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Jornal do Inpa Distribuição Gratuita
Manaus, Junho/Julho 2010 - Ano II - Ed.07 - ISSN 2175-0866
Pesquisa realizada no Inpa transforma casca de maracujá em biscoito O trabalho foi tema de dissertação de mestrado de Carlos Victor Bessa. A pesquisa feita no Instituto inclui as propriedades da casca do fruto, que antes ía parar no lixo, em uma alimentação saudável. Pág. 07 Foto: acervo pesquisador
Pesquisa avalia condições para desenvolvimento de palmeiras As palmeiras possuem grande importância ecológica e econômica, muitas delas são utilizadas como fonte de matéria prima para artigos artesanais. Pág. 05 O estudo avaliou a distribuição das palmeiras Foto: Eduardo Gomes
Foto: Eduardo Gomes
Melhor aproveitamento de resíduos florestais é tema de Workshop O foco é a utilização adequada e racional dos recursos naturais na Amazônia. Membros de várias Instituições participaram do evento
Instituições discutem sobre a proteção do conhecimento O evento reuniu membros de instituições de pesquisas de todo Brasil para discutirem meios de proteção do conhecimento científico desenvolvido nos Institutos.
Pág. 05
Pág. 06
SBPC se reúne em Natal e debate sobre a biodiversidade no mar Pág. 02
Foto: Eduardo Gomes
Foto: Acervo pesquisador
LBA organiza livro sobre diversidade de pesquisas na Amazônia O livro é considerado como uma das mais completas publicações sobre pesquisas na Amazônia. A editora do Inpa deve publicar em Português
Solos da Amazônia são favoráveis à planta que cura malária Áreas de várzea oferecem melhores condições para a planta. O princípio ativo Artemísia é usado no processo de fabricação de medicamentos.
Pág. 04
Inpa e consulado do Peru debatem cooperação científica Pág. 03
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Boa Leitura : livro descreve espécies de palmeiras Pág. 02
Junho/Julho de 2010 - Página 02 Expediente
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Chefe da Divisão de Comunicação Social: Tatiana Lima (MTB 4214/MG) Editor Chefe: Daniel Jordano - Repórteres: Clarissa Bacellar, Eduardo Gomes, Josiane Santos e Wallace Abreu - Editoração Eletrônica: Flávio Ribeiro - Revisão: Josiane Santos - Secretário de Redação: Everton Martins. Fotos: Eduardo Gomes, Tabajara Moreno e acervo pesquisador
+55 92 3643-3100 / 3104
Tiragem: 1000 - Edição 07 - Junho/Julho 2010 - ISSN 2175-0866. Produção: Divisão de Comunicação Social do Inpa/MCT.
ascom@inpa.gov.br www.twitter.com/ascom_inpa Ministério da Ciência e Tecnologia
Tome Ciência Foto: Tabajara Moreno (arquivo Inpa)
Projeto BioTupé realiza Workshop O Projeto BioTupé do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) realiza entre os dias 12 e 15 de agosto o lX Workshop. O evento reúne pesquisadores, estudantes e comunitários da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Tupé (RDES Tupé), localizada na zona rural de Manaus. A inscrição pode ser feita na sala do pesquisador responsável Edinaldo Nelson, na Coordenação de Pesquisas em Biologia Aquática (CPBA) no Instituto, localizado na Avenida André Araújo, 2936, Campus ll, bairro Aleixo.
SBPC se reúne em Natal e debate sobre a biodiversidade no mar Aconteceu entre os dias 25 e 30 de julho a 62ª reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O tema central do evento neste ano foi "Ciências do Mar: Herança para o Futuro’’. O encontro ocorreu na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) em Natal e teve 69 conferências, 61 mesas-redondas e 27 simpósios, 11 encontros e seis sessões especiais. Cientistas e membros do poder público participaram da reunião que contou ainda com a participação dos candidatos à presidência da República. A novidade da Reunião de 2010 foi a inserção da atividade
denominada "Ciência em Ebulição", onde dois pesquisadores com visões opostas debateram um tema polêmico. Atividades do gênero sobre mudanças climáticas, mecanismos de seleção de dirigentes de instituições de ensino e pesquisa, Lei de Anistia, pré-sal, cotas nas universidades e usina hidrelétrica de Belo Monte no Pará foram realizadas. O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) também participou dos debates assim como ocorreu em 2009 quando o evento foi realizado na Universidade Federal do Amazonas (Ufam) em Manaus. O Inpa focou nas atividades voltadas ao conhecimento da biodiversidade amazônica e o uso desse potencial, incluindo produtos processados e patenteados. A cada ano, a Reunião Anual da SBPC é realizada em um estado brasileiro diferente. Em 2011 o evento correrá em Goiânia ( GO).
Boa leitura | Livro descreve espécies de palmeiras O livro “ Flora Brasileira, Palmeiras” descreve de maneira simples as diversas espécies de palmeiras. A publicação é fruto de 15 anos de pesquisas sendo o resultado do trabalho de quatro autores: Harri Lorenzi,MSc. Engenheiro agrônomo e botânico do Instituto Plantarum de Estudos da Flora de Nova Odessa (SP); Francis Kahn, PhD. Biologia das Palmeiras do IRD (Institut de Recherche pour lê Développement de Lima (Peru); Larry R. Noblick, PhD. Biologia das Palmeiras do Montgomery Botanical Center de Miami (USA) e Evandro Ferreira, PhD. Engenheiro Agrônomo e Botânico do Inpa Acre além de curador do Herbário da Universidade Federal do Acre (UFAC). A publicação reúne dados sobre Palmeiras de diversas partes do Brasil, da Amazônia ao Nordeste. Foram catalogadas todas as espécies nativas conhecidas da botânica para o território brasileiro. Segundo a publicação foram encontradas, aproximadamente, 30 espécies novas que foram descritas e publicadas na edição deste livro.
Junho/Julho de 2010 - Página 03
Pesquisa - Divulga Ciência
Inpa e consulado do Peru debatem cooperação científica Uma reunião entre o cônsul geral do país vizinho em Manaus e os pesquisadores do Inpa foi realizada no dia 19 de julho. Foi destacado o papel da cooperação científica para desenvolver de forma sustentável a região.
Solos da Amazônia são favoráveis à planta que cura malária Áreas de várzea e de Terra Preta de Índio oferecem melhores condições para a planta conhecida como Artemísia, cujo princípio ativo é usado no processo de fabricação de medicamentos para o tratamento da malária Foto: Jone Libório (acervo pesquisador)
| Daniel Jordano Da equipe do Divulga Ciência
Um debate para promover futuras ações de cooperação científica entre Brasil e Peru foi a temática da reunião entre a direção do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) com o cônsul geral do Peru em Manaus, César De Las Casas.O objetivo é integrar as Instituições peruanas aos trabalhos desenvolvidos nos Institutos brasileiros. Na ocasião, foram apresentados ainda os cursos de pós-graduação do Inpa que contam com alunos peruanos que também participaram do encontro. César De Las Casas conheceu as pesquisas feitas no Inpa que resultaram em produtos como o beneficiamento do couro de peixe e visitou o Bosque da Ciência. Ele destacou o papel da cooperação entre os países amazônicos para o desenvolvimento da região.“ Minha visita é para ter um contato maior com os trabalhos do Inpa e assim ampliar as parcerias e complementar esforços principalmente nas pesquisas”, afirmou. Domínio do conhecimento Outro ponto destacado na reunião foi a importância da cooperação científica para produção de conhecimento na região. O diretor do Inpa, Adalberto Val, ressaltou as iniciativas de cooperação entre os países amazônicos como alternativa para desenvolver a região. "Não podemos tratar a região de forma isolada. É preciso haver um esforço para que possamos ter uma ação efetiva de conservação, manter a floresta em pé para que possamos ter uma geração de renda e inclusão social”, disse.
A planta é de origem asiática e foi introduzida no Brasil na década de 80 | Daniel Jordano Da equipe do Divulga Ciência
Áreas de solo fértil da Região Amazônica como os solos de Várzea e, principalmente, a chamada Terra Preta de Índio favorecem o plantio da espécie Artemisia annua L., utilizada na fabricação de um medicamento que trata a malária. O estudo foi desenvolvido como parte da dissertação do mestrando Jone Libório Uchôa Carneiro, do Programa de Pós-Graduação em Agricultura no Trópico Ú m i d o ( P P G - AT U ) d o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia . A planta Artemísia annua L. é de origem asiática, sendo introduzida no Brasil na década de 80 e estudada no Amazonas pelo pesquisador Pedro Melillo de Magalhães da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em parceria com o Inpa, Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) realizando uma série de experimentos com a plantas nos ecossistemas da
região. A eficácia da planta Artemísia para o tratamento da malária já é comprovada cientificamente. Segundo Libório, o estudo serve como incentivo à fabricação do medicamento na região.“Na Amazônia essa planta servirá para reduzir os custos de produção desse medicamento e também será uma alternativa viável para as populações de regiões remotas que precisam de longos dias de viagem para ter acesso ao tratamento da malária”, disse. A dissertação foi orientada pelo pesquisador da Coordenação de Pesquisas em Ciências Agronômicas (CPCA) do Inpa, Newton Falcão. O trabalho foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). Foto: Jone Libório (acervo pesquisador)
Planta Artemísia annua L. em estufa
Junho/Julho de 2010 - Página 04
Educação & Sociedade - Divulga Ciência
LBA organiza livro sobre diversidade de pesquisas na Amazônia
Amazônia em debate no Seminário Internacional de Ciências do Ambiente Foto: Eduardo Gomes
“Amazônia and Global Change” é considerada como uma das mais completas publicações sobre pesquisas na Amazônia.
A 4ª edição do Seminário Internacional de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade da Amazônia (Sicasa), encerra com debates sobre ações futuras a serem realizadas na região. | Wallace Abreu Da equipe do Divulga Ciência
|Eduardo Gomes Da equipe do Divulga Ciência
Livro traz informações sobre a biodiversidade da Amazônia
O Programa de Grande Escala da BiosferaAtmosfera na Amazônia (LBA), um projeto de cooperação científica internacional, gerenciado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) reuniu, recentemente, no livro “Amazônia and Global Change” os mais importantes resultados científicos sobre o funcionamento de sistemas naturais e antrópicos na Região Amazônica e no Cerrado. O livro foi organizado por Pedro Silva Dias do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) do Rio de Janeiro, Michael Keller, Mercedes Bustamante, John Gash. A primeira edição está em inglês, mas já existe interesse de tradução para o português e publicação por parte da editora do Inpa, órgão ao qual está vinculado o LBA. A edição em inglês possibilita, segundo os organizadores, maior inserção na comunidade internacional. Porém, é preciso também que o livro alcance popularidade nacionalmente. Segundo um dos editores da obra, Pedro Dias, a seleção dos trabalhos foi rigorosa, levando em consideração
que a intenção da obra era fazer com que os capítulos pudessem refletir a multidisciplinaridade dos trabalhos de diferentes grupos de pesquisa, sem a pretensão de cobrir todos os temas. "Reunimos um conjunto abrangente de pesquisas do LBA, mas sem a pretensão de cobrir todos os temas”, disse.
Sobre o livro A publicação é considerada uma das mais completas sobre pesquisas na Amazônia, compõe 34 artigos divididos em cinco seções assinados por autores brasileiros e estrangeiros que desenvolvem pesquisas no âmbito do LBA. Sobre programa O LBA é um programa de pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), gerenciado pelo Inpa. Durante 10 anos de pesquisas foram 150 projetos de ciência de ponta; 280 Instituições parceiras; 1.400 pesquisadores brasileiros; 900 pesquisadores de países amazônicos, de Instituições americanas e de 8 países europeus; 500 mestres e doutores formados e 2 mil artigos publicados.
Reflexão histórica, educação ambiental, a proposta de uma revolução científica e muito otimismo fizeram parte do painel de encerramento da 1ª Mostra e Intercâmbio de Experiências em Educação Ambiental na Amazônia que aconteceu no último dia 18 de junho no Auditório Eulálio Chaves da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). O painel teve como tema “A agenda científica do século XXI para a Amazônia” e contou com a participação do diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT), Adalberto Val; da reitora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Márcia Perales; do diretor presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Odenildo Senna e do Professor da Universidade de Letícia na Colômbia (UNAL), Marco Tóbon. Segundo o diretor do Inpa, 60% das produções científicas sobre a Amazônia não tem nenhum autor brasileiro. “É esse o tamanho da confusão que teremos que resolver. Só nos últimos oito anos é que tivemos uma evolução significativa em ciência e tecnologia no país, passamos de 92 a 232 programas de pós graduação em ciência e tecnologia”, ressalta Val. De acordo com o professor colombiano, Marco Tóbon, o principal desafio das universidades públicas na Amazônia é a conscientização ambiental. “A universidade precisa gerar tópicos de conservação da Amazônia, pensar em políticas públicas ”, comenta.
Fevereiro/Março 2011 - Página 05
Economia - Divulga Ciência
Produção de brócolis no município Figueiredo valorizada após estudo
de
Presidente
Pesquisa foi realizada por estudante orientado por pesquisadores do Inpa e revelou crescente viabilidade socioeconômica e ambiental do cultivo de brócolis para o Amazonas Foto: Ariel Dotto Blind
| Clarissa Bacellar Da equipe do Divulga Ciência
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Produção de brócolis em Presidente Figueiredo revela grande potencial de produtividade em função da altitude
um grande potencial de produtividade em função da altitude, do micro clima da região, da ventilação constante (importante para a produção de hortaliças), e da temperatura média anual caracterizada em 26°C.
Não deixamos a desejar em qualidade perante outras regiões produtoras brasileiras
Produção O município se destaca por possuir
Fernandes, o brócolis já faz parte da dieta dos amazonenses e contribui na geração de emprego e renda para produtores da região. Blind afirma ainda que a produção em Presidente Figueiredo tem sido destinada a importantes consumidores de Manaus, que manifestam preferência pelo consumo de hortaliças regionais. “Não deixamos a desejar em qualidade perante outras regiões produtoras brasileiras e nem para o que é importado”, assegura.
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Com o intuito de colaborar no desenvolvimento da olericultura (área da horticultura que abrange a exploração de hortaliças) da Amazônia, a Coordenação de Pesquisas em Ciências Agronômicas (CPCA) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) tem desenvolvido pesquisas adequadas às diversas áreas do conhecimento agronômico. O engenheiro agrônomo Ariel Dotto Blind, orientado por pesquisadores do Inpa, realizou uma pesquisa sobre a viabilidade socioeconômica e ambiental da produção de brócolis para o Amazonas. Blind é estudante de mestrado do Programa de PósGraduação em Agricultura no Trópico Úmido (PPG-ATU) do Inpa. Os resultados da pesquisa mostram que a produtividade de plantios de brócolis (do grupo ramoso) em função de diferentes manejos é animadora, e, portanto, está sendo recomendado e usado por agricultores familiares, no município de Presidente Figueiredo, interior do Amazonas. “A partir dos dados analisados, os produtores familiares rurais se interessaram pelo plantio de brócolis em função do cultivo ser simples e devido o alto preço alcançado pela hortaliça em Manaus. Hoje, existe a Cooperativa Agroindustrial Boa Esperança (formada em abril de 2010) de produtores de brócolis no ramal Boa Esperança (Km 120 da BR 174), com produtividade cerca de 200 Kg semanais”, afirma o engenheiro.
O potencial produtivo de hortaliças nessa região, também tem sido alvo de discussões entre pesquisadores de diversas instituições. “Partiu de uma iniciativa, uma tentativa de produzir brócolis, porque não tem segredo nenhum, é o mesmo sistema de cultivo da couve. É possível ter sucesso na implantação dessas culturas (plantios), que não são convencionais na região, mas que têm viabilidade, pois não é necessário desmatar, uma vez que se pode utilizar a mesma área realizando rotação”, explica. Segundo Blind, os orientadores e pesquisadores do Inpa, especialistas em olericultura, Hiroshi Noda e Danilo
O Brócolis Em sua composição química são encontrados boro, ácido fólico, com destaque para seu elevado teor de cálcio, que auxilia na formação de ossos e dentes. Possui ainda outros compostos ativos, onde podem ser encontradas propriedades anticancerígenas, antioxidantes, antibacterianos, antifúngicos e os carotenóides (que apresentam atividades de pró-vitamina A). Pesquisadores japoneses comprovaram que os brotos de brócolis combatem a Helicobacter pylori, uma bactéria comum no estômago, conhecida por causar úlceras, gastrite e câncer gástrico.
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Ciência e Tecnologia - Divulga Ciência
Instituições discutem sobre a proteção do conhecimento O evento reuniu membros de Instituições de pesquisas de todo Brasil para discutir meios de proteção do conhecimento científico desenvolvido nos Institutos Foto: Eduardo Gomes
Marcos regulatórios e acesso a biodiversidade foram debatidos no encontro | Daniel Jordano e Eliena Monteiro Da equipe do Divulga Ciência
Desburocratizar os meios para realização de pesquisas e discutir formas de proteger o conhecimento científico gerado nos laboratórios. Foi essa a temática do ciclo de palestras “Pesquisa Científica, Proteção e Conhecimento: Atuação Governamental”.O evento ocorreu na sede do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) e foi realizado em parceria com a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Em pauta, assuntos como os marcos regulatórios para as pesquisas na Amazônia e a legislação que regulamenta o acesso à biodiversidade da região. O ciclo de palestras abriu oportunidade para a comunidade científica se manifestar sobre os mecanismos de segurança envolvendo a divulgação de pesquisas em Ciência e Tecnologia no Brasil. Os programas de proteção nacional da inteligência, a criação de uma cultura sensibili-
zada com a proteção de conhecimento, a posição no país em relação à propriedade intelectual e a importância dos povos tradicionais (entre eles os indígenas) como detentores do conhecimento foram destaques nos debates. Para o vice-diretor do Inpa, Wanderli Tadei, as discussões colaboram para incentivar as pesquisas.“O processo de pesquisa e o acesso ao patrimônio genético precisam ser discutidos para que os projetos possam caminhar e que não tenhamos prejuízos em função de regras que ainda não estão estabelecidas. O Inpa solicitou essa reunião para que possamos melhorar esse processo, e assim o conhecimento científico seja valorizado”, destacou. Além do Inpa e da Abin, membros do Ministérios da Ciência e Tecnologia (MCT), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam),
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Conselho de Gestão em Patrimônio Genético (CGEN), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação Oswaldo Cruz da Amazônia (Fiocruz), Ministério Público Federal (MPF), Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), Universidade Estadual do Amazonas (UEA), Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) e a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), também participaram das palestras. Segundo Odenildo Sena, diretor presente da Fapeam, as discussões são importantes, mas ele ressalta a importância de se avançar mais, para desburocratizar o acesso ao patrimônio genético da região.“A discussões em torno desse tema e a proteção do conhecimento são cruciais para o desenvolvimento da ciência no Brasil, mas é preciso que as discussões sejam agilizadas. É necessário desburocratizar o acesso ao patrimônio genético ”, disse. Cultura de proteção Manter o equilíbrio entre o que proteger e como publicar é um dos principais focos dos programas da Abin. A coordenadora geral de proteção do conhecimento da Abin, Cristina Célia, destacou o papel do Programa Nacional de Proteção do Conhecimento Sensível (PNPC) que é voltado para as empresas públicas e privadas.“ O nosso trabalho é sensibilizar parceiros para adotarem medidas de proteção externa”, afirmou.
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Economia - Divulga Ciência
Pesquisa feita no Inpa transforma casca do maracujá em biscoito
Foto: Carlos Victor (acervo pesquisador)
O biscoito é um dos produtos mais consumidos pela população brasileira, principalmente, por crianças e adolescentes. No entanto, possui alto teor de açucares e de caloria Josiane Santos Da equipe do Divulga Ciência
Foto: Carlos Victor (acervo pesquisador)
As sementes, cascas e bagaços da maioria das frutas são jogados no lixo depois que a polpa é usada para a produção de alimentos. Com o maracujá, rico em vitamina C e Complexo B, as coisas não são diferentes. Uma estimativa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) mostra que 90% das cascas e sementes da fruta são desperdiçadas. Mas o projeto de mestrado de Carlos Victor Bessa do curso de Ciências de Alimentos da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) reaproveita o que antes era jogado no lixo em produto comestível. Bessa desenvolveu um biscoito de alto valor nutritivo a partir da casca do maracujá. O projeto foi orientado pela pesquisadora Jerusa Souza Andrade da Coordenação de Pesquisas em Tecnologia de Alimentos (CPTA) do Inpa e pela doutora Lidia Medina de Araújo da Ufam. Segundo o mestrando, a finalidade do trabalho é mostrar que os resíduos de frutas, que tem como único destino o lixo, podem servir para criar alimentos e substituir ingredientes pouco saudáveis por outros mais saudáveis desenvolvendo um alimento saboroso e com
propriedades funcionais. Essa foi uma das motivações para Bessa iniciar em 2008 seus estudos. Elaboração do produto As etapas de elaboração do biscoito envolvem a lavagem do fruto, o descasque, a separação do albedo (parte branca do maracujá) e a criação de uma farinha misturada a outros ingredientes para produzir o biscoito. Assim, incorporado o albedo (parte branca) desidratado da casca do maracujá na farinha de trigo; a troca do açúcar comum por xilitol - adoçante de baixa caloria e que inibe a incidência de cáries; a troca da manteiga ou margarina por óleo vegetal resultou em um biscoito rico em fibras, menos calórico, mais saudável e com propriedades funcionais. Valor nutricional As fibras do albedo do maracujá ingeridas com regularidade e quantidade certa são indicadas para prevenção ou tratamento de diabetes, prisão de ventre (constipação intestinal), câncer de cólon, colesterol alto (hipercolesterolemia) e obesidade. Bessa afirma que a Região
Norte apresenta grande deficiência em consumo de fibras, apesar da grande biodiversidade da região e a finalidade é mostrar que esses resíduos podem ser reaproveitados. Pois, hoje, grande parte da população apresenta sérias dificuldades para obtenção de alimentos. Os biscoitos se produzidos em maior escala e incluídos nos sistemas de alimentação coletiva e na alimentação escolar, além de práticos, podem sair de um grupo seleto de consumidores e atingir um maior número de consumidores.
Tabela Nutricional Maracujá Cru
Poupa congelada
Umidade (%)
82,9
88,9
Proteína (g)
2
0,8
Lipídeos (g)
2,1
0,2
Colesterol (mg)
NA
NA
Carboidrato (g)
12,3
9,6
Fibra alimentar (g)
1,1
0,5
Cálcio (mg)
5
5
*Fonte: Tabela projeto Taco 2008
Cultura e Entretenimento - Divulga Ciência
Junho/Julho de 2010 - Página 08
Bosque da Ciência, uma alternativa de lazer para a família Fauna livre encanta visitantes que procuram por opções de lazer diferenciadas nas férias. Foto: Eduardo Gomes
Jovens e adultos encontram lazer e conhecimento durante as férias no bosque da ciência |Eduardo Gomes e Clarissa Bacellar Da equipe do Divulga Ciência
Olhares atentos e curiosidade a todo vapor são algumas das características dos inúmeros visitantes que passam todos os dias pelas trilhas do Bosque da Ciência no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT). Considerando as férias como uma oportunidade para conhecer os mistérios e curiosidades da biodiversidade da Amazônia, estudantes, amigos e famílias deslumbram-se com as riquezas naturais do local. Macacos, pássaros e cutias, vivendo em plena liberdade, chamam a atenção dos visitantes que esperam o momento certo para fazer a foto perfeita e levar como lembrança. É o caso da família estadunidense da conselheira para assuntos de imprensa, educação e cultura da Embaixada dos Estados Unidos da América no Brasil, Adele
E. Ruppe, que trouxe 30 membros de sua família para conhecer o Brasil, a Amazônia e também o Bosque da Ciência no Inpa. “Minha família e eu estamos morando há dois anos em Brasília e amamos muito a Região Amazônica. Essa é a minha terceira visita e queria que toda minha família dos Estados Unidos também conhecessem essa região que é tão especial”, conta Ruppe. O olhar bisbilhoteiro das crianças é uma diversão à parte. Querem ver tudo ao mesmo tempo. E para os jovens não é diferente, essa também é uma experiência intensa, como demonstra o estudante Clint Ivy, de 20 anos: “Ver tantas árvores, animais livres, é incrível e interessante’’. O Bosque da ciência
oferece à população uma opção de lazer com caráter sóciocientífico e cultural, além de propiciar aos visitantes o interesse pelo meio ambiente. Divulgação da ciência Para o coordenador de extensão do Inpa Carlos Roberto Bueno, parcerias como essa são importantes para a troca de experiência e a divulgação da Amazônia. “O objetivo do Bosque da Ciência é mostrar a todos um pouco da pesquisa, do que é possível fazer por nós, das relações de como o Inpa vê o desenvolvimento regional. É a idéia de fazer amigos e também da preocupação que o Inpa tem de desenvolver a região, com alternativas diferenciadas”, declarou. Foto: Eduardo Gomes
Festa julina movimenta comunidade científica. A festa é realizada todos os anos pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e movimentou a comunidade científica. Comidas típicas, barracas, danças tradicionais e a Marujada do Boi Caprichoso agitaram o evento. Entre a comissão organizadora estavam Soleni Farias, Luciana Brito, Elivete Simões, Regina Marques, Odinéia Bezerra e Carlos Alberto Santos. A apresentação Festa reuniu pesquisadores e comunidade da festa ficou por conta de Ney Amazonas.