clínica veterinária n. 150

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Revista de educação continuada do clínico veterinário de pequenos animais

Reprodução Pseudohermafroditismo em cadela da raça buldogue-francês

Patologia clínica O exame de sangue e a anemia hemolítica em cães e gatos – revisão

Anestesiologia Diagnóstico por imagem

Avaliação da densidade mineral óssea por meio da densitometria óptica radiográfica em 42 fêmures caninos

O maropitant como adjuvante na analgesia visceral em cães e gatos – revisão

Animais silvestres

Gêmeo parasito univitelino em jacaré-do-pantanal – Caiman yacare (Daudin, 1802)

Indexada no Web of Science – Zoological Record, no Latindex e no CAB Abstracts DOI: 10.46958/rcv

www.revistaclinicaveterinaria.com.br




Índice Editora Maria Angela Sanches Fessel cvredacao@editoraguara.com.br CRMV-SP 10.159 - www.crmvsp.gov.br Publicidade Alexandre Corazza Curti midia@editoraguara.com.br

Conteúdo científico Animais silvestres

Gêmeo parasito univitelino em jacaré-do-pantanal (Caiman yacare) (Daudin, 1802)

Editoração eletrônica Editora Guará Ltda.

Univithelin twin parasite finding in Jacaré do Pantanal Caiman yacare (Daudin, 1802)

Suporte de TI Natan Inacio Chaves mkt2edguara@gmail.com Gerente administrativo Antonio Roberto Sanches admedguara@gmail.com

Hallazgo de un gemelo parasito univitelino en jacaré del Pantanal (Caiman yacaré) (Daudin, 1802)

Capa Retrato de labrador chocolate Shutterstock: Marina Plevako

Clínica Veterinária é uma revista técnico-científica bimestral, dirigida aos clínicos veterinários de pequenos animais, estudantes e professores de medicina veterinária, publicada pela Editora Guará Ltda. As opiniões em artigos assinados não são necessariamente compartilhadas pelos editores. Os conteúdos dos anúncios veiculados são de total res­­ponsabilidade dos anunciantes. Não é permitida a reprodução parcial ou to­tal do conteúdo desta publicação sem a prévia autorização da editora. A responsabilidade de qualquer terapêutica prescrita é de quem a prescreve. A perícia e a experiência profissional de cada um são fatores determinantes para a condução dos possíveis tratamentos para cada caso. Os editores não podem se responsabilizar pelo abuso ou má aplicação do conteúdo da revista Clínica Veterinária. Editora Guará Ltda. Rua Adolf Würth, 276, cj 2 Jardim São Vicente, 06713-250, Cotia, SP, Brasil Central de assinaturas: (11) 98250-0016 cvassinaturas@editoraguara.com.br Gráfica Gráfica e Editora Pifferprint Ltda.

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Reprodução Pseudo-hermafroditismo em cadela da raça buldogue-francês

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Pseudohermaphroditism in a female French Bulldog Pseudohermafroditismo en una perra Bulldog Francés

Anestesiologia O maropitant como adjuvante na analgesia visceral em cães e gatos – revisão

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Maropitant citrate as an adjunct to visceral analgesia in dogs and cats – review El maropitant como complemento de la analgesia visceral en perros y gatos – revisión

Diagnóstico por imagem Avaliação da densidade mineral óssea por meio da densitometria óptica radiográfica em 42 fêmures caninos Evaluation of bone mineral density through radiographic optical densitometry in 42 canine femures Análisis de la densidad ósea mediante densitometría óptica radiográfica en 42 fémures caninos

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Patologia clínica O exame de sangue e a anemia hemolítica em cães e gatos – revisão

Aplicabilidade de softwares de gestão integrada na medicina veterinária do coletivo

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Citologic characteristics of hemolytic anemia in dogs and cats – review

Ambiente hospitalar veterinário

El examen de sangre y la anemia hemolítica en perros y gatos – revisión

Espaço de saúde animal: diferenciação, processo de trabalho e exigências

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Conteúdo editorial Medicina veterinária do coletivo

Tecnologia da informação Descomplicando a Nota Fiscal Eletrônica

Dinâmica populacional em abrigos de cães e gatos

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Barco Saúde Única

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Gestão

Lei Sansão (nº 14.064, de 29 de setembro de 2020)

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Vet agenda

2021 – Trabalho remodelado e talento

Cursos, palestras, semanas acadêmicas, simpósios, workshops, congressos, em todo território nacional e por todo o planeta

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A arte da gratidão A convulsão trazida pela Covid-19 – social, econômica e humana – nos defronta com exemplos radicalmente opostos, desde a extrema dedicação de alguns para salvar vidas à total indiferença de outros pelos que se foram ou com os cuidados básicos que poderiam minimizar essas perdas. Os que sobrevivem têm grande oportunidade de ampliar qualidades como a compaixão, a empatia, a solidariedade, o companheirismo. O sentimento mais bem-vindo, pois pode lançar luz sobre nós e nos tirar do caos, é a gratidão. É a partir dela que podemos começar a buscar maior consciência para desenvolver e aprimorar nossas qualidades. A arte da gratidão é a arte da felicidade. Podemos despertar a gratidão por tudo aquilo que temos à nossa disposição e que falta a tanta gente, como a condição de suprir nossas necessidades básicas, de desfrutar de saúde e sobreviver à pandemia. Gratidão pelas benesses, mas também pelas situações contraditórias e difíceis que vivemos, pela grande oportunidade de aprender a respeito de nós mesmos. Há mais de um ano, o tema onipresente da pandemia deixa evidente para todos a questão básica do nosso tempo: a posição que assumimos no mundo, a responsabilidade em relação a nós mesmos, à nossa família, ao nosso grupo social, ao nosso país, ao próprio planeta e à sobrevivência da vida nele. Em meio a tantos solavancos da realidade, a maioria ainda tenta manter o equilíbrio fechando-se no egoísmo, cobrindo os olhos e fingindo não ver. Viver em harmonia com o mundo exige o oposto disso – um esforço constante para afastar da mente tudo aquilo que não corresponde à verdade e para ter coragem de aceitar a realidade. A gratidão, a grande porta para perceber e valorizar aquilo que temos, é o que nos faz ver o quanto fomos agraciados e nos levar a querer retribuir e compartilhar. A gratidão é a essência da arte de viver, e, como qualquer arte, pode ser desenvolvida e aprimorada. Neste momento de tantos aprendizados, todos os membros da nossa equipe somam forças ao empenho de tantos outros – consultores, parceiros, autores e leitores – para agradecer e firmar nosso compromisso de extrair de nossa experiência nesses 26 anos a energia para continuar cultivando a arte da gratidão. Estamos na 150ª edição, o que por si só é um feito a celebrar e agradecer. Entramos no 26º ano da revista com um grande passo, fruto do trabalho e da dedicação de tantos. Conseguimos adicionar à revista o DOI (Digital Object Identifier), sigla em inglês para Identificador Digital de Objetos. Esse identificador, ou código alfanumérico individual, é usado em diferentes publicações científicas e depositado em trabalhos ou artigos científicos, garantindo que estejam sempre disponíveis para consultas. O código DOI, utilizado nas plataformas Lattes e Orcid, é internacionalmente reconhecido e confere legitimidade às publicações. A conquista do DOI para os artigos da revista Clínica Veterinária vem retribuir e estimular o empenho dos autores na realização de seus trabalhos em prol da ciência brasileira, que tanto está precisando de apoio nestes momentos que beiram a insanidade. O DOI aumenta ainda mais nossa responsabilidade, e é mais um motivo para sermos gratos pela fé em nosso trabalho. Gratidão, gratidão, gratidão. Pelas conquistas, pelas oportunidades, por podermos contribuir todos esses anos, cada vez com mais disposição e empenho. Todos temos ainda um grande aprendizado pela frente. Nosso desejo é fazer dos desafios oportunidades para desenvolver ainda mais a gratidão e o compromisso com a verdade, extrair lições para o florescimento de nossos talentos, praticar a humildade até torná-la natural e melhorar nossa compreensão do mundo e nossa responsabilidade em casa, na profissão, no país e em relação ao planeta. Maria Angela Sanches Fessel CRMV-SP 10.159 6

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Nikki Zalewski

Editorial


O Vac&Vet é um programa de relacionamento da Boehringer Ingelheim feito para valorizar a nossa parceria com os médicos-veterinários, oferecendo todo o suporte que você precisa e benefícios exclusivos. Afinal, reconhecer o seu trabalho é a melhor forma de evoluirmos juntos.

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VACINAS DE QUALIDADE, PARCERIA DE VERDADE.


Consultores científicos Adriano B. Carregaro FZEA/USP-Pirassununga Álan Gomes Pöppl FV/UFRGS Alberto Omar Fiordelisi FCV/UBA Alceu Gaspar Raiser DCPA/CCR/UFSM Alejandro Paludi FCV/UBA Alessandra M. Vargas Endocrinovet Alexandre Krause FMV/UFSM Alexandre G. T. Daniel Universidade Metodista Alexandre L. Andrade CMV/Unesp-Aracatuba Alexander W. Biondo UFPR, UI/EUA Aline Machado Zoppa FMU/Cruzeiro do Sul Aline Moreira de Souza FMV/UFF Aloysio M. F. Cerqueira UFF Ana Claudia Balda FMU, Hovet Pompéia Ana Liz Bastos CRMV-MG, Brigada Animal MG Ananda Müller Pereira Universidad Austral de Chile Ana P. F. L. Bracarense DCV/CCA/UEL André Luis Selmi Anhembi/Morumbi e Unifran Angela Bacic de A. e Silva FMU Antonio M. Guimarães DMV/UFLA Aparecido A. Camacho FCAV/Unesp-Jaboticabal A. Nancy B. Mariana FMVZ/USP-São Paulo Aulus C. Carciofi FCAV/Unesp-Jaboticabal Aury Nunes de Moraes UESC Ayne Murata Hayashi FMVZ/USP-São Paulo Beatriz Martiarena FCV/UBA Benedicto W. De Martin FMVZ/USP; IVI Berenice A. Rodrigues MV autônoma Camila I. Vannucchi FMVZ/USP-São Paulo Carla Batista Lorigados FMU

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Carla Holms Anclivepa-SP Carlos Alexandre Pessoa www.animalexotico.com.br Carlos E. Ambrosio FZEA/USP-Pirassununga Carlos E. S. Goulart EMATER-DF Carlos Roberto Daleck FCAV/Unesp-Jaboticabal Carlos Mucha IVAC-Argentina Cassio R. A. Ferrigno FMVZ/USP-São Paulo Ceres Faraco FACCAT/RS César A. D. Pereira UAM, UNG, UNISA Christina Joselevitch IP/USP-São Paulo Cibele F. Carvalho UNICSUL Clair Motos de Oliveira FMVZ/USP-São Paulo Clarissa Niciporciukas Anclivepa-SP Cleber Oliveira Soares Embrapa Cristina Massoco Salles Gomes C. E. Daisy Pontes Netto FMV/UEL Daniel C. de M. Müller UFSM/URNERGS Daniel G. Ferro Odontovet Daniel Macieira FMV/UFF Denise T. Fantoni FMVZ/USP-São Paulo Dominguita L. Graça FMV/UFSM Edgar L. Sommer Provet Edison L. P. Farias UFPR Eduardo A. Tudury DMV/UFRPE Elba Lemos FioCruz-RJ Eliana R. Matushima FMVZ/USP-São Paulo Elisangela de Freitas FMVZ/Unesp-Botucatu Estela Molina FCV/UBA Fabian Minovich UJAM-Mendoza Fabiano Montiani-Ferreira FMV/UFPR

Fabiano Séllos Costa DMV/UFRPE Fabio Otero Ascol IB/UFF Fabricio Lorenzini FAMi Felipe A. Ruiz Sueiro Vetpet Fernando C. Maiorino Fejal/CESMAC/FCBS Fernando de Biasi DCV/CCA/UEL Fernando Ferreira FMVZ/USP-São Paulo Filipe Dantas-Torres IAM/Fiocruz Flávia R. R. Mazzo Provet Flavia Toledo Univ. Estácio de Sá Flavio Massone FMVZ/Unesp-Botucatu Francisco E. S. Vilardo Criadouro Ilha dos Porcos Francisco J. Teixeira N. FMVZ/Unesp-Botucatu F. Marlon C. Feijo Ufersa Franz Naoki Yoshitoshi Provet Gabriela Pidal FCV/UBA Gabrielle Coelho Freitas UFFS-Realeza Geovanni D. Cassali ICB/UFMG Geraldo M. da Costa DMV/UFLA Gerson Barreto Mourão Esalq/USP Hector Daniel Herrera FCV/UBA Hector Mario Gomez EMV/FERN/UAB Hélio Autran de Moraes Oregon S. U. Hélio Langoni FMVZ/Unesp-Botucatu Heloisa J. M. de Souza FMV/UFRRJ Herbert Lima Corrêa Odontovet Iara Levino dos Santos Koala H. A. e Inst. Dog Bakery Iaskara Saldanha Lab. Badiglian Idael C. A. Santa Rosa UFLA Ismar Araújo de Moraes IB/UFF

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Jairo Barreras FioCruz James N. B. M. Andrade FMV/UTP Jane Megid FMVZ/Unesp-Botucatu Janis R. M. Gonzalez FMV/UEL Jean Carlos R. Silva UFRPE, IBMC-Triade João G. Padilha Filho FCAV/Unesp-Jaboticabal João Luiz H. Faccini UFRRJ João Pedro A. Neto UAM Jonathan Ferreira Odontovet Jorge Guerrero Univ. da Pennsylvania José de Alvarenga FMVZ/USP Jose Fernando Ibañez FALM/UENP José Luiz Laus FCAV/Unesp-Jaboticabal José Ricardo Pachaly Unipar José Roberto Kfoury Jr. FMVZ/USP Juan Carlos Troiano FCV/UBA Juliana Brondani FMVZ/Unesp-Botucatu Juliana Werner Lab. Werner e Werner Julio C. C. Veado FMVZ/UFMG Julio Cesar de Freitas UEL Karin Werther FCAV/Unesp-Jaboticabal Leonardo D. da Costa Lab&Vet Leonardo Pinto Brandão Ceva Saúde Animal Leucio Alves FMV/UFRPE Luciana Torres FMVZ/USP-São Paulo Lucy M. R. de Muniz FMVZ/Unesp-Botucatu Luiz Carlos Vulcano FMVZ/Unesp-Botucatu Luiz Henrique Machado FMVZ/Unesp-Botucatu Marcello Otake Sato Dokkyo Medical University Marcelo Bahia Labruna FMVZ/USP-São Paulo


Marcelo de C. Pereira FMVZ/USP-São Paulo Marcelo Faustino FMVZ/USP-São Paulo Marcelo S. Gomes Zoo SBC,SP Marcia Kahvegian FMVZ/USP-São Paulo Márcia Marques Jericó UAM e Unisa Marcia M. Kogika FMVZ/USP-São Paulo Marcio B. Castro UNB Marcio Brunetto FMVZ/USP-Pirassununga Marcio Dentello Lustoza Virbac Brasil Márcio Garcia Ribeiro FMVZ/Unesp-Botucatu Marco Antonio Gioso FMVZ/USP-São Paulo Marconi R. de Farias PUC-PR Maria Cecilia R. Luvizotto CMV/Unesp-Araçatuba Maria Cristina Nobre FMV/UFF M. de Lourdes E. Faria VCA/Sepah Maria Isabel M. Martins DCV/CCA/UEL M. Jaqueline Mamprim FMVZ/Unesp-Botucatu Maria Lúcia Z. Dagli FMVZ/USP-São Paulo Marion B. de Koivisto CMV/Unesp-Araçatuba Marta Brito FMVZ/USP-São Paulo Mary Marcondes CMV/Unesp-Araçatuba Masao Iwasaki FMVZ/USP-São Paulo Mauro J. Lahm Cardoso Falm/Uenp

Mauro Lantzman Psicologia PUC-SP Michele A. F. A. Venturini Odontovet Michiko Sakate FMVZ/Unesp-Botucatu Miriam Siliane Batista FMV/UEL Moacir S. de Lacerda Uniube Monica Vicky Bahr Arias FMV/UEL Nadia Almosny FMV/UFF Natália C. C. A. Fernandes Instituto Adolfo Lutz Nayro X. Alencar FMV/UFF Nei Moreira CMV/UFPR Nelida Gomez FCV/UBA Nilson R. Benites FMVZ/USP-São Paulo Nobuko Kasai FMVZ/USP-São Paulo Noeme Sousa Rocha FMV/Unesp-Botucatu Norma V. Labarthe FMV/UFFe FioCruz Patricia C. B. B. Braga FMVZ/USP-Leste Patrícia Mendes Pereira DCV/CCA/UEL Paulo Anselmo Zoo de Campinas Paulo César Maiorka FMVZ/USP-São Paulo Paulo Iamaguti FMVZ/Unesp-Botucatu Paulo S. Salzo Unimes, Uniban Paulo Sérgio M. Barros FMVZ/USP-São Paulo Pedro Germano FSP/USP

Pedro Luiz Camargo DCV/CCA/UEL Rafael Almeida Fighera FMV/UFSM Rafael Costa Jorge Hovet Pompéia Regina Ruckert Ramadinha IV/UFRRJ / Animalia/Pet Care Renata A. Sermarini Esalq/USP Renata Afonso Sobral Onco Cane Veterinária Renata Navarro Cassu Unoeste-Pres. Prudente Renée Laufer Amorim FMVZ/Unesp-Botucatu Ricardo Duarte All Care Vet / FMU Ricardo G. D’O. C. Vilani UFPR Ricardo S. Vasconcellos CAV/Udesc Rita de Cassia Garcia FMV/UFPR Rita de Cassia Meneses IV/UFRRJ Rita Leal Paixão FMV/UFF Robson F. Giglio H. Cães e Gatos; Unicsul Rodrigo Gonzalez FMV/Anhembi-Morumbi Rodrigo Mannarino FMVZ/Unesp-Botucatu Rodrigo Teixeira Zoo de Sorocaba Ronaldo C. da Costa Ohio State University Ronaldo G. Morato CENAP/ICMBio Rosângela de O. Alves EV/UFG Rute C. A. de Souza UFRPE/UAG Ruthnéa A. L. Muzzi DMV/UFLA

Sady Alexis C. Valdes Unipam-Patos de Minas Sheila Canavese Rahal FMVZ/Unesp-Botucatu Silvia E. Crusco UNIP/SP Silvia Neri Godoy ICMBio/Cenap Silvia R. G. Cortopassi FMVZ/USP-São Paulo Silvia R. R. Lucas FMVZ/USP-São Paulo Silvio A. Vascon­cellos FMVZ/USP-São Paulo Silvio Luis P. de Souza FMVZ/USP, UAM Simone Gonçalves Hemovet/Unisa Stelio Pacca L. Luna FMVZ/Unesp-Botucatu Tiago A. de Oliveira UEPB Tilde R. Froes Paiva FMV/UFPR Valéria Ruoppolo I. Fund for Animal Welfare Vamilton Santarém Unoeste Vania de F. P. Nunes FNPDA e Itec Vania M. V. Machado FMVZ/Unesp-Botucatu Victor Castillo FCV/UBA Vitor Marcio Ribeiro PUC-MG Viviani de Marco UNISA e NAYA Wagner S. Ushikoshi UNISA e CREUPI Zalmir S. Cubas Itaipu Binacional

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Instruções aos autores

A

Clínica Veterinária publica artigos científicos inéditos, de três tipos: trabalhos de pesquisa, relatos de caso e revisões de literatura. Embora todos tenham sua importância, nos trabalhos de pesquisa, o ineditismo encontra maior campo de expressão, e como ele é um fator decisivo no âmbito científico, estes trabalhos são geralmente mais valorizados. Todos os artigos enviados à redação são primeiro avaliados pela equipe editorial e, após essa avaliação inicial, encaminhados aos consultores científicos. Nessas duas instâncias, decide-se a conveniência ou não da publicação, de forma integral ou parcial, e encaminham-se ao autores sugestões e eventuais correções. Trabalhos de pesquisa são utilizados para apresentar resultados, discussões e conclusões de pesquisadores que exploram fenômenos ainda não completamente conhecidos ou estudados. Nesses trabalhos, o bem-estar animal deve sempre receber atenção especial. Relatos de casos são utilizados para a apresentação de casos de interesse, quer seja pela raridade, evolução inusitada ou técnicas especiais. Devem incluir uma pesquisa bibliográfica profunda sobre o assunto (no mínimo 30 referências) e conter uma discussão detalhada dos achados e conclusões do relato à luz dessa pesquisa. A pesquisa bibliográfica deve apresentar no máximo 15% de seu conteúdo provenientes de livros, e no máximo 20% de artigos com mais de cinco anos de publicação. Revisões são utilizadas para o estudo aprofundado de informações atuais referentes a um determinado assunto, a partir da análise criteriosa dos trabalhos de pesquisadores de todo o meio científico, publicados em periódicos de qualidade reconhecida. As revisões deverão apresentar pesquisa de, no mínimo, 60 referências provadamente consultadas. Uma revisão deve apresentar no máximo 15% de seu conteúdo provenientes de livros, e no máximo 20% de artigos com mais de cinco anos de publicação. Critérios editoriais Enviar por e-mail (cvredacao@editoraguara. com.br) ou pelo site da revista (http:// revistaclinicaveterinaria.com.br/blog/envio-deartigos-cientificos) um arquivo texto (.doc) com o trabalho, acompanhado de imagens digitalizadas em formato .jpg . As imagens digitalizadas devem ter, no mínimo, resolução de 300 dpi na lar­ gura 10

de 9 cm. Se os autores não possuírem imagens digitali­ za­ das, devem encaminhar pelo correio ao nosso departamento de re­ da­ ção cópias das imagens originais (fotos, slides ou ilustrações – acom­pa­nha­das de identificação de propriedade e autor). Devem ser en­viadas também a identificação de todos os autores do trabalho (nome completo por extenso, RG, CPF, endereço residencial com cep, tel­efones e e-mail) e uma foto 3x4 de rosto de cada um dos autores. Além dos nomes completos, devem ser informadas as instituições às quais os autores estejam vinculados, bem como seus tí­ tulos no momento em que o trabalho foi escrito. Os autores devem ser re­lacionados na seguinte ordem: primeiro, o autor principal, seguido do orientador e, por fim, os colaboradores, em sequência decrescente de participação. Sugere-se como máximo seis autores. O primeiro autor deve necessariamente ter diploma de graduação em medicina veterinária. Todos os artigos, independentemente da sua categoria, devem ser redigidos em língua portuguesa e acompanhados de versões em língua inglesa e espanhola de: título, resumo (de 700 a 800 caracteres) e unitermos (3 a 6). Os títulos devem ser claros e grafados em letras minúsculas – somente a primeira letra da primeira palavra deve ser grafada em letra maiúscula. Os resumos devem ressaltar o objetivo, o método, os resultados e as conclusões, de forma concisa, dos pontos relevantes do trabalho apresentado. Os unitermos não devem constar do título. Devem ser dispostos do mais abrangente para o mais específico (eg, “cães, cirurgias, abcessos, próstata). Verificar se os unitermos escolhidos constam dos “Descritores em Ciências de Saúde” da Bireme (http://decs.bvs.br). Revisões de literatura não devem apresentar o subtítulo “Conclusões”. Sugere-se “Considerações finais”. Não há especificação para a quantidade de páginas, dependendo esta do conteúdo explorado. Os assuntos devem ser abordados com objetividade e clareza, visando o público leitor – o clínico veterinário de pequenos animais. Utilizar fonte arial tamanho 12, espaço simples e uma única coluna. As margens superior, inferior e laterais devem apresentar até 3 cm. Não deixar linhas em branco ao longo do texto, entre títulos, após subtítulos e entre as referências. Imagens como fotos, tabelas, gráficos e ilustrações não podem ser cópias da literatura, mesmo que seja indicada a fonte. Devem ser

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utilizadas imagens originais dos próprios autores. Imagens fotográficas devem possuir indicação do fotógrafo e proprietário; e quando cedidas por terceiros, deverão ser obrigatoriamente acompanhadas de autorização para publicação e cessão de direitos para a Editora Guará (fornecida pela Editora Guará). Quadros, tabelas, fotos, desenhos, gráficos deverão ser denominados figuras e numerados por ordem de aparecimento das respectivas chamadas no texto. Imagens de microscopia devem ser sempre acompanhadas de barra de tamanho e nas legendas devem constar as objetivas utilizadas. As legendas devem fazer parte do arquivo de texto e cada imagem deve ser nomeada com o número da respectiva figura. As legendas devem ser autoexplicativas. Não citar comentários que constem das introduções de trabalhos de pesquisa para não incorrer em apuds. Sempre buscar pelas referências originais. O texto do autor original deve ser respeitado, utilizando-se exclusivamente os resultados e, principalmente, as conclusões dos trabalhos. Quando uma informação tiver sido localizada em diversas fontes, deve-se citar apenas o autor mais antigo como referência para essa informação, evitando a desproporção entre o conteúdo e o número de referências por frases. As referências serão indicadas ao longo do texto apenas por números sobrescritos ao texto, que corresponderão à listagem ao final do artigo – autores e datas não devem ser citados no texto. Esses números sobrescritos devem ser dispostos em ordem crescente, seguindo a ordem de aparecimento no texto, e separados apenas por vírgulas (sem espaços). Quando houver mais de dois números em sequência, utilizar apenas hífen (-) entre o primeiro e o último dessa sequência, por exemplo cão 1,6-10,13. A apresentação das referências ao final do artigo deve seguir as normas atuais da ABNT 2002 (NBR 10520). Uti­li­zar o formato v. para volume, n. para número e p. para página. Não utili­zar “et al” – todos os autores devem ser relacionados. Não abreviar títulos de periódicos. Sempre utilizar as edições atuais de livros – edições an­te­riores não devem ser utilizadas. Todos os livros devem apresentar in­for­mações do capítulo consultado, que são: nome dos autores, nome do capítulo e páginas do capítulo. Quando mais de um capítulo for utili­za­do, cada capítulo deverá ser considerado uma

referência específica. Não serão aceitos apuds nem revisões de literatura (Citação direta ou indireta de um autor a cuja obra não se teve acesso direto. É a citação de “segunda mão”. Utiliza-se a expressão apud, que significa “citado por”. Deve ser empregada apenas quando o acesso à obra original for impossível, pois esse tipo de citação compromete a credibilidade do trabalho). Somente autores de trabalhos originais devem ser citados, e nunca de revisões. É preciso ser ético pois os créditos são daqueles que fizeram os trabalhos originais. A exceção será somente para literatura não localizada e obras antigas de difícil acesso, anteriores a 1960. As citações de obras da internet devem seguir o mesmo procedimento das citações em papel, apenas com o acréscimo das seguintes informações: “Disponível em: <http://www. xxxxxxxxxxxxxxx>. Acesso em: dia de mês de ano.” Somente utilizar o local de publicação de periódicos para títulos com incidência em locais distintos, como, por exemplo: Revista de Saúde Pública, São Paulo e Revista de Saúde Pública, Rio de Janeiro. De modo geral, não são aceitas como fontes de referência periódicos ou sites não indexados. Ocasionalmente, o conselho científico editorial poderá solicitar cópias de trabalhos consultados que obrigatoriamente deverão ser enviadas. Será dado um peso específico à avaliação das citações, tanto pelo volume total de autores citados, quanto pela diversidade. A concentração excessiva das citações em apenas um ou poucos autores poderá determinar a rejeição do trabalho. Não utilizar SID, BID e outros. Escrever por extenso “a cada 12 horas”, “a cada 6 horas” etc. Com relação aos princípios éticos da experimentação animal, os autores deverão considerar as normas do SBCAL (Sociedade Brasileira de Ciência de Animais de Laboratório). Informações referentes a produtos utilizados no trabalho devem ser apresentadas em rodapé, com chamada no texto com letra sobrescrita ao princípio ativo ou produto. Nesse subtítulo devem constar o nome comercial, fabricante, cidade e estado. Para produtos importados, informar também o país de origem, o nome do importador/ distribuidor, cidade e estado. Revista Clínica Veterinária / Redação Rua Adolf Würth, 276, cj. 2, 06713-250, Cotia, SP cvredacao@editoraguara.com.br

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Medicina veterinária do coletivo

Dinâmica populacional em abrigos de cães e gatos

A importância do controle de entrada e saída na gestão e no bem-estar animal

Introdução Os abrigos são locais de passagem destinados a manter animais domésticos em ambientes coletivos – principalmente devido à situação de vulnerabilidade em que antes se encontravam, com destaque para os maus-tratos e o abandono –, funcionando como um verdadeiro refúgio para os animais que deles precisam  ¹. Nesse critério podem-se incluir também instituições públicas (Centro de Controle de Zoonoses ou Unidade de Vigilância em Zoonoses), privadas ou mistas. Suas ações são baseadas nos 4 Rs da medicina de abrigos: resgate seletivo, recuperação, ressocialização e reintrodução na sociedade por meio da adoção 2. Além disso, seu objetivo é propagar conceitos de guarda responsável e bem-estar animal, fomentando a prevenção ao abandono 3. Em grande parte dos municípios brasileiros, os abrigos de organizações não governamentais ou protetores independentes têm uma função social de extrema relevância, sendo fundamentais para o manejo populacional de cães e gatos. Muitas vezes, na falta de políticas públicas voltadas à prevenção do abandono, são as únicas ferramentas de que a cidade dispõe para a promoção da guarda responsável, da adoção e do controle reprodutivo de cães e gatos. Entretanto, os abrigos não são a solução para os animais abandonados. Mesmo funcionando como casas de passagem para a recuperação, o tratamento e a ressocialização, sua manutenção e a promoção de bons níveis de bem-estar dos animais requerem grandes esforços  ². 12

A idealização de um abrigo se inicia com a definição da sua missão e da sua visão, que será de grande auxílio nas diretrizes do projeto. Determinados pontos devem ser considerados e seguidos à risca, como o planejamento dos recursos financeiros e humanos para a promoção de instalações apropriadas para a espécie trabalhada viver coletivamente, o número adequado de animais, seu registro e identificação, a oferta de tratamentos veterinários, as ações para que a duração da estadia seja a menor possível e a implantação e o monitoramento da eficiência de seus programas  4,5. Deve-se atender às necessidades psicológicas, sociais e comportamentais dos animais, propiciando-lhes riqueza de estímulos, afeto e interação  ¹. Uma falha em qualquer um desses pontos acarreta a privação de estímulos positivos e/ou consequências negativas que muitas vezes são irreparáveis para o animal 6. Destoando da maioria dos abrigos existentes em países como os Estados Unidos da América e do que a literatura daquela região afirma, a maioria dos abrigos brasileiros apresentam animais com necessidades não atendidas. Enquanto lá os abrigos são estruturas planejadas e que normalmente recebem animais diretamente de seus antigos tutores, no Brasil, na maioria dos casos, são locais improvisados que recebem dezenas de resgatados todos os meses, de forma desenfreada e sem critério. Dada a divergência cultural, muitos dos manejos e técnicas lá realizados não podem ser aplicados aqui. A operação acima da capacidade de prover

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cuidados acarreta maior exposição às doenças, mais estresse, mistura aleatória de animais e, consequentemente, conflitos sociais e acomodações precárias, comprometendo seriamente os níveis de bem-estar dos animais alojados  ¹. Mesmo com o grande avanço da medicina de abrigos no Brasil, ainda estamos longe de alcançar uma situação ideal. A educação em guarda responsável e em saúde é primordial para que, de fato, os primeiros sinais de mudança possam ser visualizados e tenham impacto em uma comunidade. Os problemas físicos e principalmente psicológicos que são gerados por essa desorganização e desconhecimento sobre o tema por parte de gestores, funcionários, voluntários e até mesmo de médicos-veterinários resultam em graves alterações na saúde dos animais e em seu bem-estar. A diminuição significativa da sua chance de adoção leva os abrigos a se tornarem a moradia definitiva da maioria dos cães e gatos, que ficam até o final da vida alojados ali, contribuindo para a manutenção da alta densidade populacional. O aumento no tempo de estadia exerce um efeito nocivo sobre as experiências e necessidades dos animais. O tipo de cuidado e de enriquecimento ambiental fornecido aos animais de abrigos deve ser proporcional ao seu período de permanência  6,7. De forma ideal, os abrigos devem atuar como casa de passagem para os animais abandonados, recolhendo-os e reintegrando-os à sociedade por meio da adoção. No entanto, muitas vezes eles estão além do limite de sua capacidade total, tanto pela sua estrutura quantos pelos parcos recursos financeiros e humanos. Dessa forma, é de extrema importância seguir os fundamentos da medicina de abrigos relacionados à implementação de políticas externas e internas. Uma das medidas para evitar não só um número excessivo de alojados dentro da estrutura do abrigo, mas também para conhecer o seu histórico e viabilizar melhores programas preventivos e de manejo, é registrar os animais e analisar a dinâmica populacional (DP).

Avaliação da dinâmica populacional (DP) em abrigos de cães e gatos Cada organização tem uma capacidade limitada para a prestação de cuidados aos animais, assim como acontece em domicílios particulares 4. A peça-chave para o bom funcionamento e a efetividade de um abrigo está baseada em uma boa gestão e em políticas internas bem definidas e seguidas rigorosamente  5, com especial destaque para avaliações relativas à entrada e saída de animais, levando em consideração critérios para resgate, admissão, permanência no abrigo e para saídas, desde a adoção até a possibilidade de eutanásia  ². O estudo da dinâmica populacional (DP) em abrigos é uma maneira de avaliar, por meio da mensuração de taxas de morbidade, mortalidade, entrada e saída (adoção e mortalidade) dos animais, como o trabalho está sendo realizado e se está ou não atingindo seus objetivos, visto que eles são considerados um local de passagem e não uma habitação permanente. Fazer esse tipo de avaliação é uma forma eficiente de evitar a alta densidade populacional e as consequências negativas que ela traz para os animais, como grande quantidade de lesões, doenças e mortes, em virtude do alto nível de estresse e de contaminação; do espaço, do conforto, da qualidade e da quantidade de alimento reduzidos; e da alta frequência de brigas e de diferentes alterações comportamentais  ¹. Além disso, ajuda a garantir que a quantidade de funcionários seja adequada para tratar de todos os animais. Um número suficiente de pessoas deve ser designado para cumprir de forma eficaz as tarefas diárias. Segundo a Associação Internacional de Controle dos Animais (National Animal Control Association – Naca) e a Sociedade Humanitária dos Estados Unidos (Humane Society of the United States – HSUS), deve-se, no mínimo, dedicar 15 minutos diários à alimentação de cada animal alojado no abrigo e à limpeza de cada recinto (9 minutos para a limpeza e 6 minutos para a alimentação)  8,9. Mais do que evitar que eles passem por situações que lhes

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Medicina veterinária do coletivo provoquem emoções negativas, como fome, sede ou dor, os abrigos devem estimular nos animais um estado emocional positivo, por meio de enriquecimento ambiental e de oportunidades para se comportarem de maneira mais gratificante, e com possibilidade de interações sociais e de expressão de comportamentos próprios da espécie  6,10. Realizar o controle e o monitoramento da população de animais ao longo do tempo é uma parte primordial para um manejo populacional efetivo e a oferta de melhor qualidade de vida. Cada entrada e saída (adoção, eutanásia ou morte) deve ser bem documentada,

assim como qualquer ocorrência que venha a acontecer ao longo da estadia do animal. Esse controle é uma forma de facilitar o manejo dos animais, de estabelecer a quantidade que poderá ser admitida e de facilitar a avaliação da capacidade de atendimento do abrigo, dos cuidados oferecidos e dos pontos que podem e devem ser melhorados. O rastreamento da incidência de doenças na entrada (enfermidades preexistentes) e durante a permanência no abrigo (por exposição prévia ou adquirida no alojamento) também é uma prática recomendada. Instituir limites para resgates de acordo com a capacidade de prover cuidados

Controle mensal da dinâmica populacional em abrigos – Gatos Mês

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

0

0

0

0

0

0

0

0

Quantidade de lares temporários Lar Temporário Total de animais no dia 1

80

80

80

80

65

65

65

97

Entrada

45

29

25

36

41

39

45

31

Adoção

17

13

14

33

52

45

30

35

Mortalidade

0

0

0

0

0

0

0

1

Morbidade

4

4

4

0

0

0

0

4

Saldo mensal – população

108

96

91

83

54

59

80

92

Abrigo Total de animais no dia 1

154

190

183

248

206

178

166

85

Entrada

56

37

32

81

91

88

100

97

Adoção

47

54

52

86

61

53

51

65

Mortalidade

1

6

6

4

6

2

2

3

Morbidade

65

60

77

81

53

42

48

36

Saldo mensal – população

162

167

157

239

230

211

212

114

Figura 1 – Tabela de controle mensal de abrigo parceiro para avaliação da dinâmica populacional 14

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Taxas variáveis da dinâmica populacional – gatos Taxa de entrada

Taxa de morbidade

Taxa de adoção

Taxa de mortalidade

População total

Lar temporário

47,55%

2,61%

39,05%

0,16%

663

Abrigo

41,28%

32,77%

33,26%

2,2%

1492

Total

43,18%

23,64%

35,01%

1,58%

2155

Figura 2 – Taxas variáveis da dinâmica populacional em abrigo parceiro

naquele momento é um diferencial e tornará o abrigo mais preparado para fornecer altos níveis de bem-estar 11. Pensando em auxiliar os abrigos do Brasil a iniciarem esse processo, os residentes em medicina veterinária do coletivo do Programa de Residência Multiprofissional em Área da Saúde do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná, em parceria com o Instituto PremierPet, elaboraram uma planilha dinâmica (Figura 1) e de fácil entendimento para que médicos-veterinários, gestores e funcionários tenham, de forma prática e rápida, uma visão do histórico e da atual situação em que o abrigo se encontra em relação à sua densidade populacional e também à prevalência de enfermidades. Em formato Excel, a planilha é dividida entre animais alocados no abrigo e animais alocados em lares temporários (LTs). Para ambos é possível preencher as lacunas relativas a: Total de animais no dia 1; Entrada; Adoção; Mortalidade; e Morbidade. De forma automática, a planilha mostrará a população total de animais sob cuidado do abrigo no mês em questão. Além disso, ao completar o preenchimento de um ano, a planilha mostrará, também de forma automática, as taxas (em porcentagem) das variáveis acima citadas da dinâmica populacional (Figura 2). Essas planilhas encontram-se disponíveis no QRcode ao lado, podendo ser utilizadas por qualquer instituição que tenha interesse em consultá-las.

Já aplicada na rotina dos abrigos parceiros dos residentes em medicina veterinária do coletivo, seus resultados se mostram efetivos. Segundo os gestores de um abrigo localizado na cidade de São Paulo: O controle de entrada dos gatinhos no abrigo através da quarentena tem sido de grande auxílio no controle de algumas doenças que se disseminam rápido – como, por exemplo, o complexo respiratório – e no da infestação de pulgas. Por meio desse controle, através da quarentena, fazemos todo o processo de vacinação, testes FIV e Felv dos gatinhos recém-chegados antes de juntá-los aos demais já vacinados; assim conseguimos acompanhar possíveis doenças que podem se manifestar logo após a sua entrada. Já o controle de saída nos permite acompanhar o período de permanência do gatinho no abrigo e nos norteia para os próximos resgates; tentamos manter um número controlado dentro do abrigo, porque se o número de gatinhos aumentar e eles permanecerem mais tempo no local, haverá mais estresse entre eles e maiores chances de ficarem doentes, e os gastos com medicação também crescerão. Então, na vida dos gatinhos, o impacto do controle se reflete na diminuição do estresse e em menos doenças; já para o abrigo, reflete-se em menor gasto com medicações, possibilitando fazer um planejamento financeiro para novos resgates. O abrigo, parceiro desde o ano de 2018, tem atualmente em torno de 250 felinos, divididos entre LTs e alojados na própria sede.

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Medicina veterinária do coletivo

Figura 3 – Taxas variáveis de dinâmica populacional dos anos de 2019 e 2020

Inicialmente, como principais pontos críticos, havia uma altíssima prevalência de complexo respiratório felino (CRF) e ausência de espaço destinado para quarentena e isolamento dos animais, bem como um protocolo de vacinação e limpeza ineficiente. O trabalho de melhora teve como foco aumentar a sanidade do abrigo por meio do diagnóstico da doença e do desenvolvimento de um guia de manejo para o CRF voltado especialmente para a realidade daquele local. Um novo protocolo de limpeza foi posto em prática, de forma a otimizar a desinfecção do ambiente, e enfatizou-se a importância da vacinação do animal no dia da sua admissão. Além disso, implantou-se uma área para a quarentena dos recém-chegados e o isolamento dos que apresentassem sinais de doenças infecciosas. A partir dos dados preenchidos na planilha, é possível desenvolver importantes gráficos para que haja uma visão geral do que ocorre no abrigo, bem como de suas tendências, tornando as informações ainda mais visuais e fáceis de trabalhar. Os gráficos apresentados contam com dados colhidos ao longo de dois anos no abrigo parceiro. Comparando os anos de 2019 e 2020 da figura 3, “Taxas variáveis da dinâmica populacional”, percebe-se em ambos uma baixa taxa de mortalidade de animais, reflexo de sua organização e das políticas internas, definidas com rigorosos critérios sanitários, e também da destinação de mais recursos financeiros e humanos ao controle de doenças. Esse fato 16

Figura 4 – Taxa de saída e entrada – 2019

Figura 5 – Taxa de saída e entrada – 2020

impacta diretamente o aumento do número de adoções, possibilitando que eles realizem mais resgates. O aumento na porcentagem de morbidade, por sua vez, pode estar relacionado ao aumento da taxa de entrada de animais, que, em sua grande maioria, chegam ao abrigo extremamente debilitados e doentes. É fundamental que ocorra uma análise anual, mas também uma comparação mensal, de modo a avaliar a sazonalidade e fazer um comparativo com meses de maior procura e meses com maior resgate, para que assim haja uma programação das ações a realizar, desde o aumento da divulgação de animais,

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das campanhas de educação em guarda responsável e do planejamento financeiro. As figuras 4 e 5, “Taxas de saída e entrada”, são uma ferramenta importante de estudo, mesmo não refletindo os parâmetros diretos de qualidade e bem-estar oferecidos pelo abrigo. Essas simples análises são uma forma de auxiliar no estabelecimento de quantos animais, no máximo, o abrigo pode resgatar e comportar, de acordo com seu tempo de estadia, a mortalidade e morbidade e a taxa de saída através da adoção 4, de modo a favorecer o controle de gastos, a análise das vantagens de parcerias com LTs e a produção de melhores protocolos de acordo com a realidade local, aumentando assim a saúde e o bem-estar animal. Concomitantemente ao registro dos animais e às variáveis da DP supracitadas, é importante realizar o cálculo da capacidade do abrigo de prover cuidados, que considera o espaço e os recursos humanos e financeiros disponíveis. Em um estudo observacional realizado em 2017 12, em que os conceitos de capacidade de cuidado foram aplicados, com o aumento do tamanho dos alojamentos e a redução da população diária, observou-se uma diminuição do tempo de permanência, o aumento da adoção e a redução das chances de morte no abrigo. Esses pesquisadores da School of Veterinary Medicine (Universidade de Winscosin-Madison) desenvolveram uma calculadora digital para que os abrigos possam calcular sua capacidade de prover cuidados de forma mais rápida e objetiva 13. Para entender o procedimento e utilizá-la, basta acessar o QRcode ao lado.

local de passagem ¹ e não uma habitação permanente. O uso de protocolos internos em um abrigo facilita a sua gestão e torna o trabalho e as ações o mais efetivos possível, proporcionando maior qualidade de vida para os animais alojados e impactando também a taxa de adoção. A parceria com pessoas e famílias para que haja maior número de LTs também se torna importante, à medida que diminui os custos financeiros do abrigo e propicia maior bem-estar aos resgatados. O funcionamento do abrigo além de sua capacidade de atendimento gera um círculo vicioso: o local passa a não ter rotatividade, prolongando os tempos médios de estadia dos animais e aumentando a densidade populacional diária. A capacidade de cuidados do abrigo fica fragilizada, o que se reflete nas condições do local, ameaçando o bem-estar animal  14,15. Ao chegar a esse patamar, as Cinco Liberdades não podem mais ser atendidas. Os abrigos e LTs não são a solução para um efetivo controle populacional e nem para o fim do abandono de cães e gatos, mas são fundamentais como casas de passagem para dar uma segunda chance aos animais abandonados e devem fazer parte de programas de manejo populacional de cães e gatos. Mais do que resgatar, recuperar, ressocializar e reintroduzir os animais na sociedade por meio da adoção, o foco deve ser sempre a diminuição das taxas de abandono por meio de uma educação transformadora que incentive a conscientização da guarda responsável, o respeito a todas as formas de vida e a mudança de comportamento e atitude em relação aos animais.

Considerações finais O controle sobre a dinâmica populacional de abrigos é uma maneira de avaliar, por meio da mensuração de taxas de morbidade, mortalidade, entrada e saída (adoção) dos animais, como o trabalho dos abrigos está sendo realizado e se está ou não atingindo seus objetivos, visto que eles são considerados um

Referências

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Heloise Zavatieri Polato

MV, CRMV-PR: 17.821, aluna de residência, consultoria técnica em medicina de abrigos, Serviço de Perícia Animal – UFPR heloise.polato@ufpr.br

Lucas Galdioli

MV, CRMV/PR: 16.773, aluno de especialização, consultoria técnica em medicina de abrigos, Serviço de Perícia Animal – UFPR lucasgaldioli@ufpr.br

Cíntia Parolim Ferraz

MV, CRMV-PR: 16.697, aluna de residência, consultoria técnica em medicina de abrigos, Serviço de Perícia Animal – UFPR cintia.ferraz08@gmail.com

Luis Fernando Turozi Maussonr

MV, CRMV-PR: 17.862, aluno de residência, consultoria técnica em medicina de abrigos, Serviço de Perícia Animal – UFPR fernandoturozi@outlook.com

Rita de Cassia Maria Garcia

MV, CRMV-SP: 5.653 Mestre, dra., profa. Depto. Medicina Veterinária – UFPR ritamaria@ufpr.br

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Medicina veterinária do coletivo

Barco Saúde Única

Interação entre seres humanos e animais nas comunidades tradicionais do litoral do Paraná e o desafio do manejo populacional de cães e gatos

Introdução O termo “Saúde Única” ganha cada vez mais espaço nas discussões científicas sobre promoção da saúde. O conceito de Saúde Única incorpora a indissociabilidade da saúde humana, animal e ambiental e a promoção de ações de prevenção e controle de doenças e demais agravos 1. Segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), 60% das doenças infecciosas humanas têm origem animal (silvestre ou doméstica), bem como 75% das doenças humanas emergentes e 80% dos agentes patogênicos com potencial para bioterrorismo 2. Há animais de companhia na maioria das famílias brasileiras, e requerem cuidados e manejo adequados para haver uma interação positiva 3. Cães e gatos são responsáveis por transmitir mais de cem zoonoses, e as mordeduras são um dos principais agravos nas áreas urbanas 4. Também nas comunidades tradicionais do litoral paranaense, eles fazem parte das famílias e do ambiente. A proximidade de espécies selvagens e domésticas, associada ao convívio direto com seres humanos em áreas restritas, como ilhas ou comunidades isoladas, aumenta o risco de doenças de caráter zoonótico e transmitidas por vetores, como toxoplasmose, leptospirose, febre maculosa brasileira, leishmaniose, doença de chagas, raiva, larva migrans visceral, larva migrans cutânea, tungíase e sarna sarcóptica 5,6. A presença de cães e gatos em áreas de preservação ambiental é um desafio no país. Essa interação entre animais nativos e domésticos pode gerar problemas como predação, competição por território, perturbação (por perseguição/intimidação) e transmissão de zoonoses, envolvendo tanto os animais de

companhia como os selvagens 7. Cães da comunidade do entorno da Estação Biológica de Santa Lúcia (EBSL), em Santa Teresa, Espírito Santo, visitam a mata nativa periodicamente 8. Isso foi constatado por armadilhas fotográficas colocadas na Estação Biológica e por visitas às casas do entorno, com reconhecimento dos cães. No Parque Estadual de São Camilo (antiga Reserva Biológica de São Camilo), em Palotina, oeste do Paraná, foram implantadas medidas de controle e tentativas de erradicar os animais invasores quando avistados na Unidade de Conservação (UC) 9. Nas comunidades da área de proteção ambiental do município de Guaraqueçaba, PR, a fauna nativa silvestre também sofre ameaça, pelo número elevado de cães e gatos. As comunidades, em geral com difícil acesso aos benefícios dos centros urbanos, até então não eram assistidas por projetos de manejo de animais domésticos, por isso seu número era elevado, prejudicando setores como o do turismo. A grande maioria dos animais domésticos ali tem tutores, mas em geral se movimenta pela comunidade sem restrição ou supervisão, sendo considerada semidomiciliada 10. Objetivou-se relatar a experiência do projeto de extensão Barco Saúde Única nas comunidades tradicionais do litoral do Paraná, a fim de melhorar o bem-estar dos animais e da comunidade e de reduzir os prejuízos à fauna nativa. Caracterização da comunidade e do problema As comunidades nas ilhas têm como principal fonte de renda a pesca artesanal e a atividade turística. Esta última cresceu nos últimos

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Medicina veterinária do coletivo anos, e a região vem tendo destaque como ponto turístico. Comunidades tradicionais têm formas próprias de organização social e usam os territórios e os recursos naturais para a manutenção cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, com conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição, segundo afirma o decreto nº 6.040, de 7 de fevereiro de 2007 11. Dentre esses povos estão as comunidades caiçaras, foco deste estudo. O município de Guaraqueçaba, o maior do litoral do Paraná, tem cerca de 7.594 habitantes (IBGE, 2020) e 2.017 km² de área de unidade territorial – áreas continentais, ilhas e mar 12. As principais ilhas do município são a ilha do Superagui e a ilha das Peças, que abrigam as comunidades da Barra do Superagui e de Vila das Peças, respectivamente. As comunidades estão no entorno do Parque Nacional do Superagui, considerado Sítio do Patrimônio Natural e Reserva da Biosfera pela Unesco, e Patrimônio Natural e Histórico do Paraná 13. As ilhas abrigam comunidades caiçaras de cerca de 350 habitantes na Vila das Peças e 800 na Barra do Superagui, e uma população estimada de 125 animais (cães e gatos) na Vila das Peças e 300 animais domésticos (cães, gatos e equinos) na Barra do Superagui, com ou sem tutores. Programa de manejo populacional de cães e gatos Em um programa de manejo populacional de cães e gatos (MPCG), é importante destacar as estratégias que norteiam o planejamento das ações a fim de prevenir a falta de controle dessas populações de fauna doméstica e evitar o abandono, promovendo a guarda responsável, a saúde da comunidade, o bem-estar humano e animal e o equilíbrio ambiental. O manejo populacional desses animais se faz por meio de políticas públicas – estratégias sanitárias, etológicas, ecológicas e humanitárias – integrando o controle das zoonoses com participação social, de acordo com o conceito da Saúde Única e beneficiando tanto os animais quanto as pessoas das 20

comunidades 13. Uma das estratégias do MPCG é produzir material didático sobre programas de educação ambiental nas comunidades, como o Programa Cãoservação, que criou o livro Era uma vez um projeto…, com material impresso e digital amplamente distribuído em Unidades de Conservação com comunidades no entorno e em escolas. São materiais de apoio à transformação dos cuidados e do bem-estar dos animais ao longo do tempo, fortalecendo a guarda responsável 14. Barco Saúde Única O programa de manejo populacional de animais domésticos é desenvolvido nas comunidades de Vila das Peças e Barra do Superagui do município de Guaraqueçaba, litoral norte do Paraná, desde o segundo semestre de 2018, e também com ações na sede do município, no continente. Por meio da parceria entre o Departamento de Medicina Veterinária (DMV) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Escola de Ciências da Vida (ECV) da PUC do Paraná (PUCPR) e a Prefeitura de Guaraqueçaba, esse projeto visa atender à demanda das comunidades, proporcionando troca de experiências entre as populações tradicionais e a equipe. Compõem a equipe do projeto alunos de graduação, residentes e aprimorandos, alunos de mestrado e doutorado e profissionais voluntários. O projeto contempla as seguintes etapas: - identificação dos atores sociais; - censo populacional; - ações clínicas (medicina preventiva); - mutirões de castração. Para poder atuar responsavelmente na continuidade das ações, é importante desenvolver práticas educacionais humanitárias nas escolas, promover a guarda responsável e a prevenção de zoonoses, e cuidar da saúde dos animais por meio de uma equipe técnica de profissionais e estudantes de medicina veterinária, dentre outras profissões. As ações seguem um cronograma que co-

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Marcos Vinícius Pereira Schaus

Orientações aos pesquisadores e alunos do Colégio Estadual Ilha do Superagui, uma das etapas do censo populacional realizado na ilha do Superagui, PR, em 2019. Veja todas as imagens desta matéria acessando o qr code ao lado

meça com a territorialização, seguida do censo populacional, de ações clínicas preventivas e do mutirão de castração. Atores sociais Implantar um projeto de promoção da saúde em uma comunidade é um processo longo e requer cuidado e persistência. Todos têm um papel na construção de uma comunidade mais saudável 15. Identificar os atores sociais, incluindo suas lideranças, é fundamental para o sucesso do projeto, pois essas pessoas conhecem as demandas da comunidade, sendo seus porta-vozes. A equipe precisa ter grande empatia com elas e uma comunicação afinada. O contato com as lideranças permite entender a dinâmica da comunidade e elaborar a melhor estratégia para implementar o projeto e para que seja bem-vindo. Sem trocas positivas entre a comunidade e a equipe é mais difícil desenvolver as ações. Censo populacional O diagnóstico situacional é importantíssimo para conhecer a comunidade e planejar as ações, que incluem monitoramento, retroalimentação de dados e avaliação do impacto.

De início, é feito o censo populacional de cães e gatos, para se conhecer sua dinâmica populacional, a interação entre eles e os humanos, as principais zoonoses e a realidade socioeconômica da comunidade. Esses dados ajudam a viabilizar as etapas de organização da quantidade necessária de material e do número de voluntários e de dias das visitas e ações. O censo é feito com aplicação de um questionário em cada casa da comunidade. Divide-se antes a área povoada para facilitar a aplicação do questionário e a divisão dos grupos voluntários. As residências são georreferenciadas por um aparelho de GPS portátil, que fornece o local exato das moradias. A equipe, formada por alunos de medicina veterinária e médicos-veterinários, é dividida em grupos, cada um responsável por aplicar o questionário em determinada área da comunidade. Cada grupo cadastra os animais de uma área e aplica o questionário socioeconômico e de percepção sobre as populações de animais exóticos invasores. Ações clínicas (medicina preventiva) Além de os cães e gatos serem animais exóticos invasores nas comunidades tradicionais caiçaras de Guaraqueçaba, PR, eles são importantes disseminadores de doenças zoonóticas, como raiva, tungíase, larva migrans cutânea, toxocaríase, leptospirose e leishmaniose, entre outras 16. Algumas das comunidades têm condições sanitárias precárias, facilitando a contaminação por patógenos zoonóticos, e o acesso à saúde é difícil. Muitos dos animais são semidomiciliados, o que aumenta o risco de disseminação das doenças, pois entram em contato com patógenos zoonóticos com maior facilidade e em seguida com seus tutores, por isso o manejo de medicina preventiva é essencial para prevenir e controlar as doenças zoonóticas locais 17. A medicina preventiva recorre a ações clínicas que, junto com atividades de educação ambiental e guarda responsável, promovem a saúde animal e a saúde humana e ambiental.

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Medicina veterinária do coletivo Consistem na avaliação clínica de cães e gatos da comunidade, seguida da administração de vacinas e antiparasitários. No primeiro dia se organiza o local da ação, por meio de conversa com os moradores e da territorialização dos voluntários. A ação clínica se inicia no segundo dia. Após distribuição de senhas para organizar a fila de espera, faz-se uma anamnese, e os animais seguem para a avaliação clínica, vacinação antirrábica e polivalente e administração de antiparasitários (Figura 2). Caso haja alguma alteração na avaliação física, orienta-se os tutores quanto à conduta adequada. Mutirões de castração O manejo populacional de cães e gatos é um desafio mundial. No Brasil há escassas informações sobre a dinâmica populacional dessas espécies. Por muito tempo o método de controle foi o de apreensão e remoção de animais errantes, com técnicas agressivas e cruéis, sem o conhecimento da sua dinâmica populacional, com baixa eficácia no controle do número de animais e na prevenção das zoonoses, em especial da raiva. Além disso, a capacidade de suporte do ambiente para garantir a sobrevida, a reprodução e o ingresso de novos integrantes no grupo ultrapassa o número de animais apreendidos nas ruas 18. Assim, a esterilização cirúrgica é uma das melhores opções para prevenir gestações indesejadas. Cães e gatos, tanto machos como fêmeas, têm expectativa de vida maior quando castrados, em relação aos não castrados 19,20. A castração objetiva diminuir o número de animais, mantendo-os em nível adequado de bem-estar, minimizando a incidência de zoonoses e de outros riscos à saúde coletiva. As ações de esterilização cirúrgica de cães e gatos em comunidades e unidades de conservação, associadas a outras intervenções, promovem a saúde ambiental, humana e animal. Somada a ações educacionais, a esterilização cirúrgica é um meio eficiente e um dos pilares mais importantes para o controle populacional 21. Deve sempre se associar a 22

outras intervenções – como a educação para guarda responsável, a legislação e as políticas públicas, e o registro e identificação dos animais 22. No primeiro dia de cada mutirão distribuem-se senhas por ordem de chegada aos tutores pré-cadastrados. Durante a espera, eles são informados sobre a esterilização cirúrgica, os riscos que implica, sua importância, as vantagens que oferece e os cuidados necessários. Essas informações são reforçadas durante a triagem individual dos animais. Realiza-se uma triagem socioeconômica dos moradores. O público-alvo dos mutirões são os animais cujos tutores pertencem às comunidades tradicionais caiçaras; a prioridade é dada aos semidomiciliados e que convivem com outros da mesma espécie. No entanto, nessas comunidades não há o costume de deixá-los totalmente domiciliados; assim, quase todos têm acesso à rua e a outros animais. Em seguida, passam pela triagem clínica, com a realização de anamnese e exame físico para confirmar seu estado de saúde e se estão aptos ao procedimento cirúrgico. Os aptos são encaminhados ao pré-operatório, para aplicação das medicações pré-anestésicas; são anestesiados e passam por procedimento cirúrgico realizado por cirurgiões e anestesistas veterinários voluntários com experiência na área. Após cada procedimento, no período pós-operatório os animais ficam sob observação e cuidados até estarem recuperados e aptos a receber alta. Nessa etapa, antes da alta, as informações sobre os cuidados pós-operatórios são reforçadas aos tutores. Após cada mutirão, parte da equipe médica permanece na comunidade para acompanhar os animais. Importância da continuidade das ações Projetos com ações pontuais têm pequenos efeitos em transformar a realidade, pois não propõem indicativos que possam ser avaliados, além de não atender às demandas comunitárias. O Barco Saúde Única tem como um dos principais escopos a continuidade das

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ações com atividades de monitoramento dos animais domésticos; incentivar o engajamento da comunidade no projeto; valorizar a cultura e a tradição locais; acolher os principais desafios das comunidades; a empatia na aproximação das distintas realidades; desenvolver uma educação humanitária; e incentivar valores como a formação e o fortalecimento do vínculo de confiança entre as partes, para que ambas se sintam transformadas positivamente. O Barco Saúde Única caminha para a sua sustentabilidade como um processo ativo de estabelecimento do projeto nas comunidades envolvidas, desenvolvendo relacionamentos, práticas e procedimentos duradouros. Pretende-se maximizar os benefícios em longo prazo desse projeto por meio de um olhar amplo sobre a natureza da iniciativa, seus objetivos e realizações, pela análise dos obstáculos (passados, presentes e futuros) e o modo de contorná-los. Considerações finais Desenvolver ações de manejo populacional de animais domésticos nos centros urbanos é difícil, e sempre um grande desafio para os gestores municipais implementar políticas públicas eficazes e que tragam retornos em curto e médio prazo. Embora haja poucos trabalhos sobre o manejo populacional de animais domésticos em unidades de conservação e comunidades tradicionais, é importante que iniciativas como a do Barco Saúde Única se fortaleçam, a fim de buscar melhoras e políticas públicas para essas comunidades. Estudos sobre o impacto dessas populações de animais na fauna nativa e no meio ambiente, além de pesquisas relacionadas à Saúde Única, são vitais para fornecer mecanismos para intervenções de medicina preventiva e saúde pública tanto para as populações humanas como para as de animais residentes em comunidades tradicionais. Agradecimentos Agradecemos ao deputado estadual Goura

Nataraj e ao Oruê Brasileiro pelas fotos cedidas e apoio nas ações. Referências

01-ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Especialistas debatem sobre o conceito ‘Saúde Única’ para reforçar a integração das vertentes humana, animal e ambiental na Saúde Pública. Cabo Verde: OMS, 2018. Disponível em: <https://www.afro.who.int/pt/news/ especialistas-debatem-sobre-o-conceito-saudeunica-para-reforcar-integracao-das-vertentes>. Acesso em 21 de dezembro de 2020. 02-ZANELLA, J. R. C. Emerging and reemerging zoonoses and their importance for animal health and production. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 51, n. 5, p. 510-519, 2016. doi: 10.1590/S0100204X20160005000011. 03-GARCIA, R. C. M. ; CALDERÓN, N. ; FERREIRA, F. Consolidação de diretrizes internacionais de manejo de populações caninas em áreas urbanas e proposta de indicadores para seu gerenciamento. Revista Panamericana de Salud Pública, v. 32, n. 2, p. 140144, 2012. doi: 10.1590/S1020-49892012000800008. 04-LAGES, S. L. S. Avaliação da população de cães e gatos com proprietário, e do nível de conhecimento sobre a raiva e posse responsável em duas áreas contrastantes da cidade de Jaboticabal, São Paulo. 2009. 76 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2009. 05-BRASIL. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. ; INSTITUTO CHICO MENDES. Guia de orientação para o manejo de espécies exóticas invasoras em Unidades de Conservação Federais. ICMBio, 2019. 06-LESSA, I. ; GUIMARÃES, T. C. S. ; BERGALLO, H. G. ; CUNHA, A. ; VIEIRA, E. M. Domestic dogs in protected areas: a threat to Brazilian mammals? Natureza & Conservação, v. 14, n. 2, p. 46-56, 2016. doi: 10.1016/j.ncon.2016.05.001. 07-BRANDÃO, A. P. D. Cães e gatos domésticos em Unidades de Conservação: uma abordagem de Saúde Única. 2020. 172 f. Tese (Doutorado em Ciências) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2020. 08-SRBEK-ARAUJO, A. C. ; CHIARELLO, A. G. Cãesdomésticos em remanescentes de Mata Atlântica do sudeste do Brasil: padrões de entrada e de ocupação obtidos a partir de armadilhas fotográficas. Brazilian Journal of Biology, v. 68, n. 4, p. 771-779, 2008. doi: 10.1590/S1519-69842008000400011. 09-VILELA, A. L. O. ; LAMIM-GUEDES, V. Cães

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Medicina veterinária do coletivo domésticos em unidades de conservação: impactos e controle. Holos Environment, v. 14, n. 2, p. 198-210, 2014. ISSN: 1519-8634. 10-MANGINI, P. R. A saúde e suas relações com a biodiversidade, a pesca e a paisagem em duas comunidades de pescadores artesanais no litoral do Paraná. 2010. 290 f. Tese (Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Costeiro) - Curso de PósGraduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2010. 11-BRASIL. Decreto nº 6.040, de 7 de fevereiro de 2007. Institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais. 2007. 12-INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA. Guaraqueçaba. IBGE, 2020. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ pr/guaraquecaba/panorama>. Acesso em 9 de dezembro de 2020. 13-INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE. Parque Nacional do Superagui. ICMBio, 2020. Disponível em: <http:// www.icmbio.gov.br/portal/visitacao1/unidadesabertas-a-visitacao/209-parque-nacional-dosuperagui>. Acesso em 19 de fevereiro de 2020. 14-BRANDÃO, A. P. D. ; SEVÁ, A. P. ; GODOY, S. N.  ; VILLEGAS, T. J. ; FERREIRA, F. Era uma vez um projeto... São Paulo: FMVZ/USP, 2018. 16 p. ISBN: 978-8567421162. 15-COMMUNITY TOOL BOX. Tools to change our world. Kansas University, 2020. Disponível em: <https://ctb.ku.edu/en>. Acesso em 21 de dezembro de 2020. 16-GARCIA, R. C. M. Interações ou parcerias de CCZ entre OSCIP’s e ONG’s. In: ENCONTRO NACIONAL DE CENTROS DE CONTROLE DE ZOONOSES, 2., 2007, Porto Seguro. Anais... Porto Seguro: ENCCZ, 2007. 17-ROSA Jr., A. S. ; ARAÚJO, M. D. ; AÑAÑA, D. C. ; BATISTA, M. ; ACOSTA, G. S. ; GUTERRES, K. A.  ; ATHAIDE, C. ; STELMAKE, L. L. ; CLEFF, M. B. Medicina veterinária na promoção da saúde humana e animal: ações em comunidades carentes como estratégias de enfrentamento da desigualdade social. Revista Ciência em Extensão, v. 8, n. 3, p. 278-283, 2012. ISSN: 1679-4605. 18-REICHMANN, M. L. A. B. ; FIGUEIREDO, A. C. C. ; PINTO, H. B. F. ; NUNES, V. F. P. Controle de populações de animais de estimação. Manual Técnico do Instituto Pasteur. São Paulo: Instituto Pasteur, 2000. 44 p. 19-FERREIRA, F. Efeito da esterilização no controle da populações de cães. 2009. Tese (Livre-Docência) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, 24

Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. 20-CANATTO, B. D. ; SILVA, E. A. ; BERNARDI, F. ; MENDES, M. C. N. C. ; PARANHOS, N. T. ; DIAS, R. A. Caracterização demográfica das populações de cães e gatos supervisionados do município de São Paulo. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 64, n. 6, p. 1515-1523, 2012. doi: 10.1590/S0102-09352012000600017. 21-BUDZIAK, C. ; PIMPÃO, C. T. ; MONTOYA, I. K. ; VILLANOVA Jr., J. A. ; MORAES, P. F. A importância do projeto Campanha de Castração na formação do profissional médico veterinário. Revista Acadêmica Ciência Animal, v. 8, n. 3, p. 361-370, 2010. doi: 10.7213/cienciaanimal.v8i3.10946. 22-LIMA, A. F. M. ; LUNA, S. P. L. Algumas causas e consequências da superpopulação canina e felina: acaso ou descaso? Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP, v. 10, n. 1, p. 32-38, 2012. doi: 10.36440/recmvz.v10i1.258. Aaronson Ramathan Freitas MV, CRMV-PR: 16.774, residente MVC/UFPR aaron.ramathan@gmail.com

Ruana Renostro Delai

MV, CRMV-PR: 16.687, residente MVC/UFPR ru.renostro@gmail.com

Amanda Prichla

Aluna de graduação ECV/PUCPR amandaprichla@gmail.com

Lorena de Oliveira

Aluna de graduação ECV/PUCPR lorena.olv@outlook.com

Cláudia Turra Pimpão

MV, CRMV-PR: 3.105, MSc, PhD, profa. ECV/PUC-PR claudia.pimpao@pucpr.br

Rita de Cassia Maria Garcia

MV, CRMV-SP: 5.653, mestre, dra., profa. Depto. de Medicina Veterinária UFPR ritamaria@ufpr.br

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Medicina veterinária do coletivo

Lei Sansão (nº 14.064, de 29 de setembro de 2020)

Altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, para aumentar as penas cominadas ao crime de maus-tratos aos animais quando se tratar de cães ou gatos Fernando Gonsales

Introdução O termo “crueldade” contra animais é definido como a instigação da dor e do sofrimento de forma deliberada, intencional 1. Práticas como castração sem anestesia, marcação a ferro quente, envenenamento ou uso prejudicial de animais em pesquisa, que eram consideradas necessárias para atender às necessidades do ser humano, não eram consideradas vulneráveis às leis de proteção animal. E o termo “maus-tratos”, de acordo com a resolução nº 1.236/18 2 do CFMV, é definido como qualquer ato direto ou indireto, comissivo ou omissivo, que intencionalmente ou por negligência, imprudência ou imperícia provoque dor ou sofrimento desnecessários aos animais. No Brasil, a luta contra os maus-tratos começou em 1895, quando foi criada a União Internacional Protetora dos Animais (Uipa) 3, a pioneira no país, e por meio dela, em 1934, Getúlio Vargas sancionou o decreto que estabelecia “medidas de proteção aos animais”. A partir desse decreto, todos os animais do país passaram a ser tutelados do Estado, e toda prática de maus-tratos despendida contra eles era passível de multa e até mesmo de prisão. Muito tempo se passou, até que em 1988, na Constituição Federal, em seu artigo 225, se dispôs que todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado; no entanto, somente em 1998 foi aprovada a primeira lei, a Lei de Crimes Ambientais (Lei Federal nº 9.605/98) 4, que penaliza quem pratica atos de violência contra animais. Em seu artigo nº 32, essa lei dispõe que quem pratica atos de abuso, maus-tratos, fere ou mutila animais sil-

Lei nº 14.064/20, Art. 32, § 1º-A: “Quando se tratar de cão ou gato, a pena para as condutas descritas no caput deste artigo será de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, multa e proibição da guarda”

vestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos, está sujeito a detenção de 3 meses a 1 ano de prisão ou multa, e, em caso de morte do animal, a pena pode ser aumentada de um sexto a um terço. A lei Em 2020, a Lei de Crimes Ambientais foi alterada pela Lei nº 14.064/20 5, originária do Projeto de Lei nº 1.095/19 e também denominada Lei Sansão, em homenagem a um pitbull que teve as patas traseiras decepadas. Essa lei aumenta as penas cominadas ao crime de maus-tratos aos animais, e o artigo nº 32, §1º-A dispõe que, quando se tratar de cão ou gato, a pena para as condutas descritas no caput desse artigo será de dois a cinco anos de prisão, multa e proibição da guarda. Com a sanção dessa lei, o crime deixa de ser considerado de menor potencial ofensivo, ou seja, deixa de ser norteado pela conciliação, simplicidade e informalidade.

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Medicina veterinária do coletivo Estado

Órgão responsável

Contato

São Paulo

Delegacia Eletrônica de Proteção Animal (Depa)

Rio Grande do Sul

Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Sustentabilidade Disque-denúncia: 156

Santa Catarina

Delegacia Virtual da Polícia Civil

Site: https://delegaciavirtual2.sc.gov.br/boletim incluir.aspx?15

Rio de Janeiro

Subsecretaria de Bem-estar Animal

Central de Atendimento ao Cidadão: 1746 Site: http://www.1746.rio.gov.br/servicos.php

Minas Gerais

Delegacia Especializada de Investigação de Crimes Contra a Fauna

Disque-denúncia: 155 - opção 7 (LigMinas)

Paraná

Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente da Polícia Civil do Paraná

Disque-denúncia: 181 (em todo o estado) Disque-denúncia: 156 (Curitiba)

Bahia

Polícia Civil

Site: https://disquedenuncia.com/denuncie-aqui/ maus-tratos-a-animais/

Paraíba

Polícia Civil

Disque-denúncia: 197

Ceará

Polícia Civil

Disque-denúncia: 181 Telefone DPMA: (85) 3247-2630

Pernambuco

Delegacias de Polícia/Ministério Público/Ibama

Ibama: 0800 618080 Site Ministério Público Federal.

Tocantins

Polícia Civil

Telefone: (63) 3218-6986

Espírito Santo

Núcleo de Proteção aos Animais-Polícia Civil

Telefone: (27) 3236-8136

Mato Grosso

Polícia Militar Ambiental

Telefone: 0800 6477755

Site: http://www.ssp.sp.gov.br/depa

Mato Grosso do Sul DECAT – Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Ambientais

Telefone: (67) 3325-2567 / 3382-9271 decat@pc.ms.gov.br

Rondônia

Polícia Civil

Disque-denúncia: 197

Roraima

Polícia Civil/Delegacia Online

Site: http://www.delegaciaonline.rr.gov.br/.

Alagoas

Delegacias de Polícia/Min. Público/Ibama

Disque-denúncia: 181 Site: http://disquedenuncia.seguranca.al

Goiás

Polícia Civil/ Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Disque-denúncia: 197 contra o Meio Ambiente (62) 3201-2637

Distrito Federal

Polícia Civil do Distrito Federal

Site: https://www.pcdf.df.gov.br/servicos/197/ maus-tratos-a-animais

Figura 1 – Estados brasileiros e as instâncias de proteção contra maus-tratos aos animais

Em âmbito nacional, são diversos os órgãos que recebem denúncias de maus-tratos, dependendo principalmente de o Estado ter um departamento que lida com políticas públicas de amparo aos animais. A tabela a seguir demonstra quais são os órgãos e meios de comunicação de alguns dos estados do país que garantem a proteção contra maus-tratos aos animais (Figura 1). No Estado do Paraná, de modo geral, quando se presencia uma situação de maus-tratos, a denúncia pode ser feita através do Disque-denúncia 181 6, de forma anônima e sigilosa, com dados como endereço do local e qual é a ação; quando a denúncia é feita por meio do 26

site, é possível anexar fotos que ajudem no processo. A denúncia é redirecionada para a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente da Polícia Civil do Paraná (DPMA), e, segundo o delegado Matheus Laiola, quando o tutor é autuado em flagrante, recebe voz de prisão e é encaminhado à delegacia, onde assina um termo de comparecimento à audiência no Fórum. Em situações de flagrante, o tutor perde a guarda do animal. No município de Curitiba, é possível fazer a denúncia via 156, que é direcionada para o departamento responsável. No entanto, em caso de irregularidade aplica-se multa, e em casos reincidentes pode-se pedir o auxílio da DPMA

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Alexander W. Biondo

Situação de maus tratos em canis ilegais de apreensões realizadas pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente do Paraná e Rede de Proteção Animal da Prefeitura de Curitiba em 2013. Hoje estes criminosos teriam penas mais severas

da Polícia Civil do Paraná. O primeiro caso de prisão após a sanção da Lei nº 14.060/20 no estado do Paraná ocorreu em uma região metropolitana de Curitiba, após uma denúncia de maus-tratos a três cachorros que estavam em condições precárias. Após a prisão em flagrante, os animais foram encaminhados para uma clínica veterinária 7. Considerações finais A luta para punir quem pratica maus-tratos aos animais é intensa e antiga, principalmente por parte de organizações não governamentais em prol do bem-estar animal. Ainda que tenha resultado de uma atrocidade, a aprovação da Lei Sansão foi um grande salto na evolução da justiça contra maus-tratos aos animais e expressa a visão da sociedade para com eles, que vem mudando com os anos e se tornando cada vez mais empática. Essa lei favorecerá as políticas públicas dos estados e a ação da polícia na fiscalização de maus-tratos, e também estimulará a população a procurar os canais de denúncias. Referências

Tratado de medicina veterinária legal. Curitiba: Medvep, 2017. 417 p. ISBN: 978-8566759051. 2-CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA. Resolução nº 1236, de 26 de outubro de 2018. Define e caracteriza crueldade, abuso e maustratos contra animais vertebrados, dispõe sobre a conduta de médicos veterinários e zootecnistas e dá outras providências. CFMV, 2018. Disponível em: <https:// wp.ufpel.edu.br/direitosdosanimais/files/2018/10/ reso-CFMV-1236_2018.pdf>. Acesso em 21 de dezembro de 2020. 3-OSTOS, N. S. C. União Internacional Protetora dos Animais de São Paulo: práticas, discursos e representações de uma entidade nas primeiras décadas do século XX. Revista Brasileira de História, v. 37, n. 75, p. 297-318, 2017. doi: 10.1590/180693472017v37n75-13. 4-BRASIL. Artigo 32 da lei nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1998. Jusbrasil, 1998. Disponível em: <https:// www.jusbrasil.com.br/busca?q=Art.%2032%20 da%20Lei%209605%2F98>. Acesso em 16 de outubro de 2020. 5-BRASIL. Lei nº 14.064, de 29 de setembro de 2020. Altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, para aumentar as penas cominadas ao crime de maus-tratos aos animais quando se tratar de cão ou gato. 2020. Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14064.htm>. Acesso em 15 de outubro de 2020. 6-FERREIRA, F. Denuncie maus-tratos no Paraná pelo 181. Bem Paraná, 2020. Disponível em: <https://www.bemparana.com.br/blog/papopet/post/ denuncie-maus-tratos-no-parana-pelo-181>. Acesso em 15 de outubro de 2020. 7-TRIBUNA DO PARANÁ. Delegacia faz 1ª prisão pela nova lei de maus-tratos a animais na grande Curitiba. Tribuna PR, 2020. Disponível em: <https:// www.tribunapr.com.br/noticias/curitiba-regiao/ homem-e-preso-suspeito-de-maus-tratos-contracaes-na-grande-curitiba/>. Acesso em 23 de outubro de 2020. Gabriela Bacarji Suares

MV, CRMV-PR 16320, residente UFPR-Curitiba bacarjig@gmail.com

Vivien Midori Morikawa

MV, CRMV-PR 6.183, MSc, PhD. UFPR Rede de Proteção Animal, SMMA de Curitiba vmorikawa@smma.curitiba.pr.gov.br

Alexander Welker Biondo

MV, CRMV-PR 6.203. MSc, PhD. Depto. de Medicina Veterinária – UFPR abiondo@ufpr.br

1-TOSTES, R. A. ; REIS, S. T. J. ; CASTILHO, V. V. Clínica Veterinária, Ano XXVI, n. 150, janeiro/fevereiro, 2021

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Medicina veterinária do coletivo

Aplicabilidade de softwares de gestão integrada na medicina veterinária do coletivo Tecnologia da informação e gestão organizacional A utilização da tecnologia da informação (TI) tem sido essencial para o pleno desenvolvimento de organizações e entidades públicas de proteção animal e ambiental, uma vez que possibilita a reestruturação da gestão dos processos organizacionais nos mais diversos níveis e setores de atuação profissional, implicando a melhora da capacidade de atendimento de empresas públicas, privadas e de organizações não governamentais (ONGs) 1-3. A evolução tecnológica tem possibilitado a rápida difusão do conhecimento via internet e a identificação mais ágil de fatores que afetam o mercado. Conceitos de TI, aliados à transparência de recursos, permitem controlar melhor o patrimônio público por meio de ferramentas de gestão organizacional e monitoramento remoto, com consequente melhora da efetividade do serviço público e das parcerias privadas no âmbito da proteção animal 4. A gestão organizacional pode ser dividida em quatro grandes áreas: gestão de pessoas, de comportamento, estratégica e de recursos humanos 5. A aplicação dos recursos de informática na gestão empresarial pode ser feita por meio de sistemas de call center, autoatendimento, notificação e monitoramento remoto via aplicativo, assim como de banco de dados e metadados e armazenamento em nuvem 6. Os sistemas de gestão integrada são ferramentas administrativas que contribuem para a melhora do desempenho das empresas no que concerne às questões relacionadas ao meio ambiente, à qualidade do serviço prestado, a pesquisas e desenvolvimento de produtos e serviços e à responsabilidade social, entre outras 7. A adoção desses sistemas, 28

Fernando Gonsales

Como a tecnologia pode contribuir na gestão de abrigos de animais?

Apesar de os abrigos não terem fins lucrativos, a harmonia das relações entre as pessoas, os processos e o gerenciamento dos produtos deve ser indissociável, como na iniciativa privada

além de auxiliar a gestão e melhorar o serviço prestado, amplia a visão das pessoas sobre a qualidade e o alcance desse serviço. A utilização de softwares de gestão integrada é de suma importância para a organização dos serviços – devido à exigência do público por maior celeridade, na aplicação plena dos sistemas de gestão integrada, na disponibilização de dados para os pesquisadores e os gestores dos recursos –, bem como para auxiliar e dar maior fidelidade à alimentação desses dados por parte dos colaboradores 8. A integração de sistemas e a informatização podem ser feitas por meio de portais corporativos (intranet) que integrem os dados estruturados e os não estruturados, e que forneçam as informações dos bancos de dados em uma interface individualizada. Esses portais podem ter conexão direta ou indireta com os sites dos

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serviços de proteção animal que disponibilizem dados de transparência de gestão 9,10. Aplicações básicas de softwares de gestão integrada nos abrigos de animais À medida que a proteção animal se torna mais presente na sociedade, veterinários que utilizem recursos tecnológicos garantem um melhor controle dos dados e da gestão dos recursos financeiros, sejam eles públicos ou privados 11. Utilizando softwares integrados por bancos de dados locais e nuvem, é possível conectar a atuação do sistema em abrigos e o poder público, permitindo uma comunicação simplificada e direta entre protetores e órgãos reguladores da proteção animal 12. A integração desses programas pode ser feita também por meio de softwares de aplicação (APPs), em smartphones conectados às redes móveis. Em situações de resgate e captura de animais em vulnerabilidade ou de registro de ocorrências, esse formato permite ao operador alimentar facilmente o banco de dados com informações sobre a classificação da situação e o tipo de ocorrência (maus-tratos, zoofilia, atropelamentos, abandono, etc.), a localização por GPS (Global Positioning System), a audiodescrição da ocorrência e imagens do animal em tempo real 13. Esses softwares ainda possibilitam fornecer de maneira objetiva informações sobre dados críticos disponibilizados em sites de ONGs e do poder público que podem ser livremente consultados. A notificação de surtos, epidemias, zoonoses e vazios sanitários, assim como o fornecimento de informações sobre locais de acidentes, eutanásias ou outras ocorrências de importância à saúde pública e à causa animal, são exemplos dos dados que poderão ser disponibilizados nesses sites 14. Outras aplicabilidades desses softwares em abrigos incluem a organização da estimativa da população animal por localidade, a administração de campanhas de adoção e de esterilização, a promoção à saúde animal e ações educativas, bem como o aumento da captação de voluntários, um melhor gerenciamento

de materiais de apoio e de recursos financeiros provenientes de doações. Além disso, a utilização específica desses recursos permite que se monitore com mais eficiência todas as variáveis envolvidas em cada processo, como no caso de adoções, visitações, cadastro de lares temporários, perfis dos adotantes e dos adotados, devoluções e rastreamento de animais microchipados entre recintos privativos, coletivos, de isolamento ou em quarentena 15. Dessa forma, apesar de os abrigos não visarem fins lucrativos, também deve ser indissociável a harmonia das relações entre pessoas (colaboradores), processos (protocolos de ação) e produtos (efetividade de ações), tal como na gestão de negócios na iniciativa privada, para que as práticas de proteção animal e de promoção à saúde única e ao bem-estar animal sejam bem-sucedidas 16-18. Realidade Brasil vs. Estados Unidos e softwares disponíveis no mercado Analisando as diretrizes de alguns abrigos dos Estados Unidos, é possível compreender a efetividade desses programas perante a dinâmica do controle populacional, bem como da promoção de bem-estar animal nos abrigos. De maneira geral, o abrigo é pensado como um negócio, e por isso o planejamento central é o primeiro passo a realizar. Todos os detalhes relacionados a estrutura física, fluxo de animais, enriquecimento ambiental, adoção, visitações, lares temporários, programas de voluntariado, doações e até mesmo a localização do abrigo são levados em consideração nessas diretrizes 16-19. Outro ponto fundamental a analisar é a capacity for care (C4C), expressão que define a capacidade de atendimento do abrigo associada à capacidade orientada de adoção, sendo esse o fator que define a população presente no abrigo 17,18,20. Em um estudo no qual foi avaliada a situação de bem-estar dos cães mantidos em abrigos municipais no estado do Paraná, os autores afirmam que na maioria dos abrigos há falhas de gestão na manutenção dos animais, de acordo com o protocolo Shelter Quality 21.

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Medicina veterinária do coletivo Como o Paraná é atualmente a quinta economia dos estados brasileiros, a situação da gestão de abrigos em outros estados talvez seja semelhante ou mesmo pior. É possível observar o nível de improviso com que é feita a manutenção dos abrigos animais 22. A partir dessa observação, podemos ser capazes de afirmar que a fonte desse problema está onde nascem as iniciativas de proteção animal no nosso país, tendo como característica comum a atuação individualizada e descontrolada relativa à coleta dos animais de rua executada por abrigos improvisados sem uma análise de C4C. Dessa forma, a capacidade de suporte é sempre superada, e a ação de proteção animal, inicialmente bem-intencionada, pode redundar em uma situação de acúmulo de animais que cause mal-estar e riscos à saúde individual e coletiva para colaboradores, sociedade e animais, e até mesmo gere agravos ambientais em longo prazo. Analisando as diretrizes da Associação Veterinária de Medicina de Abrigos (Association of Shelter Veterinarians – ASV) 19, é possível observar a ênfase que se dá à gestão dos abrigos. Realizando uma pesquisa rápida no capterra.com (site de pesquisa de softwares), é possível identificar alguns dos principais programas utilizados por abrigos dos Estados Unidos, da África do Sul, do Reino Unido e do Canadá. O custo da licença de uso desses softwares varia da gratuidade até 340 dólares mensais ou 1.000 dólares por licença vitalícia. As principais ferramentas destacadas são: Animal Shelter Manager, Barrk, The Pet Friend, ShelterBuddy, Animalog, Animals First, Paw Trax, Pawlitics, PetPal Manager, Shelterluv e Shelter Pro. A maioria dos softwares são plataformas baseadas em nuvem, sendo que alguns podem ser instalados e operar offline, em máquinas que funcionem com sistema Windows ou Macintosh. O serviço de suporte desses sistemas pode ser remoto, sendo alguns em horário comercial do país de origem, porém o Pawlitics e o ShelterBuddy oferecem suporte 24 horas. Esses programas também permitem a formação continuada dos profissionais, que 30

pode ser realizada a partir de documentos, webinars, formação pessoal ou aulas ao vivo online. Animal Shelter Manager, The Pet Friend, PetPal Manager e Shelterluv são as plataformas que apresentam disponibilidade de acesso por APP em celulares Android ou iOS. Considerações finais Trazer a TI para a realidade de abrigos permite ampliar serviços com maior eficiência, integrando a proteção animal, o poder público e a sociedade. Para isso, a informatização de abrigos não deve ser vista de forma superficial, como a utilização básica de computadores e planilhas eletrônicas, mas sim como a combinação de ferramentas complexas e sobretudo essenciais para a geração de informações e ações efetivas nesse contexto. Analisar as funcionalidades de cada software pode ser extenuante, porém eles oferecem uma gama de ferramentas que podem ou devem estar disponíveis em uma plataforma de gestão integrada e que possam ser empregadas em abrigos de animais. Essas plataformas devem oferecer suporte e treinamento integrado aos colaboradores do abrigo, a fim de auxiliar na captação de recursos por doações, bem como na transparência dos dados gerados pelo abrigo, otimizando a utilização dos recursos e promovendo maior efetividade das ações de proteção animal. Mesmo sem visar ganhos financeiros, uma gestão efetiva de abrigos proporciona à sociedade uma satisfação maior com os programas de proteção animal, permitindo uma aplicação mais célere de ações que visem melhorar as condições dos animais e aumentar sua capacidade de gerar novas adoções. Envolve diretamente a satisfação dos funcionários e colaboradores, diminuindo a ineficiência e a frustração, e aumenta o alcance das ações, favorecendo as pessoas engajadas na causa animal em todos os níveis. Referências

01-MORAES, G. D. A.  ; TERENCE, A. C. F.  ; ESCRIVÃO FILHO, E. A tecnologia da informação como suporta

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2236-6717. 14-PRESSMAN, R. S. Engenharia de software: uma abordagem profissional. 7. ed. Porto Alegre: Bookman, 2011. 780 p. ISBN: 978-8563308337. 15-OLIVEIRA, G. Software para gerenciamento de animais em ONGS. Prezi, 2015. Disponível em: <https://bit.ly/3ihTtgE>. Acesso em 8 de agosto de 2020. 16-KSMP. Facility design, shelter animal housing and shelter population management. Koret Shelter Medicine Program, 2019. Disponível em: <https:// www.sheltermedicine.com/library/resources/?r=facilitydesign-shelter-animal-housing-and-shelter-populationmanagement>. Acesso em 18 de dezembro de 2020. 17-KSMP. Calculating shelter capacity. Koret Shelter Medicine Program, 2015. Disponível em: <https://bit. ly/3g1On6y>. Acesso em 14 de agosto de 2020. 18-KSMP. Overview of Capacity for Care (C4C). Koret Shelter Medicine Program, 2016. Disponível em: <https://bit.ly/31YuuIP>. Acesso em 14 de agosto de 2020. 19-NEWBURY, S.  ; BLINN, M. K.  ; BUSHBY, P. A.  ; COX, C. B.  ; DINNAGE, J. D.  ; GRIFFIN, B.  ; HURLEY, K. F.  ; ISAZA, N.  ; JONES, W.  ; MILLER, L.  ; O’QUIN, J.  ; PATRONEK, G. J.  ; SMITH-BLACKMORE, M.  ; SPINDEL, M. Population management. In___. Guidelines for standards of care in animal shelters. The Association of Shelter Veterinarians. Apex: ASV, 2010. p. 12-14. 20-NEWBURY, S.  ; HURLEY, K. F. Population management In: MILLER, L.  ; ZAWISTOWSKI, S. Shelter medicine for veterinarians and staff. 2. ed. Iowa: John Wiley & Sons, 2012. p. 93-113. ISBN: 9780813819938. 21-ARRUDA, E. C.  ; GARCIA, R. C. M.  ; OLIVEIRA, S. T. Bem-estar dos cães de abrigos municipais no estado do Paraná, Brasil, segundo o protocolo Shelter Quality. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 72, n. 2, p. 346-354, 2020. doi: 10.1590/1678-4162-11323. 22-ARRUDA, E. C.  ; NORONHA, J.  ; MOLENTO, C. F. M.  ; GARCIA, R. C. M.  ; OLIVEIRA, S. T. Características relevantes das instalações e da gestão de abrigos públicos de animais no estado do Paraná, Brasil, para o bem-estar animal. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 71, n. 1, p. 232-242, 2019. doi: 10.1590/1678-4162-10224. Leandro Chiarelli Alves

MV, CRMV-PR: 18.067 residente em MVC UFPR leandrochiarelli@outlook.com.br

Alexander Welker Biondo

MV, CRMV-PR 6.203. MSc, PhD. Depto. de Medicina Veterinária – UFPR abiondo@ufpr.br

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Animais silvestres Gêmeo parasito univitelino em jacaré-do-pantanal (Caiman yacare) (Daudin, 1802) Univithelin twin parasite finding in Jacaré do Pantanal Caiman yacare (Daudin, 1802) Hallazgo de un gemelo parasito univitelino en jacaré del Pantanal (Caiman yacaré) (Daudin, 1802) Clínica Veterinária, Ano XXVI, n. 150, p.32-38, 2021 DOI: 10.46958/rcv.2021.XXVI.n.150.p.32-38

Juan Carlos Troiano MV, chefe de trabalhos práticos, Cátedra de medicina, produção e tecnologia da fauna aquática e terrestre FCV/UBA jtroiano@fvet.uba.ar

Eduardo J. da Silva Borges MV, CRMV-MS 5.807 Caimasul

eduardoborges@caimasul.com

Bianca Coubassier Simões Bióloga, CRMBIO/116.565 Caimasul biancasimoes@caimasul.com

Luiz H. G. Riquelme Jr. Biólogo Biotério –UCDB riquelme@ucdb.br

Daniely Ayabe Curcio Aluna de graduação CMV/UCDB dany.ayabe@gmail.com

Paula H. Santa Rita MV, CRMV/MS: 3.383, profa. dra. CMV e biotério UCDB paulabiovet@ucdb.br

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Resumo: Entre as ferramentas de conservação dos caimões sul-americanos há uma técnica chamada ranching, que consiste no manejo conservacionista e sustentável das espécies, abrangendo estudos ambientais e levantamentos populacionais seguidos pela coleta de ovos na natureza. Em tais processos podem ocorrer alterações que provocam diferentes graus de anomalias congênitas, afetando em maior ou menor medida a vida futura do animal, uma vez que os ovos coletados em ambiente natural podem sofrer influências térmicas desfavoráveis que, em certas fases do desenvolvimento embrionário, podem provocar anomalias. Neste trabalho descrevemos o achado de um gêmeo univitelino parasito em Caiman yacare (jacaré-do-pantanal). Descrevem-se as causas possíveis de tais anomalias e faz-se uma revisão das anomalias congênitas em crocodilianos. Unitermos: caimão, gêmeo, parasito Abstract: One of the methods used for the conservation of the South American caimans is ranching, a technique for the sustainable management and conservation of the species. It includes environmental and population studies which are followed by the collection of eggs from nature after authorization by the relevant agencies, which are then incubated artificially and fattened for commercial purposes. This process may lead to alterations in the eggs that cause different degrees of congenital anomalies that affect the future life of the animal to a greater or lesser extent. Eggs collected in the natural environment may suffer unfavorable thermal variations, which in certain phases of embryonic development may lead to the appearance of a teratogen. In this work we describe the finding of a parasitic univithelial twin in Caiman yacare. The possible causes of this anomaly and a review of congenital anomalies in crocodiles are described. Keywords: caiman, twins, parasite Resumen: Las herramientas de conservación de los caimanes sudamericanos incluyen una técnica conocida como Ranching, que consiste en un manejo conservacionista y sustentable de las especies, en el que también se realizan estudios ambientales y poblacionales, seguidos de recolección de huevos de la naturaleza. En estos procesos puede haber alteraciones que llevan a diversos grados de anomalías congénitas que afectan en mayor o menor medida la vida futura del animal. Los huevos colectados en el ambiente natural pueden sufrir influencias térmicas desfavorables, que en ciertas fases del desarrollo embrionario pueden provocar aparición de teratologías. En este trabajo describimos el hallazgo de un gemelo univitelino parasito en Caiman yacare. Se describen las causas posibles de dicha anomalía y una revisión de las anomalías congénitas en crocodílidos. Palabras clave: caiman, gemelo, parasito

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Reprodução Pseudo-hermafroditismo em cadela da raça buldogue-francês Pseudohermaphroditism in a female French Bulldog Pseudohermafroditismo en una perra Bulldog Francés Clínica Veterinária, Ano XXVI, n. 150, p.40-48, 2021 DOI: 10.46958/rcv.2021.XXVI.n.150.p.40-48

Bruna Calijuri Marin MV, CRMV-SP: 31.680 Centro Veterinário Seres

bruna.calijuri@petz.com.br

Valéria Pires Corrêa MV, CRMV-SP: 6.671 Diretora técnica Centro Veterinário Seres valeria.correa@seres.vet

Ítalo Cássio S. de Oliveira MV, CRMV-SP: 37.869 Coordenador técnico Centro Veterinário Seres italo.oliveira@seres.vet

Karina Mussolino Saqueli MV, CRMV-SP: 20.571 Gerente técnica Centro Veterinário Seres karina.mussolino@seres.vet

Resumo: Pseudo-hermafroditismo é uma anomalia sexual rara em cães, em que existem características masculinas e femininas em um mesmo indivíduo; geralmente o animal apresenta genitália externa ambígua e gônadas masculinas ou femininas. O presente relato é sobre um animal de 5 meses de idade, da raça buldogue-francês, cuja queixa principal foi a presença de uma estrutura em região interna de genitália com evolução aproximada de 2 meses. O exame clínico constatou que a paciente apresentava característica fenotípica de fêmea, com vagina sem alterações aparentes, mas com uma estrutura hipertrofiada no interior similar a um clitóris, além de um osso peniano. A radiografia abdominal lateral direita revelou a presença de provável osso peniano atrofiado, localizado dentro da vagina. O exame ultrassonográfico evidenciou a presença de duas estruturas ovaladas, grosseiras e hipoecogênicas em região inguinal (tecido subcutâneo), sugerindo testículos ectópicos; não foram observados os ovários e o útero. Durante a laparotomia observou-se a ausência de ovários e a presença de útero, além de testículos no tecido subcutâneo. Unitermos: reprodução, intersexualidade, criptorquidismo Abstract: Pseudohermaphroditism is a sexual anomaly, rare in dogs, in which the individual has both male and female characteristics; normally ambiguous external genitalia and male or female gonads. This report concerns a 5-month-old female French Bulldog, where the principal concern was the presence of a structure in the internal region of the genitalia with evolution of approximately 2 months. Upon clinical examination, it was found that the patient had a characteristically female phenotype and a vagina with no apparent changes, despite the presence of a hypertrophied structure inside, similar to a clitoris and a probable penile bone. A right lateral abdominal radiography revealed the presence of a probable atrophied penile bone located inside the vulva. An ultrasound examination showed the presence of two oval, coarse and hypoechogenic structures in the inguinal (subcutaneous) region, suggesting ectopic testicles; ovaries and uterus were not observed. However, during laparotomy the absence of ovaries and the presence of uterus and testicles in the subcutaneous tissue were observed. Keywords: reproduction, intersexuality, cryptorchidism Resumen: El pseudohermafroditismo representa una anomalía congénita rara en perros, en la cual se observan características de macho y de hembra en un individuo; generalmente el animal presenta genitales externos ambíguos y gónadas masculinas o femeninas. El presente relato describe este cuadro en un Bulldog francés de 5 meses que llegó a consulta porque podía observarse una estructura diferente en vulva con evolución aproximada de 2 meses. Durante la consulta, la paciente presentaba características fenotípicas de hembra, con una vagina normal y una estructura hipertrofiada en su interior, similar a un clítoris, y otra parecida con un hueso peneano. La radiografía abdominal lateral derecha mostró la presencia de un posible hueso peneano atrofiado que se localizaba cercano a la vagina. La ecografía permitió localizar dos estructuras ovaladas, grandes e hipecogénicas en la región inguinal (subcutáneo) similares a los testículos (ectopía testicular); no se observaron ovarios y útero. Durante la laparatomía se observó ausencia de ovarios, presencia de útero y la localización de ambos testículos en el tejido subcutáneo. Palabras clave: reproducción, intersexualidad, criptorquidismo

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Anestesiologia O maropitant como adjuvante na analgesia visceral em cães e gatos – revisão Maropitant citrate as an adjunct to visceral analgesia in dogs and cats – review El maropitant como complemento de la analgesia visceral en perros y gatos – revisión Clínica Veterinária, Ano XXVI, n. 150, p.50-62, 2021 DOI: 10.46958/rcv.2021.XXVI.n.150.p.50-62

Ana A. dos S. Cassoli MV, CRMV-SP: 47.222 Aluna de aprimoramento FMVZ/USP-Pirassununga cassoli.ana@usp.br

Raimundo C. Palheta Jr. MV, CRMV-PE: 4.363, dr., prof. ass. I Univasf

raimundo.palheta@univasf.edu.br

Ricardo Lola Pereira MV, CRMV-BA: 5.113 Aluno de doutorado Univasf

ricardolola23@gmail.com

Resumo: A dor é uma experiência multifatorial complexa associada a uma lesão tecidual que provoca sofrimento e reduz a qualidade de vida dos animais. O citrato de maropitant é um antagonista específico do receptor NK-1, que inibe seletivamente a substância P, mediador envolvido na sinalização responsável pela êmese, razão pela qual o maropitant foi desenvolvido inicialmente para o tratamento do vômito em cães e gatos. Entretanto, a substância P também participa das vias neurais responsáveis pela modulação dos estímulos nocivos envolvidos na nocicepção e na inflamação. Com base nisso, pesquisas recentes mostram que o maropitant pode ser uma alternativa como adjuvante no tratamento da dor visceral em cães e gatos. A maioria desses estudos comprovaram a redução da concentração alveolar mínima (CAM) de agentes anestésicos halogenados quando se utilizou o maropitant. Este artigo de revisão descreve pesquisas relacionadas com possíveis usos do maropitant quando empregado em protocolos anestésicos em animais. Unitermos: controle da dor, analgesia visceral, antagonista NK-1, substância P Abstract: Pain is a complex multifactorial experience associated with tissue damage that causes suffering and reduces an animal’s quality of life. Maropitant citrate is a antagonist specific to the NK-1 receptor which selectively inhibits the production of substance P, a mediator involved in the signals responsible for emesis. For this reason, maropitant was initially developed for the treatment of vomiting in dogs and cats. However, substance P also has a role in the neural pathways responsible for the modulation of harmful stimuli involved in nociception and inflammation. Recent research into this role shows that maropitant citrate may be an alternative treatment for visceral pain in dogs and cats. Most of these studies have shown a reduction in the minimum alveolar concentration (MAC) of allogenated anesthetics agents with the use of maropitant citrate. This review describes studies into the potential use of maropitant citrate in anesthetic protocols in animals. Keywords: pain control, visceral analgesia, NK-1 antagonist, substance P Resumen: El dolor es una experiencia multifactorial compleja que está relacionada con daño tisular, que causa sufrimiento y disminuye la calidad de vida de los animales. El citrato maropitant es un antagonista específico del receptor NK-1 que inhibe selectivamente la sustancia P, un mediador involucrado en la señalización responsable del vómito, razón por la cual el maropitant fue desarrollado, inicialmente, para el tratamiento de cuadros de emesis en perros y gatos. La sustancia P también participa en las vías neuronales responsables por la modulación de los estímulos nocivos implicados en la nocicepción y en la inflamación. En base a esto, recientes investigaciones muestran que el maropitant puede ser una alternativa para el tratamiento del dolor visceral en perros y gatos. La mayoría de estos estudios muestran una reducción en la concentración alveolar mínima (MAC) de los agentes anestésicos halogenados cuando se usa maropitant. El presente artículo de revisión describe varias investigaciones relacionadas con los posibles usos del maropitant en protocolos anestésicos comúnmente utilizados en medicina veterinaria. Palabras clave: control del dolor, analgesia visceral, antagonista de NK-1, sustancia P

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Diagnóstico por imagem Avaliação da densidade mineral óssea por meio da densitometria óptica radiográfica em 42 fêmures caninos Evaluation of bone mineral density through radiographic optical densitometry in 42 canine femures Análisis de la densidad ósea mediante densitometría óptica radiográfica en 42 fémures caninos Clínica Veterinária, Ano XXVI, n. 150, p.64-69, 2021 DOI: 10.46958/rcv.2021.XXVI.n.150.p.64-69

Bianca Marfil Dias MV, CRMV-SP: 35.503 aluna de mestrado FMVZ/USP

biancamarfildias@gmail.com

Anderson F. de Souza MV, CRMV-SP: 39.797 aluno de doutorado FMVZ/USP

anderson.sji@hotmail.com

André Luis do V. De Zoppa MV, CRMV-SP: 10.149 prof. dr. associado Depto. Cirurgia, FMVZ/USP alzoppa@usp.br

Resumo: O objetivo deste estudo é avaliar a densidade mineral óssea por meio da densitometria óptica radiográfica em 42 fêmures caninos e validar a densitometria óptica radiográfica como parâmetro de homogeneidade de amostras de tecido ósseo utilizadas em ensaios biomecânicos, além de contribuir para o diagnóstico de osteoporose em cães. A densitometria óptica radiográfica foi realizada por meio do programa ImageJ 1,46r®. Após a seleção dos degraus de alumínio e da área de interesse do fêmur, os dados obtidos foram armazenados em forma de tabela e convertidos em mm/Al mediante a utilização da função tendência do software Microsoft Office Excel®. Após análise estatística, observou-se ausência de valores atípicos (outliers) nas amostras analisadas. As peças avaliadas eram homogêneas, e os dados densitométricos obtidos podem se somar à escassa referência densitométrica encontrada na literatura veterinária. Estes resultados tornam-se relevantes para estudos que testam a resistência mecânica óssea, fornecendo ferramentas para homogeneizar e validar os ensaios biomecânicos. Unitermos: esqueleto, raio-X, mineralização, biomecânica Abstract: This study evaluates the bone mineral density of 42 canine femurs using radiographic optical densitometry and validates radiographic optical densitometry as a parameter to standardize bone tissue samples used in biomechanical tests, contributing to the diagnosis of osteoporosis in dogs. The ImageJ 1.46r ® program was used for the radiographic optical densitometry. After selecting the aluminum steps and the area of interest in the femur, the data obtained were stored in a table and converted into mm/ Al using the MS Excel® trend function. Statistical analysis demonstrated the absence of atypical values (outiliers) in the samples analyzed. The samples evaluated were homogeneous and the densitometric data obtained may contribute to reducing the scarcity of densitometric references in the veterinary literature. Ex vivo biomechanical studies may benefit from the method used in this study to standardize their sample when evaluating bone mineral density, validating their respective projects Keywords: skeleton, x-ray, mineralization, biomechanics Resumen: El objetivo del presente estudio fue analizar la densidad ósea mediante densitometría óptica radiográfica en 42 fémures caninos y validar la técnica como parámetro de homogeneidad de muestras de tejido óseo usadas en ensayos biomecánicos, además de ofrecer datos para el diagnóstico de osteoporosis en perros. La densitometría óptica radiográfica se realizó con el programa ImageJ 1,46®. Después de seleccionar los pasos del aluminio y el área del fémur, los datos fueron vertidos en una tabla y convertidos a mm/Al a través de la función tendencia del programa Microsoft Office Excel®. Una vez realizados los análisis estadísticos de las muestras, se pudo observar que no hubo valores atípicos. Las muestras de hueso analizadas resultaron ser homogéneas y los datos de densitometría pueden ser sumados a las escasas referencias de la literatura veterinaria. Estos resultados pueden ser relevantes para estudios que prueban la resistencia mecánica del hueso, dando herramientas para homogenizar y validad los ensayos biomecánicos. Palabras clave: esqueleto, rayos X, mineralización, biomecánica

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Patologia clínica O exame de sangue e a anemia hemolítica em cães e gatos – revisão Citologic characteristics of hemolytic anemia in dogs and cats – review El examen de sangre y la anemia hemolítica en perros y gatos – revisión Clínica Veterinária, Ano XXVI, n. 150, p.70-84, 2021 DOI: 10.46958/rcv.2021.XXVI.n.150.p.70-84

Aline Moreira de Souza MV, CRMV-RJ: 5.772 Profa. dra. Depto. Pat. e Clín. Vet. - UFF alinems@id.uff.br

Resumo: A investigação da causa e a instituição do tratamento mais eficaz de anemias hemolíticas constituem desafios para o clínico veterinário. Em cães e gatos, essa enfermidade pode ser desencadeada por intoxicações e por processos infecciosos e autoimunes. A análise microscópica do esfregaço sanguíneo gera informações que auxiliam o diagnóstico de anemia hemolítica e, em alguns casos, permitem identificar sua possível causa. Embora seja parte do hemograma completo, a introdução de analisadores hematológicos em clínicas veterinárias tem suprimido a realização dessa etapa, a mais importante do diagnóstico. Nesse contexto, o objetivo deste artigo é revisar os principais achados citológicos do esfregaço associados às causas de anemias hemolíticas em cães e gatos. unitermos: hemólise, corpúsculos de Heinz, excentrócitos, hemoparasitas, esferócitos Abstract: Precise diagnosis and treatment of hemolytic anemia is a challenge to veterinarians. Toxins, infectious, and autoimmune diseases can cause hemolytic anemia in dogs and cats. Blood smears provide information that can assist in the diagnosis and help to identify the possible etiology of the condition. In many veterinary clinics, the introduction of automated blood cell count has led to abandoning the routine of evaluating blood smears. This article reviews the citologic characteristics of different types of hemolytic anemias in dogs and cats. Keywords: hemolisis, Heinz bodies, eccentrocytes, hemoparasites, spherocytes Resumen: Las anemias hemolíticas representan un desafío para el médico veterinario, tanto en lo que se refiere al diagnóstico como en el tratamiento. Tanto en perros como en gatos, esta enfermedad puede ser provocada por intoxicaciones, infección o procesos autoinmunes. El análisis del frotis sanguíneo ofrece informaciones que ayudan en el diagnóstico de la anemia hemolítica autoinmune y, en algunos casos, permite determinar su origen. Si bien el frotis forma parte del examen de hemograma, la llegada de analizadores hematológicos ha llevado a que sea un examen menos utilizado, cuando del mismo depende el diagnóstico de ciertas enfermedades. El objetivo del presente trabajo fue revisar las principales alteraciones hematológicas relacionadas con la anemia hemolítica en perros y gatos. Palabras clave: hemólisis, corpúsculos de Heinz, excentrocitos, hemoparásitos, esferocitos

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Ambiente hospitalar veterinário

Espaço de saúde animal: diferenciação, processo de trabalho e exigências O imóvel como promotor do seu negócio

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O cliente tem que perceber toda a qualidade do seu negócio, mas como fazer isso de forma eficiente? Devemos lembrar que a percepção do cliente capta aspectos visuais logo nos primeiros instantes, assim que ele entra no local. O médico-veterinário empreendedor deve entender, portanto, que qualquer situação em sua empresa contribui com a percepção do cliente sobre o seu negócio – ou a prejudica –, como a fachada, o estacionamento, a recepção, a disposição dos produtos, o uniforme dos colaboradores e a limpeza do ambiente, entre outros fatores. Um espaço de saúde animal deve ter uma

Renato Couto Moraes

Você logo percebe, ao entrar em um hospital destinado à saúde humana, que cada coisa tem um lugar certo para ficar, desde as cadeiras até o emissor de senha. A divisão entre a recepção e o setor de atendimento clínico é óbvia. Ao andar pelos corredores, essa sensação de um lugar apropriado para saúde fica evidente. Portanto, você sabe, mesmo intuitivamente, que um “hospital humano” tem uma arquitetura especializada. E qual é sua sensação ao entrar num ambiente destinado à saúde animal – seja um ambulatório, uma clínica, um hospital ou um laboratório veterinários? Você não tem sempre a mesma sensação anteriormente descrita, independentemente do lugar – ou seja, aquela de entrar num “hospital humano”. Pois é – essa arquitetura especializada de ambientes de saúde é chamada de arquitetura hospitalar. Tema vanguardista na medicina veterinária, haja vista que a maioria de nós, médicos-veterinários, não a percebemos no dia a dia, mas que é obrigatória para o funcionamento dos estabelecimentos de saúde animal e, mais ainda, para um efetivo suporte ao sucesso dos negócios. A competitividade é cada vez maior, e já contamos com cerca de 100 mil estabelecimentos pet no Brasil, em todos os segmentos, tanto de comércio como de atendimento veterinário. Diante desse cenário, torna-se imperativo mostrar a qualidade da sua empresa aos seus parceiros internos (outros profissionais) e externos (público em geral).

Figura 1 – Sala de espera para gatos modelada para atender as necessidades especificas desses animais e seus tutores, na qual vê-se um quadro que assegura tratar-se de uma recepção exclusiva para felinos. Observar o apoio para a caixa de transporte junto ao assento, a pintura colorida das paredes, menos refletiva do que uma branca

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Renato Couto Moraes

Figura 2 – Totem de fachada comercial idealizada para personalizar o empreendimento e passar seu comprometimento com os serviços que oferece. Vê-se logomarca em evidência e parte nominativa abaixo, indicando o segmento veterinário ao qual o empreendimento pertence

arquitetura especializada e específica adaptada às suas condições particulares, desde as espécies animais atendidas até os tipos de serviços empregados para garantir os quesitos de proteção, promoção e recuperação da saúde, além de conforto e bem-estar animal. Soluções construtivas no imóvel trazem importante diferenciação para segmentar seu público-alvo e seu tipo de negócio. Por exemplo, se você deseja atender a um número maior de gatos, faz total sentido ter uma recepção dedicada aos felinos (Figura 1), e também um consultório especializado. Detalhando, uma recepção para gatos deve estar acusticamente protegida de latidos de cães, ter ventilação constante, para evitar algum mau cheiro de algum animal, luminosidade controlada, preferencialmente com temperatura de cor quente, e uma mesa apropriada, para a caixa de transporte não ficar no chão

enquanto o cliente espera pelo atendimento. Um consultório especializado para atender felinos, além dos fatores já mencionados, deve conter obrigatoriamente tela nas janelas, porta com mola aérea,rolo de proteção descartável sobre mesa de inox, etc. Além disso, se você deseja atender às classes A e B, é interessante ter uma fachada comercial, e não aquela aparência de uma residência familiar adaptada (Figura 2). Outro aspecto importante da edificação é a questão urbanística. É necessário consultar a Lei de Uso e Ocupação do Solo do Município, para saber se o local permite o estabelecimento veterinário. A partir disso, deve-se consultar também o Código de Obras de cada município. Em geral, os municípios pequenos não o possuem e acabam por usar a Lei de Uso e Ocupação do Solo, que é obrigatória em todos eles. Nesses casos, essa lei costuma remeter ao fato de a construção ter como base parâmetros do Código Sanitário do estado correspondente. É obrigatório também o atendimento ao Código Sanitário Municipal, comum para médias e grandes cidades. Fica evidente que, perante tanta regulamentação de diferentes níveis federativos, um projeto arquitetônico da área de saúde animal não é algo que se possa improvisar. Por fim, a arquitetura e a engenharia de um imóvel utilizado para fins de atendimento médico-veterinário devem comunicar valor ao cliente. Abordaremos nesta coluna temas relacionados com esses valores, buscando auxiliar os médicos-veterinários empreendedores – ou que desejem empreender nessa área – a ter ideias exequíveis para melhorar (ou montar) um negócio nesse ramo e entender os diversos aspectos legais relacionados a ele. Renato Couto Moraes

MV, CRMV-SP: 16.509, mestre, dr., engenheiro-civil especializado em arquitetura de saúde www.ambientepet.com contato@ambientepet.com

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Tecnologia da informação

A falta de emissão de nota fiscal pode gerar problemas aos proprietários de clínicas veterinárias, mas muitos consideram o assunto complexo e acabam deixando tudo nas mãos do contador. Contar com o suporte de um escritório de contabilidade é fundamental, mas também é preciso conhecer alguns detalhes desse processo para evitar contratempos. É importante salientar que nem todos os softwares do mercado instalados em um computador ou operando em servidores remotos na nuvem estão preparados para emitir todos os tipos de notas fiscais. Alguns exigem um investimento maior devido à necessidade de softwares e equipamentos específicos. O desafio das empresas de informática não está apenas no desenvolvimento da solução, mas também em manter as regras atualizadas e adequadas à legislação vigente no país. Diversos tipos de tributos, regras descentralizadas e dinâmicas aumentam ainda mais a complexidade da tarefa. Vale lembrar que o principal imposto sobre prestação de serviços é um tributo municipal, enquanto a venda de produtos é tributada segundo normativas estaduais. Para garantir a integridade das operações, os estados e os municípios exigem que as empresas de software validem suas soluções seguindo processos de homologação criteriosos. Os diversos tipos de notas fiscais O Emissor de Cupom Fiscal (ECF) é um equipamento de automação comercial com capacidade de emitir documentos fiscais. Mais conhecido como “impressora fiscal”, esse dispositivo é ultrapassado e começou a ser substituído em 2015. O Sistema Autenticador e Transmissor (SAT) de Cupons Fiscais Eletrônicos (CF-e), 90

Viacheslav Iakobchuk

Descomplicando a Nota Fiscal Eletrônica

Os sistemas hospedados em nuvem têm funcionalidades que permitem automatizar todos os passos do atendimento ao cliente: cadastro do tutor, registro do serviço, venda de produtos, pagamento e emissão da nota fiscal – tudo via internet, em tempo real e sem a necessidade de papel

implantado em 2014 no estado de São Paulo para substituir os antigos ECFs, permite o registro eletrônico de todos os arquivos e transações do comércio de varejo. O SAT é um equipamento formado por hardware e software embarcado, que usa um Certificado Digital próprio para emitir o cupom fiscal eletrônico, mas não tem impressora integrada. A necessidade de aquisição da impressora não fiscal e de um software de gestão capaz de se comunicar com o SAT representa uma enorme desvantagem desse sistema. Vale destacar ainda que o SAT não precisa estar sempre conectado à internet. A Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) é um documento fiscal eletrônico, de existência apenas digital, que deve ser emitido em diversas operações comerciais envolvendo a circulação de mercadorias, como venda para pessoa jurídica, devolução e transferência, entre outros.

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Para utilizar a NF-e nas operações de prestação de serviços e venda de produtos simultaneamente, é necessário observar a existência de um convênio de cooperação entre a Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo (Sefaz-SP) e as prefeituras. Isso porque o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) é de competência municipal, enquanto o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é estadual. Para emitir a NF-e é necessário obter os dados do cliente, o que dificulta a emissão desse tipo de nota em petshops e lojas onde o fluxo de pessoas é relativamente alto. A Nota Fiscal do Consumidor Eletrônica (NFC-e) é um documento fiscal eletrônico, de existência apenas digital, que deve ser emitido em operações de venda presencial ou entrega em domicílio para o consumidor final.

Nesse caso, os dados dos compradores não são obrigatórios, o que garante agilidade ao processo de venda de produtos. O principal objetivo da Secretaria da Fazenda é digitalizar a emissão do cupom fiscal, garantindo maior agilidade na comunicação com a Sefaz e no repasse de informações fiscais. Com a NFC-e, o cupom fiscal será extinto, abrindo espaço a uma nova realidade em que tudo é feito de maneira digital, dispensando o processo de homologação dos softwares emissores ou o investimento em equipamentos mais caros. A Nota Fiscal de Serviços Eletrônica (NFS-e) é um documento de existência exclusivamente digital, que serve para registrar as operações de prestação de serviços sujeitos ao Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN). O objetivo do desenvolvimento da NFS-e é a implantação de um modelo

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Tecnologia da informação nacional de documento fiscal eletrônico que substitua a atual emissão em papel. Esse documento visa racionalizar e padronizar as obrigações tributárias. Ele deverá ser adotado progressivamente pelos municípios. A integração com sistemas de gestão de clínicas veterinárias é fundamental e necessária, pois o mesmo sistema usado para registrar detalhes do atendimento clínico já tem os dados do tutor, que são necessários para a emissão da NFS-e. O melhor dos mundos para clínicas e petshops Há uma tendência no mercado de softwares de oferecer soluções em que os documentos fiscais referentes à venda de produtos e à prestação de serviços podem ser emitidos diretamente do sistema, rodando em servidores na nuvem. Isso significa que a emissão da nota fiscal é feita remotamente, pode ser enviada ao cliente via e-mail ou SMS e pode ser consultada por ambos a qualquer momento. A possibilidade de imprimir notas fiscais de maneira totalmente digital representa vantagens para ambos, clínicas e tutores. Os sistemas de gestão que oferecem a impressão de notas separadamente para operações de vendas de produtos e prestação de serviços trazem uma solução prática, rápida e simples de usar. Hoje em dia não é mais necessário criar e manter uma rede local de computadores, instalar softwares, comprar impressoras e estocar bobinas de papel, além de ter um contrato de manutenção de toda essa infraestrutura. No cenário atual, a clínica, independentemente do tamanho ou da complexidade da operação, pode simplesmente disponibilizar notebooks em pontos estratégicos, mantê-los conectados com a internet e assinar um plano com um sistema de gestão com suporte à distância via conexão remota. Os tutores podem receber a nota fiscal e outros documentos via WhatsApp, no formato PDF, imediatamente após a conclusão da venda ou a prestação do serviço, e consultar os documentos posterior92

mente, acessando a área do cliente. Mais tempo para o veterinário clinicar A tecnologia tem proporcionado mudanças na vida das pessoas. Solicitar um táxi, pagar uma conta, alugar um imóvel, conversar com um parente no exterior são alguns exemplos já consolidados de mudanças que ocorreram nos últimos 10 anos. A gestão de clínicas também está se transformando. O veterinário usuário de um sistema de gestão online consegue dedicar mais tempo a atender seus pacientes, pois tem mecanismos para delegar tarefas administrativas com mais segurança e eficiência. O contador pode acessar o sistema, verificar quais as notas fiscais emitidas, acessar as notas fiscais de compra de produtos e os pagamentos e assim manter a contabilidade da empresa em dia, alinhada com as exigências legais. O veterinário pode ainda optar por contratar os serviços de um gestor financeiro compartilhado, na modalidade conhecida como Terceirização de Processos de Negócios, ou Business Process Outsourcing (BPO). Assim como o contador, o BPO Financeiro pode acessar o sistema de gestão da clínica, os relatórios financeiros de fechamento de caixa e os extratos, analisar os dados, sugerir ajustes nos processos e monitorar os resultados. A tecnologia disponível hoje permite que os veterinários dediquem mais tempo a suas atividades-fim e, com apenas alguns minutos por semana, acompanhem relatórios fornecidos pelos seus gerentes contratados no formato BPO, mostrando os números do crescimento e construindo uma realidade mais interessante, na qual podem trabalhar melhor, gastando menos tempo com tarefas de gestão, e ganhar mais, atendendo mais clientes em atuações veterinárias. Marcelo Sader

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Gestão

Finalizamos o ano de 2020, ainda incrédulos diante de tantos abalos e mudanças, e com a sensação de “ano perdido”, por todas as suas consequências nos âmbitos profissional e de trabalho e pelo forte impacto na vida pessoal e familiar. No entanto, ao refletir e analisar melhor, vemos que 2020 também teve aspectos muito positivos. Em meio a todo esse transtorno, fomos obrigados a aguçar nossa criatividade, a quebrar paradigmas, gerar novas demandas, acessar tecnologias sociais, criar novas oportunidades e evoluir nos processos produtivos e de gestão. Fala-se em um novo normal, uma nova economia, um novo estilo de vida mais espiritualizado, um remodelamento do trabalho. Nesse contexto do novo, temos basicamente dois caminhos a seguir. Podemos nos manter passivos e apenas observar, aguardar e torcer para que as coisas melhorem, acreditando que o ano de 2021 será mais tranquilo e que certamente os pesquisadores das áreas sociais, econômicas, de saúde, de educação e jurídica encontrarão novas teorias e fórmulas, fazendo tudo voltar a uma relativa normalidade. É a atitude que muitos assumem. Mas será que podemos ficar esperando? Teremos fôlego econômico e financeiro para suportar a espera? A outra alternativa é sermos agentes ativos de mudanças, precursores e protagonistas do novo, cada um dentro da sua profissão e do seu trabalho. É preciso refletir e ver de que maneira podemos “remodelar” o trabalho, o serviço ou o produto que oferecemos, para não cair na vala comum, na qual muitos deles tendem a se transformar em meras commodities, a cair em uma homogeneidade sem grandes diferenças técnicas, de qualidade, de assertividade, eficiência, atendimento, 94

michaeljung

2021 – Trabalho remodelado e talento

Além de qualidade e eficiência, é essencial incorporar ao trabalho nosso talento especial e atuar com sentimentos positivos de amor e gratidão, valorizando sorrisos, serenidade e humildade

imagem, etc., simplesmente participando da grande disputa por clientes. Em outras palavras, o momento atual pede não só a excelência em características como a qualidade e a eficiência, mas também, a partir de uma boa análise, a definição do que é possível fazer de especial e diferenciador. De que maneira? Incorporando a tudo isso valores intangíveis, invisíveis, mas absolutamente relevantes na hora em que os clientes fazem suas escolhas. Um dos itens primordiais é valorizar o “talento especial” de cada um no exercício da sua profissão e do seu trabalho. Porque o talento é aquilo que mais nos proporciona alegria, motivação e a satisfação de fazer o trabalho de forma incansável. Mas, afinal de contas, o que é esse “talento especial”? O talento é um dom com o qual já nascemos e que vamos lapidando ao longo do tempo para cumprir nossa missão de vida. Ele pode se manifestar de diversas maneiras.

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Alguns têm talento para os relacionamentos pessoais, a comunicação, a visão global ou a visão dos detalhes; outros ainda têm talento para servir ou para trabalhar com números; e há também os talentos vinculados às habilidades motoras (mãos, braços, pernas), entre tantos outros. Naturalmente, além de identificar qual das nossas aptidões constitui o nosso talento especial, devemos nutrir por esse talento sentimentos elevados, tais como a gratidão por termos sido agraciados com ele e pela oportunidade de aplicá-lo e aprimorá-lo em nosso trabalho; devemos também nos esforçar para que esse talento não fique diluído em nosso dia a dia, fazendo-o brilhar, por exemplo, em trabalhos admiráveis, como se fossem uma obra de arte, e com foco em proporcionar alegria aos clientes. Precisamos ainda não reclamar da falta de alguns talentos e muito menos

lamentar o esforço que aplicamos no exercício e na lapidação do talento que temos. Com atenção a esses aspectos, com dedicação e paciência, certamente conseguiremos desenvolver um trabalho magnífico e de grande valor. Que todos tenhamos um ótimo início de ano em 2021 e possamos nos conectar com as mudanças vibracionais do universo, buscando a cada dia a harmonização com as energias mais elevadas, emanando sentimentos positivos de amor e gratidão, e oferecendo sorrisos, serenidade e humildade a todos e a tudo ao nosso redor. Celso Morishita

Gestor empresarial espiritualista celsomorishita@yahoo.com

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Vet agenda Anestesiologia

8 a 10 de abril

23 e 24 de julho

Comdev 2021 – Congresso Medvep internacional de dermatologia veterinária https://bit.ly/35ozZBC

II Curso de imagem no paciente endocrinopata cursos@endocrinovet.com.br

Curitiba, PR

13 de janeiro

Online

Curso de Anestesiologia Veterinária https://bit.ly/2IOVtRr 15 a 17 de abril

8 e 9 de outubro

João Pessoa, PB

Recife, PE

Comdor 2021 – Congresso Medvep de dor e anestesiologia veterinária https://bit.ly/38781ML

Dermato in Rio https://www.inrio.vet.br/

Dignóstico por imagem

Bem-estar animal

20 de janeiro

18 a 21 de julho

Online

Jaboticabal, SP

Interpretação de Exames Laboratoriais na Clínica de Cães e Gatos https://bit.ly/2K3eKPK

VIII Congresso brasileiro de biometeorologia, ambiência e bem-estar animal https://bit.ly/34cWGtv

1 de março a 1 de setembro

Online

Cardiologia

I Curso de radiologia veterinária online – Descomplicando o exame radiográfico de pequenos animais https://bit.ly/2K3eT5K

13 de janeiro

Online

Curso eletrocardiografia Veterinária https://bit.ly/2ISJvX8

14 de abril a 18 de julho

15 a 19 de março

Online/Jaboticabal, SP

Jaboticabal, SP

Curso de técnicas ultrassonográficas não convencionais em pequenos animais (doppler, ultrassonografia contrastada e elastografia) https://bit.ly/2K7LjMl

IV Curso básico de ecocardiografia em cães e gatos https://bit.ly/3878hLJ

Cinesioterapia

11 e 12 de setembro

Endocrinologia

São Paulo, SP

19 e 20 de fevereiro

3º Curso Avançado de Cinesioterapia https://bit.ly/2K3q9z3

Online

I Curso de neurologia aplicada em cães e gatos cursos@endocrinovet.com.br

Cirurgia

27 a 30 de janeiro

São Paulo, SP

19 e 20 de março

Curso de Cirurgia Veterinária de Rotina de Cães e Gatos – Intensivo https://bit.ly/2JVTxaB

Online

I Curso de patologia clínica no paciente endocrinopata cursos@endocrinovet.com.br

início em fevereiro

Online

Curso intensivo - atualização em dor e cuidados paliativos em cães e gatos https://bit.ly/3qU0YiZ início em fevereiro

São Paulo, SP

Curso de especialização em cirurgia de cães e gatos https://bit.ly/2WevSEz

Dermatologia

1 de março

Online

Pós-graduação em Dermatologia Veterinária https://bit.ly/3gOYbmM

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23 e 24 de abril

Online

I Curso de hematologia no endocrinopata cursos@endocrinovet.com.br 21 e 22 de maio

Online

III Curso de gastroenterologia em cães e gatos cursos@endocrinovet.com.br 18 e 19 de junho

Online

III Curso de hospitalização e terapia intensiva endocrinopata cursos@endocrinovet.com.br

Online

13 e 14 de agosto, 17 e 18 de setembro

Online

VI Curso de endocrinologia clínica de cães e gatos cursos@endocrinovet.com.br 14 e 15 de agosto

Jaboticabal, SP

III Curso obesidade perspectivas e desafios https://bit.ly/34dnmKv 27 e 28 de agosto

Online

I Curso de raciocínio clínico em nutrologia de cães e gatos cursos@endocrinovet.com.br 22 e 23 de outubro

Online

I Curso de cirurgia no paciente endocrinopata cursos@endocrinovet.com.br

Fisioterapia

10 de abril a 28 de agosto de 2022

São Paulo, SP

14º Curso extensivo de fisioterapia veterinária https://bit.ly/34fe5S2 29 e 30 de maio e 11 junho

Online/São Paulo

31º Curso intensivo de fisioterapia veterinária https://bit.ly/3nnsLpK

Medicina veterinária do coletivo

5 de fevereiro a 13 de junho

Jaboticabal, SP

3º Curso de Aperfeiçoamento em Clínica Médica de Cães e Gatos https://bit.ly/2IP1cqx 21 e 21 de maio

Online

X Conferência Internacional de Medicina Veterinária do Coletivo https://www.institutomvc.org.br/

Medicina veterinária felina

6 de janeiro

Online

Doenças Respiratórias em Felinos https://bit.ly/383A4N1

Clínica Veterinária, Ano XXVI, n. 150, janeiro/fevereiro, 2021


ClĂ­nica VeterinĂĄria, Ano XXVI, n. 150, janeiro/fevereiro, 2021

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Vet agenda Reprodução

27 de janeiro

Online

Curso de medicina veterinária felina https://bit.ly/37j0hrJ 1 de março

Online

Pós-graduação em Clínica Médica de Felinos https://bit.ly/34tXytV

Nefrologia

27 de janeiro

Online

Nefrologia Veterinária e Urologia de cães e gatos https://bit.ly/37hx7Jn

Neurologia

20 de janeiro

Online

Curso de neurologia veterinária https://bit.ly/3nlOJtc 6 de fevereiro a 4 de julho

Jaboticabal, SP

VII Curso teórico-prático de neurologia e neurocirurgia de cães e gatos https://bit.ly/37gD4q0

Nutrição

início em janeiro

Belo Horizonte, MG

Nutrição de cães e gatos https://bit.ly/3gUzqWg

Ortopedia

6 de fevereiro a 12 de dezembro

Jaboticabal, SP

VI Curso de aprimoramento em ortopedia de cães e gatos https://bit.ly/37imaaE

Oncologia

início em fevereiro

São Paulo, SP

Curso avançado – Oncologia de Cães e Gatos https://bit.ly/34cwoaC 6 de fevereiro a 10 de abril de 2022

Jaboticabal, SP

5º Curso de aperfeiçoamento em cirurgia oncológica e reconstrutiva em cães e gatos https://bit.ly/3a8XnaL 27 a 29 de maio

Bento Gonçalves, RS

1º Comov – Congresso Medvep internacional de oncologia veterinária https://bit.ly/3fau5c0

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20 a 22 de outubro

17 e 18 de abril

São Paulo, SP

6º Curso de obstetrícia, neonatologia e reprodução aplicada a prática clínica de pequenos animais https://bit.ly/2C1ghBt

16 e 17 de março

Jaboticabal, SP

Feiras, Congressos & Simpósios

11 a 24 de janeiro

Online

Simpósio Internacional em Medicina Felina www.simfelufla.tk 18 a 22 de janeiro

Online

Congresso online internacional de especialidades veterinárias https://bit.ly/37k3VSd 25 a 27 de março

Rio de Janeiro, RJ

Congresso Veterinário de León – CVDL https://www.cvdlinrio.com/ 15 a 17 de abril

João Pessoa, PB

Comdor 2021 – Congresso Medvep de Dor e Anestesiologia Veterinária https://bit.ly/2K3rea5

Veterinária Expo+Congress https://www.veterinariaexpo.com/

Agenda internacional

Nashville, EUA

VetForum USA https://bit.ly/2IRE0YI 7 a 9 de abril

Buenos Aires, Argentina

11º Congreso y Exposición para la Ciencia y Tecnologia Farmacéutica, Biotecnológica, Veterinaria y Cosmética https://www.etif.com.ar/es/ 16 a 19 de maio

Santiago de Surco, Peru

VIVE LA EXPERIENCIA – LAVC https://www.tlavc-peru.org/index.php 26 e 27 de maio

Dublin, Irlanda

2nd World Congress on Veterinary Medicine https://bit.ly/3acgDEA 22 a 24 de julho

Cartagena, Colômbia

Congreso VEPA Nacional 2021 https://www.facebook.com/vepa.col

12 a 14 de maio

Maceió, AL

41º Congresso Brasileiro da Anclivepa https://www.cbamaceio.com.br/ 13 a 15 de maio

Ribeirão Preto, SP

Congresso Internacional de Medicina e Saúde Integrativa – Área Humana e Veterinária https://www.cimsi.com.br 2 a 5 de junho

Patos, PB

XX Simpósio Paraibano de Medicina Veterinária https://bit.ly/2K3gxEs 27 a 29 de julho

Bento Gonçalves, RS

Congresso Medvep Internacional de Especialidades Veterinárias 2021 https://bit.ly/32GWcto 20 e 21 de agosto

São Paulo, SP

Cat in Rio https://www.inrio.vet.br/catinrio

6 a 9 de outubro

Illinois, EUA

2021 ACVS Surgery Summit https://bit.ly/2kyNE6a 14 a 16 de outubro

Kuching, Malásia

21st FAVA Congress 2021 https://www.favamember.org 20 a 22 de outubro

Mérida, México

AMMVEPE 2021 https://bit.ly/3p4vogX 25 a 27 de outubro

Sevilha, Espanha

Congress of the European Association of Veterinary Laboratory Diagnosticians https://eavld2020.org/ 8 e 9 de dezembro

Sevilha, Espanha

International Conference on Animal and Veterinary Sciences http://www.istdst.org/AVS

Clínica Veterinária, Ano XXVI, n. 150, janeiro/fevereiro, 2021



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