Revista de educação continuada do clínico veterinário de pequenos animais
Cirurgia
Como a atuação de médicosveterinários em desastres pode auxiliar na transformação de um município
Hipospadia e onfalocele em neonato da raça buldogue francês – relato de caso
Diagnóstico por imagem Fenômeno de vácuo detectado na tomografia computadorizada e sua associação com a doença do disco intervertebral em cães
Indexada no Web of Science – Zoological Record, no Latindex e no CAB Abstracts www.revistaclinicaveterinaria.com.br
Índice Editora Maria Angela Sanches Fessel cvredacao@editoraguara.com.br CRMV-SP 10.159 - www.crmvsp.gov.br
Conteúdo científico Cirurgia
54
Hipospadia e onfalocele em neonato da raça buldogue francês – relato de caso
Publicidade Alexandre Corazza Curti midia@editoraguara.com.br
Hypospadia and omphalocele in a French Bulldog – case report
Editoração eletrônica Editora Guará Ltda.
Hipospadia y onfalocele en un neonato de Bulldog Francés – relato de caso
Projeto gráfico Natan Inacio Chaves mkt2edguara@gmail.com
60
Diagnóstico por imagem
Gerente administrativo Antonio Roberto Sanches admedguara@gmail.com
Fenômeno de vácuo detectado na tomografia computadorizada e sua associação com a doença do disco intervertebral em cães Vacuum phenomena on spinal CT scans and its association with intervertebral disc disease in dogs
Capa Pastor-alemão fotografado por anetapics anetapics/Shutterstock
Fenómeno de vacío en tomografía computarizada y su relación con la enfermedad del disco intervertebral en perros
Conteúdo editorial Clínica Veterinária é uma revista técnico-científica bimestral, dirigida aos clínicos veterinários de pequenos animais, estudantes e professores de medicina veterinária, publicada pela Editora Guará Ltda. As opiniões em artigos assinados não são necessariamente compartilhadas pelos editores. Os conteúdos dos anúncios veiculados são de total responsabilidade dos anunciantes. Não é permitida a reprodução parcial ou total do conteúdo desta publicação sem a prévia autorização da editora. A responsabilidade de qualquer terapêutica prescrita é de quem a prescreve. A perícia e a experiência profissional de cada um são fatores determinantes para a condução dos possíveis tratamentos para cada caso. Os editores não podem se responsabilizar pelo abuso ou má aplicação do conteúdo da revista Clínica Veterinária. Editora Guará Ltda. Rua Adolf Würth, 276, cj 2 Jardim São Vicente, 06713-250, Cotia, SP, Brasil Central de assinaturas: (11) 98250-0016 cvassinaturas@editoraguara.com.br Gráfica Gráfica e Editora Pifferprint Ltda.
4
Medicina Veterinária de Desastres
12
Medicina Veterinária do Coletivo
20
Saguis: quando são fauna nativa ou espécie exótica invasora?
32
Importância do médico-veterinário na assessoria política
42
Bem-estar animal
48
Como a atuação de médicos-veterinários em desastres pode auxiliar na transformação de um município
Animais de estimação da fauna silvestre
Considerações sobre o comércio de cães e a venda online na região metropolitana de Curitiba, PR
Crédito das imagens easter eggs ao longo desta edição a - Pixabay - pg. 6 b - Johan Swanepoel - pg. 18 c - Naypong Studio - pg. 28 d - Roberto Ukamura - pg. 37 e - Radomir Rezny - pg. 45 f - Noam Armonn - pg. 51 g - Tracy Starr - pg. 57
h - Ilight photo - pg. 64 i - Protasoz AN - pg. 69 j - Wiratchai Wansamgam - pg. 74 k - Ewan Chesser - pg. 78 l - Cressida studio - pg. 79 m - Neil Burton - pg. 83 n - Roberto Ukamura - pg. 84
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
o - Eric Gevaert - pg. 86 p - Vladimir Melnik - pg. 88 q - Alekcey - pg. 90 r - Heiko Kiera - pg. 91 s - cynoclub - pg. 92 t - Xavier Marchant - pg. 98
Eventos
66
O 2º Congresso Brasileiro de Dermatologia Veterinária comprova o avanço da especialidade
70
Notícias
76
ANIMAL HEALTH, um enfoque inovador para megaeventos do setor veterinário
3° Conferência Internacional de Manejo Humanitário de Populações Caninas
Prêmio Cidade Amiga dos Animais da Proteção Animal Mundial
82
O 6º Prêmio de Pesquisa PremieRpet ® está com inscrições abertas
83
4º Encontro Vetnil de Residentes em Medicina Veterinária – apoio e estímulo à carreira profissional
84
3a edição do Fórum Internacional Royal Canin ® abordou obesidade de cães e gatos
86
Simpósio sobre dilemas
88
Gestão
91
Lançamento
92
Parceiro do mês
94
Agenda
95
Riqueza no coração traz prosperidade
Vetoquinol lança Sonotix, produto que limpa, hidrata e reequilibra as orelhas dos pets Novidade: Clínica Veterinária elege seu parceiro do mês
Cursos, palestras, semanas acadêmicas, simpósios, workshops, congressos, em todo território nacional e por todo o planeta
4
CLOREXIDINA C
MY
CY
CMY
TIS
SÉPT
com
D-Panthenol DE R
MA
Indicado em situações dermatológicas onde se necessita uma ação antibacteriana rápida e potente.
I
O
+
C
K
CLOREXIDINA 4%
O
CM
Antisséptico Dermatológico
I
C
Y
AN
M
TOLÓ
WWW.CENTAGRO.COM.BR
G
ATIVO HIDRATANTE REPARA A BARREIRA DA PELE ACELERA A REGENERAÇÃO ACELERA A EPITELIZAÇÃO
CENTAGROPET
_CENTAGRO
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
5
Editorial
Abre-alas para 2020 O ano de 2019 chega ao fim – felizmente, dirão alguns. De fato, o ano começou para parte da população com algumas expectativas positivas, de reativação da economia, de uma justiça mais efetiva, de gestão eficaz de recursos públicos. O que vemos, porém, é um intenso e desconcertante choque de realidade. A economia não anda, a justiça revela tristes bastidores, a gestão pública patina num grau alarmante. Gostaríamos de ver nosso país com menor desigualdade social, menos violência, impunidade e corrupção. O que vemos é a liberação de armas e o incentivo à violência policial e geral, o desamparo da educação e da saúde, o desmatamento e a invasão de terras indígenas liberados, a negação dos fundamentos científicos, o cerceamento da liberdade de expressão e a apatia diante dos efeitos do desequilíbrio ambiental – queimadas na Amazônia, desastres como o de Brumadinho, liberação sem critério de agrotóxicos, petróleo em nossas praias, e nada disso é enfrentado como poderia e deveria ser. Ficaríamos muito felizes se pudéssemos tratar neste editorial de fim de ano de assuntos mais positivos, mas a trajetória atual aponta para um cenário nada otimista nos planos econômico, social e institucional. Não podemos fechar os olhos. A pesquisa científica agoniza – com grande evasão de pesquisadores para países que valorizam esses profissionais –, a cultura e o conhecimento parecem estar abandonados a um terceiro plano. Sobram manifestações de ideologização e faltam soluções efetivas para os graves problemas do país, que parece estar nas mãos de Deus – ou talvez nas de seu velho oponente. Para nós, médicos-veterinários, resta-nos tentar extrair desse choque de realidade algo de positivo. Em primeiro lugar, continuar a valorizar o trabalho sério e dedicado, o esforço de preservar nesse universo tão combalido os nossos preceitos de uma ética profissional e pessoal rigorosa, e de seriedade e competência científica. Vemos exemplos magníficos desse esforço em todos os setores da medicina veterinária, na esfera acadêmica, na pesquisa, no trabalho diário de profissionais e empresas. Para além das questões e dos factoides que preenchem a mídia e as redes sociais – que muitos querem nos fazer crer que são o que há de mais importante –, é hora de voltarmos os olhos para o que há de bom, para a vida, para o respeito, para o bem-estar de todos os seres e para os excelentes profissionais, professores, diretores de entidades e de empresas que continuam valorizando o trabalho sério, a busca de soluções sensatas, apoiadas no conhecimento, na convivência harmoniosa, na percepção de que vivemos em uma sociedade múltipla e complexa, na qual nossa ação tem certamente uma importância decisiva. Feliz 2020 a todos. a
Maria Angela Sanches Fessel CRMV-SP 10.159 6
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
o agrid Nã
ele d ap a
pH
relhas so
e
NEUTRO
My Happy Pet by
Consultores científicos Adriano B. Carregaro FZEA/USP-Pirassununga Álan Gomes Pöppl FV/UFRGS Alberto Omar Fiordelisi FCV/UBA Alceu Gaspar Raiser DCPA/CCR/UFSM Alejandro Paludi FCV/UBA Alessandra M. Vargas Endocrinovet Alexandre Krause FMV/UFSM Alexandre G. T. Daniel Universidade Metodista Alexandre L. Andrade CMV/Unesp-Aracatuba Alexander W. Biondo UFPR, UI/EUA Aline Machado Zoppa FMU/Cruzeiro do Sul Aline Souza UFF Aloysio M. F. Cerqueira UFF Ana Claudia Balda FMU, Hovet Pompéia Ana Liz Bastos CRMV-MG, Brigada Animal MG Ananda Müller Pereira Universidad Austral de Chile Ana P. F. L. Bracarense DCV/CCA/UEL André Luis Selmi Anhembi/Morumbi e Unifran Angela Bacic de A. e Silva FMU Antonio M. Guimarães DMV/UFLA Aparecido A. Camacho FCAV/Unesp-Jaboticabal A. Nancy B. Mariana FMVZ/USP-São Paulo Aulus C. Carciofi FCAV/Unesp-Jaboticabal Aury Nunes de Moraes UESC Ayne Murata Hayashi FMVZ/USP-São Paulo Beatriz Martiarena FCV/UBA Benedicto W. De Martin FMVZ/USP; IVI Berenice A. Rodrigues MV autônoma Camila I. Vannucchi FMVZ/USP-São Paulo Carla Batista Lorigados FMU
8
Carla Holms Anclivepa-SP Carlos Alexandre Pessoa www.animalexotico.com.br Carlos E. Ambrosio FZEA/USP-Pirassununga Carlos E. S. Goulart EMATER-DF Carlos Roberto Daleck FCAV/Unesp-Jaboticabal Carlos Mucha IVAC-Argentina Cassio R. A. Ferrigno FMVZ/USP-São Paulo Ceres Faraco FACCAT/RS César A. D. Pereira UAM, UNG, UNISA Christina Joselevitch IP/USP-São Paulo Cibele F. Carvalho UNICSUL Clair Motos de Oliveira FMVZ/USP-São Paulo Clarissa Niciporciukas Anclivepa-SP Cleber Oliveira Soares Embrapa Cristina Massoco Salles Gomes C. E. Daisy Pontes Netto FMV/UEL Daniel C. de M. Müller UFSM/URNERGS Daniel G. Ferro Odontovet Daniel Macieira FMV/UFF Denise T. Fantoni FMVZ/USP-São Paulo Dominguita L. Graça FMV/UFSM Edgar L. Sommer Provet Edison L. P. Farias UFPR Eduardo A. Tudury DMV/UFRPE Elba Lemos FioCruz-RJ Eliana R. Matushima FMVZ/USP-São Paulo Elisangela de Freitas FMVZ/Unesp-Botucatu Estela Molina FCV/UBA Fabian Minovich UJAM-Mendoza Fabiano Montiani-Ferreira FMV/UFPR
Fabiano Séllos Costa DMV/UFRPE Fabio Otero Ascol IB/UFF Fabricio Lorenzini FAMi Felipe A. Ruiz Sueiro Vetpet Fernando C. Maiorino Fejal/CESMAC/FCBS Fernando de Biasi DCV/CCA/UEL Fernando Ferreira FMVZ/USP-São Paulo Filipe Dantas-Torres CPAM Flávia R. R. Mazzo Provet Flavia Toledo Univ. Estácio de Sá Flavio Massone FMVZ/Unesp-Botucatu Francisco E. S. Vilardo Criadouro Ilha dos Porcos Francisco J. Teixeira N. FMVZ/Unesp-Botucatu F. Marlon C. Feijo Ufersa Franz Naoki Yoshitoshi Provet Gabriela Pidal FCV/UBA Gabrielle Coelho Freitas UFFS-Realeza Geovanni D. Cassali ICB/UFMG Geraldo M. da Costa DMV/UFLA Gerson Barreto Mourão Esalq/USP Hector Daniel Herrera FCV/UBA Hector Mario Gomez EMV/FERN/UAB Hélio Autran de Moraes Oregon S. U. Hélio Langoni FMVZ/Unesp-Botucatu Heloisa J. M. de Souza FMV/UFRRJ Herbert Lima Corrêa Odontovet Iara Levino dos Santos Koala H. A. e Inst. Dog Bakery Iaskara Saldanha Lab. Badiglian Idael C. A. Santa Rosa UFLA Ismar Moraes FMV/UFF
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
Jairo Barreras FioCruz James N. B. M. Andrade FMV/UTP Jane Megid FMVZ/Unesp-Botucatu Janis R. M. Gonzalez FMV/UEL Jean Carlos R. Silva UFRPE, IBMC-Triade João G. Padilha Filho FCAV/Unesp-Jaboticabal João Luiz H. Faccini UFRRJ João Pedro A. Neto UAM Jonathan Ferreira Odontovet Jorge Guerrero Univ. da Pennsylvania José de Alvarenga FMVZ/USP Jose Fernando Ibañez FALM/UENP José Luiz Laus FCAV/Unesp-Jaboticabal José Ricardo Pachaly Unipar José Roberto Kfoury Jr. FMVZ/USP Juan Carlos Troiano FCV/UBA Juliana Brondani FMVZ/Unesp-Botucatu Juliana Werner Lab. Werner e Werner Julio C. C. Veado FMVZ/UFMG Julio Cesar de Freitas UEL Karin Werther FCAV/Unesp-Jaboticabal Leonardo D. da Costa Lab&Vet Leonardo Pinto Brandão Ceva Saúde Animal Leucio Alves FMV/UFRPE Luciana Torres FMVZ/USP-São Paulo Lucy M. R. de Muniz FMVZ/Unesp-Botucatu Luiz Carlos Vulcano FMVZ/Unesp-Botucatu Luiz Henrique Machado FMVZ/Unesp-Botucatu Marcello Otake Sato FM/UFTO Marcelo Bahia Labruna FMVZ/USP-São Paulo
Marcelo de C. Pereira FMVZ/USP-São Paulo Marcelo Faustino FMVZ/USP-São Paulo Marcelo S. Gomes Zoo SBC,SP Marcia Kahvegian FMVZ/USP-São Paulo Márcia Marques Jericó UAM e Unisa Marcia M. Kogika FMVZ/USP-São Paulo Marcio B. Castro UNB Marcio Brunetto FMVZ/USP-Pirassununga Marcio Dentello Lustoza Biogénesis-Bagó S. Animal Márcio Garcia Ribeiro FMVZ/Unesp-Botucatu Marco Antonio Gioso FMVZ/USP-São Paulo Marconi R. de Farias PUC-PR Maria Cecilia R. Luvizotto CMV/Unesp-Araçatuba M. Cristina F. N. S. Hage FMV/UFV Maria Cristina Nobre FMV/UFF M. de Lourdes E. Faria VCA/Sepah Maria Isabel M. Martins DCV/CCA/UEL M. Jaqueline Mamprim FMVZ/Unesp-Botucatu Maria Lúcia Z. Dagli FMVZ/USP-São Paulo Marion B. de Koivisto CMV/Unesp-Araçatuba Marta Brito FMVZ/USP-São Paulo Mary Marcondes CMV/Unesp-Araçatuba Masao Iwasaki FMVZ/USP-São Paulo
Mauro J. Lahm Cardoso Falm/Uenp Mauro Lantzman Psicologia PUC-SP Michele A. F. A. Venturini Odontovet Michiko Sakate FMVZ/Unesp-Botucatu Miriam Siliane Batista FMV/UEL Moacir S. de Lacerda Uniube Monica Vicky Bahr Arias FMV/UEL Nadia Almosny FMV/UFF Natália C. C. A. Fernandes Instituto Adolfo Lutz Nayro X. Alencar FMV/UFF Nei Moreira CMV/UFPR Nelida Gomez FCV/UBA Nilson R. Benites FMVZ/USP-São Paulo Nobuko Kasai FMVZ/USP-São Paulo Noeme Sousa Rocha FMV/Unesp-Botucatu Norma V. Labarthe FMV/UFFe FioCruz Patricia C. B. B. Braga FMVZ/USP-Leste Patrícia Mendes Pereira DCV/CCA/UEL Paulo Anselmo Zoo de Campinas Paulo César Maiorka FMVZ/USP-São Paulo Paulo Iamaguti FMVZ/Unesp-Botucatu Paulo S. Salzo Unimes, Uniban Paulo Sérgio M. Barros FMVZ/USP-São Paulo
Pedro Germano FSP/USP Pedro Luiz Camargo DCV/CCA/UEL Rafael Almeida Fighera FMV/UFSM Rafael Costa Jorge Hovet Pompéia Regina H. R. Ramadinha FMV/UFRRJ Renata A. Sermarini Esalq/USP Renata Afonso Sobral Onco Cane Veterinária Renata Navarro Cassu Unoeste-Pres. Prudente Renée Laufer Amorim FMVZ/Unesp-Botucatu Ricardo Duarte All Care Vet / FMU Ricardo G. D’O. C. Vilani UFPR Ricardo S. Vasconcellos CAV/Udesc Rita de Cassia Garcia FMV/UFPR Rita de Cassia Meneses IV/UFRRJ Rita Leal Paixão FMV/UFF Robson F. Giglio H. Cães e Gatos; Unicsul Rodrigo Gonzalez FMV/Anhembi-Morumbi Rodrigo Mannarino FMVZ/Unesp-Botucatu Rodrigo Teixeira Zoo de Sorocaba Ronaldo C. da Costa Ohio State University Ronaldo G. Morato CENAP/ICMBio Rosângela de O. Alves EV/UFG Rute C. A. de Souza UFRPE/UAG
Ruthnéa A. L. Muzzi DMV/UFLA Sady Alexis C. Valdes Unipam-Patos de Minas Sheila Canavese Rahal FMVZ/Unesp-Botucatu Silvia E. Crusco UNIP/SP Silvia Neri Godoy ICMBio/Cenap Silvia R. G. Cortopassi FMVZ/USP-São Paulo Silvia R. R. Lucas FMVZ/USP-São Paulo Silvio A. Vasconcellos FMVZ/USP-São Paulo Silvio Luis P. de Souza FMVZ/USP, UAM Simone Gonçalves Hemovet/Unisa Stelio Pacca L. Luna FMVZ/Unesp-Botucatu Tiago A. de Oliveira UEPB Tilde R. Froes Paiva FMV/UFPR Valéria Ruoppolo I. Fund for Animal Welfare Vamilton Santarém Unoeste Vania de F. P. Nunes FNPDA e Itec Vania M. V. Machado FMVZ/Unesp-Botucatu Victor Castillo FCV/UBA Vitor Marcio Ribeiro PUC-MG Viviani de Marco UNISA e NAYA Wagner S. Ushikoshi UNISA e CREUPI Zalmir S. Cubas Itaipu Binacional
revistaclinicaveterinaria.com.br
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
9
Instruções aos autores
A
Clínica Veterinária publica artigos científicos inéditos, de três tipos: trabalhos de pesquisa, relatos de caso e revisões de literatura. Embora todos tenham sua importância, nos trabalhos de pesquisa, o ineditismo encontra maior campo de expressão, e como ele é um fator decisivo no âmbito científico, estes trabalhos são geralmente mais valorizados. Todos os artigos enviados à redação são primeiro avaliados pela equipe editorial e, após essa avaliação inicial, encaminhados aos consultores científicos. Nessas duas instâncias, decide-se a conveniência ou não da publicação, de forma integral ou parcial, e encaminham-se ao autores sugestões e eventuais correções. Trabalhos de pesquisa são utilizados para apresentar resultados, discussões e conclusões de pesquisadores que exploram fenômenos ainda não completamente conhecidos ou estudados. Nesses trabalhos, o bem-estar animal deve sempre receber atenção especial. Relatos de casos são utilizados para a apresentação de casos de interesse, quer seja pela raridade, evolução inusitada ou técnicas especiais. Devem incluir uma pesquisa bibliográfica profunda sobre o assunto (no mínimo 30 referências) e conter uma discussão detalhada dos achados e conclusões do relato à luz dessa pesquisa. A pesquisa bibliográfica deve apresentar no máximo 15% de seu conteúdo provenientes de livros, e no máximo 20% de artigos com mais de cinco anos de publicação. Revisões são utilizadas para o estudo aprofundado de informações atuais referentes a um determinado assunto, a partir da análise criteriosa dos trabalhos de pesquisadores de todo o meio científico, publicados em periódicos de qualidade reconhecida. As revisões deverão apresentar pesquisa de, no mínimo, 60 referências provadamente consultadas. Uma revisão deve apresentar no máximo 15% de seu conteúdo provenientes de livros, e no máximo 20% de artigos com mais de cinco anos de publicação. Critérios editoriais Enviar por e-mail (cvredacao@editoraguara. com.br) ou pelo site da revista (http:// revistaclinicaveterinaria.com.br/blog/envio-deartigos-cientificos) um arquivo texto (.doc) com o trabalho, acompanhado de imagens digitalizadas em formato .jpg . As imagens digitalizadas devem ter, no mínimo, resolução de 300 dpi na lar gura 10
de 9 cm. Se os autores não possuírem imagens digitali za das, devem encaminhar pelo correio ao nosso departamento de re da ção cópias das imagens originais (fotos, slides ou ilustrações – acompanhadas de identificação de propriedade e autor). Devem ser enviadas também a identificação de todos os autores do trabalho (nome completo por extenso, RG, CPF, endereço residencial com cep, telefones e e-mail) e uma foto 3x4 de rosto de cada um dos autores. Além dos nomes completos, devem ser informadas as instituições às quais os autores estejam vinculados, bem como seus tí tulos no momento em que o trabalho foi escrito. Os autores devem ser relacionados na seguinte ordem: primeiro, o autor principal, seguido do orientador e, por fim, os colaboradores, em sequência decrescente de participação. Sugere-se como máximo seis autores. O primeiro autor deve necessariamente ter diploma de graduação em medicina veterinária. Todos os artigos, independentemente da sua categoria, devem ser redigidos em língua portuguesa e acompanhados de versões em língua inglesa e espanhola de: título, resumo (de 700 a 800 caracteres) e unitermos (3 a 6). Os títulos devem ser claros e grafados em letras minúsculas – somente a primeira letra da primeira palavra deve ser grafada em letra maiúscula. Os resumos devem ressaltar o objetivo, o método, os resultados e as conclusões, de forma concisa, dos pontos relevantes do trabalho apresentado. Os unitermos não devem constar do título. Devem ser dispostos do mais abrangente para o mais específico (eg, “cães, cirurgias, abcessos, próstata). Verificar se os unitermos escolhidos constam dos “Descritores em Ciências de Saúde” da Bireme (http://decs.bvs.br). Revisões de literatura não devem apresentar o subtítulo “Conclusões”. Sugere-se “Considerações finais”. Não há especificação para a quantidade de páginas, dependendo esta do conteúdo explorado. Os assuntos devem ser abordados com objetividade e clareza, visando o público leitor – o clínico veterinário de pequenos animais. Utilizar fonte arial tamanho 12, espaço simples e uma única coluna. As margens superior, inferior e laterais devem apresentar até 3 cm. Não deixar linhas em branco ao longo do texto, entre títulos, após subtítulos e entre as referências. Imagens como fotos, tabelas, gráficos e ilustrações não podem ser cópias da literatura, mesmo que seja indicada a fonte. Devem ser
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
utilizadas imagens originais dos próprios autores. Imagens fotográficas devem possuir indicação do fotógrafo e proprietário; e quando cedidas por terceiros, deverão ser obrigatoriamente acompanhadas de autorização para publicação e cessão de direitos para a Editora Guará (fornecida pela Editora Guará). Quadros, tabelas, fotos, desenhos, gráficos deverão ser denominados figuras e numerados por ordem de aparecimento das respectivas chamadas no texto. Imagens de microscopia devem ser sempre acompanhadas de barra de tamanho e nas legendas devem constar as objetivas utilizadas. As legendas devem fazer parte do arquivo de texto e cada imagem deve ser nomeada com o número da respectiva figura. As legendas devem ser autoexplicativas. Não citar comentários que constem das introduções de trabalhos de pesquisa para não incorrer em apuds. Sempre buscar pelas referências originais. O texto do autor original deve ser respeitado, utilizando-se exclusivamente os resultados e, principalmente, as conclusões dos trabalhos. Quando uma informação tiver sido localizada em diversas fontes, deve-se citar apenas o autor mais antigo como referência para essa informação, evitando a desproporção entre o conteúdo e o número de referências por frases. As referências serão indicadas ao longo do texto apenas por números sobrescritos ao texto, que corresponderão à listagem ao final do artigo – autores e datas não devem ser citados no texto. Esses números sobrescritos devem ser dispostos em ordem crescente, seguindo a ordem de aparecimento no texto, e separados apenas por vírgulas (sem espaços). Quando houver mais de dois números em sequência, utilizar apenas hífen (-) entre o primeiro e o último dessa sequência, por exemplo cão 1,6-10,13. A apresentação das referências ao final do artigo deve seguir as normas atuais da ABNT 2002 (NBR 10520). Utilizar o formato v. para volume, n. para número e p. para página. Não utilizar “et al” – todos os autores devem ser relacionados. Não abreviar títulos de periódicos. Sempre utilizar as edições atuais de livros – edições anteriores não devem ser utilizadas. Todos os livros devem apresentar informações do capítulo consultado, que são: nome dos autores, nome do capítulo e páginas do capítulo. Quando mais de um capítulo for utilizado, cada capítulo deverá ser considerado uma
referência específica. Não serão aceitos apuds nem revisões de literatura (Citação direta ou indireta de um autor a cuja obra não se teve acesso direto. É a citação de “segunda mão”. Utiliza-se a expressão apud, que significa “citado por”. Deve ser empregada apenas quando o acesso à obra original for impossível, pois esse tipo de citação compromete a credibilidade do trabalho). Somente autores de trabalhos originais devem ser citados, e nunca de revisões. É preciso ser ético pois os créditos são daqueles que fizeram os trabalhos originais. A exceção será somente para literatura não localizada e obras antigas de difícil acesso, anteriores a 1960. As citações de obras da internet devem seguir o mesmo procedimento das citações em papel, apenas com o acréscimo das seguintes informações: “Disponível em: <http://www. xxxxxxxxxxxxxxx>. Acesso em: dia de mês de ano.” Somente utilizar o local de publicação de periódicos para títulos com incidência em locais distintos, como, por exemplo: Revista de Saúde Pública, São Paulo e Revista de Saúde Pública, Rio de Janeiro. De modo geral, não são aceitas como fontes de referência periódicos ou sites não indexados. Ocasionalmente, o conselho científico editorial poderá solicitar cópias de trabalhos consultados que obrigatoriamente deverão ser enviadas. Será dado um peso específico à avaliação das citações, tanto pelo volume total de autores citados, quanto pela diversidade. A concentração excessiva das citações em apenas um ou poucos autores poderá determinar a rejeição do trabalho. Não utilizar SID, BID e outros. Escrever por extenso “a cada 12 horas”, “a cada 6 horas” etc. Com relação aos princípios éticos da experimentação animal, os autores deverão considerar as normas do SBCAL (Sociedade Brasileira de Ciência de Animais de Laboratório). Informações referentes a produtos utilizados no trabalho devem ser apresentadas em rodapé, com chamada no texto com letra sobrescrita ao princípio ativo ou produto. Nesse subtítulo devem constar o nome comercial, fabricante, cidade e estado. Para produtos importados, informar também o país de origem, o nome do importador/ distribuidor, cidade e estado. Revista Clínica Veterinária / Redação Rua Adolf Würth, 276, cj. 2, 06713-250, Cotia, SP cvredacao@editoraguara.com.br
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
11
Medicina Veterinária de Desastres
Como a atuação de médicos-veterinários em desastres pode auxiliar na transformação de um município Introdução Os seres humanos e os animais têm uma longa história juntos: a convivência entre cães e homens, por exemplo, data de mais de 12 mil anos 1. Enfrentar eventos calamitosos sempre foi fundamental desde a origem da nossa espécie. Há episódios históricos de inundações, erupções vulcânicas, secas e outros fenômenos generalizados que assolaram a civilização 2. Perante uma eventualidade, é sabido que os seres humanos não são muito inclinados a tomar medidas de autoproteção, e isso se intensifica quando são impedidos de levar seus animais em um momento de evacuação 3.
Grad
Grad
Relato de vivência Desastres podem ser descritos como ocorrências excepcionais de grande seriedade que podem ocasionar graves distúrbios a uma
população, econômicos ou ambientais, além de perdas de vidas, e resultam de uma combinação de fragilidades e ameaças 4. O Polígono da Secas é uma região do Nordeste brasileiro que apresenta como principal característica longos períodos de estiagem; na Bahia, compreende uma área localizada a aproximadamente 430 km de distância da capital, Salvador 5, e em 2019 foi acometido por uma precipitação de chuvas jamais registrada anteriormente. No dia 11 de julho de 2019, os municípios de Pedro Alexandre e Coronel João Sá emitiram um alerta para a possibilidade de rompimento de uma barragem de armazenamento de água. Naquele mesmo dia ocorreu um transbordamento que gerou uma enorme inundação, desabrigando 320 famílias (não houve vítimas humanas fatais). A maioria dos afetados não conseguiram salvar suas mobílias e per-
Figura 1 – Perdas causadas pela inundação por rompimento de barragem em Coronel João Sá, BA, mobílias e pertences dos moradores nas ruas e casas condenadas pela Defesa Civil 12
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
métodos contraceptivos químicos que podem causar problemas futuros, tais como piometra, hiperplasia mamária, aborto e tumores. Poucas carcaças foram encontradas pela equipe de resgate, pois a maioria delas haviam sido removidas pela população. Assim, não foi possível obter a estatística do número de indivíduos que vieram a óbito durante a inundação. Uma pocilga clandestina foi encontrada às margens do rio Peixe (Figura 2). Nela havia 108 suínos, 4 cães, 100 gatos, urubus e galinhas. As condições higiênico-sanitárias eram péssimas, com presença de ossos espalhados por todo o local, oferecendo um risco de contaminação por botulismo, sendo a alimentação de todas as espécies composta basicamente de restos alimentares, penas e carcaças de aves sem fervura. Não havia utilização de nenhum tipo de equipamento de proteção individual (EPI) pelas pessoas que transitavam pelo local ou nele trabalhavam. Os animais eram destinados à venda ainda na fase de crescimento. Se porventura algum animal viesse a óbito na pocilga, sua carne era consumida independentemente da causa mortis. Nesse local a água chegou até a altura do teto do abrigo dos porcos, que conseguiram escapar por uma cerca que fora cortada por um de
tences (Figura 1), porém optaram por salvar parentes e animais de estimação e criação. No dia 13 de julho, uma equipe de voluntários de resgate animal, apoiada pelo CRMV-BA e pelo Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal (FNPDA), chegou à localidade de Pedro Alexandre, encontrando a população afetada em choque e extremamente preocupada com o salvamento de seus animais, alguns dos quais haviam sido resgatados por um morador da própria da região – já que não era comum a atuação de médicos-veterinários ali e que a presença dos voluntários era algo até então inédito. A população de ambas as cidades afetadas pela inundação demonstrava total desconhecimento acerca das necessidades básicas de seus animais de estimação, como fornecimento de alimentos de qualidade, vacinação e posse responsável. A grande maioria dos cães e gatos eram semidomiciliados ou errantes. Algumas residências possuíam pequenas criações de cágados, caprinos, equídeos e pássaros silvestres. Era possível observar pelas ruas muitos animais apresentando quadros de tumor venéreo transmissível e de mama. As fêmeas, quando gestantes, geralmente têm o parto nas ruas, e seus filhotes são abandonados; muitas vezes são submetidas a
Grad
Grad
Figura 2 – Animais na pocilga às margens do Rio Peixe
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
13
Medicina Veterinária de Desastres
Grad
Grad
outros passaram a ser atendidos pela equipe de médicos-veterinários, já que seus tutores procuravam por ajuda devido à escassez de profissionais e de recursos nas regiões adja-
Grad
Grad
Grad
seus tutores. Quando a água baixou, os animais retornaram a ele em busca de alimento. A barragem não era de responsabilidade de nenhuma empresa específica, portanto os recursos para a realização dos trabalhos de resgaste (dinheiro, medicamentos, alimentos e vacinas) foram adquiridos exclusivamente por meio de doações de pessoas e de algumas empresas do ramo pet. Os animais receberam atendimento médicoveterinário nos locais onde havia possibilidade e necessidade: em casas ainda habitadas, nos abrigos e até mesmo nas ruas. Foram administradas medicações contra endo e ectoparasitas a fim de prevenir as zoonoses veiculadas pela água. Cães e gatos receberam ainda vacinas polivalentes (déctupla e quíntupla, respectivamente) e antirrábica (esta fornecida pela Secretaria Estadual de Saúde) (Figura 3). A alimentação foi possível graças à distribuição de ração para cães, gatos e pássaros. Grande parte dos animais encontravam-se com aspecto caquético e apresentavam sinais de gastrenterite, dermopatias, conjuntivite e escoriações, entre outros (Figura 4). Além dos animais vitimados pela tragédia,
Figura 3 – Vacinação polivalente sendo aplicada em cães. Várias espécies foram atendidas pela equipe técnica animal.
14
Figura 4 – Atendimentos dos animais que apresentavam caquexia e fraqueza
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
Grad
Grad
A
Figura 5 – Cadela no puerpério após desastre na zona rural
B
Grad
centes (Figuras 5 e 6). Os cães foram atendidos em maior número, seguidos dos gatos, galinhas, suínos, jabutis, passeriformes, ovinos, caprinos, equinos e asininos (Figura 7). Entre os procedimentos realizados, a vacinação e a castração foram os mais numerosos (Figura 8). Duas semanas após a ocorrência da enchente, realizou-se um mutirão de castração que contou com a colaboração de uma equipe de voluntários médicos-veterinários – cirurgiões, anestesistas e estudantes de medicina veterinária (Figura 9). Durante três dias de ação, foram realizados 116 procedimentos de esterilização em cães e gatos, machos e fêmeas. Apenas uma operação foi cancelada devido a intercorrência na indução anestésica de uma gata. Uma única cadela apresentou um quadro de hemorragia difusa, que foi controlado; em seguida, ela foi submetida a transfusão de sangue. Não houve registro de óbitos, exceto de um filhote de cão que apresentava um grave quadro anêmico no dia da triagem e de um porquinho-da-índia. A equipe de voluntários ficou na região durante 17 dias e se alojou em locais distintos: uma parte na residência de uma moradora protetora de animais, que tinha sob sua tutela quatro cães vítimas de maus-tratos ou abandono, e outra parte em prédios de órgãos da Prefeitura de Pedro Alexandre. Havia um ponto de apoio na Secretaria Municipal de Meio
Figura 6 – Cadela com baixo escore corporal recebendo alimentação (A) e seus filhotes sendo atendidos pela equipe (B)
Ambiente, onde se realizavam reuniões de planejamento das ações a serem executadas e onde as rações foram armazenadas. Em relação à pocilga clandestina, a equipe de médicos-veterinários trabalhou baseada no conceito de Saúde Única, com a colaboração da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), e auxiliando os órgãos de saúde dos municípios. Uma nova pocilga
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
15
No de atendimentos
Canina
226
Felina
132
Galinhas
113
Suínos
108
Jabutis
45
Passeriformes
35
Ovinos
26
Caprinos
23
Equinos
3
Asininos
1
Total
712
Figura 7 – Número de atendimentos realizados nos locais atingidos pelo rompimento da barragem de água no estado da Bahia em julho de 2019 Ação
Número de procedimentos
Mutirão de castração
116
Vacinação antirrábica
149
Vacinação polivalente 2 doses (cães)
120
Vacinação polivalente (gatos)
20
Figura 8 – Número de procedimentos médico-veterinários realizados durante o atendimento de animais atingidos pelo rompimento da barragem de água na Bahia em julho de 2019
foi providenciada pela prefeitura e pelas secretarias municipais de Meio Ambiente e de Agricultura para a transferência dos animais. Foram realizadas modificações no recinto de acordo com as normativas vigentes, com a ajuda de zootecnistas e de um médico-veterinário de Maceió (AL), que atuaram em Coronel João Sá representando o CRMV/AL (Figura 10). Também foram propostas adaptações visando o bem-estar animal. Após a conclusão da primeira fase de mudanças, duas fêmeas gestantes foram transferidas ao novo recinto, onde ocorreu o nascimento de leitões. Soluções sustentáveis foram apresentadas ao prefeito, como a instalação de um biodigestor que aproveitará as fezes dos animais. Sugeriu-se um treinamento dos tratadores da pocilga sobre noções básicas de produção, para que eles realizem o manejo 16
Grad
Espécie
Grad
Medicina Veterinária de Desastres
Figura 9 – Cães e gatos aguardando atendimento no mutirão de castração de emergência pós desastres
correto da alimentação ofertada aos animais e lhes proporcionem melhores condições higiênico-sanitárias, uma vez que os suínos são criados para posterior consumo humano. Desse modo, ficou patente a necessidade urgente de um técnico agrícola no quadro da Secretaria de Agricultura e de Meio Ambiente para acompanhar casos como esse. Um mês após a passagem da equipe de médicos-veterinários pelo local, os órgãos estaduais promoveram um curso de suinocultura no auditório da Câmara Municipal. Em agosto de 2019, a equipe retornou à região para aplicar mais uma dose do protocolo vacinal de cães. Após as ações realizadas pelos médicos-veterinários na região acometida pela tragédia, os tutores sentiram-se extremamente gratos e com a esperança renovada ao presenciarem os cuidados e o carinho da equipe para com os seus animais após o traumático episódio
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
ClĂnica VeterinĂĄria, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
17
Medicina Veterinária de Desastres Grad
Figura 10 – Reparos e ampliação das novas instalações para os porcos de acordo com as orientações da equipe de zootecnistas e médicos-veterinários
de perderem tudo o que possuíam. b Considerações finais Se não houver um grupo de resgaste animal bem preparado e coordenado, o salvamento durante a ocorrência de um desastre pode se tornar bastante complexo, já que nesses eventos geralmente se priorizam o resgate e o salvamento de seres humanos em detrimento do dos animais. Porém, de acordo com a Constituição Federal de 1988, é dever do poder público e da sociedade defender um meio ambiente ecologicamente equilibrado, e isso se dá a partir da proteção da fauna e da flora. Portanto, a proteção dos animais em situações calamitosas é extremamente importante e deve ser tão priorizada quanto a proteção de seres humanos. Na ocorrência de um desastre, o médicoveterinário é um profissional de extrema importância, pois ele é capaz de elaborar um plano de contingência para a evacuação e o resgaste de diferentes espécies, bem como para o atendimento clínico e emergencial dos indivíduos atingidos.
Referências
1-FINKELSTEIN, S. I. High noon for animal rights law: the coming showdown between pet owners and guardians. Bellwether Magazine, v. 1, n. 62, p. 1821, 2005. 2-McCARTHY, M. ; BIGELOW, J. ; TAYLOR, M. Emergency preparedness and planning for animals: a case study in the Blue Mountains, NSW. Australian Journal of Emergency Management, v. 33, n. 4, p. 50-56, 2018. 3-RAI, P. ; KHAWAS, V. Traditional knowledge system in disaster risk reduction: exploration, acknowledgement and proposition. Jàmbá - Journal of Disaster Risk Studies, v. 11, n. 1, p. 484, 2019. doi: 10.4102/jamba. v11i1.484. 4-DU, Y. ; DING, Y.; LI, Z.; CAO, G. The role of hazard vulnerability assessments in disaster preparedness and prevention in China. Military Medical Research, v. 2, p. 27, 2015. doi: 10.1186/s40779-015-0059-9. 5-SEI - SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA. Sobre Região Semiárida. Salvador: SEI. Disponível em: <https://www.sei.ba.gov.br/index.php?option=com_ content&view=article&id=2602&Itemid=663>. Acesso em 25 de outubro de 2019. Ilka do N. Gonçalves
MV, CRMV-BA: 3464; presidente da Comissão de Bem-estar, ética e bioética animal CRMV-BA; integrante do Grad – Grupo de resgate de animais em desastres ilkavet@gmail.com
Mariana Olímpia Köhler Marra Pinto
MV, CRMV-MG: 11.846; aluna de mestrado da EV/UFMG; integrante do Grupo de Resgate de Animais em Desastres – Grad marykohler@gmail.com
Ana Liz Bastos
MV, CRMV-MG: 5.200; conselheira e presidente da Comissão de Bem-estar Animal CRMV-MG; perita da Coordenadoria Estadual de Defesa da Fauna do MPMG; coordenadora geral do Grupo de Resgate de Animais em Desastres – Grad analiz.bastos@gmail.com
Baixe os conteúdos de Medicina Veterinária de Desastres no link: https://issuu.com/clinicavet/docs/vet_agenda_news
18
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
ClĂnica VeterinĂĄria, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
19
Medicina Veterinária do Coletivo
Animais de estimação da fauna silvestre
Introdução O Brasil é considerado o quarto país do mundo em número de animais de estimação, com aproximadamente 52,2 milhões de cães, 22,1 milhões de gatos, 37,9 milhões de aves e 2,2 milhões de outras espécies, incluindo répteis e pequenos mamíferos ¹. Ainda hoje, muitos animais silvestres criados em cativeiro são obtidos de forma irregular, contribuindo assim para o tráfico, que é considerado o terceiro maior mercado ilegal do mundo e responsável pela retirada anual de 38 milhões de animais da natureza no Brasil ². Além do impacto negativo na fauna nativa, o tráfico contribui para a introdução de espécies exóticas invasoras e para a circulação de diferentes zoonoses ². Considerando o impacto da retirada de espécies silvestres da fauna nativa, os órgãos e entidades da administração pública estadual relacionados à proteção e à gestão ambiental podem conceder a autorização para criação e/ou comércio, respeitando a lista de espécies permitidas nos estados para essa finalidade 3. A regularização visa diminuir o mercado ilegal no Brasil, em que 82% dos animais contrabandeados são aves, principalmente os passeriformes 4. O que diz a legislação brasileira sobre animais de estimação da fauna nativa Por definição, fauna nativa é o conjunto dos animais pertencentes às espécies migratórias e a quaisquer outras espécies aquáticas ou terrestres cujo ciclo de vida ocorra – todo ou parte – dentro dos limites do território brasileiro (terra e águas jurisdicionais). Já a fauna exótica, que compreende espécies com distribuição geográfica original, não inclui o território brasileiro e suas águas jurisdicionais 5. 20
Fernando Gonsales
A legalização de animais silvestres como animais de companhia diminui o tráfico?
Nenhum cativeiro é capaz de propiciar a um animal silvestre a liberdade necessária para expressar totalmente sua natureza comportamental
Desde a Lei de Proteção à Fauna de no.197 de 1967 5, o Brasil aborda em sua legislação a criação de animais da fauna silvestre para fins comerciais 6. Segundo a legislação brasileira, é permitido criar, recriar, terminar, reproduzir e manter algumas espécies da fauna silvestre em cativeiro, e comercializá-las como animais de companhia ou estimação, com o objetivo de evitar a apanha na natureza, desde que o estabelecimento esteja cadastrado e em situação regular 7. Nesse contexto, entendese por animal de estimação ou de companhia da fauna nativa brasileira aquele nascido em criadouro comercial autorizado a ser mantido em cativeiro domiciliar 7. Para a regularização do empreendimento
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
de criação de animais da fauna silvestre, a partir de 2011, segundo a Lei Complementar no 140, cada estado passou a fiscalizar a manutenção de animais silvestres em cativeiro, regulamentando-a à sua maneira, com autonomia para relacionar as espécies cuja criação e comercialização são permitidas 8. Por exemplo, no Paraná há três tipos de autorizações necessárias, solicitadas por meio de preenchimento de formulário eletrônico disponível no Sistema Nacional de Gestão de Fauna Silvestre (SisFauna), emitidas pelo órgão ambiental competente: • a Autorização Prévia (AP), que especifica a finalidade do empreendimento, bem como aprova a sua localização e as espécies escolhidas; • a Autorização de Instalação (AI), que dá a licença para a instalação do empreendimento, de acordo com as especificações constantes no projeto arquitetônico e no plano de trabalho, bem como estabelece as medidas de controle a serem cumpridas. Ainda é necessária a cópia da identificação do representante legal do empreendimento e a declaração da Prefeitura Municipal de que o local e o tipo de empreendimento/atividade estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e à ocupação do solo; • a Autorização de Uso e Manejo (AM), que permite o manejo e o uso da fauna silvestre e que deve ser afixada no empreendimento em local visível. Além dos criadouros, há os comerciantes de animais vivos da fauna silvestre, que devem apresentar projeto técnico descrevendo as instalações, o plantel pretendido e o manejo a ser executado. Vale lembrar
que é vedada a reprodução de espécimes nesse empreendimento 9. Seguindo a autonomia dos estados, nem todas as espécies da fauna silvestre nativa podem ser criadas e comercializadas para atender ao mercado de animais de estimação. Para regulamentar essa lista de espécies permitidas, a legislação estadual fiscalizadora baseia-se na verificação dos seguintes critérios: • se há potencial de invasão da espécie em ecossistemas fora da sua área de ocorrência geográfica original; • histórico de invasão da espécie em outros ecossistemas no Brasil ou em outros países; • risco potencial à saúde humana e animal, como, por exemplo, pela introdução de agentes biológicos; • risco para o equilíbrio ecológico das populações naturais; • risco de soltura ou fuga de espécimes; • possibilidade de identificar individualmente e de forma definitiva o animal – por exemplo, pela colocação de anilhas fechadas, no caso de aves, ou com a implantação de microchips em répteis e mamíferos; • se há conhecimento suficiente sobre a biologia, a sistemática, a taxonomia e a zoogeografia da espécie; • se a espécie é adaptável à vida em cativeiro e como animal de estimação 8. No estado do Paraná, por exemplo, há uma lista elaborada com os critérios anteriores que conta com mais de 150 espécies de aves de pequeno porte, 8 espécies de aves de rapina (curso de falcoaria necessário como pré-requisito para manejo) e 6 espécies de répteis que podem ser criadas e comercializadas por empreendiRanking de passeriformes Nome Científico Ranking de animais mais mento autorizado para mais criados no Sispass apreendidos pelo Ibama utilização como animais 1° Curió (Sporophila angolensis) 7° de estimação 9. 2° Canário-da-terra (Sicalis flaveola) 1° Portanto, no Brasil, 3° Trinca- ferro (Saltator similis) 3° espécies nativas como 4° Papa-capim (Sporophila nigricollis) 2° animais de estimação 5°Azulão (Cyanoloxia brissonii) 9° somente são legais se Figura 1 – Comparação do ranking de passeriformes mais criados no Sispass (Sistema Gestão de criadores de Passeriformes Silvestres) e dos mais apreendidos pelo Ibama18,28 forem compradas de um Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
21
Medicina Veterinária do Coletivo criadouro/comerciante autorizado e em situação regular nos respectivos estados (Figura 2) 9. Qualquer outro meio de obtenção do animal é considerado crime ambiental, por tráfico ilegal e caça de animais silvestres, segundo a Lei nº 9.605 de 1998, com pena de detenção de seis meses a um ano e multa que varia de R$ 500 a R$ 5 mil por animal em situação irregular 8,10. Ainda conforme o artigo 29 dessa lei, o ato de matar, perseguir, caçar, apanhar e utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente é crime e pode levar a pena de detenção de seis meses a um ano acrescida de multa 8,10. De acordo com a legislação, todo animal a ser comercializado deve ser identificado de forma definitiva com método autorizado para a espécie 8,9. Além da nota fiscal contendo todas as informações do criadouro/comerciante e do animal (espécie, sexo, método de identificação e local de identificação), o indivíduo que adquire animal silvestre deve comprovar a origem legal mediante apresentação de certificado de registro do animal, emitido na compra 8,9. Na vertente da proteção e do bem-estar animal, recentemente, o plenário do Senado aprovou o Projeto de Lei n° 27 de 2018, que dispôs sobre a natureza jurídica dos animais não humanos. O projeto prevê que os animais têm natureza jurídica sui generis, sendo sujeitos de direitos despersonificados. Assim, os animais não humanos devem gozar e obter tutela jurisdicional para pacificar e resolver conflitos em caso de violação, sendo assim vedado seu tratamento como coisa ou bens móveis. Apesar disso, o projeto não compromete o comércio e a criação de animais, mas reconhece-os como seres sencientes, ou seja, passíveis de sofrimento 11. Papagaio de estimação Capitão Procurar previamente o aconselhamento técnico de um médico-veterinário especializado em animais de estimação da fauna sil22
vestre é essencial para o sucesso da relação entre o tutor e a espécie. Um exemplo disso é a história do papagaio Capitão (Figura 3). O exemplar de papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) foi obtido como animal de companhia de forma regular, pela compra de criador comercial autorizado, mediante nota fiscal e selo de garantia (Figuras 4 e 5). A sexagem do animal e uma ficha técnica com informações sobre hábitos, alimentação, distribuição e reprodução da espécie também foram entregues à tutora (Figuras 6 e 7). Criado como membro da família e sem a interação social com outro papagaio, durante mais de dez anos o animal apresentou boa relação com os familiares. Para surpresa da tutora e dos familiares, com a chegada da maturidade sexual e após tentativas frustradas de cópula, o papagaio tornou-se agressivo com ela, com bicadas frequentes e até mesmo voos para atacá-la. Diante disso, a responsável buscou uma equipe de médicos-veterinários especializados, que realizaram uma bateria de exames clínicos, constatando a saúde do animal, e as causas da mudança de comportamento foram explicadas à família. Mesmo com o grande apego e o vínculo, a tutora decidiu encaminhá-lo para um instituto conservacionista, mediante a transferência de sua titularidade da nota fiscal para o santuário (Figura 8). Esse desfecho é um exemplo pouco comum de destino de animais da fauna silvestre, devido não só à superlotação de criadouros parceiros com espécies comumente utilizadas como animais de estimação, mas também à falta de procura de aconselhamento técnico médicoveterinário, que pode culminar em soltura indiscriminada desses animais pelos tutores. Como funcionam a guarda provisória e o depósito de animais da fauna nativa Além da compra de animais da fauna silvestre, é possível “adotá-los” na forma de guarda provisória por pessoa física de espécies apreendidas ou resgatadas por órgãos ambientais municipais, estaduais ou
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
1 - Como posso ser tutor de um animal da Comprando um animal identificado em criadouro fauna nativa? comercial autorizado pelo órgão ambiental de fiscalização, que deve ter a Autorização de Uso e Manejo afixada em local visível para a espécie comercializada. 2 - É possível adotar um animal da fauna Sim. Pessoas físicas podem ter a guarda provisónativa? ria de animais silvestres que foram apreendidos ou resgatados por órgãos ambientais de fiscalização. Os interessados devem realizar cadastro nos respectivos órgãos ambientais municipais e estaduais com seus dados pessoais, o local e o espaço disponíveis para a manutenção doméstica do animal e o responsável técnico – médico-veterinário ou biólogo. O interessado se tornará apto somente após a vistoria do órgão fiscalizador e a emissão do Termo de Guarda Provisória. 3 - Todos os animais da fauna silvestre Não. Há uma lista de espécies para cada estado brasileira podem ser também animais de cuja criação e comercialização são permitidas, com estimação? critérios que visam o possível impacto nos ecossistemas locais e na Saúde Única. 4 - Como devem ser identificados os ani- De forma individual e definitiva, cujo método de mais de estimação da fauna nativa? marcação varia de acordo com a espécie animal e a legislação vigente. A identificação dos animais é de responsabilidade dos criadouros e dos depositários/guardiões. Por exemplo, as aves devem ser anilhadas, e os répteis devem ser microchipados. 5 - Quais são os documentos necessários 1o - Nota fiscal com todas as informações do criapara que um animal silvestre esteja em si- douro/comerciante autorizado, do destinatário e do tuação legal? animal (nome científico, nome popular, sexo, data de nascimento, método de marcação e local de identificação). 2o - Certificado de registro do animal, emitido no momento da compra. 6 - É possível legalizar no Ibama um animal Não. A única forma de possuir um animal silvestre silvestre que foi obtido de forma irregular? legalizado é adquirindo-o de um criadouro comercial autorizado pelo Ibama. Uma alternativa à apreensão do animal irregular é o depósito, que deve ser requerido voluntariamente pelo indivíduo autuado, com o compromisso de prestar o manejo adequado do animal apreendido objeto da infração, enquanto não houver a destinação nos termos da lei. Figura 2 – Perguntas e respostas sobre animais de estimação da fauna nativa 6,12 Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
23
Medicina Veterinária do Coletivo
Figura 3 – Papagaio Capitão, exemplar de papagaioverdadeiro (Amazona aestiva) obtido por compra regular de criador autorizado pelo Ibama
Figura 5 – Selo de garantia entregue à tutora no momento da compra do papagaio Capitão de criador comercial autorizado
Figura 6 – Comprovante de sexagem do animal (opcional) obtido pela tutora do papagaio Capitão no momento da compra
Figura 4 – Nota fiscal entregue à tutora no momento da compra do papagaio Capitão de criador comercial autorizado 24
federais integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente, como também oriundas de entrega espontânea, com justificativa da
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
Figura 8 – Visita de um dos familiares ao papagaio Capitão, já em quarentena no instituto conservacionista, mais de dez anos após o desfecho provocado pela falta de adaptação do papagaio da fauna nativa à vida com sua tutora
Figura 7 – Ficha técnica com informações sobre os hábitos, a alimentação, a distribuição e a reprodução da espécie entregue à tutora do papagaio Capitão no momento da compra
impossibilidade de outras destinações previstas, como os Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) 12. Animais silvestres apreendidos são aqueles oriundos de guarda ou posse ilegal, cujo acusado foi flagrado durante uma ação policial ou de fiscalização. Já os animais silvestres resgatados são aqueles recolhidos sem identificação, que requerem tratamento, cuidados ou realocação 10,12. Há também os animais silvestres que foram entregues espontaneamente ao poder público antes da abordagem policial ou fiscalizatória 12. Nem todas as espécies da fauna silvestre poderão ser destinadas para depósito ou guarda, sendo proibidas: • as espécies com reconhecido potencial de
invasão de ecossistemas; • que estejam nas listas oficiais da fauna brasileira ameaçada de extinção; • cujo manejo seja incompatível com as condições disponibilizadas pelo interessado; • das classes Amphibia, Reptilia e da ordem de Aves Passeriformes, com distribuição geográfica que coincida com o local da apreensão; • e animais silvestres vítimas de maus-tratos 12. Todos os interessados em se tornarem guardiões ou depositários de animais da fauna silvestre devem realizar um cadastro nos respectivos órgãos municipais, estaduais e federal com seus dados pessoais, o local e o espaço disponíveis para manutenção doméstica do animal e a indicação de um responsável técnico – médico-veterinário ou biólogo 10,12. Ainda há a possibilidade de o indivíduo portador irregular de espécie silvestre nativa que tenha sido autuado por órgão ambiental assumir voluntariamente o dever de prestar a devida manutenção e o manejo do animal apreendido e objeto da infração enquanto não houver a destinação nos termos
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
25
Medicina Veterinária do Coletivo legais sob a forma de depositário, conforme estabelecido pela Resolução nº 457/2013 do Conama. Como condição presente no termo, o depositário deverá regularizar as impropriedades encontradas durante a fiscalização, nos casos e prazos determinados pelo órgão ambiental fiscalizador 10,12. O interessado se tornará apto após vistoria pelo órgão de fiscalização, homologação e emissão do Termo de Depósito ou de Guarda Provisória 10,12. A identificação do animal é de responsabilidade do depositário ou guardião, por colocação de microchip (transponder) ou anilha, conforme a espécie animal 10,12. O referido órgão de fiscalização deve ser informado sobre qualquer movimentação do animal e mudança de endereço 10,12. Além disso, um relatório anual sobre as condições do animal deve ser encaminhado, contendo: marcação utilizada (numeração); fotos do recinto e do animal; laudo veterinário sobre o estado de saúde e a alimentação fornecida ao animal 12. O destino de animais para a guarda provisória visa o bem-estar do espécime, que em muitos casos nasceu ou cresceu em cativeiro e não se adaptaria mais à vida na natureza, e que nos Cetas poderia estar mais exposto a doenças 12. O depósito se justifica também pelo bem-estar dos animais, que já desenvolveram um vínculo positivo com seus donos 10,12 . Vale ressaltar que o manejo realizado pelo depositário será monitorado periodicamente e que a presença de irregularidades resulta em rescisão do termo de depósito e retirada do espécime 10,12. Por fim, os termos de depósito e guarda são de caráter provisório, como uma alternativa enquanto não houver uma destinação final de acordo com a lei, considerando a lotação dos Cetas 10,12. Mas, afinal, a legalização de animais silvestres como animais de estimação pode diminuir o tráfico? Há uma grande discussão sobre a legalização da criação de animais silvestres. No Brasil, há registro de 573 criadouros comerciais de animais silvestres 13. Dentre eles, 246 são 26
de aves, os animais de estimação da fauna silvestre mais populares entre os brasileiros, sendo 89 de psitacídeos e o restante de passeriformes 13. Entre os psitacídeos, o que tem o maior número de criadouros comerciais é o papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), com 74 criadouros 14. Mesmo com o número de criadouros legalizados, essa espécie é a segunda mais apreendida no comércio ilegal no Brasil 15. Os passeriformes correspondem à ordem de animais mais traficados no Brasil 15. Além do número de criadores comerciais, existem também 406.790 criadores amadores que produzem esses animais 18. O canário-da-terra (Sicalis flaveola), por exemplo, é o segundo animal mais criado no Sistema de Gestão de Criadores de Passeriformes Silvestres (Sispass), e o mais apreendido pelo Ibama 18. Em relação aos répteis e mamíferos, a correlação entre criadouros autorizados e tráfico não é clara, uma vez que há menor número de criadouros e de espécies que podem ser criadas em cativeiro 19. Além disso, a procura por esses animais no mercado ilegal recebe incremento do mercado internacional, que os comercializa não somente para a estimação, como também para a utilização da pele, do couro e de partes do corpo 19. Um aspecto importante que envolve a legalização é que ainda não são conhecidas todas as características dos animais de estimação da fauna silvestre, e outras delas podem não ser expressas naturalmente em cativeiro 21. Por exemplo, algumas espécies de papagaios voam quilômetros por dia e vivem em bandos de mais de 100 animais, o que em cativeiro não seria possível 20. Com isso, os animais silvestres podem apresentar alterações comportamentais e de saúde, originadas pela falta de conhecimento e de cuidados adequados por parte dos tutores 21. Além desses fatores, há a possibilidade de circulação de zoonoses; os agentes Aspergillus, Candida, Chlamydia e Staphylococcus são os mais comuns entre as aves 22. No tocante aos mamíferos, a lista das doenças de potencial zoonótico é extensa 22.
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
Esses animais podem atuar como reservatórios e transmissores de raiva, febre amarela, leptospirose, leishmaniose, hantavirose, pasteurelose, salmonelose, tétano, tuberculose, sarampo, varíola, criptosporidiose e malária 22. Segundo a Comissão Nacional de Animais Selvagens (CNAS), é importante entender que há um hábito cultural brasileiro arraigado de apego a animais de estimação não convencionais, e que a sua obtenção se dá tradicionalmente por meio de busca e apanha na natureza. Não há um critério moral de que isso seja errado, mas esse comportamento precisa ser modificado mediante amplos e contínuos projetos educativos 23. O entusiasmo pela posse de animais silvestres de estimação está presente em todos as classes sociais e em todos os recantos do país. O número de criadouros legais ainda é insuficiente para atender à demanda, e os preços ainda são elevados 17. Vale ressaltar que o custo da produção de animais silvestres em cativeiro ainda é elevado, em decorrência da falta de um pacote zootécnico de sucesso comercial para as diferentes espécies a serem exploradas 23. Impacto da soltura de animais de estimação da fauna nativa Devido à falta de adaptação do animal e de apoio técnico ao tutor, os animais de estimação da fauna nativa acabam sendo soltos ou fugindo, causando uma série de prejuízos 24. Por mais que sejam nativos do país, eles podem se tornar exóticos à medida que estão presentes em outras áreas que não as de sua distribuição natural 25,26. A população de animais exóticos pode aumentar com a ausência de um predador natural e a oferta de alimento abundante, fazendo com que eles se estabeleçam e se tornem invasores, concorrendo por alimento e ambiente com a população nativa, o que gera um desequilíbrio no ecossistema 25. Quando esses animais são soltos em áreas urbanas, como é o caso de algumas aves – como gansos e marrecos em parques –, apesar de não se tornarem invasores por definição, ainda podem
causar desequilíbrio, visto que suas fezes diminuem a oxigenação da água e prejudicam os peixes, por exemplo 24. Mesmo quando os animais são soltos em áreas de ocorrência, ainda assim podem ocasionar impacto ao meio ambiente 27, com riscos genéticos e ecológicos às populações nativas e pela introdução de novos patógenos, por exemplo 27. Considerações finais Diversas espécies nativas despertam o interesse dos seres humanos como animais de estimação. A regulamentação de que espécies podem ser criadas e comercializadas tem por objetivo garantir o bem-estar, inibir a apanha desses animais na natureza e eliminar o tráfico ilegal. A comercialização autorizada desses animais pode ainda auxiliar em sua conservação, à medida que sejam reproduzidos dentro das normas legais, garantindo a sua genética. No entanto, ainda é controverso o impacto positivo que a legalização teria no combate do tráfico, já que a maioria das espécies legalizadas ainda são comercializadas ilegalmente em ampla escala. A soltura irregular desses animais também ocasiona danos ao meio ambiente, gerados por competição, destruição e propagação de doenças. Nesse contexto, é importante ressaltar a posição ocupada pelos médicos-veterinários clínicos que atendem espécies nativas, pois eles são o elo entre a legislação vigente, a saúde e o bem-estar geral desses animais como companhia e dos seres humanos, devido à possibilidade de transmissão de doenças. Além da capacitação desses profissionais dentro das peculiaridades clínicas, cirúrgicas e de manejo de cada espécie, é necessário o conhecimento sobre as consequências de seu escape ou soltura nos ecossistemas naturais e nas áreas urbanas. É inegável o hábito cultural brasileiro de manter espécies silvestres nativas como animais de estimação – o tráfico reflete essa realidade. Esse hábito pode ser usado a favor da conservação. Há que se buscar um
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
27
Medicina Veterinária do Coletivo caminho legal para atender a essa demanda. Deve-se fortalecer a cultura da legalidade e da reverência à fauna nativa. A criação de animais silvestres em cativeiro pode, sim, cooperar com a conservação das espécies nativas, aliviando a pressão da sua retirada da natureza. Há exemplos de sucesso, como a criação de curiós, em que os animais mais valorizados pelos criadores de elite são nascidos em cativeiro, fruto de esforço zootécnico que busca a seleção e a fixação de características canoras. No entanto, estamos ainda distantes da obtenção desse sucesso para todas as espécies. A ilegalidade ainda tem um atrativo de baixo custo, a fiscalização é insuficiente e a mudança de hábitos é lenta, acontecendo com o esclarecimento das crianças em processo de aprendizado. A somatória dessas mudanças e o esforço da educação culminarão com a mudança de hábitos e o direcionamento legal do entusiasmo pelos animais silvestres como uma ferramenta de conservação. Afinal, atribuir valor a espécies ameaçadas é a melhor forma de obter esse resultado. Referências
c
01-INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. População de animais de estimação no Brasil. IBGE, 2013. Disponível em: <hhttp:// www.agricultura.gov.br/assuntos/camaras-setoriaistematicas/documentos/camaras-tematicas/insumosagropecuarios/anos-anteriores/ibge-populacao-deanimais-de-estimacao-no-brasil-2013-abinpet-79. pdf/view>. Acesso em 30 de julho de 2019. 02-REDE NACIONAL DE COMBATE AO TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES. Tráfico de Animais Silvestres, Renctas, 2019. Disponível em. <http:// www.renctas.org.br/ambientebrasil-trafico-deanimais-silvestres/>. Acesso em 30 de julho de 2019 03-BRASIL. Conama vai definir regras para criação de animais silvestres, Ministério do Meio Ambiente, 2007. Disponível em: <https://www.mma.gov.br/ informma/item/3951-conama-vai-definir-regraspara-criacao-de-animais-silvestres>. Acesso em 30 de julho de 2019 04-COSTA, F. J. V. ; RIBEIRO, R. E. ; SOUZA, C. A.; NAVARRO, R. D. Espécies de aves traficadas no Brasil: uma meta-análise com ênfase nas espécies
28
ameaçadas. Fronteiras: Journal of Social, Technological and Environmental Science, v. 7, n. 2, p. 324-346, 2018. ISSN: 2238-8869. 05-INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ. Definições e conceitos. Curitiba: IAP. Disponível em: <http:// www.iap.pr.gov.br/pagina-1335.html>. Acesso em 2 de setembro de 2019. 06-INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS. Instrução Normativa IBAMA nº 07, de 30 de abril de 2015. Institui e normatiza as categorias de uso e manejo da fauna silvestre em cativeiro, e define, no âmbito do IBAMA, os procedimentos autorizativos para as categorias estabelecidas. IBAMA, 2015. Disponível em: <http://www.icmbio. gov.br/cepsul/images/stories/legislacao/Instrucao_ normativa/2015/in_ibama_07_2015_institui_ categorias_uso_manejo_fauna_silvestre_cativeiro. pdf>. Acessado em 28 de agosto de 2019. 07-INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS. Resolução CONAMA no 394, de 6 de novembro de 2007. Estabelece os critérios para a determinação de espécies silvestres a serem criadas e comercializadas como animais de estimação. IBAMA, 2007. Disponível em: <http://www2.mma. gov.br/port/conama/legislacao/CONAMA_RES_ CONS_2007_394.pdf>. Acessado em 28 de agosto de 2019 08-BRASIL. Lei Complementar nº 140, de 8 de dezembro de 2011. Fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora; e altera a Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981. 2011. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp140.htm>. Acessado em 24 de setembro de 2019. 09-INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ. Portaria IAP nº 173, de 02 de setembro de 2015. Dispõe sobre o comércio de animais de estimação da fauna nativa no Estado do Paraná. Curitiba: IAP, 2015. Disponível em: <http://www.iap.pr.gov.br/arquivos/ File/Fauna/173_2015.pdf>. Acessado em 28 de agosto de 2019. 10-INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS. Resolução Conama nº 457, de 25 de junho
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
de 2013. Dispõe sobre o depósito e a guarda provisórios de animais silvestres apreendidos ou resgatados pelos órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente, como também oriundos de entrega espontânea, quando houver justificada impossibilidade das destinações previstas no §1º do art. 25, da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, e dá outras providências. IBAMA, 2013. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/ cepsul/images/stories/legislacao/Resolucao/2013/ res_conama_457_2013_dep%C3%B3sito_guarda_ animais_silvestres.pdf>. Acessado em: 12 de setembro de 2019. 11-BRASIL. Projeto de Lei n°17 de 2018. Acrescenta dispositivo à Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, para dispor sobre a natureza jurídica dos animais não humanos. Senado Federal, 2018. Disponível em <https://www12.senado.leg.br/noticias/ materias/2019/08/07/senado-aprova-projeto-queinclui-direitos-dos-animais-na-legislacao-nacional>. Acesso em 4 de setembro de 2019.
12-INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ. Portaria IAP nº 137 de 01 de julho de 2016. Dispõe sobre o depósito e a guarda provisórios de animais silvestres apreendidos ou resgatados pelo Instituto Ambiental do Paraná, como também oriundos de entrega voluntária, quando houver justificada impossibilidade das destinações previstas no §1o do art. 25, da Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e estabelece condições, procedimentos para a manutenção de animais silvestres nativos em cativeiros domésticos e dá outras providências. IAP, 2016. Disponível em: <http://www.iap.pr.gov.br/arquivos/File/Fauna/ Portaria_137.pdf>. Acessado em: 12 de setembro de 2019. 13-CARVALHO, A. R. F. A importância da criação em cativeiro para a preservação das aves ameaçadas de extinção: uma avaliação das ações executadas pelo IBAMA. 2007. 87 f. Monografia (Bacharelado em Engenharia Ambiental) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2007. 14-WORLD ANIMAL PROTECTION. Crueldade à
Soluções em
Radiologia Veterinária Visite nosso site
11 2950.1971 contato@konimagem.com.br www.konimagem.com.br
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
29
Medicina Veterinária do Coletivo venda. Os problemas da criação de animais silvestres como pet. São Paulo: Proteção Animal Mundial, 2019. 24 p. Disponível em: <https:// d31j74p4lpxrfp.cloudfront.net/sites/default/files/ br_files/documents_br/wap-relatorio-crueldade-avenda-062019.pdf>. Acesso 2 de setembro de 2019. 15-COSTA, F. J. V. ; RIBEIRO, R. E. ; SOUZA, C. A. ; NAVARRO, R. D. Espécies de aves traficadas no Brasil: uma meta-análise com ênfase nas espécies ameaçadas. Fronteiras: Journal of Social, Technological and Environmental Science, v. 7, n. 2, p. 324-346, 2018. doi: 10.21664/2238-8869.2018v7 i2p324-346. 16-VALE VERDE. Papagaios. Vale Verde Criatório de Aves, 2018. Disponível em: <https:// criatoriovaleverde.com.br/produtos/papagaios>. Acesso em 03 de Setembro de 2019. 17-MARCONDES, D. Inimigo secreto: venda de papagaios estimula prática ilegal. Agência Envolverde Jornalismo, 2017. Disponível em <https://envolverde.cartacapital.com.br/ods15inimigo-secreto-venda-de-papagaios-estimulapratica-ilegal/>. Acesso em 2 de setembro de 2019. 18-BRASIL. Criação de passeriformes: histórico e sistema de cadastro da criação. Ministério do Meio Ambiente/IBAMA, 2011. Disponível em <https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/ comissoes/comissoes-permanentes/capadr/ audiencias-publicas/audiencias-2011/ap-agosto-9raquel>. Acesso em 30 de agosto de 2019. 19-REDE NACIONAL DE COMBATE AO TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES. 1° Relatório Nacional sobre o tráfico de fauna silvestres, Brasília: Renctas, 2011. 108 p. <http://www.renctas.org.br/ wp-content/uploads/2014/02/REL_RENCTAS_pt_ final.pdf>. Acesso em 8 de setembro de 2019. 20-VIETO, R. 3 coisas que você não sabe sobre o papagaio do vizinho, Proteção Animal Mundial, 2019. Disponível em: <https://www.worldanimalprotection. org.br/blogs/3-coisas-que-voce-nao-sabe-sobre-opapagaio-do-vizinho>. Acesso em 31 julho de 2019 21-CUBAS, Z. S. ; SILVA, J. C. R.; CATÃO-DIAS, J. L. Tratado de animais selvagens. 1. ed. São Paulo: Roca, 2007. 1354 p. ISBN: 978-8572416498. 22-SILVA, J. C. R. Zoonoses e doenças emergentes transmitidas por animais silvestres. ABRAVAS, 2004. 4 p. Disponível em: <http://r1.ufrrj.br/ adivaldofonseca/wp-content/uploads/2014/06/ Ramos-Silva-JC-2004-Doencas-Emergentes-eZoonoses-Animais-Silvestres-www-abravas-org-br-. pdf>. Acesso em 1 de novembro de 2019. 23-AGÊNCIA BRASIL. Campanha tenta conscientizar população contra o tráfico de animais. EBC, 2013. Disponível em: <http://www.ebc.com.br/noticias/ 30
brasil/2013/09/campanha-tenta-conscientizarpopulacao-contra-o-trafico-de-animais>. Acesso em 24 de setembro de 2019. 24-LONGO, M. Soltura provoca desequilíbrio. O Popular, 2015. Disponível em: <https://www. opopular.com.br/noticias/cidades/soltura-provocadesequil%C3%ADbrio-1.986360>. Acesso em 19 de setembro de 2019. 25-INSTITUTO DO MEIO AMBIENTE DE SANTA CATARINA. Exótica invasora: tartaruga-tigred’água americano prejudica espécies locais. IMA, 2019. Disponivel em: <http://www.ima.sc.gov.br/ index.php/noticias/1268-exotica-invasora-tartarugatigre-d-agua-americano-prejudica-especies-locais>. Acesso em 19 de setembro de 2019. 26-INTERNATIONAL UNION FOR CONSERVATION OF NATURE. Salvar a rede da vida. IUCN, 2012. Disponível em: <https://www.iucn.org/pt/content/ salvar-rede-da-vida>. Acesso em 20 de setembro de 2019. 27-EFE, M. A. ; MARTINS-FERREIRA, C. ; OLMOS, F. ; MOHR, L. V. ; SILVEIRA, L. F. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Ornitologia para a destinação de aves silvestres provenientes do tráfico e cativeiro. Revista Brasileira de Ornitologia, v. 14, n. 1, p. 67-72, 2006. 28-CETAS - CENTRO DE TRIAGEM DE ANIMAIS SILVESTRES. Relatório técnico – CETAS, 20022014. Brasília: IBAMA, 2016. 29 p. Disponível em: <http://www.consultaesic.cgu.gov.br/busca/dados/ Lists/Pedido/Attachments/539109/RESPOSTA_ PEDIDO_an.pdf>. Acesso em 3 de setembro de 2019. Anahi Chechia do Couto aluna de mestrado PPGCV, UFPR anahi_couto@hotmail.com
Louise Bach Kmetiuk
MV, CRMV-PR 14.332 MSc., dra. UFPR louisebachk@gmail.com
Rogério Ribas Lange
MV, CRMV-PR 0955, MSc, PhD. Departamento de Medicina Veterinária UFPR rrlange@ufpr.br
Alexander Welker Biondo
MV, CRMV-PR 6.203, MSc, PhD., prof. Depto. Medicina Veterinária – UFPR abiondo@ufpr.br
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
Medicina Veterinária do Coletivo
Saguis – quando são fauna nativa ou espécie exótica invasora?
Apesar de nativos em várias regiões, os saguis invasores ameaçam a fauna nativa (principalmente aves) no Sul e no Sudeste brasileiros Introdução Os saguis ou calitriquídeos (Callithrix spp.) correspondem a seis espécies de ocorrência no Brasil de primatas neotropicais ou do Novo Mundo (Figura 1) 1,2. Apresentam distribuição natural e introduzida em diferentes biomas nacionais, como é o caso do sagui-de-tufos-brancos (Callithrix jacchus) e do sagui-detufos-pretos (Callithrix penicillata) 1. Devido à crescente fragmentação e à perda do habitat natural, a maioria das espécies de saguis se encontram em estado vulnerável e ameaçadas, em razão também da invasão de seus parentes exóticos, resultado do comércio ilegal como animais de estimação e da soltura ou fuga, que tem impacto na saúde única 3-6. Principais características dos calitriquídeos Em geral, os calitriquídeos têm hábitos diurnos, são arborícolas saltadores, com locomoção vertical entre os troncos de árvores, onde consomem seu exsudato (gomas e resinas), frutas, flores e brotos, néctar e insetos 1. Vale ressaltar que a denominação “sagui” não é exclusiva dessa família, visto que são chamados de “saguis” também os micos, os calimicos e os micos-leões-dourados 1,2. De hábito onívoro oportunista, sua dieta inclui também pequenos vertebrados, ovos e filhotes de aves 1,13. São mamíferos de pequeno porte, com peso que varia de 300 a 450 g e comprimento médio de 25 cm entre a cabeça e o corpo e 28 cm de cauda não preênsil 1. Uma característica marcante é a presença de tufos, cristas e jubas com coloração variável entre as espécies do gênero, a exemplo do sagui-de-tufos-brancos e do sagui-de-tufospretos 1. São gregários, vivendo em grupos 32
de 3 a 15 indivíduos que habitam determinada área e, portanto, compartilham as mesmas fontes de alimento 1. Diferentemente dos demais primatas, as gestações são gemelares e podem ocorrer durante todo o ano 1. Diferentemente também de outras espécies de mamíferos, as fêmeas podem amamentar com gestação simultânea, já que os níveis elevados de prolactina não inibem sua ovulação no puerpério, gerando um maior número de filhotes no decorrer do ano 1. A alta plasticidade ecológica auxilia na adaptação a diferentes ecossistemas 5. Espécies com alta densidade populacional e ampla distribuição no seu ambiente natural são, em geral, invasoras mais bem-sucedidas do que aquelas que ocupam naturalmente pequenas faixas com baixa densidade 5. Devido à relação de proximidade entre os seres humanos e os primatas, aguçada pelo apreço, pela curiosidade, pelo uso como animais de companhia e pela experimentação, os saguis são introduzidos ou já estão estabelecidos nos mais variados ecossistemas nacionais 12. O sagui-de-tufos-brancos e o sagui-detufos-pretos como espécies invasoras no Brasil Apesar de não haver consenso sobre os limites da distribuição geográfica de cada espécie de calitriquídeo no Brasil, o sagui-detufos-brancos e o sagui-de-tufos-pretos são reconhecidos pela invasão em quase todos os estados das regiões Sudeste e Sul de nosso país, adaptados a fragmentos florestais e áreas extremamente antropizadas, como parques urbanos, praças, jardins e campi uni-
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
versitários desde os anos 1980 9,11-13. Trazidos pelo tráfico ilegal e comercializados ainda filhotes como animais de estimação, os saguis cresciam e se tornavam agressivos na fase Nome científico
Nome popular
Distribuição nativa
Callithrix aurita
sagui-da-serra- Bioma: escuro; Mata Atlântica sagui-caveirinha Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo
Callithrix flaviceps
sagui-da-serra
Callithrix geoffroyi
sagui-de-cara- Bioma: branca Mata Atlântica Bahia, Espírito Santo e nordeste de Minas Gerais
Callithrix jacchus
sagui-de-tufos brancos; sagui-donordeste; sagui-estrela, sagui-comum; mico
Biomas: Caatinga e Mata Atlântica da Região Nordeste (Alagoas, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Piauí); Bahia, Maranhão, Sergipe (origem incerta)
Callithrix kuhlii
sagui-de-wied
Bioma: Não há Mata Atlântica – restrito ao sul da Bahia e nordeste de Minas Gerais
Callithrix penicillata
sagui-de-tufos- Biomas: pretos; Caatinga, mico-estrela Cerrado e Mata Atlântica (Bahia, Distrito Federal Goiás, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Minas Gerais, Piauí e São Paulo)
adulta, sendo soltos em áreas em que não ocorriam originalmente 13. Segundo a Convention on Biological Diversity (CBD – Convenção sobre Diversidade
Distribuição exótica
Avaliação do risco Principais ameaças de extinção
Não há
Vulnerável (Minas Gerais e São Paulo); em perigo (Rio de Janeiro)
Perda e fragmentação de habitat; competição e hibridação com espécies invasoras de saguis
6
Vulnerável (Global) considerada subespécie de Callithrix aurita
Perda e fragmentação de habitat; hibridação com o saguida-serra-escuro
7
Santa Catarina
Menos preocupante Desconexão e redução (Global) de habitat devido a atividades agropecuárias, expansão da silvicultura, desmatamentos e assentamentos rurais
8
Espírito Santo, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo
Menos preocupante Perda e fragmentação (Global) de seu habitat; apanha e epidemias; hibridização com o sagui-de-tufos-pretos
9
Em perigo (Minas Gerais); quase ameaçado (Global)
Perda e fragmentação de seu habitat; hibridação com o saguide-tufos-pretos; apanha
10
Perda e fragmentação de habitat; apanha; caça; hibridação com o saguide-tufo-branco
11
Bioma: Não há Mata Atlântica Regiões de serra no Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro
Espírito Santo, Menos preocupante Paraná, (Global) Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo, Tocantins
Referência
Avaliação do risco de extinção: avaliação estadual e/ou global (International Union for Conservation of Nature – IUCN)
Figura 1 – Principais espécies de calitriquídeos no Brasil Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
33
Medicina Veterinária do Coletivo
O impacto dos saguis exóticos invasores na biodiversidade e o seu manejo populacional O sagui-de-tufos-brancos é típico dos biomas Caatinga e Mata Atlântica, no Nordeste do Brasil, a leste do rio Parnaíba e ao norte do rio São Francisco, nos estados de Alagoas, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Piauí. Ocorre também na Bahia, no Maranhão e em Sergipe, com origem duvidosa 3,9. Essa espécie foi inserida em várias regiões do país, como, por exemplo, no estado do Rio de Janeiro, em remanescentes florestais previamente designados para a conservação do mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia), considerado em perigo de extinção 9,18. Resultados de pesquisas nessa área mostraram que, em pouco tempo, a população de saguis já era superior à de micos, tornando-se uma ameaça para eles, devido à sobreposição com seu nicho ecológico, com competição por alimento em algumas épocas do ano, bem como alteração comportamental dos micos, que foram observados alimentan34
Rogério Ribas Lange
do-se de goma de árvore obtida em goivas feitas pelos saguis 9,18. Outro exemplo ocorreu na Floresta da Tijuca, localizada na cidade do Rio de Janeiro, originalmente habitada por vários primatas não humanos, como o bugio (Alouatta guariba), muriqui-do-sul (Brachyteles arachnoides), macaco-prego-preto (Cebus nigritus), sagui-da-serra-escuro (Callithrix au-
Rogério Ribas Lange
Biológica), uma espécie é dita exótica quando se situa em um local diferente daquele de distribuição natural; e considerada estabelecida se a espécie introduzida se reproduz e gera descendentes férteis e com alta probabilidade de sobreviver no novo habitat 14. Se a espécie estabelecida expande a sua distribuição no novo habitat e passa a ameaçar a biodiversidade nativa, ela é então considerada uma espécie exótica invasora 14,15. As invasões biológicas são reconhecidas como a segunda maior causa direta de perda de biodiversidade e extinção de espécies, juntamente com a destruição de habitats por mudanças de uso na terra e alterações climáticas provocadas pela poluição 16. A invasão de espécies como a de calitriquídeos pode acarretar alterações no meio abiótico, na forma e na disponibilidade de nutrientes; e no meio biótico, pela competição, pela predação, pelo deslocamento de espécies nativas e pela hibridação 16,17.
Figura 2 – Exemplar de sagui-de-tufos-brancos (Callithrix jacchus) na Floresta da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ, buscando o alimento da mão do ser humano visitante.
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
Fernando Gonsales
Figura 3 – Os saguis invasores competem por recursos e habitats com aves nativas, inclusive ocorrendo a predação de seus ovos e filhotes, e até mesmo das próprias aves adultas
rita), mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) e talvez por exemplares de sauá (Callicebus nigrifrons) e de sauá-de-cara-preta (Callicebus personatus). Com a introdução do sagui-de-tufos-brancos, essas espécies desapareceram, e híbridos de Callithrix e Cebus se tornaram abundantes (Figura 2) 19. Além disso, a formação de híbridos férteis a partir do cruzamento entre saguis exóticos e representantes nativos do mesmo gênero, como o sagui-da-serra-escuro, é uma ameaça para essas espécies puras, devido à perda de seu genótipo e de seus limites taxonômicos 20. O sagui-de-tufos-pretos é a espécie de calitriquídeo com maior distribuição geográfica, especialmente no bioma Cerrado, no Centro-Oeste do Brasil, e também na Mata Atlântica e na Caatinga, nos estados da Bahia, no sudoeste do Piauí e no Maranhão e Rio Grande do Norte, em Minas Gerais, Goiás, porções de Mato Grosso do Sul, no Distrito Federal e no norte de São Paulo, como nativo. Sua distribuição alóctone é confirmada no Tocantins, Espírito Santo, Rio de Janeiro, em São Paulo, no Paraná e em Santa Catarina 4,11. Os saguis invasores competem por recursos e habitats com aves nativas, inclusive predando seus ovos e filhotes, e até mesmo aves adultas 21
(Figura 3). Nas cidades, a sobrevivência dos saguis depende dos recursos disponibilizados de forma direta ou indireta pelos seres humanos, que contribuem para o seu aumento populacional, à medida que mantêm a capacidade de suporte do ambiente (Figura 4) 13. Mesmo em espaços antropizados, esses primatas competem por área de vida e recursos, principalmente com a avifauna nativa, sendo necessários seu manejo e controle populacional 12,13. Por exemplo, em Curitiba, no Paraná, uma parceria entre técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) tem por objetivo erradicar a espécie dos parques e áreas verdes do município. O manejo consiste na captura dos animais, na avaliação clínico-sanitária no Hospital Veterinário da UFPR, principalmente para ocorrência de zoonoses, e na sua esterilização (machos e fêmeas), seguidas do alojamento gradativo em áreas do Zoológico Municipal (pequenas ilhas), com redução populacional e eliminação em médio prazo (Figura 5). O projeto conta também com ações educativas para a conscientização dos riscos ambientais e pessoais da manutenção desses exemplares invasores como animais de companhia e a redução da oferta de alimentos pelos seres humanos 12. Vale lembrar que, segundo a legislação brasileira, é proibido criar e comercializar os saguis como animais de companhia, pois são espécies da fauna silvestre brasileira com reconhecida capacidade adaptativa e invasora em diversos ecossistemas nacionais 22. Impacto de saguis invasores na Saúde Única Além dos fatores relacionados à perda de habitat e à sobreposição da ocorrência de espécies de calitriquídeos, diversos vírus, bactérias, fungos, helmintos e protozoários podem ser transmitidos entre os saguis e/ou atuarem como reservatórios. Dentre as enfermidades, destacam-se herpesvírus, raiva, hepatites virais, tuberculose, histoplasmose, criptococose
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
35
Medicina Veterinária do Coletivo e tripanossomíase. A toxoplasmose também tem relevância, uma vez que os primatas neotropicais apresentam hábitos arborícolas, considerados mais suscetíveis a infecção que os primatas do Velho Mundo. Assim, considerando a perda e a competição por novos habitats, os saguis podem ter maior contato com o solo, favorecendo a infecção com oocistos de Toxoplasma gondii presentes no ambiente 1. Os saguis podem ser reservatórios de importantes arboviroses, como o vírus da febre amarela (Família Flaviviridae), podendo servir de fonte de infecção para vetores e outros primatas não humanos em áreas invadidas, uma vez que a taxa de letalidade é considerada baixa para o gênero Callithrix, diferentemente
do que ocorre com os gêneros Alouatta e Ateles, que apresentam alta taxa de letalidade e são sentinelas 34. O genoma do vírus Zika (Família Flaviviridae) foi detectado pela primeira vez no Brasil em 4/15 (26,6%) saguis (Callithrix jacchus) de vida livre do estado do Ceará, em área epidêmica para o vírus em 2016, um ano após sua identificação em seres humanos no ano de 2015 35. Após essa primeira detecção em primatas neotropicais, novas investigações no mesmo local revelaram a presença do vírus em 6/67 (8,9%) saguis-de-tufos-brancos 36. O vírus foi também detectado em 31/82 (37%) amostras de tecido de saguis (Callithrix sp) dos estados de São Paulo e Minas Gerais,
Município
Resumo das notícias
Bauru, SP (2010) 23
Saguis-de-tufos-brancos e saguis-de-tufos-pretos provenientes do tráfico ilegal, com posterior soltura. Presentes em condomínios e parques, alimentados pela população. Pesquisas no Jardim Botânico de Bauru com ninhos artificiais de aves. Os ovos foram os alimentos preferenciais dos saguis residentes.
Curitiba, PR (2013) 24
No ano de 2013 havia a presença de 13 saguis-de-tufos-pretos em parque urbano, submetidos ao controle populacional pela castração.
Florianópolis, SC (2009; 2019) 25
Exemplares de saguis-de-tufos-pretos trazidos na década de 1960 pelo tráfico ilegal. Presentes em parques e áreas arborizadas, os saguis são alimentados pela população, que os mantém perto de suas casas. Casos de mordedura por saguis. Invadem as casas em busca de alimento. Competição com espécies nativas de primatas, como macacos-pregos, e também com aves. Preocupação de ambientalistas com o equilíbrio ecológico na ilha.
Ilhabela, SP (2018) 26
Levados para a ilha como animais de estimação e soltos em seguida, sendo alimentados pela população local e por turistas. Possível ataque de saguis a dois papagaios-moleiros (Amazona farinosa), espécie ameaçada de extinção. Estimativa de 250 saguis na data da reportagem. Mais de 80% da ilha corresponde a uma unidade de conservação de proteção integral, sem plano de manejo populacional para a espécie exótica.
Maringá, PR (2019) 27
Presença frequente de saguis-de-tufos-pretos e de saguis-de-tufos-brancos em árvores da área urbana, alimentados pela população.
Rio de Janeiro, RJ (2007) 28-30
Saguis-de-tufos-brancos ameaçam a existência de aves na área urbana do RJ desde 2007. Ao tentarem alimentar os saguis, três crianças foram atacadas no Parque Municipal Ecológico de Marapendi. Presença de saguis-de-tufos-brancos e de saguis-de-tufos-pretos no Aterro do Flamengo, área de lazer bastante frequentada do Rio de Janeiro. Preocupação com mordeduras de saguis e transmissão de doenças como raiva e hepatite.
Santos, SP (2018) 31;32
Presença de saguis em condomínio, alimentados com biscoitos pelos moradores. Três saguis foram encontrados mortos, e levantou-se a suspeita de raiva.
Teresópolis, RJ (2011) 33
Pesquisas realizadas na unidade de conservação Parque Nacional Serra dos Órgãos mostraram a presença de saguis-de-tufos-pretos e hibridação com saguis-da-serra-escuros, nativos do mesmo gênero e ameaçados de extinção, com consequente perda genética da espécie pura.
Figura 4 – As cidades, seus parques e saguis exóticos 36
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
Rogério Ribas Lange
Rogério Ribas Lange
Figura 5 - Manejo de sagui-de-tufos-pretos exótico capturado em árvore localizada no campus Rebouças da Universidade Federal do Paraná, área urbana central de Curitiba, PR. O sagui foi rapidamente capturado com armadilha e isca de banana, castrado e solto em ilha do Parque Barigui, em Curitiba
evidenciando a dispersão do vírus nesses primatas 36. Além disso, 4 saguis-de-tufos-pretos (Callithrix penicillata) foram infectados laboratorialmente e mantiveram a viremia após inoculação, demonstrando a potencial importância dos saguis no ciclo epidemiológico do vírus Zika, agindo como reservatórios do vírus 36. Os saguis-de-tufos-brancos são reservatórios da raiva, zoonose considerada 100% letal causada pelo vírus da raiva (família Rhabdoviridae) 37. Uma nova variante do vírus da raiva sem relação genética ou antigênica com os vírus detectados em mamíferos terrestres e morcegos foi detectada apenas em saguisde-tufos-brancos, apesar da existência de seis espécies de saguis no Brasil 38. Desde a década de 1980 o vírus rábico tem sido isolado de saguis-de-tufos-brancos nos estados do Nordeste brasileiro, com 59 casos registrados entre 1990 e 2016. Esses animais são considerados importantes transmissores da doença para os seres humanos 37,38. Considerações finais d Os saguis são primatas neotropicais pre-
sentes no Brasil, com distribuição nativa e invasora em diferentes biomas e municípios, resultado do corrente tráfico ilegal e de mais de 30 anos de soltura. Estabelecidos em áreas naturais – como unidades de conservação – e urbanas arborizadas – como parques, condomínios e campi universitários –, os saguis invasores competem com outros primatas não humanos e predam a avifauna nativa, causando impacto na biodiversidade local. Medidas de manejo e controle populacional têm sido realizadas em vários municípios do Brasil com o objetivo de castrar os saguis e realocá-los em áreas isoladas, com impacto limitado na biodiversidade. Apesar disso, os procedimentos de controle não têm surtido resultado, e, historicamente, a erradicação de uma espécie invasora não tem tido casos de sucesso. Portanto, além desses esforços, devem-se estabelecer ações educativas constantes, já que a população tem sido responsável pela sua permanência, à medida que os alimenta, que os almeja como animais de estimação e que procura o tráfico ilegal e a apanha na natureza para a sua obtenção. Além disso, os saguis devem ser monitorados
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
37
Medicina Veterinária do Coletivo como vigilância de diversas doenças infecciosas, especialmente zoonoses emergentes e reemergentes, uma vez que podem albergar agentes infecciosos ausentes nas regiões invadidas. Apesar de numerosas em áreas de invasão, as populações de saguis-de-tufos-brancos e de saguis-de-tufos-pretos estão em declínio nas áreas de distribuição nativa, devido à fragmentação e perda de habitat e à apanha de exemplares, sendo necessário o estabelecimento de medidas para a conservação dessas espécies em área de ocorrência natural. Referências
01-VERONA, C. E. ; PISSINATTI, A. Primates - primatas do novo mundo (sagui, macaco-prego, macacoaranha, bugio e muriqui). In: CUBAS, Z. S. ; SILVA, J. C. R. ; CATÃO-DIAS, J. L. Tratado de animais selvagens: medicina veterinária. 2. ed. São Paulo: Roca, p. 806-807, 2014. ISBN: 978-8527726184. 02-WILSON, D. E. ; REEDER, D. A. M. Mammal species of the world: a taxonomic and geographic reference, 3. ed. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 2005. 2142 p. ISBN: 0-8018-8221-4. 03-BEZERRA, B. ; BICCA-MARQUES, J. ; MIRANDA, J. ; MITTERMEIER, R. A. ; OLIVEIRA, L. ; PEREIRA, D. ; RUIZ-MIRANDA, C. ; VALENÇA MONTENEGRO, M. ; DA CRUZ, M. ; DO VALLE, R. R. Common Marmoset - Callithrix jacchus. The IUCN Red List of Threatened Species. n. e.T41518A17936001, p. 1-11, 2018. doi: 10.2305/IUCN.UK.2018-2.RLTS. T41518A17936001.en. 04-BICCA-MARQUES, J. ; JERUSALINSKY, L. ; MITTERMEIER, R.A. ; PEREIRA, D. ; RUIZ-MIRANDA, C. ; RÍMOLI, J. ; VALENÇA MONTENEGRO, M. ; DO VALLE, R. R. Black-pencilled Marmoset - Callithrix penicillata. The IUCN Red List of Threatened Species. n. e.T41519A17935797, p. 1-12, 2018. doi: 10.2305/IUCN.UK.2018-2.RLTS.T41519A17935797. en. 05-WILLIAMSON, M. H. ; FITTER, A. Os personagens de invasores de sucesso. Conservation Biology, v. 78, n. 1, p, 163-170, 1996. 06-MELO, F. R. ; FERRAZ, D. S. ; VALENÇAMONTENEGRO, M. M. ; OLIVEIRA L. C. ; PEREIRA, D. G. ; PORT-CARVALHO, M. Avaliação do risco de extinção de Callithrix aurita (É. Geoffroy, 1812) no Brasil. Brasília: ICMBio, 2014. Disponível em: <http://www4.icmbio.gov.br/portal/faunabrasileira/ estado-de-conservacao/7198-mamiferos-callithrixaurita-sagui-da-serra-escuro>. Acesso em 13 de setembro de 2019. 38
07-GRELLE, C. E. V. ; CERQUEIRA, R. Determinantes da distribuição geográfica de Callithrix flaviceps (Thomas) (Primates, Callitrichidae). Revista Brasileira de Zoologia, v. 23, n. 2, p. 414-420, 2006. doi: 10.1590/S0101-81752006000200016. 08-PEREIRA, D. G. Avaliação do risco de extinção de Callithrix geoffroyi (É. Geoffroy in Humboldt, 1812) no Brasil. Brasília: ICMBio. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/portal/faunabrasileira/ estado-de-conservacao/7203-mamiferos-callithrixgeoffroyi-sagui-da-cara-branca>. Acesso em 13 de setembro de 2019. 09-VALENÇA-MONTENEGRO, M. M. ; OLIVEIRA, L. C. ; PEREIRA, D. G. ; OLIVEIRA, M. A. B. ; VALLE, R. R. Avaliação do risco de extinção de Callithrix jacchus (Linnaeus, 1758) no Brasil. Brasília: ICMBio. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/ portal/faunabrasileira/estado-de-conservacao/7204mamiferos-callithrix-jacchus-sagui-de-tufo-branco>. Acesso em 13 de setembro de 2019. 10-PEREIRA, D. G. Avaliação do risco de extinção de Callithrix kuhlii Coimbra-Filho, 1985 no Brasil. Brasília: ICMBio. Disponível em: <http:// www.icmbio.gov.br/portal/faunabrasileira/estado-deconservacao/7206-mamiferos-callithrix-kuhlii-saguide-wied>. Acesso em 13 de setembro de 2019. 11-RÍMOLI, J. ; PEREIRA, D. G. ; VALLE, R. R. Avaliação do risco de extinção de Callithrix penicillata (É. Geoffroy, 1812) no Brasil. Brasília: ICMBio. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/ portal/faunabrasileira/estado-de-conservacao/7207mamiferos-callithrix-penicillata-sagui-de-tufospretos>. Acesso em 13 de setembro de 2019. 12-TRAAD, R. M. ; LEITE, J. C. M. ; WECKERLIN, P. ; TRINDADE, S. Introdução das espécies exóticas Callithrix penicillata (Geoffroy, 1812) e Callithrix jacchus (Linnaeus, 1758) em ambientes urbanos (Primates: Callithrichidae). Revista Meio Ambiente e Sustentabilidade, v. 2, n. 1, p. 9-23, 2012. 13-COIMBRA-FILHO, A. F. Situação atual dos calitriquídeos que ocorrem no Brasil (Callitrichidae - Primates). In: MELLO, M. T. A Primatologia no Brasil. Belo Horizonte: Sociedade Brasileira de Primatologia, 19834. p. 15-33. 14-CONVENTION ON BIOLOGICAL DIVERSITY. Disponível em: <https://www.cbd.int/>. Acesso em 14 de setembro de 2019. 15-INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ. Conceitos gerais sobre espécies exóticas invasoras. Curitiba: IAP. Disponível em: <http://www.iap.pr.gov. br/pagina-814.html>. Acesso em 14 de setembro de 2019. 16-INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ. Portaria IAP nº 059, de 15 de abril de 2015. Reconhece a Lista Oficial de Espécies Exóticas Invasoras para o Estado do Paraná, estabelece normas de controle e dá outras providências. Curitiba: IAP, 2015.
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
Disponível em: <http://www.iap.pr.gov.br/arquivos/ File/Lista_invasoras_PR_corrigida_set_2015.pdf>. Acesso em 14 de setembro de 2019. 17-BRASIL. Resolução nº 7, de 29 de maio de 2018. Dispõe sobre a Estratégia Nacional para Espécies Exóticas Invasoras. Brasília: Diário Oficial da União, 2018. Disponível em: <http://www.institutohorus. org.br/download/marcos_legais/Resolucao_ CONABIO%2007%20-%202018.pdf>. Acesso em 14 de setembro de 2019. 18-RUIZ-MIRANDA, C. R. ; AFFONSO, A. G. ; MORAIS, M. M.; VERONA, C. E. ; MARTINS, A. ; BECK, B. B. Behavioral and ecological interactions between reintroduced golden lion tamarins (Leontopithecus rosalia Linnaeus, 1766) and introduced marmosets (Callithrix spp., Linnaeus, 1758) in Brazil’s Atlantic Coast forest fragments. Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 49, n. 1, p. 99-109, 2006. doi: 10.1590/s1516-89132006000100012. 19-CUNHA, A. A. ; VIEIRA, M. V. Present and past primate community of the Tijuca Forest, Rio de Janeiro, Brazil. Neotropical Primates, v. 12, n. 3, p. 153-154, 2004. doi: 10.1896/1413-4705.12.3.153b. 20-ARNOLD, M. L. ; MEYER, A. Natural hybridization in primates: one evolutionary mechanism. Zoology, v. 109, n. 4, p. 261-276, 2006. doi: 10.1016/j. zool.2006.03.006. 21-GALETTI, M. ; BOVENDORP, R. S. ; FADINI, R. F. ; GUSSONI, C. O. A. ; RODRIGUES, M. ; ALVAREZ, A. D. ; GUIMARÃES Jr., P. R. ; ALVES, K. Hyper abundant mesopredators and bird extinction in an Atlantic forest island. Zoologia, v. 26, n. 2, p. 288298, 2009. doi: 10.1590/s1984-46702009000200011. 22-IBAMA - INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO
AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS. Resolução CONAMA nº 394, de 6 de novembro de 2007. Estabelece os critérios para a determinação de espécies silvestres a serem criadas e comercializadas como animais de estimação. Brasília: IBAMA, 2007. Disponível em: <http://www2.mma.gov.br/port/conama/legislacao/ CONAMA_RES_CONS_2007_394.pdf>. Acesso em 14 de setembro de 2019. 23-DIAS, B. Invasores, saguis são superpopulação. JCNet, 2010. Disponível em: <https://www.jcnet. com.br/noticias/geral/2010/09/580059-invasores-saguis-sao-superpopulacao.html>. Acesso em 16 de setembro de 2019. 24-CURITIBA. Aos 127 anos, Passeio Público dá exemplo de sustentabilidade. Prefeitura Municipal de Curitiba, 2013. Disponível em: <https://www. curitiba.pr.gov.br/noticias/aos-127-anos-passeiopublico-da-exemplo-de-sustentabilidade/29306>. Acesso em 16 de setembro de 2019. 25-FIGUEIREDO, P. Saguis ‘invasores’ se proliferam em Florianópolis com ‘ajuda’ de alimentação indevida. G1, 2019. Disponível em: <https://g1.globo. com/natureza/desafio-natureza/noticia/2019/04/27/ saguis-invasores-se-proliferam-em-florianopoliscom-ajuda-de-alimentacao-indevida.ghtml>. Acesso em 16 de setembro de 2019. 26-ZYLBERKAN, M. Infestação de saguis em Ilhabela cria incômodo a turista e risco ambiental. Folha de São Paulo, 2018. Disponível em: <https://www1. folha.uol.com.br/cotidiano/2018/12/infestacao-desaguis-em-ilhabela-cria-incomodo-a-turista-e-riscoambiental.shtml>. Acesso em 16 de setembro de 2019.
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
39
Medicina Veterinária do Coletivo 27-GLOBO. Aparecimento de saguis é cada vez mais comum na área urbana. Maringá: Globoplay, 2019. Disponível em: <https://globoplay.globo. com/v/7831206/>. Acesso em 16 de setembro de 2019. 28-INSTITUTO LOTTA. Perigo: os saguis chegaram ao parque. Parque do Flamengo. Disponível em: <https://www.parquedoflamengo.com.br/perigoos-saguis-chegam-ao-parque/>. Acesso em 16 de setembro de 2019. 29-VICTOR, D. Saguis atacam três crianças em duas semanas. Rio de Janeiro: G!, 2007. Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL914195606,00-SAGUIS+ATACAM+TRES+CRIANCAS+ EM+DUAS+SEMANAS.html>. Acesso em 16 de setembro de 2019. 30-VICTOR, D. Saguis ameaçam existência de pássaros, nas zonas urbanas do Rio. Rio de Janeiro: G1, 2007. Disponível em: <http://g1.globo. com/Noticias/Rio/0,,MUL24174-5606,00-SAGUIS+ AMEACAM+EXISTENCIA+DE+PASSAROS+NAS+ ZONAS+URBANAS+DO+RIO.html>. Acesso em 16 de setembro de 2019. 31-PIRES, O. Sagui desce de árvore para pegar comida e ‘foge’ com bolacha de moradora; vídeo. Santos: G1, 2018. Disponível em: <https://g1.globo. com/sp/santos-regiao/noticia/2018/09/09/saguidesce-de-arvore-para-pegar-comida-e-foge-combolacha-de-moradora-video.ghtml>. Acesso em 16 de setembro de 2019. 32-SANTOS. Sagui filhote é encontrado morto no Monte Serrat. Assista a vídeo. Prefeitura de Santos, 2018. Disponível em: <https://www.santos. sp.gov.br/?q=noticia/sagui-filhote-e-encontradomorto-no-monte-serrat-assista-a-video>. Acesso em 16 de setembro de 2019. 33-RAMOS, L. A. Espécies invasoras ameaçam a biodiversidade do Estado. Rio de Janeiro: FAPERJ, 2011. Disponível em: <http://www.faperj. br/?id=1895.2.0>. Acesso em 16 de setembro de 2019. 34-BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Guia de vigilância de epizootias em primatas não humanos e entomologia aplicada à vigilância da febre amarela. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2014, 100 p. ISBN: 978-85-334-2102-8. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ guia_vigilancia_epizootias_primatas_entomologia. pdf>. Acesso em 22 de setembro de 2019. 35-FAVORETTO, S. R. ; ARAUJO, D. B. ; DUARTE, N. F. H. ; OLIVEIRA, D. B. L ; DA CRUS, N. G. ; MESQUITA, F. ; LEAL, F. ; MACHADO, R. R. G. ; GAIO, F. ; OLIVEIRA, W. F. ; ZANOTTO, P. M. A. ; DURIGON, E. L. Zika virus in peridomestic neotropical primates, Northeast Brazil. EcoHealth, v. 16, n. 1, p. 61-69, 2019. doi: 10.1007/s10393-01901394-7. 40
36-TERZIAN, A. C. B. ; ZINI, N. ; SACCHETTO, L. ; ROCHA, R. F. ; PARRA, M. C. P. ; DEL SARTO, J. L. ; DIAS, A. C. F. ; COUTINHO, F. ; RAYRA, J. ; DA SILVA, R. A. ; COSTA, V. V. ; FERNANDES, N. C. C. A. ; RÉSSIO, R. ; DÍAZ-DELGADO, J. ; GUERRA, J. ; CUNHA, M. S. ; CATÃO-DIAS, J. L. ; BITTAR, C. ; REIS, A. F. N. ; SANTOS, I. N. P. D. ; FERREIRA, A. C. M. ; CRUZ, L. E. A. A. ; RAHAL, P. ; ULLMANN, L. ; MALOSSI, C. ARAÚJO, J. P. Jr. ; WIDEN, S. ; DE REZENDE, I. M. ; MELLO, É. ; PACCA, C. C. ; KROON, E. G. ; TRINDADE, G. ; DRUMOND, B. ; CHIARAVALLOTI-NETO, F. ; VASILAKIS, N. ; TEIXEIRA, M. M. ; NOGUEIRA, M. L. Evidence of natural Zika virus infection in neotropical non-human primates in Brazil. Scientific Reports, v. 30, n. 8, p. 16034, 2018. doi: 10.1038/s41598-018-34423-6. 37-KOTAIT, I. ; OLIVEIRA, R. N. ; CARRIERI, M. L. ; CASTILHO, J. G. ; MACEDO, C. I. ; PEREIRA, P. M. C. ; BOERE, V. ; MONTEBELLO, L. ; RUPPRECHT, C. E. Non-human primates as a reservoir for rabies virus in Brazil. Zoonoses and Public Health, v. 66, n. 1, p. 47-59, 2019. doi: 10.1111/zph.12527. 38-FAVORETTO, S. R. ; MATTOS, C. C. ; MORAIS, N. B. ; ALVES ARAÚJO, F. A. ; MATTOS, C. A. Rabies in marmosets (Callithrix jacchus), Ceará, Brazil. Emerging Infectious Diseases, v. 7, n. 6, p. 10621065, 2001. doi: 10.3201/eid0706.010630. Louise Bach Kmetiuk
MV, CRMV-PR 14.332 MSc., dra. UFPR louisebachk@gmail.com
Leila Sabrina Ullmann
MV, CRMV-SP: 22.168, MSc,PhD UNESP leila.ullmann@unesp.br
Anahi Chechia do Couto aluna de mestrado PPGCV, UFPR anahi_couto@hotmail.com
Rogério Ribas Lange
MV, CRMV-PR 0955, MSc, PhD. Departamento de Medicina Veterinária UFPR rrlange@ufpr.br
Alexander Welker Biondo
MV, CRMV-PR 6.203, MSc, PhD., prof. Depto. Medicina Veterinária – UFPR abiondo@ufpr.br
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
Ativi Multiplicar momentos inesquecíveis é o que move essa relação. A mobilidade é essencial para o bem-estar e qualidade de vida dos cães e gatos. Ativi é um colágeno não desnaturado patenteado UC-II® que associado aos minerais cobre, manganês, selênio e zinco, proporcionam a reparação e preservação da estrutura cartilaginosa dos pets.
Lançamento
e UC-II® são marcas registradas da Lonza ou de suas afiliadas.
ourofinopet.com
Medicina Veterinária do Coletivo
Importância do médico-veterinário na assessoria política
Introdução A estrutura política brasileira permite que haja cargos de assessoramento técnico para auxiliar nos mandatos em exercício, nas esferas municipais, estaduais e federal 1. Cada representante eleito no Executivo e no Legislativo pode se estruturar com as linhas de trabalho e os assuntos de interesse que direcionaram sua candidatura. Sendo assim, para desenvolver os projetos de campanha e atender às demandas solicitadas pela sociedade, os eleitos necessitam de uma equipe técnica especializada que os auxilie na elaboração dessas estratégias. Em linhas gerais, o processo das políticas públicas se divide em cinco etapas (Figura 1) 2. Atualmente, muitos parlamentares direcionam suas ações para a causa animal, sendo indispensável a participação de médicos-veterinários especialistas nessa tomada de decisões. Esses profissionais devem ter formação e qualificação adequadas, e, portanto, estarem aptos para elaborar a construção de políticas públicas necessárias para a promoção da saúde única e para contribuir com elas, no 1.
Percepção e definição de problemas
2.
Agenda setting – o que integrará a agenda de discussões da arena política
3.
Elaboração de programas que reflitam as melhores soluções
4.
Implementação, ou seja, materialização das ações
5.
Avaliação e possível correção das ações, que se dão por meio da análise dos impactos gerados pela política implementada
Figura 1 – Cinco etapas do processo das políticas públicas 2 42
Fernando Gonsales
Quem orienta tecnicamente o Executivo, o Legislativo e o Judiciário brasileiros nas questões animais?
Assessoria técnica desenvolvida por médico-veterinário
que diz respeito à saúde humana, animal e do meio ambiente. Assessoria no Brasil A assessoria tem sido desenvolvida por profissionais com conhecimento na área exigida, que a partir das necessidades locais podem expandir seu objeto de estudo para tentar solucionar os problemas encontrados nessa realidade 3. O assessor tem o dever de elaborar estratégias, propor projetos de lei e demonstrar demandas ao Legislativo, Executivo ou Judiciário ao qual está vinculado. O profissional da área animal precisa ter conhecimento sobre vários aspectos da vida política, assim como estar permanentemente atualizado e com evidente capacidade propositiva (Figura 2). No Senado Federal, cada parlamentar pode contratar um número máximo de 50 servidores comissionados, que podem ocupar cargos de assessor parlamentar, secretário parlamentar,
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
assistente técnico e ajudante parlamentar, entre outros. O número de funcionários nomeados depende do limite remuneratório estabelecido para cada um dos cargos 4. Ainda em âmbito federal, na Câmara dos Deputados, o valor mensal da verba de gabinete é de R$ 111.675,59. A verba é destinada ao pagamento de salários dos secretários parlamentares, funcionários que não precisam ser servidores públicos e são escolhidos diretamente pelo deputado. Cada deputado federal pode contratar até 25 secretários parlamentares, tendo como remuneração mínima R$ 1.025,12 e máxima R$ 15.698,32, conforme a Lei nº 13.323/16 5. É fundamental ter conhecimento legal da possibilidade de assessoramento nas esferas estaduais e municipais. Na Assembleia Legislativa do Paraná, cada gabinete parlamentar dos deputados estaduais pode ser composto por até 23 cargos em comissão. A remuneração dos ocupantes desses cargos (incluídas as vantagens pessoais) não pode exceder o salário mensal dos deputados estaduais 6. Em Curitiba, PR, com base na Lei nº 14.082 de 2012, cada vereador pode nomear até sete cargos de provimento em comissão, e para isso a remuneração mensal destinada ao pagamento dos funcionários é de R$ 51.500. Cada vereador estrutura sua equipe de acordo com suas prioridades e necessidades; sendo assim, cada gabinete tem diferentes composições em seu quadro de profissionais 7. Nas esferas públicas, cada vez mais os parlamentares estão repensando os modelos de gestão aplicados em seus mandatos,
consequência do crescente nível de exigência imposto pela sociedade por programas e serviços de qualidade. Desse modo, torna-se necessário o uso de competências fornecidas por colaboradores técnicos, que agregam valor aos serviços propostos 8. O artigo 3o da Lei no 9.986 de 18 de julho de 2000 define que: “Os cargos comissionados de gerência executiva, de assessoria e de assistência são de livre nomeação e exoneração da instância de deliberação máxima da agência” 1. Os cargos comissionados de assessoria têm caráter transitório e podem ser ocupados por indivíduos sem vínculo com o órgão público. O critério para admissão nesses serviços deveria advir da capacidade, da confiança e do comprometimento entre o político e o ocupante do cargo. Entretanto, essa forma de admissão dos cargos pode gerar situações que envolvam interesses meramente financeiros e de poder; além de que, por exemplo, a escolha por afinidade pessoal poderia incorrer em práticas de nepotismo. Contudo, a administração pública atual vem gradativamente exigindo dos parlamentares que essa escolha não seja embasada somente no critério de confiança pessoal, mas permeada de aptidão técnica específica e de responsabilidade cabível ao cargo desempenhado 9. A assessoria técnica deveria ser sempre desempenhada de acordo com a linha de trabalho seguida por determinado representante público. Atualmente, muitos eleitos do Executivo e do Legislativo estão promovendo como plataforma de gestão a causa animal, cenário de grande relevância social e que gera muitas
Conhecimentos
Habilidades
Atitudes
- Conhecimento técnico na área de atuação - Ter conhecimento político - Ter visão abrangente sobre os processos de trabalho - Saber encaminhar demandas - Atender bem ao público - Ter conhecimento do processo legislativo, do Regimento Interno e da Lei Orgânica - Saber distinguir o público do privado
- Saber escutar - Saber argumentar - Saber trabalhar em equipe - Ter boa comunicação interpessoal - Ter boa comunicação oral e escrita - Ter liderança - Ter habilidade emocional
-Ter comprometimento e envolvimento com o mandato parlamentar - Ser cooperativo - Ser sensível em relação ao outro - Saber respeitar as pessoas - Ter iniciativa - Ser autêntico
Figura 2 – Conhecimentos, habilidades e atitudes esperados de um assessor parlamentar. Adaptado 8 Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
43
Medicina Veterinária do Coletivo cobranças por parte da sociedade civil. Dessa maneira, o assessoramento técnico específico torna-se necessário para a elaboração adequada de estratégias, projetos de lei e atividades que contribuam com o mandato e que culminem na elaboração de políticas públicas eficientes. O médico-veterinário na função de assessor técnico Assuntos relacionados aos animais destacam-se cada vez mais no Brasil, e, junto a isso, aumentam as cobranças da sociedade. Dessa maneira, o desenvolvimento de estratégias públicas para controle populacional de animais de estimação, doenças zoonóticas emergentes e reemergentes, fauna exótica invasora, preservação de áreas ambientais e animais silvestres precisa ser elaborado com base científica e técnica para que as ações sejam realmente eficazes. O aumento populacional de animais de estimação tem sido crescente no Brasil, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), demonstrando que 44,3% dos 65 milhões de domicílios possuíam pelo menos um cachorro e 17,7% ao menos um gato. Atualmente, há aproximadamente 52,2 milhões de cães e 22,1 milhões de gatos no país 10. Desse modo, representantes do Legislativo e do Executivo têm se interessado pelo tema e tentado promover ações que envolvam a causa animal, como o controle populacional de animais de estimação, particularmente para sensibilizar e garantir votos dos tutores e protetores de animais. Porém, tem sido necessário estabelecer linhas de trabalho consolidadas com o devido planejamento para que as atividades não se tornem mero assistencialismo, pois a sociedade poderá cobrá-los quanto à importância e à necessidade de resultados permanentes e eficazes. Além disso, a atuação do profissional perante questões de políticas públicas de saúde tem sido de extrema relevância, segundo o conceito de saúde única. Tal definição foi ela44
borada para traduzir a indissociável ligação entre saúde humana, animal e ambiental necessária para o equilíbrio e o estabelecimento da saúde de forma integral. A participação do médico-veterinário como assessor tem sido uma forma de fortalecer e reforçar a importância da classe profissional. Algumas vagas de concursos são aprovadas conforme a necessidade e o convencimento do gestor em exercício e dos legisladores. Por exemplo, a participação do médico-veterinário na Atenção Básica do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf/ AB). O objetivo dos Nasfs/AB é contribuir para a integralidade do cuidado aos usuários do SUS, principalmente por intermédio da ampliação da clínica, auxiliando no aumento da capacidade de análise e de intervenção sobre problemas e necessidades de saúde, tanto em termos clínicos quanto sanitários e ambientais dentro dos territórios 11. A Portaria no 2.488 de 21 de outubro de 2011 aprova a Política Nacional de Atenção Básica para o SUS e inclui a medicina veterinária no Nasf, valorizando uma classe profissional que trabalha em prol da saúde pública brasileira há muitos anos 12. Porém, não garante aos profissionais elencados a participação na Atenção Básica, pois os Nasfs são compostos a partir dos dados epidemiológicos e das necessidades locais das equipes de saúde que serão apoiadas nos territórios. Desse modo, tem sido fundamental um intenso trabalho de divulgação do papel do médico-veterinário na saúde pública para os gestores públicos da área, bem como para as comunidades envolvidas. É necessário que vários órgãos participem desse processo, como: Sistema CFMV/CRMVs, sindicatos, associações e os próprios médicos-veterinários, principalmente em nível de Conselhos Municipais de Saúde. Portanto, a busca por esse novo espaço profissional é um trabalho que envolve a todos 13. Assim, como médicos-veterinários assessores, poderão atuar no convencimento de gestores e, posteriormente,
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
intermediando as negociações com o Legislativo, a fim de auxiliar na aprovação de concurso público para a área descrita. Além de assessor parlamentar, o médicoveterinário pode também contribuir por meio de consultoria técnica tanto ao Legislativo quanto ao Executivo. Isso porque em municípios de menor extensão e densidade populacional há maior dificuldade na contratação de um profissional efetivo. Nesses casos, a prestação de serviços por meio de consultoria torna-se importante para a elaboração e a composição de projetos que contribuam para o esclarecimento e o suporte técnico aos legisladores e/ou gestores. A participação técnica do médico-veterinário em gabinetes políticos pode contribuir em inúmeros pontos, auxiliando os parlamentares nas matérias legislativas de seu interesse. Tendo em vista esse cenário, é necessário que os médicos-veterinários tenham conhecimento técnico ligado à causa e sejam instruídos quanto ao conhecimento político e de gestão pública, extremamente necessário para a realização das atividades na esfera pública. O Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná (DVM/ UFPR), por meio da Residência Multiprofissional na Área da Saúde, na especialidade de medicina veterinária do coletivo, inicia um trabalho pioneiro na capacitação de profissionais para uma atuação direta nas demandas vinculadas à saúde única. O profissional formado em medicina veterinária do coletivo desenvolve no decorrer de sua formação um olhar atento às demandas geradas pela sociedade e pelos gestores, que é de grande importância para uma atuação como assessor político. No Poder Legislativo, a Câmara Municipal de Curitiba destaca-se como exemplo na pauta animal, demonstrando ascensão no tema. Na atual legislatura (vigente desde 2016), entre os vereadores eleitos, duas vereadoras têm como pauta principal a campanha voltada para a proteção e o bem-estar animal. Uma delas tem em seu quadro de assessores uma médica-veterinária especialista em medicina
veterinária do coletivo, exemplificando a importância do profissional qualificado na atuação dessa área. A outra vereadora solicitou que o Executivo contratasse em regime de comissão outra médica-veterinária, também egressa do programa de residência em medicina veterinária do coletivo. e Considerações finais O médico-veterinário pode contribuir como assessor parlamentar na elaboração de projetos para o Legislativo, nas proposições de temas para o Executivo e na peritagem para o Judiciário. As tramitações e a articulação política devem ser sempre consideradas respeitando-se as etapas das políticas públicas. O profissional deve também oferecer suporte técnico às demandas da população com relação aos animais, encaminhando suas sugestões aos três poderes em proposta escrita, detalhada e com orçamento descritivo.
Referências 01-BRASIL. Lei nº 9.986, de 18 de julho de 2000. Dispõe sobre a gestão de recursos humanos das Agências Reguladoras e dá outras providências. Diário Oficial da União, 2000. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/LEIS/L9986.htm#anexoii>. Acesso em 18 de setembro de 2019. 02-BASSI, N. S. S. ; SILVA, C. L. Políticas Públicas e desenvolvimento local. In: SILVA, C. L. Políticas públicas e desenvolvimento local: instrumentos e proposições de análise para o Brasil. 1. ed. Petrópolis: Vozes, 2012. p. 15-38. ISBN: 978-8532643308. 03-MATOS, M. C. Assessoria e consultoria: reflexões para o serviço social. In: BRAVO, M. I. S. ; MATOS, M. C. Assessoria, consultoria e serviço social. Rio de Janeiro: 7 Letras/ FAPERJ, 2006. p. 29-57. ISBN: 04-BRASIL. Publicação e documentação: composição. Brasília: Senado Federal. Disponível em: <https://www12.senado. leg.br/publicacoes/guias/parl_guia_old/ gestao-administrativa/gabinete-parlamentar/ composicao>. Acesso em 08 de outubro de 2019.
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
45
Medicina Veterinária do Coletivo 05-BRASIL. Assessoria de imprensa. Verba de gabinete. Brasília: Câmara dos Deputados. Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/ comunicacao/assessoria-de-imprensa/verbade-gabinete>. Acesso em 08 de outubro de 2019. 06-ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARANÁ. Lei nº 16.390 - 02 de fevereiro de 2010. Adota diretrizes, altera, extingue, cria e transforma cargos do quadro próprio do poder legislativo do estado do Paraná, conforme especifica. Curitiba: Leis Estaduais, 2010. Disponível em <http:// www.leisestaduais.com.br/pr/lei-ordinarian-16390-2010-parana-adota-diretrizesaltera-extingue-cria-e-transforma-cargosdo-quadro-proprio-do-poder-legislativo-doestado-do-parana-conforme-especifica>. Acesso em 07 de outubro de 2019. 07-CURITIBA. Resolução nº 8, de 03 de dezembro de 2012. Institui o regimento interno da Câmara Municipal de Curitiba. Curitiba: Leis Municipais, 2012. Disponível em: <https://leismunicipais.com.br/a/pr/c/curitiba/ resolucao/2012/8/8/resolucao-n-8-2012->. Acesso em 5 de novembro de 2019. 08-ALBUQUERQUE, M. R. S. A. Competências do assessor parlamentar da Câmara Legislativa do Distrito Federal. 2009. 43 f. Trabalho Monográfico (Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão da Educação Corporativa). Universidade Gama Filho, Brasília, 2009. 09-CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO. Servidores comissionados: critérios de recrutamento e seleção para cargos de direção, chefia e assessoramento. Brasília: CNMP. Disponível em: <cnmp.mp.br/ portal/institucional/comissoes/comissaode-controle-administrativo-e-financeiro/ atuacao/manual-do-ordenador-de-despesas/ recursos-humanos-e-gestao-de-pessoas/ servidores-comissionados-criterios-derecrutamento-e-selecao-para-cargos-dedirecao-chefia-e-assessoramento>. Acesso em 23 de setembro de 2019. 10-IBGE. Pesquisa Nacional de Saúde: 2013. Acesso e utilização dos serviços de saúde, acidentes e violências. Brasil, grandes regiões e unidades da federação. Rio de 46
Janeiro: IBGE, 2015. 100 p. ISBN: 978-85240-4346-8. Disponível em <https://biblioteca. ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv94074.pdf>. Acesso em 21 setembro de 2019. 11-BRASIL. PNAB - Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. 110 p. ISBN: 978-85-334-19391. 12-BRASIL. Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Brasília: Ministério da Saúde, 2011. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/ gm/2011/prt2488_21_10_2011.html>. Acesso em 05 de novembro de 2019. 13-CFMV - CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA. Perguntas e respostas sobre o NASF, 2012.
Daniela Patricia Tozetto
MV, CRMV-PR: 15.400, residente em Medicina Veterinária do Coletivo, UFPR dany_tozetto@hotmail.com
Laís Giuliani Felipetto
Bacharela em medicina veterinária, MSc. Aluna de doutorado em Saúde Única, UFPR laisfelipetto@gmail.com
Gabriela Hartmann
MV, CRMV-PR: 16.731, residente em Medicina Veterinária do Coletivo, UFPR gabrielahartmann96@gmail.com
Emely Gabrielle Pereira Dias
MV, CRMV-PR: 11.913, Assessora parlamentar, especialista em Medicina Veterinária do Coletivo emely_mvc@yahoo.com.br
Alexander Welker Biondo
MV, CRMV-PR 6.203, MSc, PhD., prof. Depto. Medicina Veterinária – UFPR abiondo@ufpr.br
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
QUEREMOS VOCÊ! A revista Clínica Veterinária busca colega capaz de utilizar seu conhecimento do mercado veterinário para fazer uma ponte entre a revista e seus parceiros anunciantes
Alguém com perl de conexão, para criar novos relacionamentos e parcerias, num trabalho diferenciado de co-criador de gestão de relacionamento com o mercado, sempre tendo em vista a oportunidade de servir e cooperar Vamos conversar ? Entre em contato pelo email cvredacao@editoraguara.com.br ou acesse http://bit.ly/trabalhenarcv Novos tempos, novas ações, novos caminhos.
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
47
Bem-estar animal
Considerações sobre o comércio de cães e a venda online na região metropolitana de Curitiba, PR Introdução Os cães estão presentes em praticamente todas as sociedades, representando a primeira espécie domesticada pelo homem ¹. Acredita-se que as distintas raças surgiram há cerca de três ou quatro mil anos, sendo que no ano de 2011 já havia 210 raças registradas no Kennel Club do Reino Unido 1,2. Inicialmente, as raças foram selecionadas para desempenhar habilidades necessárias às atividades de caça, guarda e pastoreio, mas ao longo dos anos o objetivo da maioria dessas seleções passou a ser a conformação racial 3. A Pesquisa Nacional da Saúde (PNS), publicada em junho de 2015 pelo IBGE, apontou que 44,3% dos domicílios brasileiros possuíam pelo menos um cachorro, o equivalente a 28,9 milhões de unidades domiciliares, totalizando 52,5 milhões de cães e uma média de 1,8 cães por domicílio. A Região Sul apresentou a maior proporção, de 58,6% de domicílios com cães. Em relação à presença de gatos, 17,7% dos domicílios do Brasil possuíam pelo menos um, o equivalente a 11,5 milhões de unidades domiciliares, sendo a população felina estimada em 22,1 milhões, representando aproximadamente 1,9 gatos por domicílio 4. A expressiva quantidade de animais de estimação movimenta a economia de forma significativa. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), o faturamento do mercado pet em 2016 foi de R$ 18,9 bilhões, apresentando um crescimento de 4,9% em relação a 2015 4. Esses dados apontam para um cenário muito favorável aos vendedores de cães e gatos em todo o país, incluindo Curitiba e região metropolitana. Na capital paranaense, a criação de animais é proibida pela Lei Municipal nº 13.914/2011, 48
justificada pelo Decreto nº 5.711/2002 do estado, que determina no artigo 344 que “a criação de animais deverá ocorrer apenas em zonas rurais, sendo a atividade proibida em zonas urbanas e de núcleo populacional intenso” 5,6. Embora seja vedada a criação, a comercialização dos animais de estimação continua sendo autorizada e regulamentada pela Lei Municipal nº 13.914/2011. Pontos críticos para o bem-estar de cães produzidos para o comércio Alguns pontos críticos identificados nas atividades de criação e comercialização de cães se referem aos problemas de socialização de filhotes 7 e ao prejuízo de bem-estar dos animais devido à seleção das raças 8 e à falta de programas preventivos 9 bem estabelecidos nos criatórios 10, incluindo a falta de enriquecimento ambiental. Também os pontos de venda e as exposições podem ser considerados como pontos críticos, dependendo do período de permanência dos animais nesses locais e da forma como são manejados e tratados. A prevenção de comportamentos não desejados em animais adultos se inicia oferecendo um ambiente adequado para as matrizes e para o desenvolvimento social dos filhotes 3. A separação precoce da mãe pode ter efeitos físicos deletérios para os filhotes, como a diminuição do ganho de peso, o aumento da suscetibilidade às doenças 11 e prejuízos no processo de aprendizado social durante a socialização primária, como, por exemplo, o aprendizado da modulação da mordedura. As experiências e o desenvolvimento da socialização, que ocorre da terceira à décima segunda semana de vida, têm efeitos marcantes em seu comportamento quando adultos 10,12. Um estudo realizado em 2002 demonstrou que
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
as situações vivenciadas entre o terceiro e o sexto mês de vida podem gerar futuros problemas comportamentais no animal, principalmente envolvendo o ambiente não doméstico, que está associado de forma significativa ao comportamento mais evasivo e até agressivo para com pessoas desconhecidas 13. Além de prejuízos aos níveis de bem-estar dos animais, os distúrbios comportamentais são uma das principais causas de abandono de cães
em áreas urbanas 14, impactando a saúde pública 15. Em relação aos animais adultos, em muitos canis os reprodutores são mantidos em situações precárias, e seu bem-estar é comprometido pelas condições deficientes de saúde, alimentação e abrigo, além de eles sofrerem com distúrbios psicológicos associados à criação 9 (Figura 1). A repercussão de casos de maus-tratos 16,17 na criação de animais tem SPA/UFPR
SPA/UFPR
SPA/UFPR
SPA/UFPR
Figura 1 – Péssima condição de higiene em locais com restrição de espaço Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
49
Bem-estar animal Caracterização dos anúncios online para venda de cães e gatos na região metropolitana de Curitiba Tendo em vista a importância do tema para o bem-estar animal na atividade de comércio de cães, uma pesquisa foi desenvolvida de março a junho de 2018 com o objetivo de caracterizar a venda online de cães e gatos na região metropolitana de Curitiba. Foram coletados anúncios de vendas de cães ou gatos encontrados em grupos do Facebook, Google, OLX e Mercado Livre, utilizando as palavras-chave “filhotes”, “venda de filhotes” e “venda de animais”. Foram identificados o município de origem, a espécie, a fase de vida (filhotes ou adultos) e se eram vendidos individualmente ou em ninhadas. Os anunciantes foram classificados em três grupos: canil, vendedor profissional e vendedor esporádico. Essa informação foi obtida por meio da observação da descrição do anúncio e da forma como o anunciante se intitulava. O grupo mais encontrado foi o de vendedores esporádicos, em que se verificou a frequência de 60,98% (25/41), seguido pelo grupo de canis, com 21,95% (9/41), e 17,07% (7/41) de vendedores profissionais; 60,98% (25/41) dos anúncios tinham Curitiba como origem, sendo 12% (3/25) de canis, embora a criação de animais seja proibida na cidade pela Lei Municipal nº 13.914/2011 5. Constatou-se que 92,68% (38/41) dos animais eram filhotes. Em 41,46% (17/41) dos casos um único animal estava disponível para venda, enquanto 58,54% (24/41) dos anúncios tratavam de ninhadas inteiras. Os três anúncios envolvendo animais adultos foram classificados na categoria de Raça Característica Impacto no bem-estar vendedores esporádicos e Buldogue-inglês Braquicefalia Dificuldade respiratória expunham os animais indiPug Braquicefalia Dificuldade respiratória vidualmente, sendo um cão Pastor-alemão Displasia de quadril Dor e problemas de locomoção da raça pinscher, uma cadeSão-bernardo Excesso de peso Dor e problemas de locomoção la da raça lhasa apso preCavalier king charles spaniel Siringomielia Dor nhe e uma gata siamesa. A Shar pei Pele com dobras Dermatites (dor) espécie canina aparecia em Figura 2 – Características raciais e seus impactos no bem-estar dos cães 8 85,37% (35/41) dos anúngerado discussões e projetos de lei no Poder Legislativo do Paraná 18 e em cidades de outros estados 19. Em Santos, São Paulo, foi aprovada a Lei no 1.051/2019, que proíbe a venda de animais na cidade 20. Outro ponto crítico da criação é a negligência na seleção de características benéficas para o animal e a supervalorização da conformação racial. A prevalência desses problemas é tão grande que acaba dessensibilizando veterinários e tutores 8. A seleção racial resulta em características exacerbadas que redundam em conformações anatômicas desfavoráveis ao animal, como, por exemplo, a braquicefalia no buldogue-inglês, que prejudica o sistema respiratório; a alteração morfológica nos quadris do pastor-alemão, baixos e pouco funcionais; o excesso de dobras na pele do shar pei, que tornam os animais vulneráveis a inúmeros problemas dermatológicos; e o excesso de peso, como no são-bernardo. Em todos esses casos, a seleção priorizou a aparência do animal, deixando o seu bem-estar em segundo plano 2,21. Tanto as desordens genéticas como as características raciais exacerbadas podem diminuir a indicação de determinadas raças ou de animais com pedigree pelos médicosveterinários 22 (Figura 2). A seleção racial deveria considerar características que tragam benefícios para os animais, como, por exemplo, a aptidão materna. Um estudo realizado em 2016 demonstrou uma significativa relação entre a qualidade da interação materna e o desenvolvimento saudável de aspectos físicos, sociais e comportamentais dos filhotes da raça pastor-alemão 22.
50
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
cios, versus 14,63% (6/41) da espécie felina. Os resultados da pesquisa evidenciam que a comercialização de cães em plataformas online é predominantemente caracterizada pela informalidade. A venda informal pode dificultar a fiscalização da atividade pelos órgãos públicos e pela sociedade civil, aumentando o risco de maus-tratos durante a criação e a comercialização, pois os consumidores não têm acesso ao canil de origem dos filhotes. O mesmo distanciamento pode ocorrer quando a venda é realizada por intermediários como pet shops e lojas agropecuárias, uma vez que o consumidor só terá acesso aos filhotes. Um estudo comparando os problemas comportamentais de cães adquiridos de pet shops com os de cães adquiridos de criadores não comerciais demonstrou que os animais obtidos nas lojas apresentavam maior agressividade direcionada aos tutores, a seres humanos desconhecidos e a outros cães; medo de cães; problemas relacionados à separação; e urina e defecação em locais inadequados 23. Supõe-se que essas características possam estar associadas com o estresse da matriz durante a gestação e o período inicial de até oito semanas de vida do filhote 23. Os problemas envolvendo a criação e a comercialização de cães e gatos também estão presentes em outros países. Algumas alternativas implantadas na União Europeia incluem regulamentações focadas na proteção ao consumidor, principalmente abrangendo doenças genéticas que possam se manifestar no animal com o passar dos anos; identificação e registro dos animais, e legislações estabelecendo padrões mínimos de bem-estar animal 24. Para a melhora do bem-estar dos animais no criatório, devem-se considerar também os fundamentos da medicina de abrigo, a criação de apenas uma raça e o fato de a venda ocorrer no próprio criatório, para que o ambiente da criação e os pais possam ser conhecidos e observados pelo comprador. A regulamentação do comércio é frequentemente apontada como estratégia de mitigação dos problemas de bem-estar animal associa-
dos à atividade. No entanto, deve-se levar em conta que a fiscalização de tais regulamentos pode ser desafiadora. Restringir a comercialização apenas ao criador pode ser mais efetivo para melhorar o nível de bem-estar animal e facilitar a fiscalização. São necessárias políticas públicas que facilitem a fiscalização da criação e da comercialização de animais pelos municípios, evitando a informalidade e o distanciamento entre a sociedade e os criadores de cães. f
Referências
01-CLUTTON-BROCK, J. Origins of the dog: domestication and early history. In: ___. The domestic dog: its evolution, behaviour, and interactions with people. Cambridge: Cambridge University Press, 1995. p. 7-20. ISBN: 0521415292. 02-CRISPIN, S. Tackling the welfare issues of dog breeding. Veterinary Record, v. 168, n. 2, p. 53-54, 2011. doi: 10.1136/vr.c4949. 03-KING, T. ; MARSTON, L. C. ; BENNETT, P. C. Breeding dogs for beauty and behaviour: why scientists need to do more to develop valid and reliable behaviour assessments for dogs kept as companions. Applied Animal Behaviour Science, v. 137, n. 1-2, p. 1-12, 2012. doi: 10.1016/j.applanim.2011.11.016. 04-IBGE. Pesquisa Nacional de Saúde – 2013. Acesso e utilização dos serviços de saúde, acidentes e violências. Brasil, grandes regiões e unidades da federação. Rio de Janeiro: IBGE, 2015. 100 p. ISBN: 978-85-240-4346-8. Disponível em: <https://biblioteca. ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv94074.pdf>. Acesso em: 23/03/2018. 05-SECRETARIA MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE. Lei Municipal nº 13.914, de 19 de dezembro de 2011. Disciplina o comércio de animais de estimação no Município de Curitiba e dá outras providências. Curitiba, 2011. Disponível em <http://www.curitiba. pr.gov.br/conteudo/legislacao-smma/347>. Acesso em 06/12/2017. 06- LEGISLAÇÃO ESTADUAL DO PARANÁ. Decreto nº 5.711, de 23 de maio de 2002. Aprovado o Regulamento da Organização e Funcionamento do Sistema Único de Saúde no estado do Paraná – SUS. Curitiba, 2002. Disponível em: <http://leisestaduais. com.br/pr/decreto-n-5711-2002-parana-aprovado-oregulamento-da-organizacao-e-funcionamento-dosistema-unico-de-saude-no-estado-do-parana-sus>. Acesso em 04/10/2019. 07-SCOTT, J. P. ; FULLER, J. L. Genetics and the social behaviour of the dog. Chicago: The University of Chicago Press, 2012, 452 p. ISBN: 978-0226743387. 08-BATESON, P. Responses to the call for evidence. In: Independent inquiry into dog breeding. Halerworth:
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
51
Bem-estar animal Micropress Ltd, 2010. p. 19-23. Disponível em:<https:// www.ourdogs.co.uk/special/final-dog-inquiry-120110. pdf>. Acesso em 18/10/2019. 09-GARCIA, R. C. M. Introdução à medicina de abrigos. In: GARCIA, R. C. M. ; CALDERÓN, N. ; BRANDESPIM, D. F. Medicina veterinária do coletivo: fundamentos e práticas. São Paulo: Integrativa Vet Brasil, 2019. 508 p. ISBN: 978-65-80244-00-3. 10-OLIVEIRA, H. V. ; PELLIZZARO, M. ; FARIA, E. T. ; GARCIA, R. C. M. ; BIONDO, A. W. Maus-tratos a animais em canis irregulares – relato de caso. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP, v. 13, n. 2, p. 87-90, 2015. 11-SLABBERT, J. M. ; RASA, O. A. The effect of early separation from the mother on pups in bonding to humans and puppy health. Journal of the South African Veterinary Association, v. 64, n. 1, p. 4-8, 1993. 12-BEAVER, B. V. Canine social behavior. In: ___. Canine Behavior: insights and answers, 2. ed. St. Louis: Saunders Elsevier, 2009. p. 133-192. ISBN: 978-1-4160-5419-1. 13-APPLEBY, D. L. ; BRADSHAW, J. W. S. ; CASEY, R. A. Relationship between aggressive and avoidance behaviour by dogs and their experience in the first six months of life. Veterinary Record, v. 150, n. 14, p. 434-438, 2002. doi: 10.1136/vr.150.14.434. 14-MILLER, D. D. ; STAATS, S. R. ; PARTLO, C. ; RADA, K. Facts associated with the decision to surrender a pet to an animal shelter. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 209, n. 4, p. 738742, 1996. 15-GARCIA, R. C. M. ; CALDERÓN, N. ; FERREIRA, F. Consolidação de diretrizes internacionais de manejo de populações caninas em áreas urbanas e proposta de indicadores para o seu gerenciamento. Revista Panamericana de Salud Pública, v. 32, n. 2, p. 140144, 2012. 16-G1 PARANÁ. Polícia fecha canil clandestino e apreende 46 cachorros em Curitiba. Curitiba: G1 PR, 2019. Disponível em: <https://g1.globo.com/pr/parana/ noticia/2019/08/29/policia-fecha-canil-clandestino-eapreende-46-cachorros-em-curitiba.ghtml>. Acesso em 18/10/2019. 17-G1 PARANÁ. 82 cachorros são encontrados em canil clandestino na Região de Curitiba; homem é multado em R$ 41 mil. Curitiba: G1 PR, 2019. Disponível em: <https://g1.globo.com/pr/parana/ noticia/2019/09/11/82-cachorros-sao-encontradosem-canil-clandestino-na-regiao-de-curitiba-homem-emultado-em-r-41-mil.ghtml>. Acesso em 18/10/2019. 18-PACHECO, S. CCJ aprova projeto que visa humanizar comércio de animais de estimação. Curitiba: Assembleia Legislativa do Estado do Paraná, 2019. Disponível em: <http://www.assembleia.pr.leg. br/divulgacao/noticias/ccj-aprova-projeto-que-visahumanizar-comercio-de-animais-de-estimacao>.
52
Acesso em 18/10/2019. 19-CHUECCO, F. Projetos de lei em defesa dos direitos animais de SP. São Paulo: ANDA, 2019. Disponível em: <https://www.anda.jor.br/2019/10/projetos-de-leiem-defesa-dos-direitos-animais-de-sp-amp/>. Acesso em 18/10/2019. 20-SANTOS. Lei Complementar nº 1.051, de 09 de setembro de 2019. Acrescenta o artigo 295-B à lei nº 3.531, de 16 de abril de 1968, código de posturas do município de Santos, e revoga o artigo 26 da lei complementar nº 533, de 10 de maio de 2005, que disciplina a criação, propriedade, posse, guarda, uso e transporte de cães e gatos no município. Santos, 2019. Disponível em: <https://leismunicipais.com. br/a/sp/s/santos/lei-complementar/2019/106/1051/ lei-complementar-n-1051-2019-acrescenta-o-artigo295-b-a-lei-n-3531-de-16-de-abril-de-1968-codigo-deposturas-do-municipio-de-santos-e-revoga-o-artigo26-da-lei-complementar-n-533-de-10-de-maio-de2005-que-disciplina-a-criacao-propriedade-posseguarda-uso-e-transporte-de-caes-e-gatos-no-municipio>. Acesso em 10/10/2019. 21-FARROW, T. ; KEOWN, A. J. ; FARNWORTH, M. J. An exploration of attitudes towards pedigree dogs and their disorders as expressed by a sample of companion animal veterinarians in New Zealand. New Zealand Veterinary Journal, v. 62, n. 5, p. 267-273, 2014. doi: 10.1080/00480169.2014.902340. 22-FOYER, P. ; WILSSON, E. ; JENSEN, P. Levels of maternal care in dogs affect adult offspring temperament. Scientific Reports, v. 6, n. 19253, 2016. doi: 10.1038/srep19253. 23-McMILLAN, F. D. ; SERPELL, J. A. ; DUFFY, D. L. ; MASAOUD, E. ; DOHOO, I. R. Differences in behavioral characteristics between dogs obtained as puppies from pet stores and those obtained from noncommercial breeders. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 242, n. 10, p. 1359-1363, 2013. doi: 10.2460/javma.242.10.1359. 24-IBF INTERNATIONAL CONSULTING. Study on the welfare of dogs and cats involved in commercial practices. SANCO, 2013. 84 p. Disponível em: <https://ec.europa.eu/food/sites/food/files/animals/ docs/aw_eu-strategy_study_dogs-cats-commercialpractices_en.pdf>. Acesso em 10/10/2019. Paula Pimpão de Freitas Bacharela em medicina veterinária, aluna de mestrado – PPGCV/UFPR paula.pimpao94@gmail.com
Rita de Cassia Maria Garcia MV, dra., profa. Depto. de Medicina Veterinária UFPR ritamaria@ufpr.br
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
ClĂnica VeterinĂĄria, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
53
Cirurgia Hipospadia e onfalocele em neonato da raça buldogue francês – relato de caso Hypospadia and omphalocele in a French Bulldog – case report Hipospadia y onfalocele en un neonato de Bulldog Francés – relato de caso
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143 p. 54-58, 2019
Sérgio Diego P. Costa MV, CRMV-PE: 4.681 aluno do mestrado PPGCVS/Univasf
sergio.diego.costa@gmail.com
Durval Baraúna Junior MV, CRMV-PE: 3.150 prof. adj. CMV/Univasf
durvalbarauna@hotmail.com
Jamilly N. Ramos Costa MV, CRMV-BA: 5.414 Residente do HV/UFBA
jamillyramos93@gmail.com
Cássia R. Oliveira Santos MV, CRMV-PE: 4.216 Mestre HV Universitário da Univasf
cassiareginavet@yahoo.com.br
Pâmela R. Pinheiro Moreira Aluna de graduação Univasf p.raiely@gmail.com
Angélica L. da Silva MV, CRMV-PE: 5.296 Aluna de mestrado PPGCVS/Univasf
Resumo: Dentre as más-formações congênitas em neonatos, a hipospadia e a onfalocele são relatadas em filhotes de cães de algumas raças como pinscher, buldogue inglês, buldogue francês, basenji e dálmata. Essas afecções caracterizamse respectivamente por um defeito na fusão do prepúcio, acompanhado de falha no fechamento do sulco uretral ventral e por um defeito na região umbilical que pode levar à evisceração de órgãos abdominais. A literatura relata o caráter hereditário dessas afecções em algumas raças de cães; contudo, sua etiologia ainda é pouco esclarecida, sendo atribuída a causas multifatoriais. Este artigo relata um caso de onfalocele e hipospadia em um neonato da raça buldogue francês que passou por eutanásia. Unitermos: cadela, gestação, filhote, má-formação congênita, acetato de megestrol Abstract: Hypospadia and omphalocele are rare congenital defects reported in various breeds, including the Doberman Pinscher, English Bulldog, French Bulldog, Basenji, and Dalmatian. Hypospadia is characterized by a defect in the fusion of the penile foreskin associated with persistent opening of the ventral urethral sulcus. Omphalocele is an abdominal wall defect, most common at the umbilical site, that may lead to evisceration of abdominal organs. Some dog breeds are suspected to have an hereditary predisposition to these conditions, but the etiology is still poorly understood, and believed to be multifactorial. We report a case of omphalocele and hypospadia in a French Bulldog neonate on which euthanasia was performed. Keywords: bitch, gestation, puppies, congenital malformation, megestrol acetate Resumen: Dentro de las malformaciones congénitas de los perros, se han relatado casos de hipospadia y onfalocele en cachorros de algunas razas como Pinscher, Buldog inglés, Buldog francés, Basenji y Dálmata. Estas alteraciones se caracterizan por una falla en la fusión del prepucio y en el cierre del surco uretral ventral (hipospadia), y por una falla en región umbilical que puede llevar a la evisceración de estructuras abdominales (onfalocele). La literatura relata un cierto carácter hereditario en algunas razas; no obstante se desconoce su etiología, generalmente atribuida a múltiples factores. Este artículo relata un caso de onfalocele e hipospadia en un neonato de Bulldog francés que fue finalmente eutanasiado.. Palabras clave: perra, gestación, cachorro, malformación congénita, acetato de megestrol
angelica.liberalino@gmail.com
54
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
NA LÍNGUA DOS PETS, PROTEÇÃO RIMA COM BRAVECTO . AGORA PARA TODA A FAMÍLIA. ®
O único que pode eliminar carrapatos e pulgas da sua casa e do seu pet, com uma única dose, por 12 semanas.
POR QUE BRAVECTO®? • Rápida ação, elimina carrapatos e pulgas em até 12 horas. • Maior proteção com um menor número de tratamentos durante o ano. • Fácil administração. • As 12 semanas de proteção ajudam a quebrar o ciclo de carrapatos e pulgas. • Conveniência: 1 única dose para 12 semanas de proteção.
Nas versões comprimido e agora nova apresentação TRANSDERMAL.
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
59
Diagnóstico por imagem Fenômeno de vácuo detectado na tomografia computadorizada e sua associação com a doença do disco intervertebral em cães Vacuum phenomena on spinal CT scans and its association with intervertebral disc disease in dogs Fenómeno de vacío en tomografía computarizada y su relación con la enfermedad del disco intervertebral en perros Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143 p. 60-65, 2019
Juliana F. S. Conceição MV, CRMV-SP: 45.505 FMVZ USP juliana.conceicao@usp.br
Ana C. B. de C. F. Pinto MV, CRMV-SP: 8.465 Profa. assoc., livre docente VCI/FMVZ/USP anacarol@usp.br
Luísa Fonseca Oliveira Aluna de graduação FMVZ/SP
luisamacau80@gmail.com
Igor de Almeida Santos MV, CRMV-SP: 34.320, dr. VCI/FMVZ/USP
igordealmeidasantos@usp.br
Mariana Ramos Queiroz MV, CRMV-SP: 39.994, dra VPS/FMVZ/USP mrqueiroz@usp.br
João Luís Revolta Callefe MV, CRMV-SP: 47.605 aluno de mestrado FMVZ/USP joaocallefe@usp.br
60
Resumo: O termo fenômeno de vácuo (FV) remete à presença de gás em regiões de articulação ou coluna vertebral, que pode estar associado a doenças progressivas e crônicas, como as doenças do disco intervertebral (DDIV). O presente estudo investigou a relação entre o FV e o diagnóstico de DDIV estabelecido em cães submetidos a tomografia computadorizada (TC) da coluna vertebral e também sua relação com as manifestações clínicas por meio da análise de 55 imagens de TC no período de janeiro de 2016 a julho de 2018 do Serviço de Diagnóstico por Imagem de um hospital veterinário. Foram observados sete animais com FV (12,7%), apresentando como manifestações clínicas: 3 animais com dor e paresia, 1 com dor e plegia e 3 deles com apenas plegia, sendo que apenas em um desses cães não foi confirmada a DDIV. Ainda são necessários novos estudos com maior número amostral para confirmar a relevância desse fenômeno. Unitermos: cães, diagnóstico por imagem, coluna vertebral, DDIV Abstract: Vacuum phenomenon (VP) refers to the presence of gas in joint spaces, including those in the spinal column. The phenomenon is associated with progressive and chronic diseases, such as intervertebral disc disease (IVDD). We reviewed 55 canine spinal CT images for the presence of VP, and studied its association with IVDD to determine the association between the VP and the clinical signs exhibited by the patients at the time of exam. All images were obtained between January 2016 and July 2018, at the Diagnostic Imaging Service of a Veterinary Hospital. Image consistent with VP was observed in 7 (12.7%) of the 55 cases. Of these 7 animals, pain and paresis was reported in 3, pain with plegia in 1, and plegia without pain in 3 dogs. One dog did not have a confirmed diagnosis of IVDD. Further studies with larger samples are still needed to confirm the relevance of this phenomenon in the diagnosis of IVDD in dogs. Keywords: dog, imaging diagnosis, spine, IVDD Resumen: El término fenómeno de vacío (FV) es utilizado para caracterizar la presencia de gas en regiones articulares o en columna vertebral, relacionado con enfermedades progresivas y crónicas como la enfermedad del disco intervertebral (EDIV). El presente estudio investiga la relación entre el FV y el diagnóstico de la EDIV en perros mediante estudios de tomografía computarizada (TC) de la columna vertebral, así como también su relación con las manifestaciones clínicas. Se analizaron 55 estudios de TC realizados entre enero de 2016 y julio de 2018 en el Servicio de Diagnóstico por imágenes de un hospital veterinario. Siete animales presentaron FV (12,7%) con manifestaciones clínicas siendo que 3 tenían dolor y paresia; 1 tenia dolor y pérdida de sensibilidad y 3 sólo presentaron pérdida de sensibilidad. En sólo uno de esos animales no pudo ser confirmada la EDIV. Nuevos estudios con un mayor número de animales son necesarios para confirmar la relevancia de este fenómeno. Palabras clave: perros, diagnóstico por imagen, columna vertebral, EDIV
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
Confira a linha completa:
Muito sabor com alta tecnologia.
1º alimento do mercado com partículas liofilizadas de frango.
Exclusive
SUPREME TASTE exclusivo sabor extra
Com frango liofilizado
Nutrição de alta performance
SAC: 0800 725 85 75 | www.equilibriototalalimentos.com.br /equilibriototalalimentos
/equilibriosuperpremium
/racaoequilibrio
AHSA
Animal Health South America – um enfoque inovador para megaeventos do setor veterinário O Congresso da Animal Health, realizado de 2 a 4 de outubro de 2019 no Pavilhão Amarelo do Center Norte, em São Paulo, pode ser considerado o maior congresso internacional de especialidades veterinárias já realizado no Brasil – um megaevento com programação abrangente de conteúdo técnico-científico e educação continuada, em parceria com os mais importantes profissionais, instituições e empresas do setor. “Trata-se do único evento do Brasil 100% focado em inovações, soluções e aprimoramento de novas técnicas na assistência médico-veterinária, em nutrologia e na saúde dos pets, com uma visão completa dos diferentes elos da cadeia de saúde animal, incluindo segmentos como indústria, serviços, produtos e tecnologias”, destacou Adriano de Souza, diretor-presidente da Animal Health. “O evento consolidou-se como a principal plataforma de conhecimento, networking e negócios entre fornecedores e gestores de hospitais, clínicas, laboratórios e centros de diagnósticos veterinários de todo o Brasil. Conseguimos conectar toda a cadeia multissetorial em um único lugar”, avaliou ele. O evento cumpriu seus objetivos e se tornou referência e inspiração para seus milhares de
Vista panorâmica do pavilhão de exposições
visitantes. Foram 25 painéis de especialidades, mais de 200 horas de conteúdos, mais de 140 palestrantes de 10 países, 7.200 visitantes e congressistas. Além disso, o Animal Health contou com mais de 100 marcas expositoras nos 14 mil m² do Expo Center Norte, em São Paulo. Com programação multidisciplinar a cargo dos melhores profissionais do mercado nacional e internacional, o evento abordou os diversos aspectos da prática clínica cotidiana, com informações úteis, discussões de casos clínicos, avanços tecnológicos, sessões inte-
Daniel Horacio Farfallini (acima) e Hector Daniel Herrera (acima, à direita), palestrantes argentinos que engrandeceram o evento com suas expertises no diagnóstico por imagem e na oftalmologia, respectivamente 66
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
Tema atual Um dos grandes destaques do evento foi o Simpósio de Medicina Veterinária de Desastres. Com a coordenação da médica-veterinária Ana Liz Bastos – perita de medicina veterinária legal e especialista em desastres – e o apoio da revista Clínica Veterinária, o simpósio reuniu os principais especialistas do setor, apresentando um panorama dessa
Michèle Venturini no Simpósio Odontovet de Diretrizes WSAVA19 de odontologia veterinária
rativas entre especialidades e apresentação das melhores práticas por especialistas. Os participantes tiveram acesso a todos os auditórios, presenciando toda a gama de eventos. O Mega Pet Fórum Científico Internacional de Especialidades contou com a participação de especialistas veterinários de dez países e reuniu painéis sobre cirurgia veterinária, oftalmologia, felinos, oncologia, diagnóstico por imagem, neurologia, endocrinologia, cardiologia, patologia, anestesiologia, etologia, dermatologia, medicina chinesa veterinária, medicina com canabinoide, ortopedia e medicina de silvestres. O Simpósio Nacional da Anclivepa-SP contou com palestrantes especialistas em intensivismo, odontologia, geriatria, gastrenterologia e medicina de felinos.
Viviani De Marco no Simpósio Naya de Especialidades
Rosangela Ribeiro da World Animal Protection abriu o Simpósio de Medicina Veterinária de Desastres
Vânia Nunes, Carla Sassi, Arthur A. T. do Nascimento, Luciana Guimarães Santana, Ana Liz Bastos, Jessica Domato Ribeiro e Laiza Bonela ofereceram suas experiências e saberes no Simpósio de Medicina Veterinária de Desastres
Bombeiros e cães de resgate que trabalham em desatres também participaram do evento
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
67
AHSA
O gestor Celso Morishita presenteou o público com o tema “A inteligência espiritual aplicada às empresas”
Marcelo Sader apresentou soluções em informática para aumentar a lucratividade e a eficiência na medicina veterinária
questão tão premente no Brasil atual e discutindo como os desastres afetam as diferentes espécies animais e seu manejo, a medicina legal, o papel do médico-veterinário e do voluntário, os planos de contingência, a gestão, a biossegurança e a saúde única na medicina veterinária de desastres. A participação do público foi excelente, com a lotação não só do espaço aberto do evento, mas também dos dois espaços contíguos e do corredor frontal. O Veterinary Innovation Summit (VIS), um fórum internacional de gestão e inovação, sobre gestão, tecnologia, relacionamento humano, marketing e demais temas que englobam a administração de unidades de saúde animal, teve como mentor científico o médico-veterinário Sérgio Lobato. “O balanço do VIS 2019 foi extremamente positivo. A plateia se envolveu com o tema, e a presença dos palestrantes estrangeiros foi o grande desta-
que da programação. Trouxemos uma grade com palestras que fizeram os congressistas pensarem, repensarem e se colocarem de uma forma diferenciada em relação à gestão”, declarou. “O slogan ‘Somos 100% VET’ causou enorme impacto no mercado, que antes estava acostumado com outros formatos de negócios e feiras”, finalizou ele. Além desses, no Fórum Internacional de Gestão em Medicina Veterinária, a Animal Health trouxe com destaque palestrantes como Jihan Zoghbi, Marcelo Sader, Celso Morishita, Renato Couto Moraes e uma série de eventos satélites a cargo de entidades de classes, empresas e profissionais.
Muitas empresas do setor de diagnóstico por imagem prestigiaram o evento, como a Konimagem
Revista Clínica Veterinária, grande parceira do AHSA no Simpósio de Medicina Vetererinária de Desastres
68
União do setor O presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP), dr. Mário Pulga, discursou na solenidade de
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
abertura do evento, no lançamento oficial da Federação das Entidades Veterinárias Regionais do Estado de São Paulo (Feveresp). “Prestigiamos o evento porque vimos que existia uma grande preocupação da organização em promover o trabalho dos médicos-veterinários brasileiros”, comentou Mário Pulga. O diretor científico da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (Anclivepa-SP), Luciano Giovaninni, destacou o grande feito da Animal Health Expo+Congress ao reunir mais de 30 diferentes entidades de classe e contar com o seu apoio. “Estou na medicina veterinária há mais de 25 anos e ainda não tinha visto uma união como essa, com diferentes associações, colégios e entidades.” Cíntia Fuscaldi, coordenadora de Relacionamento Científico da Royal Canin, empresa líder do setor de alimentação animal, elogiou a proposta inovadora do Animal Health, o formato das apresentações e a organização, segundo ela muito diferentes do que se costuma ver atualmente no mercado. “A escolha da Royal Canin nesse evento foi participar junto com algumas associações de classe. O Animal Health organizou fóruns específicos dessas associações, e como a Royal Canin já tem parceria com elas, fizemos a escolha de estar muito mais alinhados com os conteúdos trabalhados nesses fóruns”, declarou ela. A cada ano, a Royal Canin escolhe um tema macro. Em 2019 foi o peso, e, portanto, todas as questões relacionadas à obesidade foram
Boehinger Ingelheim, grande destaque no evento
tratadas nos grandes eventos de 2019. “Para nós, da empresa, que sempre tem algo a compartilhar, esse formato, que de alguma forma beneficia a presença do profissional, é muito bom, pois permite alinhar melhor os conteúdos e passar uma mensagem muito mais assertiva. Em salas menores, você consegue decisões mais robustas, mais intimistas, e isso, do ponto de vista científico, é um ganho para a Royal Canin, e acredito que um ganho também para o Animal Health.” i
Entrevistas com especialistas Entrevistamos quatro dos palestrantes do evento e eles expuseram vários pontos interessantes sobre os temas tratados em suas palestras. Você pode acessar esse conteúdo no blog da revista Clínica Veterinária, no endereço http://www.revistaclinicaveterinaria. com.br/blog/category/entrevistas. O dr. Ricardo Duarte Silva, especialista em gastrenterologia veterinária, falou sobre o diagnóstico e o tratamento da hepatite crônica em cães – abre.ai/entrevistaricardo. O dr. Denis Rodrigues Prata tratou da cirurgia de joelho, e em especial da ruptura traumática do ligamento cruzado – abre.ai/entrevistadenis. A dra. Cinthia Martorelli abordou as doenças renais que acometem pequenos animais, em particular as doenças renais crônicas – abre.ai/entrevistacinthia. O dr. Daniel Farfallini, da Universidade de Buenos Aires, abordou a tomografia computadorizada de tórax – abre.ai/entrevistadaniel. O sucesso da edição de 2019 do evento aponta para uma ampliação e um aprimoramento da próxima edição. O Animal Health Congress 2020 já está com data marcada. O evento será realizado de 30 de setembro a 2 de outubro, no Expo Center Norte, em São Paulo. A Animal Health consolida-se, assim, como megaevento de referência e de inovação e sinergia no setor veterinário. Confira a cobertura fotográfica completa no nosso facebook: http://abre.ai/ahsa ou pelo QR code ao lado.
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
69
CBDV
SBDV/CBDV
SBDV/CBDV
O 2º Congresso Brasileiro de Dermatologia Veterinária comprova o avanço da especialidade
Abertura do 2o CBDV, evento máximo do setor O 2o CBDV reuniu palestrantes de altíssimo nível
Maior evento brasileiro do setor, o 2º Congresso Brasileiro de Dermatologia Veterinária (CBDV), realizado de 21 a 24 de outubro de 2019 em Campos do Jordão, reuniu mais de 600 participantes, cerca de quarenta palestrantes de renome nacional e internacional, e apresentou uma rica grade científica, composta por seis foros de duas horas cada, para uma abordagem sintética dos principais temas da especialidade. As palestras de abertura, “A evolução da dermatologia veterinária” e “O que esperar do futuro na prática da dermatologia veterinária”, foram apresentadas pelos professores doutores Carlos Eduardo Larsson e Ronaldo Lucas. Ao longo do evento, palestras magnas
abordaram temas como a enfermidade lúpica, dermatopatias de felinos e prós e contras da imunoterapia. Houve ainda a apresentação de uma série de exemplos com a temática “meus melhores e meus piores casos”, a cargo de dois palestrantes internacionais, dirigida a clínicos dermatólogos, sobre questões desafiadoras do cotidiano dos veterinários. Os trabalhos científicos foram expostos em comunicações orais e na modalidade de pôsteres eletrônicos (e-posters) de forma resumida, dinâmica e continuada.
SBDV/CBDV
SBDV/CBDV
Integração e abrangência Evento bilíngue, com aproximadamente 60
O professor Carlos Eduardo Larson em uma das suas palestras 70
O professor Alejandro Blanco, palestrante argentino
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
ClĂnica VeterinĂĄria, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
85
SBDV/CBDV
SBDV/CBDV
As palestrantes Romeika Karla dos Reis Lima e a professora Mary Marcondes
Palestra da professora Ana Claudia Balda
horas de atividades lideradas por renomados dermatólogos veterinários brasileiros, dermatologistas de medicina humana e docentes das principais instituições de ensino superior, o congresso teve a participação dos sócios da SBDV e de associações de dermatólogos latino-americanos, além de associados das congêneres brasileiras coirmãs (Abrovet, Abev, SBCV), cujos afiliados também praticam, direta ou indiretamente, a dermatologia veterinária. A magnitude de pontuação em educação continuada foi um grande atrativo para os associados da SBDV que pleiteiam a obtenção e a perpetuação do título de especialistas pela SBDV/CFMV. O evento foi também uma ótima oportunidade para as melhores empresas nacionais e multinacionais de produtos farmacêuticos, de alimentos, de serviços, de equipamentos e da área editorial se aproximarem ainda mais desse segmento de especialistas e especializados, que prescrevem, indicam, recomendam e adotam práticas de diagnose,
terapia e prevenção. Entrevistas com especialistas Entrevistamos quatro dos palestrantes do evento e eles expuseram vários pontos interessantes sobre os temas tratados em suas palestras. Você pode acessar esse conteúdo no blog da revista Clínica Veterinária, no endereço http://www.revistaclinicaveterinaria.com. br/blog/category/entrevistas. O dr. Alejandro Blanco falou sobre farmacodermias e manejo de feridas – abre.ai/entrevistaalejandro. A dra. Mary Marcondes abordou a leishmniose – abre.ai/entrevistamary. A dra. Ana Claudia Balda abordou as dermatopatias crônicas – abre.ai/entrevistaana. Confira a cobertura fotográfica completa no facebook: http://abre.ai/cbdv ou pelo QR code ao lado.
SBDV/CBDV
SBDV/CBDV
O evento reuniu mais de 600 participantes
O professor Paulo Salzo e o MV Alexandre Merlo
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
71
SBDV/CBDV
SBDV/CBDV
CBDV
Estandes das empresas apoiadoras, parceiras do sucesso do evento
O evento foi um sucesso graças a participação da Elanco, MSD, Virbac, Hills, Royal Canin, Zoetis, Vetnil, Agener União, Bayer, Vansil, Avert, Ceva, Interbooks, Tecsa e Centragro, que continuamente apoiam e valorizam a educação continuada dos médicos-veterinários do país.
Equipe da Royal Canin, referência em alimentos coadjuvantes no tratamento de dermatopatias 72
matopatias e, consequentemente, na qualidade de vida do animal. A troca de experiências, portanto, é crucial para a capacitação dos profissionais da área e para gerar benefícios a gatos e cães. A empresa divulgou seu portfólio de alimentos coadjuvantes ao tratamento de doenças dermatológicas, composto por suas linhas Hypoallergenic e Skin Care, formuladas para reduzir sensibilidades alimentares por meio de uma seleção de proteínas hidrolisadas, altamente digestíveis e de baixo potencial alergênico. O Skin Care é um alimento coadjuvante indicado no suporte nutricional a cães com dermatite atópica e pele sensível, como em casos de dermatoses e queda de pelo. Agener União A Agener União focalizou sua participação no congresso da SBDV em seus produtos associados ao tratamento de infecções dermatológicas, como o Cloresten, líder absoluto de
SBDV/CBDV
SBDV/CBDV
Royal Canin A Royal Canin® participou compartilhando conhecimento com profissionais especialistas dispostos a dividir suas experiências, com o objetivo comum de levar para o dia a dia da clínica o melhor cuidado para gatos e cães com problemas dermatológicos. As doenças dermatológicas são uma das principais causas de visitas aos médicos-veterinários, e o manejo adequado, que inclui a nutrição, desempenha importante papel no tratamento e no controle das principais der-
Equipe da Agener União presente no evento
A Vetnil marcou presença com sua linha de antioxidantes e hipoalergênicos
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
SBDV/CBDV
SBDV/CBDV
Equipe da Ceva destacou no evento os cuidados com a barreira cutânea
Centagro: produtos naturais para proteção cutânea
mercado, e o Biocan M, uma vacina que induz resposta celular no tratamento da dermatofitose causada pelo Microsporum canis de cães e gatos. Segundo Ludmila Aires, gerente de Marketing da empresa, “foi muito bom voltar a destacar este produto, que é excelente alternativa para pacientes com intolerância a antifúngicos orais, para animais hepatopatas e até mesmo para animais agressivos ou tutores que têm dificuldade em aderir aos tratamentos orais diários estipulados pelos médicos-veterinários”.
da pela Sociedad Latinoamericana de Dermatología Veterinaria (SLDV). Seu principal uso é nas dermatites atípicas e no controle das recidivas. Vetnil A Vetnil destacou para os congressistas os produtos Ômega 3+SE® 550 e Ômega 3+SE® 1100, à base de ácidos graxos essenciais da família ômega 3. Obtidos de peixes marinhos de águas frias, fornecem EPA e DHA na proporção ideal (33:22), recomendada por especialistas. Além do ômega 3, possuem em sua composição vitamina E e selênio, conhecidos como potentes antioxidantes. A cápsula opaca, ajuda a preservar as características do produto, garantindo sua qualidade. Pelo&Derme Hipoalergênico, que contém em sua fórmula o óleo essencial de Melaleuca, Aloe Vera e Arginina e são especialmente formulado para cães e gatos, para garantir a higiene e refrescância para a pele, também fez parte dos produtos da Vetnil que receberam destaque no evento.
Labyes A Labyes focou sua participação em sua linha dermocosmética Labyderm, da qual fazem parte o Skin Soldier, um xampu hipoalergênico com extratos naturais; o Premium Cover, ampola spot-on para reposição profunda dos componentes da barreira cutânea; e o Bioforce, um spray pós-banho para reposição rápida da película hidrolipídica. A linha contém nanoesferas para liberação gradual e progressiva dos princípios ativos e foi aprova-
SBDV/CBDV
SBDV/CBDV
Equipe da Labyes: excelência em dermocosmética
Equipe da Virbac: ênfase em novas tecnologias
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
73
CBDV SBDV/CBDV
higiene, proteção e hidratação cutânea para animais atópicos e sensíveis. Nutri & Trat é um novo conceito de suplementação animal, com ingredientes naturais de efeitos benéficos e tecnologia inspirada na natureza. Além dessas, a empresa destacou os produtos de suas linhas tradicionais, como Xandog, Centagro Vet, Pet Smack e Panetteria di Canni.
Estande da MSD, líder em pesquisa farmacêutica para saúde animal
Ceva A Unidade Pet da Ceva expôs produtos para a saúde e o bem-estar de cães e gatos, como a linha Douxo de xampus e sprays com fitosfingosina, para reestruturar a barreira cutânea; o Marbopet, antibiótico à base de marbofloxacina; Leish-Tec e Vectra 3D, para a proteção dos cães contra a leishmaniose visceral canina; e sua linha comportamental – Feliway e Adaptil. Priscila Brabec, médicaveterinária e gerente de Produtos da Unidade Pet da Ceva, destacou a importância da participação no congresso, “para estreitar o relacionamento com veterinários participantes e atualizar os conhecimentos”. j
SBDV/CBDV
SBDV/CBDV
Centagro A Centagro marcou presença no congresso da SBDV com a linha Sensy & Trat e o lançamento da linha Nutri & Trat, à base de produtos naturais para cães e gatos. Sensy & Trat é uma proposta natural para
Equipe da Elanco: inovação em saúde animal 74
Virbac Palestras e lançamentos de novas tecnologias marcaram a participação da Virbac no evento. O Leish Meeting apresentou palestras sobre leishmaniose visceral canina, ministradas pelo dr. Roberto Teixeira. Entre as novidades que a empresa levou ao evento está o Allederm Spot On® que conta com a S-I-S (Skin Innovative Science), que estimula as defesas naturais e o equilíbrio do microbioma, para manutenção de uma pele saudável. Foram lançados o Hexadene 500mL (solução dermatológica à base de clorexidina 3% para combater bactérias, leveduras e outros fungos, controlar infecções secundárias e garantir potente ação antisséptica), o Grantelm (vermífugo que combate as principais verminoses intestinais e possui amplo espectro de ação na prevenção de zoonoses, indicado para cães a partir de 3 semanas de vida) e as novas embalagens do Endogard (combate as verminoses intestinais, a giardíase e previne o verme do coração; permite a divisão do comprimido e é extremamente palatável e seguro, podendo ser administrado em qualquer raça e em filhotes a partir de 15 dias de vida).
Estande da Zoetis, grande líder mundial em saúde animal
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
Notícias
Nos dias 18 a 21 de setembro de 2019 foi realizada a 3° Conferência Internacional de Manejo Humanitário de Populações Caninas, em Mombasa, Quênia, pela International Companion Animal Management Coalition (Icam). A Icam é uma liga de oito entidades internacionais – International Fund for Animal Welfare (FAW); Humane Society International (HSI); World Animal Protection (WAP); Four Paws International (FPI); RSPCA International; Global Alliance for Rabies Control (Garc); World Small Animal Veterinary Association (Wsava), e International Cat Care (ICC)) – que tem como missão apoiar o desenvolvimento de estratégias humanitárias efetivas para o manejo popula-
76
icam-coalition.org
3a Conferência Internacional de Manejo Humanitário de Populações Caninas
Participaram da conferência 200 profissionais de todos os continentes e de 90 países, incluindo o Brasil e a Colômbia.
cional dos animais de companhia. A 3a Conferência Internacional de Manejo Humanitário de Populações Caninas reuniu formuladores de políticas, cientistas e profissionais para discutir a epidemiologia da raiva e o manejo populacional de cães. Governos e organismos internacionais reconhecem que a captura/eliminação de cães é uma ferramenta ineficaz para combater a raiva ou manejar cães errantes. Governos e ONGs trabalham como parceiros para criar programas abrangentes, humanos e duradouros para o manejo canino, tendo como princípio que ele promove a saúde das comunidades e melhores níveis de bem-estar animal. A conferência contou com cinco oficinas sobre o desenvolvimento de comunidades humanitárias para o manejo populacional de animais (MPA); indicadores para a avaliação do impacto de programas de MPA; medicina de abrigos; tecnologias móveis para o controle da raiva; clínicas de castração e planejamento estratégico. Os participantes da oficina sobre tecnologias móveis para o controle da raiva e programas de castração puderam conhecer e utilizar um aplicativo desenvolvido pela Humane Society International (HSI). O aplicativo atende às demandas de campo dos programas de vacinação e recolhimento/castração/ devolução dos animais, colocando juntas tanto a equipe de campo, que faz o recolhimento do
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
LINHA BIOLÓGICA BOEHRINGER INGELHEIM
Proteção para eles, paz de espírito para você. Para prevenção contra as principais doenças infecciosas de cães e gatos, conte com vacinas da Boehringer Ingelheim.
Filhote ou Adulto OU C4Cv (V6)*
Filhote ou Adulto
OU C6Cv (V8)
(V10)
+
Quádrupla felina
+
Antirrábica Complementação
Antirrábica
Gripe canina
Reforços anuais são recomendados. * 1a dose em filhotes < 9 semanas de idade, sem cepas de leptospirose. * Recomendação segundo Greene, C.E. Infectious Diseases of the Dog and Cat. Immunoprophylaxis. 4th e, Missouri Elsevier Saunders, 2012.
Alta tecnologia para uma vida mais tranquila.
Mais informações, vide bula. SAC 0800 888 7387 www.boehringer-ingelheim.com.br/saúde-animal/institucional
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
87
Matteo Rinoldi
À frente, da esquerda para a direita, Rosangela Ribeiro da WAP Brasil e Melania Gamboa da WAP Costa Rica e Adriana Romero da Colombia durante oficina de tecnologias móveis para o controle da raiva
Matteo Rinoldi
animal, como a equipe da castração, acompanhando passo a passo as ações para que o animal castrado seja devolvido ao seu local de origem. O programa também permite a análise de indicadores e a avaliação do impacto das estratégias, além de gerar relatórios. Os animais são identificados por meio de fotos, e sua localização, registrada por meio do sistema GPS. Dentre as palestras apresentadas, destacouse a do dr. Eric Brum, da Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) e professor da Tufts Cummings School of Veterinary Medicine (TCSVM), sobre os princípios epidemiológicos para o controle da raiva. Dentre os trabalhos orais, o prof. dr. Oswaldo Santos Baquero apresentou trabalho intitulado “Em bus-
ca da validação e da priorização para orientar o manejo de populações caninas no Brasil”. Tanto as palestras como os trabalhos orais estão disponíveis no link https://www.icam-coalition. org/conferences/international-conference-dog-population-management-2019/. No dia 21 de setembro celebrou-se o Dia Mundial da Raiva em Mombasa, organizado pela Associação Veterinária do Quênia. Nesse dia foram montados postos de vacinação contra a raiva e mutirões de castração, com a participação do time brasileiro composto pelas médicas-veterinárias Carla Sassi e Juliana de Oliveira Vilella de Conselheiro Lafaiete e Rita de Cassia Maria Garcia da UFPR, Itec e Abbea.
Jovens da região aguardando com seus animais para serem atendidos pelos veterinários da Associação dos Veterinários do Quênia
Matteo Rinoldi
Matteo Rinoldi
MV da Associação Queniana de Medicina Veterinária e a professora Rita de Cassia Maria Garcia da UFPR
Juliana de Oliveira Villela da Prefeitura de Conselheiro Lafaiete
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
77
Notícias
Matteo Rinoldi
O Brasil também esteve bem representado na sessão dos pôsteres, com a apresentação de oito trabalhos:
Matteo Rinoldi
MV Carla Sassi, de Minas Gerais, que contribuiu nos trabalhos de vacinação e castração
MV Rita Garcia aplicando reike, auxiliando no pósoperatório de uma cadela 78
Unowned dog population estimation in a city of Paraná/Brazil (Lech AJZ, Argenton F, Ulanin M, Kopach M, Garcia RCM). UFPR. Comparison between the corporal score of owned and unowned dogs (Ulanin M, Lech AJZm Monsalve S, Garcia RCM). UFPR Size, spatial and household distribution, and rabies vaccination coverage of the Brazilian owned dog population (Baquero OS, Queiroz MR). USP. Can sterilization help to prevent roaming in dogs and cats? (Baquero OS, Silva Filho APS, Monsalve S, Gebara RR, Garcia RCM, Sussai S). USP e UFPR. Companion animal demography and population management in Pinhais, Brazil. (Baquero OS, Marconcin S, Rocha A, Garcia RCM). USP, UFPR e Prefeitura Pinhais. Validity of a two-stage cluster sampling design to estimate the total number of owned dogs. (Baquero OS, Amaku M, Dias RA, Grisi Filho JEH, Ferreira Neto JS, Ferreira F). USP. Owned dog population dynamics in São Paulo city, Brazil: demographic processes or methodological artifacts? (Lima DF, Silva Filho AP, Sussai S, Scuarcialupi LN, Aguia BS, Santos PC, Baquero OS). USP. Prefeitura de São Paulo. Downscaling predictions for the owned dog population size in Brazilian cities. (Baquero O.) USP. A World Animal Protection (WAP), que faz parte da coalizão Icam e da organização da conferência, trouxe para esta edição os ganhadores do Prêmio Cidade Amiga dos Animais – que este ano laureou as seguintes cidades: 1º. Bogotá, Colômbia; 2º. Conselheiro Lafaiete, MG; e 3º. São Paulo, SP. A gestora Luisa Ramírez, de Bogotá, apresentou todos os projetos da cidade e encantou os presentes mostrando que é possível implantar projetos humanitários, efetivos e sustentáveis e garantir uma vida melhor para pessoas e animais mesmo em países com grandes desafios na saúde pública. Rita de Cassia Maria Garcia ritamaria@ufpr.br
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
k
Prêmio Cidade Amiga dos Animais da Proteção Animal Mundial
Município vencedor participou da 3 a Conferência Icam sobre Manejo Populacional de Cães, em setembro, no Quênia A Proteção Animal Mundial (anteriormente conhecida como Sociedade Mundial para a Proteção Animal) é uma organização não governamental que há mais de 50 anos vem buscando proteger e melhorar o bem-estar dos animais, além de evitar seu sofrimento. As atividades da organização incluem trabalhar com empresas para garantir altos padrões de bem-estar para os animais sob seus cuidados; trabalhar com governos e outras partes interessadas para impedir que os animais silvestres sejam cruelmente negociados, presos ou mortos; e salvar a vida dos animais e os meios de subsistência das pessoas que dependem deles em situações de desastre. A organização influencia os tomadores de decisão a colocarem os animais na agenda global e inspira as pessoas a mudarem a vida dos animais para melhor. Como parte de suas ações, a Proteção Animal Mundial criou o Prêmio Cidade Amiga dos Animais, voltado para cidades latino-americanas, visando identificar e reconhecer as melhores estratégias utilizadas para lidar com as populações de cães e gatos de forma humanitária. O prêmio faz parte da campanha “A vida é melhor com cães”, que visa celebrar a convivência com o “melhor amigo do homem”, ao mesmo tempo que aborda questões como abandono e falta de cuidados veterinários. Rosângela Ribeiro, gerente de campanhas veterinárias da Proteção Animal Mundial no Brasil, citou a importância de as cidades – grandes e pequenas – terem uma política assertiva de manejo da população de cães e gatos. “No Brasil há cerca de 30 milhões de cães e gatos vivendo nas ruas. Para que essa população conviva em harmonia com a comunida-
de, são necessárias medidas para controlá-la, diminuindo o abandono, melhorando a guarda responsável e protegendo o bem-estar de pessoas e animais”, afirmou ela. Para concorrer, as cidades precisaram ter programas de manejo de populações de cães e gatos por pelo menos seis meses. Também foi necessário que o município tivesse uma legislação ou política pública sobre o tema e um departamento oficialmente designado para gerenciar o serviço de manejo de populações de animais domésticos. O gestor responsável pela inscrição da cidade vencedora ganhou uma viagem para participar da 3a Conferência de Manejo de Populações de Cães – Icam, em Mombaça, no Quênia, que ocorreu de 18 a 20 de setembro deste ano. O segundo e o terceiro lugares receberam a placa de reconhecimento Cidade Amiga dos Animais. As dez primeiras colocadas terão seus projetos publicados em um livro digital que será divulgado em toda a América Latina. l
1º lugar – Bogotá, Colômbia Bogotá está realizando um trabalho de destaque pelo bem-estar de seus cães e gatos. São milhares de animais beneficiados por mais de 10 campanhas e diversos programas educacionais sobre guarda responsável. A cidade conta com uma equipe treinada para receber e atuar em casos de maus-tratos – o esquadrão anticrueldade – e treina seus policiais para lidar com situações desse tipo. Outro destaque é o trabalho feito com animais de abrigos, que conta com o apoio de etologistas (especialistas em comportamento animal). Os animais são avaliados assim que
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
79
icam-coalition.org
Vídeo do Instituto Distrital de Protección y Bienestar Animal (IDPYBA) de Bogotá, Colômbia – https://youtu. be/ZbjNyYVqwlo
icam-coalition.org
chegam ao abrigo, o que ajuda a encontrar a melhor família para cada um deles. Bogotá também lida com casos de acumuladores de animais. Um grupo interprofissional, que inclui psicológos, visita os locais onde o problema existe e oferece apoio às pessoas e aos animais. O envolvimento da comunidade é uma preocupação para a cidade. Além de consultar informações sobre guarda responsável nas redes sociais da prefeitura, os cidadãos podem colaborar com o bem-estar dos animais usando o aplicativo Distrito Appinmal e são incentivados a cuidar dos animais sem tutores por meio do programa Comunidade Zoolidária. Bogotá estabelece convênios e parcerias com pessoas, instituições e organizações não governamentais para realizar ações em prol dos cães e gatos da cidade.
icam-coalition.org
Notícias
icam-coalition.org
Tara, Lupe, París e Mafafa, 4 cães resgatados de maus tratos pelo Esquadrão Anti-crueldade de Bogotá, homenageados na entrega do prêmio Cidade Amiga dos Animais
Esquadrão anticueldade de Bogotá, na Colômbia
icam-coalition.org
icam-coalition.org
Emi Kondo Redondo, da World Animal Protection, Enrique Peñalosa e Catalina Rivera, diretora do Instituto de Protección Animal de Bogotá
O Prefeito de Bogotá, Enrique Peñalosa, recebendo o prêmio Cidade Amiga dos Animais 80
Equipe do Instituto Distrital de Protección Animal de Bogotá na Colômbia
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
2º lugar – Conselheiro Lafaiete, MG Desde 2006, Conselheiro Lafaiete tem se destacado em seu trabalho de manejo de populações de cães e gatos. Naquele ano, a prefeitura promulgou uma lei de proteção animal que permitiu muitos avanços para os animais da cidade. Em parceria com a organização não governamental ALPA, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Conselheiro Lafaiete realiza campanhas de vacinação, adoção e lar transitório e identificação de animais com microchips, além de eventos sobre bem-estar animal, guarda responsável e controle de zoonoses. Com ações coordenadas, foi possível controlar o avanço de doenças como esporotricose e da leishmaniose visceral canina na cidade. O CCZ da cidade também é responsável por ações de esterilização e resgate de animais em situação de risco, vítimas de maus-tratos e
icam-coalition.org
Inauguração do Centro de Castração do município de Conselheiro Lafaiete, MG
icam-coalition.org
Cerimônia de inauguração da placa placa de reconhecimento Cidade Amiga dos Animais em Conselheiro Lafaiete, MG
aqueles com histórico de agressão a humanos, que passam por um programa de reabilitação para que possam ser adotados. Em média, setenta animais são esterilizados semanalmente no município, atingindo mais de 3.000 castrações anuais, o que representa 10% da população de cães e gatos. Graças a esse controle reprodutivo, Conselheiro Lafaiete registra, desde 2012, uma redução de 60% das solicitações de recolhimento de fêmeas prenhes e ninhadas nas áreas urbanas e de 35% na zona urbana. A conscientização da população contra o abandono de animais e a educação em guarda responsável é feita por meio de varias ações coordenadas, como um programa de rádio, campanhas de televisão e projetos como o “Veterinário Mirim”, “Quem Ama Castra”, “Animal Sente” e “Escola no Parque”. O município também desenvolve ações em uma comunidade Quilombola, onde realiza programas de castração e vacinação anuais. Na cidade mineira, os cães comunitários são reconhecidos, identificados e protegidos pela legislação municipal e fazem parte do cotidiano da cidade. 3º lugar – São Paulo, SP São Paulo é um exemplo de uma grande metrópole que fez grandes avanços no manejo de populações de cães e gatos. Em parceria com clínicas veterinárias credenciadas, organizações não governamentais, organizações da sociedade civil, escolas e unidades móveis de esterilização e educação em saúde, somada à estratégias multidisciplinares e novos protocolos de atuação, a capital paulista tem desenvolvido um trabalho pautado em politicas públicas permanentes e sustentáveis. Em 2001, após décadas de uso de métodos ineficazes e cruéis para controle de animais, a cidade implementou o Programa Permanente de Controle Reprodutivo de Cães e Gatos (PPCRCG), que esteriliza gratuitamente cerca de 100.000 animais todos os anos. A prefeitura também oferece esterilização cirúrgica para animais tutelados por protetores independentes
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
81
tes cadastrados no “Programa de Apoio ao Protetor Independente”, sem limite do número de procedimentos. Os tutores de cães e gatos contam, ainda, com o atendimento clínico e cirúrgico gratuito em dois hospitais veterinários públicos (com previsão de ampliação do serviço) e cinco unidades móveis de esterilização cirúrgica. O serviço é destinado à população carente da cidade. Os animais comunitários estão protegidos na cidade desde 2008 e programas de controle da população de gatos ferais, assim como monitoramento e controle dos animais em áreas de interesse à saúde, foram implementados. Em relação à comunidade, o governo paulistano é pioneiro em questões como guarda responsável na educação infantil, tendo implementado o Projeto Escola Amiga dos Animais. Oferece, também, atendimento a acumuladores de animais por uma equipe interprofissional composta por psicólogos, assistentes sociais, veterinários e outros profissionais. Nas áreas de preservação ambiental e indígenas, a prefeitura realiza o monitoramento, controle reprodutivo de animais, programas de saúde veterinária preventiva e cuidados sanitários dos animais. Criado e coordenado pela Proteção Animal
82
icam-coalition.org
Notícias
Vereador Reginaldo Tripoli, prefeito de São Paulo Bruno Covas e Rosangela Ribeiro Gebara da WAP Brasil
Mundial, o Prêmio Cidade Amiga dos Animais conta com o apoio do Centro Colaborador da OIE em Bem-Estar Animal e dos Sistemas de Produção Pecuária do Chile, Uruguai e México, da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), do Instituto Técnico de Educação e Controle Animal (Itec), do Conselho Federal de Medicina Veterinária e Zootecnia do Brasil (CFMV) e da Associação Mundial de Veterinários de Pequenos Animais (WSAVA). Proteção Animal Mundial www.protecaoanimalmundial.org.br www.worldanimalprotection.org.br/cidade-amiga
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
Incentivo à pesquisa
O 6º Prêmio de Pesquisa PremieRpet® está com inscrições abertas Empresa especialista em alimentos de alta qualidade para cães e gatos, a PremieRpet® realiza investimentos permanentes para a geração de conhecimento na área de nutrição de cães e gatos no Brasil. O Prêmio de Pesquisa PremieRpet® é uma dessas iniciativas, e está com inscrições abertas para sua 6ª edição até 15 de março de 2020. Podem participar profissionais e alunos de graduação e pós-graduação em medicina veterinária e zootecnia, sob a orientação de um profissional da área (livre escolha). Serão contemplados os três primeiros colocados com a melhor revisão bibliográfica, relato de caso ou relato científico sobre nutrição de cães e gatos. “O prêmio chega ao sexto ano em sinergia com um conjunto de ações que envolvem parcerias com universidades, financiamento de pesquisas, realização de eventos científicos como o Simpósio de Clínica Médica e Nutrologia PremieRpet®, investimentos no Centro de Desenvolvimento Nutricional (CDN), no parque fabril da PremieRpet®, e no Centro de Pesquisa em Nutrologia de Cães e Gatos (Cepen Pet), na FMVZ/USP, campus de Pirassununga”, explicou Madalena Spinazzola, diretora de Planejamento Estratégico e Marketing Corporativo da PremieRpet®. “Os fortes investimentos da empresa para fomentar o crescimento da produção científica e promover o estreitamento do vínculo entre as áreas acadêmica, clínica e a indústria vêm gerando resultados efetivos. O ex-diretor da FMVZ/USP, prof. dr. José Antônio Visintin, defende que iniciativas como essa são muito importantes para o desenvolvimento da área. “Considero fundamental a pesquisa acadêmica estar próxima do setor produtivo. Essa proximidade é a melhor coisa do mundo para impulsionar o desenvolvimento”, afirmou. A vencedora do 5º Prêmio de Pesquisa PremieRpet®, Vivian Pedrinelli, médica-veterinária
e doutoranda da FMVZ/USP destacou: “Em um cenário em que a pesquisa no país sofre constantemente preconceito da população e cortes de verbas, iniciativas como essa são essenciais para incentivar o trabalho na área de nutrologia e nutrição de cães e gatos. m Premiação o Os trabalhos inscritos no 6 Prêmio de Pesquisa PremieRpet® serão avaliados por uma comissão julgadora formada por profissionais do Centro de Desenvolvimento Nutricional da PremieRpet® (CDN), além de uma especialista internacional convidada: a dra. Cecilia Villaverde Haro, membro do European College of Veterinary and Comparative Nutrition. A metodologia utilizada garante o anonimato dos candidatos em todas as etapas da avaliação. Serão premiados os três melhores trabalhos, conforme se vê a seguir: • 1º lugar – o autor e o orientador serão contemplados com uma viagem para participar do ACVIM Forum – The American College of Veterinary Internal Medicine 2020, que acontece de 11 a 13 de junho, em Baltimore, Maryland, EUA. • 2º lugar – o autor e o orientador ganharão uma viagem para participar do 41º Congresso Brasileiro da Anclivepa, de 20 a 22 de maio, em Maceió, Alagoas. • 3º lugar – o autor e o orientador ganharão 1 Kindle o e-book Applied Veterinary Clinical Nutrition, de Andrea J. Fascetti e Sean J. Delaney. Os trabalhos ganhadores também serão apresentados no 7º Simpósio de Clínica Médica e Nutrologia PremieRpet® em 2020. O regulamento completo e a ficha de inscrição para o 6º Prêmio de Pesquisa PremieRpet® já estão disponíveis no site www.premierpet. com.br/6premio/. Os resultados serão divulgados no dia 17 de abril de 2020.
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
83
Eventos
4º Encontro Vetnil de Residentes em Medicina Veterinária – apoio e estímulo à carreira profissional O presidente da Comissão Nacional de Residência em Medicina Veterinária (CNRMV/CFMV), Fábio Manhoso, falou em sua palestra sobre o reconhecimento dos programas de residência em medicina veterinária pelo MEC e sobre acreditação e aprimoramento. “Estamos buscando a construção de uma profissão melhor e mais qualificada”, declarou. Nesse ano, Fernando Leandro dos Santos, professor da UFRPE, e Carlos Afonso de Castro Beck, diretor do Hospital das Clínicas Veterinárias da UFRGS, foram os homenageados por sua atuação como médicos-veterinários no desenvolvimento da residência veterinária no Brasil. “A Vetnil tem um papel fundamental no reconhecimento do residente como o transformador dos serviços veterinários. E o encontro de residentes demonstra o compromisso da companhia com o bem-estar dos animais”, destacou Fernando. Para Carlos Beck, além da experiência de ser orientado e supervisionado, há três pilares fundamentais para qualificar os programas de residência em veterinária: a receptoria, os estudos de caso e a infraestrutura. “Compartilho o prêmio com os colegas e todos os professores envolvidos nos programas. É realmente uma iniciativa diferenciada no mercado”, acrescentou. O 4º Encontro de Residentes contou com o apoio do CFMV, CRMV/SP, da Anclivepa Brasil e de SP, da Abraveq, do Sebrae, do MEC, da ABHV e da revista Clínica Veterinária.
n
Divulgação
Divulgação
De 30 de setembro a 2 de outubro, mais de 500 participantes de 70 universidades de vinte estados brasileiros reuniram-se em Itu, interior de São Paulo, para a quarta edição do Encontro Vetnil de Residentes em Medicina Veterinária. O evento, realizado a cada dois anos, busca fomentar o desenvolvimento do residente e aprimorar o mercado, tanto no aspecto técnico quando do negócio. Foram ministradas 52 palestras, com as novidades do setor e temas dos segmentos pet e equinos, e também sobre o mercado veterinário e empreendedorismo. Clínica médica, cirúrgica, nutrição, anestesiologia, diagnóstico por imagem, carreira militar, sucesso na carreira, aspectos do comportamento humano e networking foram alguns dos destaques. Segundo Cristiano de Sá, diretor de marketing e novos negócios da Vetnil, o evento é único na América Latina por reunir conteúdo orientado a negócios e voltado aos residentes. “Recebemos cinco inscritos de outros países nesta edição, e a cada encontro cresce o número de participantes. Queremos incentivar cada vez mais o profissional a dominar aspectos do empreendedorismo, porque muitos optam por ter seu próprio negócio”, destacou o executivo. “Fomentar o aprimoramento profissional e contar com o apoio das principais entidades do setor é fundamental para levar às próximas gerações uma perspectiva de futuro aos residentes por meio de conteúdos relevantes”, conclui Cristiano de Sá.
Da esquerda para a direita, Fábio Manhoso, Cristiano de Sá, Fernando Leandro dos Santos, Carlos Afonso de Castro Beck e Leandro Foglia (Diretor comercial da Vetnil) 84
Participantes do 4º Encontro Vetnil de Residentes em Medicina Veterinária
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
Eventos
Divulgação
Divulgação
86
O Fórum compartilhou os mais recentes conhecimentos científicos sobre obesidade animal
Divulgação
0
as consequências metabólicas e o diagnóstico diferencial da obesidade em cães e gatos; da professora Ceres Faraco, especialista em etologia animal e presidente da Associação Latino-americana de Zoopsiquiatria, que apresentou a palestra “Família, pets e alimentação”; e dos doutores Archivaldo Reche Junior e Pedro Horta, do hospital paulistano 4Cats, o primeiro integralmente dedicado a Ceres Faraco felinos do Brasil, que trataram dos benefícios e desafios de promover práticas do programa Cat Friendly Practice, da American Association of Feline Practitioners, em clínicas veterinárias. “O Fórum reArchivaldo Reche Jr e Pedro Horta força um de nossos propósitos: compartilhar conhecimento científico”, destacou Carolina Padovani, diretora de Assuntos Científicos da Royal Canin® Brasil. “Nosso objetivo é dividir com médicos-veterinários de todo o país as práticas mais inovadoras que estão sendo implementadas ou desenvolvidas por pesquisadores ao redor do mundo”, explicou. Veja o álbum com as fotos no nosso Facebook: http://abre.ai/ royalcanin
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
Divulgação
O número de gatos e cães acima do peso tem crescido de forma alarmante. Estudos realizados em vários países indicam que cerca de 59% dos cães e 52% dos gatos estão com sobrepeso ou obesos e, com isso, sujeitos a doenças como diabetes, problemas articulares e dificuldades respiratórias. Para alertar sobre esse cenário e compartilhar com profissionais veterinários as informações mais recentes sobre o controle dessa epidemia, a Royal Canin ® promoveu a 3ª edição do Fórum Internacional Royal Canin ®, realizado em 27 de outubro no Hilton São Paulo, com a participação de uma das maiores autoridades em obesidade de gatos e cães do mundo, o britânico Alex German, médico-veterinário e professor da Universidade de Liverpool, onde também lidera a Weight Management Clinic. German tem mais de 20 anos de experiência no combate à obesidade animal e trouxe os resultados de recentes pesquisas na área, mostrando para os cerca de 200 veterinários convidados de que maneira podem e devem alertar os tutores sobre o impacto da obesidade na qualidade de vida dos animais. “O que ocorre com os animais Alex German de estimação é parecido com o que acontece conosco”, afirmou o dr. Alex German. “Trabalhar a prevenção ainda é a melhor maneira de promovermos um estilo de vida saudável para gatos e cães. Precisamos concentrar nossos esforços desde a primeira vez em que esses animais vão ao veterinário, ainda quando filhotes, para que a obesidade não se torne uma realidade no futuro”, completa. O evento contou também com a participação da dra. Viviani De Marco, especialista em endocrinologia e presidente da Associação Brasileira de EndocrinoViviani De Marco logia Veterinária, que abordou
Divulgação
3a edição do Fórum Internacional Royal Canin® abordou obesidade de cães e gatos
ClĂnica VeterinĂĄria, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
89
Eventos
O cenário da medicina veterinária vem sendo enriquecido ultimamente pela presença e pela discussão de uma série de temas e novos enfoques envolvendo contradições e paradoxos até hoje pouco abordados de maneira sistemática. Um importante evento nesse sentido foi o 1º Simpósio de Dilemas Éticos na Veterinária, organizado pela Associação de Veterinários Veganos e Vegetarianos e pelo curso de medicina veterinária da Universidade Anhembi Morumbi, realizado no dia 19 de outubro. Foi o primeiro evento do gênero realizado no Brasil, segundo a médica-veterinária cofundadora da associação, Isabelle Tancioni. Entre os temas apresentados estão: “Dilemas éticos na veterinária – Introdução e exemplos” (MV Vania de Fátima Nunes); “O grande paradoxo do ensino da medicina veterinária: promoção de saúde animal e produção animal na mesma grade curricular” (MV Renato S. Pulz); “Qual é o impacto da presença de animais domésticos em áreas de conservação?” (MV Silvia Neri Godoy); “Por que precisamos estudar e entender o comportamento e a cognição animal?” (MV Natalia de Souza Albuquerque); “Dilemas morais e éticos asso-
88
Divulgação
Simpósio sobre dilemas éticos
A discussão de dilemas éticos – fundamental para o desenvolvimento profissional – vem ganhando destaque entre estudantes e profissionais de todo o país p
ciados ao controle da dor, à eutanásia e a outras medidas que podem modificar o destino de animais e tutores” (MV Amanda L. O. do Nascimento); “Como a(o) médica(o)-veterinária(o) pode estreitar o vínculo humano-animal para beneficiar tanto animais quanto humanos” (MV Isabelle Tancioni), “O(A) médico(a)veterinário(a) do coletivo como agente de transformação social: uma visão sobre saúde única” (MV Loren D’Aprile); e “O impacto da seleção artificial em cães e gatos e o papel da(o) médica(o)-veterinária(o) na promoção do bem-estar de animais de raças braquicefálicas” (MV Rosangela R. Gebara).
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
Lançamentos
90
Professores Carlos Eduardo Larsson e Ronaldo Lucas, autografando livros no estande da Editora Interbook
obra é crucial para entender e revisar os tópicos essenciais da medicina cutânea. Ela pode ser consultada na Biblioteca da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ). O Tratado foi incluído na bibliografia da prova de 2017/2018 para obtenção do título de Especialista em Dermatologia Veterinária da ABDV. Em 2020, a ABDV implantará novo processo de outorga deste título a associados há mais de três anos e graduados há pelo menos cinco. Tratado de Medicina Externa
Divulgação
Primeira obra totalmente voltada à dermatologia veterinária em língua portuguesa, o Tratado de medicina externa – dermatologia veterinária (InterBook, 1.216 páginas), dos professores doutores Carlos Eduardo Larsson e Ronaldo Lucas – ambos detentores do título de especialistas em dermatologia veterinária pela Associação Brasileira de Dermatologia Veterinária (ABDV-CFMV) e ex-presidentes da ABDV –, foi lançado em nova edição durante o II Congresso Brasileiro de Dermatologia Veterinária, realizado em outubro de 2019, em Campos de Jordão, SP. Abrangendo praticamente todos os temas da dermatologia veterinária, desde aspectos embrionários e anatômicos do tegumento até propedêutica tegumentar, exames e métodos diagnósticos e as principais dermatopatias, é obra fundamental, rica em descrições clínicas, análises fisiopatológicas e opções terapêuticas. Nesta segunda edição (a primeira é de 2016 e esgotou-se em pouco mais de dois anos), o livro teve aumento de 40% no número de páginas em relação à edição original. São agora 67 capítulos, tratando de forma inovadora a cirurgia dermatológica, dermatopatias de aves, de animais – selvagens, exóticos e silvestres (répteis, furões) –, e dermatopatias neoplásicas, ambientais, pseudofúngicas, algóticas, micóticas intermediárias e profundas e decalvantes, com profusão de imagens de alta qualidade. A frequente ocorrência de dermatopatias no cotidiano da clínica, principalmente em caninos e felinos, torna a dermatologia veterinária uma das especialidades mais praticadas por dermatólogos e clínicos gerais. A presente
SBDV/CBDV
Nova edição do Tratado de medicina externa – dermatologia veterinária, dos professores Carlos Eduardo Larsson e Ronaldo Lucas
Dermatologia Veterinária
Editora Interbook interbookeditorial@uol.com.br
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
q
Gestão
Riqueza no coração traz prosperidade Pixabay
Não importa quantos bens materiais uma pessoa tenha, se não tiver riqueza no coração, ela será pobre. Em outras palavras, dinheiro e riqueza são coisas bem diferentes. Uma pessoa pode ter todos os bens materiais que desejou: casas, carros, produtos caros, roupas, equipamentos de alta tecnologia, etc. Mas se perder a saúde com doenças recorrentes, por exemplo, cedo ou tarde o dinheiro irá acabar, ela terá que vender tudo o que comprou e chegará à conclusão de que todos os seus bens de nada valem em comparação com a saúde. Uma pessoa nessa situação certamente terá uma visão bem diferente a respeito do que é a riqueza. Um empreendedor que não tem riqueza de sentimentos atrai energias negativas e não conseguirá sair da pobreza; terá que acabar lidando com doenças, emoções negativas e com uma intranquilidade anímica, e tudo isso atrai inevitavelmente as mazelas da vida, entre elas a pobreza, além de outros tipos de infelicidade. Um quadro como esse coloca obstáculos à riqueza material e muitas vezes faz a pessoa perder tudo. O empreendedor pobre de sentimentos é guiado por desejos materiais e exteriores, como dinheiro, status, poder e influência. É movido quase exclusivamente pelo desejo de lucrar ou obter vantagem a cada mínima brecha. Por mais bens que acumule, um empreendedor assim nunca sentirá que eles são suficientes. Torna-se alguém perseguido pela matéria. Quem nutre apenas sentimentos associados a dinheiro e coisas materiais passa a vida inteira sem conseguir perceber o verdadeiro valor das coisas. Se um empreendedor é pobre de sentimentos, obcecado apenas pela matéria, ele pode estar num paraíso na Terra, rodeado por uma natureza exuberante, mas dificilmente terá tranquilidade interior para observar aquela bela paisagem e sentir uma real sintonia com ela. Já um empreendedor com riqueza de sentimentos terá sensibilidade para desfrutar das mais variadas delícias e belezas, como as nuances de um nascer do sol ou de um poente, as mudanças das estações,
as belezas naturais. Um empreendedor assim tem riqueza no coração, e isso faz toda a diferença. Ambos podem olhar a mesma paisagem, mas só quem tem o coração rico sabe reconhecer o valor das coisas belas e se nutrir com isso. Empreendedores de coração rico e sentimentos positivos acabam atraindo coisas boas, entre elas a abundância material. Ao deixarem de colocar como prioridade absoluta a obtenção de bens materiais ou dinheiro, abrem o caminho para que essas coisas acabem chegando naturalmente, ou seja, tornam-se pessoas que atraem bênçãos como se fossem imãs. Quem se transforma numa pessoa assim nunca vivencia a pobreza, pois terá se libertado dela. A busca de resultados materiais a partir de necessidades do ego e de querer ser servido pelos outros, o apego excessivo a dinheiro, status, poder e influência, tudo isso deixa o coração pobre e atrai a pobreza material, dando espaço a doenças e ao envelhecimento precoce e mergulhando a pessoa na infelicidade. O foco oposto, isto é, a disponibilidade de servir, a capacidade de desejar a felicidade do próximo (sejam eles clientes, fornecedores ou colaboradores), são atitudes que enriquecem o coração, abrem caminho para a riqueza material e geram saúde e longevidade, ou seja, trazem a felicidade plena. r Celso Morishita Gestor empresarial espiritualista celsomorishita@yahoo.com
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
91
Lançamentos
Vetoquinol lança Sonotix, produto que limpa, hidrata e reequilibra as orelhas dos pets
A solução otológica também auxilia na prevenção das otites
Aliado contra a otite Bastante frequente em cães e gatos, a otite é uma enfermidade caracterizada pela inflamação das orelhas. Pode ter origem em diferentes fatores – como dermatopatias, doenças endócrinas e imunomediadas, con92
formação das orelhas (orelhas pendulares, com pele muito pregueada), excesso de produção de cera e limpeza inadequada, dentre outros – que favorecem a infecção por bactérias, fungos e ácaros. “É importante manter a orelha do pet limpa, hidratada e com o pH equilibrado. Sonotix possui características que promovem a limpeza de forma rápida e profunda, reequilibrando o pH e hidratando a pele, e, dessa forma, contribui para a manutenção da saúde das orelhas, auxiliando na prevenção da otite”, complementa Jaime Dias, médicoveterinário e coordenador técnico da área de animais de companhia da Vetoquinol. Sonotix pode ser utilizado na limpeza de rotina, para manter a saúde das orelhas, e quando o animal já estiver acometido por otite, preparando-as para a utilização do tratamento recomendado pelo médico-veterinário. E também deve ser utilizado após a recuperação do animal, evitando o reaparecimento da doença. Sonotix é oferecido em frasco de 120 mL e limpa em média até 60 orelhas.
Divulgação
A Vetoquinol, uma das 10 maiores empresas de saúde animal do mundo, lança Sonotix, solução otológica para limpeza, hidratação e reequilíbrio das orelhas de cães e gatos. O produto remove o cerume de modo rápido e eficaz, mantém as orelhas saudáveis e neutraliza o odor, devido a sua agradável fragrância de limão. Sonotix tem ação sinérgica de três agentes ceruminolíticos, que promovem a limpeza de forma rápida e profunda. Um deles é o Transcutol ® V, que interfere na integridade do cerume, promovendo o fim do aglomerado. Já a capriloil glicina agiliza o processo de limpeza a partir da emulsão dos debris celulares, enquanto o álcool isopropílico melhora o processo de limpeza ao emulsionar os debris, além de ter propriedade adstringente. Na composição de Sonotix há glicerina e calêndula, ambas com propriedades umectantes e emolientes. Seu pH é neutro, permitindo a limpeza sem agredir a pele do animal. A solução conta também com os lipoácidos UG e C8G, que restauram o pH fisiológico da pele, evitando a formação de biofilme bacteriano, além de hidratar e controlar a produção de sebo. “Sonotix tem ótimo rendimento e apresenta um sistema exclusivo pet friendly, com cânulas aplicadoras rígidas e flexíveis, que facilitam a aplicação”, explica Eliane Estephan, gerente de produtos pet da Vetoquinol.
s
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
Parceiro do mês
Parceiro do mês no site da Clínica Veterinária Para uma aproximação maior e uma interação mais efetiva com todos os nossos parceiros, sejam eles médicos-veterinários, associações, entidades, anunciantes ou pequenas e médias empresas, a revista Clínica Veterinária disponibiliza agora suas páginas, seu blog e seu Facebook para ações focadas na divulgação de seus parceiros. A cada mês, em nosso site (www.revistaclinicaveterinaria.com.br), será destacado um parceiro em especial, com apresentação de informações, vídeos e outros recursos úteis para criar maior sinergia e enfatizar a presença desse parceiro no nosso ambiente de mídia. Nesta edição, o destaque é para o Núcleo de Aperfeiçoamento em Ultrassonografia Veterinária (Naus) – http://naus.vet.br/sobre-nos/. O Naus foi idealizado e fundado em 2015 por Cibele Figueira de Carvalho, médica-veterinária (CRMV-SP 6.057), mestre, doutora e pós-doutora em diagnóstico por imagem, diplomada pelo Colégio Brasileiro de Radiologia Veterinária, com experiência de mais de 30 anos na área e reconhecida internacionalmente. Como diretora-executiva da empresa, a dra.
Site da revista (www.revistaclinicaveterinaria.com.br) com o video do parceiro do mês – http://www.youtube. com/c/NAUSCibeleCarvalho 94
Cibele posiciona o Naus como um centro de serviço e ensino de excelência na área da ultrassonografia veterinária. A missão do Naus é compartilhar conhecimento e proporcionar aos médicos-veterinários a ampliação de suas perspectivas profissionais, com métodos didáticos eficientes em seus cursos e empregando meios de grande alcance, como as mídias sociais. Confira o facebook do Naus (https://www. facebook.com/NAUSVET/), seu Instagram (https://www.instagram.com/ultrassonografia_ veterinaria/) e o canal Naus no Youtube (http:// www.youtube.com/c/NAUSCibeleCarvalho). Nosso blog (revistaclinicaveterinaria.com.br/ blog/naus) e nossas redes sociais também trazem links para textos e vídeos do Naus. Os profissionais do Naus estão sempre atentos à atualização científica e tecnológica trazida por eventos nacionais e internacionais, e compartilham com seus alunos as principais tendências e inovações conceituais. Oferecem cursos presenciais (http://naus.vet.br/calendario/) voltados à formação, ao aperfeiçoamento e à atualização por meio de aulas teóricas e práticas sequenciais, com profissionais de renome internacional, para alunos de todos os níveis. As aulas teórico-práticas incluem instrumentação, técnica de varredura, revisão de casos clínicos e atualização do conhecimento. Como modalidade de ensino presencial, o Naus oferece também treinamentos práticos (http://naus.vet. br/treinamento/) sobre as principais aplicações das técnicas ultrassonográficas, supervisionados por preceptores e professores da equipe. O Naus também tem um segmento de ensino a distância, com cursos online (http://naus.vet.br/ cursos-online/) de aperfeiçoamento e atualização. Todos os seus programas de ensino têm equivalência em aprimoramento profissional, portanto destinam-se a fins não acadêmicos, não conferindo título de especialização, nem são reconhecidos como residência médica.
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
ClĂnica VeterinĂĄria, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
93
Vet agenda Animais selvagens
Clínica
6 a 10 de novembro
23 e 24 de novembro
Curso de Ultrassonografia Abdominal Doppler http://bit.ly/2WUQZeC
XVIII Congresso Brasileiro de Primatologia - Educando Primatas http://www.cbprimatologia2019.com.br/
Emergência em Pequenos Animais Intensivo http://bit.ly/2HBUrUW
25 a 29 de novembro
Teresópolis, RJ
9 e 10 de novembro
Rio de Janeiro, RJ
Animais Silvestres e Exóticos - Clínica Médica - 100% Prático http://bit.ly/2HAGVBe
Porto Alegre, RS
29 de novembro a 1 de dezembro
Jaboticabal, SP
2º Curso Avançado de Emergência e Intensivismo Direcionado à Rotina do Plantão
São Paulo, SP
Capacitação Em Ultrassonografia Abdominal – Big Five http://bit.ly/2HwAuz5 3 a 6 de dezembro
São Paulo, SP
Cirurgias de Rotina em Animais Silvestres e Exóticos http://bit.ly/2HAGVBe
6 a 8 de dezembro
Capacitação em Ultrassonografia Abdominal Small Parts I (Sistema Reprodutor, Pâncreas e Adrenais) http://bit.ly/2ZJdJOy
23 e 24 de novembro
Intensivo de Emergência e Urgência em Pequenos Animais
http://bit.ly/2Cp3iGz
Início em 4 de fevereiro
http://bit.ly/2NcPiYY
9 e 10 de novembro
Rio de Janeiro, RJ
Rio de Janeiro, RJ
São Paulo, SP
Odontologia de Rotina de Animais Silvestres e Exóticos http://bit.ly/2Zwh5IP 18 e 19 de janeiro
2020
São Paulo, SP
Cirurgia de Tecidos Moles e Ortopedia em Aves Silvestres e Exóticas http://bit.ly/2HBEbDA 7 e 8 de março
2020
25 de janeiro
Olinda, PE
Curso de Ultrassonografia Oftálmica http://bit.ly/34KRgDL
2020
Rio de Janeiro, RJ
Curso de especialização em Gestão de Risco de Emergências e Desastres em Saúde Pública http://bit.ly/2PAuPym
Doenças infecciosas
28 de fevereiro
9 e 10 de novembro
Ultrassonografia Abdominal de Cães e Gatos http://bit.ly/32yGUFj
XX Simpósio Internacional de Leishmaniose http://brasileish.com.br/
Olinda, PE
São Paulo, SP
18 de abril
São Paulo, SP
Fisioterapia
Olinda, PE
Intensivo em Anestesiologia em Selvagens e Exóticos http://bit.ly/2LgwSSO
Curso de Ultrassonografia em Animais Não-Convencionais http://bit.ly/2K6y0ZA
27 e 28 de março
Cirurgia
São Paulo, SP
Oftalmologia em Animais Silvestres e Exóticos http://bit.ly/2Q4JBvJ
Anestesiologia
30 de novembro a 1 de dezembro
São Paulo, SP
Anestesia de Pequenos Animais - TIVA, PIVA e Ventilação Mecânica http://bit.ly/2ZCm1M6
São Paulo, SP
Técnica e Clínica Cirúrgica do Trato Urinário http://bit.ly/tratourinario 6 e 7 de dezembro
São Paulo, SP
Hastes e placas bloqueadas http://www.cipo.vet.br/ 6 a 8 de dezembro
Intensivo em Anestesiologia de Aves https://cursos.vet.br/cursos/intensivoem-anestesiologia-de-aves/saopaulo/1036
Intensivo de Emergência e Urgência em Pequenos Animais http://bit.ly/2Cp3iGz
Cardiologia
Salvador, BA
Diagnóstico por Imagem
2020
São Paulo, SP
XV Curso Intensivo em Fisioterapia Veterinária https://fisiocarepet.com.br/cursos/
11 a 14 de novembro
7 e 8 de dezembro
São Paulo, SP
13 a 15 de dezembro
2020
8 e 9 de fevereiro e 14 e 15 de março
São Paulo, SP
Curso de Liberação Miofascial Veterinária - Pequenos Animais http://quirotherapy.com/cursos-2/
Medicina veterinária de desastres 2020
Início em 4 de fevereiro
Rio de Janeiro, RJ
Curso de especialização em Gestão de Risco de Emergências e Desastres em Saúde Pública http://bit.ly/2PAuPym
Medicina veterinária integrativa
Início em fevereiro
4 e 5 de novembro
Curso de Especialização em Cardiologia Veterinária https://anclivepa-sp.com.br/2015/ educacao/cursos/especializacao/ cardiologia/
Ultrassonografia em Emergências http://bit.ly/32fLnx2
15 de novembro
23 de novembro
Curso de Ozonioterapia Veterinária http://bit.ly/33AS6CI
São Paulo, SP
São Paulo, SP
Olinda, PE
Olinda, PE
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
95
ClĂnica VeterinĂĄria, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
97
Vet agenda 15 de novembro
Porto Alegre, RS
Curso de Capacitação de Ozonioterapia em Cães e Gatos https://www.cursosveterinarios.org/
2020
1 a 3 de maio
Oftalmologia
7 e 8 de dezembro
São Caetano do Sul, SP
9 e 10 de novembro
Intensivo em Medicina de Felinos II http://bit.ly/2LcYpFP
São Paulo, SP
Oftalmologia em Pequenos Animais: Retina, Vítreo e Neuro-oftalmologia http://bit.ly/2PuIfvD
Medicina veterinária do coletivo
Odontologia
23 de novembro
5 e 6 de novembro
São Paulo, SP
Botucatu, SP
Belo Horizonte, MG
2° Simpósio de Medicina Veterinária do Coletivo https://www.facebook.com/coletivet
XI Congresso Brasileiro de Acupuntura Veterinária http://www.abravet.com.br/
1° Simpósio Mineiro de Odontologia Veterinária https://www.facebook. com/1osimovbh
23 de novembro
Medicina felina
Goiânia, GO
23 e 24 de novembro
1° Seminário sobre Javalis: a análise do invasor http://www.crmvgo.org.br/site/
9 e 10 de novembro
Balneário Camboriú, SC
III Simpósio Sul Brasileiro de Felinos https://goo.gl/cC3wqD
São Paulo, SP
Odontologia de Rotina de Animais Silvestres e Exóticos http://bit.ly/2Zwh5IP
Nutrição
4 a 11 de outubro
30 de novembro a 1 de dezembro
VIII Simpósio Sobre Nutrição Clínica de Cães e Gatos http://bit.ly/2FwGZAS
Curso de Aperfeiçoamento em Odontologia Veterinária odontologiaveterinariaufpr@gmail.com
Curitiba, PR
Jaboticabal, SP
30 de novembro
São Paulo, SP
I Simpósio de Felinos GEFEL UAM gefeluam@gmail.com
PREMIAÇÃO
(PARA ORIENTADO E ORIENTADOR)
1
LUGAR
2
LUGAR
MARÇO ABRIL 15 2020 17 2020
3
LUGAR
premio@premierpet.com.br
Sean J. Delaney.
O Prêmio vai contemplar a melhor revisão bibliográ�ca, relato de caso ou relato cientí�co sobre nutrição de cães e gatos. Podem participar alunos de graduação, pós-graduação em medicina veterinária ou zootecnia e pro�ssionais da área, sob a orientação de um pro�ssional de livre escolha de cada candidato.
CRONOGRAMA INSCRIÇÕES ABERTAS ATÉ Até 23h59 (horário de Brasília)
+ INFORMAÇÕES premierpet.com.br
96
RESULTADO
Divulgado no site da PremieRpet®
ACVIM Forum - The American College of Veterinary Internal Medicine 2020 Baltimore, Maryland, nos Estados Unidos. (Inscrição, Passagem Aérea, Hospedagem, Transporte e Alimentação).
41º Congresso Brasileiro da Anclivepa Maceió/AL (Inscrição, Passagem Aérea, Hospedagem, Transporte e Alimentação).
1 Kindle + 1 e-book Applied Veterinary
REGULAMENTO
www.premierpet.com.br/6premio
Clinical Nutrition - Andrea J. Fascetti e
premierpet
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
premierpet
Vet agenda Ortopedia
educacao/cursos/especializacao/ nutrologia-de-caes-e-gatos/
8 e 9 de novembro
Porto Alegre, RS
Simpósio de Fisioterapia e Reabilitação em Pequenos Animais da UFRGS http://www.ufrgs.br/hcv/siorpa2012/ site/?page_id=24
Semanas acadêmicas 2020
28 e 29 de março, 4 a 9 de abril
São Paulo, SP
Oncologia
23 de novembro
São Paulo, SP
1º Simpósio de Oncologia Veterinária geonco.anhembi@gmail.com
2020
XXX Semana Acadêmica de Medicina Veterinária (Sacavet) - FMVZ/USP
Araçatuba, SP
São Paulo, SP
Curso de Especialização - Oncologia http://bit.ly/2PxxBUW
Pós-graduação
Fevereiro de 2020 a dezembro de 2021
XXVI Semana de Estudos em Medicina Veterinária (SEMEV - FMVA)
semev.fmva@unesp.br
Traumatologia
São Paulo, SP
19 e 20 de novembro
https://anclivepa-sp.com.br/2015/
Simpósio de Trauma da FMVZ USP Cursosanestfmvzusp@gmail.com
Curso de Especialização (pós-graduação lato sensu) em Nutrologia de Cães e Gatos
98
Rio de Janeiro, RJ Anclivepa Rio Vet
http://riovet.rio.br/
São Paulo, SP
t
28 e 29 de novembro
Recife, PE 3a Petnor
https://www.feirapetnor.com.br/
Agenda internacional
http://sacavet.com.br/ 14 a 17 de maio
Início em fevereiro
Feiras & Congressos
19 a 21 de novembro
19 a 22 de março
2020
Tóquio, Japão
World Veterinary Cancer Congress https://www.wvcc2020.com/ 26 a 29 de março
Tóquio, Japão
2020 Annual Conference of the Veterinary Cancer Society (VCS) http://vetcancersociety.org vetcancersociety@yahoo.com
Clínica Veterinária, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
ClĂnica VeterinĂĄria, Ano XXIV, n. 143, novembro/dezembro, 2019
99