Divulga Ciência - Fevereiro-Março/2011

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Jornal do Inpa Distribuição Gratuita

Manaus, Fevereiro/Março 2011 - Ano III - Ed.12 - ISSN 2175-0866

www.inpa.gov.br

Pesquisa científica para o combate à dengue Estudos realizados pelo Inpa ajudam no combate ao Aedes Aegypti. Um deles é a aplicação de uma substância para afastar os mosquitos de uma área vulnerável na época de chuva: a construção civil Pág. 07

Foto:Eduardo Gomes

Foto: Edinaldo Lopes

Foto: Ariel Dotto Blind

Pesquisa avalia a cadeia da borracha em Lábrea (AM)

Estudo valoriza produção de brócolis em Presidente Figueiredo

Município não possui indústria para extração de borracha, somente trabalham com produção extrativista

Pesquisa revelou crescente viabilidade socioeconômica e ambiental do cultivo de brócolis para o Amazonas Pág. 08

Pág. 03

Boa leitura

Pesquisas sobre o pau-rosa compõem cartilha Pág. 02

Foto: Eduardo Gomes

Combatendo o câncer com cogumelos Estudo revela que além de possuir um campo promissor, cogumelos podem auxiliar na cura da doença Pág. 05

Morre menor filhote de peixe-boi já resgatado pelo Inpa

A sustentabilidade de Belo Monte Pág. 02

Pág. 02

Jornalismo e Ciência buscam sincronia Pág. 02

A ciência a serviço da esperança Pág. 04


Página 02 - Fevereiro/Março 2011 Expediente Chefe da Divisão de Comunicação Social: Tatiana Lima (MTB 4214/MG) Editor Chefe: Eduardo Gomes - Repórteres: Aline Cardoso, Clarissa Bacellar, Daniel Jordano, Josiane Santos e Wallace Abreu Editoração Eletrônica: Flávio Ribeiro - Revisão: Josiane Santos - Secretário de Redação: Everton Martins. Fotos: Anselmo D`Affônseca, Daniel Jordano, Eduardo Gomes e Flavio Ribeiro Tiragem: 1000 - Edição 12 - Fevereiro/Março 2011 - ISSN 2175-0866. Produção: Divisão de Comunicação Social do Inpa/MCT.

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+55 92 3643-3100 / 3104 ascom@inpa.gov.br www.twitter.com/ascom_inpa www.facebook.com/inpamct Ministério da Ciência e Tecnologia

Tome Ciência Séfora Antela

Foto: Tabajara Moreno

Ilustração

Morre menor filhote de peixeboi já resgatado pelo Inpa

A sustentabilidade de Belo Monte

Jornalismo e Ciência buscam sincronia

O menor filhote do Projeto Peixe-boi da Amazônia já resgatado pela Associação Amigos do Peixe Boi, (Ampa), não resistiu a uma forte pneumonia, detectada por um exame de raio-x, realizado no dia 4 de março. Após o exame, o animal teve uma parada cardíaca. O médico veterinário do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT), Anselmo d’Affonsesa, tentou reanimá-lo, mas o animal não resistiu. O filhote fêmea de peixe-boi foi resgatado no dia 1, na Comunidade da Eva no município de Silves, interior do Amazonas. Em 2010, por meio de incentivos do Programa Petrobras Ambiental, a Ampa e o LMA/Inpa resgataram 13 animais, número recorde na história do Projeto Peixe-boi.

A construção da hidrelétrica de Belo Monte (PA) foi tema de palestra realizada no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) no dia 25 de fevereiro. O evento aconteceu em Manaus no auditório do Programa de Pós-graduação em Biologia de Água Doce e Pesca Interior (BADPI), campus ll do Inpa, na Avenida André Araújo, bairro Aleixo. O palestra foi proferida pelo pesquisador do Instituto Philip Fearnside. Para ele, há várias questões que precisam ser consideradas. “Existe a informação que Belo Monte será construída pela necessidade da geração de energia, mas não é. A construção tem haver com a indústria do alumínio onde a energia elétrica é o seu principal insumo”, disse.

O primeiro Encontro ConsCIÊNCIA, promovido pela Divisão de Comunicação Social (DCSO) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT), aconteceu no dia 29 de março, no espaço Thiago de Mello da Livraria Saraiva Megastore, no Manauara Shopping Os convidados foram o diretor do Inpa, Adalberto Val, e os pesquisadores Wanderli Tadei e Joselita Santos, que realizam pesquisas sobre dengue no Instituto, tema do evento. Além dos jornalistas Vandré Fonseca, da TV Amazonas, e Josiane Santos, do Inpa. A finalidade do encontro, é reunir jornalistas, estudantes de jornalismo e pesquisadores para debate sobrer o jornalismo científico na região.

Boa leitura | Pau -Rosa A cartilha tem como público alvo as comunidades que têm interesse em fazer do paurosa uma alternativa na geração de renda. O pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke) é uma das espécies de árvores da Amazônia mais visadas em caráter internacional pela sua utilização na indústria de cosméticos, principalmente na perfumaria fina. Por isso, possui uma grande demanda por parte das comunidades rurais, para usar o óleo extraído de seus galhos e folhas e produzir sabonetes, óleos perfumados, através de cooperativas. A publicação é da Editora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) com lançamento em breve. A cartilha foi composta por quatro autores: Keuris Kelly Souza da Silva, mestranda em Ciências de Florestas Tropicais (CFT/Inpa), Elisabete Brocki, pró-reitora de graduação da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e Gil Vieira, pesquisador da Coordenação de Pesquisa em Silvicultura Tropical (CPST/Inpa). O pesquisador responsável e também autor da cartilha é Paulo de Tarso Barbosa Sampaio também do CPST/Inpa.


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Saúde - Divulga Ciência

Combatendo o câncer com cogumelos Pesquisa revela que os cogumelos podem auxiliar na cura da doença Aline Cardoso Foto: Eduardo Gomes

Da Equipe do Divulga Ciência

Clarissa Bacellar Da Equipe do Divulga Ciência

O segundo dia do workshop “Bioconversão de resíduos lignocelulolíticos da Amazônia para o cultivo de cogumelos comestíveis” realizado no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) trouxe palestra sobre as propriedades medicinais dos cogumelos. A convidada Sascha Habu, do laboratório de Bioprocessos da Universidade Federal Tecnológica do Paraná (UTPR). Ela expôs resultados de seu trabalho, desenvolvido ao longo de quatro anos, sobre as funcionalidades terapêuticas dos cogumelos com a palestra “Atividade antioxidante e antitumoral de macromicetos”. Os experimentos foram feitos utilizando quatro espécies de cogumelos: cogumelo-do-sol (Agaricus brasiliensis), cogumelo da lagarta (Cordyceps sinensis), cogumelo vermelho (Ganoderma lucidum) e maitake (Grifola frondosa). De acordo com Habu, é importante desenvolver estudos nessa área, pois “incentivará futuras pesquisas de alunos e até mesmo de outros profissionais na busca pela descoberta de novas substâncias naturais”, disse. O estudo no ramo da saúde tem grandes possibilidades de avanços visto que a medicina atualmente não tem a preocupação apenas com o tratamento, mas com a prevenção de doenças e o câncer é uma das patologias que vem crescendo mundialmente a cada ano. “Esse campo é muito promissor com os estudos dos cogumelos, ainda há bastante a ser feito. Se a eficácia dos biocompostos, alcançados com a pesquisa, for comprovada, existirá a real possibilidade de surgir medicamentos de fácil acesso à sociedade,

O evento reuniu pesquisadores, estudantes e interessados no cultivo de cogumes comestíveis

que é o nosso objetivo”, conclui. Foram realizadas ainda palestras sobre “Cogumelos funcionais e sua importância na saúde humana”, pela palestrante Arailde Fontes Urben da Embrapa/Cenargem (DF) e sobre o “Índice de qualidade para o cultivo de cogumelos”, por Diego Cunha Zied, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), seguida por uma discussão sobre os temas.

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sobre o tema. “Inicialmente ele foi concebido como se fossem anais do workshop, mas ele é mais do que isso. O livro tem todas as 14 apresentações do evento, e conta também com resumos de todos os trabalhos resultantes do projeto CT-Amazônia, resumos de teses, dissertações, monografias, trabalhos científicos e técnicas de cultivo, que estão anexo. Essa obra é um resumo de toda a produção científica realizada pelo projeto”, comenta o pesquisador da Coordenação de Pesquisas em Produtos Florestais (CPPF), Basílio Vianez. A edição do livro foi financiada pelo projeto e pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Madeiras da Amazônia, coordenado pelo pesquisador do Inpa, Niro Higuchi, e foi disponibilizado, primeiramente, aos participantes e palestrantes do workshop. Os trabalhos foram organizados pelas pesquisadoras do Inpa e coordenadoras do evento, Maria de Jesus C. Varejão e Ceci Sales Campos, com o objetivo de divulgar as pesquisas realizadas com cogumelos.

É importante desenvolver estudos nesta área, pois incetivará futuras pesquisas pela descoberta de novas subtâncias

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Uma coletânia de resultados Durante o encerramento do evento, foi apresentado aos participantes um livro, que recebeu o mesmo título que o workshop: “Bioconversão de resíduos lignocelulolíticos da Amazônia para o cultivo de cogumelos comestíveis”, lançado pela Editora do Inpa. O livro é abrangente e conta com uma grande variedade de trabalhos


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Pesquisa - Divulga Ciência

A ciência a serviço da esperança

Resíduos de bananeiras são favoráveis ao cultivo de cogumelos na região norte

“A procura pelo conhecimento não acaba nunca” (Thiago de Mello)

Experimento revela que o uso de resíduos de bananeira são úteis na produção de cogumelos.

Aline Cardoso Da equipe do Divulga Ciência

Foto: Eduardo Gomes

Pesquisadora destacou o alto valor nutricional dos cogumelos que podem ser usados como complemento na alimentação |Clarissa Bacellar Da equipe do Divulga Ciência

A palestra “Avaliação da produção e das características bromatológicas de Pleutorus ostreatus cultivado em resíduos de bananeira”, ministrada por Cristiane Suely Melo de Carvalho, teve o intuito de revelar à comunidade que resíduos processados de bananeira (folhas, caule, pseudocaule e outros) foram bastante proveitosos e que se mostraram favoráveis para o cultivo de cogumelos na região. A palestra deu continuidade ao workshop de cogumelos comestíveis sediado no auditório da Biblioteca do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT). Segundo a pesquisadora, “os cogumelos são macrofungos muito apreciados na culinária, devido várias características, como o sabor agradável e alto valor nutricional, podendo ser utilizado como complemento na alimentação”, inclusive dos manauaras. Os maiores produtores são China e Estados Unidos. Já no Brasil, não existem

dados concretos sobre a produção. “Esse é um fungo que não exige muito dos substratos e que se adaptabem a variação de temperatura e umidade“, explica. Carvalho é aluna de doutorado em Biotecnologia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e apresentou os resultados de um experimento realizado com os fungos, parte de sua dissertação em 2010. Foram realizadas também mais quatro palestras, ministradas por: Rogério Eiji Hanada (Inpa); Lorena Vieira Bentolila de Aguiar (Inpa/Ufam); André Luiz Borborema da Cunha (Inpa/Ufam) e Bazilio Frasco Vianez (Inpa). O ciclo de palestras, realizado pela Coordenação de Pesquisas em Produtos Florestais (CPPF/Inpa), continuou no dia 25 de fevereiro, dando prosseguimento às apresentações de pesquisadores e estudantes do Inpa e de outras instituições de pesquisas envolvidas no desenvolvimento de cultivo de cogumelos comestíveis.

O Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (GEEA) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) se reuniu na manhã dessa quarta-feira (16) com representantes de universidades, instituições de pesquisa e cientistas para debater questões de interesse estratégico relacionadas à Amazônia. A reunião é realizada desde 2001 e tem alcançado resultados satisfatórios em debates e ações no que diz respeito às problemáticas enfrentadas pela nossa região. De acordo com Geraldo Mendes, secretário-executivo do GEEA, “a ciência é uma atividade social com fins sociais, entende-se que a socialização das informações deve ser encarada como uma prioridade. Com ciência, a esperança se torna completa”, disse. O poeta amazonense Thiago de Mello foi o convidado da reunião. Durante sua palestra, o poeta traçou uma relação entre ciência e a esperança, de forma poética e crítica ao modelo atual do ‘fazer’ ciência. “O avanço prodigioso da ciência não pode estar a serviço do capitalismo e das bolsas de valores do mundo. Esse avanço deve ser norteado pelas virtudes e necessidades dos valores humanos”, afirmou. Educação O diretor do Inpa, Adalberto Val, ressaltou, durante a palestra, a importância da educação para que a disseminação do conhecimento científico ocorra de modo satisfatório e seja eficiente. Para isso, é preciso que haja investimentos nessa área e espaço na sociedade e na mídia para esse tipo de proposta. “A educação é fundamental para socializar a informação científica, sem isso não há como transferir a informação que é produzida dentro dos laboratórios e fazêla ser compreendida pelas massas. Essa é a esperança do futuro”, disse.


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Economia - Divulga Ciência

Produção de brócolis no município Figueiredo valorizada após estudo

de

Presidente

Pesquisa foi realizada por estudante orientado por pesquisadores do Inpa e revelou crescente viabilidade socioeconômica e ambiental do cultivo de brócolis para o Amazonas Foto: Ariel Dotto Blind

| Clarissa Bacellar Da equipe do Divulga Ciência

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Produção de brócolis em Presidente Figueiredo revela grande potencial de produtividade em função da altitude

um grande potencial de produtividade em função da altitude, do micro clima da região, da ventilação constante (importante para a produção de hortaliças), e da temperatura média anual caracterizada em 26°C.

Não deixamos a desejar em qualidade perante outras regiões produtoras brasileiras

Produção O município se destaca por possuir

Fernandes, o brócolis já faz parte da dieta dos amazonenses e contribui na geração de emprego e renda para produtores da região. Blind afirma ainda que a produção em Presidente Figueiredo tem sido destinada a importantes consumidores de Manaus, que manifestam preferência pelo consumo de hortaliças regionais. “Não deixamos a desejar em qualidade perante outras regiões produtoras brasileiras e nem para o que é importado”, assegura.

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Com o intuito de colaborar no desenvolvimento da olericultura (área da horticultura que abrange a exploração de hortaliças) da Amazônia, a Coordenação de Pesquisas em Ciências Agronômicas (CPCA) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) tem desenvolvido pesquisas adequadas às diversas áreas do conhecimento agronômico. O engenheiro agrônomo Ariel Dotto Blind, orientado por pesquisadores do Inpa, realizou uma pesquisa sobre a viabilidade socioeconômica e ambiental da produção de brócolis para o Amazonas. Blind é estudante de mestrado do Programa de PósGraduação em Agricultura no Trópico Úmido (PPG-ATU) do Inpa. Os resultados da pesquisa mostram que a produtividade de plantios de brócolis (do grupo ramoso) em função de diferentes manejos é animadora, e, portanto, está sendo recomendado e usado por agricultores familiares, no município de Presidente Figueiredo, interior do Amazonas. “A partir dos dados analisados, os produtores familiares rurais se interessaram pelo plantio de brócolis em função do cultivo ser simples e devido o alto preço alcançado pela hortaliça em Manaus. Hoje, existe a Cooperativa Agroindustrial Boa Esperança (formada em abril de 2010) de produtores de brócolis no ramal Boa Esperança (Km 120 da BR 174), com produtividade cerca de 200 Kg semanais”, afirma o engenheiro.

O potencial produtivo de hortaliças nessa região, também tem sido alvo de discussões entre pesquisadores de diversas instituições. “Partiu de uma iniciativa, uma tentativa de produzir brócolis, porque não tem segredo nenhum, é o mesmo sistema de cultivo da couve. É possível ter sucesso na implantação dessas culturas (plantios), que não são convencionais na região, mas que têm viabilidade, pois não é necessário desmatar, uma vez que se pode utilizar a mesma área realizando rotação”, explica. Segundo Blind, os orientadores e pesquisadores do Inpa, especialistas em olericultura, Hiroshi Noda e Danilo

O Brócolis Em sua composição química são encontrados boro, ácido fólico, com destaque para seu elevado teor de cálcio, que auxilia na formação de ossos e dentes. Possui ainda outros compostos ativos, onde podem ser encontradas propriedades anticancerígenas, antioxidantes, antibacterianos, antifúngicos e os carotenóides (que apresentam atividades de pró-vitamina A). Pesquisadores japoneses comprovaram que os brotos de brócolis combatem a Helicobacter pylori, uma bactéria comum no estômago, conhecida por causar úlceras, gastrite e câncer gástrico.


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Pesquisa - Divulga Ciência

Pesquisa avalia e caracteriza a cadeia produtiva da borracha em Lábrea (AM) ... ser impermeável foi a qualidade que primeiro chamou a atenção do mundo. Usar sapatos, capas de chuva, luvas cirúrgicas, sutiãs e espartilhos, cintas e elásticos de múltiplos usos era fashion ter pelo menos uma parte do corpo impermeável a chuvas e bactérias e moldar o corpo a estética do momento..(Poema de autoria de Aldísio Filgueiras) Foto: Edinaldo Lopes

| Josiane Santos Da equipe do Divulga Ciência

Conforme o poema, a produção de borracha no Amazonas trouxe uma época de auge para o estado, um momento de crescimento econômico e social que ficou na história. A pesquisa desenvolvida no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) por Edinaldo Lopes de Oliveira, estudante de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Agricultura de Trópico Úmido (PPG-ATU), que analisou e caracterizou todos os elos pertencentes à cadeia produtiva da borracha no município de Lábrea, interior do Amazonas. O trabalho foi orientado pela pesquisadora do Instituto Sônia Sena Alfaia. O Governo do Estado por meio da Secretária de Estado de Produção Rural (Sepror) pretende reativar alguns seringais com a finalidade de fornecer látex para a indústria. O estudo identificou que a cadeia produtiva de borracha em Lábrea é composta por seringueiros, fornecedores de insumos, comerciantes, regatões, agentes governamentais (assisitência técnica) e associações de seringueiros. No município, não existe indústria para extração de borracha, somente trabalham com produção extrativista. “Primeiro avaliamos a cadeia que identificou esses elos, como estão funcionando e as formas que eles interagem; e no segundo momento nós fizemos um levantamento da produção”, explica Oliveira. Na avaliação e característica da produção, foram entrevistados 50 seringueiros, um fornecedor de insumos – que fornece material para extração da borracha, um técnico, duas associações de seringueiros e três comerciantes.

O governo do Estado pretende reativar alguns seringais com o objetivo de fornecer látex para indústria

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Primeiro avaliamos a cadeia que identificou esses elos, como estão funcionando e a forma que eles interagem

um estudo melhor para desenvolvermos métodos para aumentar a produção, essas plantas têm um potencial produtivo muito grande e estamos propondo um estudo genético dessas plantas’’, concluiu Oliveira. A pesquisa concluiu que a cadeia produtiva da borracha no município de Lábrea é incompleta por não existir o elo da indústria, ausência de políticas públicas exclusivas para a extração de borracha, falta de kit seringa (400 tigelas, duas facas de seringa, um balde e uma lanterna) aos produtores, somadas à ausência de assistência técnica extensão rural na atividade de extração do látex são alguns dos entraves identificados no estudo. Outro ponto considerado como entrave importante encontrado para ativação da produção de borracha é a ausência de documento fundiário da terra.

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Resultados A pesquisa iniciou em 2008 avaliando a produção de um ano de fabricação (ano de corte da seringueira, normalmente, de maio a dezembro) de um seringal. Nesse seringal, o pesquisador escolheu três colocações (área que cada seringueiro utiliza fazendo corte das árvores), e dentro de cada colocação duas estradas e em cada estrada dez plantas. ‘‘Podemos perceber que as plantas são produtivas e que necessitam de


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Saúde - Divulga Ciência

Pesquisa científica para o combate à dengue Estudos realizados pelo Inpa ajudam no combate ao Aedes Aegypti. Um deles é a aplicação de uma substância para afastar os mosquitos de uma área vulnerável na época de chuva: a construção civil Foto: Eduardo Gomes

Pesquisas em laboratório garatem ações eficazes contra a dengue

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Os casos de Dengue no Amazonas estão preocupando a população e as autoridades. Já foram registrados mais de 4 mil casos em todo o Estado. Ÿ A situação piora no período chuvoso onde se formam mais criadouros do mosquito, e é no canteiro de obras que o inseto encontra um ambiente mais favorável. Para evitar a proliferação do Aedes Aegypti, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) está realizando um estudo nesses locais. O pesquisador do Inpa, Wanderli Tadei, explica que nas construções de edifícios é necessário fazer o teste de infiltração no futuro banheiro dos apartamentos e para isso é despejada certa quantidade de água. A área deve ficar alagada por sete dias e é aí que mora o perigo. “O primeiro morador desses prédios é o mosquito transmissor da dengue. Nessa fase os edifícios acumulam água e sete dias é tempo mais do que suficiente para o desenvolvimento da larva”. Afirma.

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| Daniel Jordano Da Equipe do Divulga Ciência

Já fizemos o teste em um edifício e houve uma redução no número de mosquitos Nova substância Para resolver o problema, uma substância (que está em processo de patente) foi criada nos laboratórios do Instituto. A técnica consiste em adicionar a sustância à água usada na obra o que, segundo Tadei, substitui o uso de inseticidas, não permite a proliferação do Aedes Aegypti e ainda protege os trabalhadores da construção civil. “Nós desenvolvemos o sistema onde água pode ser usada normalmente para o teste de infiltração. A substância tem eficácia de 12 dias, já foi testada em laboratório e estamos vendo sua viabilidade. Já fizemos o teste em um edifício e houve uma redução no número de mosquitos”, enfatizou. Além disso, há estudos do Instituto

que envolvem a análise de resistência do mosquito a inseticidas e a produção de novas fórmulas de repelentes.

Conscientização O pesquisador alerta a população sobre os cuidados para evitar a dengue. Medidas como tampar caixas d’água, manter o quintal limpo, verificar se as calhas não estão acumulando água assim como os vasos de plantas, ajudam no combate à doença. De acordo com Tadei, em caso de sintomas como febre, dor de cabeça e dores pelo corpo, por exemplo, a pessoa deve procurar o serviço médico imediatamente. “O diagnóstico da doença é importante para o paciente e para o serviço público, pois é a partir disso que será feita a ação de combate. Existem quatro tipos de dengue e o mais grave é a hemorrágica que pode levar a óbito. O paciente com suspeita de dengue não pode ficar em casa”, enfatizou.


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Educação e Sociedade - Divulga Ciência

IV Oficina sobre gestão e manejo de pesca em terras indígenas Evento realizado de 24 a 27 de março no Município de São Paulo de Olivença, interior do Amazonas Foto: Acervo LMF

O evento mobilizou caciques comunitários e lideranças para discutir regras no manejo pesqueiro

Clarissa Bacellar Da Equipe do Divulga Ciência

A IV Oficina sobre Gestão e Manejo da Pesca nas Terras Indígenas Éware I e Éware II organizada pelo Laboratório de Manejo de Fauna (LMF) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia Desenvolvimento Regional do Estado do Amazonas para o Zona Franca Verde (Proderam) e Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Estado do Amazonas (IDAM) iniciou as atividade com a realização de uma reunião entre as lideranças da Associação dos Caciques Indígenas do Alto Solimões (ACISPO) e da equipe técnica com a finalidade de definir funções durante a realização do evento. A oficina realizou reuniões com caciques, comunitários e lideranças para apresentar os objetivos do projeto e discutir as regras em uso, propor novas regras para o manejo pesqueiro e socializar informações sobre a pesca na região, com o objetivo de promover a integração de esforços para a gestão e manejo da pesca nas terras indígenas. O evento teve como coordenador

geral técnico-científico o pesquisador do Inpa, Jackson Pantoja Lima; como colaborador, na coordenação de grupos de trabalho, João Batista dos Santos (LMF/Inpa) e contou ainda com o palestrante Miguel Arantes, que fez palestra sobre a “Importância do Conselho no Manejo Pesqueiro Local da Resex Auati-Paraná, região de Fonte Boa”. No dia 27 de março, foi realizado o encerramento, uma plenária final com constituição do conselho, definição de agenda de traballho e encaminhamentos, em português e Tikuna, com o intérprete Rafael Adércio Costódio,

Associação dos Caciques Indígenas do Alto Solimões (ACISPO), no âmbito do antigo Programa de Pesquisas em Políticas Públicas em Áreas Estratégicas no Amazonas (PPOPE) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). O projeto é patrocinado pelo Programa de Desenvolvimento Regional do Amazonas para o Zona Franca Verde (PRODERAM) e é conduzido pela equipe técnico-científica do Laboratório de Manejo de Fauna(LMF/Inpa), que tem o pesquisador George Henrique Rebelo como líder.

técnico da Secretaria de Estado para Povos Indígenas (SEIND). Foto: Acervo LMF

Sobre as edições anteriores A I Oficina sobre Gestão e Manejo da Pesca nas Terras Indígenas Éware I e II foi realizada entre 16 e 19 de março de 2009, em São Paulo de Olivença, organizada em colaboração entre o Laboratório de Manejo de Fauna do Inpa, a antiga Fundação Estadual dos Povos Indígenas (FEPI) e a


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