Diagnóstico por imagem
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Oncologia veterinária – exames radiográficos e ultrassonografia na tomada de decisões
Sarcoma renal bilateral em cadela Bilateral renal sarcoma in a bitch Sarcoma renal bilateral en una perra
Veterinary oncology: radiology and ultrasonography exams in decision making Oncología veterinaria – los exámenes radiográficos y ecográficos para la toma de decisiones
Diagnóstico por imagem Displasia coxofemoral em cães – revisão da literatura
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Oncologia
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Na internet
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Hip dysplasia in dogs – review Displasia de cadera en perros – revisión de literatura
Diagnóstico por imagem Aspectos radiográficos de instabilidade atlantoaxial em um canino adulto – relato de caso
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Site http://revistaclinicaveterinaria.com.br
Apple Store - http://goo.gl/LiOuit
Radiographic features of atlantoaxial instability in an adult canine – case report
Google Play - http://goo.gl/nEyv4Y
Características radiográficas de la inestabilidad atlantoaxial en un canino adulto – relato de caso
Clínica Linfangiectasia intestinal em cão – relato de caso Intestinal lymphangiectasia in a dog – case report Linfangiectasia intestinal en perro – relato de caso
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Pet Vet TV http://youtube.com/PetVetTV
Contato Editora Guará Ltda. Dr. José Elias 222 - Alto da Lapa 05083-030 São Paulo - SP, Brasil Central de assinaturas: 0800 887.1668 cvassinaturas@editoraguara.com.br Telefone/fax: (11) 3835-4555 / 3641-6845
Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 124, setembro/outubro, 2016
Ensino UniRitter abre as portas do Centro de Saúde Veterinária para a comunidade de Porto Alegre
Especialidades • XII Congresso de Cirurgia do CBCAV e II Congresso Internacional do CBCAV • Prevenção de doenças cardíacas • Nutrologia veterinária • Abravas realiza primeiro congresso na Região Centro-Oeste
Ecologia Ações para proteger aves limícolas migratórias
Bem-estar animal • O que os animais querem? • Simpósio reúne e amplia conhecimento de métodos alternativos ao uso de animais • O cavalo como detector de emoções
Medicina veterinária do coletivo • Pró-Saúde viabiliza curso introdutório de medicina veterinária do coletivo
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• Os ratos e os cidadãos civilizados • Como escolher candidatos comprometidos com a saúde e a proteção animal?
Guidelines COLAVAC/FIAVAC – Estratégias para vacinação de animais de companhia: cães e gatos
Medicina veterinária legal
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O prontuário médico-veterinário: requisitos e importância
Pet food
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• Alimentação de cadelas gestantes, lactantes e filhotes de cães: os benefícios de betaglucanos, butirato e betacaroteno
Gestão, marketing e estratégia • A gestão empresarial e os Jogos Olímpicos
Lançamentos
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• • • •
Roupas pós-cirúrgicas Dry Comfort Controlando o prurido dos cães Labyes lança linha dermocosmética Xampu hipoalergênico
Vet Agenda • www.vetagenda.com.br
Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 124, setembro/outubro, 2016
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E
“A receita é criar clientes que criam clientes”,
Le CUSTOMER CHEF – http://www.cxsummit.com.br
Nos dias de hoje, fala-se muito em inovação no empreendedorismo. Muitas vezes ela brota naturalmente da energia criativa presente em todos nós. E pode ser estimulada tanto pela felicidade quanto pela dificuldade. A diferença é que quando estamos felizes ela pode brotar naturalmente. E quando estamos com dificuldades, nossa energia criativa é extremamente essencial, e não podemos deixar que seja bloqueada pela tristeza, pela insatisfação ou pelo pessimismo. "O sucesso não é a chave para a felicidade; a felicidade é que é a chave para o sucesso. Se você ama o que faz, será bem-sucedido" – Albert Schweitzer.
EDITORES / PUBLISHERS Arthur de Vasconcelos Paes Barretto editor@editoraguara.com.br CRMV-MG 10.684 - www.crmvmg.org.br
Maria Angela Sanches Fessel cvredacao@editoraguara.com.br CRMV-SP 10.159 - www.crmvsp.gov.br
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EDITORAÇÃO ELETRÔNICA / DESKTOP PUBLISHING Editora Guará Ltda.
CAPA / COVER: filhote de yorkshire terrier Shutterstock
m edições anteriores da Clínica Veterinária já compartilhamos a importância do tema satisfação do cliente como meio de promover a fidelização. Vejo que esse assunto está sendo levado a sério por muitos. Por exemplo, em palestras, como a que assisti no Ciclo do Empreendedor, na Expovet, realizada no início de agosto em Belo Horizonte, MG, onde o colega Sergio Lobato destacou a importância de se conhecer o perfil do cliente e fidelizá-lo por meio da satisfação. E não só em artigos e palestras. Veterinários empreendedores estão investindo muito nisso. Um exemplo concreto é o Hospital Veterinário Santa Mônica, em Curitiba, PR, que está passando por reformas e modernização. Uma boa parte já está concluída e mostra claramente que o quesito satisfação está presente nos objetivos da reforma, tanto para as áreas acessíveis aos clientes quanto para as áreas de acesso restrito, como a sala de descanso e confraternização da equipe de veterinários. O objetivo é que o cliente tenha a satisfação de ser atendido, mas também é vital que os profissionais estejam aptos a atender com satisfação e a promover a empatia. A satisfação também é vital no ensino. Por isso, grandes grupos como o Laureate International Universities têm investido muito em recursos em prol da educação humanitária e de experiências positivas para os alunos. Eventos para empreendedores de todo tipo também buscam compartilhar a importância da satisfação. No final de agosto, em São Paulo, SP, fez muito sucesso o Customer Experience Summit. As vagas esgotaram-se antes da sua realização! Porém, ainda há vagas para as edições que irão ocorrer em outros estados. Aproveite!
Clínica Veterinária é uma revista técnico-científica bimestral, dirigida aos clínicos veterinários de pequenos animais, estudantes e professores de medicina veterinária, publicada pela Editora Guará Ltda. As opiniões em artigos assinados não são necessariamente compartilhadas pelos editores. Os conteúdos dos anúncios veiculados são de total responsabilidade dos anunciantes. Não é permitida a reprodução parcial ou total do conteúdo desta publicação sem a prévia autorização da editora. A responsabilidade de qualquer terapêutica prescrita é de quem a prescreve. A perícia e a experiência profissional de cada um são fatores determinantes para a condução dos possíveis tratamentos para cada caso. Os editores não podem se responsabilizar pelo abuso ou má aplicação do conteúdo da revista Clínica Veterinária.
Arthur de Vasconcelos Paes Barretto CRMV-MG 10.684
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Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 124, setembro/outubro, 2016
CONSULTORES CIENTÍFICOS Adriano B. Carregaro
Carlos Roberto Daleck
Flavia Toledo
José Ricardo Pachaly
FZEA/USP-Pirassununga
FCAV/Unesp-Jaboticabal
Univ. Estácio de Sá
UNIPAR
Álan Gomes Pöppl
Carlos Mucha
Flavio Massone
José Roberto Kfoury Jr.
FV/UFRGS
IVAC-Argentina
FMVZ/Unesp-Botucatu
Alberto Omar Fiordelisi
Cassio R. A. Ferrigno
Francisco E. S. Vilardo
FCV/UBA
FMVZ/USP-São Paulo
Criadouro Ilha dos Porcos
Alceu Gaspar Raiser
Ceres Faraco
Francisco J. Teixeira N.
DCPA/CCR/UFSM
FACCAT/RS
Alejandro Paludi
César A. D. Pereira
FCV/UBA
UAM, UNG, UNISA
Alessandra M. Vargas
Christina Joselevitch
Endocrinovet
FMVZ/USP-São Paulo
Alexandre Krause
Cibele F. Carvalho
FMV/UFSM
UNICSUL
Alexandre G. T. Daniel
Clair Motos de Oliveira
Universidade Metodista
FMVZ/USP-São Paulo
Alexandre L. Andrade
Clarissa Niciporciukas
CMV/Unesp-Aracatuba
ANCLIVEPA-SP
Alexander W. Biondo
Cleber Oliveira Soares
UFPR, UI/EUA
EMBRAPA
Aline Machado Zoppa
Cristina Massoco
FMU/Cruzeiro do Sul
Salles Gomes C. Empresarial
Aline Souza
Daisy Pontes Netto
UFF
FMV/UEL
Aloysio M. F. Cerqueira
Daniel C. de M. Müller
UFF
UFSM/URNERGS
Ana Claudia Balda
Daniel G. Ferro
FMU, Hovet Pompéia
ODONTOVET
Ananda Müller Pereira
Daniel Macieira
Universidad Austral de Chile
FMV/UFF
Ana P. F. L. Bracarense
Denise T. Fantoni
DCV/CCA/UEL
FMVZ/USP-São Paulo
André Luis Selmi
Dominguita L. Graça
Anhembi/Morumbi e Unifran
FMV/UFSM
Angela Bacic de A. e Silva
Edgar L. Sommer
FMU
FMVZ/Unesp-Botucatu
F. Marlon C. Feijo UFERSA
Franz Naoki Yoshitoshi Provet
Gabriela Pidal FCV/UBA
Gabrielle Coelho Freitas UFFS-Realeza
Geovanni D. Cassali ICB/UFMG
Geraldo M. da Costa DMV/UFLA
Gerson Barreto Mourão ESALQ/USP
Hannelore Fuchs Instituto PetSmile
Hector Daniel Herrera FCV/UBA
Hector Mario Gomez EMV/FERN/UAB
Hélio Autran de Moraes Dep. Clin. Sci./Oregon S. U.
Hélio Langoni FMVZ/UNESP-Botucatu
Heloisa J. M. de Souza FMV/UFRRJ
FMVZ/USP
Juan Carlos Troiano FCV/UBA
Juliana Brondani FMVZ/Unesp-Botucatu
Juliana Werner Lab. Werner e Werner
Julio C. C. Veado FMVZ/UFMG
Julio Cesar de Freitas UEL
Karin Werther FCAV/Unesp-Jaboticabal
Leonardo Pinto Brandão Ceva Saúde Animal
Leucio Alves FMV/UFRPE
Luciana Torres FMVZ/USP-São Paulo
Lucy M. R. de Muniz FMVZ/Unesp-Botucatu
Luiz Carlos Vulcano FMVZ/Unesp-Botucatu
Luiz Henrique Machado FMVZ/Unesp-Botucatu
Marcello Otake Sato
FMVZ/USP-São Paulo
Marion B. de Koivisto CMV/Unesp-Araçatuba
Marta Brito FMVZ/USP-São Paulo
Mary Marcondes CMV/Unesp-Araçatuba
Masao Iwasaki FMVZ/USP-São Paulo
Mauro J. Lahm Cardoso FALM/UENP
Mauro Lantzman Psicologia PUC-SP
Michele A. F. A. Venturini ODONTOVET
Michiko Sakate FMVZ/Unesp-Botucatu
Miriam Siliane Batista FMV/UEL
Moacir S. de Lacerda UNIUBE
Monica Vicky Bahr Arias FMV/UEL
Nadia Almosny FMV/UFF
Nayro X. Alencar FMV/UFF
FM/UFTO
Nei Moreira
Marcelo A.B.V. Guimarães
Nelida Gomez
FMVZ/USP-São Paulo
Marcelo Bahia Labruna FMVZ/USP-São Paulo
CMV/UFPR FCV/UBA
Nilson R. Benites FMVZ/USP-São Paulo
Nobuko Kasai
Herbert Lima Corrêa
Marcelo de C. Pereira
ODONTOVET
FMVZ/USP-São Paulo
FMVZ/USP-São Paulo
PROVET
Iara Levino dos Santos
Marcelo Faustino
Noeme Sousa Rocha
Antonio M. Guimarães
Edison L. P. Farias
Koala H. A. e Inst. Dog Bakery
DMV/UFLA
UFPR
Iaskara Saldanha
Aparecido A. Camacho
Eduardo A. Tudury
Lab. Badiglian
FCAV/Unesp-Jaboticabal
DMV/UFRPE
Idael C. A. Santa Rosa
A. Nancy B. Mariana
Elba Lemos
UFLA
FMVZ/USP-São Paulo
FioCruz-RJ
Arlei Marcili
Eliana R. Matushima
FMVZ/USP-São Paulo
FMVZ/USP-São Paulo
Jairo Barreras
Aulus C. Carciofi
Elisangela de Freitas
FCAV/Unesp-Jaboticabal
FMVZ/Unesp-Botucatu
James N. B. M. Andrade Marcio B. Castro
Aury Nunes de Moraes
Estela Molina
UESC
FCV/UBA
Ayne Murata Hayashi
Fabian Minovich
FMVZ/USP-São Paulo
UJAM-Mendoza
Beatriz Martiarena
Fabiano Montiani-Ferreira
FCV/UBA
FMV/UFPR
Ismar Moraes
Benedicto W. De Martin
Fabiano Séllos Costa
FMVZ/USP; IVI
DMV/UFRPE
Berenice A. Rodrigues
Fabio Otero Ascol
Médica veterinária autônoma
IB/UFF
Camila I. Vannucchi
Fabricio Lorenzini
FMVZ/USP-São Paulo
FAMi
Carla Batista Lorigados
Fernando C. Maiorino
FMU
FEJAL/CESMAC/FCBS
Carla Holms
Fernando de Biasi
Anclivepa-SP
DCV/CCA/UEL
Carlos Alexandre Pessoa Fernando Ferreira
FMV/UFF
FMV/Unesp-Botucatu
Marcelo S. Gomes
Norma V. Labarthe
Zoo SBC,SP
Marcia Kahvegian FMVZ/USP-São Paulo
Márcia Marques Jericó UAM e UNISA
Marcia M. Kogika
FioCruz
FMVZ/USP-São Paulo
FMV/UTP
UNB
Jane Megid FMVZ/Unesp-Botucatu
Janis R. M. Gonzalez FMV/UEL
Jean Carlos R. Silva UFRPE, IBMC-Triade
João G. Padilha Filho FCAV/Unesp-Jaboticabal
João Luiz H. Faccini UFRRJ
João Pedro A. Neto UAM
Jonathan Ferreira Odontovet
Jorge Guerrero Universidade da Pennsylvania
José de Alvarenga
www.animalexotico.com.br
FMVZ/USP-São Paulo
Carlos E. Ambrosio
Filipe Dantas-Torres
FZEA/USP-Pirassununga
CPAM
Carlos E. S. Goulart
Flávia R. R. Mazzo
José Luiz Laus
FTB
Provet
FCAV/Unesp-Jaboticabal
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FMVZ/USP-São Paulo
FMVZ/USP
Jose Fernando Ibañez FALM/UENP
Marcio Brunetto FMVZ/USP-Pirassununga
Marcio Dentello Lustoza Biogénesis-Bagó Saúde Animal
Márcio Garcia Ribeiro FMVZ/Unesp-Botucatu
Marco Antonio Gioso FMVZ/USP-São Paulo
Marconi R. de Farias PUC-PR
Maria Cecilia R. Luvizotto CMV/Unesp-Aracatuba
M. Cristina F. N. S. Hage FMV/UFV
Maria Cristina Nobre FMV/UFF
M. de Lourdes E. Faria VCA/SEPAH
Maria Isabel M. Martins
FMV/UFFe FioCruz
Patricia C. B. B. Braga FMVZ/USP-Leste
Patrícia Mendes Pereira DCV/CCA/UEL
Paulo Anselmo Zoo de Campinas
Paulo César Maiorka FMVZ/USP-São Paulo
Paulo Iamaguti FMVZ/Unesp-Botucatu
Paulo S. Salzo UNIMES, UNIBAN
Paulo Sérgio M. Barros FMVZ/USP-São Paulo
Pedro Germano FSP/USP
Pedro Luiz Camargo DCV/CCA/UEL
Rafael Almeida Fighera FMV/UFSM
Rafael Costa Jorge Hovet Pompéia
Regina H.R. Ramadinha FMV/UFRRJ
Renata A. Sermarini ESALQ/USP
DCV/CCA/UEL
Renata Afonso Sobral
M. Jaqueline Mamprim
Onco Cane Veterinária
FMVZ/Unesp-Botucatu
Maria Lúcia Z. Dagli
Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 124, setembro/outubro, 2016
Renata Navarro Cassu Unoeste-Pres. Prudente
Renée Laufer Amorim FMVZ/Unesp-Botucatu
Ricardo Duarte All Care Vet / FMU
Ricardo G. D’O. C. Vilani UFPR
Ricardo S. Vasconcellos CAV/UDESC
Rita de Cassia Garcia FMVZ/USP-São Paulo
Rita de Cassia Meneses IV/UFRRJ
Rita Leal Paixão FMV/UFF
Robson F. Giglio Hosp. Cães e Gatos; Unicsul
Rodrigo Gonzalez FMV/Anhembi-Morumbi
Rodrigo Mannarino FMVZ/Unesp-Botucatu
Rodrigo Teixeira Zoo de Sorocaba
Ronaldo C. da Costa CVM/Ohio State University
Ronaldo G. Morato CENAP/ICMBio
Rosângela de O. Alves EV/UFG
Rute C. A. de Souza UFRPE/UAG
Ruthnéa A. L. Muzzi DMV/UFLA
Sady Alexis C. Valdes Unipam-Patos de Minas
Sheila Canavese Rahal FMVZ/Unesp-Botucatu
Silvia E. Crusco UNIP/SP
Silvia Neri Godoy ICMBio/Cenap
Silvia R. G. Cortopassi FMVZ/USP-São Paulo
Silvia R. R. Lucas FMVZ/USP-São Paulo
Silvio A. Vasconcellos FMVZ/USP-São Paulo
Silvio Luis P. de Souza FMVZ/USP, UAM
Simone Gonçalves Hemovet/Unisa
Stelio Pacca L. Luna FMVZ/Unesp-Botucatu
Tiago A. de Oliveira UEPB
Tilde R. Froes Paiva FMV/UFPR
Valéria Ruoppolo Int. Fund for Animal Welfare
Vamilton Santarém Unoeste
Vania M. de V. Machado FMVZ/Unesp-Botucatu
Victor Castillo FCV/UBA
Vitor Marcio Ribeiro PUC-MG
Viviani de Marco UNISA e NAYA Especialidades
Wagner S. Ushikoshi FMV/UNISA e FMV/CREUPI
Zalmir S. Cubas Itaipu Binacional
Instruções aos autores A Clínica Veterinária publica artigos científicos inéditos, de três tipos: trabalhos de pesquisa, relatos de caso e revisões de literatura. Embora todos tenham sua importância, nos trabalhos de pesquisa, o ineditismo encontra maior campo de expressão, e como ele é um fator decisivo no âmbito científico, estes trabalhos são geralmente mais valorizados. Todos os artigos enviados à redação são primeiro avaliados pela equipe editorial e, após essa avaliação inicial, encaminhados aos consultores científicos. Nessas duas instâncias, decide-se a conveniência ou não da publicação, de forma integral ou parcial, e encaminham-se ao autores sugestões e eventuais correções. Trabalhos de pesquisa são utilizados para apresentar resultados, discussões e conclusões de pesquisadores que exploram fenômenos ainda não completamente conhecidos ou estudados. Nesses trabalhos, o bem-estar animal deve sempre receber atenção especial. Relatos de casos são utilizados para a apresentação de casos de interesse, quer seja pela raridade, evolução inusitada ou técnicas especiais. Devem incluir uma pesquisa bibliográfica profunda sobre o assunto (no mínimo 30 referências) e conter uma discussão detalhada dos achados e conclusões do relato à luz dessa pesquisa. A pesquisa bibliográfica deve apresentar no máximo 15% de seu conteúdo provenientes de livros, e no máximo 20% de artigos com mais de cinco anos de publicação. Revisões são utilizadas para o estudo aprofundado de informações atuais referentes a um determinado assunto, a partir da análise criteriosa dos trabalhos de pesquisadores de todo o meio científico, publicados em periódicos de qualidade reconhecida. As revisões deverão apresentar pesquisa de, no mínimo, 60 referências provadamente consultadas. Uma revisão deve apresentar no máximo 15% de seu conteúdo provenientes de livros, e no máximo 20% de artigos com mais de cinco anos de publicação. Critérios editoriais Para a primeira avaliação, os autores devem enviar pela internet (cvredacao@editoraguara.com.br) um arquivo texto (.doc) com o trabalho, acompanhado de imagens digitalizadas em formato .jpg . As imagens digitalizadas devem ter, no mínimo, resolução de 300 dpi na largura de 9 cm. Se os autores não possuírem imagens digitalizadas, devem encaminhar pelo correio ao nosso departamento de redação cópias das imagens originais (fotos, slides ou ilustrações – acompanhadas de identificação de propriedade e autor). Devem ser enviadas também a identificação de todos os autores do trabalho (nome completo por extenso, RG, CPF, endereço residencial com cep, telefones e e-mail). Além dos nomes completos, devem ser informadas as instituições às quais os autores estejam vinculados, bem como seus títulos no momento em que o trabalho foi escrito. Os autores devem ser relacionados na seguinte ordem: primeiro, o autor principal, seguido do orientador e, por fim, os colaboradores, em sequência decrescente de participação. Sugere-se como máximo seis autores. O primeiro autor deve necessariamente ter diploma de graduação em medicina veterinária. Todos os artigos, independentemente da sua categoria, devem ser redigidos em língua portuguesa e acompanhados de versões em língua inglesa e espanhola de: título, resumo (de 700 a 800 caracteres) e unitermos (3 a 6). Os títulos devem ser claros e grafados em letras minúsculas – somente a primeira letra da primeira palavra deve ser grafada em letra maiúscula. Os resumos devem ressaltar o objetivo, o método, os resultados e as conclusões, de forma concisa, dos pontos relevantes do trabalho apresentado. Os unitermos não devem constar do título. Devem ser dispostos do mais abrangente para o mais específico (eg, “cães, cirurgias, abcessos, próstata). Verificar se os unitermos escolhidos constam dos “Descritores em Ciências de Saúde” da Bireme (http://decs.bvs.br/). Revisões de literatura não devem apresentar o subtítulo “Conclusões”. Sugere-se “Considerações finais”. Não há especificação para a quantidade de páginas, dependendo esta do conteúdo explorado. Os assuntos devem ser abordados com objetividade e clareza, visando o público leitor – o clínico veterinário de pequenos animais. Utilizar fonte arial tamanho 10, espaço simples e uma única coluna. As margens superior, inferior e laterais devem apresentar até 3 cm. Não deixar linhas em branco ao longo do texto, entre títulos, após subtítulos e entre as referências. No caso de todo o material ser remetido pelo correio, devem
necessariamente ser enviados, além de uma apresentação impressa, uma cópia em CD-rom. Imagens como fotos, tabelas, gráficos e ilustrações não podem ser cópias da literatura, mesmo que seja indicada a fonte. Devem ser utilizadas imagens originais dos próprios autores. Imagens fotográficas devem possuir indicação do fotógrafo e proprietário; e quando cedidas por terceiros, deverão ser obrigatoriamente acompanhadas de autorização para publicação e cessão de direitos para a Editora Guará (fornecida pela Editora Guará). Quadros, tabelas, fotos, desenhos, gráficos deverão ser denominados figuras e numerados por ordem de aparecimento das respectivas chamadas no texto. Imagens de microscopia devem ser sempre acompanhadas de barra de tamanho e nas legendas devem constar as objetivas utilizadas. As legendas devem fazer parte do arquivo de texto e cada imagem deve ser nomeada com o número da respectiva figura. As legendas devem ser autoexplicativas. Não citar comentários que constem das introduções de trabalhos de pesquisa para não incorrer em apuds. Sempre buscar pelas referências originais. O texto do autor original deve ser respeitado, utilizando-se exclusivamente os resultados e, principalmente, as conclusões dos trabalhos. Quando uma informação tiver sido localizada em diversas fontes, deve-se citar apenas o autor mais antigo como referência para essa informação, evitando a desproporção entre o conteúdo e o número de referências por frases. As referências serão indicadas ao longo do texto apenas por números sobrescritos ao texto, que corresponderão à listagem ao final do artigo – autores e datas não devem ser citados no texto. Esses números sobrescritos devem ser dispostos em ordem crescente, seguindo a ordem de aparecimento no texto, e separados apenas por vírgulas (sem espaços). Quando houver mais de dois números em sequência, utilizar apenas hífen () entre o primeiro e o último dessa sequência, por exemplo cão 1,3,6-10,13. A apresentação das referências ao final do artigo deve seguir as normas atuais da ABNT 2002 (NBR 10520). Utilizar o formato v. para volume, n. para número e p. para página. Não utilizar “et al” – todos os autores devem ser relacionados. Não abreviar títulos de periódicos. Sempre utilizar as edições atuais de livros – edições anteriores não devem ser utilizadas. Todos os livros devem apresentar informações do capítulo consultado, que são: nome dos autores, nome do capítulo e páginas do capítulo. Quando mais de um capítulo for utilizado, cada capítulo deverá ser considerado uma referência específica. Não serão aceitos apuds nem revisões de literatura (Citação direta ou indireta de um autor a cuja obra não se teve acesso direto. É a citação de “segunda mão”. Utiliza-se a expressão apud, que significa “citado por”. Deve ser empregada apenas quando o acesso à obra original for impossível, pois esse tipo de citação compromete a credibilidade do trabalho). A exceção será somente para literatura não localizada e obras antigas de difícil acesso, anteriores a 1960. As citações de obras da internet devem seguir o mesmo procedimento das citações em papel, apenas com o acréscimo das seguintes informações: “Disponível em: <http://www.xxxxxxxxx>. Acesso em: dia de mês de ano.” Somente utilizar o local de publicação de periódicos para títulos com incidência em locais distintos, como, por exemplo: Revista de Saúde Pública, São Paulo e Revista de Saúde Pública, Rio de Janeiro. De modo geral, não são aceitas como fontes de referência periódicos ou sites não indexados. Ocasionalmente, o conselho científico editorial poderá solicitar cópias de trabalhos consultados que obrigatoriamente deverão ser enviadas. Será dado um peso específico à avaliação das citações, tanto pelo volume total de autores citados, quanto pela diversidade. A concentração excessiva das citações em apenas um ou poucos autores poderá determinar a rejeição do trabaho. Não utilizar SID, BID e outros. Escrever por extenso “a cada 12 horas”, “a cada 6 horas” etc. Com relação aos princípios éticos da experimentação animal, os autores deverão considerar as normas do SBCAL (Sociedade Brasileira de Ciência de Animais de Laboratório). Informações referentes a produtos utilizados no trabalho devem ser apresentadas em rodapé, com chamada no texto com letra sobrescrita ao princípio ativo ou produto. No rodapé devem constar o nome comercial, fabricante, cidade e estado. Para produtos importados, informar também o país de origem, o nome do importador/distribuidor, cidade e estado.
Revista Clínica Veterinária / Redação Rua dr. José Elias 222 CEP 05083-030 São Paulo - SP cvredacao@editoraguara.com.br
Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 124, setembro/outubro, 2016
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ENSINO
UniRitter abre as portas do Centro de Saúde Veterinária para a comunidade de Porto Alegre
U
Cassius Souza Fotografias
m moderno espaço para o tratamento de animais foi inaugurado em solenidade oficial pela UniRitter no dia 17 de agosto de 2016. Aliando respeito ao bem-estar animal e tecnologia de ponta, o Centro de Saúde Veterinária UniRitter, em suas instalações com cerca de 2 mil metros quadrados, vai proporcionar atendimento clínico e cirúrgico de alta qualidade para cães, gatos e espécies silvestres. Além disso, o centro oferecerá aulas práticas, atividades de pesquisa e extensão, e campo de estágio para os alunos do curso de medicina veterinária da instituição. No centro, serão realizadas consultas, cirurgias e procedimentos veterinários em diversas especialidades. Além disso, estão previstos serviços de diagnóstico com realização de exames complementares por imagem e exames laboratoriais. Também serão contemplados os serviços de nutrição clínica, etologia clínica, reabilitação e fisioterapia, sala de quimioterapia e pet shop, dentre outros.
Integrante da líder global em ensino superior Laureate International Universities, que abriga 11 instituições que oferecem cursos de medicina veterinária no Chile, México e Equador, além do Brasil, a UniRitter selecionou as melhores práticas da rede para implantar na sua unidade. “A comunidade contará com os serviços especializados e alunos do curso terão a experiência prática fundamental para a formação do médico veterinário, além de aproveitarem o método de ensino inovador em saúde da Laureate International Universities, ficando mais bem preparados e seguros para o mercado de trabalho”, explicou a reitora da UniRitter, professora Laura Frantz. Segundo o vice-presidente sênior de Medicina e Ciências da Saúde da Laureate International Universities, dr. Francisco Gutierrez, o centro segue o padrão mundial da rede de excelência na educação veterinária. “O espaço vai proporcionar mais condições para que sejam formados profissionais éticos e humanizados, com uma grande paixão pelos animais”, disse. Já o diretor nacional de Medicina e Ciências da Saúde da Laureate Brasil, dr. Sérgio Timerman, apontou a relevância da UniRitter nesta área da saúde. “Iremos contribuir para ensinar à população sobre a saúde dos animais e, com isso, salvar mais vidas”, comentou.
Cassius Souza Fotografias
Centro de Saúde Veterinária UniRitter Avenida Manoel Elias, 1480 Passo das Pedras Porto Alegre, RS http://www.uniritter.edu.br/hovet hovet@uniritter.edu.br
O Centro de Saúde Veterinária está equipado para realização de consultas, cirurgias e procedimentos veterinários em diversas especialidades 12
Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 124, setembro/outubro, 2016
ESPECIALIDADES
PROVA DE ESPECIALISTA Poderão se inscrever para o exame de especialista os candidatos que preencherem os seguintes pré-requisitos: • ser médico veterinário e possuir inscrição no CRMV há pelo menos 2 anos • ser membro do CBCAV há pelo menos 1 ano. Para inscrição o candidato deverá enviar: • comprovante de pagamento de inscrição (vide edital); • formulário de solicitação de inscrição; • fichas comprobatórias de procedimentos realizados. Para os candidatos a especialista em cirurgia veterinária: Fichas cirúrgicas de 50 procedimentos operatórios (optar por pequenos ou grandes animais) • atestado de supervisão das fichas apresentadas por membro especialista do CBCAV; • declaração de ciência; • curriculum vitae (Plataforma Lattes) com comprovação e pontuação mínima de 100 pontos na área pretendida; • cópia autenticada do diploma de graduação e do CRMV. Diplomas de mestrado, doutorado e especialização também precisam ser autenticados A prova será nos dias 10 e 11 de outubro de 2016, na cidade de Campos dos Goytacazes, RJ. Os candidatos aptos a participarem da prova receberão confirmação via e-mail. A lista dos aprovados será divulgada até sete dias após a realização da prova. Os candidatos aprovados receberão cópia da ata de aprovação e declaração de aprovação. É de responsabilidade do candidato o envio da ata de aprovação, da declaração de aprovação e do curriculum vitae comprovado ao CRMV de sua região para homologação do título. Acesse o edital da prova de especialista: http://goo.gl/7XVNlB
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Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 124, setembro/outubro, 2016
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ESPECIALIDADES
Prevenção de doenças cardíacas Setembro Vermelho: Campanha visa conscientizar sobre a importância do diagnóstico e tratamento precoces das doenças cardíacas nos cães
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erca de 35% dos cães serão acometidos por alguma cardiopatia ao atingirem a fase idosa. A partir dos 5 anos e desta idade até aproximadamente 13 anos, cerca de 70% deles irão desenvolver ao longo da vida a chamada Doença Valvar Crônica Mitral (DVCM), a principal cardiopatia que acomete os cães, sendo os mais suscetíveis os machos de pequeno porte (com até 20 quilos). A doença pode aparecer já nos primeiros cinco anos de vida do cãozinho, e a prevalência, por faixa etária, é de 10% em cães com cinco a oito anos, de 25% com nove a 12 anos e de 35% entre os acima de 13 anos. A doença se manifesta quando a válvula mitral, responsável pelo controle do fluxo do sangue do ventrículo esquerdo para o átrio esquerdo do coração e para a artéria aorta, não fecha direito, o que faz com que parte desse líquido volte ao átrio. Entre as consequências está o chamado sopro do coração que, assim como nos humanos, é detectado pelo procedimento de auscultar o coração do animal com o estetoscópio. “O sopro é como chamamos o som emitido quando a válvula não funciona bem, fazendo com que o sangue que deveria ir totalmente para a artéria aorta produza um refluxo de sangue para o átrio esquerdo. Outras consequências da doença são o aumento do volume do coração e o acúmulo de líquidos nos pulmões. Ao se agravar, a situação pode prejudicar seriamente o sistema circulatório, acometendo outros órgãos, como os rins e o fígado”, alerta a dra. Kátia Mitsube Tárraga. “Após o diagnóstico, é importante iniciar o tratamento o quanto antes, para retardar a evolução da doença. A abordagem deve ser individualizada, levando-se em consideração o grau e a evolução da cardiopatia. Quando o animal tem o problema, mas não apresenta sintomas, recomenda-se mudar hábitos, como alimentação e frequência de exercícios, sempre observando a condição clínica do cão”, esclarece a dra. Kátia M. Tárraga. Entre os tratamentos mais comuns estão os vasodilatadores, que ajudam a controlar as alterações produzidas no coração, melhorando o fluxo sanguíneo, diminuindo o refluxo para o átrio esquerdo e, assim, atenuando o quadro de insuficiência cardíaca. A longo prazo, o medicamento também melhora a qualidade de vida e aumenta a sobrevida do animal. Complementam o medicamento a mudança de hábitos do animal, como o controle da frequência e intensidade dos exercícios, e a melhora da dieta, com diminuição do sal. Atualização científica A Sociedade Brasileira de Cardiologia Veterinária 16
(SBCV – http://www.sbcv.org.br/) está com uma série de eventos de educação continuada programados para o segundo semestre de 2016: • Abordagem clínica das urgências cardiológicas: 22 de setembro, em Resende, RJ; • Simpósio Internacional Cardiorrenal: 12 de novembro, em São Paulo, SP (palestrantes internacionais confirmados: Sydney Moise, Clarke Atkins, Jonathan Elliot e Larry Cowgill); • Simpósio Pan-Americano de arritmias cardíacas: 14 de novembro, em São Paulo, SP (palestrante internacional confirmada: Sydney Moise). Outro oportunidade para atualização: Como a ecocardiografia pode auxiliar no diagnóstico e monitoração da doença valvar mitral em cães? Palestra online: http://pensecoracaopenserins.com.br . Artigos científicos – http://revistaclinicaveterinaria.com.br O acervo digital da revista Clínica Veterinária possui uma série de artigos que estão disponíveis para assinantes: Insuficiência cardíaca congestiva secundária a displasia de tricúspide em cão – relato de caso. Clínica Veterinária, n. 119, novembro/dezembro, Ano XX, 2015; Valvuloplastia mitral em um cão com degeneração valvar. Clínica Veterinária, n. 112, setembro/outubro, Ano XIX, 2014; Cardiomiopatia dilatada em um cão da raça doberman – relato de caso. Clínica Veterinária, n. 111, julho/agosto, Ano XIX, 2014; Pericardiotomia percutânea com cateter-balão como tratamento de efusão pericárdica recidivante em um cão – relato de caso. Clínica Veterinária, n. 110, maio/junho, Ano XIX, 2014; Síndrome de Eisenmenger: doença cardíaca congênita e hipertensão pulmonar – estudo retrospectivo do diagnóstico de dez casos (2004-2013). Clínica Veterinária, n. 109, março/abril, Ano XIX, 2014; Valvoplastia percutânea por balão em cão com estenose valvar pulmonar – relato de caso. Clínica Veterinária, n. 99, julho/agosto, Ano XVII, 2012; Insuficiência cardíaca congestiva secundária à anomalia de Ebstein em um boxer de cinco meses de idade – relato de caso. Clínica Veterinária, n. 97, março/abril, Ano XVII, 2012; Holter em animais de companhia – indicações clínicas e avaliação da variabilidade da frequência cardíaca. Clínica Veterinária, n. 92, maio/junho, Ano XVI, 2011; Eletrocardiograma em cães – revisão. Clínica Veterinária, n. 91, março/abril, Ano XVI, 2011; Aferição dos valores de VHS (vertebral heart size) para cães da raça teckel sem evidências clínicas de doença cardíaca. Clínica Veterinária, n. 88, setembro/outubro, Ano XV, 2010.
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ESPECIALIDADES
Nutrologia veterinária
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ada vez mais aumenta a busca por profissionais especializados em prescrever dietas personalizadas para os diferentes casos clínicos. Elas partem dos próprios centros de especialidades, que encaminham os casos para nutrólogos veterinários, ou da procura direta dos tutores de cães e gatos pelos profissionais especializados. Entre os serviços prestados pelos nutrólogos veterinários encontram-se: • a formulação de dieta caseira completa e balanceada; • a escolha de alimento comercial e manejo alimentar mais apropriado para cada caso; • a prescrição de nutrição enteral e manejo alimentar por sondas; • a formulação, prescrição e orientações para administração de nutrição parenteral, recomendada para atender a necessidade calórica de pacientes que não podem se alimentar por via enteral; • o estabelecimento de programas de redução de peso, de forma que as perdas ocorram em níveis seguros, sem causar prejuízo à saúde. Consultoria Em várias regiões do Brasil já é possível encontrar profissionais capacitados em nutrologia veterinária. Nos estados de São Paulo e do Rio Grande do Sul está presente a Alimentar Vet, que atende nas regiões de Ribeirão Preto e Campinas (SP) e em Porto Alegre, Canoas, Novo Hamburgo e São Leopoldo (RS). Na cidade do Rio de Janeiro, está presente a Nutrição Veterinária Sobmedida. A oferta do serviço de consultoria em nutrologia
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veterinária vem aumentando graças ao número cada vez maior de interessados em realizar estágios, residência e pós-graduação em nutrição e nutrição clínica de cães e gatos. Confira no site Nutrição.Vet as opções para avançar nos estudos na área: http://goo.gl/h1vwZW . Artigos científicos O acervo digital da revista Clínica Veterinária tem uma série de artigos disponíveis para assinantes: • Anestesia e obesidade canina – revisão de literatura. Clínica Veterinária, n. 117, julho/agosto, Ano XX, 2015; • Parâmetros clínicos e laboratoriais de cães obesos submetidos a restrição calórica para perda de peso. Clínica Veterinária, n. 112, setembro/outubro, Ano XIX, 2014; • Uso de prebióticos e probióticos em gatos – uma revisão. Clínica Veterinária, n. 95, novembro/dezembro, Ano XVI, 2011; • Obesidade canina – abordagem diagnóstica, nutricional e reabilitação. Clínica Veterinária, n. 94, setembro/outubro, Ano XVI, 2011; • A importância dos aminoácidos na nutrição dos gatos domésticos. Clínica Veterinária, n. 84, janeiro/fevereiro, Ano XV, 2010; • Estudo sobre os hábitos alimentares e as atividades físicas de cães obesos da cidade de São Paulo e seus reflexos no balanço metabólico. Clínica Veterinária, n. 81, julho/agosto, Ano XIV, 2009; Suporte nutricional enteral no paciente crítico. Clínica Veterinária, n. 78; janeiro/fevereiro, Ano XIV, 2009; Suporte nutricional parenteral no paciente crítico. Clínica Veterinária, n. 78; janeiro/fevereiro, Ano XIV, 2009; Obesidade felina – revisão. Clínica Veterinária, n. 68, maio/junho, Ano XII, 2007.
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CURSOS EM
MEDICINA VETERINÁRIA CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO
CURSOS INTENSIVOS VI CURSO DE NEUROACUPUNTURA
Módulo I: dias 16, 17 e 18 de Setembro de 2016. Módulo II: dias 22 e 23 de Outubro de 2016. Curso teórico prático com discussão de casos clínicos Abordagem neuroclínica prática e resumida Coordenação: Prof. Dr. Jean G F Joaquim
IX CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FISIATRIA, FISIOTERAPIA E
REABILITAÇÃO VETERINÁRIA
Curso em novo formato! 21 módulos, 100 horas de prática! Início: 10 e 11 de Setembro de 2016 Abordagem a pequenos animais e equinos Presença de palestrante internacional
VIII CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ONCOLOGIA VETERINÁRA 500 horas, 26 finais de semana Início: Março de 2017 Aulas teóricas e práticas Curso pioneiro no Brasil
III CURSO DE DERMATOLOGIA
E MEDICINA COMPLEMENTAR EM PEQUENOS ANIMAIS
Dias 16, 17 e 18 de Dezembro de 2016 Palestrantes: Profa. Carolina Haddad e Prof. Luis Fernando de Moraes Abordagem clínica, nutracêutica, fitoterápica, dietética e com acupuntura dos dermatopatias.
I CURSO DE ABORDAGEM DOS TRANSTORNOS
DE COMPORTAMENTO PELA MEDICINA VETERINÁRIA TRADICIONAL CHINESA
Dias 18 e 19 de Março de 2017 Palestrante: Prof. Dr. Jair Guilherme dos Santos Junior Visão ocidental e oriental dos transtornos de comportamento em pequenos animais.
I SIMPÓSIO DE ONCOLOGIA DE PEQUENOS ANIMAIS E I WORKSHOP DE ELETROQUIMIOTERAPIA Dias 11, 12 e 13 de Novembro de 2016, em Ribeirão Preto/SP. Presença dos palestrantes internacionais: Enrico P Spugnini (Itália), Michael O Childress (EUA) e Juan F Borrego Massó (Espanha), além da presença de renomados palestrantes nacionais.
Rua Vicente Giacobino, 45 Jardim Santa Mônica Botucatu - SP - 18605-545 www.bioethicus.com.br secretaria@bioethicus.com.br (14) 3814 6898 ou (14) 3813 3898
Instituto Bioethicus @bioethicus
ESPECIALIDADES
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Abravas realiza primeiro congresso na Região Centro-Oeste
http://congressoabravas.com.br
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Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens (Abravas) realizará, no período de 8 a 10 de outubro, o Simpósio Abravas: Gestão de Fauna Ex-situ, que ocorrerá em Goiânia, GO, no Castro’s Park Hotel. O simpósio conta com uma variada programação cuidadosamente planejada para atender todas as áreas profissionais atuantes em empreendimentos de fauna ex-situ, 20
com representantes de zoológicos e aquários brasileiros, órgãos ambientais e um convidado internacional, John Sykes, médico veterinário sênior do Zoológico do Bronx (Nova York) e WCS (Wildlife Conservation Society), que tem grande experiência em desenvolvimento de soluções aplicadas à rotina de medicina de animais selvagens e é ex-presidente da Associação de Médicos Veterinários de Nova York (VMANYC). O evento ocorrerá durante o précongresso da Abravas, e na sequência, no período de 10 a 14 de outubro, ocorrerão o XIX Congresso e o XXV Encontro da Abravas. A associação completa 25 anos e comemora a data com o primeiro congresso na Região Centro-Oeste do Brasil, que possui uma rica fauna e um dos biomas mais importantes do território nacional, o Cerrado.
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ECOLOGIA
Ações para proteger aves limícolas migratórias Portaria atualiza até 2018 medidas de conservação dessas espécies, geralmente associadas a zonas úmidas costeiras, como estuários e lagunas
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Instituto Chico Mendes de Conservação da denado e avanço de empreendimentos imobiliários; reduBiodiversidade (ICMBio) publicou portaria no zir a caça e coleta de ovos de aves limícolas; reduzir o Diário Oficial da União (DOU), atualizando o impacto de animais domésticos nas áreas de ocorrência Plano de Ação Nacional para a Conservação das Aves das aves limícolas; e desenvolver pesquisas que subsiLimícolas Migratórias (PAN Aves Limícolas Migratórias diem a conservação das aves limícolas. Ainda de acordo com a portaria, caberá ao Centro – http://goo.gl/XSTMG1). Limícolas são aves geralmente associadas a zonas úmidas costeiras, como estuários e Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave – http://www.icmbio.gov.br/cemave/), do lagunas. De acordo com a portaria, o PAN Aves Limícolas ICMBio, a coordenação do PAN Aves Limícolas MigraMigratórias tem o objetivo geral de ampliar e assegurar a tórias, com supervisão da Coordenação Geral de Manejo proteção efetiva dos habitats críticos para as aves limícolas para Conservação da Diretoria de Pesquisa, Avaliação e até 2018, com a perspectiva futura de ter os habitats recu- Monitoramento da Biodiversidade (CGESP/DIBIO). O perados, protegidos e integrados às alternativas de desen- PAN será monitorado anualmente, para revisão e ajuste das ações, com uma avaliação intermediária prevista para volvimento social e econômico da sociedade até 2043. O plano estabelece estratégias prioritárias de conserva- o meio da vigência do plano e avaliação final ao término ção para cinco táxons (unidades de classificação) de aves do ciclo de gestão. consideradas ameaçadas de extinção, constantes da Lista Nacional (Portaria MMA nº 444/2014), sendo dois classificados na categoria CR (criticamente em perigo) – Calidris canutus e Limnodromus griseus; um na categoria EN (em perigo) – Calidris pusilla; e dois na categoria VU (vulnerável) – Charadrius wilsonia e Calidris subruficollis. São beneficiados ainda outros 23 táxons, sendo dois categorizados nacionalmente como NT (quase ameaçado) – Arenaria interpres e Haematopus palliatus; três na categoria DD (dados insuficientes) – Calidris minutilla, Phalaropus tricolor e Pluvialis dominica; 16 (dezesseis) na categoria LC (menos preocupante) – Actitis macularius, Bartramia longicauda, Calidris alba, Calidris fuscicollis, Calidris himantopus, Calidris melanotos, Charadrius falklandicus, Charadrius modestus, Charadrius semipalmatus, Limosa haemastica, Oreopholus ruficollis, Pluvialis squatarola, Tringa flavipes, Tringa melanoleuca, Tringa semipalmata e Tringa solitaria; e dois na categoria NA (não aplicável) Calidris bairdii e Numenius phaeopus. Nota da redação: Para conhecer sobre cada ave, seus hábiPara atingir o objetivo geral, foram definidas 27 tos, alimentação, descrição, canto, distribuição geográfica, ações distribuídas em cinco objetivos específicos – predadores, reprodução etc, experimente fazer consultas no prevenir e reduzir os impactos resultantes da Wiki Aves, um site de conteúdo interativo, direcionado à implementação de infraestrutura e das atividades comunidade brasileira de observadores de aves, com o objede exploração de recursos naturais para fins comertivo de apoiar, divulgar e promover a atividade de observação ciais e de subsistência; diminuir as alterações de de aves, fornecendo gratuitamente ferramentas avançadas para controle de fotos, sons, textos, identificação de espéhabitat e impactos provocados pelo turismo desorFonte: Comunicação ICMBio – http://goo.gl/0ZvQlz 22
cies, comunicação entre observadores, entre outras: http://www.wikiaves.com.br/
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BEM-ESTAR ANIMAL
O que os animais querem? Unesp desenvolve fórmula que ajuda a entender os desejos dos animais
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devem representar melhor o que é a sua preferência. Uma das diferenciações com relação aos testes tradicionais é o número de dias usados para a realização dos testes. “Percebemos que é nos primeiros quatro dias – total máximo usado pelos testes tradicionais – que ocorre a maior taxa de incerteza na resposta dos animais. Nesse período, a flutuação é muito grande. Se fosse para escolher um período para avaliar a resposta de preferência, não seria aquele”, diz Caroline. A duração do teste foi então ampliada para dez dias. De acordo com os pesquisadores, a resposta de escolha em cada dia tem o mesmo peso nos cálculos dos testes tradicionais. “Além de fazer em poucos dias, são feitas somatórias e análise das médias. Se o animal, em um dos dias, teve uma escolha muito forte ou muito fraca por apresentar algum problema fisiológico, ou porque algo no ambiente chamou sua atenção, isso tem um peso grande no cálculo”. Caroline ressalta que isso puxa o cálculo para aquele item, não representando, necessariamente, a sua preferência. Na nova fórmula desenvolvida pelos pesquisadores da Unesp, isso é bem amenizado porque nela o cálculo é feito utilizando pesos diferentes. A ideia é que as respostas mais próximas do momento de uso devem pesar mais do que as mais antigas. A formula é calculada de um jeito que, quanto mais antigo o dado, mais ele perde valor, mas sem nunca sair do quadro. Isso dá consistência ao teste, diz o professor Volpato. “Com essa proposta, qualquer teste que se faça com escolhas, e que transforme os dados em números, se enquadra.” O professor diz também que é preciso reexaminar de tempos em tempos as escolhas do animal e não deixar de considerar os dados já levantados. Não se pode ignorar o que o animal escolheu no começo e trabalhar somente com os dados levantados no final. “Todo esse histórico faz parte da vivência e da história do animal”, conclui o orientador. O estudo teve apoio da Fapesp e originou o artigo A history-based method to estimate animal preference (doi:10.1038/srep28328) na conceituada revista Scientific Reports, do grupo Nature. Acesse o artigo em: http://goo.gl/pYvFy9 Shutterstock
metodologia usada nos dias de hoje para avaliar o bem-estar animal é polêmica. Segundo alguns estudos, ela não mede exatamente o que os animais querem. Baseado no histórico das respostas das preferências dos animais, a Unesp desenvolveu um estudo inédito que emprega um método de escolha que é mais consistente. Desenvolvido pela pós-graduanda Caroline Marques Maia, do Laboratório de Fisiologia e Comportamento Animal, o trabalho foi orientado pelo professor Gilson Luiz Volpato, no Instituto de Biociências da Unesp de Botucatu. Atualmente, os estudos da área procuram dar ao animal um ambiente que ele goste, com elementos de sua preferência. Regularmente, os testes para identificar estas predileções são realizados num período de dois a quatro dias e se baseiam principalmente nas escolhas que os animais fazem no momento. São testes de escolha: o pesquisador oferece algumas opções para o animal e ele escolhe o que gosta. Será que o que ele escolhe é necessariamente o que ele prefere? Foi a pergunta da Caroline em sua tese de mestrado. “Não é porque o animal fez aquela opção num dado momento que é aquilo que ele quer para sempre. Pode ser uma escolha apenas momentânea, manifestada somente naquela hora”, reforça. A pesquisa de Caroline trabalha com a questão da diferenciação entre uma escolha de momento e de uma mais consistente ao longo do tempo. Uma escolha de momento pode ser influenciada por um contexto, por algo no ambiente que chamou a atenção do animal ou por uma condição fisiológica naquela hora. “Na maioria das vezes, as pessoas fazem os testes de momento e consideram que a resposta do animal representa a sua preferência. E colocam tais condições para ele, buscando assim melhorar seu bem-estar a longo prazo. Mas aquilo não representa necessariamente o que ele realmente gostaria de forma permanente”, explica. A proposta da nova metodologia é avaliar a consistência da resposta ao longo do tempo. Ela analisa quais são as escolhas que o animal fez, ou seja, aquelas que o animal escolheu apenas temporariamente, por alguma razão específica, e aquelas que o animal realmente mantém e que
Fonte: Unesp – http://www.unesp.br/portal#%21/noticia/22570/o-que-os-animais-querem | Texto: Maristela Garmes
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BEM-ESTAR ANIMAL
Simpósio reúne e amplia conhecimento de métodos alternativos ao uso de animais
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Conselho Nacional de Controle de Experimentação de 2014, a lista inaugurou o processo de reconhecimento Animal (Concea) realizará o simpósio Métodos de técnicas sugeridas por entidades como o Centro Alternativos ao Uso de Animais no Ensino, de 5 Brasileiro de Validação de Métodos Alternativos a 6 de outubro de 2016, em São Paulo (SP). O prazo para (Bracvam) ou por estudos colaborativos internacionais publicados em compêndios oficiais. submissão de trabalhos vai até 19 de A norma estipula cinco anos para setembro. A ideia é compartilhar a substituição do uso de animais. experiência para construir modePara calcular o período, a instânlos de educação que atendam a cia projetou o tempo necessário demandas éticas, legais e sociais. para a adequação da infraestrutuSegundo a coordenadora do ra laboratorial e a capacitação de Concea, Monica Levy Andersen, recursos humanos demandados o simpósio responde ao “interesse pelos ensaios substitutivos. marcante e crescente” de profesJá em fevereiro de 2016, o sores e alunos. “A proposta do Concea publicou no Diário evento é conhecer experiências de Oficial da União a Diretriz docentes e pesquisadores brasileiBrasileira para o Cuidado e a ros que trabalham com essas técUtilização de Animais em nicas em diversas áreas de ensino Atividades de Ensino ou de e formar um núcleo de participanPesquisa Científica (DBCA), tes em métodos alternativos, a fim documento sobre responsabilidade formar futuros disseminadores de institucional que dá respaldo dessa relevante abordagem na legal à objeção de consciência. educação.” “Esse é um passo fundamental Monica espera que o simpósio rumo a uma prática pedagógica ajude a fundamentar bases éticas mais moderna”, avalia Monica. no ensino para uma nova geração Realizado pelo Concea em parde produtores de conhecimento. ceria com a UFG e a Universida“O Brasil precisa estar mais bem de de São Paulo (USP), o simpóinformado sobre métodos alternasio tem o apoio do Ministério da tivos ao uso de animais”, diz. “Os Ciência, Tecnologia, Inovações e pesquisadores e professores não Participe do simpósio Métodos Comunicações (MCTIC) e da podem mais alegar desconheciAlternativos ao Uso de Animais Fundação de Amparo à Pesquisa do mento de normativas sobre animais no Ensino – http://goo.gl/TNpHyH Estado de São Paulo (Fapesp), e de laboratório publicadas em territóconta ainda com a colaboração das rio nacional.” universidades federais de São Paulo Até 19 de setembro, o simpósio recebe submissões de trabalhos para apresentações tradi- (Unifesp) e do Paraná (UFPR). Criado em 2008, o Concea é uma instância colegiada cionais – orais e em forma de pôster –, workshops, palestras de cinco minutos sobre experiências e exposição de multidisciplinar de caráter normativo, consultivo, deliberamodelos na Feira de Métodos Alternativos ao Uso de tivo e recursal. Dentre as suas competências destacam-se o Animais no Ensino. As inscrições podem ser feitas pelo credenciamento das instituições que desenvolvam atividaportal da Universidade Federal de Goiás (UFG) – des no setor e a formulação de normas relativas à utilizahttp://goo.gl/TNpHyH. ção humanitária de animais com finalidade de ensino e pesquisa científica, bem como o estabelecimento de proceTransição dimentos para a instalação e o funcionamento de centros de O Concea aprovou 17 métodos alternativos ao uso de criação, de biotérios e de laboratórios de experimentação animais – http://goo.gl/orSPp9. Formalizada em setembro animal. 28
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BEM-ESTAR ANIMAL
O cavalo como detector de emoções Situação O catador C. A. J., 45 anos, declara: “Tenho mais compromisso com a minha família agora”. J. conta que: “A coisa mais importante é que as pessoas agora tratam a gente beleza”. E, para os catadores da Asmare a, nada satisfaz mais que a conquista da cidadania, pois eles, antes, eram marginais e mendigos para a maioria da população, e hoje, representam uma categoria de trabalho 1. Na contramão dessa evolução social, temos o uso de tração animal. Cavalos de tração enfrentam intenso e diário sofrimento, com sérias implicações para o seu bem-estar do ponto de vista físico, mental e comportamental 2. Os motivos para que esses animais vivam em tal situação são diversos: a) sua força de trabalho é utilizada pela camada mais pobre da população, sem recursos para atender às suas necessidades básicas, inclusive alimentares e de assistência veterinária, e sem acesso à orientação devida; b) boa parte da população não é sensível em relação aos animais nem consciente de seu dever para com eles, principalmente no caso de animais explorados para o trabalho; c) em localidades onde as pessoas sobrevivem com recursos muito precários, em condições onde prevalece a injustiça social e a ausência de atendimento às próprias necessidades básicas humanas, tratar os animais da forma descrita pode parecer uma conduta natural; d) as autoridades responsáveis por preservar a vida e o bem-estar desses animais são omissas e não tomam as medidas que lhes compete regulando e fiscalizando a atividade 2. a) Asmare (Associação dos Catadores de Papelão e Material Reaproveitável), em Belo Horizonte, MG. b) Chicote, símbolo máximo de poder e incompetência. c) Cruel vem do latim crudelis e significa “aquele que se compraz fazendo sofrer aos demais”. Seus componentes léxicos são crudus (“que sangra”) mais o sufixo -alis (“relativo a”). A palavra “crueldade” vem do latim crudelitas, -tatis, de mesmo significado. Deriva do adjetivo crudelis com um sentido originário de “divertir-se com sangue” 31. Provém do francês antigo crualté (século 12), do latim crudelis, "rude, sem sentimentos, coração-duro", etimologicamente relacionado a crudus, “o que contém sangue, sangrento, ensanguentado, cru, encruado e não cozido”. Etimologicamente ambos os termos provêm do proto-indo-europeu *kreue- "carne crua" 32. O indivíduo cruel é aquele que se compraz em fazer o mal, em atormentar ou prejudicar 33. d) Perverso vem do latim perversus e significa “muito mau, totalmente voltado contra as normas da sociedade”. Seus componentes léxicos são: o prefixo per- (”através de, por completo") e versus (“dando voltas”). O prefixo “per-“ expressa “fazer algo desde o princípio até o fim, por completo” e é encontrado nas palavras “percutir, perpétuo, perspicaz”. A palavra latina versus se associa à raíz indo-europeia *wer- (“dar voltas, dobrar), que dá origem a uma série de verbos latinos (vertere, versare, vergere) e aos substantivos vermis (“verme”) e verber, que significa “vara, látego”.
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Crueldade A combinação deletéria de cavalo + carroça + condutor e seu auxiliar repete com nuances de desdém a arcaica necessidade de transferir o trabalho ingrato para a mão de obra gratuita. Neste caso, o componente escravo é um solípede, podendo ser um cavalo, jumento ou muar, que trabalha para um feitor de escravos que se mimetiza de carroceiro. São comuns castigos desumanos, a qualquer pretexto, eventualmente por completa ignorância de que o cavalo sente, da mesma e idêntica forma que o ser humano, fome, sede, dor e emoções. Cavalos trabalham doentes, fracos, extenuados. Se caem ao peso da carga, são açoitados b sem dó. Cavalos são cegados do olho esquerdo, porque se assustam com o fluxo do trânsito em direção contrária. São feridos pelos arreios mal conservados, mal ajustados, ou deliberadamente por ação de chicotes, paus, pás, martelos, foices e machados. Têm pregos cravados no corpo... Têm arremedos de ferradura pregados aos cascos com pregos de carpintaria. São chicoteados no pênis ereto. São penetrados no ânus e vulva com objetos rombos de grande calibre com fins didáticos, para o animal aprender quem está no controle. Têm o corpo perfurado por aguilhões. Têm sua língua amarrada na boca com fios de aço, arame ou fios elétricos, para que não tentem empurrar o freio. Isto causa cortes e amputações de língua, que impedem o animal de se alimentar apropriadamente. Têm a boca e os ossos nasais feridos profundamente pelo uso de embocaduras, autênticos aparelhos de subjugação. Destes, os piores tipos são os freios de uso externo, conhecidos como professora ou breque. Passam fome e sede como castigo por “mau comportamento”. Têm o esmalte dos seus dentes brutalmente limados para adulterar a idade. Ao fim da vida, caso não sejam abatidos para consumo, são abandonados em via pública doentes, feridos, extenuados ou mutilados, para que morram de morte lenta e torpe, se de fome, ou muito dolorosa, atropelados por veículo automotor. Seu condutor, quando instado pela população ou pela polícia, foge ou não assume a propriedade 3. e) “Incólume” (adj.) significa “sem dano, sadio, sem lesão”, e vem do latim incolumis, adjetivo de mesmo significado. Tem a mesma raiz que calamidade (do latim calamitas, calamitatis, que significa “dano, golpe ou perda”. Procede de uma raíz indo-européia kel- que significa “cortar” e “bater” e que também deu em latim a palavra gladius (“espada”), de onde provém também “gladiador”. Esta raiz indo-europeia se manifesta no verbo grego κλαω (“romper”), que nos dá alguns compostos técnicos como iconoclasta (“destruidor de imagens”) ou osteoclastia (“ruptura provocada de um osso”), assim como o vocábulo κολαφος (“bofetada”), que foi emprestado ao latim na forma colaphus e deformada no latim vulgar com a forma colupus, que gerou a palavra “golpe” 31.
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A percepção do grau de controle sobre os eventos da Conceito de crueldade Não resta dúvida de que o amplo conceito de crueldade c vida parece ser uma importante determinante do comportaabrange, progressiva e preocupantemente, numerosas e mento dos seres humanos. [...] Os esquizofrênicos perceatuantes práticas cruéis c que, além de submeterem os ani- bem o reforço como sendo controlado externamente (o mais a perversos d sofrimentos injustificadamente prolonga- reforço ocorre independentemente de suas respostas) em dos, desnecessários ou desmotivados, constituem grave vio- uma extensão maior que os normais. [...] Tais provas, junlação tanto às leis inerentes como aos princípios jurídicos tamente com os dados obtidos em animais, sugerem que a internacionais e nacionais ajustáveis aos bons costumes e falta de controle sobre o reforço pode ser de ampla imporasseguradores da proteção da integridade física, psíquica e tância no desenvolvimento da psicopatologia em seres humanos e infra-humanos. [...] Em conclusão, é posambiental dos seres vivos em geral, ou seja, da protesível especular que a experiência com evenção da incolumidade e da VIDA em todas as tos traumáticos, na qual o indivíduo nada suas formas. pode fazer para eliminar ou atenuar o Em essência, na raiz destas quatro trauma, resulta em resposta passiva palavras (cruel, crueldade, pervera futuros eventos aversivos nos so e incolumidade) o que temos? seres humanos 8. Um indivíduo muito mau, insensível, que vira as costas Trauma emocional por completo às normas da Atualmente, o trauma sociedade, que corta, bate, emocional é compreendido golpeia, fazendo uso de como um evento extremo e varas e látegos até tornar a de risco de vida 9. O estresse carne crua e sangrante, e pós-traumático f é definido que se compraz em atorcomo uma experiência emomentar e fazer sofrer aos cional, cognitiva e comportademais, se divertindo com o mental de pessoas que foram sangue derramado, coagulado, Este tipo de adendo ao expostas ou presenciaram evenem espetáculo rude e indigesto. freio é feito para “amaciar” a tos que são extremos e de risco de A crueldade é assim a violência boca de animais considerados 10 “difíceis”, como as mulas vida . A essa definição foram acresmais alguma coisa, um abuso sem (Arquivo pessoal B. G.) centados os sintomas físicos, que vão nome introduzindo um gozo que todos de náusea e taquicardia ao estado de chofingimos desconhecer 4. que grave 11. Os sintomas cognitivos variam Cavalos sob responsabilidade humana desde a diminuição da atenção até o estado podem apresentar estados de depressão prode hiper-alerta, desorientação e confusão. funda em seguida a um estresse crônico, dor Os emocionais são o pânico, choque, fobias ou isolamento social. Eles apresentam aspece perda de controle, e dentre os comportato mental alheado e ficam desconectados do mentais ocorrem rompantes de agressividaambiente ao redor 5. de, choro, violência e hiperatividade. Desamparo aprendido é uma característica do comportamento humano e animal, que se adquire caso submetido a um efeito negativo sistemático, ao qual não pode escapar. Após tal experiência, o organismo muitas vezes não consegue aprender a fugir ou se evadir em novas situações onde tal comportamento seria eficaz. Nos seres humanos, é acompa- Um pedaço de ferro fornhado de perda do sentido de liberdade e con- jado em meia-lua é um trole, descrença na possibilidade de mudan- freio de uso comum em ça e na própria força, desânimo, depressão e cavalos de tração. Cauaté mesmo aceleração da morte. Em outras sa diversos traumas, palavras, o organismo desiste de tentar 6,7. O tanto por contusão quanLínguas parcialmente seccionadas (setas) fenômeno foi observado em cães enjaulados to por corte, ferindo pele, periósteo, osso e carpor amarração com fios metálicos para o que recebiam choques. Posteriormente, tilagem nasal (Arquivo cavalo não empurrar o freio que lhe martimesmo tendo a oportunidade de escape, eles pessoal B. G.) riza a boca (Arquivo pessoal B.G.) 8 continuavam na jaula, sem reação . Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 124, setembro/outubro, 2016
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Endoscopias realizadas sequen2 cialmente, duas semanas antes do 1 desmame, 24 horas após e duas semanas após este, permitiram visualizar erosões e gastrite um dia após o desmame, constatados de forma clara, e acompanhados de bruxismo, halitose e perda de peso. Foi também possível observar a maioria Estresse pós-traumático dos sintomas cognitivos, emocionais e comportamentais 11, com destaque 1- Moto colidiu com um jumento que se encontrava na pista próximo de para o aumento da agressividade, Currais Novos, RN. A vítima foi encaminhada para Natal em estado grave com traumatismo crânio-encefálico. E o jumento, teve socorro? Disponível em choro, desorientação e pânico nos http://goo.gl/ucBRbU (Serido Potiguar) potros que passaram pelo desmame 2- PM prende carroceiros por maus-tratos de animais em Imperatriz, MA, em abrupto e rotineiro aos cinco meses 3 de julho 2014. Observar a extrema caquexia e olhar alienado típico de animal 12 de idade . em depressão e desamparo. Disponível em http://goo.gl/ULE3TT (Asmoimp) Habitualmente, éguas de carroça trabalham durante todo o período da gestação e voltam por nenhum tipo de controle oficial. As favelas possuem para o trabalho ao segundo dia pós-parto, sem poder cuidar currais, áreas para doma e abatedouros clandestinos de de seu potro adequadamente. Este, por sua vez, com cerca equídeos, para produção de embutidos, principalmente. Promovido pelos catireiros g, ocorre um intenso comérde duas a três semanas, perde de vez o pouco leite materno que recebe, pois a égua, debilitada, não consegue pro- cio de cavalos, muitos deles furtados de municípios do longar o aleitamento. Esse estresse pós-traumático, de interior. A estimativa é da Polícia Militar e leva em conta memória duradoura, será gerador de diversos distúrbios ocorrências registradas nos últimos dez anos 16. Baseandose apenas nestes dados, Belo Horizonte recebeu 5.000 físicos e comportamentais na vida adulta 13. Cavalos são passíveis de sofrer outras causas de estresse cavalos furtados, revendidos aos carroceiros por preços pós-traumático. Durante o biênio 2001/2002, no município mais baixos. Observam-se também nos animais apreendide Belo Horizonte, foram registrados os acidentes de tra- dos alterações nos símbolos dos reais proprietários, da balho decorrentes da atividade. A maioria destes é conse- mesma forma como se adultera o chassi de um veículo quente a acidente de trânsito: colisão com outro veículo furtado. O Projeto de Lei 2.107/2015, que tramita na Assembleia (38,71%), atropelamento (6,43%), moto bateu no cavalo (1,07%), seguidos de quedas (32%), estrutura da carroça Legislativa de Minas Gerais, busca estabelecer a substituição do animal por bicicletas ou motocicletas equipadas (8,6%), acidente com o animal (4,3%) 14. com carretas 16. Os carroceiros têm resistência ao projeto Substituição dos cavalos por bicicletas ou motocicletas porque com um peso exorbitante o veículo não consegue subir pelas ruas íngremes. Mas o animal também não h... equipadas com carretas Para cavalos de cavalaria, em clima temperado, consiExiste o agravante de um elevado número de animais ser proveniente de furto qualificado. Como exemplo, a cidade dera-se que seja mais racional o transporte de uma carga de Belo Horizonte, que possui 13% da sua população em livre de 250 kg, transportada a uma velocidade média de 4 favelas: são 313.681 habitantes 15. Estima-se que habite ali a 5 km/h, num percurso de 30 a 36 km/dia 17. Essas recouma população de 8.000 animais de tração, que não passam mendações garantem uma economia de força e da capacidade de trabalho dos cavalos de carga. A recomendação, entretanto, deve ser seguida com cautela, pois é indicada f) TEPT (Transtorno por Estresse Pós-Traumático) é definido para animais bem nutridos e cuidados, de peso e estatura pela American Psychiatric Association (1994) como “transtornos padronizados, de instituição militar, devendo ser adaptada de ansiedade que se manifestam pelo desenvolvimento de sintomas característicos após um evento psicologicamente traumáao clima tropical e a condutores desinformados quanto ao tico que está fora da gama normal da experiência humana. Os bem-estar dos cavalos. sintomas incluem a revivência do evento traumático e o embotamento ou redução do envolvimento com o mundo externo”. g) Aquele que faz catira, troca, permuta. Nas favelas, é como se autodenominam os comerciantes de cavalos. h) 1 m3 de entulho de obras pesa em média 1.500 kg. Na carroça habitualmente cabem 2 m3, ou seja, 3 toneladas. i) Estudo filosófico dos fins, isto é, do propósito, objetivo ou finalidade.
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Qual o telos i dos equídeos? Os cavalos são animais sociais que foram selecionados evolutivamente para percorrer amplos territórios, para se alimentar e periodicamente correr em explosões súbitas de velocidade para escapar de um perigo real ou suposto 18. A detecção precoce do predador e a fuga imediata são seus
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principais mecanismos de defesa. Em situações menos graves, eles também procuram evitar a agressão e incluir a afiliação. Em vez de ataques súbitos de agressão, os sinais se elevam gradualmente, como p. ex. um relativamente inócuo murchar de orelhas 19. Sabe-se que cavalos domesticados que se tornam ferais mantêm alta frequência de comportamentos sociais e uma organização social bem estruturada. Portanto, é questionável se animais domesticados são capazes de lidar de forma suficiente com a criação moderna nas quais os cavalos são mantidos solitários, às vezes apenas com contato social à distância por longos períodos 20. E o que o cavalo quer da vida? De forma decrescente, em primeiro lugar ele busca segurança (40%), seguida de conforto (30%). Apenas então, satisfeitos estes requisitos, ele irá buscar diversão (15%) e comida (15%) 21. A domesticação é a única forma de mutualismo que se desenvolveu entre a população humana e animal. A domesticação animal permitiu criar um efeito tampão contra as incertezas do meio ambiente, providenciando uma base mais segura e previsível da subsistência 22, ainda que no seu primórdio possa ter tido um papel menor na economia das sociedades de coletores e caçadores. A domesticação do cavalo ocorreu junto com a evolução humana, com fortes indícios de que os humanos domesticaram os cavalos e os cavalos domesticaram os humanos, cedendo sua força e velocidade para os objetivos do ser humano, em troca de defesa contra os predadores 22,23. Esta domesticação ocorreu em diversos locais e tempos, como bem demonstrado pela etnoarqueologia 24. Por anos, os seres humanos têm relatado vínculos emocionais com os animais. Cavalos são com frequência usados terapeuticamente com adultos e crianças emocional e mentalmente doentes e deficientes 25. Os cavalos têm sido reconhecidos por sua sensibilidade aos seus ambientes. Como um animal de rebanho e presa, a segurança de um cavalo depende da sua capacidade de se relacionar e mover-se em harmonia com a manada. Os cavalos não têm as habilidades verbais nem tempo para descrever um perigo potencial para seus companheiros de manada antes que todos eles corram em disparada. Perceber, interpretar e responder a um campo de energia parece ser uma maneira muito mais eficiente de se comunicar. Pesquisa inovadora no campo de neurocardiologia estabeleceu que o coração é um órgão sensorial e um centro sofisticado de processamento de codificação e informações, que toma decisões sobre seu controle independentemente do sistema nervoso central. Sem dúvida, pode ser denominado "cérebro do coração", um sistema complexo e auto-organizado que mantém um diálogo contínuo de duas vias com o cérebro e o resto do corpo 26. Atualmente, existem aparelhos de grande sensibilidade, como o Dispositivo Supercondutor de Interferência Quântica j, que pode detectar campos electromagnéticos a 34
2,5-3 m de distância do corpo humano. Com esse tipo de equipamento descobriu-se que esses campos eletromagnéticos são pulsáteis, em forma de toro e emitidos pelo coração, sendo estes sinais electromagnéticos 5 mil vezes mais fortes do que aqueles emitidos pelo cérebro. Mais ainda, as pesquisas mostram que o coração não só emite um campo eletromagnético forte, como também pode afetar as frequências de ondas cerebrais de outra pessoa. E ainda que não seja possível comprovar cientificamente neste momento, parece que cada campo cardíaco pode estar respondendo a outros corações/campos eletromagnéticos. Parece que o coração percebe esses campos electromagnéticos e direciona a outros órgãos para responder, segundos antes do cérebro ser envolvido 25. As pesquisas utilizando esta aparelhagem indicam que a maneira com que se cuida e se trata os cavalos pode ter um impacto direto no seu bem-estar físico e mental. Cavalos recebem informação da linguagem corporal e dão retorno. Eles não pensam muito, eles sentem. Eles são muito emocionais e honestos. O projeto de investigação preliminar "Energética de cavalos e seres humanos: O estudo da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) entre cavalos e humanos" é o primeiro passo para provar que os cavalos são igualmente sensíveis aos humanos dentro do seu ambiente 27. Eletrocardiogramas de 24h traçaram a variabilidade cardíaca de cavalos em repouso, movimento, interagindo entre si e com humanos. Os ECG registraram aumento no padrão da taxa cardíaca coerente tanto para os cavalos quanto para os humanos durante interações calmas entre eles e com humanos. Esses padrões coerentes são resultado de emoções positivas e facilitam as funções cerebrais 25. Mais ainda, foi possível observar que cavalos amigos, quando estão juntos, entram em um estado de união ou arrasto k em que suas frequências cardíacas ficam no mesmo ritmo. As pesquisas informam que a coerência, se não o próprio arrasto, é possível entre cavalos e pessoas. Essas pesquisas iniciais também demonstram que cavalos vivem em estado coerente quase todo o tempo 27. A aguda capacidade do cavalo, assim como de todos os animais sociais, em “ler” e corretamente interpretar os sinais sociais, talvez seja a chave mais importante para a subordinação surpreendentemente pacífica aos humanos no relacionamento de domesticação 28. Reconhecer que os cavalos não são mágicos, ainda que j) SQUID (Superconducting Quantum Interference Device) é um magnetômetro muito sensível que permite medir campos magnéticos sutis, principalmente em biologia: magnetoencefalografia (MEG), para inferir sobre a atividade neural e, em cardiologia, para visualização do campo magnético cardíaco (MFI) em diagnóstico e estratificação de risco. k) Estado no qual dois ou mais sistemas oscilatórios do organismo, tais como os padrões de respiração e frequência cardíaca, entram em sincronia e operam na mesma frequência.
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possam nos parecer como tais, é importante, pois o cavalo continua a fazer o que sabe fazer melhor – ser um cavalo 28. Os cavalos possuem o instinto de se nutrir. Um cavalo pastando está tomando conta de si próprio no sentido mais primal. Os cavalos instintivamente englobam todos os sentidos contidos na palavra “nutrir”. De hábito eles se alimentam, protegem, sustentam, suportam, treinam e se condicionam todos os dias. Após milhares de anos de negligência, nós humanos perdemos o instinto para nos nutrirmos de forma inata e autossatisfatória como faz o cavalo ao pastejar 29. Hodiernamente, existe a psicoterapia facilitada ou assistida por cavalos, graças a sua senciência l com qualidades muito especiais. Pois cavalos são especialmente efetivos em ajudar as pessoas a entender e superar medo e agressão, trazendo harmonia e alinhamento entre a mente consciente e inconsciente, e desenvolvendo atenção sobre o nosso comportamento com relação aos outros. Através da sua habilidade de “espelhar” m os cavalos clareiam um maior entendimento do nosso comportamento 25. Muitas vezes os cavalos reagem negativamente às pessoas estressadas. É como se os cavalos não quisessem esta energia incoerente próxima a eles. Para seres que passam a maior parte do tempo em estado coerente, estar próximo de quem rompe esse estado deve ser no mínimo desagradável 25. Em relação aos animais, a maioria dos nossos padrões de comunicação com outras pessoas é inapropriada e fútil. Por serem livres de ego e suas maquinações psicológicas, os animais respondem ao que está abaixo da superfície. Nós não conseguimos disfarçar nossos sentimentos, porque oferecemos dicas verbais, de movimento e odores que transmitem nosso estado real. Os sentimentos produzem alterações químicas que podem produzir feromônios. Os animais cheiram nosso medo, raiva, alegria etc. Para estabelecer uma relação de confiança, precisamos nos embasar em honestidade, respeito mútuo e compaixão. Caso contrário, eles saberão e vão agir de acordo 25. Valores de taxas cardíacas indicam que taxas diurnas e noturnas de baixa e alta frequência não foram significativamente diferentes em cavalos que estão envolvidos em terapia com humanos, havendo necessidade de avaliar melhor se esta atividade afeta de alguma forma o bem-estar dos cavalos 30. Podemos concluir que o uso que os humanos fazem dos l) Que sente. Senciente pode ser definido como responsivo ou consciente do senso de impressão ou finamente perceptivo em percepções ou sentimentos. Ver a Declaração de Cambrige: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/511936-declaracao-decambridge-sobre-a-consciencia-em-animais-humanos-enao-humanos ; m) Espelhar: habilidade do cavalo em refletir ou retornar ao seu cliente humano uma parcela de informação referente ao funcionamento do cliente que seja necessária para produzir uma mudança (reflective feedback).
Foto: Clarice Castro/ GERJ | Fotos Públicas 11/11/2013
Rio de Janeiro, RJ, 11/11/2013 – Centro de equoterapia da PM. Andrey, de 5 anos, possuidor de microencefalia, passou a andar depois das aulas de equoterapia, no Regimento de Polícia Montada do Rio de Janeiro. Na foto, as professoras de educação física, soldados Mônica Godoi e Roberta Rodrigues, e o voluntário Cleber Schrapett. Seja em situações de restrição física ou mental, a equoterapia oferece às pessoas condições peculiares para o desenvolvimento do processo psicoterapêutico
cavalos são altamente questionáveis. Alguns usos são claramente criminosos: absolutamente nada justifica a tração animal nos dias atuais. Mesmo porque o cavalo não é responsável pelas mazelas humanas e suas consequências sociais. O uso ético para lazer e esporte depende da consciência ética do desportista. A aplicação mais bela das qualidades equinas é no auxílio aos inválidos e na psicoterapia, descortinando a nós, pobres humanos, um mundo mais verdadeiro e iluminado.
O uso ético para lazer e esporte depende da consciência ética do desportista – http://youtu.be/yDY7zCyyj7k
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Barbara Goloubeff MV, M.Sc.; D.Sc. integralvet.bg@gmail.com
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Pró-Saúde viabiliza curso introdutório de medicina veterinária do coletivo Pró-Saúde O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), e o Ministério da Educação (MEC), por intermédio da Secretaria de Educação Superior (SESu) e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), lançaram, em novembro de 2005, o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde). O Pró-Saúde tem o papel indutor na transformação do ensino de saúde no Brasil, tanto para os cursos contemplados, por serem aqueles que integram profissionais no âmbito da Estratégia de Saúde da Família, como para outros da área da saúde, pois, a partir da criação de modelos de reorientação, pode-se construir um novo panorama na formação profissional em saúde. Desse modo, os processos formadores devem lerar em conta o acelerado ritmo de evolução do conhecimento, as mudanças do processo de trabalho em saúde, as transformações nos aspectos demográficos e epidemiológicos, tendo em perspectiva o equilíbrio entre excelência técnica e relevância social. Espera-se formar cidadãos-profissionais críticos e reflexivos, com conhecimentos, habilidades e atitudes que os tornem aptos a atuar em um sistema de saúde qualificado e integrado. Com o objetivo de contribuir para o processo de implementação do programa em âmbito nacional, os Ministérios da Saúde e da Educação, valendo-se da cooperação da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), assumiram o compromisso de apoiar técnica e financeiramente os cursos que decidissem enfrentar os processos de mudança. Colateralmente, há grande interesse por parte do governo brasileiro e da OPAS em aproveitar as potencialidades desse programa nacional para promover e estimular o intercâmbio de experiências a partir de iniciativas similares em outros países ou, ainda, para motivar decisões políticas e encaminhamentos que apontem para as necessárias mudanças do processo de formação de profissionais de saúde nesses diferentes contextos. Tendo em vista o objetivo geral do Pro-Saúde de integração do ensino ao serviço, visando à reorientação da formação profissional, assegurando uma abordagem integral do processo saúde-doença com ênfase na atenção básica, e promovendo transformações nos processos de geração de conhecimentos, ensino e aprendizagem e de prestação de serviços à população, foi realizado de 29 de julho a 2 de agosto o I Curso Introdutório de Medicina Veterinária do Coletivo pela Universidade Federal de 38
Minas Gerais (UFMG) e pelo Instituto Técnico de Educação e Controle Animal (ITEC). Curso Introdutório de Medicina Veterinária do Coletivo O curso, em sua visão integrativa e atendendo às demandas sociais, ambientais, de saúde humana e animal, capacitou 60 participantes: 35 discentes da UFMG, 5 pósgraduandos, um residente, dois docentes, 10 profissionais do Centro de Controle de Zoonoses da Prefeitura de Belo Horizonte (4 veterinários, a gerente e 5 agentes), além de cinco veterinários das gerências de controle de Zoonoses de municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte e duas veterinárias atuantes na área de proteção animal. O conteúdo foi tratado com diferentes metodologias pedagógicas, entre elas seminários, workshops, dinâmicas vivenciais, aulas práticas, aulas demonstrativas e a utilização de modelos alternativos no ensino. Nos tópicos sobre Saúde Pública, foram abordados os temas: Saúde Única (one health), Sistema Único de Saúde (SUS), saúde do trabalhador e as principais zoonoses. O termo “One Health” (Saúde Única), conceito já antigo, ganhou importância nos últimos anos, porque muitos fatores modificaram as interações entre os seres humanos, os animais e o meio ambiente, causando a emergência e reemergência de muitas doenças, inclusive zoonoses. Discutiu-se como as intervenções bem-sucedidas de saúde pública exigem a colaboração multiprofissional e interinstitucional para promover o desenvolvimento de políticas eficazes relacionadas com a saúde humana, animal e ambiental. Nesse sentido, o SUS, sistema de saúde único e de maior inclusão social no mundo, cujos princípios incluem a universalidade, integralidade e o controle social, deve estar em consonância com essa realidade mundial. Portanto, as ações desenvolvidas pelos serviços
Grupos discutiram a vigilância, a prevenção e o controle das principais zoonoses transmitidas por cães e gatos
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responsáveis pela vigilância, prevenção e controle de zoonoses são de extrema importância. No workshop realizado para discutir a vigilância, a prevenção e o controle das principais zoonoses transmitidas por cães e gatos e também foram abordadas doenças consideradas negligenciadas, como toxoplasmose, esporotricose, ancilostomíase, toxocaríase (larva migrans cutanea e visceral), escabiose, sarna sarcóptica, infestação por ectoparasitos (pulgas e carrapatos). Os participantes foram divididos em grupos e tiveram que construir um plano de vigilância para as zoonoses, levando em consideração a Saúde Única, a ética e o bem-estar animal, a guarda responsável, o manejo populacional de cães e gatos, a sustentabilidade e a globalização. Foram discutidas ainda ações que envolvem a interação dos profissionais autônomos e dos serviços oficiais, além da participação das ONGs de proteção animal e do ministério público. Considerando o desenvolvimento dessas ações, concluiu-se ser imprescindível a adoção de medidas que garantam a promoção da saúde, a melhoria da qualidade de vida do trabalhador e a prevenção de acidentes e de danos à saúde advindos, relacionados ao trabalho, ou que ocorram no curso dele. Ao se tratar do tema medicina de abrigos, foram abordados conteúdos relacionados aos conceitos da etologia aplicada, avaliação do bem-estar dos animais no coletivo e a prevenção dos agravos relacionados com mordeduras e ataques de cães e gatos. E foram apresentados ainda temas específicos, integrantes dos programas de manejo populacional de animais de estimação, como estimativa populacional e avaliação de estratégias, controle reprodutivo, registro e identificação, saúde animal em abrigos, legislação, regulação e normalização para o controle animal, socialização, educação e treinamento de animais de estimação, foram apresentados e discutidos, em suas potencialidades e desafios, diante da realidade em relação a recursos disponíveis e necessidades nacionais.
O elo entre a violência humana e maus-tratos aos animais, traumas não acidentais em animais de estimação e crianças e aspectos da vulnerabilidade familiar, foram discutidos com ênfase no papel do animal como sentinela desses riscos aos seres humanos mais vulneráveis, assim como a importância da denúncia e dos trabalhos interdisciplinares e intersetoriais para a identificação e “tratamento” desses problemas. Em medicina veterinária em desastres, foram apresentados os principais tipos de acidentes e ocorrências, destacando-se a importância de suas consequências para os animais. Componentes de um programa de gerenciamento de desastres ambientais foram abordados com os participantes, estimulados a construir um plano de ação para uma situação de desastre hipotética. Na palestra: “Senciência animal, status moral dos animais e bioética veterinária” foram revistas as diferentes posturas filosóficas e morais com relação aos animais, enfatizando a importância da formação nas áreas da ética animal e ambiental, com o objetivo de desenvolver uma dinâmica que permitisse aos participantes refletirem e argumentarem sobre suas próprias posturas éticas. No tema de etologia aplicada e bem-estar animal foram discutidas a utilidade destas disciplinas no âmbito coletivo e sua aplicação no diagnóstico e manejo desses animais, reconhecendo o valor do comportamento na avaliação do grau de bem-estar dos animais em coletividades, o que posteriormente foi utilizado na prática no Centro de Controle de Zoonoses de Belo Horizonte. No workshop sobre os aspectos etológicos da agressividade canina e felina foram discutidas as formas de classificar a agressividade considerando-se as diferenças entre cães e gatos, os aspectos epidemiológicos e os riscos,
Práticas de manejo etológico em felinos facilitando o exame clínico e promovendo o bem-estar animal
Demonstração de comandos básicos de obediência. Eles facilitam o manejo etológico e favorecem as adoções
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MEDICINA VETERINÁRIA DO COLETIVO a avaliação do animal mordedor e seu grau de periculosidade, bem como as ações preventivas e de controle. As estratégias de educação foram discutidas como instrumentos de transformação para promoção da qualidade de vida das comunidades, partindo do reconhecimento dos saberes já existentes e da realidade local, para a construção conjunta, entre agente público e munícipe, de um processo participativo e mobilizador em prol da saúde dos indivíduos, famílias e comunidades. As aulas práticas envolveram acompanhamento de agente comunitário e agente de combate a endemias da Estratégia de de Saúde da Família (ESF) da Unidade Básica da Saúde (UBS) Cidade Ozanan, para conhecer a sua rotina; visita à UBS e apresentação das atividades realizadas pela ESF; e visita ao Distrito Sanitário Nordeste, onde as ações para o controle de zoonoses desenvolvidas na região foram explanadas pelo médico veterinário responsável. Também foram realizadas práticas no Centro de Controle de Zoonoses de Belo Horizonte em manejo etológico de cães e gatos, educação básica para cães, avaliação comportamental e de bem-estar dos animais. Em relação ao manejo de gatos ferais, foi feita visita guiada ao Parque Municipal Américo Renné Gianetti para apresentar o programa desenvolvido em parceria entre o CCZ de Belo Horizonte e a UFMG, para que os participantes pudessem avaliar, discutir e vivenciar a multiplicidade de fatores ambientais, humanos e animais que compõem uma atividade de manejo populacional felino num espaço público aberto com interesses e uso distintos. Além dos conteúdos teóricos, o curso teve como objetivo
trabalhar com a dimensão sensível e autoconsciente dos participantes, criando dinâmicas que fortalecessem o autoconhecimento, o entendimento das limitações, as habilidades argumentativas, a tomada de decisões éticas e a integração dos agentes sociais. Para isso foram aplicadas em diferentes momentos do curso práticas vivenciais que proporcionaram essa reflexão. Para tanto, no tocante à saúde do trabalhador, utilizouse a ferramenta “Perfil de Personalidade Facet5” para avaliar aspectos como a determinação, energia, afetividade, controle e emocionalidade em relação, por exemplo, ao altruísmo, disciplina e ansiedade, dimensionando-se as possibilidades de suas combinações diante das atitudes e posturas profissionais no tocante a colaborar, competir, evitar, acomodar-se e comprometer-se nas diversas fases do trabalho, desde a geração de ideias até a tomada de decisões. A partir dos valores individuais e coletivos, foi construído um “mural de expectativas” durante a apresentação dos participantes no primeiro dia, transformado no “Tecido Vital” na conclusão do mesmo, representando um processo de mudança e construção contínuo. Por meio de dinâmicas para o desenvolvimento humano, foram utilizados elementos de comunicação não verbal como ferramenta pedagógica. A finalização do curso contou com avaliações práticas, teóricas, escritas e orais, aferindo a compreensão e a aplicação dos conceitos oferecidos.
Visita guiada em parque municipal para observação do manejo populacional felino. À esquerda, detalhe de um dos abrigos mantidos no parque pelo grupo que se dedica ao projeto
Parque Municipal Américo Renné Giannetti http://goo.gl/maps/gyESpcGUKVo 40
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Participantes do curso durante atividade desenvolvida no Parque Municipal Américo Renné Giannetti. Eles praticaram a avaliação individual das interações humano-animal-ambiente, do entorno do parque, do bem-estar animal e dos riscos aos quais estão expostos – http://goo.gl/maps/gyESpcGUKVo
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Rubens Antonio Carneiro - MV, Prof. Adjunto do Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinária da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Doutor em Ciência Animal pela UFMG. rubensac@ufmg.br
Vania de Fátima Plaza Nunes - MV, Instituto Técnico de Educação e Controle Animal (ITEC). Diretora Técnica do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal. vania.vet@ig.com.br
Danielle Ferreira de Magalhães Soares - MV, Profa. Adjunta do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Doutora em Ciência Animal pela UFMG. daniellef@ufmg.br
Adriana Maria Lopes Vieira - MV, Mestre na Área de Epidemiologia Aplicada às Zoonoses adrianavieira1002@gmail.com
Ana Liz Bastos - MV, MSc, PhD. Doutora em Ciência Animal pela UFMG; pós- doutorado pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP); Instituto Técnico de Educação e Controle Animal (ITEC). analiz.bastos@gmail.com
Líria Hiroko Inomata - Licenciada em Educação Física (EFUSP); especialista em Atividades Físicas Terapêuticas (UnB); Coach em Desenvolvimento Pessoal e Profissional; focalizadora em danças circulares liria.hiroko@gmail.com
Nestor Alberto Calderón Maldonado - MV, ULS - Dipl., Cert., Esp., MSc. Etologia, Bioética, Bem-estar Animal e Medicina Alternativa. Instituto Técnico de Educação e Controle Animal (ITEC) nestor.calderon@gmail.com
Rita de Cassia Maria Garcia - MV, profa. na Universidade Federal do Paraná (UFPR); Instituto Técnico de Educação e Controle Animal (ITEC), Associação Brasileira de Medicina Veterinária Legal (ABMVL) e Associação Médico-Veterinária Brasileira de Bem-Estar Animal (AMVEBBEA)
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Os ratos e os cidadãos civilizados O manejo populacional como substituição ao envenenamento
O
s ratos são um problema na civilização humana muito antes da era cristã, desde o surgimento das primeiras aglomerações de pessoas em vilas e aldeias. A utilização de gatos foi o primeiro método utilizado para minimizar o impacto dos roedores, principalmente na agricultura. Os primeiros registros dessa prática datam do Egito antigo, 3.000 anos antes de Cristo, quando os gatos eram usados para controlar os roedores nos locais em que os cereais eram armazenados. Hoje sabemos que, embora os gatos possam ajudar no manejo dos roedores, eles devem ser utilizados com cautela, e não são um método eficaz de controle populacional. As ratazanas (Rattus norvegicus, Berkenhout, 1769), espécie originária do leste da Ásia (norte da China e Mongólia), também chamados de ratos de esgoto (sewer rats), são encontradas nas cidades e também nas zonas rurais do mundo todo. Conhecidas por sua capacidade de transmitir diversas doenças às pessoas, foram classificadas como vilãs históricas na disseminação de grandes epidemias como a peste negra: causada pela bactéria Yersinia pestis que é transmitida pelas pulgas dos ratos, ela matou milhões de pessoas em três pandemias diferentes entre os séculos 6 e 20, sendo ainda (surpreendentemente) endêmica em áreas do Nordeste brasileiro. Os ratos têm sido identificados historicamente como os principais reservatórios da leptospirose urbana, motivo de a desratização fazer parte das ações rotineiras das Unidades de Vigilância em Zoonoses. O método mais comum de controle de roedores, principalmente nas cidades, são os rodenticidas ou raticidas, que causam a morte de ratos e camundongos por meio de venenos à base de anticoagulantes antagonistas da vitamina K1, que provocam hemorragia interna lenta e dolorosa, com alto grau de sofrimento para os animais. Além disso, essa técnica é eficiente para eliminar uma quantidade pequena dos animais de uma colônia, geralmente os ratos mais jovens; isso porque os serviços de controle de pragas, e mesmo as pessoas em suas residências, não levam em conta o comportamento desses animais, o que impede uma eficiência maior e um sofrimento menor para os ratos envolvidos. Mas por que temos tantos ratos nas cidades? A resposta é simples e tem origem antropocêntrica. Ela decorre da produção e destinação incorreta dos resíduos orgânicos, que servem de fonte de alimento para os ratos e aumentam a capacidade de sobrevivência desses animais. Os ratos e as zoonoses Os ratos podem ser fonte de inúmeros patógenos, como Leptospira spp., Hantavirus, Rickettsia typhi (tifo murino) 44
Ilustração: Fernando Gonsales, médico veterinário e cartunista, criador do personagem Níquel Náusea – http://goo.gl/aI5aqg
O uso de raticidas sempre deve ser muito criterioso
e Yersinia pestis (peste bubônica), responsáveis pela morte de uma grande quantidade de pessoas em todo o mundo. Dessas, apenas a Yersinia pestis causa doença no rato. Isso se deve à adaptação dos patógenos ao organismo dos ratos, que não resultam em enfermidade ou resposta imune funcional. Ainda não se conhece o impacto real causado por mudanças externas impostas na dinâmica populacional de ratos, em relação à ecologia das doenças transmitidas por eles (como o uso de raticidas). Para outras doenças infecciosas estudadas em populações selvagens, o controle baseado na eliminação dos animais pode ter efeito contrário, com aumento da prevalência de uma doença devido à quebra na ecologia populacional, pois aumenta a transmissão da doença. Conhecer o comportamento dos ratos As ratazanas são animais que preferem a noite, tornando-se ativas ao entardecer, quando saem à procura de alimentos e de água. Alguns ratos tornam-se ativos durante o dia, quando as colônias crescem muito. Portanto, quando vemos um rato à procura de comida durante o dia, é um sinal de que as colônias estão com grande quantidade de animais. Em um dia, um rato pode se locomover, em média, de 30 a 50 metros, e não costuma se distanciar muito de sua casa para obter comida e água. Eles costumam construir ninhos abaixo do solo usando uma diversidade de materiais. A gestação das fêmeas dura de 21 a 23 dias, e as ninhadas são de seis a doze filhotes por vez. Os filhotes crescem rapidamente e se tornam totalmente independentes com 3 a 4 semanas de vida, atingindo a maturidade sexual com 3 meses de idade. Em locais com clima tropical e subtropical, as atividades
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MEDICINA VETERINÁRIA DO COLETIVO reprodutivas diminuem pouco nos meses de outono e inverno, diferentemente de lugares muito frios, quando se interrompem todas as atividades. Neofobia Os ratos são animais inteligentes, que exploram e aprendem sobre seu ambiente, memorizando caminhos, obstáculos, comida e água, abrigos e outros elementos ao seu redor. Eles detectam e tendem a evitar tudo que é novo em seu ambiente conhecido, e esse comportamento recebe o nome de neofobia, considerado o maior obstáculo no controle de roedores. Saber utilizar esse comportamento a favor do controle de ratos é fundamental para se obter maior sucesso e menor sofrimento. Para evitar a expressão desse comportamento, os animais devem se habituar com novos objetos e alimentos. No caso de armadilhas, mantê-las abertas até que os animais se acostumem com o objeto; e, no início, os alimentos utilizados como isca devem ser ofertados sem o raticida. Essa “ceva” utilizando alimento não tóxico aumenta o sucesso do controle de roedores, quando se utiliza o rodenticida de efeito agudo. Como reconhecer a presença e calcular o número de roedores? O sinal mais fácil de perceber é a presença de fezes espalhadas por onde eles passaram. Além disso, os ratos costumam usar os mesmos caminhos repetidamente, facilitando a visualização de sinais, bem como a ocorrência de tocas próximo a paredes, cercas ou arbustos. Em locais com poeira ou terra é possível ver rastros de suas pegadas ou da cauda. Dependendo do tipo de superfície, manchas de urina podem ser visualizadas, para quem tem treinamento. Outro sinal comum é encontrar marcas de gordura pelos caminhos frequentemente percorridos. Eles também deixam marcas nos locais e objetos que roem, incluindo paredes e portas, mantendo, desse modo, seus dentes incisivos emparelhados. A visualização de roedores durante o dia é um alerta para a infestação desses animais, pois eles têm hábitos preferencialmente noturnos. Sendo seres sencientes, por que aceitamos a morte dolorosa dos ratos? Todos os animais vertebrados são cientificamente reconhecidos como seres sencientes, incluindo os cães, gatos, cavalos e roedores. Apesar disso, por falta de empatia com a espécie e por ela estar associada a doenças, os ratos são tratados como pragas e eliminados de maneira não humanitária. Porém, diversas pessoas criam roedores como animais de estimação, reconhecem seu sofrimento frente às doenças, mas eliminam roedores sinantrópicos por meio de envenenamento. Se somos capazes de reconhecer esse sofrimento, porque continuamos a matá-los de modo tão cruel? A medicina veterinária do coletivo procura procura 46
encontrar, nesta abordagem das ações das secretarias municipais e estaduais de saúde e de meio ambiente, uma maneira equilibrada de fazer o manejo adequado dos roedores, minimizando ou evitando os sofrimentos desnecessários impostos a eles. Raticidas e envenenamento de roedores Os raticidas destinam-se a combater ratos, camundongos e outros roedores, em domicílios, embarcações, recintos e lugares de uso público. Eles ontêm substâncias ativas, isoladas ou associadas, que, idealmente, não oferecem risco à vida ou à saúde do homem e dos animais úteis de sangue quente, quando aplicadas em conformidade com as recomendações contidas em sua apresentação. Essa é a definição da lei nº 6.360, de 23 de setembro de 1976, que dispõe sobre a vigilância sanitária a que ficam sujeitos essas drogas, em seu artigo 3, inciso VII, item b. Os rodenticidas podem ser classificados em dois grupos: aqueles com ação anticoagulante e aqueles sem ação anticoagulante. Os anticoagulantes (compostos cumarínicos) são os mais utilizados desde a sua descoberta na Segunda Guerra Mundial. Os ratos envenenados por esse método morrem por hemorragia interna, que resulta da incapacidade de coagular o sangue e de regular os danos aos capilares sanguíneos provocado pelo veneno. Se forem de ação lenta, minimizam o efeito da neofobia entre os animais da colônia, pois eles terão de ingerir a isca durante vários dias antes de morrer; mas isso provocará, consequentemente, um sofrimento prolongado. Se a dose for elevada em uma mesma isca, os efeitos do anticoagulante aparecem após 30 minutos. Os mais utilizados são compostos à base de brodifacoum e bromadiolone. A utilização de iscas com anticoagulantes pode falhar por diversos motivos: resistência do roedor ao veneno utilizado, disponibilidade da isca por curto período, quantidade e reposição de iscas insuficientes, cobertura de área insuficiente. Os ratos podem ainda escolher outros alimentos, pode haver falta de palatabilidade da isca, e as iscas podem estar velhas e estragadas. Com relação aos rodenticidas não anticoagulantes, o colecalciferol é o mais utilizado, provocando a morte dos roedores entre um a três dias após o uso. Seu mecanismo de ação envolve a absorção exagerada de cálcio, provocando falhas em diversos órgãos e, consequentemente, a morte do animal. Como atuam de forma crônica, os ratos se alimentam diversas vezes durante vários dias; esse processo não interfere no comportamento neofóbico dos roedores. Segundo a resolução RDC nº 34, de 16 de agosto de 2010, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), são proibidos no Brasil a utilização de rodenticidas que contenham alfanaftiltiouréia (ANTU), arsênico e seus sais, estricnina, fosfetos metálicos, fósforo branco, monofluoroacetato de sódio, monofluoroacetamida,
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O quê?
Como evitar?
Alimento
Roedores se alimentam de restos orgânicos produzidos pelas pessoas e por ração de pets expostas. Portanto, armazenar o lixo corretamente e retirar os potes de comidas dos cães e gatos evita a presença de roedores. Água Todo ser vivo precisa de água para sobreviver. Os roedores utilizam qualquer fonte de água disponível. Suspender os potes de água e colocá-los sobre um apoio que não permita a entrada de roedores. Acesso Evitar o acesso de roedores através de bueiros e ratos tampados é a principal estratégia para impedir sua entrada em edifícios. Abrigo Roedores circulam pelo sistema de esgoto, mas fazem seus abrigos e tocas na terra, embaixo de entulho e de lixo. Manter os terrenos limpos dificulta a permanência desses animais. Acasalamento É o mais difícil de ser controlado pelas pessoas. Porém, reduzindo os demais “A’s”, diminui a disponibilidade de recursos e dificulta o crescimento da população de roedores. Como evitar ratos na cidade: a regra dos 5 A’s
sais de bário e sais de tálio. Entre os compostos proibidos, ainda existe os carbamatos e organofosforados, conhecidos por “chumbinho”. Embora sejam agrotóxicos comercializados no Brasil de forma ilegal, são facilmente encontráveis. Esses compostos não são eficazes no controle de roedores, pois provocam uma morte aguda, exacerbando o comportamento neofóbico entre os demais animais da colônia. Além disso, são perigosos para a saúde humana e de outras espécies de animais com relatos de acidentes fatais com crianças e gatos. Há relatos de que as carcaças dos animais mortos, servindo como alimentos de aves de rapina, podem causar a morte destas, além de as carcaças atuarem como contaminantes ambientais. Os resíduos gerados pela utilização e descarte dos raticidas apresentam alta toxicidade ambiental, inclusive com descrição nas informações técnicas dos produtos. A má utilização de raticidas compromete ainda a sobrevivência de outras espécies animais nativas, como roedores silvestres, aves e anfíbios. Armadilhas O controle de roedores utilizando armadilhas pode ser útil, desde que os manipuladores tenham habilidade. Essa técnica é recomendada para locais em que não se pode usar venenos, como em zoológicos, dentro do recinto dos animais (Figura 1). É importante saber escolher os locais em que serão colocadas as armadilhas, de preferência pelo caminho usual dos roedores. Também se deve ter o cuidado de não desenvolver o comportamento neofóbico dos animais, como já mencionado anteriormente. Essa técnica só deve ser utilizada se o serviço de desratização contar com métodos adequados para eutanasiar os ratos, de modo rápido e sem sofrimento. A utilização de veneno deveria ser a última medida utilizada, quando todas as outras falharam. É importante educar a população para que mude os hábitos no enfrentamento do controle de roedores, pois, sem a modificação do habitát dos ratos, tornando os locais menos atraentes para sua sobrevivência, mesmo com a erradicação
Figura 1 – Locais como o Passeio Público de Curitiba impedem o uso de iscas de veneno, uma vez que animais silvestres como macacos e aves nativas são mantidos nos recintos e ilhas do Parque. O controle de roedores tem sido feito essencialmente com métodos preventivos e armadilhas de captura, seguidos da eutanásia dos animais
de uma colônia, não se evitará uma nova recolonização por outros ratos. A interessante experiência do Templo dos Ratos Sagrados, na Índia O templo é conhecido por abrigar aproximadamente 20.000 ratos pretos, considerados sagrados, pois os devotos de Karni Mata acreditam que os animais são reencarnações de seus ancestrais. Existe há seiscentos anos e fica na cidade de Deshnoke, no Rajastão (Figura 2). Beber da água dos ratos e comer suas sobras de alimentos é considerado sinal de boa sorte para aqueles que visitam o templo. Se um dos ratos é morto acidentalmente, ele deve ser substituído por uma escultura de rato em prata ou ouro. Alguns fatores, como excesso de alimentação doce, brigas entre os animais e a grande quantidade deles os torna propensos a contrair doenças, especialmente diabetes e problemas de estômago. Os ratos nunca foram pesquisados com relação a doenças; apesar disso, porém, não há relatos de pessoas adoecendo devido ao contato com os roedores.
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MEDICINA VETERINÁRIA DO COLETIVO roedores apenas por meio da aplicação de produtos químicos, desvinculada de outras ações que modifiquem a estrutura do ambiente, que favorece a presença de roedores. Ao compreender que a intervenção química, usada como estratégia isolada, tem efeito apenas paliativo, a UVZ passa a atuar, em todas as suas atividades, na perspectiva da avaliação de risco para transmissão da leptospirose. Dessa maneira, passa a exercer o papel de uma unidade de referência no município, promovendo apoio técnico na definição de estratégias mais resolutivas, de longo prazo. Figura 2 – Templo dos Ratos Sagrados, na Índia – http://youtu.be/Ojbx-qpF6mo
Sobre o serviço de controle de roedores em Curitiba O controle de roedores realizado pela Unidade de Vigilância de Zoonoses ocorre, prioritariamente, nas áreas de risco para transmissão da leptospirose. Para atuar no enfrentamento dessa zoonose, o município de Curitiba conta, desde 2008, com o elenco de 110 áreas de risco. Essas áreas, geralmente ocupações irregulares, apresentam outras características como: déficit de saneamento básico, enchentes e alagamentos frequentes e histórico de casos confirmados de leptospirose. Nesses casos, o trabalho desenvolvido envolve a avaliação ambiental do peridomicílio, na qual se procura identificar a presença de fezes, tocas, trilhas e/ou manchas de gordura que evidenciem a presença de roedores. Na etapa seguinte, promovese a intervenção química com rodenticidas apropriados (bloco parafinado ou pó de contato), somente quando se comprova, por meio da observação, a presença desses vestígios. Finaliza-se o trabalho orientando o cidadão no que diz respeito ao manejo do ambiente, e lhe transmitindo informações sobre a prevenção da leptospirose. Outro campo de atuação, realizado de modo permanente pelo município, é o atendimento à demanda dos munícipes por meio da central 156, que solicitam o controle de roedores em via pública (bueiros). Essa demanda pode ser gerada por cidadãos de todos os bairros da cidade; o trabalho consiste na intervenção química, utilizando-se apenas o raticida tipo bloco parafinado, por ser constituído de material mais resistente à umidade. Nesses casos, o contato direto com o cidadão também se mostra importante, uma vez que a orientação no local pode promover mudanças no ambiente, evitando-se, assim, revisitas que impactam negativamente na capacidade de atendimento à população e tornam o serviço bastante oneroso. Existe, ainda, uma demanda significativa proveniente das diversas secretarias da prefeitura de Curitiba, especialmente a Secretaria da Saúde e da Educação, que solicitam o controle de roedores para os seus diferentes equipamentos. Nesses casos, tem-se procurado redefinir o papel da Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ) superando o paradigma da "desratização", no qual se entende o controle de 48
Referências sugeridas 1-ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/portal/anvisa/home>. Acesso em 4 de março de 2016. 2-ICWDM. The Internet Center for Wildlife Damage Manegement. 2015. Disponível em: <http://icwdm.org>. Acesso em 4 de março de 2016. 3-UC IPM, Statewide Integrated Pest Manegement Program. 2014. Disponível em: <http://www.ipm.uc davis.edu/PMG/PESTNOTES/pn74106.html>. Acesso em 4 de março de 2016. 4-CLAPPERTON, B. K. A review of the current knowledge of rodent behaviour in relation to control devices. Science for Conservation, v. 263, p. 1-55, 2006. ISSN: 1173-2946. 5-BRASIL. Manual de controle de roedores. Brasília: Funasa, 2002. 132 p. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_roedores1.pdf>. Acesso em 4 de março de 2016. Maysa Pellizzaro - Mestranda em Zoonoses, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus Botucatu. maysa.pellizzaro@fmvz.unesp.br
Vivien Midori Morikawa - MV, MSc, PhD – Profa. de Saúde Pública Veterinária, Depto. de Saúde Comunitária, UFPR. Coordenadora da Unidade de Vigilância de Zoonoses, Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba. Diogo da Cunha Ferraz - Biólogo, chefe do Serviço de Vigilância da Leptospirose e Controle da Leptospirose, Unidade de Vigilância de Zoonoses, Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba.
Alexander Welker Biondo - MV, MSc, PhD Professor de Zoonoses e Medicina Veterinária do Coletivo do Departamento de Medicina Veterinária, UFPR – Universidade Federal do Paraná. abiondo@ufpr.br Hélio Langoni - MV, MSc, PhD – Professor de Zoonoses, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Campus de Botucatu.
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Como escolher candidatos comprometidos com a saúde e a proteção animal?
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o dia 2 de outubro de 2016 (domingo), milhares de brasileiros irão às urnas para escolher seus vereadores e prefeitos. Embora os animais sejam considerados parte da família humana brasileira e usufruam de um crescente estado de É possível políticas públicas envolvendo o bem-estar de cães e gatos? direito social e legal, não é possível Desenho do cartunista Fernando Gonsales (http://goo.gl/aI5aqg) em MOLENTO, C. que tenham o direito ao voto. Porém, M. ; BIONDO, A. W. Zoonoses, Bem-estar animal e guarda responsável, 2008 – muitas leis que foram regulamentadas http://goo.gl/9EEnyN e implementadas ao longo dos anos tivenão há como obter resultados promissores e eficazes. A ram e têm influência direta ou indireta em sua qualidade Universidade Federal do Paraná tem proposto como base de vida e bem-estar. Desse modo, para que sejam benefi- os “4 pilares da proteção animal”, pautados na associação ciados pelas propostas de gestão executiva e legislativa, de atividades de 1. Educação, 2. Castração, 3. Combate ao dependem de candidatos envolvidos com a causa animal abandono e comércio ilegal e 4. Adoção 1. Nesse sentido, e/ou profissionais de áreas afins que estejam verdadeira- a atuação do poder público deve contemplar ações proatimente comprometidos com essa causa. Nesse contexto, vas de implementação de políticas públicas de saúde e faz-se necessária uma reflexão minuciosa das propostas bem-estar dos animais, não se restringindo à aplicação de desses candidatos, as quais devem ter sempre como obje- penalidades por crimes de maus-tratos aos animais, mas tivo central a convivência harmoniosa e benéfica entre também investindo em medidas preventivas e de conspessoas e animais. cientização ambiental. Diante de todas as informações supracitadas, cabe à Os animais e as eleições população identificar, conhecer e apoiar candidatos ao Cada vez mais vereadores e prefeitos são eleitos e ree- executivo e legislativo municipal que tenham histórico leitos graças à militância na defesa do meio ambiente, comprovado na militância da proteção e da promoção da particularmente da fauna e da flora. Esse apoio tem seu saúde animal, apoiem a sustentabilidade e o desenvolvipreço: embora sejam relativamente poucos, os eleitos mento harmônico ambiental, apoiem a causa animal, poscujas propostas são pautadas na defesa dos animais têm suam ou apoiem projetos de lei que promovam mudanças sido monitorados sempre de perto e com muita atenção positivas e enriquecedoras dos direitos animais e defenpor uma grande parcela da população. O objetivo tem dam a implementação e destinação orçamentária de recursido evitar o oportunismo eleitoral, caracterizado por sos públicos para as causas animais. compromissos e promessas de campanha não cumpridos Em resumo, precisamos escolher um candidato comou cumpridos parcialmente. Alguns grupos criaram inclu- prometido com a causa animal, mesmo que não seja o sive páginas nas redes sociais com o slogan “Não vote em foco central do seu plano de gestão. É interessante que os quem não gosta de animais”. Nessas comunidades é pos- compromissos firmados estejam registrados em cartório e sível conferir desde a relação de políticos simpatizantes sejam apresentados previamente e debatidos com a sociecom a causa animal até aqueles que participam ou cola- dade, evitando-se assim os oportunistas de plantão, muiboram com atividades polêmicas como rodeios e vaque- tos inclusive profissionais da área e que se autodenomijadas, além de dicas e sugestões para escolher o candida- nam “protetores de coração”. Trata-se de um tema importo mais apto a ser eleito. tante, com demanda social crescente e impacto direto nas atividades desempenhadas pelos médicos veterinários, Indicadores do bom candidato da proteção animal que precisam ficar “atentos ao barulho da rua, entrar em A sociedade e o poder público devem agir sempre em sintonia com essas demandas e sobretudo prover respaldo conjunto nas questões relativas aos animais, caso contrário técnico para suas ações”. 50
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Figura 1 – Debate entre candidatos a vereador e prefeito de Curitiba pelo bem-estar animal, realizado pela Universidade Federal do Paraná em 2012.
Exemplos municipais de ações voltadas à proteção animal No poder legislativo, a capital paulista foi uma das pioneiras nas ações voltadas à proteção animal, principalmente por conta de um vereador 2 que teve, desde seu primeiro mandato em 1988, a causa e o bem-estar animal como principal base de sua campanha, sendo o vereador mais votado do Brasil em 2012, com mais de 130.000 votos. Ativista ambiental, tem demonstrado comprometimento com suas propostas, ideais e lutas que auxiliaram na sua eleição, incluindo áreas verdes, educação ambiental, proteção e preservação de animais silvestres, controle populacional e guarda responsável de animais domésticos, entre outras. Além disso, lutou pela lei que regulamenta o comércio de cães e gatos e pela emenda orçamentária municipal que tornou possível a implantação do primeiro hospital veterinário público no país. No poder executivo, a capital gaúcha se tornou vanguarda em 2011 quando o então prefeito e a primeira dama promoveram a criação da Secretaria Especial dos Direitos Animais (SEDA) 3, importante ferramenta, cuja missão pautou-se no estabelecimento e execução de políticas públicas destinadas à saúde, proteção, defesa e bemestar animal em Porto Alegre. A SEDA tem promovido campanhas de castração, com sua unidade móvel de esterilização, e de educação humanitária, além de eventos de adoção priorizando animais em condições especiais como idosos e deficientes. Além destas, Curitiba foi a primeira capital do país a 52
inserir oficialmente a proteção animal dentro das atribuições dos fiscais do município (decreto 652, assinado pelo prefeito em 2014), dando respaldo legal para a prática de fiscalização animal e combate aos maustratos, em conjunto com a comunidade e a Guarda Municipal de Proteção Animal, criada em 2013. Não são apenas as capitais estaduais e outros grandes centros urbanos que têm capacidade para implementar mudanças significativas na saúde e proteção animal. A Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura de Poços de Caldas, MG, lançou em 2011 o Programa Municipal de Castração de cães e gatos. A cidade de Conselheiro Lafaiete, MG 4, com aproximadamente 100 mil habitantes, mudou a abordagem do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) com a conscientização da guarda responsável, além do tratamento, castração e adoção de animais recebidos com a ajuda de voluntários e ONGs. Niterói, RJ, também tem investido cada vez mais em ações de proteção aos animais, promovendo castrações e adoções de cães e gatos desde 2012 (adotareobicho.com.br) e criando, recentemente, o Centro de Controle Populacional de Animais Domésticos, um complexo com centro cirúrgico, consultório, espaço para palestras e sala do curso de banho/tosa destinado a jovens carentes da cidade. Outra iniciativa interessante aconteceu em Ponta Grossa, PR, que aprovou na câmara municipal o desconto no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) 5 para quem adotar cães e gatos do Canil Municipal. Lapa, PR, também inovou ao criar uma lei municipal que regulamentou o “Veterinário Mirim 6, projeto realizado nas escolas municipais com ações educativas de guarda responsável dos animais de companhia, e ganhador do troféu “Destaque Nacional 2016” da União dos Vereadores do Brasil. Os exemplos bem-sucedidos de proteção animal têm se multiplicado e demonstrado que a adoção de medidas que possam resultar em melhorias na situação atual dos animais depende diretamente da vontade e disposição do representante político em querer trabalhar em prol da causa. Portanto, tudo isso depende das escolhas feitas pelos eleitores no momento da eleição municipal. Situação dos municípios brasileiros A atual situação dos munícipios brasileiros demonstra cenários bastante distintos: por um lado observamos a crescente evolução das estratégias voltadas para a causa animal nas regiões Sul e Sudeste, com ações que vão de vacinação e castração até (e talvez mais importante) educação e proteção. Os quatro pilares básicos que sustentam um programa de manejo populacional de animais domésticos praticamente inexistem na região Centro-Oeste, centro dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário do país, fazendo-se necessária uma mudança imediata de pensamento e conduta dos representantes do povo.
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Pilar
Propostas de Ações do Legislativo e Executivo Municipais
Atividades de educação continuada sobre guarda responsável em escolas municipais (possível inserção na grade curricular). Exigir dos tutores, cadastrados para castração gratuita, participação em palestras sobre guarda responsável, que devem ser ministradas antes da cirurgia dos animais. educação Palestras e ações educativas periódicas com a comunidade envolvendo a conscientização da população em geral a respeito da guarda responsável de animais. Responsabilização dos tutores a respeito da manutenção e bem-estar de seus animais. Realização de cirurgias de castração de forma gratuita, direcionada às comunidades carentes com estimativa de impacto populacional, como forma de manejo reprodutivo. ** castração Exigência feita aos tutores, cadastrados para castração gratuita, de participação em palestras sobre guarda responsável, que devem ser ministradas antes da cirurgia dos animais. Criação de equipe capacitada e com respaldo legal para a prática de fiscalização e combate aos maus-tratos. combate Proibição das práticas de maus-tratos contra animais e regulamentação de penalidades para aqueles que o praticarem.
ao abandono
adoção
Implantação de medidas para registro e identificação dos animais domésticos. Promoção de feiras de adoção abertas à comunidade, com apoio de médicos veterinários para educação e conscientização da adoção responsável de um animal.
Realização de ações de vacinação nos animais, visando principalmente o controle da raiva, mas também o controle de doenças espécie-específicas, melhorando sua qualidade de vida. Regulamentação do comércio de animais.
Implementação de ações de atendimento clínico de animais de comunidades carentes, com vistas a melhorar sua qualidade de vida. Criação de hospital veterinário público (com separação de ações coordenadas em baixa, média e alta complexidade).
outras ações
Criação de programas, políticas ou órgãos específicos para desenvolvimento das atividades relativas ao manejo e proteção animal.
Criação do Fundo Municipal dos Direitos Animais (FMDA) e instituição do seu Conselho Gestor.
Leis municipais de respaldo Rio de Janeiro, RJ, Lei nº 3.844/2004 Lapa, PR, Lei nº3.435/2015 São José dos Pinhais, PR, Decreto nº 35/2010 São Paulo, SP, Lei nº 13.131/2001 Rio de Janeiro, RJ, Lei nº 4.808/2006 Porto Alegre, RS, Lei nº 694/2012 Rio de Janeiro, RJ, Lei nº 3.739/2004 Curitiba, PR, Lei nº 11.472/2005 Curitiba, PR, Decreto nº 643/2015 São José dos Pinhais, PR, Decreto nº 35/2010 Curitiba, PR, Decreto nº 652/2014 Distrito Federal, Lei nº 4.060/2007 Rio de Janeiro, RJ, Lei nº 4.731/2008 Curitiba, PR, Lei nº 13.908/2011 Porto Alegre, RS, Lei nº 694/2012 São Carlos, SP, Lei nº13.209/2003 Florianópolis, SC, Lei nº383/2010 São Paulo, SP, Lei nº 14.483/2007 Rio de Janeiro, RJ, Decreto nº 38.221/2013 Porto Alegre, RS, Decreto nº 18.403/2013 Valinhos, SP, Decreto nº 8.584/2014 Ponta Grossa, PR, Lei nº 12.275/2015 São Paulo, SP, Lei nº 13.131/2001 São Carlos, SP, Lei nº13.209/2003 Rio de Janeiro, RJ, Lei nº 4.808/2006 Rio de Janeiro, RJ, Lei nº 4.187/2005 Curitiba, PR, Lei nº 13.558/2010 Curitiba, PR, Lei nº 13.914/2011 Porto Alegre, RS, Lei nº 694/2012 Florianópolis, SC, Lei nº 8.720/2011 São Paulo, SP, Proc.: 0.150.326-0 / 2012 São Paulo, SP, Projeto de Lei nº 827/2014 Sorocaba, SP, Lei 11.183/2015 Florianópolis, SC, Lei nº 94/2001 São Paulo, SP, Decreto 50.706/2009 Varginha, MG, Lei nº 5.489/2011 Joinville, SC, Lei nº 360/2011 Porto Alegre, RS, Lei 11.101/2011 Ijuí, RS, Lei nº 5.738/2013 Viamão, RS, Lei nº 4.186/2013 Valinhos, SP, Decreto nº 8.584/2014 Ponta Grossa, PR, Lei nº 12.275/2015 Boa Vista, RR, Lei nº 1.607/2015 Vacaria, RS, Lei nº 3.756/2015 Niterói, RJ, Lei nº 3.153/2015 Porto Alegre, RS, Lei nº 696/2012
* Devido às leis eleitorais que proíbem a divulgação nos sites oficiais durante o período de campanha eleitoral, não foi possível realizar uma completa revisão sistemática de todos os municípios do Brasil para confecção desta tabela. ** Editais de castração por município: São Paulo, SP 02/2009; Campinas, SP 01/2010; Petrópolis, RJ 01/2011; Paraisópolis, MG 105/2012; Maringá, PR 2607/2012; Pelotas, RS 003/2014; Angra dos Reis, RJ 001/2014; Cachoeira de Minas, MG 037/2014; Piraquara, PR 037/2014; Brasília, DF 08/2014; Leme, RJ 038/2014; Rosana, SP 038/2015; Bauru, SP 144/2015; Ponta Grossa, PR 11/2015; Montes Claros, MG 006/2015; Joinville, SC 107/2015; Eldorado do Sul, RS 025/2015; Londrina, PR 001/2015; Sorocaba, SP 02/2015; Garopaba, SC 004/2016; Mata de São João, BA 03/2016; Salvador, BA 001/2016; Guaçuí, ES 002/2016.
Tabela 1 – Atividades propostas e exemplo de leis municipais consideradas de relevância em cada um dos 4 pilares da proteção de cães e gatos* Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 124, setembro/outubro, 2016
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MEDICINA VETERINÁRIA DO COLETIVO Diversas leis e projetos de leis são criados, porém, devido a mudanças de gestão nem sempre as atividades exercidas numa administração continuam na seguinte, ou seja, há uma falta de continuidade das ações públicas, o que gera muitas vezes a perda do valor e da evolução das políticas públicas de determinado município. Os exemplos expostos (Tabela 1) servem como base para futuros políticos defensores da causa animal. Debate de candidatos a vereador e prefeito Em 2012, foi realizado em Curitiba o “I Debate entre candidatos a vereador pelo bem-estar animal” (Figuras 1 e 2). O evento foi organizado pelo Departamento de Medicina Veterinária e aconteceu no anfiteatro do Setor de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Apenas 22/650 (3,38%) candidatos inscritos à eleição e reeleição estiveram presentes, juntamente com um grande número de representantes de ONGs de Proteção Animal, protetores independentes e pessoas que se importam com a discussão do tema do bem-estar animal no âmbito da política de Curitiba. Na ocasião não houve um debate, mas sim um encontro formal, registrado no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) e divulgado antecipadamente à população. A moderação do debate foi realizada por Danielle Tetü Rodrigues, advogada ambiental e autora do livro O direito e os animais. Foram realizadas duas rodadas de 5 minutos para cada candidato ou representante legal do Executivo, seguido do Legislativo municipal. Na primeira rodada os candidatos inscritos se apresentaram e expuseram suas propostas relacionadas à causa animal. Em seguida, deuse um intervalo de 15 minutos para que o público presente pudesse elaborar suas perguntas por escrito. Na segunda rodada os candidatos responderam às perguntas e continuaram expondo suas propostas da plataforma de gestão. Do total de candidatos presentes ao encontro, apenas 1/22 (4,54%) foi eleito, mesmo assim reeleito sem plataforma de gestão legislativa direcionada especificamente para a proteção animal. No entanto, o evento teve seu lado positivo: dois dias depois do encontro, o candidato a prefeito que acabou sendo eleito em 2012 lançou o “Comitê de Proteção Animal”, sucesso absoluto entre os protetores que o ajudaram a vencer, no primeiro e segundo turno, as eleições executivas municipais. Devido ao sucesso do encontro de 2012, com aumento da demanda social por ações voltadas à causa animal e ao grande número de pessoas simpatizantes, um novo debate está agendado para o dia 17 de setembro de 2016, organizado pelo mesmo departamento da UFPR, com candidatos a vereador e prefeito da capital (protocolado no TRE-PR nº 79.823/2016, o qual, em 11 de agosto, emitiu comunicado aos organizadores instruindo que o debate siga as normas dos artigos 32 a 35 da Resolução 23.457 do TSE e do artigo 46 da Lei n. 9.540/97). 54
Apesar das ações de vanguarda na proteção animal terem aumentado em todo o país, a garantia de sua continuidade só acontece se houver uma institucionalização por meio de leis e/ou decretos municipais. Desse modo, boa intenção e amor aos animais não basta, é preciso transformar as melhorias na saúde e proteção animal em políticas públicas. Aproveite e faça você também um encontro de candidatos que apoiam a saúde e proteção dos animais no seu município! Referências 1-BIONDO, A. W. ; MORIKAWA, V. M. Manejo populacional: conceitos e ações de políticas públicas realizadas em Curitiba. Clínica Veterinária, ano XIX, n. 109, p. 18-20, 2014. 2-TRIPOLI, R. Leis Tripoli de proteção e defesa dos animais. 2015. Disponível em: <http://www.robertotripoli.com.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=50&Itemid=56>. Acesso em 31 de julho de 2016. 3-PREFEITURA DE PORTO ALEGRE. A SEDA. Disponível em: <http://www2.portoalegre.rs.gov.br/seda/default.php?p_secao=7>. Acesso em 31 de julho de 2016. 4-ANDA. Cidade de Conselheiro Lafaiete (MG) se destaca na luta pelos direitos animais. Agência de Notícias de Direitos Animais. 2012. Disponível em: <http://www.anda.jor.br/08/10/2012/cidade-deconselheiro-lafaiete-mg-se-destaca-na-luta-pelos-direitos-animais>. Acesso em 31 de julho de 2016. 5-GLOBO. Projeto que dá desconto no IPTU de quem adota cães e gatos é aprovado. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/pr/campos-gerais-sul/noticia/2015/08/projeto-que-da-desconto-no-iptu-dequem-adota-caes-e-gatos-e-aprovado.html>. Acesso em 06 de agosto de 2016. 6-MEIRELLES, S. Projeto Veterinário Mirim, da UFPR, ganha prêmio nacional por ser lei na Lapa/PR. UFPR, 2016. Disponível em: <https://www.ufpr.br/portalufpr/blog/noticias/projeto-veterinariomirim-da-ufpr-ganha-premio-nacional-por-ser-lei-na-lapapr/>. Acesso em 06 de agosto de 2016.
Sarah Fernandes Marques Freitas - MV. Residente em Medicina veterinária do Coletivo, Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Paraná (UFPR) sarah.fernandes.vet@gmail.com Graziela Ribeiro da Cunha - MV, MSc. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da Universidade Federal do Paraná (UFPR). graziela.ribeiro@ufpr.br Vivien Midori Morikawa - MV, MSc, PhD Disciplina de Saúde Pública Veterinária, Departamento de Saúde Comunitária, UFPR. Coordenadora do Centro de Controle de Zoonoses de Curitiba, Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba Alexander Welker Biondo - MV, MSc, PhD Professor de Zoonoses e Medicina Veterinária do Coletivo do Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Paraná (UFPR) abiondo@ufpr.br
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Diagnóstico por imagem Oncologia veterinária – exames radiográficos e ultrassonografia na tomada de decisões Veterinary oncology: radiology and ultrasonography exams in decision making Oncología veterinaria – los exámenes radiográficos y ecográficos para la toma de decisiones Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 124, p. 56-76, 2016 Daniella Matos da Silva MV, mestre, especialista danimsca@hotmail.com
Tilde Rodrigues Froes MV, mestre, dra., profa. ass. Depto. de Medicina Veterinária – UFPR tilde@ufpr.br
Resumo: A solicitação de exames de imagem é comum durante a abordagem clínica de pacientes com neoplasia. Embora seja cada vez mais frequente a disponibilidade de técnicas avançadas de diagnóstico por imagem, os exames radiográficos e ultrassonográficos permanecem como base diagnóstica na oncologia veterinária. A presente revisão descreve considerações para melhorar a abordagem clínica de animais com neoplasias baseando-se na utilização desses exames. Aborda-se o uso dos exames para triagem do paciente, diagnóstico, estadiamento, decisão terapêutica e seguimento. Descreve-se o fluxo de trabalho diante de alguns tipos tumorais, como linfoma mediastinal em gatos e mastocitoma e osteossarcoma em cães, e citam-se os momentos em que outras técnicas de imagem poderão ser indicadas. Unitermos: cão, gato, neoplasia, estadiamento, mastocitoma, osteossarcoma Abstract: Imaging exams are frequently requested during assessment of oncological patients. Although advanced imaging techniques are already available in veterinary medicine, radiographic and ultrasonographic exams remain the basic diagnostic tools in veterinary oncology. This review describes some considerations to improve clinical approach to animals with neoplasic lesions based on the use of radiographic and ultrasonographic exams. The role of these modalities in screening, diagnosis, staging, treatment choice, and follow-up of cancers is discussed. Additionally, a workflow for some type of tumors is described, such as mediastinal lymphoma in cats, as well as mast cell tumors and osteosarcoma in dogs. Situations that require other techniques are also discussed. Keywords: dog, cat, tumor, staging, mast cell tumor, osteosarcoma Resumen: El pedido de exámenes de imagen es parte de la rutina durante el manejo clínico de pacientes con neoplasias. A pesar de ser cada vez más frecuente la disponibilidad de técnicas avanzadas de diagnóstico por imágenes, los exámenes radiográficos y de ecografía continúan siendo la base diagnóstica de la oncología veterinaria. Esta revisión describe algunas consideraciones para mejorar el abordaje clínico de los animales con neoplasias, basándose en la utilización de dichos exámenes. Se relata el uso de estos exámenes para la selección del paciente, el diagnóstico, estadificación, decisión terapéutica y el control de los pacientes. Se hace la descripción del flujo de trabajo frente a algunos tipos tumorales, como el linfoma mediastinal en gatos, el mastocitoma y el osteosarcoma en perros, citando en que momento pueden ser utilizadas otras técnicas de imagen que podrían ser indicadas. Palabras clave: perro, gato, neoplasia, estadificación, mastocitoma, osteosarcoma
Introdução As afecções neoplásicas são frequentes na rotina clínica de pequenos animais, e o reconhecimento precoce da doença contribui para um melhor prognóstico. Os métodos de diagnóstico por imagem auxiliam a identificação inicial da neoplasia e são peças-chave na investigação da invasão tumoral local e na pesquisa de metástases a dis56
tância, como parte do estadiamento clínico 1. Concomitantemente à evolução da oncologia de pequenos animais, há um grande desenvolvimento em tecnologia no diagnóstico por imagem voltado ao paciente oncológico. As modalidades avançadas de diagnóstico por imagem utilizadas na oncologia humana têm-se tornado mais frequentes na medicina veterinária 1. Os métodos que
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proporcionam a integração do detalhamento anatômico com a natureza funcional e molecular do tecido pesquisado, como a tomografia por emissão de pósitrons (PET) e PET combinada à tomografia computadorizada (TC), são exemplos de exames que vêm se tornando disponíveis na oncologia veterinária 2. No entanto, na rotina clínica da maioria dos centros veterinários, a radiografia simples e a ultrassonografia permanecem sendo os exames mais comumente disponíveis e acessíveis. Dessa forma, durante a abordagem inicial do paciente com neoplasia, os primeiros exames de imagem a serem requisitados serão os radiográficos e ultrassonográficos. Outras técnicas com disponibilidade em ascensão, como a tomografia computadorizada (TC), ficam reservadas após a triagem radiológica simples e/ou ultrassonográfica 3,4. O conhecimento prévio da acurácia de cada modalidade imaginológica é imprescindível para o bom uso dos diversos métodos disponíveis. Cada modalidade apresenta suas limitações e seus pontos fortes no diagnóstico e no estadiamento do câncer 1. Os exames radiográficos e ultrassonográficos contribuem também em procedimentos de biópsias, sustentam decisões na terapia a selecionar e orientam condutas na sequência terapêutica escolhida 5. Em contrapartida, o conhecimento das diferentes neoplasias e de seu comportamento biológico também é importante na escolha da modalidade de diagnóstico por imagem a aplicar, buscando-se o melhor método e o melhor momento para a solicitação de cada exame 1. O objetivo desta revisão é abordar exemplos da utilização do exame radiográfico simples e da ultrassonografia nas diferentes fases do manejo do paciente com neoplasia, como: prevenção e triagem, diagnóstico, estadiamento, decisão terapêutica, seguimento terapêutico e monitoração. E, além disso, apresentar de forma breve e aplicada em que momento outras modalidades podem ser necessárias, expondo uma sequência na utilização das técnicas de imagem diante das principais neoplasias que acometem cães e gatos. Prevenção e triagem Na medicina, o diagnóstico por imagem apresenta grande valor no reconhecimento de manifestações preco-
ces do câncer ou de lesões pré-neoplásicas, ainda clinicamente indetectáveis. A radiologia, por exemplo, por meio da mamografia, é utilizada como método de triagem de atendimento oncológico em pacientes com risco de desenvolvimento de neoplasia mamária, mesmo que sem sinais clínicos da doença 5. No entanto, algumas lesões iniciais podem necessitar de exames de imagem mais avançados para o reconhecimento precoce da doença, como a TC de baixa dosagem para o rastreamento de câncer de pulmão em pessoas predispostas 6. A determinação de pacientes predispostos ao desenvolvimento de neoplasias é muitas vezes um desafio na oncologia veterinária. Contudo, a idade avançada pode ser considerada um fator de risco 7. Em animais idosos, a avaliação veterinária preventiva que inclui a realização de exames de imagem básicos e de relativo baixo custo, como a radiografia simples e a ultrassonografia, pode auxiliar na detecção precoce de lesões neoplásicas na cavidade torácica ou abdominal que passariam despercebidas no exame físico de rotina 8. O exame ultrassonográfico abdominal é um bom método para pesquisar neoformações abdominais, sendo bastante preciso em determinar o órgão de origem da lesão e na predeterminação da malignidade, que deverá ser atestada por exame histopatológico subsequente 9. Um estudo avaliou os resultados da ultrassonografia abdominal em 53 cães clinicamente saudáveis da raça golden retriever, com idade igual ou superior a seis anos. Os autores encontraram massas esplênicas em 28 animais (52,8%), e, com base no resultado do exame ultrassonográfico, indicou-se acompanhamento ou tratamento (esplenectomia) para investigar a suspeita de neoplasia esplênica, até então oculta. No entanto, em apenas três animais foi possível obter o diagnóstico histopatológico, e nesses o exame indicou hiperplasia nodular linfoide 10. As massas esplênicas em cães constituem importante exemplo da aplicabilidade do diagnóstico por imagem para o reconhecimento precoce da lesão tumoral, considerando que as lesões podem evoluir de forma insidiosa até a presença de ruptura e hemoabdômen, alterando drasticamente o prognóstico 11,12. Não se deve negligenciar a ocorrência de uma alteração ultrassonográfica nodular no baço; no entanto, a interpretação desses resultados quanto à malignidade da
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Diagnóstico por imagem Displasia coxofemoral em cães – revisão da literatura Hip dysplasia in dogs – review Displasia de cadera en perros – revisión de literatura Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 124, p. 78-90, 2016 Bruno Ferrante MV, mestre, aluno de doutorado FMVZ/USP ferrante001@gmail.com
Cinthia Keiko Souto MV, mestre FMVZ/USP cksouto@gmail.com
Ana Carolina B. de C. F. Pinto MV, dra., profa. ass. Depto. Cirurgia, FMVZ/USP anacarol@usp.br
Resumo: A displasia coxofemoral é uma afecção ortopédica que leva a incongruência articular e osteoartrose. Ocorre com maior frequência em cães de porte grande e gigante. Tem elevada morbidade, causando claudicação, dor, diminuição da atividade e, em casos mais graves, a perda da mobilidade. É de caráter multifatorial poligênico, resultado de fatores genéticos e ambientais. A lassitude articular é a característica mais pesquisada para o diagnóstico precoce da displasia coxofemoral, e o principal método de diagnóstico utilizado é o radiográfico. Utiliza-se tomografia computadorizada para melhor diagnóstico e controle da doença. Há tratamentos conservativos e cirúrgicos para controle da doença nos indivíduos acometidos. Ressalta-se a importância das modalidades de imagem para a seleção de reprodutores e para o controle da população das raças mais acometidas. Unitermos: diagnóstico por imagem, radiografia, tomografia computadorizada Abstract: Hip dysplasia is an orthopedic disease that leads to incongruity and degenerative joint disease. It is more frequent in large and giant dogs. It has high morbidity and causes lameness, pain and reduced activity. In the worst cases, the patient loses mobility. It is a multifactorial polygenic disease, resulting from genetic and environmental factors. Joint laxity is the most searched feature for early diagnosis of hip dysplasia, and radiography is the most used diagnostic method. CT images are used to reach better diagnosis and disease control. There are conservative and surgical treatments described for controlling the disease in affected animals. This article highlights the importance of the different imaging modalities for the selection of breeders and for disease control in the most affected breeds. Keywords: diagnostic imaging, radiography, computed tomography Resumen: La displasia de cadera es una alteración ortopédica que lleva a la incongruencia articular y a la artrosis. Se presenta con mayor frecuencia en perros grandes y gigantes. Tiene alta morbilidad, provocando claudicación, dolor, disminución de la actividad y, en casos más graves, la pérdida de movimientos. Su origen es multifactorial poligénico, como resultado de factores genéticos y ambientales. La laxitud articular es la característica más pesquisada para el diagnóstico precoz de la displasia de cadera, siendo la radiografía el método diagnóstico más utilizado. La tomografía computarizada es usada para mejorar el diagnóstico y el control de la enfermedad. Para el control de la enfermedad en los individuos afectados, existen tratamientos conservadores y quirúrgicos. Se hace hincapié en la importancia de los diferentes métodos de imagen para la selección de reproductores, y para el control de la población de las razas más afectadas. Palabras clave: diagnóstico por imagen, radiografía, tomografía computarizada
Introdução A displasia coxofemoral (DCF) pode ser descrita como um desenvolvimento anormal da articulação coxofemoral 1 – uma alteração do desenvolvimento causada por aumento da lassitude articular e por alterações biomecânicas na articulação coxofemoral que leva a subluxação entre a cabeça do fêmur e o acetábulo e a osteoartrose nos animais mais velhos 2,3. O aumento da lassitude articular permite que haja instabilidade articular, resultando em incongruência articular, má-formação da cabeça do 78
fêmur, remodelamento do acetábulo e doença articular degenerativa 2,3. A manifestação dolorosa observada nos pacientes jovens acometidos por DCF é resultado da exposição dos receptores de dor provocada por desgaste e erosão articular, e nos animais mais velhos devido à osteoartrose secundária 2,3. É considerada a doença articular mais frequente e a maior causa de osteoartrose em cães 4,5. Também é relatada em gatos, com elevada ocorrência na raça maine coon 5,6. Os animais acometidos apresentam manifestações clínicas em resultado da incongruência
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articular e da osteoartrose, que levam a morbidade com redução da qualidade e da expectativa de vida 3,5. O diagnóstico é estabelecido por meio do histórico e das manifestações clínicas, e o exame físico completo é recomendado para excluir outras alterações ortopédicas ou neurológicas 7. O exame radiográfico é o principal método complementar para o diagnóstico, e as alterações radiográficas mais observadas são: diminuição de interlinha radiográfica, subluxação da cabeça femoral e remodelamento articular 1. Ressalta-se ainda que, em alguns casos, o paciente pode apresentar alterações radiográficas consistentes com a displasia coxofemoral e não apresentar sinais clínicos relacionados a ela 3. Ocorrência Essa alteração afeta mais frequentemente cães de porte grande e gigante. Entre as raças com maiores números de acometidos estão o rotweiller, o pastor-alemão, o labrador e o golden retriever 1,6. Em um levantamento feito em um hospital-escola de uma cidade do interior de São Paulo, as raças pastor-alemão, rotweiller e labrador – as mais frequentes entre os cães acometidos
por displasia coxofemoral – representaram, respectivamente, 21,6%, 17,2% e 11,2% do total de cães com essa disfunção 8. A Orthopedic Foundation for Animals (OFA) divulga uma tabela estatística de dados coletados desde 1974 (por meio dos exames radiográficos enviados) e ranqueia o buldogue inglês, com 72% de animais acometidos, em primeiro lugar na lista de ocorrência de displasia coxofemoral 9. Dentre as raças historicamente acometidas pela DCF e avaliadas pela OFA, 20% são rottweilers, 19,4%, golden retrievers, 19%, pastores-alemães e 18,5%, labradores 9. Outras raças que também apresentam prevalência elevada de CDF são o são-bernardo, o cão serra da estrela e o terra-nova, e, mesmo que com menor prevalência, os cães de pequeno porte e também os gatos 5,7. Em contraste, cães como o greyhound e o borzoi apresentam uma ocorrência muito baixa da doença 6. Apesar de serem de grande porte, essas raças estão entre as mais bem ranqueadas nas estatísticas da OFA. Cabe ressaltar também que a displasia coxofemoral é fortemente relacionada não apenas ao porte do paciente, mas também ao seu índice de massa corpórea 10.
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Diagnóstico por imagem Aspectos radiográficos de instabilidade atlantoaxial em um canino adulto – relato de caso Radiographic features of atlantoaxial instability in an adult canine – case report Características radiográficas de la inestabilidad atlantoaxial en un canino adulto – relato de caso Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 124, p. 92-96, 2016
Sabrina Barros Araujo MV, aluna de doutorado PPGMV/UFCG-Patos sabrina_vet@yahoo.com.br
Aline Sousa Alves MV, residente (R2) HV/UFCG-Patos aline_sousa88@hotmail.com
Dayvid Vianêis Farias de Lucena MV, residente (R2) HV/UFCG-Patos dayvidmv@gmail.com
Amara Gyane Alves de Lima MV, residente (R2) HV/UFCG-Patos amaragyane@hotmail.com
Sérgio Ricardo A. de Melo e Silva MV, dr., prof. UFCG-Patos silva_sergioricardo@yahoo.com.br
Almir Pereira de Souza MV, dr., prof. UFCG-Patos almir@cstr.ufcg.edu.br
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Resumo: Objetiva-se com este relato descrever os aspectos radiográficos decorrentes da instabilidade atlantoaxial associada à agenesia do processo odontoide do áxis em uma cadela adulta. Clinicamente, a paciente apresentava apatia e tetraparesia. Foi realizado um exame radiográfico simples da região cervical, que permitiu a evidenciação de agenesia do processo odontoide do áxis, sem alterações articulares. Com a aplicação do cálculo do índice de normalidade atlantoaxial, obteve-se o valor de 0,103 mm, indicando a instabilidade dessa articulação. Como conduta, foi adotada uma terapia conservativa, recorrendo-se a colar cervical, restrição da movimentação e uso de antiinflamatório. Diante do exposto, conclui-se que animais adultos sem sintomatologia prévia podem ser portadores dessa condição, e que o cálculo do IDA foi uma ferramenta eficaz para complementar a avaliação radiográfica subjetiva dessa articulação no cão deste relato. A paciente permanece estável, utilizando o colar cervical. Unitermos: cão, radiografia, agenesia, dente do áxis Abstract: This report describes the radiographic findings in a case of atlantoaxial instability associated with agenesis of the odontoid process of the axis in an adult dog. Clinically, the patient presented apathy and tetraparesis. A simple radiographic examination of the cervical region was performed, which allowed the disclosure of agenesis of the odontoid process of the axis without articular changes. The atlantoaxial normality index (ANI) was 0.103 mm, indicating instability of the joint. A conservative approach was adopted by means of a cervical collar, movement restriction and antiinflammatory therapy. We conclude that asymptomatic adult animals can be carriers of this condition, and that the calculation of the ANI was an effective tool to complement the subjective radiographic evaluation of this articulation on this report's dog. The patient remains stable with the cervical collar. Keywords: dog, radiography, agenesis, axis tooth Resumen: El objetivo del presente relato es describir los aspectos radiográficos resultantes de la inestabilidad atlantoaxial en relación a la agenesia de la apófisis odontoides del axis en una perra adulta. Clinicamente la paciente presentaba apatía y tetraparesia. Se realizó un examen radiográfico simple de la región cervical, que permitió evidenciar la agenesia de la apófisis odontoides del axis, sin otras alteraciones articulares. A través del cálculo del índice de normalidad atlantoaxial, se obtuvo un valor de 0,103 mm, indicando la inestabilidad de esa articulación. Se decidió realizar una terapia conservadora utilizando collar isabelino para limitar los movimientos, y el uso de antiinflamatorio. Teniendo en cuenta los resultados, se concluye que los animales adultos sin síntomas previos pueden ser portadores de esa condición, y que el cálculo del índice de normalidad atlantoaxial representó una herramienta eficiente como complemento del examen radiográfico subjetivo en el análisis de la articulación para el perro de este relato. La paciente permanece estable con el uso del collar cervical. Palabras clave: perro, radiografía, agenesia, apófisis odontoides
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Introdução A instabilidade atlantoaxial se caracteriza por maior mobilidade articular entre o atlas e o áxis. A movimentação dessa articulação, do tipo rotacional, está centrada no processo odontoide do áxis, que se projeta rostralmente no forame vertebral do atlas. Dentre as alterações que podem desestabilizar essa articulação, a hipoplasia e a agenesia do processo odontoide são apontadas como as mais frequentes 1-3. A sintomatologia dessa enfermidade é inespecífica, e geralmente se manifesta em cães jovens 2,4. Essa instabilidade articular pode ocasionar trauma na medula espinhal, com sinais neurológicos que incluem dor cervical, ataxia, tetraparesia ou tetraplegia. A sintomatologia evidenciada pode ter início agudo ou ser progressiva 5. Uma compressão medular mais grave pode resultar em parada respiratória, com risco de óbito. Alguns autores acreditam que uma fusão precoce, parcial ou ausente do processo odontoide ao corpo do áxis resulta em más-formações, e que essa condição é mais comum em cães de pequeno porte, principalmente nas raças do tipo miniatura, tendo em vista que nesses animais o processo odontoide é mais propenso a um desenvolvimento defeituoso, devido às aberrações que ocorrem durante a oclusão da placa fisária de crescimento 1-3,5. O diagnóstico é baseado na sintomatologia clínica do animal, sendo confirmado pelo exame radiográfico da porção cervical da coluna vertebral 1. As alterações do processo odontoide do áxis (hipoplasia, agenesia, fratura) podem ser mais facilmente evidenciadas radiograficamente; contudo, o aumento da distância entre o arco dorsal do atlas e o processo espinhoso do áxis é um achado radiográfico mais sutil, na projeção lateral 6. Para complementar a avaliação radiográfica dessa região, realiza-se o cálculo do índice de normalidade atlantoaxial (IDA), que aumenta a acurácia do exame por reduzir a subjetividade 7. Trata-se de um estudo radiográfico que envolve um índice de correlação de estruturas anatômicas. Para tanto é realizada uma radiografia na projeção lateral com flexão de 90° da região cervical; dessa forma realizam-se as medições: o valor da menor distância entre o arco dorsal do atlas e a borda cranioventral do processo espinhoso do áxis é dividido pelo valor referente ao comprimento do processo espinhoso do áxis 7. O tratamento da instabilidade atlantoaxial congênita pode ser conservativo ou cirúrgico. Pacientes que apresen-
tam sinais clínicos leves podem ser tratados de forma conservativa. Essa técnica consiste na utilização de colar cervical para manter a cabeça e o pescoço em extensão, no confinamento por um período de três a quatro semanas e no uso de anti-inflamatórios. Sua finalidade é limitar a movimentação da coluna cervical, de modo a formar tecido fibroso para estabilizar a articulação 2,5. Nos casos em que o paciente apresenta alterações neurológicas de grau moderado a severo e cronicidade ou recidiva dos sinais clínicos, preconiza-se o tratamento cirúrgico. A técnica cirúrgica tem por finalidade estabilizar permanentemente a articulação atlantoaxial, eliminando assim o risco de compressão da medula espinhal. Os tratamentos cirúrgicos incluem técnicas de estabilização dorsal que visam reduzir a subluxação e fixar a lâmina dorsal do atlas à espinha dorsal do áxis, e técnicas de abordagem ventral que têm por finalidade fundir o atlas ao áxis ou reparar fraturas 1,3,11. O objetivo deste relato é descrever os aspectos radiográficos decorrentes da instabilidade atlantoaxial associada à agenesia do processo odontoide do áxis em uma cadela adulta da raça poodle. Relato do caso Foi atendido na Clínica Médica de Pequenos Animais de um hospital veterinário escola um animal da espécie canina, fêmea de três anos de idade da raça poodle, pesando 7 kg, que apresentava havia dois dias um quadro de paralisia. Na anamnese, a proprietária relatou que a paciente claudicava do membro torácico direito, porém, ao descer o degrau da calçada, perdeu as forças e caiu, não conseguindo desde então se levantar. No exame clínico a paciente apresentava apatia, prostração, normotermia, frequências cardíaca e respiratória sem alterações. Durante o exame neurológico foi possível observar tetraparesia, aumento do tônus muscular nos quatro membros, reflexo de retirada patelar aumentado bilateralmente, reflexo perineal e teste do panículo aumentados e ausência de dor à palpação da coluna vertebral. Foram colhidas amostras de sangue para hematologia e bioquímica sérica, no intuito de descartar causas de origem inflamatória ou infecciosa, contudo, os valores obtidos com os exames não indicaram alterações. Com o objetivo de investigar possíveis alterações na
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Clínica Linfangiectasia intestinal em cão – relato de caso Intestinal lymphangiectasia in a dog – case report Linfangiectasia intestinal en perro – relato de caso Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 124, p. 98-104, 2016
Natalí Faria Martins MV, residente Hospital Veterinário da Anclivepa-SP natali.faria@hotmail.com
Danilo Roberto Custódio Marques médico veterinário Hospital Veterinário da Anclivepa-SP danvetmarques@gmail.co
Resumo: Linfangiectasia é um distúrbio obstrutivo do sistema linfático que, no caso do sistema gastrintestinal, pode resultar em enteropatia com perda de proteína, o que pode levar a edema, ascite ou efusão pleural. Pode ser um distúrbio primário ou congênito, secundário ou adquirido. O objetivo deste trabalho é relatar o caso de um macho da espécie canina, yorkshire terrier, de sete anos de idade, com histórico de diarreia havia trinta dias e ascite. Os exames laboratoriais apontaram hipoproteinemia e hipoalbuminemia. O diagnóstico definitivo foi obtido por meio de biópsia, realizada por endoscopia. Depois de sete dias de tratamento, o tutor referiu melhora significativa do quadro. Depois do tratamento, o animal permaneceu apenas com dieta com restrição de gordura e ausência de sinais clínicos. Unitermos: sistema linfático, diarreia, hipoproteinemia, hipoalbuminemia Abstract: Lymphangiectasia is an obstructive disorder of the lymphatic system. In the gastrointestinal system, it may result in protein loss and enteropathy, which can lead to edema, ascites or pleural effusion. It can be either a primary (congenital) or secondary (acquired) disorder. The goal of this study is to report the case of a seven-year-old male Yorkshire Terrier that had a 30-day history of diarrhea and ascites. Laboratory tests disclosed hypoproteinemia and hypoalbuminemia. Definitive diagnosis was achieved through endoscopic biopsy. The tutor reported significant improvement seven days after treatment onset. The animal was kept on a diet with fat restriction and remained free of clinical signs post-treatment Keywords: lymphatic system, diarrhea, hypoproteinemia, hipoalbuminemia Resumen: La linfangiectasia es una alteración obstructiva del sistema linfático, que cuando afecta al sistema gastrointestinal, puede llevar a una enteropatía con pérdida de proteínas, o a cuadros de edema, ascitis o efusión pleural. Puede ser una alteración primaria o congénita, secundaria o adquirida. El objetivo de este trabajo es relatar el caso de un perro Yorkshire terrier de siete años, con un histórico de diarrea de treinta días y ascitis. Los exámenes laboratoriales mostraron una hipoproteinemia con hipoalbuminemia. El diagnóstico definitivo se obtuvo mediante una biopsia que fue realizada por endoscopia. Después de siete días de tratamiento, el tutor relató una mejoría significativa del cuadro. Después del tratamiento, el animal permaneció sólo con una dieta restricta en grasa, sin que se repitieran los signos clínicos. Palabras clave: sistema linfático, diarrea, hipoproteinemia, hipoalbuminemia
Introdução A linfangiectasia intestinal (LI) é uma desordem do sistema linfático intestinal de cães. A obstrução linfática causa dilatação e estases dos vasos intestinais, com subsequente perda do conteúdo linfático (proteínas plasmáticas, linfócitos e quilomícrons) na submucosa, lâmina própria e lúmen intestinal. Apesar de algumas proteínas poderem ser digeridas e reabsorvidas, a perda entérica excessiva resulta em hipoproteinemia, provocando uma diminuição na pressão oncótica do plasma, levando a edema, ascite ou efusão pleural 1-3. A LI pode ser um distúrbio primário ou congênito em 98
que o fluxo de linfa é reduzido em razão de um número insuficiente de vasos linfáticos. A LI secundária ou adquirida desenvolve-se em cães adultos e pode ser atribuída a lesões obstrutivas do sistema linfático como lipogranulomas ou hipertensão venosa, devido a insuficiência cardíaca congestiva 2. No entanto, a maioria dos casos de LI secundárias são idiopáticas 1,3. Em relação a predisposição racial, yorkshire terrier, wheaten terrier de pelo macio, basenji e llundehund norueguês são mais acometidas, mas pode ocorrer em qualquer raça 1,4. A doença acomete mais comumente fêmeas de meia-idade 5.
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Os sinais clínicos incluem diarreia crônica de intestino delgado, às vezes associada a êmese, emagrecimento, mau estado geral, distensão abdominal causada por quiloperitôneo ou ascite, edemas periféricos e sinais respiratórios, resultantes de um hidrotórax ou quilotórax associado 6. Os sinais respiratórios incluem angústia respiratória, intolerância ao exercício, fraqueza, cianose ou síncope 1. As principais alterações laboratoriais encontradas são hipoalbuminemia, panhipoproteinemia, linfopenia, hipocalcemia, hipocolesterolemia e hipocobalaminemia 7. Na urinálise, pode-se encontrar proteinúria. Achados ecográficos abdominais como espessamento da parede intestinal, hiperecogenicidade da camada mucosa do intestino delgado, ondulação da parede do intestino delgado, perda da estratificação da parede do intestino delgado, e hipermotilidade do intestino delgado fornecem evidências de doença intestinal, mas essas alterações não são específicas o suficiente para diferenciar linfangiectasia intestinal de outros distúrbios do trato gastrintestinal, não sendo preditivo da gravidade da doença 2. A endoscopia é moderadamente sensível para a detec-
ção de linfangiectasia, mas não é específica. Durante a endoscopia, a mucosa dos cães com LI possui características semelhantes a dos humanos, incluindo a presença de vilosidades com ponta branca, aparência desigual esbranquiçada, focos da mucosa granular multifocal brancos ou, ocasionalmente, fluido linfático no lúmen intestinal 7. O diagnóstico definitivo é obtido por meio de exame histopatológico e de biópsias intestinais, que podem ser obtidas cirurgicamente ou por via endoscópica 2,7,8. As vantagens de biópsias endoscópicas incluem menor invasão, despesa e risco para o paciente em relação a biópsias cirúrgicas, além da oportunidade de obter biópsias via direta com visualização ampliada da mucosa. Porém, devido ao potencial multifocal ou à natureza segmentar da linfangiectasia, biópsias endoscópicas podem não diagnosticar se as áreas amostradas não se apresentam alteradas. A endoscopia pode não permitir a biópsia de segmentos mais distais do intestino delgado. Além disso, lesões localizadas profundamente dentro das camadas submucosa e muscular da parede intestinal não são facilmente amostradas por biópsias endoscópicas 7.
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Oncologia Sarcoma renal bilateral em cadela Bilateral renal sarcoma in a bitch Sarcoma renal bilateral en una perra Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 124, p. 106-112, 2016
Eliângela Torres MV, anestesiologista HV VetQuality eliangela@vetquality.com.br
Paula Cava Rodrigues MV, oncologista HV VetQuality paulacava2@hotmail.com
Maria Carolina Ferraz de Carvalho MV, cirurgiã HV VetQuality carol.mcfc@gmail.com
Cauê Pereira Toscano MV, cirurgião HV VetQuality cauetoscano@gmail.com
Nathalia Corrêa Leite MV, patologista HV VetQuality nathalia_correaleite@yahoo.com.br
Camila Torres da Silva Faldon MV, radiologista HV VetQuality mifaldon@gmail.com
José Adauto Gonçalves MV, ultrassonografista HV VetQuality zeadauto1@gmail.com
Resumo: Neoplasias renais são raras em cães. Geralmente ocorrem em animais de meia-idade, de porte médio a grande, e a maioria delas são malignas. Apenas 7 a 11% dessas neoplasias são de origem mesenquimal. As metástases de neoplasias mesenquimais renais são mais frequentes nos pulmões e nos órgãos abdominais. Os sinais clínicos são inespecíficos, como perda de peso, inapetência e hematúria. No presente relato foi diagnosticada uma neoplasia estromal renal em uma cadela rottweiler de sete anos. A queixa principal era de cansaço fácil e prostração. Nos exames identificaram-se anemia e neoplasias em ambos os rins, no fígado e no jejuno. O exame citopatológico guiado por ultrassom foi inconclusivo. O diagnóstico foi obtido post mortem, por meio de exames histopatológico e imuno-histoquímico. Unitermos: cão, neoplasia, câncer, rins Abstract: Renal neoplasias are rare in dogs. When these occur, they usually affect middle-aged dogs from medium to large breeds, and most of them with malignant behavior. Only 7-11% of these tumors are of mesenchymal origin. Renal mesenchymal metastases appear most frequently in the lungs and abdominal organs. Clinical signs are non-specific, such as weight loss, inappetence and hematuria. This article describes a case of renal stromal sarcoma in a 7-year-old Rottweiler bitch. The main symptoms were fatigue and prostration. Exams showed anemia and neoplastic lesions in both kidneys, liver and jejunum. Ultrasound-guided fine-needle aspiration was inconclusive. Final diagnosis was achieved post-mortem, through tissue biopsy and immunohistochemistry. Keywords: dog, neoplasia, cancer, kidney Resumen: Las neoplasias renales son raras en los perros. Generalmente se presentan en animales de media edad, de porte medio a grande, y la mayoría son malignas. Sólo un 7 a un 11% de esas neoplasias son de origen mesenquimal. Las metástasis de las neoplasias renales mesenquimales son más frecuentes en pulmón y órganos abdominales. Los signos clínicos son inespecíficos y los más comunes suelen ser pérdida de peso, inapetencia y hematuria. En este relato se describe una neoplasia estromal de ambos riñones en una perra Rottweiler de siete años. La queja principal era cansancio y postración. En los exámenes se diagnosticó una anemia y la presencia de neoplasias en ambos órganos, y también en hígado y yeyuno. La citopatología guiada por ecografía fue inconclusiva. El diagnóstico definitivo se obtuvo post mortem, mediante exámenes histopatológicos e inmunohistoquímica. Palabras clave: perro, neoplasia, cáncer, riñones
Revisão de literatura A neoplasia renal primária é extremamente rara na espécie canina, representando apenas 0,6% das neoplasias diagnosticadas em cães 1,2. A incidência desses tumores renais de origem mesenquimal é de apenas 7,7% a 11,1% 3,4, 106
e o sarcoma renal representa 25% dessas neoplasias mesenquimais 5. Os tumores mesenquimais renais ocorrem em animais de meia-idade, de cerca de oito anos 1,2,4,5, de médio a grande porte 4, sem predileção racial, sendo o sarcoma renal mais comum em fêmeas castradas 4,5.
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GUIDELINES
COLAVAC/FIAVAC – Estratégias para vacinação de animais de companhia: cães e gatos PONTOS CHAVE 4Vacinação é um ato médico. 4Vacinas devem ser utilizadas exclusivamente por médicos veterinários, considerando-se os prós e os contras da vacinação para o paciente e para a população. 4O médico veterinário deve educar seus clientes quanto aos riscos associados à não vacinação e ao excesso de vacinações. 4O objetivo a ser alcançado é o melhor estágio de saúde animal possível com o mínimo de eventos adversos, com base em mérito científico. 4Os animais só devem ser considerados imunizados após a aplicação da última dose recomendada para a primovacinação, segundo a espécie e a idade. 4A vacinação é uma das melhores armas de que os médicos veterinários dispõem para manter seus pacientes saudáveis. 4É responsabilidade dos médicos veterinários utilizar vacinas de qualidade. 4É responsabilidade dos médicos veterinários assegurarem a conservação das vacinas conforme recomendação de seus fabricantes.
A
diversidade de possibilidades e opções para vacinação de cães e de gatos exige da classe de clínicos veterinários de animais de companhia atualização constante e, por que não dizer, solução de eventuais confrontos com os responsáveis pelos animais. No mundo globalizado, no qual a internet convence mais que os especialistas, principalmente quando matérias tendenciosas são veiculadas, esses confrontos tendem a se agravar. Portanto, para atualizar os médicos veterinários e para dar a eles uma regra geral reconhecida e isenta a ser seguida, a Federación Iberoamericana de Asociaciones Veterinarias de Animales de Compañía (FIAVAC), criou o Comité Latino Americano de Vacunología en Animales de Compañía (COLAVAC) que, juntamente com a Associação Nacional dos Clínicos Veterinários de Animais de Companhia (ANCLIVEPA-BR), assumiu esta responsabilidade no Brasil. O COLAVAC-Brasil elaborou este guia para ser uma fonte de informação aos médicos veterinários de animais de companhia sobre o uso de vacinas no controle de enfermidades infecciosas, com a finalidade de melhorar a saúde e o bem-estar de cães e de gatos em todo o país. É importante que os médicos veterinários se certifi114
quem de que os animais se encontram saudáveis e em condições de receber as vacinas antes de aplicá-las. Além disso, a garantia da qualidade do produto a ser aplicado é compartilhada pelo médico veterinário e pela empresa fabricante. Deve-se ter em mente que todo o material que entra em contato com as vacinas pode interferir no resultado da imunização (por exemplo, solução degermante, seringas ou agulhas) e que as condições de armazenamento das vacinas são decisivas para manter a qualidade do produto ou torná-lo ineficaz. As recomendações contidas neste guia não devem ser interpretadas como obrigatórias. Necessidades individuais dos pacientes, recursos disponíveis e outras limitações devem ser considerados. É altamente recomendável que todos os animais de companhia recebam o benefício da vacinação. Isso não só protege o indivíduo como também promove a chamada “imunização de população”, que minimiza a probabilidade de surtos de doenças infecciosas em dada região. Para facilitar a decisão dos médicos veterinários, as vacinas foram divididas em essenciais e complementares. As essenciais são aquelas que todos os cães ou todos os gatos devem receber; já as complementares são aquelas cuja decisão de uso caberá aos médicos veterinários na dependência da necessidade, considerando a epidemiologia local e o estilo de vida dos animais. Cabe ressaltar que, apesar de a imunização efetiva ser o objetivo primário de toda a vacinação, ela dificilmente será alcançada em todos os animais de uma população. Devemos ter como objetivo a vacinação de todos os animais, e vacinar menos frequentemente cada indivíduo. Sabemos que as vacinas são benéficas, embora não sejam isentas de riscos. Como os riscos são mínimos, elas devem ser parte da atividade rotineira de cuidados preventivos com a saúde dos animais. Exatamente por serem, em sua maioria, indicadas para prevenir infecções, bem como para prevenir as doenças subsequentes às infecções, é imprescindível que sejam aplicadas em animais saudáveis. Atualmente existem várias opções de vacinas no mercado internacional, inclusive no brasileiro. De forma geral, elas podem ser agrupadas como não infectantes ou infectantes. No Brasil, nem todas as possibilidades de cada grupo estão disponíveis no mercado; mesmo assim, a grande variedade de produtos possibilita livre escolha aos médicos veterinários para determinar quais vacinas devem ser administradas. Além disso, cabe também aos médicos veterinários decidir sobre a necessidade da administração de vacinas complementares e, mais ainda, a
Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 124, setembro/outubro, 2016
GLOSSÁRIO Para facilitar a tomada de decisão por parte dos médicos veterinários, apresentamos um glossário de termos empregados neste documento. Adjuvantes – São substâncias que ajudam a produzir uma resposta imune robusta contra os antígenos de uma vacina não infectante. Eles estimulam a resposta inflamatória local, facilitando a sua apresentação ao sistema imunológico. Anticorpos maternos – Anticorpos transferidos da mãe (imune) aos filhotes, seja via placenta (muito pouco em cães ou gatos) ou via colostro, quando os filhotes mamam nas primeiras horas de vida. Estilo de vida – Classificação do grau de associação entre animais domésticos e seres humanos. Confinados são os animais mantidos exclusivamente dentro de casas. Semiconfinados são aqueles mantidos por responsáveis com acesso às ruas. Livres são os que vivem em ambiente externo, sem depender diretamente de humanos. Os livres também podem ser classificados quanto à sociabilidade. Há os que aceitam a aproximação de pessoas (errantes ou strays) e os que a evitam (ferinos ou ferals). Errantes ou strays são aqueles que um dia tiveram um responsável e foram abandonados ou se perderam. Animais ferinos ou ferals são os que nasceram em liberdade, longe do contato com humanos, podendo ser descendentes de ferinos ou de errantes. FISS – Ver sarcoma do local de injeção em felinos. Imunidade ativa – É a resposta imune de um animal a um estímulo antigênico, que pode ser por vacinação ou infecção. Esta imunidade pode ser dividida em dois componentes principais: humoral (anticorpos) ou celular (mediado por células). Imunidade passiva de origem materna – É a imunidade conferida pelos anticorpos maternos. Ela depende do nível de imunidade e da saúde da mãe e dos neonatos. Inicialmente protege o neonato, podendo chegar a proteger o filhote por semanas, mas com o passar do tempo perderá eficácia protetora devido ao processo natural de catabolismo dos anticorpos. Mesmo depois de perder eficácia, ainda interferirá com a resposta a vacinações, atrapalhando o desenvolvimento da imunidade pelos filhotes. Entre 6 e 16 semanas, a maioria dos filhotes já não conta com a proteção da imunidade passiva de origem materna, mas ainda mantém níveis de anticorpos capazes de interferir com a vacinação. Assim, a garantia de imunização ativa dos filhotes é alcançada pela vacinação sequencial até completarem 16 semanas (quando “todos” os filhotes não terão mais anticorpos maternos na circulação). Intervalo mínimo entre doses – O intervalo entre aplicações de vacinas, sejam elas iguais ou diferentes, não deve jamais ser menor que 2 semanas. O mecanismo pelo qual a resposta à segunda aplicação é prejudicada ainda é desconhecido. Resposta imune celular – É a imunidade eficaz principalmente contra organismos intracelulares, tais como vírus, protozoários e alguns fungos ou bactérias intracelulares. Linfócitos T são as células predominantes nesta resposta, embora dependam da interação com outras células. Resposta imune humoral – É a imunidade eficaz principalmente contra patógenos que podem sobreviver no ambiente extracelular, tais como helmintos, fungos ou a maioria das bactérias. Linfócitos B são as células predominantes nesta resposta, embora dependam da interação com outras células. A proteção desencadeada por vacinas contra infecções virais é basicamente humoral (anticorpos neutralizantes); porém, em infecções naturais, a resposta celular (mediada por linfócitos T citotóxicos) é predominante. Primovacinação ou vacinação inicial de filhotes – Protocolo de vacinação destinado à imunização de filhotes. Geralmente, consiste de vacinas aplicadas de forma sequencial. Primovacinação ou vacinação inicial de filhotes (<16 semanas) – O
objetivo é imunizar os filhotes o mais cedo possível. Assim, a dose de vacina eficaz será aquela administrada quando os anticorpos maternos tiverem declinado o suficiente, de forma a não interferirem com a resposta imune do filhote. Esta exposição inicial, reconhecimento do(s) antígeno(s) e capacidade para produzir anticorpos, leva entre 10 e 14 dias, embora a resposta máxima leve até 3 semanas. A proteção do filhote dependerá de exposições subsequentes ao(s) mesmo(s) antígeno(s) para garantir resposta eficaz e rápida. Portanto, a recomendação para a vacinação de filhotes é que o protocolo se inicie às 6-8 semanas de idade e se façam repetições da vacina com intervalos de 3-4 semanas até a idade de 16 semanas ou mais. Primovacinação ou vacinação inicial (>16 semanas) – O objetivo é imunizar animais que não receberam vacinação antes de 16 semanas de idade, ou aqueles com idade superior a 16 semanas sem histórico de vacinação. Portanto, a recomendação para a vacinação é que o protocolo inclua duas doses de vacina com intervalo de 3-4 semanas. Reversão viral – É o evento que ocorre quando um agente vivo de uma vacina infectante deixa de ser atenuado e volta a causar doença. Esse risco é considerado remoto para as vacinas atuais, desde que elas sejam aplicadas nas espécies indicadas em bula. Sarcoma do local de injeção em felinos (FISS) – O primeiro caso de FISS foi descrito nos EUA em 1991 e a partir daí iniciou-se a tendência mundial de diminuir a frequência de vacinações, utilizar vacinas recombinantes ou livres de adjuvantes (vacinas infectantes) e vacinar os gatos em locais específicos. A estimativa da prevalência de FISS varia de 1 em cada 1.000 a 12.500 gatos vacinados. As vacinas à base de agentes inativados (não infectantes) geralmente necessitam da adição de adjuvantes. Entretanto, se por um lado os adjuvantes podem ser indispensáveis, por outro são apontados como um dos fatores de risco para o desenvolvimento de alterações neoplásicas agressivas caracterizadas clinicamente como um nódulo ou massa aderida firmemente a tecidos profundos em resposta à inflamação crônica localizada induzida pela aplicação, em gatos geneticamente predispostos. O grupo norte-americano de especialistas em FISS (The Sarcoma Task Force) desenvolveu a “regra do 3-2-1” para avaliação do tumor no local de aplicação da vacina. Deve-se investigar lesões que persistirem por 3 meses após a aplicação, apresentarem mais de 2 cm de diâmetro em qualquer momento ou crescerem por mais de 1 mês após a aplicação. Em quaisquer dessas situações, a recomendação é a realização de uma biopsia incisional. Se o exame histopatológico indicar somente inflamação, o nódulo deverá ser completamente removido com amplas margens cirúrgicas. Caso indique sarcoma, o paciente deverá ser submetido a exames de imagem (tomografia computadorizada, ressonância magnética) para definição precisa da extensão da neoplasia e posterior ressecção completa, com margens amplas. Além disso, poderá ser necessária a realização de radioterapia e/ou quimioterapia. Vale lembrar que qualquer risco de FISS é superado pelo benefício da imunidade protetora conferida pelas vacinas; entretanto, deve-se optar por vacinas sem adjuvantes (vacinas atenuadas ou recombinantes). Vacinas infectantes – São aquelas cujos agentes têm a habilidade de invadir as células do hospedeiro e se replicar. Exemplos são as vacinas de vírus atenuados, bactérias atenuadas ou as vacinas recombinantes com vetor vivo. Vacinas não infectantes – São aquelas cujos agentes não se replicam nos hospedeiros. Exemplos são as vacinas inativadas (ou mortas) e as vacinas de subunidades, compostas por partes de microrganismos. Vacinas essenciais – São aquelas que todos os cães ou todos os gatos devem receber. Vacinas complementares – São aquelas que deverão ser aplicadas após avaliação caso a caso pelos médicos veterinários para decidir sobre sua necessidade, na dependência da epidemiologia local e do estilo de vida dos animais.
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escolha do melhor produto na dependência da avaliação caso a caso. As vacinas não infectantes não são capazes de induzir o aumento do número de partículas antigênicas, por isso demandam quantidades grandes de antígenos para imunizar os animais. Além disso, a maioria delas contém adjuvantes. Algumas bacterinas não requerem a adição de adjuvantes, pois além dos antígenos necessários para a imunização, apresentam propriedades estimulantes do sistema imune na membrana celular (por exemplo, lipopolissacarídeos e peptideoglicanos de Bordetella ou Leptospira, que atuam como adjuvantes). De forma geral, a imunidade conferida pelas vacinas não infectantes, salvo a vacina antirrábica, não dura mais que um ano. Por outro lado, os agentes etiológicos das vacinas infectantes infectam as células dos hospedeiros e se multiplicam, fazendo com que a resposta imune se assemelhe à resposta à infecção natural. Essa resposta é mais eficaz e duradoura do que aquela induzida pelas vacinas não infectantes. As vacinas infectantes têm agentes vivos, o que faz com que sejam menos estáveis do que as vacinas não infectantes. Para aumentar sua estabilidade e eficácia durante transporte e estocagem, são comercializadas sob a forma liofilizada. Tão logo o diluente seja adicionado ao produto liofilizado, os antígenos vacinais se tornam instáveis e tendem a perder eficácia com o passar do tempo. A estabilidade após reconstituição é variável entre os diferentes tipos de combinação de antígenos vacinais, mas é recomendável que a administração seja feita em, no máximo, 1 hora após a reconstituição; ultrapassado esse tempo, o produto deve ser descartado. Qualquer que seja o tipo de vacina empregada, não se deve misturar vacinas diferentes numa mesma seringa, a menos que indicado pelo fabricante. Além disso, recomenda-se que os clínicos veterinários utilizem frascos que contenham apenas uma dose de vacina, para evitar a possibilidade de contaminação. As vacinas devem ser estocadas sob refrigeração e utilizadas com cuidado, uma vez que podem ser desnaturadas por exposição a agentes químicos. Por isso, a reutilização de seringas ou de agulhas ou ainda de excesso de solução degermante aplicada à pele dos animais é condenável. As vacinas devem ser aplicadas dentro do prazo de validade indicado no frasco e com agulhas e seringas estéreis e novas. PRIMOVACINAÇÃO O esquema de primovacinação variará de acordo com o tipo de vacina empregada e com a idade do animal. • Vacinas não infectantes. Em geral, a primeira dose sensibiliza o sistema imune e a segunda estimula uma resposta protetora. Exceção à regra é a vacina contra RAIVA. Isso se deve à forte antigenicidade da vacina. De forma geral, uma dose de vacina contra raiva administrada após 116
a 12a semana de vida é considerada suficiente para induzir proteção. • Vacinas infectantes. Uma dose dessas vacinas é capaz de sensibilizar o sistema imune e promover proteção, desde que os anticorpos de origem materna não interfiram com seus antígenos. Uma vez que é impraticável determinar o nível de anticorpos maternos em cada filhote, recomendase que estes recebam doses de vacinas infectantes a cada 3-4 semanas. A administração de vacinas infectantes para filhotes com menos de 6 semanas de idade não é recomendada. VACINAÇÃO DE CÃES NA CLÍNICA VETERINÁRIA Vacinas não infectantes. No Brasil há, registradas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA): i) vacinas de vírus morto contra a raiva (RV) e o coronavírus canino (CCoV); ii) células inteiras mortas – bacterinas (Leptospira); iii) extrato de antígeno celular [Bordetella bronchiseptica (Bb)]. Quadro 1. Recomendações especiais: Leptospirose – Não há muitos estudos sobre a resposta imune à aplicação de dose única em cães que não receberam reforço vacinal há mais de 12 meses. Para cães expostos a risco alto é prudente que se administrem duas doses de vacina, com intervalo de 3-4 semanas, quando a dose anterior tiver sido aplicada há mais de 12 meses. Raiva – A revacinação dos cães deverá seguir a legislação local vigente. Como há poucos estudos sobre a duração da imunidade quando a vacina aplicada é não infectante, recomendam-se reforços anuais a cães que estejam expostos aos agentes infecciosos. Vacinas infectantes. No Brasil há, registradas pelo MAPA: i) vacinas de vírus vivo atenuado contra a cinomose (CDV), a parvovirose (CPV-2), a hepatite infecciosa (CAV-2, que protege contra o CAV-1), a parainfluenza (CPIV), a coronavirose (CCoV); ii) vacinas recombinantes contra a cinomose (rCDV) e a leishmaniose visceral; iii) vacina de bactérias vivas atenuadas contra Bordetella bronchiseptica. Quadro 1. Recomendações especiais: Cinomose – Quando as primeiras vacinas com vírus vivo atenuado da cinomose foram criadas, nas décadas de 1950 e 1960, algumas eram extremamente virulentas, causando
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Doença (antígeno vacinal)
Vacinação inicial (< 16 semanas)
Vacinação inicial Revacinação (> 16 semanas) (reforços)
Comentários e recomendações
Cinomose (CDV)
Vacina infectante (viva atenuada ou recombinante), parenteral
Início entre 6-8 semanas, com repetições a cada 3-4 semanas, sendo a última dose após 16 semanas
2 doses com intervalo de 3-4 semanas
Com 1 ano de idade, então a cada 2 anos
Essencial
Parvovirose (CPV-2)
Vacina infectante (viva atenuada), parenteral
Início entre 6-8 semanas, com repetições a cada 3-4 semanas, sendo a última dose após 16 semanas
2 doses com intervalo de 3-4 semanas
Com 1 ano de idade, então a cada 2 anos
Essencial
Hepatite infecciosa canina (CAV-2)
Vacina infectante (viva atenuada), parenteral
Início entre 6-8 semanas, com repetições a cada 3-4 semanas, sendo a última dose após 16 semanas
2 doses com intervalo de 3-4 semanas
Com 1 ano de idade, então a cada 2 anos
Essencial*
Raiva (vírus rábico)
Vacina não infectante (morta), parenteral
Início a partir de 12 semanas, dose única
Dose única
Com 1 ano de idade, Essencial então a cada 1-3 anos, conforme legislação vigente
Leptospirose Vacina não infectante (Leptospira interrogans (morta), parenteral sorovares canicola, icterohaemorrhagiae, pomona e grippotyphosa)
Início entre 10-12 semanas, com repetições a cada 3-4 semanas, sendo a última dose após 16 semanas
2 doses com intervalo de 3-4 semanas
Com 1 ano de idade, então anualmente
Essencial Proteção sorovar específica
Adenovirose respiratória (CAV-2)
Vacina infectante (viva atenuada), parenteral Vacina infectante (viva modificada), intranasal
Início entre 6-8 semanas, com repetições a cada 3-4 semanas, sendo a última dose após 16 semanas Início entre 6-8 semanas, dose única
2 doses com intervalo de 3-4 semanas Dose única
Com 1 ano de idade, então a cada 2 anos
Complementar
Anualmente
Complementar
Vacina infectante (viva atenuada), parenteral Vacina infectante (viva atenuada), intranasal
Início entre 6-8 semanas, com repetições a cada 3-4 semanas, sendo a última dose após 16 semanas Início entre 6-8 semanas, dose única
2 doses com intervalo de 3-4 semanas Dose única
Com 1 ano de idade, então a cada 2 anos
Complementar
Anualmente
Complementar
2 doses com intervalo de 3-4 semanas Dose única
Anualmente
Complementar
Anualmente
Complementar
–
–
Não recomendadas
Parainfluenza (CPIV)
Bordetelose (Bordetella bronchiseptica)
Vacina não infectante Início entre 6-8 semanas, com repetição (morta), parenteral após 3-4 semanas Vacina infectante (viva atenuada), intranasal
Início entre 6-8 semanas, dose única
Coronavirose (CCoV)
Vacinas infectantes (vivas atenuadas) ou não infectantes (mortas), parenterais
–
Giardíase (Giardia lamblia)
Vacina não infectante Início a partir de 8 semanas, 2 doses (morta), parenteral com intervalo de 2-4 semanas
2 doses com intervalo de 2-4 semanas
Anualmente
Complementar
Leishmaniose visceral
Vacina infectante (recombinante de proteína A2 de Leishmania sp)
3 doses com intervalo de 3 semanas
Anualmente
Complementar**
Início a partir de 16 semanas, 3 doses com intervalo de 3 semanas
* O adenovírus canino tipo 2 (CAV-2) (respiratório) confere proteção cruzada contra o adenovírus canino tipo 1, causador da hepatite infecciosa canina ** Apenas animais não infectados devem ser vacinados
Quadro 1 – Recomendações para vacinação de cães Clínica Veterinária, Ano XXI, n. 124, setembro/outubro, 2016
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doenças similares à cinomose, incluindo encefalites em um elevado percentual dos cães vacinados. Com o aprimoramento dos processos de atenuação viral e a melhor seleção de cepas virais, obtiveram-se vacinas vivas atenuadas seguras, capazes de estimular a resposta imune de forma adequada, com baixo risco de reversão à virulência. Desde o final dos anos 1980, as tecnologias de DNA recombinante e engenharia genética vêm sendo usadas na produção de vacinas recombinantes, cujo primeiro exemplo foi a vacina contra cinomose com vírus canarypox (rCDV). A vantagem dessa tecnologia é que as vacinas recombinantes, ao contrário das vacinas vivas atenuadas, não podem reverter à forma virulenta, já que não contêm o agente etiológico, apenas parte dele (parte de seu material nucleico). Parvovirose – As vacinas contra parvovirose atuais contêm tanto o CPV-2 quanto a variante CPV-2b. As vacinas de todos os maiores fabricantes demonstraram proporcionar uma proteção sustentável (por vários anos) para todas as variantes atuais do CPV-2 (CPV-2a, b e c). Adenovirose – As vacinas de adenovírus tipo 1 (CAV-1) causavam uveíte e outras reações alérgicas em um alto percentual de cães. Já as vacinas à base do tipo 2 (CAV2) apresentaram-se eficazes sem provocar uveíte ou reações alérgicas como aquelas observadas com o CAV-1. As vacinas com CAV-2 promovem imunidade contra o CAV1, agente da hepatite infecciosa canina, e também contra o CAV-2, que integra o grupo de agentes etiológicos da doença infecciosa respiratória canina. Leishmaniose – A única vacina disponível no Brasil é um produto recombinante que utiliza a proteína A2 do protozoário e saponina como adjuvante. Deve ser utilizada somente em animais não infectados (com resultados sorológicos, parasitológicos e moleculares negativos). VACINAÇÃO DE GATOS NA CLÍNICA VETERINÁRIA Nos últimos anos, os protocolos de vacinação para gatos foram modificados principalmente em função do surgimento de casos de reações adversas graves, como o sarcoma do local de injeção em felinos (FISS). As mais recentes diretrizes de vacinação para gatos fomentam a tendência atual de que se realizem protocolos vacinais individualizados, nos quais riscos e benefícios sejam analisados caso a caso. Alguns fatores relevantes devem ser considerados na elaboração desses protocolos, como a prevalência e a ocorrência do agente infeccioso na região, o risco de exposição ao agente considerado, a idade, o estilo de vida e as condições de saúde de cada animal. É importante vacinar os gatos apenas quando os potenciais 118
benefícios compensarem os potenciais riscos. Vacinas infectantes são recomendadas por não conterem adjuvantes e, portanto, apresentarem menor risco de causar inflamação crônica no local de aplicação e, consequentemente, FISS. A administração de vacinas de quaisquer tipos é associada ao desenvolvimento de FISS. Dessa forma, a aplicação das vacinas deve ser por via subcutânea e na porção mais distal da face lateral dos membros (distal à articulação úmero-rádio-ulnar nos membros torácicos e à articulação fêmoro-tíbio-patelar nos pélvicos). Vacinas infectantes polivalentes contra FHV-1, FPV e FCV devem ser aplicadas no membro torácico direito; a vacina contra FeLV deve ser aplicada no membro pélvico esquerdo e a vacina antirrábica no membro pélvico direito. Vacinas não infectantes. No Brasil há, registradas pelo MAPA: i) vacinas de vírus morto contra a raiva (RV), a leucemia viral felina (FeLV), a panleucopenia (FPV), a rinotraqueíte (FHV-1) e a calicivirose (FCV ou calicivírus virulento sistêmico – VS-FCV)]; ii) células inteiras mortas – bacterina (Chlamydia felis). Quadro 2. Recomendações especiais: Raiva – A revacinação deverá seguir a legislação local vigente. Leucemia viral felina – A vacinação contra FeLV só é essencial para os filhotes. Gatos com menos de 1 ano de idade são os que apresentam maior risco de infecção e, portanto, devem ser protegidos. Após 1 ano de idade, só devem ser vacinados os animais que tenham acesso às ruas ou que convivam com gatos infectados. Somente gatos não infectados pelo FeLV (antígeno-negativos) podem ser vacinados. Como regra geral, deve-se optar, sempre que possível, pelo uso de vacinas sem adjuvantes, em sua maioria as infectantes. Vacinas infectantes. Sempre que possível, deve-se optar por vacinas infectantes. No Brasil há, registradas pelo MAPA: i) vacinas de vírus modificado contra panleucopenia (FPV), rinotraqueíte (FHV-1) e calicivirose (FCV); ii) vacina de bactérias modificadas contra clamidiose (Chlamydia felis). Quadro 2. Recomendações especiais: As vacinas infectantes contra as doenças respiratórias dos gatos não conferem proteção sólida ou duradoura como a observada com a utilização de vacinas infectantes caninas contra a cinomose, a parvovirose ou a hepatite infecciosa canina, por exemplo.
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Doença (antígeno vacinal)
Vacinação inicial (< 16 semanas)
Vacinação inicial (> 16 semanas)
Panleucopenia (FPV) Vacina infectante (viva atenuada), parenteral Vacina não infectante (morta), parenteral
Início entre 6-8 semanas, com repetições a cada 3-4 semanas, com última dose após 16 semanas Início entre 6-8 semanas, com repetições a cada 3-4 semanas, com última dose após 16 semanas
2 doses com intervalo Com 1 ano, então de 3-4 semanas a cada 3 anos
Essencial
2 doses com intervalo Com 1 ano, então de 3-4 semanas a cada 3 anos
Complementar*
Rinotraqueíte (FHV-1) Vacina infectante (viva atenuada), parenteral Vacina não infectante (morta), parenteral
Início entre 6-8 semanas, com repetições a cada 3-4 semanas até 16 semanas Início entre 6-8 semanas, com repetições a cada 3-4 semanas até 16 semanas
2 doses com intervalo Com 1 ano, então de 3-4 semanas a cada 1-3 anos, conforme o risco 2 doses com intervalo Com 1 ano, então de 3-4 semanas anualmente
Essencial
Calicivirose (FCV)
Início entre 6-8 semanas, com repetições a cada 3-4 semanas até 16 semanas Início entre 6-8 semanas, com repetições a cada 3-4 semanas até 16 semanas Início entre 6-8 semanas, com repetições a cada 3-4 semanas até 16 semanas
2 doses com intervalo Com 1 ano, então de 3-4 semanas a cada 1-3 anos, conforme o risco 2 doses com intervalo Com 1 ano, então de 3-4 semanas anualmente
Vacina infectante (viva atenuada), parenteral Vacina não infectante (morta), parenteral
Calicivirose (VS-FCV) Vacina não infectante (morta), parenteral
Revacinação (reforços)
2 doses com intervalo Com 1 ano, então de 3-4 semanas anualmente
Comentários e recomendações
Complementar*
Essencial Complementar* Complementar**
Raiva (vírus rábico)
Vacina não infectante (morta), parenteral
Início a partir de 12 semanas, dose única
Dose única
Com 1 ano de idade, Essencial então a cada 1-3 anos, conforme legislação vigente
Leucemia viral felina (FeLV)
Vacina não infectante (morta), parenteral
Início a partir de 8 semanas, 2 doses com intervalo de 3-4 semanas
2 doses com intervalo de 3-4 semanas
Com 1 ano de idade, então a cada 2 anos enquanto houver risco de infecção
Essencial para gatos com até 1 ano de idade. Complementar para gatos com mais de 1 ano de idade***
Clamidiose (Chlamydia felis)
Vacina infectante (viva atenuada), parenteral Vacina não infectante (morta), parenteral
Início a partir de 8 semanas, 2 doses com intervalo de 3-4 semanas Início a partir de 8 semanas, 2 doses com intervalo de 3-4 semanas
2 doses com intervalo de 3-4 semanas 2 doses com intervalo de 3-4 semanas
Com 1 ano, então anualmente Com 1 ano, então anualmente
Complementar Complementar
* Indicada se necessário para filhotes com menos de 6 semanas, fêmeas prenhes e animais infectados pelo FIV ** Indicada se necessário para abrigos ou gatis nos quais a vacinação com a cepa comum de FCV não se mostra eficaz, ou surtos em locais com animais vacinados há menos de 1 ano. Proteção cruzada contra cepas comuns do FCV. *** Apenas animais sem antígenos do vírus detectáveis em amostras sanguíneas devem ser vacinados
Quadro 2 – Recomendações para vacinação de gatos
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A primeira dose da vacina polivalente contra FHV, FPV e FCV (infectante) deve ser administrada entre 6-8 semanas de idade, seguida de dois reforços a cada 3-4 semanas, sendo que a última dose deve ser necessariamente administrada a partir de 16 semanas de idade. Para gatos com mais de 16 semanas, recomenda-se aplicar duas doses de vacina com intervalo de 3-4 semanas. Após um reforço com 1 ano de idade, a revacinação poderá ser realizada a cada 3 anos, para aqueles gatos com baixo risco de exposição aos agentes virais. Quadro 2. Clamidiose (Chlamydia felis) – A imunidade induzida pelas vacinas contra a clamidiose tem curta duração e a proteção é incompleta. O uso dessas vacinas deve ser considerado para gatos de localidades sabidamente enzoóticas ou que vivam em aglomeração. Entretanto, a vacinação contra a clamidiose tem sido associada a reações adversas em 3% dos gatos vacinados e, portanto, não é recomendada de forma rotineira para gatos expostos a “baixo-risco”. Quadro 2.
10-WELBORN, L. V. ; DeVRIES, J. G. ; FORD, R. ; FRANKLIN, R. T. ; HURLEY, K. F. ; McCLURE, K. D. ; PAUL, M. A. ; SCHULTZ, R. D. 2011 AAHA canine vaccination guidelines. Journal of the American Animal Hospital Association, v. 47, n. 5, p. 1-42, 2011.
Agradecimentos Os autores agradecem a Marcello Roza pelo apoio e confiança, a Alexandre Daniel pela leitura do texto e a Fabiana Zerbini pela colaboração. Agradecem também a Zoetis Brasil, Merial Brasil, Virbac Brasil e MSD Brasil pelo apoio, e aos colegas Richard Ford, Ron Schultz, Alice Wolf, Susan Little e Marian Camila Pardo, membros do comitê internacional COLAVAC, por seu aconselhamento e apoio incondicional. Norma Labarthe Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, FV, UFF, Niterói, RJ, Brasil labarthe@fiocruz.br
Leituras recomendadas 01-DAVIS-WURZLER, G. M. 2013 update on current vaccination strategies in puppies and kittens. The Veterinary Clinics of North America. Small Animal Practice, v. 44, n. 2, p. 235-263, 2014. doi: 10.1016/j.cvsm.2013.11.006. 02-DAY, M. J. Does inflammation trigger cancer in cats? In: WORLD SMALL ANIMAL VETERINARY CONGRESS, 32., 2007, Sidney. Proceedings… Sidney: WSAVA, 2007. 03-DAY, M. J. ; HORZINEK, M. C. ; SCHULTZ, R. D. ; SQUIRES, R. A. Guidelines for the vaccination of dogs and cats. Journal of Small Animal Practice, v. 57, p. 1-45, 2016. 04-DEAN, R. S. ; PFEIFFER, D. U. ; ADAMS, V. J. The incidence of feline injection site sarcomas in the United Kingdom. BMC Veterinary Research, v. 9, n. 17, p. 1-6, 2013. doi: 10.1186/17466148-9-17. 05-GREENE, C. E. ; LEVY, J. K. Immunoprophylaxis. In: GREENE, C. E. Infectious diseases of the dog and cat. 4. ed. St. Louis: Saunders Elsevier, 2012. p. 1163-1205. ISBN: 978-1416061304. 06-JAS, D. ; FRANCES-DUVERT, V. ; VERNES, D. ; GUIGAL, P. M. ; POULET, H. Three-year duration of immunity for feline herpesvirus and calicivirus evaluated in a controlled vaccinationchallenge laboratory trial. Veterinary Microbiology, v. 177, n. 12, p. 123-131, 2015. doi: 10.1016/j.vetmic.2015.03.009. 07-SCHERK, M. A. ; FORD, R. B. ; GASKELL, R. M. ; HARTMANN, K. ; HURLEY, K. F. ; LAPPIN, M. R. ; LEVY, J. K. ; LITTLE, S. E. ; NORDONE, S. K. ; SPARKES, A. H. 2013 AAFP feline vaccination advisory panel report. Journal of Feline Medicine and Surgery, v. 15, p. 785-808, 2013. doi: 10.1177/1098612X13500429. 08-SRIVASTAV, A. ; KASS, P. H. ; McGILL, L. D. ; FARVER, T. B. ; KENT, M. S. Comparative vaccine-specific and other injectablespecific risks of injection-site sarcomas in cats. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 241, n. 5, p. 595602, 2012. doi: 10.2460/javma.241.5.595. 09-SYKES, J. E. Immunization. In:___. Canine and Feline Infectious Diseases. St. Louis: Elsevier, 2014. : p. 119-130.
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Alexandre Merlo Zoetis, São Paulo, SP, Brasil alexandre.merlo@zoetis.com
Flavya Mendes-de-Almeida Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, FV, UFF, Niterói, RJ, Brasil fma@centroin.com.br
Renato Costa Animália Clínica Veterinária, Rio de Janeiro, RJ, Brasil renato@animalia.com.br
Jaime Dias Merial Saúde Animal, Campinas, SP, Brasil jaime.dias@merial.com
Helio Autran de Morais Oregon State University College of Veterinary Medicine, Corvallis, Oregon, EUA Membro do Comitê Internacional do COLAVAC helio.demorais@oregonstate.edu
Jorge Guerrero Chairman COLAVAC International Committee, Pennington, NJ, EUA jorgegu1@hotmail.com
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O prontuário médico-veterinário: requisitos e importância
A
palavra prontuário deriva do latim promptuariu, valioso instrumento de 1: que significa lugar onde se guarda aquilo que a) Assistência médica: a correta organização, com dados deve estar à mão, o que pode ser necessário a evolutivos cronológicos de fácil manipulação e consulta qualquer momento. O prontuário abrange todo o acervo permite uma visão global do estado clínico do paciente, documental do paciente, além de permitir a comunicontendo o registro dos cação entre as diversas cuidados médicos prestaequipes de saúde. Um bom dos, assim como todas as prontuário precisa esclareinformações, exames, procer por si só o quadro clínicedimentos e quaisquer doco de um paciente para um cumentos pertinentes a essa médico veterinário que não assistência 1. Sua definição tenha acompanhado aquele na área médica é descrita caso; pelo Conselho Federal de b) Ensino: é o instrumento Medicina – Resolução utilizado para a discussão 1638/2002 – como: de casos. As situações clíDocumento único constinicas só poderão ser retuído de um conjunto de compostas com um proninformações, sinais e imatuário adequadamente pregens registradas, geradas a enchido. Um bom exemplo partir de fatos, acontecienvolveria a discussão de mentos e situações sobre a casos clínicos na disciplina saúde do paciente e a assisde patologia clínica, por tência a ele prestada, de exemplo, na qual os alunos caráter legal, sigiloso e refletem sobre os diagnóscientífico, que possibilita a ticos, tratamentos e progcomunicação entre memnósticos dos pacientes por bros da equipe multiprofismeio do prontuário. sional e a continuidade da c) Pesquisa científica: assistência prestada ao todas as informações são indivíduo. importantes para preenchiA definição no âmbito mento, pois não se sabe da medicina veterinária é quais dados serão úteis muito similar. A médica para uma pesquisa futura. veterinária Ana Paula As pesquisas científicas Tognato da Silva, no livro podem até mesmo indicar Perícia Cível para Médicos fragilidades na formatação “Mais vale uma pálida tinta que uma Veterinários o define como do prontuário e ajudar a boa memória” – provérbio chinês “a documentação produziaperfeiçoá-lo. A pesquisa da na prática da clínica veterinária que deve observar os torna possível comparar diferentes condutas terapêuticas, critérios técnicos, administrativos, legais e de arquivacom foco nos efeitos alcançados. mento adequados para que possa servir como fonte de d) Controle de custos: também depende da veracidade e dados do animal-paciente, guardando informações que do detalhamento das informações contidas no prontuário servirão para finalidades acadêmicas e administrativas, médico. Esse uso é particularmente importante em clínialém de ter uma função como prova documental em procas ou em qualquer outro estabelecimento, seja ele privacesso éticos e/ou judiciais” 2. A definição apresentada perdo ou público, que faça controle de custos e prestação de mite algumas observações quanto aos possíveis usos e contas. importância do prontuário. O prontuário médico é um Além disso, o prontuário possui grande relevância 122
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jurídica no que diz respeito à utilização em questionamentos judiciais ou éticos; desse modo, um prontuário bem elaborado pode se mostrar fundamental para que o médico veterinário produza uma defesa técnica de qualidade. Assim, os documentos seriam utilizados como defesa em questionamentos judiciais (ação cível de indenização, inquérito policial e ação penal) e administrativos (processo disciplinar nos conselhos de classe). Em demandas judiciais compete ao médico veterinário acusado de ter causado danos a algum paciente, provar que agiu dentro dos parâmetros científicos, éticos e profissionais para aquela situação, não bastando somente a descrição dos procedimentos, mas inclusive as autorizações e consentimentos dos responsáveis pelo animal. Segundo o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná (CRMV-PR), o prontuário pode ser confeccionado em papel ou em formato eletrônico, e deve conter os dados essenciais para a identificação do paciente como nome, espécie, raça, porte, sexo, idade real ou presumida, e pelagem. Deve conter também a identificação completa do proprietário, com números de documentos de identificação, pois os mesmos serão imprescindíveis para as autorizações de procedimentos anestésicos, cirúrgicos ou internamentos. Tradicionalmente há uma maior referência do prontuário na rotina clínica veterinária. No entanto, o conceito tem uma caracterização mais abrangente, envolvendo inúmeros campos de atuação do médico veterinário, tais como: manejo de animais de produção, biotérios, instituições de ensino e de pesquisa, centro de controle de zoonoses, prefeituras, entre outros. Em todos os casos o médico veterinário precisa manter prontuários atualizados e organizados sobre todas as avaliações, medicações, exames e intervenções referentes aos animais. Composição do prontuário Duas maneiras de apresentação do prontuário foram propostas 2. A primeira e mais tradicional é a manuscrita em papel, sendo obrigatória a legibilidade da caligrafia do profissional que atendeu o paciente, além de conter sua assinatura e o número de registro profissional. A segunda é a apresentação eletrônica, cada vez mais comum, e que oferece mais recursos ao profissional – embora, por outro lado, necessite de maiores cuidados com a segurança para manter o relatório íntegro, inviolável e confidencial. O prontuário deve ser composto por todo o acervo documental referente aos serviços prestados, possuindo os seguintes elementos essenciais: 1) Ficha clínica a) Identificação completa do paciente: nome, espécie, raça, idade, sexo, porte, pelagem, microchip, fotografias e/ou uma resenha com as características físicas do animal. Conter a identificação completa do proprietário, com 124
nome, endereço, telefone, RG e CPF. b) Histórico de saúde do animal: sinais e manifestações clínicas descritos detalhadamente, tratamentos já realizados, intervenções cirúrgicas, incluindo prontuários de outras clínicas. c) Anamnese: descrição do estado do animal segundo seu responsável. Deve incluir o local onde vive o animal, se ele partilha o espaço com outros animais, o tipo de alimentação, a rotina de passeios, etc. d) Exames físicos e complementares realizados pelo profissional responsável: Os resultados dos exames devem ser processados, identificados e anexados ao prontuário. Os exames são importantes quando se questiona a conduta de um médico veterinário, pois os laudos podem elucidar e até mesmo concluir um diagnóstico clínico ou cirúrgico, auxiliando a justiça e diminuindo a possibilidade de questionamentos futuros. Determinadas enfermidades exigem determinados exames, e quaisquer que sejam os exames, eles precisam de solicitações 2. Nesse sentido, o importante é salientar que a requisição por escrito tem mais valor que a indicação verbal e isto tem um peso justamente para que o clínico e/ou cirurgião possa se manifestar judicialmente da melhor forma. e) Tratamento: o médico veterinário pode definir a melhor conduta terapêutica a adotar em cada caso clínico. Sua descrição no prontuário é de vital importância, pois é o documento que justifica a técnica adotada, assim como os seus limites e objetivos do tratamento. f) Evolução do paciente: diariamente, no caso de internação, ou a cada visita quando ele volta para casa. 2) Termo de autorização O proprietário deve ser informado de todos os procedimentos que serão realizados com o seu animal e deve representar essa ciência por meio da assinatura dos Termos de Autorização. Estes documentos provam a concordância do proprietário com o tratamento proposto, protegendo o médico veterinário 2. 3) Plano de tratamento O plano de tratamento é o documento que justifica a técnica adotada, os limites, os riscos e os objetivos do tratamento, e se existem outras alternativas para o caso. É importante para provar se o profissional foi perito tecnicamente durante a condução do tratamento e sua ausência dificulta as provas em favor do médico veterinário. Esse documento também requer a anuência do proprietário do paciente, aceitando a efetivação do tratamento, conhecendo seus riscos e consentindo na aplicação da técnica descrita 3. Na medicina humana alguns autores afirmam que o ensino médico ministrado hoje no Brasil concentra-se principalmente nos aspectos técnicos que dizem respeito à prática médica, de forma que a estrutura curricular não
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se preocupa muito com os aspectos que abordam o relacionamento com o paciente, o dever de observar o código de ética e, consequentemente, a prevenção quanto a possíveis demandas judiciais 1. Dessa forma, é possível que a realidade na medicina veterinária se assemelhe à realidade na medicina humana. A confecção adequada de prontuários e a realização de exames complementares devidamente documentados e formalmente prescritos deve se tornar prática constante e rotineira para o médico veterinário. Cabe ressaltar o fato de que é comum encontrar prontuários com problemas como rasuras, letras ilegíveis, omissão de informações ou falta delas 1. O Código de Ética do Médico Veterinário 4, publicado por meio da Resolução nº 722, de 16 de agosto de 2002, define no inciso IX do artigo 13º que é vedado ao médico veterinário: • IX - deixar de elaborar prontuário e relatório médicoveterinário para casos individuais e de rebanho, respectivamente; • XI - deixar de fornecer ao cliente, quando solicitado, laudo médico veterinário, relatório, prontuário, atestado, certificado, bem como deixar de dar explicações necessárias à sua compreensão. Ainda, o Código de Ética indica que o médico veterinário será responsabilizado pelos atos que, no exercício da profissão, praticar com dolo ou culpa, respondendo civil e penalmente pelas infrações éticas e ações que venham a causar dano ao paciente e/ou ao cliente. A legislação brasileira adota a teoria da responsabilidade civil subjetiva, prevista no artigo 14, parágrafo 4º do Código de Defesa do Consumidor, segundo a qual a culpa do profissional deve ficar suficientemente demonstrada em uma ou mais de suas modalidades: negligência, imprudência ou imperícia 2. A promulgação do Código de Defesa do Consumidor, ainda que sem menção direta à atuação do médico veterinário, fez aumentar a frequência das ações ético-legais geradas contra profissionais 5, aliado a um maior acesso à informação pela população em relação aos seus direitos. A Resolução CFMV nº 1071 ( http://goo.gl/3R08Pu ), de 17 de novembro de 2014, dispõe sobre a normatização de documentos emitidos pelos serviços veterinários de clínica e cirurgia destinados aos animais de companhia, com relação a declarações, atestados, autorizações e/ou solicitações dos responsáveis pelos animais submetidos a procedimentos. O documento elenca algumas obrigações dos profissionais, como a necessidade de manter, sob sua guarda, os prontuários dos pacientes por um período mínimo de 5 (cinco) anos e o fornecimento de cópia do prontuário quando solicitado pelo responsável pelo animal ou por representante legal. No Manual de Responsabilidade Técnica do CRMVPR (Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná, 2014) há dois momentos de destaque para o
prontuário. Primeiro, o item 19, que trata da atuação do médico veterinário em hospitais, clínicas, consultórios e ambulatórios, estabelece que o Responsável Técnico deve atentar para que o estabelecimento possua formulários de prestação de serviços aos clientes, tais como termo de compromisso de internação, autorização de procedimentos, fichas cadastrais, blocos de receituário profissional, prontuário médico. O segundo momento é na seção de produção de animais de laboratório/biotério, na qual se estabelece como uma das funções do RT a de possuir prontuário com métodos e técnicas empregados nos procedimentos de analgesia e eutanásia dos animais, mantendo essas informações disponíveis para fiscalização pelos órgãos competentes. Prontuário e seus exemplos de aplicação na rotina O médico veterinário da clínica de pequenos animais é um dos mais suscetíveis a sofrer processos judiciais. Em um levantamento de dados estatísticos realizado pelo dr. Sérgio Eko, médico veterinário e advogado, no Juizado Especial Cível no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, desde o ano de 2005 até 2011 a clínica veterinária representou 12% dos casos entre o total de clínicas, incluindo a médica e odontológica existentes na capital 6. Dessa forma, a manutenção adequada de um bom prontuário é indispensável para a proteção do paciente, além de proteger juridicamente o profissional atuante nos casos. Não são raros os casos de imperícia e negligência nas práticas clínica e cirúrgica e o prontuário é um dos elementos-chave na investigação dos acontecimentos. Há um relato de um caso de imperícia e imprudência profissional, no qual uma cadela da raça rotweiller apresentou uma ligadura acidental no ureter e um corpo estranho encapsulado na cavidade abdominal depois de uma laparotomia eletiva para esterilização 7. Os profissionais envolvidos agiram com negligência, pois ocorreu omissão de precauções e cuidados tidos como necessários, sem os quais podem ocorrer danos. Múltiplos fatores são apontados como predisponentes à retenção inadvertida de corpos estranhos em uma operação: operações muito demoradas, trocas de profissionais no ato cirúrgico, contagem apressada ou não contagem do número inicial e final de compressas, inexperiência do pessoal de apoio, entre outros 8. Mesmo com a variedade de fatores, um bom prontuário com a descrição da técnica cirúrgica e a descrição minuciosa dos procedimentos pelo menos auxiliaria a atenuar a pena, tendo em vista que a absolvição é prejudicada por se tratar de um caso de erro tão explícito. Em centros de controle de zoonoses, por exemplo, é essencial a manutenção de prontuário contendo todos os procedimentos de vacinação, controle de saúde e intervenções realizadas com os animais desde o momento de chegada até a saída. Essas informações seguem a mesma ordem de importância já apresentada: utilização para
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Indenização por erro de médico veterinário Poder Judiciário, Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo - INDENIZAÇÃO. ERRO MÉDICO-VETERINÁRIO. Complicações pós-cirúrgicas que ocasionaram a morte de animal de estimação. Pretensão de ver responsabilizada a clínica veterinária. Inexistência de provas conclusivas de eventual conduta culposa dos veterinários. Profissionais que têm obrigação de meio e não de resultado. Responsabilidade não configurada. Sentença mantida. RECURSO DESPROVIDO. - O prontuário médico-veterinário (fl. 86) não é nulo. Não se pode exigir de tal documento o mesmo rigor formal de um prontuário médico realizado em um hospital comum. Contrariamente ao sustentado, o sobredito prontuário trouxe aos autos elementos esclarecedores a respeito da situação pós-cirúrgica do animal, bem como as recomendações realizadas pela clínica veterinária para a evolução sadia do procedimento cirúrgico, como utilização de antibióticos, curativos e colar elisabetano. Exemplo de ação judicial movida contra médicos veterinários. É possível perceber na deliberação que o prontuário foi importante para esclarecer a conduta do profissional e caracterizar a sua absolvição, apesar da questionável comparação em relação aos prontuários médicos
assistência médica, ensino, pesquisa, controle de custos e defesa do profissional, se necessário. No âmbito de animais de produção, por exemplo, é extremamente importante a manutenção do registro de todos os medicamentos utilizados nesses animais. Os animais podem ser destinados ao abate somente após o período de carência. A existência do prontuário é importante por alguns motivos: 1 - garante que os produtos estão seguros para consumo humano e livres de resíduos de drogas; 2 - na apresentação de um registro/prova de que os animais têm sido adequadamente tratados para prevenir sofrimento; 3 - para provar que os medicamentos estavam devidamente registrados e de acordo com as normativas vigentes; 4 - para qualquer envolvimento judicial. Em casos de investigação da conduta do profissional não basta que a descrição dos procedimentos esteja correta, são igualmente necessárias as autorizações, os consentimentos e a plena ciência dos fatos, obtidos junto ao paciente ou ao seu representante legal 1. Conclusões É possível concluir que ainda são escassos os materiais científicos e técnicos relacionados aos prontuários veterinários, tanto em relação aos seus requisitos, como em relação ao seu uso e importância. Grande parte da literatura disponível envolve outras áreas da saúde. 126
Considerando o elevado número de ações judiciais contra médicos veterinários, independentemente da área de atuação, é esperado que os médicos veterinários estejam cada vez mais conscientes da importância de manter um bom prontuário, tanto por questões relacionadas aos animais quanto por questões jurídicas de defesa. A expansão dos estudos em medicina veterinária legal pode contribuir para uma maior reflexão dos profissionais quanto à importância do registro e documentação de sua rotina e conduta profissional. Referências 1-PRESTES Jr. L. C. L. ; RANGEL, M. Prontuário médico e suas implicações médico-legais na rotina do colo-proctologista. Revista Brasileira de Coloproctologia, v. 27, n. 2, p. 154-157, 2007. doi: 10.1590/S0101-98802007000200004. 2-SILVA, A. P. T. Prontuário médico veterinário. In: CONCEIÇÃO, C. D. C. Perícia cível para médicos veterinários. 1. ed. Rio de Janeiro: L. F. Livros, 2015. ISBN: 978-8589137195. 3-MALACARNE, G. B. Prontuário clínico do médico veterinário. 2008. 13 p. Disponível em: <https://abmvl2014.files.wordpress.com/2014/05/prontuc3a1rioclc3adnico.pdf>. Acesso em 2 de maio de 2016. 4-CFMV. Código de ética do médico veterinário. Conselho Federal de Medicina Veterinária. Disponível em: <www.crmvsp.gov.br//site/cod_etic_med_vete.php>. Acesso em 15 de setembro de 2012. 5-SILVA, A. A. ; MALACARNE, G. B. Responsabilidade civil do cirurgião dentista perante o Código de Defesa do Consumidor. Jornal Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial, v. 4, n. 22, p. 305-310, 1999. 6-CONCEIÇÃO, C. D. C. Perícia cível para médicos veterinários. 1. ed. Rio de Janeiro: L. F. Livros, 2015. 160 p. ISBN: 9788589137195. 7-MARQUES, L. M. ; CARLOS, R. S. A. ; SILVA, E. B. ; CLARK, R. M. O. ; SAMPAIO, K. M. O. R. ; HARVEY, T. V. Imperícia e negligência em ovário-salpingohisterectomia de uma cadela – relato de caso. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, v. 36, n. 4, p. 425-429, 2014. 8-YILDIRIM, S. ; TARIM, A. ; NURSAL, T. Z. ; YILDIRIM, T. ; CALISKAN, K. ; TORER, N. ; KARAGULLE, E. ; NOYAN, T. ; MORAY, G. ; HABERAL, M. Retained surgical sponge (gossypiboma) after intraabdominal or retroperitoneal surgery: 14 cases treated at a single center. Langenbeck’s Archives of Surgery, v. 391, n. 4, p. 390-395, 2006. doi: 10.1007/S00423-005-0581-4. Janaina Hammerschmidt Médica veterinária. Mestre em Ciências Veterinárias. Doutoranda em Ciências Veterinárias na Universidade Federal do Paraná – UFPR jahna@hotmail.com Sérvio Túlio Jacinto Reis Perito Criminal Federal – Departamento de Polícia Federal; Pós-Graduado em Medicina Veterinária Legal; Mestre em Perícias Criminais Ambientais; Presidente da Associação Brasileira de Medicina Veterinária Legal – ABMVL servio.reis@gmail.com
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PET FOOD
Alimentação de cadelas gestantes, lactantes e filhotes de cães: os benefícios de betaglucanos, butirato e betacaroteno
A
alimentação da cadela gestante, lactante e do filhote deve conter nutrientes específicos que proporcionem a saúde digestiva associada a propriedades antioxidantes. Dentre eles, betaglucanos, butirato e betacaroteno são nutrientes importantes para o bom funcionamento do trato gastrintestinal, e seus benefícios são descritos a seguir. Butirato Foi descoberto que o butirato constitui a fonte de energia preferida para os colonócitos. Estudos revelaram que os colonócitos isolados oxidavam o butirato a uma velocidade 4,5 vezes maior que a glicose. Esses estudos consideram o butirato um importante “combustível” para o epitélio intestinal. Parece que o butirato é capaz de modular, até certo ponto, a permeabilidade intestinal. Na virada deste século, comprovou-se que as infusões cecocólicas de ácidos graxos de cadeia curta podem estimular a liberação local de muco 1. Foi sugerido que o butirato teria propriedades imunomoduladoras mais pronunciadas. Esse nutriente parece ter um efeito sobre as células imunológicas, bem 128
como sobre as células epiteliais do cólon. As últimas são, na verdade, afetadas em primeiro lugar pela imunidade intestinal, considerando-se a alta concentração de células imunológicas localizadas na junção ileocecal (essa zona possui um alto nível de placas de Peyer), ou seja, desse ponto de vista o final do íleo representa a parte mais rica do intestino delgado. Por isso, foi demonstrado que, quando confrontados com determinados antígenos, os linfócitos-T são incapazes de reagir, e isso se deve ao butirato 2. A proliferação celular no epitélio colônico saudável é estimulada pelo butirato 3. Existe uma relação muito estreita entre os ácidos graxos de cadeia curta e a absorção de nutrientes como sódio, potássio, cloro e água. Em relação ao último nutriente, parece que o efeito é mais significativo na região distal do cólon que na região proximal desse segmento intestinal 4. Isso se deve a uma relação indireta ligada às propriedades estimulantes da absorção de sódio pelos ácidos graxos voláteis. Essa interação iônica parece dependente do pH. Ao se utilizar um gotejamento colônico, a absorção de sódio aumenta quando o pH se torna ácido 5. Dessa forma, trata-se claramente
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de um efeito prebiótico, já que um pH ácido é favorável à flora benéfica (os lactobacilos em particular) 6. Observou-se que o conteúdo estimado de “N (nitrogênio)/proteína” de bactérias fecais era significativamente menor na dieta suplementada com butirato (isso pode ser atribuído à inibição do metabolismo de células bacterianas como resultado da acidificação do lúmen) – efeito prebiótico – embora a concentração fecal de bactérias benéficas à saúde não tenha sofrido alteração. Beta 1,3/1,6-glucanos O beta-1,3/1,6-glucano na levedura de panificação interage com o sistema imunológico no tecido da mucosa intestinal, mas não é absorvido pelos líquidos corporais. Ao interagir com o sistema imunológico associado ao intestino, o beta-1,3/1,6-glucano afeta as funções biológicas em todo o corpo, mas prepara as células-B produtoras de anticorpos para produzir muitos dos anticorpos que são secretados no muco (IgA). Isso explica por que a estimulação do sistema imunológico no intestino pode alterar a resistência a doenças de todo o organismo e, particularmente, formar uma barreira protetora reforçada nas
superfícies corporais. Os fagócitos e as células natural killers possuem receptores de superfície que reconhecem as moléculas de beta-1,3/1,6 glucano e se ligam a elas. Esses fagócitos (leucócitos) constituem a linha de frente de defesa do organismo. A ligação da molécula de betaglucano ao fagócito deflagra a produção e a secreção de mais substâncias antimicrobianas pelos fagócitos e, ao mesmo tempo, essas células se tornam mais ativas na destruição de microrganismos invasores, células tumorais e células mortas. O beta-1,3/1,6-glucano também estimula a produção de diferentes moléculas sinalizadoras (citocinas) pelas mesmas células. Tais moléculas alteram vários processos biológicos no organismo. Algumas dessas citocinas reforçam o recrutamento de leucócitos, outras ativam os leucócitos produtores de anticorpos (células-B) e outras ainda, neutralizam a inflamação. Isso explica por que o beta-1,3/1,6-glucano de leveduras aumenta não só a resistência geral a doenças, mas também a eficácia de vacinas. Também explica por que o beta-1,3/1,6-glucano diminui os efeitos tóxicos de produtos microbianos provenientes de tecidos infectados no corpo.
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GESTÃO, MARKETING & ESTRATÉGIA
A gestão empresarial e os Jogos Olímpicos
J
á estamos em período pós-olimpíadas e nas compe- habilidades técnicas, mas se esqueceram da inteligência tições que assisti pela televisão (confesso que não emocional. Desenvolver habilidades emocionais é tão foram muitas) tive a oportunidade de ver inúmeros importante quanto o aprimorar o conhecimento técnico, atletas talentosos esforçando-se à exaustão para conseguir tanto para o veterinário quanto para o atleta (e para as pessoas uma medalha olímpica. O que me veio à mente é que a de modo geral). Quando o emocional falha, a concentração maioria das pessoas que competiu nos jogos do Rio 2016 se esvai: o esportista não consegue ganhar a medalha e o conquistou o privilégio de participar de um momento veterinário não realiza o diagnóstico corretamente. olímpico não porque possuísse um dom, mas Também convivo com muitos colegas que por habilidades que conquistaram à custa de desenvolveram interesse pela profissão ao muito esforço, suor e treino. Isso se chama longo da infância e com dedicação, desde talento! O dom é um tipo de facilidade espepequenos, foram conquistando seus objetivos cífica com a qual algumas e se tornaram veterinários expessoas são presenteadas, cepcionais. Alguns não tigeralmente pela genética, veram facilidade drento da mas que se não for trabalhaprofissão, mas buscaram cada adequadamente vira despacitação e alcançaram a perdício. Agora, talento é competência necessária e se quando a pessoa tem intetornaram referência dentro resse por algum assunto e se de suas especialidades na dedica a desenvolver habiveterinária. Citando a famosa lidades que, por meio de frase de Thomas Edison: treino, disciplina e perseve“1% de inspiração e 99% de rança, trazem resultados transpiração”. “Muitos dos brilhantes. fracassos desta vida são de Também pude observar pessoas que desistiram por Muitos atletas transformam seu suor em ouro. E você? que em alguns casos, quannão saber que estavam do os atletas estão competindo sozinhos, conseguem re- muito perto da linha de chegada”, em outra frase de sultados surpreendentes, porém em grupo, não brilham da Thomas Edison. mesma maneira. Muitos deles estão preocupados em soAtualmente, há cada vez mais recursos para tornar prábressair em relação ao grupo e acabam prejudicando a equi- tica e fácil a gestão remota de projetos e equipes. Um pe, como ocorreu com as atletas brasileiras do salto orna- ótimo exemplo disso são o Trello e o Wrike: mental sincronizado de 10 metros, que não estavam se fa- http://www.trello.com e http://www.wrike.com. Ambos lando antes da prova. Assim fica difícil sincronizar, não é? são oferecidos tanto em versão gratuita como em versões E o que toda essa história de esporte e olimpíadas tem a para empresas,com preços que variam conforme a quantiver com a medicina veterinária e a gestão empresarial? dade de usuários. Vêm obtendo grande sucesso por serem Praticamente tudo! Assim como o atleta deve ter um bom ferramentas de colaboração que se tornam indispensáveis técnico, o bom médico veterinário deve ser formado por depois de experimentadas, pela facilidade de utilização; e uma boa escola e contar com professores que o inspirem. por oferecerem a segurança digital que o mundo de hoje Também é importante ter dedicação à profissão, atualizar- exige. se constantemente, perseverar para não esmorecer diante Vamos lá! Como dizia Nicolau Maquiavel, “Onde há dos inúmeros obstáculos e ter disciplina para enfrentar com uma vontade forte, não pode haver grandes dificuldades”. clareza os vários desafios que uma profissão da área médiAlimente um sonho e trabalhe duro, fazendo quase o ca impõe. impossível, com muito planejamento e alegria para Clinicando, conheci muitos veterinários e estudantes alcançá-lo. que tinham dom para a profissão, mas não se interessavam ou se dedicavam o suficiente a ponto de se tornarem proRenato Brescia Miracca fissionais talentosos. Também conheci profissionais que renato.miracca@pontualsoftware.com eram geniais quando trabalhavam sozinhos, mas mostraMédico veterinário, bacharel em direito, MBA Pontual Software Solutions vam-se terríveis para trabalhar em equipe. Estes últimos www.pontual.pt são exemplos de pessoas que se dedicaram a desenvolver 132
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CONTROLANDO O PRURIDO DOS CÃES prurido está entre as queixas mais frequentes dos O tutores de cães, afetando quatro em cada cinco animais atendidos por especialistas em dermatologia veteri-
nária. Na busca constante pelo bem-estar dos animais, a Zoetis traz para o mercado brasileiro o Apoquel, uma terapia inovadora para o tratamento do prurido associado às dermatites alérgicas caninas, incluindo a dermatite atópica. Veterinários de todo o país aguardavam ansiosamente a chegada do Apoquel, tendo em vista seus benefícios: efeito rápido – início do alívio em até 4 horas – e ampla utilização para diversos tipos de alergias: as alimentares; as causadas por ectoparasitas, como pulgas; e a dermatite atópica, que é incurável e ocorre quando o animal é alérgico a substâncias presentes no ar, como ácaros, pólen, bolores etc. Apoquel é recomendado para cães com mais de doze meses de idade. Outro diferencial do Apoquel é a segurança no uso prolongado, pois tem a efiApoquel é encontrado cácia e a rapidez de em apresentações de ação dos corticoides, porém 3,6 mg, 5,4 mg e 16 mg sem causar efeitos colaterais.
O produto tem um mecanismo de ação único e inovador, uma vez que visa as vias específicas de inflamação e prurido, o que o torna diferente dos esteroides do mercado. Também pode ser utilizado com outras medicações e permite diagnosticar a causa de base do prurido sem interferir no resultado de certos exames para alergia. Dosagem Apoquel é um medicamento apresentado em comprimidos. O produto deve ser administrado oralmente, duas vezes ao dia durante 14 dias. Após esse período, deverá ser utilizado a cada 24 horas para manutenção. É fundamental, porém, que o proprietário leve o animal ao veterinário para realização de diagnóstico e tratamento adequados. Mecanismo de ação Enquanto muitas terapias atuais tratam a coceira e a inflamação de forma inespecífica, Apoquel (oclacitinib) apresenta um mecanismo de ação inovador, que controla o surgimento do prurido e da inflamação na sua origem. O produto é um inibidor da enzima Janus quinase (JAK), particularmente a JAK1, inibindo a atividade de citocinas pruritogênicas, próinflamatórias e alergênicas, que utilizam a sinalização via JAK. Seu novo mecanismo de ação sobre a enzima JAK1 é especificamente projetado para atacar as vias envolvidas no ciclo do prurido, permitindo a redução efetiva de coceira alérgica, independentemente de sua causa, e a melhora das lesões cutâneas associadas a doenças alérgicas na pele e à dermatite atópica. Depoimentos Confira depoimentos de renomados profissionais que se dedicam à dermatologia veterinária: • Ana Claudia Balda http://youtu.be/7a8yJ-7rA4U • Paulo Sérgio Salzo http://youtu.be/wGtV9z2QLIw • Regina Ramadinha http://youtu.be/3pnkRIB4mlk
Depoimento do prof. dr. Marconi Rodrigues de Farias sobre os benefícios do Apoquel (oclacitinib): http:// youtu.be/k3pz0ZE3Evc 134
• Romeika Reis Lima https://youtu.be/k3pz0ZE3Evc • Ronaldo Lucas http://youtu.be/eV9pWNKRj2I
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LABYES LANÇA LINHA DERMOCOSMÉTICA Labyes lançou moderna linha dermocosmética para A cães e gatos. Ela é voltada para animais sensíveis e atópicos e tem sua composição orientada para a proteção
uma melhora do estado geral de peles lesionadas como consequência de dermatopatias. • Labyderm Bioforce: Spray hidratante pós-banho, que proporciona hidratação imediata da superfície da pele e pelagem. Por sua alta concentração de ômega 3 e ureia modificada, associada à presença de ceramidas e proceramidas, relipidiza a superfície, reconstituindo rapidamente o equilíbrio da barreira cutânea. Indicado especialmente para restaurar o equilíbrio da película hidrolipídica, comumente perdido por produtos e secadores utilizados no banho. A linha Labyderm é recomendada pela Sociedade Latino-Americana de Dermatologia Veterinária (SLDV).
e recuperação da barreira cutânea, camada mais superficial da pele e responsável pela interface entre o meio ambiente e a pele. Por meio da sua utilização evita-se a perda de água transepidérmica, assim como a entrada de agentes nocivos. A linha Labyderm é composta de 3 produtos: • Labyderm Premium Cover: Produto de aplicação spot on que ajuda a restabelecer em profundidade a barreira protetora da pele. Sua exclusiva formulação, à base de esfingo e fosfolipídios, ureia, ácidos graxos ômega 3, nanoesferas com vitaminas A, E e F e extratos naturais, torna Premium Cover especialmente recomendado para cães e gatos, como coadjuvante no controle de processos atópicos ou outras dermatopatias. • Labyderm Skin Soldier: xampu nutritivo, com pH neutro e sem adição de sais, ideal para uso em peles irritadas, sensíveis ou em pacientes atópicos. Sua formulação, à base de biolipídios, ureia, proteínas do colágeno, nanoesferas com vitaminas A, E e F e extratos vegetais, lhe concede efeitos calmantes, antiLinha Labyderm: indicada para cães e gatos com peles sensíveis oxidantes e cicatrizantes. Proporciona
XAMPU HIPOALERGÊNICO pelagem de cães e gatos exige cuidados especiais A para evitar cheiro desagradável, pelos embaraçados ou, até mesmo, o surgimento de irritações na pele. Pen-
sando no bem-estar desses animais e visando proporcionar alívio aos pets com pele irritada e sensível, a IBASA lançou o Shampoo Hipoalergênico, que além de aveia, contém agentes de limpeza naturais.
O Shampoo Hipoalergênico está disponível em embalagens de 200 mL e de 1 L 136
Ainda é comum ver os xampus da linha humana (infantil) sendo utilizados na higienização pet, porém o pH desses produtos é desenvolvido para a pele humana, cujo pH é muito diferente do pH de cães e gatos. O resultado final pode ser bastante prejudicial à pele dos animais. O Shampoo Hipoalergênico foi desenvolvido com matérias-primas naturais e suaves. O produto não tem adição de corantes e pode ser usado em filhotes. Ele acalma, limpa, hidrata e restaura a pele e os pelos. Ele contém agentes de limpeza derivados do coco e do milho, que limpam delicadamente, e também proteínas hidrolisadas do trigo, na forma micronizada, que contribuem para a diminuição da quebra do pelo e para a penetração na pele, proporcionando uma hidratação intensa. Os extratos de aloe vera e aveia tornam o produto ainda mais impactante na restauração da pele irritada, proporcionando o bem-estar do animal. O uso do Shampoo Hipoalergênico IBASA é recomendado para animais de peles sensíveis, que ficam facilmente irritadas com o uso de produtos comuns, bem como para animais em tratamento para diferentes tipos de alergias, além de filhotes. Sua formulação permite o uso frequente, sem alterar a integridade da pele.
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ACUPUNTURA 16 a 18 de setembro; 22 e 23 de outubro Botucatu - SP VI Curso de Neuroacupuntura http://www.bioethicus.com.br
ANESTESIOLOGIA 14 de setembro Recife - PE Tópicos sobre anestesiologia http://www.anclivepa-pe.com.br 22 de setembro a 20 de outubro Belo Horizonte - MG Curso de extensão em anestesiologia de cães e gatos http://vetesp.com.br 13 a 15 de novembro Curitiba - PR XII Congresso Brasileiro de Anestesiologia Veterinária http://congressocbav.com.br
ANIMAIS SELVAGENS 13 a 16 de setembro Fortaleza - CE V Simpósio Cearense de Animais Selvagens - SIMCEAS http://www.uece.br/eventos/5simceas 23 a 25 de setembro Brasília - DF II Workshop sobre Nutrição de Animais Selvagens da Sociedade de Zoológicos do Brasil http://comitenutricaoszb.com.br 8 a 10 de outubro Goiânia - GO • Gestão para empreendimentos de fauna ex situ • Ortopedia em animais selvagens • Medicina, manejo e conservação de carnívoros selvagens http://congressoabravas.com.br 10 a 14 de outubro Goiânia - GO XXV Encontro - XIX Congresso ABRAVAS 25 anos http://congressoabravas.com.br
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BEM-ESTAR ANIMAL 5 e 6 de outubro São Paulo - SP Métodos alternativos ao uso de animais no ensino http://goo.gl/gPRk1H
CARDIOLOGIA 17 de setembro São Paulo - SP Curso internacional de nutrição em cardiologia http://www.sbcv.org.br 22 de setembro Resende - RJ Abordagem clínica das urgências cardiológicas http://www.sbcv.org.br 22 de setembro São Bernardo do Campo - SP Cardiologia Veterinária: o que eu devo saber sobre o eletrocardiograma e o ecocardiogramal http://goo.gl/IrlY3p 22 de setembro Online Como a ecocardiografia pode auxiliar no diagnóstico e monitoração da doença valvar mitral em cães? http://pensecoracaopenserins.com. br 14 e 15 de outubro Ourinhos - SP Curso de cardiologia: "descobrindo o eletrocardiograma e tratando as arritmias" - GEAC - FIO http://www.fio.edu.br 26 a 30 de outubro Jaboticabal - SP Curso avançado de ecocardiografia em pequenos animais - 2016 http://www.migre.me/ubtHM 12 e 13 de novembro São Paulo - SP Simpósio internacional sobre síndrome cardiorrenal - SBCV http://www.sbcv.org.br
14 de novembro São Paulo - SP Simpósio Pan-Americano de arritmias cardíacas - SBCV http://www.sbcv.org.br
CIRURGIA Setembro de 2016 Campinas - SP Cirurgia de pequenos animais Pós graduação - IBVET http://migre.me/ubrHL 16 e 17 de setembro São Paulo - SP Tópicos em cirurgias da cabeça e pescoço - CIPO (11) 3819-0594 http://www.cipo.vet.br 17 de setembro a 19 de novembro Jaboticabal - SP Curso de aperfeiçoamento em cirurgia oncológica e reconstrutiva em cães e gatos Funep http://www.migre.me/uafUW 24 de setembro a agosto de 2017 Jaboticabal - SP II Curso de aperfeiçoamento em cirurgia de pequenos animais eventos@funep.fcav.unesp.br 21 e 22 de outubro Recife - PE Minicurso sobre clínica cirúrgica do trato urinário - Anclivepa-PE http://www.anclivepa-pe.com.br 22 e 23 de outubro Belo Horizonte - MG (Uni-BH) Cirurgias de rotina em pequenos animais (31) 3297-2282 | 99627-2002 19 e 20 de novembro Belo Horizonte - MG (Uni-BH) Cirurgias de cabeça e pescoço (31) 3297-2282 | 99627-2002
CLÍNICA 13 de setembro Belo Horizonte - MG
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Alergologia veterinária - Jornada do Conhecimento 2016 http://www.tecsa.com.br 24 de novembro Belo Horizonte - MG Hemoparasitas em cães e gatos Jornada do Conhecimento 2016 http://www.tecsa.com.br 26 e 27 de novembro Belo Horizonte - MG (Tecsa) Atualização em doenças infecciosas (babesiose, cinomose, erlichiose, Fiv, FelV, leishmaniose e parvovirose) (31) 3297-2282 (31) 99627-2002
COMPORTAMENTO 2016 Online - EAD Curso de terapia assistida por animais (TAA) contato@psicologiaanimal.com.br http://psicologiaanimal.com.br 12 a 15 de novembro Jaboticabal - SP XXXIV Encontro Anual de Etologia – Voltando às origens e desenhando o futuro http://www.eae2016.com
DERMATOLOGIA 18 de outubro Belo Horizonte - MG Dermatologia Veterinária - Jornada do Conhecimento 2016 http://www.tecsa.com.br
ENSINO | ÉTICA 5 e 6 de outubro São Paulo - SP Métodos alternativos ao uso de animais no ensino http://goo.gl/gPRk1H
FISIOTERAPIA 1, 2, 23 e 24 de outubro São Paulo - SP X Curso Intensivo de Fisioterapia Veterinária caramicofisiovet@gmail.com
GERIATRIA 15 e 16 de outubro São Paulo - SP 1ª Jornada Geriátrica em Cães e Gatos (11) 3209-9747 http://www.spmv.org.br
GESTÃO 9 de setembro São Paulo - SP Como arquitetura e decoração afetam o seu faturamento (11) 97272-9847 http://www.cursogestaoemarketing.com.br 20 de setembro São Bernardo do Campo - SP Superando desafios na gestão empresarial http://goo.gl/MOR9nC 5 de outubro São Paulo - SP Como aumentar o faturamento pelo ticket médio da clínica http://www.cursogestaoemarketing.com.br
27 a 30 de outubro São Roque - SP Congresso OAASIS (11) 97300-3507 http://congressooaasis.com.br 23 de novembro São Paulo - SP Dando feedback para equipe http://www.cursogestaoemarketing.com.br
IMAGENOLOGIA 9 a 11 de setembro Rio de Janeiro - RJ 2º Curso Interativo de Radiologia Digital do CRV Imagem: o click da radiologia (módulo básico) http://goo.gl/JTesBL 12 a 14 de setembro Rio de Janeiro - RJ 2º Curso Interativo de Radiologia Digital do CRV Imagem: o click da radiologia (módulo avançado) http://goo.gl/JTesBL
IX Encontro de diagnóstico nacional veterinário endivet@evento.ufrb.edu.br 22 de outubro a 22 de janeiro Rio de Janeiro - RJ Curso teórico prático de tomografia computadorizada http://goo.gl/JTesBL 24 a 25 de novembro Florianópolis - SC VI Simpósio Internacional de Diagnóstico por Imagem Veterinário abrv@abrv.com.br 23 e 24 de janeiro de 2017 Rio de Janeiro - RJ Curso internacional avançado de tomografia computadorizada abdominal http://goo.gl/JTesBL
INTENSIVISMO
MEDICINA ALTERNATIVA 21 a 24 de setembro Belo Horizonte - MG XXIV Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil http://xxivspmb.qui.ufmg.br duvidaxxivspmb@gmail.com 26 e 27 de novembro São Paulo - SP 2º Simpósio de Medicina Veterinária Holística – dermatologia (11) 3209-9747 http://www.spmv.org.br
MEDICINA FELINA 14 a 16 de outubro Belo Horizonte - MG Congresso da Academia Brasileira de Clínicos de Felinos (ABFel) http://congressoabfel2016.com.br
NEUROLOGIA
29 e 30 de outubro Belo Horizonte - MG (CRMV-MG) Atualização em intensivismo (31) 3297-2282 | 99627-2002
8 a 9 de outubro São Paulo - SP II Simpósio Internacional de Neurologia Clínica Veterinária http://simposios.abnv.com.br
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17 a 20 de outubro Salvador - BA
NEUROLOGIA 10 de outubro São Paulo - SP Simpósio Internacional de Neuropatologia Veterinária http://simposios.abnv.com.br
NEFRO / UROLOGIA 14 a 16 de outubro Botucatu - SP I Workshop de Nefrologia e Urologia de Pequenos Animais dcvet@fmvz.unesp.br
NUTRIÇÃO 23 a 25 de setembro Brasília - DF II Workshop sobre Nutrição de Animais Selvagens da Sociedade de Zoológicos do Brasil http://comitenutricaoszb.com.br 28 de setembro Recife - PE Tópicos em nutrição animal & Palestra sobre "indicações clínicas da tomografia computadorizada abdominal" Anclivepa - PE http://www.anclivepa-pe.com.br 24 de novembro a 2 de dezembro Jaboticabal - SP VIII Curso teórico-prático de nutrição de cães e gatos: uma visão industrial http://goo.gl/TbMcAs
OFTALMOLOGIA 21 a 23 de outubro São Paulo - SP Curso intensivo em oftalmologia de pequenos animais http://www.migre.me/uaLHV
ONCOLOGIA 30 de setembro a 1º de outubro Rio de Janeiro - RJ Onco in Rio http://www.migre.me/u9IyS
Parque Serra do Curral, Belo Horizonte, MG. Trata-se de uma das mais bonitas e atrativas reservas ecológicas da capital mineira. Atualmente, algumas trilhas estão interditadas. Por isso, antes de programar-se para visitar o parque, cheque acessos e horários de visitação.
http://www.guiabh.com.br/gratis/passeio-na-serra-do-curral pequenos animais http://www.bioethicus.com.br/simposio-oncologia/
ORTOPEDIA 20 a 22 de outubro São Paulo - SP CIPO - Módulo avançado de ortopedia http://www.cipo.vet.br 9 de novembro Recife - PE Palestras sobre ortopedia e células-tronco - Anclivepa - PE http://www.anclivepa-pe.com.br
SAÚDE PÚBLICA 23 a 28 de outubro Belém - PA RITA 2016 - Rabies in the Americas Conference http://rita2016.iec.gov.br/rita2016 11 a 13 de novembro Belém - PA Doenças infectocontagiosas Anclivepa/PA (Mitika Hagiwara) http://www.crmvpa.org.br/eventos.php
SEMANAS ACADÊMICAS
11 a 13 de novembro Ribeirão Preto - SP I Simpósio de oncologia de
2 e 3 de dezembro São Paulo - SP Módulo hastes e placas bloqueadas - CIPO http://www.cipo.vet.br
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8 e 9 de setembro Belém - PA SEMAVET - UNISUL www.crmvpa.org.br
13 a 15 de setembro Bauru - SP Semana Acadêmica da Unip http://www.unip.br 12 a 16 de setembro Leme - SP Semana da Veterinária da Faculdade Anhanguera cristine_stefani@hotmail.com 12 a 17 de setembro São Paulo - SP JOVET - FMU http://jovetfmu.wordpress.com 19 a 23 de setembro Jaboticabal - SP X Elaboração e análise de artigos científicos e apresentações orais de trabalhos e palestras http://www.migre.me/uafJQ
SEMANAS ACADÊMICAS 5 a 8 de outubro Areia - PB VII SEMEVET III CICLOFEL http://www.semevetufpb.vet.br 17 a 21 de outubro Lages - SC Semana acadêmica da medicina veterinária - UDESC veterinariace@gmail.com 19 e 20 de outubro São Paulo - SP 24º Simpósio Internacional de Iniciação Científica da Universidade de São Paulo (USP) http://migre.me/ubiwh 19 a 21 de outubro São José dos Campos - SP 10ª SEMEVEP - Semana Acadêmica de Medicina Veterinária da Unip http://goo.gl/UAv4UC
27 e 28 de outubro Valença - RJ IV SemIC - Semana de Iniciação Científica - CESVA http://www.faa.edu.br/portal 31 de outubro a 4 de novembro Viçosa - MG XVIII SAMEV - Semana Acadêmica de Medicina Veterinária - UFV http://goo.gl/ocYS9x 8 a 13 de abril de 2017 São Paulo - SP XXVII SACAVEV Semana Acadêmica de Medicina Veterinária da FMVZ/USP http://sacavet.com.br
FEIRAS & CONGRESSOS 7 a 10 de setembro Curitiba - PR XIV Congresso Brasileiro de Ecotoxicologia - Ecotox 2016 http://www.ecotox2016.com.br
13 a 15 de setembro São Paulo - SP 14º CONPAVEPA / Vet Expo http://conpavepa.com.br 7 e 8 de outubro Campinas - SP Encontro IBVET 2016 http://www.ibvet.com.br 21 a 23 de outubro Londrina - PR SIMVET 2016 - Simpósio Pet Eventos http://www.simvet2016.com.br 23 a 28 de outubro Belém - PA RITA 2016 - Rabies in the Americas Conference http://rita2016.iec.gov.br/rita2016 2 a 4 de novembro Florianópolis - SC II Congresso Sul Brasileiro e 1º Encontro do Mercosul de Médicos Veterinários de Pequenos Animais http://www.anclivepasc.com.br
13 a 15 de novembro Curitiba - PR XII Congresso Brasileiro de Anestesiologia Veterinária http://congressocbav.com.br 24 a 25 de novembro Florianópolis - SC VI Simpósio Internacional de Diagnóstico por Imagem Veterinário abrv@abrv.com.br http://sindiv.com.br 24 a 27 de novembro Águas de Lindóia - SP XII Congresso de Cirurgia http://cbcav.iweventos.com.br 3 a 5 de maio de 2017 Recife - PE 38º Congresso Brasileiro da Anclivepa (Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais) http://www.anclivepa2017.com.br
Foto: Mácio Ferreira/ Ag. Pará / Fotos Públicas
Ilha do Combu, Pará. O lugar é bem conhecido dos belenenses que há anos atravessam o rio para frequentar os restaurantes, bares e tomar banho de igarapé. No entanto, a ilha também é uma das quatro Áreas de Preservação Ambiental (APA) da Região Metropolitana de Belém geridas pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-Bio) e oferece turismo rural. O turismo rural é uma modalidade que leva o visitante a conhecer um pouco da rotina das comunidades ribeirinhas, saber como os seus produtos tradicionais são feitos, além de trilhar rotas preservadas nas matas ou nos rios. Em vez de apenas comprar, o visitante conhece melhor a dinâmica do local. Na foto, barqueiros e ribeirinhos que fazem o transporte local 142
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AGENDAInternacional 15 a 17 de setembro Berlim - Alemanha 20th Congress of the European Society of Veterinary and Comparative Nutrition, ESVCN http://esvcn.eu/society/congress 19 a 21 de setembro Dorking - Inglaterra 1ª Conferência Internacional “Human Behaviour Change for Animal Welfare” http://goo.gl/QCj8Yg 20 a 24 de setembro Novara - Itália Small Animal Computed Tomography - ESAVS http://migre.me/uaUiT 27 a 30 de setembro Cartagena - Colômbia WSAVA 2016 http://wsava2016.com 6 a 8 de outubro Belgrado - Sérvia EEVC - 1st Eastern European Veterinary Conference 2016 http://eevc.vet 18 a 21 de outubro Chicago, Illinois - EUA WINSS 2016 http://goo.gl/88NDCV
20 a 22 de outubro Granada - Espanha SEVC 2016 / Congreso Nacional AVEPA http://sevc.info
10 a 12 de março Berlim - Alemanha 5th International Berlin Bat Meeting: Are bats special? http://www.batlab.de/5th-ibbm
23 a 28 de outubro Belém, Pará - Brasil RITA 2016 - Rabies in the Americas Conference http://rita2016.iec.gov.br/rita2016
4 a 7 de abril Lima - Peru Latin American Veterinary Conference (LAVC) http://tlavc-peru.org
28 de setembro a 1 de outubro Berlim - Alemanha 11th International conference on behaviour, physiology and genetics of wildlife http://goo.gl/QqXW9Y 4 a 8 de septembro Kuala Lumpur, Malásia WAAVP 2017 http://www.waavp2017kl.org
23 a 25 de novembro Santiago - Chile Congreso Veterinario de Santiago - CVDS 2016 http://migre.me/ubmSO 3 a 7 de dezembro New Orleans, Louisiana, EUA 2016 ACVP (American College of Veterinary Pathologists) and ASVCP (American Society for Veterinary Clinical Pathology) Concurrent Annual Meeting http://goo.gl/WXKavV 4 a 10 de dezembro Uvita - Costa Rica Veterinary workshops: cruciates in Costa Rica 2016 - Helping veterinarians excel in the art of surgery http://goo.gl/XBcMfi
Machu Picchu, Peru. Para alcançar Machu Picchu, uma das alternativas é fazer a pé a Trilha inca. São várias rotas para se chegar ao alto da montanha. A caminhada mais comum é a que leva quatro dias de duração e cruza montanhas como Warmiwañusqa e Runkuraqay, a 4.200 e 3.860 metros sobre o nível do mar, respectivamente. Essas jornadas são organizadas por agências como a Camiño Inca (http://www.caminoincamachupicchu.com), Kintu (http://www.kintuexpeditions.com) e Topex Expeditions (http://www.topexpeditions.com).
20 de outubro Bogotá - Colômbia A energia como modelidade terapêutica em medicina veterinária http://www.fb.com/ASOMEVAC
2017 4 a 8 de fevereiro Orlando, Florida - EUA NAVC Conference 2017 http://navc.com
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http://viajeaqui.abril.com.br/cidades/peru-machu-picchu