Sérgio Vaz - Visitas do Mês de Agosto

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09/2014


Do modo como as coisas giram - 40x40 - 2013


Incidente nos azulejos da cozinha - 40x40 - 2013


As noites com grandes fogueiras estão presentes nas lendas, nos contos mágicos, na agenda das bruxas, na faena dos escoteiros. Há fogueiras para grandes feitos, grandes trabalhos – nas olarias e na queima de arquivos, na sarça ardente e na destruição facista - e há fogueiras mais íntimas, que mudam pequenas coisas, acionando interruptores sutis... e os olhos já não veem como antes. Físicas ou sensíveis, algumas queimam ad infinitum. Ao redor de uma dessas – se pode escolher qualquer uma, desde que se eleja também um desejo – estivemos, alguns providenciais comparsas e eu, a discutir sobre as coisas e a esperar milagres. Não me dei conta de que, ao voltar ao confinamento do atelier, todos os meus guardados, velharias e imagens iriam cobrar o reconhecimento de sua presença à sombra das memórias violadas e do fogo da noite anterior. Assim, no tempo que se seguiu e durante aquele mês de agosto, todos me visitaram: passados inexistentes, objetos com histórias alheias, imagens turvas, coisas que não são minhas... e simplesmente me apossei de tudo. O trabalho que ora apresento, é fruto de tudo aquilo que defendi à beira do fogo, sobre a inconsistência da lógica, a insanidade da razão e a grande fé que se deve ter para confiar na ciência. A confiança na imagem é o que nos move, enquanto a imagem se move, indefinida e constantemente, debaixo dos pés e diante dos olhos. Em VISITAS DO MÊS DE AGOSTO, o espaço de morada de todos os elementos representados é, assim como a superfície trabalhada, parte de um jogo de formas e pesos, tensão e equilíbrio de uma trama arquitetural que abriga um encontro com a esfera do simbólico, ancorada na figura reconhecível que funciona como elemento de passagem entre nosso olho e a dimensão na qual habitam essas figuras. O reconhecível é veículo para o inconsistente. E no inconsistente vive. Sérgio Vaz

De como as coisas dão voltas - 40x40 - 2013



Peso e medida das coisas - 40x40 - 2013


Compasso - 40x40 - 2013


Tesoura de picotar - 40x40 - 2013


Peso e medida das coisas II - 40X40 - 2013



A sedutora - 40x80 - 2013




Tenho medo de eletricidade quando sonho que estou voando - 40X50 - 2013


Castidade n達o se compra com alfinetes - 40x40 - 2013


O encontro sempre evitado - 40x40 - 2013


Um mês que não era dezembro - 40x40 - 2013


Onde não estive presente Certas coisas são memoráveis, tal como conversar ao pé de uma ancestral fogueira. A cabeça fica como um cata-vento, rodopiando, soprando, parecendo querer preservar o braseiro. O que foi que dissemos? Não se sabe. Falamos falamos falamos e o ovo ainda permanece protegido por falta de palavras. Sabemos que ninguém quer entender nada, pois as palavras estão simplesmente em busca de companhias. Nessas conversas os sons que emitimos possuem sombras; a luz desenha imagens; a eternidade é uma sucessão. Temos fome em nos tornar tudo que não somos, a nos reduzir a zero e se descobrir que é do zero que temos que partir. Num desses zeros, encontrado numa fogueira de agosto, Sérgio resolveu recomeçar um mundo e iniciou passando cola de sapateiro em linha de carretel. Cerol de vidro refinado e delicadamente moído para lançar pipa ao céu e rabear sua sorte de artista. Ele precisa construir mundos porque seu corpo não lhe delimita e não existir não cabe na sua vida diária. E os constrói a partir dos seus cacos e de tudo aquilo que dele não é mais, para nos oferece em forma de leitura: o seu silencio. Nos seus quadros meu amigo sabe que Meca, Medina e Guernica não existem mais; que Vermeer não mora mais em Delft; que o Noturno de Chopin ficou diurno e seus arpejos estão sufocados pelo barulho dos pardais; que suas lembranças antigas são como postas de carne curtida no sal e arreganhadas para o sol; que no momento em que exprime suas imagens ele se transforma lentamente no que diz, e que o etecetera é uma mentira para se cair na verdade. Da conversa em torno da fogueira de agosto eu não participei. No dia seguinte a esse evento eu o encontrei. Estava possuído pela fé e febre do caçador das esmeraldas. Agora vejo seus quadros: entre o meu ser e o dele a linha da fronteira se estreitou. Miguel Gontijo


O segredo atrås da lâmpada - 40x40 - 2013


Coleção entomológica - 50x60 - 2013


Oscilações do tempo entre a água e a terra. - 70x70 - 2013


Minha tia jรก quis ser miss - 40x40 - 2013


Fotografia: Samuel Oliveira Design: Clara Gontijo Textos: Miguel Gontijo e Sérgio Vaz Curadoria: Andreza C. R. Ferreira e Silva Realização: Carlinhos galeria de arte Obra da capa: Registro incontestável - 40x40 - 2013. Todas as obras apresentadas no catálogo são pinturas a óleo sobre tela. Exposição realizada em Setembro de 2014.

CARLINHOS MOLDURAS E GALERIA DE ARTE R. Conselheiro Quintiliano Silva, 108, BH/MG


Visitas do mes de agosto


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