Revista de educação continuada do clínico veterinário de pequenos animais
WSAVA
Recomendações sobre vacinação para médicos-veterinários de pequenos animais da América Latina
Saúde pública Consumo de carnes de animais exóticos
MVC
Acelerando as adoções com menos devoluções Aumento de adoção de animais na pandemia
Indexada no Web of Science – Zoological Record, no Latindex e no CAB Abstracts www.revistaclinicaveterinaria.com.br
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Clínica Veterinária, Ano XXV, n. 148, setembro/outubro, 2020
Clínica Veterinária, Ano XXV, n. 148, setembro/outubro, 2020
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Índice Editora Maria Angela Sanches Fessel cvredacao@editoraguara.com.br CRMV-SP 10.159 - www.crmvsp.gov.br Publicidade Alexandre Corazza Curti midia@editoraguara.com.br
Edição especial WSAVA – Diretrizes vacinais
Recomendações sobre vacinação para médicos-veterinários de pequenos animais da América Latina
Editoração eletrônica Editora Guará Ltda. Suporte de TI Natan Inacio Chaves mkt2edguara@gmail.com
Um resumo do relatório do Grupo de Diretrizes de Vacinação da WSAVA
Gerente administrativo Antonio Roberto Sanches admedguara@gmail.com Capa Gato malhado sobre uma árvore shutterstock Sari ONeal
Clínica Veterinária é uma revista técnico-científica bimestral, dirigida aos clínicos veterinários de pequenos animais, estudantes e professores de medicina veterinária, publicada pela Editora Guará Ltda. As opiniões em artigos assinados não são necessariamente compartilhadas pelos editores. Os conteúdos dos anúncios veiculados são de total responsabilidade dos anunciantes. Não é permitida a reprodução parcial ou total do conteúdo desta publicação sem a prévia autorização da editora. A responsabilidade de qualquer terapêutica prescrita é de quem a prescreve. A perícia e a experiência profissional de cada um são fatores determinantes para a condução dos possíveis tratamentos para cada caso. Os editores não podem se responsabilizar pelo abuso ou má aplicação do conteúdo da revista Clínica Veterinária. 06713-250, Cotia, SP, Brasil Central de assinaturas: (11) 98250-0016 cvassinaturas@editoraguara.com.br Gráfica Gráfica e Editora Pifferprint Ltda.
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Conteúdo editorial Medicina veterinária do coletivo Acelerando as adoções com 12 menos devoluções
Aumento de adoção de animais na pandemia
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Consumo de carnes de animais exóticos
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Saúde Pública
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Eventos VII Master Minds Inovet Road via web
Royal Canin® expande 88 seu portfólio de alimentos para cães de raça
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Ecologia Década das Nações 84 Unidas da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável (2021-2030)
Lançamentos
Tecnologia da informação Impressão 3D na medicina veterinária
90
Um novo estilo de vida
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Gestão
PremieRpet® apresenta 86 a linha PremieR Nattu
Vet agenda Com nanotecnologia, Ourofino entra no mercado de dermocosméticos para pets
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Cursos, palestras, 96 semanas acadêmicas, simpósios, workshops, congressos, em todo território nacional e por todo o planeta
Crédito das imagens easter eggs ao longo desta edição a - Dobermaraner - p. 6 b - Smit - p. 26 c - Michal Ninger - p. 32 d - Khoroshunova Olga- p. 33 e - Kris Wiktor - p. 35 f - Andrey Ezhov- p. 41 g - Sanit Fuangnakhon - p. 42 h - Labrador Photo Video - p. 43 i - VKarlovv - p. 44
j - Mr. Suttipon Yakhan - p. 46 k - Vlad Ageshin - p. 50 l - Lenkadan - p. 52 m - Ksenia Raykova - p. 54 n - Rikur B - p. 56 o - padu_foto - p. 60 p - Peter Kunasz - p. 62 q - Blanscape - p. 64
r - Tafeya - p. 65 s - Tony Campbell - p. 66 t - Lenkadan - p. 69 u - Oral Zirek - p. 70 v - Volodymyr Burdiak - p. 72 w - Kamonrat - p. 74 x - Alexander A Kochkinv - p. 85 y - L.F - p. 87 z - 9GAG - p. 91
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Apresentamos uma edição especial com um resumo especialmente voltado para o Brasil sobre as diretrizes vacinais da World Small Animal Veterinary Association – WSAVA (Associação Mundial de Veterinários de Pequenos Animais) para a América Latina. O intuito de publicar este resumo em parceria com a WSAVA é oferecer a todos os profissionais de medicina veterinária de nosso país a oportunidade de conhecer as orientações mundiais dessa entidade e compará-las com a realidade latino-americana – e em especial com a brasileira. Apenas uma minoria de médicos-veterinários no Brasil acessa regularmente revistas científicas internacionais, bem como os documentos disponibilizados no site da WSAVA. Por essa razão, a revista Clínica Veterinária, em parceria com o Vaccination Guidelines Group (VGG – Grupo de Diretrizes de Vacinação da WSAVA), está dando grande destaque nesta edição a um resumo dessas “Recomendações sobre a Vacinação para médicos-veterinários de pequenos animais na América Latina”. Vale a pena a leitura. Estar informado sobre as diferentes realidades da vacinação ao redor do mundo é essencial para podermos discutir soluções e melhorar cada vez mais a qualidade dos serviços prestados à população. A comparação entre a nossa realidade e a dos demais países em relação à vacinação permitirá fazer escolhas mais conscientes e éticas, e elevar o padrão do atendimento médico-veterinário. Unindo esforços, os profissionais, as entidades de classe, as empresas do setor e os legisladores poderão encontrar juntos novas soluções para enfrentar os cenários das diversas doenças infecciosas passíveis de prevenção com o uso de vacinas. A medicina veterinária de pequenos animais caminha ao lado da saúde pública e do controle de zoonoses, entre as quais as que procedem da relação com animais silvestres têm se mostrado graves e de difícil controle. Leishmaniose, febre amarela, coronaviroses, entre tantas outras, refletem a falta de cuidados com a natureza e o despreparo geral da população humana em se relacionar com o ambiente e as demais espécies. A situação ecológica planetária vem se deteriorando a uma velocidade assustadora, e ainda assim muitos seres humanos se recusam a aceitar nossa imensa responsabilidade nessa questão. A água potável já é um luxo para uma imensa parcela da população humana e animal do planeta. O ar puro também. Alimentos de boa qualidade, terra agriculturável e tantos outros recursos que nosso planeta nos oferece continuam sendo desperdiçados de modo egoísta e irresponsável, como se uma possível disponibilidade de outro planeta habitável fosse algo mais do que uma projeção ilusória. Apesar de décadas de esforços de uma grande parcela de cientistas e de pessoas esclarecidas, a destruição do meio ambiente segue em alta velocidade, da Amazônia aos desertos do Afeganistão, da Groenlândia às geleiras da Antártida. Reconhecendo o papel crucial dos oceanos como grandes reguladores do clima, as Nações Unidas declararam de 2021 a 2030 a Década Internacional da Oceanografia para o Desenvolvimento Sustentável. Nesta edição, dedicamos uma matéria a essa iniciativa, que visa ampliar a cooperação internacional em pesquisa para promover a preservação dos oceanos e a gestão dos recursos naturais de zonas costeiras, buscando estimular a pesquisa e superar as imensas lacunas de conhecimento a respeito deles. Aprofundar nossos conhecimentos acerca dos oceanos, imensa fonte de vida do planeta, pode nos auxiliar no aprendizado sobre preservação ambiental que nossa espécie tanto precisa desenvolver. . Maria Angela Sanches Fessel CRMV-SP 10.159 6 6
Clínica Clínica Veterinária, Veterinária, AnoAno XXV, XXV, n. 148, n. 148, setembro/outubro, setembro/outubro, 2020 2020
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Fabiano Séllos Costa DMV/UFRPE Fabio Otero Ascol IB/UFF Fabricio Lorenzini FAMi Felipe A. Ruiz Sueiro Vetpet Fernando C. Maiorino Fejal/CESMAC/FCBS Fernando de Biasi DCV/CCA/UEL Fernando Ferreira FMVZ/USP-São Paulo Filipe Dantas-Torres IAM/Fiocruz Flávia R. R. Mazzo Provet Flavia Toledo Univ. Estácio de Sá Flavio Massone FMVZ/Unesp-Botucatu Francisco E. S. Vilardo Criadouro Ilha dos Porcos Francisco J. Teixeira N. FMVZ/Unesp-Botucatu F. Marlon C. Feijo Ufersa Franz Naoki Yoshitoshi Provet Gabriela Pidal FCV/UBA Gabrielle Coelho Freitas UFFS-Realeza Geovanni D. Cassali ICB/UFMG Geraldo M. da Costa DMV/UFLA Gerson Barreto Mourão Esalq/USP Hector Daniel Herrera FCV/UBA Hector Mario Gomez EMV/FERN/UAB Hélio Autran de Moraes Oregon S. U. Hélio Langoni FMVZ/Unesp-Botucatu Heloisa J. M. de Souza FMV/UFRRJ Herbert Lima Corrêa Odontovet Iara Levino dos Santos Koala H. A. e Inst. Dog Bakery Iaskara Saldanha Lab. Badiglian Idael C. A. Santa Rosa UFLA Ismar Araújo de Moraes IB/UFF
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Jairo Barreras FioCruz James N. B. M. Andrade FMV/UTP Jane Megid FMVZ/Unesp-Botucatu Janis R. M. Gonzalez FMV/UEL Jean Carlos R. Silva UFRPE, IBMC-Triade João G. Padilha Filho FCAV/Unesp-Jaboticabal João Luiz H. Faccini UFRRJ João Pedro A. Neto UAM Jonathan Ferreira Odontovet Jorge Guerrero Univ. da Pennsylvania José de Alvarenga FMVZ/USP Jose Fernando Ibañez FALM/UENP José Luiz Laus FCAV/Unesp-Jaboticabal José Ricardo Pachaly Unipar José Roberto Kfoury Jr. FMVZ/USP Juan Carlos Troiano FCV/UBA Juliana Brondani FMVZ/Unesp-Botucatu Juliana Werner Lab. Werner e Werner Julio C. C. Veado FMVZ/UFMG Julio Cesar de Freitas UEL Karin Werther FCAV/Unesp-Jaboticabal Leonardo D. da Costa Lab&Vet Leonardo Pinto Brandão Ceva Saúde Animal Leucio Alves FMV/UFRPE Luciana Torres FMVZ/USP-São Paulo Lucy M. R. de Muniz FMVZ/Unesp-Botucatu Luiz Carlos Vulcano FMVZ/Unesp-Botucatu Luiz Henrique Machado FMVZ/Unesp-Botucatu Marcello Otake Sato Dokkyo Medical University Marcelo Bahia Labruna FMVZ/USP-São Paulo
Marcelo de C. Pereira FMVZ/USP-São Paulo Marcelo Faustino FMVZ/USP-São Paulo Marcelo S. Gomes Zoo SBC,SP Marcia Kahvegian FMVZ/USP-São Paulo Márcia Marques Jericó UAM e Unisa Marcia M. Kogika FMVZ/USP-São Paulo Marcio B. Castro UNB Marcio Brunetto FMVZ/USP-Pirassununga Marcio Dentello Lustoza Virbac Brasil Márcio Garcia Ribeiro FMVZ/Unesp-Botucatu Marco Antonio Gioso FMVZ/USP-São Paulo Marconi R. de Farias PUC-PR Maria Cecilia R. Luvizotto CMV/Unesp-Araçatuba Maria Cristina Nobre FMV/UFF M. de Lourdes E. Faria VCA/Sepah Maria Isabel M. Martins DCV/CCA/UEL M. Jaqueline Mamprim FMVZ/Unesp-Botucatu Maria Lúcia Z. Dagli FMVZ/USP-São Paulo Marion B. de Koivisto CMV/Unesp-Araçatuba Marta Brito FMVZ/USP-São Paulo Mary Marcondes CMV/Unesp-Araçatuba Masao Iwasaki FMVZ/USP-São Paulo Mauro J. Lahm Cardoso Falm/Uenp
Mauro Lantzman Psicologia PUC-SP Michele A. F. A. Venturini Odontovet Michiko Sakate FMVZ/Unesp-Botucatu Miriam Siliane Batista FMV/UEL Moacir S. de Lacerda Uniube Monica Vicky Bahr Arias FMV/UEL Nadia Almosny FMV/UFF Natália C. C. A. Fernandes Instituto Adolfo Lutz Nayro X. Alencar FMV/UFF Nei Moreira CMV/UFPR Nelida Gomez FCV/UBA Nilson R. Benites FMVZ/USP-São Paulo Nobuko Kasai FMVZ/USP-São Paulo Noeme Sousa Rocha FMV/Unesp-Botucatu Norma V. Labarthe FMV/UFFe FioCruz Patricia C. B. B. Braga FMVZ/USP-Leste Patrícia Mendes Pereira DCV/CCA/UEL Paulo Anselmo Zoo de Campinas Paulo César Maiorka FMVZ/USP-São Paulo Paulo Iamaguti FMVZ/Unesp-Botucatu Paulo S. Salzo Unimes, Uniban Paulo Sérgio M. Barros FMVZ/USP-São Paulo Pedro Germano FSP/USP
Pedro Luiz Camargo DCV/CCA/UEL Rafael Almeida Fighera FMV/UFSM Rafael Costa Jorge Hovet Pompéia Regina Ruckert Ramadinha IV/UFRRJ / Animalia/Pet Care Renata A. Sermarini Esalq/USP Renata Afonso Sobral Onco Cane Veterinária Renata Navarro Cassu Unoeste-Pres. Prudente Renée Laufer Amorim FMVZ/Unesp-Botucatu Ricardo Duarte All Care Vet / FMU Ricardo G. D’O. C. Vilani UFPR Ricardo S. Vasconcellos CAV/Udesc Rita de Cassia Garcia FMV/UFPR Rita de Cassia Meneses IV/UFRRJ Rita Leal Paixão FMV/UFF Robson F. Giglio H. Cães e Gatos; Unicsul Rodrigo Gonzalez FMV/Anhembi-Morumbi Rodrigo Mannarino FMVZ/Unesp-Botucatu Rodrigo Teixeira Zoo de Sorocaba Ronaldo C. da Costa Ohio State University Ronaldo G. Morato CENAP/ICMBio Rosângela de O. Alves EV/UFG Rute C. A. de Souza UFRPE/UAG Ruthnéa A. L. Muzzi DMV/UFLA
Sady Alexis C. Valdes Unipam-Patos de Minas Sheila Canavese Rahal FMVZ/Unesp-Botucatu Silvia E. Crusco UNIP/SP Silvia Neri Godoy ICMBio/Cenap Silvia R. G. Cortopassi FMVZ/USP-São Paulo Silvia R. R. Lucas FMVZ/USP-São Paulo Silvio A. Vasconcellos FMVZ/USP-São Paulo Silvio Luis P. de Souza FMVZ/USP, UAM Simone Gonçalves Hemovet/Unisa Stelio Pacca L. Luna FMVZ/Unesp-Botucatu Tiago A. de Oliveira UEPB Tilde R. Froes Paiva FMV/UFPR Valéria Ruoppolo I. Fund for Animal Welfare Vamilton Santarém Unoeste Vania de F. P. Nunes FNPDA e Itec Vania M. V. Machado FMVZ/Unesp-Botucatu Victor Castillo FCV/UBA Vitor Marcio Ribeiro PUC-MG Viviani de Marco UNISA e NAYA Wagner S. Ushikoshi UNISA e CREUPI Zalmir S. Cubas Itaipu Binacional
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Instruções aos autores
A
Clínica Veterinária publica artigos científicos inéditos, de três tipos: trabalhos de pesquisa, relatos de caso e revisões de literatura. Embora todos tenham sua importância, nos trabalhos de pesquisa, o ineditismo encontra maior campo de expressão, e como ele é um fator decisivo no âmbito científico, estes trabalhos são geralmente mais valorizados. Todos os artigos enviados à redação são primeiro avaliados pela equipe editorial e, após essa avaliação inicial, encaminhados aos consultores científicos. Nessas duas instâncias, decide-se a conveniência ou não da publicação, de forma integral ou parcial, e encaminham-se ao autores sugestões e eventuais correções. Trabalhos de pesquisa são utilizados para apresentar resultados, discussões e conclusões de pesquisadores que exploram fenômenos ainda não completamente conhecidos ou estudados. Nesses trabalhos, o bem-estar animal deve sempre receber atenção especial. Relatos de casos são utilizados para a apresentação de casos de interesse, quer seja pela raridade, evolução inusitada ou técnicas especiais. Devem incluir uma pesquisa bibliográfica profunda sobre o assunto (no mínimo 30 referências) e conter uma discussão detalhada dos achados e conclusões do relato à luz dessa pesquisa. A pesquisa bibliográfica deve apresentar no máximo 15% de seu conteúdo provenientes de livros, e no máximo 20% de artigos com mais de cinco anos de publicação. Revisões são utilizadas para o estudo aprofundado de informações atuais referentes a um determinado assunto, a partir da análise criteriosa dos trabalhos de pesquisadores de todo o meio científico, publicados em periódicos de qualidade reconhecida. As revisões deverão apresentar pesquisa de, no mínimo, 60 referências provadamente consultadas. Uma revisão deve apresentar no máximo 15% de seu conteúdo provenientes de livros, e no máximo 20% de artigos com mais de cinco anos de publicação. Critérios editoriais Enviar por e-mail (cvredacao@editoraguara. com.br) ou pelo site da revista (https:// revistaclinicaveterinaria.com.br/blog/editorial/ publique-na-revista/) um arquivo texto (.doc) com o trabalho, acompanhado de imagens digitalizadas em formato .jpg . As imagens digitalizadas devem ter, no mínimo, resolução de 300 dpi na largura 10
de 9 cm. Se os autores não possuírem imagens digitalizadas, devem encaminhar pelo correio ao nosso departamento de re da ção cópias das imagens originais (fotos, slides ou ilustrações – acompanhadas de identificação de propriedade e autor). Devem ser enviadas também a identificação de todos os autores do trabalho (nome completo por extenso, RG, CPF, endereço residencial com cep, telefones e e-mail) e uma foto 3x4 de rosto de cada um dos autores. Além dos nomes completos, devem ser informadas as instituições às quais os autores estejam vinculados, bem como seus títulos no momento em que o trabalho foi escrito. Os autores devem ser relacionados na seguinte ordem: primeiro, o autor principal, seguido do orientador e, por fim, os colaboradores, em sequência decrescente de participação. Sugere-se como máximo seis autores. O primeiro autor deve necessariamente ter diploma de graduação em medicina veterinária. Todos os artigos, independentemente da sua categoria, devem ser redigidos em língua portuguesa e acompanhados de versões em língua inglesa e espanhola de: título, resumo (de 700 a 800 caracteres) e unitermos (3 a 6). Os títulos devem ser claros e grafados em letras minúsculas – somente a primeira letra da primeira palavra deve ser grafada em letra maiúscula. Os resumos devem ressaltar o objetivo, o método, os resultados e as conclusões, de forma concisa, dos pontos relevantes do trabalho apresentado. Os unitermos não devem constar do título. Devem ser dispostos do mais abrangente para o mais específico (eg, “cães, cirurgias, abcessos, próstata). Verificar se os unitermos escolhidos constam dos “Descritores em Ciências de Saúde” da Bireme (http://decs.bvs.br). Revisões de literatura não devem apresentar o subtítulo “Conclusões”. Sugere-se “Considerações finais”. Não há especificação para a quantidade de páginas, dependendo esta do conteúdo explorado. Os assuntos devem ser abordados com objetividade e clareza, visando o público leitor – o clínico veterinário de pequenos animais. Utilizar fonte arial tamanho 12, espaço simples e uma única coluna. As margens superior, inferior e laterais devem apresentar até 3 cm. Não deixar linhas em branco ao longo do texto, entre títulos, após subtítulos e entre as referências. Imagens como fotos, tabelas, gráficos e ilustrações não podem ser cópias da literatura, mesmo que seja indicada a fonte. Devem ser
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utilizadas imagens originais dos próprios autores. Imagens fotográficas devem possuir indicação do fotógrafo e proprietário; e quando cedidas por terceiros, deverão ser obrigatoriamente acompanhadas de autorização para publicação e cessão de direitos para a Editora Guará (fornecida pela Editora Guará). Quadros, tabelas, fotos, desenhos, gráficos deverão ser denominados figuras e numerados por ordem de aparecimento das respectivas chamadas no texto. Imagens de microscopia devem ser sempre acompanhadas de barra de tamanho e nas legendas devem constar as objetivas utilizadas. As legendas devem fazer parte do arquivo de texto e cada imagem deve ser nomeada com o número da respectiva figura. As legendas devem ser autoexplicativas. Não citar comentários que constem das introduções de trabalhos de pesquisa para não incorrer em apuds. Sempre buscar pelas referências originais. O texto do autor original deve ser respeitado, utilizando-se exclusivamente os resultados e, principalmente, as conclusões dos trabalhos. Quando uma informação tiver sido localizada em diversas fontes, deve-se citar apenas o autor mais antigo como referência para essa informação, evitando a desproporção entre o conteúdo e o número de referências por frases. As referências serão indicadas ao longo do texto apenas por números sobrescritos ao texto, que corresponderão à listagem ao final do artigo – autores e datas não devem ser citados no texto. Esses números sobrescritos devem ser dispostos em ordem crescente, seguindo a ordem de aparecimento no texto, e separados apenas por vírgulas (sem espaços). Quando houver mais de dois números em sequência, utilizar apenas hífen (-) entre o primeiro e o último dessa sequência, por exemplo cão 1,6-10,13. A apresentação das referências ao final do artigo deve seguir as normas atuais da ABNT 2002 (NBR 10520). Utilizar o formato v. para volume, n. para número e p. para página. Não utilizar “et al” – todos os autores devem ser relacionados. Não abreviar títulos de periódicos. Sempre utilizar as edições atuais de livros – edições anteriores não devem ser utilizadas. Todos os livros devem apresentar informações do capítulo consultado, que são: nome dos autores, nome do capítulo e páginas do capítulo. Quando mais de um capítulo for utilizado, cada capítulo deverá ser considerado uma
referência específica. Não serão aceitos apuds nem revisões de literatura (Citação direta ou indireta de um autor a cuja obra não se teve acesso direto. É a citação de “segunda mão”. Utiliza-se a expressão apud, que significa “citado por”. Deve ser empregada apenas quando o acesso à obra original for impossível, pois esse tipo de citação compromete a credibilidade do trabalho). Somente autores de trabalhos originais devem ser citados, e nunca de revisões. É preciso ser ético pois os créditos são daqueles que fizeram os trabalhos originais. A exceção será somente para literatura não localizada e obras antigas de difícil acesso, anteriores a 1960. As citações de obras da internet devem seguir o mesmo procedimento das citações em papel, apenas com o acréscimo das seguintes informações: “Disponível em: <http://www. xxxxxxxxxxxxxxx>. Acesso em: dia de mês de ano.” Somente utilizar o local de publicação de periódicos para títulos com incidência em locais distintos, como, por exemplo: Revista de Saúde Pública, São Paulo e Revista de Saúde Pública, Rio de Janeiro. De modo geral, não são aceitas como fontes de referência periódicos ou sites não indexados. Ocasionalmente, o conselho científico editorial poderá solicitar cópias de trabalhos consultados que obrigatoriamente deverão ser enviadas. Será dado um peso específico à avaliação das citações, tanto pelo volume total de autores citados, quanto pela diversidade. A concentração excessiva das citações em apenas um ou poucos autores poderá determinar a rejeição do trabalho. Não utilizar SID, BID e outros. Escrever por extenso “a cada 12 horas”, “a cada 6 horas” etc. Com relação aos princípios éticos da experimentação animal, os autores deverão considerar as normas do SBCAL (Sociedade Brasileira de Ciência de Animais de Laboratório). Informações referentes a produtos utilizados no trabalho devem ser apresentadas em rodapé, com chamada no texto com letra sobrescrita ao princípio ativo ou produto. Nesse subtítulo devem constar o nome comercial, fabricante, cidade e estado. Para produtos importados, informar também o país de origem, o nome do importador/ distribuidor, cidade e estado. Revista Clínica Veterinária / Redação Rua Adolf Würth, 276, cj. 2, 06713-250, Cotia, SP cvredacao@editoraguara.com.br
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Medicina veterinária do coletivo
Acelerando as adoções com menos devoluções
Introdução A Organização Mundial da Saúde, no ano de 2014, estimou que existem no Brasil aproximadamente 30 milhões de animais em estado de abandono, e que, desses, 20 milhões eram cães e 10 milhões, gatos. Esses animais abandonados encontram-se muitas vezes em situações de risco, pois ficam expostos a maus-tratos, atropelamentos e agentes biológicos causadores de diversas doenças, além de também sentirem frio, calor, fome, sede e medo. Vários países têm enfrentado dificuldades em realizar o controle populacional de cães. No Brasil, o tema também se destaca por representar um problema de saúde pública e bem-estar animal 1. Além disso, os cães podem representar potencial risco para as pessoas e outros animais (pois podem morder e arranhar); ao meio ambiente (por meio da depredação do patrimônio público e privado e predação da fauna local); à saúde pública (zoonoses); e à economia (referente aos custos com estratégias de contenção e controle populacional) 2. Nesse contexto, os abrigos de cães têm um papel importante, pois realizam ações de recolhimento de animais doentes, mutilados, atropelados e/ou violentados, levando-os para tratamento, castração e posterior encaminhamento para adoção. Apesar disso, os cães que são acolhidos por abrigos ou programas de manejo populacional não estão isentos de passar por situações que põem à prova o seu bem-estar 2. Aliados ao manejo sanitário, alguns abrigos procuram melhorar as chances de adoção dos animais sob seus cuidados por meio da 12
Fernando Gonsales
Avaliação do temperamento e do adestramento dos cães resulta em mais adoções definitivas
Figura 1 – O temperamento difícil e a falta de resposta a comandos básicos podem se refletir em uma menor oportunidade de adoção, particularmente de cães adultos, prolongando sua espera nos abrigos e criando um ciclo cada vez mais difícil de ressocialização
reabilitação comportamental, uma vez que os problemas comportamentais estão entre as principais causas de abandono de animais, e, portanto, a prevalência desses problemas em cães de abrigo tende a ser maior quando comparada à da população de cães domiciliados 3. Adicionalmente, o alojamento em abrigos por longos períodos, com pouco contato social com outros cães ou com seres humanos, pode diminuir o grau de bem-estar desses animais e torná-los mais propensos a problemas comportamentais 4 (Figura 1). Temperamento e adestramento animal O temperamento foi definido como a resposta do animal a situações novas ou desafiadoras 5 que se estabilizam ao longo do tempo, definindo as características individuais do cão 6. Modula o comportamento do animal e
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Fernando Gonsales
afeta diretamente o grau em que ele sofre estresse na presença de indivíduos da mesma espécie e de seres humanos. No entanto, é bem sabido 7-9 que o temperamento também pode ser modulado por manipulações do ambiente, que, dependendo da intensidade da interferência, também podem resultar em modificações permanentes do comportamento do cão. Dependendo do temperamento característico do cão, ele terá pouca garantia de resultados positivos nos abrigos, principalmente relacionados à oportunidade de adoção. O temperamento do cão pode refletir nas estatísticas do abrigo, diminuindo ou aumentando os percentuais de retorno, de negação e de eutanásia por problemas de comportamento 10. O comportamento de um cão é muito mais importante como ponto de atenção potencial do adotante do que a sua aparência física 11. Assim, entender, identificar e aplicar técnicas para modular o temperamento do cão de abrigo pode ser a chave para identificar estratégias adequadas para lidar com o problema. Desse modo, nos abrigos, o temperamento do cão se tornou um assunto de grande interesse 12-14. A avaliação do temperamento em cães foi aplicada principalmente para estimar informações úteis sobre comportamento, como: nível de agressão, medo, agitação e socialização. Mas também pode ser útil para identificar padrões específicos e individuais de cães, a fim de aplicar a medida corretiva ou minimizar os problemas de comportamento. Um estudo demonstrou que os cães de abrigo, quando adotados como animais de companhia, apresentavam problemas de comportamento que poderiam ser previstos por testes de temperamento em 74,7% dos casos 15. Assim, proporcionar um aumento do contato positivo entre cães de abrigo e seres humanos poderia tornar esses animais mais atraentes em termos comportamentais para adoção e, ao mesmo tempo, aumentar seu bem-estar 16,17. Muitas técnicas diferentes para melhorar a sociabilização dos cães foram aplica-
Figura 2 – No contexto do abrigo, o treinamento atua como uma ferramenta de atratividade para a socialização dos cães, facilitando também o controle do comportamento de animais indisciplinados ou agitados
das em abrigos visando um aumento da taxa de adoção 18-20. O treinamento dos cães foi o que demonstrou proporcionar mais oportunidades de socialização, reduzir problemas de comportamento e melhorar o vínculo deles com os seres humanos 21-23. Além disso, ele pode aumentar o controle dos cães, o que os faz lidar melhor com situações estressantes, preparando-os para a exposição a outros ambientes, como um novo lar 24. A maioria dos métodos de treinamento utiliza o condicionamento operante para estimular as respostas dos cães aos comandos de reforço positivo 25. Esse tipo de técnica é eficaz no treinamento para que eles respondam a comandos básicos de obediência, e também é uma ferramenta que facilita o acompanhamento da evolução do aprendizado 26. No contexto do abrigo, o treinamento atua como uma ferramenta de atratividade para a socialização dos cães, facilitando também o controle do comportamento de animais indisciplinados ou agitados 27 (Figura 2). O estudo brasileiro A tese de doutorado da MV Luciana Galeb teve por objetivo avaliar a reabilitação e a sociabilização de cães de abrigo para adoção. Uma das principais ferramentas para essa avaliação foi a análise do temperamento dos animais, acompanhada do treinamento de comandos básicos com o objetivo final de conseguir sua adoção 28. Esse estudo teve como
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Figura 3 – O programa de sociabilização e entretenimento da PUC-PR contou com a colaboração de estudantes de medicina veterinária e incluiu cuidados com os animais e rotina de sete comandos de treinamento rotineiros e básicos de obediência por três dias da semana
objetivo estabelecer um programa básico de treinamento para cães de abrigos e mensurar diferentes escores de temperamento individual e sua influência nas taxas de adoção. Essa pesquisa aplicada utilizou um total de 30 cães saudáveis da própria PUC-PR abandonados ou perdidos, de tamanho médio entre 10 e 25 kg, sem antecedentes, com critério de seleção baseado no tempo de permanência no abrigo (mínimo de um ano). O abrigo da universidade tinha uma estrutura semelhante à da maioria dos abrigos brasileiros, com canis de área interna e externa, possibilidade de os cães olharem uns para os outros e recintos posicionados lado a lado. Até este estudo, os cães não tinham uma rotina de caminhadas em áreas externas ao abrigo, permanecendo confinados a maior parte do tempo. Em um período de cinco meses, um programa de sociabilização e entretenimento para cães foi implantado na universidade com a colaboração ativa de estudantes do curso de medicina veterinária. Uma rotina básica de treinamento foi implementada três vezes por semana com sete comandos rotineiros e básicos de obediência (Figura 3). Cada 14
cão foi treinado pelo método de condicionamento operante com reforço positivo (comida), em uma sessão de treinamento em grupo realizada com os cães na coleira em um campo gramado e aberto adjacente ao abrigo. No total, 30 estudantes participaram durante cinco meses ininterruptos de treinamento, sendo cada aluno responsável por um cão, sempre acompanhados e sob a orientação de um especialista em etologia canina. As sessões ocorreram em três dias diferentes (segunda, quarta e sexta-feira), com duração de duas horas cada. Foram aplicados sete exercícios básicos de comando: “sentar”, “deitar”, “ficar”, “dar a pata”, “rolar”, “rastejar” e “andar na coleira”, e todos foram ensinados desde a primeira sessão de treinamento – vale ressaltar que alguns comandos são interdependentes. Os cães foram observados individualmente durante as sessões de treinamento, a fim de verificar se o aprendizado dos sete exercícios básicos de comando havia sido efetivo. Considerou-se que o cão havia aprendido efetivamente cada comando quando, ao final de cada sessão, ele o executava corretamente em três tentativas subsequentes e conseguia lembrar-se de executá-lo corretamente na sessão seguinte. Para o comando de “andar na coleira”, considerou-se que o aprendizado era eficaz quando o cão caminhava ao lado de seu acompanhante sem dar repentinos puxões, voltar ou parar durante a observação de 5 minutos. O temperamento foi o primeiro dado de comportamento coletado antes de se iniciarem as sessões básicas de treinamento de comandos com a colaboração dos estudantes de veterinária. Os comportamentos avaliados foram: excitabilidade, agressividade em relação às pessoas, agressividade em relação aos cães, sociabilidade em relação aos seres humanos, sociabilidade em relação a outros cães, atenção ao ambiente, dominância em relação aos seres humanos e dominância em relação a outros cães. No total, todos os cães passam por 60 sessões de treinamento de duas horas cada.
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Luciana Galeb Luciana Galeb
Figura 4 – Em estudo pioneiro de impacto do temperamento e do adestramento, cães em diferentes níveis foram levados para feiras de adoção por três meses consecutivos. Na foto, ação realizada antes de jogo de futebol no Estádio Couto Pereira, do Coritiba Foot Ball Club
Todos os 30 cães do estudo foram levados para feiras de adoção contínua (por 3 meses consecutivos) aos sábados, realizadas em uma grande loja de animais de Curitiba, PR. A adoção dos cães também se deu efetivamente pelo contato dos estudantes com pessoas (por exemplo, amigos, família, etc.) e em campanhas visando o grande público (Figura 4). Após três meses de campanha, calculou-se a taxa de adoção (com ou sem êxito), e os cães que não foram adotados permaneceram sob o abrigo da universidade. Para atrair e incentivar a adoção, os cães do estudo que foram adotados passaram por uma visita mensal do médico-veterinário (3 meses consecutivos), a fim de ajudá-los a se adaptar à nova casa; tiveram um período de
90 dias de atendimento veterinário gratuito; foram desparasitados e vacinados; receberam microchip, e os tutores receberam 1 kg de ração seca e 1 sachê de ração úmida. Todas as análises estatísticas foram realizadas no software SPSS, versão 14.0. Os dados de temperamento foram determinados por uma análise de componentes principais (PCA). A PCA descreveu a relação entre os escores comportamentais de cada cão para cada uma das oito categorias comportamentais (excitabilidade, agressividade em relação às pessoas, agressividade em relação aos cães, sociabilidade em relação aos seres humanos, sociabilidade em relação a outros cães, atenção ao ambiente, dominância em relação aos seres humanos e dominância em relação a outros cães), construindo um padrão de pontuação comportamental único para cada cão a partir de direções de vetores (com a mesma direção ou não), tipificando os indivíduos. Resumidamente, o PCA combina todas as variáveis em uma matriz de dados e identifica associações entre elas, o que gera índices chamados componentes principais, que descrevem a variação presente nos dados 29. O modelo linear geral (GLM) seguido por Sperman foi utilizado para testar a associação entre os fatores apontados pela PCA, o peso dos cães, a idade e o número de semanas que eles levaram para aprender os diferentes comandos. O GLM e o coeficiente Kendall tau-b também foram utilizados para correlacionar a taxa de adoção, por se tratar de uma variável dicotômica. Todos os comandos de treinamento também foram correlacionados entre si e à taxa de adoção pelo teste de Pearson. A análise de componentes principais (PCA) identifica dois fatores primários, sendo que o alto valor positivo do primeiro fator caracteriza os animais com agressividade e temperamento dominante. O valor alto e positivo do segundo fator indica animais com excitabilidade e atenção ao ambiente. As pontuações individuais dos cães são representadas, por exemplo, nos dois primeiros fatores, determinados e
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Figura 5 – Gráfico dos dois fatores primários identificados na análise de componentes principais (PCA). Fator 1: agressividade/relacionamento. Fator 2: atividade/ exploração. Comportamentos avaliados: excitabilidade, agressividade em relação às pessoas, agressividade em relação aos cães, sociabilidade em relação aos seres humanos, sociabilidade em relação a outros cães, atenção ao ambiente, dominância em relação aos seres humanos e dominância em relação a outros cães. Foram omitidos os resultados de sociabilidade e agressividade em relação às pessoas pois esses dados não variaram
nomeados neste estudo como: fator 1: agressividade/relacionamento, e fator 2: atividade/exploração. Deve-se ressaltar que todos os cães demonstraram sociabilidade e nenhum exibiu agressividade em relação às pessoas, portanto, esses dados não variaram, o que nos fez omitir esses resultados (Figura 5). Os fatores de temperamento não se revelaram estatisticamente significativos para idade, peso, sucesso na adoção e nem para o tempo que os cães levaram para aprender os diferentes comandos. Por fim, os diferentes comandos de treinamento foram correlacionados entre si e ao sucesso na adoção dos cães, e pudemos encontrar alguma correlação entre. O comando de “deitar” foi correlacionado positivamente a “ficar”, “dar a pata” e “rastejar”. O comando de “rolar” foi correlacionado positivamente a “dar a pata” e “rastejar”. A taxa de adoção foi negativamente correlacionada a “deitar”, “ficar” e “rastejar”. Os testes de temperamento realizados nos trinta cães do abrigo deste estudo buscaram características individuais específicas de cada cão durante uma série de testes 16
mais curtos. Essas medidas foram submetidas a uma análise de componentes principais (PCA) dos resultados de oito avaliações de padrões comportamentais de cães em abrigos, e revelaram dois fatores que refletem esses padrões. Embora os componentes identificados neste estudo sejam consistentes com os verificados em pesquisas anteriores 8,30-33, quando comparamos o temperamento (fatores de PCA) com a taxa de adoção, a idade e o peso dos cães, e até mesmo entre o tempo de aprendizado de comandos básicos, não foram encontradas diferenças estatísticas. O teste de temperamento utilizado neste estudo avaliou características de comportamento selecionadas dos cães e mede a intensidade de cada um. Para o presente estudo, mesmo observando os cães em três tipos diferentes de ambiente, o teste de temperamento não demonstra relação com as taxas de adoção e a capacidade de treinamento dos cães. No entanto, quando comparamos os subtestes de treinamento, podemos observar uma correlação importante entre a taxa de adoção e os comandos de treinamento. Sete tipos diferentes de comandos de obediência ao treinamento foram utilizados no presente estudo, e a velocidade de aprendizado de cada cão foi usada como variável de resposta. No entanto, esse tipo de subteste reflete não apenas a capacidade cognitiva do cão para aprender o comando, mas também a vontade de cooperar com os seres humanos 13, e também fará parte da comunicação entre ser humano e cão 34. Esse tipo de treinamento comportamental que relata obediência mostrou ser mais eficaz ao usar recompensas positivas consistentes 21,35,36 como estímulos padronizados, que foram amplamente aplicadas 20,37,38. Um treinamento baseado em recompensa aumenta a motivação e a aptidão do cão para aprender mais comandos, pois antecipa as recompensas e aumenta a controlabilidade do ambiente com resultados previsíveis, melhorando o bem-estar do animal 17,39. Essas
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técnicas aplicadas nos abrigos podem tornar os cães mais adotáveis 20 e provar serem práticas e fáceis na vida real. Os resultados do nosso estudo sugerem que o treinamento de cães de abrigo também pode fazer aumentar a taxa de adoção, especialmente quando os cães podem aprender os comandos mais difíceis rapidamente (“deitar”, “ficar” e “rastejar”). Esse vínculo pode estar relacionado ao fato de que o treinamento cria mais oportunidades para interações positivas com seres humanos 40, além de tornar o ambiente mais previsível e controlável para os cães, implicando situações menos estressantes 41 e tornando-os mais atraentes para potenciais adotantes. Relataram-se resultados semelhantes em cães expostos a uma rotina geral de treinamento para garantir que eles desenvolvessem habilidades básicas projetadas para facilitar a transição para um novo lar 42,43. Sabe-se também que a prevalência de comportamentos indesejáveis em cães foi associada à frequência a aulas de obediência, havendo significativamente menos problemas comportamentais em animais treinados com técnica de recompensa 22,44-46. Vários estudos analisaram a relação potencial entre as experiências de treinamento e a prevalência de problemas comportamentais 47-50; no entanto, por outro lado, poucos estudos relataram os efeitos do treinamento de obediência na taxa de adoção de cães de abrigo 20, e nenhum estudo sobre o treinamento com diferentes comandos básicos de obediência relacionou o comando em si com a taxa de adoção. Um estudo apontou esse desafio, mencionando que uma multiplicidade de comandos treinados dificulta a identificação exata dos comportamentos necessários e suficientes para aumentar as adoções 20. Continuando os achados do presente estudo, a associação da aprendizagem dos sete comandos também foi correlacionada entre eles neste estudo. Como mostrado acima, o comando de “deitar” foi correlacionado positivamente a “ficar”, “dar a pata” e “rastejar”; e “rolar” foi correlacionado positivamente a “dar
Figura 6 – O estudo demonstrou que, quando os cães aprendem comandos específicos de treinamento, são adotados mais rapidamente
a pata” e “rastejar” – o que implica uma associação positiva (grandes valores de “deitar” e “rolar” tendem a ser associados a grandes valores de “dar a pata” e “rastejar”, por exemplo). Os outros comandos não tiveram a tendência a aumentar ou diminuir, pois o valor de p foi menor que 0,05. Uma associação positiva significa que, se um cão aprende o comando de “deitar”, por exemplo, ele também aprenderá os comandos de “dar a pata” e “rastejar”. No entanto, esses comandos correlacionados apresentaram baixos valores de associação (inferiores a 0,5) entre si, o que demonstra que não foram aprendidos em momentos semelhantes. Considerações finais Este estudo demonstrou que o tempo gasto pelos cães para aprender comandos específicos de treinamento foi um indicador importante para aumentar a taxa de adoção do cão (Figura 6). Mensurar de forma focal alguns comportamentos bem definidos demonstrou não ser um método eficiente para relatar o temperamento real do cão, além de isso não estar relacionado à taxa de adoção. Ter um estudante voluntário como auxiliar provou ser uma maneira prática de implementar um programa de treinamento em um abrigo de cães de universidade como parte do curso de aprendizado.
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MV, CRMV-PR 6.294. MSc, PhD. Perita Judicial, Tribunal de Justiça do Paraná lucianagaleb@hotmail.com
Alexander Welker Biondo
MV, CRMV-PR 6.203. MSc, PhD. Departamento de Medicina Veterinária, UFPR abiondo@ufpr.br
Cláudia Turra Pimpão
MV, CRMV-PR 3.105. MSc, PhD. ECV/PUC-PR claudia.pimpao@pucpr.br
Clínica Veterinária, Ano XXV, n. 148, setembro/outubro, 2020
9 de setembro. Dia do médico veterinário.
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Medicina veterinária do coletivo
Aumento de adoção de animais na pandemia
Cães e gatos do Centro de Referência para Animais em Risco de Curitiba, PR, têm sido mais adotados durante a pandemia de Covid-19
Introdução O animal está inserido em todas as culturas, sendo o convívio dos seres humanos com cães e gatos talvez uma das últimas ligações com o passado, quando houve migração populacional do campo para a cidade 1. Essa necessidade de tê-los próximos foi provocada provavelmente pelo aumento da expectativa de vida e por novos arranjos familiares, em que algumas pessoas optam por morar sozinhas e/ou adiam os planos de ter filhos 2. Conviver com animais pode gerar vários benefícios para o ser humano. Dentre as diversas vantagens que a convivência com um animal de estimação pode gerar, podemos citar o companheirismo, o autoconhecimento e mudanças positivas no comportamento das pessoas, além de estimular o progresso de várias habilidades e o exercício da responsabilidade. Os animais também podem ajudar a reduzir o estresse e a combater a depressão e o isolamento, além de estimular a prática de exercícios físicos 3. Como uma das medidas de prevenção para a pandemia causada pelo novo coronavírus é o isolamento social, a vida de muitas pessoas foi alterada, fazendo com que muitas delas sentissem solidão. Vinculado a esse contexto, observou-se em diversos países que no período de quarentena tem havido um expressivo aumento na busca por animais de companhia. Em Montenegro, por exemplo, esse número quase triplicou quando comparado ao mesmo período do ano passado 4. 22
Vínculo com os animais de estimação Os animais de estimação representam a parcela mais significativa de espécies que interagem com os seres humanos 5. O animal de estimação preferido das pessoas varia em cada país. Cães e gatos geralmente são os mais escolhidos, seguidos por outras espécies: pássaros, peixes, roedores, coelhos, equinos, suínos e répteis, entre outros 6,7. Desde o Período Neolítico, a relação de proximidade entre cães e seres humanos existe, e atualmente, em decorrência da redução de integrantes nos núcleos familiares, a busca de afetividade vem sendo preenchida pelos animais de estimação 8. Em contrapartida, grande parte das cidades brasileiras estão enfrentando problemas relacionados à proliferação de animais não domiciliados 5. Quando o ser humano desenvolveu a habilidade de utilizar utensílios e ferramentas, consequentemente iniciou-se o processo de domesticação; dessa forma, o homem adquiriu o dever de responsabilidade para com o bem-estar animal 9. O processo de domesticação foi longo e complexo, em um cenário de evoluções mútuas que influenciaram os seres humanos e os animais 10. Essa relação carece de ações conscientes com o objetivo de manter o equilíbrio biológico e socioambiental 11. Dentre os animais, o cão foi o primeiro a ser domesticado. O vínculo entre homem e animal foi se estreitando com um longo trabalho de adestramento, companheirismo e convívio,
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modificando gradualmente o comportamento habitual dos animais 12. Essa ligação requer dos tutores uma responsabilidade especial para com seus animais de estimação (guarda responsável) 13. “Superpopulação” de cães e gatos? Não existe na prática uma “superpopulação” de cães e gatos, mesmo porque é o ser humano que determina, direta ou indiretamente, o aumento dessa população, tanto de animais de companhia domiciliados como de não domiciliados. Levando em consideração a saúde coletiva, o bem-estar animal e a ordem urbana, o manejo populacional se faz necessário quando não há adequada educação em guarda responsável, resultando em animais de companhia sem supervisão e/ou abandonados. O elevado número de cães e gatos soltos nas ruas pode provocar acidentes de trânsito, destruição dos patrimônios, maus-tratos, zoonoses e acidentes por mordedura 8. Os animais também sofrem com essas condições, pois ficam sujeitos a acidentes de trânsito, fome, frio, abusos e maus-tratos. A falta de conhecimento e responsabilidade da população, associada à omissão do poder público, à verticalização das cidades e à falta de investimentos em proteção animal, impulsiona a reprodução e o consequente aumento do número de animais abandonados nas ruas. O manejo populacional de cães e gatos pode ser dificultado quando não há estratégias de controle do período gestacional e do cio de cadelas e gatas, agravando-se com a falta de guarda responsável e de políticas públicas adequadas 14. Foi somente na década de 1990 que o aumento populacional de cães e gatos, assim como o seu abandono, começaram a ser reconhecidos como um problema de saúde pública pelas autoridades, em grande parte pela ineficiência histórica da carrocinha no recolhimento e na eutanásia dos animais. O manejo populacional até então era baseado em duas políticas distintas, caracterizadas por captura e extermínio e por prevenção do abandono.
Ao longo dos anos, constatou-se que a segunda política se revelou mais eficiente e humanitária 15. O emprego da política de captura e extermínio foi uma primeira abordagem utilizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Esse método se baseava na apreensão de cães de rua pelas carrocinhas e, quando não requeridos em curto prazo, no abate ou na eutanásia dos animais nos Centros de Controle de Zoonoses, como estratégia de combate a diversas zoonoses, particularmente no combate à raiva canina. Essa prática foi sendo abandonada por seus próprios defeitos e limitações, caindo em desuso em diversos países, inclusive pela crueldade e pelos resultados insatisfatórios 15. Foi a partir das críticas dessa política que surgiu a segunda fase (prevenção ao abandono), com o objetivo de controlar as zoonoses e a superpopulação de cães e gatos abandonados nas ruas, visto que procura atuar na origem do problema 15. Desde então, a OMS tem emitido relatórios declarando a ineficiência do método baseado na captura e no extermínio para o controle populacional de cães 16. Os métodos mais humanitários e eficazes envolvem esterilização cirúrgica, educação pública para guarda responsável e aplicação de legislação pertinente 17. Abandono de animais Por conta das alterações nos hábitos sociais e culturais, a população tem cada vez mais criado laços afetivos com os animais de companhia, atualmente considerados membros não humanos da família – vínculo que pode ser denominado “guarda responsável” 13. Infelizmente, a presença de animais em situação de rua tem relação direta com o aumento da aquisição por impulso e o posterior abandono desses animais, causando problemas como zoonoses, acidentes por mordeduras e maus-tratos e tornando-se portanto um problema de saúde pública 18. Para reduzir e solucionar esses problemas, é necessário o envolvimento de todos
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os cidadãos e é imprescindível a promulgação de leis mais específicas, visando a conscientização, a educação em guarda responsável, o bem-estar animal e o controle e a prevenção de zoonoses 19. A falta de instruções e de conhecimento dos tutores sobre o comportamento natural dos animais e os cuidados que requerem é um dos motivos de abandono e de maus-tratos 19. Atualmente, o conjunto de fatores para que o cidadão abandone seu cão e/ou gato nas ruas envolve a falta de educação sobre guarda responsável e higiene, ninhadas numerosas e a inexistência ou insuficiência de leis ou fiscalização, causando riscos para a saúde pública e desequilíbrio ambiental 9. A OMS tem orientado o emprego de várias ações preventivas pelos gestores públicos para prevenir o abandono e o aumento de cães e gatos nas ruas, tais como as castrações, as vacinas, o incentivo à educação ambiental e à guarda responsável, a implementação de uma legislação específica e o controle do comércio de animais, sua identificação e registro (microchips) 9. O ato de abandonar um animal nas ruas representa um dos exemplos mais comuns de maus-tratos. Ainda não há números oficiais relativos ao número de animais abandonados, mas estima-se que no Brasil sejam cerca de 30 milhões 20. Aumento da adoção de cães e gatos em meio à pandemia A Covid-19, nome dado pela OMS para a doença respiratória causada pelo novo coronavírus, foi caracterizada como uma pandemia em 11 de março de 2020. O epicentro foi detectado inicialmente em Wuhan, na China, e sua transmissão ocorre principalmente de pessoa a pessoa 21. Como uma das principais medidas de prevenção tem sido o distanciamento social, algumas pessoas sentiram-se solitárias nesse período, buscando alternativas para enfrentar o isolamento prolongado. Com as medidas de distanciamento social empregadas em vários estados durante a pandemia, ficou evidente para ONGs e protetores 24
Jéssica Pinheiro Feliciano do Nascimento
Medicina veterinária do coletivo
Feira de adoção de 2019 no Parque Barigui, em Curitiba, PR
de animais o aumento de aproximadamente 50% na adoção de cães e gatos 22. Esse é um cenário positivo para os animais que esperam um lar, assim como para as pessoas, mas deve ser visto com ressalvas, uma vez que o motivo da adoção não pode ser apenas suprir um momento difícil. Afinal, esse novo integrante deve ser considerado também após a quarentena 22. Independentemente disso, o momento atual tem sido bom para as adoções, pois as pessoas têm mais tempo livre, contexto que ajuda na adaptação do novo cão ou gato ao ambiente familiar. Segundo alguns protetores, adotar um animal durante o enfrentamento da pandemia tem sido uma prática de solidariedade e de criação de novos laços afetivos, que no entanto deve ser consciente, para evitar abandonos pós-quarentena. O trabalho remoto como alternativa para muitas empresas também possibilita o lar temporário para esses animais até que encontrem um lar definitivo 22. O Centro de Referência para Animais em Risco (Crar), vinculado à Rede de Proteção Animal (RPA), situa-se em Curitiba, PR. Na cidade ainda não existe nenhuma pesquisa pa-
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ra estimar o tamanho da população de cães e gatos domiciliados e em situação de rua. Curitiba realiza a conscientização da população sobre guarda responsável, adoção e bem-estar animal usando como ferramentas sites informativos, folders, ações clínicas, reportagens em jornais e informações divulgadas em redes sociais. No período entre julho de 2017 e julho de 2019, aproximadamente 33,5 mil animais foram castrados pelo programa de controle populacional de cães e gatos gratuito do munícipio; o cadastro do animal junto àos órgãos responsáveis é realizado espontaneamente pelo tutor ou protetor 17. Observou-se que durante a pandemia houve um aumento nas adoções de cães e gatos no Crar. Esses dados compararam os semestres de julho a dezembro de 2019 e de janeiro a junho de 2020. Escolheram-se esses dois períodos com o intuito de se obter resultados mais fidedignos, visto que implementou-se um serviço de resgate animal no segundo semestre de 2019, que gerou um maior número de animais admitidos no Centro de Referência. No segundo semestre de 2019, o Crar recebeu 189 animais, sendo a maioria cães machos e sem raça definida. Nesse período foram adotados 43 animais, entre cães e gatos; os demais acabaram sendo devolvidos ao local do resgate após a recuperação, ou permanecem à espera de um adotante. Já no primeiro semestre de 2020 foram admitidos 181 animais, e durante esses meses foram adotados 114, sendo 35 apenas no mês de março. As figuras 1 e 2 representam uma comparação do número de adoções que ocorreram no Crar, ilustrando como a pandemia influenciou os dados, visto que no mês de março, quando se inicou a quarentena no município, se verificou o maior pico de animais adotados. Em relação à figura 1, referente ao último semestre de 2019, o maior número de cães e gatos adotados foi de outubro a dezembro, totalizando 28 animais; já agosto foi o mês com menos adoções.
Figura 1 – Número de cães e gatos adotados de julho a dezembro de 2019 no Centro de Referência para Animais em Situação de Risco (Crar) de Curitiba, PR
Figura 2 – Número de cães e gatos adotados de janeiro a junho de 2020 no Centro de Referência para Animais em Situação de Risco (Crar) de Curitiba, PR
No primeiro semestre de 2020 foram admitidos menos animais no Crar, em comparação a 2019; no entanto, o número de adoções é expressivo, principalmente nos meses de março e maio. O programa do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) do município de Guarapari, ES, também constatou esse aumento, chegando a doar 10 cães em uma semana 23. Para evitar devoluções ou abandono, é necessário observar individualmente o futuro proprietário e o animal escolhido, para saber que cão ou gato combinará mais com
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Medicina veterinária do coletivo o estilo de vida e as expectativas do tutor. Os adotantes também devem ser orientados pelo médico-veterinário para entenderem o que significa o compromisso de assumir um animal e quais são suas necessidades comportamentais e de saúde 24. Considerações finais Adotar é um ato de solidariedade, humanitário e acima de tudo responsável. Mesmo com o aumento da adoção durante a quarentena, ainda há muitos animais em situação de rua, em ONGs ou em Centros de Adoção das prefeituras esperando por uma família. A busca por animais de companhia cresceu significativamente durante a quarentena, principalmente no período inicial do isolamento, mas, devido às ressalvas relativas à guarda responsável, é imprescindível fazer uma entrevista rigorosa com os adotantes, a fim de se conhecer o perfil e o real motivo da adoção, evitando assim um possível abandono futuro. O cenário de pandemia afeta negativamente vários setores da sociedade, porém, como demostraram os dados do Crar e de outras instituições, foi positivo para os animais que ganharam um lar. Apesar disso, é importante enfatizar que posse responsável não significa apenas dar comida e um teto, mas inclui todas as necessidades do cão ou gato, e também a rotina pós-quarentena. Portanto, esse é o momento de valorizar a educação ambiental continuada e as orientações comportamentais, o respeito aos animais e a guarda responsável, fiscalizando os maus-tratos, a prevenção de zoonoses e o controle populacional. b
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Jéssica P. F. do Nascimento
MV, CRMV-PR: 17.756, residente em MVC da UFPR jessicanascimento97@hotmail.com
Vivien Midori Morikawa
MV, CRMV-PR 6.183, MSc, PhD. UFPR Rede de Proteção Animal, SMMA de Curitiba vmorikawa@smma.curitiba.pr.gov.br
Alexander Welker Biondo
MV, CRMV-PR 6.203. MSc, PhD. Depto. de Medicina Veterinária – UFPR abiondo@ufpr.br
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Elmar G ubisch
Georgy Dzyura
Introdução Diversos estudos têm demonstrado que a caça é uma atividade praticada há milhões de anos, desde que a terra foi habitada pelo Homo erectus. Acredita-se que essa atividade teve grande importância na evolução humana, principalmente nas características morfofisiológicas e nas funções cognitivas. A prática foi essencial para a alimentação da espécie, uma vez que a África (antes floresta) estava se transformando em uma savana, e, consequentemente, a quantidade de alimentos vegetais disponíveis estava se reduzindo 1. Os dois marcos históricos determinantes para que o homem não dependesse mais dessa prática
Peles como as de raposa são ainda hoje vendidas em mercados, como estas na Armênia 30
foram a invenção da agricultura, há cerca de 12 mil anos, no chamado Crescente Fértil, localizado no Oriente Médio, entre os rios Tigre e Eufrates 2, e a domesticação dos primeiros animais para fins alimentícios, há cerca de 9 mil anos, também no Oriente Médio 3. A caça e a pesca de animais selvagens ainda é praticada atualmente em quase todo o mundo, sendo ela cinegética ou esportiva (em que o caçador armazena a carcaça do animal como uma espécie de “troféu”), ou para o consumo da carne, ambas situações de risco para a saúde única (humana, animal e ambiental). Nesse cenário, não surpreende a atual pandemia de Covid-19, dadas as evidências científicas de que o consumo da carne de animais não domesticados foi um fator de risco na origem do vírus e do ciclo epidemiológico da doença na Ásia. Embora os hábitos alimentares e os mercados de animais exóticos vivos da Ásia tenham sido muito criticados, a prática de consumir carne de animais exóticos é muito comum, inclusive no Brasil. Estima-se que na Amazônia, somente na área rural, cerca de 1 milhão de toneladas de carne de caça sejam consumidas anualmente 4. Por ser uma atividade ilegal, existe
Em muitas culturas cabeças de animais abatidos são valorizadas como troféus
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como também para a medicina tradicional e para vestimentas 10. A caça ilegal não é o único meio de se obter carne de animas exóticos. Na China, grandes fazendas de criação de animais exóticos foram inclusive incentivadas pelos governos locais a fim de movimentar a economia, uma vez que o consumo desses e de outros produtos oriundos dessas espécies é muito comum, assim como sua utilização na medicina tradicional 11. Nessas fazendas, criam-se animais como pavões, avestruzes, porcos selvagens, raposas, aves exóticas e inclusive civetas e pangolins, animais apontados como possíveis origens do coronavírus responsável pelo surto da Sars (síndrome respiratória aguda grave) em 2003 e pelo Covid-19, respectivamente. Após o início do surto do novo coronavírus, autoridades locais decidiram interditar temporariamente essas fazendas 12. Covid-19 Em dezembro de 2019 iniciou-se a epidemia do Covid-19, na cidade de Wuhan, na China. A doença disseminou-se muito rapidamente no mundo, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou em 11 de março de 2020 a situação de pandemia (quando todos os continentes são afetados pela doença). Até 26 de agosto, mais de 23 milhões de casos já foram Elena Odareeva
a dificuldade de detectar os reais números de animais caçados; dessa maneira, os resultados disponíveis de pesquisas provavelmente são subestimados 5. Segundo dados do relatório “O estado mundial da biodiversidade para a alimentação e a agricultura”, da Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), aproximadamente 53,5% dos lares da Ásia, África e América Latina têm sido abastecidos com animais oriundos das matas 6. Os dados referentes ao consumo desse tipo de proteína animal também são escassos, pois trata-se de um mercado informal. Estima-se no relatório que cerca de 2.800 espécies de animais selvagens sejam utilizadas no mundo para consumo humano 7. Para as famílias que dependem da proteína de animais selvagens, como as comunidades indígenas, tradicionais e rurais na Amazônia, a caça não é simplesmente um elemento importante de subsistência e de autossuficiência econômica, mas também tem sido considerada um elemento de identidade cultural 8. Pesquisas realizadas em países da África central (Gabão e República do Congo) também demonstram que o consumo de carne de animais selvagens é influenciado por questões culturais, havendo uma ligação entre o consumo de certas espécies e a região específica do país 9. Assim como ocorre na China, país em que presumivelmente surgiu a nova doença que assola o mundo atualmente, o hábito do consumo de animais silvestres está enraizado na cultura, servindo tanto para a alimentação TTStock
Em ruas como Thanon Khao San, em Bangkok, na Tailândia, é possível comprar carne de crocodilo
Morcegos são vendidos para consumo de sua carne em mercados como o de Tentena, em Sulawesi na Indonésia
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Saúde pública confirmados, com mais de 813 mil mortes em todo o mundo. Os impactos negativos atingiram as diversas esferas globais, com grande parte da população mundial obrigada a ficar em isolamento social, particularmente para evitar o colapso da rede de atendimento hospitalar 13. No Brasil, o primeiro caso registrado ocorreu em 24 de fevereiro, e até o fim de agosto já haviam sido registrados 3,6 milhões de casos confirmados e 118 mil mortes por coronavírus 14. O consumo da carne e de subprodutos de animais exóticos nos mercados de animais vivos na China está sendo apontado como origem da pandemia, detectada em um mercado de frutos do mar de Huanan, em Wuhan, epicentro inicial do Covid-19 11. Além da questão cultural vinculada ao consumo de animais selvagens, a prática mantém uma economia de milhões de dólares na China, empregando mais de 1 milhão de pessoas – razão pela qual a proibição da venda e do consumo de carne de animais exóticos constitui um assunto complexo. Mesmo assim, no final de fevereiro de 2020 a China decidiu banir o comércio e o consumo de animais selvagens, com a previsão de se instituir uma lei até o fim do ano após a pandemia 10. Como a medida proíbe apenas o comércio de carnes, embora cerca de 19 mil criadouros já tenham sido fechados, o comércio de peles, couros e produtos medicinais continua normalmente 15. Muitos estudos ainda estão sendo realizados para se entender a origem e o surgimento do Sars-cov-2, o novo coronavírus causador da Covid-19. No momento, a hipótese mais aceita pelos cientistas é que o vírus tenha sido transmitido pelo morcego e pelo pangolim 15. Estudos realizados em morcegos demonstraram que o animal é o reservatório natural de um grande número de diferentes coronavírus, alguns deles compartilhando até 96% de seu material genético com o Sars-cov-2 16. Quanto ao pangolim, suas escamas têm sido muito utilizadas na medicina tradicional chinesa, e a carne é considerada uma iguaria em muitos locais 17. Como vários vírus muito semelhantes ao Sars-cov-2 já foram isolados no pangolim, 32
acredita-se que ele possa ter sido um hospedeiro intermediário no ciclo inicial da doença 18. Como o vírus foi descoberto recentemente, o ciclo epidemiológico não está totalmente esclarecido. Desse modo, ainda não se sabe como ele infectou inicialmente os seres humanos. Entretanto, estudos atuais indicam fortemente que o vírus pode ter chegado às pessoas por meio de morcegos, que carregam consigo coronavírus muito semelhantes ao SARS-Cov-2 há mais de 70 anos. O estudo sugere que os seres humanos possam ter sido infectados diretamente por meio dos morcegos, mas não descarta a hipótese dos pangolins como intermediários 19. c
Saúde pública A maioria das pandemias relatadas até o momento são consideradas de origem zoonótica 20. Um estudo feito na Malásia identificou 16 vírus zoonóticos em espécies da fauna silvestre comercializadas no país 21. O consumo de carnes oriundas da caça ainda é muito amplo em diversas partes do mundo, sendo que na África a indústria da caça fatura bilhões todos os anos, aumentando com isso o risco de exposição a patógenos. Como exemplo, temos a ocorrência do vírus ebola no continente africano (causado principalmente por retrovírus de primatas e morcegos como principal reservatório), que em 2014 a OMS caracterizou como uma epidemia com início em países da África e que posteriormente adquiriu “status de emergência de saúde pública de âmbito internacional” 22,23. O surgimento ou a reemergência de zoonoses podem ser resultantes de três fatores: causas ambientais, modificação do agente infeccioso ou mudanças no hospedeiro. As causas ambientais podem ocorrer por meio de mudanças na ecologia, implantação de novas tecnologias, evolução no comportamento humano e/ou intensificação dos métodos agrícolas. Com relação ao agente infeccioso, as modificações ocorrem por mutação ou rearranjo de material genético com o objetivo de se adaptar melhor ao hospedeiro, causando
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alterações que afetem a suscetibilidade deste em um processo de infecção 24. HIV Em 1989 se aventou pela primeira vez a origem zoonótica do HIV, posteriormente confirmada por meio de estirpes, de modo semelhante ao do vírus presente em primatas, encontrado em habitantes da África Ocidental. A história da introdução do vírus de símios em seres humanos se desenvolveu a partir de estudos filogenéticos envolvendo lentivírus humanos (HIV-1 e HIV-2) e retrovírus de primatas (simian immunodeficiency virus – SIV). A origem da epidemia humana foi estruturada a partir de cinco linhas de evidências; • as similaridades na organização do genoma dos HIVs e SIVs; • as suas relações filogenéticas; • a prevalência dos SIVs nos seus hospedeiros naturais; • a coincidência geográfica entre os vírus; • a existência de vias plausíveis de transmissão entre espécies 25. A primeira origem zoonótica esclarecida foi a do HIV-2, com o isolamento do SIV de primatas da espécie Cercocebus atys 26. Na década de 1990 foi possível finalizar a identificação do retrovírus de chimpanzés-centrais (Pan troglodytes troglodytes), resolvendo a origem zoonótica do HIV-1, de forma que a teoria foi confirmada, pois a mesma estrutura genômica era compartilhada por ambos os vírus. Além disso, uma das principais questões foi que os hospedeiros do HIV-1 compartilhavam a mesma região geográfica (o oeste da África Equatorial), e a carne de chimpanzés era utilizada como alimento na região, o que evidenciava a oportunidade de infecção humana pelo SIV 25. d
Sars 2002-2003 Em 2002 e 2003, concentrada na China e em Hong Kong, ocorreu a síndrome aguda respiratória grave (Sars), que provocou aproximadamente 800 óbitos. A Sars foi considerada a primeira pandemia do século XXI, e ori-
ginou-se a partir do contato das pessoas com animais. O agente etiológico da Sars também era um coronavírus, o Sars-cov. Os coronavírus são encontrados em diversas espécies de aves e mamíferos, e, assim como o vírus causador da Covid-19, o Sars-cov também apresentou similaridade genética a coronavírus encontrados em morcegos 27, o que demonstra que também teve origem zoonótica, devido ao contato com animais exóticos. Além disso, as evidências levam a comunidade científica a acreditar que as civetas podem ter sido reservatórios naturais ou possíveis amplificadores do vírus 28. Um estudo realizado em Guangzhou, na China, demonstrou que duas de quatro pessoas infectadas pelo Sars-cov na cidade foram uma garçonete de um restaurante que servia civetas-de-palmeira-asiática e um cliente do restaurante, e que os animais eram criados a poucos metros de distância do local onde eram servidos 29. Isso foi investigado posteriormente, e verificou-se que seis civetas que estavam sendo criadas pelo restaurante carreavam o vírus. Com base nessas evidências, acredita-se que o vírus foi transmitido de morcegos para civetas e chegou aos seres humanos por meio dos mercados de animais vivos 30. A partir do momento em que infectou os seres humanos, ele adquiriu rapidamente a habilidade de ser transmitido interpessoalmente 31. Ebola O vírus da família Filoviridae foi identificado pela primeira vez em seres humanos em 1976, com a ocorrência de dois surtos simultâneos, em Nzara, no Sudão, e outro em uma aldeia de Yambuku, na República Democrática do Congo, nas proximidades do rio Ebola, que originou o nome do vírus. Desde então têm ocorrido vários surtos dessa doença de curso agudo grave no continente africano, com uma letalidade que pode chegar até 90% 32. A doença causada pelo vírus ebola é considerada uma zoonose cujo reservatório mais provável é o morcego. Dos cinco subtipos virais existentes, quatro ocorrem em um hospe-
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Saúde pública deiro animal nativo da África. Acredita-se que a transmissão para seres humanos ocorreu a partir de contato com sangue, órgãos ou fluidos corporais de animais infectados, como chimpanzés, gorilas, morcegos gigantes, antílopes e porcos-espinhos 33. Atualmente, a República Democrática do Congo enfrenta a segunda maior epidemia da doença, com mais de 3.400 casos de infecção e mais de 2.200 óbitos registrados 34.
Paul Vasarhelyi
Outras situações No Brasil, o consumo da carne do tatu é comum em algumas regiões. Essa prática constitui um risco à saúde pública, uma vez que o tatu é reservatório de uma série de doenças que podem ser transmitidas às pessoas, entre as quais a coccidioidomicose, a doença de Chagas, a leishmaniose, a hanseníase (também conhecida como lepra) e outras verminoses. Além dos seres humanos, os cães de caça também podem ser afetados por grande parte dessas doenças 35. No ano de 2015, dezenas de pessoas contraíram a coccidioidomicose (uma micose pulmonar) ao tentar capturar um tatu. Três pessoas morreram, e duas foram parar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) 35. A maioria dos casos da doença foram registrados na Região Nordeste do Brasil, pois o fungo se
Cães são vendidos vivos ou abatidos em mercados como o do Distrito Shunde da cidade Foshan, na provincia de Guangdong no sul da China 34
multiplica mais facilmente em regiões áridas. Em 2017, os estados mais atingidos foram Piauí, Ceará, Maranhão e Bahia, que registraram 185, 21, 8 e 2 casos, respectivamente 36. No Pará, pesquisadores detectaram a presença da Mycobacterium leprae, bactéria causadora da hanseníase, em 62% dos 16 tatus testados 37, demonstrando que o consumo da carne do animal e o hábito de caçá-lo representam risco à saúde pública. O consumo da carne de javalis também já é associado a uma série de doenças, entre as quais tuberculose, brucelose, toxoplasmose, triquinelose, esparganose, hepatite E e várias endoparasitoses. No Canadá, relatou-se um surto de triquinelose decorrente do consumo de carne de javalis selvagens 38,39. Risco de extinção Uma ampla variedade de animais em sério risco de extinção são considerados iguarias em diferentes localidades, o que os torna vítimas frequentes dos caçadores, como é o caso do pangolim. O animal se encontra na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), e todas as espécies existentes são consideradas vulneráveis, ameaçadas ou criticamente ameaçadas de extinção pela instituição 40. Um estudo realizado com o objetivo de quantificar o impacto da caça nas populações animais demonstrou que as populações de aves e mamíferos tiveram um declínio médio de 58% e 83%, respectivamente, em áreas frequentadas por caçadores. Esses números são ainda mais altos em localidades próximas a cidades em que a carne oriunda desses animais pode ser comercializada 41. A ONU estima que o tráfico de espécies protegidas movimenta de 8 a 10 bilhões de dólares a cada ano, principalmente em países asiáticos como a China e o Vietnã 7. Considerações finais Após a pandemia do covid-19, um apresentador da televisão chinesa publicou em sua página no Weibo (serviço de blog chinês) uma
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crítica que teve ampla repercussão, afirmando que “animais exóticos não curam ninguém de doenças, muito pelo contrário, adoecem você, seus amigos e sua família”. Na mesma rede, iniciou-se uma campanha para que o comércio de animais vivos fosse banido, em que as pessoas adicionavam #rejectgamemeat em suas postagens, o que pode ser traduzido como “diga não à carne de caça” 42. A Wildife Conservation Society (WCS), uma organização não governamental (ONG) de Nova York, está fazendo uma campanha para que os mercados de animais vivos sejam fechados, por constituírem uma ameaça à saúde pública. O diretor-executivo da ONG, Christian Walzer, afirmou que esses mercados servem como laboratório de incubação de novos vírus 42. As carnes de animais exóticos não constituem um risco apenas na China, mas no mundo todo. Não há como garantir a segurança alimentar, pois a maioria dos produtos não é inspecionada por profissionais capacitados. Quando presentes, os serviços de regulamentação de carnes exóticas são menos exigentes. A Organização das Nações Unidas (ONU) alerta que cerca de 70% das doenças infecciosas humanas das últimas décadas têm origem animal, o que significa que a cada quatro novas doenças que surgem, três são zoonóticas 30. Assim sendo, os especialistas afirmam que as próximas epidemias serão todas de origem zoonótica. A grande complexidade dessas doenças zoonóticas (principalmente as originárias de animais pertencentes à fauna silvestre) é que elas são muito mais difíceis de serem erradicadas do que uma doença que afeta apenas as pessoas – uma vez que é impossível, por exemplo, erradicá-las por meio de vacinação, como já se deu com algumas doenças exclusivamente humanas, a exemplo do sarampo e da poliomielite. Além disso, seria totalmente inviável e incogitável eliminar todo os possíveis hospedeiros 43. Em 2015, a ONU reuniu uma série de cientistas e especialistas em saúde pública a fim
de discutir patógenos emergentes e quais seriam possivelmente as doenças responsáveis pelas próximas epidemias globais. As seguintes doenças foram listadas: febre hemorrágica do Congo e da Crimeia, ebola, febre de Lassa, febre hemorrágica de Marburg, doenças causadas por coronavírus, febre Nipah e febre do vale do Rift 44. Todas elas são doenças de origem zoonótica, e na maioria delas os animais selvagens são reservatórios. Uma vez que as duas pandemias do século XXI tiveram provável origem em mercados de animais exóticos vivos, é necessário que o funcionamento desses mercados seja proibido, e que os órgãos ambientais fiscalizem a prática de caça e a degradação de áreas protegidas por lei, já que o desequilíbrio ambiental também pode provocar o surgimento de novas doenças. Portanto, é necessário organizar diferentes planos de ação com medidas preventivas a fim de evitar as doenças de origem zoonótica, com ênfase nos patógenos divulgados pelos especialistas, que podem ser as futuras emergências em saúde. Além disso, é fundamental que os chefes de estado e as autoridades de saúde façam planejamento orçamentário e estrutural para futuras epidemias e pandemias. e
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Gabriela Hartmann
MV, CRMV-PR: 16.731, residente em MVC da UFPR gabrielahartmann96@gmail.com
Daniela Patricia Tozetto
MV, CRMV-PR: 15.400, dany_tozetto@hotmail.com
Cristina Prade Ramos
Bacharela em MV, aluna de mestrado University of Saskatchewan – Canadá crp647@usask.ca
Laís Giuliani Felipetto
Bacharela em MV, aluna de doutorado UFPR vmorikawa@smma.curitiba.pr.gov.br
Alexander Welker Biondo
MV, CRMV-PR 6.203. MSc, PhD. Depto. de Medicina Veterinária – UFPR abiondo@ufpr.br
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WSAVA – Diretrizes vacinais
Recomendações sobre vacinação para médicos-veterinários de pequenos animais da América Latina Um resumo do relatório do Grupo de Diretrizes de Vacinação da WSAVA
Introdução O Grupo de Diretrizes de Vacinação (Vaccination Guidelines Group – VGG) da Associação Mundial de Veterinários de Pequenos Animais (World Small Animal Veterinary Association – WSAVA) foi estabelecido em 2004 com o objetivo de fornecer diretrizes baseadas em evidências científicas que pudessem ser aplicadas globalmente por médicos-veterinários de pequenos animais sobre a melhor conduta para vacinação de cães e gatos. O VGG estabeleceu diretrizes de vacinação globais para veterinários pela primeira vez em 2007, que foram atualizadas em 2010 e 2016 1 e traduzidas para vários idiomas. O documento completo, traduzido para o português, pode ser obtido na página do VGG pelo link https://wsava.org/wp-content/ uploads/2020/01/WSAVA-vaccination-guidelines-2015-Portuguese.pdf ou pelo QR code ao lado. O foco principal das diretrizes de vacinação da WSAVA são cães e gatos que vivem predominantemente dentro ou nos arredores dos domicílios de seus tutores (e não os que vivem 100% do tempo livres ou em grandes grupos). De 2012 a 2014, o VGG trabalhou em um projeto regional enfocando os requisitos de vacinação de pequenos animais na Ásia 2. A partir do sucesso daquele, realizou um segundo projeto regional na América Latina entre 2016 e 2019. O presente artigo representa um resumo do resultado final desse projeto para a América Latina, com maior enfoque nos dados epidemiológicos do Brasil. O documento na íntegra, 40
em português, pode ser obtido no endereço https://wsava.org/wp-content/ uploads/2020/08/Recommendations-on-vaccination-for-Latin-American-small-animal-practitioners-Portuguese. pdf. Ele resume os principais desafios enfrentados pelos médicos-veterinários de pequenos animais na América Latina e faz uma série de recomendações para ações futuras que podem beneficiar a profissão, os tutores de animais de estimação e os cães e gatos nesses países. Esse documento é um complemento às diretrizes globais de vacinação de cães e gatos. Sugerimos a leitura destas, em que vários conceitos – tais como imunidade derivada de anticorpos maternos, janela de suscetibilidade, duração de imunidade e de proteção, imunidade de rebanho e tipos de vacinas – são apresentados e discutidos detalhadamente. O VGG reconhece que a América Latina é uma região vasta e diversa, composta por numerosos países com condições geográficas, climáticas, culturais e socioeconômicas distintas que podem ter impacto nos cuidados dos animais de estimação, na prevalência e na distribuição das suas principais doenças infecciosas e na acessibilidade aos cuidados de saúde preventiva para essas populações de animais. Não foi possível visitar cada país da região, mas, conforme descrito abaixo, reunimos dados extensos nos quais baseamos nossos comentários e recomendações. Acreditamos que a maioria dessas recomendações terão aplicabilidade em toda a América Latina.
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Metodologia O objetivo principal do projeto foi reunir o máximo possível de informações e evidências científicas referentes à clínica de pequenos animais, a doenças infecciosas que podem ser prevenidas por vacinas e à vacinação de cães e gatos, para servir de base sólida às recomendações a serem feitas subsequentemente. Para isso, o VGG realizou visitas para levantar informações na Argentina (Buenos Aires e Rosário, em 2016), no Brasil (São Paulo e Rio de Janeiro, em 2017) e no México (Cidade do México, Guadalajara e Monterrey, em 2018). Cada uma dessas visitas foi estruturada da mesma forma e envolveu discussões formais em pequenos grupos com os principais líderes de opinião, incluindo: I. clínicos veterinários particulares; II. representantes de associações veterinárias de pequenos animais; III. docentes de medicina veterinária envolvidos em pesquisa de doenças infecciosas em pequenos animais e no ensino de microbiologia, imunologia, clínica médica e vacinologia; IV. funcionários do governo responsáveis pela avaliação e pelo licenciamento de vacinas para pequenos animais; e V. representantes de fabricantes e distribuidores nacionais e internacionais de vacinas. As reuniões formais foram complementadas com visitas a clínicas veterinárias em cada uma das sete cidades, selecionadas de forma a que se visitassem clínicas de diferentes tamanhos e padrões. A literatura científica relevante para a missão do VGG foi coletada por meio de pesquisa em bancos de dados online e diretamente através dos professores universitários participantes das reuniões com os principais líderes de opinião. Durante 2019, o VGG se reuniu para discutir as informações e redigir o relatório final. Para ampliar as informações obtidas por meio dessas reuniões presenciais, o VGG desenvolveu um questionário que foi encaminhado para clínicos particulares de vários países. O questionário foi projetado usando o Google Forms e foi acessado e respondido online. Foi
disponibilizado em português e espanhol, com a instrução de que somente um veterinário de cada clínica respondesse à pesquisa e o fizesse anonimamente. As respostas foram analisadas (usando as ferramentas do programa de pesquisa do Google) e resumidas. Por meio da pesquisa, o VGG reuniu informações sobre: I. os dados demográficos dos veterinários que responderam ao questionário; II. clínicas veterinárias e seu acesso a laboratórios de diagnóstico; III. doenças infecciosas caninas e felinas observadas nas clínicas; e IV. vacinas caninas e felinas, e protocolos de vacinação usados nas clínicas. Um dos objetivos do projeto era fornecer educação contínua (EC) em vacinologia de pequenos animais aos veterinários da América Latina. Portanto, em cada uma das sete cidades visitadas, os membros do VGG realizaram EC com meio dia de duração, que consistia em uma série de palestras. Ao final delas surgiram inúmeras perguntas. Algumas delas, com as respectivas respostas, encontram-se no fim deste documento. A lista completa de perguntas e respostas pode ser obtida no documento original publicado no site da WSAVA em português. f
Diretrizes de vacinação baseadas em evidência As diretrizes globais de vacinação de 2016 da WSAVA foram formuladas de acordo com os princípios da medicina veterinária baseada em evidência. O VGG reconheceu que a qualidade de tal evidência é variável e desenvolveu um novo esquema de classificação para categorizar a qualidade da evidência relacionada à vacinologia. Nós aplicamos o mesmo esquema às afirmações e recomendações realizadas neste documento. A classificação do VGG é a seguinte: Categoria 1: uma recomendação respaldada por publicação científica em revista avaliada por pares, contendo dados experimentais ou de campo. A evidência dentro desta categoria pode ainda ser de qualidade científica variável,
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WSAVA – Diretrizes vacinais apesar da revisão por pares, que não obedece a um padrão universal. Categoria 2: uma recomendação respaldada por estudos comercialmente confidenciais não publicados, submetidos como parte de um pacote regulatório para o licenciamento de vacinas veterinárias. O pressuposto para este nível de evidência é de que as informações que aparecem nas bulas dos produtos tenham sido submetidas à revisão por pares pelas autoridades reguladoras competentes. Categoria 3: uma recomendação respaldada por dados experimentais ou do campo, comerciais ou independentes, que não tenham sido publicados na literatura científica revisada por pares ou não tenham sido incluídos em um pacote regulatório formal e submetidos à avaliação de autoridades reguladoras. Categoria 4: uma recomendação não respaldada por dados experimentais ou do campo, mas assumida pelo conhecimento dos “princípios básicos” da microbiologia e da imunologia ou respaldada por opinião de especialistas amplamente reconhecidos. Ao longo deste documento, as afirmações serão acompanhadas por um qualificador [EC1], [EC2] [EC3] , ou [EC4] refletindo uma “base de evidência” das categorias 1, 2, 3 ou 4, respectivamente. Para cada ocasião em que foram citadas, foi utilizado somente o nível de evidência mais rigoroso disponível. g
Situação da América Latina A profissão veterinária e a educação veterinária O VGG discutiu dados demográficos com colegas vinculados a universidades e a associações de classe na Argentina, no Brasil e no México. O número de faculdades de medicina veterinária foi estimado em 21 na Argentina e 45 no México, incluindo universidades públicas e privadas. O crescimento mais extraordinário foi observado no Brasil, onde ocorreu um aumento marcante no número de instituições privadas que oferecem cursos de medicina veterinária – existem atualmente mais de 400 escolas no país (Conselho Federal de Medicina Veterinária – CFMV, comunicação 42
pessoal). Não existem currículos nacionais centralizados, e o conteúdo e o padrão do ensino parecem ser bastante variáveis. Observaram-se grandes diferenças nos currículos no tocante ao ensino de doenças infecciosas, imunologia e vacinologia de animais de estimação. De forma similar, verificamos que as abordagens para ensinar a aplicação clínica da vacinação em consultórios veterinários são inconsistentes. A educação continuada não é obrigatória para os médicos-veterinários, e não há nenhuma ferramenta para registrar ou reconhecer a participação deles em desenvolvimento profissional. As oportunidades de educação continuada são fornecidas por meio de congressos promovidos por entidades de classe, congressos comerciais privados e palestras (físicas e online) fornecidos pela indústria ou por órgãos privados. No Brasil, em particular, a indústria tem um programa ativo para fornecer educação continuada em vacinologia por meio de apoio a palestras sobre o assunto. Na América Latina, muitas clínicas veterinárias são pequenas e administradas apenas por um veterinário. Isso cria um desafio para que esses veterinários consigam deixar o consultório para participar de eventos de educação continuada. Muitos dos colegas professores com os quais o VGG se reuniu estavam envolvidos e publicando pesquisa científica sobre doenças infecciosas em animais de estimação. Esses estudos formam a literatura baseada em evidência da América Latina e, onde apropriado, encontram-se citados neste documento. Da mesma forma como acontece em outras partes do mundo, na América Latina a obtenção de recursos para o desenvolvimento de pesquisas científicas direcionadas a animais de estimação constitui um desafio, mas, devido à significância zoonótica da leishmaniose visceral canina, esta é uma doença particularmente bem investigada no Brasil. Nas clínicas veterinárias existem muitos problemas com o diagnóstico de doenças infecciosas em pequenos animais. A maioria delas tem acesso a kits rápidos para o diagnóstico sorológico dessas doenças, mas
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não a laboratórios de diagnóstico que ofereçam metodologias alternativas. Há geralmente uma falta de entendimento no que diz a respeito às limitações dos testes utilizados e aos métodos mais apropriados para confirmar um diagnóstico de doença infecciosa. Doenças infecciosas que podem ser prevenidas por vacinas em pequenos animais O VGG obteve informações sobre a natureza e a prevalência das doenças infecciosas caninas e felinas que podem ser prevenidas por vacinas na América Latina utilizando três métodos: I, revisão da literatura científica revisada por pares; II. discussão com os principais líderes de opinião em reuniões de pequenos grupos; e III.questionário encaminhado aos veterinários, conforme descrito acima. Os resultados do questionário demonstraram claramente que, nos cinco países pesquisados, as principais doenças infecciosas caninas e felinas que podem ser prevenidas por vacinação ainda são observadas por médicosveterinários. Nas seções abaixo, fornecemos um resumo da literatura científica relevante publicada no Brasil sobre essas doenças infecciosas caninas e felinas. São escassos os estudos epidemiológicos de alta qualidade avaliando a distribuição das doenças infecciosas na América Latina, e, embora existam alguns relatos, apenas alguns estudos publicados definiram as doenças com base na apresentação clínica com diagnóstico laboratorial confirmatório. Os testes confirmatórios nem sempre estão disponíveis em muitas partes da América Latina, especialmente nos locais onde não existe nenhum laboratório de diagnóstico veterinário, o que obriga os veterinários a utilizarem laboratórios de diagnóstico humano. Além do mais, os testes diagnósticos, especialmente as análises moleculares (isto é, reação em cadeia da polimerase via transcriptase reversa – RT-PCR), são às vezes muito caros, fazendo com que muitas vezes o médico-veterinário conte so-
mente com o exame físico e o exame hematológico simples. Doenças infecciosas caninas no Brasil Embora as doenças como as causadas por infecção pelos vírus da cinomose (CDV) e da parvovirose (CPV-2) possam ser prevenidas por vacinação, em muitos países da América Latina elas ainda são um problema, devido ao fato de as taxas de vacinação (isto é, a imunidade de rebanho) serem muito baixas e de haver um elevado número de cães de rua que nunca foram vacinados 3 [EC1]. Um outro problema é que em alguns países da América Latina não se exige que a vacinação seja realizada somente por veterinários. Portanto, a vacinação sem o exame clínico ou sem considerar a qualidade e a viabilidade do produto vacinal é uma prática comum. Também é possível o tutor de um animal de estimação comprar uma vacina de um comerciante agrícola, sem armazenamento e manuseio apropriados, e administrá-la em sua própria casa, sem exame clínico por um veterinário e sem o transporte ou a manutenção adequados do produto. O exame clínico regular por um veterinário, incluindo a imunização adequada dos cães com as vacinas essenciais, é ainda um procedimento incomum entre os tutores de cães em muitas partes da América Latina. Embora não existam estudos formais da prevalência na maioria desses países, existem teses e resumos de estudos em repositórios de bibliotecas universitárias, e algumas publicações demonstrando que as doenças infecciosas que podem ser prevenidas por vacinação ainda estão presentes na maioria deles. h
Cinomose canina Uma meta-análise de estudos transversais abordando a prevalência global do CDV mostrou que a maioria dos artigos da América Latina era proveniente do Brasil, da Argentina e do Chile 4 [EC1]. A prevalência da cinomose canina no Brasil variou de < 10% a 41-50% quando o diagnóstico se baseou em estudos moleculares. Nos estudos baseados em sorologia, a
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WSAVA – Diretrizes vacinais soroprevalência variou de 10-20% a > 70% no Brasil 4,5 [EC1]. Outros estudos confirmam que o CDV está presente no Brasil 6-8 [EC1]. Parvovirose canina No sul do Brasil, há relatos da soroprevalência da exposição ao CPV-2 de 68,7% (561/817) em cães não vacinados 5 [EC1]. Um estudo conduzido com 104 cães com diarreia no Brasil identificou o CPV-2 por PCR em amostras fecais de 34,6% (36/104) dos cães 9 [EC1]. Outros estudos demonstram que o CPV-2 está presente no Brasil 6,10 [EC1]. Infecção pelo adenovírus canino Embora muitos veterinários reportem que observam casos de hepatite infecciosa canina (causada pelo adenovírus canino tipo 1 – CAV1) nos países da América Latina, os relatos de casos com confirmação do diagnóstico são raros. No Brasil foram revisados relatórios de necropsia de 5.361 cães durante um período de 43 anos (1964 a 2006), e 62 (1,2%) casos de hepatite infeciosa canina foram diagnosticados com base na história, na avaliação macroscópica e microscópica e na presença de corpúsculos de inclusão hepáticos 11 [EC1]. Outros estudos também confirmaram a presença de CAV-1 no Brasil 12-15 [EC1]. Complexo respiratório infeccioso canino (Cric) Um estudo conduzido em três abrigos no sul do Brasil demonstrou, por PCR de swabs nasais, que o CAV-2 estava presente como única infecção em 5,4 e 7,8% dos cães em dois abrigos, enquanto o vírus da parainfluenza canina (CPiV – vírus da parainfluenza tipo 5) foi encontrado em 29,7 e 8,6% dos cães, respectivamente. O CAV-2 estava presente como coinfecção com CDV em 2,7%, CAV-2 com CPiV em 22,9%, CPiV e CDV em 4% e CAV-2, CDV e CPiV em 13,5% dos cães em um dos abrigos 8 [EC1]. i
Leptospirose Embora existam muitos estudos demonstrando uma alta soroprevalência de leptospiro44
se em cães nos países da América Latina, há poucas publicações em cujo relato o agente foi isolado para identificar o sorovar causador da doença. O teste de aglutinação microscópica (MAT) é o método de diagnóstico de escolha para a leptospirose canina; no entanto, ele não é eficaz para confirmar o sorovar infectante. Estudos envolvendo o isolamento de leptospiras de cães são recomendados para fins epidemiológicos, assim como para a seleção de antígenos para o desenvolvimento de ensaios diagnósticos e de vacinas 16 [EC1]. Durante as visitas do VGG aos países da América Latina, uma outra situação comumente relatada foi o diagnóstico da leptospirose baseado no teste de uma única amostra de sangue, às vezes considerando o sorovar com mais alto título como o causador da infecção. Embora, na presença de sinais clínicos, um único título > 800 possa sugerir uma infecção, ele não pode confirmar o diagnóstico. O MAT deve ser realizado com amostras de soro pareadas, coletadas com uma a duas semanas de intervalo. Uma elevação de quatro vezes no título de anticorpos confirma uma infecção recente 16 [EC1]. O sorogrupo com o título mais elevado muitas vezes é interpretado como sendo o infectante; contudo, o título mais elevado no MAT pode variar ao longo do tempo, indicando que este método não prediz confiavelmente o sorogrupo infectante em animais com infecção aguda 17 [EC1]. Outro problema verificado nos países da América Latina é a falta de padronização e controle de qualidade em laboratórios que realizam o MAT para o diagnóstico da leptospirose, o que determina a variação dos resultados. A leptospirose em cães é causada principalmente pela Leptospira interrogans e pela Leptospira kirschneri 16 [EC1]. No entanto, a Leptospira noguchii 18 [EC1] e a Leptospira santarosai 19 [EC1] também foram isoladas de cães no Brasil. Os sorovares de Leptospira interrogans mais frequentemente isolados tanto de cães doentes como de cães aparentemente sadios no Brasil foram Canicola e Copenhageni 20-23 [EC1]. A L. interrogans sorovar Pomona foi isolada de inúmeros cães em um estudo 20 [EC1].
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WSAVA – Diretrizes vacinais A L. interrogans sorovar Pomona foi isolada de inúmeros cães em um estudo publicado em 1980. Raiva canina Os casos de raiva humana e canina foram reduzidos em aproximadamente 90% ao longo dos últimos 20 anos nos países da América Latina após os programas de vacinação em massa 24 [EC1]. Embora a Costa Rica, a Guiana Francesa, a Guiana, o Panamá, o Suriname e o Uruguai estejam livres da raiva canina, outros países ainda relatam casos dessa zoonose 25,26 [EC1]. Leishmaniose visceral canina A leishmaniose visceral canina (LVC) pode ser observada do México até a Argentina, com casos autóctones relatados em vários países. O número de cães infectados na América Latina é estimado em milhões, havendo altas taxas de infecção, especialmente no Brasil 27. A maioria dos estudos epidemiológicos é conduzida utilizando sorologia, no entanto, a utilização da PCR em áreas endêmicas tem confirmado que a prevalência da infecção nos cães é muito maior do que a soroprevalência 28. A soroprevalência da LVC nas áreas endêmicas do Brasil varia de 3,1 a 36,0% 27,29,30 [EC1]. Doenças infecciosas felinas no Brasil Infecção pelo parvovírus felino (Panleucopenia felina) Poucos estudos foram publicados em periódicos revisados por pares com um diagnóstico confirmado dessa doença. Em alguns o diagnóstico foi sorológico 31 [EC1], em outros a infecção por FPV foi confirmada por imuno-histoquimíca 32 [EC1] ou por PCR 33 [EC1]. Infecção do trato respiratório superior felino Poucos estudos foram publicados em periódicos revisados por pares com diagnóstico confirmado de infecção por herpesvírus felino (FHV1), calicivírus felino (FCV) ou Chlamydia felis. Um estudo com 302 gatos do sul do Brasil com e sem sinais clínicos de doença respiratória 46
relatou isolamento de FHV-1 e FCV, com confirmação por PCR, em 11,2% (34/302) e 8,6% (26/302) dos animais, respectivamente 34 [EC1]. Em outro estudo feito no Brasil com 108 filhotes não vacinados com e sem conjuntivite, 57,4% (62/108) apresentavam infecção por FHV-1, 37,0% (40/108) por FCV e 24,1% (26/108) por C. felis, confirmadas por PCR 35 [EC1]. C. felis foi também identificada por PCR em 6,2% (9/145) 36 [EC1] e em 58% (18/31) 37 [EC1] dos gatos com sinais clínicos em dois estudos no Brasil. Retroviroses felinas A maioria dos estudos de prevalência de infecção pelos vírus da leucemia felina (FeLV) e da imunodeficiência felina (FIV) nos países da América Latina são provenientes do Brasil. Nos países desenvolvidos, a prevalência de infecção por FeLV é geralmente baixa; no entanto, em alguns países da América Latina ela parece ser elevada. A prevalência de infecção por FeLV relatada no Brasil varia de acordo com a região estudada e da técnica utilizada, com valores variando de 0,33% a 47,5% 38-45 [EC1]. A ocorrência de leucemia foi associada à infecção pelo FeLV em 78,4% (29/37) dos casos em um estudo conduzido no Brasil 46,47 [EC1]. A prevalência do FIV no Brasil parece ser menor do que a do FeLV, com estudos demonstrando valores variando de 3,33% a 14,7% (67/454) por PCR 38-40,42,43,48-50 [EC1]. Em um estudo conduzido no sul do Brasil com 40 gatos que apresentavam sinais clínicos de infecção por FIV, 15 (37,5%) tiveram a infecção confirmada por PCR 51 [EC1]. j
Raiva felina A raiva em gatos foi relatada em muitos países da América Latina (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, República Dominicana, El Salvador, Honduras, México, Nicarágua, Paraguai, Peru e Venezuela) de 2005 a 2015 25 [EC1]. Vacinas e prática de vacinação As informações sobre a prática de vacina-
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ção derivam das reuniões com os principais líderes de opinião, do questionário e das visitas às clínicas. Sabe-se que há subvacinação das populações de animais de estimação nos países da América Latina, onde existem duas fontes principais de vacinas para cães e gatos. A maioria das vacinas é produzida pelas principais indústrias farmacêuticas mundiais, cujos produtos ou produtos relacionados são os mesmos comercializados em outras regiões e países do mundo. Tais produtos são respaldados por dossiês de licenciamento nos Estados Unidos e Europa que descrevem sua qualidade, segurança e eficácia, e geralmente por literatura científica independente revisada por pares. Neste documento, vamos denominá-los “vacinas internacionais” ou “vacinas de qualidade garantida”. A segunda fonte de vacinas são, menos comumente, os fabricantes nacionais. O VGG não conseguiu avaliar a qualidade, a segurança e a eficácia de tais produtos, que não são necessariamente respaldados por literatura científica independente revisada por pares. Por esse motivo, todas as recomendações deste documento (com a única exceção das vacinas contra Leishmania no Brasil, que serão discutidas especificamente abaixo) se referem somente às vacinas internacionais de qualidade garantida. No entanto, embora a maioria das vacinas seja derivada de fabricantes internacionais, existem produtos diferentes e muito menos linhas de produtos disponíveis nos países da América Latina, quando comparados aos mercados, por exemplo, dos Estados Unidos ou da Europa. Existem: I. menos produtos da linha de um fabricante disponíveis; II. produtos únicos de um fabricante internacional que não estão disponíveis em outras regiões (p. ex., a vacina contra giárdia, que foi removida da maioria dos mercados globais, com exceção da América Latina, e será discutida especificamente abaixo); III. uma tendência para vacinas polivalentes (com múltiplos antígenos), em vez das combinações com menos antígenos que estão hoje
em dia amplamente disponíveis em outros locais; e IV. diferenças com relação à duração de imunidade licenciada para a mesma vacina comercializada em outras partes do mundo e na América Latina. Todos esses fatores tornam difícil para os médicos-veterinários da América Latina vacinar de acordo com as atuais diretrizes globais de vacinação da WSAVA. Em particular, a administração das vacinas essenciais a cães e gatos adultos em frequência não maior do que a cada 3 anos é um grande desafio, uma vez que não é possível obtê-las com apenas três componentes (p. ex., uma combinação de CDV, CAV e CPV-2 ou uma combinação de FPV, FHV-1 e FCV). Esses antígenos essenciais encontram-se associados a múltiplos antígenos não essenciais em vacinas polivalentes. O desafio torna-se maior quando a duração da imunidade (DI) licenciada para antígenos essenciais na América Latina é de 1 ano, enquanto produtos idênticos em outros mercados trazem a declaração de DI mínima de 3 anos. Como verificamos em outros locais, existe uma relutância em aceitar que um produto licenciado para 1 ano possa ser usado, “fora da indicação”, a cada 3 anos (com consentimento informado do cliente), embora o produto idêntico seja autorizado para utilização desse modo em outras regiões do mundo. Esse “estágio de transição” no uso de vacinas essenciais foi mais rapidamente adotado pelos médicos-veterinários dos Estados Unidos, Canadá e Europa do que tem sido, ou provavelmente será, nos mercados como os da América Latina. Como verificamos na Ásia, existem também desafios em torno da vacinação contra raiva em clínicas veterinárias (em oposição às campanhas de vacinação em massa conduzidas pelo governo). A vacinação antirrábica é obrigatória por lei e deve ocorrer anualmente, sendo que atualmente as vacinas antirrábicas inativadas internacionais têm uma DI licenciada de 1 ano na maioria dos países da América Latina. Contudo, produtos idênticos em outros mercados
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WSAVA – Diretrizes vacinais globais têm atualmente uma DI licenciada de 3 anos. Para que haja um avanço na América Latina, os fabricantes e as agências regulatórias precisarão trabalhar para estender a indicação da DI desses produtos utilizados em clínicas veterinárias, e, ao mesmo tempo, as associações profissionais veterinárias precisarão fazer pressão para alterar a lei (como já aconteceu em vários outros países), de modo que esta fique condizente com a ciência. Além do mais, na América Latina as clínicas veterinárias geram uma proporção importante de sua receita por meio da venda de vacinas aos clientes. Em nossas visitas às clínicas, notamos repetidamente grandes placas sobre as mesas de recepção relacionando as vacinas comercializadas e seus preços. Isso deixou claro que os clientes, com ou sem o aconselhamento do médico-veterinário, precisariam selecionar as vacinas que seus animais receberiam com base em suas condições de pagamento. Os conceitos de checkup anual e incorporação da vacinação em um programa de cuidados preventivos de saúde para o animal de estimação (um “plano de saúde” da clínica) constituíam uma novidade para vários membros da comunidade veterinária na América Latina. Pelo fato de a venda de vacinas sustentar a receita das clínicas, existe também uma cultura de que “mais é melhor”. Os médicos-veterinários quase que exclusivamente administram a vacinação anualmente, utilizando a vacina que contenha a maior combinação de antígenos. Os clientes foram acostumados a visitar o médico-veterinário anualmente para um “reforço vacinal”. A administração anual de vacinas contendo múltiplos componentes é considerada preferível, pelo fato de o cliente ser levado a acreditar que essa abordagem seja a melhor. Foi-nos dito repetidamente que os médicos-veterinários “perderiam seus clientes” se não oferecessem vacinação anual com o maior número possível de antígenos. Há um certo “círculo vicioso” nesse conceito, pois os fabricantes continuam a fornecer e promover produtos com múltiplos componentes que podem incluir (para 48
o cão) algo como até 10 antígenos diferentes. Um problema adicional enfrentado pelos médicos-veterinários da América Latina é que a vacinação de um animal de estimação não é restrita à clínica veterinária. As pet shops podem vacinar filhotes de cães e gatos antes da venda, e os tutores podem obter vacinas para administrar em seus animais utilizando protocolos vacinais considerados deficientes. Da mesma forma que o VGG observou durante o projeto na Ásia, existem também questões comuns e simples relativas à “gestão operacional da vacina” nas clínicas veterinárias da América Latina. Essas questões estão amplamente relacionadas ao armazenamento de vacinas na clínica, que frequentemente ocorre em refrigeradores domésticos de uso múltiplo, sem monitoramento da temperatura e junto com múltiplos medicamentos (e frequentemente com alimentos e bebidas para consumo humano). Durante nosso projeto asiático, o VGG produziu algumas diretrizes simples para a gestão operacional efetiva da vacina, que foram replicadas e estendidas neste documento (Tabela 1). Concomitantemente ao projeto do VGG na América Latina, um projeto realizado pela Federação Iberoamericana de Associações Veterinárias de Animais de Companhia (Fiavac) foi gerenciado pelo Comitê Latinoamericano de Vacinologia de Animais de Companhia (Colavac) com o objetivo de produzir diretrizes de vacinação que considerem as idiossincrasias epidemiológicas e culturais da prática veterinária nessa região. O estabelecimento do Colavac está inteiramente dentro do espírito das diretrizes de vacinação da WSAVA, que em 2016 estabelecem claramente: “Estas diretrizes não são um decreto obrigatório, mas de preferência devem ser usadas pelas associações nacionais e por clínicas veterinárias para desenvolver esquemas de vacinação relevantes para a situação local”. O Colavac é precisamente, portanto, um exemplo daquela recomendação, e congratulamos a Fiavac por essa importante iniciativa. As diretrizes do Colavac foram disponibilizadas para o Brasil, a Argentina, o Méxi-
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Gestão operacional das vacinas: pontos principais para os médicos-veterinários • As vacinas devem ser mantidas em um refrigerador que seja utilizado para armazenar apenas medicamentos e vacinas (e não gêneros alimentícios ou bebidas). • O suprimento de eletricidade para o refrigerador das vacinas deve ser protegido contra desligamentos inadvertidos por meio do uso de geradores, tomadas elétricas que não podem ser desligadas e um plugue claramente marcado com a indicação “Não desligue”. • A temperatura de armazenamento ideal das vacinas (particularmente das vacinas com adjuvantes) geralmente varia entre 2 e 8°C (os refrigeradores domésticos devem ser mantidos em 4°C). Esses produtos não devem ser congelados ou posicionados próximos ao compartimento do congelador, e a temperatura do refrigerador deve ser monitorada regularmente com o uso de um termômetro de máxima e mínima localizado no seu corpo principal. O ideal é que a temperatura do refrigerador seja registrada em gráfico em um livro próprio para esse fim, diariamente. • As vacinas devem ser armazenadas no refrigerador com espaço adequado para circulação de ar, de modo que a temperatura se mantenha constante ao redor dos produtos. • As vacinas devem ser armazenadas no refrigerador dentro da embalagem do fabricante. • Determinadas prateleiras devem ser designadas para vacinas específicas, cuja localização deve ser registrada em uma lista fora do refrigerador. Isso fará com que a porta se mantenha aberta por menos tempo ao acessar as vacinas. • Não se deve estocar vacinas em excesso. • Um novo estoque deve ser colocado na parte do fundo do refrigerador. • As vacinas transportadas para o campo devem também ficar sujeitas à continuação da “cadeia fria”. Elas devem ser transportadas em uma caixa térmica, mas não colocadas em contato direto com o gelo ou com as bolsas de gelo. • As vacinas liofilizadas devem ser reconstituídas imediatamente antes do uso, com o diluente apropriado ou a vacina líquida administrada concomitantemente (de acordo com as especificações do fabricante). Não é uma boa prática, e é contraindicado, preparar logo cedo as vacinas previstas para serem utilizadas durante o dia. Alguns componentes das vacinas (por exemplo, CDV, FHV-1) são particularmente instáveis, e, portanto, elas podem não induzir imunidade adequada se não forem reconstituídas imediatamente antes do uso. • As vacinas só devem ser misturadas na mesma seringa se isso for especificado como aceitável nas bulas do fabricante. • As seringas e agulhas utilizadas para vacinação não devem ser reutilizadas. • Os locais da injeção da vacina não devem ser esterilizados com álcool ou outros desinfetantes, pois isso pode inativar as vacinas infecciosas (contendo vírus vivo modificado). • As vacinas devem estar “dentro da data de validade”, e os detalhes precisos dos números de lotes, componentes e local da injeção devem ser anotados na ficha médica do animal.
Tabela 1 – Gestão operacional das vacinas: pontos principais para os médicos-veterinários
co e o Peru (http://www.fiavac. org/guias.php); no entanto, os leitores notarão que as recomendações de uso das mesmas vacinas diferem nesses países, e às vezes também divergem das recomendações feitas pelo VGG no presente manuscrito. Existem algumas razões importantes que podem explicar essa última observação, e elas estão relacionadas ao que se considera um trabalho ideal realizado por um grupo de especialistas que produz diretrizes. Em primeiro lugar, esse grupo de especialistas deve ser completamente independente da indústria de vacinas e não deve incluir representantes dela nos comitês, ou ter a colaboração ou o direito de veto de patrocinadores ligados a ela. Como
os leitores podem observar pela declaração do Conflito de Interesse que encerra o presente manuscrito, o VGG é considerado um comitê acadêmico completamente independente. Em segundo lugar, as diretrizes devem ser baseadas em evidência e respaldadas, sempre que possível, por literatura publicada em revistas científicas cuja avaliação é feita por pares. O VGG desenvolveu uma hierarquia baseada em evidência para a vacinologia 1, que é aplicada às suas diretrizes globais e agora regionais. Finalmente, as próprias diretrizes devem ser submetidas à revisão por pares e ser publicadas em revistas científicas respeitáveis. Os documentos do VGG sempre foram submetidos a essa revisão independente, e são publicados na revista científica oficial da WSAVA, o Journal
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WSAVA – Diretrizes vacinais of Small Animal Practice. Como apenas uma minoria dos médicos-veterinários no Brasil acessam revistas cientificas internacionais, bem como os documentos disponibilizados no site da WSAVA, o VGG optou por publicar parte das “Recomendações sobre a vacinação para médicos-veterinários de pequenos animais da América Latina” na revista Clínica Veterinária, importante revista científica de educação continuada para o médico-veterinário de pequenos animais no Brasil. Recomendações do VGG para a América Latina Fornecimento de vacinas Como ficará claro pelas recomendações feitas abaixo, há um desafio particular na implementação das diretrizes globais de vacinação na América Latina. Isso está relacionado simplesmente à falta de linhas de produtos com um mínimo de antígenos que estão amplamente disponíveis nos Estados Unidos, na Europa e em outros mercados, e que permitem que os médicos-veterinários daqueles países vacinem de acordo com as diretrizes da WSAVA. Até que haja uma mudança das vacinas multiantigênicas (contendo algo como até 10 diferentes antígenos) em direção às vacinas essenciais trivalentes ou bivalentes e às não essenciais monovalentes ou bivalentes, será desafiador para os médicos-veterinários da América Latina adotar os novos padrões de vacinologia que estão agora bem incorporados em muitos outros países. Quando tais linhas de produtos estiverem mais amplamente disponíveis (atualmente isso acontece apenas na Argentina), será necessário informar a melhor forma de utilizá-los e mudar radicalmente os costumes para adotar o conceito de saúde preventiva fornecida por meio de uma verificação anual da saúde ou de um plano de saúde, em oposição à deliberada comercialização de vacinas como condutores comerciais de importância central na clínica veterinária. Um desafio importante para fazer tais mudanças está na identificação de quem tem responsabilidade por conduzi-las. Indiscutivel50
mente, a indústria veterinária deve liderá-las, trazendo linhas de produtos reformulados para a América Latina, mas isso não pode acontecer sem o suporte da profissão veterinária, por meio das associações profissionais, e sem alguma flexibilidade nas exigências para o licenciamento de vacinas. Com relação a este último, o VGG apoia a divulgação de estudos realizados em outros países para a concessão de novas licenças. No mínimo, não ter que realizar estudos adicionais para produtos que já estão licenciados nos Estados Unidos, Canadá e Europa propiciaria benefícios significativos para o bem-estar dos animais. Há ainda o desafio de que em vários países da América Latina tutores e criadores conseguem comprar vacinas e aplicá-las em cães e gatos sem a supervisão de um médico-veterinário. Deve haver uma mudança de mentalidade para que as clínicas veterinárias que simplesmente vendem vacinas passem a vender um programa de cuidados de saúde preventiva, baseado em aconselhamento profissional, para reeducar os clientes e atraí-los de volta para a clínica veterinária. k
Vacinação canina: protocolos ambiciosos O VGG recomenda que os médicos-veterinários da América Latina implementem os princípios básicos da vacinologia de animais de estimação baseados em evidência apresentados nas diretrizes globais de vacinação da WSAVA de 2016 1 [EC1]. A tabela 2 apresenta algumas recomendações ambiciosas quanto aos protocolos de vacinação de cães destinadas a auxiliar os médicos-veterinários da América Latina. Compreender o conceito de vacinas essenciais versus não essenciais é fundamental para a aplicação das diretrizes de vacinação. As vacinas essenciais são aquelas que todo cão, independentemente da localização ou do estilo de vida, deve receber para ficar protegido contra infecções que causem morbidade significativa ou doença grave/fatal. Elas contêm CDV, CAV2 e CPV-2, preferivelmente na forma de vírus vivos modificados (VVM). Nos países onde a raiva canina continua sendo uma doença en-
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dêmica, a vacina antirrábica inativada também é considerada essencial para todos os cães. As vacinas não essenciais (opcionais) são aquelas consideradas para animais cuja localização geográfica ou estilo de vida os coloca em risco de adquirir infecções específicas. Não são necessárias para todos os animais e não devem ser usadas quando não houver evidência de uma doença ou quando o risco de exposição for mínimo. Incluem as vacinas contra leptospira e aquelas destinadas a proteger contra elementos do Cric, que geralmente contêm B. bronchiseptica com ou sem CPiV. As diretrizes globais da WSAVA classificam algumas vacinas como não recomendadas para qualquer cão porque não há evidência científica suficiente para justificar seu uso. Estas incluem a vacina contra coronavírus entérico (não pantrópico) (CCoV entérico) e a vacina contra giárdia, quando usadas para prevenir ou tratar uma infecção. O CCoV é considerado de menor importância clínica como patógeno entérico primário, causando apenas leve diarreia nos filhotes. Doença entérica mais severa ocorre com coinfecção por CCoV e CPV-2 52 [EC1]. Alguns estudos publicados demonstraram que as vacinas comerciais inativadas contra CCoV entérico induzem apenas respostas transitórias de anticorpos séricos e não reduzem a infecção viral ou a disseminação fecal em cães vacinados com elas em comparação aos cães não vacinados 53,54 [EC1]. Além do mais, a vacina injetável contra CCoV não eleva a concentração de anticorpos IgA fecais específicos contra o CCoV, que se acredita sejam os responsáveis pela imunoproteção 52 [EC1]. Similarmente, os cães vacinados com uma vacina comercial inativada contra giárdia não foram protegidos da infecção por esse parasita, visto que não houve diferenças nas taxas de detecção de cistos parasitários ou antígenos ou na ocorrência de diarreia entre os vacinados e os não vacinados 55,56 [EC1]. Além disso, o tratamento dos animais infectados por giárdia com uma vacina comercial inativada contra esse parasita não foi eficaz na eliminação da
produção de cistos 55 [EC1]. As diretrizes da WSAVA recomendam a revacinação dos filhotes com vacinas essenciais internacionais contendo VVM, a intervalos determinados ao longo dos primeiros 4 meses de idade, para superar a interferência dos anticorpos maternos (MDA – do inglês maternally derived antibody) 1 [EC1]. Essas diretrizes também recomendam que uma vacina essencial final contendo VVM seja administrada entre 6 meses e 1 ano de idade, para assegurar que todos os filhotes recebam pelo menos uma dose que seja capaz de conferir imunidade na ausência de MDA 1 [EC4]. O desenvolvimento de imunidade protetora não depende do número de doses de vacinas essenciais contendo VVM administradas durante a série de vacinação dos filhotes, mas sim da época em que elas são administradas. Para os animais adultos, há ampla evidência que respalda a revacinação com vacinas essenciais internacionais de qualidade garantida contendo VVM não mais frequentemente do que a cada 3 anos 57-64 [EC1]. Embora as autoridades reguladoras dos países da América Latina exijam a revacinação anual com vacinas essenciais internacionais contendo VVM licenciadas em outros locais para uso a intervalos de 3 anos, essa prática é considerada uso impróprio dos recursos financeiros do cliente, que seriam mais bem aplicados aos exames de saúde anuais, à profilaxia parasitária de rotina e ao tratamento de problemas médicos. Aumentar a frequência da vacinação com vacinas essenciais contendo VVM não confere maior proteção a um animal. Aumentar o número de animais adequadamente vacinados é muito mais importante para assegurar a proteção da população ou a imunidade de rebanho do que vacinar cada animal com mais frequência. Embora as bulas indicando 3 anos de duração de imunidade para as vacinas essenciais internacionais de qualidade garantida, com VVM, não sejam atualmente aceitas pelos países da América Latina, o VGG incentiva as autoridades reguladoras nacionais e locais a permitirem que os médicos-veterinários utilizem
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WSAVA – Diretrizes vacinais essas vacinas de acordo com as diretrizes da WSAVA como produtos com “uso fora da indicação da bula”, com consentimento do cliente informado a esse respeito. Essa abordagem tem sido usada com sucesso em outros países que aguardam a aceitação das bulas das vacinas internacionais de qualidade garantida pelas autoridades nacionais e locais. l Vacinação canina: protocolos pragmáticos Os problemas com a disponibilidade das vacinas, a duração de imunidade licenciada para o produto e o conhecimento da prevalência da doença e dos riscos de exposição dificultam a adoção das diretrizes globais de vacinação da WSAVA pelos médicos-veterinários dos países da América Latina. Em muitos desses países há disponibilidade limitada de vacinas internacionais de qualidade garantida de um ou múltiplos componentes que permitam o uso separado de antígenos essenciais de VVM versus antígenos não essenciais. A escassez de estudos publicados em revistas indexadas que utilizam avaliação por pares sobre a prevalência de doenças específicas nos países da América Latina faz com que seja um desafio para os médicos-veterinários a tomada de decisões baseadas em evidência sobre quais são as vacinas não essenciais apropriadas para os animais nas diferentes regiões. Os médicos-veterinários da América Latina e suas associações nacionais devem pressionar a indústria e os órgãos regulamentadores governamentais para terem acesso às vacinas caninas internacionais de qualidade garantida que contenham apenas os componentes essenciais de VVM (CDV, CPV-2, CAV-2) ou os componentes não essenciais (Leptospira, CPiV, Bordetella). Isso permitirá a administração de vacinas essenciais contendo VVM a cada 3 anos e a vacinação anual separada com vacinas não essenciais para cães em risco. Atualmente, a maioria das vacinas internacionais de qualidade garantida disponíveis nos países da América Latina contêm antígenos essenciais de VVM (CDV, CAV-2, CPV-2) combinados com antígenos não essenciais (Lep52
tospira) e antígenos não recomendados (isto é, CCoV entérico). Os médicos-veterinários podem seguir algumas recomendações pragmáticas apresentadas na tabela 3 para fazer a transição da administração dessas vacinas de múltiplos componentes anualmente a todos os cães para o uso de vacinas essenciais e não essenciais separadamente, de acordo com as diretrizes da WSAVA. Inclusa nesse protocolo pragmático de transição está a administração “fora da indicação”, com o consentimento do cliente, dos componentes das vacinas essenciais contendo VVM a cada 3 anos a cães adultos, em vez de anualmente. O VGG reconhece que o uso desse protocolo pragmático pelos médicos-veterinários é limitado pela disponibilidade local dos produtos. Para os clientes que só podem arcar com uma vacina para seu cão, a abordagem recomendada é escolher uma vacina internacional de qualidade garantida contendo os componentes essenciais de VVM e administrá-la em um momento em que a dose única possa induzir imunidade protetora de longa duração, na ausência de interferência dos anticorpos maternos (isto é, aos 4 meses de idade ou mais). Leishmaniose canina A leishmaniose visceral canina (LVC) causada pela Leishmania infantum é uma das doenças zoonóticas mais significativas na América Latina, e sua distribuição geográfica está se expandindo na região. A LVC está disseminada do México até a Argentina, com casos autóctones relatados em vários países 27 [EC1]. Embora as vacinas possam prevenir a infecção ativa e o risco de desenvolvimento de doença clínica em alguns cães, alguns animais vacinados podem tornar-se progressivamente infectados e transmitir o parasita para os flebotomíneos, mesmo quando assintomáticos 65-68 [EC1]. Portanto, para os animais que vivem em áreas endêmicas, do ponto de vista epidemiológico é mais importante usar inseticidas – especialmente coleiras – para prevenir as picadas de flebotomíneos do que utilizar vacinas 69,70 [EC1]. Sempre que possível, as duas medidas devem ser combinadas
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WSAVA – Diretrizes vacinais para fornecer um alto nível de proteção não só para os cães, mas para outros animais e pessoas que compartilhem o mesmo ambiente. É importante destacar que uma história prévia de vacinação não exclui um diagnóstico de LVC nos cães com quadro clínico ou anormalidades clínico-patológicas sugestivos da doença. No momento da redação deste documento só existiam na América Latina duas vacinas licenciadas contra a LVC. Uma contém a proteína A2 recombinante de Leishmania donovani em um adjuvante, licenciada no Brasil e no Paraguai, e a outra consiste em proteínas excretadas/secretadas purificadas de L. infantum (LiESP) em um adjuvante, licenciada no Paraguai e na Argentina. O protocolo de vacinação para filhotes inclui três doses administradas com 3 semanas de intervalo e um reforço anual. A vacina contendo proteína recombinante A2 pode ser usada em cães a partir de 4 meses de idade, e a que contém LiESP, a partir de 6 meses de idade. Os cães adultos que nunca foram vacinados recebem o mesmo protocolo. As vacinas contra LVC só devem ser consideradas para cães que vivam em áreas endêmicas, onde haja risco de serem infectados. De acordo com as recomendações do fabricante, somente cães soronegativos devem ser vacinados; no entanto, vários cães podem estar infectados sem que tenha havido soroconversão e, portanto, ser inadequadamente vacinados. Raiva canina Está claro que os programas de vacinação em massa em larga escala conduzidos ao longo das últimas décadas tiveram sucesso no controle da infecção pelo vírus da raiva canina em cães e gatos (e, portanto, na população humana) em vários países da América Latina. Existem, no entanto, “pontos críticos” remanescentes da doença, sendo registrados baixos números de casos em países com bom controle geral. Na maioria dos países da América Latina existe vigilância contínua e vacinação contra a raiva canina anual obrigatória. Isso pode ser realizado por meio de campanhas de vacinação em massa realizadas por organiza54
ções governamentais ou não governamentais ou da vacinação de animais em clínicas veterinárias. A vigilância e a vacinação contínuas para manter a imunidade de rebanho são essenciais neste momento para o controle da raiva canina. Conforme discutido acima, há uma desconexão entre a lei e a ciência com relação às vacinas antirrábicas. Não há dúvida de que nas campanhas de vacinação em massa em campo (particularmente nas que visam vacinar cães de rua ou cães comunitários), a revacinação anual é essencial. Entretanto, para um animal de estimação que tem tutor e visita o médico-veterinário, a vacinação com uma vacina antirrábica canina internacional de qualidade garantida deve conferir uma duração da imunidade mínima de 3 anos 1 [EC1]. Um movimento para licenciar as vacinas com DI de 3 anos, como os mesmos produtos que existem nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa, ajudaria a resolver essa anomalia. m
Vacinação felina: protocolos ambiciosos Quando se aspira a produzir um protocolo de vacinação otimizado para gatos em um local específico, deve-se ter em mente a imensidade e a diversidade da América Latina. No entanto, é possível fornecer ampla recomendação aos seus médicos-veterinários com base no que foi aprendido sobre doenças infecciosas felinas na região e, mais além, considerando quais vacinas estão disponíveis comercialmente. Os médicos-veterinários de todos os países da América Latina devem ser estimulados a seguir a recomendação fundamental fornecida nas mais recentes diretrizes de vacinação da WSAVA 1. Como essas diretrizes tornam claro, existem vacinas essenciais que, em um mundo ideal, todos os gatos filhotes e todos os gatos adultos devem receber com frequência suficiente para assegurar proteção durante toda a vida. Essas vacinas protegem contra agentes infecciosos que podem causar doença grave ou morte, especialmente nos filhotes. Em todos os países, as vacinas contra FPV, FHV-1 e FCV são consideradas essenciais 1,71 [EC1]. Nos países onde a raiva é endêmica, as va-
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cinas antirrábicas também são consideradas essenciais 1,71 [EC1]. Além disso, existem vacinas não essenciais, que nem todo filhote ou gato adulto precisa necessariamente receber. O uso dessas vacinas deve ser baseado em uma análise esclarecida do risco-benefício, no conhecimento da frequência local da doença e no estilo de vida do gato 1 [EC1]. As vacinas não essenciais protegem contra agentes infecciosos que podem ser encontrados frequentemente em algumas áreas, mas são sabidamente raros ou ausentes em outros locais (p. ex., FeLV). Algumas delas (como, por exemplo, aquelas que protegem contra a infecção por C. felis) funcionam contra agentes geralmente menos patogênicos do que aqueles cobertos pelas vacinas essenciais, ou que são tratáveis com o uso de antibióticos. Em alguns países da América Latina (p. ex., no Brasil) o FeLV é altamente prevalente em algumas regiões (isto é, o sudeste e o extremo sul do país) e muito menos prevalente em outras, tal como o norte 40-42,46,47 [EC1]. Em geral, a prevalência do FeLV no Brasil parece ser consideravelmente mais alta do que em muitos outros países onde foi estudada 72 [EC1]. Portanto, recomenda-se que os médicos-veterinários da América Latina procurem estabelecer a prevalência do FeLV em sua região para permitir que se tomem decisões baseadas em evidência sobre o uso recomendado (ou não) das vacinas contra esse vírus. Esse é o modo como as vacinas não essenciais devem ser utilizadas. Vacinas de alta qualidade contra o FPV, contendo VVM, demonstraram fornecer imunidade robusta de longa duração para a grande maioria dos gatos vacinados quando usadas de acordo com as diretrizes do VGG da WSAVA 73,74 [EC1]. Como precaução, geralmente se recomenda a revacinação a cada 3 anos. É improvável que vacinar mais frequentemente do que isso forneça qualquer melhora no grau de proteção, e fazê-lo pode aumentar o risco de reações adversas. É muito mais importante assegurar que uma grande proporção da população-alvo seja vacinada (isto é, aumentar a imunidade de rebanho em geral) do que au-
mentar a frequência da revacinação de cada animal na população em risco. De fato, a inútil revacinação anual dos gatos contra o FPV com produtos conhecidos por fornecer vários anos de proteção deve ser vista como uso inadequado dos recursos financeiros, potencialmente limitados, do cliente. Estes poderiam ser mais bem aplicados para abordar outros problemas de saúde do animal e talvez usados para comprar vacinas não essenciais, se o uso de uma ou mais delas for respaldado por evidência e, desse modo, justificável naquela região. As vacinas de alta qualidade contra FCV e FHV-1 contendo VVM não fornecem tal proteção robusta e de longa duração como as vacinas contra FPV que acabamos de mencionar 75 [EC1]. A imunidade conferida por essas vacinas não consegue prevenir a infecção ou o desenvolvimento do estado de portador. No entanto, para os gatos com estilos de vida de “baixo risco” (isto é, gatos que vivem somente dentro de casa e que não visitam gatis de hospedagem), considera-se que a vacinação a cada 3 anos forneça proteção suficiente 1,71 [EC4]. Para gatos em risco mais alto de infecção por FCV ou FHV-1 (isto é, gatos com acesso ao ar livre ou que visitem regularmente um gatil de hospedagem), a revacinação anual é recomendada 1 [EC4]. Em alguns países, é possível comprar vacinas que contêm somente FCV e FHV-1, de modo que as trivalentes podem ser usadas a cada 3 anos (FCV, FHV-1, FPV), e uma bivalente (FHV-1, FCV), se necessário, pode ser utilizada em cada um dos anos desse intervalo. Infelizmente, até agora tais produtos não estão consistentemente disponíveis em todo o mundo. As vacinas antirrábicas devem ser usadas de acordo com a regulamentação local. Particularmente, algumas vacinas antirrábicas internacionais de qualidade garantida para uso em gatos fornecem proteção por pelo menos 3 anos 76 [EC1]. Nos Estados Unidos, a regulamentação que exigia a revacinação anual dos gatos, apesar da evidência de proteção muito mais longa de algumas vacinas, foi contestada e alterada em consequência de pressão
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WSAVA – Diretrizes vacinais política da profissão veterinária e dos tutores de animais de estimação. Uma característica crucial de um protocolo de vacinação ideal para gatos em qualquer país inclui o término da série para os filhotes não antes de 16 semanas de idade. Isso se deve à evidência acumulada nos últimos anos, indicativa de que uma minoria dos filhotes tinha quantidades significativas de anticorpos maternos que podem interferir com alguns dos componentes das vacinas mesmo até 20 semanas de idade 77-79 [EC1]. O término às 16 semanas ou mais é condizente com essa evidência científica e com as atuais diretrizes de vacinação da WSAVA, assim como com as de outras organizações. As vacinas disponíveis nos países da América Latina podem não ter recomendações nas bulas para uso conforme descrito nesta seção. Seria de grande valia se os órgãos regulamentadores locais e as orientações das organizações que regulamentam a profissão veterinária permitissem que os médicos-veterinários usassem vacinas “fora da indicação” com o consentimento do cliente. Essa abordagem foi usada durante anos por médicos-veterinários em outros países, antes de as recomendações das bulas serem finalmente atualizadas. O VGG espera que, no devido tempo, sejam realizadas mudanças nas bulas das vacinas essenciais de qualidade garantida contendo VVM produzidas pelas grandes empresas farmacêuticas internacionais nos países da América Latina. A tabela 2 apresenta algumas recomendações ambiciosas quanto aos protocolos de vacinação de gatos destinadas a auxiliar os médicos-veterinários da América Latina. Vacinação felina: protocolos pragmáticos Os médicos-veterinários de pequenos animais nos países da América Latina não conseguem atualmente adotar as diretrizes de vacinação da WSAVA na sua totalidade. Isso se deve a inúmeros motivos. Primeiramente, o uso racional das vacinas não essenciais é dificultado em muitas partes da América Latina pela falta de informação sobre a frequên56
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cia das doenças. Inversamente, em algumas regiões estão disponíveis excelentes informações detalhadas. Onde falta evidência, os médicos-veterinários geralmente decidem seguir uma abordagem cautelosa. Isso pode levar a um uso excessivo e desnecessário de vacinas não essenciais. Mais pesquisa e vigilância permitiriam o uso seletivo e mais embasado de vacinas não essenciais. Em segundo lugar, em muitos países da América Latina há disponibilidade limitada de produtos. Em particular, as vacinas essenciais licenciadas e aprovadas para uso bienal, trienal ou menos frequente não se encontram disponíveis em vários países da América Latina. Isso pode acontecer em parte devido a uma falta de evidências científicas geradas localmente para que fosse permitido aumentar a extensão da DI, e à exigência de tais evidências pelas autoridades regulamentadoras locais. No entanto, existem muitas evidências, geradas em numerosos países, que respaldam a visão de que as vacinas essenciais felinas podem ser usadas de forma similar, e com muita confiança, tanto nos países da América Latina como em outras partes do mundo. Embora as atuais bulas de muitas vacinas essenciais de qualidade garantida contendo VVM recomendem a revacinação anual de animais adultos, exatamente as mesmas vacinas são administradas trienalmente em vários outros países, inclusive em alguns com alta pressão de doenças infecciosas. Um outro desafio referente à disponibilidade de produtos na América Latina é a escassez ou falta de vacinas não essenciais monovalentes. Por exemplo, em alguns países, as vacinas contra C. felis só estão disponíveis em combinação com os componentes essenciais FPV, FHV-1 e FCV, e a vacina contra o FeLV só está disponível em combinação com os quatro precedentes. Portanto, existem vacinas para felinos de 3, 4 e 5 componentes, mas poucas – ou nenhuma – vacinas não essenciais monovalentes. Um médico-veterinário que queira proteger o animal tanto contra o FeLV como contra os agentes essenciais, mas que
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Um programa de vacinação ambicioso para os médicos-veterinários da América Latina Tipo de vacina
Vacinação de cães e gatos filhotes
Revacinação de animais adultos
Vacinas essenciais de qualidade garantida contendo VVM Para cães, contendo CDV, CAV e CPV-2. Para gatos, contendo FPV, FCV e FHV-1.
Iniciar às 6 a 8 semanas de idade e então a cada 2 a 4 semanas, até 16 semanas de idade ou mais 1 [EC1]. A vacinação essencial com produtos contendo VVM pode ser iniciada mais cedo, mas nunca antes de 4 semanas de idade. Para cães filhotes, um produto contendo alto título de CDV e CPV-2 pode ser usado às 4 ou 6 semanas de idade (se disponível) antes de ser trocado pela vacina essencial trivalente às 8 semanas de idade ou mais 1 [EC1]. Uma quarta vacina deve ser administrada entre 6 e 12 meses de idade, ou 12 meses após a terceira vacina, ou aos 12 meses de idade 1 [EC4].
A revacinação com vacinas essenciais de qualidade garantida contendo VVM não deve ser mais frequente do que a cada 3 anos 1 [EC1]. A sorologia pode ser usada para monitorar a imunidade protetora (para CDV, CAV, CPV-2 e FPV) e ajudar na tomada de decisão sobre os intervalos da revacinação 1 [EC1]. A única exceção a isso podem ser os gatos com alto risco de contrair vírus do trato respiratório superior, nos quais esses componentes podem ser administrados anualmente 1 [EC1].
Vacina antirrábica de qualidade garantida para cães ou gatos (note que isso não se refere às campanhas de vacinação em massa).
De acordo com as recomendações do fabricante, uma dose a partir de 12 semanas de idade 1 [EC1]. O VGG recomenda que em áreas de alto risco (isto é, não na maioria das áreas da América Latina) uma segunda dose pode ser administrada após 2 a 4 semanas. Em áreas de baixo risco, uma segunda vacina deve ser administrada 12 meses depois ou aos 12 meses de idade.
Todas as vacinas antirrábicas de qualidade garantida têm uma DI licenciada de 3 anos em vários países fora da América Latina 1 [EC1].
Vacinas não essenciais Exemplos para cães: Leptospira, complexo respiratório infeccioso canino (“tosse dos canis”) e Leishmania. Exemplos para gatos: vírus da leucemia felina e C. felis (as vacinas contra os vírus da imunodeficiência felina e Bordetella não estão disponíveis na América Latina).
Administrar de acordo com as recomendações do fabricante: geralmente duas doses com 2 a 4 semanas de intervalo. As vacinas não essenciais injetáveis e as vacinas orais contra o Cric são geralmente administradas a partir de 8 semanas de idade. As vacinas intranasais contra o Cric podem ser utilizadas mais cedo (seguir as recomendações do fabricante) 1 [EC1].
As vacinas não essenciais são geralmente administradas anualmente, a não ser que a bula recomende especificamente outra ação. As vacinas contra FeLV podem ser aplicadas a cada 2 ou 3 anos em gatos adultos (algumas vacinas contra FeLV de qualidade garantida têm uma DI licenciada de 2 ou 3 anos) 1 [EC1].
Vacinas não recomendadas São as vacinas contra coronavírus (canino ou felino), giárdia e Microsporum canis. As informações genéricas desta tabela devem ser lidas em conjunto com as recomendações mais detalhadas fornecidas nas atuais diretrizes de vacinação da WSAVA 1. A vacinação de acordo com as diretrizes da WSAVA só é possível onde as linhas de produtos disponíveis separem os componentes de vacina não essenciais dos essenciais. Note que essas recomendações se aplicam somente às vacinas de qualidade garantida, a maioria das quais é produzida por grandes empresas internacionais.
Tabela 2 – Um programa de vacinação ambicioso para os médicos-veterinários da América Latina
não sinta nenhuma necessidade de protegê-lo contra C. felis, pode assim ser forçado a administrar o componente C. felis, mesmo se o julgar supérfluo. Os médicos-veterinários e as associações regionais devem, portanto, continuar a pressionar a indústria e os órgãos regulamentadores governamentais para mudanças que alinhariam as recomendações referentes ao uso de vacinas de qualidade garantida àquelas utilizadas em várias outras partes do mundo. A tabela 3 apresenta algumas recomendações pragmáticas referentes ao uso de vacinas
para felinos destinadas a auxiliar os médicos-veterinários da América Latina a rumar na direção recomendada. Planos de saúde preventivos com uma verificação anual da saúde Conforme discutido anteriormente neste documento, ficou claro pelas nossas discussões e visitas às clínicas da América Latina que a cultura dominante na prática veterinária é que os médicos-veterinários vendem vacinas para os clientes, que essa venda é o principal condutor para o atendimento do cliente na clínica
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WSAVA – Diretrizes vacinais veterinária e que ela sustenta um grande componente da receita da clínica. De fato, há cerca de 25 anos, esses princípios globais também se aplicavam à prática veterinária nos Estados Unidos, Canadá, na Europa Ocidental, na Austrália, na Nova Zelândia, na África do Sul e em outros mercados desenvolvidos. Nesses últimos mercados, podemos observar que em 2019 essa cultura foi substancialmente substituída por um novo modo de promover os serviços veterinários (incluindo vacinas) aos clientes. Houve um progressivo distanciamento do conceito de “reforço de vacinação anual” ou “consulta para reforço de vacina” em direção à implementação de pacotes de saúde preventiva holística fornecidos em parte por uma consulta de “verificação anual da saúde”. Em mercados mais desenvolvidos, esse procedimento agora passou a incluir o fornecimento de um plano de saúde da clínica, pelo qual o cliente pode pagar uma taxa mensal regular para cobrir os cuidados de saúde preventiva para seus animais de estimação. Considera-se que a consulta para verificação anual da saúde demande um período de tempo maior do que uma consulta geral e forneça a oportunidade de o médico-veterinário se envolver com o cliente para discutir em detalhes a saúde e o bem-estar geral do animal de estimação, que hoje é tratado como um membro da família. Os elementos da consulta de verificação da saúde (ou de um plano de saúde anual) podem incluir considerações sobre nutrição, saúde dentária, questões comportamentais, controle de endoparasitas, ectoparasitas e doenças transmitidas por vetores, e as vacinas (essenciais ou não essenciais) podem ser administradas durante essa visita anual. De fato, em muitos mercados amadurecidos, a avaliação anual da necessidade de revacinação essencial (CDV, CAV e CPV-2 para cães e FPV para gatos) é agora determinada por testes sorológicos realizados na clínica (“testes de títulos de anticorpos”) para determinar se o animal já está protegido e, portanto, não precisa ser revacinado. As diretrizes globais de vacinação 58
da WSAVA mencionam o valor dos testes sorológicos e dão forte apoio a essa abordagem. Há cada vez mais relatos publicados apoiando o uso desses testes sorológicos na clínica veterinária 64 [EC1]. Existe literatura substancial que avalia a consulta de verificação anual da saúde e aconselha sobre o conteúdo, o tempo e a abordagem dessa consulta 80 [EC1]. A implementação dessa nova abordagem para o fornecimento de cuidados de saúde preventivos para o animal de estimação pode ser assustadora para muitos médicos-veterinários da América Latina. No entanto, essas mudanças precisam ser adotadas para que os profissionais dessa região acompanhem os colegas dos mercados mais desenvolvidos. Apesar de provavelmente haver um período de transição mais longo para os médicos-veterinários que trabalham com clientes com restrições econômicas, esses novos conceitos devem ser mais rapidamente adotados por aqueles que trabalham em áreas de relativa prosperidade. Perguntas frequentes (a lista completa encontra-se no documento original publicado no site da WSAVA) 1. Por que o VGG não recomenda a vacina contra o coronavírus entérico canino se eu identifico rotineiramente esse organismo no exame fecal? O VGG não recomenda essa vacina por não haver evidências científicas suficientes para justificar seu uso. A evidência de que o coronavírus entérico canino é um patógeno primário que leva a doença intestinal em cães adultos é fraca; a diarreia associada à infecção é leve, a menos que exista infecção concomitante com CPV-2. Experimentalmente, o vírus causa apenas leve diarreia – se causar – em cães com mais de 6 semanas de idade, e a vacinação apenas contra o CPV-2 parece proteger contra ambos os vírus. Não há evidências de que as vacinas disponíveis protegeriam contra formas mutantes patogênicas do vírus que ocasionalmente surgem e têm sido descritas. Há menos evidências ainda de que a vacina pode proteger contra infecção em campo, e a vacina inje-
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Um programa de vacinação ambicioso para os médicos-veterinários da América Latina Tipo de vacina
Objetivo
Vacinação de cães e gatos filhotes
Revacinação de animais adultos
Vacinas essenciais para cães e gatos
Selecionar um produto de qualidade garantida contendo VVM que permita que seja administrada a combinação mínima de antígenos essenciais (CDV, CAV, CPV-2 para cães; FPV, FHV-1, FCV para gatos). Usar um diluente alternativo em vez de reconstituir com uma vacina não essencial, se ela não for necessária para aquele animal.
Iniciar às 6 a 8 semanas de idade e então a cada 2 a 4 semanas até 16 semanas de idade ou mais 1 [EC1]. A vacinação essencial pode ser iniciada mais cedo, mas nunca antes de 4 semanas de idade com produtos contendo VVM. Para cães filhotes, um produto contendo alto título de CDV e CPV-2 pode ser utilizado às 4 a 6 semanas de idade (se disponível) antes de se trocar para a vacina essencial trivalente às 8 semanas de idade ou mais 1 [EC1]. Uma quarta vacina deve ser administrada entre 6 a 12 meses de idade, ou 12 meses após a terceira vacina, ou aos 12 meses de idade 1 [EC4].
Discutir com os clientes a nova abordagem global para a revacinação essencial e obter o consentimento para a administração das vacinas essenciais de qualidade garantida contendo VVM não mais frequentemente do que a cada 3 anos 1 [EC1]. A única exceção a isso podem ser os gatos com risco muito alto de contrair vírus do trato respiratório superior. Esses gatos podem ser vacinados anualmente, mas estamos cientes de que o componente de FPV da combinação da vacina não é de fato necessário 1 [EC1].
Vacina contra a raiva de qualidade garantida para cães ou gatos (note que isso não se refere às campanhas de vacinação em massa).
Selecionar um produto internacional de qualidade garantida, se disponível.
De acordo com as recomendações do fabricante; uma dose a partir de 12 semanas de idade 1 [EC1]. O VGG recomenda que em áreas de alto risco (isto é, não a maioria das áreas da América Latina) uma segunda dose pode ser administrada 2 a 4 semanas depois. Uma segunda vacina em áreas de baixo risco deve ser administrada 12 meses depois ou aos 12 meses de idade.
Seguir as exigências legais locais para revacinação anual, mas continuar a pressionar ativamente as associações e governos para permitir a revacinação trienal usando produtos de qualidade garantida com uma duração de imunidade (DI) licenciada de 3 anos. Continuar a pressionar a indústria para registrar esses produtos com uma DI de 3 anos em seu país.
Vacinas não essenciais Exemplos para cães: Leptospira, complexo respiratório infeccioso canino (tosse dos canis) e Leishmania. Exemplos para gatos: vírus da leucemia felina e C. felis (as vacinas contra o vírus da imunodeficiência felina e Bordetella não estão disponíveis na América Latina).
Discutir o estilo de vida e o risco de exposição do animal com o cliente – a vacina é realmente necessária para esse animal? Escolher um produto de qualidade garantida que contenha apenas o antígeno desejado ou o antígeno na combinação mínima possível com outros componentes não essenciais.
Administrar de acordo com as recomendações do fabricante: geralmente duas doses com 2 a 4 semanas de intervalo. As vacinas não essenciais injetáveis e as vacinas orais contra o Cric são geralmente administradas a partir de 8 semanas de idade. As vacinas intranasais contra o Cric podem ser administradas mais cedo (Seguir as recomendações do fabricante) 1 [EC1].
As vacinas não essenciais são geralmente administradas anualmente, a menos que a bula especificamente recomende outra coisa; as vacinas contra FeLV não precisam ser administradas a gatos adultos anualmente (Vide a tabela 2).
Vacinas não recomendadas São as vacinas contra coronavírus (canino ou felino), Giardia e Microsporum canis. Considerar se existe evidência suficiente para respaldar seu uso. As informações genéricas desta tabela devem ser lidas em conjunto com as recomendações mais detalhadas fornecidas nas atuais diretrizes de vacinação da WSAVA 1. Note que essas recomendações se aplicam somente às vacinas de qualidade garantida, a maioria das quais é produzida por grandes empresas internacionais.
Tabela 3 – Um programa de vacinação pragmático para os médicos-veterinários da América Latina
tável não parece induzir anticorpos IgA fecais protetores 52. Dados brasileiros não mostram diferença na identificação do coronavírus entérico canino por PCR das fezes de cães normais e de cães com diarreia 9 [EC1].
2. A vacina contra giardíase é amplamente usada em toda a América Latina. Por que o VGG não recomenda essa vacina? O VGG não recomenda essa vacina por não haver evidências científicas suficientes para
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WSAVA – Diretrizes vacinais justificar seu uso. A evidência de que a vacina pode prevenir a disseminação ou a infecção é fraca. Um grande estudo de campo com 6 mil cães demonstrou que os filhotes vacinados tinham maior probabilidade de apresentar diarreia do que os não vacinados, e não houve diferença entre esses grupos com relação à detecção de cistos ou antígenos 56 [EC1]. A doença em cães não oferece risco de morte, é raramente zoonótica, de baixa prevalência e responde à terapia; por esses motivos, a vacina não é recomendada para cães. Não se sabe se ela oferece proteção cruzada contra cepas de giárdia a não ser aquelas usadas nos estudos de desafio. Dados brasileiros não mostram diferença na identificação de giárdia por PCR das fezes de cães normais e de cães com diarreia 9 [EC1]. Deve-se notar que a vacina foi retirada de todos os mercados globalmente, com exceção dos da América Latina. 3. Há alguma vantagem em utilizar vacinas intranasais em vez de parenterais para proteger contra elementos do complexo respiratório infeccioso canino? Embora os estudos publicados abordando esta questão nem sempre concordem, o VGG acredita que, imunologicamente, a vacinação pela via mucosa tem maior probabilidade de gerar imunidade protetora relevante (especificamente a produção de anticorpos IgA e IgG da mucosa, em oposição a anticorpos IgG sistêmicos) contra patógenos que infectam através dessas mesmas mucosas 81 [EC1]. A vacinação intranasal proporciona o benefício adicional de propiciar imunidade rapidamente, o que pode estar relacionado a uma estimulação inespecífica da imunidade inata (por meio dos receptores tipo Toll e da produção de citocinas/quimiocinas locais) 1 [EC4]. Isso pode ser benéfico quando um cão vai frequentar um ambiente onde há risco de exposição a elementos do complexo respiratório infeccioso canino. As vacinas intranasais podem ser usadas nos filhotes a partir de 3 semanas de idade em dose única, sendo necessária uma revacinação anual. Existem vacinas intranasais disponíveis (dependendo do mercado e nem todas na América Latina) que são específicas 60
somente para B. bronchiseptica (Bb), ou Bb em combinação com CPiV, ou Bb em combinação o com CPiV e CAV-2. 4. O VGG recomenda o uso de uma vacina contra leishmaniose? O VGG classifica as vacinas contra Leishmania infantum como não essenciais, o que significa que elas devem ser restritas aos cães em risco em áreas endêmicas para a infecção. As vacinas contra Leishmania estão disponíveis somente no Brasil, na Argentina e no Paraguai, e devem ser consideradas uma ferramenta na prevenção da leishmaniose visceral canina. Evitar o contato de cães suscetíveis com flebotomíneos (por exemplo, mantendo-os dentro de casa durante os horários de maior atividade desses insetos) e adotar medidas preventivas contra eles (p. ex., coleiras inseticidas) é muito mais importante que a vacinação 69,70 [EC1]. As vacinas não conferem imunidade estéril; elas podem prevenir ou diminuir a intensidade dos sinais clínicos nos animais afetados, mas nem sempre previnem a infecção – e, portanto, mesmo os cães vacinados podem atuar como reservatório de Leishmania 68 [EC1]. Os cães devem ser testados antes de tomar a vacina, pois a vacinação de um cão que já está infectado não traz nenhum benefício na prevenção da infecção e constitui um desperdício. 5. Certas vacinas essenciais podem quebrar a barreira da imunidade materna mais cedo que outras e, portanto, proteger os filhotes? As modernas vacinas internacionais de qualidade garantida com altos títulos são as mais propensas a fazer isso, razão pela qual o VGG recomenda o uso de tais produtos. Onde disponíveis, o uso de vacinas combinadas com altos títulos de CDV e CPV-2 designadas para filhotes jovens também é recomendado quando a vacinação essencial é iniciada antes de 8 semanas de idade (vide as tabelas 2 e 3). No entanto, não há garantia de que todo filhote terá uma resposta imune ativa rápida a cada antígeno da vacina, e, portanto, as diretrizes globais da WSAVA devem ser seguidas, administrando-se uma dose
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WSAVA – Diretrizes vacinais de vacina essencial do primeiro ano de vida às 16 semanas de idade ou mais, seguida de mais uma dose de vacina entre 6 e 12 meses de idade. 6. O VGG recomenda o uso de vacinas essenciais não mais frequentemente que a cada 3 anos, mas em meu país elas são licenciadas para serem administradas anualmente. Como eu posso administrar um produto com duração da imunidade licenciada de 1 ano a cada 3 anos? Essa situação foi enfrentada pelos veterinários globalmente nas últimas duas décadas quando as recomendações das diretrizes passaram a ser para revacinação essencial em adultos não mais frequentemente que a cada 3 anos, mas todos os produtos tinham duração da imunidade de 1 ano. Naquela época, os médicos-veterinários puderam usar os produtos disponíveis de acordo com as diretrizes simplesmente obtendo o consentimento informado do cliente (e documentando isso na ficha médica) para o uso “fora da indicação” do produto. Nunca houve nenhuma ação legal contra um médico-veterinário por fazer isso, nem exemplos de cães que tenham contraído infecção devido à extensão dos intervalos de vacinação. Subsequentemente, em vários mercados globalmente as mesmas vacinas essenciais passaram a ser licenciadas com uma DI de 3 anos. Até que esse novo licenciamento ocorra na América Latina, os médicos-veterinários podem adotar a mesma estratégia que foi usada com muito sucesso durante os últimos 20/25 anos no norte da América, na Europa e em outras regiões. 7. As atuais vacinas contra CPV fornecem proteção contra todos os tipos circulantes desse vírus? Durante as décadas que se passaram desde a primeira identificação do CPV-2 em 1978, novos biotipos do vírus (CPV-2a, CPV-2b e CPV-2c) emergiram em várias partes do mundo, incluindo a América Latina. Essas variantes do vírus são caracterizadas por alterações sutis na sequência de aminoácidos da proteína VP2. A maioria das vacinas contêm ou CPV-2 ou CP62
V-2b, tendo-se levantado dúvidas sobre o fato de elas conferirem proteção cruzada adequada contra as novas variantes do vírus (especificamente o CPV-2c). Numerosos estudos mostram que essa proteção cruzada ocorre e que todas as atuais vacinas contra CPV continuam eficazes em campo 82,83 [EC1]. Há relatos ocasionais de parvovirose em cães vacinados, mas esse cenário geralmente está relacionado à vacinação em desacordo com as recomendações das diretrizes, ou à vacinação de filhotes que já estejam incubando o vírus. 8. Temos boas evidências referentes a que tipos de sorovares de Leptospira circulam na América Latina nas quais basear decisões sobre que tipo de vacina contra leptospirose usar? Embora não haja dúvida de que a leptospirose ocorre em cães na América Latina, existe mínima evidência científica de alta qualidade sobre a distribuição geográfica, os sorovares causadores e as manifestações clínicas da doença. O principal ponto fraco de vários estudos publicados é que o padrão-ouro para confirmar o diagnóstico clínico (isto é, sorologia pareada com 2 semanas de intervalo pelo teste de aglutinação microscópica [MAT]) e a identificação do sorovar infectante (isolamento do organismo) não foi usado. Os estudos disponíveis sugerem que os sorovares dominantes que circulam em campo na América Latina podem ainda ser os sorovares Canicola e Copenhageni de L. interrogans 23 [EC1], e que, consequentemente, as vacinas L2 caninas tradicionais que contêm esses organismos podem conferir proteção adequada. Nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa, as vacinas L3 e L4 têm sido comercializadas para ajudar a proteger os animais contra uma diversidade maior de sorovares causadores da doença naquelas regiões. No momento, não há evidências suficientes para que se formule uma vacina específica para a América Latina, ou para que se recomende a adoção dos produtos L4 norte-americanos baseado em evidências científicas. 9. As vacinas contra a leptospirose não de-
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veriam ser essenciais, já que temos uma alta prevalência de casos em animais e pessoas em meu país? Onde houver evidência científica sólida (vide pergunta 8) de que a leptospirose é um problema clínico significativo, então faz perfeitamente sentido vacinar rotineiramente os cães sob risco para prevenir uma doença infecciosa séria e potencialmente zoonótica. No entanto, simplesmente não é possível para o VGG classificar as vacinas contra leptospira como essenciais em nossas diretrizes globais, pois existem partes do mundo nas quais não há infecção, ou onde sua incidência é muito baixa. Além disso, o estilo de vida de alguns cães realmente os coloca em risco mais baixo de adquirir a infecção. Por esse motivo, o VGG fomenta o uso de vacinas não essenciais baseado em dados de vigilância de doenças na região, juntamente com um histórico do estilo de vida do animal. Os veterinários da América Latina devem fazer o possível para obter dados locais confiáveis sobre a infecção por Leptospira, para que possam tomar uma decisão correta sobre o uso ou não dessa vacina. 10. A prevalência do FeLV aparenta ser relativamente alta em algumas partes da América Latina, em comparação com os Estados Unidos e partes da Europa. O que podemos aprender com a experiência dessas regiões que possa ajudar-nos a reduzir a prevalência do FeLV aqui? A prevalência do FeLV era muito maior na Europa há 30 ou 40 anos do que hoje. Acredita-se que a combinação de três fatores – testes diagnósticos para o FeLV (que se tornaram consideravelmente mais convenientes e precisos ao longo dessas décadas); manejo adequado dos gatos diagnosticados como infectados; e vacinação extensiva contra esse vírus – levou, em conjunto, a uma substancial diminuição da sua prevalência em alguns países 84 [EC1]. O primeiro passo nas regiões da América Latina onde o FeLV não foi bem estudado seria determinar a sua prevalência local. Se os testes forem considerados impraticáveis ou muito caros, pode ser útil lembrar que a alta prevalência de linfoma
multicêntrico felino, linfoma mediastinal cranial e anemia não regenerativa severa são fortes indícios de que o FeLV pode ser prevalente na área. Nas regiões onde se sabe que muitos gatos serão infectados a cada ano, deve-se instruir o cliente e vacinar de forma ampla. Idealmente, os gatos devem ser testados antes da primeira vacinação, pois não há nenhum benefício em vacinar um gato que já esteja infectado quando essa dose de vacina pode beneficiar outro animal. 11. Devo escolher vacinas essenciais inativadas ou vivas modificadas para gatos? Cada uma tem vantagens e desvantagens. Se se julgar necessário vacinar uma gata prenhe ou um gato imunodeprimido (por exemplo, um gato com infecção por retrovírus), uma vacina inativada é considerada mais segura de acordo com os princípios básicos (embora a evidência disso seja limitada e estudos recentes sugiram que não seja o caso 85 [EC1]). Da mesma forma, em um local com múltiplos gatos sem história de infecção do trato respiratório superior, o uso de um produto inativado (de acordo com os princípios básicos) reduziria o risco de transferência do vírus da vacina viva. Em alguns países, as vacinas inativadas são mais usadas em gatos que as vacinas contendo VVM, mas em muitos países, as vacinas contendo VVM são mais usadas em gatos do que as inativadas. Embora considerado incerto e controverso por alguns especialistas, há evidências de que o adjuvante (presente nas vacinas inativadas e de subunidades, mas geralmente não nas vacinas contendo VVM) parece estar associado ao desenvolvimento do sarcoma no local da injeção em felinos (Fiss – do inglês feline injection site sarcoma) 86,87 [EC1]. Essa seria uma importante desvantagem das vacinas com adjuvante. Há uma evidência limitada de que as vacinas inativadas contra FHV-1 oferecem proteção mais rápido do que as que contêm VVM contra FHV-1 88 [EC1]. Finalmente, nas regiões onde a raiva canina for uma doença endêmica e os gatos devam receber vacinação antirrábica como essencial, o uso de vacina inativada com adjuvante é a única opção, a menos que haja acesso a um produto recombinante.
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WSAVA – Diretrizes vacinais 12. Em que países a vacinação antirrábica é realizada somente a cada 3 anos? Há evidência científica dessa prática? As vacinas antirrábicas são rotineiramente administradas em animais de estimação que visitam o veterinário somente a cada 3 anos nos Estados Unidos, Canadá e na Europa. Nessas regiões, a exigência legal é a revacinação trienal de cães e gatos adultos. As vacinas antirrábicas internacionais de qualidade garantida usadas nessas regiões têm todas uma DI licenciada de 3 anos. A licença é baseada em evidência científica sólida e em estudos para licenciamento 89 [EC1]; sem tal evidência, as leis não teriam sido modificadas para permitir a revacinação a cada 3 anos. Infelizmente, vacinas antirrábicas idênticas, usadas na Ásia, na África e na América Latina, são administrados anualmente. Isso ocorre porque as leis regionais ou nacionais não foram modificadas, e a indústria não foi capaz de licenciar os produtos com uma DI de 3 anos, como ocorreu nos Estados Unidos e Canadá e na Europa. Na América Latina, a lei ainda obriga a administrar vacinas antirrábicas anualmente; no entanto, os veterinários deveriam pressionar os órgãos competentes a alterar essas leis, para que as vacinas fossem licenciadas para 3 anos. Deve-se também observar que isso só se aplica aos animais que visitam o veterinário para vacinação. No contexto das campanhas de vacinação em massa em campo (que podem ser conduzidas pelas autoridades governamentais ou por organizações não governamentais), as vacinas antirrábicas ainda devem ser administradas anualmente ao maior número possível de cães (incluindo os animais de rua). Essa conduta se deve ao fato de que há uma grande rotatividade entre cães de rua, e a revacinação anual é necessária para manter níveis de imunidade de rebanho da ordem de 70% 1 [EC1]. q
13. Há alguma relação entre o peso corporal e a quantidade de antígenos de uma vacina? Os cães menores deveriam receber um volume menor de vacina do que os animais maiores? Essa é uma pergunta frequente em todo o mundo. As vacinas são diferentes dos medica64
mentos farmacológicos e não são administradas com base em mg/kg. Elas contêm uma quantidade definida de antígeno que é suficiente para estimular uma resposta imune primária ou secundária em um animal. Cada pessoa e cada animal tem um “repertório imunológico” de linfócitos T e B antígeno-específicos definidos pelos receptores das células T e B (TCRs e BCRs). A teoria da seleção clonal de Burnet propunha que cada célula T e B carregava especificidade para um único receptor, mas sabemos agora que qualquer receptor é capaz de reconhecer múltiplos epítopos (“degeneração” dos TCRs e reatividade cruzada dos BCRs). Qualquer vacina deve, portanto, conter epítopos antigênicos capazes de ser processados e apresentados aos TCRs – ou reconhecidos em sua conformação pelos BCRs –, e o objetivo da vacina é que ela simplesmente seja reconhecida pelos linfócitos antígeno-específicos relevantes, de modo que essas células sejam estimuladas a gerar imunidade ativa e memória imunológica. Portanto, o tamanho do animal é irrelevante; a vacina simplesmente precisa ser capaz de ativar as células corretas no repertório imunológico. As vacinas são formuladas com uma quantidade de antígenos para atingir esse objetivo. Dito isso, há alguma evidência de que os cães com baixo peso corporal tendem mesmo a produzir respostas sorológicas mais altas a alguns antígenos 90 e são realmente mais sujeitos a eventos adversos pós-vacinais do que os cães maiores 91 [EC1]. Entretanto, neste momento, não há nenhuma indicação de que as vacinas passem a ser formuladas com base no peso corporal. Nos Estados Unidos e Canadá, algumas vacinas estão disponíveis em volumes de 0,5 mL em vez de 1 mL, mas o conteúdo antigênico desses produtos é similar. Nunca se deve fracionar a dose de uma vacina entre animais ou administrar menos do que a dose total da vacina a um animal. Esse uso é considerado “fora da indicação” do produto, e você será responsável se o animal desenvolver subsequentemente uma infecção após a vacinação. 14. Posso realizar uma vacinação essencial
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em cães de 4 semanas de idade se eles serão vendidos com 6 semanas? A primeira coisa a dizer sobre essa prática é que 6 semanas de idade é realmente muito cedo para os filhotes serem desmamados, afastados da mãe e vendidos. Na Europa agora é ilegal vender filhotes com menos de 8 semanas de idade. O médico-veterinário da América Latina deve assumir o controle dessa questão de bem-estar e instruir os criadores de cães quanto à época apropriada para o desmame. Reunir ninhadas de filhotes de 4 a 6 semanas de idade nas “feiras de filhotes” de fim de semana é também uma “receita para o desastre” em termos de transmissão de doenças infecciosas, e deve fazer parte da profissão médico-veterinária a abordagem dessa questão de bem-estar. Se a cadela que gerou a ninhada foi adequadamente vacinada, é provável que ela tenha uma alta concentração de anticorpos séricos contra os antígenos essenciais (CDV, CAV e CPV-2), e que esses sejam transferidos para os filhotes no colostro. Em tal situação, é improvável que um filhote de 4 ou 6 semanas vá responder à vacinação essencial, embora as chances de que isso ocorra sejam maiores se forem administradas vacinas contra CDV e CPV-2 com altos títulos, designadas para uso em filhotes jovens. Contudo, na América Latina, talvez seja mais provável que a cadela não tenha sido adequadamente vacinada, sendo correto, portanto, tentar fornecer proteção aos filhotes o mais cedo possível. O modo mais apropriado de fazer isso seria com uma vacina contendo CDV e CPV-2 designada para uso em filhotes jovens, conforme descrito acima. Tal produto poderia ser administrado a partir de 4 semanas de idade; no entanto, as vacinas contendo vírus vivo modificado nunca devem ser administradas antes disso, pois elas podem produzir uma infecção e malformação em neonatos. Após 6 semanas de idade, os filhotes podem ser vacinados a cada 2 a 4 semanas (trocando para uma vacina trivalente contendo CDV, CAV e CPV-2 às 8 semanas de idade). A dose mais importante da vacina essencial é realmente aquela administrada às16 semanas de idade ou mais, quando
todos os filhotes já devem ter perdido os anticorpos maternos, sendo capazes de responder à vacina. Essa deve ser seguida por uma quarta vacinação essencial, administrada entre 26 e 52 semanas de idade (idealmente na extremidade mais inicial dessa faixa).
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15. Se os cães ou gatos filhotes sabidamente não ingeriram colostro, quando posso vaciná-los? É difícil estar absolutamente certo de que uma ninhada de cães ou gatos não mamou colostro, ou que certos indivíduos da ninhada não o fizeram. No entanto, se houver suspeita disso, o primeiro conselho seria que essa ninhada fosse criada da melhor maneira, fornecendo-lhe um ambiente tão limpo e isolado quanto possível. O uso de “colostro artificial” formulado a partir de um substituto de leite associado a soro ou plasma de um animal adulto adequadamente vacinado pode também ser considerado nas primeiras 24 horas de vida. Sabe-se experimentalmente que os animais privados de colostro são capazes de produzir uma resposta imune às vacinas essenciais logo no início da vida 92 [EC1]; no entanto, as vacinas contendo VVM nunca devem ser utilizadas antes das 4 semanas de idade, pois elas podem induzir infecção ou defeitos no desenvolvimento do neonato. A vacinação essencial nessa situação pode ser iniciada às 4 semanas de idade. Embora teoricamente um animal privado de colostro deva ser capaz de responder a uma única vacina essencial canina ou a uma única dose de vacina contra FPV (pois não há inibição pelos anticorpos maternos), seria sensato prosseguir com o protocolo recomendado pela WSAVA para cães ou gatos filhotes. Mesmo em um gato filhote privado de colostro, seriam recomendadas pelo menos duas doses de vacina contra FHV-1 e FCV. Com 4 semanas de idade, seria recomendado o uso de vacina essencial contra CDV e CPV-2 designada para cães filhotes jovens. 16. Podemos usar testes sorológicos para determinar quando vacinar um filhote, em vez de lhe dar múltiplas doses de vacina?
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WSAVA – Diretrizes vacinais Existem kits de testes sorológicos rápidos disponíveis no mercado para serem realizados na própria clínica que podem detectar a presença de anticorpos séricos contra CDV, CAV e CPV-2. No entanto, eles se destinam à revacinação de cães adultos e não para determinar o momento ideal para a vacinação dos filhotes. Simplesmente não é prático (e isso tem implicações para o bem-estar do animal) coletar amostras de sangue repetidamente de filhotes muito jovens; e, mais importante que isso, até as 16 semanas de idade não é possível discriminar o anticorpo materno do anticorpo produzido endogenamente pelo próprio sistema imunológico do filhote em resposta à vacinação. Assim, a resposta para a pergunta é “não”: não é possível usar esses kits para determinar o momento ideal de vacinar o filhote. No entanto, os kits poderiam ser usados para determinar a necessidade de uma vacina essencial dada entre 26 e 52 semanas de idade (de acordo com as diretrizes da WSAVA). Se um filhote for testado às 20 semanas de idade (isto é, 4 semanas após receber a última vacina essencial às 16 semanas ou mais de idade) e for soropositivo (para CDV, CAV e CPV-2), então esses anticorpos devem refletir a resposta imune do próprio filhote e indicam que a proteção imunológica foi induzida. Nessa circunstância, o filhote não teria necessidade de receber outra vacina entre 26 e 52 semanas de idade e poderia ir direto para o esquema de revacinação de adulto.
dos sorológicos que mostram que a revacinação essencial anual de cães adultos é desnecessária e que os títulos de anticorpos protetores são mantidos de modo perfeitamente adequado com revacinação essencial trienal (ou mais espaçada) 57-64 [EC1]. Alguns médicos-veterinários gostam de vacinar as cadelas reprodutoras imediatamente antes de elas acasalarem, mas não há nenhuma evidência de que isso proporcione anticorpos maternos de melhor qualidade do que nas cadelas que recebem um protocolo de revacinação essencial trienal padrão. s
17. Os filhotes nascidos de uma mãe revacinada anualmente com vacinas essenciais recebem mais anticorpos maternos do que os nascidos de uma mãe revacinada a cada 3 anos? Não há nenhuma evidência de que isso ocorra. Sabe-se que os cães adultos que recebem revacinação essencial trienal têm títulos de anticorpos protetores estáveis durante cada ciclo de revacinação de 3 anos, e dados experimentais mostraram que os filhotes adequadamente vacinados no início da vida (e então nunca mais quando adultos) mantêm um platô de títulos de anticorpos protetores contra CDV, CAV e CPV-2 61 [EC1]. Existe uma abundância de da-
19. Posso dar múltiplas vacinas (p. ex., vacina combinada essencial, antirrábica e contra Cric) no mesmo dia, especialmente a cães de raças pequenas? Ou devo espaçá-las ao longo de semanas? O sistema imune é capaz de responder (ou tolerar ativamente) a milhares de diferentes antígenos ao mesmo tempo. As superfícies mucocutâneas do organismo interagem naturalmente com números muito grandes de antígenos (p. ex., antígenos do microbioma, dietários, inalados), em um processo contínuo. Portanto, imunologicamente falando, a administração de múltiplos antígenos vacinais em uma só ocasião não representa nenhum problema para o sistema
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18. Todos os filhotes de uma ninhada recebem a mesma quantidade de anticorpos maternos? Em um mundo ideal, esse seria o caso, mas está claro que em uma ninhada grande os filhotes devem proativamente encontrar uma teta para ingerir uma quantidade adequada de colostro nas primeiras 24 horas de vida. Os filhotes menores ou mais fracos de uma ninhada podem não ser capazes de conseguir isso, e portanto ingerirão menos anticorpos maternos. Esses animais serão protegidos de infecção por um período de tempo menor durante o início da vida, mas, em contraste, devem ser capazes de produzir uma resposta imune endógena às vacinas essenciais mais cedo do que seus irmãos da ninhada que mamaram com mais sucesso e adquiriram um volume maior de colostro.
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WSAVA – Diretrizes vacinais imune. Para vacinas com múltiplos componentes, um requisito do licenciamento é que se demonstre que cada componente é capaz de induzir uma resposta imunoprotetora. Os fabricantes também geralmente demonstram a “compatibilidade” de suas próprias linhas de produtos, que são licenciados para serem coadministrados. Por esses motivos, não há sentido imunológico em espaçar a administração da vacina ao longo de diferentes semanas. Isso requereria múltiplas visitas do cliente, podendo aumentar a probabilidade de as vacinações cruciais serem “perdidas” do cronograma. Um conselho prático é que quando se tiver que administrar múltiplas injeções diferentes (p. ex., uma vacina essencial com uma vacina antirrábica separada), elas sejam aplicadas em diferentes locais subcutâneos, para que diferentes linfonodos drenantes sejam envolvidos na preparação da resposta imune. Dois estudos dos Estados Unidos contrariam isso, visto que mostram que, tanto para cães (particularmente de baixo peso corporal) como para gatos, há uma probabilidade maior de haver reações adversas após a vacinação quando se administram números elevados de antígenos de uma só vez 91,93 [EC1]. A vacinação de acordo com as diretrizes da WSAVA minimiza o número de antígenos que podem ser administrados em uma visita à clínica. 20. Quanto tempo devo esperar para vacinar um cão após ele ter se recuperado de uma doença imunossupressora tal como a cinomose ou a erliquiose? Um princípio fundamental da vacinação é que qualquer animal que estiver clinicamente enfermo não deve ser vacinado até estar recuperado. Se um cão realmente se recuperou de uma infecção por CDV, então ele terá imunidade natural à reinfecção – provavelmente uma imunidade maior do que a que poderia ser induzida por uma vacina. Consequentemente, esse cão poderia ser testado e, se soropositivo, não requereria revacinação contra CDV. No entanto, como o antígeno do CDV geralmente é misturado com outros antígenos vacinais essenciais, esse cão provavelmente vai receber revacinação essen68
cial padrão no futuro. Se for essencial revacinar um cão recuperado de infecção por CDV, um período de 4 semanas após a recuperação deve ser suficiente para que a função imune se recupere. Com a infecção por Ehrlichia canis, a situação é mais complexa, pois a doença pode ter estágios agudos e crônicos, e os cães tratados podem ainda abrigar o agente infeccioso, de modo que a doença pode voltar a ocorrer após qualquer evento estressante futuro. Novamente, se um cão foi diagnosticado e tratado apropriadamente, ele deve estar clinicamente bem por pelo menos 4 semanas antes de se considerar a vacinação. Em ambas as circunstâncias, um exame hematológico e bioquímico sérico também pode indicar que houve recuperação imunológica (isto é, a normalização da contagem de leucócitos e da concentração sérica de gamaglobulina). 21. Quanto tempo devo esperar para vacinar um cão após o término de um tratamento com glicocorticoides? Isso depende da dose de glicocorticoides recebida pelo animal. Uma dose anti-inflamatória (p. ex., 0,5 a 1 mg/kg de prednisolona) não prejudicará a habilidade de o sistema imune responder à vacinação. Uma dose imunossupressora (p. ex., 2 a 4 mg/kg de prednisolona), particularmente se combinada com outros agentes imunossupressores, é utilizada para diminuir a função imune. Consequentemente, a vacinação não deve ser administrada até pelo menos 4 semanas após a aplicação do glicocorticoide e de sua concentração ter gradualmente diminuído e então desaparecido 1 [EC4]. O cão deve também, é claro, estar clinicamente saudável após o término dessa terapia. Embora não haja estudos formais sobre os efeitos da terapia com glicocorticoides sobre a vacinação canina, existe um estudo sobre o efeito do tratamento com ciclosporina nas respostas imunes vacinais de felinos. Enquanto estavam sendo tratados com ciclosporina, os gatos foram capazes de produzir respostas imunoprotetoras adequadas aos antígenos vacinais que já haviam sido administrados previamente (FPV, FHV-1, FCV, FeLV e
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raiva), mas o medicamento prejudicou a resposta imune à primovacinação com a vacina contra FIV 94 [EC1]. t
22. Posso vacinar um cão que esteja recebendo quimioterapia? Caso contrário, quanto tempo tenho que esperar após o término da quimioterapia para vaciná-lo? Os cães que estão recebendo potentes medicamentos quimioterápicos imunossupressores não devem ser vacinados. Esses medicamentos atacam as células imunes de rápida divisão, além das células cancerosas alvo, prejudicando a função imune. Devem decorrer pelo menos 4 semanas após o término dessa terapia antes de se aplicar qualquer vacina. O cão deve estar clinicamente recuperado, e o ideal é que se realize uma avaliação hematológica e bioquímica sérica que indique uma recuperação da função imune. 23. Até que idade devo vacinar um cão idoso? Os cães idosos devem ser vacinados todo ano com vacinas essenciais porque seu sistema imune pode não funcionar tão bem como quando eles eram mais jovens? Quanto às vacinas essenciais (CDV, CAV e CPV-2), há boa evidência de que a vacinação do filhote induz imunidade protetora por toda a vida, e portanto não é preciso revaciná-lo regularmente quando adulto. Existem também estudos que mostram que cães geriátricos (isto é, cães com mais de 10 anos de idade) mantêm níveis protetores de anticorpos contra esses três antígenos virais essenciais, e que esses níveis de anticorpos não declinam com a idade como parte do fenômeno da imunossenescência 95 [EC1]. Por outro lado, sabe-se também que a administração de uma nova vacina (isto é, que não tenha sido administrada previamente) a um cão mais velho leva a uma resposta imune primária menos efetiva do que a que poderia ter sido produzida quando mais novo 96 [EC1]. Portanto, não há nenhuma evidência de que os cães geriátricos requeiram revacinação essencial mais frequente do que os adultos mais jovens; os cães geriátricos podem ser mantidos com segurança no programa de revacinação essencial trienal padrão. Em locais
onde a revacinação essencial é determinada por testes sorológicos (testes de títulos), o VGG recomenda que eles sejam realizados anualmente (em vez de trienalmente) nos cães geriátricos, simplesmente para ter certeza de que a revacinação não é necessária 1 [EC4]. 24. Quantas doses de vacina um rottweiler deve receber? Ele precisa de mais doses de CPV-2 do que outros cães? Os rottweilers são uma raça bem reconhecida por ter uma frequência acima da média de animais geneticamente pouco responsivos e não responsivos às vacinas contra CPV-2 e antirrábica. Não há nenhum motivo para vacinar os rottweilers mais frequentemente do que outras raças de cães. Se eles apresentarem esse padrão genético, isso significa que são destituídos de habilidade imunológica para responder a um antígeno em particular (p. ex., CPV-2), e que não importa com que frequência eles sejam vacinados – eles não responderão à vacinação. Essa é uma situação em que o teste sorológico é de benefício prático. Os testes serão capazes de determinar se um rottweiler é soronegativo para o CPV-2 após a vacinação (note que isso não se aplica à raiva). Esse cão estaria, portanto, em risco de contrair infecção, e podem-se tomar medidas apropriadas para minimizar esse risco. Mais importante, esses cães não devem ser usados com a finalidade de reprodução. 25. Se um cão demora mais de 3 meses para receber uma vacina anual contra Leptospira, eu preciso administrar uma ou duas doses de vacina para restabelecer a imunidade? Se um cão demorou um período de até 3 meses para receber sua vacina de reforço anual contra Leptospira, uma única dose de reforço da vacina deve ser suficiente. Se a revacinação anual demorar mais de 3 meses (isto é, um intervalo de 15 meses desde a última vacina), então devem-se administrar duas doses da vacina (com intervalo de 2 a 4 semanas entre elas) para restabelecer a imunidade, e então reforços anuais daí em diante. Alguns fabricantes informam que a proteção pode se estender até 18 meses, mas
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WSAVA – Diretrizes vacinais o VGG adota uma visão mais cautelosa quando considera todas as vacinas de modo geral. 26. A vacinação pode afetar a interpretação dos títulos de Leptospira em um cão? Sim, a vacinação levará à geração de uma resposta dos anticorpos após sua aplicação; contudo, essa resposta pode não persistir por muito tempo, e os títulos pós-vacinais podem declinar ou até mesmo desaparecer em até 4 meses após a vacinação, muito embora o cão continue protegido por todos os 12 meses de cobertura vacinal. Ainda que os títulos pós-vacinação tendam a ser baixos, eles podem persistir por mais de 4 meses em altos níveis se o cão for exposto a cepas do campo. Além disso, pode ocorrer reatividade cruzada com sorovares não vacinais 16 [EC1]. Devido a isso, se estiver tentando confirmar um diagnóstico de leptospirose em um cão clinicamente enfermo, o tempo decorrido após qualquer vacinação prévia deve ser considerado. Esse é um dos principais motivos pelos quais o diagnóstico clínico da leptospirose só pode ser obtido adequadamente pela avaliação do teste MAT em amostras de soro pareadas, coletadas com 2 semanas de intervalo. Os anticorpos vacinais não apresentarão uma elevação do título na segunda amostra, enquanto os anticorpos contra um sorovar potencialmente infectante devem apresentar uma elevação de quatro vezes no título de anticorpos entre a primeira e a segunda amostra. É importante destacar que os cães podem desenvolver títulos contra sorovares não incluídos nas vacinas, e às vezes o maior título é contra um sorovar não incluído. Títulos positivos para sorovares não vacinais devem ser interpretados com cautela se um cão vacinado desenvolver sinais clínicos condizentes com leptospirose 97,98 [EC1]. u
27. Devo usar vacinas contra Leptospira a cada 6 meses ou anualmente em um cão sob risco? Um cão que tenha acesso regular a ambientes com água que pode estar contaminada por roedores ou a ambientes agropecuários com criação de animais pode correr alto risco de contrair 70
leptospirose. Mesmo os cães urbanos podem correr esse risco. Nas versões iniciais das diretrizes globais da WSAVA, o VGG fazia a recomendação de que a revacinação semestral contra a leptospirose fosse considerada para cães sob alto risco. Subsequentemente, removemos aquela recomendação, pois não havia evidência científica suficiente para respaldá-la. Portanto, mesmo os cães sob alto risco requerem apenas a revacinação anual contra a leptospirose. 28. Tenho preocupação com o fato de que, na América Latina, onde poucos animais são vacinados e onde há uma alta prevalência de doenças infecciosas, a vacinação a cada 3 anos contra CPV e CDV seja insuficiente. Devo continuar a dar a vacinação essencial anual aos cães? Na América Latina é muito mais importante tentar aumentar a imunidade de rebanho do que aumentar a carga de vacinação de cada animal. Quanto mais cães e gatos forem vacinados, mais difícil será que a doença infecciosa se dissemine nessa população. Os médicos-veterinários devem entender que administrar uma vacina essencial a um animal induz imunidade protetora. Não existem graus de imunidade protetora. A presença de anticorpo contra antígenos da vacina essencial, seja qual for o título, indica que o animal tem proteção e memória imunológicas, e qualquer exposição ao patógeno resultará em uma rápida resposta imune (memória) secundária. Simplesmente não é possível tornar um animal mais imune aplicando vacinas mais frequentemente. Imunologicamente falando e de acordo com os princípios básicos, a vacinação repetida acima dos níveis recomendados pode, mais provavelmente, induzir “tolerância” imunológica (falha em responder) do que proteção imunológica. Portanto, a revacinação essencial trienal de acordo com as diretrizes da WSAVA é perfeitamente adequada, mesmo para os cães de mais alto risco. Doses preciosas da vacina seriam mais bem utilizadas para aumentar a imunidade de rebanho em vez de serem desperdiçadas em um animal já bem protegido.
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29. Meus clientes não podem enviar seu cão para um canil de hospedagem a menos que ele tenha sido vacinado contra giárdia; portanto, como o VGG pode classificar a vacina contra giárdia como não recomendada? Aqui, o profissional veterinário precisa perguntar: “Quem está criando essa regra?”. Em muitos países (inclusive nos Estados Unidos e Canadá e na Europa), os proprietários leigos de canis e gatis de hospedagem criam regras baseadas no fato de, historicamente, sempre terem feito isso. Esses indivíduos bem-intencionados não são médicos-veterinários cientificamente treinados e geralmente não estão a par dos avanços científicos em vacinologia veterinária das últimas décadas. Deve ser responsabilidade da profissão médica-veterinária instruir essa comunidade e auxiliá-la desenvolvendo regulamentos condizentes com a ciência moderna. 30. Deve-se vacinar um gato contra FeLV que apresente teste positivo para esse vírus? Não. Os testes diagnósticos para FeLV realizados na clínica detectam o antígeno viral. Portanto, um resultado positivo real indica que o gato está atualmente infectado com o FeLV ou combatendo uma infecção recente. Alguns gatos conseguem por si só eliminar a infecção pelo FeLV. Outros ficam persistente ou progressivamente infectados. Portanto, o gato com teste positivo deve ser testado novamente de imediato, utilizando-se um teste de um fabricante diferente, para descartar um resultado falso-positivo. Se o segundo resultado for positivo, o gato deve ser testado novamente em 4 a 6 meses. Se ele continuar apresentando resultado positivo 4 a 6 meses depois, é provável a existência de uma infecção progressiva. É importante destacar que gatos infectados sem viremia podem apresentar testes de antígeno negativos, o que significa que às vezes você pode estar vacinando um gato assintomático, mas infectado pelo FeLV. Nesse caso, a vacina não vai causar nenhum dano, mas também é improvável que possa conferir qualquer benefício para o animal.
31. Os gatos que vivem somente dentro de casa devem ser vacinados contra FeLV? Os fatores de risco para infecção pelo FeLV incluem o acesso à rua e a exposição a outros gatos, quando o vírus pode ser transmitido através das secreções salivares (p. ex., lambidas, asseio mútuo, tigelas de alimentos e água compartilhados ou mordidas como parte do comportamento de disputa). Um gato que viva somente dentro de casa e que provavelmente só saia do ambiente interno para uma visita anual ao médico-veterinário não seria um candidato à vacinação não essencial, inclusive contra o FeLV. Certamente, considerando que a vacinação contra o FeLV é mais efetivamente utilizada em filhotes, tomar essa decisão sobre o futuro estilo de vida do gato às vezes é difícil para os tutores. Se houver algum indício de que o animal possa vir a ter acesso à rua durante sua vida futura, ou de que ele vá viver com outros gatos que tenham acesso à rua, faz sentido considerar a vacinação contra FeLV no início da vida, particularmente em áreas de alta prevalência da infecção. 32. Se um domicílio tem um gato positivo para FeLV e a família decide adotar um novo filhote, como esse filhote deve ser vacinado contra esse vírus? De um modo ideal, um gato sabidamente infectado pelo FeLV deveria ficar dentro de casa, isolado, e os tutores devem ser aconselhados a não introduzir nenhum outro gato no domicílio. No entanto, na situação descrita, se inevitável, o novo filhote deve certamente ser vacinado contra FeLV assim que possível, antes da introdução no domicílio, com duas doses de vacina-padrão administradas com intervalo de 2 a 4 semanas, a partir de 8 semanas de idade, e depois um reforço aos 12 meses. 33. Pode-se vacinar um animal prenhe? O ideal é que os animais prenhes não sejam vacinados. No caso de vacinas essenciais em que a transferência de anticorpos maternos é necessária, as fêmeas adultas vacinadas regularmente devem ter títulos de anticorpos adequados para transferir aos filhotes, e não deve ser nem mesmo
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WSAVA – Diretrizes vacinais necessário revaciná-las imediatamente antes que fiquem prenhes. A menos que haja indicação específica do fabricante de que a vacinação é segura durante a gestação (e alguns produtos trazem essa indicação), existem riscos teóricos para o feto com relação ao uso de vacinas contendo VVM no animal prenhe. As vacinas não essenciais também não devem ser administradas durante a gestação, pois tendem a não induzir os anticorpos protetores transferidos no colostro do modo como ocorre com as vacinas essenciais. 34. Deve-se desinfetar a pele com álcool antes de injetar uma vacina? Não há absolutamente nenhuma evidência que respalde esse procedimento, muito embora ele continue sendo amplamente praticado. Há um risco de que o álcool possa inativar parte das partículas de vírus vivo modificado de uma vacina, e, portanto, essa desinfecção é realmente contraindicada. Embora a pele carregue uma microflora normal, é altamente improvável que a introdução da agulha resulte em qualquer infecção subcutânea por “transporte” de organismos para o microambiente da pele. Deve-se também observar que na medicina humana, os locais de administração da vacina injetável não são mais desinfetados com álcool, de acordo com as recomendações da OMS e do CDC 99 [EC1]. 35. Nós, como médicos-veterinários, devemos ser vacinados contra raiva? Existe alguma outra doença ocupacional contra a qual devamos ser vacinados? Qualquer médico-veterinário que exerça a profissão em um país onde a raiva seja endêmica, que lide com animais que podem ter sido importados de países onde esse vírus seja endêmico ou com animais silvestres (particularmente morcegos), deve ser rotineiramente vacinado contra a raiva de acordo com as atuais recomendações para seres humanos. A raiva é uma doença fatal, e nenhum médico-veterinário em risco de exposição deve ficar desprotegido. Do ponto de vista da clínica de animais de estimação, não existem outras doenças zoonóticas para as quais haja vacinação humana disponível ou recomendada. 72
36. Até que ponto são comuns os eventos adversos após a vacinação e quais deles podem ser observados na prática? Uma ampla variedade de eventos adversos tem sido reconhecida após a vacinação. A maioria deles é transitória e leve (p. ex., reações de hipersensibilidade tipo I imediatamente após a vacinação), mas alguns podem induzir a uma doença mais severa (p. ex., anemia hemolítica imunomediada, sarcoma no sítio de injeção em felinos). A reação mais comum é uma leve letargia, anorexia e pirexia por 2 a 3 dias após a vacinação. Na realidade, isso não é uma reação adversa, mas mais uma indicação de que a vacina estimulou as vias imunes e inflamatórias como parte da geração da resposta imunoprotetora. É difícil obter dados exatos sobre a frequência de reações adversas após a vacinação. Revisando todas as informações globais, podemos dizer que existe algo em torno de 30 a 50 reações adversas (na maioria, leves e transitórias) para cada 10 mil vacinações realizadas 91,100 [EC1]. A chance de contrair doença infecciosa que ponha a vida em perigo (particularmente em ambientes como os da América Latina) supera muito o risco de eventos adversos. v
37. Se um animal apresentou uma reação alérgica após a vacinação no passado, deve-se vaciná-lo mais alguma vez? Teoricamente, se ocorreu uma reação devido a uma hipersensibilidade tipo I mediada por IgE, o animal está imunologicamente sensibilizado, e é provável que uma exposição subsequente ao mesmo antígeno provoque o mesmo tipo de reação. Na realidade, isso nem sempre acontece, e às vezes tais reações ocorrem apenas uma vez. Se a reação ocorreu em um filhote que ainda não recebeu a série completa das vacinas do início de vida, esse animal deve ser revacinado para receber o esquema completo de vacinas essenciais. Deve-se considerar se as vacinas não essenciais são justificadas para esse animal, e, quando adulto, podem-se usar testes sorológicos para informar a necessidade das vacinas essenciais. Existem certas medidas práticas que se pode tomar para evitar a ocorrência de
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WSAVA – Diretrizes vacinais tais reações na segunda vez ou nas aplicações subsequentes. Trocar a marca da vacina pode ou não ter algum efeito. Não há nenhum problema em dar uma dose de anti-histamínico ou uma dose anti-inflamatória de glicocorticoide imediatamente antes da vacinação; isso não vai interferir na eficácia da vacina. É melhor manter o animal na clínica e monitorá-lo por várias horas após a vacinação, em vez de mandá-lo para casa. 38. Qual é o melhor local anatômico para vacinar um gato a fim de reduzir o risco de sarcoma do sítio de injeção em felinos? Não há um local anatômico específico no qual um gato possa ser injetado que reduza o risco de desenvolvimento de sarcoma. No entanto, podem-se adotar estratégias que auxiliarão no manejo do sarcoma, caso ele ocorra. Existem várias opções recomendadas por diferentes organizações e autores, entre as quais se incluem a administração por via subcutânea o mais distal possível nas patas traseiras e dianteiras, na pele do abdômen lateral e o mais distal possível na cauda. A WSAVA não recomenda uma única opção, mas sugere que a nuca não seja utilizada e que se reveze os locais de vacinação a cada aplicação, e que esses locais sejam registrados na ficha médica do animal. w
39. O VGG recomenda teste sorológico de cães e gatos adultos em lugar da revacinação essencial? Sim, o VGG apoia o uso de testes sorológicos realizados na clínica para determinar se os cães adultos estão protegidos (isto é, se têm anticorpos séricos) contra CDV, CAV e CVP-2, e se os gatos adultos estão protegidos contra FPV (no momento em que este documento foi escrito, o teste para felinos não estava disponível na América Latina). Note que a sorologia não pode prever a proteção contra FHV-1 ou FCV, ou contra quaisquer antígenos das vacinas não essenciais. O teste sorológico para verificar a eficácia da vacinação antirrábica é frequentemente exigido para viagem com o animal de estimação, mas, nesse caso, geralmente é realizado dentro de um período definido após a vacinação (p. ex., 74
4 semanas) e não é usado na prática clínica para demonstrar proteção contra raiva, pois os títulos podem declinar após o intervalo recomendado de teste. Deve-se selecionar um kit bem validado, respaldado por literatura científica revisada por pares. A sorologia pode ser realizada anual ou trienalmente durante a consulta de verificação anual da saúde. Muitos tutores, particularmente aqueles preocupados com a segurança das vacinas, preferirão essa opção para seus animais de estimação. 40. Existem kits para avaliar os títulos de anticorpos em gatos? Sim, existe um fabricante que produz um kit para determinação de anticorpos anti-FPV, FHV-1 e FCV no soro dos gatos 101 [EC1], mas no momento em que este documento foi escrito esse teste não estava disponível na América Latina. Note que somente os anticorpos anti-FPV são preditivos de proteção; os anticorpos contra os vírus do trato respiratório superior não estão correlacionados à proteção. Conflito de interesse O trabalho do VGG foi apoiado financeiramente pela MSD Saúde Animal (MSD Animal Health), que é parceira global da WSAVA. Os autores deste manuscrito, feito sem consulta à indústria, pertencem ao VGG – um grupo totalmente independente de especialistas acadêmicos. Os representantes da empresa patrocinadora não participam das reuniões do VGG. A empresa não tem direito de veto sobre as recomendações do VGG. Agradecimentos O VGG agradece aos numerosos líderes de opinião da Argentina, do Brasil e do México que viajaram para reunir-se conosco, geralmente por longas distâncias, para compartilhar seu conhecimento e experiência. Agradecemos também aos médicos-veterinários daqueles países que nos permitiram visitar suas clínicas e aos vários médicos-veterinários que responderam ao nosso questionário. Somos gratos a nossos colegas da MSD Saúde Animal, que, em nível nacional, regional e global, se encarregaram de
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toda a logística em nossas visitas aos países, e particularmente pelo trabalho envolvido na organização dos eventos de educação continuada em cada país. O presente resumo foi publicado com a anuência do corpo editorial do Journal of Small Animal Practice, onde se encontra publicado o documento completo original, em inglês (Journal of Small Animal Practice, 61(6), E1-E35, 2020). A versão completa do documento, traduzida para o português, pode ser obtida na página do VGG no site da WSAVA, em https://wsava.org/ wp-content/uploads/2020/08/ Recommendations-on-vaccination-for-Latin-American-small-animal-practitioners-Portuguese.pdf
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WSAVA – Diretrizes vacinais E. ; MELI, M. L. ; BOO, G. ; HARTMANN, K. ; HOSIE, M. J. ; MOESTL, K. ; TASKER, S. ; BELÁK, S. ; LLORET, A. ; BOUCRAUT-BARALON, C. ; EGBERINK, H. F. ; PENNISI, M. G. ; TRUYEN, U. ; FRYMUS, T. ; THIRY, E. ; MARSILIO, F. ; ADDIE, D. ; HOCHLEITHNER, M. ; TKALEC, F. ; VIZI, Z. ; BRUNETTI, A. ; GEORGIEV, B. ; LUDWIG-BEGALL, L. F. ; TSCHUOR, F. ; MOONEY, C. T. ; ELIASSON, C. ; ORRO, J. ; JOHANSEN, H. ; JUUTI, K. ; KRAMPL. I. ; KOVALENKO, K. ; SENGAUT, J. ; SOBRAL, C. ; BORSKA, P. ; KOVARIKOVA, S. ; HOFMANN-LEHMANN, R. PanEuropean study on the prevalence of the feline leukaemia virus infection - reported by the European Advisory Board on Cat Diseases (ABCD Europe). Viruses, v. 11, n. 11, p. 993, 2019. doi: 10.3390/v11110993. 85-BERGMANN, M. ; SCHWERTLER, S. ; SPECK, S. ; TRUYEN, U. ; HARTMANN, K. Antibody response to feline panleukopenia virus vaccination in cats with asymptomatic retrovirus infections: a pilot study. Journal of Feline Medicine and Surgery, v. 21, n. 12, p. 1094-1101, 2018. doi: 10.1177/1098612X18816463. 86-ABDELMAGEED, M. ; FOLTOPOULOU, P. ; McNIEL, E. Feline vaccine-associated sarcomagenesis: is there an inflammation-independent role for aluminium? Veterinary and Comparative Oncology, v.16, n. 2, p. E130-E143, 2017. doi: 10.1111/vco.12358. 87-KASS, P. H. Prevention of feline injection-site sarcomas: is there a scientific foundation for vaccine recommendations at this time? The Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 48, n. 2, p. 301-306, 2018. doi: 10.1016/j.cvsm.2017.10.007. 88-LAPPIN, M. R. Feline panleukopenia virus, feline herpesvirus-1 and feline calicivirus antibody responses in seronegative specific pathogen-free kittens after parenteral administration of an inactivated FVRCP vaccine or a modified live FVRCP vaccine. Journal of Feline Medicine and Surgery, v. 14, n. 2, p. 161-164, 2012. doi: 10.1177/1098612X11432240. 89-LAKSHMANAN, N. ; GORE, T. C. ; DUNCAN, K. L. ; COYNE, M. J. ; LUM, M. A. ; STERNER, F. J. Three-year rabies duration of immunity in dogs following vaccination with a core combination vaccine against canine distemper virus, canine adenovirus type-1, canine parvovirus, and rabies virus. Veterinary Therapeutics: Research in Applied Veterinary Medicine, v. 7, n. 3, p. 223-231, 2006. 90-KENNEDY, L. J. ; LUNT, M. ; BARNES, A. ; McELHINNEY, L. ; FOOKS, A. R. ; BAXTER, D. N. ; OLLIER, W. E. R. Factors influencing the antibody response of dogs vaccinated against rabies. Vaccine, v. 25, n. 51, p. 85008507, 2007. doi: 10.1016/j.vaccine.2007.10.015. 91-MOORE, G. E. ; GUPTILL, L. F. ; WARD, M. P. ; GLICKMAN, N. W. ; FAUNT, K. K. ; LEWIS, H. B. ; GLICKMAN, L. T. Adverse events diagnosed within three days of vaccine administration in dogs. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 227, n. 7, p. 1102-1108, 2005. doi: 10.2460/javma.2005.227.1102. 92-CHAPPUIS, G. Neonatal immunity and immunisation in early age: lessons from veterinary medicine. Vaccine, v. 16, n. 14-15, p. 1468-1472, 1998. doi: 10.1016/S0264410X(98)00110-8. 93-MOORE, G. E. ; DeSANTIS-KERR, A. C. ; GUPTILL, L. F. ; GLICKMAN, N. W. ; LEWIS, H. B. ; GLICKMAN, L. T. Adverse events after vaccine administration in cats: 2.560 cases (2002-2005). Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 231, n. 1, p. 94-100, 2007. doi: 10.2460/javma.231.1.94. 94-ROBERTS, E. S. ; VANLARE, K. A ; ROYCROFT, L.
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M. ; KING, S. Effect of high-dose ciclosporin on the immune response to primary and booster vaccination in immunocompetent cats. Journal of Feline Medicine and Surgery, v. 17, n. 2, p. 101-109, 2015. doi: 10.1177/1098612X14533550. 95-HOGENESCH, H. ; THOMPSON, S. ; DUNHAM, A. ; CEDDIA, M. ; HAYEK, M. Effect of age on immune parameters and the immune response of dogs to vaccines: a cross-sectional study. Veterinary Immunology and Immunopathology, v. 97, n. 1-2, p. 77-85, 2004. doi: 10.1016/j.vetimm.2003.08.010. 96-DAY, M. J. Ageing, immunosenescence and inflammageing in the dog and cat. Journal of Comparative Pathology, v. 142, n. 1, S60-S69, 2010. doi: 10.1016/j.jcpa.2009.10.011. 97-BARR, S. C. ; McDONOUGH, P. L. ; SCIPIONI-BALL, R. L. ; STARR, J. K. Serologic responses of dogs given a commercial vaccine against Leptospira interrogans serovar pomona and Leptospira kirschneri serovar grippotyphosa. American Journal of Veterinary Research, v. 66, n. 10, p. 1780-1784, 2005. doi: 10.2460/ajvr.2005.66.1780. 98-MARTIN, L. E. R. ; WIGGANS, K. T. ; WENNOGLE, S. A. ; CURTIS, K. ; CHANDRASHEKAR, R. ; LAPPIN, M. R. Vaccine-associated Leptospira antibodies in client-owned dogs. Journal of Veterinary Internal Medicine, v. 28, n. 3, p. 789-792, 2014. doi: 10.1111/jvim.12337. 99-WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO best practices for injections and related procedures toolkit. Geneva: Safe Injection Global Network, 2010. 55 p. ISBN: 9789241599252. Disponível em: https://www.who.int/infectionprevention/publications/best-practices_toolkit/en 100-MIYAJI, K. ; SUZUKI, A. ; SHIMAKURA, H. ; TAKASE, Y. ; KIUCHI, A. ; FUJIMURA, M. ; KURITA, G. ; TSUJIMOTO, H. ; SAKAGUCHI, M. Large-scale survey of adverse reactions to canine non-rabies combined vaccines in Japan. Veterinary Immunology and Immunopathology, v. 145, n. 1-2, p. 447-452, 2012. doi: 10.1016/j.vetimm.2011.12.023. 101-MENDE, K. ; STUETZER, B. ; TRUYEN, U. ; HARTMANN, K. Evaluation of an in-house dot enzymelinked immunosorbent assay to detect antibodies against feline panleukopenia virus. Journal of Feline Medicine and Surgery, v. 16, n. 10, p. 805-811, 2014. doi: 10.1177/1098612X14520812.
Michael J. Day
MV, prof. dr. Escola de Veterinária e Ciênc. Biol., Universidade de Murdoch, Austrália
Cynda Crawford
MV, profa. dra. Escola de Medicina Veterinária da Flórida, EUA crawfordc@ufl.edu
Mary Marcondes
MV, profa. dra. FMV Unesp-Araçatuba, SP, Brasil mary.marcondes@unesp.br
Richard A. Squires
MV, prof. dr. Universidade James Cook, QLD, Austrália richard.squires@jcu.edu.au
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Eventos
VII Master Minds Inovet Road via web Inovet construindo a medicina veterinária do futuro
Divulgação
No dia 4 de agosto, a Inovet promoveu o VII Master Minds Inovet Road, pela primeira vez via web! Em decorrência da atual pandemia e levando-se em consideração a saúde dos participantes e da equipe Inovet, proporcionou-se um evento online de alto conhecimento técnico, que gerou a disseminação da medicina integrativa com enfoque em nutrição funcional biorreguladora, levando os profissionais que dele participaram a um novo atendimento clínico veterinário, associado à utilização de suplementos nos protocolos preventivos e de tratamento dos pacientes. Durante o evento foi possível observar a abordagem dos Master Minds, extremamente relevante sobre o protocolo 4R no restabelecimento da saúde intestinal, vinculada à suplementação clínica das principais enfermidades apresentadas em nossos pacientes. Ao todo, foram 7:21 horas de conteúdo téc-
Da esquerda para a direita, dr. Andrigo Barboza De Nardi, dra. Flavia Tavares, dr. Ronald Glanzman, dra. Rute Mercurio, dra. Karine Kleine e dr. Luis Fernando Moraes 82
nico de alta relevância, atingindo 6.150 visitações, com acompanhamento médio de 40 minutos de evento e audiência média constante de 700 profissionais e estudantes, destacando o VII Master Minds como um recorde dentre os eventos da medicina veterinária durante a pandemia. O conteúdo abordado foi desenvolvido pelos 6 Master Minds Inovet: o dr. Ronald Glanzman, que atua no desenvolvimento da nutrição clínica; a dra. Flavia Tavares, na endocrinologia veterinária; o dr. Luis Fernando Moraes, em nutrição veterinária; o dr. Andrigo Barboza De Nardi, em oncologia veterinária; a dra. Karine Kleine, em cardiologia, urologia e nefrologia veterinárias; e a dra. Rute Mercurio, nutricionista de seres humanos. O evento, de forma inédita, contou gentilmente com alianças na divulgação do CFMV, de 23 CRMVs estaduais, de 21 Anclivepas estaduais, da Feveresp (Amvar, AMVZN, AMVZVP, AMVGABC, Aclivet, Amvasb, Amvip, Amverp, Amvejur, Amvor e Amvemar), da Abrovet, do CBNUV, da Abev, de 4 sociedades estaduais (SP, MG, MG e TO), de 4 universidades (UEM, Udesc, VetJr-UEL, Unoesc), do Centro Veterinário Pet Care, do Hospital Montenegro de Portugal, da mídia e de cursos veterinários, além de 35 laboratórios de análises clínicas para padronização do perfil laboratorial Master Minds Inovet, com condições especiais para os participantes do evento. O conteúdo do VII Master Minds Inovet Road na íntegra pode ser encontrado no canal Inovet Oficial, no Youtube. Inovet www.inovet.com.br
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4 Tecnologia cinomose recombinante que induz imunidade na presença de anticorpos maternos 1,3,4. 4 Por não conter cepas de leptospira, é uma vacina apropriada para a primeira dose na primovacinação de filhotes5. 4 Alta concentração de parvovírus garantindo uma excelente eficácia com proteção cruzada comprovada contra CPV-2c2,6. 4 Processo de filtração melhorado que promove a redução dos debris celulares e proteínas, geralmente relacionadas à dor e inflamação2. 4 Ciência avançada e específica sem a necessidade de adjuvantes2. Referências bibliográficas: 1. Pardo MC, Bauman JE, Mackowiak M. Protection of dogs against canine distemper by vaccination with a canarypox virus recombinant expressing canine distemper virus fusion and hemagglutinin glycoproteins. Am J Vet Res. 1997;58(8):833-836. 2. RECOMBITEKR C3 product label. 3. Pardo MC, Bauman JE, Mackowiak M. Immunization of puppies in the presence of maternally derived antibodies against canine distemper virus. J Comp Path. 2007;137:S72-S75. 4.Larson LJ, Schultz RD. Effect of vaccination with recombinant canine distemper virus vaccine immediately before exposure under shelterlike conditions. Veterinary Therapeutics 2006;7:113-118. 5. Greene, C.; Levy, J. Immunoprophylaxis. In: Greene, C.;Sykes, J. Infectious Diseases of the Dog and Cat 4th Edition, Missouri, Saunders, 2011, p.1163 – 1205. 6. Day, M.D. et al. Guidelines for the Vaccination of Dogs and Cats compiled by the Vaccination Guidelines Group (VGG) of the World Small Animal Veterinary Association (WSAVA). Journal of Small Animal Practice Vol. 57 January 2016.
Ecologia
Década das Nações Unidas da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável (2021-2030) Em 2015, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou um plano de ação global de alcance e significado sem precedentes: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Além de buscar fortalecer a paz universal, é um plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a prosperidade – a agenda é formada por 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) direcionados a acabar com a pobreza e a fome em todos os lugares, combater desigualdades, construir sociedades pacíficas, justas e inclusivas, promover a igualdade de gênero e assegurar a proteção duradoura do planeta e de seus recursos naturais, sem deixar nada nem ninguém para trás. A Agenda 2030 é uma grande jornada coletiva. Aceita por todos os países, leva em conta diferentes realidades nacionais, capacidades e níveis de desenvolvimento, respeita as políticas e prioridades de cada nação e reconhece que as medidas transformadoras são urgente-
Site das Nações Unidas para a Década da Ciência Oceânica com os 17 objetivos de desenvolvilmento sustentável https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/ 84
mente necessárias para direcionar o mundo a um caminho sustentável e resiliente. Década da Ciência Oceânica (2021-2031) Em 2017, a ONU apontou a urgência para com os oceanos e instituiu a Década da Ciência Oceânica (2021-2031), com foco no auxílio do ODS 14 – Vida na Água. Também conhecida como Década do Oceano, a década de 2021-2030 tem a meta de mobilizar a comunidade científica, os legisladores, as empresas e a sociedade civil para um programa de pesquisa conjunta e inovação tecnológica, com o objetivo de melhorar a planificação e a gestão do espaço marítimo e dos recursos oceânicos e costeiros. É também uma grande oportunidade para valorizar os oceanos gerando parcerias, recursos e tecnologias que fortaleçam a cooperação internacional para o desenvolvimento das ciências, da educação e da cultura. A Década do
Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável no site do Jornal ONU News: https://news.un.org/pt/story/2017/12/1602672-onulanca-decada-da-ciencia-oceanica-para-o-desenvolvimento-sustentavel
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Oceano visa alcançar sete resultados: I. um oceano limpo; II. um oceano saudável e resiliente; III. um oceano previsível; x IV. um oceano seguro; V. um oceano produtivo e explorado de modo sustentável; VI. um oceano transparente (acessível aos dados coletados); VII. um oceano conhecido e valorizado. Para atingir “a ciência de que precisamos para o oceano que queremos”, a década vai apoiar as ações necessárias para alcançar os ODS, sendo uma oportunidade histórica para ações locais, regionais e globais. A coordenação internacional da Década do Oceano é realizada pela Comissão Oceanográfica Intergovernamental da Unesco (COI-Unesco). No Brasil, o Plano Nacional para a Década do Oceano será coordenado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. A proteção dos oceanos começa em terra: indústrias, organizações governamentais ou não, instituições científicas e a sociedade civil são atores-chave para essa transformação. Será uma oportunidade única para, por meio do conhecimento científico, embasar políticas públicas fortalecendo a gestão dos nossos oceanos e zonas costeiras em benefício da humanidade.
Laura Ippolito Instituto Mar @institutomar contato@institutomar.org.br
Década da Ciência Oceânica no site no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações http://decada.ciencianomar.mctic.gov.br/
Site do Instituto Mar http://www.institutomar.org.br/index.htm
Nações Unidas
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações
Onu News
Instituto Mar
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Lançamentos
PremieRpet® apresenta a linha PremieR Nattu
Divulgação PremieRpet®
A PremieRpet® apresenta a linha PremieR Nattu. Desenvolvida com alta tecnologia, a linha é formulada com uma combinação perfeita de ingredientes naturais e conta com certificações exclusivas que garantem uma opção única no mercado de petfood. É uma linha superpremium que atende perfeitamente aos consumidores exigentes com relação ao uso de ingredientes oriundos de criações de animais que utilizam práticas diferenciadas em relação ao bem-estar animal. PremieR Nattu contém proteína de frango certificada, livre de antibióticos, sem corantes e aromatizantes artificiais, e só utiliza ovos provenientes de galinhas livres de gaiolas. Esse modelo de criação permite que as galinhas não fiquem confinadas e possam se movimentar e desenvolver seu comportamento natural – um compromisso da PremieRpet® que fortalece os preceitos de respeito aos animais e as práticas mais naturais de produção. A certificação WQS da proteína de frango, por sua vez, é a garantia de que os animais da cadeia produtiva são alimentados com ração 100% vegetal, livre de antibióticos, assegurando o bem-estar animal. Outro destaque da linha PremieR Nattu é o uso de superfoods. “Ingredientes naturais de alta densidade nutricional, as superfoods têm poucas calorias, proporcionando benefícios à saúde quando fazem parte de uma dieta equilibrada”, esclarece a especialista. A fórmula exclusiva foi desenvolvida para oferecer uma combinação ideal de nutrientes de alta digestibilidade, fibras naturais e prebi-
PremieR Nattu chega ao mercado em 12 diferentes apresentações para cães adultos e filhotes 86
óticos que ajudam a manter a saúde intestinal dos animais. Os alimentos contribuem para que os cães tenham uma pele nutrida e pelagem sedosa, por meio do equilíbrio de ômegas 3 e 6, e também de minerais. O conceito de saúde e sustentabilidade está presente também nas embalagens dos alimentos. Certificadas com o selo I’m Green, elas são produzidas a partir da cana-de-açúcar, uma matéria-prima de fonte renovável que colabora para a redução da emissão dos gases causadores do efeito estufa. Sabores exclusivos A linha PremieR Nattu chega ao mercado em dois sabores exclusivos: Frango, mandioca, beterraba, linhaça & cranberry, e Frango, brócolis, abóbora, quinoa & blueberry. No sabor Frango, mandioca, beterraba, linhaça & cranberry estão disponíveis as seguintes apresentações: Cães adultos 12 kg; Cães adultos porte pequeno 1 kg, 2,5 kg e 10,1 kg; Cães filhotes 2,5 kg e 10,1 kg e Cães filhotes porte pequeno 1 kg e 2,5 kg. No sabor Frango, brócolis, abóbora, quinoa & blueberry estão disponíveis as apresentações: Cães adultos 12 kg; Cães adultos de porte Pequeno 1 kg, 2,5 kg e 10,1 kg. Ao todo são 12 apresentações de alimentos para nutrir perfeitamente cães adultos e filhotes. Assim como todos os produtos superpremium da PremieRpet®, trazem o selo 110% de satisfação, que garante a devolução integral do valor da compra, acrescido de 10%, caso o consumidor não fique satisfeito. Os produtos PremieRpet® são vendidos exclusivamente no canal especializado, do qual fazem parte clínicas veterinárias e pet shops. PremieRpet® www.premierpet.com.br
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Com nanotecnologia, Ourofino entra no mercado de dermocosméticos para pets
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Linha Bris inclui xampus, sérum e sprays para limpeza e hidratação da pele de cães e gatos
A Ourofino Pet lança cinco novos produtos e entra no mercado de dermocosméticos. A linha Bris chega em seis apresentações: Linha Bris: xampus, sérum e spray três xampus, um sérum e dois sprays. A linha Bris contém fitoesfingosina, um componente natural da epiderme que exerce papel fundamental na construção e na manutenção da barreira de defesa da pele, atuando como hidratante e potencializando a sua impermeabilidade. Os produtos são ricos em óleos naturais, vitaminas e ceramidas, e o pH da linha Bris é compatível com a média do da pele de cães e gatos.
y Linha Bris Shampoo Equilíbrio Pele Seca Contém fitoesfingosina, aloe vera, vitaminas A e E e óleo de girassol nanoencapsulados, que promovem limpeza suave e hidratação profunda, preservando a integridade da barreira cutânea. É indicado para todos os tipos de pele, especialmente para a pele seca. Tem fragrância suave e é livre de alergênicos. Disponível nas apresentações de 200 mL e 500 mL.
Shampoo Equilíbrio Pele Oleosa Proporciona equilíbrio à produção de sebo, sem agredir, ressecar ou impedir a umidificação necessária para uma pele saudável. A nanovitamina A estimula a troca fisiológica das células da epiderme, enquanto os ôme-
gas nanoencapsulados compostos pelos óleos de coco, de argan e de abacate promovem hidratação adequada e prolongada da pele, e a fitoesfingosina garante a manutenção da integridade da barreira cutânea. Disponível na apresentação de 200 mL. Sérum Equilíbrio Pele Seca Ceramidas e ômegas derivados de óleos de girassol, de macadâmia, de oliva e de gergelim se associam à fitoesfingosina nesta formulação para equilibrar a epiderme da pele seca, com hidratação profunda que mantém a integridade da barreira cutânea. A pele sensível é beneficiada também pela ação da calêndula nanoencapsulada para efeitos prolongados. Disponível na apresentação de 30 mL. Spray Equilíbrio Pele Seca Composto por fitoesfingosina, calêndula e ômegas nanoencapsulados de óleos de coco, de argan e de abacate, nutre e hidrata profundamente a pele seca nos intervalos entre os banhos. A presença de um complexo vegetal atua como adjuvante no controle da perda excessiva de água da pele. Disponível na apresentação de 200 mL. Spray Equilíbrio Pele Oleosa A formulação leve e não oleosa é composta por fitoesfingosina, nanovitamina A, tecnologia mineral e enzimas que equilibram a oleosidade da pele e neutralizam odores sem ressecar ou alterar a integridade da barreira cutânea. Disponível na apresentação de 200 mL. Ourofino https://www.ourofinopet.com
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Lançamentos
A Royal Canin® acaba de lançar um alimento específico para a raça pomerânia – o produto Pomeranian, nas versões seca e úmida –, expandindo a linha Breed Health. A marca também ampliou o portfólio com duas outras novidades: Yorkshire Terrier 8+, indicado para cães da raça com mais de 8 anos, e o alimento úmido Shih Tzu, que pode ser combinado com o alimento seco ou mesmo oferecido sozinho, por ser completo e balanceado. Royal Canin® Pomeranian (seco e úmido) Disponível na versão seca e úmida (sachê), o Pomeranian é indicado para cães adultos e maduros, e tem um croquete adaptado para a mandíbula pequena da raça, auxiliando a manter a saúde dental. Sua fórmula exclusiva oferece suporte aos ossos e articulações, e ajuda na saúde digestiva, melhorando a consistência das fezes, além de conter ácidos graxos essenciais que beneficiam a saúde da pele e a pelagem. O alimento úmido auxilia ainda na saúde do trato urinário, uma vez que proporciona maior ingestão de água. Royal Canin® Yorkshire Terrier 8+ (seco) O alimento Yorkshire Terrier 8+, indicado para cães dessa raça a partir de 8 anos, dá suporte ao envelhecimento saudável, atuando na manutenção da saúde renal. Sua fórmula oferece antioxidantes que atuam no combate aos radicais livres, ajuda a manter a pele e a pelagem saudáveis e apoia a saúde digestiva, contribuindo para a boa qualidade das fezes. O alimento tem croquetes adaptados à mandíbula do yorkshire terrier em idade avançada. Os cães maduros podem apresentar doença periodontal em estágio preocupante, chegando 88
Divulgação
Royal Canin® expande seu portfólio de alimentos para cães de raça
O Brasil é o primeiro país a receber a grande novidade global: o alimento específico para cães da raça pomerânia, além do Yorkshire Terrier 8+ e do alimento úmido Shih Tzu
a ter perda de alguns dentes e dores ao mastigar. Neste lançamento, apostou-se na reidratação do alimento para aumentar a palatabilidade e facilitar a mastigação, sem perda nutricional. Royal Canin® Shih Tzu (úmido) Alimento úmido (sachê) específico para a raça, completo e balanceado, que auxilia na saúde do trato urinário, graças à ingestão involuntária de água. Sua fórmula, com alto teor de fibras, auxilia a controlar o peso, na medida em que promove a saciedade. Com textura adaptada e elevada palatabilidade, fornece uma experiência alimentar diferenciada no momento da refeição. Seus nutrientes exclusivos também auxiliam na saúde cardíaca e beneficiam a pele e a pelagem da raça. Royal Canin® www.royalcanin.com.br
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Tecnologia da informação
Os últimos anos foram marcados por avanços importantes em praticamente todos os campos da tecnologia. Os equipamentos usados no diagnóstico por imagem ficaram mais precisos e acessíveis, e os computadores ganharam poder de processamento e capacidade de armazenamento. Os softwares evoluíram significativamente, não só no campo da gestão de clínicas veterinárias, mas também no processamento de imagens, na análise de dados e na comunicação com os clientes. Esse contexto contribuiu para o desenvolvimento de uma das mais importantes inovações tecnológicas na área da medicina veterinária: a impressão tridimensional. Essa tecnologia tem sido aplicada principalmente nas áreas da ortopedia e da cirurgia, na educação, no treinamento, na pesquisa e no fornecimento de medicamentos; contudo, as perspectivas do seu uso na medicina veterinária são ainda muito mais amplas. A impressão 3D é um tipo de processo de fabricação no qual materiais como plástico ou metal são depositados em camadas para criar um objeto 3D a partir de um modelo digital. Esse método de fabricação aditiva tem a vantagem de fabricar objetos com geometria complexa de forma livre, o que é impossível usando os métodos tradicionais de fabricação. O processo é relativamente simples: imagens obtidas a partir de exames de tomografia computadorizada, ressonância magnética ou ultrassom 3D são processadas por softwares específicos e geram modelos tridimensionais no formato de arquivos digitais. Esses arquivos são então enviados para uma impressora 3D, que finaliza o processo fabri90
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Impressão 3D na medicina veterinária
Biomodelos de órgãos fabricados por impressoras 3D são usados no planejamento cirúrgico, em que o profissional pode avaliar diferentes técnicas cirúrgicas, reduzir o tempo de cirurgia e minimizar as complicações durante o período transoperatório
cando de fato a peça em alguns minutos. Órteses personalizadas As órteses são aparelhos externos usados para imobilizar ou auxiliar os movimentos dos membros ou da coluna vertebral de animais. A cadeira de rodas de apoio pélvico é o exemplo mais comum na medicina veterinária. Como há uma variação muito grande de tamanho e tipo físico entre os animais que necessitam desse tipo de equipamento, os veterinários têm adotado soluções personalizadas, criadas sob medida para cada caso, usando impressão 3D. A tendência de aumento da adoção dessa estratégia, aliada à popularização dos equipamentos e à evolução dos materiais, aponta para uma queda dos custos. Além disso, abre mais um leque de possibilidades
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de atuação do médico-veterinário, como um ramo da ortopedia ou da fisioterapia.
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Planejamento cirúrgico A tecnologia de impressão 3D tem sido usada para imprimir biomodelos em material plástico, usados pelo cirurgião para planejar previamente uma cirurgia de alta complexidade. As peças construídas a partir de imagens tomográficas permitem uma análise criteriosa e precisa dos processos ósseos e dos grupos musculares adjacentes à região de interesse. Com essa análise em mãos, o cirurgião faz um planejamento cirúrgico prévio, avaliando diferentes técnicas cirúrgicas, selecionando o implante mais adequado e definindo sua posição. Assim, é possível reduzir o tempo de cirurgia e minimizar as complicações durante o período transoperatório. Em recente artigo publicado no periódico Veterinary Surgery Journal 1, os autores descrevem a aplicação da impressão tridimensional (3D) em cirurgia oral e discutem os benefícios dessa modalidade no planejamento cirúrgico, no treinamento de estudantes e na educação do cliente. Os pesquisadores concluíram tratar-se de uma excelente ferramenta, mas indicam algumas limitações, como o tempo necessário para produzir o modelo 3D. Dependendo do caso, foram necessárias de 18 a 24 horas para concluir o processo de impressão. No Brasil, o alto custo dos insumos representa desafio ainda maior.
Rabello tornou-se conhecido após o caso da jabota Fred ter sido tema de uma reportagem exibida no Fantástico pela Rede Globo 2 em 2014. Fred teve uma perda completa do casco em decorrência de uma exposição a um incêndio. Após estabilizá-la clinicamente, Rabello estudou as possibilidades, discutiu o caso com colegas e definiu como objetivo fabricar um casco usando a impressão 3D. A partir desse primeiro caso com a jabota Fred, Rabello teve a oportunidade de aprimorar a técnica, aplicando-a em outros pacientes, como tucanos, papagaios e araras. No final de 2018, a dra. Michelle Oblak, da Faculdade de Veterinária de Ontário, ganhou visibilidade mundial após divulgar detalhes da cirurgia realizada para a retirada de um osteossarcoma multilobular no crânio de um cão da raça dachshund 3. O tumor foi removido, e a área comprometida foi substituída por um implante de titânio. Em junho de 2020, Oblak publicou um artigo na BMC Veterinary Research 4, com o objetivo de consolidar um fluxo de trabalho e definir um cronograma para a fabricação aditiva de implantes de titânio indicados na cirurgia craniana. Segundo a autora, trata-se
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Implantes e próteses Outro benefício da impressão 3D é a confecção de próteses e implantes feitos sob medida para cada situação, considerando as características e as dimensões do paciente. O médico-veterinário Rodrigo Rabello, mestre em ciências veterinárias nas áreas de anestesiologia e cirurgia em animais silvestres pela Universidade Federal de Uberlândia, foi um dos primeiros a usar a tecnologia em animais silvestres.
A aplicação da impressão 3D na medicina veterinária é uma realidade, mostrando-se útil no planejamento cirúrgico e na confecção de órteses e próteses, mas as possibilidades são inúmeras e vão desde a fabricação de próteses personalizadas em titânio à fabricação de tecidos e órgãos vivos
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Tecnologia da informação do primeiro artigo científico sobre o fluxo de trabalho para a fabricação de aditivos metálicos para cranioplastia em medicina veterinária. Bioimpressão 3D O conceito de bioimpressão pode ser definido como a utilização de células e outros produtos biológicos na impressão por empilhamento para a montagem de tecidos e órgãos a partir da deposição de camadas auxiliada por computador. A engenharia de tecidos é um campo emergente em que a ciência dos materiais e a biologia celular contribuem para tornar possível a implantação de tecidos biofabricados na medicina regenerativa. O objetivo final da bioimpressão é recapitular o processo natural de formação de tecido por células para montar arcabouços sintéticos que sejam capazes de imitar o microambiente natural do tecido. Essa técnica vem sendo estudada com o objetivo de promover a regeneração tecidual, e diversos estudos estão sendo conduzidos com foco em tecidos como a cartilagem articular, os tendões e os tecidos muscular e ósseo. Trata-se de uma área de pesquisa relativamente nova e promissora, com grande expectativa de crescimento para os próximos anos. Impressão de órgãos Os avanços na área da bioimpressão têm motivado pesquisadores a explorar a possibilidade de imprimir órgãos vivos projetados. Um novo campo de pesquisa está se mostrando promissor: a engenharia de tecidos. Vários institutos de pesquisa ao redor do mundo já estão trabalhando nessa área, oferecendo esperança para preencher a lacuna entre a escassez de órgãos e as necessidades de transplante. No entanto, a construção de órgãos vascularizados tridimensionais (3D) continua sendo a principal barreira tecnológica a superar. 92
Em um recente artigo publicado no periódico Advanced Healthcare Materials 5, Guifang Gao, pesquisador sediado na Universidade de Tecnologia de Wuhan, juntamente com cientistas de universidades da Alemanha e dos Estados Unidos, apresentam uma visão geral das abordagens de bioimpressão, dos desafios e das tendências atuais para a fabricação de órgãos vivos. A tecnologia continuará promovendo avanços significativos na área da saúde, retirando médicos-veterinários da zona de conforto, forçando-nos a refletir sobre essas desafiadoras possibilidades e suas implicações éticas. Referências 01-WINER, J. N. ; VERSTRAETE, F. J. M. ; CISSELL, D. D. ; LUCERO, S. ; ATHANASIOU, K. A. ; ARZI, B. The application of 3-dimensional printing for preoperative planning in oral and maxillofacial surgery in dogs and cats. Veterinary Surgery, v. 46, n. 7, p. 942-951, 2017. doi: 10.1111/vsu.12683. 02-G1. Jabuti recebe prótese de casco feita em impressora 3D após incêndio. G1, 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2015/07/ jabuti-recebe-protese-de-casco-feita-em-impressora-3d-apos-incendio.html>. Acesso em 12 de agosto de 2020. 03-UNIVERSITY OF GUELPH. 3-D printing research opens new possibilities for cancer surgeries, Ontario Veterinary College, 2018. Disponível em: <https:// ovc.uoguelph.ca/news/3-d-printing-research-opens-new-possibilities-cancer-surgeries>. Acesso em 12 de agosto de 2020. 04-JAMES, J. ; OBLAK, M. L. ; ZUR LINDEN, A. R. ; JAMES, F. M. K. ; PHILLIPS, J. ; PARKES, M. Schedule feasibility and workflow for additive manufacturing of titanium plates for cranioplasty in canine skull tumors. BMC Veterinary Research, v. 16, n. 180, p. 1-8, 2020. doi: 10.1186/s12917-020-02343-1. 5-GAO, G. ; HUANG, Y. ; SCHILLING, A. F. ; HUBBELL, K. ; CUI, X. Organ bioprinting: are we there yet? Advanced Healthcare Materials, v. 7, n. 1, 2018. doi: 10.1002/adhm.201701018.
Marcelo Sader
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Um novo estilo de vida A crise provocada pelo Codiv-19 cria obstáculos de todo tipo no mundo inteiro. Na economia, ela é cada vez maior, e embora situações dramáticas já sejam evidentes, a gravidade do impacto da pandemia sobre todos os aspectos da vida ainda se manifestará com maior força e por bastante tempo. No hemisfério sul, o coronavírus se alastra com maior intensidade, e o período de inverno potencializa essa difusão. Doenças, desemprego, fechamento de empresas, pobreza e conflitos tendem a se intensificar. Neste cenário de calamidade e indefinição, é necessário que as pessoas conscienciosas iniciem ou amplifiquem um estilo de vida espiritualista, capaz de corrigir os sentimentos negativos gerados por esta crise. Neste momento, torna-se imprescindível e inevitável uma nova maneira de encarar a vida. O primeiro obstáculo é a dificuldade de aceitar que as coisas mudaram de fato. Mesmo com a expectativa de uma possível estabilização do número de casos e da disponibilidade de uma vacina de eficácia comprovada, temos primeiro que aceitar a nova realidade, bastante dura para todos nós, mas especialmente para os mais
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Nutrir a alegria, cuidar de si e dos outros, respeitar a natureza e os animais e exercitar o bem são o único caminho para levar alguém a se sentir de fato feliz 94
vulneráveis. Para enfrentar esses grandes desafios, deve-se buscar acima de tudo viver o dia a dia com maior riqueza de espírito e de coração. É essencial dar esse primeiro passo para contrapor uma visão positiva a uma realidade desafiadora, pois isso nos trará serenidade e nos possibilitará lidar melhor tanto com o próprio sofrimento como com o sofrimento alheio. Essa positividade facilita encarar com maior aceitação e gratidão o que quer que nos caiba viver neste momento em nível pessoal, e também distribuir a luz do amor e palavras positivas às pessoas que sofrem, cultivando assim um sentimento misericordioso. Saber usar a inteligência é sempre um recurso valioso nessas horas. E podemos usá-la com sabedoria ao dirigi-la para o bem. A espiritualidade se traduz na prática de princípios universais focados em servir, apoiar, ajudar, e tais princípios mostram uma eficácia que não é possível obter ao reclamar, falar mal ou culpar os outros, ou ainda ao cultivar a insatisfação. Por mais difícil que pareça e por mais esforço que demande, o único caminho que pode levar alguém a se sentir verdadeiramente feliz consiste em procurar nutrir a alegria, cuidar de si e dos outros, respeitar a natureza e os animais e exercitar o bem. As pessoas espiritualizadas incentivam as demais a serem úteis, a se dedicarem a servir, a cultivarem sentimentos positivos. Com isso, há também uma melhora na qualidade dos próprios sentimentos, do pensamento, das palavras, das ações e dos hábitos, o que aprimora o caráter e dá um rumo melhor à própria vida. Como se dizia antigamente, vigie seu pensamento, pois ele gera suas palavras; vigie suas palavras, pois elas comandam suas ações; vigie suas ações, pois elas formam seus hábitos; vigie seus hábitos, pois eles compõem seu caráter; e, finalmente, vigie seu caráter, pois ele definirá seu destino. A espiritualidade é como uma fragrância ou
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Compaixão, solidariedade e a beleza da natureza nos fazem olhar para a frente com a esperança de um novo amanhecer na história da humanidade
essência agradável. É o que você sente ao encontrar uma pessoa boa, que tem consciência de que sua natureza interior faz parte do todo, e que, com boas maneiras e atitudes, respeito e gentileza, cuida do próximo, da natureza e dos animais. Em tais pessoas, o caráter exala essa fragrância, e temos vontade de estar sempre perto delas. Adotar uma postura mais espiritualizada leva a pessoa a evitar julgar, criticar, condenar e culpar, faz com que procure respeitar o pensamento, a ideologia, a crença do outro, e valorize seu discernimento pessoal sem precisar impô-lo aos outros. Quando alguém pede sua opinião, compartilha seu entendimento sem esperar ou exigir que seja adotado pelos demais.
A postura espiritualista busca também reconhecer os esforços e valores do próximo, e elogiá-los; leva a cuidar melhor da família, aprimorar-se nos estudos, no trabalho, em pesquisas e soluções alternativas – por exemplo, para o mundo superar uma pandemia e seus efeitos –, e a buscar o aprimoramento não só para si, mas para poder servir melhor à família, aos clientes, aos colegas de trabalho, e até mesmo aos companheiros de fé. É preciso ter amor no coração, mas sendo rigoroso consigo e amável com os outros. É natural termos momentos de fraqueza ou dificuldade, mas é importante que evitemos nos fazer de vítima, tenhamos humildade, reconheçamos e aceitemos ajuda com gratidão e mantenhamos na memória o valor de retribuir em dobro, pois isso leva a esse aprimoramento. A compaixão e a solidariedade certamente estão neste momento mostrando seu grande valor, pois esses sentimentos, na pele dos que se sacrificam na luta contra essa pandemia, salvaram a vida de muitas pessoas. E são eles que podem nos fazer olhar para a frente com um sorriso no rosto e a esperança de um novo amanhecer na história da humanidade.
Celso Morishita
Gestor empresarial espiritualista celsomorishita@yahoo.com
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Vet agenda Anestesiologia 15 a 17 de abril
Endocrinologia
2021
16 e 17 de outubro / 13 e 14 de novembro
João Pessoa, PB
Comdor 2021 – Congresso Medvep de dor e anestesiologia veterinária https://www.shopmedvep.com.br/ produtos/comdor-2021/
São Paulo, SP
V Curso de endocrinologia clínica de cães e gatos www.endocrinovet.com.br 2021 14 e 15 de agosto
Bem-estar animal
3 de setembro
Jaboticabal, SP
Online
Queimadas, como ficam os animais? https://bit.ly/31w7BgQ 6 a 9 de outubro
III Curso obesidade perspectivas e desafios https://eventos.funep.org.br/Eventos/ Detalhes#/exibir/5516
Online
VII Congresso mundial de bioética e direito animal https://www.sympla.com.br/viicongresso-mundial-de-bioetica-edireito-animal__919098 18 a 21 de julho
2021
Fisioterapia
21 e 22 de novembro
Online
Curso de biomecânica, avaliação do movimento e exame ortopédico https://fisiocarepet.com.br/cursos 22 de novembro a 8 de dezembro
São Paulo, SP
Jaboticabal, SP
VIII Congresso brasileiro de biometeorologia, ambiência e bem-estar animal https://eventos.funep.org.br/Eventos/ Detalhes#/exibir/5490
Cirurgia
IV Curso de bases da fisioterapia veterinária https://fisioanimal.com/curso/ iv-curso-de-bases-da-fisioterapiaveterinaria 4 a 6 de dezembro
4 e 5 de dezembro
São Paulo, SP
São Paulo, SP
30º Curso intensivo de fisioterapia veterinária https://fisiocarepet.com.br/cursos
Curso cirurgia em felinos http://www.cipo.vet.br/
Fitoterapia
4 e 5 de dezembro
Jaboticabal, SP
IV Curso de retalhos e enxertos em cães e gatos https://eventos.funep.org.br/Eventos/ Detalhes#/exibir/5537
Dermatologia
31 de outubro
8 a 10 de abril
Curitiba, PR
8 e 9 de outubro
Recife, PE
Dermato in Rio https://www.inrio.vet.br/
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12 a 14 de novembro
Campinas, SP
Comfel 2020 – congresso Medvep internacional de medicina felina https://www.shopmedvep.com.br/ produtos/comfel-2020/
Nefrologia
Evento adiado
Jataí, GO
Nefrologia clínica para pequenos animais https://www.aprimoryvet.com.br/
Neurologia
7 e 8 de novembro
Goiânia, GO
Curso internacional de neurologia de cães e gatos secretaria@anclivepa.com.br 2021 6 de fevereiro a 4 de julho
Jaboticabal, SP
VII Curso teórico-prático de neurologia e neurocirurgia de cães e gatos https://eventos.funep.org.br/Eventos/ Detalhes#/exibir/5559
Nutrição
Curso fitoterapia brasileira: aplicações na medicina veterinária https://fisioanimal.com/curso/ fitoterapia-brasileira--aplicacoes-namedicina-veterinaria
Antioxidantes: quando e como utilizar? https://youtu.be/_JBvmfaxjXA
Online
2021
Ribeirão Preto, SP
Congresso internacional de medicina e saúde integrativa área humana e veterinária https://cimsi.com.br
Comdev 2021 – Congresso Medvep internacional de dermatologia veterinária https://bit.ly/35ozZBC
CAT congress SP 2020 https://www.treevet.com/curso/115cat-congress-sp-2020
1 de setembro
13 a 15 de maio
2021
Online
4 de outubro
Online
Dermato in Rio digital https://www.inrio.vet.br/ dermatoinriodigital
Medicina veterinária felina
9 a 11 de outubro
Medicina veterinária do coletivo
16 e 17 de novembro
Petrolina, PE
III Encontro nacional sobre animais abandonados em campi universitários http://abre.ai/biVO
Online
11 e 12 setembro
São Paulo, SP
I Curso de nutrição e nutrologia de cães e gatos http://www.endocrinovet.com.br/ 10 e 11 de novembro
Online
III Workshop sobre nutrição e naturologia de cães e gatos http://www.cbna.com.br/Eventos/ Listagem?categoria=EventosCBNA
Ortopedia
15 a 17 de outubro
São Paulo, SP
Curso Intensivo prático de ortopedia www.cipo.vet.br
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RESULTS IN A BETTER CAT
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Um grande aliado para o tratamento da DRC em gatos.
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SAC 0800 888 7378
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Vet agenda 2021 6 de fevereiro a 12 de dezembro
internacional-fisiatria-pequenosanimais/
WSAVA Congress https://bit.ly/2m0UaTN
VI Curso de aprimoramento em ortopedia de cães e gatos https://eventos.funep.org.br/Eventos/ Detalhes#/exibir/5550
2021 25 a 27 de março
3 e 4 de outubro
Jaboticabal, SP
Oncologia 27 a 29 de maio
2021
Congresso Veterinário de León – CVDL https://www.cvdlinrio.com/ 1 a 3 de abril
Bento Gonçalves, RS
1º Comov – Congresso Medvep internacional de oncologia veterinária https://bit.ly/3fau5c0
Pós-graduação
Início em setembro
São Paulo, SP
Pós em oftalmologia veterinária https://bit.ly/2PVMzSL
Reabilitação
3 e 4 de outubro
São Paulo, SP
Curso intensivista - reabilitação em animais hospitalizados https://fisiocarepet.com.br/cursos
Jaboticabal, SP
6º Curso de obstetrícia, neonatologia e reprodução aplicada a prática clínica de pequenos animais https://bit.ly/2C1ghBt
24 a 27 de setembro
Comdor 2021 - Congresso Medvep de Dor e Anestesiologia Veterinária https://www.shopmedvep.com.br/ produtos/comdor-2021/
1st European Congress of Veterinary Endoscopy and Image-guided Interventions http://bit.ly/2FgHej8
Congresso Sul Americano de Fisioterapia Veterinária http://pagesland.esy.es/congressofisioterapia/
20 a 26 de outubro
41º Congresso Brasileiro da Anclivepa https://www.cbamaceio.com.br/
9th World Congress of Veterinary Dermatology http://www.vetdermsydney.com
Maceió, AL
XX Simpósio Paraibano de Medicina Veterinária http://20simposioparaibanodemv.com/ inscricao2lote/ 27 a 29 de julho
Bento Gonçalves, RS
São Paulo, SP
Cat in Rio https://www.inrio.vet.br/catinrio
Agenda internacional
20 a 23 de outubro
Online
XIX Congresso CBNA PET 2020 http://www.cbna.com.br/Eventos/ Listagem?categoria=EventosCBNA 4 a 6 de novembro
São Paulo, SP
Online
1o Congresso Internacional de Fisiatria em Pequenos Animais https://fisiocarepet.com.br/congresso-
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22 e 23 de outubro
Miami, EUA
International Conference on Animal Science & Veterinary Medicine https://phronesisonline.com/animalscience-conference/ 16 a 19 de maio
2021
Santiago de Surco, Peru
VIVE LA EXPERIENCIA – LAVC https://www.tlavc-peru.org/index.php 26 e 27 de maio
Dublin, Irlanda
2nd World Congress on Veterinary Medicine https://veterinarymedicine. pulsusconference.com/ 22 a 24 de julho
Congresso Nacional Aveaca https://www.congresoaveaca2020. com/bienvenidos-programa/
Congreso VEPA Nacional 2021 https://www.facebook.com/vepa.col
Online
Vila Real, Portugal
7 e 8 de novembro
Online
17 e 18 de setembro
17 a 19 de setembro
Pet South America 2020 https://www.petsa.com.br
Barcelona, Espanha
12 a 14 de maio
20 e 21 de agosto
Online
Flórida, EUA
16 e 17 de outubro
Congresso Medvep Internacional de Especialidades Veterinárias 2021 https://bit.ly/32GWcto
Feiras, Congressos & Simpósios
15 a 17 de outubro
15 a 17 de abril
Patos, PB
2021
I Vivência internacional de medicina veterinária sistêmica: brasil e portugal https://bit.ly/3f0HJ0I
2020 VCS Annual Conference http://vetcancersociety.org/vcsmembers/links-of-interest-2/calendarof-events/
2 a 5 de junho
Reprodução
Online
2ª Veterinaria Expo & Congress https://www.facebook.com/ veterinariaexpo/
Jõao Pessoa, PB
São Paulo, SP
17 e 18 de abril
Rio de Janeiro, RJ
Congress of the European Society of Veterinary and Comparative Nutrition https://esvcn.org/ 23 a 26 de setembro
Varsóvia, Polônia
Cartagena, Colômbia
6 a 9 de outubro
Illinois, EUA
2021 ACVS Surgery Summit https://bit.ly/2kyNE6a 25 a 27 de outubro
Sevilla, Espanha
6° Congreso de la Asociacíon EAVLD https://eavld2020.org/
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Fernando Gonsales
ClĂnica VeterinĂĄria, Ano XXV, n. 148, setembro/outubro, 2020
99
100
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