Divulga Ciência - Fevereiro/2013

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Jornal do Inpa Manaus, Fevereiro 2013 - Ano V - Ed.29- ISSN 2175-0866

www.inpa.gov.br

Pesquisa do Inpa transforma madeiras de árvores caídas naturalmente em produto de alto valor no mercado O processo de desenvolvimento da “mesa barril” está entre os sete processos de patentes depositados pelo Inpa em 2012. A pesquisa incentiva o uso racional da madeira na Amazônia Pág. 06

Foto: Acervo pesquisador

Foto: Tabajara Moreno

Eduardo Gomes

Foto: Eduardo Gomes

Inpa discute projeto que avaliará quantidade de mercúrio em rios da Amazônia

Inpa inicia acordo de intercâmbio com polo tecnológico da Itália

Prefeito de Manaus visita Inpa para conhecer pesquisas com produtos de madeira

O projeto utilizará uma nova tecnologia para medir a quantidade de mercúrio nos peixes e no leite materno

“A comitiva pode conhecer a estrutura da incubadora do inpa e as empresas incubadas” explica a coordenadora Rosângela Bentes

“Vejo o Inpa como a chave para abrir várias possibilidades para o Estado do Amazonas”, declarou o prefeito de Manaus (AM), Arthur Neto

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Boa Leitura Boa Leitura Cubiu: aspectos Desvendando agronômicos e as fronteiras do nutricionais conhecimento reúne na região informações amazônica do nutricionais do alto rio negro fruto Pág. Pág.02 02

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Em parceria com o Inpa, Ampa realiza soltura de peixesbois em Manacapuru Pág. 02

Peixe-boi resgatado e trazido ao Inpa apresenta danos por maus tratos Pág. 02

Inpa recebe proposta de cooperação para projeto sustentável Pág. 02 GEEA, do Inpa, debate ecopolítica e modelos de gestão pública Pág. 04


Página 02 - Fevereiro 2013 Fale com a redação

Expediente Assessor de Comunicação: Daniel Jordano (SRTE - 518/AM) - Editora Chefe: Fernanda Farias - Repórteres: Josiane Santos e Raiza Lucena Editoração Eletrônica: Denys Serrão - Revisão: Fernanda Farias - Fotos: Eduardo Gomes, Evelyn Santos, Tabajara Moreno e Acervo Pesquisadores Tiragem: 1000 - Edição 29 - fevereiro - ISSN 2175-0866. Produção: Assessoria de Comunicação do Inpa/MCTI.

+55 92 3643-3100 / 3104 digital.inpa@gmail.com ascom_inpa Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA/MCTI

Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação

Tome Ciência Foto: Evelyn Santos

Foto: Eduardo Gomes

Foto: Eduardo Gomes

Em parceria com o Inpa, Ampa realiza soltura de peixes-bois

Inpa recebe proposta de cooperação para projeto sustentável em Maraã

Peixe-boi resgatado e trazido ao Inpa apresenta danos por maus tratos

Em parceria com o Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT), a Associação Amigos do Peixe-Boi (Ampa) realizou, no dia 7, a soltura de mais dois peixes-bois da Amazônia em área de semi-cativeiro localizada no município de Manacapuru (AM). Dentre os peixes-bois levados para área de semi-cativeiro está Tupi, macho de 35 anos e 2,5 metros, um dos primeiros animais resgatados pelo Projeto Peixe-boi, em 1978, no rio Ariaú em Iranduba (AM). De acordo com o veterinário do Inpa, Anselmo D'Affonseca, o outro animal levado, foi uma fêmea que foi trazida para cuidados médicos há duas semanas e respondeu bem ao tratamento. Ela retornou ao mesmo semi-cativeiro em Manacapuru.

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) recebeu no dia 21, uma proposta de cooperação técnico-científica para a ampliação de um projeto que usa madeira certificada para a produção de violões no município de Maraã (AM). O projeto, apresentado por uma comitiva de secretários do município aos pesquisadores do Instituto, consiste no uso racional da madeira como forma de geração de renda, além promover a formação de jovens na confecção de instrumentos musicais (Luthieria). De acordo com o diretor substituto do Inpa, Estevão Monteiro, “A iniciativa do município em apresentar a proposta se dá pelas pesquisas na mesma área que o Instituto já desenvolve. A procura é o fruto da pesquisa científica aplicada, o que é extremamente gratificante”.

No dia 5, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) recebeu um filhote de peixe-boi encontrado em Coari, município do Amazonas. O filhote foi trazido à Manaus pela Secretaria de Meio Ambiente de Coari, em um táxi aéreo . De acordo com o veterinário do Inpa, Anselmo D'Affonseca, o filhote chegou muito debilitado, pois estava recebendo maus tratos de um habitante do município.“Ele veio com um ferimento grave na nadadeira. Suspeito de uma fratura que já está em processo de consolidação, mas houve comprometimento da articulação, então o animal vai ficar com a nadadeira paralisada”, explica D'Affonseca. Exceto pela nadadeira, que poderá ficar debilitada, o peixe-boi deverá recuperar a saúde.

Desvendando as fronteiras do conhecimento na região amazônica do alto rio negro

Já pensou que legal descobrir uma Amazônia nunca vista por ninguém? Pois no livro “Desvendando as fronteiras do conhecimento na região amazônica do alto Rio Negro”, você poderá fazer isso no conforto da sua casa. A obra ilustrada com fotos e gráficos, foi feita para aqueles que têm interesse sobre fauna, flora e fenômenos que acontecem na nossa Amazônia, em especial à região do Alto Rio Negro. Serve, inclusive, aos agentes públicos que precisam tomar decisões fundamentadas em informações científicas. Dentre as descobertas realizadas por uma grande equipe de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, a obra traz o registro de águas vermelhas, além do emprego de técnicas de biologia molecular para identificar novas espécies de peixes elétricos. Dentre os capítulos, ainda é possível encontrar pesquisas diversificadas, como: estudos com cubiu, incluindo receitas diversas para consumo; estratégias para a conservação das tartarugas; pesquisas pioneiras sobre a diversidade de insetos aquáticos naquela região; registro de espécies de abelhas que polinizam orquídeas; entre outras.


Pesquisa

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Inpa discute projeto que avaliará quantidade de mercúrio em rios da Amazônia O projeto utilizará uma nova tecnologia para medir a quantidade de mercúrio nos peixes e no leite materno, como forma de avaliar o potencial de toxicidade Foto: Tabajara Moreno

|Raiza Lucena Da equipe do Divulga Ciência

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nologia como na troca de informações entre as instituições”, disse. A pesquisa Os estudos baseiam-se na criação de mecanismos de vigilância toxicológicos associados ao mercúrio para

A ideia é encontrar biomarcadores que possam refletir alterações no ambiente em curto espaço de tempo

uma tecnologia chamada de Metalômica, que é onde você separa as suas proteínas e busca depois possíveis metaloproteínas (proteínas que contém um ou mais íons metálicos em sua estrutura). É uma interface entra biologia e a química analítica. Com isso iremos trabalhar com amostras de peixe e leite materno”. A escolha do peixe, segundo o pesquisador, está diretamente relacionada à cadeia alimentar. Antes do peixe ser consumido, ele já acumulou um alto teor de mercúrio em sua estrutura, podendo assim apresentar uma ameaça para a população que o consome.“A outra fonte, direcionado para o leite materno, é devido à necessidade de aprofundarmos esse conhecimento do mecanismo de transferência desse metal, que é neurotóxico, via o leite”, explicou. Após o consumo do peixe pelo homem, o mercúrio presente na espécie pode atacar o sistema nervoso central. Os sintomas podem ser reconhecidos com tremores, perda de visão periférica, de paladar e em alguns casos, levar a morte. “Por isso é importante entender a dinâmica do mercúrio associada à expansão do setor hidrelétrico”.

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O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) discute cooperação para participar de um projeto sobre o desenvolvimento de biomarcadores de toxidade do mercúrio em cinco rios da bacia Amazônica. Os detalhes da cooperação foram debatidos em reunião que aconteceu no dia 20. O projeto, que conta com a participação das Universidades de Brasília (UnB), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual Paulista (Unesp) e a Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC/Goiás), foi financiado pela Energia Sustentável do Brasil por meio do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Agência Nacional de Energia Elétrica (P&D/ANEEL). De acordo com Ézio Sargentini, pesquisador representante do Inpa na cooperação, a área de atuação será nas bacias dos rios Negro e Madeira, Tocantins, Branco e Tapajós. Segundo o pesquisador, a cooperação científica já foi firmada. “Chegamos a um acordo, faltam apenas questões jurídicas. Nessa parceria vamos atuar de várias formas, tanto no conhecimento e tec-

garantir a saúde da população ribeirinha. “A ideia é encontrar biomarcadores que possam refletir alterações no ambiente em curto espaço de tempo e a partir daí criar índices de vigilância que poderão ser adotados em novos empreendimentos hidrelétricos no setor na região amazônica”, explica o pesquisador da UnB, Luiz Fabrício Zara. Ainda de acordo com Zara, a pesquisa utilizará um novo biomarcador para medir os níveis de mercúrio em diferentes amostras: “Para o desenvolvimento desse novo biomarcador iremos utilizar


Divulga Ciência

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GEEA, do Inpa, debate ecopolítica e modelos de gestão pública para a região amazônica O grupo debate temas relevantes e vinculados à realidade amazônica Foto: Eduardo Gomes

|Josiane Santos Da equipe do Divulga Ciência

Na primeira reunião de 2013 do Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (GEEA) no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), foi debatida a busca por formas de associar pesquisas ao desenvolvimento econômico da região amazônica fundamentado em um modelo de gestão pública com uma visão ecopolítica baseada na palestra do presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional Sustentável (CAAMA) da Assembleia Legislativa do Estado (ALE) , deputado estadual Luiz Castro (PPS). Com o tema “Ecopolítica na Amazônia”, Luiz Castro abordou proposições necessárias para o desenvolvimento na região amazônica como: biotecnologia, infraestrutura e logística, marco legal, gestão pública estadual e federal, plano de desenvolvimento integrado, ambiente econômico e político (representação), conhecimento científico e tecnológico. Segundo observação do deputado, para criar um modelo de gestão pública com visão de ecopolítica no Amazonas e na Amazônia brasileira é necessário atentar alguns pontos como enfocar na ciência e tecnologia integradas

com quem vive no interior. “O conhecimento produzido na academia é pouco influenciado pelas demandas reais da sociedade. A nossa demanda de pesquisa vem sendo basicamente espontânea e induzida pelos pesquisadores e não pela sociedade. Depois o pesquisador busca a sociedade para apresentar o resultado da pesquisa”, ressaltou. Entre outros pontos citados estão: produção e fusão tecnológica (priorizar o potencial de produtividade primária da região); novo modelo de educação, que se adéque as necessidades regionais; política de economia verde; apoio infraestrutural logístico diferente do atual; fomento ao desenvolvimento econômico e social endógeno e sustentado; e outras políticas públicas complementares como saneamento, seguridade social etc. “Nós observamos que no Inpa há interesse crescente entre os pesquisadores. Eles estão mais acessíveis a população, muito mais interessados e comprometidos com os destinos dos estudos do que há 30 ou 40 anos. Mas nós ainda percebemos uma dicotomia muito grande entre essa boa vontade e o comprometimento e a realidade local e efetiva da região”, destacou.

Após reabilitação, Ampa e Inpa devolvem fêmea de peixe-boi ao semi-cativeiro A fêmea foi levada ao Inpa para reabilitação devido um abscesso na região lombar | Fernanda Farias Da equipe do Divulga Ciência

Belarmina, a fêmea de peixe-boi de aproximadamente 3 anos, foi devolvida no dia 7 ao semi-cativeiro, da Fazenda Seringal 25 de dezembro, localizada no município de Manacapuru, interior do Amazonas, após sua recuperação bem sucedida, realizada pela equipe da Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa) em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI). Após a biometria realizada no dia 5 deste mês, no tanque do Parque Aquático Robin C. Best, pelo veterinário do Instituto Anselmo d´Affonseca, foi possível verificar o estado de saúde de Belarmina. “Depois da última biometria vimos que a fêmea apresentou uma melhora significativa, e está apta a voltar ao semi-cativeiro”, explicou o pesquisador. Outro peixe-boi que foi levado para viver no semi-cativeiro foi o Tupi, um macho de 35 anos e de 2,5m. O animal vive no Inpa desde que foi resgatado, recém nascido, do rio Ariaú em Iranbuba, interior do Amazonas. “O Tupi foi um dos primeiros animais que chegaram no Inpa, ele tinha poucos dias de vida quando foi resgatado pelo projeto e agora vai ficar aqui no semi-cativeiro junto com mais 10 peixes-bois”, disse d´Affonseca. Reabilitação e Reintrodução Devido ao sucesso do programa de reabilitação de peixes-bois resgatados, realizado pela Ampa e pelo Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA) do Inpa, gerou um excedente de animais com potencial para retornarem a natureza. “O programa de reabilitação recupera esses animais, permitindo uma oportunidade de voltar a viver livremente no seu habitat natural, por meio do programa de reintrodução criado em 2008, que é justamente para os animais que já estão sadios e melhor adaptados”, explicou o veterinário.


Tecnologia e Inovação

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Inpa inicia acordo de intercâmbio com polo tecnológico da Itália “Essa etapa é muito importante, pois a comitiva do polo pode conhece a estrutura da incubadora do inpa e as empresas incubadas” explica a coordenadora de Extensão Tecnologica e Inovação, Rosângela Bentes Foto: Eduardo Gomes

| Fernanda Farias Da equipe do Divulga Ciência

chio permitirá uma imensa troca de experiências, pois as empresas incubadas do Instituto poderão ir pra Navacchio e aprender muito com eles, da mesma forma que as empresas de lá poderão vir aprender aqui conosco. Isso abrirá várias oportunidades de mercado para ambos”, comentou. Em discussão com os represen-

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Esse acordo do Inpa com o polo de Navacchio permitirá uma imensa troca de experiências

tantes das empresas incubadas do Inpa, a diretora da incubadora do polo de Navacchio, ressaltou que os institutos de pesquisas precisam ter uma mudança de comportamento para se adequar as demandas do comércio. “É necessário que haja uma mudança de cultura entre os pesquisadores, para que eles entendam que é preciso realizar pesquisas mais voltadas para mer-

cado, tem que ficar atentos às necessidades da população no momento”, explanou Epifori. Projeto O Projeto, iniciado em 2010, entre Suframa e Sebrae, foi desenvolvido para fortalecer e desenvolver o setor econômico e produtivo dessas empresas de Manaus, em particular das que tem forte componente tecnológico e de inovação. Em 2009 o pólo industrial de Navacchio veio a Manaus para conhecer a estrutura das instituições e das incubadoras. “Tiveram várias fases nesse processo, um deles foi a participação dos gestores das incubadoras no curso de capacitação, com visitas técnicas, no polo industrial de Navacchio, na Itália. Uma turma foi em 2010 e outra turma em dezembro de 2012. E essa etapa é muito importante, pois a comitiva do polo pode conhece a estrutura da incubadora do inpa e as empresas incubadas”, explanou Bentes.

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O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e a comitiva italiana do polo tecnológico de Navacchio iniciaram no dia 21, o processo de cooperação entre o polo e o Instituto. Os detalhes foram discutidos em uma reunião na sede do Inpa em Manaus e tem o intuito promover um intercâmbio entre as empresas incubadas do Inpa com as empresas de Navacchio. Participaram da reunião o diretor substituto do Inpa, Estevão Monteiro de Paula, a coordenadora de Extensão Tecnológica e Inovação do Inpa (CETI), Rosângela Bentes, os representantes da comitiva italiana, o diretor do polo, Alessandro Giari; diretora da incubadora, Elisabetta Epifori; o responsável pelo intercâmbio e desenvolvimento de Tecnologia e Negócios, Paolo Aderigi. De acordo com Estevão, é o primeiro contato com um país estrangeiro na área de inovação, por isso a troca de experiência será importante. “Esse acordo do Inpa com o polo de Navac-


Meio Ambiente

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Pesquisa do Inpa transforma madeiras de árvores caídas naturalmente em produto de alto valor no mercado O processo de desenvolvimento da “mesa barril” está entre os sete processos de patentes depositados pelo Inpa em 2012. A pesquisa incentiva o uso racional da madeira na Amazônia Foto: Acervo pesquisador

| Josiane Santos Da equipe do Divulga Ciência

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tecnologia da madeira, valorizando ao máximo os recursos provenientes da floresta, principalmente por trata-se de madeiras amazônicas. O protótipo foi desenvolvido por meio de painéis que podem agregar em sua composição diversas espécies de madeiras. Importante ressaltar que a

O intuito de se trabalhar com o painel é justamente a possibilidade de agregação de valor e maximização dos recursos

uso dos painéis no desenvolvimento da mesa servirá como alternativa para melhor utilização e valorização dos resíduos florestais, uma vez que as toras serão desdobradas em função do maior rendimento do material lenhoso, permitindo o desenvolvimento de painéis tanto em madeira maciça de única espécie, quanto em madeiras de espécies e dimensões diferentes. “O intuito de se trabalhar com o painel é justamente a possibilidade de agregação de valor e maximização dos recursos. Porque hoje encontramos muitos móveis formatados com painéis que não são de madeira maciça, geralmente são aglomerados – o MDF ou MDP”, explica Mirella Silva.

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O uso de madeiras provenientes de árvores caídas naturalmente seja por degradação ou fatores naturais, ainda é pouco comum no estado do Amazonas. Tendo em vista sua não utilização, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Madeiras da Amazônia - coordenado pelos pesquisadores, Niro Higuchi e Estevão Cavalcante Monteiro de Paula - por meio de estudos de madeiras caídas, promoveram o desenvolvimento de um protótipo de uma mesa visando a futura utilização da matériaprima em questão, nomeada de “mesa barril”, de fácil montagem e transporte. O protótipo é resultado da dissertação de mestrado da designer de produtos Mirella Sousa e Silva, orientada por Claudete Catanhede, pesquisadora do Inpa, cuja proposta do estudo é desenvolver produtos feitos a partir de madeira caída, agregando valor comercial e aliando o design com a

matéria-prima vem sendo estudada ao longo de sua pesquisa, a fim de validar a viabilidade tecnológica desta madeira, possibilitado sua aplicação em produtos de alto valor agregado. A “mesa barril” é composta por peças modulares,e de fácil montagem e transporte, e será confeccionada a partir de painéis construídos por meio de técnicas de colagem. Segundo Mirella, o

Matéria-prima Na etapa de seleção da matériaprima, Mirella afirma que a escolha das peças para a formação dos painéis, não será realizada em função da espécie, mas pela qualidade e dimensão das peças que serão classificadas e agrupadas após a secagem, agregando ao produto a tecnologia de formação de painéis.


Educação e Sociedade

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Prefeito de Manaus visita Inpa para conhecer pesquisas com produtos de madeira “Vejo o Inpa como a chave para abrir várias possibilidades para o Estado do Amazonas”, declarou o prefeito de Manaus (AM), Arthur Neto Foto: Eduardo Gomes

| Fernanda Farias Da equipe do Divulga Ciência

de Manaus, parcerias vantajosas para todos nós, principalmente para nossa população”, declarou. Durante a visita o diretor substituto do Inpa, Estevão Monteiro, apresentou um projeto com base científica para as demandas da cidade. “Vamos também apresentar à prefeitura um leque de possibilidades para novas parcerias, como o programa de bolsas de recursos humanos em ciência, tec-

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possibilidade que surgiu na reunião, que estaremos mediando entre a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) e o laboratório de malária e dengue aqui do Inpa, é a questão de prevenção de malária e dengue, sobretudo nas obras e preparando, também, a cidade para a copa do mundo”.

Mesa Barril Composta por peças modulares, parafusadas, de fácil montagem e Pretendemos dar visibilidade transporte, será confeccionada a essas pesquisas para a partir de painéis construídos por técnicas de colagem. Seguno setor produtivo, para que do Mirella, o uso dos painéis no possam conhecer o que desenvolvimento da mesa servio Inpa está desenvolvendo rá como alternativa para utilização e valorização dos resíduos florestais, uma vez que as toras nologia e sustentabilidade urbana”, serão desdobradas em função destaca. do maior rendimento do material Na reunião foi apresentada, tamlenhoso, permitindo o desenvolvimenbém, uma proposta de parceria ao que to de painéis em madeira maciça de concerne a prevenção de malária e única espécie, e em madeiras de espédengue, prestado pelo pesquisador cies e dimensões diferentes.“O intuito Wanderli Tadei. de se trabalhar com o painel é justaA secretária Municipal de Meio Ambimente a possibilidade de agregação de ente e Sustentabilidade (Semmas), valor e maximização dos recursos. Kátia Schweickardt, informou: “Outra

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Pesquisadores e representantes da diretoria do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) receberam no dia 27 a visita do prefeito de Manaus (AM), Arthur Virgílio Neto (PSDB), no intuito de conhecer o trabalho realizado com o uso de madeiras caídas, como a “mesa barril”, produto desenvolvido a partir de madeiras caídas na floresta e que está entre os sete processos de patentes depositados pelo Inpa em 2012. Realizado pelo Inpa e pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Madeiras da Amazônia, coordenado pelos pesquisadores Niro Higuchi e Estevão Monteiro de Paula, o projeto promoveu o desenvolvimento do protótipo de uma mesa, que utiliza resíduos de madeiras provenientes de árvores caídas naturalmente, seja por degradação ou fatores naturais, como matéria-prima, o que ainda é pouco comum no Amazonas. Arthur Neto, falou da importância que é divulgar o conhecimento adquirido nos laboratórios para a população manauara. “Vim dispor, como prefeito


Pesquisa

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Pesquisa do Inpa analisa comportamento do pássaro dançadorestrela com o ambiente Estudos sobre o pássaro, que vive na região de Manaus, descartam o favorecimento sensorial na fidelidade da ocupação de territórios Foto: Acervo pesquisador

| Raiza Lucena Da equipe do Divulga Ciência

qual prevê que os machos selecionam locais em resposta à comunicação eficiente, aos locais onde há contraste de cores, e possam se apresentar para as fêmeas. “Há indícios de que a hipótese de favorecimento sensorial pode ser válida para o Dançador-estrela, por

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A pesquisa Visto que os machos piprídeos são muito fiéis aos leks, o estudo focou na hipótese do favorecimento sensorial da

rios da espécie, na Reserva Florestal Adolpho Ducke e nas áreas do Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF). Para o desenvolvimento do estudo, foi necessário o uso do espectrofotômetro (equipamento que mede cores).“Estimei dois índices de contraste distintos, o primeiro entre plumagem e luz e o segundo entre plumagem e folhas. Como resultados notamos que os indivíduos não selecionam locais em resposta ao contraste de luz”, afirma o estudante.

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Destacados por suas danças elaboradas, os pássaros da família Pipridae, especificamente o Dançadorestrela (Lepidothrix serena), comuns na região de Manaus , foram o objeto de estudo de Wanner Medeiros, sob a orientação de Marina Anciães, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia (PPG Eco) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), que estudou o comportamento da espécie com o ambiente sob o tema “Efeito do contraste da plumagem com ambiente de fundo: caso do Dançador-estrela na Amazônia Central”. Medindo de sete a oito centímetros, também se caracterizam pela sua forte ocupação de territórios, chamados de “leks”. São frequentes na região de Manaus até o escudo das Guianas e limitados a sul pelo rio Amazonas.

Como resultados notamos que os indivíduos não selecionam locais em resposta ao contraste de luz

isso testamos na Amazônia Central, aplicando novas técnicas de estimativas de cores”, explica. A base da hipótese é de que o contraste entre machos e o ambiente varia entre locais e momentos, e que os machos selecionam seu ambiente de corte e seus momentos de apresentação em resposta ao contraste.

Técnicas de pesquisa Medeiros se limitou a estudar 20 territó-

Resultados divergentes Medeiros afirma que não há indicativas de favorecimento sensorial para a espécie com exceção no que tange a seleção de estação reprodutiva. "O ambiente é menos importante que a própria plumagem para os valores do contraste, indicando que o comportamento e a plumagem da espécie evoluíram por outras pressões", conclui.


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