Clínica Veterinária 130

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artigos científicos

Clínica

36

Hiperostose esquelética idiopática difusa canina – relato de caso Canine diffuse idiopathic skeletal hyperostosis – case report Hiperostosis esquelética idiopática difusa canina – relato de caso

Neurologia

36

44

Modelos de elementos finitos para o estudo da espondilomielopatia cervical – revisão de literatura A literature review on finite element models for the study of cervical spondylomyelopathy Modelos de elementos finitos para el estudio de la espondilomielopatía cervical – revisión de literatura

Anestesiologia

44

60

Alterações eletrocardiográficas e da pressão arterial em cadelas submetidas a anestesia peridural com morfina em diferentes doses Electrocardiographic and arterial pressure changes in female dogs subjected to epidural anesthesia with different doses of morphine Cambios electrocardiográficos y la presión arterial en perros sometidos a la morfina epidural en diferentes dosis

Dermatologia

60

72

Eficácia da cefovecina sódica no tratamento da foliculite superficial bacteriana canina Efficacy of sodium cefovecin in the treatment of canine bacterial superficial folliculitis Eficacia de la cefovecina sódica en el tratamiento de la foliculitis superficial bacteriana canina

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Clínica Veterinária, Ano XXII, n. 130, setembro/outubro, 2017

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Relação homem-animal

14

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• A perda de animais de companhia é um luto não reconhecido

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Especialidades

• Vet Expo 2017 cria plataformas eficientes para que a cadeia pet se desenvolva de forma contínua • Oportunidades de atualização na medicina de felinos • Neurologia veterinária em evidência

Medicina veterinária do coletivo 26 • Síndrome do cão preto – a verdade ou o mito de que cães grandes (e gatos) pretos são menos adotados • Corte de orelha para identificação de gatos de vida livre: mutilação ou procedimento necessário?

Cães da Polícia Militar de Minas Gerais, mortos a tiros em 2011 por um bandido em fuga. Os dois cães da raça pastor alemão foram velados, cremados e receberam honras militares pela morte em serviço. Suas cinzas foram levadas para a sede da 1ª Companhia de Missões Especiais, onde os cães foram novamente homenageados – http://youtu.be/wmFkoeIuJP8

35

Saúde pública • Prêmio Péter Murányi 2018 – Saúde

Medicina veterinária legal

80 82

• Associação Brasileira de Hospitais Veterinários, uma grande iniciativa de médicos veterinários inovadores e empreendedores • O que é Sipeagro? Se ainda não sabe, você vai precisar dele!

86

Pet food

Shutterstock / SJ Allen

Gestão, marketing & estratégia

32 26

World Animal Protection

• Considerações sobre o artigo 32 da Lei Ambiental e suas repercussões na perícia criminal

• Os desafios nutricionais dos filhotes

88

Vet Agenda

90

• www.vetagenda.com.br

86 82

3 a 6 de outubro - Curitiba - PR www.congressoabravas.com.br 6

Clínica Veterinária, Ano XXII, n. 130, setembro/outubro, 2017

Shutterstock / IrinaK

Lançamentos



H

oje é possível encontrar produtos para enriquecimento ambiental que tornam mais agradáveis os momentos nos quais os pets expressam seu comportamento natural. Isso é um grande benefício para a saúde e o bem-estar dos animais. Porém, a grande maioria dos tutores de cães e gatos desconhece as reais necessidades comportamentais de seus companheiros. O MV Dalton Ishikawa, além de idealizar brinquedos inovadores, também os testa em trabalhos científicos cujo foco está no comportamento e na cognição. Nem todos têm habilidade para falar com seus clientes sobre comportamento. Porém, compartilhar vídeos esclarecedores é simples e pode encurtar bastante o caminho em prol do bem-estar animal.

Documentário E agora? O tráfico de animais silvestres no Brasil, dirigido por Humberto Bassanelli

“Nos próximos dias centenas de milhares de filhotes de papagaio virão ao mundo em todo bioma de cerrado brasileiro. Mas, infelizmente para uma grande parte deles o convívio no leito de nascimento tem seus dias contados, já que em breve perderão a proteção materna para virar mercadoria no comércio ilegal de animais silvestres! Mudar essa realidade, atenuar o problema, é absolutamente possível, e a fórmula não é mágica, não! Para muitos deles, a magia de voar jamais acontecerá” – Marcelo Pavlenco Rocha – agosto de 2017 “Nossa proposta é divulgar conhecimento sobre comportamento animal aplicado e oferecer soluções que atendam às necessidades básicas relativas ao completo bem-estar de nossos pets” – MV Dalton Ishikawa – http://youtu.be/BgB3OHoDK9k

Desejo que esse espírito de inovação, profissionalismo e sucesso permeie todos os médicos veterinários. Feliz 9 de setembro para todos! E que o Dia Mundial dos Animais, 4 de outubro, data que muitos usam para fazer alertas contra crueldades e maus-tratos, seja um dia iluminado para todos os que se dedicam à árdua luta de conservação da natureza. Gratidão a Marcelo Pavlenco, da SOS Fauna, por mais um legado. Dessa vez: o documentário E agora?

Teaser do documentário E agora? O tráfico de animais silvestres no Brasil – http://vimeo.com/220534606

Arthur de Vasconcelos Paes Barretto CRMV-MG 10.684

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EXPEDIENTE

Consultores científicos EDITORES / PUBLISHERS

Adriano B. Carregaro

Ana Claudia Balda

Benedicto W. De Martin

FZEA/USP-Pirassununga

FMU, Hovet Pompéia

FMVZ/USP; IVI

Álan Gomes Pöppl

Ananda Müller Pereira

Berenice A. Rodrigues

FV/UFRGS

Universidad Austral de Chile

Médica veterinária autônoma

Alberto Omar Fiordelisi

Ana P. F. L. Bracarense

Camila I. Vannucchi

FCV/UBA

DCV/CCA/UEL

FMVZ/USP-São Paulo

CRMV-SP 10.159 - www.crmvsp.gov.br

Alceu Gaspar Raiser

André Luis Selmi

Carla Batista Lorigados

DCPA/CCR/UFSM

Anhembi/Morumbi e Unifran

FMU

PUBLICIDADE / ADVERTISING

Alejandro Paludi

Angela Bacic de A. e Silva

Carla Holms

midia@editoraguara.com.br

FCV/UBA

FMU

Anclivepa-SP

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA / DESKTOP PUBLISHING

Alessandra M. Vargas

Antonio M. Guimarães

Carlos Alexandre Pessoa

Endocrinovet

DMV/UFLA

www.animalexotico.com.br

Alexandre Krause

Aparecido A. Camacho

Carlos E. Ambrosio

Editora Guará Ltda.

FMV/UFSM

FCAV/Unesp-Jaboticabal

FZEA/USP-Pirassununga

CAPA / COVER:

Alexandre G. T. Daniel

A. Nancy B. Mariana

Carlos E. S. Goulart

Universidade Metodista

FMVZ/USP-São Paulo

EMATER-DF

Alexandre L. Andrade

Arlei Marcili

Carlos Roberto Daleck

CMV/Unesp-Aracatuba

FMVZ/USP-São Paulo

FCAV/Unesp-Jaboticabal

Alexander W. Biondo

Aulus C. Carciofi

Carlos Mucha

UFPR, UI/EUA

FCAV/Unesp-Jaboticabal

IVAC-Argentina

Aline Machado Zoppa

Aury Nunes de Moraes

Cassio R. A. Ferrigno

FMU/Cruzeiro do Sul

UESC

FMVZ/USP-São Paulo

Aline Souza

Ayne Murata Hayashi

Ceres Faraco

UFF

FMVZ/USP-São Paulo

FACCAT/RS

Aloysio M. F. Cerqueira

Beatriz Martiarena

César A. D. Pereira

UFF

FCV/UBA

UAM, UNG, UNISA

Arthur de Vasconcelos Paes Barretto editor@editoraguara.com.br CRMV-MG 10.684 - www.crmvmg.org.br

Shutterstock

Maria Angela Sanches Fessel cvredacao@editoraguara.com.br

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Web

Pet Vet TV

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Dogue alemão fotografado por Jeff Thrower Clínica Veterinária é uma revista técnicocientífica bimestral, dirigida aos clínicos veterinários de pequenos animais, estudantes e professores de medicina veterinária, publicada pela Editora Guará Ltda. As opiniões em artigos assinados não são necessariamente compartilhadas pelos editores. Os conteúdos dos anúncios veiculados são de total responsabilidade dos anunciantes. Não é permitida a reprodução parcial ou total do conteúdo desta publicação sem a prévia autorização da editora. A responsabilidade de qualquer terapêutica prescrita é de quem a prescreve. A perícia e a experiência profissional de cada um são fatores determinantes para a condução dos possíveis tratamentos para cada caso. Os editores não podem se responsabilizar pelo abuso ou má aplicação do conteúdo da revista Clínica Veterinária.

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http://www.vetagenda.com.br

Contato Editora Guará Ltda. Dr. José Elias 222 - Alto da Lapa 05083-030 São Paulo - SP, Brasil Central de assinaturas: Whats App +55 (11) 98250-0016 Telefone/fax: (11) 3835-4555 / 3641-6845 cvassinaturas@editoraguara.com.br

Clínica Veterinária, Ano XXII, n. 130, setembro/outubro, 2017


Christina Joselevitch

Franz Naoki Yoshitoshi

Juliana Werner

Mary Marcondes

Ricardo G. D’O. C. Vilani

FMVZ/USP-São Paulo

Provet

Lab. Werner e Werner

CMV/Unesp-Araçatuba

UFPR

Cibele F. Carvalho

Gabriela Pidal

Julio C. C. Veado

Masao Iwasaki

Ricardo S. Vasconcellos

UNICSUL

FCV/UBA

FMVZ/UFMG

FMVZ/USP-São Paulo

CAV/UDESC

Clair Motos de Oliveira

Gabrielle Coelho Freitas

Julio Cesar de Freitas

Mauro J. Lahm Cardoso

Rita de Cassia Garcia

UFFS-Realeza

UEL

FALM/UENP

FMV/UFPR

Geovanni D. Cassali

Karin Werther

Mauro Lantzman

Rita de Cassia Meneses

ICB/UFMG

FCAV/Unesp-Jaboticabal

Psicologia PUC-SP

IV/UFRRJ

Geraldo M. da Costa

Leonardo Pinto Brandão

Michele A.F.A. Venturini

Rita Leal Paixão

DMV/UFLA

Ceva Saúde Animal

ODONTOVET

FMV/UFF

Gerson Barreto Mourão

Leucio Alves

Michiko Sakate

Robson F. Giglio

ESALQ/USP

FMV/UFRPE

FMVZ/Unesp-Botucatu

Hosp. Cães e Gatos; Unicsul

Hannelore Fuchs

Luciana Torres

Miriam Siliane Batista

Rodrigo Gonzalez

Instituto PetSmile

FMVZ/USP-São Paulo

FMV/UEL

FMV/Anhembi-Morumbi

Hector Daniel Herrera

Lucy M. R. de Muniz

Moacir S. de Lacerda

Rodrigo Mannarino

FCV/UBA

FMVZ/Unesp-Botucatu

UNIUBE

FMVZ/Unesp-Botucatu

Hector Mario Gomez

Luiz Carlos Vulcano

Monica Vicky Bahr Arias

Rodrigo Teixeira

EMV/FERN/UAB

FMVZ/Unesp-Botucatu

FMV/UEL

Zoo de Sorocaba

Hélio Autran de Moraes

Luiz Henrique Machado

Nadia Almosny

Ronaldo C. da Costa

Dep. Clin. Sci./Oregon S. U.

FMVZ/Unesp-Botucatu

FMV/UFF

CVM/Ohio State University

Hélio Langoni

Marcello Otake Sato

Nayro X. Alencar

Ronaldo G. Morato

FMVZ/UNESP-Botucatu

FM/UFTO

FMV/UFF

CENAP/ICMBio

Heloisa J. M. de Souza

Marcelo A.B.V. Guimarães Nei Moreira

Rosângela de O. Alves

FMV/UFRRJ

FMVZ/USP-São Paulo

CMV/UFPR

EV/UFG

Herbert Lima Corrêa

Marcelo Bahia Labruna

Nelida Gomez

Rute C. A. de Souza

ODONTOVET

FMVZ/USP-São Paulo

FCV/UBA

UFRPE/UAG

Iara Levino dos Santos

Marcelo de C. Pereira

Nilson R. Benites

Ruthnéa A. L. Muzzi

Koala H. A. e Inst. Dog Bakery

FMVZ/USP-São Paulo

FMVZ/USP-São Paulo

DMV/UFLA

Iaskara Saldanha

Marcelo Faustino

Nobuko Kasai

Sady Alexis C. Valdes

Lab. Badiglian

FMVZ/USP-São Paulo

FMVZ/USP-São Paulo

Unipam-Patos de Minas

Idael C. A. Santa Rosa

Marcelo S. Gomes

Noeme Sousa Rocha

Sheila Canavese Rahal

UFLA

Zoo SBC,SP

FMV/Unesp-Botucatu

FMVZ/Unesp-Botucatu

Ismar Moraes

Marcia Kahvegian

Norma V. Labarthe

Silvia E. Crusco

FMV/UFF

FMVZ/USP-São Paulo

FMV/UFFe FioCruz

UNIP/SP

Jairo Barreras

Márcia Marques Jericó

Patricia C. B. B. Braga

Silvia Neri Godoy

FioCruz

UAM e UNISA

FMVZ/USP-Leste

ICMBio/Cenap

James N. B. M. Andrade Marcia M. Kogika

Patrícia Mendes Pereira

Silvia R. G. Cortopassi

FMV/UTP

FMVZ/USP-São Paulo

DCV/CCA/UEL

FMVZ/USP-São Paulo

Jane Megid

Marcio B. Castro

Paulo Anselmo

Silvia R. R. Lucas

FMVZ/Unesp-Botucatu

UNB

Zoo de Campinas

FMVZ/USP-São Paulo

Janis R. M. Gonzalez

Marcio Brunetto

Paulo César Maiorka

Silvio A. Vasconcellos

FMV/UEL

FMVZ/USP-Pirassununga

FMVZ/USP-São Paulo

FMVZ/USP-São Paulo

Jean Carlos R. Silva

Marcio Dentello Lustoza

Paulo Iamaguti

Silvio Luis P. de Souza

UFRPE, IBMC-Triade

Biogénesis-Bagó Saúde Animal

FMVZ/Unesp-Botucatu

FMVZ/USP, UAM

João G. Padilha Filho

Márcio Garcia Ribeiro

Paulo S. Salzo

Simone Gonçalves

FCAV/Unesp-Jaboticabal

FMVZ/Unesp-Botucatu

UNIMES, UNIBAN

Hemovet/Unisa

João Luiz H. Faccini

Marco Antonio Gioso

Paulo Sérgio M. Barros

Stelio Pacca L. Luna

UFRRJ

FMVZ/USP-São Paulo

FMVZ/USP-São Paulo

FMVZ/Unesp-Botucatu

João Pedro A. Neto

Marconi R. de Farias

Pedro Germano

Tiago A. de Oliveira

UAM

PUC-PR

FSP/USP

UEPB

Jonathan Ferreira

Maria Cecilia R. Luvizotto Pedro Luiz Camargo

Tilde R. Froes Paiva

Odontovet

CMV/Unesp-Aracatuba

FMV/UFPR

Jorge Guerrero

M. Cristina F. N. S. Hage Rafael Almeida Fighera

Valéria Ruoppolo

Universidade da Pennsylvania

FMV/UFV

FMV/UFSM

Int. Fund for Animal Welfare

José de Alvarenga

Maria Cristina Nobre

Rafael Costa Jorge

Vamilton Santarém

FMVZ/USP

FMV/UFF

Hovet Pompéia

Unoeste

Jose Fernando Ibañez

M. de Lourdes E. Faria

Regina H.R. Ramadinha

Vania M. de V. Machado

FALM/UENP

VCA/SEPAH

FMV/UFRRJ

FMVZ/Unesp-Botucatu

José Luiz Laus

Maria Isabel M. Martins

Renata A. Sermarini

Victor Castillo

FCAV/Unesp-Jaboticabal

DCV/CCA/UEL

ESALQ/USP

FCV/UBA

José Ricardo Pachaly

M. Jaqueline Mamprim

Renata Afonso Sobral

Vitor Marcio Ribeiro

UNIPAR

FMVZ/Unesp-Botucatu

Onco Cane Veterinária

PUC-MG

José Roberto Kfoury Jr.

Maria Lúcia Z. Dagli

Renata Navarro Cassu

Viviani de Marco

FMVZ/USP

FMVZ/USP-São Paulo

Unoeste-Pres. Prudente

UNISA e NAYA Especialidades

Juan Carlos Troiano

Marion B. de Koivisto

Renée Laufer Amorim

Wagner S. Ushikoshi

FCV/UBA

CMV/Unesp-Araçatuba

FMVZ/Unesp-Botucatu

FMV/UNISA e FMV/CREUPI

Juliana Brondani

Marta Brito

Ricardo Duarte

Zalmir S. Cubas

FMVZ/Unesp-Botucatu

FMVZ/USP-São Paulo

All Care Vet / FMU

Itaipu Binacional

FMVZ/USP-São Paulo

Clarissa Niciporciukas ANCLIVEPA-SP

Cleber Oliveira Soares EMBRAPA

Cristina Massoco Salles Gomes C. Empresarial

Daisy Pontes Netto FMV/UEL

Daniel C. de M. Müller UFSM/URNERGS

Daniel G. Ferro ODONTOVET

Daniel Macieira FMV/UFF

Denise T. Fantoni FMVZ/USP-São Paulo

Dominguita L. Graça FMV/UFSM

Edgar L. Sommer PROVET

Edison L. P. Farias UFPR

Eduardo A. Tudury DMV/UFRPE

Elba Lemos FioCruz-RJ

Eliana R. Matushima FMVZ/USP-São Paulo

Elisangela de Freitas FMVZ/Unesp-Botucatu

Estela Molina FCV/UBA

Fabian Minovich UJAM-Mendoza

Fabiano Montiani-Ferreira FMV/UFPR

Fabiano Séllos Costa DMV/UFRPE

Fabio Otero Ascol IB/UFF

Fabricio Lorenzini FAMi

Fernando C. Maiorino FEJAL/CESMAC/FCBS

Fernando de Biasi DCV/CCA/UEL

Fernando Ferreira FMVZ/USP-São Paulo

Filipe Dantas-Torres CPAM

Flávia R. R. Mazzo Provet

Flavia Toledo Univ. Estácio de Sá

Flavio Massone FMVZ/Unesp-Botucatu

Francisco E. S. Vilardo Criadouro Ilha dos Porcos

Francisco J. Teixeira N. FMVZ/Unesp-Botucatu

F. Marlon C. Feijo UFERSA

DCV/CCA/UEL

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INSTRUÇÕES AOS AUTORES

A

Clínica Veterinária publica artigos científicos inéditos, de três tipos: trabalhos de pesquisa, relatos de caso e revisões de literatura. Embora todos tenham sua importância, nos trabalhos de pesquisa, o ineditismo encontra maior campo de expressão, e como ele é um fator decisivo no âmbito científico, estes trabalhos são geralmente mais valorizados. Todos os artigos enviados à redação são primeiro avaliados pela equipe editorial e, após essa avaliação inicial, encaminhados aos consultores científicos. Nessas duas instâncias, decide-se a conveniência ou não da publicação, de forma integral ou parcial, e encaminham-se ao autores sugestões e eventuais correções. Trabalhos de pesquisa são utilizados para apresentar resultados, discussões e conclusões de pesquisadores que exploram fenômenos ainda não completamente conhecidos ou estudados. Nesses trabalhos, o bem-estar animal deve sempre receber atenção especial. Relatos de casos são utilizados para a apresentação de casos de interesse, quer seja pela raridade, evolução inusitada ou técnicas especiais. Devem incluir uma pesquisa bibliográfica profunda sobre o assunto (no mínimo 30 referências) e conter uma discussão detalhada dos achados e conclusões do relato à luz dessa pesquisa. A pesquisa bibliográfica deve apresentar no máximo 15% de seu conteúdo provenientes de livros, e no máximo 20% de artigos com mais de cinco anos de publicação. Revisões são utilizadas para o estudo aprofundado de informações atuais referentes a um determinado assunto, a partir da análise criteriosa dos trabalhos de pesquisadores de todo o meio científico, publicados em periódicos de qualidade reconhecida. As revisões deverão apresentar pesquisa de, no mínimo, 60 referências provadamente consultadas. Uma revisão deve apresentar no máximo 15% de seu conteúdo provenientes de livros, e no máximo 20% de artigos com mais de cinco anos de publicação.

Critérios editoriais Para a primeira avaliação, os autores devem enviar através do site da revista um arquivo texto (.doc) com o trabalho, acompanhado de imagens digitalizadas em formato .jpg - http://revistaclinicaveterinaria.com.br/blog/envio-de-artigos-cientificos/. As imagens digitalizadas devem ter, no mínimo, resolução de 300 dpi na largura de 9 cm. Se os autores não possuírem imagens digitalizadas, devem encaminhar pelo correio ao nosso departamento de redação cópias das imagens originais (fotos, slides ou ilustrações – acompanhadas de identificação de propriedade e autor). Devem ser enviadas também a identificação de todos os autores do trabalho (nome completo por extenso, RG, CPF, endereço residencial com cep, telefones e e-mail). Além dos nomes completos, devem ser informadas as instituições às quais os autores estejam vinculados, bem como seus títulos no momento em que o trabalho foi escrito. Os autores devem ser relacionados na seguinte ordem: primeiro, o autor principal, seguido do orientador e, por fim, os colaboradores, em sequência decrescente de participação. Sugere-se como máximo seis autores. O primeiro autor deve necessariamente ter diploma de graduação em medicina veterinária. Todos os artigos, independentemente da sua categoria, devem ser redigidos em língua portuguesa e acompanhados de versões em língua inglesa e espanhola de: título, resumo (de 700 a 800 caracteres) e unitermos (3 a 6). Os títulos devem ser claros e grafados em letras minúsculas – somente a primeira letra da primeira palavra deve ser grafada em letra maiúscula. Os resumos devem ressaltar o objetivo, o método, os resultados e as conclusões, de forma concisa, dos pontos relevantes do trabalho apresentado. Os unitermos não devem constar do título. Devem ser dispostos do mais abrangente para o mais específico (eg, “cães, cirurgias, abcessos, próstata). Verificar se os unitermos escolhidos constam dos “Descritores em Ciências de Saúde” da Bireme (http://decs.bvs.br/). Revisões de literatura não devem apresentar o subtítulo “Conclusões”. Sugere-se “Considerações finais”. Não há especificação para a quantidade de páginas, dependendo esta do conteúdo explorado. Os assuntos devem ser abordados com objetividade e clareza, visando o público leitor – o clínico veterinário de pequenos animais. Utilizar fonte arial tamanho 10, espaço simples e uma única coluna. As margens superior, inferior e laterais devem apresentar até 3 cm. Não deixar linhas em branco ao longo do texto, entre títulos, após subtítulos e entre as referências.

No caso de todo o material ser remetido pelo correio, devem necessariamente ser enviados, além de uma apresentação impressa, uma cópia em CD-rom. Imagens como fotos, tabelas, gráficos e ilustrações não podem ser cópias da literatura, mesmo que seja indicada a fonte. Devem ser utilizadas imagens originais dos próprios autores. Imagens fotográficas devem possuir indicação do fotógrafo e proprietário; e quando cedidas por terceiros, deverão ser obrigatoriamente acompanhadas de autorização para publicação e cessão de direitos para a Editora Guará (fornecida pela Editora Guará). Quadros, tabelas, fotos, desenhos, gráficos deverão ser denominados figuras e numerados por ordem de aparecimento das respectivas chamadas no texto. Imagens de microscopia devem ser sempre acompanhadas de barra de tamanho e nas legendas devem constar as objetivas utilizadas. As legendas devem fazer parte do arquivo de texto e cada imagem deve ser nomeada com o número da respectiva figura. As legendas devem ser autoexplicativas. Não citar comentários que constem das introduções de trabalhos de pesquisa para não incorrer em apuds. Sempre buscar pelas referências originais. O texto do autor original deve ser respeitado, utilizando-se exclusivamente os resultados e, principalmente, as conclusões dos trabalhos. Quando uma informação tiver sido localizada em diversas fontes, deve-se citar apenas o autor mais antigo como referência para essa informação, evitando a desproporção entre o conteúdo e o número de referências por frases. As referências serão indicadas ao longo do texto apenas por números sobrescritos ao texto, que corresponderão à listagem ao final do artigo – autores e datas não devem ser citados no texto. Esses números sobrescritos devem ser dispostos em ordem crescente, seguindo a ordem de aparecimento no texto, e separados apenas por vírgulas (sem espaços). Quando houver mais de dois números em sequência, utilizar apenas hífen (-) entre o primeiro e o último dessa sequência, por exemplo cão 1,3,6-10,13. A apresentação das referências ao final do artigo deve seguir as normas atuais da ABNT 2002 (NBR 10520). Utilizar o formato v. para volume, n. para número e p. para página. Não utilizar “et al” – todos os autores devem ser relacionados. Não abreviar títulos de periódicos. Sempre utilizar as edições atuais de livros – edições anteriores não devem ser utilizadas. Todos os livros devem apresentar informações do capítulo consultado, que são: nome dos autores, nome do capítulo e páginas do capítulo. Quando mais de um capítulo for utilizado, cada capítulo deverá ser considerado uma referência específica. Não serão aceitos apuds nem revisões de literatura (Citação direta ou indireta de um autor a cuja obra não se teve acesso direto. É a citação de “segunda mão”. Utiliza-se a expressão apud, que significa “citado por”. Deve ser empregada apenas quando o acesso à obra original for impossível, pois esse tipo de citação compromete a credibilidade do trabalho). A exceção será somente para literatura não localizada e obras antigas de difícil acesso, anteriores a 1960. As citações de obras da internet devem seguir o mesmo procedimento das citações em papel, apenas com o acréscimo das seguintes informações: “Disponível em: <http://www.xxxxxxxxx>. Acesso em: dia de mês de ano.” Somente utilizar o local de publicação de periódicos para títulos com incidência em locais distintos, como, por exemplo: Revista de Saúde Pública, São Paulo e Revista de Saúde Pública, Rio de Janeiro. De modo geral, não são aceitas como fontes de referência periódicos ou sites não indexados. Ocasionalmente, o conselho científico editorial poderá solicitar cópias de trabalhos consultados que obrigatoriamente deverão ser enviadas. Será dado um peso específico à avaliação das citações, tanto pelo volume total de autores citados, quanto pela diversidade. A concentração excessiva das citações em apenas um ou poucos autores poderá determinar a rejeição do trabaho. Não utilizar SID, BID e outros. Escrever por extenso “a cada 12 horas”, “a cada 6 horas” etc. Com relação aos princípios éticos da experimentação animal, os autores deverão considerar as normas do SBCAL (Sociedade Brasileira de Ciência de Animais de Laboratório). Informações referentes a produtos utilizados no trabalho devem serlistados, com chamada no texto com letra sobrescrita ao princípio ativo ou produto. Para todos os itens listados é necessario citar, nome comercial, fabricante, cidade e estado. Para produtos importados, informar também o país de origem, o nome do importador/distribuidor, cidade e estado.

Revista Clínica Veterinária / Redação Rua dr. José Elias 222 CEP 05083-030 São Paulo - SP cvredacao@editoraguara.com.br

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Clínica Veterinária, Ano XXII, n. 130, setembro/outubro, 2017



RELAÇÃO HOMEM-ANIMAL

A perda de animais de companhia é um luto não reconhecido O que é “luto não reconhecido”? O luto não reconhecido foi definido como luto que não pode ser abertamente declarado, socialmente aceito e sentido publicamente 1. Esse autor definiu cinco categorias que definem o luto não reconhecido: a) quando a relação não é reconhecida, como a de casais homossexuais, excompanheiros, colegas de trabalho; b) quando a perda não é reconhecida, como abortos e a morte de animais de companhia; c) quando o enlutado é dito incapaz de compreender o luto, como pessoas com deficiências cognitivas, idosos ou pessoas muito jovens; d) pelas circunstâncias da morte, como AIDS e suicídios; e) modos como o enlutado demonstra o luto, como se comporta 1-3. A sociedade estabelece regras sobre quem, quando, onde, por que e como se enlutar. Caso o enlutado não se encaixe nos parâmetros culturais, como nas cinco categorias citadas acima, a sociedade recusa solidariedade, suporte social, empatia, validação e ajustes no trabalho (Tabela 1). O luto pelos animais de companhia é considerado luto não reconhecido, pois não é uma perda validada pela sociedade. Os animais têm sido tratados como recursos aos homens há milhares de anos, seja para alimentação, para a ciência ou como força de trabalho. Considerado fundador da filosofia ocidental, Aristóteles defendia que os animais eram inferiores ao homem, pois lhes faltava linguagem e racionalidade. Essa noção aristotélica foi difundida através dos séculos por diversos outros pensadores, filósofos e por meio da ciência. Por não terem a capacidade da linguagem, tornou-se aceitável uma atitude utilitária em relação aos animais 4. O luto por eles não tem sido, portanto, reconhecido pela sociedade, principalmente pelo status social de inferioridade que os animais têm em relação aos seres humanos. Por outro lado, histórica e milenarmente, as pessoas se vincularam fortemente aos seus animais. O cão foi a primeira espécie a ser domesticada pelo homem, e evi-

Ilustração: Fernando Gonsales, médico veterinário e cartunista, criador do personagem Níquel Náusea – http://goo.gl/aI5aqg

dências arqueológicas apontam que a relação afetiva entre essas duas espécies data de aproximadamente 12 mil anos: um esqueleto humano com a mão sobre um esqueleto de um filhote de cão 5. No Brasil, estima-se que existam 52,2 milhões de cães de companhia em 44,3% dos domicílios, segundo o IBGE 6. O mercado de produtos direcionados a eles movimentou 16,7 bilhões de reais em 2014, ficando atrás apenas do dos Estados Unidos 7,8. A variedade de mercadorias e serviços oferecidos também tem exemplificado o crescimento desse segmento: hoje não existem somente coleiras, rações e clínicas veterinárias, mas serviços tipicamente humanos destinados aos animais, como padarias, planos de saúde, cirurgias plásticas e manicures especializadas, além de cemitérios e crematórios, revelando um crescente movimento de antropomorfização dos animais de companhia.

Categorias

Exemplos

Quando a relação não é reconhecida Quando a perda não é reconhecida

Casais homossexuais, ex-companheiros, colegas de trabalho e amantes Abortos espontâneos ou provocados, perda de membros do corpo, quando algum parente desenvolve demência e perda de animais de companhia Pessoas com deficiências cognitivas, idosos ou pessoas muito jovens

Quando o enlutado é considerado incapaz de compreender o luto As circunstâncias da morte Modos como o enlutado demonstra o luto

AIDS e suicídios Como se comporta

Tabela 1 - As cinco categorias que definem o luto não reconhecido 1,3 14

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Antropomorfização A antropomorfização tem sido necessária para o relacionamento entre seres humanos e animais, pois sem a atribuição de sentimentos, pensamentos, desejos e motivações consideradas humanas aos animais, esse relacionamento se tornaria insignificante 9. Essa atribuição é natural ao homem moderno, que desde seu nascimento tem sido exposto aos animais, seja através de histórias infantis ou da presença de animais em casa 10. A antropomorfização tem feito com que o animal de companhia se torne um membro da família, com direito a fotografias, festas de aniversário e rituais fúnebres 11. Os animais têm sido considerados como seres dotados de valor, qualidades e características próprias, que lhes conferem personalidade e caráter 12. Mesmo diante dessas diversas mostras da importância da relação dos animais de companhia na vida das pessoas, seu luto ainda não é reconhecido pela sociedade. Há sinais de mudança, com serviços funerários específicos para animais na maioria das capitais estaduais brasileiras e até mesmo um projeto de lei em Porto Alegre (RS) que reserva um dia de licença para os

servidores após o falecimento do seu animal de companhia – http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2016/04/projeto-preve-dia-de-licenca-dono-aposmorte-de-animal-de-estimacao.html . O profissional responsável pela interface no momento da perda do animal de companhia é o médico veterinário. Ele deve ter recursos para lidar com o tutor do animal em crise durante o acompanhamento da doença/trauma e no momento difícil da comunicação da notícia, como empatia e manejo de luto. No entanto, muitas universidades, clínicas veterinárias e hospitais não oferecem suporte ou informações ao enlutado, por falta de um treino específico sobre luto aos veterinários, por ausência de vínculo entre o veterinário e o paciente, pelo fato de a sociedade não reconhecer a validade do luto, por uma relutância cultural em discutir a morte e por não ser um pré-requisito profissional do médico veterinário 13,14. A fundamentação teórica do luto Os estágios de Kübler-Ross são cinco: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação 15. Foram altamente

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RELAÇÃO HOMEM-ANIMAL

criticados por sua rigidez e por serem construídos com base em pacientes terminais e não em enlutados, e em impressões clínicas, em vez de dados empíricos 16-19. No entanto, sua contribuição para o estudo da morte e do morrer é reconhecida por todos os estudiosos da área, trazendo qualidade de vida e atenção aos doentes terminais marginalizados pela medicina, além de evidenciar um tema intrínseco à vida, mas tratado como tabu pela sociedade 20. As fases de Bowlby & Parkes são quatro: choque, anseio e protesto, desorganização e desespero e recuperação 21,22. Geralmente se atravessam essas fases de forma sucessiva, porém elas não são bem delineadas, podendo a pessoa oscilar entre duas delas durante algum tempo, e demonstrar qualquer um dos diferentes aspectos em qualquer fase 18,19,21,22. O Modelo do Processo Dual de Stroebe & Schut é uma abordagem flexível e dinâmica, baseada no princípio de que há alternância entre restauração – o modo de lidar com o cotidiano, fazer mudanças, construir novos relacionamentos – e luto, como preocupação com a morte, anseio pelo ente perdido, comportamentos que desencadeiam tristeza 23. Essa oscilação é considerada pelos autores como benéfica para lidar com o luto 19 (Tabela 2). O luto no ensino da medicina veterinária O trabalho com tutores enlutados em hospitais-escola veterinários data de 1989, e começou na Universidade da Califórnia Davis, com a implementação de uma linha telefônica de suporte 24. Esse modelo foi desenvolvido também por dezenas de outras universidades nos Estados Unidos, e, desde então, tem mostrado maior estruturação e disseminação do serviço em outros países, existindo múltiplos grupos de apoio e linhas telefônicas disponíveis. No entanto, essa ampliação do trabalho deve se dar também no preparo dos alunos na graduação para atender a essa demanda, através de uma forte fundamentação teórica durante a formação veterinária. Considerando as 50 melhores faculdades de medicina veterinária do mundo – selecionadas nos Quacquarelli Symonds World University Rankings by Subject de 2017, cuja metodologia para ranquear as faculdades baseia-se em reputação acadêmica, reputação no mercado, proporção entre corpo docente e corpo discente, impacto de pesquisas e internacionalidade do curso 25 –, quase a totalidade delas têm informações para os tutores sobre os serviços oferecidos em seus hospitais e clínicas. No entanto, inforCinco estágios 15 Kübler-Ross Quatro estágios 21,22 Bowlby e Parkes Modelo do Processo Dual 23 Stroebe e Schut Tabela 2 - Fundamentações teóricas do 16

mações acerca do luto estão presentes em apenas 15/50 (30,0%) universidades. Dentre as 20 primeiras colocadas, metade das escolas apresentou em seus sites recomendações sobre manejo do luto, ou seja, as universidades mais bem colocadas no ranking são também aquelas preocupadas com a orientação dos tutores e a educação de seus graduandos sobre o tema, indicando uma tendência mundial crescente, apesar de se tratar de um projeto que iniciou nos anos 1990. As duas faculdades brasileiras do ranking, USP (38º lugar) e Unesp (47º lugar), apresentavam informações rudimentares sobre os serviços prestados nos respectivos hospitais e nenhuma informação sobre luto. As informações mostraram-se disponíveis nos sites de três maneiras: nos serviços aos clientes, vinculadas aos serviços de oncologia ou como ferramenta de busca dentro do site. Ao que parece, a tendência tem sido a desvinculação do luto ao serviço de oncologia ou informes/notícias, constituindo um serviço independente. As 15 universidades com informações acerca do manejo do luto foram a de Davis, Cornell, Guelph, Pensilvânia, Texas A&M, Michigan, Minnesota, Glasgow, Ohio, Colorado, Carolina do Norte, Illinois, Washington, Tufts e Missouri. A Universidade da Pensilvânia critica os estágios de Kübler-Ross pela sua falta de comprovação. Já a Universidade de Glasgow, apesar de não ter material próprio, indica um site com essa fundamentação teórica. A Universidade do Texas utiliza esse modelo para explicar o processo do luto, mas o faz de forma equivocada, pois não há menção ao estágio da barganha. As universidades de Cornell, Minnesota e Washington utilizam a fundamentação teórica de Bowlby & Parkes 21,22. Cornell afirma em seu site que as informações indicadas ali são utilizadas com permissão dos trabalhos de Bowlby. Já a Universidade de Minnesota indica que utiliza como base um livro de autoria de John Schneider, que utiliza os conceitos de Bowlby para falar sobre luto. No site da Universidade de Washington, os estágios listados e sua descrição estão de acordo com o modelo de Bowlby & Parkes. As universidades de Guelph e do Colorado afirmam em seus sites que o processo do luto é composto por alternâncias entre tristeza e a tentativa de lidar com as mudanças, sem deixar claro que se baseia no Modelo do Processo Dual. No entanto, todas as recomendações e análises do processo do luto são compatíveis com essa orientação teórica. A Universidade de Michigan baseia-se nas informações da Universidade do Colorado para suas

Negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Estágios fixos Choque, anseio e protesto, desorganização, desespero e recuperação Estágios flexíveis e passíveis de sobreposição Alternância entre resolução e luto Abordagem flexível e dinâmica luto 17-19

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recomendações, logo, também faz uso do Modelo do Processo Dual. As universidades que não deixaram claras suas fundamentações teóricas são Califórnia Davis, Ohio, Carolina do Norte, Illinois, Tufts e Missouri. Ou seja, 6/15 (40,0%) universidades não dão informações fundamentadas em teorias sobre o estudo do processo do luto. Os materiais consultados são diversos e com informações pouco claras, até mesmo misturando teorias. Isso é prejudicial e preocupante, pois quase metade das faculdades não deixa explícita sua fundamentação teórica, ou a utiliza de forma errônea, ou não dispõe de uma base teórica, passando as informações de maneira pouco clara e/ou equivocada a seus clientes (tutores) e alunos. Compreender o processo do luto é importante, porém, é necessário estar ciente do contexto em que ele será possível ou não, como no foco desse tipo de luto. Algumas universidades mencionam reações das pessoas no entorno, mas focam o tema como ponto relevante para o processo do luto. No caso de animais de companhia, é essencial abordar a questão do luto não reconhecido, o modo como a sociedade lida com essa perda e como no ambiente do hospital esse luto será validado. Apenas as universidades da Pensilvânia e do Texas explicam o luto não reconhecido, ponto-chave do luto por animal de companhia. A maioria das universidades oferece recursos diversos para lidar com o luto. Além das recomendações do site, oferecem grupos em seus hospitais, encaminham para grupos da cidade e para terapeutas familiarizados com o tema. Além disso, abordam a questão da decisão da eutanásia e seus dilemas éticos, a culpa atrelada a essa escolha e maneiras de saber quando ela deve ser tomada. No Brasil, o luto pelos animais de companhia é pouco

estudado na psicologia ou na medicina veterinária. Nos sites das duas mais importantes faculdades de veterinária do país presentes no ranking, USP e Unesp, não há qualquer informação sobre luto. Esse dado está de acordo com a literatura, que indica um despreparo do médico veterinário para lidar com a morte, por falhas na graduação. Uma pesquisa identificou em São Paulo, em 2010, que apenas uma faculdade oferecia psicologia em sua grade como matéria obrigatória, e apenas outra oferecia tanatologia como optativa, em um universo de 89 faculdades 13. Sem uma formação adequada para lidar com a morte, inevitável no trabalho veterinário, os autores afirmam que esses profissionais terão como único recurso reprimir os sentimentos para demonstrar força. Finalmente, apontam que uma maneira de contornar esse cenário é incluir na graduação disciplinas que abordem o tema e preparem adequadamente o profissional. Veterinários capacitados emocionalmente têm mais chances de ter uma clínica de sucesso e ver seus clientes retornarem 14. Considerações finais Os estudos de luto na área animal são uma tendência entre as melhores universidades do mundo. No entanto, as informações passadas aos tutores não são sempre claras e precisas, devendo a fundamentação teórica com validade empírica estar evidente. As universidades têm papel essencial em prover ao aluno de medicina veterinária as ferramentas para lidar com essa demanda constante do fazer profissional dessa área. As universidades brasileiras não oferecem informações sobre luto nos sites dos seus hospitais veterinários, indicando que essa não é uma preocupação presente no currículo atual dos alunos. Esse cenário gera preocupações,

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RELAÇÃO HOMEM-ANIMAL

uma vez que é tendência mundial o estreitamento do vínculo homem/animal e, por conseguinte, o crescente enfoque no luto pelo animal de companhia. Alice Frank

A difícil decisão da eutanásia. Diante da morte, ficamos paralisados, ansiosos, desorientados e necessitamos passar por um aprendizado. A “educação para a morte” é um processo educacional que prepara para o enfrentamento dessa realidade da vida, de modo que aprender a morrer seja uma consequência de aprender a viver

Referências 01-DOKA, K. J. Disenfranchised grief: recognizing hidden sorrow. Lexington: Lexington Books, 1989. 347 p. ISBN: 978-0669170818. 02-CORR, C. A. Enhancing the concept of disenfranchised grief. OMEGA - Journal of Death and Dying, v. 38, n.1, p. 1-20, 1999. doi: 10.2190/LD26-42A6-1EAV-3MDN. 03-DOKA, K. J. Disenfranchised grief: new directions, challenges, and strategies for practice. 1. ed. Champaign: Research Press, 2002. 451 p. ISBN: 978-0878224272. 04-DONALDSON, J. The culture clash. 2. ed. Berkeley: James & Kenneth Publishers, 2005. 223 p. ISBN: 1-888047-05-04. 05-DAVIS, S. J. M. ; VALLA, F. R. Evidence for domestication of the dog 12.000 years ago in the Natufian of Israel. Nature, v. 276, p. 608-610, 1978. doi: 10.1038/276608a0. 06-IBGE. Acesso e utilização dos serviços de saúde, acidentes e violências: Brasil, grandes regiões e unidades da federação. Pesquisa nacional de saúde 2013. Rio de Janeiro: IBGE, 2015. 100 p. 07-G1. Cresce o mercado de produtos para animais de estimação. 2014. Disponível em: <http://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/mundopet/2014/noticia/2014/12/mundo-pet-cresce-o-mercado-de-produtospara-animais-de-estimacao.html>. Acesso em: 3 de abril de 2017. 08-ANTUNES, J. Mercado dos animais de estimação está muito longe da crise. Jornal de Brasília, 2015. Disponível em: <http://www.jornaldebrasilia.com.br/noticias/cidades/632684/mercado-dos-animais-de-estimacao-esta-muito-longe-da-crise/>. Acesso em: 3 de abril de 2017. 09-SERPELL, J. A. Anthropomorphism and anthropomorphic selection beyond the "cute response". Society & Animals, v. 10, n. 4, p. 437-454, 2002. 10-BRICKEL, C. M. Initiation and maintenance of the human - animal bond: familial roles from a learning perspective. Marriage & Family Review, v. 8, n. 3-4, p. 31-48, 1985. doi: 10.1300/j002v08n03_04. 11-BELK, R. W. Metaphoric relationships with pets. Society & Animals, v. 4, n. 2, p. 121-145, 1996. doi: 10.1163/156853096X00115. 12-BEVERLAND, M. B. ; FARRELLY, F. ; LIM, E. A. C. Exploring the dark side of pet ownership: status- and control-based pet consumption. Journal of Business Research, v. 61, n. 5, (p. 490-496, 2008. doi: 10.1016/j.jbusres.2006.08.009. 13-LESNAU, G. G. ; SANTOS, F. S. Formação dos acadêmicos de medicina

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veterinária no processo de morte e morrer. Bioscience Journal, v. 29, n. 2, p. 429-433, 2013. 14-HEWSON, C. Grief for pets part 1: overview and update on the literature. Veterinary Ireland Journal, v. 4, n. 7, p. 380-385, 2014. 15-KÜBLER-ROSS, E. Sobre a morte e o morrer. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996. 299 p. ISBN: 85-336-0496-3. 16-CORR, C. A. Coping with dying: lessons that we should and should not learn from the work of Elisabeth Kübler-Ross. Death Studies, v. 17, n. 1, 69-83, 1993. doi: 10.1080/07481189308252605. 17-ROTHAUPT, J. W. ; BECKER, K. A literature review of Western bereavement theory: from decathecting to continuing bonds. The Family Journal, v. 15, n. 1, p. 6-15, 2007. doi: 10.1177/1066480706294031. 18-BUGLASS, E. Grief and bereavement theories. Nursing Standard, v. 24, n. 41, p. 44-47, 2010. doi: 10.7748/ns2010.06.24.41.44.c7834. 19-KOURIATIS, K. ; BROWN, D. Therapists’ bereavement and loss experiences: a literature review. Journal of Loss and Trauma, v. 16, n. 3, p. 205-228, 2011. doi: 10.1080/15325024.2010.519289. 20-LARSON, D. G. Taking stock: past contributions and current thinking on death, dying, and grief: a review of beyond Kübler-Ross: new perspectives on death, dying and grief edited by Kenneth J. Doka and Amy S. Tucci. Washington, DC: Hospice Foundation of America, 2011. 156 pp. Death Studies, v. 38, n. 5, p. 349-352, 2014. doi: 10.1080/07481187.2013.837354. 21-BOWLBY, J. Perda: tristeza e depressão: apego e perda. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004. 540 p. ISBN: 978-8533620643. 22-PARKES, C. M. Luto: estudos sobre a perda na vida adulta. São Paulo: Summus Editorial, 1998. 290 p. ISBN: 85-323-0639-x. 23-STROEBE, M. ; SCHUT, H. The dual process model of coping with bereavement: rationale and description. Death Studies, v. 23, n. 3, p. 197-224, 1999. doi: 10.1080/074811899201046. 24-UC DAVIS VETERINARY MEDICINE. UC Davis School of Veterinary Medicine Earns Education Award, Announces Dedication. Disponível em: <http://www.vetmed.ucdavis.edu/whatsnew/article.cfm?id=1068>. Acesso em: 5 de abril de 17. 25-QUACQUARELLI SYMONDS WORLD UNIVERSITY RANKINGS. QS World University Rankings by subject 2017. Veterinary Science, 2017. Disponível em: <https://www.topuniversities.com/university-rankings/university-subject-rankings/2017/veterinary-science>. Acesso em: 5 de abril de 2017.

Alice de Carvalho Frank - psicóloga, mestrado na relação homem-animal. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (USP). Consultora autônoma. alice.frank@gmail.com

Camila Marinelli Martins - MV, PhD. Pósdoutoranda do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia Experimental Aplicada às Zoonoses, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (USP). camila@vps.fmvz.usp.br Alexander Welker Biondo - MV, MSc, PhD Professor de Zoonoses e Medicina Veterinária do Coletivo do Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Paraná. abiondo@ufpr.br

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ESPECIALIDADES

Vet Expo 2017 cria plataformas eficientes para que a cadeia pet se desenvolva de forma contínua De 17 a 19 de outubro no Transamérica Expo Center,em São Paulo, SP

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Confira as programações: http://vetexpo.com.br

mportante e completa plataforma de negócios do setor pet e veterinário da América Latina, a VET EXPO – Feira Internacional de Produtos para Veterinários e Petshop é o ponto de encontro dos principais segmentos do mercado. As novidades do setor veterinário, tanto para lojistas quanto para médicos veterinários, serão apresentadas em um dos maiores eventos do setor no Brasil, entre os dias 17 e 19 de outubro, no Transamérica Expo Center, em São Paulo. “São esperados mais de 15 mil visitantes e 2.400 congressistas, que vão conferir as principais inovações em higiene e beleza, saúde, nutrição, equipamentos, acessórios e serviços ou se atualizar em uma das mais de 100 palestras de diversas áreas da medicina veterinária”, conta José Carlos Julianelli, responsável pelos eventos. A feira oferece ao visitante networking e desenvolvimento profissional durante todo o evento. Na área de exposição estarão presentes os grandes players do mercado, como: Vetnil, Premier Pet, Total Alimentos, MSD, Guabi, Abaxis, Davol, The Pet's Brasil e a revista Clínica Veterinária. O evento apresentará uma grade completa de conteúdo

técnico-científico voltado para gestores de pet shops, médicos veterinários, importadores e distribuidores, groomers, criadores, varejistas e atacadistas desse mercado: o 15º CONPAVEPA – Congresso Paulista de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais traz conteúdo sobre as diversas especialidades da medicina veterinária; o CAT In Rio aborda temas atuais e muitas novidades sobre os felinos; fraturas, doenças articulares e implantes estão entre os temas que serão discutidos durante o Simpósio de Ortopedia da Associação Brasileira de Ortopedia e Traumatologia Veterinária (OTV). As especialidades de nefrologia e urologia de pequenos animais serão abordadas detalhadamente durante o Simpósio CBNUV – Colégio Brasileiro de Nefrologia e Urologia Veterinárias. Uma inovação de destaque na programação científica é o curso que visa capacitar os participantes para a função de auxiliar de medicina veterinária de pequenos animais nas diversas modalidades do atendimento (recepção do paciente; contenção; coleta de materiais; armazenamento e envio de amostras; cuidados e manutenção de equipamentos): o Curso de Auxiliar Veterinário da Anclivepa-SP.

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ESPECIALIDADES

Oportunidades de atualização na medicina de felinos

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partir de setembro, muita medicina felina na agenda! No início de setembro, no dia 6, das 17h as 21h, estréia Cat Night, organizado por Sergio Lobato. Na sequência, ocorre Cat In Rio, um evento inovador, no qual grandes nomes da medicina felina discutem temas essenciais da vida dos gatos, já foi realizado duas vezes com casa cheia no Rio de Janeiro. Em decorrência do sucesso, terá edições em São Paulo e no Nordeste, mais precisamente na bela cidade de Natal, RN. O Cat In Rio São Paulo será realizado de 17 a 19 de outubro, no Transamérica Expo Center, incrementando toda a programação científica que acontece paralelamente à Vet Expo – Feira Internacional de Produtos para Veterinários e Petshop. O Cat In Rio Natal será realizado nos dias 3 e 4 de novembro no Holliday Inn Arena das Dunas, avenida Senador Salgado Filho, 1906, Lagoa Nova, Natal, RN. Também já está programada a 3ª edição do Cat In Rio, nos dias 9 e 10 de março de 2018, no Américas Barra Hotel, no Rio de Janeiro. Essa terceira edição apresentará pequenas mudanças que tornam a programação ainda mais sistematizada e atraente, e grandes nomes da especialidade continuam discutindo temas atuais e relevantes da medicina de felinos.

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Congresso ABFEL 2017 Outra grande oportunidade de atualização na medicina de felinos é o Congresso ABFEL 2017, que acontece de 12 a 14 de outubro, em Belo Horizonte, MG. O grupo de palestrantes do Congresso da ABFEL inclui nomes de destaque na medicina felina: Andrigo Barboza de Nardi, Fernanda Vieira Amorim da Costa, Giovana Mazzotti, Heloisa Justen, João Telhado Pereira, Marcelo de Souza Zanutto, Maria Alessandra Martins Del Barrio, Mitika Hagiwara e Myrian Kátia Iser Teixeira. Acesse http://www.congressoabfel.com.br e confira a programação. Fundada em vinte e cinco de maio de 2007, a Academia Brasileira de Clínicos de Felinos (Abfel), é uma sociedade civil sem fins lucrativos, que tem como objetivo congregar médicos veterinários e estudantes de medicina veterinária interessados na medicina de felinos.

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ESPECIALIDADES

Neurologia veterinária em evidência

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o mês de agosto, a Associação Brasileira de Neurologia veterinária trouxe pela primeira vez ao Brasil os professores Gualtiero Gandini (Itália) e Kaspar Matiasek (Alemanha) para ministrarem palestras nos Simpósios Internacionais ABNV, que também contaram com a apresentação de trabalhos que estão disponíveis em suplemento da Clínica Veterinária. Vários outros eventos abordando a neurologia veterinária, com palestrantes renomados, estão programados para ocorrer nos próximos meses. Confira a seguir.

Anais dos Simpósios Internacionais da ABNV 2017 – http://goo.gl/2AYifo

Neurolatinvet Entre os dia 20 e 23 de setembro, em Medellín, na Colômbia, será realizado o VI Neurolatinvet – Congresso Latinoamericano de Neurologia Veterinária. 15º Conpavepa O Conpavepa chega à sua 15 ª edição nos dias 17 a 19 de outubro, no Transamérica Expo Center, em São Paulo. Estão previstas 84 palestras e seis mesas-redondas. A programação será dividida entre os quatro auditórios e por grau de abordagem. No Auditório Imersão, onde as palestras serão ministradas em nível avançado, estão previstas diversas palestras de neurologia veterinária do prof. Ronaldo Casimiro da Costa. Confira toda a programação: http://vetexpo.com.br/images/gradeGG.jpg . OrtoNeuro In Rio Nos dias 13 e 14 de outubro, no Rio de Janeiro, RJ,

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ocorre mais um evento In Rio: Orto Neuro In Rio. O dr. Nick Jeffery, professor de neurologia e neurocirurgia da Texas A & M University, diplomado tanto pelo Colégio Europeu de Cirurgia Veterinária quanto pelo Colégio Europeu de Neurologia Veterinária, é destaque na programação do evento. Congresso Paranaense da Anclivepa Nos dias 11 e 12 de novembro a Anclivepa-PR realiza em Curitiba, PR, o 1º Congresso Paranaense da Anclivepa, com Simpósio de Neurologia ministrado pelo prof. dr. Ronaldo Casimiro da Costa. IV Simpósio Internacional de Neurologia Veterinária Entre os dias 24 e 26 de novembro, o Instituto Bioethicus realiza em Botucatu, SP, o IV Simpósio Internacional de Neurologia Veterinária, que contará com a presença do prof. Simon Platt. Em 2010, o especialista esteve em Botucatu a convite do Instituto Bioethicus e, em 2016, em São Paulo, participando de simpósio internacional da ABNV. Quem ainda não assistiu à palestra do dr. Platt não deve perder essa oportunidade! Entre os temas presentes na programação estão a importância da ressonância magnética, neurocirurgia (encéfalo e coluna), doenças inflamatória do SNC, utilização de células tronco, entre outros temas. Simon R. Platt – BVSM, dipl. ACVIM – Neurologia, dipl. ECVN. Coeditor do PLATT, N & OLBY, N. BSAVA Manual of Canine and Feline Neurology, 3. e 4. eds. (BSAVA 2004 e 2013). Reconhecido nas áreas de trauma cranioencefálico e neoplasias intracranianas. Presença confirmada em Botucatu, SP, no IV Simpósio Internacional de Neurologia Veterinária: http://bioethicus.com.br/simposioneurologia

Outros nomes confirmados são: Ragnal Schamall, Rogério Martins Amorim e Jean G. F. Joaquim.

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NOR Science – Neurology, Orthopedics and Rehabilitation A conferência NOR Science acontece em Campinas, SP, nos dia 4 e 5 de abril de 2018. Ela faz parte da programação da Super Pet – feira de negócios, que ocorre no Expo Dom Pedro, área de eventos que faz parte do complexo Parque Dom Pedro Shopping. A feira tem início no dia 3 de abril, data em que está programada outra conferência veterinária: a ECC Science (Emergency and Critical Care). A NOR Science contará com palestras de neurologia do prof. dr. Ronaldo Casimiro da Costa e também de grandes nomes da ortopedia e da reabilitação. O prof. dr. Cássio R. A. Ferrigno, da FMVZ/USP, por exemplo, Ronaldo abordará a utilização da tecnologia 3D na Casimiro ortopedia veterinária, bem como o uso de da Costa

anti-inflamatórios e condroprotetores em fraturas e afecções articulares. Outros temas da conferência são a identificação e o controle da dor em cães e gatos, com a profa. dra. Denise Fantoni; utilização de células-tronco na reabilitação de cães e gatos, com o prof. dr. Jean G. F. Joaquim; órteses e próteses em cães e gatos, com Monica Veras; emergências ortopédicas em cães e Tecnologia 3D na ortopegatos (procedimentos, ban- dia veterinária. Tema que dagens e imobilizações) e será abordado pelo prof. tratamento da fratura aberta, Cássio R. A. Ferrigno temas que terão palestrantes indicados pela OTV - Associação Brasileira de Ortopedia e Traumatologia Veterinária, entidade parceira do evento.

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http://www.feirasuperpet.com.br





VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE FISIOTERAPIA, FISIATRIA E REABILITAÇÃO VETERINÁRIA Dias: 09 a 12 de Novembro de 2017 Local: FMVZ/USP - São Paulo/SP Palestrantes Internacionais: Laurie Edge-Hughes BScPT, MAnimSt (Animal Physio), CAFCI, CCRT Lee Clark MCSp, SRP, Bsc

Palestrantes nacionais : Dr. Jean G. F. Joaquim M.V. Esp. Maira R. Formenton M.V. Msc. Esp. Dr. Luiz Henrique Mattos Profa. Dra. Lin Tchia Yeng (FM-HC) M.V. Msc. João Pfeifer M.V. Esp. Renata Achrar

Workshops Pré-Simpósio: Equinos (20 vagas) - Local: Espaço Equus / Pequenos Animais (10 vagas) - Local: Fisioanimal

e graduandos em Medicina Veterinária.

IV SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE NEUROLOGIA VETERINÁRIA Dias: 24 a 26 de Novembro de 2017 Local: FMVZ/UNESP - Botucatu/SP Palestrante internacional: Dr. Simon Platt Dipl. ACVIM (Neurology), Dipl. ECVN, Professor Neurology Service University of Georgia Palestrantes nacionais: Dr. Ragnar Schamall Palestrante e instrutor do Neurolatinvet para América Latina Prof. Dr. Rogério Martins Amorim DVM, Msc, Phd - Prof. de Clínica Veterinária da FMVZ/Unesp - Serviço de Neurologia Veterinária Dr. Jean Joaquim Inscrições com descontos até o dia 15/10/2017.

Informações e inscrições: www.bioethicus.com.br e secretaria@bioethicus.com.br



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Síndrome do cão preto – a verdade ou o mito de que cães grandes (e gatos) pretos são menos adotados Histórico do cão preto A representação do cão de pelagem preta no decorrer da história da humanidade tem sido caracterizada e associada com várias conotações, geralmente negativas e ofensivas 1. Nas mitologias egípcia, grega e romana, os cães pretos foram retratados como precursores ou até mesmo mensageiros da morte e do demônio 3. Originária da mitologia grega, a lenda do licantropo ou lobisomem, famoso na cultura europeia do século XVI, tinha como protagonista um homem que se transformava em lobo em noites de lua cheia, só voltando à forma humana ao amanhecer 2. Vindo das culturas celta ou germânica, o Black Dog, uma criatura demoníaca mensageira da morte era um ser mítico das ilhas Britânicas, de olhos vermelhos brilhantes que aparecia em noites de tempestades, em encruzilhadas e locais de execuções 1. A característica física do cão preto também tem sido historicamente associada à depressão. Winston Churchill, em carta de 1911 à sua esposa, referiu-se a suas crises frequentes de depressão como um “cão negro”, provavelmente devido às lembranças das histórias de infância 4. A Organização Mundial de Saúde (OMS) utilizou a obra I had a black dog, publicada em 2005 pelo escritor e ilustrador Matthew Johnstone, numa animação em vídeo que abordava o transtorno da depressão como um incômodo cão negro 5. O gato preto também sofre A discriminação pela coloração da pelagem não se refere apenas aos cães, mas também se estende aos gatos e a outras espécies. Na Europa da Idade Média, os gatos pretos eram tratados como indícios de mau agouro, e sua imagem remetia a superstições associadas a bruxarias e demônios 6. Nesse período, consolidou-se a crença de que as seitas hereges trabalhavam para o diabo, representado por um gato preto, cuja presença seria sinal de má sorte 7. Ainda nessa época, acreditava-se que as bruxas tomavam formas felinas durante a noite para sufocar as pessoas em seu sono, o que engendrou a superstição de que os gatos causariam asma e problemas respiratórios 8. Na magia negra, o gato preto macho tem sido considerado como a personificação do diabo, vítima constante dos rituais realizados às sextas-feiras 13. Na religião da umbanda, o gato preto é considerado um protegido do imprevisível Exu. Muitas dessas superstições históricas persistem até os dias atuais, pois ainda se acredita que os gatos pretos dão azar e podem estar associados a prenúncios de morte, 26

Ilustração: Fernando Gonsales, médico veterinário e cartunista, criador do personagem Níquel Náusea – http://goo.gl/aI5aqg

além de serem considerados os principais símbolos do Dia das Bruxas 8. Vale também lembrar o termo “ovelha negra”, expressão popular depreciativa que tem sido utilizada em várias culturas e países para representar a peculiaridade de uma pessoa que é negativamente diferente das outras, ou seja, que está fora dos padrões considerados normais pelo seu grupo social. O preconceito existe mesmo? As pesquisas realizadas até o momento mostram que, ao menos nessas sociedades, a origem do problema parece ser um preconceito histórico e cultural. A preferência tendenciosa foi avaliada em estudo com fotos de cães de pelagem amarela e preta, mostrando que os cães amarelos foram mais escolhidos por transmitirem estabilidade emocional, simpatia e consciência 9. Esse estudo indicou uma possível existência da “síndrome do cão preto”, com uma provável diferença entre a cor da pelagem e a percepção das pessoas quanto às características consideradas positivas para os animais. No entanto, outro estudo com fotos de cães de pelagem preta e branca da raça poodle evidenciaram que os pretos foram considerados menos dominantes, hostis, dominantes hostis e dominantes amigáveis, mas mais amigáveis, submissos, submissos hostis e amigáveis submissos que os de pelagem branca. Esse estudo contestou a teoria da “síndrome do cão preto”, embora com o viés da raça poodle,

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uma vez que algumas características poderiam ser consideradas positivas 1. A divergência entre os resultados encontrados demonstra que cada sociedade pode apresentar um perfil e uma preferência em relação à adoção de animais, que pode ou não ser associada à predileção de uma cor particular. Vale lembrar que, na maioria dos estudos, a idade e não a cor tem sido a característica de maior influência na adoção de cães, sendo os animais jovens e/ou filhotes os mais procurados. Adoção de cães pretos Essa perspectiva negativa na adoção de cães pretos tem sido associada nos Estados Unidos à teoria de que os cães de pelagem preta e grande porte tendem a ter mais dificuldades no momento da adoção, e têm maiores chances de ser submetidos a eutanásia 10. Esse fenômeno tem sido tornado um fato mundialmente relatado por protetores e abrigos de animais 1, denominando-se “síndrome do cão preto” (big black dog syndrome) 3. Alguns fatores têm sido indicados como potenciais motivos, que incluem a aparência mais assustadora dos

cães grandes, denotando perigo, dificuldades de fotografar os cães pretos nas sombras de um canil, e a falta de contraste facial entre a luz e os pelos, dificultando a percepção de sua expressão facial 1,3. Além disso, a pouca interação no momento da adoção pode acentuar o fato de que a escolha do animal de estimação tem sido baseada principalmente em sua características físicas, e que os adotantes parecem fazer julgamentos da personalidade do animal com base apenas na visualização inicial 9. Apesar de a influência da cor da pelagem ter sido avaliada na frequência da adoção de cães, diferentes estudos têm apresentado resultados controversos (Tabela 1). Um desses estudos, feito com mais de 15 mil cães, relatou que os de pelagem preta e malhada eram significativamente menos procurados no momento da adoção 11. Nesse estudo também se constatou que os gatos de pelagem marrom e preta eram menos procurados para adoção 11. Outro estudo com quase meio milhão de cães, realizado em um abrigo no centro-oeste dos Estados Unidos, mostrou que os cães pretos tinham mais probabilidade de ser submetidos a eutanásia e eram menos procurados no momento da

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Número de animais > 480.000 180 1.063 17.420 Abrigo (A) 10.137 Abrigo (B) 3.662

Local

Período

Centro-oeste (EUA) Gainesville/FL Ithaca/NY Sacramento/CA

Jan/2007 – Dez/2007 Maio/2011 – Out/2011 Jan/2008 – Maio/2011 9/Set/1994 – 26/Maio/1995

Noroeste dos EUA

Jan/2009 – Dez/2012

Cor Porte

Sexo

Idade

Referência

+ + +*

+ NA + NA NA

+ + +

+ + + +

12 15 13 11

-

NA

+

+

14

Tabela 1 – Associação de índices de adoção com idade, sexo, porte e cor da pelagem preta na literatura disponível. (NA) não avaliado; (-) sem relação com índices de adoção; (+) relacionado com índices de adoção; * houve relação com índices de adoção na pelagem malhada Preto Amarelo/Marrom Branco Não informado Total n % n % n % n % n % Adotados 29 36,71 34 43,04 16 20,25 0 0 79 100 Eutanasiados 48 36,36 59 44,67 24 18,18 1 0,76 132 100 Resgatados 15 36,59 20 48,78 6 14,63 0 0 41 Total 92 100 113 100 46 100 1 100 252 Tabela 2 - Características e destino* dos cães recolhidos pela Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ) do município de Curitiba no período de janeiro de 2014 a agosto de 2016

adoção, em comparação com os de outras colorações de pelagem 12. Em contrapartida, outros estudos não encontraram relação entre a pelagem preta e a preferência para adoção. Um estudo realizado em dois abrigos de Nova Iorque concluiu que a cor da pelagem e o sexo não interferiam no tempo de permanência do animal no abrigo, mas a preferência para adoção era de cães filhotes e de porte pequeno 13. Outro estudo feito em dois abrigos no noroeste dos Estados Unidos evidenciou que, em um deles, a pelagem malhada era a menos preferida pelos adotantes, e no outro não houve relação entre a pelagem e a adoção, sendo que, em ambos, as fêmeas e os cães jovens foram mais procurados 14. Em um abrigo da Florida, os índices de adoçãonão demonstrara associação entre sexo, idade e cor da pelagem 15. Síndrome do cão preto no Brasil Ainda não se estabeleceu se a “síndrome do cão preto” acontece de fato no Brasil, sendo a relação entre a coloração da pelagem e a adoção do animal necessariamente um estudo complexo, multifatorial e multicêntrico, que não pode se basear apenas na percepção e nas experiências pessoais. Mesmo assim, há divergência nas opiniões dos presidentes das duas entidades oficiais de abrigo de animais da cidade de Curitiba. Para Soraya Simon, presidente da Sociedade Protetora dos Animais de Curitiba (SPAC), não há discriminação de cães pretos no momento da adoção. Entretanto, o presidente da ONG Amigo Animal, Marcelo Misga, relata que após os eventos de adoção, os animais pretos retornam em maior número, o 28

que revela um preconceito por parte dos adotantes. Em estudo realizado no período de janeiro de 2014 a agosto de 2016 com os animais recolhidos pela Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ) do município de Curitiba, 34/79 (43,04%) cães adotados nesse período tinham pelagem amarela e marrom, 29/79 (36,71%) preta e 16/79 (20,25%) brancas (Tabela 2). Além disso, 14/29 (48,27%) cães pretos adotados neste período tinham porte grande. Com relação à eutanásia, 59/132 (44,67%) cães tinham pelagem amarela ou marrom, 48/132 (36,36%) preta, 24/132 (18,18%) branca e 1/132 não informada. Dentre os cães pretos submetidos à eutanásia, 31/48 (64,58%) foram considerados de grande porte. Vale ressaltar que a eutanásia realizada pela UVZ envolveu a captura obrigatória de animais com histórico de agressão e/ou com problemas graves de saúde, não sendo determinada pelo tempo de permanência, como nos abrigos dos Estados Unidos. Com relação aos cães resgatados pela UVZ, 20/41 (48,78%) eram amarelos e marrons, 15/41 (36,59%) pretos, e 6/41 (14,63%) brancos. Dos cães resgatados com pelagem preta, 8/15 (53,33%) eram de grande porte. E os gatos pretos? Como já citado, os gatos pretos são vítimas históricas da cor da pelagem, associada a mau agouro e as superstições 6-8. E como nos cães, a adoção dos gatos pretos também é afetada pela perda da feição e do contraste em fotos 1,3. Em dois abrigos do estado do Colorado (EUA), constatou-se que os gatos pretos, independentemente do sexo ou da idade, demoravam três dias a mais para serem adota-

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dos, em comparação a gatos de pelagem preta associada com outra coloração, e também que demoravam até seis dias a mais do que aqueles cuja pelagem não tinha coloração preta 16. Outro estudo realizado no estado da Califórnia (EUA), revelou que os gatos de pelagem preta também eram menos procurados na hora da adoção 11. Na cidade de Glasgow (Escócia), um estudo revelou que a população em geral preferia gatos de pelagem mais clara 17. Em contrapartida, a American Society for the Prevention of Cruelty to Animals (ASPCA) não concorda com a existência da síndrome, argumentando que existe a possiblidade de haver mais animais de pelagem preta, razão pela qual eles podem acabar “sobrando” nos abrigos. No Brasil não existem trabalhos que discorram sobre a influência da cor da pelagem na adoção de gatos, mas a ONG Adote um Gatinho em um vídeo para promoção da adoção, declara que em seu abrigo a exclusão dos gatos pretos na hora da adoção é rotineira. Driblando o problema Sabendo que as propriedades físicas são umas das principais variantes na hora da adoção 18, algumas instituições internacionais de abrigos de animais desenvolveram promoções específicas para os animais de pelos pretos, na tentativa de minimizar o possível impacto dessas características na adoção dos animais. Essas campanhas têm a intenção de favorecer as características próprias do animal, além de ampliar a visão para sua adoção. Sites específicos já foram criados nos Estados Unidos para aumentar a divulgação de cães pretos para adoção 19. Nos abrigos, esses animais são dispostos nos canis mais iluminados, numa tentativa de melhorar sua apresentação na hora da adoção; também se colocam bandanas claras no pescoço, para destacar o animal, assim como brinquedos coloridos nos canis, incentivando a aproximação com do adotante 20. Um abrigo norte-americano lançou, em 2016, no dia de Ação de Graças, uma campanha chamada Black Friday, com a intenção de aumentar a taxa de adoção de animais com pelos pretos 20. Outro abrigo desenvolveu em sua página da internet uma parte exclusiva reservada a gatos pretos, distribuindo pseudônimos de super-heróis e finalizando com um ensaio fotográfico de divulgação dos animais com trajes como capas 21. Após ter conhecimento da “síndrome do cão preto”, o fotógrafo Fred Levy iniciou um projeto em 2014 denominado Black Dogs Project (Figura 1), para mostrar a beleza e a ternura desses animais. O abrigo Black Cat Rescue, da cidade de Boston (EUA), sensibilizado com as crenças sobre gatos pretos e a síndrome do cão preto, realizou uma campanha focada no resgate e na adoção de gatos pretos. Outra iniciativa no intuito de combater o preconceito contra esses animais,

Figura 1 – Capa do calendário do projeto Black Dogs Project do ano de 2018 – http://goo.gl/79unmo

Figura 2 – Foto do projeto Black Cat Project – http://goo.gl/hDtq6z comemorada em 27 de outubro, pouco antes do Halloween ou Dia das Bruxas, ficou conhecida mundialmente como o Dia do Gato Preto 22. Uma ONG de São Paulo escolheu o gatinho Lucky (do inglês “sorte”) e o inscreveu em diversos sorteios para combater essa ideia de que os gatos pretos dão azar. Surpreendentemente, em menos de seis meses ele ganhou 18 promoções, mostrando que Lucky, o gatinho preto, tem muita sorte. A fotógrafa Casey Elise começou em 2015 o Black Cat Project (Figura 2), com o propósito de mostrar a beleza desses animais, aumentando assim suas chances de adoção. Considerações finais Apesar do grande envolvimento na solução dessas dificuldades e dos vários estudos discutidos, não há trabalhos em âmbito nacional avaliando a associação das caracte-

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rísticas físicas de cães e gatos pretos e seu impacto na adoção. Na própria UVZ de Curitiba, a maioria dos cães adotados eram amarelos ou marrons, seguidos entretanto pelos pretos. De qualquer forma, a relação entre a cor da pelagem do animal e a preferência para adoção de cães e gatos parece variar entre diferentes sociedades e permanece ainda controversa. A atual situação de alto abandono e baixos índices de adoção em todo o país, em particular das ONGs, acomete cães e gatos de todas os tamanhos, cores e idades. Nesse cenário, seria importante realizar estudos sobre a “síndrome do cão preto” para estabelecer o seu real impacto na sociedade brasileira, e subsidiar ações para reduzir o abandono e aumentar a adoção também de cães e gatos pretos no Brasil. Referências 01-WOODWARD, L. ; MILLIKEN, J. ; HUMY, S. Give a dog a bad name and hang him: evaluating big, black dog syndrome. Society & Animals, v. 20, p. 236-253, 2012. doi: 10.1163/1568530612341236. 02-BARGOM, L. Contos de lendas brasileiras: suspense e terror. 1. ed. Brasília: Leonires Barbosa Gomes, 2015. 368 p. 03-LEONARD, A. The plight of “big black dogs” in american animal shelters: color-based canine discrimination. Kroeber Anthropological Society, v. 99, n. 1, p. 168-183, 2011. 04-COIMBRA, D. O cão negro da depressão. 2015. Disponível em: <http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2015/06/david-coimbra-o-cao-negro-da-depressao-4790889.html>. Acesso em: 7 dez. 2016. 05-BELFORT, C. OMS usa metáfora do cão negro em vídeo sobre depressão. 2014. Disponível em: <http://brasil.estadao.com.br/blogs/sinapses/o-cao-negro-dadepressao/>. Acesso em: 7 dez. 2016. 06-BEAVER, B. V. Feline behavior: a guide for veterinarians. 2. ed. Philadelphia: Saunders, 2003. 360 p. ISBN: 978-0721694986. 07-WEBSTER, R. The encyclopedia of superstitions. 1. ed. Minnesota: Llewellyn Publications, 2008. 336 p. ISBN: 9780738712772. 08-MACHADO, J. C. ; PAIXÃO, R. L. A representação do gato doméstico em diferentes contextos socioculturais e as conexões com a ética animal. Revista Internacional Interdisciplinar INTERthesis, v. 11, n. 1, p. 231-253, 2014. doi: 10.5007/18071384.2014v11n1p231. 09-FRATKIN, J. L. ; BAKER, S. C. The role of coat color and ear shape on the perception of personality in dogs. Anthrozoös, v. 26, n. 1, p. 125-133, 2013. doi: 10.2752/175303713X13534238631632. 10-ALLMAN, K. Black dog syndrome and black cat syndrome. 2012. Disponível em: <http://www.bestofneworleans.com/gambit/black-dog-syndrome-and-black-catsyndrome/Content?oid=1975991>. Acesso em: 7 dez. 2016. 11-LEPPER, M. ; KASS, P. H. ; HART, L. A. Prediction of adoption versus euthanasia among dogs and cats in a California animal shelter. Journal of Applied Animal Welfare Science, v. 5, n. 1, p. 2942, 2002. doi: 10.1207/S15327604JAWS0501_3. 12-DELEEUW, J. L. Animal shelter dogs: factors predicting adoption versus euthanasia. 2010. 51 f. Tese (Doutorado em Filosofia) Wichita State University, 2010. 13-BROWN, W. P. ; DAVIDSON, J. P. ; ZUEFLE, M. E. Effects of phenotypic characteristics on the length of stay of dogs at two no kill animal shelters. Journal of Applied Animal Welfare Science,

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v. 16, n. 1, p. 2-18, 2013. doi: 10.1080/10888705.2013.740967. 14-SVOBODA, H. J. ; HOFFMAN, C. L. Investigating the role of coat colour, age, sex, and breed on outcomes for dogs at two animal shelters in the United States. Animal Welfare, v. 24, n. 4, p. 497506, 2015. doi: 10.7120/09627286.24.4.497. 15-PROTOPOPOVA, A. ; GILMOUR, A. J. ; WEISS, R. H. ; SHEN, J. Y ; WYNNE, C. D. L. The effects of social training and other factors on adoption success of shelter dogs. Applied Animal Behaviour Science, v. 142, n. 1-2, p. 61-68, 2012. doi: 10.1016/j.applanim.2012.09.009. 16-KOGAN, L. R. ; SCHOENFELD-TACHER, R. ; HELLYER, P. W. Cats in animal shelters: exploring the common perception that black cats take longer to adopt. The Open Veterinary Science Journal, v. 7, p. 18-22, 2013. doi: 10.2174/1874318820130718001. 17-CLARK, J. M. The effects of selection and human preference on coat colour gene frequencies in urban cats. Heredity, v. 35, n. 2, p. 195-210, 1975. 18-WEISS, E. ; MILLER, K. ; MOHAN-GIBBONS, H. ; VELA, C. Why did you choose this pet?: adopters and pet selection preferences in five animal shelters in the United States. Animals, v. 2, n. 2, p. 144-159, 2012. doi: 10.3390/ani2020144. 19-HIPP, D. Black dogs face a hard choice at shelter. 2013. Disponível em: <http://thebark.com/content/black-dogs-face-hardchoice-shelter>. Acesso em: 7 dez. 2016. 20-NAKANO, C. Black dog bias? 2008. Disponível em: <http://www.latimes.com/style/la-hm-black6-2008dec06story.html>. Acesso em: 7 dez. 2016. 21-FRIEDMAN, E. Prospective pet adopters overlook black dogs and cats, shelters say. 2009. Disponível em: <http://abcnews.go.com/Technology/AmazingAnimals/petowners-overlook-black-dogs-cats-animalshelters/story?id=8785177>. Acesso em: 7 dez. 2016. 22-BBC NEWS. Black cat awareness day: “beauty is more than fur deep”. 2016. Disponível em: <http://www.bbc.com/news/ukengland-37775492>. Acesso em: 4 de maio de 2017. Ana Carolina Yamakawa Aluna de graduação do curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Paraná anayamakawa@ufpr.br

Evelyn Cristine da Silva Aluna de graduação do curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Paraná evelyn.cristine@ufpr.br

Vivien Midori Morikawa – MV, MSc, PhD. Disciplina de Saúde Pública do Departamento de Saúde Comunitária, Universidade Federal do Paraná. Coordenadora da Unidade de Vigilância de Zoonoses, SMS de Curitiba vmorikawa@sms.curitiba.pr.gov.br Alexander Welker Biondo – MV, MSc, PhD, Professor de Zoonoses e Medicina Veterinária do Coletivo do Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Paraná abiondo@ufpr.br

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Corte de orelha para identificação de gatos de vida livre: mutilação ou procedimento necessário?

O

s gatos errantes podem ser abandonados ou ter um tutor. Os abandonados podem formar colônias em ambientes onde há recursos de abrigo, água e alimento próximos. O comportamento deles em relação à presença do ser humano e suas interações vai depender, entre outros fatores, das suas experiências anteriores e da sua socialização, influenciando as estratégias para o manejo dessas populações. Os gatos ferais são aqueles que nunca tiveram contato com humanos ou cujo contato foi diminuindo ao longo do tempo, apresentando medo das pessoas e sobrevivendo por conta própria. Para fins desse artigo, entende-se por “gatos de vida livre” aqueles que não possuem um tutor ou lar, que vivem livremente, dependendo ou não dos recursos oferecidos por humanos para a sua sobrevivência (Figura 1).

O manejo populacional humanitário de gatos envolve a captura, esterilização cirúrgica e devolução (CED) para o mesmo local, sendo fundamental a identificação dos animais que já foram castrados. Existem diversos métodos disponíveis para identificação de animais, como microchipagem, tatuagens, colares e plaquetas, etc. No caso de felinos que vivem em colônias que estão sendo manejadas por meio da estratégia CED, o principal objetivo é identificar os animais que já foram capturados e esterilizados e evitar tanto o estresse e o sofrimento animal, como gastos desnecessários com uma recaptura e anestesia. Para tanto, nesses casos o método de identificação deve seguir os seguintes prérequisitos: ser permanente, ser visível à distância, ser de fácil execução e obviamente não causar nenhum dano ou injúria ao animal.

Figura 1 – Composição da população total de gatos 32

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Infelizmente, nenhum dos métodos de identificação mencionados acima é indicado nos casos de colônias de gatos que estão sendo controladas por meio de programas CED. As tatuagens não podem ser vistas à distância e, em se tratando de gatos ferais, muitas vezes a aproximação antes da captura se torna impossível. Os colares com plaquetas de identificação, além de não serem permanentes, pois os animais podem perdê-los, são perigosos para animais de vida livre (por exemplo, animais que crescem ou engordam podem ser machucados pela coleira; animais podem ficar presos a objetos ou galhos de árvores, trazendo sérios riscos à sua vida e saúde). No passado, alguns projetos chegaram a utilizar “brincos plásticos” para identificação dos animais, mas estes se mostraram ineficazes a médio e longo prazo, quase sempre caíam ou causaram infecções locais. Os microchips, apesar de serem fundamentais para programas de manejo de populações caninas e felinas em áreas urbanas, seu uso isolado não cumpre a função primordial de diferenciar à distância os animais que já foram capturados e castrados daqueles que ainda não o foram nos programas de CED. Nesses casos, a microchipagem deve sempre ser acompanhada de um método de identificação externo. A remoção da ponta de uma das orelhas é o padrão global aceito para marcar ou identificar um gato de comunidade de vida livre esterilizado, sendo recomendado tanto pela American Veterinary AVMA Medical Association – BVA http://goo.gl/iqJfwm , como pela British Veterinary Association – http://goo.gl/k6Zsiq . Também organizações de defesa animal, internacionais, que trabalham com o manejo de gatos em vida livre recomendam a remoção da ponta da orelha esquerda, e esse padrão é amplamente utilizado. Na Universidade Federal do Paraná, a ponta da orelha direita tem sido removida para a identificação de fêmeas e a esquerda para machos (Figura 2). Segundo a resolução nº 1.027 de 10 de maio de 2013 do Conselho Federal de Medicina Veterinária, são proibidos os procedimentos de caudectomia, conchectomia, cordectomia e onicectomia em animais com fins estritamente estéticos. Os profissionais que optarem mesmo assim por realizar esses procedimentos visando apenas opções humanas de "embelezamento" do animal podem responder a processos ético-profissionais nos seus respectivos conselhos. A resolução discute ainda que em casos de necessidade de saúde ou que mostrem objetivos não meramente estéticos, os mesmos podem ser realizados. Portanto, o corte de orelha com fim de identificação é utilizado como maneira de controle populacional e está inserido em um programa de saúde coletiva, sendo assim não possui apenas cunho estético.

Procedimento O procedimento de corte da orelha é realizado com o animal sob efeito de anestesia geral, durante ou ao final do procedimento de castração, antes que o animal se recupere da anestesia. A ponta distal da orelha pode ser removida com o uso de dissecação precisa ou, se disponível, com eletrocautério ou laser. A maioria dos procedimentos é realizada com uma pinça reta e uma tesoura reta; esta última é preferível a uma lâmina de bisturi, visto que ajuda na realização da hemostasia por sua ação de esmagamento (Figura 3). Os materiais cirúrgicos devem ser retos para segurar que a orelha fique em linha reta. Isso tem grande importância para assegurar o efeito visual e facilitar a identificação do animal a distância, pois instrumentais curvos podem dar a impressão de que a orelha não está cortada se vista a longa distância. A quantidade a ser removida dependerá do tamanho do animal e em geral é proporcional a um quarto da porção distal do pavilhão auricular, com aproximadamente 0,5 a 1 cm. Após o procedimento a pinça é mantida no local até a recuperação anestésica a fim de auxiliar na hemostasia. Não é recomendada e nem necessária síntese da incisão, visto que, nessa região do pavilhão auricular há apenas pequenas ramificações da artéria e veia auricular, e delgada camada de cartilagem e pele, não trazendo risco algum ao paciente. Existem alguns projetos de CED que usam outras formas de corte como forma de marcação, como a marcação meia-lua na aba interna ou em forma de um pique triangular na aba exterior. Independente da forma padrão utilizada no programa é extremamente recomendável que as orelhas sejam cortadas e não chanfradas, porque essa marcação pode facilmente ser confundida com lesões de lutas,

Figura 2 – Remoção da ponta da orelha, padrão reconhecido internacionalmente para identificação de gatos de vida livre que vivem em comunidades

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Figura 3 – O procedimento de corte da orelha é realizado com o animal sob efeito de anestesia geral, durante ou ao final do procedimento de castração 33


especialmente em machos, ou com outra lesão acidental. Além disso, estas são de difícil identificação à distância o que dificulta o manejo da colônia (Figura 4). A marcação padronizada e aceita internacionalmente como identificação de gatos ferais que estão esterilizados é a marcação com o corte da ponta da orelha esquerda de aproximadamente 1 cm nos gatos adultos e 0,5 cm nos gatos mais jovens, como na figura 2. Principais vantagens do método: • Seguro e permanente. • Pode ser detectado à distância, sem necessidade de um equipamento especializado. • Não oneroso, não requer tecnologia ou uso de dispositivo. • Não requer treinamento específico por parte do cirurgião (método de fácil execução e baixo risco cirúrgico) • Método humanitário e sustentável, pois previne capturas e cirurgias duplicadas e desnecessárias em um mesmo animal, principalmente nas fêmeas. Questões de bem-estar animal Algumas pessoas ainda enxergam este método já consagrado de identificação como uma forma de mutilação. Muitos acreditam que os animais que apresentam este tipo de marcação podem apresentar maiores dificuldades de encontrar um adotante se forem colocados em programas de adoção. Conversando com organizações e profissionais que trabalham com CED há muitos anos, tanto no exterior quanto no Brasil, as opiniões dessas pessoas que lidam diariamente com programas de CED corroboram o que as associações médico-veterinárias defendem, ou seja, o corte de orelha em gatos não causa nenhum sofrimento, muito pelo contrário, evita o sofrimento desnecessário de se capturar um gato que já foi capturado e esterilizado no passado e não dificulta o processo de adoção. Testemunho: “Apesar da resistência de parte da sociedade e até de pessoas ligadas à Proteção Animal, os agentes de CED devem continuar praticando a marcação de orelha (ear tipping) em gatos que são devolvidos para as colônias após captura e esterilização. Essa é a maneira mais eficaz encontrada para identificarmos e separarmos, durante as operações, felinos castrados de inteiros. Sem a marcação, os trabalhos de CED seriam muito mais demorados e dispendiosos. E é importante também adotar a convenção internacional do corte reto na orelha esquerda. O lado esquerdo por ser convenção, e o corte reto por ser de fácil visualização e atingir área pouco vascularizada, proporcionando cicatrização muito rápida. Além disso, o corte reto protege o gato de dilacerações em brigas”, Eduardo Pedroso, agente de CED há mais de 5 anos, ONG Bicho Brother – http://www.bichobrother.org.br. 34

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MEDICINA VETERINÁRIA DO COLETIVO

Figura 4 – A identificação visual dos animais é essencial para o desenvolvimento do manejo das colônias nos projetos de CED

Referências 1-GRIFFIN, B. Gatos de comunidade, cuidados e controle. In: LITTLE, S. E. O gato: medicina interna. Rio de Janeiro: Roca, 2016. 1. ed. p. 1238-1258. 2-KORTIS, B. Neighborhood cats TNR handbook: The guide to trapneuter-return for the feral cat caretaker. 2004, 2. ed. 117-119p. 3-PELLIZZARO, M. ; CUNHA, G. R. ; BIONDO, A.W. Gatos ferais: quem são, como surgiram e qual a sua importância. Clínica Veterinária, ano XIX, n. 110, p. 40-41p, 2014. 4-Resolução n.1.207 do CFMV, de 10 de maio de 2013. Disponível em: http://www.crmvgo.org.br/legislacao/5_CLINICA/resolucao_1027(1).pdf 5-Alley cat allies. Protocols: eartipping. Disponível em: http://4fi8v2446i0sw2rpq2a3fg51-wpengine.netdna-ssl.com/wpcontent/uploads/2015/02/EartippingFactsheet.pdf 6-ICAM. International Companion Animal Management Coalition. Humane cat population management guidance. 21p. Disponível em: http://www.ifaw.org/sites/default/files/ICAMHumane%20cat%20population.pdf 7-AVMA. Veterinary Medical Association. Free-roming and feral cats. https://www.avma.org/KB/Policies/Pages/Free-roamingAbandoned-and-Feral-Cats.aspx 8-BVA. British Veterinary Association. Guidance cat neutering. https://www.bva.co.uk/uploadedFiles/Content/Membership_and_b enefits/Students/Guidance_notes_-_cat_neutering.pdf

Rosangela Ribeiro - MV, Gerente de Programas Veterinários na World Animal Protection (WPA) RosangelaRibeiro@worldanimalprotection.org.br

Carolina Trochmann Cordeiro - MV, aluna de pós-graduação na Universidade Federal do Paraná caroltrochmann@gmail.com

Rita de Cassia Maria Garcia - MV, MSc, PhD Medicina Veterinária do Coletivo e Medicina Veterinária Legal, Departamento de Medicina Veterinária – Universidade Federal do Paraná. ritamaria@ufpr.br

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SAÚDE PÚBLICA

Prêmio Péter Murányi 2018 – Saúde

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m sua 17 ª edição, o Prêmio Péter Murányi será entregue na área de saúde. Os trabalhos concorrentes deverão ser indicados por uma instituição que faça parte do Colégio Indicador e levar em conta os critérios do edital e o formulário de participação do prêmio. Cobrindo alternadamente as áreas de saúde, alimentação, educação e ciência e tecnologia, a Fundação Péter Murányi há 16 anos reconhece pesquisadores premiando trabalhos inovadores que tenham aplicabilidade prática e que melhorem a qualidade de vida dos povos situados abaixo do paralelo 20º de latitude norte, região onde estão localizadas as populações em desenvolvimento. Os trabalhos podem ser enviados até 30 de setembro de 2017 e estarão concorrendo a: 1º lugar: troféu, certificado e R$ 200.000,00 (duzentos mil reais); 2º lugar: certificado e R$ 30.000,00 (trinta mil reais); 3º lugar: certificado e R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

Nos anos anteriores destacaram-se duas premiações na área de saúde: • “Vacina recombinante contra leishmaniose visceral” (2014) – http://fundacaopetermuranyi.org.br/downloads/2014resumo.pdf ; • “Vacina contra a raiva produzida em meio livre de soro” (2010) – http://fundacaopetermuranyi.org.br/downloads/2010resumo.pdf . Para maiores informações acesse: http://fundacaopetermuranyi.org.br Download do formulário de participação (incluindo edital e regulamento): http://www.fundacaopetermuranyi.org.br/downloads/2018-frm-pt.doc

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Clínica Hiperostose esquelética idiopática difusa canina – relato de caso Canine diffuse idiopathic skeletal hyperostosis – case report Hiperostosis esquelética idiopática difusa canina – relato de caso Clínica Veterinária, Ano XXII, n. 130, p. 36-42, 2017

Lucas de Moura Sampaio MV, mestre, prof. Centro Universitário de Itajubá, FEPI lucasmourasampaio@hotmail.com

Caique Augusto Ribeiro Gomes aluno de graduação Centro Universitário de Itajubá, FEPI caiqueargomes@gmail.com

Thiago Pires Anacleto MV, mestre, prof. Centro Universitário de Itajubá, FEPI tpanacleto@gmail.com

Angela Akamatsu MV, dra., profa. Centro Universitário de Itajubá, FEPI profa.angela.fepi@gmail.com

Luan Gavião Prado MV autônomo, mestre luangprado@gmail.com

Resumo: A hiperostose esquelética idiopática difusa é uma doença de ocorrência rara, caracterizada pela ossificação maciça progressiva dos tecidos moles que envolvem os esqueletos axial e apendicular, acometendo prevalentemente o ligamento longitudinal ventral. Os aspectos etiológicos e terapêuticos da enfermidade ainda não foram completamente esclarecidos, havendo poucas informações disponíveis. Este trabalho relata o primeiro caso dessa doença em cães na literatura nacional, e tem por objetivo descrever os aspectos clínicos e radiográficos da enfermidade, em uma cadela de sete anos de idade, que apresentou como queixa principal dificuldade deambulatória e alteração postural da coluna toracolombar associada a lombalgia. O diagnóstico foi obtido por meio de radiografia convencional, e o tratamento inicial utilizando um anti-inflamatório COX-2 seletivo demonstrou bons resultados no alívio da dor e no controle dos sinais clínicos em curto prazo. Unitermos: cães, ossificação, lombalgia, radiografia Abstract: Diffuse idiopathic skeletal hyperostosis is a rare disease characterized by massive and progressive ossification of soft tissues that surround the axial and appendicular skeletons, affecting more frequently the ventral longitudinal ligament. The etiological and therapeutic aspects of the disease have not yet been completely clarified and there is little information available on the occurrence of the disease in the canine species. This work reports the first case of this disease in the national literature and aims to describe the clinical and radiographic aspects of the condition in a seven-year-old bitch presenting gait abnormalities and thoracolumbar postural alterations associated with lower back pain. Diagnosis was made by conventional radiography and initial treatment with a selective COX-2 anti-inflammatory drug has shown good results in pain relief and short-term control of clinical signs. Keywords: dogs, ossification, lumbago, X-ray Resumen: La hiperostosis esquelética idiopática difusa es una enfermedad rara, que se caracteriza por la osificación masiva y progresiva de los tejidos blandos que rodean a los esqueletos axial y apendicular, particularmente el ligamento longitudinal ventral. Aun no se han aclarado ciertos aspectos etiológicos y terapéuticos, existiendo poca información relacionada con la enfermedad. Este trabajo relata el primer caso de esta enfermedad en Brasil, y tiene como objetivo describir las características clínicas y radiográficas en una perra de siete años, que presentaba dificultad para caminar, alteración postural de la columna toracolumbar y lumbalgia. El diagnóstico se obtuvo mediante exámenes radiográficos convencionales, y el tratamiento inicial fue con un antiinflamatorio CO-2 selectivo, con buenos resultados en relación al dolor y control de los signos clínicos en el corto plazo. Palabras clave: perros, osificación, lumbalgia, radiografía

Introdução A hiperostose esquelética idiopática difusa (Heid) ou doença de Forestier é um distúrbio esquelético sistêmico, caracterizado por ossificação maciça progressiva dos tecidos moles envolventes dos esqueletos axial e apendicular 1. Embora sejam muitas as estruturas anatômicas que podem ser acometidas, a doença afeta com maior fre36

quência o ligamento longitudinal ventral, gerando fusão dos segmentos vertebrais afetados e as enteses dos tendões e ligamentos do esqueleto apendicular 2. Os aspectos etiológicos da doença ainda não foram completamente elucidados, porém, a predisposição genética é citada como possível causa em cães, visto que o número de casos da doença é superior em raças específicas, como

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boxer, que apresenta prevalência de 40,6% quando comparada a outras raças e é utilizada como modelo para estudo da doença em seres humanos 3,4. Alguns estudos de medicina humana relatam a elevação dos níveis séricos de vitamina A em portadores de Heid, e evidenciam manifestações da doença em pacientes tratados com vitamina A e seus derivados, como a isotretinoína 5,6; porém, a ação da vitamina A na patogênese da Heid em seres humanos e animais ainda é controversa, pois a hipervitaminose A se manifesta de forma distinta em diferentes espécies, promovendo hiperostose óssea em gatos 7, reabsorção óssea em cães 8 e osteodistrofia em suínos 9. Os sinais clínicos da doença em cães se manifestam de acordo com as estruturas anatômicas acometidas. A ossificação do ligamento longitudinal ventral gera rigidez e dor na coluna vertebral, ocorrendo principalmente no segmento lombar 4,10. Quando há acometimento do esqueleto apendicular, os processos de ossificação periarticulares geram diminuição da amplitude de movimento articular associada à dor e, consequentemente, dificuldade deambulatória que se acentua com o passar do tempo, devido à

característica progressiva da doença 11,12. Os aspectos clínicos e diagnósticos da Heid se assemelham aos da espondilose anquilosante, manifestada também por rigidez e dor nos segmentos da coluna vertebral acometidos, e, dependendo da gravidade das alterações, pode-se observar dificuldade deambulatória 13, sendo uma importante enfermidade a ser considerada como diagnóstico diferencial para Heid 11,12,14. Para a confirmação do diagnóstico de Heid em seres humanos foram descritos alguns critérios diagnósticos utilizados na avaliação radiográfica, que incluem entesopatia de anexos de tecidos moles dos esqueletos axial e apendicular, ponte de ossificação no aspecto ventrolateral de pelo menos três corpos vertebrais contíguos, relativa preservação dos espaços intervertebrais, pseudoartrose dos processos espinhosos vertebrais, osteofitose, esclerose e anquilose das articulações sacroilíacas e anquilose óssea da sínfise púbica 15,16. Os mesmos critérios são utilizados para diagnosticar Heid em cães, sendo que pelo menos quatro deles devem estar presentes para a confirmação do diagnóstico 11,14.

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Neurologia Modelos de elementos finitos para o estudo da espondilomielopatia cervical – revisão de literatura A literature review on finite element models for the study of cervical spondylomyelopathy Modelos de elementos finitos para el estudio de la espondilomielopatía cervical – revisión de literatura Clínica Veterinária, Ano XXII, n. 130, p. 44-59, 2017

Marília de Albuquerque Bonelli MV, mestre, dra. UFRPE mariliabonelli@yahoo.com

Ronaldo Casimiro da Costa MV, mestre, dr. The Ohio State University dacosta.6@osu.edu

Fabiano Séllos Costa MV, mestre, dr., prof. UFRPE fabianosellos@hotmail.com

Resumo: A espondilomielopatia cervical (EMC), ou síndrome de Wobbler, afeta principalmente a coluna vertebral cervical de cães de raças grandes e gigantes, gerando uma compressão da medula espinhal e/ou de raízes nervosas. Considera-se que exista uma participação de componentes dinâmicos, mas a fisiopatogenia ainda não foi elucidada. A análise com elementos finitos consiste na criação de um modelo computadorizado capaz de simular a biomecânica das estruturas. O presente objetivo é esclarecer aspectos relacionados à construção de modelos de elementos finitos (MEFs) e EMC por meio de uma revisão bibliográfica desses dois temas, ressaltando os benefícios e dificuldades do uso de MEFs para o estudo da fisiopatogenia e o tratamento da EMC. Apesar das dificuldades existentes em gerar MEFs representativos da coluna cervical de um cão, a criação desses modelos e maiores estudos biomecânicos devem contribuir para o maior entendimento da EMC. Unitermos: cão, neurologia, biomecânica Abstract: Cervical spondylomyelopathy (CSM), or wobbler syndrome, affects mainly the cervical region of the vertebral column of large- and giant-breed dogs, causing compression of the spinal cord and/or nerve roots. Dynamic components are considered to play a role in the condition, but its pathophysiology has not been fully explained. Finite element analysis consists in creating a computer model capable of simulating the biomechanics of the structures of interest. The present work aims to clarify aspects related with construction of finite element models and CSM through a review of literature on both topics, stressing the benefits of using finite element models to study the pathophysiology and treatment of CSM. Despite existing difficulties in generating a finite element model that represents the cervical spine of the dog, development of such a model and further biomechanical studies should contribute for a greater understanding of CSM. Keywords: dogs, neurology, biomechanics Resumen: La espondilomielopatía cervical (EMC), o síndrome de Wobbler, afecta principalmente la columna vertebral cervical de perros de razas gigantes y grandes, provocando una compresión de la médula espinal y/o de las raíces nerviosas. Se ha sugerido la participación de componentes dinámicos, pero aún se desconoce la fisiopatología de esta enfermedad. El análisis por medio de elementos finitos permite la creación de un modelo computacional capaz de simular la biomecánica de las estructuras involucradas. El objetivo de este trabajo consiste en aclarar ciertos aspectos relacionados con la construcción de modelos de elementos finitos (MEFs) y la EMC, a través de una revisión de la literatura sobre estos dos temas, resaltando los beneficios y las dificultades en el uso de los MEFs para el estudio de la fisiopatología y tratamiento de la EMC. A pesar de las dificultades que existen para crear un MEFs de la columna cervical de un perro, la creación de estos modelos y otros estudios biomecánicos deben ayudar a una mejor comprensión de la EMC. Palabras clave: perros, neurología, biomecánica

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Introdução A espondilomielopatia cervical (EMC), também conhecida como síndrome de Wobbler, afeta principalmente a porção cervical da coluna vertebral de cães de raças grandes e gigantes, gerando uma compressão da medula espinhal e/ou de raízes nervosas 1-6. As raças mais comumente afetadas são doberman pinscher e dogue alemão 1-3,7-12. Considera-se que as lesões ocorridas devido à EMC resultam não somente de compressões estáticas, mas também de um componente dinâmico, em que a compressão das estruturas nervosas aumenta ou diminui dependendo da flexão ou da extensão do pescoço 4,7,13,14. Na medicina humana, modelos computadorizados, especificamente modelos de elementos finitos (MEFs), são usados para estudar diversas situações relacionadas com a coluna vertebral 15-22. Existem MEFs construídos para a coluna vertebral de cães, mas esses tiveram como objetivo estudar a interação entre implantes e vértebras, para correlação com dados em seres humanos 23,24. O presente trabalho objetiva esclarecer aspectos

relacionados à construção de modelos de elementos finitos e espondilomielopatia cervical por meio de uma revisão bibliográfica desses dois temas, ressaltando os benefícios e dificuldades do uso de modelos de elementos finitos para o estudo da fisiopatogenia e o tratamento da espondilomielopatia cervical. Espondilomielopatia cervical A espondilomielopatia cervical (EMC), comumente chamada de síndrome de Wobbler, afeta a coluna vertebral cervical de cães, causando compressão da medula espinhal e/ou de raízes nervosas 4,7. Esta condição atinge principalmente cães de raças grandes e gigantes 1-3,5,6. Cães de raças pequenas também podem apresentar EMC, mas representam menos de 5% dos casos relatados 2,25,26. Existem duas formas reconhecidas de EMC, uma forma óssea e outra associada à protrusão de disco, e podem ocorrer separadamente ou em conjunto 7. A forma associada à protrusão de disco leva à compressão da medula espinhal e, geralmente, ocorre nas raças grandes,

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Anestesiologia Alterações eletrocardiográficas e da pressão arterial em cadelas submetidas a anestesia peridural com morfina em diferentes doses Electrocardiographic and arterial pressure changes in female dogs subjected to epidural anesthesia with different doses of morphine Alteraciones electrocardiográficas y de la presión arterial en perras bajo anestesia epidural con morfina en diferentes dosis Clínica Veterinária, Ano XXII, n. 130, p. 60-70, 2017 Mariana Werneck Fonseca MV, aluna de mestrado PPGA/FMB ma_werneck88@hotmail.com

Verônica Batista de Albuquerque MV, dra., pesquisadora Fundect CNPq UFMS vevebat@yahoo.com.br

Gabriel T. N. Martins Ferreira MV autônomo, mestre gabrieltnmferreira@hotmail.com

Marcelo Augusto de Araújo MV, dr. HGA/UFMS marcelo.augusto@ufms.br

Wagner Luis Ferreira MV, dr., prof. assistente Depto. Clín. Méd. Peq. An. FMVA/Unesp-Araçatuba wluis@fmva.unesp.br

Paulo Sergio Patto dos Santos MV, dr., prof. assistente Depto. Anest. Vet. FMVA/Unesp-Araçatuba patto@fmva.unesp.br

Valéria Nobre Leal de Souza Oliva MV, dra., profa. adj. Depto. Anest. Vet. FMVA/Unesp-Araçatuba voliva@fmva.unesp.br

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Resumo: Objetivou-se investigar as alterações eletrocardiográficas e da pressão arterial causadas pela morfina em diferentes doses pela via peridural de cadelas submetidas à OH eletiva. Utilizaram-se 24 cadelas hígidas, de peso médio de 9,8 ± 4,1 kg, alocadas em três grupos experimentais: grupo M0,1 (n = 8): morfina (0,1 mg/kg); grupo M0,15 (n = 8): morfina (0,15 mg/kg); e grupo M0,2 (n = 8): morfina (0,2 mg/kg). Em todos os grupos os volumes foram completados com levobupivacaína a um volume total de 0,33 mL/kg. Aferiam-se: frequência e ritmo cardíaco, pressão arterial média, temperatura retal e lactato sanguíneo. Os dados foram analisados por meio dos métodos estatísticos de análise de variância, Kruskal – Wallis, Fisher e Tukey. Concluiu-se que o incremento na dose de morfina pela via peridural não promoveu alterações eletrocardiográficas e nem de pressão arterial significativas, viabilizando seu uso. Unitermos: opioide, bupivacaína, lactato Abstract: This article investigates the electrocardiographic and blood pressure changes caused by different doses of morphine administered epidurally to bitches undergoing elective ovariohysterectomy. Twenty-four healthy bitches weighing 9.8 ± 4.1 kg were assigned to three experimental groups (in each group, n = 8): (i) group M0.1: 0.1 mg/kg morphine; (ii) group M0.15: 0.15 mg/kg morphine; and (iii) group M0.2: 0 mg/kg morphine. In all groups, levobupivacaine was added to achieve a total volume of 0.33 mL/kg. During the procedures, the following parameters were controlled: heart rate and rhythm, systolic blood pressure, rectal temperature and blood lactate. The data were analyzed by means of statistical methods of analysis of variance, such as Kruskal-Wallis, Fisher and Tukey tests. Epidural morphine did not cause significant electrocardiographic or blood pressure changes in the tested doses, which makes the use of this drug a viable alternative for epidural anesthesia. Keywords: opioid, bupivacaine, lactate Resumen: Este trabajo tuvo como objetivo analizar las modificaciones electrocardiográficas y de presión arterial provocadas por la morfina a diferentes dosis aplicada en forma epidural, en perras operadas de ovariohisterectomía. Fueron estudiadas 24 perras sanas, con un peso de 9,8 ± 4,1 kg, que se dividieron en tres grupos experimentales: grupo M0,1 (n = 8): morfina (0,1 mg/kg); grupo M0,15 (n = 8): morfina (0,15 mg/kg), y grupo M0,2 (n = 8): morfina (0,2 mg/kg). En todos los grupos el volumen se completó con levobupivacaína hasta un volumen total de 0,33 mL/kg. Fueron medidas la frecuencia y el ritmo cardíaco, la presión arterial media, la temperatura rectal y el lactato sanguíneo. Los datos se analizaron a través de análisis de variancia, Kruskal – Wallis, Fisher y Tukey. Se concluye que el aumento de la dosis de morfina epidural no provocó alteraciones significativas en el electrocardiograma o en la presión arterial, lo que permite concluir en la viabilidad de su uso. Palabras clave: opioide, bupivacaína, lactato

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Dermatologia Eficácia da cefovecina sódica no tratamento da foliculite superficial bacteriana canina Efficacy of sodium cefovecin in the treatment of canine bacterial superficial folliculitis Eficacia de la cefovecina sódica en el tratamiento de la foliculitis superficial bacteriana canina Clínica Veterinária, Ano XXII, n. 130, p. 72-78, 2017

Jéssica Dinelli Lopes Médica veterinária Dermatoclínica jedinelli@hotmail.com

Carla Pelegrini Médica veterinária Dermatoclínica carlapelegrini@uol.com.br

Ronaldo Lucas MV, dr., prof. adj. FMVZ Anhembi Morumbi Dermatoclínica ronaldolucas@me.com

Daniela Beviani Médica veterinária Dermatoclínica danielabeviani@hotmail.com

Tatiana Morales Médica veterinária Dermatoclínica dra.tatianamorales@hotmail.com

Camila Algueros Médica veterinária camilaalgueros@hotmail.com

Alexandre Merlo MV, mestre Zoetis Ind. Prod. Veterinários Ltda alexandre.merlo@zoetis.com

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Resumo: A foliculite superficial bacteriana é uma doença dermatológica comum, sendo causada na maioria das vezes pelo Staphylococcus pseudintermedius, um agente da microbiota dos cães. Foram avaliados de forma retrospectiva 1.817 casos de cães com foliculite superficial bacteriana (primária ou secundária) tratados com cefovecina sódica (8 mg/kg, SC), a cada 14 dias, conforme a necessidade clínica. Verificou-se que 68,5% dos cães (1.246/1.817) requereram apenas uma dose de cefovecina, 28% (507/1.817), duas doses e 3,5% (64/1.817), três doses. No geral, a resposta ao tratamento foi considerada satisfatória em 96% (1.744/1.817), e falha em 4% (73/1.817) dos casos, não sendo observados efeitos adversos nos animais tratados. Concluiu-se que a cefovecina representa um tratamento eficaz, seguro e conveniente para a foliculite superficial bacteriana em cães. Unitermos: cães, bactérias, cefalosporinas Abstract: Superficial bacterial folicullitis is a common dermatologic disease that is caused mainly by Staphylococcus pseudintermedius, a pathogen from the dog skin microbiota. We retrospectively evaluated 1,817 clinical cases of dogs with superficial bacterial folicullitis (primary or secondary) treated with sodium cefovecin (8 mg/kg, SQ) every 14 days, according to clinical need. 68.5% of dogs required a single dose of cefovecin (1,246/1,817); 28% of the animals (507/1,817) required two doses and 3.5% (64/1,817) demanded three doses. Overall, responses were considered satisfactory in 96% (1,744/1,817) of cases. Lack of efficacy was detected in 4% (73/1817) of cases, and side effects were not observed in any treated dog. We concluded that cefovecin is an efficacious, safe and convenient treatment for superficial bacterial folicullitis in dogs. Keywords: dogs, bacteria, cephalosporins Resumen: La foliculitis bacteriana superficial es una enfermedad dermatológica común causada principalmente por Staphylococcus pseudintermedius, una bacteria que forma parte de la microbiota de la piel del perro. Se realizó un análisis retrospectivo de 1.817 casos clínicos de perros con foliculitis bacteriana superficial (primaria o secundaria) que fueron tratados con cefovecina sódica aplicada, según el criterio del veterinario, a una dosis de 8 mg/kg por vía subcutánea durante 14 días. El 68,5% de los perros (1.246/1.817) necesitaron sólo una dosis de cefovecina, el 28% (507/1.817) requirió 2 dosis y el 3,5% (64/1.817) requirió 3 dosis. En términos generales, las respuestas se consideraron satisfactorias en el 96% (1.744/1.817) de los casos. La falta de eficacia se detectó en el 4% (73/1.817) de los casos, y no se observaron efectos secundarios en ninguno de los pacientes estudiados. Se concluyó que la cefovecina es un tratamiento eficiente, seguro y conveniente para el tratamiento de la folicullitis superficial bacteriana en perros. Palabras clave: perros, bacterias, cefalosporinas

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Introdução As foliculites bacterianas são infecções de pele superficiais causadas geralmente por bactérias da própria microbiota cutânea, que, sob condições favoráveis, se multiplicam em excesso, levando a lesões tais como alopecia, pápulas, pústulas, colarinhos epidérmicos e crostas melicéricas 1 (Figuras 1 e 2). O diagnóstico é confirmado por meio de exame citológico de material colhido de pústulas íntegras ou de periferia de colarinhos epidérmicos; quando da presença de cocos (Figura 3), o microrganismo mais provavelmente envolvido é o Staphylococcus pseudintermedius 1,2. As foliculites superficiais, como as Ronaldo Lucas

Figura 1 – Região ventral de canino da raça golden, evidenciando pústulas (P), colarinhos epidérmicos (Col) e crostas melicéricas (CM) em caso de foliculite superficial bacteriana secundária a dermatite atópica

demais formas de piodermite canina, podem ser classificadas segundo a etiologia em primárias e secundárias. Dentre as dermatopatias secundárias estão as foliculites relacionadas a quadros alérgicos (os mais comumente observados) e os distúrbios de queratinização, seguidos das dermatites parasitárias, fúngicas, endócrinas, nutricionais e imunomediadas 3. O tratamento das foliculites bacterianas envolve a utilização de antimicrobianos tópicos e/ou sistêmicos, além da determinação e eliminação da causa de base. O tratamento tópico à base de xampus é sempre recomendado devido à possibilidade de utilização de concentrações elevadas dos antimicrobianos sobre a pele, que exercem efeito pronunciado direto sobre as bactérias. Outra vantagem do tratamento tópico consiste na limpeza da pele, com remoção de restos celulares e lavagem do folículo piloso infectado. O tratamento sistêmico é recomendado nos casos mais graves ou quando o tutor do animal não dispõe de tempo e habilidade necessários para conduzir o tratamento tópico na frequência e na forma adequadas. Entre os antimicrobianos sistêmicos disponíveis para o tratamento da foliculite superficial bacteriana, os betalactâmicos destacam-se por sua eficácia e margem de segurança, sendo recomendados por diversos guias de utilização racional de antimicrobianos 4,5. Entre os betalactâmicos disponíveis, destacam-se as cefalosporinas (cefalexina, cefadroxila, cefovecina e cefpodoxima) e as penicilinas (como a amoxicilina com clavulanato de potássio). Ressalte-se que a amoxicilina isolada não constitui boa escolha empírica, por ser suscetível ao efeito das betalactamases rotineiramente produzidas pelas cepas de S. pseudintermedius. Os antimicrobianos betalactâmicos atuam impedindo a formação da parede celular bacteriana, o que lhes confere segurança em relação ao mecanismo de ação, Ronaldo Lucas

Ronaldo Lucas

Figura 2 – Múltiplos colarinhos epidérmicos com hiperpigmentação central bordeados por eritema, em canino teckel com quadro de foliculite superficial bacteriana, secundária a dermatite atópica

Figura 3 – Bactérias cocoides intra e extrafagócitos em citobacterioscopia

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MEDICINA VETERINÁRIA LEGAL

Considerações sobre o artigo 32 da Lei Ambiental e suas repercussões na perícia criminal

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os termos da Constituição Federal vigente, o artigo 225 constitui oportunidade única em que a responsabilidade pela fruição de um meio ambiente ecologicamente equilibrado, tanto para a presente como para as futuras gerações, não se atribui somente à nação, tratando-se de uma responsabilidade compartilhada entre o poder público e a coletividade (Constituição Federal/1988). Em relação aos animais, manifestou-se o legislador constituinte ao incluir no texto da Carta Magna, no art. 225, parágrafo 1º, inciso VII, a vedação de práticas que submetam os animais a crueldade. A própria Constituição fez previsão obrigatória para que fosse elaborada uma lei que pudesse dar melhor proteção ao meio ambiente. Tendo em vista a complexidade do assunto, aproximadamente dez anos mais t a r d e , criou-se a ampla Lei Ambiental n. 9.605/98, que no seu preâmbulo diz: “dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de conduta lesivas ao meio ambiente”. O artigo 32 da Lei Ambiental disciplina um dos diversos crimes praticados contra a fauna, exemplificado na passagem “a prática de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos, tendo como pena a detenção de três meses a um ano, além da multa”. Assim, pode-se dizer que tal artigo tanto tipifica o crime, bem como o qualifica 1. 80

A investigação do crime de maus-tratos a animais é um dos mais frequentes motivadores de solicitações de perícias em medicina veterinária legal. A relevância do tema tem estimulado o desenvolvimento de protocolos periciais e pesquisas acadêmicas, visando o aperfeiçoamento do exame de corpo de delito relacionado a animais. Preliminarmente, é necessária uma análise do significado das palavras “crueldade”, “abuso”, “maus-tratos”, “ferir” e “mutilar”, uma vez que constituem termos-chaves para a compreensão dessa modalidade criminosa, cuja interpretação serve de base à perícia médico-veterinária e ao correto enquadramento legal. O sentido do termo “crueldade” vem se expandindo de maneira marcante a partir do conceito preconizado na literatura jurídica. Historicamente, a crueldade era definida como a instigação da dor e do sofrimento de forma deliberada, intencional, sádica e diferente dos padrões comumente encontrados. Atualmente, deduz-se do Código Penal Brasileiro que a crueldade pode ser definida como qualquer ato que, por intenção ou negligência, esteja associado a fazer o mal, atormentar ou prejudicar 2,3,4. Abuso significa uso incorreto, despropositado, indevido, demasiado. Assim, pode ser considerado abuso, por exemplo, o uso de animais para tração de cargas superiores à sua capacidade física, o excesso de esforço em

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práticas desportivas, a sua exposição ao público em condições que aviltam o comportamento natural da espécie e o abuso sexual. Deve-se ressaltar que o termo abuse, em inglês, parece ter uma conotação mais ampla, podendo incluir várias formas de crueldade, como ferir ou mutilar 4. Do ponto de vista técnico, os maus-tratos podem ser definidos como as ações diretas ou indiretas caracterizadas por negligência, agressão ou qualquer outra forma de ameaça ao bem-estar de um indivíduo 4. Depreende-se da legislação que o crime de maus-tratos se origina tanto de uma ação como de uma omissão (negligência). Um animal negligenciado é aquele privado de uma ou mais das necessidades básicas da vida: alimento, água, abrigo e tratamento veterinário 5. Os maus-tratos podem ter caráter intencional ou não intencional. Os autores ainda sugerem categorizá-los instituindo um paralelo com os casos de maus-tratos contra crianças, classificando-os em maus-tratos de ordem física, sexual, psicológica e de negligência 5. Ao realizarmos um estudo comparado dos crimes contra a fauna e dos crimes contra a pessoa, notamos que maus-tratos, de acordo com o Artigo 136 do Código Penal Brasileiro (CPB), são definidos como o crime de quem expõe a perigo a vida ou a saúde de quem se encontra sob sua autoridade, guarda ou vigilância. Os casos de maus-tratos contra animais diferem de outros crimes, tendo em vista que a evidência primária é um animal que, quando ainda vivo, necessita ser alojado, alimentado e cuidado, muitas vezes por longos períodos. Esse aspecto está diretamente relacionado às possíveis tomadas de decisões perante uma ocorrência de maus-tratos, considerando que a apreensão do animal implica responsabilidade pela sua adequada destinação e cuidados 6. De acordo com o entendimento médico, mutilar significa decepar, extirpar, privar o corpo de algum membro; enquanto ferir pode ser definido como o ato de provocar lesão. Traçando-se um paralelo com o capítulo dos crimes contra a pessoa, no CPB tal conduta criminosa é abarcada pela redação do artigo 129, que tipifica o crime de lesão corporal, descrito na lei como “o ato de ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem” 2. As lesões corporais são classificadas, para fins de gradação da punição, em leves, graves e gravíssimas. Não existe definição específica para a lesão corporal leve, entendendo-se, por exclusão, como aquela que não for definida como grave ou gravíssima 2. A lesão grave resulta em incapacidade para ocupações habituais por mais de trinta dias; perigo de vida; debilidade permanente de membro, sentido ou função; e, por último, aceleração de parto. A expressão “lesão corporal gravíssima” é de origem doutrinária, resultando em incapacidade permanente para o trabalho; enfermidade incurável; perda ou inutilização de membro, sentido ou função; deformidade permanente; e aborto 2.

Tal análise deixa clara a abrangência do artigo 32 da Lei n. 9.605/98, que em seu texto abrange vasta gama de condutas criminosas, como maus-tratos, lesão corporal e morte de animais, sendo que a sua adequada interpretação representa importantes consequências no universo jurídico. Um ser humano envolvido em casos de agressão física pode fornecer um testemunho verbal. Os animais também podem fornecer um testemunho à justiça, mas apenas como vítimas silenciosas 7. A linguagem forense possibilita a sua comunicação, e a interpretação dessa linguagem é papel da medicina veterinária legal, por meio do exame de corpo de delito e da formação da prova material, em auxílio ao direito e à justiça. Referências 01-BRASIL. Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividade lesivas ao meio ambiente, e de outras providências. 1998. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm>. Acesso em 26 de Agosto de 2017. 02-BRASIL. Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. 2008. 03-DINIZ, M. H. Dicionário jurídico. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. ISBN: 978-8502071841. 04-MOLENTO, C. F. M. ; HAMMERSCHMIDT, J. Crueldade, maus tratos e compaixão. Revista CFMV, ano XXI, n. 66, p. 10-11, 2015. 05-MUNRO, R. ; MUNRO, H. M. C. Animal abuse and unlawful killing: forensic veterinary pathology. 1. ed. China: Saunders Elsevier, 2008. 124 p. ISBN: 978-0-7020-2878-6. 06-LOCKWOOD, R. Animal cruelty prosecution: opportunities for early response to crime and interpersonal violence. Alexandria: American Prosecutors Research Institute, 2006. 51 p. 07-TOSTES, R. A. ; REIS, S. T. J. ; CASTILHO, V. V. Tratado de medicina veterinária legal. 1. ed. Curitiba: Medvep, 2017.

Sérvio Túlio Jacinto Reis, MV, Perito Criminal Federal, Presidente da Associação Brasileira de Medicina Veterinária Legal

Mariel Adan Everson Aluna de graduação em medicina veterinária pela FMVZ Unesp Botucatu

Noeme Sousa Rocha MV, Doutora em patologia veterinária Professora da Unesp de Botucatu/SP

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GESTÃO, MARKETING & ESTRATÉGIA

Arthur Paes Barretto

Associação Brasileira de Hospitais Veterinários, uma grande iniciativa de médicos veterinários inovadores e empreendedores

Cerimônia de posse da ABHV, no dia 16 de agosto de 2017, durante a Pet South America, em São Paulo, SP

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Divulgação

Associação Brasileira dos Hospitais Veterinários (ABHV), iniciou suas atividades no mês de agosto, durante a Pet South América, que aconteceu no São Paulo Expo, em São Paulo, SP. A apresentação e cerimônia de posse da diretoria da ABHV contou com a presença de proprietários e representantes dos principais hospitais e centros veterinários do país. Em seguida aconteceu o I Encontro de Gestão Hospitalar Veterinária, com a presença do prof. Clóvis de Barros Filho, que abordou o tema “Inovação: Conceito, Atitude e Identidade”. “Inovar é progredir. Em tempos de bonança, tão necessário quanto nas crises. Inovação é criatividade, imaginação. Para inovar, é preciso se conhecer, conhecer o mundo, as virtudes e dificuldades das nossas atividades. Sobretudo, para inovar é preciso confiança e coragem.” A ABHV é uma entidade representativa sem fins lucrativos que une importantes instituições do segmento – hospitais, clínicas e centros de diagnóstico – com o objetivo

Confira palestra do prof. Clóvis de Barros Filho sobre motivação e inspiração disponível no YouTube: http://youtu.be/4mdHqtrXlpk 82

comum de parametrizar conceitos e práticas de estrutura clínica e referenciar a qualidade dos serviços prestados, contribuindo para o aprimoramento do mercado. “Buscamos acima de tudo o bem-estar, a qualidade de saúde dos animais de companhia, além de atendimento com dignidade e respeito aos nossos clientes. Por isso trabalharemos para oferecer total suporte à gestão, realizaremos eventos e programas educacionais de referência e criaremos certificações de qualidade. Nosso objetivo é ir além da parte técnica e promover melhoria de processos gerenciais administrativos e contribuir com o desenvolvimento do setor”, afirma João Abel Buck, presidente da ABHV. A associação vai preencher uma lacuna no mercado brasileiro, nos moldes do que já é feito há mais de 80 anos nos Estados Unidos pela The American Animal Hospital Association (AAHA). A entidade congrega as principais instituições veterinárias norte-americanas, com cerca de 900 associados, promove a realização de congressos e certificações de alta relevância no setor. “A AAHA é um importante norteador para o nosso propósito de fazer da ABHV uma entidade transformadora”, explica Buck. Para Madalena Spinazzola, diretora de planejamento estratégico e marketing corporativo da PremieR pet, a ABHV é uma iniciativa que a empresa tem orgulho de fomentar. “Há muitos anos a PremieR pet destina parte de seus investimentos aos hospitais e clínicas veterinárias por acreditar na sua importância como centros de conhecimento e pela relevância da alimentação no período de internação e de recuperação dos animais de estimação. Temos laços de parceria com as instituições e apostamos que essa união vai beneficiar o mercado como um todo”, afirma. A diretoria executiva da ABHV conta com representantes de diversos hospitais e de um dos principais centros de diagnósticos do Brasil, que são referências em suas regiões. Em São Paulo: Petcare, Provet, Hospital Veterinário Santa Inês, Hospital Veterinário Animaniacs e Hospital Veterinário Verlengia de Campinas. No Rio de Janeiro: Animalia Clínica Veterinária e Vet Ypiranga de Niterói. Em Curitiba (PR): Hospital Veterinário Santa Mônica e Clinivet. Em Blumenau (SC): Hospital Veterinário Santa Catarina de Blumenau. Em Salvador (BA): SEMEVE – Serviços Médicos Veterinários de Salvador. Entre os primeiros passos para se tornar um afiliado da ABHV está o preenchimento de formulário no site da associação: http://www.abhv.com.br/afilia .

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GESTÃO, MARKETING & ESTRATÉGIA

O que é SIPEAGRO? Se ainda não sabe, você vai precisar dele!

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om o constante avanço da medicina veterinária, o profissional médico veterinário deve estar sempre preparado para lançar mão de novas tecnologias que tragam benefícios a si próprio, ao seu negócio e aos seus pacientes. Em 1/1/2014, passou a vigorar a Instrução Normativa SDA n. 25, de 8 de novembro de 2012 (IN 25/2012). Essa norma determina os procedimentos para comercialização dos produtos e substâncias para uso veterinário sujeitos a controle especial em todo estabelecimento que fabrique, manipule, comercie, distribua, importe ou exporte, tornando obrigatório o seu registro no Mapa, bem como o registro do médico veterinário que pretenda prescrever e/ou adquirir produtos constantes nas listas do Anexo I da IN 25/2012. Em 21 de outubro de 2015, a Instrução Normativa Mapa n. 34, instituiu o Sistema Eletrônico Integrado de Produtos e Estabelecimentos Agropecuários (Sipeagro). A princípio, e de acordo com a referida norma, o sistema visava coordenar e gerir os cadastros e registros de estabelecimentos, produtos agropecuários e afins de forma integrada a um banco de dados único do Mapa. Considerando a importância para a saúde pública e a necessidade de controle dos produtos abrangidos pela IN 25/2012, o Mapa lançou mão do Sipeagro para implementar a rastreabilidade, desde a fabricação até a comercialização e dispensação no ponto de venda, garantindo assim o controle durante o processo, e, como bônus, otimizou o trabalho do médico veterinário, que antes precisava se dirigir a uma unidade regional do Mapa para se cadastrar e obter os números para a aquisição e prescrição dessas substâncias. Segundo Silvana Goniark, professora titular da FMVZ/USP e consultora científica do CFMV, “a importância fundamental para o cadastramento do médico veterinário se refere ao fato de que, mesmo com seu registro no CRMV local regularizado, sua atuação será limitada, e ele não poderá prescrever medicamentos controlados se não estiver registrado no Sipeagro”. Assim, é imprescindível que o veterinário se cadastre no Sipeagro o mais breve possível, evitando problemas que possam interferir no protocolo de tratamento do seu paciente, e lembrando ainda que os antibióticos são candidatos fortíssimos a integrar o sistema de prescrição e retenção de receita. Para realizar seu cadastro no Sipeagro, o médico veterinário deve digitalizar de forma legível a carteira do 84

CRMV, o comprovante atualizado de endereço e a declaração de responsabilidade, conforme modelo do Anexo XIII da IN 25/2012. Como não há um campo específico para anexar esse documento no sistema, ele deverá ser digitalizado no mesmo arquivo em que será digitalizada a carteira do CRMV, para, em seguida, anexá-lo como um arquivo só. O médico veterinário também deve enviar mensagem para o endereço eletrônico atendimento.sistemas@agricultura.gov.br para informar que fez o cadastro, e passar e-mail e telefone de contato. Após análise do fiscal, o pedido poderá ser indeferido provisoriamente se faltar alguma informação ou documento. Caso isso aconteça, basta entrar novamente com seu login e sua senha e fazer as correções. Para conhecer a Instrução Normativa 25/2012 e seus anexos, acesse: http://goo.gl/HPXERh .

O passo a passo do processo de registro está detalhado na cartilha: http://goo.gl/SW69de

Fonte: Comac (Comissão de Animais de Companhia do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal – Sindan).

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PET FOOD

Os desafios nutricionais dos filhotes

A

alimentação dos filhotes de gatos e cães é muito particular. Nas primeiras 12-24 horas de vida, eles são alimentados com o colostro materno. Após essa fase, com o leite materno rico em gordura, proteína e água, além de um percentual de lactose. A amamentação ocorre até a 4ª-5ª semana de vida do filhote, período em que ele ainda é capaz de digerir os nutrientes do leite, mas, por outro lado, já requer um teor energético mais elevado para crescer. Dessa forma, o início do desmame torna-se necessário, com a inclusão gradativa de alimentação de consistência mais firme que o leite.

Desmame O desmame deve ser iniciado com a introdução de alimentação pastosa (“mingau”) ou úmida, intercalada com mamadas esporádicas. O mingau deve ser feito com a reidratação de um croquete com tecnologia própria para isso, na diluição de 1 porção do alimento seco em 2 porções de água à temperatura de 60 ºC, por 20 minutos. No início, os filhotes consomem uma pequena quantidade do mingau semissólido, pois o leite materno continua sendo a principal fonte alimentar da ninhada. Depois de 2 ou 3 dias da introdução do alimento nessa consistência, os filhotes já passam a fazer a preensão do alimento, e a diluição deve ser menor (1:1). Os dentes decíduos (dentes de leite) irrompem entre 21 e 35 dias após o nascimento, e, assim, os filhotes felinos e caninos adquirem a capacidade de mastigar e consumir alimento sólido em torno de 5 a 6 semanas de vida. Após o desmame, o filhote é submetido à alimentação seca apropriada para essa etapa da vida. Nesse mesmo período ocorre a fase de socialização, que vai da 4ª à 12ª semana de vida no cão, e entre a 3ª e a 8ª semana de vida no gato 1,2. Durante esse período, o tempo dedicado à alimentação e ao sono se reduz progressivamente, observando-se o início das atividades do filhote como a interação intraespécie e interespécie 3. Cuidados nutricionais dos filhotes em crescimento O crescimento de gatos e cães é diferente. Enquanto nos gatos há duas curvas características e distintas de crescimento, os cães apresentam curvas específicas para cada porte e até para cada raça (Figuras 1 e 2). Nos gatos, até os 4 meses de vida o crescimento é intenso e rápido, requerendo um alimento mais energético. Dos 4 aos 12 meses de vida, o gatinho ainda está crescendo, mas mais lenta e gradativamente, tornando-se necessária uma alimentação com um teor energético moderado. Nos cães, a variação é ainda maior. Os cães pequenos crescem até os 10 meses de vida; os cães médios, até os 12 meses, os grandes, até 15 a 18 meses; e os gigantes, até 18 a 24 meses. Com isso, os requerimentos nutricionais devem atender 86

Figura 1 – Curva de crescimento de cães mostrando as variações entre os diferentes portes

Figura 2 – Curva de crescimento de gatos mostrando as variações entre as duas fases (0 a 4 meses de vida e 4 a 12 meses de vida)

especificamente a cada curva de crescimento tão própria e distinta de cada porte. Os benefícios dos alimentos completos e balanceados para filhotes de cães e gatos são diversos. O perfil nutricional, o formato, o tamanho e a textura dos croquetes e outras características de tais alimentos atendem de forma precisa às necessidades dos filhotes reconhecidas por médicos veterinários e criadores, contribuindo diretamente para a qualidade de vida e o bem-estar desses animais. Referências 1-PRATS, A. Farmacologia e terapêutica veterinária. In:___. Neonatologia e pediatria canina e felina. 1. ed. Madri: Interbook, 2005. p. 270-301. ISBN: 978-8589450041. 2-CRESPILHO, A. M. ; MARTINS, M. I. ; SOUZA, F. ; LOPEZ, M. ; PAPA, F. Abordagem terapêutica do paciente neonato canino e felino: 1. Particularidades farmacocinéticas. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v. 30, n. 1/2, p. 3-10, 2006. 3-SORRIBAS, C. E. El cachorro. In:___. Reproduccion en los animales pequeños. Buenos Aires: Intermédica, 1995. p. 126135. ISBN: 978-9505551651.

Msc MV Luciana Peruca Coordenadora de comunicação científica Royal Canin Brasil

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LANÇAMENTOS

IMUNOPROFILAXIA

EFICIÊNCIA ALIMENTAR

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Boehringer Ingelheim (BI) Saúde Animal, segunda maior empresa de saúde animal do mundo, com produtos disponíveis em mais de 150 mercados e presença global em 99 países, fortalece ainda mais o seu portfólio no Brasil e reforça a liderança em pets com a comercialização, desde julho, da vacina Duramune®, produto com duas décadas de atuação e eficácia, que protege os cães contra cinomose, hepatite, parvovirose, parainfluenza, coronavirose, adenovirose tipo 2 e leptospirose (L. canicola, L. icterohaemorrhagiae, L. Pomona e L. grippotyphosa), além de oferecer proteção aos gatos contra rinotraqueíte, calicivirose e panleucopenia felina. “Duramune® reforça o portfólio de produtos biológicos de pets da BI Saúde Animal, que já conta com vacinas de muito sucesso, como Eurican®, Pneumodog®, Rabisin®, a linha Recombitek® e Feline-4®”, ressalta Fabiana Porto, gerente de Marketing de Biológicos e Terapêuticos para Animais de Companhia.

Boehringer Ingelheim – Animals are our passion: http://youtu.be/N7xbO27rTA4

Organew Pet Pasta é encontrado em seringa com 12 g. Na versão pasta sabor baunilha, o produto pode ser administrado diretamente na boca de cães, gatos e aves

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ensando na melhora da digestão e no aumento da eficiência alimentar de cães, gatos e aves, a Vetnil, uma das líderes em saúde animal no Brasil, lança o Organew ® Pet Pasta, composto por vitaminas, minerais, aminoácidos e elementos pró e pré-bióticos. Na versão pasta sabor baunilha, pode ser administrado diretamente na boca do animal. Indicado para pets em crescimento, o produto tem betaglucanos, que ajudam na defesa da parede do intestino. Além disso, possui também leveduras vivas, FOS (frutooligossacarídeos) e MOS (mananoligossacarídeos), que auxiliam no desenvolvimento e na manutenção da microbiota intestinal saudável, contribuindo para a melhora da digestibilidade dos nutrientes da dieta e o aumento da eficiência alimentar. “O novo produto é muito palatável e foi desenvolvido pensando na saúde e no bem-estar dos animais, pois é balanceado e fácil de administrar”, destaca Fernanda Cioffetti Marques, médica veterinária da Vetnil.

ALIMENTOS ÚMIDOS PARA CÃES

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JUNIOR – filhotes (de 2 a 10 meses); ADULT BEAUTY – cães adultos (acima de 10 meses); MATURE + 8 – cães idosos (com mais de 8 anos); ADULT LIGHT – cães adultos (acima de 10 meses)

A Royal Canin® incrementou seu portfólio com quatro novos produtos da linha de alimentos úmidos voltados para cães de pequeno porte. A expectativa é que esse lançamento contribua para o desenvolvimento da categoria úmida e para a nutrição dos cães de pequeno porte, que já são 52% da população canina, seguindo a tendência de verticalização dos grandes centros urbanos e o estilo de vida dos tutores. “De uma forma geral, os alimentos úmidos atraem os pets com sua textura mais macia e suave, o que aumenta a palatabilidade”, afirma Martin Hofling, gerente de Produtos para cães da Royal Canin® Brasil. “Também são menos calóricos, pela quantidade de água que possuem, e podem representar até metade das calorias dos secos, em mesma quantidade, complementando a alimentação regular dos pets”, completa Martin.

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ANESTESIOLOGIA

CARDIOLOGIA

23 e 24 de setembro São Paulo - SP III Simpósio de dor FMVZ/USP http://goo.gl/urkSk9

15 e 16 de setembro Ourinhos - SP Insuficiência cardíaca congestiva geaccursos@gmail.com

11 a 13 de outubro Viçosa - MG Anestesias em pequenos animais (31) 3899-8300

19 de setembro São Paulo - SP II Noite do traçado http://www.sbcv.org.br

20 a 22 de outubro São Paulo - SP I Curso de atualização em dor em pequenos animais cursosfisioanimal@gmail.com

30 de setembro São Paulo - SP VIII Casos Complicardiológicos http://www.sbcv.org.br

26 a 28 de outubro Rio de Janeiro - RJ 13º Encontro de anestesiologia veterinária http://www.congressocbav.com.br 2018 São Paulo - SP Anestesia regional em medicina veterinária (18 meses) (11) 5074-1010

ANIMAIS SELVAGENS 2 a 6 de outubro São Paulo - SP 20ª Semana temática da biologia http://ib.usp.br/semanatematica 3 a 6 de outubro Curitiba - PR XX Congresso ABRAVAS Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens http://www.abravas.org.br 19 de outubro Rio de Janeiro - RJ Principais doenças dos peixes ornamentais sergiorslvet@hotmail.com

AUXILIAR VETERINÁRIO Outubro (início) São Paulo - SP Curso de aprimoramento - auxiliar veterinário http://anclivepa-sp.com.br

2 e 3 de novembro São Paulo - SP Simpósio Internacional de Emergências Cardiovasculares http://www.sbcv.org.br

CIRURGIA 15 e 16 de setembro São Paulo - SP Cirurgias da cabeça e pescoço http://www.cipo.vet.br 15 a 17 de setembro Viçosa - MG Curso de cirurgias de urgência (31) 3899-8300 30 de setembro (início) São Paulo - SP Especialização em videocirurgia http://www.cetacvet.com.br 3 de outubro a 30 de novembro São Paulo - SP Curso intensivo - clínica cirúrgica em cães e gatos http://anclivepa-sp.com.br 9 a 11 de outubro Viçosa - MG Curso de castração com técnica do gancho em pequenos animais (31) 3899-8300 22 a 24 de outubro Viçosa - MG Cirurgias em pequenos animais (31) 3899-8300

Março de 2018 (início) Curitiba - PR Curso de aperfeiçoamento em cirurgia reconstrutiva http://anclivepapr.com.br

CLÍNICA 23 e 24 de setembro São Paulo - SP Curso de aprimoramento - Células tronco na medicina veterinária de pequenos animais http://anclivepa-sp.com.br 29 de setembro a 1º outubro Belo Horizonte - MG I Simpósio Brasileiro de Terapêutica em Cães e Gatos simposiodeterapeutica@gmail.com Fevereiro de 2018 (início) São Paulo - SP Curso de pós-graduação latu sensu em geriatria de cães e gatos http://anclivepa-sp.com.br Março de 2018 (início) Curitiba - PR Curso de aperfeiçoamento em gastroenterologia http://anclivepapr.com.br 20 e 21 de julho São Paulo - SP Miscelâneas cirúrgicas tóracoabdominais http://www.cipo.vet.br

DERMATOLOGIA Outubro (data a confirmar) São Paulo - SP Microbioma no paciente humano com dermatite atópica http://sbdv.com.br 16 de setembro Porto Alegre - RS Diferencial das doenças erodoulcerativas http://sbdv.com.br 28 de outubro Rio de Janeiro - RJ Leishmaniose visceral canina e

felina: você sabe prevenir, diagnosticar e tratar? http://sbdv.com.br 17 a 19 de novembro Viçosa - MG Curso de dermatologia em pequenos animais (31) 3899-8300 18 de novembro Porto Alegre - RS Leishmaniose canina http://sbdv.com.br 29 de novembro Rio de Janeiro - RJ Toxidermia medicamentosa http://sbdv.com.br

ENDOCRINOLOGIA 15 a 17 de novembro Guarujá - SP 3º Congresso Internacional da Associação Brasileira de Endocrinologia Veterinária (ABEV) http://abev.org.br

GESTÃO & MARKETING 4 de setembro Rio de Janeiro - RJ II Workshop jurídico de proteção para os clínicos de pequenos animais sergiorslvet@hotmail.com 2 de outubro (início) São Paulo - SP Curso livre - gestão de negócios http://anclivepa-sp.com.br 14 e 15 de outubro Rio de Janeiro - RJ Proteção jurídica e responsabilidade técnica para o médico veterinário. Aspectos práticos sergiorslvet@hotmail.com

HOMEOPATIA 23 a 26 de novembro Londrina - PR 8º Congresso Brasileiro de Homeopatia Veterinária http://www.amvhb.org.br

http://www.cipo.vet.br

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Clínica Veterinária, Ano XXII, n. 130, setembro/outubro, 2017


IMAGENOLOGIA 11 a 15 de setembro São Paulo - SP Ultrassonografia doppler http://naus.vet.br/calendario

16 a 18 de outubro Viçosa - MG Curso de radiologia em pequenos animais (interpretação radiográfica)

(31) 3899-8300

18 a 20 de setembro Viçosa - MG Curso de ultrassonografia em pequenos animais (31) 3899-8300

27 a 29 de outubro Porto Alegre - RS Curso de radiologia veterinária http://ultramedic.com.br/cursos

20 a 22 de setembro Viçosa - MG Curso avançado de ultrassonografia em pequenos animais (31) 3899-8300

31 de outubro e 1º de novembro São Paulo - SP Curso intesivo de ultrassonografia em felinos http://famesp.com.br (11) 5074-1010

25 e 26 de setembro São Paulo - SP Ultrassonografia gestacional (31) 3899-8300 4 a 7 de outubro São Paulo - SP Curso de ultrassonografia transcraniana: teórico e prático http://famesp.com.br

VII SINDIV - Simpósio Internacional de Diagnóstico por Imagem Veterinário http://abrv.org.br 6 a 9 de dezembro São Paulo - SP Curso de ultrassonografia abdominal avançado: teórico e prático http://naus.vet.br/calendario 27 e 28 de janeiro de 2018 Belo Horizonte - MG Curso teórico-prático de imagem na emergência secretaria@anclivepaminas.com.br

6 a 14 de novembro São Paulo - SP Curso de ultrassonografia abdominal básico: teórico e prático contato@naus.vet.br http://naus.vet.br/calendario

13 a 15 de setembro Viçosa - MG Curso de emergências e pronto atendimento em pequenos animais (31) 3899-8300

15 a 17 de novembro Salvador - BA

15 a 17 de setembro Viçosa - MG

INTENSIVISMO

Clínica Veterinária, Ano XXII, n. 130, setembro/outubro, 2017

Curso de cirurgias de urgência em pequenos animais (31) 3899-8300 30 de setembro e 1º de outubro Belo Horizonte - MG Curso internacional de intensivismo secretaria@anclivepaminas.com.br 28 e 29 de outubro Belo Horizonte - MG Curso teórico-prático de procedimentos cirúrgicos no paciente crítico secretaria@anclivepaminas.com.br 2 e 3 de dezembro Belo Horizonte - MG Curso de intensivismo internacional com ênfase em doenças gastrointestinais e hepáticas secretaria@anclivepaminas.com.br 27 e 28 de janeiro de 2018 Belo Horizonte - MG Curso teórico-prático de imagem na emergência secretaria@anclivepaminas.com.br

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INTENSIVISMO 3 de abril de 2018 Campinas - SP ECC Science http://www.feirasuperpet.com.br

MEDICINA FELINA 6 de setembro Rio de Janeiro - RJ Cat Night catnightvet@gmail.com 12 a 14 de outubro Belo Horizonte - MG Congresso ABFEL 2017

http://congressoabfel.com.br 17 a 19 de outubro São Paulo - SP Cat in Rio http://vetexpo.com.br 3 e 4 de novembro Natal - RN Cat in Rio secretaria@inrio.vet.br Fevereiro de 2018 (início) São Paulo - SP Curso de especialização em medicina de felinos http://anclivepa-sp.com.br 9 e 10 de março de 2018 Rio de Janeiro - RJ Cat in Rio http://inrio.vet.br

MEDICINA VETERINÁRIA LEGAL 6 a 7 de outubro Sorocaba - SP Simpósio de Medicina Veterinária Legal simposiomvl@gmail.com

NEFROLOGIA

10 e 11 de março de 2018 (início) Botucatu - SP Curso de formação em neurologia veterinária em pequenos animais http://www.bioethicus.com.br 4 e 5 de abril de 2018 Campinas - SP NOR Science (neurology, orthopedics and rehabilitation)

19 de setembro a 14 de novembro São Paulo - SP Nefrologia e urologia - intensivo http://anclivepa-sp.com.br

NEUROLOGIA 26 de setembro Belo Horizonte - MG O papel do líquor na investigação das doenças infecciosas. http://tecsa.com.br 13 e 14 de outubro Rio de Janeiro - RJ OrtoNeuro in Rio secretaria@inrio.vet.br

http://www.feirasuperpet.com.br

NUTRIÇÃO 2 a 7 de outubro Jaboticabal - SP VII Simpósio sobre nutrição clínica de cães e gatos - a inter-relação entre nutrição e doença http://www.funep.com.br

ODONTOLOGIA

11 e 12 de novembro Curitiba - PR Simpósio de neurologia

3 de outubro a 29 de novembro São Paulo - SP Curso intensivo - odontologia para o clínico veterinário http://anclivepa-sp.com.br

http://anclivepapr.com.br

12 a 14 de novembro Viçosa - MG Curso de odontologia em pequenos animais (31) 3899-8300

24 a 29 de novembro Botucatu - SP IV Simpósio Internacional de Neurologia Veterinária http://www.bioethicus.com.br

14 a 16 de novembro Viçosa - MG Curso de periodontia em pequenos animais (31) 3899-8300

OFTALMOLOGIA 23 e 24 de setembro São Paulo - SP Curso teórico-prático de oftalmologia em pequenos animais (11) 3082-3532 28 e 29 de outubro Ribeirão Preto - SP Curso básico de oftalmologia veterinária fabricio@oftalmovetrp.com.br 21 a 24 de novembro Brasília - DF IX Congresso Latinoamericano de Oftalmologistas Veterinários (CLOVE) http://clove2017.com.br

ONCOLOGIA 16 e 17 de setembro São Paulo - SP II Simpósio de Oncologia Veterinária http://goo.gl/uuPhOQ Fevereiro de 2018 (início) São Paulo - SP Curso de especialização em oncologia http://anclivepa-sp.com.br (11) 3813-6568 24 e 25 de março de 2018 (início) Botucatu - SP Curso de pós-graduação latu sensu em oncologia veterinária http://www.bioethicus.com.br (14) 3814-6898

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Clínica Veterinária, Ano XXII, n. 130, setembro/outubro, 2017



ORTOPEDIA 13 e 14 de outubro Rio de Janeiro - RJ OrtoNeuro in Rio http://inrio.vet.br 19 a 21 de outubro São Paulo- SP Curso Intensivo Prático de Ortopedia (CIPO) - módulo avançado http://www.cipo.vet.br (11) 3819-0594 24 a 26 de outubro Viçosa - MG Curso de cirurgias ortopédicas em pequenos animais (31) 3899-8300 27 a 29 de outubro Viçosa - MG Curso de cirurgias ortopédicas em pequenos animais (módulo avançado) http://www.cpt.com.br (31) 3899-8300

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1º e 2 de dezembro São Paulo - SP Módulo hastes e placas bloqueadas - CIPO http://www.cipo.vet.br (11) 3819-0594

12 a 14 de abril de 2018 São Paulo- SP Curso Intensivo Prático de Ortopedia (CIPO) - módulo básico http://www.cipo.vet.br (11) 3819-0594

Fevereiro de 2018 (início) São Paulo - SP Especialização em ortopedia http://anclivepa-sp.com.br

17 a 18 de maio São Paulo - SP Cirurgias da coluna vertebral http://www.cipo.vet.br

15 a 17 de fevereiro de 2018 São Paulo- SP Curso Intensivo Prático de Ortopedia (CIPO) - módulo básico http://www.cipo.vet.br (11) 3819-0594 4 e 5 de abril de 2018 Campinas - SP NOR Science (neurology, orthopedics and rehabilitation)

http://www.feirasuperpet.com.br

REABILITAÇÃO 22 e 23 de setembro; 21 e 22 de outubro São Paulo - SP XI Curso Intensivo em Fisioterapia Veterinária http://fisiocarepet.com.br/cursos 20 a 22 de outubro São Paulo - SP I Curso de atualização em dor em pequenos animais cursosfisioanimal@gmail.com 9 a 12 de novembro Botucatu - SP

Clínica Veterinária, Ano XXII, n. 130, setembro/outubro, 2017

VI Simpósio Internacional de Fisioterapia, Fisiatria e Reabilitação Veterinária http://www.bioethicus.com.br (14) 3814-6898 9 a 12 de novembro São Paulo - SP I Curso de atualização em dor em pequenos animais cursosfisioanimal@gmail.com Fevereiro de 2018 (início) São Paulo - SP Curso de especialização em reabilitação e fisiatria em pequenos animais http://anclivepa-sp.com.br 4 e 5 de abril de 2018 Campinas - SP NOR Science (neurology, orthopedics and rehabilitation)

http://www.feirasuperpet.com.br



SAÚDE PÚBLICA 12 a 15 de setembro Curitiba - PR Curso de Formação de Oficiais de Controle Animal (FOCA) http://itecbr.org http://youtu.be/eXntjOSsG28 4 e 5 de novembro Belo Horizonte - MG XVIII Simpósio Internacional de Leishmaniose Visceral Canina – BRASILEISH http://www.simposiolvc.com.br

SEMANAS ACADÊMICAS

13 a 16 de setembro Indaiatuba - SP VETMax - Faculdade Max Planck http://fb.com/vetmax2017

23 a 27 de outubro São Bernardo do Campo - SP XVIII JAMVET Anhanguera http://www.fb.com/jamvet2017

25 a 30 de setembro São Paulo - SP XVIII JOVET http://www.fb.com/jovetoficial

24 a 29 de março São Paulo - SP SACAVET http://www.sacavet.com.br

2 a 6 de outubro São Paulo - SP 20ª Semana temática da biologia http://ib.usp.br/semanatematica

CONGRESSOS 12 a 14 de outubro Belo Horizonte - MG Congresso ABFEL 2017 http://congressoabfel.com.br

6 a 11 de outubro Sorocaba - SP Semana Acadêmica de Medicina Veterinária da Uniso http://www.uniso.br

17 a 19 de outubro São Paulo - SP 15º CONPAVEPA, Cat in Rio, Simpósio OTV e Vet Expo http://vetexpo.com.br

12 a 14 de setembro São José do Rio Preto - SP Semana Acadêmica da UNIRP (Centro Universitário de Rio Preto) http://unirp.edu.br/eventos.aspx

18 a 20 de outubro Araçatuba - SP Semana Acadêmica de Medicina Veterinária da UniSALESIANO http://www.unisale.com.br

26 a 28 de outubro Rio de Janeiro - RJ 13º Encontro de anestesiologia veterinária http://www.congressocbav.com.br

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11 a 15 de setembro Orleans - SC VIII Sacameve - Unibave https://goo.gl/CBXsVT

2 e 3 de novembro São Paulo - SP Simpósio Internacional de Emergências Cardiovasculares http://www.sbcv.org.br 13 a 15 de novembro Guarujá - SP 3º Congresso Internacional da Associação Brasileira de Endocrinologia Veterinária (ABEV) http://abev.org.br 15 a 17 de novembro Salvador - BA VII SINDIV - Simpósio Internacional de Diagnóstico por Imagem Veterinário http://abrv.org.br 23 a 25 de novembro Rio de Janeiro - RJ VI Congresso Estadual da Anclivepa Rio (Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais - Regional Rio de Janeiro) http://congressoanclivepario.com.br



20 a 23 de setembro Medellín - Colômbia VI Congresso Internacional Neurolatinvet http://congresoneurolatinvet.ces. edu.co

5 e 6 de outubro Buenos Aires - Argentina XVII Congreso Nacional de AVEACA - Asociacion de Veterinarios Especializados en Animales de Compañía de Argentina http://www.aveaca.org.ar

25 a 28 de setembro Copenhaguen - Dinamarca World Small Animal Veterinary Association Congress and FECAVA Eurocongress http://wsava2017.com

19 a 22 de outubro Denver, Colorado - EUA 2017 AAFP Conference Feline Infectious Diseases and Pediatrics http://catvets.com

28 de setembro a 1 de outubro Berlim - Alemanha 11th International conference on behaviour, physiology and genetics of wildlife http://goo.gl/QqXW9Y

26 a 28 de outubro Portland, Oregon - EUA Veterinary Cancer Society Conference http://vetcancersociety.org

2 a 4 de outubro Vancouver, Canadá 8th Animal Health & Veterinary Medicine Congress http://animalhealth.conferenceseries.com

1º a 3 de novembro Medellín, Antioquia - Colômbia VI Congreso Latinoamericano de Enfermedades Rickettsiales & I Encuentro de ecologia y control de ectoparásitos http://enicip.co/congreso/

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AGENDA Internacional

9 a 11 de novembro Barcelona - Espanha SEVC 2017 (Southern European Veterinary Conference) Congreso Nacional AVEPA (Asociación de Veterinarios Españoles Especialistas en Pequeños Animales) http://sevc.info 23 a 25 de novembro Montevideo - Uruguai • XIV Congresso Iberoamericano FIAVAC - Federação Iberoamericana de Associações Veterinárias de Animais de Companhia • XI Congresso Nacional SUVEPA http://suvepa.org.uy 29 e 30 de novembro Bethesda, Maryland - EUA Pain in Animals Workshop 2017 http://paw2017.com 2018 3 a 7 de fevereiro Orlando, Flórida - EUA VMX 2018 - Vet Meeting & Expo http://navc.com

10 a 13 de abril Lima - Peru LAVC 2018 http://www.tlavc-peru.org 1 a 5 de maio Maui, Hawaii North American Veterinary Dermatology Forum 2018 http://www.navdf.org 6 a 8 de junho Rio de Janeiro - RJ • XV Congresso Internacional FIAVAC - Federação Iberoamericana de Associações Veterinárias de Animais de Companhia • 39º Congresso Brasileiro da Anclivepa (Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais) http://www.anclivepa2018.com.br 25 a 28 de setembro Singapura - Malásia World Small Animal Veterinary Association Congress (WSAVA 2018) http://wsava.org



http://www.labyes.com/labyderm


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