G uarรก Ano XVI, n. 95, novembro/dezembro, 2011 - R$ 20,00
EDiTORA
Indexada no ISI Web of Knowledge - Zoological Record, Latindex e no CAB Abstracts
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Índice
x
Dermatologia - 34 Sabrina dos Santos Costa
Dermatofitose em felinos domésticos – revisão
Juliene Maria Debortolli
Revista de educação continuada do clínico veterinário de pequenos animais
Dermatophytosis in domestic cats – a review Dermatofitosis en gatos domésticos – revisión
Dermatologia - 46
Aspecto geral do paciente felino, persa, fêmea, onze anos, com quadro de dermatofitose generalizada, com cultura fúngica positiva para M. Canis
Onicopatias em cães e gatos Claw diseases in dogs and cats Onicología en los perros y gatos
Rafael Ricardo Huppes
Cirurgia - 58
Alteração ungueal em cão, caracterizada por onicogrifose
Prolapso uretral em filhotes caninos – relato de dois casos Urethral prolapse in puppies – a two case report Prolapso uretral en cachorros – relato de dos casos
Saúde pública - 64 Leishmaniose visceral canina em Cachoeiras de Macacu, Rio de Janeiro – relato de caso Canine visceral leishmaniasis in Cachoeiras de Macacu, Rio de Janeiro – case report
Imagem de prolapso uretral no cão da raça buldogue inglês
Distribuição dos casos caninos de leishmaniose visceral descritos no estado do Rio de Janeiro no período 2006-2011
Depto. Patologia – FMVZ/USP
Leishmaniasis visceral canina en Cachoeiras de Macacu, Rio de janeiro – relato de caso
Medicina veterinária legal - 70 Maus-tratos contra gatos domésticos Cruelty towards domestic cats
SDI - FMVZ/Unesp-Botucatu
Maltrato a los gatos domésticos
Diagnóstico por imagem - 80 Avaliação ultrassonográfica abdominal modo-B em cães e gatos filhotes – revisão de literatura Abdominal B-mode sonographic evaluation in puppies and kittens – literature review
Tilde Rodrigues Froes
Imagem ultrassonográfica demonstrando o rim esquerdo em corte longitudinal de um filhote felino sem raça definida, de oito meses, apresentando sinal de margem medular (seta)
Evaluación ecográfica del abdomen en modo B en cachorros y gatos jóvenes – revisión de la literatura
Hematoma e laceração de musculatura em região cervical ventral proveniente de lesão não acidental
Diagnóstico por imagem - 86
Evitando erros na interpretação da radiologia torácica: dez passos para melhorar sua acurácia diagnóstica
Avoiding errors in thoracic radiology interpretation: ten steps to improve your diagnostic accuracy Cómo evitar errores en la interpretación de la radiología torácica: diez pasos para mejorar su precisión diagnóstica
Clínica médica - 98 Uso de prebióticos e probióticos em gatos – uma revisão Prebiotics and probiotics in cats – a review
A
Exame radiográfico do tórax de cão, projeção VD. Em A, o efeito da rotação do posicionamento, influenciando o tamanho e a análise da silhueta cardíaca
Uso de prebióticos y probióticos en gatos – una revisión
Errata
Esta é a imagem correta para a figura 6 do artigo Mesotelioma peritoneal em um gato – relato de caso, publicado na edição 94, na página 112
Figura 6 - Metástase pulmonar de mesotelioma peritoneal. Componente carcinomatoso organizado em formações tubulares de células mesoteliais neoplásicas. Hemorragia pulmonar adjacente e enfisema compensatório (H&E40x)
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Editorial - 10
Seções
Saúde pública - 12
• Mobilizaçao ̃ contra extermínio de cães com leishmaniose no Brasil 12 • Vacinas contra a leishmaniose 12 • Proposta de normalizaçao ̃ de Unidades de Vigilância de Zoonoses 14
Medicina veterinária do coletivo - 16
A importância de incluir os animais nos planos de redução de riscos 16
Sustentabilidade - 18
• Capacitaçao ̃ de oficiais de controleanimal • Congresso das Especialidades e Pet South America 2011
Medicina veterinária legal - 106
Lançamentos - 118 20 21
Indenizaçao ̃ por erro do clínico médico veterinário
Gestão, estratégia & marketing - 108
Livros - 112 18
18
Notícias - 20
• Recorde de público no 10º Encontro de Anestesiologia Veterinária • CBA 2012 – garanta sua reserva
• Suplementos nutricionais para cães e gatos
• Vamos às compras? 108 • Seja responsável pela experiência de seus clientes – parte 2 110
• II Seminário de Saúde Ambiental do CRMV/MS
• De volta pra Casa na reta final
• Alimento úmido super premium para gatos
Guia de campo: aves da Grande São Paulo
Negócios e oportunidades - 119 Serviços e especialidades - 120 Agenda - 127
Pet food - 114
Afinal, a que evento eu vou?
Arquitetura & Construção - 116 20
Projetos arquitetônicos para hospitais, clínicas e abrigos
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Indexada no ISI Web of Knowledge - Zoological Record, Latindex e no CAB Abstracts CONSULTORES CIENTÍFICOS/SCIENTIFIC COUNCIL Adriano B. Carregaro FZEA/USP carregaro@usp.br
Cleber Oliveira Soares EMBRAPA cleber@cnpgc.embrapa.br
Hélio Autran de Moraes Dep. Clin. Sci./Oregon S. U. demorais@svm.vetmed.wisc.edu
Alceu Gaspar Raiser DCPA/CCR/UFSM raisermv@smail.ufsm.br
Cristina Massoco Salles Gomes C. Empresarial cmassoco@gmail.com
Hélio Langoni FMVZ/UNESP-Botucatu hlangoni@fmvz.unesp.br
EDITORES / PUBLISHERS
Alessandra Martins Vargas Endocrinovet alessandra@endocrinovet.com.br
Daisy Pontes Netto FMV/UEL rnetto@uel.br
Heloisa J. M. de Souza FMV/UFRRJ justen@centroin.com.br
CRMV-MG 10.684
Alexandre Lima Andrade CMV/Unesp-Aracatuba landrade@fmva.unesp.br
Daniel Curvello de M. Müller UFSM/URNERGS cmdaniel@terra.com.br
Herbert Lima Corrêa ODONTOVET odontovet@odontovet.com
Alexander Welker Biondo UFPR, UI/EUA abiondo@uiuc.edu
Daniel Macieira FMV/UFF macieiradb@vm.uff.br
Iara Levino dos Santos Koala H. A. e Inst. Dog Bakery iaralevino@yahoo.com.br
Aloysio M. F. Cerqueira UFF amfcerqueira@uol.com.br
Denise T. Fantoni FMVZ/USP dfantoni@usp.br
Iaskara Saldanha Provet, Lab. Badiglian iaskara.silva@gmail.com
Ana Claudia Balda FMU, Hovet Pompéia anabalda@terra.com.br
Dominguita L. Graça FMV/UFSM dlgraca@smail.ufsm.br
Idael C. A. Santa Rosa UFLA starosa@ufla.br
Ana Paula F. L. Bracarense DCV/CCA/UEL anapaula@uel.br
Edgar L. Sommer PROVET edgarsommer@sti.com.br
Ismar Moraes FMV/UFF fisiovet@vm.uff.br
André Luis Selmi Anhembi/Morumbi e Unifran andre_selmi@yahoo.com.br
Edison L. P. Farias UFPR elpf@uol.com.br
James N. B. M. Andrade FMV/UTP jamescardio@hotmail.com
Angela Bacic de A. e Silva FMU angelbac2002@yahoo.com.br
Eduardo A. Tudury DMV/UFRPE eat@dmv.ufrpe.br
Jane Megid FMVZ/Unesp-Botucatu jane@fmvz.unesp.br
Antonio Marcos Guimarães DMV/UFLA amg@ufla.br
Elba Lemos FioCruz-RJ elemos@ioc.fiocruz.br
Janis R. M. Gonzalez FMV/UEL janis@uel.br
Aparecido A. Camacho FCAV/Unesp-Jaboticabal camacho@fcav.unesp.br
Elisangela de Freitas FMVZ/Unesp-Botucatu elisangela@odontovet.com
Jairo Barreras FioCruz jairo@ioc.fiocruz.br
IMPRESSÃO / PRINT
A. Nancy B. Mariana FMVZ/USP anbmaria@usp.br
Fabiano Montiani-Ferreira FMV/UFPR fabiomontiani@hotmail.com
Jean Carlos Ramos Silva UFRPE, IBMC-Triade jean@triade.org.br
TIRAGEM / CIRCULATION
Arlei Marcili ICB/USP amarcili@usp.br
Fabiano Séllos Costa DMV/UFRPE fabianosellos@hotmail.com
João G. Padilha Filho FCAV-Unesp-Jaboticabal padilha@fcav.unesp.br
Aulus C. Carciofi FCAV/Unesp-Jaboticabal aulus@fcav.unesp.br
Fernando C. Maiorino FEJAL/CESMAC/FCBS fcmaiorino@uol.com.br
João Pedro A. Neto UAM joaopedrovet@hotmail.com
Aury Nunes de Moraes UESC a2anm@cav.udesc.br
Fernando de Biasi DCV/CCA/UEL biasif@yahoo.com
Jonathan Ferreira Odontovet jonathan@odontovet.com
Ayne Murata Hayashi FMVZ/USP aynemurata@ig.com.br
Fernando Ferreira FMVZ/USP fernando@vps.fmvz.usp.br
José Alberto P. da Silva FMVZ/USP ja.ps@uol.com.br
Benedicto W. De Martin FMVZ/USP; IVI ivi@ivi.vet.br
Flávia R. R. Mazzo Provet flamazzo@gmail.com
José de Alvarenga FMVZ/USP alangarve@terra.com.br
Berenice Avila Rodrigues Médica veterinária autônoma berenice@portoweb.com.br
Flavia Toledo Univ. Estácio de Sá toledo-f@ig.com.br
Jose Fernando Ibañez FALM/UENP ibanez@uenp.edu.br
Camila Infantosi Vannucchi FMVZ/USP cacavann@usp.br
Flavio Massone FMVZ/Unesp-Botucatu btflama@uol.com.br
José Luiz Laus FCAV/Unesp-Jaboticabal jllaus@fcav.unesp.br
Carlos Alexandre Pessoa Médico veterinário autônomo animalexotico@terra.com.br
Francisco J. Teixeira Neto FMVZ/Unesp-Botucatu fteixeira@fmvz.unesp.br
José Ricardo Pachaly UNIPAR pachaly@uol.com.br
Carlos Eduardo S. Goulart FTB carlosedgoulart@hotmail.com
Francisco Marlon C. Feijo UFERSA marlonfeijo@yahoo.com.br
José Roberto Kfoury Júnior FMVZ/USP robertok@fmvz.usp.br
Carlos Roberto Daleck FCAV/Unesp-Jaboticabal daleck@fcav.unesp.br
Franz Naoki Yoshitoshi Provet franz.naoki@terra.com.br
Juliana Brondani FMVZ/Unesp-Botucatu jtbrondani@yahoo.com
Cassio R. Auada Ferrigno FMVZ/USP cassioaf@usp.br
Geovanni Dantas Cassali ICB/UFMG cassalig@icb.ufmg.br
Juliana Werner Lab. Werner e Werner juliana@werner.vet.br
César Augusto D. Pereira UAM, UNG, UNISA dinolaca@hotmail.com
Geraldo Márcio da Costa DMV/UFLA gmcosta@ufla.br
Julio C. Cambraia Veado FMVZ/UFMG cambraia@vet.ufmg.br
Christina Joselevitch IP/USP christina.joselevitch@gmail.com
Gerson Barreto Mourão ESALQ/USP gbmourao@esalq.usp.br
Julio Cesar de Freitas UEL freitasj@uel.br
Cibele F. Carvalho UNICSUL cibelefcarvalho@terra.com.br
Hannelore Fuchs Instituto PetSmile afuchs@amcham.com.br
Karin Werther FCAV/Unesp-Jaboticabal werther@fcav.unesp.br
Clarissa Niciporciukas ANCLIVEPA-SP clarissa@usp.br
Hector Daniel Herrera Univ. de Buenos Aires hdh@fvet.uba.ar
Leonardo Pinto Brandão Merial Saúde Animal leobrandao@yahoo.com
Clair Motos de Oliveira FMVZ/USP cmoliv@usp.br
Hector Mario Gomez EMV/FERN/UAB hectgz@netscape.net
Leucio Alves FMV/UFRPE leucioalves@gmail.com
Revista de educação continuada do clínico veterinário de pequenos animais
Arthur de Vasconcelos Paes Barretto editor@editoraguara.com.br Maria Angela Sanches Fessel cvredacao@editoraguara.com.br
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EDITORAÇÃO ELETRÔNICA / DESKTOP PUBLISHING Editora Guará Ltda.
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Ninhada de gatos fotografada por Kamarulzaman Russali
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Mauro Lantzman Psicologia PUC-SP maurolantzman@gmail.com
Rita de Cassia Meneses IV/UFRRJ cassia@ufrrj.br
Lucy M. R. de Muniz FMVZ/Unesp-Botucatu lucy_marie@uol.com.br
Michele A. F. A. Venturini ODONTOVET michele@odontovet.com
Rita Leal Paixão FMV/UFF rita_paixao@uol.com.br
Luiz Carlos Vulcano FMVZ/Unesp-Botucatu vulcano@fmvz.unesp.br
Michiko Sakate FMVZ/Unesp-Botucatu michikos@fmvz.unesp.br
Luiz Henrique Machado FMVZ/Unesp-Botucatu henrique@fmvz.unesp.br
Robson F. Giglio Provet e Hosp. Caes e Gatos robsongiglio@gmail.com
Miriam Siliane Batista FMV/UEL msiliane@uel.br
Marcello Otake Sato FM/UFTO otake@uft.edu.br
Rodrigo Gonzalez FMV/Anhembi-Morumbi rgonzalez@globo.com
Moacir S. de Lacerda UNIUBE moacir.lacerda@uniube.br
Marcelo A. B. V. Guimarães FMVZ/USP mabvg@usp.br Marcelo Bahia Labruna FMVZ/USP labruna@usp.br Marcelo de C. Pereira FMVZ/USP marcelcp@usp.br Marcelo Faustino FMVZ/USP marcellus_f@yahoo.com.br Marcia Kahvegian FMVZ/USP makahve@hotmail.com Márcia Marques Jericó UAM e UNISA marciajerico@hotmail.com Marcia M. Kogika FMVZ/USP mmkogika@usp.br Marcio B. Castro UNB mbcastro2005@yahoo.com.br Marcio Dentello Lustoza Biogénesis-Bagó Saúde Animal mdlustoza@uol.com.br Márcio Garcia Ribeiro FMVZ/Unesp-Botucatu mgribeiro@fmvz.unesp.br Marco Antonio Gioso FMVZ/USP maggioso@usp.br Marconi R. de Farias PUC-PR marconi.farias@pucpr.br Maria Cecilia Rui Luvizotto CMV/Unesp-Aracatuba ruimcl@fmva.unesp.br Maria Cristina F. N. S. Hage FMV/UFV crishage@ufv.br Maria Cristina Nobre FMV/UFF mcnobre@predialnet.com.br Maria de Lourdes E. Faria VCA/SEPAH Maria Isabel Mello Martins DCV/CCA/UEL imartins@uel.br Maria Jaqueline Mamprim FMVZ/Unesp-Botucatu jaquelinem@fmvz.unesp.br Maria Lúcia Zaidan Dagli FMVZ/USP malu021@yahoo.com
Monica Vicky Bahr Arias FMV/UEL vicky@uel.br Nadia Almosny FMV/UFF mcvalny@vm.uff.br Nayro X. Alencar FMV/UFF nayro@vm.uff.br Nei Moreira CMV/UFPR neimoreira@ufpr.br Nilson R. Benites FMVZ/USP benites@usp.br Nobuko Kasai FMVZ/USP nkasai@usp.br Noeme Sousa Rocha FMV/Unesp-Botucatu rochanoeme@fmvz.unesp.br Norma V. Labarthe FMV/UFFe FioCruz labarthe@centroin.com.br Patrícia Mendes Pereira DCV/CCA/UEL pmendes@uel.br Paulo César Maiorka FMVZ/USP pmaiorka@yahoo.com Paulo Iamaguti FMVZ/Unesp-Botucatu pauloiamaguti@ig.com.br Paulo S. Salzo UNIMES, UNIBAN pssalzo@ig.com.br Paulo Sérgio M. Barros FMVZ/USP pauloeye@usp.br Pedro Germano FSP/USP pmlgerma@usp.br Pedro Luiz Camargo DCV/CCA/UEL p.camargo@uel.br Rafael Almeida Fighera FMV/UFSM anemiaveterinaria@yahoo.com.br Rafael Costa Jorge Hovet Pompéia rc-jorge@uol.com.br Regina H. R. Ramadinha FMV/UFRRJ regina@vetskin.com.br
Rodrigo Mannarino FMVZ/Unesp-Botucatu r.mannarino@uol.com.br Ronaldo Casimiro da Costa CVM/Ohio State University dacosta.6@osu.edu Ronaldo G. Morato CENAP/ICMBio ronaldo.morato@icmbio.gov.br Rosângela de O. Alves EV/UFG rosecardio@yahoo.com.br Rute Chamie A. de Souza UFRPE/UAG rutecardio@yahoo.com.br Ruthnéa A. L. Muzzi DMV/UFLA ralmuzzi@ufla.br Sady Alexis C. Valdes ICBIM/UFU sadyzola@usp.br Sheila Canavese Rahal FMVZ/Unesp-Botucatu sheilacr@fmvz.unesp.br Silvia E. Crusco UNIP/SP silviacrusco@terra.com.br Silvia Neri Godoy UICMBio Sede silng@uol.com.br Silvia R. G. Cortopassi FMVZ/USP silcorto@usp.br Silvio Arruda Vasconcellos FMVZ/USP savasco@usp.br Silvio Luis P. de Souza FMVZ/USP, UAM slpsouza@usp.br Simone Gonçalves Hemovet/Unisa simonegoncalves_br@yahoo.com.br Stelio Pacca L. Luna FMVZ/Unesp-Botucatu stelio@fmvz.unesp.br Suely Nunes Esteves Beloni DCV/CCA/UEL beloni@uel.br Tilde Rodrigues Froes Paiva FMV/UFPR tilde9@hotmail.com Valéria Ruoppolo Int. Fund for Animal Welfare vruoppolo@uol.com.br Vamilton Santarém Unoeste vsantarem@itelefonica.com.br
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Renata Navarro Cassu Unoeste-Pres. Prudente renavarro@uol.com.br
Marta Brito FMVZ/USP mbrito@usp.br
Renée Laufer Amorim FMVZ/Unesp-Botucatu renee@fmvz.unesp.br
Vania Maria de V. Machado FMVZ/Unesp-Botucatu vaniamvm@fmvz.unesp.br
Mary Marcondes CMV/Unesp-Araçatuba marcondes.mary@gmail.com
Ricardo Duarte Hovet Pompéia netuno2000@hotmail.com
Viviani de Marco UNISA, Hosp. Vet. Pompéia vivianidemarco@terra.com.br
Masao Iwasaki FMVZ/USP miwasaki@usp.br
Ricardo G. D´O. de C. Vilani UFPR vilani@ufpr.br
Wagner S. Ushikoshi FMV/UNISA e FMV/CREUPI wushikoshi@yahoo.com.br
Mauro J. Lahm Cardoso FALM/UENP maurolahm@uenp.edu.br
Rita de Cassia Garcia FMV/USP rita@vps.fmvz.usp.br
Zalmir S. Cubas Itaipu Binacional cubas@foznet.com.br
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O
Editorial
dia 21 de outubro de 2011 será histórico para a medicina veterinária brasileira e um grande motivo para que o ano mundial da medicina veterinária seja festejado com muita satisfação, pois foi nesta data que o Ministro da Saúde assinou a portaria n. 2.488, que foi publicada no Diário Oficial da União, aprovando a Política Nacional de Atençao ̃ Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organizaçao ̃ da Atençao ̃ Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Entre as informações presentes no documento encontram-se as profissões que passaram o compor os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), que foram criados com o objetivo de ampliar a abrangência e o escopo das açoẽ s da Atençao ̃ Básica, bem como sua resolubilidade. Entre as novas profissões que passaram a compor o NASF, finalmente, a medicina veterinária foi incluída. Muitos trabalharam por essa inclusão, principal- Painel utilizado pela revista Clínica Veterinária entre os dia 18 e mente a Comissão Nacional de Saúde Pública Veterinária 20 de outubro, durante a feira Pet South America 2011, para destacar a importância do médico veterinário na saúde da (CNSPV) do Conselho Federal de Medicina Veterinária família. A ação gerou grande interação e excelente repercussão. (CFMV), em especial pelo prof. dr. Paulo César Augusto No dia 24/10/11, a excelente notícia publicada no Diário Oficial da União: os médicos veterinários passaram a compor o NASF de Souza (presidente da comissão) e pela ministra Gleisi Helena Hoffmann (ministra-chefe da Casa Civil). Porém, a campanha para que o médico veterinário seja importante para a saúde da família precisa continuar, pois a escolha dos profissionais quer irão compor o NASF será definida pelos gestores municipais, seguindo os critérios de prioridade identificados a partir dos dados epidemiológicos, das necessidades locais e das equipes de saúde que serão apoiadas. Alguns eventos realizados em distintas regiões do Brasil vêm procurando destacar a importância da medicina veterinária nas políticas públicas de saúde e de educação. Entre eles pode-se citar o Seminário sobre Bem-estar Animal, Proteção e Políticas Públicas, realizado pelo Projeto Juventude Ecológica (http://juventudeecologica.blogspot.com/), no dia 4 de outubro de 2011, na sede do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo. Fernanda de Figueiredo Beda, coordenadora do Projeto Juventude Ecológica, é médica veterinária e desenvolve trabalhos de educação ambiental. Exemplos dos excelentes trabalhos educativos são a realização das Trilhas Ecológicas, no Parque da Juventude, Zona Norte da capital paulista, e eventos comemorativos, como o realizado em março deste ano para o Dia Mundial da Água. A existência de outros projetos educativos, como, por exemplo, os desenvolvidos pelo Projeto Focinhos Gelados (http://www.focinhosgelados.com.br/) em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Santo André, e pelo biólogo e acadêmico de medicina veterinária Breno Tabosa – que nas escolas de ensino fundamental de Caruaru, PE, realiza atividade educativa de guarda responsável por meio da representação do personagem dr. Love, acompanhado de Pedro, um golden retriever que as crianças adoram –, favorece o aumento do relacionamento da comunidade com os médicos veterinários. Isso é extremamente benéfico para a comunidade, pois a consequência direta é a preservação da saúde de toda a família e a conservação do meio ambiente. Quanto mais ocorrerem eventos como esses, que geram benefício social e ambiental, mais consciente será a comunidade de que é fundamental a presença do médico veterinário para a saúde de toda a família e do meio ambiente. Quando isso acontecer, todo gestor municipal saberá quanto o médico veterinário é essencial para a saúde da comunidade e, certamente, fará com que essa profissão esteja presente ao formar o grupo para o NASF. Veterinário da família. Eu acredito! Abrigos vazios, lares completos, saúde para toda família e muita paz! Feliz Natal!
Arthur de Vasconcelos Paes Barretto 10
Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 95, novembro/dezembro, 2011
Saúde pública
Mobilização contra extermínio de cães com leishmaniose no Brasil
É
cada vez maior a mobilização que vem sendo feita no sentido de esclarecer a população sobre as formas de combater os avanços da leishmaniose visceral no país. Recentemente, foi colocado na internet o abaixoassinado intitulado Mobilização contra Extermínio de Cães com Leishmaniose no Brasil. Mais de 2.500 pessoas já assinaram a petição, mas é importante que esse número aumente muito mais. Além desse abaixo-assinado, a questão do extermínio de cães também vem sendo discutida em eventos, como, por exemplo, o VIII Simpósio Internacional de Leishamiose Visceral, realizado nos dias 29 e 30 de outubro, em Belo Horizonte, MG, pela Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais do Estado de Minas Gerais (Anclivepa-MG) e pelo Brasileish (Grupo de Estudos em Leishmaniose Animal). Na Europa, não há proibição do tratamento da leishmaniose visceral canina, e tratá-la chega até a ser lei. Vale lembrar que, segundo revelou estudo recente que teve a participação de especialistas do Instituto Oswaldo CruzFiocruz, a leishmaniose do Brasil e da Europa são iguais (World Leishmania Infantum Reveals Low Heterogeneity among Populations and Its Recent Old World Origin – www.ncbi.nlm.nih. gov/pmc/articles/PMC3110170). Então, por que não são adotados os
mesmos protocolos praticados na Europa? Para o médico Carlos Henrique Nery Costa, profissional com doutorado em saúde pública tropical (Harvard, 1997), coordenador executivo da Rede Nordeste de Biotecnologia, diretor do Instituto de Doenças Tropicais Natan Portella e supervisor da residência médica em infectologia da UFPI, as medidas para o controle da leishmaniose visceral continuarão não surtindo efeito, pois não focam ações e pesquisas para o controle do vetor, que deveria ser o principal alvo das ações e das pesquisas. Além de participar de diversos eventos importantes expondo o seu ponto de vista, como, por exemplo, o VIII Simpósio Internacional de Leishmaniose Visceral, realizado na Câmara Municipal de Belo Horizonte, MG, evento que promoveu a discussão sobre o controle da leishmaniose visceral na Europa e no Brasil, com suas diferenças e semelhanças, o especialista também crítica o cenário nacional por meio de artigos, como o que foi publicado na Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropicali, (v. 44 n. 2, Uberaba, mar-abr. de 2011): “Quanto é efetivo o abate de cães para o controle do calazar zoonótico? Uma avaliação crítica da ciência, política e ética por trás desta política de saúde pública” (http://dx.doi.org/10.1590/S003786822011005000014).
Vacinas contra a leishmaniose O Brasil foi pioneiro na produção da primeira vacina contra leishmaniose visceral, a Leishmune, vacina que recebeu do MAPA a aprovação da licença definitiva através de publicação no Diário Oficial da União (seção 1, n. 193, p. 30-31, quinta-feira, 6 de outubro de 2011). Na Europa, a partir desse ano, também se iniciou o fornecimento de vacina canina contra leishmaniose, a Canileish, da Virbac.
12
Detalhes dessa nova vacina podem ser conferidos nos seguintes endereços eletrônicos: http://www.ema.europa.eu/docs/pt _PT/document_library/EPAR__Summary_for_the_public/veterinary/002232/WC500104955.pdf. Inicialmente, a vacina Canileish foi disponibilizada somente em Portugal, mas desde o dia 19 de setembro de 2011 também já é encontrada na França. Para mais informações, visite: www.virbac.pt .
MOBILIZAÇÃO CONTRA O EXTERMÍNIO DE CÃES COM LEISHMANIOSE NO BRASIL Para: Deputado Federal Luiz Henrique Mandetta (dep.mandetta@camara.gov.br) Deputado Federal Geraldo Resende
(dep.geraldoresende@camara.gov.br)
Nós, abaixo assinados, solicitamos a APROVAÇÃO do Projeto de Lei (PL n. 1738/2011), proposto pelo Deputado Federal Geraldo Resende, que normatiza campanhas de esclarecimento, prevenção e vacinação gratuita contra leishmaniose, bem como o direito de tratar os animais. Este PL está na Comissão de Seguridade Social e Família, cujo relator é o Deputado Federal Luiz Henrique Mandetta. Precisamos de uma mobilização geral para “lembrar” ao relator, e aos demais membros da comissão que a matança obrigatória de cães infectados no Brasil, praticada apenas em nosso país, é ineficiente e onerosa aos cofres públicos, e mascara a propagação dessa zoonose. A leishmaniose é uma doença séria e negligenciada pelas autoridades de saúde do Brasil, cujas políticas públicas de extermínio de cães adotadas para o seu controle são antigas e ultrapassadas, além de antiéticas e ineficazes. Os cães vêm pagando há anos com a vida sem que isso tenha resultado positivo no controle dessa zoonose, até porque os gatos, cavalos, galinhas, porcos, ratos e outros animais, também são reservatórios da doença. Assinem, colaborem e compartilhem!
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Saúde pública
Proposta de normalização de Unidades de Vigilância de Zoonoses
Os desafios do século XXI convertem a saúde pública em ferramenta-chave para abordar os p r o b l e m a s r e l a c i o n a d o s c o m a i n t e r a c ão e n t r e o s s e r e s h u m a n o s , o s a n i m a i s e o a m b i e n t e . O forte elo existente entre a saúde animal e a saúde pública faz com que a medicina veterinária seja uma das profissões mais importantes para a promocão da saúde humana, ambiental e ani mal e o desenvolvimento de UMA SÓ SAÚDE. Não pode haver saúde humana se não houver saúde animal e ambas não podem existir se o ambiente não for saudável. O conceito de UMA SÓ SAÚDE corresponde ao movimento mundial criado para fortalecer a colaboracão interdisciplinar, a comunicacão e as aliancas, tendo em conta a interdependencia entre a saúde humana e a dos demais seres vivos animais e do meio ambiente. Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) / Instituto Técnico de Educação e Controle Animal (Itec)
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Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) e o Instituto Técnico de Educação e Controle Animal (Itec), entendendo a importância da atuação dos médicos-veterinários na área de saúde pública e, em especial, junto aos serviços de controle de zoonoses, e sabendo dos esforços do
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Ministério da Saúde (MS) na normalização técnica das unidades de vigilância de zoonoses, cuja proposta vem sendo discutida com o Conasems e o Conass, promoveram reuniões com médicos-veterinários e outros profissionais que atuam no controle de zoonoses no âmbito municipal, representantes da Secretaria de Estado da Saúde
de São Paulo, representantes de Faculdades de Medicina Veterinária, o representante do Conasems, representantes da Comissão Estadual de Saúde Pública do CRMV-ES e da Câmara Técnica de Vigilância em Saúde do Cosems do Espírito Santo e outros interessados, nos dias 20 de junho e 12 de setembro de 2011.
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Com o objetivo de analisar e contribuir com a construção dessa importante normalização, e considerando: - a Lei Federal n. 5.517 de 23 de outubro de 1968, artigo 9°, que dispõe que o Conselho Federal o os Conselhos Regionais de Medicina Veterinária servirão de órgãos de consulta dos governos da União, dos estados, dos municípios e dos territórios, em todos os assuntos relativos à profissão de médico-veterinário; - a Constituição Federal, parágrafo 1°, artigo 24, que dispõe que, no âmbito da legislação concorrente, a competência da União se limitará a estabelecer normas gerais; - a Constituição Federal, artigo 30, que dispõe que compete aos municípios legislar sobre assuntos de interesse local
e suplementar a legislação federal e estadual, no que couber; - a Constituição Federal, artigo 37, que dispõe que a administração pública direta e indireta de qualquer dos poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência; - a Lei Federal n. 8.080 de 19 de setembro de 1990, artigo 7°, inciso IX, alíneas a e b, que dispõe sobre a descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo, com ênfase na descentralização dos serviços para os municípios e na regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde; - os diplomas legais estaduais e municipais que definem competências e
atribuições de interesse local; e - a autonomia organizacional e operativa dos municípios, os participantes das reuniões citadas concluem que a proposta apresentada pelo Ministério da Saúde e pelos representantes do Conass e do Conasems merece abordagem mais criteriosa quanto às definições e às atribuições relativas às ações municipais. A proposta oferece restrições às ações e se contrapõe à legislação de diversos municípios e estados, interferindo no exercício profissional e na qualidade do serviço prestado. Portanto, o CRMV-SP, a título de sugestão, encaminhou redacão conciliadora com os objetivos do MS e os interesses dos municipios, estados e sociedade. Confira abaixo.
Vigilância em zoonoses e agravos causados pelos animais A Vigilância em Zoonoses e Agravos Causados pelos Animais deve ser composta por sistema integrado e multiprofissional que deve prover as bases técnicas para subsidiar os profissionais de saúde na elaboração e implementação de estratégias para a prevenção e controle dos fatores de risco à saúde coletiva relacionados com as zoonoses e demais agravos envolvendo seres humanos, diversas espécies animais e o meio ambiente, tendo como pilar fundamental a promoção da saúde. Glossário: - Vetores: animais invertebrados capazes de transmitir, de forma ativa ou passiva, um agente infectante (Aedes, flebótomos, Culex e simulídeos, entre outros). - Reservatórios: animais vertebrados capazes de atuar como fonte de infecção no processo de disseminação de determinada doença e que são suscetíveis aos agravos provocados por ela (cães, gatos, bovinos, equídeos, suínos, ovinos e caprinos, entre outros). - Hospedeiros: animais que servem de habitat para organismos que nele se instalam e encontram as condições de sobrevivência (cães, gatos, bovinos, equídeos, suínos, ovinos e caprinos, entre outros). - Sinantrópicos nocivos: fauna sinantrópica que interage de forma negativa
com a população humana e que representa riscos à saúde pública (roedores, baratas, pulgas, pombos e morcegos). - Peçonhentos: animais que produzem substâncias tóxicas, apresentam um aparelho especializado para inoculação dessa substância, que é o veneno, e possuem glândulas que se comunicam com dentes ocos, ferrões ou aguilhões, por onde o veneno passa ativamente (escorpiões, aranhas, vespas e abelhas). - Manejo de populações animais dirigido à Vigilância em Zoonoses e Agravos Causados por Animais: técnicas de intervenção na população animal, conforme a espécie envolvida para a prevenção, eliminação e/ou redução dos fatores de risco. - Manejo ambiental dirigido à Vigilância em Zoonoses e Agravos Causados pelos Animais: técnicas de intervenção no meio ambiente para a prevenção, eliminação e/ou redução dos fatores de risco. Objetivos da Vigilância em zoonoses e agravos causados pelos animais: - Identificar os fatores de risco; - conhecer a epidemiologia de cada fator de risco; - adotar medidas para o monitoramento, a prevenção, a eliminação e/ou a redução dos fatores de risco; - avaliar epidemiologicamente as medidas de intervenção;
- propor políticas públicas integradas com o objetivo de prevenir, reduzir e/ou eliminar os fatores de risco preponderantes regionalmente; - divulgar informações relativas à Vigilância em Zoonoses e Agravos Causados pelos Animais. Definição de Unidade de Vigilância em Zoonoses (UVZ): É um órgão da esfera municipal ou regional, integrante da rede do Sistema Único de Saúde, responsável pelo desenvolvimento de atividades programáticas de promoção à saúde pública, preservação do meio ambiente e promoção da saúde e do bem-estar animal, com o objetivo de prevenir, reduzir e/ou eliminar fatores de risco de zoonoses e agravos causados pelos animais. Ações: São atividades programáticas de promoção à saúde pública, preservação do meio ambiente e promoção da saúde e bem-estar animal: - manejo de populações animais (vetores, reservatórios, hospedeiros, sinantrópicos nocivos e peçonhentos); - manejo ambiental, integrado com outros órgãos afins; - vigilância epidemiológica; - vigilância ambiental; - saúde do trabalhador; - educação em saúde.
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Medicina veterinária do coletivo
A importância de incluir os animais nos planos de redução de riscos Por Luis Carlos Sarmiento M. - Diretor da WSPA América do Sul
De dezembro de 2010 a janeiro de 2011 a WSPA colaborou em intervenção na cidade de Algodonal, na Colômbia, que foi completamente coberta pela água
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istoricamente, o homem dependeu dos animais por muitos motivos: companhia, sobrevivência, tração, agasalho, dentre outros. Apesar disso, são muito poucas as ações tomadas pelas autoridades competentes para que esses seres maravilhosos e em grande parte dependentes de nós sejam contemplados nos planos de redução de risco ou prevenção e não se tornem vítimas esquecidas de desastres naturais. Embora, por uma parte, seja ideal o fato de os animais estarem inclusos nos planos de prevenção, redução e evacuação de municípios, estados e nações, por outro lado, uma parte muito importante do trabalho, baseada em reduzir o risco, deve ser feita muito antes que tais fatos aconteçam. Com 16
isso evitaremos, sempre que possível, que o animal seja vítima e, em consequência, se torne mais grave ainda a situação que toda a comunidade deve enfrentar diante do desastre. Mas também é muito importante evitar, na medida do possível, o sofrimento do animal. Quanto à redução de risco, há muitas frentes nas quais agir, começando pelo nosso próprio lar e continuando com as autoridades locais e grupos de assistência humanitária, que devem conhecer a importância que os animais representam, assim como conhecer o seu papel nessa questão. Da mesma forma, as simulações de situações de emergências nas comunidades devem sempre incluir os animais, para que tanto os responsáveis por eles como o
Diversos cães ficaram presos em telhados de muitas das casas de Algodonal. Acima, resgate de um desses cães
pessoal do resgate técnico e da assistência saibam que há procedimentos para o seu resgate e posterior alocação dentro do sistema geral de resposta ao desastre. Antes de mais nada, devemos entender a terminologia utilizada e depois as
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distintas maneiras de nos capacitarmos e prepararmos para que nossos animais não sejam vítimas dos desastres naturais. A prevenção consiste em minimizar os impactos negativos que um desastre natural possa ter; a preparação diz respeito a todas aquelas ações que realizamos para prever, responder e nos recuperar de forma efetiva dos impactos provocados ou de uma ameaça potencial. E é exatamente este ponto que iremos enfocar, para entender sua importância na redução de riscos. Como foi mencionado, a prevenção deve começar em casa. É lá que devemos nos planejar para organizar quem se encarrega dos animais e de que forma se dará esse processo. Em nosso planejamento, devemos incluir o alimento e a água fresca dos animais de estimação, assim como prepará-los para uma potencial remoção de emergência dentro de sua gaiola. Da mesma forma, como é impossível predizer quem estará em casa na hora do acontecimento, os diferentes membros da família deverão ser treinados para tal. Também precisamos combinar um ponto de encontro em um local seguro, segundo o disposto pela respectiva autoridade local. Além disso, as autoridades e instituições humanitárias devem capacitarse em questões de resgate de animais, já que em muitas ocasiões deparam com pessoas que se recusam a sair de casa para não deixar os seus animais abandonados, ou, simplesmente, encontra vítimas animais que precisam ser socorridas. Nessas situações, os animais podem estar sujeitos a altos níveis de estresse, e por isso as pessoas encarregadas da operação devem estar capacitadas em técnicas de manipulação e resgate de animais em tais situações. Finalmente, precisamos saber que, em muitas ocasiões, talvez na maioria delas, os abrigos para seres humanos não permitem a entrada de animais. É por isso que as administrações locais devem oferecer um lugar adequado para abrigar os animais enquanto os seus responsáveis permanecem no abrigo para seres humanos. Há projetos de construção de abrigos temporários e a capacitação para a sua construção e o seu gerenciamento também é da alçada
das autoridades, pois elas serão as responsáveis pela sua administração. Há municípios como Bogotá, na Colômbia, onde os animais já estão inclusos nos protocolos de resgate sob a responsabilidade da prefeitura, e a Secretaria de Saúde elaborou um “manual de atenção de saúde pública para situações de desastre, com ênfase no terremoto de Bogotá”. Isso porque se espera que haja um acontecimento dessa natureza a qualquer momento na capital colombiana. Entre os tópicos contidos nesse tipo de manual, devemos considerar: evacuação de animais com os seus responsáveis; evacuação de animais sem responsáveis; animais pequenos e grandes; destino de animais sãos e feridos (ou doentes); meios para transportálos, acondicionamento do refúgio temporal e manipulação; interação entre os responsáveis e os animais enquanto estes permanecerem no abrigo etc. Como se capacitam as autoridades e os grupos humanitários? O mais importante é que tais grupos (Comitês de Prevenção de Desastres, Defesa Civil, Cruz Vermelha, Bombeiros, etc.) entendam a grande importância de sua ação para com os animais e o impacto direto que o seu trabalho com eles tem sobre o conforto psicológico e econômico de seus responsáveis. Em casos como este, a Sociedade Mundial para a Proteção Animal (WSPA), sede América do Sul, assinou um convênio com a defesa civil colombiana para poder capacitar um grupo de agentes em assuntos relevantes às atividades mencionadas, tais como conforto animal e resgate técnico. Dentro desse corpo, capacitou um grupo de veterinários voluntários, que poderão colaborar com ações mais específicas caso os animais precisem de auxílio veterinário. Da mesma forma, aproximadamente, um grupo de membros do Corpo de Bombeiros da cidade de Bogotá também receberá capacitação, neste caso dirigida ao resgate técnico de animais em área urbana. Outras formas de prevenir e reduzir o risco incluem a participação de entidades de proteção e conforto animal nos simulacros que um grande número das cidades latino-americanas realizam atualmente. A maior simulação que já
foi feita na história da Colômbia aconteceu em 2009 e contou com participantes de vários países latino-americanos em mais de cinquenta locais. A WSPA foi a única entidade de proteção animal convidada pelos organizadores a fazer parte desse evento e para tal contamos com dois cenários para demonstrar a maneira adequada de socorrer animais atingidos por um potencial terremoto. Um dos cenários foi um edifício parcialmente inacessível, em cujo último andar tinham ficado presos vários cães. O segundo cenário foi um caminhão que transportava cavalos e que durante o sismo tinha batido. Ambos os cenários foram considerados excelentes pelos supervisores internacionais da simulação. Como se descreve, são várias as maneiras de prevenir e evitar desastres adicionais ao acontecimento; o mais importante, sob o meu ponto de vista, é perceber que os animais devem ser inclusos nos planos de redução de riscos em todos os níveis e estar conscientes de que é nossa responsabilidade moral e ética zelar pela sua segurança. Pessoalmente, estou envolvido em ações desse tipo há muitos anos e tenho participado de várias situações de distinta índole em diversos países latino-americanos. Embora não trabalhe mais nesse departamento, continuamos acompanhando as situações de desastre que nos atingem e, ocasionalmente, participamos de intervenções, sendo a última nas enchentes do sul da província do Atlântico, na Colômbia, em dezembro e janeiro últimos. Para concluir, vemos que há diversas formas de reduzir ao máximo o risco de um animal ser atingido por um desastre. Considerando-se que ao ano acontecem mais de 400 situações de desastre que atingem tanto humanos como animais, é de vital importância que esse assunto não passe inadvertido. Como política governamental, é de vital importância que os animais sejam inclusos nos planos oficiais, para que assim se consiga minimizar o impacto sobre os mais de 40 milhões de animais que são vítimas de desastres naturais a cada ano, muitos dos quais pertencem às comunidades mais vulneráveis. Esta é uma das melhores maneiras de mostrar que nos importamos com os animais!
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Sustentabilidade
II Seminário de Saúde Ambiental do CRMV/MS
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o dia 19 de novembro de 2011, acontece em Campo Grande, MS, o II Seminário de Saúde Ambiental do CRMV-MS. O objetivo da sua realização é sensibilizar os profissionais sobre sua atuação e sobre os impactos de suas atividades no meio ambiente, e tem como público-alvo médicos veterinários, zootecnistas e acadêmicos de medicina veterinária e zootecnia. Em face da proximidade do evento, é possível que muitos não consigam se programar para estar presentes, mas o exemplo da programação elaborada é excelente para ser conferido e repetido em outras datas e locais. As inscrições para o II Seminário de Saúde Ambiental do CRMV-MS são gratuitas, mas as vagas são limitadas. Informações: fone (67) 3331-1655 ou asspresidencia@crmvms.org.br
PROGRAMAÇÃO 9h30 às 10h – Abertura 10h às 10h45 – Relações do médico veterinário e do zootecnista com o meio ambiente – Palestrante: MV Newton Tércio Netto, coordenador da Comissão Estadual de Saúde Ambiental do CRMV-MS 10h45 às 11h30 – Atuação do médico veterinário e do zootecnista na saúde ambiental – Palestrante: MV Maria do Rosário Lira Castro, integrante da Comissão Nacional de Saúde Ambiental do CFMV 11h30 às 12h – Mesa-redonda: médico veterinário e zootecnista – O que esses profissionais tem a ver com a saúde ambiental? – Moderadora: MV Rita de Cássia da Silva Paes, integrante da Comissão Estadual de Saúde Ambiental do CRMV-MS 13h30 às 14h15 - Medicina da conservação: os desequilíbrios ambientais e a emergência/reemergência de doenças – Palestrante: MV Fabiana Lopes Rocha, Fiocruz/Tríade
14h15 às 15h – Predação em fazendas de pecuária por onças – causas e estratégias de prevenção – Palestrante: MV Rafael Hoogesteijn, Panthera Leaders in Wild Cat Conservation 15h às 15h30 – Mesa-redonda: Desequilíbrios ambientais, saúde ambiental e saúde pública – Moderadora: MV Mariana Coelho Mirault Filho, Integrande da Comissão Estadual de Saúde Ambiental do CRMV-MS 15h45 às 16h30 – A pecuária orgânica no contexto da saúde ambiental – Palestrante: MV Ivens Domingos, WWF 16h30 às 17h15 – Programa ABC – agricultura de baixo carbono – Palestrante: engenheiro-agrônomo Celso Martins, Mapa/SFA-MS 17h15 às 17h45 – Mesa-redonda: Produção animal e saúde ambiental – Moderadora: zootecnista Ana Paula Felício, Integrande da Comissão Estadual de Saúde Ambiental do CRMV-MS
De volta pra Casa na reta final
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m 29 de outubro de 2006, na Rodovia Castelo Branco, foram apreendidos 192 papagaios com apenas duas semanas de vida. A SOS Fauna (www.sosfauna.org) recebeu 72 filhotes, dentre os quais pouco mais de 60 estão vivos e esperando a soltura em unidade de manejo de aves silvestres do Cerrado, no interior do Estado de Mato Grosso do Sul. Infelizmente, o tráfico de animais silvestres ainda é um grande problema no Brasil. A maioria dos animais silvestres apreendidos – sendo que mais de 95% deles são aves – não regressa à natureza. Confira no Youtube alguns vídeos que falam sobre o projeto: • SOS FAUNA - DE VOLTA PRA CASA http://www.youtube.com/watch?v=riX x808an20 18
Ao lado, recintos desmontáveis levados para área de soltura no Estado de Mato Grosso do Sul
www.sosfauna.org
• A espera para liberdade... http://www.youtube.com/watch?v=BE AUDw4ikV0 • DE VOLTA PRA CASA.mp4 http://www.youtube.com/watch?v=Nh sPEVOD0Vw
O projeto De Volta pra Casa, desenvolvido pela SOS Fauna, existe há mais de nove anos e tem a missão de devolver à natureza animais silvestres vítimas do tráfico
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Recorde de público no 10º Encontro de Anestesiologia Veterinária
Capacitação de oficiais de controle animal Como a fazer o manejo etológico de cães e gatos baseado nos aspectos comportamentais, de bem-estar animal e de segurança do trabalhador e da comunidade?
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Participantes do 10º Encontro de Anestesiologia Veterinária, realizado em agosto de 2012 em Campos do Jordão, SP
Encontro de Anestesiologia Veterinária é um evento organizado a cada dois anos e que ocorre desde 1994. Este ano o encontro foi realizado entre os dias 22 a 24 de agosto, na cidade de Campos do Jordão, SP, reunindo profissionais de todo o país. Com gerência comercial realizada pela Moskim (www.moskim.com.br), o evento foi um sucesso. A Agener União, patrocinadora ouro do encontro, esteve presente expondo sua ampla linha de drogas largamente utilizadas tanto para procedimentos anestésicos quanto para o tratamento da dor. Outros patrocinadores foram a revista Clínica Veterinária (mídia exclusiva, Davol (ouro), Vetnil e Virbac (prata) e Center Book (bronze).
O prof. dr. Flávio Massoni foi responsável pela palestra de abertura. Durante sua apresentação, o especialista discorreu sobre a história dos encontros de anestesiologia veterinária, que, inicialmente, contavam com reduzido número de participantes. Com a constante evolução da especialidade, entretanto, isso mudou visivelmente.
CBA 2012 – garanta sua reserva
Hotel oficial do CBA 2012: Bourbon Curitiba Convention Hotel
O próximo CBA 2012, a ser realizado em Curitiba, PR, de 27 a 30 de abril de 2012, está com excelente taxa de adesão: mais de 2.200 inscritos! A programação científica do con20
gresso, apresentada pelos melhores profissionais, contempla 30 especialidades distribuídas em uma grade ampla e completa. O evento conta com o apoio de diversas associações e colégios, o que o engrandece ainda mais! É importante que os congressistas estejam atentos ao fato de que, durante o período de realização do CBA 2012, Curitiba também sediará outros eventos. Por isso, é previsto um grande aumento na taxa de ocupação da rede hoteleira, podendo até ocorrer saturação das acomodações. Para garantir reserva no hotel de sua preferência, recomenda-se que a solicitação seja feita com brevidade, por meio da M. Leal Agência de Viagens: (41) 33434300 ou mleal@mleal.com.br.
Que estratégias são efetivas para o controle de animais abandonados e soltos nas ruas? Como humanizar os serviços de controle de zoonoses e o manejo populacional de cães e gatos?
As respostas a perguntas como essas fazem parte da programação do Curso de Oficiais de Controle Animal (Curso Foca), realizado periodicamente pelo Instituto Técnico de Educação e Controle Animal (Itec – www.itecbr.org). O próximo Curso Foca (nível I) ocorrerá em Teresina, PI, entre os dias 21 e 25 de novembro de 2011. De 21 a 25 de maio de 2012 também está programada a realização de mais um Curso Foca (nível II), em Taubaté, SP, que tem como pré-requisito a participação no nível I. As aulas teóricas serão realizadas no auditório do Plaza Hotel (Rua Dr. Emílio Winther, 1415) e as práticas, no Centro de Controle de Zoonoses de Taubaté. O Itec possui uma equipe de profissionais com experiência nas seguintes áreas: humanização de serviços de controle de zoonoses e controle animal; saúde pública veterinária: controle de zoonoses e controle animal; gerenciamento de serviços de controle de zoonoses; medicina veterinária do coletivo; bem-estar animal; proteção animal; etologia canina e felina; medicina do comportamento; bioética e ética animal; manejo etológico.
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Profissionais de diversas regiões do país participaram do Congresso das Especialidades e da feira Pet South America
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Congresso das Especialidades, união do 9º CONPAVET – Congresso Paulista de Medicina Veterinária, organizado pela SPMV e do 11º CONPAVEPA – Congresso Paulista de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais, organizado pela Anclivepa – SP, foi realizado com sucesso entre os dias 18 e 20 de outubro de 2011. O evento abrangeu 28 especialidades da medicina veterinária. O evento já está com data marcada para 2012, entre os dias 16 e 18 de outubro, e novamente será realizado no Expo Center Norte. A empresa organizadora do evento, a NürnbergMesse Brasil, também será responsável pelo 39º Conbravet, que está previsto para ser realizado em novembro de 2012 (www.conbravet2012.com.br). A seguir confira alguns destaques e novidades apresentadas por expositores participantes na 10ª edição da Pet South America.
O estande da revista Clínica Veterinária contou com o painel “Veterinário da família. Eu acredito!”, que gerou bastante interação com os participantes do evento. Na concepção de criação do painel houve a intenção de incentivar a divulgação de que garantindo a saúde dos animais de companhia, também se está garantindo a saúde de toda a família. Outros conceitos subjetivos que a arte também incorpora são a família multiespécie e a incorporação de médicos veterinários nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF)
Destaques da Bio Brasil: radiografia computadorizada e modernos equipamentos de diagnósitco e de monitoração Analisador bioquímico semiautomático BA-88A: tecnologia e praticidade. Possui software de fácil utilização, tela grande e sensível ao toque A Vetnil, patrocinadora ouro do evento, realizou lançamentos na feira, agregando mais valor ao grande portfólio da empresa.
Periovet, lançamento da Vetnil, tem foco na prevenção de cálculos dentais em cães e gatos. O produto, que possui sabor menta, tem como base o digluconato de clorexidina Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 95, novembro/dezembro, 2011
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Além de alimentos inovadores como Max ao Molho, a Total Alimentos apresentou excelentes propostas sociais que visam o bem-estar dos animais e da comunidade. Entre elas estão Max nas escolas e Max identidade Na Royal Canin, grande destaque para a 1ª linha de alimentos úmidos super premium do Brasil. A empresa fez ainda o pré-lançamento de novos produtos da linha Breed e também investiu na conscientização do uso de dietas específicas contra a obesidade PremieR Pet levou novidades e investiu na interação com as redes sociais
A Farmina Pet Foods atraiu a atenção dos visitantes com a sua mais nova linha, que é isenta de cereais: a Natural & Delicious, que possui equilíbrio nutricional de 70% de ingredientes de origem animal e 30% de frutas, legumes, plantas medicinais e minerais
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A tecnologia Duo, sucesso na marca Golden, passa agora também para a linha super premium, tanto nos produtos para cães como para gatos. Acima, PremieR Ambientes Internos Duo Adultos Cordeiro e Peru
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Conquistando espaço no mercado pet, a Nutripharme aproveitou o evento para lançar Globion Pet, suplemento vitamínico mineral com probióticos e prebióticos. Outro suplemento lançado foi o IMDerme, que contém ácido docosahexaenóico (DHA) e ácido eicosapentaenóico (EPA), entre outros ingredientes
A Alisul esteve presente com uma grande equipe e destacou produtos de sucesso como os da linha Frost (super premium)
Eukanuba marca presença e anuncia novidades para o mercado de pet food
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Fitocalmyn palitos e Calmyn Dog foram algumas das novidades apresentadas pelo grupo Organnact. Ambos são suplementos alimentares indicados para cães de qualquer idade, que combinam triptofano, tirosina e nutrientes capazes de melhorar o relacionamento e a qualidade de vida do animal
A Merial, atenta à qualidade da relação entre o pet e seu dono, promoveu, entre outros produtos, sua linha de vacinas. Com a chegada do verão, a leptospirose, por exemplo, pode atingir as pessoas através dos cães. O que poderá garantir a saúde de todos é a vacinação
Equipe da multinacional Vétoquinol, que chegou ao Brasil por meio da aquisição da Fagra (Farmagrícola S. A). A empresa mantém a linha de produtos da Fagra, mas, em breve, trará muitas novidades ao Brasil
Fiprolex e Marbopet, excelentes produtos da Ceva que chamaram a atenção dos visitantes A Ourofino movimentou bastante o seu estande com o lançamento do concurso "Amigo Pet" (www.amigopetourofino.com.br), criado para selecionar o nome do novo mascote de sua linha de produtos para pets
A Vencofarma completou 25 anos e segue em crescimento. Recentemente, para atender a crescente demanda, inaugurou uma nova planta em área de 1.000 m2
A tradicional farmácia no estande da Agener contou, este ano, com destaque para novidade da empresa: o SeptClean, antisséptico tópico A divulgação da campanha Diga Não à Leishmaniose e a presença dos cães terapeutas do grupo TAC (Terapia Assistida por Cães) foram destaques no estande da MSD Saúde Animal, empresa presente em mais de 50 países A Pfizer participou do evento dando destaque a uma grande notícia para o mercado veterinário: a aprovação da licença definitiva da vacina contra leishmaniose visceral canina, a Leishmune
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Ciência para uma vida melhor foi o foco da participação da Bayer no evento
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Uma das novidades da Centagro foi o novo visual da linha Pet Smack A Q-Soft aproveitou o evento para divulgar ao mercado pet e veterinário a incorporação do programa Master Clin e divulgar campanha especial para migração desse aplicativo para o Q-VET 2011. Além disso, o evento também foi proveitoso para divulgação da integração do Q-VET 2011 com soluções de diagnóstico da Idexx
L-Carnislim foi um dos produtos de destaque no estande da Pet Nutrition. Trata-se de suplemento a base de L-carnitina indicado para animais adultos com sobrepeso, agindo como auxiliar durante o processo de redução de peso em animais com restrição calórica
Estande do BET Laboratories, empresa que oferece serviços de diagnóstico em endocrinologia veterinária há mais de 25 anos
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A Pet Society demonstrou durante o evento toda sua linha de higiene que destaca-se por ser concentrada. Isto implica na utilização de embalagens menores e consequentemente utilização de menos energia para produção das mesmas, redução da quantidade de plástico a reciclar, economia de espaço para transporte e armazenamento, contribuindo para a redução da emissão de carbono e outros gases causadores do efeito estufa
O Tecsa Laboratórios, além de divulgar seus serviços de diagnóstico também aproveitou o evento para divulgar importantes ações da empresa, como, por exemplo, os diversos eventos que o laboratório promove. Entre eles, merecem destaque as palestras realizadas para esclarecimentos no diagnóstico e na prevenção da leishmaniose visceral canina. O evento também foi propício para divulgação da nova unidade em Goiânia, GO, na Av. Castelo Branco 2191, setor Coimbra, loja 2 e telefone (62) 3203-1496
Pet Nap é a nova marca de acessórios para o mercado pet, utilizando tecnologia de alta performance para melhorar a qualidade de vida animal
Interativos e inteligentes, os Pet Games despertaram a atenção do público e do cães
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Dermatofitose em felinos domésticos – revisão Dermatophytosis in domestic cats – a review Dermatofitosis en gatos domésticos – revisión Clínica Veterinária, n. 95, p. 34-44, 2011 Juliene Maria Debortolli médica veterinária autônoma
julienedebortolli@hotmail.com
Catharine Partelli Lima
médica veterinária autônoma cathypartelli@hotmail.com
Anderson Silva Dias
MV, MSc., docente Curso de Medicina Veterinária - FACASTELO doutorando Depto. Medicina Veterinária - UFV andersonmedvet@hotmail.com
Gester Breda Aguiar
graduando Curso de Medicina Veterinária - FACASTELO gester.medvet@hotmail.com
Resumo: As dermatopatias representam a maior parte dos atendimentos na rotina clínica; dentre elas, podem-se destacar as dermatofitoses. A frequência dessa doença fúngica é favorecida pelo clima nos países tropicais e subtropicais. A infecção desse agente geralmente ocorre por meio de transmissão direta ou indireta de conídios que germinam em um hospedeiro suscetível, principalmente em imunocomprometidos. Animais de pelo longo são mais predispostos. A cultura fúngica é o teste diagnóstico mais confiável. O tratamento é dispendioso e prolongado; assim, o diagnóstico correto e prévio torna-se essencial para o sucesso da terapia. A descontaminação do ambiente é essencial. Felinos são considerados como potenciais reservatórios e disseminadores de fungos patogênicos para o homem. O objetivo deste trabalho foi abordar os aspectos clínicos, epidemiológicos, o diagnóstico, o tratamento e as medidas preventivas específicas em criações de gatos. Unitermos: dermatopatias, dermatófitos, controle, zoonoses, reservatórios Abstract: Dermatopathies represent the majority of cases in small animal clinics. Dermatophytosis is one of such mycotic diseases, which is favored by tropical and subtropical climates. The infection generally occurs through direct or indirect transmission of conides that sprout in a susceptible host, mainly in immune compromised patients. Long haircoat animals are the most predisposed. Among the diagnostic alternatives, fungal cultures are still the most trustworthy. Since the treatment is expensive and prolonged, the correct diagnostic is paramount for therapeutic success. Environmental decontamination is also essential. Felines are considered potential reservoirs and disseminators of the pathogens to man. The objective of this study was to review epidemiological and clinical aspects of the disease, as well as diagnostic procedures, treatment options and control aspects relevant to cat breeding facilities. Keywords: skin diseases, dermatophytes, control, zoonosis, reservoirs Resumen: Las enfermedades cutáneas representan la mayor parte de los casos que se atienden en la clínica diaria, siendo que entre ellas pueden destacarse las dermatofitosis. La frecuencia de esta enfermedad de origen fúngica se ve favorecido por el clima en los países tropicales y subtropicales. La infección debida a este agente sucede generalmente a traves de trasmisión directa o indirecta de conidios que germinan en un huésped susceptible, principalmente en animales inmunocomprometidos. Los animales de pelo largo suelen estar mas predispuestos. El cultivo de hongos es el examen diagnostico mas confiable. El tratamiento suele ser caro y prolongado en el tiempo. El diagnostico correcto previo es esencial para el éxito del tratamiento. La descontaminación del ambiente es esencial. Los gatos son considerados reservorios potenciales y diseminadores de hongos patógenos para el hombre. El objetivo del presente trabajo fue presentar los aspectos clínicos, epidemiológicos, el diagnostico y tratamiento, así como las medidas preventivas especificas en criaderos de gatos. Palabras clave: enfermedades de la piel, dermatofitos, control, zoonosis, reservorios
Introdução Os problemas de ordem dermatogênica são frequentes entre os animais de companhia. Dentre as afecções mais comuns, a dermatofitose ocupa posição de destaque. Este trabalho constitui uma revisão na qual se buscou discutir o papel dos felinos domésticos na transmissão de dermatofitose para humanos e também se apresenta como uma ferramenta útil aos profissionais que lidam com clínica de pequenos animais. 34
A investigação do histórico e a relação dos aspectos epidemiológicos constituem pontos importantes a ser considerados para a obtenção do diagnóstico correto. Na prática, nem sempre as lesões observadas estão estabelecidas dentro de determinado padrão, porém existe uma dinâmica de evolução das alterações que deve ser minuciosamente avaliada sendo importante para determinar a verdadeira casuística de dada afecção e para determinar a terapia adequada.
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A ocorrência de doenças cutâneas fúngicas nos animais e nos seres humanos é favorecida principalmente pelo clima nos países tropicais e subtropicais 1. Nesse contexto, as dermatofitoses ou tinhas estão entre as mais frequentes. Essas afecções se caracterizam por ser, primariamente, uma doença folicular, e suas manifestações clínicas são essencialmente reflexos do dano causado ao folículo piloso e da subsequente inflamação. A infecção dos tecidos queratinizados é geralmente causada por uma das três espécies de dermatófitos: Microsporum, Trichophyton e Epidermophyton; esses organismos são queratinofílicos, portanto, invadem pelos, unhas ou pele, estabelecendo-se aí. A maioria das infecções em cães e gatos é causada por Microsporum canis, M. gypseum e Trichophyton mentagrophytes. A infecção ocorre por transmissão direta ou indireta de conídios que germinam em hospedeiros suscetíveis, incluindo animais domésticos de qualquer idade, sexo ou raça, embora seja mais comum entre animais mais jovens, debilitados e idosos 2. Há relatos sobre a maior suscetibilidade de alguns indivíduos de uma família ou raça à dermatofitose, sugerindo predisposição genética ao seu desenvolvimento. Entre os gatos, destacam-se os de pelos longos, especialmente os persas, mais predispostos, provavelmente porque entre esses animais a infecção é de caráter predominantemente crônica e recorrente 3.
Quanto ao diagnóstico, a cultura fúngica é o teste mais confiável e é empregada para o monitoramento da terapia, que consiste em tratar o animal enfermo e todos os seus contactantes, além de promover a descontaminação do ambiente. Por se tratar de uma zoonose, essa afecção merece atenção especial; assim, em casos de suspeita clínica, o diagnóstico e o tratamento de todos os animais acometidos tornam-se obrigatórios 4,5. Por constituir uma importante zoonose, serão relacionados neste trabalho os diversos aspectos responsáveis pela disseminação do agente entre os animais domésticos e os contactantes. Por isso, o objetivo do presente trabalho é abordar os aspectos clínicos e epidemiológicos, o diagnóstico e o tratamento e as medidas preventivas específicas em gatis. Etiologia Os dermatófitos que mais frequentemente infectam os animais domésticos são Microsporum e Trichophyton. Esses gêneros podem ser divididos em três grupos com base no habitat natural: geofílico, zoofílico e antropofílico 4,5. Os dermatófitos geofílicos, como o M. gypseum, habitam normalmente o solo, onde se decompõem em debris ceratinosos; no entanto, esse organismo constitui a segunda causa mais comum de dermatofitose nos cães nos Estados Unidos, e infecta ocasionalmente os gatos. As lesões são comumente
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observadas em áreas que têm contato significativo com o solo, tais como pés e focinho. Os dermatófitos zoofílicos, como M. canis, M. distortum e T. equinum, adaptaram-se aos animais e raramente são encontrados no solo. Já os dermatófitos antropofílicos, como o M. audounii, são adaptados aos humanos e não vivem no solo. Os dermatófitos zoofílicos frequentemente causam menos reação inflamatória nos animais do que os fungos geofílicos ou antropofílicos. Três fungos causam a grande maioria dos casos clínicos de dermatofitose em cães e gatos: M. canis, M. gypseum e T. mentagrophytes 5. Epidemiologia A dermatofitose é uma doença infectocontagiosa de caráter crônico 6. É também definida como uma infecção micótica superficial dos tecidos ceratinizados da pele, ou seja, a camada celular córnea da epiderme, que acomete pelos, unhas, cascos e chifres nas diferentes espécies 7. Em geral, o M. canis é responsável por 50 a 70% da doença em cães e 90 a 98% dos casos de dermatofitose felina 8. Acreditava-se que os gatos portadores sirvam como reservatório para M. canis; no entanto, estudos recentes demonstraram que ele é isolado raramente a partir de gatos de estimação saudáveis 4,5,9. Entretanto, considera-se que 50% das pessoas que convivem com gatos infectados, apresentando sintomatologia clínica, adquirem essa afecção 10. Outros estudos comprovam que a espécie felina se comporta como a principal espécie carreadora assintomática de artrosporos dermatofíticos, em índices que variam de oito até 88% dos casos 8. Devido a esse fato, os gatos são considerados os principais mamíferos disseminadores de fungos zoofílicos e fontes de contágio para seres humanos e outros animais 11. Várias pesquisas ressaltam a importância do gato doméstico como o principal animal transmissor do Microsporum canis 8,12. Dentre os vários fatores que contribuem para que os gatos sejam carreadores de esporos dermatofíticos, destacam-se as variações climáticas regionais e intercontinentais que interferem diretamente na frequência de positividade desses gatos. Por exemplo, um estudo realizado na costa oeste do Pacífico evidenciou 6,5% de positividade para gatos portadores de esporos zoofílicos, enquanto na Nova Zelândia e no Brasil essa frequência foi de 19% e 17%, respectivamente 13-15. Os mesmos estudos mostram que a positividade de gatos portadores de esporos dermatofíticos aumenta significativamente quanto maior o contato com outros gatos, destacando-se atividades de reprodução, livre acesso às ruas, feiras de exposições e ambientes densamente habitados, como o caso de associações de proteção animal e centros de controle de zoonoses, sendo a frequência de positividade nessas situações de 36 a 88% 15,16. A incidência e a prevalência da dermatofitose variam com o clima e com os reservatórios naturais 5,17. Em clima quente e úmido, observa-se uma incidência mais elevada do que em clima frio e seco. Trata-se, no entanto, de uma enfermidade de distribuição mundial, sendo uma das mais importantes micoses cutâneas. Em relação aos reservatórios, a incidência de dermatófitos em felídeos silvestres é considerada baixa 1. 36
Conforme relata a literatura, a incidência de dermatofitose no hemisfério norte em gatos ocorre da seguinte forma: M. canis varia pouco durante todo o ano; M. gypseum e T. mentagrophytes são raramente relatados em gatos, mas pode ocorrer um ligeiro aumento de ocorrência desses dois últimos durante os meses de verão e outono 5. Estudos demonstram que nos Estados Unidos 45% dos felinos examinados são infectados pelo M. canis, a maior parte dos quais com idade inferior a um ano. Animais de qualquer idade, sexo ou raça são suscetíveis à infecção, mas também se sugere que haja uma predisposição genética para o seu desenvolvimento 9,18. Além disso, a exposição prévia, o ambiente, o contato com outros animais, deficiências nutricionais e doenças debilitantes favorecem a infecção 18. Outros autores consideram a idade do animal, a falta de prévia exposição ou infecção e a exposição à radiação ultravioleta os fatores físico-químicos de maior relevância 7,19. Outros aspectos, como as diferenças nas propriedades bioquímicas da pele e as secreções cutâneas (especialmente sebo), o crescimento e a reposição do pelo e o estado fisiológico do hospedeiro relacionado à idade, também devem ser considerados. Fatores locais, como a barreira mecânica da pele intacta e a atividade fungistática do sebo, conferida pelo conteúdo rico em ácido graxo, são dissuasivos da invasão fúngica 5. Os dermatófitos são transmitidos por contato direto, de animal para animal, e também por contato indireto através do solo, de fômites e instalações contaminadas; apresentam caráter iatrogênico e são transmitidos por meio do manejo de animais com e sem lesões cutâneas; sendo os dermatófitos considerados fontes potenciais de infecção e reinfecção 5,6. Conforme descrito na literatura, em criações com fins comerciais, a promiscuidade favorece grande morbidade e endemicidade das dermatofitoses 6. A fonte de infecção pelo M. canis geralmente é o gato infectado. Já as infecções por Trichophyton spp geralmente são adquiridas direta ou indiretamente pela exposição a hospedeiros reservatórios, estando a maioria delas associada à exposição a roedores 5. A possibilidade de a pelagem de cães e gatos os tornar carreadores assintomáticos de dermatófitos é relatada 8; isso favorece a disseminação da doença para homens ou outros bichos com os quais esses animais mantenham contato. Trata-se de uma das afecções mais comumente transmitida do felino para o homem por contato direto. Os felinos apresentam maior predisposição à contaminação ambiental por M. canis que os cães, e os gatos que convivem com proprietários com dermatofitose são mais susceptíveis que os cães 20. Dentre os animais portadores de tinea corporis (dermatofitoses humanas comuns) que conviviam com seres humanos, observou-se 53% de positividade em gatos e 36% em cães, evidenciando os gatos como importantes veiculadores do agente etiológico, assim contaminadores do homem 21. Por constituir um agente veiculador de importantes zoonoses para os seres humanos, o convívio de gatos com indivíduos suspeitos de imunocomprometimento deve ser interrompido 22,23.
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As pulgas são as responsáveis pela difusão dos esporos fúngicos por todo o corpo dos felinos 3. Patogenia e manifestações clínicas Estabelecida a infecção 5,24, a ruptura mecânica do estrato córneo parece ser importante para facilitar a penetração e a invasão dos folículos pilosos anagênicos. O pelo é invadido tanto nas infecções ectotrix como nas endotrix. O fungo ectotrix produz massas de artrósporos na superfície das hastes do pelo, ao passo que o fungo endotrix, não. O período de incubação após a infecção natural é de 7 a 28 dias 3, quando então as hifas invadem a ceratina, formando cadeias de artrósporos. O material produzido pelos dermatófitos irrita a derme e provoca lesão na epiderme. O produto liberado do interior dos ceratinócitos lesados provoca hiperplasia acompanhada de reação inflamatória. As células inflamatórias migram dos vasos superficiais até as camadas invadidas pelos dermatófitos. Ocorre então a formação de crostas e abscessos intracorneais. A exocitose das células inflamatórias provoca uma foliculite e, com sua destruição, furunculose. As lesões macroscópicas e microscópicas são variáveis, podendo apresentar-se de forma nodular eruptiva, denominada quérion e há na literatura poucos relatos de sua ocorrência em felinos 17. Em alguns casos pode haver formação de
pseudomicetoma e onicomicose; no segundo caso, as unhas se apresentam malformadas, friáveis e quebradiças, chegando a se desprender dos dígitos; constatam-se também infecções assintomáticas sem lesões 25. A onicomicose, no entanto, é rara em felinos 4. Há resolução espontânea na fase telogênica dos pelos ou no processo inflamatório. As infecções dermatofíticas em cães e gatos sadios são frequentemente autolimitantes. Ao contrário, a fraca resposta inflamatória em felinos pelo M. canis contribui para a persistência nessa espécie 5. A infecção é quase sempre folicular em cães e gatos, tendo como sinal manchas circulares de alopecia com formação variável de seborreia. Alguns pacientes desenvolvem a lesão clássica em anel, com halo central sadio e pápulas foliculares finas e crostas na periferia. Entretanto, os sinais são altamente variáveis e dependem da interação entre hospedeiro e fungo e do grau da inflamação. O prurido geralmente é mínino ou ausente; esporadicamente é acentuado, quando há infecção bacteriana secundária 5,18. A dermatofitose felina apresenta áreas irregulares de alopecia, com ou sem descamação, e hiperpigmentadas. A hiperceratose folicular pode resultar em aberturas exageradas dos folículos pilosos ou formação de comedões 5,18. Nos felinos, as lesões se estabelecem nas extremidades e na cabeça,
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epidemiológico do patógeno 5,9. Dessa forma, há relatos indicando que gatos portadores transitórios de M. canis podem apresentar culturas negativas para esse dermatófito poucos dias depois de serem transferidos de zonas contaminadas para zonas livres 9. Os gatos que apresentam alto risco de infecção vivem em gatis ou em abrigos de animais, frequentam exposições ou têm livre acesso à rua, constituindo o maior número de carreadores assintomáticos. Isso sugere que os animais que portam o agente são apenas carreadores 3. Por esse motivo, a dermatofitose é superdiagnosticada 5,18 quando o diagnóstico é baseado apenas nos sinais clínicos. Lesões oriundas especialmente de foliculite estafilocócica e de demodiciose mimetizam a lesão de dermatofitose, principalmente em cães; não é aconselhável, portanto, basear-se apenas nos sinais para diagnosticá-las 4. O aspecto mais importante da dermatofitose em gatos é o acometimento dos folículos pilosos; em consequência, o sinal clínico mais frequente é a ocorrência de uma ou mais
Juliene Maria Debortolli
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nas vibrissas e nas patas (Figura 1). As lesões são muito mais marcadas nos caninos, nos quais podem ser encontrados focos de até 2,5cm difundidos por todo o corpo 3,18. Dentre as lesões mais frequentes observa-se a lesão clássica de alopecia focal, com pelos fraturados, eritema, prurido e escoriação, pigmentação de pelos e/ou pele, foliculite papulopuspular localizada ou generalizada, com prurido variável 26, quérion dermatofítico, seborreia seca focal ou generalizada, pseudomicetoma dermatofítico, que geralmente apresenta forma granulomatosa 4, onicomicose e/ou paroníquia 18. A dermatofitose felina também pode se apresentar sob a forma de dermatite miliar, pruriginosa e papulocrostosa; no entanto, é rara sua relação com M. canis 18. É questionado o fato de M. canis pertencer à microbiota normal dos felinos, uma vez que o número de gatos com culturas fúngicas positivas para M. canis é superior ao de animais que, de fato, exacerbam as manifestações clínicas. O gato, assim, é considerado um importante agente no ciclo
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Figura 1 - Aspecto geral do paciente felino, persa, fêmea, onze anos de idade, apresentando quadro de dermatofitose generalizada, com cultura fúngica positiva para M. Canis. A) Regiões perioftálmicas da ponte nasal e auriculares alopécicas e eritematosas. B) Extensa área alopécica com presença de crostas, principalmente nas regiões caudal e perianal. C) Avançada alopecia e lesões eritematosas e descamativas na região abdominal lateral. D) Área da região abdominal onde as lesões eram mais severas. A região
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zonas alopécicas. Outra característica comum é a lesão escamosa, apesar de variar em intensidade e aspecto, de acordo com fatores relacionados ao gênero e à espécie envolvidos e à natureza da resposta imune inflamatória individual 18,24. O aspecto microscópico das lesões muitas vezes não é visualizado na rotina histológica. No entanto, as alterações presentes condizem com espessamento do estrato córneo, hipertrofia da epiderme (em casos graves) acompanhada por congestão e infiltração linfocítica da derme subjacente e destruição do folículo piloso, resultando em inflamação da derme 27. Não existem padrões patognomônicos da dermatofitose 28.
positivos é freqüente 17,29, devido ao fato de escamas, pomadas, cremes e foliculite bacteriana emitirem fluorescência sob a lâmpada; no entanto, os falso-positivos não apresentam a fluorescência verde-maçã típica da haste pilosa observada em casos de infecção com M. canis. Portanto, não se deve usar unicamente a fluorescência positiva para confirmar uma infecção ou monitorar a terapia. Além do exposto, menos de 50% dos pelos infectados com M. canis fluorescem 30,31. O tricograma é realizado retirando-se os pelos da periferia da lesão; essa amostra deve ser tratada com hidróxido de potássio (KOH) a 10% para descolorir o pelo e demonstrar a presença de hifas e conídios 23. Não é possível diferenciar a espécie de dermatófito presente no hospedeiro e o exame negativo não descarta a presença da doença 18. Os pelos infectados aparecem inchados, desgastados, irregulares ou encrespados no delineamento e já não existe definição clara entre cutícula, córtex e medula. Também é importante lembrar que os dermatófitos não formam macroconídios no tecido e sim, artroconídios. Todo macroconídio
Diagnóstico Os testes fúngicos são amplamente empregados na rotina para o diagnóstico da dermatofitose e incluem: exame com a lâmpada de Wood, exame microscópico do pelo (tricograma), cultura fúngica ou biópsia e histopatologia de pele 24. No exame da lâmpada de Wood, a ocorrência de falso-
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mostra-se alopécica com formação de crostas amareladas principalmente na região periférica da lesão. E) Extensa área ventral alopécica, hiperceratótica e eritrodérmica. F) Alopecia periocular, região alópecica em ponte nasal com aspecto exsudativo. G) Extensa área alopécica, eritrodérmica, hiperceratótica, com placas crostosas
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visto representa formas saprófitas e não possui significado clínico conhecido. Conídios fúngicos não patogênicos e pólen vegetal são confundidos frequentemente com dermatófitos; essas estruturas são hipercoradas, enquanto os dermatófitos não o são 4. A cultura fúngica dos pelos é o teste mais confiável, possibilitando a identificação da espécie do dermatófito. A coleta da amostra pode ser feita escovando-se a pelagem do animal com uma escova de dentes estéril (método de MacKenzie), pela simples extração de pelos da lesão ou por meio do raspado de pele. Os meios de culturas mais usados incluem o ágar dextrose Sabouraud e o meio específico para dermatófitos (DTM – dermatophyle test medium). As culturas são incubadas por até 21 dias e checadas diariamente para constatar o crescimento fúngico 18. Para o diagnóstico, deve-se coletar material da superfície das colônias suspeitas e visualizar sua morfologia microscópica com o auxílio do corante azul de algodão. A identificação do gênero e da espécie infectante é feita por meio da visualização dos conídios e do crescimento micelial (que possui estruturas de reprodução assexuada como macroconídeos e microconídeos) 18. Em situações em que são observadas lesões caracterizadas como quérion, quando o diagnóstico apresenta resultados falso-negativos e há suspeita, deve-se fazer um imprint de exsudado para aumentar a sensibilidade do teste 17. Em situações nas quais o verdadeiro significado de um isolamento de cultura for questionado, a demonstração do microrganismo nas amostras de biópsia é a prova definitiva da verdadeira infecção. O exame histopatológico é mais útil nas formas nodulares de dermatofitose – o quérion e o pseudomicetoma 5,17. O diagnóstico diferencial deve incluir a foliculite bacteriana, a demodiciose, o pênfigo (eritematoso e foliáceo), as disceratoses primárias e secundárias, os distúrbios nutricionais, a dermatite por Pelodera, a hipersensibilidade à picada de pulgas, a dermatite seborreica, a dermatose pustular subcorneal e várias foliculites eosinofílicas estéreis. As lesões nodulares devem ser diferenciadas de granulomas de outras etiologias e de neoplasias 18. Tendo em vista que a maioria das infecções é folicular, os diagnósticos diferenciais primários são a foliculite estafilacócica e a demodiciose. Em cães, a foliculite estafilocócica é muito mais comum do que a dermatofitose. Nos gatos, entretanto, a dermatofitose é mais frequente que as demais afecções 5. A dermatofitose em cães sadios e em gatos de pelos curtos quase sempre sofre remissão espontânea em quatro meses; em contrapartida, nos gatos de pelos longos, as lesões podem regredir entre um e meio a quatro anos. 5 Tratamento e controle Os objetivos do tratamento no paciente felino são: maximizar a capacidade de o paciente responder à infecção pelo dermatófito (corrigindo os desequilíbrios nutricionais e as doenças concomitantes, evitando o uso de anti-inflamatórios e imunossupressores); reduzir as fontes de contágio; e apressar a resolução da infecção 5. A conduta terapêutica em casos de dermatofitose consiste 40
em tratar do animal enfermo, de todos os contactantes e do ambiente 24. Todo caso confirmado de dermatofitose deve receber tratamento tópico 5 para minimizar a contaminação ambiental, o contágio de contactantes e o tempo de terapia sistêmica 18. O pelo das regiões lesionadas deve ser cortado, deixando ampla margem (6 cm) tricotomizada em volta delas. O corte deve ser feito delicadamente com tesouras ou lâmina de cortador elétrico n. 10, de forma a evitar o traumatismo da pele e a disseminação da infecção. Os gatos sintomáticos de pelos longos devem ser tricotomizados inteiramente 5. Os cremes e pomadas disponíveis para lesões focais devem ser usados a cada doze horas. Os xampus antifúngicos são indicados nos casos de lesões multifocais ou generalizadas e devem ser utilizados duas vezes por semana 18. O tratamento tópico com iodo polivinilpirrolidona a 10% apresenta-se eficaz para auxiliar o tratamento dessa afecção 17. Enxofre sodado, enilconazol, clorexidine e iodopovidona são agentes antifúngicos tópicos rapidamente eficazes contra M. canis. O cetoconazol e o hipoclorito de sódio também são eficientes, no entanto, demoram muito tempo para produzir resultados negativos de cultura. Os pelos tratados com captano nunca se tornam negativos à cultura. Os medicamentos tópicos devem continuar a ser ministrados por duas semanas após a cura clínica ou até que as culturas fúngicas apresentem resultados negativos. O iodopovidona e o hipoclorito de sódio não são recomendados para uso diário em gatos, por irritarem a pele 5. O cetoconazol é indicado em uso tópico ou por via oral, tendo amplo potencial terapêutico para o tratamento de infecções micóticas superficiais e sistêmicas. A distribuição do cetoconazol é limitada e sua penetração no líquido cefalorraquidiano é mínima. A resposta ao tratamento oral é relativamente lenta, razão pela qual é menos indicada em infecções graves e agudas. A dosagem recomendada para o tratamento das dermatofitoses em gatos é de 20mg/kg de peso, administrada duas vezes ao dia em dias alternados, ou de 1015mg/kg de peso, administrada diariamente. Em todas as micoses sistêmicas, o tratamento com cetoconazol deve ser prolongado pelo menos durante quatro semanas após a cura clínica da enfermidade 32,33; sugerem-se dosagens de 5-30mg de cetoconazol/kg/dia para o tratamento de micoses caninas e felinas. O cetoconazol é muito eficiente no tratamento de dermatofitoses em gatos, porém é recomendado para os casos em que se encontra resistência à griseofulvina, ou quando o paciente não pode tolerá-la, ou mesmo quando há contraindicação 5. Seus efeitos colaterais incluem hepatotoxicidade, supressão de hormônios adrenais e gonadais, anorexia, vômitos e também teratogenicidade 24. Os gatos que não respondem ao tratamento tópico após duas a quatro semanas devem receber tratamento sistêmico. Os resultados obtidos por meio da terapia à base de griseofulvina na dose de 50mg/kg a cada 24 horas, durante uma média de 41 dias, a tornaram o fármaco de eleição para o tratamento de dermatofitose em cães e gatos 33. Os protocolos de dosagem e frequência variam amplamente, em função também da severidade das lesões. Os efeitos colaterais podem ser graves em gatos, especialmente em persas, himalaios, siameses e abissínios. A severidade dessas reações
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adversas pode ser observada em gatos com infecção pelo vírus da imunodeficiência felina (VIF), de forma que a griseofulvina provavelmente deve ser evitada nesses casos. Por ser teratogênica, ela não deve ser prescrita para animais nos primeiros dois terços da prenhez 5. Já outros autores relatam com maior frequência em gatos, outros efeitos como febre, vômitos, depressão, ataxia e supressão da medula óssea (pancitopenia) 18. Em estudo conduzido, comparou-se a eficácia da griseofulvina e da terbinafina na terapia das dermatofitoses em cães e gatos. Nesse estudo a griseofulvina na dose de 50mg/kg foi eficaz em 100% dos casos, sem acarretar efeitos colaterais, com média de tempo de cura de 41 dias, enquanto a terbinafina na dose de 5mg/kg apresentou eficácia de 81,8%, sem induzir efeitos colaterais e com êxito terapêutico em 21 dias. A dose de 20mg/kg de terbinafina demonstrou a mesma eficácia que a dose de 5mg/kg, porém com efeitos colaterais observados em 16,6% dos animais tratados, com tempo médio de cura de 33 dias 34. A terbinafina se mostrou um fármaco eficaz e relativamente seguro no tratamento das dermatofitose, além de ser economicamente viável para os proprietários. Porém, confirmou-se novamente que a griseofulvina na dose de 50mg/kg ainda permanece como o fármaco de escolha nas infecções dermatofíticas, por se mostrar uma droga bastante efetiva, que se apresentou desprovida de efeitos colaterais e de custo bastante acessível para os proprietários 34,35. O itraconazol é considerado eficiente para o tratamento das dermatofitoses em gatos e pode ser útil quando há resistência ou toxicidade à griseofulvina ou quando se observa tolerância ao cetoconazol 5. Este fármaco é mais bem tolerado pelos gatos do que o cetoconazol, além de constituir a droga de escolha em gato VIF-positivos 4. É importante, no entanto, salientar que, em altas doses, possui efeito teratogênico. Deve-se lembrar que o tratamento antifúngico sistêmico não reduz rapidamente o contágio e sempre é utilizado em conjunto com a tricotomia e com agentes antifúngicos tópicos. Os agentes antifúngicos sistêmicos são administrados por duas semanas após a cura clínica, ou até que a cultura fúngica resulte negativa, ou seja, após quatro a vinte semanas. O tratamento para casos de onicomicose deve ser de no mínimo, seis a doze meses, ou então deve-se proceder à oniquectomia. O pseudomicetoma dermatofítico em gatos é difícil de tratar, uma vez que após a excisão cirúrgica pode haver recidiva das lesões e a griseofulvina e o cetoconazol frequentemente são ineficazes 5. Os casos crônicos e recidivantes de dermatofitose geralmente estão associados ao tratamento inadequado; ao fármaco e a dosagem erradas; à duração inadequada do tratamento; a falha na medicação tópica, na tricotomia da pelagem, e no tratamento de contactantes e do ambiente. Também podem ter relação com enfermidades como: hiperadrenocorticismo, diabetes melito, infecção pelo vírus da leucemia felina (VLF), câncer ou tratamento com droga imunossupressora 5. Em um estudo conduzido em felinos, comprovou-se a eficácia do lufenuron no tratamento da dermatofitose causada por Microsporum canis. O efeito do fármaco foi avaliado em 46 animais (30 com lesões cutâneas e 16 portadores assintomáticos). Os animais foram tratados com 42
120mg/kg de lufenuron a cada 21 dias (quatro doses); o fármaco mostrou-se eficaz no tratamento de 29 dos 30 felinos que apresentaram a forma clínica da dermatofitose. Essa droga apresenta como vantagens: maior margem de segurança, não ser contraindicada para filhotes e fêmeas prenhes e não necessitar de administrações diárias, o que resulta em maior praticidade e comodidade; como desvantagem, o custo um pouco mais elevado que o do cetoconazol 36. O propósito da desinfecção ambiental é evitar a reinfecção dos felinos e dos contactantes. Os esporos do M. canis permanecem viáveis no ambiente até por dezoito meses, portanto, todas as superfícies devem ser desinfetadas com clorexidine ou com hipoclorito de sódio (diluição a 1:10 de alvejante doméstico). Faz-se necessário destruir todas as camas, tapetes, escovas, pentes e similares. Em criações comerciais de gatos, todos os aparelhos de ar condicionado ou aquecedores devem receber aspiração com sucção de alta potência por uma empresa especializada. Os filtros de aquecedores devem ser trocados semanalmente. As jaulas devem ser desinfetadas diariamente 4,5. A desinfecção das instalações é essencial em gatis e são importantes para que haja eliminação das fontes de recontaminação do meio 29. Controle e tratamento em gatis Dentre as espécies de dermatófitos encontradas em gatis, o M. canis está envolvido em quase todas as infecções de criações, em ambientes fechados e especialmente em animais de pelos longos. Todavia, tanto o M. gypseum como o T. mentagrophytes foram responsabilizados por dermatofitoses em criações nos casos em que os gatos foram mantidos em instalações abertas ou ficavam expostos ao ambiente. As opções de controle incluem três abordagens diferentes. Na primeira, requerem-se o vazio sanitário, a descontaminação das instalações e o repovoamento apenas com animais negativos em três culturas consecutivas pelo método de MacKenzie, realizado com duas semanas de intervalo; essa opção, porém, apresenta como desvantagem a perda de parte do plantel para alguns criadores. Na segunda, todo o grupo e as instalações devem ser tratados com medicamentos tópicos apropriados, tratamento sistêmico e limpeza ambiental, com isolamento e interrupção de cruzamentos e exposições. Na terceira abordagem, a opção é tratar apenas os gatinhos, o que pode ser prático para lojas de animais ou instalações de criação de gatos para comercialização 5. Serão relacionadas as principais recomendações de diferentes autores para o tratamento e o controle de gatos infectados 4,29: • Tricotomizar toda a pelagem de todos os gatos, especialmente os de pelos longos. A tosa deve ser realizada em um local de fácil descontaminação. Os pelos infectados devem ser queimados. O tosador deve ser vestido com roupas descartáveis, para evitar a infecção. A tosa deve ser repetida mensalmente até que a infecção esteja eliminada. • Devem-se usar xampus antifúngicos. Os intervalos de uso sofrerão variações de acordo com o produto selecionado e o número de gatos existentes na criação. De forma ideal, os gatos devem ser tratados duas vezes por semana; essa é a abordagem mais barata. • Se após quatro a oito semanas de tratamento os animais
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ainda se apresentarem positivos à cultura, deve-se iniciar o tratamento com griseofulvina em gatas não prenhes e gatinhos acima de doze semanas de idade. O tratamento tópico deve prosseguir. O monitoramento por meio de hemograma completo e contagem plaquetária deve ser feito mesmo em animais sadios, especialmente em persas, himalaios, abissínios e siameses, em que é altamente recomendado. • Em suspeitas de resistência à griseofulvina, deve-se confirmar se o fármaco está sendo adequadamente administrado. Nesses casos, deve-se realizar uma cultura de M. canis ao teste de sensibilidade à griseofulvina e ao cetoconazol. • Isolar os animais livres do M. canis que tiveram contato com animais infectados e deixá-los em quarentena em uma instalação separada. Deve-se fazer novamente a cultura fúngica nesses animais, porque possivelmente alguns serão infectados pelo M. canis. Em situações em que o proprietário optar por tratar apenas os doentes, uma estratégia alternativa que, apesar de não ideal, é considerada razoável consiste em tosar e isolar as gatas paridas e prenhes da população, banhá-las com xampus de clorexidine duas vezes por semana e, após o nascimento dos filhotes, tratá-las oralmente com griseofulvina; essa estratégia não é prejudicial se for empregada na última semana de gestação. O desmame precoce e o teste aplicado nos filhotes são essenciais para a decisão de tratamento prévio ou não. A clorexidine e o enxofre sodado foram relatados como seguros em animais jovens. A griseofulvina não apresentou danos em filhotes de seis semanas 5. Deve-se monitorar os animais por meio de cultura fúngica por três a quatro semanas e não se deve interromper a terapia até obter duas culturas negativas 4, embora se considere que os animais estão realmente livres da infecção após três culturas fúngicas apresentarem resultados negativos 37. Prognóstico A evolução e o prognóstico das dermatomicoses do felino dependem da predisposição individual, da pertinácia das lesões cutâneas e da virulência do fungo. As curas espontâneas somente são produzidas após um longo sofrimento da doença 3. O prognóstico é bom, pois os medicamentos atuais são bastante eficientes 6. O tratamento em animais por quatro a oito semanas resulta em cura clínica em casos de dermatofitose nodular 17.
Aspectos zoonóticos As doenças causadas por fungos geralmente não assumem uma grande escala de distribuição, porém deve-se salientar que a dermatofitose é considerada a enfermidade fúngica mais frequente. Os dermatófitos são os grupos de fungos mais isolados em laboratórios de micologia e a dermatofitose é considerada o terceiro distúrbio de pele mais frequente em crianças menores de doze anos e o segundo em adultos. Os principais locais de lesão são o couro cabeludo – causada por tinea capitis; na região abdominal e na superfície medial do antebraço, o agente envolvido é a tinea corporis 9. Na etiologia das dermatofitoses humanas existe uma predominância das espécies antropofílicas sobre as zoofílicas, o que representa o perfil provável da flora dermatofítica urbana, admitindo-se que a dermatofitose por espécies antropofílicas está, direta ou indiretamente, associada a diversos fatores, entre os quais não se inclui o contato com cães e gatos domésticos. Entretanto, os dermatófitos zoofílicos ou geofílicos e o homem podem constituir uma fonte de reinfecção para animais, o que pode justificar a predominância de dermatófitos em animais domiciliados. Todavia, é rara a infecção animal por dermatófitos antropofílicos – zoonose reversa, que dificilmente regridem na cadeia ecológica 9. O M. canis é apontado como agente de cerca de 30% de todos os casos de microsporose e de 15% de todos os casos de dermatofitose (tinha), sendo a vasta maioria dessas infecções adquiridas dos gatos. Aproximadamente 50% dos seres humanos expostos a gatos infectados, sintomáticos ou assintomáticos, adquirem a infecção. Em cerca de 30 a 70% de todas as criações com gatos infectados, no mínimo uma pessoa contactante acaba sendo infectada 5. Considerações finais As dermatofitoses de carnívoros domésticos constituem antropozoonozes contumazes e facilmente transmissíveis aos contactantes humanos. Em relação aos aspectos da predisposição etária e racial dos espécimes caninos e felinos, observa-se que, em ambos, existe apenas uma nítida predisposição etária, abaixo de doze meses de vida. Todavia, verifica-se que inexistem diferenças sazonais na ocorrência de dermatofitoses nas espécies felina e canina. Nos raros trabalhos publicados no hemisfério norte, nos Estados Unidos, evidenciou-se que, nos cães, o
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M. canis é prevalente nos meses de outono e inverno e que, nos gatos, não existe variação sazonal. O M. gypseum seria mais comumente isolado nessas duas espécies no decurso do verão e do outono, enquanto o Trichophyton mentagrophytes seria o mais comum em ambas as espécies no outono 5. A magnitude de ocorrência e o fato de essas dermatopatias constituírem antropozoonoses de alta ocorrência em pacientes humanos, sobretudo nas primeiras faixas etárias, levaram ao estudo pormenorizado dos aspectos clinicoepidemiológicos das dermatofitoses tanto na medicina veterinária quanto na medicina humana. Mais estudos sobre a frequência de dermatófitos devem ser realizados entre os felinos; no entanto, as pesquisas conduzidas têm demonstrado serem eles os principais carreadores desses agentes para o homem. Para a valorização do plantel de gatis, os testes diagnósticos para dermatofitose deveriam ser imprescindíveis. Essa medida seria responsável não só pela valorização comercial dos animais, mas pela garantia de que os animais provenientes desses estabelecimentos são livres de dermatófitos. Essa proposta contribuiria para que o risco de essa zoonose ocorrer fosse menor, diminuindo os focos de propagação desses agentes entre os animais domésticos. Referências
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Clínica Veterinária, Ano XVI, n. 95, novembro/dezembro, 2011
Onicopatias em cães e gatos Claw diseases in dogs and cats Onicología en los perros y gatos Clínica Veterinária, n. 95, p. 46-56, 2011 Sabrina dos Santos Costa
MV, MS, doutoranda Depto. Clínica Veterinária - FMVZ/Unesp aluna - Curso de Especialização em Dermatologia Veterinária - FMVZ/USP bina1304@gmail.com
Carla Bargi Belli
MV, profa. dra. Depto. Clínica Veterinária - FMVZ/USP cbbelli@usp.br
Resumo: A onicologia é uma área importante na dermatologia humana. Entretanto, em dermatologia veterinária, esta área obteve destaque apenas nas duas últimas décadas. As principais manifestações clínicas apresentadas por cães e gatos acometidos incluem claudicação, dor, prurido, inflamação, edema, crostas, escamas, erosões, ulceração e lignificação ao redor da unha. Dentre as alterações ungueais, estas podem ser congênitas e hereditárias, de origem bacteriana, fúngica ou parasitária, além de associadas a afecções cutâneas, doenças sistêmicas, trauma físico ou químico, doenças proliferativas, imunomediadas e onicodistrofias. Para estabelecer o diagnóstico definitivo é necessário obter um histórico clínico completo, exame físico e exames complementares como o exame citológico, culturas bacteriana e fúngica, exame histopatológico e dietas de eliminação. Unitermos: canino, felino, dermatologia, doenças, unha Abstract: Onicology is an important field of study in human medicine. In veterinary dermatology, however, it has only gained importance in the past two decades. The main clinical signs observed in affected dogs and cats include lameness, pain, pruritus, inflammation, edema, crusts, scales, erosions, ulcers and lignification around the affected claws. Claw diseases may be of congenital and hereditary, bacterial, fungal or parasitic origin, as well as associated to skin diseases, systemic diseases, chemical or physical trauma, neoplastic conditions, immune-mediated conditions and due to onychodystrophy. To establish the definitive diagnosis, the veterinarian should obtain the complete clinical history of the animal, perform a thorough physical examination and request complementary tests, such as cytology, bacterial and fungal cultures and histopathological evaluation, as well as elimination diets. Keywords: canine, feline, dermatology, diseases, claw Resumen: La onicología es una subespecialidad importante en la dermatología humana. En dermatología veterinaria comenzó a destacarse recién en las últimas décadas. Los principales signos clínicos en perros y gatos suelen ser la claudicación, dolor, prurito, inflamación, edema, presencia de costras, descamación, erosiones, úlceras y lignificación alrededor de la uña. Las enfermedades ungueales pueden tener origen congénito hereditarias, bacterianas, fúngicas o parasitarias, además de poder estar asociadas a patologías cutáneas, enfermedades sistémicas, traumas físicos o químicos, afecciones proliferativas, inmunomediadas o distróficas. Para establecer un diagnóstico definitivo es necesario obtener una historia clínica completa, examen físico, pruebas de laboratorio como la citología, cultivo de bacterias y hongos y la histopatología, además las dietas de eliminación. Palabras clave: canino, felino, dermatología, enfermedad, uña
Introdução As unhas e suas afecções são temas pouco explorados na medicina veterinária, especialmente quando comparados à dermatologia humana, na qual existem livros especializados no assunto. Alguns autores acreditam que o fato de as onicopatias serem raras em cães e gatos contribua para o pouco interesse dos médicos veterinários por essa área, visto que essas afecções são muitas vezes consideradas insignificantes, exceto se causarem dor e desconforto aos animais 1. A unha é uma estrutura especializada e é continuação direta da derme e da epiderme. A falange distal de cada dígito possui um processo dorsal chamado crista ungueal. 46
A derme da pele adjacente é contínua e se estende distalmente ao periósteo da falange. Possui um vasto suprimento sanguíneo e as estruturas ungueais podem ser divididas em banda coronária, sola ventral, porção dorsal central e parede lateral e medial. As unhas dos cães e dos gatos possuem funções como proteção de tecidos adjacentes, assim como locomoção, preensão, defesa e ataque 2. Terminologia As alterações ungueais devem ser descritas utilizando-se termos específicos. Muitas dessas alterações podem ser observadas concomitantemente em uma única unha ou
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mesmo em vários dígitos no mesmo animal. A presença de leuconíquia sem outras alterações sugere vitiligo. Anoníquia refere-se à ausência de unhas e geralmente é uma alteração congênita. Unhas curtas recebem a nomenclatura de braquioníquia, ao passo que unhas excessivamente grandes ou pequenas são descritas como macroníquia e microníquia, respectivamente. Onicalgia refere-se à presença de dor. Onicauxe ou hiperoníquia significa unhas espessas 2. Onicopatia é uma terminologia ampla, que traduz unha alterada. Onicomicose é a infecção fúngica das unhas 3. A presença de inflamação em alguma porção da unha é conhecida como oníquia ou oniquite, que pode resultar em onicodistrofia, que é a má-formação ungueal (Figura 1). Onicogrifose é a nomenclatura utilizada para descrever a curvatura anormal das unhas, acompanhada por hipertrofia (Figuras 2, 3 e 4). A separação da estrutura ungueal na extremidade distal, a Sabrina dos Santos Costa
Figura 1 - Alteração ungueal em cão, caracterizada por onicodistrofia
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Figura 2 - Alteração ungueal em cão. Observar onicogrifose
Figura 3 - Alteração ungueal em cão. Notar paroníquia acompanhada por onicogrifose, decorrente de leishmaniose canina
Figura 4 - Alteração ungueal em cão, caracterizada por onicogrifose
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perda e o amolecimento da unha são descritos como onicólise, onicomadese e onicomalácia, respectivamente (Figura 5). A inflamação ou infecção das pregas ungueais é chamada de paroníquia ou perioníquia (Figuras 3, 5, 6 e 7) 2. Traquioníquia é uma alteração ungueal bem descrita em seres humanos, na qual as unhas ficam opacas e apresentam fendas verticais. A quebra ou fratura da unha é chamada de onicoclasia. A onicorrexe refere-se à fragmentação e à separação horizontais da unha na extremidade livre. De forma semelhante, as estruturas adjacentes podem ser afetadas. Onicosquizia é a descamação da borda livre da unha 4.
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Figura 5 - Alteração ungueal em cão. Notar onicomadese e paroníquia
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Figura 6 - Alteração ungueal em cão. Observar paroníquia secundária a sarna demodécica generalizada
Figura 7 - Alteração ungueal em cão, caracterizada por paroníquia
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Manifestações clínicas As principais manifestações clínicas incluem claudicação em graus variados, dor à palpação, prurido, inflamação, edema, crostas, escamas, erosões, ulceração e lignificação ao redor da unha. Dependendo da etiologia da onicopatia, apenas uma ou diversas unhas podem ser afetadas. Podem ser observadas manifestações sistêmicas como linfadenopatia, febre, anorexia, letargia e depressão 2. Etiologia Dentre as alterações ungueais, estas podem ser congênitas e hereditárias, de origem bacteriana, fúngica ou parasitária, além de associadas a afecções cutâneas, doenças sistêmicas, trauma físico ou químico, doenças proliferativas, imunomediadas e onicodistrofias. Epidermólise bolhosa hereditária é um grupo heterogêneo de afecções genéticas, bolhosas da pele e mucosas, caracterizadas pelo surgimento de vesículas, erosões e úlceras secundárias a pequenos traumas e à fragilidade excessiva da zona da junção dermoepidérmica. Existem dois tipos, a epidermólise bolhosa juncional (EBJ) e a epidermólise bolhosa distrófica (EBD) 5. A EBJ é causada pela perda de adesão dos ceratinócitos à membrana basal adjacente. Dentre as diferentes moléculas, a laminina-5 é a principal responsável pela adesão às células epiteliais. Mutações nos três genes (LAMA3, LAMB3, LAMC2) que codificam as cadeias de laminina-5 dão origem a EBJ 6. Em cães, as lesões encontradas incluem paroníquia, onicomadese, onicodistrofia e onicogrifose em vários dígitos, úlceras na região de orelha e pontos de pressão, como carpo, tarso e cotovelo, além de bolhas na gengiva, lábios, língua e palato duro 7. Em felinos, as lesões incluem onicomadese, paroníquia e onicodistrofia, além de úlceras em face interna de orelha e estomatite grave 8. A EBD é uma doença caracterizada por uma separação intraepidérmica na altura das fibras na sublâmina densa da derme, oriundas de mutações do gene codificador das fibras de colágenos tipo VII 5. As principais alterações observadas são paroníquia, úlceras no palato, na orofaringe, na língua e também na região metacarpiana e metatarsiana 9. Os achados histopatológicos permitem o estabelecimento do diagnóstico. O prognóstico é reservado, uma vez que não há tratamento específico. Deve-se instituir o tratamento sintomático para melhorar a qualidade de vida dos animais afetados 5. O uso de antibióticos e antifúngicos sistêmicos e/ou tópicos pode auxiliar o controle de infecções secundárias, além de mudanças no manejo, com o objetivo de minimizar a ocorrência de trauma 2. As onicopatias de origem bacteriana são comuns. Entretanto, sempre são secundárias e as causas subjacentes devem ser investigadas, sendo o trauma a principal delas. Além disso, pode-se citar também o hipotireoidismo, o hiperadrenocorticismo, o diabetes melito, a atopia, as doenças imunomediadas, as fístulas arteriovenosas, outros agentes infecciosos e a distrofia 2. Em felinos, geralmente estão associadas a quadros de imunossupressão, como infecção pelo vírus da imunodeficiência felina e/ou da leucemia felina e diabetes melito, entre outros. Podem ocorrer parioníquia, onicosquizia, onicorrexe, onicomadese e onicalgia. O diagnóstico baseia-se nos achados citológicos e na cultura bacteriana.
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O tratamento deve incluir remoção das unhas fraturadas e antibióticos tópicos e sistêmicos com base nos resultados de cultivo e antibiograma 4. As opções empíricas incluem cefalexina, enrofloxacina, amoxicilina com clavulanato de potássio, clindamicina, metronidazol ou sulfonamidas 3. Dermatofitose, blastomicose, criptococose, geotricose e esporotricose podem causar onicopatias em cães e gatos e, nesse caso, geralmente as lesões não estão confinadas apenas às unhas 2. Um caso de onicomicose por Microsporum gypseum foi diagnosticado em um cão 10. O animal apresentava paroníquia e áreas de alopecia na base da cauda e das orelhas. Os dermatófitos invadem a queratina da unhas e geralmente causam também onicomalácia 2. O protocolo diagnóstico de onicomicose exige coleta adequada da amostra, exatidão na avaliação do exame direto, uso de meios de cultivo adequados e interpretação correta de amostras de cultivo positivo 10. Os principais antifúngicos a serem prescritos são griseofulvina, cetoconazol, itraconazol e terbinafina durante um a três meses após o crescimento normal das unhas e o resultado de cultura fúngica negativo. As formulações tópicas incluem clorexidine 2%, enilconazol 0,2%, iodo povidine 10% e miconazol 1% 3. Infecções por Malassezia podem causar um quadro confinado às unhas. Pode-se observar paroníquia, acompanhada por secreção escurecida na prega ungueal, o que dá origem a pigmentação amarronzada a avermelhada 11. Geralmente esses cães e gatos são atópicos 2,5. Os métodos de diagnóstico incluem citologia, cultura e histopatologia. O material para citologia pode ser obtido com o auxílio de zaragatoa, fita adesiva ou por meio de imprint, posicionando-se a lâmina de vidro sobre a lesão. As colorações preconizadas incluem Giemsa ou Gram. Os meios de cultivo mais indicados são Agar dextrose Sabouraud, acrescidos ou não de antibióticos e Agar Tween 80. A avaliação histopatológica tem pouco valor, pois as leveduras residem nos corneócitos, que podem ser eliminados durante o processamento 11. A feo-hifomicose, também chamada de cromomicose, é considerada uma doença rara em cães e gatos. Geralmente as lesões se localizam nas extremidades e se caracterizam como nódulos subcutâneos solitários. O diagnóstico diferencial inclui granulomas infecciosos, granulomas estéreis, granulomas por corpo estranho e neoplasias. O diagnóstico se baseia nos achados de citologia, cultura e histopatológico. O tratamento pode ser por meio de remoção cirúrgica e uso de antifúngicos, como cetoconazol, flucitosina, anfotericina B e itraconazol 2. O primeiro relato de onicopatia em cão por feo-hifomicose foi causado por Alternaria infectoria e as lesões se caracterizavam principalmente por onicorrexe, lesões crostosas em plano nasal, na região cervical ventral e no flanco e lesões proliferativas na cavidade oral 12. Parasitas também causam onicopatias. Casos de sarna demodécica podem cursar com paroníquia, que estimula o crescimento anormal das unhas. Infecção por Ascaris e leishmaniose são outras possíveis causas de onicopatias 2. A dermatite por ancilóstoma, também chamada de uncinaríase, é uma afecção rara causada pela migração larval de parasitas como Ancylostoma braziliense, Ancylostoma caninum e Uncinaria stenocephala. A doença ocorre principalmente em locais com condição sanitária desfavorável 13. A dermatite 50
por ancilóstoma causa onicogrifose e onicodistrofia 2, além de onicorrexe e onicomadese 4. O diagnóstico diferencial inclui sarna demodécica, dermatite por Pelodera, dermatite de contato ou por agente irritante 13. O diagnóstico pode ser estabelecido por meio de exame coproparasitológico e histopatológico de pele 4. A alopecia areata é uma afecção rara no cão e no gato, caracterizada por áreas de alopecia não inflamatória. A patogênese é complexa. Os folículos pilosos anágenos são alvo de reação imunológica. Não há predisposição etária ou sexual. No entanto, os cães da raça dachshund são mais afetados 2. Onicopatias associadas à alopecia areata foram descritas inicialmente no homem e em animais de laboratório 14. Na última década foi descrito um caso de traquioníquia associada a alopecia areata em um cão da raça rhodesian ridgeback. O animal apresentava traquioníquia, onicomadese e onicodistrofia em diversas unhas, além de alopecia não pruriginosa em plano nasal, na região periorbital, perianal e abdominal ventral. A avaliação histopatológica da matriz ungueal revelou infiltrado linfocitário moderado focal a difuso e alterações epidérmicas discretas. Baseando-se nos achados macroscópicos e microscópicos, os autores concluíram ser um caso de alopecia areata associada a traquioníquia. O animal apresentou regressão espontânea 15. As alterações dermatológicas são muito comuns em animais com leishmaniose visceral e incluem onicogrifose, pela presença de parasita que estimula a matriz ungueal, e descamação cutânea excessiva em região periocular e na borda do pavilhão auricular, que pode se tornar generalizada. Alguns animais apresentam pelame seco, prurido, alopecia, exulcerações, nódulos intradérmicos e despigmentação nasal 16. O diagnóstico diferencial inclui pênfigo foliáceo, lúpus eritematoso sistêmico, dermatose responsiva ao zinco, eritema migratório necrolítico, adenite sebácea e linfoma 2. O diagnóstico definitivo pode ser estabelecido pela demonstração das formas amastigotas nos aspirados de linfonodo, medula óssea ou raspado de pele corados com coloração de Wright ou Giemsa. Além disso, o parasita também pode ser identificado por avaliação histopatológica, reação de imunoperoxidase, cultura, inoculação em hamster e reação em cadeia da polimerase (PCR). Finalmente, pode-se realizar também a sorologia 17. O trauma é a principal causa de onicopatias em cães, sendo a segunda causa mais comum em felinos. Geralmente o trauma é físico e acomete uma ou apenas algumas unhas (onicopatia assimétrica) 2. O diagnóstico baseia-se nos achados de exame físico. O tratamento deve incluir remoção da parte distal com pinça, seguida de colocação de bandagem por algumas horas e uso de antibióticos sistêmicos, para prevenir infecção bacteriana secundária 4. Neoplasias primárias em leito ungueal são comuns em cães e raras em gatos. Estudos revelam que os tumores nessa região correspondem a aproximadamente 12% dos casos de onicopatias e devem ser considerados diagnóstico diferencial de qualquer lesão ungueal. As principais manifestações clínicas incluem claudicação e presença de neoformação, acompanhada por ulceração 18. A compilação de elevado número de casos (428) de lesões ungueais em cães submetidos a amputação de dígito revelou que aproximadamente um terço dos casos corresponde a carcinoma de células escamosas (CCE), seguido
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por melanoma, sarcomas de tecidos moles, mastocitoma e osteossarcoma. Outras neoplasias malignas observadas foram sarcoma de células redondas, adenocarcinoma, condrossarcoma, tumor de células gigantes, hemangiossarcoma e sarcoma indiferenciado. Dentre as lesões benignas, ceratoacantoma, adenoma de glândulas sebáceas, histiocitoma, ceratoma, hamartoma, acantoma, plasmocitoma, tricoblastoma, fibroma, hemangioma e papiloma já foram diagnosticados 19. Em cães, o CCE localizado em leito ungueal origina-se do epitélio subungueal e é localmente invasivo, quase sempre causando lise óssea na terceira falange. Geralmente as lesões são solitárias e ulceradas 18. O CCE em dígito possui maior potencial metastático do que o CCE localizado em outras regiões corpóreas 19. O carcinoma digital metastático oriundo de carcinoma broncogênico é uma das principais neoplasias que pode acometer a estrutura ungueal de felinos. Não há predileção racial ou sexual e os animais idosos (doze anos) são mais acometidos. Geralmente a queixa principal envolve claudicação de um ou mais membros. Na maioria dos casos não há manifestações respiratórias, apesar da presença da neoplasia pulmonar. Em um estudo retrospectivo de 36 casos, os autores destacam a importância de essa afecção ser considerada diagnóstico diferencial de onicomadese e paroníquia em felinos idosos e recomendam a realização de radiografias torácicas e do dígito afetado antes de iniciar o tratamento da
inflamação e/ou infecção da borda ungueal 20. O prognóstico de gatos com carcinoma broncogênico é desfavorável 21. Melanomas ungueais são potencialmente malignos no cão. Aproximadamente um terço dos casos em leito ungueal desenvolve metástase à distância em linfonodos, nos pulmões e em outros locais. A amputação do dígito afetado pode controlar a doença, mas pode haver recidiva local em 30% dos casos. Cerca de metade dos cães vem a óbito devido à presença de metástases 18. Angiomatose é um termo utilizado para descrever um grupo heterogêneo de proliferações vasculares 13. Em medicina veterinária, o primeiro relato de caso de angiomatose em falange distal foi feito no ano passado. O cão apresentava lesão na base da unha, acompanhada por dor e hemorragia profusa. Diante do histórico e dos achados clínicos, o principal diagnóstico diferencial foi CCE, visto ser essa a principal neoplasia nessa região em cão. Porém, histologicamente, tanto a região medular quanto cortical do osso da falange distal haviam sido substituídas por uma massa com celularidade moderada, bem demarcada e não capsulada de espaços vasculares cavernosos, com discreta anisocitose e anisocariose de células endoteliais e não foram observadas figuras de mitose. Dessa forma, os autores estabeleceram o diagnóstico definitivo de angiomatose em falange distal e na pele adjacente 22.
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Doenças como pênfigo foliáceo, pênfigo vulgar, penfigoide bolhoso, lúpus eritematoso sistêmico, doença da aglutinina fria e vasculite já foram relatadas como causas de onicopatias ou de alterações na prega ungueal 2. Nesta década foi descrito o primeiro caso de pênfigo foliáceo com alterações restritas às unhas em um cão de três anos de idade. O animal foi atendido devido a queixa de claudicação secundária a onicalgia. A avaliação dermatológica revelou a presença de pústulas sub e intraungueais, que resultavam em onicomadese. Em alguns dígitos havia também onicosquizia, onicogrifose e paroníquia, além de secreção amarelada e fétida na porção interna da unha. A citologia dessa amostra revelou a presença de neutrófilos não degenerados e diversos queratinócitos acantolíticos acidofílicos. A avaliação histopatológica confirmou a suspeita 23. O protocolo de tratamento a ser instituído depende da gravidade do quadro clínico. Casos leves podem ser tratados com esteroides tópicos, ao passo que casos mais graves necessitam de prednisona por via oral. Em felinos, caso não haja resposta satisfatória com a prednisona, pode-se usar dexametasona ou triancinolona. Outras opções incluem a azatioprina e a aplicação de sais de ouro para o cão e clorambucil e crisoterapia para o gato 2. A onicodistrofia lupoide simétrica ou oniquite lupoide foi relatada pela primeira vez em 1995. Acredita-se que cães das raças setter gordon e pastor alemão sejam predispostos à doença 2,24. Entretanto, ela foi relatada também em cães das raças schnauzer gigante, dachshund 25, boxer, doberman pinscher, rottweiller, greyhound, weimaraner, drahthaar, collie barbado, setter irlandês, dogue alemão e cães sem raça definida 1. No Brasil, existem relatos nas raças fox paulistinha 26, yorkshire 27 e em cães sem raça definida 28. Em geral, os cães afetados apresentam entre três e oito anos 2, mas há relato em cão de seis meses de idade 29. Acredita-se que seja uma afecção de etiologia multifatorial 13. É possível que o estresse mecânico nas unhas contribua para a progressão da onicomadese. A participação exata de exercício excessivo em superfícies ásperas e o consequente estresse nas unhas não são conhecidos e devem ser mais bem investigados 30. Em seres humanos, o estresse mecânico repetido é uma causa conhecida de onicomadese 31. Outros autores sugerem que a oniquite lupoide seja uma doença imunomediada 24. A doença caracteriza-se por onicomadese, onicorrexe, onicodistrofia, microníquia, paroníquia, e pode acometer várias unhas, tanto de membros torácicos quanto de pélvicos 28. Podem ocorrer hemorragia e infecção bacteriana secundária. Os animais afetados apresentam bom estado geral sem manifestações sistêmicas 2. Os principais diagnósticos diferenciais incluem doenças imunomediadas, como pênfigo, lúpus eritematoso e vasculite, endocrinopatias e distúrbios de queratinização 32. O diagnóstico definitivo baseia-se no exame histopatológico da unha e do leito ungueal. Porém, os achados não são específicos. Autores americanos observaram melhora após o uso de ácidos graxos ômega 3 e 6, prednisona ou vitamina E. O tratamento pode incluir também onicectomia, pedilúvio com soluções de clorexidine ou iodo povidine e antibiótico sistêmicos, como amoxicilina, cloranfenicol, eritromicina, enrofloxacina, cefalexina, lincomicina e sulfa. Entretanto, dentre dezoito cães avaliados, houve pouca ou nenhuma melhora com qualquer um desses tratamentos 1. 52
Em outro estudo, doze cães afetados foram tratados com pentoxifilina, ácidos graxos essenciais contendo ácido linolênico e valerato de betametasona topicamente. Os animais foram reavaliados a cada seis semanas e nove deles apresentaram melhora 33. A onicomadese idiopática é descrita principalmente em cães das raças pastor alemão, whippet e springer spaniel. É comum ocorrer, além de onicomadese, infecção bacteriana secundária, onicosquizia e onicorrexe. Pode ocorrer melhora com o uso de pentoxifilina 2. Há na literatura relatos de casos de onicomadese induzida por fármaco antiviral em cães da raça beagle. Embora raros, os autores acreditam que houve interferência na divisão celular do estrato germinativo 34. A onicodistrofia idiopática é uma afecção que acomete cães idosos e principalmente das raças husky siberiano, dachshund, rottweiller, cocker spaniel e rhodesian ridgeback. A onicodistrofia ocorre com frequência como resultado de onicomadese e onicólise e não como lesão inicial. Os animais afetados podem apresentar infecção bacteriana secundária. Logo, existe benefício referente ao uso de antibióticos. Outras opções terapêuticas incluem gelatina, biotina e retinoides 2. Foi diagnosticada mutilação e analgesia acral devido a neuropatia sensorial hereditária em treze cães spaniels franceses. As manifestações clínicas surgiram entre 3,5 e 12 meses de idade e consistiam em lambedura e mordedura excessiva de um ou vários dígitos, seguidas de paroníquia, ulceração de coxins e osteomielite. Não havia dor, claudicação e/ou ataxia e os animais apresentavam bom estado geral. Vários animais foram submetidos a eutanásia poucos dias após o diagnóstico. A idade, a progressão da doença e os achados clínicos foram semelhantes aos observados na neuropatia sensorial hereditária de pointers alemães, pointer ingleses e springers spaniels 35. O vitiligo é uma hipomelanose melanocitopênica adquirida, caracterizada por perda progressiva da pigmentação 13. Os animais podem desenvolver leucodermia e leucotriquia macular simétrica em plano nasal, nos lábios, na mucosa bucal e na face, além de onicomadese, onicólise e leuconíquia. Geralmente acomete animais jovens e cães das raças rottweiller, pastor alemão e schnauzer gigante. O diagnóstico baseia-se no histórico, no exame físico e na avaliação histopatológica. Não há tratamento efetivo 2. Dois casos de cães jovens da raça malamute com paroníquia e onicorrexe em diversos dígitos foram descritos 4. Os achados histopatológicos foram sugestivos de dermatose responsiva ao zinco. Ambos apresentaram melhora após início de suplementação com sulfato de zinco. O mesmo autor descreveu também um caso de nevo epidérmico linear congênito em um cão de três anos com onicogrifose evidente em dois dígitos. O animal foi tratado com etretinato durante dezoito meses e houve melhora clínica. Outras causas de onicopatias incluem dermatomiosite, farmacodermia, ergotismo, talotoxicose, nevo epidérmico linear, deficiências nutricionais, coagulação intravascular disseminada e eritema migratório necrolítico 2, além de hiperqueratose nasodigital idiopática, que pode causar onicogrifose, ictiose e onicogrifose idiopática 4, e hipersensibilidade alimentar, que pode causar distintos padrões de onicopatias 36.
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Diagnóstico Nos casos de onicopatias, o diagnóstico pode ser estabelecido baseando-se no histórico e no exame físico, na avaliação citológica e em culturas fúngica e bacteriana de material obtido das pregas ungueais ou da unha propriamente dita. Além disso, o diagnóstico terapêutico também é útil. Entretanto, em alguns casos, pode ser necessária investigação adicional e a coleta de biópsia da unha afetada torna-se imprescindível 37. Alguns autores afirmam que a melhor técnica de coleta de amostra da prega ungueal é feita por meio de um palito de madeira quebrado estéril, que pode ser friccionado no ponto de inserção da prega, para remover uma amostra mais representativa. As amostras para citologia podem ser obtidas também por imprint na derme exposta no ponto de avulsão da unha, das pregas ungueais ou das secreções presentes. Os métodos de coleta previamente descritos são úteis também para obtenção de amostras para cultura bacteriana 38. Para cultivo fúngico, pode-se incubar a porção proximal da unha que sofreu avulsão, escamas obtidas por raspado da prega ungueal e da unha 39. Em medicina humana, existe uma técnica a ser utilizada para a realização de exame micológico direto. Deve-se proceder à raspagem da unha com auxílio de lâmina de bisturi ou cureta, para obter grande quantidade de restos subungueais sem causar desconforto ao paciente. Em seguida adiciona-se hidróxido de potássio a 20% para clarificação e posterior realização do exame direto 40. O exame parasitológico de raspado de pele das pregas das unhas afetadas deve ser realizado e pode revelar ácaros, como o Demodex spp. Além disso, o hemograma, o perfil bioquímico sérico e a urinálise são úteis quando for necessário excluir doenças sistêmicas. O exame radiográfico auxilia no diagnóstico de osteomielite secundária 3. Alguns autores preconizam a técnica de reação em cadeia da polimerase para o diagnóstico da leishmaniose visceral canina. Os autores afirmam que essa técnica foi superior à reação de imunofluorescência indireta (RIFI), pois detectou maior número de cães sintomáticos, além de confirmar casos negativos pela RIFI 41. Raramente a avaliação de uma unha que sofreu avulsão é útil para realização de exame histopatológico, pois dificilmente essa amostra contém a matriz ungueal que é necessária para a conclusão do diagnóstico. O ideal é a amputação da falange distal, seguida de avaliação histopatológica 37. Preconiza-se a onicectomia por dissecção 42. Porém, muitas vezes os proprietários dos animais não concordam com tal procedimento cirúrgico. Dessa forma, já foi descrita uma técnica de biópsia que não requer amputação da falange distal, mas que inclui o epitélio da matriz ungueal na amostra 37. Autores americanos estabeleceram uma abordagem diagnóstica padrão em 24 cães atendidos com onicopatia. Além de citologia, cultura e biópsia/histopatologia, os autores preconizam a realização de dieta de eliminação, com fontes nunca previamente fornecidas ao animal, durante seis a oito semanas. A principal fonte de carboidrato utilizada foi batata, e de proteínas, canguru, coelho, veado ou avestruz. Quatro cães apresentaram melhora significativa após a realização de dieta de eliminação, seguida por piora após exposição provocativa 39. 54
Considerações finais As onicopatias em cães e gatos são desafios diagnósticos e terapêuticos para o clínico veterinário. O estabelecimento do diagnóstico definitivo requer anamnese, exame físico, exames complementares, como citologia, culturas bacteriana e fúngica, e exame histopatológico, além de dietas de eliminação. Pode-se considerar que os resultados de apenas um dos exames, isoladamente, não fornecem informações conclusivas acerca do quadro de onicopatias, uma vez que a análise de um único parâmetro pode não ser efetiva para detectar as alterações advindas do acometimento das unhas e estruturas adjacentes. Baseando-se no exposto, os autores enfatizam a importância de um exame minucioso das unhas e garras de cães e gatos durante o exame clínico, uma vez que as onicopatias podem ser manifestações tanto de afecções sistêmicas quanto cutâneas. Referências
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Prolapso uretral em filhotes caninos – relato de dois casos Urethral prolapse in puppies – a two case report Prolapso uretral en cachorros – relato de dos casos Clínica Veterinária, n. 95, p. 58-62, 2011 Rafael Ricardo Huppes MV, mestre, doutorando Unesp-Jaboticabal
Rafaelhuppes@hotmail.com
Andrigo Barboza de Nardi
MV, mestre, dr., prof. Depto. Clínica e Cirurgia Veterinária Unesp-Jaboticabal andrigobarboza@yahoo.com.br
Alexandre Martini Brun MV, mestre, prof. Unifran
alexmbrum@bol.com.br
Talita Mariana Morata Raposo MV, aprimoranda Hospital Veterinário - Unifran Talita_raposo@yahoo.com.br
José Carlos Zanella
médico veterinário autônomo Clinica Planeta Bicho
planetabicho@net.conta.com.br
Resumo: O prolapso uretral é uma enfermidade incomum, que acomete principalmente cães de raças braquicefálicas, embora possa acometer cães de outras raças. Entre as causas predisponentes estão a masturbação devido a excitação sexual, a lambedura excessiva e as infecções urinárias. O presente relato descreve a ocorrência dessa afecção em dois cães filhotes das raças buldogue inglês e teckel. Os animais apresentavam um quadro de libido excessiva, que redundou em traumatismo peniano constante e consequente prolapso uretral. No primeiro paciente utilizou-se a técnica de ressecção da uretra prolapsada e sutura em padrão simples interrompido. Já no segundo cão utilizou-se a técnica conservativa com redução do prolapso e sutura em padrão de bolsa de fumo. O tratamento cirúrgico mostrou-se eficaz no buldogue inglês e no teckel. Unitermos: uretra, cães braquicefálicos, cirurgia, buldogue inglês, teckel Abstract: Urethral prolapse is a rare disease that affects mainly brachycephalic dogs, although it may affect animals of other races as well. Predisposing causes include masturbation second to sexual excitement, excessive licking and urinary infections. This report describes the occurrence of this disease in two puppies of English Bulldog and Dachshund breeds. The animals had excessive libido, leading to constant penile trauma and consequent urethral prolapse. In the first case, the prolapsed urethra was resected and sutured in a simple interrupted pattern. The second animal underwent a conservative procedure, which entailed a reduction of the prolapse with subsequent tobacco-pouch suture. Surgical correction was effective for both the English Bulldog and the Dachsund. Keywords: urethra, brachycephalic dog, surgery, English Bulldog, Dachshund Resumen: El prolapso uretral es una afección poco frecuente, que ocurre principalmente en perros braquiocefálicos, a pesar de que puede presentarse también en otras razas. Entre las causas predisponentes, están la masturbación debido a excitación sexual, lamedura excesiva e infecciones urinarias. El presente relato describe la presentación de esta enfermedad en dos cachorros: un Bulldog Ingles y un Dachshund. El Bulldog Inglés y el Dachshund presentaban un cuadro de libido excesivo, causando traumatismo peneano constante y consecuente prolapso uretral. En el primer paciente se extirpo la uretra prolapsada, realizando la sutura definitiva de aproximación con puntos simples. En el segundo animal se uso una técnica conservadora de reducción del prolapso y sutura en jareta. Luego del tratamiento quirúrgico en los dos pacientes, la terapeutica fue eficaz en el Bulldog inglés y en el Dachshund. Palabras clave: uretra, perros braquiocefálicos, cirugía, Bulldog Inglés, Dachshund
Introdução Anatomicamente, a uretra do cão é definida como uma continuação do sistema de ductos, originada de um óstio interno no colo da vesícula urinária e estendida até o orificio do pênis, cuja função consiste em transportar urina e fluidos seminais 1,2. Ela é dividida em três segmentos: uretra prostática, uretra membranosa ou intrapélvica e utretra peniana ou cavernosa 3, apresentado diâmetro variável no decorrer de sua extensão 1. O comprimento uretral depende da raça, variando entre 10 e 35cm 1. A projeção da mucosa uretral distal (peniana) junto com o óstio externo da uretra ocasiona uma afecção denominada 58
prolapso uretral 1,4, sendo uma enfermidade incomum nos cães 5. Essa doença acomete principalmente caninos machos não castrados, jovens e braquicefálicos, como o buldogue inglês, embora possa acometer outras raças 5, inclusive de pequeno porte, como o maltês 6-10. O prolapso uretral geralmente ocorre na fase de maturação sexual 11,12, como resultado de autotraumatismo na extremidade peniana no momento de estímulo sexual, ao montar em travesseiros ou objetos similares durante a masturbação 6,13 ou por meio de lambedura constante dessa região 12. Outras causas possíveis do desenvolvimento dessa afecção são os cálculos urinários ou as infecções gênitourinárias 6,13.
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A relação com raças braquicefálicas leva à especulação de predisposição genética 13. Nos cães, o prolapso uretral normalmente se apresenta edemaciado, congesto ou necrosado, com um orifício central (forma de “rosquinha”) projetado na extremidade peniana 10. Podem-se evidenciar úlceras na porção da mucosa exposta, principalmente se o cão lamber a lesão ou o autotraumatismo persistir 10. Como sinais clínicos, são observados: lambedura excessiva do pênis, incontinência urinária, sangramento prepucial e/ou disúria 13. A percepção do anel cavernoso na extremidade peniana constitui um fator patognomônico dessa afecção 12. Como diagnóstico diferencial devem-se incluir traumatismo peniano, uretrite, neoplasia e, principalmente, o tumor venéreo transmissível 12. A realização de exames complementares normalmente não é necessária para o diagnóstico, uma vez que a anamnese e o exame físico são suficientes; entretanto, em alguns casos, a citologia da lesão pode ser necessária para diferenciar essa enfermidade de tumores 14. Quanto ao tratamento, considerando a não recuperação espontânea dessa doença, deve-se observar a viabilidade e a extensão do prolapso 5. O tratamento conservativo pode ser realizado por meio da utilização de tranquilizantes, antiinflamatórios não esteroidais, antibióticos, isolamento e
restrição do paciente à exposição de fatores que possam causar excitação 15. Em pacientes com mucosa uretral saudável e prolapso de pequenas dimensões, este pode ser reduzido por meio de uma manipulação delicada, com um cateter lubrificado, diretamente na luz do orifício uretral; e imediatamente após a redução, deve-se fazer uma sutura em bolsa de fumo 1. Caso o prolapso apresente grandes dimensões, mesmo estando íntegra a mucosa, é preciso proceder à técnica de uretropexia 16. Quando a uretra está necrosada, a ressecção cirúrgica é à técnica mais indicada e nesses casos se faz necessário a utilização de uma sonda uretral para se evitar aderências pós cirúrgicas assim como para facilitar a micção e diminuir o esforço que favorece a recidiva do prolapso 14,17. A orquiectomia é recomendada em animais portadores de prolapso uretral, uma vez que a excitação e a ereção contribuem para uma recidiva do quadro 18. Podem ocorrer complicações pós-operatórias, como edema de glande, hemorragia secundária à micção e excitação, automutilação e recidiva do quadro clínico 19. O trabalho em questão tem como objetivo apresentar dois casos de prolapso uretral em cães das raças buldogue inglês e teckel, com diferentes condutas e respostas ao tratamento.
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a) Tramadol (Tramaden®) Lab. Neo Química. Com. e Ind. LTDA. Anápolis, GO b) Acepromazina (Acepran®) Vetinil Ind. E Com. de produtos veterinários LTDA. Louveira, SP c) Propofol (Propofol®) Cristália Prod. Quím Farm. LTDA. Itapira, SP d) Morfina (Dimorf®) Cristália Produtos Químicos Fármaceuticos LTDA. Itapira, SP e) Lidocaina (Anestésico L®) Eurofarma Laboratórios LTDA. São Paulo, SP f) Bupivacaína (Bupivacaína®) Cristália Produtos Químicos Farmacêuticos LTDA. Itapira, SP g) Isufluorano (Isoflurano®) Cristália Produtos Químicos Farmacêuticos LTDA. Itapira, SP h) Meloxican (Meloxivet®) Laborátorios Duprat LTDA. Rio de Janeiro, RJ
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Rafael Ricardo Huppes Andrigo Barboza de Nardi
Figura 1 - Imagem de prolapso uretral no cão da raça buldogue inglês
Figura 2 - Imagem após a ressecção cirúrgica do prolapso de uretra do paciente da raça buldogue inglês Andrigo Barboza de Nardi
Relato de caso Foram atendidos dois animais da espécie canina, um buldogue inglês de oito meses e um teckel de um ano de idade, ambos com histórico de lesão na porção cranial da glande peniana. O buldogue inglês, além da lesão peniana (Figura 1), também apresentava úlcera uretral e sangramento constante dessa região, assim como o paciente da raça teckel. Ambos os proprietários relataram histórico de hiperatividade sexual e monta em objetos de pelúcia. Foram realizados exames hematimétrico, urinário e citológico da lesão em ambos os pacientes. Em ambos os cães, a urinálise e o exame hematimétrico não revelaram nenhuma alteração, enquanto a citologia evidenciou apenas componentes inflamatórios. O buldogue inglês foi submetido à ressecção cirúrgica da estrutura prolapsada e no paciente da raça teckel a alteração foi tratada pela técnica conservativa e aplicação de uma sutura em bolsa de fumo, para manter reduzida a porção prolapsada da uretra. Em ambos os casos foi utilizado sonda uretral pré-cirúrgica e pós-cirúrgica, para se evitar aderências e diminuir esforços durante a micção, diminuindo as chances de recidiva do prolapso uretral. A escolha da técnica conservativa no caso do paciente da raça tekel, foi devido ao prolapso uretral apresentar menor dimensão e menor comprometimento da uretra quando comparado com o do buldogue inglês, que apresentava prolapso e trauma ulcerativo de maior dimensão. Os pacientes foram submetidos ao seguinte protocolo anestésico: cloridrato de tramadol a na dose de 2mg/kg/IM e acepromazina b, 0,1mg/kg/IM, como medicações pré-anestésicas. A indução foi obtida com propofol c, 4mg/kg/IV. Após a indução foi realizado bloqueio epidural com morfina d 0,1mg/kg, lidocaína e e bupivacaína f 0,26mg/kg, e manutenção com isofluorano g em vaporizador universal. A técnica utilizada no primeiro cão foi a ressecção da porção exposta da uretra. Antes da secção da uretra, foram transfixadas duas agulhas retas cirúrgicas através do tecido uretral prolapsado, a fim de evitar que a uretra se retraísse para dentro do pênis e após a ressecção, a mucosa foi suturada ao pênis com padrão de sutura interrompida simples, com fio sintético, absorvível, de ácido poliglicólico 5.0 (Figura 2). No paciente da raça teckel (Figura 3) foi utilizada a técnica conservativa. Com o emprego do um cotonete estéril houve o reposicionamento da uretra no local anatômico original (Figura 4), seguido da aplicação de sutura em forma de bolsa de fumo ao redor do óstio uretral externo, deixando-se um pequeno orifício para que o paciente pudesse urinar. Para o pós-operatório foi prescrito anti-inflamatório não esteroidal meloxican h, na dose de 0,1mg/kg, uma vez ao dia, e cloridrato de tramadol a, na dose de 3mg/kg, duas vezes ao dia, por via oral, além da utilização de colar elisabetano.
Figura 3 - Imagem do prolapso uretral do paciente da raça teckel
Os proprietários foram orientados para que removessem todos os objetos que pudessem ser utilizados para monta destes pacientes, em momentos de libido excessiva, e desta forma evitar que os mesmo lesionassem o pênis ocasionando deiscência de suturas e um novo prolapso uretral.
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Rafael Ricardo Huppes
Figura 4 - Inversão da mucosa uretral do paciente da raça teckel
Resultados e discussão Apesar de o prolapso uretral ser uma afecção rara e mais comumente observada em cães braquicefálicos 5, o presente relato descreve a ocorrência dessa enfermidade em dois pacientes jovens, com histórico semelhante, sendo um braquicefálico e um não braquicefálico. Os pacientes apresentavam histórico de libido excessiva e lambedura peniana constante, alteração descritas pela literatura como fatores predisponentes ao surgimento do prolapso
uretral 6,12,13. O distúrbio de comportamento observado principalmente em cães machos, não castrados, com excitação assistida pelos proprietários 1,20, que acontecia nos dois casos deste relato também contribuiu para a ocorrência do prolapso. Essa enfermidade geralmente ocorre em animais na fase de puberdade, por ser um momento em que os animais apresentam maior libido 1,12,18,20-22. O diagnóstico do prolapso de uretra é sugerido pela anamnese por meio de queixas como excesso de libido, observada pela monta em objetos, lambedura constante do pênis, sangramento e presença de úlceras na extremidade peniana 10,12,16 e, confirmado pela observação da projeção da mucosa uretral durante o exame físico 14, manifestações clínicas que foram apresentadas pelos dois cães. Assim, nos dois casos, as características macroscópicas eram semelhantes, como lesão avermelhada e massa arredondada em forma de “rosquinha” com orifício central e edemaciada, compatível com a descrição da literatura 1,5. Em muitos casos pode ocorrer hemorragia devido ao sangramento intenso originado principalmente por regiões ulceradas da porção da uretra exposta 20 e essa alteração foi observada nestes casos. O tratamento, sempre que possível, deve ser o cirúrgico, com preservação da uretra 5. Na presença de necrose do lúmen uretral, deve-se realizar a ressecção cirúrgica da
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uretra prolapsada, dando vários pontos de sutura a partir do lúmen uretral e fixando a uretra na superfície peniana. Entretanto, podem ocorrer complicações, como fibrose local e recidiva 5. Outra alternativa, desde que a uretra não esteja necrosada, é a redução da mucosa uretral exposta, com auxílio de um cateter, sonda ou cotonete estéril e lubrificado, inserido no orifício uretral, seguida pela realização de sutura em bolsa de fumo ao redor do orifício uretral 14. No caso do buldogue inglês utilizou-se a técnica de ressecção e anastomose da uretra prolapsada, enquanto no teckel preferiu-se o método conservativo, por meio da preservação da uretra. A escolha da técnica conservativa no caso do paciente da raça tekel, foi devido ao prolapso uretral apresentar menor dimensão e menor comprometimento da uretra quando comparado com o do buldogue inglês, que apresentava prolapso e trauma ulcerativo de maior dimensão. As escolhas se mostraram satisfatórias pois não houve recidiva em nenhum dos casos mesmo após um ano do procedimento. A orquiectomia é indicada sempre que possível, para minimizar as chances de recidiva por trauma peniano secundário à libido excessiva e a ereção pós-cirúrgica 1. A eficácia terapêutica, nos dois casos, provavelmente está relacionada à remoção de qualquer objeto que pudesse ser utilizado para monta e ao uso de colar elisabetano durante o período pós-operatório, embora nestes casos a orquiectomia não tenha sido realizada. Os pacientes não apresentaram recidiva das lesões, mas em casos de recidivas ou protrusões muito grandes, indica-se a uretropexia, que apresenta bons resultados e menor tempo em cirurgia em comparação com a técnica de ressecção e anastomose uretral; entretanto, requer material adequado, como tenta-cânula uretral proporcional ao diâmetro da uretra 1. Porém em ambos os casos não houve a necessidade de se utilizar essa técnica devido ao sucesso e a não recidiva do prolapso uretral no decorrer do pósoperatório. Assim, nos animais com fatores predisponentes ao desenvolvimento de prolapso uretral, como os cães braquicefálicos com hiperatividade sexual, os animais devem ser monitorados cabendo ao médico veterinário, orientar os proprietários quanto à orquiectomia, que diminui a hiperatividade sexual e a libido excessiva. Outro fator importante para o prognóstico destes pacientes foram as orientações aos proprietários para que removessem todos os objetos que pudessem ser utilizados para monta destes pacientes, evitando que os animais lesionassem o pênis e ocorresse novo prolapso uretral. O médico veterinário deve estar apto a reconhecer a enfermidade e a optar pelo melhor tratamento. Referências 01-SOUZA, C. M. B. Prolapso uretral em cães: relatos de caso. 2006. 39 p. Monografia (Graduação em Medicina Veterinária) – Escola de Medicina Veterirária, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2006. 02-HOBSON, H. P. Fisiopatologia cirúrgica do pênis. In: BOJRAB, M. J. Mecanismos da moléstia na cirurgia dos pequenos animais. 2. ed. São Paulo: Manole, 1996 p. 645-653.
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Leishmaniose visceral canina em Cachoeiras de Macacu, Rio de Janeiro – relato de caso Canine visceral leishmaniasis in Cachoeiras de Macacu, Rio de Janeiro – case report Leishmaniasis visceral canina en Cachoeiras de Macacu, Rio de janeiro – relato de caso Clínica Veterinária, n. 95, p. 64-68, 2011
Denise Amaro da Silva MV, mestre, doutoranda PPG/Ipec/Fiocruz
denise.silva@ipec.fiocruz.br
Carolina dos Santos F. S. Perié médica veterinária autonoma cperie@hotmail.com
Artur Augusto Velho Mendes Junior
técnico Lab. de Pesq. Clínica em Dermatozoonoses em Animais Domésticos Ipec/Fiocruz aavelho@gmail.com
Maria de Fátima Madeira
biológa, dra., pesquisadora associada Lab. de Vigilância em Leishmanioses Ipec/Fiocruz fatima.madeira@ipec.fiocruz.br
Fabiano Borges Figueiredo
MV, dr, pesquisador Lab. de Pesq. Clínica em Dermatozoonoses em Animais Domésticos Ipec/Fiocruz fabiano.figueiredo@ipec.fiocruz.br
Resumo: No estado do Rio de Janeiro, as áreas endêmicas de leishmaniose visceral (LV) concentram-se em algumas regiões periurbanas da capital, entretanto, nos últimos anos têm sido notificados casos em outras áreas. Tal fato gera preocupação, já que em muitas regiões do país, endemias caninas precederam as humanas, além da dificuldade de controle dessa doença. O relato descreve um caso de leishmaniose visceral canina (LVC) no município de Cachoeiras de Macacu, suas apresentações clínicas e o desfecho laboratorial. Com o surgimento de um caso de LVC em uma área considerada não endêmica, as ações de vigilância devem levar em conta estudos relacionados à fauna flebotômica e a avaliação dos cães nas proximidades do caso descrito. Além disso, a qualificação e a integração de profissionais de saúde, da rede pública e privada são fundamentais para que as medidas preventivas sejam tomadas em tempo hábil, minimizando assim o risco de expansão da LV. Unitermos: cão, Leishmania, diagnóstico Abstract: Endemic areas of visceral leishmaniasis (VL) in the state of Rio de Janeiro are concentrated in some suburban areas of the capital. In recent years, however, it has been reported in other areas as well. This fact raises concern, since canine cases preceded human cases in many regions of the country, not to mention that this is a disease of difficult control. This report describes a case of canine visceral leishmaniasis (CVL) in the city of Cachoeiras de Macacu and its clinical and laboratory outcome. The emergence of CVL cases in non-endemic areas should lead to surveillance actions such as a study of the regional phlebotomine fauna and an evaluation of the local dog population. In addition, the qualification and integration of public and private health professionals are important to ensure that preventive measures are taken fast enough to minimize the risk of VL expansion. Keywords: dog, Leishmania, diagnosis Resumen: En el estado de Río de Janeiro, las áreas endémicas de leishmaniasis visceral (LV) estan concentradas en algunas regiones suburbanas de la capital, aunque en los últimos años se ha reportado en otras áreas. Este hecho es motivo de preocupación, ya que en muchas regiones del país, los casos de endemias caninas terminaron precediendo los casos humanos, además de la dificultad de controlar la enfermedad. El relato describe un caso de leishmaniasis visceral canina (LVC) en el municipio Cachoeiras de Macacu con sus resultados clínicos y de laboratorio. Con la aparición de un caso de LVC en una zona que no se considera endémica, las actividades de vigilancia deben considerar los estudios de los insectos, y la evaluación de la población canina cercana al local de aparicion del presente caso. Además, la calificación e integración de los profesionales de la salud pública y privada son fundamentales para que la adopción de medidas preventivas sean tomadas en el menos tiempo posible, minimizando así el riesgo de expansión de la LV. Palabras clave: perro, Leishmania, diagnóstico
Introdução No Brasil, a leishmaniose visceral (LV) é causada por Leishmania (Leishmania) chagasi e tem como principal 64
vetor o flebotomíneo Lutzomyia longipalpis. O cão doméstico (Canis familiaris) é considerado um importante reservatório doméstico do agente etiológico da LV 1,2, devido à alta
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suscetibilidade a infecção, maior proximidade com os seres humanos, além do parasitismo na pele observado nesse animal, que contribui assim para a manutenção e amplificação do ciclo instalado no peridomicílio 1-3. A leishmaniose visceral canina (LVC) pode apresentar um espectro de manifestações clínicas bem variadas, condicionadas à imunocompetência individual do animal, cujos sinais clínicos mais comuns são as lesões cutâneas, alopecia, descamação furfurácea, hiperqueratose, apatia, emagrecimento, onicogrifose, linfadenopatia e hepatoesplenomegalia. Entretanto, os cães infectados podem permanecer sem sinais clínicos por um longo período de tempo 4-6, sendo a forma assintomática relatada em proporções que podem representar cerca de 40 a 60% da população soropositiva 7. De acordo com o manual de controle da LV em território brasileiro, nas áreas endêmicas devem ser realizados inquéritos sorológicos (amostrais ou censitários) na população canina, empregando o ensaio imunoenzimático (Elisa) para triagem e o teste de imunofluorescência indireta (IFI) para confirmação dos casos. Segundo recomendações do Ministério da Saúde brasileiro, animais com titulação ≥ 40 no teste de IFI possuem a indicação de eutanásia visando à interrupção do ciclo de transmissão 3. A LV constitui uma doença de grande magnitude. No estado do Rio de Janeiro, a doença canina é registrada nos municípios do Rio de Janeiro 8-10, Maricá 11, Mangaratiba 9 e Angra dos Reis 9, como demonstrado na figura 1. Atualmente observam-se relatos de casos em áreas anteriormente consideradas indenes, demonstrando a ampliação da distribuição geográfica e a urbanização da LV 12,13. Nesse contexto, é necessário estabelecer medidas de controle que sejam efetivas, considerando também a articulação com setores da vigilância epidemiológica. Acredita-se que a expansão da LV para diversas regiões do Brasil possa ser atribuída a diversos fatores, entre os quais podemos citar: dificuldades da eliminação rápida do reservatório, diversidade epidemiológica das regiões afetadas, capacidade adaptativa do vetor, medidas insuficientes
para o controle vetorial, custo financeiro e social elevados, além de outros fatores até então desconhecidos 14. Com os deslocamentos, viagens e mudanças de cidade, as famílias levam seus cães e os expõem em áreas endêmicas, ou conduzem-nos dessas áreas para as não endêmicas, aumentando o risco de contrair doenças, principalmente as transmitidas por vetores. O período de incubação da LVC é variável e os sintomas clínicos podem aparecer depois de o animal deixar a área endêmica. Dessa forma, os cães infectados podem não ser notados por um longo período de tempo e servir como fonte de infecção para insetos vetores 15. O objetivo deste relato foi descrever um caso de leishmaniose visceral canina (LVC) no município de Cachoeiras de Macacu, RJ, suas alterações clínicas e o desfecho laboratorial. Relato de caso Em junho de 2010, após a suspeita clínica e o resultado sorológico positivo para leishmaniose realizado durante atendimento veterinário em clínica particular, um cão da raça retriever do labrador, macho, de cinco anos de idade, procedente do município de Cachoeira de Macacu, RJ, foi encaminhado ao Laboratório de Pesquisa Clínica em Dermatozoonoses em Animais Domésticos (Lapclin-Dermzoo) Ipec – Fiocruz, RJ, para confirmação da suspeita de um caso de LVC. Segundo o proprietário, o animal nasceu no município do Rio de Janeiro, mas aos quatro meses de idade foi levado para residir no interior do estado do Maranhão, no município de Pedreiras. Após dois anos morando nessa região, o animal foi transferido para Cachoeiras de Macacu, onde permaneceu por três anos até o surgimento dos sinais clínicos. Durante o exame clínico foram constatadas alterações dermatológicas, como descamação furfurácea, lesões cutâneas ulceradas na borda das orelhas (Figura 2), face interna do pavilhão auricular da orelha esquerda e ao redor dos olhos, áreas de alopecia e emagrecimento progressivo, apesar de normorexia com ração de boa qualidade. Durante o período de seis meses, o animal foi submetido a diversos
Figura 1 - Distribuição dos casos caninos de leishmaniose visceral descritos no Estado do Rio de Janeiro no período 2006-2011
Figura 2 - Imagem fotográfica do cão do estudo demonstrando a lesão cutânea ulcerada localizada na borda da orelha
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Figura 3 - Aspectos clínicos do cão do estudo, apresentando apatia, desidratação e emagrecimento
tratamentos, que incluíam antibioticoterapia, tratamentos antifúngicos e alérgicos, com pequena regressão das afecções. No exame físico, o animal apresentava-se normotérmico, apático, caquético, com adenite generalizada e observou-se quadro de desidratação e fraqueza muscular (Figura 3), além da presença de carrapatos. Com o auxílio de uma microlanceta estéril descartável e de uma alça coletora, ambas fornecidas pelo kit do teste imunocromatográfico rápido Dual Pack Platform – DPPTM Leishmaniose Visceral Canina a, foi realizada a coleta de sangue da orelha do animal num volume aproximado de 5µL para a realização do teste, conforme instruções do fabricante. Para a realização dos testes sorológicos por meio dos ensaios de imunofluorescência indireta (IFI) e imunoenzimático (EIE), foram coletados cerca de 5mL de sangue, sem anticoagulante, por venopunção cefálica. A amostra foi submetida à centrifugação e o soro foi separado e conservado a -20 ºC até o momento da realização dos testes. Após a coleta de sangue, o animal foi sedado com cloridrato de quetamina b (10mg/kg) associado a acepromazina c (0,2mg/kg) por via intramuscular para realização da biópsia de pele íntegra, punção de medula óssea e linfonodo. A biópsia de pele íntegra, na região escapular, foi realizada inicialmente com a tricotomia, limpeza com água e sabão, antissepsia com álcool a 70% e anestesia local com cloridrato de lidocaína d 2% sem vasoconstritor. Foram coletados fragmentos de pele íntegra com auxílio de punch de 3mm, sendo feita a exérese do tecido lesionado, seguido de hemostasia compressiva. Também foi realizada a coleta do aspirado de medula óssea (MO), obtido da ponta do esterno (manúbrio), utilizando-se seringa de 20mL com agulha 40 x 12mm, após tricotomia, assepsia e anestesia local com lidocaína 2% para cultura parasitológica. O aspirado de linfonodo, obtido do linfonodo poplíteo, foi coletado utilizando-se seringa de 10mL com agulha 25 x 0,8mm, após tricotomia e assepsia local. O material obtido também foi utilizado para a confecção de esfregaços em lâmina de vidro para exame citopatológico. 66
As lâminas foram submetidas a fixação, empregando-se álcool metílico P.A. durante cinco minutos e, quando completamente secas, foram submetidas à coloração do tipo Romanowsky (Panótico/Giemsa). Após a coloração, as lâminas foram examinadas em microscópio óptico para pesquisa de formas amastigotas, percorrendo no mínimo cerca de mil campos utilizando objetiva de imersão (aumento de 1.000 vezes). Os fragmentos de pele íntegra, aspirados de medula óssea e linfonodo coletados foram acondicionados em solução salina estéril, contendo 100µg de 5-fluorocitosina, 1.000UI de penicilina G potássica e 200µg de estreptomicina por mL, e enviados ao Laboratório de Vigilância em Leishmaniose (Vigileish – Ipec/Fiocruz) para isolamento em meio de cultura bifásico NNN (Novy, MacNeal, Nicole) contendo como fase líquida o meio Schneider acrescido de 10% de soro fetal bovino (SFB), realizando leituras semanais durante trinta dias. Para caracterização parasitária dos isolados, empregouse a técnica multilocus enzyme electrophoresis (MLEE) 16. Para a realização das técnicas de hematoxilina-eosina (HE) e imuno-histoquímica (IHQ), fragmentos de pele íntegra foram acondicionadas em solução de formaldeído tamponada 10% e enviados ao Serviço de Anatomia Patológica (Ipec/Fiocruz). Para pesquisa de anticorpos específicos anti-Leishmania utilizaram-se os kits de IFI-leishmaniose-canina e e EIEleishmaniose-visceral-canina f (Bio-Manguinhos/Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil), de acordo com as instruções do fabricante. Para a IFI, foram consideradas positivas as amostras que apresentaram títulos ≥ 40. Para o EIE, os soros foram diluídos a 1:40 em duplicata e o cut off foi estabelecido pela média das leituras dos controles negativos mais duas vezes o seu desvio padrão. Os testes sorológicos (IFI e EIE) apresentaram resultados positivos na detecção de anticorpos específicos antiLeishmania, incluindo o DPPTM. Formas promastigotas foram isoladas em cultura nas amostras de pele íntegra e medula óssea, que foram identificadas como Leishmania (Leishmania) chagasi por meio da técnica de isoenzimas. O exame histopatológico de fragmentos de pele íntegra revelou hiperqueratose e dermatite piogranulomatosa com acentuado e difuso infiltrado inflamatório. Abundantes formas sugestivas de amastigotas do gênero Leishmania foram observadas no citoplasma de macrófagos. No aspirado de linfonodo, revelou-se uma linfadenite granulomatosa com acentuado infiltrado inflamatório multifocal rico em macrófagos no parênquima e na cápsula, além da presença de formas amastigotas sugestivas do gênero Leishmania no citoplasma de macrófagos e de múltiplos granulomas no parênquima. No exame citológico do aspirado de linfonodo, foram visualizadas formas amastigotas sugestivas do gênero de Leishmania. O proprietário foi informado dos resultados dos exames e orientado a realizar a eutanásia preconizada pelo Ministério a) DPPTM, Biomanguinhos – Fiocruz, Rio de Janeiro, RJ b) Ketamina Agener, União Química Farmacêutica Nacional S/A, Embu-Guaçu, SP c) Acepran, Vetnil Ind. e Com. de Produtos Veterinários Ltda., Louveira, SP d) Lidovet, Laboratório Bravet, Rio de Janeiro, RJ e) IFI – leishmaniose-canina, Biomanguinhos – Fiocruz, Rio de Janeiro, RJ f) EIE – leishmaniose-visceral-canina, Biomanguinhos – Fiocruz, Rio de Janeiro, RJ g) Tiopenthax 0,5g, Laboratório Cristália, Rio de Janeiro, RJ
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da Saúde 3 como medida de controle da LV. A eutanásia foi realizada com administração intravenosa (IV) na veia cefálica de tiopental sódico 5% g (dose-efeito), utilizando-se seringa de 10mL e dispositivo para infusão intravenosa até a parada cardiorrespiratória, confirmada por meio de palpação de pulso femoral e ausculta cardíaca. Após a eutanásia, foram coletadas amostras para a realização de exames postmortem (cultura parasitológica e anatomopatológico), confirmando-se o diagnóstico realizado anteriormente. Discussão A LV encontra-se em processo de expansão em várias regiões brasileiras, nas quais se verificam registros de casos humanos e caninos em áreas totalmente urbanizadas 3. Duas décadas após o registro da primeira epidemia urbana em Teresina, no Piauí, o processo de urbanização se intensificou com a ocorrência de importantes epidemias em várias cidades das regiões Nordeste, Norte, Centro-Oeste e Sudeste 17. Em Belo Horizonte, a LVC precedeu temporal e espacialmente a epidemia humana. O diagnóstico do calazar canino, nessa ocasião, foi baseado inicialmente na suspeita clínica de médicos veterinários da prática privada, o que comprova que a associação do trabalho dos médicos veterinários desse setor e do serviço público resulta em benefício para a saúde pública 18. A suspeita clínica inicial desse caso foi realizada em um
serviço veterinário privado, o que corrobora tal afirmação. No estado do Rio de Janeiro, o controle da LVC é feito por meio de inquéritos sorológicos amostrais e posterior eutanásia dos animais soropositivos, cumprindo medida preconizada pelo Ministério da Saúde 3. Essas ações são desenvolvidas em bairros localizados na Zona Oeste do município, onde os casos de LVC são comumente registrados 9,19. Embora o animal deste estudo tenha apresentado diagnóstico clínico suspeito e sorológico positivo para leishmaniose, por se tratar de uma área onde até então não havia registros da doença, buscaram-se outras abordagens, como isolamento parasitário e identificação etiológica, antes da realização da eutanásia. Cachoeiras de Macacu, considerada como área sem transmissão de LV (não apresenta casos humanos na média dos últimos três anos) 20, sofre hoje os efeitos do avanço da metrópole, na medida em que sua área passa a ser procurada para sítios de lazer, bem como já se esboça a expansão de loteamentos nos limites com o município de Itaboraí 21. Essas mudanças, além de trazer alterações geoambientais, elevam o risco da introdução de animais infectados pela leishmaniose nessa área – fato que chama a atenção, assim como o primeiro caso de LVC ocorrido em Maricá, RJ 11. A notificação de um caso de LVC nessa região, onde anteriormente não havia registro de casos caninos ou humanos,
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expõe a fragilidade do controle da doença e o risco de sua expansão no estado do Rio de Janeiro, o que pode se agravar devido ao pouco conhecimento sobre a dinâmica de transmissão nessa área. A autoctonia do caso deve ser avaliada junto às autoridades de saúde pública, já que o animal residiu por dois anos no interior do estado do Maranhão, no município de Pedreiras, região conhecida pela intensa transmissão de LV (apresenta média ≥ 4,4 casos nos últimos três anos) 20. Após o período de residência no Maranhão, o animal viveu por três anos em Cachoeiras de Macacu, quando os sinais clínicos foram observados. As relações entre os componentes da cadeia de transmissão no cenário urbano parecem ser bem mais complexas e variadas do que no ambiente rural 17. O relato de um caso, mesmo que ainda não confirmada sua autoctoneidade, pode significar alterações no comportamento dessa endemia e talvez antecipar o surgimento de um surto em áreas urbanas desse município, como já foi relatado em outras cidades brasileiras 3. O fato de se encontrarem casos de LV em áreas indenes deve ser avaliado epidemiológica e vetorialmente, devido ao fato de a migração desses animais poder disseminar a doença para outras regiões, desde que o agente encontre ecótopo adequado e vetor específico, assim como relatado em outro estudo 12. Seria necessário o Ministério da Agricultura (Mapa) orientar e até mesmo exigir que os proprietários de cães provenientes de áreas endêmicas realizem diagnóstico sorológico da LV antes de transitar com seus animais para outras regiões, minimizando assim o risco de expansão e contribuindo diretamente para o controle da LV 12. Considerando que a LV é uma zoonose e tem como principal reservatório do agente etiológico o cão doméstico, as ações de vigilância devem considerar estudos relacionados à fauna flebotômica e à avaliação dos cães nas proximidades do caso descrito. Além disso, a qualificação e integração de profissionais de saúde, da rede pública e privada, são fundamentais para que o diagnóstico possa ser instituído precocemente e as medidas preventivas tomadas em tempo hábil. O encontro de um caso de LVC não significa que poderão ocorrer casos humanos na região, entretanto, a ocorrência de um caso de LVC alerta sobre a importância dessa doença, que vem emergindo no Brasil. Deve-se notificar a vigilância sanitária do município a fim de que sejam realizadas as devidas ações de vigilância, da mesma forma que feito neste estudo. O aumento do turismo, a importação e a mudança residencial dos animais de estimação de área endêmica para não endêmica alertam aos médicos veterinários, da rede pública e particular, que se devem tomar medidas para o controle da LV, evitando que regiões não endêmicas se tornem endêmicas num futuro próximo. Referências
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Maus-tratos contra gatos domésticos Cruelty towards domestic cats Maltrato a los gatos domésticos Clínica Veterinária, n. 95, p. 70-78, 2011 Adriana de Siqueira
MV, doutoranda Depto. de Patologia/FMVZ-USP adri.vetufpr@gmail.com
Fabiana Cecília Cassiano
aluna de iniciação científica Depto. de Patologia/FMVZ-USP fabiana.vetusp@gmail.com
Paulo César Maioka
MV, prof. dr. associado Depto. de Patologia/FMVZ-USP maiorka@usp.br
Resumo: Embora o status do gato como animal de companhia venha apresentando tendência mundial de aumento de prestígio, essa espécie é vítima de ampla gama de maus-tratos. Há evidências históricas de tais práticas desde o Egito antigo, em que havia o deslocamento cervical de gatos em rituais religiosos, e a Idade Média, em que a matança dos gatos era comum pelo fato de esse animal ser ligado às práticas de bruxaria. Postula-se que esses atos são praticados por indivíduos que apresentam histórico de abuso e violência doméstica. Os maus-tratos variam desde intoxicação intencional, traumas e queimaduras a abuso sexual, e podem culminar no óbito. No Brasil há leis que coíbem os maus-tratos contra animais desde 1934, determinando que tais práticas sejam consideradas criminosas. A denúncia e a investigação desses crimes são fundamentais, e o papel do médico veterinário é crucial tanto na prática clínica quanto no exame necroscópico para determinar as lesões não acidentais. Unitermos: abuso, legislação, felinos, comportamento, trauma Abstract: Although the status of cats as house pets has increased considerably worldwide, this species is the victim of a wide range of cruelty. There are historical evidences of such practices from ancient Egypt, when neck dislocation was a part of religious rituals, or during the Middle Ages, when killing cats was frequent because this animal was thought to be connected to witchcraft. It is postulated that these acts are committed by individuals with a history of abuse and domestic violence. Cruelty ranges from intentional poisoning to trauma, burns and even sexual abuse, and may culminate in death. In Brazil, there are laws against animal cruelty since 1934, which determine that such practices are considered criminal. The complaint and the investigation of this kind of crime are extremely important, and the role of the veterinarian is critical both in clinical practice and in the post mortem examination to determine the non-accidental injuries. Keywords: abuse, Law, feline, behavior, trauma Resumen: A pesar de que los gatos son considerados actualmente como una especie que crece en su status y eleccion como animal de compania, al mismo tiempo se presentan como víctimas de una enorme gama de malos tratos. Existen evidencias historicas en este sentido desde la época del antiguo Egipto, en que se practicaba un estiramiento cervical como parte de ceremonias religiosas. En la Edad Media la matanza de gatos era comun ya que estos animales eran asociados a las practicas de la brujeria. Se postula que estos actos son practicados por individuos con historias de abuso y violencia doméstica. Los malos tratos varian desde la intoxicación intencional, traumas y quemaduras hasta el abuso sexual, pudiendo terminar inclusive en la muerte del animal. Desde el año de 1934 en Brasil existen leyes que inhiben los malos tratos contra los animales, determinando que tales practicas sean consideradas como crímenes. La denuncia y la investigación de esos crímenes son fundamentales, siendo que el papel del médico veterinario es crucial tanto en la practica clinica, como en el examen necroscopico para determinar las lesiones no accidentales. Palabras clave: abuso, leyes, felino, comportamiento, trauma
Introdução A relação entre seres humanos e animais domésticos é antiga e acredita-se que o gato foi um dos últimos animais a ser domesticado. Recentemente foram encontrados no Chipre restos de um gato doméstico junto a um homem, que datam de cerca de 7.500 a.C. Junto a eles havia oferendas muito valiosas, denotando que o homem era de uma classe abastada 70
e que tinha um relacionamento muito próximo com seu gato 1. O gato doméstico (Felis catus) é uma espécie cujo destaque como animal de companhia vem aumentando nas últimas décadas, sobretudo por se adaptar a apartamento e casas pequenas, por seu comportamento, sua aparência e personalidade 2. A Associação Nacional dos Fabricantes de Alimentos para Animais de Estimação (Anfalpet) estima que a população
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de gatos domiciliados no Brasil seja de 17 milhões 3. Essa estimativa não considera os gatos errantes. No entanto, apesar de sua crescente popularidade como animal de companhia, o gato é uma espécie-alvo de maus-tratos. No presente artigo será realizada uma revisão de literatura acerca da natureza dos maus-tratos contra gatos, a violência contra os animais no contexto familiar, os tipos de violência cometidos contra os gatos, além dos tipos mais comuns de lesões que podem ser encontrados tanto no exame clínico como no exame necroscópico, bem como a forma como a legislação brasileira lida com os maus-tratos. Histórico No Egito Antigo, os gatos eram tratados como seres sagrados: os gatos machos eram associados ao deus Rá, e as fêmeas à deusa Bastet, que era símbolo de fertilidade, fecundidade e maternidade. Nos escritos de Heródoto (aproximadamente 450 a.C.), havia descrições dos rituais nos templos de Bubastis, no Egito, e da forma como os gatos eram reverenciados. Segundo ele, “o homem que matasse um animal sagrado, se o fizesse com intenção malévola, seria punido com a morte; se não fosse com essa intenção, teria que pagar da forma determinada pelos sacerdotes” 4. Entretanto, há evidências de que os gatos eram mortos no Egito com fins ritualísticos, e o exame dos gatos mumificados revelou que as vértebras cervicais estavam deslocadas, o que foi evidenciado por exames de raios-X 4. Na Europa, com o advento do Cristianismo, todos os traços das religiões pagãs foram suprimidos ou eliminados e os gatos começaram a ser “demonizados”, já que faziam parte de alguns rituais e adorações pagãs. Em 1489, o papa Inocêncio VIII sancionou uma ordem oficial para perseguir as bruxas e matar todos os gatos nas terras cristãs. Em 1595 o inquisidor Nicholas Remy, no seu Daemonolatreiae libri, anunciou que todos os gatos eram demônios 5. Há relatos de atos de crueldade contra gatos no decorrer dos séculos e nas celebrações do Carnaval na França nos idos do século XVIII era comum a tortura contra gatos, que eram incinerados em fogueiras, enforcados, esfolados e rasgados com facas, só para que se ouvisse o som de seus gritos 6. Em Paris, no ano de 1730 ocorreu o Grande Massacre de Gatos, no qual os aprendizes de gráficas, que estavam entre os indivíduos mais explorados do período, perseguiram e massacraram os gatos da vizinhança,
sobretudo os que pertenciam às esposas de seus empregadores. Os gatos eram vistos como símbolo da burguesia 6. A situação não era diferente na Inglaterra: em 1563, suspeitando-se que os proprietários de gatos estavam enfeitiçados, promulgou-se o Witchcraft Act (Lei da Bruxaria), de acordo com o qual estes eram mortos com seus felinos 7. A percepção atual dos indivíduos sobre os gatos, a violência e a sua relação com atos de crueldade A percepção dos indivíduos acerca de cães e de gatos é diferenciada, já que poucas pessoas admitem ter repulsa a cães, o que inclusive não é socialmente aceitável, ao passo que repudiar gatos pode ser motivo de orgulho para alguns, que não se intimidam em assumi-lo abertamente 8. Em estudo realizado nos Estados Unidos, 17,4% da população estudada não gostava de gatos, enquanto 2,6% admitiram não gostar de cães 9. Ao ser verificada a percepção das crianças sobre os gatos utilizando-se um questionário na cidade de Recife, verificou-se que 70,68% das crianças não gostam de gatos, devido a questões culturais. Quando lhes perguntaram se possuíam gatos em casa, 24,13% responderam que sim, 32,75% disseram que gostariam de tê-los em casa e 31,03% afirmaram apenas que conhecem alguém que cria ou criou gatos. Com relação aos gatos de pelagem preta, 93,10% afirmaram que tinham medo do animal, sendo que 34,48% associavam o gato preto ao azar e 22,42% o consideravam uma criatura maldosa. Isso ocorre porque há séculos associa-se esse animal ao mal, fazendo com que isso cause medo nas crianças e esse medo se torne concreto no inconsciente do indivíduo. Com relação à cor preferida de gatos, a maioria das crianças citou o amarelo, seguido do branco e cinza, enquanto 3% das crianças respondeu positivamente à cor preta. Metade dos entrevistados atribuía aos gatos a ocorrência de alergias e 30% atribuíam aos gatos a ocorrência de problemas respiratórios 10. Já em pesquisa de opinião feita com a comunidade universitária em Brasília para averiguar a percepção dos indivíduos sobre os gatos, respondeu-se a um questionário contendo sete perguntas, e quando lhes perguntaram sobre a mortalidade dos gatos, 90% dos trabalhadores do comércio se mostraram contrários, seguidos pelos funcionários da segurança (88,9%), funcionários da limpeza (85%), alunos e docentes (70% cada). As respostas espontâneas a respeito do
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que os gatos representam foram: afeição, aversão, admiração, medo, indiferença, superstição e utilidade. Já com relação à consequência da presença dos gatos na universidade, as respostas foram: caçam ratos, transmitem doenças (como a toxoplasmose), rasgam sacos de lixo, podem permanecer no campus e podem estimular a sensibilidade das pessoas 11. A definição de crueldade contra animais pode ser estabelecida como um “comportamento não aceitável socialmente e que intencionalmente causa dor e sofrimento, o que gera estresse desnecessário e pode culminar na morte de um animal” 12. A sociedade contemporânea apresenta baixa tolerância a atos de crueldade contra animais. Desse modo, quando o ser humano comete tais atos, há uma demanda social para a sua repressão e punição, visando a proteção dos animais e da própria sociedade 13. Isso porque em muitos casos os animais de estimação são ameaçados, machucados ou mortos por retaliação ou intimidação de algum membro da família ou de um grupo 14. Desde o final da década de 1980 a crueldade contra animais foi listada como desvio de conduta pela American Psychiatric Association, que define o desvio de conduta como “um padrão de comportamento repetitivo e persistente, no qual os direitos básicos de outros indivíduos ou as normas da sociedade são violados” 15. A correlação entre os maus-tratos contra animais cometidos ou testemunhados por crianças e o desenvolvimento de perfil antissocial em adultos pode ser comprovada por estudos relativos ao tema. Em estudos feitos com prisioneiros violentos e não violentos, constatou-se que grande parte dos criminosos violentos iniciou suas atividades criminosas cometendo atos cruéis contra animais de estimação, quando comparados com criminosos não violentos, sendo que aqueles continuaram praticando atos abusivos contra animais e contra pessoas 16. Em estudo realizado para verificar se o histórico de crueldade contra animais na infância está associado à desordem de personalidade antissocial (DPA) no indivíduo adulto, foram comparados dois grupos (48 homens com histórico de crueldade contra animais e 48 homens sem o histórico). No grupo com histórico de crueldade contra animais, verificou-se que há maior prevalência de uso de várias drogas e dependência e o diagnóstico de DPA foi maior no grupo com histórico de crueldade, que também apresentou maior número de traços de personalidade antissocial 17. De acordo com os resultados de um questionário aplicado a 180 internos de um presídio de nível de segurança médio a máximo para homens, dos indivíduos que cometeram atos de crueldade contra animais (que culminaram no sofrimento e/ou na morte dos bichos), 64% responderam que o fizeram por diversão, 24% por raiva e 22% por motivação sexual, sendo que, destes, 20% o fizeram por ódio ao animal; 16% o fizeram para chocar outras pessoas e 14% por vingança. As questões abordadas referiam-se à crueldade praticada contra animais, fossem eles de estimação ou errantes, quando os internos eram crianças 18. Associando-se a violência doméstica (maus-tratos contra o cônjuge e/ou contra a criança) e os maus-tratos contra animais e a repetição do comportamento pelas crianças, sugerese que há uma significativa sobreposição entre as diversas formas de abuso que ocorrem dentro de casa e que a identificação de crueldade contra animais em uma família pode servir como alerta sobre a presença de maus-tratos 72
contra crianças ou violência doméstica 19. Em estudo envolvendo dois grupos de mulheres, um que sofria violência doméstica (Grupo S) e morava em abrigos onde também havia crianças e outro que não sofria violência doméstica (Grupo NS), verificou-se que no grupo S, 52,5% das mulheres relataram que houve ameaça de ferir ou matar os animais de estimação por parte do agressor e no grupo NS, esse percentual foi de 12,5%. No grupo S, 54% das mulheres relataram a morte dos animais de estimação pelo agressor, e no grupo NS, 5%. As mulheres do grupo S relataram que a severidade do abuso contra animais envolvia injúria, dor, tortura, perda permanente de funções ou morte em 72,7% dos casos. Nos casos em que os animais foram ameaçados ou feridos, 86,4% das mulheres do grupo S relataram que eram muito próximas aos animais agredidos e 85,7% se sentiram muito entristecidas após a agressão contra o animal. Na maioria dos casos, os animais feridos eram cães e gatos e em menor número pássaros ou pequenos roedores. Nos casos em que os maus-tratos contra os animais foram praticados por mulheres, isso ocorreu em 11,1% das mulheres do grupo S e em 2,5% do grupo NS. Com relação às crianças do abrigo, a violência contra animais foi relatada por 37,5% das crianças do grupo S e por 11,8% do grupo NS. Conclui-se que as mulheres que sofreram violência doméstica têm 11 vezes mais chance de indicar que o parceiro já maltratou um animal do que as mulheres que não sofreram violência 20. Em outro estudo que visou avaliar a relação entre violência doméstica e maus-tratos contra animais, um dos critérios de inclusão na pesquisa era se a mulher possuía pelo menos um animal de estimação na época em que sofreu a violência. No grupo de mulheres que sofriam violência doméstica, 53% das famílias possuía pelo menos um cachorro e 40% pelo menos um gato e no grupo em que não havia violência doméstica, 58% possuía pelo menos um cachorro e 49% pelo menos um gato. Com relação aos maus-tratos contra animais, no grupo que sofria violência isso ocorreu em 52,9% e no grupo sem violência, em 0%. Com relação aos tipos de maus-tratos, no grupo que sofria violência, em 32% dos casos os animais eram chutados. Com relação às crianças, nos lares em que havia violência doméstica, 29% das mães relataram que seus filhos testemunharam atos de abuso contra os animais de estimação. As crianças presenciaram ameaças contra os animais de estimação feitas pelo pai em 29% dos lares violentos e em 1% dos lares sem violência 21. Em estudo feito com uma amostra de 268 meninos e 264 meninas recrutados em diferentes escolas de Roma, foi utilizada a PET scale (termo inglês para escala de tortura física e emocional contra animais), que consiste em nove ítens: cinco medem diretamente o abuso contra animais (injúrias físicas ou psicológicas, tortura, espancamento, atos de crueldade, ou seja, atos executados pela própria criança); quatro medem a exposição ao abuso contra animais (praticado pelo pai, pela mãe, outras crianças, outros adultos). Além disso, verifica-se o nível de exposição à violência doméstica (pai contra a mãe e/ou mãe contra o pai), o abuso parental direto, seja verbal e/ou físico e a intimidação (bullying) e vitimização na escola. Cerca de 40% dos entrevistados admitiram ter praticado pelo menos um tipo de abuso contra animais, o que foi mais frequentemente relatado por meninos (46%) do
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Figura 1 - Conteúdo gástrico de gato doméstico entremeado por grânulos de aldicarb (setas) Departamento de Patologia – FMVZ/USP
Figura 2 - Hematoma e laceração de musculatura em região cervical ventral proveniente de lesão não acidental Departamento de Patologia – FMVZ/USP
Os maus-tratos contra os gatos Os gatos são os animais de eleição a sofrer atos de crueldade. Isso pode ser corroborado por estudo sobre casos de maus-tratos contra cães e gatos na cidade de São Paulo, no qual foi analisada a casuística de necropsia do Departamento de Patologia da FMVZ-USP entre 2003 e 2007 e constatouse que, embora os cães sejam a maioria na casuística geral, os gatos sofrem atos de maus-tratos constituídos na maioria por intoxicação exógena intencional por carbamato (Figura 1). Os casos de maus-tratos contra cães perfazem 11% da casuística da espécie, e contra gatos, 34% 23. Ao analisar a casuística de gatos domésticos do Departamento de Patologia da FMVZ-USP entre 1998 e 2008, verificou-se que 29,66% dos animais necropsiados apresentavam lesões altamente sugestivas de maus-tratos, sendo que desses, a intoxicação exógena intencional por aldicarb (populamente conhecido como “chumbinho”) era a mais frequente (75,39%), seguida por traumas (11,52%) (Figuras 2 e 3), rupturas (9,42%) e injúrias penetrantes (1,57%) 24. Essa alta frequência de intoxicação intencional por aldicarb pode ocorrer pela facilidade de acesso ao agente, além do seu baixo custo e alta toxicidade. Embora o uso do aldicarb como agrotóxico seja legalizado na agricultura, ele é ilicitamente utilizado como raticida doméstico 25. Em necropsias feitas neste departamento relativas a uma série de assassinatos de gatos ocorridas em um cemitério da cidade de São Paulo entre julho e setembro de 2010, de oito animais analisados, sete apresentavam injúrias penetrantes no tórax, com consequente fratura de costelas e laceração de lobos pulmonares. Nos membros pélvicos, havia hematomas e laceração de musculatura. Um animal foi intoxicado intencionalmente por carbamato. As características das lesões determinaram que possuíam natureza intencional 26. Um estudo realizado com 84 prisioneiros de duas penitenciárias nos Estados Unidos da América descrevendo 33 tipos de abuso contra gatos revelou que a grande maioria deles havia cometido atos de crueldade contra esses animais. Isso porque “as características físicas do gato os tornam adequados a tipos específicos de abuso. Os gatos têm cauda longa e flexível, que pode ser retorcida. O pelo pode ser queimado. Seus ossos podem ser quebrados facilmente. Os gatos são pequenos o suficiente para serem carregados e lançados de grandes alturas”. Além disso, de acordo com o mesmo estudo, “embora nenhum dos indivíduos tenha identificado os gatos como símbolo de mulher maligna ou ‘mãe ruim’, ou à genitália feminina, a possibilidade de associação consciente ou subconsciente do gato com a mulher deve ser considerada nos casos de homens cujos impulsos agressivos
e sexuais podem estar unificados em um nível primitivo, pouco diferenciado e pouco modulado” 27. A escolha dos gatos como um objeto de abuso se deve sobretudo à sua disponibilidade, salientando que suas características físicas, simbólicas e comportamentais podem torná-los alvo de escolha por aqueles que praticam ou que estão propensos a praticar atos de violência 14. Departamento de Patologia – FMVZ/USP
que por meninas (36%);⅓ das crianças relataram violência do pai contra a mãe e ¼ da mãe contra o pai; aproximadamente 40% das crianças relataram que sofreram alguma ameaça do pai, o que ocorreu com mais frequência com os meninos. Com relação à intimidação e à vitimização na escola, os meninos apresentaram maior frequência do que as meninas; as crianças que testemunharam algum tipo de violência entre os pais ou que testemunharam atos maliciosos contra animais apresentaram uma probabilidade três vezes maior de cometer atos de maus-tratos contra os animais do que as crianças que não foram testemunhas de tais atos 22.
Figura 3 - Hematoma em planos superficial e profundo em parede torácica esquerda proveniente de lesão não acidental
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Tipos de maus-tratos cometidos contra cães e gatos Nos Estados Unidos, a Humane Society of the United States (HSUS) faz a captação e análise de dados referentes à crueldade contra animais. Esses dados são provenientes de jornais televisivos, impressos e disponíveis na internet, em noticiários locais e em resultados de processos criminais, entre outros. Os dados são revistos, analisados e armazenados em um banco de dados que inclui idade e sexo do acusado de maus-tratos, número e espécie das vítimas, detalhes da ação contra o animal, ocorrência simultânea com outros crimes, pena imputada e resultado do caso. Os dados entre janeiro de 2000 e maio de 2004 contabilizaram 4.695 casos de maus-tratos contra animais, envolvendo 5.225 supostos condenados. Dos casos, 51,8% envolviam cães, 15,1% gatos, 3,7% cães e gatos, 3,7% envolviam cães, gatos e outras espécies, 25,7% envolviam outras espécies (cavalos, bovinos, galos de briga e animais selvagens) 14. Os casos de maus-tratos podem ser categorizados como intencionais (como o trauma e a intoxicação exógena intencional), negligência (abandono, desnutrição e fome) ou superpopulações por colecionadores (indivíduos que mantêm alta densidade populacional de animais em condições insalubres). Pela análise do banco de dados do HSUS, verificou-se que 62,7% dos casos foram caracterizados como intencionais, sendo que a porcentagem de gatos foi relativamente maior (69,0%) do que a de cães (60,8%). Morreram 47,4% dos cães e gatos, sendo que os gatos morreram relativamente mais do que os cães em casos de crueldade (56,9% contra 44,7% dos cães). Os gatos foram mais vitimizados que os cães em todas as categorias de maus-tratos intencionais (tortura, espancamento, atirar contra superfícies ou lançar de alturas, mutilação, sufocamento e afogamento). Já com relação a outras formas de abuso, como morte por projétil, intoxicação exógena intencional, esfaqueamento, chutes, enforcamento e abuso sexual, a porcentagem de cães e os gatos foi a mesma. Ainda com base na análise do banco de dados, 4% dos casos de maus-tratos ocorrem simultaneamente com violência doméstica, e as crianças testemunham mais episódios de maus-tratos contra gatos (5%) do que contra cães (2,7%). Os criminosos são mais jovens quando a vítima é o gato. Na faixa etária abaixo de dezessete anos, todos os 15 casos de abuso contra gatos foram provocados por meninos 14. Em casos de negligência, dos 931 casos de denúncia, 89,6% se referiam a cães e 10,4% a gatos. Isso porque há a percepção social de que o gato é um ser independente, que tem menos probabilidade de sofrer se não tiver atenção ou se não for atendido, mesmo que isso resulte em doença. Com relação às condenações por maus-tratos, ao analisar o cão e o gato, os atos contra o primeiro tiveram maior frequência de condenações (65,3%) do que os contra os gatos (56,4%). Isso se explica em parte porque, embora os gatos sejam mais vítimas de atos maliciosos, a sociedade valoriza mais os cães do que os gatos em relação aos casos de crueldade, e os casos envolvendo gatos são vistos como menos problemáticos do que os casos que envolvem cães 14. Foram detectados 412 casos de colecionadores (9%) na base de dados da HSUS. O número médio de gatos mortos em altas densidades populacionais foi duas vezes maior do que o de cães. Com relação ao sexo dos colecionadores, há 74
mais mulheres (67,5%) do que homens (37,5%). Os colecionadores são mais velhos do que os criminosos de outras categorias, com média de idade de 52,6 anos contra 38,8 anos nos outros casos. Com relação à espécie colecionada, os gatos são os preferidos das mulheres colecionadoras, enquanto os cães são os preferidos dos homens colecionadores 14. Lesões não acidentais (LNA) e outras categorias de maus-tratos contra animais Em uma série de quatro artigos sobre lesões não acidentais (LNA) cometidas contra cães e gatos, verificou-se a similaridade entre as agressões físicas cometidas contra as crianças e as cometidas contra animais de estimação 28-31. Os autores elaboraram um questionário com quatro seções acerca do abuso contra animais, que foi respondido por clínicos veterinários. A primeira seção questionava se tinham conhecimento sobre lesões não acidentais e se já haviam suspeitado delas. A segunda seção era sobre casos de LNA vivenciados pelos clínicos, que poderiam preencher dados sobre a data da ocorrência, sexo, faixa etária, espécie e raça, e também questionava o que havia levado o entrevistado a suspeitar de LNA, e de quantos episódios se tratava; além disso, havia um espaço destinado à descrição e local das lesões; questionava-se se o paciente havia sobrevivido (ou não) às lesões, ou mesmo se tivera que sofrer eutanásia por causa das agressões. A terceira seção indagava se eles haviam notado em seus pacientes: (1) lesões sem explicação; (2) mais de uma fratura em épocas diferentes em um mesmo animal; (3) fraturas antigas em costelas sem explicação; (4) histórico consistente com a lesão e (5) histórico prévio de lesões sem explicação ou morte envolvendo o mesmo proprietário ou família. Por fim, na quarta seção foi solicitado aos entrevistados que fizessem outros comentários que julgassem importantes. As respostas obtidas nas seções mostraram que 369 entrevistados tinham conhecimento sobre LNA, 35 não tinham conhecimento ou não responderam, 195 tinham visto ou suspeitado de LNA, 198 não viram e 11 não responderam; os 195 que viram ou suspeitaram da LNA documentaram 400 casos: 225 em cães, 168 em gatos, três cavalos, um hamster e um coelho. O que os levou a suspeitar de LNA: uma pessoa em particular estava envolvida, características da história, comportamento do proprietário e/ou do animal, tipo da lesão, envolvimento de uma instituição (polícia/sociedade protetora de animais) ou mais de uma situação. Com relação à LNA em gatos, doze apresentaram lesões superficiais; oito, lesões profundas; dez, fraturas ou lesões em membros; cinco, lesões internas em cavidade torácica; e quatro apresentaram lesões intracranianas ou em medula espinhal. Ao analisar as situações que levaram o veterinário a suspeitar de LNA contra gatos, em quinze casos havia uma criança envolvida, em nove havia o envolvimento do marido/namorado ou outro membro da família, oito envolviam vizinhos ou estranhos e três, o proprietário. Com relação às características da história da LNA, havia o histórico de lesão ou morte naquela mesma casa/família ou havia testemunha disponível. Em sete casos houve denúncia na polícia; em nove casos o comportamento do proprietário e em três casos o comportamento do animal levaram à suspeita de LNA. Em quarenta casos, o tipo de injúria levou à suspeita; em treze,
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a lesão repetitiva; e cinco casos foram de abuso sexual. Os gatos, em comparação aos cães, são mais alvos de incidentes envolvendo armas de fogo (56 casos) 28. Já em artigo posterior há o detalhamento das lesões não acidentais e foram avaliadas as respostas com relação à LNA em 225 cães e em 168 gatos. Com relação aos últimos, ao analisar os locais das lesões superficiais, nota-se em sua maioria lesões contundentes na região abdominal/inguinal, epistaxe, queimaduras e lesões contundentes em região de cabeça e pescoço, além de hemorragia em esclera e conjuntivas, queimaduras e lesões contundentes em tórax, queimaduras em membros, avulsão de garras, entre outros. Com relação às lesões profundas, relatou-se ruptura de musculatura abdominal, fratura de dentes, avulsão do lábio inferior, decapitação, hematoma em região frontal, laceração bilateral de músculo glúteo, entre outros. Com relação às fraturas, a maioria delas ocorreu em crânio, seguido de fêmur e pelve. Houve casos de ruptura diafragmática e hepática, entre outras lesões em órgãos toracoabdominais. Entre outras lesões e sinais de LNA, observou-se concussão, comatose, danos encefálicos, queimaduras e deslocamentos de cauda, afogamentos, intoxicações e lesões causadas por fornos de microondas. A maioria dos gatos estava na faixa etária de sete meses a dois anos ou mais (n = 79), e 36 tinham menos de três meses; 64 eram machos (31 castrados) e 58, fêmeas (22 castradas) 29. No estudo relativo a abuso sexual (bestialidade ou zoofilia), no qual há atividade sexual entre uma pessoa e um animal, três gatos (duas fêmeas e um filhote macho) apresentaram feridas penetrantes na vulva e no reto. Uma fêmea apresentou uma injúria anal e a outra tinha um corpo estranho na vagina; um filhote macho sofreu lesões na genitália, o que nesse caso foi fatal 30. Nos questionários foram identificados nove casos da síndrome de Munchausen, sendo sete em cães e dois em gatos 31. A síndrome de Munchausen consiste em lesões provocadas intencionalmente de modo a simular ou provocar sinais clínicos de uma doença no animal, de forma que ele seja considerado doente ou que produza uma lesão real, colocando-o em risco ou em uma situação que exija investigação e tratamento; em alguns casos, pode haver a morte do animal. As causas dessa síndrome são desconhecidas, mas o indivíduo muitas vezes faz isso para obter a atenção de parentes (filhos, maridos, esposas, pais entre outros) ou mesmo de outras pessoas, inclusive do médico veterinário. A legislação e a proteção aos animais O gato tem sido objeto da mais ampla gama de sentimentos por parte do homem, que variam desde a adoração até o ódio intempestivo, o que pode conduzir a maus-tratos e ao abandono. Há muitas teorias que propõem possíveis explicações sobre o que motiva um indivíduo a cometer atos de crueldade contra os animais e que devem ser levadas em consideração, porém o fato é que os animais sofrem sem ter direito à defesa. Entretanto, para coibir atitudes cruéis contra animais no Brasil, em julho de 1934 foi instituído pelo governo Getúlio Vargas o Decreto-Lei 24.645, com 19 artigos caracterizando o status do animal, os maus-tratos e as penas impetradas contra tais crimes 32. Em 1998 foi instituída a Lei dos Crimes Ambientais (Lei 76
n. 9.605/98), na qual o artigo 32 determina que é crime “praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos” 33,34. Na Constituição Federal de 1988, temos o art. 225, §1º, VII, que inclui novamente a proteção à fauna junto com a flora como um dos meios de assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, estando “vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção das espécies ou submetam os animais a crueldade” 35. Entretanto, o histórico mundial de proteção contra atos de crueldade contra animais já vem de longa data. Em 1822 foi feita na Inglaterra a Legislação do Bem-Estar Animal (Animal Welfare Legislation), que a princípio era restrita aos animais de produção e somente em sua revisão em 1835 foi estendida aos animais de estimação e galos de briga. Em 1850, na França, foi instituída a Lei Grammont, que coibia os maus-tratos aos animais. Talvez esses países estivessem, por meio dessas leis, tentando redimir a atitudes do passado, porque tanto na Inglaterra quanto na França a prática pública de maus-tratos contra animais era comum e considerada uma atitude socialmente aceitável. Grammont promoveu a legislação partindo do princípio de que “o espetáculo do sofrimento encoraja a crueldade [...] a criança acostumada a passatempos sanguinários ou que é testemunha de atos cruéis se tornará um adulto perigoso” 14. A veracidade dessa afirmação pode ser constatada pela diversidade de estudos nos quais se observa que as crianças que convivem em ambientes violentos e sofrem maus-tratos podem repetir tais atitudes contra animais de estimação, e que isso pode estar relacionado com o desenvolvimento de comportamentos antissociais e psicóticos, podendo culminar em crimes quando essas crianças se tornam adolescentes e adultos 12-16. Recomendações De acordo com a legislação brasileira, a prática de maustratos contra animais é crime e, para que seja investigada, deve ser relatada a uma autoridade policial, que tem obrigação legal de investigar a denúncia. Ações de educação devem ser efetuadas para que a população conheça a legislação, saiba a quem procurar e como proceder em casos de maus-tratos. É crucial que se esclareça o que é verdadeiro sobre os gatos, já que a ignorância é a base para justificar os maus-tratos cometidos contra esses animais e a omissão da população que não os denuncia 4,10,11,14. Há de se salientar que os maus-tratos podem ser evidenciados no exame físico do animal, pela reação dolorosa ao toque e mesmo por alterações de comportamento (medo, agressividade), o que pode ser corroborado pelas atitudes do responsável pelo animal perante as questões postas pelo clínico na anamnese, já que aquele, ou um membro da família, pode ser o agressor 28,36. Quando há óbito, é de fundamental importância que seja feito o exame necroscópico 37, porque nele podem ser averiguadas evidências de traumas, perfurações e intoxicações exógenas intencionais, entre outros. Quando a denúncia é feita em delegacia de polícia, o delegado encaminha o cadáver a instituições públicas para a realização do exame, com a colheita de material para análises laboratoriais.
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Considerações finais Denunciar atos de maus-tratos pode ser vital para o bemestar dos animais e das pessoas, já que essas situações tendem a ocorrer em lares violentos e podem estar correlacionadas a maus-tratos contra outros membros da família. Além disso, as crianças que crescem testemunhando atos de crueldade tendem a desenvolver traumas e distúrbios que podem levar ao desenvolvimento de personalidade antissocial, o que pode acarretar crimes contra pessoas. A sociedade apresenta baixa tolerância a maus-tratos contra animais, o que pode ser comprovado pela demanda por alterações em leis que abarquem crimes contra animais, bem como pela criação e funcionamento de delegacias especializadas em maustratos contra animais. Entretanto, por fruto de informações errôneas sobre os gatos, e por causa do desconhecimento e do não cumprimento das leis, além de atitudes de indivíduos que apresentam aversão à espécie, o gato é um animal de eleição a uma ampla gama de atos cruéis, que variam desde intoxicações exógenas intencionais a traumatismos. Por fim, é necessário que se realizem mais pesquisas sobre o assunto no Brasil, porque há escassez de dados sobre crueldade contra animais baseados em pesquisa acadêmica. Referências
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Avaliação ultrassonográfica abdominal modo-B em cães e gatos filhotes – revisão de literatura Abdominal B-mode sonographic evaluation in puppies and kittens – literature review Evaluación ecográfica del abdomen en modo B en cachorros y gatos jóvenes – revisión de la literatura Clínica Veterinária, n. 95, p. 80-86, 2011 Karen Maciel Zardo MV, residente FMVZ/Unesp-Botucatu kmz@bol.com.br
Débora Rodrigues dos Santos MV, residente FMVZ/Unesp-Botucatu
debora_rsan@hotmail.com
Viviam Rocco Babicsak MV, mestranda FMVZ/Unesp-Botucatu
viviam.babicsak@gmail.com
Maria Jaqueline Mamprim MV, profa. adj. dra. FMVZ/Unesp-Botucatu
jaquelinem@fmvz.unesp.br
Resumo: Na medicina veterinária, geralmente o mesmo profissional trata dos animais desde o nascimento até a idade geriátrica, ao contrário da medicina humana. Portanto, é imprescindível que os médicos veterinários conheçam os valores de normalidade dos exames de imagem, bioquímicos, hematológicos e físicos dos filhotes, que diferem significativamente dos adultos de mesma espécie. A radiografia abdominal de filhotes apresenta imagens pouco definidas devido às diferenças de constituição tecidual em relação ao animal adulto; no entanto, os mesmos fatores são os responsáveis pela melhor qualidade de imagem ultrassonográfica. Porém a interpretação dos achados sonográficos modo-B em filhotes é difícil devido à falta de informações sobre os parâmetros normais nessa fase de vida. O objetivo do presente trabalho foi compilar informações da literatura sobre as particularidades do exame ultrassonográfico abdominal modo-B em filhotes de cães e gatos. Unitermos: medicina veterinária, pediatria, diagnóstico por imagem, abdômen Abstract: In veterinary medicine, the same clinician usually follows an animal from birth to old age, whereas in human medicine different specialists are required. It is therefore essential that veterinarians know the normal imaging, biochemical, hematological and physical exam values for younglings, which differ significantly from those of adults of the same species. Abdominal radiographies of young animals are poorly defined due to differences in tissue constitution in relation to adults. These same factors, however, substantially improve sonographic images of the region. Nonetheless, the interpretation of B-mode sonographic findings in puppies is difficult due to the lack of information about the normal parameters in this phase of life. The objective of this study was to compile information about peculiarities of abdominal B-mode ultrasonography in puppies and kittens. Keywords: veterinary medicine, pediatrics, diagnostic imaging, abdomen Resumen: Por lo general en la medicina veterinaria el profesional es el mismo desde el nacimiento hasta la edad geriátrica de los animales, a diferencia de la medicina humana. Por tanto, es importante que los veterinarios tengan conocimiento de los datos de normalidad de imágenes, valores de examenes hemotologicos, bioquimicos y de resultados del examen físico de los cachorros, que son significativamente diferentes de los de los adultos de la misma especie. La radiografia abdominal en animales jóvenes ofrece imágenes poco definidas, debido a las diferencias de constitución de tejidos en relación a un animal adulto; no obstante, son estos mismos factores los responsables de la mejor imagen ecográfica. Sin embargo, la interpretación de los hallazgos ecográficos en modo B de los cachorros es difícil debido a la falta de información sobre los parámetros normales en esta etapa de la vida. El objetivo de este estudio fue recopilar información de los estudios sobre las particularidades de la ecografía abdominal en modo B en cachorros y gatos jóvenes. Palabras clave: medicina veterinaria, pediatría, diagnóstico por imagen, abdomen
Introdução Cada vez mais os médicos veterinários estão sentindo a necessidade de obter conhecimentos adicionais sobre pediatria de pequenos animais 1, pois na medicina veterinária geralmente o mesmo profissional trata dos animais desde o 80
nascimento até a idade geriátrica. Na medicina humana existem especialidades distintas para pacientes nas diferentes fases da vida, tal como a neonatologia e a pediatria. Diante da falta de conhecimento específico, é imprescindível que os médicos veterinários conheçam os valores de normalidade dos
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exames bioquímicos, hematológicos, físicos e de imagem dos filhotes. Os parâmetros hemodinâmicos, as dosagens de medicamentos, os dados laboratoriais e de imagem diferem significativamente em comparação aos dos adultos de mesma espécie, desafiando o diagnóstico e a terapêutica de rotina 2,3,4,5. A escassez de gordura intrabdominal 5,6, associada a uma quantidade discretamente maior de fluido peritoneal 7 e uma porção maior de água corpórea total em pacientes pediátricos 8, dificulta a obtenção de muitas informações relevantes durante o exame radiográfico, visto que essas particularidades somadas resultam em uma radiopacidade homogênea da cavidade abdominal (Figura 1); entretanto, tais fatores influenciam positivamente a qualidade da imagem ultrassonográfica 6. Dentro desse contexto, a utilização da ultrassonografia como um método de diagnóstico complementar é de grande utilidade em filhotes, pois, além de fornecer dados úteis em um curto espaço de tempo, é um método não invasivo para a avaliação de tecidos moles e também de superfícies ósseas 6. A ultrassonografia é um método de diagnóstico por imagem não invasivo, utilizado para avaliação dinâmica de estruturas anatômicas, além de guiar biópsias e citologias com maior precisão 9. Tal técnica também possibilita a identificação de estruturas como corpos estranhos radioluscentes e radiopacos, além de avaliar órgãos dificilmente visibilizados radiograficamente, tais como as glândulas adrenais e as estruturas internas do olho 9,10. Além disso, o exame ultrassonográfico nas primeiras fases da vida é de extremo valor, principalmente porque não necessita anestesia ou sedação para ser realizado. A ultrassonografia também possui limitações que geralmente são decorrentes da formação de artefatos na imagem e por vezes não fornece diagnóstico conclusivo em certas doenças como, por exemplo, na diferenciação entre processos inflamatórios, infecciosos, neoplásicos e degenerativos hepáticos 10. O exame radiográfico fornece informação sobre o tamanho, contorno e localização dos órgãos; já a ultrassonografia traz imagens sobre a arquitetura, a ecotextura, o tamanho, a localização e a dinâmica. Sabe-se que a ultrassonografia está amplamente difundida na rotina veterinária 9,10, porém a interpretação do exame abdominal em filhotes é mais complexa devido à falta de informações sobre os parâmetros
sonográficos normais nessa fase de vida 7,11. O objetivo do presente trabalho foi compilar informações da literatura sobre as particularidades do exame ultrassonográfico abdominal modo-B em filhotes de cães e gatos, com relação à técnica de exame e aos valores de referência nessa fase de desenvolvimento. Ultrassonografia abdominal pediátrica A aquisição de equipamentos especiais para ultrassonografia pediátrica geralmente não é necessária. Os filhotes são mais bem avaliados usando transdutor convexo ou microlinear com uma frequência alta (6 a 10MHz, dependendo do tamanho do filhote), que melhora a qualidade e também permite a avaliação de estruturas anatômicas menores e mais superficiais 6,11. O paciente pode ser posicionado em decúbito dorsal ou lateral (Figura 2). Pode-se utilizar uma calha de espuma para auxiliar o posicionamento ou simplesmente realizar contenção manual. A sedação é raramente necessária, a não ser que haja dor abdominal intensa. Recomenda-se que o filhote se acostume com a contenção antes de iniciar a tricotomia e o exame, minimizando a aerofagia e a inquietação do animal. Alguns pacientes pediátricos têm pelagem ventral escassa e não necessitam de tricotomia, porém o uso de gel é importante para um melhor acoplamento acústico 5,6. Deve-se tomar cuidado para evitar o frio excessivo dos pacientes pediátricos, principalmente após a aplicação de líquidos em temperatura ambiente. Dispositivos de aquecimento elétrico tais como mantas de água quente podem causar interferência eletrônica no equipamento de ultrassom, sendo mais indicadas garrafas de água quente ou seus equivalentes 12. A utilização de gel aquecido aumenta o conforto durante a realização do exame. O preparo do filhote para o exame ultrassonográfico pode ser similar ao dos animais adultos, ou seja, administrando antifiséticos (três vezes ao dia, vinte e quatro horas antes do procedimento) e não o deixando urinar imediatamente antes do exame 6,11. Contudo, o jejum deve ser recomendado com cautela em filhotes 6, principalmente devido ao risco de causar hipoglicemia e desidratação 2. Um estudo com crianças demonstrou que o jejum não foi fundamental para a obtenção de imagens ultrassonográficas abdominais de qualidade 13 e que, portanto, poderia ser recomendado somente nos casos em que o exame sem jejum fosse inconclusivo, tornando-se essa prática uma exceção e não uma regra 14. Serviço de Diagnóstico por ImagemFMVZ/Unesp-Botucatu
Serviço de Diagnóstico por Imagem - FMVZ/Unesp-Botucatu
Figura 1 - Radiografia abdominal de um canino filhote de dois meses sem raça definida
Figura 2 - Fotografia demonstrando o posicionamento de um canino filhote de um mês, sem raça definida, para avaliação ultrassonográfica
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Independentemente da história clínica, o abdômen do filhote deve ser avaliado metodicamente de forma completa, abordando fígado, vesícula biliar, estômago, alças intestinais, pâncreas, linfonodos, rins, adrenais, bexiga e baço 6. Uma técnica recomendada é colocar o filhote em decúbito dorsal, posicionar o transdutor na região do xifóide do animal, com o feixe no plano sagital para visualização do fígado, que deve ser avaliado inclinando-se o feixe da direita para a esquerda. Geralmente o lobo esquerdo hepático é visibilizado cranioventralmente ao estômago 6. Eventualmente o lobo esquerdo é visibilizado caudal ao estômago 6, sugerindo que o fígado de filhotes possa ser comparativamente maior que o dos adultos, visto que esse achado sugere hepatomegalia em animais adultos. Na sequência, nesta mesma janela deve-se girar o feixe para o plano transversal para melhor avaliação das bordas hepáticas, da ecogenicidade do parênquima e da arquitetura portal. Os vasos portais possuem paredes ecogênicas. A ecotextura hepática de filhotes caninos e felinos apresentou menor granulação em relação à dos adultos da mesma espécie, embora a sua ecogenicidade seja semelhante 11 (Figura 3). Vale ressaltar que a avaliação sonográfica hepática é uma das aplicações mais frequentes em pequenos animais 15. Sua importância reside no fato de que as alterações sonográficas que caracterizam uma hepatopatia, mesmo inespecíficas como alterações de ecogenicidade e de ecotextura, precedem as alterações enzimáticas do exame laboratorial 15, sendo uma ferramenta de grande utilidade para auxiliar no diagnóstico de doenças hepáticas e na monitorização de terapias instituídas. A vesícula biliar é visibilizada à direita, posicionando-se o transdutor na região xifóide do animal, em plano sagital 6. A parede da vesícula biliar dos filhotes de cães e gatos apresenta menor espessura em relação à dos adultos de mesma espécie. A literatura relata 1,2 ± 0,07mm para filhotes caninos e 0,52 ± 0,007mm para filhotes felinos 11. Para a avaliação do estômago, deve-se posicionar o transdutor nos planos longitudinal e transversal a partir da região abdominal cranial. Com um movimento em leque da esquerda para a direita, visibiliza-se o fungo gástrico, o corpo e o antro piloro. O trato gastrintestinal é característico pela estratificação de camadas, sendo, da mais interna para a mais externa: superfície mucosa (hiperecogênica), mucosa (hipoecogênica), submucosa (hiperecogênica), muscular própria (hipoecogênica) e subserosa-serora (hiperecogênica) 9. Um estudo com vinte e três filhotes caninos da raça beagle demonstrou que a espessura da parede gástrica e duodenal apresentou um aumento estatisticamente significativo em função da idade e do peso desses animais 7. A espessura total da parede do estômago em filhotes caninos de até três meses pode variar de 2,2 a 3,7mm, com média de 2,7mm 7. Não foram encontrados valores de referência da parede gástrica em filhotes felinos. Retorna-se o transdutor para o plano sagital e à esquerda, passando do estômago para o baço, cuja margem, parênquima e forma devem ser avaliados, tanto no plano sagital como transversal 6. Não houve diferença relevante por meio de observação subjetiva quanto à ecotextura e ecogenicidade do baço entre animais (cães e gatos) adultos e filhotes de mesma espécie 11. Sabe-se que, em animais adultos, o baço apresenta ecotextura homogênea, finamente granular e mais densa do que o fígado, sendo hiperecogênico em relação ao 82
córtex renal e ao parênquima hepático e hipoecogênico em relação à gordura do seio renal 9,10, portanto, esses parâmetros também podem ser aplicados em animais filhotes. Na sequência do exame abdominal, avalia-se o rim esquerdo, nos planos sagital, dorsal e transversal, observando suas margens, a ecogenicidade da cortical e a arquitetura pélvica 6. Em um estudo com dez filhotes hígidos (cinco gatos e cinco cães), foi observado o sinal de margem medular (Figura 4) em metade dos gatos 11. O sinal de margem medular é uma banda ecogênica na região medular, paralela à junção corticomedular, que pode sugerir ou não anormalidade renal, já que esse achado foi observado tanto em doenças renais quanto em cães e gatos clinicamente normais, sendo necessária futura investigação para determinar as causas e o significado desse sinal 9. Nesse mesmo estudo, todos os filhotes de gatos apresentaram ecogenicidade da região cortical renal esquerda semelhante à do baço, fato que não foi observado nos cães filhotes 11 e que merece ser mais bem investigado, considerando um maior número de animais, visto que em gatos adultos saudáveis esse aumento de ecogenicidade cortical foi associado ao acúmulo de vacúolos de gordura 16, condição pouco provável em filhotes saudáveis. Com relação às dimensões renais, foram realizadas análises estatísticas (média, mediana, tendência linear e desvio padrão) com cinco filhotes caninos e cinco filhotes felinos, e foi constatado que os cães filhotes apresentavam o rim direito discretamente maior que o esquerdo e os gatos filhotes apresentavam o rim esquerdo discretamente maior que o direito, mantendo a proporção de 1:1 para a relação corticomedular 11. As dimensões médias, em plano sagital, encontradas por esse pesquisador em cães filhotes de até 8kg foram 5,46cm de comprimento por 2,67cm de largura no rim direito e 5,34cm por 2,5cm no rim esquerdo. Nos gatos filhotes, os valores encontrados foram 2,98cm de comprimento por 1,97cm de largura no rim direito e 3,09cm por 1,97cm no rim esquerdo 11. Sabe-se que os rins de cães e gatos adultos saudáveis são simétricos 16. A assimetria renal em cães e gatos filhotes observada em estudo anterior 11 pode ser decorrente da continuidade do desenvolvimento desse órgão após o nascimento e necessita ser mais bem investigada em um número maior de animais. Não foram encontrados na literatura valores de referência para a dimensão da pelve renal de filhotes de cães e gatos, sendo esse um parâmetro muito variável, que também gera controvérsias na medicina humana, o que dificulta comparações e análises estatísticas 17. A adrenal esquerda de filhotes de cães e gatos, similarmente à dos adultos, está localizada medial ao polo cranial do rim, cranial à artéria renal esquerda 6. Em cães e gatos adultos, ela é hipoecogênica em relação ao tecido adjacente e ocasionalmente podem-se distinguir as regiões cortical e medular 18. Foi visibilizada nos cães e gatos filhotes uma linha hiperecogênica no bordo da glândula adrenal, sendo seu parênquima difusamente hipoecogênico, sem distinção corticomedular 11. Não foram encontrados na literatura consultada valores de referência para as dimensões das glândulas adrenais de cães e gatos filhotes. Na sequência da avaliação abdominal, deve-se seguir caudalmente pela linha média para avaliação da parede e do conteúdo da bexiga urinária 6, que deve estar repleta para
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B
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Serviço de Diagnóstico por Imagem - FMVZ/Unesp-Botucatu
A
Figura 3 - Ultrassonografia do parênquima hepático de um filhote canino (A) e de um adulto canino (B) saudáveis, demonstrando a diferença de ecotextura e a semelhança na ecogenicidade. LL - líquido livre, VB - vesícula biliar, EST - estômago Serviço de Diagnóstico por Imagem - FMVZ/Unesp-Botucatu
Figura 4 - Imagem ultrassonográfica demonstrando o rim esquerdo em corte longitudinal de um filhote felino sem raça definida, de oito meses, apresentando sinal de margem medular (seta) Serviço de Diagnóstico por Imagem - FMVZ/Unesp-Botucatu
facilitar a avaliação, utilizando-se os planos longitudinal e transversal 19. O conteúdo vesical deve ser homogeneamente anecogênico. Quando a bexiga está repleta, as camadas da parede aparecem como duas finas linhas hiperecogênicas separadas por uma fina linha hipoecogênica, todas regulares 19. A bexiga urinária repleta pode apresentar formato de pera em cães filhotes e em gatos filhotes ela parece mais tubular, semelhante ao que ocorre em animais adultos dessas espécies 11. A média da espessura da parede da bexiga urinária repleta em filhotes de cães é de 1,35mm, e a de gatos, de 0,86mm, medidas menores em comparação com as descritas nos adultos dessas espécies 11. As junções ureterovesicais (pequenas protuberâncias na parede dorsocaudal do trígono vesical) podem ser visualizadas associadas aos jatos ecogênicos de urina em turbilhão dentro da bexiga. Os ureteres em condições normais encontram-se colabados e são visualizados somente se estiverem dilatados 6,9. Uma pequena quantidade de fluido peritoneal é um achado sonográfico normal em filhotes caninos, sendo mais facilmente localizada dorsocranialmente à bexiga 7 (Figura 5). Dorsalmente à bexiga, visualizam-se os grandes vasos (veia cava caudal e aorta). Os linfonodos sublombares estão localizados na bifurcação da aorta para as artérias ilíacas, adjacentes à parede da bexiga. Em plano longitudinal, caudalmente à bexiga urinária, em alguns casos pode-se visualizar a uretra e a próstata nos machos caninos, dependendo da distensão da bexiga 6,9. Sabe-se que a próstata aumenta de tamanho com a maturidade sexual e que ela se situa dentro da cavidade abdominal do nascimento até mais ou menos dois meses de idade, quando se move para a cavidade pélvica 9. Não foram encontradas na literatura informações sobre avaliação prostática em filhotes felinos. Na borda da parede torácica direita, na fossa renal do fígado, o rim direito é encontrado e avaliado da mesma forma que o rim esquerdo. Fazendo uma varredura sagital, a adrenal direita é visualizada entre o aspecto medial do polo cranial do rim direito e a veia cava caudal, sendo encontrada de lateral a dorsolateral a esta e cranial à artéria e à veia renal direita, na altura do décimo primeiro ou décimo segundo espaço intercostal, dependendo da conformação corporal 6,9. Em plano transversal, lateral ao rim direito, pode-se
Figura 5 - Imagem ultrassonográfica de corte longitudinal da bexiga de um filhote canino na qual se observa fluido peritoneal cranial a esse órgão
avaliar o duodeno 6. A espessura da parede do duodeno em filhotes caninos de até três meses de idade varia de 3,2 a 4,8mm, com média de 3,8mm e a espessura da parede jejunal varia de 1,2 a 3,4mm, com média de 2,5mm. Já a espessura
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da parede do cólon mede 0,7 a 2mm, com média de 1,3mm. A média da espessura da camada mucosa do duodeno é de 2,7 ± 0,5mm e a do jejuno mede 1,5 ± 0,4mm 7. Não foram encontradas informações sobre a espessura da parede intestinal em gatos filhotes. Na sequência do exame abdominal, o pâncreas deve ser avaliado. O exame ultrassonográfico, mesmo sendo o método de escolha para a avaliação pancreática na medicina veterinária, possui algumas limitações no que concerne à interferência de gases e ao conteúdo alimentar no trato gastrintestinal cranial, à qualidade do equipamento de ultrassom, à experiência do operador e à similaridade de ecogenicidade com o tecido adjacente 9. Sua localização é facilitada pela anatomia abdominal circundante, em vez da observação direta: o lobo direito do pâncreas é localizado dorsal ou dorsomedial ao duodeno descendente, à esquerda da veia porta e imediatamente ventral ao rim direito 6,9. O corpo do pâncreas pode ser visto caudal ao estômago e cranial à veia esplênica; o lobo esquerdo é encontrado dorsomedial ao baço (que pode agir como janela acústica), caudal à veia esplênica e medial ao polo cranial do rim esquerdo 6,9. Em animais jovens, sua ecogenicidade é um pouco menor que a gordura mesentérica e suas margens são discretamente mais definidas 11, o que pode favorecer sua visibilização. Mas, de acordo com estudo recente, a idade do cão não influenciou a identificação do pâncreas normal 20. Não foram
Figura 6 - Imagem ultrassonográfica de corte longitudinal do linfonodo jejunal de um canino sem raça definida, de seis meses. Comprimento de 17mm e espessura de 5mm
encontrados na literatura consultada valores de referência para as dimensões do pâncreas em cães e gatos filhotes. Retornando o transdutor ao plano transversal na linha média cranial do abdômen, os linfonodos mesentéricos são identificados adjacentes ao intestino delgado 6. Os linfonodos são estruturas ovais homogêneas e hipoecoicas. Em filhotes, o linfonodo jejunal (Figura 6) apresenta espessura
Estrutura
cão filhote
gato filhote
Parede da vesícula biliar
1,2 ± 0,07mm
Parede da bexiga
1,35mm de espessura (valores médios) 11
0,86mm de espessura (valores médios) 11
Parede do cólon
até três meses de idade: 0,7 a 2mm (média de 1,3mm) 7
valores de referência não encontrados
Parede do duodeno
até três meses de idade: 3,2 a 4,8mm (média de 3,8mm) 7 camada mucosa: 2,7 ± 0,5mm 7
valores de referência não encontrados
Parede do estômago
até três meses de idade: 2,2 a 3,7mm (média de 2,7mm) 7
valores de referência não encontrados
Parede do jejuno
até três meses de idade: 1,2 a 3,4mm (média de 2,5mm) camada mucosa: 1,5 ± 0,4mm
valores de referência não encontrados
Linfonodo jejunal
7,1 ± 2,2mm de espessura 7 8,2mm de espessura e 14,7mm de largura (valores médios) 21
valores de referência não encontrados
Rim (valores médios)
filhotes até 8kg 11: ecogenicidade da região cortical renal esquerda rim direito discretamente maior que o esquerdo semelhante à do baço 11 rim direito 11: rim esquerdo discretamente maior que o direito 11 5,46cm de comp. x 2,67cm de largura rim direito: 2,98cm de comp. x 1,97cm de largura rim esquerdo 11: rim esquerdo: 3,09cm de comp. x 1,97cm de 5,34cm de comp. x 2,5cm de largura largura 11
11
0,52 ± 0,007mm 11
Parênquima hepático
menor granulação em relação ao adulto da mesma espécie, embora a sua ecogenicidade seja semelhante 11
Parênquima esplênico
não observada diferença entre ecotextura e ecogenicidade de adultos e filhotes da mesma espécie 11
Glândula adrenal Pâncreas
linha hiperecogênica no bordo da glândula parênquima hipoecogênico difusamente, sem distinção corticomedular 11 ecogenicidade pouco menor que a gordura mesentérica e margens discretamente mais definidas que as dos adultos de mesma espécie 11
Figura 7 - Valores de referência e avaliação subjetiva dos parâmetros ultrassonográficos em filhotes de cães e gatos
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média de 7,1 ± 2,2mm 7. Porém, foi relatado que, em cães filhotes, uma medida de 8,2mm de espessura e 14,7mm de largura pode representar dimensões normais de linfonodos jejunais. O fato de se visualizarem linfonodos maiores em cães jovens saudáveis pode ser explicado por uma maior atividade imunológica nessa faixa etária 21. Para uma consulta rápida, todos os valores de referência relativos a filhotes de cães e gatos obtidos por esta revisão de literatura foram consolidados na figura 7. Considerações finais Diante das diferenças dos parâmetros de normalidade das imagens sonográficas abdominais modo-B entre cães e gatos filhotes e adultos e também da escassez dessas informações na literatura, o médico veterinário deve estar atento e se manter atualizado acerca de estudos que apontem tais diferenças, evitando interpretações equivocadas dos exames complementares e, em consequência, minimizando o desafio na terapêutica de pacientes nessa fase de vida. Alguns valores sonográficos de referência para filhotes necessitam ser mais investigados, considerando um maior número de amostras, especificidade racial e peso. Referências
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Evitando erros na interpretação da radiologia torácica: dez passos para melhorar sua acurácia diagnóstica Avoiding errors in thoracic radiology interpretation: ten steps to improve your diagnostic accuracy Cómo evitar errores en la interpretación de la radiología torácica: diez pasos para mejorar su precisión diagnóstica Clínica Veterinária, n. 95, p. 86-96, 2011 Tilde Rodrigues Froes MV, profa. adj. III DMV/UFPR
froestilde@gmail.com
Raquel de Souza Lemos MV, mestranda PPGCV/UFPR
raquel_ufpr@yahoo.com.br
Andressa Cristina de Souza MV, mestranda PPGCV/UFPR
andressact.vet@gmail.com
Wilfried Maï
MV, prof. PhD DipACRV, Dip ECVDI SVM - University of Pennsylvania wmai@vet.upenn.edu
Resumo: O exame radiográfico torácico pode ser um desafio para os radiologistas veterinários, principalmente os iniciantes. Muitas são as armadilhas que podem ocorrer durante a interpretação dos exames radiográficos dessa região em cães e gatos e com isso a apreensão de não se perceber uma lesão é frequente na prática clinicorradiográfica. Ressalta-se, portanto, a importância do conhecimento dos fatores que podem gerar dificuldades de interpretação como: posicionamento inadequado, influência da técnica utilizada, preparo e processamento do filme radiográfico, conhecimento das variações de idade, raça, espécie e da característica física do paciente, bem como os efeitos de somação. Nesse artigo objetivamos discutir, em forma de tópicos, os fatores que podem influenciar ou dificultar a boa interpretação de filmes radiográficos torácicos em pequenos animais. Unitermos: cães, gatos, tórax, radiografia, armadilhas Abstract: Thoracic radiographics can be a challenge for veterinary radiologists, especially for beginners. Many misunderstandings can occur during the interpretation of the thorax radiographic exam of dogs and cats, which leads to apprehension about missing a lesion. It is therefore important to know which factors may cause interpretation difficulties, such as improper positioning, influence of the used technique, addition effects, preparation and processing of the radiographic film, knowledge about age-related variations, as well as those related to breed, species and physical properties of the patient. In this paper we aim to discuss topics such as the factors and difficulties that can influence the correct interpretation of thoracic radiographics of small animals. Keywords: dog, cat, thorax, radiography, pitfalls Resumen: El examen radiográfico del tórax puede representar un desafío para los radiólogos veterinarios, más aún para aquellos que están comenzando en la especialidad. El médico actuante puede encontrar situaciones confusas durante la interpretación de las radiografías de esa región en perros y gatos, y de esa forma poder no llegar a identificar algunas lesiones en la práctica clínica y radiográfica. Por consiguiente, debe ser destacada la importancia de conocer los factores que pueden causar dificultades de interpretación, como por ejemplo: el posicionamiento inadecuado, la técnica utilizada, la preparación y procesamiento de la película radiográfica, el conocimiento de las variaciones de edad, raza, especie y características físicas del paciente, así como los efectos de la suma de los factores antes nombrados. En este artículo el objetivo es analizar, a través de tópicos, los factores que pueden influir o dificultar la correcta interpretación de las radiografías de tórax de pequeños animales. Palabras clave: perros, gatos, tórax, radiografía, confusiones
Introdução O exame radiográfico torácico é um dos exames complementares de imagem mais utilizados na clínica de animais de companhia, mesmo após a introdução e a disponibilidade de outras modalidades 1. É uma técnica complementar ao exame físico na busca de um estreitamento para um diagnóstico definitivo 1,2. O observador deve ter conhecimento 86
das possíveis falhas e armadilhas que podem ocorrer durante a interpretação de um filme radiográfico torácico, a fim de evitar erros diagnósticos 3,4. Gostaríamos de expor em forma de tópicos, de maneira lógica, racional e coerente, dicas para realizar adequadamente essa interpretação, evidenciando as armadilhas que provocam dificuldades 3 e tentando, assim, mostrar como
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evitá-las e como reduzir as possíveis falhas nesse método diagnóstico 3. Use os conhecimentos técnicos para obter filmes de alta qualidade O primeiro passo para se fazer um bom exame radiográfico torácico é obter filmes de boa qualidade técnica 2-4. Um filme radiográfico que apresenta falhas técnicas gera mudanças na aparência radiográfica esperada, imitando ou mascarando doenças 2-4. Geralmente esse é um dos fatores que mais gera dúvidas em um diagnóstico 3. Quando não for possível uma técnica adequada, principalmente no exame radiográfico torácico 1, deve-se ponderar se vale mesmo a pena realizá-lo 5-7. É preferível não ter um exame torácico radiográfico a ter um exame de má qualidade que possa gerar incertezas diagnósticas 3. Para a execução técnica de um filme radiográfico torácico, deve-se ter em mente que o tórax é uma região que apresenta um alto contraste natural, em decorrência do preenchimento dos pulmões pelo ar 8; então, para que as pequenas estruturas de opacidade de tecidos sejam visibilizadas, objetiva-se ampliar a gama de escalas de cinza compreendidas no filme, o que permitirá uma melhor identificação de
Tilde Rodrigues Froes
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estruturas como vasos, brônquios, interstícios e pequenos nódulos 2. Para isso, uma técnica de baixo contraste é necessária e indicada. Utilizando-se uma configuração de alto kVp (maior que 80-90 kVp), diminui-se o contraste e a dispersão crescente e, consequentemente, há uma redução do valor relativo de mAs (miliamperagem por segundo); portanto, reduz-se também o tempo de exposição dos raios X e, consequentemente, os artefatos de movimentação que usualmente geram um borrão no filme 3. Importante salientar que todos os exames radiográficos necessitam de pelo menos duas projeções ortogonais, porém, para a radiologia torácica, a terceira projeção também é importante, aumentando a acurácia do exame (Figuras 1 e 2) 1,9,10. Em determinadas situações em que uma única projeção radiográfica dorsoventral é executada, principalmente em decorrência das condições clínicas do paciente, como, por exemplo, em animais dispneicos, politraumatizados, invariavelmente as lesões podem ser perdidas ou mal interpretadas 3. O radiologista precisa estar ciente dos erros que podem ocorrer nessas circunstâncias e, ao mesmo tempo, deve ponderar em que circunstâncias o exame é necessário, lembrando que a vida do paciente sempre está em primeiro lugar 3. Agora, se a razão de se realizar apenas um filme radiográfico for unicamente o custo, deve-se notar que isso é completamente contraindicado e que o mau diagnóstico está por conta realmente de quem o executa 3,7.
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B Figura 1 - Exames radiográficos laterais direito (A) e esquerdo (B) de um cão. Note que o nódulo pulmonar é identificado apenas na projeção lateral esquerda (B), ressaltando a importância das duas projeções laterais
Figura 2 - Projeção ventrodorsal confirmando a presença de nódulo observado na projeção lateral esquerda (1B)
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Os filmes radiográficos ideais são obtidos no final da inspiração 2. A fase inspiratória da respiração é confirmada pela posição do recesso lobodiagrafmático na projeção lateral, que se apresenta na altura de T12, e pela posição da cúpula diafragmática na projeção ventrodorsal (VD), posicionada na altura de T8 3. Deve-se promover um posicionamento adequado 2.
brônquios pulmonares, simulando aumento do átrio esquerdo e linfonodomegalia peri-hilar 2,3. A ausência de rotação na projeção VD e DV também deve ser confirmada pela visibilização da perfeita sobreposição da coluna e do esterno, sendo que, na projeção lateral, a ausência de rotação é confirmada pela sobreposição das raízes dos pares de costelas correspondentes 2. Mais uma vez lembramos que o artefato de rotação na projeção lateral leva principalmente a falsos diagnósticos de aumento da silhueta cardíaca e que, juntando-se a rotação com um filme feito em fase expiratória, há maior chance de ocorrer esse tipo de erro diagnóstico 4. Tais fatos podem ser evitados repetindo-se o exame de maneira apropriada, tracionando e separando o membro torácico adequadamente para evitar rotação, e tentando imagens na fase inspiratória da respiração 3,8. A falha ao tracionar os membros torácicos cranialmente é bem comum durante a manobra de posicionamento (Figura 4). Isso resulta na superimposição dos músculos da escápula e do tríceps na região torácica cranioventral, aumentando a radiopacidade dos lobos pulmonares craniais, mimetizando massa em mediastino cranial ou mascarando um aumento de linfonodo esternal durante uma pesquisa de metástase pulmonar 2,8. Os efeitos de sedação também podem gerar sinais radiográficos que simulem doenças pulmonares e desvios mediastinais. Quando o animal está anestesiado em decúbito, a atelectasia pulmonar ocorre muito rapidamente nas porções pulmonares dependentes, e o padrão radiográfico observado nessas circunstâncias é o intersticial ou o alveolar, que não deve ser confundido com doença 7,8.
Entenda como fazer um bom posicionamento O posicionamento radiográfico parece ser uma coisa muito simples; todavia, leves rotações, o grau de extensão do pescoço e outros artefatos podem provocar imperfeições na imagem e causar confusões diagnósticas 10,11. O pescoço flexionado de um cão no posicionamento lateral torácico usualmente leva a uma falsa imagem de desvio da traqueia, que tende a se curvar na região do mediastino cranial 2,12. Um deslocamento de traqueia cranial ao coração, na projeção lateral, não deve ser confundido com massa em mediastino cranial. Para ajudar na exclusão da massa, verifica-se que a borda ventral do mediastino cranial não deve estar arredondada e não se confirma o aumento do mediastino na projeção VD ou dorsoventral (DV) 11,12. Quando a região cervical estiver incluída no filme radiográfico, a ventroflexão do pescoço é aparente. Se a dúvida persistir, deve-se voltar a radiografar o paciente com o pescoço estendido 3. Nem sempre é fácil um perfeito posicionamento nas projeções VD e DV, sendo comum algum grau de rotação, o que pode induzir um desvio mediastinal “posicional”, prejudicando em particular a avaliação da silhueta cardíaca, mimetizando cardiomegalia direita ou esquerda (Figura 3) 13,14. Pode-se também verificar assimetria da opacidade entre os pulmões direito e esquerdo, que não deve ser mal interpretada como doença pulmonar 11. Nesses casos, geralmente o aspecto das projeções laterais está dentro da normalidade, portanto, confirma-se a rotação da DV/VD reavaliando o filme com mais cuidado 2,14. Já nas projeções laterais, as rotações causam a impressão de elevações dorsais da traqueia intratorácica e de uma aparente divisão nas regiões dos
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Analise a qualidade técnica dos filmes obtidos A análise do grau de exposição radiográfica aos feixes de raios X também é importante, sendo que, quando correta, na projeção lateral os espaços intervertebrais devem ser visíveis na porção torácica caudal, entretanto, essa visibilização deve ser insuficiente na porção torácica cranial 10,14. Na projeção
A
B
Figura 3 - Exame radiográfico do tórax de um cão, projeção VD. Note, em A, o efeito da rotação do posicionamento, influenciando o tamanho e a análise da silhueta cardíaca
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Figura 4 - Exame radiográfico torácico de um cão, projeção lateral, com vários artefatos que podem gerar viés de interpretação. Membro torácico sobreposto à porção cranial torácica (seta), rotacão do filme (círculo), animal da raça teckel com traqueia subjetivamente maior – falso aumento cardíaco
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VD ou DV, os espaços intervertebrais devem ser visíveis cranial e caudalmente, exceto na porção de sobreposição da silhueta cardíaca 2. A subexposição – uma exposição insuficiente dos raios X – torna a área torácica difusamente mais opaca que o normal, afetando principalmente a definição da opacidade pulmonar (Figura 5) 10,14. Nessas circunstâncias, o leitor tende a classificar a aparência pulmonar como tendo um “padrão intersticial difuso”, o que gera diagnósticos equivocados, levando a uma superinterpretação de doenças como pneumonia intersticial e edema intersticial 8. Sempre que tais alterações sejam detectadas e antes de confirmá-las, é importante verificar se não existe falha técnica, para posteriormente classificar realmente a presença da alteração; dessa forma evitam-se tais erros 1,8. Outra forma de confirmar tal alteração é tendo certeza de que a opacificação intersticial está ou não visível nas três projeções, pois se os pulmões se apresentam mais opacos somente nas projeções laterais, e não nas VD ou DV,
deve-se suspeitar de erro técnico 3. A superexposição, um problema menos comum, é reconhecida quando se identifica uma redução difusa da opacidade torácica (Figura 6) 8,10. Os pulmões aparecem “muito escuros”, o que dificulta a visualização dos vasos que usualmente marcam a área pulmonar. A superexposição pode levar a falsos diagnósticos de pneumotórax e hipovolemia 8. Esses erros são mais comuns quando se trata de animais caquéticos e magros, que apresentam pouca gordura relativa intratorácica, e podem ser evitados reduzindo-se a exposição radiográfica nesses casos 2.
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Figura 5 - Exame radiográfico torácico de um cão, projeção lateral. A subexposição dificulta a interpretação e a análise, principalmente dos campos pulmonares, gerando uma interpretação falso-positiva
Conheça as variações entre espécies e raças É interessante que, apesar de os pacientes serem todos animais, existe uma grande variação na anatomia de diferentes raças de cães e de gatos. Essas diferenças, quando não bem conhecidas, podem induzir o leitor a determinar uma alteração radiográfica potencialmente enganosa 2,10,14. Os cães condrodistróficos, especificamente os da raça basset hound, são um desafio para o radiologista, pois têm um formato característico de costela 2. Nessas raças, as costelas são acentuadamente curvas e convexas na porção dorsal, depois se tornam côncavas na altura das junções costocondrais e em seguida tornam-se novamente convexas 2,3. Na projeção VD, a parte côncava fica projetada para dentro da parede do tórax e isso cria bandas opacas adicionais sobrepostas às bordas laterais dos campos pulmonares, que podem ser confundidas com efusão pleural 2. Essa posição da costela também dificulta a análise do coração 2,3,15 (Figuras 7 e 8). O coração é uma das estruturas cuja análise radiográfica sofre mais interferência devido às diferentes conformações torácicas 10,14,15. Ou seja, quando se está avaliando a silhueta cardíaca no exame radiográfico, um dos primeiros pontos a ser pesquisado é a raça do animal 15. Nos cães, a conformação torácica é dividida em três tipos: tórax estreito e profundo, tórax raso e largo, e tórax de padrão intermediário 10,14,15. Tilde Rodrigues Froes
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Figura 6 - Exame radiográfico torácico de um cão, projeção lateral. A superexposição dificulta a interpretação e a análise, principalmente dos campos pulmonares, gerando uma interpretação falso-negativa
Figura 7 - Exame radiográfico torácico, projeção lateral, de cão da raça basset hound. Note a característica de arco costal e o posicionamento das costelas (seta vermelha), e a traqueia desviada dorsalmente e de maior diâmetro (seta amarela) – característico dessa raça
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Figura 8 - Exame radiográfico torácico, projeção VD, de cão da raça basset hound. Note a característica de arco costal e o posicionamento das costelas (setas vermelhas), e a traqueia desviada (seta amarela) e de maior diâmetro – característico dessa raça
Em cães de tórax estreito e profundo (das raças doberman, collie e whippet), a silhueta cardíaca é longa, portanto, na projeção DV/VD, o coração desses animais é visibilizado em formato pequeno e oval, quando comparado ao de outras raças 10,14. Em cães de tórax raso e largo (Boston terriers, buldogues), na projeção lateral o coração é mais curto e arredondado, e apresenta maior inclinação relativa à coluna, sendo que sua borda muitas vezes entra em contato com o esterno 2,10,14. Quando se trata dessas raças, na projeção VD/DV o contorno dos ventrículos também se apresenta mais arredondado, devido à pequena distância entre a cúpula diafragmática e a entrada torácica, ou seja, o coração fica oblíquo e o ápice é desviado para a esquerda da linha média 2 . Para um interpretador inexperiente, essas peculiaridades dificultam estabelecer a presença ou a ausência de cardiomegalia, prejudicando o diagnóstico 3. No greyhound, o coração pode aparecer aumentado em comparação com o de outros cães com tórax de mesma conformação. Este é um achado normal para essa raça e também não deve ser interpretado como cardiomegalia 2,15. Já os cães da raça cocker spaniel, apesar da conformação torácica intermediária, apresentam um coração mais redondo e maior contato sobre o esterno em projeção lateral, o que também dificulta a análise radiográfica cardíaca 15. Os cães da raça teckel apresentam a traqueia muito grande em comparação com os de tamanho corpóreo similar, o que 90
Figura 9 - Exame radiográfico torácico, projeção VD, de cão SRD. Note a massa circular de radiopacidade de tecidos moles em hemitórax direito (seta), a confirmação da localização intratorácica após a exclusão de mamas externas (com massas), marcadas por meio de contraste radiopaco
também dificulta a interpretação da silhueta cardíaca, já que a borda dorsal (pelo seu maior tamanho) perde a angulação de 30° com a coluna 2 (Figura 4). Os buldogues geralmente apresentam uma grande quantidade de depósito de gordura no mediastino cranial, imitando um alargamento mediastinal na projeção VD, que não deve ser mal interpretado como massa mediastinal 2. Nos gatos, o músculo psoas menor origina-se da margem ventral das duas últimas vértebras torácicas, não devendo a identificação da radiopacidade de tecidos moles dessa borda ser mal interpretada como efusão 3,15. Cuide dos possíveis artefatos da anatomia torácica Um problema comum encontrado frequentemente na rotina de exames torácicos para pesquisa de metástases é confundir nódulos cutâneos, subcutâneos ou mamilos com nódulos pulmonares 2,3. Os mamilos, especialmente em fêmeas não castradas, são muitas vezes responsáveis por opacificações circulares sobrepostas à região pulmonar 2,3. Como então diferenciá-las de nódulos metastáticos? Primeiramente, verificando a distribuição dessas opacificações nodulares que, quando se referem a mamas ou bicos, são regularmente espaçadas, bilaterais e simétricas à coluna vertebral 1,3. Agora, quando as mamas estão tomadas por massas e perdem a forma, o diagnóstico diferencial pode se dificultar. Para resolver tal problema, vale a pena pintar as massas externas com meio de contraste radiográfico, usualmente sulfato de bário, permitindo assim diferenciar a massa externa da intratorácica 3 (Figura 9). As projeções ortogonais também
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Figura 10 - Exame radiográfico torácico, projeção lateral, de cão SRD. Note a sobreposição dos músculos cervicais – radiopacidade de tecidos moles, reduzindo falsamente o lúmen da traqueia
podem auxiliar essa diferenciação, pois muitas vezes a imagem de um nódulo extratorácico, nessas circunstâncias, é projetada para fora do campo pulmonar 1. Destaca-se que o radiologista deve sempre frequentar a sala de técnica de exame para palpar o paciente e identificar massas, o que ajuda a decidir se o nódulo é externo ou não 3. O efeito de somação da imagem radiográfica pode ser responsável pela sobreposição de imagens sobre o campo pulmonar a ser analisado. Exemplos disso são fraturas antigas de costelas, mineralizações e degenerações das articulações costocondrais 3,10. Para evitar tais erros, durante a leitura dos filmes todas as costelas devem ser identificadas e avaliadas 3,10 . As lesões expansivas e líticas das costelas também podem mimetizar lesões pulmonares cavitárias pulmonares, o que torna imprescindível a leitura atenta de lesões como essas, para impedir equívocos diagnósticos 2. Ainda uma “pegadinha”: nas projeções laterais do tórax (especialmente em decúbito direito), nota-se uma imagem nodular bem definida de radiopacidade de tecidos moles de aproximadamente 1cm de diâmetro, localizada no lobo médio direito e ventral a carina; essa imagem eventualmente visibilizada representa na verdade a porção final de uma artéria pulmonar, podendo simular linfonodomegalia. Entretanto, quando verdadeiramente aumentado, o linfonodo apresenta radiograficamente um “efeito de massa”, com contornos irregulares e delimitados 3. Os cortes transversais dos vasos pulmonares também podem simular nódulos verdadeiros. Distinguem-se os vasos de nódulos de quatro maneiras: pelo grau relativo de maior radiopacidade correspondente ao seu tamanho; por serem perfeitamente circulares; por se tornarem menores quanto mais periférica seja a sua localização; e, por fim, a formação da imagem dos vasos sempre corresponde à imagem dos vasos em cortes longitudinais 2. As confusões anatômicas ainda podem ocorrer na definição do diâmetro da traqueia, quando a imagem de pseudocolapso pode ser visibilizada na junção cervicotorácica 92
em alguns cães 2,3. Todavia, esse achado é na verdade a sobreposição dos músculos cervicais (músculo esternoióide e músculo esternotireóideo) do esôfago (Figura 10) 3. Ao analisar com mais cuidado a imagem, identifica-se a borda dorsal “real” da traqueia sobreposta à área de opacidade de tecidos moles correspondentes às estruturas supracitadas 2. Falsas imagens de pneumotórax podem ser produzidas tanto na projeção VD/DV como na projeção lateral pelas dobras cutâneas da axila 2,7,10. Para se confirmar o artefato, analisa-se o filme com maior atenção ou sob maior luminosidade, confirmando-se a presença das marcações vasculares pulmonares na porção em que a radiopacidade relativa está reduzida e comprovando-se assim a ausência de pneumotórax 16. A fase do ciclo cardíaco não influencia muito o seu tamanho e forma nas radiografias 10. As mudanças entre a sístole e a diástole são mais bem visibilizadas em cães maiores em filmes com tempo curto de exposição e em animais bradicárdicos 10. Esses fatores na verdade aumentam a chance de o coração se apresentar na diástole ou no final da sístole 10. Na diástole o coração estaria maior, e na sístole, apresenta um ápice magro e ampla base 10. Tais alterações são identificadas com maior facilidade nas projeções VD ou DV 10. O que mais pode confundir é quando a imagem é produzida com o coração no final da sístole, o que pode dar a impressão de que há um alargamento biatrial e levar erroneamente a um diagnóstico sugestivo de insuficiência mitral e tricúspide 2,3. Lembre-se das diferenças entre idades Os filhotes usualmente apresentam pulmão com padrão intersticial difuso, devido ao maior teor de água no parênquima pulmonar intersticial desses pacientes 1. Desse modo, ao se identificar um padrão intersticial pulmonar, este não deve ser confundido com doenças como pneumonia intersticial, que podem ser diagnosticadas em cães com cinomose 8. Também em animais jovens, o timo é visível radiograficamente, especialmente na projeção VD ou DV, como uma estrutura triangular em forma de vela na reflexão cranioventral do mediastino 12. Nos animais mais velhos, observa-se o aumento da opacificação radiográfica pulmonar em sua porção intersticial e brônquica, devido à presença de infiltrado intersticial pulmonar ou em decorrência da mineralização brônquica que ocorre em gatos e cães idosos; portanto, o envelhecimento gera tais aumentos de radiopacidade que nem sempre são considerados como enfermidade e, principalmente, não devem ser confundidos com bronquite 2,8. O timo vestigial pode ser visualizado em animais mais velhos como uma dobra fina de opacidade de tecidos moles que se prolonga caudolateralmente à esquerda do mediastino cranial 12. Vale ressaltar que na projeção lateral, o timo de gatos e cães leva um aumento da radiopacidade do mediastino cranioventral (efeito massa ausente), não devendo também ser confundido com derrame focal ou doença pulmonar focal, como a pneumonia 3. Ainda em cães idosos, há ocorrência de osteomas pulmonares, nódulos pequenos e opacos medindo usualmente um a quatro milímetros de diâmetro que se apresentam
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Figura 11 - Foto ampliada de exame radiográfico torácico, projeção lateral, de um cão de grande porte. Note a presença de pontos radiopacos dispersos pelo parênquima de até 0,4mm de diâmetro – osteomas (círculos)
sobrepostos ao campo pulmonar 2. Tais nódulos também podem ser denominados nódulos de osso heterotópico ou nódulos de ossificação 2 (Figura 11). São lesões benignas que não devem ser confundidas com nódulos pulmonares verdadeiros; essa diferenciação é feita pelo grau de opacificação dessa estrutura, pelo seu tamanho e pelo seu contorno regular e bem definido 3. O principal diagnóstico diferencial são as metástases que, quando visíveis, são maiores, apresentam contornos menos definidos e não são tão radiopacas 3. Vale ressaltar que, como os osteomas são mineralizados, apresentam-se mais radiopacos do que os vasos pulmonares adjacentes visibilizados em cortes transversais 3. As placas pleurais calcificadas também podem criar opacidades similares 3. Não se deve esquecer do gato idoso, cujo coração, na projeção lateral, é visibilizado como um alongamento da silhueta cardíaca no sentido caudal para cranial 17. A silhueta cardíaca parece ter maior contato com o esterno (Figura 12),
Figura 13 - Exame radiográfico torácico, projeção VD, de gato idoso e obeso. Note o arco aórtico mais evidente (efeito de somação) abaulado para fora em mediastino cranial (seta) e a opacificação (gordura) obliterando o contorno da silhueta cardíaca
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Figura 12 - Exame radiográfico torácico, projeção lateral, de gato idoso e obeso. Note o coração “deitado” sobre o esterno e a opacificação (gordura) cranial ao coração obliterando o contorno da silhueta cardíaca. Tais achados geram viés de interpretação do tamanho do coração
contato esse que se projeta cranialmente para o arco aórtico 17. Na VD, o arco aórtico proeminente pode ser facilmente identificado como uma somação da imagem de forma abaulada para fora do mediastino cranial à silhueta cardíaca e medialmente à esquerda (Figura 13) 17,18. Não podemos confundir tais achados radiográficos com cardiomegalia, massa mediastinal ou massa pulmonar 3,17,18. Alguns pesquisadores consideram normais esses achados radiográficos, classificando-os como resultado de hipertensão arterial sistêmica 2. Fique atento aos animais obesos Condição comum em cães e gatos, a obesidade causa mudanças na aparência radiográfica que podem mimetizar doenças 1. Uma pergunta comum quando se está analisando um filme radiográfico torácico é se o animal é obeso, pois a obesidade pode influenciar a avaliação da silhueta cardíaca, da opacificação pulmonar e das pleuras 1. Com relação à silhueta cardíaca, sabe-se que em animais obesos há significativa deposição de gordura pericárdica, especialmente na projeção VD; dessa forma, a silhueta cardíaca vai aparecer mais redonda do que o habitual, especialmente do lado direito, simulando então cardiomegalia do
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menor radiopacidade quando comparada ao coração, sendo que os contornos cardíacos são visualizados sobre ela 12,16. Para evitar tais erros, lembre-se de que, para se diagnosticar a efusão pleural verdadeira, outros sinais radiográficos devem estar presentes, como a identificação das fissuras interlobares 3. Fique atento aos animais magros Já em animais magros, a atenuação do feixe de raios X é menor e o filme se apresenta então mais escuro que o habitual, não devendo ser confundido com pneumotórax 14,16. Nesses pacientes, recomenda-se utilizar uma luz de alta intensidade também para a análise do filme, facilitando a identificação das marcações vasculares da periferia pulmonar e excluindo o diferencial de pneumotórax 3. Não se esqueça dos artefatos que reduzem a radiopacidade Outra condição que pode reduzir a radiopacidade pulmonar é a hiperinflação pulmonar, que provoca confusões diagnósticas e dificuldades de diferenciação com o pneumotórax 8. A hiperinflação pulmonar pode ocorrer espontaneamente ou ser consequência de estresse, acidose metabólica, asma ou hiperinflação pulmonar iatrogênica (ventilação artificial) 8. Para tal diferencial nota-se que a borda direita do coração se apresenta separada do esterno na projeção lateral e os vasos periféricos são visibilizados também pela luz de alta intensidade 3. Esteja atento ao ler o filme e interpretá-lo A maneira como se faz a leitura de um filme radiográfico, bem como a influência da história sobre a leitura, também podem levar a falhas diagnósticas que talvez devam ser consideradas como erros de percepção 10,19. Tais erros se correlacionam ao viés de interpretação no qual se procura uma lesão de acordo com a história prévia do paciente 19, ou
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lado direito 2,15. Esse erro pode ser evitado pesquisando-se tênues alterações de contrastes entre a radiopacidade cardíaca propriamente (radiopacidade de tecidos moles) e a radiopacidade de gordura que forma a imagem de “dupla silhueta cardíaca” 3. Vale ressaltar que nem sempre essa diferença é identificada, principalmente quando a técnica e a qualidade de penetração dos raios X não forem adequadas 3. Nos gatos, a gordura pericárdica cria uma imagem “quadrada” à margem direita do mediastino cranial na projeção VD, que também não deve ser erroneamente interpretada como aumento do átrio direito 2. Outro inconveniente provocado pela obesidade é que ela dá a falsa impressão de aumento difuso da radiopacidade pulmonar, referido como padrão difuso intersticial pulmonar 8. Esse artefato ocorre devido à atenuação do feixe de raios X provocado pela quantidade de gordura peri e intratorácica. É interessante observar que a espessura ao paquimetro, para definição da técnica radiográfica, de um animal obeso é a mesma de um não obeso, mas a proporção relativa da chegada dos raios X no cassete, não 3. Seria adequado então tentar ajustar a técnica para animais obesos, promovendo um aumento de kVp em relação ao cálculo prévio, de modo que o feixe de raios X possa ultrapassar tal barreira 3. Outra razão pela qual o pulmão nesses pacientes fica mais opaco é que a capacidade de inflação pulmonar dos animais obesos na inspiração é menor, devido à quantidade de gordura intratorácica 3,8. Um ponto interessante e pouco comentado é que em animais obesos, o forro mediastinal e o subpleural, que envolvem a parede torácica, são recobertos pelo tecido adiposo (Figura 14), que no exame eventualmente pode simular líquido pleural 2,3. Na projeção lateral, um “bloco” (faixa) grande de gordura esternal pode obscurecer o ápice cardíaco e ainda deslocar o coração dorsalmente, imitando então o derrame pleural 12,16. Ressalta-se que essa gordura apresenta
A
B
Figura 14 - Exame radiográfico torácico, projeção lateral, de cão obeso. A) Note a dificuldade de se observar a borda cardíaca ventral devido à presença do forro mediastinal e subpleural presente nesse animal. B) O contorno vermelho delimita a margem do forro, que simula presença de líquido pleural
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ainda na falha de tradução durante a observação de uma imagem por não se identificar a sua dimensão ou por ela estar distorcida 4,7. Fatos tendenciosos como esses frequentemente resultam em diagnósticos falsos-positivos 4. A literatura então tem recomendado que se faça uma primeira análise do filme radiográfico sem conhecimento prévio do histórico do paciente e que então, depois de uma predeterminação mental dos “achados”, o radiologista tome conhecimento da história clínica 19. Apesar de essa forma de leitura ser a mais indicada, sabemos que nem sempre isso é possível 19. Também se deve exigir uma leitura sistemática, na qual cada indivíduo deve procurar a sua melhor forma de adaptação 5,10. São sugeridas leituras por quadrantes, do centro para a periferia, ou por estruturas, nas quais o radiologista se guia por estruturas intratorácicas e extratorácicas. Não importa a forma, mas é indispensável conscientizar os radiologistas para que eles sigam sempre uma mesma padronização de leitura, já que a leitura incompleta de um filme radiográfico pode ocasionar diagnósticos falsonegativos 5. Alguns autores sugerem que se deve começar a leitura do filme torácico analisando primeiramente as estruturas extratorácicas, incluindo o abdômen cranial, a parte vertebral da coluna cervical caudal, o aspecto proximal dos membros torácicos, a costela, o gradil torácico e a coluna vertebral 1,2. Embora na maioria dos casos os achados radiográficos nesses locais possam ser insignificantes, como espondilose e osteoartrite do ombro, em determinadas situações alguns deles podem ser relevantes do ponto de vista clínico, como a identificação de hepatomegalia, efusão peritoneal, osteossarcoma do úmero proximal e fratura de costela – ou seja, essas alterações extratorácicas podem auxiliar e estreitar um raciocínio clínico diferencial 3. Ressalta-se ainda que a transferência de um sistema analógico radiográfico para exames radiográficos digitais requer um tempo de adaptação, pois é comum a ocorrência de superinterpretação de padrões pulmonares intersticiais durante esse processo 4,20. Na sequência, indicam-se alguns cuidados para tentar minimizar tais erros de percepção, quais sejam: realizar o exame completo da região anatômica de interesse, entendendo todos os fatores e variações previamente expostos 4; promover uma leitura radiográfica sistemática e alterar a sua aproximação visual do filme, analisando-o de um ponto de vista mais próximo e mais distante, e também à luz quente 3; no caso de exames digitais, deve-se variar o zoom, promover outras janelas e aumentos, inverter o contraste do preto e do branco e analisar o filme em ambiente tranquilo e com iluminação adequada 20,21; ler o filme previamente sem o histórico clínico e depois analisá-lo com o histórico do paciente, verificando a veracidade das prederminações mentais dos achados 5,19. Considerações finais As armadilhas de interpretação estão correlacionadas a diferentes fatores. O radiologista veterinário deve estar familiarizado com essas causas, evitando assim erros de diagnóstico. 96
Referências
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Uso de prebióticos e probióticos em gatos – uma revisão Prebiotics and probiotics in cats – a review Uso de prebióticos y probióticos en gatos – una revisión Clínica Veterinária, n. 95, p. 98-104, 2011 Fabiana Cecília Cassiano acadêmica FMVZ/USP
fabiana.vetusp@gmail.com
Archivaldo Reche Júnior
MV, prof. dr. Depto. Clínica Médica - FMVZ/USP valdorec@usp.br
Resumo: Probióticos são microrganismos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro; e prebióticos são ingredientes não digeríveis que afetam o hospedeiro por meio do estímulo de crescimento e/ou da atividade de um número limitado de bactérias intestinais. Os probióticos podem ser benéficos no tratamento de várias afecções em gatos, como doença inflamatória intestinal, infecção gastrintestinal, urolitíase por oxalato de cálcio, doença renal crônica, pancreatite e hepatopatias, além de atuarem como imunomoduladores. Os prebióticos estimulam o crescimento de populações bacterianas benéficas ao hospedeiro, como Bifidobacterium ssp e Lactobacillus ssp, além de diminuirem a população de Clostridium. O objetivo deste trabalho é revisar os principais usos terapêuticos de probióticos e prebióticos em gatos, bem como suas limitações. Unitermos: nutrição, Felis catus, doenças gastrintestinais, microbiota, Enterococcus, Lactobacillus Abstract: Probiotics are microorganisms that provide health benefits to the host when administered in adequate amounts, while prebiotics are nondigestible ingredients that beneficially affect the host by stimulating the growth and / or activity of a limited number of intestinal bacteria. The use of probiotics can be beneficial in the treatment of several disorders in cats, such as inflammatory bowel disease, gastrointestinal infections, calcium oxalate urolithiasis, chronic renal failure, pancreatitis and liver diseases. Furthermore, these substances can act as immunomodulators. Prebiotics stimulate the growth of beneficial bacterial populations in the host, such as Bifidobacterium ssp and Lactobacillus ssp, while at the same time decreasing the population of Clostridium. The aim of this paper is to review the main therapeutic uses of probiotics and prebiotics in cats, as well as their limitations. Keywords: nutrition, Felis catus, gastrointestinal diseases, Enterococcus, Lactobacillus Resumen: Probióticos son microorganismos que cuando son administrados en cantidades adecuadas, le ofrecen beneficios a la salud del huésped; y prebióticos son ingredientes no digeribles que lo afectan benéficamente a través del estímulo del crecimiento y/o actividad de un número limitado de bacterias intestinales. El uso de probióticos puede ser benéfico en el tratamiento de varias afecciones en gatos, tal como la enfermedad inflamatoria intestinal, infecciones gastrointestinales, urolitiasis por oxalato de calcio, enfermedad renal crónica, pancreatitis y hepatopatías, además de actuar como inmunomoduladores. Los prebióticos estimulan el crecimiento de poblaciones bacterianas benéficas al huésped, como Bifidobacterium ssp y Lactobacillus ssp, además de disminuir la población de Clostridium. El objetivo de este trabajo es revisar los principales usos terapéuticos de los probióticos y prebióticos en los gatos, así como sus limitaciones. Palabras clave: nutrición, Felis catus, enfermedades gastrointestinales, Enterococcus, Lactobacillus
Introdução Probióticos são microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro 1; prebióticos são ingredientes não digeríveis que estimulam seletivamente o crescimento e a atividade de bactérias que promovam benefícios ao hospedeiro no trato gastrintestinal 2. Milhões de bactérias residem normalmente no intestino delgado e grosso dos animais domésticos, sendo responsáveis por importantes funções, como auxílio 98
na digestão dos alimentos, manutenção da integridade de mucosa, participação no metabolismo e no estímulo de imunidade local e sistêmica, promovendo também substratos nutricionais que dão suporte na defesa contra patógenos intestinais 3-5. Qualquer perturbação do equilíbrio da população de bactérias intestinais, por exemplo, devido a parasitas, a mudanças de dieta e ao uso de antibióticos, pode resultar em alterações dessas funções e consequentes prejuízos ao animal 3. O intestino delgado concentra cerca de 70% da função
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Efeitos específicos dos probióticos Os principais mecanismos de ação de probióticos são a produção de bactericinas (peptídeos semelhantes a antibióticos que inibem bactérias patogênicas), inibição da adesão de
patógenos em células intestinais, modulação da reatividade do sistema imune intestinal e redução da produção de citocinas pró-inflamatórias, ao mesmo tempo em que aumentam a produção de substâncias anti-inflamatórias 23. Os probióticos também são responsáveis pela diminuição de pH intestinal (devido à formação de ácido lático e butírico, por exemplo) 24. Favorecem a nutrição dos enterócitos, reduzindo a produção de amônia e de aminas biogênicas, proporcionando equilíbrio e saúde intestinal aos animais nas primeiras semanas de vida 25. Possuem efeitos tanto no lúmen quanto na mucosa intestinal. Os efeitos na mucosa incluem interações com células do sistema imune, enterócitos e células caliciformes por via dos receptores celulares e das citocinas. Os efeitos no lúmen incluem alterações químicas na ingesta e no muco intestinal 26. O mecanismo anti-inflamatório dos probióticos parece explicar os efeitos benéficos destes tanto para a flora e os processos inflamatórios intestinais quanto para suavizar sintomas de outras doenças caracterizadas por inflamação, como artrite e doenças dermatológicas 23. Os probióticos inibem a translocação bacteriana na parede intestinal 27, pois beneficiam a imunidade do hospedeiro por meio da melhora das funções neutrofílicas-fagocíticas 28. A habilidade dos probióticos de modular a exposição a endotoxinas tem sido demonstrada em estudos, usando-se a administração oral crônica de Lactobacillus ou Bifidobacterium infantis 29,30. A administração de Lactobacillus acidophilus em gatos saudáveis diminuiu tanto as concentrações fecais de Clostridium quanto as concentrações plasmáticas de endotoxinas 31. A aderência de Lactobacillus nos receptores dos enterócitos pode induzir a expressão de genes que codificam variantes de mucinas intestinais, que, por sua vez, inibem a aderência enteropatogênica (por exemplo, de E. coli) 32. O Enterococcus faecium cepa SF68 é um probiótico imunomodulador usado como suplemento dietético. A alimentação crônica com Enterecoccus faecium SF68 tem sido demonstrada como segura e promotora de várias respostas imunes específicas e não específicas em cães e gatos 33,34. O uso de probióticos e prebióticos em animais tem ganhado destaque por fornecer uma alternativa ao uso de antibióticos 23 (Figura 1). Os antibióticos convencionais são indispensáveis no tratamento de doenças infecciosas, porém o aumento da resistência a tais medicamentos demonstra a necessidade de análises e pesquisas de alternativas 23. Fabiana Cecília Cassiano
imune do corpo 3, por isso, é fundamental que as defesas intestinais funcionem adequadamente. Estima-se que existam entre 109 e 1014 bactérias por grama no intestino dos gatos 6, com predominância de grupos de bactérias anaeróbias facultativas e estritas 7,8. Porém, é importante destacar que existem fortes diferenças interindividuais em gatos quanto à prevalência de tipos específicos de bactérias intestinais 9,10. Na natureza, a dieta dos gatos consiste predominantemente em proteínas e contém mínimas quantidades de carboidratos, portanto, essa espécie está metabolicamente adaptada para a proteína como fonte energética 11. Gatos alimentados com dietas ricas em proteína possuem maior população de Clostridium perfringens e menor população de Bifidobacterium do que gatos alimentados com quantidades moderadas desse nutriente 12. Por isso, é provável que a abundância de populações de Clostridium no intestino reflita a dieta essencialmente carnívora dos gatos 11. A modulação da microbiota intestinal dos gatos através do uso de probióticos e prebióticos pode se refletir em efeitos imunomodulatórios e afetar positivamente o paciente 3. O uso de probióticos e prebióticos em medicina veterinária vem se destacando nas últimas décadas. Têm sido descobertas várias utilidades terapêuticas desses agentes, inclusive na área de medicina felina. Os probióticos são também conhecidos como bioterapêuticos, bioprotetores e bioprofiláticos, sendo utilizados para prevenir infecções entéricas e gastrintestinais 13. Os probióticos podem aderir à mucosa intestinal e povoá-la, mas devem ser resistentes aos ácidos estomacais e biliares quando administrados oralmente, pois os efeitos benéficos dos probióticos dependem do número de bactérias vivas que colonizam os intestinos 3. Exemplos de probióticos incluem espécies de Lactobacillus, Bifidobacterium, Saccharomyces e Enterococcus faecium 14. Essas bactérias realizam fermentação para transformar açúcares em ácidos orgânicos, que são responsáveis pela diminuição do pH intestinal e a consequente inibição do crescimento de bactérias patogênicas 3. Comparado com o intestino grosso, o intestino delgado possui menor microbiota e limitada barreira de proteção contra patógenos. Por esse motivo, o uso de probióticos pode levar a importantes efeitos benéficos, principalmente no intestino delgado. As leveduras também podem ser usadas como probióticos, pois suas paredes contêm importantes quantidades de polissacarídeos e proteínas capazes de atuar positivamente no sistema imunológico e na absorção de nutrientes 15. Os prebióticos são ingredientes não digeríveis que afetam beneficamente o hospedeiro por meio do estímulo seletivo do crescimento e/ou da atividade de um número limitado de bactérias intestinais 16,17. Exemplos de prebióticos são os fruto-oligossacarídeos (FOS), os oligossacarídeos (oligofrutose e inulina), as fibras dietéticas e a lacturose 16,18-22. A oligofrutose e a inulina são consideradas fibras solúveis, no entanto, é importante destacar que a simples adição de fibras à dieta não garante os benefícios prebióticos, pois existem plantas que não contêm essas substâncias específicas 3.
Figura 1 - Resumo das principais ações benéficas do uso de probióticos e prebióticos em gatos
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A qualidade dos produtos probióticos comerciais, tanto para uso humano quanto para uso veterinário, varia muito. O clínico veterinário deve estar atento a esse fato ao considerar o uso de tais produtos na rotina clínica. Podem ocorrer problemas como baixa viabilidade das espécies no intestino ou até mesmo inclusão de espécies não listadas na bula. Estudos questionando a qualidade de produtos comerciais destinados aos seres humanos e ao uso veterinário mostraram que em alguns casos as quantidades de bactérias listadas nas embalagens não correspondem ao conteúdo do produto 35. Por isso o clínico deve optar por produtos de empresas sérias, que controlem a qualidade de seus produtos e encomendem pesquisas de avaliação a respeito deles. Principais indicações de probióticos na medicina felina Doença intestinal inflamatória O uso de terapia à base de prebióticos e probióticos para modificar populações bacterianas intestinais pode reduzir a inflamação na doença intestinal inflamatória felina 36. Uma variedade de organismos tem sido utilizada em modelos animais para estudo da doença inflamatória intestinal, incluindo Lactobacillus, Bifidobacteria e outras cepas bacterianas não patogênicas, com resultados encorajadores 37,38,39. A modulação do microambiente entérico mostrou-se útil para a redução da liberação de citocinas pró-inflamatórias de mucosa, atenuando a inflamação intestinal em humanos portadores da doença de Crohn 39; sendo que efeitos benéficos similares podem ser observados em cães e gatos com doença inflamatória intestinal 36. No entanto, a ótima manipulação terapêutica em gatos ainda precisa ser determinada 36. Hepatopatias Devido à promoção de melhora das funções neutrofílicasfagocíticas 28, alguns probióticos podem ser indicados para animais com doenças hepáticas 40, pois tais pacientes possuem predisposição à translocação bacteriana 28. Porém, pelo fato de cães e gatos hepatopatas crônicos serem mais propensos à bacteremia por Lactobacillus, apesar desta ser rara, o uso de probióticos deve ser cuidadoso 28. Infecções gastrintestinais e diarreia Uma das maiores indicações de uso dos probióticos é no tratamento e prevenção de infecções gastrintestinais em cães e gatos 41. Probióticos têm sido usados com sucesso por veterinários na Áustria e Suíça desde 1985 para manutenção e restauração de microflora intestinal saudável em cães e gatos com distúrbios causados por mudanças na dieta, estresse e antibioticoterapia 42. Probióticos minimizam mudanças na composição da microflora intestinal associada à antibioticoterapia ou gastrenterite em humanos, cães e gatos 43. Probióticos também podem auxiliar no controle da diarreia causada por supercrescimento bacteriano e infecções parasitárias, por meio do mecanismo de exclusão competitiva e aumento das funções imunes específicas e não específicas 3. É reportado que probióticos podem recompor a microbiota normal, melhorar a resposta imune e auxiliarem na resolução mais rápida da diarreia 44. Um potencial benefício do uso de probióticos em animais com manifestação clínica de diarreia seria a diminuição da infecção intestinal por Clostridium 100
difficile, Salmonella ssp e Campilobacter ssp 26. A suplementação dietética com Enterococcus faecium SF68 pode ser benéfica em gatos adultos e filhotes com diarreia crônica 45. Apenas 9,5% dos filhotes de gatos provenientes de uma colônia com diarreia necessitaram de tratamento adicional após a administração desse probiótico, enquanto que 60% dos filhotes que não receberam o probiótico necessitaram de tratamento adicional 45. Além disso, a diarreia foi resolvida mais rapidamente nos gatos que receberam o probiótico. 45 Herpes-virose e resposta imune à vacinação contra herpes-virose, calicivirose e panleucopenia Doze gatos com infecção por herpes-vírus felino tipo 1 (FHV-1) foram divididos em dois grupos, um dos quais foi submetido a dieta contendo o probiótico Enterococcus faecium SF68, e o outro, dieta placebo 46. Os gatos alimentados com o placebo tiveram a diversidade de microbiota fecal diminuída, ao passo que no grupo com suplementação probiótica os animais a mantiveram. Isso indicou uma maior estabilidade da microbiota fecal no grupo que recebeu suplementação. Segundo os autores, os resultados clínicos sugeriram que o probiótico diminuiu a morbidade associada com o herpes-vírus tipo 1 crônico em alguns gatos. A ingestão da cepa SF68 já havia sido demonstrada anteriormente como promotora de melhora da qualidade fecal de filhotes de cães e gatos 34,47. Buscou-se verificar os efeitos da suplementação com Enterococcus faecium (SF68) nas respostas imunes à vacinação contra herpes-vírus felino tipo 1 (FHV-1), calicivírus felino e vírus da panleucopenia felina em filhotes de gatos 33. A porcentagem de linfócitos CD4+ foi maior no grupo de gatos que recebeu o probiótico. Além disso, foram encontrados maiores níveis de IgA e IgG específicas para o FHV-1 e de IgG específica para o vírus da panleucopenia felina no soro e na saliva dos gatos que receberam a suplementação, após aproximadamente vinte semanas. Segundo os autores, tais resultados sugerem que a suplementação com Enterococcus faecium modula a resposta imune sitêmica dos gatos, porém uma suplementação de longa duração pode ser necessária para gerar significância estatística 33. Urolitíase por oxalato de cálcio A urolitíase por oxalato de cálcio é um problema que vem crescendo nas últimas décadas nos gatos. Em 1984, somente 2% dos gatos com urolitíase possuíam urólitos de oxalato de cálcio, contra 65% formados de estruvita, ao passo que no ano de 1995, 40% dos urólitos eram de oxalato de cálcio e 48% de estruvita 48. A excreção urinária de oxalato depende da dieta, da absorção intestinal, da secreção tubular renal e da taxa de síntese endógena, enquanto a absorção intestinal de oxalato depende da sua quantidade livre no trato gastrintestinal 49. Pouco se conhece sobre a degradação intestinal de oxalato em cães e gatos, porém há cada vez mais evidências de que a microflora intestinal exerce um impacto significativo nos níveis intestinais de oxalato 50,51. Os probióticos podem causar aumento da degradação de oxalato, o que pode ajudar a reduzir a formação de urólitos de oxalato de cálcio 50. Doença renal crônica As toxinas urêmicas se difundem passivamente do sangue
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para o lúmen do trato gastrintestinal. O uso de probióticos produtores de urease estimula a hidrólise da ureia intestinal e mantém um gradiente de concentração que propicia a difusão da ureia sanguínea para o lúmen do trato gastrintestinal 26. Um estudo de uma série de casos com sete gatos azotêmicos mostrou que a administração de probióticos por sessenta dias causou uma diminuição nos níveis de ureia plasmática em todos os animais, e em seis dos sete gatos também houve redução da concentração de creatinina sanguínea. No entanto, esses gatos receberam outros tratamentos além da administração de probióticos, enquanto um dos gatos recebeu apenas o probiótico 52. Tal fato pode ter mascarado o real efeito dos probióticos na concentração de ureia. Pancreatite Pacientes com pancreatite estão sujeitos à ocorrência de translocação de bactérias intestinais durante o processo mórbido, o que pode levar a septicemia e definitivamente piorar o prognóstico 26. Os probióticos contribuem para a formação de barreira intestinal mais efetiva, o que pode prevenir a translocação bacteriana nesse caso. Além disso, o uso de espécies bacterianas produtoras de ácido podem reduzir a resposta inflamatória sistêmica em animais com pancreatite aguda 26. Segurança no uso de probióticos Estudos feitos em seres humanos já reportaram a ocorrência de bacteremia após o uso de probióticos 53. Os fatores predisponentes foram imunossupressão, hospitalização prolongada e intervenção cirúrgica anterior. Na medicina veterinária não foram relatados casos de septicemia após suplementação probiótica na dieta. No entanto, é importante que o médico veterinário tenha cautela quanto à suplementação probiótica em animais severamente imunossuprimidos ou com barreira intestinal muito prejudicada 26.
Efeitos específicos dos prebióticos A estratégia nutricional valendo-se de prebióticos pode ser usada para influenciar a composição da microbiota gastrintestinal 16. Os prebióticos estimulam o crescimento dos grupos endógenos de população microbiana, tais como Bifidobacterium e Lactobacillus, que são tidos como benéficos à saúde de seres humanos e de animais 54. Os prebióticos modulam funções fisiológicas, como a absorção de cálcio e o metabolismo lipídico; modulam a composição da microbiota intestinal e poderiam reduzir o risco de câncer de cólon 55. As fibras dietéticas e os oligossacarídeos não digeríveis são os principais substratos de crescimento dos microrganismos no intestino 54. Muitos prebióticos são fibras parcialmente fermentáveis, como polpa de beterraba, soja ou plantago (psílio), sendo favoráveis à bactérias colônicas benéficas 44. Pode-se usar fibras de plantago para melhorar a consistência das fezes de gatos com diarreia crônica, no entanto, deve-se garantir que o gato tenha acesso a água, para evitar impactação fecal e obstrução intestinal 44. Os oligossacarídeos de interesse na nutrição prebiótica de cães e gatos incluem os mananoligossacarídeos (MOS) 18 e os frutoligossacarídeos (FOS) 19, cujo efeito principal é a manutenção de população bacteriana benéfica no trato gastrintestinal, o que será exposto a seguir. Principais indicações dos prebióticos na medicina felina Manutenção de microbiota benéfica e manejo de doenças gastrintestinais A suplementação de gatos sadios com frutoligossacarídeos (FOS) tem demonstrado alterações significativas de população bacteriana intestinal no hospedeiro. Há diminuição da população fecal de Clostridium perfringens e aumento da população de Lactobacillus ssp e Bacterioides spp 19, com consequente melhora da saúde e da função intestinal 44. Em várias espécies de animais, a fermentação do prebiótico frutoligossacarídeo favorece a proliferação de Bifidobacterium e concomitante redução numérica de Bacteroides spp,
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Fusobacteria ssp e Clostridium ssp 18,22. O Clostridium ssp, além de outras bactérias, é considerado parte da microbiota intestinal indesejável. A população microbiana indesejável atua diminuindo a absorção de nutrientes e aumentando a espessura da mucosa e a velocidade de passagem do alimento, além de interferir nas necessidades nutricionais do hospedeiro causando aumento da velocidade de renovação dos enterócitos e diminuição dos vilos e criptas da mucosa intestinal, reduzindo a absorção dos alimentos e competindo com o hospedeiro por nutrientes presentes na luz intestinal. Também são responsáveis pela produção de aminas biogênicas (cadaverina, histamina, putrescina), amônia e gases, que são altamente prejudiciais à integridade da mucosa e à saúde intestinal 56. Portanto, a diminuição da população de Clostridium ssp no trato intestinal de gatos sadios é considerada benéfica para o hospedeiro 19. A suplementação prebiótica poderia ser indicada para gatos que recebam dietas com altos níveis proteicos, pois tais dietas causam aumento de população de Clostridium no intestino 12. Em contraste com as espécies de Clostridium, as espécies de Bifidobacterium e Lactobacillus são geralmente consideradas benéficas, devido à sua capacidade de exclusão de bactérias patogênicas por meio da produção de diversos agentes antimicrobianos 57. Observaram-se efeitos positivos em gatos por meio da alimentação com lacturose, com aumento populacional de Bifidobacterium e diminuição de Clostridium 20. Na administração de oligofrutose em cães e gatos, os achados mais consistentes foram a diminuição do número de Clostridium perfringens em fezes, além de variáveis efeitos em Lactobacillus ssp e Bifidobacteria ssp 21,22. Por isso, há um crescente interesse no uso de prebióticos no manejo de desordens gastrintestinais em cães e gatos. Prevenção de infecções gastrintestinais Alguns autores consideram que a utilização de prebióticos poderia promover uma ação mais robusta do que o uso de probióticos na prevenção de infecções gastrintestinais, particularmente as do intestino grosso 41,58. Imunomodulação Os mananoligossacarídeos apresentam a capacidade de modular o sistema imunológico e a microbiota intestinal, ligam-se a uma ampla variedade de micotoxinas e preservam a integridade da superfície de absorção intestinal, além de bloquearem sítios de ligação de bactérias enteropatogênicas com a mucosa intestinal em seres humanos 18. Polissacarídeos como as betaglucanas vêm recebendo especial atenção por sua bioatividade, principalmente no que se refere à imunomodulação 13. Considerações finais Está cada vez mais claro que a manipulação do ambiente gastrintestinal pode se refletir em poderosos efeitos sistêmicos benéficos. O uso de probióticos e prebióticos deve ser encarado como uma possibilidade de terapia complementar, ou seja, não deve haver completa substituição das terapias convencionais. Os benefícios clínicos do uso de probióticos e prebióticos no tratamento e na prevenção de várias enfermidades em gatos mostram o potencial desses agentes. 102
Por isso, devem-se realizar mais pesquisas para aperfeiçoar suas indicações em medicina felina e em outras áreas de medicina veterinária. Referências
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Sergio Toshihiko Eko
Médico veterinário e advogado. Colaborador da Secretaria da Saúde do Estado do Paraná. Especialização em direito aplicado, perícia veterinária forense, formulação e gestão pública
Indenização por erro do clínico médico veterinário
O
intuito desta matéria é repassar os fundamentos básicos da responsabilidade indenizatória em face do clínico médico veterinário. O erro profissional faz nascer a responsabilidade civil, que é regulada pelo Código Civil e pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC). Percebe-se a tendência de aumento de conflitos judiciais com relação aos serviços de clínica de pequenos animais e localizados nos maiores centros. Em pesquisa feita no Juizado Especial Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo, do ano 2005 até 2011 a clínica veterinária representou 12% do total de processos contra clínicas na capital, incluídas as médicas e odontológicas. Em outra busca junto ao Juizado Especial Cível de Curitiba no mesmo período, foi identificado percentual semelhante com 30 processos contra clínicas veterinárias. Assim, são relevantes os processos contra os clínicos veterinários, considerando-se o número mais elevado dos demais profissionais. Em regra, a relação jurídica do clínico veterinário é de obrigação de meio. Dessa maneira, o médico veterinário se obriga a prestar todo o atendimento necessário para o restabelecimento da saúde de seu paciente, apresentando-lhe o tratamento mais adequado para a cura, independentemente do resultado em salvar o animal. Ressalte-se, porém, que nas castrações e cirurgias estéticas, há obrigação de resultado. Nesse sentido, a jurisprudência cita: TJRJ – Caso de morte de animal. Ficou demonstrada a inocorrência de erro pela ausência de culpa do médico veterinário, o qual tem obrigação de meio. Processo: 2003.001.08806. O CDC enquadra a responsabilidade civil do profissional como subjetiva, apurando a conduta culposa. Assim, deve ser demonstrado que o clínico agiu de forma negligente, avaliando-se a conduta imprudente – caso em que a análise recai na falta de atenção e de cuidados preconizados –, e, por último, a imperícia, nos casos de ausência de habilidade técnica. 106
Em havendo o prejuízo, prevê a indenização, desde que haja nexo de causalidade entre o agente causador e o dano, além da culpa. No primeiro momento, a reparação se refere ao dano material, analisando-se a lesão ou morte do animal e os gastos efetivamente realizados pelo consumidor. No entanto, a abordagem mais comum nos processos judiciais que envolvem clínicas veterinárias é a do dano moral. O nexo de afetividade entre os animais e as pessoas já se consolidou de tal forma que resultou em dependência mútua, cuja perda pode se transformar em trauma psicológico (Filho, 2000). Apesar dos riscos naturais da atividade, há circunstâncias excludentes de responsabilidade que são favoráveis ao profissional. Há casos provocados por força maior ou casos fortuitos, que decorrem de fatores imprevisíveis (queda de energia, acidentes) e/ou naturais (inundações, raios). Outra situação de exclusão pode despontar por ação de terceiros, como, por exemplo, o erro do laudo de exame realizado por outrem que determina o diagnóstico equivocado do clínico do animal. Existe ainda a hipótese em que a própria vítima contribui de forma exclusiva ou concorrente ao prejuízo, a exemplo daquele que fica responsável pelo tratamento domiciliar e não o executa conforme prescrito. Quando o clínico é induzido ao erro através da falta de informação ou de falsas informações, também está isento do dever de indenizar. É impossível eliminar o risco da atividade ou de processo judicial, porém, é providencial ter o controle do perigo. Portanto, cada médico veterinário escolhe o nível de cuidado com que queira caminhar na sua jornada profissional. Referências
FILHO, Sergio Cavalieri. Programa de responsabilidade civil. 2ª ed. São Paulo: Malheiros, 2000. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Consulta de Processo do 1º Grau. Central Juizado Especial,São Paulo, 2011. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ. Juizado Especial Cível, Curitiba, 2011. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Jurisprudências. Disponível em http://www.tjrj.jus.br.
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Vamos às compras?
E
sta edição traz as últimas notícias sobre a PETSA2011. Nesse tipo de evento, presenciamos o lançamento de vários produtos e equipamentos destinados ao mercado pet. Esse ambiente de inovação técnica e tecnológica faz com que o veterinário saia da feira cheio de catálogos na mão e ideias na cabeça. Surge então aquela vontade de comprar tudo, principalmente "aquele equipamento" que vai melhorar o atendimento, além de embelezar o consultório. Havendo disponibilidade financeira, a compra é realizada durante o evento por conta das promoções e descontos sedutores, caso contrário, vamos ao banco no dia seguinte para saber como obter um empréstimo. Ninguém nega que a maioria dos veterinários gostaria de possuir os mais modernos equipamentos para sua clínica. Isso faz parte da nossa paixão pela profissão e por nossos pacientes. O problema é quando o lado veterinário fala mais alto que o lado gestor. Devemos, até por uma questão de ética, oferecer os melhores produtos e serviços aos nossos pacientes, porém o investimento em novos equipamentos deve ser algo racional, sensato e fruto de uma fria decisão empresarial. Um dos princípios básicos da economia é que, enquanto os recursos são limitados, as necessidades são infinitas. Isso significa que nunca é possível fazer tudo, e sempre teremos que escolher entre duas ou mais coisas; e o ideal é fazer a escolha que proporcione a melhor relação custo/benefício. 108
Os cuidados na hora de decidir uma compra devem ser proporcionais ao valor que será investido: quanto maior for esse valor em relação a nosso orçamento, mais minucioso deve ser o processo de análise. Devemos tratar a compra como um investimento e não como um gasto, o que significa que será fundamental obter retorno financeiro suficiente para recuperar o valor investido, atualizado monetariamente, no menor espaço de tempo possível, e ainda gerar lucro. Também é importante considerar o custo de oportunidade: se em vez de comprar o produto eu investisse de outro modo, poderia lucrar mais após dois ou três anos? Sendo assim, será que a compra faz sentido?
Check list
! Por que preciso deste equipamento? ! Qual será o benefício gerado a meus clientes?
! Esse produto pode representar uma nova oportunidade de negócio? ! Quanto poderei cobrar e como vou oferecer esse serviço ou produto?
! Terei custos adicionais, por exemplo, ao contratar um novo funcionário para manejar o equipamento? E quanto à manutenção? ! Quantos clientes vão aderir ao novo serviço?
! Ao comprar um equipamento de diagnóstico laboratorial ou por imagem, por exemplo, a qualidade será igual ou superior à ofertada por centros especializados?
! Ao escolher entre várias marcas, devo buscar preço ou qualidade? ! Quanto tempo levará para amortizar o investimento? (Lembre-se de que os produtos se tornam obsoletos rapidamente, por isso o tempo deve ser o menor possível.)
Renato Brescia Miracca renato.miracca@q-soft.net
M. veterinário, bacharel em direito, MBA Q-soft Brasil Tecnologias da Informação www.qvet.com.br
Algumas compras podem ser necessárias para que a empresa não fique defasada em relação à concorrência e acabe perdendo mercado. Nesse caso, esta análise será um pouco diferente, pois na verdade o produto representará um aumento no custo fixo, causando, consequentemente, uma diminuição na lucratividade do negócio. Nesse caso, devemos avaliar esse impacto, principalmente se esse custo fizer com que ocorra prejuízo. Um exemplo disso é a aquisição de um veículo para o transporte de animais, pois em algumas regiões a clínica ou pet shop não consegue competir se não dispuser desse serviço. Na maior parte das vezes, o transporte de animais não dá lucro se avaliado unicamente como um centro de custo, mas sem ele o lucro de outros serviços é prejudicado, ou seja: no cálculo geral, é melhor ter o serviço. Por último, é importante lembrar que a aquisição deve estar relacionada com a estratégia global da empresa. Se tivermos a intenção de transformar a clínica em um hospital 24 horas, que equipamentos serão necessários e em que ordem deverão ser comprados? Faz sentido comprar um tomógrafo antes de um equipamento laboratorial? Ao responder a essas questões, vamos aumentar a chance de realizar um investimento inteligente, lucrativo e coerente. Nessa hora, um planejamento minucioso e uma estratégia bem definida são os melhores aliados para evitar uma compra por impulso que causará arrependimentos depois.
! Existem outros investimentos que poderão ser mais lucrativos ou são mais importantes para a minha empresa?
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Seja responsável pela experiência de seus clientes – parte 2
N
o artigo da edição anterior, paramos com o cliente na sala de exame. Nesse momento, é fundamental a figura do auxiliar veterinário que acompanha o paciente. Esse profissional tem papel importante na experiência do cliente e, portanto, deve ser treinado especificamente para essa função. Os auxiliares veterinários podem ser técnicos que querem mais contato com clientes ou recepcionistas que querem mais contato com animais. Na sala de exame, o auxiliar veterinário deve seguir roteiro de atendimento ao cliente/paciente. Ele deverá revisar as informações do cliente e o formulário que foi preenchido numa fase anterior do processo. A sequência programada da interação desenvolvida pelo auxiliar veterinário é muito importante porque mostra a capacitação dos colaboradores do estabelecimento e transmite ao cliente segurança e confiança. Também é importante que o auxiliar veterinário saiba explicar os procedimentos da clínica e a razão de segui-los. Durante essa interação, é possível que o cliente questione: “Tudo isso é necessário?”. Para obter melhores resultados, todos os envolvidos com o trabalho veterinário da clínica devem ser capazes de responder a essa pergunta com maestria. Evite que sua equipe responda qualquer coisa e faça com que ela seja constantemente treinada para situações como essa. Lembre-se: clientes confundidos = menos conformidade Essa relação estabelecida na sala de exame é valiosa, e é necessário controlar a experiência do cliente quando o animal estiver nessa etapa do atendimento. Nessa hora, recomenda-se manter os clientes ocupados. Eles são um público cativo, por que não aproveitar a oportunidade para educá-los? Em função disso, outra relação merece ser destacada: clientes educados = clientes motivados Quando o veterinário entrar na sala de exame, o auxiliar veterinário pode permanecer ali para ajudar o veterinário a se concentrar no caso. Nesse momento, se for perceptível o nervosismo do cliente, o veterinário pode dizer: "Você 110
AUTORES
• Marco Antonio Gioso
Docente do Depto. de Cirurgia da FMVZ-USP www.fmvz.usp.br - www.gioso.com.br;
• Steve Kornfeld, DVM, CPCC
Certified Professional Coactive Coach -
está preocupado/a com a Fifi"? Prova- www.veterinarycoaching.com; velmente, o cliente vai se surpreender e • Maria Das Gracas Jardim Rodrigues, dirá voluntariamente o que sente. Isso “Coach” (treinadora) em negócio veterinário estabelecerá um bom relacionamento e dará muito mais informações para a momentâneo, não significa que é para realização do exame – não do aspecto sempre. Em novo contato, eles podem técnico, mas do aspecto humano, que continuar a ser evasivos, mas isso não significa que não se comprometerão a também é muito importante. Lembre-se, somos seres emotivos e, trazer o animal de estimação em outro inicialmente, todas as decisões que to- momento. Nunca desista do que é o memamos são emocionais e, em seguida, lhor para o animal. lógicas. Concentrando-se apenas no aspecto lógico da interação, perde-se boa Cada visita deve gerar uma nova oportunidade de fazer evoluir a relação chamada, um lembrete e/ou uma com o cliente. Quando os clientes estão reavaliação Nova chamada – Ligue um dia após a na clínica, eles querem ser notados, reconhecidos e ouvidos. Talvez isso não visita (qualquer visita) para saber do aniseja perceptível, mas esse é um dos fato- mal de estimação e agradecer ao cliente pela visita à clínica. Melhor seria que o res que irá diferenciar o atendimento. auxiliar veterinário que acompanhou o Controle a experiência dos clientes atendimento fizesse o contato, já que ele durante a permanência dos pacientes está familiarizado com o paciente. Caso eleja outro colaborador para essa tarefa, na clínica Verifique se possui todos os números certifique-se de que ele esteja familiaride telefone para chamar os clientes. zado com o caso antes de efetuar o conNormalmente, eles estão preocupados tato. Ligar apenas por ligar não faz sencom seu animal de estimação e desejam tido para a experiência do cliente e não ser informados com brevidade sobre tem nenhum efeito positivo no cliente. Lembrete – É importante manter contudo. Havendo procedimento anestésico, tato com seus clientes depois que eles crie o hábito de destacar a importância saírem da clínica. Nunca deixe que eles saiam do seu círculo de relacionamento. de fazer os testes pré-operatórios. Informe, sempre que possível, a hora Informe-os, instrua-os e lembre-os sempre da próxima consulta. Quantas vezes prevista da alta do paciente. Atualize o sistema com o acompa- é suficiente? Que tal entre 24 e 30 vezes nhamento das comunicações para que a por ano? Seus clientes ficarão cansados ficha do paciente esteja sempre atualiza- das suas mensagens? Não, desde que elas sejam interessantes e pertinentes. Isso da e disponível a qualquer momento. funciona. Reavaliação – Na maioria dos casos, Controle a experiência dos clientes ao finalizar os procedimentos com os animais de estimação devem regreso paciente (prepare a relação para sar para uma reavaliação. Sua relação de reavaliação deve ser próxima de 100%. futuros atendimentos) Não tendo um bom sistema para conSe o paciente necessita de outros serviços, dê ao cliente um orçamento e trolar a experiência dos clientes, cada intente marcar uma avaliação antes que teração realizada terá que ser reinventaele deixe a clínica. Se o cliente for evasi- da. Isso tem um efeito negativo no provo, a necessidade desses serviços deve cesso de proporcionar aos clientes uma ser arquivada na ficha do paciente como experiência melhor do que a esperada. Se você puder agendar uma consulta um lembrete. Continue mantendo em relacionamento com o cliente até que ele a mais por ano com cada cliente seu, decida vir à clínica para fazer as inter- que percentagem de trabalho (e de venções recomendadas. Quando os ganho) você adicionará à agenda da sua clientes dizem "agora não", esse “não” é clínica? Pense nisso!
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GUIA DE CAMPO AVES DA GRANDE SÃO PAULO O Guia de campo - Aves da Grande São Paulo (2ª edição), contém 310 espécies de aves ilustradas em fotografias coloridas. Esta guia pretende ajudar o observador a identificar as aves que existem na cidade de São Paulo, podendo ser útil também em outras cidades brasileiras e áreas de Mata Atlântica. O livro contém ainda mapas de distribuição de cada espécie no Brasil, informações sobre a biologia das espécies e as características que auxiliam na identificação. O autor da obra, Edson Endrigo, é fotógrafo especializado em captar imagens de aves e renomado guia para observadores de aves. Por isso, é muito requisitado por pessoas que buscam conhecimento da nossa rica avifauna. Atualmente, viaja pelo Brasil em busca de aves raras e ameaçadas de extinção. Além do Guia de campo - Aves da Grande São Paulo, outra publicação de extrema beleza é o calendário de 2012 com fotos de Edson Endrigo. Uma sugestão bonita, útil e bem apropriada para presentear os amigos no final do ano.
Calendário de 2012 com fotos de Edson Endrigo
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O Guia de campo - Aves da Grande São Paulo pode ser encontrado em: www.probem.info
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alimento balanceado: fundamental para garantir a saúde desta relação
Afinal, a que evento eu vou?
Vista do local de apresentação de trabalhos no ESVCN 2011
P
ara se manter atualizado, todo profissional assina e lê revistas técnicas e frequenta reuniões de especialistas. Ir a congressos, além de atender a essa finalidade, também é útil para fortalecer e ampliar sua rede de contatos. Como o dinheiro não está sobrando e tempo está é faltando, é preciso escolher a qual evento ir. Preparamos uma lista com alguns comentários sobre os principais grandes eventos de nutrição e nutrição clínica de cães e gatos para ajudar você nesta triagem. Congresso da Sociedade Europeia de Nutrição Veterinária e Comparada (www.esvcn.eu) O Congresso da ESVCN é um congresso de nutrição animal geral, tendo um formato bem diferente do que estamos acostumados no Brasil. O evento dura três dias, nos quais poucas palestras são apresentadas por convidados especiais, que tratam de temas diversos. A maior parte dele é dedicada à apresentação de pesquisas inéditas. Trata-se, assim, de um evento bastante científico. “O Congresso da ESVCN é muito interessante, por seu formato diferente, que dá possibilidade de ver o que outros grupos de pesquisa têm estudado ou mesmo novas metodologias empregadas nesses estudos. Também é interessante por se ter a possibilidade de trocar informações com esses pesquisadores, e pelas futuras parcerias que possam surgir desse encontro”, aprova Márcia O. S. Gomes, veterinária que está fazendo doutorado-sanduíche em Berlim, Alemanha, na área de nutrição pet. As pesquisas têm apresentações rápidas de quinze minutos sobre experimentos conduzidos nas principais
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universidades da Europa. Mas vá preparado, porque o público é sempre muito interessado, atualizado e crítico. Após cada apresentação seguem-se perguntas, considerações e discussões muito interessantes e importantes. Em setembro de 2011, em Zaragoza, Espanha, houve a 15ª edição do congresso. Foram 165 participantes, o que à primeira vista parece pouco, já que nós, brasileiros, estamos acostumados a convenções e feiras imensas quando comparadas ao padrão europeu. No Congresso da ESVCN, no entanto, tratava-se de uma quase totalidade de pesquisadores em nutrição, um público bastante selecionado e específico. Neste ano foram apresentados 135 resultados de pesquisa – um número impressionante! Congresso Internacional e Simpósio de Nutrição de Animais de Estimação, organizado pelo Colégio Brasileiro de Nutrição Animal (CBNA) (www.cbna.com.br) Esse evento, o mais importante (e único) do gênero na América Latina, tem um caráter técnico-científico. É organizado na forma de dois dias de palestras, quando técnicos e professores apresentam revisões e opiniões de interesse de nutricionistas, empresas, governo e universidades. Paralelamente ao congresso ocorre uma feira técnica que estende as possibilidades de contato técnico, comercial e parcerias. A programação é estabelecida por um comitê de quinze pessoas, com representantes do Colégio Brasileiro de Nutrição Animal, das indústrias e das universidades. No evento também se apresentam resultados de pesquisas, criando integração entre as universidades, as empresas, os profissionais da indústria e os alunos. O prof. dr. Ricardo S. Vasconcellos, que leciona nutrição de cães e gatos na Udesc, em Lages, SC, valoriza o evento: “O CBNA Pet é, na minha opinião, o evento de melhor nível técnico na área de nutrição de cães e gatos que temos atualmente no Brasil, no qual se reúne ao mesmo tempo um grande número de
Cristiana S. Prada
omelhorparaoseucliente@nutricao.vet.br
Médica veterinária, Ms nutrição.Vet - www.nutricao.vet.br
profissionais da universidade e da indústria e os estudantes de graduação e pós-graduação”. Também o veterinário Rodrigo Bazolli, que tem doutorado com área de concentração em nutrição de cães e gatos e é atualmente gerente técnico pet da empresa Adimax, diz que “se fosse para escolher um evento só, escolheria o congresso do CBNA. Os temas são sempre muito interessantes e abrangentes, atraindo um grande público de diversas áreas do segmento Pet Food”. AAVN Clinical Nutrition & Research Symposium (www.aavn.org) Ocorre junto com a reunião anual do American College of Veterinary Internal Medicine (ACVIM; www.acvim.org). A reunião anual da American Academy of Veterinary Nutrition (AAVN) tem apenas uma manhã, com palestras de especialistas e apresentação de pesquisas. No entanto, a AAVN organiza uma seção de nutrição e nutrição clínica de cães e gatos dentro do fórum do ACVIM. Neste são apresentadas revisões muito interessantes, profundas e importantes sobre todos os temas da nutrição de cães e gatos. Segundo o prof. dr. Aulus C. Carciofi, da FCAV-Unesp, Jaboticabal, SP, é um evento de grande impacto e de referência para universitários e nutricionistas, especialmente nutricionistas veterinários que trabalham na interface de nutrição e saúde. O evento é referenciado também pelo prof. dr. Richard C. Hill, da Universidade da Flórida, EUA: “Eu definitivamente compareço ao ACVIM todos os anos. Há uma combinação de nutrição e medicina interna, é um evento muito grande ao qual costumam ir veterinários especialistas, não generalistas”. Pet Food Forum (www.petfoodindustry.com) Organizado pela Watt Publishing, ocorre anualmente em abril, em Chi ca go, EUA. É um evento já tradicional, desenhado para todos os profissionais ligados à indústria de pet food.
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A empresa organiza agora eventos similares na Europa e na Ásia. Tem um caráter técnico-comercial, com temas mais voltados à produção de alimentos para cães e gatos. O prof. dr. Kelly Swanson, da Universidade de Illinois, EUA, frequenta e recomenda o evento: “Ele fornece uma mistura de tendências da indústria, práticas de fabricação, atualizações, pesquisa e networking com fabricantes de alimentos para animais domésticos, fornecedores de ingredientes e outros serviços associados à indústria”. Já há três anos ocorre o Pet Food Forum Virtual (http://www.petfoodindustry.com/VirtualPFF2011.aspx). É um dia de apresentações ao vivo, transmitido on line e no qual os interessados podem se inscrever gratuitamente. Durante noventa dias após o evento as pessoas inscritas ainda podem ter acesso aos arquivos com as apresentações.
WEBINARS Atualmente há vários webinars na área de nutrição de cães e gatos. Um webinar é um seminário conduzido na internet. Você vai ao endereço da internet indicado na hora marcada, ouve e vê a apresentação, e ao final pode fazer perguntas e obter as respostas. Há vários produtores de webinars na área de pets, por ex.: American Feed Industry Association (Afia), Pet Food Institute (PFI) e WATT. Pet Food Conference (www.petfoodconference.com) É um dos eventos recomendados pelo sr. Galen Rockey, diretor de processo para o grupo de aplicações de alimentos para animais de estimação da Wenger Manufacturing Inc. Ocorre anualmente em Atlanta, EUA, durante a última semana de janeiro, como parte de um evento maior, a International
Poultry Expo. É uma reunião de um dia, focada especificamente em segurança na produção de pet food e em todos os desafios enfrentados pela indústria desse segmento. Congresso Mundial de Pequenos Animais (WSAVA) (www.wsava.org) Evento anual realizado em diferentes países do mundo e que sempre aborda, em uma das sessões, temas relacionados à nutrição clínica de pequenos animais. Não é focado em nutrição, entretanto, pode ser uma oportunidade de observar o que o universo geral da clínica de pequenos animais mundial está valorizando nessa área. No Brasil há ainda eventos menores, organizados por universidades. Procure os mais tradicionais e com palestrantes mais experientes e bem-preparados. E bom evento! Informações: www.nutricao.vet.br/a_que_evento_eu_vou.php.
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Arquitetura & Construção Projetos arquitetônicos para hospitais, clínicas e abrigos
H
á muito tempo que o mercado norte-americano é bem servido de empresas especializadas em projetos arquitetônicos para clínicas veterinárias, hospitais ou abrigos. Um exemplo de empresa com diversos projetos desenvolvidos é a rauhaus freedenfeld & associates, da Califórnia, EUA. Em seu site é possível conferir seu vasto portfólio. O Brasil, por sua vez, já conta com serviços especializados no segmento de arquitetura. Um exemplo é a Clínica Veterinária Vila Animal, de Caxias do Sul, RS, que teve o seu projeto desenvolvido
pela empresa Eixo Arquitetura, que se destaca por possuir uma equipe de profissionais qualificados, desenvolvendo projetos que buscam unir a preocupação estética com as melhores soluções técnicas e funcionais para cada espaço. Outro projeto que vale a pena conferir é o de reforma e ampliação feito para a Clínica Veterinária Dra. Nanci Oyakawa Rosa, de São Paulo, SP, feito pelo Estúdio Brasil Arquitetura e Urbanismo.
A rauhaus freedenfeld & associates é especializada no desenvolvimento de projetos arquitetônicos para o segmento veterinário - www.rfarchitects.com
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http://estudiobrasilarquitetura.blogspot. com/2009/04/clinica-veterinaria-drananci-oyakawa.html
Clínica Veterinária Vila Animal, projeto da Eixo Arquitetura http://eixo.arq.br/projetos/comercial/vila-animal
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Lançamentos SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS PARA CÃES E GATOS
A
König traz ao Brasil sua ampla linha de suplementos nutricionais para cães e gatos A indicação dos suplementos tem como base conceito amplamente difundido na área humana, a nutrição funcional, que vai além do conceito básico de alimentação e nutrição, atingindo necessidades específicas. Criada a partir da experiência de mais de 3 décadas no mercado farmacêutico veterinário e com foco no atendimento das necessidade nutricionais específicas de cães e gatos, a linha de suplementos nutricionais da König é formada por 17
produtos que são reunidos em 3 grupos e disponibilizada para o mercado veterinário em 35 apresentações. Essa grande variedade de apresentações
proporciona para o médico veterinário facilidade e segurança na prescrição. König: www.nutricaokonig.com.br
Linha de suplementos nutricionais da König
São 17 produtos em 35 apresentaçoe ̃ s, distribuídos em 3 grupos de produtos
ALIMENTO ÚMIDO SUPER PREMIUM PARA GATOS
A
Nova linha Feline Health Nutrition, a primeira linha de alimentos úmidos super premium no Brasil
limentar o animal de estimação nem sempre é uma tarefa fácil, principalmente em se tratando de gatos. O alimento ideal, além de proporcionar uma nutrição completa e balanceada, também deve favorecer a saúde e longevidade do gato, auxiliando na prevenção do surgimento de problemas como formação dos indesejáveis cálculos urinários, bastante comum em gatos. Além disso, o alimento deve ser apetitoso para o gato. Tendo sempre o gato em primeiro lugar, conhecendo e respeitando as suas necessidades específicas, a Royal Canin lança com exclusividade no mercado de pet food brasileiro, a linha Feline Health Nutrition Úmida. A 1ª de alimentos úmidos super premium no Brasil, traz também o que há de mais exclusivo e inovador em conceito de palatabilidade em longo prazo. O desenvolvimento de um alimento que satisfaça a preferência instintiva do gato, por meio de formulações que atendam ao seu ótimo Perfil Macro
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Nutricional, é a grande inovação da Royal Canin, e favorece que o gato não "enjoe" do alimento e não precise ficar variando o sabor da alimentação. Perfil Macro Nutricional O PMN (Perfil Macro Nutricional) é a redistribuição da energia oferecida por cada macro nutriente, ou seja, o equilíbrio perfeito entre as proteínas, gorduras e carboidratos. O PMN varia de acordo com a idade (filhote ou adulto) e estado fisiológico (gestação/lactação). E o que faz a Feline Health Nutrition Úmida tão interessante para veterinários, criadores e proprietários? Os alimentos úmidos da Royal Canin, formulados para atender o ótimo Perfil Macro Nutricional dos gatos, favorecem a palatabilidade em longo prazo, fazendo com que o gato não necessite de um alimento úmido com variedade de sabor. O gato não "enjoa" do alimento, este alimento favorece a sua preferência instintiva.
A linha A nova linha Feline Health Nutrition é apresentada em duas versões: exclusivo mousse ultra macio e saborosos pedaços ao molho com quatro indicações. · Babycat Instinctive 10: ideal para gatinhos na 1ª fase de crescimento (do desmame aos quatro meses). · Kitten Instinctive 12: ideal para gatinhos na 2ª fase de crescimento (de quatro a 12 meses). · Ultra Light 10: indicado para gatos adultos e/ou com tendência ao ganho de peso, como gatos com pouca atividade física ou castrados. · Intense Beauty 12: indicado para gatos adultos que necessitem de cuidados especiais com a pele e pelagem. · Instinctive 12: ideal para gatos adultos com peso ideal e que precisem de um alimento completo e com teores moderados de energia. Royal Canin: 0800 703 5588 www.royalcanin.com.br
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$ NEGÓCIOS E OPORTUNIDADES $
Manual de fluidoterapia em pequenos animais
saiba sobre os diferentes fluidos para as diferentes alterações orgânicas • • • • • A - perdas ocorridas
anorexia vômito crônico obstrução intestinal diabetes melito e outras B - manutenção diária
Escolha os eletrólitos
mais adequados e Pedidos: administre doses precisas (11) 3835-4555 www.editoraguara.com.br
C - perdas continuadas
Quantidade de fluido a ser administrada
NOVEMBRO 17 de novembro Belo Horizonte - MG Alergologia veterinária (31) 3281-0500
19 a 20 de novembro Rio de Janeiro - RJ I Curso de manejo hospitalar e emergência de felinos (21) 9909-0002
17 e 18 de novembro Araquari - SC I Simpósio de medicina veterinária do IFC - Leishmanioses (47) 3803-7258
19 e 20 de novembro São Paulo - SP Ultrassonografia do sistema músculo esquelético (13) 3251-8500
18 e 19 de novembro On line Jornadas hospitalarias veterinarias www.hospitalariasweb.com.ar
19 e 20 de novembro São Carlos - SP Curso de interpretação de exames laboratoriais (16) 3372-5544
19 de novembro Campo Grande - MS II Seminário de Saúde Ambiental
(67) 9963-4686 19 de novembro São Paulo - SP (FMVZ-USP) Manejo comportamental: aplicação do enriquecimento ambiental na busca do bem-estar animal allscience@hotmail.com
21 de novembro de 2011 a 21 de janeiro de 2012 On line Atualização em endocrinologia www.equalis.com.br 21 a 24 de novembro Santa Maria - RS II Simpósio regional de atualização em terapia regenerativa com células-tronco (55) 9129-1314
21 a 25 de novembro Teresina - PI Curso de Formação de Oficiais de Controle Animal – Curso FOCA www.itecbr.org 23 de novembro São Paulo - SP Desvendando a leishmaniose visceral canina. Do diagnóstico à prevenção www.didatus.com.br 23 a 25 de novembro Rio de Janeiro - RJ Gestão e planejamento estratégico para médicos veterinários (21) 9953-1528 25 e 26 de novembro Rio de Janeiro - RJ Curso teórico em emergência e anestesia em cães e gatos (21) 3326-0440 25 a 27 de novembro Londrina - PR Simpósio de medicina torácica em animais de companhia (43) 9151-8889
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26 a 28 de novembro Viçosa - MG Curso de interpretação ultrassonográfica em pequenos animais (31) 3899-8300 28 de novembro a 2 de dezembro São José do Rio Preto - SP Curso cardiologia clínica (ECG, holter & pressão arterial) (17) 3011-0927 29 de novembro a 1º de dezembro Viçosa - MG Curso de interpretação radiográfica em pequenos animais (31) 3899-8300 29 de novembro Recife - PE Simpósio Royal Canin de endocrinologia e gastroenterologia http://migre.me/5ZFYB 30 de novembro a 2 de dezembro Recife - PE SINDIV - Simpósio Internacional de Diagnóstico por Imagem Veterinário www.dmv.ufrpe.br/sindiv/
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DEZEMBRO 2 a 5 de dezembro Curitiba - PR Curso de habilitação em cuidados intensivos - LAVECCS (41) 9649-2664 3 e 4 de dezembro Rio de Janeiro - RJ SOVET RIO 2011 - 1º Simpósio de oncologia veterinária (21) 2266-1953 4 a 6 de dezembro Viçosa - MG Cirurgias em pequenos animais (31) 3899-8300 5 a 8 de dezembro Belo Horizonte - MG Interpretação radiográfica do tórax (31) 3297 2282 5 a 9 de dezembro Campinas - SP Curso de ecodopplercardiografia (19) 3365-1221
10 e 11 de dezembro São Paulo - SP US Doppler - Avançado (13) 3251-8500 10 e 11 de dezembro Brasília - DF Curso de responsabilidade técnica em clínicas e pet shops (61) 8122-4234 10 a 12 de dezembro Viçosa - MG Anestesia em pequenos animais (31) 3899-8300 12 a 14 de dezembro Viçosa - MG Odontologia em pequenos animais (31) 3899-8300 15 a 18 de dezembro Viçosa - MG Dermatologia em pequenos animais (31) 3899-8300
2012
FEVEREIRO 1º de fevereiro de 2012 a 1º de julho de 2013 São Paulo - SP Pós graduação Lato sensu em oncologia de pequenos animais (11) 3847-3198 3 de fevereiro a 12 de dezembro Londrina - PR Curso de aperfeiçoamento em geriatria de pequenos animais (43) 9151-8889 9 a 11 de fevereiro São Paulo - SP CIPO - Curso de ortopedia módulo básico (11) 3819-0594 25 de fevereiro a 25 de novembro São Paulo Gestão de clínicas veterinárias e pet shops para veterinários (11) 3209-9747 26 de fevereiro a 1º de abril Mandaqui - SP Ortopedia e traumatologia (11) 2995-9155
7 a 9 de dezembro Viçosa - MG Curso de cirurgias ortopédicas (31) 3899-8300
JANEIRO 5 e 6 de janeiro Módulo 1 - São Paulo III Vet Practices in South Africa (11) 3149-8199
8 a 10 de dezembro São Paulo - SP CIPO - Curso de ortopedia módulo avançado (11) 3819-0594
15 de janeiro a 5 de fevereiro Osasco - SP Curso teórico-prático de anestesia veterinária (11) 2995-9155
MARÇO 2 a 4 de março São Paulo - SP Curso de especialização "Latu sensu" em medicina de animais selvagens e pets exóticos (11) 8713-6343
9 a 11 de dezembro Belo Horizonte - MG Ortopedia (teórico-prático): distúrbios articulares (31) 3297 2282
28 de janeiro a 6 de outubro São Paulo - SP VII - Turma de técnica cirúrgica (11) 2305-8666
10 de março a 23 de setembro São Paulo - SP Curso de medicina intensiva CETAC (7 módulos) (11) 2305-8666
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16 a 18 de março São Paulo - SP 6º Neurovet - Simpósio de neurologia veterinária www.peteventos.com.br 16 de março a 1º de agosto São Paulo - SP Especialização em ortopedia veterinária - Universidade Anhembi Morumbi (11) 8611-5904 16 de março de 2012 a 16 de dezembro de 2013 São Paulo - SP Pós graduação Lato sensu em oncologia de pequenos animais (11) 3847-3198 22 a 24 de março São Paulo - SP Pet Show 2012
www.feirapetshow.com.br 23 a 25 de março Londrina - PR Simpósio de nefro-urologia em animais de companhia (43) 9151-8889 31 de março a 5 de abril São Paulo - SP XXII Sacavet e IX Simpropira
www.sacavet.com.br
ABRIL 6 a 8 de abril Areia - PB I simpósio do grupo de estudos em animais silvestres da UFPB (83) 9631-7662 14 de abril de 2012 a 14 de março de 2014 SP - PR - RJ - RS - BA Pós-graduação em anestesiologia veterinária - PAV (14) 3882-4243 19 a 21 de abril João Pessoa - PB VII ONCOVET 2012 - Abrovet
27 a 30 de abril Curitiba - PR 33º Congresso Brasileiro da ANCLIVEPA
www.anclivepa2012.com.br 28 de abril de 2012 a 29 de março de 2014 Piracicaba - SP Curso de homeopatia (19) 3435 2514 28 de abril a 1º de maio Porangaba - SP Encontro Nacional de Direitos Animais - ENDA 2012 www.enda.org.br
www.abrovet.org.br/oncovet2012 21 de abril de 2012 a 3 de fevereiro de 2013 São Paulo - SP Curso de clínica médica - CETAC (11) 2305-8666
MAIO 1º a 10 de maio São Paulo - SP Especialização em odontologia veterinária pela USP www.loc.fmvz.usp.brz
11 a 15 de maio Recife - PE Fenapet 2012 Feira Nacional de produtos para a linha pet e veterinária (81) 3028-1410 21 a 25 de maio Taubaté - SP I Curso FOCA NIVEL 2 -(Formação de Oficiais de Controle Animal) www.itecbr.org JUNHO 7 a 10 de junho Belo Horizonte - MG Expovet Minas (31) 3444-9002 20 a 22 de junho Rio de Janeiro - RJ 11ª RIO VET 11ª Conferência Sul-americana de Medicina Veterinária www.riovet.com.br OUTUBRO 16 a 18 de outubro São Paulo - SP Pet South America 2012 www.petsa.com.br
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2012
Internacional
NOVEMBRO 24 e 25 de novembro Londres - UK The London Vet Show (LVS)
www.londonvetshow.co.uk
JANEIRO 8 a 20 de janeiro Eastern Cape South Africa III Vet Practices in South Africa (11) 3149-8199 14 a 18 de janeiro Orlando - Flórida NAVC - North American Veterinary Conference 2012 www.tnavc.org
4 e 5 de abril Schaumburg - Illinois - USA Petfood Workshop 2012: New Product Development http://migre.me/5Zk9K
JULHO 24 a 28 de julho Vancouver - Canadá 7th World Congress of Veterinary Dermatology 2012
12 a 15 de abril Birmingham - Inglaterra WSAVA 2012 - FECAVA - BSAVA
www.vetdermvancouver.com SETEMBRO 6 a 15 de setembro Jeju, Republic of Korea IUCN World Conservation Congress 2012 www.iucn.org/2012_congress/
24 a 26 de novembro Punta del Este - Uruguai FIAVAC 2011: • Simposio Iberoamericano de Zoonosis Emergentes y Reemergentes / • VIII Congresso Iberoamericano FIAVAC* • VIII Congresso Nacional de SUVEPA * • XXI Jornadas Veterinarias de Maldonado * * Tradução para o português
2 a 4 de abril Schaumburg - Illinois - USA Petfood Forum 2012
17 a 20 de maio Nuremberg - Alemanha
NOVEMRO 18 a 21 de novembro Las Vegas, Nevada - EUA VCS Veterinary Cancer Society 2012 Annual Conference
http://fiavac2011.org/
http://migre.me/5Zk8D
Interzoo 2012 http://www.interzoo.com/
www.vetcancersociety.org
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FEVEREIRO 16 de fevereiro Bangkok - Thailand Petfood Forum Asia 2012 http://migre.me/5Zk6E ABRIL
www.wsava.org MAIO 8 a 15 de maio Valencia - ES Congreso Internacional Veterinaria 2012 veterinaria2012@viajeseci.es
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