Brasil, Portugal e mulheres que se deram mal

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Brasil, Portugal

e mulheres que se deram mal

texto por Claudia Schmidt protagonistas por Mara Sop


Uma família numerosa e poderosa casando entre si pode dar muita confusão... Além dos inúmeros xarás que aparecem na linha do tempo e, às vezes, simultaneamente. Então, pra me ajudar a entender e relacionar essas ligações perigosas, recorri a uma arvore genealógica, que eu acrescentei no final pra facilitar a nossa vida.

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Ofereço a todas as mulheres que se deram mal e às suas estórias inspiradoras!


Portugal é um país antigo... Mas no começo era só um condado Que os reinos vizinhos cobiçavam Pra inclui-lo no seu próprio bocado Foi no começo do século XII Que o condado se desmembrou De Castela, Leão e Galícia E a reino de Portugal se elevou Tudo começa com Teresa de Leão Condessa que desse reino era infante Que combate contra a própria irmã E que é assessorada pelo amante Ela era só uma condessa viúva Mas governou como rainha do local Sendo-lhe reconhecido esse direito Que foi respaldado por bula papal Depois disso é que vieram os combates Que ela vence, mas ainda não tem sossego Porque o filho dela atinge a maioridade E acaba com a festa dela e do amante galego O rapaz vê os seus domínios ameaçados No contexto sombrio que se sucede Então, ele derrota a mãe e o amante dela Em Guimarães, na batalha de São Mamede Torna-se, dessa forma, Afonso I O primeiro rei de Portugal Que já tinha tido uma rainha Quando o reino ainda era só virtual Então, historicamente este país Nasceu mesmo em Guimarães Consequência de um conflito muito comum De filhos desobedecendo as mães



A próxima rainha apareceu de fato Mais de 600 anos mais tarde E veio parar no Brasil em 1808 Numa manobra de fuga covarde Digo “de fato” porque as rainhas Que foram regentes de um rei criança Ou que foram rainhas consortes Não reinavam por direito de herança E o nome dela Maria Francisca Isabel Josefa Já indicaria realeza e abastança Mas continuava Antónia Gertrudes Rita Joana Antes de finalmente acabar em Bragança E casaram-na com o tio Pedro Pra que a dinastia deles continuasse E para que nenhum outro sobrenome O dos Bragança desbancasse Como se não bastasse a Maria I Ter recebido um nome comprido No decorrer da vida dela Ela acumulou mais de um apelido Seu apelido de Piedosa se deve ao apoio A instituições de amparo aos carentes Contrastando com a postura do seu reinado Com relação ao Brasil e ao Tiradentes Pois mesmo enviando missões científicas Ao que eram as suas colônias Reprimia o desenvolvimento delas E quaisquer transações econômicas O outro apelido dela, a Louca, deveu-se A alucinações que ela tinha do inferno Com o pai dela que perseguira os Jesuítas E que estaria ardendo num fogo eterno



Ela até recebeu os cuidados De um médico inglês importante Com terapia sem eficácia comprovada À base de um remédio evacuante Com isso, ela teve que passar o governo Mas o filho mais velho já morrera doente Sobra para o João, seu filho do meio Que assume o papel de regente É que a Maria I tivera ao todo 3 filhos Sendo a caçula uma menina Que foi entregue em casamento Cumprindo, na Espanha, a sua sina

Mariana Vitória de Bragança Era muito bem quista e apessoada Casou-se com um primo da sua mãe E penou nas mãos da cunhada A Mariana também teve 3 filhos Dois dos quais morreram criança Ela mesma morreu aos 19 anos E fundou a dinastia Bourbon-Bragança Ela, o seu marido e o irmão mais velho Morreram logo depois do rei consorte Foi quando a saúde mental da Maria I Exigiu que o reinado tivesse um suporte Depois, sob ameaça iminente De Portugal sofrer uma invasão A família real cruzou o oceano Pra fugir do ataque do Napoleão Por causa disso é que o Brasil Acabou sendo até promovido Pois pra realeza não ficar numa colônia O Brasil foi elevado a Reino Unido



O João já assumira a regência Quando por aqui chegou fugido E na fuga veio também a espanhola Pra quem ele sobrara como marido Como era muito comum na época Os dois foram casados por procuração Ele era calmo, devagar e sossegado E ela era chegada numa agitação Essa foi uma dupla aliança Não um mero casamento arranjado Com príncipe casando com a infanta E a irmã dele com algum aparentado Tinha ela, então, apenas 10 anos de idade Mas talvez quisesse outra coisa da vida Pois quando o João foi fazer seus votos Ela refugou-o com uma mordida Posteriormente, foi feito um acordo Como um adendo ao seu contrato No qual o João esperaria mais 4 anos Antes de tentar qualquer outro contato

Carlota Joaquina fora bem instruída Em religião, geografia, pintura e equitação E antes de casarem-na com o infante Ela passou por uma severa avaliação O talento dela foi comprovado ali E, depois, em mais de uma situação Quando, para usurpar o poder, Ela arquitetava uma conspiração Primeiro, foi ao se sentir descartada Já que nunca ouviam as opiniões que ela tinha Que ela tramou contra o marido acusando-o De ser tão incapaz quanto a rainha



Ela arregimentou seguidores E até montou o próprio partido E mesmo com a trama descoberta Acabou sendo poupada pelo marido Só que eles nunca mais morariam juntos Reunindo-se apenas em ocasiões oficiais Eles já tinham tido vários filhos Mas misteriosamente tiveram mais Ela veio com a família real para o Brasil E logo vislumbrou um protagonismo Pois de olho no Vice-Reino do Rio da Prata Concebeu e engendrou o carlotismo Onde ela alegava ser uma regente legítima Do império do próprio pai e do irmão Que foram feitos prisioneiros de guerra Deixando a Espanha nas mãos do Napoleão Ela avançara em seu intento Mas acabou tendo o plano frustrado Pois na hora de dar o seu apoio O dom João pula do muro pra o outro lado É que ele favoreceu o sobrinho Filho daquela sua irmã que morrera E que com a família toda morta Foi criado pelo tio e pela avó Maria I Esse rapaz eles já tinham casado Com a primogênita deles Maria Tereza Em mais um caso de primos casando Pra manter aliança e preservar a realeza Este, na época, também estava aqui no Brasil Sendo um importante membro da comitiva Mas a Espanha perde o representante Porque o gajo morre logo em seguida



Na vida da octogenária Maria Tereza Muito curto foi o seu primeiro casamento Depois ela ficou viúva por 26 anos E na Guerra Carlista apoiou seu rebento É que nessa época, já de volta à Europa E para a Espanha reconstituída Houve uma disputa sucessória E a linhagem da Carlota estava excluída Pois aquele irmão da Carlota Que fora refém do Napoleão Reinava agora na Espanha E colocava meninas na sucessão Esse rei era o Fernando VII E ele até já fora casado Com a sobrinha e segunda filha da Carlota Que teve um fim inusitado A princesa que foi rainha consorte Chamava-se Maria Isabel de Bragança Ela morreu terrivelmente num parto Depois de ter perdido a criança O bebê estava numa posição que os médicos Logo consideraram ser um caso perdido E como a Maria Isabel desmaiara Consideraram que ela havia morrido Cortaram-na, então, sem cuidados Só que, de repente, ela acordou E enquanto extraíam o feto morto Com uma dor absurda ela gritou Na confusão e morte que se sucedeu Da própria cama ela foi derrubada E como “a rainha que morreu duas vezes” Ainda hoje essa infeliz mulher é lembrada



O casamento dela tinha sido Mais um casamento dobrado Ela se casando com o seu tio rei E a irmã seguinte com um infante cunhado Essa irmã foi a Maria Francisca Terceira filha da Carlota Joaquina Que também se casou com um tio Como já era de praxe naquela família O marido dela era o infante Carlos Que era o próximo na sucessão Mas só até o Fernando VII alterar as coisas Dispensando ser necessário um varão O rei já tinha se casado de novo Depois da tragédia da Isabel no parto E quando ele afinal conseguiu herdeiras Aquele casamento já era o seu quarto Mas o infante Carlos ainda tinha esperanças E eu diria até mesmo certo otimismo Pois ele imitando a sogra e irmã Carlota Engendrou na Espanha o movimento carlismo Nessa altura a Maria Francisca morrera Depois de eles terem fugido pra Inglaterra Mas ela lhe deixara 3 filhos varões Alguma esperança e muita sede de guerra Aguardando em Portugal para um rebote Com outra sobrinha ele acaba casado Com Maria Tereza, a primogênita da Carlota Que há 26 anos de um primo tinha enviuvado Então eles se unem pra derrubar Esse novo esquema de sucessão Mas perdem o bonde pra Espanha Retidos em Portugal numa revolução



Mas alguns anos antes de tudo isso Devido à Revolta do Porto em 1820 A família real retorna à Portugal E a Carlota afronta a constituinte Ela e o Patriarca de Lisboa se recusam A assinar a constituição Então ela acaba exilada (de novo) Lá na Quinta do Ramalhão Ali envolve-se em vários golpes de estado Querendo derrubar o rei e a constituição Apoia complôs para o filho Miguel Já de olho numa sucessão É que o filho mais velho, o dom Pedro No Brasil tinha sido deixado Tomando conta da antiga colônia A qual seria o seu futuro legado Essas revoltas contra a constituinte Tinham verdadeiro viés absolutista E avançaram durante anos depois No chamado movimento miguelista Em 1826, já sentindo-se alquebrado E desconfiando de uma morte iminente Dom João VI dá um golpe na Carlota Indicando a quarta filha deles como regente Esta era a princesa Isabel Maria Que por dois anos governaria Até passar o governo para o Miguel Que com a sobrinha Maria II se casaria A indicação dela foi controversa Suspeitando-se até de falsificação Pois um exame nas vísceras do João VI Apontou que ele já estaria morto na ocasião



A Isabel Maria nunca se casa E dedica-se depois à igreja católica Não sei se porque acabara o estoque de tios Ou se pra purgar a sua mãe diabólica Ao irmão Miguel ela passa o poder Que ele assume com o status de rei consorte Ele abandona a mãe exilada E a Carlota se apaga até a sua morte A Carlota gastou sua herança paterna Patrocinando a ascensão do filho Miguel Subornando toda a classe política Sem precisar envolver o quartel Essa mulher teve características incomuns De ousadia, determinação e inteligência Mas a história se lembraria mais dela Por sua possível deplorável aparência As duas filhas caçulas dela enfrentaram Questionamentos sobre a sua paternidade Pois nasceram depois do primeiro complô E do exílio da Carlota pra uma outra cidade Uma duquesa declarara haver uma agenda Com as datas de qualquer acasalamento real Mas mesmo com essa agenda vazia Deus continuava agraciando o casal Uma dessas graças foi sua quinta filha A princesa Maria da Assunção Que a Carlota declarava ter sido um feito Da Nossa Senhora da Imaculada Conceição Dom Miguel, o paparicado irmão dela Sempre foi o seu preferido E também ele afirmam ser resultado Da Carlota ter traído o marido



Dizem que o dom João assumiu as crianças Num ato de pura abnegação Pois ele sabia serem de um serviçal Com evidente acúmulo de função Essa irmã apoia o dom Miguel Quando ele arma pra tomar Portugal Destronando a esposa e sobrinha Até ser vencido pelo partido liberal Retira-se, nessa ocasião, de Lisboa Com as tropas miguelistas E morre de cólera aos 28 anos Junto com os anseios absolutistas A Ana de Jesus é a sexta filha E aquela que melhor sorte conseguiu Pois casou-se com quem bem queria E em menos de um mês ela pariu Isso foi quase um escândalo E causou, no mínimo, estranheza Pois ela foi a primeira infanta grávida Que se casava sem arranjo da nobreza Quando a diplomacia foi cumprimentá-la Ela já estava recolhida em seu quarto E os visitantes até conseguiam ouvi-la Durante o seu trabalho de parto Entre miguelistas e liberais O casal escolheu não tomar partido Viajou durante um tempo pela Europa Num exílio auto infligido Ela se casou com 21 anos de idade E durante os 8 anos de casados O casal passeou e teve mais 4 filhos Até resolverem viver separados



E essa separação foi outro feito Que chocou a sociedade E ela passou o resto da vida em Roma Até morrer aos 50 anos de idade Cheia de vivacidade e inteligência Apresentando vestígios de formosura Com belos olhos negros e vistas animadas É como ela foi citada em prosa na literatura A descendência da Ana se espalhou Dando origem a várias famílias titulares E entre as importantes para Portugal estão Loulé, Belmonte, Azambuja e Linhares Ela fecha a produção independente Da Carlota Joaquina, mãe, rainha e infante Que pode até ter sido infiel e desleal ao marido Ao ser das próprias causas uma militante E que num arroubo de feminismo fundou Uma importante ordem dinástica portuguesa Que é até hoje uma ordem honorífica feminina Não se restringindo mais só à nobreza Dos 9 filhos que a Carlota teve 6 deles foram do sexo feminino 2 dos rapazes competiram pela coroa E o primogênito morrera menino Sobre as meninas todas eu já contei O que achei de mais interessante Da disputa entre irmãos eu soltei spoilers Mas omiti o papel feminino importante Pois para chegar até aqui Caminhamos décadas na história Então volto no tempo e no espaço Pra imperatriz Leopoldina e pra rainha Maria da Glória



Foi só depois de 13 anos no Brasil Que o Dom João e a família real Por causa da revolução no Porto Debandaram de volta para Portugal Nesse tempo todo a família mudou Não tendo mais a mesma composição Que tinha quando aqui chegou Fugindo do exército do Napoleão A realeza sofrera baixas Na pessoa da rainha Maria I E também do sobrinho genro Que enviuvara a Maria Tereza Certamente morreu mais gente Mas essas 2 são só as que eu sei Embora sejam só uma das alterações Que sofrera a comitiva do rei Rei por que agora o dom João Outrora regente e marido traído Com a morte da mãe Dona Maria I Como dom João VI ficou conhecido E durante esse tempo a corte Recebeu alguém importante Que viera do Velho Mundo Pra desposar um infante Esse era o Pedro de Alcântara Infante e príncipe herdeiro Famoso pela impulsividade Por ser epilético e arruaceiro Dizem que curtia tomar um banho Mas não sei se isso é fofoca Só sei que ele foi imperador E pai de uma rainha carioca



A noiva que foi escolhida Foi excelente para o Brasil Culta, sagaz e inteligente Habilidosa como nunca de viu Ela era uma arquiduquesa Chamada de Maria Leopoldina Criada na Áustria com austeridade E responsável desde menina Era filha do imperador Francisco I E cunhada do grande Napoleão Foi preparada desde cedo para reinar Exercendo humanidade e compaixão Com uma profunda fé cristã Recebeu sólida formação cultural Que incluía tanto as ciências Como política internacional Muitos historiadores a consideram A principal articuladora da independência Enquanto o Dom Pedro se acomodava Entre as diversas amantes e a regência Ela abraçou o Brasil como seu país Sobre o qual adquiriu grande compreensão Os brasileiros eram o seu povo E a independência a sua missão Foi também conselheira do Pedro Em importantes decisões políticas Enquanto ele perdia o seu tempo Com inúmeras distrações físicas É a ela que se deve o Dia do Fico Que em oposição e desobediência Ao comando do seu retorno à Europa O casal comunica sua permanência



Por ter governado o nosso país Muitas vezes como sua regente É conhecida como a primeira chefe de estado De um país americano independente Ela ainda conseguiu exercer As nobres funções de maternidade E foi uma lástima que tenha morrido Antes de chegar aos 30 anos de idade A primogênita dela é a Maria da Glória Nascida em 1819, lá no Rio de Janeiro Intitulada provisoriamente Princesa de Beira Enquanto não houvesse um herdeiro Dois meninos vieram em seguida Mas não sobreviveram à infância O terceiro nasceu pós independência Então ela manteve a sua relevância Pois com a morte do avô dom João VI O pai dela funcionou como rei à distância A tia Isabel Maria estava como regente Mas houve certa beligerância Pois o Brasil ficaria de novo subordinado Já se prevendo um possível retrocesso Se o dom Pedro I fosse pra Portugal E o nosso imperador virasse rei no processo Então, o dom Pedro abdica pra essa filha No sentido de lhe preservar a coroa Numa manobra conhecida como Manter um pé em cada canoa Essa abdicação não foi pura e simples Apresentando um caráter condicional Com a princesa se casando com seu tio Que deveria jurar a nova carta constitucional



Pois o irmão dele, dom Miguel Que em Viena se encontrava exilado Parecia uma mosca de padaria Enxergando em Portugal um bom-bocado Por isso, o imperador dom Pedro I Num rompante de inteligência Outorga uma constituição como dom Pedro IV Com sua irmã Isabel ainda na regência O dom Miguel faz o seu juramento Pronto a obedecer às vontades do irmão Então, em outubro de 1826 Tio e sobrinha se casam por procuração Nessa época, a rainha Maria II Tinha apenas 7 aninhos de idade A tia regente adoece de repente em 1827 E o rei consorte agarra a oportunidade A menina rainha partira do Brasil Para complementar a sua educação Que aconteceria na corte do outro avô Que era em Viena e famosa por sua erudição Mas ela não chegou em Viena Pois em Gibraltar eles souberam do levante Que o tio armara com apoio da Áustria Na figura de um político importante Já que em Viena não seria seguro Na Inglaterra eles se refugiaram Ali a Maria conheceu a sobrinha do rei E uma longa amizade elas iniciaram Essa sobrinha, agora criança Seria a futura Rainha Vitória Cuja juventude foi roubada pela coroa Assim como a da sua amiga Maria da Glória



Mas na Inglaterra ela não permanece Pois a ilha também apoiava o absolutismo Com o qual ela mesma estava em guerra E que era encarnado pelo miguelismo Então, a vida da Maria da Glória ficou suspensa Com o estouro das Guerras Liberais Que duraram entre 1828 e 1834 Com seu pai e seu tio sendo rivais Resolveu-se, então, nesse ínterim Que ela ao Brasil regressaria E ela voltou no mesmo navio onde viajava Amélia de Leutchenberg, que sua madrasta seria É que a imperatriz Leopoldina não resistira Depois de um aborto traumático E com o imperador agora viúvo Arrumar uma noiva era quase automático Em 1831 o imperador dom Pedro I abdica E eles retomam ao velho plano Que seria a coroação da Maria Que passara um ano cruzando o oceano A menina fica em Paris com a madrasta Enquanto o pai dela a coroa reconquista O dom Miguel sai com o rabo entre as pernas E acabou-se o levante absolutista O casamento dela com o tio Eles conseguem que seja anulado E aos 15 anos de idade Ela se vê em um novo noivado Agora, com o irmão mais velho da Amélia Em mais uma jogada de parceria Mas eles ficam apenas 2 meses casados Pois o consorte morre de difteria



Então, com Fernando Saxe-Coburgo-Gota Casa-se de novo a Maria da Glória Sendo o noivo um primo do marido Da sua velha amiga Rainha Vitória

Este casamento dura bem mais E como o da amiga, é bem aproveitado Pois a rainha Maria II engravida 12 vezes Mas cada parto é mais complicado Ela recebera aconselhamento médico De mais nenhum filho conceber Pois ela tinha um bloqueio na bacia E seria um risco de vida a correr Ela morreu aos 34 anos de idade No parto de um natimorto E desprezando os conselhos, dizia: “Se morrer, morro no meu posto” A madrasta estava com ela No seu triste leito de morte E uma coisa interessante nesse reinado Foi um feito do seu consorte Fernando II iniciou a circulação do selo Que não existia em Portugal Novidade paga pelo remetente E não pelo destinatário postal

Isso acabou com o prejuízo das cartas Que o destinatário não recebia Pois este não as querendo O correio por elas não faturaria Achei triste a vida dessa princesa Que não viveu como uma dondoca Apesar do pai dela ter sido imperador E de ela ser a única rainha carioca



As vidas das demais irmãs dela Não foram assim tão movimentadas Mas elas compartilharam a perda da mãe E a existência de irmãs bastardas A segunda filha da imperatriz Era a quarta por nascimento Mas os dois meninos anteriores Já tinham morrido nesse momento Recebeu o nome de Januária E, como nasceu antes da independência Seria herdeira do trono português Assim como toda a sua descendência Perdeu a mãe aos 4 anos de idade E logo se viu com uma madrasta O pai partiu de vez quando ela tinha 9 E a perda de uma irmãzinha a devasta Essa dor ela relata em uma carta Que ao próprio pai ela envia Contando que o irmão adoecera E por sua cura, penitência ela fazia Depois da abdicação do pai em 1831 Surgiu uma crise sucessória imperial A Januária é indicada herdeira do irmão E perde o seu direito sobre Portugal Por causa de outra crise, aos seus 14 anos Do irmão, querem fazê-la regente A ideia não passou, mas o regente Feijó Abre mão do cargo para o seu oponente Emancipam logo o irmão dela Que se torna imperador E no mercado de casamentos A dupla de irmãos vira consumidor



Assim, com o Reino das Duas Sicílias O casamento deles foi negociado D. Pedro II se casando com uma princesa E a Januária com o seu cunhado Com o irmão tendo descendentes O império deixara de ser sua herança A Januária sobreviveu a todos os irmãos E morreu aos 79 anos na França A quinta filha da imperatriz Leopoldina Como Paula Mariana foi batizada Nasceu em 1823, no Rio de Janeiro E sua curta vida me deixa penalizada Pelos registros que foram mantidos Ela era cheia de paz, frágil e resignada Perdeu a mãe aos 3 anos de idade E aos 8 viu o pai ir embora com a madrasta É que o D. Pedro recém casado Parte de vez para Portugal Deixa três pessoas para cuidar dos filhos Um ex-escravo, uma aia e um guardião legal O irmão dela viu-se líder do império Com apenas 6 anos de idade E demonstrando apoio ao seu irmão As três irmãs lhe prestaram lealdade Abandonadas, as crianças Não tiveram outra opção Estreitaram suas relações já próximas E viveram sempre em união A Paula era asmática e epilética Além de ter um ou outro agravamento Até que aos 9 anos de idade Uma febre a leva ao falecimento



A perda atingiu seus irmãos com força Era a perda de mais uma ente querida afinal E a única coisa que puderam fazer por ela Foi proporcionar-lhe um suntuoso funeral A sexta filha imperial é a Francisca Nascida em 1824, no Rio de Janeiro Seu nome homenageia o Velho Chico Um importante rio do território brasileiro Compartilhou com os irmãos as perdas Que tiveram no seu tempo de criança Depois se casa com um nobre francês E vai embora com ele pra França Esse nobre ela conhece ao acaso Quando ele faz um pit stop no Brasil Ao navegar pra ilha de Santa Helena Numa missão que eu considero imbecil Ele estava encarregado de retornar Com os restos mortais do Napoleão Que agora já não assustava mais Do qualquer outra assombração Ela tinha 13 anos na época Em que ela e o noivo se conheceram E 6 anos depois, quando se casaram Um belo dote eles receberam Além de uma boa quantia em dinheiro A cidade de Joinville fez parte dessa riqueza Mas o sogro rei da França sonhava mesmo Com algo mais perto da Guiana Francesa Na corte do sogro ela ficou famosa Por sua beleza e educação esmerada E quando a república foi proclamada Negociou ela mesma a sua retirada



Exilada da França, viveu na Inglaterra De onde se correspondia com o irmão Depois, em grandes dificuldades Do dote catarinense ela abriu mão Vendeu as suas terras aqui Para um colonizador alemão Que atraía imigrantes desejosos De uma nova vida na nova nação Quando finalmente retornou à França Ela viveu o resto da vida em Paris E depois de todo o sofrimento da infância Até que ela teve um final feliz Depois, vasculhando pela Europa Encontrou 2 jovens bem dispostos E despachou pra cá os príncipes Para que às suas sobrinhas fossem propostos Agora, olhando a árvore genealógica Que forma essa família centenária Percebe-se que ela cresce para os lados A imagem escarrada de uma araucária Se a árvore fosse alta e esguia Mais do tipo de uma palmeira Eu teria muito menos trabalho Nessa minha tarefa de costureira Porque é isso o que eu faço agora Emendando retalhos femininos De almas guerreiras e sofredoras Numa delicada colcha de destinos Mas eu não estou reclamando disso Por favor entenda-me bem... É só pra explicar os saltos no tempo Que eu tenho que dar ao falar de alguém



Então, continuando no galho da árvore Ligado ao nosso primeiro imperador Chego na amante favorita dele Pessoa que causou revolta e rancor O Pedro tivera um filho na juventude Com uma dançarina francesa Mas nada comparado ao relacionamento Que ele teve com certa marquesa Mas isso não envolve só uma marquesa Que para um imperador foi tentadora Já que ele demonstrou a própria fraqueza Empoderando muito a sua manipuladora Pois seria falso moralismo crucificar alguém Só por ter desempenhado o papel de amante Mas o que a Domitila de Castro aponta É para corrupção e picuinhas de um governante Os favorecimentos que ela teve Ultrapassaram os de quaisquer súditos E, pra mim, não teria maior problema Se isso não envolvesse os cofres públicos A questão do adultério é só um detalhe O grande problema foi a humilhação A imperatriz obrigada a ser coadjuvante Até em cerimônia de beija-mão Ainda mais que se sabe que a independência Se deveu mesmo ao empenho da imperatriz Que aconselhava nos assuntos de estado Além de engolir o Pedro e a sua meretriz Quando a Domitila conheceu o dom Pedro Ele ainda não gritara no meio da estrada E ela o compartilhava com outras amantes Mas foi aquela que foi mais premiada



No começo, a Domitila quase foi morta Esfaqueada pelo primeiro marido Que estando atrás de uma herança Logo apelou para um feminicídio Foi depois deste triste evento Que ela conheceu o futuro imperador O qual alegava ser ela uma injustiçada E que dela seria simplesmente um protetor Ela finalmente perdeu o status que tinha Quando o imperador se casou de novo E foi uma das responsáveis pela imagem ruim Que o imperador apresentava diante do povo Só 2 das filhas deles sobreviveram E o Pedro nem reconheceu a caçula Mais tarde a Domitila se casou de novo Com um fazendeiro criador de mula Viúva, tornou-se devota e benemérita Não se envolvendo tanto em disputas Cuidou dos carentes e dos estudantes de direito E, diz a lenda, é a protetora das prostitutas A filha mais velha, Isabel Maria Foi registrada como tendo pais desconhecidos Simularam ter sido ela deixada na soleira do avô Como um rebento de pobres desfavorecidos Foi legitimada só aos 2 anos de idade Quando ganhou o título de duquesa Numa manobra irregular na monarquia E passou a ser tratada como Sua Alteza O dom Pedro, então, a apresentou à corte Levando-a à presença da própria imperatriz Que precisou educá-la com os próprios filhos O que, sem dúvida, deixou-a muito infeliz



A imperatriz Leopoldina morreu em seguida E a Isabel foi levada pra viver na nobreza Mas quando o dom Pedro se casou de novo A nova imperatriz Amélia agiu com firmeza Ela expulsou a Isabel do palácio E o pai a enviou pra estudar na França A ideia era iniciar um noviciado Que transformasse em freira aquela criança Na viagem dela teve uma tempestade Que danificou em muito a embarcação A tripulação adoeceu com febre E na Inglaterra eles aportaram, então Quando afinal chegou em Paris A Ecole du Sacre Couer a aguardava Entidade vip da aristocracia francesa Que as suas ricas filhas ali educava


Quando o ex-imperador foi para a Europa A Isabel passava os fins de semana em família E a nova ex-imperatriz quando enviuvou Assumiu-a e até a adotou como filha Nessa época o casal de ex-imperadores Tornaram-se duque e duquesa de Bragança A duquesa que já se dava bem com os enteados Fez muita coisa por mais aquela criança A duquesa e sua mãe encaminharam a Isabel Para a Alemanha onde se aperfeiçoaria mais E ela que nem se lembrava da mãe biológica Agia como se estas fossem sua mãe e avó naturais Casaram-na com um nobre alemão Que era mais velho, mas não moribundo O dote da Isabel foi reforçado pelos irmãos A rainha Maria II e o imperador Pedro II


Depois de casada ela ficou sabendo De um fato completamente inesperado Que ela tinha uma irmã no Brasil Conforme lhe evidenciava o suposto cunhado Essa irmã era a Maria Isabel Que nunca foi pelo pai reconhecida Nasceu depois do rompimento dos pais E foi pelo imperador esquecida A existência da irmã lhe fora ocultada Por determinação do próprio pai delas E acabou sobrando pra madrasta Amélia Administrar as desagradáveis sequelas A Maria Isabel foi quase um satélite Orbitando em volta de gente importante Poderia ter sido só um espectro Mas até que ela teve uma vida interessante O pai questionou se ela era mesmo dele E o nome dela foi herdado de uma irmã falecida A infância dela foi à sombra da família imperial E sua lápide, uma pedra anônima e enegrecida Também teve o registro de pais desconhecidos E foi alegado terem apenas encontrado a criança Pois que o dom Pedro logo reconhecesse a filha A marquesa ainda tinha alguma esperança Foi solicitado pelo então duque e a duquesa Que a Maria Isabel fosse para eles enviada Mas a marquesa sempre impedia essa ida Querendo ela mesma ser também convidada A Maria Isabel testemunhou as rebeliões liberais Ficando no cerco de Sorocaba por vários dias Ajudou a mãe a esconder suas joias Antes de se renderem ao então barão de Caxias



Casou-se por amor com o conde de Iguaçu Tornando-se condessa consorte Mas pouco tempo e 4 filhos depois O casal passou a se odiar até a morte É que o marido era um perdulário E chegado num jogo de azar Comprometendo as propriedades deles E até as joias dela ele ousou empenhar Viveram, depois, separados Coisa que a mãe dela reprovara Esquecida ela mesma como estava Das coisas que ela própria aprontara A Maria Isabel foi sepultada em São Paulo Ao lado da mãe no cemitério da Consolação Mas o túmulo dela só foi descoberto agora Depois de muito esforço e investigação E agora eu volto de novo no tempo Para a primeira viagem da Maria da Glória Porque o diplomata e acompanhante dela Tinha mais um papel nessa estória Ele estava procurando uma noiva Para o então viúvo imperador O que não estava sendo fácil Por causa da sua fama de sedutor O D. Pedro I se desculpara com o sogro Dizendo que não faria mais sacanagem E que até gravara “I  Leopoldina” Na própria pele, em forma de tatuagem O sogro não acreditou no Pedro Mostrando-se combativo e irredutível Pois o modo como a Leopoldina fora tratada Foi mais do que humilhante e inadmissível



E o resultado desse embate Pra Maria da Glória é que foi cruel Pois ela ficara à deriva e sozinha Enquanto o avô apoiava o Miguel Isso durou até o encarregado conseguir Cumprir a sua missão de casamenteiro E ele achou a Amélia de Leutchenberg Uma neta postiça do Napoleão I Foi uma missão impossível conciliar Os requisitos do Pedro para o casamento Pois estabeleciam que a noiva deveria ser bela Virtuosa, culta e de bom nascimento Tais características juntas já eram raras E o currículo do Pedro não ajudava O imperador já recebera 8 recusas E às costas dele a Europa inteira gargalhava Então, o Pedro baixou as suas expectativas Dispensando cultura e bom nascimento E a família da Amélia agarrou a oportunidade Pois a sua importância ia em baixa naquele momento O seu título de família era de Munique Embora ela tenha de fato nascido em Milão Seu contrato foi fechado na Inglaterra E o casamento aconteceu por procuração Nesse dia, o Pedro instituiu A Ordem da Rosa Em cujo lema lia-se "Amor e Fidelidade” E a Amélia doou toda a grana da festa Para uma ONG de apoio à orfandade A mãe previu as dificuldades que a filha Enfrentaria longe dos seus cuidados Aconselhou-a a ser sexy com o marido E muito carinhosa com os enteados



Enviou, então, a filha com um cientista Para que ela fosse instruída na travessia Familiarizando-a com os diversos aspectos E com o idioma da nação que governaria Dizem que o Pedro se lançou ao mar Para uma abordagem de recepção E que ao se deparar com a beleza da noiva Ele até desmaiou de emoção Eu nem sei se isso é mesmo verdade Ou se não passa de conversa fiada Sei que ela deu carona pra futura Maria II Que era agora a sua nova enteada A Amélia botou ordem na casa Numa corte que estava abandonada Pinchou fora o que não mais servia Incluindo o Chalaça e uma enteada bastarda É que com a morte da Leopoldina Filhos e povo sucumbiram à tristeza Então, ela deu um banho de brilho na corte Resgatando seu respeito e nobreza Dedicou-se à educação dos enteados E à construção de um bom ambiente familiar Tanto que o jovem príncipe herdeiro De mamãe logo a tratou de chamar Ela até melhorou a popularidade do marido Mas era grande a crise política e da economia Então, a abdicação dele foi inevitável E o casal para o Velho Mundo partiria Foi muito curta a passagem dela Aqui na terra onde canta o sabiá Com seu “ar de corpo como o que Correggio deu nos seus quadros à Rainha de Sabá”



A Amélia partiu grávida de 3 meses Com o marido e a rainha enteada E acabou se reunindo na Europa Com bastarda do Pedro por ela enxotada E a única filha deles nasceu na França Enquanto o Pedro derrotava o Miguel Foi batizada de Maria Amélia E escapou mais ou menos de um destino cruel Quase nem conheceu o próprio pai Que lutava pela outrora princesa de Beira E que num ou noutro intervalo da batalha Ainda conseguiu engravidar uma freira Ficou órfã dele aos 3 anos de idade E recebeu uma educação refinada Descrita como “de beleza impressionante e inteligência cultivada“ Era muito talentosa também nas artes Fluente em português, francês e alemão "um talento excepcional para a dialética” Seria o melhor partido para a ocasião Mas ela e a mãe não eram reconhecidas Como membros da família imperial brasileira Situação que mudou com a maioridade do Pedro II Que regularizou a situação dessa herdeira Tinha agora um background invejável E fez balançar um coração importante Que batia no peito do Maximiliano da Áustria Futuro imperador e parente distante Os 2 logo se apaixonaram de fato E ansiavam por sua vida futura Mas o noivado nunca foi oficializado Pois ela sofreu uma morte prematura



Ela contraiu escarlatina logo depois E dessa enfermidade não se recuperou Ela e a mãe partiram para a Ilha da Madeira Pois muitos doentes o clima dali curou A fama era que "as febres desaparecem, dizem eles, como que por magia!" Mas parece que ela tivera uma premonição Ou mau presságio se despedir da família Pois a saúde dela se deteriora rápido E mesmo assim, a mãe ela tentou consolar E esta financiou a construção de um hospital Naquela ilha que fora o seu último lar Além da mãe e de toda a família dela O noivo Maximiliano também ficou arrasado E dizem que por muitos e muitos anos Pela lembrança da noiva ele foi assombrado Depois de casado com uma princesa belga Ele partiu em peregrinação pessoal Passou por lugares relacionados com a Maria Amélia E ajudou a bancar a manutenção do hospital E o próprio Maximiliano na Ilha da Madeira Registraria a sua perda e a grande saudade "extinguiu-se a vida que parecia destinada a garantir a minha própria tranquila felicidade" Impressionado com o Brasil, ele aceitou governar O Império Mexicano recém fundado Mas capturado pelo exército republicano Acabou com a esposa sendo sumariamente executado Dizem que esse teria sido o trágico fim Da nossa brilhante princesa Maria Amélia Mas com ela sobrevivendo, talvez o Maximiliano Não tivesse recorrido ao México como panaceia



Agora, pra exorcizar essa tristeza Que me causou uma forte emoção Eu viajo de volta no tempo E para um Brasil sob nova direção Já falei que o casamento do Pedro II Com o Reino das Duas Sicílias foi negociado Ele se casando com uma princesa italiana E a irmã dele com o seu cunhado Entre os 12 filhos de um rei Essa princesa foi a sétima menina Era do ramo italiano dos Bourbons E sobrinha da Carlota Joaquina Ninguém na Europa queria se arriscar Com o filho de um mulherengo safado Mas a família dela era cheia de moças E o seu cofre muito pouco abastado Dizem que quando ela chegou aqui No navio o noivo a foi recepcionar E deixando claro que a noiva não lhe agradara Ao mar ela até cogitou se jogar Ela escreve para a família na Itália Relatando que causou uma decepção Mas que compensaria a sua falta de graça Sendo uma brasileira de coração Com meses depois de casados Esperava-se uma gravidez iminente Mas como isso não acontecia Cogitaram até do Pedro ser impotente O imperador, então, abriu o jogo E confessou que lhe sentia aversão E que mesmo passado todo esse tempo Não conseguia consumar a união



Mas uma imperatriz tinha que gerar herdeiros E isso era considerado fundamental Então, como o marido não comparecia Ela pediu pra retornar à sua terra natal Penalizado com o sofrimento dela E numa política de boa vizinhança Eles produziram 2 casais de filhos Mas os meninos morreram criança E o casal não teve outros filhos Mas dizem que até poderiam ter tido Se o imperador não se distraísse tanto E cumprisse o seu papel de marido A imperatriz foi vital para o funcionamento da corte E sempre tratada com respeito e consideração Porém ela não tinha sangue de barata E nunca considerava agir com submissão Mas respeitava o papel imposto pela ética Os valores religiosos, morais e da sociedade Era apaixonada por música e arqueologia Afastou-se da política e dedicou-se à caridade Para as artes, cultura e ciências em geral A Teresa Cristina foi de grande contribuição Trazendo artistas e intelectuais italianos E enriquecendo a vida cultural da nação Com a república a família foi afastada Para, em princípio, garantir a transição A família pretendia aguardar em Lisboa Mas o então rei não lhes deu permissão Isso foi uma grande humilhação Sofrida pela ex-família imperial Que recebeu a notícia do seu exílio Logo depois, naquele mesmo Natal



E antes do fim do ano a ex-imperatriz Muito pouco citada na nossa história Despediu-se do Brasil e da vida Numa parada cardiorrespiratória A Teresa Cristina ficou casada por 46 anos Apesar daquele desastroso começo E só depois da morte dela é que caiu a ficha do Pedro Que finalmente expressou sua gratidão e apreço Uma filha deles ficou conhecida Pelo apelido de A Redentora Por ter assinado uma lei que punha fim Em uma prática cruel, desumana e opressora Chamada de Princesa Isabel Ela aboliu a vergonhosa escravidão Ficou sendo herdeira do trono Quando não lhe restara nenhum irmão Teve uma educação de primeira Incluindo idiomas, história e geografia Desenho, dança e economia política Além de geologia e até astronomia

Apesar dessa bagagem teórica Garantida por um competente tutor E das suas lições e aulas passarem Pelo crivo do próprio imperador A Isabel nunca teve contato direto Com despachos e reuniões de estado Pois por não acreditar em mulher no governo O próprio pai lhe tirava o significado Ela foi por 3 vezes regente do pai Quando este se encontrava ausente O imperador parecia desinteressado E o povo cada vez mais descontente



Casou-se com um conde francês Que a tia dela na Europa encontrara Mas não foi esse o arranjo inicial Que a diplomacia brasileira planejara É que dois pretendentes chegaram Para um casamento por atacado Já que um deles era pra irmã dela Que estava também no mercado Mas fugindo do que foi planejado O imperador consultou as nubentes Que junto com os noivos decidiram Formar 2 casais diferentes A Isabel demorou pra ter filhos Mas com a irmã dela não foi assim Pois ela teve logo 4 meninos Os 3 mais velhos nascidos aqui Essa era a Princesa Leopoldina Que teve também uma educação de primeira Mas à sombra da irmã mais velha Não ficou no foco como sendo uma herdeira

Ela acabou indo morar na Áustria Na propriedade do seu próprio marido Mas 3 dos filhos dela são brasileiros Para o trono aqui não ficar desguarnecido E morreu muito jovem em Viena Com uma forte infecção intestinal A irmã e o marido estavam na Europa E acompanharam o seu triste final Os dois cunhados eram primos E não aparecem muito na história Combateram juntos no Paraguai E eram parentes da rainha Vitória



Eles foram a equipe reserva de noivos Que o imperador considerara Uma vez que outra dupla de primos Dessa proposta de casamento já declinara E por muito tempo os filhos da Leopoldina Foram o que se chama de herdeiro presuntivo Pois a infertilidade da Isabel Parecia ser algo líquido, certo e definitivo Bem mais tarde, com a Isabel tendo filhos O sobrinho mais velho agia no bastidor Minando qualquer apoio que a tia teria Ambicionando ser ele mesmo o próximo imperador Porém nada disso funciona E a república é enfim proclamada A família imperial é exilada daqui E ainda lhe cortam a sua mesada Esse sobrinho obstinado Não se conforma com a situação E pouco depois da morte do avô Ele entra em profunda depressão Então a árvore que eu segui nesse texto Acaba assim meio que de repente Embora às vezes a gente ouça por aqui Falarem de um ou outro remanescente É que o assunto dessa instituição Chamada de trono brasileiro imperial Vira e mexe volta à baila Apesar de nem ser uma coisa real Então, eu me pego pensando Pois, eu cá tenho o meu tino Que começar e acabar virtual Só pode ser mesmo uma coisa do destino



Claudia Schmidt, artista visual, amante de leitura histórica e fantástica, de astrologia e tarot, além de escrevinhadora acidental.

Frequentou a pintura clássica na adolescência, mas profissionalmente trilhou os caminhos da engenharia eletrônica onde se familiarizou com a criação de conteúdo via software durante a sua atuação no projeto para a implantação da plataforma de TV Digital no Brasil. Com esse background, especificando requisitos para o desenvolvimento de ferramentas de autoria e explorando a animação de formas geométricas e a agregação de fotos e cores, nasceu o impulso de se manifestar artisticamente por meio das mesmas. Suas composições têm sido expostas no Brasil e no exterior e suas ilustrações iniciais lhe inspiraram reflexões corriqueiras que, reunidas, deram origem à Sereia e sua série de livros ilustrados exibidos em https://issuu.com/claudiapovoasschmidt https://cschmidt303.wixsite.com/ilustras reúne o seu trabalho visual e um blog.


Mara Sop, ilustradora, apaixonada por história, arte, livros e gatos (muitos gatos, rsrs), começou a desenhar aos 3 anos de idade e nunca mais parou.

Após se formar em moda, voltou sua arte para história da moda através do projeto Fashiononline, redesenhando trajes icônicos imortalizados em obras de arte, personalidades históricas marcantes, assim como em trajes do teatro, cinema e TV que representam a moda de tempos passados. Atualmente tem atuado como capista e ilustradora de livros de época e históricos. Fora da área de ilustração, foi vencedora e finalista de concursos de novos talentos da moda, também já se aventurou publicando

um artigo sobre a moda na época de Jane Austen e suas representações em filmes na antologia Querida Jane Austen, uma homenagem. Em 2020, a convite da Secretária de Cultura e Turismo da Cidade de São Paulo, palestrou sobre literatura clássica nacional feita por mulheres, resgatando importantes nomes de nossas primeiras autoras há muito esquecidos. É também a criadora de conteúdo da página Romances Históricos no Facebook desde 2014. no insta: https://www.instagram.com/mara_sop/ no face: https://www.facebook.com/mara.sop/ em devianart: https://www.deviantart.com/marasop página de bonequinhas do projeto fashiononline: https://www.facebook.com/fashiononline.hist/


O Pedro vivia prometendo Que não xavecaria mais Até colocou “em um relacionamento sério” No status das suas redes sociais Ele garantiu para o antigo sogro Que não faria mais sacanagem E que até gravara “I  Leopoldina” Na própria pele, em forma de tatuagem Mas quando se viu solto numa ilha Combatendo nos Açores e na Madeira Entre um ou outro intervalo da batalha Ainda conseguiu engravidar uma freira


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