Clínica Veterinária n. 96

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34

Clínica médica

Audiometria de impedância na otite média crônica de cães Impedance audiometry in chronic otitis media of dogs Audiometría de impedancia en la otitis media crónica en perros – Reporte de un caso

44

Endocrinologia

Estudo da hipercoagulabilidade sanguínea em 45 cães com hiperadrenocorticismo endógeno, por meio da avaliação da frequência de trombocitose, hiperfibrinogenemia e hipertensão arteria A study of hypercoagulability in 45 dogs with endogenous hyperadrenocorticism in relation to the frequency of thrombocytosis, hyperfibrinogenemia and hypertension Estudio de la hipercoagulabilidad sanguínea en 45 perros con hiperadrenocorticismo endógeno, a través de la frecuencia de trombocitosis, hiperfibrinogenemia e hipertensión arterial

52

Oncologia

Nefroblastoma com metástase pulmonar em um cão – relato de caso

Nephroblastoma with pulmonary metastases in a dog – case report Nefroblastoma con metástasis pulmonar en un perro – relato de un caso

Dermatologia

Tratamento de papilomatose oral canina – relato de caso

58

Treatment for canine oral papillomatosis – a case report Tratamiento de la papilomatosis oral canina – reporte de un caso

66

Ortopedia

Placas bloqueadas – características e utilização na ortopedia de cães e gatos Locked plates – characteristics and use in orthopedic for dog and cats Placas bloqueadas – características y utilización en la ortopedia de perros y gatos

Diagnóstico por imagem

72

Ultrassonografia pancreática em cães – revisão de literatura

Pancreatic ultrasound in dogs – a review Ecografía pancreática en el perro – revisión de la literatura

Cardiologia

80

Ritmo sinoventricular secundário a hipercalemia em gatos com obstrução uretral – breve descrição de três casos Sinoventricular rhythm secondary to hyperkalemia in cats with urethral obstruction – a brief report of three cases Ritmo auriculo ventricular secundário a la hiperpotasemia en gatos con obstrucción uretral – relato de tres casos

4

Reprodução

88

Mumificação fetal extra-uterina em uma cadela – relato de caso

Extrauterine fetal mummification in a bitch – case report Momificación fetal extra uterina en una perra – reporte de un caso

Animais silvestres

92

Diagnóstico de parasitas gastrintestinais de tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla, Linnaeus, 1758) mantidos em cativeiro e terapia farmacológica – relato de caso

Diagnosis of gastrointestinal parasites of giant anteaters (Myrmecophaga tridactyla, Linnaeus, 1758) kept in captivity and drug therapy – a case report Diagnóstico de parásitos grastrointestinales de osos hormigueros gigantes (Myrmecophaga tridactyla, Linnaeus, 1758) en cautiverio y su terapéutica farmacológica – reporte de un caso

Errata Na edição n. 95 de novembro/dezembro de 2011, no artigo Maus-tratos contra gatos domésticos, páginas 70 a 78, o nome do autor foi grafado errado. O correto é Paulo César Maiorka.

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Contato Editora Guará Ltda. Dr. José Elias 222 - Alto da Lapa 05083-030 San Pablo - SP BRASIL cvassinaturas@editoraguara.com.br Telefone/fax: (11) 3835-4555 / 3641-6845

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Saúde pública

12

Medicina veterinária legal

Desenvolvimento sustentável

16

Gestão, marketing & estratégia

Leishmaniose visceral canina • Gerenciamento de resíduos • Programa Frontline® para descarte de embalagens • Grupo Organnact adota sistema de reciclagem de lixo • Saúde ambiental foi destaque em Campo Grande, MS

Medicina veterinária do coletivo

20

Notícias

24

Medicina veterinária do coletivo é realidade no Estado do PR

• ANVISA atende solicitação do CFMV • Vétoquinol chega ao Brasil e América do Sul • MSD Saúde Animal anuncia vencedores do Prêmio Veterinário Cidadão • Simpósio Internacional sobre Cardiologia Intervencionista • MSD Saúde Animal investe em projeto social e lança Espaço Zilda Arns de Terapias Assistidas por Animais • Workshop Clinical Pet Society • 2º Dermato Clean trouxe dr. Miller ao Brasil • SINDIV superou as expectativas

Livros

• Massone - Anestesiologia Veterinária • Massoterapia • Centro cirúrgico veterinário

6

104

106

A importância da identidade e identificação em medicina veterinária forense

Mercado pet

108 110

Pet food

112

Prepare-se, ou 2012 pode ser o fim do seu mundo!

• Cartilha e palestras orientam empreendedores interessados no mercado pet • Qsoft Brasil incorpora software Masterclin • Abordagem nutricional nas gastroenteropatias • Um passo à frente

Arquitetura e construção

Inovação e design para o bem-estar dos gatos

Lançamentos

• Novos suplementos da Nutripharme • Novos alimentos super premium para cães e gatos

Guia veterinário

Produtos e serviços para o mercado pet e veterinário

Vet Agenda

116 118 119 127

Eventos nacionais e internacionais ligados à medicina veterinária de pequenos animais

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H

á anos o avanço da leishmaniose visceral canina preocupa os profissionais da área da saúde. A informação que sempre predominou, principalmente quando tinha sua origem em órgãos públicos, é que todos os cães soropositivos devem ser eliminados. Porém, sempre houve quem discordasse disso, notadamente quando há literatura científica e documentos internacionais que vão contra essa determinação. Os eventos realizados para discutir leishmaniose visceral têm abordado a questão de dois modos distintos: os que promovem a cultura da eliminação de cães e os que procuram entender o problema buscando uma solução ética, humanitária e sustentável, com base em estudos científicos que não apoiam a política de eliminação de cães. Exemplo disso é uma recente revisão sistemática feita pela Organização Mundial de Saúde que destaca que a sensibilidade e

Palestras de audiência realizada em Brasília, na Câmara do Deputados, estão disponíveis na internet c

"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim." – Chico Xavier

especificidade moderada do teste de diagnóstico utilizado, o tempo longo entre a coleta de amostras e a eliminação dos cães, bem como a complexidade de sua execução têm sido invocados como razões para a baixa eficácia da campanha de eliminação de cães e propõe como imperativa a revisão das estratégias de controle atuais, a fim de evitar o desperdício de recursos econômicos e humanos em intervenções de saúde. Discussões como essas sempre se limitaram a espaços reservados, com acesso apenas a profissionais da saúde, e sem divulgação para a sociedade civil. Porém, com o advento da internet, muita coisa mudou em pouco tempo, principalmente porque hoje vários cidadãos já encontram na rede mundial informações distintas das preconizadas pelas instituições de saúde pública do Brasil, reforçando o quanto inexequível é a política de eliminação de cães. Muitos cidadãos que passaram a conviver de perto com o problema também vêm se juntando em grupos

a - http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=482394 b - http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=510841 c - http://www2.camara.gov.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/cssf/videoArquivo?dep=&codSessao=00020001 d - http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=510841

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Arthur de Vasconcelos Paes Barretto editor@editoraguara.com.br CRMV-MG 10.684

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EDITORAÇÃO ELETRÔNICA / DESKTOP PUBLISHING Em 30/06/2011 o Deputado Geraldo Resende (PMDB-MS) apresentou o Projeto de Lei n. 1738/2011, que dispõe sobre a política nacional de vacinação contra a leishmaniose animal d

e gerando uma grande participação da sociedade civil na discussão do problema. Tanto isso é real que durante o ano de 2011 o assunto leishmaniose ganhou destaque, por exemplo, na Câmara dos Deputados, em Brasília, DF (22 de novembro), na Câmara Municipal de Belo Horizonte (28 de setembro, 29 e 30 de outubro) e na Assembléia Legislativa do Estado de Goiás, em Goiânia (9 de novembro). Tramitam também alguns projetos, como o que institui a Semana Nacional de Combate à Leishmaniose (PL 7572/2010), que já passou pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) e segue agora para sanção da Presidência da República a, e o projeto que trata da política nacional de vacinação contra a leishmaniose animal b (PL 1738/2011). Além da leishmaniose, a saúde pública veterinária também teve destaque em 2011, quando, no final de outubro, foi publicada no Diário Oficial da União portaria que inclui os médicos veterinários como profissionais aptos a compor os núcleos de apoio à saúde da família (NASF). Isto pode ser muito bom para ajudar o controle da leishmaniose e de outras zoonoses, mas primeiro os gestores de saúde precisam reconhecer que a família atual é multiespécie e o quão necessários são os médicos veterinários. Etapas estão sendo conquistadas em prol da saúde da família, mas ainda há muito a se fazer. Que 2012 seja próspero! "A persistência é o caminho do êxito." (Charles Chaplin).

Arthur de Vasconcelos Paes Barretto

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CAPA / COVER

Sarge, cão da raça cão dos Pirineus fotografado por David Kruger en Lexington, KY, Estados Unidos (EUA)

Clínica Veterinária é uma revista técnico-científica bimestral, dirigida aos clínicos veterinários de pequenos animais, estudantes e professores de medicina veterinária, publicada pela Editora Guará Ltda. As opiniões em artigos assinados não são necessariamente compartilhadas pelos editores. Os conteúdos dos anúncios veiculados são de total responsabilidade dos anunciantes. Não é permitida a reprodução parcial ou total do conteúdo desta publicação sem a prévia autorização da editora.

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CONSULTORES CIENTÍFICOS Adriano B. Carregaro

Clarissa Niciporciukas

Hector Daniel Herrera

Leonardo Pinto Brandão

Masao Iwasaki

Alceu Gaspar Raiser

Clair Motos de Oliveira

Hector Mario Gomez

Leucio Alves

Mauro J. Lahm Cardoso

FZEA/USP carregaro@usp.br

DCPA/CCR/UFSM raisermv@gmail.com

Alessandra M. Vargas

Endocrinovet alessandra@endocrinovet.com.br

Alexandre Krause

FMV/UFSM alexandre_krause@yahoo.com.br

Alexandre Lima Andrade CMV/Unesp-Aracatuba landrade@fmva.unesp.br

Alexander Welker Biondo UFPR, UI/EUA abiondo@uiuc.edu

Aloysio M. F. Cerqueira UFF amfcerqueira@uol.com.br

Ana Claudia Balda FMU, Hovet Pompéia anabalda@terra.com.br

Ana Paula F. L. Bracarense DCV/CCA/UEL anapaula@uel.br

André Luis Selmi

Anhembi/Morumbi e Unifran andre_selmi@yahoo.com.br

Angela Bacic de A. e Silva FMU angelbac2002@yahoo.com.br

Antonio M. Guimarães DMV/UFLA amg@ufla.br

Aparecido A. Camacho FCAV/Unesp-Jaboticabal camacho@fcav.unesp.br

A. Nancy B. Mariana FMVZ/USP anbmaria@usp.br

Arlei Marcili

ICB/USP amarcili@usp.br

Aulus C. Carciofi

FCAV/Unesp-Jaboticabal aulus@fcav.unesp.br

Aury Nunes de Moraes UESC a2anm@cav.udesc.br

Ayne Murata Hayashi FMVZ/USP aynemurata@ig.com.br

Benedicto W. De Martin FMVZ/USP; IVI ivi@ivi.vet.br

Berenice Avila Rodrigues Médica veterinária autônoma berenice@portoweb.com.br

Camila I. Vannucchi FMVZ/USP cacavann@usp.br

Carlos Alexandre Pessoa Médico veterinário autônomo animalexotico@terra.com.br

Carlos Eduardo S. Goulart FTB carlosedgoulart@hotmail.com

Carlos Roberto Daleck FCAV/Unesp-Jaboticabal daleck@fcav.unesp.br

Cassio R. Auada Ferrigno FMVZ/USP cassioaf@usp.br

Ceres Faraco

FACCAT/RS ceresfaraco@gmail.com

César Augusto D. Pereira UAM, UNG, UNISA dinolaca@hotmail.com

Christina Joselevitch

IP/USP christina.joselevitch@gmail.com

Cibele F. Carvalho

UNICSUL cibelefcarvalho@terra.com.br

10

ANCLIVEPA-SP clarissa@usp.br FMVZ/USP cmoliv@usp.br

Cleber Oliveira Soares EMBRAPA cleber@cnpgc.embrapa.br

Cristina Massoco

Salles Gomes C. Empresarial cmassoco@gmail.com

Daisy Pontes Netto FMV/UEL rnetto@uel.br

Univ. de Buenos Aires hdh@fvet.uba.ar EMV/FERN/UAB hectgz@netscape.net

Hélio Autran de Moraes

Dep. Clin. Sci./Oregon S. U. helio.demorais@oregonstate.edu

Hélio Langoni

FMVZ/UNESP-Botucatu hlangoni@fmvz.unesp.br

Heloisa J. M. de Souza FMV/UFRRJ justen@centroin.com.br

Daniel Curvello de M. Müller Herbert Lima Corrêa UFSM/URNERGS cmdaniel@terra.com.br

ODONTOVET odontovet@odontovet.com

FMV/UFF macieiradb@vm.uff.br

Koala H. A. e Inst. Dog Bakery iaralevino@yahoo.com.br

Daniel Macieira

Denise T. Fantoni FMVZ/USP dfantoni@usp.br

Dominguita L. Graça FMV/UFSM dlgraca@gmail.com

Edgar L. Sommer

PROVET edgarsommer@sti.com.br

Edison L. P. Farias UFPR elpf@uol.com.br

Eduardo A. Tudury DMV/UFRPE eat@dmv.ufrpe.br

Elba Lemos

FioCruz-RJ elemos@ioc.fiocruz.br

Elisangela de Freitas FMVZ/Unesp-Botucatu elisangela@odontovet.com

Fabiano Montiani-Ferreira FMV/UFPR fabiomontiani@hotmail.com

Fabiano Séllos Costa DMV/UFRPE fabianosellos@hotmail.com

Fernando C. Maiorino FEJAL/CESMAC/FCBS fcmaiorino@uol.com.br

Fernando de Biasi DCV/CCA/UEL biasif@yahoo.com

Fernando Ferreira

FMVZ/USP fernando@vps.fmvz.usp.br

Flávia R. R. Mazzo Provet flamazzo@gmail.com

Flavia Toledo

Univ. Estácio de Sá toledo-f@ig.com.br

Flavio Massone

FMVZ/Unesp-Botucatu btflama@uol.com.br

Francisco J. Teixeira Neto FMVZ/Unesp-Botucatu fteixeira@fmvz.unesp.br

Francisco Marlon C. Feijo UFERSA marlonfeijo@yahoo.com.br

Franz Naoki Yoshitoshi Provet franz.naoki@terra.com.br

Geovanni Dantas Cassali ICB/UFMG cassalig@icb.ufmg.br

Geraldo Márcio da Costa DMV/UFLA gmcosta@ufla.br

Gerson Barreto Mourão ESALQ/USP gbmourao@esalq.usp.br

Hannelore Fuchs

Instituto PetSmile afuchs@amcham.com.br

Iara Levino dos Santos Iaskara Saldanha

Provet, Lab. Badiglian iaskara.silva@gmail.com

Idael C. A. Santa Rosa UFLA starosa@ufla.br

Ismar Moraes FMV/UFF fisiovet@vm.uff.br

James N. B. M. Andrade FMV/UTP jamescardio@hotmail.com

Jane Megid

FMVZ/Unesp-Botucatu jane@fmvz.unesp.br

Janis R. M. Gonzalez FMV/UEL janis@uel.br

Jairo Barreras

FioCruz jairo@ioc.fiocruz.br

Jean Carlos Ramos Silva UFRPE, IBMC-Triade jean@triade.org.br

João G. Padilha Filho FCAV-Unesp-Jaboticabal padilha@fcav.unesp.br

João Pedro A. Neto

UAM joaopedrovet@hotmail.com

Jonathan Ferreira

Odontovet jonathan@odontovet.com

José Alberto P. da Silva FMVZ/USP ja.ps@uol.com.br

José de Alvarenga FMVZ/USP alangarve@terra.com.br

Jose Fernando Ibañez FALM/UENP ibanez@uenp.edu.br

José Luiz Laus

FCAV/Unesp-Jaboticabal jllaus@fcav.unesp.br

José Ricardo Pachaly UNIPAR pachaly@uol.com.br

Merial Saúde Animal leobrandao@yahoo.com FMV/UFRPE leucioalves@gmail.com

Luciana Torres

FMVZ/USP lu.torres@terra.com.br

Lucy M. R. de Muniz FMVZ/Unesp-Botucatu lucy_marie@uol.com.br

Luiz Carlos Vulcano FMVZ/Unesp-Botucatu vulcano@fmvz.unesp.br

FMVZ/Unesp-Botucatu michikos@fmvz.unesp.br

Moacir S. de Lacerda

Marcelo A. B. V. Guimarães

Monica Vicky Bahr Arias

Marcelo Bahia Labruna

Nadia Almosny

Marcelo de C. Pereira

Nayro X. Alencar

Marcelo Faustino

Nei Moreira

Marcia Kahvegian

Nilson R. Benites

Márcia Marques Jericó

Nobuko Kasai

Marcia M. Kogika

Noeme Sousa Rocha

Marcio B. Castro

Norma V. Labarthe

Marcio Dentello Lustoza

Patrícia Mendes Pereira

Márcio Garcia Ribeiro

Paulo César Maiorka

UNIUBE moacir.lacerda@uniube.br

FMVZ/USP mabvg@usp.br

FMV/UEL vicky@uel.br

FMVZ/USP labruna@usp.br

FMV/UFF mcvalny@vm.uff.br

FMVZ/USP marcelcp@usp.br

FMV/UFF nayro@vm.uff.br

FMVZ/USP marcellus_f@yahoo.com.br

CMV/UFPR neimoreira@ufpr.br

FMVZ/USP makahve@hotmail.com

FMVZ/USP benites@usp.br

UAM e UNISA marciajerico@hotmail.com

FMVZ/USP nkasai@usp.br

FMVZ/USP mmkogika@usp.br

UNB mbcastro2005@yahoo.com.br

Biogénesis-Bagó Saúde Animal mdlustoza@uol.com.br FMVZ/Unesp-Botucatu mgribeiro@fmvz.unesp.br

Marco Antonio Gioso FMVZ/USP gioso@usp.br

Marconi R. de Farias PUC-PR marconi.farias@pucpr.br

Maria Cecilia Rui Luvizotto CMV/Unesp-Aracatuba ruimcl@fmva.unesp.br

Maria Cristina F. N. S. Hage FMV/UFV crishage@ufv.br

Maria Cristina Nobre

FMV/UFF mcnobre@predialnet.com.br

Maria de Lourdes E. Faria VCA/SEPAH

Juliana Werner

Maria Lúcia Zaidan Dagli

FMVZ/Unesp-Botucatu jtbrondani@yahoo.com

FMVZ/Unesp-Botucatu jaquelinem@fmvz.unesp.br

FCAV/Unesp-Jaboticabal werther@fcav.unesp.br

Michiko Sakate

FM/UFTO otake@uft.edu.br

Maria Jaqueline Mamprim

Karin Werther

ODONTOVET michele@odontovet.com

Marcello Otake Sato

Juliana Brondani

UEL freitasj@uel.br

Michele A. F. A. Venturini

FMV/UEL msiliane@uel.br

DCV/CCA/UEL imartins@uel.br

Julio Cesar de Freitas

Psicologia PUC-SP maurolantzman@gmail.com

Miriam Siliane Batista

FMVZ/USP robertok@fmvz.usp.br

FMVZ/UFMG cambraia@vet.ufmg.br

Mauro Lantzman

FMVZ/Unesp-Botucatu henrique@fmvz.unesp.br

José Roberto Kfoury Júnior

Julio C. Cambraia Veado

FALM/UENP maurolahm@uenp.edu.br

Luiz Henrique Machado

Maria Isabel Mello Martins

Lab. Werner e Werner juliana@werner.vet.br

FMVZ/USP miwasaki@usp.br

FMVZ/USP malu021@yahoo.com

Marion B. de Koivisto CMV/Unesp-Araçatuba koivisto@fmva.unesp.br

Marta Brito

FMVZ/USP mbrito@usp.br

Mary Marcondes

CMV/Unesp-Araçatuba marcondes.mary@gmail.com

Clínica Veterinária, Ano XVII, n. 96, janeiro/fevereiro, 2012

FMV/Unesp-Botucatu rochanoeme@fmvz.unesp.br FMV/UFFe FioCruz labarthe@centroin.com.br DCV/CCA/UEL pmendes@uel.br

FMVZ/USP pmaiorka@yahoo.com

Paulo Iamaguti

FMVZ/Unesp-Botucatu pauloiamaguti@ig.com.br

Paulo S. Salzo UNIMES, UNIBAN pssalzo@ig.com.br

Paulo Sérgio M. Barros FMVZ/USP pauloeye@usp.br

Pedro Germano FSP/USP pmlgerma@usp.br

Pedro Luiz Camargo DCV/CCA/UEL p.camargo@uel.br

Rafael Almeida Fighera

FMV/UFSM anemiaveterinaria@yahoo.com.br

Rafael Costa Jorge Hovet Pompéia rc-jorge@uol.com.br

Regina H. R. Ramadinha FMV/UFRRJ regina@vetskin.com.br

Renata Navarro Cassu Unoeste-Pres. Prudente renavarro@uol.com.br

Renée Laufer Amorim FMVZ/Unesp-Botucatu renee@fmvz.unesp.br

Ricardo Duarte

Hovet Pompéia netuno2000@hotmail.com

Ricardo Souza Vasconcellos

CAV/UDESC ricardo.souza.vasconcellos@gmail.com


Ricardo G. D´O. de C. Vilani UFPR vilani@ufpr.br

Rita de Cassia Garcia FMV/USP rita@vps.fmvz.usp.br

Rita de Cassia Meneses IV/UFRRJ cassia@ufrrj.br

Rita Leal Paixão

FMV/UFF rita_paixao@uol.com.br

Robson F. Giglio

Hosp. Cães e Gatos 24h; Unicsul robsongiglio@gmail.com

Rodrigo Gonzalez FMV/Anhembi-Morumbi rgonzalez@globo.com

Rodrigo Mannarino FMVZ/Unesp-Botucatu r.mannarino@uol.com.br

Ronaldo Casimiro da Costa CVM/Ohio State University dacosta.6@osu.edu

Ronaldo G. Morato

CENAP/ICMBio ronaldo.morato@icmbio.gov.br

Rosângela de O. Alves EV/UFG rosecardio@yahoo.com.br

Rute Chamie A. de Souza UFRPE/UAG rutecardio@yahoo.com.br

Ruthnéa A. L. Muzzi DMV/UFLA ralmuzzi@ufla.br

Sady Alexis C. Valdes ICBIM/UFU sadyzola@uol.com.br

Sheila Canavese Rahal FMVZ/Unesp-Botucatu sheilacr@fmvz.unesp.br

Silvia E. Crusco

UNIP/SP silviacrusco@terra.com.br

Silvia Neri Godoy UICMBio Sede silng@uol.com.br

Silvia R. G. Cortopassi FMVZ/USP silcorto@usp.br

Silvio Arruda Vasconcellos FMVZ/USP savasco@usp.br

Silvio Luis P. de Souza FMVZ/USP, UAM slpsouza@usp.br

Simone Gonçalves

Hemovet/Unisa simonegoncalves_br@yahoo.com.br

Stelio Pacca L. Luna FMVZ/Unesp-Botucatu stelio@fmvz.unesp.br

Suely Nunes E. Beloni DCV/CCA/UEL beloni@uel.br

Tilde Rodrigues Froes Paiva FMV/UFPR tilde9@hotmail.com

Valéria Ruoppolo

Int. Fund for Animal Welfare vruoppolo@uol.com.br

Vamilton Santarém

Unoeste vsantarem@itelefonica.com.br

Vania Maria de V. Machado FMVZ/Unesp-Botucatu vaniamvm@fmvz.unesp.br

Viviani de Marco

UNISA, Hosp. Vet. Pompéia vivianidemarco@terra.com.br

Wagner S. Ushikoshi

FMV/UNISA e FMV/CREUPI wushikoshi@yahoo.com.br

Zalmir S. Cubas

Itaipu Binacional cubas@foznet.com.br

Instruções aos autores

Artigos científicos inéditos, como trabalhos de pesquisa, revisões de literatura e relatos de caso, enviados à redação são avaliados pela equipe editorial. Em face do parecer inicial, o material é encaminhado aos consultores científicos. A equipe decidirá sobre a conveniência da publicação, de forma integral ou parcial, encaminhando ao autor sugestões e possíveis correções. Relatos de casos são utilizados para apresentação de casos de interesse, quer seja pela raridade, evolução inusitada ou técnicas especiais, que são discutidas detalhadamente. Revisões são utilizadas para o estudo aprofundado de informações atuais referentes a um determinado assunto, a partir da análise criteriosa dos trabalhos de pesquisadores de todo o meio científico, publicados em periódicos de qualidade. Uma revisão deve apresentar no máximo até 15% de seu conteúdo provenientes de livros, e no máximo 20% de artigos com mais de dez anos de publicação. Trabalhos de pesquisa são utilizados para apresentar resultados, discussões e conclusões de pesquisadores que exploram fenômenos ainda não completamente conhecidos ou estudados. Nesses trabalhos, o bem-estar animal deve sempre receber atenção especial. Para a primeira avaliação, os autores devem enviar por email (cvredacao@editoraguara.com.br) um arquivo texto (.doc) com o trabalho, acompanhado de imagens digitalizadas em formato .jpg . As imagens digitalizadas devem ter, no mínimo, resolução de 300 dpi na largura de 9cm. Se os autores não possuírem imagens digitalizadas, devem encaminhar pelo correio ao nosso departamento de redação cópias das imagens originais (fotos, slides ou ilustrações – acompanhadas de identificação de propriedade e autor). Devem ser enviadas tambem a identificação de todos os autores do trabalho (nome completo por extenso, RG, CPF, endereço residencial com cep, telefones e email). Além dos nomes completos, devem ser informadas as instituições às quais os autores estejam vinculados, bem como seus títulos no momento em que o trabalho foi escrito. Todos os artigos, independentemente da sua categoria, devem ser redigidos em língua portuguesa e acompanhados de versões em língua inglesa e espanhola de: título, resumo (de 700 a 800 caracteres) e unitermos (3 a 6). Os títulos devem ser claros e ser grafados em letras minúsculas – somente a primeira letra da primeira palavra deve ser grafada em letra maiúscula. Os resumos devem ressaltar o objetivo, o método, os resultados e as conclusões, de forma concisa, dos pontos relevantes do trabalho apresentado. Os unitermos não devem constar do título. Devem ser dispostos do mais abrangente para o mais específico (eg, “cães, cirurgias, abcessos, próstata). Verificar se os unitermos escolhidos constam dos “Descritores em Ciências de Saúde” da Bireme (http://decs.bvs.br/). Revisões de literatura não devem apresentar o subtítulo “Conclusões”. Sugere-se “Considerações finais”. Não há especificação para a quantidade de páginas, dependendo esta do conteúdo explorado. Os assuntos devem ser abordados com objetividade e clareza, visando o público leitor – o clínico veterinário de pequenos animais.

Utilizar fonte arial tamanho 10, espaço simples e uma única coluna. As margens superior, inferior e laterais devem apresentar até 3cm. Não deixar linhas em branco ao longo do texto, entre títulos, após subtítulos e entre as referências. No caso de todo o material ser remetido pelo correio, devem necessariamente ser enviados, além de uma apresentação impressa, uma cópia em CD-rom. Imagens como fotos, tabelas, gráficos e ilustrações não podem ser cópias da literatura, mesmo que seja indicada a fonte. Devem ser utilizadas imagens originais dos próprios autores. Imagens fotográficas devem possuir indicação do fotógrafo e proprietário; e quando cedidas por terceiros, deverão ser obrigatoriamente acompanhadas de autorização para publicação e cessão de direitos para a Editora Guará (fornecida pela Editora Guará). Quadros, tabelas, fotos, desenhos, gráficos deverão ser denominados figuras e numerados por ordem de aparecimento das respectivas chamadas no texto. Imagens de microscopia devem ser sempre acompanhadas de barra de tamanho e nas legendas devem constar as objetivas utilizadas. As referências serão indicadas ao longo do texto apenas por números sobrescritos ao texto, que corresponderão à listagem ao final do artigo – autores e datas não devem ser citados no texto. Esses números sobrescritos devem ser dispostos em ordem crescente, seguindo a ordem de aparecimento no texto, e separados apenas por vírgulas (sem espaços). Quando houver mais de dois números em sequência, utilizar apenas hífen (-) entre o primeiro e o último dessa sequência, por exemplo cão 1,3,6-10,13. A apresentação das referências ao final do artigo deve seguir as normas atuais da ABNT 2002 (NBR 10520). Utilizar o formato v. para volume, n. para número e p. para página. Não utilizar “et al” – todos os autores devem ser relacionados. Não abreviar títulos de periódicos. Sempre utilizar as edições atuais de livros – edições anteriores não devem ser utilizadas. De modo geral, não serão aceitos apuds, somente sendo utilizados para literatura não localizada e obras antigas de difícil acesso. As citações de obras da internet devem seguir o mesmo procedimento das citações em papel, apenas com o acréscimo das seguintes informações: “Disponível em: <http://www.xxxxx>. Acesso em: dia de mês de ano.” Somente utilizar o local de publicação de periódicos para títulos com incidência em locais distintos, como, por exemplo: Revista de Saúde Pública, São Paulo e Revista de Saúde Pública, Rio de Janeiro. Não utilizar SIB, BID e outros. Escrever por extenso “a cada 12 horas”, “a cada 6 horas” etc. Com relação aos princípios éticos da experimentação animal, os autores deverão considerar as normas do SBCAL (Sociedade Brasileira de Ciência de Animais de Laboratório). Informações referentes a produtos utilizados no trabalho devem ser apresentadas em rodapé, com chamada no texto com letra sobrescrita ao princípio ativo ou produto. No rodapé devem constar o nome comercial, fabricante, cidade e estado. Para produtos importados, informar também o país de origem, o nome do importador/distribuidor, cidade e estado.

Revista Clínica Veterinária / Redação Rua dr. José Elias 222 CEP 05083-030 São Paulo SP cvredacao@editoraguara.com.br

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SAÚDE PÚBLICA

Leishmaniose visceral canina: infecciosa sim, contagiosa não

O controle da leishmaniose visceral na Europa e no Brasil, com suas diferenças e semelhanças, foi destaque no VII Simpósio Internacional de Leishmaniose Visceral Canina Dr. Javier Encinas Aragón, palestrante do simpósio, foi o consultor europeu da Organização Mundial de Saúde durante o Encontro de Experts em Leishmaniose Visceral nas Américas, promovido pela Organização Panamericana de Saúde e pelo Ministério da Saúde, www.youtube.com/watch?v=3GYpvx0vP5g ocorrido em Brasília, em 2005

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Por Arthur de Vasconcelos Paes Barretto

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CRMV-MG 10.684

os dias 29 e 30 de outubro de 2011, na Câmara Municipal de Belo Horizonte, MG, foi realizado o VII Simpósio Internacional de Leishmaniose Visceral Canina. Esse evento sempre foi realizado pela Anclivepa-MG, mas, a partir de 2011, passou a contar também com a participação do Brasileish, grupo de estudos sobre leishmaniose animal. Um dos palestrantes convidados, o dr. Javier Encinas Aragón, chefe de Sanidade Ambiental e Zoonoses da Comunidade de Madri, Espanha, além de contribuir com o compartilhamento do conhecimento científico, também apresentou importantesmateriais utilizados em campanhas educativas que focalizam a saúde pública. Acima, à esquerda, um dos materiais apresentados, o vídeo institucional Vets in your daily life presentation – Pets, que destaca o convívio dos seres humanos com os animais e a necessidade da participação dos médicos veterinários para garantir a sanidade dessa relação. Ao lado e abaixo, folheto educativo que orienta como deve ser o manejo do cão para que a sanidade da família seja garantida através da medidas de prevenção e do tratamento prescrito e supervisionado pelo médico veterinário. O informativo também destaca que a enfermidade não é contagiosa.

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Um dos alertas feitos durante o VII Simpósio Internacional de Leishmaniose Visceral Canina foi que os critérios utilizados para a eliminação em massa de cães no Brasil não defendem a vida humana, e que não há estudos científicos que deem suporte a essa conduta. O dr. Carlos Henrique Nery Costa, médico com doutorado em saúde pública tropical (Harvard, 1997), coordenador executivo da Rede Nordeste de Biotecnologia, diretor do Instituto de Doenças Tropicais Natan Portella e supervisor da residência médica em Infectologia da UFPI, também palestrante no simpósio, destacou a importância das ações focadas no vetor.

MOBILIZAÇÃO CONTRA EXTERMÍNIO DE CÃES COM LEISHMANIOSE NO BRASIL Para: Deputado Federal Luiz Henrique Mandetta (dep.mandetta@camara.gov.br) Deputado Resende

Federal

Geraldo

(dep.geraldoresende@camara.gov.br) Mais de 17.975 pessoas já assinaram o abaixo assinado contra o extermínio de cães com leishmaniose no Brasil:

www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=P2011N15026

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SAÚDE PÚBLICA

Dr. Javier Encinas Aragon, dr. Manfredo Werkhauser e Vitor Márcio Ribeiro durante discussão a respeito dos critérios científicos que devem direcionar as políticas públicas de prevenção e controle das leishmanioses. Atualmente, constata-se a eliminação desnecessária de vários cães, seja em decorrência de resultados falsos-positivos para leishmaniose visceral ou de leishmaniose tegumentar, situação na qual não há orientação de eliminação. Além disso, persiste a circulação de informações equivocadas, como, por exemplo, a de que a vacinação de cães contra a leishmaniose visceral atrapalha os inquéritos sorológicos. Exemplo disso foi a declaração do diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde em reportagem realizada pela Rádio Câmara: “O cão é vacinado e o exame dele, por causa da vacina, passa a ser positivo para anticorpos contra o agente da leishmaniose...” (www.camara.gov.br/internet/radiocamara/default.asp?lnk=SAIBA-MAIS-SOBRE-O-CONTROLE-DE-ZOONOSES-0840&selecao=MAT&materia=129411&programa=132). Na verdade, por meio da publicação de trabalhos científicos e da apresentação de trabalhos em congressos, sabe-se que a vacinação não atrapalha os inquéritos sorológicos, e inclusive, em outubro de 2011, a vacina Leishmune, da Pfizer, recebeu a aprovação da licença definitiva do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), órgão competente para avaliar a liberação de medicamentos veterinários ao mercado

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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Gerenciamento de resíduos O consumo sustentável é um conceito moderno. Para que os 7 bilhões de pessoas que habitam a Terra possam continuar utilizando os recursos oferecidos naturalmente pelo planeta, tais como matérias-primas, oxigênio e água doce, é necessário adotar novos padrões de produção e consumo. Uma Revolução Industrial II, desta vez com o foco na preservação e na otimização do meio ambiente. Assim, consumir produtos e serviços sustentáveis, o uso e reuso consciente e o descarte correto de recicláveis são condições imperativas para a qualidade de vida de todos nós. Agora e no futuro. Para otimizar e popularizar produtos e serviços que compartilham dessa filosofia foi criada a Made in Forest (www.madeinforest.com.br), para que o consumidor tenha fácil acesso a produtos e serviços focados no consumo sustentável. “A Made in Forest foi idealizada para facilitar o acesso da população aos produtos e serviços ambientalmente responsáveis e às atitudes sustentáveis, como a reciclagem, numa plataforma única on line”, explica um dos fundadores da rede ambiental, Martin Mauro. Um dos destaques da rede é a Central da Reciclagem, que

Central da Reciclagem: www.madeinforest.com.br/?reciclagem

permite a consulta ao maior banco de dados de pontos de descarte de cerca de 40 materiais recicláveis consumidos no dia a dia: lâmpadas, isopor, baterias automotivas, eletrônicos, radiografias, entre outros.

Programa Frontline® para descarte de embalagens ganha força e triplica de tamanho em 2011 O número de estabelecimentos comerciais participantes da campanha da Merial no interior paulista já passa de 40, distribuídos em 15 municípios, todos com comunicação visual personalizada, facilitando a identificação do consumidor com urnas instaladas nos locais. A meta para 2012 é expandir a campanha para a capital paulista e a região do Vale do Paraíba, além de ampliar em 50% o número de lojas nas cidades já participantes. A campanha de retorno de embalagens do Frontline – principal produto contra pulgas, carrapatos e piolhos mastigadores para cães e gatos do mercado brasileiro –, é parte do plano nacional da Merial para a destinação correta de resíduos sólidos oriundos de consumidores ou clínicas e hospitais veterinários. O plano foi criado em respeito à nova Política Nacional de Resíduos Sólidos,

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que tramitou no Congresso Nacional (lei federal nº 12.305) e foi aprovada em agosto de 2010. Segundo o diretor da unidade de negócios animais de companhia da Merial, Luiz Luccas, a evolução da campanha reflete a consciência ambiental do brasileiro. Prova disso é o registro das mais de 42 mil embalagens já coletadas pela ação desde o início, em 2008. “Este é um trabalho já realizado com êxito em outros países, e demonstra a maturidade que o consumidor brasileiro também já atingiu em sua preocupação com o descarte adequado dos resíduos que tanto podem prejudicar o meio ambiente se feitos sem critério e com falta de consciência”, enfatiza. Os municípios do interior de São Paulo que já contam com estabelecimentos comerciais participantes do

Programa Frontline® de descarte de embalagens são: Campinas, Sorocaba, Jundiaí, Itatiba, Itu, São Roque, Americana, Nova Odessa, Itapira, Ribeirão Preto, Rio Preto, Marília, Bauru, Barra Bonita, Araçatuba, Rio Claro e Jaboticabal.

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Grupo Organnact adota sistema de reciclagem de lixo Um pequeno exemplo de sustentabilidade faz diferença para todos, e é por ações como essas que o Grupo Organnact acredita que é possível almejar uma sociedade sustentável, que preza a qualidade de vida e o respeito ao meio ambiente Preocupado com a responsabilidade ambiental, o Grupo Organnact desenvolveu um programa de gerenciamento de resíduos que visa diminuir e eliminar todo o descarte de lixo em aterros sanitários. Atualmente o município de Curitiba enfrenta enormes dificuldades para a destinação de seu lixo urbano. Com o crescimento acelerado dos últimos dez anos e a consequente conurbação de todos os municípios da região metropolitana, já não há mais onde construir novos aterros dentro de Curitiba. O primeiro passo é se conscientizar de que cada tipo de lixo pode ter um destino apropriado, podendo ser

reciclado e reaproveitado. Com base nisso, a Organnact, dentro de seu programa de gerenciamento de resíduos, desenvolveu e implantou o sistema de reciclagem de lixo. O objetivo desse novo sistema é eliminar completamente a geração de resíduos sem uma destinação ecologicamente correta. Para isso, contam com três destinos para o lixo gerado na Organnact: • todas as embalagens de papel, plástico, papelão e vidro são enviadas à recicladora Dambrosi, que compra os resíduos recicláveis e dá a eles o destino correto e mais sustentável; • a poeira e os pallets vão para o VPA, Viveiro Porto Amazonas, onde foram

realizadas experiências bem-sucedidas com o uso dos probióticos e leveduras, auxiliando na adubação de mudas frutíferas e ornamentais; • todos os líquidos e géis vão para a Geo Química, uma empresa certificada no IAP e habilitada para recolher esses tipos de resíduos especiais. Desde que o projeto foi implantado, a Organnact deixou de destinar para os aterros sanitários 30 toneladas de resíduos em pó. Foram mais de R$ 7.000,00 economizados no recolhimento dos resíduos e R$ 3.000,00 arrecadados com a venda de materiais recicláveis, dinheiro esse que se transformou em premiação e em outros incentivos para os colaboradores.

Saúde ambiental foi destaque em Campo Grande, MS O Conselho Regional de Medicina Veterinária de MS realizou, em novembro de 2011, o II Seminário de Saúde Ambiental. Com o auditório totalmente lotado por profissionais e estudantes, foram ministradas palestras e discussões sobre as relações do médico veterinário e dos zootecnistas com o meio ambiente, durante todo o dia. Na abertura do evento, a presidente do CRMV/MS, Sibele Cação, destacou que “a realização do II Seminário de Saúde Ambiental é consequência dos trabalhos realizados pela Comissão Nacional de Saúde Ambiental do CFMV, que esteve em Campo Grande em outubro do ano passado, quando realizou a primeira edição do seminário, despertando o interesse dos profissionais de Mato Grosso do Sul a integrarem uma Comissão Estadual. Dessa forma, foi criada a Comissão Estadual de Saúde Ambiental do CRMV/MS, em fevereiro deste ano, cujo primeiro desafio lançado foi a organização deste evento que está se realizando hoje. A gestão 2011/2013 do CRMV/MS está cumprindo suas metas ao visualizar a

importância de promover a discussão de temas tão atuais como os ligados às questões ambientais entre os médicos veterinários, os zootecnistas e os acadêmicos do Estado do Mato Grosso do Sul, que representam o futuro dessas profissões”. O médico veterinário Newton Tércio Netto, coordenador da Comissão Estadual de Saúde Ambiental, apresentou a palestra Intitulada Relações do Médico Veterinário e do Zootecnista com o Meio Ambiente, propondo várias soluções racionais para minimizar o impacto ambiental e exemplificando com o volume excessivo de água utilizado nas indústrias frigoríficas. Também os zootecnistas são parte essencial de projetos de desenvolvimento de tecnologias na administração e instalação rurais que reduzam o impacto ambiental. De acordo com Newton, um projeto malfeito, vai consumir mais recursos financeiros, impactar o meio ambiente, degradar o solo e futuramente poderá inviabilizar as terras do produtor. O veterinário citou também os

outros setores em que a participação do médico veterinário é relevante: nos crimes contra a fauna; nos acidentes envolvendo animais domésticos e nas competições de animais, entre outros. Fonte: Comunicação CRMV/MS

Visualize através do site do CRMVMS (www.crmvms.org.br ) as seguintes palestras apresentadas no II Seminário de Saúde Ambiental: Relações do Médico Veterinário e do Zootecnista com o Meio Ambiente; Atuação do Médico Veterinário e do Zootecnista na Saúde Ambiental; Medicina da Conservação: os desequilíbrios ambientais e a emergência/reemergência de doenças; Predação em fazendas de pecuária por onças; A Pecuária Orgânica no contexto da Saúde Ambiental; Programa ABC - Agricultura de Baixo Carbono.

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MEDICINA VETERINÁRIA DO COLETIVO

Medicina veterinária do coletivo é realidade no Estado do PR Diversas ações tanto na área da educação quanto da saúde mostram que a medicina veterinária do coletivo muito contribui para o desenvolvimento sustentável e a saúde de toda a família

screver sobre medicina veterinária E do coletivo (MVC) e seu crescimento no Estado do Paraná é uma tare-

Rodrigo Juste Duarte

Alexander Welker Biondo

fa que pode se tornar extensa porque várias são as ações que se destacam na região. Em Curitiba, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) é exemplo de pioneirismo no que se refere ao desenvolvimento dessa nova especialidade da medicina veterinária. Nomes como Alexander Biondo, Fabiano Montiani e Simone Guérios muito têm feito para a aplicação da MVC. A evolução dessa especialidade na região tem feito com que a administração pública também se envolva com os projetos, inserindo na comunidade atividades educativas integradas com a promoção da guarda responsável e do controle animal. A criação da primeira residência em medicina veterinária do coletivo, através de contrato firmado entre a UFPR e a prefeitura municipal de São José dos Pinhais, PR, mostra que a especialidade

está sendo valorizada tanto pelos gestores de ensino e de saúde quanto pela comunidade. Fazendo uma retrospectiva das atividades realizadas em 2011, verifica-se o crescimento de todos os envolvidos, não somente das residentes, as médicas veterinárias Graziela Ribeiro da Cunha e Juliana Becker, mas também dos professores e alunos envolvidos. As atividade realizadas em treinamento são concentradas principalmente no auxilio ao funcionamento e às atribuições do Centro de Controle de Zoonoses e nas atividades de medicina populacional, saúde ecológica, desastres, saúde pública veterinária, medicina legal e medicina veterinária familiar (antrozoologia e etnoveterinária), bem como na técnica operatória aplicada às populações de cães e gatos, sendo a maioria dessas atividade realizadas em conjunto com os alunos dos projetos de extensão envolvidos nessa causa (www.zoonoses.agrarias.ufpr.br).

Rodrigo Juste Duarte

Acima, imagens utilizadas em outdoors pela cidade de Curitiba para promoção de campanha de conscientização em prol da guarda responsável de cães e gatos. Ao lado, fotos de veículo da UFPR detalhadamente equipado para a promoção da saúde e da educação: a Unidade Móvel de Esterilização e Educação em Saúde (UMEES) Clínica Veterinária, Ano XVII, n. 96, janeiro/fevereiro, 2012


MVC no CBA 2012 – palestras confirmadas Existem raças agressivas? Palestrante: Carla Molento Medicina Veterinária do Coletivo – a resposta à nova demanda social do Brasil Palestrante: Alexander Biondo Unidade móvel de esterilização e Saúde: UMEES Palestrante: Simone Domit Guérios Shelter Medicine e Medicina Veterinária do Coletivo: diferenças e semelhanças Palestrante: Alexander Biondo Tópicos de Clínica Médica do Coletivo: Piodermites em cães e doenças respiratórias e oculares em gatos Palestrante: Fabiano Montiani Ferreira Como fazer um laudo técnico de bem-estar animal Palestrante: Janaina Hammerschimdt Perfil das denúncias de maus-tratos contra animais em Curitiba Palestrante: Janaina Hammerschimdt A cidade de Curitiba, por sua vez, no dia 7 de novembro de 2011, dedicouse a realizar ampla campanha de conscientização da importância da guarda responsável de animais de forma mais direta à população, espalhando outdoors em toda a cidade e fazendo campanhas em rádio. A educação da população também é fundamental. Não basta castrar. É necessário educar sempre. Inclusive, esse sempre foi um ponto de fundamental importância nas ações realizadas com a Unidade Móvel de Esterilização e Educação em Saúde (UMEES) – que é um ônibus da UFPR equipado para castrar cães e gatos e transmitir informações educativas para uma vida saudável com esses animais. Também merecem destaque as atividades do Laboratório de Bem-estar Animal da UFPR (Labea), que trabalha em prol de uma medicina veterinária sustentável. A profa. dra. Carla Molento, que sempre acreditou na ciência do bem-estar animal, há anos semeou um conceito que se espalha em nossa escola por meio de diferentes aplicações. No segundo semestre de 2011, isso foi visivelmente perceptível para mim ao participar de várias bancas de trabalhos de conclusão de curso (TCCs), em que pude constatar que vários eram aplicados à ciência do bem-estar animal.

Garantir o desenvolvimento sustentável é mais uma oportunidade e uma grande área de atuação crescente para os medico veterinários. Convido-os a conhecer essas atividades de perto e aproveitar a oportunidade de se aprimorar cientificamente durante o 33° Congresso Brasileiro da Anclivepa e desfrutar de uma cidade muito agradável que vem buscando a sustentabilidade na medicina veterinária. Já fazem parte da programação científica sete palestras correlacionadas à MVC. No mundo atual e globalizado em que vivemos existe uma crescente conscientização da preservação ambiental. Essa conscientização é importante, pois necessitamos viver bem, comer de forma saudável e ainda preservar a fauna e a flora. A MVC atua diretamente para suprir todas essas necessidades, por meio da interação de grandes áreas da medicina veterinária, como a medicina veterinária preventiva, a zootecnia, a clínica, a cirurgia, a saúde pública veterinária e a etologia, entre outras, sendo um grande desafio dos serviços de controle de zoonoses, nos quais as exigências em relação ao perfil do profissional que trabalha nesses locais tradicionalmente sempre foram direcionadas apenas para a saúde pública, uma vez que os animais

Diversas atividades da UFPR em MVC podem ser conferidas na internet: www.zoonoses.agrarias.ufpr.br

recolhidos eram mantidos por apenas três dias e a grande maioria era eliminada, não havendo protocolos de cuidados nem para coibir o sofrimento desses animais. O desafio também se estende para as escolas de medicina veterinária, no oferecimento de disciplinas ou do conteúdo referente ao tema de forma transdisciplinar, proporcionando ao graduando conhecimentos e possibilidades de práticas para uma atuação profissional futura nessa nova área. Tanto para os abrigos de entidades de proteção animal como para os serviços de controle de cães e gatos, a nova área tem o grande desafio de trazer soluções técnicas, éticas e racionais, considerando não apenas os aspectos econômicos e práticos, mas focando o bem-estar dos animais, a segurança da equipe profissional e a saúde ambiental.

Profa. dra. Tilde R. Froes

Presidente da comissão científica do CBA 2012 www.anclivepa2012.com.br




NOTÍCIAS

ANVISA atende solicitação do CFMV

E

m continuidade aos esforços e às ações para resolver o impasse dos medicamentos sujeitos a controle especial e antimicrobianos, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) solicitou à Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) nova reunião para demonstrar a importância da questão para a saúde animal e humana. Ela ocorreu, em 30 de novembro de 2011, com a participação da representante do CFMV, Silvana Gorniak, e de profissionais do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC) da agência. O objetivo principal da reunião foi reiterar o interesse do CFMV em acompanhar a reestruturação da Portaria 344/98, que normatiza os produtos controlados, e em debater outras questões sobre o assunto. “A reforma da portaria 344/88 deverá entrar em consulta pública no começo do ano e, insistentemente, o CFMV tem solicitado que atendam as demandas específicas dos médicos veterinários. É importante também esclarecer às Vigilâncias Sanitárias (VISAs) que o médico veterinário está legalmente amparado para prescrever medicamentos controlados”, afirma o presidente do CFMV, Benedito Fortes de Arruda. De acordo com Silvana Gorniak, durante a discussão foi solicitada outra reunião, desta vez entre: representantes do Mapa; presidente da Anvisa, Dirceu Barbano; Coordenadoria de Produtos Controlados da agência; e CFMV. “Vamos informar e esclarecer sobre o que vem acontecendo e as dificuldades que o médico veterinário enfrenta em

relação aos produtos controlados. Pedimos que essa reunião seja realizada antes da consulta pública da reestruturação da Portaria 344/98. Sugerimos, também, a organização de uma subcomissão, dentro do SNGPC, para tratar especificamente de estabelecimento de diretrizes clínicas para utilização de medicamentos humanos em medicina veterinária”, relata a representante do CFMV. Entenda a questão O Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC)/ Anvisa, por meio de sua Comissão, das quais fazem parte várias entidades, incluindo o CFMV, tem por objetivo realizar ajustes para o controle efetivo de medicamentos de venda restrita e monitorar a dispensação (venda) de medicamentos em farmácias e drogarias (nesta primeira fase, pois, na outra etapa, deverão ser controladas também indústrias e distribuidoras). Atualmente, isso é feito por meio da transmissão de dados por computador. Assim, a movimentação da dispensação dos produtos é controlada pela Anvisa, que recebe a informação, instantaneamente, sobre a compra do produto. Antes, esse trabalho era feito por meio de escrituração, ou seja, livro que ficava na farmácia/drogaria. O SNGPC também controla a dispensação de medicamentos e substâncias entorpecentes e psicotrópicas e seus precursores. Além disso, neste ano, determinou-se o controle de antimicrobianos (é necessário que a farmácia retenha a receita).

“A participação do CFMV na Comissão do SNGPC tem sido fundamental, pois o médico veterinário prescreve medicamentos para seus pacientes, e alguns dos produtos são de uso humano (principalmente aqueles controlados), que são adquiridos em farmácias e drogarias humanas e não veterinárias”, esclarece Silvana Gorniak. Assim, o CFMV tem solicitado e participado ativamente de reuniões. O Conselho procura mostrar e sensibilizar as autoridades da Anvisa que os pacientes dos médicos veterinários tem peculiaridades, diferentes das do humano. A Portaria 344/98, da Anvisa, que normatiza como deve ser dispensado o medicamento controlado, apresenta regras difíceis de serem seguidas pelo profissional. Como na denominada “maleta de emergência” o profissional (seja ele médico, dentista ou veterinário), que poderá haver apenas cinco ampolas de um medicamento da lista B (p.ex. o diazepam). E se o médico veterinário for anestesista e estiver indo fazer alguns procedimentos em um haras, seria suficiente tal quantidade? Há ainda questões relativas à aquisição; quem adquire medicamentos, como a morfina, é normalmente o farmacêutico e não o médico; e o produto é dispensado à “pessoa jurídica” e não à “física”. Em relação aos medicamentos controlados, várias farmácias não aceitam o receituário do médico veterinário, muitas vezes por desconhecimento das VISAs, responsáveis pela fiscalização. Fonte: Assessoria de Comunicação CFMV

MSD Saúde Animal investe em projeto social e lança Espaço Zilda Arns de Terapias Assistidas por Animais

om o objetivo de melhorar a C qualidade dos atendimentos prestados pela ABRAHIPE (Associação Brasileira de Hippoterapia e Pet Terapia) para portadores de necessidades especiais, a MSD Saúde Animal investiu na ampliação da infraestrutura do espaço de atendimento da entidade nas dependên-

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cias do Pequeno Cotolengo Dom Orione, em Cotia/SP e participou, em dezembro de 2011, da inauguração do espaço Zilda Arns, nome dado em homenagem a quem dedicou sua vida a ações sociais. O espaço, que até o momento contava com apenas um redondel, um galpão coberto e uma sala de atendimento,

passará a contemplar mais um galpão coberto para a realização das atividades de Pet Terapia, reforma do antigo galpão da Hippoterapia, ampliação da sala de atendimento, brinquedoteca, copa e sala para armazenamento dos materiais de trabalho, além da construção de mais baias e de um novo canil.

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Vétoquinol chega ao Brasil e América do Sul com a aquisiçao ̃ da FAGRA

Federico Kobrak, diretor da empresa no Brasil. “A dedicação exclusiva à saúde animal sempre será o foco de nossas atividades e projetos”

Desde junho de 2011, a Vétoquinol passou a ter 100% das ações da Farmagrícola S/A (FAGRA). A chegada da Vétoquinol, uma empresa familiar francesa com quase 80 anos de existência, com 1.700 funcionários em 26 filiais na Europa, América do Norte e Ásia, trará ao mercado nacional um novo impulso, fornecendo produtos diferenciados com foco especial em anti-infecciosos, controle da dor, inflamação, cardiologia e nefrologia. "A aquisição de uma das empresas nacionais líderes no setor da saúde animal no Brasil nos permite desenvolver linhas de produtos no mercado brasileiro e reforçar significativamente a presença da Vétoquinol na América do Sul", disse Étienne Frechin, presidente da Vétoquinol.

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MSD Saúde Animal anuncia vencedores do Prêmio Veterinário Confira abaixo a lista de ganhadores do Prêmio Cidadão Veterinário Cidadão 2011 A MSD Saúde Animal anunciou os vencedores da segunda edição do Prêmio Veterinário Cidadão. Entre os 53 projetos inscritos e analisados nas categorias Médico Veterinário, Universitário e Clínica/Pet Shop, três de cada categoria foram selecionados para receber a premiação. Os nomes dos vencedores estão no site www.veterinariocidadao.com.br e também podem ser conferidos no quadro ao lado A gerente de Produtos da MSD Saúde Animal, Andrea Bonates, explica que concorreram projetos vindos de todo o país. “Estamos muito felizes com a adesão e participação dos profissionais. Projetos como esse estimulam, incentivam e valorizam a categoria profissional junto à sociedade, atribuindo valores de cidadania, participação social e missão educacional, através da promoção da saúde homem/animal”, destaca Bonates. Os ganhadores serão contatados por telefone a partir do dia 17 de janeiro. Desenvolvido pela Unidade de Negócios de Animais de Companhia da MSD Saúde Animal, o prêmio teve como objetivo valorizar, fidelizar e reconhecer socialmente a classe veterinária (médicos veterinários e estudantes), clínicas e pet shops. A MSD Saúde Animal está presente em mais de 50 países, e seus produtos estão disponíveis em 150 mercados. Para mais informações, visite www.msd-saude-animal.com.br .

Categoria Clínicas e Pet Shops - 1º lugar: Ana Maria Quessada (Projeto: Controle populacional por castração cirúrgica de cães e gatos de Teresina e região – Universidade Federal do Piauí) - 2º lugar: Luis Martins da Silva Junior (Projeto: Controle Populacional de Animais de Estimação – Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia) - 3º lugar: Cesar Augusto Dinola Pereira (Projeto: Utilização de manequins no processo de ensino e aprendizagem na Escola de Medicina Veterinária da Universidade Anhembi Morumbi – Universidade Anhembi Morumbi) Categoria Médicos Veterinários - 1º lugar: Ronivaina Almeida Coelho (Projeto: Posse Responsável) - 2º lugar: Mariângela Freitas de Almeida e Souza (Projeto: Centro de Esterilização e Educação) - 3º lugar: Neide Pinto Carvalho (Projeto: Amicão) Categoria Universitários - 1º lugar: Mayara Nobrega Gomes da Silva (Projeto: Melhor Amigo) - 2º lugar: Gabriella Bianque Galito (Projeto: Conscientização de Novo Palmares) - 3º lugar: Vanessa Vilas Boas Rocco Fernandes (Projeto: 3º Dia de Ação contra a Dengue e Leishmaniose Visceral Canina)

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Simpósio Internacional sobre Cardiologia Intervencionista ocorrerá no primeiro semestre Eleita em agosto de 2010, a atual da diretoria da Sociedade Brasileira de Cardiologia Veterinária (SBCV), responsável pelo triênio 2010-2013, empenha-se em difundir a especiliadade através de diversas atividades de atualização e capacitação. Durante o ano de 2011, a agenda proposta pela nova diretoria foi intensa. Com exceção dos meses de janeiro, fevereiro, abril e dezembro, todos os outros foram contemplados com eventos organizados pela SBCV. Para 2012, muitas atividades já estão agendadas e, em especial, será realizado o Simpósio Internacional sobre Cardiologia Intervencionista, nos

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dias 9 e 10 de junho de 2012. A SBCV nasceu com o interesse das maiores referências da cardiologia veterinária no Brasil em reunir médicos veterinários interessados nas áreas de clínica, diagnóstico, cirurgia e pesquisa em cardiologia, bem como promoção de congressos, simpósios, cursos entre outros eventos que difundissem o estudo e investigações cardiológicas. A fundação ocorreu ainda na década de 90, mais precisamente no dia 15 de abril de 1994. Nessa ocasião, foi eleito como primeiro diretor presidente o prof. dr. Aparecido Antônio Camacho, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia -Unesp, Campus Jaboticabal.

AGENDA 2012 - www.sbcv.org.br CURSOS 1. 2º Curso nacional de reciclagem da SBCV (maio/12) – Poços de Caldas MG 2. Simpósio Internacional sobre Cardiologia Intervencionista (09 e 10/06/12) 3. Curso “coração x obesidade” (agosto/12, Rio de Janeiro – RJ). PALESTRAS 1. Colóquio cardiológico (25/01/12) – São Paulo - SP 2. Mitos e verdades em cardiologia veterinária (08/03/12) 3.Casos complicardiológicos (11/04/12) 4. Desvendando o ecocardiograma (outubro/12) Encontro científico-social (15/08/12)

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Workshop Clinical Pet Society o dia 30 de novembro de 2011, N aconteceu em São Paulo, SP, um dos eventos mais importantes da Linha

Clinical Pet Society®: o Workshop Clinical Pet Society®, que contou com a participação mais do que especial do prof. dr. Carlos Eduardo Larsson, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia Veterinária (SBDV).

O dr. Larsson apresentou casos clínicos de extrema dificuldade com clareza, bom humor e mostrando uma forma simples de encontrar caminhos para a solucionar problemas dermatológicos. Durante o evento foram apresentados casos sobre enfermidade de Cazenave, síndrome de Ekbom, himenopterismo e norcadiose felina.

Dr. Carlos Eduardo Larsson em apresentação de caso clínico no Workshop Clinical Pet Society®

2º Dermato Clean trouxe dr. Miller ao Brasil os dias 19 e 20 de novembro de N 2011, a Agener União realizou com sucesso o 2º DermatoClean –

Workshop de Dermatologia Veterinária, com o prof. dr. William H. Miller Jr., que trouxe aos veterinários brasileiros toda a sua experiência em dermatologia veterinária. Diplomado pela American College of Veterinary Medicine e autor do livro Small Animal Dermatology, o dr.

Miller, um especialista de renome internacional, é responsável pelo serviço de dermatologia da Escola de Medicina Veterinária da Universidade de Cornell. Foram 15 horas de palestras com temas variados: dermatologia clínica testes básicos, doenças bacterianas e fúngicas, defeitos congênitos e hereditários, anormalidades de pigmentação, doenças das pálpebras, das unhas, dos sacos anais e das orelhas, e tumores

neoplásicos e não neoplásicos. O evento foi realizado no Hotel Blue Tree Towers Morumbi, em São Paulo, e contou com a participação de 400 veterinários, incluindo vários dos principais dermatologistas do país, superando em quase 100% o número de participantes da primeira edição do evento. Na avaliação dos participantes, a média geral foi de 9,1% de satisfação.

Acima, auditório repleto para assistir ao dr. Miller. Ao lado, o dr. Miller, acompanhado da equipe da Agener União, responsável pela organização do evento e pelo relacionamento com os médicos veterinários participantes

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SINDIV superou as expectativas e mostrou a força de crescimento da região Nordeste

O evento contou com mais de 300 participantes, sendo que diversos inscritos eram de outras regiões

A

realização do Simpósio Internacional de Diagnóstico por Imagem Veterinário, SINDIV, de 30 de novembro a de dezembro de 2011, em Recife, PE, no auditório da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) teve grande êxito. O apoio do CNPq ao evento foi importante tanto para garantir sua realização quanto a viabilização para que

o setor de diagnóstico por imagem da UFRPE recebesse novos equipamentos para prestação de serviços para a comunidade: aparelho de ECG digital da marca TEB e o software cardiológico para o aparelho de ultrassom da universidade. O dr. Robert O’Brien (http://vetmed.illinois.edu/vth/scripts/display_individual_bio.php?UID=bobrien),

da Universidade de Illinois, EUA, foi um dos destaques do simpósio, discorrendo sobre estudos avançados em ultrassonografia e também sobre tomografia computadorizada em cães e gatos. Na sessão solene de abertura do evento foi feita homenagem à profa. dra. Lucy Marie Ribeiro Muniz, pela marcante contribuição na área de diagnóstico por imagem na medicina veterinária. Ressalta-se que, atualmente aposentada, a professora atuou durante anos na UNESP, Campus de Botucatu e foi responsável pela capacitação de vários profissionais que atuam na região Nordeste. Inclusive, vale destacar que a região Nordeste já possui dois aparelhos de tomografia computadorizada: uma no Hospital Veterinário Harmonia, em Recife, PE, e outro no primeiro centro veterinário de diagnóstico por imagem do Rio Grande do Norte, o IRV, Instituto de Radiologia Veterinária (www.irvnatal.com.br). O próximo simpósio já tem local agendado: Curitiba, PR. Aguardem!

Novos equipamentos foram demonstrados por empresas expositoras no SINDIV

Em 2011, o dr. O’Brien ganhou destaque na mídia americana por ter inventado um acessório para utilização durante procedimentos de tomografia computadorizada em gatos ou cães de pequeno porte, o VetMouseTrap, que não atrapalha o exame e permite que ele seja realizado com segurança: http://news.illinois.edu/news/11/0330device_RobertO'Brien.html

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MyLab™OneVET – ultrassom portátil, fabricado pela Esaote



Clínica médica Audiometria de impedância na otite média crônica de cães Impedance audiometry in chronic otitis media of dogs Audiometría de impedancia en la otitis media crónica en perros Clínica Veterinária, Ano XVII, n. 96, p. 34-42, 2012 Carlos Artur Lopes Leite

MV, prof. adj. Depto. de Medicina Veterinária - UFLA caca@dmv.ufla.br

Resumo: É sabido que as perdas auditivas parciais ou totais influenciam a qualidade de vida dos cães. A maior parte dessas alterações passa despercebida pelos proprietários que, no entanto, reclamam das mudanças de comportamento do animal de estimação sem desconfiarem de que a causa está no distúrbio auditivo. Os exames eletrodiagnósticos já são utilizados há muitos anos em medicina humana, especialmente na detecção de alterações auditivas e na identificação de suas causas. Em medicina veterinária, devido ao custo dos equipamentos, aliado ao pouco conhecimento sobre eletrofisiologia auditiva, a prática ainda é desconhecida pela maioria dos profissionais. Entretanto, a audiometria de impedância, um dos exames eletrofisiológicos auditivos mais usados em otologia humana, vem despontando em medicina veterinária, fornecendo uma diversidade de opções diagnósticas e direcionando o tratamento para o problema original. Este trabalho tem por objetivo explicar o que é a audiometria de impedância e quais são suas aplicações na clínica de pequenos animais e suas perspectivas no Brasil. Unitermos: eletrodiagnóstico, audição, orelha Abstract: Partial or total hearing loss influences the quality of life of dogs. Most hearing losses go unnoticed by the owners, despite their complaint about behavioral changes caused by hearing disorders. Electrodiagnostic tests have been used for many years in human medicine, especially for the detection of hearing disorders and identifying their causes. In veterinary medicine, this practice is still unknown by most professionals due to equipment costs and a general lack of knowledge regarding the electrophysiology of hearing. Impedance audiometry, one of the most used electrophysiological examinations of hearing in human otology, is nonetheless becoming increasingly important in veterinary medicine, providing a variety of diagnostic options and directing treatments towards addressing the original problem. This article aims to explain what impedance audiometry is, its applications in small animal clinics and its prospects in Brazil. Keywords: electrodiagnosis, hearing, ear Resumen: Se sabe que las pérdidas auditivas parciales o totales, influyen en la calidad de vida de los perros. La mayor parte de estas alteraciones pasa desapercibida de los dueños que, a pesar de esto, se quejan de los cambios de comportamiento de su animal, desconociendo que la causa está en una alteración de la audición. Los exámenes electro diagnósticos se utilizan desde hace muchos años en medicina humana, especialmente para la detección de alteraciones auditivas, así como en la identificación de la causa. En medicina veterinaria, debido a los costos de los equipos, y también al poco conocimiento sobre la electrofisiología auditiva, su uso aún es desconocido para la mayoría de los profesionales. No obstante, la audiometría de impedancia, uno de los exámenes electrofisiológicos auditivos más utilizados en otología humana, está creciendo en medicina veterinaria, ofreciendo una variedad de opciones diagnósticas que orientan el tratamiento hacia el problema de base. Este trabajo tiene por objetivo explicar los principios básicos de la audiometría de impedancia y cuales son sus usos en la clínica de pequeños animales y sus perspectivas en Brasil. Palabras clave: electro diagnóstico, audición, oreja

Introdução A audição envolve os mecanismos do sistema vestibulococlear (SV), que permitem ao animal detectar a energia sonora de seu meio ambiente. Essa energia é transformada em uma 34

série de atividades eletromagnéticas, processada no sistema nervoso central e periférico. Devido à natureza ubíqua dos sons, o cérebro do animal não possui a capacidade de processar todos os sinais auditivos que recebe. Portanto, utiliza

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a sua habilidade para atender de maneira seletiva a uma estreita faixa de modalidades, mas sem desprezar as demais 1. A consequência imediata e mais simples decorrente da excitação acústica nos animais é uma resposta motora completa. Como ocorre em seres humanos, os animais sabem a diferença entre ouvir e escutar. Dessa maneira, quando há suspeita de que a capacidade auditiva de um paciente está alterada, geralmente se recorre à observação do comportamento dele na presença de sons. Os animais, em especial a espécie canina, se adaptam muito bem à perda auditiva, seja esta parcial (hipoacusia) ou completa (acusia ou surdez) 2. Os avanços tecnológicos proporcionaram técnicas eletrodiagnósticas (ou eletrofisiológicas) que permitem avaliar regiões específicas do SV em pequenos animais. Esses procedimentos caracterizam com maior confiabilidade as alterações auditivas (disacusias) presentes em pacientes otopatas e/ou com déficit auditivo 3.

Métodos de diagnóstico da otite média O diagnóstico da OM em cães é relativamente fácil quando se dispõe de métodos adequados; entretanto, é dificulta-

Audiometria de impedância (impedanciometria) A impedanciometria surgiu na medicina humana na década de 1960, contribuindo sobremaneira para a avaliação auditiva 15,16. Trata-se de um método objetivo, rápido e de fácil Carol Bain

Otite média Dá-se o nome de otite média (OM) à afecção das estruturas que fazem parte da orelha média 4, incluindo: face interna do tímpano, ossículos auditivos, face externa das janelas coclear e vestibular, tuba auditiva, mucosa da bula timpânica, processo mastóideo e arcabouço ósseo timpânico (Figura 1). Quadros crônicos de OM podem levar a disacusia, neuropatias (como a síndrome de Horner), alterações comportamentais (agitação e irritabilidade acentuada), dor refratária ao tratamento e imunodepressão. Casos mais graves, com extensão para a orelha interna, podem evoluir para meningite e óbito 5,6. Ainda em quadros crônicos de OM, pode ocorrer disfunção vestibular periférica (DVP), caracterizada por lesões que acometem o VIII par craniano (nervo vestibulococlear) em sua porção periférica. A DVP pode ser resultante de problema congênito, otite interna, síndrome vestibular idiopática, traumatismos na cabeça, neoplasia, hipotireoidismo, ototoxicidade por aminoglicosídeos, ototoxicidade por substâncias químicas, pólipos inflamatórios e síndrome vestibular iatrogênica decorrente de limpeza ótica 7. Os sinais da doença vestibular periférica incluem: inclinação da cabeça, marcha em círculos, quedas ou rolamento na direção do lado da lesão, nistagmo, que quando presente é horizontal ou rotatório, com a fase rápida para o lado contrário da lesão. Pode ocorrer paralisia do nervo facial, que causa redução ou ausência de movimento de pálpebras, lábio, orelha e síndrome de Horner 8. A OM constitui um dos fatores perpetuantes mais importantes na etiopatogenia das otites em pequenos animais 9. Em levantamentos estatísticos no país, sugere-se que 70% dos pacientes com otite externa crônica também possuem OM 3. Relatos fora do Brasil apontam uma incidência de OM de até 75% em cães com quadros crônicos 10,11.

do pela falta de adoção de técnicas sensíveis de detecção 12. Vários são os testes utilizados; cada um dos quais possui vantagens e desvantagens próprias, cabendo ao clínico optar por um ou por outro de acordo com a situação apresentada 12. As técnicas eletrodiagnósticas, como as diversas modalidades de audiometria, possuem um valor limitado dentro da medicina veterinária, mais pela acessibilidade do que pelo valor diagnóstico 13. Com base nas respostas obtidas perante os estímulos sonoros (e ocasionalmente luminosos), esses testes dependem muito da cooperação do paciente para sinalizar o que estão ouvindo ou sentido. Dessa maneira, a maior parte desses testes não possui aplicação em medicina veterinária 13. Todavia, a audiometria impedanciométrica (sinônimos: audiometria de impedância, impedanciometria), por questões práticas, independe desse estado de cooperação, podendo ser realizada até mesmo com o animal inconsciente 3. Outros métodos objetivos de avaliação eletroauditiva também são passíveis de serem realizados em pequenos animais (como o potencial evocado do tronco cerebral – Bera), porém há pouca disponibilidade de aparelhos, dado o seu valor elevado 5,6,13,14.

Figura 1 - Representação esquemática das orelhas externa (OE) e média (OM) de cães

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aplicação, que tem como meta identificar enfermidades da orelha média, por meio da descrição dos seguintes parâmetros 17,18: • integridade e complacência da membrana timpânica; • mobilidade da cadeia ossicular; • função dos músculos da orelha média e de suas inserções; • presença de efusões no ouvido médio; • tamanho do conduto auditivo externo. A audiometria de impedância, resumidamente, baseia-se no princípio de que a intensidade de uma onda sonora depende do tamanho da cavidade na qual ela é gerada e da complacência das paredes que a contêm 3. O teste completo de impedanciometria consiste em timpanometria, medida da complacência estática e reflexo estapedial (ou acústico). Todas essas mensurações refletem a facilidade com que a energia passa através da orelha média 17. A complacência indica as características de transmissão da orelha média, sendo o inverso de rigidez. Logo, quanto mais rígida uma estrutura, menor a sua complacência. Já a impedância acústica (ou admitância) reflete a resistência à transmissão da energia sonora, ou seja, quanto maior a impedância, menor é a velocidade do som no meio atravessado; o contrário também é verdadeiro: quanto menor a impedância, maior a velocidade do som 18. A audiometria impedanciométrica utiliza um medidor de impedância para determinar o estado funcional da orelha média. Em uma orelha normal, a onda sonora se choca contra a membrana timpânica e grande parte da energia é transmitida para a cóclea pelo movimento dos ossículos auditivos. Uma pequena parte é refletida até o conduto auditivo externo e outra é perdida na forma de atrito (gerando calor) 16. Uma membrana timpânica caracterizada por uma alta impedância aceita menos energia sonora que outra que tem menor impedância. O ar que se encontra dentro do conduto auditivo externo se caracteriza como um meio de baixa impedância; por outro lado, os líquidos da orelha interna possuem alta impedância. Dessa maneira, a transferência ótima de energia de um meio para outro é produzida quando as impedâncias específicas (resistência à energia sonora) dos meios atravessados são iguais. Na orelha normal, essa correção de impedância é realizada pelos ossículos auditivos e pela membrana timpânica. Logo, alterações nessas estruturas

Figura 2 - Sonda impedanciométrica com diversos tipos de olivas. O sistema de condução aérea se encontra dentro da sonda

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irão alterar esse mecanismo regulador, causando a sensação de perda auditiva 6. O impedanciômetro possui uma sonda contendo três pequenas aberturas (Figura 2). Uma das aberturas é utilizada para conduzir um sinal sonoro (padronizado em 220Hz). A segunda abertura monitora a pressão sonora gerada no conduto auditivo, por meio de um microfone e de circuito eletrônico da ponte. A terceira abertura está ligada a uma bomba de ar que possibilita mudanças de pressão no conduto auditivo externo, estando ligada a um manômetro digital para medir os níveis de pressão do ar 17. A calibração do aparelho é feita quando a sonda é colocada no canal auditivo (obliterando totalmente o conduto por meio de uma oliva de silicone), de modo que o volume equivalente da cavidade possa ser lido em centímetros cúbicos (cm3). O volume equivalente indica a complacência do ar contido no espaço entre a extremidade da sonda e a membrana timpânica. Quando a complacência das estruturas da orelha média aumenta, o volume equivalente medido pela ponte aumenta; quando há diminuição da complacência, há similar redução do volume equivalente 16,18. A medida de impedância acústica estática tenta determinar a amplitude absoluta da transmissão da energia auditiva. Essa impedância acústica, ou admitância, é representada pela diferença entre as medidas obtidas quando a membrana timpânica está rígida e quando está submetida à pressão atmosférica 1. Timpanometria A timpanometria é um método objetivo de avaliar a mobilidade da membrana timpânica e o funcionamento da orelha média, medindo a mudança na transmissão do som (reflexão ou eco) quando a pressão aérea é alterada no conduto auditivo externo 3,9. Os resultados numéricos obtidos são expressos em gráficos denominados timpanogramas, em que as medidas são feitas em unidades de complacência. A complacência é expressa, como citado anteriormente, em volume equivalente de ar em centímetros cúbicos. A impedância é expressa em ohms acústicos e o inverso, ou admitância, em miliohms 13. Os timpanogramas são classificados de acordo com o comportamento do sinal sonoro em uma variante de pressão aérea e intensidade sonora, tendo cada alteração patológica auditiva o seu comportamento correspondente 17. Assim, gráficos gerados por computador podem revelar a real situação da passagem do som pelas estruturas do ouvido médio 18. O timpanograma do tipo A (Figura 3) é encontrado em pacientes sem alterações, ou seja, com a membrana timpânica móvel e a tuba auditiva fisiologicamente ativa. Apesar disso, esse tipo de curva pode ser encontrado em pacientes com perda auditiva neurossensorial (lesões do ouvido interno, nervo vestibulococlear ou vias/centros auditivos centrais) 16. O timpanograma do tipo As (Figura 4) ocorre em pacientes com redução da complacência. Isso provavelmente significa que a mobilidade timpânica está prejudicada, como nos casos de espessamento ou esclerose da membrana timpânica 18.

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Figura 3 - Timpanograma do tipo A em paciente canino hígido

Já o timpanograma do tipo Ad (Figura 5) expressa o oposto do As, ou seja, há aumento da complacência do ouvido médio. Isso pode ocorrer por flacidez da membrana timpânica ou ruptura da cadeia ossicular 18. O gráfico representado na figura 6 é característico de um timpanograma do tipo B. Da mesma forma que no do tipo As, há diminuição da complacência sem apresentar variações, mesmo com a alteração da pressão intraluminal. Esse é o quadro apresentado durante efusão no ouvido médio, excesso de cerúmen (com formação de plugs cerumínicos ou ceruminólitos), perfuração timpânica, anomalias congênitas (em seres humanos) e artefatos de técnica (como sonda obstruída devido a líquidos, exsudatos ou cerúmen) 18. Por fim, no timpanograma do tipo C (Figura 7), a membrana timpânica encontra-se intacta, mas com pressão negativa no ouvido médio. Pode ou não haver efusão intracavitária, porém a tuba auditiva encontra-se comprometida (estenosada ou obstruída) 18.

Figura 4 - Timpanograma do tipo As em paciente canino com timpanoesclerose

Figura 6 - Timpanograma do tipo B em paciente canino com ruptura da membrana timpânica

Figura 5 - Timpanograma do tipo Ad em paciente canino com ruptura da cadeia ossicular

Figura 7 - Timpanograma do tipo C em paciente canino com obstrução da tuba auditiva por exsudato

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Clínica médica Medida da complacência estática A complacência estática é inversamente proporcional à resistência da orelha média, como afirmado anteriormente. Como o tom de baixa frequência (220Hz) da sonda mede a rigidez, a complacência, que é o inverso da rigidez, é o parâmetro medido pelo impedanciômetro. Para seres humanos, os valores de referência 18 variam de 0,4 a 1cm3. A avaliação da complacência pode fornecer o diagnóstico de perfurações timpânicas diminutas, dificilmente identificadas no exame otoscópico tradicional (pelo aumento da complacência) 1,17.

Resultados práticos Os dados de literatura referentes às leituras impedanciométricas são variáveis, dependendo de fatores como raça (conformação anatômica do conduto, inclinação timpânica), tipo de equipamento (sensibilidade e software de captura) e experiência do avaliador 1,2,6,13. O ambiente para a realização do exame não necessita de grande espaço, porém é importante que o equipamento (Figura 8) fique bem apoiado em uma bancada e o mais próximo possível da mesa onde se posiciona o animal. Essa mesa, preferencialmente, deve ser de madeira, evitando possíveis interferências no funcionamento do equipamento. Caso o equipamento possua aterramento adequado, a mesa de madeira é dispensável, podendo ser utilizada a de metal (Figura 9) 20.

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Reflexo estapedial (ou acústico) O músculo estapédio é um dos dois músculos presentes na orelha média, originando-se na parede do tímpano e inserindo-se no colo do estribo por meio de um tendão. Quando a orelha é estimulada com um som intenso, o músculo estapédio contrai-se reflexamente, tornando a cadeia ossicular mais rígida. Dessa forma, o som transmitido é menos intenso, protegendo o delicado sistema do ouvido interno. Esse reflexo é conhecido como reflexo acústico. Mesmo com estimulação unilateral, essa contração ocorre em ambas as orelhas. O impedanciômetro pode monitorar esse reflexo 6,19. O ajuste do aparelho é realizado manipulando-se a pressão aérea introduzida no canal auditivo até o pico da complacência a ser mensurado. Um som (puro ou ruído) é emitido no ouvido ipsilateral ou contralateral e o medidor registra mudança na complacência. Se o estímulo for de intensidade suficiente, ocorrerá contração bilateral do músculo estapédio. Essa contração altera a rigidez da cadeia ossicular e do tímpano, diminuindo a passagem de energia acústica por essas estruturas 6,19. No momento em que se identifica o limiar para o reflexo acústico (ou seja, o som mais baixo capaz de induzir uma resposta muscular), emite-se um sinal de aproximadamente 10dB acima desse limiar, por cerca de dez segundos. Em pacientes sem alterações do ouvido médio (como também nos que apresentam lesões cocleares – ouvido interno), o reflexo se mantém durante todo o período do teste 3. Em pacientes com disfunção do nervo vestibulococlear, há um declínio desse reflexo durante o período de dez segundos em que o teste é realizado 3. A interpretação dos resultados desse teste pode conduzir ao diagnóstico de disacusias do tipo neurossensorial, como o próprio recrutamento de Metz causado por uma lesão coclear 19.

Audiometria de impedância e perdas auditivas Várias são as causas de perda auditiva em pequenos animais. De um modo mais didático, podem-se dividir essas perdas em condutivas (devido a alterações mecânicas do conduto auditivo e/ou da orelha média, causando obstruções à passagem do som) ou neurossensoriais (lesões do ouvido interno, nervo vestibulococlear ou vias/centros auditivos centrais) 1. A diferenciação entre essas duas formas de perda é feita pela comparação da compreensão auditiva por meio aéreo e por condução óssea. Entretanto, devido à pouca (ou nenhuma) colaboração por parte de cães e gatos, os testes usados neste tópico são de pouca ou quase nenhuma valia em medicina veterinária de pequenos animais 5. Apesar de a impedanciometria não ser um teste direto de avaliação da capacidade auditiva, pode sugerir perdas, especialmente nos casos de alterações físicas das orelhas externa/média 2. Pacientes com alterações significativas nas mensurações impedanciométricas dificilmente possuem higidez auditiva, desenvolvendo, temporariamente ou não, quadros de perda parcial ou total da audição (respectivamente, hipoacusia e acusia) 5,6. A timpanometria é usada basicamente para se descobrir a causa de uma possível perda auditiva condutiva. Como não é necessária a participação do paciente, este pode ser testado sob sedação ou anestesia, o que facilita o processo e fornece um resultado mais fidedigno 6,13.

Figura 8 - Audiômetro de impedância (próximo ao computador). Mais à esquerda, um audiômetro tonal

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Figura 9 - Exame impedanciométrico realizado em cão sedado

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Figura 11 - Dados de audiometria de impedância em 22 cães com otite média e os valores de referência normal

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A

B

C

Figura 13 - Procedimento de posicionamento da sonda impedanciométrica. A) tração da pina no sentido ventrodorsal; B) introdução da sonda impedanciométrica; C) oclusão total do conduto auditivo com a oliva de grande calibre

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otopata20 padrão7 < 0,22mL 0,7mL ausente ausente 0,39cm3 0,4cm3

Figura 12 - Sonda impedanciométrica com oliva descartável de grande calibre

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Testes Complacência estática/timpanometria Pico acústico em 0DaPa Volume de conduto auditivo

Considerações finais A audiometria de impedância tem uma aplicação relevante na otologia de cães, porém é preciso que os custos baixem, principalmente tratando-se da aquisição do equipamento.

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Testes otopata21 padrão7 Complacência estática/timpanometria < 0,14mL 0,7mL Pico acústico em 0DaPa ausente ausente Reflexo estapediano 1kHz ipsilateral 7,02% 5,74% Reflexo estapediano 1kHz contralateral 6,89% 5,08% Volume de conduto auditivo 0,52cm3 0,4cm3 Figura 10 - Dados de audiometria de impedância em 10 cães com otite média e os valores de referência normal

com o conduto humano, que é praticamente retilíneo) 3,6. O que se pode fazer nesse caso é uma ligeira manobra de tração na pina (Figura 13), reduzindo essa angulação.

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No Brasil, em um trabalho pioneiro realizado na Universidade Federal de Lavras em 2006 21, foram avaliados cães com otite média e hígidos, utilizando audiometria de impedância. Pelos resultados obtidos, pode-se verificar a grande diferença de valores entre pacientes otopatas e saudáveis (Figura 10). Em 2007, a mesma equipe anteriormente citada aprofundou-se na questão dos exames audiométricos em cães, testando 22 animais com otite média comprovada 20. Foram avaliados a complacência estática e o volume aéreo do conduto auditivo. Os resultados gerados permitiram comparar os pacientes estudados com aqueles usados no trabalho anterior, já que os métodos e equipamentos utilizados foram exatamente os mesmos (Figura 11). O resultado obtido para o volume aéreo do conduto auditivo nesse caso situou-se dentro do valor de referência, apesar das alterações do SV. É possível que esse resultado reflita, inicialmente, a média das leituras (com desvio-padrão baixo). Mas também é possível que esse dado, isoladamente, não sirva para uma predição exata da situação 11. Existem algumas questões operacionais que precisam ser mais bem estudadas na prática audiométrica, já que podem conduzir a resultados negativos (falsos ou positivos). Uma delas é a obliteração causada pela oliva da sonda impedanciométrica, que necessita obstruir completamente o conduto auditivo. Caso isso não ocorra, não haverá a instauração de pressão necessária para a leitura do equipamento (aumentando a complacência final). Como observação pessoal, uma solução é utilizar massa de modelar atóxica (das usadas por crianças em maternais e pré-escolas), que possibilita boa vedação sem causar nenhum tipo de dano ao paciente. Devese apenas ter o cuidado de evitar que resíduos dessa massa permaneçam no local, pois, se caírem no conduto, serão transformados em corpos estranhos, gerando forte reação local 14. Já é possível encontrar no mercado médico olivas de maior diâmetro (Figura 12). Outra situação que dificulta a plena realização do exame em cães, com a obtenção de resultados satisfatórios, é a diferença de inclinação que existe entre o conduto auditivo humano e o canino. É importante salientar que nesta última espécie, a forte angulação entre as porções horizontal e vertical pode dificultar o alinhamento da sonda (o que não ocorre



Clínica médica É indubitável o auxílio diagnóstico fornecido por esse exame, ainda mais quando qualquer outro método prospectivo tende a falhar em situações em que a impedanciometria, por si só, apresenta um diagnóstico conclusivo. Agradecimento Os autores agradecem à Fapemig (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais) pelo apoio que vem fornecendo para o desenvolvimento desta linha de pesquisa, seja por meio de bolsas de pesquisa ou de auxílio financeiro. Referências

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Endocrinologia Estudo da hipercoagulabilidade sanguínea em 45 cães com hiperadrenocorticismo endógeno, por meio da avaliação da frequência de trombocitose, hiperfibrinogenemia e hipertensão arterial A study of hypercoagulability in 45 dogs with endogenous hyperadrenocorticism in relation to the frequency of thrombocytosis, hyperfibrinogenemia and hypertension Estudio de la hipercoagulabilidad sanguínea en 45 perros con hiperadrenocorticismo endógeno, a través de la frecuencia de trombocitosis, hiperfibrinogenemia e hipertensión arterial Clínica Veterinária, Ano XVII, n. 96, p. 44-50, 2012 Viviani De Marco

MV, profa. dra. UNISA, NAYA Especialidades Veterinárias vivianidemarco@terra.com.br

Valter de Medeiros Winkel

MV, mestrando Depto. de Clínica Médica - FMVZ/USP vmwinkel@usp.br

Cínthia Ribas Martorelli

MV, mestranda Depto. de Clínica Médica - FMVZ/USP ci.martorelli@yahoo.com.br

Resumo: O hiperadrenocorticismo (HAC) caracteriza-se por níveis excessivos de cortisol sanguíneo com graves complicações clínicas associadas, sendo o tromboembolismo pulmonar (TEP) a de maior mortalidade. O objetivo deste trabalho foi avaliar o estado de hipercoagulabilidade sanguínea de cães com HAC endógeno, por meio da frequência de fatores de risco para o desenvolvimento do TEP, tais como hipertensão arterial sistêmica, trombocitose e hiperfibrinogenemia. Dos 45 cães estudados, 44,5% apresentavam trombocitose, 31% hiperfibrinogenemia e 60% hipertensão arterial, sendo que 15,5% apresentavam todas essas alterações concomitantemente. Podemos concluir que, embora o diagnóstico do TEP permaneça ainda clínico e subjetivo, necessitando de investigações laboratoriais e de imagem mais apuradas, a constatação desses parâmetros laboratoriais traz benefícios no que tange à suspeita precoce de um estado pré-trombótico. Unitermos: canino, hipercortisolismo, síndrome de Cushing, tromboembolismo Abstract: Hyperadrenocorticism (HAC) is a condition characterized by high cortisol blood levels, which lead to serious clinical complications. Among these, pulmonary thromboembolism (PTE) is the one with the highest mortality rate. The aim of this study was to evaluate blood hypercoagulability in dogs with endogenous HAC by means of a frequency analysis of risk factors for the development of PTE, such as hypertension, thrombocytosis and hyperfibrinogenemia. Of the 45 dogs studied, 44.5% had thrombocytosis, 31% had hyperfibrinogenemia and 60% hypertension; 15.5% had all these changes simultaneously. We conclude that although the diagnosis of PTE still remains clinical and subjective, requiring more accurate laboratory and imaging investigations, such laboratory findings may aid clinicians to establish an early diagnosis of pre-thrombotic states. Keywords: canine, hipercortisolism, Cushing's syndrome, thromboembolism Resumen: El hiperadrenocorticismo (HAC) se caracteriza por presentar niveles excesivos de cortisol sanguíneo, con graves complicaciones clínicas asociadas, siendo el tromboembolismo pulmonar (TEP) la que presenta mayor índice de mortalidad. El objetivo del presente trabajo fue evaluar el estado de hipercoagulabilidad sanguínea de perros con HAC endógeno, a través de la determinación de la frecuencia de factores de riesgo para el desarrollo de TEP, tales como la hipertensión arterial sistémica, la trombocitosis y la hiperfibrinogenemia. De los 45 perros estudiados, el 44,5% presentó trombocitosis, el 31% hiperfibrinogenemia y el 60% hipertensión arterial. El 15,5% presentaba los tres tipos de alteraciones. Se puede concluir que, a pesar de que el diagnóstico de TEP sigue siendo clínico y subjetivo y que se necesitan investigaciones de laboratorio e imágenes más precisas, la determinación de estos parámetros ofrece información importante en lo referente a un diagnóstico precoz de un estado pre-trombótico. Palabras clave: caninos, hipercortisolismo, síndrome de Cushing, tromboembolismo

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fibrinogênio ou inibição da fibrinólise. A coagulação intravascular disseminada (CID) é o protótipo da doença tromboembólica, mas outras doenças podem potencialmente resultar em trombose, tais como: doenças perdedoras de proteínas, neoplasias, sepse, doença cardíaca, cateterismo endovenoso, anemia hemolítica e o hiperadrenocorticismo, seja ele endógeno ou iatrogênico 11. O tromboembolismo pulmonar é uma complicação em potencial do hiperadrenocorticismo, estando relacionado ao estado de hipercoagulabilidade sanguínea, típico da síndrome de Cushing 7,12-14. A trombose de veias periféricas geralmente causa distrição respiratória quando o tromboêmbolo alcança o átrio direito do coração e, subsequentemente, se aloja no leito arterial pulmonar. Em alguns animais, a trombose venosa, arterial e a tromboembolia pulmonar ocorrem simultaneamente. O TEP resulta em aumento da resistência vascular e vasoconstrição pulmonar 15. O diagnóstico do tromboembolismo pulmonar baseia-se essencialmente na sintomatologia clínica, caracterizada por distrição e angústia respiratória aguda 16 (Figura 1). As radiografias torácicas e a análise de gases sanguíneos são inespecíficos e podem estar normais. A ecocardiografia pode ser útil se o animal com suspeita clínica de TEP apresentar hipertensão pulmonar. Os exames de imagem de eleição são a angiografia pulmonar, tomografia computadorizada ou ressonância magnética, entretanto, seu emprego é bastante limitado, uma vez que há necessidade de anestesia geral em um paciente gravemente doente, além de transporte para outro estabelecimento para a realização do exame, o que não é possível na maioria das vezes, visto o caráter emergencial dessa condição clínica. A tromboelastografia garante uma avaliação precisa do estado de hipercoagulabilidade sanguínea, mas, infelizmente, está disponível apenas em alguns centros veterinários de referência norte-americanos 10,17. Viviani De Marco

Introdução O hiperadrenocorticismo (HAC) canino, também conhecido pelo epônimo síndrome de Cushing, é uma afecção endócrina caracterizada por níveis excessivos de cortisol na corrente sanguínea, com o surgimento de sintomatologia clínica bastante dramática, resultante dos efeitos gliconeogênicos, imunossupressores, anti-inflamatórios e catabólicos dos glicocorticoides em vários sistemas orgânicos 1. Essa endocrinopatia acomete principalmente cães de meia-idade a idosos, com idade média em torno de dez anos, sendo os cães das raças poodle, teckel, beagle, yorkshire, dentre outras, os mais acometidos 2,3. A evolução clínica do HAC, em geral, é insidiosa e lentamente progressiva. A sintomatologia depende da duração e da magnitude da hipercortisolemia e também, provavelmente, do caráter individual do paciente 4. Os sinais e sintomas clínicos mais comumente encontrados em cães hiperadrenocorticoideos são: poliúria, polidipsia, polifagia, obesidade abdominal, atrofia e fraqueza muscular, além de alterações respiratórias, cutâneas, reprodutivas e neurológicas. No exame físico pode-se observar distensão abdominal, hepatomegalia, taquipneia, cianose de língua, atrofia e hiperpigmentação cutânea, telangiectasia, estriações, calcinose cutânea, comedos, alopecia simétrica e bilateral, piodermite recidivante, hematomas, cegueira repentina, atrofia testicular e hiperplasia do clitóris 1,5. Em virtude do hipercortisolismo crônico, podem surgir várias complicações médicas que aumentam a morbidade da doença, tais como: hipertensão arterial, cetoacidose diabética, pancreatite, pielonefrite e tromboembolismo pulmonar, sendo esta última geralmente fatal 6,7. Sabe-se que o hipercortisolismo está associado a um estado de hipercoagulabilidade sanguínea que resulta em uma incidência quatro vezes maior de embolismo pulmonar e trombose venosa profunda em pacientes humanos com síndrome de Cushing, elevando substancialmente a taxa de mortalidade na população afetada em comparação à da população geral 8. Tais complicações tromboembólicas também são manifestadas em cães com hiperadrenocorticismo (HAC), embora sua incidência não seja bem documentada. O hipercortisolismo crônico é o responsável pelas manifestações clínicas e alterações laboratoriais do HAC. O cortisol promove gliconeogênese, proteólise, lipólise e apresenta uma potente atividade anti-inflamatória por meio da inibição da síntese das prostaglandinas, da estabilização de membranas lisossomais e da inibição da secreção das interleucinas 1 e 2, além da redução de síntese de imunoglobulinas. Baseado na grande incidência de complicações tromboembólicas, o cortisol também apresenta efeitos sobre o mecanismo hemostático 9. O tromboembolismo pulmonar (TEP) é a oclusão de uma ou mais veias pulmonares por um trombo que ocorre secundariamente a uma doença sistêmica de base 10. Ele se dá em decorrência de injúria endotelial, estase venosa pulmonar, estado de hipercoagulabilidade representado pelo aumento do número de plaquetas ou de sua função e aumento da ativação ou diminuição da inibição dos fatores de coagulação, como deficiência de antitrombina III (ATIII), aumento do

Figura 1 - Fêmea canina, poodle, com HAC, em posição ortopneica e com angústia respiratória devido ao tromboembolismo pulmonar

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Endocrinologia Vários estudos têm demonstrado aumento de fatores procoagulação, tais como fator de Von Willebrand (fVW), II, V, VII, IX, X, XII, fibrinogênio e diminuição da antitrombina III em pacientes humanos e caninos com síndrome de Cushing, favorecendo um quadro de trombogênese. Além disso, foi constatado um aumento significativo do complexo trombina-antitrombina em cães com HAC, o que representa um marcador de trombose subclínica 9,18-22. A antitrombina III (ATIII) é o principal inibidor plasmático dos fatores da serina protease 23. Sua determinação representa o único teste disponível capaz de avaliar os fatores inibitórios da coagulação. Baseia-se na sua habilidade de inibir a atividade da trombina ou do fator X ativado. O resultado é expresso em porcentagem. Cães saudáveis têm valores de AT III superiores a 80%; os valores inferiores a 50% estão associados ao risco de trombose 11,24. Os níveis de fVW são extremamente variáveis em pacientes humanos com Cushing. Recentemente foi observado que o aumento dos níveis do fVW não é uma constante nos pacientes com síndrome de Cushing e que a resposta do FVW aos glicocorticoides é geneticamente determinada e depende da presença de polimorfismos específicos na região promotora do gene do fVW 25. O teste de dímero-D tem se mostrado sensível para a detecção de trombose em cães com CID, no entanto, seus valores também estão elevados em outras condições fibrinolíticas, tais como cicatrização de feridas no período pós-cirúrgico, hemorragia interna e sepse. O dímero-D representa os produtos de degradação de fibrina quando esta é degradada pela plasmina. Sua análise quantitativa seria mais útil, pois os valores mais elevados se correlacionam melhor com o tromboembolismo 11, e um resultado negativo é capaz de excluir a presença de tromboembolismo 10. Infelizmente, a investigação laboratorial do aumento desses fatores de coagulação e a diminuição da antitrombina III têm disponibilidade limitada para uma investigação rápida de evento tromboembólico. O diagnóstico se baseia na suspeita clínica, ou seja, na manifestação de grave distrição respiratória associada à sintomatologia clínica do HAC, na ausência de efusão pleural ou de edema cardiogênico 11. Sendo assim, a prevenção dessa comorbidade representa a melhor solução, visto que o prognóstico para essa condição é de reservado a grave 14,26,27. O risco de tromboembolismo venoso em pacientes com Cushing é potencializado por fatores de risco endógenos, como obesidade, hipertensão arterial, dislipidemia, septicemia, trombocitose e eritrocitose, e exógenos, como cirurgia, procedimentos invasivos e períodos prolongados de decúbito 12,13,18,20. Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo avaliar a frequência de importantes fatores de risco para o desenvolvimento de tromboembolismo pulmonar, como a a) Método cinético, kit Labtest, Lagoa Santa, Belo Horizonte, MG b) Método Ponto Final, kit Labtest, Lagoa Santa, Belo Horizonte, MG c) Coat-A-Count, Cortisol, Diagnostic Products, Los Angeles, USA d) Fosfato de dexametasona, Azium, Intervet-Schering Plough, Cotia, SP e) Ultrassom Modelo 485 Anser vet/Esaote, Pie Medical, Esaote Healthcare do Brasil, São Paulo, SP f) Doppler Vascular Medmega: Modelo DV 610. Indústria Brasileira de Equipamentos médicos, LTDA, São Paulo SP

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hipertensão arterial sistêmica, a trombocitose e a hiperfibrinogenemia em cães com hiperadrenocorticismo endógeno, cujo hipercortisolismo crônico por si só já confere um estado de hipercoagulabilidade sanguínea. Embora os fatores analisados representem uma avaliação subjetiva do estado de hipercoagulabilidade, trata-se de exames acessíveis em laboratórios veterinários particulares, que podem colaborar para a prevenção de eventos tromboembólicos. Material e método Foram incluídos no estudo 45 cães (31 fêmeas e 14 machos) com HAC endógeno, de idade média de 9 ± 3 anos e peso médio de 10,8 ± 7,2 quilogramas, atendidos no Hospital Veterinário da Universidade Guarulhos (UnG) durante um período de três anos (2007-2009). A distribuição racial desses 45 cães compreendeu as raças poodle (64,5% dos casos, n = 29/45), teckel (13,4% dos casos, n = 6/45), pinscher (4,4% dos casos, n = 2/45), yorkshire (4,4% dos casos, n = 2/45), husky siberiano (2,2 %, n = 1/45) e 11,2% de cães sem raça definida (n = 5/45). O diagnóstico de HAC foi embasado em anamnese, exame físico, realização de exames laboratoriais tais como hemograma completo, urina 1, dosagem sérica de alaninoaminotransferase (ALT) a, fosfatase alcalina (FA) a, colesterol b, triglicérides b, cortisol c, por meio do teste de supressão com dexametasona d, além de ultrassonografia abdominal e para avaliação das glândulas adrenais. Os critérios de inclusão foram: níveis séricos de cortisol 8 horas após a administração de dexametasona na dose de 0,01mg/kg/EV maior ou igual a 1,4µg/dL, além de adrenomegalia uni ou bilateral à ultrassonografia abdominal. A investigação dos fatores de risco associados ao estado de hipercoagulabilidade sanguínea dos cães hiperadrenocorticoideos foi efetuada por meio da contagem de plaquetas em câmara de Neubauer, da mensuração plasmática do fibrinogênio por meio do método de refratometria e da mensuração da pressão arterial com aparelho de pressão não invasivo, Doppler vascular f com manguitos selecionados de acordo com o diâmetro do membro (40% da circunferência do membro) 12,21,22. A constatação da hipertensão arterial foi baseada em níveis médios da pressão arterial sistólica acima de 160mmHg 19,20 após três aferições consecutivas. A trombocitose foi considerada quando os valores de plaquetas eram superiores a 500.000/µL e de fibrinogênio superiores a 400mg/dL. Todos os exames foram determinados previamente à instituição de qualquer terapia. Os exames mencionados foram realizados no Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Veterinário da UnG, com exceção da dosagem de cortisol por meio de radioimunoensaio, que foi encaminhada a laboratório particular especializado (BET Laboratories, Rio de Janeiro, Brasil), e do fibrinogênio, que foi encaminhado ao Instituto Veterinário de Imagem (IVI, São Paulo). Resultados Dos 45 cães com HAC endógeno, 95,5% (n = 43/45) apresentavam poliúria e polidipsia, 88,9% (n = 40/45) polifagia,

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82,2% (n = 37/45) distensão abdominal, 77,8% (n = 35/45) cansaço fácil, 31%, (n = 15/45) taquipneia ou dispneia e cianose de língua no ato da consulta (Figura 2). Com relação aos exames complementares realizados para o diagnóstico de hiperadrenocorticismo endógeno, constatamos valores elevados de ALT em 80% dos casos e de FA em 84,5%, sendo suas respectivas médias e desvios-padrão de 203 ± 136U/L e 519 ± 459U/L. A hipercolesterolemia (média ± desvio padrão, 371 ± 132mg/dL) e a hipertrigliceridemia

Discussão As características epidemiológicas e clínicas encontradas no presente trabalho, tais como raça, sexo, idade, sinais clínicos e alterações ao exame físico, estão de acordo com a literatura veterinária. O HAC acomete com maior frequência cães com idade superior a seis anos, notadamente da raça poodle, sendo os sintomas clínicos mais frequentes poliúria, polidipsia, polifagia, abdômen abaulado secundário à obesidade visceral e hepatomegalia, atrofia muscular e taquipneia,

Viviani De Marco

Figura 2 - Fêmea canina, poodle, treze anos, com diagnóstico de HAC, apresentando distensão abdominal, taquipneia e cianose de língua

(239 ± 227mg/dL) foram observadas em 75,5% e 73,3% dos casos, respectivamente (Figura 3). A ausência de supressão dos níveis séricos de cortisol após a aplicação endovenosa de 0,01mg/kg de dexametasona foi evidenciada em 100% dos casos, sendo a média e o desvio-padrão do cortisol oito horas após a aplicação de dexametasona de 5,6 ± 4,9µg/dL. Quanto à ultrassonografia abdominal, constatamos que 100% dos animais possuíam hepatomegalia e 75,5% apresentavam adrenomegalia bilateral, 11,1% adrenomegalia unilateral e em 13,4% dos casos a glândula adrenal direita não foi visualizada. No que diz respeito à investigação da hipercoagulabilidade sanguínea, observamos que 44,5% (n = 20/45) dos cães apresentaram trombocitose (média ± desvio-padrão, 503.682 ± 211.200/µL), 31,2% (n = 14/45) apresentaram hiperfibrinogenemia (370 ± 187mg/dL) e 60% (n = 27/45) hipertensão arterial sistólica (171 ± 25mmHg) (Figura 4). Dos 45 animais, sete (15,5%) apresentaram concomitantemente trombocitose, hiperfibrinogenemia e hipertensão arterial.

Média Desvio padrão Referência

ALT (U/L) 203 136 21 - 102

FA (U/L) 519 459 20 - 156

Colesterol (mg/dL) 371 132 135 - 270

Triglicérides (mg/dL) 239 227 50 - 100

Cortisol pós-dexametasona (µg/dL) 5,6 4,9 < 1,0

Figura 3 - Valores da média e desvio-padrão de ALT, fosfatase alcalina (FA), colesterol, triglicérides e cortisol pós-dexametasona de 45 cães com hiperadrenocorticismo endógeno (Guarulhos, 2007-2009)

Média Desvio padrão Referência

Plaquetas (µL) 503.682 211.200 200.000 - 500.000

Fibrinogênio (mg/dL) 369 187 100 - 400

PAS (mmHg) 171 25 ≤ 160

Figura 4 - Valores da média e do desvio-padrão de plaquetas, fibrinogênio e pressão arterial de 45 cães com hiperadrenocorticismo endógeno (Guarulhos, 2007-2009)

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Endocrinologia além de diversas alterações cutâneas 1,3,5. Os achados laboratoriais também se mostraram compatíveis com os dados de literatura, a exemplo de elevação de ALT, FA, colesterol, triglicérides, alterações ultrassonográficas em glândulas adrenais e cortisol oito horas pós-supressão com dexametasona superior a 1,4µg/dL, confirmando o diagnóstico de hiperadrenocorticismo na totalidade dos casos 2,3,28. Alguns animais (31%, n = 15/45) apresentaram sinais clínicos de desconforto cardiorrespiratório como taquipneia e/ou distrição respiratória, cansaço fácil e cianose de língua 6,7,14,15, que refletem alterações hemodinâmicas e cardiovasculares induzidas pelo hipercortisolismo crônico típico dessa doença. Desses, cinco animais apresentaram concomitantemente trombocitose, hiperfibrinogenemia e hipertensão arterial. Embora uma porcentagem significativa dos animais (69%, n = 31/45) não tenha apresentado dispneia no ato da consulta, a ausência de sinais respiratórios não exclui a presença de comprometimento pulmonar, uma vez que a trombose venosa periférica pode se mostrar assintomática e a embolização do trombo no manto capilar pulmonar pode ser discreta inicialmente, até que haja obstrução completa de importantes vasos, com consequente distrição respiratória aguda, que pode ser fatal 14. Corroborando os dados de literatura 15,29, a trombocitose secundária ao hipercortisolismo crônico foi um achado comum nos cães estudados, acometendo 44,5% dos casos (n = 20/45). As plaquetas são as células predominantes no processo de hemostasia primária e também são importantes na hemostasia secundária, uma vez que fornecem fatores solúveis para a estabilização do coágulo. As plaquetas aderem ao colágeno subendotelial com o auxílio do fator Von Willebrand após injúria vascular. Isso resulta em um plug hemostático temporário, denominado hemostasia primária. Essa ligação de plaquetas resulta em alterações conformativas, ativação plaquetária, liberação dos grânulos plaquetários, agregação de mais plaquetas e início da hemostasia secundária por meio da formação de uma superfície procoagulante composta de receptores de fibrinogênio no plug primário. A liberação de adenosina difosfato (ADP) pelos grânulos densos promove a síntese de tromboxano A2, uma prostaglandina que causa agregação plaquetária irreversível, metamorfose viscosa e vasoconstricção local 24. Elevados níveis de glicocorticoides endógenos causam trombocitose porque reduzem a fagocitose das plaquetas por macrófagos. Outras causas de trombocitose incluem: neoplasias, contração esplênica, esplenectomia, terapia imunossupressiva com glicocorticoides ou vincristina, além de estimulação inespecífica da medula óssea durante uma leucocitose ou anemia 24,30. Dentre os animais que apresentaram trombocitose em nosso estudo (n = 20), 70% (n = 14/20) também eram hipertensos e 25% (n = 5/20) tinham hiperfibrinogenemia, fatores esses que aumentam significativamente a estase sanguínea e o risco de hipercoagulabilidade 2,20. A hiperfibrinogenemia foi observada em 31% dos cães, 48

em concordância com os dados evidenciados na literatura 31, de acordo com os quais a associação entre hipercortisolismo endógeno e hiperfibrinogenemia foi constatada em 34% dos cães. Para reforçar a importância desses achados, estudamos também um grupo controle composto por vinte cães saudáveis (40% machos e 60% fêmeas, sendo 65% SRD e com idade média de 3 anos e meio), em que a concentração média de fibrinogênio (192 ± 30mg/dL) foi significativamente (p < 0,05, teste t) inferior à observada em cães com HAC (369 ± 187mg/dL), diferença essa também observada num estudo envolvendo 56 cães hiperadrenocorticoideos e 30 cães controle 9. O fibrinogênio é uma proteína plasmática convertida em fibrina insolúvel durante a cascata de coagulação sanguínea, levando à formação de um coágulo estável. O fibrinogênio é sintetizado no fígado e elevadas concentrações também podem ser observadas em processos inflamatórios inespecíficos, mas diante de uma doença que predispõe ao estado de hipercoagulabilidade, como é o caso do HAC, pode indicar maior risco de trombose 32. A hipertensão foi o achado mais consistente nos cães com HAC estudados. Os fatores relacionados à ocorrência de hipertensão arterial em cães hiperadrenocorticoideos são: a produção excessiva do substrato renina (a proteína circulante que atua na liberação da angiotensina I), a ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona por meio de estímulos alternativos, o aumento da sensibilidade aos vasopressores (por exemplo, catecolaminas e agonistas adrenérgicos), a redução das prostaglandinas vasodilatadoras e o aumento da secreção de mineralocorticoides não provenientes da zona glomerular 7. A hipertensão arterial sistêmica pode conduzir à hipertrofia do ventrículo esquerdo, causar insuficiência cardíaca e glomerulopatia, predispondo o animal a distúrbios tromboembólicos. Os órgãos alvos terminais que parecem ser mais sensíveis à hipertensão, além do sistema cardiovascular e renal, são o globo ocular e o sistema nervoso central 7,33-35. A hipertensão sistêmica ocorre em mais de 50% dos cães não tratados para hiperadrenocorticismo endógeno 7, sendo condizente com o que avaliamos em nossos animais, dos quais 60% (n = 27/45) se apresentavam hipertensos. Dos 27 animais hipertensos, oito (29,6%) tinham concentração de fibrinogênio elevada e 14 (51,8%) apresentavam trombocitose. Em medicina humana, a incidência de hipertensão arterial associada à síndrome de Cushing é ainda maior, atingindo até 88% dos pacientes 36. Segundo relato dos proprietários, 15 dos 45 animais (31%) apresentavam algum grau de desconforto respiratório, tais como taquipneia, dispneia, cansaço fácil, cianose de língua ou respiração ofegante quando submetidos ao estresse. Em cinco desses animais (33,3%, n = 5/15) constatou-se concomitantemente trombocitose, hiperfibrinogenemia e hipertensão arterial sistêmica, sugerindo um estado de hipercoagulabilidade sanguínea secundária ao hipercortisolismo, condição esta que predispõe ao desenvolvimento de tromboembolismo pulmonar 1,7. Por outro lado, outros dois animais que também apresentavam as mesmas alterações laboratoriais não manifestavam sinais respiratórios evidentes no ato da consulta. Embora nossos resultados não nos permitam afirmar

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Endocrinologia que os cães com hiperfibrinogenemia e trombocitose irão apresentar tromboembolismo pulmonar, é prudente interpretar cuidadosamente tais achados laboratoriais em associação ao quadro clínico e, diante de desconforto respiratório, iniciar uma intervenção farmacológica profilática com fármacos antitrombóticos e/ou antiplaquetários. Podemos concluir que a hipertensão arterial sistêmica, a trombocitose e a hiperfibrinogenemia são achados frequentes em cães hiperadrenocorticoideos, podendo sugerir um estado pré-trombótico. Embora o diagnóstico de tromboembolismo pulmonar permaneça ainda clínico e subjetivo, necessitando de investigações laboratoriais e de imagem mais apuradas e específicas, a constatação desses parâmetros laboratoriais traz benefícios no que tange à suspeita precoce de tal complicação médica. Referências

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Oncologia Nefroblastoma com metástase pulmonar em um cão – relato de caso Nephroblastoma with pulmonary metastases in a dog – case report Nefroblastoma con metástasis pulmonar en un perro – relato de un caso Clínica Veterinária, Ano XVII, n. 96, p. 52-56, 2012 Juneo Freitas Silva

MV, mestre, doutorando EV/UFMG

vet_junior@yahoo.com.br

Amanda Maria Sena Reis MV, mestranda EV/UFMG

amandamariar@yahoo.com.br

Jankerle Neves Boeloni MV, mestre, doutoranda EV/UFMG jankerle@gmail.com

Rogéria Serakides

MV, PhD, profa. assoc. EV/UFMG

serakidesufmg@gmail.com

Natália de Melo Ocarino MV, PhD, profa. adj. EV-UFMG

nataliaocarino@gmail.com

Resumo: Nefroblastoma é uma neoplasia renal semelhante ao tumor de Wilm e que provavelmente se origina do blastema metanéfrico. Em cães, esse tumor é raro, maligno e geralmente acomete animais com menos de um ano de idade, sem apresentar predileção por raça, ocorrendo mais frequentemente nos machos. Ao contrário do cão, em suínos e aves o nefroblastoma é mais frequente e geralmente é benigno. Esse tumor na maioria das vezes não tem sinais clínicos específicos nem causa anormalidades bioquímicas séricas. Isso dificulta seu diagnóstico precoce e piora o prognóstico, já que na maioria das vezes ele é diagnosticado em estágio de desenvolvimento mais avançado e com metástase. Entre os diagnósticos diferenciais devem-se incluir o carcinoma renal, o nefroma mesoblástico e a nefroblastomatose. O objetivo deste relato é descrever um caso de nefroblastoma com metástase pulmonar em um cão de onze meses de idade que apresentava histórico de dispneia, anorexia e polidipsia. Unitermos: oncologia, neoplasia renal, pulmão, glomérulo Abstract: Nephroblastoma is a malignant kidney tumor similar to Wilm’s tumor and probably stems from the metanephric blastema. In dogs, this tumor is rare, malignant and usually affects animals under one year of age. There is no apparent breed predilection and males are most frequently affected. Unlike in canines, nephroblastomas are more common and usually benign in swine and poultry. This kind of tumor causes no specific clinical signs or serum biochemical abnormalities in most cases. This complicates diagnosis and worsens the prognosis, since most of the time it is diagnosed in a more advanced stage of development, when there is already metastasis. Differential diagnoses should include renal cell carcinoma, mesoblastic nephroma and nephroblastomatosis.The purpose of this report is to describe a case of nephroblastoma with lung metastasis in an 11-month-old dog presenting dyspnea, anorexia and polydipsia. Keywords: oncology, renal neoplasm, lung, glomerulus Resumen: El nefroblastoma es una neoplasia renal similar al tumor de Wilms que tiene un origen probable en el blastema metanéfrico. En perros, este tumor es poco común, maligno y generalmente afecta a animales con menos de un año de edad, no existiendo predilección por razas, presentándose preferencialmente en machos. Al contrario de lo que ocurre en perros, el nefroblastoma en cerdos y aves suele ser más frecuente y es, generalmente, de tipo benigno. Este tumor, en la gran mayoría de los casos, no presenta signos clínicos específicos ni causa alteraciones bioquímicas en la serología sanguínea. Esto hace más dificultoso su diagnóstico precoz y empeora el pronóstico, ya que en la mayoría de los casos el nefroblastoma es diagnosticado en estadíos avanzados de desarrollo y con presencia de metástasis. Entre los diagnósticos diferenciales deben incluirse el carcinoma renal, el nefroma mesoblástico y la nefroblastomatosis. El objetivo de este relato es describir un caso de nefroblastoma con metástasis pulmonar en un perro de once meses de edad que presentaba una historia de disnea, anorexia y polidipsia. Palabras clave: oncología, neoplasia renal, pulmón, glomérulo

Introdução Embora as neoplasias renais primárias sejam relativamente pouco frequentes nos animais domésticos 1,2, os carcinomas, adenomas e nefroblastomas têm sido descritos em cães, equinos, suínos, aves e bovinos 3. O nefroblastoma, também conhecido como tumor de Wilm, adenossarcoma 52

embrionário ou nefroma embrionário, é uma neoplasia pouco frequente nos rins de cães 1,2 e sua histogênese é pouco esclarecida. Postula-se que os nefroblastomas se originem do blastema metanéfrico e que as células estromais e o blastema se originem de uma célula tronco comum 4. Semelhanças entre o nefroblastoma e a morfologia dos rins em

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desenvolvimento embrionário sugerem a hipótese de que a formação desse tumor ocorra durante a nefrogênese ou na vida pós-natal, a partir de resquícios de tecido embrionário renal persistente 2,5. Geralmente, os nefroblastomas são unilaterais, solitários, localizados no córtex de um dos polos renais, podendo se estender através da cápsula para o peritônio ou o mesentério. Mas essa neoplasia também pode ser bilateral, múltipla e acometer grandes áreas do parênquima renal 2. Em cães, o nefroblastoma não tem predileção por raça e geralmente é maligno; os machos são mais frequentemente acometidos e a maioria dos casos tem sido diagnosticada em animais com menos de um ano de idade 1,3,6-9. O tumor, na maioria das vezes, não causa sinais clínicos específicos ou anormalidades bioquímicas séricas, o que dificulta seu diagnóstico precoce e piora o prognóstico, já que a maioria dos

tumores tem sido diagnosticada em estágio de desenvolvimento mais avançado e com metástase. Entretanto, as metástases ocorrem com maior frequência no peritônio e nos linfonodos mesentéricos, havendo poucos relatos de metástases pulmonares 1-3,10,11. Embora o nefroblastoma seja uma neoplasia pouco frequente, ele está entre os tumores embrionários mais comuns do trato urinário de filhotes de cães 2. Como a frequência das neoplasias de um modo geral é maior em cães de meia-idade ou idosos, muitas vezes o diagnóstico de neoplasia em animais muito jovens é negligenciado; por isso, este relato tem o objetivo de despertar a atenção do clínico para a ocorrência dessa neoplasia em animais jovens com alterações urinárias discretas e para a possibilidade de metástase pulmonar, que deve ser sempre diferenciada dos processos inflamatórios pulmonares mais frequentes nessa faixa etária. Natália de Melo Ocarino

Natália de Melo Ocarino

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Figura 1 - A e B) Rim esquerdo de cão evidenciando massa neoplásica branco-avermelhada e com perda da arquitetura normal do órgão (seta). C e D) Pulmões do mesmo animal evidenciando nódulos neoplásicos metastáticos esbranquiçados em todo o parênquima

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Oncologia Relato de caso Um cão sem raça definida, macho, de onze meses de idade, com histórico de dispneia, polidpsia, anorexia, diarreia e urina acastanhada, foi encaminhado ao Hospital Veterinário da Escola de Veterinária da UFMG. Segundo o proprietário, o cão estava sendo tratado de pneumonia havia aproximadamente trinta dias, sem nenhuma recuperação aparente. Ao exame clínico, o animal apresentava-se cianótico, desidratado e com estertores pulmonares intensos, sem alteração da temperatura corporal e de outros parâmetros físicos. Nenhum exame complementar foi realizado, pois o animal veio a óbito durante a consulta. Na necropsia, as mucosas ocular e oral estavam intensamente cianóticas e a musculatura esquelética apresentava-se moderadamente hiperêmica. O volume do rim esquerdo estava muito aumentado por uma massa de 5 x 7cm de extensão, localizada no polo caudal do órgão (Figura 1), que acometia as regiões cortical e medular. A massa neoplásica era branco-avermelhada, friável e sem limites distintos. Os pulmões tinham o volume aumentado, com nódulos multifocais

Natália de Melo Ocarino

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a coalescentes, branco-avermelhados, de 1 a 8cm de diâmetro e, que ao corte, eram sólidos e com áreas firmes entre áreas friáveis (Figura 1). O rim direito, os linfonodos regionais, adrenais e os demais órgãos das cavidades abdominal e torácica não apresentavam alterações macroscópicas. Fragmentos da neoplasia renal, dos pulmões e dos demais órgãos foram colhidos em solução tamponada de formaldeído a 10%, processados pela técnica rotineira de inclusão em parafina e corados por hematoxilina-eosina para avaliação histopatológica. Microscopicamente, a massa renal era composta por células epiteliais neoplásicas distribuídas em padrão sólido e organizadas em aglomerados circundados por uma fina camada de células cuboides semelhantes a glomérulos primitivos (Figura 2A) ou em túbulos de diâmetros variados (Figura 2B). As células neoplásicas apresentavam pleomorfismo moderado, núcleo redondo ou oval, cromatina frouxa, nucléolos evidentes e baixo índice mitótico. O citoplasma era escasso e com limites indefinidos. Foram observadas também extensas áreas de hemorragia e necrose (Figura 2C).

Figura 2 - A, B e C) Fotomicroscopias do rim esquerdo de cão evidenciando o nefroblastoma caracterizado por estruturas glomerulares primitivas (A), estruturas tubulares (B) e áreas de hemorragia e necrose (C). D) Fotomicroscopia dos pulmões do mesmo animal em que se observa metástase do nefroblastoma com proliferação de células neoplásicas e compressão do parênquima adjacente (seta). A: Barra = 5,3µm; B: Barra = 3,2µm; C: Barra = 6µm; D: Barra = 29,5µm; H&E

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Nos pulmões foram observadas áreas multifocais de proliferação de células epiteliais neoplásicas com características semelhantes às da neoplasia renal (Figura 2D). Com base nos achados macro e microscópico, foi firmado o diagnóstico de nefroblastoma do tipo epitelial com metástase pulmonar. Discussão Ao contrário de outras espécies animais domésticas, o nefroblastoma em cães é frequentemente maligno e faz metástase principalmente para o peritônio e para os linfonodos mesentéricos em mais de 50% dos casos já descritos 2,3. O animal do presente caso apresentava metástase pulmonar que, apesar de incomum, já foi descrita em alguns relatos 3,11-14. Devido à ocorrência de sinais clínicos respiratórios inespecíficos como dispneia, cianose e respiração abdominal, a metástase pulmonar do nefroblastoma necessita ser incluída no diagnóstico diferencial de pneumonias em animais no primeiro ano de vida 15, principalmente nos casos em que a suposta pneumonia não responde ao tratamento como observado nesse animal. Os animais com nefroblastoma podem desenvolver quadros de hematúria, piúria, proteinúria e isostenúria 15. Embora o animal do presente caso tenha vindo a óbito durante a consulta, sua urina se apresentava acastanhada. Essa alteração provavelmente foi decorrente da extensa lesão renal promovida pela neoplasia. Histologicamente, o nefroblastoma se caracteriza por uma mistura de tecido renal embrionário com estruturas semelhantes a glomérulos e túbulos imaturos e de tecido mixomatoso. Mas sua morfologia é variável, já que esse tumor se desenvolve a partir de células embrionárias dos rins, que podem dar origem a uma variedade de tecidos. Assim, esse tumor pode ser também constituído por tecidos não epiteliais,

como músculo liso e estriado, cartilagem, osso e tecido adiposo. Por isso, outras denominações menos apropriadas têm sido utilizadas para designá-lo, tais como adenossarcoma, tumor misto e carcinossarcoma 1,2. A neoplasia apresentada pelo animal citado neste trabalho se caracterizava pela presença de tecido renal embrionário com estruturas semelhantes a glomérulos e túbulos imaturos, sem a presença de outros tipos de tecidos, o que tem sido observado também em outros casos de nefroblastoma 3,6,11,16. Pelo fato de o nefroblastoma ser raro em cães e de poder apresentar grande variabilidade quanto a seus componentes histológicos básicos, sua caracterização em cães tem se baseado na classificação adotada pela oncologia pediátrica humana 4,17. Desse modo, o nefroblastoma pode ser do tipo epitelial, estromal, blastemal (misto) ou ainda anaplásico, sendo que todas as variantes podem apresentar formações císticas. A presente neoplasia apresentou mais de dois terços da amostra constituída por tecido epitelial, o que lhe atribui a classificação de nefroblastoma do tipo epitelial 17. Para firmar o diagnóstico definitivo dessa neoplasia, outras afecções renais que se assemelham ao nefroblastoma ou que são mais frequentemente encontradas, como o carcinoma, o nefroma mesoblástico e a nefroblastomatose, foram incluídas no diagnóstico diferencial. O carcinoma é o principal e mais frequente tumor renal e é composto por túbulos e ácinos, separados por delicado feixe fibrovascular e com alto índice mitótico, diferentemente das características histológicas descritas neste caso. Mas, apesar de as características histológicas do carcinoma serem diferentes das do nefroblastoma e de sua frequência ser maior em cães velhos, esse tumor sempre deve ser considerado no diagnóstico diferencial do nefroblastoma 1,2. O nefroma mesoblástico é uma neoplasia benigna e a nefroblastomatose é uma alteração não neoplásica, até o

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Oncologia momento somente diagnosticada em macacos 4,17,18. Acreditase que a nefroblastomatose em seres humanos seja precursora do nefroblastoma e de outros tumores renais 19, enquanto em cães não se tem essa informação. O nefroblastoma mesoblástico é um tumor infiltrativo formado principalmente por células fusiformes com baixo índice mitótico, enquanto a nefroblastomatose caracteriza-se por persistência do blastema metanéfrico, sem alterações neoplásicas, diferindo das observações histopatológicas do presente caso. A eficácia da quimioterapia e da radioterapia e a melhor compreensão do comportamento histológico do nefroblastoma têm contribuido para melhorar o prognóstico do paciente humano 20. No entanto, ao contrário do que se observa em crianças, o diagnóstico do nefroblastoma em cães geralmente ocorre quando já existe o desenvolvimento de metástase. Por isso, o tratamento do nefroblastoma em crianças hoje chega a 85% de cura 21, enquanto em cães só há um relato de não recidiva da doença por pelo menos 25 meses pós-tratamento 22. Por isso, conhecer esse tumor e incluí-lo no diagnóstico das doenças renais que também acometem o cão jovem é fundamental para o seu diagnóstico precoce. Considerações finais Embora o nefroblastoma seja considerado uma neoplasia pouco frequente em cães, o presente relato demonstra a importância do seu diagnóstico precoce e de incluir as metástases pulmonares no diagnóstico diferencial dos processos inflamatórios dos pulmões, particularmente em cães jovens. Além disso, é de fundamental importância avaliar adequadamente a histologia do tumor como também o estágio em que ele se encontra, para estabelecer o tratamento mais adequado e melhorar o prognóstico para o animal, a exemplo do que já tem sido realizado na pediatria oncológica humana. Referências

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Dermatologia Tratamento de papilomatose oral canina – relato de caso Treatment for canine oral papillomatosis – a case report Tratamiento de la papilomatosis oral canina – reporte de un caso Clínica Veterinária, Ano XVII, n. 96, p. 58-64, 2012 Raquel Ribeiro Gutierrez

MV, residente HVGLN/FCAV/Unesp-Jaboticabal raquelgut_67@hotmail.com

Beatrice Ingrid Macente

MV, residente HVGLN/FCAV/Unesp-Jaboticabal beatrice.vetuel@yahoo.com.br

Wilter Ricardo Russiano Vicente MV, prof. tit. FCAV/Unesp-Jaboticabal wilter@fcav.unesp.br

Mirela Tinucci Costa

MV, profa. dra. assist. FCAV/Unesp-Jaboticabal mirelatc@fcav.unesp.br

Resumo: A papilomatose oral canina é uma enfermidade tumoral benigna, caracterizada pelo aparecimento de lesões múltiplas na região dos lábios, palato, faringe, esôfago, língua e eventualmente em outras regiões do corpo. A transmissão ocorre pelo contato direto ou indireto dos cães com secreções ou sangue provenientes dos papilomas. Em animais jovens, costuma apresentar evolução autolimitante, contudo, em alguns casos, pode se tornar crônica. O tratamento é incerto. Vários fármacos e métodos são descritos na terapia, porém não existe nenhum tratamento totalmente eficiente. O objetivo deste relato é documentar um caso de papilomatose oral em um cão da raça dálmata, de dois anos, que já havia passado por algumas tentativas de tratamento sem sucesso, sendo empregada uma alternativa de protocolo terapêutico, com a associação de um imunomodulador (Propionibacterium acnes) e um antineoplásico (Clorobutanol), com a qual se obteve sucesso. Unitermos: cão, papilomavírus, tumor benigno Abstract: The canine oral papilloma (oral warts) is a benign tumor disease, characterized by the emergence of multiple lesions at the lips, palate, pharynx, esophagus, tongue and eventually to others parts of the body. Transmission occurs by direct or indirect contact with secretions or blood from papillomas. Evolution is predominantly self-limiting in young animals, but can become chronic in some cases. Treatment options are unclear. Although several drugs and methods are described, none is highly efficient. The aim of this article is to report a case of oral papilloma in a two-year-old Dalmatian that had been previously treated with various protocols without success. Remission of symptoms was obtained by associating an immunomodulator (Propionibacterium acnes) with an antineoplastic (Chlorobutanol). Keywords: dogs, papillomavirus, benign tumor Resumen: La papilomatosis oral canina es una enfermedad tumoral benigna que se caracteriza por la aparición de lesiones en áreas como labios, paladar, faringe, esófago, lengua y eventualmente, en otras regiones del cuerpo. La transmisión se da por contacto directo o indirecto a partir de perros con secreciones o sangre provenientes de los papilomas. En animales jóvenes suele tener una evolución autolimitante, a pesar de que en algunos casos la enfermedad puede hacerse crónica. El tratamiento comunmente genera dudas. Se han descripto varios fármacos y métodos alternativos para tratar esta enfermedad, pero aún no existe una terapéutica totalmente eficiente. El objetivo del presente trabajo es documentar un caso de papilomatosis oral en un perro Dálmata de dos años, que habiendo recibido varios tratamientos sin éxito, finalmente se le indicó una asociación de un inmunomodulador (Propionibacterium acnes) y de un antineoplásico (Clorobutanol), con los que se obtuvieron buenos resultados terapéuticos. Palabras clave: perro, papilomavirus, tumor benigno

Introdução A papilomatose canina é uma enfermidade tumoral benigna não muito frequente em cães e rara em gatos 1. Nos animais jovens, a infecção é causada por um DNA vírus do gênero Papillomavirus, família Papillomaviridae, ao passo que nos cães idosos não está associada à etiologia viral 1. Os Papillomavirus são pequenos e desprovidos de envelope, o que lhes confere maior resistência no ambiente 2. 58

A papilomatose oral canina é caracterizada pelo aparecimento de lesões múltiplas na região dos lábios, palato, faringe, esôfago e língua, que podem também se disseminar para as pálpebras, a conjuntiva, a córnea e eventualmente para outras regiões do corpo 3-5. As lesões podem se apresentar inicialmente como nódulos pequenos (milímetros), brancos e lisos, evoluindo para massas cinzentas ou negras, grandes (centímetros), pediculares, de superfície áspera e friável,

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com aspecto de couve-flor, facilmente destacáveis, causadoras de hemorragia 6. Não há predileção por sexo, raça ou sazonalidade em sua ocorrência 2. O período de incubação é de aproximadamente seis meses 7,8 e em animais jovens costuma apresentar uma evolução autolimitante, regredindo espontaneamente de quatro a oito semanas após o início das lesões. A transmissão ocorre sem intermediários 9, sendo efetuada pelo contato direto ou indireto dos cães com secreções ou sangue provenientes dos papilomas 10. Em alguns casos, a papilomatose pode se tornar crônica 3,4 e, apesar de as lesões tumorais provocadas por ela serem benignas, elas podem progredir para formas malignas, como o carcinoma de células escamosas 1,8. Os papilomas orais frequentemente ocorrem em cães portadores de doenças imunossupressivas ou debilitantes (erliquiose, cinomose, parvovirose), ou em pacientes tratados com drogas imunossupressoras (corticosteroides ou quimioterapia) 6,10-13. Há relatos de remissão completa dos papilomas em cães após o tratamento contra a erliquiose monocítica 2. Alguns cães que tiveram a infecção e alcançaram a regressão total da doença se tornam resistentes a reinfecções, porém podem ocorrer recidivas em situações de grave comprometimento do sistema imune do animal 2. A presença da papilomatose oral, dependendo da sua extensão e do tamanho dos nódulos tumorais, desencadeia como sinais clínicos: disfagia, ptialismo, hemorragias, hiporexia ou anorexia, halitose e infecções bacterianas secundárias, com ou sem secreção purulenta 14-16. O diagnóstico da papilomatose oral canina rotineiramente é baseado apenas nos sinais clínicos e no exame físico. No entanto, outros exames complementares podem ser utilizados, como a histopatologia, a imuno-histoquímica, a microscopia eletrônica ou a hibridação para identificação específica do DNA papilomavírus 1,6,14. O diagnóstico diferencial deverá ser feito com outras neoplasias de pele: epúlides fibromatosos, tumor venéreo transmissível e carcinoma de células escamosas 16. O tratamento para a papilomatose oral, de modo geral, é incerto. Devido a seu comportamento autolimitante, muitos animais não necessitam de tratamento. Contudo, em alguns casos, a doença pode não regredir espontaneamente, com agravamento do quadro clínico e debilidade do animal, exigindo intervenção terapêutica. Esta pode também ser solicitada pelo proprietário por razões estéticas. Vários fármacos e métodos são descritos na terapia, porém não existe nenhum tratamento totalmente eficiente 1,7. Entre as opções terapêuticas estão o uso de antivirais, vacinas autógenas, auto-hemoterapia, homeopatia, quimioterapia e o uso de imunomoduladores, além de ressecção cirúrgica, crioterapia ou eletrocirurgia 1,7,17,18. Alguns autores ressaltam que o tratamento, inicialmente, deve ser voltado para a identificação e a correção da causa primária da imunossupressão e, em caso de a doença não desaparecer, deve-se optar por técnicas mais radicais 7. Quanto às vacinas autógenas, há controvérsias entre os autores. Alguns referem que a vacina é eficaz no tratamento

e na profilaxia 18,19, enquanto outros afirmam que as vacinas autógenas não são eficazes 6, citando inclusive a possibilidade de formação de outras neoplasias nos locais em que elas são aplicadas, como o papiloma escamoso e o carcinoma de células escamosas 20. À semelhança das vacinas autógenas, a auto-hemoterapia promove o desenvolvimento de uma resposta imunológica inespecífica contra a papilomatose, por meio da aplicação intramuscular de sangue venoso do próprio animal acometido. Embora essa prática seja utilizada por alguns veterinários, sua eficácia ainda carece de confirmação científica 21. Remoção cirúrgica, eletrocauterização e criocirurgia são boas opções de tratamento, porém possuem certas limitações, dependendo da localização dos nódulos, como no caso do papiloma de córnea 1,15. A utilização de quimioterápicos é controversa, pois eles deprimem o sistema imunológico do animal, importantíssimo no combate à doença 1,15. Dentre os compostos químicos antivirais, o clorobutanol é uma possibilidade de tratamento para a papilomatose. Rotineiramente empregado em bovinos e mais recentemente no tratamento da papilomatose canina, em aplicações intralesionais, vem obtendo resultados significativos no combate à forma cutânea da doença. Sua ação visa impedir o crescimento viral, além de ter propriedades antifúngicas e antibacterianas e de ter efeito anestésico, diminuindo a dor no local da aplicação. Não há relatos na literatura de possíveis reações adversas ao uso do clorobutanol, assim como também não há descrições na bula do medicamento utilizado nesse protocolo 22. Muitas opções de tratamentos homeopáticos estão disponíveis, no entanto, o mais empregado para o tratamento da papilomatose é a Thuya occidentalis. Essa planta possui atividade mitogênica, além de ser indutora de subclasses de células T e de citocinas in vitro 23. O tratamento de um cão com papilomatose utilizando Thuya occidentalis 30CH associada à posterior administração de Nitric acid 30CH, resultou na cura completa em algumas semanas 24. O emprego dos imunomoduladores é realizado pela sua capacidade de atuação no sistema imunológico, melhorando a resposta imune dos animais, principalmente pela produção de interferon e seus indutores 25. Devido a essas características, alguns imunomoduladores podem ser empregados no tratamento de doenças virais ou neoplásicas 26,27. Um exemplo de imunoestimulante empregado na medicina é o Propionibacterium acnes (P. acnes), anteriormente conhecido como Corynebacterium parvum. Trata-se de bactérias grampositivas, pleomórficas, capazes de desencadear a síntese de citocinas e estimular os macrófagos, as células natural killer (NK) e o fator de necrose tumoral (TNF), importantíssimos no combate a neoplasias 17,28. Alguns pesquisadores utilizaram 2mg de P. acnea no tratamento de dezesseis cães de diferentes idades, raças e sexos com papilomatose oral canina, por via intramuscular profunda, em aplicações semanais, obtendo sucesso no tratamento de animais jovens em cinco semanas. Nos animais adultos, a mesma dose foi administrada a cada três dias, com resolução na sexta aplicação 28. Apesar de não terem sido descritos casos de reações adversas

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a) ImmunoComb® - Biogal, Israel. JMR Trading Ltda. Pinhais, PR b) Imicarb® - Eurofarma Laboratórios Ltda. São Paulo, SP c) Atropion® - Ariston Indústria Química e Farmacêutica Ltda. São Paulo, SP d) Pegasys® - Laboratório Roche. São Paulo, SP e) Clordox® - Laboratório Teuto Brasileiro S/A. Anápolis, GO f) Periogard® - Colgate-Palmolive Ind. E Com. LTDA. São Bernardo do Campo,SP g) Infervac® - Hertape Calier Saúde Animal S. A. Juatuba, MG h) Verrutrat® - Uzinas Chimicas Brasileiras S. A. Jaboticabal, SP i) Agasten®. Novartis Biociência S/A. São Paulo, SP

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Relato de caso Um cão da raça dálmata, macho, intacto, de dois anos e 18,6 quilos, foi apresentado ao Serviço de Obstetrícia e Reprodução Animal do Hospital Veterinário Governador Laudo Natel (HVGLN) da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista (Unesp), apresentando um nódulo na boca existente havia seis meses. Desde então o quadro se agravou, com disseminação dos nódulos para os lábios, gengiva, língua e prepúcio, motivo pelo qual o cão foi encaminhado ao Serviço de Obstetrícia e Reprodução. O proprietário relatou ter realizado tratamentos anteriores em clínica particular com auto-hemoterapia e remoção cirúrgica, sem melhora. O animal apresentava hiporexia havia uma semana, mantendo o consumo hídrico e a eliminação das fezes dentro da normalidade. Segundo o proprietário, o cão recebia controle anti-helmíntico e imunoprofilaxia periódicos. O paciente não apresentava ectoparasitas, era domiciliado e convivia com quatro contactantes em bom estado geral. Durante o exame físico, na inspeção da cavidade oral, viam-se inúmeras neoformações verrucosas com aspecto de couve-flor na mucosa, na gengiva, no palato, na faringe, na língua e nos lábios (Figura 1 A e B), além da presença de três nódulos no prepúcio (Figura 1C), compatíveis com o diagnóstico de papilomatose oral. O hemograma mostrava anemia com presença de discreta anisocitose e policromasia, leucopenia (por neutropenia e linfopenia) e trombocitopenia. Na bioquímica sérica, a creatinina estava dentro do valor de referência, a ALT, ligeiramente aumentada (109,8 U/L), e o soro, ligeiramente lipêmico.

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nesses trabalhos, as orientações do próprio fabricante em bula indicam a possibilidade de reações de hipersensibilidade em alguns pacientes. Tendo em vista o comportamento biológico da papilomatose oral canina, bem como as opções de tratamento, o seu prognóstico é bom 6. Alguns autores sugerem medidas de profilaxia para a doença, como providenciar o isolamento dos animais acometidos até o término do tratamento; evitar a aquisição de animais com as lesões ou de estabelecimentos que sabiamente tenham apresentado animais doentes; além de imunizar os animais com vacina autógena ou recombinante como prevenção, apesar de não existirem opções comerciais atualmente 2,29. O objetivo deste relato é documentar um caso de papilomatose oral em um cão adulto jovem que já havia passado por algumas tentativas de tratamento sem sucesso, expondo uma possibilidade de protocolo terapêutico com a associação de um imunomodulador e um antineoplásico 30 e demonstrando a evolução do quadro, que resultou em sucesso.

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Dermatologia

C Figura 1 – A, B e C) Imagens do primeiro atendimento do paciente, em que é possível visualizar as inúmeras formações papilomatosas, bem características, acometendo toda a mucosa oral e a região mucosa prepucial;

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D, E e F) Imagens do paciente durante atendimento posterior ao início do tratamento com o clorobutanol, sendo visível o início da regressão das neoformações tanto na mucosa oral quanto na prepucial; G, H e I) Inspeção da cavidade oral do animal durante o último atendimento, em que se verificou a ausência completa das lesões

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Dermatologia Devido ao quadro hematológico de pancitopenia, optouse pela realização do ImmunoComb® a para a pesquisa sorológica de Ehrlichia canis, que se revelou positivo (titulação 1:640). Foi iniciado o protocolo de tratamento para hemoparasitoses, com a aplicação de dipropionato de imidocarb b na dose de 5mg/kg por via subcutânea, precedido da aplicação de sulfato de atropina c na dose de 0,022mg/kg por via subcutânea. Para tratamento domiciliar, foi prescrito cloridrato de doxiciclina d 5mg/kg a cada 12 horas durante 21 dias e interferon α e 3.000 UI a cada 24 horas, ambos por via oral, até novas recomendações. Após quinze dias de tratamento, o animal apresentava melhora clínica, acompanhada de ganho de peso; todavia, o quadro de papilomatose permanecia inalterado. Quanto ao quadro hematológico, houve progressiva melhora, com recuperação completa ao final do tratamento para erliquiose. Realizou-se limpeza oral das lesões com gluconato de clorexidina a 0,12% f (1:10), com manutenção domiciliar do procedimento de higienização bucal. Na ocasião foi também iniciado o tratamento com P. acnes g na dose de 1mL/10kg por via intramuscular profunda, com repetições semanais. Ao todo foram realizadas cinco aplicações de P. acnes. Sete dias após a primeira aplicação já se observava necrose e desprendimento de alguns nódulos. No retorno seguinte, sete dias após, os nódulos dos papilomas voltaram a crescer e aumentaram numericamente. Na ocasião, os proprietários relataram prurido intenso no dorso do animal, próximo ao local da aplicação do P. acnes, que pôde ser comprovado durante exame físico, pela presença de área avermelhada e rarefação dos pelos na região. Devido à evolução desfavorável do caso, entre a quarta e a quinta aplicações do P. acnes optou-se pela associação do clorobutanol h na dose de 1mL/10kg, por via subcutânea, diretamente sob as formações papilomatosas, incluindo a região prepucial. Foram realizadas ao todo seis aplicações de clorobutanol a intervalos semanais, sendo que após a primeira aplicação houve necrose e queda da maioria dos nódulos tumorais. Antes da sexta aplicação, o animal já não apresentava as formações papilomatosas, mas persistia a lesão lombar pruriginosa e hiperêmica. Prescreveu-se então um comprimido de clemastina i a cada 12 horas, durante dez dias, com resolução do quadro no quarto dia de administração (Figura 1). Discussão A papilomatose canina é uma enfermidade tumoral benigna causada por um DNA vírus do gênero Papillomavirus, família Papillomaoviridae, que em animais jovens costuma apresentar uma evolução autolimitante, regredindo espontaneamente após quatro a oito semanas, se o animal não apresentar outros quadros mórbidos concomitantes 2. O animal do presente relato era um cão adulto jovem que apresentava papilomatose e uma doença imunossupressora (erliquiose) de base, semelhante ao documentado em outros relatos 6,10-13. O quadro teve início na cavidade oral, correspondendo à forma mais comum de aparecimento 2, mas rapidamente se expandiu para outros sítios, possivelmente devido à erliquiose concomitante. 62

O histórico, associado à localização e ao aspecto das lesões, foi o norte para a determinação do diagnóstico, como referido na literatura 3-6. Embora a doença tenha um curso benigno nos animais jovens 7, o aqui predito, mesmo com dois anos de idade, não apresentou regressão das lesões no período esperado, chegando ao atendimento com evolução de vários meses e diversas tentativas de tratamentos anteriores sem sucesso, condizente com os casos de papilomatose crônica 3,4. Devido à cronicidade e à extensão das lesões, foi realizado tratamento para a erliquiose antes de se iniciar um protocolo para o tratamento da papilomatose, na intenção de que ocorresse primeiro a melhora da imunidade do animal, ou mesmo uma possível cura, como descrito em alguns relatos 2. Contudo, mesmo após a eliminação da hemoparasitose, houve persistência da papilomatose oral, demonstrando a necessidade de um tratamento adicional 28,31. Em pesquisa feita no Brasil em 2001, realizou-se o tratamento de dezesseis cães com o P. acnes, com resolução completa do quadro de papilomatose em todos os animais 28. Mais recentemente, outro estudo relatou sucesso no uso desse imunoterápico, com cura de seis animais dentre nove submetidos ao tratamento 31. No entanto, o animal em questão não se beneficiou do tratamento com o mesmo imunoterápico na posologia recomendada, necessitando de outro protocolo, que no caso foi o clorobutanol. Com esse fármaco, as lesões sofreram necrose e posterior desprendimento já após a primeira aplicação, atingindo a cura completa em seis semanas. As lesões dérmicas apresentadas pelo animal como reações de hipersensibilidade ao P. acnes foram consideradas brandas e facilmente controladas por anti-histamínicos administrados ao final de todo o tratamento. No entanto, os testes de hipersensibilidade poderiam ser implementados antes do uso do P. acnes, para prevenir maiores complicações. O P. acnes estimula a síntese de citocinas e células imunologicamente ativas, capazes de proteger o hospedeiro de agentes agressores por meio da estimulação imune inespecífica 17,28. Por sua vez, o clorobutanol atua no metabolismo do vírus, impedindo o seu desenvolvimento e auxiliando o organismo do animal no seu combate 32. A evolução autolimitante da papilomatose pode ser vista em animais jovens que recuperam seu status imunológico 2,4,6; todavia, quando se torna crônica, outros mecanismos podem contribuir para uma evolução desfavorável 3,4. O tempo de evolução do quadro (seis meses), acompanhado pela presença de uma doença imunossupressiva, deve ter contribuído para o fato de o tratamento com P. acnes isolado não ter sido eficiente, pois mesmo após a instituição da terapia específica para combater a erliquiose, o animal não se recuperou da papilomatose, necessitando de tratamento adicional. O protocolo escolhido, à base de clorobutanol, demonstrou ser eficaz, além de apresentar baixo custo, o que viabilizou seu emprego. Considerações finais A papilomatose oral canina é uma enfermidade pouco frequente, que acomete principalmente cães jovens e/ou imunossuprimidos, sem predileção racial ou sazonal. A cura pode ser espontânea, no entanto, alguns casos podem requerer

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Dermatologia tratamento, pelo comprometimento do estado geral do animal. De modo geral, as opções de tratamento não estão plenamente sedimentadas, existindo vários fármacos e métodos descritos. No presente relato, a opção por um imunoterápico isoladamente não conduziu à remissão da papilomatose. A introdução do tratamento com clorobutanol demonstrou ser eficiente, levando o animal à cura. Referências

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Ortopedia Placas bloqueadas – características e utilização na ortopedia de cães e gatos Locked plates – characteristics and use in orthopedic for dog and cats Placas bloqueadas – características y utilización en la ortopedia de perros y gatos Clínica Veterinária, Ano XVII, n. 96, p. 66-70, 2012 Daniel Tonin Benedetti

MV, especialista DTB-Vet Cirurgia Especializada dtoninb@yahoo.com.br

Alceu Gaspar Raiser

MV, MS, dr., prof. tit. Depto. Clínica de Pequenos Animais, CCR/UFSM raisermv@brturbo.com.br

Daniela Amstalden

médica veterinária Centro de Medicina Veterinária Diagnóstica danidunin@hotmail.com

Eduardo Hatschabach

MV, Ms, dr. prof. Instituto Qualittas de Pós-Graduação eduardohvet@gmail.com

Resumo: As fraturas nos animais de companhia são predominantemente decorrentes de traumas automobilísticos, quedas, mordeduras e lesões por armas de fogo. O tratamento para as fraturas vem mudando no decorrer dos anos, assim como os implantes utilizados para tais fins. Independentemente da técnica utilizada (estabilização interna ou externa), as forças atuantes no local da fratura devem ser neutralizadas, evitando a movimentação no foco de fratura. As placas ósseas, adequadamente aplicadas, proporcionam a forma mais estável de fixação das fraturas. Podem ser utilizadas nos ossos longos e do esqueleto axial, principalmente quando se deseja conforto pós-operatório e uso precoce do membro. Tanto sua aplicação nas fraturas bem como seu desenho vêm sendo modificados para melhorar seu desempenho final. O objetivo deste estudo é relatar o uso da placa bloqueada, suas características, vantagens e desvantagens, e suas aplicações na ortopedia veterinária. Unitermos: cirurgia, fratura, cães Abstract: Fractures in companion animals are predominantly due to automobile trauma, jump, falls, kicks, bites and firearms injuries. Fracture treatment for fractures has changed over the years, as well as the implants used for such purposes. Regardless of the technique used (internal or external stabilization), the forces acting at the fracture site must be neutralized, preventing movement in the fracture. Properly implemented bony plates provide the most stable form of fractures fixation. They can be used in long bones and those of the axial skeleton, mainly when postoperative comfort and prompt use of the limb is desirable. Their design and use have been modified to improve their ultimate performance. The aim of this study is to report the use of the locking plate, its characteristics, advantages, disadvantages, and applications in veterinary orthopedics. Keywords: surgery, fractures, dogs Resumen: Las fracturas óseas en pequeños animales se suelen originar en accidentes con automóviles, caídas, mordeduras y armas de fuego. El tratamiento de las fracturas ha cambiado con el pasar de los años, del mismo modo que han variado los implantes utilizados para resolverlas. Independientemente de la técnica que se use (estabilización interna o externa), las fuerzas que actúan sobre el foco de la fractura deben ser neutralizadas de forma tal que impidan el movimiento en la zona de la misma. Cuando se las implementa correctamente, las placas son las que brindan mejor estabilidad del foco de fractura. Pueden ser utilizadas en huesos largos y en esqueleto axial, principalmente cuando se busca la comodidad del paciente en el post operatorio, y una rápida recuperación del miembro afectado. Sus características estructurales y las indicaciones se han modificado con el objetivo de mejorar su funcionalidad. El presente trabajo tiene como objetivo relatar el uso de las placas bloqueadas, sus características, ventajas y desventajas, así como sus indicaciones en ortopedia veterinaria. Palabras clave: cirugía, fractura, caninos

Introdução Os ossos constituem parte essencial do sistema locomotor, funcionando como braços de alavanca durante os movimentos e opondo resistência à força da gravidade ¹. Os ossos 66

longos estão sujeitos a forças fisiológicas e não fisiológicas ². As forças não fisiológicas ocorrem em situações incomuns, como acidentes automobilísticos, lesões por projéteis de arma de fogo ou quedas. Essas forças podem ser transmitidas

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ao osso diretamente e podem facilmente exceder a resistência-limite do osso, dando origem a uma fratura. As forças fisiológicas são geradas pela sustentação do peso corporal, pela contração muscular e pela atividade física associada. São transmitidas ao osso por meio das superfícies articulares e da contração muscular. Elas são uniaxiais (deformação ou compressão) e podem dar origem a momentos de torção ou de flexão. Comumente não excedem a resistência-limite do osso, não sendo responsáveis por fraturas ósseas, exceto em casos excepcionais 2. O método de reparo de uma fratura baseia-se no seu tipo e na sua localização, no porte e na idade do animal, no número de ossos ou membros envolvidos e na concomitante afecção dos tecidos moles. Outros fatores a serem levados em consideração são o comportamento e o ambiente do animal, a cooperação do dono durante o período de convalescença e o nível de desempenho esperado para o animal em seguida à união óssea 3. Um dispositivo de fixação que envolva estabilização externa ou interna deve neutralizar as forças intrínsecas atuantes na fratura em questão, para que sejam evitados movimentos no local da fratura. Se as forças incidentes forem neutralizadas, as estruturas dos tecidos moles preservadas, a integridade vascular mantida e a infecção evitada, o cirurgião terá conseguido estabelecer as condições ideais para a consolidação da fratura 3. Antes da reconstrução cirúrgica de um osso fraturado deve-se analisar o aspecto radiográfico dos fragmentos fraturados. Ao observá-los verifica-se a sua natureza e também as forças atuantes no local da fratura, e em seguida seleciona-se um implante apropriado para neutralizá-las 3. Para o tratamento das fraturas em geral, nos animais de companhia, vários são os métodos e as técnicas utilizados: os pinos intramedulares, os fios de cerclagem, os fixadores externos, as placas ósseas convencionais, as placas bloqueadas, as hastes bloqueadas ou ainda a combinação de alguns desses sistemas 4,5. Este artigo tem por objetivo demonstrar o uso da placa bloqueada na reparação de fraturas de ossos longos e do esqueleto axial de cães e gatos. Placas ósseas Adequadamente aplicadas, as placas ósseas proporcionam a forma mais estável de fixação das fraturas. Esses dispositivos neutralizam as forças de rotação, cisalhamento e flexão, e mantém a aposição dos vários fragmentos. Como ocorre com os outros implantes, o êxito de sua aplicação depende da seleção e da aplicação adequada de um implante de dimensões apropriadas 3. Embora a aplicação de placa e parafuso confira maior estabilidade à fratura, permitindo formação precoce da nova circulação medular, o suprimento sanguíneo para o osso sob as placas é comprimido, causando remodelagem dos córtices afetados e tornando-os mais porosos 2. A tecnologia moderna de colocação de placas começou no início dos anos de 1960, quando um grupo de cirurgiões suíços formou uma associação para estudar do tratamento de

fraturas no homem. Esse grupo, denominado Swiss Arbeitsgemeinschaft für Osteosynthesefragen (AO), é referido como a Association for the Study of Internal Fixation (Asif) nos EUA. O grupo desenvolveu (e continua a desenvolver) recomendações para a aplicação de dispositivos ortopédicos que tiveram mais êxito e menores complicações associadas ao tratamento de fraturas. Nos anos 1970, um ramo do grupo AO, o AO-Vet, foi estabelecido para documentar de maneira específica e verificar problemas associados ao tratamento de fraturas em animais e para tanto planejou e criou instrumentos especializados e novas placas ósseas. Para alcançar resultados consistentes e previsíveis ao colocar as placas, é essencial um conhecimento minucioso dos princípios e técnicas de aplicação 6,7. As placas e os parafusos ósseos oferecem um método versátil de estabilização de fraturas. Eles podem ser utilizados para estabilizar fraturas de ossos longos e em geral também as fraturas do esqueleto axial. As placas e os parafusos ósseos são particularmente úteis quando se visa o conforto pós-operatório e uso precoce do membro 6. As placas ósseas são planejadas em vários modelos, incluindo o comprimento, o tamanho do parafuso que elas aceitarão, a configuração dos furos de placa e a função dos parafusos. O tamanho da placa (2mm, 2,7mm, 3,5mm, 4,5mm) varia dependendo do peso e das dimensões do paciente. A Asif e a AO desenvolveram gráficos (disponíveis na literatura específica) que podem ser utilizados para selecionar uma placa adequada com relação ao peso corporal 3. O comprimento mínimo da placa deve permitir a fixação de parafusos de apoio a seis córtices (três parafusos, caso dois córtices sejam afixados por cada parafuso) no fragmento ósseo principal, proximal à fratura e seis córtices no fragmento principal distal à fratura 6,8. Com o avanço dos sistemas de fixação, houve uma preocupação em minimizar os danos ao córtex ósseo abaixo das placas convencionais e criou-se, então, uma nova placa denominada de placa de contato limitado (limited contact – LC). Seu novo desenho apresenta, na face de contato com o osso, rebaixamentos oblíquos em ambas as extremidades de cada furo de parafuso. O objetivo dos rebaixamentos é reduzir o contato da placa com a superfície cortical e, portanto, melhorar o fornecimento de sangue periosteal. A melhoria do fluxo de sangue deve reduzir a osteoporose relacionada à placa. Um segundo benefício dos rebaixamentos de cada orifício do parafuso é distribuir a carga de força mais uniformemente por toda a rigidez da placa e reduzir a concentração de tensão nos orifícios vazios, diminuindo a falha do implante 7,8. Os novos conceitos de osteossíntese vêm preconizando as técnicas de redução biológica 9-12 das fraturas, caracterizada por danos mínimos durante os reparos e fixação flexível 13. O dano mínimo é alcançado por meio da eliminação de redução anatômica, da prática de técnicas de redução indireta e do alinhamento axial dos fragmentos 14-16. Assim, o trauma cirúrgico é menor 17. A fixação flexível é conseguida usando-se placa em ponte e fixadores internos ou externos. Isso leva a uma cicatrização óssea indireta, com formação de calos.

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Ortopedia Seguindo essa tendência, foi criado um novo sistema de implantes denominados de placas e parafusos bloqueados ou fixadores internos 7,18. Placas bloqueadas Os sistemas de bloqueio placa e parafuso têm uma série de vantagens sobre outros métodos de revestimento e são, essencialmente, fixadores internos. A estabilidade é fornecida pelo mecanismo de bloqueio entre o parafuso e a placa. Esta não precisa estar em contato íntimo com o osso subjacente, fazendo com que seja menos crucial conseguir o seu contorno (Figura 1). A redução de contato entre a placa e os ossos pode também preservar o abastecimento periosteal, reduzindo o grau de reabsorção óssea sob a placa 7,19. Nas placas convencionais, o parafuso é justaposto sob a placa, e as superfícies de contato entre essas duas estruturas (cabeça do parafuso e orifício da placa) são lisas, permitindo somente o encaixe anatômico das duas partes (Figura 2).

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No sistema de placa bloqueada, existe uma rosca tanto no orifício da placa quanto na cabeça do parafuso, permitindo não somente um encaixe anatômico entre as duas partes como um travamento entre elas (Figura 3) 7. Os fixadores internos oferecem maior estabilidade ao padrão de placas de reconstrução, sem parafusos de fixação da cabeça, especialmente quando apenas dois parafusos são colocados em cada fragmento ósseo. Os parafusos devem ser inseridos no córtex próximo, podendo ser monocorticais. Isso aumenta a versatilidade dos fixadores interno e é útil na reparação de fraturas tais como, fraturas do acetabulo 20, do carpo e do tarso 21, da coluna cervical dos ossos longos 19,22,23, bem como instabilidades articulares e luxações 7,24. As placas bloqueadas apresentam ainda a vantagem de terem orifícios combinados (Figura 4), tornando possível a utilização do implante de três maneiras diferentes: como um fixador interno com os parafusos de bloqueio; como uma placa de compressão convencional, utilizando parafusos de autocompressão; ou como um híbrido dos dois 7,19. Vários estudos têm comprovado os benefícios desse sistema de fixação de fraturas, que vem sendo amplamente utilizado em procedimentos menos invasivos, em situações em que era difícil obter uma placa de contorno exato e quando os implantes impediam o uso de parafusos bicorticais 19.

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Figura 3 - Orifício da placa bloqueada com rosca (A) para encaixe do parafuso bloqueado com rosca na cabeça (B)

A Figura 1 - Imagem radiográfica de tíbia e fíbula com aplicação de placa bloqueada. Notar a ausência de contato íntimo da placa com quase toda sua extensão do osso subjacente, dispensando o contorno preciso em relação ao osso

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Figura 2 - Placa convencional de autocompressão com parafuso justaposto ao orifício de encaixe

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Figura 4 - A) Placa de autocompressão convencional (acima); placa bloqueada com orifícios combinados, permitindo o uso de parafusos bloqueados e convencionais (abaixo). B) Corte sagital de uma placa de bloqueio evidenciando a rosca e a parte lisa do orifício combinado

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Aplicações da placa bloqueada A placa bloqueada segue o mesmo padrão de uso de placas convencionais em relação à escolha do tamanho do implante, porém sua utilização com os parafusos de bloqueio apresenta algumas diferenças. Para o perfeito encaixe do parafuso com rosca no orifício

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rosqueado da placa é necessária a utilização de uma guia de broca. O mercado oferece dois tipos de parafusos bloqueados: um autorrosqueante, bicortical e um autorrosqueante e autoperfurante, monocortical 7. Após o rosqueamento dessa guia na placa (Figura 5), os furos no córtex são feitos com uma perfuratriz elétrica, podendo ser mono ou bicorticias. Em seguida, os parafusos desejados são inseridos nesses orifícos. Se for necessário utilizar parafusos convencionais, isso é feito, como de rotina, com uma guia apropriada não rosqueada, no orifício combinado da placa que não apresenta rosca (Figura 6). Essa sistemática é seguida até se conseguir a fixação desejada 7. Os parafusos bloqueados sempre são inseridos em um angulo de 900 em relação à placa, sem nenhuma angulação, devido ao seu rosqueamento na placa; já os parafusos convencionais usados na placa bloqueada podem ser inseridos com algum grau de angulação, permitindo realizar compressão interfragmentária quando necessário (Figura 5C) 7. Daniel Tonin Benedetti

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Figura 5 – A) Rosqueamento do guia de perfuração na placa. B) parafuso bloqueado inserido no orifício da placa. C) parafuso convencional realizando compressão interfragmentária

Figura 6 - Comparação entre a placa de autocompressão convencional com inserção do parafuso convencional (acima) e a placa bloqueada (abaixo) com inserção de parafuso convencional (à esquerda) e parafuso bloqueado (à direita)

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Ortopedia Considerações finais As falhas na reparação das fraturas são uma realidade, especialmente quando não são seguidas as regras básicas da cirurgia ortopédica. Muitas dessas falhas são causadas por erro humano e não especificamente do implante utilizado. A literatura internacional, em que os estudos a respeito das placas bloqueadas são mais intensos, considera-as um implante mais eficaz que as placas convencionais e também cita sua superioridade em relação aos demais implantes existentes. Esse sistema de fixação de fraturas pode vir a substituir e superar os métodos e técnicas já existentes. As versões nacionais desse implante já estão disponíveis no mercado facilitando a aquisição e a utilização desse novo sistema de fixação de fraturas. Agradecimentos À empresa Focus Implantes Veterinários, pela disponibilidade dos materiais utilizados. Referências

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Diagnóstico por imagem Ultrassonografia pancreática em cães – revisão de literatura Pancreatic ultrasound in dogs – a review Ecografía pancreática en el perro – revisión de la literatura Clínica Veterinária, Ano XVII, n. 96, p. 72-80, 2012 Paulo Henrique de Souza Garcia MV, especialista em ultrassonografia Diagvet Hospital Veterinário psgarcia@uol.com.br

Resumo: Os recentes avanços tecnológicos dos aparelhos ultrassonográficos, melhoraram a qualidade das imagens obtidas e fizeram com que a avaliação do pâncreas de pequenos animais se tornasse parte da rotina do exame ultrassonográfico abdominal, possibilitando a detecção de várias alterações pancreáticas no monitoramento da resposta ao tratamento. A ultrassonografia é considerada o exame de eleição para a avaliação pancreática por não ser invasiva, devido à rapidez e segurança do exame e ao fato de não utilizar radiação ionizante – além do seu baixo custo. Alguns fatores podem limitar a avaliação e a identificação do pâncreas, como a presença de gases em sua topografia, o excesso de gordura abdominal e a experiência do ultrassonografista. O presente estudo tem como finalidade descrever os aspectos normais do pâncreas que podem ser observados no exame ultrassonográfico transabdominal, sua anatomia ultrassonográfica e as alterações mais frequentes avaliadas por esse meio de diagnóstico por imagem. Unitermos: abdômen agudo, pâncreas, diagnóstico por imagem Abstract: The recent technological advances in ultrasound equipment improved image quality considerably. This has enabled the evaluation of the pancreas of small animals as part of the routine abdominal ultrasound exam, by allowing the detection of several pancreatic abnormalities as a means to monitor treatment efficacy. The ultrasonography is considered the best exam to evaluate the pancreas, since it is a quick, safe and non-invasive technique that does not need ionizing radiation, not to mention its low cost. Some factors can limit the evaluation and identification of the pancreas, such as gases in the local topography, excessive abdominal fat, or lack of experience by the examiner. The present study aims to describe the normal aspects of the pancreas during the abdominal ultrasound exam, its ultrasound anatomy, and the most common changes observed by this diagnostic imaging tool. Keywords: acute abdomen, pancreas, diagnostic imaging Resumen: Los recientes adelantos tecnológicos de los aparatos de ecografía, han mejorado notablemente la calidad de las imágenes en general. En el área digestiva, la evaluación del páncreas ha pasado a ser parte de la práctica diaria, permitiendo la detección de varios tipos de alteraciones, posibilitando también acompañar la respuesta de ciertas conductas terapéuticas. La ecografía es considerada el examen de elección para la evaluación del páncreas debido, principalmente, al hecho de no ser una técnica invasiva, a ser un examen rápido, seguro y de bajo costo, además de no utilizar radiación ionizante. Los factores limitantes para la exploración e identificación del páncreas suelen ser la presencia de gas en tracto digestivo, el exceso de grasa abdominal y la experiencia del profesional actuante. El presente trabajo tiene como objetivo describir los aspectos ecográficos normales del páncreas, sus características anatómicas durante el examen, y las alteraciones más frecuentemente encontradas. Palabras clave: abdomen agudo, páncreas, diagnósticos por imagen

Introdução Os recentes avanços na tecnologia dos aparelhos de ultrassonografia, melhoraram a qualidade de imagens obtidas 1,2, fazendo com que a avaliação do pâncreas de pequenos animais se tornasse parte da rotina do exame ultrassonográfico abdominal 3. Mesmo com novas tecnologias de diagnóstico, como a tomografia computadorizada, a ultrassonografia é considerada o exame de eleição para a avaliação pancreática 72

por não ser invasiva, devido à rapidez e à segurança do exame e ao fato de não utilizar radiação ionizante, além do seu baixo custo 3-5. Outra grande vantagem dessa modalidade de diagnóstico é que ela possibilita a realização de biópsias guiadas, além do monitoramento da resposta do paciente ao tratamento 6,7. Atualmente, em medicina humana, a ultrassonografia endoscópica é o exame de melhor acurácia diagnóstica 8 pois o

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transdutor é colocado diretamente dentro do duodeno, próximo ao pâncreas, extinguindo as barreiras entre este e o transdutor e eliminando assim a formação de artefatos de imagem 4,9. Por essa razão, é muito sensível para a detecção de pancreatite e pequenas massas pancreáticas 10, porém, o custo do equipamento exigido para a realização desse exame é alto e requer habilidade considerável, em particular para a localização e o alinhamento do piloro e para a passagem pelo canal pilórico 11. A avaliação pancreática depende extremamente do operador, exigindo experiência do examinador e grande conhecimento da anatomia pancreática 2,3,5,6,12 e da sua relação com outras estruturas da cavidade abdominal para que o órgão seja localizado e se identifiquem possíveis alterações 4. Alguns fatores podem limitar a avaliação e a identificação do pâncreas; entre eles, destacamos: a pequena dimensão do órgão; seus limites pouco definidos; a ecogenicidade similar ao mesentério e a gordura adjacente; o escore corporal do paciente; dor abdominal, dispneia 4,13 e a proximidade de órgãos que podem conter gases, como o estômago e o duodeno 6. A sedação ou analgesia, nos casos de dor abdominal, contribui significativamente para a qualidade do exame 4,7. Alguns autores sugerem que a administração de fluido intraperitoneal (hidroperitôneo diagnóstico) ajuda na visualização do pâncreas 9, embora a recomendação dessa técnica seja questionável, pelos vários graus de desconforto associados à pancreatite 4. Devido à grande dificuldade de muitos profissionais em localizar e avaliar o pâncreas, tendo em vista suas características ultrassonográficas particulares, o presente estudo tem como finalidade descrever seus aspectos normais no exame ultrassonográfico transabdominal, sua anatomia ultrassonográfica e as alterações mais frequentes que podemos averiguar por esse meio de diagnóstico por imagem. Anatomia pancreática O pâncreas é um órgão pequeno, em formato de V, situado no quadrante cranial direito do abdômen 14, constituído pelo corpo, o lobo direto e o lobo esquerdo. O lobo direito é longo e estreito; sua largura pode variar de 1 a 3cm e a espessura costuma ser de 1cm, em cães beagle 6. Encontra-se situado dorsomedialmente ao duodeno, sendo esse ponto utilizado como referência para a sua localização, estendendo-se além das margens do rim direito 4,7,14,15. O lobo esquerdo é mais curto, mais largo e localiza-se entre o estômago e o cólon transverso, dorsomedialmente ao baço em um triângulo ligado entre a curvatura maior do estômago, o rim esquerdo e o baço 4,7. Também é possível obter sua imagem a partir da parede ventral do abdômen, usando o baço como janela acústica 14. O corpo do pâncreas localizase caudalmente ao piloro e ventralmente à veia porta, encontrando-se dentro do ângulo gastroduodenal. A artéria e a veia pancreáticas seguem longitudinalmente ao lobo direito. O ducto pancreático localiza-se ventralmente a esses vasos e desemboca no duodeno. A irrigação do pâncreas é realizada pelos ramos da artéria celíaca: a artéria lienal, fornece suprimento sanguíneo ao segmento distal do lobo esquerdo; a artéria gastroduodenal e seus ramos terminais, irriga o corpo

do pâncreas; e a artéria pancreaticoduodenal e seus ramos, irriga todo o pâncreas glandular 4. Técnica de varredura O exame ultrassonográfico do pâncreas, como nos demais órgãos abdominais, deve ser realizado após tricotomia da região abdominal 4,7,14,16, estendendo-se até o oitavo e nono espaços intercostais direitos, para um acesso pelo espaço intercostal 3,17. A avaliação pancreática é mais bem realizada com o animal em jejum de pelo menos oito horas para que haja uma interferência mínima do conteúdo gástrico e poucas bolhas de gás, que podem gerar artefatos de imagem ou dificultar a visibilização das diferentes estruturas pancreáticas 4,7,14,16. Geralmente o exame é realizado em decúbito dorsal, porém pode-se optar pelo decúbito lateral direito ou esquerdo 4,7,18, para maior conforto do paciente e para evitar os artefatos ocasionados pelos gases no TGI 2,14. Para a avaliação podem ser usados transdutores lineares ou convexos. Para animais de maior porte são necessários transdutores de frequência entre 5MHz a 8MHZ, enquanto os cães de pequeno porte são mais bem avaliados com transdutores de alta frequência – entre 7,5MHZ e 15MHZ 6. Tradicionalmente, a avaliação se inicia com o animal em decúbito dorsal e o transdutor colocado em posição xifoide com uma angulação de 45° a 60°, obtendo-se um plano longitudinal do animal, localizando o estômago. Tomando esse ponto como referência, deslizamos o transdutor para a direita, seguindo para o piloro e a região proximal do duodeno. Nesse corte, o duodeno tem aparência de olho de boi e o pâncreas localiza-se dorsalmente a ele. Rotando o transdutor para o corte transversal e angulando o transdutor a 45°, em relação ao corpo do animal, visibilizamos o piloro 4 como um segmento largo, de aspecto estriado, à esquerda da vesícula biliar; dorsalmente a ele encontramos o corpo do pâncreas; e dorsalmente a este, encontra-se a veia porta 7. Para a localização do lobo direito, podemos usar o rim direito como referência anatômica e deslocando o transdutor medialmente, localizamos o duodeno próximo à parede do abdômen. O lobo pancreático direito está localizado dorsal ou dorsomedialmente ao duodeno e medialmente ao rim direito. Uma maneira de identificar o pâncreas é localizar a veia duodenopancreática, que é visualizada paralelamente ao duodeno descendente. Para garantir uma avaliação completa do lobo direito, o duodeno descendente deve ser todo seguido 4,7,13. Estudos descrevem o acesso ventral ou subcostal como incompleto para uma boa avaliação pancreática, principalmente em animais de conformação torácica em quilha ou estreita, em cães de raças gigantes e em animais com grande quantidade de gases no estômago ou no duodeno 3,17, sendo nesses casos, recomendada uma abordagem intercostal direita. Para esse tipo de abordagem o cão pode ser colocado em decúbito dorsal, lateral direito ou esquerdo. Para evitar o artefato de sombra acústica pelas costelas, recomenda-se o uso de um transdutor microconvexo ou setorial 3,17. Para um acesso apropriado, o transdutor é colocado em plano transversal, paralelamente às costelas, fazendo cortes

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Diagnóstico por imagem do nono espaço intercostal ao décimo segundo, caudalmente. Se forrem visibilizados gases provenientes do pulmão, o transdutor é angulado ou deslocado caudalmente para o próximo espaço intercostal. Rotando o transdutor 90° obtemos um plano de imagem longitudinal 3,17. O lobo pancreático esquerdo é mais difícil de localizar, devido à presença de gases no estômago, no cólon transverso e no intestino delgado 4. Um estudo afirma que, além da presença de gases, a grande quantidade de gordura na região é responsável pelo fato de o lobo esquerdo do pâncreas ter sido visibilizado em apenas 56% dos cães avaliados 13. Nesse estudo, relata-se ainda que o lobo pancreático direito foi visibilizado em 87% dos cem cães e o corpo pancreático em 60% 13.

Alterações pancreáticas Edema pancreático O edema pancreático pode ocorrer paralelamente com a efusão peritoneal em cães com hipoproteinemia ou com alterações hemodinâmicas portais 4. Geralmente é um achado incidental e não deve ser confundido com pancreatite. Ultrassonograficamente, caracteriza-se pela presença de fissuras anecoicas dentro do parênquima pancreático, aspecto de camuflagem, que evidencia a presença de fluido peritoneal ao redor do órgão 2 (Figura 2). Paulo Henrique de Souza Garcia

Anatomia ultrassonográfica Sonograficamente, o pâncreas é visibilizado como uma região hiperecoica, em relação ao córtex renal e ao parênquima hepático, mas não é bem definido, pois apresenta ecogenicidade similar à gordura mesentérica que o cerca (Figura 1) e não tem margeação capsular 4,7,14,15. Em um estudo realizado com 33 cães da raça poodle, foi proposto que em animais jovens a imagem do pâncreas seja isoecoica em relação ao parênquima hepático e tenha sua ecogenicidade aumentada ao longo da vida 16. É mais fácil visibilizar o pâncreas em cães pequenos e mais difícil em cães grandes e com excesso de peso 6. Na verdade, é o excesso de peso e não o porte que influencia negativamente a avaliação pancreática 13. Em animais jovens e magros, a ecogenicidade é um pouco menor e as margens são discretamente mais bem definidas 4. Em animais com líquido livre no abdômen, a localização do pâncreas torna-se mais fácil 4,9.

pâncreas em cães são: suspeita de pancreatite, sinais clínicos de êmese, diarréia e perda de peso sem causa definida, aumento da sensibilidade dolorosa no abdômen cranial, massas identificadas radiograficamente na região pancreática, pesquisa de neoplasias primárias quando são caracterizados focos de metástases no fígado ou nos pulmões, hipoglicemia persistente e pesquisa de insulinomas pancreáticos, obstrução biliar extrahepática e suspeita de cistos e abscessos pancreáticos 4,6,16.

A Paulo Henrique de Souza Garcia

Paulo Henrique de Souza Garcia

Indicações para ultrassonografia pancreática As principais indicações para o exame ultrassonográfico do

Figura 1 - Imagem ultrassonográfica, realizada caudalmente ao último espaço intercostal direito, mostrando corte longitudinal do lobo direito do pâncreas dorsalmente ao duodeno e hipoecoico em relação à gordura mesentérica, com visibilização da veia duodenopancreática

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B Figura 2 - Sonograma do pâncreas de uma cadela SRD de dois meses de idade. A) Lobo direito apresentando aspecto de camuflagem e líquido livre ao redor do órgão. B) Lobo pancreático esquerdo do mesmo cão

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Pancreatite A pancreatite é uma das causas mais comuns de abdômen agudo em cães 15. Na maioria dos casos a pancreatite é resultado de uma autodigestão secundária à ativação indevida das enzimas digestivas produzidas pelo pâncreas 4,19,20. Essa autodigestão pode causar inflamação e necrose pancreática 19,21. Fatores como nutrição (dieta rica em gordura), algumas drogas, refluxo duodenal, trauma e isquemia podem desencadear o desenvolvimento da pancreatite 4. Podemos classificar a pancreatite em duas categorias: aguda e crônica, com base em uma combinação de achados clínicos e critérios patológicos 6.

espessadas, com conteúdo gasoso ou líquido, com hipomotilidade e enrugado, espessamento de parede do estômago (Figura 4), discreta quantidade de líquido livre no abdômen – e algumas vezes podem ser os únicos indícios da pancreatite 6,14,15, já que em alguns casos não há alterações pancreáticas visíveis. Nessas situações indica-se a repetição do exame após dois ou quatro dias 6. A forma severa ou supurativa, descrita na literatura 4 como hemorrágica ou necrosante, é causada pela ativação intracelular das enzimas, que resulta em hemorragia e destruição difusa do parênquima, fazendo com que o pâncreas se torne hopoecoico ou anecoico, perca suas margens e a textura normal, tornando-se heterogêneo (Figura 5) e aumente de tamanho, podendo deslocar o duodeno de sua topografia habitual. O fluido que circunda o pâncreas nesse quadro é resultado de hemorragia e necrose, diferentemente do edema observado na forma leve da doença. Áreas de necrose podem produzir lesões cavitárias que posteriormente podem evoluir para um pseudocisto 7. A necrose pancreática, o flegmão e a formação de abscessos são descritos como sequelas de pancreatite severa 23. É importante ressaltar que um pâncreas de aparência normal em um animal com os sintomas descritos acima não descarta o quadro de pancreatite, podendo levar a um resultado falso-negativo. Para tanto, é imprescindível explicar ao proprietário e ao clínico veterinário a importância de fazer exames de controle em 24 e 48 horas, uma vez que nem a amilase ou a lipase séricas são testes de diagnóstico sensíveis ou específicos de pancreatite em cães 16.

Pancreatite aguda Nessa forma de pancreatite, o pâncreas torna-se inflamado, edemaciado, hemorrágico e com graus variados de necrose 8. O extravasamento enzimático associado sempre causa peritonite asséptica focal, o que resulta em atonia e dilatação do duodeno. A pancreatite aguda caracteriza-se por um súbito aparecimento de sinais clínicos, com pouca ou nenhuma alteração patológica permanente 6. Clinicamente a pancreatite aguda pode apresentar sinais variados, porém, na maioria das vezes, caracteriza-se por: vômito, anorexia, dor abdominal, diarreia e desidratação 5,19,20,22. Devido à potencialidade de complicações fatais, o diagnóstico preciso para pancreatite é essencial. O método diagnóstico ideal para pancreatite deveria ser altamente sensível e específico, prático e não invasivo 19,22. Os sinais sonográficos da pancreatite aguda dependem da gravidade da doença 4. Na forma branda (pancreatite edematosa) 4, o pâncreas é visibilizado com contornos bem definidos e irregulares, de dimensões aumentadas, rodeado por mesentério hiperecoico, devido à saponificação da gordura; a dilatação de ducto também pode estar presente 4,6,7,9,15,19 (Figura 3). Outros sinais que podem ser visibilizados são: duodeno ou segmentos de alças intestinais de paredes

Pancreatite crônica A pancreatite crônica é resultado de episódios recorrentes de pancreatite aguda 4,7, com mudanças irreversíveis e perda permanente (parcial ou total) das funções endócrinas e exócrinas da glândula 4,12. Clinicamente, tanto a forma aguda quanto a pancreatite crônica podem ser leves ou severas 11. Paulo Henrique de Souza Garcia

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Figura 3 - Sonograma de pâncreas ao corte longitudinal em uma pancreatite aguda: hipoecoico, de bordos irregulares, com dilatação de ducto e mesentério hiperecóico. Imagem obtida caudalmente ao último espaço intercostal direito

Figura 4 - Sonograma em corte longitudinal de duodeno apresentando paredes espessadas e enrugadas, com presença de conteúdo líquido, sendo compatível com duodenite

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Figura 6 - Imagem ultrassonográfica demonstrando corte longitudinal de duodeno, adjacente a esse, nota-se estrutura hiperecoica associada a sombreamento sujo – lobo pancreático direito –, característica essa que pode ser observada em casos de pancreatite crônica, devido à fibrose e a áreas de mineralização

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A

B

Figura 5 - A) Imagem ultrassonográfica, em corte longitudinal de segmento de alça intestinal enrugada, devido a peritonite focal, decorrente de pancreatite. B) Imagem ultrassonográfica demonstrando lobo pancreático esquerdo severamente aumentado, com áreas hipoecoicas entremeadas. Pancreatite supurativa, com áreas de hemorragia e necrose

Nessa forma da doença, pouco ou nenhum edema pode estar presente. Ultrassonograficamente a pancreatite crônica pode apresentar vários graus de ecotextura e de ecogenicidade 4. Geralmente, o pâncreas apresenta-se hiperecoico com dimensões reduzidas ou não, devido à substituição do tecido pancreático por tecido fibroso (Figura 6), no entanto, a falta de hiperecogenicidade não exclui a presença de fibrose pancreática 12. Quanto maior, mais irregular e mais ecogênico estiver o pâncreas, maior a probabilidade de se tratar de uma 76

doença crônica 9. Como na pancreatite aguda, os órgãos adjacentes podem estar alterados. Com o tempo pode tornar-se difícil a identificação do órgão por causa da semelhança da ecogenicidade com os tecidos adjacentes. Também podem haver achados como calcificação e cavitação. Complicações da pancreatite Flegmão pancreático O termo flegmão pancreático foi usado na literatura médica e veterinária para descrever diversas lesões pancreáticas, que variam de edematosas a necróticas, infectadas ou estéreis 21. A literatura define flegmão pancreático como uma massa sólida inflamada de tecido pancreático que ocorre como uma complicação da pancreatite aguda e que pode se curar de forma espontânea ou tornar-se secundariamente infectada e desenvolver um abscesso 9. O flegmão pode compartilhar características etiológicas e físicas do pseudocisto pancreático, mas normalmente é maior e mais complexo (Figura 7). Pseudocistos Dado o maior acesso à utilização de equipamentos com melhor resolução de imagens, as lesões císticas pancreáticas estão sendo reconhecidas com mais frequência e podem ser divididas patologicamente em cistos congênitos, pseudocístos e neoplasias císticas 24. Os pseudocistos pancreáticos são descritos como uma coleção fluídica, que contém exsudato, secreção pancreática e debris (sangue e plasma) acumulados em um saco cuja parede é formada por uma camada fibrótica não epitelizada, produzida pelo pâncreas e pelos tecidos adjacentes 4,7,9,21,25. Ocorrem como resultado de uma contínua secreção de enzimas pancreáticas em áreas necróticas do pâncreas, com encapsulamento subsequente e formação de uma parede fibrosa 7.

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cistos renais, por exemplo 14. Na maioria dos casos, o parênquima pancreático hipoecoico ao redor do pseudocisto e a gordura mesentérica hiperecoica adjacente ao pâncreas são sinais de pancreatite 4,14. Em um estudo realizado em quatro cães com pseudocisto, observou-se que em todos os casos a lesão estava localizada no lobo pancreático esquerdo 25. Não é possível, por meio do exame ultrassonográfico, diferenciar pseudocistos de abscessos pancreáticos ou de neoplasias císticas, embora geralmente os abscessos possuam paredes mais finas e irregulares 7. Os sinais clínicos de pseudocisto pancreático em cães não são específicos, incluindo vômito, perda de peso e anorexia, assim como na pancreatite 21. O diagnóstico definitivo do pseudocísto é realizado pela avaliação bioquímica do fluido, que pode ser coletado por meio de aspiração por agulha fina, guiada por ultrassom. Normalmente, o fluido possui grande concentração de enzimas proteolíticas ativas, o que pode ser usado para fazer a diferenciação para entre outras lesões císticas, como neoplasias císticas e abscessos pancreáticos 25. A determinação da atividade enzimática também pode fornecer informações quanto ao prognóstico, bem como a modalidade de tratamento.

Figura 7 - Massa de contornos definidos e ecotextura heterogênea, com áreas anecoicas, em região do corpo de pâncreas, em uma cadela SRD de dezesseis anos com pancreatite, indicando flegmão pancreático

Figura 8 - Imagem ultrassonográfica mostrando formação ovalada de contornos regulares, de aspecto cístico, repleta de conteúdo anecoico, produtor de reforço acústico em lobo pancreático esquerdo (P) de um cão pinscher com pancreatite. Imagem compatível com cisto ou pseudocisto

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Abscesso pancreático Os abscessos pancreáticos são raros em cães e decorrem de uma infecção do tecido pancreático necrosado 4,14. São identificados como uma lesão em massa na região cranial direita do abdômen, de paredes espessadas e conteúdo hipoecoico, semelhante a outros abscessos intra-abdominais. Em grande parte, os relatos de abscessos pancreáticos têm sido de casos individuais, normalmente descrevendo graus variados de cavitações 4,9. Na maioria das vezes, a margem do Paulo Henrique de Souza Garcia

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Outra suposição é que o pseudocísto pode se formar a partir da ruptura de um ducto pancreático durante um quadro de pancreatite e, como resultado do processo inflamatório, uma parede fibrosa de tecido de granulação é formada em torno da coleção de secreção pancreática 21. Os pseudocístos apresentam uma alta morbidade e mortalidade, associada a lesão na parede, com ruptura e extravasamento do conteúdo para a cavidade peritoneal 7. Sonograficamente, os pseudocistos são visibilizados, como lesões cavitárias, de conteúdo anecoico ou discretamente ecogênicos (Figura 8), com presença de reforço acústico posterior 4,7,9 e podem ser únicos ou múltiplos 7,21. Geralmente sua parede é mais espessa que a apresentada pelos

Figura 9 - Imagem ultrassonográfica demonstrando formação irregular de paredes espessas e conteúdo anecoico, produtora de reforço acústico posterior, localizada no lobo esquerdo do pâncreas de um cão pinscher de cinco anos com sintomatologia de pancreatite. A estrutura foi drenada durante necropsia e constatou-se conteúdo purulento, indicando abscesso pancreático. Devido à falta de exame histopatológico, não se pode descartar a associação com um processo neoplásico

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Neoplasia endócrina (insulinoma) O insulinoma é a neoplasia das células beta do pâncreas. Ele causa aumento na produção de insulina, levando sempre a uma hipoglicemia 9, o que pode auxiliar na diferenciação de uma pancreatite 7. Os insulinomas são raros nos cães e geralmente acometem cães de meia idade, sendo que o boxer e o poodle standard são citados na literatura como raças predisponentes 7,13. Na maioria dos casos, é uma neoplasia maligna que pode ocasionar metástases regionais no fígado e em linfonodos adjacentes 4,9,14. Ultrassonograficamente, os insulinomas podem ser detectados como nódulos hipoecoicos bem definidos, únicos ou múltiplos ou, mais raramente, como um processo infiltrativo difuso 14. Sua presença no lobo lateral esquerdo é de difícil detecção e de baixa sensibilidade ao exame ultrassonográfico 4. A tomografia computadorizada apresenta maior sensibilidade na detecção desse tipo de neoplasia, auxiliando ainda na busca de metástases abdominais 27. Na medicina humana, a sensibilidade da ultrassonografia transabdominal para a detecção do insulinoma varia entre 9 e 79% 25. A precisão da ultrassonografia depende da experiência do operador e do tamanho da lesão. A qualidade da imagem ultrassonográfica, a quantidade de gases intestinais e a obesidade são as causas mais comuns de falhas técnicas que resultam na não visibilização do pâncreas em seres humanos 28. Em um estudo realizado com cães em que se avaliou a sensibilidade do ultrassom na detecção de insulinoma, o resultado foi de 75% (12/16 cães), devido às complicações causadas por conteúdo intestinal, conformação anatômica de animais de tórax profundo e inquietação do paciente 27. O autor cita que esses fatores podem ser contornados com procedimentos como: jejum, anestesiar o animal, sondagem gástrica para retirar os gases e administrar água ou solução fisiológica para criar uma janela acústica 27.

abscesso é regular, com conteúdo ecogênico homogêneo ou discretamente particulado 9 e pode haver reforço acústico posterior (Figura 9). Não é possível somente por meio do exame ultrassonográfico diferenciá-lo de áreas necróticas, neoplasias ou pseudocistos 4,14,21. Sugere-se a realização de aspiração por agulha fina guiada por ultrassom para estabelecer a diferença entre um abscesso e um pseudocisto, uma vez que os abscessos apresentam conteúdo purulento 18. Ressaltamos, aqui que os abscessos pancreáticos podem estar associados a neoplasias pois algumas neoplasias pancreáticas podem formar abscessos, devido à necrose do tecido pancreático. Em seres humanos, a distinção entre necrose pancreática estéril e infectada é importante, uma vez que a necrose infectada sem intervenção cirúrgica é fatal 26. Também em seres humanos, uma vez diagnosticado um abscesso pancreático, a drenagem é obrigatória 26. Neoplasias pancreáticas As neoplasias pancreáticas são raras nos cães e difíceis de diferenciar de processos inflamatórios (pancreatite) com base em um único exame ultrassonográfico 4,7. Necessitam exame de citologia por meio de aspiração por agulha fina ou biópsia para serem confirmadas 12, por compartilharem um grande número de características ultrassonográficas comuns, tais como: diminuição de ecogenicidade, massas hiperecogênicas, cavitações e espessamento do duodeno 9. Geralmente a pancreatite se apresenta com aspecto hipoecogênico difuso, enquanto a neoplasia pode ser caracterizada pela presença de massa hipoecoica 9 (Figura 10). Além disso, na pancreatite o acúmulo de fluido é mais localizado que nas neoplasias, embora nos casos de pancreatites severas o acúmulo de fluido possa ser generalizado 7. Os tumores pancreáticos geralmente têm origem epitelial e são classificados como exócrino (envolvendo as células dos ácinos ou do epitélio ductal) ou endócrino (envolvendo as células das ilhotas de Langerhans) 4.

Neoplasias exócrinas Nos animais de companhia, a maioria das neoplasias Paulo Henrique de Souza Garcia

Paulo Henrique de Souza Garcia

A

B

Figura 10 - A) Imagem ultrassonográfica, de nódulos hipoecóicos em região de corpo de pâncreas – neoplasia pancreática. B) Imagem da necropsia do mesmo animal, visibilizando os nódulos pancreáticos – neoplasia pancreática. O laudo do exame histopatológico informou neoplasia pancreática inconclusiva

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Diagnóstico por imagem pancreáticas é de origem epitelial. O adenocarcinoma ductal ou acinar geralmente tem, já no momento do diagnóstico, caráter maligno com alto índice de metástases na parede do duodeno, no fígado e nos linfonodos regionais e menos comumente nos pulmões 2,4,7. Aparentemente, existe uma correlação entre a incidência dessas neoplasias e o aumento da idade do animal 2. Elas normalmente acometem cães de meia-idade 2, embora outros autores afirmem que são mais comuns em animais idosos, com idade entre dez e doze anos 7. Embora não exista predisposição sexual, alguns autores citem maior prevalência desse tipo de tumor em fêmeas 2. Os carcinomas de origem acinar e ductal tendem a se desenvolver na porção central do pâncreas e, à medida que aumentam de tamanho, podem obstruir o ducto biliar comum 4. As manifestações clínicas nos cães com tumores pancreáticos exócrinos costumam ser inespecíficas e incluem perda de peso, inapetência, episódios eméticos, distensão abdominal e icterícia. Considerações finais Atualmente, com o avanço da tecnologia de formação de imagem, a ultrassonografia é uma ferramenta diagnóstica de grande utilidade na investigação das enfermidades pancreáticas, auxiliando na diferenciação de inúmeras afecções que acometem este órgão, antes praticamente negligenciado por muitos profissionais durante a avaliação sonográfica abdominal. Entretanto, um bom preparo do paciente e a experiência e habilidade do ultrassonografista na realização do exame ultrassonográfico são fundamentais para a correta avaliação pancreática. Uma avaliação sistemática da região pancreática em cães com sintomatologia de abdômen agudo pode trazer informações de grande importância para a elaboração de um diagnóstico preciso. Referências

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Cardiologia Ritmo sinoventricular secundário a hipercalemia em gatos com obstrução uretral – breve descrição de três casos Sinoventricular rhythm secondary to hyperkalemia in cats with urethral obstruction – a brief report of three cases Ritmo auriculo ventricular secundário a la hiperpotasemia en gatos con obstrucción uretral – relato de tres casos Clínica Veterinária, Ano XVII, n. 96, p. 82-86, 2012 Kelly Sanches Matilde

Resumo: A hipercalemia é um desequilíbrio eletrolítico comum em gatos com doença do trato urinário inferior felino (DTUIF) obstrutiva. Os efeitos da elevação da concentração sérica de potássio no ritmo cardíaco são graves e potencialmente letais. As manifestações clínicas refletem as alterações na excitabilidade da membrana celular. Ocorre diminuição do potencial de repouso celular, tornando a célula muscular cardíaca menos excitável, o que acaba por acarretar arritmias cardíacas. Dentre as arritmias, destaca-se o ritmo sinoventricular com parada atrial. O objetivo do presente relato foi salientar a importância do acompanhamento eletrocardiográfico, visando a detecção precoce de arritmias potencialmente letais em gatos com DTUIF obstrutiva, mediante a descrição de três casos clínicos atendidos pelo Serviço de Clínica de Pequenos Animais da FMVZ-Unesp, campus Botucatu. Unitermos: felino, potássio, arritmia

MV, residente Depto. de Clínica Veterinária FMVZ/Unesp-Botucatu ksm_vet@hotmail.com

Nilciene de Medeiros Galli MV, residente Depto. de Clínica Veterinária FMVZ/Unesp-Botucatu nmgalli@yahoo.com.br

Maria Lúcia Gomes Lourenço MV, profa. ass. dra. Depto. de Clínica Veterinária FMVZ/Unesp-Botucatu mege@fmvz.unesp.br

Luiz Henrique de Araújo Machado MV, prof. ass. dr. Depto. de Clínica Veterinária FMVZ/Unesp-Botucatu henrique@fmvz.unesp.br

Abstract: Hyperkalemia is a common electrolyte imbalance in cats with obstructive feline lower urinary tract disease (FLUTD). The effects of serum potassium elevation in heart rhythm are serious and potentially lethal. The clinical manifestations reflect changes in the excitability of the cell membrane. Increased potassium levels lead to a reduction of the resting membrane potential of heart muscle cells, making them less excitable and resulting in cardiac arrhythmias. The sinoventricular rhythm with atrial arrest is among the types of arrhythmias caused by hyperkalemia. The purpose of this report was to highlight the importance of electrocardiographic monitoring for the early detection of potentially lethal arrhythmias in cats with obstructive FLUTD. We hereby describe the occurrence of three cases treated at the Small Animal Clinic of FMVZ/Unesp, Botucatu Campus. Keywords: feline, potassium, arrhythmia Resumen: La hiperpotasemia es un desequilibrio electrolítico común en los gatos con enfermedad obstructiva del tracto urinario bajo (ETUBF). Los efectos de la elevación del potasio sérico en el ritmo cardíaco son graves y potencialmente mortales. Las manifestaciones clínicas reflejan los cambios en la excitabilidad de la membrana celular. Existe una reducción del potencial de reposo celular, haciendo con que haya menor excitación de la célula cardiaca, llevando así a la aparición de arritmias cardiacas. Dentro de las mas frecuentes, se puede destacar el ritmo urículo ventricular con paro atrial. El objetivo del presente trabajo fue resaltar la importancia del correcto control electrocardiográfico de estos pacientes, enfocando en la detección precoz de arritmias potencialmente mortales en gatos con ETUBF obstructiva, y así también mediante la descripción de tres casos clínicos atendidos por el Servicio de Clinica de Pequeños Animales de la FMVZ-Unesp, campus Botucatu. Palabras clave: felino, potasio, arritmia

Introdução A hipercalemia é um desequilíbrio eletrolítico comum em gatos, sendo provocada por doença do trato urinário inferior 82

obstrutiva (DTUIF), insuficiência renal aguda, necrose tecidual, hipoadrenocorticismo, acidose metabólica ou diabetes. Os efeitos da elevação da concentração sérica de potássio (K+)

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no ritmo cardíaco são graves e potencialmente letais 1-7. A hipercalemia que se estabelece nas DTUIF obstrutivas, especialmente após um período de 24 horas, diminui o potencial de repouso celular, tornando-o mais negativo e, consequentemente, menos excitável a célula muscular cardíaca, mimetizando um efeito de bloqueio despolarizante. A excitabilidade da membrana celular é influenciada não somente pelos níveis séricos de potássio como também pela concentração de cálcio ionizado e pelo equilíbrio acidobásico 5-9. As manifestações clínicas de hipercalemia refletem as alterações na excitabilidade da membrana celular, bem como a magnitude e a rapidez do início da hipercalemia 7,8. Nota-se fraqueza muscular associada à hipercalemia quando a concentração sérica de potássio excede 8mEq/L 1,7-11. As alterações eletrocardiográficas decorrentes do excesso de potássio extracelular caracterizam-se por um aumento da amplitude e estreitamento ou “formato em tenda” das ondas T (K+ > 5,5mEq/L); diminuição da onda R, prolongamento do complexo QRS e do intervalo PR, bem como uma depressão do segmento ST (K+ > 6,5mEq/L); diminuição da amplitude e aumento da duração da onda P juntamente com alargamento do complexo QRS e intervalos PR e QT (K+ > 7mEq/L); ausência de onda P (parada atrial) e ritmo sinoventricular (K+ > 8,5mEq/L), e quando os níveis séricos de potássio são superiores a 10mEq/L, alargamento do QRS e evolução para arritmias ventriculares e assistolia. Acredita-se que a fibrilação ventricular decorra da lenta condução intraventricular e da diminuição da duração do período refratário 1,5-8,11,12. Embora as alterações eletrocardiográficas não sejam diretamente correlacionadas com a concentração sérica de potássio, elas podem refletir as mudanças eletrofisiológicas cardíacas 6-9,11, sendo que a principal alteração eletrocardiográfica encontrada em gatos obstruídos é a parada atrial com ritmo sinoventricular 6,7,11. O alargamento e o aspecto anômalo do complexo QRS podem ser erroneamente descritos como ritmo idioventricular, contudo a presença de condições clínicas compatíveis com distúrbios do potássio e a observação de ondas T espiculadas remetem ao diagnóstico de ritmo sinoventricular em decorrência de hipercalemia 7,8,11. Nesse ritmo, o nodo sinusal comanda a ativação elétrica do coração, ainda que a frequência de disparo possa ser lenta e, eventualmente, apresente períodos de bloqueio sinoatrial 7,10,12. Devido à inativação dos canais de sódio decorrente da elevação do potencial de repouso pela hipercalemia, a ativação do miocárdio atrial pode ser ausente (por esse motivo não há onda P); contudo, a transmissão do impulso elétrico gerado do nodo sinusal para o nodo atrioventricular (ou porção proximal do feixe de His) se faz através dos tratos internodais e em especial pelo trato posterior 6,7,10-14. Sendo letais, as arritmias decorrentes não somente da hipercalemia como também de outros desequilíbrios eletrolíticos em gatos com DTUIF obstrutiva devem ser prontamente identificadas e tratadas, além de serem objeto de acompanhamento eletrocardiográfico contínuo 2,6,7,13-15. O objetivo do presente trabalho foi salientar a importância do acompanhamento eletrocardiográfico visando a detecção precoce de arritmias potencialmente letais em

gatos com DTUIF obstrutiva, descrevendo a ocorrência de três casos clínicos atendidos pelo Serviço de Clínica de Pequenos Animais da FMVZ/Unesp, campus Botucatu. Relato Os três felinos machos foram atendidos pela Emergência do Serviço de Clínica de Pequenos Animais FMVZ-Unesp, campus Botucatu. Todos exibiam dor à palpação abdominal, desidratação e distensão da vesícula urinária associada a iscúria (Figura 1). O exame eletrocardiográfico e a coleta de sangue para dosagem de potássio foram realizados antes da desobstrução uretral, sem utilização de anestesia ou qualquer outro tipo de sedação. Os três animais apresentavam potássio sérico em níveis elevados: caso 1 = 7mEq/L; caso 2 = 7,8mEq/L; caso 3 = 6,6mEq/L. O tratamento constituiu na desobstrução dos animais e na realização de fluidoterapia para diminuição dos sinais de uremia. Após a desobstrução e a cateterização dos gatos, os cateteres foram mantidos por no máximo 48 horas, bem como a fluidoterapia e a observação do fluxo urinário. Optou-se por não administrar antibióticos antes da retirada definitiva da sonda. Na presença de hematúria intensa, administrou-se anti-inflamatório não esteroidal (meloxicam 0,1mg/kg/IV). O tratamento prescrito foi a utilização de chás diuréticos (quebrapedra, erva-tostão), dietas úmidas em vez de rações secas, juntamente com orientações aos proprietários quanto ao manejo ambiental (menos estresse por território, melhor distribuição de potes de água fresca pela casa e aumento do número de caixas sanitárias disponíveis). Em todos os animais, o exame eletrocardiográfico apresentou alterações, sendo a presença de ritmo sinoventricular com ausência de onda P em todas as derivações, bradicardia e alteração da configuração dos complexos QRS os principais achados (Figura 2). Discussão O diagnóstico da DTUIF obstrutiva foi baseado no exame físico, sendo então realizada a análise do ECG para constatação das alterações compatíveis com essa afecção.

Idade Raça Peso (kg) Sinais clínicos hematúria desidratação êmese Tempo de obstrução Urólito Nível sérico K+ (mEq/L) Recidiva

Caso 1 10 meses siamês 4

Caso 2 18 meses SRD 4,1

presente presente presente 2 dias

presente presente presente presente ausente presente 3 dias não soube informar não sim 7,8 6,6 não não

não 7 sim

Caso 3 8 anos SRD 3,5

Figura 1 - Identificação, sinais clínicos e nível sérico de potássio de três gatos atendidos com DTIUF obstrutiva pelo Serviço de Clínica Médica de Pequenos Animais – FMVZ/Unesp, Botucatu

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A

{

FC: 80bpm, nível sérico de K+ = 7mEq/L.

B

C

{

{

FC: 180bpm, nível sérico de K+ = 6,6mEq/L

{

Kelly Sanches Matilde

{

{

FC: 160bpm, nível sérico de K+ = 7,8mEq/L

{

Kelly Sanches Matilde

{

Kelly Sanches Matilde

Cardiologia

Figura 2 - Traçados eletrocardiográficos apresentando ritmo sinoventricular dos três gatos com DTUIF obstrutiva atendidos pelo Serviço de Clínica Médica de Pequenos Animais – FMVZ/Unesp, Botucatu. DII, N, 50mm/s. Notar ausência de onda P (círculos alaranjados) e complexo QRS alargado (chaves verdes)

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Cardiologia Em relação à idade, apenas o animal do caso 1 (10 meses) não se encontrava dentro da faixa etária descrita por grande parte dos autores 2,6,9,15,16, entre um e dez anos de idade. O que se destaca neste relato é a ocorrência de dois casos em animais mais jovens (casos 1 e 2) e abaixo do peso frequentemente descrito 6,15,16. O animal do caso 1, o mais jovem dos três, já havia apresentado quadro semelhante aos oito meses de idade. Assim como descrito na literatura em relação à etiologia, a maioria dos casos de DTUIF obstrutiva é desconhecida ou não identificada 2,6,16. Apenas o animal do caso 3 apresentou cálculo vesical. Apesar de haver estudos afirmando não existir correlação direta entre o estado reprodutivo e o desenvolvimento do processo obstrutivo 3,4,16, observou-se que os três animais aos quais se refere este relato eram castrados. Nos casos relatados, pode-se confirmar que a alimentação era à base de ração peletizada, sem incentivo do proprietário em relação a ingestão hídrica ou ao consumo de dieta úmida 3,6,15,16. Pode-se notar que a presença de hipercalemia dos casos relatados ocorreu em associação à parada atrial com ritmo sinoventricular. A presença de hipercalemia (>5,5mEq/L) e de arritmias cardíacas é compatível com o descrito na literatura, contudo, as concentrações séricas de potássio não são diretamente correlacionadas com arritmias específicas 1. Embora os animais apresentassem diferentes níveis séricos de potássio (caso 1 = 7mEq/L; caso 2 = 7,8mEq/L; caso 3 = 6,6mEq/L), todos tiveram o mesmo tipo de arritmia. Apesar de as concentrações não estarem tão elevadas (média de 7,3mEq/L), os animais apresentavam arritmias geralmente descritas com hipercalemia superior a 8,5mEq/L 3. Esse aspecto salienta a importância de que a elevação dos níveis de potássio não necessariamente indica alterações do ritmo cardíaco e que este não é o único responsável pelas alterações eletrocardiográficas encontradas, visto que a excitabilidade da membrana celular é influenciada não somente pelos níveis séricos de potássio como também pela concentração de cálcio ionizado e pelo equilíbrio acidobásico 5,6,7,14. A presença de bradicardia foi notada somente no animal do caso 2, correlacionando-se com a maior concentração de potássio (caso 2 = 160bpm; K+ = 7,8mEq/L). A bradicardia não é um parâmetro para dedução de hipercalemia, embora haja correlação entre os níveis séricos e à frequência cardíaca 6,11,14. Considerações finais A DTUIF obstrutiva é uma afecção comum na clínica de pequenos animais, sendo a hipercalemia um dos distúrbios eletrolíticos mais comumente encontrados, embora não o único. As alterações eletrocardiográficas decorrentes de tal

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distúrbio são variáveis, contudo, a parada sinusal e o ritmo sinoventricular são arritmias importantes e potencialmente letais. Nem sempre o clínico dispõe da possibilidade de análise sérica do potássio, especialmente em situações de emergência. Assim, a realização do ECG é recomendável ao clínico veterinário nos casos de DTUIF obstrutiva, podendo este intervir de maneira mais rápida na resolução das arritmias. Referências

01-TILLEY, L. P. Essentials of canine and feline electrocardiography. 3. ed. Philadelphia: Lea & Febiger, 1992, 470 p. 02-RABELO, R. C. ; SOARES, J. A. ; LEITE, R. M. C. Aspectos emergenciais na síndrome urológica obstrutiva dos felinos. Nosso Clínico, v. 7, n. 41, p. 16-24, 2004. 03-GUNN-MOORE, D. A. Feline lower urinary tract disease. Journal of Feline Medicine and Surgery, v. 5, n. 2, p. 133-138, 2003. 04-GERBER, B. ; EICHENBERGER, S. ; REUSCH, C. E. Guarded long-term prognosis in male cats with urethral obstruction. Journal of Feline Medicine & Surgery, v. 10, n. 1, p. 16-23, 2008. 05-DIBARTOLA, S. P. ; MORAIS, H. A. Distúrbios relacionados ao potássio: hipo e hipercalemia. In: DIBARTOLA, S. P. Anormalidades de fluidos, eletrólitos e equilíbrio ácido-básico - na clínica de pequenos animais. 3. ed. São Paulo: Roca, 2007. p. 87-114. 06-HORTA, P. V. P. Alterações clínicas, laboratoriais e eletrocardiográficas em gatos com obstrução uretral. 2006. 87 f. Dissertação (Mestrado em Clínica Veterinária) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. 07-TAG, T. L. ; DAY, T. K. Electrocardiographic assessment of hyperkalemia in dogs and cats. Journal of Veterinary Emergency and Critical Care, v. 18, n. 1, p. 61-67, 2008. 08-LEE, J. A. ; DROBATZ, K. J. Characterization of the clinical characteristics electrolytes, acid-base, and renal parameters in male cats with urethral obstruction. Journal of Veterinary Emergency and Critical Care, v. 13, n. 4, p. 227-233, 2003. 09-BARTGES, J. W. ; FINCO, D. R. ; POLZIN, D. J. ; OSBORNE, C. A. ; BARSANTI, J. A. ; BROWN, S. A. Pathophysiology of urethral obstruction. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 26, n. 2, p. 255-264, 1996. 10-SPODICK, D. H. Hypocalcemia, hyperkalemia, and junctional or sinoventricular rhythm. The American Journal of Geriatric Cardiology, v. 14, n. 5, p. 273, 2005. 11-CÔTÉ, E. Feline arrhythmias: an update. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 40, n. 4, p. 643-650, 2010. 12-RIESER, T. M. Urinary tract emergencies. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 35, n. 2, p. 359-373, 2005 13-BARBOSA, E. C. Eletrocardiograma do mês. Revista Socerj, v. 20, n. 2, p. 158-159, 2007. 14-NAKAMURA, R. K. ; YUHAS, D. L. ECG of the month. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 239, n. 6, p. 751-753, 2011. 15-OSBORNE, C. A. ; KRUGER, J. M. ; LULICH, J. P. ; BARTGES, J. W. ; POLZIN, D. J. Medical management of feline urethral obstruction. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 26, n. 3, p. 483-498, 1996. 16-RECHE JR., A. ; HAGIWARA, M. K. ; MAMIZUKA, E. Estudo clínico da doença do trato urinário inferior em gatos domésticos de São Paulo. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v. 35, n. 2, p. 69-74, 1998

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Reprodução Mumificação fetal extra-uterina em uma cadela – relato de caso Extrauterine fetal mummification in a bitch – case report Momificación fetal extra uterina en una perra – reporte de un caso Clínica Veterinária, Ano XVII, n. 96, p. 88-94, 2012 Fernanda dos Santos Alves médica veterinária, especialista fsalves.vet@gmail.com

Resumo: A mumificação fetal acontece quando a morte fetal ocorre na segunda metade da gestação, quando já há calcificação dos ossos e o ambiente uterino não está contaminado. Relata-se o caso de uma cadela atendida por sinais urinários, cujo diagnóstico, feito posteriormente por meio de radiografia abdominal e laparotomia, acusou mumificação fetal extra-uterina. As hipóteses para tal ocorrência são a gestação ectópica abdominal ou a ruptura uterina em decorrência de distocia. A gestação ectópica caracteriza-se pela ocorrência de gestação em outro local que não a cavidade uterina, podendo ser tubária ou abdominal. A forma abdominal subdivide-se em primária ou secundária, dependendo da ocorrência ou não de ruptura do útero. Relata-se que as rupturas uterinas ocorrem esporadicamente nas espécies domésticas, causadas por traumas ou quando há comprometimento da parede uterina, esforços exagerados, torção uterina e outras causas. Unitermos: feto, ectópico, prenhez, rotura, cão, obstetrícia Abstract: Fetal mummification happens when fetal death occurs in the second half of pregnancy, when there is already bone calcification and the uterine environment is not contaminated. We here report the case of a bitch with urinary symptoms that was later diagnosed by X-ray and abdominal laparotomy as extra uterine fetal mummification. Possible causes for this occurrence are abdominal ectopic pregnancy or uterine rupture as a result of dystocia. Ectopic pregnancy is characterized by the occurrence of pregnancy in a location other than the uterine cavity. It may be tubal or abdominal. The abdominal form is divided into primary or secondary, depending on the presence or absence of rupture of the uterus. It is reported that uterine ruptures occur sporadically in domestic species, usually caused by trauma, weakened uterine wall, exaggerated efforts, uterine torsion and other factors. Keywords: fetus, ectopic, pregnancy, rupture, dog, obstetrics Resumen: La momificación se produce después de la muerte fetal, que normalmente ocurre en la segunda mitad de la gestación, una vez que se ha producido la calcificación de los huesos y sin que haya contaminación del ambiente uterino. En el presente trabajo se presenta el caso de una perra que fue atendida con signos clínicos de enfermedad urinaria, y que después de realizar exámenes radiográficos y una laparotomía exploratoria, se comprobó la presencia de momificación fetal extrauterina. Los posibles orígenes de esta patología, son una gestación ectópica abdominal o una ruptura uterina como consecuencia de un parto distócico. La gestación ectópica se caracteriza por llevarse a cabo fuera del útero, pudiendo ser tubárica o abdominal. Esta última puede ser primaria o secundaria, dependiendo de la presencia o no de ruptura uterina. Las rupturas suelen ser esporádicas en pequeños animales, y se originan principalmente de traumas, cuando éstos comprometan la pared uterina, esfuerzos exagerados o torsión uterina. Palabras clave: feto, ectópico, preñez, ruptura, canino, obstetricia

Introdução A mumificação fetal acontece quando a morte fetal se dá na segunda metade da gestação, após a calcificação óssea e não ocorre a abertura da cérvix e a consequente contaminação do ambiente uterino, não havendo, portanto, manifestação clínica associada 1. Em espécies politócicas, se a mumificação ocorre em alguns fetos, não há interferência no prosseguimento da gestação 2. O feto torna-se uma massa seca, 88

firme, de cor marrom ou negra, devido à degradação hemoglobínica e consiste em uma pele coriácea que envolve as partes duras. A causa da morte pode ser infecciosa ou não, no entanto, os requisitos para que ocorra a mumificação são que os microorganismos que promovem a lise do tecido morto estejam ausentes 3. A gestação ectópica, ou gestação extrauterina, ocorre em algum local que não dentro da cavidade uterina. Dois tipos

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de gestação ectópica são reconhecidos: a gestação tubária, que ocorre quando o oócito é fertilizado e então permanece na tuba uterina devido a diversas causas que impedem a sua chegada ao útero; e a gestação abdominal, que ocorre quando a gestação se desenvolve na cavidade peritoneal 4. A gestação tubária é extremamente rara em animais, uma vez que um fator específico produzido pelo muco tubário é suspeito de prevenir seu desenvolvimento nessa área 5. A gestação abdominal é subdividida em duas formas: primária e secundária. A forma primária se dá quando um oócito não é captado pelas fímbrias da tuba uterina, é fertilizado e se desenvolve na cavidade abdominal, ou ainda, quando um oócito fertilizado entra na cavidade peritoneal por via retrógrada e adere ao mesentério ou a vísceras abdominais 6. Já a forma secundária ocorre quando há ruptura uterina ou da tuba uterina após a implantação do embrião 6. Em animais, essa condição ainda é raramente diagnosticada: nenhum estudo epidemiológico foi desenvolvido para o estudo da gravidez ectópica em animais 4. Os estudos ainda são poucos e controversos. Entre animais, uma baixíssima incidência (0,5%) foi encontrada entre os porquinhos-da-índia 7, enquanto uma elevada incidência de gravidez abdominal foi constatada em uma pequena colônia de hamster 8.

As rupturas uterinas ocorrem esporadicamente em todas as fêmeas domésticas 9. Em casos de pré-parto, frequentemente são resultado de trauma externo, incluindo acidentes rodoviários. A ruptura durante ou após o nascimento tem mais probabilidade de ocorrer naqueles casos em que a parede uterina foi comprometida pela presença de infecção, um feto morto, torção uterina ou procedimento obstétrico executado sem cuidado, além de poder também ser causada por doses bastante elevadas de ocitocina 10. Relata-se ainda como possíveis causas a torção uterina, as hidropsias, os esforços exagerados e as sequelas de cirurgias (aderências) 9. Os sinais são muito influenciados pela presença ou não de infecção. Caso haja infecção, peritonite, toxemia e choque desenvolvem-se rapidamente; em sua ausência, poucos sinais poderão ser notados 10. Os sinais agudos de distúrbios digestivos e os sinais de desconforto abdominal que podem ser confundidos com involução uterina são perceptíveis. Nas grandes rupturas, o feto pode passar para a cavidade abdominal 9. O objetivo deste trabalho é relatar o diagnóstico incidental de mumificação fetal abdominal extrauterina em uma cadela. Relato de caso Uma cadela sem raça definida de três anos de idade, 15,4kg,

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Reprodução

a) Ciclo 21®. União Química. Embu-Guaçu, SP b) Acepran®1%. Vetnil. Louveira, SP c) Fresofol®1%. Fresenius-Kabi Áustria GmbH, Graz, Áustria. Importado por Fresenius-Kabi Brasil Ltda. Campinas, SP. Site: http://www.fresenius-kabi.com/ d) Solução Fisiológica. Farmax. Divinópolis, MG e) Rifocina® Spray. Sanofi Aventis.Suzano, SP f) Meloxivet® 2mg. Duprat. Rio de Janeiro, RJ g) Duotrill® 50mg. Duprat. Rio de Janeiro, RJ

90

Parâmetro Paciente Valores de referência Hematócrito (%) 37,8 37 - 55 Hemoglobina (g%) 12,0 12 - 18 Hemácias (milhões/mm³) 5,25 5,5 - 8,5 VCM (µ³) 72,0 60 - 75 CHCM (%) 31,7 31 - 37 Leucócitos totais (cel/mm³) 14.410 6 - 17 Bastonetes (cel/mm³) 576 0 - 200 Segmentados (cel/mm³) 11.960 3.500 - 12.500 Eosinófilos (cel/mm³) 288 100 - 1.200 Basófilos (cel/mm³) 0 raros Monócitos (cel/mm³) 144 100 - 1.200 Linfócitos (cel/mm³) 1.441 1.500 - 5.000 Plaquetas (mil/mm³)

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150 - 500

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Figura 1 – Hemograma pré-cirúrgico da paciente e valores de referência

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não castrada, foi atendida em uma clínica particular devido a queixa de disúria, polaciúria e anorexia. Durante a anamnese, a responsável pelo animal relatou ainda que a cadela estava inquieta, parecendo sentir dor abdominal e que havia presenciado a micção apenas no dia anterior ao atendimento; relatou também não ter visto fezes desde então. O último período de cio da paciente havia sido há aproximadamente dez dias, com abundante sangramento. Devido à perda de sangue, a proprietária administrou, sem prescrição médica, um anticoncepcional de uso humano à base de levonorgestrel e etinilestradiol a à cadela. A proprietária não soube informar se a cadela tinha acasalado no ultimo período de cio e relatou que na gestação anterior houvera parto eutócico de cinco filhotes saudáveis, sem histórico de trauma durante a gestação. No exame físico, a paciente apresentava discreta apatia, embora estivesse alerta ao ambiente. Observou-se bom estado geral, mucosas oral, oculares e vaginal hiperêmicas, com tempo de preenchimento capilar (TPC) menor que dois segundos e turgor cutâneo adequado. Os parâmetros vitais apresentavam-se dentro do limite fisiológico para a espécie e a ausculta cardiopulmonar não revelou alterações. Na palpação abdominal foi identificada uma massa esférica, firme e móvel em região mesogástrica. A paciente não demonstrou desconforto durante a palpação abdominal. Havia secreção mucossanguinolenta no assoalho vaginal e, no final do exame físico, a paciente urinou e não apresentou sinais de disúria ou polaciúria, além de o aspecto macroscópico da urina estar normal. Diante da anamnese e do exame físico, coletou-se sangue apenas para hemograma (Figura 1) e tirou-se apenas uma radiografia laterolateral direita do abdômen para auxílio diagnóstico, devido à restrição de custos. A radiografia (Figura 2A) revelou a presença de dois fetos em região mesogástrica, com aparência compactada e estruturas ósseas proeminentes. Ambos apresentavam perda da curvatura normal da coluna vertebral, sinal de Spalding (Figura 2B) e ausência de gás no interior dos corpos fetais, tornando o quadro compatível com morte fetal seguida de mumificação. Não foi possível visibilizar outras organomegalias por meio do exame radiográfico. Diante dos resultados dos exames, a paciente foi encaminhada para ovário-histerectomia. Realizou-se a MPA com acepromazina b, indução e manutenção com propofol c. Na abertura da cavidade abdominal observou-se o útero e os ovários em posição, tamanho, coloração e morfologia normais, e uma formação de aproximadamente 12cm de comprimento, recoberta por omento e aderida ao baço, de aparência e tamanho normais. Não havia evidência de ligação entre o útero e a massa presente. Não existiam anormalidades macroscópicas no restante dos órgãos ou no peritônio parietal. Diante do quadro, foram realizadas a ovário-histerectomia por

Figura 2 - A) Radiografia laterolateral direita do abdômen. Revela a presença de dois fetos mumificados, circulados, em região mesogástrica. Não há visibilização uterina. O baço está localizado ventralmente ao fígado, sob os arcos costais. B) Visão aproximada dos fetos. O sinal de Spalding (seta) é mais visível no feto à esquerda

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avançado período de gestação quando da morte fetal. Um deles aparentava um estado de absorção mais adiantado (Figura 4), podendo indicar morte anterior à do segundo feto (Figura 5). Não foram observados sinais de placentação no interior da cápsula fibrosa (Figura 6). Os ovários e o útero apresentavam-se sem sinais de ruptura recente ou cicatrizes decorrentes de traumas prévios, com tamanho, coloração e consistência normais. O endométrio estava normal na inspeção e não apresentava evidências de gestação atual. Não havia presença de tecido luteal, macroscopicamente, nos dois ovários. Entretanto, os ovários e o útero foram descartados precoce-

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meio da técnica das três pinças e a esplenectomia pela ligadura dos vasos sanguíneos que supriam o órgão e a massa aderida a ele. No pós-operatório feito foi preconizada a limpeza da incisão com solução fisiológica d diariamente, aplicação tópica de rifamicina e até a cicatrização e, por via oral, meloxicam f e enrofloxacino g por cinco dias. Na inspeção, a formação abdominal apresentava-se recoberta por omento e tecido adiposo. Após a incisão inicial, observou-se uma cápsula fibrosa resistente que envolvia completamente dois fetos em processo de absorção (Figura 3). Os fetos já apresentavam cobertura pilosa, demonstrando o

Figura 5 - Feto aparentemente em estado menos avançado de absorção, com estrutura corpórea mais íntegra e corpo recoberto de pelos

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Figura 3 - Cápsula fibrosa recoberta por omento (seta preta), dentro da qual estavam localizados dois fetos mumificados (setas brancas)

Figura 4 - Feto em processo de absorção mais avançado, com mais de 60% do corpo sem pelos

Figura 6 – Superfície interna da membrana fibrosa que envolvia os fetos sem sinais macroscópicos de placentação

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Reprodução mente, impedindo a realização de exame histopatológico. Durante o período de acompanhamento pós-operatório, a paciente não apresentou complicações ou outros sinais clínicos semelhantes aos observados em sua apresentação inicial. Discussão Os relatos de mumificação fetal extrauterina em cadelas e gatas são escassos. Em 1966 relatou-se a presença de um feto mumificado no abdômen de uma cadela da raça pomerânia, simultaneamente a uma piometra 11. Segundo os autores, apesar da falta de evidências que demonstrassem ruptura uterina, a gestação ectópica primária ou secundária não poderia ser excluída, por ter ocorrido tempo suficiente para a cicatrização uterina. Além disso, não foi possível determinar o local de aderência da placenta ou de crescimento inicial dos fetos 11. Já em uma cadela da raça chiuaua, relatou-se a ocorrência de dois fetos mumificados extrauterinos após um parto distócico de três filhotes 12. Após uma segunda gestação, foi realizada a cesariana, retirando-se dois fetos. A histopatologia do tecido uterino revelou que houve ruptura prévia. Concluiu-se que os fetos passaram pela ruptura uterina em um momento anterior à distocia e permaneceram na cavidade abdominal por um longo período 12. O relato mais recente data de 2011, segundo o qual um feto plenamente desenvolvido e mumificado foi encontrado na cavidade abdominal de uma gata primípara admitida para ovário-histerectomia eletiva 13. O histórico revelou que seis meses antes do procedimento a gata havia parido três filhotes saudáveis. Não foi possível visibilizar a ruptura uterina, mas havia pequena área necrótica no corno uterino esquerdo, algo não observado no presente relato. O exame histológico não foi capaz de demonstrar se houve desenvolvimento extrauterino do feto, porém os autores inferem que o desenvolvimento ectópico pode ser considerado 13 e, como observado no presente caso, o feto apresentava-se envolto por uma membrana, com pleno desenvolvimento e pelagem, além da autólise e da desidratação. Um grande número de relatos de gestação ectópica em animais domésticos, principalmente em gatos, pode ser encontrado na literatura, porém, em felinos, a presença de fetos ocasionais na cavidade abdominal geralmente é resultante de ruptura uterina durante a gestação, possivelmente associada a torção uterina 2. Há um relato em que oito hamsters siberianos de uma pequena colônia apresentavam fetos abdominais macerados. Em alguns dos fetos havia remanescentes do saco amniótico com anexo umbilical aderido a uma placenta presa ao peritônio e outros não apresentavam remanescentes placentários. As análises macroscópicas e histológicas não revelaram rupturas uterinas ou nos ovidutos 8. Quando presentes, os sinais clínicos (redução do apetite, vômitos, etc.) estão relacionados, entre outras causas, a infecções intercorrentes à gestação ectópica 14. O presente relato de caso descreve a ocorrência de fetos mumificados abdominais em uma cadela apresentada para consulta devido a sinais clínicos relacionados ao sistema urinário, o que demonstra a pouca relação entre os sinais e a presença de fetos mumificados extragenitais. O diagnóstico final de mumificação foi obtido por meio de radiografia abdominal simples, 92

sem necessidade de outros recursos, pois os fetos já apresentavam mineralização óssea que permitia que fossem visibilizados no exame. Devido à dificuldade de diagnóstico por meio do uso de recursos avançados, tais como aqueles presentes na medicina (tomografia computadorizada, ressonância magnética e outros), sugere-se que se obtenham radiografias em duas posições e a ultrassonografia abdominal de pacientes que tenham estado recentemente em atividade estral e apresentem sinais clínicos inespecíficos e relacionados ao trato geniturinário. Em primíparas, fetos mumificados no ambiente uterino podem causar desconforto abdominal discreto e prolongamento em até 24 meses do período de gestação normal da espécie, pela persistência do corpo lúteo e pela perda gradual das características clínicas de gestação; e, em multíparas, a aderência do feto ao útero poderá eventualmente causar distocias 9. Um sinal clínico sugestivo de mumificação fetal uterina é a secreção vaginal marrom ou enegrecida apresentada por muitas cadelas 15. Sugere-se uma abordagem completa para qualquer paciente com histórico de acasalamento recente ou histórico sugestivo de disfunção reprodutiva ou em distocia. O histórico do caso deve ser completo, incluindo duração da gestação, histórico de doença ou secreção anormal nos últimos dias e, em caso de distocia, duração e sinais do trabalho de parto, número de filhotes nascidos vivos e mortos, intervalo entre os nascimentos, intensidade e padrão dos esforços, passagem da placenta e interferência de leigos 10. A cadela deve ser submetida a um exame físico geral, completo e abrangente, antes de um exame do sistema genital. Inicia-se pela inspeção da vulva para detectar a quantidade e a natureza de secreções, seguida de exame vaginal, avaliando sua umidade, a presença de lesões, de constrições ósseas ou de tecidos moles ou outras obstruções que possam causar distocias 10. Observa-se também a presença de feto no canal vaginal e sua apresentação e viabilidade, além da avaliação do tônus e as dimensões da vagina anterior. Por último, realiza-se a palpação abdominal cuidadosa e sistemática. Com a palpação torna-se possível a identificação de fetos remanescentes 10. Deve-se procurar utilizar recursos diagnósticos como a radiografia e a ultrassonografia para definir melhor o diagnóstico, bem como cirurgia como meio diagnóstico e terapêutico. Busca-se ressaltar que pacientes com sinais inespecíficos 9,10,14 como aqueles apresentados pela cadela do relato, as patologias reprodutivas não devem ser excluídas da lista de diagnósticos diferenciais. Durante a anamnese, houve o relato do uso recente de um medicamento anticoncepcional humano à base de levonorgestrel e etinilestradiol na tentativa de conter uma perda de sangue considerada anormal pela proprietária. Levonorgestrel é um progestágeno de uso humano capaz de realizar a contracepção de emergência por diversos mecanismos de ação 16,17,18. Dentre eles podem ser citados as alterações na capacidade de fecundação dos espermatozoides, alterações na ovulação (caso a droga tenha sido tomada antes da ocorrência da concepção), na formação do corpo lúteo, no endométrio, no muco cervical e na motilidade tubária por inversão do peristaltismo e do batimento das fímbrias 18.

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Há na literatura a descrição da ocorrência de gestação ectópica em uma mulher após o uso do levonorgestrel como contracepção de emergência 18. Uma vez que o anexo placentário imperfeito não mais forneça nutrição suficiente devido a suprimento sanguíneo inadequado, dá-se a morte fetal 8. Já de acordo com outro autor, na maioria dos casos verifica-se o decesso fetal devido a insuficiência placentária, por conta da má implantação do trofoblasto 19. Apesar das gestações abdominais primárias terem sido relatadas em espécies domésticas, nenhuma unidade fetoplacentária viável fora de um útero intacto foi encontrada na última metade de gestação 4. A placenta humana é discoide, hemocorial e muito invasiva: um feto pode estabelecer-se no oviduto (gestação tubária) ou estar aderido a outros órgãos, incluindo os ovários 14. A placentação dos animais domésticos torna a gestação ectópica a termo improvável 10. Descreveu-se a presença de dois fetos aparentemente a termo durante a necropsia de uma cadela sem raça definida 20. Os fetos estavam na cavidade abdominal, envoltos por uma cápsula conjuntiva bastante vascularizada, localizada no omento gastroesplênico. Além disso, o útero não apresentava sinais de ruptura ou qualquer evidência de ligação fetal, caracterizando uma gestação ectópica abdominal primária 20.

No caso aqui descrito, a cadela foi submetida a uma ovariohisterectomia e a uma esplenectomia, uma vez que a massa onde se localizavam os fetos estava aderida ao baço. Além disso, também não foram localizados sinais de ruptura macroscópica ou cicatrizes no útero, bem como de ligação entre o órgão e os fetos. No entanto, não se fez o exame histopatológico do tecido uterino ou do envoltório no qual encontravam-se os fetos para verificar a ocorrência de rupturas prévias que corroborassem respectivamente o diagnóstico de gestação ectópica secundária ou de placentação. Os fetos mumificados encontrados no presente caso poderiam ser resultado de ruptura uterina decorrente de distocia de um parto prévio que teria causado sua expulsão para o abdômen e o posterior óbito. A ruptura do útero gravídico é um achado pouco usual em cadelas, mas é ocasionalmente visto no período periparturiente em casos de distocia 21. Descreve-se, em um relato, um caso de ruptura uterina em uma cadela da raça schnauzer por hipertonia uterina decorrente de distocia fetal 21. Em outro relato, os autores descrevem a ruptura uterina ocorrida sem sinais clínicos perceptíveis pelo proprietário, além de uma discreta secreção vaginal sanguinolenta aproximadamente três meses após a cópula 22. Durante a cirurgia para ovário-histerectomia, os autores encontraram uma

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Reprodução ruptura no corno uterino direito, fetos macerados, restos placentários e debris, encobertos por omento 22. No caso relatado, além da ausência de sinais clínicos relativos ao parto, não havia evidência macroscópica de ruptura uterina, mas ressalta-se que deveria ter sido realizada a histopatologia do útero para comprovação do diagnóstico, a fim de elucidar a maneira pelo qual os fetos entraram na cavidade abdominal. Os fetos mumificados encontrados no presente caso poderiam ser resultado de ruptura uterina decorrente de distocia de um parto prévio, o que teria causado sua expulsão para o abdômen e posterior óbito, ou de gestação ectópica, na qual os fetos não sobreviveram por insuficiência placentária. Não obstante, o diagnóstico de mumificação fetal extrauterina foi um achado incidental, como em diversos outros relatos 8,11-13,20,22,23. Conclusão Diante de sinais clínicos inespecíficos em cadelas em período próximo ao parto, a hipótese de ectopia fetal deve ser incluída nos diagnósticos diferenciais. Um exame clínico detalhado e exames complementares como hemograma, bioquímica, radiografia e ultrassonografia auxiliam o diagnóstico final. Quando necessário, a laparotomia exploratória pode ser utilizada como ferramenta diagnóstica e terapêutica, uma vez que o tratamento é a exérese dos tecidos ectópicos e a ovário-histerectomia, em caso de ruptura uterina. As hipóteses para a ectopia fetal são de gestação ectópica abdominal ou de ruptura uterina decorrente de distocia, em ambos os casos com posterior óbito dos fetos por insuficiência placentária. Desconhece-se a incidência de mumificação fetal extrauterina, de rupturas uterinas e de gestação ectópica em pequenos animais no Brasil. Portanto, há necessidade de estudos epidemiológicos para determinar as principais causas de óbitos maternos em cãdelas e gatas e verificar a relevância de tais enfermidades na obstetrícia veterinária. Referências

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Animais silvestres Diagnóstico de parasitas gastrintestinais de tamanduásbandeira (Myrmecophaga tridactyla, Linnaeus, 1758) mantidos em cativeiro e terapia farmacológica – relato de caso Diagnosis of gastrointestinal parasites of giant anteaters (Myrmecophaga tridactyla, Linnaeus, 1758) kept in captivity and drug therapy – a case report Diagnóstico de parásitos grastrointestinales de osos hormigueros gigantes (Myrmecophaga tridactyla, Linnaeus, 1758) en cautiverio y su terapéutica farmacológica – reporte de un caso Clínica Veterinária, Ano XVII, n. 96, p. 96-102, 2012 Alexandre Vidica Marinho

acadêmico de medicina veterinária UFU le_iub@hotmail.com

Sady Alexis Chavauty Valdes médico veterinário, prof. dr. ICBIM/UFU sadyzola@uol.com.br

Resumo: Foram realizados exames coproparasitológicos de sedimentação e flutuação em sete tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) cativos, mantidos no Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres (Lapas/UFU). Dos sete tamanduásbandeira examinados, quatro apresentaram ovos de Strongyloides spp, quatro apresentaram oocistos de Entamoeba spp, um apresentou ovos de Ancylostoma spp e um apresentou ovos de acantocéfalo. Os indivíduos que apresentaram ovos ou oocistos nos exames foram medicados com metronidazol por via oral na dose de 40mg/kg, durante três dias, além de 5mg/kg de praziquantel e 14,4mg/kg de pirantel por via oral em dose única. Nos animais submetidos a tratamento antiparasitário, os exames foram repetidos após trinta dias, revelando que os quatro animais previamente infectados por Strongyloides spp continuavam infectados. Os ovos e oocistos dos outros parasitas encontrados antes da medicação estavam ausentes. Unitermos: xenartros, doenças parasitárias, anti-helmínticos, antiprotozoários Abstract: Flotation and sedimentation parasitological exams were carried out in seven captive giant anteaters (Myrmecophaga tridactyla) kept at the Laboratory for Wild Animal Research (LAPAS/UFU). Four animals presented eggs of Strongyloides spp, four presented cysts of Entamoeba spp, one presented eggs of Ancylostoma spp and one presented eggs of acanthocephala. Individuals who were positive for either eggs or cysts were treated orally for three days with 40mg/kg metronidazole, plus a single oral dose of 5mg/kg prazyquantel and 14.4mg/kg pyrantel. Exams were repeated thirty days post treatment, revealing that the four animals infected by Strongyloides spp were still infected. The eggs and cysts of other parasites found prior to medication were absent. Keywords: xenarthra, parasitic diseases, anthelmintics, antiprotozoal agents Resumen: Fueron realizados exámenes coproparasitológicos de sedimentación y flotación en siete osos hormigueros gigantes (Myrmecophaga tridactyla) mantenidos en cautiverio en el Laboratorio de Pesquisa de Animales Silvestres (Lapas/UFU). De los siete animales examinados, cuatro presentaron huevos de Strongyloides spp, cuatro evidenciaron ooquistes de Entamoeba spp, uno presentó huevos de Ancylostoma spp y otro huevos de acantocéfalo. Los animales que presentaron huevos u ooquistes en los exámenes, fueron tratados con metronidazol por vía oral (40mg/kg) durante tres días, además de praziquantel (5mg/kg) y pirantel vía oral a dosis única. En los animales que fueron sometidos al tratamiento antiparasitario, se repitieron los exámenes después de 30 días. En ese momento pudo comprobarse que los cuatro osos que previamente estaban infectados con Strongyloides, continuaban en la misma condición. Los animales que habían presentado huevos y ooquistes en el primer examen, resultaron negativos en esta última evaluación. Palabras clave: xenarthros, enfermedades parasitarias, antihelmínticos, antiprotozoarios

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realizado em 103 tamanduás-mirins (Tamandua tetradactyla) mantidos no Zoológico de São Paulo revelou parasitas em 48,5% das amostras de fezes. Pela identificação, foram encontrados ovos de nematódeos (40%), sendo os mais comuns Trichuris sp e Strongyloides sp, protozoários (16%), sendo os mais comuns Eimeria sp, Entamoeba sp e Giardia sp, cestódeos (8%) e acantocefalídeos (1%) 9. A prevenção, o controle e o tratamento de infecções em animais de zoológico dependem em larga medida de um diagnóstico adequado e da identificação correta dos agentes etiológicos 10. As amostras de fezes devem ser preferencialmente colhidas diretamente do reto e examinadas a fresco. Por ser difícil esse tipo de colheita, também se pode coletar amostras frescas diretamente do solo. As fezes devem ser mantidas refrigeradas se o exame não for feito em 24 horas 11. Para o exame microscópico das fezes, vários métodos de preparo das amostras estão disponíveis com o intuito de se encontrar ovos ou larvas 11. Para realização dos exames coproparasitológicos faz-se necessário um método de flutuação e um de sedimentação, sendo os métodos consagrados para esse tipo de análise a técnica de sedimentação espontânea em água 12 e o método de flutuação 13. O tratamento dos animais parasitados constitui uma importante forma de controle e deve ser preconizado para os animais cujos exames coproparasitológicos revelaram a presença de ovos, cistos ou oocistos 5. No presente trabalho, foram conduzidos exames coproparasitológicos em tamanduás-bandeira mantidos em cativeiro. O objetivo deste relato é descrever os achados parasitológicos nesses animais e apresentar os resultados dos tratamentos medicamentosos aplicados em cada caso. Relato de casos Animais Foram utilizados sete tamanduás-bandeira, sendo quatro adultos e três filhotes de aproximadamente dois meses de idade. Um dos animais adultos pode ser observado na figura 1. Alexandre Vidica Marinho

Introdução Os tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) são encontrados na América Central e na América do Sul, da Guatemala até o norte da Argentina 1. A espécie é incluída no apêndice II pela Convention on International Trade in Endangered Species 2. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente do Brasil, a espécie está na categoria “vulnerável”, sendo incluídas nessa categoria as espécies cuja expectativa de queda da população nos próximos dez anos tenha sido estimada em 20% 3. A combinação de abordagens para a conservação pode ser a única forma de evitar a extinção e/ou recuperar a população de algumas espécies animais. Dentre essas abordagens está a conservação in situ, ou seja, as estratégias de manutenção dos espécimes em seu ambiente original e a conservação ex situ 4. A conservação ex situ corresponde à manutenção dos animais fora de seu ambiente natural, como zoológicos e criadouros. Nesse contexto, priorizam-se estudos como comportamento alimentar, reprodução orientada para manutenção de variabilidade genética em cativeiro e comportamento e treinamento para possíveis reintroduções, entre outros 4. A manutenção de animais selvagens em cativeiro geralmente é feita em áreas verdes, formando-se um ecossistema artificial com ampla variedade de espécies. Muitas vezes, essas áreas fazem fronteira com matas nativas ou secundárias, cerrados, banhados, mangues, várzeas, propriedades rurais, rodovias e/ou áreas cultivadas 5. As espécies selvagens em um zoológico vivem em condições adversas às de seu habitat natural, compartilhando esse ambiente com animais domésticos e sinantrópicos, tais como pombos, pardais, urubus, roedores e cães e gatos errantes. Apesar dos esforços para a manutenção de um rigoroso manejo sanitário, o ambiente de um zoológico continua sendo propício à disseminação de uma ampla variedade de doenças, muitas delas de potencial zoonótico 6. Dessa forma, infecções maciças de parasitas, que raramente ocorrem em condições naturais, acabam sendo comuns em cativeiro. Além do estresse provocado pelo cativeiro, fatores como superpopulação e falhas em higiene e alimentação são também fatores-chave no desenvolvimento de endoparasitoses em animais cativos 7. Os endoparasitas, compreendidos pelos helmintos (dos filos Platyhelminthes, Acanthocephala e Nematelminthes) e pelos protozoários, são comumente encontrados em ambientes de zoológicos e criadouros conservacionistas, comerciais e científicos, podendo causar sérias diarreias em animais cativos 7. As principais formas infectantes dos helmintos e protozoários são os ovos e oocistos, respectivamente, eliminados pelas fezes dos hospedeiros 5. As endoparasitoses têm grande importância clínica na superordem Xenarthra, anteriormente designada Edentata. Em Myrmecophaga tridactyla, as parasitoses gastrintestinais mais frequentes são causadas por protozoários, destacandose a coccidiose, a giardíase e a amebíase, esta última de maior importância clínica por causar diarreia grave 8. A ocorrência de helmintos também é frequente, com destaque para os acantocéfalos, cestódeos, trematódeos e nematódeos (Trichuris, Strongyloides, Ascaris, Schistossoma) 8. Estudo

Figura 1 - Tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) em recinto do Laboratório de Pesquisas em Animais Silvestres da Universidade Federal de Uberlândia

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Animais silvestres

Resultados coproparasitológicos No exame físico, o pool de amostras fecais dos três animais adultos apresentou consistência diarreica. Foram encontrados ovos característicos de Strongyloides spp no exame de flutuação (Figura 2). No exame de sedimentação, foram observados oocistos característicos de Entamoeba spp. Dos três filhotes oriundos de vida livre, dois apresentaram resultados negativos e um apresentou-se parasitado por Entamoeba spp, evidenciada no exame de flutuação. O filhote parasitado apresentava quadro de diarreia severa. a) Pet Milk. Vetnil. Louveira, SP b) Metronidazol suspensão oral. Medicamento genérico c) Duprantel. Laboratório Duprat. Japeri, RJ

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Figura 3 - Ovos característicos de Strongyloides spp (setas) encontrados por método de flutuação em exame coproparasitológico de tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla). Imagem obtida com objetiva de 10x de aumento

Alexandre Vidica Marinho

Técnicas coproparasitológicas Foram utilizados dois métodos de exame coproparasitológico: a técnica de sedimentação espontânea em água 12 e o método de flutuação 13. Em ambos os métodos a lâmina foi corada com uma gota de lugol antes de ser examinada. A identificação dos ovos foi feita pela comparação da morfometria encontrada com a de espécies previamente descritas na literatura científica veterinária 11,14. Foram descritos como morfotipos os ovos cujas espécies não puderam ser identificadas, mas que puderam ser caracterizados quanto a táxons superiores.

Figura 2 - Ovo característico de Strongyloides spp encontrado por método de flutuação em exame coproparasitológico de tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla). Imagem obtida com objetiva de 40x de aumento Alexandre Vidica Marinho

Coleta de amostras As amostras de fezes foram coletadas no piso dos recintos e armazenadas em coletores plásticos devidamente identificados. Foi realizada uma coleta por animal antes da medicação e outra trinta dias após a medicação, visto que os animais em estudo possuem um metabolismo mais lento que os demais mamíferos, não defecando todos os dias, o que dificulta uma coleta seriada. O material foi mantido refrigerado até o momento da análise, que não excedeu três dias do momento da coleta. As amostras de três tamanduás-bandeira adultos foram analisadas em pool. As amostras do outro animal adulto e dos três filhotes foram analisadas individualmente.

Alexandre Vidica Marinho

Dentre os animais adultos, um apresentava quadro de fratura no fêmur esquerdo em fase de consolidação após cirurgia para colocação de pino intraósseo. Os outros três apresentavam quadro clínico de diarreia. Dos filhotes, um apresentava quadro de diarréia e os outros não apresentavam qualquer sintoma aparente de parasitose. Todos os animais provinham de vida livre, sendo encaminhados ao Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres da Universidade Federal de Uberlândia (Lapas/UFU) pela Polícia Ambiental. Após o recebimento, os animais passaram por exame físico e foram alojados em recintos. Os quatro tamanduás-bandeira adultos ficaram em recinto de 5 x 5 metros, com água e comida repostas diariamente e cama de feno. Receberam alimento constituído de mistura de frutas, leite e carne. Os filhotes ficaram em gaiolas individuais, recebendo alimento substitutivo de leite para alimentação animal a até atingirem idade para se alimentar sozinhos.

Figura 4 - Ovo de acantocéfalo encontrado por método de sedimentação em exame coproparasitológico de tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla). Imagem obtida com objetiva de 40x de aumento. Observa-se casca contendo três membranas (1) e acúleos visíveis (2)

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As amostras de fezes da tamanduá-bandeira fêmea adulta colhidas individualmente mostraram infecção por Ancylostoma spp, Strongyloides spp (Figura 3), além de ovos pertencentes à família Ascarididae e ovos de acantocéfalo (Figura 4). Os ovos de acantocéfalo foram encontrados apenas nos exames que utilizaram o método de sedimentação e não foram identificados em nível de espécie. Os demais foram encontrados tanto nos exames de sedimentação quanto nos de flutuação. Tratamento dos animais Os três animais adultos examinados em pool foram medicados com 40mg/kg de metronidazol b a cada 24 horas, por três dias, sendo o medicamento misturado ao alimento. Além do metronidazol, os animais receberam uma associação de 5mg/kg de praziquantel e 14,4mg/kg de pirantel c em dose única. A fêmea adulta foi medicada com 5mg/kg de praziquantel e 14,4mg/kg de pirantel em dose única. O filhote que apresentou resultado positivo nos exames foi medicado com metronidazol via oral a 40mg/kg, durante três dias. Avaliação pós-tratamento Trinta dias após o término do tratamento, os animais foram submetidos a novos exames coproparasitológicos. No pool de três animais, os novos exames constataram a persistência dos ovos de Strongyloides spp e o desaparecimento dos oocistos de Entamoeba spp das fezes, conforme a figura 5. Os animais se recuperaram do quadro de diarreia. Nos exames realizados no filhote que apresentava Entamoeba spp não foram encontrados oocistos do protozoário após o tratamento farmacológico. Os exames realizados na fêmea de tamanduá-bandeira, que apresentava Ancylostoma spp, Strongyloides spp, ovos da família Ascarididae e ovos de acantocéfalo, acusaram a persistência de ovos de Strongyloides spp e o desaparecimento dos ovos dos demais parasitas. Amostras

Exame coproparasitológico flutuação sedimentação

pool de três adultos

Strongyloides spp

adulto – exame individual

Ancylostoma spp Strongyloides spp, Ascarididae

filhote 1

Entamoeba spp

Na figura 5 são apresentados os achados coproparasitológicos anteriores e posteriores ao tratamento farmacológico. Discussão A manutenção de animais selvagens em cativeiro é importante para a conservação da fauna. Como a situação de cativeiro torna o animal mais suscetível a parasitismos, essa condição deve ser investigada nas coleções animais para a manutenção de plantéis saudáveis e em condições de servir aos propósitos da conservação 5. No presente relato, um dos achados coproparasitológicos em um dos tamanduás-bandeira analisado revelou ovos de acantocéfalo, de espécie não identificada. Os ovos de Giganthorhynchus echinodiscus são marrom-escuros, de casca com três membranas e acúleos geralmente visíveis 15, o que está de acordo com o achado no presente trabalho. O Giganthorhynchus echinodiscus é um acantocéfalo comum em tamanduás-mirins (Tamandua tetradactyla), mantendo-se na população dessa espécie, no Parque Nacional da Serra da Canastra, desde 625 anos d.C. até os dias de hoje, sendo esse helminto encontrado somente em fezes de tamanduás, o que reitera a sua especificidade por esse hospedeiro 16,17,18. Apesar de não ter sido feita a coprocultura, a descrição acima é sugestiva de que o ovo de acantocéfalo encontrado seja de Giganthorhynchus echinodiscus. Apesar de não ter sido realizada técnica quantitativa para contagem de ovos, a fêmea de tamanduá-bandeira com o fêmur fraturado apresentou carga elevada de ovos de acantocéfalo em avaliação subjetiva. Essa carga parasitária pode estar relacionada ao estresse de cativeiro associado ao quadro de fratura de fêmur, sugerindo que os parasitas que em condições naturais permanecem em equilíbrio com o hospedeiro podem tornar-se patogênicos em condições de cativeiro. Ovos de Strongyloides spp são achados comuns em fezes de M. tridactyla mantidos em cativeiro. Da mesma forma, a presença de Entamoeba spp é relativamente comum nesses Tratamento

Exame pós-tratamento flutuação sedimentação

metronidazol (40mg/kg) e praziquantel + pirantel (5mg/kg e 14,4mg/kg)

Strongyloides spp

negativo

Ancylostoma spp, Strongyloides spp, Ascarididae e acantocéfalo

praziquantel + pirantel (5mg/kg e 14,4mg/kg)

Strongyloides spp

Strongyloides spp

Entamoeba spp

negativo

metronidazol

negativo

negativo

filhote 2

negativo

negativo

negativo

negativo

negativo

filhote 3

negativo

negativo

negativo

negativo

negativo

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Figura 5 - Diagnósticos coproparasitológicos por métodos de flutuação e sedimentação em Myrmecophaga tridactyla mantidos em cativeiro, antes e depois de tratamento farmacológico Clínica Veterinária, Ano XVII, n. 96, janeiro/fevereiro, 2012

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Animais silvestres animais 9. Dentre os animais examinados, quatro apresentaram oocistos de Entamoeba spp e quatro apresentaram ovos de Strongyloides spp, confirmando a grande ocorrência nesses animais. Os animais infectados por Entamoeba spp apresentavam quadro clínico de diarreia, tal como é relatado na literatura 8. O metronidazol é efetivo contra Entamoeba spp e a associação de praziquantel e pirantel é indicada para os parasitas encontrados nos animais examinados 8. Os exames realizados um mês após o tratamento confirmaram a eficácia do metronidazol no tratamento da Entamoeba spp em tamanduás-bandeira e a associação de praziquantel e pirantel se mostrou eficiente no controle dos parasitas encontrados, com exceção de Strongyloides spp. Os Strongyloides spp não foram eliminados dos animais provavelmente por reinfecção, já que não houve possibilidade de trocar os animais de recinto; em consequência, eles frequentemente defecavam na água ou na comida, que eram trocadas apenas no dia seguinte, havendo assim sucessivos contatos entre os hospedeiros e as larvas infectantes do parasita. Um dos principais problemas encontrados em cativeiro é a contaminação do substrato dos recintos por ovos ou proglotes grávidas de helmintos, cistos e oocistos de protozoários 5. Outro fator de extrema importância é a transmissão desses parasitas por hospedeiros intermediários (moscas, mosquitos, barbeiros, carrapatos, pulgas etc.), de transporte (moscas domésticas, baratas), roedores e aves sinantrópicas, como pardais e pombos 5. Para controlar esses parasitas deve-se tentar quebrar seu ciclo biológico, evitando a ingestão de hospedeiros intermediários ou de transporte e a contaminação dos substratos ou água dos recintos, das botas dos tratadores e dos técnicos e fazendo o monitoramento por meio da realização de exames coproparasitológicos 5. A erradicação total de parasitas gastrintestinais em animais silvestres

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é difícil quando não é possível realocá-los temporariamente para a realização de vazio sanitário ou até mesmo a utilização de vassoura de fogo no recinto 8. As infecções e parasitoses estão diretamente relacionadas com as condições de vida do hospedeiro e do ambiente onde este vive 19. As técnicas de diagnósticos parasitológicos, quando realizadas adequadamente, têm chances muito remotas de erro 20. Os métodos de Willis e de Hoffman são exames coproscópicos amplamente utilizados com o objetivo de evidenciar e identificar os parasitas que vivem no tubo digestório animal ou os parasitas em que as fezes dos hospedeiros constituem o veículo normal para a disseminação de suas formas para o meio externo 21. Os exames realizados nos tamanduás confirmam que a associação dos dois métodos se faz necessária para o diagnóstico correto de todas as parasitoses apresentadas pelos animais, já que ovos de parasitas como o acantocéfalo apareceram somente em um dos métodos. Conclusões Animais de vida livre recém-capturados podem apresentar infecções graves por endoparasitas com os quais normalmente estariam em equilíbrio. Os exames coproscópicos realizados por meio do método de Willis e do método de Hoffman são eficientes para a identificação de ovos de Ancylostoma spp e Strongyloides spp, assim como ovos pertencentes à família Ascarididae, ovos de acantocéfalo e Entamoeba spp em fezes de M. tridactyla. O uso de metronidazol 40mg/kg, no combate a Entamoeba spp apresentou bons resultados em tamanduás-bandeira. O uso da associação de praziquantel 5mg/kg e pirantel 14,4mg/kg, não associado à desinfecção física e química do recinto, não apresentou bons resultados no combate a Strongyloides spp em M. tridactyla, porém apresentou bons resultados quando utilizado no combate a Ancylostoma spp, ascarídeos e acantocéfalos

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Animais silvestres encontrados nesses animais. Recomendam-se avaliações programadas do status parasitológico dos animais do plantel como procedimento de rotina, com tratamento medicamentoso adequado e medidas profiláticas que reduzam as possibilidades de reinfecções. Agradecimentos Agradecemos ao Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres e ao Laboratório de Parasitologia, ambos da Universidade Federal de Uberlândia, que juntos tornaram possível a realização deste trabalho. Este trabalho teve o financiamento do Pibic/CNPq/UFU. Referências

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selvagens: medicina veterinária. 1. ed. São Paulo: Roca, 2006. p. 402-414. 09-DINIZ, L. S. M. ; COSTA, E. O. ; OLIVEIRA, P. M. A. Clinical disorders observed in anteaters (Myrmecophagidae, Edentata) in captivity. Veterinary Research Communications, v. 19, n. 5, p. 409-415, 1995. 10-HEUSCHELE, W. P. Infectious diseases. In: FOWLER, M. E. Textbook of zoo and wild animal medicine. 2. ed. Philadelphia: W.B. Saunders Company, 1986. p. 57-62. 11-TAYLOR, M. A. ; COOP, R. L. ; WALL, R. L. Parasite taxonomy and morphology. In: ___. Veterinary Parasitology. 3. ed. Iowa: BlackWell Publishing, 2007. p. 1-50. 12-HOFFMAN, W. A. ; PONS, J. A. ; JANER, J. L. The sedimentation concentration method in schistosomiasis mansoni. Puerto Rico Journal of Public Health and Tropical Medicine, v. 9, p. 283-298, 1934. 13-WILLIS, H. H. A simple levitation method for the detection of hookworm ova. Medical Journal of Australia, v. 8, p. 375-376, 1921. 14-FOREYT, W. J. Veterinary parasitology: reference manual. 5. ed. Iowa: Wiley-Blackwell, 2001. 235 p. 15-BRANDÃO, M. L. ; CHAME, M. ; CORDEIRO, J. L. P. ; CHAVES, S. A. M. Diversidade de helmintos intestinais em mamíferos silvestres e domésticos na Caatinga do Parque Nacional Serra da Capivara, Sudeste do Piauí, Brasil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 18, n. 1, p. 1928, 2009. 16-ARAÚJO, A. ; FERREIRA, L. F. ; CONFALONIERI, U. ; CHAME, M. ; RIBEIRO, B. Strongyloides ferreirai (Nematoda, Rhabdiasoidea) in rodent coprolites (8,000 - 2,000 years BP), from archaeological sites from Piauí, Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 84, n. 4, p. 493-496, 1989. 17-CHAME, M. Estudo comparativo das fezes e coprólitos não humanos da região arqueológica de São Raimundo Nonato, Sudeste do Piauí. 1988. 134 p. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, 1988. 18-FERREIRA, L. F. ; ARAÚJO, A. ; CONFALONIERI, U. ; CHAME, M. Acanthocephalan eggs in animal coprolites from archaeological sites from Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 84, n. 2, p. 201-203, 1989. 19-CARMO, A. M. ; SALGADO, C. A. Ocorrência de parasitos intestinais em Callithrix sp. (Mammalia, Primates, Callithrichidae). Revista Brasileira de Zoociências, v. 5, n. 2, p. 267-272, 2003. 20-ARAÚJO, T. ; MORO, L. ; LÚCIA, M. ; GOLLOUBEFF, B. ; VASCONCELOS, A. C. Occurrence of some endo and ectoparasites in the serpentarium of UNIFENAS. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v. 36, n. 1, p. 1-10, 1999. 21-NEVES, D. P. Parasitologia humana. 8. ed. São Paulo: Atheneu, 1991. 501 p.

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LIVROS

Massone - Anestesiologia Veterinária

Flavio Massone, destacado na foto acima pelo círculo vermelho, é considerado por muitos o pai da anestesiologia veterinária brasileira. Foi professor titular da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ-Unesp), Campus Botucatu e continua atuando em diversas universidades do País, deixando o legado de seu trabalho por todos os lugares por onde passa. Acima, boa parte da grande família que segue crescendo

uanabara Koogan publica a sexta G edição da obra do prof. dr. Flavio Massone: Anestesiologia Veterinária

Nota do autor: Este livro foi elaborado com o intuito de orientar tanto o acadêmico e o pesquisador como o docente e o profissional na execuçao ̃ das técnicas anestésicas dentro dos conceitos básicos da nômina, da farmacologia e das técnicas anestésicas vigentes.

Massoterapia

livro Massagem para cães e gatos, escrito pela médica veterinária O Cynara Campanati, descreve doze técni-

cas de massagem, desde um simples relaxamento até tratamentos mais complexos. No Brasil, em função da pouca atenção que o tema recebe na graduação, o pioneirismo de Cynara é de grande valia. Nos Estados Unidos, Narda Robinson, da Universidade do Colorado, há anos ensina terapias alternativas. A massagem é im- MedVet Livros: portante para aumen- www.medvetlitar a sociabilidade, a vros.com.br saúde e o bem-estar

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- Farmacologia e Técnicas - Texto e Atlas. Além da revisão de texto minuciosa e das atualizações de cunho científico, essa edição contou ainda com a colaboração de 14 dos melhores anestesiologistas e anestesistas do país – pesquisadores de renome nacional e internacional, cuja sabedoria ficou registrada em cada capítulo.

Algumas características que diferenciam a obra: • atlas colorido de anestesiologia com exemplos de diversas espécies animais; • nômina anestesiológica vigente (aprovada pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia e Anestesia Veterinária – CBCAV); • perguntas e respostas para autoavaliação; • capítulos que abordam eutanásia e ética, assuntos considerados polêmicos. Guanabara Koogan: www.grupogen.com.br

Centro cirúrgico veterinário

s primeiros capítulos do livro Princípios básicos O e técnicas empregadas no centro cirúrgico veterinário, de autoria dos professores Silvio

Este livro aborda de forma didática os princípios básicos e as técnicas empregadas no centro cirúrgico veterinário, com informações e ilustrações bem detalhadas, mostrando as etapas passo a passo

Henrique de Freitas, Renata Gebara Sampaio Dória e Luiz Antonio Franco da Silva, têm como meta definir o que é um centro cirúrgico veterinário e como compor uma equipe cirúrgica, comentando quais são os principais equipamentos necessários para realizar procedimentos cirúrgicos em pequenos e grandes animais. Seu conteúdo contempla: os materiais de sutura; os tipos de agulhas; as técnicas de sutura e os nós empregados nas cirurgias veterinárias; os instrumentos cirúrgicos básicos, suas funções e a forma de manuseá-los e posicioná-los na mesa de instrumental. Dá-se atenção especial à forma de abrir e manusear os materiais esterilizados. Há ainda capítulos que mostram como a equipe cirúrgica deve se preparar antes de entrar no centro cirúrgico, como realizar a lavagem e a secagem das mãos, noções de antissepsia, instruções para a sala de preparo dos pacientes, esterilização de instrumentos cirúrgicos e cuidados pós-operatórios. MedVet Livros: www.medvetlivros.com.br

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MEDICINA VETERINÁRIA LEGAL

A importância da identidade e identificação em medicina veterinária forense

m regra, a medicina legal veterinária é uma ciência que exibe técnicas E e métodos sistematizados que se dedi-

cam a prestar auxílio ao Poder Judiciário, a fim de solucionar conflitos no que diz respeito a procedimentos medicobiológicos. A história da medicina legal veterinária confunde-se um pouco com a da própria medicina veterinária. O Código de Hamurabi já previa dispositivo legal que regulamentava a relação entre o médico veterinário e o proprietário de um determinado animal, quando este necessitava dos serviços profissionais do primeiro. Quando dessa relação surgiam conflitos de interesse e estes chegavam às mãos de um sacerdote para dirimir a situação, surgia a figura de uma terceira pessoa sem qualquer vínculo com a relação, porém dotada de grande conhecimento biológico – já que o sacerdote não o possuía –, para auxiliá-lo a apaziguar o conflito da melhor forma possível, para que os crimes não ficassem impunes ou para que não se condenassem pessoas inocentes. Hoje, essa terceira pessoa é o perito – um profissional que por suas qualidades ou conhecimentos tem condições de elucidar uma situação ou um fato. Para tal, a lei brasileira orienta que o profissional seja legalmente habilitado. Em se tratando de perícias em medicina veterinária, é fundamental a correta identificação do animal que está sub judice. A palavra “identidade” vem do latim “identitas”, e quer dizer “estado do que não muda, do que fica sempre igual”, que por sua vez vem da palavra latina “idem” (“o mesmo”) e que em biologia significa um conjunto de caracteres próprios e exclusivos de um determinado animal. Durante a formação dos caracteres individuais dos animais, o fenótipo sofre influências dos fatores genéticos e do meio ambiente. A identidade só pode ser estabelecida por meio de métodos absolutamente precisos, para que não exista nenhuma dúvida. A identificação é apenas o meio do qual se lança mão para chegar a estabelecer a identidade. Em animais vivos podem-se 106

usar os sinais físicos, funcionais, dentre outros. Entretanto, em cadáveres que nem sempre estão bem conservados, somente se pode lançar mão de características físicas. Podemos então usar as particularidades anatômicas, que são de extrema relevância para o tal fim. A identificação deve apoiar-se em requisitos essenciais, de forma a buscar sinais e os dados peculiares ao animal em questão e que ao final permitam a exclusão de todos os outros animais. Em face disso, os sinais e dados usados para a identificação dos animais são conhecidos como elementos “sinalépticos”. São eles: cor dos olhos, cor e tipos dos pelos e topografia do esqueleto, quer seja apendicular, quer seja axial, dentre outros. Vale lembrar, pois, que os elementos sinalépticos, quando analisados individualmente, têm pouco valor; entretanto, quando utilizados em associação, constituem a pedra fundamental de todos os processos usados na identificação de animais ao longo dos tempos. Assim, devem atender aos requisitos técnicos de unicidade, imutabilidade, praticidade e classificabilidade. A unidade se caracteriza por um conjunto de elementos que são exclusivos daquele animal, de modo a distingui-lo dos demais. Já a imutabilidade implica que os elementos que os caracterizam não mudem com o passar do tempo, seja por doença, ambiente ou idade. Nesse caso, a massa corporal, a cor do pelo e a espessura da epiderme não são considerados, por estarem sujeitos a variações. A praticidade exige que os elementos sejam de fácil registro e obtenção. A classicabilidade diz respeito ao modo de se valer de elementos e sinais de fácil classificação, orientando a busca em arquivos relacionados ao assunto. O esqueleto e a dentição, do ponto de vista da identidade e da identificação dos animais, são elementos de extrema valia de que o perito ou o assistente técnico devem lançar mão. O exame do esqueleto se faz por identificação dos pontos de ossificação e pelas cartilagens de crescimento. Os pontos de ossificação

podem ser identificados por imagens, inclusive radiológicas. São importantes na identificação de animais tais como os cães, a paca e o porquinho-da-índia, entre outros animais. A paca é um roedor e tem como habitat a América do Sul, principalmente o Brasil, sendo muito cobiçada pelos caçadores, pelo seu tamanho, pelo sabor de sua carne e pelo custo. Caçar esse animal indiscriminadamente é crime ambiental. As autoridades policiais precisam do auxílio da medicina legal veterinária para dizer se realmente se trata de tal animal, visto que na grande maioria das vezes, quando chega aos locais, o animal já se encontra altamente descaracterizado, sem os traços que o identificam facilmente, a exemplo dos pelos, patas e crânio. É nesse momento que podemos utilizar o recurso de imagem, sabendo que esse animal tem particularidades que o diferem de outros, como o fato de exibirem duas lúnulas e uma fabela lateral, facilmente observadas por imagem radiográfica. O nascimento de dentes, tanto os caducos quantos os permanentes, segue uma cronologia regular, com discreta variação individual e racial. Dessa forma, de acordo com o sistema odontológico Amoedo, a arcada dentária, em qualquer que seja a espécie, inclusive a humana, é de extrema importância para identificar o animal vivo ou morto, até mesmo daquele que morreu e foi carbonizado ou aquele que já está em fase de esqueletização. O objetivo maior desse sistema é levantar completa e criteriosamente a arcada dentária como um conjunto individualizador de uma espécie. Como as questões levantadas são muito variadas, a natureza de um exame do ponto de vista pericial requer um profissional com grande conhecimento na identidade e na identificação de animais. Noeme Sousa Rocha

Doutora em patologia veterinária Profa. da Unesp, Campus Botucatu, SP Presidente da Associação Brasileira de Medicina Veterinária Legal - ABMVL www.abmvl.org.br

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GESTÃO, MARKETING & ESTRATÉGIA

Prepare-se, ou 2012 pode ser o fim do seu mundo!

N

os últimos meses, veterinários e donos de pet shops têm perdido o sono por conta da obrigatoriedade da emissão da nota fiscal eletrônica e da adequação ao PAF-ECF. Esse assunto é relacionado com o processo de informatização das receitas federal, estadual e municipal que citamos no artigo: “Os centros veterinários serão profissionalizados à força?”, edição n. 91 de março/abril 2011. Apesar de o Brasil possuir um dos mais modernos sistemas de arrecadação do mundo, nossa legislação tributária é muito complexa, admitindo interpretações conflitantes, mesmo entre os diversos níveis de governo. Se isso é comum entre os especialistas, a situação se torna muito mais confusa para os empresários, que precisam conhecer as leis específicas de seu município e estado, para determinar qual o tipo de documento fiscal que deverão emitir e como fazê-lo. Para facilitar esse processo, vamos esclarecer alguns aspectos principais: 1 - Nota fiscal A nota fiscal é um documento que existe para comprovar uma transação comercial envolvendo a venda de um produto ou a prestação de um serviço por uma empresa (pessoa jurídica devidamente constituída). As operações entre empresas (PJ-PJ) devem ser documentadas por meio de uma nota fiscal, geralmente modelo 1, na qual, além dos produtos, existe a identificação completa do comprador, do fornecedor, dos impostos e do transportador, devendo acompanhar a mercadoria durante seu transporte. Para venda no varejo, quando o comprador, seja pessoa física ou jurídica, pode ser considerado consumidor, utiliza-se a nota fiscal simplificada modelo 2. As notas fiscais podem ser pré-impressas (talões feitos em gráficas), impressas individualmente ou criadas digitalmente por meio de aplicativos especiais e certificados digitais. 2 - Cupom fiscal O exemplo mais comum são os tíquetes de supermercado. Antigamente eram criados por máquinas registradoras. Com o surgimento dos equipamentos de PDV (ponto de venda), passaram a ser emitidos pelas impressoras de cupom fiscal (ECFs). 3 - ECF http://www.fazenda.gov.br/confaz/confaz/convenios/ecf/ 1998/cvecf001_98.htm A emissora de cupom fiscal é uma impressora térmica de pequeno porte que deve possuir uma MFD (memória de fita detalhe) que armazene todas as informações 108

sobre as transações efetuadas para eventual fiscalização. As impressoras fiscais devem ser cadastradas e lacradas nas Sefaz de cada estado. Assim como as notas fiscais impressas, o ECF não consegue evitar que o contribuinte pratique subfaturamento, pois, quando o consumidor não exige a nota ou o cupom fiscal, é frequente que estes não sejam emitidos. Para evitar essa evasão tributária (sonegação), foram criadas novas ferramentas: a nota fiscal eletrônica e o PAF-ECF. Além disso, o consumidor é estimulado a exigir os documentos fiscais, já que agora pode receber uma parte dos valores arrecadados por meio dos programas de notas fiscais estaduais e municipais. Segundo o Convênio ECF 01/98, os estabelecimentos com receita bruta anual de até R$120.000,00 que exerçam a atividade de venda ou revenda de mercadorias ou bens ou de prestação de serviços em que o adquirente ou tomador seja pessoa física ou jurídica não contribuinte do imposto estadual estão obrigados ao uso de equipamento emissor de cupom fiscal – ECF. 4 - SPED e Mudanças na fiscalização http://www1.receita.fazenda.gov.br/ O Sped, sistema público de escrituração digital, é um programa que faz parte do PAC e consiste na modernização da relação entre o fisco e o contribuinte, por meio da informatização de vários processos, entre eles a escrituração contábil digital, a escrituração fiscal digital e a NF-e. O objetivo principal da informatização é melhorar a eficiência e a fiscalização do processo de arrecadação. Para evitar a evasão tributária (sonegação), foram criadas novas ferramentas: a nota fiscal eletrônica e o PAF-ECF. 5 - PAF-ECF http://www.fazenda.gov.br/confaz/confaz/atos/atos_cotepe/2011/ac025_11.htm Assim como as notas fiscais impressas, o ECF não consegue evitar que a empresa pratique o subfaturamento, pois quando o consumidor não exige a nota ou cupom fiscal é frequente sua não emissão. Por isso, foi criado o projeto do PAF-ECF (Programa Aplicativo Fiscal para Emissora de Cupom Fiscal) pela Sefaz (Secretaria Estadual da Fazenda) de Minas Gerais, que atualmente abrange quase todos os estados brasileiros. Trata-se da certificação do software comercial para garantir que toda venda efetuada pelo estabelecimento gere obrigatoriamente um cupom fiscal. O software deverá passar por uma série de testes antes de ser homologado, caso contrário a empresa não poderá lacrar o ECF. 6 - NFe É a versão digital da nota fiscal. Substitui o talão de notas, existindo somente na forma digital. Existe um cronograma de implementação que depende do tipo e do porte da empresa. Existem dois tipos de Nfe: a estadual, vinculada ao ICMS, e a municipal, que serve para as empresas

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prestadoras de serviços tributados pelo ISS. 7 - CPF na nota Atualmente o consumidor é estimulado a pedir a colocação de seu CPF no cupom ou nota fiscal, já que pode receber a devolução de parte dos impostos arrecadados por meio dos programas de notas fiscais estaduais e municipais. No caso de venda ao varejo, ao inserir o cpf no cupom fiscal, este será transformado em Nfe. 8 - Certificação digital Para garantir a autenticidade e a segurança das informações no mundo digital (sped, Nfe, etc.), é necessário um certificado digital, um dispositivo em cartão ou um token que serve para “assinar” documentos, podendo ser um e-CNPJ ou um e-CPF.

Fique atento ! Em 11 de dezembro de 2011, o secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto, declarou à imprensa que haverá malha fina para empresas: http://migre.me/78rWE ! Em 22 de novembro de 2011 o secretário de Estado de Fazenda, Leonardo Colombini, anunciou o Torpedo Minas Legal e o Clique-Denúncia, ações integradas do Minas Legal, Cidadania Fiscal, programa de conscientização fiscal do Governo de Minas para todo o Estado: http://migre.me/78s6y

http://torpedo.minaslegal.mg.gov.br/

! São Paulo desenvolve o Projeto SAT-CF-e (sistema autenticador e transmissor do cupom fiscal eletrônico). Ao realizar uma transação, a informação irá imediatamente à SEFAZ através de um aparelho com um chip de celular. Tal equipamento poderá substituir os ECFs e ser usado em todo o Brasil. http://www.fazenda.sp.gov.br/sat/

Finalmente, é importante observar que nem toda empresa vai precisar aderir ao programa do PAF-ECF e/ou NFe. Isso depende do tipo, da atividade econômica e do regime tributário escolhido para a empresa. Por exemplo: as sociedades simples uniprofissionais, as antigas s/c, são dispensadas da emissão de nota fiscal de serviços (devem emitir recibos). Agora, mais do que nunca, é hora de fazer um planejamento empresarial e tributário com a ajuda de um contador e um advogado especializado em empresas.

Renato Brescia Miracca

renato.miracca@q-soft.net M. veterinário, bacharel em direito, MBA Q-soft Brasil Tecnologias da Informação www.qvet.com.br

! Muitas empresas já não estão mais conseguindo a permissão para imprimir talões de nota fiscal, pois ultrapassaram o prazo de adesão ao ECF. ! Consumidores insatisfeitos têm denunciado várias empresas por não colocarem o cpf na nota fiscal. ! Prepare o bolso! Os aplicativos homologados PAF-ECF são mais caros e é necessário um contrato para mantê-los atualizados perante as constantes alterações na legislação. ! As empresas que desenvolvem softwares são consideradas cúmplices e responsáveis solidárias, caso ocorra sonegação fiscal em empresa que utilize seus produtos, portanto os softwares “não fiscais” deixarão de ser uma opção em breve.

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MERCADO PET

Cartilha e palestras orientam empreendedores interessados no mercado pet

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A cartilha PET SHOP - COMECE CERTO está disponível em formato digital através do endereço eletrônico abaixo: www.sebraesp.com.br/QueroAbrirUmaEmpresa/Biblioteca /OutrosConteudos/comececerto/Paginas/PetShop.aspx

ara apoiar os empresários do mercado pet, o Sebrae-SP, em parceria com o CRMV-SP, desenvolveu uma cartilha de gestão personalizada para o segmento: Pet Shop – Comece Certo. A publicação, de 52 páginas, traz informações sobre como administrar bem um pet shop ou uma clínica veterinária e orientações nas áreas de administração, finanças, legislação e tributos, entre outras. O lançamento da cartilha foi realizado durante a feira Pet South America, em outubro de 2011, no estande de 108m² do Sebrae-SP, que foi dividido em estandes de 9m² para a participação de 12 micro e pequenas empresas do setor. A entidade subsidiou 40% do valor total do estande, incluindo o pacote completo com montagem, segurança, limpeza e mobiliários. “Além de conferir os lançamentos e tendências da indústria pet e veterinária, a feira é um bom lugar para o empreendedor pesquisar, avaliar e comparar produtos e oportunidades para aumentar

a lucratividade do seu negócio”, afirma Bruno Caetano, diretor superintendente do Sebrae-SP. Além da cartilha, a parceria entre as instituições também inclui palestras ministradas por consultores do Sebrae-SP que tratam de empreendedorismo, fluxo de caixa, administração competitiva e como atrair, conquistar e manter clientes. De outubro a novembro de 2011 foram realizadas palestras em São José dos Campos, Campinas, Santos, São José do Rio Preto e São Paulo. Além dos ciclos de palestras voltados a profissionais e empresários, a parceria também focou a orientação a estudantes sobre gestão e empreendedorismo. Ao todo, cerca de 400 universitários participaram das palestras. Para 2012 também estão previstas novas ações. Para isso, as equipes do CRMV-SP e do Sebrae-SP vão discutir e elaborar a grade de eventos, além de repensar a estratégia para os ciclos de palestras no interior do Estado de São Paulo.

Qsoft Brasil incorpora software Masterclin para gestão de centros veterinários e pet shops m setembro de 2011 a Raiservet E firmou uma parceria com a multinacional Qsoft, para permitir aos usuá-

rios atuais do programa Masterclin a migração para Qvet, um software para gestão de centros veterinários e pet shops presente em mais de 25 países. Segundo Dimas Yamanaka, diretor da Raiservet, a parceria surgiu num momento de transição nos rumos da empresa: "O segmento de consultorias e educação corporativa tornaram-se o foco principal da Raiservet nos últimos dois anos, fazendo com que tivéssemos que concentrar nossos esforços nesta unidade de negócio e também na agro-

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pecuária. Porém, jamais aceitamos a ideia de simplesmente descontinuar o Masterclin deixando nossos clientes na mão. Além disso, sabíamos que seria necessário um grande investimento para continuar atualizando o produto, pois apesar da parte fiscal estar pronta, mantê-la atualizada e oferecer todo suporte que o nosso cliente merece custa muito. O desenvolvimento de ferramentas como o CRM, controle de hospitalizações, indicadores gerenciais entre outros, nos obrigariam a cobrar um valor superior ao software QVET, que já possui tais recursos. Assim, a Qsoft foi a opção ideal para garantir

que nossos clientes pudessem ter acesso a um dos melhores e mais modernos softwares de gestão que existem atualmente". Para Renato Miracca, diretor da Qsoft Brasil a parceria vem de encontro aos objetivos de expansão e consolidação da marca no mercado brasileiro: "Ficamos muito felizes com a receptividade dos usuários de Masterclin ao Qvet. Nosso objetivo é oferecer uma ferramenta que faça o médico veterinário lucrar mais através da melhor gestão de sua empresa e, apesar de ser uma novidade, a ideia esta sendo muito bem aceita pelo mercado nacional”.

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PET FOOD

Abordagem nutricional nas gastroenteropatias que acometem cães e gatos

A

s dietas que auxiliam os tratamentos das perturbações digestivas consistem em fornecer ao cão ou ao gato uma alimentação com volume limitado e composta por nutrientes facilmente digeríveis. Ao contrário da medicina humana, uma alimentação concentrada em gorduras, enriquecida com nutracêuticos e prescrita por um período de tempo suficiente é muito favorável para cães e gatos. Em algumas doenças do trato digestório, foi demonstrada a importância de uma dieta com níveis reduzidos de gordura, em média 5% na matéria seca e nas fibras alimentares. Dessa forma, a doença intestinal justifica uma dupla abordagem nutricional. EPIDEMIOLOGIA As perturbações gastrintestinais constituem um dos três principais motivos da consulta médica veterinária. No caso dos cães, algumas raças como o pastor alemão, o setter irlandês e o west highland white terrier apresentam uma sensibilidade maior. Nos felinos, a maior prevalência pode ser observada em gatos da raça siamesa. Apesar de nem sempre ser determinada uma etiologia, as principais causas clínicas são: diarreia crônica, inflamação crônica do intestino, má assimilação, colite, proliferação bacteriana do intestino delgado e insuficiência pancreática exócrina

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FISIOPATOLOGIA A diarreia crônica (duração média maior ou igual a duas semanas) resulta em um distúrbio da secreção e da absorção dos fluidos através da mucosa intestinal. Antes de qualquer prescrição, é importante determinar a origem de uma diarreia crônica: do intestino delgado ou do cólon. A proliferação bacteriana no intestino delgado pode ter origem em uma motilidade intestinal reduzida, na retenção do conteúdo intestinal, na redução da acidez estomacal, em uma deficiência do suco pancreático ou na presença de resíduos alimentares. A colite, ou inflamação do cólon ou reto, caracteriza-se por tenesmo, flatulências, vestígios de sangue nas fezes e dor abdominal. ABORDAGEM NUTRICIONAL CLÁSSICA Classicamente, os alimentos nutricionalmente equilibrados para animais com diarreia apresentam um nível reduzido de gorduras. De fato, existe uma teoria inspirada na medicina humana segundo a qual, em caso de doenças digestivas, as bactérias destroem os sais biliares e impedem a assimilação das gorduras. Na prática, as perturbações digestivas de inúmeros cães e gatos melhoram após o consumo de alimentos muito digeríveis com níveis de gordura superiores – acima de 18% na matéria seca. ABORDAGEM NUTRICIONAL ATUAL A nutrição do animal com problemas digestivos tem por finalidade restaurar as funções digestivas, por um lado proporcionando aos animais nutrientes facilmente assimiláveis pelo intestino delgado e, por outro, nutrindo a microbiota intestinal do cólon com os nutrientes necessários ao restabelecimento do seu equilíbrio.

Fornecer nutrientes rapidamente assimiláveis pelo intestino delgado Uma dieta concentrada em energia para reduzir o volume alimentar Para compensar a perda da atividade enzimática das vilosidades intestinais, apenas um alimento concentrado em nutrientes, de elevada digestibilidade e, como tal, de elevada densidade energética – rico em gorduras –, limita o volume da refeição e reduz de forma considerável a sobrecarga do intestino em nutrientes. Os nutrientes digeríveis • As gorduras As gorduras possuem vantagens em termos de doença intestinal. Retardam o esvaziamento gástrico e prolongam a digestão. São os nutrientes mais digeríveis, e sua digestibilidade pode ser superior a 90%. As medidas da digestibilidade demonstram que uma incorporação de até 60% é bem tolerada pelo cão saudável. Entretanto, a atividade das lipases pancreáticas não é ultrapassada. Com efeito, pelo menos 50% das gorduras alimentares são absorvidas na total ausência de enzimas pancreáticas. Em caso de diarreia, os gatos suportam melhor um alimento rico em gorduras do que uma alimentação rica em carboidratos. A contribuição de gorduras sob a forma de triglicerídeos de cadeia curta e média – obtidos a partir de óleos específicos – poupa os sais biliares. Os ácidos graxos de cadeia curta e média são rapidamente digeridos, transportados e facilmente metabolizados; a sua incorporação no tecido adiposo é bastante reduzida. • Os carboidratos O arroz, como fonte de amido, melhora a digestibilidade da matéria seca, das proteínas e das gorduras. Caracterizado por um amido de estrutura pouco ramificada (amilopectina) e, como tal, mais digerível e com um teor bastante reduzido de fibras alimentares (menor que 2%), o arroz apresenta uma digestibilidade máxima e diminui a quantidade de fezes. A moagem fina dos cereais torna-os mais acessíveis às enzimas digestivas.

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Restaurar a microbiota intestinal Reduzir a quantidade de proteínas indigeríveis pelo cólon A escolha de fontes de proteínas e de amido determina a tolerância digestiva. As proteínas com elevado valor biológico e muito digeríveis, tais como os isolados proteicos (digestibilidade superior a 95%), diminuem o fornecimento de proteínas indigeríveis para o cólon e a ocorrência de putrefações indesejáveis, que podem desequilibrar a microbiota intestinal. As fibras As fibras não fermentáveis possuem um efeito regulador do trânsito intestinal, mas não fornecem um substrato energético para a população bacteriana do intestino grosso. Em contrapartida, as fibras fermentáveis (por exemplo, as da polpa de beterraba), apenas parcialmente degradadas no intestino delgado, representam um substrato de eleição para as bactérias que se degradam em ácidos graxos voláteis (AGV). Os AGV apresentam tropismo pela mucosa intestinal. As fibras fermentáveis também contribuem para a regulação da motilidade do trato digestório. Fornecimento de nutracêuticos com tropismo digestivo A prescrição médica sem acompanhamento nutricional pode, na melhor das hipóteses, retardar o desaparecimento dos sinais clínicos ou, no pior dos casos, acentuar a sua expressão. A formulação de base – que contribui com a energia e os nutrientes essenciais – é reforçada pela incorporação de nutrientes que atuam positivamente no intestino delgado ou no equilíbrio da microbiota. Esses nutracêuticos com tropismo digestivo combatem a proliferação microbiana intestinal, nutrem e protegem a mucosa digestiva e contribuem para a regulação da motilidade do trato. • O uso de adsorventes de toxinas e protetores de mucosa A argila de estrutura tetraédrica, denominadas zeólitas, que apresenta uma grande superfície de contato – várias centenas de metros quadrados por grama –, adsorve as toxinas bacterianas,

os gases (NH3) e os ácidos biliares, assim como o excesso de água presente no lúmen intestinal. A zeólita forma uma película protetora sobre a mucosa intestinal. • Os fruto-oligossacarídeos (FOS) Os FOS são rapidamente fermentados pela microbiota intestinal. Eles estimulam o crescimento da população bacteriana benéfica para o processo digestivo (lactobacilos, bifidobactérias) e inibem a proliferação das bactérias patogênicas (E. colli, Clostridium etc.). Os lactobacilos secretam as vitaminas B1, B6, B2, PP e um peptídeo antibacteriano, que atuam contra as enterobactérias. Os FOS favorecem a digestão e a absorção dos nutrientes. Os Mannan-oligossacarídeos (MOS), extraídos das paredes das leveduras, possuem uma dupla ação sobre a saúde digestiva: - limitam o desenvolvimento de bactérias potencialmente patogênicas por meio da inibição competitiva dos locais de ligação na mucosa intestinal. As bactérias patogênicas não conseguem, fisicamente, alcançar e aderir aos enterócitos e são eliminadas com as fezes; - estimulam a imunidade local do aparelho digestório, aumentando os níveis de IgA locais. Os MOS aumentam a população de neutrófilos responsáveis pelas defesas não específicas. • Os ácidos graxos essenciais da série ômega 3 O ácido eicopentaenoico (EPA) e o ácido doco-hexaenoico (DHA), existentes em concentrações elevadas no óleo de peixe, estimulam a irrigação da lâmina própria e aumentam a absorção dos nutrientes e a eliminação dos produtos metabólicos para o sistema porta. Reduzem igualmente os processos de má absorção e ativam a produção de mediadores anti-inflamatórios por competição com o ácido araquidônico. CASOS PARTICULARES Algumas afecções, como a pancreatite, a linfangietasia (dilatação acentuada da rede linfática intestinal) ou a enteropatia exsudativa, que se traduzem por uma perturbação da absorção das gorduras, requerem imperativamente a

prescrição de um alimento com o menor teor possível de gorduras sem enriquecimento com fibras. Na pancreatite, é fundamental evitar a liberação das enzimas pancreáticas, reduzindo assim o teor de gorduras. Os ácidos graxos estimulam os receptores da mucosa que libertam a colecistoquinina, um estimulador da secreção pancreática. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nos casos de gastroenteropatias, a escolha de uma dieta rica (acima de 18%) ou pobre (5%) em gorduras depende da origem da perturbação digestiva e da condição física do animal. Os alimentos ricos em gorduras são mais palatáveis e permitem dosagens mais concentradas; além de serem bem tolerados pela maioria dos cães e dos gatos com afecções digestivas. Os alimentos com teor reduzido de gorduras e de fibras deverão ser reservados para casos de pancreatite ou de linfangiectasia. A presença de nutracêuticos com tropismo digestivo permite, em todos os casos, maximizar a rápida restauração da função digestiva. A terapia nutricional é essencial para pacientes acometidos de gastroenteropatias. A anorexia e a má nutrição são frequentes e o médico veterinário clínico deve acompanhar a ingestão dos alimentos. Os objetivos dos tratamentos nutricionais são: prevenir a má nutrição, favorecer a recuperação do paciente e minimizar as complicações metabólicas. O nível, a qualidade e as fontes de proteínas, gorduras e carboidratos, a concentração energética, os suplementos de antioxidantes, as fibras fermentáveis, as vitaminas específicas e alguns minerais (sódio, cloro e potássio) são os principais elementos da terapia nutricional das gastroenteropatias.

Yves Miceli de Carvalho

ymvet.consulting@yahoo.com.br YMVet Consulting - Consultoria em Medicina Veterinária e Nutrição Animal • Mestre em Nutrição Animal (FMVZ – USP) • Membro da Comissão Científica do CBNA • Membro do Comitê Técnico da ANFAL Pet • Professor da UNICASTELO – Campus Descalvado – Disciplina de Nutrição de Cães e Gatos • Professor Mestrado Profissional - Produção Animal • Departamento Técnico & Científico – NanoVet – Nanotecnologia em Medicina Veterinária

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PET FOOD

Um passo à frente O repetido sucesso obtido na realização nos simpósios de nutrição clínica de cães e gatos, bem como no evento anual do Colégio Brasileiro de Nutrição Animal (CBNA), tem mostrado excelente nível técnico e não deixa nada a dever nada a simpósios internacionais

O

IV Simpósio sobre Nutrição Clínica de Cães e Gatos teve uma programação arrojada. Optou-se por não realizar palestras de nutrição geral e básica, mas dar um passo à frente na formação e preparação dos profissionais interessados. Assim sendo, houve cinco palestras dedicadas a doenças metabólicas e sua relação com a nutrição, sendo que quatro delas abordavam somente diabetes. Houve ainda cinco exposições tratando exclusivamente de doença cardíaca e nutrição. Essa abordagem, que permitiu aprofundar os temas, poderia entretanto ter afugentado o público. Todavia, não foi isso o que aconteceu. O simpósio teve quase 150 inscritos vindos de onze estados brasileiros. A média das notas atribuídas ao simpósio nas fichas de avaliação foi 9, e 100% dos que responderam disseram que suas expectativas haviam sido atendidas – completamente no caso de 57% deles. O prof. dr. Ricardo Duarte, diretor científico do Hospital Veterinário Pompeia em São Paulo, proferiu palestra sobre diabetes melito em cães e gatos. Foi sua primeira participação e ele gostou do formato do simpósio: “O grande número de participantes me surpreendeu. Eu esperava menos gente. Embora Jaboticabal seja sabidamente um polo de difusão de conhecimento em nutrição, eu esperava menos participantes. Gostei muito e aprendi bastante nas palestras que ouvi. Durante a minha graduação, o estudo da nutrição animal era voltado para a produção

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animal. Porém, hoje, a nutrição de pequenos animais ganha destaque e já se entende que ela é parte fundamental da vida dos nossos pacientes, dos nossos clientes. Então, o que este simpósio vem acrescentando em termos de conhecimento científico é inestimável”. René Rodrigues Jr., médico veterinário, executivo de venda técnica em São Paulo na empresa Guabi, também aprovou mais este evento realizado em Jaboticabal: “Foi perceptível a qualidade e a quantidade de participantes, bem como o interesse pelos alimentos para animais obesos e diabéticos”. Nivaldo Orlandi, médico veterinário da clínica veterinária Mundo Animal, de São Carlos, SP, já participou de vários eventos da Unesp Jaboticabal e gostou desta edição: “O simpósio constitui uma grande ajuda no nosso dia a dia na clínica. As informações novas obtidas neste evento fazem diferença, pois têm grande aplicação prática”. Cristiana F. Pontieri, gerente de desenvolvimento de produtos da Premeir Pet, responsável pela pesquisa e desenvolvimento e também pelos assuntos regulatórios da empresa, destacou que a programação aprofundada, tendo quatro ou cinco palestras focadas em vários aspectos de uma mesma afecção e sua relação com a nutrição, foi uma escolha acertada: “Foi muito positivo, pois, para quem já está estudando nutrição há mais tempo, a programação muito geral acaba sendo superficial. A maneira como o simpósio foi feito dá oportunidade tanto de

relembrarmos a fisiologia normal, a fisiopatologia da doença, como de ver o aprofundamento [do aspecto nutricional] em cada uma das doenças. As palestras da profa. dra. Andrea Fascetti na Universidade de Davis, Califórnia, foram especialmente interessantes. Ela não coloca conceitos prontos – traz os trabalhos e discute cientificamente cada um deles, mostrando o lado positivo e o negativo, até mesmo de metodologia, o que torna tudo muito interessante”. O simpósio contou com o patrocínio de Guabi Natural, Genese e Alltech do Brasil; com a colaboração de Kemin, Manzoni, Vetnil, CRMV-SP e Capes; com o apoio de Dilumix, DSM, Ferraz, Wenger e SPF; e com a divulgação por parte das revistas Clínica Veterinária e Pet Food Brasil, além do site nutrição.Vet. Uma próxima oportunidade de atualizar-se em nutrição de cães e gatos será o IV Congresso Internacional e XI Simpósio sobre Nutrição de Animais de Estimação, que ocorrerá em São Paulo, SP, no Centro de Convenções Frei Caneca. As informações sobre inscrições e envio de trabalhos científicos estão disponíveis em: www.nutricao.vet.br.

Cristiana S. Prada

omelhorparaoseucliente@nutricao.vet.br

Médica veterinária, Ms nutrição.Vet - www.nutricao.vet.br

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ARQUITETURA E CONSTRUÇÃO

Inovação e design para o bem-estar dos gatos

A

Catswall é uma empresa criada em Taiwan há aproximadamente um ano. Além do sucesso no mercado pet regional, seus produtos também já estão sendo encontrados em outros continentes. A empresa surgiu de uma forma muito inusitada e movida pela compaixão, com o intuito de dar abrigo a um gato sem lar. As adoções continuaram, e junto com elas veio o desejo de oferecer um ambiente agradável e interessante para que os gatos pudessem expressar com liberdade todo o seu comportamento felino. Depois de uma série de experimentos, finalmente se chegou ao conceito modular característico da Catswall, que oferece um verdadeiro playground para os gatos, formado pela combinação de diversos elementos ajustáveis, como camas, prateleiras e degraus

projetados para ficarem fixos nas paredes, permitindo que os bichanos possam correr, escalar, saltar, bem como dormir, brincar e esconder-se. Além da parede modular, alguns outros produtos que exploram as habilidades dos gatos também foram criados para o seu bem-estar, como arranhadores e comedouros, entre outros – todos deselvolvidos com o design arrojado característico da empresa. Todos os produtos lançados pela Catswall são projetados em torno das necessidades reais observadas em gatos que vivem em ambientes internos. Eles proporcionam excelente enriquecimento ambiental para os felinos e, ao mesmo tempo, uma decoração com design moderno e sofisticado, seja em ambiente familiar ou comercial.

Catswheel funciona como uma divertida esteira para gatos. Confira vídeo no Canal Pet Vet - www.youtube.com/user/canapetvet

Catswall: transformando simples paredes em um ambiente interativo e agradável para os gatos

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Comedouros com design arrojado e com opção para 2, 3, 4 ou 5 vasilhas

Arranhadores (Cat Scratching Board)

Encontre opções para enriquecimento ambiental para gatos no livro Brincando com o seu gato. Ao todo, o livro propõe 50 jogos, todos ricamente ilustrados com excelentes fotos www.probem.info

Curvynest proporciona um ótimo lugar para os gatos seja para descansar ou desfrutar de um espaço privado Clínica Veterinária, Ano XVII, n. 96, janeiro/fevereiro, 2012

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LANÇAMENTOS

NOVOS SUPLEMENTOS DA NUTRIPHARME: GLOBION PET E IMDERME CAPS O novo Globion Pet combina probióticos e prebióticos em comprimidos palatáveis. É um suplemento vitamínico mineral com alta concentração de Bacillus cereus e Bacillus subtilis, na forma de esporos resistentes ao pH gástrico associado a

dois prebióticos, mananoligossacarídeos e beta glucanas (β- 1,3 e β-1,6). Contém vitaminas, microminerais e um moderno antioxidante, a luteína. Indicado para cães e gatos em todas as fases. Outra novidade é o IMDerme caps, que apresenta ingredientes nobres

combinados numa única cápsula de gelatina: óleo de salmão, uma fonte nobre de EPA e DHA, com os bioflavonoídes do extrato de semente de uva. Indicado para cães e gatos, é encontrado em duas apresentações, cápsulas de 500 e 1000 mg. Nutripharme: www.nutripharme.com.br

NOVOS ALIMENTOS SUPER PREMIUM PARA CÃES E GATOS Para os cães, chegam às prateleiras a PremieR Ambientes Internos Duo Adultos Cordeiro e Peru e a PremieR Formula Raças Grandes Senior. Para os gatos as novidades são a PremieR Gatos Castrados até sete anos Salmão e a PremieR Gatos Duo Adultos Salmão & Peru. PremieR Ambientes Internos Duo Adultos Cordeiro e Peru 12kg e 2,5kg As diferenças de cardápio deixaram de ser exclusividade dos humanos e já fazem parte do universo pet. A PremieR pet uniu duas grandes soluções para alimentação de qualidade em um só produto, permitindo variar de maneira saudável alimentos específicos para cães que vivem dentro de casa. A linha PremieR Ambientes Internos possui agora a tecnologia Duo com dois sabores exclusivos: cordeiro e peru. Acondicionados separadamente na embalagem, podem ser alternados, incrementando a refeição e oferecendo o que há de melhor, mais sofisticado e inovador em nutrição canina. Os alimentos são preparados a partir de ingredientes de altíssima qualidade, e 118

com a tecnologia exclusiva da PremieR pet, que permite variação a qualquer momento, eliminando a necessidade do período prévio de adaptação entre os sabores. PremieR Formula Raças Grandes Senior Alimento desenvolvido com base nas particularidades dos cães grandes e gigantes com mais de cinco anos, oferece saúde, bem-estar e longevidade. Sua formulação exclusiva é rica em antioxidantes que combatem processos relacionados ao envelhecimento. O alimento apresenta níveis ótimos de EPA & DHA (fontes de ômega 3) e ß-Glucano, que auxiliam na prevenção de doenças articulares para que os animais não tenham sua mobilidade reduzida. Também contém fibras que auxiliam na redução das calorias e consequente manutenção do peso ideal. Outro problema específico de cães mais idosos, o cálculo dental, é prevenido com a presença do hexametafostato, importante ingrediente para a saúde bucal. A manutenção ideal do trato urinário é garantida pelo teor reduzido de fósforo. PremieR Gatos Castrados até sete anos – Salmão O alimento associa uma fórmula es-

pecial para os gatos castrados, com base em dieta que previne a obesidade por meio do controle calórico e ingredientes especiais, como a L-carnitina, bem como a manutenção do trato urinário saudável, graças ao controle de pH e a presença de minerais balanceados. PremieR Gatos Duo Salmão & Peru Outro lançamento com a tecnologia Duo, o PremieR Gatos Duo Salmão & Peru leva a novidade da variação de cardápio para os gatos. Os dois sabores são apre sentados em embalagens individuais e podem ser alternados, inclusive, ao longo do mesmo dia. As novas versões totalizam 12 opções de alimentos Super Premium, em embalagens de 500g. PremieR pet: 0800 55 6666 www.premierpet.com.br

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Manual de fluidoterapia em pequenos animais • • • • •

anorexia vômito crônico obstrução intestinal diabetes melito e outras

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C - perdas continuadas

Quantidade de fluido a ser administrada









ACUPUNTURA

15 de junho (inscrição) Botucatu - SP Pós-graduação latu sensu em acuputura veterinária (14) 3814-6898

ANESTESIOLOGIA

15 de janeiro a 5 de fevereiro Osasco - SP Curso teórico prático de anestesia veterinária (11) 2995-9155 14 de abril de 2012 a 14 de março de 2014 SP - PR - RJ - RS - BA Pós-graduação em anestesiologia (14) 3882-4243

ANIMAIS SELVAGENS

2 a 4 de março São Paulo - SP Curso de especialização "Latu sensu" em medicina de animais selvagens e pets exóticos (11) 8713-6343

13 de março a 10 de maio São Paulo - SP Cursos Provet - Silvestres (aves) (11) 3579-1431 28 a 31 de março Belém - PA XXXVI Congresso da sociedade de zoológicos e aquários do Brasil (91) 3344-0100 Até abril (inscrição) São Paulo - SP Especialização em cardilogia veterinária (508h) - Universidade Anhembi Morumbi (11) 4007-1192 / 0800 015 9020 6 a 8 de abril Areia - PB I simpósio do grupo de estudos em animais silvestres da UFPB (83) 9631-7662 5 de junho a 12 de julho São Paulo - SP Cursos Provet - Silvestres (Répteis) (11) 3579-1431

4 de setembro a 13 de novembro São Paulo - SP Cursos Provet - Silvestres (mamíferos) (11) 3579-1431

CARDIOLOGIA

14 e 15 de janeiro Botafogo - RJ I Curso de atualização em cardio-pneumologia veterinária (21) 7928-1404 16 a 18 de janeiro Viçosa - MG Curso de cardiologia (31) 3899-8300 25 de janeiro São Paulo - SP Colóquio cardiológico / SBCV www.sbcv.org.br 10 a 26 de fevereiro Londrina - PR Curso teórico-prático de eletrocardiografia em cães e gatos (43) 9159-6097

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8 de março São Paulo - SP SBCV - Palestra: Mitos e verdades em cardiologia veterinária www.sbcv.org.br 11 de abril São Paulo - SP Casos complicardiológicos www.sbcv.org.br Maio de 2012 Poços de Caldas - MG 2º Curso nacional de reciclagem da SBCV www.sbcv.org.br 9 e 10 de junho São Paulo - SP Simpósio Internacional sobre cardiologia intervencionista www.sbcv.org.br Agosto de 2012 Rio de Janeiro - RJ Coração x obesidade www.sbcv.org.br

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CARDIOLOGIA

CIRURGIA

15 de agosto São Paulo - SP SBCV - Encontro científico social www.sbcv.org.br

6 e 7 de julho São Paulo - SP Miscelâneas cirúrgicas tóracoabdominais www.cipo.vet.br

Outubro de 2012 São Paulo - SP Desvendando o ecocardiograma / SBCV www.sbcv.org.br

23 a 25 de agosto São Paulo - SP CIPO - Curso intensivo prático de ortopedia - módulo básico www.cipo.vet.br

5 a 7 de outubro São Paulo - SP Eletrocardiografia - curso teóricoprático (11) 3579-1431

20 a 22 de setembro São Paulo - SP Cirugias da coluna vertebral www.cipo.vet.br

2 a 4 de novembro São Paulo - SP Congresso de Cardiologia da SBCV www.sbcv.org.br

CIRURGIA

14 a 16 de janeiro Viçosa - MG Curso de cirurgias ortopédicas em pequenos animais (31) 3899-8300 21 a 23 de janeiro Viçosa - MG Curso de cirurgias em pequenos animais (31) 3899-8300 28 de janeiro a 6 de outubro São Paulo - SP VII - Turma de técnica cirúrgica (11) 2305-8666 9 a 11 de fevereiro São Paulo - SP Curso intensivo prático de ortopedia - CIPO - Módulo básico www.cipo.vet.br 26 de fevereiro a 1º de abril São Paulo - SP Curso de ortopedia e traumatologia em cães e gatos (11) 2995-9155 Até abril (inscrição) São Paulo - SP Especialização em ortopedia veterinária (500h) - Universidade Anhembi Morumbi (11) 4007-1192 / 0800 015 9020 13 a 15 de abril Londrina - PR I Curso teórico-prático de ortopedia - UEL (43) 9159-6097

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19 e 20 de outubro São Paulo - SP Cirurgias da cabeça e do pescoço www.cipo.vet.br 6 e 7 de dezembro São Paulo - SP CIPO - Curso intensivo prático de ortopedia - Módulo avançado www.cipo.vet.br

CLÍNICA

21 de abril de 2012 a 3 de fevereiro de 2013 São Paulo - SP Curso de clínica médica CETAC (11) 2305-8666

DERMARTOLOGIA

19 a 22 de janeiro Viçosa - MG Curso de dermatologia em pequenos animais (31) 3899-8300

Até abril (inscrição) São Paulo - SP Especialização em dermatologia veterinária (500h) - Universidade Anhembi Morumbi (11) 4007-1192 / 0800 015 9020

EMPREENDEDORISMO

25 de fevereiro a 25 de novembro São Paulo - SP Curso de aperfeiçoamento em gestão de clínicas veterinárias e pet shops para veterinários (11) 3209-9747

FISIOTERAPIA

5, 6, 19 e 20 de maio São Paulo - SP III Curso intensivo em fisioterapia veterinária fisiocarepet@gmail.com 30 de junho, 1, 28 e 29 de julho São Paulo - SP IV Curso intensivo em fisioterapia veterinária fisiocarepet@gmail.com 4 e 5 de agosto São Paulo - SP Reabilitação pós-operatória fisiocarepet@gmail.com 28 a 30 de setembro São Paulo - SP Curso avançado e internacional de fisioterapia veterinária fisiocarepet@gmail.com 24 e 25 de novembro 1 e 2 de dezembro São Paulo - SP V Curso intensivo em fisioterapia veterinária fisiocarepet@gmail.com

GERIATRIA

3 de fevereiro a 12 de dezembro Londrina - PR Curso de aperfeiçoamento em geriatria de pequenos animais (43) 9151-8889

HOMEOPATIA

DIREITOS ANIMAIS

28 de abril de 2012 a 29 de março de 2014 Piracicaba - SP Curso de homeopatia (19) 3435 2514

ENDOCRINOLOGIA

23 a 25 de janeiro Viçosa - MG Curso de interpretação ultrassonográfica em pequenos animais (31) 3899-8300

28 de abril a 1º de maio Porangaba - SP Encontro Nacional de Direitos Animais ENDA 2012 www.enda.org.br

15 a 17 de novembro Búzios - RJ 2º CIABEV - Congresso Internacional da Associação Brasileira de Endocrinologia Veterinária www.ciabev.com.br

IMAGINOLOGIA

30 de janeiro a 3 de fevereiro São José do Rio Preto - SP Ecodopplercardiograma em pequenos animais (teórico-prático) (17) 3011-0927

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IMAGINOLOGIA

29 de fevereiro a 8 de março São Paulo - SP Curso teórico e prático de ultrassonografia abdominal (11) 3579-1431 6 a 10 de fevereiro São Paulo - SP Curso teórico de radiologia coluna vertebral (11) 3579-1431 14 a 20 de abril São Paulo - SP Curso intensivo de ecodopplercardiografia veterinária – da teoria à prática (11) 3579-1431 25 de julho a 2 de agosto São Paulo - SP Cursos Provet - Ultrassonografia abdominal em cães e gatos (teórico e prático + estágio complementar) (11) 3579-1431 16 a 20 de julho São Paulo - SP Cursos Provet - Radiologia (teórico + estágio complementar) (11) 3579-1431 21 a 29 de novembro São Paulo - SP Cursos Provet - Ultrassonografia abdominal em cães e gatos (teórico e prático + estágio complementar) www.provet.com.br 5 a 9 de novembro São Paulo - SP Cursos Provet - Radiologia (teórico + estágio complementar) (11) 3579-1431

INTENSIVISMO

10 de março a 23 de setembro São Paulo - SP Curso de medicina intensiva - CETAC (7 módulos) (11) 2305-8666 23 a 25 de março Vitória - ES Curso de medicina intensiva em cães e gatos (27) 3025-1234 1, 15 e 29 de abril e 6 de maio São Paulo - SP Curso de emergências e terapias intensivas (11) 2995-9155


INTENSIVISMO

13 a 15 de julho São Paulo - SP Curso teórico e prático de emergências e terapia intensiva (11) 3579-1431 30 de novembro a 2 de dezembro São Paulo - SP Cursos Provet - Terapia Intensiva (teórico e prático + estágio complementar) www.provet.com.br

MEDICINA DE FELINOS

22 e 23 de março São Paulo - SP Congresso Internacional de Felinos (11) 5585-4355

NATUROLOGIA

22 a 25 de março São Paulo - SP Jornada de naturologia veterinária (11) 7067-1038

NEFROLOGIA

9 a 11 de março Botucatu - SP Diálise peritoneal em cães e gatos nefropet@nefropet.com 24 e 25 de março São Paulo - SP Cursos Provet - urologia e nefrologia (11) 3579-1431 23 a 25 de março Londrina - PR Simpósio de nefro-urologia em animais de companhia (43) 9151-8889

NEUROLOGIA

16 a 18 de março São José dos Pinhais - PR 6º Neurovet - Simpósio de Neurologia Veterinária www.peteventos.com.br

NUTRIÇÃO

14 a 17 de janeiro Viçosa - MG Curso de boas práticas de fabricação de ração - BPF implementação e gestão (31) 3899-8300 13 de fevereiro (Inscrição ) Descalvado - SP Mestrado profissional em produção animal - nutrição de cães e gatos stricto sensu (19) 3593-8500 8 e 9 de maio São Paulo - SP IV Congresso Internacional e XI Simpósio sobre nutrição de animais de estimação e II Expo Pet Food (19) 3232-7518

ODONTOLOGIA

1º a 15 de maio São Paulo - SP Odontologia veterinária - Pósgraduação Lato Sensu www.usp.br/locfmvz/

OFTALMOLOGIA

17 e 18 de março São Paulo - SP Curso teórico-prático de oftalmologia em pequenos animais (11) 3085-8619

ONCOLOGIA

1º de fevereiro de 2012 a 1º de julho de 2013 São Paulo - SP Pós graduação Lato sensu em oncologia de pequenos animais (500h) (11) 4007-1192 / 0800 015 9020 19 a 21 de abril João Pessoa - PB VII ONCOVET 2012 - Abrovet www.abrovet.org.br/oncovet2012 18 e 19 de agosto São Paulo - SP

Cursos Provet - Oncologia (11) 3579-1431

REPRODUÇÃO

28 e 29 de janeiro São Paulo - SP Inseminação artificial (11) 3579-1431

SAÚDE PÚBLICA

13 a 15 de fevereiro - Parte 1 ; 2 e 3 de julho - Parte 2 São Paulo - SP Curso de dinâmica populacional de cães e gatos. Aulas teóricas e práticas (simulações em computador) www.itecbr.org 19 a 23 de março Jundiaí - SP Curso de Formação de Oficiais de Controle Animal (FOCA): nível 1 www.itecbr.org 21 a 25 de maio Taubaté - SP Curso de Formação de Oficiais de Controle Anima (FOCA): nível 2 www.itecbr.org

SEMANAS ACADÊMICAS

31 de março a 5 de abril São Paulo e Pirassununga - SP XXII Sacavet (São Paulo) e IX Simpropira (Pirassununga) www.sacavet.com.br

FEIRAS / CONGRESSOS

22 a 24 de março São Paulo - SP Pet Show 2012 - Feira Internacional de Animais e Produtos Pet www.feirapetshow.com.br 23 a 25 de março Fortaleza - CE All About PetShow 2012 (83) 3033-4450 27 a 30 de abril Curitiba - PR 33º Congresso Brasileiro da Associação Nacional dos Clínicos Veterinários de Pequenos Animais www.anclivepa2012.com.br 11 a 15 de maio Recife - PE Fenapet 2012 www.fenapet.com.br 7 a 12 de junho Belo Horizonte - MG Expovet Minas www.fenapet.com.br 20 a 22 de junho Rio de Janeiro - RJ 11ª Conferência Sul-americana de Medicina Veterinária www.confpet.com.br

30 de abril a 4 de maio São Paulo - SP 17ª SUSAVET / UNISA (11) 8011-2912

5 a 8 de julho São Paulo - SP PetGree 2012 - I Congresso Goiano de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais - 7º CONCEVEPA Congresso do CentroOeste de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (62) 3214-1005

31 de março a 5 de abril 21 a 22 de maio Umuarama - PR Semana acadêmica de Medicina Veterinária da UEM (44) 9959-6377

16 a 18 de outubro São Paulo - SP Pet South America 2012 e Congresso Paulista das Especialidades www.petsa.com.br

Clínica Veterinária, Ano XVII, n. 96, janeiro/fevereiro, 2012

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CONSERVAÇÃO

Internacional ACUPUNTURA

4 de fevereiro a 2 de dezembro Madri - Espanha V Diplomatura en Acupuntura Veterinaria internacional http://migre.me/78rie

CIRURGIA

12 a 15 de fevereiro Cancun - Mexico Medical and Surgical Solutions for Common Practice Problems http://goo.gl/pPIo8 8 e 9 de junho Buenos Aires - AR I Congreso Argentino de Cirugía en Pequeños Animales http://goo.gl/rm1jP

FEIRAS / CONGRESSOS 20 a 24 de fevereiro Sri Lanka - Índia Eurasia Veterinary Conference http://goo.gl/rH7TH 5 a 7 de abril Amsterdam - Holanda European Veterinary Conference www.voorjaarsdagen.org

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6 a 15 de setembro Jeju, Republic of Korea IUCN World Conservation Congress www.iucn.org/2012_congress/

DERMATOLOGIA

24 a 28 de julho Vancouver - Canadá 7th World Congress of Veterinary Dermatology www.vetdermvancouver.com

INTENSIVISMO

18 a 23 de abril Costa Rica VECCS - 2012 Spring Symposium www.veccs.org

12 a 15 de julho Cidade do México 5º Congresso Lationamericano LAVECCS www.laveccs.org 12 a 15 de abril Birmingham - Inglaterra WSAVA 2012 - FECAVA - BSAVA www.wsava.org 24 a 26 de abril Lima - Peru Latin American Veterinary Conference (LAVC) www.tlavc-peru.org 8 a 15 de maio Valencia - ES

NUTRIÇÃO

16 de fevereiro Bangkok - Thailand Petfood Forum Asia 2012 http://migre.me/5Zk6E 2 a 4 de abril Schaumburg - Illinois - USA Petfood Forum 2012 www.petfoodindustry.com/PFF20 12.aspx 4 e 5 de abril Schaumburg - Illinois - USA Petfood Workshop 2012: New Product Development http://migre.me/5Zk9K

ODONTOLOGIA

26 de janeiro Alpedrete - Espanha Curso teórico-práctico de radiología dental y cirugía oral mandibular http://migre.me/78reb Congreso Internacional Veterinaria veterinaria2012@viajeseci.es 17 a 20 de maio Nuremberg - Alemanha Interzoo 2012 - International Trade Fair for Pet Supplies /www.interzoo.com 4 a 7 de agosto San Diego - CA AVMA Annual Convention - 2012 www.avmaconvention.org

Clínica Veterinária, Ano XVII, n. 96, janeiro/fevereiro, 2012

ODONTOLOGIA

24 a 27 de maio Lisboa - Portugal ECVD 2012 - European Congress of Veterinary Dentistry www.2012.ecvd.info

OFTALMOLOGIA

18 de junho a 12 de julho Buenos Aires - Argentina 3º Curso de ciências básicas aplicadas à oftalmologia veterinaria http://migre.me/78rwc

ONCOLOGIA

1 a 3 de março Paris - France World Veterinary Cancer Congress www.worldveterinarycancer.org 18 a 21 de novembro Las Vegas, Nevada - EUA VCS - 2012 Annual Conference www.vetcancersociety.org 5 a 8 de setembro León - México Congreso Veterinario de León www.cvdl.com.mx 18 a 20 de outubro Barcelona - Espanha SEVC 2012 - Southern European Veterinary / Congreso Nacional AVEPA http://sevc.info




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