Revista de educação continuada do clínico veterinário de pequenos animais
Cirurgia
Cistos ovarianos em porquinha-da-índia (Cavia porcellus) – relato de caso
Zoonoses Leptospira spp. em gatos – revisão
Neurologia
Discopatia toracolombar canina: etiopatogenia, classificações atuais e opções terapêuticas
Oftalmologia Síndrome de Horner em cães e gatos – revisão
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Indexada no Web of Science - Zoological Record, no Latindex e no CAB Abstracts
O INÍCIO DA DOENÇA RENAL NÃO MOSTRA SINAIS CLAROS, MAS A SUA ATUAÇÃO FAZ TODA A DIFERENÇA. Diagnóstico precoce, manejo e nutrição para mais qualidade de vida e longevidade.
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Índice – conteúdo científico Oftalmologia
Editora Maria Angela Sanches Fessel cvredacao@editoraguara.com.br CRMV-SP 10.159 - www.crmvsp.gov.br Publicidade Alexandre Corazza Curti midia@editoraguara.com.br
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Síndrome de Horner em cães e gatos – revisão
Horner’s syndrome in dogs and cats – a review
Editoração eletrônica Editora Guará Ltda.
Síndrome de Horner en perros y gatos – revisión
Projeto gráfico Natan Inacio Chaves Gerente administrativo Antonio Roberto Sanches Capa Dálmata fotografado por Irina Bondareva,
Cirurgia
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Cistos ovarianos em porquinha-da-índia (Cavia porcellus) – relato de caso
Ovary cysts in a guinea pig (Cavia porcellus) – case report Quistes ováricos en cobaya (Cavia porcellus) – relato de caso
Clínica Veterinária é uma re vis ta técnico-científica bimestral, dirigida aos clínicos vete rinários de pe que nos animais, estudantes e professores de medicina veterinária, publicada pela Editora Guará Ltda.
Zoonoses
Não é permitida a reprodução parcial ou total do conteúdo desta publicação sem a prévia autorização da editora. A responsabilidade de qualquer terapêutica prescrita é de quem a prescreve. A perícia e a experiência profissional de cada um são fatores determinantes para a condução dos possíveis tratamentos para cada caso. Os editores não podem se responsabilizar pelo abuso ou má aplicação do conteúdo da revista Clínica Veterinária. Editora Guará Ltda. Rua Dr. José Elias, 222, Alto da Lapa, 05083-030, São Paulo, SP, Brasil Central de assinaturas: (11) 98250-0016 cvassinaturas@editoraguara.com.br
Leptospira spp. em gatos – revisão Leptospira spp. in cats – review
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Leptospira spp. en gatos – revisión
Neurologia
Discopatia toracolombar canina: etiopatogenia, classificações atuais e opções terapêuticas
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Canine thoracolumbar disc disease: pathogenesis, current classifications and therapeutic options Discopatía toracolumbar en perros: etiopatogenia, clasificaciones actuales y opciones terapéuticas
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Índice – conteúdo editorial Medicina Veterinária do Coletivo Cemitérios de pets no Brasil
Homenagem a Jonimar Pereira Paiva
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12 Investigação populacional de cães e gatos
18
24 Saúde Única
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Lançamentos
Uma análise sobre as diferentes funções dos cães trabalhadores
88 Eventos
Capivaras, carrapatoestrela e a febre maculosa brasileira
Carta da presidente
90 II Semana da Justiça pela Paz em Casa
Gestão
83 CRMV SP
84
Equilíbrio lança linha de produtos para raças específicas
Um novo ano com reflexão, amor, generosidade e bondade
92 IX Conferência de MVC – 2019
Guia para emissão de atestado de saúde de cães e gatos ganha nova edição
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Errata
Avaliação da frequência de hiperlipidemia de jejum e pós-prandial em schnauzers hígidos e das alterações hepáticas e resistência insulínica em schnauzers hiperlipidêmicos, publicado na Clínica Veterinária, Ano XXIII, n. 137, p. 24-30, 2018:
Exames post mortem em primatas não humanos durante epizootia de febre amarela na região metropolitana de Sorocaba, SP, Brasil, publicado na Clínica Veterinária, Ano XXIII, n. 137, p. 24-30, 2018:
Faltou a referência 26.
Faltou a referência 28 no parágrafo: Foram realizadas campanhas emergenciais de imunização na população, priorizando áreas rurais das cidades de Ibiúna, São Roque, Mairinque, Araçariguama, Piedade, Votorantim e Pilar do Sul 28.
26-CHIU, J. D. ; KOLKA, C. M. ; RICHEY, J. M. ; HARRISON, L. N. ; ZUNIGA, E. ; KIRKMAN, E. L. ; BERGMAN, R. N. Experimental hyperlipidemia dramatically reduces acess of insulin to canine skeletal muscle. Obesity, v. 17, n. 8, p. 1486-1492, 2009. doi: 10.1038/ oby.2009.165.
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Faltou a referência 29 no parágrafo: No início dos óbitos dos primatas não humanos, a região metropolitana de Sorocaba estava classificada como área indene (sem recomendação de vacina) pelo Ministério da Saúde, fato este que veio a ser modificado ao longo da epizootia (Figura 13) 29.
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Editorial
O que esperar do futuro, o que fazer no presente ? Estamos iniciando um novo ciclo com muitas possibilidades, com receios e temores, com esperanças e sonhos, mas vivendo um período de grandes discordâncias em nosso país e no mundo. Essa situação pode ser muito rica para quem souber cultivar relacionamentos ou muito infeliz para quem não conseguir criar parcerias e oportunidades. Tutores e pacientes, fornecedores, equipamentos e produtos, funcionários e colegas, familiares e comunidade, tudo vai solicitar de nós atenção e cuidado para atravessar os tempos que se apresentam. A regra áurea, ponto central da maioria das filosofias, religiões e reflexões desenvolvidas pela humanidade ao longo de nossa evolução, nos orienta a oferecer aos demais aquilo que gostaríamos que nos fosse oferecido e a tratar os outros como gostaríamos de ser tratados. Simples, mas nada banal. É uma regra áurea porque sugere regulamentar nossas relações de modo que não sejam uma mera disputa, uma tentativa velada ou aberta de impor nossos interesses ou fazer prevalecer nossas razões e ideias até o limite de recorrer à deslealdade para conseguir isso; ao contrário, propõe criar um terreno comum de entendimento em que o revide e a violência, em todas as suas formas, estejam ausentes. É um princípio civilizatório essencial, democrático, voltado para o interesse comum. Tão 6
essencial quanto mal compreendido e pouco observado. Com essa ideia como norte (ou talvez fosse mais apropriado dizer como sul, ou leste, ou mesmo oeste), tudo aquilo que possamos construir no presente se apresentará no futuro com a solidez de um caminho feito a partir de um âmbito mais real e também mais amplo de compartilhamento e de negociação com os outros, e dentro de uma realidade mais abrangente e sólida que aquela que seja definida apenas por nossos interesses e convicções. Em meio a todo o desrespeito, a toda a violência, covardia e cegueira que nos cercam, nossa única chance de esperar um mundo melhor passa, portanto, pelo cultivo do entendimento, da delicadeza, do respeito, da solidariedade, do perdão e da compaixão. Qualquer outra estratégia que não coloque esse pacto fundamental, essa regra áurea como base estará fadada ao fracasso, mais cedo ou mais tarde, sob um aspecto ou outro. Sem essa regra como guia, somos muito mais vulneráveis. Tendo-a como guia, fazendo dela a nossa realidade, teremos uma defesa segura, independentemente de todo o mal e de todas as armadilhas e imprevistos que possam estar à nossa volta. Neste nosso universo bombardeado por informações marcadas pela unilateralidade, pela tendenciosidade, pela irrealidade ou até mesmo pelo intuito principal de manipulação,
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torna-se cada vez mais complexo fazer boas escolhas. Estamos muito distantes do porte moral, por exemplo, de um Isaac Newton, que, depois de formular os princípios da gravitação, teve a honestidade intelectual de confessar sua perplexidade perante a estranha propriedade da matéria de agir à distância sobre outros corpos. No extremo oposto dessa meticulosa discriminação, temos hoje a assimilação passiva do bombardeio de fake news, a naturalização da pós-verdade, a confusão gerada por essa criação proposital que nos é imposta de uma pseudorrealidade de contornos e sentidos vagos, ambíguos e indefinidos. Um mar revolto e insatisfatório. Daí a importância de uma âncora. Daí a necessidade de se adotar como princípio de vida e de ação o respeito, a solidariedade, o perdão e a compaixão. Trata-se de ir muito além de dar a outra face. Trata-se de buscar uma solução cria-
tiva, que não seja o mero revide, a violência do olho por olho, dente por dente, a tentação de construir a ficção de uma raiva justa. Que o ano de 2019 nos sirva como oportunidade para alcançar um novo patamar no qual a nossa maneira de encontrar soluções passe pelo cultivo da intuição e por uma conexão com a essência silenciosa de nossa mente, com uma sabedoria maior do que a precariedade de espírito na qual nossa espécie se debate por todo o planeta. Que possamos, neste 2019, aproveitar as oportunidades de evolução pessoal em nossos relacionamentos, sejam eles com os animais não humanos ou com os tutores, fornecedores, funcionários, colegas, amigos e familiares. Maria Angela Sanches Fessel CRMV-SP 10.159
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Consultores científicos Adriano B. Carregaro FZEA/USP-Pirassununga Álan Gomes Pöppl FV/UFRGS Alberto Omar Fiordelisi FCV/UBA Alceu Gaspar Raiser DCPA/CCR/UFSM Alejandro Paludi FCV/UBA Alessandra M. Vargas Endocrinovet Alexandre Krause FMV/UFSM Alexandre G. T. Daniel Universidade Metodista Alexandre L. Andrade CMV/Unesp-Aracatuba Alexander W. Biondo UFPR, UI/EUA Aline Machado Zoppa FMU/Cruzeiro do Sul Aline Souza UFF Aloysio M. F. Cerqueira UFF Ana Claudia Balda FMU, Hovet Pompéia Ananda Müller Pereira Universidad Austral de Chile Ana P. F. L. Bracarense DCV/CCA/UEL André Luis Selmi Anhembi/Morumbi e Unifran Angela Bacic de A. e Silva FMU Antonio M. Guimarães DMV/UFLA Aparecido A. Camacho FCAV/Unesp-Jaboticabal A. Nancy B. Mariana FMVZ/USP-São Paulo Arlei Marcili FMVZ/USP-São Paulo Aulus C. Carciofi FCAV/Unesp-Jaboticabal Aury Nunes de Moraes UESC Ayne Murata Hayashi FMVZ/USP-São Paulo Beatriz Martiarena FCV/UBA Benedicto W. De Martin FMVZ/USP; IVI Berenice A. Rodrigues MV autônoma Camila I. Vannucchi FMVZ/USP-São Paulo Carla Batista Lorigados FMU
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Carla Holms Anclivepa-SP Carlos Alexandre Pessoa www.animalexotico.com.br Carlos E. Ambrosio FZEA/USP-Pirassununga Carlos E. S. Goulart EMATER-DF Carlos Roberto Daleck FCAV/Unesp-Jaboticabal Carlos Mucha IVAC-Argentina Cassio R. A. Ferrigno FMVZ/USP-São Paulo Ceres Faraco FACCAT/RS César A. D. Pereira UAM, UNG, UNISA Christina Joselevitch FMVZ/USP-São Paulo Cibele F. Carvalho UNICSUL Clair Motos de Oliveira FMVZ/USP-São Paulo Clarissa Niciporciukas Anclivepa-SP Cleber Oliveira Soares Embrapa Cristina Massoco Salles Gomes C. E. Daisy Pontes Netto FMV/UEL Daniel C. de M. Müller UFSM/URNERGS Daniel G. Ferro Odontovet Daniel Macieira FMV/UFF Denise T. Fantoni FMVZ/USP-São Paulo Dominguita L. Graça FMV/UFSM Edgar L. Sommer Provet Edison L. P. Farias UFPR Eduardo A. Tudury DMV/UFRPE Elba Lemos FioCruz-RJ Eliana R. Matushima FMVZ/USP-São Paulo Elisangela de Freitas FMVZ/Unesp-Botucatu Estela Molina FCV/UBA Fabian Minovich UJAM-Mendoza Fabiano Montiani-Ferreira FMV/UFPR
Fabiano Séllos Costa DMV/UFRPE Fabio Otero Ascol IB/UFF Fabricio Lorenzini FAMi Felipe A. Ruiz Sueiro Vetpet Fernando C. Maiorino Fejal/CESMAC/FCBS Fernando de Biasi DCV/CCA/UEL Fernando Ferreira FMVZ/USP-São Paulo Filipe Dantas-Torres CPAM Flávia R. R. Mazzo Provet Flavia Toledo Univ. Estácio de Sá Flavio Massone FMVZ/Unesp-Botucatu Francisco E. S. Vilardo Criadouro Ilha dos Porcos Francisco J. Teixeira N. FMVZ/Unesp-Botucatu F. Marlon C. Feijo Ufersa Franz Naoki Yoshitoshi Provet Gabriela Pidal FCV/UBA Gabrielle Coelho Freitas UFFS-Realeza Geovanni D. Cassali ICB/UFMG Geraldo M. da Costa DMV/UFLA Gerson Barreto Mourão Esalq/USP Hector Daniel Herrera FCV/UBA Hector Mario Gomez EMV/FERN/UAB Hélio Autran de Moraes Oregon S. U. Hélio Langoni FMVZ/Unesp-Botucatu Heloisa J. M. de Souza FMV/UFRRJ Herbert Lima Corrêa Odontovet Iara Levino dos Santos Koala H. A. e Inst. Dog Bakery Iaskara Saldanha Lab. Badiglian Idael C. A. Santa Rosa UFLA Ismar Moraes FMV/UFF
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Jairo Barreras FioCruz James N. B. M. Andrade FMV/UTP Jane Megid FMVZ/Unesp-Botucatu Janis R. M. Gonzalez FMV/UEL Jean Carlos R. Silva UFRPE, IBMC-Triade João G. Padilha Filho FCAV/Unesp-Jaboticabal João Luiz H. Faccini UFRRJ João Pedro A. Neto UAM Jonathan Ferreira Odontovet Jorge Guerrero Univ. da Pennsylvania José de Alvarenga FMVZ/USP Jose Fernando Ibañez FALM/UENP José Luiz Laus FCAV/Unesp-Jaboticabal José Ricardo Pachaly Unipar José Roberto Kfoury Jr. FMVZ/USP Juan Carlos Troiano FCV/UBA Juliana Brondani FMVZ/Unesp-Botucatu Juliana Werner Lab. Werner e Werner Julio C. C. Veado FMVZ/UFMG Julio Cesar de Freitas UEL Karin Werther FCAV/Unesp-Jaboticabal Leonardo D. da Costa Lab&Vet Leonardo Pinto Brandão Ceva Saúde Animal Leucio Alves FMV/UFRPE Luciana Torres FMVZ/USP-São Paulo Lucy M. R. de Muniz FMVZ/Unesp-Botucatu Luiz Carlos Vulcano FMVZ/Unesp-Botucatu Luiz Henrique Machado FMVZ/Unesp-Botucatu Marcello Otake Sato FM/UFTO Marcelo Bahia Labruna FMVZ/USP-São Paulo
Marcelo de C. Pereira FMVZ/USP-São Paulo Marcelo Faustino FMVZ/USP-São Paulo Marcelo S. Gomes Zoo SBC,SP Marcia Kahvegian FMVZ/USP-São Paulo Márcia Marques Jericó UAM e Unisa Marcia M. Kogika FMVZ/USP-São Paulo Marcio B. Castro UNB Marcio Brunetto FMVZ/USP-Pirassununga Marcio Dentello Lustoza Biogénesis-Bagó S. Animal Márcio Garcia Ribeiro FMVZ/Unesp-Botucatu Marco Antonio Gioso FMVZ/USP-São Paulo Marconi R. de Farias PUC-PR Maria Cecilia R. Luvizotto CMV/Unesp-Araçatuba M. Cristina F. N. S. Hage FMV/UFV Maria Cristina Nobre FMV/UFF M. de Lourdes E. Faria VCA/Sepah Maria Isabel M. Martins DCV/CCA/UEL M. Jaqueline Mamprim FMVZ/Unesp-Botucatu Maria Lúcia Z. Dagli FMVZ/USP-São Paulo Marion B. de Koivisto CMV/Unesp-Araçatuba Marta Brito FMVZ/USP-São Paulo Mary Marcondes CMV/Unesp-Araçatuba Masao Iwasaki FMVZ/USP-São Paulo
Mauro J. Lahm Cardoso Falm/Uenp Mauro Lantzman Psicologia PUC-SP Michele A. F. A. Venturini Odontovet Michiko Sakate FMVZ/Unesp-Botucatu Miriam Siliane Batista FMV/UEL Moacir S. de Lacerda Uniube Monica Vicky Bahr Arias FMV/UEL Nadia Almosny FMV/UFF Natália C. C. A. Fernandes Instituto Adolfo Lutz Nayro X. Alencar FMV/UFF Nei Moreira CMV/UFPR Nelida Gomez FCV/UBA Nilson R. Benites FMVZ/USP-São Paulo Nobuko Kasai FMVZ/USP-São Paulo Noeme Sousa Rocha FMV/Unesp-Botucatu Norma V. Labarthe FMV/UFFe FioCruz Patricia C. B. B. Braga FMVZ/USP-Leste Patrícia Mendes Pereira DCV/CCA/UEL Paulo Anselmo Zoo de Campinas Paulo César Maiorka FMVZ/USP-São Paulo Paulo Iamaguti FMVZ/Unesp-Botucatu Paulo S. Salzo Unimes, Uniban
Paulo Sérgio M. Barros FMVZ/USP-São Paulo Pedro Germano FSP/USP Pedro Luiz Camargo DCV/CCA/UEL Rafael Almeida Fighera FMV/UFSM Rafael Costa Jorge Hovet Pompéia Regina H. R. Ramadinha FMV/UFRRJ Renata A. Sermarini Esalq/USP Renata Afonso Sobral Onco Cane Veterinária Renata Navarro Cassu Unoeste-Pres. Prudente Renée Laufer Amorim FMVZ/Unesp-Botucatu Ricardo Duarte All Care Vet / FMU Ricardo G. D’O. C. Vilani UFPR Ricardo S. Vasconcellos CAV/Udesc Rita de Cassia Garcia FMV/UFPR Rita de Cassia Meneses IV/UFRRJ Rita Leal Paixão FMV/UFF Robson F. Giglio H. Cães e Gatos; Unicsul Rodrigo Gonzalez FMV/Anhembi-Morumbi Rodrigo Mannarino FMVZ/Unesp-Botucatu Rodrigo Teixeira Zoo de Sorocaba Ronaldo C. da Costa Ohio State University Ronaldo G. Morato CENAP/ICMBio Rosângela de O. Alves EV/UFG
Rute C. A. de Souza UFRPE/UAG Ruthnéa A. L. Muzzi DMV/UFLA Sady Alexis C. Valdes Unipam-Patos de Minas Sheila Canavese Rahal FMVZ/Unesp-Botucatu Silvia E. Crusco UNIP/SP Silvia Neri Godoy ICMBio/Cenap Silvia R. G. Cortopassi FMVZ/USP-São Paulo Silvia R. R. Lucas FMVZ/USP-São Paulo Silvio A. Vasconcellos FMVZ/USP-São Paulo Silvio Luis P. de Souza FMVZ/USP, UAM Simone Gonçalves Hemovet/Unisa Stelio Pacca L. Luna FMVZ/Unesp-Botucatu Tiago A. de Oliveira UEPB Tilde R. Froes Paiva FMV/UFPR Valéria Ruoppolo I. Fund for Animal Welfare Vamilton Santarém Unoeste Vania M. V. Machado FMVZ/Unesp-Botucatu Victor Castillo FCV/UBA Vitor Marcio Ribeiro PUC-MG Viviani de Marco UNISA e NAYA Wagner S. Ushikoshi UNISA e CREUPI Zalmir S. Cubas Itaipu Binacional
revistaclinicaveterinaria.com.br
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Instruções aos autores
A
Clínica Veterinária publica artigos científicos inéditos, de três tipos: trabalhos de pesquisa, relatos de caso e revisões de literatura. Embora todos tenham sua importância, nos trabalhos de pesquisa, o ineditismo encontra maior campo de expressão, e como ele é um fator decisivo no âmbito científico, estes trabalhos são geralmente mais valorizados. Todos os artigos enviados à redação são primeiro avaliados pela equipe editorial e, após essa avaliação inicial, encaminhados aos consultores científicos. Nessas duas instâncias, decide-se a conveniência ou não da publicação, de forma integral ou parcial, e encaminham-se ao autores sugestões e eventuais correções. Trabalhos de pesquisa são utilizados para apresentar resultados, discussões e conclusões de pesquisadores que exploram fenômenos ainda não completamente conhecidos ou estudados. Nesses trabalhos, o bem-estar animal deve sempre receber atenção especial. Relatos de casos são utilizados para a apresentação de casos de interesse, quer seja pela raridade, evolução inusitada ou técnicas especiais. Devem incluir uma pesquisa bibliográfica profunda sobre o assunto (no mínimo 30 referências) e conter uma discussão detalhada dos achados e conclusões do relato à luz dessa pesquisa. A pesquisa bibliográfica deve apresentar no máximo 15% de seu conteúdo provenientes de livros, e no máximo 20% de artigos com mais de cinco anos de publicação. Revisões são utilizadas para o estudo aprofundado de informações atuais referentes a um determinado assunto, a partir da análise criteriosa dos trabalhos de pesquisadores de todo o meio científico, publicados em periódicos de qualidade reconhecida. As revisões deverão apresentar pesquisa de, no mínimo, 60 referências provadamente consultadas. Uma revisão deve apresentar no máximo 15% de seu conteúdo provenientes de livros, e no máximo 20% de artigos com mais de cinco anos de publicação. Critérios editoriais Enviar por e-mail (cvredacao@editoraguara. com.br) ou pelo site da revista (http:// revistaclinicaveterinaria.com.br/blog/envio-deartigos-cientificos) um arquivo texto (.doc) com o trabalho, acompanhado de imagens digitalizadas em formato .jpg . As imagens digitalizadas devem ter, no mínimo, resolução de 300 dpi na largura de 9 10
cm. Se os autores não possuírem imagens digitali za das, devem encaminhar pelo correio ao nosso departamento de re da ção cópias das imagens originais (fotos, slides ou ilustrações – acom pa nhadas de identificação de propriedade e autor). Devem ser enviadas também a identificação de todos os autores do trabalho (nome completo por extenso, RG, CPF, endereço residencial com cep, telefones e e-mail) e uma foto 3x4 de rosto de cada um dos autores. Além dos nomes completos, devem ser informadas as instituições às quais os autores estejam vinculados, bem como seus tí tulos no momento em que o trabalho foi escrito. Os autores devem ser relacionados na seguinte ordem: primeiro, o autor principal, seguido do orientador e, por fim, os colaboradores, em sequência decrescente de participação. Sugere-se como máximo seis autores. O primeiro autor deve necessariamente ter diploma de graduação em medicina veterinária. Todos os artigos, independentemente da sua categoria, devem ser redigidos em língua portuguesa e acompanhados de versões em língua inglesa e espanhola de: título, resumo (de 700 a 800 caracteres) e unitermos (3 a 6). Os títulos devem ser claros e grafados em letras minúsculas – somente a primeira letra da primeira palavra deve ser grafada em letra maiúscula. Os resumos devem ressaltar o objetivo, o método, os resultados e as conclusões, de forma concisa, dos pontos relevantes do trabalho apresentado. Os unitermos não devem constar do título. Devem ser dispostos do mais abrangente para o mais específico (eg, “cães, cirurgias, abcessos, próstata). Verificar se os unitermos escolhidos constam dos “Descritores em Ciências de Saúde” da Bireme (http://decs.bvs.br). Revisões de literatura não devem apresentar o subtítulo “Conclusões”. Sugere-se “Considerações finais”. Não há especificação para a quantidade de páginas, dependendo esta do conteúdo explorado. Os assuntos devem ser abordados com objetividade e clareza, visando o público leitor – o clínico veterinário de pequenos animais. Utilizar fonte arial tamanho 12, espaço simples e uma única coluna. As margens superior, inferior e laterais devem apresentar até 3 cm. Não deixar linhas em branco ao longo do texto, entre títulos, após subtítulos e entre as referências. Imagens como fotos, tabelas, gráficos e ilustrações não podem ser cópias da literatura, mesmo que seja indicada a fonte. Devem ser
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utilizadas imagens originais dos próprios autores. Imagens fotográficas devem possuir indicação do fotógrafo e proprietário; e quando cedidas por terceiros, deverão ser obrigatoriamente acompanhadas de autorização para publicação e cessão de direitos para a Editora Guará (fornecida pela Editora Guará). Quadros, tabelas, fotos, desenhos, gráficos deverão ser denominados figuras e numerados por ordem de aparecimento das respectivas chamadas no texto. Imagens de microscopia devem ser sempre acompanhadas de barra de tamanho e nas legendas devem constar as objetivas utilizadas. As legendas devem fazer parte do arquivo de texto e cada imagem deve ser nomeada com o número da respectiva figura. As legendas devem ser autoexplicativas. Não citar comentários que constem das introduções de trabalhos de pesquisa para não incorrer em apuds. Sempre buscar pelas referências originais. O texto do autor original deve ser respeitado, utilizando-se exclusivamente os resultados e, principalmente, as conclusões dos trabalhos. Quando uma informação tiver sido localizada em diversas fontes, deve-se citar apenas o autor mais antigo como referência para essa informação, evitando a desproporção entre o conteúdo e o número de referências por frases. As referências serão indicadas ao longo do texto apenas por números sobrescritos ao texto, que corresponderão à listagem ao final do artigo – autores e datas não devem ser citados no texto. Esses números sobrescritos devem ser dispostos em ordem crescente, seguindo a ordem de aparecimento no texto, e separados apenas por vírgulas (sem espaços). Quando houver mais de dois números em sequência, utilizar apenas hífen (-) entre o primeiro e o último dessa sequência, por exemplo cão 1,610,13. A apresentação das referências ao final do artigo deve seguir as normas atuais da ABNT 2002 (NBR 10520). Utilizar o formato v. para volume, n. para número e p. para página. Não utilizar “et al” – todos os autores devem ser relacionados. Não abreviar títulos de periódicos. Sempre utilizar as edições atuais de livros – edições anteriores não devem ser utilizadas. Todos os livros devem apresentar informações do capítulo consultado, que são: nome dos autores, nome do capítulo e páginas do capítulo. Quando mais de um capítulo for utilizado, cada capítulo deverá ser considerado uma
referência específica. Não serão aceitos apuds nem revisões de literatura (Citação direta ou indireta de um autor a cuja obra não se teve acesso direto. É a citação de “segunda mão”. Utiliza-se a expressão apud, que significa “citado por”. Deve ser empregada apenas quando o acesso à obra original for impossível, pois esse tipo de citação compromete a credibilidade do trabalho). Somente autores de trabalhos originais devem ser citados, e nunca de revisões. É preciso ser ético pois os créditos são daqueles que fizeram os trabalhos originais. A exceção será somente para literatura não localizada e obras antigas de difícil acesso, anteriores a 1960. As citações de obras da internet devem seguir o mesmo procedimento das citações em papel, apenas com o acréscimo das seguintes informações: “Disponível em: <http://www. xxxxxxxxxxxxxxx>. Acesso em: dia de mês de ano.” Somente utilizar o local de publicação de periódicos para títulos com incidência em locais distintos, como, por exemplo: Revista de Saúde Pública, São Paulo e Revista de Saúde Pública, Rio de Janeiro. De modo geral, não são aceitas como fontes de referência periódicos ou sites não indexados. Ocasionalmente, o conselho científico editorial poderá solicitar cópias de trabalhos consultados que obrigatoriamente deverão ser enviadas. Será dado um peso específico à avaliação das citações, tanto pelo volume total de autores citados, quanto pela diversidade. A concentração excessiva das citações em apenas um ou poucos autores poderá determinar a rejeição do trabalho. Não utilizar SID, BID e outros. Escrever por extenso “a cada 12 horas”, “a cada 6 horas” etc. Com relação aos princípios éticos da experimentação animal, os autores deverão considerar as normas do SBCAL (Sociedade Brasileira de Ciência de Animais de Laboratório). Informações referentes a produtos utilizados no trabalho devem ser apresentadas em rodapé, com chamada no texto com letra sobrescrita ao princípio ativo ou produto. Nesse subtítulo devem constar o nome comercial, fabricante, cidade e estado. Para produtos importados, informar também o país de origem, o nome do importador/ distribuidor, cidade e estado. Revista Clínica Veterinária / Redação Rua dr. José Elias 222 CEP 05083-030 São Paulo, SP cvredacao@editoraguara.com.br
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Medicina Veterinária do Coletivo
as últimas décadas, os animais de estimação têm assumido um papel cada vez mais importante como membros não humanos de suas famílias em casas de todo o mundo. O censo realizado em 2013 mostrou que o Brasil possui uma população de cerca de 132,4 milhões de animais de estimação, sendo maior o número de cães, seguido do de aves e gatos 1. Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em todas as capitais brasileiras em 2017 mostrou que 61% consideram seus pets como membros da família 2. A morte de um animal de companhia gera, além do sofrimento da perda e do luto inerente, muitas dúvidas quanto à destinação do corpo do animal morto. Dentre as alternativas para o destino de animais de companhia após sua morte está o enterro na própria propriedade, o recolhimento e a cremação pelos serviços municipais ou privados de cadáveres e o enterro em um cemitério destinado a animais de estimação. A escolha de um cemitério permite que os tutores possam se despedir apropriadamente de seus pets e traz a tranquilidade de saber que ele estará sempre em um lugar só seu, em ambiente apropriado. O enterro pode ser coletivo ou individual, dependendo da escolha dos tutores. Nesses locais eles poderão deixar sua homenagem em forma de lápide, com mensagem e identificação, e podem visitar seu animal de companhia sempre que quiserem. A outra opção, a cremação, é indicada para animais que morreram de doenças infectocontagiosas e também para aqueles que gostariam de poder guardar as cinzas dos seus pets. A cremação pode ser realizada de forma coletiva ou individual. Histórico O enterro de animais é relatado ao redor do mundo em diferentes culturas. No Egito 12
Fernando Gonsales
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Cemitérios de animais no Brasil
A morte de um animal de companhia gera, além do sofrimento da perda e do luto inerente, muitas dúvidas quanto à destinação do corpo do animal morto
antigo, os gatos eram considerados sagrados, e eram mumificados e enterrados. A evidência mais antiga de enterro de um felino ligado a um ser humano data de 9500 a.C. 3. Entre 1989 e 1992, uma expedição em um sítio arqueológico de Ashkelon escavou aproximadamente 1.200 esqueletos de cães. Esses animais foram enterrados entre os séculos IV e V a.C. 4. Apesar dessa descoberta, o cemitério localizado em Paris, fundado em 1899, é considerado o primeiro cemitério animal. Denominado Le Cimetière des Chiens et Autres Animaux Domestiques (Cemitério de Cães e Outros Animais Domésticos), esse local foi criado para que os parisienses deixassem de jogar os corpos dos animais nos rios ou de enterrá-los em locais inadequados 5. Os arcos presentes na entrada principal do Passeio Público, primeiro parque da cidade de Curitiba, criado em 1886, homenageiam o cemitério de cães de Paris (Figura 1) 6. Esse e outros cemitérios são também locais
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de visitação, devido a sua representação, seu apreço, sua beleza, história e peculiaridade. Podemos citar o Hartsdale Pet Cemetery & Crematory, em Nova York, o primeiro dos Estados Unidos, o Cemitério de Pets Jindaiji, em Tóquio, que está dentro do templo de mesmo nome, e o Hyde Park Pet Cemetery, no maior parque do centro de Londres. Cemitérios e crematórios no Brasil e no mundo Os cemitérios e crematórios estão presentes em todo o mundo. Na ONG Associação Internacional de Cemitérios e Crematórios Pet há 155 membros, entre cemitérios e crematórios de 15 diferentes países. Entre eles podemos citar o Pet Cremations, localizado na cidade de Manukau, na Nova Zelândia. Inspirados pela morte de seu cão, há mais de 25 anos os proprietários desse estabelecimento fornecem serviços de cremação especial/privada e coletiva. Para guardar as cinzas, o tutor pode escolher entre uma caixa de papelão, uma caixa de madeira, uma pedra de cremação, e ainda pode solicitar uma placa dourada ou uma placa com a foto de seu animal de estimação 7. O Parque del Prado, localizado na República Dominicana, foi o primeiro cemitério para
Figura 1 – Portal da entrada principal do Passeio Público, localizado em Curitiba. Apesar de o portal ser inspirado no Cemitério de Cães e Animais Domésticos de Paris, o Passeio Público é um parque com exposição de algumas espécies de animais, como aves e cobras, não sendo permitida a entrada de cães e nem o enterro de animais no local.
animais da cidade de Santo Domingo Este. O local conta com serviços de enterro, exumação para animais que os tutores enterraram em seus jardins e cremação. Além disso, possui serviços de organização de funeral, religiosos, de coro, de flores, sons, tendas e cadeiras para a cerimônia. O enterro pode ser realizado no jardim do cemitério, numa área mais exclusiva, ou, caso os tutores optem pela cremação, podem deixar as cinzas em um local seguro 8. Em Surrey, no Reino Unido, está localizado o Surrey Pet Crematorium & Cemetery, de mais de 20 mil metros 2, que tem serviços de enterro, exumação para animais enterrados em outros lugares e cremação. A cremação pode ser individual ou coletiva, e as cinzas podem ser armazenadas em caixas de papelão, caixas de madeira ou enterradas em uma sepultura da escolha do tutor. Há também um serviço diferenciado para veterinários clientes, que leva os animais para a cremação e coleta materiais perfurocortantes infectados 9. Nos Estados Unidos, é comum que, anexos às suas instalações, os abrigos de animais tenham um cemitério e/ou o serviço de cremação de animais, ambos pagos (Figura 2). O valor arrecadado nesses serviços é utilizado para manter as instituições, as operações de resgate e o tratamento dos animais. Nesses locais, muitos abertos a visitação, é possível observar lápides com o nome e um epitáfio. Há também abrigos que oferecem atendimento psicológico, grupos de suporte e lembranças, como pedras gravadas com foto, molde das patas e o plantio de uma árvore em homenagem ao animal que morreu. Em busca realizada na internet, foi possível encontrar 32 cemitérios, 100 locais que realizam cremação de animais em 17 estados, a maior parte nas regiões Sul e Sudeste do Brasil (Figuras 3 e 4). O único cemitério público para animais, segundo os sites e arquivos disponíveis, é o Cemitério Cadelinha Sasha, inaugurado em 2009, de 1.000 m 2, localizado no Campus Ministro Petrônio Portella, da Universidade Federal do Piauí. O Pet Memorial,
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Figura 2 – Além de manter animais, os abrigos americanos também diversificam sua atuação com cemitérios para eles e locais para eternizar os nomes das doações, como muros, placas, nomes de salas, prédios, abrigos e fundações. Na foto, visitantes no cemitério de cães (pago) ao lado do Abrigo de Portland, EUA.
localizado em São Bernardo do Campo, SP, foi considerado o melhor crematório de animais do mundo, segundo a Miami Funer de 2017. O crematório tem cerca de 12.000 m 2 e realiza aproximadamente mil cremações e 200 velórios por mês 10. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Alimentos para Animais de Companhia (Anfal Pet), o mercado pet cresce 20% ao ano desde 1990 11, e esse crescimento leva à abertura de novos empreendimentos, como os cemitérios e crematórios. Devido ao surgimento de uma nova demanda e visando ajudar novos empreendedores, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) criou um guia intitulado “Como montar um cemitério de animais”, no qual é possível encontrar todas as informações básicas necessárias para abrir um cemitério para animais de estimação, desde a localização, os colaboradores e a legislação até os custos e o mercado para esse empreendimento 12. Os cemitérios podem ajudar na destinação correta dos animais, porém têm se tornado um empreendimento relativamente fácil de realizar, e carecem de controle adequado, principalmente pela falta de legislação específica, de fiscalização e de penas mais rígidas, de acordo com as leis ambientais e sanitárias. 14
Legislação Os valores dos serviços de cremação e sepultamento variam de R$ 130,00 até R$ 3.000,00, de acordo com a cidade, o estado e os serviços contratados, como, por exemplo, sepultamento ou cremação individual ou coletiva, sepultamento em gaveta, cerimônia para entrega das cinzas ou velório. O velório normalmente é realizado em uma capela onde os tutores podem prestar homenagens antes e depois da destinação do corpo dos seus animais. Uma preocupação relativa à destinação dos corpos dos animais está no impacto ambiental provocado pelo descarte ou pelo sepultamento incorreto. O risco de impacto ambiental por contaminação do solo e das águas superficiais e subterrâneas de um cemitério animal é maior que o de um cemitério humano, pois, além dos microrganismos já encontrados na decomposição de um cadáver humano, há a introdução de novos microrganismos que podem infectar vetores e ter potencial zoonótico, ou seja, transmitir doenças para os seres humanos 13. O Conselho Nacional do Meio Ambiente, por meio da resolução n° 335, de 3 de abril de 2003 14, define o que é um cemitério para animais, porém especifica apenas as normas para cemitérios humanos, tornando indispensável a criação de normas e leis nacionais que regulamentem e disciplinem a instalação e a operação desses locais. O deputado Marcelo Belinati propôs o projeto de lei nº 3.936/2015, que dispunha sobre o sepultamento de animais não humanos em cemitérios públicos. O projeto foi negado em outubro de 2017, pois a comissão julgadora entendeu que os serviços funerários são municipais, assim como descrito na Constituição Federal, no art. 30, inciso V 15. Há municípios que regulamentam os cemitérios particulares para animais por meio de leis municipais, como o decreto nº 27.989, de 25 de maio de 2007, do Rio de Janeiro 16, que determina as normas básicas para instalação e funcionamento desses locais. A Câmara Municipal de São Paulo aprovou em 2013 o sepultamento
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Região Sul
Sudeste
Centrooeste
Nordeste
Norte Total
UF
Cemitério Crematório
Total
SC
2
29
31
PR
1
14
15
RS
2
5
7
SP
8
21
29
RJ
6
8
14
MG
4
6
10
ES
1
1
2
GO
1
2
3
MT
1
1
2
MA
2
2
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RN
1
2
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SE
-
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AL
-
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CE
-
2
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PI
1
-
1
AM
2
-
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PA
-
1
1
17
32
100
132
Figura 3 – Cemitérios e crematórios para animais por estado e região do Brasil
de animais em cemitérios públicos nos jazigos de seus tutores, porém o prefeito da época vetou a lei, alegando falta de vagas, estrutura e indicando prováveis infrações ambientais 17. Outros municípios, como Florianópolis 18 e Rio de Janeiro 19, autorizam o enterro de animais em cemitérios públicos e privados, desde que a morte não tenha sido causada por zoonoses, desde 2016 e 2017, respectivamente. Conclusão Os cemitérios de animais de companhia são uma realidade em expansão no mundo todo, inclusive no Brasil. No entanto, não há legislação brasileira específica que regulamente os cuidados com os pets após sua morte e a prevenção de doenças, particularmente zoonoses, que possam ser transmitidas por esses animais. O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) poderia emitir uma nota técnica ou uma resolução específica de modo a nortear, dentro da ética e da qualidade profissionais, a atividade comercial de cemitérios e crematórios de animais de companhia.
Figura 4 – Mapa da distribuição de cemitérios e crematórios de animais por estados do Brasil
Referências
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Medicina Veterinária do Coletivo 06-MARTINS, J. C. A origem do Passeio Público (127 anos de história). Câmara Municipal de Curitiba, 2013. Disponível em: <http://www.cmc.pr.gov.br/ass_ det.php?not=20427#&panel1-2>. Acesso em 5 de novembro de 2018. 07-Pet Cremations LTD. Disponível em: <http://www. petcremations.co.nz>. Acesso em 5 de novembro de 2018. 08-Cemiterio Parque del Padro. Disponível em: <https://www.parquedelprado.com.do/>. Acesso em 5 denovembro de 2018. 09-Surrey Pet Cemetery & Crematorium. Disponível em: <www.surrey-pet-cemetery.co.uk>. Acesso em 5 de novembro de 2018. 10-GIOVANELLI, C. Pet Memorial é eleito o melhor crematório do mundo. Veja São Paulo, 2017. Disponível em: <https://vejasp.abril.com.br/blog/ bichos/pet-memorial-funeraria/>. Acesso em 5 de novembro de 2018. 11-MOURA, R. S. Evolução do mercado pet e as exportações brasileiras no setor. In: JORNADA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA FACULDADE DE TECNOLOGIA DE BOTUCATU, 5., 2016, Botucatu. Anais... Botucatu: FATEC de Botucatu, 2016. 6 p. 12-SEBRAE. Como montar um cemitério para animais. 17 p. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/ PortalSebrae/ideias/como-montar-um-cemiterio-de-an imais,e0197a51b9105410VgnVCM1000003b74010aR CRD>. Acesso em 5 de novembro de 2018. 13-FIGUEIREDO FILHO, Y. A. ; PACHECO, A. Cemitérios de animais domésticos e impactos ambientais. In: XVI CONGRESSO BRASILEIRO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS e XVII ENCONTRO NACIONAL DE PERFURADORES DE POÇOS, 2010, São Luís. Anais... São Luís: CBAS/ENPP, 2010. p. 1-18. 14-BRASIL. CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/>. Acesso em 5 de novembro de 2018. 15-BRASÍLIA. Projeto de lei nº 3.936-A, de 2015. Diário da Câmara dos Deputados. Ano LXXII, n. 177, p. 313314, 2017. Disponível em: <http://imagem.camara. gov.br/Imagem/d/pdf/DCD0020171010001770000. PDF#page=313>. Acesso em 10 de outubro de 2018. 16-RIO DE JANEIRO. Decreto nº 27.989, de 25 de maio de 2007. Regulamenta o estabelecimento e funcionamento dos cemiterios particulares de animais. 16
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MV CRMV-PR 14.566, residente em MVC – UFPR marilia.cpinto@outlook.com
Viviani Bontorin
MV, CRMV-PR 14.604, residente em Saúde da Família, UFPR. vivibontorin@gmail.com
Vivien Midori Morikawa
MV, CRMV-PR 6.183, MSc, PhD., profa. Depto. Saúde Comunitária – UFPR. vmorikawa@smma.curitiba.pr.gov.br
Alexander Welker Biondo
MV, CRMV-PR 6.203, MSc, PhD., prof. Depto. Medicina Veterinária – UFPR abiondo@ufpr.br
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Investigação populacional de cães e gatos
Ferramenta para efetivo manejo populacional dos municípios
A
pesar de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter estimado uma proporção cão:homem de 1:7 para países em desenvolvimento 1, diversos estudos têm demonstrado uma subestimativa da população de animais de companhia no Brasil. Infelizmente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), órgão brasileiro responsável pela investigação de estatísticas sociais, demográficas, econômicas e de geociências, não incluiu animais de companhia no último censo geral da população brasileira em 2010, em que foram visitados e analisados todos os domicílios, contabilizando o montante de 200,4 milhões de brasileiros 2. Em 2013, o próprio IBGE realizou uma pesquisa amostral para o Ministério da Saúde, chamada de Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), que finalmente incluiu animais domésticos. Nessa pesquisa, uma população total de 52,2 milhões de cães e 22,1 milhões de gatos foi extrapolada para o Brasil 2,3, numa proporção de cão:homem 1,82 vez maior (1:3,84) que a estimada pela OMS. Essa pesquisa mostrou que 44,30% das casas brasileiras possuíam ao menos um cão, e 17,70%, ao menos um gato; e ainda que essa proporção nacional média não representava as variações regionais, e estas não representavam as de cada estado da Federação. A conclusão foi que existe variação na proporção – e, consequentemente, na população – de cães e gatos por região, estados e municípios brasileiros. Ao se observar detalhadamente a realidade dos municípios, essa proporção tem sido ainda mais variável, a exemplo de diferentes pesquisas realizadas no estado do Paraná. Em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, essa relação foi de 1:2,69 4, ou seja, 78,53% das residências tinham no mínimo um animal de estimação 5; no município 18
vizinho de Pinhais, 62,43% das casas tinham animais 6; e em São Mateus do Sul, na divisa sul com o estado de Santa Catarina, a relação foi de 1:3,92, ou seja, 70% das casas tinham animais de companhia. A necessidade desse tipo de levantamento populacional dos animais tem sido considerada importante desde a década de 1970, em particular pelo início das campanhas de vacinação antirrábica em todo o território nacional 7. Porém, não existe um método pronto ou uma forma certa, pois muitas variáveis devem ser consideradas, adaptadas e aprimoradas com projeções e fórmulas matemáticas que auxiliam nesse tipo de contagem 8,9. Outra forma de contabilização da população total de cães por município brasileiro já foi abordada anteriormente 10, sugerindo a inclusão de duas perguntas no novo questionário do censo geral agendado pelo IBGE para 2020. Cada vez mais a sociedade exige políticas públicas de manejo populacional de cães e gatos, particularmente por causa da grande quantidade de animais nas ruas. Os programas efetivos de manejo precisam ser baseados em dados confiáveis, evitando a utilização de dados populacionais imprecisos ou incorretos. Cada município deveria avaliar suas realidades econômicas e sociais e decidir as formas de obtenção de informações sobre o tamanho real da população canina e felina, incluindo se possível os semi e não domiciliados, não avaliados pelo censo geral, o que dificulta aos gestores estimativas de investimento das verbas de maneira específica e respaldada 11,12. Modelos de investigação populacional O censo analisa todos os elementos de uma população, o que significaria contabilizar todos os cães e gatos de um município. Sua
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A
C BB realização pode se dar por meio de ligações ou entrevistas em todas as residências e bairros da cidade. O ideal também seria, nesse tipo de investigação, identificar os cães semi e não domiciliados, para se estimar o universo total da população. O censo, realizado pelo IBGE a cada 10 anos, é uma medição dificultada pela necessidade de acesso a todas as pessoas do grupo, o que o torna demorado. A pesquisa amostral – ou amostragem – é a realização de generalizações (extrapolações) sobre o universo da população, ou seja, ela examina uma parcela representativa do todo. Estamos mais indiretamente acostumados com a pesquisa amostral, uma escolha aleatória representativa de toda a população por meio de inferências estatísticas, como, por exemplo, as pesquisas eleitorais ou pesqui-
Figura 1 – A) Alunos do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná em pesquisa amostral de Quatro Barras, 2004; B) de Almirante Tamandaré, 2007; e C) da Regional do Cajuru, Curitiba, 2017.
sas de satisfação (Figura 1). Segundo o Instituto Pasteur, em seu Manual Técnico de Controle de Populações de Animais de Estimação 7, outro método, considerado mais simples e de fácil aplicação, principalmente por prefeituras, pode ser utilizado para a mensuração da população de animais domésticos – o registro de atividades diversas, no qual a triagem de informações é baseada nas atividades já executadas pelo órgão público/privado, como, por exemplo: registro de microchip, programa de esterilização, etc. Pesquisa amostral baseada em questionário O grupo da Medicina Veterinária do Coletivo da Universidade Federal do Paraná (UFPR) tem avaliado vários métodos desenvolvidos e utilizados no Brasil, sugerindo abaixo
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Medicina Veterinária do Coletivo nários por dia. Esses setores são apresentados no formato DGN, específico para leitura de mapas, e fornecem divisão em meso e microrregiões, setores urbanos e rurais de todas as cidades do país. Nos municípios, esses perfis urbanos são conhecidos e geralmente obtidos pelos dados do Programa Nacional de Controle da Dengue ou por empresas de água e/ou energia da cidade que utilizam o sistema de recenseadores para as suas atividades. O uso de programas estatísticos (ambiente R, Excel, Epi Info e outros) e de geoprocessamento (Arc View Gis ® e outros) auxilia a definir o tamanho da amostra na distribuição das casas para a pesquisa e a realizar o sorteio aleatório das residências. O cálculo de amostragem de escolha por aglomerado determina a quantidade de questionários aplicados. Essa técnica visa explorar a variabilidade de grupos da população inteira (clusters), tendo como vantagem a facilidade de aplicação, por
um passo a passo simplificado de pesquisa amostral populacional de cães e gatos: 1. Elaboração de um questionário – O questionário (Figura 2) configura uma das partes mais importantes da pesquisa, pois, com uma boa elaboração de perguntas, além da dinâmica da população animal, é possível determinar a percepção dos moradores sobre a questão animal e outras questões de interesse do órgão aplicador. Para isso, quanto mais claras e objetivas forem as perguntas, preferencialmente com opções de sim ou não, melhor será a qualidade das suas análises e respostas. 2. Conhecimento da área da cidade e delineamento – É necessário conhecer o tamanho/ forma do munícipio, ou seja, o perfil urbano (shape). O IBGE define os setores censitários (Figura 3) como um controle cadastral do número de domicílios em que um recenseador (ou entrevistador) consegue aplicar questio-
5. Tem cães ou gatos em casa? □ Sim □ Não 6. Sobre cada animal, reponda aqui. Se houver mais, use o verso.
Espécie
Idade
(anos completos)
Sexo
Castrado (a)?
Nº crias
Sai na rua sozinha?
Como adquiriu?
cão
gato
____ anos
m
f
s
n
s
n
adotou
comprou
nasceu em casa
cão
gato
____ anos
m
f
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n
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n
adotou
comprou
nasceu em casa
cão
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____ anos
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n
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comprou
nasceu em casa
cão
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____ anos
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f
s
n
s
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adotou
comprou
nasceu em casa
cão
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____ anos
m
f
s
n
s
n
adotou
comprou
nasceu em casa
7. Tem animais de outras espécies? □ Sim. Qual?..................................................... 8. (Se houver cães ou gatos não castrados) Por que não castra os animais? □ Não pensou no assunto □ Não quer (tem dó, quer crias, porque é macho, etc.) □ Não tem dinheiro □ Não tem quem faça 11 Há animal(is) na sua rua que não tenha dono? Esse(s) animal(is) é(são) mantido(s) por alguém? □ Sim, são mantidos por alguém □ Estão na rua mas não são mantidos por ninguém □ Não há animais na rua 12. Na sua opinião, de onde vêm os animais de rua? □ Cães abandonados por pessoas de outros bairros ou municípios □ Ninhadas abandonadas na rua □ Pessoas que se mudaram e deixaram o cão na rua □ Outros:.................................... Figura 2 – Trecho do questionário utilizado pela equipe de Medicina Veterinária do Coletivo (UFPR) para conhecer a dinâmica da população animal 20
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diminuir significativamente o deslocamento dos recenseadores. E, para determinar que domicílios serão entrevistados, utilizam-se programas de randomização, ou seja, um sorteio aleatório – a partir do cálculo estratificado para aglomerado (Figura 4), sempre marcando um ponto de partida em cada quarteirão, para facilitar e padronizar a saída.
3. Aplicação do questionário – O dia da aplicação deve ser preparado previamente, com a devida divulgação para os munícipes e a identificação das equipes, além da quantidade suficiente de material de trabalho, mapas, GPS e telefones para comunicação entre os recenseadores. De acordo com a experiência do grupo,
Figura 3 – Análise espacial que utiliza o programa ArcGis ® para definir o perfil urbano da cidade de São Mateus do Sul, PR, a partir dos 28 setores censitários, segundo o IBGE
Figura 4 – Sorteio aleatório das residências a serem entrevistadas. A partir desse número, a casa foi selecionada no quarteirão Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 138, janeiro/fevereiro, 2019
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Medicina Veterinária do Coletivo são necessárias 8-10 horas para a aplicação de 300-400 questionários, com uma equipe de 20 pessoas (10 duplas). O entrevistador deve se manter imparcial para não influenciar a resposta do entrevistado, e as explicações devem ser realizadas ao final da entrevista (por isso a necessidade de perguntas claras no questionário e o treinamento prévio dos recenseadores). 4. Tabulação, processamento dos resultados e divulgação dos dados – Os resultados devem ser tabulados e importados para os programas estatísticos, a fim de calcular, por amostragem complexa, a estimativa das populações de cães e gatos. Também deverão ser realizadas as análises descritivas de todas as perguntas e as associações com o teste de Fisher com valor de significância (confiabilidade) maior que 95% (p>0,05), além da criação de tabelas, gráficos e pirâmides etárias dos animais, que tornem visíveis para a população as informações geradas, auxiliando na divulgação dos resultados para a comunidade pela mídia institucional. Todos os resultados obtidos pela pesquisa amostral ou pelo censo da população podem ser divulgados por meio de audiência pública no município e da publicação em outros meios (acadêmicos), para a divulgação dos dados e métodos utilizados. Conclusões Existe variação na proporção – e, consequentemente, na população – de cães e gatos por região, estados e municípios brasileiros. O censo municipal contabiliza todos os cães e gatos dentro das áreas urbana e rural de um município, enquanto a pesquisa amostral examina uma parcela da população que seja representativa do todo. Sem prévio censo ou pesquisa amostral do município, não há como estabelecer o ponto de partida nem os indicadores de eficiência, eficácia e efetividade dos diferentes programas de manejo populacional. Referências 01-WORLD 22
HEALTH
ORGANIZATION.
WORLD
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Rachel Azambuja Langaro
MV, CRMV-PR 4.391, aluna de mestrado – PPGCV/UFPR rachel.langaro@yahoo.com.br
Mara Lúcia Gravinatti
MV, CRMV-PR 11.952, MSc., aluna de doutorado – VPS/FMVZ/USP maralgravinatti@gmail.com
Camila Marinelli Martins
MV, CRMV-SP 35.190, PhD, profa. Depto. Saúde Coletiva – UEPG camimarinelli@gmail.com
Alexander Welker Biondo
MV, CRMV-PR 6.203, MSc, PhD., prof. Depto. Medicina Veterinária – UFPR abiondo@ufpr.br
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Medicina Veterinária do Coletivo
O
s cães podem desempenhar diferentes funções na sociedade humana, sendo que alguns grupos especiais são denominados cães trabalhadores, do inglês working dogs. O cão foi provavelmente o primeiro animail a ser domesticado, sendo inegável o estreitamento da sua afinidade com os seres humanos desde então 1. Dessa relação, passaram a ser treinados para desempenhar diferentes funções e têm sido categorizados conforme cada atividade, tais como os cães militares e policiais, cães de caça, cães de pastoreio, cães de guarda e cães de assistência, que abrangem os cães-guias (que acompanham deficientes visuais), cães-ouvintes (deficientes auditivos) e cães de serviço (deficientes motores, orgânicos e mentais). Funções ainda mais especificas, como a detecção de infestações de insetos, como cupins 2, a detecção de estro em vacas leiteiras 3 e até mesmo o auxílio ao diagnóstico de câncer 4,5, podem ser realizadas por esses animais. Cães de assistência para portadores de necessidades especiais O uso de cães no processo de socialização da pessoa com deficiência visual não é recente. Representações artísticas de um deficiente visual sendo conduzido por um pequeno cão em 79 d.C. foram encontradas em escavações realizadas em Pompeia, na parede de uma casa soterrada pela erupção do vulcão Vesúvio. Os cães de assistência estiveram presentes nos séculos XIV e XV, na Europa, e no século XIII, na China. Os primeiros registros de treinamento de cães datam de 1819, em um livro didático escrito pelo sacerdote vienense e diretor do Instituto para Deficientes Visuais de Viena, o padre Johann Wilhelm Klein. Em 1916 foi 24
Fernando Gonsales
Uma análise sobre as diferentes funções dos cães trabalhadores
Os cães podem atuar auxiliando militares e policiais, na caça, no pastoreio, na guarda e na assistência a deficientes visuais, auditivos e motores, orgânicos e mentais
inaugurada a primeira escola de treinamento para cães-guias do mundo pelo médico alemão dr. Gerhard Stalling, em Oldenburg, na Alemanha, denominada Associação de Cães Pastores-Alemães 6. Durante a Primeira Guerra Mundial (19141918), mais de 25 mil cães pastores-alemães foram utilizados pelo exército alemão para desempenhar tarefas como mensageiros, treinados para auxiliar os milhares de soldados que voltavam do combate com deficiências visuais. Aproximadamente 4 mil alemães foram atendidos por cães trabalhadores em 1927 7. Nos Estados Unidos, a primeira escola de treinamento de cães surgiu em 1929, conhecida como The Seeing Eye, devido principalmente aos esforços de Dorothy
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Fabiano Montiani
Cão farejador da raça pastor-belga malinois, especialista em encontrar drogas, armas e dólares, durante busca em ônibus suspeito de turismo e compras. Pertencente ao canil da Força Nacional do Rio Grande do Sul, trabalha diuturnamente nesse posto permanente da Polícia Federal, na Ponte da Amizade, na fronteira entre Brasil e Paraguai, em Foz do Iguaçu, Paraná (2018).
Harrison Eustis, ao escrever um artigo para o Saturday Evening Post sobre o trabalho dos cães pastores-alemães, treinados para auxiliar veteranos que haviam adquirido deficiências visuais na Alemanha durante o período de 1925 a 1926 7. A capacidade de interação cooperativa com o ser humano, aliada à capacidade de sincronismo entre suas ações, determinou o sucesso de algumas raças como cães de assistência 8. O treinamento de um cão-guia compreende três etapas: seleção, socialização e treinamento. Após selecionado, iniciase o processo de “socialização”, no qual os cães são adotados por famílias voluntárias que garantem o convívio em ambiente social, passeiam por locais públicos e aprendem os primeiros comandos. O treinamento é dividido em duas fases: na primeira o cão aprende as condutas relativas ao enfrentamento de obstáculos e o comportamento perante distrações; e, no treinamento em conjunto, o usuário e o cão-guia consolidam o aprendizado 9. No Brasil, os cães são treinados principalmente para auxiliar portadores de deficiência
de mobilidade, autistas, diabéticos, alérgicos e epiléticos, entre outros. Os cães especializados em mobilidade aprendem tarefas como trazer objetos, fechar portas, janelas, gavetas, ajudar na transferência para outros locais e até mesmo trazer medicamentos ou acionar um botão de emergência em casos de perigo, auxiliando o usuário a resolver as questões cotidianas. Os cães de serviço são treinados de acordo com as necessidades da pessoa, podendo auxiliar autistas, principalmente para protegêlos, ou diabéticos, chamando a atenção quando existe uma variação no índice glicêmico, percebido pelo odor, assim como alérgicos e epiléticos, avisando pessoas próximas quando o usuário está apresentando uma crise 10. Cães com funções médicas específicas Os cães têm a habilidade de detectar problemas de saúde em seres humanos, especificamente em casos de câncer, crises epilépticas e hipoglicemia 11. A capacidade de detectar quantidades pequenas de compostos
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Wendy Caetano
Wendy Caetano
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“As empresas aéreas permitem que os cães voem com os seus proprietários (tutores, responsáveis) na cabine superior de passageiros, quando devidamente documentada a necessidade especial da presença de um cão que tem por trabalho o suporte emocional”
orgânicos voláteis (COVs) permite que os cães domésticos analisem com maior eficiência as informações quimiossensoriais presentes no ambiente 12. Em 1989, uma cadela mestiça de border collie e doberman farejava de maneira persistente uma lesão na perna de sua responsável, e certa vez tentou morder a lesão. Isso levou a proprietária de 44 anos a procurar aconselhamento médico, sendo diagnosticada com melanoma, uma neoplasia maligna 13. Apesar de ser um evento anedótico, muitos pesquisadores, a partir de relatos como esse, procuraram estudar com mais propriedade essa habilidade. Em 2004, buscando responder à pergunta: “Os cães podem ser treinados para detectar câncer de bexiga com mais sucesso do que seria esperado apenas por acaso?”, pesquisadores de Londres utilizaram seis 26
cães de raças distintas para detectar experimentalmente amostras de câncer. Para isso, seis amostras de controle e uma amostra de um paciente com câncer de bexiga foram disponibilizados aos cães para que alertassem ou indicassem qual das sete amostras era positiva; ao final do experimento, houve 41% (22/54) de acertos. O adestramento foi realizado pelo método clicker 14. Os COVs são produzidos pelos tumores e liberados por meio da respiração 15,16 e da urina 17, por exemplo. Em 2015, duas cadelas da raça pastor-alemão, de 3 anos de idade, foram adestradas para identificar COVs específicos do câncer de próstata em urina de pacientes. Foram utilizadas 362 amostras de pacientes positivos com baixo risco metastático e 540 controles saudáveis. Ambos os animais apresentaram estimativas de alta sensibilidade (entre 98,6% e 100%)
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e especificidade (entre 97,6% e 98,7%) na detecção 17. A exploração desses compostos como método de diagnóstico está crescendo e adquirindo maior visibilidade científica, sugerindo que os cães têm potencial para contribuir de forma positiva na oncologia, principalmente quando são treinados de maneira correta e há respaldo científico 14. Entretanto, vale ressaltar que o diagnóstico não depende apenas dessa evidência, e portanto isso deve ser encarado como uma ferramenta auxiliar 11,17. Além disso, tem-se sugerido que o cão possa atuar como sistema não invasivo de detecção da hipoglicemia em seres humanos 18. Os cães treinados exclusivamente para essa atividade têm sido designados como “cães de alerta para diabetes”(diabetes alert dogs). A hipoglicemia é uma consequência comum em pacientes com diabetes tipo 1 e 2 19, e aproximadamente 90% dos pacientes que utilizam insulina acabam experimentando episódios hipoglicemiantes durante o tratamento 20. Portanto, os pacientes que têm ao lado um companheiro com essa habilidade sentem-se mais confiantes para realizar a rotina diária, melhorar o bem-estar e diminuir a possibilidade de acidentes 21. Em 2003, um labrador retriever chamado Armstrong, adestrado pelo treinador Mark Ruefenacht, foi reconhecido pelo Guinness World Records como o primeiro cão de alerta para diabéticos cientificamente treinado para essa atividade. O interesse pelo treinamento desses cães ocorreu em 1999, quando Mark foi avisado por seu labrador Benton, um filhote de cachorro em treinamento, sobre a iminência de um estado hipoglicêmico enquanto viajava a negócios. Como resultado, um projeto de cinco anos acabou se tornando a Dogs for Diabetics Inc., a primeira fornecedora de cães para essa atividade na Califórnia, credenciada na Assistance Dogs International 22. Outras tarefas podem ser desempenhadas por esses animais, dentre elas a capacidade de desenvolver comportamento de alerta ou
de resposta a crises. Mesmo nunca tendo sido treinados para essa tarefa, alguns cães foram capazes de demonstrar comportamento de resposta ou tentativa de alertar outras pessoas sobre o que estava ocorrendo com seu responsável 23. Esses comportamentos podem ser espontaneamente desenvolvidos pelos animais que convivem com pessoas com epilepsia 24. Dependendo das necessidades do paciente, os cães podem levar de seis meses a dois anos para serem treinados; entretanto, inúmeros comportamentos podem ser desenvolvidos, como ativar um alarme, alertar um cuidador próximo e até mesmo levar uma mochila contendo contatos de emergência e medicamentos anticonvulsivantes para seu responsável 24. Comportamentos semelhantes são observados em cães treinados ou não durante ou antes de detectarem a crise epiléptica, como latir, lamber o rosto ou as mãos, ou simplesmente permanecer perto de seus companheiros humanos 24,25. Muitas vezes o cão se coloca propositalmente entre a cabeça da pessoa em crise convulsiva e o chão, evitando assim traumatismos. O alerta precoce do episódio convulsivo, de cerca de aproximadamente três minutos, foi relatado por três indivíduos durante um estudo com nove animais que respondiam às crises dos responsáveis. A precocidade da resposta propiciou tempo hábil para que o responsável assumisse uma posição segura e tomasse a medicação anticonvulsivante 24. Cães de guarda e de pastoreio Existem dois tipos de cães completamente diferentes que auxiliam produtores com seus animais ao redor do mundo: os cães de pastoreio são especialistas em movimentar os animais de um lugar a outro, e os cães de guarda os protegem contra predadores selvagens 12. Diferentemente dos cães de pastoreio, os cães de guarda atuam apenas na proteção contra ameaças externas, e geralmente são de raças grandes, como o
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Medicina Veterinária do Coletivo komondor, utilizado pelos húngaros, o grande cão de montanha dos Pirineus, da França e da Espanha, e o kangal, da Turquia e do Irã 26. A coloração dos cães era analisada com cautela. Os cães de coloração branca eram utilizados para proteger animais de pelagem clara, e os cães de coloração castanha ou cinzenta, para animais de pelagem escura. Isso ajudava a distinguir os cães dos predadores, aumentava a probabilidade de os animais aceitarem os cães e também lhes proporcionava uma certa camuflagem, tornando-os um elemento surpresa em caso de ataques de predadores 27. Cães empregados para auxiliar na preservação da saúde ou na integridade de ecossistemas Atualmente, apesar de polêmico, o emprego de cães com funções específicas de caça vem ganhando destaque no Brasil, desde a publicação da Instrução Normativa nº 3/2013, de 31 de janeiro de 2013, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) 28. O documento declarou a nocividade da espécie exótica javali (Sus scrofa) e regulamentou seu controle através da captura e do abate, sendo um dos métodos mais populares para rastreamento o uso de cães de caça 29. Vale lembrar que aqui são exploradas as habilidades predatórias naturais dos cães, herdadas dos lobos. Tais cães, consequentemente, têm acesso a áreas naturais e podem estar superexpostos a carrapatos e a diversos agentes infecciosos, sendo alvo de estudos recentes 30. Cães militares e policiais Muitos animais contribuíram nas batalhas históricas, principalmente nas duas grandes guerras mundiais, além de proporcionar conforto e companheirismo em momentos de grande aflição. O olfato aguçado, combinado com a audição excelente, permitiu que mais de 25 mil cães pastores-alemães fossem utilizados pelo exército alemão como mensageiros ou para encontrar soldados feridos na Pri28
meira Guerra Mundial 7. Os cães de trabalho, de modo geral, desempenham atividades altamente precisas, servindo de extensão dos sentidos e das habilidades humanas 31. O olfato é um dos mais importantes sentidos explorados em cães pelos seres humanos. Seu processo inicia-se na cavidade nasal, onde estão presentes os receptores olfativos, responsáveis por captar as moléculas e transformar o sinal químico em sinal elétrico, enviando a informação até o cerebro para identificação do odor 32. Em 2009, demostrou-se que existem diferenças no polimorfismo de genes olfativos, indicando a capacidade de modificar a ligação de receptores de maneira distinta em seis raças caninas estudadas: pastoralemão, labrador retriever, pastor-belga malinois, pequinês, galgo e cocker spaniel. Os cientistas afirmam que o estudo pode ser um dos primeiros passos para a compreensão da exímia habilidade de farejar dos pastoresalemães e dos labradores 33. Em 2016, alguns cientistas desenvolveram um nariz artificial em 3D a partir de uma fêmea de labrador retriever, cujas caracerísticas foram replicadas. O estudo revelou que, na expiração, um jato de ar turbulento sai das narinas em direção ventral e para baixo, e lateramente para fora. Essa turbulência carrega o vapor de ar que em seguida é puxado em direção às narinas; durante o processo, o ar é exalado e inspirado cinco vezes por segundo, aumentando o alcance areodinâmico do cão durante o farejamento de odores inacessíveis. Quando foi acoplado a um detector de explosivos comercialmente disponível, o nariz artificial proporcionou resultados 16 vezes melhores. Além disso, quando comparado a detectores de sucção continua, o nariz artificial foi 18 vezes mais eficiente a uma distância de 20 centímetros da fonte de odor 34. Nos Estados Unidos, os cães foram oficialmente incorporados às forças armadas em janeiro de 1942, após a aprovação da criação do Corps K-9 pelo secretário de Guerra Robert
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P. Patterson. Antes disso, foram provavelmente adotados como mascotes. Um dos cães mais famosos da Primeira Guerra Mundial foi o bull terrier Stubby, incorporado ao serviço por meio do soldado Robert Conroy, em 1917, tornando-se o mascote da 102º Batalhão de Infantaria e parte da 26º Divisão do exército ianque. Após sua morte, em 1926, seu corpo foi taxidermizado e exposto em diversas galerias de arte, incluindo o National Museum of American History, em Washington, na exposição “The price of the freedom: Americans at war” 35. Para os amantes do cinema, Sgt. Stubby: an American Hero, dirigido por Richard Lanni, é um filme de animação baseado na vida desse herói, lançado nos Estados Unidos em 13 de abril de 2018. Confira o trailer no site oficial: http://www.stubbymovie.com/. No Brasil, por meio da Portaria nº 318-GB, de 12 de outubro de 1967, houve a normatização do emprego de cães pelo Exército brasileiro, que aprovou o Manual C 42-30, que trata do adestramento de cães de guerra. Depois, em 1970, o uso de cães de guerra nas organizações militares de polícia do Exército foi autorizado durante o curso de Operações na Selva e Ações de Comandos e na Brigada de Infantaria Paraquedista 36. Pastores-alemães e pastores-belgas-malinois são empregados preferencialmente pela força terrestre, sendo que todos devem estar habilitados por meio de treinamento específico e passar por
Cão de guarda
Cão de polícia do exército I (CPE I)
Cão de polícia do exército II (CPE II)
Selecionado e treinado para o serviço de guarda de instalações, paióis, depósitos, reservas e demais áreas de segurança
Apto a trabalhar em patrulhamento policial, abordagens, defesa do condutor, escolta de presos, segurança de autoridades, isolamento de áreas e controle de distúrbios
Apto a trabalhar nas atividades de busca e captura de fugitivos em áreas abertas, matas e edificações, varreduras de ambientes diversos e invasão a localidades
testes de desempenho previstos no manual de treinamento de cães de guerra 15. Os cães podem ser classificados como cães de guarda (CG), cães de polícia do Exército I (CPE I), cães de polícia do Exército II (CPE II), cães de detecção de explosivos (CDE), cães de localização de evidências (CLE) e cães de detecção de narcóticos (CDN), conforme o caderno de instruções do comando de operações terrestres do Exército, que regulamenta o emprego dos animais, principalmente para atender às unidades de polícia do Exército. A participação em combates em ambientes inóspitos e a atuação em grandes distâncias, até mesmo sem a vigia do condutor, são características do alto grau de desempenho dos cães de guerra. Ademais, eles não podem exercer concomitantemente as atividades de localização de explosivos e detecção de narcóticos, pois são funções incompatíveis 37. Os cães foram utilizados em grandes catástrofes mundiais, como no atentado ao World Trade Center, em Nova York, em 11 de setembro de 2001. Mais de 100 cães de resgate foram utilizados para a tarefa árdua de escalar enormes montanhas de detritos e vigas de aço torcidas, e rastejar em locais confinados e escuros, à procura de sobreviventes e muitas vezes de cadáveres. Em 2016, a última heroína canina do World Trade Center, a golden retriever Bretagne, sofreu eutanásia devido à idade avançada, e
Cão de detecção Cão de de narcóticos localização de (CDN) evidências (CLE) Apto a trabalhar nas cenas dos crimes e buscar evidências que possam ajudar nas investigações, Apto a trabalhar tais como estojos na detecção de deflagrados, armas drogas abandonadas, aparelhos telefônicos, documentos, peças de vestuário, entre outros
Cão de detecção de explosivos (CDE) Apto a trabalhar na detecção de bases explosivas, tais como pólvora C4, TNT e outras, além de ser capaz de localizar munições, artefatos e armamentos com odor de base
Habilitações dos cães de guerra do Exército. Adaptado de “Exército Brasileiro e Comando de Operações Terrestres” 37 Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 138, janeiro/fevereiro, 2019
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Medicina Veterinária do Coletivo seu corpo foi envolto em uma bandeira dos Estados Unidos durante o sepultamento – a mesma cerimônia realizada para soldados que morrem lutando em defesa de seu país. Outra heroína canina, Frida, da raça labrador retriever, de nove anos de idade, treinada pelas forças armadas do México para salvamento de vítimas de desastres naturais, atuou no resgate de crianças soterradas nos escombros do Colegio Enrique Rébsamen, quando um terremoto de magnitude 7,1 atingiu o México, em 19 de setembro de 2017 38. Antes disso, também no México, em Juchitán de Zaragoza, no estado de Oaxaca, ajudou a resgatar 12 pessoas após um terremoto de magnitude 8,2 na escala Richter, em 7 de setembro do mesmo ano 39. Em entrevista ao ABC News, Israel Arauz Salinas, treinador de Frida, afirma que “ela dá esperança à vida através de seus latidos” e transmite muita calma e paz, além de ser “confiável na hora de trabalhar” 38.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) regulamentou em 26 novembro de 2018 o emprego de cães de detecção de odores (farejadores) – que distinguem cerca de 80 tipos de odores diferentes – nos procedimentos de fiscalização agropecuária, bem como em correspondências, cargas, drogas e explosivos. A Portaria n° 74/2018 estabeleceu também o Centro Nacional de Cães de Detecção (CNCD), que será construído junto ao Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), com a responsabilidade de treinar os cães de detecção para atuarem nos aeroportos de todo o país, reforçando os mecanismos de controle e fiscalização agropecuária. Notícia oficial http://www.agricultura.gov.br/noticias/portariaregulamenta-fiscalizacao-com-caes-e-cria-centrode-treinamento Portaria na íntegra http://portal.imprensanacional.gov.br/materia/-/ asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/ id/52004053/do1-2018-11-27-instrucao-normativan-74-de-26-de-novembro-de-2018-52003813 30
Considerações finais O estreitamento das relações entre cães e seres humanos ao longo da história estimulou o aproveitamento das características inerentes à espécie canina, como capacidade olfativa, auditiva, visual, física e de comportamento. Dessa forma, os cães são treinados para desempenhar diferentes funções e categorizados conforme cada atividade, tais como: 1. cães de assistência, cães-guias, cãesouvintes e cães de serviço; 2. cães com funções médicas específicas, que são utilizados como sentinelas em crises epilépticas, doenças oncológicas e hipoglicemia; 3. cães militares e policiais, que no Brasil podem ser de guarda, cães de polícia do Exército, utilizados para detecção de explosivos, localização de evidências e detecção de narcóticos. Os cães podem ainda assumir outras funções no nosso dia a dia, como na caça, no pastoreio de animais de produção e na proteção dos rebanhos. Assim, para nossos melhores amigos nunca faltará uma função bem próxima de nós. Referências
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MV, CRMV-PR 3.299, MSc, PhD., prof. Depto. Medicina Veterinária – UFPR montiani@ufpr.br
Amanda Haisi
Aluna de mestrado SASPVSA – Unesp-Botucatu amanda.haisi@ufpr.br
Louise Bach Kmetiuk
MV, CRMV-PR 14.332, MSc., aluna de doutorado PBCM – UFPR louisebachk@gmail.com
Alexander Welker Biondo
MV, CRMV-PR 6.203, MSc, PhD., prof. Depto. Medicina Veterinária – UFPR abiondo@ufpr.br
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 138, janeiro/fevereiro, 2019
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Oftalmologia Síndrome de Horner em cães e gatos – revisão Horner’s syndrome in dogs and cats – a review Síndrome de Horner en perros y gatos – revisión Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 138, p. 34-40, 2019
Laís Limeira Rodrigues MV, CRMV-SP 28.946, aluna de mestrado VPT/FMVZ/USP-São Paulo lalimeira@gmail.com
Leonardo Pereira Mesquita MV, CRMV-MG 10.937, aluno de pós-doutorado VPT/FMVZ/USP-São Paulo leopmesquita@gmail.com
Dennis Albert Zanatto Químico, CRQ IV – 4.164.556 mestre VPT/FMVZ/USP-São Paulo dennis.zanatto@gmail.com
Paulo César Maiorka MV, CRMV-SP 6.928, dr., prof. associado VPT/FMVZ/USP-São Paulo maiorka@usp.br
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Resumo: Em cães e gatos, a síndrome de Horner (SH) é caracterizada por um conjunto de sinais clínicos oculares oriundos de disfunção ipsilateral da inervação simpática do globo ocular e de seus anexos. Esses sinais incluem ptose palpebral, miose, anisocoria e protrusão da terceira pálpebra e enoftalmia. Lesões que afetem direta ou indiretamente a inervação simpática do globo ocular, tais como traumas, neoplasias, lesões iatrogênicas, otites e encefalites, entre outras, podem causar a SH. O presente estudo teve por objetivo revisar as características anatômicas e fisiológicas da inervação simpática para o globo ocular, com ênfase na descrição das particularidades da SH, incluindo sua etiologia, os sinais clínicos e as ferramentas diagnósticas, além do seus possíveis tratamentos e prognóstico. Unitermos: canino, felino, neurologia, oftalmologia, sistema nervoso simpático Abstract: In dogs and cats, Horner´s syndrome (HS) is characterized by a group of clinical signs arising from an ipsilateral dysfunction of sympathetic innervation of the eye and its appendages. These signs include ptosis, miosis, anisocoria, prolapse of the third eyelid, and enophtalmos. Lesions that may affect directly or indirectly the sympathetic innervation of the eye, such as trauma, neoplasms, iatrogenic lesions, otitis, encephalitis, among others, can induce HS. The aim of the present study was to review the anatomical and physiological characteristics of sympathetic innervation for the ocular globe, with emphasis on the description of the peculiarities of HS, including its etiology, clinical signs, diagnostic tools, as well as its possible treatments and prognosis. Keywords: canine, feline, neurology, ophthalmology, sympathetic nervous system Resumen: En perros y gatos, el síndrome de Horner (SH) esta caracterizado por una serie de signos clínicos oculares que se originan en una disfunción ipsilateral de la inervación simpática del globo ocular y sus anexos. Los signos clínicos más comunes son la ptosis palpebral, miosis, anisocoria, protrusión del tercer párpado y enoftalmia. Las lesiones que pueden provocar el SH son todas aquellas que afectan directa o indirectamente la inervación simpática del globo ocular, como traumas, neoplasias, lesiones iatrogénicas, otitis y encefalitis. La presente revisión tuvo como objetivo analizar las características anatómicas y fisiológicas de la inervación simpática del globo ocular, con énfasis en las particularidades del SH como su etiología, signos clínicos y herramientas diagnósticas, además de sus posibles tratamientos y pronóstico. Palabras clave: canino, felino, neurología, oftalmología, sistema nervioso simpático
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 138, janeiro/fevereiro, 2019
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Cirurgia Cistos ovarianos em porquinha-da-índia (Cavia porcellus) – relato de caso Ovary cysts in a guinea pig (Cavia porcellus) – case report Quistes ováricos en cobaya (Cavia porcellus) – relato de caso Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 138, p. 42-46, 2019
Diego Federico Blanco MV, prof. adj., Cátedra de medicina I FCV/UBA
drdiegoblanco@gmail.com
Matias Eugenio Sclocco Médico veterinário Hospital Escuela FCV/UBA msclocco@fvet.edu.ar
Juan Carlos Troiano MV, jefe de trabajos prácticos Cátedra de medicina, producción y tecnología de la fauna acuática y terrestre FCV/UBA troianojc@gmail.com
Resumo: Os cistos ovarianos são estruturas não funcionais que podem aparecer espontaneamente ao longo do ciclo reprodutivo. Costumam provocar um aumento de secreção de hormônios sexuais que leva a ciclos irregulares e infertilidade. Foi atendida uma porquinha-da-índia de quatro anos que era alimentada com ração para roedores, frutas e legumes e apresentava anorexia, perda progressiva de peso e abdômen distendido. A ecografia abdominal mostrou a presença de cistos ovarianos, e foi indicada a realização de uma laparotomia exploratória. A indução foi feita com xilazina (1 mg/kg), cetamina (25 mg/kg) e nalbufina (1 mg/kg), e a manutenção, inicialmente com isoflurano 3%, e depois com 1%. Após a laparotomia mediana foram identificados e extirpados os cistos ovarianos e os ovários, sendo deixados os cornos e o corpo do útero, já que não apresentavam lesões aparentes. O tratamento pósoperatório foi feito com enrofloxacina (5 mg/kg a cada 24hs via SC) e dieta comercial por dez dias, até a retirada dos pontos cirúrgicos. Unitermos: ovários, roedores, ovariectomia, cirurgia Abstract: Ovarian cysts are non functional fluid-filled structures, which can spontaneously develop in the ovaries during the reproductive cycle, and secrete female hormones in increased amounts, causing irregular reproductive cycles and infertility. We describe the case of a 4 years old, intacte female guinea pig presented with anorexia, progressive weight loss and enlarged abdomen. She was fed commercial rodent dry food, fruits and vegetables. An abdominal ultrasonography revealed the presence of ovarian cysts, and an exploratory laparotomy was recommended. The pig was anesthetized with a combination of intramuscular xylazine (1 mg/kg); ketamine (25 mg/kg) and nalbuphine (1 mg/kg) followed by inhalatory anesthesia with 3% isoflurane during induction and 1% for maintenance. Surgical approach was median laparotomy. Bilateral ovariectomy with removal of the ovariany cyst was performed. Uterine structures had no evidence of pathologic conditions, and were left untouched. Postoperative treatment consisted in administration of enrofloxacin 5 mg/kg every 24 hours via SC, feeding of commercial food until sutures were removed, 10 days after surgery. Keywords: ovaries, rodents, ovariectomy, surgery Resumen: Los quistes ováricos son estructuras no funcionales que pueden desarrollarse espontáneamente a lo largo del ciclo reproductivo. Suelen segregar hormonas sexuales en cantidades aumentadas, que provocan ciclos reproductivos irregulares e infertilidad. Se presentó para consulta una cobaya de 4 años de edad, alimentada con alimento balanceado para roedores, frutas y verduras, que presentaba anorexia, pérdida progresiva de peso y abdomen piriforme. Tras el diagnóstico ecográfico de quistes ováricos, se decidió la cirugía a través de una laparotomía amplia por línea media. La inducción se realizó con una asociación de xilazina (1 mg/kg), ketamina (25 mg/kg) y nalbufina (1 mg/kg) por via intramuscular. La anestesia inhalatoria se realizó con isofluorano al 3% para la inducción, y al 1% para el mantenimiento anestésico. Después de hecha una laparotomía mediana se identificaron y extirparon los quistes ováricos y los respectivos ovarios, dejando intactos el cuerpo y cuernos uterinos, ya que no evidenciaban lesiones aparentes. El tratamiento postquirúrgico fue realizado con enrofloxacina (5 mg/kg cada 24 horas vía SC) y alimentación oral con concentrados específicos comerciales por el término de 10 días hasta la remoción de la sutura. Palabras clave: ovarios, roedores, ovariectomía, cirugía
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Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 138, janeiro/fevereiro, 2019
Zoonoses Leptospira spp. em gatos – revisão Leptospira spp. in cats – review Leptospira spp. en gatos – revisión Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 138, p. 48-56, 2019
Carolina T. Cordeiro MV, CRMV-PR: 10.462, mestre, aluna de doutorado UFPR caroltrochmann@gmail.com
Simone T. de O. Stedile MV, CRMV-PR: 10.626, dra., profa. UFPR tostesimone@gmail.com
Matheus Barbosa Gomes Cruz MV, CRMV-PR: 11.124, aluno de mestrado UFPR mbgcruz@gmail.com
Resumo: A leptospirose é uma doença ainda pouco elucidada em gatos. São raros os dados sobre a doença clínica; no entanto, os gatos podem produzir resposta com anticorpos específicos. Estudos sorológicos demonstraram prevalência de 4,1 a 33,3%, com descrição de diversos sorovares. Estudos mais recentes demonstraram ainda uma possível relação da infecção com lesões renais agudas ou crônicas. Considerando que a doença renal é de ocorrência comum nos gatos, a leptospirose poderia ser uma causa subdiagnosticada na espécie. Os gatos podem apresentar leptospirúria e poderiam ser considerados reservatórios da bactéria. Entretanto, o risco exato de contaminação de outros mamíferos com urina de gatos ainda é desconhecido. Pesquisas futuras relacionadas à infecção e ao tratamento da espécie serão de grande valia para o entendimento da sua epidemiologia. Unitermos: saúde pública, zoonose, leptospirose, leptospirúria Abstract: The leptospirosis is a disease not yet clearly understood in cats. Cats can produce response with specific antibodies, but data on the clinical disease is lacking. Serological studies show a prevalence of 4.1% to 33.3% of leptospirosis in cats, and several serovars have been described. Recently studies suggest a possible relationship between infection and chronic and acute kidney lesion. Considering that kidney disease is a common occurrence in cats, it’s possible that leptospirosis could be an underdiagnosed cause of renal disease in this species. Cats can present leptospiruria, and could be reservoirs for leptospira. The exact risk of another mammals’ contamination by the cats’ urine is yet unknown. Future studies focused on disease and treatment of leptospirosis in cats could greatly improve our understanding of the epidemiology of leptospirosis in cats. Keywords: public health, zoonosis, leptospirosis, leptospiruria Resumen: La leptospirosis es una enfermedad aún poco dilucidada en gatos. Son raros los datos sobre la enfermedad clínica; sin embargo, los gatos pueden producir respuesta con formación de anticuerpos específicos. Estudios serológicos con diversos serotipos demostraron una prevalencia del 4,1 al 33,3%. En estudios más recientes se ha demostrado una posible relación entre la infección y lesiones renales agudas o crónicas. Considerando que la enfermedad renal es de presentación común en los gatos, la leptospirosis podría ser una enfermedad subdiagnosticada en esta especie. Los gatos pueden presentar leptospiruria y se podría considerarlos como portadores de la bacteria. Sin embargo, el riesgo exacto de contaminación de otros mamíferos con orina de gatos es aún desconocido. Las investigaciones futuras relacionadas con la infección y el tratamiento en felinos serán de gran valor para la comprensión de su epidemiología. Palabras clave: salud pública, zoonosis, leptospirosis, leptospirúria
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Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 138, janeiro/fevereiro, 2019
Neurologia Discopatia toracolombar canina: etiopatogenia, classificações atuais e opções terapêuticas Canine thoracolumbar disc disease: pathogenesis, current classifications and therapeutic options Discopatía toracolumbar en perros: etiopatogenia, clasificaciones actuales y opciones terapéuticas Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 138, p. 58-71, 2019 Sérgio D. Passos Costa MV, CRMV-PE 4.681, aluno de mestrado PCVS/Univasf-Petrolina
sergio.diego.costa@gmail.com
Bruno M. Araújo MV, CRMV-PI 1.557, HVU/UFPI
bmaraujo85@hotmail.com
Nadyne L. F. C. Rocha MV, CRMV-PI 1.507, residente HVU/UFPI nadyner@hotmail.com
Thays G. R. dos Santos aluna de graduação CMV/UFPI
thaysgarreto@hotmail.com
Jamilly N. R. Costa MV, CRMV-BA 5.414, residente HVU/UFBA
jamillyramos93@gmail.com
Napoleão M. Argôlo Neto MV, CRMV-SC 4.708, dr., prof., UFPI
argolo_napoleao@ufpi.edu.br
Marcelo C. Rodrigues MV, CRMV-PI 374, dr., prof. UFPI
marcelocampos@ufpi.edu.br
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Resumo: A doença do disco intervertebral (DDIV) é uma das afecções neurológicas que mais afetam a região toracolombar no cão. Várias causas podem estar envolvidas na etiopatogenia da doença, mas considera-se que a origem dessa afecção difere entre raças condrodistróficas e não condrodistróficas; no entanto, alterações bioquímicas e moleculares são encontradas no disco degenerado, independentemente de diferenças raciais. Com a utilização de exames de imagem avançados, outros tipos de degeneração têm sido relatados, além dos já expostos por Hansen na década de 1960, e, em função desses novos achados, estão sendo realizadas associações de fármacos e outras formas de tratamentos para a DDIV, com o intuito de otimizar a recuperação dos cães acometidos. O objetivo desta revisão foi reunir informações acerca da doença do disco intervertebral toracolombar, tais como etiopatogenia, classificações atuais e opções de tratamento. Unitermos: extrusão, protrusão, doença do disco intervertebral, degeneração do disco intervertebral, cão Abstract: Intervertebral disc disease (IVDD) is a common disorder, and most frequently affects the spinal cord at thoracolumbar region. Multiple factors are involved in the pathogenesis of the disease, and it has different characteristics in chondrodystrophic and non-chondrodystrophic breeds. Biochemical and molecular changes observed in the degenerate disc are similar independent of the affected breed. Advanced image techniques demonstrate degenerative characteristics different than those reported by Hansen in the 1960s. Based on and in light of these new findings, new treatments for IVDD have been roosed to optimize the recovery of affected dogs. We reviewed the literature related to thoracolumbar intervertebral disc disease in dogs with emphasis on pathogenesis, classification and treatment options. Keywords: extrusion, protrusion, intervertebral disc disease, degeneration of the intervertebral disc, dog, pathogenesis, treatment Resumen: La enfermedad del disco intervertebral (EDIV) es una de las afecciones neurológicas que más afectan la región toracolumbar de los perros. Varias son las causas que pueden estar relacionadas con la etiopatogenia de la enfermedad, pero se considera que el origen de la misma difiere para los perros condrodistróficos, además de que se han encontrado alteraciones bioquímicas y moleculares en el disco degenerado, independientemente de la raza. Los exámenes de imagen avanzados han permitido la descripción de diferentes tipos de degeneraciones, además de las descriptas por Hansen en la década de 1960; en función de estas nuevas descripciones se ha sugerido la utilización de asociaciones de fármacos y otros tratamientos para la EDIV, con el objetivo de mejorar la recuperación de esos perros. El objetivo de esta revisión ha sido reunir informaciones sobre la EDIV toracolumbar relacionadas con su origen, las actuales propuestas de clasificación y sus opciones terapéuticas. Palabras clave: extrusión, protrusión, enfermedad del disco intervertebral, degeneración del disco intervertebral, perro
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 138, janeiro/fevereiro, 2019
Saúde única
Capivaras, carrapato-estrela e a febre maculosa brasileira
A
febre maculosa brasileira (FMB), a doença mais letal transmitida por carrapatos, tem a bactéria Rickettsia rickettsii como principal agente etiológico, com casos relatados no Brasil desde 1929 1. Apesar de poucos casos notificados nos 80 anos seguintes, a zoonose reemergiu na Região Sudeste, associada ao aumento significativo da população de capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris) e seus carrapatos (Amblyomma sculptum), no início do século XXI, especialmente no estado de São Paulo 2. A doença causada pela R. rickettsii tem como sinal clínico mais característico a ocorrência de erupções cutâneas ao quinto dia da infecção, além de quadro febril e sintomatologia inespecífica, particularmente no estado de São Paulo 3. Na ausência dessas erupções cutâneas, a enfermidade pode ser confundida com outras de quadro febril e maior prevalência na população, como dengue, doenças eruptivas virais e leptospirose 4. A FMB tornou-se de notificação compulsória para o Ministério da Saúde em 2001 5. Com sua notificação imediata em 2014, os profissionais da saúde passaram a registrar casos suspeitos ou confirmados no Sistema de Informação de Agravos e Notificação (Sinan) dentro de 24 horas 6. Devido ao aumento do número de casos e à expansão das áreas de ocorrência, a FMB é atualmente considerada uma doença emergente no Brasil e endêmica em vários municípios da Região Sudeste 3,7. O carrapato-estrela e a febre maculosa brasileira Sendo o elo central entre a fonte de R. rickettsii e os seres humanos, os carrapatos adquirem a infecção por meio da alimentação em animais vertebrados sob bacteremia, cha72
Fernando Gonsales
O elo entre amplificador, vetor e patógeno
mados de hospedeiros amplificadores, ou ainda por transmissão transovariana 1,2. O Amblyomma cajennense lato sensu, popularmente conhecido como carrapatoestrela, era classificado no Brasil como uma única espécie até 2014 8. Estudos moleculares, morfológicos, biológicos e ecológicos demonstraram que esse táxon correspondia, na verdade, a duas espécies no país, o A. cajennense stricto sensu e o A. sculptum (Figura 1) 8,9. O A. cajennense s. s. é de distribuição quase limitada ao clima equatorial e dentro do bioma da Amazônia, e o A. sculptum é de distribuição praticamente restrita ao clima tropical e dentro dos biomas Pantanal, Cerrado e áreas degradadas da Mata Atlântica, sendo mais comum na Região Sudeste (Figura 2) 9. O A. sculptum apresenta uma geração por ano, com predomínio de larvas no outono, ninfas no inverno e adultos na primavera e no verão 10, sendo associado à vegetação nas áreas do Pantanal, Cerrado e em áreas degradadas da Mata Atlântica, coincidindo assim com espaços antrópicos 11. A infestação humana é frequente e pode ocorrer com
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dezenas a centenas de carrapatos por episódio, especialmente ninfas durante o inverno 12. As ninfas de A. sculptum são menores que os adultos, e também possuem alta agressividade e parasitismo pouco específico, disseminando-se amplamente sob a área infestada e com competência vetorial superior à de larvas infectadas pela R. rickettsii 13. O carrapato A. sculptum é reconhecido como o principal vetor da FMB em áreas endêmicas no interior do estado de São Paulo 13. Apesar da competência vetorial, estudos experimentais com o carrapato A. sculptum demonstraram sua baixa eficiência em manter o agente R. rickettsii através de sucessivas gerações. Menos da metade das fêmeas ingurgitadas transmitiram verticalmente riquétsias, e somente parte da prole se tornou realmente infectada 13. Além disso, a bactéria também é patogênica para os carrapatos, redundando em menor desempenho reprodutivo 13. Os ovos de A. sculptum só podem ser infectados se a geração anterior adquirir infecção nas fases de larva ou ninfa, já que o tempo de infecção pela R. rickettsii em carrapatos é superior ao tempo de postura 15,16. Sendo assim, a manutenção da R. rickettsii no ambiente depende da transmissão horizontal de hospedeiros
Figura 1 – Imagem de exemplares adultos macho (esquerda) e fêmea (direita) de Amblyomma sculptum, conhecido popularmente como carrapato-estrela e até 2014 identificado erroneamente como Amblyomma cajennense
Figura 2 – Mapa do Brasil com os climas, demonstrando a distribuição geográfica dos carrapatos Amblyomma cajennense stricto sensu e Amblyomma sculptum no país. Modificado 9
amplificadores, possibilitando que novos carrapatos se infectem e participem na formação de linhagens infectadas 15,16. Capivaras como principais hospedeiros amplificadores As capivaras são mamíferos roedores abundantes em áreas endêmicas da FMB, especialmente no estado de São Paulo, sendo hospedeiras primárias de todos os estágios parasitários de A. sculptum 17. Consideradas os maiores roedores do mundo, de hábito semiaquático e gregário, que dependem da água para sua reprodução, regulação térmica e proteção contra predadores, encontramse amplamente distribuídas em habitats naturais e antrópicos 18. Foram consideradas ameaçadas de extinção em 1950, mas fatores como a proibição da caça pela lei de proteção à fauna, o declínio de potenciais predadores naturais e a alta capacidade reprodutiva e capacidade de suporte do ambiente, associados ao aumento do cultivo da cana de açúcar, possibilitaram significativo
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Saúde única aumento populacional 19. Coincidentemente, áreas antrópicas como parques urbanos e periurbanos com corpos de água, jardins de condomínios residenciais e empresas têm sido ambientes adequados tanto para capivaras quanto para seus carrapatos 20. Em 1940, estudos com infecção experimental relataram que capivaras inoculadas com a R. rickettsii não apresentaram febre durante o período de riquetsemia, sugerindo que fossem amplificadoras do patógeno 20. A reemergência de casos de FMB no estado de São Paulo, concomitante ao aumento populacional de capivaras, fez ressurgir a suspeita de que elas fossem verdadeiros hospedeiros amplificadores 16. Em um estudo mais atual, as capivaras foram divididas em dois grupos e infectadas experimentalmente por A. sculptum e pela inoculação intraperitoneal de bactérias 16. Depois de infectadas, as capivaras mantiveram a R. rickettsii na circulação sanguínea em torno de 7 a 10 dias 16. Nesse período, foram capazes de infectar 20 a 25% e, por inoculação, 30 a 35% dos carrapatos, comprovando a sua capacidade de amplificar o patógeno 16. Todas as capivaras têm a mesma suscetibilidade e podem ser infectadas por larvas, ninfas ou adultos do carrapato A. sculptum 16.
Figura 3 – A vasectomia/laqueadura de capivaras deve ser considerada tanto em áreas de risco como de transmissão, abertas ou de contato exterior, pois mantém os animais menos suscetíveis à doença por mais tempo 74
Dessa forma, o ciclo da doença se perpetua em um grupo de capivaras à medida que novos indivíduos suscetíveis (nascimento e imigração) incrementam o grupo. Após a bacteremia, a resposta imune desenvolvida protege o animal de novas infecções 16, ou seja, a manutenção de capivaras adultas já resistentes por vasectomia ou laqueadura é mais interessante que a retirada parcial, que poderá se refletir em futuros filhotes ou jovens suscetíveis (Figura 3). Classificação de áreas quanto à febre maculosa brasileira e manejo populacional de capivaras A Secretaria do Meio Ambiente (SMA) e a Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), ambas do estado de São Paulo, publicaram uma resolução conjunta em 2016 com diretrizes de manejo populacional de capivaras como uma das ferramentas para controle da FMB, associada ao seu inquérito sorológico 21. A resolução também propôs uma nova classificação das áreas de ocorrência da FMB, baseada na notificação de caso suspeito confirmado ou compatível com a doença: áreas silenciosas; áreas sem infestação; áreas infestadas – sendo este item subdividido em: áreas de risco; áreas de transmissão; áreas predispostas; e áreas de alerta (Figuras 4 e 5) 21. Em áreas endêmicas para a FMB, cerca de 50 a 80% das capivaras são soropositivas para R. rickettsii 22. A reação de imunofluorescência indireta (Rifi) é o teste de referência para a FMB – com utilização de antígenos para R. rickettsii e Rickettsia parkeri –, realizado em laboratórios públicos ou privados credenciados junto à Sucen 21. Em estudo recente, um modelo matemático foi utilizado para avaliar o papel das capivaras na dinâmica de transmissão da R. rickettsii. Descobriu-se que, em área não endêmica, a introdução de uma única capivara infectada com pelo menos um carrapato infectado é suficiente para estabelecer uma nova área endêmica 22. O mesmo estudo matemático
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Tipo de área
Presença do vetor Amblyomma, soroprevalência de capivaras e outros animais
Tipo de manejo das capivaras
Silenciosa
Sem informações da ocorrência do vetor. Controle populacional por translocação e vasectomia/ Necessidade de estimular notificação de laqueadura parasitismo humano por Amblyomma
Sem infestação
Após duas pesquisas acarológicas de Controle populacional por translocação e vasectomia/ Amblyomma (intervalo mínimo de 3 e laqueadura máximo de 6 meses)
Com infestação
Após pesquisa acarológica de Amblyomma
- de transmissão
LPI* casos notificados nos últimos 10 Controle populacional por vasectomia/laqueadura ou anos eutanásia
- de risco
Superior a 10% ou no mínimo 1 animal-título ≥ 2.048
Controle populacional por vasectomia/laqueadura ou eutanásia
- predisposta
Presença de hospedeiros amplificadores
Coleta de material biológico. Controle populacional por vasectomia/laqueadura ou eutanásia
- de alerta
Baixa infestação por carrapatos. Animais-títulos < 2.048
Coleta de material biológico. Controle populacional por vasectomia/laqueadura ou eutanásia
*LPI= Local provável de infecção.
Figura 4 – Classificação de áreas quanto à febre maculosa brasileira no estado de São Paulo 21
considerou apenas a taxa de natalidade como fator para incremento populacional em um grupo de capivaras e observou que um declínio de 80% levou ao desaparecimento de capivaras infectadas no quarto ano 22. Já um declínio de 90% na taxa de natalidade levou ao desaparecimento de capivaras infectadas no segundo ano 22. Nessas áreas de risco e transmissão, a principal estratégia de redução da natalidade pode ser a diminuição da capacidade de suporte do ambiente (o corte baixo da massa vegetal, o controle reprodutivo e a eutanásia) 22. O manejo reprodutivo por métodos contraceptivos é interessante em locais sem possibilidade de cercamento, enquanto a eutanásia de grupos inteiros pode ser necessária em áreas com cercamento completo e onde não haja possibilidade de reintrodução 21. Apesar de alterar o comportamento reprodutivo natural da fauna nativa, a vasectomia ou a laqueadura de capivaras não tem se mostrado prejudicial para o comportamento de indivíduos ou grupos, como defesa de território e migração 23. As larvas e ninfas de A. sculptum também
se alimentam em proporções menores de outros mamíferos e aves, porém, além da sua capacidade generalista de parasitismo, os carrapatos em vida livre residem em vegetação acima de 15 cm do solo, altura que facilita seu ataque às capivaras 24. Desse modo, as capivaras representam a única espécie amplificadora de maior porte capaz de albergar significativa população de A. sculptum em parte das áreas endêmicas de FMB 25. Os javalis (Sus scrofa) são espécies de mamíferos de grande porte, não nativos e invasores, hospedeiros mantenedores confirmados de grandes populações de A. sculptum 28. A ampla distribuição e o expressivo aumento da densidade populacional de javalis em áreas endêmicas de FMB, localizadas principalmente nas mesmas áreas de cultivo de cana de açúcar da região Sudeste do Brasil, têm sido um alerta para o aumento da doença 28. Além disso, como as capivaras também apresentam um aumento populacional desequilibrado, com densidade populacional até 40 vezes maior em áreas endêmicas que em ambientes naturais 26, essa sobreposição
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Saúde única Tipo de área de alerta
Tamanho da amostra e espécie
Periodicidade
Repetições de análises
Com alta frequência humana e abundância de capivaras, como parques e campi universitários
Amostragem de capivaras segundo fórmula: n*= 83 x N**) / (83 +N**)
12 meses
Ano todo
Condomínios ou propriedades rurais com presença de capivaras
Amostragem de capivaras segundo fórmula: n*= 83 x N**) / (83 +N**)
24 meses
De maio a novembro***
Condomínios, propriedades rurais ou áreas públicas sem presença de capivaras e com presença de cavalos
Mínimo de 15 equinos entre 2 e 20 anos de idade; pelo menos 3 anos na área
36 meses
De maio a novembro***
Comunidades adjacentes a áreas de Mata Atlântica e presença do carrapato Amblyomma aureolatum ou Amblyomma ovale
Mínimo de 30 cães saudáveis; 1 a 6 anos de idade que tenham acesso à mata
36 meses
Qualquer época do ano
*n representa o tamanho da amostra. **N representa o número de indivíduos adultos do grupo. ***Período em que as fases imaturas do carrapato Amblyomma sculptum procuram hospedeiros para alimentação. Visa representar a geração de carrapatos do ano vigente.
Figura 5 – Avaliação periódica das áreas de alerta para a febre maculosa brasileira, por meio de pesquisa sorológica 21
de habitats entre javalis e capivaras pode ter impacto na ocorrência de carrapatos e doenças transmitidas por esses vetores, particularmente a FMB. Considerações finais A notificação da FMB é obrigatória e imediata (dentro de 24 horas) no Sinan desde 2014. O carrapato-estrela é na verdade o nome popular de duas espécies, o A. cajennense s. s. e o A. sculptum. As capivaras são mamíferos roedores abundantes em áreas endêmicas de FMB, especialmente no estado de São Paulo, sendo hospedeiras primárias de todos os estágios parasitários de A. sculptum. A translocação e a vasectomia/laqueadura de capivaras podem ser consideradas no manejo populacional de áreas geográficas não infestadas/silenciosas por FMB, sejam elas fisicamente abertas ou fechadas. A vasectomia/ laqueadura de capivaras deve ser considerada tanto em áreas abertas de risco como de transmissão da doença, buscando aumento proporcional de adultos resistentes e redução de filhotes e jovens suscetíveis. A eutanásia de capivaras deve ser considerada em áreas de risco e transmissão de FMB quando a área geográfica é fechada. 76
Finalmente, a superpopulação e a sobreposição de habitats entre capivaras e javalis pode ter impacto na ocorrência de carrapatos, particularmente o A. sculptum, bem como de doenças transmitidas por carrapatos, particularmente a FMB. Referências
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Aurea Maria Oliveira Canavessi
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MV, CRMV-SP 7.585, MSc, PhD., pós-dra. RT – USP/Piracicaba acanavessi@usp.br
Thiago Fernandes Martins
Alexander Welker Biondo
MV, CRMV-SP 18.429, MSc, PhD. Pós-dr. thiagodogo@hotmail.com
MV, CRMV-PR 6.203, MSc, PhD., prof. Depto. Medicina Veterinária – UFPR abiondo@ufpr.br
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Atualizações em epilepsia canina Introdução A epilepsia é a principal doença crônica neurológica em cães, e está entre as doenças mais atendidas na rotina clínica de animais de companhia. Diante deste contexto, propõe-se uma breve revisão sobre as epilepsias caninas, baseada nas novas diretrizes estabelecidas pela Força Tarefa Internacional para Epilepsia Veterinária 1 visando fornecer ao clínico de pequenos animais subsídios para identificar e classificar as crises epilépticas, definir a etiologia da epilepsia e propor uma terapia antiepiléptica adequada. Conceitos A epilepsia é definida como uma doença do encéfalo caracterizada por predisposição persistente para gerar crises epilépticas. Esta definição é geralmente aplicada na prática quando se tem pelo menos duas crises epilépticas não provocadas em um intervalo maior que 24 horas 2,3. A exata prevalência da epilepsia canina ainda é desconhecida, mas estima-se que acometa cerca de 0,6% a 0,75% da população geral de cães 4,5. As crises epilépticas são manifestações clínicas episódicas de descargas neuronais excessivas e sincrônicas. Crises reativas, ou provocadas, ocorrem como resposta natural do encéfalo normal frente à um distúrbio transitório da função, de natureza metabólica ou tóxica, que é reversível quando a causa do distúrbio é corrigida 2. Geralmente, as crises epilépticas são autolimitantes e duram, na maioria dos casos, menos de 2-3 minutos, mas podem ocorrer agrupadas ou seriadas (cluster), ou seja, duas ou mais crises dentro de um período de 24 horas. Quando uma crise epiléptica se mantém ininterrupta, ou quando ocorrem crises generalizadas consecutivas sem que haja um período interictal, por um tempo superior a cinco minutos, utiliza-se o termo status epilepticus, ou estado epiléptico 6. Patofisiologia Sabe-se que o encéfalo de cada indivíduo possui certo limiar de excitabilidade, que pode ser influenciado por fatores extra ou intracranianos. Quando o equilíbrio entre sinapses excitatórias (p.ex. glutamatérgicas) e inibitórias (p.ex. gabaérgicas) de certos grupos de neurônios encefálicos é alterado por algum desses fatores, o aumento da excitação ou a diminuição da inibição predispõe ao desenvolvimento de atividade e epilépticas, cujas características clínicas estarão associadas com a zona epileptogênica, ou seja, com o local onde se originam as crises 7. A epilepsia pode surgir a partir de uma infinidade de causas. Alguns casos raros são puramente genéticos (por exemplo, canalopatias), alguns são de desenvolvimento e têm influências genéticas e epigenéticas complexas (por exemplo, distúrbios de migração neuronal), e outros são causados por lesão no encéfalo (por exemplo, trauma, doenças infecciosas, inflamatórias, vasculares ou neoplásicas) 2,3,7,8. Classificação das Crises Epilépticas As crises epilépticas podem ser focais (parciais), generalizadas ou focais que evoluem para generalizadas. Nas focais, a zona epileptogênica encontra-se em uma região específica de um dos hemisférios cerebrais, e pode ou não haver recrutamento de outras regiões, ou de todo cérebro, evoluindo para generalização. Segundo o novo consenso, nesse tipo
de crise o comprometimento ou não da consciência não é importante por se tratar de uma avaliação subjetiva 2. Já nas crises generalizadas, há recrutamento imediato de todo o cérebro, sempre acompanhado de perda de consciência. As crises generalizadas podem ser convulsivas (tônicoclônicas, tônicas, clônicas ou mioclônicas) ou não convulsivas (atônicas ou de ausência) 2. Os períodos que precedem (pré-ictal ou pródromo) ou sucedem (pós-ictal) uma crise epiléptica, quando presentes, podem durar minutos, horas ou dias, e são caracterizados por sinais de alterações comportamentais e/ou disfunções autonômicas 2,9. Classificação das Epilepsias Segundo a Força Tarefa Internacional para Epilepsia Veterinária 1 de acordo com a etiologia, a epilepsia canina deve ser classificada como idiopática ou estrutural. A epilepsia idiopática caracteriza-se por crises epilépticas recorrentes que se iniciam, mais comumente, entre os seis meses e seis anos de idade, sem que haja lesão encefálica estrutural subjacente, nem sequer sinais neurológicos no período interictal, ou seja, período entre crises 3,7. A epilepsia idiopática é sub-classificada em três grupos que refletem os avanços recentes na área: (a) epilepsia idiopática genética: quando um gene causador da epilepsia é identificado; (b) epilepsia idiopática com suspeita genética: quando a influência genética é apoiada por alta prevalência da raça (> 2%), análise genealógica e/ou acúmulo familial de indivíduos com epilepsia; e (c) epilepsia de causa desconhecida: quando a natureza da causa subjacente ainda é desconhecida e com nenhuma indicação de epilepsia estrutural. Já a epilepsia estrutural é caracterizada por crises epilépticas que são provocadas por alguma afecção intracraniana/cerebral incluindo doenças vasculares, infecciosas/ inflamatórias, traumáticas, anômalas ou do desenvolvimento, neoplásicas e degenerativas, confirmadas por imagem, exame do fluido cérebro-espinhal, exames de DNA ou exame pós-morte 3,7. Terapia Antiepiléptica O consenso da Força Tarefa Internacional para Epilepsia Veterinária 1 sobre o manejo das crises epilépticas enfatiza que um paciente deve ser tratado caso a frequência seja maior que uma crise epiléptica a cada seis meses, quando há crises agrupadas (cluster) e/ou status epilepticus, ou quando há progressão da gravidade das crises e/ou dos sinais pós-ictais 10,11,12. A terapia deve basear-se, além dos fármacos antiepilépticos (FAE), na elucidação e tratamento da causa primária, quando ela existir. Na maioria dos pacientes o sucesso terapêutico, traduzido por redução em no mínimo 50% na frequência das crises epilépticas, pode ser alcançado com uso de fármacos convencionais como o fenobarbital e o brometo de potássio 13,14,15. O fenobarbital (FB) continua sendo o FAE de primeira escolha 12,13. Recomenda-se uma dose inicial de 3 mg/kg, a cada 12 horas e, naqueles cães com crises em cluster ou status epilepticus pode-se iniciar com uma dose de 5 mg/kg, também a cada 12 horas. A concentração sérica mais eficaz do FB deve estar entre o intervalo de 25 a 35 µg/mL para melhor controle das crises e menor risco de efeitos colaterais 16. A mensuração da concentração sérica deve ser realizada em duas a três se-
Informe publicitário manas após o início da terapia, e sempre após qualquer alteração da dose. Os efeitos adversos dose-dependentes previsíveis, incluem polidipsia, poliúria, polifagia. Outros efeitos colaterais como ataxia, sedação e aumento dos valores séricos das enzimas hepáticas podem ocorrer. A monitorização cuidadosa da função hepática é necessária quando os níveis séricos do fármaco estiverem acima de 35 µg/ml 17. No geral, o FB pode ser utilizado com sucesso na maioria dos casos, sendo bem tolerado. Não se deve retirar o fármaco abruptamente, uma vez que a dependência física ocorre durante o tratamento, e as crises epilépticas induzidas pela retirada podem ocorrer. Se o tratamento com FB tiver de ser interrompido, recomenda-se 20 - 25% de diminuição a cada mês ou que outro FAE seja adicionado com uma dose de sobrecarga antes da interrupção do FB. O brometo de potássio (KBr) pode ser usado como terapia adicional ao fenobarbital, na dose de 30 mg/kg/dia ou como monoterapia, na dose de 40 mg/kg/dia 10,11. A associação desses fármacos deve ser considerada a partir do momento em que não se consegue manter controle adequado das crises epilépticas, mesmo com a concentração sérica ideal de fenobarbital. Sua concentração sérica terapêutica varia entre 0,7 e 2,3 µg/mL e, devido a seu longo tempo de meia vida, deve ser monitorada três meses após seu início e, periodicamente, principalmente após alteração na dose 13. Para que a concentração sérica ideal seja atingida em menos tempo, o KBr pode ser administrado como dose de sobrecarga de 600 mg/kg divididos durante 1-6 dias, seguida de dose de 40 mg/kg/dia para manutenção 15,16. Nesse caso, a concentração sérica deve ser mensurada um mês após a dose de sobrecarga. Seus efeitos colaterais são polidipsia, polifagia, sedação, ataxia, pancreatite e sinais gastrintestinais. Pode causar irritação da mucosa gástrica e, portanto, causar vômito. Isto pode ser evitado, administrando-se o fármaco após ou junto com alimentação 16,17 . Outra opção é dividir a dose em quantidades menores, fornecidas várias vezes ao dia. O diazepam não deve ser utilizado como terapia antiepiléptica contínua para manutenção em cães, porém, é útil para cessar rapidamente crises epilépticas, por via retal na dose de 0,5-2mg/kg, principalmente quando o animal se encontra em status epilepticus ou com crises agrupadas (cluster), pois tem a capacidade de penetrar rapidamente na barreira hematoencefálica e ter início rápido de ação em torno de um a dois minutos. Quando o tratamento está sendo corretamente acompanhado e o fenobarbital e o brometo de potássio atingem a concentração sérica ideal, mas não são capazes de conter as crises, novos FAE podem ser utilizados como terapias adjuvantes 14,18. A gabapentina (5-20 mg/kg) ou a pregabalina (2 - 4 mg/kg), administradas a cada oito horas, têm sido utilizadas como terapia adicional em cães refratários ao tratamento com FB e/ou KBr, já que são fármacos de prescrição liberada na medicina veterinária brasileira. Entretanto, segundo os trabalhos do novo consenso 12,13, até o momento não há evidência suficiente para que sejam recomendadas como terapia antiepiléptica adjuvante. Sedação e ataxia são os efeitos colaterais mais comumente relatados 10,17. Recentemente, a prescrição do levetiracetam foi liberada para uso em animais no Brasil. Devido a seu curto tempo de meia-vida (3 - 4 horas) e sua via metabólica não causar inibição ou auto-indução das enzimas hepáticas, tem sido amplamente estudado e recomendado como terapia antiepiléptica
adicional 13,19. Seu uso como monoterapia ainda não demonstrou eficiência suficiente 12,13, embora seu uso seja muito recente e necessite de mais pesquisas. Sua dose oral é de 20 mg/kg, a cada seis/oito horas, e também pode ser utilizado por via intravenosa, intramuscular ou subcutânea. Os efeitos colaterais são raramente descritos, sendo relatada sedação e ataxia discretas 17,19. Alguns cães desenvolvem tolerância ao levetiracetam quando utilizado cronicamente, fenômeno conhecido como efeito lua-de-mel 19. Entretanto, pode ser indicado como terapia de pulso em animais com crises em cluster ou status epilepticus com uma dose de ataque de 60mg/kg, seguida de 20 mg/kg a cada 12 horas até 48h depois de cessarem as crises 20. Perspectivas Sabe-se que assim como na medicina, cerca de 20-30% dos cães epilépticos são resistentes a farmacoterapia 14,18. Na medicina, diversas opções vêm sendo estudadas, dentre as quais destacam-se a estimulação elétrica do nervo vago, o uso de canabidiol, terapia celular, dietas hipoalergênicas, dietas cetogênicas e, finalmente, a cirurgia para ressecção da zona epileptogênica. Tais modalidades têm demonstrado resultados favoráveis como adjuvantes e, muitas vezes, como tratamento definitivo da epilepsia humana refratária aos fármacos convencionais. Embora a maioria dessas modalidades ainda não tenha sido adequadamente explorada, o uso de dietas cetogênicas, ricas em triglicerídeos de cadeia média, tem se mostrado promissor como adjuvante aos fármacos para tratamento da epilepsia canina farmacorresistente 21. Seu mecanismo de ação não é totalmente compreendido, porém, acredita-se que esta dieta aumente a disponibilidade sanguínea de corpos cetônicos, os quais podem ser utilizados como fonte alternativa de energia para o encéfalo acometido 22,23. Essa e outras modalidades terapêuticas precisam ser melhor exploradas para que tenhamos alternativas que atuem diretamente na diminuição do número, duração e/ou gravidade das crises epilépticas 21, ou indiretamente, diminuindo as alterações comportamentais e cognitivas associadas com a epilepsia 9,22,23, tendo como objetivo comum e principal, oferecer melhor qualidade de vida para nossos pacientes. Referências
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Bruno Benetti Junta Torres
MV, CRMV/GO: 8.110; bacharelado em medicina veterinária e residência em cirúrgica pela UFLA; especialista diplomado em cirurgia veterinária pelo CBCAV; mestre e dr. em ciência animal pela UFMG; diretor científico da ABNV e do CBCAV; vice-presidente da Neurolatinvet; prof. de neurologia e neurocirurgia veterinária da EVZ/UFG
brunobjtorres@ufg.br
Gestão
Um novo ano com reflexão, amor, generosidade e bondade Serg64 / Shutterstock
Estamos iniciando mais um ano, 2019 – mas será apenas mais um velho ano novo ou um verdadeiro ano novo? Isso vai depender de nós, da nossa maneira de pensar, sentir e vibrar. Mas como realizar o novo ano com sucesso em nossa vida, nos empreendimentos, nas relações, na saúde, na harmonia? Valem algumas dicas, a começar pela reflexão. Há um ditado que diz que “onde há reflexão há progresso”. Refletir significa examinar nossos erros e deficiências e fazer um esforço para corrigi-los de um modo ou de outro, mas sem esquecer de fortalecer nossos pontos positivos. Precisamos lembrar que o significado original da palavra “reflexão” é observar atentamente a si mesmo. Todos temos um talento especial que nos foi concedido para podermos cumprir determinada missão, cada um no seu empreendimento. Trata-se então de assimilar isso, agradecer do fundo do coração e adotar uma atitude mais modesta. Além disso, é importante usar essa capacidade, esse privilégio, para nos dispormos a servir aos clientes e à sociedade, com perseverança e resiliência. Em suma, a reflexão não serve apenas
para encontrar falhas em nós. A verdadeira reflexão, quando praticada, faz emergir a razão de vida no nosso empreendimento, e também a alegria de viver o presente e cultivar o amanhã. Outro ponto é o amor, isto é, fazer a conexão com um profundo sentimento de amor, e agir tendo esse sentimento presente. As vibrações do amor atraem o melhor, e é assim que se torna possível alcançar a prosperidade nos empreendimentos, ganhando também saúde e harmonia na vida. Não podemos nos esquecer também da generosidade de espírito, para sermos capazes de elogiar as pessoas, facilitar o trabalho dos demais e, principalmente, ajudálos a cumprir suas missões. Cultivemos a bondade, praticando o amor ao próximo. Precisamos aprender a ser bondosos com os outros e com o mundo. Ter amor e sinceridade é ser bondoso, e com bondade e generosidade podemos tocar o coração das pessoas – e mudar nosso destino de empreendedores, melhorando cada vez mais. Essas ações não se esgotam em si mesmas, mas ao praticá-las geramos melhores inspirações, intuições, e colocamos nosso foco em valores de vida, resiliência, otimismo e numa enorme força para sair das dificuldades. Preservar esses valores será fundamental para construir o Novo Ano que se inicia. Felicidade e sucesso a todos em 2019!
Celso Morishita
Gestor empresarial espiritualista celsomorishita@yahoo.com
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CRMV-SP
Guia para emissão de atestado de saúde de cães e gatos ganha nova edição Médicos-veterinários e tutores de pets agora também poderão contar com uma publicação específica sobre passaporte para animais de estimação
O
“Guia para emissão de atestado de saúde (cães e gatos)” foi atualizado. A 2ª edição do material acaba de ser lançada e traz novas regras para o trânsito internacional desses animais, diretrizes do acordo com mais cinco países, além de recursos facilitadores. Outra novidade é o lançamento de um novo material: o “Guia para utilização de passaporte para trânsito de cães e gatos”. A 2ª edição do “Guia para emissão de atestado de saúde (cães e gatos)” (https:// www.crmvsp.gov.br/arquivo_legislacao/ Gu ia _ p a r a _ Em i ssao _ d e _ A te sta d o _ de_ Saude_de_Pequenos_Animais.pdf) dispõe das mudanças nas normas para a entrada de cães e gatos brasileiros na África do Sul, na Colômbia, no Japão, no Peru e nos Estados Unidos. Também foram incluídas as regras de Rússia, Bielorrússia, Armênia, Cazaquistão e Quirguistão, países que compõem a União Econômica Eurasiática, que firmou acordo com o Brasil para o trânsito de cães e gatos. A fim de facilitar ainda mais o acesso a informações relacionadas ao transporte internacional dos pets, o guia orienta e traz link do sistema para emissão de certificados eletrônicos para embarques aos Estados Unidos, que permite que toda a documentação seja enviada e recebida on-line. Também foi disponibilizado para consultas de todos os médicos-veterinários o link para o Sistema de Informação de Requisitos e Certificados 84
da Área Animal (Sisrec), antes restrito aos fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Criado no início deste ano, o guia é fruto da parceria entre o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) e o Serviço de Vigilância Agropecuária local (SVA/GRU) – unidade do Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) do Mapa. A parceria foi ampliada, e em sua nova edição conta com a participação do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical). Referência entre médicos-veterinários O principal objetivo do material é disponibilizar de forma compilada e detalhada as diversas diretrizes vigentes para o trânsito internacional de cães e gatos, visando a redução de erros. Isso porque a incidência de Shutterstock – Monika Wisniewska
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CRMV-SP problemas nos atestados de saúde emitidos por médicos-veterinários (como atestados prédatados, divergência e ausência de dados e descumprimento das regras para vacinações e tratamentos) chegava a provocar a rejeição de 40% dos documentos. “Antes havia uma disseminação de informações equivocadas e até a inexistência de explicações fundamentais para que os médicos-veterinários pudessem atender às regras”, comenta o médico-veterinário Luiz Carlos Teixeira de Souza Junior, auditor fiscal federal agropecuário do SVA/GRU, que considera notória a contribuição do material para a mudança desse cenário. “O guia já se tornou uma referência para os profissionais, o que mostra que a iniciativa é um sucesso”, enfatiza. Sabendo da importância do material, o Anffa Sindical ofereceu apoio. “Nossa equipe de comunicação fez a diagramação e também fará impressões do guia para colaborar com a eficiência do trabalho dos auditores”, disse o diretor de Comunicação e Relações Públicas do Anffa, Roberto Siqueira Filho. O médico-veterinário Carlos Augusto Donini, conselheiro do CRMV-SP que participou da formulação de ambos os guias, ressalta a contribuição dos esforços envolvidos nesse trabalho. “Ao pactuar essa iniciativa, o CRMVSP cumpre seu papel de assistir, orientar e oferecer subsídios técnicos atualizados no exercício da nobre atuação profissional dos médicos-veterinários.” Donini frisa ainda a importância do tema tratado, uma vez que o trânsito de animais representa um dos principais fatores de risco de introdução, manutenção e /ou disseminação de agentes infectocontagiosos e parasitários entre as localidades e entre as espécies, inclusive humana (zoonoses). “Por isso há toda uma preocupação, a obrigatoriedade e a supervisão técnica sanitária compartilhada e pactuada entre as regiões e países”, afirma ele, que ainda argumenta que a avaliação clínica médico-veterinária responsável por meio do atestado de sanidade – incluindo 86
as medidas e procedimentos imunológicos e clínicos complementares necessários – é a mais eficiente barreira de monitoramento e controle desse elevado potencial de risco. Passaporte para cães e gatos é tema de novo guia Visando, mais uma vez, informar com qualidade e detalhamento os assuntos relacionados ao transporte internacional de pets, o SVA/GRU, o CRMV-SP e o Anffa Sindical lançam também o “Guia para utilização de passaporte para trânsito de cães e gatos” (https://www.crmvsp.gov.br/ arquivo_legislacao/Guia_para_Utilizacao_ de_Passaporte_para_Transito_de_Caes_e_ Gatos.pdf). “Identificamos a necessidade de abordar o assunto separadamente, devido ao grande volume de dúvidas que surgiam no SVA/GRU, mesmo em meio ao crescimento da emissão de passaportes”, conta o médico-veterinário Luiz Carlos Teixeira de Souza Junior, auditor fiscal federal agropecuário. Para se ter uma ideia, em 2014 foram emitidos 46 passaportes para cães e gatos no SVA/GRU, e em 2018 esse número foi para 205, o que representa um incremento de 345,6% em quatro anos. De acordo com Souza Junior, com o passaporte, os tutores organizam melhor as informações de saúde e os atestados de seus pets, o que facilita o entendimento dos trâmites e também evita perda de prazos, por exemplo. “Trata-se de uma vantagem ainda maior para pessoas que viajam com mais frequência durante o ano e optam por levar seus animais.” No caso de quem vai para os Estados Unidos e retorna em até 60 dias, o passaporte do cão ou gato elimina a necessidade de uma nova consulta a um médico-veterinário no país para conseguir retornar ao Brasil com o animal, o que reduz gastos e burocracias. Fonte: CRMV-SP/Apex Agência - Conteúdo Estratégico www.apexagencia.com.br
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Homenagem
Jonimar Pereira Paiva
Entre amigos, com Renato Costa, Rubem Bittencourt Cardoso Jr.e Flavya Mendes de Almeida,
Nascido no inverno de 1971, médico-veterinário pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 1994, apresentou em 1998 sua dissertação de mestrado sob orientação da profa. dra. Regina Ramadinha, e em 2009 sua tese de doutorado, sob orientação da profa. dra. Norma Labarthe. Foi diretor de faculdade, clínico geral, cardiologista, intensivista, coordenador de programa de pós-graduação, conselheiro do CRMV-RJ. Exerceu muitos cargos importantes, mas sua maior paixão sempre foi formar discípulos. Ensinar! A certeza de que a qualidade técnica deveria ser atrelada ao caráter sólido daqueles que formava o ajudou a construir um time de jovens campeões.
... na UFRRJ com a profa. Regina Ramadinha,
Era professor adjunto do Departamento de Medicina e Cirurgia Veterinária da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (DMCV/ UFRRJ) quando nos deixou. O infarto fulminante que nos privou de sua presença sem que ele pudesse se despedir levou-o sem sofrimento, o que a nós parece uma bênção reservada a pessoas muito especiais. Nós nos lembraremos do seu sorriso largo e da atitude positiva, mesmo quando provocado. Cientista de mão-cheia, conciliador e um homem bom, deixou-nos cedo demais, cheio de projetos e sonhos para o futuro. Com o coração pesado, daremos continuidade a seu legado. Seus amigos, colegas e alunos
... celebrando a vida com Norma Labarthe e Lutchia,
... no VetTropical com Juliana, Fabiana, profa. Jane Maia, Marcia Miranda e Viviane
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Lançamentos
Equilíbrio lança linha de produtos para raças específicas
É a primeira e única a produzir alimentos liofilizados para pets na América Latina Um bom tutor quer alimentação sob medida para seu pet. A Equilíbrio, na linha super premium de alimentos para cães e gatos, lança Equilíbrio Raças Específicas, atendendo às particularidades de cinco raças, nas fases de adultos e filhotes: maltês, lhasa apso, shih-tzu, yorkshire terrier e golden retriever. São dietas que previnem ou minimizam os problemas de saúde e congênitos de cada raça, e estimulam seu potencial genético. Livres de transgênicos, glúten, corantes e aromatizantes artificiais, os produtos mesclam, pela primeira vez no país, partículas de alimentos de alta performance com partículas liofilizadas de frango, de alta palatabilidade. “A alimentação sob medida proporciona saúde de dentro para fora. A linha Equilíbrio Raças Específicas oferece os melhores alimentos para cada raça, com tecnologias nutricionais modernas e processos produtivos até agora só usados em alimentos para humanos. É a melhor linha do mercado”, ressalta Diógenes Silva, gerente de Produtos da Total Alimentos. Nas avaliações do Centro Global de Nutrição da empresa, os alimentos tiveram 100% de aceitação pelos cães, inclusive braquicefálicos, o que comprova a palatabilidade em raças pequenas e miniaturas, de paladar exigente. Adequada à anatomia de cada raça, a nova linha tem partículas com formato especial para facilitar a digestão. Graças à textura e forma das partículas, a mastigação tem efeito autolimpante, por meio da abrasão do alimento no biofilme, precursor da formação do cálculo dentário. A tecnologia de liofilização ou 88
freeze drying, criada para as necessidades nutricionais de astronautas, garante o sabor dos alimentos. A Equilíbrio Raças Específicas, primeiro alimento com frango liofilizado do país, garante mais sabor e nutrição ao pet. O alimento primeiro é congelado e depois liofilizado, a vácuo, com a água indo direto do estado sólido para o gasoso, saltando a fase líquida. É um dos melhores métodos para preservar o valor nutricional. Benefícios gerais da linha: • Desenvolvimento cognitivo com Ômega 3 DHA para filhotes e adultos. • Reduz os efeitos da idade com antioxidantes celulares naturais: Vitamina C, E e Selênio. • Fórmulas Indoor com redução do odor das fezes pelo uso de extrato de yucca, zeolita e fibras funcionais. • Saúde oral, com hexametafosfato de sódio, para reduzir o tártaro. • Pelo brilhante e pele saudável com Ômegas 3 e 6 e minerais quelatados (selênio, zinco e manganês). https://www.equilibriototalalimentos.com.br/
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Eventos
Carta da presidente da CBOV Prezados colegas veterinários, É com grande satisfação que anunciamos a realização do XVI Congresso Brasileiro de Oftalmologia Veterinária, entre os dias 27 e 30 de março de 2019, vindo consolidar as atividades do nosso Colégio Brasileiro de Oftalmologistas Veterinários (CBOV). É uma honra para nossos membros e, principalmente, para a Universidade de Brasília (UnB) e para a capital do país ser a sede deste tão esperado evento, recepcionando palestrantes e congressistas de diversas regiões. Brasília abraça os turistas e oferece variadas atrações para todos os gostos, possuindo a maior e mais completa rede hoteleira do Centro-Oeste brasileiro. Os nossos visitantes poderão aprender sobre nossa cultura, se deliciar com variada culinária e ainda visitar um dos maiores complexos urbanísticos a céu aberto do mundo. A programação científica foi cuidadosamente elaborada, e será apresentada por renomados profissionais nacionais e internacionais, envolvendo pesquisa e experiência clínica, por meio de palestras, cursos e apresentação de trabalhos científicos (www.congressocbov.com.br/ programacao-cientifica). Também cabe ressaltar que o CBOV foi habilitado, recentemente, pelo CFMV para concessão de Título de Especialista em Oftalmologia Veterinária, demonstrando a expressividade dessa importante especialidade no cenário nacional e internacional. O aprimoramento técnico, a disseminação das inovações científicas e a troca de experiências são o caminho para o engrandecimento profissional e o fortalecimento da nossa especialidade. Estamos trabalhando com todo empenho e carinho para que o 16º Congresso Brasileiro de Oftalmologia Veterinária seja um evento inesquecível em qualidade científica, organização e momentos de confraternização! Inscrições abertas em www.congressocbov.com.br/inscricoes. VAGAS LIMITADAS! Serão muitas e boas as novidades que estamos planejando e o convidado principal é VOCÊ!
Paula Diniz Galera Presidente do CBOV 90
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 138, janeiro/fevereiro, 2019
Eventos
II Semana da Justiça pela Paz em Casa
A abertura da II Semana da Justiça pela Paz em Casa, cujo principal tema foi “Violência doméstica e os animais de estimação”, no dia 28 de novembro, no auditório do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná (HV/UFPR-Curitiba), contou com a participação da desembargadora Lenice Bodstein, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), responsável pela Coordenadoria Estadual da Violência Doméstica e Familiar (Cevid); do juiz e professor da UFPR Vicente Ataide Junior; da representante da Coordenadoria da Delegacia da Mulher (Codem – Polícia Civil do Paraná), dra. Claudia Martins de Souza; além de representante da Patrulha Maria da Penha, de alunos do projeto de extensão Medicina Veterinária em Ação nas Comunidades, de pós-graduandos e de outros membros da comunidade. A desembargadora Lenice Bodstein fez uma explanação a respeito da atuação da Cevid no enfrentamento da violência contra a mulher, com ampla discussão sobre o tema. Na sequência, o juiz Vicente Ataide Junior abordou o tema do direito dos animais. Após os debates, quatro pontos principais foram identificados para que a violência contra a mulher e contra os animais de estimação possa ser enfrentada conjuntamente: as medidas prote92
tivas devem se estender a todos os vulneráveis, incluindo os animais de estimação; reconhecer os maus-tratos como problema de saúde pública; considerar a necessidade da integração das informações sobre a violência contra a mulher e sobre os maus-tratos aos animais, bem como outros tipos de violência interpessoal; e a obrigatoriedade de os municípios terem serviço de atendimento de denúncias a esse respeito. O tema da violência interpessoal e dos maus-tratos aos animais, denominado teoria do elo, vem sendo estudado com mais profundidade na América Latina nos últimos anos por grupos de pesquisa da UFPR, USP, Unesp e UFMG. O Departamento de Medicina Veterinária (DMV) do Setor de Ciências Agrárias da UFPR tem várias linhas de pesquisa centradas na teoria do elo, envolvendo alunos de projetos de extensão e iniciação científica, residentes e pós-graduandos sob a orientação da profa. Rita de Cassia Maria Garcia (ritamaria@ufpr.br). Nos Estados Unidos, o FBI já possui um banco que cruza os dados dos diferentes crimes e dos maus-tratos aos animais. O Brasil ainda precisa de muitos avanços no enfrentamento da violência interpessoal e dos maus-tratos aos animais, mas os primeiros passos nesse sentido já foram dados.
Da esquerda para a direita, a professora Rita de Cassia Maria Garcia, a desembargadora Lenice Bodstein e o juiz Vicente Ataide Junior
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 138, janeiro/fevereiro, 2019
de 07 a 10 de abril
Phil Fox Cardiologia
Ann Hohenhausen Oncologia
Charlotte Lacroix Administração clinica
Eric García Marketing digital
Melinda Merck CSI animal
Deborah Stone Bem-estar Animal / Liderança Empresarial
Urs Giger Hematologia
Brook Niemiec Palestrante WSAVA Odontologia
Terry Curtis Etologia clínica
Tom Schubert Neurologia
Ross Palmer Cirurgia ortopédica
Natalia Vologzhanina Oftalmologia
Leann Kuebelbeck Cirurgia
Earl Gaughan Medicina interna
Isabelle Kilkoyne Emergências
Sharon Spier Medicina equina
Diego Calderón Gestão e Produção
Raúl Guerrero Segurança Alimentar
P rograma científico em :
Animais da Companhia, Administração e Marketing na Clínica Veterinária, Medicina em Ruminantes e Medicina em Cavalos.
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A Conferência de Educacão Continuada em Medicina Veterinária mais importante na América Latina
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84 HORAS
APROVADAS
/Conferencia Veterinaria Latinoamericana
www.tlavc-peru.org
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 138, janeiro/fevereiro, 2019
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Eventos
IX Conferência de MVC – 2019 A IX Conferência Internacional de Medicina Veterinária do Coletivo será realizada no Auditório da Reitoria da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em João Pessoa, PB, durante os dias 23 e 24 de maio de 2019. A conferência objetiva promover a disseminação e o aprimoramento dos conhecimentos de medicina veterinária do coletivo, atualizando os profissionais nos mais modernos preceitos da área mediante a apresentação de experiências práticas e de estudos científicos nacionais e internacionais. Os temas que serão abordados no evento são: “Saúde única e SUS”; “Manejo popu-
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lacional de cães e gatos”; “Guarda responsável e legislação”; “Controle reprodutivo”; “Animais de companhia e riscos de agravos”; “Bem-estar animal”; “Teoria do elo (relação entre a violência interpessoal e os maus-tratos aos animais)”; “Medicina veterinária de abrigos”; “Interação humano-animal”. Mais informações no endereço: http://portal.itecbr.org/2018/07/01/conferencia-internacional-de-medicina-veterinaria-do-coletivo-23-e-24-de-maio-2019/. A submissão dos trabalhos vai até 31/1/2019, mas pode vir a ser prorrogada para 28/2/2019.
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 138, janeiro/fevereiro, 2019
Revista de educação continuada do clínico veterinário de pequenos animais
Central de assinaturas 11 98250-0016
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• Indexada na Web of Science - Zoological Record, no Latindex e no CAB Abstracts • Mais de 400 artigos científicos disponíveis no acervo digital • Versão digital com acesso através de versão para desktop aplicativos para iOs e Android • Biblioteca Veterinária: aplicativo para busca de conteúdo da revista Clínica Veterinária e outras facilidades
Vet agenda Clínica
15 de janeiro
Oncologia
23 e 24 de fevereiro
São Paulo, SP
Antibioticoterapia clínica: as bases racionais da terapia empírica https://goo.gl/z68nGt
São Paulo, SP
II Curso de Oncologia em Felinos https://goo.gl/t116cU
Belo Horizonte, MG
Curso Internacional de Neurologia Veterinária https://goo.gl/fAuuNz
5 a 7 de abril
Jaboticabal, SP
15 março a 7 junho
V Curso e III Simpósio Internacional de Cirurgia Oncológica e Reconstrutiva em Cães e Gatos https://goo.gl/awizw4
Jaboticabal, SP
Curso de Aperfeiçoamento em Clínica Médica de Cães e Gatos https://goo.gl/Pnjakx
24 a 29 de setembro
Dermatologia
Jaboticabal, SP
5 a 7 de julho
3º Curso de Aperfeiçoamento em Cirurgia Oncológica e Reconstrutiva em Cães e Gatos https://goo.gl/ZjCrTv
São Paulo, SP
I Curso de Dermatopatologia para Dermatologistas www.spvetschool.com.br
Neurologia
Fisioterapia
23 de fevereiro a 21 de julho
5 a 7 de julho
Jaboticabal, SP
São Paulo, SP
XV Curso Intensivo em Fisioterapia Veterinária https://fisiocarepet.com.br/cursos
IV Curso Teórico-Prático de Neurologia e Neurocirurgia de Cães e Gatos https://goo.gl/g8NnEr
Medicina veterinária do coletivo
23 e 24 de maio
João Pessoa, PB
Conferência Internacional de Medicina Veterinária do Coletivo 2019 https://goo.gl/GbgnxR
Ortopedia
4 e 5 de fevereiro
Caxias do Sul, RS
Curso Avançado de Tratamento de Fraturas Complexas www.lincevet.com.br
cronograma
premiação
Inscrições já estão abertas
- 1º LUGAR: ACVIM Forum – The American College of Veterinary Internal Medicine 2019 – Phoenix, Arizona
10/03/2019: fim das inscrições
(até 23h59, horário de Brasília)
19/04/2019: divulgação do resultado no site da PremieRpet®
regulamento . www.premierpet.com.br/5premio
+ informações premio@premierpet.com.br
96
13 e 14 de abril
(inscrição, passagem aérea, hospedagem, transporte e alimentação)
- 2º LUGAR: 40º Congresso Brasileiro da Anclivepa (inscrição, passagem aérea, hospedagem, transporte e alimentação)
- 3º LUGAR: Kindle + e-book Applied Veterinary Clinical Nutrition – Andrea J. Fascetti e Sean J. Delaney Os prêmios são para o orientado e o orientador.
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 138, janeiro/fevereiro, 2019
Vet agenda Ortopedia
Fevereiro de 2019 a janeiro de 2020
Jaboticabal, SP
IV Curso de aprimoramento em ortopedia de cães e gatos Módulos: Módulo 1 (23 e 24 de fevereiro de 2019): Introdução e princípios da cirurgia ortopédica. Módulo 5 (29 e 30 de junho de 2019): Fixadores esqueléticos externos. Módulo 6 (27 e 28 de julho de 2019): Cirurgias do joelho. Módulo 7 (24 e 25 de agosto de 2019): Cirurgias do quadril: Módulo 8 (21 e 22 de setembro de 2019): Cirurgias ortopédicas corretivas e artrodeses. Módulo 9 (19 e 20 de outubro de 2019): Cirurgias do cotovelo e ombro. Módulo 10 (23 e 24 de novembro de 2019): Complicações e enxertia. Módulo 11 (07 e 08 de dezembro de 2019): Reabilitação, dor e anestesia em pacientes ortopédicos. Módulo 12 (18 e 19 de janeiro de 2020): Fraturas e luxações da coluna vertebral. https://goo.gl/xekVzS
Semanas acadêmicas
Conferência Internacional de Medicina Veterinária do Coletivo 2019 https://goo.gl/GbgnxR
Latin American Veterinary Conference – LAVC 2019
14 a 16 de junho de 2019
Jaboticabal, SP
I Congresso Brasileiro de Ortopedia e Traumatologia de Pequenos Animais https://eventos.funep.org.br/Eventos/ Detalhes#/exibir/3289
16 a 19 de maio
Araçatuba, SP
XXV Semana de Estudos de Medicina Veterinária – SEMEV http://fb.com/semev.aracatuba
Feiras & Congressos
Rio de Janeiro, RJ Vets In Rio http://inrio.vet.br
Feira Super Pet http://feirasuperpet.com.br
Agenda internacional
19 a 23 de janeiro
Orlando, Florida, EUA
16 a 18 de maio
Acapulco, Guerrero
XXXVII Congreso Nacional de la Asociación Mexicana de Médicos Veterinarios Especialistas en Pequeñas Especies
http://ammvepe.mx/congreso.html
https://goo.gl/6tnyh4
WSA Veterinary Association Congress
1 a 3 de fevereiro
San Sebastián, España
VIII Congreso de Medicina Felina http://www.avepa.org/
Toronto, Canadá
http://goo.gl/muyX8t
7 a 9 de agosto
Pereira, Risaralda, Colombia
Congreso Veterinario de Colombia
12 de fevereiro
http://cvdc.com.co/
International Darwin Day
3 e 4 de outubro
http://darwinday.org
Buenos Aires, Argentina
22 e 23 de fevereiro
facebook.com/AveacaArg
Convetex – 1 congreso de medicina veterinaria de animales exoticos
40º Congresso Brasileiro da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (Anclivepa) http://anclivepadf.com.br
Télefono: 44109750 | 44163503
16 a 19 de julho
o
16 a 18 de maio
Buenos Aires, Argentina
Sevilla, Espanã
Santiago, Chile
FeiPet https://www.feipet.com.br/home/
http://www.colvet.es/node/5336
Jornadas Veterinárias de Editorial Intermédica
27 de fevereiro a 2 de março
Novo Hamburgo, RS
Murcia, España
Animal Health South America – Evento Internacional da Cadeia de Saúde e Nutrição Animal www.animalhealthsa.com
http://solarevents.ro/conferinte/2018/ hemodialivet/
26 a 29 de abril
https://goo.gl/xSm37j
12 e 13 de maio
São Paulo, SP
International Congress of Veterinary Nephrology & III The European Congress of Veterinary Nephrology
Campinas, SP
XVII Congreso de Especialidades Veterinarias
2 a 4 de outubro
Bucaresti, Romênia
2 a 4 de abril
Zaragoza, España
I Congreso Nacional de la Profesión Veterinaria
Newark, Delaware, EUA
28 a 30 de março
26 e 27 de abril
I Encontro de Doenças Infecciosas em Pequenos Animais https://www.facebook.com/gepa. jaboticabal
Curso para la Capacitación de Directores de Radiodiagnóstico
https://sacavet.com.br/
http://tlavc-peru.org/index.php
9 e 10 de maio
Jaboticabal, SP
19, 20, 26 e 27 de janeiro
XXIX SACAVET
Lima, Peru
13 a 15 de setembro
http://navc.com/conference
São Paulo, SP
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7 a 9 de abril
VMX: Veterinary Meeting & Expo
6, 7, 13 a 18 de abril
Brasília, DF
23 e 24 de maio
João Pessoa, PB
XX Congreso Nacional AVEACA 17 a 19 de outubro
Houston, Texas, EUA
2019 Veterinary Cancer Society Annual Conference https://goo.gl/vP5tvS
16 a 19 de outubro Las Vegas, Nevada, EUA 2019 ACVS Surgery Summit
contacto.convetex@gmail.com
https://goo.gl/CfU8GV
4 a 6 de abril
7 a 9 de novembro Sevilla, España Congreso Nacional Avepa – SEVC
Vicente López, Argentina Congreso AAAVRA 2019 aaavra.com.ar
https://goo.gl/oAiw7i
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 138, janeiro/fevereiro, 2019
Está chegando o grande encontro de VETERINÁRIOS E ACADÊMICOS!
PALESTRANTES DE VÁRIAS ESPECIALIDADES DE RENOME NACIONAL E INTERNACIONAL
PROGRAMAÇÃO ESPECIAL PARA ACOMPANHANTES
PROMOÇÃO POR TEMPO LIMITADO
TRIPLA INSCRIÇÃO: DESCONTO DE 25% DUPLA INSCRIÇÃO: DESCONTO DE 15%
VEM SIMBORA! E VISITE NOSSO SITE: WWW.CONIVET2019.COM.BR Participação e Apoio
Divulgação Oficial
Colaboração
Montadora/Apoio Local
Evento Paralelo
Organização
Local