Aos imortais invisíveis que desenvolveram os aplicativos que enriquecem a nossa experiência enquanto navegadores tridimensionais visíveis a olho nu.
A gente pode imaginar, sem correr o risco de fantasiar muito, que todas as coisas estão relacionadas de alguma forma, assim com as Luas e as Marés.
Às vezes, num relacionamento sério. Às vezes, num relacionamento engraçado.
É que o Universo pode ser considerado um grande conjunto com vários subconjuntos. E, estes últimos, com diversos elementos.
Desde estrelas até fótons.
Se considerarmos uma galáxia como um subconjunto do
Universo,
os planetas, satélites e estrelas seriam os seus elementos mais óbvios e notáveis.
Isso todo mundo aprendeu quando estudou
Teoria dos Conjuntos que, por ser uma coisa intuitiva, a gente achava que era perda de tempo...
Até porque, também só mostravam exemplos bobos.
Mas, tem muita coisa interessante como, por exemplo, as propriedades dos conjuntos.
Aquela coisa do conter ou estar contido e do pertence ou não pertence, que sempre gerava ansiedade.
E a sensação de inexorabilidade que vinha com o se isso, não aquilo, do pertencimento ou não, do assim ou assado. Como um “to
be or not to be” da arte dramática da matemática. E tinha a intersecção... que acontecia quando um elemento pertencia a dois conjuntos ao mesmo tempo. O que pode ser para sempre ou acontecer só numa fração de segundo ou num tempo muito curto, mas ocorre.
Como quando acontece de um peixe saltar para fora d’água só pra dar uma sapeada...
Ou quando um passarinho verde mergulha pra uma pescaria ou só pra esfriar a cabeça.
Numa fotografia instantânea, o peixe está voando e o pássaro está nadando. E ambos estão cruzando a fronteira do seu conjunto natural, um invadindo o do outro.
E como fica a Sereia, que é “metade o busto de uma deusa Maia, metade um grande rabo de baleia”?
Talvez ela seja a rara intersecção dos conjuntos dos
Secos
e dos
Molhados...
Os conjuntos e seus subconjuntos são o jeito mais direto de a gente enxergar como as coisas podem estar relacionadas
E o conjunto mais fascinante é o conjunto
vazio... É que às vezes é possível conseguir um conjunto vazio num piscar de olhos.
Imagine o conjunto dos aborrecimentos... Se a gente decidir que mais nada vai nos aborrecer, esse conjunto vai acabar ficando vazio.
Agora, um conjunto que também parece bastante interessante é o conjunto
unitário. O conjunto do primeiro beijo e o conjunto do último suspiro protagonizados por uma boca única.
Outra coisa que acontece com os conjuntos, ou com os subconjuntos, ĂŠ que eles podem ser complementares...
como yin
& yang.
O conjunto da natureza, por exemplo, contém vários subconjuntos que se complementam para formá-la.
E, meditando nisso...
a Sereia imaginou que durante a nossa jornada aqui na Terra, a gente pode se considerar um elemento do subconjunto dos
mortais visĂveis a olho nu.
E imaginou, também, que um subconjunto complementar a esse ao qual a gente pertence poderia ser o dos
imortais invisíveis a olho nu.
Invisíveis porque ninguém os vê assim cara a cara. Imortais porque sempre estão falando deles... (eles são um assunto que nunca morre)
Eles participam de situações ditas fantásticas e têm características marcantes.
Seja encarnando forças da natureza, seja assumindo aspectos gerais das vidas dos mortais
visíveis a olho nu.
Eles são muitos e muito se estuda e escreve a respeito deles e, embora a sua existência não possa ser comprovada, a riqueza do que simbolizam os torna presentes.
As façanhas deles constituem o que chamamos de mitos. E a matéria que se estuda para compreendê-los é a mitologia, que também é um conjunto com muitos subconjuntos.
Assim mesmo, como se fosse uma árvore com muitas frutas, cada uma com um nome difrente da outra, mas com sabores parecidos.
Isso porque, mesmo com as particularidades e peculiaridades que as caracterizam e as distinguem umas das outras, as diferentes mitologias apresentam aspectos em comum.
E a árvore de cada mitologia poderia ser uma árvore genealógica como a de todo mundo...
Porque cada mitologia é como se fosse uma grande família, com patriarca e/ou matriarca, com uma avó sabichona que sabe das coisas, roga praga e prevê o futuro (tipo vai chover e você vai se molhar se não levar a sombrinha), um
,
cunhadas pé no saco e...
ligações perigosas
E a Sereia descobriu que tem mitos que são únicos de cada
mitologia, que outros apresentam equivalências sutis entre os elementos dos diversos subconjuntos e que, algumas vezes, as relações entre as mitolgias são escancaradas...
Parecem até elementos com dupla cidadania de subconjuntos. O que é mais conhecido como correspondência biunívoca.
Talvez sejam tão parecidos por serem vizinhos.
E, por falar em correspondência...
Estudiosos do comportamento humano descobriram que, da mesma forma que os imortais
invisíveis às vezes
apresentavam comportamentos humanos, os mortais
visíveis a olho nu
também têm atitudes compatíveis com as dos
imortais invisíveis.
Seja na realização de feitos heróicos e atos de abnegação em prol da humanidade ou tendo ataques de ego e de ignorância.
Assim, esses estudiosos traçaram paralelos em uma correspondência, às vezes biunívoca e às vezes não, que explica a importância dos mitos e seus protagonistas para a interpretação do mundo.
E, ao se aproximarem da mitologia para desvendar o comportamento dos mortais
visíveis a
olho nu, modernizaram as interpretações dos mitos, dando-lhes ainda mais significado do que estes tinham no começo de tudo.
No processo, abriram espaço para muitas ferramentas há tempos conhecidas, mas que até então não tinham sido usadas para este fim.
Fim, que é ajudar a responder à questão:
To be or not to be?
A modernização das interpretações dos mitos não deu origem apenas a releituras de uma Vênus pop modernosa “metade o busto de uma deusa Maia, metade um grande rabo de baleia”...
Isso alimentou toda uma cadeia criativa de textos, imagens,
artefatos e muita arte na concepção disso tudo com a finalidade de obter respostas do nosso inconsciente.
Talvez, o segmento mais vasto em termos de imagem seja o dos baralhos de tarot, que se tornou uma das ferramentas de auto conhecimento eleita pelos estudiosos do comportamento dos mortais
visíveis a olho nu.
É que os elementos desse conjunto representam uma síntese dos mitos considerados relevantes e de aplicação imediata na investigação e resolução de dramas conscientes ou não. E a maioria dos baralhos de tarot contém dois subconjuntos. O subconjunto dos
arcanos maiores (com 22 elementos) e o dos arcanos menores (com 56 elementos).
Como o subconjunto dos arcanos
menores é bem grande e
está rigidamente estruturado para corresponder aos 4 elementos, é natural que ele contenha 4 subconjuntos que são os naipes.
Mas, sozinho, o subconjunto dos arcanos
maiores jรก
oferece uma boa base para o entendimento do comportamento humano.
Porque, se a gente (mortais
visíveis a olho nu)
fosse um equipamento, a gente poderia dizer que o nosso corpo é o hardware e que o nosso comportamento, que não é palpável nem apalpável, se deve a comandos do nosso software. E, nesse caso, o subconjunto dos
arcanos maiores dá muito bem conta de ser o nosso sistema operacional e o conjunto de aplicativos essenciais pra operar, conscientemente ou não, os processos de uma vida inteira. Querendo amadurecer essa ideia, a Sereia também traçou paralelos e achou músicas, filmes, livros, ditos populares, contos de fada e fábulas, além de pinturas conhecidas, que ela conseguiu associar a cada um desses arcanos.
Esse apanhado ela atualiza de vez em quando, sempre que aprende mais um pouco, mas já é um começo pra ela entender o mundo e o próprio comportamento, navegando nas imagens.
A Sereia e os Arcanos
Maiores
um anexo que é “o avesso do avesso do avesso do avesso”
ou A Sereia e
“a dor e a delícia de ser o que é”
0 O LOUCO
Ditado popular Não se faz uma omelete sem quebrar os ovos
A Banda (Chico Buarque)
filme Forrest Gump: O Contador de Histórias (Robert Zemeckis)
Fábula ou contos de fada Chapeuzinho Vermelho (Irmãos Grimm)
Literatura Alice no País das Maravilhas (Lewis Carroll)
Pintura Icarus (Henri Matisse)
I O MAGO
Ditado popular Para bom entendedor, meia palavra basta
É preciso saber viver (Titãs)
Filme O Aprendiz de Feiticeiro (Jon Turteltaub)
Fábula ou contos de fada Matilda (Roald Dahl)
Literatura O Mago (The Riftwar Saga de Raymond E. Feist)
Pintura O Homem Vitruviano (Leonardo da Vinci)
ii A SACERDOTISA
Ditado popular Quem vê cara não vê coração
Bete Balanço (Barão Vermelho)
Filme A Mulher do Açougueiro (Terry Hughes)
Fábula ou contos de fada A Bruxinha que era boa (Maria Clara Machado)
Literatura As Brumas de Avalon (Marion Zimmer Bradley)
Pintura La Gioconda (Leonardo da Vinci)
iii A IMPERATRIZ
Ditado popular O gado engorda com o olhar da dona
Vitoriosa (Ivan Lins)
Filme Simplesmente Complicado (Nancy Meyers)
FĂĄbula ou contos de fada A Princesa e a Ervilha (Hans Christian Andersen)
Literatura Saga do ImpĂŠrio (The Riftwar Saga de Raymond E. Feist)
Pintura Mulher com Livro (Pablo Picasso)
iV O IMPERADOR
Ditado popular Querer é poder
Metal contra as nuvens (Legião Urbana)
Filme Anna e o Rei do Sião (John Cromwell)
Fábula ou contos de fada A Roupa Nova do Imperador (Hans Christian Andersen)
Literatura O Poderoso Chefão (Mario Puzo)
Pintura Colourful Underwear (Romero Britto)
V O SUMO SACERDOTE
Ditado popular Quem avisa amigo é
Eu nasci há 10 mil anos atrás (Raul Seixas)
Filme Kingsman (Matthew Vaughn)
Fábula ou contos de fada A Espada era a Lei (Walt Disney)
Literatura O Senhor dos Anéis (J. R. Tolkien)
Pintura Ram's Head White Hollyhock and Little Hills (Georgia O'Keeffe)
Vi OS ENAMORADOS
Ditado popular Mais vale um pássaro na mão do que dois voando
Eduardo e Mônica (Legião Urbana)
Filme P.S. Eu te Amo (Richard LaGravenese)
Fábula ou contos de fada A História de Dois Amores (Carlos Drummond de Andrade)
Literatura O Cavaleiro de Bronze (Saga de Paulina Simmons)
Pintura O Beijo (Gustav Klimt)
Vii O CARRO
Ditado popular Não coloque o carro à frente dos bois
Infinita Highway (Engenheiros do Hawaii)
Filme Thelma e Louise (Ridley Scott)
Fábula ou contos de fada O Castelo no Ar (Diana Wynne Jones)
Literatura O Dia do Curinga (Jostein Gaarder)
Pintura A Gare (Tarsila do Amaral)
Viii A JUSTIÇA
Ditado popular A quem muito foi dado, muito serรก pedido
Nรฃo olhe para trรกs (Capital Inicial)
Filme Trilogia Bourne (Paul Greengrass)
Fรกbula ou contos de fada A Cigarra e a Formiga (Esopo)
Literatura As Aventuras de Robin Hood (Alexandre Dumas)
Pintura Pallas Athene (Gustav Klimt)
iX O EREMITA
Ditado popular Quem tem pressa come cru / Devagar se vai ao longe
Oração ao Tempo (Caetano Veloso)
Filme Sete Anos no Tibet (Jean-Jacques Annaud)
Fábula ou contos de fada Branca de Neve e os 7 Anões da Floresta (Irmãos Grimm)
Literatura O Alquimista (Paulo Coelho)
Pintura A Persistência da Memória (Salvador Dalí)
X A RODA DA FORTUNA
Ditado popular Deus escreve certo por linhas tortas / O homem põe, Deus dispõe
Roda Viva (Chico Buarque)
Filme Match Point (Woody Allen)
Fábula ou contos de fada Os três cabelos de ouro do Diabo (Irmãos Grim)
Literatura Outlander (Saga de Diana Gabaldon)
Pintura As Fiandeiras (mural de Cândido Portinari)
Xi A FORÇA
Ditado popular Um dia é da caça, o outro do caçador
A cura (Lulu Santos)
Filme As aventuras de Pi (Ang Lee)
Fábula ou contos de fada Chapeuzinho Amarelo (Chico Buarque)
Literatura Ayla, a Filha da Caverna (Saga de Jean M. Auel)
Pintura A Metamorfose de Narciso (Salvador Dalí)
XII O ENFORCADO
Ditado popular Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come
Cotidiano (Chico Buarque)
Filme O Show de Truman (Peter Weir)
Fábula ou contos de fada João e o pé de feijão (Benjamin Tabart)
Literatura Enclausurado (Ian McEwan)
Pintura O Grito (Edward Munch)
XIII A MORTE
Ditado popular Águas passadas não movem moinhos
Epitáfio (Titãs)
Filme O céu pode esperar (Paul Weitz, Chris Weitz)
Fábula ou contos de fada Os mensageiros da morte (Irmãos Grimm)
Literatura Através do Espelho (Jostein Gaarder)
Pintura Criança morta (Cândido Portinari)
XIV A TEMPERANÇA
Ditado popular Nem tanto ao mar, nem tanto à terra
Sutilmente (Skank)
Filme O Destino Fabuloso de Amelie Poulain (Jean-Pierre Jeunet)
Fábula ou contos de fada Heidi, a menina dos Alpes (Johanna Spyri)
Literatura Poliana (Eleanor H. Porter)
Pintura Lake George Reflection (Georgia O’Keeffe)
XV O DIABO
Ditado popular Quem tudo quer, tudo perde
Eu quero sempre mais (IRA!)
Filme O Advogado do Diabo (Taylor Hackford)
Fábula ou contos de fada Pedro e o Lobo (Serge Prokofiev)
Literatura Cheio de Charme (Maryan Keyes)
Pintura O Jardim das Delícias (Salvador Dalí)
XVI A TORRE
Ditado popular Quem semeia vento colhe tempestade
Cegos do Castelo (Titãs)
Filme Plano Perfeito (Spike Lee)
Fábula ou contos de fada Rapunzel (Irmãos Grimm)
Literatura A Fogueira das Vaidades (Tom Wolfe)
Pintura Torre de Babel (Pieter Bruegel, o Velho)
XVII A ESTRELA
Ditado popular Ninguém sabe tanto que não possa aprender nem tão pouco que não possa ensinar
Linda Juventude (14 Bis)
Filme Nasce uma Estrela (Bradley Cooper)
Fábula ou contos de fada As moedas caídas do céu (Irmãos Grimm)
Literatura Stardust, o mistério da estrela (Neil Gaiman)
Pintura Noite Estrelada (Vincent van Gogh)
XVIII A LUA
Ditado popular De noite todos os gatos são pardos
Deusa da Ilusão (Lulu Santos)
Filme O Feitiço da Lua (Norman Jewison)
Fábula ou contos de fada A Lua (Irmãos Grimm)
Literatura Na Casa Da Lua (Jason Elias & Katherine Ketcham)
Pintura Mulher, lua, pássaros (Joan Miró)
XIX O SOL
Ditado popular Mentira tem perna curta
Agora eu sei (RPM)
Filme O Império do Sol (Steven Spielberg)
Fábula ou contos de fada As 1001 noites (contos compilados por Antoine Galland)
Literatura Crônicas Saxônicas (Saga de Bernard Cornwell)
Pintura Personajes y perro ante el sol (Joan Miró)
XX O JULGAMENTO
Ditado popular Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe
Fátima / Tudo que vai (Capital Inicial)
Filme Um visto para o céu (Albert Brooks)
Fábula ou contos de fada Os 3 Porquinhos (divulgado por Joseph Jacobs)
Literatura Deuses Americanos (Neil Gaiman)
Pintura O Juízo Final (Michelangelo)
XXI O MUNDO
Ditado popular Quem ri por Ăşltimo ri melhor
Planeta Sonho (14 Bis)
Filme Agentes do Destino (George Nolfi)
FĂĄbula ou contos de fada Flicts (Ziraldo)
Literatura Fronteiras do Universo (Saga de Philip Pullman)
Pintura Salvator Mundi (Leonardo da Vinci)
Os arcanos
maiores são o maior barato,
de tão ricos que são... As associações que foram reunidas aqui, entre coisas conhecidas e os arcanos
maiores, estão a
um mundo de distância de esgotar o assunto e só visam aproximá-los do nosso cotidiano. Inúmeras outras associações podem ser listadas nas diversas manifestações culturais do nosso planetinha.
Este é apenas um apanhado despretensioso que tem, no
FIM, uma pretensão
que eu ainda não sei bem se é...
to be or
not to be...
Sereia em série... A série da Sereia “Metade o busto de uma deusa Maia Metade um grande rabo de baleia” Paralamas do Sucesso / Gilberto Gil
Sobre a autora
Claudia Schmidt, artista visual, frequentou a pintura clássica na adolescência, mas profissionalmente trilhou os caminhos da engenharia eletrônica onde se familiarizou com a criação de conteúdo via software, explorando a animação de formas geométricas e a agregação de fotos e cores. Dessa familiaridade nasceu o impulso de se manifestar artisticamente por meio dessas ferramentas.
Suas ilustrações iniciais lhe inspiraram reflexões corriqueiras que, reunidas, deram origem à Sereia e sua série. https://cschmidt303.wixsite.com/ilustras reúne o seu trabalho visual e um blog.