Divulga Ciência - Janeiro/2011

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56anos

Jornal do Inpa Distribuição Gratuita

Manaus, Janeiro 2011 - Ano III - Ed.11 - ISSN 2175-0866

www.inpa.gov.br

Foto: Flavio Ribeiro

No Inpa, ministro discute ações de C&T para a Amazônia Os assuntos mais destacados pelo ministro foram a fixação de mão-de-obra e geração de renda para a região.

Pág. 07 Foto: Anselmo d`Affônseca

Cresce matança de botos no Amazonas O motivo da caça aos botos amazônicos está na pesca de um peixe chamado piracatinga. Segundo pesquisadores, em 10 anos, a população de botos vermelhos diminuiu 10%

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Boa leitura

Inpa lança publicação sobre a arte indígena Pág. 02

Foto: Eduardo Gomes

Foto: Eduardo Gomes

Conhecimento científico aliado a opção de lazer Bosque da Ciência oferece aos visitantes a oportunidade de adquirir conteúdo sobre a Amazônia, mantendo maior contato com a natureza Pág. 08

Estudo dos peixes: Amazonas reúne especialistas para debater o assunto O encontro, realizado há 22 anos, aconteceu pela primeira vez em Manaus no Centro de Convenções do Studio 5 Festival Mall

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Inpa integrará rede brasileira de pesquisa sobre mudanças climáticas Pág. 02 Inpa/Roraima: porta para pesquisas no extremo norte do país Pág. 02

Inpa tem mais nove patentes Pág. 02

Cooperação para pesquisar efeitos da poluição na atmosfera amazônica Pág. 04


Página 02 - Janeiro 2011 Fale com a redação Expediente Chefe da Divisão de Comunicação Social: Tatiana Lima (MTB 4214/MG) Editor Chefe: Eduardo Gomes - Repórteres: Aline Cardoso, Clarissa Bacellar, Daniel Jordano, Josiane Santos e Wallace Abreu Editoração Eletrônica: Flávio Ribeiro - Revisão: Wallace Abreu - Secretário de Redação: Everton Martins. Fotos: Anselmo D`Affônseca, Daniel Jordano, Eduardo Gomes e Flavio Ribeiro Tiragem: 1000 - Edição 11 - Janeiro 2011 - ISSN 2175-0866. Produção: Divisão de Comunicação Social do Inpa/MCT.

+55 92 3643-3100 / 3104 ascom@inpa.gov.br www.twitter.com/ascom_inpa www.facebook.com/inpamct Ministério da Ciência e Tecnologia

Tome Ciência Ilustração

Foto: Flavio Ribeiro

Foto: Daniel Jordano

Inpa tem mais nove patentes

Inpa integrará rede brasileira de pesquisa sobre mudanças climáticas

Inpa/Roraima: porta para pesquisas no extremo norte do país

O Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa/MCT) fechou o ano de 2010 com mais nove processos e produtos patenteados, ou seja, protegidos. A informação foi divulgada pela Divisão de Propriedade Intelectual e Negócios (DPIN) do Instituto. Para Rosângela Bentes, chefe da DPIN, as novas patentes são importantes, pois protegem o trabalho intelectual dos pesquisadores. Ela afirma ainda que o Inpa ampliará o trabalho junto aos cientistas para identificar de maneira mais rápida que tipo de pesquisa pode virar patente. “O número de patentes depositadas pelo Inpa está crescendo e a tendência é crescer ainda mais. Em 2011, vamos fazer um trabalho para diagnosticar o que pode ser patenteado”, disse.

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) vai participar da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima). O anúncio foi feito durante a visita do Ministro da Ciência e Tecnologia (MCT), Aloizio Mercadante, ao Inpa. De acordo com o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Carlos Nobre, a Rede Clima atuará este ano com mais três novos sub-temas: oceanos, desastres naturais e serviços ambientais dos ecossistemas, sendo que este último, o Inpa passará a coordenar. “É uma coordenação nacional e hoje vimos nas apresentações do Inpa, Museu Emílio Goeldi e do Instituto Mamirauá que esse assunto é importantíssimo”.

O estado de Roraima é conhecido por sua diversidade cultural, reservas indígenas e pastagens naturais e está localizado no extremo norte do País. Para auxiliar nas pesquisas feitas na região, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) mantém na capital Boa Vista, um núcleo regional de pesquisas. Além de servir como importante base para pesquisas, o núcleo regional reforça a presença brasileira na região de fronteira como explica o coordenador do Inpa/Roraima, Celso Morato. “O Inpa funciona na base de pesquisa, ensino e extensão. Os núcleos regionais como é o caso do Inpa/Roraima funciona como uma extensão do Instituto”, disse.

Boa leitura | Arte Plumária A diversidade da arte plumária dos povos Kagwahíva da transamazônica: etnias Tenharim, Parintintin e Diahoi, agora fazem parte de uma cartilha que apresenta a produção de adornos e seus respectivos significados para o povoado. As pesquisadoras Ana Carla Bruno e Simone do Carmo Gomes, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) mostram por meio de fotos, desenhos e textos o processo de confecção dos objetos. A obra é resultado do “Programa Fepi/Inpa – Educação, Resgate e Revitalização Cultural – Etnias Indígenas de Humaitá e Manicoré do Programa Amazonas de Apoio à Pesquisa em Políticas Públicas em Áreas Estratégicas (PPOPE), sendo financiada pela fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) em parceria com o Inpa e Fundação Estadual dos Povos Indígenas (FEPI). A obra custa R$ 5, e pode ser adquirida no setor de vendas da Editora Inpa, localizada no campus I do Instituto, Av. André Araújo, 2936, Aleixo, zona Centro Sul de Manaus. Errata: A foto publicada na edição anterior, outubro de 2010 edição 10, utilizada na matéria Expedições no rio Madeira para análise genética de botos foi creditada erroneamente. A autora da foto é Waleska Gravena.


Meio Ambiente - Divulga Ciência

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Cresce matança de botos no Amazonas O motivo da caça aos botos amazônicos está na pesca de um peixe chamado piracatinga. Segundo pesquisadores, em 10 anos, a população de botos vermelhos diminuiu 10%

Aline Cardoso Da Equipe do Divulga Ciência

Carne do animal é ultilizado como isca para a pesca da pirapitinga

animais silvestres é crime ambiental. “O peixe é mais facilmente capturado utilizando carne de jacaré e de boto, esta última tem um odor mais apelativo a essa espécie de peixe. Geralmente utiliza-se como isca um boto-vermelho adulto, que pode pesar entre 150 e 200kg. Com uma isca desse porte é possí-vel pescar aproximadamente uma tonelada de piracatinga” afirmou a pesquisadora.

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notícias, segundo ela, que está sendo vendido no Amazonas em frigoríficos, já em filetes, com o nome de “douradinha”. O comércio do peixe durante o período da cheia é negociado ao valor de R$1,50 o quilo. Durante o período da vazante, época em que é mais fácil a captura, o preço do quilo diminui para R$ 0,50. A pesca da piracatinga não é a causa do predatorismo do botovermelho, pois essa espécie pode ser capturada com vísceras de outros animais por exemplo; o problema é a caça. “O custo-benefício ao usar o boto como isca é mais vantajoso para eles e o tempo de trabalho é reduzido”, disse Nívia.

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Moradores de comunidades em torno de Tefé (a 663 km de Manaus – Amazonas) têm exercido uma atividade que agride o meio ambiente, causando impacto decisivo no futuro de um dos animais aquáticos que fazem parte da fauna amazônica: o boto-vermelho (Inia geoffrensis). De acordo com Nívia do Carmo, pesquisadora do Projeto Boto do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) e presidente da Associação Amigos do Peixe-Boi (Ampa), pesquisas de monitoramento com esses mamíferos aquáticos apontam um decréscimo na população de botos-vermelhos (ou botos cor-derosa) de 10% na última década nessa região. Os estudos são realizados na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá – RDSM (distante de Manaus cerca de 700km) desde 1993, sob a coordenação da pesquisadora do Inpa, Vera da Silva, e do membro do Conselho de Pesquisas do Ambiente Natural do Reino Unido (NERC), Anthony Martin. A causa dessa diminuição pode ser a captura predatória de botos-vermelhos para a pesca da piracatinga (Calophysus macropterus), espécie de peixe necrófago, de porte médio, podendo medir 45 cm em comprimento total, muito abundante na região amazônica e consumido em larga escala pelos colombianos, também conhecida como mota ou simí, na Colômbia. Segundo a pesquisadora, uma viagem foi realizada, em outubro e novembro de 2010, às comunidades em torno de Tefé por pesquisadores do Inpa. Durante a excursão, constataram que a caça dos botos é constante e tratada de forma natural por eles, embora os comunitários tenham consciência de que a pesca e/ou caça de

Estratégias estão sendo traçadas para que essa atividade seja combatida A Colômbia é um grande apreciador de peixes Siluriformes (peixes lisos ou de couro) da Amazônia brasileira e a pesca da piracatinga se torna uma atividade lucrativa para os ribeirinhos que habitam essas localidades, no entanto, essa espécie de peixe não tem valor comercial significativo nas feiras e açougues do nosso Estado.

O Comércio A pesquisadora disse ainda que o filé de piracatinga é comercializado na Colômbia a preços bem baixos. Tem-se

Fiscalização De acordo com Jéferson Lobato, do departamento de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), um estudo está sendo feito para avaliar se a captura de botos e jacarés está alterando de alguma forma o biossistema da localidade em questão.Já o Batalhão Ambiental informou que tem conhecimento do caso e está traçando estratégias para combater a atividade.


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Pesquisa - Divulga Ciência

Estudo avaliará impacto de derramamento de Petróleo em organismos aquáticos amazônicos A área estudada é explorada para obtenção de petróleo e gás natural Foto: Flavio Ribeiro

Cooperação para pesquisar efeitos da poluição na atmosfera amazônica A parceria envolve o Inpa, a USP e a universidade de Harvard (EUA). O projeto já foi a aprovado e prevê estudos sobre os efeitos da poluição proveniente de Manaus sobre as regiões preservadas ao redor da capital amazonensea Daniel Jordano Da equipe do Divulga Ciência

Estudos poderão contribuir com importantes informações para o manejo e conservação de recursos naturais. |Wallace Abreu Da equipe do Divulga Ciência

Avaliar a toxicidade do petróleo e do petróleo dispersado nas águas branca e preta da região amazônica e os efeitos destes sobre o Tambaqui (Colossoma macropomum) são os principais objetivos da tese de doutorado de Helen Sadauskas Henrique, intitulada “Aspectos ecofisiológicos e ecomorfólógicos da espécie Colossoma macropomum exposta ao petróleo e ao petróleo quimicamente dispersado em água branca e preta da Bacia Amazônia”. A pesquisa será realizada por meio do Programa de Pós-Graduação de Biologia de Água Doce e Pesca interior (BADPI) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT), sob orientação da pesquisadora Vera Val do Laboratório de Ecofisiologia e Evolução Molecular (LEEM) e coorientação de Marisa Narciso Fernandes da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). “O estudo contribuirá com importantes informações para futuros planos de manejo e conservação de recursos naturais. Esperamos fazer uma revisão

geral dos dados gerados em laboratório e coletados em campo, a fim de traçar perspectivas de manejo ambiental e tomada de decisões frente a possíveis efeitos em grande escala de derrames de petróleo, levando em consideração a crescente exploração e petróleo na região”, comenta Helen. De acordo com Helen, serão realizadas pesquisas em laboratório e coleta em campo nas proximidades de Província Petrolífera do Urucu (PPU), localizada no município de Coari, interior do Amazonas. “Esta área é uma das maiores responsáveis pela produção de gás natural e petróleo do país. Tanto os rios de água preta quanto os rios de água branca estão propícios aos efeitos de derramamentos crônicos ou agudos de petróleo”, afirma. A doutoranda diz que o tambaqui foi escolhido como modelo por quatro motivos: presença nos dois ambientes a serem estudados, grande importância econômica, alta sensibilidade ao petróleo, e existência de pesquisas sobre efeitos do petróleo na espécie.

Uma reunião para definir os próximos passos do projeto “Medições de Radiação Atmosférica (ARN em inglês) aconteceu na sede do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT). O projeto já foi aprovado e conta com a cooperação entre Inpa, Universidade de São Paulo (USP) e Universidade de Harvard (EUA). A finalidade é estudar de que forma a poluição proviniente de Manaus interfere em áreas preservadas que estão próximas a capital. “A ciência ainda não consegue entender a interação das emissões de grandes centros urbanos tropicais como Manaus com as emissões da floresta. A ideia é estudar essa interação em detalhe”, destaca o físico da USP Paulo Artaxo. O projeto, que deve estar em pleno funcionamento em 2014, será feito nas proximidades de Manacapuru, interior do Amazonas, onde funcionará com equipamentos distribuídos em uma área de aproximadamente 100 m². “A maior parte fica concentrada em cinco containeres, mas algumas antenas e uma torre meteorológica (aproximadamente de 10 metros de altura) acompanham o pacote”, declarou Antônio Manzi, pesquisador do Inpa que também está envolvido nas atividades. Ambiente Limpo O estudo pretende além de compreender os efeitos de uma megacidade tropical em um ambiente limpo, fornecer também informações para aplicações mais amplas sobre as mudanças climáticas no planeta. Segundo o professor da Universidade de Harvard e coordenador do projeto, Scot Martin, o projeto já passou por vários países. “Esses equipamentos foram projetados para viajar. Países como China e Índia também já participaram das pesquisas”, declarou.


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Educação e Sociedade

Estudo dos peixes: Amazonas reúne especialistas para debater o assunto O encontro, realizado há 22 anos, aconteceu pela primeira vez em Manaus no Centro de Convenções do Studio 5 Festival Mall Foto: Eduardo Gomes e Flavio Ribeiro

| Clarissa Bacellar Da equipe do Divulga Ciência | Séfora Antela Especial para equipe do Divulga Ciência

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“Tivemos cientistas e técnicos representantes de Universidades, Instituições e Associações discutindo espécies de peixes ameaçadas, o pessoal ligado à pesca discutindo os problemas do novo ministério da pesca e a situação dos pescadores, dezenas de rela-

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A Sociedade Brasileira de Ictiologia (SBI), juntamente com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT), realizaram de 30 de janeiro a 04 de fevereiro, o XIX Encontro Brasileiro de Ictiologia (estudo dos peixes) com o tema: “Fronteiras do conhecimento em Ictiologia”. No último encontro, em Cuiabá, duas cidades apresentaram proposta a SBI para sediar o evento: Rio de Janeiro e Manaus, que ganhou com mais de 50% dos votos na assembléia de escolha. A organização do evento ficou a cargo dos seguintes pesquisadores da Coordenação de Pesquisas em Biologia Aquática (CPBA) do Inpa: Lúcia Rapp PyDaniel, Sidineia Amadio, Claudia Pereira de Deus, Efrem Gondim e Jorge Porto. O encontro proporcionou visibilidade para a ictiofauna amazônica, além de auxiliar o desenvolvimento científico. “Por estarmos na maior bacia hidrográfica do planeta, com a maior diversidade de peixes tropicais, um evento destes, na Amazônia, é uma oportunidade ímpar para os ictiólogos brasileiros, principalmente estudantes que tem dificuldade de se deslocar para outras cidades, e que poderão ter oportunidade de interagir com os grandes nomes da ictiologia brasileira e até internacional”, afirmou a coordenadora do evento, Lúcia Rapp Py-Daniel . O congresso reuniu cerca de 900cientistas do Brasil e do Exterior para discutir o que há de importante sobre os peixes brasileiros.

Cada um que vem aqui e aprende um pouco, para nós já é um resultado bastante significativo

tórios sobre descobertas de novas espécies, um simpósio sobre as usinas hidrelétricas e seu impacto sobre os peixes (rio Madeira, rio Xingu), um simpósio sobre os peixes da Ecorregião Xingu-Tapajós (onde fica o empreendimento de Belo Monte), as últimas novidades em termos de identificação molecular (com DNA Barcode) das espécies e novas hipótese sobre a evolução dos peixes, e muito mais”, explicou o pesquisador do Inpa e membro do comitê local do encontro, Jorge Porto. O evento discutiu sobre o futuro da ictiologia mundial e procurará rever os

conceitos aplicados ao manejo da ictiofauna, além de propor novas estratégias de estudos, levando em conta a situação atual de ameaça aos corpos d'água. Ampa A Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa), apoiadora do XIX EBI, fará exposição das atividades de pesquisa científica e de educação ambiental com o peixe-boi da Amazônia (Trichechus inunguis) e com os outros mamíferos aquáticos existentes na região: lontra neotropical (Lontra longicaudis), ariranha (Pteronura brasiliensis), tucuxi (Sotalia fluviatilis) e boto-vermelho (Inia geoffrensis), no evento. “Aproveitamos a oportunidade para propagar a importância da conservação da biodiversidade da Amazônia, a exemplo da maior bacia hidrográfica do mundo, na qual vivem os peixes e os mamíferos aquáticos, animais ameaçados de extinção por conta da caça predatória. Além disso, a EBI é o momento oportuno para divulgar as atividades que a Ampa realiza em prol dos mamíferos aquáticos da Amazônia”, ressalta o diretor da Ampa, Jone César.


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Ciência e Tecnologia - Divulga Ciência

Mudanças climáticas e incentivo à botânica são destaques em visita ministerial No último dia de visita à Manaus, o Ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, conheceu pesquisas, projetos e algumas espécies de plantas da Amazônia Foto: Flavio Ribeiro

Em visita a reserva experimental Adolpho Ducke, Mercadante escalou o protótipo de torre de 16m

| Wallace Abreu Especial para equipe do Divulga Ciência

Explicações sobre as pesquisas, plantação e a utilidade do pau-rosa no mercado internacional, algumas frutas amazônicas e o programa da Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA) foram apresentados ao ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, em visita a Reserva Experimental Adolpho Ducke do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT). Outros destaques foram as pesquisas que o Inpa desenvolve na área alimentícia. A pesquisadora do Instituto, Lúcia Yuyama, explicou sobre a potencialidade dos frutos amazônicos como cubiu e o camucamu e exemplificou alguns produtos gerados a partir das pesquisas feita no Instituto como a farinha de pupunha de grande potencial nutricional. O ministro recebeu de pesquisadores do Instituto, um livro intitulado “Flora da Reserva Ducke - Guia de identificação das plantas vasculares de uma floresta de terra-firme na Amazônia central”.

O coordenador do programa de pósgraduação em Botânica (PPG-BOT), Alberto Vicentini, explicou ao ministro a carência de estudos na área de botânica na Amazônia e o quanto se conhece pouco sobre a região. Mercadante propôs a criação de uma plataforma para registro de todos os dados botânicos produzidos no Brasil, inicialmente chamado de Wikflora, na qual o ministro ofereceu apoio total com relação à estrutura de TI para a elaboração do projeto.

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go, renda e oportunidade”, destacou Mercadante. O gerente- executivo do LBA e pesquisador do Inpa, Antonio Manzi, apresentou o programa LBA que tem a finalidade conhecer sobre o funcionamento dos ecossistemas da região. Um protótipo da torre de 16m foi apresentado ao ministro. Manzi apresentou ainda um importante projeto que está em fase de implantação, a torre ATTO. A torre terá 320 metros, a primeira desse tipo na América do Sul, instalada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã, no município de São Sebastião do Uatumã, interior do Amazonas. É um projeto bilateral entre Brasil, representado pelo Inpa e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA); e Alemanha, através do Instituto Max Planck de Química.

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| Josiane Santos Da equipe do Divulga Ciência

O Brasil é um país que tem 23% da biodiversidade do planeta, então, precisamos valorizar isso que temos “O Brasil é um país que tem 23% da biodiversidade do planeta, então, precisamos valorizar isso que temos e aproveitar todo esse conhecimento científico. Tentar focar parceria naquilo que é fundamental para a ciência e, sobretudo colocar a ciência à serviço da sociedade com a finalidade de gerar empre-

Sobre o LBA Sob coordenação cientifica do INPA, soma 156 projetos de pesquisa (100 já finalizados), desenvolvidos por 281 instituições nacionais e estrangeiras.


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Ciência e Tecnologia - Divulga Ciência

No Inpa, ministro discute ações de C&T para a Amazônia Os assuntos mais destacados pelo ministro foram a fixação de mão-de-obra e geração de renda para a região Foto: Flavio Ribeiro

Mercadante destacou que é necessária a criação de uma política de fixação de doutores. | Josiane Santos Da Equipe do Divulga Ciência

Industrial (Inpi) na região. “Pretendemos trazer técnicos para cá, criar uma cultura de patentes a fim de facilitar, baratear, agilizar e ajudar na produção de mais patentes”. O Inpa finalizou o ano de 2010 com nove processos e produtos patenteados. Nesses 56 anos de existência, o Instituto tem ao todo 61 produtos e

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No encontro ocorrido no dia 24 de janeiro, entre dirigentes de instituições da área de ciência, tecnologia e inovação da Região Amazônia, o Ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, prometeu criar ações para fixar pesquisadores na região e meios de facilitar o processo de patente. Durante o discurso no Auditório da Ciência no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT), Mercadante falou para uma platéia cheia de alunos, pesquisadores, coordenadores e diretores das instituições científicas sobre a importância de recursos humanos para a região aliado ao conhecimento. “Produção científica é a base do processo de aprendizado da democratização e socialização do conhecimento”, explica Mercadante.

Produção científica é a base do processo de aprendizado da democratização e socialização do conhecimento

Rapidez no processo de patente O ministro prometeu uma audiência com o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, juntamente com as instituições de pesquisa da região Norte para a criação de um escritório do Instituto Nacional de Propriedade

processos protegidos. Como meio de aliar o conhecimento, conservação da biodiversidade e cres-cimento econômico, um dos pontos destacados pelo ministro é a geração de renda para a região a partir dos produtos gerados pelas pesquisas. “Nós precisamos de mais pesquisadores que tenham coragem de se dedicar a Amazônia”, destaca. Recursos humanos Outro fator preocupante que Merca-

dante destacou na reunião foi a insuficiência de pesquisadores para a dimensão que é a região Amazônica. Mesmo com o destaque que o Brasil tem no cenário internacional, a formação de recursos humanos ainda é um grande desafio para o Brasil, sendo necessária a criação de uma política de fixação de doutores. Como parte da programação, Mercadante participou do lançamento da pedra fundamental da Trilha Suspensa do Bosque da Ciência e visitou o Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA). Além disso, conheceu no dia 25 a Reserva Adolpho Ducke onde o Inpa tem vários projetos desenvolvidos, localizada no Km 26 da rodovia Ainda em visita ao Inpa, o ministro se reuniu com representantes de instituições de pesquisa e fomento, coordenadores dos projetos de pesquisas e dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT), para conhecer e discutir sobre as ações e estratégias traçadas para o desenvolvimento da ciência na região.


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Educação e Sociedade - Divulga Ciência

Conhecimento científico aliado a opção de lazer Foto: Eduardo Gomes

Com a missão de disseminar o conhecimento científico produzido nos laboratórios do Inpa, o Bosque da Ciência oferece aos visitantes a oportunidade de adquirir conteúdo sobre a Amazônia, mantendo maior contato com a natureza

Eduardo Gomes Estudantes e professores aprendem em fauna livre do Bosque da Ciência

Árvores centenárias, macacos, cutias, pássaros, grande diversidade de plantas, trilhas educativas e a interação entre pesquisa e sociedade têm sido um dos grandes atrativos oferecidos pelo Bosque da Ciência do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) que no ano de 2010 recebeu mais de 100 mil visitas, consolidando-se como um dos principais pontos turísticos da cidade. Para o coordenador de Extensão do Inpa, Carlos Bueno, a oportunidade de aprender sobre a Amazônia proporcionada aos visitantes é de grande relevância. “Estamos de braços abertos para receber a população e esperamos que o número de visitações este ano seja muito maior. Cada um que vem aqui e aprende um pouco, para nós já é um resultado bastante significativo”, declarou. Para facilitar as visitas, o Bosque da Ciência conta com o apoio do Ciência conta com o apoio do Laboratório de Psicologia em Educação Ambiental (Lapsea), por meio do Projeto Pequenos Guias, onde jovens atuam no Bosque de terça-feira a sexta-feira realizando visitas monitoradas. Outro projeto que trabalha a educação ambi-

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ental no local é o Circuito da Ciência, que todos os meses participam cerca de 350 estudantes de escolas públicas e municipais da cidade. Segundo o coordenador do projeto, Jorge Lobato, essas atividades aproximam a sociedade ao conhecimento procedente de resultados dos estudos desenvolvidos pelo Instituto. “A cada evento novas escolas participam e novas experiências são adquiridas. O público diferenciado a cada edição possibilita que grande parte dos estudantes de

(Buchenavea huberii), árvore com mais de 600 anos, remete sua existência ao tempo em que o Brasil foi descoberto. Popular no local, o tanque de Peixesbois da Amazônia pertencente ao “Parque Aquático Robin C. Best” do Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA/Inpa), que trabalha em parceria com a Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa), é uma atração a parte os visitantes. O visitante poderá ver ainda os viveiros de ariranhas e jacarés, condomínio de abelhas, casa da madeira, além do recanto dos inajás, local composto por uma vegetação de palmeiras conhecidas como inajás (Maximiliana maripa), com pequeno lago artificial, onde vivem os poraquês (peixe-elétrico) e plantas aquáticas pesquisadas pelo Inpa. O Bosque da Ciência fica localizado na Av. Otávio Cabral, Petrópolis, zona centro-sul de Manaus. A visitação é de terça a sexta das 9h às 12h e de 14h as 16h. Aos sábados, domingos e feriados as visitações podem ser feitas de 9h às 16. O valor da entrada é de R$ 5,00 para público em geral e crianças até 10 anos a entrada é gratuita e as visitas de grupos escolares devem ser agendadas com antecedência.

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Da Equipe do Divulga Ciência

Cada um que vem aqui e aprende um pouco, para nós já é um resultado bastante significativo Manaus possa conhecer as atividades desenvolvidas pelo Inpa, resgatando o conhecimento científico aqui produzido”, disse. A Ilha da Tanimbuca é um dos pontos principais do Bosque da Ciência, que exibe a conservação ambiental, onde o visitante pode encontrar uma calha e espelho d'água que compõem a ilha com vários peixes e quelônios da região. Há também uma vegetação significativa, a exemplo da Tanimbuca


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