Patricia Krug

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PatrĂ­cia

Krug artista plĂĄstica

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Mente e corpo são indivisíveis e a nossa natureza, sábia que é, produz recursos internos para que possamos viver esta conexão em harmonia, tanto conosco quanto com o mundo que nos cerca.

“Mind and body are indivisible, and our nature, wise as it is, produces from internal resources, in the way that we can live in harmony within this connection, both with ourselves and with the world that surround us.”

Patrícia Krug

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Patrícia Krug por / by Claudia Regina da Silva Jornalista / Journalist

A lovely woman, owner of a contagious smile, of an ability to weave good arguments and defend them ardently, a person who cherishes sensitivity and courage, daring to defy day after day the symptoms that try to prevent her from going forward. To take into account the long search of any patient with a rare disease for diagnosis and treatment means to consider years in the life of a person who slowly loses the ability to work, feels her social interaction impaired, who gradually, as answers are found, understands it is an arduous battle: lack of information, access to medication and treatment… And as time goes by, the disease progresses.

of Brazil is impressive. The comments concerning the paintings of the collection called Carinhos D’Alma are, first of all, an acknowledgement of the work, for the colours and the uniqueness of the expression. However, what really draws the attention is how the people identify themselves with the subjects of the paintings. It seems that the origin of the images – material that comes from her inner universe, calls for answers from the collective unconscious, leading the people to see parts of themselves when looking at ‘A Bailarina’ or the naked boy holding his knees in the painting ‘Raro é Ser Igual’. Patricia paints emotions, portraits what is inside, exposes, exorcises, documents what we cannot express.

Patricia, as she dove into this context, rather than complaining, found in the arts the therapy to let her free the content of her inner planet. She started to produce images with no prior plan, bringing beings and shadows, relationships and emotions, faces of male and female, lights and living scenario, where eyes pry and textures talk. Colours and textures are important characteristics. They confer identity to the work that grows and differentiates, forming a discourse of value, as a whole.

Here I leave an invitation, or rather, a challenge: stand in front of one of the images from this collection. Devoid yourself of any intention or willingness to construe or give meaning, just let your eyes work. If your access to the inner planet is open, I’m sure you’ll find some similarity, some reciprocity. Patricia Krug’s art has an aesthetic that provokes dialogue, reflection, not willing to be merely admired or contemplated as something finished.

The receptiveness of the public to the exhibits carried out in several states

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Uma mulher encantadora, dona de um sorriso que contagia, de uma capacidade de tecer bons argumentos e defendêlos com veemência, que sabe cultivar a sensibilidade e a coragem ousando desafiar dia após dia os sintomas que tentam impedi-la de prosseguir. Considerar a longa peregrinação de qualquer paciente com doença rara em busca de diagnóstico e de tratamento significa computar anos da vida de uma pessoa que vai perdendo sua capacidade de trabalho, que vê prejudicado seu convívio social, que aos poucos, ao encontrar respostas, entende que a luta é árdua: falta informação, acesso à medicação e tratamento adequado... Enquanto esse tempo passa, a doença evolui. Patrícia, ao mergulhar nesse contexto, ao invés de lamentar-se descobriu na arteterapia a possibilidade de liberar os conteúdos do seu planeta interno. Passou a produzir imagens sem plano prévio, trazendo seres e sombras, relações e emoções, faces do masculino e do feminino, luzes e cenários vivos, onde espreitam olhos e texturas que dialogam. Cores e relevos são marcas importantes. Conferem identidade à obra que cresce e se individualiza, constituindo um discurso autoral de valor, no seu conjunto.

Nas exposições realizadas em diversos estados brasileiros, a recepção do público impressiona. Os comentários diante das telas que constituem o acervo chamado Carinhos D’Alma são, primeiramente, de reconhecimento da beleza da obra, pelas cores e pela singularidade da expressão. Porém o que chama a atenção é a identificação das pessoas com os seres retratados. Parece que a procedência dessas imagens – material acessado do universo interior, evoca respostas no inconsciente coletivo, fazendo com que as pessoas vejam partes de si ao tomar contato com ‘A Bailarina’ ou o menino nu abraçado aos joelhos no quadro ‘Raro é Ser Igual’. Patrícia pinta emoções, retrata o que está dentro, expõe, exorciza, documenta o que não conseguimos expressar. Deixo o convite, ou melhor, o desafio: deixa-te estar diante de uma das imagens desta coleção. Sem intenção, sem querer interpretar ou dar significado, apenas deixa o olhar fazer contato. Se teu acesso ao planeta interno está liberado, estou certa de que vais encontrar alguma semelhança, alguma reciprocidade. A arte de Patrícia Krug é uma estética que provoca diálogo, reflexão, não se dispõe a ser meramente admirada, contemplada como algo acabado.

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O PROCESSO DA CRIAÇÃO WORK IN PROGRESS THE CREATION PROCESS / WORK IN PROGRESS

Na primeira fase de seu trabalho expressivo, a marca são os olhos: inicialmente existem olhos humanos estilizados, por vezes presos a corpos submetidos aos olhares, noutras estão soltos no entorno deles, como a formar seu contexto. Depois os olhos são parte do plano de fundo da obra e os seres estabelecem relações. No terceiro quadro, chamado ‘Liberdade’, os olhos mudam de forma, diminuindo sua incidência sobre os corpos. Em ‘No Olho do Furacão’, ‘Em Paz com a Vida’ e ‘Despedindo da Dor’ da profusão de formas vão, pouco a pouco, emergindo as primeiras figuras, que no sétimo quadro, ‘As Três Marias’, já são visíveis.

In the first phase of her expressive work, the peculiarity are the eyes: initially there are stylized human eyes, sometimes attached to bodies subjected to stares, other times loose around them, so as to form its context. Later, the eyes become part of the background of her work and the beings establish the relationships. In the third picture, called ‘Liberdade’, the eyes change shape, reducing their impact on the bodies. In “No Olho do Furacão’, ‘Em Paz com a Vida’ and ‘Despedindo da Dor’ the profusion of forms will, little by little, emerging the first pictures, which will be visible in the seventh frame, ‘As Três Marias’.

primeiro

olhar

Turbilhão de Emoções

Acrílica sobre tela / acrylic on canvas

67,5 x 45 cm

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Feliz da Vida

AcrĂ­lica sobre tela / acrylic on canvas

67,5 x 45 cm

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Há uma porção de nossa demanda de cura que contém outros significados, significados latentes aos quais a medicina oficial não responde e aos quais, pelo contrário, as práticas paralelas oferecem resposta de algum modo – se não pela eficácia, seguramente por sua capacidade de fornecer uma possibilidade de elaboração simbólica. (...) De fato, quando se encaminha um processo de inovação e não se tem ainda a capacidade de identificar o novo, pode ser necessário retirar do sótão da cultura as linguagens, as práticas e os símbolos que servem para dar voz a necessidades para as quais não existem ainda nomes adequados. “There is a part of our demand for cure which contains other significances, latent significances to which the official medicine does not answer to and to which, contrary to that, alternative practices offer somewhat an answer – if not for the efficacy, most definitely for their capacity of supplying a possibility of symbolic preparation. (…) in fact, when an innovation process starts, and the capacity to identify the new is not there yet, it may be necessary to remove from the attic of the culture: the languages, the practices and the symbols that serve to give voice to the needs to which there are no proper names yet.”

MELUCCI, 2004, p. 110

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Liberdade

AcrĂ­lica sobre tela / acrylic on canvas

70 x 90 cm

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No Olho do Furacão

Acrílica sobre tela / acrylic on canvas

60 x 60 cm

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Em Paz com a Vida

AcrĂ­lica sobre tela / acrylic on canvas

60 x 60 cm

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Despedindo da Dor

AcrĂ­lica sobre tela / acrylic on canvas

60 x 60 cm

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As Três Marias

Acrílica sobre tela / acrylic on canvas

80 x 60 cm

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Intuição

Acrílica sobre tela / acrylic on canvas

70 x 100 cm

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O sofrimento e a saída do sofrimento podem ser experiências humanas às quais cada um de nós pode dar sentido. Cabe a nós inventar a palavra e o rito, reconhecer nossa solidão na provação e restabelecer de forma nova os vínculos entre nós e os outros, entre nós e o mundo. A doença, pequena ou grande, que nos revela mortais, pode nos conduzir às raízes de nossa unicidade e nos abrir ao universo. (...) Para quem sofre e para quem trata, a experiência da doença pode tornar-se, de um lado, uma luta cruel contra um inimigo invisível ou pode representar, de outro lado, a passagem através do círculo mágico que se abre para a finitude e a liberdade.

MELUCCI, 2004, p.122/124)

“The suffering and the escaping from the suffering can be human experiences to which each of us can give meaning. It is our responsibility to invent the word and the rite, to recognize our solitude in the ordeal and reestablish in a new way the links between us and the others, between us and the world. The illness, either minor or serious, which reveals us as mortals, can lead us to the roots of our unicity and open us to the universe. (…) For those who suffer, and for those who treat, the experience of illness can become, on the one hand, a cruel fight against an invisible enemy, or, on the other hand, a passage through a magical circle, which opens to the finite and the freedom.”

Deixa Ir

Acrílica sobre tela / acrylic on canvas

70 x 90 cm

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A Bailarina

AcrĂ­lica sobre tela / acrylic on canvas

100 x 70 cm

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El Niño

Acrílica sobre tela / acrylic on canvas

60 x 80 cm

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(...) nossa identidade é, em primeiro lugar, uma capacidade autônoma de produção e de reconhecimento do nosso eu: situação paradoxal, porque se trata, para cada um de nós, de perceber-se semelhante aos outros (portanto, de reconhecer-se e ser reconhecido) e de afirmar a própria diferença como indivíduo. O paradoxo da identidade é que a diferença, para ser afirmada e vivida como tal, supõe uma certa semelhança e uma certa reciprocidade. MELUCCI, 2004, p. 47

“(...) our identity is, first of all, an autonomous capacity of production and recognition of our “me”: a paradoxical situation as it means to notice that each one of us is similar to the others (therefore, to recognize and be recognized) and to declare one’s own difference as an individual. The paradox of identity is that the difference, to be declared and lived as such, presupposes certain similarity and certain reciprocity.”

Cissa - Autorretrato

Acrílica sobre tela / acrylic on canvas

100 x 70 cm

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O PROCESSO DA CRIAÇÃO WORK IN PROGRESS THE CREATION PROCESS / WORK IN PROGRESS

Até realizar ‘Com o Mundo nas Mãos’, Patrícia relata que pintava de improviso e sentia medo de sua inspiração acabar. Foi quando, ao expor no Museu Inimá de Paula, em Belo Horizonte, recebeu o apoio que fez com que ganhasse confiança e a coragem que vislumbramos no quadro ‘A Vida e a Colcha de Retalhos’. Não é por acaso que tenha pintado ‘Esperança’ após aquela exposição e que a personagem aprecie uma flor de lótus, símbolo de pureza. A autocrítica cedeu, os olhos resumiram-se a flores de vaso. Percebese mais leveza nas novas obras. Sua pintura rende-se ao figurativo, marcado pela independência da cor em relação ao objeto real e por linhas e cores que surgem de emoções e impulsos para depois ganhar representação.

coragem para

criar 22

Before finishing the painting ‘Com o Mundo nas Mãos’, Patricia tells us that she painted impromptu and was afraid that her inspiration would end. That was when, exhibiting at the Inimá Paula Museum in Belo Horizonte she received the support that made her gain the confidence and courage that can be glimpsed in ‘A Vida e a Colcha de Retalhos’. It is no accident that she painted ‘Esperança’ after that exhibition and that the character enjoys a lotus, symbol of purity. The self-criticism relented, her eyes turned to pot flowers. It is possible to notice the lightness in the works that follow. Her painting surrenders to the figurative, marked by independence of colour in relation to the actual object and lines and colours that arise from emotions and impulses to later win representation.


Com o Mundo nas Mãos

Acrílica sobre tela / acrylic on canvas

80 x 100 cm

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Além do Horizonte

Acrílica sobre tela / acrylic on canvas

100 x 70 cm

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A Vida e a Colcha de Retalhos AcrĂ­lica sobre tela / acrylic on canvas

100 x 70 cm

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Esperança

Chão de Estrelas

100 x 100 cm

80 x 120 cm

Acrílica sobre tela / acrylic on canvas

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Acrílica sobre tela / acrylic on canvas


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Anjos

AcrĂ­lica sobre tela / acrylic on canvas

70 x 100 cm

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Raro é Ser Igual

Acrílica sobre tela / acrylic on canvas

80 x 100 cm

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O Divan

Acrílica sobre tela / acrylic on canvas

80x 120 cm

A Cara da Dor

Acrílica sobre tela / acrylic on canvas

80 x 120 cm

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Acrílica sobre tela / acrylic on canvas

100x 100 cm

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Tudo Bem, Mestre Álvaro Acrílica sobre tela / acrylic on canvas

80 x 100 cm


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La Victoria

AcrĂ­lica sobre tela / acrylic on canvas

100 x 100 cm

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Eu Interior

AcrĂ­lica sobre tela / acrylic on canvas

100 x 70 cm

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Ocupar-se do planeta interno como parte integrante de uma atitude ecológica significa ultrapassar a ecologia do sintoma para assumir a responsabilidade do nosso existir no mundo. Significa aceitar que somos aquela parte da natureza capaz de transformá-la, porque podemos também cuidar dela. A começar pela natureza que está dentro de nós. (...) Desenvolvemos a capacidade reflexiva de ter consciência do nosso agir e de representá-la simbolicamente além de seus conteúdos específicos. (...) Portanto, produzimos nosso planeta interno, além de habitá-lo. MELUCCI, 2004, p.78/79)

“To occupy oneself with the internal planet as an integral part of an ecological attitude means to go beyond the ecology of the symptom to take on the responsibility of our existing in the world. It means to accept that we are the part of nature which is able to transform it, because we can also take care of it – starting with the nature which is inside us. (...) We develop the reflexive capacity of being aware of our acting and of representing it symbolically beyond its specific content. (…) Therefore, we produce our internal planet and inhabit it as well.”

Amora

Acrílica sobre tela / acrylic on canvas

100 x 70 cm

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Gaya

AcrĂ­lica sobre tela / acrylic on canvas

70 x 100 cm

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Jardim das Vaidades

AcrĂ­lica sobre tela / acrylic on canvas

120 x 70 cm

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O PROCESSO DA CRIAÇÃO WORK IN PROGRESS THE CREATION PROCESS / WORK IN PROGRESS

Desde ‘Raro é Ser Igual’ as telas explodem em cores luminosas e os contornos são mais nítidos. A presença dos olhos nessa fase ainda é constante, mas eles vão perdendo a autonomia de entes dentro do contexto das obras, cristalizando-se em estampas de objetos em ‘Chão de Estrelas’, ‘Gaya’ e ‘Amora’. A partir do ‘Templo da Beleza’ as imagens ganham contornos bem definidos, as linhas adquirem firmeza e o jogo de luz e sombra revela um maior domínio da técnica. Depois deste quadro as imagens em forma de olhos vão perdendo espaço para os rostos máscara, juntamente com personagens que só percebemos por seus reflexos, como em ‘Cissa’ e ‘O Beijo’, ou que habitam a tela como sombras, como em ‘O que não se vê’ e ‘Emília de Macela’, passando a compor uma poética pessoal da artista.

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After ‘Raro é Ser Igual’ the canvases explode in bright colours and the contours become clearer. The presence of the eyes in this phase is a constant, but they lose autonomy within the context of the works, crystallizing in objects in works such as ‘Chão de Estrelas’, ‘Gaya’ and ‘Amora’. From ‘Templo da Beleza’ on, the images gain a clear contour, the traces become steadier and the play of light and shadow in the paintings reveals a greater mastery of the technique. After this paining, the images with the shape of an eye give space to masked faces, together with characters only noticed as shadows, such as in ‘O que não se vê’ and ‘Emilia de Macela’, giving rise to a personal poetics of the artist.

sombra e

luz


O Templo da Beleza

AcrĂ­lica sobre tela / acrylic on canvas

80 x 100 cm

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Em Busca do Mundo Perdido AcrĂ­lica sobre tela / acrylic on canvas

70 x 100 cm

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O Tempo é Rei

Acrílica sobre tela / acrylic on canvas

120 x 80 cm

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Luz

Carv達o sobre tela / charcoal on canvas

70 x 120 cm

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O Beijo

AcrĂ­lica sobre tela / acrylic on canvas

120 x 80 cm

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O PROCESSO DA CRIAÇÃO WORK IN PROGRESS THE CREATION PROCESS / WORK IN PROGRESS

Ao acompanhar suas criações mais recentes - ‘Emília de Macela’, ‘Soho’ e ‘O que não se vê’, pude observar a forma peculiar como Patrícia executa seus quadros. Um único desenho ‘Soho’, anagrama de Osho - já havia sido desenhado em sua agenda, quando de sua ultima internação. Os demais foram riscados em carvão, diretamente sobre a tela. As pernas de um personagem acabam por fazer surgir um segundo personagem imprevisto. De uma sombra sai uma silhueta misteriosa... Patrícia não pinta a partir de um tema prévio. As linhas dialogam com o imaginário da artista em cada etapa da obra. Tela, no seu atelier, tem posição incerta: pode estar de ponta cabeça ou na transversal... Ela vira, mexe em seu cavalete, enquanto a pintura vai ganhando seus contornos. Não é, com certeza, à estética acadêmica que nos remete a obra de Patrícia. Ela nos remete a uma estética da alma, onde o belo surge como manifestação do sujeito - consciente e inconsciente - e o ser de relações, que abraça causas, levanta bandeiras.

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In accompanying her latest creations – ‘Emilia de Macela’, ‘Soho’ and ‘O que não se vê’, I could notice the peculiar way Patricia executes her paintings. A single drawing – ‘Soho’, an anagram of Osho – had already been drawn in her planner during her last hospital stay. The others were scratched in charcoal directly on the screen. From the legs of a character, emerges a second unexpected character. From a shadow arises a mysterious silhouette ... Patricia does not paint from a chosen theme. The lines talk to the imaginary of the artist in each stage of the work. The canvas, in her studio, has no certain position: it may be upside down, sideways… She turns, moves her easel, and the painting gains contours. It certainly is not academic aesthetics that draws us to Patricia’s work. She takes us to the aesthetics of the soul, where the beauty arises as a manifest of the subject – conscious and unconscious – and the being of relationships, who embraces causes, raises flags.


estética da

alma

Emília de Macela

Acrílica sobre tela / acrylic on canvas

100 x 80 cm

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Soho AcrĂ­lica sobre tela / acrylic on canvas

80 x 100 cm

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O que não se vê

Acrílica sobre tela / acrylic on canvas

100 x 80 cm

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Patrícia Krug por / by Sandra Maria Venturim Psicóloga / Psychologist

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Patrícia já foi questionada exatamente por vincular em demasia a arte com sua vida pessoal. Penso que para ela a vida não se desvincula da arte e muito menos de sua obra. E isto acontece porque sua vida pessoal já não é ordinária e sim originária de formas em devir. Seu universo de imagens já não se submete às representações esperadas - seus personagens têm gestualidade própria, estão desapegados de nossos aborrecimentos cotidianos, desvinculados da repetição diária de nossas vidas. A arte só se desvincula da vida para os que não fazem de sua vida uma obra de arte, isto é, para os que não ousam criar.

Patricia has been questioned exactly for linking her art with her personal life so much. I believe that for her, life cannot be detached from art, and much less from her work. And this happens because her personal life is no longer ordinary, but a source of forms to come. Her universe of images is no longer submitted to expected representations – her characters have their own gestures, are detached from our everyday hassles, disconnected from the daily repetition of our lives. Art is only detached from life for those who do not make of their lives a work of art, that is, for those who do not dare to create.

É impossível falar de Patrícia sem falar em espiritualidade, esta dimensão do ser que favorece a expansão da vida. Vê-la em seu atelier, ainda debilitada após quinze dias internada no Centro de Tratamento Intensivo, pintando uma tela que havia deixado inacabada (Emília de Macela) - e compartilhar sua alegria pelo momento presente, me fez ver um ser humano de grandeza ímpar. Há os que trazem um Deus dentro de si, um entusiasmo que os torna maiores que a dor. Para todos que a procuram em seus momentos difíceis, e não são poucos os que o fazem, Patrícia tem palavras, não de consolo, mas de redirecionamento do ser em favor da vida, isto é, em favor da alegria, da saúde, da criação.

It is impossible to talk about Patricia without mentioning spirituality, this dimension of the being that favours the expansion of life. Seeing her in her studio, still broken after fifteen days in Intensive Care – painting a canvas that had been left unfinished (Emilia de Macela) – and sharing her joy of the present moment, made me see a human being of unique greatness. There are those who bring a God within themselves, an enthusiasm that makes them greater than the pain. For all who seek her in their difficult times, and many do, Patricia has words, not of sympathy, but of redirecting the person in favour of life, that is, in favour of joy, health, creation.


créditos

Produção e organização de conteúdo, texto e revisão: Claudia Regina da Silva Acompanhamento e registro do Processo de Criação: Sandra Maria Venturim Fotografias das pinturas: Hudson Duarte Fotografias da artista: Helson Moura Maquiagem e cabelo: Guanaciara Loyola. Criação: Ideiário Design “Os trechos de Alberto Melucci foram retirados da obra O jogo do eu, Editora Unisinos, 2004, e têm essa transcrição devidamente autorizada, sem ônus, pela referida editora.”

Agradecimentos ArcelorMittal Ferrous Grafitusa Museu Inimá de Paula Vitória Fine Art

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Vivemos de maneira irreversível em uma realidade construída pela informação, mais especificamente a informação visual. (...) A compreensão do que nos acontece coloca-se na encruzilhada de diversos saberes. Para aproximar-se de um eu múltiplo, é necessário modificar o ponto de vista, assumindo um olhar capaz de perceber relações e aprender com a experiência. Cada vez mais percebemos o nosso agir como um processo interativo, como uma construção contínua num campo de possibilidades e limites. “We live irreversibly in a reality built by information, more specifically visual information. (…) The understanding of what happens to us is placed on the crossroads of varied knowledge. In order to get close to a multiple me, it is necessary to change the point of view, taking on a look capable of noticing relationships and learning from experience. More and more we perceive our acting as an interactive process, as a continuous construction on a field of possibilities and limits.”

MELUCCI, 2004, p. 14, 16


PatrocĂ­nio:


PatrĂ­cia

Krug artista plĂĄstica

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