Divulga Ciência - Junho/2011

Page 1

Jornal do Inpa Distribuição Gratuita

Manaus, Junho 2011 - Ano III - Ed.14 - ISSN 2175-0866

www.inpa.gov.br

“Mansonelose: problema de saúde e social da Amazônia” A afirmação é do pesquisador do Inpa Victor Py-Daniel. Segundo ele as autoridades municipal, estadual e federal devem tomar uma providência para minimizar a ação da doença, principalmente nas áreas rurais Pág. 05 Foto: Victor Py Daniel (Acervo Pesquisador)

Foto: Tabajara Moreno

Foto: Flavio Ribeiro

Foto: André Silva

Pesquisa avalia a influência das queimadas na saúde das crianças

Brincando com ciência: Ampa lança jogo educativo

Temperaturas anormais dos oceanos afetam regime de chuvas amazônicas

Primeiro estudo realizado em Manaus sobre a relação dos materiais particulados oriundos de queimadas nas doenças respiratórias de crianças

A Associação Amigos do Peixe-Boi lança jogo educativo para crianças durante a semana do meio ambiente

Eventos anormais de seca e cheia da região amazônica estão associados às mudanças de temperaturas dos oceanos

Pág. 03

Boa leitura

Pág. 06

Pág. 07

Por um mundo melhor

Livro Harpia

Pág. 02

Pesquisadora Lúcia Yuyama é finalista do Prêmio Cláudia Pág. 02

Pág. 02

Filhote de gaviãoReal nasce na Reserva Ducke Pág. 02

Inpa sedia lançamento do Amazontech 2011 Pág. 04


Página 02 - Junho 2011 Expediente Chefe da Divisão de Comunicação Social: Tatiana Lima (MTB 4214/MG) Editor Chefe: Eduardo Gomes - Repórteres: Aline Cardoso, Clarissa Bacellar, Daniel Jordano, Josiane Santos e Fernanda Farias Editoração Eletrônica: Flávio Ribeiro - Revisão: Fernanda Farias - Fotos: Anselmo D`Affônseca, Daniel Jordano, Eduardo Gomes e Flavio Ribeiro Tiragem: 1000 - Edição 14 - Junho 2011 - ISSN 2175-0866. Produção: Assessoria de Comunicação do Inpa/MCTI.

Fale com a redação

+55 92 3643-3100 / 3104 digital.inpa@gmail.com www.twitter.com/ascom_inpa www.facebook.com/inpamct

Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação

Tome Ciência Foto: Anselmo D’ Affônseca

Foto: Eduardo Gomes

Eduardo Gomes

Por um mundo melhor

Pesquisadora Lúcia Yuyama é finalista do Prêmio Cláudia

Filhote de Gavião-Real nasce na Reserva Ducke

A Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa), que atua em convênio com o Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), fechou parceria com o Boi Garantido em prol do boto-vermelho (Inia geoffrensis), também conhecido como boto-cor-de-rosa, protagonista de um mito popular. A Equipe Amiga do Peixe-boi, que recebe incentivos da Petrobras, trabalha para a conservação dos cinco mamíferos aquáticos da Amazônia, esteve este ano na Ilha Tupinambarana. Durante esta edição da Festa Folclórica de Parintins, no Amazonas, o Boi Garantido abordou o mito do botovermelho, vítima da cobiça humana.

Uma das finalistas do Prêmio Cláudia, que promove e reconhece as conquistas de mulheres que fazem a diferença no país, é a pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) Lúcia Yuyama, que irá concorrer na categoria ciências. A cada ano, desde de 1996, O Prêmio Cláudia, promovido pela Revista CLÁUDIA, apresenta 15 finalistas divididas em cinco categorias: ciências, negócios, trabalho social, políticas públicas e cultura. As cinco vencedoras levam para casa uma estatueta que simboliza o poder realizador de cada uma. “ É uma dádiva ser uma das três finalistas, por todo esse reconhecimento dos frutos amazônicos, já é um prêmio pra mim”, disse Yuyama.

A equipe do Programa de Conservação do Gavião-Real do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) conseguiu fotografar o filhote no ninho de gavião-real na Reserva Florestal Adolpho Ducke, em Manaus. Este é o segundo ninho conhecido na área, o primeiro está localizado do outro lado da Reserva Ducke. Em 2003 houve apenas um registro de filhote. Para conseguir fazer as primeiras imagens deste novo herdeiro das florestas da Ducke, foram necessários dias e dias de observação das atividades no ninho. Olivier Jaudoin, escalador especialista em dossel de florestas tropicais, fotografou o filhote a 35 metros do chão

Boa leitura| Harpia A ideia do livro é mostrar que a harpia apesar da aparência tão imponente está muito vulnerável, exposta ao desmatamento das florestas que compromete seu habitat. As belas imagens do livro ajudam a estimular o desejo de preservar o ambiente dessas aves. João Marcos foi além da diversidade dos registros de comportamento animal, como este livro tão bem atesta. Teve que literalmente tirar os pés do chão, aprendeu a escalar para chegar aos ninhos, tendo que superar seus próprios medos. Em fevereiro de 2006, um ensaio sobre as harpias publicado em National Brasil foi o primeiro registro, na imprensa, do precioso trabalho realizado por João Marcos Rosa com a maior ave de rapina das Américas, que culmina agora na publicação deste livro pioneiro. Em parceria com o Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), a empresa Vale monitorou durante oito meses dois ninhos de harpia encontrados na Floresta Nacional de Carajás, trabalho que resultou na publicação deste livro, com informações e fotos inéditas sobre uma espécie tão importante para a biodiversidade brasileira.


Saúde - Divulga Ciência

Junho - Página 03

Pesquisa avalia a influência das queimadas na saúde das crianças Primeiro estudo realizado em Manaus sobre a relação dos materiais particulados oriundos de queimadas nas doenças respiratórias de crianças Foto: Tabajara Moreno

Estudo investigou a associação da exposição das partículas emitidas em queimadas e as internações hospitalares em crianças

|Fernanda Farias Da Equipe do Divulga Ciência

‘‘

de 01 de janeiro de 2002 a 31 de dezembro de 2009 as maiores taxas de internações hospitalares por doenças respiratórias, aconteceram no período chuvoso da região de Manaus, principalmente entre março e maio, e não no período seco, onde as queimadas são mais abundantes.

As causas mais frequentes de internações das crianças por doenças respiratórias foram: Pneumonia Viral, Influenza e Asma.

Focos de queimadas e frota de veículos Entre os 62 municípios do Amazonas, Manaus foi o 26° com o maior número de focos de queimadas, no período entre 2002 a 2009. Os municípios de Lábrea, Apuí e Manicoré, apresentaram os maiores índices de focos de queimadas, pois se localizam ao sul de Manaus, onde o desmate e o foco de queimadas são crescentes. Todas as estimativas dos focos de queimadas foram obtidas através de satélites. Foi quantificado também, como medida complementar para o estudo, o número de frotas de veículos em Manaus, que no período de 2001 a 2009, cresceu 119%. Observou-se na pesquisa, que Manaus tem níveis de concentração de materiais particulados menores, em relação às outras áreas da Amazônia. Mesmo assim, a média da qualidade do ar da cidade está um pouco acima do padrão recomendado pela OMS. Constatou-se que as internações de crianças por doenças respiratórias em Manaus podem estar mais associadas às condições meteorológicas e de umidade da cidade, do que exposição à fumaça das queimadas.

‘‘

O material particulado é um elemento químico que é exalado durante as emissões de queimadas, como diversos outros compostos que são emitidos, como monóxido de carbono e dióxido de nitrogênio e outros. O estudo realizado pelo aluno do Programa de PósGraduação em Clima e Ambiente (Cliamb) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Valdir Soares, investigou a associação da exposição das partículas emitidas em queimadas e as internações hospitalares em crianças, com até nove anos de idade, por doenças respiratórias em Manaus, no período de 2002 a 2009. O trabalho foi orientado pelo Dr. Paulo Artaxo da Universidade de São Paulo (USP). A análise foi feita a partir de internações de crianças com até nove anos, porque segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), às crianças são mais vulneráveis às doenças respiratórias e aos efeitos da poluição atmosférica. O estudo observou que no período

As causas mais frequentes de internações das crianças por doenças respiratórias foram: Pneumonia Viral, Influenza e Asma. Observou também que 61% das internações registradas nesse período eram do sexo masculino. Como não há em Manaus, estações de monitoramento para medir a quantidade de material particulado, o estudo utilizou o sensor MODIS, para estimar os níveis dessas partículas. Foram usados também dados meteorológicos, de temperatura, umidade e precipitação do mesmo período.


Página 04 - Julho 2011

Pesquisa - Divulga Ciência

Inovação como alternativa para Zona Franca de Manaus Essa foi a tônica da abertura do InovAmazonas, evento que reúne pesquisadores e representantes das indústrias. O objetivo é debater como as patentes geradas pelas pesquisas podem se tornar processo e produtos na Amazônia

Inpa sedia lançamento do Amazontech 2011 Neste ano, o Amazontech ocorre de 18 a 22 de outubro em Palmas (TO). O evento acontece a cada dois anos em um estado da Amazônia Legal |Jéssica Vasconcelos Da equipe do Divulga Ciência

Os palestrantes discutiram os caminhos para a manutenção perene da Zona Franca de Manaus.

|Daniel Jordano Da equipe do Divulga Ciência

Pesquisadores, representantes de institutos de pesquisas e empresários começaram a debater como aplicar o resultado das pesquisas no meio produtivo das indústrias, principalmente no caso da Zona Franca de Manaus. As discussões ocorreram no dia 9 de junho, durante o ll Workshop InovAmazonas. O evento é uma realização da Secretaria de Ciência e Te c n o l o g i a d o A m a z o n a s (SECT/AM) e conta com a participação do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI). Para a chefe da Divisão de Propriedade Intelectual e Negócios do Inpa, Rosângela Bentes, o evento colabora para aproximar as empresas das pesquisas. “Esse movimento é importante, pois ajuda a diminuir esse vale entre a pesquisa e o setor produtivo. Vamos conversar como resolver as pendências e analisar pontos de interação”, disse. Inovação e Zona Franca Para o Secretário de Ciência e Tecnologia, Odenildo Sena, o evento coloca frente a frente pesquisado-

res e empresários. Ele afirma que a inovação e pesquisa científica são os caminhos para a manutenção perene da Zona Franca de Manaus. “O modelo precisa ser defendido, marcar posição política, mas é necessário criar alternativas robustas ao Pólo Industrial de Manaus. Temos modelos em pequena escala que se produzidos em grande escala seriam uma alternativa. É preciso estreitar os laços entre pesquisa e setor produtivo”, enfatizou Sena. Ainda participaram do evento representantes da Federação das Indústrias do Amazonas (Fieam), Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Amazonas (Sebrae/AM) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). De acordo com o diretor técnico científico da Fapeam e pesquisador do Inpa, Jorge Porto, o InovAmazonas é uma ponte entre a academia e as empresas. “Ao falar de inovação falamos de produtos e processos, e muitas vezes essa ciência não chega ao setor produtivo. Portanto, o evento é importante, pois serve de vitrine para as Instituições.

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) recebeu no dia 2 de junho, o lançamento do Amazontech 2011. O evento é multidisciplinar e por meio do incentivo ao desenvolvimento científico-tecnológico e à inovação, busca promover o crescimento econômico sustentável da Amazônia. O evento é realizado desde 2001 pelo Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e outras instituições atuantes na região como o Inpa. Já ocorreu em vários estados da Amazônia legal como Roraima e Mato Grosso. Para o coordenador de extensão do Inpa, Carlos Bueno, o Amazontech é um evento focado em resultados de pesquisas e transformações desses resultados não só em tecnologia mais em inovação. “Nós temos que ter uma estratégia diferenciada de desenvolvimento, temos florestas que muita gente não tem, então temos a opção de fazer um desenvolvimento focado em florestas utilizando biodiversidade ”, afirma Bueno. Sendo realizado a cada dois anos o Amazontech oferece a oportunidade de todos os estados, universidades e institutos de pesquisas participarem mostrando o que tem de melhor na região. Segundo o chefe de gabinete, Sérgio Guimarães, um evento que busca criar um ambiente de empreendedorismo e de geração de produtos inovadores no bioma amazônico coincidem com os nossos objetivos de gerar conhecimento e tecnologia para serem aplicados pela sociedade. Amazontech Tocantins Neste ano, o Amazontech ocorre de 18 a 22 de outubro em Palmas (TO). Para o superintendente do Sebrae Tocantins, Paulo Massuía, um evento como este é uma oportunidade para o estado de Tocantins mostrar suas potencialidades. ‘‘O tema tem a ver com a sustentabilidade e isso não pode deixar de estar agregado ao desenvolvimento da região’’, lembra o diretor-técnico do Sebrae Amazonas, Mauricio Aucar Seffair.


Julho- Página 05

Pesquisa - Divulga Ciência

“Mansonelose: problema de saúde e social da Amazônia” A afirmação é do pesquisador do Inpa Victor Py-Daniel. Segundo ele, as autoridades municipal, estadual e federal devem tomar uma providência para minimizar a ação da doença, principalmente nas áreas rurais Foto: Victor Py Daniel (Acervo Pesquisador)

No Amazonas, a mansonelose

pode

ser encontrada na calha dos principais rios e seus afluentes.

|Da equipe do Divulga Ciência

A mansonelose é uma doença que do ser encontrada na calha dos principode ser transmitida por dois parasi- pais rios e seus afluentes, como o tas, a Mansonella ozzardi, que é origi- Purus, Javari, Juruá, Jutaí, Negro e nária das Américas, e Mansonella pers- Solimões. As maiores ocorrências da tans, originária do continente africano. mansonelose causada por M. perstans Os dois vermes podem ser são encontradas nas áreas de transmitidos por algumas espéfronteiras com a Colômbia e Venecies de maruins e piuns, mosquizuela, no alto Rio Negro. tos comuns na região. Os dois vermes causam sintoPelo simples exame mas semelhantes nas pessoas, o que torna difícil para os profisdos sintomas sionais da saúde diagnosticaainda fica um tanto difícil, rem a doença, no entanto depois para um profissional de saúde, de um tempo na Amazônia já é sem muita experiência possível diferenciar a mansonena Amazônia, lose da malária e de viroses comuns. diagnosticar a mansonelose O pesquisador Victor Py-Daniel do Instituto Nacional de Pesquisas da “Ambas apresentam uma sintomatoAmazônia (Inpa/MCTI) desenvolve logia semelhante, mas que também pesquisas sobre as doenças e alerta pode incluir muitas outras enfermidasobre o descaso sanitário e social quan- des, ou seja, pelo simples exame dos to à prevenção e tratamento da doen- sintomas ainda fica um tanto difícil, ça. para um profissional de saúde, sem No Amazonas, a mansonelose cau- muita experiência na Amazônia, diagsada pela filaria Mansonella ozzardi, nosticar a mansonelose”, explica o ainda é extremamente comum, poden- pesquisador Py-Daniel.

‘‘

‘‘

Sintomas De acordo com o pesquisador os principais sintomas da Mansonelose são a dor de cabeça, frieza nas pernas, inflamação dos gânglios e febres elevadas podendo levar ao coma. A forma mais rápida e segura para diferenciar a mansonelose da malária e das viroses comuns, segundo o pesquisador, é o exame de sangue feito em lâminas.

Descaso O tratamento da doença foi interrompido em todo Estado do Amazonas, já que para os profissionais da saúde, os medicamentos não faziam efeito esperado e davam reação alérgica. Foi diagnosticado que em alguns pacientes existia uma dupla infecção, por isso o medicamento só eliminava um dos vermes, o que causava a interpretação errada do medicamento não ser efetivo. Para Py-Daniel, basta que o tratamento seja administrado com os cuidados que se têm no tratamento da oncocercose que tudo está resolvido.


Página 06 - Junho 2011

Educação e Sociedade- Divulga Ciência

Brincado com ciência: Ampa lança jogo educativo A associação Amigos do Peixe-Boi lança jogo educativo para crianças durante a semana do meio ambiente Foto: André Silva

Chamar a atenção e realizar ações para aumentar a conscientização e a preservação ambiental foi o objetivo do evento

| Jéssica Vasconcelos Da equipe do Divulga Ciência

Em comemoração à Semana do do pela Assembléia Geral das Nações gem do picolé no chão! Volte 2 casas! Meio Ambiente a Associação Amigos Unidas em 1972 e marcou a abertura O jogo foi criado em parceria com o do Peixe-Boi (Ampa), que atua em da Conferência de Estocolmo sobre artista plástico e também educador parceria com o Laboratório de MamíAmbiente Humano. A data se tornou ambiental Alexandre Huber. Além do feros Aquáticos do Instituto Nacional um evento anual cujo objetivo é chamar lançamento do jogo também fizeram de Pesquisas da Amazônia a atenção e realizar ações para aumenparte das atividades a área Ampa kids (Inpa/MCTI), realizou diversas tar a conscientização e a preservação (pinturas de rosto com temática atividades ambientais envolambiental. ambiental, pintura de desenhos etc). vendo crianças de várias escoAs crianças entre 9 e 10 anos partiIsso deveria ser feito las que estiveram visitando o ciparam de um Circuito de ConheciInstituto na quinta-feira, 2 de mento sobre os Mamíferos Aquáticos todos os dias junho. da Amazônia. Todas essas atividanas nossas casas, Para Gália Mattos, educadodes representam uma maneira lúdica no nosso dia a dia, ra ambiental da Ampa, a semade informar a criança, ressalta Gália. pois não é uma semana na mundial do meio ambiente O objetivo deste dia foi proporcioque vai resolver o problema do deveria ser comemorada e nar às crianças um dia especial de planeta lembrada todo dia. “Porque é aprendizagem, conscientização quando temos a oportunidade ambiental e diversão. de levar uma maior conscientização Foto: André Silva da necessidade de preservação do Jogo ecológico meio ambiente, porém isso deveria As atividades foram realizadas com ser feito todos os dias nas nossas crianças de 4 a 10 anos e na ocasião foi casas, no nosso dia a dia, pois não é lançado o jogo de educação ambiental uma semana que vai resolver o pro“Caminhada Ecológica”, que visa blema do planeta”, enfatizou. ensinar o que é ecologicamente certo e Segundo o Programa das Nações errado no que diz respeito a atitudes do Unidas para o Meio Ambiente dia a dia. Por exemplo, tem cartas de (PNUMA), o Dia Mundial do Meio punição onde o participante vai ler o Ambiente (5 de junho) foi estabeleciseguinte texto: “Você jogou a embala-

‘‘

‘‘


Junho - Página 07

Ciência e Tecnologia - Divulga Ciência

Temperaturas anormais dos oceanos afetam regime de chuvas amazônicas Eventos anormais de seca e cheia da região amazônica estão associados às mudanças de temperaturas dos oceanos Foto: Flavio Ribeiro

| Fernanda Farias Da Equipe do Divulga Ciência

metido”, explica Rosimeire Araújo. A pesquisa realizada pela aluna vas da região. A cada ano que o El Niño ocorre, ele A pesquisa utilizou um modelo climáRosimeire Araújo do Programa de Póstico que simula a resposta da atmosféGraduação em Clima e Ambiente (Cli- age de forma diferente na natureza, rica e a precipitação mediante a tempeamb), do Instituto Nacional de Pesqui- podendo atuar sozinho ou em conjunto com o oceano Atlântico. A combinação ratura dos oceanos, como as condisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e da ções dos ventos, que mostrou ser mais Universidade do Estado do Amazonas entre o oceano Pacífico quente (El importante, pois são eles que transpor(UEA), investigou através de análises Niño)e o Atlântico tropical (frio), é chamada de gradiente interbacias, que tam a umidade para a região. Os venobservacionais e simulações com pode intensificar ou diminuir as tos são gerados por diferenças nas modelo climático, os impactos de chuvas em períodos de El Niño. condições de aquecimentos entre eventos anormais na temperatura oceanos e continentes. dos oceanos Pacífico e Atlântico Pode chover menos do que o Quando ocorre o fenômeno La equatoriais, nos períodos de chuesperado no período de Niña, as águas do Oceano Pacívas da Amazônia. A pesquisa foi dezembro a março na região fico esfriam e as do Oceano orientada pelo pesquisador Luiz amazônica, desta forma o Atlântico aquecem, assim o regiCandido, do Núcleo de Modelaperíodo da estação seca já se me de chuvas apresenta-se gem Climática Ambiental do Inpa e inicia comprometido acima da média climatológica pela pesquisadora Rita Valéria acarretando um regime de chuva Andreoli (Inpa-UEA). ainda mais intenso na região “O período de intensificação do Foi observado que em anos de evenamazônica. to do El Niño, que é o aquecimento do evento de El Niño é em dezembro, “Os resultados indicaram que anos oceano Pacífico, ocorre uma inibição que coincide com o período chuvoso como este, chuvas acima da média, na formação de nuvens propensas a em grande parte da Amazônia, porém são observadas na bacia amazônica chuvas na região amazônica, que devido aos efeitos provocados pelos no período de dezembro a maio na agem no transporte de umidade do oceanos na atmosfera tropical, pode região do extremo norte da América do oceano Atlântico tropical. Qualquer chover menos do que o esperado no Sul, como observado em Roraima no mudança nos sentidos dos ventos período de dezembro a março na inicio deste semestre, por exemplo”, sobre a bacia do atlântico tropical irá região amazônica, desta forma o períocomenta Rosimeire Araújo. aumentar ou diminuir o regime de chu- do da estação seca já se inicia compro-

‘‘

‘‘


Página 08 - Junho 2011

Meio Ambiente - Divulga Ciência

Pesquisa aponta os motivos da invasão de urubus na área urbana de Manaus Facilidade de alimento e ilhas de calor atraem cada vez mais urubus para área urbana Foto: Acervo Pesquisador

|Fernanda Farias Da Equipe do Divulga Ciência

ambiental para as pessoas, e o descaso do poder público na coleta de resíduos. Isso tudo acaba fortalecendo o acúmulo de lixo nas áreas de pouso e decolagem dos aviões, podendo assim, um urubu colidir com partes importantes da aeronave, como a turbina e o motor.

‘‘

tudo, o prejuízo é muito grande para ambos os lados”, alerta Novaes. Ar quente facilita voo dos urubus Uma curiosidade da espécie é que elas gastam pouca energia para voar. Quando o sol incide no solo gera calor, como calor sempre tende a subir e o ar frio descer, os urubus utilizam esse ar quente que está subindo para poder ganhar altitude. Por isso, alguns urubus se aglormeram em termelétricas e aeroportos. “O ar quente o empurra pra cima e ele acaba gastando pouca energia para voar, eles ficam planando, por isso áreas que têm formação de massas de ar quente, acabam atraindo essas aves”, explica Novaes.

‘‘

Uma pesquisa realizada pelo estudante Weber Galvão Novaes, doutorando em Ecologia, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) revela por meio de um monitoramento realizado em Manaus, como os urubus se comportam nas áreas urbanas da cidade, como essa espécie pode causar problemas à saúde da população urbana e ainda os perigos que essas aves oferecem para a aviação. Apesar de ser uma espécie muito comum nas áreas urbanas, de boa parte das cidades brasileiras, o urubu ainda é pouco estudado na área científica. A falta de conhecimento da espécie dificulta o entendimento de sérios problemas ocasionados pelas aves. Um deles é a colisão com aeronaves, que acaba causando grandes prejuízos para as empresas, além de por em risco a segurança da tripulação e dos passageiros. Os motivos para os urubus invadirem o espaço urbano das cidades são inúmeros, como a falta de saneamento básico nas ruas, a falta de educação

Áreas que tem formação de massas de ar quente, os asfaltos dos aeroportos e as termelétricas, acabam atraindo essas aves

O pesquisador Weber lembra-se do caso do avião da TAM que colidiu com um urubu, alguns anos atrás. Além do transtorno na transferência dos passageiros, a companhia aérea, após a colisão com a ave, ainda teve prejuízos com os danos nas aeronaves. “As pessoas são relocadas, ou vão para um hotel, isso acaba diminuindo a credibilidade da empresa, pois as pessoas ficam com medo de viajar pela companhia, somando

Foto: Acervo Pesquisador


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.