46 Agressividade por dominância em cães – Comportamento
revisão
Anestesiologia
92
Anestesia em peixes – revisão de literatura Fish anesthesia – a review
Dominance agressiveness in dogs – review Agresividad por dominancia en perros – revisión
Anestesia en peces – revisión de la literatura
56
Reprodução
Histerocele inguinal em cadela com piometra – relato de caso Inguinal hysterocele with canine pyometra – case report
@
Na internet
Histerocele inguinal en perra con piometra – reporte de caso
Clínica
64
Polimiosite por Neospora caninum em um filhote de golden retriever – relato de caso
Polymyositis by Neospora caninum in a golden retriever puppy – a case report Polimiositis por Neospora caninum en un cachorro de Golden Retriever – relato de un caso
Cardiologia
72
Pericardiotomia percutânea com cateter-balão como tratamento de efusão pericárdica recidivante em um cão – relato de caso Percutaneous balloon pericardiotomy as a treatment for recurrent pericardial effusion in a dog – case report
Pericardiotomía percutánea con cateter con balón en el tratamiento de la efusión pericárdica recidivante en un perro – reporte de caso
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Odontologia
82
Adaptação de coroa metálica pré-fabricada em dente canino de onça-parda (Puma concolor) – relato de caso
Adaptation of a premade metal crown to the canine tooth of a cougar (Puma concolor) – case report Adaptación de una corona metálica pre fabricada en un diente canino de un puma (Puma concolor) – relato de caso 4
Contato
Editora Guará Ltda. Dr. José Elias 222 - Alto da Lapa 05083-030 São Paulo - SP, Brasil Central de assinaturas: 0800 887.1668 cvassinaturas@editoraguara.com.br Telefone/fax: (11) 3835-4555 / 3641-6845
Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 110, maio/junho, 2014
Bem-estar animal • Governador vai contra a Constituição Federal e
sanciona lei que dá ao rodeio o status de esporte oficial do Estado do Mato Grosso do Sul • Paz, amor e pit bulls • Maus tratos em exposição de cães • O texto mais lido da história do Vista-se • Objeção de consciência, desobediência civil e ação direta
Especialidades
12
• Evento internacional discute importância do controle da obesidade • Nova diretoria na SBCV • SPMV e SBDV promovem a dermatologia veterinária • Fórum de dermatologia
Animais selvagens
28
Saúde pública
30
Moçambique e África do Sul assinam acordo bilateral para tentar conter caça ilegal de rinocerontes BRASILEISH comenta pontos importantes da leishmaniose visceral canina no Brasil
6
Medicina veterinária legal
100
Comportamento
102
Pet food
104
Gestão, marketing e estratégia
106
Experiência com animais: opinião contrária
24
34
Medicina veterinária do coletivo
• A cidade sem seus bichos • Gatos ferais: quem são, como surgiram e qual a sua importância • UFPR entrega manifesto para a Frente Parlamentar em Defesa dos Animais da Câmara de Curitiba
Terapia Assistida por Animais (TAA)
CBNA Pet 2015 ocorrerá em Ribeirão Preto (SP)
Sua clínica está preparada? A Copa do Mundo está chegando...
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Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 110, maio/junho, 2014
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Arthur de Vasconcelos Paes Barretto
8
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Arthur de Vasconcelos Paes Barretto editor@editoraguara.com.br CRMV-MG 10.684 - www.crmvmg.org.br
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EDITORAÇÃO ELETRÔNICA / DESKTOP PUBLISHING Editora Guará Ltda.
CAPA / COVER: -
Golden retriever fotografado por Svetlana Valoueva
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O
Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, deveria ser um motivo para comemorarmos ações de desenvolvimento sustentável e conservação. Na prática, ainda há muito o que fazer. Na teoria, algumas conquistas são muito relevantes e, no futuro, poderão ser consideradas um marco na história mundial. Recentemente, na França, avança votação para que os animais sejam considerados pelo Códico Civil como sujeitos de direitos emocionais, ou seres sencientes – http://goo.gl/CnxK5I . Sonia Felipe, doutora em teoria política e em filosofia moral, destaca as consequências do movimento francês em prol dos direitos dos animais, que já obteve cerca de 700 mil assinaturas (http://goo.gl/lJgHn): “Ao conceder novo estatuto moral aos animais no Código Civil e reconhecê-los como sujeitos de direitos emocionais por serem seres sencientes, foi dado o primeiro passo para redefinir os direitos dos seres humanos em relação aos animais. Ninguém poderá mais fazer o que bem entender a qualquer animal, mesmo que se considere ‘seu dono’, porque a figura de ‘dono’ ou proprietário de um animal deixa de existir. Essa mudança no Código Civil francês, que data da era napoleônica, abole o estatuto de objetos ao qual os animais foram condenados indevidamente ao longo dos milênios. E o povo francês (89%) a vê como boa. A legislação atual do manejo de animais já reconhece que eles são seres sencientes, mas isso em nada alterou sua exploração e morte para consumo humano, pois o reconhecimento da senciência não leva automaticamente à abolição do estatuto de objeto de propriedade. É preciso que esse estatuto seja abolido juridicamente. E isso é o que a França fará, a partir do projeto que já foi aprovado por uma comissão parlamentar. Com o reconhecimento no Código Civil do estatuto de sujeitos de direitos emocionais e de não objetos de propriedade, a luta abolicionista vai prosseguir, agora amparada pela reformulação dos conceitos.” No Brasil, também caminhamos de forma semelhante. O deputado federal Ricardo Izar, presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Animais, está à frente do PL6799/2013, de 9/12/2013, que acrescenta parágrafo único ao art. 82 do Código Civil para dispor sobre a natureza jurídica dos animais domésticos e silvestres, e dá outras providências (http://goo.gl/ptP5rQ). Temos diversas situações em que os animais são tratados de forma desumana e cruel. Isso pode ser visto entre animais domésticos de todos os portes e também entre os animais silvestres. Por isso, esse projeto proposto por Ricardo Izar é muito importante. Uma frase do célebre francês Victor Hugo (1802-1885) mostra como o sofrimento imposto aos animais é antigo: “Primeiro foi necessário civilizar o homem em relação ao próprio homem. Agora é necessário civilizar o homem em relação à natureza e aos animais”. Que todos os movimentos em prol desse objetivo tenham avanço rápido e que qualquer sofrimento dirigido aos animais possa ser rechaçado.
Clínica Veterinária é uma revista técnico-científica bimestral, dirigida aos clínicos veterinários de pequenos animais, estudantes e professores de medicina veterinária, publicada pela Editora Guará Ltda. As opiniões em artigos assinados não são necessariamente compartilhadas pelos editores. Os conteúdos dos anúncios veiculados são de total responsabilidade dos anunciantes. Não é permitida a reprodução parcial ou total do conteúdo desta publicação sem a prévia autorização da editora. A responsabilidade de qualquer terapêutica prescrita é de quem a prescreve. A perícia e a experiência profissional de cada um são fatores determinantes para a condução dos possíveis tratamentos para cada caso. Os editores não podem se responsabilizar pelo abuso ou má aplicação do conteúdo da revista Clínica Veterinária.
Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 110, maio/junho, 2014
CONSULTORES CIENTÍFICOS Adriano B. Carregaro
Carlos Mucha
Francisco J. Teixeira N.
Juliana Brondani
Mary Marcondes
Alberto Omar Fiordelisi
Cassio R. A. Ferrigno
F. Marlon C. Feijo
Juliana Werner
Masao Iwasaki
FZEA/USP-Pirassununga FCV/UBA
Alceu Gaspar Raiser DCPA/CCR/UFSM
Alejandro Paludi FCV/UBA
Alessandra M. Vargas Endocrinovet
Alexandre Krause FMV/UFSM
Alexandre G. T. Daniel Universidade Metodista
Alexandre Lima Andrade
CMV/Unesp-Aracatuba
Alexander W. Biondo UFPR, UI/EUA
Aline Machado Zoppa FMU/Cruzeiro do Sul
Aline Souza UFF
Aloysio M. F. Cerqueira UFF
Ana Claudia Balda FMU, Hovet Pompéia
Ananda Müller Pereira
Universidad Austral de Chile
Ana P. F. L. Bracarense DCV/CCA/UEL
André Luis Selmi
Anhembi/Morumbi e Unifran
Angela Bacic de A. e Silva FMU
Antonio M. Guimarães DMV/UFLA
Aparecido A. Camacho FCAV/Unesp-Jaboticabal
A. Nancy B. Mariana FMVZ/USP-São Paulo
IVAC-Argentina
FMVZ/USP-São Paulo
Ceres Faraco FACCAT/RS
César A. D. Pereira UAM, UNG, UNISA
Christina Joselevitch FMVZ/USP-São Paulo
Cibele F. Carvalho UNICSUL
Clair Motos de Oliveira FMVZ/USP-São Paulo
Clarissa Niciporciukas ANCLIVEPA-SP
Cleber Oliveira Soares EMBRAPA
Cristina Massoco
Salles Gomes C. Empresarial
Daisy Pontes Netto FMV/UEL
Daniel C. de M. Müller UFSM/URNERGS
Daniel G. Ferro
FMVZ/Unesp-Botucatu UFERSA
Franz Naoki Yoshitoshi Provet
Gabriela Pidal FCV/UBA
Geovanni D. Cassali ICB/UFMG
Geraldo M. da Costa DMV/UFLA
Gerson Barreto Mourão ESALQ/USP
Hannelore Fuchs Instituto PetSmile
Hector Daniel Herrera FCV/UBA
Hector Mario Gomez EMV/FERN/UAB
Hélio Autran de Moraes Dep. Clin. Sci./Oregon S. U.
Hélio Langoni
FMVZ/UNESP-Botucatu
Heloisa J. M. de Souza
ODONTOVET
FMV/UFRRJ
Daniel Macieira
Herbert Lima Corrêa
FMV/UFF
Denise T. Fantoni FMVZ/USP-São Paulo
Dominguita L. Graça FMV/UFSM
Edgar L. Sommer PROVET
Edison L. P. Farias UFPR
Eduardo A. Tudury DMV/UFRPE
Elba Lemos
ODONTOVET
Iara Levino dos Santos
Koala H. A. e Inst. Dog Bakery
Iaskara Saldanha Lab. Badiglian
Idael C. A. Santa Rosa UFLA
Ismar Moraes FMV/UFF
Jairo Barreras FioCruz
FioCruz-RJ
Aury Nunes de Moraes Ayne Murata Hayashi
Fabiano Montiani-Ferreira João G. Padilha Filho
Beatriz Martiarena
Fabiano Séllos Costa
Benedicto W. De Martin
Fabricio Lorenzini
Berenice A. Rodrigues
Fernando C. Maiorino
Camila I. Vannucchi
Fernando de Biasi
Carla Batista Lorigados
Fernando Ferreira
Carla Holms
Filipe Dantas-Torres
FMVZ/USP-São Paulo
FMVZ/Unesp-Botucatu FCV/UBA
Jane Megid
Janis R. M. Gonzalez FMV/UEL
Jean Carlos R. Silva UFRPE, IBMC-Triade
FMVZ/USP-São Paulo
FMV/UFPR
FCAV/Unesp-Jaboticabal
FCV/UBA
DMV/UFRPE
UFRRJ
FMVZ/USP; IVI
FAMi
Médica veterinária autônoma
FEJAL/CESMAC/FCBS
FMVZ/USP-São Paulo
DCV/CCA/UEL
FMU
FMVZ/USP-São Paulo
Anclivepa-SP
CPAM
www.animalexotico.com.br
Provet
FMVZ/USP-Pirassununga
Univ. Estácio de Sá
Carlos Alexandre Pessoa Flávia R. R. Mazzo Carlos E. Ambrosio
Flavia Toledo
Carlos E. S. Goulart
Flavio Massone
Carlos Roberto Daleck
Francisco E. S. Vilardo
10
UEL
Karin Werther
FCAV/Unesp-Jaboticabal
Leonardo Pinto Brandão Ceva Saúde Animal
Leucio Alves FMV/UFRPE
Luciana Torres
FMVZ/USP-São Paulo
Lucy M. R. de Muniz FMVZ/Unesp-Botucatu
Luiz Carlos Vulcano FMVZ/Unesp-Botucatu
Luiz Henrique Machado FMVZ/Unesp-Botucatu
Marcello Otake Sato FM/UFTO
Marcelo A.B.V. Guimarães FMVZ/USP-São Paulo
Marcelo Bahia Labruna FMVZ/USP-São Paulo
Marcelo de C. Pereira FMVZ/USP-São Paulo
Marcelo Faustino
FMVZ/USP-São Paulo
Marcia Kahvegian FMVZ/USP-São Paulo
Márcia Marques Jericó UAM e UNISA
Marcia M. Kogika
FMVZ/USP-São Paulo
FMVZ/USP-Pirassununga
Estela Molina
FCAV/Unesp-Jaboticabal
Julio Cesar de Freitas
FMVZ/Unesp-Botucatu
Elisangela de Freitas
FTB
FMVZ/UFMG
UNB
Aulus C. Carciofi UESC
Julio C. C. Veado
FMV/UTP
Arlei Marcili
FCAV/Unesp-Jaboticabal
Lab. Werner e Werner
James N. B. M. Andrade Marcio B. Castro
Eliana R. Matushima
FMVZ/USP-São Paulo
FMVZ/Unesp-Botucatu
João Luiz H. Faccini João Pedro A. Neto UAM
Jonathan Ferreira Odontovet
Jorge Guerrero
Universidade da Pennsylvania
José de Alvarenga FMVZ/USP
Jose Fernando Ibañez FALM/UENP
José Luiz Laus
FCAV/Unesp-Jaboticabal
José Ricardo Pachaly
FMVZ/Unesp-Botucatu
Criadouro Ilha dos Porcos
UNIPAR
José Roberto Kfoury Jr. FMVZ/USP
Juan Carlos Troiano FCV/UBA
Marcio Brunetto
Marcio Dentello Lustoza
Biogénesis-Bagó Saúde Animal
Márcio Garcia Ribeiro FMVZ/Unesp-Botucatu
Marco Antonio Gioso FMVZ/USP-São Paulo
Marconi R. de Farias PUC-PR
CMV/Unesp-Araçatuba FMVZ/USP-São Paulo
Mauro J. Lahm Cardoso FALM/UENP
Mauro Lantzman Psicologia PUC-SP
Michele A. F. A. Venturini ODONTOVET
Michiko Sakate
FMVZ/Unesp-Botucatu
Miriam Siliane Batista FMV/UEL
Moacir S. de Lacerda UNIUBE
Monica Vicky Bahr Arias FMV/UEL
Nadia Almosny FMV/UFF
Nayro X. Alencar FMV/UFF
Nei Moreira CMV/UFPR
Nelida Gomez FCV/UBA
Nilson R. Benites
FMVZ/USP-São Paulo
Nobuko Kasai
FMVZ/USP-São Paulo
Noeme Sousa Rocha FMV/Unesp-Botucatu
Norma V. Labarthe FMV/UFFe FioCruz
Patricia C. B. B. Braga FMVZ/USP-Leste
Patrícia Mendes Pereira DCV/CCA/UEL
Paulo Anselmo Zoo de Campinas
Paulo César Maiorka FMVZ/USP-São Paulo
Paulo Iamaguti
FMVZ/Unesp-Botucatu
Paulo S. Salzo UNIMES, UNIBAN
Paulo Sérgio M. Barros FMVZ/USP-São Paulo
Pedro Germano FSP/USP
Maria Cecilia R. Luvizotto Pedro Luiz Camargo CMV/Unesp-Aracatuba
DCV/CCA/UEL
FMV/UFV
FMV/UFSM
FMV/UFF
Hovet Pompéia
M. Cristina F. N. S. Hage Rafael Almeida Fighera Maria Cristina Nobre M. de Lourdes E. Faria VCA/SEPAH
Maria Isabel M. Martins DCV/CCA/UEL
M. Jaqueline Mamprim FMVZ/Unesp-Botucatu
Maria Lúcia Z. Dagli FMVZ/USP-São Paulo
Marion B. de Koivisto CMV/Unesp-Araçatuba
Marta Brito
FMVZ/USP-São Paulo
Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 110, maio/junho, 2014
Rafael Costa Jorge Regina H.R. Ramadinha FMV/UFRRJ
Renata Afonso Sobral Onco Cane Veterinária
Renata Navarro Cassu Unoeste-Pres. Prudente
Renée Laufer Amorim FMVZ/Unesp-Botucatu
Ricardo Duarte Hovet Pompéia
Ricardo G. D’O. C. Vilani UFPR
Ricardo S. Vasconcellos
CAV/UDESC
Rita de Cassia Garcia FMVZ/USP-São Paulo
Rita de Cassia Meneses IV/UFRRJ
Rita Leal Paixão FMV/UFF
Robson F. Giglio
Hosp. Cães e Gatos; Unicsul
Rodrigo Gonzalez
FMV/Anhembi-Morumbi
Rodrigo Mannarino FMVZ/Unesp-Botucatu
Rodrigo Teixeira Zoo de Sorocaba
Ronaldo C. da Costa CVM/Ohio State University
Ronaldo G. Morato CENAP/ICMBio
Rosângela de O. Alves EV/UFG
Rute C. A. de Souza UFRPE/UAG
Ruthnéa A. L. Muzzi DMV/UFLA
Sady Alexis C. Valdes ICBIM/UFU
Sheila Canavese Rahal FMVZ/Unesp-Botucatu
Silvia E. Crusco UNIP/SP
Silvia Neri Godoy ICMBio/Cenap
Silvia R. G. Cortopassi FMVZ/USP-São Paulo
Silvia R. R. Lucass FMVZ/USP-São Paulo
Silvio A. Vasconcellos FMVZ/USP-São Paulo
Silvio Luis P. de Souza FMVZ/USP, UAM
Simone Gonçalves Hemovet/Unisa
Stelio Pacca L. Luna FMVZ/Unesp-Botucatu
Tiago A. de Oliveira UEPB
Tilde R. Froes Paiva FMV/UFPR
Valéria Ruoppolo
Int. Fund for Animal Welfare
Vamilton Santarém Unoeste
Vania M. de V. Machado FMVZ/Unesp-Botucatu
Victor Castillo FCV/UBA
Vitor Marcio Ribeiro PUC-MG, BRASILEISH
Viviani de Marco
UNISA e NAYA Especialidades
Wagner S. Ushikoshi
FMV/UNISA e FMV/CREUPI
Zalmir S. Cubas Itaipu Binacional
Instruções aos autores A Clínica Veterinária publica artigos científicos inéditos, de três tipos: trabalhos de pesquisa, relatos de caso e revisões de literatura. Embora todos tenham sua importância, nos trabalhos de pesquisa, o ineditismo encontra maior campo de expressão, e como ele é um fator decisivo no âmbito científico, estes trabalhos são geralmente mais valorizados. Todos os artigos enviados à redação são primeiro avaliados pela equipe editorial e, após essa avaliação inicial, encaminhados aos consultores científicos. Nessas duas instâncias, decidese a conveniência ou não da publicação, de forma integral ou parcial, e encaminham-se ao autores sugestões e eventuais correções. Trabalhos de pesquisa são utilizados para apresentar resultados, discussões e conclusões de pesquisadores que exploram fenômenos ainda não completamente conhecidos ou estudados. Nesses trabalhos, o bem-estar animal deve sempre receber atenção especial. Relatos de casos são utilizados para apresentação de casos de interesse, quer seja pela raridade, evolução inusitada ou técnicas especiais, que são discutidas detalhadamente. Revisões são utilizadas para o estudo aprofundado de informações atuais referentes a um determinado assunto, a partir da análise criteriosa dos trabalhos de pesquisadores de todo o meio científico, publicados em periódicos de qualidade reconhecida. As revisões deverão apresentar pesquisa de, no mínimo, 60 referências provadamente consultadas. Uma revisão deve apresentar no máximo até 15% de seu conteúdo provenientes de livros, e no máximo 20% de artigos com mais de cinco anos de publicação. Critérios editoriais Para a primeira avaliação, os autores devem enviar pela internet (cvredacao@editoraguara.com.br) um arquivo texto (.doc) com o trabalho, acompanhado de imagens digitalizadas em formato .jpg . As imagens digitalizadas devem ter, no mínimo, resolução de 300 dpi na largura de 9 cm. Se os autores não possuírem imagens digitalizadas, devem encaminhar pelo correio ao nosso departamento de redação cópias das imagens originais (fotos, slides ou ilustrações – acompanhadas de identificação de propriedade e autor). Devem ser enviadas também a identificação de todos os autores do trabalho (nome completo por extenso, RG, CPF, endereço residencial com cep, telefones e e-mail). Além dos nomes completos, devem ser informadas as instituições às quais os autores estejam vinculados, bem como seus títulos no momento em que o trabalho foi escrito. Os autores devem ser relacionados na seguinte ordem: primeiro, o autor principal, seguido do orientador e, por fim, os colaboradores, em sequência decrescente de participação. Sugere-se como máximo seis autores. Todos os artigos, independentemente da sua categoria, devem ser redigidos em língua portuguesa e acompanhados de versões em língua inglesa e espanhola de: título, resumo (de 700 a 800 caracteres) e unitermos (3 a 6). Os títulos devem ser claros e grafados em letras minúsculas – somente a primeira letra da primeira palavra deve ser grafada em letra maiúscula. Os resumos devem ressaltar o objetivo, o método, os resultados e as conclusões, de forma concisa, dos pontos relevantes do trabalho apresentado. Os unitermos não devem constar do título. Devem ser dispostos do mais abrangente para o mais específico (eg, “cães, cirurgias, abcessos, próstata). Verificar se os unitermos escolhidos constam dos “Descritores em Ciências de Saúde” da Bireme (http://decs.bvs.br/). Revisões de literatura não devem apresentar o subtítulo “Conclusões”. Sugere-se “Considerações finais”. Não há especificação para a quantidade de páginas, dependendo esta do conteúdo explorado. Os assuntos devem ser abordados com objetividade e clareza, visando o público leitor – o clínico veterinário de pequenos animais. Utilizar fonte arial tamanho 10, espaço simples e uma única coluna. As margens superior, inferior e laterais devem apresentar até 3 cm. Não deixar linhas em branco ao longo do texto, entre títulos, após subtítulos e entre as referências. No caso de todo o material ser remetido pelo correio, devem necessariamente ser enviados, além de uma apresen-
tação impressa, uma cópia em CD-rom. Imagens como fotos, tabelas, gráficos e ilustrações não podem ser cópias da literatura, mesmo que seja indicada a fonte. Devem ser utilizadas imagens originais dos próprios autores. Imagens fotográficas devem possuir indicação do fotógrafo e proprietário; e quando cedidas por terceiros, deverão ser obrigatoriamente acompanhadas de autorização para publicação e cessão de direitos para a Editora Guará (fornecida pela Editora Guará). Quadros, tabelas, fotos, desenhos, gráficos deverão ser denominados figuras e numerados por ordem de aparecimento das respectivas chamadas no texto. Imagens de microscopia devem ser sempre acompanhadas de barra de tamanho e nas legendas devem constar as objetivas utilizadas. As legendas devem fazer parte do arquivo de texto e cada imagem deve ser nomeada com o número da respectiva figura. As legendas devem ser autoexplicativas. Evitar citar comentários que constem das introduções de trabalhos de pesquisa para não incorrer em apuds. Procurar se restringir ao "Material e métodos" e às "Conclusões" dos trabalhos. Sempre buscar pelas referências originais consultadas por esses autores. As referências serão indicadas ao longo do texto apenas por números sobrescritos ao texto, que corresponderão à listagem ao final do artigo – autores e datas não devem ser citados no texto. Esses números sobrescritos devem ser dispostos em ordem crescente, seguindo a ordem de aparecimento no texto, e separados apenas por vírgulas (sem espaços). Quando houver mais de dois números em sequência, utilizar apenas hífen (-) entre o primeiro e o último dessa sequência, por exemplo cão 1,3,6-10,13. A apresentação das referências ao final do artigo deve seguir as normas atuais da ABNT 2002 (NBR 10520). Utilizar o formato v. para volume, n. para número e p. para página. Não utilizar “et al” – todos os autores devem ser relacionados. Não abreviar títulos de periódicos. Sempre utilizar as edições atuais de livros – edições anteriores não devem ser utilizadas. Todos os livros devem apresentar informações do capítulo consultado, que são: nome dos autores, nome do capítulo e páginas do capítulo. Quando mais de um capítulo for utilizado, cada capítulo deverá ser considerado uma referência específica. Não serão aceitos apuds (Citação direta ou indireta de um autor a cuja obra não se teve acesso direto. É a citação de “segunda mão”. Utiliza-se a expressão apud, que significa “citado por”. Deve ser empregada apenas quando o acesso à obra original for impossível, pois esse tipo de citação compromete a credibilidade do trabalho). A exceção será somente para literatura não localizada e obras antigas de difícil acesso, anteriores a 1960. As citações de obras da internet devem seguir o mesmo procedimento das citações em papel, apenas com o acréscimo das seguintes informações: “Disponível em: <http://www.xxxxxxxxxxxxxxx>. Acesso em: dia de mês de ano.” Somente utilizar o local de publicação de periódicos para títulos com incidência em locais distintos, como, por exemplo: Revista de Saúde Pública, São Paulo e Revista de Saúde Pública, Rio de Janeiro. De modo geral, não são aceitas como fontes de referência periódicos ou sites não indexados. Ocasionalmente, o conselho científico editorial poderá solicitar cópias de trabalhos consultados que obrigatoriamente deverão ser enviadas. Será dado um peso específico à avaliação das citações, tanto pelo volume total de autores citados, quanto pela diversidade. A concentração excessiva das citações em apenas um ou poucos autores poderá determinar a rejeição do trabalho. Não utilizar SID, BID e outros. Escrever por extenso “a cada doze horas”, “a cada seis horas” etc. Com relação aos princípios éticos da experimentação animal, os autores deverão considerar as normas do SBCAL (Sociedade Brasileira de Ciência de Animais de Laboratório). Informações referentes a produtos utilizados no trabalho devem ser apresentadas em rodapé, com chamada no texto com letra sobrescrita ao princípio ativo ou produto. No rodapé devem constar o nome comercial, fabricante, cidade e estado. Para produtos importados, informar também o país de origem, o nome do importador/distribuidor, cidade e estado
Revista Clínica Veterinária / Redação Rua dr. José Elias 222 CEP 05083-030 São Paulo - SP cvredacao@editoraguara.com.br
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BEM-ESTAR ANIMAL
Governador vai contra a Constituição Federal e sanciona lei que dá ao rodeio o status de esporte oficial do Estado do Mato Grosso do Sul
E
m 24 de março de 2014, o governador do Estado do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, sancionou a Lei n. 4.477 http://goo.gl/zXYvbO, que considera esporte oficial em Mato Grosso do Sul todo evento de rodeio e de rodeio universitário. A iniciativa do governador fere o Art. 225 da Constituição Federal http://goo.gl/zaRrL - e está na contramão das tendências mundiais, pois no mundo inteiro cresce a aversão pelo uso indevido dos animais em qualquer situação em que se possa constatar o abuso e os maus-tratos. Além disso, rotular a atividade como esporte está longe de transformá-la em algo saudável, pois as evidências científicas mostram detalhadamente o sofrimento dos animais. O artigo “Bases metodológicas e neurofuncionais da avaliação de ocorrência de dor/sofrimento em animais” (http://goo.gl/0WT7D5) tem como primeiro autor a dra. Irvênia L. de S. Prada, professora titular de anatomia (emérita) da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP), e mais quatro colaboradores, sendo um deles o dr. Flávio Massone, professor titular voluntário de anestesiologia do Departamento de Cirurgia e Anestesiologia da Faculdade de Medicina Veterinária, Unesp/Botucatu-SP. A dra. Prada é uma profunda conhecedora de neuroanatomia, e o dr. Massone é especialista de renome, sendo referência nacional quando o assunto é dor e anestesia. Apenas a presença desses dois autores no artigo já é motivo de atenção e respeito ao seu conteúdo. Porém, há mais três autores de importante contribuição, pois atuam na área de zoologia, na cirurgia e na reprodução de grandes 12
RODEIO De que lado você está?
http://youtu.be/soSJOOum65o
Lei n. 4.477, que considera esporte oficial em Mato Grosso do Sul todo evento de rodeio e de rodeio universitário
animais. Afinal, o sedém, polêmico artefato utilizado em equinos e bovinos, pressiona a região inguinal (virilha), que é particularmente sensível e que, quando estimulada, prontamente desencadeia reações de defesa, por relacionar-se à presença ou à vizinhança de estruturas importantes para os mecanismos comportamentais de autopreservação (sobrevivência) e de perpetuação da espécie (reprodução). Consciência nos animais Na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, cientistas reunidos em julho de 2012 (Francis Crick Memorial Conference 2012) apresentaram evidências científicas da existência da consciência nos animais: http://fcmconference.org . Ou seja, os animais também são capazes de experimentar todos os sentimentos que os seres humanos vivenciam, como, por exemplo, dor, saudade, fome, sede, frio, compaixão, estresse, desespero, angústia e felicidade.
Por isso, são considerados seres sencientes. RODEIO - de que lado você está? é um documentário que busca informar sobre a triste realidade a que os animais são submetidos e estimular cada vez mais as pessoas a tomarem consciência de que não devemos sentir satisfação com o sofrimento alheio, e que a nossa desaprovação a essas crueldades podem ser determinantes para a sua extinção, de forma abrangente e nacional.
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BEM-ESTAR ANIMAL
Paz, amor e pit bulls
Paz, amor e pit bulls. É possível! http://www.peaceloveandpitbulls.org
U
ma raça canina muito abandonada é o pit bull. Há vários exemplares dessa raça nos diversos centros de controle de zoonoses e nos abrigos mantidos por organizações não governamentais. Geralmente, o pit bull é visto como um cão agressivo e perigoso. A verdade é que ele pode ser perigoso, mas também pode ser muito amigo e amoroso. Peace, Love and Pit Bulls (PLP), instituição mantida de forma muito criativa e original por Tino, mostra justamente o lado amigo e amoroso dos pit bulls. Tino desenvolve atividades que promovem a socialização e a interação de pit bulls entre si, entre outras raças e entre os seres humanos. Muito do que é feito por Tino está registrado Atividades de socialização promovidas em seus vídeos. Alguns por Tino por meio da PLP são muito engraçados e emocionantes, e ao mesmo tempo compartilham importantes conceitos para o convívio natural e tranquilo com os cães. São, portanto, muito educativos. Tino faz um trabalho surpreendente com uma raça estigmatizada e vista como violenta, usando como receita uma fórmula excepcional: paz, amor e pit bulls. Confira alguns vídeos que selecionamos para Kissing Bouth 2013 – Perdendo o medo da água – compartilhar e tire você http://youtu.be/UVEVB_mxmOU http://youtu.be/0OWMaDdCT5U mesmo suas impressões.
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BEM-ESTAR ANIMAL
Maus-tratos em exposição de cães
C
omo o próprio nome já diz, as caixas de transporte são construídas para transportar os animais. De acordo com as normas das empresas fabricantes, é muito importante saber as medidas do cão, para que a caixa de transporte seja adequada ao seu tamanho. Ela deve ter altura suficiente para que o animal possa ficar em pé sem abaixar a cabeça, e a largura deve permitir que ele possa dar uma volta em torno do próprio eixo. É injustificável e inaceitável a permanência de animais que não estejam sendo transportados dentro de caixas destinadas exclusivamente para essa finalidade, e inadmissível que não sigam as recomendações de tamanho. Porém, nas exposições de cães, os proprietários dos animais participantes muitas vezes não levam pessoal suficiente para cuidar daqueles que não estão na pista se exibindo. Assim, enquanto alguns dos animais estão na pista, os expositores mantêm os outros nessas caixas. Dessa forma, eles não conseguem se locomover e não têm meios de fugir. A utilização indevida de caixas de
transporte (pelo fato de os animais não estarem viajando e pelo tamanho inadequado das caixas), verificada em diversas exposições e, particularmente, na exposição de cães que ocorreu nos dias 21, 22 e 23 de fevereiro, em São Roque, SP, caracteriza maus-tratos aos animais, pois os priva da liberdade de movimento. Segundo o artigo 32 da Lei Federal n. 9.608/98 (Lei de Crimes Ambientais), isso constitui crime passível de pena de detenção de seis meses a um ano. De uma forma geral, os expositores afirmam que os animais permanecem pouco tempo nas caixas de transporte, mas não foi o que se constatou em São Roque, SP, na exposição em questão. Além disso, o estresse provocado pelo calor e o desconforto eram evidentes, mesmo com a utilização de ventiladores. De acordo com a Sociedade Mundial de Proteção aos Animais (WSPA), principal organização do mundo nessa categoria, os critérios das cinco liberdades (Farm Animal Welfare Council, 2003) determinam que os animais têm o direito de viver:
A utilização de expens é a forma correta de conter os cães por longos períodos durante a realização de exposições
A utilização de caixas de transporte de maneira incorreta caracteriza a privação da liberdade de movimento necessária à espécie canina
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• livres de fome e sede; • livres de desconforto; • livres de dor, ferimentos e doenças; • livres de medo e angústia; • livres para expressar seu comportamento natural. Essa lista é de grande utilidade para uma rápida identificação de situações que comprometem o bemestar animal, isto é: qualquer situação que cause medo, dor, desconforto, ferimento, doença ou angústias comportamentais. A manutenção forçada de animais em caixas de transporte viola pelo menos três das cinco liberdades: provoca desconforto e angústia e os impede de expressar seu comportamento natural (locomoção). A WSPA reitera que todos os animais de propriedade ou sob cuidados do homem devem ser mantidos em condições apropriadas às necessidades de sua espécie. Quando as necessidades fisiológicas e comportamentais de uma espécie não puderem ser atendidas, os animais não devem ser mantidos em cativeiro. Nenhuma cidade deveria permitir a realização de eventos nos quais os cães fossem submetidos a condições como essas. Porém, na prática, isso ainda pode ser amplamente observado, e caracteriza maus-tratos aos animais, que sempre devem ser reprimidos e denunciados com base na Lei Federal n. 9.605/98. Situações como essa registrada em São Roque, SP, uma vez constatadas, não deveriam ter reincidência. Cabe ao Centro de Controle de Zoonoses da cidade, entidade local competente para fiscalizar as atividades do gênero, coibir todo tipo de maus-tratos, bem como denunciar às autoridades todos aqueles que insistirem em não cumprir as normas relativas ao bem-estar dos animais.
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BEM-ESTAR ANIMAL
O texto mais lido da história do Vista-se O Vista-se nasceu em 9 de maio de 2007 e, desde então, o principal objetivo deste site é divulgar a filosofia de vida vegana. Em quase oito anos, nunca um texto foi tão lido, “curtido” e comentado como o que falou sobre alguns pontos do veganismo questionados por Roger Moreira, vocalista do Ultraje a Rigor, durante programa "The Noite com Danilo Gentili": foram mais de 27.500 curtidas. Publicado na coluna de Fabio Chaves (Vista-se) no portal de notícias da Rede Record, o R7, o texto “O ultraje de Roger – o que ele não entendeu sobre o veganismo” obteve mais de 80 mil visitas e mais de 27 mil “curtidas” na página, além de quase 200 comentários. Tudo isso em poucos dias. Nas redes sociais, especialmente no Facebook, o texto foi compartilhado milhares de vezes. Por outro lado, na seção de entretenimento do UOL, foi publicado um texto com declarações de Roger Moreira sobre o ocorrido no programa comandado por Danilo Gentili. Porém, a repercussão das declarações de Roger nesse texto é insignificante, pois em 21 de abril de 2014, ainda estava abaixo das 400 “curtidas”, contra mais 27.500 de Fábio Chaves. Vegetarianos e veganos O número de vegetarianos e veganos cresce muito, dia a dia. O documentário A carne é fraca, produzido pelo Instituno Nina Rosa, já foi responsável pela mudança de costumes de muitas pessoas. Em 1908, foi criada a União Vegetariana Internacional (IVU), quando da realização do primeiro congresso mundial vegetariano em Dresden, Alemanha. A idéia de criar a IVU foi proposta pela sociedade vegetariana francesa. O primeiro congresso foi organizado conjuntamente pela sociedade britânica e a sociedade vegetariana de Dresden com apoio da Vegetarier-Bund Deutschland. 18
The Noite com Danilo Gentili, entrevista a convidada Luisa Mell, em 10/04/2014, no qual as declarações de Roger inspiraram a resposta do ativista Fábio Chaves, que gerou o post mais repercutido do Vista-se, com mais de 27.000 curtidas - http://youtu.be/eUNJZzyW26E
Confira o artigo de Fábio Chaves: http://goo.gl/hu6NA1 Confira também: 70% das doenças modernas são de origem animal e grande parte delas ligadas à pecuária, afirma ONU em novo relatório http://goo.gl/cWQsxk A dieta sem ingredientes de origem animal é a que causa menor impacto ao meio ambiente http://goo.gl/wkyTtA
Desde então inúmeros Congressos Mundiais têm sido realizados em todo o mundo. Em setembro de 2013, a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB http://www.svb.org.br) realizou em Curitiba, PR, na Universidade Federal do Paraná (UFPR), o Vegfest - 4º Congresso Vegetariano Brasileiro.
Um dos números compartilhados durante o congresso foi o de vegetarianos no Brasil: 17,5 milhões http://goo.gl/a3JqrL . Na Europa, pesquisa realizada com suecos revelou que 1 em cada 10 suecos é vegano ou vegetariano. Quem trabalha com atendimento público não deve ficar alheio a essas informações.
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Campanha SEGUNDA SEM CARNE - descubra novos sabores presente na Prefeitura de São Paulo e promovendo benefícios para 937 mil alunos - http://goo.gl/gusFfH
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BEM-ESTAR ANIMAL
Objeção de consciência, desobediência civil e ação direta* Na filosofia política temos três conceitos ligados à luta pela justiça baseada na liberdade, na igualdade e na busca da própria felicidade: o da objeção de consciência, o da desobediência civil e o da ação direta. Sigo nessa ordem para considerar o peso e o alcance de cada um. A objeção de consciência é um direito individual, assegurado pela Constituição para resguardar a liberdade de expressão quando os conceitos ou concepções morais de uma cidadã ou de um cidadão estão configurados de modo a se chocarem com os conceitos gerais considerados comuns a todas as pessoas, quando de fato não o são. Para dar um exemplo: os veganos ou defensores dos direitos animais podem entrar com a objeção de consciência para não participarem das aulas de vivissecção em seus cursos universitários. Se a pessoa é de uma religião que não admite que se exerça qualquer ofício ou atividade não religiosa aos sábados, ela pode alegar objeção de consciência e recusar-se a prestar aquele serviço nesse dia. Se uma pessoa pertence a uma religião que proíbe tocar em armas, ela pode alegar objeção de consciência e recusar-se a prestar o serviço militar. Cada caso é analisado com base nos direitos e deveres que a Constituição impõe. Isso não é nada fácil de resolver, mas acaba sendo resolvido. No caso da desobediência civil, a pessoa se recusa a fazer algo que todas as demais fazem, não para obter benefício para si, como no caso da objeção de consciência, mas para conscientizar o Estado e a sociedade civil de que uma determinada prática institucional – por exemplo, o desmatamento de uma área de preservação para cultivar grãos e cereais a fim de sustentar animais que *Fonte: Pensata animal – http://www.pensataanimal.net/
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serão mortos para consumo humano – não combina com o restante dos princípios apregoados pela Constituição democrática, de defesa tanto dos animais quanto dos ecossistemas naturais. A desobediência civil é a recusa de cumprir uma lei para com isso chamar a atenção da sociedade para um fato ou uma prática institucional que fere os princípios éticos, políticos ou democráticos do país no qual a pessoa que “desobedece civilmente” reside. A desobediência civil tem força quando o desobediente é uma pessoa respeitada na sociedade, com autoridade moral para despertar a solidariedade da sociedade enquanto enfrenta a ira do Estado (podendo chegar a ser presa) por descumprir a lei. Mas vejam: o descumprimento da lei não pode trazer para a pessoa qualquer benefício, senão o peso moral de seu ato perde força junto à sociedade e perante a justiça. O primeiro caso de desobediência civil conhecido e registrado na história democrática foi o do autor do livro Walden, Henry David Thoreau, filósofo, escritor, poeta e naturalista norte-americano que se recusou a pagar os impostos anuais quando o coletor passou em sua casa para recolhê-los. Ele havia decidido que não financiaria mais com seus impostos o sistema escravagista norte-americano, porque a Constituição dos Estados Unidos (United States Bill of Rights) declarava que todos os homens eram iguais, entretanto, tratava os negros como não sendo da espécie humana. A pena para quem não pagasse impostos era a privação de liberdade. Thoreau se recusou a pagar e explicou ao coletor a razão da sua decisão. O coletor ficou em dificuldades, porque Thoreau era um homem conhecidíssimo, muito querido, e tinha amigos muito importantes. Como levar aquele
Desobedecendo. A desobediência civil e outros escritos http://goo.gl/lUjgpn
homem digno para a cadeia? Thoreau acabou sendo preso e depois de sair da cadeia, redigiu vários textos, entre eles, “A desobediência civil” e outros que foram agrupados no livro Desobedecendo. A desobediência civil & outros escritos (versão em português publicado pela Editora Rocco em 1984, que traz apresentação de Fernando Gabeira, introdução e tradução de José Augusto Drummond. A obra também contém os textos: “A vida sem princípio”, “Caminhando”, “A escravidão em Massachusetts” e trechos escolhidos de Uma semana nos rios Concord e Merrimack. É o texto mais antigo, escrito no século XIX, sobre as razões que podem e devem levar um homem de bem a desobedecer a uma lei, não para se projetar ou ganhar algo com isso, mas para chamar a atenção da sociedade e do Estado para alguma questão de ordem moral ou política negligenciada por esse ou da qual ele se beneficie, contrariando o que ele mesmo reza em sua carta máxima, a Constituição. A terceira figura é a da ação direta. Em uma democracia, supõe-se, nenhuma prática institucional deve violar os princípios democráticos
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assentados como pilares do regime político para reger as relações entre todos os cidadãos e cidadãs. Vou definir o que é uma prática institucional, para que o raciocínio possa ser bem acompanhado: é toda prática costumeira, organizada, prevista, conhecida e ordenada por leis com aprovação da sociedade e do Estado. Assim, a ação direta é uma intervenção para chamar a atenção da sociedade civil sobre esses costumes, mesmo que eles estejam amparados por lei. Para classificar uma ação como direta, é preciso que a prática que ela visa abolir seja conhecida e aprovada por todos, não exatamente porque a prática seja algo bom, mas porque todo mundo ainda está convencido de que ela não tem mal nenhum ou mesmo é necessária (um mal necessário). Mas, bem o sabemos, à medida que as pessoas se tornam cada vez mais conscientes da qualidade e do teor dos princípios que elas devem seguir para terem seus direitos guardados pelo Estado, elas também se dão conta de que muito do que é praticado no dia a dia contraria os princípios que essa sociedade apregoa como sendo seus pilares. Em outras palavras, ela se dá conta de que muita coisa, moralmente falando, é só da boca para fora, como era a igualdade norte-americana de todos os homens que deixava os negros de fora. Se a igualdade é o princípio básico constitucional, tratar as pessoas desigualmente, por conta de seu sistema reprodutor (machismo e sexismo), da quantidade de melanina na pele (racismo), da origem étnica ou territorial (xenofobia), da religião, da sua expressão sexual (homofobia, transfobia), da sua renda familiar (classismo), de sua espécie (especismo) etc., são práticas preconceituosas que geram a distribuição injusta dos bens materiais e imateriais, patrimônio e matrimônio dessa sociedade (sim, porque não pertencem só aos homens, pertencem também às mulheres, ou não?). Se a não violência é um princípio moral que deve reger as relações dos
seres humanos com o restante dos seres sencientes (passíveis de serem considerados pessoas mesmo que não pertençam à espécie humana), então qualquer gesto que derrote a integridade, a saúde, a liberdade de ir e vir e a vida mesma de qualquer dos seres em apreço, humanos ou não humanos, fere de morte a base da paz social. Para os defensores dos direitos dos animais, o princípio da igualdade do direito à vida e à liberdade para expressar seu espírito de acordo com a singularidade da espécie animal na qual nasce e o não aprisionamento ou privação de quaisquer meios necessários a essa expressão são direitos de todos os animais, não apenas dos seres humanos. Platão e Rousseau são dois filósofos políticos que reconheceram que uma república genuína e uma democracia genuína admitiriam os animais em igualdade de condições para viverem sua vida compartilhando-a com os seres humanos, sem serem submetidos a quaisquer práticas institucionais que favoreçam os interesses dos seres humanos em detrimento dos seus interesses. Mas e quando o resto da sociedade sequer parou para pensar que a questão dos animais não é mais uma questão confinada aos porões, não é mais uma questão confinada às baias, aos galpões de criação, aos laboratórios de experimentação, às jaulas dos circos e zoos, das fazendas de criação de peles, mas uma questão ética que todos os seres humanos devem redefinir? É justo ou legítimo intervir diretamente para libertar os animais do confinamento ao qual estão condenados? Se as pessoas não se interessam em defender os interesses dos outros, considerando que é suficiente que seus interesses pessoais não sejam pisados, os animais não humanos continuam lá, sofrendo os terrores da vida que não se destina nunca a viver, mas a morrer em dor e agonia. No entender de John Rawls, filósofo político que tratou da questão no livro Uma teoria da justiça, a
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desobediência civil não visa obter ganhos para si, e sim para o grupo que sofre a discriminação e a injustiça. Peter Singer também segue essa posição no livro Ética prática. A segunda exigência de uma ação desobediente genuína é que o ato desobediente sirva para mostrar ao resto da sociedade, à justiça, aos políticos adormecidos no confinamento de seus gabinetes e redutos eleitorais que está havendo uma contradição entre aquela prática institucionalizada e os princípios constitucionais em vigor, e que isso precisa ser corrigido. A desobediência civil deve vir acompanhada de outros atos de esclarecimento e educação, todos assegurados como direito pela Constituição, atos esses cujo escopo deve ser dar visibilidade à injustiça em questão e mobilizar a sociedade para o debate e a revisão de tal prática discriminatória e injusta até que ela seja abolida. Pode levar décadas até que as desobediências surtam o efeito desejado. A ação direta é uma espécie de boicote ativo que visa a abolição de uma prática, sem achar que ela será abolida imediatamente, pois só é alvo de tais ações a prática verdadeiramente institucionalizada, quer dizer, a que tem raízes espalhadas por toda a cultura de consumo daquela sociedade. Quem não pode participar de atos de ação direta tem o recurso do boicote passivo. Esse é o ato da cidadã ou do cidadão que se recusa a agir (geralmente, consumir) quando sua ação resulta em algo de que discorda. Por exemplo: discorda de matar animais para servir de comida a seres humanos ou a outros animais. Não come nem compra carnes. Discorda de manter animais confinados em espaço apropriado para seres humanos, mas não para seres de outras espécies, pois isso implica ter de matar animais ou pagar para que os matem, para dar de comer aos seus. Não compra nem adota animais para estima. Não concorda que os animais tenham que ser escalpelados vivos. Não compra roupas que tenham pedaços de peles de 21
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animais. Não concorda que coelhos e beagles sejam torturados em testes de produtos cosméticos. Não compra maquiagem nem cremes. Não concorda que animais aquáticos sejam aprisionados em aquários ou em parques para a diversão de seres humanos. Não visita zoos nem aquários. Quando quer ver animais, assiste a filmes da BBC ou do Planeta Terra. E assim por diante. O boicote animalista é a atitude na qual a cidadã ou o cidadão se recusa a consumir animais, pois isso lhes custa a liberdade e encurta a vida, duas coisas que ninguém deseja para si. Mas o boicote pouco mexe com o sistema que institucionaliza tais práticas, a menos que ele seja uma ação coletiva. Daí, sim, tem uma força descomunal, porque parando o consumo, para a matança. A Bélgica acaba de triturar uma tonelada e meia de marfim, pondo fim ao direito de se comprar qualquer peça esculpida com a presa do elefante assassinado para que ela fosse extraída. Essa foi a forma direta e correta de o governo belga sinalizar sua posição política e moral em relação à matança dos elefantes na África para suprir desejos triviais humanos, como ter um piano com teclas de marfim, um trono real de marfim, estátuas religiosas de marfim, joias de marfim etc. A ação direta, por outro lado, é um ato de intervenção civil em uma determinada prática, resultando na impossibilidade de ela continuar a existir no momento seguinte no local onde a intervenção aconteceu. E – eis o nó da questão! – ela é uma ação sempre pontual, sem poder para levar à interrupção daquela prática em todos os locais similares, justamente porque essa prática ainda está instituída na sociedade, nas leis e nas convicções da sociedade. E é isso que precisa ser desconstruído. A ação direta vai chamar a atenção para a injustiça de tal prática institucionalizada, mas não vai acabar com a prática no ato. Defensores de animais entram em um laboratório e resgatam de lá os animais usados em testes: 22
Ação coletiva: 1,7 toneladas de marfim foram trituradas na Bélgica. Assista ao vídeo. Acesse o link http://youtu.be/Ua6i2qQO7Ck
ação direta de salvamento daqueles indivíduos. Defensores de animais resgatam animais transportados para os abatedouros e os levam para santuários: ação direta de salvamento daqueles indivíduos. Defensores de baleias bloqueiam a passagem dos baleeiros japoneses para impedir a morte das baleias naquela temporada. O resultado é que a vida daquelas baleias que ali estão é poupada. O resultado imediato das intervenções diretas, obviamente, não é o fim dessa prática em todos os lugares onde ela ocorre. O objetivo pode ser esse, mas o que resulta dessa ação direta particular ainda não o alcança. O resultado imediato da ação direta é o salvamento daquele grupo de animais, a sua repercussão na mídia, o debate sobre o assunto que finalmente é levantado, o ato que é criticado ou aprovado, os argumentos que são arrebanhados para sustentar a prática ou para sustentar sua abolição. E o que fica é mesmo um marco que provoca a discussão do assunto. Daquele momento em diante, o modo de conceber os direitos dos animais sofre mudanças. Isso é o que a ação direta deve almejar. E ela pode ser necessária por décadas, como é o caso da intervenção dos defensores das baleias na caça japonesa a elas. Por décadas a
prática institucionalizada foi interrompida pelos animalistas. Somente neste ano de 2014 a caça foi suspensa. Quem antes nunca havia pensado no assunto agora pensa. Ou critica, ou apoia. Esse é o resultado mais palpável da ação direta. Esse é o seu poder. Se a grande imprensa se mostra indiferente a determinado assunto, se é imprensa chapa-branca, que só divulga a mesmice que não interessa a não ser a quem obtém lucros com a inércia moral da sociedade de consumo, uma ação direta dá uma chacoalhada na desatenção jornalística para com os problemas éticos do nosso tempo. E se ela não carreia violência, pouco a pouco o tema que ela põe na pauta de discussões passa a ser tratado com seriedade. Então, sim, pode-se começar a construir um novo modo de ver aquele conceito, e a prática institucional terá que ser revista e abolida. Mas e quanto aos riscos? Esses, sim, o ativista que escolhe a ação direta como estratégia militante tem a responsabilidade de calcular, porque o ato dele terá consequências não apenas midiáticas, mas também desdobramentos morais e repercussão política na sociedade, além de riscos materiais. É nesse espelho, o da avaliação dos impactos morais e dos riscos, que as ações diretas precisam ser coordenadas. Caso contrário, resultarão apenas em ações de vândalos, como a grande imprensa, na pressa habitual e atendendo às ordens dos patrões, seus anunciadores, costuma tachar os ativistas diretos, até prova em contrário. Sônia T. Felipe - felipe@cfh.ufsc.br
Doutora em Teoria Política e Filosofia Moral, pela Universidade de Konstanz, Alemanha. Coordena o Laboratório de Ética Prática, do Departamento de Filosofia da UFSC; é professora e pesquisadora do Programa de Graduação e Doutorado Interdisciplinar em Ciências Humanas, da UFSC; é membro Permanente do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa e do Bioethics Institute da Fundação Luso-americana para o Desenvolvimento, Lisboa. Currículo Lattes: http://goo.gl/BvPwpj
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ESPECIALIDADES
Evento internacional discute importância do controle da obesidade
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os dias 25 e 26 de março de 2014, na cidade de La Grande-Motte, Sul da França, a Royal Canin promoveu a 5ª edição do Vet Business Forum. Com a participação de mais de 300 médicos veterinários de 40 países, o evento teve como tema central a obesidade, enfermidade cada vez mais frequente entre cães e gatos e que pode reduzir em dois anos a expectativa de vida dos animais. As estratégias para a abordagem e o envolvimento dos proprietários com o programa de controle de peso dos animais constituíram um dos temas apresentados pelos especialistas. Palestrantes ilustres como dr. Alex German (Universidade de Liverpool), dr. Philippe Balaron (Phylum Consulting), dr. Pere Mercader (Veterinary Management
Studies), dra. Antje Blättner (Vetkom), dra. Cindy Adams (Universidade Calgary, Alberta, Canada), dr. Peter Lancaster e dra. Kinga Jakubowska (Royal Canin) realizaram excelentes palestras em dois auditórios simultaneamente. Durante os intervalos, os participantes puderam visitar um show room contendo as últimas inovações e soluções da Royal Canin para auxiliar o médico veterinário no tratamento da obesidade. Alessandra Vargas (Endocrinovet) destacou: “Desde 2005, a união de esforços entre Royal Canin e a Universidade de Liverpool permitiu a criação da primeira clínica dedicada ao tratamento da obesidade em pets, referência no mundo, possibilitando a investigação e pesquisas que já renderam mais de 20 publicações científicas de extrema relevância”.
Delegação brasileira presente no Vet Business Forum (da esquerda para a direita): André Luís Santos (Endocrinovet-SP), Alessandra Vargas (Endocrinovet-SP, ABEV), Flávia Tavares (VetCare), Denise Simões (All Care) e Martin Hofling (Royal Canin do Brasil)
Nova diretoria na SBCV
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Sociedade Brasileira de Cardiologia Veterinária (SBCV) realizou, em 23 de março de 2014, no Anfiteatro da Unicsul – campus Liberdade, o II Colóquio Cardiológico, que abordou o tema “Síndrome cardiorrenal”. Contando com a participação de renomados cardiólogos e nefrólogos (dra. Valéria Marinho Costa de Oliveira (IVI/PetCare), dra. Kátia Mitsube Tárraga (UAM), dr. Luís Felipe Neves dos Santos (Kether/Goldfeder & Santos), dra. Márcia Mery Kogika (USP) e dr. Júlio César Cambraia Veado (UFMG), foram discutidos alguns pontos sobre esse polêmico tema, que gera muitas dúvidas, principalmente no que tange ao tratamento e ao controle dessa complicada afecção. Após o debate, foi iniciado o coquetel de posse da nova diretoria da
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SBCV, triênio 20142017, oferecido aos sócios e demais presentes. A nova diretoria é composta pela chapa Mantendo o ritmo, que se propõe, entre outras diretrizes, a continuar expandindo a cardiologia por todo o país, como já vem fazendo por meio dos cursos oferecidos pelas regionais da SBCV, e também a manter o número de cursos realizados em São Paulo, onde fica sua sede. Dessa maneira, assim como fez na gestão passada, na qual houve um aumento significativo e exponencial de sócios, a nova diretoria da SBCV espera continuar crescendo e disseminando novos conhecimentos da especialidade. SBCV: http:www.sbcv.com.br
Evento brinda a nova diretoria.
DIRETORIA SBCV (triênio 2014-2017): Presidente: Guilherme Teixeira Goldfeder Vice-Presidente: Lilian C. Petrus de Camargo 1a secretária: Paula Hiromi Itikawa 2º secretário: Caio Nogueira Duarte 1a diretora científica: Patrícia P. C. Chamas 2a diretora científica: Jacqueline R. de Castro 1a tesoureira: Cássia C. Santiago dos Santos 2a tesoureira: Valéria Marinho C. de Oliveira 1a diretora social: Cristina Torres Amaral 2º diretor social: Matheus Matioli Mantovani 1º diretor de regionais: Luis F. N. dos Santos 2º diretor de regionais: André M. Gimenes 1a diretora de publicidade: Priscylla R. R. Melo 2a diretora de publicidade: Ariane M. Mazini
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ESPECIALIDADES
SPMV e SBDV promovem a dermatologia veterinária
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ecentemente, de 24 a 26 de abril, a Sociedade Brasileira de Dermatologia Veterinária (SBDV) realizou, em São Paulo, SP, o II Encontro Internacional de Dermatologia Veterinária. O evento contou com a participação da profa. associada Laura Ordeix, membro do Colégio Europeu de Dermatologia Veterinária. O evento contou com temário envolvendo enfermidades de cães e gatos e também com a discussão de casos clínicos complicados. Além da oportunidade da atualização científica, os participantes receberam pontuação para a obtenção e perpetuação do título de especialista em dermatologia veterinária. Dermatologia felina
Os interessados em medicina felina terão uma nova oportunidade de obter atualização
científica em dermatologia veterinária, mais especificamente, em dermatologia felina. Trata-se do I Simpósio de Dermatologia Felina, a ser realizado em São Paulo de 31 de maio a 1º de junho de 2014, na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP). O simpósio é uma promoção da Sociedade Paulista de Medicina Veterinária (SPMV) em conjunto com a SBDV. A participação conjunta da SBDV é muito importante, pois permite que o evento também gere pontuação para a obtenção e perpetuação do título de especialista em dermatologia veterinária. O simpósio contará com o seguinte temário: • Crioterapia em dermatopatias felinas, com o prof. dr. Ronaldo Lucas (Anhembi-Morumbi); • Dermatozoonoses - Dermatofitoses, com a M.V. Aline Santana (mestranda na FMVZ/USP);
• Dermatozoonoses - Esporotricose, com a profa. dra. Ana Claudia Balda (FMU); • Dermatoses vesicobolhosas, com a M.V. Júlia Só Severo (mestranda na FMVZ/USP); • Alergopatias tegumentares felinas, com o M.V. Ms. Paulo Sérgio Salzo (FMV Anhanguera); • Dermatoses eosinofílicas, com a M.V. Ms. Angela Veloso Yasbek (HOVET Santa Inês); • Micobacteriose tegumentar, com a M.V. Ms. Simoni Maruyama (autônoma); • Formulações oficinais em dermatopatias felinas, com o M.V. Ms. Carlos E. Larsson Junior (Hovet USP); • Oncoterapia em neoplasias tegumentares felinas, com a profa. dra. Silvia R. Ricci Lucas (FMVZ/USP). Inscrições: http://www.spmv.org.br (11) 3209-9747 / 3207-4505
Fórum de dermatologia A Virbac do Brasil criou um fórum de dermatologia no qual está compartilhando com clínicos veterinários casos clínicos ilustrados com fotos e comentados pelo prof. dr. Ronaldo Lucas. O conteúdo Envie sua dúvipode ser consultado em sua da para o prof. dr. página na internet. Para partiRonaldo Lucas cipar do fórum, é necessário realizar um cadastro simples. Os médicos veterinários cadastrados também têm acesso aos materiais exclusivos para consulta, bulas, informes, manuais de aplicação e outras informações. Esse canal criado pela Virbac do Brasil permite que os clínicos compartilhem suas dúvidas e encontrem as melhores soluções. Fórum de dermatologia: http://www.virbac.com.br/forum 26
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ANIMAIS SELVAGENS
Moçambique e África do Sul assinam acordo bilateral para tentar conter caça ilegal de rinocerontes
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o dia 17 de abril de 2014, os governos de Moçambique e África do Sul assinaram um acordo bilateral para combater o extermínio de rinocerontes. Na região de fronteira da África do Sul com Moçambique está um dos parques naturais mais importantes do mundo, o Kruger Park, com uma área de 20 mil km2. Ele foi criado em 1926 e abriga mais de 500 espécies de aves, 112 de répteis e 150 de mamíferos, sendo refúgio natural de elefantes e rinocerontes-brancos e negros. A caça ilegal de rinocerontes é incentivada por costumes orientais sem fundamentos científicos. Na China, acredita-se que os chifres têm poderes afrodisíacos, e no Vietnã, que eles podem curar o câncer. O jornalista brasileiro Dimas Marques publicou no site Fauna News a notícia
intitulada “Jackie Chan na luta contra a matança de rinocerontes pelo chifre” – http://goo.gl/VOMEdb. Marques conta que Jackie Chan é um ator chinês extremamente carismático e de alta popularidade em todo o mundo, sendo conhecido por seus filmes, em que exibe habilidades como lutador de artes marciais. “E ele mostrou saber usar essa qualidade a favor de uma boa causa: está participando de uma campanha pelo fim da caça de rinocerontes por traficantes de chifres. Esse comércio ilegal e cruel tem na China e no Vietnã seus principais mercados, e está dizimando as cinco espécies do
animal que habitam a Ásia (três espécies) e a África (duas espécies)”, destacou Marques. O Fauna News também compartilha uma versão do vídeo Tools of the trade, com legendas em espanhol. Dimas Marques também publicou na revista Horizonte Geográfico n. 139 a matéria “A morte pelo chifre” – http://horizontegeografico.com.br/ exibirMateria/1293, na qual descreve a situação crítica de todas as espécies de rinocerontes. O próximo Congresso da Associação Mundial de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (39th WSAVA – http://goo.gl/CkA2AE) será na África do Sul, de 16 a 19 de setembro de 2014. Os congressistas que optarem por uma visita ao Kruger Park poderão encontrar rinocerontes sem chifres. Eles foram removidos por veterinários do parque como medida adotada para que os rinocerontes não sejam caçados e seja Jackie Chan faz campanha pela vida dos possível preservá-los na natureza. rinocerontes – http://youtu.be/-78bhxGUwBw
Rinocerontes pelo mundo na IUCN Red List – http://www.iucnredlist.org 28
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SAÚDE PÚBLICA
Brasileish comenta pontos importantes da leishmaniose visceral canina no Brasil
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as dúas últimas edições da revista Clínica Veterinária o tema da leishmaniose visceral esteve em evidência e foit tema de envio de carta do Conselho Federal de Medicina Ve t e r i n á r i a (CFMV) para a revista Clínica Veterinária, a qual foi publicada na edição anterior (n. 109 - http://goo.gl/oFLG3d), juntamente com reflexões que colocamos junto ao texto enviado pelo CFMV. Na época, convidamos o CFMV a colocar considerações sobre a prevenção da leishmaniose visceral canina e também sobre a participação dos clínicos veterinários nas discussões sobre o tema. Esse convite também foi estendido ao Brasileish, que prontamente se mostrou interessado em fornecer importantes informações sobre o tema, os quais compartilhamos a seguir. 1) Que medidas de prevenção devem ser utilizadas: repelentes e/ou vacinação canina? Qual a sua importância? Como e quando devem ser prescritas? Há experiências de ações de prevenção envolvendo cães de comunidades específicas?
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rasileish: Existe uma grande verdade na saúde individual ou pública: “é melhor prevenir que remediar”. Nesse sentido, não pode haver dúvida de que devemos enfatizar a necessidade da aplicação de medidas preventivas. É evidente que defender a morte dos animais não é prevenir, pois mesmo que se argumente 30
que isso previne a leishmaniose humana, essa afirmação não é corroborada pelas publicações científicas. Dentre as medidas preventivas, estudos estatísticos demonstram inequivocamente que o controle do vetor e a vacinação dos cães são medidas mais eficientes, além de contarem com maior apoio comunitário, em detrimento da eliminação canina, por motivos lógicos (Dye, 1996; Romero e Boelaert, 2010; Massad et al., 2013). As ações contra o vetor devem compreender a adoção de medidas ambientais (saneamento e limpeza dos jardins), de proteção individual (telas nas portas e janelas, mosquiteiros impregnados com inseticidas em áreas de alta transmissão), e o uso de inseticidas no ambiente em situações especiais (risco de epidemias e transmissão intradomiciliar). Nos cães, a utilização de pipetas de permetrina e de coleiras impregnadas com deltametrina deveriam ser distribuídas gratuitamente, especialmente em áreas empobrecidas e de alto risco (Ferroglio et al., 2008; Ribeiro et al., 2012). Além do controle do vetor, deveria ser implementada, de forma sistemática e pública, a vacinação contra a leishmaniose visceral canina. Os estudos de fase III das vacinas Leishmune e LeishTec foram apresentados e aprovados pelo Ministério da Agricultura, e o Ministério da Saúde já publicou sua aprovação para a vacina LeishTec. Essas atitudes, seguidas de campanhas públicas contra o vetor e de vacinação dos cães contra a leishmaniose visceral, seriam mais dignas e coerentes como ações de controle. 2) Atualmente, o CFMV possui uma comissão de saúde pública formada por alguns especialistas
(relacionados a seguir conforme página do CFMV na internet). Nota-se a falta de clínicos. O Brasileish saberia dizer se alguma Anclivepa ou faculdade já tentou colaborar oferecendo ao CFMV especialistas (clínicos) para compor a comissão nacional de saúde pública? COMISSÃO NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA VETERINÁRIA - CNSPV Presidente: M.V. Celso Bittencourt dos Anjos | http://goo.gl/9PxcGG | CRMV-RS 1664 Membros: M.V. Aurélio Belém de Figueiredo Neto – CRMV-SE 0036
M.V. Lúcia Regina Montebello Pereira http://goo.gl/f2mOaW | CRMV-PI 0199 M.V. Marcelo Jostmeier Vallandro http://goo.gl/ji0bxA | CRMV-RS 7715 M.V. Roberto Francisco Lucena http://goo.gl/uHjEj0 | CRMV- RS 4716 M.V. Sthenia dos Santos Albano Amora http://goo.gl/bf93Wp | CRMV-RN 0710
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rasileish: Há cerca de 18 anos, o CRMV-MG, na gestão do dr. Fernando Cruz Laender, iniciou corajosa discussão sobre a ocorrência da leishmaniose visceral em Minas Gerais, especialmente em Belo Horizonte. Na ocasião, todas as partes envolvidas, a saber: Anclivepa-MG, Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Secretaria de Saúde de Minas Gerais e o próprio Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Minas Gerais (CRMVMG) participaram dos estudos e discussões. Já naquela ocasião foi solicitada ao CFMV a formação de grupos de estudos sobre o tema em caráter nacional. Na gestão seguinte do CRMV-MG, presidida pelo dr. Marcílio Magalhães Vaz de Oliveira, novamente foram convidados médicos veterinários de todos os segmentos para discussão do tema. Desse grupo foram escritos dois documentos, um pelos colegas que buscavam justificar a eliminação canina para o controle da doença e outro pelos colegas que defendiam o tratamento e a preservação dos cães. Os dois documentos
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foram enviados ao CFMV, junto com a solicitação de que o CFMV acolhesse nas comissões clínicos veterinários que discutissem o assunto. É estranho, porque durante esse período, os clínicos veterinários (Anclivepa) participavam de várias reuniões no Ministério da Saúde sobre a questão do tratamento canino, e sempre havia algum colega indicado pelo
CFMV para o acompanhamento dos trabalhos, entre eles os doutores René Dubois, Ênio Gomes da Silva e Júlio César Cambraia Veado. Esse trabalho conjunto, em 2006, gerou uma portaria
que orientava o tratamento canino da LV, portaria essa que foi recebida e divulgada pelo CFMV a todos os CRMVs, mas que não foi assinada pelo Ministério da Saúde (portaria apócrifa - http://goo.gl/p0KScj). Já o Brasileish – Grupo de Estudo sobre Leishmaniose Animal (http://www.brasileish.com.br) enviou, em 26 de outubro de 2012,
Ao Senhor Dr. Benedito Fortes Arruda, Presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária, e demais Presidentes dos Conselhos Regionais de Medicina Veterinária
veterinários, não deveríamos permitir que os animais sejam mortos em vão, com diagnósticos incorretos dados por profissionais de outras áreas. Muitas são as publicações nacionais e internacionais que destacam os erros de diagnóstico e as milhares de mortes de animais sem nenhum efeito no controle da doença (Alves & Bevilacqua, 2004; Romero e Boelaert, 2010; Costa, 2011; DantasTorres et al., 2012). Ainda que a eliminação do cão gerasse resultados que a justificasse, ficaria sob nossa responsabilidade o questionamento ético dessa conduta. O tratamento da leishmaniose canina com medicamentos não usados para o tratamento da leishmaniose humana (e.g., alopurinol) é, inclusive, recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS, 2010). Têm sido divulgadas em todo o Brasil notícias de eliminação canina em massa e, recentemente, foi divulgada eliminação felina em massa. Isso ocorreu na cidade de Três Lagoas, Mato Grosso do Sul. Não existe diagnóstico preciso para a infecção felina e nem dados científicos que suportem a eliminação de gatos como medida de controle.
Perguntamos se não é nosso papel, através de nossos Conselhos de classe, investigar o que vem ocorrendo. Que estirpe de pessoas e profissionais podem sujeitar a sociedade a esse tipo de atitude, matando animais baseados em diagnósticos não validados e sem conhecer sequer qual papel representam os felinos na epidemiologia da doença no Brasil. Solicitamos ao senhor Presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária e demais Presidentes dos Conselhos Regionais de Medicina Veterinária, uma ação coordenada e imediata no sentido de proteger os cidadãos, através da recomendação de práticas efetivas de controle (e.g., controle de vetores e vacinação) que levem em conta as premissas científicas, que respeitem a vida dos animais e, principalmente, que protejam efetivamente a saúde humana. Atenciosamente,
Prezados Doutores, O BRASILEISH – GRUPO DE ESTUDOS EM LEISHMANIOSE ANIMAL, formado por médicos veterinários, dirige-se as Vossas Senhorias e a toda a classe de Medicina Veterinária do Brasil, com o objetivo de pleitear que nosso órgão maior, de nossa honrada profissão, assuma a liderança na defesa da sociedade, contra a indiscriminada eliminação de cães, que a cada dia assume proporções mais alarmantes. Já não são poucas as publicações, das quais algumas anexamos a essa mensagem, que questionam a eliminação de cães no Brasil. O número de casos humanos e a expansão da doença confirmam que esse método não tem justificativa científica ou prática e não pode ser defendido pela profissão que jura proteger a vida humana, através da defesa da animal. Nós, médicos
BRASILEISH – GRUPO DE ESTUDOS EM LEISHMANIOSE ANIMAL Dr. Vitor Márcio Ribeiro - Presidente CRMV MG 1883 Outubro / 2012
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SAÚDE PÚBLICA
correspondência registrada ao CFMV e a todos os CRMVs denunciando a inconsistência científica da eliminação canina em massa, a publicação de trabalhos que demonstravam a pouca confiabilidade dos métodos diagnósticos empregados para a infecção canina e a ocorrência na cidade de Três Lagoas, MS, de eliminação felina, em nome da leishmaniose visceral. Essa correspondência informava também que o tratamento canino estava divulgado e recomendado pela própria Organização Mundial de Saúde (OMS, 2010). O Brasileish solicitava ao CFMV “... uma ação coordenada e imediata no sentido de proteger os cidadãos, por meio da recomendação de práticas efetivas de controle (controle de vetores e vacinação) que levem em conta as pre-
missas científicas, que respeitem a vida dos animais e, principalmente, que protejam efetivamente a saúde humana...” Em outubro de 2013, foi enviada ao CFMV nova correspondência que citava a anterior (não respondida) e que anexava novos trabalhos científicos demonstrando a ineficácia da eliminação canina em massa para o controle da leishmaniose visceral (LV); informava novidades do Worldleish 5, V Congresso Mundial de Leishmanioses, ocorrido no Brasil; anexava a decisão do ministro Joaquim Barbosa mantendo a liminar que suspende a portaria que proíbe tratamento dos cães com LV; invocava o papel do CFMV de proteger a ética profissional na defesa da vida animal e humana, e terminava com o seguinte parágrafo:
“... O Brasileish, que busca pautar-se em ciência e ética, se coloca à disposição para contribuir, pois muito deve ser feito para preservar a saúde em nossa sociedade (Ribeiro et al., 2013)...”. Também não recebemos, até o momento, nenhuma resposta. Lembramos que o Brasileish é composto somente por médicos veterinários, a maioria dos quais doutores ligados a universidades e órgãos de pesquisa, destacando-se em publicações e estudos sobre os diversos aspectos da leishmaniose animal. O Brasileish possui estreito contato com o Leishvet, grupo de médicos veterinários europeus especialistas em leishmaniose animal, todos destacados pesquisadores de diversas universidades europeias http://www.leishvet.info.
Ao Presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária Dr. Benedito Fortes Arruda e demais Presidentes dos Conselhos Regionais de Medicina Veterinária
que ao menos seja comprovado que essas mortes possam proteger a vida humana. O respeito à vida animal e ao seu bem estar é nosso juramento. O tratamento e controle de suas doenças são de nossa exclusiva responsabilidade. Essa é uma das funções que, dentro da lei, só podem ser exercidas pelo médico veterinário. Apresentamos aos senhores que o tratamento da leishmaniose visceral em cães é exercido em todo o mundo, ensinado nas universidades, em livros de medicina veterinária e artigos científicos. Apesar dessas evidencias, as atitudes de controle da leishmaniose visceral não sofreram modificações. Os órgãos oficiais mantêm a orientação pela eliminação dos animais e os métodos de diagnostico não melhoraram. As implicações de comportamentos avessos às evidencias pelos setores públicos também está publicada em artigo na Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (Anexo 7 – Costa, 2012). Ficou evidente nos debates ocorridos durante o WORLDLEISH 5, Congresso Mundial de Leishmanioses, realizado no Brasil, que a eliminação canina em massa é ineficiente, além de anti-ética. Não são os Conselhos profissionais os zeladores do exercício ético da profissão? Entretanto, o tratamento canino, por força da Justiça Federal, está autorizado. Em recente decisão do Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal, dr. Joaquim Barbosa, foi preservado ao médico veterinário o direito de tratar cães com leishmaniose visceral. Anexamos todo o teor da decisão assinada em 08 de outubro de 2013, assinada pelo Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal para conheci-
mento dos senhores (Anexo 8 – Decisão do Supremo Tribunal Federal – 08/10/2013). Lamentamos que, até agora, nosso nobre Conselho Federal de Medicina Veterinária e os demais Regionais, não se tenham posicionado a favor da sociedade, contra a eliminação em massa dos cães, que em nada contribuiu para a expansão da doença humana, e a favor do atendimento responsável dos animais infectados ou doentes, preservando suas vidas, essenciais a milhares de famílias brasileiras e sem oferecer riscos aos seus proprietários. Solicitamos ao senhor Presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária e demais Presidentes dos Conselhos Regionais de Medicina Veterinária, ações coordenadas e imediatas para esclarecer e proteger os cidadãos, indicando práticas de controle da leishmaniose visceral que levem em conta as premissas científicas, respeitem a vida dos animais e, principalmente, protejam efetivamente a saúde humana. Além disso, solicitamos que seja aclamado o direito inalienável do médico veterinário de tratar os animais, garantindo a eles bem estar e zelando pela saúde humana. O BRASILEISH, que busca pautar-se em ciência e ética, se coloca à disposição para contribuir, pois muito deve ser feito para preservar a saúde em nossa sociedade (Anexo 9 – Ribeiro et al., 2013)
Prezados Doutores, O BRASILEISH – GRUPO DE ESTUDOS EM LEISHMANIOSE ANIMAL, composto por médicos veterinários, em 26 de outubro de 2012, enviou aos senhores correspondência registrada, onde pleiteava que os órgãos fiscalizadores do exercício profissional assumissem a liderança na defesa da sociedade contra a indiscriminada eliminação de cães que ocorria e ainda ocorre no Brasil, em nome do controle da leishmaniose visceral (Anexo 1 - Carta ao CFMV e Conselhos Regionais de Medicina Veterinária do Brasil – enviada em 26/10/2012). Na ocasião, anexamos à nossa correspondência publicações cientificas que destacavam erros de diagnostico da infecção nos cães, além da ineficácia da prática da eliminação canina como forma de controle da leishmaniose visceral em humanos (Anexos 2, 3, 4 e 5 - Alves & Bevilacqua, 2004; Romero e Boelaert, 2010; Costa & Vieira, 2011; Dantas-Torres et al., 2012). Estudo matemático publicado recentemente reafirma o que vem sendo demonstrado pela ciência; a eliminação canina não é medida prioritária, eficaz e muito menos essencial para o controle da leishmaniose visceral (Anexo 6 - Massad et al. 2013). Reiteramos que nenhuma outra profissão existente tem maior responsabilidade com a vida animal que a Medicina Veterinária e, assim, não podemos permitir que milhares de animais sejam mortos sem
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Atenciosamente, BRASILEISH – GRUPO DE ESTUDOS EM LEISHMANIOSE ANIMAL Dr. Vitor Márcio Ribeiro - Presidente CRMV MG 1883 Outubro / 2013
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MEDICINA VETERINÁRIA DO COLETIVO
A cidade sem seus bichos
A biofobia cosmopolita e seu impacto na fauna urbana
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O medo e a insegurança (além do menor custo de limpeza e manutenção) fez com que gramados inteiros de calçadas, praças, parques e mesmo quintais fossem sendo todos cimentados, e suas áreas teladas ou gradeadas. Defensivos e inseticidas são utilizados ostensivamente, muitas vezes pela própria prefeitura, sem estudo algum do impacto ambiental. Estamos transformando os grandes centros urbanos em “selvas de pedra” dominadas pelo concreto, asfalto e construções cada vez mais refratárias à flora e à fauna que originalmente abundavam nesses locais, num passado não muito distante. Sapos, pererecas e vagalumes vão aos poucos se limitando às histórias de nossos avós e transformando-se em lendas urbanas das grandes capitais do país, reduzindo dessa forma os serviços ecossistêmicos e a capacidade de resiliência do ambiente urbano natural. O problema é que por sobre a cobertura impermeável de concreto e asfalto, renasce a cada temporal o curso original dos rios que cruzavam a cidade, causando enchentes cada vez maiores e mais frequentes. Até poucas décadas atrás havia lavadeiras no vale do rio Anhagabaú, no centro da cidade de São Paulo, que sofre constantemente com alagamentos e enchentes. Na fauna não tem sido diferente, pois as aves nativas e os morcegos vêm sendo aos poucos substiEspécies animais domésticas e selvagens fazem tuídos por aves invasoras parte da dinâmica do ecossistema urbano. e exóticas, muito menos Desenho de Fernando Gonsales. Capa da cartilha visadas e mais adaptadas “A cidade e seus bichos” (Biondo AW e Molento às sobras de alimento da CM, 2010) – http://goo.gl/s8J4Zl vida metropolitana inerte. biofobia (bio, vida + phobus, medo) é definida como o medo de todas as coisas vivas, fenômeno cada vez mais atual em grandes cidades onde as formas de vida animais estão sendo sistematicamente realocadas e as vegetais gradativamente substituídas por asfalto e concreto. O medo da queda de galhos e árvores após chuvas e temporais sobre veículos, muros e casas fez com que grandes copas vegetais e seus troncos centenários fossem cortados, substituindo as alamedas por calçadas de cimento cobertas apenas por postes e fios. O medo de enchentes fez com que rios inteiros fossem canalizados (pondo fim à fauna e à flora ribeirinhas) e “piscinões” subterrâneos fossem construídos para armazenar as águas rápidas das chuvas que o chão das ruas e calçadas já não consegue mais absorver.
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Com uma grande concentração de pessoas que espalham comida para alimentá-los, Copacabana é um dos bairros cariocas que mais sofrem com a presença de pombos, além de o alimento favorecer também a proliferação de ratos e baratas. Os ácaros, provenientes das penas desses pombos, podem causam alergias e dermatites, e as fezes úmidas podem conter fungos e outras bactérias. Nesse cenário, a saúde única fica comprometida nos seus três pilares: a saúde humana, com idosos em risco, a saúde animal, com pombos sem manejo, e a saúde ambiental, com praças cobertas de ácaros e fezes. Algumas pessoas consideram esses animais como fauna sinantrópica, capazes de causar danos à saúde humana como “pragas urbanas”, numa abordagem biocida da saúde pública, animal e ambiental. Na verdade, o termo “fauna sinantrópica” (“sin”, com e “antropo”, ser humano) representa o conjunto de animais que vivem perto dos seres humanos, particularmente nas cidades, devido à oferta peridomiciliar do que precisam para sobreviver (água, alimento, abrigo, acasalamento e acesso). A fauna sinantrópica é constituída de ratos, pombos, cobras, morcegos, gambás, aranhas, escorpiões, baratas, mosquitos, formigas, pulgas, abelhas e vespas, mas por definição deveria incluir todos os animais que habitam a cidade, sendo polêmico o uso do termo para designar essas espécies animais como “nocivas” à saúde. Isso porque algumas dessas espécies ajudam a saúde das plantas (como morcegos e abelhas) e a combater os insetos que podem trazer doenças (como morcegos, aranhas e escorpiões), e mesmo assim são exterminadas cotidianamente em nossas cidades. Os morcegos invadem
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Várias espécies de morcegos não hematófagos possuem hábitos insetívoros, carnívoros e frugívoros, controlando insetos, pequenos roedores e auxiliando na polinização e dispersão de sementes. Desenho de Fernando Gonsales. Ilustração da cartilha “A cidade e seus bichos” (Biondo AW e Molento CM, 2010) – http://goo.gl/s8J4Zl
noturnamente as ruas do bairro carioca da Penha em busca das amendoeiras, e os moradores pedem desesperadamente a poda das árvores e a retirada dos animais, pois “invadem apartamentos, defecam na rua e sobre as casas, aterrorizam as pessoas e representam um risco real de doenças transmissíveis”. Capivaras aparecem em lagos de parques e condomínios de grandes cidades onde as respectivas prefeituras, movidas pelo medo dos seus munícipes, as tratam como potenciais reservatórios de doenças e/ou criadouro de carrapatos em vez de providenciar o manejo e a sanidade adequados. Como os gatos, os ratos, os gambás e os morcegos têm hábitos noturnos, muitas vezes não vemos essa parcela da fauna urbana que nos rodeia, a menos que atinja grandes populações. Num país de clima tropical com centenas de espécies nativas de aves, pequenos roedores e insetos, o impacto de populações de predadores como gatos ferais e gambás na fauna nativa local dos grandes centros urbanos é preocupante. O medo de animais domésticos soltos nas ruas pode contribuir para o 36
processo “abiota” dos grandes centros. Fomentado por munícipes, gestores, protetores independentes e organizações não governamentais de proteção animal, o medo de que cães, gatos e outros animais domésticos possam
ficar desprotegidos nas ruas leva ao seu constante resgate, mesmo estando em boas condições de saúde e adaptados aos seus locais habituais. Os animais comunitários talvez tenham melhor qualidade de vida e mais oportunidades em locais de circulação pública, mesmo sob riscos, quando comparados aos tantos abrigos animais com centenas de cães e gatos brigando entre si, sem cuidados adequados e sem perspectivas de adoção. O medo se estende também para a fauna silvestre nativa, pois papagaios, periquitos, gambás e cobras acabam sendo capturados, apreendidos, atendidos e soltos em matas de outras cidades, muitas vezes em reservas de outras regiões, mesmo tendo sido encontrados em áreas de ocorrência histórica, como praças e parques naturais da cidade. Esse efeito “tira daqui e solta em outro lugar” pode causar a médio prazo uma emigração forçada de animais, um dos quatro fatores de diminuição das populações (queda de nascimentos e imigrações associadas ao aumento de mortalidade e emigrações).
Fauna sinantrópica (“sin”, com e “antropo”, ser humano) indica o conjunto de animais que vivem próximos aos seres humanos, e é polêmico o uso do termo para definir espécies animais “nocivas” à saúde. Desenho de Fernando Gonsales. Ilustração da cartilha “A cidade e seus bichos” (Biondo AW e Molento CM, 2010) – http://goo.gl/s8J4Zl
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MEDICINA VETERINÁRIA DO COLETIVO Mas nem tudo são más notícias. Várias capitais convivem pacificamente e sem medo com uma crescente fauna doméstica e silvestre, como tucanos, papagaios, cotias, macacos, bichos-preguiça, tatus e tamanduás. Programas institucionais de cães e gatos comunitários são cada vez mais frequentes e ganham o apoio de suas comunidades, que cuidam desses animais como parte da sua família. A nova abordagem parceira e municipalizada do Ibama permite uma soltura desburocratizada e imediata – após o tratamento e a microchipagem – de animais silvestres nativos em praças e parques da própria cidade. Em várias cidades do mundo a tecnologia tem tornado os asfaltos permeáveis, os rios vêm sendo aos poucos descanalizados, suas margens revitalizadas e a fauna e a flora ribeirinhas reconstituídas e monitoradas; finalmente, o concreto de quintais, praças e calçadas vem sendo quebrados para dar lugar a árvores e antigos gramados. Em resumo, temos que viver em harmonia com os animais da nossa cidade, quer sejam domésticos,
domesticados, silvestres, exóticos ou nativos. Se surgirem problemas, temos que buscar soluções técnicas para tais situações e oferecer sanidade e manejo adequados, de modo a
Filhote de veado pardo (Mazama guoazoumbira) capturado em pátio de empresa metalúrgica pela polícia militar ambiental, tratado pelo Departamento de Fauna de Curitiba e aguardando para ser solto no Parque Lago Azul, numa parceria com o IBAMA no Paraná. (Março de 2014)
compatibilizar a coexistência pacífica e saudável do ser humano, dos animais e do meio ambiente que os cerca. A medicina veterinária do coletivo, a zootecnia e a biologia são particularmente estratégicas nesse contexto, pois trabalham com a dinâmica de populações animais que muitas vezes não têm assistência veterinária e se encontram sob condições crônicas de maus-tratos e abandono.
Alexander Welker Biondo MV, MSc, PhD. Departamento de Medicina Veterinária da UFPR - Universidade Federal do Paraná. Diretor do Departamento de Pesquisa e Conservação da Fauna da Prefeitura de Curitiba abiondo@illinois.edu Jorge Augusto Callado Afonso Biólogo, MSc. Presidente do Conselho Regional de Biologia do Paraná / CRBio-7 / PR Superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) no Paraná jorgecalladoa@uol.com.br
Raphael Rolim de Moura Biólogo Conselheiro do Conselho Regional de Biologia do Paraná / CRBio-7 / PR Superintendente de Controle Ambiental da Prefeitura de Curitiba. ramoura@smma.curitiba.pr.gov.br
Ainda é controverso se devemos realocar espécies silvestres nativas fora dos centros urbanos em vez de provermos condições sanitárias para uma coexistência saudável. Capivaras de vida livre sendo monitoradas no Parque Barigüi, maior parque da cidade de Curitiba. (Novembro de 2013) 38
Juliano Leônidas Hoffmann MV, MSc. Secretário Geral do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná / CRMV-PR. hoffmannvet@gmail.com
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urante o 35潞 Congresso Brasileiro, em Belo Horizonte, a Anclivepa-BA utilizou de muita criatividade e simpatia para convidar a todos para o pr贸ximo congresso. Fique atento a todas as novidades e participe. www.facebook.com/anclivepa.ba
MEDICINA VETERINÁRIA DO COLETIVO
Gatos ferais: quem são, como surgiram e qual a sua importância
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atos domésticos (Felis catus) podem ser considerados domiciliados, semidomiciliados, não domiciliados ou ferais. Isso porque os gatos, por diferentes razões, podem perder o contato com as pessoas e/ou com outros animais e retornar completa ou parcialmente ao seu estado selvagem. Os gatos ferais são diferentes dos não domiciliados porque não permitem a aproximação de pessoas. Apesar de também estarem nas ruas, vivem em colônias urbanas localizadas em forros de prédios e locais abandonados, e podem ser completamente independentes dos seres humanos, ou depender apenas do alimento de seus mantenedores. Mesmo com a mortalidade de metade dos filhotes, estudos recentes
Figura 1: Corte de ponta de orelha esquerda de fêmea felina
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mostram que o aumento de animais sem controle reprodutivo é limitado somente pela capacidade de o ambiente suprir suas necessidades essenciais. A reintrodução do gato feral adulto ao convívio humano geralmente tem resultados insatisfatórios e depende da sua prévia relação com as pessoas, da dessocialização e da personalidade do indivíduo. Como a socialização intra e inter-espécies do gato ocorre entre 2 e 8 semanas de idade, os gatos jovens apresentam mais sucesso nessa fase inicial da vida. Estudos norte-americanos apontam como o melhor método de manejo populacional o sistema Trap-NeuterReturn –TNR – (Captura, Esteriliza, Devolve – CED) que consiste em: captura dos gatos ferais, esterilização cirúrgica, cuidados veterinários preventivos (vacinação, vermifugação e identificação com corte de ponta de orelha) e devolução ao local de origem. Esse método permite o monitoramento da colônia, fazendo com que os gatos se tornem sentinelas para doenças, e controla o aumento do número de animais, prevenindo o nascimento de filhotes. O corte de ponta de orelha (ear tipping) é o método de identificação de gatos ferais esterilizados mundialmente aceito, pois trata-se de identificação permanente que facilita a visualização à distância sem causar danos ao gato castrado. Os brincos, tatuagens, coleiras e microchips são
menos visíveis, têm custo mais elevado e podem causar danos físicos e comportamentais a esses animais. Esse procedimento não contraria a resolução n. 877/2008 do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), que trata das cirurgias mutilantes e/ou estéticas sem indicação clínica em pequenos animais, pois o corte de orelha é feito sob anestesia e não impede a expressão do comportamento natural da espécie, além de prevenir a captura desnecessária de animais já castrados pela visualização à distância nos programas de manejo populacional. O padrão internacional de marcação é feito com um corte do quarto distal da orelha – não maior que 3/8 de polegada (9,525 milímetros) e proporcionalmente menor em filhotes –, sugerindo-se apenas o corte da orelha esquerda em fêmeas e apenas da orelha direita em machos, de modo a fornecer pela fácil visualização o gênero dos animais para futuros estudos epidemiológicos e/ou etológicos (Figura 1). Existem vários relatos de colônias de gatos ferais que recebem cuidados diários e são monitorados por voluntários ou por organizações não governamentais (ONGs) no Brasil, como Bicho no Parque em São Paulo, o grupo Arpa Brasil em Goiânia e o Zoológico do Rio de Janeiro, entre outros (Figura 2). No Rio de Janeiro, os animais foram recapturados ao
Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 110, maio/junho, 2014
Figura 2: Associação pela redução populacional e contra o abandono de animais: ARPA BRASIL http://www.arpabrasil.com.br
longo de três anos e houve redução do número de filhotes e de gatos novos que entraram na colônia, estabilizando a população de gatos ferais com um programa bienal de captura e castração das fêmeas. O impacto da presença de colônias de gatos ferais em ambientes com fauna nativa abundante ainda é controverso, pois, mesmo bem alimentados, os gatos possuem o comportamento inato de caça, captura e morte da presa, como pequenas aves, roedores, répteis, peixes e insetos nativos, particularmente em áreas de preservação ambiental. Embora vários estudos venham mostrando o baixo impacto da população de gatos ferais na fauna local, eles foram feitos em
ambientes urbanos e/ou com baixa densidade animal nativa. Portanto, há necessidade emergencial de estudos para estabelecer o impacto dos gatos ferais na fauna urbana sinantrópica, exótica e nativa, e também na transmissão de zoonoses. Em conclusão, os conselhos regionais, associações e outros órgãos de classe e também os cursos de medicina veterinária deveriam instituir imediatamente programas de educação, prevenção, controle, identificação e monitoramento de gatos ferais, além de estudos locais, regionais e nacionais do seu impacto ambiental e na fauna sinantrópica, exótica e nativa, bem como na transmissão de zoonoses. A medicina veterinária do coletivo (shelter medicine) é a especialidade que internacionalmente aborda animais em situação de risco e/ou não domiciliados, sendo portanto fundamental sua inserção nos órgãos e instituições acima descritos. Bibliografia sugerida 1-Resolução Nº 877 do CFMV, de 15 de fevereiro de 2008. Disponível em: http://www.cfmv.org.br/consulta/arquivos/877.pdf 2-Alley Cat Allies. Disponível em: http://www.alleycat.org/page.aspx?pid=459
3-Natoli, E.; Maragliano, L.; Cariola, G.; et al. Management of feral domestic cats in the urban environment of Rome (Italy). Prev Vet Med, 77 (180–185), 2006. 4-Wallace, J.L.; Levy, J.K. Population characteristics of feral cats admitted to seven trap-neuter-return programs in the United States. J Fel Med Surg, 8 (279-284), 2006. 5-Robertson, S.A. A review of feral cat control. J Fel Med Surg, 10 (366-375), 2008. Maysa Pellizzaro MV, Residente em Medicina Veterinária do Coletivo. - Universidade Federal do Paraná (UFPR). maysa.pellizzaro@gmail.com Graziela Ribeiro Cunha MV, Mestranda em Medicina Veterinária do Coletivo. UFPR. graziela.ribeiro@ufpr.br
Alexander Welker Biondo MV, MSc, PhD. Departamento de Medicina Veterinária / UFPR. Diretor do Departamento de Pesquisa e Conservação da Fauna, Prefeitura de Curitiba. abiondo@illinois.edu
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MEDICINA VETERINÁRIA DO COLETIVO
UFPR entrega manifesto para a Frente Parlamentar em Defesa dos Animais da Câmara de Curitiba
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As demais ações indicadas no Frente Parlamentar em Defesa dos o dia 16 de abril de 2014, o documento serão analisadas pela Animais presidente da Frente ParlaFrente Parlamentar, e, segundo mentar em Defesa dos AniNo dia 18 de janeiro de 2013 foi Galdino, o colegiado não vai poupar criada na Câmara de Vereadores de mais da Câmara de Curitiba, vereaesforços para atender às demandas Curitiba, PR, a Frente Parlamentar dor Professor Galdino (PSDB), receapresentadas pela UFPR. beu manifesto do coordenador do em Defesa dos Animais, proposta curso de medicina pelo vereador Professor Galdino veterinária da Uni(PSDB). versidade Federal do A iniciativa tem o objetivo de Paraná (UFPR), prodefender a aprovação de propostas e fessor Antonio Walincentivar políticas públicas de prodir Cunha da Silva. teção. “Embora exista uma vasta O documento, enlegislação sobre o tema, o Poder tregue durante a sesPúblico não demonstra efetividade são plenária da Casa na hora de assegurar a defesa dos de Leis, sugere condireitos animais. E a frente parlamenceitos e conjunto de tar poderá inclusive reforçar o trabaações mínimas efetilho que as entidades de defesa dos vas na orientação dos animais desenvolvem”, disse o debates, planos e pla- Prof. Waldir Cunha da Silva (UFPR) entrega vereador. taformas de gestão pa- manifesto ao vereador Professor Galdino ra manejo populacional, proteção e saúde animal doméstica nos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, nas esferas municipais e estaduais do Paraná. De acordo com o presidente, as recomendações da Universidade Federal do Paraná já estão sendo em grande parte atendidas. “A Emenda Galdino vai garantir a execução da maioria das propostas, pois destinei meio milhão de reais para a Rede de Defesa e Proteção Animal de Curitiba utilizar em 2014. Esse valor será aplicado da seguinte forma: 300 mil reais na parceria de atendimentos (Susa) da Prefeitura; 50 mil reais para a castração de gatos por meio das entidades Focinhos e Mania de Gato; e 50 mil reais para a confecção de cartilhas sobre guarda responsável do projeto Veterinário Mirim”, Guarda responsável: fundamental para a saúde de toda a família e da comunidade disse ele.
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MEDICINA VETERINÁRIA DO COLETIVO MANIFESTO Sugere conceitos e conjunto de ações mínimas efetivas na orientação dos debates, planos e plataformas de gestão para manejo populacional, proteção e saúde animal doméstica nos poderes legislativo, executivo e judiciário nas esferas municipais e estaduais do Paraná. Considerando que parte dos municípios do Estado do Paraná apresentam significativa população de animais domésticos sem manejo populacional, que vivem em condições de semi ou não domicílio, sem guardião, tutor ou mantenedor, colocando em risco a saúde animal, ambiental e humana, a segurança viária e o bem-estar e dignidade dos animais e pessoas, gerando alto impacto ambiental financeiro à população em geral e poder público; Considerando ser previsão da Constituição do Estado do Paraná, em seu art. 12, item VII “preservar as florestas, a fauna e a flora” e em seu art. 207, item XIV “proteger a fauna, em especial as espécies raras e ameaçadas de extinção, vedadas as práticas que coloquem em risco a sua função ecológica ou submetam os animais à crueldade”; Considerando que o Código Estadual de Proteção aos Animais do Paraná (Lei Estadual no. 14.037/03) proíbe “ofender ou agredir fisicamente os animais, sujeitando-os a qualquer tipo de experiência capaz de causarlhes sofrimento, humilhação ou dano, ou que, de alguma forma, provoque condições inaceitáveis para sua existência”; Considerando a necessidade de normatizar os procedimentos de contracepção de cães e catos em programas de educação em saúde, guarda responsável e esterilização com a finalidade de controle populacional, segundo Resolução no 962/2010 do Conselho Federal de Medicina Veterinária; Considerando que os procedimentos de contracepção de cães e gatos em programas de educação em saúde, 44
guarda responsável e esterilização com a finalidade de controle populacional, devem fazer parte de uma política de saúde pública e de bem-estar dos animais e das pessoas, se possível inserida no ensino fundamental; Considerando que a saúde animal, bem como a saúde ambiental e saúde pública, é um dos pilares da saúde única e tem reflexo direto na qualidade de vida e no bem estar único das pessoas, do meio ambiente e dos animais; Considerando a importância e a necessidade da coleta, mapeamento e gerenciamento de dados populacionais e de saúde sobre a população canina e felina no âmbito municipal, estadual e federal; Considerando que a política de captura e eliminação de animais não domiciliados saudáveis é considerada ilegal, além de não controlar a população de cães e gatos, ser antieconômica, irracional e não humanitária, e sobretudo ineficiente; Considerando que o sucesso das ações de manejo populacional de animais domésticos está ligado ao planejamento estratégico de ações que devem ser integradas entre os órgãos do governo, sociedade civil e profissionais da medicina veterinária; SUGERE estabelecer conceitos e conjunto de ações mínimas efetivas dirigidas a todos os médicos veterinários e zootecnistas na orientação dos debates, planos e plataformas de gestão para proteção animal nos poderes legislativo, executivo e judiciário dos municípios do Estado do Paraná. Para tal, alguns conceitos e ações efetivas devem ser estabelecidos: 1. A dinâmica populacional de animais domésticos, em particular em áreas urbanas, não obedecem o modelo logarítmico de crescimento (modelo clássico de Malthus) preconizado por parte da sociedade civil, mas sim o modelo logístico, com as populações animais sob interferência de fatores bióticos e abióticos. Conhecer esses fatores, trabalhando para que possam
interferir positivamente no controle de populações, é uma ferramenta que torna mais eficiente os programas estabelecidos pelo município; 2. A capacidade suporte do ambiente, definida como o número máximo de indivíduos de uma espécie que o habitat tem capacidade de suportar, explica claramente porque nunca a captura e extermínio da chamada “carrocinha” resolveu no controle populacional uma vez que a retirada de animais do sistema não reduz a capacidade suporte do ambiente em prover água, alimento e abrigo, com rápida reposição das populações por imigração e reprodução; 3. O manejo populacional, e não apenas o controle populacional, deve ser implementado, pois as ações dentro deste contexto só podem direcionadas ao aumento da emigração (realocação de animais), diminuição da imigração (regulação ou proibição de comércio, barreiras físicas), diminuição da natalidade (guarda responsável, anticoncepção, esterilização, combate ao abandono e comércio ilegal, adoção de animais esterlizados) ou aumento da mortalidade (predação, caça, doenças, atropelamentos, privação, mudanças climáticas, captura e extermínio); 4. As ações de manejo populacional devem ser focadas principalmente na diminuição da natalidade, tendo em vista que todas as formas de aumento da mortalidade são consideradas crimes de maus tratos, e da baixa eficiência do aumento da emigração e/ou redução de imigração; 5. A longevidade dos animais, definida como a idade máxima de expectativa da espécie e raça animal, é o determinante direto do tempo de eficiência e duração dos programas de castração e guarda responsável dos animais domésticos; 6. A realização de censos amostrais iniciais e periódicos da população animal doméstica, com estudo da dinâmica populacional dos respectivos municípios antes e após instituídas as ações de manejo populacional devem ser realizadas como forma de diagnóstico, monitoramento, estabelecimento de
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clínica, vacinação e microchipagem lacional, proteção e bem estar animal metas e indicadores de avaliação da IV Simpósio Agener União – Neurologia Veterinária de cães e gatos de comunidades em sejam plenamente realizados; efetividade do programa; 7. Os quatro pilares do manejo Agener dentro União das realizou nos dias populacional, atividades de 21 e da 22natalidade, de setembro de 2013 diminuição devem ser oa IVações Simpósio Agener Uniãode – base das efetivas e eficazes Neurologia Veterinária, com o prof. dr. manejo populacional, constituídos de: Ronaldo Casimiro da Costaresponsável; (MV, MSc, 1. educação em guarda PhD, Dipl. ACVIM – Neurologia). 2. esterilização ou anticoncepção;Fo3.ram dedicadas(ea comércio vasto conteúcom16 batehoras ao abandono iledo sobre importantes tópicos da neurogal) e 4. adoção de animais esterilizalogia veterinária presentes tanto no dos. Deste modo, de modo efetivo, atendimento clínico quanto cirúrgico. temos: O dr. Ronaldo Casimiro da Costa é Pilar 1.eOchefe município devedeestabeleprofessor do Serviço Neurocer ações efetivas de educação logia e Neurocirurgia Veterinária da ambiental para a guarda The Ohio State University, em responColumsável comoe base de qualquer política bus, EUA, referência mundial em pública de proteção animal. O guarneurologia veterinária, ministrando padião deve e assumir lestras em conhecer, congressosaceitar internacionais, as suas responsabilidades quanto como ocorreu no Congresso do Coléàsnecessidades ambientais, gio Americano físicas, de Cirurgiões Veteripsinácológicas e comportamentais do seu rios (ACVS), em outubro de 2013, no Texas, EUA.Sugere-se o programa animal. No IV Simpósio Agener União, o “Veterinário Mirim”, concurso lúdiprofessor começou sua apresentação co de frases e desenhos realizado frisando conceitos dado neuroloanualmente com básicos os alunos 3º ano giadoveterinária: “É comum ouvir dizer ensino fundamental das escolas que neurologia é muito difícil e comda rede municipal de ensino, envolplicada. dogma tem dissemina-e vendo Este a capacitação de se professores dotendo e talvez por isso a neurologia é fre-o como objetivo despertar quentemente deixada por último plano senso crítico quanto às questões volnos currículos acadêmicos. O fato é tadas à prevenção de zoonoses, que a neurologia não é mais difícil ou orientação sobre guarda responsável mais fácil que outras especialidades, e promoção do bem estardeanimal, mas requer, diferentemente outras transformando os oalu nos eminicianmultiáreas, que se aborde paciente conhecimento adquiridoplicadores pelo maisdoimportante fundamento do. A premiação dos ve terinários da neurologia clínica que é a localizamirins deve ocorrer 9 deo ção de lesões. Quando no se dia aborda setembro, dia dode médico veterinário. paciente suspeito ter um problema Pilar 2. É usando essencial contratação neurológico uma exame rápidodee serviço estabelecer médico veterinário parao tentando logo de início esterilização cirúrgicadiagnósticos, e/ou antidiagnóstico ou possíveis concepção, com investimento em muitas vezes o diagnóstico final é equiparcerias, instalações próprias ou o credenciamento de clínicas veterinárias para a realização de cirurgias de castrações; com recursos provenientes de fundo municipal, estadual ou federal. A campanha municipal gratuita de castração de cães beneficia as famílias carentes e atende a demanda da sociedade organizada. Previamente às cirurgias, sugere-se a realização gratuita de avaliação
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vulnerabilidade ou participantes de programas de bolsas de assistência municipal, estadual e/ou federal. Pilar 3. Promoção da fiscalização no combate aos maus tratos, abandono e comércio ilegal com a criação de um arcabouço legal e específico, com adoção de medidas eficientes e eficazes baseadas no cumprimento da legislação vigente, se possível com instância própria e guarda municipal de proteção animal, coordenada por profissional da área de medicina veterinária ou zootecnia. Instituir leis que estabeleçam sanções e penalidades administrativas para aqueles que praticarem maus tratos aos animais, e de forma complementar, lei que discipline o Prof. dr. Ronaldo Casimiro dacomércio Costa node IV animais Simpósiode estimação no município Agener União e dê outras providências relacionadas. vocado. nada adianta ter de aniPilar 4.DeEstímulo da adoção o mais melhoresterilizados, recurso diagnósticom estabelecicomento possível exemplo, de (por programas institucionais ressonância pela prefeituramagnética) e estado, com ediquando não se sabe região mensais, ções regulares, seapossível a sempre ser examinada. Portanto, realizado em movimentado para que se sucesparque ouobtenha praça da cidade, cujo soobjetivo no diagnóstico e principal étratasensibilizar a mento de problemas neuro- do abanpopulação para o problema lógicos é fundamental que dono e incentivar a adoção. Esses o processo se inicie pela localização eventos devem envolver se possível das lesões”. aOinstalação comnocercadisimpósio de foitendas, realizado Hotel nhos para aproximadamente animais Blue Tree Morumbi, em São Paulo, SP, a participação ONGs protetoe epode-se afirmardeque foi emais um ras independentes, sob apela orientação evento de sucesso realizado Agener de profissional da área de medicina União, pois contou com a participação ou zootecnia; deveterinária 500 veterinários de todo o além Brasilda e adoção, animais deveriam dos ser obteve altoosíndice de satisfação microchipados participantes: 95%. gratuitamente no local. Ainda, a prefeitura deveria realizar a cessão e autorização de uso de áreas públicas de praças e parques para eventos paralelos de adoção, organizados por entidades de proteção animal independentes. 8. Sugere-se aos municípios uma destinação mínima de 0,08% da receita do município, baseado na experiência bem sucedida de Porto Alegre-RS, com que estas ações de manejo popu-
9. A oferta de atendimento médico veterinário gratuito a comunidades em vulnerabilidade deve ser prioritariamente realizada por subsídio a hospitais veterinários escola, vinculados aos respectivos cursos de medicina veterinária das faculdades ou universidades localizadas no próprio município ou em cidades próximas, ou ainda por associações de classe médico veterinárias ou credenciamento de clínicas médico-veterinárias conveniadas; 10. Finalmente, sugere-se a criação na esfera municipal e estadual de uma instância própria para a proteção e saúde animal, com estrutura física e de pessoal vinculada à respectiva Secretaria de Saúde, Secretaria de Meio Ambiente e/ou Secretaria de Agricultura, com profissionais treinados e capacitados em todas as áreas para desenvolver plenamente todas as ações supra-citadas. A coordenação do curso de medicina veterinária da Universidade Federal do Paraná disponibilizará um canal de comunicação para o desenvolvimento dessas estratégias, objetivando a discussão e esclarecimentos para profissionais na busca de soluções mais eficientes sobre "Durante a os programas de manejo abordagem populacional de animais domésticos clínica de supra mencionados, de modo a orienptar a coi e n t e s legislativo, executivo e judiciário com sinais estaduais e federal. Como municipais, neurológicos referência compartilhamos o sítio eleé muito importante avaliar a locomotrônico http://www.zoonoses.agração do animal. Ela é normal ou anorrias.ufpr.br . mal? Se anormal, quais membros Além disso, será encaminhado conestão afetados? Pélvicos, todos, ipsivites aos candidatos mandatos do laterais?", destacoua o prof. dr. legislativo (vereadores, Ronaldo Casimiro da Costadeputados estaduais, deputados federais e senadores) e executivo (prefeitos, governadores e presidente) em tempo hábil para que possam apresentar, discutir, debater e responder perguntas acerca de sua plataforma e plano de gestão para a proteção e saúde animal antes do pleito eleitoral. Sempre que possível vincular esta discussão às demandas oriundas dos acessos aos diferentes canais de comunicação da UFPR.
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Comportamento Agressividade por dominância em cães – revisão Dominance agressiveness in dogs – review Agresividad por dominancia en perros – revisión Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 110, p. 46-53, 2014 Fernando Henriques de A. Ferraz médico veterinário
ferraz_mv@hotmail.com
Resumo: A agressividade, comportamento inerente à natureza canina, é a segunda maior causa de queixas comportamentais, sendo ainda o comportamento que mais leva os cães ao abandono e à eutanásia. As causas da agressividade são multifatoriais, mas geralmente são muito associadas, de maneira errônea, à dominância canina. Aparentemente, determinadas raças caninas podem apresentar tendência à agressividade e à dominância, porém esse não é um fator determinante, e as pesquisas envolvidas nesse quesito podem apresentar diversas falhas. Como o clínico é o profissional mais procurado nesses casos, o presente estudo tem por objetivo apresentar, por meio de uma revisão bibliográfica, informações relevantes sobre a agressividade por dominância em cães, para melhores diagnósticos e protocolos de atuação nesses casos. Unitermos: canino, comportamento, alfa Abstract: Aggressiveness, an inherent behavior in canine nature, is the second main reason for behavioral complaints from dog owners. It is also the behavior that leads to most cases of abandonment and euthanasia. The causes of aggressiveness are multifactorial in all species, but especially in dogs, this behavior is closely and usually erroneously associated to canine dominance. Certain dog breeds may have apparently greater tendency toward aggressiveness and dominance when compared to others, but this is not a determining factor. Furthermore, results from research in this field are not so conclusive. Since clinical veterinarians are the professionals that are most sought after in such cases, this study intends to present clinicians a literature review with important information for improved diagnosis and for the development of action protocols in cases of canine aggressiveness. Keywords: canine, behavior, alpha Resumen: La agresividad es un comportamiento inherente a los caninos, que representa la segunda mayor causa de consultas por problemas de conducta, y es el comportamiento que más lleva al abandono y a la eutanasia de los perros. Las causas de agresividad son multifactoriales, aunque generalmente se las asocia, de manera errada, a la dominancia canina. Aparentemente ciertas razas de perros pueden presentar una tendencia a la agresividad y a la dominancia, aunque este no representa un factor determinante – las investigaciones en este tema pueden presentar varias fallas. Ya que el clínico es el profesional más buscado en estos casos, el presente estudio tiene como objetivo presentar a través de una revisión bibliográfica, las informaciones más relevantes sobre la agresividad por dominancia en perros, con el fin de mejorar el diagnóstico y posibles protocolos de terapéuticos para este tipo de pacientes. Palabras clave: canino, comportamiento, alfa
Introdução Em cães, a agressividade é a ação dirigida à eliminação de uma competição 1, sendo caracterizada como uma ameaça ou uma ação lesiva dirigida a outrem 2. Geralmente, a agressão se refere a um comportamento ameaçador ou perigoso, direcionado a outro indivíduo ou grupo, abrangendo uma ampla variedade de comportamentos, desde posturas corporais sutis até ataques explosivos 3. A agressão pode ser definida como o ato ou a ameaça 46
de ação proveniente de um animal em direção a outro com a intenção de colocar o animal alvo em desvantagem por meio da imposição real ou potencial de ferimento, dor ou medo 4. Esse comportamento é considerado uma forma normal de comunicação entre cães, não sendo, necessariamente, uma condição patológica 5. Assim, a agressão pode ser compreendida como um comportamento normal ou problemático, dependendo do ponto de vista. No entanto, frequentemente é descrita
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Agressividade em cães A agressão é uma forma de comunicação entre os cães 5, podendo ser um comportamento normal ou anormal, dependendo do contexto em que é expressa 6. O comportamento agressivo só é tido como anormal quando é expresso fora dos padrões ou dos contextos esperados para outros membros da mesma espécie 10. Ele pode ser influenciado por fatores genéticos e ambientais 5. As agressões variam desde comunicação vocal e expressões corporais e faciais até ataques violentos 3,6. Elas podem ser divididas inicialmente em defensivas ou ofensivas. As defensivas ocorrem quando um animal se sente ameaçado e age de forma agressiva para se defender do indivíduo ameaçador – por exemplo, mãe defendendo o filhote de um agressor. Já as ofensivas ocorrem quando o animal agride outro indivíduo sem provocação prévia, com a intenção de conseguir alguma vantagem sobre o agredido – por exemplo, dominância ou predação 2.
Os primeiros sinais de comportamento agressivo em cães são observados entre quatro e cinco semanas de idade. Nesse período, as primeiras competições são motivadas por comida, atenção, espaço e outros recursos, e a agressão começa a ser usada para eliminar essa competição 1. O comportamento agressivo está entre os principais motivos – se não o principal – para os proprietários buscarem ajuda comportamental especializada, talvez pelo medo e pelo perigo envolvidos 3,6,11 (Figura 1), e por não compreenderem esse comportamento como essencial para o desenvolvimento do filhote. Fernando Henriques de Almeida Ferraz
como um problema, devido ao medo que suscita, à compreensão errônea de sua mensagem ou às lesões que podem resultar dela 6. Outro conceito necessário é o de dominância, que é uma agressividade social, não tendo por objetivo matar o competidor, e sim controlá-lo. A função desse tipo de agressividade está relacionada ao fato de os indivíduos dominantes ocuparem um posto social mais alto, ao passo que os indivíduos submissos ocupam um posto social mais baixo 7. Um animal exerce dominância sobre outro animal quando age de forma a obter prioridades de acesso a recursos, como alimento ou parceiro reprodutivo, não sendo ele necessariamente superior ao subordinado em capacidade de luta 4. Um erro comum é assumir que a posição dominante é a motivação fundamental da agressão. A verdadeira agressão por dominância direcionada a seres humanos é realmente muito rara, e ligeiramente mais comum quando direcionada a outros cães 8. Cabe lembrar que a agressividade foi descrita por médicos veterinários brasileiros como o segundo maior problema comportamental da espécie canina. Apesar de não ser o maior problema, a agressividade é citada como o comportamento que mais leva ao abandono e à eutanásia de cães. E sendo os clínicos veterinários os primeiros profissionais procurados em caso de problemas comportamentais, é importante que eles tenham conhecimento suficiente para conduzir adequadamente esses casos 9. O presente trabalho tem como objetivo apresentar informações relevantes, por meio de uma revisão bibliográfica, sobre agressividade por dominância em cães, para que os profissionais que trabalham com comportamento canino possam diagnosticar melhor esses casos e desenvolver os protocolos de atuação adequados.
Figura 1 - Cão da raça dobermann privado de convívio social devido a agressividade contra outros cães
Existem muitos critérios para diferenciar os tipos de agressão, incluindo as características e o comportamento do agressor, as características do alvo e as condições em que a agressão ocorreu 3. Assim, a agressividade tem sido agrupada em quinze categorias principais, com várias subcategorias, entre as quais: agressividade por dominação, induzida por medo, aprendida, protetora, maternal, patológica, lúdica, predatória, redirecionada, relacionada ao sexo, territorial e idiopática 6. Vários são os motivos que levam um cão a apresentar um episódio agressivo. O medo é o mais comum. Sendo assim, é errado assumir que a agressão é motivada fundamentalmente pela posição de dominância de um cão 8. Para formularmos um protocolo mais adequado de tratamento da agressividade, precisamos de uma anamnese bem detalhada, assim como de exames físicos e laboratoriais 9, e também levar em conta o tipo de agressão, o temperamento do animal e a competência mental e física dos envolvidos 3. Dominância A dominância é uma agressividade social que não tem por objetivo matar o competidor, e sim, controlá-lo. A submissão é a ação dirigida à eliminação de uma competição por recurso ou de uma ameaça imposta por um companheiro 1. Entre os cães, um indivíduo pode exercer dominação sobre outro em determinadas situações e ser submisso em outras 12.
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Reprodução Histerocele inguinal em cadela com piometra – relato de caso Inguinal hysterocele with canine pyometra – case report Histerocele inguinal en perra con piometra – reporte de caso Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 110, p. 56-61, 2014 Luis Fernando M. Chaves Silva
Resumo: A histerocele inguinal é uma enfermidade caracterizada pela protrusão do útero pelo canal inguinal, e que apresenta baixa incidência nos animais domésticos. Tem como fator predisponente o aumento da pressão intra-abdominal, acompanhado pelo enfraquecimento das estruturas do contorno adjacentes; associado a isso, o desequilíbrio hormonal enfraquece o tecido conjuntivo, alargando os anéis inguinais. Relata-se a ocorrência de histerocele inguinal com piometra em uma cadela da raça poodle, de nove anos de idade, com quadro de apatia e anorexia e hérnia inguinal indireta esquerda, que no exame ultrassonográfico da cavidade abdominal e da região inguinal apresentou áreas lobuladas com regiões anecoicas bem evidentes, com imagens características compatíveis com piometra. Diante do quadro clínico, procedeu-se a ovariossalpingohisterectomia (OSH) de caráter emergencial, seguida de ressecção do saco herniário e redução do anel inguinal. Unitermos: útero, infecção uterina, ovariossalpingohisterectomia (OSH)
MV, residente FMVZ/Unesp-Botucatu
luisfernando.mchaves@gmail.com
Sidnei Nunes de Oliveira MV, residente FMVZ/Unesp-Botucatu sidmev@hotmail.com
Felipe Morales Dalanezi MV, residente FMVZ/Unesp-Botucatu fmdalanezi@gmail.com
Endrigo Adonis Braga de Araujo MV, residente FMVZ/Unesp-Botucatu
adonis.tecvet@yahoo.com.br
Fabíola Soares Zahn
MV, profa. Depto. de Rep. Animal e Rad.Veterinária FMVZ/Unesp-Botucatu biozahn@gmail.com
Nereu Carlos Prestes
MV, prof. Depto. de Rep. Animal e Rad. Veterinária FMVZ/Unesp-Botucatu nereu@fmvz.unesp.br
Abstract: Inguinal hysterocele is a low-incidence disease in domestic animals that is characterized by the insinuation of the uterus through the inguinal ring. The predisposing factor is an increased intra-abdominal pressure, associated with the weakening of adjacent structures. Additionally, hormonal imbalances weaken the connective tissue and lead to an enlargement of the inguinal rings. This article reports the case of a nine-year old female poodle presenting inguinal hysterocele with pyometra. Clinical signs included apathy, anorexia, increased abdominal volume and a left inguinal hernia with lobulated areas containing anecoic regions upon ultrasound examination of the abdominal cavity and inguinal region, which is characteristic of pyometra. The animal was submitted to emergency ovariohysterectomy (OH) followed by hernial sac resection and closure of the internal inguinal ring. Keywords: uterus, uterine infection, ovariohysterectomy (OH) Resumen: El histerocele inguinal es una enfermedad caracterizada por la salida del útero por el canal inguinal, y que presenta una baja incidencia en animales domésticos. Los factores predisponentes son el aumento de presión intrabdominal, asociado a una debilidad de la musculatura de la pared abdominal, desequilibrios hormonales que debilitan el tejido conectivo, que a su vez aumentan el tamaño de los anillos inguinales. En este trabajo se relata un caso de histerocele inguinal con piómetra, en una perra Caniche de nueve años que presentaba un cuadro de apatía y anorexia, con presencia de hernia inguinal izquierda. Durante la ecografía abdominal se pudieron observar áreas lobuladas con regiones anecoicas evidentes compatibles con la presencia de una piómetra. Frente a este cuadro clínico, se realizó una ovariohisterectomía (OH) de emergencia, con posterior resección del saco herniario y reducción del anillo inguinal. Palabras clave: útero, infección uterina, ovariohisterectomía (OH)
Introdução A histerocele inguinal é uma herniação pouco frequente, caracterizada pela protrusão do útero pelo canal inguinal, ocasionando sinais clínicos em decorrência de gestação ou alterações uterinas, dentre elas a piometra 1. Pode ser causada por um conjunto de fatores tais como obesidade e aumento da pressão intra-abdominal, acompanhado 56
pelo enfraquecimento das estruturas do contorno adjacente 2. Seu surgimento em fêmeas está associado ao enfraquecimento do tecido conjuntivo, levando ao alargamento dos anéis inguinais e ocorrendo geralmente em condições de estro ou gestação 3. Das doenças que acometem o sistema genital em fêmeas caninas, a piometra é a enfermidade mais frequente e
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da última manifestação do estro. O proprietário relatou ainda que a cadela apresentava secreção vaginal escura um dia antes da consulta, e estava anoréxica e apática. No exame físico, apresentava mucosas hiperêmicas, desidratação e frequências cardíaca e respiratória dentro dos valores normais de referência. Observaram-se alterações clínicas tais como presença de secreção vulvar mucopurulenta, temperatura corporal alterada (40,2 °C), vasos episclerais ingurgitados, hérnia inguinal unilateral esquerda; realizada palpação da região, o conteúdo herniário era sugestivo de corno uterino. Realizou-se o exame ultrassonográfico da cavidade abdominal e da região inguinal em que havia aumento de volume (Figura 2), e em ambos os Sidnei Nunes de Oliveira
importante, afetando mais comumente cadelas adultas 4,5. O hemograma em pacientes diagnosticados com piometra poderá apresentar uma anemia normocítica e normocrômica, não regenerativa, de grau leve a moderado. Isso ocorre devido a uma supressão na medula óssea pelas toxinas bacterianas e também pela perda de hemácias por diapedese, que migram para o local da infecção 6,7. Em casos de piometra aberta, o leucograma pode apresentarse normal, enquanto nos casos de piometra fechada geralmente se observa uma leucocitose por neutrofilia com desvio à esquerda e neutrófilos tóxicos. O diagnóstico da piometra canina tem como exame complementar de eleição a ultrassonografia; o achado característico dessa enfermidade é o órgão preenchido com fluido apresentando ecotextura e ecogenicidade variadas, a depender da celularidade 8. Diante do caráter emergencial apresentado por essa enfermidade, a ovariossalpingohisterectomia (OSH) é o tratamento mais indicado, tendo em vista que as possibilidades de tratamento clínico que buscam a abertura da cérvix, a expulsão do conteúdo e o combate à infecção são pouco eficientes em animais debilitados, e o restabelecimento das funções orgânicas só é conseguido com a retirada da causa 8. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de histerocele inguinal com piometra em cadela, abordando o diagnóstico, o tratamento e os resultados encontrados.
Sidnei Nunes de Oliveira
Relato de caso Foi atendida no Ambulatório de Pequenos Animais do Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Unesp-Botucatu, SP, uma cadela da raça poodle, de nove anos de idade, pesando 6,3 kg, apresentando aumento de volume subcutâneo com superfície lisa na região inguinal esquerda, tendo como referência a mama inguinal ipsilateral (Figura 1) e o aumento do volume abdominal. Na anamnese, o proprietário informou que o animal apresentava um conteúdo herniado de tamanho pequeno, que aumentou de volume aproximadamente quinze dias antes do atendimento, não sabendo ao certo a data Sidnei Nunes de Oliveira
Figura 1 - Aumento de volume na região inguinal
Figura 2 - Imagem ultrassonográfica do útero com conteúdo anecoico. A) Corno uterino direito, dentro da cavidade abdominal. B) Corno uterino esquerdo, dentro do conteúdo herniário
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Clínica Polimiosite por Neospora caninum em um filhote de golden retriever – relato de caso Polymyositis by Neospora caninum in a golden retriever puppy – a case report Polimiositis por Neospora caninum en un cachorro de Golden Retriever – relato de un caso Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 110, p. 64-70, 2014 Gabriel Antonio Covino Diamante MV, aluno de mestrado UEL/Londrina gdiamante@gmail.com
Roberta Lemos Freire
MV, profa. assoc. Depto. de Med. Veterinária Preventiva UEL/Londrina rlfreire@uel.br
Mônica Vicky Bahr Arias
MV, prof. assoc. Depto. de Clínicas Veterinárias UEL/Londrina vicky@uel.br
Resumo: A neosporose é uma doença causada pelo protozoário Neospora caninum, que pode causar sinais neurológicos e óbito em cães, sendo pouco relatada no Brasil. O objetivo do presente trabalho foi descrever essa doença em um filhote de cão macho da raça golden retriever que apresentava dificuldade de locomoção, dor e espasticidade em membros pélvicos. O resultado do sorodiagnóstico (IFI-IgG) foi positivo para neospora (título de 6.400). A presença de sinais clínicos associada ao alto título sorológico permitiu o diagnóstico presuntivo de neosporose. Instituiu-se terapia antimicrobiana com sulfametoxazol associado a trimetropina e pirimetamina por 120 dias. O animal foi acompanhado e, durante esse mesmo período, submetido a sessões de fisioterapia. Houve melhora parcial do quadro, permanecendo a contratura muscular. Em cães jovens com rigidez extensora e contratura dos membros pélvicos, essa doença deve ser considerada um diagnóstico diferencial. Unitermos: cães, doenças, espasticidade muscular, miosite infecciosa Abstract: Neosporosis is a disease caused by the protozoan Neospora caninum that can lead to neurological signs and death in dogs. There are not many reports of this disease in Brazil. The aim of this paper is to describe a case of neosporosis in a young male golden retriever that presented limited mobility, pain and spasticity of the hind limbs. Result of serodiagnosis (IIF-IgG) was positive for Neospora (titer of 6400). The presence of clinical signs associated with high serology titers allowed the presumptive diagnosis of neosporosis. Antimicrobial therapy with trimethoprim sulfamethoxazole and pyrimethamine was instated for 120 days. The animal was monitored during this period and also underwent to physiotherapy sessions. There was partial improvement, although muscle contracture remained. This disease should be considered an important differential diagnosis in young dogs with extension stiffness and contracture of the hind limbs. Keywords: dogs, diseases, muscle spasticity, infectious myositis Resumen: La neosporosis es una enfermedad causada por el protozoario Neospora caninum, que es capaz de provocar signos neurológicos y muerte en perros, y que ha sido poco relatada en Brasil. El objetivo del presente trabajo ha sido describir la enfermedad en un cachorro macho de Golden Retriever que presentaba dificultad para deambular, dolor y espasticidad en los miembros posteriores. El serodiagnóstico (IFI-IgG) dio positivo para neospora (título de 6.400). La presentación de signos clínicos junto con el título serológico alto permitió llegar al diagnóstico presuntivo de neosporosis. Se realizo una antibioticoterapia con sulfametoxazol con trimetoprim y pirimetamina durante 120 días. Durante este período, el paciente fue constantemente controlado y se indicó la realización de fisioterapia. El cuadro mejoró parcialmente, aunque se mantuvo la contractura muscular. En perros jóvenes con rigidez extensora y contractura de los miembros posteriores, la neosporosis debe ser considerada como parte del diagnóstico diferencial. Palabras clave: perros, enfermedades, espasticidad muscular, miositis infecciosa
Introdução A neosporose é causada pelo protozoário Neospora caninum, que parasita animais domésticos e selvagens 1. Os cães, coiotes 2 e o dingo são os hospedeiros definitivos 3 64
e intermediários 4, enquanto os bovinos, ovinos, caprinos, bubalinos, cervídeos e camelos são hospedeiros intermediários 5. É uma doença de distribuição mundial, que pode causar sinais neurológicos e óbito em cães 6, sendo uma
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Gabriel Antônio Covino Diamante
Relato de caso Um golden retriever macho de quatro meses de idade foi trazido para atendimento por apresentar dificuldade de locomoção nos membros pélvicos havia dois meses, com evolução para incapacidade de locomoção duas semanas antes do atendimento. O paciente era proveniente de um canil da raça localizado na região periurbana da cidade de Londrina, PR. O animal não apresentava histórico de trauma, e a vacinação estava atualizada. No exame clínico, todos os parâmetros fisiológicos estavam dentro da normalidade. No exame neurológico, constatou-se que o animal estava alerta e com estado de consciência normal. No entanto, observou-se paraparesia
Gabriel Antônio Covino Diamante
das principais causas de aborto em bovinos 7-9. O cão, como hospedeiro definitivo, elimina oocistos não esporulados nas fezes, que após a esporulação podem infectar o gado pela ingestão de pastagem e água contaminada. O parasita permanece nos tecidos do gado, e durante a gestação pode ser transmitido por via transplacentária aos bezerros, o que pode levar ao abortamento, dependendo do trimestre em que a infecção ocorreu 10. Os cães se infectam ingerindo cistos em tecidos de animais infectados, normalmente herbívoros 9,10. A doença pode se manifestar em cães de qualquer idade, porém existe uma quantidade expressivamente maior de relatos em animais com idade inferior a um ano, provavelmente pelo fato de a infecção também ser transmitida por via transplacentária 6,9,11,12. A soropositividade em cães clinicamente normais varia de zero a 54,2%, dependendo do país estudado 11. No Brasil, estima-se que 9,26% dos cães do estado da Bahia apresentam anticorpos anti-Neospora 13, 4,2% de cães no estado de Alagoas 14 e 18,7% no Paraná 15. Outro fator que influencia essas taxas é se o cão provém de área rural ou urbana, sendo encontrado maior número de soropositivos em cães de fazenda 10. As principais formas neurológicas da doença em cães são a encefalomielite e a polimiosite/polirradiculoneurite, sendo descrita também a ocorrência de miocardite, pneumonia, dermatite e lesões oculares 5,9-11. As lesões no sistema neuromuscular predominam, ocorrendo paresia progressiva dos membros posteriores, com atrofia muscular, sendo a hiperextensão rígida dos membros pélvicos uma apresentação característica em cães jovens. O prognóstico da doença é reservado, dependendo da sua localização, descrevendo-se desde o óbito até a melhora do quadro com o uso de antimicrobianos 4. O objetivo do presente trabalho é relatar o acompanhamento de um caso de neosporose canina com quadro de polimiosite/polirradiculoneurite de membros posteriores em um filhote de cão da raça golden retriever, causada por Neospora caninum.
Figura 1 - Imagens fotográficas do filhote canino golden retriever aos quatro meses apresentando espasticidade causada por contratura muscular e incapacidade deambulatória. Londrina, PR, 2013
não ambulatorial com acentuada atrofia e contratura da musculatura dos membros pélvicos, que limitava quase totalmente a flexão da articulação femorotibiopatelar bilateralmente (Figura 1A e 1B). As reações posturais e os reflexos interdigital e patelar estavam ausentes, porém a sua interpretação estava prejudicada devido à espasticidade causada pela contratura muscular. O reflexo perineal estava normal, o reflexo cutâneo do tronco estava presente, e o animal abanava a cauda normalmente. Durante a palpação epaxial não foi constatado nenhum sinal de dor na coluna, porém havia dor durante a palpação de toda a musculatura de ambos os membros pélvicos. A nocicepção superficial nos membros pélvicos encontrava-se presente. Os membros torácicos e nervos cranianos não apresentavam anormalidades. Como exames diagnósticos complementares solicitouse hemograma completo, perfil bioquímico, teste sorológico para Toxoplasma gondii e Neospora caninum e radiografias das articulações femorotibiopatelares (Figura 2). Os resultados dos exames laboratoriais estão na
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Cardiologia Pericardiotomia percutânea com cateter-balão como tratamento de efusão pericárdica recidivante em um cão – relato de caso Percutaneous balloon pericardiotomy as a treatment for recurrent pericardial effusion in a dog – case report Pericardiotomía percutánea con cateter con balón en el tratamiento de la efusión pericárdica recidivante en un perro – reporte de caso Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 110, p. 72-79, 2014
Samuel José Gabriel Filho MV, especialista ICVET, CAVET, Ribeirão Preto sjg232@icvet.com.br
Anneliese Baetz Buzatto MV, especialista AMEV
abbuzatto@terra.com.br
Daniele Carla Vanzo MV, especialista Dental Pet
dentalpet@hotmail.com
Resumo: A efusão pericárdica com tamponamento cardíaco tem consequências hemodinâmicas severas que podem resultar em choque cardiogênico e óbito. A pericardiocentese de emergência é necessária para aliviar os sinais clínicos e salvar a vida do animal. A recorrência da efusão é comum em pacientes diagnosticados com efusão pericárdica de etiologia neoplásica ou idiopática. A pericardiotomia percutânea com cateter-balão é uma técnica não invasiva guiada por fluoroscopia, considerada segura e efetiva para o tratamento paliativo de efusões pericárdicas recidivantes. Este artigo relata a realização de pericardiotomia percutânea com cateterbalão, guiada por radiografias seriadas e ecocardiografia, em um cão diagnosticado com efusão pericárdica de origem não esclarecida. Após a realização do procedimento, o animal teve uma sobrevida com qualidade durante cinco meses, tendo sido submetido a eutanásia devido a insuficiência hepática. Unitermos: canino, procedimento intervencionista, pericárdio Abstract: Pericardial effusion with cardiac tamponade leads to severe hemodynamic consequences that may result in cardiogenic shock and death. Emergency pericardiocentesis is a lifesaving maneuver necessary to alleviate clinical signs. Recurrent effusion is common in patients diagnosed with pericardial effusion due to neoplasia or of idiopathic etiology. Percutaneous balloon pericardiotomy is a non-invasive technique, performed under fluoroscopy guidance and that is considered safe and effective as palliative treatment for recurrent pericardial effusion. This article reports a percutaneous balloon pericardiotomy performed under serial radiographic and echocardiographic guidance in a dog diagnosed with recurrent pericardial effusion of unknown etiology. After the procedure, the dog had a lifespan of five months but was euthanized due to liver insufficiency. Keywords: canine, interventional procedure, pericardium Resumen: La efusión pericárdica con taponamiento cardíaco tiene consecuencias hemodinámicas severas que pueden llevar el shock cardiogénico y muerte del paciente. La pericardiocentésis de emergencia es necesaria para aliviar los signos clínicos y salvar la vida del animal. La recidiva es frecuente en aquellos pacientes con efusión pericárdica de origen neoplásica o idiopática. La pericardiotomía percutánea con cateter con balón es una técnica no invasiva que se realiza guiada por fluoroscopia, y resulta una técnica segura y efectiva en el tratamiento paliativo de efusiones pericárdicas recidivantes. Este artículo relata la realización de una pericardiotomía percutánea con cateter con balón guiada a través de radiografías seriadas y ecocardiografía en un perro con efusión pericárdica de origen desconocida. Después del procedimiento, el animal tuvo una supervivencia de buena calidad durante cinco meses, momento en el que se debió realizar la eutanasia debido a una insuficiencia hepática. Palabras clave: canino, procedimiento intervencionista, pericardio
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Introdução A efusão pericárdica com tamponamento cardíaco é a doença pericárdica diagnosticada com maior frequência em cães e gatos 1. Dentre as várias etiologias, as neoplasias representam 57%, e a forma idiopática corresponde a 17% 2. Outras causas incluem infecção, ruptura do átrio esquerdo, cisto pericárdico, uremia, corpo estranho, insuficiência cardíaca congestiva direita, trauma e hérnia peritoniopericárdica 1,2. O acúmulo excessivo de líquido dentro do saco pericárdico aumenta a pressão intrapericárdica, que, ao superar a pressão atrial e ventricular direita, causa o tamponamento cardíaco. A redução na pressão de preenchimento diastólica, provocada pelo tamponamento cardíaco, prejudica o retorno venoso e pode levar ao choque cardiogênico. A pericardiocentese é o tratamento eletivo e emergencial nesses casos 3. Infelizmente, o reacúmulo da efusão é comum, principalmente quando a causa de base é idiopática ou neoplásica, e então outras pericardiocenteses serão necessárias. Em seres humanos, a necessidade de uma nova pericardiocentese varia entre 13 e 50% 3. Em cães, não existem dados na literatura científica sobre a necessidade de uma nova pericardiocentese. Uma compilação de casos foi feita no Hospital Veterinário da Universidade de Minnesota sobre a recidiva da efusão pericárdica com tamponamento cardíaco 4. Vinte cães foram diagnosticados com efusão pericárdica idiopática, em seis houve recidiva em 44 dias após a primeira pericardiocentese, e todos ou foram submetidos a eutanásia ou vieram a óbito 4. Dos quatorze restantes, seis desenvolveram efusão pericárdica com tamponamento cardíaco num período entre três meses e três anos, ou seja, a
necessidade de uma nova pericardiocentese nessa população foi de 50%. Em quatro cães diagnosticados com mesotelioma, a reincidência ocorreu num período de 46 dias 4, chegando a 100%. O primeiro episódio de efusão pericárdica com tamponamento cardíaco deve ser tratado com pericardiocentese 4, retirando-se a maior quantidade de líquido possível. A pericardiocentese geralmente é realizada com o animal sob leve contenção química e em decúbito lateral esquerdo. A punção é feita com um cateter periférico venoso, guiada por ecocardiografia, sendo preferido o quinto espaço intercostal na altura da junção costocondral do lado direito, para reduzir a chance de laceração coronariana. Enquanto o cateter é inserido através da parede torácica, o eletrocardiograma é monitorado, e quando o líquido começa a fluir, o mandril é retirado 5. Na recidiva, o médico veterinário deverá optar pela técnica mais adequada ao quadro clínico do paciente. Outra opção de tratamento poderia ser a pericardiectomia total ou parcial por toracotomia 6. Porém, as elevadas taxas de mortalidade e morbidade, aliadas ao maior tempo de hospitalização, fazem com que essa técnica seja menos vantajosa. Em medicina humana, os pacientes com efusão pericárdica e tamponamento cardíaco decorrentes de neoplasias não são considerados candidatos elegíveis para cirurgia invasiva 7. A expectativa de vida desses pacientes pode estar muito limitada, e uma cirurgia invasiva juntamente com uma longa hospitalização podem comprometer o tempo de vida 7. Adicionalmente, em pacientes em quimioterapia ou malnutridos, o risco de infecção e outras complicações pós-operatórias de cirurgias invasivas é maior 7. Contudo, uma pesquisa recente em cães
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Odontologia Adaptação de coroa metálica pré-fabricada em dente canino de onça-parda (Puma concolor) – relato de caso Adaptation of a premade metal crown to the canine tooth of a cougar (Puma concolor) – case report Adaptación de una corona metálica pre fabricada en un diente canino de un puma (Puma concolor) – relato de caso Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 110, p. 82-90, 2014 Roberto Silveira Fecchio
MV, mestre, aluno de doutorado LOC - Depto. de Cirurgia - FMVZ-USP rfecchio@usp.br
Renato Rebecchi Bastos
aluno de Medicina Veterinária UMESP
Renato_rebecchi@hotmail.com
Cristina Harumi Adania
MV, coordenadora de Fauna Associação Mata Ciliar
cristina.adani@mataciliar.org.br
Anderson Coutinho da Silva MV, prof. Depto. de Cirurgia - UMESP anderson.silva@metodista.br
Cláudio Moura
MV, prof. Curso de Medicina Veterinária – UAM calmoura@uol.com.br
Bruna Diniz Bayarri
MV, residente Programa de anestesiologia – UAM brunabayarri@hotmail.com
Rodrigo Filippi Prazeres MV, prof. UNIP
rodrigo.prazeres@usp.br
Sergio Camargo MV LOC - FMVZ-USP
sergiocamargo@usp.br
Marco Antonio Gioso
MV, prof. livre docente Depto. de Cirurgia - FMVZ-USP gioso@usp.br
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Resumo: Um dos problemas odontológicos mais comuns em carnívoros selvagens são as fraturas dentárias, com ou sem exposições de polpa. Dentre as reconstruções estabelecidas, a restauração metálica fundida (RMF) devolve a forma, a função e previne novas fraturas. Na RMF, diversos metais são utilizados: nobres, como ouro, ou básicos, como cromo-cobalto, níquel-cromo, molibdênio e cobre-alumínio. Uma suçuarana (Puma concolor) resgatada e mantida em cativeiro apresentou fratura dentária com exposição de polpa em canino inferior esquerdo. Na avaliação odontológica, indicou-se a necessidade de tratamento endodôntico. Durante o tratamento, houve a oportunidade de adaptar uma RMF disponível. Para tanto, o remanescente coronal fraturado foi devidamente preparado e adaptado com sucesso. Objetiva-se descrever a técnica utilizada nessa adaptação de uma RMF disponível, de forma a contribuir com os estudos de odontologia veterinária e conservação de animais selvagens. Unitermos: animais selvagens, endodontia, pulpectomia, prostodontia Abstract: One of the most common dental problems on carnivores is tooth fracture, with or without pulp exposure. Among the established reconstructions, the metal restoration returns form and function while preventing new fractures. Different alloys are used for metallic crowns: either noble metal-based alloys containing gold or basic alloys such as cobalt-chromium, nickel-chromium, molybdenum and copper-aluminum. A rescued cougar (Puma concolor) kept in captivity had a dental fracture with pulp exposure in the lower left canine. Dental evaluation indicated the need for endodontic treatment. There was the opportunity to adapt an available prosthetic crown during treatment. The tooth was prepared for its insertion, which was successful. The aim of this article is to describe the technique used in the adaptation of a preexisting prosthetic crown to this case, in order to contribute to studies of veterinary dentistry and wildlife conservation. Keywords: wild animal, endodontics, pulpectomy, prosthodontics Resumen: Uno de los problemas odontológicos más comunes en los carnívoros salvajes son las fracturas dentarias, ya sea aquellas que tengan o no exposición de pulpa. Dentro de las posibles formas de reconstruir el diente, la restauración metálica fundida (RMF) permite devolver la forma y la función del mismo, previniendo nuevas fracturas. En la RMF pueden utilizarse varios tipos de metal, ya sea los nobles como el oro, o los básicos como el cromo-cobalto, niquel-cromo, molibdeno y cobre-aluminio. Una hembra de puma (Puma concolor) que había sido rescatada y mantenida en cautiverio, presentó una fractura dentária con exposición de pulpa en el canino inferior izquierdo. Durante el examen odontológico se constató la necesidad de realizar un tratamiento de endodoncia. Durante el mismo se realizó la adaptación de una RMF que se tenía a disposición. Una vez preparado el diente, se pudo insertar con éxito la restauración. El objetivo del presente trabajo fue describir la técnica utilizada en la adaptación de una RMF, contribuyendo al estudio de la odontología veterinaria y la conservación de animales salvajes. Palabras clave: animales salvajes, endodoncia, pulpectomía, prostodoncia
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Introdução e revisão de literatura Cavidade oral e dentição dos felídeos A cavidade oral, os dentes e os tecidos associados são estruturas de fundamental importância para a sanidade de todos os animais, sejam eles domésticos ou selvagens 1. A detecção das lesões orais, em animais em cativeiro, só ocorre após a manifestação dos sinais clínicos das afecções, ou seja: anorexia, perda de peso, ptialismo, mudanças na preensão e mastigação do alimento, dor e desconforto 2. Nesses animais, os dentes têm diversas funções, como captura de presas (predação), processamento alimentar (morder, cortar, lacerar, arrancar), lutas e intimidação de oponentes, auxílio na cópula (principalmente para os felídeos), transporte de filhotes e limpeza da pelagem 3. A dentição dos felídeos é formada de modo geral por 26 dentes decíduos e 30 dentes permanentes 4. A fórmula dentária decídua, presente em animais jovens (3 a 4 meses de vida) é dividida em: 2x (I3/I3, C1/C1, PM3/PM2), totalizando 26 dentes. Já a dentição permanente, em animais adultos é dividida em: 2x (I3/I3, C1/C1, PM3/PM2, M1/M1) = 30 dentes 5. Os felídeos são classificados como heterodontes, pois apresentam formas e tamanhos diferentes de dentes; anelodontes, pois têm crescimento limitado; e braquiodontes, por apresentarem a coroa clínica menor que a raiz 3. As afecções estomatognáticas mais prevalentes em carnívoros selvagens são os traumatismos dentários, com ou sem exposição de polpa, doenças periodontais, abrasão, desgaste, lesões reabsortivas e, em menor prevalência, cárie dentária 1. Traumatismo dentário Os traumatismos dentários geralmente decorrem de brigas, brincadeiras e autoagressões consequentes de distúrbios comportamentais 1. As fraturas e o desgaste dentário são descritos em diversas espécies de carnívoros mantidos em cativeiro, normalmente acometendo incisivos e caninos 2. As lesões podem ser assintomáticas e não comprometerem a polpa, porém a etiologia mais comum de lesões de polpa é o traumatismo 2,3. O traumatismo pode resultar em fratura do esmalte ou da dentina, com ou sem exposição da polpa, ou, em casos mais brandos e sem fraturas, gerar apenas concussão 3.
Endodontia O tratamento endodôntico é indicado em dentes fraturados, pulpites ou necrose pulpar. O critério terapêutico deve estar baseado no exame físico da cavidade oral e em métodos complementares, como exames de imagem e laboratoriais. Nos dentes com polpa morta (necrótica), deve-se proceder ao esvaziamento do canal radicular seguido da obturação. Aplica-se essa técnica quando a lesão pulpar é irreversível e a polpa dentária perdeu sua vitalidade. Em casos em que é necessário realizar o acesso, utiliza-se brocas e pontas diamantadas inseridas em caneta de alta rotação 2. Para esvaziar o canal radicular indica-se um extirpa-nervos, que graças à sua estrutura físico-mecânica, ao ser introduzido no canal retira o remanescente necrótico de vasos e nervos da polpa afetada. As limas endodônticas são utilizadas na instrumentação mecânica, auxiliadas pelos agentes químicos irrigantes (por exemplo, o hipoclorito de sódio), facilitando a remoção de restos celulares e debris dentinários, ao mesmo tempo em que preparam cirurgicamente o canal radicular (moldagem). As limas mais utilizadas são as limas Kerr ou Hedstroem 1,2,4,6. A irrigação com hipoclorito de sódio (0,5%) emulsiona e dissolve o material orgânico e, quando este reage com o detergente Endo-PTC®, há liberação de oxigênio. O EDTA, um agente quelante, auxilia na desmineralização das paredes dentinárias contaminadas. Para obturar o canal radicular, seca-se o mesmo com pontas de papel absorvente. O selamento do canal é feito com cones de gutta-percha (material borrachoide), envolvidas pelo cimento endodôntico previamente espatulado. Tais materiais têm propriedade bacteriostática e bactericida 2,5. Por meio de radiografia intraoral, pode-se avaliar se o canal foi bem obturado ou não, pois tais materiais têm aspecto radiopaco. A principal causa de insucesso da pulpectomia total e do tratamento de canal convencional é a instrumentação cirúrgica inadequada ou a obturação incompleta, principalmente na porção apical 7. Para restaurar um dente tratado endodonticamente, esteja ele fraturado ou não, é preciso proceder a um planejamento para acessar as estruturas danificadas e prever os problemas futuros que possam impedir o sucesso do tratamento 8. Deve-se prever inclusive uma modificação
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Anestesiologia Anestesia em peixes – revisão de literatura Fish anesthesia – a review Anestesia en peces – revisión de la literatura Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 110, p. 92-99, 2014
Fabio Cechini Bianchi
Resumo: A medicina de peixes ainda é pouco estudada, quando comparada à dos outros vertebrados. No que diz respeito às técnicas anestésicas, muito do que se sabe se deve aos manejos para transporte de peixes de aquário. Como são animais que respiram através de brânquias, exclusivamente em água, os procedimentos anestésicos se tornam mais diferenciados e difíceis de realizar. É possível aplicar nos peixes anestesia inalada e anestesia parenteral. Alguns fármacos aprovados pela FDA para uso nessas espécies não são anestésicos, promovendo apenas paralisia de ação semelhante à provocada pelos bloqueadores musculares. A monitoração e o acompanhamento da recuperação anestésica também são muito importantes, como nos outros animais. O presente trabalho expõe um resumo das principais técnicas anestésicas utilizadas em peixes. Unitermos: dor, analgesia, monitoração, imersão, sedação, anestésicos
médico veterinário
bianchifc@gmail.com
Rodrigo Luís Marúcio MV, coordenador Instituto Bioethicus
rodrigomarucio@yahoo.com.br
Ticiana Zwarg Dias Bianchi médica veterinária DEPAVE-3/SVMA de São Paulo ticiana.zwarg@gmail.com
Luiz Fernando Larangeira Lopes MV, mestre DEPAVE-3/SVMA de São Paulo luizflopes@yahoo.com.br
Silvia Renata Gaido Cortopassi
MV, profa. assoc. Depto. Cirurgia – FMVZ/USP-São Paulo silcorto@usp.br
Abstract: Fish medicine is still poorly studied when compared with that of other vertebrates. Much of what is known as regards anesthetic techniques is due to transport management for aquarium fish. Since fish are animals that breathe exclusively in water through branchiae, anesthetic procedures are differentiated and difficult to perform. It is possible to perform both inhalation and parenteral anesthesia in fishes. Some drugs approved by the FDA for use with fish are not proper anesthetics, promoting only muscle paralysis similar to the one caused by blocking agents. Monitoring during anesthesia and anesthetic recovery are also very important, as in other animals. This paper presents a summary of major anesthetic techniques used in fish. Keywords: analgesia, pain, monitoring, immersion, sedation, anesthetic Resumen: La medicina de peces es aún poco estudiada en comparación con la de otros vertebrados. Con respecto a las técnicas anestésicas, gran parte de lo que se conoce está relacionado con el transporte para peces en los acuarios. Debido a que son animales que respiran a través de branquias, exclusivamente en agua, las técnicas anestésicas se vuelven más diferenciadas y difíciles de realizar. Es posible realizar una anestesia inhalada o una anestesia parenteral en los peces. Algunos fármacos aprobados por la FDA para su uso en estas especies no son anestésicos; estas drogas sólo provocan una parálisis muscular, similar a la que producen los bloqueadores musculares. Tal como sucede con otras especies, el monitoreo y la supervisión de la recuperación anestésica suelen ser muy importantes. Este trabajo presenta un resumen de las principales técnicas anestésicas utilizadas en peces. Palabras clave: dolor, analgesia, seguimiento, inmersión, sedación, anestésicos
Introdução O aumento do número de instituições públicas e privadas no país que exibem a fauna ictiológica em seus aquários, bem como o crescente mercado pet, enfatizam a necessidade de oferecer cuidados veterinários aos peixes 1. Segundo a Associação Internacional para Estudo da Dor, a dor é definida como uma “experiência sensorial e/ou emocional desagradável, associada ou não ao dano potencial dos tecidos” 2. Os componentes anatômicos, 92
fisiológicos e bioquímicos básicos de percepção da dor que existem em mamíferos também existem em espécies não mamíferas 3. A fisiologia geral dos peixes compartilha muitas semelhanças com outros vertebrados – inclusive com os seres humanos. A maneira como eles respondem a situações de estresse é muito semelhante 4. A dor e a anestesia em peixes são tópicos atuais de grande discussão entre os profissionais da área. As opiniões entre os grupos são muito variadas 5, mas há basicamente dois grupos: o
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grupo da “não dor”, que defende que os peixes não sentem dor, e o grupo “pró-dor”, que defende a existência da dor nesses animais 6. Para o grupo de “não dor”, os fatores básicos de percepção da dor só estão presentes em espécies dotadas de neocórtex avançado. Os peixes apresentam estruturas homólogas ao neocórtex, e, portanto, seriam incapazes de sentir dor. Qualquer comportamento de resposta a um estímulo nocivo seria um reflexo natural que ocorre sem consciência da dor, como em casos de choque elétrico 7. Já o grupo “pró-dor” defende que os peixes sentem dor, e nos últimos anos vem realizando estudos que provam a existência de neuroanatomia e neurofisiologia associadas à percepção da dor nesses animais 8. Alguns estudos demonstraram que carpas-chinesas (Cyprinus carpio) tratadas com opioides (morfina e butorfanol) tiveram respostas comportamentais menos intensas diante de estímulo nocivo 9. Em um trabalho anterior mais completo 7, demonstrou-se que peixes-dourados tratados com morfina, e que posteriormente receberam naloxona, tiveram respostas comportamentais mais intensas do que o grupo que não recebeu naloxona. Em algumas espécies de trutas, foram descobertos nociceptores polimodais com propriedades similares às do anfíbios, aves e mamíferos, incluindo seres humanos, sendo esta mais uma prova de que os peixes são suscetíveis a estímulos dolorosos 6. Os tópicos a seguir descrevem os principais tipos de anestesia e utilizações na prática da medicina veterinária e no manejo de peixes.
Anestesia inalada (ou por imersão) A anestesia inalada é análoga à anestesia inalatória aplicada em animais terrestres. A solução anestésica é absorvida pelas brânquias, órgãos respiratórios acessórios, como o opérculo, e pela pele, passando rapidamente para o sistema nervoso central (Figura 1). Quando os animais retornam à água limpa, o anestésico ou seus meta-
Anestesia parenteral Além da anestesia inalada, os peixes podem ser anestesiados por via intravenosa, intramuscular, intracelomática e por via oral, sendo esta última raramente utilizada devido à dificuldade de se encontrar uma dose precisa e à absorção incerta 29.
Fabio Cechini Bianchi
Anestesia e contenção química Em pisciculturas, existem diversos fatores estressantes, como, por exemplo, manejo, transporte, biometria e reprodução induzida 10, que podem levar ao aparecimento de doenças e até à morte por estresse 11,12. Dessa forma, o uso de anestésicos vem se tornando cada vez mais uma prática comum na aquicultura moderna 13, sendo empregados durante procedimentos rotineiros 14. No Brasil, não existem leis específicas regulamentando o uso de substâncias químicas para anestesiar peixes 15. Um anestésico ideal deve apresentar ação rápida no sistema nervoso, sem complicações posteriores para o peixe, além de ser econômico e de fácil manipulação 16. Os anestésicos disponíveis no mercado podem ser solúveis ou insolúveis em água, e, no caso dos insolúveis, há a necessidade de dissolvê-los em um solvente orgânico antes de diluí-los em água 14.
bólitos são excretados pela brânquia e provavelmente pelos órgãos respiratórios acessórios. Alguns são eliminados pelos rins e possivelmente pela pele 6,17. Em grandes peixes, a imersão não é prática, podendo algumas vezes ser perigosa para o profissional, e os fármacos devem ser aplicados diretamente nas brânquias. Um sistema de ventilação artificial deve ser usado nos procedimentos que demorem mais de dez minutos, em animais debilitados, em espécies em que a recuperação é prolongada e em procedimentos fora da água 6. O pH das soluções de anestésicos inalados tem influência em sua eficácia, pois altera a ionização e, consequentemente, a absorção, e geralmente diminui o seu efeito. Normalmente, o pH desses fármacos é ácido, requerendo a mistura de agentes básicos como o bicarbonato de sódio para neutralizá-lo e conseguir uma anestesia eficaz 18. Alguns autores descrevem que, como a superfície de absorção de peixes menores é maior, os peixes menores absorvem mais anestésico do que os peixes maiores, e, consequentemente, o período de indução da anestesia é mais rápido, e sua recuperação, mais lenta 19. Após dez minutos de exposição aos fármacos, o tempo de recuperação e a taxa de mortalidade aumentam significativamente. Caso haja necessidade de ultrapassar esse tempo, é recomendado reduzir a dose do anestésico utilizado 14. Devido ao grande número de substâncias utilizadas na contenção química e na anestesia de peixes, foram selecionados os fármacos mais comumente descritos na literatura (Figura 2).
Figura 1 - Carpa-chinesa (Cyprinus carpio) em recipiente recebendo anestésico (cetamina e xilazina) por anestesia inalada
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MEDICINA VETERINÁRIA LEGAL
Experiência com animais: opinião contrária*
O
resgate de quase duzentos cães beagles no Instituto Royal de São Roque/SP, realizado por ativistas, surge como divisor de águas de um tema ainda considerado tabu no direito brasileiro: a experimentação animal. A partir dessa ação direta, cujo propósito foi salvar animais que vinham sendo submetidos à crueldade, a opinião pública começou a tomar conhecimento do que acontece por trás das paredes dos laboratórios e na maioria dos centros de pesquisa médica. Não é exagero lembrar que no Brasil milhares de animais-cobaias (cães, ratos, coelhos, gatos, porcos, macacos, rãs, cavalos, pombos, etc.) são diariamente submetidos a procedimentos atrozes que envolvem incisões, queimaduras, decapitação, envenenamento, radiação, choques elétricos, sangrias, mutilações, traumatismos ou ferimentos diversos, a fim de que os resultados neles obtidos possam porventura servir ao ser humano. Nesse contexto, a vivissecção, tida como prática cirúrgica em animal vivo, transformou-se em método científico oficial. Nada mais cruel e injusto, porque a tortura institucionalizada – independentemente da configuração biológica das vítimas – fere de morte o direito, despreza valores éticos e subverte a noção de justiça. Homens e animais, apesar das semelhanças morfológicas, têm uma realidade orgânica bem diversa e, por isso mesmo, reagem de modo diferente às substâncias inoculadas. O maior equívoco da ciência é acreditar que não existe outra forma de obter conhecimento biomédico senão por meio da experimentação animal. Que o diga a tragédia da talidomida nos anos 1960, quando 10 mil crianças nasceram com deformações congênitas nos membros, depois que as mães ingeriram – durante a gravidez –
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tranquilizantes previamente testados em roedores. Que o digam os doentes renais cuja função hepática foi destruída ao tomarem analgésicos tidos como seguros a partir de experimentos feitos com animais. Também as pesquisas contra o câncer: apesar dos vultosos investimentos governamentais, essa moléstia insidiosa continua matando gente como nunca. Os cientistas não se preocupam com a prevenção de doenças, apenas com suas consequências. Eles esquecem, porém, que o aumento da expectativa de vida humana decorre da melhora das condições de saneamento básico e da alimentação mais saudável, não de drogas preparadas à custa do sofrimento animal. A indústria cosmética e farmacêutica, impulsionada pelo mesmo sistema social que cria falsas necessidades ao homem, agrava sobremaneira o drama dos animais subjugados. Conforme já divulgado pela mídia especializada e pela Agência de Notícias de Direitos Animais (http://www.anda.jor.br), todo ano centenas de produtos testados em animais são retirados das prateleiras por absoluta ineficácia em relação ao que se propõem.
Em termos jurídicos, a proteção constitucional à fauna, garantida pelo artigo 225, par. 1º, VII, da CF (vedação à crueldade), fez com que a natureza jurídica dos animais passasse da antiga concepção civilista de coisas para a de seres sensíveis sujeitos de direitos. Com o advento da Lei n. 9.605/98, cujo caput do artigo 32 tipifica como crime os abusos, maus-tratos, ferimentos ou mutilações em animais, o tormentoso tema da experimentação veio à tona, tanto que o legislador ambiental preconizou àquele que realiza “experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos e científicos”, a adoção de “recursos alternativos” (par. 1º) . Resta saber quais são esses métodos capazes de livrar os animais de seus tormentos. Dentre as numerosas possibilidades existentes, podem ser mencionados os sistemas biológicos in vitro, como as culturas de células, as simulações computadorizadas, a cromatografia e a espectometria de massa, a farmacologia e a mecânica quântica, os estudos epidemiológicos e clínicos, as necrópsias e biópsias, os modelos matemáticos, os manequins artificiais, etc. Isso sem falar que o melhor local para o médico-residente aprender seu ofício
*Fonte: ANDA http://www.anda.jor.br Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 110, maio/junho, 2014
Jasper Werkman
é no plantão de um pronto-socorro, sob a orientação direta do profissional chefe da equipe. Da mesma forma, um veterinário pode exercitar seus conhecimentos teóricos em situações reais em que os animais verdadeiramente necessitem de intervenções clínicas (esterilização, suturas ou atendimento de lesões). Quanto ao biólogo, sua postura deve se pautar sempre em favor da vida, jamais contra ela. E assim por diante; o sonho de abolir toda e qualquer forma de experimentação animal não permite o comodismo nem o preconceito. A ciência poderia prosperar muito se abandonasse o modelo cartesiano invasivo de corpos adotado desde o século XVII. Ocorre que, na contramão da história, a Lei Federal n. 11.794/08 (chamada Lei Arouca) regulamentou a experimentação animal no Brasil. Enquanto vários países estão abolindo o uso de animais nas atividades didático-científicas e a União Europeia avança cada vez mais nesse sentido, aqui se editou uma lei que legitima essa exploração. Tal diploma jurídico, cuja inconstitucionalidade é notória, reafirma a experimentação animal como método oficial de pesquisa, desprezando a essência do mandamento constitucional protetor. O mais paradoxal é que, desde seu preâmbulo, a Lei Arouca se apresenta como salvaguarda dos interesses dos animais, quando na realidade faz exatamente o contrário. Apesar do propalado intuito humanitário atribuído ao Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea) e às Comissões de Ética no Uso de Animais (CEUA), o legislador recomenda “eutanásia” nas hipóteses em que os animais forem submetidos
a um “mínimo de sofrimento físico ou mental” (artigo 3º, IV), a “intenso sofrimento” (artigo 14, par. 1º) ou a “elevado grau de agressão” (artigo 15), o que revela claramente os propósitos dessa lei. Nas mãos do pesquisador, com respaldo num diploma jurídico perverso, os animais tornam-se meros objetos, matéria orgânica, a máquina viva que se usa e depois é descartada. Como se eles fossem criaturas eticamente neutras. Por isso é que a Lei Arouca deveria ser revogada. Não pode existir exercício regular de um direito à tortura nem garantia constitucional à pesquisa científica sem limites éticos, tampouco autonomia absoluta da universidade que utiliza animais no ensino. A norma magna que protege a fauna, devidamente encampada pela lei ambiental, surgiu para resguardar a integridade física dos animais: sua melhor interpretação demonstra que o “princípio
da senciência” deve prevalecer sobre qualquer outro, porque ele diz respeito a um valor concreto que se opõe à inflição de dor a seres sensíveis. Mas enquanto os métodos substitutivos não forem efetivamente aplicados, como deveriam ser, resta à população boicotar os produtos testados em animais e também exigir, no ensino, a garantia de objeção de consciência aos alunos que não queiram violar suas convicções pessoais e ideológicas. Grandes vultos da história já ergueram a voz contra o massacre de animais submetidos à experimentação, como Voltaire, Vítor Hugo, Richard Wagner, Mahatma Ghandi, George Bernard Shaw, Liev Tolstói, Hans Ruesch, Milly Shär-Manzoli e Pietro Croce, dentre outros tantos. Na atualidade, os filósofos Peter Singer, Tom Regan, Gary Francione, João Epifânio Regis Lima e Sônia Felipe têm inspirado os ativistas dos direitos animais para que continuem firmes nessa luta. Afinal, a postura abolicionista é a única que se ajusta ao legítimo direito dos animais e ao mandamento constitucional que veda a crueldade. Utopia ou não, o fim dos experimentos com animais poderia ocorrer com a edição de um texto legal simples e objetivo, ao estilo da Lei Áurea: “Art. 1º) Fica abolida a experimentação animal no Brasil. Art. 2º) Revogam-se as disposições em contrário”.
Laerte Fernando Levai Promotor de justiça no Estado de São Paulo, é especialista em bioética e mestre em direito.
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COMPORTAMENTO
Terapia Assistida por Animais (TAA): falta normatização pelos órgãos da classe veterinária
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tualmente, existem no Brasil vários programas em andamento e em implantação que incluem animais em intervenções terapêuticas, atividades educacionais e lúdicas. No entanto, ainda é incipiente a participação reguladora dos órgãos responsáveis pelas profissões envolvidas. Sobre isso, encontram-se regulamentações apenas do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito) e do Conselho Federal de Medicina (CFM). O Coffito aprovou a Resolução Nº 348/2008, que dispõe sobre o reconhecimento da equoterapia como recurso terapêutico da fisioterapia e da terapia ocupacional e sobre outras providências – http://goo.gl/74jaUW. Já o Conselho Federal de Medicina (CFM), em sessão plenária de 9 de abril de 1997, reconheceu a equoterapia como método a ser incorporado no arsenal de práticas e técnicas direcionadas aos programas de reabilitação de pessoas com necessidades especiais. Esses reconhecimentos tiveram por base os resultados evidenciados em diversas pesquisas sobre os benefícios da TAA e as demandas da sociedade civil e profissional. Em continuação a esse movimento, em âmbito federal foi proposto o Projeto de Lei n. 4.455/2012, que dispõe sobre o uso da TAA nos hospitais públicos, contratados, conveniados e cadastrados no Sistema Único de Saúde (SUS) – http://goo.gl/lTPkEP. Nessa mesma linha, está tramitando o Projeto de Lei n. 4.761/2012, que regulamenta a prática da equoterapia e, entre outros aspectos, define seu exercício por equipe multiprofissional que deverá ser constituída no mínimo por médico, veterinário, psicólogo, fisioterapeuta e um profissional de equitação – http://goo.gl/1oy3Un. Por tudo isso, é cada vez mais preocupante que até o momento os órgãos de classe da medicina veterinária de nosso país não tenham se ocupado dessas práticas. Há um silêncio incompreensível e uma invisibilidade sobre esses programas em que é obrigatória e indispensável a presença de um médico veterinário. Para ilustrar esta posição, já em 1982 a Associação Médico Veterinária Norte-americana (American Veterinary Medical Association – AVMA) reconheceu oficialmente que o vínculo entre 102
animais e seres humanos é importante para as pessoas e para a saúde da comunidade – http://goo.gl/8Ua1nI . Refere que a medicina veterinária deverá estar sempre implicada nas necessidades humanas e dos demais animais. Salienta que isso se refere à participação em todas as modalidades da relação entre seres humanos e animais, que inclui Atividades Assistidas por Animais (AAA), Terapia Assistida por Animais (TAA) e programas que mantenham animais residentes. Os médicos veterinários, como indivíduos e profissionais, são especificamente qualificados para avaliar cientificamente e documentar os benefícios de saúde e de bemestar do vínculo entre seres humanos e animais. Todas essas atividades devem ser regidas por normas, sofrer monitorização sistemática e ter equipe capacitada, em cuja composição é imprescindível a presença de um profissional da medicina veterinária. Esses profissionais estão aptos a fornecer respostas às questões fundamentais relativas à criação de animais, à sua saúde, ao seu manuseio e ao seu comportamento, e são os peritos reconhecidos na prevenção e no diagnóstico de zoonoses. Os animais devem ser selecionados com base em alguns critérios, tais como: raça, idade, tamanho, sexo e, em particular, o comportamento natural apropriado para as atividades pretendidas. Somente animais com conhecida história médica e comportamental devem participar, e as avaliações médicas e comportamentais devem ser realizadas antes de ingressarem em um programa. O treino deve ser sempre baseado no reforço positivo. A seleção dos animais participantes dependerá da população-alvo. Um cão hiperativo turbulento pode ser amigável, mas é impróprio para uma casa de repouso em que muitos pacientes usam andadores ou cadeiras de rodas. É necessário um planejamento visando prevenir ou minimizar a exposição humana a doenças zoonóticas comuns, tais como raiva, psitacose, salmonelose, toxoplasmose, campilobacteriose e giardíase. Para tanto, os animais devem estar apropriadamente imunizados, avaliados pelo
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O vínculo com os animais pode promover a saúde humana em diversas situações. Em todas, é importante figurar o médico veterinário, que constitui o profissional especificamente qualificado para avaliar cientificamente e documentar os benefícios de saúde e de bem-estar obtidos por meio da interação entre o homem e o animal
clínico e registrados. Se o animal residir na instituição, devem-se tomar providências para lhe assegurar alimentação, local de descanso, higiene e exercício. Os problemas de ruído, eliminação de resíduos e sinais de estresse também devem ser considerados e evitados. O bem-estar de todos engloba os aspectos físicos e comportamentais dos animais, bem como as características de interação entre as pessoas e com os animais que participam no programa. O médico veterinário responsável deve estar familiarizado com os tipos de tarefas que se esperam do animal e ter experiência com as características físicas e comportamentais da espécie a ser utilizada no programa, e também definir se as expectativas de atividades são compatíveis com a etologia da espécie. Cães e gatos não devem ser usados nesses programas até que tenham pelo menos seis meses de idade e estejam preparados para essa participação. Esses programas devem incluir: vacinação regular; prevenção e controle de parasitas; triagem; avaliação comportamental; assistência médica, odontológica, nutricional
e comportamental preventiva, incluindo o enriquecimento ambiental. Como visto, o veterinário deve estar preparado e capacitado para contribuir com essas intervenções. Nesse sentido, necessita do apoio das instituições veterinárias para que possa abrir espaço e ser reconhecido como membro legítimo em todos os lugares onde os animais participam de atividades com pessoas. Portanto, é preciso que a medicina veterinária, os médicos veterinários e seus órgãos de classe participem dessa realidade e se alinhem com ela para elaborar normas e regulamentações para essa prática de caráter multiprofissional, mas essencialmente conectada com a nossa profissão. Profa. dra. Ceres Berger Faraco
Instituto de Saúde e Psicologia Animal (INSPA) www.psicologiaanimal.com.br Médica veterinária, clínica de comportamento animal, doutora em psicologia e presidente da AMVEBBEA (Associação Médico-Veterinária Brasileira de Bem-Estar Animal) www.amvebbea.com.br
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PET FOOD
CBNA Pet 2015 ocorrerá em Ribeirão Preto (SP)
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m 2015, o VII Congresso Internacional e XIV Simpósio sobre Nutrição de Animais de Estimação serão realizados em Ribeirão Preto. O anúncio foi realizado na abertura do CBNA Pet 2014 pelo prof. dr. Aulus Cavalieri Carciofi, diretor e coordenador da Comissão Pet do Colégio Brasileiro de Nutrição Animal. CBNA Pet 2014 no You Tube (4:25), por Alessandro Mancio de Camargo – “Essa mudança torna-se nehttp://youtu.be/AOXLNJQ3B2I cessária porque o evento cresceu em importância e tamanho, exigindo um local formado por 237 participantes, entre que propicie mais facilidades logísti- acadêmicos, pesquisadores, profiscas e melhor atendimento ao nosso sionais e empresários atuantes no público”, completa o professor dou- segmento de petfood, vindos de 15 tor do Departamento de Clínica e estados brasileiros, da Bélgica e da Cirurgia Veterinária da Faculdade de Argentina. Ciências Agrárias e Veterinárias da O público pôde conferir, por Universidade Estadual Paulista Júlio exemplo, apresentações sobre a imde Mesquita Filho (Unesp-Jabotica- portância de nutrir o intestino para a bal, SP). saúde animal e sobre o equilíbrio nuNa edição deste ano, o VI Con- tricional da dieta, e palestras sobre as gresso Internacional e XIII Simpósio necessidades nutricionais de animais sobre Nutrição de Animais de Esti- atletas e obesos, entre outras. Além mação mais uma vez demonstrou sua disso, 25 trabalhos científicos foram total vocação à nutrição pet, fato já enviados para participar do prêmio tradicional e que confere característi- CBNA de Pesquisa, cujo destaque – cas únicas aos eventos do CBNA Pet. segundo a Comissão Pet do CBNA – Nesse sentido, a programação desen- foi: “Frações ativas de mananoprovolveu-se em torno de cinco blocos teínas derivadas da parede celular de temáticos – mercado, nutrição, ingre- leveduras sobre parâmetros imunolódientes, processamento e segurança gicos de cães adultos e idosos” – –, com informações em sintonia com Fernanda S. Kroll, Thaila C. Putarov, o estado da arte do conhecimento Leandro Zaine, Caroline G. Aoki, científico, técnico, produtivo e mer- Katiani S. Venturini, João Paulo F. cadológico. Na plateia, um público Santos, Gener T. Pereira, Aulus C.
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Carciofi, Marcio A. Brune. Confira o resumo dos trabalhos científicos e também das palestras do evento acessando o endereço http://goo.gl/hdesCB . Todo esse intercâmbio de ideias, que visa fortalecer os laços entre a iniciativa privada, as universidades e os centros de pesquisa, foi coroado com a realização do painel Perfil de Identidade e Qualidade de Alimentos para Cães e Gatos. “Os formadores de opinião participantes dessa mesa redonda abordaram questões relativas à legislação brasileira para o setor de petfood, além de outros tópicos como as características desejáveis de um alimento para cães e gatos”, explica o prof. dr. Aulus Cavalieri Carciofi. “Essas discussões levaram em conta o ponto de vista do marketing, cujas ações devem sempre estar ancoradas em fatos nutricionais reais, para que haja constante desenvolvimento qualitativo dos produtos voltados ao segmento de petfood no Brasil”, completa. Na edição de 2014, o CBNA Pet contou com o suporte dos patrocinadores Alltech, Bühler, DSM, Euromonitor International, Ferraz Máquinas e Engenharia, Kemin, Manzoni Industrial, MCassab, SPF do Brasil, Spraying Systems, PremieR Pet, Phytobiotics, Tectron e Yes, e das empresas colaboradoras ICC Industrial, Pet Society e Oriente.
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GESTÃO, MARKETING & ESTRATÉGIA
Sua clínica está preparada? A Copa do Mundo está chegando... esta vez será em casa! Ao contrário das edições anteriores, quando o maior inconveniente era a parada temporária das atividades durante o horário dos jogos, este ano será diferente. Mesmo que você não seja fanático por futebol, muitos dos seus clientes e funcionários certamente são, por isso é importante um bom planejamento para aproveitar as oportunidades e garantir que o impacto financeiro desse evento sobre seu negócio seja positivo. Os principais desafios para o empresário serão relacionados com: horário dos jogos, problemas de trânsito, impacto logístico e aumento de preços dos serviços ligados ao evento. Com organização e remanejamento, será possível prevenir problemas, garantir um bom atendimento e oferecer mais serviços aos clientes. Veja a seguir alguns aspectos que merecem sua atenção: 1-Horário dos jogos Fique atento para as datas e horários dos jogos, principalmente após a primeira fase (jogos decisivos em que a presença do Brasil é quase certa) http://pt.fifa.com/worldcup/ matches/. Se sua clínica estiver perto ou no caminho de algum dos estádios da copa, verifique também os demais jogos que ocorrerão no local. A copa ocorrerá de 12 de junho a 13 de julho, e durante a primeira fase os jogos do Brasil serão às 17h – Croácia, em 12/6; 16h – México, em 17/6; e 17h – Camarões, em 23/6. Depois disso, às 13 ou 17h, dependendo dos resultados dos jogos. Lembre-se de que existe uma grande chance da nossa seleção chegar pelo menos às semifinais.
serão dispensados mais cedo somente nos dias de jogos do Brasil. O mesmo ocorrerá com as empresas e serviços públicos; desse modo, com o aumento da frota nos últimos anos, podemos esperar grandes congestionamentos, principalmente nas cidades-sede. Em algumas delas haverá inclusive a interdição das vias principais que levam aos estádios. Os clientes terão dificuldades de chegar à clínica no período da tarde nos dias de jogos, o que deve aumentar a procura dos serviços de clínica e estética durante as manhãs, então prepare-se para atendê-los aumentando o número de profissionais. Tenha
cuidado especial com a preparação da agenda e a confirmação dos horários, ligando para os clientes no dia anterior e não se esquecendo de organizar o serviço de transporte para se adequar a essa variação na demanda. Os funcionários vão querer assistir aos jogos do Brasil, então será preciso decidir entre liberar a equipe mais cedo (1 a 2 horas) ou oferecer uma estrutura que permita fazer uma pausa durante os jogos, aproveitando a ocasião para confraternizar e melhorar o astral. Oferecer uma boa televisão e um lanchinho pode trazer um grande benefício para o espírito da equipe.
2-Trânsito Apesar da estranha “recomendação” da Fifa para que se alterasse o calendário escolar e não houvesse aulas no período da copa, os alunos 106
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Os hospitais deverão manter um plantão reduzido durante os jogos e se preparar para o aumento de clientes após o horário das partidas. 3-Impacto logístico Internet, telefonia, rodovias, aeroportos, hotéis, restaurantes e tudo o que for ligado ao evento serão sobrecarregados, o que pode causar problemas, pois a estrutura ainda não está totalmente preparada, e existem grandes dúvidas se vai dar conta do recado. Devido ao calor excessivo, falta de chuvas e planejamento deficiente, poderá, inclusive, ocorrer racionamento de energia e água na Região Sudeste. Aumentar a capacidade da sua caixa-d’água pode ser uma boa medida, não só durante a copa, mas para os próximos anos. Verifique com os fornecedores se existe a possibilidade de faltar mercadoria e aumente os estoques, se for o caso. A internet também deverá sofrer: turistas e jornalistas vão precisar compartilhar imagens e informação, o que vai provocar maior lentidão da rede. Se hoje já é complicado, falar pelo celular poderá ser um grande problema.
Solte a imaginação e invente campanhas onde predominam o verde e o amarelo. O momento é propício
4-Impacto nos preços Muitos serviços foram reajustados acima da inflação nos últimos anos, e, com a proximidade da copa, os hotéis, restaurantes e outros serviços ficarão mais caros, o que vai fazer o consumidor ter menos dinheiro para gastar no veterinário. Lembre-se de que seu maior concorrente são os celulares, viagens, cerveja, etc., já que é isso que “atrai” o dinheiro que o cliente gastaria com seu animal, e não os outros veterinários. Por outro lado, essa será uma
excelente oportunidade de agradar ao seu cliente e faturar mais. • Que tal decorar a clínica com temas alusivos ao campeonato e enfeitar de verde e amarelo os animais que saem do banho? • Que tal ampliar o horário de atendimento (e o preço, é claro) do day care, já que os clientes estarão comemorando – ou bebendo para esquecer a derrota – após os jogos? • A ocasião é perfeita para comunicar aos clientes os riscos do barulho de fogos para os cães. Por que não aproveitar para fazer o checkup cardiológico dos animais ou oferecer acompanhamento comportamental para deixá-los mais calmos durante as partidas? Apesar de todos os problemas, é inegável que somos o país do futebol, e também dos pets. Aproveite a oportunidade e use sua imaginação para juntar essas duas paixões e torcer por nosso país.
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Renato Brescia Miracca renato.miracca@q-soft.net
Médico veterinário, bacharel em direito, MBA Q-soft Brasil Tecnologias da Informação -
www.qvet.com.br
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MERCADO PET
BCG PET: vacine-se contra insucessos A gestão produtiva de estabelecimentos veterinários dando atenção ao bem-estar e ao comportamento animal é o foco do
Simpósio BCG Pet – bem-estar, comportamento e gestão para o mercado pet
27 a 30 de novembro Recife - PE
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Simpósio BCG Pet – bemestar, comportamento e gestão para o mercado pet irá ocorrer de 27 a 30 de novembro, em Recife, PE, paralelamente ao Congresso Nordestino de Especialidades Veterinárias de Pequenos Animais (Conevepa) e à feira Pet Nor. A realização desses eventos no nordeste é bastante propícia, pois a região se destaca no cenário do país. O estudo Radar Vet 2013, realizado pela Comissão de Animais de Companhia (Comac) do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), identificou as três praças que apresentaram maiores índices de faturamento médio mensal: Nordeste (R$37 mil), Brasília (R$35,7 mil) e Centro-Oeste (R$28,3 mil). Em relação a crescimento econômico, a região Nordeste aparece novamente à frente (16,7%), seguida por Curitiba (14,5%) e Brasília (14,1%). O estudo revela que aquele que atende mais nem sempre é o que fatura mais, pois o lucro está diretamente ligado à diversificação, ao preço bem praticado e à especialização nos serviços. A
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http://www.feirapetnor.com.br A fidelização do cliente está intima-
média de atendimentos semanais no mente ligada à atenção recebida Brasil é de 82, mas a região mais promissora do País apresenta média de 62 há muitos pontos importantes que o por semana, por exemplo. Entretanto, empreendedor deve levar em consios serviços especializados garantem deração. Investir não é apenas injetar aos nordestinos a primeira colocação capital. É necessário investir em quando o assunto é faturamento, já ações que criem diferenciais no estaque cerca de 30% dos estabelecimen- belecimento e é justamente esse o tos da região realizam exames diag- objetivo do Simpósio BCG Pet – nósticos, contra 16,5% do Sudeste bem-estar, comportamento e gestão (São Paulo – capital e interior –, Belo para o mercado pet: criar diferenciais por meio de serviços especializaHorizonte e Rio de Janeiro). A análise dos números comparti- dos e qualificados, fidelizar clientes e lhados pelo estudo Radar Vet 2013 aumentar o faturamento. mostra muito mais que uma região em crescimento. Mostra que os investimentos no nordeste são justificáveis. Segundo Tiago Papa, coordenador da Comac, “o momento é propício para incentivar o tratamento preventivo do animal e a posse responsável e, consequentemente, elevar o faturamento”. Porém, para os estabe- Monitoramento do estabelecimento veterinário: lecimentos veterinários vital para avaliar as campanhas implementadas Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 110, maio/junho, 2014
Gestão Ao adotar práticas que visam aumentar a demanda de serviços e produtos por meio da qualidade no atendimento e da fidelização dos clientes é importante que elas tenham como base o monitoramento constante das atividades de cada cliente e o agrupamento dos clientes conforme sua capacidade de recursos (clientes A, B ou C). Isso não significa que um cliente com pouco recurso deve receber pouca atenção, mas um cliente que sabidamente possui recursos precisa ser prontamente informado sobre qualquer ocorrência de seu interesse, como, por exemplo, o produto que chegou, o paciente que teve alta ou saiu da UTI, o banho agendado etc. No dia a dia, é bem provável que o médico veterinário saiba muito bem diferenciar seus clientes por categorias (ABC). Porém, para uma
gestão promissora, isso não basta. É necessário que haja um colaborador responsável pelo contato direto com todos os clientes e, em muitos casos, esse contato deve ser feito continuamente por telefone, cartas ou por email. O importante é que o cliente se sinta especial e satisfeito com a atenção às suas necessidades e interesses. Essa relação pode ser simplificada e otimizada por meio da adoção de sistemas de gestão que monitoram e controlam esses contatos. Para tratar desses aspectos sobre o relacionamento com os clientes o BCG Pet contará com a participação de Renato B. Miracca, que abordará pontos importantes para a gestão do estabelecimento, e de Ricardo Stanichi Lopes, que falará sobre as condutas no atendimento ao cliente. Miracca é médico veterinário e responde pela distribuição no Brasil do software de
gestão QVet – http://qvet.com.br. Lopes também é médico veterinário e é responsável pela rede Pet Fisio, centros de reabilitação animal – http://petfisio.com.br. A Pet Fisio é uma empresa de capacitação e treinamento de profissionais para atendimento de fisioterapia e reabilitação veterinária, em todo o Brasil e América Latina, com os mesmos princípios,
Atividades de reabilitação promovem o bem-estar animal e seguem em expansão
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MERCADO PET
valores e capacitação técnica da Fisio Care Pet, que possui oito Unidades na Grande São Paulo. A área de atuação da Rede Pet Fisio é na consultoria técnica, administrativa, estrutural, marketing/publicitária, treinamento técnico e capacitação em reabilitação animal, gestão de centros de reabilitação animal, bem como licenciamento de uso da marca Pet Fisio para Centros de Reabilitação. Lopes, além de falar sobre sua experiência sobre o monitoramento e treinamento de colaboradores para o atendimento aos clientes, também abordará a importância da fisioterapia veterinária como especialidade e sobre os investimentos necessários para um centro de reabilitação animal. Sergio Lobato é outro médico veterinário convidado para o BCG Pet. Com bastante experiência na gestão e treinamento de estabelecimentos veterinários, ministra palestras, workshops e realiza treinamentos tanto no Brasil quanto no exterior. No BCG Pet, Lobato vai tratar de pontos críti-
cos na prestação de serviços veterinários, de higiene e de estética. Bem-estar e comportamento O bem-estar animal é um aspecto importante em diversas situações dos estabelecimentos veterinários. Por isso, é necessário incorporar o conceito e fazer com que ele se faça presente regularmente. As condutas de promoção de bemestar animal têm início desde o momento em que o cliente entra no estabelecimento, passa pelo momento no qual o cliente confia a guarda do animal, seja para procedimentos de higiene e beleza ou para internação e tratamento, e também passa pelo momento em que o paciente deixa o estabelecimento. Alguns temas importantes do bem-estar animal encaixam-se muito bem nesses momentos, como, por exemplo: a identificação animal, seja por coleira, tatuagem ou microchip; o controle de peso; o desenvolvimento psicológico de filhotes que necessitam de práticas de socialização para não desenvolverem problemas comportamentais; o enriquecimento ambiental tanto no estabelecimento ve te rinário quanto no domicílio do cliente. É importante que os colaboradores
dos estabelecimentos veterinários estejam preparados para tratar com os clientes desses e de outros pontos que são vitais para o bem-estar animal.
Estimular o controle de peso é vital para o bem-estar animal
Identificação animal: fundamental para o bem-estar animal e a guarda responsável
O enriquecimento ambiental é importante tanto no estabelecimento veterinário quanto no domicílio. Através de fundamentos do comportamento canino e felino é possível preconizar condutas que agem prevenindo os distúrbios comportamentais
A capacidade de tirar as pessoas da zona de conforto e promover mudanças e inovações é um dos talentos de Sergio Lobato 110
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MERCADO PET
A eficácia médica nos acessos invasivos possui um custo, mas também oferece benefícios, qualidade nos procedimentos e bem-estar aos pacientes. Cabe aos tutores dos animais optarem ou não pela utilização desses recursos. Confira no BCG Pet a palestra da médica veterinária Juliana Haddad Giffoni, sobre o tema em questão
Enriquecimento ambiental para cães urbanos – especialidade da Dog Solution. Confira: http://youtu.be/0T77lb0st2c
Uma forma inovadora de promover o bem-estar e o desenvolvimento de comportamento normal nos cães em ambientes urbanos é o investimento em centros de convivência canina, também conhecidos como creches. Renato Zanetti, da Dog Solution, utiliza de forma pioneira o enriquecimento ambiental, ferramenta há muito conhecida, porém nunca utilizada para cães em matilha de grandes cidades. “Oferecer um ambiente enriquecido é uma forma inovadora, conceitual, legal e natural de tratar cães urbanos. É mais saúde, equilíbrio e bem-estar para os cães”, destaca Zanetti. Além da Dog Solution, Zanetti também divide seu tempo com a Dog Consult, empresa especializada em consultoria para creches caninas que têm na Dog Solution as bases teóricas e práticas
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São inúmeras as ocorrências de maus-tratos em serviços de banho e tosa. Muitas delas poderiam ter sido evitadas aplicando-se o manejo etológico. A melhor conduta: a capacitação e a prevenção
para oferecer a melhor solução para este segmento de negócio. A incorporação do conceito de centros de convivência canina no nordeste ainda é incipiente se comparado
com São Paulo. Porém, como a região nordeste é um mercado promissor, a presença de Renato Zanetti no BCG Pet poderá ser um estímulo bastante importante para a atividade na região. Outros pontos de destaque do BCG Pet são: o manejo etológico de cães e gatos, visando não somente ao bem-estar dos animais, mas também a segurança de todos os colaboradores; a eficácia médica nos acessos invasivos; a implantação de programas de pediatria e geriatria; a socialização de filhotes e a prevenção de distúrbios comportamentais como a ansiedade da separação.
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LANÇAMENTOS
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SAÚDE ORAL
conteúdo nutricional, a textura e o formato dos alimentos são determinantes para a saúde bucal dos cães. Levando esses fatores em consideração, a Total Alimentos desenvolveu o snack Equilíbrio Saúde Oral com hexametafosfato, que reduz em até 46% o acúmulo de cálculo dental quando comparado a regimes alimentares sem o consumo desse agente químico. O novo produto também tem em sua fórmula ingredientes naturais, como a própolis, que ajuda a inibir a proliferação de bactérias e, consequentemente, diminui os sintomas de gengivite e periodontite. Ele é exclusivo para cães de pequeno porte: “Raças pequenas são acometidas mais precocemente pela doença, por isso precisam de um produto específico que evite o desenvolvimento e a
complicação de doenças orais”, explica Márcia Fernandes, médica veterinária e gerente da marca Equilíbrio. Estudos sobre Equilíbrio Saúde Oral: Pesquisas realizadas demonstraram que a adição diária por trinta dias de um snack Equilíbrio Saúde Oral ao programa de escovação diminuiu o acúmulo de placa, cálculo e manchas dentárias e o grau de gengivite. Cães que receberam o snack para exercício de mastigação apresentaram menor acúmulo de cálculo dental, menor inflamação gengival e menor perda óssea periodontal num período de 150 dias. Após doze meses, constatou-se que a adição diária do snack Saúde Oral diminuiu a halitose e o acúmulo
de cálculo dental sobre os dentes. Em um estudo clínico, o consumo diário de dois snacks por noventa dias com hexametafosfato de sódio reduziu 46% do acúmulo de cálculo dental comparado a regimes alimentares sem a adição desse produto. Total Alimentos: http://www.equilibriototalalimentos.com.br
ALIMENTOS PARA CÃES EM ENVELHECIMENTO
HIGIENE BUCAL
aliclean é um gel dental para s cães apresentam duas fases H cães e gatos fabricado pelo Odistintas de envelhecimento que Laboratório Mundo Animal. exigem cuidados diferentes entre si, Tem em sua composição extrato de chá verde, hexametafosfato de sódio, timol e mentol, que auxiliam na saúde bucal. Para melhor resultado do produto, ele deve ser aplicado com o auxílio de uma escova dental ou uma dedeira nos dentes dos cães e/ou gatos. Preferencialmente, o uso deve ser diário. Mundo Animal: 0800 772 25 23 http://www.mundoanimal.vet.br
Haliclean é encontrado em bisnagas de 100g 114
Equilíbrio Saúde Oral é encontrado em embalagens de 80g
especialmente no que diz respeito à alimentação. A regra é muito simples: a 1ª etapa do envelhecimento começa quando o cão atinge 50% de sua expectativa de vida, e a 2ª etapa, quando ele entra no último terço da expectativa de vida. A expectativa de vida dos cães varia de acordo com o porte da raça, sendo que, em regra geral, quanto maior o porte, menor a longevidade. Seguindo esse conceito, a Royal Canin ampliou sua linha de alimentos e lançou:
X-Small Adult 8+ e X-Small Ageing 12+, para raças miniaturas (até 4 kg quando adultos); Mini Adult 8+ e Mini Ageing 12+, para raças pequenas (de 5 a 10 kg quando adultos); Medium Adult 7+ e Medium Ageing 10+, para raças médias (de 11 a 25 kg quando adultos); Maxi Adult 5+ e Maxi Ageing 8+, para raças grandes (de 26 a 44 kg quando adultos); Giant Adult, para raças gigantes (acima de 44 kg quando adultos). Royal Canin: 0800 703 5588 http://www.royalcanin.com.br
Os novos alimentos da Royal Canin são balanceados e enriquecidos com polifenóis, licopeno, luteína, taurina, vitaminas A, B, C e E, ômega 6, zinco, ferro e Iodo; e têm níveis reduzidos de fósforo
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Águas de Lindóia-SP 8 e 9 de Setembro/2014 A ABVET traz até você um evento ímpar, com alguns dos principais nomes da Medicina Veterinária. Apresentamos o I Encontro Nacional de Veterinários Especialistas, evento que visa trazer até nossos profissionais, palestras, palestrantes e as novidades, da Europa, EUA e América Latina em varias especialidades da Medicina Veterinária. Por ser o primeiro encontro en das especialidades veterinárias, procuramos enriquecer o evento trazendo profissionais, de varias especialidades, como Oncologia, Endocrinologia, Oftalmologia, Pediatria, Neonatologia, Cardiologia, Patologia, Diagnostico por Imagem, Nutrição, Nefrologia e Urologia. São convidados nomes de incontestável capacidade em cada uma das áreas, que com certeza somarão muito ao seu dia a dia. http://www.abvet.com.br/ academico@qualittas.com.br Telefone para (19) 3797-6330
ANESTESIOLOGIA
Julho (data a confirmar) Rio de Janeiro - RJ Pós-graduação em anestesia veterinária - PAV - Turma nova Rio de Janeiro 2014 http://www.migre.me/gMV6d 1º de julho de 2014 a 1º de fevereiro de 2015 São Paulo - SP 1ª turma de Pós-Avançada em Anestesiologia Veterinária de Pequenos Animais promovida pela PAV - 2014 http://tinyurl.com/n3gsc4c 2 e 3 de agosto Curitiba - PR Pós-graduação em anestesia veterinária - PAV http://www.pos-anestesia.com.br 23 de novembro a 21 de dez. São Paulo - SP Curso teórico-prático de anestesia veterinária juna.eventos@uol.com.br
ANIMAIS SELVAGENS
23 a 26 de maio Bauru - SP 38º Congresso da Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil (SZB) - Mudanças climáticas: como fica nossa fauna? http://goo.gl/X9W3LE 29 a 31 de maio Vitória - ES Workshop Brasileiro de Fibropapilomatose em Tartarugas Marinhas http://goo.gl/HXUNs0 26 a 29 de agosto Fortaleza - CE VI Encontro Nordestino de Grupos de Estudo de Animais Selvagens - ENGEAS e IV Simpósio Cearense de Animais Selvagens - SIMCEAS engeasesimposio@hotmail.com
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6 a 14 de setembro Aquidauana - MS III Curso de capacitação para trabalho com fauna em vida livre (Conservação in situ) - Pantanal http://www.abravas.org.br 5 a 10 de outubro XVII Congresso da ABRAVAS http://www.abravas.org.br 17 a 19 de outubro Jaboticabal - SP I Simpósio de patologia aplicada a animais selvagens geas@fmvz.unesp.br
AUXÍLIAR VETERINÁRIO
26 de maio a 8 de julho São Paulo - SP Curso de auxiliar veterinário http://tinyurl.com/lut3yrj Agosto (data a confirmar) São Paulo - SP Curso de auxiliar veterinário http://tinyurl.com/k7tqzdh
BEM-ESTAR ANIMAL
23 e 24 de maio Rio de Janeiro - RJ Comportamento e bem-estar http://www.ibvet.com.br 5 a 7 de agosto Curitiba - PR III Congresso Brasileiro de Bioética e Bem-estar Animal http://goo.gl/J32pgV
2º Semestre de 2014 São Paulo - SP Pós-graduação em medicina preventiva http://migre.me/j2NKW
CARDIOLOGIA
29 de maio a 1º de junho São José do Rio Preto - SP Cardiologia clínica avançado "ECG + PA + ECO + Holter + RX (prático)" - Kardiovet http://www.kardiovet.com.br
6 a 8 de junho São Paulo - SP Imersão em ecocardiografia veterinária - básico contato@nayacardiovet.com.br
Agosto (data a confirmar) Botucatu - SP V Curso de aperfeiçoamento em cirurgia de cães e gatos contato@pratica.vet.br
31 de julho a 3 de agosto São José do Rio Preto - SP Cardiologia clínica basico "ECG + PA + Holter (teórico-prático)" Kardiovet (17) 3011-0927
9 e 10 de agosto Botucatu - SP III Curso teórico prático de craniotomia secretaria.bioethicus@gmail.com
29 a 31 de agosto São Paulo - SP Curso de eletrocardiografia teóricoprático em cães e gatos http://www.ivi.vet.br
CIRURGIA
2014 Uberlândia - MG Curso de especialização - clínica cirúrgica de pequenos animais 0800 725 6300 31 de maio São Paulo - SP Curso de técnica cirúrgica http://www.cetacvet.com.br 20 a 22 de junho Jaboticabal - SP Curso teórico-prático de cirurgia reconstrutiva em cães e gatos contato@funep.org.br
16 de agosto de 2014 a 8 de março de 2015 São Paulo - SP Pós graduação em cirurgia de pequenos animais http://migre.me/fb2TF 2 e 3 de setembro Online - EAD Cirurgia - Dr. André Lacerda (SP) http://migre.me/j2Nn3 10 de novembro Belo Horizonte - MG Cirurgia gastroentérica Dr. Cristiano Nicomedes anclivepa@anclivepaminas.com.br 27 a 29 de março de 2015 Jaboticabal - SP I Curso internacional de cirurgia reconstrutiva em cães e gatos http://www.funep.org.br
CLÍNICA
21 a 23 de junho Viçosa - MG Curso de cirurgias em pequenos animais (31) 3899-8300
23 e 24 de maio Lavras - MG I Ciclo de Palestras em Pequenos Animais - NEPA - DMV/UFLA http://goo.gl/OYrfcj
25 e 26 de julho São Paulo - SP CIPO - Miscelâneas Cirúrgicas Tóraco-Abdominais (tecidos moles) http://www.cipo.vet.br/
24 e 25 de maio Botucatu - SP Curso teórico prático de ozonioterapia (14) 3814-6898
27 de julho a 31 de agosto São Paulo - SP Cirurgia de partes moles (11) 2995- 9155
8 de setembro Belo Horizonte - MG Hemoparasitoses anclivepa@anclivepaminas.com.br
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CLÍNICA
5 de outubro a 16 de novembro São Paulo - SP Curso de gastroenterologia clínica (11) 2995-9155
COMPORTAMENTO
2014 Online - EAD Etologia geral contato@psicologiaanimal.com.br 2014 Online - EAD Psicofarmacologia - Princípios http://psicologiaanimal.com.br 2014 Online - EAD Ansiedade de separação http://psicologiaanimal.com.br 2014 Online - EAD Adestramento inteligente http://www.equalis.com.br
2014 Online - EAD Fisiologia do comportamento de cães e gatos: fundamentos http://psicologiaanimal.com.br
DERMATOLOGIA
29 e 30 de maio Fortaleza - CE Jornada Cearense de Medicina Veterinária (Anclivepa-CE e SBDV) anclivepa-ce@hotmail.com 31 de maio a 1º de junho São Paulo - SP 1º Simpósio de Dermatologia Felina - SPMV/SBDV (11) 3209-9747 http://www.spmv.org.br Junho (data a confirmar) São Paulo - SP Dermatologia comparada - o paciente lúpico - abordagem etiopatogênica e clínica (11) 5051-0908 http://www.sbdv.com.br
6 de junho Recife - PE Pós-graduação em dermatologia veterinária http://www.equalis.com.br
Curso Intensivo de Endocrinologia Clínica 2º semestre 2014 - Organização: Anclivepa SP e RJ http://www.anclivepa-sp.com.br
Agosto (data a confirmar) São Paulo - SP O dermatopata bucha http://www.sbdv.com.br
2014 Curitiba - PR; São Paulo - SP; Rio de Janeiro - RJ; Belo Horizonte - MG; Campinas - SP Curso de especialização: endocrinologia e metabologia de pequenos animais 0800 725 6300
15 a 17 de agosto Botucatu - SP Simpósio Internacional de Clínica Médica de Pequenos - tópicos especiais em dermatologia veterinária (14) 3880-2148 Outubro (data a confirmar) São Paulo - SP Imunoterapia do cão atópico http://www.sbdv.com.br
ENDOCRINOLOGIA
2º semestre (data a confirmar) Rio de Janeiro - RJ
Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 110, maio/junho, 2014
24 e 25 de maio Porto Alegre - RS; Guaratinguetá - SP Ciclo ABEV de atualização em endocrinologia de cães e gatos http://www.abev.org.br 30 de agosto Recife - PE Ciclo ABEV de atualização em endocrinologia de cães e gatos http://www.abev.org.br
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ENDOCRINOLOGIA
2º semestre de 2014 Rio de Janeiro - RJ Curso Intensivo de Endocrinologia Clínica http://www.anclivepa-sp.com.br 9 de novembro São Paulo - SP II Simpósio interncional de obesidade em cães e gatos Anclivepa SP http://www.anclivepa-sp.com.br/
FISIOTERAPIA
17 de maio a 1º de junho São Paulo - SP VII Curso intensivo em fisioterapia veterinária - FisiocarePet (11) 99591-1206 fisiocarepet@gmail.com 4, 5, 25 e 26 de outubro Rio de Janeiro - RJ Curso intensivo em fisioterapia veterinária - FisiocarePet (11) 99591-1206 fisiocarepet@gmail.com
4, 5, 25 e 26 de outubro São Paulo - SP VIII Curso intensivo em fisioterapia veterinária - FisiocarePet (11) 99591-1206
27 a 30 de novembro Recife - PE BCG Pet | Bem-estar, comportamento e gestão para o mercado pet http://www.feirapetnor.com.br
25 de outubro de 2014 (início) Botucatu - SP VII Curso de especialização em fisioterapia veterinária secretaria.bioethicus@gmail.com
IMAGENOLOGIA
GESTÃO
2º Semestre de 2014 São Paulo - SP Pós-graduação em gestão da qualidade em saúde http://migre.me/j2NAr 13 de outubro Belo Horizonte - MG Gestão e negócios aplicado a medicina vetereinária anclivepa@anclivepaminas.com.br 10 e 11 de novembro Online - EAD Curso de marketing - Anclivepa http://migre.me/j2Nn3
2º Semestre de 2014 São Paulo - SP Pós-graduação em operação de equipamentos em radioterapia http://migre.me/j2NOo 16 a 18 de junho Viçosa - MG Interpretação ultrassonográfica (31) 3899-8300
5 de agosto a 11 de dezembro São Paulo - SP Curso de especialização em radiodiagnóstico veterinário http://www.ivi.vet.br 22 a 24 de agosto Rio de Janeiro - RJ Pós-graduação em diagnóstico por imagem em pequenos animais http://www.ibvet.com.br Agosto de 2015 (início) São Paulo - SP Especialização em diagnóstico por imagem em pequenos animais http://tinyurl.com/jwnbmj4
INTENSIVISMO
21 de julho a 27 de agosto São Paulo - SP Curso teórico-prático de ultrassonografia abdominal http://www.ivi.vet.br/
16 e 17 de maio Rio de Janeiro - RJ I Simpósio Internacional de medicina veterinária intensiva http://www.ibvet.com.br
Agosto (data a confirmar) São Paulo - SP I Curso de aperfeiçoamento em tomografia computadorizada (11) 3813-6568
19 de maio Salvador - BA Curso de imersão teórico-prático em emergência e terapia intensiva http://www.equalis.com.br
Olinda, PE - Brasil. Vemos ao fundo a cidade de Recife, uma capital com muitas atrações a oferecer. Já Olinda, vale a pena simplesmente andar pelas ruas em que o tempo parece não ter passado. Deslumbrar da linda paisagem que se avista do topo da cidade e aproveitar dos muitos locais pitorescos que a cidade oferece! http://www.olindaturismo.com.br/
Agende sua visita durante a Pet Nor, de 27 a 30 de novembro, em Recife, PE
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INTENSIVISMO
8 a 10 de julho Viçosa - MG Curso de emergências e pronto atendimento em pequenos animais http://migre.me/iYic1
MEDICINA ALTERNATIVA
2014 Rio de Janeiro - RJ Curso de homeopatia e isoterapia http://www.qualittas.com.br 2014 Brasília - DF Acupuntura veterinária - curso de especialização http://www.qualittas.com.br 24 e 25 de maio (início) Uberlândia - MG Curso de pós graduação latu sensu em acupuntura veterinária http://www.institutojp.com.br 2 e 3 de agosto (início) Campinas - SP Curso de pós graduação latu sensu em acupuntura veterinária - Instituto Jacqueline Pecker (19) 3208-1922 9 e 10 de agosto (início) Uberlândia - MG Acupuntura Veterinária - Pós-graduação Lato Sensu http://www.institutojp.com.br
22 a 31 de maio Florianópolis - SC Pós-Graduação em Clínica Médica e Cirúrgica de Felinos Instituto Qualittas 0800 7256-300 31 de maio a 1º de juno São Paulo - SP 1º Simpósio de Dermatologia Felina - SPMV/SBDV (11) 3209-9747 http://www.spmv.org.br 26 e 27 de junho Curitiba - PR I SIMFEL - Simpósio de Medicina Felina da Faculdade Evangélica do Paraná (41) 8867-4128 tay_queiroz@hotmail.com Agosto (data a confirmar) Rio de Janeiro - RJ Pós-graduação em medicina clínica de felinos - Turma 2 http://www.ibvet.com.br
NEFROLOGIA
9 de junho Belo Horizonte - MG Estadiamento doença renal cronica - Dra. Tatiana Mourão anclivepa@anclivepaminas.com.br
NEUROLOGIA
10 e 11 de julho Online - EAD
Neurologia veterinária - Dr. Ronaldo Casimiro (EUA) http://migre.me/j2Nn3 20 e 21 de setembro Botucatu - SP VII Formação em neurologia veterinária em pequenos animais secretaria.bioethicus@gmail.com
NUTRIÇÃO
15 a 17 de agosto Botucatu - SP IV Curso de dietoterapia para animais de pequeno porte (14) 3814-6898
ODONTOLOGIA
17 a 19 de julho Viçosa - MG Curso de odontologia em pequenos animais - CPT http://migre.me/iYlCA
OFTALMOLOGIA
24 e 25 de maio São Paulo - SP Curso teórico-prático de oftalmologia em pequenos animais (11) 3082-3532 http://www.vetmasters.com.br
ONCOLOGIA
18 de maio a 15 de junho São Paulo - SP Curso de oncologia veterinária (11) 2995-9155
22 a 31 de maio Campinas - SP Pós-Graduação em Oncologia Veterinária - Instituto Qualittas de Pós-Graduação 0800 7256-300 Junho (data a confirmar) Goiânia - GO Especialização em oncologia veterinária - Qualittas http://migre.me/iYlaN 17 a 19 de setembro Curitiba - PR II Simpósio sul-brasileiro de oncologia veterinária http://anclivepapr.com.br/ 25 de outubro de 2014 a 24 de setembro de 2016 Botucatu - SP VI Curso de oncologia veterinária secretaria.bioethicus@gmail.com (14) 3813-3898
ORTOPEDIA
11 de agosto Belo Horizonte - MG ABC do trauma - Dra. Fernanda dos Santos anclivepa@anclivepaminas.com.br 25 a 27 de setembro São Paulo - SP CIPO - Módulo de cirurgias da coluna vertebral http://www.cipo.vet.br
16 de agosto (início) Botucatu - SP Acupuntura Veterinária - Pós-graduação secretaria.bioethicus@gmail.com 23 e 24 de agosto (início) Campinas - SP XV Curso de Especialização em Homeopatia - Instituto Jacqueline Pecker (19) 3208-0993 30 e 31 de agosto (início) Fortaleza - CE Pós Graduação Lato Sensu Acupuntura - Instituto Jacqueline Pecker (19) 3208-1922 http://www.institutojp.com.br
MEDICINA FELINA
16 a 18 de maio Londrina - PR Pós-graduação em medicina clínica de felinos - Turma 1 (19) 3837-2925 http://www.ibvet.com.br
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Itamaracá, PE - Brasil. Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos-CMA. http://www.icmbio.gov.br/cma/ Agende sua visita durante a Pet Nor, de 27 a 30 de novembro, em Recife, PE
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ORTOPEDIA
REPRODUÇÃO
16 a 18 de outubro São Paulo - SP Curso Intensivo Prático de Ortopedia - Módulo básico (11) 3819-0594 http://www.cipo.vet.br
13 a 15 de junho Viçosa - MG Cursos de inseminação artificial e exame andrológico e congelamento de sêmen de cães (31) 3899-8300
5 e 6 de dezembro São Paulo - SP Curso Intensivo Prático de Ortopedia - Módulo hastes e placas bloqueadas (11) 3819-0594 http://www.cipo.vet.br
2014 (data a confirmar) Salvador - BA Curso de Formação de Oficiais de Controle Animal - FOCA / ITEC http://migre.me/hTVTu
PATOLOGIA
30 de maio a 1º de junho Porto Alegre - RS I Simpósio Internacional de Patologia Clínica Veterinária LACVet-UFRGS (51) 3308-8033 Agosto de 2014 a julho de 2015 Botucatu - SP I Curso de formação em citopatologia veterinária (14) 3814-6898 secretaria.bioethicus@gmail.com
SAÚDE PÚBLICA
2014 (data a confirmar) Aracruz - ES Curso de Formação de Oficiais de Controle Animal - FOCA http://migre.me/hTWtX 26 de maio Curitiba - PR I Veterinário Mirim do Paraná Fórum de encaminhamentos Formação dos Multiplicadores Tema para 2014: "Abandonar seu animal não é nada legal!" http://www.crmv-pr.org.br/
5 de junho Rio de Janeiro - RJ Curso de responsabilidade técnica http://www.crmvrj.org.br
Semana Acadêmica de Medicina Veterinária da FESB (11) 4035-7800
10 de julho Rio de Janeiro - RJ Curso de responsabilidade técnica http://www.crmvrj.org.br
27 de maio Duque de Caxias - RJ 2ª JOVET - Jornada Acadêmica de Medicina Veterinária - Unigranrio http://migre.me/iCqwm
Novembro (data a confirmar) Belo Horizonte - MG V Conferência Internacional de Medicina Veterinária do Coletivo (Shelter Medicine) / Itec http://itecbr.org
25 a 29 de agosto Campinas - SP XII Semana da Medicina Veterinária da Universidade Paulista – UNIP/Campinas (19) 98182-6581
TAA
2014 Online - EAD Curso de terapia assistida por animais (TAA) http://www.psicologiaanimal.com. br
SEMANAS ACADÊMICAS
24 a 31 de maio Bragança Paulista - SP
27 a 30 de agosto São Paulo - SP SEMEVEP 2014 - Semana da veterinária da UNIP contatosemevep@gmail.com 4 a 8 de novembro Campos dos Goytacazes - RJ XVI Semana Acadêmica de Medicina Veterinária da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro http://www.facebook.com/xvsacamev
Itamaracá, PE - Brasil. A Ilha de Itamaracá é uma ilha no litoral do estado de Pernambuco, no Brasil. Foto tirada no Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos-CMA. Que coordena, executa e promove estudos, projetos e programas de pesquisa e manejo para conservação de mamíferos aquáticos, atuando principalmente sobre as espécies ameaçadas e migratórias. http://www.icmbio.gov.br/cma/o-que-fazemos.html Agende sua visita durante a Pet Nor, de 27 a 30 de novembro, em Recife, PE
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SEMANAS ACADÊMICAS
15 a 20 de setembro Patos - PB II Semana Acadêmica de Medicina Veterinária & Expofeira - SAMEV 2014 http://www.samev2014.wix.com/ expofeira 25 a 28 de setembro Araçatuba - SP XX SEMEV - UNESP Araçatuba (FMVA) https://www.facebook.com/seme v.aracatuba 20 a 22 de outubro São José dos Campos - SP SEMEVEP 2014 - UNIP - SJC (12) 99183-7463
FEIRAS E CONGRESSOS
23 a 26 de maio Recife - PE 38ª edição do Congresso da Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil (SZB) http://www.szb.org.br 16 a 18 de maio São Paulo - SP AvistarBrasil 2014 - Brazilian Bird Fair http://www.avistarbrasil.com.br/ 21 a 23 de julho São Paulo - SP • 12º CONPAVEPA (Congresso Paulista de Veterinários de Pequenos Animais) • FIPPA - Feira Internacional de Produtos para Pequenos Animais http://www.fippa.com.br 1 a 8 de agosto Belo Horizonte - MG AvistarBH http://www.avistarbrasil.com.br
7 a 10 de agosto Gramado - RS 41º CONBRAVET - Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária http://www.conbravet2014.com.br 4 a 6 de setembro Brasília - DF 2º COBRA - Congresso Brasiliense da ANCLIVEPA-DF & IX CONCEVEPA – Congresso Centro Oeste de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais http://www.anclivepadf.com.br/ 8 e 9 de setembro Águas de Lindóia - SP I Encontro Nacional de Veterinários Especialistas http://www.abvet.com.br/ 28 a 30 de outubro São Paulo - SP Pet South America 2014 http://www.petsa.com.br/ 13 a 16 de novembro Bento Gonçalves - RS XI Congresso Brasileiro de Cirurgia do CBCAV e I Congresso Internacional de Cirurgia do CBCAV contato@cbcav2014.com.br 27 a 30 de novembro Recife - PE • PetNor - Produtos e serviços para a linha pet e veterinária • Conevepa - Congresso Nordestino de Especialidades Veterinárias em Pequenos Animais • Simpósio BCG Pet - Bemestar, comportamento e gestão para o mercado pet http://www.feirapetnor.com.br 20 a 22 de maio de 2015 Porto Seguro - BA 36º Congresso Brasileiro da Anclivepa http://www.anclivepa.org.br
Programação Avistar 2014: SP, BH, RJ, MS, DF, Patagônia e Europa - http://www.avistarbrasil.com.br Clínica Veterinária, Ano XIX, n. 110, maio/junho, 2014
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AGENDAInternacional 29 de maio a 1º de junho Nürnberg - Alemanha Interzoo 2014 http://www.interzoo.com 30 e 31 de maio Buenos Aires - Argentina Jornada de Medicina Veterinaria Comportamental - CEMV http://www.cemvargentina.com.ar 3 a 5 de julho Copenhagen - Dinamarca Annual meeting of the european college of veterinary surgeons http://www.ecvs.org/
17 a 23 de setembro Florença - Itália 39th Annual International Congress - IVAS - International Veterinary Acupuncture Society 2014 http://www.ivas.org/news/congress/ 6 a 9 de outubro Havana - Cuba XXIV Congresso Panamericano de Ciências Veterinárias 2014 PANVET http://www.panvetcuba.com info@panvetcuba.com
15 a 18 de outubro San Diego, CA - EUA 2014 ACVS Veterinary Symposium - The Surgical Summit http://www.acvs.org 16 a 18 de outubro Barcelona - Espanha Southern European Veterinarian Conference - SEVC http://www.sevc.info 18 e 19 de outubro Lisboa - Portugal IV Congresso Psianimal (Associação Portuguesa de
Terapia do Comportamento e Bem-estar Animal) http://goo.gl/jqMKyl 23 a 26 de outubro Praga - República Checa World Congress on Controversies, Debates & Consensus in Veterinary Medicine http://www.congressmed.com/ 6 a 9 de novembro Munich - Alemanha 20th FECAVA Eurocongress 60th Congress of the GSAVA http://www.fecava2014.org
17 a 20 de julho Isla de Margarita - Venezuela CONAVET http://www.conavet.com/ 11 e 12 de setembro Buenos Aires - Argentina XIV Congresso Nacional AVEACA e XI Congresso FIAVAC http://www.aveaca.org.ar 16 a 19 de setembro Cape Town - África do Sul WSAVA 2014 - The 39th World Small Animal Veterinary Association Congress www.wsava2014.com
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Cinque Terre, Povoado de Manarola - Itália. Cinco pequenas vilas erguidas sobre esporas de pedra em minúsculas enseadas. Manarola caracteriza-se pelas suas casas torre que defendem a vila. http://www.lecinqueterre.org/por/
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