Marina Nazareth

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Espaรงo Cultural V & M do BRASIL Setemro de 2011









da série Paisagem, 2006 políptico acrílica sobre tela, 40 x 480 cm coleção da artista


da série Paisagem, 2007 acrílica e óleo sobre tela, 70 x 60 cm coleção da artista


Instruções para voar Belo Horizonte, agosto de 2010 Marina Nazareth

Antes de tudo, é absolutamente necessário que exista o desejo de voar. O candidato a aprender a voar deve observar atentamente a qualidade de seu desejo - se é genuíno e forte - e a si mesmo, pois esse é um aprendizado que pode muito bem consumir uma vida. Em seguida, é de grande importância conseguir um instrutor de voo. O candidato a aprender a voar pode e deve ter vários consultores. Entre eles, os poetas serão da melhor valia para guiá-lo ao encontro de seu instrutor próprio. O aprendiz irá reconhecê-lo nas dobras mais profundas de si - alguns o nomeiam centelha divina, outros, intuição, outros ainda, destino. Contudo, cabe ao aprendiz, ao reencontrá-lo, estabelecer com ele uma conexão perfeita, pois essa é tarefa intransferível. Depois, é preciso construir um espaço que seja amplo e livre, uma porta secreta e teto removível, para praticar as lições. Nesse espaço, e com ajuda do instrutor próprio, é possível iniciar seu treinamento para voar. Escolha uma manhã de sol e vento suaves, e comece por aquecer suas costas, respirar profundamente e estender seus braços procurando, em sua mais longínqua memória, como foi outrora a sensação de possuir asas. Pois nos foi ensinado, a todos nós e desde a mais tenra infância, como uma verdade inquestionável, esta grande mentira: a de que nós não fomos feitos para voar. Assim, durante muito tempo, você será possuído por dúvidas. Por essa época, no entanto, você terá começado a ver, durante o sono, em sonhos, o voo se materializar, e aos poucos as dúvidas irão se

apagando, deixando em seu lugar uma tranqüila certeza. É bom pela manhã, ao acordar, relembrar em detalhes o seu jeito de voar. Isso lhe será muito útil quando chegar a hora de alçar voo. Observe os pássaros e veja como eles se preparam ao sol, antes das grandes travessias, movendo suas asas com a justa medida entre força e leveza. Observe também como eles revoam, em movimentos mais que perfeitos, a dança sagrada. É muito importante, também, que você pratique as inúmeras formas do giro e do salto procurando, a cada dia, aumentar-lhes velocidade e altura. Então um dia, quando você e seu instrutor se sentirem preparados, depois de um persistente trabalho, em uma manhã de sol e brisa, como aquela do início do treinamento, retire o teto removível, tome um bom impulso, e, usando a força e leveza comuns aos homens e pássaros, vá em direção às nuvens. É possível que você encontre uma revoada de seres da sua espécie e dela possa participar. Mas, se vocês forem de naturezas diversas, não de preocupe: continue a voar até encontrar aqueles de sua estirpe, e então sim: revoar, livremente, em perfeita sincronia.









Óleo sobre papel, 21 x 29,7cm cada Coleção da artista







A Montanha Pulverizada, 2009 díptico, óleo sobre tela 90 x 150 cm coleção da artita



Interpretação do livro de poemas de Anelito de Oliveira “O Arvoredo”, 2002

bico de pena sobre papel 18 x 12 cm.





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