Revista de educação continuada do clínico veterinário de pequenos animais
Clínica
Associação de itraconazol e iodeto de potássio no tratamento da esporotricose disseminada em um felino em Palotina, PR – relato de caso
Oncologia
Linfoma intestinal em um cão da raça boxer – relato de caso
Os desafios do atendimento médicoveterinário em catástrofes naturais Desastre ambiental em Brumadinho, MG – a importância do médico-veterinário perito e patologista nesse contexto
Indexada no Web of Science – Zoological Record, no Latindex e no CAB Abstracts www.revistaclinicaveterinaria.com.br Clínica Veterinária, Ano XXIII, n. 135, julho/agosto, 2018
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Índice
Conteúdo científico
Editora Maria Angela Sanches Fessel cvredacao@editoraguara.com.br CRMV-SP 10.159 - www.crmvsp.gov.br
Dermatologia
Publicidade Alexandre Corazza Curti midia@editoraguara.com.br
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Associação de itraconazol e iodeto de potássio no tratamento da esporotricose disseminada em um felino em Palotina, PR – relato de caso Association of itraconazole and potassium iodide
Editoração eletrônica Editora Guará Ltda.
in the treatment of disseminated Sporotrichosis in
Projeto gráfico Natan Inacio Chaves mkt2edguara@gmail.com
a cat in Palotina, PR – case report Combinación de itraconazol e yoduro de potasio para el tratamiento de esporotricosis diseminada en un felino de Palotina, PR – relato de caso
Gerente administrativo Antonio Roberto Sanches admedguara@gmail.com Capa Filhote de gato fotografado por SJ Allen SJ Allen/shutterstock
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Oncologia
Linfoma intestinal em um cão da raça boxer – relato de caso Intestinal lymphoma in a Boxer breed dog – case report Linfoma intestinal en un perro Bóxer – relato de caso
Clínica Veterinária é uma revista técnico-científica bimestral, dirigida aos clínicos veterinários de pequenos animais, estudantes e professores de medicina veterinária, publicada pela Editora Guará Ltda. As opiniões em artigos assinados não são necessariamente compartilhadas pelos editores. Os conteúdos dos anúncios veiculados são de total responsabilidade dos anunciantes. Não é permitida a reprodução parcial ou total do conteúdo desta publicação sem a prévia autorização da editora. A responsabilidade de qualquer terapêutica prescrita é de quem a prescreve. A perícia e a experiência profissional de cada um são fatores determinantes para a condução dos possíveis tratamentos para cada caso. Os editores não podem se responsabilizar pelo abuso ou má aplicação do conteúdo da revista Clínica Veterinária.
Conteúdo editorial Medicina Veterinária de Desastres
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Desastre ambiental em Brumadinho, MG – a importância do médico-veterinário perito e patologista nesse contexto
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Medicina Veterinária do Coletivo
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Os desafios do atendimento médico-veterinário em catástrofes naturais
Animais atropelados nas estradas
Editora Guará Ltda. Rua Adolf Würth, 276, cj 2 Jardim São Vicente, 06713-250, Cotia, SP, Brasil Central de assinaturas: (11) 98250-0016 cvassinaturas@editoraguara.com.br Gráfica Gráfica e Editora Pifferprint Ltda.
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Crédito das imagens easter eggs ao longo desta edição a - Pixabay - pg. 17 b - Nattanan726 - pg. 22 c - Betty Shelton - pg. 28 d - LexiTheMonster - pg. 35
e - Pixabay - pg. 43 f - Otsphoto - pg. 51 g - Pexels - pg. 58 h - Pexels - pg. 65
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 142, setembro/outubro, 2019
i - Lisa Strachan - pg. 78 j - Elnavegante - pg. 84 k - Pxhere - pg. 86 l - Abeselom Zerit - pg. 92
Medicina Veterinária do Coletivo
Trocando a carrocinha pela adoção
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O minipig ou “suíno em miniatura”: do ensino à pesquisa, até a produção para a estimação
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Documentação de cães
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Livros
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Gestão
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Lançamentos
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Agenda
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Medicina Veterinária do Coletivo – fundamentos e práticas
Otimismo sempre !
A Hercosul lança Three Dogs e Three Cats Super Premium
“O jumento é nosso irmão, quer queira ou não” (Luiz Gonzaga)
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Cursos, palestras, semanas acadêmicas, simpósios, workshops, congressos, em todo território nacional e por todo o planeta
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Editorial
Unidos em defesa da vida Em setembro celebramos o dia do médicoveterinário. São muitas as oportunidades de aprender e de servir que nossa profissão oferece e pelas quais podemos ser gratos. O momento atual, no entanto, pede união em torno de uma tarefa essencial: preservar a vida. Não podemos mais fechar os olhos para o drama do nosso país, do nosso planeta. É alarmante a indiferença, a falta de consciência e de responsabilidade que ultimamente levaram à absurda escala de destruição de vidas humanas e animais e do meio ambiente. Nem bem saímos do desastre de Brumadinho e somos defrontados com a atuação criminosa de alguns e a complacência de muitos com a devastação da Amazônia e a inviabilização da pesquisa científica no país. Surgem posturas insensatas e injustificáveis, como negar dados científicos ou fugir da responsabilidade pela preservação do meio ambiente, da saúde e da vida. Com as perspectivas de agravamento da situação e a ausência de medidas efetivas para evitar a aceleração do grande desastre anunciado, torna-se mais fundamental a heroica resistência daqueles que seguem contribuindo com seu saber e empenho para alertar e reverter um processo que a maioria prefere não acreditar que nos levará a um futuro cada vez mais sombrio. É preciso somar esforços pela preservação de todas as formas de vida no planeta. A revista Clínica Veterinária agradece a todos os colegas que se empenham das mais diversas formas para divulgar informação de qualidade, para que juntos possamos contribuir para o bem-estar geral da vida – não somente a humana, mas toda ela. Juntos podemos fazer a diferença, ao somar esforços e competências. Esta edição traz matérias que ilustram as situações de desastres que muitos colegas têm enfrentado. E estamos prestes a participar do Simpósio de Medicina Veterinária de Desastres da Animal Health, em 2 de outubro em São Paulo, reunindo colegas para compartilhar experi6
ências e sabedorias, num empenho de união. Mais do que nunca, essa união de competências é essencial para não sermos engolidos pela catástrofe ecológica mais do que anunciada. Não cabem mais rusgas, egos feridos, preconceitos. Sofremos um processo de extinção em massa da vida. Perdemos diariamente jumentos no Nordeste, micos da Mata Atlântica, anfíbios endêmicos de cada rio da Amazônia, milhares de quilômetros quadrados da floresta Amazônica destruídos. Vivemos uma encruzilhada dramática, em que a ameaça à pesquisa e à verdade científica vai contra as milhares de formas de vida que constituem a massa viva do planeta. É urgente combater o obscurantismo, a ignorância e a má-fé, ampliar a consciência de que somos interdependentes, como indivíduos e como espécies. Precisamos das abelhas do Rio Grande do Sul para polinizar alimentos, de peixes e anfíbios para conter a proliferação de mosquitos e pernilongos (febre amarela, dengue, chikungunya, zica....), precisamos, enfim, uns dos outros. Já não basta nos unirmos como médicos-veterinários, em favor da cura e do conhecimento científico, nem mesmo apenas como médicosveterinários brasileiros. A união é como médicos-veterinários terrestres em favor da vida e da valorização do conhecimento. Trata-se de unir todos os médicos-veterinários de todas as áreas e credos, quaisquer que sejam os matizes ideológicos, de todos os países, para defender nosso conhecimento e atuar de modo a fazer diferença para o nosso presente e para as gerações futuras. E fazer isso com uma postura amorosa e otimista, pois a intensidade da ação é muito mais eficaz quando orientada para a união de esforços, do que perdida em litígios e acusações. Juntos podemos salvar nosso bem mais precioso – a vida no nosso lindo e maltratado planeta azul. Maria Angela Sanches Fessel CRMV-SP 10.159
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Consultores científicos Adriano B. Carregaro FZEA/USP-Pirassununga Álan Gomes Pöppl FV/UFRGS Alberto Omar Fiordelisi FCV/UBA Alceu Gaspar Raiser DCPA/CCR/UFSM Alejandro Paludi FCV/UBA Alessandra M. Vargas Endocrinovet Alexandre Krause FMV/UFSM Alexandre G. T. Daniel Universidade Metodista Alexandre L. Andrade CMV/Unesp-Aracatuba Alexander W. Biondo UFPR, UI/EUA Aline Machado Zoppa FMU/Cruzeiro do Sul Aline Souza UFF Aloysio M. F. Cerqueira UFF Ana Claudia Balda FMU, Hovet Pompéia Ana Liz Bastos CRMV-MG, Brigada Animal MG Ananda Müller Pereira Universidad Austral de Chile Ana P. F. L. Bracarense DCV/CCA/UEL André Luis Selmi Anhembi/Morumbi e Unifran Angela Bacic de A. e Silva FMU Antonio M. Guimarães DMV/UFLA Aparecido A. Camacho FCAV/Unesp-Jaboticabal A. Nancy B. Mariana FMVZ/USP-São Paulo Aulus C. Carciofi FCAV/Unesp-Jaboticabal Aury Nunes de Moraes UESC Ayne Murata Hayashi FMVZ/USP-São Paulo Beatriz Martiarena FCV/UBA Benedicto W. De Martin FMVZ/USP; IVI Berenice A. Rodrigues MV autônoma Camila I. Vannucchi FMVZ/USP-São Paulo Carla Batista Lorigados FMU
Carla Holms Anclivepa-SP Carlos Alexandre Pessoa www.animalexotico.com.br Carlos E. Ambrosio FZEA/USP-Pirassununga Carlos E. S. Goulart EMATER-DF Carlos Roberto Daleck FCAV/Unesp-Jaboticabal Carlos Mucha IVAC-Argentina Cassio R. A. Ferrigno FMVZ/USP-São Paulo Ceres Faraco FACCAT/RS César A. D. Pereira UAM, UNG, UNISA Christina Joselevitch IP/USP-São Paulo Cibele F. Carvalho UNICSUL Clair Motos de Oliveira FMVZ/USP-São Paulo Clarissa Niciporciukas Anclivepa-SP Cleber Oliveira Soares Embrapa Cristina Massoco Salles Gomes C. E. Daisy Pontes Netto FMV/UEL Daniel C. de M. Müller UFSM/URNERGS Daniel G. Ferro Odontovet Daniel Macieira FMV/UFF Denise T. Fantoni FMVZ/USP-São Paulo Dominguita L. Graça FMV/UFSM Edgar L. Sommer Provet Edison L. P. Farias UFPR Eduardo A. Tudury DMV/UFRPE Elba Lemos FioCruz-RJ Eliana R. Matushima FMVZ/USP-São Paulo Elisangela de Freitas FMVZ/Unesp-Botucatu Estela Molina FCV/UBA Fabian Minovich UJAM-Mendoza Fabiano Montiani-Ferreira FMV/UFPR
Fabiano Séllos Costa DMV/UFRPE Fabio Otero Ascol IB/UFF Fabricio Lorenzini FAMi Felipe A. Ruiz Sueiro Vetpet Fernando C. Maiorino Fejal/CESMAC/FCBS Fernando de Biasi DCV/CCA/UEL Fernando Ferreira FMVZ/USP-São Paulo Filipe Dantas-Torres CPAM Flávia R. R. Mazzo Provet Flavia Toledo Univ. Estácio de Sá Flavio Massone FMVZ/Unesp-Botucatu Francisco E. S. Vilardo Criadouro Ilha dos Porcos Francisco J. Teixeira N. FMVZ/Unesp-Botucatu F. Marlon C. Feijo Ufersa Franz Naoki Yoshitoshi Provet Gabriela Pidal FCV/UBA Gabrielle Coelho Freitas UFFS-Realeza Geovanni D. Cassali ICB/UFMG Geraldo M. da Costa DMV/UFLA Gerson Barreto Mourão Esalq/USP Hector Daniel Herrera FCV/UBA Hector Mario Gomez EMV/FERN/UAB Hélio Autran de Moraes Oregon S. U. Hélio Langoni FMVZ/Unesp-Botucatu Heloisa J. M. de Souza FMV/UFRRJ Herbert Lima Corrêa Odontovet Iara Levino dos Santos Koala H. A. e Inst. Dog Bakery Iaskara Saldanha Lab. Badiglian Idael C. A. Santa Rosa UFLA Ismar Moraes FMV/UFF
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Jairo Barreras FioCruz James N. B. M. Andrade FMV/UTP Jane Megid FMVZ/Unesp-Botucatu Janis R. M. Gonzalez FMV/UEL Jean Carlos R. Silva UFRPE, IBMC-Triade João G. Padilha Filho FCAV/Unesp-Jaboticabal João Luiz H. Faccini UFRRJ João Pedro A. Neto UAM Jonathan Ferreira Odontovet Jorge Guerrero Univ. da Pennsylvania José de Alvarenga FMVZ/USP Jose Fernando Ibañez FALM/UENP José Luiz Laus FCAV/Unesp-Jaboticabal José Ricardo Pachaly Unipar José Roberto Kfoury Jr. FMVZ/USP Juan Carlos Troiano FCV/UBA Juliana Brondani FMVZ/Unesp-Botucatu Juliana Werner Lab. Werner e Werner Julio C. C. Veado FMVZ/UFMG Julio Cesar de Freitas UEL Karin Werther FCAV/Unesp-Jaboticabal Leonardo D. da Costa Lab&Vet Leonardo Pinto Brandão Ceva Saúde Animal Leucio Alves FMV/UFRPE Luciana Torres FMVZ/USP-São Paulo Lucy M. R. de Muniz FMVZ/Unesp-Botucatu Luiz Carlos Vulcano FMVZ/Unesp-Botucatu Luiz Henrique Machado FMVZ/Unesp-Botucatu Marcello Otake Sato FM/UFTO Marcelo Bahia Labruna FMVZ/USP-São Paulo
Marcelo de C. Pereira FMVZ/USP-São Paulo Marcelo Faustino FMVZ/USP-São Paulo Marcelo S. Gomes Zoo SBC,SP Marcia Kahvegian FMVZ/USP-São Paulo Márcia Marques Jericó UAM e Unisa Marcia M. Kogika FMVZ/USP-São Paulo Marcio B. Castro UNB Marcio Brunetto FMVZ/USP-Pirassununga Marcio Dentello Lustoza Biogénesis-Bagó S. Animal Márcio Garcia Ribeiro FMVZ/Unesp-Botucatu Marco Antonio Gioso FMVZ/USP-São Paulo Marconi R. de Farias PUC-PR Maria Cecilia R. Luvizotto CMV/Unesp-Araçatuba M. Cristina F. N. S. Hage FMV/UFV Maria Cristina Nobre FMV/UFF M. de Lourdes E. Faria VCA/Sepah Maria Isabel M. Martins DCV/CCA/UEL M. Jaqueline Mamprim FMVZ/Unesp-Botucatu Maria Lúcia Z. Dagli FMVZ/USP-São Paulo Marion B. de Koivisto CMV/Unesp-Araçatuba Marta Brito FMVZ/USP-São Paulo Mary Marcondes CMV/Unesp-Araçatuba Masao Iwasaki FMVZ/USP-São Paulo
Mauro J. Lahm Cardoso Falm/Uenp Mauro Lantzman Psicologia PUC-SP Michele A. F. A. Venturini Odontovet Michiko Sakate FMVZ/Unesp-Botucatu Miriam Siliane Batista FMV/UEL Moacir S. de Lacerda Uniube Monica Vicky Bahr Arias FMV/UEL Nadia Almosny FMV/UFF Natália C. C. A. Fernandes Instituto Adolfo Lutz Nayro X. Alencar FMV/UFF Nei Moreira CMV/UFPR Nelida Gomez FCV/UBA Nilson R. Benites FMVZ/USP-São Paulo Nobuko Kasai FMVZ/USP-São Paulo Noeme Sousa Rocha FMV/Unesp-Botucatu Norma V. Labarthe FMV/UFFe FioCruz Patricia C. B. B. Braga FMVZ/USP-Leste Patrícia Mendes Pereira DCV/CCA/UEL Paulo Anselmo Zoo de Campinas Paulo César Maiorka FMVZ/USP-São Paulo Paulo Iamaguti FMVZ/Unesp-Botucatu Paulo S. Salzo Unimes, Uniban Paulo Sérgio M. Barros FMVZ/USP-São Paulo
Pedro Germano FSP/USP Pedro Luiz Camargo DCV/CCA/UEL Rafael Almeida Fighera FMV/UFSM Rafael Costa Jorge Hovet Pompéia Regina H. R. Ramadinha FMV/UFRRJ Renata A. Sermarini Esalq/USP Renata Afonso Sobral Onco Cane Veterinária Renata Navarro Cassu Unoeste-Pres. Prudente Renée Laufer Amorim FMVZ/Unesp-Botucatu Ricardo Duarte All Care Vet / FMU Ricardo G. D’O. C. Vilani UFPR Ricardo S. Vasconcellos CAV/Udesc Rita de Cassia Garcia FMV/UFPR Rita de Cassia Meneses IV/UFRRJ Rita Leal Paixão FMV/UFF Robson F. Giglio H. Cães e Gatos; Unicsul Rodrigo Gonzalez FMV/Anhembi-Morumbi Rodrigo Mannarino FMVZ/Unesp-Botucatu Rodrigo Teixeira Zoo de Sorocaba Ronaldo C. da Costa Ohio State University Ronaldo G. Morato CENAP/ICMBio Rosângela de O. Alves EV/UFG Rute C. A. de Souza UFRPE/UAG
Ruthnéa A. L. Muzzi DMV/UFLA Sady Alexis C. Valdes Unipam-Patos de Minas Sheila Canavese Rahal FMVZ/Unesp-Botucatu Silvia E. Crusco UNIP/SP Silvia Neri Godoy ICMBio/Cenap Silvia R. G. Cortopassi FMVZ/USP-São Paulo Silvia R. R. Lucas FMVZ/USP-São Paulo Silvio A. Vasconcellos FMVZ/USP-São Paulo Silvio Luis P. de Souza FMVZ/USP, UAM Simone Gonçalves Hemovet/Unisa Stelio Pacca L. Luna FMVZ/Unesp-Botucatu Tiago A. de Oliveira UEPB Tilde R. Froes Paiva FMV/UFPR Valéria Ruoppolo I. Fund for Animal Welfare Vamilton Santarém Unoeste Vania de F. P. Nunes FNPDA e Itec Vania M. V. Machado FMVZ/Unesp-Botucatu Victor Castillo FCV/UBA Vitor Marcio Ribeiro PUC-MG Viviani de Marco UNISA e NAYA Wagner S. Ushikoshi UNISA e CREUPI Zalmir S. Cubas Itaipu Binacional
revistaclinicaveterinaria.com.br
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Instruções aos autores
A
Clínica Veterinária publica artigos científicos inéditos, de três tipos: trabalhos de pesquisa, relatos de caso e revisões de literatura. Embora todos tenham sua importância, nos trabalhos de pesquisa, o ineditismo encontra maior campo de expressão, e como ele é um fator decisivo no âmbito científico, estes trabalhos são geralmente mais valorizados. Todos os artigos enviados à redação são primeiro avaliados pela equipe editorial e, após essa avaliação inicial, encaminhados aos consultores científicos. Nessas duas instâncias, decide-se a conveniência ou não da publicação, de forma integral ou parcial, e encaminham-se ao autores sugestões e eventuais correções. Trabalhos de pesquisa são utilizados para apresentar resultados, discussões e conclusões de pesquisadores que exploram fenômenos ainda não completamente conhecidos ou estudados. Nesses trabalhos, o bem-estar animal deve sempre receber atenção especial. Relatos de casos são utilizados para a apresentação de casos de interesse, quer seja pela raridade, evolução inusitada ou técnicas especiais. Devem incluir uma pesquisa bibliográfica profunda sobre o assunto (no mínimo 30 referências) e conter uma discussão detalhada dos achados e conclusões do relato à luz dessa pesquisa. A pesquisa bibliográfica deve apresentar no máximo 15% de seu conteúdo provenientes de livros, e no máximo 20% de artigos com mais de cinco anos de publicação. Revisões são utilizadas para o estudo aprofundado de informações atuais referentes a um determinado assunto, a partir da análise criteriosa dos trabalhos de pesquisadores de todo o meio científico, publicados em periódicos de qualidade reconhecida. As revisões deverão apresentar pesquisa de, no mínimo, 60 referências provadamente consultadas. Uma revisão deve apresentar no máximo 15% de seu conteúdo provenientes de livros, e no máximo 20% de artigos com mais de cinco anos de publicação. Critérios editoriais Enviar por e-mail (cvredacao@editoraguara. com.br) ou pelo site da revista (http:// revistaclinicaveterinaria.com.br/blog/envio-deartigos-cientificos) um arquivo texto (.doc) com o trabalho, acompanhado de imagens digitalizadas em formato .jpg . As imagens digitalizadas devem ter, no mínimo, resolução de 300 dpi na lar gura 10
de 9 cm. Se os autores não possuírem imagens digitali za das, devem encaminhar pelo correio ao nosso departamento de re da ção cópias das imagens originais (fotos, slides ou ilustrações – acompanhadas de identificação de propriedade e autor). Devem ser enviadas também a identificação de todos os autores do trabalho (nome completo por extenso, RG, CPF, endereço residencial com cep, telefones e e-mail) e uma foto 3x4 de rosto de cada um dos autores. Além dos nomes completos, devem ser informadas as instituições às quais os autores estejam vinculados, bem como seus tí tulos no momento em que o trabalho foi escrito. Os autores devem ser relacionados na seguinte ordem: primeiro, o autor principal, seguido do orientador e, por fim, os colaboradores, em sequência decrescente de participação. Sugere-se como máximo seis autores. O primeiro autor deve necessariamente ter diploma de graduação em medicina veterinária. Todos os artigos, independentemente da sua categoria, devem ser redigidos em língua portuguesa e acompanhados de versões em língua inglesa e espanhola de: título, resumo (de 700 a 800 caracteres) e unitermos (3 a 6). Os títulos devem ser claros e grafados em letras minúsculas – somente a primeira letra da primeira palavra deve ser grafada em letra maiúscula. Os resumos devem ressaltar o objetivo, o método, os resultados e as conclusões, de forma concisa, dos pontos relevantes do trabalho apresentado. Os unitermos não devem constar do título. Devem ser dispostos do mais abrangente para o mais específico (eg, “cães, cirurgias, abcessos, próstata). Verificar se os unitermos escolhidos constam dos “Descritores em Ciências de Saúde” da Bireme (http://decs.bvs.br). Revisões de literatura não devem apresentar o subtítulo “Conclusões”. Sugere-se “Considerações finais”. Não há especificação para a quantidade de páginas, dependendo esta do conteúdo explorado. Os assuntos devem ser abordados com objetividade e clareza, visando o público leitor – o clínico veterinário de pequenos animais. Utilizar fonte arial tamanho 12, espaço simples e uma única coluna. As margens superior, inferior e laterais devem apresentar até 3 cm. Não deixar linhas em branco ao longo do texto, entre títulos, após subtítulos e entre as referências. Imagens como fotos, tabelas, gráficos e ilustrações não podem ser cópias da literatura, mesmo que seja indicada a fonte. Devem ser
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utilizadas imagens originais dos próprios autores. Imagens fotográficas devem possuir indicação do fotógrafo e proprietário; e quando cedidas por terceiros, deverão ser obrigatoriamente acompanhadas de autorização para publicação e cessão de direitos para a Editora Guará (fornecida pela Editora Guará). Quadros, tabelas, fotos, desenhos, gráficos deverão ser denominados figuras e numerados por ordem de aparecimento das respectivas chamadas no texto. Imagens de microscopia devem ser sempre acompanhadas de barra de tamanho e nas legendas devem constar as objetivas utilizadas. As legendas devem fazer parte do arquivo de texto e cada imagem deve ser nomeada com o número da respectiva figura. As legendas devem ser autoexplicativas. Não citar comentários que constem das introduções de trabalhos de pesquisa para não incorrer em apuds. Sempre buscar pelas referências originais. O texto do autor original deve ser respeitado, utilizando-se exclusivamente os resultados e, principalmente, as conclusões dos trabalhos. Quando uma informação tiver sido localizada em diversas fontes, deve-se citar apenas o autor mais antigo como referência para essa informação, evitando a desproporção entre o conteúdo e o número de referências por frases. As referências serão indicadas ao longo do texto apenas por números sobrescritos ao texto, que corresponderão à listagem ao final do artigo – autores e datas não devem ser citados no texto. Esses números sobrescritos devem ser dispostos em ordem crescente, seguindo a ordem de aparecimento no texto, e separados apenas por vírgulas (sem espaços). Quando houver mais de dois números em sequência, utilizar apenas hífen (-) entre o primeiro e o último dessa sequência, por exemplo cão 1,6-10,13. A apresentação das referências ao final do artigo deve seguir as normas atuais da ABNT 2002 (NBR 10520). Utilizar o formato v. para volume, n. para número e p. para página. Não utilizar “et al” – todos os autores devem ser relacionados. Não abreviar títulos de periódicos. Sempre utilizar as edições atuais de livros – edições anteriores não devem ser utilizadas. Todos os livros devem apresentar informações do capítulo consultado, que são: nome dos autores, nome do capítulo e páginas do capítulo. Quando mais de um capítulo for utilizado, cada capítulo deverá ser considerado uma
referência específica. Não serão aceitos apuds nem revisões de literatura (Citação direta ou indireta de um autor a cuja obra não se teve acesso direto. É a citação de “segunda mão”. Utiliza-se a expressão apud, que significa “citado por”. Deve ser empregada apenas quando o acesso à obra original for impossível, pois esse tipo de citação compromete a credibilidade do trabalho). Somente autores de trabalhos originais devem ser citados, e nunca de revisões. É preciso ser ético pois os créditos são daqueles que fizeram os trabalhos originais. A exceção será somente para literatura não localizada e obras antigas de difícil acesso, anteriores a 1960. As citações de obras da internet devem seguir o mesmo procedimento das citações em papel, apenas com o acréscimo das seguintes informações: “Disponível em: <http://www. xxxxxxxxxxxxxxx>. Acesso em: dia de mês de ano.” Somente utilizar o local de publicação de periódicos para títulos com incidência em locais distintos, como, por exemplo: Revista de Saúde Pública, São Paulo e Revista de Saúde Pública, Rio de Janeiro. De modo geral, não são aceitas como fontes de referência periódicos ou sites não indexados. Ocasionalmente, o conselho científico editorial poderá solicitar cópias de trabalhos consultados que obrigatoriamente deverão ser enviadas. Será dado um peso específico à avaliação das citações, tanto pelo volume total de autores citados, quanto pela diversidade. A concentração excessiva das citações em apenas um ou poucos autores poderá determinar a rejeição do trabalho. Não utilizar SID, BID e outros. Escrever por extenso “a cada 12 horas”, “a cada 6 horas” etc. Com relação aos princípios éticos da experimentação animal, os autores deverão considerar as normas do SBCAL (Sociedade Brasileira de Ciência de Animais de Laboratório). Informações referentes a produtos utilizados no trabalho devem ser apresentadas em rodapé, com chamada no texto com letra sobrescrita ao princípio ativo ou produto. Nesse subtítulo devem constar o nome comercial, fabricante, cidade e estado. Para produtos importados, informar também o país de origem, o nome do importador/ distribuidor, cidade e estado. Revista Clínica Veterinária / Redação Rua Adolf Würth, 276, cj. 2, 06713-250, Cotia, SP cvredacao@editoraguara.com.br
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Medicina Veterinária do Desastres
Os desafios do atendimento médicoveterinário em catástrofes naturais Grad
Introdução Na madrugada de 4 de dezembro de 2017, a região da Zona da Mata no Estado de Minas Gerais foi afetada por chuvas intensas. O alto índice pluviométrico ocasionou a cheia do rio Casca e de córregos vizinhos, provocando enchentes em vários municípios da região, dentre eles, Rio Casca, Santa Cruz do Escalvado, Lajinha, São Pedro dos Ferros, Santo Antônio do Grama e distritos desses municípios como Águas Férreas e Vista Alegre, locais bastante atingidos que tiveram grande parte do seu território devastado, nos quais muitas pessoas e animais ficaram desabrigados (Figuras 1, 2 e 3). Logo após o acontecimento da enchente, um grupo de resgate de animais em desastres, do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, composto por médicos-veterinários, biólogos, bombeiros civis e protetores que atuam de forma voluntária e humanitária, foram para a região e iniciaram os resgates e os atendimentos dos animais. O objetivo do grupo foi contribuir para diminuir o sofrimento dos animais, uma vez que a vida humana é sempre a prioridade em catástrofes. Neste caso específico, por se tratar de um desastre natural, nenhuma empresa foi responsabilizada pelos seus efeitos, e a solução ficou por conta da prefeitura e da consciência de cidadania e da generosidade de pessoas que, mesmo perdendo tudo o que tinham, uniram forças para ajudar seus semelhantes e os animais (Figuras 4). A grande dificuldade enfrentada pelo grupo 12
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Figura 1 – Município de Rio Casca no dia da enchente
Figura 2 – Cães procurando abrigo após a enchente no distrito de Vista Alegre em Rio Casca
foi a falta de recursos. Um ponto crucial nesse episódio é que não havia uma estrutura para receber os animais, então eles tiveram que ser atendidos nos locais onde estavam (Figura 5). A equipe também se viu obrigada a contê-los nos lugares onde foram encontrados, presos em correntes ou cordas, de forma provisória, quando eram agressivos ou estavam bastantes
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Figura 3 – Vista da destruição ocasionada pela enchente no município de Rio Casca dois dias após o desastre
debilitados ou mantidos soltos nas ruas, monitorados por membros do grupo e por protetores de animais da cidade de Rio Casca. Os veterinários e seus auxiliares retornavam diariamente aos locais onde havia animais em tratamento para manter a oferta de água, de comida e dos cuidados clínicos necessários. O ponto de apoio da equipe foi a Câmara Municipal de Rio Casca, usada como ponto
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Figura 4 – Escola em Rio Casca usada como abrigo e local de doação de roupas e comida
Figura 5 – Bombeira civil, Bell Silva ajudando no atendimento a campo junto a MV Luciana Guimarães
de atendimento aos animais e como local de doação e estocagem de medicamentos, materiais, cobertores, casinhas, coleiras, comedouros e ração, dentre outros. Sem prejuízo dos atendimentos feitos na Câmara Municipal, a equipe se revezava entre a assistência e as buscas em campo, bem como nos atendimentos às cidades vizinhas, quando solicitados. Não poderia passar em branco a valorosa
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Figura 6 – A enxurrada carregou animais cujas carcaças ficaram presas em objetos ou destroços. A) Carçaça de galinha. B) Carcaça de suíno
Figura 7 – Cerca de dois mil porcos de uma única granja morreram no desastre Grad
participação dos cidadãos da região que se dispuseram ao trabalho voluntário, cuja contribuição foi de grande valia. Os voluntários ficaram em casas de cidadãos de Rio Casca, em escola e hotel, pago pela prefeitura do município. As ações tiveram apoio do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais, da Comissão de Proteção à Fauna da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, do Movimento Mineiro pelos Direitos dos Animais e da Coordenadoria Estadual de Defesa da Fauna do Ministério Público de Minas Gerais. A Equipe chegou na região no dia 06/12/17 e deu apoio no local até o dia 30/12/17, realizando trabalho de resgate, atendimentos clínico e cirúrgico, fornecimento de ração e apoio aos tutores dos animais desabrigados. Na cidade de Rio Casca, a equipe ajudou no resgate dos animais da D. Maria, uma acumuladora de animais que tinha em torno de 80 animais entre cães e gatos e 200 galináceos, sendo que desses, restaram somente 21 cães e 5 gatos. Os animais sobreviventes foram examinados, desverminados, vacinados e foram castrados quinze dias após a tragédia. Durante o período que a equipe ficou na região foram atendidos 159 cães, 6 gatos, 56 equídeos, 22 suínos e 53 galináceos. Também foram atendidos um coelho e uma maritaca. Quando ocorrem inundações são frequentes casos de afogamentos dos animais, exaustão por fazer longas caminhadas para encontrar alimento gerando fome, caquexia, feridas e injúrias na pele e nas patas, doenças respiratórias, aumento de ecto e endoparasitas, aumento de doenças infecciosas, zoonoses e outras transmitidas por vetores. Os casos mais frenquentes encontrados na inundação da Zona da Mata mineira foram: escoriações, avulsões, fraturas e distúrbios gastrintestinais, entre outros. Foi realizado também
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Medicina Veterinária do Desastres
Figura 8 – Retirada de carcaças de equinos no distrito de Vista Alegre
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Figura 9 – MV Mayra Anelore Pereira realizando ultrassonografia em um cão, acompanhada pelo tutor do animal
o recolhimento de animais mortos, inclusive daqueles que já se encontravam em estágio avançado de decomposição (Figuras 6, 7 e 8). Todos os animais atendidos foram desverminados e tratados para ectoparasitas, os cães foram vacinados em sua maioria com vacina polivalente espécie-específica e os cavalos vacinados contra tétano. Com o passar dos dias, a população tomou conhecimento do atendimento feito pela equipe na Câmara e começou a trazer animais que haviam sido indiretamente atingidos pela tragédia, uma vez que a única clínica veterinária e as duas lojas agropecuárias da cidade tinham sido atingidas pela chuva. Os casos atendidos variaram desde cinomose, dermatopatias, hemoparasitoses, tumor venéreo transmissível (TVT), piometra, entre outros. Cada atendimento realizado gerava exames laboratoriais (hemograma, raspado de pele,
citologia e coproparasitológico) e de diagnóstico de imagem por ultrassonografia. Os hemogramas, foram realizados manualmente com o auxílio de reagentes e microscópio, no qual foram feitas as leituras das lâminas para os exames de raspado de pele e parasitológicos diretos a fresco, estes últimos, corados com lugol. Os esfregaços sanguíneos foram corados com panótico rápido, que também serviu para a coloração das citologias, cujas amostras foram coletadas pelos veterinários que estavam em campo. Para a realização das ultrassonografias foi utilizado um aparelho móvel de ultrassom com bateria, possibilitando a realização dos exames em locais remotos ou em locais que estavam sem energia elétrica (Figura 9). Dada a gravidade de alguns casos atendidos, os exames de imagem e laboratoriais foram de grande importância para um diagnostico rápido e preciso, auxiliando os médicos-veterinários a optarem pelo método mais eficaz de tratamento em um curto espaço de tempo. Com o resultado dos exames e diante do levantamento do quadro clínico dos animais resgatados, procederam-se as vacinações, visando a imunização dos animais e o controle de leptospirose, castrações e cirurgias de piometra, sendo o pós-operatório acompanhado pelos veterinários do grupo. Foram realizadas cinco ovariohisterectomias de forma emergencial, sendo que três casos eram de cadelas com piometra. O primeiro caso de piometra encontrado foi de uma pinscher, que vivia no vilarejo de Vista Alegre, um dos locais mais atingidos da região. O tutor ficou sabendo que existiam veterinários fazendo atendimentos aos animais atingidos e então foi atrás de ajuda para sua cadelinha que tinha idade aproximada de dois anos e que havia parido um dia antes da enchente, sendo que somente um de seus filhotes sobreviveu. O tutor chegou com a queixa de que o animal estava apático, apresentava anorexia e polidpsia. Ao exame clínico, o animal apresentava hipertermia, hifema, descarga vaginal purulenta, aumento de volume
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Medicina Veterinária do Desastres 24 horas. Foi improvisada uma roupa pós-cirúrgica com camisetas e uma caminha com travesseiros e cobertores que haviam sido encaminhados por doação (Figura 10). A cadela se recuperou bem e após 24 horas o animal teve alta médica para seguir o tratamento junto aos seus tutores. O segundo caso de piometra foi uma cadela também em Vista Alegre que estava perambulando nas ruas atingidas pela enchente. Foi informado que ela não possuía tutor e que havia aparecido lá após a enchente, pois muitos animais foram arrastados pela água de um bairro para outro. O animal estava sujo de lama, apresentava caquexia e prostração. A cadela passou por todo o procedimento acima citado, contudo por não ter tutor, permaneceu na Câmara Municipal por mais uns dias. Sua história foi divulgada nas redes sociais e hoje ela vive feliz com seu novo tutor em São Paulo (Figura 11). Foi feito um atendimento em uma égua que havia ficado presa na sua baia durante a enchente (Figura 12). Após longo tempo tentando sair da baia, para se salvar, ela enganchou um dos membros pélvicos em restos de cercas de arame farpado e madeiras que estavam na água. Na tentativa de soltar a pata, ocorreu uma avulsão severa de pele e músculo. No atendimento clínico a esse animal constatou-
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abdominal e com sensibilidade à palpação e mucosas congestas. Foi realizado o atendimento a campo, foi feita a fluidoterapia com Ringer Lactato por via endovenosa juntamente com hepatoprotetores, vitamina B12, antipiréticos, antiespasmódico, antibióticoterapia com metronidazol e enrofloxacina e também anti-inflamatório para que pudesse diminuir a formação de imunocomplexos. Esse tratamento instituído foi mantido por três dias. O animal foi estabilizado e não apresentou mais hipertermia, congestão, nem hifema, além de voltar a se alimentar. A cadela foi submetida a exames complementares e diagnóstico foi fechado. O animal foi operado dentro da Câmara Municipal com anestesia inalatória, com o seguinte protocolo: MPA com meperidina; indução com cetamina e diazepan; manutenção com anestesia inalatória com isofluorano sem reinalação. O transoperatório seguiu sem nenhuma intercorrência e o pós-operatório imediato foi feito na própria Câmara Municipal, onde a cadela ficou em observação durante
Figura 10 – Cadela pinscher se recuperando da anestesia, utilizando roupinha improvisada 16
Figura 11 – Cadelinha encontrada nas ruas de Vista Alegre (Rio Casca) em seu novo lar em São Paulo
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se exposição de tendões, osso, edema, hipertermia, hiperemia da região, claudicação, porém os tendões e ossos estavam íntegros. Foi realizado como tratamento básico limpeza da ferida com água e sabão e em seguida foi aplicado um spray de cipermetrina, diclorvós, alumínio e sulfadiazina de prata. Foi feita uma aplicação intramuscular de dexametasona, dipirona sódica e penicilina G procaína (50.000 UI/kg). Foi feita a limpeza 3 vezes ao dia com água e sabão e aplicação local de chá de barbaFigura 12 – Égua que se feriu com arame farpado quando nadava timão e pomada de permetrina, butóxido de piperonila e óxido de zinco. tentado se salvar Após dois dias da instituição do tratamento, a égua apresentou melhora geral e a tuações de desastre. Disponível em: https://www. ferida mostrou sinais de cicatrização. worldanimalprotection.org.br/nosso-trabalho/aniSão muitos os desafios do atendimento mais-em-situacoes-de-desastre. Acesso em 20 de médico-veterinário em catástrofes naturais, julho de 2019. porém mesmo com todas as dificuldades encontradas na região da enchente foi possível proporcionar um atendimento de qualidade Luciana Guimarães Santana aos animais, com êxito nos procedimentos MV, CRMV-SP: 15.903 Grupo de Resgate de Animais em Desastres realizados. – Grad É importante salientar que o resgate e salluciana_vet@outlook.com vamento dos animais é um dever ético, moral e técnico pois assegura o bem-estar animal Daniela de Oliveira Souza Souto dos indivíduos afetados e em risco, e zela MV, CRMV-SP: 16.688 pelo bem-estar emocional de seus tutores, Grupo de Resgate de Animais em Desastres que com frequência se encontram fragilizados – Grad danidiol@yahoo.com pela perda de bens materiais e, por vezes, de entes queridos. O profissional precisa estar Mayra Anelore Pereira preparado para trabalhar em situações adverMV, CRMV-SP: 20.495 sas, precisa ser racional ao lidar com panoraGrupo de Resgate de Animais em Desastres mas extremamente difíceis e, acima de tudo, – Grad permayra@gmail.com precisa usar seus conhecimentos para oferecer cuidados aos animais, proporcionando a cura de suas enfermidades e a diminuição Ana Liz Bastos MV, CRMV-MG: 5.200, conselheira e preside seus sofrimentos, garantindo um nível adedente da Comissão de Bem-estar Animal do quado de bem-estar animal também nesses CRMV-MG; perita da Coordenadoria Estadual momentos. de Defesa da Fauna do MPMG; coordenadoa
Referência sugerida
1-WORLD ANIMAL PROTECTION. Animais em si-
ra geral do Grupo de Resgate de Animais em Desastres – Grad analiz.bastos@gmail.com
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Desastre ambiental em Brumadinho, MG – a importância do médico-veterinário perito e patologista nesse contexto Introdução Desastres ambientais são situações que geram instabilidade nas relações de uma sociedade ou comunidade, acarretando danos humanitários que frequentemente se associam a prejuízos ao meio ambiente ¹. Independentemente da origem do incidente, natural ou antropogênica, existe uma população exposta ao risco que necessita de resposta emergencial ágil e eficaz para amenizar os agravos 2-6. O desastre ambiental de Brumadinho foi provocado pelo rompimento da barragem B1 da mina do Córrego do Feijão, que ocasionou a dispersão de cerca de 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos contendo principalmente minério de ferro, causando a morte de centenas de pessoas, além de extensa destruição ambiental 7-11. Em relação à fauna local, diferentes espécies foram encontradas mortas 12, fazendo-se necessária a avaliação pericial do local e dos cadáveres e a realização de exames complementares para melhor definir os impactos do desastre, esclarecendo a possível causa mortis e assegurando a veracidade dos dados fornecidos 13-17. A prática da necrópsia é fundamental para confirmar, refutar, esclarecer, modificar ou estabelecer o diagnóstico post mortem. Além disso, permite maior abrangência da coleta de materiais para exames citológicos, parasitológicos, microbiológicos e toxicológicos 18,19. As necrópsias podem ser subdivididas em dois tipos: a anatomopatológica ou não judicial, e a forense ou judicial. No primeiro caso, o objetivo é avaliar as alterações macroscópicas dos órgãos para verificar a origem e a extensão das complicações existentes; nessas situações não há interesse judicial. No segundo caso, além da obtenção da causa mortis, busca-se 18
Figura 1 – Fluxograma de trabalho dos órgãos responsáveis pelas perícias ambientais e do departamento de necrópsia do Hospital Veterinário de Campanha da margem esquerda do Córrego do Feijão em Brumadinho, MG
entender o tipo de morte, seja ela acidental ou não, natural ou indeterminada; nesse contexto, a realização da perícia criminal é essencial para garantir a validade do procedimento e emitir o laudo pericial 20. No episódio sucedido em Brumadinho, ambos os procedimentos foram aplicados sob supervisão dos órgãos Polícia Federal (PF), Polícia Civil (PC), Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama) e pela empresa Vale, segundo um fluxograma preestabelecido (Figura 1). Após a localização e a identificação dos corpos de animais domésticos ou não domésticos pelo Corpo de Bombeiros, que trabalhava em áreas afetadas diretamente pela lama, os órgãos policiais supracitados e o Ibama eram acionados via rádio e direcionados ao local. De forma geral, os procedimentos necroscópicos forenses se iniciavam pela avaliação pericial do local onde o animal havia sido encontrado, que posteriormente
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Figura 2 – Diversidade de espécies encontradas nas áreas atingidas direta e indiretamente pelo acidente, sendo todas direcionadas pelos órgãos responsáveis e encaminhadas para o Hospital Veterinário de Campanha do Córrego do Feijão. A) Dasypus novemcinctus (Tatu-galinha). B) Carcaça de Bos taurus (Bezerro) em estado avançado de heterólise. C) Passeriforme não identificado devido à decomposição e à mumificação. D) Gallus gallus domesticus (Galinha). E) Cerdocyon thous (Cachorro-do-mato). F) Coragyps atratus (Urubu-de-cabeça-preta)
era recolhido e encaminhado ao Hospital Veterinário de Campanha (HVC) da margem esquerda do Córrego do Feijão. No HVC, as carcaças eram encaminhadas ao Setor de Patologia Veterinária para serem submetidas ao procedimento necroscópico, feito pela equipe de autores deste artigo e supervisionado pelos agentes das instituições responsáveis: PC, PF e Ibama. Para iniciar uma necrópsia, faz-se a inspeção completa da carcaça, na qual se analisa a região externa do animal, com o objetivo de encontrar possíveis alterações. Em seguida se realiza a avaliação minuciosa e a exteriorização de órgãos das cavidades torácica e abdominal, e por fim faz-se o recolhimento das amostras
desejadas 20,21. Quando necessário, a coleta de materiais é feita em duplicata, para fins periciais e técnico-científicos. O exame post mortem foi realizado em diferentes espécies de animais (Figura 2). Houve situações nas quais o transporte da carcaça até o HVC não era possível devido ao estado avançado de decomposição; sendo assim, a necrópsia era feita no local de encontro do cadáver (Figura 3). Nessas situações, a presença dos órgãos oficiais previamente citados também era indispensável. As necrópsias judiciais realizadas em Brumadinho seguiram um fluxograma-padrão independentemente da espécie animal envolvida, e em todos os procedimentos realizados
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Figura 3 – Registro do resgate da carcaça de uma capivara (Hydrochaeris hydrochaeris) feito pelos órgãos da Polícia Civil e Polícia Federal em conjunto com os autores deste trabalho, realizando necrópsia em campo. A) Animal em condições de difícil acesso e de precária possibilidade de transporte, devido à avançada decomposição. B) Necrópsia realizada às margens da lama e acompanhada pelas autoridades periciais. C) Peritos fazendo análise do local para inquérito sobre a localização e o mapeamento de carcaças
a fiscalização foi feita pelos órgãos oficiais. Em situações emergenciais, como foi o caso desse desastre ambiental, a realização dos procedimentos por profissionais capacitados é essencial para avaliar a abrangência dos danos provocados pela lama sobre a fauna local, uma vez que os resultados das necrópsias e das avaliações de amostras permitem provar que a morte decorreu do contato do animal com os dejetos da barragem. Ambientes submetidos a desastres demandam prestação de contas e devem basear as ações em evidências; assim, as práticas apoiadas pela ciência podem responder a possíveis lacunas 22. Todos os resultados das necrópsias realizadas em Brumadinho ainda são considerados sigilosos até a data de publicação deste artigo, portanto não podem ainda ser publicados. Entretanto, a divulgação dessa logística de trabalho demonstra a importância do patologista veterinário nessas situações e do trabalho executado de forma padronizada. Referências
01-FREITAS, C. M. ; SILVA, D. R. X. ; SENA, A. R. M. ; 20
SILVA, E. L. ; SOARES, L. B. F. ; CARVALHO, M. L. ; MAZOTO, M. L. ; BARCELLOS, C. ; COSTA, A. M. ; OLIVEIRA, M. L. C. ; CORVALAN, C. Desastres naturais e saúde no Brasil. 2. ed. Brasília: Fundação Oswaldo Cruz, 2015. 52 p. ISBN: 978-8579670930. 02-RDC. Logística de emergência e gestão de transporte. Manual de Programas do Conselho Dinamarquês de Refugiados (RDC), Copenhague: RDC, 2008. p. 1-9. 03-ALVES, G. B. Danos futuros na responsabilidade civil por desastres ambientais. Direito e Cidadania, v. 3, p. 1-20, 2018. 04-CARVALHO, C. S. ; GALVÃO, T. Gestão de riscos e resposta a desastres naturais: a atuação do ministério das cidades. In: CONGRESSO CONSAD DE GESTÃO PÚBLICA, 6., 2013, Brasília. Anais... Brasília: Centro de Convenções Ulysses Guimarães, 2013. 24 p. 05-ESPINDOLA, H. S. ; GUIMARÃES, D. J. M. História ambiental dos desastres: uma agenda necessária. Tempo & Argumento, v. 11, n. 26, p. 560-573, 2019. doi: 10.5965/2175180311262019560. 06-SHEIKHBARDSIRI, H. ; YARMOHAMMADIAN, M. H. ; REZAEL, F. ; MARACY, M. R. Rehabilitation of vulnerable groups in emergencies and disasters: a systematic review. World Journal of Emergency Medicine, v. 8, n. 4, p. 245-263, 2017. doi: 10.5847/ wjem.j.1920-8642.2017.04.002. 07-PORTELA, G. Brumadinho sob a ótica da comunicação e informação em saúde. Rio de Janeiro: Instituto de Comunicação e Informação Científica e
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Medicina Veterinária de Desastres Tecnológica em Saúde, Fiocruz, 2019. Disponível em: <https://portal.fiocruz.br/noticia/brumadinho-sob-oticada-comunicacao-e-informacao-em-saude>. Acesso em 26 de agosto de 2019. 08-PEREIRA, D. M. ; FREITAS, S. M. C. ; GUIMARÃES, H. O. R. ; MÂNGIA, A. A. M. Brumadinho: muito mais do que um desastre tecnológico. 2019. 13 p. doi: 10.13140/RG.2.2.23813.60643. Disponível em: <https://www.researchgate.net/ publication/331653523_Brumadinho_muito_mais_do_ que_um_desastre_tecnologico?fbclid=IwAR1kkwgN_ xUqsUaoTt2GZOvw8yp4Wk2cYz0oqh_ jCNw1q5Zv42AF-qMNYhw>. Acesso em 03 de junho de 2019. 09-PEREIRA, L F. ; CRUZ, G. B. ; GUIMARÃES, R. M. F. Impactos do rompimento da barragem de rejeitos de Brumadinho, Brasil: uma análise baseada nas mudanças de cobertura da terra. Journal of Environmental Analysis and Progress, v. 4, n. 2, p. 122-129, 2019. doi: 10.24221/JEAP.4.2.2019.2373.122-129. 10-SILVA, B. V. Massacre de pessoas, violações de direitos e desprezo pela sociedade civil local marcam a experiência em Brumadinho após o desastre criminoso da VALE S/A. Revista Científica Foz, v. 1, n. 3, p. 13, 2019. Disponível em: <https://racismoambiental. net.br/2019/03/17/massacre-de-pessoas-violacoesde-direitos-e-desprezo-pela-sociedade-civil-localmarcam-a-experiencia-em-brumadinho-apos-odesastre-criminoso-da-vale/>. Acesso em 03 de junho de 2019. 11-IBAMA. Rompimento de barragem da Vale em Brumadinho (MG) destruiu 269,84 hectares. IBAMA, 2019. Disponível em: <http://www.ibama.gov.br/ noticias/730-2019/1881-rompimento-de-barragem-davale-em-brumadinho-mg-destruiu-269-84-hectares>. Acesso em 17 de maio de 2019. 12-ÂNGELO, E. Comando de operações de busca e resgate. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GERENCIAMENTO DA RESPOSTA EM CATÁSTROFE, 5., 2019, São Paulo. Anais... São Paulo: Albert Einstein Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa, 2019. 13-LOPES, C. E. B. ; RODRIGUES, F. R. N. ; MATOS, M. G. ; BATISTA, L. S. ; PESSOA, A. W. P. ; VIANA, D. A. A importância da necropsia para a investigação de morte não esclarecida em um cão: relato de caso. Ciência Animal, v. 27, n. 2, p. 95-98, 2017. 14-FREITAS, C. M. ; BARCELLOS, C. ; HELLER, L. ; LUZ, Z. M. P. Desastres em barragens de mineração: lições do passado para reduzir riscos atuais e futuros. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 28, n. 1, p. 1-4, 2019. doi: 10.5123/s1679-49742019000100020. 15-FREITAS, C. M. ; SILVA, D. R. X. ; SENA, A. R. M. ; SILVA, E. L. ; SALES, L. B. F. ; CARVALHO, M. L. ; MAZOTO, M. L. ; BARCELLOS, C. ; COSTA, A. M. ; OLIVEIRA, M. L. C. ; CORVALÁN, C. Desastres 22
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naturais e saúde: uma análise da situação do Brasil. Ciência e Saúde Coletiva, v. 19, n. 9, p. 3645-3656, 2014. doi: 10.1590/1413-81232014199.00732014. 16-JIANG, Y. ; YUAN, Y. Emergency logistics in a largescale disaster context: achievements and challenges. International Journal of Environmenal Research and Public Health, v. 15, n. 5, p. 779-801, 2019. doi: 10.3390/ijerph16050779. 17-ROMÃO, A. ; FROES, C. ; BARCELLOS, C. ;SILVA, D. X. ; SALDANHA, R. ; GRACIE, R. ; PASCOAL, V. Avaliação preliminar dos impactos sobre a saúde do desastre da mineração da Vale (Brumadinho MG). In: DESASTRE DA VALE EM BRUMADINHO: IMPACTOS SOBRE A SAÚDE E DESAFIOS PARA A GESTÃO DE RISCOS, 2019, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: Fiocruz, 2019. 21 p. 18-BASTOS, A. L. A atuação dos médicos-veterinários nos desastres. Clínica Veterinária, ano XXIV, n. 140, p. 12-16, 2019. ISSN: 1413-571X. 19-PEIXOTO, P. V. ; BARROS, C. S. L. A importância da necropsia em medicina veterinária. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 18, n. 3-4, p. 132-1341998. doi: 10.1590/S0100-736X1998000300008. 20-TOSTES, R. A. ; REIS, S. T. J. ; CASTILHO, V. V. A perícia em patologia. In:___. Tratado de Medicina Veterinária Legal. 1. ed. Curitiba: Medvep, 2017. p. 244-254. ISBN: 978-8566759051. 21-CARDOSO, C. V. P. Técnica de necropsia. In: ANDRADE, A. ; PINTO, S. C. ; OLIVEIRA, R. S. Animais de laboratório: criação e experimentação. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2002. p. 331335. ISBN: 85-75410156. 22-GERDIN, M. ; CLARKE, M. ; ALLEN, C. ; KAYABU, B. ; SUMMERSKILL, W. ; DEVANE, D. ; MACLACHLAN, M. ; SPIEGEL, P. ; GHOSH, A. ; ZACHARIAH, R. ; GUPTA, S. ; BARBOUR, V. ; MURRAY, V. ; VON SCHREEB, J. Evidências ótimas em cenários difíceis: melhorando as intervenções em saúde e a tomada de decisões em desastres. PLoS Medicine, 2014. Aldair Junio Woyames Pinto
MV, CRMV-MG: 11.224, dr., prof. Centro Universitário Newton Paiva aldairwpinto@gmail.com
Luiza Fernandes Fonseca
Aluna de medicina veterinária Centro Universitário Newton Paiva luizafe1@hotmail.com
Ana Paula Souza Oliveira
Aluna de medicina veterinária Centro Universitário Newton Paiva anasouzaoliveira20@gmail.com
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Medicina Veterinária do Coletivo
Animais atropelados nas estradas Introdução Acidentes envolvendo automóveis e animais geram prejuízos e problemas para a segurança pública, além de impactos negativos na biodiversidade. Em 2018, de acordo com dados estatísticos da Polícia Rodoviária Federal (PRF), foram registrados 856 acidentes com animais nas pistas, causando 75 óbitos humanos. Em 2017 foi bem pior, segundo dados do Anuário Estatístico de Segurança Rodoviária: 2.612 acidentes com 103 óbitos humanos em rodovias federais causados por animais nas pistas 1. Embora as rodovias sejam consideradas importantes empreendimentos e estejam relacionadas ao desenvolvimento econômico do país, podem representar impactos sociais e ambientais adversos. As consequências negativas vão além do local onde a rodovia foi implantada, podendo causar danos a quilômetros de distância 2. Os efeitos desastrosos ao meio ambiente são causados principalmente pela fragmentação de habitats e das populações que viviam no local antes da implantação da via, alterando substancialmente a função e a estrutura da paisagem original. Esses efeitos incluem alteração da estrutura química e física do meio ambiente por meio da remoção da cobertura vegetal, da erosão do solo, do desvio de rios, do aumento da emissão de gases poluentes e do aumento de ruídos sonoros 3,4. Um estudo feito na região metropolitana de São Paulo mostrou que 13% dos óbitos de cães foram ocasionados por traumatismos 5, sendo o atropelamento por veículos a principal e mais prevalente causa de traumas e óbitos 6. O abandono de cães nas proximidades de rodovias agrava a situação, causando um número ainda maior de acidentes e atropelamentos. Em 2010, segundo a reportagem do site G1, 24
Fernando Gonsales
Ameaça à fauna nativa e aos animais domésticos
Figura 1 – Os acidentes envolvendo grandes animais como cavalos e bovinos são os maiores responsáveis pelos óbitos dos animais e pelas vítimas humanas feridas 8
a concessionária responsável pelas rodovias Castello Branco e Raposo Tavares realizou ações educativas com o intuito de sensibilizar a população acerca da colisão de veículos e animais domésticos nesses locais. Devido ao grande número de sítios e pequenas propriedades rurais na extensão dessas rodovias, o tema da campanha de conscientização foi: “Pior do que ir para o brejo é ir para a pista”. O trabalho de sensibilização foi realizado de casa em casa, com distribuição de panfletos e conscientização sobre os perigos de equinos e bovinos irem para a pista 7. Uma amostragem de notícias sobre acidentes com veículos envolvendo animais foi realizada utilizando a mídia online, por meio do buscador Google. Das notícias analisadas, 88/125 (70,4%) envolviam animais domésticos e 37/125 (29,6%) afetavam a fauna silvestre, com 135 animais de grande porte, como equinos e bovinos, envolvidos nos acidentes. Dentre os grandes animais acidentados, 53 (73%)
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vieram a óbito, e 97 (58%) vítimas humanas se feriram nesses acidentes 8 (Figura 1). Responsabilidade civil No âmbito jurídico, as situações que envolvem animais em acidentes de trânsito podem ser julgadas a partir de três diferentes abordagens. Estas são estruturadas basicamente pelo tipo de rodovia ou estrada e pelo animal envolvido no episódio, assim como por sua ligação com o proprietário. Desse modo, os acidentes de trânsito causados por animais agrupam-se em: a) por animais pertencentes a particulares; b) por animais sem proprietário; c) ocorridos em vias administradas por concessionárias de serviço público 9. a) Acidentes de trânsito causados por animais pertencentes a particulares. Existem inúmeros processos em andamento no Brasil envolvendo incidentes entre automóveis e animais que têm proprietários. Nessas situações, entende-se legalmente que as consequências são de responsabilidade do tutor do animal, que deve zelar pela segurança dele, ou seja, exercer a guarda responsável. Assim, o responsável pelo animal deve ressarcir os prejuízos gerados pelo acidente, segundo o apresentado no artigo 936 do Código Civil. b) Acidentes de trânsito causados por animais sem dono. Existem muitas especulações nas situações que envolvem animais abandonados. Questiona-se a responsabilidade objetiva do estado de arcar com os prejuízos gerados. No Brasil existem em aberto inúmeros processos de pessoas prejudicadas em acidentes, principalmente com grandes animais em rodovias federais ou estaduais, cujos custos com os reparos dos danos são altos, por conta do estrago causado no veículo ou até mesmo em acidentes fatais. c) Acidentes ocorridos em vias administradas por concessionárias de serviço público. Manter as vias em condições seguras de trânsito, com adequada vigilância das pistas, é responsabilidade da concessionária. Dessa maneira, segundo o Código de Defesa do Consumidor, os danos gerados num aciden-
te ocasionado por animal trafegando na via serão ressarcidos ao condutor. Também em alguns casos, o proprietário, quando identificado, deverá arcar com as despesas, assim como a empresa em questão. Em áreas urbanas, o atropelamento de animais é uma das principais causas de morte, particularmente de cães e gatos, e o socorro imediato pode salvar vidas. Por essa razão, o Projeto de Lei nº 1.362 de 2019 10 pretende alterar a Lei nº 9.503 de 23 de setembro de 1997 que institui o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) 11. A nova medida visa proteger a saúde animal e promover a segurança das pessoas que transitam por essas vias. O PL pretende tornar obrigatória a prestação de socorro a animais atropelados ou a solicitação de auxílio da autoridade competente, sendo a última opção aplicada aos acidentes que envolvam animais silvestres, pois a participação de profissionais qualificados pode aumentar as chances de vida do animal; além disso, a prestação de socorro pelo condutor torna-se inviável, por ameaçar a própria segurança. Apesar disso, ainda não existe no Brasil um sistema público ou particular amplo, com uma equipe veterinária especializada que resgate a fauna silvestre em casos de atropelamentos. Embora a responsabilidade do resgate seja dos órgãos fiscais como Ibama, Polícia Ambiental, institutos ambientais estaduais e secretarias municipais de Meio Ambiente, esses órgãos não possuem os recursos de primeiros socorros necessários. Na verdade, muitas vezes não dispõem de médicos-veterinários capacitados para o resgate e a estabilização do paciente antes e durante o transporte até um local especializado no atendimento veterinário de fauna silvestre. Essa falta de suporte médico-veterinário durante o resgate pode diminuir as chances de sobrevivência do animal acidentado, dependendo da situação clínica em que ele se encontre. De acordo com a equipe veterinária do Serviço de Atendimento a Animais Selvagens (Saas) da Universidade Estadual do Centro -Oeste do Paraná (Unicentro/PR), muitos dos
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Figura 2 – Pode-se utilizar o celular para escanear o QR Code e ter acesso ao conteúdo do Sistema Urubu
animais que chegam para serem atendidos no Saas são vítimas de traumatismos. Grande parte dos casos de trauma são ocasionados por colisões com automóveis, tanto em vias urbanas e rodovias como no perímetro rural, onde também ocorrem acidentes envolvendo maquinário agrícola. Mamíferos como veados, roedores, primatas, felídeos, marsupiais, canídeos e aves de médio porte, como piciformes, psitaciformes e rapinantes, são as vítimas mais frequentes de acidentes automobilísticos com registro no Saas; também foram registrados alguns casos envolvendo cágados, lagartos e serpentes. A maioria dos animais que são atropelados por veículos em alta velocidade não resistem ao impacto e vão a óbito no local, ou fogem e morrem em seguida aos ferimentos, sendo os socorridos e registrados apenas uma pequena parcela do total de acidentados. Os animais silvestres traumatizados, quando sofrem sequelas, são sacrificados ou destinados a viver em cativeiro por tempo indefinido. Muitos dos animais silvestres atropelados vão a óbito mesmo após o atendimento veterinário, pois, apesar dos esforços, dentre os 26
sobreviventes são poucos os que conseguem se recuperar suficientemente para serem reintroduzidos à vida livre. Por conta disso, são necessários projetos mais amplos de monitoramento de fauna que visem o resgate e o recolhimento eficiente dos animais silvestres vítimas de acidentes automobilísticos. Além disso, também são necessárias medidas eficazes de informação e alerta para que os condutores tenham consciência de que dividem o ambiente com a fauna nativa das regiões próximas das rodovias. Finalmente, é preciso entender os prejuízos ambientais e materiais que podem ser causados pelo excesso de velocidade e pelo desrespeito à sinalização em áreas de circulação de fauna. Perda de biodiversidade Apesar da dificuldade de monitorar os casos de atropelamento da fauna nativa de maneira ampla na imensa malha rodoferroviária, o Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da Universidade Federal de Lavras/Ufla elaborou o sistema Urubu (Rede Social de Conservação da Biodiversidade – http://cbee.ufla.br/portal/sistema_urubu/), a
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Tipo
Características
Medidas mitigatórias
Intervenções estruturais
São executadas obras de engenharia específicas para o uso da fauna ou podem se desenvolver adaptações nos padrões construtivos já existentes, a fim de proporcionar o deslocamento seguro da fauna.
Passagens inferiores Passagens inferiores grandes Passagens inferiores multiuso Túneis para anfíbios e répteis Ecodutos ou pontes de ecossitemas Passagens superiores Passagens superiores multiuso Passagens de estrato arbóreo Túneis rodoviários Viadutos e elevados Pontes e pontilhões Bueiros modificados Barreiras anti-ruído Ampliação do canteiro central
Manejo dos usuários
São realizadas campanhas educativas com o objetivo de divulgar a informação para os usuários das vias por meio de panfletos e de sinalização e pela utilização de medidas restritivas, como redutores de velocidade.
Campanhas educativas Sinalização viária Limitação de velocidade Redução do volume de tráfego Interdição temporária Sistema de detecção de fauna
Manejo biológico
São realizadas ações de manejo diretamente na fauna afetada. Objetivo: alertar os motoristas sobre a presença da fauna nas rodovias, assim como modular ou até mesmo alterar o comportamento da fauna por meio de dispositivos artificiais e/ou biológicos.
Alerta e afugentamento Balizas Alimentação Remoção de carcaças Modificação de habitat Cercas e barreiras Redução populacional
Figura 3 – Diversas medidas mitigatórias podem ser utilizadas para reduzir os impactos diretos de rodovias sobre a fauna. Adaptado 15
maior rede com a finalidade de reunir, analisar e disponibilizar informações sobre mortalidade de fauna selvagem nas rodovias e ferrovias, auxiliando nas medidas de conservação da biodiversidade brasileira 12. Nesse sistema, os usuários podem enviar informações sobre o animal atropelado por meio do aplicativo denominado Urubu Mobile (http:// cbee.ufla.br/portal/sistema_urubu/urubu_ mobile.php). O registro é enviado para o banco de dados, o animal é classificado por avaliadores conforme a sua taxonomia e por fim o registro final é validado pelo CBEE e disponibilizado para visualização no Urubu Map 12. No portal da CBEE é possível visualizar uma estimativa em tempo real de quantos vertebrados terrestres silvestres foram atropelados e mortos durante o ano nas rodovias brasileiras (Figura 2). Estima-se que mais de 15 animais silvestres morram vítimas de atropelamento por segundo, ou seja, que mais de
1,3 milhões de animais morram diariamente, e aproximadamente 475 milhões de animais silvestres morram anualmente no território brasileiro. Cerca de 90% desse contingente são constituídos de pequenos vertebrados, como anfíbios, pequenas aves e répteis, seguidos de aproximadamente 9% de animais vertebrados de médio porte, e, por último e não menos importante, de cerca de 1% dos vertebrados de grande porte, muitos deles já ameaçados de extinção 12. Além do aumento da mortalidade por colisão com veículos, as estradas proporcionam alterações químicas e físicas do meio ambiente, causando a fragmentação do habitat e, consequentemente, barreiras geográficas populacionais 13. Podem ser consideradas também como aceleradoras da degradação ambiental, devido ao povoamento humano e ao uso desordenado de recursos naturais 14. Algumas estratégias podem ser utilizadas
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de maneira isolada ou aplicadas em conjunto com o objetivo de mitigar os impactos diretos provocado pelas rodovias, visando diminuir ou até mesmo evitar casos de atropelamento envolvendo a fauna silvestre. A finalidade está na conectividade entre áreas fragmentadas e em reduzir a mortalidade por colisão com veículos, devendo essas estratégias ser planejadas e embasadas em um diagnóstico ambiental adequado, levando em consideração a biodiversidade local e seu comportamento 15. Essas ações podem ser classificadas em intervenções estruturais, manejo de fauna e manejo de usuários (Figura 3). Considerações finais São notáveis os prejuízos gerados nos acidentes envolvendo colisões com animais, incluindo os ambientais, os econômicos e os inúmeros casos fatais para motoristas, passageiros e pedestres humanos. Os estudos em desenvolvimento são importantes para auxiliar na estruturação de estratégias que permitam a redução e a prevenção dos atropelamentos. As estatísticas geradas pela PRF não mostram a espécie de animal que ocasionou o acidente, tampouco diferenciam se se trata de animal silvestre ou doméstico. O conhecimento desses dados facilitaria a elaboração de estratégias mitigatórias do problema. Tornase fundamental a criação de políticas públicas de subsídio para melhorar a sinalização e a conservação das rodovias. As campanhas de educação deveriam visar o impedimento do acesso de animais às vias sem supervisão, tanto no caso dos animais de produção quanto de qualquer outro animal doméstico. Com relação à fauna silvestre, é preciso criar e estruturar medidas com agilidade. A elaboração de planos de ação deve envolver as concessionárias de rodovias e o próprio estado – tanto em âmbito federal como no estadual e municipal –, assim como pesquisadores, biólogos e médicos-veterinários, trabalhando a sensibilização de toda a população envolvida. 28
Referências
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15-LAUXEN, M. S. A mitigação dos impactos de rodovias sobre a fauna: um guia de procedimentos para tomada de decisão. 2012. 146 f. TCC (Especialização em Diversidade e Conservação de Fauna) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012. Daniela Patricia Tozetto
MV, CRMV-PR: 15.400 residente UFPR-Curitiba dany_tozetto@hotmail.com
Amanda Haisi
MV, bacharel em MV aluna de mestrado da Unesp-Botucatu amanda.haisi@ufpr.br
Thiago Francisco Costa Solak MV, CRMV-PR: 15.411 residente Unicentro-Guarapuava thiagosolak@gmail.com
Rodrigo Antonio Martins de Souza MV, CRMV-PR 5.126 dr., prof., Unicentro-Guarapuava rodrigo.unicentro@gmail.com
Alexander Welker Biondo
MV, CRMV-PR 6.203, MSc, PhD., prof. Depto. Medicina Veterinária – UFPR abiondo@ufpr.br
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PARA PEQUENO, MÃ&#x2030;DIO E GRANDE PORTES.
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Trocando a carrocinha pela adoção Introdução A sociedade brasileira vem sofrendo diversas mudanças em sua conformação. A diminuição da natalidade, o aumento da longevidade e alterações no estilo de vida têm impactado os hábitos das famílias brasileiras. A busca de maior afetividade fez aumentar a participação de animais de companhia como cães, gatos e pets não convencionais, criando o conceito de família brasileira multiespécie 1. A família multiespécie tem sido definida como aquela formada por seres humanos e seus animais de estimação, considerados membros ou até mesmo filhos, configurando uma nova realidade afetiva que exige inclusive proteção do ordenamento jurídico pátrio 2. Ou seja, em casos de divórcio ou dissolução da união estável, os animais de estimação precisam contar com a sensibilidade dos julgadores para não serem considerados meros objetos passíveis de partilha e valoração econômica 2. A convivência com animais de estimação (quando bem cuidados) traz muitos benefícios para a saúde humana, pois comprovadamente aumenta os estados de felicidade, diminui o sentimento de solidão e ajuda a reduzir níveis de ansiedade e doenças correlacionadas ao estresse, melhorando de maneira geral a saúde emocional 3. Embora muitos sejam os pontos positivos da proximidade entre seres humanos e pets, o grande número de animais abandonados e sem a assistência devida, particularmente nos centros urbanos, acarreta riscos de saúde pública, saúde animal e saúde ambiental, denominada saúde única 4. O aumento dos animais de companhia abandonados – cuja maioria é composta por cães e gatos – pode ser um problema gerado pela falta de conhecimento por parte dos tutores, principalmente em relação à guarda responsável. 32
Fernando Gonsales
A nova formação multiespécie da família brasileira
A Medicina Veterinária do Coletivo considera a adoção como pilar fundamental de sua especialidade
Situação no Brasil Segundo dados do IBGE, o Brasil é o quarto maior país do mundo em relação ao número de animais de estimação, com uma população total de 132,4 milhões de animais, entre eles cães, gatos, aves, peixes ornamentais e outros (Figura 1). De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a estimativa é de que existam mais de 30 milhões de animais abandonados no Brasil, dentre os quais
Figura 1 – População de animais no Brasil. Fonte: Abinpet.
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cerca de 20 milhões de cães e 10 milhões de gatos 5. A população de cães e gatos pode ser dividida em animais domiciliados, semidomiciliados, comunitários, não domiciliados e/ou abandonados. Os animais semidomiciliados e abandonados estão mais sujeitos a sofrer maus-tratos e podem causar maiores problemas de saúde pública, aumentando potencialmente os riscos de transmissão de zoonoses, proliferação de parasitas, acidentes de trânsito, destruição de patrimônios públicos e privados e agressões a pessoas 6. O método de controle populacional proposto pelo poder público até meados da década de 1990 foi o de captura e extermínio em massa dos animais de rua, que se mostrou historicamente pouco efetivo, uma vez que não resolveu o problema. Além de a capacidade reprodutiva e o ingresso de novos animais terem substituído rapidamente os animais que foram capturados, a “carrocinha” sempre foi um método impopular, envolvendo na maioria das vezes crueldade animal desde a captura até a morte, além de não incentivar a guarda responsável nem combater o abandono 6. Na vanguarda nacional, a Lei no 12.916/2008, aprovada no estado de São Paulo, dispôs sobre o controle da reprodução de cães e gatos, proibindo a eliminação da vida dos animais pelos órgãos de controle de zoonoses e canis públicos, salvo em casos de eutanásia por doenças graves ou enfermidades infectocontagiosas incuráveis, ou de risco à saúde pública ou à saúde animal 7. A lei vem sendo reproduzida em outros 19 estados brasileiros, e está atualmente em tramitação no Senado Federal como Projeto de Lei (PL) de conteúdo semelhante que abrange todo o território nacional 8,9. Centros de adoção de animais Com o fim da carrocinha, os canis municipais e abrigos de animais foram se tornando mais populares e ganhando reconhecimento como centros de referência de adoção para animais de companhia. Geralmente, os abri-
gos de animais têm objetivos em comum, como fornecer abrigo e cuidado para um grupo de animais vulneráveis e permitir que eles tenham a chance de ser adotados e ter um lar adequado (Figura 2) 10. Os desafios para um abrigo de animais são inúmeros – muitas vezes a falta de planejamento financeiro, estrutural e operacional pode comprometer a sanidade e o bem-estar dos animais 10. Promover a saúde física e mental dos animais do abrigo interfere diretamente no seu comportamento, e isso influencia as taxas de adoção 11. A principal e melhor alternativa para evitar a superpopulação dentro de um abrigo é estabelecer protocolos bem definidos de entrada e saída de animais. Os abrigos de animais devem funcionar como local de passagem para cães resgatados de situações de vulnerabilidade e nunca como morada fixa 12. Devem atuar como disseminadores de conceitos importantes sobre guarda responsável, bem-estar animal e métodos de manejo populacional. Uma alternativa que tem auxiliado os abrigos a diminuir os problemas relacionados a superpopulação e cuidados especializados com animais debilitados são os lares temporários (LT). Os LTs permitem que os animais sejam cuidados em ambiente doméstico por um único cuidador principal, em um ambiente silencioso e calmo, diminuindo os níveis de
Figura 2 – Animais disponíveis para adoção no Centro de Referência de Animais em Risco (Crar) de Curitiba
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Medicina Veterinária do Coletivo GUARDA RESPONSÁVEL Castração
A castração de fêmeas e machos auxilia no controle populacional e evita doenças do sistema reprodutor.
Vacinação
A vacinação anual protege o animal contra doenças graves, diminuindo as chances de ele adoecer.
Cuidados veterinários
Levar o animal ao veterinário sempre que ele necessite de atendimento devido a alguma doença ou lesão, além de realizar check-ups regulares como forma preventiva.
Identificação e registro
Importante caso o animal se perca. Existem vários métodos de identificação. O mais atual é a microchipagem.
Nutrição
Alimento balanceado fornecido no mínimo duas vezes ao dia e água fresca disponível o dia todo.
Abrigo
Local confortável e limpo onde o animal possa se proteger de sol, chuva, vento ou frio.
Enriquecimento ambiental
Permitir que o animal interaja com um ambiente criativo e dinâmico por meio de brinquedos, brincadeiras e/ou passeios que o estimulem física e mentalmente.
Sociabilização
Fazer com que o animal realize trocas positivas com pessoas e outros animais, além de acostumá-lo a estímulos diferentes, como sons e cheiros. Isso pode reduzir os riscos de fugas e mordidas.
Figura 3 – Itens importantes para alcançar a guarda responsável
estresse, além de proporcionarem melhores condições de sociabilização, exploração e manifestação de comportamentos naturais 13. Isso tudo contribui positivamente para a reabilitação e a recuperação da saúde animal, pois ter parceiros confiáveis nos LTs ajuda a reduzir os custos de cuidados diários e aumenta a capacidade de alojamento dos abrigos. Os protocolos de saída devem considerar todo o contexto do novo lar do animal, levando em conta: a composição da família que o receberá, seu comportamento e temperamento, a idade, porte e função (cão de guarda, cão de companhia, cão de caça). Os canis municipais e os abrigos devem estabelecer programas de adoção bem elaborados para obterem sucesso e terem continuidade 13. As principais metas do programa de adoção são: • aumentar a capacidade de salvar vidas: uma vez que o abrigo tenha um fluxo estabelecido de saída de animais, há mais chances de continuar a resgatá-los sem prejuízos para os que ainda estão nele; • melhorar a capacidade de atendimento: reduzir a população do abrigo facilita o manejo dos animais e melhora o tempo e o espaço destinado a cada um deles; 34
• reduzir os riscos de doenças: diminuindo o tempo de permanência de cada animal no abrigo, as chances de ele adoecer ou brigar com outro animal diminuem; • ter uma rede de LT confiável e capacitada: manter um número de pessoas disponíveis a fornecer LT facilita a divulgação dos animais disponíveis para adoção por meio da própria rede de amigos dessas pessoas; muitas vezes, quem está fornecendo o LT acaba se apegando ao animal e o adota; • maximizar recursos: firmar parceria com pessoas ou empresas que ajudem a arcar com os custos mensais do abrigo por meio de doações financeiras ou de itens básicos de limpeza e higiene, roupas e cobertores, rações e brinquedos. O abrigo deve manter a vacinação e a vermifugação dos animais atualizada e sempre doá-los já castrados ou fornecer meios que facilitem aos novos tutores a esterilização. Os cuidados na adoção de animais de companhia Primeiramente, antes de adotar, o tutor deve estar ciente das responsabilidades de ter um animal de estimação. Elas envolvem afeto, tempo e dinheiro, e isso influenciará direta e
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Figura 4 – Cartaz da FAS (Fundação de Assistência Social) da Prefeitura de Curitiba para abrigar os moradores de rua com seus cães no inverno de 2019
indiretamente a qualidade de vida do animal. Além disso, é importante informar-se sobre as particularidades e características comportamentais de cada animal. Para que esse novo membro familiar não traga problemas posteriores, é de suma importância que o tutor esteja ciente do que é guarda responsável. A guarda responsável está relacionada à saúde física, mental e ambiental do animal, permitindo que ele tenha uma qualidade de vida adequada e evitando que novos animais sejam abandonados 14 (Figura 3). d “Não compre, adote!” Essa frase clichê – “Não compre, adote!” – traz consigo um peso enorme. Saber a procedência dos animais de raça que se compra é fundamental para que não se compactue com a crueldade animal. Criadouros clandestinos (“puppy mills” – fábricas de filhotes) estão por
Figura 5 – Campanha de adoção realizada pela Rede de Proteção Animal de Curitiba por meio de divulgação de cartazes publicitários com fotos dos animais disponíveis para adoção no abrigo municipal
toda parte, produzindo filhotes fofinhos que são vendidos via internet ou em feirinhas de animais em pet shops. As notícias de fiscalização e apreensão de animais oriundos de criadouros clandestinos são cada vez mais frequentes. Os criadouros clandestinos utilizam matrizes e padreadores (o casal reprodutor) para produzir ninhadas numerosas, sem se importarem com a sanidade dos animais. As matrizes são submetidas a gestações constantes e forçadas. Isso debilita o organismo da fêmea, reduz a imunidade e acaba por gerar desordens da glândula mamária e do aparelho reprodutor 15. Dermatites, úlceras de córnea e doenças infecciosas e parasitárias também são comuns devido ao ambiente insalubre e ao manejo inadequado. Além disso, a grande maioria não conta com um veterinário responsável pelo local e utiliza medicações e insumos veterinários vencidos. Em contrapartida, os criadouros comerciais
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Medicina Veterinária do Coletivo legalizados contam com um ambiente apropriado e saudável, com alojamento de tamanho adequado e área de recreação, respeitam o tempo de reprodução das fêmeas, investem em medicação e alimentação de qualidade e dispõem de veterinários que acompanham os animais. No Brasil, é uma exigência legal que os criadouros comerciais tenham licença para atuar, além de um veterinário responsável 15. Portanto, ter um animal de raça exige conhecimento e planejamento, saber a procedência do novo membro da família e não financiar maus-tratos contra os animais. Políticas públicas de incentivo à adoção Atualmente, alguns municípios brasileiros vêm trabalhando com maior dedicação pela causa animal. Vinculados à Secretaria Municipal do Meio Ambiente, algumas cidades contam com abrigos municipais destinados à recuperação de cães e gatos vítimas de maustratos e/ou abandono. Esses animais são recolhidos, recebem tratamento adequado e são destinados à adoção responsável após serem castrados, vacinados e vermifugados. Algumas cidades estão à frente e possuem legislações específicas relativas a questões de maus-tratos aos animais, comércio ilegal e abandono, além de programas de castração e atendimento veterinário gratuito para pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica. É importante ressaltar que esse investimento do município não se limita exclusivamente aos animais, uma vez que a superpopulação de cães e gatos abandonados nas ruas e o risco de transmissão de zoonoses se torna um problema de saúde pública. A Rede de Proteção Animal de Curitiba tem realizado campanhas periódicas de castração, avaliações clínicas gratuitas, fiscalização de maus-tratos e feirinhas de adoções. As feiras de adoções de animais acontecem em parceria com instituições privadas e do terceiro setor, em que os animais resgatados de situações de maus-tratos têm a chance de ganhar um novo lar. Além disso, também realiza eventos de microchipagem gratuita de cães e 36
gatos. Ainda em Curitiba, a Rede de Proteção Animal realiza campanhas de atendimento clínico e castração gratuita para animais de moradores de rua, e os abrigos municipais aceitam o morador de rua e seu animal desde 2014, onde possuem canis e alimentação para abrigar os cães (Figura 4). Nos últimos dois anos, o Centro de Referência de Animais em Risco (Crar), que pertence à Rede de Proteção Animal, atua como local de recuperação e centro permanente de adoção de animais, totalizando mais de 350 adoções, entre cães, gatos, coelhos, cavalos e aves. Recentemente, a Rede de Proteção Animal lançou uma campanha de incentivo com o objetivo de aumentar o número de adoções dos animais do Crar (Figura 5). A campanha se concentrou em ações publicitárias, espalhando cartazes pela cidade com a foto de alguns dos animais que estão disponíveis para adoção no Crar 16. O município de Quinta do Sol, no Paraná, com aproximadamente 5 mil habitantes e uma estimativa de 150 animais abandonados nas ruas, está promovendo uma campanha por meio de descontos no IPTU de contribuintes que adotarem um animal da rua. A prefeitura editou um decreto que prevê desconto de 30% para cães pequenos, 40% para cães médios e 50% para os de grande porte. Quem adotar mais de um animal também tem um desconto maior. O desconto é válido durante o tempo de vida do animal; um fiscal visita mensalmente a casa da família adotante para monitorar se o animal está sendo bem cuidado. De acordo com os cálculos da prefeitura, os gastos com o acolhimento desses animais, o atendimento veterinário e o impacto que eles causam nas ruas quando abandonados é maior do que o desconto oferecido no IPTU 17. Recentemente, mais um avanço do estado do Paraná: em relação ao combate aos maus-tratos, em junho de 2019, a Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa do Paraná aprovou o PL 185/2019 que proíbe o comércio físico ou digital de cães e gatos de estimação por pet shops, clínicas
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veterinárias e estabelecimentos comerciais similares, restringindo esse tipo de comércio aos criadouros devidamente registrados junto aos órgãos ambientais e por eles fiscalizados 18 . O PL ainda tramitará por outros setores do Poder Legislativo para ser aprovado e entrar em vigor. Essa medida, além de combater o comércio ilegal, tornará mais difícil a compra de animais, pois somente os criadouros cadastrados na Secretaria Municipal do Meio Ambiente poderão vender animais. Dessa maneira, estima-se que aumente a perspectiva de adoções de animais oriundos de abrigos municipais ou ONGs. Considerações finais Uma sociedade avança na medida em que valoriza a vida. A substituição da carrocinha pelas adoções tem acompanhado essa valorização, mas é preciso que haja cada vez me-
nor entrada de animais por abandono e maior saída por adoção para que isso aconteça de forma saudável e efetiva. A Medicina Veterinária do Coletivo considera a adoção como um pilar fundamental da especialidade. Contudo, a adoção demanda respaldo técnico e deve sempre ser associada à guarda responsável. A educação sobre guarda responsável deve ser inserida no ensino formal da população junto com medidas de combate ao abandono, e sempre devem ser acompanhadas de devido embasamento legal. Referências
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Ruana Renostro Delai
MV, CRMV-PR: 16.687, residente UFPR-Curitiba ru.renostro@gmail.com
Vivien Midori Morikawa
MV, CRMV-PR 6.183, MSc, PhD. UFPR-Curitiba. Rede de Proteção Animal, SMMA de Curitiba vmorikawa@smma.curitiba.pr.gov.br
Alexander Welker Biondo
MV, CRMV-PR 6.203, MSc, PhD., prof. Depto. Medicina Veterinária – UFPR abiondo@ufpr.br
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Medicina Veterinária do Coletivo
O minipig ou “suíno em miniatura”
Introdução “Suínos em miniatura”, “micropigs”, “minipigs”, “pocket pigs” e “teacup pigs” são alguns dos termos utilizados para designar os representantes das mais de 45 raças de pequeno porte de suínos domésticos, desenvolvidas para o uso em ensino e pesquisa, mas que atualmente ganharam espaço como animais de companhia 1,2. Com até um quarto do tamanho de raças de suíno tradicionais como landrace e yucatan, e porte comparável ao de um cão da raça beagle, os suínos em miniatura são inteligentes, curiosos, afetuosos, adaptáveis em ambiente doméstico e já são considerados tendência como animais de companhia nos últimos dez anos em vários países da Europa, nos Estados Unidos e no Brasil 3-5. Suínos em miniatura como animais para ensino e pesquisa Os suínos domésticos (Sus scrofa domesticus) possuem semelhanças fisiológicas e anatômicas com o ser humano reconhecidas desde a Grécia antiga, onde os primeiros estudos comparativos com suínos foram realizados 6. Mas somente após a segunda metade do século XX os suínos se tornaram o segundo modelo animal pré-clínico escolhido para uma série de pesquisas biomédicas e de laboratório mais usado no mundo, depois dos roedores 6,7. Nesse contexto, várias linhagens de suínos de tamanho reduzido foram desenvolvidas para simplificar o manejo, a reprodução e fixar características específicas necessárias às pesquisas 8. Essas linhagens, apesar de apresentarem menor tamanho e peso que as dos suínos convencionais, não são portadoras de nanismo, o que tem garantido a manutenção da anatomia e da fisiologia da espécie (Figura 1) 6,9. 40
Fernando Gonsales
Do ensino à pesquisa, até a produção para a estimação
Apesar de os minipigs serem recentemente considerados animais de companhia, as legislações brasileiras ainda os consideram estritamente animais de produção
Além do menor peso e porte, convenientes para a realização de procedimentos cirúrgicos experimentais, os suínos em miniatura parecem apresentar desenvolvimento de doenças metabólicas (como obesidade, diabetes e problemas cardíacos associados ao colesterol) e infecciosas (resposta imune semelhante) similar ao de seres humanos, o que possibilita o estudo de novas abordagens preventivas e terapêuticas 9. Diferentemente de modelos que utilizam roedores, extensos estudos longitudinais vêm sendo feitos em um único animal, à medida que se realiza a biópsia de múltiplos tecidos sem a eutanásia imediata, respeitando os princípios éticos da experimentação animal (refine, reduce and replace) 10,11. Apesar de não haver até o momento legislação específica no Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea) para suínos convencionais e miniatura utilizados em atividades de ensino e pesquisa,
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 142, setembro/outubro, 2019
por se tratar de espécie reconhecida como de produção, recomenda-se a sua vacinação sistemática para leptospirose, erisipela suína, parvovirose, rinite atrófica e pneumonia enzoótica e a profilaxia para ectoparasitas e endoparasitas, bem como alimentação com ração balanceada e com procedimentos-padrão de limpeza e higiene 11,12. Suínos em miniatura como animais de estimação Como todo animal de estimação, os minipigs requerem cuidados especiais no manejo nutricional, ambiental, reprodutivo e sanitário (Figura 2). A alimentação desses animais de hábito onívoro deve ser equilibrada e contemplar vitaminas, minerais, proteínas, fibras e carboidratos, encontrados somente em rações especiais para essas raças 13. Importante mencionar que a alimentação caseira e as rações de cão e gato não são uma alternativa 13. Os suínos em miniatura de estimação possuem hábitos semelhantes aos dos suínos de produção, como, por exemplo, o de farejar e escavar 14. Materiais que agucem a sua curiosidade e possam ser ingeridos, como frutas e hortaliças, podem ser usados para o enriquecimento ambiental 13,14. Além disso, os ambientes externos são mais indicados para a manutenção de suínos em miniatura, des-
de que haja um abrigo para sol e o frio, com cama adequada 13,14. Sobre o seu manejo reprodutivo, se o animal for macho, é indicada a castração anterior ao início de sua maturidade reprodutiva, da mesma forma como é realizada em suínos de produção 13,14. Além desses cuidados, visto que são animais ungulados, o casqueamento pode ser necessário, caso não seja suficiente o desgaste natural do casco 13,14. Embora a criação de suínos em miniatura seja realidade no Brasil 15 e os animais sejam comercializados como animais de companhia, eles ainda são classificados como animais de produção e de interesse econômico 16,17. Sendo assim, é proibido manter e criar suínos no perímetro urbano em municípios brasileiros 16,17. Um exemplo dessa proibição que acabou ganhando repercussão nacional ocorreu no município de Ponta Grossa, Paraná, no caso do minipig criado como animal de estimação que foi apreendido pela vigilância sanitária após denúncia enquadrada na lei municipal que impede a manutenção de suínos na zona urbana 18. Como tentativa de reverter a situação, um projeto de lei ordinária (PL 454/2017) foi proposto para permitir a criação de suínos domésticos no município, desde que os animais fossem vacinados, desverminados e tivessem assistência médico-
Nome da linhagem
Cruzamento
Local e ano
Peso idade adulta
Finalidade
Sinclair™ miniature swine ou minnesota
Cruzamento entre piney woods, rasnlansa, catalina e guam 21
Universidade de Minnesota, EUA – 1949 21
16 a 22 kg 21
Uso em pesquisas sobre melanoma e toxicológicas
Hanford™ miniature swine 22
Pitman-moore, palouse, suíno-feral-do-pântano e yucatán miniatura 22
Hanford Laboratories, EUA – 1958 22
25 a 40 kg 22
Uso em pesquisas sobre sistema cadiovascular, dermatológicas e toxicológicas 6,20
Yucatan™ miniature swine 23
A partir da raça yucatán, oriunda do México 23
Universidade do Colorado, EUA – 1972 23
20 a 30 kg 23
Uso em pesquisas sobre diabetes, metabolismo, sistema cardiovascular e oftalmológicas 6,20
Göttingen minipig® 24
Minnesota minipig, vietnamese potbelly pig e german landrace 24
Universidade de Göttingen, Alemanha - 1965 24
10 a 14 kg 24
Uso em pesquisas sobre sistema cardiovascular e na indústria farmacêutica 25
American minipig 1
Cruzamento de diferentes raças nos EUA 1
Em processo de padronização da raça pela American Minipig Association 1
36 a 130 kg; 40 a 80 cm de altura 1
Animal de companhia 1
21
6,20
Figura 1 – Principais raças de suínos em miniatura Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 142, setembro/outubro, 2019
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Medicina Veterinária do Coletivo veterinária periódica 18,19. Apesar da tentativa de alterar a legislação vigente, o projeto foi votado e negado pela maioria na Câmara de Vereadores 18,19. Suínos em miniatura de estimação e sua repercussão na suinocultura A carne suína é a mais consumida no mundo, e o Brasil é o quarto maior produtor e exportador mundial, com aproximadamente um quinto da sua produção exportada, principalmente para Argentina, Uruguai e Chile 26,27. A suinocultura tem papel socioeconômico relevante na realidade nacional, sendo responsável por garantir a rentabilidade de milhares de famílias no campo e nas cidades, por gerar divisas para a nação, contribuir consideravelmente para o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio e fixar o homem do campo na zona rural 28. Nesse cenário econômico internacional, a suinocultura brasileira deve ser continuamente uma cadeia organizada, com arcabouço legal nas áreas ambiental, trabalhista e sanitária 27. Para manter o rebanho brasileiro livre de enfermidades que causem
impacto no mercado exportador e prejuízos na produção animal, a vigilância sanitária e a biosseguridade foram priorizadas para possíveis veiculadores de agentes patogênicos, como circulação e contato entre animais vivos, de sêmen, embriões e óvulos, entre outros 29. Como os suínos em miniatura são suscetíveis às mesmas enfermidades dos suínos de produção, mesmo sendo utilizados como animais de companhia, não deveriam entrar em contato com outros suínos de produção comercial, quer seja para produção industrial ou para criação de subsistência ou fundo de quintal 12,30. Esses animais, por não serem submetidos às mesmas normas de biosseguridade que os da cadeia produtiva, podem ser potenciais transmissores de doenças de controle oficial da Defesa Sanitária Animal, como a peste suína clássica e a africana, a febre aftosa e a doença de Aujeszky (pseudoraiva). Além dessas doenças, há outras que causam redução da produtividade e perdas econômicas, como as enteropatias e disenterias, rinite atrófica, pneumonia enzoótica suína, tubercu-
1. Quantos anos vivem?
De 20 a 30 anos 13
2. Quanto medem?
35 a 50 cm 13
3. Quantos quilos pesam?
Variável conforme a raça e alimentação, desde 10 kg até mais de 50 kg 20
4. Como deve ser a alimentação?
Ração para leitões. Outra opção são as rações especiais para minipigs 13,14
5. Podem ser criados em ambien- Assim como os cães e gatos, esses animais podem ser criados em apartamentos e tes fechados? dentro das residências, desde que haja enriquecimento ambiental. Brinquedos de cães não são recomendados, pelo risco de ingestão. Uma alternativa é a oferta de frutas e hortaliças 13,14 6. Assim como os suínos de pro- Sim. Há indicação de castração, especialmente para machos, antes de atingirem a madução, os minipigs também de- turidade reprodutiva 13,14 vem ser castrados? 7. Podem tomar sol?
Sim, mas a pele dos suínos é sensível e requer cuidados. Deve-se evitar horários de sol forte e protegê-los com filtro solar. É indicado que esses animais pratiquem exercícios regularmente, inclusive ao ar livre, para evitar o sobrepeso 24
8. Convivem bem com cães e Como toda relação interespecífica, o convívio deve ser monitorado. Em geral, há gatos? maior facilidade no convívio entre suínos e gatos que entre suínos e cães 1 9. Esses animais devem ser va- Sim, e respeitando as instruções oficiais (Ministério da Agricultura, Pecuária e cinados? Abastecimento) para doenças específicas e de importância para a suinocultura, que somente poderão ser utilizadas com autorização do órgão oficial de defesa sanitária 12
Figura 2 – Perguntas e respostas sobre suínos em miniatura 42
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lose, brucelose, sarna sarcóptica, linfadenite granulomatosa causada por micobactérias e colibacilose. Assim como para os suínos em miniatura utilizados em ensino e pesquisa, como já mencionado, tem sido recomendada a vacinação para leptospirose, erisipela suína, parvovirose, rinite atrófica e pneumonia enzoótica dos suínos, bem como a profilaxia para ectoparasitas e endoparasitas 12,30. Considerações finais Os suínos já estiveram presentes nos fundos de quintal, como criação para subsistência. Atualmente correspondem à proteína de origem animal mais consumida no mundo, aliada à modernização de sua cadeia produtiva. São usados também para atividades de ensino e pesquisa, devido às semelhanças com os seres humanos. Finalmente, são agora também animais de companhia e convívio, participando da família humana, assim como os cães e gatos. Nesse contexto, a posição ocupada pelos médicos-veterinários clínicos que atendem os suínos em miniatura é de suma importância, pois são esses profissionais o elo entre a saúde desses animais de companhia, dos suínos de produção e dos seres humanos, devido à possibilidade de transmissão de doenças, incluindo zoonoses como brucelose, tuberculose, salmonelose, leptospirose, raiva e influenza. Além da capacitação desses profissionais dentro das peculiaridades clínicas de suínos de companhia, é necessária a recomendação da vacinação desses animais e a notificação em casos de suspeita de doenças de interesse dos Serviços Veterinários Oficiais e para a Vigilância Epidemiológica. Vale ressaltar ainda a responsabilidade do médico-veterinário na orientação dos tutores de suínos em miniatura, para que sejam garantidos o bem-estar da espécie e sua sustentabilidade como animal de companhia, lembrando que historicamente são animais de produção. Dessa forma, o médico-veterinário clínico atua também como uma extensão dos órgãos de vigilância,
visto seu papel como agente sentinela da saúde pública. Referências
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Louise Nicolle Bach Kmetiuk MV, CRMV-PR 14.332 MSc., dra. UFPR louisebachk@gmail.com
João Humberto Teotônio de Castro MV, CRMV-PR 5.887 MSc. Fiscal ADAPAR joaoteotonio@adapar.pr.gov.br
Alexander Welker Biondo
MV, CRMV-PR 6.203, MSc, PhD., prof. Depto. Medicina Veterinária – UFPR abiondo@ufpr.br
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Documentação de cães
Introdução A identificação de cães e gatos é de grande importância para os tutores de animais de companhia, tendo também grande relevância para o município e a sociedade. Apesar de o registro e a identificação dos animais de companhia nos grandes centros urbanos estarem usualmente relacionados a casos de fugas, roubos e abandonos, podem servir também de subsídio para ações de saúde pública e saúde animal do município. Os dados obtidos podem auxiliar em programas de manejo populacional de cães e gatos, ações de promoção de saúde animal e humana e trabalhos de prevenção do meio ambiente, integrando esforços no âmbito da Saúde Única. A identificação e o registro dos animais de companhia no município auxiliam a dimensionar e monitorar a população de cães e gatos e suas necessidades, além de proporcionar dados sobre o tutor, servindo de instrumento de responsabilização ao integrar uma ação importante de guarda responsável para o município 1. Na identificação animal, relaciona-se um código a cada animal de forma individual; o registro consiste em armazenar de forma oficial os dados referentes aos animais e seus tutores 2. Um sistema de informação integrado que possibilita dimensionar as populações de cães e gatos e responsabilizar os tutores pelos animais diminui o número de animais perdidos e abandonados, pois fornece dados sobre as características dos tutores e de seus animais e sobre as demandas da população, além de contribuir para o desenvolvimento e o planejamento das políticas de saúde pública 2-4. Grande parte dos municípios brasileiros enfrentam problemas relacionados à população de animais de companhia, sua identificação e controle, como o abandono animal, a população de animais não domiciliados nas ruas, a superpopulação de animais em abrigos mu46
Fernando Gonsales
A importância de reconhecer legalmente o animal de estimação
nicipais, as inúmeras denúncias de maus-tratos, a criação e comercialização irregulares, o grande número de crias indesejadas e as mordeduras e demais agravos associados 2,4. A identificação e o registro de animais são dispostos na Portaria do Ministério da Saúde nº 1.172, de 15 de junho de 2004, como atividade na área da vigilância em saúde, de competência do município 5. Por que identificar e registrar os cães e os gatos? A identificação e o registro formam um sistema que relaciona e vincula os animais a seus tutores ou responsáveis. Esse sistema tem que ocorrer de forma composta e integrada, associando a identificação do animal, que deve ter código único, ao cadastro do responsável 2,4. Há diversos pontos que demonstram a importância dessa ação, seja pelo conhecimento da população e dos animais pelos dados obtidos no registro, seja pela facilidade da devolução de animais perdidos; além disso, também garante que a responsabilidade pelo
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comportamento de um animal possa ser corretamente atribuída, e diminui o abandono de cães e gatos, assim como o número de eutanásias. A identificação visível desestimula a crueldade, o roubo e a fraude, ajudando a proteger os animais e diminuindo os custos com o manejo populacional de cães e gatos, além de ser um componente fundamental nas campanhas de castração 1,2. A identificação e o registro também ajudam a criar um vínculo entre o animal e o tutor, incentivando a guarda responsável 6. As ações que visam a identificação e o registro de cães e gatos nos municípios devem ser compatíveis com o orçamento destinado a esse propósito, a fim de que seja possível cobrir os custos com a compra dos materiais, sua aplicação e monitoramento, além dos custos administrativos. A isenção de taxas nos procedimentos de registro de identificação ajuda na aceitação e implantação das ações por parte da população e desestimula o abandono animal. Quando essas ações ocorrem em campanhas de controle populacional de animais domésticos, também podem estimular o controle reprodutivo das populações de cães e gatos 6. Métodos de identificação de cães e gatos Durante décadas, os animais de companhia eram apenas identificados com plaquetas fixadas às coleiras contendo o nome e o telefone de contato do responsável. Hoje, em outros setores, como na pecuária, utilizam-se sistemas mais integrados e inovadores para controle e identificação dos rebanhos como estratégia de defesa sanitária e acompanhamento da produtividade dessas criações 7. Atualmente, há uma grande variedade de formas de identificação de cães e gatos que vêm sendo estimuladas pelo mercado pet em ascensão e utilizadas pelas prefeituras de alguns municípios. Os métodos de identificação dos animais de companhia podem ser divididos em permanentes, semipermanentes ou temporários. Os métodos permanentes são projetados para
durar toda a vida do animal; já os semipermanentes têm duração de meses ou anos, e os temporários, de algumas semanas 6,8. As identificações permanentes estão associadas a registros em um banco de dados e fornecem maior segurança contra perda ou falsificação, portanto, são mais confiáveis, ao passo que os métodos semipermanentes geralmente são mais baratos, mais visíveis e de aplicação mais fácil, mas oferecem menor segurança 6. A combinação de métodos de identificação pode ser uma estratégia de maior abrangência e eficácia para o controle da população animal em grandes centros urbanos 2,9. As identificações permanentes mais utilizadas são a tatuagem, o microchip, o corte ou furo de ponta de orelha e a marcação a frio; as identificações semipermanentes podem ser as plaquetas e colares de identificação; e as temporárias são feitas com tintas e radiotransmissores 6,8. A identificação realizada pela tatuagem é permanente, relatada como segura e não necessita de equipamentos (Figura 1). Requer sedação e imobilização do pet, e normalmente é realizada nas orelhas ou na face interna da coxa, sendo amplamente utilizada em campanhas de castração de cães e gatos, que são identificados com um código alfanumérico. Essa identificação é de difícil localização, não é facilmente visível e com o tempo pode tornar-se ilegível; por isso, recomendase a combinação de outros métodos para o reconhecimento à distância do animal 6,10. O microchip é um método moderno de identificação animal; sua aplicação não necessita de anestesia geral ou local, a leitura é exata e permanente, e sua aplicação pode ser realizada em filhotes e adultos. Em alguns casos pode ocorrer falha na resposta do microchip ao scanner e migração do microchip do local inicial de aplicação. Outro ponto referente à microchipagem é a necessidade da proximidade ao animal, uma vez que a identificação não é visível e precisa de equipamento para leitura, além de ocorrer incompatibilidade entre scanners e chip. A aplicação desse método,
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Figura 1 – As tatuagens feitas nas orelhas dos gatos podem ser utilizadas como identificação e são visualizadas mesmo em orelhas escuras, como as dos gatos siameses. O problema consiste na visualização e na identificação à distância, uma vez que os gatos nem sempre aceitam a aproximação de estranhos
feita com agulhas e aplicadores específicos estéreis e de uso individual, é realizada na região dorsocaudal do pescoço, entre as escápulas do animal, por via subcutânea 11-13. Outro método de identificação, amplamente utilizado para identificar gatos ferais submetidos à castração e a posterior soltura, consiste no corte da ponta da orelha ou em furos. Esse procedimento de baixo custo é permanente e necessita de sedação 14,15. A marcação a frio também pode ser usada como método de identificação permanente. Necessita de tempo certo e pressão correta na aplicação. Aparece em branco, e é bastante visível em animais de pelos mais curtos. Trata-se de um procedimento doloroso, que necessita de contenção adequada do animal, sedação e correta aplicação. A marcação não é visível imediatamente e pode levar algumas semanas a aparecer 6,8. Plaquetas e coleiras são formas semipermanentes de identificação. A plaqueta de identificação deve ser de material resistente, preferencialmente de metal, leve e de longa duração, permitindo a gravação de informações. Deve ser fixada na coleira e conter informações importantes, como o número de identificação indicado pelo município, o telefone do órgão público ou da instituição responsá-
Método de identificação
Vantagem
Desvantagem
Tatuagem
Segura e permanente. Não precisa de equipamento para leitura. Custo baixo.
Pode desaparecer e ficar ilegível. Pode ser difícil de localizar em animais de pêlo longo. É necessário sedar e imobilizar o animal. Requer equipamento específico e um operador qualificado.
Microchip
É uma identificação permanente e inequívoca. Garante um código único e inalterável. Baixo desconforto e dor quando aplicado corretamente.
O custo com a tecnologia pode ser oneroso. A identificação só é possível com scanner adequado. Não há identificação visível.
Corte ou furo de ponta de orelha
A identificação visual é imediata. Ficam visíveis à distância, evitando recaptura de animais ferais. O entalhe cirúrgico é rápido e de fácil execução.
Têm que ser aceitos como método de identificação na legislação local ou nacional. Necessitam de anestesia e de ser realizados por um médico-veterinário. A identificação pode não ficar visível, cicatrizar ou se assemelhar a ferida de mordida.
Figura 2 – Vantagens e desvantagens dos métodos de identificação permanentes e semipermanentes de cães e gatos 48
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vel por ela e o contato do tutor. As plaquetas são de baixo custo e têm boa visibilidade, mas não constituem um método permanente e podem ser removidas acidentalmente ou perdidas. As coleiras também devem ser resistentes, impermeáveis, permitindo a lavagem, e de material extensivo para gatos, de modo a impedir o enforcamento do animal. As plaquetas e coleiras perdidas ou extraviadas devem ser restituídas. A recomendação do uso de plaquetas e coleiras é que sejam associadas a um método de identificação permanente, como, por exemplo, o microchip 8,16,17. Alguns dos métodos temporários para identificação usam tintas marcadoras em spray ou bastão e também radiotransmissor, principalmente no monitoramento de animais silvestres. Além desses métodos de identificação animal, há outros, como os brincos, que são fáceis de aplicar e têm boa visibilidade, mas são incômodos para os animais e não são permanentes, podendo inclusive ser removidos acidentalmente 6,8,9. Antes da escolha de que método de identificação utilizar, devem-se considerar alguns pontos importantes, como a durabilidade do método de identificação, a facilidade da aplicação e a necessidade de anestesia ou sedação. Deve-se optar ainda por métodos de rápida aplicação e baixo custo associado, que não interfiram no comportamento do animal nem prejudiquem o seu bem-estar, pois não devem causar dor ou incômodo, devem ser compatíveis com o tamanho do animal, ser visíveis e estar de acordo com a legislação local (Figura 2). Outro ponto importante na escolha do método de identificação se refere aos animais que serão identificados, sejam domiciliados, semidomiciliados, comunitários, errantes ou ferais. Para animais que não tenham um tutor ou que sejam errantes ou ferais, deve-se utilizar um método humanitário que não proporcione estresse nem dor, fácil de colocar em grande escala e cuja aplicação não requeira anestesia geral, anti-inflamatório ou antibiótico, devido à dificuldade de acesso a esses animais e a suas condições de vida 6,8.
No município de Curitiba, a Rede de Defesa e Proteção Animal (RDPA), divisão do Departamento de Pesquisa e Conservação da Fauna (DPCF), órgão vinculado à Secretaria Municipal do Meio Ambiente, disponibiliza a identificação e o registro para munícipes de forma gratuita por meio da microchipagem em cães e gatos (Figura 3). A microchipagem ocorre durante os eventos organizados pelo órgão municipal, como em feiras de adoção mensais, campanhas de conscientização da guarda responsável, ações clínicas nas diversas regionais do município e no Programa de Controle Populacional de Cães e Gatos (PCPCG), além de eventos ou feiras de serviços organizados por outros
Figura 3 – Microchipagem de cães durante ações da Rede de Proteção Animal da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Curitiba
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A
Figura 4 – Animais comunitários de Curitiba identificados por microchip e coleira verde com placa identificadora. Desse modo, podem ser também visualmente reconhecidos pelos usuários dos terminais de ônibus
setores em parceria com a RDPA. A agenda de eventos é disponibilizada no site da RDPA (www.protecaoanimal.curitiba.pr.gov.br) e por meio dos meios de comunicação do município. Os tutores interessados em microchipar os animais devem realizar um cadastro prévio no site da RDPA e, na hora da microchipagem, portar documentos de identificação (CPF e RG), comprovante de residência e a ficha cadastral preenchida. A equipe técnica da RDPA confere os dados e a vinculação do tutor ao animal, e posteriormente esses registros são inseridos no Sistema de Identificação Animal (SIA) do município. Esses dados ficam disponibilizados para o monitoramento e a responsabilização dos tutores. Na base de dados da RDPA do município constam todos os animais cadastrados e microchipados. No município, todos os animais que participam do PCPCG são microchipados após a esterilização cirúrgica. Além disso, todos os animais que são resgatados e encaminhados ao Centro de Referência para Animais em Risco (Crar) de Curitiba após serem castrados, vacinados e vermifugados são também microchipados e registrados. A identificação do microchip consta no termo de adoção do animal e é fornecida ao tutor no momento da adoção. Além disso, os cães comunitários que re50
B
Figura 5 – A identificação definitiva por microchip deve ser feita em todos os cães, particularmente porque apenas algumas raças têm diferenças de pelagem, como beagle, basset hound e dálmata. Na imagem acima, após a apreensão de um casal de dálmatas em um canil ilegal de Curitiba (A), um telespectador disse ter reconhecido seu animal roubado nas imagens da reportagem na televisão, mas a foto do seu dálmata (B) mostrou clara diferença na pelagem
sidem nos terminais de ônibus do município recebem atendimento veterinário, são castrados, vacinados e monitorados pela equipe da RDPA, em conjunto com os mantenedores. Esses cães também são identificados com microchip e recebem uma coleira verde de identificação (Figura 4). As ações desse projeto visam facilitar a adoção comunitária desses animais. Finalmente, a identificação definitiva por microchip deve ser feita em todos os cães, principalmente porque poucas raças têm diferenças de pelagem, como beagle, basset hound e dálmata. Em um caso de apreensão
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de vários cães de raça de um canil ilegal de Curitiba, incluindo um casal de dálmatas, um telespectador disse ter reconhecido seu animal roubado nas imagens da reportagem na televisão, mas uma foto de seu dálmata mostrou clara diferença na pelagem (Figura 5). Em várias raças, a pouca variação de cores pode dificultar ou mesmo impedir o reconhecimento definitivo – caso do golden retriever, que tem apenas as pelagens creme, dourado-escura, dourado-clara e dourada.
informações importantes para as pesquisas populacionais dos animais e as demandas a serem trabalhadas, e auxiliam na monitorização e na avaliação das ações empregadas no município. O registro e a identificação são um grande passo do município nas ações que visam não apenas o bem-estar animal, mas a responsabilização pela guarda inadequada e a identificação legal no caso de animais perdidos ou roubados.
Considerações finais As práticas de identificação e registro são fundamentais no efetivo sucesso do controle da população de cães e gatos de um município, tornando-se um passo inicial para instaurar licenças para a aquisição e manutenção dos animais de companhia. Além disso, os dados adquiridos durante esse processo geram
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MV, CRMV-SP: 44.765, residente Unesp-Botucatu evelyn.cristine@ufpr.br
Graziela Ribeiro da Cunha
MV, CRMV-PR 9.829, aluna de doutorado Depto. Med. Vet. UFPR graziela.ribeiro@ufpr.br
Vivien Midori Morikawa
MV, CRMV-PR 6.183, MSc, PhD., profa. Depto. Saúde Comunitária – UFPR vmorikawa@smma.curitiba.pr.gov.br
Alexander Welker Biondo
MV, CRMV-PR 6.203, MSc, PhD., prof. Depto. Medicina Veterinária – UFPR abiondo@ufpr.br
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“O jumento é nosso irmão, quer queira ou não” (Luiz Gonzaga)
Introdução O asinino (Equus africanus asinus) é um mamífero terrestre pertencente à ordem Perissodactyla, ou seja, é um animal ungulado com número ímpar de dígitos, que se apoia diretamente em uma unha em formato de casco, assim como os cavalos, as zebras e as antas 1. É conhecido no Brasil por muitos nomes diferentes, mais popularmente como asno, jegue ou jumento. Seus ancestrais africanos foram domesticados há mais de 5 mil anos, e desde então o jumento é utilizado como animal de tração, carga, transporte e montaria, devido a suas características físicas de rusticidade, baixa conversão alimentar, resistência e força, além do temperamento dócil e da facilidade de manejo 2,3. Os primeiros jumentos foram trazidos ao Brasil em 1534 numa expedição liderada por Martim Afonso de Souza para a Capitania de São Vicente. Aos poucos, os animais foram se reproduzindo e povoando a região 4. Como possuem características de rusticidade e sobrevivem bem com alimentos de baixa qualidade, adaptaram-se rapidamente aos ambientes áridos da Região Nordeste do Brasil, já que apresentam origem desértica 5,6. No início do século XXI, a população de asnos no mundo era estimada em 43,5 milhões de cabeças, sendo que em 2006 já havia ocorrido uma redução de 5,7% (41 milhões). As maiores populações estão localizadas na China (11 milhões) e na Etiópia (5 milhões) 6. Na América do Sul, o Brasil é o país com maior população de asininos, com cerca de 344 mil animais, acreditando-se que cerca de 90% estejam na Região Nordeste 7, número que pode estar subestima54
Fernando Gonsales
O símbolo nacional exportado para consumo internacional
do, pois o censo não considera os animais errantes. Assim, estima-se uma população de cerca de 1 milhão de animais na região 8. Os jumentos, entretanto, vêm perdendo importância nos últimos anos, em decorrência do processo de modernização e desenvolvimento regional, aliado às transformações sociais e econômicas. Dessa forma, foram substituídos por tratores e motocicletas, havendo alta prevalência de abandonos à beira de estradas, causando acidentes de trânsito e maus-tratos à espécie 9,10. A importância cultural do jumento Na Bíblia, o jumento é citado mais de 130 vezes, sendo que a imagem do animal era de grandiosidade no mundo cristão, como pode ser visto em Êxodo 23:5, que diz: “Se vires o jumento daquele que te odeia caído debaixo da sua carga, deixarás pois de ajudá-lo? Certamente ajudarás a levantá-lo” 11. Além disso, o jumento foi o animal escolhido
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para carregar Jesus, o que demonstra a sua importância no contexto bíblico e religioso, pois apenas um animal de natureza humilde e dócil poderia carregar o filho de Deus 13, conforme o seguinte trecho de Zacarias 9:9-10: Eis que o teu rei virá a ti, justo e Salvador, pobre e montado sobre um jumento, e sobre um jumentinho, filho de jumenta. E de Efraim destruirei os carros, e de Jerusalém os cavalos; e o arco de guerra será destruído, e ele anunciará paz aos gentios; e o seu domínio se estenderá de mar a mar, e desde o rio até as extremidades da terra 12. Além de sua importância mundial, o jumento é considerado símbolo da cultura e da resistência nordestinas, inspirando muitas obras de diversos artistas regionais, como a famosa música “Apologia ao jumento”, de Luiz Gonzaga, em que o cantor exalta a importância do animal para o povo nordestino e a ingratidão do homem em relação a ele: O jumento sempre foi o maior desenvolvimentista do sertão! Ajudou o homem na lida diária Ajudou o homem Ajudou o Brasil a se desenvolver Arrastou lenha, madeira, pedra, cal, cimento, tijolo, telha Fez açude, estrada de rodagem Carregou água pra casa do homem Fez a feira e serviu de montaria O jumento é nosso irmão! E o homem, em retribuição, o que é que lhe dá? Castigo, pancada, pau nas pernas, pau no lombo, pau no pescoço, pau na cara, nas orelhas Ah, jumento é bom, o homem é mau! 14 Assim como Luiz Gonzaga, Chico Buarque também se referiu à importância do jumento como um animal de carga em uma gravação da peça Os saltimbancos (de Luis Henríquez e Sergio Bardotti), traduzida, adaptada e
gravada por ele, intitulada “O jumento”: O pão, a farinha, o feijão, carne-seca, limão, mexerica, mamão, melancia, A areia, o cimento, o tijolo, a pedreira, quem é que carrega? Hi-hó”) 15 Além disso, o jumento já foi motivo de diversos documentários, filmes e obras de poetas, escritores e artistas nordestinos, como o xilógrafo José Lourenço, que retratou a espécie na literatura de cordel em algumas de suas xilogravuras 16. O maior ícone da proteção dos jumentos da história nordestina foi o padre Antônio Vieira, sacerdote português que viveu durante anos na Bahia, no Pará e no Maranhão, e militou em defesa da espécie por 50 anos. Foi autor do livro O jumento, nosso irmão, em que ressalta a importância do animal para o povo nordestino, principalmente no sertão, e denuncia as práticas de abandono, maus-tratos pelos tutores e abate clandestino para comercialização de sua carne e pele, demonstrando a ingratidão do homem com a espécie 17. Características do jumento A presidente da ONG Defesa da Natureza e dos Animais (DNA), de Mossoró, no Rio Grande do Norte, definiu o jumento como um animal dócil, pequeno, resistente, forte e sofredor, com um sistema imunológico excelente, símbolo da resistência nordestina 18. De excelente memória, há relatos que indicam que ele nunca mais esquece um caminho por onde passou, sendo que alguns proprietários até largam as rédeas em trajetos conhecidos, o que demonstra sua inteligência, ao contrário do que diz sua fama. A força do jumento depende da raça – os criadores afirmam que o animal suporta carregar em média 75 kg e pode puxar cargas muito mais pesadas do que sua estatura faz supor 3. Além de seu temperamento dócil com as pessoas, os jumentos também se demonstram muito sociáveis com outras espécies, sendo
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Medicina Veterinária do Coletivo que, além da boa convivência, também protegem outros animais de perigos iminentes, o que demonstra sua sensibilidade e lealdade. Devido a essas características comportamentais, somadas à sua rusticidade, os jumentos sempre foram explorados como animais de tração ao longo da história. No entanto, o uso do animal para essa finalidade quase não tem mais sido visto 5.
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Pierre Barnabé Escodro
Abandono, maus-tratos e abate As denúncias a respeito de maus-tratos, descaso e abandono de jumentos, principalmente em estradas, têm sido cada vez mais frequentes no mundo inteiro, uma vez que os animais não são mais vistos como ferramentas essenciais para o transporte de cargas pesadas. Com uma visão antropocêntrica e utilitarista, o homem ignora a senciência do animal, que, como não traz retorno econômico, não serve mais, sendo descartado como um simples objeto. O jumento fez parte da construção de barragens e estradas, relata o ambientalista Eduardo Aparício, que, em uma entrevista para o G1 Ceará, afirmou que “a cultura nordestina tem uma dívida enorme com o jumento” 8. Ao longo de todo o ano de 2016, 6.537 jumentos foram recolhidos no estado do Ceará. Nos primeiros seis meses de 2017 foram recolhidos 6.655 animais 8. No ano de 2018, após inúmeras denúncias de maus-tratos e ilegalidades no abate de jumentos em frigoríficos da Bahia, as ONGs União Defensora dos Animais, Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, SOS Animais de Rua e Rede de Mobilização pela Causa Animal ajuizaram uma ação civil pública e obtiveram decisão de liminar da 1ª Vara da Seção Judiciária suspendendo o abate de animais no estado da Bahia. Com a suspensão e a consequente perda de ganho comercial, cerca de 1.200 jumentos que aguardavam abate foram abandonados confinados, sem água ou alimentação, em uma fazenda arrendada por chineses na cidade de Canudos, BA, em condição de extremos maus-tratos.
As autoridades locais constataram o crime de maus-tratos e realizaram a apreensão de cerca de 800 animais, uma vez que muitos já haviam morrido, passando a tutela para o Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal (FNPDA). Perante as altas despesas para a manutenção dos animais extremamente debilitados, várias ações foram realizadas a fim de arrecadar ajuda para custear as despesas, tais como: arrendamento da terra onde os jumentos se encontravam, aquisição de feno e fornecimento de água. Como sanção administrativa, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hidrícos do Estado da Bahia (Inema) aplicou multa à empresa chinesa Cuifeng Lin, responsável pelos animais, no valor de 40 mil reais. A referida empresa e seus sócios respondem ainda a uma ação penal relativa ao crime de maus-tratos. O estado da Bahia foi obrigado na mesma ação civil pública a custear a manutenção dos animais; entretanto, a determinação judicial nunca foi cumprida. Sendo assim, o custeio das despesas para a manutenção dos referidos animais vem se concretizando por meio de campanhas de arrecadação realizadas pelo FNPDA e pela Frente Nacional de Defesa dos Jumentos (FNDJ), contando também com a ajuda pontual da ONG internacional The Donkey Sanctuary. A coordenação das atividades ligadas à pesquisa e à organização dos interessados na solução
Figura 1 – Asininos sob cuidados de voluntários enfrentam situação de superlotação
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SER VETERINÁRIO É CONTRIBUIR PARA MOMENTOS ASSIM. Nossa ambição é melhorar a vida dos animais e das pessoas, hoje e no futuro. A todos os médicos-veterinários, nosso muito obrigado pelo profissionalismo, pela parceria e dedicação. O nosso trabalho possibilita que a relação entre tutores e pets seja cada vez mais saudável e positiva.
Parabéns pelo seu dia.
09 DE SETEMBRO Dia do Médico-Veterinário
dos problemas identificados em Canudos contou com uma parceria entre o Donkey Sanctuary e o Centro de Estudos Comparativos em Saúde, Sustentabilidade e Bem -Estar (Cecsbe), do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal (VPS) da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ-USP), com a liderança do prof. dr. Adroaldo Zanella. A participação da USP tem sido fundamental para o apoio e a manutenção de médicos-veterinários na lida diária com os animais, seja no que se refere ao manejo, seja na realização de procedimentos de saúde e controle sanitário dos animais, bem como na organização das ações dos parceiros e interessados. Outros profissionais e professores de universidades e escolas de veterinária do Nordeste, como o prof. Sidnei Sakamoto, do Rio Grande do Norte, a profa. Chiara Albano, da Bahia, e o prof. Pierre Escodro, de Alagoas, têm sido imprescindíveis no apoio nutricional, de controle reprodutivo e sanitário dos animais sob tutela jurídica. A organização das instituições é chamada de Força-Tarefa Nacional pelos Jumentos (FTNJ). Situações como essas, nas quais os jumentos são deixados em fazendas-fantasmas em condições desumanas para o posterior abate, são comumente denunciadas no
Pierre Barnabé Escodro
Figura 2 – Animais em tratamento intensivo sendo alimentados com feno
Nordeste brasileiro. Além de constituir um risco para a saúde pública – pois os animais são abatidos de maneira clandestina, sem inspeção –, essa prática cruel exclui a possibilidade de manutenção mínima do princípio das “5 liberdades” da ciência do bem-estar animal, ou seja, livres de fome e de sede, livres de desconforto, livres de dor e doenças, livres para expressar seu comportamento natural e livres de medo e de estresse. Felizmente, diversos grupos de ativistas estão trabalhando energicamente para mudar essa realidade. As principais entidades envolvidas com a proteção dos jumentos no Brasil são a Frente Nacional de Defesa dos Jumentos (FNDJ), o Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal (FNPDA), a ForçaTarefa Nacional pelos Jumentos (FTNJ), a União Defensora dos Animais (UDA), a Rede e Mobilização pela Causa Animal (Remca) e as ONGs SOS Bichos de Rua e The Donkey Sanctuary. O deputado Ricardo Izar (PP-SP) é autor do Projeto de Lei no 1218/19, que pretende tornar o jumento patrimônio nacional e proibir seu abate. O PL é apoiado por ativistas e ONGs de proteção animal, que estão pressionando o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para pautá-lo e enviá-lo para votação na Semana Nacional dos Projetos da Causa Animal 22. A maioria dos abatedouros de jumentos no Brasil estavam localizados na Bahia, devido à parceria do governo estadual com a China. Como o brasileiro não tem costume de consumir carne de jumento, a carne oriunda dos animais abatidos é exportada para outros países. Mas o principal foco de exportação é a China, que tem cadeia produtiva e abate milhões de animais mensalmente, tanto para o consumo de sua carne como para a fabricação de ejiao, uma gelatina oriunda do cozimento da pele do jumento utilizada pela medicina tradicional chinesa. Os chineses alegam que o uso dessa substância ajuda no antienvelhecimento e em disfunções sexuais, porém suas propriedades medicinais não
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Medicina Veterinária do Coletivo são comprovadas cientificamente 5. O fechamento dos frigoríficos no estado da Bahia foi resultado de uma ação civil pública impetrada e aliada ao forte movimento das ONGs de defesa animal. Os ativistas afirmam que um animal dócil, inteligente e explorado como o jumento deve ter um fim de vida digno, sem crueldade 23. Já os defensores do abate afirmam que a “cadeia produtiva” pode gerar desenvolvimento à Região Nordeste, diminuindo riscos de acidentes e trazendo divisas. No entanto, o fato é que o Brasil não possui cadeia produtiva, sendo as ações caracterizadas por maustratos que sustentam o extrativismo desenfreado 24. Além disso, existem tentativas de reintroduzir os asnos ao convívio socioeconômico, seja como pastores de rebanhos, seja na terapia de crianças especiais, no turismo ou no trabalho rural de subsistência, buscando desarticular a defesa “econômica” do abate desumano que ocorre atualmente no Brasil, país que culturalmente não tem o hábito de consumir a proteína animal da espécie 6,25,26. g
Risco de extinção da espécie Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), cerca de 90 mil jumentos foram abatidos apenas no estado da Bahia em 2018, sendo exportadas pelo Brasil, no mesmo ano, 226,4 mil toneladas de carne de asno, o que representa um crescimento acima de 550% em relação ao movimento do ano anterior, quando foram exportadas 40,7 mil toneladas 27. Como a espécie não é criada em larga escala e muito menos em cadeia produtiva (como bovinos e suínos), o risco de extinção é uma realidade. Segundo o prof. dr. Pierre Barnabé Escodro, da Universidade Federal de Alagoas, se o abate dos jumentos seguir nessa escala, em seis anos a espécie estará extinta no Brasil 24,27,28. O Conselho Regional de Medicina Veterinária da Bahia (CRMV-BA) alega que a extinção ocorrerá em cinco anos 28. Muitos locais no mundo estão seguindo 58
esse caminho de uma forma mais rápida que o Brasil – caso do Quênia, que, devido ao fato de o consumo da carne de jumento ser uma opção mais barata em relação ao de outras carnes, abate em massa sua população de jumentos, com estimativa de quatro anos para a extinção da espécie no país 29. Considerações finais O simples abate dos jumentos não parece ser a melhor solução, que deveria ser acompanhada da ampliação do arcabouço legal e da implementação de medidas contra o abandono, bem como da preservação e da reintrodução da espécie ao convívio. Todos os animais têm direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, cabendo ao poder público e à sociedade a sua defesa e preservação para as futuras gerações. Proteger os jumentos, respeitando uma das espécies mais importantes na história do povo brasileiro, é um direito e um dever. Como disse o padre Vieira e cantou Luiz Gonzaga, “O jumento é nosso irmão, quer queira ou não”. Referências
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tratos nos animais. Revista Brasileira de Medicina Equina, ano XIII, n. 82, p. 19-21, 2019. 25-GONZALEZ DE-CARA, C. A. ; PEREZ-ECIJA, A. ; AGUILERA-AGUILERA, R. ; RODERO-SERRANO, E. ; MENDOZA, F. J. Temperament test for donkeys to be used in assisted therapy. Applied Animal Behaviour Science, v. 186, p. 64-71, 2017. doi: 10.1016/j.applanim.2016.11.006. 26-TAYLOR, T. S. ; MATTHEWS, N. S. Mammoth asses - selected behavioural considerations for the veterinarian. Applied Animal Behaviour Science, v. 60, n. 2-3, p. 283-289, 1998. doi: 10.1016/S01681591(98)00177-4. 27-TOMAZELA, J. M. Abandono e abate põem jumentos sob risco de extinção no Nordeste. UOL Notícias, 2019. Disponível em: <https://noticias.uol. com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2019/07/11/ abandono-e-abate-poem-jumentos-sob-risco-nonordeste.htm>. Acesso em 27 de julho de 2019. 28-MACHADO, L. Exportação de jumentos: venda do Brasil para a China vira caso de polícia. BBC News Brasil, 2019. Disponível em: <https://www.bbc. com/portuguese/brasil-47229667>. Acesso em 27 de julho de 2019. 29-ARAKAKI, E. Jumentos podem estar extintos em 4 anos no Quênia. ANDA, 2019. Disponível em: <https://www.anda.jor.br/2019/07/jumentos-podemestar-extintos-em-4-anos-no-quenia/>. Acesso em 25 de julho de 2019.
Gabriela Hartmann
MV, CRMV-PR: 16.731, residente UFPR-Curitiba gabrielahartmann96@gmail.com
Rayane C. M. do Nascimento
MV, CRMV-AL: 1.211, aluna de mestrado da UFAL-Viçosa rayanecmedeiros@hotmail.com
Pierre Barnabé Escodro
MV, CRMV-AL: 593, MSc, PhD UFAL-Viçosa pierre.escodro@vicosa.ufal.br
Alexander Welker Biondo
MV, CRMV-PR 6.203, MSc, PhD., prof. Depto. Medicina Veterinária – UFPR abiondo@ufpr.br
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Dermatologia Associação de itraconazol e iodeto de potássio no tratamento da esporotricose disseminada em um felino em Palotina, PR – relato de caso Association of itraconazole and potassium iodide in the treatment of disseminated Sporotrichosis in a cat in Palotina, PR – case report Combinación de itraconazol e yoduro de potasio para el tratamiento de esporotricosis diseminada en un felino de Palotina, PR – relato de caso Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 142 p. 62-70, 2019
Thaísa Regina Fleck MV, CRMV-PR 14.423, residente HV-UFPR-Palotina
isareginah@hotmail.com
Mônica Kanashiro Oyafuso MV, CRMV-PR 5.006, profa. Adjunta UFPR-Palotina mokanashiro@yahoo.com.br
Aline Camila Souza MV, CRMV 16417, bióloga UDC-Foz do Iguaçu alinecsmv@gmail.com
Lucas José Deolindo Aluno de graduação CMV/UFPR-Palotina
lucas.jdeolindo@gmail.com
Ingridy Müller Walter Aluna de graduação CMV/UFPR-Palotina
ingridymullerwalter@gmail.com
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Resumo: A esporotricose é uma zoonose causada por um fungo do gênero Sporothrix sp. e transmitida através de lesões perfurantes, sendo os felinos machos não castrados potenciais carreadores da doença, devido a seus hábitos territorialistas. O presente trabalho descreve o tratamento de um felino macho adulto, não castrado, resgatado com lesões dérmicas ulcerativas e serossanguinolentas disseminadas em face, orelhas, região cervical, membro torácico e região escapular. Foi realizada a citologia das lesões, sendo observados macrófagos contendo acentuada quantidade de estruturas leveduriformes ovais a alongadas, compatíveis com o Sporothrix sp. O tratamento escolhido foi a associação de itraconazol (100 mg/gato) e iodeto de potássio (5 mg/kg), ministrados a cada 24 horas, por via oral, observando-se a remissão completa das lesões em 126 dias de tratamento. Unitermos: Sporotrix sp., terapia, iodeto de potássio, gatos, protocolo Abstract: Sporotrichosis is a zoonosis caused by a fungus of the Sporothrix gender, and transmitted through open wounds. Because of their closed territorial nature, intact male cats are most frequently affected. We describe the treatment of an adult, rescued intact male cat presented with disseminated ulcerative skin lesions affecting face, ears, neck, thoracic limb, and scapular region. Cytology of the lesions revealed the presence of macrophages containing a large number of oval oblong yeast structures consistent with Sporothrix sp. The cat was treated with once a day oral administration of itraconazole (100mg/cat) and potassium iodide (5mg/kg). Full remission was observed 126 days after beginning of treatment. Keywords: Sporotrix sp., therapy, itraconazole, potassium iodide, cats, protocol Resumen: La esporotricosis es una zoonosis provocada por un hongo del género Sporothrix sp. y que se transmite a través de heridas profundas. Por sus costumbres territoriales, los gatos no castrados suelen ser potenciales portadores de la enfermedad. Este trabajo describe el tratamiento realizado en un gato adulto no castrado, que había sido rescatado con lesiones dérmicas ulceradas y serosanguinolentas que habían diseminado en la cara, orejas, región cervical, miembros anteriores y región escapular. Se realizó examen citológico de las lesiones, en el que se observó la presencia de macrófagos con gran cantidad de levaduras ovales y alargadas, compatibles con Sporothrix sp. Como tratamiento fue utilizada una combinación de intraconazol (100 mg/gato) y yoduro de potasio (5 mg/kg) cada 24 horas, vía oral. La remisión completa de las lesiones pudo observarse 126 días después de comenzado el tratamiento. Palabras clave: Sporotrix sp., terapia, yoduro de potasio, gatos, protocolo
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Oncologia Linfoma intestinal em um cão da raça boxer – relato de caso Intestinal lymphoma in a Boxer breed dog – case report Linfoma intestinal en un perro Bóxer – relato de caso Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 142 p. 72-82, 2019
Sayonara da Luz Ferro MV, CRMV-SC: 7.629 HVF
sayonara_lf@hotmail.com
Fernanda Jönck MV, CRMV-SC: 7.468, dra. HVF fejonck@gmail.com
Marta Cristina T. Heckler MV, CRMV-SC: 6.686, dra. HVF m_cth@yahoo.com.br
Ewerton Cardoso MV, CRMV-SC: 4.748 Msc., prof. HVF binhomv@bol.com.br
Mateus Rychescki MV, CRMV-SC: 3.626, Msc. HVF mrychescki@gmail.com
Débora Farias MV, CRMV-SC: 8.995 HVF
deborafariasl@hotmail.com
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Resumo: O linfoma intestinal é definido pela presença da neoplasia no trato gastrintestinal e/ou nos linfonodos mesentéricos, sendo o segundo tipo de linfoma mais comum em cães. Os principais sinais clínicos incluem vômito, diarreia, anorexia e perda de peso. O diagnóstico definitivo é realizado por citologia ou histopatologia do órgão lesionado. O protocolo terapêutico mais indicado é a poliquimioterapia. No presente trabalho relata-se o caso de um canino da raça boxer de cinco anos de idade, com histórico de hematoquezia, apatia havia 7 dias e anorexia e perda de peso persistente havia mais de 20 dias. A ultrassonografia abdominal identificou líquido livre e presença de uma massa atingindo parte do intestino. Realizaram-se laparotomia exploratória e coleta de material para o exame histopatológico, confirmando o diagnóstico de linfoma intestinal. Entretanto, durante o procedimento, o paciente veio a óbito. Unitermos: linfossarcoma, intestino, neoplasia Abstract: Intestinal lymphoma is the second most common form of lymphoma in dogs. It is characterized by the presence of neoplastic lymphocytes in the gastrointestinal tract or mesenteric lymph nodes. The chief clinical signs are vomiting, diarrhea, anorexia and weight loss. The diagnosis is made through fine needle aspiration and cytology, or by tissue biopsy and histopathology, and chemotherapy is the treatment of choice. We report a case of intestinal lymphoma in a five years old Boxer, presented with history of hematochezia and lethargy of 7 days duration, and 20 days of anorexia and persistent weight loss. Abdominal ultrasonography revealed free fluid in the abdominal cavity, and an intestinal mass. Exploratory laparotomy was performed and a tissue biopsy was performed. Histopathology confirmed the diagnosis of intestinal lymphoma, but the patient died during the surgical procedure. Keywords: lymphosarcoma, intestine, neoplasm Resumen: El linfoma intestinal es el segundo tipo de neoplasia más frecuente en perros y se caracteriza por la presencia de este tumor en el sistema gastrointestinal o linfonódulos mesentéricos. Los signos clínicos más importantes son vómitos, diarrea, anorexia y pérdida de peso. El diagnóstico definitivo se realiza por cito o histopatología. El protocolo terapéutico más indicado es la poliquimioterapia. En este trabajo se relata el caso de un perro Bóxer de cinco años, que presentaba histórico de hematoquecia, apatía de una semana y anorexia y pérdida de peso persistente durante más de 20 días. La ecografía abdominal permitió identificar líquido libre y una masa que tomaba parte del intestino. Se realizó una laparotomía exploratoria, obteniéndose material para histopatología, examen este que confirmó la presencia de un linfoma intestinal. No obstante, el paciente murió durante la cirugía. Palabras clave: linfosarcoma, intestino, neoplasia
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Livros Medicina Veterinária do Coletivo – fundamentos e práticas Divulgação
A difusão de conhecimenda responsável e hoje já se to técnico-científico em mefala da importância da sencidicina veterinária do coletivo ência animal e da condição conta agora com uma obra do animal como sujeito de didedicada inteiramente ao asreito. sunto. Medicina Veterinária O livro constitui um regisdo Coletivo – fundamentos e tro de praticamente duas dépráticas, de Rita de Cássia cadas de trabalhos na área, Maria Garcia, Néstor Calmuitos deles apresentados derón e Daniel Friguglietti nas conferências de medicina Brandespim, reúne artigos veterinária do coletivo realidesses renomados médicoszadas a partir do surgimento veterinários, especialistas da especialidade. Essas connas áreas de medicina legal, ferências contribuíram para ética médica, medicina sofirmar a especialidade e escial, bioética e saúde pública, timularam as pessoas a reque juntaram seus conhecigistrarem essas práticas. Um mentos para apresentar seus bom número dessas expeMedicina Veterinária do Coletivo fundamentos e práticas trabalhos e estruturar a obra, riências compartilhadas nas reunindo artigos de mais de conferências está nos resoitenta colaboradores. O resultado é um imporpectivos anais, publicados como suplementos tante corpo de conhecimentos para a promoção no formato digital pela revista Clínica Veterinária da saúde coletiva, o manejo populacional de (para acessá-los, use o QR code de acesso). cães e gatos, a perícia veterinária, o ensino, a Medicina Veterinária do Coletivo – fundamenpesquisa e a atuação profissional nesse setor. tos e práticas é dividida em seis seções: a SeA obra tem grande valor para a transformação ção 1 é uma introdução à medicina veterinária da realidade e o estímulo à promoção da saúde do coletivo, e trata do valor da estratégia de saúcoletiva, do bem-estar animal e do desenvolvide única e da ética animal. A Seção 2 é sobre mento sustentável. saúde coletiva, medicina preventiva, vigilância Há duas décadas atrás, surgia o conceito de em saúde, zoonoses e saúde ambiental, mausposse responsável de animais de estimação. tratos a acumulação de animais, manejo popuEm pouco tempo esse termo evoluiu para guarlacional canino, registro e identificação, controle reprodutivo, guarda responsável e políticas de Anais das VII e VIII Conferências de saúde no Brasil. A seção 3, trata de medicina Medicina Veterinária do Coletivo de abrigos e de desastres. A Seção 4 é sobre medicina veterinária legal, a seção 5 aborda o ensino, a pesquisa e a atuação profissional. E a Seção 6 reúne artigos sobre educação humanitária e capacitação em Medicina Veterinária do Coletivo. https://issuu.com/ clinicavet/docs/ conferencia-mvc-itecsuplemento 84
https://issuu.com/ clinicavet/docs/ conferencia-med-vetcoletivo-2017
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Editora Integrativa https://www.integrativa.vet.br/medicinaveterinaria-do-coletivo-fundamentos-praticas/
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 142, setembro/outubro, 2019
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Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 142, setembro/outubro, 2019
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Gestão
Otimismo sempre ! k
O otimismo é uma das características marcantes nas pessoas responsáveis por grandes revoluções em comportamento, cultura, prosperidade, tecnologias, saúde, empreendimentos, ou seja, em inúmeras áreas. O otimista acredita que é sempre possível realizar, fazer e acontecer, materializar. Costuma ter uma fé inabalável e tenta sempre harmonizar pensamento, desejo e emoção de uma maneira positiva. Uma de suas melhores qualidades é ser grato por tudo o que acontece, pois vive num estado de satisfação e adquire sabedoria com suas experiências. O otimista sabe do seu talento e de suas habilidades e procura se manter sereno, pois isso facilita o contato com a própria intuição e inspiração, aspectos essenciais, pois o levam a ser assertivo em suas decisões e resultados. O otimista também faz tudo com amor, vibra amor e se harmoniza com a própria vibração do universo, que também é amorosa, e por isso costuma desfrutar de boa saúde e longevidade. Outra característica do otimista é canalizar seu talento e sabedoria para servir, o que gera alegria e felicidade nas outras pessoas. Mas se é tão bom ser otimista, por que nem sempre conseguimos ser assim e vemos o pessimismo predominar à nossa volta? Vários fatores contribuem para isso, e o mais comum são pensamentos e sentimentos ruins, como a culpa e a vitimização. Portanto, uma medida muito útil para se abrir ao otimismo é não cultivar padrões de pensamento negativos, pois eles boicotam o crescimento pessoal e profissional; pensamentos do tipo “Puxa, comigo só acontecem coisas ruins” reforçam uma mentalidade de vítima, e a pessoa então acha que o mundo é injusto com ela. O papel de vítima é até confortável, porque a pessoa imagina que não é responsável pelo que acontece com ela e ainda por cima ganha atenção – embora por pouco tempo, pois as pessoas ao redor se cansam logo disso e se afastam. 86
Devemos evitar a vitimização. O caminho correto é tornar-se consciente e responsável pela maneira de pensar a respeito de si e do mundo, e praticar isso em relação a cada acontecimento da vida, alterando o padrão e passando a agir de modo maduro. Outra atitude negativa é acreditar-se incapaz pelo fato de ter tido experiências ruins com os erros cometidos. A pessoa acaba se achando inútil e se conforma em não crescer mais, parando de se organizar e desistindo facilmente. Com isso, perde a disciplina e o ânimo de transformar suas experiências em sabedoria. Nessas horas, o desafio é abrir a possibilidade do sucesso, e lembrar que “errar é humano”. Achar-se o “culpado por tudo” também faz parte do papel de vítima, nesse caso, vítima de si mesmo. Culpa não é o mesmo que responsabilidade, e confundir essas duas coisas tem sérias consequências emocionais pelo peso que a pessoa acaba tendo que carregar. A melhor maneira do pessimista se transformar e tornar-se otimista é dar novo significado aos fatos, parar de remoer as mesmas coisas na mente. Em outras palavras, fazer um esforço intenso e continuado para mudar a sua interpretação atual, equivocada das coisas. Isso vai exigir persistência, atenção constante e elevar o seu nível de “inteligência espiritual”, pois é o que nos faz atribuir novo significado à vida, e nos dá força para transpor abismos, aumentar a inspiração, aprender a identificar e a dar valor aos pensamentos, sentimentos e emoções positivos, isto é, àquelas coisas que nos inclinam de fato a sermos otimistas, realizadores de grandes transformações, e a conquistar resultados que promovem o bem-estar, a alegria e a felicidade do próximo – e com isso também a própria felicidade. Celso Morishita Gestor empresarial espiritualista celsomorishita@yahoo.com
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 142, setembro/outubro, 2019
Lançamentos
Divulgação
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Three Super Premium Dogs 88
Three Super Premium Cats
Three Super Premium Dogs Senior
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A empresa gaúcha Hercosul, referência nacional no segmento pet food, introduziu inovações em sua linha Three Dogs e Three Cats, com produtos da categoria Super Premium, para cães e gatos de diversos portes e fases de vida. Diferente da versão Original Premium Especial – produzida com proteínas de alta qualidade obtidas por meio de farinhas de origem animal –, a nova linha Three Super Premium é formulada a partir de carnes frescas e de um número maior de ingredientes funcionais, o que eleva o valor biológico do alimento. Com baixo teor de sódio, a versão Super Premium proporciona também maior absorção de nutrientes e menor volume fecal, entre outras vantagens. Com isso, a Linha Three da Hercosul passa a ser composta pelas versões Original Premium Especial e pela nova linha Super Premium. Entre as opções do mix Super Premium da Three Dogs estão produtos para filhotes e adultos de raças pequenas e mini, médias e grandes, além de versões sênior para todas as raças. As variações são: fran-
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A Hercosul lança Three Dogs e Three Cats Super Premium
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go e arroz, frango e cenoura, cordeiro e blueberry, carne e arroz, frango e chá verde e frango e batata-doce. A linha Three Cats Super Premium oferece opções para filhotes (frango), adultos (salmão, frango e carne), adultos castrados (salmão) e adultos castrados e bolas de pelo (frango). Com linhas de alimentos completos secos e úmidos, e de snacks, a Hercosul atua nos mercados nacional – todo território brasileiro – e internacional – Angola, Bolívia, Chile, Colômbia, Nigéria, Paraguai e Uruguai –, com propostas de produtos nas categorias Super Premium, Premium Especial, Premium e Standard. A empresa possui as marcas Biofresh (para cães e gatos), Three Dogs, Three Cats, Primocão, Primogato, Adore (cães e gatos), Apolo, Átila, Mutts e Three Birds.
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Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 142, setembro/outubro, 2019
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Vet agenda Animais selvagens
Anestesiologia
9 a 13 de setembro
21 de setembro a 1 de dezembro
10º Congresso Brasileiro de Mastozoologia (CBMz) & 10º Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros
II Curso Intensivo de Anestesia Intravenosa Total (TIVA) http://bit.ly/2J5sXah
Águas de Lindóia, SP
http://www.10cbmz.com.br/10cbmz
Campinas, SP
23 a 25 de outubro
Foz do Iguaçu, PR
l
25 a 27 de outubro
Botucatu, SP
I Curso Teórico-prático de Diálise Peritoneal e Hemodiálise Intermitente em Pequenos Animais http://bit.ly/2Ld7ZIZ 26 de outubro
São Paulo, SP
XIV EBAV http://www.congressocbav.com.br/
Comportamento na Clínica de Pets Nãoconvencionais http://bit.ly/2LePPGw
https://www.facebook.com/geasuam/
12 e 13 de outubro
26 e 27 de outubro
8 a 11 de outubro
Anestesiologia em Pequenos Animais – Intensivo http://bit.ly/2Zu7FOL
Intensivo de Urgência e Emergência na Rotina de Pequenos Animais http://bit.ly/2NKsyy2
29 de setembro
São Paulo, SP
III Simpósio GEAS UAM “Especialidades na Medicina de Animais Selvagens”
Florianópolis, SC
XXVIII Encontro e XXII Congresso ABRAVAS
http://congressoabravas.com.br/
São Paulo, SP
26 e 27 de outubro
23 e 24 de novembro
Anestesiologia em Pequenos Animais – Intensivo http://bit.ly/2ZshUD3
Emergência em Pequenos Animais Intensivo http://bit.ly/2HBUrUW
Curitiba, PR
15 a 23 de outubro
Campo Grande, MS
Curso de Capacitação para Trabalho com Fauna em Vida Livre - Instituto Tamanduá
https://institutotamandua.wixsite.com/ cursos 18 a 20 de outubro
Araçatuba, SP
I Workshop de Patologia em Animais Selvagens gease.silvestres@gmail.com
Aracaju, SE
Encontro Nordestino dos Grupos de Estudos de Animais Selvagens https://geasbrasiloficial.wixsite.com/ geasbrasiloficial/agenda 6 a 10 de novembro
Teresópolis, RJ
XVIII Congresso Brasileiro de Primatologia - Educando Primatas http://www.cbprimatologia2019.com.br/
29 de novembro a 1 de dezembro
Anestesia de Pequenos Animais - TIVA, PIVA e Ventilação Mecânica http://bit.ly/2ZCm1M6
2º Curso Avançado de Emergência e Intensivismo Direcionado à Rotina do Plantão
São Paulo, SP
7 e 8 de dezembro
São Paulo, SP
7 e 8 de março
2020
Intensivo em Anestesiologia em Selvagens e Exóticos http://bit.ly/2LgwSSO
Cardiologia 2020
Início em fevereiro
Animais Silvestres e Exóticos - Clínica Médica - 100% Prático http://bit.ly/2HAGVBe
Curso de Especialização em Cardiologia Veterinária http://bit.ly/34eq2pF
São Paulo, SP
Clínica
23 e 24 de novembro
São Paulo, SP
Odontologia de Rotina de Animais Silvestres e Exóticos http://bit.ly/2Zwh5IP 18 e 19 de janeiro
São Paulo, SP
2020
Cirurgia de Tecidos Moles e Ortopedia em Aves Silvestres e Exóticas https://cursos.vet.br/cursos/cirurgiade-tecidos-moles-e-ortopedia-em-avessilvestres-e-exoticas/sao-paulo/1008
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Jaboticabal, SP
http://bit.ly/2NcPiYY 8 e 9 de fevereiro
13 a 15 de setembro
Jaboticabal, SP
I Encontro de Doenças Infecciosas em Pequenos Animais https://www.facebook.com/ events/329637924582853/ 21 e 22 de setembro
São Paulo, SP
Emergência em Pequenos Animais Intensivo http://bit.ly/2NKrOZM
2020
São Paulo, SP
Clínica Médica e Terapêutica de Répteis http://bit.ly/2ktvAKS
São Paulo, SP
9 e 10 de novembro
Rio de Janeiro, RJ
Porto Alegre, RS
30 de novembro a 1 de dezembro
Intensivo em Anestesiologia de Aves http://bit.ly/2ZtOuED
24 a 26 de outubro
São Paulo, SP
Cirurgia 3 a 6 de setembro
São Paulo, SP
Introdução à Cirurgia www.surgery4vets.com.br 7 e 8 de setembro
São Paulo, SP
Atualização em Cirurgia Toracoabdominal de Pequenos Animais http://bit.ly/32il7SM 13 e 14 de setembro
São Paulo, SP
Técnica e Clínica Cirúrgica do Trato Urinário surgery4vets.com.br 13 e 14 de setembro
São Paulo, SP
Curso Tópicos em Cirurgia de Cabeça e Pescoço http://bit.ly/2jViiX8 28 e 29 de setembro
Porto Alegre, RS Atualização em Cirurgia
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 142, setembro/outubro, 2019
Vet agenda Endocrinologia
Toracoabdominal de Pequenos Animais http://bit.ly/2ZH4mCW
27 e 28 de setembro, 25 e 26 de outubro
19 e 20 de outubro
III Curso de Nutrologia Aplicada às Endocrinopatias endocrinovet.com.br/midia.htm
São Paulo, SP
São Paulo, SP
Cirurgias Especiais em Pequenos Animais http://bit.ly/32oogAF
Fisioterapia
Diagnóstico por Imagem 9 a 13 de setembro
São Paulo, SP
Ultrassonografia Doppler em Pequenos Animais http://bit.ly/2zGeWM2 16 a 18 de setembro
São Paulo, SP
Capacitação Em Ultrassonografia em Endocrinopatias http://bit.ly/30NSXyz 5 e 6 de outubro
São Paulo, SP
13 a 15 de dezembro
São Paulo, SP
XV Curso Intensivo em Fisioterapia Veterinária https://fisiocarepet.com.br/cursos/
Medicina veterinária desastres
Ultrassonografia em Animais Silvestres e Exóticos http://bit.ly/2UiNFsF
São Paulo, SP
Capacitação em Ultrassonografia Abdominal Small Parts I (Sistema Reprodutor, Pâncreas e Adrenais) http://bit.ly/2ZJdJOy
Doenças infecciosas 9 e 10 de setembro
Belo Horizonte, MG IXX Simpósio Internacional de Leishmaniose http://brasileish.com.br 13 a 15 de setembro
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Medicina veterinária legal 2 e 3 de outubro
São Paulo, SP
FORENSIC MED VET CONFERENCE http://bit.ly/2HCcPNK
Nutrição São Paulo, SP
28 e 29/9, 19 e 20/10, 23 e 24/11, 14 e 15/12
cursos@integrativavet.com.br
Jaboticabal, SP
VIII Simpósio Sobre Nutrição Clínica de Cães e Gatos http://bit.ly/2FwGZAS
2 de outubro
Oftalmologia
São Paulo, SP
1° Simpósio de Medicina Veterinária de Desastres http://animalhealthcongress.com
2020
Início em 4 de fevereiro
Rio de Janeiro, RJ
Curso de especialização em Gestão de Risco de Emergências e Desastres em Saúde Pública http://bit.ly/2PAuPym
Medicina veterinária integrativa
13 e 14 de setembro
São Paulo, SP
Curso de Clínica oftálmica de cães e gatos http://bit.ly/2ZvOu6o 19 e 20 de outubro, 23 e 24 de novembro
Ribeirão Preto, SP
5º Curso Básico de Oftalmologia Veterinária http://bit.ly/303alP0 19 e 20 de outubro
Porto Alegre, RS
Intensivo em Oftalmologia de Pequenos Animais http://bit.ly/2LiB7x7
14 a 17 de setembro
9 e 10 de novembro
Curso Terapia Com Células-tronco em Animais http://bit.ly/2IKUGhA
Oftalmologia em Pequenos Animais: Retina, Vítreo e Neuro-oftalmologia http://bit.ly/2PuIfvD
São Paulo, SP
São Paulo, SP
Odontologia
Medicina felina
Jaboticabal, SP I Encontro de Doenças Infecciosas em Pequenos Animais http://bit.ly/2k4L0Fi
Intensivo em Medicina de Felinos II http://bit.ly/2LcYpFP
4 a 11 de outubro
São Paulo, SP
3 a 6 de dezembro
Porto Alegre, RS
VII Curso de: Alimentação Natural e Medicina Nutracêutica de Cães
25 a 29 de novembro Capacitação Em Ultrassonografia Abdominal – Big Five http://bit.ly/2HwAuz5
7 e 8 de dezembro
1° Encontro de Medicina Veterinária de Catástrofe patrocinioemvc@gmail.com
São Paulo, SP
São Paulo, SP
III Simpósio Sul Brasileiro de Felinos https://goo.gl/cC3wqD
Setembro a dezembro
Sorocaba, SP
4 e 5 de novembro
9 e 10 de novembro
Balneário Camboriú, SC
14 de setembro
Ultrassonografia em Animais Silvestres http://bit.ly/2Y82yid
Ultrassonografia em Emergências http://bit.ly/32fLnx2
9 e 10 de novembro
28 e 29 de setembro
São Paulo, SP
Intensivo em Medicina de Felinos http://bit.ly/2ZLuM2J
12 e 13 de outubro
São Paulo, SP
Intensivo em Ortopedia em Pequenos Animais http://bit.ly/34hGrJJ
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 142, setembro/outubro, 2019
Vet agenda Pós-graduação
5 e 6 de novembro
Belo Horizonte, MG
1° Simpósio Mineiro de Odontologia Veterinária https://www.facebook.com/1osimovbh
Ortopedia 17 a 19 de outubro
São Paulo, SP
Curso Intensivo Prático de Ortopedia Avançado http://www.cipo.vet.br/cursos/cursointensivo-pratico-de-ortopediaavancado-%7C-17-10-2019
Setembro de 2019 a abril de 2021
São Paulo, SP
Pós-Graduação Lato Sensu em Oftalmologia Veterinária – FAMESP http://famesp.com.br/curso-posgraduacao-oftalmologia-veterinaria/ Fevereiro de 2020 a dezembro de 2021
São Paulo, SP
Curso de Especialização (pós-graduação lato sensu) em Nutrologia de Cães e Gatos
http://bit.ly/2DPgjdK
Reprodução animal
8 e 9 de novembro
Porto Alegre, RS
Simpósio de Fisioterapia e Reabilitação em Pequenos Animais da UFRGS http://www.ufrgs.br/hcv/siorpa2012/ site/?page_id=24
Oncologia
5 de outubro
São Paulo, SP
Simpósio de Reprodução Animal do GEREP contatogerep@gmail.com
Semanas acadêmicas
20 e 21 de setembro
Botucatu, SP
II Workshop Teórico-prático de Odontologia Veterinária em Animais de Companhia http://bit.ly/2X4Liyj 29 de set. de 2018 a 24 de nov. de 2019
Jaboticabal, SP
3º Curso de Aperfeiçoamento em Cirurgia Oncológica e Reconstrutiva em Cães e Gatos http://bit.ly/2X4Liyj
3 a 5 de setembro
Bauru, SP
XII Semana Acadêmica de Medicina Veterinária - Unip Bauru anamartins1993@outlook.com 9 a 11 de setembro
Tubarão, SC
Semavet Unisul camvet.unisul@gmail.com 9 a 13 de setembro
São Paulo, SP
1º Simpósio de Oncologia Veterinária geonco.anhembi@gmail.com
XVIII SAVET - medicina veterinária matutino (Anhanguera Leme) https://www.instagram.com/savetxviii/ 9 a 13 de setembro
2020
Santos, SP
Início em fevereiro
São Paulo, SP
Curso de Especialização - Oncologia https://anclivepa-sp.com.br/2015/ educacao/cursos/especializacao/ oncologia/
Porto Alegre, RS
XX Semana Acadêmica (UFRGS) dafv@ufrgs.br 16 a 18 de outubro
Campinas, SP
XVII Semevuc (Unip Campinas) https://www.facebook.com/semevuc/ 21 e 22 de outubro
Tubarão, SC
Mostra de Iniciação Científica Veterinária - MICVET (UNISUL) https://www.instagram.com/ camvetunisul/ 21 a 25 de outubro
São Bernardo do Campo, SP JAMVET - Anhanguera www.jamvet.vet 21 a 26 de outubro
Niterói, RJ
42 Semambra - Semana Acadêmica Souza Braga http://semambra.sites.uff.br/
Toxicologia
25 a 28 de outubro
Londrina, PR
I Simpósio Brasileiro de Toxicologia Veterinária (I SBTV) http://www.uel.br/eventos/sbtv/pages/
XXII Semana Acadêmica Unimes de Medicina Veterinária – SAUMVET https://saumvet.wixsite.com/ saumvetunimes 12 a 14 de setembro
Traumatologia
19 e 20 de novembro
São Paulo, SP
Simpósio de Trauma da FMVZ USP Cursosanestfmvzusp@gmail.com
Feiras & Congressos 30 de setembro a 2 de outubro
Itu, SP
4º Encontro de Residentes Vetnil http://bit.ly/2xn6Abb
Mineiros, GO
Patologia
IV Semana Acadêmica de Medicina Veterinária (UNIFIMES) https://www.sevet.com.br/
21 de setembro
São Paulo, SP
II Simpósio de Patologia Clínica - Gelab https://www.facebook.com/gelabuam
16 a 21 de setembro
18 a 20 de outubro
XV SAMEVET 2019 (Anhanguera) https://www.facebook.com/Samevet2019
I Workshop de Patologia em Animais Selvagens -GEFIPA) e GEASE gease.silvestres@gmail.com
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14 a 18 de outubro
Leme, SP
23 de novembro
São Paulo, SP
https://www.sympla.com.br/jovet-xx--jornada-academica-de-medicinaveterinaria-fmu__595162
Campinas, SP
21, 23 a 27 de setembro
São Paulo, SP Jovet (FMU)
2 a 4 de outubro
São Paulo, SP
Animal Health South America www.animalhealthsa.com 9 a 11 de outubro
João Pessoa, PB CONIVET 2019
www.conivet2019.com.br
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 142, setembro/outubro, 2019
SIMPÓSIO DE MEDICINA VETERINÁRIA DE DESASTRES Com a intensificação do aquecimento global, inundações, furacões, incêndios florestais e secas afetarão não só as pessoas, mas o meio ambiente, os recursos naturais e os animais. A demanda por um profissional veterinário especializado nessas áreas torna-se mais necessária do que nunca. Nosso objetivo é capacitar os participantes em práticas mais eficazes na prevenção e na resposta aos desastres que envolvam animais. Os participantes irão adquirir conhecimentos em:
• • • • •
GESTÃO SAÚDE ÚNICA EM DESASTRES RESGATE DESTINAÇÃO DOS ANIMAIS RESGATADOS ASSISTÊNCIA MÉDICO-VETERINÁRIA AOS ANIMAIS ATINGIDOS • MANUTENÇÃO DE ANIMAIS • BIOSSEGURANÇA • MEDICINA VETERINÁRIA LEGAL EM DESASTRES
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EXPO CENTER NORTE SÃO PAULO SP BRASIL
Inscreva-se no animalhealthcongress.com e tenha acesso livre a este Simpósio. +55 11 3796-5290 congressos@animalhealthsa.com
Realização:
Organização:
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 142, setembro/outubro, 2019
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Vet agenda & Medical Exposition
21 a 24 de outubro
facebook.com/AveacaArg
Campos do Jordão, SP
2º Congresso Brasileiro de Dermatologia Veterinária – SBDV https://www.congressosbdv.com.br/
https://ce.vetmed.ucdavis.edu/symposiaevents/2019-SoCal-Vet-Series
Rio de Janeiro, RJ Anclivepa Rio Vet
http://riovet.rio.br/
17 a 19 de outubro
Houston, Texas, EUA
28 e 29 de novembro
Recife, PE 3a Petnor
Agenda internacional 3 e 4 de outubro
Buenos Aires, Argentina
XX Congreso Nacional AVEACA 3 a 5 de outubro
Veterinary Education Today Conference
26 a 29 de março
2020
Tóquio, Japão
2020 Annual Conference of the Veterinary Cancer Society (VCS) http://vetcancersociety.org vetcancersociety@yahoo.com 23 a 26 de setembro
16 a 19 de outubro Las Vegas, Nevada, EUA 2019 American College of Veterinary Surgeons – Surgery Summit
20 a 24 de outubro
https://www.acvs.org/surgery-summit/ upcoming-meetings
facebook.com/AveacaArg
http://bit.ly/2xcmYLl
Veterinary Cancer Society Annual Conference – 2019
http://vetcancersociety.org/vcs-members/ links-of-interest-2/calendar-of-events/
https://www.feirapetnor.com.br/
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Long Beach, Califórnia, EUA
Diagnostics and Management of Canine an Feline GI Disorders
19 a 21 de novembro
Mississauga, Canadá
4 a 6 de outubro
Southern European Veterinary Conference
7 a 9 de novembro Sevilla, Espanha Congreso Nacional Avepa –
Varsóvia - Polônia
WSAVA Congress https://bit.ly/2m0UaTN
Sydney – Austrália
9th World Congress of Veterinary Dermatology http://www.vetdermsydney.com 21 a 24 de outubro
Washington, DC, EUA
2020 ACVS Surgery Summit https://bit.ly/2kyNE6a
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 142, setembro/outubro, 2019