clínica veterinária n. 70

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G uarรก

ISSN 1413-571X

Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007 - R$ 12,00

EDiTORA

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Hummm! DESPULGA! Correto!

Só ele DESPULGA! A Acaba caba ccom om aass p pulgas ulgas d do o aanimal nimal e d do o aambiente. mbiente. A Age ge ttambém ambém ccontra ontra vvermes ermes intestinais, intestinais, sarna, sarna, sarna sarna de de ouvido, ouvido, p piolhos, iolhos, verme verme do do coração coração e aauxilia uxilia no no controle controle de de carrapatos. carrapatos.

LLaboratórios a b o ra t ó r i o s Pfizer P f i ze r Ltda. Ltd a . - D Divisão i v i s ã o de de S Saúde aúde A Animal nimal - 0 0800 80 0 0 01 11 19 19 19 19 - www.pfizersaudeanimal.com.br w w w. p f i z e r s a u d e a n i m a l . c o m . b r

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PULGA?


Ana I. S. B. Villaverde

Reprodução - 28

Índice

É possível realizar inseminação artificial em gatas na minha clínica?

Is it possible to perform artificial insemination in queens in my clinic? ¿Es posible realizar inseminación artificial en gatas en mi clínica?

Inseminação artificial intravaginal com animal anestesiado

Adenite sebácea canina: revisão de literatura Canine sebaceous adenitis: literature review Adenitis sebácea canina: revisión de literatura

Cirurgia - 42

Presença de alopecia/hipotricose, cilindros foliculares e escoriação na região lombar

Sofia Borin

Roberto H. C. Alves

Dermatologia - 36

Colelitíase: relato de caso em cães Cholelithiasis: case report in dogs Colelitiasis: relato de caso en perros

Thomas N. Guim

Oncologia - 48

Aspectos clínico-patológicos dos neoplasmas do pâncreas exócrino em cães e gatos

Clinical and pathological aspects of exocrine pancreas neoplasms in dogs and cats Aspectos clínico-patológicos de los neoplasmas de páncreas exocrino en perros y gatos

Aglomerados radiopacos na região hepática em radiografia na posição ventrodorsal

Cirurgia - 56

Urate urolithiasis in dalmatians. Literature review and case report Urolitiasis por urato en dálmatas. Revisión de literatura y relato de caso

Anestesiologia - 68

Anestesia e analgesia por via epidural em cães atualização farmacológica para uma técnica tradicional

Yuri Karaccas de Carvalho

Paula Diniz Galera

Adenocarcinoma de pâncreas exócrino apresentando proliferação de células neoplásicas com padrão tubular

Urolitíase por urato em dálmatas. Revisão de literatura e relato de caso

Urólitos presentes no interior da bexiga

Epidural anesthesia and analgesia in dogs a pharmacological update to a traditional technique Anestesia y analgesia por vía epidural en perros actualización farmacológica para una técnica tradicional

Gisela N. F. Lefebvre

Oncologia - 78

Tratamento de tumor venéreo transmissível (tvt) canino utilizando Viscum album em associação à quimioterapia Treatment of transmissible venereal tumor (tvt) in dogs with Viscum album (Mistletoe) associated to chemotherapy Tratamiento de tumor venéreo transmisible (tvt) en perros usando Viscum album asociado a quimioterapia

Delimitação anatômica do espaço epidural (vista laterolateral)

Final do tratamento Viscum album associado a quimioterapia

Georgea B. Jarretta

Diagnóstico por imagem - 88

Métodos de diagnóstico por imagem na avaliação de rins de pequenos animais - revisão Diagnostic imaging modalities in the renal evaluation of small animals - review Modalidades de diagnóstico por imagen en la evaluación de riñones de pequeños animales - revisión

Obstrução de traquéia em uma arara-vermelha (Ara chloroptera) em decorrência | da aspiração de objeto metálico Tracheal obstruction in a green-winged macaw (Ara chloroptera) due to the aspiration of a metallic object Obstrucción de tráquea en un guacamayo rojo (Ara chloroptera) debido a la aspiración del objeto metálico

Seções Editorial - 5 Opinião - 6 Notícias - 10 • Proprietários de estabelecimentos veterinários fundam associação • Acurácia de exames sem provocar estresse nos pacientes • Alltech amplia suas instalações • Novidades na linha K&S da Total • MARS Brasil promove prêmio para estudantes de medicina veterinária • Ceva incrementa a sua participação no mercado com a aquisição da Vetbrands • Merial completa uma década de liderança em saúde animal • Rio Vet Trade Show

Bem-estar animal - 22

Internet - 112

O bem-estar animal na experimentação e no ensino

Neurologia veterinária na internet

Saúde pública - 24 10 10 12 12 12 14 14 16

Arara-vermelha (Ara chloroptera), traquéia: cáseo associado a corpo estranho, obstruindo o lúmen (seta)

Leishmaniose visceral canina foi amplamente discutida em Belo Horizonte - MG

Biodiversidade - 106 Muriqui – macaco comunicativo

Gestão, marketing e estratégia - 108 Liderando e, finalmente, mudando!

Equipamentos - 110 Ultra-som terapêutico Kit de instrumento periodontal

Lançamentos - 114 Livros - 116 Negócios e oportunidades - 120 Ofertas de produtos e equipamentos

Serviços e especialidades - 120 Prestadores de serviços para clínicos veterinários

Agenda - 128

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007

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Renata A. Casagrande

Animais silvestres - 102

Imagem de radiografia simples abdominal de felino doméstico


Indexada na base de dados CAB ABSTRACTS (Inglater ra) CONSULTORES CIENTÍFICOS SCIENTIFIC COUNCIL Revista de educação continuada do clínico veterinário de pequenos animais

EDITORES / PUBLISHERS Arthur de V. Paes Barretto editor@editoraguara.com.br CRMV-SP 6871

Maria Angela Sanches Fessel cvredacao@editoraguara.com.br

Journal of continuing education for small animal veterinarians

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA / DESKTOP PUBLISHING Editora Guará Ltda.

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Felino fotografado por Alexandre Corazza Curti -

CRMV-SP 10159

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JORNALISTA / JOURNALIST Aristides Castelo Hanssen MTb-16.679

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CONSULTORIA JURÍDICA / CONSULTING ATTORNEY Joakim M. C. da Cunha

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CORRESPONDÊNCIA E ASSINATURAS LETTERS AND SUBSCRIPTION

Editora Guará Ltda. - Depto. de Assinaturas Caixa Postal 66002 - 05311-970 - São Paulo - SP BRASIL cvassinaturas@editoraguara.com.br Telefone/fax: (11) 3835-4555 é uma revista técnico-científica bimestral, dirigida aos clínicos veterinários de pequenos animais, estudantes e professores de medicina veterinária, publicada pela Editora Guará Ltda. As opiniões em artigos assinados não são necessariamente compartilhadas pelos editores. Os conteúdos dos anúncios veiculados são de total responsabilidade dos anunciantes. Não é permitida a reprodução parcial ou total do conteúdo desta publicação sem a prévia autorização da editora.

Instruções aos autores Artigos científicos inéditos, revisões de literatura e relatos de caso enviados à redação são avaliados pela equipe editorial. Em face do parecer inicial, o material é encaminhado aos consultores científicos. A equipe decidirá sobre a conveniência da publicação, de forma integral ou parcial, encaminhando ao autor sugestões e possíveis correções. Para esta primeira avaliação, devem ser enviados pela internet (cvredacao@ editoraguara.com.br) um arquivo texto (.doc ou .rtf) com o trabalho e imagens digitalizadas em formato .jpg . No caso dos autores não possuirem imagens digitalizadas, cópias das imagens originais (fotos, slides ou ilustrações acompanhadas de identificação de propriedade e autor) devem ser encaminhadas pelo correio ao nosso departamento de redação. Os autores devem enviar tambem a identificação de todos os autores do trabalho (endereço, telefone e e-mail). Os artigos de todas as categorias devem ser acompanhados de versões em língua inglesa e espanhola de: título, resumo (de 600 a 800 caracteres) e unitermos (3 a 6). Os unitermos não devem constar do título. Devem ser dispostos do mais abrangente para o mais específico (eg, “cães, cirurgias, abcessos, próstata). Verificar se os unitermos escolhidos constam dos “Descritores em Ciências de Saúde” da Bireme (http://decs.bvs.br/). ou do Index Medicus. (www.nlm.nih.gov/ mesh/Mbrowser.html). No caso do material ser totalmente enviado por correio, devem necessariamente ser enviados, além de uma apresentação impressa, uma cópia em CD-room. Imagens como tabelas, gráficos e ilustrações não podem ser provenientes de literatura, mesmo que seja indicada a fonte. Imagens fotográficas devem possuir indicação do fotógrafo e proprietário; e quando cedidas por terceiros, deverão ser obrigatoriamente acompanhadas de autorização para publicação. As referências bibliográficas serão indicadas ao longo do texto apenas por números, que corresponderão à listagem ao final do artigo, evitando citações de autores e datas. A apresentação das referências ao final do artigo deve seguir as normas atuais da ABNT e elas devem ser numeradas pela ordem de aparecimento no texto. Com relação aos princípios éticos da experimentação animal, os autores deverão considerar as normas do COBEA (Colégio Brasileiro de Experimentação Animal).

Revista Clínica Veterinária / Redação Caixa Postal 66002 CEP 05311-970 São Paulo - SP e-mail: cvredacao@editoraguara.com.br

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Adriano B. Carregaro DCPA/UFSM carregaro@anestciruvet.com.br Alceu Gaspar Raiser DCPA/CCR/UFSM raisermv@smail.ufsm.br Alexandre Lima Andrade CMV/UNESP-Aracatuba landrade@fmva.unesp.br Alexander Walker Biondo UFPR, UI/EUA abiondo@uiuc.edu Ana Maria Reis Ferreira FMV/UFF anamrferreira@br.inter.net Ana Paula F. L. Bracarense DCV/CCA/UEL anapaula@uel.br Antonio Marcos Guimarães DMV/UFLA amg@ufla.br Aparecido A. Camacho FCAV/Unesp/Jaboticabal camacho@fcav.unesp.br A. Nancy B. Mariana FMVZ/USP - SPMV anbmaria@usp.br Aulus C. Carciofi FCAV/Unesp/Jaboticabal aulus@fcav.unesp.br Aury Nunes de Moraes UESC a2anm@cav.udesc.br Benedicto W. De Martin FMVZ/USP; IVI Berenice Avila Rodrigues FAVET/UFRGS berenice@portoweb.com.br Carlos Alexandre Pessoa Médico veterinário autônomo animalexotico@terra.com.br Carlos Eduardo S. Goulart FTB carlosedgourlart@yahoo.com.br Carlos Roberto Daleck FCAV/Unesp/Jaboticabal daleck@fcav.unesp.br Cassio R. Auada Ferrigno FMVZ/USP cassioaf@terra.com.br César Augusto Dinóla Pereira UAM, UNG, UNISA dinolaca@hotmail.com Cibele F. Carvalho UNIABC cibelecarv1904@aol.com Cleber Oliveira Soares EMBRAPA cleber@cnpgc.embrapa.br Christina Joselevitch Netherlands Inst. Neurosciences c.joselevitch@nin.knaw.nl Cristina Massoco Oncocell Biotecnologia cmassoco@usp.br Daisy Pontes Netto FMV/UEL rnetto@uel.br Daniel Macieira IV/UFRRJ dbmacieira@ufrrj.br Denise T. Fantoni FMVZ/USP dfantoni@fmvz.usp.br Dominguita L. Graça FMV/UFSM dlgraca@smail.ufsm.br Edgar L. Sommer PROVET edgarsommer@sti.com.br Eduardo A. Tudury DMV/UFRPE eat-dmv@ufrpe.br Elba Lemos FioCruz-RJ elemos@ioc.fiocruz.br Fabiano Montiani-Ferreira FMV/UFPR fabiomontiani@hotmail.com Fernando C. Maiorino FEJAL/CESMAC/FCBS fcmaiorino@uol.com.br Fernando Ferreira FMVZ/USP fernando@vps.fmvz.usp.br Flavia Toledo Univ. Estácio de Sá ftoledo@attglobal.net

Flavio Massone FMVZ/UNESP/Botucatu btflama@uol.com.br Francisco J. Teixeira Neto FMVZ/UNESP/Botucatu fteixeira@fmvz.unesp.br Francisco Marlon C. Feijo UFERSA marlonfeijo@yahoo.com.br Franklin A. Stermann FMVZ/USP fsterman@usp.br Franz Naoki Yoshitoshi Provet franz.naoki@terra.com.br Geovanni Dantas Cassali ICB/UFMG cassalig@icb.ufmg.br Geraldo Márcio da Costa DMV/UFLA gmcosta@ufla.br Gerson Barreto Mourão ESALQ/USP gbmourao@esalq.usp.br Hannelore Fuchs Instituto PetSmile afuchs@amcham.com.br Hector Daniel Herrera Univ. de Buenos Aires hdh@fvet.uba.ar Hector Mario Gomez FMV/UNG hectgz@netscape.net Hélio Autran de Moraes Madison S. V. M./UW demorais@svm.vetmed.wisc.edu Hélio Langoni FMVZ/UNESP-Botucatu hlangoni@fmvz.unesp.br Heloisa J. M. de Souza FMV/UFRRJ justen@centroin.com.br Herbert Lima Corrêa ODONTOVET odontovet@odontovet.com Idael C. A. Santa Rosa UFLA starosa@ufla.br James N. B. M. Andrade FMV/UTP jamescardio@hotmail.com Jane Megid FMVZ/UNESP-Botucatu jane@fmvz.unesp.br Janis R. M. Gonzalez FMV/UEL janis@uel.br Jean Carlos Ramos Silva UFRPE, IBMC-Triade jean@triade.org.br João G. Padilha Filho FCAV-UNESP/Jaboticabal padilha@fcav.unesp.br João Pedro A. Neto UAM joaopedrovet@hotmail.com José Alberto P. da Silva FMVZ/USP e UNIBAN jsilva@uniban.br José de Alvarenga FMVZ/USP Alangarve@terra.com.br Jose Fernando Ibañez FMV/UEL fibanez@yahoo.com.br José Luiz Laus FCAV/Unesp/Jaboticabal jllaus@fcav.unesp.br José Ricardo Pachaly UNIPAR pachaly@uol.com.br Karin Werther FCAV/Unesp/Jaboticabal werther@fcav.unesp.br Leonardo Pinto Brandão Merial Saúde Animal leobrandao@yahoo.com Leucio Alves FMV/UFRPE leucioalves@gmail.com Luciana Torres FMVZ/USP lu.torres@terra.com.br Luciane Biazzono DCV/CCA/UEL biazzono@uel.br Lucy M . R. de Muniz FMVZ/UNESP-Botucatu lucy_marie@uol.com.br

Luiz Henrique Machado FMVZ/UNESP-Botucatu henrique@fmvz.unesp.br Marcelo Bahia Labruna FMVZ/USP labruna@usp.br Marcelo de C. Pereira FMVZ/USP marcelcp@usp.br Márcia Marques Jericó UAM e UNISA marciajerico@hotmail.com Marcia M. Kogika FMVZ/USP mmkogika@usp.br Marcio Dentello Lustoza Agener União mdlustoza@uol.com.br Marcio B. Castro UNB mbcastro2005@yahoo.com.br Marcio Dentello Lustoza Agener/União mdlustoza@uol.com.br Márcio Garcia Ribeiro FMVZ/UNESP-Botucatu mgribeiro@fmvz.unesp.br Marco Antonio Gioso FMVZ/USP maggioso@usp.br Marconi Rodrigues de Farias PUC-PR marconi.farias@pucpr.br Maria Cecilia Rui Luvizotto CMV/UNESP-Aracatuba ruimcl@fmva.unesp.br Maria Cristina F. N. S. Hage FMV/UFV crishage@ufv.br Maria Cristina Nobre FMV/UFF mcnobre@predialnet.com.br Maria de Lourdes E. Faria Madison S. V. M. / UW mfaria@svm.vetmed.wisc.edu Maria Isabel Mello Martins FMV/UEL imartins@uel.br Maria Jaqueline Mamprim FMVZ/UNESP-Botucatu jaquelinem@fmvz.unesp.br Maria Lúcia Zaidan Dagli FMVZ/USP malu021@yahoo.com Mariangela Lozano Cruz FMVZ/UNESP-Botucatu neca@fmvz.unesp.br Maria Rosalina R. Gomes Médica veterinária sanitarista rosa-gomes@ig.com.br Marion B. de Koivisto FO/CMV/UNESP/Araçatuba koivisto@fmva.unesp.br Masao Iwasaki FMVZ/USP miwasaki@usp.br Michele A. F. A. Venturini ODONTOVET michele@odontovet.com Michiko Sakate FMVZ/UNESP-Botucatu michikos@fmvz.unesp.br Miriam Siliane Batista FMV/UEL msiliane@uel.br Moacir S. de Lacerda UNIUBE moacir.lacerda@uniube.br Monica Vicky Bahr Arias FMV/UEL vicky@uel.br Nadia Almosny FMV/UFF mcvalny@vm.uff.br Nayro X. Alencar FMV/UFF nayro@vm.uff.br Nilson R. Benites FMVZ/USP benites@usp.br Nobuko Kasai FMVZ/USP nkasai@usp.br Noeme Sousa Rocha FMV/UNESP-Botucatu rochanoeme@fmvz.unesp.br Norma V. Labarthe FMV/UFFe FioCruz labarthe@centroin.com.br

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007

Paulo César Maiorka USP/UNISA pmaiorka@yahoo.com Paulo S. Salzo UNIMES, UNIBAN pssalzo@ig.com.br Paulo Sérgio M. Barros FMVZ/USP pauloeye@usp.br Pedro Germano FSP/USP pmlgerma@usp.br Pedro Luiz Camargo DCV/CCA/UEL p.camargo@uel.br Regina H. R. Ramadinha FMV/UFRRJ regina@vetskin.com.br Renée Laufer Amorim FMVZ/UNESP-Botucatu renee@fmvz.unesp.br Ricardo Duarte CREUPI-SP ricardoduarte@diabetes.vet.br Rita de Cassia Garcia FMV/USP rita@vps.fmvz.usp.br Rita de Cassia Meneses IV/UFRRJ cassia@ufrrj.br Rita Leal Paixão FMV/UFF rita_paixao@uol.com.br Rodrigo Mannarino FMVZ/UNESP-Botucatu r.mannarino@uol.com.br Ronaldo G. Morato CENAP/IBAMA ronaldo@procarnivoros.org.br Rosângela de O. Alves EV/UFG rosecardio@yahoo.com.br Rute Chamie A. de Souza UFRPE/UAG rutecardio@yahoo.com.br Ruthnéa A. L. Muzzi DMV/UFLA ralmuzzi@ufla.br Sady Alexis C. Valdes CENA/USP/Piracicaba sadyzola@usp.com Sheila Canavese Rahal FMVZ/UNESP/Botucatu sheilacr@fmvz.unesp.br Silvia E. Crusco FMVA/UNESP/Araçatuba silviacrusco@terra.com.br Silvia R. G. Cortopassi FMVZ/USP silcorto@usp.br Silvia R. R. Lucas FMVZ/USP Silvio Arruda Vasconcellos FMVZ/USP savasco@usp.br Silvio Luis P. de Souza FMVZ/USP, UAM slpsouza@usp.br Stelio Pacca L. Luna FMVZ/UNESP/Botucatu stelio@fmvz.unesp.br Suely Beloni DCV/CCA/UEL beloni@uel.br Tilde Rodrigues Froes Paiva FMV/UFPR tilde9@hotmail.com Valéria Ruoppolo International Fund for Animal Welfare vruoppolo@uol.com.br Vamilton Santarém Unoeste vamilton@vet.unoeste.br Wagner S. Ushikoshi FMV/UNISA e FMV/CREUPI wushikoshi@yahoo.com.br William G. Vale FCAP/UFPA wmvale@ufpa.br Zalmir S. Cubas Itaipu Binacional cubas@foznet.com.br


Editorial

O

dia do médico veterinário, 9 de setembro, faz com que neste mês tenhamos diversos eventos e muitas comemorações. Para sair do trivial, gostaria de incluir a reflexão sobre a seguinte pergunta: “quem são os veterinários?”. Eles são os profissionais que: tratam da saúde dos animais; que tratam da saúde dos humanos, prevenindo a ocorrência de zoonoses; que elaboram programas de desratização nos metrôs, evitando que o transporte coletivo tenha panes causadas pelos roedores; e que atuam em diversas outras atividades, pois a medicina veterinária é uma profissão extremamente abrangente. Contudo, será que é possível dizer que os veterinários são os profissionais que protegem os animais, que os amam e os respeitam como seres vivos senscientes? Quem seguramente tem esse perfil é o homenageado de outubro, São Francisco de Assis. A realidade é que ainda há muito sofrimento animal proporcionado pelos veterinários e pelos estudantes de veterinária. Quando um estudante diz que não abre mão de animal vivo em aula prática, ele está sendo, no mínimo, egoísta por não pensar nos colegas. Numa turma de estudantes, certamente há alunos habilidosos, mas da mesma forma existem aqueles que não dispõem de habilidade manual e que se sentem estressados e inseguros em participar de determinadas aulas práticas. O detalhe é que são esses alunos estressados e inseguros, que, talvez até contra a própria vontade, que proporcionarão mais sofrimentos aos animais. E isso não significa que serão incapazes. Significa que precisam de capacitação adequada e gradual. Além do egoísmo, podese incluir a falta de compaixão tanto com os colegas quanto com os animais. O aluno que sonha em “costurar” animais, seguramente estará fazendo isso, na hora certa, ao lado de professores e com pacientes, não com “voluntários”. Há muitas técnicas substitutivas. Praticar técnica de sutura em casca de banana, sem rasgá-la ao tracionar o fio, é um exemplo simples, que simula a sutura em tecidos friáveis. A ansiedade dos acadêmicos em serem veterinários não pode sobrepor a capacitação para serem veterinários. Por isso, é fundamental que os veterinários responsáveis pela formação dos estudantes dêem o exemplo. Júlia Matera, professora de cirurgia na FMVZ/USP desenvolveu e divulga a técnica de conservação de cadávares para treinamento de técnica cirúrgica. Rodrigo Rabelo, presidente da Academia Brasileira de Medicina Veterinária Intensiva (BVECCS), tem ministrado excelentes e concorridos cursos de emergência usando técnicas substitutivas. Stelio Pacca Loureiro Luna, professor da FMVZ/Unesp/Botucatu e Alfredo Feio de Maia Lima, doutorando da mesma instituição, desenvolveram o didático e útil DVD sobre técnicas cirúrgicas minimamente invasivas de contracepção em cães e gatos. Na medicina as técnicas substitutivas também são realidade. No dia 13 de agosto, o governador do Estado de São Paulo, José Serra, inaugurou o Centro de Ensino e Pesquisa em Cirurgia Vicky Safra(CEPEC), no prédio da Faculdade de Medicina da USP (FM/USP). O centro conta com modernos equipamentos cirúrgicos, com destaque para dois simuladores virtuais de cirurgia norte-americanos, únicos no Brasil. Com eles é possível a realização de cirurgias virtuais criadas por programas de computadores que reproduzem em um monitor as etapas de intervenções abdominais. Com esse centro, vai se poder treinar com muito mais efetividade, com muito mais garantia, os novos médicos, os residentes, os estudantes, comentou José Serra após descerrar a placa inaugural. O centro é totalmente computadorizado. O estudante ou o médico recémformado faz uma cirurgia como se fosse verdadeira, embora seja virtual, completou. Com toda essa tecnologia disponível, alimentar o pensamento de que é necessária a vivissecção para a capacitação de veterinários, além de cruel, é antiquado. Vamos todos ser favoráveis à ausência O médico veterinário Andrew Knight mantém o site do sofrimento animal na educação e na capacitação profissional. http://www.humanelearning.info, que traz mais de Vamos comemorar o 9 de setembro, com o mesmo respeito, com- 400 trabalhos descrevendo técnicas de ensino substipaixão e amor que se comemora o dia 4 de outubro. Afinal, é de paz tutivas e diversos links para outros sites relacionados ao tema que o mundo precisa. E vale ressaltar as palavras de Mahatma Gandhi: Não há caminho para a paz. A paz é o caminho.

Arthur de Vasconcelos Paes Barretto Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007

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Opinião

Educação ambiental: um desafio à conservação para o médico veterinário Daniel Barreto de Siqueira, CRMV PE 3208; aluno de pós-graduação - UFRPE, danielbsiqueira@yahoo.com.br

O

impacto ambiental decorrente da pressão antrópica sempre ocorreu, sob as mais diversas formas possíveis. Nessa perspectiva, o desafio com o qual os conservacionistas se defrontam é bastante grande, na medida em que determinadas atitudes e/ou ações, quando implementadas repetidamente, passam a fazer parte da cultura das populações. É importante considerar que ser um “educador ambiental” não é, exclusivamente, responsabilidade daqueles que obtiveram título de biólogo, médico veterinário ou administrador de empresas, mas de qualquer cidadão que se preocupe com a manutenção - e/ou o resgate - do equilíbrio ecológico e com o futuro da humanidade. A “educação ambiental” excede o âmbito do ensino formal: pode ser praticada em qualquer lugar, a qualquer hora e por qualquer pessoa.

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A preocupação com o meio ambiente tomou tal vulto na organização social que, nos últimos anos, vem sendo gradativamente inserida nas escolas. Essa questão é um fator de fundamental importância a médio e longo prazo, pois possibilita à criança a formação de uma consciência ecológica e permite que ações futuras possam ser desenvolvidas de modo mais sustentável, respeitando os recursos naturais de que ainda dispomos. Porém, este trabalho não deve se limitar apenas às crianças. Deve-se também procurar sensibilizar a população em geral sobre a preservação do meio ambiente a fim de que ela possa agir e lutar para ter um futuro em que outras pessoas não possam lamentar a nossa displicência de hoje. O conhecimento técnico-científico que o médico veterinário possui permite ao profissional abordar diversas questões

relacionadas à saúde ecológica na natureza e na sociedade, estabelecendo um equilíbrio entre a saúde humana, animal e ambiental. Para isso é imprescindível que ele desperte sua consciência para as questões ambientais e reconheça a sua importância na área, independentemente do campo de atuação. Somando-se a isso, a transdisciplinaridade em ações conjuntas com os profissionais de outras áreas permite um trabalho de maior impacto e abrangência para a sociedade e para o meio ambiente. Muito se fala atualmente sobre o aquecimento global. As evidências mostram que se cada um de nós não fizer rapidamente a sua parte, num futuro próximo poucas serão as chances de sobrevivermos. Quando não preservamos o meio ambiente em que vivemos, nós estamos deixando de nos preservar!

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007





Proprietários de estabelecimentos veterinários fundam associação

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Proprietários dos Hospitais: Santa Inês, Pompéia, Sena Madureira, Pet Care, Rebouças e dos centros de diagnósticos: Instituto Veterinário de Imagem (IVI) e Dognostic que participaram da fundação da AEVESP

o dia 7 de agosto de 2007 foi fundada, em São Paulo, SP, a Associação dos Estabelecimentos Veterinários de São Paulo (AEVESP) uma associação sem fins lucrativos que estabelecerá o intercâmbio entre as empresas privadas veterinárias de São Paulo, com o objetivo de desenvolver o setor.

A Diretoria da AEVESP gestão 20072008 será composta pelos médicos veterinários: Rafael C. Jorge, presidente do Hospital Pompéia; Carla Berl, vice presidente do Hospital Pet Care; Patricia M. S. Urtado, tesoureira do Instituto Veterinário de Imagem (IVI); João A. Buck, 1º secretário do Hospital Santa Inês e Mário Marcondes dos Santos, 2º secretário do Hospital Sena Madureira.

Acurácia de exames sem provocar estresse nos pacientes

O

Hospital Veterinário Sena Madureira está investindo na aquisição de novos equipamentos de última geração. "Com isso, o hospital continuará habilitado a realizar os procedimentos mais avançados de diagnóstico subtraindo os níveis de estresse em cães e gatos", afirma o diretor dr. Mário Marcondes. Os investimentos incluem a compra de duas unidades para monitoração multiparâmetro, próprias para o uso em UTI animal, e centro-cirúrgico que possibilitam a monitoração do paciente com maior precisão (por serem próprios para animais) e até via internet. Foi adquirido também um estetoscópio eletrônico que amplifica o som e possibilita a separação da auscultação do pulmão sem a interferência dos batimentos cardíacos e vice-versa para uso em animais de terapia intensiva. Na área de cardiologia veterinária, o Hospital Veterinário Sena Madureira também está adquirindo modernos equipamentos. Um deles, o eletrocardiograma esofágico – de tecnologia americana, inédita no Brasil – que possibilita o avanço na monitoração cardíaca. Também foram adquiridos um moderno aparelho de mapeamento da pressão arterial (pet map), que substitui o antigo método Doppler, e um termômetro a laser, que mede a temperatura à distância em fração de segundos. Com esses equipamentos e os demais que já estão em funcionamento, o Hospital Veterinário Sena Madureira moderniza sua divisão de tecnologia diagnóstica e de terapia intensiva. "Além disso, investimos também no setor de treinamento de emergência da equipe médica", explica Marcondes. O Hospital trouxe dos 10

EUA um manequim felino com pulmão, sangue e veias artificiais onde é possível aperfeiçoar técnica de coleta de sangue e entubação em caso de parada respiratória. Ainda na área de emergência foi adquirido um equipamento portátil que é acoplado a um estetoscópio de tecnologia suíça que possibilita a realização do eletrocardiograma em segundos. "Com esta nova tecnologia européia conseguimos na emergência avaliar o eletrocardiograma do animal apenas encostando o equipamento no tórax do animal - sem a desvantagem das garrinhas convencionais que além da demora para obtenção do eletro ainda são desconfortáveis", afirma o diretor clínico do hospital, que optou pela aquisição destes equipamentos importados devido à alta precisão por serem próprios para medicina veterinária. Na área de endocrinologia o hospital traz a maior novidade: o monitor contínuo de glicose. O aparelho pode informar, em tempo real, os valores de glicose, bem coMonitor contínuo mo se existe uma de glicose tendência de aumento ou diminuição nos valores. O equipamento não fica ligado ao animal: por ondas sonoras o chip de um cateter eletrônico subcutâneo fixado no animal transfere os dados para o equipamento móvel que pode gravar e transmitir os dados da curva glicêmica para uma central de computadores que emite um relatório gráfico das glicemias nas 24 horas. "Será um avanço na área de diabetes tanto canina quanto humana, pois os resultados das análises

poderão servir inclusive para um melhor entendimento da doença do homem", destaca Marcondes. Este equipamento será utilizado primeiramente pelo setor científico e de implementação de novas tecnologias do Hospital Veterinário Sena Madureira e em breve estará disponível para o uso na rotina de terapia intensiva e atendimento de endocrinologia. "O aparelho acaba de chegar e já recebemos telefonemas de vários dos nossos clientes interessados na maior acurácia e investigação do diabetes que o equipamento possibilitará. É bastante gratificante para nós veterinários sentir como os proprietários estão atentos às novidades tecnológicas do setor", comemora Marcondes. A aquisição desses novos equipamentos antes disponíveis somente nos Estados Unidos e Europa vem se somar às inúmeras facilidades já oferecidas pelo complexo hospitalar desde sua inauguração há trinta e oito anos. Instalada no bairro da Vila Mariana, a unidade possui infra-estrutura completa para a realização de mais de cem tipos diferentes de exames, desde o mais simples hemograma até os mais complexos exames de precisão, como no caso da videolaparoscopia. Isso permite que os seus clientes possam realizar todos os exames em um só lugar sem o inconveniente de sucessivos deslocamentos. Além disso, os avançados recursos tecnológicos e investimentos na área científica, aliados a uma equipe de profissionais capacitados, reforçam o compromisso do Hospital Veterinário Sena Madureira com a saúde e bem estar animal.

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007



Alltech amplia suas instalações

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Alltech ampliou recentemente suas instalações em São Pedro, PR, onde está localizada a maior fábrica de leveduras do mundo, com capacidade de produção de mais de 100.000 toneladas ao ano de produtos, tais como NuPro®, Mycosorb® e Sel-Plex®. A expansão da fábrica da Alltech inclui a colocação do novo secador adicional de última geração: “O foguete”. Mark Lyons, diretor global de projetos, explicou: “Este é um avanço significativo para a Alltech, particularmente se considerarmos que permite que a empresa vá ainda mais longe e forneça seus principais produtos para todo o planeta. Este secador, construí-

do utilizando tecnologia própria, levará à expansão da gama de produtos da empresa e das suas capacidades. Também permite à Alltech contribuir para o desenvolvimento local dentro da região.” O novo secador de última geração “O foguete” - é de suma importância para resolver a demanda em escala de NuPro®, que aumentou suas vendas em 58% em 2007 em termos globais. NuPro® é uma fonte nutritiva funcional fabricada a partir do conteúdo interno da célula de uma cepa específica da levedura Saccharomyces cerevisae 1026. É uma fonte rica em aminoácidos altamente digestíveis, e

também possui alto teor de nucleotídeos. Os nucleotídeos realizam uma função específica no desenvolvimento do músculo esquelético e cardíaco, do tecido fino hepático e intestinal, e no desenvolvimento e manutenção do sistema imune. Estabelecida nos Estados Unidos, a empresa desenvolveu presença regional forte na Europa, América do Norte, América Latina, no Oriente Médio, na África e na região Ásia-Pacífico. Possui 14 fábricas de produção estabelecidas estrategicamente ao redor do mundo. A Alltech cresce atualmente com um índice orgânico de 25% ao ano.

Novidades na linha K&S da Total Alimentos

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s alimentos da linha Premium Especial K&S, da Total Alimentos, receberam novas embalagens com design inovador e contaram com a implementação de mix de partículas. Um novo produto – K&S Cães Adultos de Pequeno Porte – completa as novidades que chegaram aos pet shops e clínicas veterinárias. O mix de partículas foi destacado em todos os produtos. “Este mix é irresistível até para os cães com apetite exigente, pois, juntas, estas duas partículas

O design inovador das novas embalagens da linha K&S destaca o mix de partículas que foi implementado ao alimento

(crocante e macia) promovem diferentes sensações de texturas e sabores, estimulando a mastigação e salivação, o que favorece o processo de digestão. Além disso, são enriquecidas com ovo desidratado (uma das fontes de proteína animal mais completa nutricionalmente, principalmente para o desenvolvimento muscular) e formuladas com carne fresca (conferindo alta digestibilidade)”, explicou o médico veterinário Manoel Valim, da Divisão Max e K&S da Total Alimentos.

MARS Brasil promove prêmio para estudantes de medicina veterinária Prêmio de Pesquisa Waltham oferece viagens para Londres e inscrições no Congresso da Anclivepa 2008

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MARS Brasil, fabricante das marcas Pedigree® e Whiskas®, investe na educação de estudantes de medicina veterinária e promove o Prêmio de Pesquisa Waltham, cujo objetivo é incentivar a pesquisa acadêmica entre os universitários. Para participar do prêmio é preciso ser estudante de medicina veterinária, dos dois últimos anos do curso, de qualquer

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universidade brasileira. Os participantes devem escolher qualquer assunto dentro do tema “Medicina Veterinária para Cães e/ou Gatos”. Serão aceitas revisões bibliográficas, trabalhos experimentais e estudos retrospectivos. Cada concorrente deverá escolher um médico veterinário para orientar a execução do trabalho. Os vencedores do Prêmio de Pesquisa Waltham receberão uma viagem de uma semana para a Inglaterra, com traslado, hospedagem e refeições, para conhecer o Centro de Pesquisa Waltham. O ganhador também conhecerá a fábrica da Pedigree® Pet Food no país.

O prêmio para o segundo colocado é uma viagem (passagem e hotel) e inscrição para o Congresso Brasileiro da ANCLIVEPA 2008, que será realizado em Maceió, AL. O terceiro lugar recebe a inscrição para o mesmo evento e o livro “The Waltham Book of Clinical Nutrition of the Dog and Cat” de Josephine Wills e Kenneth W. Simpson. As inscrições deverão ser feitas até o dia 30 de setembro de 2007. O formulário de inscrição está disponível on line na seção veterinários dos sites: ww.pedigree.com.br e www.whiskas. com.br.

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Ceva incrementa a sua participação no mercado com a aquisição da Vetbrands

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om a aquisição da Vetbrands Saúde Animal em 6 de julho de 2007, a Ceva Sante Animale aumenta e diversifica a sua presença no mercado veterinário brasileiro. A Ceva eleva a sua força no mercado e passa a fazer parte das 10° maiores empresas do mercado farmacêutico veterinário do Brasil. A Vetbrands Saúde Animal ocupa a 12° posição

no ranking das maiores indústrias de saúde animal do Brasil, com faturamento anual de U$ 32 milhões e 140 colaboradores. Nos últimos 4 anos, aumentou seu faturamento em 80% e introduziu uma série de novos produtos incluindo biológicos e investiu na implantação da moderna GMP na nova estrutura industrial localizada em Paulínia, SP. Atualmente, o grupo Ceva está presente em 144 países e conta com 1760 colaboradores, 40 subsidiárias, 13 plantas de produção e 4 centros de pesquisa

e desenvolvimento. Com um faturamento de 301,1 milhões euros em 2006, 11,5% acima do ano anterior, a Ceva passou a ocupar a 10° posição em volume de vendas e 3° lugar em crescimento no mercado global. Com a fusão da Ceva e da Vetbrands, passam a ocupar a 9° posição no ranking das maiores empresas com um faturamento de aproximadamente R$ 100 milhões e firmam sua presença em praticamente todos os segmentos do mercado veterinário brasileiro.

Merial completa uma década de liderança em saúde animal

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Merial está completando dez anos de atuação no mercado de saúde animal. A empresa, joint-venture entre Merck e sanofi-aventis, chega a esse momento com números bastante consistentes. Presente em mais de 150 países, emprega aproximadamente 5 mil pessoas e, em 2006, atingiu faturamento de US$ 2,2 bilhões. Além de indicadores expressivos, a Merial avança porque entende e valoriza a vital interdependência dos médicos veterinários, produtores, técnicos, instituições públicas e privadas e todos os demais envolvidos na cadeia de produtos veterinários, elos que trabalham juntos em prol do melhor tratamento para animais de companhia, de produção e também espécies exóticas e selvagens, explica José Barella, o brasileiro que, recentemente, tornou-se presidente mundial da empresa. Em uma década de investimentos em saúde animal, as vendas da Merial cresceram 60%, acima da média do mercado. Nesse mesmo período, a empresa criou mais de 1.300 postos de trabalho ligados à descoberta, desenvolvimento, produção e marketing de produtos terapêuticos e biológicos. Uma década não é um longo período para uma organização cujas raízes estão em Louis Pasteur, mas esse período nos dá a oportunidade não apenas de celebrar nossas conquistas, mas também refletir e olhar para o 14

futuro. Para a Merial está claro que apenas o trabalho em conjunto de todos os segmentos é suficientemente poderoso para vencer os desafios da saúde animal. Daí o nosso tema “Moldando Juntos a Saúde Animal”, diz o executivo. Desde o início de suas atividades, a Merial é líder no mercado de saúde animal. Para isso, colaboram decisivamente duas jóias da indústria veterinária: os princípios ativos ivermectina e friponil. Ivermectina foi a primeira molécula a controlar, simultaneamente, parasitas internos e externos em bovinos. Atualmente, a ivermectina está presente na formulação do endectocida Ivomec® para gado, ovinos e suínos; também em Heartguard®, contra a dirofilariose em cães, e em Eqvalan®, para verminoses em cavalos. Fipronil está presente em Frontline®, antipulgas e anticarrapaticida para pequenos animais. Ivomec® e Frontline® dão impressionante solidez à atuação da Merial no mundo todo. Em termos globais, o sucesso de Frontline® colabora decisivamente para o crescimento da empresa acima da média do segmento pet.

Além de Frontline®, a empresa desenvolveu Previcox® para osteoartrite canina e uma ampla linha de vacinas para cães e gatos. A empresa está presente em todos os continentes e tem plantas industriais no Brasil, França, Estados Unidos, Itália, Grã-Bretanha, Uruguai e China. Adicionalmente, mantém centros de pesquisas e desenvolvimento no Brasil, França, Estados Unidos e Alemanha. No ano passado, o faturamento total da empresa atingiu US$ 2,2 bilhões. Frontline® consolidou-se como o produto de maior sucesso na indústria de saúde animal, representando 40% das vendas totais da Merial. As vacinas participaram com 26% da receita e produtos à base de ivermectina com 23%. A busca constante por novos produtos para vencer os desafios da saúde animal continua. A Merial acaba de receber a licença para a primeira vacina terapêutica contra o câncer, tanto para humanos como para animais. A vacina já está disponível para tratamento de melanoma canino nos Estados Unidos. Em 2006, a Merial investiu pesado no aumento da capacidade de produção e modernização de suas unidades industriais. Este trabalho segue na maioria das fábricas. Com isso, a organização renova o seu compromisso de renovar e aumentar suas bases em saúde animal em terFrontline , produto consolidado mundialmente mos globais. ®

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Rio Vet Trade Show 2007 – negócios em expansão

A Bayer focou o seu mais recente lançamento: o profender SpotOn. O produto é inovador e garante a vermifugação de gatos sem estresse

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Jorge S. G. L.

Arthur Barretto

Jorge S. G. L.

Visitantes da Rio Vet 2007 também contribuíram para o enriquecimento do evento, como foi o caso de Marcelo Coruso (corusoresgate@yahoo. com.br), especialista no treinamento de cães de resgate Arthur Barretto

epresentantes dos segmenespecialista em oncologia. Arthur Barretto tos veterinário e pet - um Em paralelo também fomercado que há uma décaram realizados os eventos: da cresce a uma taxa méEncontro do Varejo Pet, II dia de 15% ao ano - estiCongresso de Conceitos veram reunidos no Rioem Bem-Estar Animal centro, de 9 a 11 de agos(WSPA) e Meeting de to, na feira de negócios tosa. Todos transmitiram Rio Vet Trade Show 2007. importantes informações, Em paralelo, foi realizada a pois com o consumidor cada 7ª Conferência Sul-Americana de vez mais exigente e com o mercado Medicina Veterinária, que trouxe, pela em constante transformação, como a primeira vez ao Brasil, três expoentes adequação à Norma Regulamentadora do setor - o médico veterinário ameri32 (Nr 32), que estabelece os parâmecano John August, especialista em metros de segurança e saúde no trabalho, dicina interna felina, Mark Peterson, estar atualizado é essencial. especialista em endocrinologia, e a O evento continou mostrando que o também americana Barbara Kitchell, Rio de Janeiro é um importante pólo de negócios do seEduardo Batistor de animais de ta Borges, presidente companhia. Dirido CRMVgentes de diversas RJ, entidaempresas recode que nhecem isso e apóia o evento, enestão dispostos a fatizou a sua continuar diriginimportância do esforços para para a veterinária colobarar com a capacitação e desenvolvimento do mercado. O resultado disso poderá ser visto na Rio Vet Trade Show 2008. Não percam!

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A Organnact, empresa brasileira de suplementos para nutrição animal, esteve presente na Rio Vet 2007. Antonio Bacila (ao lado), diretor geral da empresa, compareceu pessoalmente ao evento. Assim como, a diretora de marketing, Adriane R. Oliveira (ao lado), responsável pela atual campanha do probiótico Pet Palitos, produto inédito e que vem tendo sucesso perante os médicos veterinários e consumidores em geral

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A Brasmed lançou, na Rio Vet Trade Show, a prótese WS, que possui cabeça intercambiável. O produto beneficia os pacientes que necessitam de artroplastia total do quadril. O sistema garante precisão cirúrgica e boa adaptação aos mais variados tamanhos e raças de cães acima de 25kg

Os trabalhos apresentados na 7ª Conferência Sul-Americana de Medicina Veterinária foram publicados em formato eletrônico, como suplemento da revista da UFRRJ, Série Ciências da Vida, v. 27, 2007 Arthur Barretto

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Aparelhos de anestesia inalatória da RWR. Novidade apresentada pela Med-Sinal

Participantes interessados em endocrinologia, tema abordado por Mark E. Peterson (EUA) e discutido em conjunto por especialistas brasileiros durante mesa-redonda, também puderam conhecer os serviços específicos de diagnóstico em endocrinologia veterinária fornecidos pelo BET Laboratories (www.betlabs.com.br)


A Merial, que completa uma década de atuação em saúde animal, participou divulgadando seus excelentes produtos como o Previcox e a Feline-4

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Os alimentos Pedigree® e Whiskas® foram o foco da atenção de muitos visitantes da Rio Vet Trade Show Arthur Barretto

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A Schering Plough esteve presente dando destaque ao antiinflamatório Zubrin, que age através dupla via de ação (bloqueia as vias Cox e Lox), proporcionando eficácia e segurança. A empresa finalizou em junho o ciclo de palestras nacionais de lançamento do Zubrin. Foram 14 eventos pelo Brasil, realizados por palestrantes experientes, que contaram com a presença de aproximadamente 1200 pessoas, entre veterinários e estudantes. Além das palestras nacionais, a Schering -Plough também está promovendo palestras secundárias e em universidades e já atingiu até o momento mais 2173 pessoas, entre alunos e profissionais, totalizando um público de 3373 pessoas informadas sobre o produto e o tratamento da dor

A equipe da Vetnil deu destaque ao mais novo lançamento da empresa, o substitutivo do leite para filhotes de cães e gatos, o Pet Milk. O produto possui todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento dos recém- nascidos

Florais de Saint Germain para animais (www.fsg.com.br). A novidade, inédita no mercado, despertou o interesse de vários profissionais

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Nas áreas de pequenos animais e felinos, a 7ª Conferência Sul-Americana de Medicina Veterinária contou com palestantes internacionais. Além disso, o aproveitamento do conhecimento trazido do exterior foi enriquecido ao se interagir, através de mesas-redondas, os palestrantes internacionais com os especialistas brasileiros. Essa relação adapta o conhecimento estrangeiro à realidade brasileira Arthur Barretto

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Cenas de Quem ama, vacina

A Fort Rio, importante canal de distribuição das marcas Fort Dodge, Labyes, Konig, Famabase, Hill’s, Fitoguard, Duprat e Dog’s Care, destacou-se no evento. Além de uma estruturada equipe de atendimento, a Fort Rio exibiu continuamente no seu espaço, o comercial da Fort Dodge que foi veiculado pela TV Globo durante o mês de agosto. O filme publicitário “Quem ama, vacina” foi ao ar nas manhãs de segunda a sexta-feira durante intervalo comercial do programa “Mais Você”, apresentado por Ana Maria Braga. Durante os 30 segundos de duração explorou-se a relação de afeto existente entre os cães e seus proprietários como meio para a divulgação da mensagem central, que é informar que a vacinação deve ser feita exclusivamente por um médico veterinário. Segundo Tiago Papa, Gerente de Negócios Sênior da Fort Dodge, esta ação comprovou que a empresa acredita e investe em ações que incentivem a conscientização da população, valorizando o profissional e criando demanda para as clínicas veterinárias

John August, Heloisa Justen, Fernanda Amorim e Christine Martins durante mesa-redonda sobre felinos A oncologia foi importante tema presente, através das palestras de Barbara Kitchell, e discutido em mesa-redonda

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O II Congresso de Internacional de Conceitos em Bem-Estar Animal, promovido pela WSPA Brasil e realizado durante a Rio Vet Trade Show, contou com renomados palestrantes. Além disso, a WSPA empenhou-se em divulgar suas campanhas e projetos realizados através de farto Melhores material disponível Néstor Calderón frisou a importância do clínico, durante suas consultas, promover a guarda responsável

www.wspabrasil.org

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trabalhos apresentados no II Congresso Internacional de Conceitos em Bem-Estar Animal 1 - Opinião dos ordenhadores sobre suas interações com as vacas leiteiras Aline Cristina Sant'anna 1; Mateus José Rodrigues Paranhos Da Costa 2 1 - Mestranda do curso de pós-graduação em Zootecnia, FCAV - Unesp Campus de Jaboticabal - SP; ETCO Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal, FCAV - Unesp Campus de Jaboticabal - SP. ac_santanna@yahoo.com.br 2 - Professor - Departamento de Zootecnia, FCAV - Unesp Campus de Jaboticabal - SP; Coordenador do ETCO Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal, FCAV - Unesp Campus de Jaboticabal. SP. mpcosta@fcav.unesp.br

Encontro do Varejo Pet contou com aula prática de higienização de felino demonstrada por Elaine Aparecida Pinheiro, do gatil Thuka’s Golden Perle Arthur Barretto

Integrado à programação da 7ª Conferência Sul-Americana de Medicina Veterinária aconteceu o Seminário de Alimentação e Nutrição Pet, promovido pela Royal Canin. O seminário contou com a palestra de Júlio César C. Veado, da UFMG (direita), que abordou o tema Suporte nutricional para animais hospitalizados, seguido de mesa redonda enriquecida pela presença de Márcio Antônio Brunetto, Juliana de Oliveira e Maria Clorinda Soares. O assunto debatido foi acompanhado atentamente pelos clínicos presentes, pois a aplicação dos conceitos de nutrição enteral fazem a diferença na recuperação dos pacientes hospitalizados. Além de poder contar com as importantes informações fornecidas pelos especialistas, os participantes do seminário foram contemplados com importante fascículo da Focus dedicado a cuidados intensivos e com a notícia do futuro lançamento da Royal Canin: Recovery, que se destaca por possuir exclusiva textura para a nutrição enteral e fornecer suporte nutricional para pacientes que estão em cuidados intensivos, convalescença ou em período pós-cirúrgico. Quem tem interesse no assunto pode conferi-lo em dois eventos que serão realizados: o II Simpósio de Nutrição Clínica de Cães e Gatos. Foco em doenças gastrintestinais, que ocorre nos dias 9 e 10 de novembro, em Jabotical, SP, e o IV Congresso Mineiro da Anclivepa, que ocorre de 4 a 6 de outubro, em Belo Horizonte, MG. Consulte esses e outros eventos através do portal www.agendaveterinaria.com.br

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Recovery, futuro lançamento da Royal Canin

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Rebecca Dung e Sergio Lobato, além de enriquecerem o conteúdo do Encontro Nacional de Varejo Pet, estiveram presentes na Rio Vet fornecendo consultoria e projetos para empresários do setor pet

Debora Aceti, durante o curso e metting de tosa, cedeu importante informação referente ao registro de profissionais do setor: auxiliar veterinário, enfermeiro veterinário e esteticista animal, tosador e banhista são atividades que já fazem parte do CBO (Cadastro Brasileiro de Ocupações). Consulte o CBO através do endereço: www.mtecbo.gov.br/busca.asp

2 - A construção do conceito de qualidade de vida animal Paula Gazé Holguin 1; Rita Leal Paixão 2 1 - MV, Mestranda em Medicina Veterinária - Clínica e Reprodução Animal - Universidade Federal Fluminense Niterói/RJ. paulaghvet@hotmail.com 2 - MV, M.Sc, D.Sc, Professora Adjunta do Departamento Fisiologia e Farmacologia do Instituto Biomédico-UFFNiterói/ RJ. rpaixao@vm.uff.br

3 - Avaliação dos efeitos da aplicação de afago no comportamento e desenvolvimento de bezerros bubalinos Luciandra Macedo de Toledo 1,2; Mateus J. R. Paranhos da Costa 2,3; Roberto H. Reichert 1 ; Nélcio Tonizza de Carvalho1 - Pesquisador Científico, APTA/Pólo Regional do Vale do Ribeira - UPD Registro-SP, Brasil. lmtoledo@aptaregional. sp.gov.br 2 - ETCO- Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal 3 - Prof. dr. UNESP - FCAV - Jaboticabal- SP 1



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II Congresso Internacional de Conceitos em Bem-Estar Animal Andrew Knight, BSc., BVMS, CertAW, MRCVS, diretor da Animal Consultants International (www. animalconsultants.org), entidade que congrega especialistas que colaboram com projetos internacionais de bem-estar animal, palestrante no II Congresso Internacional de Conceitos de Bem-Estar Animal, também contribuiu apresentando os pôsteres Advancing animal welfare standards within the veterinary profession (Padrões avançados de bem-estar animal na profissão veterinária) e Poor animal welfare positions illustrate the need for improved education of veterinarians (As deficiências do bem-estar animal ilustram a necessidade para o incremento da educação dos veterinários). Este último, como co-autor de Jasmijn de Boo, BSc (Hons), MSc, DipEd. Education Projects Manager, WSPA. Além disso, Knight expôs no evento grande variedade de opções substitutivas para utilização no ensino da medicina veterinária, atitude que foi muito enriquecida pela sua gentil disposição em permanecer no stand da WSPA explicando e dando detalhes sobre todas as opções. Muitas outras opções podem ser conferidas através do sítio mantido por Knight: www.humanelearning.info. Outros sítios mantidos por ele são www.vegepets.info, que se propõe a dizer “A verdade sobre a alimentação carnívora e vegetariana para cães e gatos”. O endereço da versão em português é www.vegepets.info/translations/portugese/index.htm. A médica veterinária Rita de Cássia Garcia também fez importante contribuição apresentando os pôsteres: A influência do movimento de proteção, defesa e bem-estar animal na política pública de controle ético das populações de cães e gatos na cidade de São Paulo, SP e Oficial de controle animal: aliado da comunidade e do animal (este último, com a contribuição de colaboradores).

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Andrew Knight com manequim desenvolvido para treinamento em pacientes felinos

Virtual Canine Anatomy é um excelente atlas anatômico. Apresenta também casos clínicos com vídeos

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Acima, alguns dos ítens utilizados no ensino humanitário de técnicas cirúrgicas



Bem-estar animal O bem-estar animal na experimentação e no ensino

por Arthur de Vasconcelos Paes Barretto

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uitos políticos têm direcionado esforços para que seja aprovado, com brevidade, a regulamentação para a experimentação animal no Brasil. Esses projetos que visam a regulamentação existem há anos e seguem aguardando sua aprovação. Da mesma forma como foi feito com os transgênicos, a pressa é fundamental para aqueles que desejam manter a prática da vivissecção no ensino e na pesquisa. Enquanto isso, tenta-se difundir na opinião pública que os experimentos, “todos éticos”, são fundamentais para o avanço da ciência. O dr. Laerte Levai, promotor de Justiça de São José dos Campos, SP, e autor do livro Direito dos animais, tem outro discurso: “Sob a justificativa de buscar o progresso da ciência, o pesquisador prende, fere, quebra, escalpela, penetra, queima, secciona, mutila e mata, perfazendo um autêntico massacre consentido. Em suas mãos, criaturas vivas tornam-se cobaias, modelos, simples exemplares e depois peças descartáveis”. Rita Leal Paixão, médica veterinária e doutora em ciências pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca publicou na revista do CFMV n. 40, Ano 13, 2007, o artigo A regulamentação da experimentação animal: uma breve revisão. O artigo mostra as tendências da experimentação animal em diversos países e que, principalmente na Europa, além dessa prática estar cada vez mais restrita, estimula-se

o uso e a criação de métodos substitutivos. Sônia T. Felipe, professora e pesquisadora do Departamento de Filosofia da UFSC, em sua recente obra Ética e experimentação animal - fundamentos abolicionistas, aborda, entre vários outros ítens que envolvem a questão, que os argumentos que sustentam a indústria da experimentação animal são de ordem econômica, não moral. Ao apontarem os benefícios, resultado da experimentação em animal vivo, para humanos, os defensores da indústria da experimentação omitem o custo, em dor e sofrimento, que tais experimentos representam para aqueles que são submetidos a eles, sem necessidade, sem recompensa, sem benefício algum. Em muitas universidades onde há a redução da prática da vivissecção, a pressão dos alunos foi fundamental. Um exemplo recente e brasileiro acabou de ser dado pela Faculdade de Medicina da Fundação do ABC, que proibiu o uso de qualquer animal vivo nas aulas de graduação. Portaria em vigor desde 17 de agosto coloca a instituição como primeira no País a abolir completamente essa prática, que agora fica liberada somente para pesquisas inéditas, com relevância científica e previamente aprovadas pelo CEEA - Comitê de Ética em Experimentação Animal da FMABC. Demonstrando consciência pela questão, algumas empresas buscam soluções humanitárias para seus produtos, como

www.ninarosa.org

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é o caso da empresa de cosméticos L'Oréal, que acaba de desenvolver a Episkin, uma versão de laboratório da pele humana que deve dispensar a necessidade de usar animais em testes de segurança de produtos de beleza ou limpeza. A L’Oréal trabalha no projeto desde os anos 1980, mas uma série de novas leis da União Européia aceleraram o desenvolvimento do projeto. Os pesquisadores da empresa usam, como fonte da Episkin, células da pele que sobram de cirurgias nos seios: os queratinócitos. Elas são cultivadas em camadas, em cima de colágeno. Nos testes, pedaços de Episkin são colocados dentro do produto químico em questão. Usando um corante especial que fica azul na presença de células vivas, é possível checar que proporção da pele é morta pela substância testada. Em alguns casos, a reação da pele artificial se mostrou mais precisa do que a de animais na hora de predizer a reação humana a certos cosméticos. Segundo os pesquisadores, a Episkin é bastante versátil. Pode-se simular o envelhecimento da pele expondo o tecido à luz ultravioleta, e o bronzeamento com a ajuda de melanócitos. A variação racial também pode ser simulada usando como fonte de células a pele de mulheres de raças diferentes – detalhe muito útil ao medir a eficácia de protetores solares. Esse avanço tecnológico promovido pela L'Oréal, confirma as evidências de que a experimentação animal não serve para a validação de produtos para humanos. O desastre causado pela talidomida foi a principal prova disso, mas existem muitos outros casos de produtos que foram recolhidos às pressas quando foram liberados para uso humano. Em face a importância do assunto é fundamental manter-se atualizado sobre a questão, principalmente para os estudantes que não são simpatizantes da prática da vivissecção. A principal forma de ajudar é dizendo não. A escusa de consciência faz parte do capítulo dos Direitos e Garantias Fundamentais da Constituição Federal. Ela preserva as convições íntimas do cidadão e não obriga ninguém a cometer violência contra si proóprio.

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Saúde pública Leishmaniose foi amplamente discutida em Belo Horizonte

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Vitor Márcio Ribeiro (PUC - Betim), Fernando Cruz Laender (presidente do CRMV-MG), Ênio G. da Silva (tesoureiro do CFMV) e Manfredo Werkrausen (vice-presidente da Anclivepa Brasil) durante a abertura do simpósio que discutiu o diagnóstico, a prevenção e o tratamento da leishmaniose visceral canina

bem claro ao apresentar diversos casos nos quais os pacientes eram positivos em alguns exames e negativos em outros. "É fundamental associar aos resultados dos exames a anamnese e o exame clínico", afirmou Ribeiro. Diagnóstico da leishmaniose visceral canina Eliana Furtado, do Laboratório Central de Saúde Pública da Fundação Ezequiel Dias (Lacen/MG-FUNED www.funed.mg.gov.br) iniciou o evento falando sobre o trabalho de padronização do diagnóstico da leishmaniose visceral canina, pois alguns anos atrás havia muita divergência entre os testes realizados pela rede pública e pela rede privada. “Para modificar essa situação foram promovidas reuniões de representantes da SVS/MS, MAPA, Secretaria Municipal de Saúde de Belo HorizonteMG, Universidade Federal de Minas Gerais, Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais (CRMVMG) e laboratórios privados, com o propósito de organizar e integrar a rede”, explicou Furtado. “O Lacen/MGFuned implantou supervisões semestrais, capacitações, ajustes de condutas, padronização de técnicas e controle de Arthur Barretto

urante 16 e 17 de julho de 2007 a Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais do Estado de Minas Gerais, Anclivepa-MG, realizou, no auditório da Emater, em Belo Horizonte, MG, a quarta edição do simpósio sobre leishmaniose visceral canina. Faz dez anos que a entidade realizou seu primeiro evento sobre o tema, trazendo como palestrante a pesquisadora Guadalupe Miró, do Departamento de Sanidade Animal, da Faculdade de Veterinária, da Universidad Complutense de Madri, Espanha. Na época, o tratamento da leishmaniose visceral canina era um assunto polêmico. Para se ter uma idéia, chegou-se ao ponto de colegas serem denunciados ao CRMV-MG por estarem tratando pacientes portadores da enfermidade. Porém, graças ao esforço da Anclivepa-MG, a forma de enxergar o assunto tem mudado muito. Ao longo desses dez anos a entidade trouxe diversos palestrantes internacionais que, entre outras coisas, mostraram que o tratamento de alguns cães soropositivos é viável. Desde então, a entidade tem promovido a discussão do assunto, tendo como embasamento grande quantidade de artigos científicos publicados na literatura internacional. As discussões não têm se restringido ao tratamento. A prevenção, seja ela com vacinas ou produtos químicos, também tem sido alvo dos debates e, principalmente, do foco de investimento das indústrias farmacêuticas veterinárias. No decorrer desses anos, foram lançados no Brasil: a coleira Scalibor, à base de deltametrina; o Advantage Max 3; e a vacina Leishmune, outra importante ferramenta na prevenção da leishmaniose nas regiões endêmicas. Além desses, outros produtos também têm sido opção para a prevenção, como o Defendog, da Virbac, e o Pulvex Pour-On, da Schering-Plough. Em breve, outro produto estará se somande aos citados, a Leish-Tec, vacina contra a leishmaniose visceral canina desenvolvida pelo Laboratório Hertape Calier. Outro segmento que cresceu foi o de serviços, em especial, os exames laboratoriais, tanto na rede pública quanto na privada. Porém, com o crescimento desses serviços, também cresceram as dúvidas e as incertezas. O dr. Vitor Márcio Ribeiro, em sua palestra no simpósio, deixou isso

Arthur Barretto

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“O proprietário tem todo o direito de fazer o exame para leishmaniose visceral canina no laboratório privado, mas se houver divergência, há a necessidade de se fazer a contra-prova em laboratório oficial”, esclareceu Eliana Furtado, chefe do Lacen/MG

qualidade mensal em percentual de amostras. Tais ações resultaram na padronização das requisições, emissões de resultados e conseqüente redução nas reclamações envolvendo consumidores e profissionais”, complementou Furtado. Ela salientou também a importância da participação do CRMVMG que colaborou publicando a resolução n. 342/CRMV-MG, que dispõe sobre a normatização e procedimentos de requisição de exames laboratoriais para diagnóstico sorológico da leishmaniose visceral canina. Paulo Paes de Andrade, D. Sc., diretor científico da Biogene Ind. Com. Ltda. também abordou o tema diagnóstico, mas focando no uso do Elisa S7, que emprega a proteína recombinante HSP70 para o diagnóstico da leishmaniose visceral canina. A grande vantagem dessa técnica é que ela permite diferenciar animais infectados com leishmaniose visceral canina, de animais vacinados contra a enfermidade utilizando-se a vacina Leishmune®. Isso se deve ao fato da Leishmune® ser baseada numa fração FML (antígeno complexo glicoprotéico ligante de fucose e manose) que contém um antígeno majoritário, a proteína NH36, e o Elisa S7 não detecta anticorpos dirigidos contra essa fração FML, que são produzidos na vacinação. Porém, Andrade salientou que o Elisa S7 ainda precisa ser validado para que possa ser usado pelos clínicos e pela rede pública. Marilene Suzan Marques Michalick, professora da UFMG, também abordou a questão do diagnóstico, focando-se na interpretação da sorologia. Michalick enfatizou que “Nos casos de animais que possuem sinais clínicos de leishmaniose

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visceral canina e sorologia conflitante é preciso cautela no diagnóstico, devendo-se deixar o animal em observação e repetir o exame em aproximadamente um mês”. A Polymerase Chain Reaction (PCR) também foi tema presente no simpósio. Cristiana Ferreira Alves de Brito, do Centro de Pesquisa René Rachou/ FIOCRUZ, que discorreu sobre a técnica convencional da PCR. Ela também mostrou as utilizações da Nested-PCR, que é usada para aumentar a especificidade da amplificação de PCR e útil para o diagnóstico, e do Real-time PCR, que é recomendado para a avaliação da parasitemia e monitoramento do tratamento.

O isolamento e o cultivo de leishmania foi abordado pela profa. Maria Norma Melo, da UFMG. Melo frisou que “o diagnóstico através do isolamento em meio de cultura é um diagnóstico de certeza ou seja, basta o encontro de um parasito para confirmá-lo”. Ela ressaltou também que “a cultura não é um método de rotina simples, não sendo utilizado para estudos epidemiológicos, mas que pode ser muito útil para casos de cães falsos positivos, assintomáticos ou tratados”. Adriane Pimenta da Costa Val Bicalho, professora da UFMG, apresentou detalhes do uso da citologia para o diagnóstico da leishmaniose visceral canina, a qual pode ser feita por meio de aspirado de linfonodo ou de medula óssea. O material necessário para a realização do aspirado de linfonodo é composto por: agulhas de 23 gauges, seringas de 10mL ou agulha para punção de medula, lâminas de vidro, pincel, condições de sedação ou anestesia, corante panóptico e microscópio. Bicalho orientou

Prevenção e controle da leishmaniose visceral canina A biologia e controle de flebotomíneos foram abordados por Nelder de Figueiredo Gontijo, pesquisador do Departamento de Parasitologia do ICB/UFMG. Gontijo enfatizou que, ao contrário dos locais contendo água, que são fáceis de localizar, os potenciais criadouros dos flebotomíneos são em número muito maior. “Tamanha possibilidade de escolha torna muito difícil a procura pelas formas imaturas”, explicou Gontijo. João Baptista Ladeiro Ferreiro, médico veterinário e empresário do setor de controle de pragas, também deu importante contribuição ao evento expondo a realidade da utilização de produtos químicos nas residências. Ferreiro ressaltou o fato da atual legislação permitir

somente o uso dos produtos classificados como domisanitários. Produtos com base em ferohormônios, por exemplo, não são liberados para uso em residências. Além disso, enfatizou também que ao vistoriar muitas residências não há a indicação da aplicação dos produtos químicos permitidos, mas que se pode lançar mão do manejo dos jardins, evitando-se áreas sombreadas, as quais são as preferidas dos flebotomíneos. Lineu Padovese, médico veterinário, gerente de produtos da Intervet, falou sobre prevenção da zoonose utizando como ferramenta a coleira Scalibor, à base de deltametrina, que é o único produto recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a prevenção da leishmaniose visceral canina. Padovese destacou algumas características do produto como: liberação regular e contínua por fricção; dissolução lenta da deltametrina na camada lipídica da pele do cão; ectoparasiticida não sistêmico; entre outras. Divulgação

A amplificação do DNA, feita na técnica da PCR, pode ser assistida na animação disponível no endereço: www.dnalc.org/ddnalc/resources/ animations/pcr.swf

que a punção do linfonodo deve ser feita em três ângulos: inicialmente, com ângulo de 90º e depois retirando a agulha e voltando a introduzi-la com ângulos de 45º, tanto para a esquerda quanto para a direita. Feita a punção, retira-se a agulha da seringa, enche-se a seringa de ar e recoloca-se a agulha. Os próximos passos são aspergir o material em lâmina de vidro, estendê-lo com o pincel, corar e ler na imersão. Para a realização do aspirado de medula óssea, Bicalho orientou que ele pode ser feito no úmero, no esterno, na crista ilíaca ou na tíbia. A escolha dependerá de vários fatores, como porte do animal ou preferência pessoal, entre outros. Indenpendentemente do local de escolha, deve ser feita a tricotomia e assepsia do local. O animal pode ser sedado ou receber apenas anestesia local, cabe ao médico veterinário avaliar a conduta a escolher. Pode-se utilizar uma agulha de colheita de medula óssea ou uma agulha comum, compatível com o procedimento, já acoplada à seringa. Ao inserir a agulha cuidadosamente e sentir a passagem pelo osso inicia-se o aspirado da medula óssea, o qual deverá ser aspergido e estendido em lâmina de vidro, para em seguida, ser corado e observado na imersão. A qualidade da agulha ajuda muito e uma sugestão de Bicalho foi as agulhas da Euromed (31 3689-9907). As vantagens de ambas as técnicas são a rápida obtenção do resultado e sua realização dentro da própria clínica.

A coleira Scalibor é recomenda pela OMS como ferramenta para a prevenção da leishmaniose visceral canina. Em Campo Grande, MS, campanha do CCZ que está em andamento, tem como objetivo colocar a coleira em aproximadamente 100.000 cães

João Paulo Correia Gomes, gerente de registro da Bayer, apresentou importantes considerações sobre o uso do Advantage Max 3 na prevenção da leishmaniose visceral canina. Gomes ressaltou a excelente ação “anti-feeding” do produto, repelindo a aproximação dos flebotomíneos, proporcionada pelo sinergismo da associação dos princípios ativos do produto: a permetrina e o imidacloprid. Clarisa Palatnik de Sousa, pesquisadora que desenvolveu a vacina Leishmune, também esteve presente e fez importantes considerações sobre os resultados obtidos

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Saúde pública

“Muitas pesquisas estão por vir, sedimentando os conceitos até aqui produzidos ou modificando condutas. A ciência é feita sem radicalismos ou afirmações movidas por emoções, mas deve fundamentar-se, sobretudo, no respeito à vida”, enfatizou Vitor Márcio Ribeiro

A questão do tratamento da leishmaniose visceral canina já está sedimentada, principalmente entre os clínicos veterinários do Estado de Minas Gerais. Porém, a tendência, salientou Manfredo Werkrausen, vice-presidente da Anclivepa Brasil, é que seja instituída uma documentação oficial para cada animal que inicie o tratamento, assinada pelos proprietários e pelos médicos veterinários. Além disso, ressaltou Werkrausen, o tratamento deverá seguir os protocolos determinados pela Anclivepa Brasil e somente instituído após os pacientes terem passado pelos critérios de seleção.

Arthur Barretto

Arthur Barretto

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Tratamento da leishmaniose visceral canina Sydnei Magno da Silva, médico veterinário, deu importante contribuição ao simpósio apresentando considerações sobre o tratamenSydnei Magno da Silva to da leishmaniofoi autor do primeiro trase visceral canibalho no Brasil que avaliou o tratamento de na. Silva apresencães com leishmaniose tou, em fevereiro visceral canina praticade 2007, a disserdo em clínicas vetetação Avaliação rinárias clínica e laboratorial de cães naturalmente infectados por Leishmania (Leishmania) chagasi (CUNHA & CHAGAS, 1937), submetidos a um protocolo terapêutico em clínica veterinária de Belo Horizonte, defendida no Depto. de Parasitologia do ICB-UFMG. O assunto é inédito se considerarmos que foi o primeiro trabalho no Brasil que avaliou o tratamento canino praticado em clínicas veterinárias. Ou seja, não utilizou-se animais experimentais e nem foi feito restritamente no laboratório, mas com pacientes de proprietários que freqüentam as clínicas. “O mais importante é que os resultados foram os mais promissores possíveis, corroborando a teoria de que o tratamento é eficaz, sendo praticado na Europa há mais de 50 anos e no Brasil há cerca de 15 anos”, enfatizou Silva. O protocolo básico de tratamento apresentado por Silva compreende dezesseis sessões de aplicações de anfoterecina B (0,6mk/kg, a cada 72h), diluída em dextrose a 5%, e a aplicação, em sessões alternadas, de 0,2mg/kg de dexametasona. “Após essas aplicações, deve-se fazer manutenção do tratamento com o uso constante de alopurinol (20mg/kg) a cada 12 horas, 500mg de vitamina C a cada 12 horas, para acidificação da urina e 0,5mg/kg de levamisol em dias alternados, como droga imunoestimulante”, complementou Silva.

Leonardo Maciel, clínico veterinário que tem estudado sobre a utilização da aminosidina (aminoglicosídeo com atividade antileishmaniose - 2 a 5mg/kg), também esteve presente no evento, enriquecendo as discussões. Maciel ressaltou a importância de não se deixar levar pela aparência do animal. “É fundamental a avaliação das funções renal e hepática antes do início do tratamento, pois a aminosidina é nefrotóxica”, destacou Maciel. Arthur Barretto

Júlio César Cambraia Veado (centro), conselheiro do CRMV-MG e professor da UFMG defendeu a opção do tratamento: “levando em consideração a grande quantidade de cães soropositivos, a pequena quantidade de cães tratados é insignificante e não será ela a responsável pelo incremento do número de casos”.

Leish-Tec e o seu desenvolvimento é uma iniciativa do Laboratório Hertape Calier. A vacina ainda não foi lançada comercialmente, mas segundo o fabricante, seu lançamento está próximo.

Arthur Barretto

com a vacina nos últimos quatro anos. Palatnik destacou a ação da vacina como bloqueadora da transmissão da leishmaniose visceral canina. Dois artigos científicos publicados na revista Vaccine demonstram isso: The FML-vaccine (Leishmune®) against canine visceral leishmaniasis: a transmission blocking vaccine (Vaccine, v. 24, n. 13, p. 2423-2431, 2006) e Leishmune vaccine blocks the transmission of canine visceral leishmaniasis: absence of Leishmania parasites in blood, skin and lymph nodes of vaccinated exposed dogs (Vaccine, v. 23, n. 40, p. 4805-4810, 2005). A Leishmune® teve destaque durante o Congresso Mundial de Leishmaniose ocorrido em 2005, na Itália, despertando o interesse de outros países pela vacina. Esse ano esse interesse concretizou-se e a empresa começou a exportá-la para a República da Geórgia, na Ásia ocidental, fronteira com a Europa. O governo local concedeu registro para a vacina ser usada imediatamente pelos veterinários no controle da leishmaniose, após analisar seus dados de eficácia e constatar que o produto pode ser usado na prevenção da doença e também em saúde pública. “É um reconhecimento internacional da ciência brasileira", diz Diptendu Mohan Sen, presidente da Fort Dodge brasileira, cuja fábrica em Campinas é a única a produzir a Leishmune® no mundo. “A Leishmune também está em estudo na Itália e Espanha e em breve devemos exportar a tecnologia da vacina para esses e outros países”, comemora o presidente. A vacina contra a leishmaniose visceral canina que utiliza como antígeno a proteína recombinante A2, foi outra opção para a prevenção da enfermidade apresentada no simpósio. Ela leva o nome comercial de

Assim como nas edições anteriores do evento, o público presente participou intensamente, expondo dúvidas, colocações, sugestões e toda informação que fosse pertinente compartilhar

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É possível realizar inseminação artificial em gatas na minha clínica? Is it possible to perform artificial insemination in queens in my clinic? ¿Es posible realizar inseminación artificial en gatas en mi clínica? Resumo: Pesquisas com biotécnicas da reprodução nos gatos domésticos apresentaram um considerável aumento nas últimas décadas, e a utilização dessas biotécnicas pode ser estendida às clínicas veterinárias. A inseminação artificial (IA), uma das biotécnicas disponíveis, além de auxiliar no desempenho reprodutivo dos animais, também ajuda na prevenção da disseminação de doenças infecciosas, dermatoses e ectoparasitas. Essa técnica inclui etapas como: coleta e processamento do sêmen, preparo das fêmeas induzindo tanto o estro quanto a ovulação e o procedimento de IA. Dependendo do local de deposição do sêmen, existem dois tipos de IA; a intravaginal ou a intra-uterina. A escolha da melhor técnica a ser utilizada depende de fatores como: temperamento do animal, tipo de sêmen (fresco, refrigerado ou congelado), quantidade de espermatozóides móveis, equipamentos disponíveis e habilidade do profissional. Unitermos: Gato doméstico, reprodução, sêmen Abstract: Research involving reproductive technologies on domestic cats has increased in the last decades, permitting the expansion of their use to veterinary practices. The artificial insemination (AI) is one of such available techniques. In addition to assisting on animal reproductive performance, it also helps preventing the spread of infectious disease, dermatoses and ectoparasites. This technique includes semen collection and assessment, female preparation by induction of estrus and ovulation, and the AI procedure itself. There are two types of AI, according to the site of semen deposition: intravaginal AI and intrauterine AI. The best choice depends on animal temper, semen type (fresh, cooled or frozen), amount of moving spermatozoa, available equipment and professional ability. Keywords: Domestic cat, reproduction, semen Resumen: Investigaciones sobre biotécnicas de reproducción en gatos domésticos aumentaron considerablemente en las últimas décadas, pudiendo su utilización ser extendida a las clínicas veterinarias. La inseminación artificial (IA), una de las biotécnicas disponibles, además de auxiliar en el desempeño reproductivo de los animales, también ayuda en la prevención de la diseminación de enfermedades infecciosas, dermatosis y ectoparásitos. Esta técnica incluye pasos como: colección y procesamiento del semen, preparación de las hembras por inducción tanto del estro cuanto de la ovulación y el procedimiento de IA. Dependiendo del sitio de deposición del semen, existen dos tipos de IA, la intravaginal y la intrauterina. La selección de la mejor técnica a ser empleada depende de factores tales como: el temperamento del animal, el tipo de semen (fresco, refrigerado o congelado), la cantidad de espermatozoides móviles, los equipamientos disponibles y la destreza del profesional. Palabras clave: Gato doméstico, reproducción, semen

Clínica Veterinária, n. 70, p. 28-34, 2007

INTRODUÇÃO O primeiro relato científico sobre inseminação artificial (IA) em gatos data de 1970 1. Desde então, estudos nesta área vêm se intensificando, inicialmente com o objetivo de preservar as espécies de felinos selvagens ameaçadas de extinção, pois a semelhança entre a fisiologia reprodutiva de gatos domésticos e a das espécies selvagens propicia a utilização dos primeiros como modelo experimental. Com o crescimento da população de gatos como animais de companhia – que tem sido observado principalmente nos grandes centros urbanos –, o mercado tem se voltado ao atendimento especializado a essa espécie e, nesse contexto, a disponibilização de serviços voltados à reprodução torna-se um diferencial importante para as clínicas veterinárias. 28

Em adição, o trabalho especializado em gatis, voltado à maior eficiência reprodutiva dos animais por meio do manejo e da aplicação de biotécnicas, pode gerar maior lucro aos proprietários e aos médicos veterinários. Quando da implantação de atividades relacionadas à reprodução, a dúvida mais freqüente está relacionada aos custos. Entretanto, para o oferecimento de serviços como exames andrológico e ginecológico, controle do ciclo estral da fêmea para acasalamento programado, coleta de sêmen e inseminação artificial são necessários equipamentos básicos, muitos dos quais – especialmente os mais onerosos – podem ser utilizados para outras atividades clínicas, como são exemplos o microscópio e o aparelho de ultra-sonografia.

Ana Izabel Silva Balbin Villaverde MV, doutoranda Depto. Reprodução Animal e Radiologia Veterinária - FMVZ/Unesp-Botucatu anavillaverde@fmvz.unesp.br

Maria Denise Lopes MV, profa adj., dra. Depto. Reprodução Animal e Radiologia Veterinária - FMVZ/Unesp-Botucatu denise@fmvz.unesp.br

QUANDO INDICAR A INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL A inseminação artificial é indicada, principalmente, nos casos de animais com problemas comportamentais e/ou físicos que impossibilitem a cópula, por distância entre os reprodutores e também para se evitar doenças transmissíveis a partir do coito ou do contato direto entre os animais. Sempre vale lembrar que animais que apresentem problemas comportamentais e/ou físicos relacionados a alterações hereditárias, doenças infecciosas, consangüinidade entre os reprodutores, histórico de partos distócicos, comportamento materno adverso e temperamento agressivo devem ser afastados do manejo reprodutivo. Desta forma, devese dar preferência à utilização de animais saudáveis. PREPARO DOS REPRODUTORES Antes de iniciar um programa de reprodução assistida, há que implementar os procedimentos arrolados abaixo: - Anamnese geral e específica voltada ao histórico reprodutivo do animal. - Exame físico geral e específico (andrológico ou ginecológico). - Exames complementares, como sorologia para doenças infecciosas. - Vacinação e vermifugação das fêmeas antes da gestação. Nos casos em que o proprietário relata infertilidade de macho e/ou fêmea, após o exame geral e específico do aparelho reprodutor, deve-se definir se o problema está realmente relacionado à capacidade reprodutiva do animal, ou ao manejo errôneo. Muitas vezes, uma simples orientação sobre o ciclo estral da fêmea ou sobre o momento, local e freqüência de acasalamentos é suficiente, descartando a necessidade do uso das biotécnicas. A inseminação artificial é importante na prevenção da disseminação de doenças infecciosas, cuja maioria é transmitida

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


Recomendação Apenas cruzar gatos negativos

Agente infeccioso FeLV FIV

Apenas cruzar gatos com o mesmo status sorológico (+/-)

Vírus da panleucopenia felina Herpesvírus felino Calicivirose felina

Vacinação geralmente recomendada

Coronavírus felino (PIV) Clamidiose

Figura 1 - Sugestões para a aplicação de estratégias na prevenção de doenças antes do acasalamento

Figura 2 - Modelo de vagina artificial para gatos

que não se adaptam à coleta com vagina artificial –, ou para aqueles nos quais poucas coletas serão realizadas. O aparelho utilizado para gatos consiste em um aplicador dotado de corrente elétrica alternada (70Hz) com controle de voltagem de 1 a 12V, e de uma probe (1cm de diâmetro e 13cm de comprimento) contendo três eletrodos (1,5mm por 5cm) de cobre no terço proximal 9. Após a anestesia, a lubrificação com substâncias comerciais e a limpeza do reto, o aparelho deve ser cuidadosamente introduzido de 7 a 9cm por via retal, e os eletrodos devem permanecer na posição ventral, para manter a estimulação do plexo pélvico, mimetizando o que ocorre na ejaculação fisiológica (Figura 3) 9. Ana Izabel S. B. Villaverde

COLETA, AVALIAÇÃO E PREPARO DO SÊMEN Nos gatos domésticos, o sêmen é coletado mais freqüentemente por meio da eletroejaculação e, raramente, por vagina artificial, cistocentese depois da ejaculação, lavagem vaginal após coito ou recuperação de espermatozóides epididimais após castração ou morte do animal. As coletas de sêmen podem ser realizadas em dias alternados, sem provocar alteração na quantidade e na qualidade do sêmen 8. A utilização de coleta com vagina artificial requer um período de duas a três semanas de treinamento, e apenas 60 a 70% dos animais respondem a esse condicionamento 1. Em decorrência de seu temperamento, a maioria dos gatos, incluindo aqueles treinados, não se adapta a coletas realizadas em locais diferentes, como a clínica na qual esse procedimento é realizado. Portanto, a coleta através de vagina artificial é um método mais aplicável a animais pertencentes a colônias de pesquisa ou gatis. Outra desvantagem dessa técnica é a necessidade de uma fêmea em cio para realizar a coleta. A vagina artificial pode ser confeccionada com uma tetina de borracha (pêra de um conta-gotas) cuja ponta bojuda deve ser cortada e acoplada a um pequeno recipiente – tipo eppendorf – ou a um tubo de ensaio (3mm x 44mm). Esses dois recipientes podem ser acoplados ou não a uma garrafa de polietileno com capacidade para 60mL contendo água a 52 oC garantindo, assim, uma temperatura de trabalho de 44 a 46 oC (Figura 2) 1. Para a coleta, permite-se que o macho monte na fêmea em cio e, então, a vagina artificial é deslizada pela glande do pênis no momento em que o macho estiver procurando a entrada da vulva. A eletroejaculação é o método de eleição para animais mais agressivos –

Ana Izabel S. B. Villaverde

pelo contato estabelecido entre os animais no momento do coito 2. Essa contaminação ocorre, principalmente, pelo hábito que os machos têm de morder o pescoço da fêmea durante o coito, o que promove solução de continuidade e conseqüente inoculação do agente através da saliva. Adicionalmente, foi verificado que o vírus da imunodeficiência felina (FIV) pode ser também transmitido pelo sêmen, em infecções crônicas ou agudas 3,4. Embora essa via de transmissão não tenha sido comprovada para as demais doenças infecciosas nos gatos domésticos, faz-se necessária muita cautela ao utilizar animais portadores para a IA. Não obstante, a utilização da técnica de IA nos gatos domésticos pode prevenir a disseminação de ectoparasitas, dermatofitoses e outros agentes externos 2. Devido à difícil detecção dos portadores saudáveis, principalmente para as doenças do trato respiratório superior – em virtude do difícil acesso e do alto custo dos exames –, recomenda-se que, no mínimo, testes sorológicos para FIV e FeVL (vírus da leucemia felina) nos machos e nas fêmeas sejam realizados. (Figura 1) A sorotipagem dos animais destinados à reprodução é muito importante nos gatos domésticos devido à possibilidade de ocorrência da isoeritrólise neonatal, a qual pode ocorrer quando filhotes dos tipos sangüíneos A ou AB são amamentados por gatas do tipo B 5,6,7. Em virtude da prevalência de altos títulos de anticorpos anti-A nos animais do grupo B, até mesmo as fêmeas primíparas podem ser causadoras de problemas 7. Assim sendo, recomenda-se o acasalamento de fêmeas do tipo B com machos do mesmo grupo sangüíneo. Caso seja necessário promover o acasalamento entre fêmeas do tipo B e machos do tipo A, é recomendável realizar a sorotipagem dos filhotes através do sangue colhido do cordão umbilical logo após o nascimento, separar os filhotes por um período de até 24 horas e realizar o aleitamento artificial ou por uma fêmea lactante do tipo A ou AB; após esse período, os filhotes poderão retornar à mãe biológica 7. Caso a sorotipagem dos filhotes não seja possível, pode-se optar por separar toda a ninhada da mãe logo após o nascimento, pelo período necessário.

Figura 3 - Procedimento de eletroejaculação. A - Aparelho de eletroejaculação; B - Exposição do pênis para coleta do sêmen; C Posicionamento do eletroejaculador

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Número de estímulos Intensidade (V)

1ª Série 10 10 10 2 3 4

2ª Série 10 10 10 3 4 5

3ª Série 10 10 4 5

Figura 4 - Número de estímulos e intensidade (V) em cada série de eletroejaculação

espermatozóides/mL na vagina artificial ou 168 a 361 x 106 espermatozóides/mL) e espermiograma (muito variável, de 38,2 a 90% de formas morfologicamente normais, dependendo do método de fixação utilizado) 1,5,18,19,20,21. Para a IA, podem ser utilizados sêmen fresco, refrigerado ou congelado. O sêmen fresco pode ser diluído na proporção de 1:1 – sem ultrapassar 100µL no total – em solução fisiológica, Ringer sem lactato, ou diluente próprio para sêmen sem crioprotetor – que é o mais indicado –, todos aquecidos à temperatura de 37º a 38ºC para evitar o choque térmico com o sêmen, que também deve permanecer o tempo todo aquecido a essa temperatura. A refrigeração do sêmen é necessária quando se pretende transportá-lo ou armazená-lo por curto período, mas sua qualidade é inferior à do sêmen fresco 22. Embora já tenha sido demonstrada motilidade espermática média de 60% após 72 horas de refrigeração em gatos domésticos 20, a literatura não apresenta registros sobre a fertilidade in vivo desse tipo de sêmen, razão pela qual é recomendável armazenar o material pelo menor período possível. Para a refrigeração, o sêmen pode ser diluído na proporção de 2:1 – ou até completar 100µL – em meio sem crioprotetor; podem ser utilizados os meios comerciais de transporte para sêmen eqüino ou bovino, preferencialmente aqueles que contenham gema de ovo 23. A refrigeração pode ser feita colocandose o eppendorf com a amostra de sêmen dentro de um recipiente de plástico ou metal contendo 400mL de água em temperatura ambiente, que posteriormente será acondicionado em um refrigerador a 5oC 22. Atenção especial deve ser dada às oscilações da temperatura de refrigeração, o que implica evitar o armazenamento em geladeiras freqüentemente manuseadas. Caixas comerciais para sêmen eqüino (Figura 5) podem ser usadas para transportar o sêmen de gatos, sem que o tempo de 24 horas de transporte seja excedido, principalmente em dias mais quentes.

Freqüentemente, a rotina de uma clínica veterinária não permite a congelação do sêmen, que requer equipamentos mais caros. Uma situação possível seria o recebimento do sêmen já congelado. Nesse caso, o descongelamento da palheta pode ser feito em banho-maria à temperatura de 37 oC por 30 segundos 24,25 ou do pellet, com 0,1mL de solução fisiológica para cada um, ambos em um plástico ou tubo de vidro imerso em banho-maria a 37 oC 21. INDUÇÃO DO ESTRO E DA OVULAÇÃO Gatas que apresentam anestro estacional podem ser estimuladas a ciclar quando expostas a um fotoperíodo superior a 12 horas de luz por dia, com o auxílio de suplementação artificial com lâmpada de 100W em uma sala de 4 x 4m 26. Outro método de indução do estro em gatas domésticas é a administração de hormônios, como o eCG (gonadotrofina coriônica eqüina) em dose única (100 a 150UI/ animal, IM) 10,27 ou o FSH (hormônio folículo estimulante) duas vezes ao dia, durante três a sete dias (2mg/animal, IM), até o aparecimento dos sinais de cio 28,29. O estro pode ser confirmado por meio da citologia vaginal, quando mais de 60% das células estão cornificadas e o fundo da lâmina está limpo 30. Há que lembrar que o estímulo ocasionado pela realização da citologia vaginal pode desencadear a ovulação na gata. Como no procedimento de IA não ocorre o coito, a ovulação pode ser induzida por meio da estimulação mecânica Ana Izabel S. B. Villaverde

O protocolo de eletroejaculação mais utilizado consta da figura 4 10. Os estímulos são administrados, por aproximadamente um segundo, de 0 V até a voltagem desejada, permanecem de dois a três segundos nessa voltagem e retornam abruptamente para 0 V por dois a três segundos. Cada série é separada por um descanso de dois a três minutos. Se o estímulo elétrico for adequado, o animal responde com extensão rígida dos membros posteriores. Voltagens superiores a 8 V não devem ser utilizadas a fim de evitar a contaminação do ejaculado por urina 11. Deve-se ter cuidado com a anestesia utilizada para a eletroejaculação, uma vez que alguns fármacos podem promover o relaxamento da musculatura do esfíncter urinário – como os 2-agonistas, os fenotiazínicos, o diazepam e alguns anestésicos inalatórios (halotano e isofluorano) –, o que pode implicar em conseqüente contaminação da amostra por urina 12,13,14. Os anestésicos mais utilizados para a técnica de eletroejaculação são a tiletamina-zolazepan [15mg/kg, intramuscular (IM)], que pode ser associada ao butorfanol (0,3 mg/kg, IM) ou ao cloridrato de quetamina (5mg/kg, IM), juntamente com a medetomidina [80µg/kg, subcutâneo (SC)] 15,16. A utilização do propofol [10mg/kg, intravenoso (IV)] para o procedimento de eletroejaculação também se mostrou eficiente, levando a uma recuperação mais rápida e tranqüila e evitando dor e estresse ao animal, mesmo sem associação a um opióide 17. Os ejaculados obtidos pela eletroejaculação apresentam volume e pH maiores e menor concentração espermática do que os ejaculados fisiológicos, provavelmente em virtude da grande estimulação das glândulas sexuais acessórias, principalmente a próstata, cujo fluido é alcalino (pH 7,8 +/- 0,6) 9,18. A avaliação do sêmen, que deve ser realizada logo após a coleta, compreende: volume (34 a 40 L na vagina artificial ou 76 a 220 L no eletroejaculador), cor (quanto maior a concentração espermática, mais esbranquiçada é a amostra), odor (sui generis), pH (amostras contaminadas com urina podem apresentar pH mais baixo, cuja taxa normal varia de 6,6 a 8,8), motilidade (altamente variável, de 56 a 84%), vigor, concentração (média de 1730 x 106

Figura 5 - Caixa de refrigeração para transporte de sêmen

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Chegou


MÉTODOS DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL Inseminação intravaginal Embora a anestesia da gata facilite o posicionamento da sonda, nem sempre esta é necessária quando se realiza a inseminação intravaginal. Cabe lembrar que fêmeas não anestesiadas podem apresentar reação pós-coito durante a IA, demonstrando agressividade, rolamento do corpo e lambedura do posterior com freqüência e, desta forma, 32

Sêmen Fresco 1 Fresco 1 Fresco 34 Congelado 21

dose inseminante 5 a 50 x 106 6 a 50 x 106 80 x 106 50 a 100 x 106

número de inseminações 1 2 1 2

taxa de prenhez 50% 75% 77,8% 10,6%

Figura 8 - Taxas de prenhez após a utilização da técnica de inseminação intravaginal com sêmen fresco ou congelado, segundo diferentes autores

Sêmen Fresco 10 Fresco 35 Congelado 24

dose inseminante 6,6 X 106 8 X 106 12 X 106

número de inseminações 1 1 1

taxa de prenhez 50% 80% 57,10%

Figura 9 - Taxas de prenhez após a utilização da técnica de inseminação intra-uterina com sêmen fresco ou congelado, segundo diferentes autores

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Ana Izabel S. B. Villaverde

MOMENTO DA INSEMINAÇÃO A inseminação pode ser realizada uma única vez – após 24 horas da indução da ovulação – ou em duas vezes – a primeira no momento da indução e a segunda após 24 horas –, o que promove o aumento da taxa de concepção em até 50% 1. O importante é inseminar as fêmeas até 49 horas após a indução da ovulação pois, acima desse período, o índice de fertilidade dos oócitos é extremamente baixo 1. O momento em que a cérvix está aberta geralmente coincide com a máxima cornificação das células epiteliais. Assim, as inseminações intravaginais ou transcervicais devem ser realizadas durante o meio e/ou o final do estro, preferencialmente em duas vezes, em intervalos de 24 horas ou de 48 horas, aumentando a possibilidade de que a cérvix esteja aberta 33. Considerando que a anestesia pode interferir no processo de ovulação, quando a sedação das gatas for necessária para realizar a técnica de IA, há que respeitar o intervalo de 31 a 49 horas após a ovulação para implementar o procedimento 10.

inviabilizar a execução da IA. A inseminação intravaginal pode ser realizada com o auxílio de uma sonda uretral para gatos ou com uma agulha espinhal de 9cm com bulbo na ponta, as quais são inseridas de 45 a 50mm dentro da vagina até a cérvix (Figuras 6A e 6B), onde o sêmen Figura 6 - Esquema de IA intravaginal. A e B - Posicionamento da sonda no é depositado fundo vaginal; C e D - Deposição do sêmen e retirada da sonda com a ajuda de uma seringa de 1mL (Figuras 6C e 6D) 1,21,34. Para evitar o refluxo do sêmen através da vagina, é importante não ultrapassar o volume de 100 L de amostra seminal por inseminação. Após a deposição do sêmen, a fêmea deve ser mantida com o posterior elevado durante 15 a 20 minutos. Quando, após a sedação, a gata é colocada em decúbito dorsal, com as patas Figura 7 - IA intravaginal com animal anestetraseiras em um ângulo de 30o, a passiado. A - Posicionamento da gata em decúbito sagem do conteúdo através da cérvix dorsal com o posterior elevado em 30º; B até o interior do útero é facilitada Detalhe da sonda uretral para gatos utilizada para a IA (Figura 7) 33. Apesar de necessitar de uma dose inseminante maior (80 x 106 versus 8 x Inseminação intra-uterina 106 de espermatozóides por inseminaEsta técnica apresenta maior vantação) 34,35, esta técnica apresenta bom gem do que a inseminação por deposiresultado com sêmen fresco (Figura 8), ção vaginal (Figura 9), pois requer além de ser menos invasiva e nem semmenor quantidade de espermatozóides pre necessitar da sedação das gatas. por dose e maior eficiência quando se

Ana Augusta Pagnano Derussi

da vagina, com o auxílio de um swab de algodão, realizando-se de 4 a 8 estímulos com duração de 2 a 5 segundos e em intervalos de 5 a 20 minutos entre cada um 31. Para a indução da ovulação, também podem ser utilizados os hormônios hCG (gonadotrofina coriônica humana) (75 a 250 UI/animal, IM) em dose única 10,27,28,29 ou GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas) (25 g/animal, IM), também em dose única 32, ambos administrados no segundo ou no terceiro dia do estro natural ou induzido com FSH, ou após 80 a 84 horas da aplicação do eCG. A ovulação ocorrerá em cerca de 26 a 29 horas após a sua indução 1.


Ana Augusta P. Derussi

Inseminação intra-uterina transcervical Em países em que não é permitida a cirurgia para o procedimento de IA, como a Inglaterra, a técnica transcervical é extremamente útil. Para esse procedimento, utiliza-se uma sonda urinária de 2,8mm de diâmetro, com a ponta fechada com o auxílio do calor, seguida pela implementação de nova abertura 8mm além da extremidade fechada – na qual se passa uma sonda uretral para gatos com 1mm de diâmetro, acoplada a uma

Inseminação intra-uterina por laparoscopia Nessa técnica, um trocater de 7mm de diâmetro é inserido por meio de incisão de 1cm na pele e 3cm cranialmente ao umbigo. O trocater é substituído por um laparoscópio de 7mm de diâmetro, portado de uma fonte de luz (Figura 11A). Posteriormente, o fórceps é inserido caudalmente a 3cm, e a 4cm lateralmente ao umbigo, para estabilizar o útero (Figura 11B). Cada corno uterino é elevado contra a parede ventral do abdômen com o auxílio do fórceps, e um cateter é inserido por via percutânea até o terço proximal do corno uterino (Figura 11C). Após penetrar o lúmen uterino, o guia é recuado e o cateter é avançado no sentido do útero, até a total retirada do guia, que é substituído por uma sonda estéril de polietileno ligada a uma agulha de 30G e a uma seringa de 1mL (Figura 11D) 10. Esse método necessita de equipamentos mais específicos e de um período de treinamento maior, o que inviabiliza a sua execução na rotina clínica. Apesar disso, apresenta maior exatidão do que o método transcervical e, ainda, é menos invasivo que a técnica intra-uterina por laparotomia.

Ana Augusta Pagnano Derussi

Figura 10 - Esquema de IA transcervical. Setas indicam região cervical

seringa de 1mL (Figura 10) 36. Nunca é excessivo destacar que a IA deve ser realizada no meio ou no final do estro, momento em que a porcentagem de fêmeas apresentando a cérvix aberta é maior 33. Na inseminação transcervical, a gata deve ser anestesiada para o posicionamento correto das sondas. É importante destacar que esse método ainda necessita de maior desenvolvimento e treinamento antes de ser aplicado na rotina de uma clínica.

Figura 11 - Esquema da técnica de IA por laparoscopia. A) Introdução do laparoscópio; B) Colocação do fórceps para sustentação do útero; C) Introdução do cateter e D) Substituição do guia por uma sonda de polietileno e agulha

Inseminação intra-uterina por laparotomia Após a laparotomia convencional através da linha média, são localizados os cornos uterinos e, com a ajuda de uma agulha de insulina ou cateter acoplados a uma seringa de 1mL, o sêmen é depositado no terço distal,

Ana Izabel S. B. Villaverde

trabalha com sêmen congelado/descongelado, uma vez que a deposição da amostra é realizada mais próxima ao local de fertilização e o processo de congelação/descongelação promove redução considerável do tempo de sobrevivência dos espermatozóides no trato feminino. Para a inseminação intra-uterina devem ser utilizados de 30 a 50 L de volume da amostra de sêmen por corno uterino; o procedimento pode ser realizado em apenas um corno uterino ou, preferencialmente, nos dois cornos uterinos 10,24,35. A deposição da amostra de sêmen no interior do útero pode ser realizada pelos métodos transcervical, por laparoscopia ou por laparotomia.

Figura 12 - Técnica de inseminação artificial por laparotomia

próximo ao local de fertilização de apenas um corno uterino ou de ambos (Figura 12) 24,35. Embora este método seja mais invasivo, na rotina de uma clínica é o mais facilmente exeqüível. CONSIDERAÇÕES FINAIS O primeiro obstáculo enfrentado pelo médico veterinário que deseja implantar um serviço de IA em gatos é a coleta de sêmen, uma vez que o método de eleição para essa conduta – a eletroejaculação – implica a necessidade de aquisição do aparelho, a experiência do clínico e a permissão do proprietário. Cada técnica de IA apresenta vantagens e desvantagens: a técnica intravaginal, embora seja mais simples e menos invasiva, apresenta um índice de prenhez satisfatório apenas quando se utiliza sêmen fresco e com alta quantidade de espermatozóides. Por sua vez, as técnicas intra-uterinas são essenciais quando se utilizam amostras de sêmen congelado/ descongelado, pois oferecem melhores índices de prenhez. Embora seja a mais invasiva das técnicas de IA intra-uterina, a laparotomia é, certamente, aquela de mais fácil realização, pois requer apenas o material cirúrgico básico e a experiência em técnica cirúrgica. Os custos de cada técnica de IA dependem de fatores como: aquisição de aparelhos, tipos de anestésicos utilizados, necessidade de utilizar hormônios, exames complementares como testes sorológicos de FIV e FeLV, utilização de diluidores próprios para sêmen e realização de citologia vaginal, entre outros. Dessa forma, cabe ao médico veterinário determinar o custo do procedimento, aí se incluindo a cobrança pelo serviço especializado. A despeito dos avanços obtidos em relação à reprodução assistida dos felinos domésticos, ainda resta um vasto horizonte

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a ser pesquisado, incluindo o maior aprimoramento da técnica de IA. Contudo, isso não se torna uma barreira para a aplicação da técnica de IA em uma clínica veterinária, uma vez que a prática desses métodos permitirá adaptações para cada local e profissional, e a disseminação do conhecimento das técnicas existentes de IA incentiva os proprietários que, na maioria das vezes, desconhecem essas técnicas. AGRADECIMENTOS À pós-graduanda Cássia Orlandi – pela ajuda na tradução do resumo – e à residente Ana Augusta Pagnano Derussi, pelos desenhos. REFERÊNCIAS 01-SOJKA, N. J. ; JENNINGS, L. L. ; HAMNER, C. E. Artificial insemination in the cat (Felis catus). Laboratory Animal Care, v. 20, n. 2, p. 198-204, 1970. 02-HOLST, B. S. Disease transmission by mating or artificial insemination in the cat: concerns and prophylaxis. In: CONCANNON, P. W. ; ENGLAND, G. ; VERSTAGEN, J. ; LINDE-FORSBERG. Recent advances in small animal reproduction. Ithaca: International Veterinary Information Service. Disponível em <http://www.ivis.org>. Acesso em: 15 ago. 2004. 03-JORDAN, H. ; HOWARD, J. ; TOMPKINS, W. ; KENNEDY-STOSKOPF, S. Detection of feline immunodeficiency virus in semen from seropositive domestic cat (Felis catus). Journal of Virology, v. 69, p. 7328-7333, 1995. 04-JORDAN, H. ; LIAND, Y. ; HUDSON, L. ; TOMPKINS, W. A. Shedding of feline immunodeficiency virus in semen of domestic cat during acute infection. American Journal of Veterinary Research, v. 60, p. 211-215, 1999. 05-GAIN, G. R. ; SUZUKI, Y. Presumptive neonatal isoerythrolysis in cats. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 187, p. 46-48, 1985. 06-BUCHELER, J. Fading kitten syndrome and neonatal isoerythrolysis. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 29, n. 4, p. 853-870, 1999. 07-GIGER, U. ; CASAL, M. L. Feline colostrum friend or foe: maternal antibodies in queens and kittens. Journal of Reproduction and Fertility Supplement, v. 51, p. 313-316, 1997. 08- TANAKA, A. ; KUWABARA, S. ; TAKAGI, Y. ; NAGAGAWA, K. ; FUJIMOTO, Y. ; MURAI, M. ; TSUTSUI, T. Effect of ejaculation intervals on semen quality in cats. The Journal of Veterinary Medical Science, v. 62, p. 1157-1161, 2000. 09-PLATZ, C. C. ; SEAGER, S. W. J. Semen collection by electroejaculation in the domestic cat. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 173, n. 8, p. 1353-1355, 1978. 10-HOWARD, J. G. ; BARONE, M. A. ; DONOGHUE, A. M. ; WILDT, D. E. The effect of pre-ovulatory anaesthesia on ovulation in laparoscopically inseminated domestic cat. Journal of Reproduction and Fertility, v. 96,

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Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007



Adenite sebácea canina: revisão de literatura

Fabiana Hayeck Scucato Médica veterinária autônoma dermavet@globo.com

Leonardo Motta Batista Médico veterinário autônomo l.motta@terra.com.br

Canine sebaceous adenitis: literature review

Adriane Pimenta da Costa Val MV, MSc, PhD, profa. adj. 2 - EV/UFMG adriane@vet.ufmg.br

Adenitis sebácea canina: revisión de literatura Resumo: A adenite sebácea é uma dermatopatia de caráter inflamatório, centrada primariamente nas glândulas sebáceas e de etiopatogenia incerta. Sua ocorrência é incomum na espécie canina, sendo observada principalmente em cães adultos jovens e de meia-idade e das raças poodle standard, akita, samoieda e vizsla. As manifestações clínicas são variáveis, e as mais comuns são a descamação progressiva simétrica e a rarefação ou perda pilosa associada à seborréia seca generalizada. O diagnóstico definitivo se dá por meio da avaliação histopatológica de fragmento cutâneo, na qual é observada devastação parcial ou total da glândula sebácea. A terapia tópica baseia-se em produtos anti-seborréicos associados a condicionadores e emolientes, enquanto a terapia sistêmica inclui drogas como retinóides, ciclosporina e glicocorticóides. Unitermos: cão, dermatopatia, diagnóstico, tratamento Abstract: Canine sebaceous adenitis is an inflammatory dermatological condition of uncertain ethiopathogeny, in which sebaceous glands are primarily affected. Although uncommon in dogs, the disease is observed mainly in young and middle-aged Standard Poodles, Akitas, Samoyeds and Vizslas. Clinical manifestations are variable, but the most common signs are symmetric progressive desquamation and hypotrichosis or total hair loss, generally associated to seborrhea sicca. Conclusive diagnosis is achieved through observation of partial or total destruction of sebaceous glands. Topic therapy includes the use of antiseborrheic products associated to conditioners and emollients, while retinoids, cyclosporine and glucocorticoids are the choice for systemic treatment. Keywords: dog, dermatopathy, diagnosis, treatment

Resumen: La adenitis sebácea es una dermatopatía de carácter inflamatorio, primaria de las glándulas sebáceas y de etiopatogenia incierta. La ocurrencia en la especie canina es poco común siendo principalmente observada en perros adultos jóvenes, de mediana edad y de las razas poodle, akita, samoyedo y viszla. Las manifestaciones clínicas son variables, encontrándose entre las más comunes la descamación progresiva simétrica y la rarefacción o pérdida pilosa asociada a seborrea seca. El diagnóstico definitivo se hace a través de la evaluación histopatológica de fragmentos cutáneos en la cual es observada devastación parcial o total de las glándulas sebáceas. El tratamiento se basa en la aplicación tópica de productos antiseborreicos asociados a acondicionadores y emolientes y la administración de drogas sistémicas como los retinoides, ciclosporinas y glucocorticoides. Palabras clave: perros, dermatopatía, diagnóstico, tratamiento

Clínica Veterinária, n. 70, p. 36-40, 2007

INTRODUÇÃO A adenite sebácea (AD), também conhecida como adenite sebácea granulomatosa ou adenite sebácea idiopática 1, foi primeiramente descrita em 1980 em várias raças de cães, principalmente poodle standard, akita, samoieda e viszla 2. Sua primeira descrição no Brasil data de 1995, em um cão da raça akita 3. A doença, que tem sido relatada em cães, gatos, coelhos e humanos 1,4,5,6, é uma dermatopatia de caráter inflamatório, centrada primariamente nas glândulas sebáceas, que progride, geralmente, para a sua total destruição 4,5,7,8,9. ETIOPATOGENIA A etiopatogenia da AD é incerta 9,10, e várias hipóteses para a sua origem e desenvolvimento têm sido formuladas: - A presença de alterações genéticas 36

estruturais primárias da glândula ou dos ductos sebáceos evocaria uma resposta inflamatória e conseqüente destruição das unidades sebáceas; - Ocorreriam, primariamente, desordens da ceratinização cutânea que, por sua vez, poderiam ou não ser resultantes de anormalidades do metabolismo lipídico, causando obstrução do ducto sebáceo e subseqüente resposta inflamatória piogranulomatosa dirigida contra a glândula; - A AD seria uma resposta auto-imune ou imunomediada contra antígenos presentes nos componentes da glândula ou da secreção sebácea 1,7,10,11. De ocorrência incomum na espécie canina, a doença é observada principalmente em animais adultos jovens e de meia-idade, não havendo evidência de predisposição sexual 3,7,8,9. Em estudo

Roberto Henrique Cordeiro Alves Médico veterinário autônomo robertohenriquecordeiro@yahoo.com.br

realizado na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Zurique foi observado que, dos 23 cães com diagnóstico de adenite sebácea, 16 apresentaram as primeiras lesões cutâneas até o terceiro ano de vida, e sete apresentaram-nas após o quinto ano 10. As raças mais comumente acometidas são poodle standard, akita, samoieda e vizsla, mas a AD tem sido descrita também nas raças shih tzu, labrador, chow chow, fox terrier, dobermann, pinscher, springer spaniel, keeshond 4,9,11, cairn terrier, pointer 2, old english sheepdog, lhasa apso 6 e cães sem raça definida 4,11. No poodle standard, essa enfermidade é considerada uma genodermatose provavelmente ligada a um gene autossômico recessivo 10,11. Em akitas, tal predisposição não foi claramente confirmada, embora um recente estudo aponte essa direção 5. A AD tem sido observada secundariamente a várias doenças primárias como leishmaniose, demodiciose, hipersensibilidade alimentar e síndrome úveo-dermatológica 5,9. A remissão espontânea desta afecção é raramente descrita 11. APRESENTAÇÃO CLÍNICA Geralmente, os achados clínicos mais comumente descritos são descamação progressiva simétrica e dermatose alopécica que se inicia na linha média dorsal e orelhas podendo progredir para o abdômen ventral e o tórax, associadas à seborréia seca generalizada e à perda ou rarefação pilosa 4 (Figura 1). A hiperceratose e a seborréia são resultantes da

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


Roberto Henrique C. Alves

Roberto Henrique C. Alves

Figura 3 - Este cão da raça akita apresentava eritema, crostas, hipotricose e cilindros foliculares disseminados por todo o corpo. A foto evidencia as regiões axilar e cervical ventral Roberto Henrique C. Alves

Roberto Henrique C. Alves

Figura 1 - Presença de alopecia/hipotricose, cilindros foliculares e escoriação na região lombar

Figura 2 - Pêlos agregados por debris ceratosebáceos (cilindros foliculares)

Figura 4 - Face apresentando eritema, crosta e hipotricose Roberto Henrique C. Alves

perda da secreção sebácea sobre a pele e o infundíbulo folicular, o que promove o ressecamento da camada córnea, representada por descamação e agregados de ceratina sobre a haste pilosa (Figura 2). A alopecia é em parte justificada pela atrofia do folículo piloso e pela fibrose perifolicular 7,9. A AD apresenta distinções clínicas de acordo com o tipo de pelagem e a raça envolvida. Nos cães de pelame longo, manifesta-se com hipotricose/alopecia e descamação simétricas, eritema e debris cerato-sebáceos amarelo-amarronzados localizados na cabeça, no pescoço, no tronco e na cauda 2, enquanto que nos animais de pelame curto, como os da raça vizsla, as lesões se iniciam como áreas anulares multifocais de descamação e alopecia que tendem a aumentar e se coalescer, associadas à seborréia seca, furfurácea, de coloração esbranquiçada e não aderente nas regiões da face, da ponte nasal, do dorso do tórax e dos pavilhões auriculares 4,8,10,12. Nos cães da raça akita ocorrem manifestações mais intensas da doença, caracterizando-se por quadro alopécico, eritematoso e descamativo generalizado (Figura 3). Há extensa perda de pêlos, principalmente da subpelagem, hiperceratinização e debris cerato-sebáceos amareloamarronzados aderidos aos pêlos provocando aspecto cutâneo untuoso e malcheiroso (Figuras 4 e 5). Foliculite e

Figura 5 - Este animal apresentava pelame untuoso e aglomerado por debris cerato-sebáceos, hipotricose, eritema, crostas e escoriações generalizados

furunculose bacteriana, crônicas e recidivantes, são comumente observadas nessa raça, e podem estar acompanhadas por síndrome febril, letargia e emaciação 7,9,12,11. Apresentações graves são também freqüentes em cães da raça poodle standard, nos quais observam-se pêlos ásperos e quebradiços 8,11, hiperceratose acentuada, seborréia seca, laminativa e furfurácea caracterizada por escamas branco-acinzentadas, espessas e fortemente aderidas à pele e aos pêlos, além de extensa alopecia envolvendo a parte externa dos pavilhões auriculares, a face, e as regiões dorsal do tórax e lombosacra 4,7,11,12. Os cães da raça samoieda desenvolvem quadros de alopecia e descamação moderados a intensos, predominantemente na região dorsal 7,11, e nos

cães da raça pastor-alemão as lesões podem se iniciar na cauda e progredir cranialmente 7,11. Os cães com AD geralmente não são pruriginosos, porém a infecção bacteriana secundária é uma complicação freqüente e os animais acometidos podem apresentar esse sintoma 4. Foi observado, em estudo com trinta cães acometidos pela doença, que treze apresentavam prurido, sendo que em cinco destes não foram observados sintomas de piodermite 6. DIAGNÓSTICO O diagnóstico da adenite sebácea é baseado na raça, no histórico, nos sinais clínicos e nos achados da análise histopatológica de fragmentos cutâneos 8. Dos exames subsidiários, a avaliação histopatológica é a que permite o diagnóstico definitivo dessa enfermidade e, quando realizada de múltiplas biópsias de pele selecionadas a partir de locais com diferentes estágios de lesão, propicia maior acurácia diagnóstica 8,9, pois os achados dermato-histopatológicos variam com a cronicidade da lesão. A escolha de lesões iniciais não alopécicas e com escamas aderentes é útil para a observação da inflamação ativa da glândula sebácea, enquanto as lesões crônicas, com extensa alopecia, caracterizam-se pela ausência de glândulas sebáceas, facilitando o diagnóstico. Ao exame histopatológico, geralmente observa-se acentuada hiperceratose ortoceratótica na pele e no folículo piloso e acantose epidermal, que leva à obstrução e à dilatação folicular. Na unidade pilossebácea ocorre inflamação perianexial, granulomatosa, piogranulomatosa ou mista (composta de histiócitos, linfócitos, neutrófilos e plasmócitos), ipsilateral à localização da glândula sebácea, com perda parcial ou total desta 4,5,7. Há, porém, diversidade desses achados em relação ao tipo de pelagem e da raça do animal 4,11. Em poodles standard a inflamação é escassa, evidenciando poucos neutrófilos, linfócitos e macrófagos, e as glândulas sebáceas geralmente estão ausentes 7,11. Em akitas e samoiedas, a inflamação é mais proeminente, sendo caracterizada por um extenso infiltrado piogranulomatoso, com alguns linfócitos e raros eosinófilos nos estágios iniciais da desordem. Nas lesões crônicas observam-se inflamação

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discreta ou ausente, ausência das glândulas sebáceas, atrofia ou displasia folicular e fibrose perifolicular 6,8,11. Em raras ocasiões, todo o folículo piloso e as estruturas anexas estão destruídos 8. Animais com infecções estafilocócicas secundárias podem apresentar áreas de dermatite pustular intra-epidérmica neutrofílica, foliculite/furunculose supurativas e dermatite ou paniculite piogranulomatosa nodular a difusa 11. O diagnóstico de adenite sebácea não deve ser confirmado, a menos que as glândulas sebáceas estejam completamente ausentes em no mínimo três fragmentos cutâneos obtidos por punch de 4-6mm de diâmetro 9. Em estudo realizado na Universidade de Zurique, não se observou correlação histopatológica entre o grau de destruição e a reação inflamatória que afetava a glândula sebácea dos cães avaliados 10. A literatura é escassa no que tange aos achados de patologia clínica de cães com AD. Um estudo recente apresentou perfil bioquímico, hematológico e uroanálise dentro dos parâmetros de referência em um cão da raça akita estudado, e hiperproteinemia, hiperfibrinogenemia, leucocitose e neutrofilia em outro cão da mesma raça 7. Hiperproteinemia, com aumento expressivo de gama-globulinas, foi descrita em quatro casos avaliados em outro estudo 2. Para o diagnóstico da adenite sebácea deve-se considerar a seguinte lista de diferenciais: demodiciose, piodermite, dermatofitose, malasseziose, leishmaniose, dermatose responsiva ao zinco, dermatose responsiva à vitamina A, pênfigo foliáceo, displasia folicular, endocrinopatias e defeitos da ceratinização, como a seborréia primária ou idiopática 8,9,11. TRATAMENTO A resposta ao tratamento varia, dependendo da gravidade e/ou da cronicidade da doença e da raça do animal 11, sendo os cães da raça akita mais refratários ao tratamento 8. Alguns cães apresentam padrões cíclicos de recuperação e agravamento espontâneos, independentemente de qualquer tratamento 8. Os tratamentos clínicos utilizados são divididos em tópicos e sistêmicos, e podem ser usados em combinação ou isolados. Quando a piodermite secundária está presente, seu tratamento sempre se faz necessário 6. 38

Tratamento tópico O uso de xampus ceratolíticos/antiseborréicos, associado a enxágües com produtos condicionadores e emolientes, demonstra efeitos satisfatórios em casos iniciais, discretos ou moderados da doença 11. O uso de propilenoglicol a 50-75% em água, como aspersão ou enxágüe, pode ter efeito benéfico em casos mais resistentes, quando aplicado uma vez ao dia e em seguida duas a três vezes por semana, conforme a necessidade 8,11. Por atuar como solvente lipídico higroscópico, penetra a camada córnea, aumentando seu conteúdo de água 8. Quando na concentração de 50-100%, o propilenoglicol pode ser usado em forma de aspersões diárias, associadas a banhos com xampus anti-seborréicos a cada três ou quatro dias. Posteriormente, reduz-se gradualmente a freqüência de banhos e aspersões para a menor freqüência de aplicações que controlem a doença 6. Tratamento sistêmico Ácidos graxos poliinsaturados A administração oral de suplementos contendo ácidos graxos poliinsaturados ômega 3 e 6 em dosagem elevada 8 pode ter efeito benéfico em alguns animais, porém outros não apresentam resposta 11,12. Esta suplementação é importante adjuvante na terapia por apresentar efeitos antiinflamatórios, antipruriginosos e moduladores da epidermopoiese 11. Os possíveis efeitos colaterais, embora raros, incluem vômito, diarréia e flatulência 8. Retinóides O termo retinóide refere-se a todas as substâncias químicas, naturais ou sintéticas, que apresentam atividade da vitamina A. Os retinóides sintéticos são menos tóxicos do que seus precursores naturais 11. Atualmente, dois compostos sintéticos estão sendo usados em dermatologia veterinária: a isotretinoína (13cis-ácido retinóico), sintetizada como metabólito natural do retinol, e o etretinato 11. Eles atuam diretamente no genoma celular, afetando a labilidade das membranas e modulando a expressão da ceratina e a síntese de RNA e de proteínas, prostaglandinas, sulfato de colesterol e colagenase. Desta forma, os retinóides têm influência na proliferação, na diferenciação e na composição celular

superficial, normalizando os processos de ceratinização cutânea 7. Na AD, seus benefícios estão relacionados ao seu efeito antiinflamatório, à modificação na produção de lipídios nas glândulas sebáceas, à supressão da produção de sebo e à normalização da ceratinização folicular 4. As respostas aos retinóides geralmente requerem dois a quatro meses de terapia, que deve continuar por toda a vida do animal ou conforme orientações do médico veterinário, com base no resultado de exames clínicos e laboratoriais 7,12. A vitamina A pode ser administrada na dose de 10.000 UI a cada 12 horas para cães de pequeno a médio porte, e de 20.000 UI a cada 12 horas para cães de grande porte 6. A isotretinoína é usada na dose de 1-3mg/kg a cada 24 horas, e está indicada em doenças que requeiram alteração ou normalização de estruturas anexiais, além de algumas afecções epidérmicas 11. Essa droga, na dose de 1-2mg/kg/dia por via oral, foi relatada como muito eficaz em cães da raça vizsla, sem a descrição de efeitos colaterais, porém não apresenta a mesma eficácia em outras raças 4,5,12. A terapia pode ser iniciada com a dose de 1mg/kg a cada 12 horas por via oral no primeiro mês, e então se reavalia o paciente. Caso a evolução clínica seja favorável, a dosagem deve ser reduzida para 1mg/kg a cada 24 horas por mais um mês, sendo que o objetivo em longo prazo é o controle da doença com 1mg/kg a cada 48 horas, ou 0,5mg/kg a cada 24 horas 8. O etretinato é usado na dose de 1mg/kg a cada 24 horas, e está indicado nos distúrbios do desenvolvimento epitelial, folicular ou na ceratinização 11. Essa droga, na dose de 1-2mg/kg dia por via oral, foi relatada como ineficaz ou resultando em um máximo de 50% de resolução 12. Em um estudo com trinta cães com adenite sebácea tratados com a isotretinoína ou com o etretinato, foram verificados índices de cura de 47% e 53%, respectivamente, ocorrendo baixa incidência de efeitos colaterais. Destes animais, onze eram da raça akita e dez deles apresentaram importante remissão dos sinais clínicos com a terapia, podendo esta ser uma alternativa de grande valia na terapia da adenite em animais dessa raça 5.

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Os efeitos colaterais potenciais dos retinóides sintéticos são em grande número, mas raros e moderados 12. Sua toxicidade no cão é menor do que em humanos, sendo dose-dependente e reversível 12. No cão, a conjuntivite, a ceratoconjuntivite seca, a hiperatividade, o prurido, o eritema da junção mucocutânea e podal, o andar rígido, a hepatotoxicidade, o vômito e a diarréia podem ser observados 12. Todos os retinóides são potentes teratogênicos, portanto devem ser usados apenas em fêmeas castradas ou em cadelas que não serão usadas para reprodução 11, sendo que o etretinato pode manter esse efeito por até dois anos após o término do tratamento 12. As anormalidades laboratoriais incluem hipertrigliceridemia, hipercolesterolemia e aumento de ALT, AST e fosfatase alcalina, mas geralmente não estão associadas a sinais clínicos 12. Para uso dos retinóides, deve-se realizar uma monitoração pré-tratamento que inclui teste de Schirmer, hemograma completo, perfil bioquímico sérico, triglicérides e urinálise. Esses exames devem ser repetidos periodicamente 12. Ciclosporina Nas duas últimas décadas, a ciclosporina tem sido amplamente utilizada na dermatologia humana e veterinária. A ciclosporina, na dose de 5mg/kg a cada 12 ou 24 horas por via oral, foi relatada como eficaz em cães que não respondem aos retinóides 8,13,14. Seu efeito benéfico nessa doença provavelmente se deve à sua atividade imunossupressora e/ou antiproliferativa de ceratinócitos 14. A ciclosporina pode provocar efeitos colaterais em cães, como vômito, diarréia, hiperplasia gengival, hirsutismo, nefrotoxicidade, hepatotoxicidade, papilomatose, maior susceptibilidade a infecções bacterianas e virais 11, que são raros na dosagem terapêutica empregada na maioria das dermatopatias 14. Deve-se monitorar a creatinina sérica, as enzimas hepáticas e a pressão sanguínea e realizar exames físicos regulares. Apresenta interação medicamentosa com o cetoconazol devendo, neste caso, reduzir-se a dose da ciclosporina para manter seus níveis séricos 14. Em estudo com animais tratados com a ciclosporina na dose de 5mg/kg/dia por um ano, observou-se melhora clínica e histopatológica 40

significativa, porém os sinais clínicos recidivaram com a interrupção do tratamento 13. Glicocorticóides O uso de glicocorticóides em dose antiinflamatória ou imunossupressora não demonstrou resultados satisfatórios para alguns autores 4,8, enquanto outros relataram remissão completa dos sinais clínicos em três animais tratados com prednisona na dose de 2,2mg/kg/dia por via oral, associada a aplicações tópicas de propilenoglicol 2. O prognóstico da AD é de reservado a desfavorável, sendo pior nos casos em que as glândulas sebáceas estão totalmente ausentes 8,11. CONSIDERAÇÕES FINAIS A multiplicidade de sintomas associados à adenite sebácea faz com que esta mimetize inúmeras nosologias dermatológicas, sendo geralmente um desafio diagnóstico 7. Mais estudos devem ser realizados em relação aos exames de patologia clínica para uma definição consistente das possíveis alterações sistêmicas na adenite sebácea. Considerando a possível natureza hereditária dessa doença em determinadas raças, seria aconselhável desencorajar o uso de animais acometidos para a reprodução 11. A terapia tópica minimiza de forma transitória os sinais clínicos 7, e deve ser usada como adjuvante das terapias sistêmicas. O uso de retinóides parece ser uma boa opção na terapia da adenite sebácea porém, em contrapartida, é associado a inúmeros efeitos adversos, extensa monitoração clínico-laboratorial, alto custo da medicação e tempo de uso prolongado, inviabilizando sua indicação para alguns proprietários 7. Estudos futuros, destinados à maior compreensão de sua etiopatogenia e dos mecanismos genéticos envolvidos, poderão contribuir para um melhor controle e prognóstico dessa afecção 7. REFERÊNCIAS 01-WHITE, S. D. ; LINDER, K. E. ; SCHULTHEISS, P. ; SCOTT, K. V. ; GARNETT, P. ; TAYLOR, M. ; BEST, S. J. ; WALDER, E. J. ; ROSENKRANTZ, W. ; YAEGER, J. A. Sebaceous adenitis in four domestic rabbits

(Oryctolagus cuniculus). Veterinary Dermatology, n. 11, p. 53-60, 2000. 02-SPATERNA, A. ; ANTOGNONI, M. T. ; CAPPUCCINI, S. ; TESEI, B. Sebaceous adenitis in the dog: three cases. Veterinary Research Communications, n. 27, p. 441-443, 2003. 03-CONCEIÇÃO, L. G. ; FABRIS, V. E. ; FONTERRADA, C. O. ; FIGUEIREDO, C. Adenite sebácea granulomatosa em um cão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CLÍNICOS VETERINÁRIOS DE PEQUENOS ANIMAIS, 15. Rio de Janeiro, 1993. Anais do XV Congresso da ANCLIVEPA. Rio de Janeiro: Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais-RJ, 1993. p. 11. 04-STEWART, L. J. ; WHITE, S. D. ; CARPENTER, J. L. Isotretinoin in the treatment of sebaceous adenitis in two Vizslas. Journal of the American Animal Hospital Association, v. 27, n. 1, p. 65-71, 1991. 05-WHITE, S. D. ; ROSYCHUK, R. A. W. ; SCOTT, K. V. ; HARGIS, A. M. ; JONAS, L.; TRETTIEN, A. Sebaceous adenitis in dogs and results of treatment with isotretinoin and etretinate: 30 cases (1990-1994). Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 207, n. 2, p. 197-200, 1995. 06-WHITE, S. Sebaceous Adenitis. 26th World Small Animal Veterinary Association Congress Proceedings, 2001, Vancouver. Disponível em <www.wsava.org>. Acessado em: 19 de setembro de 2005. 07-FARIAS, M. R. ; PERES, J. A. ; FABRIS, V. E. ; COSTA, F. S. ; PINTO, R. G. Adenite sebácea granulomatosa em cães da raça akita: relato de caso. Clínica Veterinária, Ano V, n. 25, p. 33-38, 2000. 08-GRIFFIN, C. E. ; KWOCHKA, K. W. ; MACDONALD, J. M. Current Veterinary Dermatology: the science and art of therapy. St. Louis: Mosby Year Book, 1993. 378 p. 09-GROSS, T. L. ; IHRKE, P. J. ; WALDER, E. J. Veterinary dermatopathology: a macroscopic and microscopic evaluation of canine and feline skin disease. St. Louis: Mosby Year Book, 1992. 520 p. 10-REICHLER, I. M. ; HAUSER, B. ; SCHILLER, I. ; DUNSTAN, R. W. ; CREDILLE, K. M. ; BINDER, H. ; GLAUS, T. ; ARNOLD, S. Sebaceous adenitis in the Akita: clinical observations, histopathology and heredity. Veterinary Dermatology, n. 12, p. 243-253, 2001. 11-SCOTT, D. W. ; MILLER, W. H. ; GRIFFIN, C. E. Muller & Kirk´s Small Animal Dermatology. 6. ed. Saunders: Philadelphia, 2001. 1528 p. 12-POWER, H. T. ; IHRKE, P. J. Synthetic retinoids in veterinary dermatology. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 20, n. 6, p. 1525-1539, 1990. 13-LINEK, M. ; BOSS, C. ; HAEMMERLING, R. ; HEWICKER-TRAUTWEIN, M. ; MECKLENBURG, L. Effects of cyclosporine A on clinical and histologic abnormalities in dogs with sebaceous adenitis. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 1, n. 226, p. 59-64, 2005. 14-ROBSON, D. C. ; BURTON, G. G. Cyclosporin: applications in small animal dermatology. Veterinary Dermatology, v. 14, n. 1 , p. 1-10, 2003.

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Colelitíase: relato de caso em cães

Leandro Zuccolotto Crivelenti Médico veterinário crivelenti_lz@yahoo.com.br

Sofia Borin Médica veterinária

Cholelithiasis: case report in dogs

sofiaborin_vet@yahoo.com.br

Antonio Vicente Mundim MV, mestre, doutorando, prof. Curso de Medicina Veterinária/UFU

Colelitiasis: relato de caso en perros Resumo: A colelitíase é rara nos cães, e pode ser assintomática ou estar associada com sinais clínicos atribuídos à estase biliar, doença do trato biliar obstrutiva, à colecistite, à colângio-hepatite ou à peritonite biliar. Este artigo relata dois casos de colelitíase canina atendidos no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (MG) em 2003. A doença foi diagnosticada por exame radiográfico, alterações laboratoriais e confirmada pela ultra-sonografia, sendo que os sinais clínicos como anorexia, êmese e dor abdominal foram achados comuns na fase clínica da doença. Os pacientes foram submetidos à colecistectomia, com posterior remissão dos sinais clínicos e normalização dos parâmetros laboratoriais. Faz-se necessário o diagnóstico precoce da colelitíase e o acompanhamento do paciente assintomático, visto o alto risco de morte pelas complicações associadas a essa doença. Unitermos: Caninos, vesícula biliar, colélitos, colecistectomia Abstract: Cholelithiasis is an uncommon disease in dogs. It can be asymptomatic or associated with clinical signs attributed to deposited bile, obstruction of the biliary tract, cholecystitis, cholangiohepatitis or biliary peritonitis. This article reports two cases of canine cholelithiasis treated at the Veterinary Hospital of the Federal University of Uberlândia (MG) in 2003. Diagnosis was achieved through abdominal radiography and laboratorial exams, and confirmed by means of ultrasonography. Clinical signs such as anorexia, emesis and abdominal pain were common in the clinical stage of the disease. Patients underwent cholecystectomy, which led to regression of symptoms and normalization of laboratory values. A premature diagnosis and treatment of cholelithiasis is of paramount importance for asymptomatic patients, given the high death risk due to complications associated with this disease. Keywords: Canines, gallbladder, choleliths, cholecystectomy Resumen: La colelitiasis es rara en perros, pudiendo presentarse asintomática o asociarse con señales clínicas atribuidas a estasis biliar, enfermedad obstructiva de conducto biliar, colicistitis, colangiohepatitis o peritonitis biliar. Este artículo relata dos casos de colelitiasis canina, atendidos en el Hospital Veterinario de la Universidad de Uberlândia, MG, en el año 2003. La enfermedad fue diagnosticada a través de radiografía abdominal y alteraciones laboratoriales y fue confirmada por ultrasonografía, siendo que señales clínicas como anorexia, vómitos y dolores abdominales fueron hallazgos comunes en la fase clínica de la enfermedad. Los pacientes fueron sometidos a colecistectomía acabando con los síntomas clínicos y normalizando los parámetros de laboratorio. Se hace necesario el diagnóstico precoz de la colelitiasis y el acompañamiento del paciente asintomático visto el alto riesgo de muerte por las complicaciones asociadas a esta molestia. Palabras clave: caninos, vesícula biliar, colelitos, colecistectomía

Clínica Veterinária, n. 70, p. 42-46, 2007

Introdução A árvore biliar é constituída por pequenos ductos, que se unem para formar os ductos intra-hepáticos maiores, os quais saem dos lobos hepáticos para formar o ducto biliar comum extra-hepático 1. No homem 2 e nos gatos, diferentemente dos cães, ocorre a união dos ductos biliar e pancreático, formando o ducto biliopancreático 3. Através do esfíncter de Oddi, o ducto biliar comum desemboca no duodeno, a cerca de três a seis centímetros do piloro 1. Esse esfíncter tem importante participação no fluxo biliar, regulando o esvaziamento e o enchimento da vesícula biliar 4, via conexão entre o ducto biliar comum e o ducto cístico 1. A vesícula biliar constitui-se de um saco piriforme situado no lado direito do fígado, entre os lobos quadrado e medial direito, no lado diafragmático 1,5. Divide-se em três partes: fundo, corpo e colo, e seu suprimento sangüíneo é feito 42

pela artéria cística, um ramo da artéria hepática 5. É responsável pelo armazenamento e pela concentração da bile 1, produto de secreção contínua do fígado 6 e componente importante da digestão de nutrientes no intestino delgado 7. A ejeção da bile é promovida pela contração da vesícula biliar, induzida predominantemente pela ação da colecistoquinina que é secretada pela mucosa duodenal sob influência da ingestão de gorduras e proteínas 1,6. A bile tem como principal função a emulsificação das gorduras dietéticas e a ativação de certas lipases, processos estes que ocasionam a formação de micelas, as quais promovem aumento na superfície disponível para a ação da lipase e facilitam a absorção dos lipídios pelo organismo 7. Além disso, grande parte dos compostos endógenos e exógenos advindos do catabolismo e da destoxificação promovidos pelo fígado são excretados na bile 1.

avmundim@demea.ufu.br

A bilirrubina originada a partir da degradação de proteínas que contêm o grupo heme 3 constitui-se em um pigmento biliar de grande importância 1,3, já que a obstrução do fluxo biliar gera aumento de sua concentração plasmática 8. Os cálculos são concreções formadas por substâncias oriundas do próprio organismo, resultantes do metabolismo protéico, lipídico e mineral, encontrados em órgãos cavitários, ductos excretores de glândulas, vias excretoras urinárias e biliares e no tubo intestinal 9. A colelitíase é rara nos cães, podendo se apresentar assintomática ou se associar com sinais clínicos atribuídos à bile depositada, à doença do trato biliar obstrutiva (DTBO), à colecistite, à colângio-hepatite ou à peritonite biliar 3,10. Dentre as principais alterações laboratoriais encontradas em cães com colelitíase estão a bilirrubinúria, a hiperbilirrubinemia e as elevações séricas das enzimas fosfatase alcalina (FA), gama glutamiltransferase (GGT), alanino aminotransferase (ALT) e aspartato aminotransferase (AST) 3,11. A patogenia da colelitíase em cães é desconhecida, sugerindo-se como causas da formação dos colélitos traumas, estase biliar, alterações na dieta, colecistite e infecções biliares parasitárias e bacterianas 12. Três tipos de colélitos têm sido descritos em cães: os de colesterol, os de pigmentos biliares e os mistos. Os colélitos de colesterol e mistos geralmente contêm mais de 70% de colesterol associado a sais de cálcio, ácidos biliares, pigmentos, proteínas, ácidos graxos e fosfolípides. Os cálculos de pigmentos contêm menos de 10% de colesterol, sendo primariamente compostos por bilirrubinato de cálcio 6. O diagnóstico de colelitíase em cães pode ser feito através de exames radiográficos e ultra-sonográficos 11. Ao exame radiográfico, os cálculos de colesterol são radioluscentes e os cálculos mistos e

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Figura 1 - Aglomerados radiopacos em região hepática, em radiografia na posição lateral direita Sofia Borin

Figura 2 - Aglomerados radiopacos na região hepática em radiografia na posição ventrodorsal

No hemograma evidenciaram-se leucocitose com desvio para a esquerda degenerativo, eosinofilia, monocitose e linfocitose. A urinálise apresentou densidade de 1,041, pH alcalino, presença de sais biliares (+++) e pigmentos biliares (+++). Aos exames bioquímicos constataram-se concentração normal de uréia (39,4mg/dL), de creatinina (1,1mg/dL) e leve aumento da atividade da ALT (61,7UI/L). Ao exame ultra-sonográfico, observaram-se hepatomegalia e vesícula biliar repleta de estruturas hiperecóicas. Devido à crise intensa de dor abdominal apresentada, procedeu-se à internação da paciente e à medicação com cloridrato de tramadol a (1mg/kg IV, TID) e escopolamina b (0,3mg/kg IV, BID), além de fluidoterapia de suporte com Solução Ringer Lactato c. Logo após a estabilização da paciente, foi procedida a colecistectomia. a) Tramal®. Pharmacia Brasil Ltda., São Paulo, SP b) Buscopan®.Brohringer Ingllheim, São Paulo, SP c) Ringer com Lactato de Sódio. JP Indústria Farmacêutica S.A. Ribeirão Preto, SP

Relato do segundo caso Em agosto de 2003, uma cadela poodle cinza de sete anos de idade, 14kg, da cidade de Uberlândia (MG), foi encaminhada ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com histórico de vômito e anorexia. Ao exame clínico apresentou obesidade, mucosas conjuntival e oral ictéricas, hepatomegalia, sensibilidade abdominal à palpação em região epigástrica e arritmia cardíaca. O quadro hematológico apresentouse normal, e na bioquímica sérica verificaram-se concentração de uréia sérica normal (27mg/dL), aumento na atividade sérica das enzimas ALT (362 UI/L), FA (237 UI/L) e nas concentrações séricas de bilirrubina total (9,6mg/dL), bilirrubina direta (6,88mg/dL) e bilirrubina indireta (2,72mg/dL). A urinálise apresentou densidade de 1,025, pH ácido, presença de sais biliares (+++), pigmentos biliares (+++) e cristais de bilirrubina (+). Ao exame ultra-sonográfico verificaram-se distensão da vesícula biliar e presença de colélitos hiperecóicos, confirmando o diagnóstico de colelitíase (Figura 3). Após a confirmação do diagnóstico de colelitíase, e realizados os procedimentos pré-operatórios necessários, as pacientes foram encaminhadas para o setor de cirurgia de pequenos animais para a realização da colecistectomia total. De ambas as pacientes foram retirados colélitos com diâmetro variando de 0,1 a 0,5cm, coloração preta e consistência maciça e dura. Apesar de não ter sido possível a realização das análises destes, as características macroscópicas e radiográficas sugerem que se tratavam de colélitos mistos de bilirrubina e cálcio (Figura 4). Sofia Borin

Relato do primeiro caso Em setembro de 2003, uma cadela pinscher de dez anos de idade, 4,0kg, da cidade de Uberlândia (MG), foi encaminhada ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com histórico de neoplasia na mama inguinal esquerda. Ao exame radiográfico na posição lateral observou-se a presença de um agrupamento de pequenos corpos radiopacos na região hepática (Figura 1). Confirmou-se que se tratava de cálculos na vesícula biliar com a realização de radiografia na posição ventrodorsal (Figura 2) e pelo exame ultra-sonográfico abdominal. No entanto, o animal não apresentava nenhum sinal clínico decorrente do quadro de colelitíase. Não foram verificadas alterações nos exames de hemograma, urinálise, enzimas hepáticas (ALT e FA) e renais (uréia e creatinina), e a paciente foi submetida à mastectomia parcial. Decorridos dois anos, a paciente retornou ao Hospital Veterinário com histórico de anorexia, vômitos constantes, fezes pastosas e claras (esteatorréicas) e episódios de dor abdominal intensa. Ao exame clínico detectaram-se obesidade, mucosas hiperêmicas, desidratação moderada, e dor abdominal à palpação na região epigástrica.

Sofia Borin

de bilirrubina variam em radiopacidade. Colélitos radiopacos contêm uma mistura de cálcio e bilirrubina 12. Há uma maior porcentagem de cálculos radiopacos em cães do que as descrições em humanos, que têm maior predisposição a cálculos de colesterol. Em virtude disto, o exame radiográfico é eficiente no diagnóstico de colelitíase em cães. A ultra-sonografia é muito empregada para a confirmação do diagnóstico de colelitíase canina 11. De acordo com a maioria dos autores, o tratamento da colelitíase só deve ser instituído se houver sinais clínicos da doença 3,11. Contudo, existem contradições entre os autores e poucos relatos clínicos são apresentados pela literatura, necessitando de maiores informações a respeito do melhor momento para se instituir o tratamento. O presente artigo tem como objetivo relatar a ocorrência de dois casos de colelitíase canina, bem como discutir a etiopatogenia, o diagnóstico e as possíveis complicações e medidas terapêuticas clínicas e cirúrgicas dessa moléstia.

Figura 3 - Ultra-sonografia abdominal, evidenciando estruturas hiperecóicas no interior da vesícula biliar

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Sofia Borin

Figura 4 - Característica macroscópica da vesícula biliar e dos colélitos após a colecistectomia

O pós-operatório foi realizado na residência dos proprietários, utilizandose como antibiótico o metronidazol d (7,5mg/kg VO BID durante quinze dias consecutivos), e o cloridrato de ranitidina e (2mg/kg VO BID durante quinze dias, trinta minutos antes do antibiótico). No retorno, foram retirados os pontos da ferida cirúrgica e, sendo a recuperação satisfatória, as pacientes receberam alta médica. Houve o desaparecimento da sintomatologia clínica condizente com o quadro de colelitíase, e os parâmetros laboratoriais normalizaram-se. Até a presente data, a cadela pinscher encontra-se saudável e ativa, e a cadela poodle veio a óbito no final do ano de 2005 em decorrência de neoplasia pulmonar. Discussão As doenças do trato biliar extra-hepático ocorrem com menor freqüência do que as de parênquima hepático nos cães 13. A lama biliar em humanos é considerada como uma precursora de colelitíase. No entanto, a alta prevalência de lama biliar associada à baixa prevalência de colelitíase nos caninos sugere que esta raramente resulta na formação de colélitos em cães, sendo considerada normalmente como achado acidental 14. Condizendo com os casos aqui reportados, fêmeas idosas e de raças de pequeno porte têm sido mencionadas como grupo predisposto para colelitíase 11,12. Dentre as raças mencionadas estão poodle, schnauzer miniatura 3 e teckel 11. Os cálculos biliares são resultantes da união de complexos fatores relacionados à estase biliar e à hipotonia vesical, d) Flagyl®. Aventis Pharma S.A. São Paulo, SP e) Label®. Asta Medica Ltda. São Paulo, SP

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causando dificuldade no esvaziamento da vesícula biliar 4. A deposição biliar e/ou distensão da vesícula biliar estimula o aumento da produção de mucina e uma coalescência de partículas biliares, predispondo a formação de colélitos 3. Sugere-se que dietas pobres em proteínas e taurina e ricas em lipídios possam contribuir para a formação de colélitos 3. Nos casos relatados, as cadelas eram obesas, com escore corporal 4, e os proprietários forneciam-lhes petiscos e ração de baixa qualidade. A bile é estéril em cães saudáveis, no entanto o freqüente encontro de bactérias na bile de cães com colelitíase pode justificar a prevalência de cálculos de pigmentos radiopacos e a ocorrência de peritonite séptica na ruptura da vesícula biliar 11. A colelitíase pode gerar colestase intra ou extra-hepática. A colestase extra-hepática é relativamente rara em cães e gatos 1. Esta reduz a absorção das gorduras decorrente da ausência de ácidos biliares intestinais, podendo causar diminuição da absorção das vitaminas lipossolúveis K 1,3 e D, resultando em coagulopatias e, nos casos crônicos, vir a causar raramente descalcificação esquelética 1. O aumento do volume da vesícula biliar experimentalmente induzido em coelhos sugere que uma alteração no tônus do esfíncter de Oddi pode ter um importante papel na estase biliar, promovendo subseqüente motilidade patológica que atuaria na formação de colélitos 4. Infecções bacterianas na vesícula biliar e obstrução do ducto cístico por colélitos podem vir a causar colecistite. Entre os fatores de risco da inflamação da vesícula biliar está a colecistite necrosante. Esta pode ocasionar ruptura da vesícula biliar, desencadeando um quadro grave de peritonite biliar, complicação freqüentemente relatada nos cães 3,13. Sugere-se que, devido a tal fato, a colecistite necrosante seja uma das causas mais comuns para a indicação de cirurgia biliar extra-hepática 13. As atividades séricas da ALT, FA e a concentração de bilirrubina sérica podem estar aumentadas em cães com ruptura de vesícula biliar 15. A presença da peritonite biliar séptica aumenta a concentração da creatinina sérica, prolonga o tempo parcial de tromboplastina (PTT) e diminui a pressão arterial pós-operatória. Elevadas concentrações de creatinina sérica estão associadas a um alto risco de morte em

cães com colelitíase. Tanto em humanos, quanto em cães e ratos, a presença de icterícia de origem obstrutiva aumenta o risco de falência renal causada por endotoxemia bacteriana 13. A tríade colelitíase, colecistite e perfuração da vesícula biliar, embora rara, deve ser sempre considerada 16, pois necessita de intervenção cirúrgica emergencial devido às severas alterações que causa 15 e à freqüente mortalidade em cães com efusão séptica 13. A convergência dos ductos biliar e pancreático nos felinos pode constituir um fator predisponente ao aparecimento de pancreatite intersticial crônica. Tal alteração não foi descrita nos cães, presumivelmente devido à separação dos ductos biliar e pancreático nessa espécie 1. Deve-se instituir fluidoterapia de suporte, prescrição de dieta restrita em gorduras, e avaliação de hepatopatia subjacente. Recomenda-se fazer uso de ácido ursodesoxicólico (10-15mg/kg/ dia, VO), pois este tem ação litolítica em cálculos que contêm colesterol, e de vitamina K (0,5 - 1,5mg/kg, por via parenteral, até no máximo de três doses em 36-48 horas) caso haja indícios de distúrbios de coagulação 3. O tratamento cirúrgico para a colelitíase é a colelitotomia via colecistectomia, colecistotomia ou coledocotomia. No entanto, a colecistectomia é considerada como eletiva para cães com sinais clínicos de colelitíase 11. Tanto no homem quanto nos caninos, cirurgias no trato biliar extra-hepático têm relativa morbidade e mortalidade, apesar dos avanços nas técnicas cirúrgicas. Isso se deve ao fato de os pacientes apresentarem quadros de leucocitose, circulação de neutrófilos jovens, coagulação intravascular disseminada (CID), sepse, pneumonia aspirativa, falência renal aguda, tromboembolismo pulmonar e presença de bactérias na efusão biliar que afetam diretamente a sobrevida de cães após a cirurgia biliar extra-hepática 13. A explicação para o prognóstico reservado a desfavorável pode ser decorrente do fato de a colelitíase ser muitas vezes assintomática, ocorrendo o prolongamento de seu curso, causando complicações como a perfuração da vesícula biliar 16 e a peritonite biliar 10, principalmente em cães, e pancreatite em humanos 2 e felinos 14.

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007



Considerações finais Apesar dos procedimentos realizados nos dois casos relatados terem seguido as recomendações sugeridas por vários autores, de que a intervenção cirúrgica só deve ser realizada após o início da sintomatologia clínica, verificou-se na literatura consultada que, devido às graves complicações relacionadas com o quadro de colelitíase crônica, fazem-se necessários o acompanhamento e o monitoramento do paciente assintomático. Sugere-se que, além dos tratamentos ambulatoriais convencionais para colelitíase supracitados, seja instituída terapia analgésica e antiespasmódica para os pacientes que apresentam quadro de dor abdominal aguda. Referências 01-ROTHUIZEN, J. Hepatopatias e doenças do trato biliar. In: DUNN, J. K. Tratado de medicina interna de pequenos animais. 1. ed. São Paulo: Roca, 2001. p. 444 - 493. 02-CHEBLI, J. M. F. ; FERRARI JR, A. P. ; SILVA, M. R. R. ; BORGES, D. R. ; ATALLAH, A. N. ; NEVES, M. M. das. Microcristais biliares na pancreatite aguda idiopática: indício para etiologia biliar oculta subjacente. Arquivos de

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Gastroenterologia, v. 37, n. 2, 2000. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0004-28032000000200005&lng =pt&nrm=iso. Acesso em 16 ago 2006. 03-TILLEY, L. P. ; SMITH JUNIOR, F. W. K. Consulta veterinária em cinco minutos - espécies canina e felina. 2. ed. Barueri, SP : Manole, 2003. 1426 p. 04-WEI, J. G. ; WANG, Y. C. ; DU, F. ; YU, H. J. Dynamic and ultrastructural study of sphincter of Oddi in early-stage cholelithiasis in rabbits with hypercholesterolemia. World Journal of Gastroenterology, v. 6, n. 1, p. 102-106, 2000. 05-BIRCHARD, S. J. Cirurgia hepática e do trato biliar. In: BIRCHARD, S. J. ; SHERDING, R. G. Manual Saunders - clínica de pequenos animais. 2. ed. São Paulo: Roca, 2003. p. 956 - 964. 06-BACILA, M. Bioquímica Veterinária. 2. ed. São Paulo: Robe editorial, 2003. 583p. 07-CASE, L. P. ; CAREY, D. P. ; HIRAKAWA, D. A. Nutrição canina e felina. 1. ed. Madrid: Harcourt Brace de Espanha, 1997. 424 p. 08-BUSH, B. M. Interpretação de resultados laboratoriais para clínicos de pequenos animais. São Paulo: Roca, 2004. 376p. 09-COELHO, H. E. Patologia Geral Veterinária. 2. ed. Uberlândia: Impresso, 2000. 150p. 10-NYLAND, T. G. ; HAGER, D. Sonography of the liver, gallbladder, and spleen. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 15, n. 6, p. 1123-1148, 1985.

11-KIRPENSTEIJN, J. ; FINGLAND, R. ; ULRICH, T. ; SIKKEMA, D. ; ALLEN, S. W. Cholelithiasis in dogs: 29 cases (1980-1990). Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 202, n. 7, p. 1137-1142, 1993. 12-MULLOWNEY, P. C. ; TENNANT, B. C. Choledocholithiasis in the dog: a review and a report of a case with rupture of the common bile duct. Journal of Small Animal Practice, v. 23, p. 631-638, 1982. 13-MEHLER, S. J. ; MAYHEW, P. D. ; BROBATZ, K. J. ; HOLT, D. E. Variables associated with outcome in dogs undergoing extrahepatic biliary surgery: 60 cases (1988-2002). Veterinary Surgery, Philadelphia, v. 33, p. 744-649, 2004. 14-BRÖMEL, C. ; BARTHEZ, P. Y. ; LÉVEILLÉ, R. ; SCRIVANI, P. V. Prevalence of gallbladder sludge in dogs as assessed by ultrasonography. Veterinary Radiology and Ultrasound, v. 39, n. 3, p. 206-210, 1998. 15-PIKE, F. S. ; BERG, J. ; KING, N. W. ; PENNINCK, D. G. ; WEBSTER, C. R. L. Gallbladder mucocele in dogs: 30 cases (20002002). Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 224, n. 10, p. 1615-1622, 2004. 16-BRÖMEL, C. ; LÉVEILLÉ, R. ; SCRIVANI, P. V. ; SMEAK, D. D. ; PODELL, M. ; WAGNER, S. O. Gallbladder perforation associated with cholelithiasis and cholecystitis in a dog. Journal of Small Animal Practice, v. 34, n. 11, p. 541-544, 1998.

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


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Aspectos clínico-patológicos dos neoplasmas do pâncreas exócrino em cães e gatos

Thomas Normanton Guim MV, mestre, doutorando - PPGV/FV/UFPel thomasguim@hotmail.com

Josiane Bonel Raposo MV, dra. profa. adj. - Depto. Pat. An. FV/UFPel cris.gf@uol.com.br

Cristina Gevehr Fernandes MV, dra. prof. adj. - Depto. Pat. An. FV/UFPel bonel-raposo@brturbo.com.br

Clinical and pathological aspects of exocrine pancreas neoplasms in dogs and cats Aspectos clínico-patológicos de los neoplasmas de páncreas exocrino en perros y gatos Resumo: Neoplasmas pancreáticos são incomuns em cães e raros em gatos. Dentre tais tumores, o carcinoma pancreático exócrino é o tipo mais comumente encontrado. Os sinais clínicos são inespecíficos e incluem dor abdominal, vômito, perda de peso e depressão. Icterícia e colestase resultam de obstrução do ducto biliar ou de doença hepática secundária. O diagnóstico clínico, muitas vezes, não é estabelecido até que a laparotomia e a avaliação histopatológica sejam realizadas. O carcinoma pancreático geralmente tem um comportamento agressivo, produzindo metástases, muitas vezes antes que o diagnóstico seja estabelecido. A terapia inclui ressecção tumoral e tratamento dos sinais secundários à doença neoplásica, geralmente paliativos. Este trabalho apresenta uma revisão crítica sobre os aspectos clínico-patológicos dos neoplasmas do pâncreas exócrino em cães e gatos. Unitermos: animais domésticos, oncologia, neoplasias pancreáticas Abstract: Pancreatic neoplasms are uncommon in dogs and rare in cats. Exocrine carcinoma is the most common pancreas neoplasm. The clinical signs are nonspecific and include abdominal pain, vomiting, weight loss and depression. Icterus and cholestasis result from obstruction of the bile duct by the tumor or secondary liver disease. The clinical diagnosis is often not firmly established until exploratory laparotomy and histopathological evaluation are performed. Pancreatic carcinomas often have an aggressive behavior and may metastasize even before the diagnosis. Treatment includes tumor resection and palliative therapy to relieve secondary signs. This article provides a critical review about the clinical and pathological aspects of exocrine pancreas neoplasms in dogs and cats. Keywords: domestic animals, oncology, pancreatic cancer Resumen: Las neoplasias de páncreas no son comunes ni en perros ni en gatos. El carcinoma de páncreas exocrino es el tumor pancreático más frecuente. Los signos clínicos que origina son inespecíficos e incluyen dolor abdominal, vómitos, pérdida de peso y depresión. Pueden aparecer ictericia y colestasis a consecuencia de la obstrucción del conducto biliar o de enfermedad hepática secundaria. Muchas veces no se realiza el diagnóstico clínico hasta efectuar laparotomía, biopsia y evaluación histopatológica. El carcinoma pancreático generalmente tiene un comportamiento muy agresivo, produciendo metástasis, muchas veces antes de que se establezca el diagnóstico. La terapia incluye resección quirúrgica y tratamiento sintomático de la enfermedad neoplásica. El presente trabajo brinda una revisión crítica sobre los aspectos clínico-patológicos de los neoplasmas de páncreas exocrino en perros y gatos. Palabras clave: animales domésticos, oncología, neoplasias pancreáticas

Clínica Veterinária, n. 70, p. 48-54, 2007

Introdução Os tumores do pâncreas incluem lesões não neoplásicas e neoplásicas. A hiperplasia nodular é a lesão não neoplásica mais comumente observada, principalmente em animais idosos, enquanto que os cistos e os abscessos são raramente encontrados. As neoplasias pancreáticas são classificadas como exócrinas, quando se originam de células acinares ou do epitélio ductal, ou endócrinas, quando oriundas das ilhotas de Langerhans 1. Os neoplasmas pancreáticos são raros 48

em cães e gatos 1,2, sendo os do pâncreas exócrino os mais freqüentemente encontrados. Dentre os neoplasmas benignos são descritos o adenoma ductal (tubular) e o adenoma acinar. Os carcinomas exócrinos possuem uma grande amplitude de diferenciação, variando de bem diferenciados, como os adenocarcinomas ductais ou acinares, até os pouco diferenciados, como os carcinomas indiferenciados (anaplásicos) 1,3. Os sinais clínicos são inespecíficos e geralmente observados quando metástases já estão presentes 4. Complicações

Tainã Normanton Guim MV, residente - HCV/UFPel tainanormanton@hotmail.com

Priscila Secchi MV, residente - HV/UPF prisecchi@yahoo.com.br

como metástases, obstrução do ducto biliar comum e do ducto pancreático podem ocorrer e confundir o clínico no estabelecimento do diagnóstico. Muitas vezes, o diagnóstico é baseado na laparotomia exploratória e no exame histopatológico. Nos casos de adenocarcinomas e carcinomas, o tratamento geralmente é ineficaz e paliativo e o prognóstico é ruim, não tendo sido relatada sobrevida maior do que um ano a partir do diagnóstico 5. Incidência Embora os carcinomas exócrinos sejam os tumores mais comuns do pâncreas 1,6, a maioria dos relatos que descrevem o problema em cães menciona a sua baixa incidência na espécie 2,4,7. Ocorrem mais raramente ainda em gatos 2,8,9,10. Em caninos, foi observado que para cada 2.300 pacientes examinados, um apresentava carcinoma primário do pâncreas 4, enquanto que em felinos a freqüência estimada é de 12,6 casos para cada 100.000 pacientes em idade de risco 2. Embora seja uma doença que acomete mais freqüentemente animais idosos, já foi observada em um cão de três anos de idade 2. Não foi encontrada predileção por sexo e as raças de cães mais acometidas são o airedale terrier e o boxer, informação discutível pois foi baseada em um baixo número de casos 11. Adenomas do pâncreas exócrino são extremamente raros e poucos casos têm sido relatados na literatura. Dados relativos à sua verdadeira incidência não estão disponíveis 11.

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


Os adenomas e carcinomas do pâncreas exócrino são muito raramente encontrados em outras espécies domésticas, mas existem relatos em bovinos 12, eqüinos e suínos 1,2. Em medicina humana, o neoplasma pancreático é a quinta maior causa de morte relacionada ao câncer 13, e tem sido relatado por acometer mais homens do que mulheres 1. História e sinais clínicos Animais acometidos por adenomas do pâncreas exócrino geralmente não exibem sinais clínicos e nem alterações bioquímicas. Esse tipo de neoplasma é encontrado incidentalmente em laparotomias exploratórias, na necropsia ou quando os tecidos são avaliados histologicamente 1. O histórico e os sinais clínicos observados nos carcinomas pancreáticos são vagos e inespecíficos 14,15. Os sinais mais comuns são dor abdominal, vômito, anorexia, perda de peso e depressão. Geralmente, uma massa palpável e dolorosa está localizada na porção anterior do abdômen 1,6,15. A ascite pode ocorrer como resultado da difusão transcelômica do neoplasma ou como conseqüência da compressão da veia porta ou de seus ramos maiores 1. A icterícia pode ser um sinal comum, já que há possibilidade de obstrução do ducto biliar pelo neoplasma. Colestase e conseqüente cirrose biliar podem ocorrer, gerando uma condição que resulta em confusão e dificuldade no estabelecimento do diagnóstico da afecção pancreática 6,16.

Em um relato, foi observada síndrome da má digestão e absorção em um canino com carcinoma pancreático. Na ocasião, o animal apresentava polifagia, perda de peso, polidipsia, poliúria e fraqueza. O quadro de insuficiência pancreática exócrina se desenvolveu devido à obstrução dos ductos pancreáticos pelo neoplasma 7. Paniculite necrosante pode ocorrer em cães, e mais raramente em gatos, devido à doença pancreática 17. As lesões apresentam-se como nódulos subcutâneos que drenam exsudato de coloração amarelada semelhante a uma secreção purulenta e podem ser confundidos com abscessos. Geralmente, necrose da gordura da cavidade abdominal é encontrada concomitantemente. Acredita-se que tais lesões sejam provocadas pela liberação de enzimas pancreáticas na corrente circulatória, as quais são ativadas em sítios distantes 18. O exame citológico não tem sido consistente no diagnóstico da paniculite e da esteatite necrotizante, e melhores resultados têm sido obtidos por meio de amostras coletadas por biópsia excisional e posterior avaliação histopatológica 17,19. A alopecia paraneoplásica felina é uma condição em que os gatos apresentam dermatose alopécica associada a neoplasma abdominal maligno, geralmente carcinoma pancreático 20,21. Os locais de predileção são os membros e a região ventral, com padrão simétrico bilateral. Epilação fácil de áreas não alopécicas e pele alopécica de aspecto brilhante podem ser observadas, provavelmente em função da esfoliação do extrato

córneo, mas esse não é um padrão observado em todos os casos. O diagnóstico definitivo é confirmado por meio de exame histopatológico da pele. A patogênese é desconhecida 21,22,23. Focos metastáticos podem produzir sinais clínicos que predominam sobre o quadro clínico apresentado pelo neoplasma primário, criando confusão e dificuldade no estabelecimento do diagnóstico. Paresia e paraplegia foram observadas em um cão com carcinoma pancreático devido à invasão do neoplasma para as vértebras lombares, com conseqüente compressão da medula espinhal 24. Em outro relato, um cão apresentou inclinação da cabeça em virtude da presença de massa metastática intracraniana que comprimia o tronco encefálico 25. A destruição extensa do tecido pancreático poderá resultar em sinais de pancreatite aguda ou crônica, insuficiência pancreática exócrina e/ou diabetes melito 5,26. Diagnóstico O diagnóstico clínico dos neoplasmas pancreáticos, na maioria das vezes, não pode ser estabelecido até que a laparotomia exploratória seja realizada, porque o pâncreas é relativamente inacessível ao exame físico e os testes laboratoriais são pouco específicos. Em estudo realizado com 14 cães portadores de carcinoma pancreático, o diagnóstico clínico antecipado foi estabelecido em um animal, com base na detecção de massa abdominal palpável na região do

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007

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Thomas N. Guim

Patologia Macroscopicamente, em cães, tais tumores se apresentam como uma massa, geralmente localizada na porção média do pâncreas. Em gatos, os carcinomas pancreáticos são mais difusos e podem se assemelhar à pancreatite crônica ou à hiperplasia nodular. Alguns tumores são discretos e nodulares e, na maioria das vezes, são massas irregulares e pouco circunscritas 1 (Figura 1).

Figura 2 - Aspecto macroscópico de nódulos metastáticos (setas) localizados na superfície serosa do intestino delgado de um felino, provenientes de disseminação transcelômica Thomas N. Guim

Figura 1 - Aspecto macroscópico de carcinoma pancreático em um felino: massa amarelada, multilobulada e não circunscrita envolvendo o estômago e o baço

A coloração varia de branco-acinzentado a amarelo-pálido e a consistência é variável, podendo ser firme ou friável. Áreas de necrose, hemorragia e mineralização podem ser encontradas no centro do tumor. Necrose da gordura é freqüentemente observada no tecido adjacente ao pâncreas 1,4,5,6. A liberação de enzimas proteolíticas dos carcinomas do pâncreas pode resultar em alterações císticas no tumor primário e esteatite necrosante do omento e gordura peritoneal 1,17. Na grande maioria dos casos, metástases para linfonodos regionais ou sítios distantes ocorrem antes que o diagnóstico seja estabelecido 28. Nódulos metastáticos de diâmetros variados podem ser observados no fígado, no mesentério, no omento, no peritônio, no duodeno (Figura 2), nos pulmões, no baço, no diafragma e nos rins 1,4,5,11,34. Os neoplasmas malignos do pâncreas exócrino apresentam grande amplitude de diferenciação. Histologicamente, os adenocarcinomas são caracterizados por apresentar padrão de células bem diferenciadas, do tipo acinar ou tubular (Figuras 3 e 4), enquanto que os carcinomas são caracterizados por padrões

Figura 3 - Pâncreas (HE), felino. Adenocarcinoma de pâncreas exócrino apresentando proliferação de células neoplásicas com padrão tubular, inseridas em estroma esquirroso. Objetiva 10x Thomas N. Guim

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Na maioria dos casos, o diagnóstico definitivo requer laparotomia exploratória. É recomendada a biópsia de tecido anormal para a confirmação por exame histopatológico, pois macroscopicamente a pancreatite crônica pode ser semelhante ao carcinoma pancreático 15.

Thomas N. Guim

pâncreas. Em outros três cães, o diagnóstico só foi possível por meio de laparotomia exploratória. O restante dos animais morreu ou foi submetido a eutanásia, tendo o seu diagnóstico estabelecido na necropsia e/ou no exame histopatológico 4. Embora avaliações hematológicas e bioquímicas não forneçam resultados conclusivos, elas podem auxiliar no diagnóstico. No hemograma, neutrofilia absoluta com desvio à esquerda pode ser observada, sendo usualmente resultado de hemoconcentração decorrente da desidratação 4,6,14, ou ainda, de inflamação e necrose da gordura 17. Elevação da amilase e da lipase séricas são inconsistentes. Se o ducto biliar comum estiver ocluído, bilirrubinemia pode ser observada e, em alguns casos, as enzimas hepáticas séricas estão elevadas 14,27,28,29. Sinais radiográficos tendem a estar ausentes ou são inespecíficos 30. Tumores pancreáticos grandes podem produzir sinais radiográficos, indicando a presença de massa na porção cranial direita e presença de fluido peritoneal. Entretanto, com base nesses sinais, não há possibilidade de distinguir um neoplasma pancreático de pancreatites ou tumores de estruturas adjacentes. Nódulos pulmonares ou líquido pleural podem ser identificados 14,30. Embora seja difícil a identificação do pâncreas no exame ultra-sonográfico, este representa um teste diagnóstico potencialmente útil pois proporciona o exame direto do pâncreas e dos órgãos adjacentes. É possível a identificação de nódulos ou grandes massas na região do pâncreas, e geralmente a ecotextura do fígado também se encontra alterada devido às metástases. Entretanto, existem poucos relatos de achados ultra-sonográficos em animais com neoplasma pancreático 30,31,32. Há um único relato de carcinoma pancreático em furões, com descrição das imagens ultra-sonográficas 33. A citologia do líquido abdominal ou de material aspirado de áreas suspeitas pode revelar células neoplásicas e auxiliar no diagnóstico 15. Em estudo realizado com treze animais portadores de carcinoma pancreático, a biópsia aspirativa com agulha fina guiada por ultra-som realizada em tecidos, ou de fluido abdominal, foi diagnóstica em oito dos dez indivíduos em que foi realizada 32.

Figura 4 - Pulmão (HE), felino. Foco de células neoplásicas metastáticas apresentando padrão tubular, similar ao observado no tumor primário mostrado na figura 3. Objetiva 10x

pouco diferenciados, representados por um tapete de células indiferenciadas. Em uma mesma neoplasia pode ser observada, muitas vezes, variação do padrão e do grau de diferenciação 1,6,11. O diagnóstico diferencial entre neoplasmas pancreáticos exócrinos pobremente diferenciados e tumores pancreáticos endócrinos pode ser difícil. Técnicas de coloração especial para grânulos secretores, imuno-histoquímica e/ou microscopia eletrônica podem muitas vezes ser necessárias para diferenciá-los 35,36,37.

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007



Tratamento Não há terapia curativa mas, quando possível, a excisão cirúrgica de lesões localizadas pode ser paliativa. Informações referentes à eficácia da terapia cirúrgica em animais que não apresentavam evidência macroscópica de metástase no momento do diagnóstico são escassas 22,32. Na literatura, há relato de um cão que morreu no período transoperatório 32, e de um gato que morreu quatro meses após a ressecção neoplásica 22. A cirurgia não deve ser realizada quando há evidência de lesões metastáticas 14. A quimioterapia ou a radioterapia combinadas à cirurgia têm apresentado eficácia limitada em humanos e animais 14,15,38. O tratamento de condições secundárias, como a insuficiência pancreática exócrina e o diabetes melito, pode ser paliativo em curto prazo 5,15. Prognóstico Os adenomas do pâncreas exócrino, em razão do seu crescimento limitado com compressão do tecido adjacente mas sem

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o estabelecimento de metástases, geralmente têm um prognóstico bom 11. Já os carcinomas pancreáticos, por seu comportamento agressivo e freqüentes metástases antes que o diagnóstico seja estabelecido, têm um prognóstico ruim 14. Não foi relatada sobrevida de animais por mais de um ano após o estabelecimento do diagnóstico de carcinomas pancreáticos 5. Casuística Na rotina do Laboratório Regional de Diagnóstico da UFPel (LRD/UFPel) durante o período de janeiro de 1980 a junho de 2006, de 4.300 amostras recebidas para diagnóstico em caninos, 1.295 foram identificadas como neoplasmas. Desse total, três casos referiam-se a neoplasmas malignos do pâncreas exócrino, a saber: dois adenocarcinomas e um carcinoma. Em relação aos felinos, de um total de 730 amostras recebidas para diagnóstico, 134 foram identificadas como neoplasmas. Dois casos de neoplasmas malignos do pâncreas exócrino foram observados nessa espécie: um adenocarcinoma e um

carcinoma. Em ambas as espécies, não foi diagnosticado nenhum caso de neoplasma pancreático exócrino do tipo benigno. Dados resgatados nos arquivos do LRD/UFPel forneceram informações valiosas que puderam ser observadas em relação aos aspectos epidemiológico, clínico e patológico. Nos cinco casos diagnosticados, os cadáveres foram recebidos para avaliação anatomopatológica, sendo que todas as mortes foram associadas à doença neoplásica. Isso ressalta a alta taxa de mortalidade associada a tais neoplasmas. Quatro dos cinco animais afetados apresentavam lesões metastáticas, e os órgãos mais comumente envolvidos foram: fígado (3 casos), mesentério (3 casos) e pulmão (2 casos). Ainda foram observadas metástases nos rins, nos linfonodos, na pleura, na serosa do estômago, no intestino e no saco pericárdico. Dentre os caninos afetados, dois animais tinham idade avançada (dez e treze anos), e um tinha três anos de idade. Dos dois felinos acometidos, um tinha quatro e o outro sete anos de idade. Os sinais clínicos mais comumente observados

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007



Animais Canino 1 Canino 2 Canino 3 Felino 1 Felino 2

icterícia perda de + + + + + + + +

sinais clínicos peso inapetência vômito ascite diabetes melito + + + + + + + + -

Fonte: Arquivos do Laboratório Regional de Diagnóstico

Figura 5 - Sinais clínicos em animais acometidos por neoplasmas malignos do pâncreas exócrino, diagnosticados no LRD/UFPel (1980 a 2006)

nos animais foram icterícia, perda de peso e inapetência. Dados referentes a esses e outros sinais estão presentes na figura 5. Dentre as raças de cães afetadas, foi observada a ocorrência em um setter irlandês, um beagle e um fox terrier. Dentre os felinos acometidos, observouse a ocorrência em um gato persa e em outro de raça indefinida. Considerações finais Na literatura, verifica-se a dificuldade que existe para caracterizar esses neoplasmas em função de pequeno número de casos encontrados. Embora pouco freqüentes, sua importância reside no fato de que, quando malignos, apresentam alto grau de invasividade e alto poder metastático, sendo responsáveis por altas taxas de mortalidade. Mesmo nesses casos o diagnóstico clínico é difícil, retardando o tratamento e diminuindo a sobrevida do portador. Referências 01-HEAD, K. W. ; ELSE, R. W. ; DUBIELZIG, R. R. Tumors of the alimentary tract. In: MEUTEN, D. J. Tumors in domestic animals. Iowa State Press, 4. ed. p. 478-481, 2002. 02-PRIESTER, W. A. Data from eleven United States and Canadian Colleges of Veterinary Medicine on pancreatic carcinoma in domestic animals. Cancer Research, v. 34, p. 1372-1375, 1974. 03-www.afip.org/vetpath/who/whoclass.htm. Histological Classification of Tumors of the Alimentary System in Domestic Animals. Acesso em: 24/10/2006. 04-ANDERSON, N. V. ; JOHNSON, K. H. Pancreatic carcinoma in the dog. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 150, n. 3, p. 286-295, 1967. 05-DILL-MACKY, E. Pancreatic diseases of cats. Compendium on Continuing Education for the Practicing Veterinarian, v. 15, p. 589-598, 1993. 06-KIRCHER, C. H. ; NIELSEN, S. W. Tumors of the pancreas. Bulletin of the World Health Organization. Geneva, v. 53, n. 2-3, p. 195-202, 1976. 07-BRIGHT, J. M. Pancreatic adenocarcinoma in a dog with a maldigestion syndrome. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 187, n. 4, p. 420-421, 1985. 08-BANNER, B. F. ; ALROY, J. ; KIPNIS, R. M. Acinar cell carcinoma of the pancreas in a cat.

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Urolitíase por urato em dálmatas. Revisão de literatura e relato de caso

Larissa Campos Aquino Graduanda Curso de Medicina Veterinária - UnB larissaquino@gmail.com

Christine Souza Martins MV, profa. ass. Hospital Veterinário - FAV/UnB christine@terra.com.br

Urate urolithiasis in dalmatians. Literature review and case report Urolitiasis por urato en dálmatas. Revisión de literatura y relato de caso Resumo: Os cães da raça dálmata são portadores de uma anomalia no metabolismo do ácido úrico. O transporte desse ácido para o interior dos hepatócitos é deficiente e sua reabsorção nos túbulos renais é reduzida. Logo, a quantidade de ácido úrico eliminada na urina é muito elevada predispondo à formação de cristais de urato, cuja tendência é se precipitarem e agregarem formando urólitos de urato. O diagnóstico da urolitíase baseia-se na anamnese, no exame clínico e nos exames laboratoriais e de imagem. A terapia de dissolução consiste em dieta restrita em purinas e proteínas, administração de alopurinol, alcalinização da urina e controle das infecções. Relata-se aqui o caso de um dálmata com sintomatologia típica de urolitíase, que se destacou pela quantidade de urólitos presentes na bexiga. Unitermos: cães, tratamento, urólitos Abstract: Dalmatians have an anomaly in the metabolism of uric acid. The transport of the acid to the interior of the hepatocites is defective and its reabsorption in the kidneys is reduced. Therefore, the amount of uric acid eliminated through the urine is very high, leading to the formation of urate crystals which tend to precipitate and aggregate, thereby forming uroliths. The diagnosis is based on the anamnesis, clinical signs, imaging results and laboratory exams. Medical dissolution encompasses a strict diet of purines and proteins, allopurinol administration, urine alkalinization and control of the infections. In this article we report the case of a dalmatian with typical symptomatology of urolithiasis, which stood out due to the large amount of uroliths in the bladder. Keywords: dogs, treatment, uroliths Resumen: Dálmatas presentan una anomalía en el metabolismo del ácido úrico. El transporte de este ácido para el interior de los hepatocitos es defectuoso y su reabsorción en los riñones es reducida. Entonces, la cantidad de ácido úrico eliminado en la orina es muy elevada, llevando a la formación de cristales de urato, que tienden a precipitar y unirse formando urolitos. El diagnóstico se basa en los signos clínicos de inflamación, disuria, estranguria u obstrucción, anamnesis y radiografias. La disolución clínica consiste en una dieta restricta en purinas y proteínas, suministración de alopurinol, alcalinización de la orina y control de las infecciones. Relata-se aquí un caso de un dálmata con sintomatología típica de urolitiasis destacando-se por la cantidad de urolitos formados en la vejiga. Palabras clave: perros, tratamiento, urolitos

Clínica Veterinária, n. 70, p. 56-66, 2007

Introdução Os cães da raça dálmata não são únicos apenas em função de sua pelagem característica; eles também apresentam predisposição hereditária para a formação de urólitos de urato. Isso ocorre devido a uma anomalia no metabolismo das purinas, o que faz com que eliminem maior quantidade de ácido úrico na urina do que as outras raças de cães 1,2,3,4. Esse ácido, por ser pouco solúvel, tende a se precipitar no trato urinário sob a forma de cristais que, em condições ideais de pH e saturação, podem se agregar formando os urólitos 5,6. Estimativas apontam que a prevalência de problemas clínicos em dálmatas é de 26 a 34%, boa parte dos quais estão relacionados a distúrbios do trato urinário inferior: um em quatro machos dessa raça 56

apresentam formação de urólitos com obstrução uretral 3,4,7. O Centro de Urólitos de Minnesota analisou 77.000 casos de urolitíase canina entre 1981 e 1997. Destes, 8% correspondiam a urólitos de urato, ou seja, 6.144 pacientes, dos quais 60% pertenciam à raça mencionada. Esses animais apresentavam idade média de cinco anos (variando de um mês a 17 anos) e, em sua grande maioria, eram machos (90%) 1,2,7. Outro estudo realizado no mesmo instituto avaliou a formação de urólitos em dálmatas no período de 1981 a 2002. Foram analisados 9.514 animais, 96% dos quais apresentaram formação de urólito de urato; destes, apenas 2,9% eram fêmeas, em contraste com a grande maioria de machos (94%) que apresentaram o mesmo problema 6,7.

Paula Diniz Galera MV, profa. adj. Hospital Veterinário - FAV/UnB pgalera@unb.br

Os urólitos de urato, que compreendem todos aqueles formados por derivados do ácido úrico (urato de amônia, urato de sódio, urato de cálcio, ácido úrico e xantina), geralmente são pequenos, lisos e esféricos, e apresentam tendência a formar-se e acumular-se no trato urinário inferior. Essas características fazem com que esse tipo de urólito atravesse facilmente a uretra das fêmeas; já nos machos, os urólitos freqüentemente se alojam próximo ao osso peniano, razão pela qual a prevalência desses cálculos é bem mais alta em animais do sexo masculino 1,2,4,7,8,9. O atrito dos urólitos com o epitélio do trato urinário causa inflamação, que pode se manifestar clinicamente como hematúria, disúria e polaciúria. Essas lesões também podem predispor a infecções bacterianas, causando piúria. Caso os urólitos se alojem na uretra, podem ser observadas disúria, estrangúria, polaciúria ou até anúria quando há obstrução completa 8,10. O acompanhamento mensal do paciente por meio de radiografias e exames de urina diminui o índice de recorrência dos urólitos que, em 25% dos casos, tendem a reaparecer um ano após o término do tratamento 1,2. Tendo em vista a alta incidência da enfermidade em dálmatas (quase 27%) 11, o presente estudo tem como objetivo revisar os principais fatores envolvidos na etiopatogenia da urolitíase de urato nessa raça, os principais métodos de diagnosticá-la e o tratamento convencional aliado às diferentes formas de prevenção e controle de uso rotineiro na clínica veterinária de pequenos animais, ilustrado por um relato de caso típico ocorrido no Hospital Veterinário da Universidade de Brasília.

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Marlos Campos

Bioquímica das purinas As purinas, assim como as pirimidinas, são bases nitrogenadas que participam de uma ampla variedade de funções. Quando associadas a uma pentose e um fosfato, elas formam os nucleotídeos, que se agrupam de diferentes formas conforme a atividade que devem exercer. A constituição do DNA e do RNA é, sem dúvida, a sua função mais conhecida. Além disso, os nucleotídeos também são capazes de armazenar energia na forma de ATP, constituem componentes de cofatores enzimáticos, como por exemplo da acetil-coenzima A, e também funcionam como mensageiros químicos, tal como o AMP cíclico 11. Há três grupos de purinas: as oxipurinas (hipoxantina, xantina e ácido úrico), as aminopurinas (adenina e guanina) e as metilpurinas (cafeína, teofilina e teobromina) 2,9. Elas são sintetizadas a partir de elementos simples ou retiradas de fontes orgânicas por meio da ingestão. As purinas primariamente sintetizadas também podem ser recicladas 9. Nos animais vertebrados 13,14, todas as bases purínicas derivadas, tanto de fontes endógenas quanto de fontes exógenas, sofrerão catabolismo e serão eliminadas, e por meio desse processo metabólico darão origem ao ácido úrico 2,9,15. A figura 1 ilustra a degradação da guanina e da adenina que acontece no fígado. Nesse órgão, a guanina sofre remoção hidrolítica do seu grupo amino por meio da guanase, liberando xantina que é convertida em ácido úrico pela xantina oxidase. A adenina é primeiro desaminada pela adenase formando a hipoxantina, que é oxidada sucessivamente para xantina e para ácido úrico pela xantina oxidase 2,5,9,10,12. Essa enzima também está presente em grande quantidade no sangue, nos pulmões e no intestino e, em menor proporção, em outros tecidos do organismo 9.

Figura 1 - Metabolização das purinas no fígado

ESPÉCIE Primatas, aves, répteis e insetos Cães, gatos e outros vertebrados Peixes teleósteos Anfíbios e peixes cartilaginosos Invertebrados marinhos

PRODUTO DE EXCREÇÃO FINAL ácido úrico alantoína alantoato uréia amônia

Figura 2 - Produtos de excreção final do catabolismo das purinas nas diferentes espécies animais 12

O ácido úrico é o produto de excreção final do catabolismo das purinas nos primatas, nas aves e em outros animais. Em cães e gatos esse ácido é degradado até alantoína pela ação da urato oxidase 4,5,12 ou uricase 1,2,9, presente no interior dos peroxissomos dos hepatócitos 8. Em outros organismos, essa via é estendida (Figura 2) para alantoato, uréia e até amônia 12. A alantoína é a principal forma de eliminação dos metabólitos das purinas em cães e gatos, pois é o mais solúvel de todos os produtos derivados dessa base nitrogenada 1,2,5. Normalmente o ácido úrico que não é oxidado à alantoína é lançado no sangue como urato monossódico (o sal do ácido úrico), sendo reabsorvido pelos rins e retornando à circulação para ser metabolizado no fígado 9. Etiopatogenia A urolitíase por uratos é decorrente de alterações no metabolismo das purinas, que causam diminuição na concentração de alantoína e aumento de ácido úrico tanto no plasma quanto na urina. Em pH ácido o urato se combina a diferentes substâncias presentes no trato urinário, como amônia, sódio, potássio e cálcio, e precipita-se na forma de cristais de urato 1,2. Se as condições locais permanecerem propícias, esses cristais podem se agregar e crescer, formando os urólitos. Essa agregação, em geral, ocorre ao redor de um núcleo ou matriz, que pode ser um mineral, uma substância orgânica (células, bactérias) ou ainda material de sutura, pêlo ou fragmento de sonda, a partir dos quais os cristais se combinam 8,11. Entretanto, nem sempre a cristalúria implica a formação de urólitos: ela é inofensiva em cães cujo trato urinário é funcional e anatomicamente normal, casos estes nos quais não se justifica o manejo terapêutico. Por outro lado, a identificação de alguns tipos de cristais tem grande significado diagnóstico, prognóstico e

terapêutico. Exemplo disso são os cristais de urato de amônia, que são indicativos de anomalias hepáticas primárias ou desordens portovasculares 8,11. Além de alterações no funcionamento do fígado, muitos outros fatores de risco contribuem para a formação dos urólitos de urato. Aumento na concentração de amônia na urina devido à produção acelerada pelos rins ou por bactérias produtoras de urease, acidúria, presença de promotores ou ausência de inibidores (nefrocalcina, proteína de Tamm-Horsfall e GAGs) 16 da formação de urólitos e alterações na excreção renal de ácido úrico são alguns deles 1,2,5,8,17,18. Certas raças de cães apresentam predisposição genética para a formação dos urólitos de urato, como dálmatas e bulldogs. O consumo de alimentos com excesso de purinas e de proteínas torna-se fator de risco principalmente para esses animais 1,2. O metabolismo das purinas em dálmatas ocorre de maneira singular. Nessa raça, a conversão do ácido úrico para alantoína acontece a uma taxa muito reduzida, o que gera uma constante hiperuricosúria, ou seja, aumento na concentração urinária de ácido úrico, que é uma substância insolúvel em pH ácido 5,6,19. Essa característica torna esses cães mais susceptíveis aos urólitos 1,2,11,18 em virtude da supersaturação da urina pelos cristais de urato 5. Embora o risco de desenvolver urolitíase seja alto em dálmatas, nem todos os cães da raça formam cálculos de urato, embora excretem elevadas quantidades dessa substância na sua urina 8. Nesses cães, a capacidade de oxidar ácido úrico em alantoína situa-se em um patamar intermediário àquele dos seres humanos e àquele dos cães normais. Os seres humanos possuem uma concentração plasmática de ácido úrico entre 3 e 7mg/dL, e eliminam de 500 a 700mg desse ácido todos os dias pela urina. Em cães de outras raças, a concentração sérica de ácido úrico é menor do que 0,5mg/dL, e a excreção é de 10 a 60mg ao dia. Sabe-se que em dálmatas a

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concentração sangüínea de ácido úrico é duas a três vezes superior àquela observada em outros cães, e a taxa de eliminação desse ácido atinge 400 a 600mg a cada 24 horas 1,2,4,9,12,18,20. Por isso os dálmatas são caracterizados por apresentarem hiperuricosúria, relativa hiperuricemia (em relação aos outros cães), hipoalantoinemia e hipoalantonúria 6,9. As causas dessa alteração têm sido muito pesquisadas, e a maioria dos resultados aponta principalmente para alterações no fígado, embora haja indícios da participação dos rins 8,9. Papel dos rins Grande parte do ácido úrico presente na circulação não está ligada a proteínas plasmáticas; além disso, seu tamanho molecular é pequeno o suficiente para passar pelo filtrado glomerular. Normalmente, de 98 a 100% de todo o ácido úrico filtrado é reabsorvido nos tubos contorcidos proximais 1,2,5,8,9,18, e retorna ao fígado para ser metabolizado 1,2,5. Uma pequena quantidade é secretada pelo rim e é encontrada na urina dos cães de todas as raças 9. Em dálmatas o ácido úrico também é secretado 1,2,5,6,9,18,21, principalmente na área de transição entre a porção proximal e distal dos néfrons, por um processo ativo 9. Já a reabsorção é feita em menor proporção do que o normal; logo, maior quantidade de ácido úrico passa para o trato urinário inferior, acumulando-se na bexiga 1,2,5,6,8,18,21. Alguns experimentos foram realizados para determinar o efeito do transplante renal na excreção de urato: dálmatas receberam rins de cães de outras raças, e cães de outras raças receberam rins de dálmatas. Os transplantados permaneceram com a mesma taxa de excreção de urato anterior ao transplante, ou seja, dálmatas com rins transplantados de cães de outras raças continuaram com hiperuricosúria, e cães com rins de dálmatas mantiveram os índices normais de excreção do ácido úrico. Dessa forma concluiu-se que, embora os rins de dálmatas eliminem o urato de forma diferente, eles não são os principais responsáveis pela alta concentração dessa substância na urina desses cães 9,21. Papel do fígado Também o transplante de fígado entre dálmatas e cães de outras raças foi 58

testado. Quando dois cães não dálmatas receberam o fígado um do outro, a excreção de urato permaneceu baixa, e quando o transplante foi realizado entre dois dálmatas a excreção manteve-se alta. Já na transferência de fígado de um dálmata para um cão de outra raça, e vice-versa, a quantidade de urato excretada pelo receptor tornou-se a mesma do doador. Concluiu-se, portanto, que o fígado dos dálmatas é menos eficiente na conversão de ácido úrico até alantoína, apesar de possuir uricase na quantidade adequada e velocidade de ação normal 1,2,3,8,9,18,19,21. Quando fígados de diferentes raças de cães foram incubados em uma solução de urato, o equilíbrio entre a concentração extracelular e intracelular foi mais lento em dálmatas. Além disso, a velocidade de transporte de ácido úrico para o interior dos hepatócitos foi três vezes maior em outros cães do que em dálmatas, o que sugere que nessa raça tenha alteração no processo de condução desse ácido 1,2,9. Da mesma forma, quando urato é injetado na veia de dálmatas ocorre um aumento acentuado da concentração plasmática dessa substância, cujo declínio é bem lento apesar da alta quantidade de urato eliminada na urina. Outras raças também manifestam esse aumento plasmático inicial mas o declínio é mais rápido, enquanto a quantidade eliminada na urina é mínima. Esses testes confirmam que a incapacidade dos dálmatas em degradar ácido úrico deve-se, em grande parte, ao transporte ineficiente dessa substância para o interior dos hepatócitos ou dos peroxissomos 1,2,3,4,5,6,8,9,16,18,19,21, embora o mecanismo exato dessa ineficiência ainda não tenha sido esclarecido 1,2. Algumas teorias tentam justificar esse transporte ineficiente: ou cães não-dálmatas produzem um promotor para o transporte de ácido úrico para o interior dos hepatócitos e das células renais ou, em uma segunda hipótese, os dálmatas produziriam um inibidor desse transporte. Transplantes de hepatócitos de cães não-dálmatas para fígados de dálmatas (in situ) provaram que a primeira hipótese é a mais provável, uma vez que esse transplante diminuiu significativamente a excreção de ácido úrico nos animais transplantados. Estudos em humanos e em ratos sugerem que esse promotor seria um hormônio (uratina)

produzido no fígado e que sofreria influência de outros hormônios presentes no organismo, mas essa hipótese ainda não foi testada em dálmatas 21. Herança genética É fato que todos os dálmatas apresentam hiperuricosúria. Evidências dessa hereditariedade foram confirmadas por meio de estudos genéticos realizados em três gerações desses cães. O cruzamento entre dálmatas puros gerou uma prole cujo metabolismo de ácido úrico era o mesmo dos pais, ou seja, era defeituoso, comprovando a base hereditária dessa disfunção 9,18. O acasalamento entre dálmatas e cães de outras raças gerou filhotes (F1) normais quanto à excreção de ácido úrico, indicando que o gene responsável pela anomalia é recessivo. A segunda geração de filhotes (F2), resultado da cruza de F1 com dálmatas puros, apresentava cães normais e outros com hiperuricosúria; não havia animais intermediários aos dois, ou seja, com excreção nem alta nem baixa, o que indica que a herança é completa e recessiva 9. Outros cruzamentos confirmam que um único par de genes é responsável pela anomalia e que esse gene é autossômico, ou seja, não está ligado aos cromossomos sexuais 9. Suspeitava-se ainda que esse gene estaria interligado àquele responsável pela pelagem característica dos dálmatas. Porém, alguns testes provaram que é possível gerar cães que apresentem essa pelagem típica e eliminação de ácido úrico dentro dos padrões normais. Isso comprova que não há qualquer ligação entre os dois pares de genes, ou seja, eles estão em cromossomos diferentes. Contudo, observou-se que dálmatas mestiços, que possuíam alguns pêlos brancos no interior das manchas pretas, não apresentavam hiperuricosúria. Por meio desses cães foi provado que o gene responsável pelo metabolismo anormal do ácido úrico era separado, mas geneticamente relacionado ao par de genes responsável pela ausência completa de pêlos brancos nas manchas, um traço que também é recessivo e exclusivo de dálmatas puros 3,4,9. É provável que a seleção de dálmatas com manchas totalmente homogêneas e perfeitamente delineadas tenha resultado numa seleção genética daqueles nos quais

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o metabolismo das purinas é deficiente 9. Sinais clínicos e diagnóstico Os sinais clínicos da urolitíase variam de acordo com o número e a localização dos urólitos no trato urinário. Pequenos cálculos podem ser eliminados na urina 1,2, mas a maioria tende a se localizar na bexiga 5,10,15,22 e/ou uretra 5,22, o que torna comum a sintomatologia característica de cistite, como hematúria. Em machos, os urólitos menores podem se alojar na uretra caudal ao pênis, causando obstrução parcial ou total, com sinais de distensão da bexiga, polaciúria, disúria-estrangúria e azotemia pósrenal, com depressão, vômito e anorexia. Em alguns casos pode haver rompimento da bexiga ou da uretra, o que resulta em efusão abdominal ou acúmulo de líquido no tecido subcutâneo perineal, com azotemia pós-renal 2,10. Nefrólitos unilaterais freqüentemente são assintomáticos, mas podem estar associados a uma intensa hematúria 1,2,10 e à pielonefrite crônica. Em pacientes com urólitos renais bilaterais é comum o desenvolvimento de insuficiência renal crônica, especialmente se houver pielonefrite. Muitas vezes, a obstrução de um ureter causa hidronefrose da porção afetada, sem evidência de redução da função renal 10. Se os urólitos forem conseqüência de doenças hepáticas pode haver sinais relacionados a disfunções do fígado, incluindo alterações neurológicas secundárias ao excesso de amônia sangüínea ou retardo no tempo de recuperação anestésica 1,2. O diagnóstico da urolitíase é feito com base na anamnese, no exame físico, nos exames laboratoriais (exame de urina e hemograma), nos achados radiográficos e na ultra-sonografia 1,2,8,10,18. Cães com urolitíase não obstrutiva e função hepática normal apresentam hemograma e análise bioquímica do sangue sem maiores alterações. Já em pacientes com obstrução urinária ou uroabdômen, freqüentemente ocorre azotemia, acidose metabólica, hipercalcemia e hiperfosfatemia. Desidratação relativa secundária a vômito e anorexia aumentam o hematócrito e a concentração de proteínas plasmáticas 1,2. Invariavelmente, a presença de urólitos de urato está associada a uma alta concentração de ácido úrico no plasma 60

que, em pacientes com disfunções hepáticas, é somada à microcitose e à baixa concentração de uréia sangüínea. Nesses casos, a atividade das enzimas do fígado está normal ou ligeiramente alta; além disso, a concentração de albumina pode estar diminuída e a quantidade de amônia plasmática aumentada 1,2. O resultado do exame de urina varia muito de acordo com o tipo de cálculo. No caso dos urólitos de urato, o pH urinário é ácido e a presença de cristais é comum, tornando a amostra turva e concentrada. A quantidade de sangue ou proteínas varia de acordo com o número, a localização e o tempo de permanência dos cálculos. Bactérias causadoras de infecções podem tornar a urina alcalina, e também são detectadas no exame de urina. Recomenda-se a realização de cultura, isolamento e antibiograma para determinar o tipo de bactéria e o antibiótico mais indicado. Em cães com disfunções renais, o exame de urina revela diminuição na capacidade de concentrar a urina, além da presença de cristais de urato 1,2. Radiografias simples e ultra-sonografia geralmente apontam a localização dos urólitos ao longo do trato urinário, a menos que eles sejam radiotransparentes ou de tamanho indetectável 10. Urólitos de urato normalmente são pouco visíveis, mas quando associados a amônia tornam-se mais radiopacos 1,2,8. A cistografia com duplo contraste é a ferramenta de diagnóstico mais sensível para a detecção de cistourólitos, embora em alguns casos eles possam ser percebidos durante a palpação abdominal em cães com sinais de cistite 10. Para visualizar nefrólitos e/ou ureterólitos, muitas vezes é necessário realizar uma urografia excretora 1,2. Em cães machos com dificuldade e esforço para urinar decorrente de urólitos na uretra, a passagem de sonda urinária provoca a sensação de se encontrar um ponto de resistência semelhante à areia. Nesse caso, o diagnóstico pode ser confirmado mediante uretrografia retrógrada com contraste positivo 10. A ultra-sonografia pode ser usada para detectar urólitos mas, ao contrário da radiografia, é difícil determinar o tamanho, a forma, a densidade e o número dos cálculos. Em cães com doenças hepáticas congênitas, as radiografias abdominais podem revelar um fígado

pequeno. Já a ultra-sonografia é capaz de identificar desvios portossistêmicos 1 ou confirmar a presença de urólitos renais com hidronefrose e hidroureter 10. Quando a retirada dos urólitos é possível, é imprescindível analisá-los quantitativa e qualitativamente. Isso porque os métodos de detecção, tratamento e prevenção das causas primárias são baseados na definição da composição dos urólitos 8,11. Além disso, essa é uma das formas de se confirmar o diagnóstico. No entanto, as amostras a serem analisadas devem ser válidas. O recomendado é que os urólitos sejam enviados secos, pois o formol pode alterar a composição cristalina da amostra. Devem ser solicitadas análise qualitativa, que indica quais minerais o compõem, e análise quantitativa, que informa qual a porcentagem de cada mineral da amostra, demonstrando o composto predominante. Todas as informações sobre o paciente, como espécie, raça, nascimento, gênero, dieta fornecida, histórico, resultado microbiológico da urina, assim como do exame de urina, tratamento que está sendo ou foi realizado, o local e a forma de remoção dos urólitos, devem ser fornecidas. Recomenda-se enviar todos os cálculos retirados do paciente e não apenas um urólito. Se forem encontrados vários, pode-se remeter uma amostra simples representativa do tamanho e aparência dos urólitos, pois cálculos que se formam em épocas diferentes podem conter camadas de diversos tipos de matérias. Não se deve enviar apenas pedaços dos urólitos, que podem não representar toda a constituição do cálculo. Os urólitos não podem ser quebrados, para que as camadas mais finas de minerais não sejam perdidas 1,2. Tratamento Eliminar ou pelo menos controlar a formação dos urólitos requer uma combinação de diferentes etapas de tratamento que, de acordo com o caso, pode ser clínico, cirúrgico ou uma combinação de ambos. O acompanhamento da terapia somado a um programa preventivo garante menor taxa de recidiva na maioria dos casos 8,10. A dissolução clínica dos urólitos de urato de amônio (tipo de urólito de urato mais comum) consiste na ingestão de dieta restrita em proteínas e ácidos nucléicos, administração de alopurinol,

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alcalinização da urina e eliminação de infecções do trato urinário. Há pouca informação acerca da urolitíase por ácido úrico, urato de sódio e urato de sódio/cálcio em cães; portanto, a mesma terapia também pode ser utilizada para esses tipos de urólitos 1,2,5,8,9,10,18. Outra forma de remoção não cirúrgica dos urólitos é a hidropropulsão manual, porém seu uso é limitado pelo tamanho dos urólitos, que devem ter um determinado diâmetro certo para passar pela uretra; além disso, essa técnica pode levar ao desenvolvimento de hematúria temporária 8,13.

ração experimental ganharam peso, enquanto aqueles que se alimentaram da ração comercial perderam peso 24. Sendo assim, há possibilidade de fornecer uma dieta com maior teor de proteínas, mantendo baixos níveis de ácidos nucleicos, a pacientes especiais portadores de urólitos de urato, tais como cadelas gestantes e lactantes ou filhotes.

Dieta calculolítica Dietas com baixa concentração de ácidos nucleicos e proteínas podem impedir a formação de novos urólitos, interromper o crescimento daqueles já existentes e dissolvê-los por meio da alcalinização da urina. A idéia é fornecer menor quantidade de purinas para ser metabolizada fazendo com que menos ácido úrico seja formado no fígado. Assim, menos urato se acumula no trato urinário. Da mesma forma, pouca proteína na dieta gera menor produção de amônia e, conseqüentemente, diminui a formação de íons hidrogênio pelos rins, resultando em urina mais alcalina 1,2,8,10,17,18. O mercado disponibiliza rações formuladas especialmente para esse tipo de tratamento. Tais rações, com baixos teores de purinas e de proteínas, são capazes de alcalinizar a urina 5,8,10,23, o que faz com que sejam fornecidas tanto para a dissolução como para a prevenção da formação dos urólitos de urato 10. Contudo, as dietas comerciais não são recomendadas para fêmeas gestantes e lactantes ou para filhotes devido ao seu baixo teor de proteínas (de 10% a 11%) 24. Em estudo que comparou a administração de dieta comercial usada no tratamento da urolitíase (Hill´s® u/d a) a uma dieta experimental contendo maiores teores de proteína observou-se que as dietas analisadas não causaram alterações nas concentrações séricas e urinárias de ácido úrico, assim como não provocaram mudanças significativas no pH urinário dos dálmatas que constituíram a amostra do experimento. Além disso, os cães alimentados com a

Alopurinol O alopurinol b é um isômero sintético da hipoxantina que, competindo com esta, liga-se à xantina oxidase inibindo a sua ação 1,2,5,8,10,18. Dessa forma, a hipoxantina não é convertida em xantina e não forma ácido úrico, o que promove a diminuição da concentração deste na urina e no plasma dentro de aproximadamente dois dias. Concomitantemente, há um aumento de xantina e hipoxantina no plasma e na urina mas, visto que estas são mais solúveis do que o ácido úrico, sua eliminação pela urina é mais fácil 1,2,8,18. Após ser metabolizado, o alopurinol origina o oxipurinol, que também inibe a xantina oxidase e cuja meia-vida é maior que a de seu precursor 1,2,8,18. Em cães, a meia-vida do alopurinol é dosedependente, ou seja, em uma dose de 5mg/kg esse tempo é de aproximadamente duas horas e meia, podendo alcançar quase três horas em uma dose de 10mg/kg. Já a redução da concentração sérica do oxipurinol à metade demanda de três a cinco horas. Em dálmatas, uma dose intravenosa de 6mg/kg de alopurinol tem meia-vida de duas horas e meia 1,2. A administração do alopurinol pode se dar por via oral, duas a três vezes por dia 10 em dose que varia de 15mg/kg 1,2,8 a 20 a 30mg/kg 10. No entanto, o alopurinol deve ser fornecido somente quando associado a uma dieta com baixa concentração de ácidos nucleicos, pois o excesso de xantina formado pode se depositar sobre os urólitos já existentes ou formar urólitos de xantina 1,2,5,18. Como efeitos adversos há somente o relato de uma possível reação imunomediada pela administração de alopurinol e um caso de eritema cutâneo em um dálmata sob tratamento com alopurinol e ampicilina, mas a suspensão do antimicrobiano por si só resultou na

a) Hill´s, São Paulo, SP

b) Uricemil, Cristália, Itapira, SP

reversão das lesões. Aparentemente, esse efeito adverso também ocorre em seres humanos submetidos à combinação desses dois medicamentos 1,2. Em pacientes que apresentam disfunções renais o tratamento com alopurinol deve ser cauteloso pois esse fármaco, assim como os seus metabólitos finais, é eliminado pelo rim 1,2,9,22. Da mesma forma, o uso prolongado de alopurinol para impedir recidiva de urólitos de urato não é recomendado como rotina, devido à formação dos urólitos de xantina. Entretanto, os benefícios do uso do alopurinol podem superar os riscos em animais que apresentem episódios múltiplos de urolitíase por uratos 10. Alcalinização da urina Uma vez que os íons amônio e hidrogênio precipitam os uratos na urina canina 8,18, faz-se necessário fornecer um agente alcalinizante por via oral, como o bicarbonato de sódio c ou o citrato de potássio d,1,2,5,8,10,18, para manter o pH da urina em 7,0 8,10,18. A dose alcalinizante é individual e única para cada paciente 1,2,8,10,18. Em geral, as primeiras doses de bicarbonato de sódio variam de 25 a 50mg/kg a cada 12 horas 1,2, mas essa dosagem pode ser ajustada para mais ou para menos, de acordo com o pH da urina 10. O citrato de potássio é encontrado em solução líquida ou em comprimidos, e sua dose oscila entre 50 e 150mg/kg a cada 12 horas, podendo também ser reajustada 1,2. O uso desse agente é preferível porque o sódio pode se combinar com o ácido úrico, formando urato de sódio 1,2,8. As dietas usadas para dissolução de uratos normalmente contêm citrato de potássio em sua formulação. Assim, a avaliação contínua do pH urinário é indispensável antes de se optar pela administração de um agente alcalinizante. Dessa forma evitam-se quadros de alcalúria. Além disso, valores de pH acima de 7,5 podem induzir a formação de urólitos e/ou a deposição de cristais de fosfato de cálcio ao redor dos urólitos já existentes, impedindo a sua dissolução 1,2. Infecções do trato urinário As infecções do trato urinário podem c) Bicarbonato de sódio, Rioquímica, São Paulo, SP d) Litocit, Apsen Farmacêutica S.A, São Paulo, SP

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surgir em decorrência de traumas induzidos pelos urólitos ou como resultado de procedimentos clínicos invasivos. Independentemente de sua origem, essas infecções, especialmente em pacientes com urólitos, devem ser prevenidas e erradicadas 1,2,5 porque os microrganismos produtores de urease (estafilococos, Proteus spp e Ureaplasma spp) 2,8,15,18,22 aumentam a concentração de íons amônio na urina e potencializam a formação de cristais de urato de amônio 10. Agentes antimicrobianos apropriados devem ser selecionados e administrados em doses terapêuticas, com base na susceptibilidade e na inibição do crescimento das colônias bacterianas 18. Outras alterações Cães muito jovens, ou adultos de outras raças que apresentem urólitos de urato devem ser avaliados quanto à presença de desvios portossistêmicos 1,2,9,18. Nessa enfermidade, anastomoses (shunts) vasculares permitem que o sangue da circulação porta se desvie do fígado e chegue diretamente à circulação sistêmica 12,18 provocando redução do fluxo sanguíneo hepático total e diminuição da capacidade do fígado de extrair substâncias nocivas da circulação porta 10,14. Geralmente essa doença leva à supersaturação na urina de substâncias que não foram metabolizadas, o que predispõe à formação de urólitos 1,2. Os animais afetados, dependendo do padrão de desvio da circulação, são caracteristicamente pouco desenvolvidos e freqüentemente apresentam sinais clínicos de encefalopatia hepática 13,14. Pode haver quadro de poliúria, polidipsia, urolitíase por uratos e intolerância a anestésicos ou sedativos 10,14. Ao exame clínico observam-se baixa estatura, pouca cobertura pilosa e, ocasionalmente, renomegalia bilateral 10. O fígado é pequeno e pode ter aspecto histológico característico de atrofia lobular 13. A simples correção cirúrgica das anastomoses pode promover a dissolução espontânea dos urólitos 14,18, embora muitos pacientes com desvios portossistêmicos não possam ser tratados cirurgicamente pois algumas anastomoses são intra-hepáticas ou microvasculares. Bons resultados têm sido obtidos na prática por meio da simples dissolução clínica dos urólitos, à exceção dos casos em que há comprometimento clínico 62

(ou seja, grande quantidade de urólitos onde haveria obstruções uretrais constantes, hematúria, disúria, estrangúria com grande desconforto para o paciente e maior susceptibilidade a infecção bacteriana). No entanto, a terapia clínica dos urólitos ainda precisa ser aprimorada e melhor adaptada aos pacientes com anomalias na circulação porta. O uso do alopurinol deve ser cauteloso em tais casos, uma vez que a metabolização desse fármaco requer uma atividade hepática adequada. Além disso, a tetraciclina não deve ser usada para tratar infecções nesses pacientes, pois tende a exacerbar disfunções renais ou hepáticas em cães com anomalias do sistema porta 1,2,18. Tratamento cirúrgico A remoção cirúrgica é feita quando há obstrução urinária ou o exame radiográfico aponta grande quantidade de urólitos ou cálculos de tamanho considerável, que estejam promovendo disúria e hematúria, dentre outros sinais clínicos 1,2. Há situações nas quais nem todos os urólitos podem ser removidos, como acontece em pacientes com urólitos formados por urato de amônia, que normalmente são múltiplos, pequenos e pouco visíveis, o que torna a sua detecção pré e pós-cirúrgica quase impossível. Além disso, muitos urólitos podem se distribuir por locais inacessíveis ao cirurgião. Nesses casos, um programa de dissolução clínica dos urólitos pode ser adotado após a cirurgia 1,2. De acordo com alguns autores, parece não haver alteração na cicatrização das incisões cirúrgicas nos cães alimentados com ração pobre em proteínas e purinas, desde que em boa condição física e submetidos a um pós-operatório adequado 1,2. Controle da resposta ao tratamento e prevenção Após a remoção cirúrgica ou o início do tratamento clínico, é preciso seguir um plano de controle, que inclui o reexame do paciente em intervalos mensais 6, para que não haja recidiva do quadro inicial 1,2. O sucesso do tratamento depende em grande parte da cooperação do proprietário principalmente no que se refere à dieta administrada. A ingestão de alimentos ricos em purinas concomitante ao consumo de alopurinol pode resultar

na formação de urólitos de xantina, que são ainda mais insolúveis, ou na deposição de camadas de xantina ao redor dos urólitos já existentes. Da mesma forma, em pacientes com histórico de urólitos de xantina, a terapia com alopurinol deve ser ponderada 1,2. O tamanho dos urólitos deve ser acompanhado por meio de radiografias. Nos casos em que os uratos são radiotransparentes sugere-se a realização de uretrocistografia com duplo contraste. A ultra-sonografia não é o método indicado para essa avaliação, pois dificulta a análise do número e do tamanho dos cálculos 1,2,8. O pH urinário e a presença de sedimentos e cristais devem ser monitorados periodicamente por meio do exame de urina 1,2,8,10,18,20. Se os achados do exame de urina sugerirem infecção do trato urinário, a cultura bacteriana e o teste de sensibilidade devem ser realizados, e o tratamento com antibiótico deve ser iniciado ou ajustado apropriadamente 10. Também são recomendáveis avaliações da concentração plasmática de uréia e ácido úrico e, se possível, mensuração do nível de ácido úrico na urina. A redução desses índices indica o correto acompanhamento das recomendações clínicas. Além disso, a diminuição da densidade (< 1020) e o aumento do pH da urina (> 7,0) também confirmam que o paciente está sendo alimentado exclusivamente pela dieta receitada 1,2,8. O tempo necessário para que os urólitos se dissolvam é incerto, e varia muito de acordo com o caso. Em estudo no qual foi avaliada a evolução clínica de nove casos de urólitos de urato, o intervalo necessário para a dissolução dos cálculos oscilou de quatro a quarenta semanas 2,5. Se após oito semanas de tratamento os urólitos crescerem ou não diminuírem de tamanho 1,2,10,20, a remoção cirúrgica e a reavaliação dos urólitos é recomendável, pois em alguns casos ocorre a identificação errada da amostra ou o núcleo do urólito pode ser constituído por um mineral diferente daquele presente na camada externa. Além disso, deve-se considerar a deposição de xantina ou a formação de novos urólitos de xantina 1,2. Os dálmatas podem necessitar de uma terapia profilática devido ao seu

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Bioquímico Uréia - 57,7 (mg/dL)

Valores de referência 25 21,4 - 59,2

Creatinina - 0,7

0,5 - 1,5

ALT/GTP - 24,5

4,8 - 24

Fosfatase alcalina - 39,2

20 - 156

(mg/dL) (UI/L) (UI/L)

Figura 5 - Resultados obtidos na análise bioquímica do soro do paciente

Assim, o cão foi considerado em condições de ser submetido ao tratamento cirúrgico, realizado no dia posterior à consulta. Apesar da idade, o animal foi submetido à cirurgia sem maiores complicações. Ao final do procedimento foram retirados 103 urólitos da bexiga (Figura 6). Os cálculos apresentavam coloração alaranjada (Figura 7), eram perfeitamente esféricos, tinham a superfície rugosa, diâmetro próximo a 0,5cm e Paula Diniz Galera

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hepáticas (ALT, FA), além de uma avaliação microbiológica da urina (cultura, isolamento e antibiograma). O exame de urina revelou urina de aspecto turvo (densidade = 1,021), com proteinúria e levemente ácida (pH = 6,0). Quanto ao sedimento, foram constatadas poucas células de descamação vesical, hemácias (+) e cristais de bilirrubina. A análise microbiológica não apresentou crescimento bacteriano. O hemograma não mostrou qualquer alteração significativa. Já a concentração de uréia estava em um nível elevado dentro da variação fisiológica, e a creatinina estava dentro dos padrões normais (Figura 5).

Figura 3 - Radiografia abdominal laterolateral mostrando a presença dos urólitos na vesícula urinária repleta Christine Souza Martins

Relato de caso Em agosto de 2005 foi atendido, no Hospital Veterinário da Universidade de Brasília, um cão da raça dálmata,

macho, de quinze anos de idade. Ele apresentava anúria, estrangúria e dificuldade para se sentar. O proprietário relatou que o animal não urinava nem defecava havia dois dias. Ainda segundo o proprietário, o animal já apresentava dificuldade para urinar havia quase dois meses e a partir daí o quadro evoluiu até chegar à ausência completa de micção. O paciente apresentava histórico de piodermite profunda crônica. Ao exame físico o cão demonstrava aspecto saudável e comportamento inquieto, especialmente durante a palpação da região abdominal, na qual se observou muita sensibilidade dolorosa e bexiga bem distendida. O quadro era sugestivo de obstrução uretral por cálculos urinários. A radiografia abdominal confirmou a presença de inúmeros urólitos na bexiga, além de outros ao longo da uretra (Figuras 3 e 4), o que confirmou o diagnóstico de cálculo vesical e obstrução uretral. Procedeu-se à passagem da sonda uretral realizando retropropulsão dos cálculos presentes na uretra para o interior da bexiga. Após a desobstrução, foram retirados cerca de 800mL de urina. Como exames complementares, foram realizados hemograma completo, exame de urina, análise da função renal (uréia e creatinina) e atividade das enzimas Christine Souza Martins

elevado risco de formação de urólitos. Em casos crônicos de cristais de urato, hiperuricosúria e pH urinário permanentemente ácido, pode-se iniciar a dieta antiácido úrico e o uso de agentes alcalinizantes, se necessário. O alopurinol deve ser administrado quando todas as demais alternativas falharem. Seu uso deve ser restrito somente até a diminuição das concentrações de ácido úrico ou à dissolução completa de urólitos recorrentes uma vez que é desnecessário arriscar o uso de protocolos profiláticos que podem, por si só, causar alterações futuras 1,2. Para cães de outras raças recomendam-se os mesmos princípios, especialmente os bulldogs, cujo índice de recorrência é elevado. Ao que se sabe, a dieta restrita em proteínas e purinas é segura na maioria dos casos, excetuando as particularidades mencionadas anteriormente. Entretanto, em um pequeno número de dálmatas e principalmente em bulldogs, essa dieta foi associada à cardiomiopatia dilatada. Sua origem ainda não foi esclarecida, mas acreditase que esteja ligada à excreção excessiva de carnitina na urina. Cães que apresentam deficiência na reabsorção tubular renal, se alimentados com dietas pobres em proteínas, consomem menos carnitina. Essa menor ingestão, somada à excessiva perda urinária desse aminoácido, resulta em cardiomiopatia. Essa correlação já foi descrita para várias outras raças, mas estudos mais aprofundados acerca do assunto são necessários para confirmar tais hipóteses 1,2. A urolitíase por uratos possui alto percentual de recorrência, tanto em dálmatas quanto em cães de outras raças. Entre 33% e 50% dos pacientes voltam a desenvolver urólitos de urato aproximadamente um ano após o diagnóstico e o tratamento, até porque nesse tipo de urolitíase as causas primárias dificilmente podem ser eliminadas, e fatores como remoção incompleta dos urólitos durante a cirurgia, persistência de infecções bacterianas e falhas nas recomendações terapêuticas e profiláticas geralmente ocorrem 1,2.

Figura 4 - Detalhe dos urólitos ao longo da uretra

Figura 6 - Urólitos presentes no interior da bexiga

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Christine Souza Martins

Christine Souza Martins

Figura 7 - Aparência dos urólitos retirados após a cirurgia

consistência pétrea. Uma amostra foi enviada para análise qualitativa da constituição mineral em um laboratório local não especializado em urolitíase, que demonstrou a presença de urato de cálcio, amônia, carbonato, oxalato e fosfato. O restante foi enviado para análise quantitativa e qualitativa ao Centro de Urólitos de Minnesota, e teve como resultado 100% de sais de ácido úrico formando o interior dos urólitos, com uma camada adicional de 100% de urato de amônia. Durante dois dias após a cirurgia o cão ficou internado em observação, pois apresentava hematúria com presença de coágulos de sangue e polidipsia. Foi realizado tratamento com fluidoterapia para manutenção, além da administração de morfina e e enrofloxacina f. O quadro evoluiu bem, com o fim da hematúria e a melhora do jato de urina em e) Dimorf, Cristália, Itapira, SP f) Baytril 5%, Bayer, São Paulo, SP

menos de uma semana. Foram indicados para o paciente o estímulo à ingestão de água e uma dieta terapêutica, para prevenir a formação de novos urólitos. Após o período de internação, agendouse retorno em quinze dias, para a reavaliação do paciente, mas o proprietário não cumpriu o estabelecido. Após um ano o paciente retornou ao hospital pois, segundo o proprietário, o animal estava cansado, dormindo por mais tempo, com possível surdez, dificuldade para levantar, sentar e ficar em pé havia oito meses e incontinência urinária havia quase quatro semanas. Ao exame clínico foram constatados opacidade do cristalino em ambos os olhos, dificuldade para se levantar e ficar em pé e andar cambaleante, tendendo para o lado esquerdo; à auscultação, observouse a presença de sopro cardíaco grau IV/VI. Foi realizada uma radiografia abdominal que permitiu a observação de

discoespondilose entre as vértebras L7 e S1, bexiga repleta (sem alterações) e aumento de próstata (o que justifica a incontinência urinária). Os demais exames foram marcados para o dia seguinte, juntamente com a avaliação cardíaca, e novamente o proprietário não compareceu. Discussão e conclusão Seguindo a tendência hereditária dos dálmatas, o paciente apresentou formação de urólitos constituídos de urato de amônio, em um caso ímpar devido à imensa quantidade de urólitos cuja sintomatologia só se tornou evidente após o deslocamento destes para a uretra, o que sugere um processo crônico que leva ao questionamento do tempo necessário para a formação de tal quantidade de cálculos. Aparentemente não houve relação com infecções bacterianas, pois o exame microbiológico da urina apresentou crescimento negativo. O exame de urina apontou presença de proteinúria, além de traços de sangue oculto e hemácias no sedimento, indicativos de uma possível reação inflamatória. O pH urinário levemente ácido demonstrou ser o ambiente ideal para a precipitação e a combinação dos cristais na forma de urólitos. Já a presença de cristais de bilirrubina é considerada normal em amostras de urina canina 7. A avaliação bioquímica da função renal permitiu observar concentração normal de creatinina e uréia, o que levou à

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conclusão de que a agudez da obstrução não se desenvolveu em tempo suficiente para que houvesse manifestação clínica de azotemia pós-renal. Infelizmente, não foi possível realizar terapia profilática ou acompanhamento pós-cirúrgico por desistência do proprietário. Portanto, não há registros de recidiva de urolitíase nesse paciente. Os dálmatas são uma raça predisposta à formação de urólitos de urato, principalmente de urato de amônio. O acompanhamento profilático por meio de radiografias abdominais e avaliações periódicas do exame de urina pode permitir a instituição de medidas terapêuticas e/ou preventivas precocemente, diminuindo a possibilidade de intervenções cirúrgicas. O presente relato demonstra que nem sempre o número de cálculos apresenta relação direta com a gravidade do quadro clínico, pois o animal do caso relatado só se tornou sintomático quando houve deslocamento dos urólitos para a uretra causando obstrução, independentemente do número de urólitos presentes na bexiga. Referências 01-OSBORN, C. A. ; LULICH, J. P. ; BARTGES, J. W. ; UNGER, L. K. ; THUMACHAI, R. ; KOEHLER, L. A ; BIRD, K. A. ; FELICE, L. J. Canine and feline urolithiasis relationship of etiopathogenesis to treatment and prevention. In: OSBORN, C. A. ; FINCO, D. R. Canine and Feline Nephrology and Urology. A Lea & Febinger Book, Williams & Wilkins, 1995, 1. ed, p. 798-888. 02-BARTGES, J. W. ; OSBORN, C. A. ; LULICH, J. P. ; KRUGER, J. M. ; SANDERSON, S. L. ; KOEHLER, L. A. ; ULRICH, L. K. Canine urato urolithiasis: etiopathogenesis, diagnosis and management. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Pratice, v. 29, n. 1, p. 161-183, 1999. 03-SAFRA, N. ; SCHAIBLE, R. H. ; BANNASCH, D. L. Linkage analysis with a interbreed backcross maps Dalmatian hyperuricosuria to CFA03. Mammalian Genome (Genes and Phenotypes), v. 17, n. 4, p. 340-345, 2006. 04-SAFRA, N. ; LING, G. V. ; SCHIBLE, R. H. ; BANNASCH, D. L. Exclusion of urate oxidase

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as a candidate gene for hyperuricosuria in the Dalmatian dog using an interbreed backcross. Journal of the Heredity, v. 96, n. 7, p. 750-754, 2005. 05-CASE, L. C. ; LING, G. V. ; RUBY, A. L. ; JOHNSON, D. L. ; FRANTI, C. E. ; STEVENS, F. Urolithiasis in Dalmatians: 275 cases (19811990). Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 203, n. 1, p. 96-100, 1993. 06-ALBASAN, H. ; LULICH, J. P. ; OSBORN, C. A. ; LEKCHAROENSUK, C. Evaluation of the association between sex and risk of forming urate uroliths in Dalmatians. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 227, n. 4, p. 565-569, 2005. 07-BANNASCH, D. L. ; LING, G. V. ; BEA, J. ; FAMULA, T. R. Inheritance of Urinary Calculi in the Dalmatian. Journal of Veterinary Internal Medicine, v. 18, n. 4, p. 483-487, 2004. 08-ADAMS, L. G. ; SYME, H. M. Canine lower urinary tract diseases. In: ETTINGER, S. J. ; FELDMAN, E. C. Textbook of Veterinary Internal Medicine. St. Louis, Missouri 63146: Elsevier Saunders Inc. 2005, 6. ed, p. 1850-1874. 09-SORENSON, J. L. ; LING, G. V. Metabolic and genetic aspects of urate urolithiasis in Dalmatians. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 203, n. 6, p. 857-862, 1993. 10-NELSON, R. W. ; COUTO, C. G. Urolitíase Canina. Medicina Interna de Pequenos Animais. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2006. p. 607-616. 11-OSBORN, C. A. ; LULICH, J. P. ; POLZIN, D. J. ; SANDERSON, S. L. ; KOEHLER, L. A. ; ULRICH, L. K. ; BIRD, K. A. ; SWANSON, L. L. ; PEDERSON, L. A. ; SUDO, S. Z. Analysis of 77.000 canine uroliths. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Pratice, v. 29, n. 1, p. 17-35, 1999. 12-NELSON, D. L. ; COX, M. M. Biossíntese de aminoácidos, nucleotídeos e moléculas relacionadas. In: Lehninger Princípios de Bioquímica. São Paulo. Ed. Sarvier , 3. ed, 2002. p. 639-681. 13-MacLACHLAN, N. J. ; CULLEN, J. M. Fígado, sistema biliar e pâncreas exócrino. In: CARLTON, W. W. ; McGAVIN, M. D. Patologia Veterinária Especial de Thomson. Porto Alegre: Ed. Artmed, 1998. p. 95-130. 14-MARRETTA, S. M. ; PASK, A. J. ; GREENE, R. W. ; LIU, S. Urinary calculi associated with portosystemic shunts in six dogs. Journal of American Veterinary Medical Association, v. 178, n. 2, p. 133-137, 1981. 15-LING, G. V. ; FRANTI, C. E. ; JOHNSON, D. L. ; RUBY, A. L. Urolithiasis in dogs III: Prevalence of urinary tract infection and interrelations of

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Anestesia e analgesia por via epidural em cães atualização farmacológica para uma técnica tradicional Epidural anesthesia and analgesia in dogs a pharmacological update to a traditional technique Anestesia y analgesia por vía epidural en perros - actualización farmacológica para una técnica tradicional Resumo: Anestesia epidural é o bloqueio nervoso de uma área do corpo, induzida por um fármaco que iniba a condução nervosa na medula espinhal. É considerada uma técnica simples, de fácil execução e de baixo custo, permitindo que médicos veterinários que não possuam aparelhagem sofisticada para uso em clínicas particulares tenham a possibilidade de oferecer segurança e conforto aos pacientes. A anestesia epidural causa menores alterações cardiorrespiratórias do que as anestesias injetável e inalatória, reduz o estresse transoperatório e pode proporcionar analgesia pós-operatória. Em geral, a associação de fármacos apresenta vantagens em relação ao uso isolado destes. O uso de diversos fármacos, como anestésicos locais, dissociativos, opióides, agonistas adrenorreceptores, benzodiazepínicos e suas associações, será discutido nesta revisão. Unitermos: caninos, dor, anestesia local Abstract: Epidural anesthesia is a regional nervous block produced by inhibition of the nervous transmission in the spinal cord. It is considered a simple, easy and low-cost technique, which allows veterinarians without access to sophisticated equipment to offer comfort and safety to patients. Epidural anesthesia produces less cardiorespiratory depression than its injectable or inhalatory counterparts, reduces stress and generates post-operative analgesia. The association of substances generally presents advantages as compared to the use of single drugs. The use of drugs such as local and dissociative anesthetics, as well as opioids, alpha-2 agonists, benzodiazepines and their associations is discussed. Keywords: canine, pain, local anesthesia

Resumen: La anestesia epidural es el bloqueo nervioso de un área del cuerpo inducido por un fármaco que inhiba la conducción nerviosa en la médula ósea. Es considerada una técnica simple, de fácil ejecución y bajo costo, permitiendo que los médicos veterinarios que no poseen aparatos sofisticados para utilizar en clínicas privadas, tengan la posibilidad de ofrecer seguridad y confort a los pacientes. La anestesia epidural provoca menos alteraciones cardiorrespiratorias con relación a la anestesia fija e inhalatoria, reduce el estrés transoperatorio y puede proporcionar analgesia postoperatoria. En general la asociación de fármacos presenta ventajas con relación al uso aislado de los mismos. La utilización de diversos fármacos como anestésicos locales, disociativos, opioides, agonistas de adrenorreceptores, benzodiazepínicos y sus asociaciones, se discutirá en esta revisión. Palabras clave: Caninos, dolor, anestesia local

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INTRODUÇÃO Define-se anestesia como a perda temporária da sensação de dor, decorrente da depressão reversível local, regional ou central do tecido nervoso 1,2. A anestesia geral e a cirurgia podem acarretar resposta de estresse, caracterizada por alterações cardiovasculares, endócrinas e metabólicas induzidas pelo estímulo nocivo. Esse estresse pode resultar em queda da imunidade e retardo da cicatrização da ferida cirúrgica, 68

prolongando o período pós-operatório. A prevenção dessa resposta de estresse aparentemente reduz a morbidade pósoperatória. 1,2 A anestesia dissociativa é uma das técnicas mais populares no âmbito veterinário, particularmente o emprego de cetamina e agonistas alfa-2 adrenérgicos. Essa associação causa, porém, inúmeros efeitos indesejáveis, como bradicardia com arritmia sinusal e até bloqueio atrioventricular, depressão

Yuri Karaccas de Carvalho MV, mestrando FMVZ/UNESP-Botucatu ykaracas@yahoo.com.br

Stelio Pacca Loureiro Luna MV, prof., dr. Depto de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária FMVZ/UNESP-Botucatu stelio@fmvz.unesp.br

respiratória, além de analgesia insatisfatória 3 em cirurgias mais cruentas. Adicionalmente há a disponibilidade dos anestésicos intravenosos, dos quais os mais utilizados são o tiopental e o propofol. Entretanto, a excreção desses anestésicos depende da integridade da função hepática e renal 1. Além disso, o uso desses fármacos em infusão contínua pode resultar em intensa depressão cardiorrespiratória e recuperação prolongada 3. A anestesia inalatória, por sua vez, constitui uma das intervenções anestésicas mais seguras atualmente, porém requer aparelhos específicos e indivíduos especializados para seu controle, o que aumenta o custo do procedimento 1,4. Além disso, os agentes inalatórios causam depressão cardiorrespiratória dose-dependente. A exposição crônica a baixas doses de anestésicos inalatórios pode ter efeito carcinogênico, teratogênico ou abortivo 1, com a possibilidade de ocorrência de hepato e nefropatias e alterações hematopoiéticas 2. A anestesia epidural (peridural ou extradural) é o bloqueio nervoso de uma área do corpo induzido por anestésico que iniba a condução nervosa na medula espinhal 4. O anestésico local ideal para uso no espaço epidural deve ser dotado de período de latência curto, período hábil longo e ser capaz de promover analgesia e relaxamento muscular adequados 5. Os fármacos administrados por via epidural produzem poucos efeitos na circulação placentária e fetal, tornando essa técnica anestésica uma boa opção para intervenções cirúrgicas em gestantes 1,6. A fêmea se recupera rapidamente da anestesia, estando apta a cuidar de seus filhotes no período pós-operatório imediato 6. A anestesia epidural oferece muitas vantagens sobre a anestesia geral. É uma técnica segura, que causa mínimos distúrbios bioquímicos e fisiológicos 7. Quando comparada à anestesia geral, as vantagens apresentadas são:

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Yuri Karaccas de Carvalho

Yuri Karaccas de Carvalho

Yuri Karaccas de Carvalho

Figura 2 - Delimitação anatômica do espaço epidural (vista laterolateral)

Figura 1 - Delimitação anatômica do espaço epidural (vista dorsoventral)

menores alterações cardiorrespiratórias no paciente, redução do estresse transoperatório, analgesia pós-operatória, fácil execução e baixo custo 4,6,7,8, prevenção de efeitos colaterais 1 dos anestésicos gerais e redução dos riscos da intervenção anestésica, principalmente para pacientes em estado grave, sendo uma técnica segura para pacientes idosos. Tais facilidades permitem o emprego desta técnica por médicos veterinários que não possuam aparelhagem sofisticada para uso rotineiro em clínicas particulares. Entretanto, animais muito agitados podem aceitar a realização desse procedimento somente sob efeito da medicação pré-anestésica e/ou anestesia geral e, em animais obesos, a localização do espaço epidural pode ser difícil. ANATOMIA E FISIOLOGIA Em cães, a medula espinhal termina na sexta ou sétima vértebra lombar (L6 ou L7) (Figuras 1, 2 e 3). Quando um fármaco é injetado no espaço epidural, parte dele se difunde pelo canal vertebral, outra parte é armazenada na gordura epidural e ainda pode ser removida pela circulação sanguínea, sendo que a quantidade do agente que vai permanecer no tecido neuronal depende de sua lipossolubilidade 9. O fármaco injetado por via epidural fica restrito a uma área do corpo, e seus efeitos sistêmicos são mais suaves do que aqueles promovidos pela aplicação parenteral 9. Em geral, após a anestesia local, as sensações desaparecem na seguinte ordem: dor, frio/calor, tato e pressão; já a recuperação

da sensibilidade ocorre na ordem inversa 5. A anestesia epidural com anestésico local é aquela obtida por bloqueios medular e de nervos espinhais no espaço epidural – quando estes emergem da dura-máter através dos forames intervertebrais 10 –, levando ao bloqueio reversível de uma determinada área do corpo, sem perda da consciência. A solução anestésica é depositada na porção externa da dura-máter, e tem-se a produção do bloqueio segmentar das fibras sensoriais espinhais e fibras nervosas simpáticas. As fibras motoras são as últimas a serem total ou parcialmente bloqueadas, e as primeiras a retornarem à função. Os anestésicos locais têm afinidade pelo tecido nervoso, interrompendo a condução nervosa quando alcançam qualquer parte do neurônio. Essa classe de fármaco impede que as células nervosas atinjam o potencial de deflagração, pois bloqueia os canais de sódio produzidos pela forma iônica 4,9. TÉCNICA Após a tricotomia e a antissepsia rigorosa da região lombossacra, realizase um botão anestésico subcutâneo com o auxílio de agulha (40x8) com mandril ou Tuohy. Após a flexão espinhal, com o animal em decúbito ventral ou lateral, coloca-se o dedo polegar e médio na tuberosidade ilíaca e o indicador no espaço lombossacro. Na seqüência, introduz-se a agulha através da pele e do tecido subcutâneo, e um pequeno volume de anestésico local é injetado nos ligamentos supraespinhoso, intervertebral e amarelo. O sucesso da anestesia epidural depende da localização correta do espaço epidural. Para tal, a técnica mais freqüentemente utilizada é a aspiração de uma gota de anestésico depositado no

Figura 3 - Delimitação do espaço lombossacro (vista caudoventral). Ausência das vértebras coccígeas

canhão da agulha após a introdução desta através dos ligamentos, devido à pressão negativa do espaço epidural. Outra técnica consiste em acoplar uma seringa de vidro contendo ar ou solução salina à agulha. A pressão negativa do espaço promove a entrada do conteúdo da seringa. Entretanto, o uso de ar nessa técnica pode levar à compressão da medula ou da raiz nervosa, enfisema subcutâneo, introdução de ar por via retroperitoneal ou embolismo venoso 11. Dessa forma, o uso de solução salina é mais seguro. Antes de injetar o(s) fármaco(s), deve ser realizada a tração caudal do êmbolo para confirmar a ausência de líquor ou sangue. O próximo passo é a injeção, em pequenas quantidades e lentamente, sem haver resistência, de até 1mL/3kg de anestésico local até o peso de 20kg. Em animais acima desse peso, adicionase 1mL para cada 10kg. Após o bloqueio, o animal deve ser mantido em posição horizontal, decúbito ventral simétrico, com a cabeça ligeiramente mais elevada que o corpo, para difusão simétrica do fármaco 10. Para a confirmação do bloqueio, observa-se por menos de um minuto o relaxamento do esfíncter anal externo e da cauda. A perda do reflexo interdigital normalmente se estabelece entre seis e dez minutos 8, dependendo do fármaco empregado.

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INDICAÇÕES A anestesia epidural lombossacra tem várias indicações, dentre elas o controle da dor pós-operatória, bem como a realização de procedimentos obstétricos e ortopédicos em membros pélvicos 4,12. É utilizada freqüentemente para procedimentos em períneo, vagina e reto, além de ovariossalpingohisterectomia (OSH), cesariana e cirurgias ortopédicas no quadril e nos membros pélvicos. COMPLICAÇÕES As principais complicações decorrentes da anestesia epidural são hematoma epidural, efeitos tóxicos dos anestésicos, estenose espinhal, trauma epidural pelo cateter e abscesso epidural 13,14. A injeção inadvertida no espaço subaracnóide, quando a intenção era o espaço epidural, pode levar à mielopatia ou à síndrome da cauda eqüina devido ao efeito tóxico dos medicamentos, e também à meningite e ao infarto na medula 13,14. Adicionalmente, é possível observar hipotensão por bloqueio simpático e efeitos tóxicos pela sobredose 15. Se os nervos intercostais forem atingidos, podem ocorrer depressão respiratória e hipoventilação. Em aproximadamente 10% dos casos verifica-se postura de Schiff-Scherrington, que consiste na espasticidade dos membros torácicos devido à compressão nervosa motora causada pelo anestésico local. Tal fenômeno é minimizado quando a injeção epidural é realizada lentamente. Nesse caso, pode-se prosseguir a cirurgia e aguardar a resolução temporal do problema, sem maiores conseqüências 15. A anestesia epidural também pode reduzir a temperatura corpórea por meio de dois mecanismos: absorção sistêmica do anestésico e transferência central do anestésico via fluido cerebroespinhal, causando depressão do centro termorregulador; e bloqueio simpático, que promove vasodilatação, com conseqüente redistribuição do calor do compartimento central para os tecidos periféricos 16,17. CONTRA-INDICAÇÕES Não se recomenda a anestesia epidural em casos de hipotensão, choque, anemia e hipovolemia. São contra-indicações absolutas: convulsão, septicemia, síndrome hemorrágica, meningite, doenças do sistema nervoso central, dermatite local, impossibilidade de punção, 70

impossibilidade de contenção ou animal irascível e alterações anatômicas da coluna 14. PRINCIPAIS FÁRMACOS UTILIZADOS NA ANESTESIA EPIDURAL Anestésicos locais A administração de anestésico local por via epidural causa pouca alteração cardiorrespiratória. A lidocaína é um anestésico local hidrossolúvel de curta duração que é biotransformado em dois metabólitos no fígado: um desses metabólitos é farmacologicamente ativo, e 10 a 20% é excretado de forma inalterada na urina do cão 5. A dose tóxica de lidocaína varia de 10 a 20mg/kg no cão 16,17,18. A sobredose de lidocaína produz contrações musculares, hipotensão, náusea e vômito 5, que evoluem até convulsão e parada cardiorrespiratória 4. A adição da adrenalina à lidocaína possibilita o aumento da dose e da duração, bem como a redução da toxicidade, por retardar a absorção da última 16. O período de latência da lidocaína com vasoconstritor até a perda do reflexo interdigital varia de três a doze minutos, com duração do efeito de 90 a 120 minutos, e efeito máximo após vinte minutos da aplicação 5,8,19,20. Outros anestésicos locais utilizados na anestesia epidural são a bupivacaína e a ropivacaína. Ambos apresentam período de latência e duração mais longos que a lidocaína. Parece ideal a associação de lidocaína/bupivacaína em proporções iguais, combinando o curto período de latência e o bom relaxamento muscular da lidocaína ao efeito prolongado da bupivacaína 13. A bupivacaína é uma mistura racêmica de isômeros S (-) e R (+). O isômero S (-) possui potência e bloqueio motor maior e, em contrapartida, cardiotoxicidade menor. A ropivacaína é um anestésico local de longa duração, homólogo da bupivacaína 21,22, que promove bloqueio sensitivo de duração igual ou um pouco menor, e período de bloqueio motor e toxicidade cardíaca menores que aquele fármaco 23. A ropivacaína possui baixa toxicidade, apresentando adequada margem de segurança para os sistemas cardiovascular e nervoso central, o que permite seu uso em concentrações elevadas 24. Tendo em vista que os efeitos cardiotóxicos dos anestésicos locais são proporcionais

ao grau de desenvolvimento do SNC, em animais, diferentemente do homem – e considerando o maior custo da ropivacaína –, essa vantagem não tem tanta importância. Em animais, quando comparados os três anestésicos locais, a intoxicação por lidocaína é mais tolerada, seguida pela ropivacaína e pela bupivacaína 25. Agonistas alfa-2 adrenérgicos No Brasil, os agonistas alfa-2 adrenérgicos utilizados na anestesia epidural são principalmente a xilazina e a clonidina, que deprimem o SNC reduzindo a liberação de noradrenalina, tanto central quanto perifericamente 2,26. A administração epidural de xilazina durante procedimentos ortopédicos em cães exerce efeito antinociceptivo, em parte mediado pela via supraespinhal 27. Quando aplicada por via epidural, apresenta efeitos sistêmicos menos evidentes do que aqueles observados quando da injeção por via parenteral, havendo decréscimo da freqüência cardíaca, da pressão arterial média e da freqüência respiratória, com bloqueio atrioventricular 6,20,26. Mesmo quando administrada por via epidural, além da analgesia, a xilazina produz sedação e miorrelaxamento por inibição da transmissão interneural medular 28. Pode sensibilizar o miocárdio à ação das catecolaminas e deprimir a termorregulação central 6. No entanto, pode ocorrer a produção de bradicardia e o bloqueio atrioventricular; nesses casos, aconselha-se a administração de atropina 26. A xilazina sofre biodegradação hepática e 70% dos metabólitos são excretados por via renal e 30% por via biliar 2. Pode ocorrer hiperglicemia por hipoinsulinemia decorrente da estimulação adrenérgica alfa-2 sobre as células beta do pâncreas 2,6, razão pela qual esse agonista é contra-indicado para animais diabéticos. Um dos efeitos colaterais é a êmese produzida em cães e gatos 4; não foi identificado efeito abortivo em pequenos animais 2. A dose comumente utilizada por via epidural é de 0,25mg/kg, e sua duração analgésica é de aproximadamente 240 minutos 26,29. A associação de lidocaína e clonidina vem sendo muito utilizada para anestesia epidural com o intuito de prolongar o efeito analgésico, diminuindo o pico

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de concentração plasmática (Cmax) da lidocaína e reduzindo, assim, a toxicidade 30. A anestesia epidural com lidocaína e clonidina na dose de 1mcg/kg em cães proporcionou analgesia para a OSH na maioria dos casos, com bom miorrelaxamento e sem alteração cardiorrespiratória significativa 31. Considerando-se os efeitos indesejáveis de êmese e postura de Schiff-Scherrington, a clonidina associada à lidocaína parece ser efetiva e segura para anestesia epidural em cadelas submetidas à OSH, desde que se complemente a anestesia quando necessário 31,32. A xilazina por via epidural na dose de 0,4mg/kg diminuiu a CAM do isofluorano em torno de 33%, apresentando poucos efeitos cardiopulmonares 33 Anestésicos dissociativos A cetamina é um anestésico dissociativo, capaz de produzir um estado singular de analgesia e anestesia, por meio da dissociação sensorial. Apresenta efeito simpatomimético, podendo causar excitação do SNC. Por via epidural, praticamente não causa alteração cardiorespiratória 19,34. Em cães, a excreção é realizada 91% pela urina e aproximadamente 3% pela bile e pelas fezes. A cetamina pode produzir neurotoxicidade quando aplicada por via espinhal. Essa ação foi atribuída ao clorobutanol, preservativo utilizado na preparação da cetamina. Quando administrada por via epidural, deve ser preferencialmente associada a outro agente anestésico, como um opióide ou anestésico local 19,35, para produzir analgesia e/ou anestesia satisfatória, viabilizando em alguns casos a realização de OSH 19. A cetamina administrada isoladamente no espaço epidural não foi efetiva como analgésico pós-operatório, mas potencializou os efeitos analgésicos da morfina, atenuando seus efeitos colaterais 36. A solução clínica aquosa mais tradicional disponível é uma mistura racêmica que contém quantidades iguais de dois isômeros: S(+)- cetamina e R(-)cetamina. Tanto nos animais quanto no homem, a forma S(+)- cetamina é três a quatro vezes mais potente para alívio da dor e, em doses analgésicas equipotentes, produz poucos distúrbios psíquicos 72

e menos agitação do que a R(-)- cetamina. Atualmente, a forma S é comercialmente disponível, porém há poucos estudos de seu uso em anestesia epidural. Seu efeito analgésico se manifesta por meio de vários mecanismos, como anestésico local, antagonista não-competitivo de receptores N-metil D-aspartato (NMDA), opióide 37,38, possível antagonista muscarínico 9,39,40; também age em receptores monoaminérgicos 40. Essa interação complexa dificulta a determinação do local específico do efeito analgésico produzido pela cetamina 9, e sua distribuição para o plasma e líquor ocorre em aproximadamente vinte minutos após a aplicação epidural 41. A administração de cetamina por via epidural produz analgesia cutânea em cães, com mínimo efeito hemodinâmico 42. Na dose de 3,5mg/kg por via epidural em cães, viabilizou a realização de cirurgias que variaram de 30 a 45 minutos 43. Opióides A administração epidural isolada de opióides promove o alívio da dor visceral e somática em decorrência do bloqueio seletivo de impulsos nociceptivos, não interfere nas funções sensorial e motora e não deprime o SNC 1. A administração de opióides pela via epidural oferece a vantagem de produzir uma analgesia mais prolongada – com doses significativamente menores e menor sedação – do que a administração parenteral dessas mesmas substâncias 9. A analgesia por via epidural ocorre por inibição da dor no corno dorsal da medula espinhal, inibição das vias somatossensoriais aferentes supraespinhais e ativação das vias inibitórias descendentes 1. Os fármacos mi agonistas, como a morfina, além de causarem analgesia e sedação, podem promover outros efeitos, como depressão cardiorrespiratória, hipotermia, náusea, vômito, prurido e retenção urinária 44,45. Em cães, a administração epidural de morfina produz analgesia de longa duração em torno de 24 horas, com poucos efeitos colaterais 46,47, reduzindo a concentração mínima (CAM) do halotano 47. Podem ocorrer efeitos sistêmicos discretos, com redução da freqüência cardíaca e da pressão arterial.

O butorfanol, opióide sintético com ação antagonista nos receptores mi e ação agonista nos receptores kappa 48, promove analgesia e sedação com efeitos colaterais mínimos 48,49,50. É cerca de vinte vezes mais lipossolúvel e três a sete vezes mais potente que a morfina 1. Por via epidural promove analgesia por duas a cinco horas 19, em dose similar ao uso parenteral 1, diminuindo a concentração alveolar mínima CAM do isofluorano, com efeitos cardiorrespiratórios mínimos, mantendo a analgesia cutânea por três horas após o fim da anestesia com isofluorano 51. A buprenorfina é outro opióide, caracterizado como agonista parcial do receptor mi e antagonista no receptor kappa; dessa maneira, o aumento da dose não apresenta efeito significativo 52. Possui período de latência mais longo que os demais opióides, devendo ser administrada cerca de cinqüenta minutos antes que o seu efeito analgésico seja requerido. Essas características tornam a buprenorfina extremamente indicada para analgesia pós-operatória de cães e gatos. Pode ser utilizada na dose de 0,01mg/kg pela via epidural, promovendo analgesia por quinze a dezoito horas. Entretanto, quando associada ao anestésico local, não causa analgesia suficiente para a realização de OSH em 66% das cadelas 53. O tramadol é um analgésico de ação central, com diferenças dos agonistas opióides quanto à ligação, à atividade e ao metabolismo, associadas ao fato de que é composto por uma mistura racêmica de dois enantiômeros 54, cujas ações complementares e sinérgicas resultam em analgesia. É o análogo sintético da codeína, embora tenha menor afinidade a receptores opióides do que esta e menor potencial à tolerância e à depressão respiratória do que outros agonistas opióides, não causando liberação de histamina 55. A sua afinidade pelo receptor mi é baixa, aproximadamente 6.000 vezes menor que a da morfina. Já o metabólito o-desmetiltramadol tem afinidade muito mais pronunciada por esse receptor 56. Portanto, a ação analgésica do tramadol é inibida apenas parcialmente pela naloxona, sugerindo um outro mecanismo de ação 54. Quando associado à lidocaína, não produz alteração dos parâmetros cardiorrespiratórios, não afeta a temperatura

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corporal e tampouco causa excitação. Entretanto, tal associação não foi suficiente para a realização de OSH, o que inviabiliza o emprego da técnica em anestesia epidural para esse tipo de intervenção 31. Animais anestesiados com sevofluorano e submetidos à aplicação epidural de morfina e fentanil (0,1mg/kg + 10mcg/kg, respectivamente) complementado com solução salina apresentaram depressão cardiorrespiratória devido à ação do fentanil sistêmico 57. Benzodiazepínicos O diazepam na dose de 1mg/kg produziu período de latência curto e analgesia prolongada, diminuição da pressão arterial e da freqüência cardíaca, levando à sedação 58. ASSOCIAÇÕES Um estudo de compatibilidade química de associações dos anestésicos locais, opióides, agonistas alfa-2 adrenoreceptores, dissociativos e benzodiazepínicos no espaço epidural demonstrou que há compatibilidade entre esses fármacos, e que as associações entre eles são seguras para uso em anestesia 59. Na maioria dos estudos, as associações

de fármacos na anestesia epidural são vantajosas pois reduzem o período de latência, prolongam e intensificam a analgesia e reduzem os efeitos colaterais decorrentes do uso isolado dessas drogas. Nas figuras 4 e 5 podem ser vistos alguns fármacos (e as associações entre eles), bem como o período de analgesia e anestesia que promovem. Associação de anestésicos locais e cetamina A sedação obtida com o uso da cetamina associada à lidocaína por via epidural pode ser atribuída à sua passagem rápida para a circulação sistêmica. A associação entre cetamina e bupivacaína no espaço epidural de crianças para controle da dor pós-operatória produziu analgesia mais prolongada e de melhor qualidade do que o uso isolado de ambas. A administração da cetamina isoladamente não produziu bloqueio motor 37,63. Entretanto, em cirurgias de reconstituição de joelho, não se observou diferença significativa no período de latência, na região do bloqueio ou na duração da analgesia 38. Em cadelas, a associação de lidocaína e cetamina viabilizou a realização de OSH na maioria dos casos 19.

Fármaco(s)

Dose (mg/kg)

Lidocaína 2% Bupivacaína 0,5% Ropivacaína 1% Lidocaína 2% + Bupivacaína 0,5% Lidocaína 2% + Xilazina Lidocaína 2% + Cetamina Lidocaína 2% + Fentanil Lidocaína 2% + Butorfanol Lidocaína 2%+ Tramadol Lidocaína 2% + Buprenorfina Bupivacaína 0,5% + Morfina

5 1,25 2,5 2,5 + 0,5 bupi 5 + 0,25 xila 5 +/- 1 0,01 0,25 5+1 5 + 0,01 1 + (0,1-0,4)

Período Período de ação de latência anestésica (minutos) (horas) 1 - 18 2 -2,5 8,19,20 12+/- 1 28 1-6 4 - 4,5 20 7 +/- 1 1,5 8 1-5 3 - 4 26 2 - 12 1 - 2,5 19 28 +/- 5 3 - 5 60 3 -10 2 - 3 19 6 +/- 1 1 - 2 31 4 +/- 2 2,5 - 3 20 10 - 15 + 20 61

Figura 4 - Fármacos utilizados para anestesia por via epidural no cão

Fármaco(s)*

Dose (mg/kg)

Fentanil Sulfentanil Morfina Buprenorfina Cetamina Morfina + Fentanil

0,005 - 0,01 0,0007 - 0,002 0,1 0,01 - 0,02 2,0 - 3,5 0,1 - 0,01

Período de latência) (minutos) 15 - 20 5 - 15 30 - 60 45 20 NA

Período de ação analgésica (horas) 3 - 54 4 - 6 62 6 - 24 47 15 -18 53 0,5 - 1 42,43 NA 57

NA: não avaliado * Complementados com anestésico local ou solução fisiológica NaCl 0,9%

Figura 5 - Fármacos utilizados para analgesia por via epidural no cão

Associação de opióides e cetamina A cetamina aplicada isoladamente no espaço epidural não produz alívio da dor pós-operatória mas, quando associada à morfina, potencializa o efeito analgésico desta última. Assim, a dose de morfina pode ser diminuída o que, por conseqüência, diminuirá os seus efeitos colaterais 36. A cetamina associada à morfina e à lidocaína preveniu a sensibilização dos neurônios nociceptivos da medula espinhal, potencializando o seu efeito analgésico 36. Associação de anestésicos locais e xilazina A associação entre xilazina e lidocaína produziu um bloqueio anestésico atingindo até T13-L1, observando-se bradicardia moderada e maior duração da anestesia 20 em relação ao uso isolado do anestésico local. Tal protocolo viabilizou a realização de OSH em cadelas 20. Associação de anestésico local e opióides Estudos experimentais e clínicos têm mostrado que a associação dessas duas classes farmacológicas promove algum grau de sinergismo, bem como redução dos efeitos colaterais 19,63, sendo que normalmente observa-se sedação 19,49. O fentanil associado à lidocaína na dose de 100mcg/kg reduziu o período de latência e prolongou o período anestésico, minimizando a queda da pressão arterial 64, com duração de aproximadamente 210 minutos 65. Em estudo no qual foi avaliada a associação do fentanil (2mcg/kg) com a bupivacaína (1mg/kg), completados com solução salina (0,9% NaCl) totalizando 0,36mL/kg, não foram observadas alterações cardiorrespiratórias importantes, permitindo a OSH 65 Já em outros experimentos, a morfina foi associada à bupivacaína. Essa combinação foi utilizada na reparação de ligamento cruzado ou luxação de patela de dez cães, e os autores verificaram o efetivo controle da dor 66. Em estudo retrospectivo (242 cães), essa associação foi mais efetiva no controle da dor do que a associação entre cetoprofeno e oximorfina 61. Essa associação, quando aliada à anestesia inalatória, foi eficaz na redução de CAM necessária para procedimentos cirúrgicos 67. No entanto,

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quando administrados separadamente, tais anestésicos não apresentam a mesma eficácia 68. A associação lidocaína-buprenorfina com infusão de propofol permitiu a realização de OSH, sem que houvesse diferenças significativas nos parâmetros fisiológicos 69. O butorfanol associado à bupivacaína diminuiu o período de latência e aumentou a duração da analgesia, sem nenhum efeito adverso no feto humano 48,70. A adição de pequenas doses de butorfanol à lidocaína em mulheres também se mostrou efetiva e segura durante o parto 49. A inervação dos ovários e dos testículos se dá pelo nervo geniturinário oriundo dos segmentos L2 e L3, que só é bloqueado com doses altas de anestésico local, ou com a associação deste a outros fármacos A extensão cranial do bloqueio anestésico chegando até T12 foi observada com a associação de lidocaína e butorfanol, viabilizando a realização de cirurgia de OSH em cadelas 19. CONSIDERAÇÕES FINAIS A anestesia epidural é muito mais do que uma técnica de anestesia local: trata-se de um importante recurso no trans e no pós-operatórios, pois auxilia não só no bloqueio anestésico e no relaxamento muscular como também na analgesia pós-operatória, proporcionando recuperação de melhor qualidade. Por ser uma técnica simples, de fácil execução e de baixo custo, permite que médicos veterinários que não possuam aparelhagem sofisticada para uso em clínicas particulares tenham a possibilidade de oferecer segurança e conforto aos pacientes. Atualmente, inúmeros fármacos podem ser utilizados, e cada um deles apresenta vantagens e desvantagens. Em geral, a associação entre fármacos apresenta vantagens em relação ao uso isolado destes. A escolha não deve ser baseada em protocolos pré-estabelecidos: cada caso deve ser avaliado individualmente, considerando o estado do animal, o tipo de cirurgia e o conhecimento e a experiência de cada clínico em relação aos fármacos. REFERÊNCIAS 01-THURMON, J. C. ; TRANQUILLI, W. J. ; BENSON, G. J. Lumb & Jones' Veterinary Anesthesia. Baltimore: Willians & Wilkins, 2001, p. 426-447, 3. ed.

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Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007



Tratamento de tumor venéreo transmissível (tvt) canino utilizando Viscum album em associação à quimioterapia

Gisela Novaes Fontão Lefebvre Médica veterinária autônoma giselalefebvre@gmail.com

Leoni Villano Bonamin MV, dra. profa. FACIS/IBEHE e UNIP leonibonamin@gmail.com

Clair Motos De Oliveira MV, dra. profa. FMVZ-USP cmoliv@usp.org.br

Treatment of transmissible venereal tumor (tvt) in dogs with Viscum album (Mistletoe) associated to chemotherapy Tratamiento de tumor venéreo transmisible (tvt) en perros usando Viscum album asociado a quimioterapia Resumo: O objetivo deste estudo foi utilizar o medicamento Viscum album como tratamento adjuvante ao quimioterápico em oito casos de tumor venéreo transmissível canino. Como referência, os dados obtidos nos animais estudados foram comparados a um controle histórico, composto por nove animais tratados com quimioterapia associada à imunoterapia convencionais. Observou-se que o tempo de tratamento associado à quimioterapia no grupo experimental foi reduzido significativamente em relação ao grupo controle histórico (p=0,05). Observou-se, também, menor incidência de leucopenia durante o tratamento no grupo experimental, bem como ausência de recidiva. Quanto aos parâmetros de análise clínica geral considerados no grupo experimental, não se observaram alterações significativas em nenhuma das três fases (inicial, pré-quimioterapia e final). Conclui-se que a associação proposta é plausível e merece estudos futuros em escala maior. Unitermos: tumor de Sticker, Iscador, antroposofia Abstract: The purpose of this study was to evaluate the use of Viscum album as an adjuvant to chemotherapy in eight cases of canine transmissible venereal tumor (TVT). The data obtained in these cases were compared to a control group formed by nine dogs treated with conventional chemotherapy and immunotherapy. We observed that the duration of chemotherapy was significantly reduced in the experimental group as compared to control (P=0,05). Furthermore, leucopenia was reduced and recurrence was lower in the former group, which did not present significant changes in general clinical state in any of the three phases of the study (initial, pre-chemotherapy and final). We conclude that the proposed association is plausible and deserves further study. Keywords: Sticker tumor, Iscador, anthroposophy Resumen: El propósito de este estudio fue evaluar la utilización de Viscum album como terapia adyuvante en ocho casos de tumor venéreo transmisible (TVT) canino, junto a un protocolo quimioterápico. Como referencia, los datos obtenidos en estos casos fueron comparados a un grupo control histórico formado por nueve perros tratados con quimioterapia e inmunoterapia convencionales. Fue observado que la leucopenia y el tiempo de tratamiento con quimioterapia en el grupo experimental se redujeron considerablemente en comparación al grupo control histórico (p = 0,05). También, la ausencia de recidivas fue vista únicamente en el grupo experimental, que además no presentó cambios en el estado clínico general en cualquiera de las tres fases del estudio (inicial, pre-quimioterápica y final). Se concluye que la asociación propuesta es plausible y merece estudios más amplios. Palabras clave: tumor de Sticker, Iscador, antroposofia

Clínica Veterinária, n. 70, p. 78-86, 2007

Conceito e incidência O Tumor Venéreo Transmissível (TVT) ou tumor de Sticker é uma neoplasia de ocorrência natural, transmitida por contato sexual ou por transplantação laboratorial em hospedeiros alogênicos 1. Outros sinônimos são dados a este tumor, tais como: condiloma canino, granuloma venéreo, sarcoma infeccioso, linfossarcoma e sarcoma de Sticker 2. No Brasil, o TVT é de freqüência elevada, 78

assim como em outros países onde existam cães errantes e quando não há restrição à atividade sexual. Em levantamento feito junto ao Hospital Veterinário da Faculdade de Ciências Agrárias de Jaboticabal, no período de 1980 a 1992, o TVT foi diagnosticado em 400 casos (43%) dentre os 932 casos de tumores nesta espécie animal 3. Na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia do México, no período de 1988 a 1993, a

revisão de 2.062 biópsias indicou que 117 delas (5,6%) correspondiam a neoplasias do aparelho reprodutivo, sendo as mais freqüentes aquelas com diagnóstico de tumor venéreo transmissível, provenientes de vagina e vulva de cadelas (22 casos ou 55%) 4. Atualmente, o TVT está praticamente erradicado nos países desenvolvidos 5. O TVT é geralmente encontrado na genitália de cães machos e fêmeas não esterilizados 6, pode permanecer por muitos anos com crescimento lento ou inaparente 7, porém pode também apresentar-se invasivo e metastático 8. Quanto à incidência e às predisposições, alguns autores verificaram maior ocorrência de TVT entre fêmeas caninas, em comparação com os machos, 1,3,5,8,9 embora outros pesquisadores não observem predisposição em relação ao sexo 10,11. Não é observada predisposição racial ou de idade 4. De maneira geral, a maior incidência do TVT está relacionada ao período de maior atividade sexual dos animais 12. Morfologia e aspectos clínicos Esta neoplasia pode ter a forma de couve-flor pedunculada, nodular, papilar ou multilobulada, variando de um pequeno nódulo (5mm) a uma grande massa (maior do que 10cm), firme ou friável; a parte superficial é comumente ulcerada e inflamada e pode estar hemorrágica e infectada 13. O TVT é altamente contagioso entre os cães, mas em geral sua presença não produz alterações significativas à saúde do hospedeiro 5,13,14,15. Embora raras, metástases de TVT

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


foram identificadas na pele, lábios, linfonodos inguinais, mucosa oral, fígado, rins, pleura, mesentério, esqueleto, fossas nasais 2, tonsilas, órbita 14,15, cérebro, pituitária 16 e cavidade abdominal 17. As metástases em locais extragenitais são provavelmente causadas por mordeduras e arranhaduras, as quais predispõem a pele à implantação de células tumorais. Metástases em sítios extracutâneos são raras, afetando cerca de 1% dos animais 18. O TVT, quando transplantado em cães, passa por fases consecutivas de progressão, em um período de dois a seis meses 19, não sendo descritos relatos de regressão espontânea do TVT de ocorrência natural 20,21. No que diz respeito ao padrão hematológico dos animais portadores de TVT, valores hematimétricos (série vermelha) revelam a presença de anemia normocítica normocrômica 5, provavelmente relacionada a perda de sangue crônica e a possível infestação parasitária dos animais. Em relação às células da série branca, notou-se que as contagens médias de leucócitos permanecem dentro dos valores de referência para a espécie ou apresentam leucocitose, que poderia ser atribuída a necrose, em alguns tumores, ou mesmo a uma possível invasão bacteriana no local da afecção. Leucopenia absoluta, neutropenia absoluta e linfocitose relativa também podem ser detectadas em cães portadores naturais de TVT, porém, somente após o tratamento com quimioterápico 22. Quanto à classificação histológica do TVT, encontramos algumas controvérsias na literatura. Retículo-sarcoma-histiocitário 23, tumor indiferenciado de células redondas e de origem retículo-endotelial 15,24, sarcoma venéreo transmissível canino 25 e linfossarcoma 26 são algumas denominações descritas. Mais recentemente, sugere-se que o TVT seja classificado como sarcoma de origem histiocítica 13,23. O diagnóstico é feito considerando-se o histórico do animal, a aparência macroscópica das lesões e o exame cito e histopatológico, devendo-se diferenciá-lo do mastocitoma, do histocitoma e do linfoma, assim como de outras lesões granulomatosas não neoplásicas 6, o que se faz normalmente com o auxílio de painel de imuno-histoquímica. O exame histopatológico deve sempre ser feito antes de se iniciar o tratamento.

Tratamento Assim como os métodos de diagnóstico, os métodos de tratamento também evoluíram com o tempo. Inicialmente, empregava-se o procedimento cirúrgico 2,17,23,27 ou eletro-cirúrgico 6, porém, tais métodos foram abandonados devido às altas taxas de recidivas 6,11,14. A radioterapia pode trazer um prognóstico favorável 15, mas o alto custo e a necessidade de técnico especializado dificulta seu emprego 28. O emprego de imunoterápicos como o BCG (Bacilo CalmetteGuerin), o fator de transferência dialisável e o RNA anti-TVT 5,13 também auxilia na redução do tumor. Embora não exista levantamento estatístico do número de casos resistentes à quimioterapia, eles têm sido observados, aparentemente de maneira crescente, no tratamento do tumor venéreo transmissível 5. O método terapêutico mais comum, a quimioterapia citotóxica, tem apresentado resultados eficientes no tratamento do TVT 6, sendo o mais usado o sulfato de vincristina, isolado ou associado a outros quimioterápicos 29. No entanto, têm sido comuns casos refratários aos diversos tratamentos quimioterápicos 12,30. O sulfato de vincristina é um sal de um alcalóide obtido da planta Vinca rósea L. Conhecida originalmente como leurocristina, foi designada também LCR e VCR. O mecanismo de ação do sulfato de vincristina tem sido relacionado à inibição da formação de microtúbulos no fuso mitótico, resultando em uma parada da divisão celular na metáfase. Assim sendo, a toxicidade ocasionada pela quimioterapia convencional pode acarretar diminuição no número de glóbulos brancos, trombocitopenia e anemia. Como sintomas colaterais também são relatados: dispnéia aguda, broncoespasmo grave, elevação aguda do ácido úrico, perda de cabelo em humanos, distúrbios neuromusculares, constipação, perda de peso, náuseas, vômitos, ulcerações orais, diarréia, anorexia e cólica abdominal, poliúria, disúria, hipertensão ou hipotensão e reações de hipersensibilidade. A maior parte do sulfato de vincristina é excretada na bile. Desta forma, aumento na gravidade das reações adversas pode ocorrer em pacientes com doença hepática 31. Dada a evidente ação mielotóxica da vincristina, observou-se, no levantamento histórico do grupo controle, o

uso de medicamentos ditos “imuno-estimulantes”, tais como: lisado de órgãos e complexo B, com ação anti-infecciosa inespecífica; oximetolona, indicada para casos de anemia aplásica e disfunções da medula óssea; e composto de timomodulina 31. Viscum album Diante da busca por novas perspectivas terapêuticas, investigou-se na literatura a utilização do medicamento Viscum album. O Viscum album, utilizado pelos celtas em rituais litúrgicos, foi primeiramente introduzido no tratamento do câncer por Rudolf Steiner, em meados de 1910 32,33, e até os dias atuais é largamente utilizado na medicina antroposófica. O Viscum album ou mistletoe é uma planta semiparasita da família das lorantáceas, cresce em diferentes árvores hospedeiras, do norte da Europa ao noroeste da África, estendendo-se à Ásia central e Japão. Entre as espécies hospedeiras estão a macieira, Pynus Malus L., o carvalho, Quercus Robur L., e o pinheiro, Pinus Sylvestris L. A partir de 1917 foram tratados os primeiros pacientes portadores de carcinoma com preparados injetáveis à base de Viscum album e, desde então, muitas de suas propriedades terapêuticas foram identificadas 32. O Viscum album é composto por diferentes substâncias, sendo que atualmente dois grupos principais de substâncias ativas são de grande interesse farmacológico: as viscotoxinas e as lectinas 33. São compostos protéicos citotóxicos, cancerostáticos, e imunomoduladores 34, mas diferem consideravelmente em relação à estrutura molecular, à ação farmacológica e à localização na planta 32. As lectinas são proteínas indutoras de apoptose (morte celular programada), o que pode representar importante mecanismo para o controle das neoplasias 35. Em baixas concentrações, a união das lectinas do Viscum album com as células do sistema imune produz liberação de citocinas, tais como: interleucina 1, interleucina 2, interleucina 6, fator de necrose tumoral alfa, interferon alfa e gama, e fator de crescimento de granulócitos e macrófagos 36. As viscotoxinas são polipeptídeos que produzem rapidamente a morte celular. Ao contrário das lectinas, agem na membrana celular,

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induzindo morte celular por necrose. Também têm sido descritos efeitos imuno-moduladores das viscotoxinas, mas as informações publicadas a esse respeito ainda são escassas 35,36,37. O terceiro grupo de substâncias oriundas do Viscum album são os carboidratos (glicose, galactose, manose, inositol, arabinolactanos), sendo atribuídos a esses algumas propriedades imunoestimulantes, como maior atividade de células NK, especialmente contra células tumorais, e ativação do sistema complemento 35. Estudos em toxicologia apontam que o Viscum album apresenta alto índice terapêutico, sendo considerada uma droga bastante segura 35. Quando se injeta Viscum album por via subcutânea ou endovenosa, a maior parte das lectinas se combina com as glicoproteínas e não age toxicamente. Sabe-se ainda que as viscotoxinas interagem com a fosfatidilserina fosfolipídica (FFA) da membrana celular e modificam sua organização supramolecular, resultando em sua citotoxicidade. As células tumorais expressam sete a oito vezes mais FFA do que células não-tumorais, o que explica a especificidade da ação citotóxica. Isso foi bem estudado com a viscotoxina A3, uma das três viscotoxinas mais abundantes no extrato do Viscum album, junto com a A2 e B 38. Metodologia de estudo Grupos experimentais Os animais do grupo experimental foram provenientes de atendimento hospitalar das faculdades de medicina veterinária da Unimes de Santos, SP; UniFMU, SP, da Clínica Veterinária Neopet, SP, e em colaboração com a triagem do Centro de Zoonoses de Taboão da Serra, SP. Todos os animais selecionados para o estudo eram fêmeas não castradas. As cadelas eram de idade variável e sem raça definida. Os dados obtidos do grupo controle histórico foram provenientes dos prontuários do Hovet - USP, a partir da seleção de casos atendidos na mesma época e que obedeciam aos critérios de inclusão e exclusão utilizados para o grupo experimental. Para garantir o máximo de homogeneidade entre os dois grupos, sendo esses de origens diversas, comparou-se o peso e a idade dos mesmos antes do início do tratamento, por meio de análise 80

estatística adequada. Da mesma forma, o tempo decorrido entre o diagnóstico e o início do tratamento, bem como o volume inicial médio do tumor aparente (antes do início do tratamento) também foram avaliados estatisticamente entre os grupos. O volume elíptico tumoral foi estimado segundo a fórmula: V = /6 x a x b2, sendo V = volume elíptico estimado; a = eixo maior (cm); b = eixo menor (cm). Para os animais do grupo experimental, realizou-se anamnese completa, considerando-se o histórico clínico assim como os aspectos individuais de cada animal. Todos os animais foram submetidos, inicialmente, a exame clínico completo. Foram considerados os dados relativos a peso, coloração de mucosas, hidratação, auscultação cardiopulmonar, temperatura retal, palpação de linfonodos, palpação abdominal, aspecto da pelagem, vivacidade do animal. No exame específico da lesão neoplásica foram observados dados referentes ao volume, aspecto, consistência, coloração, quantidade e aspecto de secreção, odor, áreas de necrose e grau de acometimento. O diâmetro da formação existente foi obtido com auxílio de régua. O diagnóstico definitivo do TVT foi feito por meio de exame histopatológico da formação no momento zero (antes do início do tratamento). Observou-se presença de metástases regionais, e comprometimento de linfonodos superficiais e em pele. O desenvolver do histórico foi registrado por escrito de acordo com os retornos subseqüentes. Antes do inicio e final de cada etapa, as formações aparentes foram registradas por meio de fotografia. Para o grupo controle histórico foi avaliada a resposta ao tratamento quimioterápico como diagnóstico terapêutico. Todos os animais selecionados para o estudo, em ambos os grupos, obedeceram a critérios de inclusão e exclusão estabelecidos previamente ao início do estudo. Critérios de inclusão e exclusão Critérios para inclusão no protocolo clínico Fêmeas em idades variadas, raças variadas, não castradas, com diferentes fases de desenvolvimento de massa tumoral, ausência de tratamento prévio para TVT.

Critérios para exclusão no protocolo clínico Acometimento por outras entidades nosológicas, machos, fêmeas castradas ou prenhes, tratamento prévio para TVT, histórico de recidiva de TVT, impossibilidade por parte do proprietário de transportar o animal para o tratamento semanal, limitação por parte do proprietário em colaborar com os critérios propostos no protocolo de tratamento. Colheita das amostras para exames laboratoriais Foram colhidas amostras de sangue por punção da veia safena direita ou esquerda, utilizando-se sistema de colheita a vácuo em tubos de vidro siliconizados, providos de rolha de borracha. Foi realizado hemograma completo antes do inicio do tratamento, a cada mês, e no final do tratamento. O exame histopatológico foi realizado em três tempos: antes do início do tratamento, após a etapa do tratamento com o Viscum album M isoladamente (fase pré-quimioterapia) e ao final do tratamento associado à quimioterapia. Os fragmentos da neoplasia foram colhidos com auxílio de punch para biópsia. Técnica medicamentosa Para os dois grupos de animais estudados, o tratamento quimioterápico utilizado foi sulfato de vincristina a em solução injetável, em aplicação por via endovenosa, na dose de 0,5-0,7mg/m2, a cada sete dias até a completa remissão do tumor, ou por até dois meses. A terapia adjuvante ao tratamento quimioterápico foi feita com o medicamento Viscum album pyrus malus L b. O protocolo consistiu no uso isolado deste medicamento, durante a chamada fase pré-quimioterapia, em três aplicações subcutâneas semanais, durante o período de dois meses. No primeiro mês foi utilizado o Viscum album pyrus malus L. D2 (10mg/mL), no segundo mês foi utilizado o Viscum album pyrus malus L. D3 (1mg/mL) em dias alternados com aplicações de o Viscum album pyrus malus L. D1 20% (20mg/mL). Na segunda fase, deu-se início ao tratamento com o Viscum Album associado com o quimioterápico, sendo utilizado no terceiro mês o Viscum album pyrus a) Oncovin. Eli Lilly do Brasil Ltda. São Paulo, SP b) Viscum album M. Weleda do Brasil Ltda. São Paulo, SP

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Resultados Conforme resultados apresentados na figura 1, a avaliação de uma possível diferença de peso e de idade entre os animais dos dois grupos antes do início do tratamento indicou que as duas amostras, ainda que provenientes de serviços e épocas diferentes, foram homogêneas entre si. A distribuição por raça não foi avaliada. Assim, a análise dos resultados demonstrou não haver diferença estatisticamente significante entre os grupos quanto à idade média e o peso dos animais estudados. Não se verificou, também, diferença significativa em relação ao tempo decorrido entre o diagnóstico e o início do tratamento, avaliado em semanas, indicando que os tratamentos iniciaram-se em igualdade de condições entre os grupos (Figura 1). O dado mais relevante do estudo consiste na constatação de que o tratamento prévio com o Viscum album M reduziu o tempo de tratamento quimioterápico de maneira estatisticamente significante (Mann-Whitney, p = 0,0372) em relação ao grupo controle histórico (Figura 1). Avaliando-se o volume da lesão tumoral no início do estudo, observou-se que não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos. Desta forma, a redução no tempo de tratamento quimioterápico necessário para a remissão completa do tumor pode ser atribuída exclusivamente ao tratamento prévio com Viscum album M. O volume final, para todos os animais foi zero, sendo este o parâmetro para estabelecer a “alta clínica”. Fotos ilustrativas da Parâmetros Peso (kg) Idade (anos) Tempo para início do tratamento

evolução do protocolo proposto estão nas figuras 2, 3 e 4. Além de reduzir o tempo de tratamento com o quimioterápico vê-se, na figura 5, que os animais tratados previamente com o Viscum album M tiveram menor incidência de leucopenia ao final do tratamento na comparação com o grupo controle histórico. A incidência de casos que não apresentaram leucopenia ao final do tratamento foi, respectivamente, de 87,5% para o grupo experimental (sete em oito animais) e de 33% para o grupo controle histórico (três em nove animais). Considerando-se ainda os dados dos hemogramas dos animais do grupo experimental, nota-se que a incidência de leucocitose na fase inicial, em três dos oito animais, foi mantida na fase pré-quimioterapia e também na fase final. Não houve alterações significativas na série vermelha, em nenhuma

Figura 2 - Animal antes do início do tratamento Gisela Novaes Fontão Lefebvre

c) Linfogex. Climax S.A. São Paulo, SP d) Hemogenim. Sanofi-Aventis. São Paulo, SP e) Leucogen. Aché Laboratórios Farmacêuticos. Guarulhos, SP f) Baypamun. Bayer S.A. São Paulo, SP

leucopenia e recidivas entre os grupos foram analisadas pelo teste de Fisher. Em todos os casos, foi fixado o valor de p≤0,05.

Gisela Novaes Fontão Lefebvre

malus L. D4 (0,1mg/mL) e no quarto mês o Viscum album pyrus malus L. D5 (0,01mg/mL). Este protocolo de tratamento foi elaborado considerando que alguns autores referem ser o Viscum album pyrus malus L. mais indicado para o tratamento de tumores ginecológicos. Quanto à apresentação, as mais concentradas, D2 e D1 20%, teriam um efeito mais citotóxico, enquanto as mais diluídas, D4 e D5, teriam efeito imunoestimulante. Portanto, optamos por utilizar as apresentações mais diluídas em associação ao tratamento quimioterápico. 32 O extrato da planta Viscum album é obtido por meio do processo de fermentação láctica e diluição em solução salina isotônica, na concentração a ser utilizada 36, segundo um processo de “dinamização”, ou seja, diluição da preparação básica seguida de agitação ou sucussão. A concentração de insumo ativo, também chamada de preparação básica, obedece à escala Decimal (D). Na primeira dinamização, D1 ou DX temse uma diluição correspondente a uma parte de insumo ativo em nove partes de insumo inerte, também chamado de excipiente. Na segunda dinamização decimal, D2 ou 2X, tem-se uma diluição correspondente a uma parte da D1 em nove partes do insumo inerte 39. E assim, na mesma seqüência para as seguintes diluições, D3, D4 e D5, todas utilizadas no presente estudo. No grupo controle histórico constatou-se a utilização de quimioterápico associado a imunoterápicos diversos, tais como: oximetolona c,4mg/kg/dia; timomodulina d,1 mL/dia; lisado de órgãos e complexo B e e Parapox vírus ovino f , 1,0mL/semana. Os tratamentos foram utilizados em diversas etapas do tratamento, em função do acompanhamento clínico, como terapia adjuvante à quimioterapia, com variação de tempo de tratamento de dez a cinqüenta dias, incluindo os períodos de recidivas. Os dados obtidos foram analisados estatisticamente utilizando-se métodos de Bartlett para avaliação da distribuição da gaussiana dos dados, sendo indicado o método Mann-Whitney, para comparação das médias de ambos os grupos. As diferenças de incidência de

Figura 3 - Final da fase Viscum album isolado (pré-quimioterapia)

experimental (N = 8) 21,850 ± 9,425 3,750 ± 1,909 13,571 ± 17,164

controle histórico (N = 9) 18,967 ± 7,864 3,667 ± 2,121 7,222 ± 4,944

26,250 ± 10,320 13,463 ± 21,388

53,444 ± 44,752 * 19,688 ± 19,592

(semanas)

Tempo de quimioterapia Volume da lesão inicial

(dias)

(volume globular médio)

Figura 1 - Diferentes características observadas nos animais dos dois grupos estudados. Resultados expressos em média ± desvio padrão. O valor de N para o grupo experimental foi de oito animais e para o grupo controle, de nove animais. São Paulo - 2004 *Mann-Whitney, p≤0,05

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


Gisela Novaes Fontão Lefebvre

Figura 4 - Final do tratamento Viscum album associado à quimioterapia

das diferentes fases do tratamento. A avaliação clínica global dos animais do grupo experimental, ao final do estudo, também foi bastante satisfatória (Figura 5). Infelizmente, tais dados não estavam disponíveis nos prontuários dos animais que compuseram o controle histórico. Assim, não foram observadas alterações nos sistemas cardiorespiratório e linfo-hematopoiético em nenhuma das fases do estudo, mas em relação à alteração da coloração de mucosas dos animais experimentais notou-se que na fase inicial dois animais, apresentavam mucosas pálidas; na fase préquimioterapia, um animal manteve esta alteração e na fase final do tratamento, Parâmetros Leucopenia Sim Não Recidiva Sim Não

nenhum animal apresentava alteração de mucosas. Observando-se os sintomas digestivos (normoquesia, normodipsia, normorexia e emese) e genito-urinários (secreção mamária e normúria), nenhum dos animais apresentou alterações significativas em nenhuma das fases do estudo. Isolando-se o parâmetro “corrimento vaginal”, contudo, notou-se que cinco dos oito animais do grupo experimental apresentavam corrimento vaginal nas fases inicial e pré-quimioterapia, mas na fase final nenhum dos animais apresentava tal sintoma. Observou-se presença de necrose da formação tumoral em sete dos oito animais na fase inicial, em três animais na fase pré-quimioterapia e em nenhum após o tratamento com o quimioterápico associado. Não foram observadas metástases em nenhuma das fases do estudo. O diagnóstico clínico do TVT foi confirmado pelo exame histopatológico em todos os animais do grupo experimental, tanto na fase inicial quanto na fase pré-quimioterapia, sendo, nesta última, constatada a presença de células tumorais em número bastante reduzido. O exame histopatológico revelou também

experimental (N = 8)

controle (N = 9)

12,5% 87,5%

67% * 33%

0% 100%

22% 78%

outros processos concomitantes, tais como necrose/apoptose e inflamação aguda, conforme ilustrado na figura 6. Na fase final, em muitos animais, não foi possível realizar o exame histopatológico, devido à ausência de massa tumoral para retirada de fragmento. A incidência de recidivas em até três meses após o término do tratamento foi menor no grupo experimental em relação ao grupo controle histórico, embora sem significância estatística (Figura 5). Discussão De acordo com os relatos de literatura, o Tumor Venéreo Transmissível (ou TVT) é de freqüência alta na América Latina, 3,4,5 contrastando com a sua baixa incidência nos países mais desenvolvidos 5. No decorrer deste estudo constatamos alta freqüência de casos de TVT, sendo a maioria dos animais com livre acesso à rua. Infelizmente, a fim de obedecer rigorosamente aos critérios para inclusão no protocolo proposto e dadas as limitações por parte dos proprietários dos animais em concluir o tratamento, não foi possível contabilizar um número maior dos animais tratados. Quanto aos demais parâmetros epidemiológicos, observou-se que não há predisposição racial e a maioria dos animais tratados eram sem raça definida. A faixa etária dos animais observada neste estudo foi de dois a sete anos, em média, relacionada ao período de maior atividade sexual dos animais. Foram observadas lesões tumorais com características clínicas compatíveis com os dados de literatura, localizadas na genitália das fêmeas não castradas. As

Figura 5 - Avaliação da incidência de leucopenia e de recidivas observadas nos animais dos dois grupos estudados, ao final da quimioterapia. Resultados expressos em porcentagem. O valor de N para o grupo experimental foi de oito animais e para o grupo controle, de nove animais. São Paulo - 2004 * Teste de Fisher, p≤0,05

Nome do animal Diagnóstico inicial Processos concomitantes (inicial) Diagnóstico pré-quimioterapia Processos concomitantes (pré-quimio) Diagnóstico final Processos concomitantes (final)

Pretinha

July

Fog

Laika

Meggy

Luma

Lacraia

Faísca

TVT

TVT

TVT

TVT

TVT

TVT

TVT

TVT

N

N/H

N/H

Ne / E (++)

N

N

ndn

E

TVT reduzido

TVT

V

TVT reduzido

TVT

TVT

*

raras TVT

N (+++)

N (++)

L

N (+++)

Ne; E; L; M

Ne; E; L; M

*

L; M

TVT reduzido

ndn

ndn

TVT

TVT reduzido

ndn

ndn

ndn

Ne; E; L; M

ndn

ndn

N (+++)

Ne; E; L; M

ndn

ndn

ndn

* Material autolisado, impedindo análise adequada do material Figura 6 - Principais parâmetros observados nos exames histopatológicos dos animais do grupo experimental. TVT = tumor venéreo transmissível; N = necrose / apoptose; H = hemorragia; Ne = neutrófilos; E = eosinófilos; L = linfócitos; M = macrófagos; V = vaginite; ndn = nada digno de nota; São Paulo - 2004

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massas tumorais eram em formas e diâmetros variados, muitas vezes compatíveis com o típico “aspecto de couveflor”, de aspecto friável e sangramento vaginal persistente 15,40 . O diagnóstico clínico do TVT foi confirmado em todos os casos por exame histopatológico. Não foram constatadas diferenças significativas entre os grupos, em relação ao peso, idade, volume tumoral médio inicial e tempo decorrido entre o diagnóstico e o início do tratamento. Assim, constatou-se que o perfil epidemiológico dos animais estudados estava de acordo com o perfil descrito na literatura e compatível com o perfil encontrado nos animais do grupo controle histórico. Logo, pode-se dizer que o presente estudo partiu de uma amostra representativa e isenta de viés experimental. O tratamento quimioterápico com sulfato de vincristina ainda é o mais utilizado na prática da clínica médica veterinária, porém, os casos de resistência têm aumentado de maneira significativa nos últimos anos 16,18,41. Contribuem para

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esse aumento da incidência de resistência ao tratamento quimioterápico: a falha nas aplicações pela falta de adesão ao tratamento por parte dos proprietários, o custo do tratamento e a interrupção temporária do tratamento devido a alterações hematológicas (linfopenia) 40,42. O comprometimento do estado geral do animal, muitas vezes constatado na prática, como diminuição do apetite, êmese, fezes diarréicas e diminuição da vitalidade, também podem interromper momentaneamente o tratamento quimioterápico. Assim, diante da busca por melhores resultados no tratamento para o TVT, tem sido utilizada na prática a associação de imunoterápicos ou de diferentes quimioterápicos. Nesse estudo, nota-se o uso de diferentes imunoterápicos pelos animais do grupo controle histórico em fases diferentes do tratamento quimioterápico, em geral nos momentos em que era constatada leucopenia ou quando a lesão tumoral se apresentava refratária à ação do quimioterápico. Quanto aos animais experimentais, observamos que

o tratamento com Viscum album M associado ao quimioterápico reduziu o tempo de tratamento com este último, o que representa menor risco de efeitos colaterais, em especial, a leucopenia. De fato, a redução da incidência de leucopenia também se fez perceptível neste estudo, corroborando tal hipótese. Outros dados interessantes obtidos do grupo experimental foi a ausência de recidivas e a estabilidade dos parâmetros clínicos gerais ao longo da execução do protocolo, sendo observada a ocorrência de expressivo processo inflamatório local em cinco dos oito animais do grupo, ao longo do tratamento. Conclusão Face aos resultados obtidos neste estudo, observou-se que o grupo experimental, em comparação ao controle histórico, apresentou redução do tempo de tratamento associado à quimioterapia, redução da incidência de leucopenia durante o tratamento e ausência de recidivas. Quanto aos parâmetros de análise clínica geral, considerados no

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Tempo aproximado dos procedimentos demonstrados: Procedimento

Tempo (min.)

Paramentação

4:50'

Mesa cirurgica

3:50'

Cães • macho • fêmea

4:10' 12:10'

Gatos • macho • fêmea

5:20' 8:50'


grupo experimental, não se observaram alterações significativas em nenhuma das três fases: inicial, pré-quimioterapia e final. Conclui-se que a associação medicamentosa proposta neste estudo é plausível e merece estudos futuros, em escala maior. Agradecimentos À Weleda do Brasil Laboratório e Farmácia Ltda., pelo apoio financeiro. Ao Laboratório de Patologia da UNIP; à Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP); à Faculdade de Medicina Veterinária da Unimes de Santos, SP.; à Faculdade de Medicina Veterinária UniFMU de São Paulo; ao Centro de Zoonoses de Taboão da Serra, SP. Referências 01-PALKER, T. J. ; YANG, T. J. Identification and phycochemical characterization of a tumorassociated antigen from canine transmissible veneral sarcoma. Journal of the National Cancer Institute. v. 66, n. 4, p. 779-787, 1981. 02-LOMBARD, C. ; CABANIE, P. Le sarcome de Sticker. Revue Médicine Vétérinaire. v. 119, n. 6, p. 565-586, 1968. 03-SOBRAL, R. A. ; TINUCCI-COSTA, M. ; CAMACHO, AA. Ocorrência do tumor venéreo transmissível em cães na região de Jaboticabal. Ars Veterinária. v. 14, n. 1, p. 1-10, 1998. 04-CRUZ, G. G. ; BUITRAGO, S. A. C. ; HERNANDEZ, V. E. M. A. de BUEN de A. Neoplasias en aparato reproductor en perras : estudio retrospectivo de 6 años. Revista Veterinária México. v. 28, n. 1,p. 31-34,1997.

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Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007



Métodos de diagnóstico por imagem na avaliação de rins de pequenos animais - revisão

Georgea Bignardi Jarretta MV, profa. dra. UNIMONTE e UNIMES georgeabj@yahoo.com

Pedro Primo Bombonato MV, prof. tit. Depto. de Cirurgia/FMVZ-USP bombonat@usp.br

Benedicto Wlademir De Martin

Diagnostic imaging modalities in the renal evaluation of small animals - review Modalidades de diagnóstico por imagen en la evaluación de riñones de pequeños animales - revisión Resumo: As modalidades de diagnóstico por imagem, como a radiografia simples, a urografia excretora, a ultra-sonografia e a cintilografia, são métodos complementares na avaliação de rins de pequenos animais. Sabe-se que cada uma destas ferramentas possui vantagens e limitações quanto às informações da morfologia e da função renal. A radiografia e a ultra-sonografia são métodos totalmente difundidos que fazem parte da rotina clínica de pequenos animais. Já a cintilografia tem uma limitação quanto à sua disponibilidade em decorrência do alto custo do material e equipamento utilizados. A escolha por um método ou outro ou, ainda, a prioridade de utilização de cada modalidade fica a critério da suspeita clínica de determinada afecção renal, salientando que, apesar destas ferramentas oferecerem informações importantes, os exames físico e laboratorial são fundamentais para um diagnóstico apurado. Unitermos: cães, gatos, ultra-sonografia, radiografia, cintilografia, renal

Abstract: Diagnostic imaging modalities, such as survey radiographs, intravenous pyelography, ultrasonography and scintigraphy, are complementary tools for renal evaluation in small animals. Each of these techniques has advantages and limitations as far as morphological and functional renal assessment is concerned. Radiography and ultrasonography are already widely used in the small animal clinical routine, whereas scintigraphy is of more limited access due to the high costs of the equipment and material involved. The selection of one or other modality is determined by the suspected disease, and although all of these modalities provide important information, the physical examination and laboratory tests are essential for an accurate diagnosis. Keywords: dogs, cats, ultrasonography, radiography, scintigraphy, renal Resumen: Las modalidades de diagnóstico por imagen, como la radiografia simple, la urografía excretora, la ultrasonografía, y la cintilografía, son métodos complementarios en la evaluación de riñones de pequeños animales. Se sabe que cada una de estas técnicas posee ventajas y limitaciones en cuanto a las informaciones de la morfología y de la función renal. La radiografía y ultrasonografía son métodos bien difundidos, siendo de rutina en la clínica de pequeños animales. La cintilografia tiene una limitación en cuanto a su disponibilidad dado su alto costo en materiales y equipamientos. Optar por un método u otro, o aun, la prioridad de utilización de cada modalidad, queda a criterio de la sospecha clínica de determinada afección renal, resaltando que, a pesar de que todas estas herramientas pueden ofrecer informaciones importantes, los exámenes físico y laboratorial son fundamentales para un diagnóstico preciso. Palabras clave: perros, gatos, ultrasonografía, radiografia, cintilografía, renal

Clínica Veterinária, n. 70, p. 88-100, 2007

INTRODUÇÃO Os rins são órgãos vitais cujas funções mantêm a integridade fisiológica do organismo. Eles são passíveis de diversas afecções cujos diagnósticos são essenciais à manutenção da higidez do paciente. Na busca de informações pertinentes quanto à morfologia e função dos rins de pequenos animais, os exames de diagnóstico por imagem foram, aos poucos, adicionados à rotina clínica veterinária. As diferentes modalidades de diagnóstico por imagem disponíveis para pequenos animais são complementares 88

à avaliação clínico-patológica. A radiografia simples, radiografia contrastada (urografia excretora) e a ultra-sonografia são as técnicas mais comumente utilizadas para se obter informações relacionadas aos rins de cães e gatos, e são consideradas ferramentas diagnósticas já padronizadas e consagradas na medicina veterinária. Deve-se comentar que, no Brasil, com a incorporação da ultra-sonografia na rotina clínica de pequenos animais, tem-se utilizado a radiografia abdominal com menor freqüência, apesar dessa modalidade mais antiga ser considerada uma ferramenta

MV prof. dr. IVI ivi@ivi.vet.br

de triagem e que oferece informações importantes na avaliação renal. Já a medicina nuclear, representada pela cintilografia, apesar de não ser comumente utilizada no Brasil na rotina clínica, possui algumas vantagens sobre as outras técnicas na obtenção de dados funcionais importantes, e sua incorporação à clínica veterinária representa avanços no diagnóstico das afecções renais. Todas estas modalidades diagnósticas, porém, raramente são utilizadas isoladamente, pois as informações clínicas oriundas de exame físico e valores laboratoriais possuem participação indispensável para um diagnóstico mais apurado das afecções renais. Ao longo de alguns anos, técnicas e equipamentos foram sendo aprimorados para a aquisição de dados cada vez mais precisos, e estudos relacionados aos meios de diagnóstico por imagem permitiram avanços na utilização dos mesmos, principalmente no que se refere à ultra-sonografia, modalidade esta que oferece informações morfológicas importantes. Entretanto, ainda observaram-se lacunas quanto às informações da função renal que sejam suficientes para uma intervenção terapêutica precoce e eficaz das afecções renais de pequenos animais, e a incorporação da cintilografia na rotina clínica de avaliação renal pode auxiliar no preenchimento destas lacunas. O objetivo desta revisão foi descrever as principais utilizações e salientar as vantagens e limitações de cada uma das modalidades de diagnóstico por imagem na avaliação de rins de pequenos animais.

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


Georgea Bignardi Jarretta

Figura 1 - Imagem de radiografia simples abdominal de felino doméstico

Portanto, como os rins são claramente vistos em 50 % das radiografias abdominais simples nos cães, quando estes órgãos são o alvo da avaliação radiográfica, um preparo adequado deve ser realizado, como jejum e enema 4. Radiografia simples As projeções ventro-dorsal (VD) e lateral são necessárias para um estudo completo dos rins, mas a projeção ventro-dorsal é considerada a ideal para avaliação de tamanho. Em cães, o rim direito normalmente estende-se de T12 a L1 e o esquerdo de L1 a L3; enquanto que nos gatos, ambos normalmente localizam-se ventralmente à L1 a L4 1, mas a posição é mais variável nessa espécie 4. O valor normal para tamanho na avaliação dos rins na projeção ventro-dorsal está relacionado ao comprimento da segunda vértebra lombar (L2). Os rins normais de cães variam de 2,5 a 3,5 vezes o comprimento de L2, enquanto que no gato variam de 2,4 a 3 vezes o comprimento de L2 1,2,4.

Urografia excretora Pielografia intravenosa ou urografia excretora podem ser freqüentemente utilizadas quando a radiografia abdominal simples ou a palpação não fornecem informação adequada 2,5,6. O exame avalia a anatomia e a função qualitativa renal em determinado grau 2,4,5. O exame pode ser realizado em pacientes azotêmicos e não azotêmicos, mas a azotemia é uma contra-indicação se o animal estiver desidratado 2,5,6. A urografia excretora define com mais acurácia a localização, o tamanho e a forma dos rins, fornecendo informações eficientes com relação ao sistema coletor 1. O preparo do paciente para este procedimento consiste em 24 horas de jejum, enema (se necessário) e avaliação da hidratação 1,2. Os agentes utilizados para a urografia excretora são hidrossolúveis, e os meios de contraste são agentes iônicos. Estes agentes possuem uma alta osmolaridade, portanto, se o paciente apresentar reações a eles, as soluções não-iônicas, como o iohexol, são recomendadas 7. Existem basicamente duas técnicas diferentes para administrar o meio de contraste quando se realiza uma urografia excretora: infusão rápida de pequeno volume de contraste e infusão lenta de grande quantidade de contraste. O método de infusão lenta é raramente utilizado e consiste em administrar o agente por via endovenosa durante 10 a 15 minutos 4,6. A infusão rápida como “bolus” é o método mais comumente utilizado, no qual administra-se o agente numa dose de 850mg/kg pela veia cefálica ou jugular 2,4,5. A radiografia realizada nos primeiros segundos após a injeção mostra a fase vascular, quando o córtex renal é mais opaco que a medula. A opacificação do parênquima funcional é o nefrograma, e o pielograma é definido como a fase onde os divertículos, pelve e ureter são opacificados. Portanto, uma projeção ventrodorsal é obtida 5 a 20 segundos após a injeção do meio de contraste para avaliação da fase vascular (essa fase, porém, raramente é detectada). A partir de então, uma projeção lateral e uma ventro-dorsal são realizadas aos 5 e 15 minutos, apesar de várias seqüências terem sido sugeridas na literatura 1,2,4,5 (Figura 2). A projeção ventro-dorsal normalmente oferece a maior quantidade de informações 6. As radiografias

Georgea Bignardi Jarretta

MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO Radiografia A radiografia abdominal simples tem um importante papel na avaliação de rins de pequenos animais. Ela fornece informações em relação ao tamanho, localização, opacidade e número 1,2 (Figura 1). Todavia, um contraste radiográfico adequado é necessário para permitir uma boa visibilização dos rins nas radiografias simples, o que significa gordura suficiente no espaço dorso-peritoneal e peritoneal 3. Há pouca informação referente aos rins na presença de líquido dorso-peritoneal e peritoneal, assim como uma grande quantidade de ingesta ou fezes pode também prejudicar uma boa visibilização dos rins 2,3.

Figura 2 - Imagem de urografia excretora de felino doméstico em projeção laterolateral, evidenciando as pelves renais e ureteres sem alterações

devem ser realizadas quando as estruturas se apresentam no seu tamanho máximo e de maior densidade radiográfica. Considerando-se a melhor avaliação de parênquima, pelve, divertículo e ureter, as melhores radiografias são obtidas aos 5, 20 e 40 minutos 5. Um estudo normal é considerado completo quando os contornos renais são visibilizados e a pelve e ureteres opacificados até a vesícula urinária 6. A excreção pode ser considerada retardada quando a pelve não se opacifica dentro de três minutos após a injeção de contraste 8. O nefrograma oferece informações sobre morfologia e função renal, e a radiopacidade depende do número de néfrons funcionais, do volume destes néfrons e da concentração do meio de contraste nos túbulos renais (portanto, é proporcional à dose) 9. Assim, a urografia excretora oferece informações quanto ao número, tamanho, localização, forma, contorno, densidade radiográfica e aspectos qualitativos da função 2,3,4,10. Na realização de uma urografia excretora, considera-se que uma radiografia simples deve ser realizada previamente em qualquer condição. Alterações renais observadas ao exame radiográfico Quanto às alterações de tamanho, a radiografia simples pode oferecer informação suficiente na projeção ventrodorsal, na qual os dois rins são avaliados no paciente bem preparado, por meio da comparação do comprimento dos rins com o comprimento de L2. Aumentos de tamanho podem ocorrer devido a doenças renais difusas, focais/multifocais e também doenças ocasionadas

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007

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por alterações do sistema coletor 1,10. Estas incluem uma grande variedade de diferenciais, como doenças agudas, linfoma, peritonite infecciosa felina, doença renal policística, neoplasia, abscesso, amiloidose, pseudocisto peri-renal, hidronefrose e pielonefrite 1,10. Portanto, o aumento de tamanho detectado na radiografia simples isoladamente não oferece um diagnóstico apurado 1,6,10. O contorno e a forma dos rins podem ser avaliados nas radiografias simples. Alterações na forma ocorrem devido a: pseudocistos peri-renais, doenças infiltrativas, neoplasias, cistos (nos quais pode ou não haver renomegalia) ou rins em estágio final e fibrose, quando se tornam estreitos, nodulares, triangulares ou arredondados (mas são pequenos em tamanho) 6,10. Pseudocistos e hidronefrose normalmente alteram a forma e preservam o contorno 1. Os rins podem, ainda, apresentar margens irregulares na pielonefrite, em fase terminal, displasia renal congênita, doença renal policística, linfossarcoma e infartos 6. Podem também apresentar forma normal com bordas irregulares na peritonite infecciosa felina e no linfoma 1. A doença renal policística, as neoplasias e o abscesso normalmente causam rins irregulares com forma alterada 1. Nas radiografias simples abdominais, os rins possuem radiopacidade de tecidos moles. Na presença de anormalidade esta radiopacidade pode ser alterada. Podem, por exemplo, possuir radiopacidade gás na presença de bactéria 10, ou como resultado de trauma com extravasamento de gás do espaço intraperitoneal ou fontes extra-abdominais 2. Radiopacidade mineralizada observada no parênquima ocorre na presença de mineralização distrófica ou metastática e nefrocalcinose 1,10,11. Quando visibilizadas na pelve ou ureter, a radiopacidade mineral sugere a presença de cálculo 10,12. Os rins podem ser deslocados caudalmente, quando o fígado ou o estômago estão aumentados 6, o que significa que seus deslocamentos podem refletir alterações nos órgãos adjacentes 10. Porém, rins ectópicos já foram descritos em animais 2, ou ainda herniados, como na cavidade torácica 13. Muitas anormalidades renais causam alterações na urografia excretora. Portanto, este procedimento pode estreitar 90

os diferenciais quanto às doenças. Porém, apesar dessa modalidade fornecer certo grau de informação qualitativa sobre função, ela não deve ser substituída pelo exame clínico e testes laboratoriais de função renal 10, já que níveis séricos de uréia e creatinina elevados podem ocorrer numa excreção adequada; assim como alguns animais podem apresentar opacificação deficiente na urografia excretora mesmo apresentando valores séricos normais desses referidos elementos 10. A correlação entre a qualidade da urografia excretora e o nível sérico de uréia e creatinina nos cães foi determinada, e foi demonstrado que a uréia sérica não deve ser utilizada como um parâmetro de prognóstico na seleção de pacientes para a urografia excretora, já que foi detectada uma qualidade adequada de urografia excretora em cães azotêmicos. Portanto, pode-se afirmar que a urografia excretora é segura mesmo em animais azotêmicos (exceto em pacientes desidratados) 14. O nefrograma normal é representado por uma boa opacificação inicial seguida de uma diminuição progressiva da radiopacidade 2. Quando o nefrograma aparece imediatamente, porém menos opaco, e não diminui sua intensidade, mas permanece pouco opaco, isto pode ocorrer devido à doença glomerular crônica 1,2,9. Quando há opacificação deficiente imediatamente, e torna-se mais opaco com o tempo, isto pode significar obstrução aguda, insuficiência renal aguda, pielonefrite ou hipotensão sistêmica 1,2,9. Nefrogramas densamente opacificados imediatamente sem diminuição da opacidade podem representar necrose tubular aguda, pielonefrite aguda e insuficiência renal induzida por contraste 2,7,9. Nefrograma denso persistente sem pielograma pode ocorrer na presença de intoxicação por etilenoglicol 9. A opacificação não uniforme pode ser visibilizada na presença de neoplasia, peritonite infecciosa felina, abscesso, granuloma, hematoma, doença renal policística, infartos e doença glomerular generalizada crônica ou doença tubulointersticial 1,2. Finalmente, a não opacificação ocorre na aplasia/agenesia, na obstrução da artéria renal, no parênquima renal não funcional e, obviamente, na nefrectomia 2. Um nefrograma retardado ocorre normalmente porque os néfrons funcionais

restantes (na doença renal, alguns néfrons são destruídos) levam um tempo maior para excretar o meio de contraste 6. Um pielograma é considerado retardado quando a pelve não é opacificada dentro de três minutos após a injeção de contraste, como mencionado previamente 6,9. A hidronefrose pode ser classificada como leve, moderada ou severa. Normalmente, um rim hidronefrótico é uniformemente aumentado 6,12, com margens lisas, porém irregulares 12. A hidronefrose leve aparece como uma pelve ligeiramente dilatada, enquanto que a moderada apresenta uma dilatação pélvica significativa. A hidronefrose severa é visibilizada na urografia excretora como uma grande dilatação da pelve renal, um nefrograma prolongado e demora no preenchimento da pelve ou opacificação retardada 15. Na hidronefrose em fase final, visibiliza-se somente um discreto halo de cortical 6, e o sistema coletor pode não ser visibilizado 12. A pielonefrite pode também ser avaliada através da urografia excretora. Em um estudo, a pielonefrite foi induzida em cães para comparar a urografia excretora e a ultra-sonografia no diagnóstico da doença. Apesar de uma urografia excretora sem alterações não descartar a presença de pielonefrite, alguns achados podem ser citados, como: dilatação da pelve renal e ureter proximal, com pouco preenchimento ou não preenchimento do recesso pélvico e pouca opacificação renal 16. O ureter ectópico é a causa mais comum de incontinência urinária em cães e gatos jovens. Porém, tem sido demonstrado que o ureter ectópico deve ter um diagnóstico diferencial em cães e gatos com hidronefrose e hidroureter, sem levar em consideração a presença de incontinência urinária 17. O ureter ectópico é definido como uma anormalidade de desenvolvimento na qual um ou ambos ureteres terminam em um local que não o trígono vesical 17. A urografia excretora é importante no diagnóstico desta afecção, já que se tem a informação da morfologia renal e ureteral 15,17,18. Além da urografia excretora, outras modalidades de diagnóstico têm sido utilizadas em animais com suspeita de ureter ectópico, como uretrografia, tomografia computadorizada e cistoscopia 18,19.

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Técnica e características normais Transdutores de 3,5 a 7,5MHz são normalmente utilizados para a ultrasonografia renal em pequenos animais 24,26,27,28,29. Os rins devem ser observados nos planos sagital, dorsal e transversal 24,25, para a garantia de que o órgão foi avaliado completamente. Em geral, o rim esquerdo é mais facilmente identificado devido à sua localização 30, e às estruturas adjacentes a cada rim. Durante o exame ultra-sonográfico, é possível avaliar-se o córtex renal, medula, pelve, divertículo, gordura peri-renal e cápsula renal 31 (Figuras 3 e 4). Os rins normais possuem o córtex ligeiramente hipoecogênico com relação ao fígado (quando comparado o rim direito com o lobo caudado) e hipoecogênico 92

Figura 3 - Imagem ultra-sonográfica de corte longitudinal de rim de felino doméstico sem alterações

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Ultra-sonografia A utilização da ultra-sonografia na avaliação dos rins em pequenos animais teve um rápido crescimento nos últimos quinze anos 24. Há várias indicações para sua realização no que diz respeito à avaliação renal, como: evidências clínicas de doenças renais, alterações renais palpáveis e rins não visibilizados na radiografia simples ou contrastada 25. A ultrasonografia renal oferece informações quanto ao tamanho, forma, localização, arquitetura interna, e ainda avaliação das estruturas adjacentes 24,25,26,27,28.

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Pielografia retrógrada A pielografia retrógrada é uma técnica que oferece um bom preenchimento de contraste do ureter, com risco mínimo de nefropatia induzida por contraste, já que não ocorre administração sistêmica do meio de contraste 20. O contraste é injetado diretamente na pelve renal, e isto pode ser realizado através da fluoroscopia 20,21,22, ou guiado por ultrasom 21,22. A técnica possui alta sensibilidade e especificidade no diagnóstico de obstrução ureteral 20,23 e avaliação da anatomia do ureter e da pelve renal 21,22 quando a urografia excretora é incompleta ou questionável 21. Várias alterações, como ureter ectópico, pielonefrite, hidronefrose 21 e fístula ureterovaginal 22, podem ser avaliadas com a pielografia retrógrada. Porém, esta técnica exige anestesia geral, é invasiva e apresenta certo risco de hemorragia e extravasamento de contraste, sendo, portanto, pouco utilizada 20.

Figura 4 - Imagem ultra-sonográfica de corte transversal de rim de felino doméstico sem alterações

ao baço (quando comparado ao rim esquerdo) 24. Porém, em gatos tem-se observado que a presença de gordura no epitélio tubular está associada, positivamente, com uma maior ecogenicidade do córtex, portanto o fígado e a cortical renal podem ser isoecogênicos. A medula apresenta-se anecogênica a hipoecogênica e a diferença em ecogenicidade entre córtex e medula é maior em gatos com uma grande quantidade de vacúolos de gordura 25,32. A junção córticomedular é bem definida, como uma estreita linha ecogênica 25,32. A pelve renal e a gordura peripélvica são hiperecogênicas 25, porém é importante saber que a cavidade pélvica nem sempre é visibilizada, mas sim as estruturas hiperecogênicas adjacentes, como gordura, tecido fibroso, e adventícia vascular 24.

Uma grande quantidade de gordura nesta área não deve ser confundida com litíase, já que também pode produzir sombra acústica 24. A vasculatura renal é definida como artérias interlobares (entre as pirâmides renais), artérias arqueadas (na junção córtico-medular), e artérias intralobulares (no córtex renal) 33. A maioria das cadelas senis normais possui a ecogenicidade da cortical menor que a do fígado e baço, algumas são isoecogênicas ao fígado e hipoecogênicas ao baço e uma pequena porcentagem possui rins hiperecogênicos ao fígado e hipoecogênicos ao baço; portanto, cães senis não devem possuir a ecogenicidade do córtex igual à esplênica e há somente uma pequena alteração desta característica devido à idade nesta espécie 34. Em gatos, foi realizado um estudo para determinar de maneira quantitativa a ecogenicidade do fígado e do córtex renal em pacientes clinicamente normais, utilizando análise de histograma 35. Foi concluído que gatos normais possuem maior ecogenicidade da cortical; e apesar deste estudo ter demonstrado que a ecogenicidade do fígado e do córtex renal em gatos pode ser quantificada, é importante ter em mente que nem a avaliação ultra-sonográfica qualitativa nem a quantitativa substituem a avaliação histológica 35. Normalmente, as estruturas visibilizadas no plano sagital são: medula, córtex, cápsula e divertículo, e a imagem ideal é adquirida quando se visualizam duas linhas ecogênicas paralelas formadas pelo plano transversal dos divertículos. Ao corte transversal, a medula, córtex e divertículo são vistos novamente, e uma imagem apurada é obtida quando o sinal de “C” é visibilizado, representando a crista renal, e esta é a melhor imagem para avaliação da pelve e do ureter proximal 36. O corte transversal é facilmente obtido rotacionando-se o transdutor 90º do plano sagital 29,37. Em gatos, há uma zona hiperecogênica linear na medula (definida como sinal da medula), que representa depósitos focais microscópicos de minerais no lume tubular 32 (Figura 5). Em cães, apesar do sinal da medula ter sido observado em uma grande variedade de afecções renais, este não é um indicativo de lesão renal. O sinal da

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Figura 5 - Imagem ultra-sonográfica de rim de felino apresentando sinal da medula (podendo não representar significado clínico nesta espécie)

medula possui pequena correlação com prognóstico devido à grande variedade de diferenciais (apesar de indicar prognóstico grave para intoxicação por etilenoglicol) 38. É importante saber identificar um halo (separação hipoecogênica na junção córtico-medular), representando a medula normal entre o córtex e o sinal da medula, para determinar com precisão a presença desta alteração. O sinal da medula possui normalmente de 1 a 3mm, e pode estar presente quando há depósitos de minerais ou processo infiltrativo, como nefropatia hipercalcêmica, necrose tubular e peritonite infecciosa felina (PIF) 38. Apesar de alguns autores acreditarem que este achado ultra-sonográfico é um indicador adicional de lesão renal primária em alguns animais 38, outros acreditam que o sinal da medula como única alteração ocorre provavelmente em cães sem disfunção renal, concluindo que cães com doença renal e sinal da medula devem ter outros sinais ultra-sonográficos para que se considere o sinal da medula como um achado significativo 39.

Alterações renais observadas ao exame ultra-sonográfico A ultra-sonografia pode ser útil na avaliação de doenças renais, e estas alterações podem estar relacionadas ao tamanho, contorno, forma, ecogenicidade e arquitetura interna. É importante saber que a maior parte dos diagnósticos das afecções renais não deve ser baseada somente nos achados ultra-sonográficos,

já que os rins com doenças parenquimatosas difusas podem apresentar-se dentro dos limites da normalidade 25. A ultra-sonografia deve ser sempre associada com os achados clínicos e/ou outros métodos de diagnóstico por imagem para oferecer diagnósticos diferenciais e detectar precocemente as alterações 24. Os achados ultra-sonográficos das doenças renais podem ser difusos, focais ou multifocais 24,36,43 e as lesões podem estar localizadas no córtex, medula, seios ou de forma generalizada 36,43. As anormalidades difusas incluem alterações na ecogenicidade da cortical e/ou da medula, como aumento, diminuição ou alterações mistas 24,25,36,43 (Figura 7). A perda de definição entre córtex e medula também é considerada uma alteração difusa 24,25, quando a junção córtico-medular aparece pouco definida ou não é visibilizada, normalmente devido ao aumento da ecogenicidade da cortical e medular 24,25. O córtex hiperecogênico pode ser observado em cães com glomerulonefrite, calcificação parenquimatosa difusa, necrose tubular 36, glomeruloesclerose, amiloidose e nefrocalcinose 25. A nefropatia hipercalcêmica também pode levar a um discreto aumento da ecogenicidade da cortical, porém com a junção córtico-medular definida 44. Aumento difuso da ecogenicidade do parênquima com diminuição da definição córticomedular pode ser visibilizada em cães com doença renal em fase terminal, necrose tubular, nefrite intersticial e glomerulonefrite 36. Em gatos, a hiperecogenicidade difusa do córtex com junção córtico-medular preservada tem sido vista em animais com linfoma, nefrite intersticial, glomerulonefrite, peritonite Georgea Bignardi Jarretta

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Mensurações Sabe-se que doenças renais podem causar alterações na forma e tamanho dos rins. Portanto, é importante identificar o tamanho normal na avaliação dos rins em pequenos animais As mensurações lineares renais são facilmente realizadas ultra-sonograficamente, e assim, o volume renal pode ser calculado 40. Normalmente, o comprimento é obtido pelas imagens sagitais (da margem cranial à caudal), e a largura e altura são adquiridas pelo corte transversal 40. O corte coronal, ao longo do eixo renal, também permite a mensuração de comprimento e largura 37.

É difícil estabelecer parâmetros ultrasonográficos renais normais para tamanho em cães, devido à grande variedade de tamanhos desta espécie. Porém, na tentativa de determinar uma variação normal de tamanho renal para cães, foi construído um gráfico relacionando comprimento renal e peso corpóreo, utilizado para determinar rapidamente e com confiança da ultra-sonografia se o comprimento renal e o volume estão dentro dos limites da normalidade. Tem sido demonstrado que este gráfico pode ser utilizado para avaliar o tamanho renal somente de cães que pesam entre 10-70kg, com 95% de confiança 29. Sabe-se também que a diurese pode causar alterações renais que devem ser diferenciadas de algumas afecções, como pielonefrite, hidronefrose inicial ou trauma. Um estudo caracterizou os efeitos da fluidoterapia endovenosa em rins de cães, e foi observado que a diurese não influenciou em nenhuma das dimensões renais; porém, a maioria dos rins examinados apresentou pielectasia sem ureterectasia (que pode ser um fator importante para diferenciar pielectasia de hidronefrose (Figura 6) ou pielonefrite) 41. Outro estudo também demonstrou pielectasia leve a moderada em cães, secundária a fluidoterapia endovenosa 42.

Figura 6 - Imagem ultra-sonográfica de hidronefrose severa em cão, com presença de reforço acústico posterior

Figura 7 - Imagem ultra-sonográfica de rim direito de cão com aumento da ecogenicidade de região cortical (alteração que, apesar da baixa especificidade, pode representar uma nefropatia)

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Figura 8 - Imagem ultra-sonográfica de rim policístico em felino

O pseudocisto peri-renal é visibilizado como líquido anecogênico entre a cápsula e o parênquima renal, e seu conteúdo pode ser urina, linfa, sangue ou transudato 49. A ultra-sonografia mostra alta sensibilidade na detecção de massas no parênquima renal; porém, possui baixa especificidade, já que não possibilita o diagnóstico do tipo de célula tumoral 50. Vários tipos de neoplasia renal, como: hemangiossarcoma, nefroblastoma, papiloma de células transicionais, linfoma, adenocarcinoma, condrossarcoma, carcinoma renal de células transicionais renais e linfossarcoma, possuem características variadas no exame ultra-sonográfico 12,36,50. A ecogenicidade das lesões neoplásicas está correlacionada com: a homogeneidade do tipo celular, vascularização, grau de hemorragia e necrose, quantidade de tecido fibroso, deposição mineral, quantidade de colágeno e inflamação 24,36,50. Portanto, a neoplasia renal pode aparecer focal, multifocal ou difusa; com ou sem distorção da pelve renal; bem circunscrita ou de aspecto invasivo; e hipoecogênica, hiperecogênica ou mista 25,36,43,50. Entretanto, tem sido

demonstrado que a maioria das lesões neoplásicas são expansivas e destrutivas 36 . Os linfomas renais em gatos normalmente apresentam rins difusamente hiperecogênicos 43. Massas sólidas benignas não podem ser diferenciadas de neoplasias 25,36, apesar delas normalmente possuírem margens lisas e mínima alteração da arquitetura 43. Porém, elas devem ser definitivamente diferenciadas somente por exame histológico. Lesões sólidas não neoplásicas podem incluir granulomas, hematomas, infartos, abscessos, hemangiomas e necrose, e suas ecogenicidades variam com a celularidade e o componente fibroso 24,36,43. Infartos são caracterizados como lesões hiperecogênicas na cortical, que são mais largas na periferia e se estreitam em direção à junção córtico-medular 51. Cálculos renais são caracterizados ultra-sonograficamente como estruturas hiperecogênicas formadoras de sombra acústica na pelve renal 12,25,52 (Figura 9). Eles podem ser difíceis de diferenciar da pelve normal hiperecogênica 24. Nefrocalcinose, ou mineralização renal, ocorre no parênquima e não na pelve, e pode ou não formar sombra acústica 24,25. Georgea Bignardi Jarretta

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o parênquima renal normal, causando uma nefrite intersticial crônica 46. Os cistos renais são arredondados a ovóides, anecogênicos (a não ser que estejam infectados, hemorrágicos ou que contenham debris), lisos, bem definidos, com paredes finas e reforço acústico distal 46,47,48 . A ultra-sonografia pode diagnosticar a doença antes do aparecimento dos sinais clínicos, e isto tem grande importância, já que a afecção é transmitida geneticamente e pode se apresentar em animais jovens 47,48. Os cistos podem estar presentes em um ou ambos os rins e variam em tamanho 47 (Figura 8). Georgea Bignardi Jarretta

infecciosa felina e metástase de carcinoma de células escamosas 43. O córtex hipoecogênico é menos freqüente e pode representar edema 24. Porém, é importante saber que doenças difusas do parênquima podem não apresentar nenhuma alteração ultra-sonográfica 24,25,36,43; portanto, uma aparência ultra-sonográfica normal dos rins em cães e gatos não exclui a presença de doença. Assim, pode-se dizer que a ultra-sonografia é vantajosa no que se refere às informações da arquitetura renal independentemente da função renal, mas não é específica para a classificação microscópica das doenças 36. Como discutido previamente, o sinal da medula, definido como uma linha ecogênica na região medular paralela à junção córtico-medular, pode ou não representar alteração renal. Ele tem sido observado na presença de intoxicação por etilenoglicol, nefropatia hipercalcêmica, PIF e nefrite 38, mas cães com doença renal e sinal da medula apresentam normalmente outras alterações ultra-sonográficas 39. A ultra-sonografia tem importante papel no diagnóstico de leptospirose canina. Entre os achados que podem indicar a presença da doença estão: aumento da ecogenicidade da cortical, pielectasia, sinal da medula, efusão perinéfrica e renomegalia 45. Considerando-se as alterações focais e multifocais, a ultra-sonografia fornece uma interpretação apurada das lesões 43. Ela diferencia facilmente as lesões sólidas das císticas 24,36,43 e também tem papel importante na avaliação da distribuição da doença 36. As lesões focais podem ser anecogênicas, hipoecogênicas, hiperecogênicas ou mistas, e algumas afecções, como hematomas, abscessos ou nódulos necróticos mostram ecogenicidades diferentes, dependendo da celularidade e dos componentes fibrosos 36. As massas alteram a arquitetura renal e os nódulos causam alterações mais discretas na arquitetura, e estas lesões focais podem ter qualquer ecogenicidade, incluindo os nódulos isoecogênicos 24. A doença renal policística autossômica dominante é facilmente identificada pela ultra-sonografia em gatos. Os cistos são normalmente formados a partir das células tubulares renais e, de acordo com o seu crescimento, eles comprimem

Figura 9 - Imagem ultra-sonográfica de cálculo renal em cão, evidenciado pela sombra acústica

Considerando-se o sistema coletor, a ultra-sonografia pode ser um importante método na avaliação da pelve renal e do ureter proximal. A pielectasia é definida como qualquer tipo de dilatação da pelve renal, sem considerar a presença de obstrução 42, e pode ser secundária a fluidoterapia endovenosa 42,53. Os sinais ultra-sonográficos da pielectasia são: separação da pelve renal ecogênica por líquido anecogênico, faixa anecogênica ao meio de duas linhas hiperecogênicas (paredes da pelve) no plano dorsal, e

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determinar alterações deste valor na presença de doenças renais. O IR tem baixa sensibilidade e alta especificidade. Assim, sua importância está relacionada à detecção de alterações vasculares antes dos achados ultra-sonográficos em modo-B anormais e da perda da função renal 55. Um IR aumentado pode sugerir doença tubulointersticial ativa ou vascular, e um IR normal ou diminuído é compatível com rins normais ou doença glomerular, tubulointersticial e vascular. Tem-se observado que somente afecções ativas aumentam o IR 55. O IR é também importante na diferenciação entre alterações do sistema coletor obstrutivas e não obstrutivas. O IR médio em rins parece aumentar após a obstrução aguda (durante as primeiras 24 horas) e diminuir após a resolução da obstrução ou em casos crônicos 55. Apesar da ultra-sonografia com Doppler ter suas limitações, ela é útil clinicamente na detecção de obstrução urinária em cães 56, e o IR pode ser utilizado como informação adicional quando não há alterações na ultra-sonografia modo B 55 (Figura 10). Georgea Bignardi Jarretta

conteúdo anecogênico adjacente e medialmente à crista renal, no plano transversal 42. Quando induzida iatrogenicamente, a pielectasia tem sido observada assimetricamente, e isto pode ocorrer devido à posição do paciente 41. A dilatação pélvica é facilmente identificada quando a pelve é maior do que 3mm 24. A dilatação do ureter é visibilizada como uma estrutura tubular anecogênica originária da pelve renal 52. Pielonefrite, ou infecção bacteriana dos rins, normalmente causada por infecção ascendente do trato urinário 53, pode também ser avaliada ultra-sonograficamente. Seu diagnóstico é de alguma maneira difícil de ser realizado, devido à ausência de sinais clínicos específicos. A dilatação da pelve renal com ou sem dilatação do ureter proximal é normalmente observada no exame ultra-sonográfico. Além disso, pelo menos um ou mais dos seguintes sinais ultra-sonográficos podem ser observados: hiperecogenicidade generalizada da cortical, margem hiperecogênica da mucosa dentro da pelve renal e ureter proximal, ureter proximal com mais de 0,18cm, lesões focais da cortical hiper ou hipoecogênicas, áreas hiperecogênicas focais ou multifocais dentro da medula, diminuição da definição córtico-medular, uma linha de ecogenicidade aumentada paralela aos vasos arqueados na junção córtico-medular, ureter com peristaltismo alterado e cálculo renal 16,54. Porém, a pielonefrite aguda é mais difícil de ser diagnosticada, já que a dilatação pélvica é mais provável de ocorrer no processo crônico 24. Em um estudo realizado, a ultra-sonografia foi capaz de identificar alterações para pielonefrite em todos os rins a partir de um a dois dias após a indução da infecção 54. Algumas doenças renais, como obstrução, insuficiência renal aguda/ crônica, displasia, pielonefrite, e hidronefrose, podem ser também avaliadas por ultra-sonografia com Doppler. Através desta técnica, é possível avaliar-se o fluxo sangüíneo renal através do índice de resistividade (IR), que representa a impedância do leito vascular renal à passagem do fluxo sangüíneo 55,56. O IR é calculado por meio da mensuração das velocidades de pico sistólico e diastólica final nas artérias interlobares e arqueadas 55,56. O IR médio de cães normais foi determinado 56 e é possível

Figura 10 - Imagem ultra-sonográfica com tríplexdoppler renal de cão, sem alterações

Cintilografia A medicina nuclear pode ser utilizada como um método rápido e não invasivo para avaliação quantitativa da função renal total e individual 57,58. Ela pode indicar alterações da função renal antes das alterações séricas de uréia e creatinina 57. A modalidade também oferece algumas informações morfológicas 57,59. O radioisótopo mais utilizado para aplicações na medicina veterinária é o 99mTecnécio (99mTc) 58, devido às suas características físicas. Uma grande variedade de radiofármacos está disponível para avaliação renal, cada um destes

com uma localização diferente dentro do rim 57. Entre os radiofármacos mais comumente utilizados na avaliação renal, encontramos: o DTPA, que é completamente removido do plasma pelo glomérulo, sem absorção ou secreção tubular, sendo utilizado para determinar a taxa de filtração glomerular (TFG) 57,58,60; o MAG3: secretado pelos túbulos, com pequena filtração glomerular, que avalia a função glomerular e tubular 61, e também mensura o fluxo plasmático renal efetivo (FPRE) 57,58,62; e finalmente o DMSA, que é reabsorvido pelas células do túbulo contorcido proximal 57,58, sendo utilizado para avaliação da morfologia e função renal 57,58,60. A medicina nuclear pode ser dividida em procedimentos de imagem e sem imagem (“clearance”). O estudo de imagem, ou cintilografia, é baseado na mensuração extrarenal da captação dinâmica de agentes pelos rins, utilizando-se uma gamacâmara 58 (Figura 11). Ela fornece informações mais rapidamente e de maneira menos estressante do que o clearance. Também determina a TFG renal individual 57,63. Na cintilografia com 99mTc DTPA, o animal é posicionado normalmente em decúbito lateral, com a gama-câmara localizada dorsalmente à porção cranial do abdome 57,64,65. A radiação de cerca de 1-2 mCi de 99mTc DTPA é mensurada numa seringa a 26cm do colimador da gama-câmara, e determinada como a contagem pré-aplicação 64,65. A dose é então injetada como um “bolus”, seguida de lavagem com solução salina 63,64,65. As imagens são adquiridas de diferentes maneiras, desde uma imagem por segundo num período de um minuto, representando a fase vascular, como citam alguns autores 66, até uma imagem a cada 60 segundos num período de 20 minutos, como nos estudos de outros 60. Ainda assim, diversos estudos cintilográficos são realizados com um protocolo próprio, com uma grande variedade no tempo de captação das imagens 8,35,49,57,61,63,67,68,69,70,71,72,73,74,75. Portanto, a aquisição das imagens é realizada por diferentes métodos, e por conseqüência, há um número diferente de imagens para cada estudo (Figura 12). A gama-câmara é então rotacionada

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Georgea Bignardi Jarretta Georgea Bignardi Jarretta

cada rim é calculada. Curvas de tempo-atividade são construídas (renogramas) 64. A análise do renograma pode ser realizada em três fases da curva obtida no exame. A primeira é correspondente aos 15 a 20 segundos iniciais após a injeção do radiofármaco, quando há um rápido aumento da contagem da atividade, representando a Figura 11 - Aparelho de cintilografia (gama-câmara), com felino chegada do radiofárdoméstico sendo submetido ao exame cintilográfico maco à área de interesse. A segunda fase é representada por um aumento mais dis90º para uma vista lateral e obtém-se creto da atividade, atingindo um pico uma imagem estática para estimar-se a por volta de dois a quatro minutos (o profundidade dos rins 57,63,65,76,77 para tempo de pico, onde o T máximo é atincorreção da absorção de tecidos moles gido). A partir deste momento, a radioa(já que o tecido entre a gama-câmara e tividade que tinha até então sido acumuos rins absorve e espalha os raios lada nos túbulos, começa a deixar a área gama) 76,77. A câmara é então reposide interesse através do sistema coletor e cionada e faz-se novamente a contagem chega à vesícula urinária, representanda seringa, agora para determinar a condo, então, a terceira fase, ou fase de extagem pós-injeção. Portanto, calcula-se creção 74. A taxa de excreção urinária é a dose injetada. Regiões de interesse calculada como o tempo necessário para (ROI) são traçadas ao redor da imagem o acúmulo máximo de radioatividade de cada rim 57,64,65. Regiões de interesse (representado em minutos pelo T máxisão também traçadas para correção da mo) ficar reduzido à metade (T meio). radiação de fundo, normalmente próxiA cintilografia com uso de MAG3 é mo aos pólos cranial e caudal de cada realizada para determinar o fluxo plasrim, evitando-se os ureteres 57,63,65 76. mático renal efetivo (FPRE), a função A contagem de 99mTc DTPA em

Figura 12 - Seqüência de imagens de cintilografia renal de felino, sem alterações (imagens captadas a cada 30 segundos, durante 30 minutos, totalizando 60 imagens)

tubular renal 57,76,78, e o fluxo sangüíneo renal em rins transplantados 57. A interpretação deste estudo é semelhante ao DTPA 22,25,37,55, porém com uma captação rápida. Não há pico inicial na curva de renograma, já que a maior parte dos radiofármacos é excretada na primeira passagem 57. Realiza-se o mesmo procedimento para DTPA, considerando-se posicionamento, contagem pré e pós-injeção, ROI, e correções para movimentação, profundidade (desconsiderandose os gatos) e radiação de fundo 62,76,78. A porcentagem de dose renal de MAG3 para avaliar a FPRE em cães possui uma boa correlação com o clearance de PAH, que é considerado o padrão-ouro para esta avaliação 76. Alguns cães podem apresentar sinais de náusea ou vômito após a injeção endovenosa de 99mTc MAG3 77. Estudos de cintilografia normalmente exigem que o paciente fique imóvel por pelo menos seis minutos. Portanto, a fim de reduzir ou eliminar os efeitos da movimentação para obter-se melhores resultados, a contenção química pode ser necessária. Então, os efeitos dos protocolos de sedação mais comumente utilizados devem ser conhecidos 8,71. Foi demonstrado que a combinação de butorfanol e acepromazina promove ótima sedação sem alterar a TFG e é o protocolo recomendado para cães clinicamente normais 8; e que a associação de medetomidina, butorfanol e atropina não aumenta a TFG total como ocorre com medetomidina e butorfanol sem atropina 71. Gatos anestesiados com isofluorano podem apresentar uma diminuição de porcentagem de dose de captação, tempo do pico de atividade e fluxo quando avaliados por cintilografia com 99mTc MAG3 78. A acepromazina não influencia na taxa de excreção urinária calculada através do T 1/2 em cães 74. Cintilografia com DMSA oferece informação morfológica. Por meio deste estudo é possível avaliar formações como cistos, tumores, abscessos ou trauma renal, assim como avaliação de pielonefrite e função relativa da massa renal. O procedimento para este estudo é realizado de uma maneira diferente, pois a captação da cortical deve ser avaliada de três a seis horas após a administração de 99mTc DMSA 57,60.

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A utilização de 99mTc DTPA para avaliar a função renal em cães com suspeita de afecção renal mostrou-se de grande validade. Apesar do cão severamente afetado em crise urêmica poder ser avaliado por meio da concentração sérica de uréia e creatinina, o uso de 99mTc DTPA é importante na avaliação de animais não azotêmicos e na pesquisa de futuras alterações, prognóstico e terapêutica 63. A terapia com gentamicina pode levar a complicações, como insuficiência renal aguda 60,61, e a cintilografia renal é uma modalidade apurada e eficiente da detecção destas complicações renais, antes da instalação da insuficiência renal aguda 60. A cintilografia renal também tem papel importante na obstrução ureteral em cães 67,68. A Medicina Nuclear auxilia na diferenciação entre nefropatias obstrutivas e não-obstrutivas, e isso tem sua importância já que a pielectasia pode ter uma causa não-obstrutiva, como pielonefrite, trauma e fluidoterapia endovenosa, e estas alterações podem ser tratadas clinicamente 68. Considerando-se o transplante renal, que é o tratamento para doença renal crônica não responsiva ao tratamento clínico, a cintilografia renal é uma modalidade de diagnóstico importante para o monitoramento de possíveis complicações, como rejeição do rim transplantado e necrose tubular aguda 75, e para diferenciar rejeição de outras afecções renais 73. DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar da radiografia simples não oferecer uma boa avaliação dos rins quando há pequena quantidade de gordura ou presença de líquido e ingesta, oferecer informação limitada da arquitetura renal interna e não avaliar a função renal, este é um método não invasivo e relativamente barato, que fornece informações importantes sobre tamanho, número, localização e densidade, além da visão panorâmica do abdome. A urografia excretora não oferece diagnóstico quando há diminuição excessiva da função renal, exige uma adequada hidratação e pode causar reações ou danos aos rins; porém, fornece informações importantes relacionadas ao sistema coletor, avaliação qualitativa 98

do fluxo sangüíneo e da função, além de não ser prejudicada pela ausência de gordura ou presença de líquido 3. Quanto à ultra-sonografia, apesar de limitações como a presença de gás em trato gastrintestinal, dificuldade de avaliação ureteral, não-especificidade de várias afecções e falta de informação quanto à função, ela é uma ferramenta diagnóstica de grande utilidade. É capaz de diferenciar lesões císticas de sólidas, é um exame rápido e seguro, não é prejudicado pela ausência de gordura ou presença de líquido, fornece informações quanto à arquitetura interna e guia a citologia aspirativa e a biópsia 3. A cintilografia renal possui algumas vantagens e desvantagens na avaliação de rins de pequenos animais. Fornece poucas informações morfológicas, é um exame radioativo e atualmente tem disponibilidade de utilização limitada (devido ao alto custo do material e equipamento, e à legislação específica relacionada ao uso de radioisótopos) 3. Porém este método poderá representar uma modalidade de diagnóstico por imagem importante, pois é considerado um exame simples, não estressante, não invasivo 37,38,72, capaz de determinar a função renal global e individual 3,8,57,63,64; avalia as afecções renais subclínicas 57,59,60, os efeitos dos agentes nefrotóxicos 59,60,61,54, o sucesso do transplante renal 59,73,75, monitora a obstrução renal 67,68,69 e não é prejudicado pela presença de líquido, ingesta, pela falta de gordura e pela desidratação 3. Desconsiderando-se os aspectos clínicos que levaram a suspeita de doenças renais, a primeira modalidade de diagnóstico por imagem requerida para a avaliação de rins é a radiografia simples. O tamanho, contorno, forma e radiopacidade serão avaliados. Na ausência de achados significativos, o paciente deve ser observado e tratado sintomaticamente até ser necessária uma nova avaliação. Caso sejam observadas alterações relacionadas a quaisquer destes aspectos, o paciente deve ser examinado ultra-sonograficamente para avaliação mais detalhada das possíveis causas das anormalidades radiográficas. A ultra-sonografia é capaz de diferenciar várias causas de renomegalia, contorno e forma alterados. Porém, ela não avalia a função renal e não fornece um diagnóstico definitivo para alterações

difusas nem para o tipo celular de massa. Portanto, quando qualquer achado ultra-sonográfico inespecífico ou subjetivo for observado, deve-se realizar uma citologia por agulha fina ou biópsia guiada por ultra-som para melhor elucidar estas alterações. A urografia excretora deve ser realizada na suspeita de obstrução renal, já que a ultra-sonografia não oferece muitas informações com relação a alterações ureterais. A urografia excretora também oferece informações quanto à função renal qualitativa, portanto, se a função quantitativa é necessária, como informação prévia a tratamentos significativos, como nefrectomia, a cintilografia é o melhor método auxiliar na avaliação da função individual do rim contra-lateral. REFERÊNCIAS 01-GROOTERS, A. M. ; CUYPERS, M. L. D. ; PARTINGTON, B. P. ; WILLIAMS, J. ; PECHMAN, R. D. Renomegaly in dogs and cats. Part II. Diagnostic approach. The Compendium on Continuing Education for the Practicing Veterinarian, v. 19, n. 11, p. 1213-1228, 1997. 02-THRALL, D. E. Textbook of Veterinary Diagnostic Radiology. Philadelphia: W. B. Saunders, 2003, p. 556-571. 03-RIVERS, B. J. ; JOHNSTON, G. R. Diagnostic imaging strategies in small animal nephrology. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 26, n. 6, p. 1505-1517, 1996. 04-KEALY, J. K. ; McALLISTER, H. The Abdomen. In: Diagnostic Radiology and Ultrasonography of the Dog and Cat. Philadelphia: W. B. Saunders, 2000, p. 19-148. 05-FEENEY, D. A. ; THRALL, D. E. ; BARBER, D. L. ; CULVER, D. H. ; LEWIS, R. E. Normal canine excretory urogram: effects of dose, time, and individual dog variation. American Journal of Veterinary Research, v. 40, n. 11, p. 15961604, 1979. 06-LORD, P. F. ; SCOTT, R. C. ; CHAN. K. F. Intravenous urography for evaluation of renal diseases in small animals. Journal of the American Animal Hospital Association, v. 10, p. 139-152, 1974. 07-CARR, A. P. ; REED, A. L. ; POPE, E. R. Persistent nephrogram in a cat after intravenous urography. Veterinary Radiology & Ultrasound, v. 35, n. 5, p. 350-354, 1994. 08-NEWELL, S. M. ; KO, J. C. ; GINN, P. E. ; HEATON-JONES, T. G. ; HYATT, D. A. ; CARDWELL, A. L. ; MAURAGIS, D. F. ; HARRISON, J. M. Effects of three sedative protocols on glomerular filtration rate in clinically normal dogs. American Journal of Veterinary Research, v. 58, n. 5, p. 446-450, 1997. 09-FEENEY, D. A. ; BARBER, D. L. ; OSBORNE, C. A. The functional aspects of the nephrogram in excretory urography: a review. Veterinary Radiology, v. 23, n. 2, p. 42-45, 1982. 10-KNELLER, S. K. Role of the excretory urogram

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Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007



Obstrução de traquéia em uma arara-vermelha (Ara chloroptera) em decorrência da aspiração de objeto metálico

Renata Assis Casagrande MV, mestranda VPT/FMVZ/USP casagrande_vet@yahoo.com.br

Luciana Neves Torres MV, mestre VPT/FMVZ/USP lu.torres@terra.com.br

Marcelo Queiróz Teles Médico veterinário Zoológico de Paulínia marceloqt@hotmail.com

Tracheal obstruction in a green-winged macaw (Ara chloroptera) due to the aspiration of a metallic object Obstrucción de tráquea en un guacamayo rojo (Ara chloroptera) debido a la aspiración del objeto metálico Resumo: Uma arara-vermelha (Ara chloroptera), macho, de aproximadamente seis anos de idade, mantida no Zoológico de Paulínia, apresentou dispnéia, oscilação caudal e óbito um dia após o início dos sinais clínicos. Na necropsia, à abertura da traquéia observou-se estrutura metálica em forma de “V” com presença de cáseo obstruindo o lúmen. Microscopicamente, foi evidenciado na traquéia necrose epitelial, metaplasia escamosa, infiltrado heterofílico na lâmina própria e proliferação fibroblástica, fibroplasia e neovascularização, cartilagem hialina com metaplasia óssea e medula óssea funcional. No lúmen da traquéia observou-se fibrina, debris celulares, células inflamatórias degeneradas, derrame de hemácias, colônias bacterianas e Aspergillus sp. Relata-se, então, um caso de obstrução traqueal em arara-vermelha (Ara chloroptera) por processo inflamatório crônico-fibrosante associado a colônias bacterianas e Aspergillus sp., em decorrência de corpo estranho. Unitermos: sistema respiratório, oclusão, psitacídeos

Abstract: A 6-year-old male green-winged macaw (Ara chloroptera) of the Paulínia Zoo presented with a history of acute onset dyspnea, caudal oscillation and died one day later. Necropsy revealed a metallic v-shaped foreign body associated with caseous lumen obstruction. Microscopically, the tracheal epithelium had multifocal severe necrosis and squamous metaplasia; there was also a diffuse mild inflammatory heterophilic infiltration in the lamina propria, as well as proliferation of fibroblasts associated with fibroplasia and neovascularization. The hyaline cartilage displayed bone metaplasia associated with functional bone marrow. Findings within the tracheal lumen included severe fibrin deposition, cell debris, degenerate inflammatory cells, hemorrhage, bacterial colonies and fungal hyphae consistent with Aspergillus sp. This article reports a case of a green-winged macaw (Ara chloroptera) on an acute onset dyspnea caused by an inflammatory infiltration in association with bacterial colonies and Aspergillus sp, as a consequence of a foreign body. Keywords: respiratory system, occlusion, psittacid

Resumen: Un guacamayo rojo (Ara chloroptera), macho, de aproximadamente seis años, del Zoológico de Paulínia, presentó disnea y oscilación caudal, muriendo un día después. En la necropsia, al abrir la tráquea se observó una estructura metálica en forma de “V” asociada con un material caseoso obstruyendo la luz. Microscópicamente fue observado necrosis epitelial, metaplasia escamosa, infiltrado heterofílico en la lámina propia y proliferación fibroblástica con fibroplasia y neovascularización, cartílago hialino con metaplasia ósea y médula ósea funcional. En la luz se observó fibrina, detritos celulares, células inflamatorias degeneradas, derrame de eritrócitos, colonias bacterianas y Aspergillus sp. De esta forma, se describe un caso de obstrucción traqueal por proceso inflamatorio crónico fibrosante asociado a colonias bacterianas y Aspergillus sp. secundario a cuerpo extraño en un guacamayo rojo (Ara chloroptera). Palabras clave: sistema respiratorio, oclusión, psitacideos

Clínica Veterinária, n. 70, p. 102-104, 2007

Introdução Aspirações de corpos estranhos e asfixia são relatadas com freqüência em crianças 1, podendo resultar em significativa morbidade e mortalidade 2. Asfixia por aspiração de corpo estranho também tem sido documentada em pessoas adultas 3. Nos animais existem vários relatos em gatos 4,5,6,7 e em cães 8,9. 102

Em aves os corpos estranhos são mais comuns no trato gastrointestinal 10, mas há relatos de obstrução traqueal por corpo estranho, principalmente por sementes 11. Foi descrito um caso de obstrução traqueal por semente em uma calopsita (Nymphicus hollandicus), a qual foi removida com sucesso por meio de um endoscópio 12.

Eliana Reiko Matushima MV, profa. dra. VPT/FMVZ/USP ermatush@usp.br

Histórico clínico Uma arara-vermelha (Ara chloroptera), macho, de aproximadamente seis anos de idade, mantida no Zoológico de Paulínia, Estado de São Paulo, foi recolhida do recinto em julho de 2005 por apresentar dispnéia acentuada com movimentos caudais intensos. Durante o exame clínico a ave apresentou piora dos sinais clínicos, e foi tratada com Enrofloxacino a (1mL/10kg IM, SID). Não foi realizado exame radiográfico devido à ausência de recurso. Um dia após o início do tratamento o animal foi novamente contido fisicamente, passando a mostrar sinais de debilidade e vindo a óbito neste mesmo dia. Descrição macroscópica O animal foi encaminhado ao Serviço de Patologia do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP) para realização de exame necroscópico. Macroscopicamente foi observado excelente estado nutricional, com moderada quantidade de depósitos de gordura subcutânea. À abertura da traquéia evidenciou-se estrutura metálica em forma de “V”, com aproximadamente 1,5cm, associada a material caseoso esbranquiçado, obstruindo totalmente a luz (Figuras 1 e 2). Na porção distal da traquéia observou-se líquido espumoso esbranquiçado indicativo de edema. Os pulmões apresentavam edema acentuado, coloração avermelhada difusa e pleura esbranquiçada. Os demais órgãos não apresentaram alterações dignas de nota. a) Flotril 2,5%®. Schering-Plough, São Paulo, SP

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007


por 24 horas, cortados em fragmentos de aproximadamente 5mm e submetidos a processamento histológico, incluídos em parafina, seccionados em cortes de 5µm de espessura e corados por hematoxilina e eosina (HE). Microscopicamente, os fragmentos de traquéia revelaram necrose epitelial multifocal acentuada associada a metaplasia escamosa, infiltrado inflamatório predominantemente heterofílico difuso leve na lâmina própria e proliferação fibroblástica com fibroplasia associada a neovascularização. A cartilagem hialina apresentava metaplasia óssea com medula óssea funcional (Figura 3). No lúmen traqueal observou-se grande quantidade de fibrina, debris celulares, células inflamatórias degeneradas, derrame de hemácias associado a colônias bacterianas e hifas fúngicas morfologicamente compatível com Aspergillus sp. (Figura 4). Os pulmões exibiam congestão moderada,

Renata Assis Casagrande

Descrição microscópica Fragmentos de todos os órgãos foram fixados em formalina tamponada a 10%

Figura 2 - Arara-vermelha (Ara chloroptera). Corpo estranho encontrado no lúmen traqueal

Renata Assis Casagrande

Exame microbiológico Durante a necropsia foi colhido sangue cardíaco de forma asséptica (acondicionado em frascos de hemocultura), e transportado em aerobiose, para realização do exame microbiológico. No Laboratório de Patologia Comparada de Animais Silvestres (LAPCOM) a amostra foi processada de acordo com o seguinte protocolo: - Semeadura em estrias, por esgotamento da superfície dos meios BHI ágar sangue de carneiro e ágar MacConkey; - Incubação em estufa bacteriológica a 37 ºC em aerobiose. Não houve crescimento de bactérias na amostra de sangue cardíaco.

Renata Assis Casagrande

Renata Assis Casagrande

Figura 1 - Arara-vermelha (Ara chloroptera), traquéia: cáseo associado a corpo estranho, obstruindo o lúmen (seta)

Figura 3 - Arara-vermelha (Ara chloroptera), traquéia: necrose epitelial superficial com proliferação fibroblástica e neovascularização associadas (asterisco). Cartilagem hialina com metaplasia óssea evidenciando medula óssea funcional (setas) (HE, 40x)

Figura 4 - Arara-vermelha (Ara chloroptera), traquéia: lúmen com grande quantidade de fibrina, debris celulares, células inflamatórias degeneradas, derrame de hemácias associado a colônias bacterianas e hifas fúngicas morfologicamente compatível com Aspergillus sp. (seta) (HE, 100x)

com evidenciação de heterófilos em lumens vasculares e infiltrado inflamatório heterofílico difuso leve no parênquima

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007

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pulmonar. A pleura apresentava deposição de fibrina, infiltrado inflamatório predominantemente heterofílico e derrame de hemácias difuso leve. Os demais órgãos não apresentaram alterações dignas de nota. Discussão e conclusão Em seres humanos, são raras massas primárias na traquéia, sendo normalmente secundárias a granulomas por corpo estranho, intubação ou granuloma viral 13. Em aves, granulomas fúngicos, principalmente por Aspergillus sp., são causas comuns de obstrução primária de traquéia, principalmente na siringe 11,14, apresentando os mesmos sinais clínicos observados neste caso, tais como dispnéia, respiração com movimento de cauda e cianose. No presente relato, pode-se assumir que o granuloma micótico foi secundário ao corpo estranho metálico, pois o Aspergillus é ubíqüo, e a susceptibilidade à aspergilose tende a aumentar em certas condições, tais como estresse, baixa na imunidade e doenças respiratórias. As causas mais comuns de dispnéia, oscilação caudal e cianose nos psitacídeos incluem a clamidiose, aspergilose, micoplasmose, poxvirose, doença de Pacheco, infecção por bactérias gramnegativas, obesidade, peritonite relacionada à retenção de ovos e corpos estranhos traqueais 11. A dispnéia decorrente de doença respiratória crônica geralmente é associada a outros sinais clínicos como perda de peso, depressão, descarga ocular e nasal 14. A dispnéia aguda comumente é resultado da exposição a substâncias tóxicas, deslocamento de placas traqueais em decorrência da metaplasia escamosa (deficiência de vitamina A) ou agentes infecciosos, e também por aspiração de corpo estranho 14. Por sua vez, a dispnéia aguda é uma situação emergencial. Em caso suspeito de obstrução traqueal é

recomendada a colocação de uma sonda respiratória aerossacular, que possibilitará a administração de oxigênio 11. A utilização do exame radiográfico em aves dispnéicas é de extrema importância para o diagnóstico de lesões traqueais, pulmonares e alterações sistêmicas. Os corpos estranhos traqueais são removidos utilizando-se a endoscopia, lavagem traqueal ou traqueotomia 14. Lesões avançadas necessitam traqueotomia 11, a qual seria recomendada para o presente relato, associado ao tratamento antimicrobiano devido à infecção secundária instalada. A presença de pequenos objetos dentro de recintos, por descuido de funcionários ou mesmo lançados por visitantes de zoológicos, constitui um grande risco à saúde dos animais selvagens mantidos em cativeiro e até mesmo para os animais em vida livre, pois podem ingerilos ou aspirá-los. Relata-se um caso de obstrução traqueal em arara-vermelha (Ara chloroptera) por processo inflamatório crônico-fibrosante associado a colônias bacterianas e hifas morfologicamente compatíveis com Aspergillus sp., decorrente da aspiração de corpo estranho. Agradecimentos Ao médico veterinário Elmer Alexander Genoy Puerto pela tradução do resumo para o espanhol. À médica veterinária Ana Carolina Holanda Maluenda pela revisão do resumo em inglês. Referências 01-ORGILL, R. D. ; PASIC, T. R. ; PEPPLER, W. W. ; HOFFMAN, M. D. Radiographic evaluation of aspirated metallic foil foreign bodies. Annals of Otology, Rhinology and Laryngology, v. 114, n. 6, p. 419-424, 2005. 02-ZEITLIN, J. ; MYER, C. M. Foreign body in the trachea. Annals of Otology, Rhinology and Laryngology, v. 109, n. 11, p. 1007-1008, 2000. 03-DEBELJAK, A. ; SORLI, J. ; MUSIC, E. ; KECELJ, P. Bronchoscopic removal of foreign

bodies in adults: experience with 62 patients from 1974-1998. European Respiratory Journal, v. 14, n. 4, p. 792-795, 1999. 04-JUERGENS, L. ; WRIEG, H. H. Case report: Tracheal foreign body in a cat. Kleintierpraxis, v. 36, n. 1, p. 36, 1991. 05-PRATSCHKE, K. M. ; HUGHES, J. M. L. ; GUERIN, S. R. ; BELLENGER, C. R. Foley catheter technique for removal of a tracheal foreign body in a cat. Veterinary Record, v. 144, n. 7, p. 181-182, 1999. 06-TIVERS, M. S. ; MOORE, A. H. Tracheal foreign bodies in the cat and the use of fluoroscopy for removal: 12 cases. The Journal of Small Animal Practice, v. 47, n. 3, p. 155159, 2006. 07-TOWNSEND, C. J. ; COPESTAKE, P. Respiratory distress in a cat (Foreign body in trachea). Veterinary Record, v. 125, n. 25, p. 630, 1989. 08-DAVIES, C. M. Tracheal foreign body in a German shepherd dog. Veterinary Record, v. 125, n. 26/27, p. 648-649, 1989. 09-RÖCKEN, H. ; RÖCKEN, M. Illustrated report from practice: foreign body in the bifurcation of the tracheae of a dog. Berliner und Münchener Tierärztliche Wochenschrift Wochenschrift, v. 107, n. 4, p. 121-123, 1994. 10-LUMEIJ, J. T. Gastroenterology. In: RITCHIE, B. W. ; HARRISON, G. J. ; HARRISON, L. R. Avian Medicine: Principles and Application. Wingers Publishing, 1994. p. 482-521. 11-RUPLEY, A. E. Manual de Clínica Aviária. São Paulo: Roca, 1999. 582 p. 12-CLAYTON, L. A. ; RITZMAN, T. K. Endoscopic-assisted removal of a tracheal seed foreign body in a cockatiel (Nymphicus hollandicus). Journal of Avian Medicine and Surgery, v. 19, n. 1, p. 14-18, 2005. 13-PRASAD, H. K. C. ; SREEDHARAN, S. S. ; D'SOUZA, S. ; KUMAR, N. ; PRASAD, S. C. Pneumomediastinum due to tracheal foreign body granuloma. Journal of Laryngology and Otology, v. 119, n. 12, p. 998-1000, 2005. 14-TULLY, T. N.; HARRISON, G. J. Pneumonology. In: RITCHIE, B. W.; HARRISON, G. J.; HARRISON, L. R. Avian Medicine: Principles and Application. Wingers Publishing, 1994. p. 556-581.



Biodiversidade Macaco comunicativo* Estudo identifica 14 tipos de elementos sonoros que fazem parte da comunicação complexa do muriqui (Brachyteles hypoxanthus)

T

entar entender a comunicação verbal de animais exige muita dedicação e o uso de técnicas e métodos de gravação e coleta de dados contextuais, sonografia e análise estatística, como no estudo do repertório vocal do macaco muriqui (Brachyteles hypoxanthus), conduzido pelo antropólogo Francisco Dyonísio Cardoso Mendes, professor da Universidade Católica de Goiás. O muriqui, ou mono-carvoeiro, é o maior primata das Américas. Encontrado no Brasil, chega a ter 1,5 metro de altura e vive no que sobrou da Mata Atlântica, em grupos com cerca de 50 indivíduos que se organizam de forma igualitária e em diversas configurações socioespaciais. O estudo, apresentado no 12º Congresso Brasileiro de Primatologia, realizado em julho de 2007, em Belo Horizonte, mostrou uma complexidade vocal que conta com características tradicionalmente consideradas exclusivas da linguagem, como a percepção categórica (capacidade de distinguir sons), a referencialidade (emitem sinais especifícos) e o caráter combinatório dos sons. Nos muriquis, Mendes identificou 14 tipos de elementos sonoros, sendo cinco curtos e nove longos. Os curtos, breves e secos, são conhecidos como estocadas; os

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longos, graves e roucos, são os relinchos. As diversas combinações desses sons resultam em chamados, usados pelo grupo em diferentes contextos. No forrageamento, por exemplo, eles preferem sons mais agudos. Já para reunir o grupo disperso, usam sons mais roucos. O pesquisador, que considera como “frases” as seqüências com até 30 chamadas, registrou 534 seqüências diferentes em 649 chamadas. “Os muriquis têm um sistema de comunicação complexo, usado o dia inteiro. A linguagem tem ligação direta com os sistemas sociais e com os fatores ambientais. Para entendê-la, temos que observar não apenas a combinação dos sons, mas em que circunstâncias são emitidos”, explicou. O antropólogo atribui a riqueza vocal dos muriquis ao tamanho grande do grupo, ao modo de vida nas florestas – em que há pouca visibilidade – e à organização social igualitária, que permite várias combinações de convivência.

interações e nas disputas intergrupais, no cuidado com os filhotes, de forma lúdica e em outras do cotidiano do grupo, independentemente de estarem se locomovendo ou não. “Cada indivíduo produz séries variadas de chamadas, mas é interessante perceber que a maioria das seqüências começa com um mesmo tipo de som, e pela sonoridade nota-se que há uma regra nos intercâmbios seqüênciais”, disse o professor da Universidade Católica de Goiás. Segundo Mendes, as “conversas” dos muriquis exibem uma variedade de formas estocadas e relinchos e um intercâmbio a cada três minutos entre os vários indivíduos do grupo. O material colhido e analisado pelo pesquisador e colegas é significativo no âmbito da pesquisa sobre a linguagem dos primatas. “Apesar da relevância do tema, poucas espécies neotropicais tiveram seu repertório vocal estudado. A maioria carece de qualquer estudo sobre comunicação. No caso dos muriquis, temos uma série de informações interessantes, muito indicativa, mas ainda não temos muitas respostas”, disse o pesquisador.

Regra seqüencial O repertório vocal dos muriquis é usado em situações diversas, como alarme, nas

* Fonte: Agência Fapesp Por Liliane Nogueira, de Belo Horizonte www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?id=7513

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007



Liderando e, finalmente, mudando!

E

Por Sergio Lobato

m nosso último artigo abordamos a questão da conscientização a respeito de como se formou a nossa “personalidade gerencial” ao longo dos anos e de como é importante reconhecer que as mudanças foram necessárias. Elas se tornam fundamentais em tempos de alta competitividade e, principalmente, em tempos de autoanálise por parte dos milhares de proprietários de clínicas, consultórios, laboratórios, hospitais e petshops que estão enfrentando uma série de fatores, internos e externos, que estão influenciando os padrões de decisão desses proprietários sobre o que fazer, como fazer e, principalmente, por onde começar. Mas o que se espera de alguém que seja líder, ou melhor, que esteja líder? Para começar, devo reconhecer que a palavra líder ainda é um pouco desconhecida. É como se fosse uma “estranha no ninho” no universo diário da medicina veterinária. É algo pouco familiar e ainda recebido de modo refratario pelos profissionais. Vamos mudar um pouco isso para tornar mais fácil a tarefa de falar em liderança ? O líder então se transforma naquele que é o proprietário, ok? O “dono”, o “empreendedor” ou simplesmente aquele que paga as contas, estamos combinados? Reconheceu-se nesse papel? Então vamos em frente. O que esperamos de você nesse novo cenário, onde se fala de liderança em tudo que é revista do segmento de gestão e administração e até em revistas voltadas para o universo da medicina veterinária? Esperamos que você assuma as rédeas de seu negócio em atitudes e posturas, como ser o centro de toda a estrutura. Que seja exemplo com suas habilidades e competências; o porto seguro nas crises que possam surgir; responsável pela entrega de decisões rápidas e objetivas; que construa e mantenha uma equipe de trabalho coesa e competitiva; que reaja rapidamente à mudança no cenário pet e, ainda por cima, 108

produza lucros crescentes e consistentes. Muita coisa? Sim, mas é essa a realidade que espera aqueles que abriram seus negócios e que precisam torná-los saudáveis e competitivos, pois é deles que se origina a geração de renda, que é o objetivo final de todo investimento feito. Mas se eu pudesse ressaltar um ponto importante na sua formação como líder em seu negócio eu escolheria a CREDIBILIDADE. Como construir essa credibilidade? Esta construção é um processo que pode ser o resultado final de um somatório de ações como: procurar a correção em suas atitudes; primar pela qualidade de todos os seus relacionamentos pessoais e comerciais; desenvolver ao máximo todas as suas potencialidades; e ser acima de tudo capaz de direcionar os rumos de seu negócio com a clareza e transparência em seus conceitos, ações, palavras e posturas com todos aqueles que o cercam, em especial aqueles que convivem com você por mais de oito horas diárias e que dependem de seu exemplo, sua orientação, dos limites impostos por você, das regras criadas por você e dos estímulos e orientação tão necessários: a sua equipe de trabalho! O exemplo dado por você é capaz de economizar horas de treinamento oferecido para a sua equipe de trabalho, desde que esse exemplo também seja fruto de um somatório de suas habilidades natas e de muito treinamento adquirido em cursos, worskhops, palestras, leituras de livros e sites, e, principalmente, de sua experiência adquirida na lida diária com clientes, fornecedores e concorrentes. A construção dessa CREDIBILIDADE passa pela necessidade de conscientização do valor que você imprimirá

em sua estrutura de negócios, seja sua clínica, petshop ou centro de diagnósticos. Por mais que você seja um profissional da medicina veterinária e sua formação não tenha agregado ferramentas básicas de gestão que poderiam lhe ajudar e muito nesse período, lembre-se que esta é a responsabilidade mais individual em todo o processo de construção de uma liderança: a construção de sua própria realidade como gestor, como proprietário e como líder. Na prática meu maior conselho é que todos busquem estabelecer rotinas de controle em seus negócios, marcando sua presença em todas as etapas, não apenas a velha e conhecida centralização de poder, mas um mix de ações que possam estimular suas equipes de trabalho a desenvolver o hábito de compreender que fazem parte da estrutura da clínica e do consultório, além de assumirem que o sucesso do negócio passa por suas mãos. A medicina veterinária enfrenta momentos de verdade em todas as situações onde ela se relaciona com outros universos, como o mercado consumidor, a gestão de negócios e o próprio cenário econômico onde se insere. Esta realidade faz crescer a necessidade de uma maior conscientização para que os profissionais do mercado veterinário se vejam capazes de assumir a paternidade desse “bebê” chamado liderança, que engatinha, mas que em pouco tempo e no que depender desse colunista que vos escreve, estará caminhando a passos largos. Que tal dar o primeiro passo ao terminar de ler este artigo?

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007



equipamentos Ultra-som terapêutico

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o Brasil, as ferramentes disponíveis para a reabilitação de animais estão ampliado-se. A ultra-sonografia clínica, por exemplo, já se mostrou essencial na reabilitação física de diversos pacientes e presença imprescindível no gabinete de fisioterapia. Entre os aparelhos que estão no mercado internacional, destacam-se os da Chattanooga Group, que são distribuídos no Brasil pela empresa World Fisio (11 5049-3338). Sistemas de ultra-sonografia flexíveis, com funcionamento em frequência dupla por si só ou em combinação com eletroterapia, são características importantes presentes no Intelect VET, no Intelect Advanced color e também no aparelho portátil. Em todos esses modelos são encontrados protocolos padrões de tratamento das diversas regiões, sendo que o profissional também tem a liberdade de criar e armazenar seus próprios protocolos. www.chattanoogagroup.com

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kit de instrumento periodontal Weldin, da Miltex®, é uma coleção completa de instrumentos e acessórios específicos para odontologia veterinária, tanto para exames orais como para procedimentos de rotina, periodontais e de profilaxia, para pacientes caninos e felinos.

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Odontologia veterinária

Kit de instrumento periodontal Weldin

O nome Weldin, que é dado ao kit, deve-se ao trabalho desenvolvido, desde 1981, por Carol Weldin, RDH, BS, em conjunto com a Miltex®, aperfeiçoando, entre outros ítens, o formato de raspadores, curetas e sondas. Cada instrumento presente no kit é codificado por uma cor que combina com uma tabela periodontal para ajudar a identificar onde cada instrumento é usado na cavidade oral. Todos eles, e os demais acessórios que acompanham o kit, são convenientemente organizados em uma caixa de esterelização inoxidável. O kit, já apresentado à classe veterinária no Congresso Mundial de Odontologia Veterinária, que ocorreu no Guarujá, SP, e no Congresso da Anclivepa de 2007, que ocorreu em Florianópolis, SC, tem a distribuição no Brasil feita pela MK dent (51 3362-7828).



! internet

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NEUROLOGIA VETERINÁRIA NA INTERNET

O blog criado por Mônica Vicky Bahr Arias pode ser acessado pelo endereço: http://bahr-bituricos.blogspot.com

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iversas informações sobre neurologia veterinária vem sendo acrescentadas, desde março de 2007, em bahr-bitúricos – blog para publicação de assuntos relacionados à neurologia veterinária. A autoria do blog é de

Mônica Vicky Bahr Arias, médica veteClínicos Veterinários de Pequenos Anirinária, docente do DCV/UEL desde mais (7º Conpavepa), que ocorre em setembro de 1997 e atuante nas áreas de setembro de 2007, em São Paulo, SP, no cirurgia, neurologia clínica e cirúrgica Hotel Transamérica; de pequenos animais. • outros sites sobre Além dos casos clíneurologia veterinánicos e cirúrgicos que ria, como o site da são periodicamente inCompanion Animal seridos no blog e que Diagnostics Section contam com ferramenof the Comparative tas interativas que perNeuromuscular mitem incluir comentáLaboratories, da Unirios sobre os casos e versidade da Califórencaminhá-los por nia (San Diego email para outras pesEUA), que traz a soas, encontram-se no apresentação de cablog links para: sos desde 1999, to• eventos que terão dos disponíveis no palestras de neurologia site da instituição; veterinária inseridas na • trabalhos científiTeste seus conhecimentos em programação científica, cos publicados por neurologia veterinária com os como por exemplo, o 7º Mônica Vicky Bahr casos clínicos que são inseridos no blog Congresso Paulista de Arias.



Lançamentos HARMONIZAÇÃO DE AMIBIENTES

TRATAMENTO DE LESÕES NA PELE DE CÃES E GATOS

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HIGIENIZAÇÃO DE AMBIENTES

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Demais elimina odores de ambientes frequentados por animais

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Grupo Ouro Fino acaba de lançar o Demais Ambiente Pet Pronto Uso, desenvolvido especialmente para a limpeza de locais freqüentados por animais domésticos, pois higieniza e elimina odores. O lançamento é um produto à base de cloreto de benzalcônico (1%) e foi desenvolvido após um ano de pesquisas sobre as matérias-primas adequadas e formulações. Eficiência, facilidade de aplicação e perfume foram preocupações constantes durante o processo de pesquisa e desenvolvimento da linha Demais. O Demais Ambiente Pet Pronto Uso vem com gatilho, o que evita o desperdício e facilita a aplicação. Também pode ser utilizado em embalagem refil. Ouro Fino: www.ourofino.com

PET MILK – SUBSTITUTO DO LEITE MATERNO

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Pet Milk está disponível na embalagem de 300g

novo Pet Milk, alimento substitutivo do leite materno isento de lactose, foi especialmente reformulado com nutrientes como o “FOS”, um prebiótico que favorece a flora intestinal e evita diarréias, a taurina, aminoácido fundamental para a nutrição dos gatos, entre outros ingredientes essenciais. Pet Milk é ideal para a nutrição, crescimento e desenvolvimento dos cães e gatos que vêm de ninhadas muito grandes e não têm espaço para amamentar, em casos de rejeição da fêmea e até mesmo para alimentar filhotes órfãos. O Pet Milk está ainda mais fácil de diluir, possui odor agradável e sabor que agrada muito os filhotes. Vetnil: www.vetnil.com - 0800.109.197

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Calm Pet, lançamento da Pet Mais, é um produto desenvolvido para uso em ambientes onde vivem cães e gatos. As essências trazem princípios ativos da natureza para dentro dos ambientes, produzindo efeito calmante, tranqüilizante e Calm Pet ajuda anti-estressante, transmi- na harmonização tindo aos animais a sen- de ambientes sação de carinho e aconchego. Calm Pet está disponível nas versões erva-doce, capim limão e marine. Pet Mais: www.petmais.ind.br

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3M do Brasil apreformação de uma película senta ao mercado protetora, composta por mide saúde animal uma croporos, deixando-a transsolução inovadora: o pirar normalmente. Além Curativo Líquido 3M disto, evita que elementos Pet. externos, como água e O produto, que possujeira, entrem em contato sui aplicação indolor, com a pele, facilita o prooferece maior adesão cesso de cicatrização, alido que os esparadrapos via a dor e o incômodo das convencionais, com a feridas e queimaduras, traO Curativo Líquido 3M Pet não vantagem de que a pe- apresenta ardor na sua aplicação tando e diminuindo o ardor lícula formada proporinstantaneamente. ciona total flexibilidade para o animal, O produto é hipoalergênico, não é podendo ser aplicado em articulações e citotóxico, não sai na água e permanece nos coxins. Pode ser usado em cortes e ativo por até 24 horas. Sua remoção se escoriações, fissuras pós-cirúrgicas e dá espontaneamente, conforme aconteprocessos de amputação. Também é ce a renovação celular. indicado para aliviar o prurido causado O uso do produto não é recomendado por processos alérgicos, dermatites, em locais infeccionados. picadas de insetos, alergias de contato e O produto é inflamável e deve ser lesões na pele, entre outras aplicações. mantido fora do alcance de crianças e A tecnologia do Curativo Líquido animais domésticos. 3M Pet proporciona, em segundos, a 3M: 0800 013 2333.

ANTISSÉPTICO NATURAL

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itoGuard Antisséptico, é um spray de uso prático que fornece eficiente assepsia para as lesões de pele, evitando, por ser de rápida absorção, a eliminação do produto pela lambedura do animal. Seu uso é prático e não apresenta efeitos colaterais. O produto contém atiFitoGuard vos com grande poder anAntisséptico é tisséptico, combatendo comercializado bactérias e fungos de em frascos de lesões de pele, seja de ori60mL gem traumática ou cirúrgica, e também possui ação aceleradora da cicatrização. “O produto é 100% natural, elaborado com extratos de babosa, barbatimão e confrei, que contém ativos de grande poder antisséptico e que também atuam como auxiliares na cicatrização de ferimentos por ação de outras substâncias importantes dessas plantas medicinais, como aumento do fluxo sangüíneo local que favorece o desaparecimento da lesão (babosa), formação de revestimento protetor contra a multiplicação bacteriana (barbatimão) e ação antiinflamatória, hidratante, emoliente e adstringente, com capacidade de remover tecidos necrosados e facilitar a formação de uma nova camada tecidual que veda e protege a ferida (confrei)", explica Rita de Cássia, médica veterinária da FitoGuard. Fitoguard: www.fitoguard.com.br Divulgação

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ANTIBIOTICOTERAPIA ASSOCIADA AO TRATAMENTO SEGURO DA INFLAMAÇÃO

VERMÍFUGO PARA GATOS

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isando oferecer mais opções terapêuticas para os médicos veterinários a Ouro Fino Pet Bem Estar Animal lançou o AziCox-2. O novo medicamento, que é formado pela associação da azitromicina e do meloxicam, oferece excelentes resultados terapêuticos para o tratamento de infecções associadas a processos inflamatórios, AziCox-2: azitromicina e ou das inflamações de ordem infecciosa, graças à tecnomeloxicam associados em logia Target System. um comprimido O Target System proporciona, em somente um comprimido, a disponibilidade dos ativos , cada qual no seu melhor sítio de absorção, promovendo alta eficácia e facilidade de administração. Ouro Fino: www.ourofino.com

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ALIMENTOS DA TOTAL COM NOVAS APRESENTAÇÕES

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snack com sabor de carne Big Bom da família Big Boss, da Total Alimentos, agora ganha uma embalagem especial: é apresentado em pote cristal transparente de 400g. A nova apresentação deixa o produto mais visível e facilita o manuseio, além de permitir melhor arBim Bom mazenamento, managora em tendo todas as suas pote cristal

condições de sabor e umidade. A Total Alimentos também investiu na reformulaNovo mix de partículas na linha K&S ção da família Premium Especial K&S. As embalagens apresentam novo design, ressaltando o novo mix de partículas que o alimento recebeu.

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Profender SpotOn® está disponível em três apresentações para gatos com peso entre 0,5 e 2,5kg; 2,5 e 5kg; 5 e 8kg

rofender SpotOn®, novo vermífugo lançado pela Bayer, combate todos os tipos de vermes adultos e larvas. O medicamento, de uso tópico, tem baixo volume, que permite uma aplicação rápida, sobre a pele seca do gato, na região da nuca, sem deixar o animal estressado. O produto é composto pelas substâncias praziquantel e emodepsida. A primeira combate os vermes chatos como o Dipylidium caninum. Já a emodepsida, nova molécula do mercado veterinário descoberta pela Bayer, atua diretamente contra os vermes redondos. É indicado para gatos com peso acima de 500g e a partir de oito semanas de idade. Além disso, é seguro para uso em fêmeas prenhas e em lactação.

Bulldog 24 A Royal Canin acaba de apresentar no mercado brasileiro o alimento Bulldog 24. A veterinária e gerente de produto da Royal Canin, Renata Carron, salienta que: “o bulldog, por ser braquicefálico, apresenta dificuldade O Bulldog 24 está disponível em em- para a apreensão do alibalagem de 10,1kg mento, o que compromete a mastigação devido à pequena pressão dos dentes incisivos no alimento e a limitada amplitude da mandíbula. O animal também é predisposto a problemas digestivos e respiratórios, por seu diafragma comprimir o sistema digestivo, as células intestinais recebem menos oxigênio, resultando em uma digestão preguiçosa que pode provocar ruídos e flatulência”. O alimento Bulldog 24 promove a boa digestão e ajuda a reduzir a flatulência por meio de proteínas altamente digestíveis (glúten de trigo e proteína

isolada de suíno), minerais insolúveis e o arroz como única fonte de amido, fruto-oligossacaídeos e polpa de beterraba. Também reforça a eficiência da proteção cutânea e ajuda combater a inflamação da epiderme por causa de uma combinação de vitaminas e aminoácidos, associada a ácidos graxos insaturados (ômega 6 e ômega 3) e zinco. O formato e a textura do croquete da Bulldog 24 corroboram para uma fácil preensão, mastigação e redução da formação de cálculo dental. Substituto do leite materno O leite instantâneo para animais recém nascidos, o 1st Age Milk para cães e o Babycat Milk para gatos, já estão disponíveis no mercado veterinário. Para tornar o processo da alimentação o mais próximo do natural, as duas versões acompanham uma mamadeira com bico dosador. Eles podem ser usados no suporte nutricional na alimentação de grandes

ninhadas, em casos de animais órfãos ou rejeitados pela mãe e até com fêmeas incapacitadas de amamentar. Os grânulos de leite dissolvem instantaneamente, devido a um processo exclusivo, que resulta em um leite homogêneo e cremoso, sem formar grumos, assegurando uma boa ingestão, evitando desperdício do produto, facilitando a higienização da mamadeira e prevenindo a sua contaminação por agentes nocivos ao filhote. O 1st Age Milk é elaborado com proteínas exclusivamente lácteas, ácidos graxos (ômega 3 e 6) e não contém amido, garantindo uma excelente segurança digestiva além de reduzir o risco de diarréia. O Babycat Milk também apresenta uma exclusiva combinação de nutrientes (taurina, EPA/DHA, vitaminas e arginina). A seleção de proteínas lácteas de alta qualidade reforça a tolerância digestiva. Divulgação

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ROYAL CANIN LANÇA NOVOS ALIMENTOS ESPECIAIS

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70, setembro/outubro, 2007

O 1st Age Milk está disponível em embalagens de 400g (quatro pacotes de 100g) e o Babycat Milk, em embalagem de 300g (três sachês de 100g)


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COMPREENDENDO O MELHOR AMIGO DO HOMEM

Cesar’s Way, best-seller do New York Times durante 25 semanas, é lançado no Brasil pela Verus Editora

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encantador de cães, de Cesar Millan, grande sucesso editorial nos Estados Unidos, com mais de um milhão de exemplares vendidos e durante 25 semanas presença constante na lista de best-sellers do New York Times, chega ao Brasil publicado pela Verus Editora. Fundador do Centro de Psicologia Canina, em Los Angeles, Cesar Millan apresenta o programa Dog Whisperer, do National Geographic Channel. Nascido em Culiacán, no México, o autor alcançou o sucesso nos EUA quando passou a cuidar de cães de estrelas como Will Smith e Oprah Winfrey. Em “O encantador de cães”, Cesar

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explica o método que aplica para alcançar resultados sempre surpreendentes. O autor, baseando-se em três princípios básicos - exercícios, disciplina e afeto, nessa ordem - encara o trabalho com os cães como uma missão: “reabilitar cães e treinar pessoas”. Cesar nos mostra como construir um bom relacionamento com os cães e afirma que tratá-lo segundo sua natureza (de cachorro!) é crucial para a felicidade do animal de estimação. Ele também dá exemplos claros de como os cães podem mudar de comportamento e atitude com abordagem e tratamento corretos. Em seu Centro de Psicologia Canina, Cesar tem mais de cinqüenta cachorros, muitos dos quais ele salvou de serem sacrificados por serem considerados perigosos. Em 2005 foi premiado pela National Humane Society, organização norte-americana de proteção aos animais, por seu trabalho de reabilitação de cães. Vale destacar que alguns dos cães salvos do sacrifício e reabilitados por Cesar, são importantes monitores da matilha e prestam importante ajuda na reabilitação dos cães em tratamento. O exercício, primeiro item dos princípios básicos de reabilitação preconizados por Cesar, é praticado no seu centro de reabilitação de uma forma admirável. Cesar, o líder da matilha, sai para correr nas montanhas, acompanhado

de aproximadamente 35 cães soltos. Dentre eles há pit bulls, chiuauas, pastores alemães, rottweilers e muitas outras raças. Ele realiza essa prática em locais ermos, pois apesar de não apresentarem perigo, esses cães podem parecer temíveis e perigosos para alguém que vê pela primeira vez um homem correndo com uma matilha. Cesar e seus assistente estão sempre atentos para qualquer cão que necessite ser preso e conduzido pela guia. A obra O encantador de cães possui um excelente conteúdo sobre como entender o comportamento canino, sendo útil tanto para proprietários de cães quanto para profissionais do setor veterinário. As informações que contém propiciam uma melhora para o convívio dos animais de companhia nos seus lares e, também, nos estabelecimentos veterinários, como clínicas, pet shops, centros de estética, hóteis etc. Além de ser uma excelente obra para ser recomendada aos clientes, vale também a sugestão para que ela seja incluída nos ítens a venda nos pet shops. No sítio www.cesarmillaninc.com é possível encontrar artigos, produtos, calendário de eventos, entre outros ítens relacionados ao trabalho desenvolvido por Cesar Millan. Verus Editora: (19) 4009-6868

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4 a 6 de outubro de 2007 - Escola de Veterinária - UFMG Belo Horizonte - MG

4 de outubro - quinta-feira Horário Sala 1 08h00 - 08h50 Abertura oficial entrega de material 09h00 - 09h50 Terapêutica oncológica – inovações e desafios. Mariana Fernandes Cavalcanti (BH) 09h50 - 10h20 Intervalo Oftalmologia – meus casos especiais. Gustavo de Oliveira Fulgêncio (UNIPAC) 10h20 - 11h10 11h20 - 12h10 Risco cirúrgico: teoria ou realidade? João Carlos Moreira (BH) 12h10 - 14h00 Almoço 14h00 - 15h50 Hepatopata crônico: abordagem diagnóstica e tratamento conservativo – eles merecem! Pedro Luiz de Camargo (UEL) 15h50 - 16h20 Intervalo 16h20 - 17h10 Testes diagnósticos no paciente respiratório. Paulo E. Ferrian (FEAD) 17h20 - 18h10 Nutrição clínica de animais hospitalizados – enteral e parenteral. Júlio César C. Veado (UFMG) 5 de outubro - sexta-feira Sala 1 08h - 08h50 Clínica e manejo de répteis em cativeiro. Rafael Motta (UNIPAC) 09h - 09h50 Incompatibilidades e interações medicamentosas. Fernando Antônio Bretas Viana (UFMG) 09h50 - 10h20 Intervalo 10h20 - 11h10 Rinite e asma atópicas em humanos por aeroalérgenos provenientes de animais. Marconi R. de Farias (PUC PR) 11h20 - 12h10 Aspectos clínicos do escorpionismo. Marília M. Melo (UFMG) 12h10 - 14h00 Almoço 14h00 - 14h50 Verdades e mentiras na IRC. Luiz Henrique Machado (Unesp/Botucatu) 15h00 - 15h50 Verdades e mentiras na IRC. Luiz Henrique Machado (Unesp/Botucatu) 15h50 - 16h20 Intervalo 16h20 - 17h10 Se vira nos 15’ 17h20 - 18h10 Se vira nos 15’ 6 de outubro - sábado Sala 1 08h00 - 08h50 Tratamento das fraturas pélvicas. Leonardo Muzzi (UFLA) 09h00 - 09h50 09h50 - 10h20 10h20 - 11h10 11h20 - 12h10 12h10 - 14h00 14h00 - 14h50 15h00 - 15h50 15h50 - 16h20 16h20 - 17h10 17h20 -18h10

Radiologia do tórax – desafios e interpretação. Euler Fraga (UFMG) Intervalo Nutrição do paciente crítico. Wandréa de Souza Mendes (Royal Canin do Brasil) Reprodução em pequenos animais: inovações tecnológicas. Guilherme Ribeiro Valle (PUC-Betim) Almoço Reabilitação em pacientes ortopédicos. Maria Cecília Oda Teixeira (Vet Spa - SP) Reabilitação em pacientes neurológicos. Maria Cecília Oda Teixeira (Vet Spa - SP) Intervalo Associação de medicação homeopática em casos complicados. Denerson Ferreira Rocha (BH) Odontologia em animais idosos. Marcello Roza (Brasília)

Sala 2 PIF – como diagnosticar? Bruno Marques (USP) FIV e FeLV – são importantes? Bruno Marques (USP) Intervalo Erliquiose – o que há de novo? Mitika K. Hagiwara (USP) Esquema vacinal de cães e gatos. Mitika K. Hagiwara (USP) Almoço Meus melhores casos. Marconi Rodrigues de Farias (PUC PR) Dermatofitose no cão e no gato. Fabiana Hayeck Scucato (BH) Intervalo Alergopatia I – DAPP. Adriane Pimenta da Costa Val (UFMG) Alergopatia II – Hipersensibilidade alimentar e atopia. Adriane Pimenta da Costa Val (UFMG)

Sala 2 Diagnóstico e terapia da escabiose canina e felina. Éricka Homan Delayte (BH) Diagnóstico e novos protocolos da demodicose canina. Éricka Homan Delayte (BH) Intervalo Parece, mas não é. Leonardo Motta Batista (BH) Neoplasias cutâneas. Gleidice E. Lavalle (UFMG) Almoço Toxoplasmose – O que precisamos saber? Vitor Márcio Ribeiro (PUC-Betim) Cinomose – novidades? Luciana Moro (UFMG) Intervalo Leishmaniose – PCR x sorologia. Eloísa de Freitas (UFMG) Enterites por protozoários – diagnósticos e tratamento. Paulo Renato dos Santos Costa (UFV)

Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais - Regional MG (Anclivepa-MG) Avenida Raja Gabáglia, 3601 - sala 106 - São Bento - Belo Horizonte / MG - CEP 30350-540 Telefax: (31) 3297-2282 - anclivepa@anclivepa-mg.com.br - www.anclivepa-mg.com.br


ÉTICA E EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL - FUNDAMENTOS ABOLICIONISTAS

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este livro, a filósofa estamos emocional e racioSônia T. Felipe renalmente acomodados. constitui os argumentos Em sua investigação, contrários à experimentarealizada quando do desenção em animais vivos, forvolvimento de seu projeto mulados a partir de quatro de pós-doutorado em bioperspectivas morais disética, com recorte especítintas e influentes: as trafico na zooética (ética da dições reli-giosas antigas, consideração dos animais), a filosofia moderna e conapoiado pela UFSC e pela temporânea, a própria ciênUniversidade de Lisboa, e cia e a tradição jurídica. sem apoio financeiro do Nessas quatro fontes, poCNPq, a autora examina dem ser encontrados arguartigos de teólogos do juA obra avalia mentos que sustentam a criteriosamente a prática da daísmo, islamismo e crisexperimentação animal tese do valor inerente à tianismo, das religiões hinvida de todas as espécies, e argumentos dus, do budismo e jainismo, sistematique sustentam o valor da vida de outros zando a concepção do estatuto dos aniseres apenas se servirem aos propósitos mais e o conceito de dever moral humaou benefícios humanos. no em relação a seres que nascem em esAs religiões, a filosofia moral tradipécies biológicas distintas da humana, cional, o direito e a ciência tiveram um em cada uma dessas perspectivas. papel relevante no legado moral do qual Para além do estatuto dos animais somos signatários. Mas, a par com essa nas diversas teologias, a autora examina mesma tradição, vozes dissidentes desa questão ética da abolição de experitacam-se na história, contrárias às prátimentos em animais vivos, a partir da cas de crueldade contra os animais. É polêmica estabelecida no âmbito da próatravés dessas vozes que os animais têm pria filosofia, e das três vertentes aí clasido defendidos. No livro, os argumenramente expressas: a abolicionista, a tos críticos à filosofia moral tradicional conservadora e a bem-estarista. são apresentados com clareza e rigor, Considerando-se que a questão dos permitindo ao leitor tirar suas concluanimais, na tradição ocidental, sempre essões sobre a necessidade de revisão dos teve ligada à sua utilidade para os negócânones tradicionais da moral, aos quais cios humanos, a autora encerra o volume

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Profª Terezinha Knöbl Manejo nutricional e reprodutivo de aves ornamentais e silvestres; técnicas de sexagem; anamnese, contenção e exame clínico; vias de administração de medicamentos; enfermidades infecciosas e metabólicas; diagnóstico laboratorial; emergências; fraturas e intoxicações; técnica de necropsia; terapias alternativas; responsabilidade técnica em criatório de aves; anestesia e cirurgia Local: 2º Batalhão de Policia do Exército (BPE)* Informações e inscrições: fone: (11) 6995-9155 • fax: (11) 6995-6860 juna.eventos@uol.com.br - www.junaeventos.com

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Curso teórico-prático Curso de clínica e cirurgia Curso de dermatologia de cirurgia em partes dos gatos domésticos a bordo do navio 2 e 16 de dezembro moles Island horário: das 8h às 17h 4, 11, 18 e 25 de novembro; Escape

28 de outubro; 11, 18 e 25 de novembro; 2 e 9 de dezembro - horário: das 8h às 17h

Realização

analisando, da perspectiva jurídica, a possibilidade de inclusão dos animais no âmbito da comunidade de sujeitosde-direitos, a exemplo do que se fez, ao longo dos dois séculos mais recentes da história ocidental, com sujeitos humanos historicamente destituídos de estatuto jurídico. A inclusão dos animais na comunidade dos sujeitos de direitos implica em revisão do conceito de objeto de propriedade, ao qual estão condenados todos os seres vivos não pertencentes à espécie Homo sapiens. Os argumentos que sustentam a indústria da experimentação animal são de ordem econômica, não moral. Ao apontarem os benefícios, resultado da experimentação em animal vivo, para humanos, os defensores da indústria da experimentação omitem o custo, em dor e sofrimento, que tais experimentos representam para aqueles que são submetidos a eles, sem necessidade, sem recompensa, sem benefício algum. Um argumento que aponta os benefícios de uma ação para o sujeito que a pratica, e omite os malefícios da mesma para os que são atingidos por ela não pode tornar-se um argumento ético. Neste livro o leitor é convidado a pensar sobre a questão do sofrimento animal nessa perspectiva crítica e abolicionista.

Palestrante:

Profª Heloisa j. M. de Souza

Palestrante:

Lipidose hepática; alimentação enProfª Aline Machado de Zoppa teral; desobstrução uretral; doenças do trato respiratório; hipertiCirurgias: cabeça e pescoço; ca- reoidismo; distúrbios comportavidades torácica e abdominal; mentais; doença renal policística sistema genito-urinário; região autossômica; FIV/FeLV; peritonite perineal; pele; e miscelâneas infecciosa; emergências gastrintestinais Local: 2º Batalhão da Polícia do Local: Instituto Biológico** Exército (BPE)* * 2º Batalhão da Polícia do Exército (BPE) Rua Raul Lessa, 52 - Saída 17 da Rod. Castelo Branco Trav.da Av.Getúlio Vargas - Osasco/SP

21 a 25 de janeiro de 2008 Santos - Florianópolis Porto Belo - Santos Palestrante:

Profª. Ana Claudia Balda • Corticoterapia e uso de terapias alternativas nas alergias e doenças auto-imunes em cães e gatos. • Antibioticoterapia e imunoterapia nas piodermites caninas recidivantes.

** Instituto Biológico Rua Cons. Rodrigues Alves, 1252 4º andar - Vl. Mariana - São Paulo - SP (próximo a estação Ana Rosa do metrô)

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ANESTESIA INALATÓRIA as anestesias são marcadas na sua clínica Luiz Otávio Gonzaga CRMV-SP 6117

tels: 0**(11) 6994-1029 0**(11) 6204-8801 cel: (011) 8259-1351 tomada@superig.com.br



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www.agendaveterinaria.com.br NACIONAL

15 e 16 de setembro Londrina - PR CTI-PET. Curso de Terapia Intensiva em Animais de Companhia ! (43) 9151-8889 15 de setembro São Paulo - SP Terapia floral em pequenos animais ! (11) 5061-4429 16, 23 e 30 de setembro; 7 de outubro São Paulo - SP Curso de radiologia em pequenos animais ! (11) 6995-9155 16 de setembro a 16 de dezembro Curitiba - PR Curso de Extensão em Diagnóstico por Imagem do Abdômen de Animais de Companhia à Distância pela UFPR ! (41) 3350-5738

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17 a 21 de setembro Belo Horizonte - MG Cardiologia veterinária em pequenos animais ! sofiajs@yahoo.com 17 a 22 de setembro Curitiba - PR IX Semana Acadêmica de Medicina Veterinária da Pontifícia Universidade Católica do PR - Medvet 2007 ! (41) 3297-4479 21 a 22 setembro; São Paulo - SP Curso prático: miscelâneas cirúrgicas tóracoabdominais ! (11) 3819-0594 21 a 22 de setembro Betim - MG IV PUCVET ! (31) 3539-6837 22 setembro; São Paulo - SP Pós-graduação lato sensu em ultra-sonografia de pequenos animais (18 meses)

! (11) 3567-4401

23 e 30 de setembro; 7, 14 e 21 de outubro São Paulo - SP Curso teórico-prático de anestesia veterinária ! (11) 6995-9155 24 de setembro a 30 de setembro Ribeirão Preto - SP Curso de Cardiologia Clínica, eletrocardiograma e sistema holter ! (16) 3421-6719 26 a 28 de setembro São Paulo - SP • 7º Congresso Paulista de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais • Pet South America ! www.anclivepa-sp.org.br 26 a 28 de setembro Guarapari - ES XXXIV Semana Capixaba do Médico Veterinário ! (27) 3324-3877 1º a 4 de outubro Ribeirão Preto - SP Curso de oftalmologia ! (16) 3421-6719

1º a 5 de outubro São João da Boa Vista - SP Semana da Veterinária ! semavet@unifeob.edu.br 4 a 6 de outubro Belo Horizonte - MG IV Congresso Mineiro da Anclivepa ! anclivepa@anclivepamg.com.br

6 e 7 de outubro Londrina - PR Curso de terapia intensiva em animais de companhia ! (43) 9151-8889 8 a 11 de outubro Fortaleza - CE II Congresso Nacional de Saúde Publica Veterinária ! (85) 3257-6382

5 a 7 de outubro Botucatu - SP III Forum Internacional de Bioética: bioética e conservação ! (14) 3882-4243

15 a 19 de outubro Brasília - DF Semana Acadêmica de Medicina Veterinária SAGROVET ! (61) 8115-8534

6 de outubro a 1º de dezembro Niterói - RJ II Curso de perícia cível para médicos veterinários ! (21) 2584-2822

15 a 26 de outubro São Paulo - SP Medicina alternativa (terapeuta holístico) ! (11) 5061-4429

6 e 7 de outubro Goiânia - GO Gastroenterologia clínica em pequenos animais ! secretaria@anclivepago. com.br

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70. setembro/outubro, 2007

18 a 20 de outubro Porto Alegre - RS 3º Congresso Brasileiro de Homeopatia Veterinária ! (51) 9987-7299



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19 de outubro Rio de Janeiro - RJ Otite externa canina. Por que casos simples podem complicar? ! (21) 2437-4879 19 a 21 de outubro Botucatu - SP Atualização em dermatologia de cães e gatos ! cursodermato@yahoo. com.br 21 e 22 de outubro São Paulo - SP Curso de oftalmologia: teórico-prático ! (11) 3082-3532 22 a 24 de outubro Belo Horizonte - MG Simpósio de geriatria de cães e gatos ! sofiajs@yahoo.com 23 de outubro Porto Alegre - RS Quimioterapia na rotina das clínicas ! patronalvetrs@uol. com.br 23 e 26 de outubro Garça – SP V Semana de Patologia Veterinária da FAMED/FAEF ! (14) 461-1216 26 e 27 de outubro São Paulo - SP Cirurgias em coluna vertebral ! (11) 3819-0594 27 e 28 de outubro Londrina - PR III Simpósio em reprodução de animais de companhia ! reproanimacia@ hotmail.com

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27 e 28 de outubro Botucatu - SP VI Simpósio internacional de patologia clínica veterinária ! (14) 3811-6115 6 e 8 de novembro São Paulo - SP Curso teórico e prático de terapia intensiva veterinária ! (11) 5572-8778 6 e 10 de novembro Uberlândia - MG XIX Semana Científica da Veterinária ! secivet2007@yahoo. com.br 9 a 10 de novembro Jaboticabal - SP II Simpósio de Nutrição Clínica de Cães e Gatos. Foco em doenças gastrintestinais ! (16) 3209-1300 9 de novembro a 21 de dezembro Rio de Janeiro - RJ Curso teórico-prático em patologias do ouvido externo e médio em cães e gatos ! (21) 2437-4879 10 a 11 de novembro Porto Alegre - RS Simpósio Internacional de Dermatologia Veterinária em Pequenos Animais ! patronalvetrs@uol. com.br 10 e 11 de novembro Goiânia - GO Fisioterapia e reabilitação em pequenos animais ! www.anclivepago.com.br 10 e 11 de novembro São Paulo - SP Curso teórico-prático de oftalmologia ! (11) 3082-3532

12 e 16 de novembro Ilhéus - BA VII Encontro de Medicina Veterinária do Sul da Bahia ! (73) 8818-0504

21 a 25 de janeiro Santos - Florianópolis Santos Curso de dermatologia a bordo do navio Island Escape ! (11) 6995-9155

19 a 22 de setembro Shangai - China Pet Fair Asia ! www.petfairasia.com

13 de novembro Belo Horizonte - MG Noite da fluidoterapia ! anclivepa@anclivepamg.com.br 23 a 25 novembro; Rio de Janeiro I Simpósio Internacional BVECCS - Equalis de Medicina de Urgência ! bveccs@bveccs.com.br 24 de novembro a 24 de outubro de 2009 Campinas - SP XIV Curso de Acupuntura para Médico Veterinário ! i.h.jacquelinepeker@ ibest.com.br 26 e 27 de novembro Belo Horizonte - MG Curso de medicina de felinos ! anclivepa@anclivepamg.com.br 30 de novembro a 2 de dezembro Rio de Janeiro - RJ Anestesia e procedimentos no paciente crítico curso teórico e prático para médicos veterinários ! (21) 3326-0440 2008 14 a 19 de janeiro Santos - Angra dos Reis Santos Curso de felinos a bordo do navio Splendour of the Seas ! (11) 6995-9155

INTERNACIONAL

16 e 17 de fevereiro; 1º, 2, 15, 16, 29 e 30 de março; 12, 13, 26 e 27 de abril; 3, 4, 17 e 18 de maio, 1º, 15 e 29 de junho; e 13 e 27 de julho São Paulo - SP Curso de atualização em cirurgia, anestesia e ortopedia ! (11) 6995-9155 7 de março a 26 de junho Rio de Janeiro - RJ II Curso de terapêutica Aplicada à clínica de pequenos animais ! (21) 2437-4879 15 a 16 de março Londrina - PR II Neurovet ! (43) 9151-8889 23 a 26 de abril Maceió - AL XXIX Congresso Brasileiro da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais -Anclivepa ! (82) 3326-6663

10 a 14 de novembro Recife - PE VIII Congresso Brasileiro de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária ! (81) 3466-5551

Clínica Veterinária, Ano XII, n. 70. setembro/outubro, 2007

5 a 8 de outubro Lima - Peru Latin American Veterinary Conference 2007 ! www.tlavc-peru.org 19 a 21 de outubro Espanha I SEVC (Southem European Veterinary Conference) ! www.sevc.info 19 a 23 de janeiro de 2008 Orlando - FL, EUA The North American Veterinary Conference ! www.tnavc.org 14 a 17de maio de 2008 Orlando, Florida - USA Animal Care Expo ! expo@hsus.org 22 a 25 de maio de 2008 Orlando, Florida - USA Interzoo 2008 ! www.interzoo.com 20 a 24 de agosto de 2008 Dublin - Irlanda 33º Congresso Mundial da WSAVA ! www.wsava2008.com



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