Quando olhar pra dentro significar conexรฃo 42 x 30 cm - Lรกpis sobre papel , 2014
Espaรงo Cultural Vallourec Setembro de 2015
Mural instalação na Galeria Paço das Artes SP, 2014
RASTRO IMAGInaRIO Alexandre Rato, pseudônimo de Alexandre Rodrigues de Sá, escancara em seus desenhos, aquarelas, telas, murais e grafites a interminável sequência de embaraços econômicos, penúrias e armadilhas de toda sorte que ele vivencia desde sua infância e adolescência, e que ainda o atormentam diuturnamente na elaboração de suas criações artísticas. Alexandre carrega sempre consigo um caderno de anotações, melhor dizendo, um livro de artista, no qual registra e desenha o que lhe desperta a atenção para, a posteriori, recriá-los em sua fértil fantasia, no primeiro suporte que encontrar. Da mesma forma, uma fotografia de jornal ou de uma revista pode ser o ponto inicial a ser usada como colagem numa obra, não importando o material que aproveitará: papel, tela, restos de madeira, moldura, todos encontrados nas ruas por onde caminha nos bairros de Belo Horizonte. Os resultados de suas pesquisas e criações constituem, quase sempre, um lampejo nos olhos dos apreciadores ao possibilitar-lhes, algumas vezes, uma visão agradável, ou amarga, perturbadora, desconcertante, de uma realidade social, retratada através de seu sensível e perspicaz olhar. Além dos suportes mencionados Rato enveredou-se nos espaços públicos para registrar suas criações. Assim, nos últimos anos tem participado de eventos como o Painel para Paço das Artes em São Paulo, o Festival de Verão e o de Inverno da Lagoa dos Ingleses, a Residência Artística Itatiaia a Virada Cultural de Belo Horizonte e os Graffitis: Mercado Novo, Galeria MamaCadela, Biblioteca Pública Luiz de Bessa, etc.
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Assim, sua contribuição na área de arte pública pode ser constatada ainda hoje em inúmeras construções de áreas externas de aglomerados de Belo Horizonte, com confecção de Graffiti em diversos bairros como: Vila Biquinhas, Petrópolis (Barreiro) e Palmital (Santa Luzia), desenvolvidos juntamente com Viviane Contigli. O projeto, denominado Vila Colorida, teve como objetivo aproximar crianças, jovens e a população em geral com a produção artística por meio de um curso educativo que pretende estimular crianças de uma área precária ao confeccionar painéis coletivos. A exposição Rastro imaginário denota um conjunto de obras mais lúdicas e juvenis que sua produção descrita anteriormente, nas quais o artista prossegue com sua veia de grafiteiro, sua linguagem inicial, agora se aproximando do concretismo e incluindo na maioria dos trabalhos, adolescentes e seus trajes característicos. Outro elemento persistente em sua obra, a colagem, pode ser verificada nas novas pinturas e desenhos configurados com recortes, cartas e fotografias de bordados, de rendas e de peças de tricô. Ao usar tais materiais em suas criações Alexandre produz uma simbiose entre realidade e ficção, levando a primeira para dentro do quadro e vice versa, sendo que, em alguns casos, a ficção vai além dos limites da obra, alcançando ou ultrapassando a moldura. Rato busca ainda misturar o fantástico e os devaneios de sua infância, resultantes de convivência com crianças, tornando aqueles momentos mágicos e transcendentes, simultaneamente, em devoção e arte. Nessa perspectiva, o consciente e o inconsciente se entrelaçam, assim como as ausências em suas obras são complementadas pelo olhar dos espectadores, de cartas de amigos, de alunos, de pessoas desconhecidas, que lhe foram doadas ou encontrados no lixo e irão compor pedaços de uma ou mais paisagens urbanas no corpo das pessoas pintadas em suas telas. Dessa forma se encontram imbricados entre a paisagem, o retratado, a abstração das figuras inseridas em um universo quase geométrico, que redunda em uma obra poética e, ao mesmo tempo, inquietante, desconcertante e perturbadora! Alexandre Rato é formado em Artes Plásticas pela Escola Guignard da Universidade do Estado de Minas Gerais, é músico, produtor multimída, poeta urbano. É professor de Artes Plásticas da Fundação Municipal de Cultura, no Arena da Cultura, Escola de Arte Livre, localizada na Praça da Estação, em Belo Horizonte, é casado com Viviane Contigli e pai de Violeta de Luna. Admirem e se encantem com as obras expostas deixando-se levar pelos azulejos que suportam as caminhadas dos personagens de cabelos roxos! Paulo da Terra Caldeira Professor aposentado da Escola de Ciência da Informação da UFMG Colecionador
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Pelos cantos, sussurrando ao vento Técnica mista sobre madeira 46 X 32 cm, 2015
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Engenho que às vezes me impede de dormir Técnica mista sobre madeira 42 X 31 cm, 2015
A incrĂvel capacidade de sonhar com um mundo distante TĂŠcnica mista sobre madeira 42 X 31 cm, 2015
Cada parte do universo acende TĂŠcnica mista sobre madeira 21 X 16 cm, 2015
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6 Sendo o que de mim espero TĂŠcnica mista sobre madeira 80 x 53 cm, 2015
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Talvez me atrase um pouco TĂŠcnica mista sobre tela 70 X 50 cm, 2015
8 O que o ofende s贸 o torna mais bambo T茅cnica mista sobre madeira 33 X 24 cm, 2015
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É impossível ganhar sempre Técnica mista sobre madeira 25 X 19 cm, 2015
10 Desejava apenas um crisântemo branco de dezesseis pÊtalas TÊcnica Mista sobre tela 80 x 60 cm, 2015
Alguma hora dessas num futuro próximo Técnica mista sobre madeira 39 x 22 cm, 2015
Depende de como lidamos com o que acontece Técnica mista sobre madeira 39 X 22 cm, 2015
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Diga que gostou do que descobriu Óleo sobre madeira 50 x 40 cm, 2015
Resta ainda a felicidade de recordar Técnica mista sobre tela 20 x 25 cm, 2015
Tudo que faz nascer saudade Óleo sobre tela 70 x 50 cm, 2015
14 Claridade lunar metafĂsica TĂŠcnica mista sobre tela 120 x 80 cm, 2015
Claridade lunar metafíisica Ir ao ateliê de Alexandre e ver suas pinturas é provar do magma do ser humano (Castoriadis) e experimentar o pensamento complexo de Edgar Morin... Ao me deter em frente a um de seus trabalhos, inicialmente, decodifico os símbolos que são facilmente nomeáveis: parede de azulejos, rapaz, balões. Deixando o olhar o percorrer de alto à baixo, identifico um cabelo azul que chama minha atenção, roupas contemporâneas. A identidade que se formava em minha percepção se esvai, não está mais ali. Falta nela um pedaço, como a lembrar que somos todos seres faltantes. Uma contradição é criada: do ser presente/ ausente... Este personagem está à minha frente ou não? Ao mesmo tempo que sua presença se refaz, ela se esvai, exatamente no ponto fraco de Aquiles. A dúvida me angustia e parto em busca de confirmações ou explicações dentro do plano pictórico para tal enredo. Encontro os balões que flutuam como o rapaz, mas que se encontram preenchidos de outra matéria que AR. E uma imagem similar, que também flutua, preenche a minha retina: são águas vivas! Vida e morte se confundem. A parede de azulejos me parece mais líquida e me põe a flutuar. O espaço não é mais nomeável, mas apenas especulável. Pode ser água, pode ser mar, pode ser ar. Me vejo em dimensões diferentes e paralelas, onde já desejo ser este rapaz de cabelos azuis. Sobre o chapéu que os cobre, me surpreendo com um pequeno camundongo, logo o identifico como o alter-ego deste rapaz. Alter-ego que abre caminhos, que mostra além, o além. Mas o que faz aquele coração em uma pequena arapuca no canto esquerdo inferior da imagem? É do rapaz? É meu? Que armadilha é essa que caí e me suscita tantas questões? Tantas narrativas, tantas sensações? É neste momento que me sinto retornando ao magma de milhões de anos que forma e dá forma a todo comportamento e cultura humana e nos possibilita sermos quem somos e historicamente chegarmos onde estamos. Os portais estão abertos, as narrativas criadas por Alexandre não apontam uma única saída, ou mesmo uma solução. É o pensamento em círculos e espirais que toma diversas direções e possibilidades, as combinações são incessantes e levam a diversos caminhos e questionamentos. A regra cartesiana é jogada por terra, é preciso pensar de forma complexa, circular e reta ao mesmo tempo. Como o movimento do elétron, que dependendo do ponto de vista têm trajetórias diferentes. Isso não se aplica a uma única pintura do artista, em todas é preciso explorar o pensar, o estranhamento e a falta, tudo de forma criativa e original, de forma multidirecional e em movimentos variados. Para criar a obra de arte, o artista necessita que o mistério de seu mundo mnemônico deixe um rastro imaginário a ser acessado pelo espectador a partir de seu próprio indizível. Sergio Badian
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16 Encantado pela manhĂŁ suave TĂŠcnica mista sobre tela 100 x 70 cm, 2015
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Obrigado por quebrar o encanto TĂŠcnica mista sobre tela 70 X 50 cm, 2015
Na realidade você já chegou Técnica mista sobre madeira 48 X 33 cm, 2015
Abandono a tua necessidade de estar certo Técnica mista sobre madeira 55 X 45 cm, 2015
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20 Poderia dizer outra coisa TĂŠcnica mista sobre tela 50 X 40 cm, 2015
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Um pouco de seu destino começava a confirmar-se TÊcnica mista sobre papel 68 X 59 cm, 2015
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Você pode querer saber a resposta Técnica mista sobre tela 60 X 40 cm, 2015
Tolerância à mudanças Técnica mista sobre madeira 46 x 31 cm, 2015
Levei muito tempo para assumir isso Técnica mista sobre madeira 120 x 80 cm, 2015
24 Vamos deixar como estĂĄ, vivo TĂŠcnica mista sobre madeira 108 X 80 cm, 2015
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Se ocupava em compreender bem o infinito TĂŠcnica mista sobre tela 80 X 60 cm, 2015
Graffiti em Santa Luzia - MG 2013
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Ser pintor é ser um compositor de imagens no tempo e espaço e as composições com o tempo viram eternas e universais. A pintura sempre foi e sempre será entre as artes, a mais vibrante e humana, pois os temas são sempre profundamente humanos na motivação e na expressão. Alexandre Rato faz parte desta concepção da pintura. Desde sempre navegou nas águas cristalinas da criatividade e da execução de suas obras com o toque de um mágico que sabe o que precisa oferecer para o conhecimento e o bom gosto da pessoa que acorda para a arte como se acorda de um sonho encantador. Nesse século de profundas e violentas mudanças algo que não mudou e não vai mudar é a pintura realizada a partir de uma criatividade que evolui e amplia no tempo e no espaço tanto do artista quanto do apreciador.
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Pintura instalação Graffiti na Galeria Mama Cadela - BH 2014
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Graffiti live painting Festival de Inverno da Lagoa dos Ingleses - BH 2015
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Graffiti na Escola de Samba Cidade Jardim - BH 2015
Graffiti no Centro cultural Art 22 em Santa Luzia - MG 2014
Graffiti na Galeria Mama Cadela - BH 2014
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Graffiti na Neocontrol Soluções em Automação - BH 2015
Graffiti Arte em residência - BH 2015
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Graffiti na Biblioteca Publica - BH 2014
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Vivi Contigli, Assistente de Produção, em frente ao Graffiti da Residência Artística Quartoamado em Itatiaia - MG, 2014
Espaço Cultural Vallourec - setembro/2015 Curadoria: Robson Soares Projeto gráfico: Clara Gontijo Fotografias: Raul Sampaio e Alexandre Rato
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