clínica veterinária n. 75

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G uarรก

ISSN 1413-571X

Ano XIII, n. 75, julho/agosto, 2008 - R$ 13,00

E D i TO R A

Indexada no ISI Web of Knowledge - Zoological Record e no CAB Abstracts

www.revistaclinicaveterinaria.com.br


Ron Lowe

Índice

Oncologia - 30

Eletroquimioterapia: uma nova promessa para o tratamento de cânceres em animais

Electrochemotherapy: a new alternative for the treatment of cancer in animals Electroquimioterapia: una nueva promesa para el tratamiento del cáncer en los animales

Carcinoma de células escamosas em mastiff antes do tratamento e três semanas após o tratamento

Sofia Borin

Adelina Helena Tortora

Clínica médica - 38

Desmistificando a via intra-óssea Demystifying the intraosseous route Desmistificando la vía intraósea

Clínica médica - 42

Imunodeficiência viral felina associada à alta infecção por Toxocara cati: relato de caso

Ouriço-caixeiro (Coendou prehensilis) com cateter intra-ósseo femoral

Feline immunodeficiency virus (FIV) related to a high infection of Toxocara cati: case report Inmunodeficiencia viral felina asociada a alta infección por Toxocara cati: relato de caso

Clínica médica - 52

Fase terminal da imunodeficiência viral felina Paulo Eduardo Ferian

Aspectos etiológicos das hepatites crônicas caninas Etiological aspects of canine chronic hepatitis Aspectos etiológicos de las hepatitis crónicas caninas

Clínica médica - 60

Francisco A. L. Costa

Hemorragia de involução tímica em uma cadela relato de caso Thymic involution hemorrhage in a bitch - case report Hemorragia de involución del timo en una perra - relato de caso

Clínica médica - 64

Hematoma estendendo-se de região subcutânea cervical até mediastino cranial

Glomerulonefrite no cão

Glomerulonephritis in dogs Glomérulo. Glomerulonefrite me- Glomerulonefritis en el perro

sangioproliferativa. Hipercelularidade glomerular. Coloração: PAS. Aumento: 40 x

Angélica de M. V. Safatle

Oftalmologia - 74

Análise retrospectiva dos resultados da remoção de catarata por facoemulsificação em cães

Thomas Normanton Guim

Retrospective analysis of phacoemulsification for cataract removal in dogs Análisis retrospectivo de los resultados obtenidos en la remoción de cataratas en perros por facoemulsificación

Oncologia - 80

Histiocitoma fibroso maligno tipo célula gigante em felino Giant-cell type malignant fibrous histiocytoma in feline Histiocitoma fibroso maligno tipo célula gigante en un felino

Facoemulsificação: fragmentação do núcleo

Saúde pública - 24

• Sabonete contra dengue • Nova ferramenta contra a tuberculose • Raiva sob vigilância

Corte histológico do neoplasma demonstrando células fusiformes (setas) com acentuado pleomorfismo celular e nuclear. Coloração HE, objetiva 20x

24 26 28

Mercado pet - 96

• Empresas brasileiras presentes na Interzoo

Ecologia - 97

Editorial - 5

Câmara dos deputados aprova projeto de lei sobre experimentação animal

• Animais selvagens e cativeiro: algumas considerações 97 • Conservação da fauna, ética e bem-estar 98 • Animais selvagens em cativeiro: justificativas e desafios 99 • GEAS – Grupo de Estudo de Animais Selvagens 100

Cartas - 6

Internet - 86

Lançamentos - 102

Bem-estar animal - 84

• Vozes do silêncio - uma reflexão sobre o uso de animais em experimentos científicos • 3º Seminário Arca Brasil

Seções

Legislação - 85

Notícias - 8

• Medicina felina em evidência • CBNA promoveu simpósio sobre nutrição de animais de estimação • III Simpósio da Fundação CL Davis e V ONCOVET • Novas técnicas ortopédicas avançam na medicina veterinária • Fort Dodge lança ectoparasiticida • Rhobifarma é autorizada pela Anvisa a trabalhar com drogas controladas • Campanha “ZooAção” esclarece sobre as verminoses e as zoonoses • Normas para a residência em medicina veterinária no Brasil • Radiologia computadorizada disponível no Rio de Janeiro

8 10 14 16 18 18 18

• Vídeos veterinários on line • Médico veterinário cadastrado no sítio da Schering-Plough Saúde Animal concorre a prêmios!

Negócios e oportunidades - 104

Ofertas de produtos e equipamentos

Serviços e especialidades - 105

Livros - 88

• Atlas Colorido de Patologia Veterinária - Reações Morfológicas Gerais de Órgãos e Tecidos • Quimioterapia Antineoplásica em Cães e Gatos • Oftalmologia clínica em animais de companhia

20

Gestão, marketing e estratégia - 92

22

“ Todo dia ela faz tudo sempre igual, me acorda às seis horas da manhã...”

88

Prestadores de serviços para clínicos veterinários

88

Agenda - 112

90

Clínica Veterinária, Ano XIII, n. 75, julho/agosto, 2008


Indexada no ISI Web of Knowledge - Zoological Record e no CAB Abstracts CONSULTORES CIENTÍFICOS SCIENTIFIC COUNCIL Revista de educação continuada do clínico veterinário de pequenos animais

EDITORES / PUBLISHERS

Arthur de Vasconcelos Paes Barretto editor@editoraguara.com.br CRMV-SP 6871

Maria Angela Sanches Fessel cvredacao@editoraguara.com.br

Journal of continuing education for small animal veterinarians

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA / DESKTOP PUBLISHING Editora Guará Ltda.

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midia@editoraguara.com.br (11) 3672-9497

JORNALISTA / JOURNALIST Aristides Castelo Hanssen MTb-16.679

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(OAB 19.330/SP) (11) 3251-2670

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CORRESPONDÊNCIA E ASSINATURAS LETTERS AND SUBSCRIPTION

Editora Guará Ltda. - Depto. de Assinaturas Caixa Postal 66002 - 05311-970 - São Paulo - SP BRASIL cvassinaturas@editoraguara.com.br Telefone/fax: (11) 3835-4555 é uma revista técnico-científica bimestral, dirigida aos clínicos veterinários de pequenos animais, estudantes e professores de medicina veterinária, publicada pela Editora Guará Ltda. As opiniões em artigos assinados não são necessariamente compartilhadas pelos editores. Os conteúdos dos anúncios veiculados são de total responsabilidade dos anunciantes. Não é permitida a reprodução parcial ou total do conteúdo desta publicação sem a prévia autorização da editora.

Instruções aos autores

Artigos científicos inéditos, revisões de literatura e relatos de caso enviados à redação são avaliados pela equipe editorial. Em face do parecer inicial, o material é encaminhado aos consultores científicos. A equipe decidirá sobre a conveniência da publicação, de forma integral ou parcial, encaminhando ao autor sugestões e possíveis correções. Para esta primeira avaliação, devem ser enviados pela internet (cvredacao@ editoraguara.com.br) um arquivo texto (.doc ou .rtf) com o trabalho e imagens digitalizadas em formato .jpg . No caso dos autores não possuirem imagens digitalizadas, cópias das imagens originais (fotos, slides ou ilustrações acompanhadas de identificação de propriedade e autor) devem ser encaminhadas pelo correio ao nosso departamento de redação. Os autores devem enviar tambem a identificação de todos os autores do trabalho (endereço, telefone e e-mail). Os artigos de todas as categorias devem ser acompanhados de versões em língua inglesa e espanhola de: título, resumo (de 600 a 800 caracteres) e unitermos (3 a 6). Os unitermos não devem constar do título. Devem ser dispostos do mais abrangente para o mais específico (eg, “cães, cirurgias, abcessos, próstata). Verificar se os unitermos escolhidos constam dos “Descritores em Ciências de Saúde” da Bireme (http://decs.bvs.br/). ou do Index Medicus. (www.nlm.nih.gov/ mesh/MBrowser.html). No caso do material ser totalmente enviado por correio, devem necessariamente ser enviados, além de uma apresentação impressa, uma cópia em CD-room. Imagens como tabelas, gráficos e ilustrações não podem ser provenientes de literatura, mesmo que seja indicada a fonte. Imagens fotográficas devem possuir indicação do fotógrafo e proprietário; e quando cedidas por terceiros, deverão ser obrigatoriamente acompanhadas de autorização para publicação. As referências bibliográficas serão indicadas ao longo do texto apenas por números, que corresponderão à listagem ao final do artigo, evitando citações de autores e datas. A apresentação das referências ao final do artigo deve seguir as normas atuais da ABNT e elas devem ser numeradas pela ordem de aparecimento no texto. Com relação aos princípios éticos da experimentação animal, os autores deverão considerar as normas do COBEA (Colégio Brasileiro de Experimentação Animal).

Revista Clínica Veterinária / Redação Caixa Postal 66002 CEP 05311-970 São Paulo - SP e-mail: cvredacao@editoraguara.com.br

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Adriano B. Carregaro DCPA/UFSM carregaro@smail.ufsm.br

Fernando Ferreira FMVZ/USP fernando@vps.fmvz.usp.br

Leucio Alves FMV/UFRPE leucioalves@gmail.com

Norma V. Labarthe FMV/UFFe FioCruz labarthe@centroin.com.br

Alceu Gaspar Raiser DCPA/CCR/UFSM raisermv@smail.ufsm.br

Flavia Toledo Univ. Estácio de Sá ftoledo@attglobal.net

Luciana Torres FMVZ/USP lu.torres@terra.com.br

Alexandre Lima Andrade CMV/UNESP-Aracatuba landrade@fmva.unesp.br

Flavio Massone FMVZ/Unesp/Botucatu btflama@uol.com.br

Lucy M . R. de Muniz FMVZ/Unesp/Botucatu lucy_marie@uol.com.br

Paulo César Maiorka USP/UNISA pmaiorka@yahoo.com

Alexandre Mazzzanti UFSM mazzal@smail.ufsm.br

Francisco J. Teixeira Neto FMVZ/Unesp/Botucatu fteixeira@fmvz.unesp.br

Luiz Henrique Machado FMVZ/Unesp/Botucatu henrique@fmvz.unesp.br

Alexander Walker Biondo UFPR, UI/EUA abiondo@uiuc.edu

Francisco Marlon C. Feijo UFERSA marlonfeijo@yahoo.com.br

Marcelo Bahia Labruna FMVZ/USP labruna@usp.br

Ana Maria Reis Ferreira FMV/UFF anamrferreira@br.inter.net

Franklin A. Stermann FMVZ/USP fsterman@usp.br

Marcelo de C. Pereira FMVZ/USP marcelcp@usp.br

Ana Paula F. L. Bracarense DCV/CCA/UEL anapaula@uel.br

Franz Naoki Yoshitoshi Provet franz.naoki@terra.com.br

Márcia Marques Jericó UAM e UNISA marciajerico@hotmail.com

André Selmi UNIFRAN e UNISA andre_selmi@yahoo.com.br

Geovanni Dantas Cassali ICB/UFMG cassalig@icb.ufmg.br

Marcia M. Kogika FMVZ/USP mmkogika@usp.br

Antonio Marcos Guimarães DMV/UFLA amg@ufla.br

Geraldo Márcio da Costa DMV/UFLA gmcosta@ufla.br

Marcio B. Castro UNB mbcastro2005@yahoo.com.br

Aparecido A. Camacho FCAV/Unesp/Jaboticabal camacho@fcav.unesp.br

Gerson Barreto Mourão ESALQ/USP gbmourao@esalq.usp.br

Marcio Dentello Lustoza Agener/União mdlustoza@uol.com.br

A. Nancy B. Mariana FMVZ/USP - SPMV anbmaria@usp.br

Hannelore Fuchs Instituto PetSmile afuchs@amcham.com.br

Márcio Garcia Ribeiro FMVZ/Unesp/Botucatu mgribeiro@fmvz.unesp.br

Arlei Marcili ICB/USP amarcili@usp.br

Hector Daniel Herrera Univ. de Buenos Aires hdh@fvet.uba.ar

Marco Antonio Gioso FMVZ/USP maggioso@usp.br

Aulus C. Carciofi FCAV/Unesp/Jaboticabal aulus@fcav.unesp.br

Hector Mario Gomez FMV/UNG hectgz@netscape.net

Marconi Rodrigues de Farias PUC-PR marconi.farias@pucpr.br

Aury Nunes de Moraes UESC a2anm@cav.udesc.br

Hélio Autran de Moraes Madison S. V. M./UW demorais@svm.vetmed.wisc.edu

Maria Cecilia Rui Luvizotto CMV/Unesp-Aracatuba ruimcl@fmva.unesp.br

Benedicto W. De Martin FMVZ/USP; IVI ivi@ivi.vet.br

Hélio Langoni FMVZ/Unesp/Botucatu hlangoni@fmvz.unesp.br

Maria Cristina F. N. S. Hage FMV/UFV crishage@ufv.br

Berenice Avila Rodrigues FAVET/UFRGS berenice@portoweb.com.br

Heloisa J. M. de Souza FMV/UFRRJ justen@centroin.com.br

Maria Cristina Nobre FMV/UFF mcnobre@predialnet.com.br

Carlos Alexandre Pessoa Médico veterinário autônomo animalexotico@terra.com.br

Herbert Lima Corrêa ODONTOVET odontovet@odontovet.com

Maria de Lourdes E. Faria Madison S. V. M. / UW mfaria@svm.vetmed.wisc.edu

Carlos Eduardo S. Goulart FTB carlosedgourlart@yahoo.com.br

Idael C. A. Santa Rosa UFLA starosa@ufla.br

Maria Isabel Mello Martins FMV/UEL imartins@uel.br

Carlos Roberto Daleck FCAV/Unesp/Jaboticabal daleck@fcav.unesp.br

Ismar Moraes FMV/UFF fisiovet@vm.uff.br

Maria Jaqueline Mamprim FMVZ/Unesp/Botucatu jaquelinem@fmvz.unesp.br

Cassio R. Auada Ferrigno FMVZ/USP cassioaf@usp.br

James N. B. M. Andrade FMV/UTP jamescardio@hotmail.com

Maria Lúcia Zaidan Dagli FMVZ/USP malu021@yahoo.com

César Augusto Dinóla Pereira UAM, UNG, UNISA dinolaca@hotmail.com

Jane Megid FMVZ/UNESP-Botucatu jane@fmvz.unesp.br

Mariangela Lozano Cruz FMVZ/Unesp/Botucatu neca@fmvz.unesp.br

Christina Joselevitch Yale Univ. School of Medicine christina.joselevitch@yale.edu

Janis R. M. Gonzalez FMV/UEL janis@uel.br

Maria Rosalina R. Gomes Médica veterinária sanitarista rosa-gomes@ig.com.br

Cibele F. Carvalho UNIABC cibelecarv1904@aol.com

Jairo Barreras FioCruz jairo@ioc.fiocruz.br

Marion B. de Koivisto FO/CMV/Unesp/Araçatuba koivisto@fmva.unesp.br

Cleber Oliveira Soares EMBRAPA cleber@cnpgc.embrapa.br

Jean Carlos Ramos Silva UFRPE, IBMC-Triade jean@triade.org.br

Masao Iwasaki FMVZ/USP miwasaki@usp.br

Cristina Massoco Salles Gomes Consult. Empresaria cmassoco@gmail.com

João G. Padilha Filho FCAV-Unesp/Jaboticabal padilha@fcav.unesp.br

Michele A. F. A. Venturini ODONTOVET michele@odontovet.com

Daisy Pontes Netto FMV/UEL rnetto@uel.br

João Pedro A. Neto UAM joaopedrovet@hotmail.com

Michiko Sakate FMVZ/Unesp/Botucatu michikos@fmvz.unesp.br

Daniel Macieira IV/UFRRJ dbmacieira@ufrrj.br

José Alberto P. da Silva FMVZ/USP e UNIBAN jsilva@uniban.br

Miriam Siliane Batista FMV/UEL msiliane@uel.br

Denise T. Fantoni FMVZ/USP dfantoni@fmvz.usp.br

José de Alvarenga FMVZ/USP Alangarve@terra.com.br

Moacir S. de Lacerda UNIUBE moacir.lacerda@uniube.br

Dominguita L. Graça FMV/UFSM dlgraca@smail.ufsm.br

Jose Fernando Ibañez FMV/UEL fibanez@yahoo.com.br

Monica Vicky Bahr Arias FMV/UEL vicky@uel.br

Edgar L. Sommer PROVET edgarsommer@sti.com.br

José Luiz Laus FCAV/Unesp/Jaboticabal jllaus@fcav.unesp.br

Nadia Almosny FMV/UFF mcvalny@vm.uff.br

Eduardo A. Tudury DMV/UFRPE eat-dmv@ufrpe.br

José Ricardo Pachaly UNIPAR pachaly@uol.com.br

Nayro X. Alencar FMV/UFF nayro@vm.uff.br

Elba Lemos FioCruz-RJ elemos@ioc.fiocruz.br

José Roberto Kfoury Júnior FMVZ/USP robertok@fmvz.usp.br

Nilson R. Benites FMVZ/USP benites@usp.br

Fabiano Montiani-Ferreira FMV/UFPR fabiomontiani@hotmail.com

Karin Werther FCAV/Unesp/Jaboticabal werther@fcav.unesp.br

Nobuko Kasai FMVZ/USP nkasai@usp.br

William G. Vale FCAP/UFPA wmvale@ufpa.br

Fernando C. Maiorino FEJAL/CESMAC/FCBS fcmaiorino@uol.com.br

Leonardo Pinto Brandão Merial Saúde Animal leobrandao@yahoo.com

Noeme Sousa Rocha FMV/UNESP-Botucatu rochanoeme@fmvz.unesp.br

Zalmir S. Cubas Itaipu Binacional cubas@foznet.com.br

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Paulo Iamaguti FMVZ/Unesp/Botucatu pauloiamaguti@ig.com.br Paulo S. Salzo UNIMES, UNIBAN pssalzo@ig.com.br Paulo Sérgio M. Barros FMVZ/USP pauloeye@usp.br Pedro Germano FSP/USP pmlgerma@usp.br Pedro Luiz Camargo DCV/CCA/UEL p.camargo@uel.br Rafael Almeida Fighera FMV/UFSM anemiaveterinaria@yahoo.com.br Regina H. R. Ramadinha FMV/UFRRJ regina@vetskin.com.br Renée Laufer Amorim FMVZ/Unesp/Botucatu renee@fmvz.unesp.br Ricardo Duarte CREUPI-SP ricardoduarte@diabetes.vet.br Rita de Cassia Garcia FMV/USP - Instituto Nina Rosa rita@vps.fmvz.usp.br Rita de Cassia Meneses IV/UFRRJ cassia@ufrrj.br Rita Leal Paixão FMV/UFF rita_paixao@uol.com.br Rodrigo Mannarino FMVZ/Unesp/Botucatu r.mannarino@uol.com.br Ronaldo G. Morato CENAP/IBAMA ronaldo@procarnivoros.org.br Rosângela de O. Alves EV/UFG rosecardio@yahoo.com.br Rute Chamie A. de Souza UFRPE/UAG rutecardio@yahoo.com.br Ruthnéa A. L. Muzzi DMV/UFLA ralmuzzi@ufla.br Sady Alexis C. Valdes Zoo/Piracicaba sadyzola@usp.br Sheila Canavese Rahal FMVZ/Unesp/Botucatu sheilacr@fmvz.unesp.br Silvia E. Crusco FMVA/Unesp/Araçatuba silviacrusco@terra.com.br Silvia R. G. Cortopassi FMVZ/USP silcorto@usp.br Silvio Arruda Vasconcellos FMVZ/USP savasco@usp.br Silvio Luis P. de Souza FMVZ/USP, UAM slpsouza@usp.br Stelio Pacca L. Luna FMVZ/Unesp/Botucatu stelio@fmvz.unesp.br Suely Beloni DCV/CCA/UEL beloni@uel.br Tilde Rodrigues Froes Paiva FMV/UFPR tilde9@hotmail.com Valéria Ruoppolo International Fund for Animal Welfare vruoppolo@uol.com.br Vamilton Santarém Unoeste vamilton@vet.unoeste.br Wagner S. Ushikoshi FMV/UNISA e FMV/CREUPI wushikoshi@yahoo.com.br


Editorial

N

esta edição, uma das notícias publicadas, trata de simpósio promovido pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) onde se discutiu sobre o perfil ideal para o treinamento supervisionado, ou seja, a residência em medicina veterinária. O evento foi muito proveitoso, principalmente pelo fato de abrir oportunidade para discussão e participação dos interessados. Entre os dias 13 a 15 de agosto o CFMV promoverá outro evento, o XVII SENEV (Seminário Nacional de Ensino de Medicina Veterinária), que tem o objetivo de discutir a situação do ensino de medicina veterinária no Brasil. O SENEV representa um fórum de discussão dos assuntos relacionados ao ensino e também um momento ímpar para trocas de experiências entre os dirigentes dos cursos e docentes. Neste SENEV, a Comissão Nacional de Ensino de Medicina Veterinária do CFMV (comissoes@cfmv.org.br), em parceria com as Comissões Estaduais dos Conselhos Regionais de Medicina Veterinária, pretende colocar em discussão o futuro do ensino da medicina veterinária no Brasil. Estão programados assuntos de grande relevância, tais como a imaturidade do aluno ingressante; a utilização de ferramentas de informática no ensino; entre outros. A ocasião é bastante propícia e oportuna para que não seja esquecido o tema da educação humanitária. Nas universidades brasileiras, encontramos excelentes trabalhos desenvolvidos em prol da educação humanitária. O prof. dr. Stélio P. L. Luna, da FMVZ/Unesp/Botucatu, e o dr. Alfredo Lima, professor na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Lusófona, de Portugal, desenvolveram didático DVD que apresenta técnicas cirúrgicas de contracepção minimamente invasivas em cães e gatos. A profa. Júlia Matera, da FMVZ/USP, contribui com o desenvolvimento e aplicação prática de técnica de conservação de cadáveres. No exterior, uma infinidade de opções podem ser encontradas no sítio mantido pelo médico veterinário Andrew Knight, que traz mais de 400 trabalhos descrevendo técnicas de ensino substitutivas e diversos links para outros sítios relacionados ao assunto (www.humanelearning.info). Destacam-se também os programas de colaboração que a Humane Society Veterinary Medical Association (HSVMA - www.hsvma.org) mantém com as escolas veterinárias na Universidade de Louisiana e na Universidade do Mississipi. No Brasil, lançamentos de obras literárias sobre o tema estão sendo divulgados nesta edição e podem ser adquiridos a qualquer momento na loja virtual da Editora Guará, sendo recomendadas para todos www.editoraguara.com.br os envolvidos no ensino. A princípio, a inclusão de métodos substitutivos, preconizados por uma educação humanitária, pode parecer dispendiosa para alguns dirigentes, mas é, a longo prazo, mais econômica. No exterior, existem vários modelos de faculdades de medicina veterinária que adotam estes príncipíos. No Brasil, estamos começando, mas nossos pesquisadores possuem criatividade e competência para, além de absorver as técnicas substitutivas já desenvovidas, criar novas e aperfeiçoar as já existentes.

Arthur de Vasconcelos Paes Barretto

Clínica Veterinária, Ano XIII, n. 75, julho/agosto, 2008

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Cartas para esta seção devem ser enviadas para cvredacao@editoraguara.com.br ou pelo correio para a Editora Guará Ltda., Seção de Cartas, Caixa Postal 66002, 05311-970, São Paulo - SP. Perguntas, dúvidas, esclarecimentos, comunicados, orientações etc. serão respondidos conforme a ordem de chegada. Os editores poderão resumir o conteúdo da carta, conforme a necessidade.

Atendimento de animais silvetres

Arara-canindé (Ara ararauna), ave da fauna silvestre presente na lista de animais do Ibama quando da realização de consulta pública há meses atrás

P

ara melhor esclarecimentos dos leitores desta prestigiosa revista, temos que discordar da afirmação pulicada na seção Ecologia de edição n. 74, maio/junho, páginas 86-90. Em nome da classe de médicos veterinários, gostaríamos de esclarecer que o número de profissionais veterinários atuantes e capacitados na área de atendimento clínico de animais silvestres é adequado e vem aumentado nos últimos anos, por intermédio, principalmente, da realização de cursos de especialização nesta área. Além disto, a atualização destes e dos demais profissionais ligados à medicina e conservação de animais silvestres ocorre também mediante a participação em congressos e encontros anuais de entidades de classe como a ABRAVAS (Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens), SZB (Sociedade de Zoológicos do Brasil) e Anclivepa (Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais), dentre outras. Diversas faculdades já dispõem, em sua grade curricular, de disciplinas que abordam medicina de animais silvestres, com interesse crescente por parte dos alunos, além das disciplinas já tradicionais que abordam, entre outras, a anatomia, patologia, farmacologia, manejo, clínica, dos animais silvestres e selvagens, condição precípua da medicina veterinária. Não há melhor profissional capacitado para atender a estes animais que um médico veterinário. Ainda em relação às manifestações da WSPA e SOS Fauna quanto à legalização da criação comercial de algumas espécies de animais silvestres, gostaríamos de propor ao leitor alguns pontos para reflexão:

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- será mesmo que, em mais alguns anos, o preço dos animais criados comercialmente não irá realmente competir com os preços reduzidos praticados no tráfico ilegal? Há o exemplo dos preços praticados para filhotes de cães ou gatos de raças recém introduzidas no país, que costumam ser elevados inicialmente, sofrendo redução com o passar dos anos e popularização destas raças. - a redução do tráfico de animais silvestres depende somente da execução das leis brasileiras e sua fiscalização ou também do exercício de cidadania que cada um de nós ligados à área devemos exercer, em relação à conscientização da população quanto a guarda de animais e preservação do meio ambiente? Diretoria da Anclivepa-SP www.anclivepa-sp.org.br Prezados membros da diretoria da Anclivepa-SP, Certamente a qualidade do atendimento clínico a animais silvestres tem evoluído. Principalmente no Estado de São Paulo, pelo empenho da Anclivepa-SP em promover a educação continuada através do curso de especiliazação em animais silvestres na clínica veterinária. Porém, a realidade brasileira é bem heterogênea, principalmente ao distanciar-se dos grandes centros, onde há grande oferta de serviços especializados. A exemplo de clínicas com atendimento específico de felinos, as quais vêm sendo inauguradas em diversas partes do país, será de grande valor para o consumidor que isso aconteça também com o atendimento, por exemplo, de aves ou répteis. Para contribuir com esse aquecimento do mercado, dispomos do Guia Vet (www.guiavet.com.br), sistema de banco de dados que inclui, entre outros ítens, serviços especializados, hospitais, clínicas e consultórios veterinários. O cadastro é gratuito e pode ser feito diretamente pela página principal do Guia Vet. No Brasil, legislação nunca foi barreira. Basta ver as notícias sobre as brigas de galo. Por isso, o exercício da cidadania faz sim a diferença. Principalmente quando a associarmos à prática da educação ambiental e sanitária dentro dos estabelecimentos veterinários.

Com relação à criação comercial é importante olharmos também para a situação com outras opções. Muitas atividades comerciais podem e estão sendo desenvolvidas com foco na vida livre. Ao serem trabalhadas e incentivadas, estamos ajudando a preservar as matas, o que é fundamental, pois muitas espécies brasileiras estão à beira da extinção em função da destruição quase que total de seus hábitats. O maior envolvimento do governo com a preservação da fauna e flora poderia gerar diversos empregos para médicos veterinários de animais selvagens e biólogos. Porém, o que vemos são ONGs que perpetuam seu trabalho de conservação às custas de muita convicção e dedicação. Atualmente há grupos especializados em promover passeios ecológicos para observação de pássaros na vida livre, atividade que pode estar associada até mesmo com esportes de aventura. Na internet, pode-se encontrar diversos locais que oferecem pacotes para observação de aves em seus hábitats naturais, inclusive na Amazônia, como por exemplo: www.birding. com.br, www.avistarbrasil.com.br, www. terrabrasil.org.br/itb_caminhadas/caminhadas_proceder.htm, www.avisbrasilis.com. br. Outra opção que não envolve o cativeiro é promovida por Christian Dalgas Frisch, fotógrafo e co-autor do livro Aves brasileiras e plantas que as atraem: “cuide do seu jardim, plantando o que as atraem, que elas virão até você!”, incentiva o autor. Na criação comercial de animais silvestres, principalmente de aves, é emergente a necessidade da implantação de testes de DNA. Anilhas e microchips não são páreos para os perspicazes fraudadores do mercado ilegal de animais silvestres. Com o teste sendo uma obrigatoriedade, as fraudes ficam aniquiladas. Como médicos veterinários devemos primar pela integridade e contribuir para o fim das fraudes. Adotando o princípio da precaução, a implantanção dos testes de DNA deve preceder à ampliação comercial de animais da nossa fauna. Arthur de V. P. Barretto - editor Revista Clínica Veterinária Editora Guará Ltda. www.revistaclinicaveterinaria.com.br www.editoraguara.com.br

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Medicina felina em evidência

O

por Arthur Barretto

crescimento da medicina felina no Brasil já vem acontecendo há anos. Inclusive, fato evidenciado na edição n. 64 da revista Clínica Veterinária, em reportagem sobre um pouco da história da medicina felina no Brasil. O crescimento de clínicas com atendimento exclusivo para gatos tem crescido nas mais diversas regiões do país. Tanto que especialistas na área reuniram-se e criaram a Academia Brasileira de Clínicos de Felinos. Ela foi anunciada em primeira mão durante o 1º Simpósio de Medicina Felina de Brasília, evento que contou com a participação da diretoria da academia e palestrantes convidados. O 1º Simpósio de Medicina Felina de Brasília contou com uma vasta programação que durou quatro dias e que foi prestigiada por médicos veterinários de diversas partes do país, que dirigiraram-se para Brasília em busca do conhecimento em medicina felina. Gioavana Mazzotti, médica veterinária da Casa do Gato (Brasília/DF) transmitiu importantes conhecimentos sobre o comportamento dos felinos. O allogrooming, por exemplo, é caracterizado pela prática mútua de lambeduras entre os gatos. Giovana Mazzotti destacou que, geralmente, quanto mais amigos os gatos são mais allogrooming iremos encontrar. “Quando dois gatos que vivem juntos não praticam o allogrooming, talvez seja porque eles não são amigos, apenas se respeitam, mantendo um convívio sem brigas, mas com distância reservada”, explicou Giovana Mazzotti. A transfusão sanguínea foi abordada por Vanessa Pimentel (UFRRJ), que destacou a importância da realização de provas cruzadas de compatibilidade, pois há três tipos sanguíneos em gatos: o A, o B e o AB. Vanessa Pimentel destacou o cuidado com os

indivíduos do grupo B, geralmente encontrado em gatos persas, que não devem receber transfusões do grupo A, que é o tipo mais encontrado nos gatos. Em indivíduos AB, que são muito raros, recomendou que recebam sangue tipo A. Luciana Domingues Oliveira, da Royal Canin, falou sobre o manejo nutricional do gato nefropata. Destacou a importância do suporte ao paciente em crise, que deve ser alimentado por sonda nasogástrica. As doenças do trato respiratório superior dos felinos e o tratamento clínico e cirúrgico da constipação foram temas abordados pela profa. Heloísa Justen de Souza, da UFRRJ. Um alerta passado pela palestrante foi sobre a assepsia adequada pós medicação dos gatos internados, pois os pacientes com problemas respiratórios das vias superiores, uma vez manipulados para a aplicação de medicamento, podem deixar vírus nas mãos de quem aplicou, que poderão ser carreados aos demais pacientes que serão tratados na seqüência. Fernanda Amorim, presidente da Academia Brasileira de Clínicos de Felinos, falou sobre sarcoma de aplicação, polêmico tema que envolve as vacinas, e sobre a peritonite infecciosa felina. Quanto ao sarcoma de aplicação, Fernanda Amorim frisou que muito se gastou em pesquisas e que até hoje ninguém conseguiu provar alguma relação entre a ocorrência de sarcomas e a vacinação. Porém, deu ênfase para que na região da escápula do gato nada seja aplicado, dando-se preferência aos membros posteriores. Janis Gonzalez, da UEL, discorreu sobre as indicações de diagnóstico por imagem na clínica de felinos. Ressaltou a necessidade de correto posicionamento do animal para exames radiográficos conclusivos, principalmente para animais traumatizados. Para isso, indicou a sedação com o propofol (1mL/kg), muito útil também para a realização de exames ultrasonográficos. A toxoplasmose também foi tema apresentado no evento. Christine S. Martins (UnB) destacou o fato de que em grande núIlustração e radiografias da reconstrução isquiopúbica através de aloenxerto mero de casos, a toxoplasósseo corticoesponjoso preservado em glicerina, tema da tese de mestrado mose não é transmitida do palestrante Richard Filgueiras (UnB). Durante sua palestra, Richard Filgueiras explicou que em fraturas nessa região é comum casos de constipação devido a estreitamento anatômico. Substituindo a região estrangulada pelo aloenxerto, recupera-se a anatomia e o livre trânsito intestinal

Palestrantes (Heloísa Justen, Vanessa Pimentel, Giovana Mazzotti, Fernanda Amorim e Christine S. Martins) e membros da comissão organizadora

do 1º Simpósio de Medicina Felina de Brasília

pelo convívio com os gatos, mas pelo consumo de carne “mal passada”, entre outras possibilidades. Detalhes do assunto podem ser vistos no artigo publicado pela palestrante na Clínica Veterinária n. 15. Outros temas que enriqueceram o evento foram: o diagnóstico, o tratamento e complicações de gatos com doença renal crônica, apresentado por Maria Cristina Nobre e Castro (UFF-RJ); doenças infecciosas da pele do gato, por Marconi Farias (PUC-PR); particularidades nos exames de laboratório do paciente felino, por Giane Regina Paludo (UnB-DF); a medicina tracional chinesa, por Rodrigo Fagundes; e obesidade em gatos, por Rodrigo Bazolli, da Guabi. Os eventos não param. No final de junho, a Anclivepa-MG realizou curso de medicina felina. Em julho, no Rio de Janeiro, está programado o I Simpósio de Dermatologia Felina. Também no RJ, em agosto, acontece a 8ª Riovet e 8ª Conferência Sul-americana de Medicina Veterinária, onde uma das grandes novidades será a realização das LXV & LXVI Exposições Internacionais de Gatos de Raça, evento realizado pelo Clube do Gato do RJ, que já faz parte do calendário anual de exposições de gatos de raça no Brasil e da Federação Felina Internacional. Neste evento, nos dias 7 e 8 de agosto, haverá o Meeting com palestras sobre manejo do gato, genética felina, grooming e doenças felinas. No mês de setembro, está programada a IV Semana de Atualização em Medicina Felina, que ocorrerá na UFRRJ.

Caso do Gato, pioneira no atendimento exclusivo para gatos no DF. www.casadogato.com



CBNA promoveu simpósio sobre nutrição de animais de estimação por Arthur Barretto

Os anais do simpósio foram entregues a todos os participantes nas versões impressa e eletrônica

D

e 15 a 16 de maio de 2008 aconteceu, em Campinas, SP, no Instituto Agronômico de Campinas (IAC), o VII Simpósio sobre Nutrição de Animais de Estimação, evento realizado pelo Colégio Brasileiro de Nutrição Animal (CBNA). O perfil nutricional de alimentos para cães idosos saudáveis foi o primeiro tema a ser abordado no evento. Irina M. Munaro, consultora em nutrição e desenvolvimento de produtos pet, destacou a importância da alimentação específica para os cães idosos. No Brasil, estimase que 25% da população canina esteja com mais de sete anos de idade. Na Europa, por exemplo, já se chega a uma população de cães idosos ao redor de 35%. Munaro explicou que a prevenção é o enfoque mais adequado a ser observado pelos especialistas ao elaborarem alimentos para cães idosos e salientou que: “além de prolongar a expectativa de vida, melhora a qualidade de vida ajudando a retardar e a prevenir os problemas de saúde vinculados ao processo de envelhecimento” O perfil nutricional de alimentos para filhotes de cães de raças pequenas, grandes e gigantes foi tema abordado por Geraldo Luiz Colnago, da UFF, que frisou que “a alimentação de filhotes de raças grandes e gigantes merecem especial atenção em função do rápido desenvolvimento, mas independente do porte a melhor recomendação é evitar o excesso de nutrientes”. A questão da qualidade em todos as etapas de fabricação de alimentos para pets foi tema bastante focado no evento. Alderley Zani Carvalho, médico veterinário do Grupo Guabi, falou sobre a implementação das boas práticas de fabri-

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cação. Valéria Costa Salustiano, da NBS Consulting Group, abordou como a ferramenta APPCC (Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle) pode ajudar o produtor de alimentos para cães e gatos. Em sua palestra, Valéria fez o seguinte questionamento à platéia: “as empresas do sepresença no simpósio de grande número de repretor de pet food podem arcar com A sentantes do mercado de pet food foi muito bom para os custos de implantação do sis- as trocas de informações e aprendizado tema APPCC?” Ela mesmo respondeu a pergunta, mas com outra pero governo publicou novas exigências gunta e um exemplo real da importância para os estabelecimentos. Desde 11 de de se implantar o sistema APPCC: “as dezembro de 2007, vigora o decreto n. empresas podem arcar com os custo de 6.296, o qual aprova o regulamento da não ter o sistema APPCC?” Nos EUA, lei no 6.198, de 26 de dezembro de em 2007, uma contaminação por mela1974, que dispõe sobre a inspeção e a nina matou mais de 4.000 animais, fiscalização obrigatórias dos produtos entre cães e gatos, gerando um gigantesdestinados à alimentação animal, dá co recall, acarretando prejuízos em tornova redação aos arts. 25 e 56 do anexo no de US$ 30 a US$ 40 milhões, com ao decreto n. 5.053, de 22 de abril de retirada do mercado de 60 milhões de 2004, e dá outras providências. O docuenlatados para cães e gatos. Uma situamento pode ser encontrado no endereço ção como essa vivenciada nos EUA faz www.planalto.gov.br/Ccivil_03/ com que o consumidor generalize o Ato2007-2010/2007/Decreto/ problema, substituindo a ração pelos D6 2 9 6 . htm. alimentos caseiros. O sistema APPCC Todas as indústrias de alimentos para pode evitar tudo isso, e trazer, como animais de grande benefício às empresas e seus estimação poprodutos: a competitividade nos mercaderão candidos interno e externo, a confiança e a datar-se à cercredibilidade dos consumidores”. tificação. O Outra palestra que envolveu o tema processo poqualidade foi ministrada por Silvia M. de ser muito S. Pereira, da Mars Brasil. Silvia discorrápido. Para reu sobre o Programa Integrado de tanto, basta Qualidade (Piq Pet), que é promovido adequar o pela Anfal Pet - Associação Nacional processo de dos Fabricantes de Alimentos para produção aos Animais de Estimação (www.anfalpet. requisitos do org.br). O Piq Pet é um processo de selo de forma certificação voluntária através do selo integral. PiqPet. O objetivo é adequar a cadeia de Para gaprodução de alimentos para animais de rantir a ido- O selo Piq Pet de qualidade companhia visando aumento da qualidaneidade do estampado na embalagem de, reconhecimento do consumidor e processo e dar atesta que aquele produto obedece às normas exigicumprimento de todas as normas e legispeso à chan- das no criterioso mercado lações vigentes, sendo que recentemente cela do selo internacional Clínica Veterinária, Ano XIII, n. 75, julho/agosto, 2008


“O sistema APPCC traz competitividade para participar dos mercados interno e externo, e é fundamental para ganhar a confiança e a credibilidade dos consumidores”, destacou Valéria Costa Salustiano, da NBS Consulting Group

PiqPet, a associação buscou empresas e entidades que se destacam pela credibilidade no mercado. São os casos da BSI Management Systems - empresa de certificação multinacional, com sede no Reino Unido e atuante no mercado de avaliação da conformidade desde 1901; NBS Consulting Group - responsável pelos programas de qualidade, treinamentos e diagnósticos para certificação; os laboratórios ITAL - Instituto de Tecnologia de Alimentos, Multimix, CBO, MCassab, LAB de óleos e gorduras da Unicamp e ainda, estações de pesquisa da UFLA e da Unesp/Jaboticabal. A fabricante de pet food Total Alimentos saiu na frente e foi a primeira empresa do setor a conquistar o selo Piq Pet - Programa Integrado de Qualidade

Pet, criado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Alimentos para Animais de Estimação. Esta certificação é fornecida para empresas que seguem as legislações vigentes e requisitos nutricionais estabelecidos pela entidade, além de cumprirem com o programa de APPCC (segurança alimentar) e BPF (Boas PráPlanta da Total Alimentos, em Três Corações, ticas de Fabricação), garantindo um proMG, primeira empresa a obter o selo PiqPet duto final seguro e confiável. Todas as (Guabi), Friskies (Nestlé) Frolic (Masterlinhas de alimentos da empresa - standard, foods), Gatsy (Nestlé), Herói Mascote premium, superpremium e snacks - fo(Guabi), Kanina (Nestlé), Pedigree (Masterram aprovadas pelo PiqPet. foods), Whiskas (Masterfoods), Top Cat Atenta à segurança alimentar tam(Guabi), Kitekat (Masterfoods). O bém está a empresa Romer Labs (www. Greenpeace explica que o fato de romerlabs.com). Na sua uma empresa não estar na lista verlinha de kits para análises melha não significa que seus prorápidas, encontra-se por dutos são livres de transgênicos. exemplo, kits para identifiComo algumas marcas/ empresas cação de soja e milho genetisão muito pequenas ou são vendicamente modificados (OGMs) das apenas em algumas regiões do e micotoxinas. Dependendo do país, não é possível incluir todas no perfil de cada fabrincante de guia. Nestes casos, elas não são lisração, o kit para identificação tadas nem na coluna vermelha de OGMs pode ser bastante AgraStrip GMO (transgênicos) e nem na verde (não útil. No Guia do Consumidor transgênicos). Neste caso, qualquer pesdo Greenpeace (www.greenpeace.org/ soa pode e deve entrar em contato com a brasil/transgenicos) constam, atualempresa e questionar sobre a utilização mente, as seguintes empresas/produtos de ingredientes transgênicos. É imporna lista verde (não transgênicos): Guabi, tante as empresas saberem que há conPurina (Nestlé), Alpo (Nestlé), Bonzo sumidores que não querem comprar (Nestlé), Cat Chow (Nestlé), Champ produtos com organismos geneticamen(Masterfoods), Deli Dog (Nestlé), Dog te modificados. Menu (Nestlé), Fancy Feast (Nestlé), Faro

final de sua vida. Uma boa nutrição Características do manejo também são Perfil nutricional de alimentos para gatos idosos saudáveis durante a fase adulta, permitindo uma primordias quando se trata de um gato A Royal Canin trouxe da França para condição ideal de peso, pode levar a uma geriátrico. “A água, nutriente essencial participar do simpósio, Vincent Biourge, sobrevida de 4 anos a mais do que a de para o gato idoso, deve sempre estar sob diretor de projetos da empresa. Em seu gatos que estão abaixo ou acima da fácil oferta, principalmente naqueles anipaís a longevidade dos gatos está aucondição ideal”, ressaltou o especialista. mais onde se observa problemas de locomentando, “mais de 33% dos gatos posOutro detalhe que foi frisado é que moção. Antes de apresentar sinais de ensuem mais de 8 anos de idade”, frisou fermidade renal, muitas vezes o gato “pode-se ter a melhor formulação do Vincent. No Brasil, o assunto tambem mundo, mas se o alimento não for palatáapresenta uma fase de poliúria e polimerece atenção, pois o mercado cresce a vel ou se o gato possuir problemas dendipsia. Por isso, não havendo fácil oferta cada ano. tários que dificultam a ingestão do alide água, o gato pode desidratar rapidaVincent explicou que “o gato que já mento, não se terá sucesso no manejo mente”, relatou Vincent. ultrapassou metade do seu tempo de dietético pretendido. Por isso, a dieta que A energia é outro ponto importante na expctativa de vida deve ser considerado o gato aceita e come bem deve ser a de dieta do gato geriátrico. “O fornecimento como gato maduro. Ao redor dos 12 de energia ao gato geriátrico não eleição”. anos teremos o gato geriátrico: deve ser restringido, exceto nos pouco ativo, pode ter padrões anorindivíduos que tenham tendência à mais de sono, mia muito durante a obesidade. Tanto para gatos adulnoite sem motivo aparente, pode tos quanto para os geriátricos deveestar surdo e/ou cego, perda me se fornecer uma dieta que leve em massa muscular, máu hálito, dificulconsideração suas condições cordades de locomoção”. porais. A obesidade em gatos pre“Devemos cuidar da nutrição do cisar ser criteriosamente controlagato geriátrico, logo que ele nasce! da, pois quando obesos, passam a Se a manutenção não for adequada desenvolver resitência à insulina, durante toda a vida, não se pode levando a um quadro de diabetes esperar que ele viva mais na fase Vincent Biourge acompanhado da equipe Royal Canin do Brasil mellitus”, alertou Vincent. Clínica Veterinária, Ano XIII, n. 75, julho/agosto, 2008

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mercado, mas agora, seu uso cresce de 20% a 25% por ano. A estimativa do tamanho do mercado mundial para os nutracêuticos e alimentos funcionais é mais de US$ “Temos que redefinir as necessidades energéticas do animal moderno. 15-20 bilhões Conseqüentemente, nós também temos que ajustar a proporção da ingestão anuais, com prode nutrientes diários de energia, como aquele que alcança uma margem de jeções de crescienergia nutricional sem a desnutrição de outros nutrientes”, frisou John Lowe mento extremaNutracêuticos mente rápidas, alcançando US$ 500 biJohn Lowe foi um dos palestrantes lhões por volta de 2010. Muitos dos nuinternacionais que enriqueceu o simpótracêuticos encontrados são de origem sio. Trazido para o evento pela empresa natural, mas também se pode encontrar Alltech, abordou em sua palestra a ação sintéticos idênticos aos naturais, mas dos nutracêuticos e os benefícios da nuque quimicamente podem ser distingüitrição ótima para cães e gatos. Lowe dos. Com esse evidente crescimento, contou que os nutracêuticos começamuitas pesquisas estão sendo feitas ram a ser usados há aproximadamente sobre nutracêuticos. “Porém, é essen15 anos e que, inicialmente, eles eram cial que se tenha cautela no uso de utilizados por uma pequena parcela do novos “nutracêuticos”, porque faltam

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evidências científicas em algumas novidades apresentadas no mercado de pet food”, alertou Lowe. O uso de nutracêuticos como os frutooligossacarídeos (FOS) e os manaoligossacarídeos (MOS) são vantajosos na medida em que, os primeiros estimulam a proliferação de bactérias benéficas constituintes da flora digestiva e os segundos, provenientes das leveduras, competem com as bactérias patogênicas pelos receptores da mucosa digestiva, melhorando em conjunto a eficiência da digestão. Os MOS, em nível intestinal, aumentam também a imunidade do trato intestinal pelo aumento da produção de anticorpos locais. John Lowe ressaltou que “os melhores benefícios na alimentação dos pets são obtidos quando se utiliza MOS e FOS associados. Porém, sendo necessário fazer uma opção, muitas vezes com o objetivo de tornar o alimento mais barato, deve-se direcionar a utilização de MOS para animais jovens e idosos e de FOS para animais adultos”.

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III Simpósio da Fundação CL Davis e V ONCOVET por Maria Angela S. Fessel

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quinta edição do ONCOVET ocorreu no mês de maio, na cidade de São Paulo, na FMVZ-USP. Como atividade pré-congresso foi realizado o III Brazilian Symposium of the CL DAVIS Foundation, promovido pela Associação Brasileira de Patologia Veterinária (ABPV), nos dias 14 e 15 de maio, que apresentou como tema "Cytology for the Anatomic Pathologist and High Speed Practitioner". O simpósio teve grande impacto devido à presença dos ilustres pesquisadores e professores drs. Donald Meuten, autor de Tumors of domestic animals e Mary Anna Thrall, autora do livro Hematologia e bioquímica clínica veterinária.

A palestrante Mary Anna Thrall do III Simpósio da CL Davis, acompanhada da professora Lílian Rose Marques de Sá e do palestrante Donald Meuten

O V ONCOVET foi realizado entre os dias 16 e 18 de maio e chegou à lotação máxima (235 participantes). O congresso abordou grandes temas ligados à terapêutica, com participação do eminente professor David Vail, autoridade internacional em oncologia clínica com os temas Introdução geral à oncologia veterinária: Mitos e maus conceitos; Quando as coisas não vão bem no tratamento David Vail do câncer; Manejo prático do linfoma; Manejo prático dos mastocitomas e outros tumores de pele, e do professor Luis Mir, de Paris, que palestrou sobre os princípios da eletroquimioterapia. Entre os palestrantes nacionais participaram Cristina de Oliveira Massoco de Salles Gomes, com o tema Luis Mir 14

Vacinas antitumorais - o que são e para que servem?; Andrigo Barboza de Nardi, com Prevenção e controle dos principais efeitos colaterais provocados pela quimioterapia; Heidge Fukumasu com Fitoterápicos: da prevenção ao tratamento do câncer; Ana Carolina B. C. F. Pinto, com Contribuição da tomografia computadorizada para os pacientes oncológicos; Franz N. Yoshitoshi, com Rinite tumoral X rinite fúngica. Como diagnosticar?; Tilde R. F. Paiva, com Contribuição da ultrasonografia no diagnóstico oncológico das neoplasias abdominais - discussão de casos; Alexandre L. de Andrade, com Emprego de modalidades de radioterapia para controle de recidivas de neoplasias em cães e gatos; e Luciana O. Oliveira, com Tratamento eletroquímico de neoplaAlexandre L. sias. de Andrade As mesas redondas com pesquisadores de todo o país abordaram os temas Mastocitomas: avanços e novos conceitos, com a coordenação da professora Renée Laufer Amori, Neoplasias mamárias, com a coordenação da professora Clair M. de Oliveira; e Osteossarcomas, com a coordenação do professor Mar- Renée Amorim co A. Gioso. Esta edição do congresso brindou a excelência na atualização de clínicos e cirurgiões veterinários que atuam em Marco Gioso oncologia. Ao final do evento foi realizada a entrega do Prêmio José Luis Guerra aos três vencedores. Dentre os 104 trabalhos apresentados nas áreas de oncologia experimental, oncologia aplicada e relato de caso foram agraciados, respectivamente, os trabalhos: Avaliação da angiogênese do tumor sólido de Ehrlich sob efeito da proteína K1-3, de autoria de SOUZA, C. M. ; PESQUERO, J. José L. Guerra

L. ; FERREIRA, M. A. N. D. ; CASSALI, G. D. , O papel controverso da interleucina-8 (IL-8) nas neoplasias mamárias caninas, de autoria de ZUCCARI, D. A. ; Geovanni Cassali CASTRO. R. ; PÍVARO, L. R. ; FRADE, C. S. ; MANCINI, U. M. ; GOMES, A. F. ; CARMONA-RAPHE, J. ; TERZIAN, A. C. ; RUIZ C. M. e Neuroblastoma olfatório em cão: relato de caso, de autoria de CROCE, G. B. ; PINCZOWSKI, P. ; SERENO, M. G. ; BRANDÃO, C. V. ; DOICHE, D. P. ; VULCANO, L. C. ; LAUFER-AMORIM, R. Os professores Carlos Roberto Daleck, Benedicto Wlademir De Martin e Julia Maria Matera receberam os títulos de membros honorários da ABROVET como reconhecimento pelos seus trabalhos em onCarlos Daleck cologia veterinária. Como atividade pós-congresso foi realizado o II Simpósio de Papilomatose Animal no dia 19 de maio. Eduardo Harry Bergel, Willy Beçak e Rita de Cássia Stocco dos Santos receberam títulos de membros honorários do SIMPAP. O sucesso do ONCOVET pode ser visto no impacto positivo sobre os participantes, muitos acadêmicos e profissionais, além de diversos importantes pesquisadores nacionais que apresentaram trabalhos científicos de grande relevância sobre esta especialidade em franco desenvolvimento. O VI ONCOVET já está programado para maio de 2009. Parabéns à comissão organizadora!

Comissão organizadora: Patrícia Matsuzaki (secretária-geral), Paulo C. Maiorka (diretor científico) e Maria Lúcia Z. Dagli (presidente)

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Novas técnicas ortopédicas avançam na medicina veterinária por Arthur Barretto

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os dias 13, 14 e 15 de junho a Associação Brasileira de Ortopedia e Traumatologia Veterinária (OTV) realizou no Rio de Janeiro, RJ, simpósio que contou com a participação de especialistas brasileiros e do exterior. Nesse primeiro evento científico da associação, pode-se constatar que no Brasil, a especialidade avança tanto na área acadêmica quanto na inserção de novas técnicas na rotina das clínicas. Hélia Zamprogno, da UFRJ, iniciou o evento com palestra sobre a utilização de células tronco esqueléticas para o tratamento da não união de fraturas. Esteban Mele, da Universidade de Buenos Aires, Argentina, discorreu sobre o conceito de osteossíntese de mínima invasão (MIPO), que surge da necessidade de se preservar o ambiente biológico, realizando a redução de fraturas com a mínima manipulação do foco. Dois palestrantes internacionais enriqueceram o evento: Bianca Hettlich, da Texas A&M (EUA), que falou sobre as doenças da coluna cervical, e Bill Liska, da Gulf Coast Veterinary Specialists (EUA), que tratou das próteses total de quadril, joelho e cotovelo. Paulo Moya apresentou soluções ortopédicas para os traumas na coluna vertebral. "Conforme o caso, uma boa opção para o tratamento do trauma na coluna, é a utilização de parafusos ortopédicos e cimento ósseo. Como vantagens, temos a pequena dissecção de tecidos moles; a

Curso teórico-prático de afecções cirúrgicas da coluna vertebral 9, 10, 16 e 17 de agosto horário: das 8h às 17h

Palestrante:

Profº. Dr. João Guilherme Padilha Exame neurológico; doença do disco intervertebral; fenestração de discos intervertebrais; uso de fenda ventral; hemilaminectomia; laminectomia dorsal; afecções cirúrgicas da coluna; síndrome de Wobbler; subluxação atlanto-axial; afecções cirúrgicas da coluna; síndrome de compressão da cauda eqüina; fraturas de L7 Local: 2º Batalhão da Polícia do Exército* Realização

Curso de neonatologia dos cães e gatos 31 de agosto; 7, 14, 21 e 28 de setembro horário: das 8h às 12h

Palestrante:

Prof.ª Dr.ª Helena Ferreira. Cuidados básicos com a gestante e com o neonato; características fisiológicas; exame neurológico; alimentação artificial; tratamento alternativo na ausência da ingestão do colostro; considerações sobre as vias de administração de drogas; enfermidades neonatais Local: Instituto Biológico**

Informações e inscrições: fone: (11) 2995-9155 • fax: (11) 2995-6860 juna.eventos@uol.com.br - www.junaeventos.com

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imobilização de pequeno seguimento da coluna; a utilização nas diferentes regiões da coluna e em diferentes raças e portes de cães; e a eficácia contra as forças de rotação". A técnica de TPLO (tibial plateau levelling osteothomy) para o tratamento de lesões do e membros da OTV durante o ligamento cruzado cranial foi Palestrantes primeiro evento científico da associação apresentada por André LacerSiqueira, da UFRRJ; as fraturas expostas, da, da UENF. Wanderley Severo Jr., aprepor Sandro Stefanes, da UPIS/DF; a avasentou outra técnica que também pode ser liação do CORA, por Bruno Lins, da utilizada, a TTO (triple tibial osteotomy), Anhembi-Morumbi, método originalmente que possui como vantagem menor custo do desenvolvido por ortopedistas humanos que a TPLO. para avaliação de desvios ósseos e que vem PennHIP (www.pennhip.org), técnica sendo empregado no meio veterinário; a radiográfica para a avaliação da displasia utilização de fixador externo híbrido, por coxofemoral foi apresentada por Luis VeRubens Bittencourt, da UFF; as cirurgias de ríssimo. Já a luxação coxofemoral traumájoelho e suas complicações, por João Guitica foi tema esplanado por Marcus Fallherme Padilha, da Unesp/Jaboticabal. cão, da Universidade Estácio de Sá, que Em setembro, no 8º Congresso Paulista explicou que o mais comum é que a lude Clínicos Veterinários de Pequenos Anixação seja craniodorsal, com encurtamenmais (Conpavepa - www.petsa.com.br), to do membro. Esteban Mele e outros especialistas falarão Cleuza Resende, da UFMG, fez ampla sobre a etiopatogenia e tratamento da rupapresentação sobre a artroscopia. O procetura do ligamento cruzado cranial. Haverá dimento possui algumas limitações como também curso prático de placas e parafusos custo elevado e muito treinamento, mas com Cássio Ricardo Auda Ferrigno, da uma vez implantado traz como grande beFMVZ/ USP. Outro destaque no congresso nefício a identificação precoce dos procesé a fisioterapia, com a participação de sos degenerativos. Darryl Millis, da Universidade do Outros assuntos tratados no simpósio foTennessee, EUA, palestrante patrocinado ram: o interlocking nail, técnica de fixação pelo Vet Spa (www.vetspa.com.br). intramedular, apresentada por Ricardo

Curso teórico-prático Curso teórico-prático de de dermatologia cirurgia de partes moles 14, 21 e 28 de setembro 19 de outubro (prática) horário: das 8h às 12h

Palestrante:

Profª. Ana Claudia Balda Reflexos tegumentares das endocrinopatias; alopecias não hormonais; vasculites; leishmaniose; disqueranizações e uso dos xampus; otites Prática: citologia; tricograma; biópsia cutânea Local: 2º Batalhão da Polícia do Exército*

* 2º Batalhão da Polícia do Exército (BPE) Rua Raul Lessa, 52 - Saída 17 da Rod. Castelo Branco Trav.da Av.Getúlio Vargas - Osasco/SP

14, 21, 28 de setembro; 19 de outubro; 9, 23,e 30 de novembro; 7 de dezembro horário: das 8h às 17h

Palestrante:

Profª Aline Machado de Zoppa Cirurgias: da cabeça e do pescoço; das cavidades torácica e abdominal; do trato genitourinário; região perineal; da pele; miscelâneas cirúrgicas Local: 2º Batalhão da Polícia do Exército*

** Instituto Biológico Rua Conselheiro Rodrigues Alves 1252 - 4º andar Vila Mariana - São Paulo - SP (próximo a estação Ana Rosa do metrô)

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Fort Dodge lança ectoparasiticida

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pós 10 anos de pesquisa e investimentos de mais de 15 milhões de dólares, a Fort Dodge Saúde Animal, líder mundial no desenvolvimento e fabricação de vacinas, acaba de lançar no Brasil uma nova linha de produtos. Trata-se do ProMeris Duo (indicado para cães) e ProMeris (indicado para gatos), ectoparasiticidas de eficácia comprovada no combate aos carrapatos e pulgas. Os produtos trazem em sua composição um novo princípio ativo, a metaflumizona, molécula que age no sistema nervoso da pulga, resultando em sua paralisia e morte. De acordo com Tiago Papa, gerente de negócios sênior de animais de companhia da Fort Dodge, a empresa começou a trabalhar com esta molécula em 2000, quando foi identificado que sua ação contra pulgas era inovadora e ao mesmo tempo altamente eficaz. “A partir desta descoberta, a empresa direcionou parte de sua equipe de P&D de Princeton (EUA) para desenvolver uma formulação que fosse segura e que apresentasse longa duração”, revela Papa. “Atualmente, a linha de pets responde por 15% do faturamento da companhia no Brasil”, afirma Papa, para quem este é o setor mais promissor do mercado veterinário brasileiro. De acordo com o executivo, a expectativa é chegar a casa dos R$ 20 milhões este ano, com a venda de aproximadamente meio milhão de pipetas da Linha ProMeris no primeiro ano de mercado. Com isso, segundo Papa, a Fort Dodge pretende assumir a segunda posição no ranking nacional das empresas do setor, no segmento de pequenos animais. Fort Dodge: 0800 701 9987

Rhobifarma é autorizada pela Anvisa a trabalhar com drogas controladas

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Rhobifarma, empresa veterinária especializada na produção de injetáveis veterinários e fabricante de suplementos como o CartiloDog e o DermaDog, obteve autorização especial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), para trabalhar com drogas controladas. Segundo Valdemir Volante, Diretor Comercial da Rhobi, “poucas empresas veterinárias nacionais possuem essa

autorização, o que atesta a qualidade de procedimentos e instalações da Rhobi”. Ricardo Lucas, diretor de marketing comemora a obtenção da autorização da ANVISA como “uma forte sinalização de uma autoridade regulatória quanto à qualidade fabril de nossa empresa, o que também abre a oportunidade de desenvolvimento de novos produtos”. Rhobifarma: www.rhobifarma.com.br

Campanha “ZooAção” esclarece sobre as verminoses e as zoonoses

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que são verminoses? Quais as zoonoses mais comuns causadas por vermes? Quais os riscos para o animal e o homem? Essas e outras questões são bastante comuns entre os proprietários de cães e gatos. Para esclarecer essas dúvidas e contribuir para a saúde da relação entre o proprietário e seu animal de estimação, a Bayer tem promovido anualmente a campanha “ZooAção”. Realizada durante os meses de maio e agosto, a iniciativa tem como objetivo conscientizar os donos de cães e gatos sobre os riscos de verminoses e zoonoses transmitidas por vermes. Esse ano a campanha destaca-se por uma grande variedade de materiais informativos, bastante didáticos. Eles estão presentes nos pontos de

venda e também muito úteis para serem utilizados pelos médicos veterinários como material de apoio, durante os atendimentos. A empresa também possui informações sobre a campanha na internet. Bayer: www.bayerpet.com.br

Campanha ZooAção de 2008 possui farto material educativo

ProMeris e ProMeris Duo, novos produtos da Fort Dodge para o controle de pulgas, em gatos, e de pulgas e carrapatos, em cães

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Clínica Veterinária, Ano XIII, n. 75, julho/agosto, 2008



Normas para a residência em medicina veterinária no Brasil por Arthur Barretto

O prof. dr. Júlio César Cambraia Veado, enfatizou o caráter educativo da Comissão Nacional de Residência em Medicina Veterinária

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avaliados nos períodos de 2003/2007. Nesse período, das 43 solicitações de avaliação foram feitas 28 verificações in loco, resultando em 20 aprovações, e 10 solicitações de reavaliação, que resultaram em 9 aprovações. As avaliações in loco sempre são feitas por 2 membros As mesas redondas formadas durante o seminário foram os da CNRMV. No caso das palcos dos momentos mais produtivos do evento. Na foto, à encontra-se o dr. Antônio Carlos Lopes (Unifesp/ reavaliações, elas também esquerda, SP), médico com bastante experiência nos programas de são feitas por 2 membros da residência em medicina. Ele não foi otimista quanto ao recoCNRMV, mas com a substi- nhecimento federal dos programas de residência em medicituição de um dos membros na veterinária. Em sua opinião o governo está mais tendencioso a aprovar o programa de residência multiprofissional. da CNRMV, por outro que Essa modalidade de residência precisa ser do conhecimento não tenha participado da pride todos e o prof. dr. Eduardo H. Birgel, membro da CNRMV, frisou meira visitação. bastante que os participantes O prof. dr. Antônio F. P. enviassem à comissão suas de F. Wouk, também memopiniões sobre essa modalidade. No endereço eletrônico portal. bro da CNRMV, explicou, saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/ por sua vez, que “aguardalivroresidenciamultiprofissional. se uma agenda ministerial pdf pode-se encontrar extenso documento sobre a modalidade, com para regulamentação fede415 páginas, no qual, bem diferente ral da residência em medide outras profissões da saúde, a cina veterinária e, consepalavra veterinário aparece uma única vez qüente, aprovação por decreto presidencial. Outra ação Residência multiprofissional em saúde: desenvolvida pelo CFMV em experiências, avanços e desafios prol do ensino, o exame na- Ministério da Saúde - Brasília/DF - 2006 cional de certificação proAlém disso, Wouk destacou que “devefissional, também por uma ação polítimos permanecer mobilizados como ca, está próximo de assinado pelo presiclasse, no sentido de, unidos, pleiteardente da república. O fato do Ministério mos ao Ministério da Educação, o da Educação estar interagindo com o mesmo tratamento que é dado à nossa CFMV, o exame de certaficação nacional co-irmã, a medicina. Diferentemente de também estar próximo de outras profissões que pleiteiam o ser aprovado e contatos préreconhecimento de suas residências, a vios com o ministro da Edumedicina veterinária, depois da medicação, Fernando Haddad, cina, é a profissão que mais possui trazem uma grande esexperiência em programas de residênperança na regulamentacia”. ção federal da residência A profa. dra. Cleuza Maria de Faria em medicina veterinária.

os dias 16 e 17 de junho de 2008, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) promoveu o I Seminário Brasileiro de Residência em Medicina Veterinária. O evento foi realizado em São Paulo, SP, e contou com a participação de membros de instituições de ensino de várias regiões do país. O evento teve início com a apresentação do prof. dr. Júlio César Cambraia Veado, membro da Comissão Nacional de Residência em Medicina Veterinária (CNRMV), que discorreu sobre a relação do CFMV com os programas de residência em medicina veterinária. Explicou que desde 2001 o CFMV vem publicando resoluções que foram sendo aperfeiçoadas, principalmente em função do trabalho desenvolvido pela CNRMV, que há anos vem avaliando in loco, sempre com caráter educativo, os programas de residência em medicina veterinária. Inicialmente, o assunto foi tratado pela resolução 684, de 16 de março de 2001, sendo revogada pela resolução 729 de 10 de dezembro de 2002, a qual também foi revogada pela resolução 752 de 17 de março de 2003. Esta última também já foi revogada, estando em vigor a resolução 25% dos cursos 824, de 31 de março de 2006. "Apenas de medicina veterinária do O prof. dr. Eduardo H. Brasil tem um programa de Birgel, também membro da residência que foi à avaliação CNRMV, abordou detalhes submetido pela CNRMV", salientou das avaliações dos progra- o prof. dr. Eduardo Harry mas de residência que foram Birgel, membro da CNRMV 20

"A metodologia deve ser ativa, participativa e tendo como eixo pedagógico a educação continuada. O residente é o médico veterinário que está se aperfeiçoando no exercício prático da função, sob supervisão e orientação. O residente não é mão-de-obra barata, não veio suprir a falta de funcionários de hospital ou qualquer outra função que o tire do seu foco, o aprendizado em serviço", enfatizou a presidente do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária (CBCAV), profa. dra. Cleuza Maria de Faria Rezende

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Rezende, presidente do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária (CBCAV), também contribuiu com o seminário destacando pontos importantes que devem ser avaliados nos programas de residência em medicina veterinária que focam a cirurgia e a anestesiologia veterinária. “É comum o residente questionar sobre qual cirurgia está agenda para ser feita. Porém, ele não se interessou pelo pré-operatório, não ouviu a história do proprietário, não aprendeu como filtrar as informações do proprietário e não fez o exame clínico. Como pode ser decidido o que irá ser feito, desconhecendo-se a avaliação clínica do animal? Ele não sabe, inclusive, porque irá executar a técnica cirúrgica. E, para a sedimentação do conhecimento e para que seja possível avaliar a técnica aplicada, buscando a todo momento, melhorar a performance, o pós-operatório é obrigatório. A discussão em grupo dos casos que chegam ao hospital também é fundamental e promove o aprendizado dos residentes”, frisou a profa. dra. Cleuza Maria de Faria Rezende. O prof. dr. Carlos Eduardo Larsson, presidente da Comissão Mista de Especialidades (CME) do CFMV, participou do evento falando sobre as interrelações da Comissão Mista de Especialidades e a Residência em Medicina Veterinária. A CME foi nomeada pelo CFMV em 2005, sendo composta por docentes de IES (BA, MG, PE, RJ, SP): Áurea Wichsral, Carlos Eduardo Larsson (presidente), Eduardo Luis T. Moreira, Helton M. Saturnino, Sérgio C. de São Clemente e Silvana L. Górniak. Como atribuições da CME incluem-se: avaliar pedidos de alteração na lista de especialidades (anexo da resolução 756/2003) e assessorar a presidência do CFMV em assuntos correlatos às especialidades.

O prof. dr. Carlos E. Larsson destacou que “o título de especialista, atribuído a um médico veterinário, conforme parecer feito em 2004, para o CFMV, pelo prof. dr. Eduardo H. Birgel, representa o aval da classe profissional, pela ação do Sistema CFMV/ CRMVs que o registrou e homologou, garantindo à sociedade a formação pretérita e atualizada de profissional de excelente nível”. Durante sua apresentação o prof. dr. Carlos Eduardo Larsson também deu importante aviso: “em 5 de agosto de 2008, na sede do CFMV no Distrito Federal, visando ampliar a divulgação da Resolução CFMV 756/2003 e dirimir dúvidas será implantado o foro sobre especialidades em medicina veterinária. Dele participarão presidentes do CFMV e CRMVs; membros da CME; assessoria jurídica do CFMV, coordenadoria de comissões, membros da CNRMV; presidentes de colégios, associações e sociedades de especialistas de âmbito nacional e legalmente constituídas”. Os interessados em contribuir com o foro poderam participar enviando sua manifestação até o dia 20 de junho de 2008 através de formulário disponível no endereço eletrônico www.cfmv.org.br/portal/ titulo_especialista.php. Ao final do evento, o prof. dr. Antônio F. P. de F. Wouk, referindo-se ao documento Residência em medicina veterinária no Brasil - perfil ideal segundo a CNRMV do CFMV, distribuído a todos os participantes do seminário, explicou que: “trata-se de um documento inicial, cujo objetivo maior é legitimá-lo com as opiniões, críticas e observações frutos desse seminário. Os princípios que nos regeram nessa avaliação institucional para a residência

“O título de especialista concedido pelo CFMV não é perpétuo. Ele deve ser renovado a cada 5 anos. Essa medida é uma forma de garantir à sociedade que o profissional está plenamente habilitado e permanece atualizado e apto a oferecer serviços de qualidade”, explicou o prof. dr. Carlos Eduardo Larsson, presidente da Comissão Mista de Especialidades (CME)

foi entendê-la como um processo de avaliação, assumindo como postulado inicial a autonomia institucional, mas não deixando de lado a articulação entre qualidade e quantidade, bem como a sensibilidade da própria instituição detentora do programa de residência, nos seguintes aspectos: a globalidade, ou seja a avaliação de todos os elementos que compõem a instituição de ensino; o respeito à identidade de cada instituição, levando em conta as características próprias, inserindo assim a questão da regionalidade; a legitimidade do processo pela adoção de metodologias e construção dos indicadores capazes de serem fidedignos para a realidade avaliada; o reconhecimento por todos os agentes da legitimidade desse processo de avaliação, seus princípios norteadores e seus critérios”. Esse documento preconiza que haja cinco condições fundamentais para os programas de residência em medicina veterinária: estrutura administrativa e organizacional; capacidade e qualidade de preceptoria dos docentes da instituição; projeto pedagógico do programa de residência em medicina veterinária. Todos esses ítens foram discutidos no seminário e enriquecerão o novo documento que deve ser elaborado na próxima reunião da CNRMV, no segundo semestre. Os interessados em contribuir com o documento que será elaborado devem enviar suas manifestações até o dia 31 de julho de 2008 para o endereço eletrônico da CNRMV: comissoes@ cfmv.org.br.

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Radiologia computadorizada disponível no Rio de Janeiro

á encontra-se em funcionamento na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, RJ, o serviço de radiologia digital do CRV-imagem. A radiologia computadorizada é um novo ramo da medicina diagnóstica por imagem que vem substituir os filmes radiográficos e o processo de revelação química por placas sensíveis que transmitem a imagem para um computador e permite manipular a imagem numa tela, modificando as qualidades ópticas para avaliação de diferentes tecidos em uma mesma exposição. A partir deste processamento digital consegue-se: • reduzir significativamente o número de repetições de exames; • aumentar o alcance diagnóstico com menor estresse para o paciente; • diminuir a dose de radiação em pacientes e profissionais envolvidos; • eliminar o processamento químico e uso de filmes radiográficos, tornando o

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método ecologicamente correto. As imagens registradas podem ser distribuídas eletronicamente por um sistema digital de arquivamento e comunicação (PACS) que é usado em todo o mundo pela área médica, baseado na rede de computadores (web), sem perda de qualidade (padrão DICOM). As imagens podem ser encaminhadas, armazenadas e consultadas a Serviço de radiologia digital do CRV-imagem qualquer tempo, reduzindo aumentando a qualidade de vida dos a chance de perda de dados e extravio animais e de seus responsáveis. de exame. Alex Adeotado (MV, MSc, PhD), diNascendo com uma proposta inovaretor do CRV-imagem, destaca que: “em dora, o CRV-imagem tem como missão breve, também teremos disponíveis os propiciar o mais alto nível de diagnósserviços de ultra-sonografia, ecocardioticos por imagem na medicina veterigrafia e tomografia computadorizada”. nária, facilitando o dia a dia dos médiCRV-imagem: (21) 2484-0508 cos veterinários e conseqüentemente,

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Saúde pública Sabonete contra dengue *

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por Thiago Romero

Pesquisadores da Uenf concluem formulação de sabonete capaz de proteger contra o Aedes aegypti por até seis horas após o banho. Produto é feito com essências de plantas como citronela e capim-limão

stá concluída a formulação de um sabonete repelente, desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Ciências Químicas da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), que poderá se tornar uma importante arma para o combate ao mosquito da dengue (Aedes aegypti), que também transmite a febre amarela. O produto, cujo efeito dura até seis horas sobre a pele humana, foi criado a partir de uma mistura de glicerina, obtida em óleo de cozinha reciclado, com essências naturais de plantas como o cravo-da-índia, citronela e capim-limão. A fórmula conta ainda com outras substâncias químicas, que ajudam a aumentar o tempo de ação do produto. “Apesar de ter uma ação comprovada contra o Aedes aegypti, que foi o foco dos estudos, o sabonete conta com grande possibilidade de ter ação repelente contra outros vetores. O objetivo agora é ampliar os testes de sua eficácia contra insetos que transmitem outras doenças humanas e animais”, disse Edmílson José Maria, coordenador da pesquisa e chefe do Setor de Síntese Orgânica do Laboratório de Ciências Químicas da Uenf, onde o sabonete foi formulado, à Agência FAPESP. O processo de obtenção de patente do produto junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) teve início, assim como o pedido de aprovação da formulação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). De acordo com José Maria, a eficácia do sabonete foi comprovada em testes com cobaias e humanos. “Para verificar sua atividade repelente e seu tempo de

ação, primeiramente aplicamos o sabonete em camundongos, que ficaram em contato com mosquitos Aedes aegypti. Esses insetos são criados em cativeiro no laboratório a partir de uma linhagem que não tem o vírus da dengue, fazendo com que as gerações posteriores do mosquito também não desenvolvam a virulência”, explicou. Nos testes em humanos, o produto foi aplicado na mão e no antebraço de voluntários da universidade. “Em seguida, inserimos os braços dos voluntários, sucessivamente em um período de seis horas, em gaiolas cheias de mosquitos para verificar se haveria algum tipo de contato dos insetos com a pele, o que não ocorreu”, afirmou. “Fizemos ainda uma contraprova, em que a mesma base do sabonete sem as substâncias repelentes foi aplicada. Seguimos a mesma metodologia e identificamos um alto número de pousos dos mosquitos na pele dos voluntários”, completou. População vulnerável José Maria explica que a criação de um repelente em forma de sabão surgiu da idéia de disponibilizar um produto economicamente acessível à população carente das grandes cidades que não têm acesso a ferramentas mais sofisticadas de combate à dengue. “Como o acesso da população aos repelentes convencionais é restrito, devido ao seu custo elevado, nosso projeto vem ao encontro dessa questão social. O sabonete ainda não tem preço definido, mas certamente terá baixo custo”, disse. O foco na população carente se justi-

fica, segundo o professor, pelo fato de ela estar mais exposta à transmissão da doença nas grandes cidades. “Essa população normalmente vive em áreas nas quais os alagamentos são mais constantes e o saneamento básico é mais precário, além de muitas vezes não ter condições de comprar repelentes elétricos ou de instalar telas de proteção nas janelas”, apontou. “O período de seis horas de atuação do sabonete é o tempo médio em que uma criança, por exemplo, sai de casa usando o produto, vai até a escola e retorna à sua residência”, disse. A intenção, em um primeiro momento, segundo o pesquisador, é disponibilizar o produto a órgãos públicos ligados à saúde do Rio de Janeiro. Para isso, a equipe da Uenf está atualmente trabalhando, com financiamento da própria universidade, na produção de um lote de mil unidades do sabonete para enviá-lo aos poderes público municipal e estadual, que deverá repassar o produto à sociedade. “A previsão é que até o fim deste mês estejamos com esse lote pronto. Também estamos em busca de parcerias com a iniciativa privada para a fabricação em larga escala e comercialização do produto”, sinalizou. Campos dos Goytacazes, que abriga o campus da Uenf, é a terceira cidade do Estado do Rio de Janeiro em número de casos de dengue registrados em 2008, ficando atrás apenas da capital fluminense e de Nova Iguaçu. “De janeiro a abril deste ano, houve aproximadamente 6 mil casos da doença em Campos dos Goytacazes, com 16 óbitos registrados”, disse José Maria.

* Fonte: Agência FAPESP - www.agencia. fapesp.br/boletim_dentro.php?id=8803 Tr a b a l h o s d e s e n v o l v i d o s • Curso de capacitação em cirurgias de esterilização minimamente invasiva • Curso de capacitação em educação humanitária • Consultoria para Prefeituras, Empresas e ONG’s • Curso de Formação de Oficiais de Controle Animal (FOCA)

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ISTA ASS

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Disponível no endereço: www.itecbr.org



Saúde pública Nova ferramenta contra a tuberculose *

por Thiago Romero

Pesquisadores da Fiocruz validam novo teste molecular para diagnóstico. Método identifica elemento genético da bactéria causadora da doença, que atinge cerca de 50 milhões de pessoas no Brasil

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esquisadores do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CPqAM) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Pernambuco, desenvolveram e validaram um teste molecular para o diagnóstico da tuberculose de alta complexidade, em especial a tuberculose infantil e a tuberculose extrapulmonar. O teste funciona com a identificação do IS6110, um elemento genético da bactéria causadora da doença, o Mycobacterium tuberculosis. O objetivo é detectar, de maneira precoce, os casos de tuberculose em que a presença do bacilo no organismo é muito baixa, gerando um tipo da doença que pode ocorrer nos gânglios linfáticos, ossos, articulações, fígado, pele e sistema nervoso central. Ao ser validado em amostras de sangue de 117 crianças de ambos os sexos, com idades entre seis meses e 14 anos, atendidas no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no Hospital Barão de Lucena e no Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira (Imip) – todos no Recife –, o novo método apresentou especificidade de 100%, ou seja, capacidade de descartar a presença do M. tuberculosis em indivíduos saudáveis. Apresenta também 92,6% de sensibilidade, ou a capacidade de confirmar a presença do bacilo. A eficácia do teste molecular foi comprovada por meio do método conhecido como Nested-PCR, que amplifica, em crianças com suspeita de tuberculose, um trecho específico do DNA da bactéria em milhares de vezes. De acordo com a coordenadora do trabalho e chefe do Laboratório de Imunoepidemiologia do CPqAM, Haiana Schindler, o método molecular que acaba de ser validado é capaz de detectar uma quantidade de DNA menor que a existente em uma célula bacteriana. “Com o teste, a presença de apenas um bacilo pode ser suficiente para indicar, em cerca de 24 horas, se o paciente está infectado”, disse ela à Agência FAPESP. “A tuberculose é particularmente difícil de ser diagnosticada

em crianças. O quadro clínico clássico geralmente é ausente, sendo mais comum a presença de sintomas não específicos.” Por conta disso, atualmente o diagnóstico laboratorial da tuberculose infantil apresenta diversas dificuldades: as imagens radiológicas pulmonares nem sempre são conclusivas e o teste conhecido como Mantoux pode ser de difícil interpretação devido, sobretudo, à vacinação prévia das crianças com a vacina BCG. Além disso, a cultura de sangue tem baixa sensibilidade e requer muito tempo para obtenção do resultado, uma vez que o bacilo Mycobacterium tuberculosis necessita de oito a dez semanas para se multiplicar. Segundo Haiana, que também é professora do Departamento Materno Infantil da UFPE, hoje o procedimento mais comum, devido à dificuldade das crianças menores em expectorar, é a cultura de lavado gástrico nos suspeitos de tuberculose pulmonar, que detecta a presença do bacilo em cerca de 40% dos casos. “Já pelo teste molecular, a detecção do M. tuberculosis pode ser obtida com sensibilidade de uma cópia de DNA alvo em uma única célula bacteriana, extraída de amostras clínicas de naturezas variadas. Esse novo método detecta a presença do material genético específico da microbactéria presente na tuberculose-doença, com sintomas, e também na tuberculose-infecção, ainda sem os sintomas”, explicou. Amplificação de seqüências de DNA A técnica da Fiocruz para o diagnóstico rápido da tuberculose é baseada na reação em cadeia da polimerase (PCR). A amplificação específica de seqüências de ácidos nucléicos por meio da PCR, que permite a síntese enzimática in vitro de seqüências de DNA, também tem sido empregada no diagnóstico de várias doenças infecciosas. “Para o controle da tuberculose é importante o diagnóstico precoce e, como existem falhas nos métodos rotineiros

utilizados atualmente, a necessidade de um teste rápido, sensível e prático levou ao desenvolvimento desse novo teste diagnóstico molecular”, explicou Haiana. Se entre as vantagens do novo teste estão a alta sensibilidade, especificidade e rapidez na obtenção do resultado, a pesquisadora aponta que uma das desvantagens pode ser o custo mais elevado, apesar de os pesquisadores da Fiocruz ainda não terem realizado estudos de custos. “A vantagem é que, quando comparada com os gastos da saúde com outros exames laboratoriais, dias de internação, medicamentos e outras seqüelas ocasionadas por falta de diagnóstico precoce, os benefícios desse novo teste poderão compensar a sua implantação nos principais serviços de referência do Brasil”, afirmou. Atualmente, o teste molecular só está sendo utilizado em contexto de pesquisa. “Estamos trabalhando no desenvolvimento e validação de um kit de diagnóstico para ser implantado nos principais centros e instituições de referência da tuberculose no Brasil em casos de difícil elucidação. Para isso, a relação custo-benefício do método já está sendo avaliada”, disse a pesquisadora do Departamento de Imunologia do CPqAM. A intenção é fazer com que a utilização do teste molecular, associada aos métodos tradicionais, contribua para um diagnóstico mais preciso em qualquer fase da doença, permitindo o tratamento precoce e o controle da sua transmissão. A tuberculose infantil é um problema de saúde pública que atinge 1,3 milhão de crianças por ano no Brasil. Estima-se que cerca de 50 milhões de pessoas estejam infectadas pela Mycobacterium tuberculosis no Brasil, o que resulta na 16ª posição entre os 22 países com mais alta carga de tuberculose do mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre os casos notificados no país, 10% acometem menores de 15 anos.

* Fonte: Agência FAPESP - www.agencia. fapesp.br/boletim_dentro.php?id=8923 26

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Saúde pública Raiva sob vigilância *

por Thiago Romero

A partir do mapeamento da população de cães e gatos na capital paulista, pesquisadores da USP desenvolvem método inédito para planejamento e avaliação de campanhas de vacinação contra a raiva animal

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esquisadores da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP) desenvolveram uma metodologia inédita que, ao estimar as populações de cães e gatos de um município, pode ser aplicada de forma sistemática no planejamento e na avaliação de campanhas de vacinação contra a raiva animal. O desenvolvimento do método, que permite a identificação de áreas de cobertura vacinal crítica, partiu de estimativas feitas na capital paulista: sete habitantes por cão e 46 habitantes por gato. A validação do método teve como base informações da campanha de vacinação contra a raiva de 2002, fornecidas pelo Centro de Controle de Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo. Com base nesses dados, coletados com o auxílio de sistemas de informação geográfica, o método permite fazer estimativas de densidade animal e do número de postos de vacinação móveis necessários para se atingir uma cobertura vacinal de 70% em cada região. Dados de literatura sugerem que uma cobertura nessa proporção previne cerca de 96% das epidemias rábicas nas grandes cidades. “Os sistemas de informação geográfica integram softwares que podem ser baixados gratuitamente pela internet, permitindo a associação de dados cartográficos – como ruas, setores censitários e distritos administrativos – com dados não geográficos, como tamanho da população animal e número de postos de vacinação”, disse Marcos Amaku, coordenador do trabalho e professor do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal da FMVZ, à Agência FAPESP. Segundo ele, os municípios interessados na aplicação do método podem utilizar bases de dados censitárias do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE). “Qualquer município que tiver a base de dados do IBGE pode fazer estimativas da população animal utilizando os programas de informações geográficas e a razão de habitantes por animal que pode ser estimada pelos centros de controle de zoonose de cada cidade”, explicou. Em São Paulo, os setores censitários foram agrupados de forma a compor os 96 distritos administrativos e as 31 subprefeituras da capital. Os pesquisadores estimaram a existência de 1,49 milhão de cães e 226,9 mil gatos domiciliados na cidade, totalizando uma população de cerca de 1,7 milhão de animais. As estimativas do estudo não incluíram a população de cães de rua, cuja cobertura vacinal é mais baixa. Segundo os pesquisadores, que elaboraram uma série de mapas de densidade animal para organizar a distribuição espacial dos postos de vacinação na capital, 1.729 é o número total de postos necessários no município para atingir a cobertura vacinal de 70%. “Além de evitar as epidemias de raiva e evitar a formação de filas nos postos, com essa distribuição é possível deslocar a quantidade exata de recursos financeiros e humanos em cada posto de vacinação”, disse Amaku. A raiva é uma zoonose causada por um vírus do gênero Lyssavirus que ataca o sistema nervoso de todos os mamíferos, principalmente bovinos, eqüinos, suínos, cães, gatos e morcegos. Uma vez iniciada a sintomatologia não há tratamento efetivo conhecido, o que faz com que, na zona urbana, a prevenção da raiva canina e felina por meio de campanhas de vacinação seja o instrumento mais eficiente para o controle da raiva humana. Serviço de qualidade O Centro de Controle de Zoonoses

de São Paulo considera que, para não haver comprometimento da qualidade do serviço prestado, cada posto deve atender no máximo 700 animais por dia. Em 2002, cerca de 25% dos postos da capital paulista vacinaram um número superior a mil animais. “Esse grande número de animais em um único posto compromete a qualidade do serviço prestado e dá margem a problemas como brigas entre animais”, conta Amaku. Dados de literatura estimam uma soroprevalência para raiva de 16,5% para os cães de rua da cidade de São Paulo. “Isso significa que apenas 16,5% dos cães de rua da capital paulista, cujo tamanho da população é ainda desconhecida, estariam protegidos contra a doença”, apontou. “Essa baixa soroprevalência, associada à possibilidade de reintrodução do vírus rábico por outras espécies animais, é um fator que deve motivar um planejamento estratégico de vacinação e a manutenção de um sistema eficaz de vigilância epidemiológica nos municípios brasileiros”, disse Amaku. O projeto de pesquisa que originou o método teve apoio da FAPESP na modalidade Auxílio a Pesquisa e foi desenvolvido em parceria com pesquisadores do Centro de Controle de Zoonoses de São Paulo. Um artigo com a descrição da metodologia foi aceito e será publicado na Revista de Saúde Pública, editada pela Faculdade de Saúde Pública da USP. Um software de sistemas de informações geográficas que pode ser usado para a aplicação do método, segundo Amaku, é o TerraView, disponibilizado gratuitamente pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e cujo lançamento da versão 3.0 Plus foi noticiado pela Agência FAPESP Mais informações sobre o método: amaku@vps.fmvz.usp.br.

http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?id=8958 28

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Marcelo Monte Mór Rangel

Eletroquimioterapia: uma nova promessa para o tratamento de cânceres em animais

Físico e MV, mestrando - VPT/FMVZ/USP marcelomontemor@usp.br

Natália Coelho C. de A. Fernandes Graduanda - FMVZ/USP

nccafernandes@yahoo.com.br

Márcia Kazumi Nagamine

MV, doutoranda - VPT/FMVZ/USP markazbr@yahoo.com.br

Electrochemotherapy: a new alternative for the treatment of cancer in animals

Heidge Fukumasu

Médico veterinário, dr. fukumasu@usp.br

Krishna Duro de Oliveira

Electroquimioterapia: una nueva promesa para el tratamiento del cáncer en los animales

MV, doutoranda - VPT/FMVZ/USP krishna.oliveira@uvv.br

Ron Lowe

MV - Clinica Petcancetvet

ronlowe@petcancervet.co.uk

Resumo: A eletroquimioterapia é uma nova modalidade de terapia de controle local para neoplasias sólidas. A administração do agente antineoplásico posteriormente à realização da eletroporação no tumor são os princípios da técnica. Suas principais características são os poucos efeitos colaterais, não promover mutilações na maioria dos casos em que se aplica além de não mostrar diminuição em sua eficiência frente a reaplicações em possíveis recidivas A terapia vem apresentando resultados bastante satisfatórios tanto para carcinomas quanto para sarcomas na medicina humana e na medicina veterinária os estudos estão avançando, conferindo a esta uma grande expectativa de vir a ser outra opção de tratamento. No Brasil, o Laboratório de Oncologia Experimental da FMVZ/USP vem desenvolvendo pesquisas e obtendo resultados expressivos com a técnica e espera em breve publicá-los, possibilitando a aplicação da técnica na rotina das clínicas. Unitermos: eletroporação, quimioterapia, bleomicina, cisplatina Abstract: Electrochemotherapy is a new type of antitumor therapy for solid neoplasms. This technique consists first in administering a chemotherapeutic drug followed by the application of a specific electric field, which promotes electroporation in tumor cells. The main advantages are fewer toxic effects, a smaller amount of mutilations and the possibility to use the same drug multiple times in case of recurrence. This therapy has demonstrated promising results in both epithelial and mesenchymal tumors in humans. Studies in veterinary medicine are advancing, and this therapy might become a treatment option in the clinic. In Brazil, the Laboratory of Experimental and Comparative Oncology from FMVZ-USP has obtained expressive results with this technique, which will be published shortly. Keywords: electroporation, chemotherapy, bleomycin, cisplatin Resumen: La electroquimioterapia es una nueva modalidad antitumoral para control local de neoplasias sólidas. La técnica consiste en administrar un quimioterápico posteriormente a la aplicación de electroporación en el tumor. Sus principales características son: menor cantidad de efectos colaterales, menor grado de mutilaciones y mantenimiento de la eficiencia terapéutica frente a replicaciones en posibles recidivas. El uso de esta terapia en humanos ha presentado resultados prometedores tanto para carcinomas como sarcomas. En medicina veterinaria los estudios están avanzando, con grandes expectativas de que se convierta en otra alternativa terapéutica. En Brasil, el Laboratorio de Oncología Experimental de la FMVZ/USP viene desarrollando investigaciones y obteniendo resultados significativos con esta técnica y se espera publicar en breve, permitiendo la aplicación de la técnica en la rutina de las clinicas. Palabras clave: electroporación, quimioterapia, bleomicina, cisplatina

Clínica Veterinária, n. 75, p. 30-36, 2008

INTRODUÇÃO Os tratamentos de câncer atualmente disponíveis podem ser divididos em diferentes categorias, de acordo com seus objetivos e modos de ação. Freqüentemente são utilizados como tratamento único ou combinados. As três principais categorias de tratamentos são a cirurgia, a radioterapia, que são tratamentos localizados, e a quimioterapia, uma modalidade sistêmica 1. Dentre essas opções de tratamento, os efeitos colaterais tardios e graduais, o potencial oncogênico e o custo alto são os principais inconvenientes da radioterapia, e os necessários procedimentos mutilantes e desfigurantes constituem-se nas principais limitações da cirurgia 2. Já o tratamento com 30

fármacos antineoplásicos apresenta principalmente limitações de toxicidade, relacionadas a sua inespecificidade por células tumorais e às altas doses requeridas, o que tem incentivado o desenvolvimento de novos mecanismos para facilitar a entrada do fármaco na célula 3. ELETROPORAÇÃO Embora pouco percebido na época, o fenômeno de “quebras elétricas” reversíveis na membrana celular, mais tarde definido como eletroporação ou eletropermeabilização, foi relatado em 1958. Quase uma década depois, foi realizada a destruição não térmica de microorganismos submetidos a altos pulsos elétricos. Em 1972, constatou-se grande

Lluis Maria Mir

Institut de Cancérologie Gustave Roussy Universidade Paris-Sud luis.mir@igr.fr

Idércio Luiz sinhorini

MV, prof. tit. - VPT/FMVZ/USP sidercio@usp.br

Maria Lúcia Zaidan Dagli

MV, profa. tit. - VPT/FMVZ/USP malu021@yahoo.com

aumento da permeabilidade das vesículas submetidas a pulsos elétricos. Em 1982 foi feita a transferência de genes utilizando pulsos elétricos, e finalmente, em 1988, foi observado o aumento da citotoxicidade da bleomicina in vitro e in vivo com o uso de pulsos elétricos, o que viria a ser posteriormente denominado eletroquimioterapia 4. A eletroporação, processo conhecido há aproximadamente vinte anos, tem como objetivo facilitar a entrada na célula, de moléculas normalmente não permeáveis à membrana 5. Atualmente esse processo tem sido amplamente utilizado em biologia molecular, biotecnologia e medicina para o transporte de genes e fármacos para dentro das células 6. Dentre as aplicações mais promissoras da eletroporação destacam-se a transferência de DNA, pois o método é eficiente, seguro e não viral para a terapia gênica 4, e a eletroquimioterapia para o tratamento do câncer 7. Recentemente, a eletroporação foi associada com sucesso à terapia fotodinâmica in vitro, com o objetivo de aumentar os níveis de fotosensibilizadores nas células tumorais 8.

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FUNDAMENTOS DA ELETROPORAÇÃO Quando uma célula é submetida a um campo elétrico, uma diferença de potencial transmembrana é induzida em sua membrana. Se essa voltagem transmembrana induzida atingir determinados valores, começa-se a observar aumento de permeabilidade. Esse fenômeno é denominado eletroporação ou eletropermeabilização 9. Os poros são inicialmente gerados onde o campo elétrico induzido superar a diferença de potencial transmembrana, descrita como sendo aproximadamente 200mV para células eucarióticas 10. A intensidade do campo induzido determinará a área de eletroporação, e o tempo de duração e o número de pulsos definirão o tamanho do poro 11. A eletroporação está fortemente relacionada com o padrão de amplitude, a duração, a freqüência, o número e a forma do pulso elétrico aplicado 12. Os poros formados pelo campo elétrico aplicado poderão ser reversíveis, mantendo a viabilidade da célula após a aplicação. Se os valores de amplitude e duração excederem

determinados padrões de pulso elétrico suportáveis pela membrana os poros se tornam irreversíveis, desencadeando a morte da célula 11. Os poros formados pela eletroporação permitem que moléculas de peso molecular com valores acima de 30.000 Da, normalmente não permeáveis, penetrem na célula 5. Enquanto a formação dos poros se dá quase que imediatamente à aplicação do campo elétrico, seu fechamento pode demorar de alguns segundos a minutos 13. A exposição de tecidos ao campo elétrico na eletroporação também promove outros fenômenos, como uma transiente diminuição do fluxo sangüíneo, possibilitando um maior tempo para penetração do fármaco pelos poros formados. Isso proporciona maior concentração intracelular do fármaco circulante no tecido exposto 14. O efeito citotóxico da eletroquimioterapia também atinge o estroma do tumor, causando um efeito de ruptura vascular. Ainda, há promoção de um intenso derramamento de antígenos tumorais no organismo, o que faz com que a resposta ao tratamento seja diferente em

pacientes imunocompetentes e imunodeficientes 1. ELETROQUIMIOTERAPIA À combinação de quimioterapia sucedida de eletroporação denominou-se eletroquimioterapia, uma nova modalidade de terapia antineoplásica. O processo consiste em potencializar a ação de um fármaco, antes com baixa ou nenhuma permeabilidade na membrana da célula, através do fenômeno de eletroporação 15. A bleomicina, um fármaco de alto poder citotóxico intrínseco porém impermeável à membrana, teve, in vitro, seu efeito aumentado cerca de 8.000 vezes com a eletroporação 16. Esse fármaco, sem eletroporação, é internalizada na célula por endocitose mediada por proteína carreadora. Dessa forma, seu transporte para dentro da célula depende da quantidade de exposição de tais proteínas na membrana celular, e da velocidade com que elas são endocitadas. Outro fármaco também utilizado em eletroquimioterapia é a cisplatina, que é pouco permeável à membrana e, in vitro,

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PROCEDIMENTO ELETROQUIMIOTERÁPICO O procedimento eletroquimioterápico consiste basicamente na administração do fármaco no indivíduo ou meio de cultura para estudos in vitro, e posterior exposição do tecido ou células aos pulsos elétricos por meio de eletrodos 19. Já foi descrita a realização de eletroquimioterapia transoperatória ou pós-operatória nas adjacências da margem cirúrgica da neoplasia, com resultados satisfatórios. Nesses casos, foi administrada juntamente a hialuronidase, na dose aproximada de 300 UI, para garantir distribuição mais uniforme do agente antineoplásico 20. O procedimento já foi realizado sem anestesia sendo bem suportado por animais, tanto com administração intratumoral quanto pela via intravenosa do fármaco antineoplásico 7,21. Alguns procedimentos já foram realizados em camundongos após a administração de pentobarbital na dose de 45mg/kg 22, em gatos submetidos à administração anterior de metomidina e quetamina nas doses de 80µg/kg e 5mg/kg, respectivamente, e em cães que haviam recebido metomidina na dose de 100µg/kg 23. Em cavalos, o procedimento foi implementado sob anestesia geral de curta duração 24. Em humanos devese considerar a realização de anestesia geral para tumores maiores ou doloridos, e também quando da existência de grande número de tumores. Afora esses casos, pode-se utilizar anestesia local 19. Os fármacos utilizados são a bleomicina ou a cisplatina, e as vias de administração podem ser a intratumoral para ambas, ou a intravenosa para a bleomicina, com a mesma eficiência terapêutica para tumores de até 0,5cm 3. A via intravenosa tem se mostrado mais eficiente em tumores com volumes maiores 25. O intervalo entre a administração do fármaco e a aplicação do campo elétrico deve ser suficiente apenas para que a 32

concentração do fármaco na neoplasia alcance seu valor máximo. Em animais de laboratório esse intervalo varia de poucos minutos para a via intravenosa a imediatamente para a via intratumoral 1. Em humanos, o intervalo entre a administração do fármaco e a aplicação dos pulsos elétricos não deve ultrapassar dez minutos em caso de via intratumoral; já pela via intravenosa, a aplicação dos pulsos pode iniciar oito minutos após a administração do fármaco, sem ultrapassar 28 minutos 19. As doses recomendadas de bleomicina intravenosa e intratumoral são, respectivamente, 15mg/m2 (0,5mg/kg) 17 e 1000UI/cm3 do volume de tumor e, para a cisplatina intratumoral, variam de 0,5 a 2mg/cm3 do volume de tumor 3,19. As concentrações para a administração intratumoral podem ser de 1000UI/mL 17 e 2mg/mL para a bleomicina e a cisplatina, respectivamente 23. Com relação aos valores dos parâmetros dos pulsos elétricos aplicados, o protocolo mais utilizado e que tem se mostrado mais eficiente adota 8 pulsos de 100µs de duração, 1300 Vcm-1 de amplitude, e frequência de 1 Hz 26 ou 5 kHz 25 . As principais diferenças entre as freqüências de pulso utilizadas estão relacionadas às contrações musculares desencadeadas pelos pulsos elétricos e ao tempo de tratamento. Com freqüências de 1Hz os pacientes sentem oito contrações, que podem também ocasionar deslocamento dos eletrodos e falhas no processo, e o tempo de aplicação dos pulsos dura aproximadamente 10 segundos. Quando se utilizam 5kHz, o processo de aplicação dura aproximadamente 1,5 milisegundos e o paciente sente apenas uma contração, diminuindo o desconforto e outras possíveis falhas decorrentes do deslocamento dos eletrodos 27. Para promover um bom contato entre os eletrodos e a pele, pode ser utilizado o gel condutor empregado em exames de ultra-som 3. ELETRODOS A geometria dos eletrodos deve proporcionar a aplicação homogênea e constante dos pulsos elétricos no tecido neoplásico. Uma limitação importante do desenvolvimento em algumas neoplasias é justamente a inviabilidade de aplicação dos pulsos em determinadas regiões, como a intracraniana e a medula

Marcelo Monte Mór Rangel

teve seu efeito potencializado cerca de 80 vezes com a eletroporação 17. A eletroquimioterapia é uma técnica de tratamento localizado de diversos tipos de tumores sólidos, sejam eles cutâneos ou subcutâneos 18. Pelas bases físicoquímicas descritas anteriormente podese notar que, teoricamente, o tratamento é eficiente em todos os tumores em que se consiga realizar o procedimento 19.

Figura 1 - Eletrodo construído para os primeiros experimentos de eletroquimioterapia no Laboratório de Oncologia Experimental da FMVZ/USP

espinhal 28. Entre os diferentes eletrodos utilizados para a eletroquimioterapia, podem ser citados tanto aqueles em forma de placas (Figura 1) quanto aqueles que têm agulhas eqüidistantes. Os principais materiais utilizados para a construção dos eletrodos são o alumínio e o aço, que é mais utilizado por ser mais acessível e manter mais estável a tensão entre o tumor e o eletrodo 9. EFEITOS COLATERAIS Os efeitos colaterais mais comuns da eletroquimioterapia são as contrações musculares involuntárias no local de aplicação dos pulsos elétricos, que cessam imediatamente ao final destes 5,23. Em avaliação empreendida com 61 pacientes humanos, utilizando escala de dor que variava de zero (ausência de dor) a 100 (pior dor imaginável), a média ficou em 35 imediatamente após o tratamento, e caiu para 20 dois dias após o tratamento, naqueles que haviam recebido anestesia local. Já nos pacientes tratados sob anestesia geral, que foram avaliados somente dois dias depois da eletroquimioterapia, a média de dor foi 10. Outro resultado que indica que a eletroquimioterapia não é um tratamento estressante ou doloroso é o índice de aceitação de 93% dos pacientes para uma possível nova sessão 25. Em cães e gatos, não foram observadas queimaduras ou sangramentos no local da inserção dos eletrodos com agulhas. Mesmo depois de várias sessões, nenhum sinal de comprometimento do estado geral de saúde – decorrente da eletroquimioterapia – costuma ser observado.

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Farmaco/via de administração bleomicina i.v. bleomicina i.t. cisplatina i.v. cisplatina i.t. total

Número de pacientes

Número de nódulos

16 42 9 27 94

119 189 27 307 642

PD 2 3 11 7 5

Resposta ED RP 10 43 7 13 41 37 10 9 10 18

PD

Resposta (%) ED RP RC

RO

PD - progressão da doença; ED - estabilização da doença; RP - resposta parcial; RC - resposta completa; RO - resposta objetiva (RO = RP + RC) Tabela modificada de GOTHELF, 2003.

(%) RC 45 77 11 74 67

RO 88 90 48 85 85

Figura 2 - Resposta de melanomas à eletroquimioterapia em humanos 6

Fármaco/via de administração bleomicina i.v.

Subtotal bleomicina i.t.

Subtotal cisplatina i.t.

Subtotal

Classificação histológica

N. pacientes

N. nódulos

CCE em cabeça e pescoço CCB Adenocarcinoma mamário Adenocarcinoma de glândula salivar

21 2 2 1 26

114 6 9 20 149

19 0 77 0 19

11 0 0 0 11

18 67 0 0 17

52 33 23 20 53

70 100 23 100 70

CCE em cabeça e pescoço CCB Sarcoma de Kaposi CCT de bexiga Adenocarcinoma em cabeça e pescoço carcinoma mamário condrosarcoma

81 29 1 1 2 2 1 117

96 63 4 17 2 14 1 197

0 0 0 0 0 0 0 0

33 0 0 0 0 0 0 16

32 5 0 0 50 43 100 21

35 95 100 100 50 57 0 63

67 100 100 100 100 100 100 84

CCE CCB carcinoma mamário

1 1 6 8

2 4 12 18

0 0 0 0

0 0 0 0

0 0 67 44

100 100 33 56

100 100 100 100

151

364

8

13

21

58

79

Total

CCE - Carcinoma de células escamosas; CCB Carcinoma de células basais; CCT - Carcinoma de células transicionais Tabela modificada de GOTHELF, 2003.

Figura 3 - Resposta de diversos tumores à eletroquimioterapia em humanos 6

Após as sessões, a maioria dos animais apresenta comportamento normal e ausência de sinais de dor 19. Reação inflamatória local – com discreto eritema no tecido normal adjacente –, e formação de crosta superficial podem ser observadas nos primeiros dias após a aplicação. Em tumores maiores, algumas vezes verificam-se ulcerações do nódulo neoplásico. Ambas as lesões desaparecem em no máximo cinco semanas após o tratamento 23. Alterações bioquímicas e hematológicas são raras em pacientes submetidos à eletroquimioterapia 5. EFICIÊNCIA TERAPÊUTICA Diversas triagens clínicas foram realizadas em humanos para avaliar a eficiência terapêutica da eletroquimioterapia. Os índices de resposta completa (RC), resposta parcial (RP), resposta objetiva (RO = RC+RP), estabilização 34

da doença (ED) e progressão da doença (PD) foram divididos para melanomas e não melanomas, e também em relação ao uso da bleomicina ou da cisplatina, como demonstram as figuras 2 e 3 6. Foram adotados os critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS) para avaliar os resultados de tratamentos de câncer, segundo os quais RC indica que o tumor passa a não ser mais palpável, RP representa diminuição maior que 50% no volume do tumor, ED corresponde a diminuição menor que 50% e aumento de até 25%, e PD significa aumentos superiores a 25%. Um mínimo de quatro semanas foi necessário para qualificar as respostas ao tratamento. Os resultados foram bastante promissores, alcançando índices de RO predominantemente maiores que 80%, conforme mostrado nas figuras 2 e 3. Em casos de recidiva ou de tumores maiores, para os quais uma única sessão não seja suficiente, a

eletroquimioterapia pode ser realizada novamente, com a mesma eficiência, em intervalos de três a seis semanas. Tumores já tratados com cirurgia, quimioterapia ou radioterapia que apresentarem comportamento refratário ou recidiva também podem ser tratados com eletroquimioterapia sem interferência em sua eficiência 29. Alguns experimentos têm demonstrado que a eletroquimioterapia pode se constituir em uma opção de tratamento conservativo para sarcomas localizados nas extremidades de membros 16. Em pesquisas realizadas em animais, o índice de RO é de aproximadamente 80%, sendo em muitos casos observada, já após a primeira sessão, parcial ou completa remissão do tumor 20. As figuras 4, 5, 6 e 7 mostram a evolução de um carcinoma de células escamosas em membro torácico de um mastiff Inglês tratado com eletroquimioterapia. As figuras 8, 9, 10, 11 e 12

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Ron Lowe

Ron Lowe

Ron Lowe

Ron Lowe

Figura 4 - Carcinoma de células escamosas em mastiff antes do tratamento

Figura 8 - Sarcoma sinovial em cão - antes do tratamento Ron Lowe

Figura 12 - Sarcoma sinovial em cão cinco meses após o tratamento

Ron Lowe

Ron Lowe

Figura 5 - Carcinoma de células escamosas em mastiff três semanas após o tratamento

Ron Lowe

Figura 9 - Sarcoma sinovial em cão 10 dias após o tratamento

Figura 13 - Carcinoma de células escamosas em plano nasal de gato

Ron Lowe

Ron Lowe

Figura 6 - Carcinoma de células escamosas em mastiff quatro meses após o tratamento

Figura 10 - Sarcoma sinovial em cão 25 dias após o tratamento Ron Lowe

Figura 14 - Carcinoma de células escamosas em plano nasal de gato duas semanas após o tratamento Ron Lowe

Figura 7 - Carcinoma de células escamosas em mastiff seis meses após o tratamento

mostram a evolução de um caso de sarcoma sinovial em membro torácico em cão. As figuras 13, 14 e 15 mostram a evolução de um carcinoma de células escamosas em plano nasal de gato tratado com eletroquimioetrapia. Em todos esses casos, pôde-se observar total remissão do tumor. Pode-se observar, na figura 2, que a via de administração dos fármacos pode ser tanto intratumoral quanto intravenosa, porém, para maior eficiência

Figura 11 - Sarcoma sinovial em cão seis semanas após o tratamento

com a cisplatina, deve-se utilizar a via intratumoral. CONSIDERAÇÕES FINAIS Atualmente, a medicina veterinária no Brasil apresenta poucas opções viáveis para o tratamento de câncer em animais. As terapias disponíveis restringem-se quase que exclusivamente à cirurgia e à quimioterapia.

Figura 15 - Carcinoma de células escamosas em plano nasal de gato sete meses após o tratamento

Outras opções, como a criocirurgia e terapia fotodinâmica também estão disponíveis, mas suas aplicações são restritas a apenas alguns cânceres, ficando diversos casos sem opção de tratamento

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que apresente resultados satisfatórios. A radioterapia, que já é utilizada em outros países, tem alto custo de infraestrutura e manutenção, além de não estar regulamentada para aplicação em medicina veterinária; assim, sua utilização está restrita a poucos centros de pesquisa nacionais. A eletroquimioterapia, como apresentado neste trabalho, pode vir a ser uma opção viável na medicina veterinária do país. Os resultados promissores alcançados na Europa, tanto na medicina humana quanto na medicina veterinária, qualificam-na como uma nova modalidade a ser implantada nos próximos anos. AGRADECIMENTOS Marcelo Monte Mor Rangel é bolsista da FAPESP em nível de mestrado (processo n. 07-51972-1). O projeto, ainda em nível experimental, foi contemplado com auxílio à pesquisa da FAPESP (processo n. 07-59391-8). REFERÊNCIAS 01-SERSA, G. ; CEMAZAR, M. ; MIKLAVCIC, D. ; RUDOLF, Z. Electrochemotherapy of tumors. Radiology and Oncology, v. 40, n. 3, p. 163174, 2006. 02-SERSA, G. ; STABUC, B. ; CEMAZAR, M. ; MIKLAVCIC, D. ; RUDOLF, Z. Electrochemotherapy with cisplatin: clinical experience in malignant melanoma patients. Clinical Cancer Research, Philadelphia, v. 6, p. 863-867, 2000. 03-GEHL, J. Electroporation: theory and methods, perspectives for drug delivery, gene therapy and research. Acta Phisiologica Scandinavica, v. 177, n. 4, p. 437-447, 2003. 04-MIKLAVCIC, D. ; PUC, M. Electroporation. Wiley Encyclopedia of Biomedical Engineerig, John Wiley & Sons, p. 1-11, 2006. 05-SPUGNINI, F. P. ; PORRELLO, A. Potentiation of chemotherapy in companion animals with spontaneous large neoplasms by application of biphasic electric pulses. Journal of Experimental & Clinical Cancer Research, Rome, v. 22, n. 4, p. 571-580, 2003. 06-GOTHELF, A. ; MIR, M. L. ; GEHL, J. Electrochemotherapy: results of cancer treatment using enhanced delivery of bleomycin by electroporation. Cancer Treatment Reviews, v. 29, n. 5, p. 371-387, 2003. 07-JAROSZESKI, M. J.; GILBERT, R. ; PERROT,

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Clínica Veterinária, Ano XIII, n. 75, julho/agosto, 2008



Sofia Borin

Desmistificando a via intra-óssea

MV, residente FCAP/UNESP-Jaboticabal

sofiaborin_vet@yahoo.com.br

Leandro Zuccolotto Crivelenti MV, residente UNIFRAN

Demystifying the intraosseous route

crivelenti_lz@hotmail.com

Daniel Peixoto Pereira

Desmistificando la vía intraósea

Médico veterinário autônomo Pronto Socorro Veterinário daniel_vetbr@yahoo.com.br

Silvia Molnar Leite Fernandes

Resumo: Importante acesso na terapia intensiva, a via intra-óssea (IO) pode ser utilizada em situações nas quais o acesso intravascular não é possível, especialmente em pacientes pediátricos e de pequeno porte. É indicada no colapso vascular associado ao choque, em distúrbios de coagulação, queimaduras, edemas, flebites, variações anatômicas e para a administração de fluidos após longos períodos de hospitalização. Infelizmente, a via IO ainda encontra no Brasil relativa resistência por parte dos clínicos de pequenos animais, em função do desconhecimento de sua praticidade e eficiência e por ser erroneamente considerada perigosa e complicada. Espera-se, com este artigo, desmistificar o uso dessa via e esclarecer as principais dúvidas em relação às suas indicações e contra-indicações, descrevendo o procedimento e evidenciando as suas vantagens na clínica de pequenos animais, animais selvagens e exóticos. Unitermos: emergência, intramedular, infusão

Médica veterinária autônoma Pronto Socorro Veterinário silviamolnar@yahoo.com.br

Abstract: The intraosseous route (IO) offers an important means of access in intensive care and can be used in several situations in which intravascular access is not possible, especially in pediatric and small-size patients. It is indicated in the vascular collapse related to shock, coagulation disorders, burnings, swelling, phlebitis, when there are anatomical variations and for fluid administration after long periods of hospitalization. Unfortunately, the IO route still faces a certain resistance by small animal clinicians in Brazil, mainly due to unawareness of its convenience and efficiency, and because it is mistakenly considered dangerous and complicated. This article intends to demystify the usage of this route, addressing the main questions as regards the indications and contraindications, as well as describing the usage and stressing its advantages in the clinics of small, wild and exotic animals.. Keywords: emergency, intramedullary, infusion Resumen: Un importante acceso en la terapia intensiva, la vía intraósea, se convierte en una alternativa que puede ser utilizada en diversas situaciones en las que no es posible el acceso intravascular, especialmente en pacientes pediátricos o de pequeño tamaño. Es indicada en el colapso vascular asociado al choque, en alteraciones de la coagulación, quemaduras, edemas, flebitis, cuando las características anatómicas impiden el acceso a las venas o cuando se requiere administrar fluidos por largos periodos. Infelizmente, la via intraósea todavía encuentra en Brasil una relativa resistencia a su uso por parte de los clínicos de pequeños animales, debido muy posiblemente al desconocimiento de su practicidad y eficiencia, y por ser erróneamente considerada peligrosa y complicada. Se espera con este articulo desmistificar el uso de esta vía, aclarando las principales dudas en relación a sus indicaciones y contraindicaciones, describiendo el procedimiento y mostrando sus ventajas en la clínica de pequeños animales, animales salvajes y exóticos. Palabras clave: emergencia, intramedular, infusión

trocantérica ou no platô tibial respectivamente 7, na dosagem rotineiramente utilizada na via intravenosa (IV) 2,8. Essa via, descrita com sucesso em pequenos mamíferos exóticos 9,10, coelhos 4, aves 11, répteis 12 e humanos 13, ainda é pouco utilizada no Brasil devido à resistência de alguns clínicos de pequenos animais, que a consideram perigosa e complicada 5 por desconhecerem sua praticidade e eficiência 2. Porém, assim como as demais vias, a IO também apresenta complicações e

Clínica Veterinária, n. 75, p. 38-40, 2008

Figura 1 - Felino com cateter intra-ósseo inserido no tubérculo maior do osso úmero

Daniel Pereira Peixoto

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de soluções cristalóides, sangue e hemoderivados, assim como a administração de nutrientes 6 e medicamentos, podem ser realizadas no canal medular do úmero (Figura 1), do fêmur (Figura 2) ou da tíbia (Figura 3), com inserções do cateter no tubérculo maior, na fossa Sofia Borin

Introdução A infusão intra-óssea (IO) é uma via alternativa quando se exige acesso rápido e direto ao sistema circulatório 1, e consiste na administração de soluções diretamente na cavidade medular de determinados ossos longos 2. Especialmente importante em pacientes pediátricos, cuja vasculatura é delicada 3, indica-se o uso da via IO também em casos de traumas cutâneos, queimaduras, edema, trombose vascular, variações anatômicas 4, flebite, distúrbios da coagulação, administração de fluidos após longos períodos de hospitalização e em situações de colapso vascular associado ao choque, pois, em virtude da rigidez da parede óssea, os vasos intramedulares não entram em colapso 5. A reposição do volume intravascular

Figura 2 - Canino com cateter intra-ósseo inserido na fossa trocantérica do osso fêmur

Clínica Veterinária, Ano XIII, n. 75, julho/agosto, 2008


Leandro Zuccolotto Crivelenti

Sofia Borin

Sofia Borin

Figura 3 - Posicionamento da agulha hipodérmica para inserção intra-óssea na crista tibial

Figura 6 - Cateter intra-ósseo femoral devidamente fixado em membro pélvico direito de um sagüi do tufo-preto (Callithrix penicillata)

limitações. Seu uso é contra-indicado nos casos de osteogênese imperfeita, osteoporose, osteomielite, fratura em extremidades ósseas, infecção na pele no local de inserção do cateter 4, bem como quando da administração de drogas mielo-supressoras 2 como vincristina, vimblastina, ciclofosfamida e doxorrubicina 14. O presente artigo tem como finalidade desmistificar o emprego da via IO, ressaltar detalhes técnicos indispensáveis para o êxito do procedimento, e relatar casos em que tal via foi empregada com sucesso na clínica de pequenos animais, animais selvagens e exóticos por estes autores.

adjacente à inserção (Figura 6). Quanto aos equipamentos necessários, devem ser empregadas agulhas tipo trocater, providas de mandril interno removível. Sua dimensão deve estar entre 33 e 67% do diâmetro da cavidade medular, assim como em relação ao comprimento do osso. Pode-se também empregar agulhas hipodérmicas (Figura 7) 6, lembrando que estas podem ser obstruídas por fragmentos ósseos no momento

Discussão O procedimento inicia-se com a tricotomia e a anti-sepsia locais, preparando-se a região da forma utilizada para procedimentos cirúrgicos. Lidocaína a 0,2% (lidocaína 1% diluída a 1:10) deve ser infiltrada no subcutâneo e próxima ao periósteo, para reduzir a sensibilidade dolorosa local 4,15. O cateter deve permanecer firmemente reto e, enquanto se perfura o córtex ósseo, os giros devem ser realizados em um só sentido para evitar que o diâmetro do orifício aumente e propicie extravasamentos 15. O operador sentirá uma súbita falta de resistência no momento em que a agulha adentrar o canal medular. A confirmação do correto acesso pode ser realizada pela aspiração de medula óssea e pela infusão sem resistência de fluido no espaço medular (Figuras 3 e 4) 4,6,15. No caso de não se aspirar nenhum material ou se verificar sangue, sugere-se que o membro seja radiografado para confirmar a localização do cateter (Figura 5) 15, e posteriormente proceder à bandagem da região

Figura 5 - Radiografia de membro pélvico esquerdo de macaco bugio (Alouatta seniculus), demonstrando posicionamento correto do cateter intra-ósseo femoral

Figura 4 - Esquema da inserção do cateter intra-ósseo na crista tibial

Leandro Zuccolotto Crivelenti

da introdução. Caso isso ocorra, deve-se substituir a agulha por outra, utilizando o mesmo orifício ósseo, ou ainda deslocar o fragmento ósseo para o interior da cavidade medular com o auxilio de outra agulha hipodérmica, mais longa e fina 15. A prévia administração, vagarosamente e em pequena quantidade, de lidocaína a 0,2% sem vasoconstritor no canal medular, é citada como opção para minimizar a efêmera dor gerada pela infusão de alguns medicamentos 4. Tanto a via IV quando a via IO estão sujeitas ao extravasamento de fluidos e drogas, que pode promover necrose secundária à síndrome de compartimentalização ou à causticidade de certos medicamentos. Dessa forma, sugere-se inspeção constante do membro cateterizado 15. Apesar do baixo índice de osteomielite decorrente de infusão intra-óssea (aproximadamente 0,6%) 15, o local de cateterismo deve ser alterado a cada 72 horas, removendo-se o cateter por tração simples e mantendo-se assepsia local por 48 horas 15. Em revisão de Leandro Zuccolotto Crivelenti

Figura 7 - Agulha hipodérmica sendo medida para posterior utilização na cateterização intraóssea femoral em um sagüi do tufo-preto (Callithrix penicillata)

Clínica Veterinária, Ano XIII, n. 75, julho/agosto, 2008

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Sofia Borin Silvia Molnar Leite Fernandes

Figura 8 - Ouriço-caixeiro (Coendou prehensilis) com cateter intra-ósseo femoral

Leandro Zuccolotto Crivelenti

4.270 casos humanos, a osteomielite ocorreu após uso da via por períodos prolongados, situações de bacteremia e utilização de solução hipertônica 16. A desvantagem mais significativa do emprego da via IO é a velocidade de infusão em pacientes críticos, que requerem alta velocidade e grande volume de fluido. Sugere-se que esse problema seja compensado pelo emprego de uma agulha mais calibrosa ou de mais de um sítio de cateterismo 15. O acesso IO é muito utilizado na rotina médica de pequenos mamíferos como mustelídeos, roedores (Figura 8), primatas (Figura 9) e lagomorfos, e algumas vezes requer sedação devido aos problemas ocasionados pela contenção física. O cateter deve ser, preferencialmente, inserido no fêmur nos ferrets, e na tíbia ou úmero nos demais animais 9. As aves têm alguns ossos pneumáticos indisponíveis para a utilização da via IO, dentre eles o fêmur e o úmero 6. Assim, a ulna e a tíbia são os sítios de eleição para a cateterização – realizada da mesma maneira que a descrita em mamíferos (Figura 10) – nesta espécie 11. Dentre os répteis criados em cativeiro, relata-se a via IO em lagartos, pequenos crocodilianos e quelônios. Podese optar pela inserção da agulha na

Figura 10 - Tucano-toco (Ramphastos toco) recebendo fuidoterapia pela via intra-óssea na tíbia

porção proximal da tíbia, mas nos grandes quelônios terrestres talvez seja necessário cateterizar a cavidade medular do espaço plastrocarapacial 12. As mesmas complicações referidas em pequenos animais podem ocorrer nos animais selvagens e exóticos e, para minimizá-las, faz-se necessário adotar todos os cuidados anteriormente descritos 2,11,12. Considerações finais Na rotina médico veterinária, muitos pacientes podem requerer o acesso IO, razão pela qual o médico veterinário deve estar apto a proceder à sua realização de forma correta e segura, o que implica capacitação para reconhecer a emergência e domínio da técnica. Espera-se, portanto, que com esta revisão a via IO deixe de ser a última opção, passando a ser empregada, sempre que necessário, com a rapidez que os procedimentos emergenciais exigem. Referências

Figura 9 - Sagüi do tufo-preto (Callithrix penicillata) recebendo fluidoterapia intra-óssea femoral

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Clínica Veterinária, Ano XIII, n. 75, julho/agosto, 2008



Adelina Helena Tortora

Imunodeficiência viral felina associada à alta infecção por Toxocara cati: relato de caso

Médica veterinária autônoma Ahtortora@yahoo.com.br

Sílvio Luis Pereira de Souza MV, MSc, prof. dr. Universidade Anhembi Morumbi slpsouza@anhembi.br

Feline immunodeficiency virus (FIV) related to a high infection of Toxocara cati: case report

César Augusto Dinóla Pereira MV, prof. dr. Universidade Anhembi Morumbi dinolaca@anhembi.br

Inmunodeficiencia viral felina asociada a alta infección por Toxocara cati: relato de caso Resumo: A imunossupressão está associada à incapacidade do organismo de reconhecer algo como estranho e, conseqüentemente, neutralizá-lo ou eliminá-lo. O presente trabalho visou estabelecer a associação entre a alta infecção por Toxocara cati e o vírus da imunodeficiência felina (FIV) por meio do relato de caso clínico de um gato doméstico. Nesta abordagem, dados do histórico, anamnese, exame clínico e diagnóstico laboratorial e terapêutico foram confrontados com informações existentes na literatura especializada. Considerando que o FIV induz imunossupressão, que o animal era domiciliado e, ainda, que o manejo sanitário do ambiente era desfavorável ao desenvolvimento do estádio infectante, sugere-se que o felino em questão desenvolveu uma reativação da infecção por T. cati associada à imunossupressão. Unitermos: gato, FIV, imunossupressão, retroviroses, parasita Abstract: Immunosuppression is associated to the inability of the organism to recognize non-self materials, and to subsequently neutralize or abolish these. This article aims to establish the correlation between FIV and high Toxocara cati infection by reporting the clinical case of a cat. Anamnesis and data obtained during clinical examination, as well as laboratorial and therapeutical results are confronted with literature reports. Since this was not a stray animal and the environmental sanitary management was unfavorable to the development of the infecting Toxocara stage, we suggest that this cat developed a reactivation of the Toxocara cati infection due to the immunosuppression caused by FIV. Keywords: cat, FIV, immunosuppression, retroviruses, parasite Resumen: La inmunosupresión está asociada a la incapacidad del organismo en reconocer algo extraño y consecuentemente neutralizarlo o eliminarlo. El presente trabajo tuvo como objetivo establecer la asociación entre la alta infección por Toxocara cati y la inmunodeficiencia viral felina (FIV) a través del relato del caso clínico de un felino domesticado. Fueron considerados en este abordaje datos históricos, anamnesis, examen clínico, diagnóstico laboratorial y terapéutico, confrontados con una revisión bibliográfica. Considerando que el FIV lleva a la inmunosupresión, que el animal era domiciliado y aún que el manejo sanitario del ambiente se presentó desfavorable al desarrollo de la etapa infecciosa, sugerimos que el animal en cuestión desarrolló una reactivación de la infección por T. cati asociada a la inmunosupresión. Palabras clave: gato, FIV, inmunosupresión, retrovirosis, parasita

Clínica Veterinária, n. 75, p. 42-50, 2008

VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA FELINA: ASPECTOS GERAIS O vírus da imunodeficiência felina (FIV) é um Lentivirus e pertence à família Retroviridae, da qual também fazem parte os vírus da imunodeficiência humana (HIV) e dos símios (SIV) 1. Suas características morfológicas e genéticas são semelhantes às do HIV, contudo diferem nas propriedades antigênicas e na especificidade por hospedeiro, replicando-se exclusivamente em células felinas 2. As espécies susceptíveis incluem o gato doméstico (Felis catus) e os felídeos silvestres, não existindo predileção por raça, embora animais do sexo masculino e errantes sejam mais acometidos em função de suas características 42

comportamentais 3. Uma vez infectados, os animais permanecem nessa condição por toda vida 4,5. O FIV é endêmico por todo o mundo, com estimativas de soroprevalência variando de 1% a 52% 6,7,8,9,10. Semelhantemente a outros retrovírus, o FIV apresenta grande variabilidade antigênica caracterizada pela presença de cinco sorotipos, denominados A, B, C, D e E, cuja freqüência varia geograficamente. O sorotipo A é freqüentemente detectado na costa oeste dos Estados Unidos (Califórnia), na Austrália e em países da Europa; por sua vez, o sorotipo B foi isolado no Japão e nas regiões central e leste dos Estados Unidos; já o sorotipo C foi detectado no Canadá, na Europa e

em Formosa; o sorotipo D foi identificado no Japão e, por fim, o sorotipo E foi caracterizado na Argentina e no Japão 1,11,12. No Brasil, análises antigênicas e moleculares realizadas nos Estados de Minas Gerais e São Paulo revelaram a presença apenas do sorotipo B 13. O vírus está presente na saliva, no sangue, no soro, no plasma e no líquido cérebro-espinhal, sendo encontrado em quantidades menores no sêmen e no leite, o que sugere diferentes formas de transmissão 5,14. Contudo, a saliva é a forma predominante de transmissão do vírus. A transmissão transplacentária e transmamária não é comum e provavelmente ocorre durante a fase aguda, em virtude da alta viremia existente logo após a infecção 14,15. De maneira semelhante ao HIV, a infecção pelo FIV compromete o sistema imune do hospedeiro. As principais células-alvo para a replicação viral são os linfócitos T CD4+ (linfócitos T helper, ou auxiliadores), mas também os linfócitos T CD8+ (linfócitos T citotóxicos), os linfócitos B e os macrófagos – que atuam como reservatórios do vírus – propiciam essa ação 13,16,17. No cérebro, verifica-se a infecção de astrócitos, micróglias e oligodendrócitos. As células precursoras do tecido hematopoiético, bem como as células foliculares, as células dendríticas e os monócitos são infectados na via linfática. No sistema gastrintestinal, as células da mucosa e do tecido linfóide digestivo são susceptíveis ao vírus e por fim, na pele, a maior susceptibilidade é verificada nas células de Langerhans e nos fibroblastos 5,18.

Clínica Veterinária, Ano XIII, n. 75, julho/agosto, 2008


Há ainda uma incidência, maior que a esperada, de linfomas do tipo linfócitos B e de distúrbios mieloproliferativos (neoplasia e displasias) 5,19. Há relatos de sinais neurológicos caracterizados por alteração dos padrões normais de sono e de comportamento, entre estes a marcação territorial, a agressão, além de convulsão, demência e distúrbios psicomotores 17,20. Oftalmopatias como uveíte anterior, glaucoma e conjuntivite também são relatadas 21,22. O desenvolvimento da infecção é marcado por cinco fases clínicas: - Aguda (fase 1): inicia-se de quatro a seis semanas após a infecção. É caracterizada por neutropenia, linfoadenopatia, anemia, febre, doenças respiratórias, conjuntivite, estomatite, doenças mieloproliferativas e diarréia 14. A duração é de semanas a meses, a mortalidade é baixa e muitos gatos passam por essa fase sem sinais clínicos ou com sinais brandos da doença 14,23. - Portador assintomático (fase 2): é a fase latente e assintomática, que pode perdurar por anos. A mortalidade é baixa 14.

- Persistente linfoadenopatia generalizada (fase 3): observam-se sinais de perda de peso progressiva, infecções secundárias, febres recorrentes, anemia ou leucopenia, anorexia e estomatite crônica 14,24 A mortalidade também é baixa, e a duração pode ser de seis meses a vários anos 14. - Complexo relacionado à síndrome da imunodeficiência adquirida (fase 4): ainda apresenta sinais clínicos de perda de peso, infecção respiratória, diarréia crônica, neoplasias e alterações de comportamento 14,24. A duração é em média de seis meses a dois anos, e a mortalidade é alta 5,14. - Síndrome da imunodeficiência adquirida (fase 5): é caracterizada pela evolução da doença de forma progressiva e fatal. Aproximadamente 10% dos animais infectados atingem esse estado e raramente sobrevivem mais do que poucas semanas a meses 14,18. Os sinais clínicos são reflexo de infecções oportunistas, neoplasias, doenças neurológicas, alterações hematológicas, azotemia irresponsiva aos tratamentos, síndrome

do enfraquecimento progressivo etc. 24 Ao longo das diferentes fases clínicas observa-se que, em decorrência da imunossupressão, os gatos desenvolvem infecções secundárias principalmente nos tratos respiratório, gastrintestinal e urinário, na cavidade oral e na pele 24,25,26. Existem muitos microrganismos oportunistas que aproveitam a queda de resistência imunológica do hospedeiro ocasionada pelo FIV para se desenvolver, como é o caso de calicivírus, herpesvírus felino, Microsporum canis, Mycoplasma, Yersinia, Mycoplasma haemofelis (Haemobartonella felis), Staphylococcus, Salmonella spp. e Pseudomonas, entre outros. Também devem ser mencionados os ecto e endoparasitos, como Demodex cati, Notoedres cati, Giardia duodenalis, Toxoplasma gondii, Cystoisospora felis e C. rivolta, embora não haja, na literatura, relatos de reativação da infecção causada por nematóides 27,28,29. Diagnóstico O diagnóstico pode ser realizado pela


detecção de anticorpos circulantes utilizando as técnicas de imunofluorescência indireta, “western blotting” e, mais freqüentemente, ensaio imunoenzimático (ELISA) Alternativamente, testes moleculares, como a reação em cadeia da polimerase (PCR), são utilizados para a detecção do DNA proviral 13,14,18. Profilaxia No ano de 2002, a vacina Fel-O-Vax FIV (Laboratório Fort Dodge Animal Health) foi aprovada pelo Departamento de Agricultura (USDA) dos Estados Unidos 13.

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Sinais clínicos Os parasitos adultos promovem um efeito deletério no intestino, e os animais apresentam perda de peso, pelame opaco e diarréia. No caso de infecções maciças, é comum a presença de espécimes do parasito nas fezes e no vômito 32.

desinfetados, com remoção mecânica das fezes. Tal procedimento visa impedir que ocorra tempo hábil para o desenvolvimento das larvas infectantes no interior dos ovos. A presença de pisos lisos facilita a limpeza e a desinfecção, sendo que os ovos são sensíveis à ação do formol, da água fervente e do vapor 32. RELATO DE CASO Relata-se o caso de um animal da espécie felina, macho, SRD, domiciliado, nascido aproximadamente em novembro de 1992. O animal chegou ao proprietário com idade aproximada de cinco meses e apresentava sinais de apatia, tosse e secreção ocular e nasal mucopurulenta. Levado ao médico veterinário, foi diagnosticado um processo infeccioso de causa indefinida. Após o tratamento, o animal tornou-se domiciliado e passou a conviver com os outros três gatos da residência. O local era de piso frio e liso, cercado por muros altos, e o contato com animais errantes e o acesso à rua eram impossíveis. A higienização das caixas de plástico e a limpeza do ambiente eram realizadas diariamente. No período de 1993 a 1998, o felino apresentou seguidos episódios clínicos caracterizados por febre, apatia, hiporexia, êmese, diarréia e tosse, que regrediram após tratamento sintomático, segundo protocolo medicamentoso padrão. O animal apresentou-se assintomático apenas no ano de 1995 (Figura 1), mesmo após ter sido submetido a uma cirurgia de conveniência (orquiectomia bilateral).

Tratamento As drogas efetivas para o tratamento são: piperazina, albendazol, fenbendazol, mebendazol, febantel, levamisol, pamoato de pirantel e oxantel. Nas doses recomendadas, a maioria dos antihelmínticos não tem efeito sobre as larvas encistadas nos tecidos 30,32,33. Profilaxia As medidas profiláticas envolvem condutas adequadas de tratamento antihelmíntico dos animais e manejo sanitário do ambiente. Os ambientes internos e externos onde vivem os gatos devem ser diariamente higienizados e

Clínica Veterinária, Ano XIII, n. 75, julho/agosto, 2008

Adelina Helena Tortora

Toxocara cati: ASPECTOS GERAIS O T. cati é um nematóide cilíndrico da família Ascarididae, que parasita o intestino delgado dos felinos. O comprimento dos machos varia de três a sete centímetros e o das fêmeas de quatro a doze centímetros 30. As fêmeas desse parasita são extremamente prolíferas e produzem milhares de ovos que são eliminados diariamente nas fezes dos gatos, favorecendo uma elevada contaminação ambiental. 31 Para esses ovos se tornarem infectantes é necessário um período de quatro a cinco semanas em condições ambientais apropriadas, que incluem solo úmido, presença de oxigênio, temperatura entre 15 ºC e 35 ºC e proteção contra a luz solar. Nesse período ocorrem a formação e o desenvolvimento da larva infectante (L3) no interior do ovo. A infecção do gato ocorre por meio da ingestão de ovo contendo larva infectante 32. Os ovos eclodem na luz do estômago e liberam as larvas que invadem a parede gástrica e, por meio da corrente circulatória, seguem para o fígado, o coração e os pulmões. As larvas rompem os capilares dos alvéolos e migram para os bronquíolos, brônquios e traquéia, podendo ser expelidas ou deglutidas. Somente as larvas que atingem o intestino delgado evoluem e dão origem aos parasitos adultos (macho e fêmea). Após a cópula, as fêmeas realizam a postura dos ovos embrionados, que são eliminados junto com as fezes. O período necessário para o desenvolvimento dos parasitos adultos a partir da ingestão de ovos infectantes é de aproximadamente dois meses 30,32. Além dessa migração parasitária que propicia o desenvolvimento dos parasitos

adultos no intestino delgado, as larvas do T. cati realizam outra rota migratória no organismo do hospedeiro. Nesse processo, denominado migração somática, as larvas permanecem na circulação sangüínea e atingem os mais variados tecidos, como fígado, rins, musculatura e glândula mamária 32. Essas larvas, que não se desenvolvem, permanecem encistadas e latentes por toda a vida do animal. Fatores hormonais relacionados à gestação, e possivelmente fatores imunológicos, promovem a reativação dessas larvas, que retornam para a circulação e são excretadas no colostro e no leite, o que leva à transmissão transmamária para os filhotes 30,32. Camundongos, ratos e aves podem ingerir acidentalmente os ovos infectantes desse nematóide mas, diferentemente do que ocorre nos felinos – hospedeiros específicos do T. cati, pois fornecem as condições ideais para o estabelecimento dos parasitos adultos –, no organismo desses animais, denominados hospedeiros paratênicos, a única migração possível é a somática, o que leva as larvas ao encistamento e latência. A ingestão das larvas de T. cati presentes nos tecidos desses hospedeiros paratênicos constitui uma fonte alternativa de infecção, particularmente para os gatos que têm o hábito da caça 30,32.

Figura 1 - Fase assintomática da imunodeficiência viral felina



Adelina Helena Tortora

As diarréias tornaram-se crônicas e de difícil controle e, no ano de 2001, o animal apresentou infecção maciça por T. cati, caracterizada pela eliminação de parasitos nas fezes. O diagnóstico laboratorial foi realizado por meio da identificação morfométrica desses parasitos, que mediam cerca de dez centímetros e apresentavam coloração esbranquiçada e uma pronunciada asa cervical, típica dos ascarídeos pertencentes à espécie T. cati. Além disso, foi realizado o exame coproparasitológico pela técnica de “Willis”, verificando-se apenas a presença de ovos escuros e globulares contendo um núcleo citoplasmático com casca grossa e áspera, típicos do gênero Toxocara sp. O animal apresentou melhora clínica após o tratamento anti-helmíntico à base de pamoato de pirantel e praziquantel a de acordo com a posologia indicada pelo fabricante, com repetição depois de 21 dias 14. Os demais gatos contactantes da residência também receberam esse tratamento.

a) (Drontal Bay-o-Pet Gatos - Bayer® São Paulo SP

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Adelina Helena Tortora

Figura 2 - Fase 3 da imunodeficiência viral felina: pelame opaco e rarefeito e perda de peso

Adelina Helena Tortora

Em função do histórico de infecções recorrentes, em 1999 foi realizado exame sorológico para detecção dos vírus da imunodeficiência felina (FIV) e da leucemia felina (FeLV). O resultado foi positivo para o FIV, e o animal (Figura 2) passou a receber tratamento de suporte baseado na utilização de interferon e complexos vitamínicos, além de antibióticos, antiinflamatórios, antifúngicos e antiparasitários, na dependência do quadro clínico.

Figura 3 - Fase terminal da imunodeficiência viral felina.

Contudo, dois meses após o tratamento, o felino (Figura 3) foi acometido por um novo e mais maciço episódio de infecção por T. cati pois, além das fezes, o parasito também foi evidenciado no vômito do animal. Em outubro de 2001 o animal passou a apresentar sinais clínicos compatíveis com a síndrome paraneoplásica, tais como emagrecimento progressivo, poliúria, polidipsia, polifagia, telangectasia, comedões, alopecia simétrica bilateral e não pruriginosa e astenia muscular e cutânea (Figura 4). A evolução cronológica do quadro clínico, evidenciando os diferentes achados, pode ser observada na Figura 5. Em outubro de 2001 o animal pesava 6,3kg, e em dezembro do mesmo ano, na fase 5 da imunodeficiência viral felina, o seu peso era de 2,5kg. Em janeiro de 2002 o animal foi a óbito. DISCUSSÃO Nematóides do gênero Toxocara são organismos adaptados à existência parasitária obrigatória que necessitam de uma superação ou escape da resposta imune dos hospedeiros 31,34. No caso aqui relatado, chama a atenção o fato de um felino adulto, domiciliado e desverminado, apresentar sucessivos quadros de alta infecção por T. cati, com a eliminação do parasito nas fezes e no vômito, à semelhança do que é observado em filhotes com alta carga infectante. Essa situação suscita dúvidas sobre a possível associação entre a imunodeficiência viral felina e a infecção por T. cati no animal objeto deste relato. Os animais foram tratados com pomoato de pirantel, um dos anti-helmínticos mais empregados para tratamento de verminoses em cães e gatos. Essa droga exerce seus efeitos nos parasitos adultos e imaturos (larvas) de nematóides gastrintestinais 33, e vários

Figura 4 - Fase terminal da imunodeficiência viral felina: alopecia e astenia cutânea

autores ressaltam a sua grande eficácia (99,9%) quando empregada no tratamento de infecções causadas por ascarídeos 35. Assim, a utilização do pomoato de pirantel em duas doses administradas no intervalo de 21 dias seria eficaz para o controle da carga parasitária dos animais. A via transmamária e a ingestão de ovos contendo a larva infectante no seu interior são as maiores fontes de infecção para, respectivamente, filhotes e gatos jovens e adultos. A ingestão de hospedeiros paratênicos é uma fonte alternativa de infecção para felinos que possuem hábitos predatórios, portanto, para animais que vivem em ambientes fechados (apartamentos e interior de residências) e não exercem atividade de caça, a importância dessa via de infecção é quase nula 32. A hipótese de reinfecção do animal a partir da ingestão de ovos larvados, apesar de possível, foi considerada remota pois os gatos defecavam apenas nas caixas de areia, que eram limpas e descartadas diariamente. Assim, não haveria tempo hábil para o desenvolvimento das larvas de T. cati para o estádio infectante no interior dos ovos, processo que demanda quatro semanas 32. Além disso, os animais eram banhados a cada quinze dias, o que impedia que algum ovo remanescente na pelagem se tornasse infectante. Deve-se destacar, ainda, que todo o piso da residência era frio e a limpeza e a desinfecção eram realizadas diariamente – o que tornava o ambiente extremamente desfavorável para o desenvolvimento de larvas infectantes –, e que os felinos da casa não tinham

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Figura 5 - Cronologia das afecções relacionadas ao estudo do caso clínico. Barra amarela: fases clínicas de evolução da imunodeficiência viral felina; barras verticais transparentes: episódios de eliminação de Toxocara cati; barra vermelha: início dos sinais compatíveis com síndrome paraneoplásica

nenhum acesso à rua ou contato com animais errantes. Portanto, a possibilidade de contaminação ambiental com grande número de ovos contendo larvas infectantes – fator estritamente necessário para a ocorrência de infecção maciça com elevado número de parasitos – é remota. E, se uma elevada contaminação ambiental tivesse ocorrido, os outros gatos contactantes também seriam acometidos, provavelmente com grande

número de parasitos, mas estes não apresentaram nenhuma manifestação clínica. Outro aspecto a ser considerado é o período necessário para o desenvolvimento dos parasitos adultos no intestino delgado após a ingestão dos ovos larvados, que é de dois meses – justamente o intervalo após o tratamento em que o gato apresentou a infecção severa, com grande quantidade de parasitos adultos.

Ou seja, tal situação só ocorreria se o animal tivesse ingerido grande quantidade de ovos infectantes quase que no mesmo dia do tratamento, hipótese bastante improvável no ambiente do domicílio, cujas condições eram desfavoráveis para tal situação. Descartada a possibilidade de reinfecção ambiental, aventou-se a participação de algum fator endógeno determinante para a elevada carga parasitária observada no animal. Sabe-se que as larvas de T. cati migram para os tecidos do hospedeiro – nos quais permanecem em latência –, e que sua reativação e conseqüente retorno à circulação sangüínea são promovidos por fatores hormonais e possivelmente imunológicos do próprio hospedeiro. Tais evidências suscitaram a hipótese de que o felino objeto do presente relato pudesse ter sofrido uma reativação da infecção do parasita em função da imunossupressão promovida pelo FIV. Como anteriormente mencionado, as principais células-alvo para a replicação do FIV são os linfócitos T CD4+, embora


o vírus também se replique em linfócitos T CD8+, linfócitos B e macrófagos 16,17. Nesse contexto, a imunossupressão decorrente da infecção pelo FIV poderia afetar a resposta do hospedeiro ao parasitismo por T. cati, uma vez que a imunidade à infecção por helmintos é dependente das subpopulações de células T CD4+, isto é, dos linfócitos T helper (Th) tipos 1 e 2 36. Os linfócitos Th 2 induzem uma resposta imune do tipo humoral, associada à produção de interleucinas (IL) como IL4, IL13, e particularmente IL10, fundamentais para a expulsão intestinal dos nematóides. Esse padrão de citocinas se traduz em aumento do título sérico de imunoglobulinas do tipo E (IgE), na mobilização de mastócitos e eosinófilos para a mucosa intestinal e na conseqüente expulsão dos parasitas 34. Durante os estádios iniciais da enfermidade, felinos soropositivos apresentam forte estimulação das células T helper e aumento da produção de interferon gama (INF-a) e de IL-10 porém, com a evolução da infecção, essa atividade diminui gradativamente, até a falência da resposta imune 37,38. Por outro lado, os linfócitos Th1 estão associados à resposta imune do tipo celular que combate os helmintos via reação de hipersensibilidade retardada, tornando o ambiente impróprio para o desenvolvimento desses parasitas ou destruindo as larvas pela ação dos linfócitos T citotóxicos. Em biópsias oriundas de cistos mortos de Taenia ovis, verificou-se presença de IFN-a, IL12 e, particularmente, IL 2 – que induz a estimulação da subpopulação de Th1 e, por conseqüência, estimula a ativação da resposta imune celular 36. Contudo, ao longo do processo infeccioso do FIV, com o declínio das células CD4+ e a inversão da proporção entre CD4+/CD8+, observou-se menor produção de IL-2, acompanhada por aumento significante na produção de IL-1, IL-6 e fator de necrose tumoral (TNF), o que também contribui para a disfunção imunológica 39. Esse achado justificaria a hipótese de participação da imunossupressão decorrente do FIV na reativação da infecção a partir de formas tissulares latentes do T. cati. Estudos demonstraram que gatos soropositivos para o FIV usualmente apresentam infecções secundárias 48

crônicas – na cavidade oral, no trato respiratório superior e em outras regiões do corpo – causadas por uma diversidade de agentes etiológicos. Entre esses agentes, destacam-se os vírus, como o FeLV 28,40,41, o calicivírus felino 24,42, o vírus da peritonite infecciosa felina 43 e o papilomavírus felino 44; as bactérias, aí se incluindo o Staphylococcus sp 45, a Pseudomonas sp 43, o Streptococcus canis 45, as micobactérias 43, o Mycoplasma haemofelis (Haemobartonella felis) e outras, aeróbias e anaeróbias 28,41,46; os fungos, como a Candida albicans 43,46, o Cryptococcus neoformans 43 e o Microsporum canis 43; os protozoários, incluindo o Toxoplasma gondü 47,48 e o Cryptosporidium sp 49; e os ácaros, como o Demodex cati 45,50 e o Notoedres cati. 43,45. Contudo, não existem relatos sobre a associação entre o FIV e a alta infecção/ reativação da infecção pelo T. cati, o que indica a necessidade de estudos mais aprofundados para esclarecer as hipóteses aventadas neste trabalho. CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando que: - o FIV induz a imunossupressão; - a imunidade à infecção por helmintos é dependente das subpopulações de células T CD4+; - a possibilidade de reinfecção por meio da ingestão de ovos era remota no animal estudado, cuja condição incluía domicílio em condições desfavoráveis à presença de ovos contendo larvas infectantes (L3); - e todos os animais do domicílio foram tratados com uma droga eficaz. Sugere-se que o animal desenvolveu uma alta infeccção por T. cati associada à reativação de larvas tissulares em virtude da imunossupressão. Devido a escassez de dados referentes à associação entre FIV e infecções por nematóides na literatura, destaca-se a necessidade de mais estudos para elucidar possíveis questões pertinentes ao presente assunto. REFERÊNCIAS 01-BURKHARD, M. J. ; HOOVER, E. Feline immunodeficiency virus (FIV): immunopathogenesis. Feline Practice, v. 26, n. 6, p. 10-13, 1998. 02-MATSUMURA, S. ; ISHIDA, T. ; WASHIZU, T. ; TOMODA, I. ; NAGATA, S. ; CHIBA, J. ; KURATA, T. Pathologic features of acquired immunodeficiency-like syndrome in cats

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Clínica Veterinária, Ano XIII, n. 75, julho/agosto, 2008



Aspectos etiológicos das hepatites crônicas caninas Etiological aspects of canine chronic hepatitis

Leandro Bertoni Cavalcanti Teixeira

Mv., mestrando Depto. Clínica Veterinária FMVZ/Unesp-Botucatu Leteixeira-vet@hotmail.com

Renée Laufer Amorim

Mv., profa. ass. dra. Depto. Clínica Veterinária FMVZ/Unesp-Botucatu renee@fmvz.unesp.br

Raimundo Alberto Tostes Mv. prof. dr. CMV/Cesumar tostes@cesumar.br

Aspectos etiológicos de las hepatitis crónicas caninas Resumo: A hepatite crônica é comumente diagnosticada em cães na rotina veterinária. É uma doença com provável progressão para cirrose e conseqüente prognóstico ruim. Apesar de ser uma das enfermidades caninas mais freqüentes, não é apenas uma doença mas o resultado de diferentes etiologias que lesam cronicamente o fígado. Nos humanos, a maioria dos agentes etiológicos causadores de hepatites crônicas são conhecidos. Em contraste, nos cães, a causa é geralmente desconhecida e o diagnóstico etiológico nem sempre é possível, sendo substituído pela descrição histopatológica. Esta revisão tem como propósito destacar os prováveis agentes etiológicos causadores da hepatite crônica nos cães e a importância e a necessidade de identificá-los para o estabelecimento de terapias mais adequadas, com o controle da progressão da doença e a remoção da causa primária. Unitermos: cães, doenças, fígado Abstract: Chronic hepatitis is frequently found in dogs in the veterinary practice. The prognosis is poor due to the high probability of progression to cirrhosis. In spite of being one of the most frequent canine malignancies, it is not a single disease, but rather the result of different etiologies in which the liver becomes chronically wounded. In humans, most of the etiological agents that cause chronic hepatitis are known. In contrast, in dogs the cause is usually unknown, and the etiological diagnostic is not always possible. Instead, clinicians rely on the histopathological description. This review aims to highlight the etiological agents that are likely to cause chronic hepatitis in dogs and the importance and need of this etiological identification for the establishment of more adequate therapies, which enable the control of disease progression and removal of main cause. Keywords: dogs, disease, liver Resumen: La hepatitis crónica se diagnostica con frecuencia en perros en la práctica veterinaria. Es una enfermedad con progresión probable a cirrosis y por lo tanto con pronóstico malo. Aunque sea una de las molestias caninas más frecuentes, no es sólo una enfermedad, pero el resultado de diversas etiologías que lesionan el hígado crónicamente. En seres humanos, la mayor parte de los agentes etiológicos que causan las hepatitis crónicas son conocidos. En contrate, en perros, la causa es generalmente desconocida, y el diagnóstico etiológico no es siempre posible, siendo substituido por la descripción histopatológica. Esta revisión apunta destacar los agentes etiológicos probables que pueden causar hepatitis crónica en perros y la importancia y la necesidad de esta identificación etiológica, buscando el establecimiento de terapias más adecuadas, con el control de la progresión de la enfermedad y de la eliminación de la causa principal. Palabras clave: perros, enfermedad, hígado

Clínica Veterinária, n. 75, p. 52-58, 2008

INTRODUÇÃO A hepatite crônica é comumente diagnosticada em cães na rotina veterinária. É uma doença com provável progressão para cirrose e conseqüente prognóstico ruim 1. Apesar de ser uma das enfermidades caninas mais freqüentes, não é apenas uma doença mas o resultado de diferentes etiologias que lesam cronicamente o fígado 2. Os avanços da gastroenterologia, da hepatologia e da patologia veterinárias determinaram um incremento no diagnóstico de doenças hepáticas crônicas na população canina 3. Essa ampliação vem acompanhada da necessidade de melhor entender a progressão da doença, uma vez que a influência dos agentes etiológicos na instalação e na progressão das doenças hepáticas crônicas ainda é controversa 3. 52

A hepatite crônica pode ser definida como uma doença de curso crônico, com atividade necro-inflamatória e persistência de alterações laboratoriais por pelo menos quatro meses 4. Independentemente da causa, as hepatites crônicas são caracterizadas pela diminuição na capacidade de regeneração do fígado em combinação com a formação de fibrose 2. A fibrose é uma conseqüência da agressão hepática normalmente decorrente de lesões crônicas, e caracterizada pelo aumento da deposição de colágeno e outros componentes da matriz extracelular no fígado 3. A associação de fenômenos de agressão hepatocelular, colapso e deposição de colágeno, destruição da arquitetura lobular e regeneração hepatocelular forma um conjunto de alterações que favorece a fibrose difusa do parênquima hepático

que, somada à presença de nódulos de regeneração, define a cirrose hepática 3. A cirrose é o quadro terminal da doença hepática crônica, e é acompanhada de marcante distorção arquitetural com alterações circulatórias e metabólicas no fígado 5. ASPECTOS ETIOLÓGICOS Nos humanos, a maioria dos agentes etiológicos causadores de hepatites crônicas são conhecidos, sendo apenas algumas formas de hepatites classificadas como idiopáticas ou criptogênicas 1. As causas mais comuns de hepatite crônica nos humanos são as virais, principalmente causadas por um agente da família hepadnaviridae, o vírus da hepatite B (HBV), e por um agente da família flaviviridae, o vírus da hepatite C (HCV). Estima-se que 300 milhões de pessoas no mundo estão infectadas com o HBV, e 120 milhões com o HCV 6. Na medicina humana, o reconhecimento dos agentes causadores de hepatite proporcionou significativa melhora no tratamento e no prognósticos dos pacientes, graças ao maior controle da progressão e da transmissão da doença.

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Em contraste, nos cães, a causa da hepatite é geralmente desconhecida, pois o diagnóstico etiológico nem sempre é possível 1; assim, a descrição histopatológica torna-se o melhor recurso diagnóstico. Do ponto de vista epidemiológico, as hepatites crônicas caninas ocorrem com maior freqüência em animais com idade entre um e sete anos 7. Aparentemente, algumas raças de cães têm maior predisposição a desenvolver a hepatite crônica. Estudos conduzidos nos Estados Unidos e na Europa indicam que entre essas raças estão o cocker spaniel americano, o west highland white terrier, o retrivier do labrador e o doberman pinscher 8,9. Em cães das raças bedlington terrier, west highland white terrier e dálmata, a hepatite crônica está relacionada a uma anomalia congênita no metabolismo cúprico 10. Não há evidências claras de uma possível predisposição sexual, exceto na raça doberman pinscher, na qual, aparentemente, as hepatites crônicas acometem mais comumente as fêmeas 11.

Hepatites crônicas associadas à raça e ao metabolismo de cobre Em revisões de casos de hepatite crônica canina, tem sido demonstrado aumento consistente da incidência da doença em algumas raças específicas. Apesar da alta incidência de casos de hepatopatias hereditárias por acúmulo de cobre nos bedlington terriers, cães de meia idade de grande variedade de raças estão representados nessas revisões, como os cocker spaniels americanos e ingleses, west highland white terriers, skye terriers, dobermans e labradores 1,4,6,7,10,12,13. Esse aumento na ocorrência de hepatite crônica em raças específicas sugere uma base genética para a doença, o que tem sido difícil de esclarecer, com exceção da doença por acúmulo de cobre dos bedlington terriers 1. Na doença dos bedlington terriers, o defeito genético que resulta na toxicose cúprica foi descoberto recentemente 6. O acúmulo hepático de cobre é causado pela deleção do exon 2 do gene MURRI

que codifica a proteína ceruloplasmina, responsável pelo transporte de cobre do meio intracelular para o sangue e a bile 12. Essa proteína também está associada com o transporte vesical lisossomal pela membrana dos canalículos biliares para a excreção de cobre. A alteração genética gera uma proteína estruturalmente alterada e inativa 12. Hepatopatias associadas ao cobre também foram descritas em outras raças, como skye terrier 13, west highlight white terrier 10 e doberman 4,11, mas em nenhuma dessas raças parece ocorrer acúmulo de cobre de origem genéticometabólica como nos bedlington terriers, pois o processo de acúmulo de cobre não evolui durante a vida do animal, a quantidade de cobre acumulada não tem relação com o grau de evolução da doença, e também não está presente no início da doença 14. Nos dobermans, a maioria dos animais com hepatites crônicas apresenta concentrações de cobre hepático aumentadas e colestase 12. Sendo assim,

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alguns autores concluíram que esse aumento da concentração de cobre hepático poderia ser secundário à estase biliar 15. Porém, em trabalho realizado com 106 cães da raça doberman, no qual foi dosada a concentração de cobre hepático e analisadas a excreção biliar de cobre e a concentração das proteínas carreadoras e associadas ao cobre, verificou-se retenção primária de cobre e relação entre o acúmulo de cobre, o dano hepatocelular e a hepatite, mas que a patogênese do processo é mais complexa nessa raça do que nos bedlington terriers 12. Hepatite crônica relacionada ao acúmulo de cobre também foi descrita em dálmatas e, com base na apresentação clínica, na concentração de cobre hepático e nos achados histopatológicos, foi sugerido que essa raça pode apresentar um defeito primário, de origem familiar e ainda não esclarecido, no metabolismo de cobre 16. Sendo assim, excetuando os bedlington terriers, o papel do acúmulo de cobre hepático no estabelecimento do processo de hepatite crônica nos cães continua controverso e tem-se por consenso que, na maioria das raças, esse acúmulo é mais uma conseqüência de processos colestáticos do que realmente o agente causal da lesão hepática 1, sempre tendo em mente que, por si só, o cobre pode ser efetivamente hepatotóxico. Hepatites infecciosas Ao contrário do que ocorre nos homens, a busca por agentes infecciosos causadores de hepatites crônicas nos cães não tem mostrado bons resultados 1. Dentre os agentes infecciosos causadores de hepatites crônicas conhecidos estão a Leptospira sp. 17,18, o vírus da hepatite infecciosa canina, o adenovírus canino tipo 1 (CAV-1) 19,20 e o agente da hepatite canina de células acidófilas, vírus não isolado até o presente 21. Apesar da etiolgia ser desconhecida na grande maioria dos casos de hepatite canina, os sinais clínicos, o curso da doença e as características histológicas são similares às hepatites que acometem humanos, cuja etiologia geralmente é viral 22. O vírus da hepatite B humana é um vírus hepatotrópico que pertence à família dos hepadnavírus 1. Hepadnaviroses associadas a hepatites foram identificadas 54

em castores, esquilos e patos 23. Porém, nos cães com hepatite crônica e carcinomas hepatocelulares, as tentativas de identificação de hepadnavírus com o uso da técnica de PCR falharam 24. O agente da hepatite infecciosa canina, adenovírus canino tipo 1 (CAV-1), classicamente produz hepatite aguda necro-hemorrágica com inclusões intracitoplasmáticas em hepatócitos e células de Kupfer 20. Hepatite crônica foi reproduzida experimentalmente em animais parcialmente imunizados e desafiados com o CAV-1 25. Apesar disso, a detecção da presença do CAV-1 em tecidos hepáticos de cães com hepatite crônica e cirrose pela técnica de PCR e imuno-histoquímica demonstrou resultados contraditórios. Pela técnica de PCR esse agente não foi identificado 22, e nas marcações imuno-histoquímicas houve uma variação de positividade para CAV-1 de 15 a 21% dos casos estudados 3,19,20. A infecção pelo adenovírus canino difere da infecção pelo vírus da hepatite B em humanos: nos cães, o adenovírus poder ser encontrado no fígado apenas quatro a oito dias após a infecção; já em humanos, o vírus da hepatite B pode ser detectado vários meses após a infecção. Sendo assim, e considerando que a doença canina pode progredir por meses, o diagnóstico retrospectivo de hepatites crônicas por adenovírus canino é dificultado 1. Outro agente viral causador de hepatite aguda, persistente e crônica foi proposto e nomeado “vírus de células acidófilas” com base na intensa acidofilia citoplasmática dos hepatócitos dos animais afetados 21. Os animais estudados eram oriundos de uma região que apresenta incidência alta de carcinomas hepatocelulares em cães 21. O vírus foi transmitido por injeções subcutâneas de homogenado hepático e soro sangüíneo de cães doentes, e foi aparentemente capaz de produzir hepatite crônica caracterizada por morte de hepatócitos e fibrose, mas com alterações inflamatórias esparsas 26. Os animais afetados apresentaram sinais clínicos típicos de disfunção hepática, elevações intermitentes das concentrções séricas de enzimas hepáticas (alaninoaminotransferase [ALT] e aspartatoaminotransferase [AST]), e em alguns o curso da doença foi prolongado, de até dois anos 26. Na época foi proposto que esta seria a mais

importante causa de hepatites em cães 26, mas o não isolamento do agente e a falta de relatos de casos semelhantes faz com que a sua real importância como causador de hepatite crônica permaneça uma incógnita. Contrariamente ao que acontece nas hepatites crônicas dos homens, infecções bacterianas podem ser responsáveis por processos crônicos hepáticos nos cães 27. Infecções por leptospiras “atípicas” podem ser uma importante e subestimada causa de hepatite crônica em cães 1. Apesar da existência de vacinas contra a Leptospira interrogans sorogrupos canicola e icterohaemorrhagiae para cães, estudos recentes demostraram a emergência da doença associada a outros sorogrupos 1, como Leptospira interrogans sorogrupo grippotyphossa 28. Foi relatado um surto de hepatite crônica, causada por leptospiras, em uma colônia de beagles jovens. Os autores sugerem que animais parcialmente imunizados para a leptospirose podem desenvolver hepatites crônicas, particularmente quando infectados por sorovares atípicos, não presentes nas vacinas usuais 18. Em outro relato, cinco cães da raça fox hound americano de um mesmo canil foram diagnosticados com hepatite crônica ativa sendo encontrados espiroquetas no tecido hepático corado com Warthin-Starry, e títulos elevados de anticorpos contra Leptospira interrogans sorogrupo grippotyphossa 17. Outros agentes bacterianos, como o Helicobacter, têm sido investigados como causadores de hepatites tanto no homem como em animais uma vez que espécies de Helicobacters resistentes à bile podem causar hepatites em roedores 29. Um caso de hepatite necrotizante associada à infecção por Helicobacter canis em um filhote de cão foi relatado, ressaltando a necessidade de investigações mais profundas sobre o papel desse agente nas hepatites caninas 9. Recentemente, foi descrita a presença de alterações hepáticas em animais infectados com protozoários do gênero Leishmania infantum de três padrões histopatológicos diferentes, o que demonstra a capacidade que esse agente tem de causar hepatites crônicas, e a evolução da doença por ele provocada 30. Apesar dos agentes etiológicos acima

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descritos, sem contar o adenovírus canino, ainda se sabe muito pouco sobre outros agentes infecciosos causadores de hepatites agudas e crônicas 2. Isso fica evidenciado em trabalho recente, em que se utilizou a técnica de PCR para identificar possíveis agentes infecciosos (hepdnavírus, vírus da hepatite A, C e E, adenovírus canino, parvovírus canino, Helicobacter spp, Leptospira spp. e Borrelia spp) em 98 amostras de fígado de cães com hepatite. Os autores não conseguiram detectar nenhum desses agentes por essa técnica, com exceção de dois casos de hepatite aguda que foram positivos para parvovírus, mas os animais apresentavam quadro clínico de parvovirose. Sendo assim, concluíram que as hepatites nos cães possivelmente não são causadas pelos agentes que provocam a doença em outras espécies 22. Hepatites induzidas por tóxicos ou fármacos A maioria das reações hepáticas induzidas por fármacos em animais de companhia é resultado de dano hepático tóxico direto, e não se deve a resposta imunológica aos metabólitos tóxicos 10. A interação entre fatores relacionados ao hospedeiro e características químicas dos fármacos predispõe o indivíduo ao desenvolvimento de hepatopatias tóxicas 10. Mulheres e fêmeas têm maior predisposição a desenvolver reações hepáticas tóxicas, o que é atribuído à grande concentração que possuem de diferentes isotipos de enzimas hepáticas, que podem gerar metabólitos tóxicos 10. Reações a toxinas e fármacos geralmente causam hepatites agudas e necrotizantes, porém em alguns casos podem evoluir para hepatites crônicas 1. A associação entre a utilização de medicamentos anticonvulsivantes, como fenobarbital e primidona, e o desenvolvimento de doenças hepáticas crônicas em alguns cães é bem conhecida 31. A longo prazo, a terapia com anticonvulsivantes pode levar ao desenvolvimento de disfunção hepática, hepatite crônica periportal e cirrose 28. A reação à primidona, sozinha ou em associação com outros anticonvulsivantes, é a mais relatada, mas a fentoína e o fenobarbital também já foram apontados como causadores de doença hepática crônica 28,32. 56

Há relato sobre 18 cães que receberam tratamento anticolvulsivante com fenobarbital durante cinco a 82 meses (média de 39 meses), e que apresentaram doença hepática crônica 31. Apesar dos trabalhos descritos, o verdadeiro papel do tratamento prolongado com fenobarbital como causador de hepatite crônica não está bem definido, uma vez que alguns animais apresentam valores séricos de enzimas hepáticas (principalmente ALT e FA [fosfatase alcalina]) aumentados, mas não apresentam sinais clínicos. Isso pode ser explicado pela capacidade que o fenobarbital teria de aumentar a produção dessas enzimas nos hepatócitos, levando assim ao aumento das concentrações séricas de ALT e FA sem causar lesão hepatocelular 33,34,35. Porém, essa hipótese de indução das enzimas hepáticas pela terapia com fenobarbital ainda não foi comprovada. Em trabalho recente, os autores observaram que animais tratados com fenobarbital apresentavam lesões histopatológicas hepáticas significativamente mais graves do que os indivíduos do grupo controle, e que o aumento da concentração sérica de ALT e FA não poderia ser associado à indução hepática dessas enzimas 36. Esse quadro traz problemas aos clínicos que se deparam com cães que recebem tratamento anticolvulsivante com fenobarbital sem sinais clínicos de doença hepática, mas que apresentam aumento da atividade sérica de enzimas hepáticas, pois cria um dilema quanto à interrupção ou não do tratamento 36. Há relatos de hepatites crônicas causadas pela administração de dois antiparasitários – dietilcarbamizina e oxibendazol 37 – concomitantemente. A associação desses dois fármacos é utilizada na profilaxia de infecções por dirofilária, e pode ser responsável por hepatopatias crônicas em cães susceptíveis 38,39. Foram descritos treze casos de hepatopatias causadas pela utilização desses fármacos, sendo que seis cães afetados apresentaram anormalidades persistentes no perfíl bioquímico hepático depois de cessado o tratamento, o que levou os autores a suspeitarem do desenvolvimento de doença hepática crônica 8. Em outro trabalho, são relatados dez casos de hepatopatias causadas pela administração de dietilcarbamizina e

oxibendazol; na amostra estudada, 50% dos animais afetados eram da raça doberman pinscher, o que levou à conclusão de que os doberman pinschers podem apresentar predisposição à hepatotoxicidade por dietilcarbamizina e oxibendazol 38. Algumas micotoxinas, incluindo as aflatoxinas, dependendo da dose ingerida e do tempo de exposição, podem causar doença hepática aguda e crônica em cães 40. Os cães são mais comumente expostos a alimentos contaminados do que os homens, então é possível que alguns casos de hepatites crônicas ocorram devido à ingestão de toxinas não identificadas 1. Uma grande variedade de fármacos tem sido descrita como causadora de reações adversas hepáticas tanto em homens como em cães. Dessa forma, a reação a medicamentos deve ser considerada em todos os cães com hepatites crônicas expostos a tratamentos de qualquer tipo durante um longo período 1. Entretanto, em homens, o diagnóstico incorreto desse tipo de reação adversa pode levar à interrupção desnecessária de tratamentos 31. A doença hepática deve ser classificada como reação a fármacos quando existir relação temporal clara com a administração do medicamento, e depois da exclusão de outras doenças hepáticas 31. No entanto, essa exclusão se torna difícil nas hepatites caninas 1. A exposição de cães a substâncias químicas provenientes de contaminação ambiental, bem como a contaminação acidental com produtos residenciais, pode causar hepatite aguda fulminate ou hepatite crônica 27,41. Fatores como susceptibilidade individual, estado nutricional, tipo de toxina, dose, duração da exposição e presença de doença hepática concomitante influenciam a instalação do processo tóxico hepático de forma aguda ou crônica 41. Entre as substâncias químicas hepatotóxicas estão os solventes orgânicos, como o tetracloroetileno presente em produtos de limpeza e o tolueno presente em tintas de pintura, os pesticidas organoclorados e os metais pesados, como chumbo, mercúrio, cobre e ferro 39. Hepatites associadas a distúrbios metabólicos Outra causa relativamente comum de

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hepatites crônicas no homem é a deficiência de alfa-1 anti-tripsina (ATT) 1, uma enzima inibidora de protease circulante altamente polimórfica que inativa a elastase dos neutrófilos e outras proteases 42. Nos homens, a deficiência congênita de AAT comum em indivíduos caucasianos deve-se a alterações genéticas, e decorre da produção de variantes aberrantes da inibidora de proteases por secreção defeituosa no fígado 43,44. Como resultado, nos indivíduos homozigóticos a concentração plasmática de AAT é 15% maior do que o normal e acumulase no retículo endoplasmático rugoso dos hepatócitos, resultando no desenvolvimento de hepatites crônicas na maioria dos casos 42,43. Essa doença, que apresenta caráter recessivo, tem progressão variável e alguns indivíduos chegam a desenvolver carcinomas hepatocelulares 43. Estudos conduzidos em uma grande variedade de raças de cães, mas particularmente no cocker spaniel, não demonstraram indivíduos com baixas concentrações de AAT no plasma, embora na maioria dos animais as concentrações estivessem de fato aumentadas, pois a AAT também é uma proteína de fase aguda 42. Apesar disso, foram identificados três diferentes subtipos de AAT em cães com hepatites crônicas, sendo que dois desses subtipos possuiam tendência a se acumular nos hepatócitos causando a morte 42. Os autores especularam que o acúmulo de AAT no fígado pode contribuir para a progressão das hepatites crônicas, mas não deve ser responsabilizado pelo início da lesão, e que uma deficiência verdadeira de AAT, análoga àquela da doença humana, ainda não foi identificada em cães 42.

anticorpos circulantes no soro de 36 cães com diferentes doenças hepáticas, e encontrada variedade muito grande de autoanticorpos em comparação com os anticorpos encontrados na doença hepática autoimune dos homens 45. Observou-se também resposta inespecífica, o que sugere que os autoanticorpos não seriam úteis para diagnosticar as hepatites autoimunes em cães 45. Outros autores investigaram a resposta de células mononucleares da circulação periférica às proteínas de membrana hepática em cães com hepatite crônica e lesões hepáticas crônicas não inflamatórias, e concluíram que os cães com hepatite crônica apresentaram resposta maior a essas proteínas. Ainda assim, não foram capazes de definir se essa resposta era primária ou secundária à lesão hepática 46. Na hepatite crônica dos dobermans, foi demonstrado aumento na expressão de moléculas de MHC classe II nos hepatócitos 47. Essa molécula normalmente não é expressa por hepatócitos, e está relacionada a respostas autoimunes 47. Tal achado, associado a um intenso infiltrado inflamatório mononuclear observado, levou os autores a concluir que essa forma de hepatite crônica nos dobermans provavelmente tem uma causa autoimune, sendo os antígenos originados nos próprios hepatócitos 47. Intrigantemente, hepatites crônicas em cães têm sido observadas em associação a doenças imunomediadas como anemia hemolítica, glomerulonefrite, lupus eritematoso sistêmico, poliartrites e doença de Bowel; sugerindo que algumas hepatopatias podem ser reflexo de resposta imunológica anormal mais generalizada 45, assemelhando-se às hepatites autoimunes tipo II dos homens 1.

Hepatites autoimunes Os processos autoimunes, importante causa de hepatites não virais no homem, não foram demonstrados nos cães, apesar da realização de vários estudos para investigar o assunto1. Pesquisas procurando anticorpos circulantes associados ao fígado foram realizadas em cães, porém nenhuma delas respondeu à principal pergunta: se a resposta imunológica observada é a causa primária da doença ou um fenômeno secundário 45,46. Em um trabalho, foram procurados

CONSIDERAÇÕES FINAIS Embora a hepatite crônica seja uma das enfermidades caninas mais freqüentes, não é apenas uma doença mas o resultado de diferentes etiologias que lesam o fígado cronicamente. Independentemente da causa, as hepatites crônicas são caracterizadas pela perda da capacidade regenerativa do fígado em combinação com fibrose. Atualmente, na medicina veterinária, o tratamento das hepatites crônicas caninas tem caráter meramente paliativo, concentrando-se basicamente em evitar

a sua progressão para fibrose hepática. A definição e o diagnóstico de agentes etiológicos específicos causadores de hepatite crônica em cães poderiam possibilitar, como ocorreu na medicina humana após a descoberta das hepatites virais, a utilização de terapias mais efetivas, principalmente no que se refere à remoção do agente etiológico ou, quando isso não for possível, ao controle da progressão da doença, aumentando assim a expectativa de vida dos pacientes hepatopatas crônicos. Outro ponto importante é o entendimento da história natural dessas hepatites, o que poderia levar a meios profiláticos mais adequados e ao estabelecimento de um prognóstico mais acurado. Futuras pesquisas na tentativa de melhor entender e tratar as hepatites crônicas devem levar em consideração alguns aspectos, como: (1) conhecer os mecanismos que promovem a perda da capacidade de regeneração e instalação da fibrose no fígado, esclarecendo a interação entre fatores de crescimento e citocinas no controle desse processo; (2) entender os aspectos etiológicos das hepatites caninas pois, como demonstrado anteriormente, sabe-se muito pouco sobre outros agentes infecciosos envolvidos na patogênese desse processo; (3) reconhecer as bases genéticas que levam a predisposições raciais à hepatite e (4) desenvolver terapias avaliadas cientificamente com o auxílio de estudos aleatorizados, duplo cegos e controlados por placebo, ao invés de utilizar terapias baseadas exclusivamente em conhecimentos empíricos. REFERÊNCIAS 01-WATSON, P. J. Chronic hepatitis in dogs: a review of current understanding of aetiology, progression, and treatment. The Veterinary Journal. v. 167. n. 3, p. 228-241, 2004. 02-ROTHUIZEN, J. Canine chronic liver disease: where are we now? Four pointers for future research. The Veterinary Journal. v. 167, n. 3, p. 219, 2004. 03-TOSTES, R. A. ; BANDARRA, E. P. Aspectos etiológicos, epidemiológicos e patológicos das hepatites crônicas em cães. MedveP - Revista cientifica de Medicina veterinária. v. 2, n. 4, p. 67-72, 2004. 04-THORNBURG, L. P. A study of canine hepatobiliary disease, part 3: hepatitis e cirrhosis. Companion Animal Practice. v. 2, p. 17-20, 1988. 05-STROMBECK, D. R. ; MILLER, L. M. ; HARROLD, D. Effects of corticosteroid treatment on survival time in dogs with chronic hepatitis: 151 cases (1977-1985). Journal of American Veterinary Medical Association.

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Clínica Veterinária, Ano XIII, n. 75, julho/agosto, 2008



Paulo Eduardo Ferian

Hemorragia de involução tímica em uma cadela relato de caso

MV, MSc, prof. FEAD

paulo.ferian@fead.br

Eliana Matias de Souza MV, MSc HV/UFMG

elimatias@yahoo.com.br

Thymic involution hemorrhage in a bitch case report

Euler Fraga Silva MV, MSc HV/UFMG

eulerfragasilva@pop.com.br

Patrícia Coutinho de Souza

Hemorragia de involución del timo en una perra - relato de caso Resumo: A hemorragia de involução tímica é uma doença que ocorre em cães jovens, ocasionando hemotórax e perda sangüínea aguda. A etiopatogenia da doença permanece obscura, mas acredita-se que possa ocorrer de maneira espontânea ou associada a traumas e distúrbios de coagulação. A grande maioria dos casos relatados evoluiu para o óbito, mas o diagnóstico e o tratamento clínico e cirúrgico de alguns casos resultaram em completa recuperação do paciente. O objetivo do presente trabalho é relatar o caso de uma cadela Whipet, de seis meses de idade, que apresentou quadro clínico de dificuldade respiratória aguda e presença de massa mediastínica, evoluindo rapidamente para óbito. À necropsia foi observado grande coágulo em mediastino cranial e hemotórax. Unitermos: cães, hemotórax, timo

MV, residente HV/UFMG

patriciacsouza@yahoo.com.br

Roberto Maurício de Carvalho Guedes MV, prof. adj. dr. Depto. Patologia Veterinária - UFMG guedes@vet.ufmg.br

Renato César Sacchetto Tôrres

MV, prof. adj. dr. Depto. Clínica e Cirurgia Veterinárias - UFMG

Abstract: Thymic involution hemorrhage is a disease that affects young dogs and is associated with hemothorax and acute bleeding. The physiopathology of the disease remains unclear, but it is thought to be either a spontaneous event or associated with trauma and coagulopathy. It is a fatal disease in most cases, although there are sporadic reports of complete recovery following diagnosis, clinical and surgical treatment. The aim of this study is to describe the case of a six-month-old whippet bitch presented with acute respiratory distress and mediastinal mass that died quickly thereafter. Post-mortem evaluation showed a large clot in the cranial mediastinum and hemothorax Keywords: dogs, hemothorax, thymus

rtorres@vet.ufmg.br

Roberto Baracat de Araújo

MV, prof. adj. dr. Depto. Clínica e Cirurgia Veterinárias - UFMG baracat@vet.ufmg.br

Marília Martins Melo

Resumen: La hemorragia de involución del timo es una enfermedad que ocurre en perros jóvenes, resultando en hemotórax y pérdida aguda de sangre. La etiología de la enfermedad es todavía desconocida, pero se cree que ocurra de manera espontánea o asociada a traumas o disturbios de coagulación. La mayor parte de los casos referidos resultó en muerte, pero el diagnóstico y terapia clínica y quirúrgica de algunos casos resultaron en total recuperación del paciente. El objetivo de este trabajo es reportar el caso de una perra Whipet, de seis meses de edad, que presentó un cuadro clínico de dificultad respiratoria aguda con presencia de masa mediastínica, que evolucionó muy rápido hasta causarle la muerte. En el examen necroscópico se observó un gran coágulo en mediastino craneal y hemotórax. Palabras clave: perros, hemotórax, timo

MV, profa. adj. dra. Depto. Clínica e Cirurgia Veterinárias - UFMG marilia@vet.ufmg.br

Clínica Veterinária, n. 75, p. 60-62, 2008

Introdução O timo é um órgão de grande importância imunológica, sendo o local de maturação de células T no organismo. Em cães, o timo involui entre seis meses e dois anos de idade 1. A hemorragia tímica associada com o desenvolvimento de hemotórax é uma doença na maioria dos casos fatal, que acomete cães jovens, em geral até os dois anos de idade, período de involução do timo. 2,3 O objetivo deste trabalho é abordar aspectos etiológicos, fisiopatológicos, clínicos e de tratamento da hemorragia de involução do timo, assim como descrever um caso da afecção em uma cadela. Revisão de literatura A hemorragia de involução tímica é 60

uma condição que acomete cães jovens no período de involução do timo, ocasionando sinais sistêmicos associados à perda sangüínea e à efusão pleural (pneumopatia restritiva). Os primeiros casos da afecção foram descritos em 1975 4, e desde então relatos sobre a afecção têm sido publicados, totalizando cerca de 70 casos, todos eles diagnosticados à necropsia 5,6,7,8. A maioria dos animais descritos não apresentava evidência de trauma, distúrbios de coagulação ou ingestão de rodenticidas, além de não ter hemorragias em outros locais do corpo. A causa do sangramento espontâneo ainda é obscura, sendo sugerido um aumento da fragilidade dos vasos tímicos em função da substituição do parênquima por tecido adiposo e conjuntivo no período de involução do órgão 2.

Os sinais clínicos da doença incluem dispnéia, taquipnéia, depressão, anorexia, mucosas pálidas e pulso fraco. Grande parte desses pacientes evolui para o óbito em menos de 24 horas a contar do início dos sintomas. Contudo, os tratamentos clínico e cirúrgico podem ser efetivos na estabilização e completa recuperação do animal. Foram descritos dois casos nos quais a terapia com vitamina K1 e toracocentese para drenagem do sangue (caso 1), e a transfusão sangüínea associada à aplicação de vitamina K1 (caso 2) foram efetivas na completa recuperação dos pacientes 3. Outro autor também relatou o sucesso do tratamento de um cão com transfusão de sangue e administração de vitamina K1 9. O tratamento cirúrgico também foi efetivo em um caso, com a retirada de um grande hematoma do mediastino

Clínica Veterinária, Ano XIII, n. 75, julho/agosto, 2008


Paulo Eduardo Ferian

Figura 1 - Exame radiográfico demonstrando acentuado deslocamento ventral de traquéia e esôfago (preenchido com contraste de bário) em região de mediastino cranial, devido à presença de massa. Observa-se discreta efusão pleural (setas)

Figura 2 - Exame radiográfico demonstrando massa em região de mediastino cranial (setas)

Paulo Eduardo Ferian

Paulo Eduardo Ferian

Relato de caso Uma cadela da raça whipet de seis meses de idade, com histórico de episódio agudo de angústia respiratória e apatia havia menos de 10 horas, foi atendida no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Minas Gerais. O proprietário negava qualquer possibilidade de trauma torácico ou exposição a venenos. Ao exame físico observaram-se mucosas moderadamente pálidas, hidratação, temperatura e linfonodos palpáveis dentro da normalidade. O exame radiográfico demonstrou presença de massa em região de mediastino cranial, com deslocamento ventral acentuado de traquéia e esôfago, além de efusão pleural discreta (Figuras 1 e 2). O exame ultra-sonográfico confirmou a presença de líquido livre em tórax e foi observada massa de ecogenicidade mista em mediastino cranial, a qual se estendia até a região subcutânea cervical (Figuras 3 e 4). O hemograma denotou anemia discreta (hematócrito: 33%), leucocitose por neutrofilia madura e discreta eosinofilia (leucócitos totais: 23.000; neutrófilos segmentados: 17.632; eosinófilos: 2.204). A contagem de plaquetas encontrava-se dentro dos limites da normalidade. O animal foi internado para fluidoterapia e monitoração dos parâmetros vitais, evoluindo para o óbito no mesmo dia. À necropsia foi observada uma massa de aspecto sanguinolento, que se

Paulo Eduardo Ferian

cranial e colocação de dreno torácico 2.

Figura 3 - Exame ultra-sonográfico demonstrando massa de ecogenicidade mista em mediastino cranial

Figura 4 - Ultra-sonografia: efusão pleural

estendia da região cervical até o mediastino cranial, apresentando cerca de 20cm de extensão, aderida à parede torácica. Não havia qualquer evidência de ruptura vascular ou trauma local. Foi

constatada ainda a presença de hemotórax e pequeno hematoma em musculatura de membro pélvico (Figura 5). O exame histopatológico da massa demonstrou presença de hemácias, fibrina

Clínica Veterinária, Ano XIII, n. 75, julho/agosto, 2008

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Paulo Eduardo Ferian Paulo Eduardo Ferian

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Paulo Eduardo Ferian

Discussão A hemorragia tímica idiopática é uma afecção que acomete cães jovens em período de involução tímica. Na grande maioria dos casos não existe evidência de distúrbios dos fatores de coagulação ou plaquetas nesses pacientes. No entanto, um trabalho que revisou dez casos de necropsia constatou exame toxicológico positivo para rodenticidas em cinco destes dez. As hemorragias sem causa definida foram atribuídas a uma fragilidade aumentada dos vasos tímicos em seu período de involução. Partindo desse princípio, é provável que cães que apresentem distúrbios de coagulação (ex: ingestão de rodenticidas) ou lesões traumáticas e estejam nessa faixa etária desenvolvam com maior facilidade hemorragia nessa região do que em outros locais do organismo. No presente caso, nenhuma associação pode ser feita com traumas, intoxicação por rodenticidas ou distúrbio sistêmico de coagulação (ex: insuficiência hepática aguda) uma vez que, embora a contagem plaquetária estivesse normal, não foram realizados exames como tempo de protrombina e tromboplastina parcial ativada. Contudo, a presença de hemorragia na musculatura de membro pélvico sugere que poderia ter ocorrido algum distúrbio hemorrágico sistêmico. Apesar da evolução clínica aguda, evidências histológicas observadas, como macrófagos com hemossiderina e fibroangioplasia encontrados em grande parte dos casos, assim como no presente relato, sugerem um curso mais antigo de hemorragia. A ausência de tecido linfóide na avaliação histológica deve-se ao fato de apenas o coágulo de grande dimensão (cerca de 20 cm) ter sido submetido ao corte. A despeito da grande quantidade de casos fatais descritos, o diagnóstico precoce e o tratamento clínico e/ou cirúrgico podem ser suficientes para salvar o paciente. É provável, contudo, que a gravidade da hemorragia e as conseqüências clínicas variem entre os pacientes, determinando diferentes prognósticos. É possível que alguns cães desenvolvam hemorragias subclínicas (assintomáticas e de pequena gravidade) e se recuperem de forma espontânea e, além disso, que a presença de hemorragia

Paulo Eduardo Ferian

e macrófagos contendo hemossiderina.

Figura 5 - Hematoma estendendo-se de região subcutânea cervical até mediastino cranial

tímica idiopática ou com causa subjacente (como intoxicação por rodenticidas) possa influenciar o sucesso da terapia. Considerações finais A hemorragia tímica associada ao hemotórax é uma condição rara, mas de extrema gravidade. Apesar de constatada e descrita em várias partes do mundo (Europa, Estados Unidos, Austrália), não foi encontrado nenhum relato da afecção na literatura nacional. A despeito da fisiopatologia ainda incerta, é provável que a condição ocorra concomitantemente ou na ausência de distúrbios de coagulação (hemorragia espontânea). O presente trabalho busca alertar o médico veterinário sobre o desenvolvimento dessa afecção em animais jovens, uma vez que a precocidade diagnóstica e a instituição imediata da terapia podem ser decisivas na manutenção da vida do paciente. Referências 01-DAY, M. J. Review of thymic pathology in 30 cats and 36 dogs. Journal of Small Animal Practice, v. 38, p. 393-403, 1997. 02-GLAUS, T. M. ; RAWLINGS, C. A. ; MAHAFFEY, E. A. ; MAHAFFEY, M. B. Acute hemorrhage and hemothorax in a dog. Journal of the American Animal Hospital Association,

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Clínica Veterinária, Ano XIII, n. 75, julho/agosto, 2008



Francisco Assis Lima Costa

Glomerulonefrite no cão

MV, prof. dr. DCCV/CCA/UFPI fassisle@gmail.com

Glomerulonephritis in dogs Glomerulonefritis en el perro Resumo: A prevalência de glomerulonefrites na população canina vem aumentando consideravelmente. Mesmo com o advento de técnicas modernas de estudo, ainda há dificuldade em interpretar e classificar as glomerulonefrites na espécie canina. A falta de critérios de classificação das glomerulonefrites no cão tem levado os pesquisadores a adotarem os critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS), elaborados para classificar as glomerulopatias no homem, como parâmetro para definir os tipos morfológicos de lesão glomerular na espécie canina. Esse fato limita o estudo das nefropatias no cão e dificulta o entendimento da sua patogenia. Pouco se conhece sobre a patogênese da glomerulonefrite no cão mas, além do mecanismo imune humoral, existem fortes evidências de que o mecanismo imune celular também participe do processo de lesão glomerular secundária. Unitermos: rim, nefropatia, glomérulo Abstract: The occurrence of glomerulonephritis is increasing considerably among the canine population. In spite of modern study techniques, it is still difficult to interpret and classify the disease in dogs. The lack of specific criteria has led researchers to adopt those that the World Health Organization (WHO) has developed for humans as parameters to define the morphologic types of glomerular injury in the canine species. This limits the study of this nephropathy in dogs and hinders the understanding of its pathogenesis. Little is known about the pathogenesis of glomerulonephritis in dogs. In addition to humoral immune mechanisms, there is strong evidence that the cellular immune responses also participate in the process of secondary glomerular injury. Keywords: kidney, nephropathy, glomeruli Resumen: En la población canina la prevalencia de glomerulonefritis viene aumentando considerablemente. Mismo con el advenimiento de técnicas modernas de estudio, aún hay dificultades en interpretar y clasificar las glomerulonefritis en la especie canina. La falta de criterios de clasificación de las glomerulonefritis en el perro ha llevado los investigadores a adoptaren los criterios de la Organización Mundial de Salud (OMS), elaborados para clasificar las glomerulonefritis en el hombre, como parámetro para definir los tipos morfológicos de lesión glomerular en la especie canina. Ese hecho limita el estudio de las nefropatías en perros y dificulta el entendimiento de su patogenia. Poco se conoce sobre la patogénesis de la glomerulonefritis en perros además del mecanismo inmune humoral, pero existen fuertes evidencias de que el mecanismo inmune celular también participe del proceso de lesión glomerular secundaria. Palabras clave: riñón, nefropatía, glomérulo

Clínica Veterinária, n. 75, p. 64-72, 2008

INTRODUÇÃO No passado recente, as glomerulonefrites (GN) eram quase desconhecidas ou não diagnosticadas nos animais 1 mas, atualmente, sabe-se que são responsáveis por substancial morbidade e mortalidade em muitas espécies 2. A prevalência de GN vem aumentando consideravelmente na população canina 3, constituindo-se em causa comum de insuficiência renal crônica 4. A maior ocorrência de GN no cão está na faixa etária de oito a doze anos 2,3,4,5. Em doença glomerular com perda de mais de 3/4 dos néfrons pode ocorrer insuficiência renal com conseqüente proteinúria, principalmente albuminúria que, na ausência de infecção das vias urinárias ou de sedimento na urina, evolui para azotemia, polidipsia, poliúria, anorexia, náusea e vômito 6,7,8. Se a proteinúria é suficientemente severa, maior que 3,5g/dL, promove a síndrome nefrótica, caracterizada por proteinúria severa, hipoalbuminemia, ascite ou edema e hipercolesterolemia. As complicações da GN, como hipertensão sistêmica e hipercoagulabilidade, predispõem à 64

trombose em decorrência, provavelmente, da hipoalbuminemia que é causada pela perda renal de grandes quantidades de antitrombina III 7,9,10,11. Mesmo com o advento de técnicas modernas de estudo, ainda hoje há dificuldade para interpretar e classificar as alterações glomerulares na espécie canina. A falta de critérios padronizados limita o estudo das nefropatias e faz com que as alterações renais nem sempre sejam interpretadas e classificadas da forma mais adequada, dificultando o entendimento da patogenia da doença. No homem, avanços significativos nessa área foram possíveis graças à introdução, em 1951, da técnica de biópsia renal 12, metodologia raramente empregada para o estudo das alterações renais no cão. A biópsia disponibilizou material mais adequado para o acompanhamento da evolução do processo de comprometimento renal e a interpretação da resposta aos tratamentos empregados. No entanto, para melhor entendimento das GN no homem, foram definidos critérios de classificação que são adotados internacionalmente. Para a

definição desses critérios, foi importante a publicação do “Handbook of Kidney Nomenclature and Nosology” e do “International Collaborative Study of Kidney Disease in Children” pelo Comitê Internacional para Nomenclatura e Nosologia de Doença Renal. Com base nos critérios definidos, em 1974 a Organização Mundial de Saúde (OMS) estabeleceu um centro de colaboração para a classificação histológica das doenças renais, com sede no Departamento de Patologia da “Mount Sinai School of Medicine” da Universidade de Nova York e sob a coordenação do dr. J. Churg. O centro trabalhou com patologistas e nefrologistas de 14 países. A classificação levou em consideração os seguintes aspectos: a morfologia das lesões renais em tecidos corados por técnicas histológicas especiais, como ácido periódico de Schiff (PAS), tricrômico de Masson (TM), ácido periódico prata metanamine (PAMS) e imunoperoxidase; a presença de depósitos de imunoglobulinas (IgG, IgM, IgA) e complemento (C3) no glomérulo; e a deposição de material eletrodenso na membrana basal glomerular 13. O emprego dessas técnicas forneceu elementos mais adequados para o diagnóstico e classificação das GN 8,14,15. CAUSAS DE GLOMERULONEFRITES As GN primárias constituem um grupo específico de doenças glomerulares hereditárias causadas pela síntese defeituosa de colágeno tipo IV. Como na síndrome de Alport no homem, a nefrite hereditária no cão é causada por uma alteração autossômica recessiva que determina um defeito no gene que codifica a cadeia _5 do colágeno tipo IV (raça samoyeda) e a cadeia _3 ou _4 do colágeno tipo IV (raça cocker spaniel) 16,17. A nefropatia juvenil é descrita em cães das raças dálmata, cocker spaniel, beagle, chow-chow e dobermann 18. As GN secundárias se manifestam no quadro evolutivo de várias enfermidades, como a leishmaniose visceral, a piometra, o lupus eritematoso sistêmico,

Clínica Veterinária, Ano XIII, n. 75, julho/agosto, 2008


a dirofilariose, a hepatite canina infecciosa, a endocardite bacteriana, a deficiência congênita de complemento e as neoplasias 2,4,8,14,19,20,21,22,23,24,25. O mecanismo pelo qual a doença primária leva à GN ainda não está bem esclarecido, mas a literatura básica sugere que, em cães, essa moléstia secundária é causada por complexo imune depositado no glomérulo 6,24,26,27.

analisados por imunofluorescência ou imunoperoxidase. Ocorre fusão dos pedicelos dos podócitos (Figura 1), observada por microscopia eletrônica de transmissão. Em 55 cães com leishmaniose visceral, esse padrão de alteração glomerular foi observado em oito animais (14,5%). Depósito granular de IgM estava presente na parede dos capilares glomerulares, em intensidade maior que a de IgG e de C3. Observouse presença discreta de células T CD4+ 31. Estudo realizado em uma população de 115 cães com nefropatias diagnosticadas

Alterações glomerulares mínimas São caracterizadas por glomérulos normais ou levemente alterados, com o tufo de aparência rígida e fixada, os capilares dilatados sem espessamento da parede, discreta ou nenhuma hipercelularidade, e às vezes expansão do mesângio, tumefação e vacuolização das células epiteliais viscerais. Na maioria das vezes, os glomérulos são completamente negativos ou apresentam pequenos depósitos de IgG, IgM e complemento, quando

Figura 1 - Glomérulo. Cão naturalmente infectado por Leishmania (Leishmania) chagasi. Glomerulonefrite de alterações mínimas. Fusão de pedicelos de podócitos (seta). M. E. Aumento: 19.520x

Francisco Assis Lima Costa

PADRÕES DE GLOMERULONEFRITES Os padrões morfológicos de GN canina ainda não foram caracterizados em definitivo, mas ocorrem desde lesões membranoproliferativas até proliferação celular irregular e aumento focal da matriz mesangial 26. As lesões em forma de crescente epitelial verdadeira e puramente membranosas são menos freqüentes 2,3. A incidência de GN membranosa é de 8%, e a de GN membranoproliferativa é de 32%, sendo este o padrão mais freqüente 4,14,22,27,28. A ocorrência de GN proliferativa mesangial difusa entre os animais tem sido relatada

particularmente no cão 14,29. A falta de critérios de classificação morfológica das GN no cão tem levado os pesquisadores a adotarem os critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS), elaborados para classificar as glomerulopatias no homem, como parâmetro para definir os tipos morfológicos de lesão glomerular na espécie 13. Os padrões de GN canina definidos neste trabalho têm como base os critérios da OMS e a classificação de glomerulonefrites para o homem descrita por Tisher & Brenner 13,21,30.

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Glomeruloesclerose segmentar focal Essa expressão é utilizada para descrever síndrome clínico-patológica em seres humanos com proteinúria, ou síndrome nefrótica que não responde à terapia com corticosteróides. É muito semelhante à síndrome nefrótica de alterações mínimas, mas difere desta por não apresentar proteinúria seletiva e pelas lesões esclerosantes segmentares características, associadas à atrofia tubular focal. A lesão se inicia na zona justamedular e o diagnóstico histopatológico pode ser feito quando alguns glomérulos revelam áreas de esclerose mesangial segmentar (Figura 2), colapso do lume capilar e colapso da membrana basal glomerular, constituindo uma área fortemente positiva à coloração com PAS, Masson e PAMS 30. A presença de depósitos de C3 e IgM é característica das lesões glomerulares segmentares ou de distribuição difusa no mesângio. Raras descrições dessa alteração no cão são encontradas na literatura. Entretanto, em 18,2% de 55 cães com leishmaniose visceral, observou-se presença marcante de depósitos granulares de IgG e IgM acompanhados de depósitos discretos de C3, IgA e células T CD4+ 21,31. Em amostra constituída por 101 cães com e sem sinais clínicos de doença renal, verificou-se que 19 animais tinham esclerose mesangial com depósitos de C3 no mesângio, mas sem presença de imunoglobulinas 22. Outro estudo revelou que de 106 cães com GN, seis (4,4%) possuíam glomeruloesclerose com imunofluorescência negativa para imunoglobulinas e complemento 6. O padrão de doença que

Glomerulonefrite proliferativa mesangial difusa É uma forma de proliferação difusa de células mononucleares (monócitos e células mesangiais) no mesângio (Figura 3). Não existe espessamento da parede capilar (Figura 4) nem presença de depósitos 15. As células em proliferação, tanto mesangiais quanto monócitos, formam agrupamentos de quatro ou mais células por área mesangial em mais de 80% dos glomérulos. O lume capilar permanece patente. São observados depósitos de IgG, IgM, IgA e C3. Esse padrão de lesão foi diagnosticado em 30,9% de cães com leishmaniose visceral, com depósitos granulares de IgG (Figura 5) e IgM em intensidade maior, e de IgA e C3 em intensidade menor 21,31. Células T CD4+ também estavam presentes no infiltrado glomerular. Exame histopatológico realizado em 42 cães da Força de Defesa Nacional Sul Africana sem sinais clínicos de doença renal revelou que mais de 50% apresentavam glomerulonefrite mesangioproliferativa 33. Estudos anteriores demonstraram que,

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Figura 5 - Glomérulo. Cão naturalmente infectado por Leishmania (Leishmania) chagasi. Glomerulonefrite proliferativa mesangial difusa. Depósito de IgG na parede do capilar glomerular. Coloração: imunoperoxidase. Aumento: 40x

Figura 3 - Glomérulo. Cão naturalmente infectado por Leishmania (Leishmania) chagasi. Glomerulonefrite proliferativa mesangial difusa. Hipercelularidade glomerular. Coloração: PAS. Aumento: 40x Francisco Assis Lima Costa

Figura 2 - Glomérulo. Cão naturalmente infectado por Leishmania (Leishmania) chagasi. Glomeruloesclerose segmentar focal. Esclerose segmentar em 50 % do glomérulo (seta). Coloração: Masson. Aumento: 40x

de um total de 40 cães, 20% apresentavam glomerulonefrite proliferativa mesangial caracterizada por hipercelularidade mesangial global e difusa 4. De uma amostra constituída por 101 cães, 16 (15,84%) apresentaram glomerulonefrite proliferativa mesangial 22. A membrana basal glomerular era normal, mas se apresentava espessa quando as alterações mesangiais eram severas. Outro estudo revelou 1,7% de glomerulonefrite proliferativa mesangial difusa em 115 cães com e sem sinais clínicos de doença renal 32. Francisco Assis Lima Costa

coincide com o padrão da classificação da OMS é descrito como esclerose e hialinose segmentar e focal, com 12 casos diagnosticados em 115 cães examinados 32.

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clinicamente revelou a presença de 28 casos (24,3%) de alterações glomerulares mínimas, com ausência de depósitos ou com depósito mesangial granular discreto de IgM e/ou C3 32.

Figura 4 - Glomérulo. Cão naturalmente infectado por Leishmania (Leishmania) chagasi. Glomerulonefrite proliferativa mesangial difusa. Membrana basal dos capilares glomerulares normais (seta). Coloração: PAMS. Aumento: 40x

Glomerulonefrite membranoproliferativa (mesangiocapilar) difusa Nesse padrão, todos ou quase todos os glomérulos mostram uma combinação de espessamento da parede capilar com proliferação e aumento variável de células e de matriz mesangial, o que acentua a estrutura lobular do glomérulo. A forma mais típica de GN membranoproliferativa é a que se manifesta por duplicação da membrana basal do capilar glomerular (MBG), com formação de membrana de duplo contorno vista na coloração pelo PAMS. Entretanto, três tipos diferentes de GN mesangiocapilar difusa podem ser identificados: o tipo I é caracterizado por proliferação de células mesangiais, espessamento e membrana basal de duplo contorno (Figura 6); o tipo II apresenta depósitos densos na parede capilar à coloração de Masson (Figura 7) ou à microscopia eletrônica; no tipo III ocorre ruptura da membrana basal glomerular. Depósitos de C3 são muito freqüentes, enquanto os de IgG e IgM são menos verificados e os de IgA raramente são observados.

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Em cães com leishmaniose visceral, foi encontrada ocorrência de 32,7%, com depósito de IgG, e IgM em intensidade mínima. Estudo morfométrico revelou a presença de células T CD4+ (Figura 8) em quantidade maior nesse padrão de GN do que nos demais padrões diagnosticados 21,31. Em cinco de sete cães beagles adultos oriundos de um mesmo parto foi diagnosticada glomerulonefrite membranoproliferativa, classificada como glomerulopatia familiar hereditária. Microscopia eletrônica realizada em três biópsias renais revelou espessamento e duplicação da membrana basal glomerular 34. Outros autores encontraram incidência variável – de 10% a 34,2% – desse padrão de lesão em cães com e sem histórico de doença renal 4,6,8,22,32.

Figura 8 - Glomérulo. Cão naturalmente infectado por Leishmania (Leishmania) chagasi. Glomerulonefrite membranoproliferativa difusa. Células positivas para CD4+. Coloração: imunoperoxidase. Aumento: 40x Francisco Assis Lima Costa

Glomerulonefrite crescêntica difusa Caracteriza-se pela proliferação de vários tipos de células e tecido conjuntivo fibroso no espaço de Bowman (extracapilar). O grau de formação de Francisco Assis Lima Costa

Figura 6 - Glomérulo. Cão naturalmente infectado por Leishmania (Leishmania) chagasi. Glomerulonefrite membranoproliferativa tipo I. Espessamento e duplicação da membrana basal do capilar glomerular (seta). Coloração: PAMS. Aumento: 40x

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Figura 7 - Glomérulo. Cão naturalmente infectado por Leishmania (Leishmania) chagasi. Glomerulonefrite membranoproliferativa tipo II. Depósito de proteína na membrana basal dos capilares glomerulares (seta). Coloração: Masson. Aumento: 40x

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Figura 9 - Glomérulo. Cão naturalmente infectado por Leishmania (Leishmania) chagasi. Glomerulonefrite crescêntica. Crescente segmentar fibroso (seta). Coloração: H-E. Aumento 40x

crescente pode variar de focal e segmentar a circunferencial. É classificada como celular, fibrocelular ou fibrosa (Figura 9). O grau de envolvimento glomerular com crescente varia de 20 a 80%. Coloração para membrana basal (PAS, PAMS) revela quebra da MBG e da membrana basal da cápsula de Bowman. Estas são, provavelmente, as lesões que iniciam o extravasamento de sangue para o espaço urinário e desencadeiam a formação de crescente. A imunofluorescência revela, como característica própria desse padrão de GN, fraca coloração para IgG, IgA e IgM, com ou sem complemento. A acentuada deposição de imunoglobulinas é incompatível com o diagnóstico da GN crescêntica primária. Esse padrão de lesão glomerular parece raro na espécie canina. Glomerulonefrite crescêntica foi encontrada em um cão com LV, presença discreta de IgG e IgM e ausência de IgA e C3 21,31. Outros autores encontraram glomerulonefrite crescêntica em um único cão 4. Glomerulonefrite membranosa difusa Em amostra constituída por 46 cães proteinúricos, 14 apresentaram

características morfológicas de nefropatia membranosa à microscopia óptica e eletrônica 35. Esses casos foram classificados, por meio de exame histológico seriado, em cinco estágios 36. Estágio I caracterizado por espessamento mínimo da parede capilar; em coloração com tricrômio foi constatada, em alguns glomérulos, a presença de pequenos nódulos vermelho-alaranjados distribuídos de forma irregular ao longo da superfície externa da parede capilar; a imunoperoxidase revelou a presença de IgG em um padrão granular irregular. Estágio II - caracterizado por espessamento da parede capilar glomerular; em coloração com PAS, e especialmente PAMS, a membrana basal do capilar apresentou-se irregular devido à presença de pequenas espículas que se projetavam entre áreas coradas em vermelho-laranja com tricrômio de Gomori, positivas para IgG. Estágio III - caracterizado por espessamento uniforme da parede capilar glomerular em coloração com H-E e PAS; a coloração com PAMS revelou que o proeminente espessamento da parede capilar resultava de duplicação ou ruptura da membrana basal com pontes intercomunicantes, positivas para prata. Estágio IVA - caracterizado por reabsorção parcial dos depósitos imunes e fibrose glomerular; nos glomérulos menos afetados a parede capilar era uniformemente espessa e a membrana basal freqüentemente laminada, rompida ou duplicada; nos glomérulos mais afetados, verificou-se espessamento da parede capilar, colapso ou compressão do lume, aderência capsular e esclerose hialina segmentar; os depósitos de IgG eram irregulares e discretos. Estágio IVB - caracterizado por moderado espessamento uniforme da parede capilar glomerular e ruptura ou duplicação de segmentos da membrana basal glomerular; à exceção do último estágio, os demais eram acompanhados por síndrome nefrótica. Glomerulonefrite proliferativa endocapilar difusa O glomérulo apresenta-se aumentado de volume, hipercelular, ocupando todo o espaço de Bowman. A parede capilar é normal, sem espessamento da MBG, e o lume tem diâmetro reduzido ou está completamente ocluído. Nos casos mais severos observa-se trombo capilar,

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crescente e MBG de duplo contorno. Este tipo de lesão glomerular decorre de uma infecção, daí ser chamada de GN pós-infecciosa. Às vezes pode observarse na coloração com tricrômico de Masson pequenos depósitos subepiteliais que correspondem aos humps (cúpulas) vistos no exame ultraestrutural. Na imunofluorescência é marcante o depósito granular de C3 ao longo da parede capilar. Este depósito é normalmente acompanhado de IgG e às vezes IgM e IgA. Em 34 cães examinados foram diagnosticados dois casos de GN proliferativa endocapilar difusa e cinco casos (4,3%) em 115 cães examinados 4,32. Por imunoperoxidase foi demonstrada a presença de depósitos de IgG, IgM e C3 ao longo da parede capilar. Glomerulonefrite focal Essa GN é classificada em quatro tipos histológicos: proliferativa, necrosante, crescêntica e esclerosante. As lesões são focais e segmentares, envolvendo menos de 50% do tufo glomerular, ou focais e globais, envolvendo mais de 50% do tufo glomerular. Em amostra constituída por 115 cães, 18 (15,7%) receberam diagnóstico de glomerulonefrite focal, distribuída em proliferativa (10 casos), necrosante (dois casos), crescêntica (um caso) e esclerosante (cinco casos) 32. Em cinco de 40 cães verificou-se glomerulonefrite focal: três do tipo proliferativo mesangial e dois do tipo necrosante, com crescente e depósito eletrondenso subepitelial e intramembranoso 4. São observados, com maior freqüência, depósitos de IgG e C3. Glomerulonefrite esclerosante difusa É caracterizada por esclerose difusa do glomérulo. Não constitui uma entidade específica, mas sim a conseqüência final de uma variedade de doenças glomerulares, que incluem desde a glomerulonefrite pós-infecciosa e a glomeruloesclerose segmentar focal até a nefrite hereditária. Na maioria dos casos, são observados depósitos granulares de IgM e C3 acompanhados, ocasionalmente, de IgG ou IgA e componentes precoces do complemento. Estudo realizado em cadelas com e sem piometra revelou a presença de esclerose glomerular em sete (36,8%) fêmeas portadoras de piometra, e em nove (56,3%)

animais do grupo controle 37. Para alguns autores, a lesão é uma conseqüência da idade em cadelas afetadas pela piometra, e constitui-se em uma glomerulopatia crônica não específica caracterizada por glomeruloesclerose global difusa e severas alterações túbulo-intersticiais 32. Sete casos desse padrão de GN foram detectados em uma população de 34 cães. A maioria dos glomérulos apresentava-se obsoleta ou mostrava fibrose progressiva, expansão da matriz mesangial, colapso da parede capilar, aderências e alguns depósitos hialinos. Hipercelularidade em grau variável estava presente 4. PATOGÊNESE Pouco se conhece da patogênese da GN no cão. Acredita-se que o complexo imune circulante e o complexo imune in situ participem do processo como mediadores primários 2,5,22. No primeiro caso, anticorpos reagem com antígeno não glomerular na circulação para formar complexos imunes que se depositam no glomérulo, revelando um padrão fluorescente de depósito granular de imunoglobulina e complemento 3. Glomerulonefrite por complexo imune tem sido diagnosticada em cães com infecção simultânea por adenovírus canino-1 e Dirofilaria immitis 24. No segundo caso, extremamente raro nos animais em condições naturais, anticorpos reagem com antígenos na membrana basal glomerular (antígenos glomerulares insolúveis ou antígenos extraglomerulares implantados no glomérulo), revelando um padrão fluorescente uniforme, liso e linear 6,26. Algumas vezes, contudo, esses eventos podem atuar simultaneamente na indução de injúria glomerular 27. Vários fatores influenciam a deposição de complexo imune nos tecidos 38 mas, nos rins, os mais importantes estão relacionados à carga elétrica e ao tamanho dos complexos solúveis circulantes formados 38,39. O complexo imune circulante implantado no glomérulo ou os anticorpos antimembrana basal glomerular, sozinhos, raramente produzem danos glomerulares significantes, entretanto alterações mais severas podem ser causadas por mediadores secundários como componentes do sistema complemento, leucócitos e plaquetas circulantes, fatores de coagulação, deposição de fibrina, citocinas, quimiocinas e moléculas

de adesão 2,40,41,42,43,44,45. O glomérulo responde a essas injúrias por meio de proliferação celular, espessamento da membrana basal, e se a injúria persistir, por hialinização e esclerose 7. Nos últimos anos, importante destaque vem sendo conferido à participação das citocinas no processo de injúria glomerular, tanto em animais de experimentação quanto no homem. Essas moléculas solúveis (IL-1, TNF_, IFN-a etc.) regulam a expressão do complexo de histocompatibilidade principal classe II, e de moléculas de adesão pelas células mesangiais, células inflamatórias e endotélio vascular; regulam a liberação de fatores quimiotáticos e promovem a indução de mediadores pró-inflamatórios nas células glomerulares (componentes do complemento, radicais de oxigênio, óxido nítrico e prostanóides) 46,47,48,49,50,51,52. A expressão das moléculas de adesão facilita a infiltração de células inflamatórias 44, que por sua vez acentuam a injúria glomerular, podendo levar ao desenvolvimento de glomeruloesclerose 43,53. Recentemente, a descoberta de um grupo de citocinas com atividade quimiotática, as quimiocinas, tem trazido importantes contribuições para o entendimento do mecanismo de infiltração renal por células inflamatórias. A família das quimiocinas induz a quimiotaxia ou a ativação de uma variedade de células inflamatórias como neutrófilos, monócitos, eosinófilos, células T CD4+ e CD8+. Elas são sintetizadas e secretadas tanto por células renais residentes (células mesangiais, endoteliais e tubulares) quanto por células que migram para o parênquima renal 54,55. Se a infiltração é de neutrófilos, p. ex., ocorre uma “explosão respiratória”, com produção de metabólitos tóxicos, peróxido de hidrogênio (H2O2) e mieloperoxidase (MPO), capazes de danificar diretamente a membrana basal glomerular 56. Acentuada infiltração de monócitos/ macrófagos nos capilares glomerulares, no mesângio, e em menor proporção no espaço urinário e em focos de reação inflamatória intersticial, ocorre nos rins de cães com diferentes padrões de glomerulonefrite (glomerulonefrite proliferativa endocapilar difusa, glomerulonefrite proliferativa mesangial difusa e glomerulonefrite mesangiocapilar difusa) 32. Um pequeno número dessas células é normalmente encontrado no

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glomérulo como células residentes, desempenhando a função de apresentadoras de antígenos. Elas são atraídas por fatores quimiotáticos produzidos pelas células mesangiais e causam injúria glomerular pela liberação de oxidantes (óxido nítrico) e proteases 46. Ainda não se sabe se todos esses mecanismos de lesão glomerular ocorrem na espécie canina, mas estudos recentes sobre GN realizados em cães naturalmente infectados por Leishmania (Leishmania) chagasi demonstraram a participação de células T CD4+ e de moléculas de adesão (ICAM-1 e Pselectina), bem como presença de antígenos de Leishmania, na patogenia da lesão glomerular nesses animais 57. COMENTÁRIOS E DISCUSSÃO O aumento do número de casos registrados de glomerulonefrites deixa claro o aumento da incidência dessa enfermidade em animais, particularmente nos cães. Esse fato pode refletir não só a acurácia dos procedimentos diagnósticos, mas também mudanças reais nas características epidemiológicas de certas doenças ao longo dos anos, o aumento da incidência de doenças virais crônicas e o aumento da expectativa de vida dos animais promovido pelas imunizações freqüentes e pelas melhorias nutricionais e sanitárias 2. Apesar dos estudos realizados, os padrões de glomerulonefrite no cão ainda não foram bem caracterizados. Ainda não foi elaborada uma classificação padronizada, única, que possa ser usada como referência, a exemplo do que acontece com o homem. Talvez essa lacuna decorra da dificuldade de desenvolver um estudo sistemático das enfermidades associadas às nefropatias no cão. As informações clínicas e laboratoriais atualmente disponíveis sobre essas enfermidades e as alterações renais secundárias ou primárias que elas promovem não permitem o estabelecimento de uma correlação precisa entre sintomas, exames bioquímicos, patologia, imunologia e tratamento 6. A determinação precisa das alterações renais requer conhecimentos de imunofluorescência e microscopia eletrônica, técnicas cujos resultados devem ser comparados com os dados clínicos e laboratoriais 15. Na maioria das vezes, os padrões de classificação das GN nos 70

cães são baseados somente no emprego das técnicas histopatológicas de rotina (H-E, PAS, colorações à base de prata e vermelho congo) 8. Mesmo a biópsia renal, procedimento rotineiro aplicado no diagnóstico das nefropatias no homem, não é adotada com a mesma freqüência em cães 11. Por outro lado, observa-se que a classificação das glomerulopatias proposta pela OMS para o homem vem sendo adotada para o cão de maneira satisfatória, visto que os princípios que determinam os mecanismos de lesão renal são semelhantes entre as duas espécies 3,4,13,21,32,39. O mecanismo imunopatológico humoral responsável pela glomerulonefrite envolve tanto a produção transitória de anticorpos dirigidos contra a membrana basal glomerular quanto a deposição passiva de complexos imunes solúveis formados na circulação, ou a formação de complexos imunes in situ 2,5,22. A glomerulonefrite mediada por anticorpos antimembrana basal glomerular é muito rara ou não ocorre em condições naturais no cão, contudo pode ser induzida experimentalmente 58,59. De fato, tanto a deposição passiva de complexos antígenos/anticorpos solúveis quanto a formação in situ de complexos imunes no glomérulo parecem estar envolvidas na indução da glomerulonefrite no cão 8. Na literatura, encontra-se um único relato sobre essa GN em cão, que lembra a doença de Goodpasture 9. Apesar das evidências apontarem o mecanismo imunológico por complexo imune como a mais provável causa das glomerulopatias, estudos demonstram que a aparente presença de depósitos imunes nos rins nem sempre está relacionada com anormalidades glomerulares 60. Embora não esteja completamente esclarecida, já existe comprovação da participação de outros elementos na patogênese das glomerulopatias secundárias. É o caso das células T, das citocinas, das moléculas de adesão e da apoptose, cujas ações estão relacionadas com os eventos imunológicos, com a infiltração de células e com a progressão da glomerulonefrite. A elaboração de critérios padronizados para a classificação das glomerulonefrites a serem adotados para o cão exige, além da instituição de biópsia renal como rotina para processamento de material para microscopia de luz,

eletrônica e imunofluorescência, o acompanhamento rigoroso do paciente com avaliações clínicas, laboratorias e terapêuticas permanentes, em consonância com o entendimento do comportamento biológico da doença glomerular e dos aspectos epidemiológicos das enfermidades associadas às glomerulopatias na espécie . Com base na similaridade entre a estrutura glomerular e as lesões glomerulares observadas no homem e no cão, e nos resultados de trabalhos já realizados, acredita-se que os critérios da OMS, elaborados para classificar as glomerulopatias no homem, podem, seguramente, ser utilizados para classificar as glomerulonefrites no cão 13. REFERÊNCIAS 01-WINTER, H. ; MAJID, N. H. Glomerulonephritis - an emerging disease. Veterinary Bulletin, v. 54, n. 5, p. 327-335, 1984. 02-LERNER, R. A. ; DIXON, F. J. ; LEE, S. Spontaneous glomerulonephritis in sheep. II. Studies on natural history, occurrence in other species, and pathogenesis. American Journal of Pathology, v. 53, n. 4, p. 501-512, 1968. 03-SLAUSON, D. O. ; LEWIS, R. M. Comparative pathology of glomerulonephritis in animals, Veterinary Pathology, v. 16, n. 2, p. 135-164, 1979. 04-MACDOUGALL, D. F. ; COOK, T. ; STEWARD, A. P. ; CATTELL, V. Canine chronic renal disease: prevalence and types of glomerulonephritis in the dog. Kidney International, v. 29, p. 1144-1151, 1986. 05-GRAUER, G. F. Canine glomerulonephritis: new thoughts on proteinuria and treatment, Journal of Small Animal Practice, v. 46, n. 10, p. 469-478, 2005. 06-COOK, A. K. ; COWGILL, L. D. Clinical and pathological features of protein-losing glomerular disease in the dog: a review of 137 cases (1985-1992). Journal of the American Animal Hospital Association, v. 32, n. 4, p. 313322, 1996. 07-GRAUER, G. F. Glomerulonephritis. Seminars in Veterinary Medicine and Surgery, v. 7, p. 187-197, 1992. 08-CENTER, S. A. ; SMITH, C. A. ; WILKINSON, E. ; ERB, H. N. ; LEWIS, R. M. Clinicopathologic, renal immunfluorescent, and light microscopic features of glomerulonephritis in the dog: 41 cases (1975-1985) Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 190, n. 1, p. 81-90, 1987. 09-PEDERSEN, N. C. A review of immunologic diseases of the dog. Veterinary Immunology and Immunopathology, v. 69, n. 2-4, p. 251342, 1999. 10-GREEN, R. A. ; RUSSO, E. A. ; GREENE, R. T. ; KABEL, A. L. Hypoalbuminemia-related platelet hypersensitivity in two dogs with nephritic syndrome. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 186, n. 5, p. 485-488, 1985. 11-LULICH, J. P. ; OSBORNE, C. A. ; POLZIN, D. J. Diagnosis and long-term management of protein-losing glomerulonephropathy. A 5-year case-based approach. Veterinay Clinics of North

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Clínica Veterinária, Ano XIII, n. 75, julho/agosto, 2008



Angélica de Mendonça Vaz Safatle

Análise retrospectiva dos resultados da remoção de catarata por facoemulsificação em cães

Médica veterinária angsaf@usp.br

Márcia Pansera Galego

Médica veterinária

mpgalego@uol.com.br

Ana Paula Hvenegaard

Médica veterinária

ana6113@hotmail.com

Retrospective analysis of phacoemulsification for cataract removal in dogs

Débora Gomes

Médica veterinária

debb_gomes@yahoo.com.br

Ricardo Lisak

Médico veterinário

Análisis retrospectivo de los resultados obtenidos en la remoción de cataratas en perros por facoemulsificación Resumo: Nos últimos anos, a facoemulsificação (FACO) vem se tornando a técnica cirúrgica intra-ocular de eleição para a remoção de catarata em medicina veterinária. Neste estudo, foram analisados os resultados de 71 cirurgias de FACO realizadas em clínica particular entre os meses de janeiro de 2005 e dezembro de 2006, em um total de 67 cães (sendo 6 diabéticos), com idades entre 4 meses e 13 anos. Foi observada melhora da visão funcional em 68 casos (95,77%), acompanhados no período de 30 dias a 1 ano após a intervenção cirúrgica. Alterações como opacificação da cápsula posterior, sinéquia posterior, hipertensão ocular transitória, uveíte anterior e edema de córnea foram ocasionalmente diagnosticadas. Com esses resultados, pode-se concluir que a facoemulsificação, quando corretamente indicada, mostra-se adequada ao tratamento da catarata por ser uma técnica cirúrgica rápida, menos traumática e com menor morbidade no pós-operatório. Unitermos: lente, cegueira, cirurgia de catarata Abstract: Phacoemulsification (FACO) has become the main intra-ocular surgical technique for cataract removal in veterinary medicine in the past years. This study reviews the results of 71 phacoemulsifications performed in a private veterinary clinic from January 2005 to December 2006. Data from sixty one healthy dogs and six animals with diabetes mellitus between 4 months and 13 years of age were analyzed. Return of functional vision was observed in 68 cases (95.77%), followed from 30 days to 1 year post-surgery. Posterior capsular opacification, posterior synechia, ocular hypertension, anterior uveitis and corneal edema were occasionally diagnosed. Results suggest that phacoemulsification is adequate to cataract removal when correctly indicated, since it is a fast and less traumatic surgical technique and because it yields better recovery prognosis. Keywords: lens, blindness, cataract surgery Resumen: La facoemulsificación se ha convertido en la principal técnica quirúrgica intraocular para la remoción de cataratas en medicina veterinaria en los últimos años. En este estudio fueron analizados los resultados de 71 cirugías de facoemulsificación realizadas en la clínica veterinaria entre enero de 2005 y diciembre de 2006. Las cirugías de 67 perros, 6 con diabetes mellitus fueron analizadas,, con edades entre 4 meses y 13 años. La recuperación de la visión funcional fue observada en 68 casos (95,77%), analizados desde 30 días hasta 1 año después de la cirugía. Opacificación capsular posterior, sinequia posterior, hipertensión ocular, uveítis anterior y edema corneal fueron diagnosticados eventualmente. Los resultados sugieren que el procedimiento quirúrgico de facoemulsificación, cuando indicado correctamente, es adecuado en el tratamiento de remoción de catarata, por ser una intervención más rápida, menos traumática y menos mórbida en el posoperatorio. Palabras clave: lente, ceguera, cirugías de catarata

Clínica Veterinária, n. 75, p. 74-78, 2008

Introdução Catarata é a ruptura do arranjo arquitetural lamelar normal das fibras da lente ou da cápsula, resultando na perda de transparência da lente 1,2. Trata-se de uma das causas mais comuns de perda de visão em cães 2 e pode levar a problemas secundários como uveíte e glaucoma. A remoção de catarata é a cirurgia intra-ocular mais comumente realizada na medicina veterinária 3,4. Com o advento da facoemulsificação (FACO), o sucesso da cirurgia de catarata, que até 74

1985 situava-se entre 60 e 80% dos casos 5, agora atinge taxas de aproximadamente 90-95% 6,7. O presente artigo relata 71 cirurgias de remoção de catarata por facoemulsificação, realizadas em clínica particular entre janeiro de 2005 e dezembro de 2006. A técnica de facoemulsificação, introduzida em 1967 8, consiste na remoção da catarata por fragmentação ultrasônica e aspiração, através de uma incisão de 3,2mm. As desvantagens se relacionam ao alto custo instrumental e à

riclisak@ig.com.br

dificuldade técnica 3,4,8 . Em relação à técnica padrão de facectomia extra-capsular (FEC), as vantagens da facoemulsificação são: menor tempo cirúrgico, redução das complicações associadas com a cicatrização, pois a incisão corneal na FEC é de cerca de 170º 1,9, e menor tempo de recuperação. As complicações precoces comumente encontradas nesse procedimento são: aumento transitório da pressão intra-ocular – acima de 30 mmHg –, referido como hipertensão ocular pósoperatória (HOP); uveíte severa, que pode levar a aderências da íris (sinéquias) e fechamento da pupila (seclusão pupilar); descolamento de retina; edema profundo de córnea por lesão endotelial e opacificação da cápsula posterior da lente 2,3,9,10,11,12,13. O objetivo desta revisão é analisar os resultados, a curto e a médio prazos, da facoemulsificação para a cirurgia de catarata, quanto à recuperação da visão e às complicações encontradas. Material e método Foram analisados os registros médicos de 67 cães submetidos à cirurgia de remoção de catarata por facoemulsificação, dos quais 63 tiveram um olho operado e quatro ambos os olhos. O grupo incluiu 32 machos e 35 fêmeas com idades entre quatro meses e treze anos, seis dos quais eram portadores de Diabetes melito. As raças incluíam: bichon frisè, cocker spaniel americano e inglês, fila brasileiro, fox terrier, retriever

Clínica Veterinária, Ano XIII, n. 75, julho/agosto, 2008


(Figura 4), seguida da remoção contínua e curvilínea da porção central da cápsula anterior (capsulorhexis). O material viscoelástico p (hidroxipropilmetilcelulose 2%) foi injetado na câmara anterior. Fez-se incisão acessória (side-port) com bisturi 15° para realizar a facoemulsificação bi-manualmente. Introduziu-se a caneta do facoemulsificador que, pela unidade de irrigação, manteve a forma e a tensão da câmara anterior pela infusão de solução salina balanceada (BSS q). Procedeu-se à Angélica de M. V. Safatle

Figura 3 - Cápsula anterior da lente corada com azul de tripano Angélica de M. V. Safatle

Figura 1 - Facoemulsificador: marca Nidek, modelo - 12000

Figura 2 - Microscópio cirúrgico

Figura 4 - Capsulotomia Angélica de M. V. Safatle

Angélica de M. V. Safatle

a) Atropina 1%. Laboratório Allergan. Guarulhos. SP b) Zymar. Laboratório Allergan. Guarulhos. SP c) Predfort. Laboratório Allergan. Guarulhos. SP d) Mydriacyl 1%. Laboratório Alcon. São Paulo. SP e) Cetrolac. Laboratório Genom. São Paulo. SP f) Banamine. Schering-Plough. São Paulo. SP g) Meticorten. Schering-Plough. São Paulo. SP h) Trusopt. Laboratório Merck Sharp & Dohme. São Paulo. SP i) Acepram 0,2%. Laboratório Univet. São Paulo. SP j) Dolantina. Hoechst Marion Roussel. São Paulo. SP k) Propovan. Cristália. Itapira. SP l) Halotano. Hoechst Marion Roussel. São Paulo. SP m) Isothane. Zeneca. Cotia. SP n) Rocuron. Cristália. Itapira. SP o) Azul de tripano. Ophthalmos. São Paulo. SP p) Metilcelulose 2%. Ophthalmos. São Paulo. SP q) BSS. Ophthalmos. São Paulo. SP r) Fio de sutura Seda 8-0. Ethicon. São José dos Campos. SP s) Fio de sutura Seda 4-0. Ethicon. São José dos Campos. SP

para a indução, propofol k (5mg por kg), via intravenosa e, para a manutenção, inalação de halotano l ou isofluorano m com oxigênio a 100%. Empregou-se bloqueador neuromuscular (rocurônio n 0,5mg por kg) intravenoso com o intuito de centralizar o bulbo ocular e diminuir a tensão vítrea. Todas as intervenções cirúrgicas foram realizadas por um único cirurgião (Angélica de Mendonça Vaz Safatle), utilizando a mesma técnica e unidade de faco-fragmentação e aspiração (Figura 1). O ultra-som, a irrigação e a aspiração provieram de uma unidade manual (caneta) acoplada a uma agulha de titânio. Durante a cirurgia, os animais permaneceram em decúbito lateral com a cabeça apoiada em travesseiro apropriado, e o olho a sofrer a intervenção foi posicionado sob microscópio cirúrgico (Figura 2). Realizou-se cantotomia para melhor exposição do campo operatório quando necessário. Após uma incisão de 3,2mm na córnea (clear cornea), foram injetadas 10 unidades de azul de tripano o e 30 unidades de ar para corar a cápsula anterior da lente (Figura 3); um cistítimo ou uma agulha 22X25ga foi introduzido para a realização da capsulotomia Angélica de M. V. Safatle

dourado, retriever do labrador, lhasa apso, lulu da pomerânia, pinscher, maltês, poodle toy, mini e médio, são bernardo, schnauzer mini, SRD, teckel, weimaraner e yorkshire terrier. Todos os cães apresentavam baixa de acuidade visual em diferentes graus devido à catarata, e foram submetidos a exames físico, oftalmológico e laboratorial antes da cirurgia. Eletrorretinografia e ultra-sonografia ocular também foram solicitadas. Dentre as cataratas, 16 eram intumescentes, 17 imaturas, 19 maturas e 19 hipermaturas. As medicações utilizadas por via tópica foram atropina 1% a (em intervalo de 12 horas, um dia antes da cirurgia), gatifloxacino 0,3% b e acetato de prednisolona 1% c (em intervalos de quatro a seis horas, nos três dias anteriores ao procedimento e até um mês após, sendo a freqüência gradualmente diminuída após a cirurgia) e tropicamida 1% d (em intervalos de 8 horas, iniciada logo após a cirurgia e até quinze dias depois desta); os portadores de Diabetes melito receberam antiinflamatório não esteroidal, cetorolaco de trometamina e, em substituição ao corticóide. Antibióticos foram administrados também por via sistêmica por dez dias, a contar do dia da cirurgia. Flunixin meglumine f (1mg por kg/IV) foi aplicado imediatamente antes do início da cirurgia. Prednisona g (0,5 a 1mg por kg/VO) foi administrada uma vez ao dia por um período de quinze dias, iniciando-se três dias antes da cirurgia, passando então para administração em dias alternados, até ser suspensa no 30º dia pós-cirúrgico. Colírio de dorzolamida h 2% foi utilizado nas primeiras 72 horas, uma gota a cada oito horas. De forma geral, foram utilizados como medicação pré-anestésica, acepromazina i (0,05 a 0,1mg por kg) e meperidina j (2mg por kg), via intramuscular;

Figura 5 - Facoemulsificação: fragmentação do núcleo

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Angélica de M. V. Safatle

Angélica de M. V. Safatle

Angélica de M. V. Safatle

B

A Figura 6 - Pós-operatório imediato: aspecto final

Figura 7 - Facoemulsificação bilateral: sete meses após a cirurgia

fragmentação do núcleo do cristalino, que foi aspirado posteriormente, assim como o viscoelástico (Figura 5). A córnea foi suturada em pontos simples isolados com fio de seda 8-0 r, e a cantorrafia foi realizada com fio de seda 4-0 s (Figura 6). O colar elizabetano foi colocado imediatamente após a cirurgia e mantido por quinze dias. Os animais foram avaliados quanto a visão, inflamação e pressão intra-ocular (PIO), obtida com tonômetro de aplanação (Tono-pen®). Essa avaliação foi feita no primeiro, quinto, 12º, 20º e 30º dias de pós-operatório, e então mensalmente, por três meses. Considerou-se como bem sucedida a cirurgia que proporcionou eixo visual claro e melhoria ou restauração da visão funcional do paciente, aferida pela presença de reflexo de ameaça, capacidade de acompanhar objetos em movimento e de transpor obstáculos em ambiente desconhecido. Nos cães que tiveram os dois olhos operados, estes foram avaliados separadamente (Figura 7). As complicações encontradas foram: opacidade de cápsula posterior, uveíte severa, edema de córnea, descolamento de retina, sinéquias e seclusão pupilar acompanhada por íris bombé. Como se tratou de trabalho clínico epidemiológico retrospectivo observacional, ou seja, estudos de casos, a análise estatística foi dispensada.

freqüentes foram opacificação da cápsula posterior e formação de sinéquias posteriores (Figura 8), e as menos freqüentes, edema de córnea e desenvolvimento de uveíte anterior severa. Foram registrados dois casos de seclusão pupilar com íris bombé e outros dois de hipertensão ocular pós-operatória. A não recuperação da visão no período estudado foi decorrente do desenvolvimento de uveíte anterior severa não responsiva ao tratamento, e da não administração da medicação por parte do proprietário.

Resultados Houve restauração da visão funcional em 68 dos 71 olhos operados (95,77%), ou seja, apenas em três casos os animais não recuperaram a visão durante o período analisado, e nenhum destes era diabético. As complicações precoces mais 76

Discussão e conclusão A taxa de sucesso alcançada na análise do emprego da facoemulsificação como tratamento de catarata (95,77%) foi similar à relatada na literatura, que varia de 90 a 95% 3,5,8,13,14. Esse resultado é positivo quando comparado aos reportados para a técnica convencional, FEC, entre 75% e 83% 6. As complicações encontradas após a FACO, como uveíte pós-operatória, opacidade de cápsula posterior, sinéquia posterior e edema de córnea, são comuns à FEC 1,8. A uveíte pós-operatória é esperada como resposta ao trauma cirúrgico, o que explica o uso de antiinflamatórios, iniciado ainda no pré-operatório. Entretanto, em cães e humanos, a cronificação de

uveíte anterior severa é freqüentemente descrita. Fibrina, flare (dispersão coloidal do humor aquoso; efeito Tyndall) e células se instalam na câmara anterior, a despeito do emprego de antiinflamatórios. A miose acompanha a uveíte e sinéquias posteriores se desenvolvem 1,14. Dentre os 71 casos analisados, seis apresentaram uveíte severa, três dos quais responderam de forma satisfatória ao tratamento; dos demais, dois evoluíram para cegueira e um para phthisis bulbi. Pressupõe-se que alguns acontecimentos, como o trauma causado pela turbulência do ultra-som e os efeitos tóxicos e mecânicos da infusão de grandes volumes, possam lesar as células endoteliais, resultando no edema de córnea. Cães em estágio ainda inicial de distrofia endotelial podem não tolerar o volume de irrigação contínua, com descompensação e perda das células do endotélio. O aumento de pressão e a uveíte pós-operatória podem causar edema secundário, que tende a se resolver uma vez corrigida a causa de base 8,13. Dos dez casos de edema corneal, oito regrediram e dois se mantiveram ao final do período compreendido neste estudo, mas não comprometeram a visão. Embora seu mecanismo exato permaneça incerto, a hipertensão ocular pós-

Complicações

Opacidade de cápsula posterior Sinéquia posterior Edema de córnea Uveíte severa Seclusão pupilar/Iris bombé Hipertensão ocular pós-operatória

nº de olhos 27 15 10 6 2 2

Figura 8 - Complicações encontradas nas cirurgias realizadas (em porcentagem)

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%

38,03 21,13 14,08 8,45 2,82 2,82



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Angélica de M. V. Safatle

operatória (HOP) é atribuída a uma variedade de condições relacionadas à inflamação que se desenvolvem no póscirúrgico, como restos celulares no humor aquoso que dificultam seu fluxo, edema do trabeculado, partículas residuais e proteínas solúveis da lente, herniação do vítreo e retenção do viscoelástico 3,11. É relatado que 37,5% dos cães submetidos à FACO desenvolvem HOP 8. Essa alta incidência indica que é apropriado tratar os cães com medicações antiglaucomatosas desde as primeiras horas do pós-operatório, para evitar aumentos de pressão intra-ocular e danos ao nervo óptico 12. No pós-operatório imediato, foram administrados fármacos que diminuem a produção do humor aquoso, inibidores de anidrase carbônica, com resultado satisfatório, ou seja, apenas em dois casos registrou-se aumento da pressão intra-ocular. A opacificação da cápsula posterior (OCP) é uma complicação freqüente da cirurgia de catarata 1,5,14,15, embora a sua exata prevalência não tenha sido determinada 16. Em um estudo, a prevalência dessa complicação foi de 67% para cães não diabéticos, e de 68% para cães diabéticos, independentemente da técnica empregada, FACO ou FEC 14. A despeito de quão meticulosamente se realize o procedimento cirúrgico, algumas células epiteliais remanescentes da lente aderem à cápsula anterior, e depois migram para a cápsula posterior, onde passam a produzir material cristalino e sofrem metaplasia fibrosa, que causa o enrugamento da cápsula. A presença de lente intra-ocular inibe essa opacificação 5. A complicação mais prevalente (38,03%) neste estudo foi a OCP com vários graus de intensidade e, embora lentes intra-oculares não tenham sido utilizadas, nenhum animal apresentou opacidade suficiente para impedir a visão (Figura 9). A OCP pode ser tratada por capsulectomia ou por capsulotomia com yttrium-aluminium-garnet (YAG) laser 13,16, este não disponível rotineiramente em nosso meio. Na opinião de alguns autores, a cirurgia de catarata sem o implante de lentes intra-oculares (LIO) não pode ser considerada totalmente bem sucedida 15, porém o assunto ainda é alvo de controvérsias. Estima-se que a acuidade

Figura 9 - Opacidade de cápsula posterior. Observe visualização do disco óptico

visual na espécie canina, assim como no homem, seja reduzida após a remoção do cristalino sem colocação de lente (afacia), mas essa condição não é objetivamente analisada devido à dificuldade de aferir a acuidade visual no cão. Além disso, cães possuem pequena capacidade acomodativa e não têm regiões na retina comparáveis à mácula e à fóvea, que requerem imagens precisamente focadas 13. Considerando que as lentes são associadas a uma maior incidência de complicações como uveíte crônica e glaucoma 7,13 e que os cães, após uma bem sucedida cirurgia de catarata, mesmo sem implante de LIO, retomam suas atividades normais, optou-se por não utilizá-las até o momento. A facoemulsificação apresenta importantes vantagens em relação à técnica convencional, como menor tempo cirúrgico, redução das complicações decorrentes da cicatrização – pois a incisão é menor –, e menor tempo de recuperação. Sua introdução representou aumento significativo nas taxas de sucesso cirúrgico na remoção da catarata. Comparada à FEC, a facoemulsificação é um procedimento cirúrgico mais complexo, requer aparelhagem de custo elevado e, dada a sua complexidade, exige que o cirurgião possua considerável treinamento e conhecimento teórico do procedimento. Referências 01-GILGER, B. C. Phacoemulsification, technology and fundamentals. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 27, n. 5, p. 1131-1141,1997. 02-GLOVER, T. D. ; CONSTANTINESCU, G. M. Surgery for cataracts. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice. v. 27,

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Clínica Veterinária, Ano XIII, n. 75, julho/agosto, 2008



Thomas Normanton Guim

Histiocitoma fibroso maligno tipo célula gigante em felino

MV, mestre, doutorando PPGV/FV/UFPel

thomasguim@hotmail.com

Eduardo Negri Mueller MV, mestrando PPGV/FV/UFPel

Giant-cell type malignant fibrous histiocytoma in feline

enmuellervet@yahoo.com.br

Josiane Bonel Raposo

MV, dra., profa. adj. Depto. Patologia Animal/FV/UFPel

Histiocitoma fibroso maligno tipo célula gigante en un felino

bonel-raposo@brturbo.com.br

Márcia de Oliveira Nobre

MV, dra., profa. adj. Depto. Clínicas Veterinárias/FV/UFPel

Resumo: O histiocitoma fibroso maligno (HFM) tipo célula gigante é um sarcoma raro em animais domésticos. Ele foi diagnosticado em um felino que apresentava claudicação e uma massa na região rádio-ulnar esquerda. Ao exame clínico foi constatada massa subcutânea ulcerada, firme e aderida à musculatura profunda. Radiograficamente não foram observadas alterações de estruturas ósseas ou evidência de metástases. Após estadiamento clínico, a amputação do membro foi realizada e a peça cirúrgica foi encaminhada para exame histopatológico, sendo estabelecido o diagnóstico de HFM tipo célula gigante. Acompanhamento periódico do paciente foi realizado e, vinte e dois meses após a terapia, não houve recidiva ou evidência de lesões metastáticas. Unitermos: gatos, oncologia, neoplasmas de tecidos moles, sarcoma Abstract: The malignant fibrous histiocytoma of the giant cell type is a rare sarcoma in domestic animals. It was diagnosed in a feline with a mass in the left radio-ulnar region and manifest lameness. A subcutaneous ulcerated mass, firm and adhered to the deep muscles was evidenced on clinical examination. There were no bone alterations or evidence of metastases on the radiographic examination. After clinical staging, amputation of the affected limb was performed and the surgical specimen was submitted for histopathological examination, and the diagnosis of malignant fibrous histiocytoma was established. The patient was periodically examined and up to twenty two months after the therapy no recurrence or evidence of metastases were recorded. Keywords: cats, medical oncology, soft tissue neoplasms, sarcoma Resumen: El histiocitoma fibroso maligno (HFM) tipo célula gigante es un sarcoma raro en los animales domésticos. Este fue diagnosticado en un felino que presentaba claudicación y una masa en la región radio-ulnar izquierda. En el examen clínico se observó masa subcutánea ulcerada, firme y adherida a la musculatura profunda. En las radiografías no se observaron alteraciones de las estructuras óseas o evidencia de metástasis. Después de definido el estadio clínico, la amputación del miembro fue realizada y la pieza quirúrgica fue enviada para la realización del examen histopatológico, donde fue establecido el diagnóstico de HFM tipo célula gigante. Fue realizado el acompañamiento periódico del paciente y veintidós meses después de la terapia, no hubo recidiva o evidencia de lesiones metastáticas. Palabras clave: gatos, oncología, neoplasmas de los tejidos blandos, sarcoma

Clínica Veterinária, n. 75, p. 80-82, 2008

Introdução Os sarcomas de tecidos moles compreendem um grupo diverso de neoplasias malignas que se desenvolvem a partir de tecidos de origem mesenquimal. Esses sarcomas têm sido relatados por representarem cerca de 7% de todos os tumores malignos da pele e do tecido subcutâneo de felinos 1, sendo estimada uma incidência anual de 17 casos para cada 100.000 gatos em idade de risco 2. O histiocitoma fibroso maligno (HFM) é um sarcoma primitivo, incomum a raro em animais domésticos, que pode acometer caninos, felinos, eqüinos, bovinos e suínos 3. Em humanos, o HFM é bem documentado e apresenta algumas características morfológicas e comportamento biológico semelhantes aos encontrados em animais 4. Clinicamente, o HFM apresenta-se como uma massa pouco dolorosa, firme, geralmente aderida, invasiva e de crescimento lento. O tecido subcutâneo dos membros anteriores é a região mais 80

acometida 5,6,7, mas há relatos de ocorrência desses neoplasmas no baço 8, nos ossos 9, no tecido periarticular 4, na glândula salivar 10, nos pulmões, no fígado, nos rins e nos linfonodos 3,8. O HFM é pleomórfico e apresenta diferenciação parcialmente histiocítica e fibroblástica, mas a sua histogênese ainda não foi completamente definida 11,12. Histologicamente, o HFM é classificado em vários tipos. Em cães, o tipo estoriforme-pleomórfico é o mais comum, enquanto o tipo célula gigante é o padrão predominante em felinos 3,8. A cirurgia realizada com amplas margens de segurança é considerada a terapia de escolha, pois há poucos relatos de responsividade à quimioterapia ou à radiação em animais acometidos por HFM 1. Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de HFM tipo célula gigante em um felino, e são descritos os aspectos clínico-patológicos do neoplasma, bem como a eficácia da terapia realizada.

mo-nobre@uol.com.br

Cristina Gevehr Fernandes

MV, dra., profa. adj. Depto. Patologia Animal/FV/UFPel cris.gf@uol.com.br

Descrição do caso Foi atendido, no Hospital de Clínicas Veterinária da Universidade Federal de Pelotas (HCV-UFPel), um felino macho de pêlo curto, sem raça definida, de dez anos de idade, com histórico de aumento de volume em região do membro anterior esquerdo há aproximadamente seis meses. No exame clínico notou-se que o animal apresentava impossibilidade de apoiar o membro afetado e, quando estimulado a andar, demonstrava sinais de claudicação acentuada. No exame físico geral não foi constatada nenhuma alteração nos sinais vitais, e o estado corporal do animal era bom. Através da palpação, verificou-se a presença de massa subcutânea de consistência firme, ovóide, medindo aproximadamente 8x4x2cm, ulcerada e aderida à musculatura profunda, localizada na face medial da região rádio-ulnar esquerda (Figura 1). Durante a anamnese o proprietário informou que uma biopsia com punch (saca-bocado) do tumor havia sido realizada e encaminhada a um centro de diagnóstico, que emitiu o parecer de tumor mesenquimal de caráter maligno. A partir desses achados, o animal foi submetido a um exame radiográfico. No membro afetado foi evidenciada uma massa radiopaca localizada na região rádio-ulnar, sem envolvimento de estruturas ósseas e articulares adjacentes (Figura 2). Na avaliação radiográfica do tórax não foram observadas alterações que pudessem indicar lesões metastáticas.

Clínica Veterinária, Ano XIII, n. 75, julho/agosto, 2008


Thomas Normanton Guim

esse neoplasma como um histiocitoma fibroso maligno tipo célula gigante. Durante o período pós-operatório não houve complicação. Os pontos cirúrgicos foram retirados dez dias após o procedimento, sem histórico de contaminação ou dificuldade de cicatrização da ferida. Acompanhamento periódico do animal através de exames clínicos e radiográficos foi sugerido ao proprietário. Até o momento transcorreram vinte e quatro meses de sobrevida sem intercorrências, a contar do período pós-operatório. O animal apresentava-se em ótimo estado clínico. O proprietário informou que, devido à amputação, o animal tornou-se mais sedentário e já não apresentava os hábitos de caça que comumente exercia.

Por apresentar sinais clínicos e padrões histológicos de malignidade, mas sem evidências de lesões metastáticas, a terapia eleita para esse caso foi a cirúrgica. A amputação completa do membro anterior, incluindo a escápula, foi realizada. Não houve complicações durante o período transoperatório. A peça cirúrgica foi encaminhada para exame anatomopatológico. Macroscopicamente, foi evidenciada a aderência e a infiltração do neoplasma na fáscia muscular profunda, sem envolvimento do linfonodo regional. A superfície de corte do neoplasma apresentou coloração esbranquiçada e aspecto lobulado. Histologicamente Figura 2 - Projeção ra- observou-se proliferação de células fudiográfica lateral demonstrando massa siformes com pleoradiopaca localizada morfismo celular e na região rádio-ulnar, nuclear acentuado, sem envolvimento de estruturas ósseas e além de núcleos articulares adjacentes com mitoses bizarras (Figura 3). Adicionalmente, células gigantes multinucleadas neoplásicas eram abundantes e havia atividade mitótica típica e atípica acentuada (Figura 4). Os achados microscópicos permitiram caracterizar

Discussão O HFM é um neoplasma incomum em todas as espécies de animais domésticos. Em cães e gatos, tem se observado nos últimos anos um número crescente de diagnósticos, embora a casuística nessas duas espécies ainda seja considerada baixa 3,8. No Brasil, embora haja um crescente número de diagnósticos de HFM em cães 13,14,15, a espécie felina raramente tem sido descrita como portadora desse tipo de neoplasma 16,17. Claudicação é um sinal clínico comumente observado em animais acometidos por HFM nos membros 6,9,18. Neste relato, a disfunção neurológica, evidenciada por impossibilidade de apoio do membro afetado e perda proprioceptiva foi associada à compressão dos nervos periféricos pela massa neoplásica. Alguns autores citam que, mesmo que as neoplasias não sejam primárias dos nervos periféricos, outros tumores de tecidos moles podem produzir sinais de disfunção neurológica, tanto por invasão como por encarceramento e compressão dessas estruturas 19. Em estudo anterior, foram constatados sinais de disfunção neurológica do nervo ciático em um felino acometido por HFM envolvendo ossos pélvicos 9. Thomas Normanton Guim

Thomas Normanton Guim

Thomas Normanton Guim

Figura 1 - Massa subcutânea de formato ovóide e ulcerada localizada na face medial da região rádio-ulnar esquerda do felino

Figura 3 - Corte histológico do neoplasma demonstrando células fusiformes (setas) com acentuado pleomorfismo celular e nuclear. Coloração HE, objetiva 20x

Figura 4 - Corte histológico do neoplasma demonstrando células gigantes multinucleadas neoplásicas (setas). Coloração HE, objetiva 20x

No caso aqui relatado, o exame radiográfico não revelou imagens compatíveis com lise de estruturas ósseas e articulares adjacentes à massa neoplásica, mas essa alteração tem sido observada por outros autores e está associada ao comportamento invasivo do HFM 5,7,20. A radiografia é uma ferramenta essencial para a detecção de alterações que possam indicar lesões metastáticas 1. O HFM, embora apresente comportamento invasivo e altas taxas de recorrência, raramente produz metástases para pulmões e outros órgãos 3,6,8. No animal deste caso não foram encontradas alterações radiográficas no campo pulmonar. A biópsia incisional ou excisional é absolutamente necessária para o diagnóstico definitivo do HFM. O conhecimento do tipo histológico antes da intervenção curativa é vital para que a terapia inicial possa ser planejada e realizada 1. Neste caso, uma biópsia por punch foi realizada e um diagnóstico presuntivo foi estabelecido. A dificuldade de estabelecer o diagnóstico por meio de biópsias incisionais ou por punch pode estar relacionada à heterogeneidade do HFM, pois proporções dos diferentes tipos celulares variam consideravelmente em um mesmo tumor 3,4. O diagnóstico diferencial do HFM inclui os fibrossarcomas, os neoplasmas de bainha neural, os rabdomiossarcomas, os osteossarcomas extra-esqueléticos e outros sarcomas 6,9,21. As informações mais importantes para a determinação do estádio clínico de sarcomas de tecidos moles são o tamanho do neoplasma, sua aderência a tecidos adjacentes, sua localização, o comprometimento neoplásico de linfonodos regionais e as metástases clinicamente diagnosticadas. Segundo o sistema TNM de estadiamento clínico para sarcomas de tecidos moles (Figura 5) proposto pela Organização Mundial da Saúde (OMS) 1, o sarcoma presente no animal objeto deste relato inseria-se no estádio II da doença. Embora ainda haja controvérsias, o HFM é um neoplasma incomum que vem, lentamente, ganhando aceitação na literatura médico veterinária como uma entidade distinta, dada a sua ampla diversidade histológica 3,22. Em felinos, nos quais a variante célula gigante é o padrão mais comumente observado, os primeiros relatos desse sarcoma foram referidos como tumor de células gigantes extra-esquelético 23, ou ainda, tumor de células gigantes de partes moles 24. A histogênese das células do HFM

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Tamanho do tumor primário (T) T1: < 2 cm de diâmetro T2: 2-5 cm de diâmetro T3: > 5 cm de diâmetro T4: tumor invadindo músculo, osso ou cartilagem

e radiográficas Linfonodos regionais (N) N0: sem evidências de metástase para linfonodo de recidiva e N1: evidências de metástase para linfonodo metástases, deMetástases à distância (M) M0: sem evidências de metástases distantes M1: evidências de metástases distantes

Agrupamento por estágios Estágio II II A= T3N0M0 II B= T4N0M0

monstrando a eficácia da terapia realizada.

Considerações finais O HFM é um neoplasma Figura 5 - Sistema modificado de estadiamento clínico para sarcomas de tecidos moles, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) invasivo raramente enconainda é objeto de discussão. Alguns autores trado em felinos. O estadiamento clínico é sugerem uma origem histiocítica, enquanvital para o estabelecimento da melhor to outros sugerem origem fibroblástica ou modalidade de tratamento a ser adotada. miofibroblástica 8. Estudos recentes utiNeste caso, a amputação do membro com lizando imunoistoquímica e microscopia amplas margens de segurança demoneletrônica de transmissão têm apontado strou-se eficaz no tratamento do HFM. provável origem histiocítica para esses Um maior número de casos e o acompaneoplasmas, mas existem evidências da nhamento periódico de animais acometipossibilidade de que ambas as células, dos é necessário para que informações histiocíticas e fibroblásticas, possam ser prognósticas fidedignas possam ser estaderivadas de células tronco indiferenciabelecidas, principalmente no Brasil, onde das 12,25,26. o número de relatos de felinos acometidos A escolha da terapia para animais porpor HFM é escasso. tadores de sarcomas de tecidos moles poReferências de ser baseada na localização, no estadia01-MACEWEN, E. G. ; POWERS, B. E. ; MACY, D. Soft mento clínico e no subtipo histológico do tissue sarcomas. In: WITHROW, S. J. ; MACEWEN, E. neoplasma. A despeito do comportamento J. Small Animal Clinical Oncology. Philadelphia: W. B. Saunders Company, 3. ed. , p. 211-226, 2001. invasivo e das margens pobremente cir02-DORN, E. D. Epidemiology of canine and feline tumors. cunscritas, os sarcomas de tecidos moles Journal of the American Animal Hospital Associaton, requerem excisão com amplas margens v. 12, p. 307-312, 1976. 03-GOLDSCHIMIDT, M. H. ; HENDRICK, M. J. Tumors of cirúrgica, incluindo a amputação quando the skin and soft tissues. In: MEUTEN, D. J. Tumors in necessária. As excisões completas são domestic animals. Iowa State Press, 4. ed. , p. 45-117, 1 usualmente curativas . No caso aqui rela2002. tado, a amputação completa do membro 04-POLL, R. R. ; THOMPSON, K. G. Tumors of joints. In: MEUTEN, D. J. Tumors in domestic animals. Iowa anterior foi realizada e o não compromeState Press, 4. ed. , p. 234-237, 2002. timento das margens cirúrgicas e do linfo05-THOMAS, J. B. Malignant fibrous histiocytoma in a dog. nodo regional por células neoplásicas foi Australian Veterinary Journal, v. 65, p. 252-254, 1988. 06-GIBSON, K. L. ; BLASS, C. E. ; SIMPSON, M. ; confirmado histologicamente. GAUNT, D. Malignant fibrous histiocytoma in a cat. Nos escassos relatos de HFM em felinos, Journal of American Veterinary Medical Association, apenas excepcionalmente houve acompav. 194, n. 10, p. 1443-1445, 1989. 07-GLEISER, C. A. ; RAULSTON, G. L. ; JARDINE, J. H. ; nhamento periódico da sobrevida dos paGRAY, K. N. Malignant fibrous histiocytoma in dogs and cientes, o que faz com que as informações cats. Veterinary Pathology, v. 16, n. 2, p. 199-208, 1979. referentes ao prognóstico sejam escassas. 08-HENDRICK, M. J. ; BROOKS, J. J. ; BRUCE, E. H. Six cases of malignant fibrous histiocytoma of the canine Dos relatos de animais amputados, dois spleen. Veterinary Pathology, v. 29, n. 4, p. 351-354, felinos morreram oito meses e seis semanas 1992. após a cirurgia: o primeiro foi eutanasiado 09-SEILER, R. J. ; WILKINSON, G. T. Malignant fibrous histiocytoma involving the ilium in a cat. Veterinary devido a recidiva e resposta insatisfatória à Pathology, v. 17, n. 4, p. 513-517, 1980. radioterapia, enquanto no segundo, que 10-PEREZ-MARTINEZ, C. ; GARCIA-FERNÁNDEZ, R. A. ; também apresentava recidiva neoplásica, REYES ÁVILA, L. E. ; PÉREZ-PÉREZ, V. ; GONZÁLEZ, N. ; GARCÍA-IGLESIAS, M. J. Malignant a causa da morte não foi determinada 7. Enfibrous histiocytoma (giant cell type) associated with a tretanto, em outro relato, 14 meses após a cimalignant mixed tumor in the salivary gland of a dog. rurgia o felino encontrava-se sadio e sem Veterinary Pathology, v. 37, p. 350-353, 2000. 11-PACE, L. W. ; KREEGER, J. M. ; MILLER, M. A. ; evidência radiográfica de metástase pulmoTURK, J. R. ; FISCHER, J. R. Immunohistochemical nar 27. No presente caso, vinte e quatro meses staining of feline malignant fibrous histiocytomas. após a cirurgia o animal encontrava-se em Veterinary Pathology, v. 31, n. 2, p. 168-172, 1994. 12-YAMATE, J. ; FUMIMOTO, S. ; KUWAMURA, M. ; ótimo estado clínico, sem evidências clínicas Estágio I I A = T1N0M0 I B = T2N0M0

Estágio III III A: TodosTN1M0 III B: TodosT TodosNM1 1

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KOTANI, T. ; LAMARRE, J. Characterization of a rat subcutaneous malignant fibrous histiocytoma and its tumor lines, with reference to histiocytic features. Veterinary Pathology, v. 44, p. 151-160, 2007. 13-CALDERÓN, C. ; AMORIM, R. L. ; BANDARRA, E. P. ; MINTO, B. W. Histiocitoma fibroso maligno metastático em canino de 1 ano. In: Anais do XI ENCONTRO NACIONAL DE PATOLOGIA VETERINÁRIA, 2003, Botucatu - SP, p. 252, 2003. 14-SOUZA, T. M. ; FIGHERA, R. A. ; IRIGOYEN, L. F. ; BARROS, C. S. L. Estudo retrospectivo de 761 tumores cutâneos em cães. Ciência Rural, v. 36, n. 2, p. 555-560, 2006. 15-VIANA, D. A. ; SILVA, S. W. G. ; PACHECO, A. C. L. ; FEITOSA, M. S. ; PASSOS, T. C. ; COSTA, L. A. C. ; NUNES, L.C. ; GOUVEIA, J. J. S. ; ALBUQUERQUE, M. C. ; CARVALHO, P. R. L. ; DINIZ, N. B. ; PINHEIRO, E. S. P. ; VIEIRA, A. F. A. ; SILVA, M. C. ; EVANGELISTA, I. L. ; ROCHA, N. S.; OLIVEIRA, D. M. Histiocitoma Fibroso Maligno Metastático: relato de caso. In: Anais do XI Encontro Nacional de Patologia Veterinária, Botucatu - SP, p. 253, 2003. 16-BARROS, L. P. ; MACHADO, L. F. P. ; SILVA, F. C. Reparação da falha abdominal com centro frênico eqüino em gato com histiocitoma fibroso maligno: relato de caso. In: VII Congresso do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária, 2006, Santos. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, supl. 2, v. 58, 2006. 17-GUIM, T. N. ; XAVIER, F. S. ; SPADER, M. B. ; SECCHI, P. ; GUIM, T. N. ; GAMBA, C. O. ; SCHMITT, B. ; FERNANDES, C. G. Estudo retrospectivo de neoplasmas em felinos diagnosticados durante o período de 1980 a 2006. In: Anais do XV Congresso de Iniciação Científica e VII Encontro de Pós-Graduação da UFPel, Pelotas - RS, 2006. 18-WATERS, C. B. ; MORRISON, W. B. ; DENICOLA, D. B. ; WILDMER, W. R. ; WHITE, M. R. Giant cell variant of malignant fibrous histiocytoma in dogs: 10 cases (1986-1993). Journal of the Veterinary Medical Association, v. 205, n. 10, p. 1420-1424, 1994. 19-CHRISMAN, C. L. Paresia ou paralisia de um membro. In: Neurologia dos pequenos animais. São Paulo: Ed. Roca Ltda. , p. 371-386, 1985. 20-RENLUND, R. C. ; PRITZKER, K. P. H. Malignant fibrous histiocytoma involving the digit in a cat. Veterinary Pathology, v. 21, n. 4, p. 442-444, 1984. 21-WALDER, E. J. ; GROSS, T. L. Other mesenchymal tumors. In: GROSS, T. L. ; IHRKE, P. J. ; WALDER, E. J. Veterinary Dermatopathology. St. Louis: MosbyYear Book, p. 430-450, 1992. 22-FULMER, A. K. ; MAUDIN, G. E. Canine histiocytic neoplasia: an overview. Canadian Veterinary Journal, v. 48, n. 10, p. 1041-1050, 2007. 23-CONFER, A. W. ; ENRIGHT, F. M. ; BEARD, G. B. Ultrastructure of a feline extraskeletal giant cell tumor (malignant fibrous histiocytoma). Veterinary Pathology, v.18, n. 6, p. 738-744, 1981. 24-FORD, G. H. ; EMPSON, R. N. ; PLOPPER, C. G. ; BROWN, P. H. Giant cell tumor of soft parts. A report of an equine and a feline case. Veterinary Pathology, v. 12, n. 5, p. 428-433, 1975. 25-THOOLEN, R. J. ; VOS, J. H. ; VAN DER LINDESIPMAN, J. S. ; DE WEGER, R. A. ; VAN UNNIK, J. A. ; MISDORP, W. ; VAN DIJK, J. E. Malignant fibrous histiocytomas in dogs and cats: an immunohistochemical study. Research Veterinary Science, v. 53, n. 2, p. 198204, 1992. 26-MORRIS, J. S. ; MCINNES, E. F. ; BOSTOCK, D. E. ; HOATHER, T. M. ; DOBSON, J. M. Immunohistochemical and histopathologic features of 14 malignant fibrous histiocytomas from flat-coated retrievers. Veterinary Pathology, v. 39, p. 473-479, 2002. 27-ALLEN, S. W. ; DUNCAN, J. R. Malignant fibrous histiocytoma in a cat. Journal of the Veterinary Medical Association, v. 192, n. 1, p. 90-91, 1988.

Clínica Veterinária, Ano XIII, n. 75, julho/agosto, 2008



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Vozes do silêncio - uma reflexão sobre o uso científicos ! de animais ! ! em experimentos ! !

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científicos, tanto no ensino quanto na pesrecente aprovação pela Câmara quisa. Foi apresentado como dissertação de Federal do Projeto de Lei n. mestrado ao! ! Instituto !de Psicologia da! 1.153/95, a chamada "Lei Arouca", ! ! ! ! ! ! ! ! ! Universidade de São Paulo, em 1995. Imque regulamenta a experimentação animal ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! no debate acerca no País, tem ! !referencial ! teórico ! ! ! ! ! ! ! ! acirrado ! o debate entre ! ! cientis! ! portante da vivissecção, tem inspirado monografias tas e a sociedade civil, ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! notadamente ! ! o movi! de conclusão de cursos universitários, teses mento de defesa animal, acerca dos princí! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! em congressos ambientais e ações judiciais ! pios éticos da ciência e também sobre a efi! ! em!defesa dos ! animais.! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! propostas cácia e necessidade deste método de ensino ! ! ! ! ! ! ! ! João Epifânio Regis !Lima, professor de e pesquisa. Se aprovada no Senado, será a ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Filosofia da Ciência e Estética na Universiprimeira regra federal sobre pesquisas e ati! ! ! ! ! vidades de ensino ! ! !Paulo, investiga ! ! ! cobaias, ! ! legalizando! ! dade Metodista de São as com ! ! ! ! ! as. Seu! primeiro ! ! ! ! ! ! !efeito prático, ! !porém, será ! causas do silêncio, da naturalidade e! da! pos! ! ! ! ! leis municipais ! ! !que ! tentam tura acrítica! do! meio acadêmico diante de acabar !com ! violenta ! como ! a! vivissecção. ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! uma prática proibir a pesquisa com animais, em disputa ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Para isso, baseia-se em depoimentos de !pro-! no Rio de Janeiro e em Florianópolis. ! e estudantes ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! fissionais envolvidos com! a exNeste contexto, o Instituto Nina Rosa perimentação animal e na análise dos ! ! ! ! ! com! ! ! ! ! lançou no dia 7 de junho de 2008, o livro Vozes do Silêncio. trabalho! ponentes ! ! ideológicos! e culturais que ! ! cercam ! ! ! ! ! ! ! É o primeiro ! O mateacadêmico,!no !Brasil,! que ! !O silêncio! é o problema. ! ! ! ! ! ! ! ideologia ! faz ! uma ! reflexão! tal prática. Vozes do Silêncio - !Cultura cientifíca: rial, a palavra. e alienação no! discurso sobre!vivissecção ! ! ! ! ! ! ! ! acerca do !uso !de animais em experimentos ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Responsabilidade Social Profissional ! ! ! ! ! & Crescimento ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! nova medicina veterinária; rescem em nosso país as ações de cunho ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! - legislação, defesa dos animais e cidadania; social que trazem consigo grande po! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! - as novas legislações e a consolidação das tencial de negócios. Confira no 3º Seminário ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! políticas públicas de controle de cães e ARCA Brasil, que ocorrerá em setembro, em ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! gatos; São Paulo, SP, os novos caminhos que se ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! - controle !populacional de !cães ! e gatos: apresentam para o! médico veterinário. Co! ! ! ! ! e no! exterior. ! ! ! ! ! ! modelos !de sucesso no Brasil nheça as oportunidades de transformar res! social ! !em sucesso ! !profissional ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ponsabilidade 3º SEMINÁRIO ARCA ! ! ! ! ! ! ! BRASIL ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! e pessoal. ! ! ! Responsabilidade Social ! ! que! serão! abordados, ! ! ! ! ! ! ! !& Crescimento Profissional Entre os temas 17 !de setembro de !2008, ! ! ! ! ! ! das 14h00 às 18h30 destacam-se: ! Auditório do Transamérica Expo Center ! éticos !e legais ! ! ! ! - leishmaniose:! aspectos do ! São Paulo - SP, Brasil atendimento clínico; ! ! ! - atuação social! e crescimento ! ! profissional: ! ! a ! ! Inscrições em !breve! receita do sucesso; ! ! ! ! ! ! ! informações ! Mais no !sítio www.petsa.com.br - o bem-estar ! dos animais ! !no contexto ! ! da ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! !! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! !! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! !

3º Seminário Arca Brasil

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! Veterinária, ! Ano ! XIII, ! !n. 75, ! julho/agosto, 2008 ! Clínica


Legislação Câmara dos deputados aprova projeto de lei sobre experimentação animal

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o dia 20 de maio de 2008 foi aprovado pela câmara dos deputados o projeto de lei do deputado Sérgio Arouca, PL 1153, de 26 de outubro de 1995. Foram mais de 10 anos em tramitação. Agora, conforme decisão da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, o PL foi ao Senado Federal por meio do ofício nº 278/08/PS-GSE. O projeto de lei, também conhecido como Lei Arouca, é uma tentativa de regulamentar a experimentação animal no Brasil, já que não há uma norma nacional que indique claramente os limites dessa prática. Sônia Felipe, doutora em filosofia moral e teoria política pela Universidade de Konstanz, Alemanha, professora da graduação e pós-graduação em filosofia e do doutorado interdisciplinar em ciências humanas da UFSC, destaca que “No Brasil são muito poucos os que lêem em inglês com domínio suficiente para aproveitar a argumentação filosófica construída nas décadas de 70 a 90, do século XX, em defesa dos animais. Isso retardou o acesso dos jovens brasileiros aos argumentos éticos já elaborados na Europa e nos Estados Unidos em favor dos animais, exatamente o que levou a Comunidade Européia a ter de rever a política do uso de animais para quaisquer finalidades humanas”. “Ficamos fora do debate internacional durante quase quarenta anos, pois na América Latina sofremos uma onda

de ditaduras tardias, ao contrário do que ocorreu na Europa, onde as ditaduras mais sangrentas ocorreram até o final da década de 50 do século XX. Quando os humanos estão sob um regime totalitário, a única coisa que interessa a eles é lutar para se auto-libertarem da condição de opressão e sofrimento. Por isso não discutimos a libertação dos animais, nem a preservação da natureza, somente o que tinha diretamente a ver com o fim da opressão política”, explica Sônia Felipe. “O uso de animais para testes de cosméticos, para a moda, para diversão e shows já é considerado uma prática que apenas preserva a tradição cultural, mas não é constituída de nenhum fundamento ético que a possa tornar legítima, da perspectiva do desenvolvimento tecnológico exatamente nessas áreas, da produção de cosméticos ao divertimento e vestimentas. Resta agora abolir o uso de animais nos testes de fármacos e a ditadura da carne e derivados de animais na dieta. Com a diversificação da produção de alimentos a carne passa a ser secundária para a manutenção da saúde humana, além de já ser considerada um malefício. E com as invenções cada vez mais brilhantes na área da pesquisa médica, também já se vislumbra a abolição do uso de animais vivos em experimentos químicos, pois os biochips substituem com eficácia o

organismo vivo, a exemplo do biochip já inventado por um estudante para o estudo das doenças ligadas ao açúcar e à coagulação, que certamente eliminará o uso de animais vivos na busca de medicamentos para o diabetes e anticoagulantes”, acrescenta Sônia Felipe. Sônia Felipe ressalta também que “O crescente interesse da comunidade brasileira pela discussão sobre o uso de animais vivos e sobre a fabricação de animais para atender necessidades humanas pode ser compreendido à luz de todas essas variáveis, e, especialmente, pela possibilidade que os jovens têm de colher matérias na internet e em publicações já existentes em língua portuguesa nas quais o uso de animais é criticado de forma contundente e filosoficamente fundamentada”.

Pesquisas com biochips podem ser encontradas no sítio www.inovacaotecnologica.com.br

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Internet

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Vídeos veterinários on line

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! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! stão disponíveis, ! !em iniciativa ! pioneira! do Núcleo! Setorial de ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Informática de da ! ! ! (NuSI), ! ! do !Centro ! ! Ciências ! Rurais, ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Universidade (UFSM), ! ! Federal !de Santa Maria ! ! diversos ! vídeos de ! ! ! ! ! ! ! ! ! procedimentos médico veterinários estão disponíveis no endereço ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! eletrônico: www.ufsm.br/tielletcab/TECvet. ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! “O objetivo é proporcionar à classe veterinária um ambiente de ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! aprendizagem lúdico, interativo e contemporâneo, que vá de encon! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! tro à WEB 2.0. Vivemos tempos de uma sociedade "imagética" na ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Internet. Nossa página é aberta e sem distinção. A partir desse ! é de ! !todos. Contamos, ! ! pois, com ! a cola! ! ! ! ! ! ! momento,! não !é mais nossa, ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! boração dos internautas, a fim de que possamos construir uma pági! ! ! foi projetada ! ! dentro ! de padrões ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! na modelo. !Sua elaboração compro! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! vadamente eficiêntes, porém simples, e que permitem constante reno! ! encontro ! ! àquilo ! ! ! solici! ! ! ! ! ! ! ! ! ! vação, sempre indo! de que nossos usuários ! ! Afonso ! Baron ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! tarem”, esclarece o prof. !Claudio Tiellet, coordenador Diversos procedimentos veterinários podem ser encontrados no ! !mestre! em tecnologia ! ! ! ! ! ! ! do NuSI,! médico! veterinário, da informação e endereço www.ufsm.br/tielletcab/TECvet doutorando ! !em Informática ! !na! educação. ! ! ! ! ! ! ! ! “A todos que possuem material ! ! que !possa! ser disponibilizado em forma de ! ! ! ! ! ! ! vídeo, convidamos ! ! ! a colocá-los !na página. ! ! Nosso foco é a educação. Procedendo ! ! ! ! ! dessa !maneira, estaremos ! auxiliando ! ! nossos futuros profissionais, os alunos de ! ! ! ! ! ! todas as! partes, ! a terem ! !acesso a! uma! rica casuística, imprescindível no aprendiza! ! ! ! ! do”, acrescenta ! ! o prof. Tiellet. ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Outro ! sítio na! internet ! ! onde! se pode ! ! !encontrar vídeos é no Youtube ! ! ! ! ! (www.youtube.com). os vídeos são diversos, exigin! ! ! A diferença ! é que no Youtube ! ! ! ! ! ! do que o !usuário ! ! utilize as palavras-chave ! ! ! corretas no campo de busca para ter ! ! ! ! ! sucesso para encontrar o que ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! se procura. Ao utilizar, por ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! exemplo, as palavras “tomo! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! grafia” e “veterinária” encon! ! Tomografia! ! ! Demonstração da !técnica de intubação é um dos vídeos tram-se os! vídeos: mais vistos ! ! ! ! ! Veterinária Helicoidal em 3D ! ! e Tomografia ! ! ! ! na Renalvet ! Helicoidal !em !abdomen de ! No Youtube há uma grande diversidade ! ! ! cão, apenas 20 segundos. de vídeos, inclusive veterinários ! ! ! ! ! ! ! ! !! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! !! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Schering-Plough ! ! ! Saúde ! Animal ! ! ! ! Fotóforo (3º lugar); todos da marca Welch Allyn. Além disto, terão direito a lança! uma! !promoção, por tempo ! ! ! uma reportagem na Revista Vet News e limitado (até outubro de 2008), aos ! ! ! ! ! ! Otoscópio no site especialpet, falando a respeito de médicos veterinários. ! ! ! ! Macroview serviços e especialidades de suas clínicas. Os médicos veterinários devidamente ! ! ! ! ! Vale ressaltar que aqueles que ainda cadastrados ! no sítio www.especialpet. ! ! ! não são cadastrados podem se cadastrar com.br que permanecerem por mais ! ! ! ! ! ! agora mesmo e concorrer da mesma tempo logado, navegando pelos links ! ! ! ! ! ! ! forma. artigos técnicos, produtos, novidades, ! ! outros, concorrerão ! ! Assim, além de fortalecer o relacioprogramas, entre a ! ! ! ! ! ! ! namento com seus principais formadoAuriflush prêmios. ! !será controlada ! ! ! ! área! res de opinião, a Schering-Plough SaúA medição pela ! ! do site ! durante ! todo! o de Animal sai na frente e consolida sua de manutenção ! ! ! ! ! ! marca por meio das informações técniperíodo da promoção. ! ! ! ! ! cas promocionais prestadas em seu sítio. Os premiados serão contemplados ! Otoscópio! Macroview ! ! (1º! ! Schering-Plough ! !! ! ! ! ! ! ! ! com um ! ! ! ! ! ! ! ! ! Fotóforo Saúde Animal: 0800131113. lugar); !um! Auriflush (2º ! lugar) e um

Médico veterinário cadastrado no sítio da Schering-Plough Saúde Animal concorre a prêmios!

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ATLAS COLORIDO DE PATOLOGIA VETERINÁRIA - REAÇÕES MORFOLÓGICAS GERAIS DE ÓRGÃOS E TECIDOS

Atlas Colorido de Patologia Veterinária - Reações Morfológicas Gerais de Órgãos e Tecidos

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Consulta essencial para alunos de graduação e pós-graduação, médicos veterinários e patologistas, a obra já está disponível no mercado. O livro apresenta introduções breves, porém abrangentes, em cada capítulo, descrevendo os principais padrões de reação de cada órgão e tecido, adotando abordagem comparativa que permite melhor compreensão dos mecanismos gerais que operam em diferentes órgãos. O atlas é usado mundialmente em cursos de medicina veterinária e é um dos pilares do ensino de Patologia Animal. Editora Elsevier/Saunders http://www.elsevier.com.br/ info@elsevier.com.br (21) 3970-9300 (11) 5105-8555

QUIMIOTERAPIA ANTINEOPLÁSICA EM CÃES E GATOS

uely Rodaski, professora de técnica cirúrgica veterinária e oncologia veterinária do Departamento de Medicina

Quimioterapia Antineoplásica em Cães e Gatos - 3ª edição - 305 páginas

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A segunda edição do clássico Atlas Colorido de Patologia Veterinária Reações Morfológicas Gerais de Órgãos e Tecidos, editado por J. E. van Dijk, E. Gruys e J. M. V. M. Mouwen do Departamento de Patobiologia da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Utrecht na Holanda, lançada em 2007 e traduzida para mais de oito línguas, foi traduzida também para o português e contou com a revisão científica do prof. dr. Paulo César Maiorka da FMVZ/USP A renomada instituição reedita pelo selo da Elsevier o atlas mais importante na área de patologia veterinária, agora com seiscentas ilustrações de excelente qualidade, tanto em matéria de registro fotográfico como em finalidade científica, incluindo todas as espécies de animais domésticos.

Veterinária da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e Andrigo Barboza De Nardi, professor da disciplina de oncologia veterinária do curso de mestrado em cirurgia e a anestesiologia veterinária da Universidade de Franca (Unifran), assinam a autoria da 3ª edição do livro Quimioterapia Antineoplásica em Cães e Gatos, lançado recentemente pela MedVet. De forma didática, o primeiro capítulo do livro apresenta as várias modalidades da quimioterapia: pré-operatória, adjuvante, paliativa, indução e manutenção. Seqüencialmente, abordam-se as principais vias de administração: oral, intravenosa, intramuscular e subcutânea. Os tópicos seguintes dedicam-se à avaliação da resposta à quimioterapia e quais as orientações que devem ser dadas aos proprietários de cães e gatos portadores de câncer. No segundo capítulo, encontram-se as características dos fármacos antineoplásicos: agentes alquilantes, antimetabólitos, fármacos naturais, antibióticos antitumorais, hormônios, enzimas,

hidroxiuréia e piroxicam. Nos capítulos seguintes estão descritos os protocolos quimioterápicos antineoplásicos para cães (linfomas, leucemia linfóide, mastocitomas, tumor venéreo transmissível, neoplasias de tecidos moles, osteossarcomas e carcinomas) e para gatos (linfoma, leucemia linfóide e sarcomas). A quimioterapia, apesar de única opção em alguns casos, pode ter efeitos colaterais sérios. Na obra, dedicou-se um capitúlo inteiro para o assunto, abordando-se reações alérgicas e anafilaxia, a síndrome aguda por lise tumoral e variadas formas de toxicidade (hematológica, gastrintestinal, hepática, pancreática, cardíaca, pulmonar, neurológica, urológica, dermatológica e reprodutiva). Os autores finalizam a obra com um capítulo essencial: as medidas de proteção em quimioterapia antiblástica, que são essencias em diversas etapas da quimioterapia, como a administração, o armazenamento e a manipulação. MedVet Livros: (11) 6918-9154 www.medvetlivros.com.br

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Divulgação

OFTALMOLOGIA CLÍNICA EM ANIMAIS DE COMPANHIA

Oftalmologia Clínica em Animais de Companhia, obra com o total de 300 páginas, é ricamente ilustrado com fotografias e ilustrações de excelente qualidade

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obra Oftalmologia Clínica em Animais de Companhia, publicada originariamente em língua espanhola, teve sua versão para o português lançada recentemente pela MedVet Livros. O autor da obra, Daniel Herrera, MV, PhD, diplomado pelo Colégio LatinoAmericano de Oftalmólogos Veterinários (CLOVE), professor de enfermidades cirúrgicas, chefe da unidade de oftalmologia da Faculdade de Ciências Veterinárias, da Universdidade de Buenos Aires, República Argentina, contou com a participação de importantes colaboradores: Peter G. C. Bedford (Royal Veterinary College, Universidade de Londres, Reino Unido), Dennis E. Brooks, (Universidade da Flórida, EUA), Kirk N. Gelatt (Universidade da Flórida, EUA), José Luis Laus, (Universidade Estadual Paulista - Unesp/Jaboticabal, Brasil), Marc Simon (França), Manuel Vilagrasa Hijar

(Centro Oftalmológico Veterinário Goya, Madri, Espanha) e Nathali Weichsler (Faculdade de Ciências Veterinárias, Universidade de Buenos Aires, República Argentina). O conteúdo da obra é composto, inicialmente, pela farmacologia e pela terapêutica em oftalmologia clínica, que aborda, entre outros itens, a administração eficaz de fármacos oftálmicos, as injeções intra-oculares, os agentes antimicrobianos, os fármacos antiinflamatórios e os reguladores da pressão intraocular. Toda a parte de exames é detalhada, desde a anamnese, a contenção e o exame oftalmológico, até exames mais minusciosos, como por exemplo, a ultra-sonografia ocular, a angiografia fluoresceínica do fundo ocular e a eletrorretinografia. O livro aborda a oftalmologia no cão, no gato e no eqüino. MedVet Livros: (11) 6918-9154 www.medvetlivros.com.br

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Por Sergio Lobato

“ Todo dia ela faz tudo sempre igual, me acorda às seis horas da manhã...”

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que será que faz com que milhares de veterinários acordem todos os dias de manhã, tomem seus banhos, comam o café da manhã (muitas vezes de forma apressada e desequilibrada do ponto de vista nutricional...), vistam suas roupas e/ou jalecos brancos e comecem o dia dentro de seus consultórios, clínicas e hospitais? O que será que faz com que esses mesmos profissionais passem mais de oito horas em plantões sem almoçar direito, sem tempo para pagar uma conta no banco ou mesmo descansar um pouco durante um atendimento e outro? O que será que faz com que médicos(as) veterinários(as) de todo o País enfrentem situações de conflito com clientes estressados, clientes oportunistas, clientes desinformados e que acham que esses profissionais devem ser a representação diplomática de São Francisco de Assis na Terra ao chegar nas consultas com quadros críticos como um tumor de mama de 5 kilos arrastando pelo chão e com a falta de vergonha na cara em dizer: “ Ih doutor apareceu ontem!”? O que será que faz com que nossos colegas continuem trabalhando em

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estruturas físicas fora dos padrões, em condições de insalubridade, sem condições técnicas adequadas e condizentes com o conhecimento obtido em anos e anos de estudo e ainda recebendo percentagens ínfimas sobre o serviço que prestam e pelo qual respondem legalmente perante várias esferas da Lei? O que faz com que esses profissionais da medicina veterinária sigam para seus plantões com a esperança de que vários clientes entrem na sala de atendimento garantindo o mínimo da comissão do dia? O que faz com que médicos veterinários de todo o Brasil insistam em abrir suas clínicas quando a imagem da profissão se encontra tão desvalorizada como instituição perante a sociedade que acha que todos devemos ser “veterinários do Bem” e atender de graça, dando aquilo que temos para vender? Em um primeiro instante creio que todos pensamos... “Temos que pagar as nossas contas...” E esta não deixa de ser uma forte razão, mas e por trás disso ? Dessa obrigação monetária e fiscal? O que move você? Será que você já parou para pensar nisso no meio de

tempos corridos como estes em que vivemos? Pois muitos de nossos colegas já abandonaram a profissão, seguiram por outros caminhos. Conheço colegas que hoje são atores, outros comerciantes de jóias, outros trabalham em bancos e tantos outros que seguiram por estradas diferentes... Mas o que faz você seguir na medicina veterinária? O que o diferencia desses colegas que escolheram novas estradas para sua satisfação pessoal? A resposta é uma só: sua motivação! Mas afinal o que seria essa tal motivação? Não quero aqui tratar do tema do ponto de vista filosófico, social, etnográfico ou

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psicológico, contento-me em apenas ter uma conversa boa sobre o tema, dividir pensamentos que passam por essa minha cabeça livre de rédeas com os colegas que prestigiam a coluna... Vamos começar falando das nossas escolhas, de nossas escalas de valores...Nós somos fruto de uma série de influências e interferências durante toda nossa vida... desde nossa tenra idade, quer ver só? A criança segue cambaleante pela sala e observa os bibelôs em cima da mesa de centro, ao esticar suas mãozinhas ávidas pela curiosidade, ecoa pela sala um sonoro NÃO vindo da mãe zelosa (e preocupada em ver o bibelô em mil pedaços também....). Ela começa cedo a ter seu comportamento moldado pela sua primeira estutura social, a família, onde os primeiros códigos são impostos e aprendidos, e assim será pela vida toda, com a escola, os amigos, a faculdade, os amigos de trabalho, a sociedade, a mídia invasiva, a velocidade dos tempos etc. Enfim, você irá construindo algumas figuras muito próprias como sua personalidade, seu auto-conceito e sua escala de valores, ou seja, aquilo que lhe é mais importante, seja amor, família, saúde, sexo, dinheiro, poder, fama, trabalho, reconhecimento, filhos, amizades etc. Você dará notas a cada fato, estrutura, sentimento, coisa ou pessoa em seu viver... E assim será com a sua carreira! Viver a sua carreira não é apenas cumprir rotinas, É buscar aquela sensação de bem estar dentro de si quando você é o personagem central desta peça... Viver a sua carreira é entender que cada passo implica em condições impostas por terceiros e por você mesmo, e encontrar esse equilíbrio é fundamental para enfrentar o dia seguinte... E nesse aprendizado do viver a carreira é que encontramos a motivação como força motriz, como chama interna, fogo, tesão, e que apresentará milhões de cores e nuances, pois graças a Deus somos todos diferentes! As bases da motivação até podem ser as mesmas, mas elas são revestidas de muitos aspectos extremamente individuais. Por isso, nenhum treinamento que vise a motivação de equipes de 94

trabalho deve ser padronizado, pois as pessoas esperam da vida muitas coisas diferentes, e mesmo quando existe a semelhança, existe a diferença. Vamos a um exemplo? Pergunte a um brasileiro qual seu maior sonho e a maioria dirá: “A casa própria!” Mas como seria essa casa? Será que seriam iguais? Do mesmo tamanho? Cor? Número de cômodos? Localização? Um aspecto que não deve ser esquecido, é que você como gestor do estabelecimento, líder de sua equipe de trabalho, deverá, por obrigação, desenvolver ferramentas para conhecer os desejos de cada membro da sua equipe, pois o exercício diário da motivação não seguirá jamais regras iguais para toda a equipe. E sabe por quê? Porque cada ser humano é um somatório individualizado de valores e de posturas, o que pode motivar seu tosador nem de longe anima seu vendedor do balcão e, muito menos, sua equipe veterinária. Como proceder então? Primeiro se disponha a conhecer realmente cada membro da sua equipe de trabalho, não os considere códigos de barra como fazemos com produtos, pois somente de posse desse conhecimento é que você será capaz de saber se aquele seu vendedor dá muito mais valor a um elogio público do que aquela tosadora que quer um plano de remuneração melhor no final do ano. É meio cansativo em um primeiro momento pensar em uma customização das políticas de bonificação, estímulo ou reconhecimento, mas lembre-se: na sua essência cada ser humano gostará de diferentes tipos de desafios, claro que teremos aqueles que fogem de desafios, mas será que você precisa de gente assim na sua equipe? Estipular e criar esses desafios é uma arte, pois como dito antes, nem todos respondem de forma igual a um plano de metas e objetivos, mas com certeza fazer com que todos se sintam parte deste programa de estímulo já é meio caminho andado para fazer germinar a semente da participação pró-ativa de todos os membros da equipe em seu programa. Não defina metas únicas e imutáveis, isso pode parecer um balde de águia fria

perante aqueles times de trabalho não acostumados a correr atrás das metas e dos benefícios que são propostos a todos. Comece com metas mais palpáveis, e, um conselho precioso, jamais deixe as mesmas pessoas com os mesmos desafios sempre, ou seja, promova um giro de responsabilidades na loja ou na clínica, delegue responsabilidades distintas a cada período que pode variar de dois a três meses, pois assim haverá tempo hábil para uma avaliação mais correta e criteriosa dos resultados de cada grupo em cada respectiva ação. Um exemplo prático disso é fazer com que diferentes vendedores de uma loja “girem” pelos setores, não deixando que alguns poucos que vendam produtos de maior giro e de maior valor agregado, se distanciem do resto do grupo e se acomodem com a bonificação mais “fácil”. E se faça presente sempre, não crie os planos de motivação e incentivo e suma da loja, verifique o progresso de cada um, estimule sempre, corrija a rota, mas antes de tudo esteja disponível para ouvir e para aconselhar quando necessário for! Afinal cada um tem mente onde quer chegar, que tipo de casa deseja construir na vida, inclusive você ! E você? Como seria a sua casa? Como seriam os seus desejos? O que motiva você? Não é fácil ser médico veterinário nos dias de hoje, mas espero que acreditem que vale muito a pena quando você encontra em seu trabalho a melodia de canções como essa:

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“A vida é amiga da arte É a parte que o sol me ensinou O sol que atravessa essa estrada que nunca passou Por isso uma força me leva a cantar Por isso essa força estranha Por isso é que eu canto não posso parar Por isso essa voz tamanha”



Empresas brasileiras presentes na Interzoo Anfal Pet e Apex-Brasil levam empresas do setor para feira de negócios na Alemanha A Interzoo acontece na Alemanha e é uma das mais importantes feiras mundias do mercado pet. Sua próxima edição já está programada para 2010. www.interzoo.com

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Associação Nacional dos Fabricantes de Alimentos para animais de estimação - Anfal Pet e as empresas Guabi, Nutrire, Total Alimentos, Extrutécnica, Pet Society, Vetnil, Vigo Ar, Sarlo Better, Atacama, Comac, Giardini, Mr. Pet participaram, entre os dias 22 e 25 de maio, da feira Interzoo, que ocorreu na cidade de Nuremberg Alemanha. As empresas Ibasa, Duprat, Sanol, Organnact e Brasmed também participaram, mas através da Centralvet, que realiza a gestão comercial internacional destas empresas. “Fizemos vários contatos que já estão gerando negócios”, destacou Rosana B. Santana, Consultora de Negócios da Centralvet. Durante o evento foram realizadas 469 reuniões de negócios com compradores da Índia, Coréia, China, EUA, Emirados Árabes Unidos, Rússia, Turquia, Grécia, Reino Unido, Alemanha, Portugal, França, Romênia, Holanda, Japão, Eslovênia, Tailândia, Israel, Arábia Saudita, Espanha, Bulgária, Finlândia, Malásia, República Tcheca, Kuwait, Hungria, Colômbia, Alemanha e Venezuela. As rodadas geraram US$ 273.000,00 em negócios imediatos, e ainda uma previsão de US$ 3.000.000,00 para os próximos 12 meses. A participação na Interzoo foi mais uma ação do programa Pet Products Brasil (www.petproductsbrasil.org.br) - parceria entre a Anfal Pet e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos - Apex-Brasil - que tem por objetivo promover e fomentar as exportações das empresas brasileiras, exportadoras ou com potencial de exportação, 96

fabricantes de alimentos, acessórios, medicamentos, suplementos, mastigáveis e produtos de higiene e embelezamento para animais de companhia. Além da participação em feiras internacionais, inclui estudos de mercado e rodadas de negócio. A Anfal Pet tem como missão defender os interesses institucionais dos fabricantes de Produtos Pet junto a entidades de classe, órgãos governamentais, imprensa e sociedade em geral. Defende a redução da carga tributária para produtos pet, monitora a legislação junto aos Órgãos Públicos, promove o desenvolvimento da demanda interna e o crescimento das exportações além de buscar a normatização da produção segundo rígidos padrões de qualidade. A Apex-Brasil tem a missão de promover as exportações dos produtos e serviços do país e contribuir para a internacionalização das empresas brasileiras. A agência trabalha para aumentar o número de empresas exportadoras, agregar valor à pauta de produtos exportados, consolidar a presença do país em mercados tradicionais e abrir novos mercados no exterior para os produtos e serviços nacionais. Atualmente, a Apex-

Empresas brasileiras marcam presença na Interzoo 2008

A Total Alimentos expôs no Pavilhão Brasileiro, um ponto de encontro entre as empresas nacionais e todos os brasileiros que visitaram o evento. Exportadora desde 2001, a Total Alimentos já inseriu seus produtos nos cinco continentes. Este fato se deve em grande parte aos certificados de qualidade que a empresa possui, entre eles PIQ Pet, HACCP e GMP de Boas Práticas de Fabricação do segmento

Brasil apóia 50 setores da economia brasileira, divididos nas áreas de agronegócio, moda, tecnologia, casa e construção civil, entretenimento e serviços e máquinas e equipamentos. Anualmente, apóia a participação de empresas brasileiras em mais de 600 eventos – tanto no Brasil quanto no exterior. Enquanto isso, no Brasil, estamos próximos da realização de evento que cresce anualmente: a 8ª Riovet e 8ª Conferência Sul-americana de Medicina Veterinária (www.riovet.com.br), que acontecerá, de 7 a 9 de agosto de 2008, na cidade do Rio de Janeiro. Com uma proposta diferenciada e cada vez mais atraente aos mais variados públicosalvos que compõem o mercado pet, a 8ª Riovet Trade Show marca seu lugar no cenário pet sul-americano ao oferecer um leque de opções em termos de eventos paralelos e oportunidades de negócios em um mesmo local à disposição de todos os profissionais interessados em participar e/ou visitar o evento.

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Ecologia

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a edição passada, nesta seção, foi abordado o tema da consulta pública feita pelo IBAMA para avaliar a inclusão de espécies da fauna silvestre que poderão ser criadas e comercializadas com a finalidade de animais de estimação. As opiniões colocadas defendiam apenas um lado da situação, mas certamente, o mais fraco e o que mais sofre. Para mantermos a parcialidade, nessa edição está sendo publicado o lado que é vivenciado por alguns grupos de médicos veterinários de animais selvagens

Animais selvagens e cativeiro: algumas considerações O Brasil é o país com maior diversidade biológica do mundo, albergando entre 15 e 20% do total das espécies vivas. São mais de 1700 espécies de aves, 10% das quais endêmicas (que só ocorrem em território brasileiro) e 524 espécies de mamíferos, o que constitui a maior diversidade mundial. Essa condição, aliada às dimensões continentais do país, à crescente pressão decorrente do aumento da população humana e do consumo de recursos naturais, bem como à má distribuição de renda – que gera enormes bolsões de pobreza, geralmente no entorno das principais áreas naturais do país –, cria condições favoráveis à destruição do ambiente e à proliferação do tráfico de animais. Apontado como a terceira atividade ilegal do planeta, estima-se que o tráfico de animais movimente cerca de 1 bilhão de dólares por ano, atingindo 4 milhões de aves, 640 mil répteis, 350 mil peixes tropicais e 40 mil primatas. No estado de São Paulo, entre os anos de 2005 e 2006, a Polícia Ambiental apreendeu 55327 animais silvestres em condições irregulares de cativeiro – 97% dessa população era constituída por aves. Do total apreendido, 23% dos animais foram encaminhados a zoológicos, criadouros e centros de triagem, 57,4% ficaram com os próprios “donos” e 19,6% foram soltos. Sabe-se ainda que a parcela apreendida corresponde tão somente à ponta de um iceberg, que engloba outros milhares que não são apreendidos, sem contar a parcela maior, que morre em decorrência dos maus tratos. Calcula-se que, para cada indivíduo que chega vivo ao “varejo”, entre cinco e nove outros perecem durante a captura, o transporte ou o armazenamento. Sendo assim, podemos imaginar que, além desses 55 mil animais, outros tantos 55 mil, 100 mil ou muitos mais são perdidos regularmente pelos ecossistemas para o tráfico de animais. A Lei Federal 9605 de 1998, conhecida como Lei de Crimes Ambientais, em seu capítulo 29, diz: “quem mata, caça, apanha, persegue, transporta, guarda, mantém em cativeiro, utiliza, vende, expõe à venda, adquire e exporta animais da fauna silvestre nacional, ou seus ovos, larvas, produtos ou objetos, sem autorização do órgão ambiental competente, comete crime sujeito a pena de detenção

de seis meses a um ano e multa penal”. Mas por que isso acontece? Por qual razão tantos exemplares de nossa fauna morrem regularmente, por conta de uma atividade cruel e ilegal? Não há certamente uma resposta simples, mesmo porque o problema é bastante complexo. Todavia, uma lei básica de mercado pode servir de base à discussão: só há oferta porque há procura. Ou seja, hoje em dia, por traços culturais, ignorância, dó, cobiça, ganância, necessidade de afirmação ou modismo, esta civilização – desenvolvida e urbana –, constituída por cidadãos relativamente esclarecidos, sustenta e estimula a indústria do tráfico. Se somarmos a essa demanda a impunidade que impera – o traficante preso hoje estará de volta ao “escritório” amanhã –, teremos uma pálida dimensão do problema. É exatamente neste ponto que se pode enxergar a criação comercial de animais selvagens como um instrumento de conservação e proteção da naturez: oferecer ao mercado indivíduos saudáveis e nascidos em criadouros regularizados, rivalizando com o tráfico, pode diminuir sensivelmente o extrativismo e os danos às espécies nativas. Óbvio está que não se trata, aqui, de uma simples equação, e por certo muitas dificuldades existem e precisam ser sanadas. Como fiscalizar as matrizes e os produtos, garantindo que criadouros não sejam entrepostos do tráfico? Não é um caminho fácil, pois envolve uma atividade criminosa entranhada em nossa sociedade, grandes interesses econômicos e, ao mesmo tempo, aproveita-se da miséria que grassa no campo e nas grandes cidades do país. O combate efetivo passa demanda legislação, fiscalização e até mudanças de paradigmas institucionais e pessoais. Entretanto, atitudes já adotadas – como a obrigatoriedade do registro dos criadouros, a marcação definitiva dos animais com anilhas e microchips e a realização de testes de DNA para garantir a legitimidade dos nascimentos em cativeiro –, certamente representam acertos na busca pela idoneidade. A Resolução CONAMA 394 (6 de novembro de 2007), e a Instrução Normativa IBAMA 169/2008, estabelecem critérios para a permissão da criação de espécies selvagens como animais de estimação e, ao mesmo tempo, oferecem uma lista

inicial de espécies destinadas a esse fim. Esses instrumentos legais foram muito discutidos e criticados: concordâncias ou discordâncias com os critérios estabelecidos e com as espécies já arroladas; excessos de permissividade e de limites, enfim, opiniões muito diferentes foram formadas a partir da mesma idéia. E, opiniões e imperfeições à parte, o fato é que elas representam a tentativa concreta de se elaborarem critérios objetivos para a criação de animais selvagens e a utilização destes como animais de estimação, até para atender uma demanda que hoje é suprida quase que totalmente pelo tráfico. A Resolução CONAMA 394 não é ótima e nem vai resolver os graves problemas da fauna brasileira: o tráfico – e tampouco a crueldade e o abandono de animais – não desaparecerá sob a ação salvadora do cativeiro. Ainda assim ela é boa, principalmente porque possibilitou a discussão e o engajamento de importantes setores da sociedade organizada, e porque pode propiciar condições melhores e ações mais efetivas. Em essência, a nova legislação, ao permitir a utilização de determinadas espécies como animais de estimação, representa uma alternativa legal a pessoas que querem um animal diferente de um cão ou um gato. Ao mesmo tempo, por excluir espécies com comprovado potencial invasor, cria algumas garantias para salvaguardar os ecossistemas de espécies exóticas, um comprovado fator de agressão ao ambiente natural e causa de extensão. Não é possível fechar os olhos à atual demanda crescente por animais selvagens para utilização como animais de estimação; sendo assim é imprescindível que ações sejam tomadas no sentido de estabelecer uma alternativa ao tráfico de animais, ou seja, um sistema de criação e comercialização ético e sustentável que evite as dezenas de milhares de mortes desnecessárias e cruéis, invasões de espécies exóticas, fugas de animais perigosos e a transmissão de doenças. Isoladamente a criação de animais selvagens, por melhor e mais técnica que possa se tornar, não representa muito, é preciso que seja encarada como um dos muitos instrumentos de conservação que devemos lançar mão a fim de enfrentar os graves problemas ambientais da atualidade.

MV MSc Marcelo da Silva Gomes Presidente da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens - ABRAVAS Clínica Veterinária, Ano XIII, n. 75, julho/agosto, 2008

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Ecologia Conservação da fauna, ética e bem-estar Uma crise totalmente diferente das anteriores se apresenta ao mundo moderno. No passado, predominaram os conflitos e disputas ocasionados por diferenças étnicas, geopolíticas e ideológicas. A crise atual é global e, em vez de colocar nações em lados opostos, acabou por reunir todos os povos em um mesmo grupo: o das vítimas do descaso com o meio ambiente. A crise ambiental foi instalada muito antes do que os governos esperavam. Deixou de ser previsão de ambientalistas inconvenientes para ser um problema real, que traz sérios riscos à segurança mundial. Agora não se trata mais de pensar na sobrevivência de espécies animais e na conservação das florestas, mas de refletir sobre o modelo de desenvolvimento que a sociedade adotou a partir do século XVIII, com o advento da Revolução Industrial. O fantástico crescimento econômico de países emergentes como China e Índia tem elevado a demanda por recursos naturais de uma maneira nunca vista antes. Não que os povos de países em desenvolvimento não tenham direito à riqueza, mas essa rápida expansão econômica acabou revelando que as demandas da superpopulação humana por bens materiais são maiores que a capacidade de reposição dos recursos naturais. A necessidade do homem por alimentos, água, terra para agricultura, energia e minérios está provocando alterações tão marcantes na biosfera que corremos o risco de ter, em poucas décadas, um planeta mergulhado no caos ecológicoeconômico-social. O questionamento que fazemos é se haverá espaço nesse novo mundo para os animais selvagens. Sabemos que nos momentos de crise, como os períodos de guerra, os valores éticos, morais e socialmente contratuais, como apreciaria Jean Jacques Rousseau, são normalmente negligenciados e o lado mais obscuro do comportamento humano tende a aflorar, gerando ódio, lutas e destruição. Não se trata de criar um cenário pessimista para o futuro, mas temos que compreender que o mundo do amanhã não será o mesmo em que vivemos. A forma de enfrentar, portanto, os desafios atuais deve ser à luz de outras perspectivas. E para a conservação da fauna não é diferente. Não se pode planejar políticas de conservação ambiental e de bem-estar animal com princípios fundamentados unicamente na emoção. É preciso racionalidade científica e atenção para com a realidade planetária, discernindo entre a utopia e o exeqüível, o desejável e o possível. É um absurdo querer desvincular o ser humano das ações conservacionistas. Sabemos muito bem que nos sistemas democráticos não se governa por meio da opressão e pelo uso da força. Criar leis restritivas é relativamente fácil se houver influência política. Implementá-las, porém, é outra história. As pessoas que se dedicam à conservação ambiental e se

preocupam com o bem-estar animal (não apenas de indivíduos, mas das espécies como um todo) concordam que não há solução simplista para os problemas atuais. Não há como dicotomizar a realidade em mundos distintos: o dos homens e o dos animais. O planeta está cada vez menor, e essa é a realidade a ser encarada por todos os seres vivos. Não se encontrarão equilíbrio e harmonia nas relações entre o homem e os demais seres vivos enquanto visões apaixonadas insistirem nos extremos. De um lado aqueles que desejam todo e qualquer metro quadrado de terra para o agronegócio, e de outro os que professam uma concepção jainista de mundo, propondo a proibição categórica do uso de animais para qualquer fim. Apesar de ambas serem absurdas, são forças antagônicas que precisam convergir para o equilíbrio e a sensatez, cada ponto de vista com sua própria lógica. Condenar o homem a distanciar-se de outros seres sencientes é ignorar os sentimentos humanos e não reconhecer que outras espécies também se beneficiam da convivência com pessoas responsáveis. Quem não consegue perceber isso na relação afetuosa de uma criança com seu animalzinho de estimação? Tem-se a convicção de que é necessário criar uma consciência ecológica planetária, na qual os seres sencientes e também os insensíveis (como as árvores das florestas) tenham direito à existência, não apenas pelos benefícios que geram à espécie humana, mas também pela responsabilidade moral que o Homem tem, de proteger toda a forma de vida. Em oposição à visão antropocêntrica predominante, Leonardo Boff propõe uma nova ordem ética ecocêntrica, que possibilite o equilíbrio ecológico da comunidade biótica. Com essa visão macroscópica das inter-relações entre os seres vivos, temos que compreender que conservar não é uma missão exclusiva dos governos, do IBAMA e de organizações não-governamentais, mas direito e dever de toda a sociedade. Excluí-la de participar da defesa da teia da vida é o golpe final na conservação de incontáveis espécies silvestres. A extinção, esta sim, é o derradeiro ato nos conceitos de bem-estar animal. Afinal, as cinco liberdades só têm sentido quando existe vida. Sem existência física não tem sentido falar em liberdades. Para conservar o que resta da diversidade biológica, especialistas esboçaram várias estratégias globais de ação. A criação de animais silvestres em cativeiro para fins conservacionistas, científicos e comerciais é um desses instrumentos de planejamento, particularmente útil nesta época em que os governos e seus órgãos de fiscalização não conseguem frear o ritmo da destruição dos biomas. A IUCN (International Union for Coservation of Nature) dirige seus programas ao desenvolvimento

sustentável, cujos pilares estão na interdependência de ações econômicas, sociais e ambientais. Desconsiderar, portanto, o fator econômico na conservação da fauna é um erro grave. Insistir – com visão ortodoxa – nessa postura, usando como pretexto o bem-estar animal, é desrespeitar a diversidade de opiniões de conceituados ambientalistas. Pior ainda é perder tempo criando divisão entre pessoas conscientes, dando oportunidade para que visões mercantilistas fortaleçam e prosperem. Criar e comercializar animais silvestres com critérios éticos e de bem-estar não deixa de ser uma ferramenta útil nos propósitos conservacionistas. O médico veterinário de animais selvagens está inserido nesse contexto. Esta é, felizmente, uma das especializações da medicina veterinária que mais cresce no Brasil. A oferta de cursos de especialização nessa área aumenta a cada ano, e as faculdades já incluíram em seus currículos as disciplinas de manejo e clínica de animais silvestres. Outra boa notícia é o surgimento de inúmeras publicações científicas e livros especializados em animais selvagens. Isso é uma demonstração da capacidade e da competência do povo brasileiro. Devemos também reconhecer que muitos jovens ingressam todos os anos no mercado de trabalho, ansiosos por contribuir para o desenvolvimento da ciência. São pesquisadores, analistas, clínicos, administradores que, de alguma forma, querem fazer parte do processo de "salvação do planeta". Esses jovens não podem ser ignorados e frustrados, pois carregam ideais nobres e desejam participar dos processos construtivos. O dever de defender o campo de trabalho desses jovens não cabe só ao Conselho Federal e aos Conselhos Regionais de Medicina Veterinária, mas a todos os que se inserem e sensibilizam, médicos veterinários organizados ou individualmente, pois há que ouvir as vozes que se manifestam em defesa da profissão e dos ideais convergentes. Conclui-se que os médicos veterinários que atendem animais selvagens desejam trabalhar nessa especialidade com dignidade, pois sabem que estão exercendo atividades previstas na legislação brasileira. Não há, portanto, como concordar com propostas unilaterais de mudanças na Lei Federal, decididas em escritório, e que têm por finalidade restringir o campo de trabalho do médico veterinário. Discutir com a sociedade e, principalmente, com os profissionais que realmente conhecem esses assuntos acadêmicos, é um princípio básico do regime democrático. A oportunidade de debate é construtiva e demonstra interesses verdadeiros e honestos na solução dos problemas. Não é possível silenciar quando vislumbres utópicos e apaixonados ignoram a racionalidade, reivindicam o direito exclusivo à verdade e desrespeitam os direitos e a liberdade de escolha do Homem.

Zalmir Silvino Cubas - M.V., MSc - Membro da Academia Paranaense de Medicina Veterinária • cubas@foznet.com.br 98

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Animais selvagens em cativeiro: justificativas e desafios Os animais sempre foram importantes para as sociedades humanas, tanto na relação predadorpresa (com humanos caçando os animais para consumí-los) quanto em relações mais complexas, como a simbiose. A simbiose ocorre quando pelo menos dois tipos de organismos distintos interagem, com benefícios para ambos e, segundo o entendimento de muitos pesquisadores que estudam o tema domesticação, esse é o tipo de relação que se estabelece entre nós (humanos) e os animais domésticos. A manutenção de animais selvagens em cativeiro tem uma longa história: remonta aos primórdios da formação da civilização e, muito provavelmente, desempenhou importante papel na evolução biológica e cultural dos humanos. Os processos de domesticação de animais e de plantas são tidos como as grandes forças que contribuíram para a expansão da nossa espécie no planeta. Nos dois casos, o processo de domesticação teve efeitos recíprocos (co-evolução) para domesticadores e domesticados, dando origem a populações de animais adaptadas aos humanos e aos ambientes que estes proporcionam, ou seja, às populações (ou espécies) domésticas. O processo de domesticação não cessou, há ainda muitas oportunidades para que ele ocorra, algumas em andamento e outras ainda potenciais. Certamente, o primeiro passo para a domesticação é a manutenção de animais selvagens em cativeiro. A criação desses animais em cativeiro vem aumentando em nosso país, e com múltiplos propósitos. As justificativas para esse crescente interesse são, principalmente: (1) a obtenção de produtos para consumo humano; (2) a busca por novos “pets”; (3) a conservação de espécies ameaçadas de extinção; (4) a utilização desses animais em pesquisas científicas; (5) a exibição (lazer) e (6) a educação. Obviamente, essas justificativas não são mutuamenteexcludentes. Há propostas que abrangem múltiplos objetivos, embora também haja alguns casos conflitantes, como a manutenção de animais selvagens em cativeiro com fins de conservação, situação na qual o processo de domesticação é indesejável. De maneira geral essas justificativas têm sido pouco fundamentadas pois, apesar de se apresentarem coerentes e em muitos casos interessantes, carecem de análise mais cuidadosa, principalmente no que diz respeito aos impactos que a atividade pode ter sobre a fauna em liberdade e sobre o bem-estar dos animais cativos. A preocupação com a conservação das espécies selvagens em seus ambientes naturais, bem como com o bem-estar dos animais em cativeiro, tem despertado ampla discussão sobre a manu-

tenção de populações cativas, analisando os impactos biológicos e econômicos dessa atividade à luz das reflexões éticas sobre o tema. Em especial após a publicação da resolução CONAMA nº. 394/2007 e da Instrução Normativa 169/2008 do IBAMA, que definem, respectivamente, as espécies passíveis de serem criadas como “pets” e os padrões de manutenção de espécies selvagens. Opiniões foram emitidas – muitas delas sem o devido embasamento técnico –, tanto em prol da liberação total quanto em prol da restrição total da manutenção de animais selvagens em cativeiro. Assim, a presente manifestação tem o objetivo de esclarecer alguns pontos sobre o assunto, analisando-o com abordagens científicas próprias das pesquisas biológicas e à luz das fundamentações éticas que envolvem a conservação de animais em cativeiro e a sua domesticação (intencional), com fins utilitários. O cativeiro, utilizado em inúmeros programas de conservação por todo o mundo, tem a função de resguardar o perfil alélico das populações selvagens ameaçadas, de modo a servir como fonte futura desses alelos quando tais populações forem ainda mais vitimadas em seu ambiente de origem e predileção. Portanto, as populações cativas são consideradas “apólices de seguro” para as espécies ameaçadas. Para o manejo voltado à conservação de tais espécies, deve-se adotar um controle central – o Livro de Registro Genealógico (Studbook) –, no qual são registrados os nascimentos, as mortes, a filiação e outros eventos importantes do plantel. O objetivo básico desse processo é monitorar os efeitos de seleção, de forma a minimizar perdas de diversidade genética. Dessa maneira, a criação de animais selvagens em cativeiro com o objetivo de conservação deve ser realizada seguindo regras bem definidas, que potencializem a contribuição igualitária de fundadores e minimizem a endogamia. Então, o que têm a haver a criação comercial e a conservação de animais selvagens? Muitas instituições, como a IUCN, defendem a criação comercial de animais selvagens como mecanismo de auxílio à conservação, considerando que o comércio legal diminui a demanda do tráfico, e que o cativeiro pode produzir animais para os programas de conservação. Por óbvio, os animais inseridos em programas de conservação jamais poderiam ser comercializados como “pets” ou abatidos, mas os excedentes populacionais poderiam ter esse destino. Para diminuir a probabilidade de perda de diversidade genética, os programas de conservação em cativeiro procuram aumentar o intervalo entre gerações. E, quando o número de indivíduos corresponde à população ótima (geralmente

entre 300 e 500), há que implementar o controle da reprodução. Isto porque, quando se alcança o nível ótimo da população, entende-se que somente se um animal viesse a óbito poderia haver reprodução. Nessas condições, o que fazer com todo o potencial reprodutivo dos animais do plantel? Uma possibilidade seria a venda dos filhotes produzidos, que estariam fora do programa de conservação. Os recursos gerados por essas vendas poderiam estimular ou subsidiar a manutenção do plantel do programa de conservação. Esse seria um dos caminhos possíveis para os programas de conservação ex situ no Brasil, país que não conta com instituições públicas capazes de conduzir com próprios recursos um programa eficiente de conservação, em qualquer espécie que seja. O Programa de Conservação ex situ do cervodo-pantanal é um exemplo disso. Hoje o programa conta com 14 instituições participantes e com uma população de 66 animais, oriundos da região de Porto Primavera-SP. Essa população é insuficiente para a manutenção da recomendada – e recomendável – diversidade e, a longo prazo, seriam necessários novos aportes. Entretanto, o alto custo de manutenção, aliado à impossibilidade de lucro pelos criadores, diminui as chances de que novas vagas sejam geradas e a população começa a extrapolar a capacidade de suporte das instituições participantes. O adensamento dos animais nessas instituições leva a problemas de manejo, que resultam em aumento de mortalidade e queda da qualidade de vida dos animais. A oportunidade de retorno econômico poderia contribuir de maneira decisiva para a entrada de novos participantes no programa de conservação do cervo-do-pantanal, que não dependeria tanto de instituições públicas, geralmente sem verbas. Com a adoção dessa estratégia, a criação comercial de animais selvagens poderia contribuir de maneira decisiva para a conservação de inúmeras espécies ameaçadas de extinção, inclusive financiando as ações de conservação em vida livre, como é comum em vários programas internacionais. Temos que utilizar a fauna como meio para conservar as espécies, por mais que esses conceitos pareçam antagônicos. A manutenção de populações de animais selvagens em cativeiro por inúmeras gerações – e submetidas à seleção artificial –, invariavelmente resulta em mudanças genéticas e indução ambiental, que levam à domesticação. Essa é ainda uma possibilidade real para algumas das espécies selvagens, desde que haja interesse de nossa parte (nós humanos, como domesticadores) em domesticá-las. É importante salientar que o processo de do-

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Ecologia mesticação promove mudanças genéticas, o que distancia as populações adaptadas daquelas que as originaram (selvagens), o que, em alguns casos, resulta em nova espécie. Sabe-se que, quando o processo de domesticação se completa, a população submetida a essa circunstância está adaptada ao ambiente cativo e, conseqüentemente, ao domesticador, em geral o ser humano. Isso provavelmente vem ocorrendo com as populações de aves canoras mantidas em cativeiro, como são exemplos os curiós, os bicudos e os canários. É possível que a seleção para canto e para mansidão tenha modificado substancialmente as populações cativas, que são distintas das populações livres, o que indica que a manutenção dessas populações em cativeiro não causa problemas para seu bem-estar. O cativeiro como fonte de animais para pesquisa é um uso bastante nobre para os animais selvagens, tanto para aqueles que geram conhecimento científico para as suas próprias espécies quanto para aqueles que são utilizados como modelos biológicos. Muitas pesquisas só são possíveis se os animais (modelos) forem mantidos em cativeiro, e podem gerar conhecimentos para auxiliar as populações de vida livre a manterem essa condição. A descoberta de uma espécie nova de cervídeo, o veado-mateiro-pequeno (Mazama bororo) só foi possível por meio um animal que estava em cativeiro. Essa descoberta levou à implantação de uma série de medidas para proteger a espécie, uma vez que a identificação desta se

deu quando ela já estava em perigo de extinção. O cativeiro geralmente é considerado como uma condição que causa estresse, com prejuízos ao bem-estar dos animais. Isso pode ser explicado pelo medo que os animais selvagens sentem na presença de humanos. Esse medo pode ser quantificado pela distância de fuga que eles mantêm das pessoas. Assim, animais selvagens colocados em cativeiros cuja área não permita a manutenção dessa distância de fuga desenvolverão estresse crônico, o que prejudica a reprodução, o crescimento e a sociabilidade da espécie. Isso não é válido, entretanto, para muitos dos animais cativos que não temem os humanos, por uma condição natural da espécie ou por terem passado pelos processos de imprinting ou de amansamento. Por óbvio, animais selvagens mantidos em cativeiro têm pouco controle sobre os eventos e as condições ambientais que os rodeiam, ou seja: dependem do homem para sobreviver e manter a saúde. Assim sendo, cabe ao homem ficar atento, para proporcionar a esses animais as condições adequadas para que se desenvolvam física e mentalmente, assegurando-lhes as necessárias condições de bem-estar. Para tanto, é necessário que se determinem, de forma objetiva, as necessidades fisiológicas e comportamentais dos animais selvagens mantidos em cativeiro. Somente a partir daí será possível oferecer-lhes ambientes cativos apropriados para o crescimento e a reprodução, com boa qualidade de vida.

Bibliografia complementar BALLOW, J. D. ; FOOSE, T. J. Demographic and genetic management of captive populations. In: KLEIMAN, D. G. ; ALLEN, M. E. ; THOMPSON, K. V. ; LUMPKIN, S. Wild mammals in captivity. The University of Chicago Press, Chicago. p. 263-283. 1996. CHIEREGATTO, C. A. F. S. ; DUARTE, J. M. B. ; RAMOS JUNIOR, V. A. ; PESSUTTI, C. Planos de manejo da fauna em cativeiro. In: MORATO, R. G. et al. Manejo e conservação de canívoros neotropicais. IBAMA/ MMA, Brasília. p. 265-279. 2006. CLUTTON-BROCK, J. A natural history of domesticated animals. Cambridge University Press, Cambridge, 238 p. 1999. DUARTE, J. M. B. et al. Order Artiodactyla, Family Cervidae (Deer). In: FOWLER, M. E. ; CUBAS, Z. S. Biology, medicine, and surgery of South American wild animals. Iowa State University Press, Ames. p. 402-422. 2001. DUARTE, J. M. B. Artiodactyla - Cervidae. In: CUBAS, Z. S. ; SILVA, J. C. R. ; CATÃO-DIAS, J. L. Tratado de animais selvagens, medicina veterinária. Roca, São Paulo. pp.641-664. 2007. DUARTE, J. M. B. ; JORGE, W. Morphologic and cytogenetic description of the small red brocket (Mazama bororo Duarte, 1996) in Brazil. Mammalia, 67, 403-410. 2003. FIELD, C. R. Potential domesticants: bovidae. In: MASON, I. L. (Ed.) Evolution of domesticated animals, Longman, London, pp. 102106. 1984. FRANKHAM, R. ; BALLOU, J. D. ; BRISCOE, D. A. A primer of conservation genetics. Cambridge University Press, Cambridge. 220 p. 2004. FRASER, A. ; BROOM, D. A. Farm animal behaviour and welfare, Bailliere Tindall, London, 437p. 1985. HEDIGER, H. Wild animals in captivity, Dover Publications Inc., New York, 207 p. 1964. PRICE, E. O. Behavioural aspects of animal domestication. Quarterly Review of Biology, v. 59, n. 1, p. 1-32. 1984. REED, C. A. The beginnings of animal domestication. In: MASON, I. L. (Ed.) Evolution of domesticated animals, Longman, London, p. 1-6. 1984. Yamada, R. Potential domesticants: freshwater fish. In: MASON, I. L. (Ed.) Evolution of domesticated animals, Longman, London, pp. 397-399. 1984. ZANETTI, E. S. ; DUARTE, J. M. B. Livro de tegistro genealógico da população cativa de cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus). Funep, Jaboticabal. Cd-Room. 2008.

José Maurício Barbanti Duarte - barbanti@fcav.unesp.br • Mateus José Rodrigues Paranhos da Costa - mpcosta@fcav.unesp.br Depto. Zootecnia, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP Campus de Jaboticabal

GEAS – Grupo de Estudo de Animais Selvagens GEAS – Grupo de Estudo de Animais integrante do GEAS Brasil, possui caráter multianimais de companhia irá estimular o desenvolviSelvagens – é a denominação mais comumente disciplinar e esforça-se para aprimorar os conhemento da medicina de animais selvagens e as disadotada pelos vários grupos de alunos e profiscimentos referentes ao atendimento médico a aniciplinas correlatas. A especialização de profissionais que se reúnem das mais diversas formas a mas selvagens e à conservação da biodiversidade. sionais na área de animais selvagens, frente a esse fim de aprender e debater temas relacionados a A filosofia do GEAS.UnB inclui o estímulo ao incrível estímulo desencadeado pela criação comedicina veterinária, biologia e meio ambiente. aprendizado – por meio da troca de informações – mercial, é essencial para a conservação da biodiNo ano de 2005, durante o IV Encontro Sobre e o estabelecimento de parcerias com várias instiversidade, visto que grande parte das técnicas Animais Selvagens foi levantada a necessidade de tuições, nem sempre diretamente ligadas à medidesenvolvidas para benefício dos animais de comse criar um canal para a troca de informações cina veterinária. Há um consenso geral, entre os panhia será aplicada também nas espécies que não entre os diversos GEAS. Assim, criou-se uma lista membros do Geas.UnB sobre a necessidade de inpuderem ser criadas e nos animais de vida livre. O de e-mails para atender a essa demanda e a outras centivo à pesquisa e apoio aos alunos e profissioobjetivo é desenvolver uma medicina tão avançaque possam surgir ao longo do tempo. Desde nais da área, para que todas as decisões tomadas a da quanto aquela atualmente voltada a cães, gatos então, os GEAS do Brasil inteiro vêm se reunindo respeito do meio ambiente sigam critérios científie eqüinos, proporcionando um imenso campo de em congressos e encontros, divulgando seus tracos aplicáveis à realidade brasileira, e atendam da trabalho – e remuneração adequada – aos profisbalhos em âmbito nacional e debatendo assuntos melhor maneira o(s) maior(es) interessado(s): o sionais. Acima de tudo, destaca-se o benefício aos de importância, como a resolução 394 do CONAMA meio ambiente e o homem. animais selvagens, considerados patrimônio na(Conselho Nacional do Meio-Ambiente). Para tanto, acreditamos que a criação de decional, que poderá ser viabilizado por meio de O GEAS.UnB (Universidade de Brasília), terminadas espécies de animais selvagens como incentivos da iniciativa privada. Nárjara Grossmann narjaragr_vet@yahoo.com.br • Isabella Fontana isabellavet@yahoo.com.br Geas-UnB 100

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Lançamentos ECTOPARASITICIDA PARA CÃES E GATOS

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ProMeris Duo e ProMeris, novos produtos da Fort Dodge para o controle, respectivamente, de pulgas e carrapatos, em cães, e de pulgas, em gatos

o risco de expor o pet ao contato com grande quantidade do princípio ativo, diferente de ProMeris Duo”, afirma. Papa explica que o ProMeris foi desenvolvido para ser aplicado na nuca do animal. A ponta da pipeta aplicadora deve ser colocada entre os pêlos, que precisam ser afastados para promover melhor penetração do produto na pele do animal. Recomenda-se que o conteúdo não seja aplicado de uma só vez, já que o formato especial da pipeta permite que o medicamento Aplicação de seja vertido lenProMeris Duo. tamente, de ma- Ao lado, detalhe da pipeta neira que o líquido se disperse gradualmente, sem cair. Além da praticidade e segurança, é possível identificar quando o local de aplicação está seco. O ProMeris Duo tem um aroma exclusivo de eucalipto, já o ProMeris, de coco. Assim, ao aplicar o medicamento, o proprietário sabe que quando não sentir mais o aroma siginifica que o pêlo do animal está seco. De acordo com Papa, isso é importante para que o o dono do animal não esqueça que o animal está sendo tratado e remova o produto acidentalmente, o que poderia diminuir sua eficácia. Fort Dodge: 0800 701 9987 Divulgação

Fort Dodge lançou em junho os ectoparasiticidas ProMeris, para gatos, e ProMeris Duo, para cães. Os produtos são compostos por uma nova molécula, a metaflumizona, que age no sistema nervoso da pulga, resultando em sua paralisia e morte. A versão para gatos leva o nome ProMeris porque possui apenas a metaflumizona. Na versão para cães, foi incorporado o amitraz, substância consagrada e de eficácia comprovada contra carrapatos, sendo chamada de ProMeris Duo. De acordo com Tiago Papa, gerente de negócios de animais de companhia da Fort Dodge, o objetivo foi aliar a rápida ação do amitraz, importante para que os carrapatos sejam eliminados antes de transmitirem doenças aos cães, com a segurança e longa ação desejada pelo mercado, já que a pipeta é de fácil utilização, prática, não vaza e nem espirra. “Alguns produtos para banho anti-pulgas também contém essa substância, mas, além de não serem produtos de ação prolongada, há

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novo Nero Vegetais com Corn Crispys, da Total Alimentos, é uma ótima opção nutricional para cães adultos, enriquecido com antioxidantes e proteínas nobres O produto possui proteínas à base de frango e ovelha, de excelente digestibilidade. “É enriquecido com vitamina E e selênio, antioxidantes que proporcionam mais saúde e longevidade aos cães”, explica o médico veterinário da Total Alimentos, Julio César Coscarelli. O alimento traz ainda benefícios para a pele e pelagem dos animais, em função de possuir equilibrada quantidade de ômegas 3 e 6 em sua formulação. Nero Vegetais com Corn Crispys está disponível em embalagens de 15 e 25 kg. Total Alimentos: 0800-725 8575

NOVA VACINA PARA PRIMO-VACINAÇÃO DE FILHOTES DE CÃES

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explica Leonardo Brandão, PhD em medicina veterinária e gerente de produtos biológicos da Operação Animais de Companhia da Merial. Para evitar as reações pós-vacinais, Recombitek® C4/CV não possui a fração de Leptospira, agente da vacina que confere imunidade contra leptospirose. “São muito comuns os casos de reações pósvacinais na primo-vacinação quando se utilizam vacinas com frações de Leptospira. Tanto que os pesquisadores recomendam que a fração seja ministrada somente na segunda e terceira doses de imunização”, diz Leonardo, acrescentando que a versão original Recombitek® contém frações de Leptospira e pode ser indicada normalmente na segunda e terceira vacinação do filhote.

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Desde junho, a Merial Saúde Animal disponibilizou ao mercado brasileiro a Recombitek® C4/CV, a primeira vacina com tecnologia recombinante desenvolvida especificamente para a primeira dose de vacinação de filhotes de cães. É indicada contra cinomose, parvovirose, adenovirose, parainfluenza, hepatite infecciosa e coronavirose canina. “Ao contrário do vírus vivo atenuado, o vírus-vetor de Recombitek® C4/CV, ao se replicar, sintetiza os agentes estritamente necessários para imunizar contra cinomose, sendo portando incapaz de reverter a virulência. Além disso, passa despercebido pelos anticorpos maternos recebidos da mãe e é capaz de induzir imunidade contra cinomose mesmo na presença deles”,

Nova Recombitek® C4/CV ! Vacina produzida exclusivamente para a primo-vacinação de filhotes de cães; ! Única vacina veterinária para cães filhotes com tecnologia recombinante Tipo 3 contra a cinomose canina, a mesma das mais modernas vacinas humanas; ! Apresenta risco zero de reversão da virulência na imunização contra cinomose; ! Induz imunidade contra cinomose mesmo na presença de anticorpos maternos; ! Não contém fração de Leptospira e apresenta baixo risco de reações pós-vacinais

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14 de julho a 13 de agosto São Paulo - SP Curso teórico-prático de ultra-sonografia em pequenos animais ! (11) 3034-5447 19 e 20 de julho Rio de Janeiro - RJ I Simpósio em dermatologia felina ! (21) 8820-1899

21 a 26 de julho São Paulo - SP Curso teórico-prático de radiologia convencional ! (11) 3579-1427 21 a 31 de julho São Paulo - SP Curso de terapias holísticas para animais ! (11) 5061-4429 24 a 26 de julho São Paulo - SP Curso Intensivo Prático de Ortopedia ! (11) 3819-0594 27 de julho a 21 de dezembro São Paulo - SP Curso de terapias alternativas para animais ! (11) 5061-4429

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2 de agosto a 31 de dezembro de 2009 Araras - SP MBA Clínica veterinária de pequenos animais ! 0800 770 44 55 2 de agosto a 10 de janeiro de 2009 São Paulo - SP Curso de terapias holisticas para animais ! (11) 5061-4429 4 a 8 de agosto Goiânia - GO Curso perícia judicial ambiental ! (53) 3231-3622 4 a 8 de agosto Foz do Iguaçu - PR Curso de atualização em endocrinologia de animais selvagens ! (44) 3649-3444 5 de agosto a 11 de dezembro São Paulo - SP Curso de especialização e aperfeiçoamento em radiodiagnóstico veterinário ! (11) 3034-5447 7 a 9 de agosto Rio de Janeiro - RJ • Riovet - Feira de negócios pet & vet • Conferência Sul-americana de medicina veterinária • 1º Encontro brasileiro de marketing - Pet Vet • II Seminário de nutrição pet ! (21) 3295-2803

8 a 10 de agosto Vitória - ES Cardiologia em cães e gatos ! anclivepaes@gmail.com 9 a 17 de agosto Osasco - SP Curso teórico-prático de afecções cirúrgica da coluna vertebral ! (11) 2995-9155 13 a 15 de agosto Brasília - DF XVII SENEV - Seminário Nacional de Ensino de Medicina Veterinária ! (61) 2106-0400 14 a 17 de agosto Araçatuba - SP XIV SEMEV ! semev.unesp@hotmail. com 16 e 17 de agosto Londrina - PR CTI-PET - Curso de terapia Intensiva em animais de companhia ! (43) 9151-8889 18 a 22 de agosto São Paulo – SP Susavet - semana acadêmica de medicina veterinária da Unisa ! da_vetunisa@yahoo. com.br 20 de agosto Belo Horizonte - MG Diagnóstico das pancreatites e Diabetes mellitus ! (31) 3281-0500

25 a 26 de agosto Belo Horizonte -MG Odontologia ! anclivepa@anclivepamg.com.br

30 a 31 de agosto Campinas - SP I Curso de massagem para cães e gatos ! (19) 9198-2218

25 a 29 de agosto Seropédica - RJ; UFRRJ III Simpósio de Comportamento e Bem-estar Animal (SIMCOBEA) ! (21) 9300-2332

30 de agosto a 6 de setembro São Paulo – SP XI SAMVET - Semana Acadêmica de Medicina Veterinária da Metodista ! (11) 4366-5350

26 a 29 de agosto São Paulo – SP III Semana acadêmica da UNICSUL ! pr.custodio@bol.com.br

31 de agosto a 28 de setembro São Paulo – SP Curso de neonatologia ! (11) 2995-9155

26 a 29 de agosto São Paulo – SP 3ª Jornada acadêmica de medicina veterinária da Universidade Cruzeiro do Sul (UNICSUL) ! (11) 8514-5133

1 a 5 de setembro São José do Rio Preto - SP SAMVERP - Semana acadêmica da medicina veterinária de Rio Preto ! (17) 3201-3360

28 a 30 de agosto São Paulo - SP Cirurgias em coluna ! (11) 3819-0594

5 a 7 de setembro Botucatu - SP II Curso de emergências em animais de companhia ! (14) 3811-6019

29 a 31 de agosto São Paulo – SP Curso teórico e prático de eletrocardiografia em pequenos animais ! (11) 3579-1427

8 a 11 de setembro Marília - SP 1º Congresso paulista de homeopatia veterinária ! (14) 2105-4065

30 a 31 de agosto São Paulo – SP II Curso de massagem oriental e acupressão para animais ! (11) 5061-4429

8 a 11 de setembro Seropédica - RJ; UFRRJ IV Semana de atualização em medicina felina ! (21) 8654-4555

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8 a 12 de setembro Porto Alegre - RS Curso perícia judicial ambiental ! (53) 3035-3622 10 a 12 de setembro Guarapari - ES XXXV Semana Capixaba do médico veterinário e III Encontro regional de saúde pública em medicina veterinária ! (27) 3324-3877 13 e 14 setembro Porto Alegre - RS I Curso internacional de neurologia veterinária ! (51) 3308-6111 14 e 19 setembro Vitória - ES Curso de Formação de Oficiais de Controle Animal (FOCA) ! (11) 8496-2499 14 de setembro a 19 de outubro São Paulo - SP Curso teórico-prático de dermatologia ! (11) 2995- 9155 14 de setembro a 7 de dezembro Osasco - SP Curso teórico-prático de cirurgia de partes moles ! (11) 2995-9155 17 a 19 de setembro São Paulo - SP • 8º Copavepa • Pet South America ! (11) 3813-6568

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17 a 21 de setembro São Paulo - SP XXIX Congresso brasileiro de homeopatia ! (11) 3051-6121 25 a 27 de setembro São Paulo - SP Curso de cirurgia em cabeça e pescoço ! (11) 3819-0594 26 a 28 de setembro Vitória - ES Gastroenterologia em cães e gatos ! anclivepaes@gmail.com

13 a 17 de outubro Santo André - SP III Simpósio de Medicina Veterinária (SIMVET) ! medvetuniabc@ yahoo.com.br 19 a 22 de outubro Gramado - RS 35º Conbravet ! (51) 3326-7002 20 a 21 de outubro Belo Horizonte - MG Fisioterapia ! (31) 3297-2282

26 a 28 de setembro São Paulo - SP I Conferência brasileira de enriquecimento ambiental ! (11) 9308-2160

20 a 23 de outubro São Paulo - SP Clínica das doenças infecciosas e parasitárias em pequenos animais ! marina.monteiro.oliveira @usp.br

30 de setembro a 2 de outubro Presidente Prudente - SP Semana Acadêmica de Medicina Veterinária ! inesgiometti@yahoo. com.br

21 de outubro Belo Horizonte - MG Urinálise, urolitíase e função renal ! (31) 3281-0500

3 a 5 de outubro Belo Horizonte - MG I Fórum Latino Americano de Dermatologia e 3º Congresso Brasileiro de Odontologia Veterinária ! (31) 3297-2282 8 a 11 de outubro Salvador - BA I Congresso mundial de bioética e direito animal ! (71) 3103-6836

23 a 25 de outubro São Paulo - SP Curso Intensivo Prático de Ortopedia módulo avançado - CIPO ! (11) 3819-0594 25 de outubro a 9 de novembro Jaboticabal - SP IV Curso teórico-prático sobre nutrição de cães e gatos: "uma visão industrial" ! (11) 3819-0594 27 a 30 de outubro Fortaleza - CE Fort Pet Vet ! (85) 3257-6382

12 a 17 de outubro Presidente Prudente - SP Curso de Formação de Oficiais de Controle Animal (FOCA) ! (11) 8496-2499

27 a 30 de outubro São Paulo -SP II Curso teórico-prático de terapia intensiva em pequenos animais ! (11) 5572-8778

7 a 9 de novembro Goiânia - GO IV Concevepa ! (62) 3241-3939 7 a 9 de novembro Vitória - ES Indicações e interpretações de exames de diagnóstico por imagem ! anclivepaes@gmail.com 9 a 14 de novembro Belo Horizonte - MG Curso de Formação de Oficiais de Controle Animal (FOCA) ! (11) 8496-2499 11 a 13 de novembro Recife - PE VIII Congresso Brasileiro de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária ! (81) 3466-5551

INTERNACIONAL

27 a 31 de julho Canada - Vancouver 29th World veterinary congress ! www.worldveterinary congress2008.com 13 a 16 de agosto Minneapolis - Minnesota; USA 5th International Symposium on Rehabilitation and Physical Therapy in Veterinary Medicine ! www.arconference.org 14 a 18 de agosto Washington - DC, USA Animal Rights 2008 ! www.arconference.org 20 a 24 de agosto Dublin - Irlanda 33º Congresso Mundial da WSAVA ! www.wsava2008.com 28 a 30 de agosto Cartagena - Colombia V Congresso Ibero-americano FIAVAC ! www.fiavac.org

12 de novembro Belo Horizonte - MG Doenças infecciosas atualização ! (31) 3281-0500

20 a 22 de novembro São Paulo - SP II International Symposium on Animal Biology of Reproduction ! cbra@cbra.org.br 6 e 7 de dezembro Rio de Janeiro - RJ I Congresso Latinoamericano de medicina de urgências e cuidados intensivos ! www.laveccs.org

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3 a 6 de outubro Lima - Peru Latin American Veterinary Conference ! www.tlavc-peru.org 17 a 19 de outubro Barcelona - Espanha SEVCO ! www.sevc.info 2009 17 a 21 de janeiro Orlando - FL - USA North American Veterinary Conference ! www.tnavc.org 21 a 24 de julho São Paulo - SP - Brasil WSAVA 2009 Congress ! www.wsava2009.com.br ! (11) 4613-2014




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