeito é o aquecimento da superfície terrestre e da atmosfera
A – A radiação solar atravessa a atmosfera. A maior parte da radiação é absorvida pela superfícioe terrestre e aquece-a
Destarte, é primordial que os Médicos Veterinários e zootecnistas conheçam mais esse campo de trabalho e procurem qualificações na área agroambiental. nesse sentido, o CFMV está montando uma rede de educação a distância a fim de contribuir com os profissionais e com a sociedade, possibilitando uma produção animal sustentável para as presentes e futuras gerações.
prograMa para redução da eMissão de gases de eFeito estuFa na agricultura – prograMa abc O Brasil como importante fornecedor mundial de alimentos e devido ao rápido crescimento populacional, necessitava urgentemente estabelecer programas e incentivar o aumento da produção de alimentos de forma sustentável e com resultados. Para isso, o governo precisa difundir um novo modelo de agricultura sustentável, a ser adotado pelos agricultores, para reduzir os impactos do aquecimento global. nesse intuito, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) instituiu em junho de 2010 o programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC). A iniciativa pretende aliar produção de alimentos e bionergia com redução dos gases de efeito estufa, fornecendo incentivos e recursos para os produtores rurais adotarem técnicas agrícolas sustentáveis.
Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
O Programa ABC incentiva processos tecnológicos que neutralizam ou minimizam a emissão de gases de efeito estufa no campo, a serem adotados pelos agricultores nos próximos anos e financiados por instituições financeiras credenciadas. Para a safra 2011/2012, foram disponibilizados R$ 3,150 bilhões para incentivar processos tecnológicos que neutralizem ou minimizem os efeitos dos gases de efeito estufa no campo, estando garantidos recursos a agricultores e cooperativas, com limite de financiamento de R$ 1 milhão por beneficiário. Produtores rurais e cooperativas poderão contar com limite de financiamento de R$ 1 milhão e taxas de juros de 5,5% ao ano. O prazo para pagamento é de cinco a quinze anos. Objetivos do Programa ABC Promover a redução das emissões de gases de efeito estufa oriundas das atividades agropecuárias Reduzir o desmatamento Aumentar a produção agropecuária em bases sustentáveis Adequar as propriedades rurais à legislação ambiental Ampliar a área de florestas cultivadas estimular a recuperação de áreas degradadas
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MeIO AMBIente
Empreendimentos apoiáveis Recuperação de pastagens degradadas Implantação de sistemas orgânicos de produção agropecuária Implantação e melhoramento de sistemas de plantio direto “na palha” Implantação de sistemas de integração lavourapecuária, lavoura-floresta, pecuária-floresta ou lavoura-pecuária-floresta e de sistemas agroflorestais Implantação, manutenção e melhoramento do manejo de florestas comerciais, inclusive aquelas destinadas ao uso industrial ou à produção de carvão vegetal Adequação ou regularização das propriedades rurais frente à legislação ambiental, inclusive recuperação da reserva legal, de áreas de preservação permanente, recuperação de áreas degradas e implantação e melhoramento de planos de manejo florestal sustentável Implantação, manutenção e melhoramento de sistemas de tratamento de dejetos e resíduos oriundos de produção animal para geração de energia e compostagem implantação, melhoramento e manutenção de florestas de dendezeiro, prioritariamente em áreas produtivas degradadas
produção orgânica X sustentabilidade A produção orgânica pode também ser denominada como agroecológica. Os sistemas de produção assim denominados são baseados em padrões específicos de produção e, de acordo com a FAO (1999), “que objetivam a obtenção de agroecossistemas otimizados, os quais sejam social, ecológica e economicamente sustentáveis”. Portanto, a sustentabilidade é uma condição da produção orgânica. embora tenhamos o entendimento de que os princípios gerais de sustentabilidade a serem observados sejam universais, para cada situação, devemos avaliar uma alternativa viável, levando em consideração a realidade social, econômica, ecológica e cultural da região. A produção orgânica contempla os aspectos básicos na busca da produção de um alimento limpo e de maneira sustentável. Para que a produção seja considerada orgânica, é necessário que cumpra com a legislação e as normas vigentes. A produção agroecológica no Brasil está regulamentada pela Instrução norma-
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tiva nº 7 de 17/5/1999, que dispõe sobre normas para a produção de produtos orgânicos vegetais e animais. A legislação da união europeia sobre produtos orgânicos é, atualmente, talvez a mais completa no mundo, e pode e deve sempre ser também utilizada como referência (Council Regulation eC nº 1804/1999). A associação e a sucessão animal e vegetal realizadas sob conceitos de rotação e associação de culturas, plantio direto, ausência do uso de produtos de síntese química focando a proteção ambiental é a essência da produção orgânica. no Brasil encontramos profissionais atuando na produção orgânica animal com a adoção de sistemas de produção que maximizam o uso da pastagem permitindo a reciclagem de nutrientes diretamente no solo e em níveis que não impliquem poluição ao meio ambiente. Para que animais, seus produtos e subprodutos possam ser reconhecidos como orgânicos, deverão atender às disposições estabelecidas no art. 32 da In nº 64/2008. essa legislação define os regulamentos técnicos para os sistemas orgânicos de produção de bovinos, bubalinos, ovinos, caprinos, equinos, suínos, aves e coelhos. Pontos importantes na produção orgânica animal seguir os princípios do bem-estar animal em todas as fases do processo produtivo Manter a higiene e saúde animal em todo o processo criatório com o emprego de produtos permitidos para uso na produção orgânica e adotando técnicas sanitárias preventivas Ofertar alimentação nutritiva, saudável, de qualidade e em quantidade adequada de acordo com as exigências nutricionais de cada espécie Ofertar água de qualidade e em quantidade adequada, isenta de agentes químicos e biológicos que possam comprometer a saúde e vigor animal, a qualidade dos produtos e os recursos naturais utilizar instalações higiênicas, funcionais e confortáveis Destinar, de forma ambientalmente adequada, os resíduos da produção
segundo o Instituto Biodinâmico (IBD), um certificador brasileiro reconhecido internacionalmente, a produção de orgânico no Brasil cresce 30% ao ano. A prova disso é que no Brasil já existem várias certificadoras atuantes. Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
O futuro que nós queremos O texto final da Rio+20, “O FUTURO QUE NÓS QUEREMOS”, é fruto da mobilização e anseio da sociedade global que vem construíndo uma nova ordem mundial, baseada na sustentabilidade, democracia e solidariedade. Assim, vem surgindo um novo modelo econômico, capitalista e liberal, mas também social e ambiental tendo como um dos principais instrumentos a economia verde. Os Médicos Veterinários e Zootecnistas também estão inseridos nesse contexto. Contudo, qual o futuro que se quer? Os profissionais querem ser reconhecidos como aqueles que atuam em uma produção animal injustamente associada à poluição ambiental ou a produção animal que alimenta grande parte da população mundial com responsabilidade socioambiental? Acredita-se que a maior parte das respostas dos profissionais esteja relacionada com a segunda opção. Se isso é verdade, como fazer? Você leitor, está preparado para este novo paradigma na produção animal?
Assim, é importante destacar que mais Médicos Veterinários e Zootecnistas reconheçam sua responsabilidade ambiental no exercício profissional e enxerguem o meio ambiente como mais uma oportunidade de trabalho. Portanto, a realização de nossas atividades, tanto no meio ambiente natural, rural como urbano, com responsabilidade social e engajamento no contexto de economia verde contribui para o desenvolvimento sustentável do Brasil, razão pela qual o CFMV, por meio da CNMA, vem adotando ações proativas de mobilização, divulgação, capacitação e formação de opinião nessa área.
Referências Bibliográficas BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa n. 54 de 22 de outubro de 2008. Regulamenta a estrutura, composição e atribuições das Comissões da Produção Orgânica. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, 23 out. 2008a. Seção 1, p. 36 -37. Disponível em: <http://www.agricultura. gov.br/pls/por tal/docs/PAGE/MAPA/ LEGISLACAO/PUBLICACOES_DOU/PUBLICACOES_DOU_2008/PUBLICACOES_ DOU_OUTUBRO_2008/DO1_2008_10_23MAPA_0.PDF>. Acesso em: 12 set. 2012. Instrução Normativa n. 64, de 18 de dezembro de 2008. Aprova o regulamento técnico para os sistemas orgânicos de
produção animal e vegetal e as listas de substâncias permitidas para uso nos Sistemas Orgânicos de Produção animal e vegetal. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, 19 dez. 2008b. Seção 1, p. 21-26. Disponível em: <http:// www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/ Desenvolvimento_Sustentavel/Organicos/Legislacao/Nacional/Instrucao_ Normativa_n_0_064_de_08-12-2008. pdf>. Acesso em: 10 set. 2012. Instrução Normativa n. 50 de 5 de novembro de 2009. Instituir o selo único oficial do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 6 de
Nov. de 2009d. Seção 1, p 5. Disponível em: <www.jusbrasil.com.br/diarios/920224/ dou-secao-1-06-11-2009-pg-5>. Acesso em: 10 set. 2012. Jornal O GLOBO. Reportagens sobre a RIO+20, junho 2012. Rio de Janeiro. Reportagens sobre a RIO+20. Disponível em g1.globo.com/natureza/rio20, acesso junho, julho e agosto de 2012. Rio de Janeiro. Site da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, versão em português. Disponíveis em www.rio20. info, acesso junho de 2012.
Dados dos Autores COMISSÃO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE (CNMA) do CFMV Maria do Rosário Lira Castro Claudia Scholten (Presidente) Médica Veterinária, CRMV-SP nº 20045 E-mail: claudischolten.cnma@cfmv.gov.br
João Paulo Rocha de Miranda
Médica Veterinária, CRMV-RJ nº 2092
Maria Izabel Merino de Medeiros Médica Veterinária, CRMV-SP nº 13293
Zootecnista, CRMV-MT nº 0168/Z
Maria Auxiliadora Gorga Luna Médica Veterinária, CRMV-DF nº 0370
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Fotos: cenp
PRIMAtOlOgIA
Nome científico: Saimiri sciureus Nome popular: Macaco-de-cheiro, Boca preta, Mão amarela. O gênero Saimiri é um dos mais utilizados nas pesquisas na área das ciências da saúde. Possui característica reprodutiva peculiar, com cio sazonal. Seu período de acasalamento vai de junho a setembro.
PESQUISAS EM PRIMATAS
ESTÃO SALVANDO VIDAS HUMANAS O Centro nacional de Primatas (Cenp) é o maior centro de primatologia da América latina e figura entre os dez maiores do mundo em diversidade de espécies. É uma instituição coordenada técnica e administrativamente pelo Instituto evandro Chagas, ambos pertencentes à secretaria de Vigilância em saúde / Ministério da saúde. O Centro estará completando 35 anos em 15 de março de 2013 e durante esse tempo vem cumprindo seu objetivo principal, qual seja: criar e reproduzir primatas não humanos, em cativeiro, para apoiar pesquisas científicas e investigações biomédicas na área das ciências da saúde, além de promover a conservação de espécies ameaçadas de extinção. Ocupando uma área de mais de 25 hectares de floresta primária no município de Ananindeua, estado do Pará; coleciona publicações de trabalhos científicos. Os 21 prédios que compõem o Cenp abrigam a mais moderna tecnologia para o trabalho com os primatas não humanos, como os cientistas definem os macacos. Desde 1978, os objetivos principais não foram alterados: preservar e reproduzir primatas em condições controladas. esses animais serão usados em pesquisas biomédicas brasileiras ou em colaboração com pesquisadores estrangeiros. “A Amazônia possui a maior diversidade de primatas da América latina: mais de 100 espécies. É justo que uma região tão rica e tão importante para o mundo sedie o Centro nacional de Primatas”, afirma o Médico Veteriná-
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rio, José Augusto P. C. Muniz, que trabalha no Cenp desde 1980, portanto, são 32 anos “macaqueando”. no cenário mundial, o Centro nacional de Primatas destaca-se como um dos maiores centros de criação e reprodução de primatas em cativeiro, a sua população de macacos chega a 650 exemplares de 23 espécies diferentes, todos tratados com atenção especial. Cada detalhe da estrutura do Centro foi planejado para que os macacos disponham de conforto e condições perfeitas para a reprodução. A composição atual nem de longe lembra o início da história do Cenp, com apenas 15 macacos em prédios im-
Nome científico: Cebus apella nigritus
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nologias de ponta para manter, reproduzir e criar primatas não humanos em cativeiro, com condições controladas para que apoiem pesquisas biomédicas no Brasil e no resto do mundo”, explica Muniz. Mas a sua pergunta deve ser: Por que o estudo de primatas é tão importante para merecer toda essa infraestrutura? Porque esses pequenos habitantes das florestas são fundamentais para o desenvolvimento de pesquisas biomédicas? A reação do organismo deles é semelhante à do organismo do homem. “Essa semelhança torna fundamental o investimento de estudos na área de primatologia. Pesquisas com primatas beneficiarão mais tarde a saúde do próprio homem”, completa Muniz.
Nome cientifíco: Cebus olivaceus
provisados. Hoje, os hóspedes inquietos e de olhares curiosos e desconfiados têm 48 servidores trabalhando no Centro e 129 funcionários terceirizados. E ainda: galpões de quarentena, reprodução, oficina, cozinha, laboratórios, complexo clínico e cirúrgico, biblioteca, além dos prédios para a administração e alojamento para os pesquisadores visitantes. Logo na entrada, imagens para refletir sobre a preservação da floresta amazônica, estão dispostas, bem no meio dos prédios, recintos de exposição com espécies de macacos que lutam para sobreviver nas florestas da região Norte. Nesta área de exposição podemos encontrar exemplares de Parauacu (Pithecia irorata), Macaco Aranha (Ateles marginatus), Cuxiú (Chiropotes satanas utariki), Macaco Guariba (Alouatta seniculus)e Sagui imperador (Saguinus imperator). Ao redor das construções do Centro foram preservadas as áreas verdes para manter a temperatura e a umidade do ambiente. No meio da mata foram construidos três gaiolões. São espaços onde os animais são acompanhados como nos galpões, mas com a proximidade das condições do hábitat natural, que tem a vantagem de maior controle e adaptação do manejo de cativeiro e ainda praticidade. Nos outros galpões, detalhes que fazem diferença. A posição, por exemplo, foi cuidadosamente planejada para garantir mais saúde para os macacos, que assim recebem a luz direta do sol por algumas horas e com a incidência direta de raios solares, os animais mantêm um bom nível de vitamina D3, essencial para fixação de cálcio e a saúde em geral. “O Centro Nacional de Primatas vem, nesses 35 anos de criação, investindo maciçamente em tecRevista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
A semelhança Os macacos são animais experimentais para os estudos de novas vacinas, por exemplo. O Centro Nacional de Primatas desenvolve estudos hoje sobre a anatomia, hematologia, malária, hepatite, investigação sobre o uso de nano partículas, Mal de Parkinson, câncer, células-tronco, além de outras. E os primatas também são utilizados na fabricação de vacinas já existentes. “A população nem imagina o quanto é importante a criação de primatas para sua saúde”, chama a atenção José Muniz. Ressalte-se que para conseguir esses objetivos científicos é preciso que a estrutura desse centro de primatologia esteja o mais próximo da perfeição, porque somente os animais nascidos em cativeiro são usados nas pesquisas biomédicas. E, por isso, vários estudos são feitos para aperfeiçoar o cativeiro. Conhecendo melhor as espécies, os cientistas conseguem avaliar o comportamento, as doenças e
Nome científico: Saguinus imperator Nome popular: Bigodeiro, Sagui imperador Um dos primatas neotropicais mais bonitos e curiosos, face a seu grande bigode branco, que pode atingir 5 a 6 cm. Além de frutas, alimenta-se também de goma das árvores e insetos.
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PRIMAtOlOgIA
a alimentação necessária para os macacos. Assim, a reprodução atinge bons índices e o cativeiro garante ainda a sobrevivência de espécies ameaçadas. Quanto maior for o índice de reprodução, menor a ameaça de desaparecimento de espécies de macacos, peças fundamentais da máquina complexa que é a natureza. na floresta, uma das funções dos macacos, por exemplo, é a dispersão de sementes. O cativeiro aumenta a expectativa de vida dos primatas de dez para até 25 anos, mas os animais necessitam de adaptação. Os macacos que chegam ao Centro ficam 60 a 90 dias isolados no galpão de quarentena para exames e observação. são avaliados o sangue e as fezes, com exames que buscam a presença de parasitas como ameba (E. histolystica) e tripanossomo (causador da doença de Chagas), e medem, por exemplo, os índices de glicose e colesterol do animal. “Ao longo dos anos de estudos, de trabalho que desenvolvemos no Centro, conseguimos índices altíssimos de reprodução envolvendo vários fatores – nutrição e sanidade, principalmente. Quer dizer, conseguimos o controle da saúde desses animais por meio de exames periódicos. no futuro, teremos a manutenção desses índices reprodutivos para garantir o suporte às pesquisas biomédicas, oferecendo animais de qualidade e, ao mesmo tempo, garantindo a preservação de espécies ameaçadas de extinção”, garante o Médico Veterinário Paulo Castro. tanto cuidado tem outro motivo: o estado delicado de saúde desses animais. O Centro só recebe doação de animais oriundos de apreensão dos órgãos de fiscalização e cerca de 60% desses macacos chegam ao Centro com alguma doença. todos os animais são
Recinto de exposição de macacos
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Nome científico: Cebus apella robustus
submetidos a avaliação dermatológica por meio de raspados cutâneos e inspeção visual para observação de micoses e sarna ou ectoparasitas, respectivamente. As fêmeas também são avaliadas por exames ultrassonográficos. todos passam por procedimentos biométricos (medidas corporais). no fim da quarentena, o diagnóstico de cada animal está definido. Os que estão doentes vão para recintos separados e são tratados; os saudáveis vão para os galpões de reprodução, onde são identificados os melhores reprodutores que, geralmente, são os maiores e mais fortes. De acordo com a característica reprodutiva, ficarão em recintos para espécies monogâmicas ou poligâmicas. Os cientistas observam os filhotes, mas a interferência nesses ambientes é mínima.
Mais do que bananas Visitando o Centro, um dos itens que mais desperta a atenção é a alimentação dos animais. não pense que macaco só come banana. A dieta deles no cativeiro é caprichada. Duas vezes por dia, eles comem frutas, ração específica para primatas, leite, ovos, verduras, legumes, folhas de mamoeiro, ingazeiro e embaubeira. são 270 quilos de alimentos hortifrutigranjeiros servidos diariamente. A alimentação inclui, ainda, sementes de girassol e larvas de besouro (Tenebrio molitor), que é a proteína animal necessária para complementar a dieta. É por isso que hoje no Centro nacional de Primatas existe um insetário. A Médica Veterinária gilmara Abreu explica que uma alimentação balanceada, no cativeiro, é fundamental, não somente para garantir bons índices reprodutivos, mas para garantir a saúde desses animais. Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
Para a assistência à saúde dos animais, o Centro conta com a dedicação da Médica Veterinária Aline Imbeloni e dispõe de um complexo clínico-cirúrgico totalmente equipado para cirurgias de pequena, média e grande complexidades, tratamento odontológico e o diagnóstico de imagem, por meio de raios X e ultrassonografia 4D. O prédio destinado à realização de exames laboratoriais tem no Médico Veterinário Wellington Bandeira o responsável pela execução dos exames como hemogramas, testes hormonais e bioquímicos do sangue, além dos exames rotineiros de pesquisas de parasitoses intestinais. Há estudos em desenvolvimento que visam a implantação de um banco de sêmen, fundamental na luta pela preservação de espécies que correm risco de extinção. essa estrutura que o Centro nacional de Primatas dispõe hoje tem como resultado imediato
Nome científico: Cebus kaapori Nome popular: um tipo de Macaco prego, também chamado de Caiçara. Animais inteligentes e curiosos, vivem em grandes bandos, mas em cativeiro a relação é de um macho para até 15 fêmeas. A gestação é de 180 dias, dando luz a apenas um a cria.
Nome científico: Ateles marginatus Nome popular: Coatá dá testa branca, Macaco aranha Um dos maiores primatas neotropicais, chegando a oito quilos. Vive no alto das copas das árvores e para movimentar-se utiliza a cauda preensil, que funciona como um quinto membro.
uma alta taxa de natalidade: o índice de nascimento chega, em média, a 45%. Cerca de 150 nascem por ano. Isso pode permitir uma capacidade de disponibilização de 120 animais a cada ano para pesquisa, outros 700 macacos fornecem material para os pesquisadores conveniados de todo o País. um dos projetos que orgulha os funcionários do Centro é o de aproximação com a comunidade. O Cenp aguarda a liberação da licença que possibilitará as visitas semanais, que incluem palestras e a observação de exemplares que estão ameaçados de extinção, em sua área de exposição de espécies. Quem vem até o Cenp aprende a ver os macacos com outros olhos: descobre que os animais silvestres, assim como o homem, são importantes para a preservação do meio ambiente. A palestra reforça a mensagem de que os animais selvagens devem permanecer em seus hábitats. “uma de nossas preocupações é ressaltar a importância da criação de primatas não humanos em cativeiro para a ciência, com a preocupação de alertar a população para não criar animais silvestres como animais domésticos porque isso traz riscos à saúde da população e do próprio animal”, completa Muniz. Assim, por meio de todo esse trabalho e pesquisas é possível verificar como os primatas podem ajudar na melhoria da saúde do homem, além de garantir a preservação do maior número de espécie nas florestas.
Dados dos Autores José augusto pereira carneiro Muniz
Médico Veterinário - CRMV-PA nº 0333 E-mail: jose.muniz@cenp.org.br
paulo henrique gomes de castro Médico Veterinário - CRMV-PA nº 0908
aline amaral inbelini
Médica Veterinária - CRMV-PA nº 1967
gilmara abreu da silva cavalcante Médica Veterinária - CRMV-PA nº 1953
Wellington bandeira da silva Médico Veterinário - CRMV-RJ nº 8300
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PesQuIsA CIentÍFICA eM MeDICInA VeteRInÁRIA
PESQUISA CIENTÍFICA EM MEDICINA
VETERINÁRIA NO BRASIL E SUA CONTEXTUALIZAÇÃO GLOBAL Fotos: arquivos do autor
introdução A Medicina Veterinária no Brasil tem tido avanços muito marcantes nos últimos anos. O número de cursos de graduação em Medicina Veterinária teve crescimento exponencial nas últimas duas décadas (sAntOs et al., 2004). Além disso, várias associações de especialidades veterinárias surgiram e se consolidaram nesse período, o que criou condições para que o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) pudesse normatizar a outorga do título de especialista aos médicos veterinários, conforme a Resolução nº 935, de 10 de dezembro de 2009 do CFMV. A consolidação da medicina veterinária no Brasil deu-se paralelamente à capacitação profissional e científica de grande contingente de profissionais e à disseminação de programas de pós-graduação na área de veterinária em todo o Brasil. esse contexto tem favorecido a produção científica na área de Medicina Veterinária no Brasil. Assim, este artigo traz
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de forma sucinta e objetiva um panorama da produção científica brasileira em Medicina Veterinária e sua inserção no contexto global.
conteXtualiZação da produção cientíFica brasileira O contínuo crescimento da produção científica brasileira, medida pelo número de artigos publicados em periódicos indexados nas principais bases de dados internacionais, fez com que o País passasse a ocupar a 13ª posição entre os países com maior produção científica do mundo, respondendo por, aproximadamente, 2,7% da produção mundial. Mais importante do que sua posição atual, que pode ser ainda considerada modesta, o Brasil é o país com maior taxa de crescimento da produção científica entre os países do g20, atingindo 18% de crescimento anual de 1996 a 2008 (ROyAl sOCIety, 2011). tal crescimento foi concomitante com o auRevista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
mento de investimentos em ciência e tecnologia (C&t) no Brasil, que corresponde atualmente a pouco mais de 1% de seu produto interno bruto (PIB) (CRuz e CHAIMOVICH, 2010). esse patamar de investimento brasileiro em C&t coloca o País em destaque entre seus vizinhos latino-americanos, uma vez que o Brasil respondeu por 63,5% do investimento em C&t e 47% da produção científica da América latina em 2007 (AlBOnOz et al., 2010). Contudo, os patamares de investimento em C&t dos países que têm apresentado maior projeção no cenário global ficam em torno de 3% do PIB (HOllAnDeRs e sOete, 2010), o que demonstra claramente que o Brasil ainda tem enorme potencial de crescimento. Há intensa concentração de investimentos e produção científica em algumas regiões, particularmente nos estados unidos da América, que respondem por 32,4% dos investimentos globais em C&t (unesCO, 2009). Outra vertente importante da produção científica e tecnológica se reflete na geração de produtos ou processos inovadores. embora não seja possível fazer uma aferição absolutamente precisa desses parâmetros, a intensidade de desenvolvimento tecnológico e inovação podem ser estimadas pelo número de depósitos de pedidos de patentes. Ao contrário do que se observa em relação à publicação de artigos científicos, no quesito patentes o Brasil tem participação incipiente no cenário global, apesar da situação de relativo destaque regional na América
latina (CRuz e CHAIMOVICH, 2010). Considerandose os números de 2011 do escritório de Patentes dos estados unidos (U.S. Patent And Trademark Office – usPtO), os estados unidos da América depositaram 121.261 pedidos de patentes (48,9% do total), enquanto outros países tiveram participação expressiva, como o Japão, a Coreia do sul e a Alemanha, com 48.256, 13.239 e 12.968, correspondendo a 19,4; 5,3 e 5,2% do total, respectivamente. no mesmo período, o Brasil depositou 254 pedidos de patentes no usPtO, ou seja, 0,1% do total de depósitos. embora esse número seja acompanhado de modesta tendência de crescimento, ele nos coloca muito aquém dos principais países em desenvolvimento tecnológico e inovação. O levantamento de dados precisos sobre o número de patentes na área de Medicina Veterinária não é possível devido à sobreposição dessa área com outras áreas afins, como biotecnologia, fármacos, entre outras. Por isso, ilustraremos a atividade de produção tecnológica e patenteamento em Medicina Veterinária, com alguns dados da universidade Federal de Minas gerais (uFMg). em 2011, enquanto a Medicina Veterinária respondeu por 6,22% das publicações; e esta mesma área respondeu por aproximadamente 5% dos pedidos de depósito de patentes da uFMg. Contudo, não é possível afirmar se esses dados da uFMg são representativos da realidade brasileira.
pesquisa e produção cientíFica eM Medicina veterinÁria
Baia de animais em experimentação portadores de doenças infecto-contagiosas Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
A pesquisa em Medicina Veterinária é tradicional no Brasil. Os primeiros programas de pósgraduação surgiram na década de 1960, resultando em impulso muito intenso na formação de recursos humanos e produção científica na área. Qualquer forma de avaliação qualitativa da produção científica tem algum grau de subjetividade. Ainda assim, é possível a avaliação de dados disponíveis nas grandes bases de dados internacionais que nos permite traçar o perfil qualitativo da produção científica em Medicina Veterinária. O Brasil ocupa a 13ª e 18ª posições em número de artigos publicados e em citações,
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PesQuIsA CIentÍFICA eM MeDICInA VeteRInÁRIA
Tabela 1. Participação do Brasil e dos principais países na produção científica mundial, em todas as áreas do conhecimento e na área de Medicina Veterinária, em 2010. todas as áreas do conhecimento Posição*
País
Medicina Veterinária
Artigos Citações** índice h** Posição*
País
Artigos Citações** índice h**
1o
euA
502.804 882.250 (1)
1.229 (1)
1o
euA
3.179
2.500 (1)
98 (1)
2o
China
320.800 215.970 (4)
316 (18)
2o
Brasil
1.458
494 (8)
41 (17)
3o
Reino unido
139.683 253.482 (2)
750 (2)
3o
Reino unido
1.331
1.177 (2)
83 (2)
4o
Alemanha 130.031 228.773 (3)
657 (3)
4o
Índia
1.241
229 (16)
30 (28)
5
Japão
113.246 132.808 (7)
568 (6)
5
Alemanha 895
734 (3)
57 (7)
13o
Brasil
45.189
262 (22)
6o
turquia
304 (14)
24 (36)
o
35.474 (18)
o
858
* Posição segundo o número total de artigos publicados ** A posição referente a esse quesito está indicada entre parênteses. O índice h refere-se a toda base de dados e não é restrito ao ano de 2010. Fonte: SCIMAGO, 2007.
respectivamente (sCIMAgO, 2007). esses dados indicam um descompasso entre quantidade e qualidade (aferida pelo número de citações) da produção brasileira. tais números conferem ao Brasil um índice “h” de 262, colocando o País na 22ª posição em comparação aos demais países, sendo também esse ranking liderado pelos estados unidos da América, com um índice “h” de 1.229 (sCIMAgO, 2007). O índice “h” pode ser aplicado a pesquisadores individuais, a periódicos ou mesmo a países, e representa o número de artigos com, pelo menos, aquele mesmo número de citações. Portanto, um índice “h” igual a 50 indica que aquele indivíduo, ou periódico ou país possui 50 artigos publicados com pelo menos 50 citações de cada um dos artigos (HIRsCH, 2005). O desempenho da produção científica brasileira na área de Medicina Veterinária é superior ao do Brasil como um todo, tanto quantitativa quanto qualitativamente. em 2010, segundo os dados da plataforma scimago, o Brasil ocupou a segunda posição em número total de artigos publicados, ficando atrás apenas dos estados unidos (tabela 1). enquanto o Brasil, segundo a base de dados scimago, respondeu por 1,88% da produção científica mundial em todas as áreas do conhecimento, na área de Medicina Veterinária o País respondeu por 7,64% da produção mundial. Contudo, o número total de citações coloca o Brasil na 8ª posição (sCIMAgO, 2007), o que, à semelhança do que se observa no Brasil como um todo, demonstra maior peso quantitativo do que qualitativo da produção científica da Medicina Veterinária brasileira. A tabe-
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la 2 traz uma análise comparativa da produção científica de diferentes áreas do conhecimento afins à Medicina Veterinária. enquanto todas as áreas do conhecimento combinadas resultam em um número de artigos brasileiros que correspondem a 9,43% da produção dos estados unidos, os artigos brasileiros na área de Medicina Veterinária correspondem a 45,86% da produção americana nessa mesma área. tal comparação coloca a Medicina Veterinária em destaque quando comparada a outras áreas agrárias ou biomédicas (tabela 2). Há intensa concentração da competência de pesquisa em Medicina Veterinária no Brasil. Considerando o número de bolsistas de produtividade em pesquisa do Conselho nacional de Desenvolvimento Científico e tecnológico (CnPq) como um parâmetro de qualificação dos pesquisadores, somente o estado de são Paulo detém 42,43% dos bolsistas de produtividade na área de Medicina Veterinária. somente duas instituições paulistas concentram 39,48% desses bolsistas no Brasil. Coincidentemente, o estado de são Paulo tem realizado investimentos em C&t significativamente acima das médias nacional e latino-americana. somente o estado de são Paulo investiu em C&t, em 2010, mais de nove bilhões de dólares, equivalente, aproximadamente, à somatória dos investimentos da Argentina, Chile e México (CRuz e CHAIMOVICH, 2010). O veículo de publicação e o idioma têm grande influência na visibilidade da produção científica. segundo Abel Packer (comunicação pessoal), artigos redigidos em inglês e publicados em peRevista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
Tabela 2. Parâmetros de produção científica do Brasil em diferentes áreas do conhecimento, em 2010. Artigos
Citações**
Índice h**
Proporção dos euA***
45.184 (13)
35.474 (18)
262 (22)
9,43%
1.458 (2)
494 (8)
41 (17)
45,86%
11.957 (13)
11.329 (17)
181 (20)
8,53%
Odontologia
1.002 (2)
766 (2)
60 (9)
32,90%
Ciências Agrárias e Biológicas
9.100 (4)
5.292 (13)
108 (22)
25,01%
Área* todas as áreas Medicina Veterinária Medicina
* Áreas do conhecimento segundo a classificação SCIMAGO (2007). ** A posição referente a esse quesito está indicada entre parênteses. O índice h refere-se a toda base de dados e não é restrito ao ano de 2010. *** Proporção (%) dos artigos brasileiros em relação aos artigos publicados por pesquisadores dos Estados Unidos da América em diferentes áreas do conhecimento. Fonte: SCIMAGO, 2007.
riódicos nacionais recebem, em média, o dobro de citações quando comparados com artigos redigidos em português e publicados nos mesmos periódicos. Além disso, artigos publicados em periódicos internacionais são citados em média cinco vezes mais do que em periódicos nacionais. MenegHInI (2010) demonstrou que pesquisadores seniores tiveram, aproximadamente, 2,5 vezes mais citações por artigos publicados em periódicos internacionais do que em periódicos nacionais durante o mesmo tempo. Outras observações interessantes indicam que artigos originários da América latina, publicados em periódicos internacionais, recebem menor número de citações do que a média dos respectivos periódicos nos quais foram publicados (MenegHInI et al., 2008). Considerando que os periódicos adotam o mesmo rigor para avaliação dos manuscritos oriundos de diferentes regiões geográficas, e que, portanto, os trabalhos têm patamares semelhantes de relevância
e qualidade, este estudo levanta a possibilidade de algum fator psicológico que previna a citação de artigos de origem latino-americana. Além do idioma e do periódico, a modalidade de publicação também pode influenciar na visibilidade e no potencial de impacto de um dado artigo, uma vez que periódicos de acesso aberto – open access, têm tendência a receber maior número de citações (MIguel et al., 2011). A colaboração internacional é uma estratégia eficaz para aumentar a visibilidade da produção científica. O percentual de publicações com coautoria internacional no mundo ultrapassa os 35%, mas o Brasil não tem tido crescimento expressivo nesse quesito. A importância da coautoria internacional pode ser ilustrada pelo fato de que artigos produzidos por colaboração entre instituições de cinco países têm em média três vezes mais citações do que artigos cujos autores são de um único país (ROyAl sOCIety, 2011).
Tabela 3. Parâmetros comparativos entre os dois periódicos nacionais classificados como Qualis A2 (segundo a Capes) e dois periódicos internacionais de amplo espectro da área de Medicina Veterinária, também classificados como Qualis A2. Periódico
total de artigos*
total de citações*
Citações por artigo*
Índice h*
Posição ranking índice h**
Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e zootecnia
2.584
4.566
1,77
14
86
Pesquisa Veterinária Brasileira
1.266
3.087
2,44
18
75
Research in Veterinary science
6.561
87.171
13,29
74
26
Veterinary Journal
2.454
19.668
8,02
51
16º
* Segundo a base de dados Web of Science. ** Segundo a base de dados SCIMAGO/SCOPUS. Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
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PesQuIsA CIentÍFICA eM MeDICInA VeteRInÁRIA
Apesar de a classificação dos periódicos na base de dados Qualis da Capes (http://qualis.capes.gov. br/webqualis/) ser um instrumento para avaliação de programas de pós-graduação, esse sistema tem como efeito secundário o direcionamento da produção científica brasileira. Recentemente, alguns seletos periódicos brasileiros ascenderam nessa classificação. A tabela 3 traz alguns dados referentes aos dois periódicos brasileiros da área de Medicina Veterinária que têm classificação A2 e outros dois estrangeiros também da área de Medicina Veterinária e de amplo espectro, igualmente classificados como A2, segundo o Qualis da Capes. Conforme evidenciado na tabela 3, embora todos os periódicos tenham elevado número de artigos indexados publicados, há diferença marcante no número total de citações e no número médio de citações por artigo, com evidente superioridade dos periódicos estrangeiros. Considerando-se que geralmente o nível de dificuldade dos autores brasileiros para publicação em periódicos internacionais é maior do que em periódicos nacionais, a melhoria na classificação de alguns periódicos nacionais, sem vinculação direta com o impacto ou visibilida-
de internacional destes, pode resultar em menor número de trabalhos de autores brasileiros publicados em periódicos estrangeiros de maior visibilidade. tal processo pode eventualmente aumentar a disparidade existente entre o número de artigos publicados e o número de citações dos artigos brasileiros (tabela 2).
considerações Finais O Brasil tem tido avanços consistentes em sua produção científica nos últimos anos, sendo um dos países com maior taxa de crescimento da produção científica. A área de Medicina Veterinária no Brasil destaca-se colocando o País em segundo lugar no mundo, atrás apenas dos estados unidos da América, em número de artigos publicados. Contudo, o desafio é aumentar a visibilidade e, consequentemente, o número de citações dos trabalhos brasileiros. em relação à produção tecnológica e inovação, aferida pelo número de depósitos de pedidos de patentes, ainda é incipiente, sendo necessária maior difusão da cultura de proteção da propriedade intelectual e maior mobilização dos nossos pesquisadores nesse sentido.
Referências Bibliográficas AlBOnOz, M.; MACeDO, M. M.; AlFARAz, C. Latin America. In: unesCO. unesco science Report 2010. Paris: unesCO Publishing, 2010. CRuz, C. H. B., CHAIMOVICH, H. Brazil. In: unesCO. unesco science Report 2010. Paris: unesCO Publishing, 2010. HIRsCH, J. e. An index to quantify an individual’s scientific research output. Proceedings of the National Academy of Science of the United States of America, v.102, p.16569-16572, 2005. HOllAnDeRs, H.; sOete, l. The growing role of knowledge in the global economy. In: unesCO. unesco science Report 2010. Paris: unesCO Publishing, 2010.
MenegHInI, R.; PACKeR, A.l.; nAssI-CAlO, l. Articles by latin American authors in prestigious journals have fewer citations. Plos ONE, v. 3, n. 11, e3804, 2008.
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MIguel, s.; CHInCHIllA-RODRÍguez, z.; MOyA-AnegÓn, F. Open access and scopus: a new approach to scientific visibility from the standpoint of access. Journal of the American Society for Information Science and Technology, v. 62, n. 6, p. 11301145, 2011.
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Dados do Autor renato de lima santos
Médico Veterinário, CRMV-Mg nº 4577. Professor da escola de Veterinária e Pró-Reitor de Pesquisa da universidade Federal de Minas gerais. Bolsista do Conselho nacional de Desenvolvimento Científico e tecnológico (CnPq).
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Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
COnsuMO e BeM-estAR AnIMAl
CONSUMO SUSTENTÁVEL DE CARNE:
UM ESTUDO EXPLORATÓRIO DA REAÇÃO DO CONSUMIDOR ÀS INFORMAÇÕES SOBRE MAUS-TRATOS demonstrando os problemas da falta de bem-estar, ou dos maus-tratos, destacando práticas consideradas cruéis pela maioria da população. Programas de tV como o Globo Universidade e o Cidades e Soluções já apresentaram o problema e seus impactos negativos para a sociedade. Adicionalmente, o crescimento do Ativismo societário – compra de ações por parte de Ongs (organizações não governamentais) para exercer lobby dentro das empresas de alimento, buscando pressioná-las a repensar suas práticas relacionadas à forma como os animais são criados e abatidos – desencadeou uma série de compromissos de produtores e do varejo. segundo matéria publicada no jornal Valor Econômico em maio deste ano, a smithfield Foods, maior produtor mundial de suínos, “declarou que abolirá até 2017 todas as baias onde porcas em gestação e amamentashutterstocK
O que os consumidores de carne pensam sobre bem-estar animal? Como relacionam o alimento que consomem à vida dos animais? De que forma esta percepção pode afetar a indústria de alimentos? Foi tentando responder a perguntas como estas que um estudo exploratório do Instituto Coppead de Administração iniciou uma linha de pesquisa em 2010. Originalmente apresentado como um estudo da área de administração com foco em marketing e sustentabilidade empresarial, tal estudo despertou o interesse de profissionais da área de Medicina Veterinária e zootecnia. O tema bem-estar dos animais de produção vem aparecendo cada vez mais em publicações e veículos de comunicação que não estão envolvidos diretamente com áreas de Medicina Veterinária e zootecnia. e, normalmente, apresentam o assunto
Consumidor demonstra preocupação com maus tratos no Brasil e no exterior Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
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COnsuMO e BeM-estAR AnIMAl
por meio da certificação dos processos produtivos, comunicada por meio de selos nas embalagens (conhecidos na literatura de marketing como values-based labels – VBls). label Rouge, Freedom Food e neuland, Welfare Quality, econWelfare, Q-PorkChains e eAWP são alguns exemplos. no Brasil, esse tipo de selo ainda não é encontrado com facilidade, mas está presente, por exemplo, em alimentos orgânicos. É razoável imaginar que a maior parte dos consumidores não conhece detalhes da produção nas fazendas industriais, sendo difícil avaliar possíveis impactos que algumas mudanças nas práticas de manejo poderiam causar no mercado consumidor. De acordo com Broom (2010), o atual sistema, que resulta em intenso sofrimento dos animais, pode ser insustentável a longo prazo, por ser percebido como inaceitável para uma grande parcela da população. É comum as pessoas considerarem que têm obrigações éticas tanto em relação às outras pessoas, quanto aos animais que lhe servem, demonstrando comportamento de cuidado em relação a ambos. enquanto consumidores agindo de forma racional, automotivada, podem escolher um produto em função de preço e sabor, aqueles preocupados com questões éticas podem ser guiados pelo senso de Foto: guilherMe benchiMol
ção são mantidas. A Cargill já converteu quase metade de seus suínos para sistemas de moradia coletiva. (...) a Burger King – segunda maior rede de sanduíches do país, com 7.200 lanchonetes – anunciou o fim gradual de 100% das compras de animais mantidos de ovos e carne suína provenientes de animais mantidos em gaiolas até 2017. A líder Mc Donald’s já tinha se comprometido com a mesma ideia, embora não tenha anunciado um prazo de transição.” Para a indústria da carne no Brasil, o tema bemestar animal parece ser ainda incipiente. Visitas aos sites das principais empresas do setor evidenciam o fato. O País ainda não conta com uma legislação rigorosa, como em países da união europeia e alguns estados dos euA. Porém, por ser o Brasil um dos maiores exportadores de carne do mundo, é possível que venha a sofrer restrições no comércio internacional, caso não se adeque às normas de bem-estar animal exigidas por países importadores. A sociedade de consumo, concentrada em grandes centros urbanos, tem cada vez menos contato com a origem e com os processos produtivos dos alimentos que consome, o que origina, em vários países, um movimento crescente em busca de padrões mais éticos e sustentáveis de produção de alimentos,
Manejo de búfalos em habitat próximo ao natural, na Ilha de Marajó, PA.
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Quadro I. Manifestações antes e após visualizar vídeo com algumas práticas industriais de criação
ANTES DO VíDEO
DEPOIS DO VíDEO
“ele é mais saboroso e sofreu menos intervenções. É uma coisa mais natural. Pelo menos eu já li que isso faz bem pro organismo, sei lá, um frango que não foi engordado artificialmente.”
“Depois de ver o vídeo ‘ah, esse animal foi bem tratado’, eu já vou enxergar de outra forma. Chamou a atenção a maneira que eles tratam um ser vivo como uma fruta, que não tem vida.”
“É paradoxo isso, razão e emoção. A razão quer ser informada e a emoção, não sei.”
“A gente não tem contato com o início da cadeia e também não tem nenhum outro tipo de contato com a realidade. O que é a realidade pra gente? A realidade é a caixinha do leite lá, que a gente acha que o cara tirou bonitinho com a mãozinha e botou na caixinha.”
“e comendo uma carne que um bicho sofreu demais. eu acho que tem uma coisa maior envolvendo meu organismo. Deve ter uma diferença de você colocar pra dentro um animal que foi criado de forma diferenciada.” “A opção que existe aqui é aquele Korin. um frango que você compra a R$ 5,00, a mesma quantidade do Korin é R$ 15,00, R$ 18,00. É uma coisa absurda, eu não compro.” “Outro dia meu pai fez um porco lá em casa e ele botou o porco inteiro. eu não consegui comer porque tinha aquele animal vivo ali. Aí eu vi de fato aquele animal morto, que tinham matado. Mas talvez porque venha sempre em filezinho, a gente não consegue visualizar muito dentro de um boi.” “nunca fui provocado até por informação para saber se os animais são maltratados ou qualquer coisa ligado ao tema. talvez por isso não me sensibilize tanto ver um selo assim. O que é mautrato com o animal? não ia pagar duas vezes a mais porque o franguinho não chorou quando morreu.”
“eu pago o que for mesmo. Depois que eu vi esse vídeo, eu pago o que for. eu não vou contribuir para esse troço. se for absolutamente mais caro, eu vou parar de comer. Mas eu fiquei bem mais sensível ao preço mais caro.” “talvez. tem que ver o que é efetivamente custo do processo e o que os caras começam a ganhar valor agregado em cima daquilo, em cima da boa fé da galera.” “Muita gente consumindo muito… chega a um nível que é complicado, é custoso, custa tempo você fazer de outra forma.” “Quando um produtor começa a fazer, os outros também acompanham. Do mesmo jeito que uma empresa tem que ter obrigação com o meio ambiente, tipo a Petrobras, eles poderiam ter e não ser recompensados por isso.”
“seria melhor se, além de garantia de bons tratos, mais saúde pra você. não sei se realmente é verdade isso, mas se existe essa consequência, seria perfeito.”
obrigação em relação aos outros e optar por pagar um preço mais alto. nesse contexto, buscando investigar os riscos e oportunidades que novas dinâmicas sociais, amplificadas pelo poder da internet, oferecem às empresas, a pesquisa teve como objetivo compreender as reações dos consumidores de carne ao tomarem conhecimento dos padrões de manejo e técnicas utilizadas em sistemas de produção intensivos. O estudo foi desenvolvido em duas etapas. A primeira utilizou metodologia qualitativa, quando foram realizadas entrevistas que contaram com a utilização de um vídeo ilustrativo de algumas práticas Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
industriais de criação de animais. O vídeo mostrava imagens do cotidiano dos animais de produção (aves, suínos e bovinos) em fazendas industriais, destacando os danos que o confinamento e alguns métodos de criação e manejo causam a eles (disponível em http://migre.me/b0jmc). Já a segunda etapa utilizou metodologia quantitativa, em que foi estruturado um questionário, aplicado por meio da internet, utilizando o mesmo vídeo e tentando identificar a disposição dos consumidores a pagar preços diferenciados pela carne obtida em processos sem práticas cruéis contra os animais. Além de tentar avaliar o grau de conhecimento que os consumi-
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COnsuMO e BeM-estAR AnIMAl
no assunto “animais ainda vivos”, antes do choque de realidade apresentado em vídeo, correspondia por vezes às românticas paisagens bucólicas presentes em comerciais, rótulos e embalagens dos produtos. essa visão pode estar relacionada a vários fatores, que vão de falta de informações, tempo e curiosidade, à falta de produtos certificados nos canais de distribuição. e se as fazendas industriais tivessem “paredes de vidro”? A exibição das imagens da realidade despertou em alguns revolta e culpa (fato que pôde ser observado com mais profundidade na fase qualitativa), sentimentos expostos pelos entrevistados quando viam-se fazendo parte de um sistema percebido como não ético e danoso. As informações sobre a realidade,transmitidas pelo vídeo, tiveram um impacto contundente; mudaram não só a importância atribuída pelos entrevistados aos métodos da pecuária industrial, como também a importância que davam aos selos de certificação. eles reconsideraram, inclusive, um sensível incremento do preço que estariam dispostos a pagar por uma carne certificada. tal diferença de preço representa a percepção de valor dos respondentes a um atributo que antes, para a grande maioria deles, não existia ou não era relacionado diretamente ao produto. “O que é bem-estar animal?” questionou a primeira entrevistada, evidenciando a falta de conhecimento que se repetiu posteriormente. Como atribuir valor a algo que não se conhece, ou nunca tenha sido provocado a refletir? Alguns estudos revelam que o tratamento respeitoso aos animais é algo que não necessariamente implica custos mais elevados. Pode-se, inclusive, obter ganhos de produtividade sem a necessidade de grandes investimentos. As empresas do setor que derem atenção às práticas de bem-estar animal poderão, ainda, se beneficiar de prováveis melhorias de relacionamento com suas empresas parceiras e seus acionistas. Por outro lado, continuar agindo de forma reativa, sem dar tratamento adequado ao tema bemestar animal em seus padrões de manejo, nem em seu discurso institucional – por meio dos relatórios de sustentabilidade, por exemplo – pode representar um grande risco para as empresas do setor. Cabe a elas a abertura de um diálogo transparente com os diversos stakeholders da cadeia produtiva, na tentativa de preparar-se para futuros imperativos que começam a se desenhar, a exemplo de alguns países que já aprovaram leis restritivas a práticas consideshutterstocK
dores têm sobre as práticas industriais de criação e como reagem ao ter contato com o tema, a pesquisa buscou identificar o potencial de mudança de hábitos de consumo decorrente do contato com a nova informação, o que pode ter impacto não apenas na intenção de compra de alimentos, mas, também, na criação de valor para as empresas do setor. Os resultados demonstraram uma tendência das pessoas que consomem carne evitarem pensar nos animais vivos. Os entrevistados, após verem o vídeo, demonstraram grande preocupação, questionando se as marcas que consumiam utilizavam aqueles métodos de criação, se as imagens vistas eram realmente um padrão no mercado. Perguntavam de que forma poderiam não “participar daquilo” e diziam que
Aleitamento fora das gaiolas
tinham vontade de parar de consumir os produtos. As preocupações demonstradas pelos entrevistados envolviam o sofrimento dos animais, a culpa pela “coautoria” e a preocupação com a própria saúde. Quando incentivados a pensar sobre as razões que levaram ao processo intensivo, visto no vídeo, os entrevistados apontam o excesso de consumo e o excesso de pessoas consumindo cada vez mais e o “excesso” das empresas em cortar custos e mecanizar os processos, desrespeitando a vida dos animais, como o quadro ilustra. Os processos de transporte, criação e abate são distanciados dos consumidores, já que não são imagens agradáveis de se ver, se comparadas com plantações em campos verdes e ensolarados. A imagem descrita pelos entrevistados, quando tentavam pensar
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shutterstocK
radas cruéis. Algumas Ongs estão tendo sucesso ao disseminar imagens e discursos com o objetivo de conscientizar a população. A internet, nesse sentido, é uma ferramenta de comunicação que facilita e potencializa essa tarefa. A iniciativa de aproximação com Ongs, governo e entidades reguladoras, instituições de pesquisa, sindicatos de funcionários, fornecedores, varejistas e distribuidores, mídia e consumidores; traria luz a um tema que hoje pode estar sendo menosprezado pelas grandes empresas do setor de alimentos no Brasil. Ao contrário de outros tipos de certificações, o bem-estar animal pode ser medido de maneira objetiva e científica, independente de considerações morais. É algo que se refere ao processo produtivo em si. trata-se de uma característica do animal que pode ser controlada pelo produtor, segundo padrões préestabelecidos, conforme diversos estudos realizados no Brasil. Os resultados do estudo exploratório demonstram que ter acesso às informações sobre práticas utilizadas no processo produtivo das carnes pode implicar, pelo lado dos consumidores, impactos para a indústria e varejo, como redução de consumo ou
migração para empresas que utilizam e comunicam práticas mais humanitárias de manejo dos animais. Pelo lado dessas empresas, no entanto, esses achados podem ser vistos como uma oportunidade de antecipação a uma nova consciência crítica trazida à tona pela economia da informação ou mesmo uma oportunidade de começar a trabalhar para atender os anseios de grupos de consumidores mais preocupados com a ética e com a sustentabilidade. É crescente a disposição dos consumidores para agir e contribuir positivamente em assuntos relacionados não só a bem-estar animal, mas também em outras questões sócioambientais. Algumas empresas estão identificando estas mudanças e buscando formas de ajudar os consumidores a cumprir este papel. A possibilidade de certificação de produtos para empresas produtoras de carne, através de um selo de bem-estar animal, pode ser uma oportunidade de mercado para empresas que busquem acompanhar estas mudanças de comportamento dos consumidores e que estejam atentas a novas dinâmicas sociais. Dessa maneira, um dos grandes desafios é buscar alternativas efetivas de apresentar o tema aos consumidores. Indústrias que operam com temas considerados danosos para a sociedade, como o fumo, por exemplo, tiveram restrições drásticas à distribuição e comunicação com seus consumidores, sendo impelidas a estampar cenas fortes de degradação física em suas embalagens. uma postura que busque liderar processos de mudança e que priorize a educação da sociedade e do mercado consumidor, por sua vez, pode beneficiar a indústria de carne, preparando as empresas para um futuro com regras e leis mais rígidas. É papel também das grandes empresas do setor, comunicar e esclarecer a importância das escolhas de consumo para o equilíbrio das relações entre o homem e os animais.
Dados da Autora Maria cecília galli lugnani de souza Publicitária E-mail: cecilia.galli@coppead.uerj.br
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PuBlICAÇÕes
INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA NA FORMAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE PASTAGENS José Carlos Peixoto Modesto da silva / Cristina Mattos Veloso
APRENDA FÁCIL EDITORA Rua Dr João Alfredo, 130, Ramos, Caixa Postal 01 36570-000 Viçosa – MG Telefone: (31) 3899-7000 Site: www.afe.com.br ou www.cpt.com.br
André da Cunha Peixoto Vitor
são apresentadas formas de implantação de sistemas lavoura-pecuária dentro do contexto de que esta metodologia busca integrar o trinômio solo-plantaanimal com vistas a recuperação destas pastagens degradadas, recompondo-as por meio de sistema de produção animal que se baseia no uso racional do solo, permitindo maior ciclagem de nutrientes para a planta e, conseqüentemente, maior produtividade.
MANEJO REPRODUTIVO DE BOVINOS LEITEIROS Ademir de Moraes Moreira
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O livro contém oito capítulos com uma mescla de valiosas informações simples e praticas sobre o manejo de bovinos leiteiros e um excelente suporte bibliográfico. Foi elaborado com base em informações obtidas de inúmeros autores consultados, bem como em afirmações e sugestões do próprio autor, baseada em sua vasta experiência cientifica e prática, obtidas em mais de 40 anos de pratica. Inclui varias perguntas e respostas sobre reprodução, alimentação e manejo de gado leiteiro. PLANTAS TÓXICAS. INIMIGO INDIGESTO
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sebastião silva
no livro são apresentados detalhes de como evitar intoxicações e mortalidade de animais em regime de pasto e são descritas as plantas comprovadamente tóxicas, ou seja, quais as espécies, seu aspecto botânico, seu habitat e sua distribuição geográfica, quais as espécies animais sensíveis, os sintomas, forma de diagnóstico, tratamento e profilaxia. Para as plantas descritas são apresentados esquemas e fotografias. PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE GADO DE LEITE
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sebastião silva
O livro aborda vários aspectos da produção leiteira, trazendo um conjunto de informações para o produtor, extensionista e estudante, sob a forma de perguntas e respostas, sobre os requisitos básicos e outros aspectos peculiares à criação de gado de leite. nos diversos capítulos são apresentadas as raças especializadas, a criação e manejo do bezerro, novilhas e vacas leiteiras, manejo do touro, melhoramento de gado leiteiro, instalações, manipulação do leite e um encarte com fotos coloridas.
Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
OPInIÃO
carlos alberto Müller
Médico Veterinário (UFF); Mestre em Microbiologia (UFF); Doutorando em Clínica e Reprodução (UFF) Coordenador do Centro de Experimentação Animal; Instituto Oswaldo Cruz – IOC/Fiocruz Membro da Comissão Interna de Biossegurança ; Diretoria Executiva IOC/Fiocruz CRMV-RJ nº 1044
O Conselho nacional de Controle de experimetação Animal (Concea) é órgão integrante do Ministério da Ciência e tecnologia, constituindo-se em instância colegiada multidisciplinar de caráter normativo, consultivo, deliberativo e recursal. Dentre as suas competências destacam-se a formulação de normas relativas à utilização humanitária de animais com finalidade de ensino e pesquisa científica, bem como estabelecer procedimentos para instalação e funcionamento de centros de criação, de biotérios e de laboratórios de experimentação animal. É responsável também pelo credenciamento das instituições que desenvolvam atividades nessa área, além de administrar o cadastro de protocolos experimentais ou pedagógicos aplicáveis aos procedimentos de ensino e projetos de pesquisa científica realizados ou em andamento no País. De julho de 2010 a setembro de 2012, o Concea, no uso de suas atribuições legais e regulamentares, criou oito resoluções normativas. A Resolução normativa nº 1 dispõe sobre a instalação e o funcionamento das Comissões de Ética no uso de Animais, em seu capítulo III, normatiza que é da competência dos pesquisadores, docentes e responsáveis técnicos as atividades experimentais, pedagógicas ou de criação de animais. em nenhum momento cita que o Médico Veterinário deverá estar presente como descrito na Resolução nº 683 do Conselho Federal de Medicina Veterinária Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
que “Institui a regulamentação para concessão da ‘Anotação de Responsabilidade técnica’ no âmbito de serviços inerentes à Profissão de Médico Veterinário, no uso da atribuição que lhe confere a alínea f do art. 16 da lei nº 5.517/1968, que dispõe sobre o exercício da profissão de Médico Veterinário. A Resolução normativa nº 2 altera dispositivos da Resolução normativa nº 1, que dispõe sobre a instaFotos: arquivo do autor
arquivo cFMv
O PAPEL DO MÉDICO VETERINÁRIO À LUZ DA LEGISLAÇÃO SOBRE O USO CIENTÍFICO DE ANIMAIS
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OPInIÃO
lação e o funcionamento das Comissões de Ética no uso de Animais – Ceuas. Cumpre destacar que na composição da Ceua a presença do Médico Veterinário é obrigatória. A Resolução normativa nº 3 institui o Credenciamento Institucional para Atividades com Animais em ensino ou Pesquisa – Ciaep; estabelece os critérios e procedimentos para requerimento, emissão, revisão, extensão, suspensão e cancelamento do credenciamento das instituições que criam, mantêm ou utilizam animais em ensino ou pesquisa científica; altera e revoga dispositivos da Rn nº 1. A Resolução normativa nº 4 dispõe sobre a utilização do formulário unificado para solicitação de autorização para uso de animais em ensino e/ou pesquisa pelas Comissões de Manuseio adequado de animais mantidos em ambientes climatizados Ética no uso de Animais – Ceuas A Resolução normativa nº 5 recomenda “Art. 9º Aos pesquisadores, docentes, coordenadoàs agências de amparo e fomento à pesquisa científica res e responsáveis técnicos por atividades experimenque a assinatura dos contratos de financiamento seja tais, pedagógicas ou de criação de animais compete: condicionada à aprovação vigente do projeto que envolva a utilização de animais junto à Comissão de Ética I – assegurar o cumprimento das normas de criação no uso de Animais – Ceua da instituição. e uso ético de animais; A Resolução normativa nº 6, no seu art. 1º altera o art. 9º da Resolução normativa nº 1 e passa a vigorar II – submeter à Ceua proposta de atividade, especificom a seguinte redação: cando os protocolos a serem adotados; “Capitulo III dos pesquisadores, docentes, coordenadores e responsáveis técnicos Art. 1º Fica instituída a figura do Coordenador de Biotérios e do Responsável técnico pelos Biotérios, na forma abaixo: I – o Coordenador de Biotério deverá ser profissional com conhecimento na ciência de animais de laboratório apto a gerir a unidade visando ao bem-estar, à qualidade na produção, bem como ao adequado manejo dos animais dos biotérios; II – o Responsável técnico pelos Biotérios deverá ter o título de Médico Veterinário com registro ativo no Conselho Regional de Medicina Veterinária da unidade Federativa em que o estabelecimento esteja localizado e assistir aos animais em ações voltadas para o bem-estar e cuidados veterinários. Art. 2º Fica acrescido, na Resolução normativa nº 1, o art. 9º:
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III – apresentar à Ceua, antes do início de qualquer atividade, as informações e a respectiva documentação, na forma e conteúdo definidos nas Resoluções normativas do Concea; IV – assegurar que as atividades serão iniciadas somente após decisão técnica favorável da Ceua e, quando for o caso, da autorização do Concea; V – solicitar a autorização prévia à Ceua para efetuar qualquer mudança nos protocolos anteriormente aprovados; VI – assegurar que as equipes técnicas e de apoio envolvidas nas atividades com animais recebam treinamento apropriado e estejam cientes da responsabilidade no trato dos mesmos; VII – notificar à CeuA as mudanças na equipe técnica; VIII – comunicar à CeuA, imediatamente, todos os acidentes com animais, relatando as ações saneadoras porventura adotadas; Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
IX – estabelecer junto à instituição responsável mecanismos para a disponibilidade e a manutenção dos equipamentos e da infraestrutura de criação e utilização de animais para ensino e pesquisa científica; X – fornecer à Ceua informações adicionais, quando solicitadas, e atender a eventuais auditorias realizadas.” A Resolução Normativa nº 7 dispõe sobre as informações relativas aos projetos submetidos às Comissões de Ética no Uso de Animais – Ceuas a serem remetidas por intermédio do Cadastro das Instituições de Uso Científico de Animais – Ciuca A Resolução Normativa nº 8 dispõe sobre a prorrogação do prazo para envio do Relatório Anual das Atividades pelas Comissões de Ética no Uso de Animais – Ceuas Pode-se observar que foram feitas várias correções e modificações nas resoluções normativas do Concea, mas a que mais chama a atenção é RN-6 no seu Art. 1º I – a criação da figura do coordenador e II- o Responsável Técnico pelos Biotérios deverá ter o título de Médico Veterinário, pois o Concea não poderia excluir o médico veterinário de sua responsabilidade técnica, por razões óbvias. A prática da clínica em todas as suas modalidades (clínica médica, cirurgia, eutanásia), a assistência técnica e sanitária aos animais sob qualquer forma, a peritagem sobre animais, identificação, defeitos, vícios, doenças,
Ratos mantidos em condições de higiene adequadas Revista CFMV - Brasília/DF - Ano XVIII - nº 57 - 2012
acidentes, são de competência privativa do Médico Veterinário, estando descritas no escopo da Lei nº 5.517/1968. Além dos cuidados com os animais de laboratório para a criação ou experimentação é necessário que se tenha instalações adequadas, uma vez que suas necessidades básicas deverão ser atendidas. Arquitetura e manutenção adequada influenciam diretamente no manejo dos animais. As áreas destinadas aos animais devem ser isoladas fisicamente. Além disso, devem possuir estrutura que as torne à prova de agentes infecciosos e vetores, como insetos e roedores silvestres. As instalações compreendem as salas para animais e as áreas de apoio, como as áreas de higienização e esterilização, salas de estoque de materiais limpos e insumos, corredores de acesso. Assim, tais instalações devem possuir temperatura, umidade, ventilação e pressão de acordo com as exigências de cada espécie a ser criada ou mantida, e de acordo com a finalidade do biotério. É necessária a implantação de barreiras sanitárias, um sistema que combina aspectos construtivos, equipamentos e métodos operacionais que buscam o controle das condições ambientais das áreas fechadas e a minimização das probabilidades de contaminação. Boas práticas de criação e experimentação animal é o sistema da qualidade que diz respeito à organização e às condições sob as quais estudos em animais são planejados, realizados, monitorados, registrados, relatados e arquivados. Constitui um conjunto de princípios que asseguram a confiabilidade dos laudos emitidos por um biotério e é aplicado em estudos que dizem respeito ao uso seguro de produtos relacionados à saúde humana, vegetal, animal e ao meio ambiente. Um sistema de boas práticas, como todo sistema da qualidade, é dinâmico com contínuas implementações, dependendo da evolução do estado da arte. Na utilização de animais vertebrados, não humanos, para uso experimental, a instituição deverá fornecer equipamentos e instalações adequadas, equipe para cuidar dos animais e estabelecer práticas que assegurem níveis apropriados para a qualidade, segurança e cuidados com o meio ambiente. Dentro de um formato acadêmico tem que se formar, capacitar e qualificar Médicos Veterinários no contexto de criação e experimentação animal, para explicitar o conhecimento, por profissionais que desenvolvem ações educacionais, promovendo, assim, uma relação constante entre o saber específico e o conhecimento científico. É papel do Médico Veterinário assumir a responsabilidade de proteger os animais, principalmente, no âmbito técnico, de forma consciente e comprometida. Temos que ser críticos sobre determinadas atitudes excludentes vividas no contexto.
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XIV Simpósio Brasil Sul de Avicultura
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VI Congresso Latino Americano e XII Congresso Brasileiro de Higienistas de Alimentos Data: 23 a 26 de abril de 2013 Local: Hotel serrano Resort – gramado (Rs) Informações: www.higienista.com.br
III Simpósio Internacional sobre Gerenciamento de Resíduos Agropecuários e Agroindustriais Data: 12 a 14 de março de 2013 Local: são Pedro (sP) Informações: www.sbera.org.br/sigera2013
XI Congresso Associação Paulista de Avicultura de Produção e Comercialização de Ovos Data: 19 a 21 de março de 2013 Local: Centro de Convenções de Ribeirão Preto (sP) Informações: www.apa.com.br
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